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Sexta-feira, 30, e fim de semana, 31 de maio e 1º de junho de 2008 | E1

O Brasil que vence

GUILHERME PAULUS

HENRIQUE ALVES PINTO

JORGE GERDAU JOHANNPETER

ALAIR MARTINS

ARRI COSER ROGER AGNELLI DANIEL FEFFER ABRAHAM KASINSKI MARCIO UTSCH

Publicitário brasileiro vai a Monte Carlo de todo, decorrente do esforço, economia mundo afora. Esse von- Laercio Cosentino, da Microsiga certezas. “Nesse campo, nin-
determinação e, sobretudo cora- tade é razão de viver do Instituto software, Marco Garib da Ever- guém está mais treinado que os
disputar com representantes de mais de
gem desses empreendedores na- do Empreendedor (Inemp), fun- systems, Lírio Parisotto da Vi- brasileiros. Já superamos tudo,
50 países o maior prêmio dedicado ao cionais que há muito tempo en- dado pelo empresário, Ricardo deolar, Luis Augusto Milano da especialmente a escassez de re-
empreendedorismo em todo o mundo frentaram o risco e venceram. Bellino, para ajudar a fomentar Matec Engenharia, Norival Bo- cursos“ dispara o publicitário
Além de resultados expressivos entre os jovens brasileiros esse namichi da Ouro Fino Saúde Nizan Guanaes.
MARCELLO D‘ANGELO
SÃO PAULO vência com grandes líderes em- em seus próprios campos de ne- desejo de realizar. Bellino apren- Animal, Miguel Krigsner do Bo- A frente do grupo abc, um
presariais, na maioria seus clien- gócios, Antonio Ermirio de Mo- deu a importância da superação ticário e Arri Coser da Churras- conglomerado de de 12 empresas
O publicitário Nizan Gua- tes, valiosas lições. Entre as raes, Samuel Klein, Jorge Ger- de desafios, a adrelina dos empre- caria Fogo de Chão representa- e 144 clientes de grande porte que
naes, fundador da holding ABC, principais, está aquela de que dau, Eike Batista e tantos outros endedores, com a solução dese- ram o Brasil na finalíssima do atua nas áreas de propaganda,
pode conquistar amanhã em não é possível correr com salto representam modelos e exem- nhada pelos grande navios pes- prêmio master de Empreende- marketing esportivo e direto,
Montecarlo, no principado de alto. “Ninguém é bom em tudo, plos de empreendedores que a queiros do Japão. Para garantir dor do Ano. Neste ano o publi- eventos e entretenimento . Nizan
Mõnaco, o prêmio Entrepreneur é preciso saber definir suas de- cada inspiram novos e futuros que o peixes pescados em alto citário vai concorrer com candi- já deixou sua marca nas camp-
Of The Year (Empreendedor do limitações para atuar“ enfatiza empreendedores, configurando mar cheguem ainda frescos aos datos de mais de 50 páises onde nhas de propaganda com maior
Ano) 2008, promovido pela con- Nizan Guanaes. O publicitário um circulo virtuoso extrama- consumidores orientais, introdu- o prêmio da Ernst & Young é recall no país; mamíferos da Par-
sultoria e auditoria Ernst & entra para uma galeria de brasi- mente poderoso. ziram pequenos tubarões caçado- atribuído. O Objetivo é reconhe- malat, Guarana Antartica, Cerve-
Young. O brasileiro, que acredi- leiros que, de forma personaliza- É curioso que mesmo em seg- res nos tanques de armazenagem cer e ressaltar a importância de jas Brahma e Antartica, Itaú, As-
ta não ter chances de vitória de- da, empurram o brasil nos ru- mentos quase que opostamente de transporte. Os peixes tinham pessoas dotadas de visão, criati- solan e tantos outros produtos
vido à pouca projeção do país mos do desenvolvimento. O ex- erguidos, como varejo, siderurgia, que lutar pela sobrevivência ! O vidade e espirito empreendedor, que renderam inumeros prêmios
no cenário internacional, se cepcional momento de amplifi- mineração, energia e comunica- consumidor japones agradeceu e selecionando homens e mulhe- nacionais e internacionais. Mais
considera um empreendedor-ca- cadas perspectivas de cresci- ção um mesmo sentimento de- se dipôs a pagar mais por isso. res que tiveram a coragem de uma vez ele vai entrar em campo,
dete. “Não sou um coronel ou mento do País, coroado com a sempenhe o papel de linha de Antes de Nizan Guanaes, bra- transformar seus sonhos em es- mas agora leva as cores verde-
general, ainda bato continência chegada do grau de investimen- costura dessa corrente do desen- sileiros como Helder Couto tabelecimentos ou organizações amarela. “Eu vou lá para jogar, pa-
para Jorge Gerdau, Beto Sicupira to — chancela de que o país tem volvimento; o desejo de realizar. Mendonça, fundador da Forno bem-sucedidas, vencendo todo ra apresentar o trabalho do Brasil.
ou Olavo Setubal“ diz o empre- baixo risco para investimentos, Essa mola propulsora é o de Minas, Aleksandar Mandic, tipo de dificuldades nos mais di- Eu não sei se vou vencer, mas o
sário que aprendeu na convi- é em boa parte, senão quase que maior combustível de qualquer criador da Mandic internet, ferentes tipos de ambientes e in- Brasil vai”, acredita.

