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Sobre a bondade

Todos os dias em frente ao nosso prédio vem um senhor, que sempre está com um
pacote nas mãos. Assim que chega, a rua ganha vida, de todos os lados surgem gatos
locais, que se aproximam e correm em direção a ele, esfregando-se em seus pés. Ele
tenta dar atenção a todos, ele os acaricia e fala com eles. Então vai procurar as
vasilhas que estão debaixo das árvores. Ele as limpa e as enche com comida, leite e
água fresca. E todos os gatos tomam seu café da manhã. Durante todo esse tempo, sua
esposa, que prepara esse café da manhã, está olhando pela janela. Os dois têm mais de
70 anos, mas usam parte do dinheiro da aposentadoria para comprar comida enlatada
e outros alimentos para gatos. Todos os dias, em qualquer tipo clima, ele vem
alimentá-los. Ao cruzar com esse senhor, sempre dá vontade de agradecer do fundo
do coração, porque ele não só ajudou os animais que são sem-teto, mas também
mudou a atitude dos habitantes do prédio em relação aos gatos. Muitos começaram a
alimentá-los também e a tentar encaminhá-los para adoção. A bondade existe!Eu
estava caminhando com o meu cachorro, quando passei por um banco onde estava
uma jovem falando ao telefone. Lágrimas silenciosas corriam pelo seu rosto. E ela,
entretanto, dizia que tudo estava bem, que não sentiria a falta dele, que também não o
amava. Ela desligou e começou a chorar. E tudo passou pela minha mente: me vi na
mesma situação, afogando-me em minhas lágrimas, só desejando a morte, porque não
via sentido em viver sem meu amado. Sentei-me calmamente ao lado dela,
aproximando o cachorro. Ela o acariciou por um bom tempo, agradeceu e saiu. Espero
que esteja bem!Recentemente, estávamos sentados na varanda da casa com meu
marido, minha mãe e minha filha. De repente, surgiu um cavalo levando uma carroça.
Na carroça havia uma garota com uns quatro anos de idade, chorando e pedindo
ajuda, pois o cavalo corria descontroladamente. Nem ao menos entendi como alcancei
a carroça, tentei pegar as rédeas e voei para o chão, entre as pernas do animal. Meus
joelhos se esfolaram. Eu me levantei e continuei correndo, embora soubesse que não
iria alcançá-los. Corri com meu marido pegar o carro. Alcançamos o cavalo e meu
marido bloqueou parte do caminho. Assim consegui pegar aquelas malditas rédeas.
Pegamos a menina e a acalmamos. Mas não sabíamos para quem devolvê-la. Viramos
a carroça, deixamos o carro e voltamos, perguntando aos moradores se sabiam quem
era a menina. Encontramos a mãe e o avô. Os joelhos do vovô estavam como os
meus. Também não tinha conseguido alcançar a carroça. Soube que o cavalo sentira
medo de um trator e fugiu. E meu marido ainda ri de mim, dizendo que agora as casas
em chamas me esperam.Eu tinha 10 anos quando comecei a tentar ganhar dinheiro.
Pegava guardanapos e fazia crochê nas bordas. E depois levava a uma central de
artesanato. E quando eles os vendiam e me repassavam o dinheiro. Estava tão
orgulhosa! E apenas mais de 30 anos depois descobri que minha avó costumava
comprar todos os meus "trabalhos de bordado" e os guardava em sua casa.

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