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Farsa de Inês Pereira

1. Pêro Marques visita Inês Pereira na esperança de conseguir casar-se com a jovem (vv. 14-16) e
apresenta a sua intenção de modo objetivo e simples, como é típico da sua personalidade, elogiando
Inês, aproximando a sua maneira de ser da que em si próprio reconhece (vv. 16-19).
2. Enquanto Pêro Marques, homem honesto e preocupado com os valores e os bons costumes da
sociedade, se preocupa com os possíveis comentários suscitados pela ausência da mãe de Inês e a
sua permanência junto da jovem nessas circunstâncias, sobretudo quando começa a anoitecer (vv. 43-
46, 50-52 e 60-61), Inês, em comentários irónicos (47-48 e 58-59), por vezes em aparte (vv. 49 e 53-
56), desdenha da retidão de princípios do camponês, que não se coaduna com o modelo de marido
que idealiza.
3. O cómico de carácter surge na apresentação da personalidade de Pêro Marques, cujo desempenho
contribui igualmente para o cómico de linguagem, com o recurso a um discurso simples, marcado por
construções pouco elaboradas e vocabulário próprio de um habitante do campo. O cómico de situação
torna-se evidente nos momentos que denunciam o desfasamento de Pêro Marques face aos hábitos
citadinos, como acontece quando não consegue sentar-se direito numa cadeira ou procura as peras
que quer oferecer a Inês.

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