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E2 | Sexta-feira, 30, e fim de semana, 31 de maio e 1º de junho de 2008 | GAZETA MERCANTIL

EMPREENDEDORES Objetivo da iniciativa é eleger profissionais com visão de negócios

TRAJETÓRIA

Prêmio foi criado nos EUA em 1986 FOTOS DIVULGAÇÃO

Ernest & Young elege


empreendedor
mundial, cuja edição
de 2008 será amanhã
CLAYTON MELO
SÃO PAULO

Ser eleito o empreendedor do


ano de um país é uma honraria a
que todo profissional de negócios
ficaria extremamente satisfeito
em receber. O que dirá então de
ser escolhido o nome do empreen-
dedorismo internacional? Pois é o
que acontecerá a um dos cerca de
50 concorrentes do Empreededor
do Ano Mundial. Organizado pela
Ernest & Young em aproximada-
mente 50 países, entre os 140 onde
a companhia atua, o vencedor des-
te ano será anunciado neste sába-
do, em Mônaco. Além da escolha
do vencedor, o evento representa
uma oportunidade para relaciona-
mentos comerciais.
O prêmio foi criado em 1986
nos EUA com o objetivo de des-
tacar profissionais que congre-
gam atributos como visão de
negócios, criatividade, espírito
empreendedor para transfor-
mar em realidade empreendi-
mentos bem-sucedidos. No
País, o prêmio chegou em 2008
à décima edição.
O representante brasileiro é o
publicitário Nizan Guanaes, elei-
to Empreendedor do Ano em
março. Guanaes é um dos sócios
do Grupo ABC de Comunicação,
que congrega uma série de em-
presas, entre as quais Africa,
MPM, Loducca e DM9DDB. Jun-
tas, as empresas do conglomera-
do mantêm a conta de 144 gran- Responsáveis pelo projeto, hoje realizado em 50 países, pretendem levá-lo para o maior número possível de regiões dentre as 140 onde a companhia organizadora atua
des clientes, nas áreas de eventos,
publicidade, marketing direto e (categoria Lifetime Achievment, corpo de jurados composto por internacional ou a abrangência ções em um mesmo espetáculo. 2002), Marco Aurélio Garib (Ever-
entretenimento. ou realizações de toda uma vida), profissionais de diferentes par- nacional; inovação; e integridade Nos anos anteriores, os ga- Systems, em 2001), Laércio Co-
Os concorrentes de Guanaes o presidente do conselho da ad- tes do planeta, alguns dos pessoal e influência, critério para nhadores da edição mundial sentino (Microsiga Software, em
na disputa foram Antonio Carbo- ministração da Embraer, Maurí- atuais vendedores de outras analisar a relação do participante prêmio foram os executivos Bill 2000). Já na década anterior, os
nari (Universidade Anhangüera), cio Botelho (Empreendedor Exe- edições do prêmio com entidades representativas e a Lynch (da Imperial Holdings, destaques nacionais foram Alek-
Carlos Sanchez (EMS), Edson To- cutivo), a presidente da Pastoral Entre os critérios que serão comunidade e reputação. em 2006), Wayne Huizenga (da sandar Carlos Mandic, da Man-
miello (Neobus), Hélio Rotenberg da Criança, Zilda Arns (Responsa- analisados pelos especialistas es- No ano passado, o vencedor Blockbuster Entertainment, em dic, ganhador em 1999, e Helder
(Positivo Informática), Jairo bilidade Social) e o presidente da tão espírito empreendedor; per- da etapa internacional foi o ca- 2005), Tony Tan Caktiong (da Couto Mendonça, da Forno de
