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Quando uma situação já legislada é alterada surgem imensas dúvidas sobre o âmbito de
aplicação da lei antiga (LA) e da lei nova que a revogou (LN).
Solução
O direito transitório
É a disciplina que a própria LN oferece para a resolução do seu conflito com a LA.
Pode ter caracter: formal – limita-se a determinar a lei que se aplica (LA ou LN) ou material
– estabelece uma regulamentação própria que não coincide com a disciplina da LA nem da
LN.
O direito transitório não constitui uma solução normal destes problemas , muitas das vezes
é lacunoso. Compete à doutrina e à jurisprudência a determinação de critérios racionais que
constituam uma forma de orientar a determinação da lei a aplicar.
O princípio da não retroatividade significa que a lei não dispõe para o passado. Três graus
de retroatividade:
b) Fundamentação
A LA (lei em vigor quando ocorreu o facto que os produziu) continua a ser aplicada sobre:
efeitos jurídicos já consumados sob o seu império; efeitos jurídicos ainda pendentes quando
a LN surge; efeitos jurídicos que ainda não se produziram, mas podem ocorrer como
consequência de um facto passado.
Artigo 297º do CC
1. Se a LN estabelecer um prazo mais curto, aplicar-se-á também aos prazos ainda em
curso, mas o tempo só se conta a partir da sua entrada em vigor. Se faltar menos
tempo para o prazo acabar segundo a LA aplica-se a LA.
2. Se a LN fixar um prazo mais longo, aplicar-se-á aos prazos em curso, mas computar-
se-á o tempo decorrido antes.
Há prazos a que isto não se aplica: são os prazos não constitutivos, modificativos ou
extintivos de relações jurídicas. Como por exemplo, o período legar de gestação e o prazo
internupcial.
Nestes casos o prazo já decorrido não interessa: aplica-se a LN.
1. Estatuto pessoal: quanto à sua constituição, aplica-se a lei em vigor no momento, LA.
Quanto ao seu conteúdo aplica-se a LN.
2. Estatuto real: quanto à aquisição de um direito real, aplica-se a lei vigente nesse
momento, a LA. Mas, se a LN alterar o conteúdo desse direito, aplica-se logo a LN.
A lei interpretativa realiza a interpretação autêntica: o legislador interpreta uma lei, LA,
através de uma lei nova, LN. É necessário, porém que os seguintes requisitos sejam
satisfeitos:
O tempo: a lei interpretativa (LN) deve ser posterior à lei interpretada (LA).
Finalidade: a lei interpretativa deve interpretar a LA, cuja solução se apresenta
controversa ou incerta.
Fonte: a lei interpretativa não deve ser hierarquicamente inferior à lei interpretada.
Retroatividade
A lei interpretativa tem caracter retroativo integrando-se na lei interpretada, com que fica
constituindo um todo único e de que a essa retroatividade escapam os efeitos já
produzidos.
Tendo em conta o artigo 13º nº1 do CC, podem suscitar-se questões: quid iuris se uma lei
interpretativa não a respeitar?
Serve para aligeirar formalidades que a LA exige que são muito pesadas; dispensa
pressupostos que segundo a LA condicionavam negócios; elimina impedimentos que
justificavam a aplicação de determinadas sanções; admite atos que a LA considerava
inadmissíveis.
Constituindo a lei confirmativa uma LN aplica-se-lhe o regime jurídico disposto no artigo 12º
do CC, portanto não será em regra retroativa.
É possível, porém recorrer-se à ideia de retroatividade se a LN não confirmar
expressamente os atos anteriores, e for mais favorável aos interesses do particular.