Quartiero (Camil) e Randal Za- Super Bac, Luiz Chacon (Emer- formance financeira, que avalia a nadense Guy Laliberté, funda- Jollibee Foods Corporation, em Minas, vencedor em 1998.
netti (Odontoprev). ging, para nomes em ascensão). capacidade financeira da empresa dor do Cirque de Soleil. Laliber- 2004), Narayana Murthy (da In-
Na edição brasileira de 2008, do candidato; direção estratégica, té exerceu papel importante no fosys Technologies, em 2003), História
além de Nizan Guanaes, foram Fatores de escolha relacionada à capacidade de a mundo circense — e dos negó- Stefan Vilsmeier (da Brainlab, O pano de fundo para a criação
destaques do prêmio o presidente O empreendedor do ano companhia se reinventar; impac- cios — ao criar um novo con- em 2002) e Paolo Della Porta (da do prêmio pela Ernest & Young
do Grupo Martins, Alair Martins mundial será escolhido por um to global, para medir a presença ceito de diferentes apresenta- SAES Getters, em 2001). nos EUA foram as várias transfor-
Na edição brasileira, um dos mações ocorridas no ambiente em-
destaques históricos é Miguel presarial, que resultaram no surgi-
PROJETO INICIATIVAS Krigsner, de O Boticário, ganha- mento de uma nova geração de
dor de 2005 e 2006. Antes dele, empresários durante a década de
Escola da Vida quer O Inemp estimula ganharam o prêmio principal no
País os executivos Norival Bona-
1980. O mundo dos negócios mi-
grava de uma economia de escala
michi (Ouro Fino Saúde Animal, para uma economia de velocidade,
reconhecer os talentos discussão empresarial em 2004), Luiz Augusto Milano
(Matec Engenharia, em 2003), Lí-
comentaria, anos depois, o diretor
mundial do Prêmio Empreendedor
rio Albino Parisotto (Videolar, em do Ano, Gregory Ericksen.
REDAÇÃO REDAÇÃO
SÃO PAULO Além de prestar uma merecida SÃO PAULO camadas da sociedade, incenti-
homenagem a esses brilhantes vando a criação de novas entida-
Dos dez homens mais ricos do empreendedores, o projeto Escola Muito se tem falado na neces- des e promovendo o desenvolvi-
mundo listados pela Forbes, cin- da Vida pretende levar ao público sidade de investir na educação, de mento sócio-econômico; ANÁLISE
co, entre os quais Bill Gates e Mi- as lições e os conhecimentos ad- incentivar o empreendedorismo
chael Dell, não completaram a fa- quiridos por aqueles que aprende- e de auxiliar a formação de nos- * Atuar como fonte de infor-
culdade. Na relação dos milioná- ram na prática. É uma iniciativa sos futuros empresários. Salvo mações sobre opiniões, atitudes, Ricardo Bellino*
rios – ou bilionários – sem inédita que visa levar a todos os honrosas exceções, pouco tem si- expectativas, estilos de gestão e
diploma, há, ainda, nomes como que buscam o sucesso profissio- do feito a esse respeito e existem, técnicas de administração dos
Paul Allen (Microsoft), Steve Jobs
(Apple), Larry Ellison (Oracle) e
Li Ka-Shing (o homem mais rico
nal – tenham eles completado
seus estudos ou não -, a sabedoria,
as dicas e os conselhos daqueles
de fato, pouquíssimas iniciativas
legítimas ou de expressão. A im-
portância de incentivar e desen-
empreendedores;

* Facilitar o inter-relaciona-
As verdadeiras marcas
da Ásia), apenas para citar alguns.
No Brasil, temos nomes ilustres
como Samuel Klein (Casas Ba-
que “se formaram na escola da vi-
da”, ou seja, que construíram
grandes fortunas e trajetórias vi-
volver o espírito empreendedor
do brasileiro é indiscutível. Ne-
nhuma nação pode crescer sem
mento e compartilhamento de
idéias entre empreendedores;
promover a iniciativa empreen-
do empreendedor
hia), Abraham Kasisnky (Cofap), toriosas por meio do “aprender contar com a força empreendedo- dedora, por meio da participa- Em meados do século 16, tem para serem superados. Em to-
Alair Martins (fundador do Gru- fazendo”. Longe de desmerecer a ra de seu povo. Do contrário, cor- ção em diversos programas pú- quando o Brasil era um vasto ter- dos eles, podemos encontrar as se-
po Martins e homenageado pelo importância da formação acadê- re-se o risco de se sucumbir à blicos privados que incentivam, ritório desconhecido e inexplorado, guintes características:
programa Empreendedor mica, a Escola da Vida pre- “síndrome do gigante adormeci- reconhecem e fomentam o em- o padre Manoel de Nóbrega con-
do Ano 2008 com o Li- tende oferecer uma do”, aquele que, “deitado eterna- preendedor; fiou ao jesuíta José de Anchieta a Visão
fetime Achievement) complementação até mente em berço esplêndido”, está missão de fundar uma escola no Não ver as coisas apenas como
e Luiz Antônio Sea- agora inexistente sempre à espera de um despertar * Trabalhar, em conjunto com planalto de Piratininga. Ao in- parecem ser, mas também como po-
bra (fundador da ao que se aprende que nunca ocorre, de uma mu- outras instituições interessadas cumbir Anchieta de criar um foco deriam ou deveriam ser.
Natura e listado nas faculdades, dança que nunca vem, de um mi- em promover a iniciativa empre- de civilização naqueles termos,
pela Forbes como complementação lagre, enfim, de tudo o que repre- endedora, sempre que se delinea- Manoel da Nóbrega teria lhe dito: Senso de Oportunidade
um dos bilionários essa que está vol- senta a própria antítese do espí- rem oportunidades para tanto; “Esta terra é a nossa empresa”. A Descobrir, avaliar e explorar no-
brasileiros), entre tada para o desen- rito empreendedor. frase não poderia ter sido mais vos caminhos, criando oportunida-
muitos outros. O volvimento do espí- * Atuar como defensor da ini- acertada. Sem uma aguçada vi- des onde elas parecem não existir
que todos esses empre- rito empreendedor. Missão ciativa empreendedora, incluin- são empreendedora, teria sido im-
endedores de sucesso têm A fim de atingir esse Motivado por este grande desa- do o suporte a legislação favorá- possível vencer obstáculos monu- Perfil realizador
em comum é que eles aprende- objetivo, a Escola da Vida está fio, o empresário Ricardo Bellino vel a negócios de mercados de pe- mentais como o isolamento e a es- O empreendedor é movido por
ram fazendo. E, por isso mesmo, se aliando a Microlins. A em- fundou o Instituto do Empreende- queno e médio porte, a realização cassez de recursos e fazer daquela uma imperiosa necessidade de
têm muito a ensinar. presa fundada por José Carlos dor (INEMP), de trabalhos pequena escola o embrião do que construir e de realizar. A sensa-
Fundado por Ricardo Bellino, Semenzato em 1991 é hoje a cuja missão é em parceria viria a ser uma das maiores cida- ção de “já ter feito tudo o que tinha
o Inemp – Instituto do Empreen- maior rede de franquias de cur- servir de plata- com organiza- des do mundo. Esse exemplo – em de fazer” é incompatível com seu es-
dedor -, por meio do projeto Es- sos profissionalizantes da Amé- forma para a ções de desen- meio a muitos outros – mostra pírito criativo.
cola da Vida, pretende homena- rica Latina. Com cerca de 700 divulgação e volvimento que o empreendedorismo não faz
gear e reconhecer o talento dos franqueados, a Microlins já for- fomento das principais iniciati- econômico com a finalidade de parte da história. Agente motivador
grandes empreendedores que cons- mou mais de 2.5 milhões de vas empreendedoras brasileiras, auxiliá-las na captação de novos Na verdade, o empreendedo- Agente motivador – a convicção
truíram suas fortunas e suas traje- alunos em todo o Brasil. O fru- em nível nacional e internacio- negócios e/ou desenvolvimento rismo faz a história. Por trás de um verdadeiro empreendedor é
tórias de sucesso sem que tivessem to dessa parceria entre a Escola nal. O Instituto do Empreende- de projetos nacionais para apoio das viagens de descobrimento, contagiante e tem o poder de unir
obtido um diploma universitário. da Vida e a Microlins serão os dor (INEMP) foi criado para ser- a iniciativa empreendedora; das grandes invenções, do desen- os que o cercam, agregando-os em
São pessoas que, ou por falta de cursos de empreendedorismo vir de fórum permanente de dis- volvimento científico e tecnológi- torno de um mesmo objetivo.
oportunidade, ou devido às pres- baseados no estudo de cases, cussão sobre as questões rele- * Participar da criação e orga- co, da fundação de cidades, da
sões profissionais, não puderam não só dos grandes empreende- vantes que envolvem o empre- nização de eventos, cujos objeti- geração de empregos e de rique- Persistência
completar seus estudos. Mas nem dores sem diploma mas tam- endedorismo. vos sejam identificar, fomentar e zas e da melhoria da qualidade Obstáculos são desafios e fracas-
por isso deixaram de aprender. Mo- bém dos self-made men, aque- Entre os objetivos do Institu- premiar iniciativas de empreen- de vida do ser humano, há sem- sos são estímulos para aprender
vidos por um genuíno espírito em- las pessoas que, no espaço de to do Empreendedor (INEMP) dedorismo, junto aos meios de co- pre uma força empreendedora com os erros e tentar outra vez.
preendedor, eles aprenderam fa- uma única geração, atingiram destaca-se : municação em geral, em especial compelindo homens e mulheres a
zendo. E, agora, está na hora de o sucesso profissional e cons- * Promover e difundir a inicia- o prêmio Empreendedor do Ano, enxergar à frente de seu tempo e * Ricardo Bellino é presidente
aprender com eles. truíram suas fortunas. tiva empreendedora em todas as realizado pela Ernst & Young. a perceber que obstáculos exis- do Instituto do Empreendedor

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GAZETA MERCANTIL | Sexta-feira, 30, e fim de semana, 31 de maio e 1º de junho de 2008 | E3

EMPREENDEDORES “Eu não cheguei lá ainda, estou no aprendizado”

ENTREVISTA Nizan Guanaes

O empreendedorismo não tem limite ROMUALDO RIBEIRO/GAZETA MERCANTIL

Nos próximos cinco anos, o publicitário de origem


baiana quer levar seu conglomerado empresarial, o
Grupo ABC, para a lista dos 10 maiores do mundo
com uma estratégia de expansão e diversificação
MARCELLO D’ANGELO
SÃO PAULO com esses grandes
empreendedores que você
Aos cinquenta anos de idade o citou antes, o que foi possível
publicitário Nizan Guanaes co- aprender?
meça a vislumbrar um horizonte Você acaba sendo influenciado
reservado a poucos bem aventu- positivamente. Percebe a preocu-
rados nos desafios empresariais. pação com custos, que é contínua,
À frente do maior grupo de pu- com motivação e formação de
blicidade do País, o baiano mais pessoas, com a importância dos
brasileiro que já se ouviu falar, ja- processos, com sustentabilidade e,
mais pensou em aposentadoria: não menos importante, o compro-
“posso ser parado, mas parar misso com a comunidade. Não
não”, afirma. Ao analisar o em- tem um grande empreendedor
preendedorismo, se diz um apai- que você observe e não consiga ti-
xonado pelos negócios, mas reve- rar alguma dessas lições.
la que no fundo, seu coração vi-
bra mesmo é com gente. “Odeio GZM — Essa filosofia não é
essa coisa eu amo as árvores..., eu muito comum no universo da
amo as pessoas!” Por isso, aprovei- publicidade, dominado pela
ta, especialmente a convivência criatividade?
com os grande líderes para estu- Isso dá para constatar que não
dar. Nesta entrevista à Gazeta tem. Eu não quero falar mal dos
Mercantil poucas horas antes de meus colegas, estou completa-
embarcar para mais uma viagem mente fora dessa. Essa crítica eu
internacional, Nizan Guanaes posso fazer ao Nizan Guanaes de
conta o que aprendeu em sua tra- 1999. Que era um cara que pen-
jetória profissional. sava na empresa dele, que tinha
finitude, que pensava mais no
Gazeta Mercantil — Nizan, você fim do que nos meios. Aí eu ven-
já imaginava desde início que di a empresa e me envolvi com
iria virar um grande um monte de negócios fora da
empreendedor? Ou isso minha área, o que não é bom,
aconteceu depois... porque você não é bom em tudo.
Eu não sou um grande em- Hoje o que nós estamos cons-
preendedor. Grande empreende- truindo é olhar a publicidade do
dor pra mim é Gerdau, Beto Si- ponto de vista de uma empresa.
cupira, Marcel Hermann Telles, Voltada para custos, para motiva-
Olavo e Roberto Setubal, Lázaro ção... Tudo o que eu quero é que
Brandão... Eu sou um estagiário, os outros grupos nacionais ve-
sou um apaixonado por empre- nham caminhar na mesma dire-
endedorismo. O meu sonho é ção. Qual é a loja que quer ficar
construir na minha área, comu- sozinha em uma rua? Todos que-
nicação mercadológica, uma rem é estar no meio da Oscar
obra quase igual, guardadas as Freire (rua paulistana com deze-
devidas proporções. nas de lojas na zona sul).

GZM — Em que sentido você é GZM — Ninguém chega aonde


um apaixonado por você e outros chegaram sem
empreendedorismo? aprender com os erros. Com qual
Negócio, sou apaixonado por você aprendeu mais?
negócios. Mas não posso compa- Eu não cheguei lá ainda, ainda
rar o que nós já fizemos até agora estou no aprendizado. Sou cade-
com a obra desses caras, que é te, não sou general, nem coro-
uma obra imensa, nós somos ape- nel. Bato continência para Jorge
nas uma parte pequena. Mas uma Gerdau, Jorge Paulo Lehman,
parte que busca essa visão maior. Norberto Odebrecht e muitos
O que difere o empreendedor do outros Aprendi a baixar a bola,
empresário comum é que ele con- pois quem usa salto alto, não
tinua fazendo, mesmo depois de corre. Ter amigos de áreas dife-
se estabilizar financeiramente. rentes para baixarem a sua bola.
Ele gosta, a sua remuneração Não ache que você é bom em tu-
maior é a realização. Tem coisas do. A palavra final sempre tem
que te dão prazer no sentido que que ser do grupo.
foi você ajudou a fazer. Esse é o
estágio que eu me sinto agora. E GZM — Você acha que o Brasil é
eu quero me aparelhar para isso. um bom país para empreender?
Não é à toa que tem tanta gente Nós fomos testados nas piores O publicitário Nizan Guanaes enfrenta desafios com a visão do empreendedor: antes de tudo um projeto coletivo de crescimento
da minha equipe estudando para condições. Só para você ter uma
valer em MBA e pós-graduação, idéia, quando eu abri a minha xar menos se ele consegue arre- Baseado na estratégia clara de diferente, tem que estudar. Isso descorrelatas. Todo mundo só
como é o caso do Márcio Santoro empresa, a DM9, o Banco Icatu cadar muito mais, mas isso aí focar nos países de continentes eu aprendi convivendo com esses vê as áreas correlatas à sua. Um
e do Sérgio Gordilho, sócios na investiu um milhão de dólares. E passa por política, ninguém que essas empresas não focam: grandes empreendedores. Só cara que trabalha com imóveis,
África, e o Sérgio Valente, que aí veio o plano Collor e ficamos quer perder arrecadação, isso aí América Latina e África. É pre- quem ganhou dinheiro com “fe- por exemplo, nem pensa em co-
agora vai para Harvard, nos EUA praticamente sem capital, num é como dieta e parar de fumar. ciso aprender a delimitar. eling“ foi Morris Albert. mo a aviação supersônica pode
momento de largada. E supera- Todo mundo concorda, mas é mudar o conceito de moradia.
GZM — Um empreendimento mos. Depois desses episódios, vo- um vício. Você se acostuma e GZM — É isso que te afasta, por GZM — Você tem um foco muito Mas vôos muito mais rápidos
pode ser comparado a um filho? cê toma cuidado, presta atenção não consegue se liberar. exemplo, de fazer alguma coisa claro no mercado de podem permitir que um sujeito
Os negócios são filhos e os só- na alavancagem, fica muito mais na área pública? comunicação mercadológica. No more no Caribe e trabalhe em
cios, companheiros. São pessoas atento. Isso fortaleceu o brasileiro GZM — A DM9 foi o seu Não é a minha área. Não tenho Brasil existe uma discussão Nova York. Por isso que eu tra-
que te ajudam quando você erra e que cada vez mais está se inter- primeiro empreendimento. lógica, não tenho paciência. Polí- grande sobre o modelo de balho muito com antropologia.
você tem que estar do lado delas nacionalizando. Você se lembra qual era a sua tica é costurar, é consenso e para operação das agências...
no momento de dificuldade tam- expectativa? mim empreender é dissenso. Por Eu defendo fortemente o mo- GZM — Como assim ? Trabalha
bém. Empreender é um ato con- GZM — E a perspectiva que Nenhuma, porque não havia exemplo: quando eu tirei a África delo brasileiro. E faço isso baseado com antropologia?
junto, um time, são pessoas vol- você vê para frente é crescer nenhuma visão... era absoluta- de todos os prêmios, eu estava ca- em números, pois a importância é Trabalho com muitos grupos,
tadas para uma empresa, uma ainda mais? mente pontual. Eu estava preo- minhando contra o vento. E a a de não sucumbir a um modelo muitos institutos de pesquisa de
empresa que é voltada para uma Sem duvido, esse é um mo- cupado com a minha carreira, África hoje é a agência mais de- concentrador, que vai levar as ri- antropologia. Como o homem es-
idéia, um projeto, e esse projeto mento especial para o Brasil, com em ganhar dinheiro... não havia sejada do País. Adotei um outro quezas para fora do País. Em todos tá vivendo muito mais, qual será
está inserido em um projeto de petróleo, etanol, etc., eu estou ple- um projeto além disso. E aí você marketing. Se você não muda o os campos de negócios, existe o o impacto disso? No mercado
país. Não é à toa que eu sou a namente confiante que tem mui- percebe que esse negócio cessa, jogo, você não consegue ganhar. BV (bonificação por volume). Até imobiliário, na medicina e em
agência da semana do empreen- ta coisa pra fazer. Precisamos bate num teto. nos mais simples. Por que a mesa muitas outras áreas. Com tantas
dedorismo internacional que vai aproveitar esse vento que bateu GZM — Recentemente saiu um mais bem posicionada de um res- mudanças não podemos ficar a
acontecer em novembro. Aliás é agora. Eu acho que o empreende- GZM — Foi aí que você ranking mundial em que o taurante é reservada sempre para reboque do desejo do consumi-
importante que conste isso, vai dor empreende a despeito do mo- entendeu que empreender é grupo ABC apareceu em 21º no aquele cliente? Porque ele almoça dor, que é uma coisa só do pas-
ser no Brasil, em novembro, um mento econômico. Tem uma fra- uma coisa maior? segmento de publicidade. Qual lá todos os dias. Então aquela re- sado. O marketing hoje não pode
evento inventado pelo Gordon se que eu adoro: o bom não é não Eu vendi a DM9 e em um é a sua meta? serva é uma bonificação pela fre- ser só para atender expectativas,
Brown. É uma maçonaria expos- errar, o bom é errar rápido. Ficar evento do IG na Bahia eu vi uma Em cinco anos quero estar en- quência, pelo volume. precisa surpreender. Veja o mode-
ta. As pessoas vão se influencian- atento para corrigir seus erros. palestra com o Jorge Paulo Leh- tre os dez maiores do mundo. Isso lo de família que encontramos
do. O Beto Sicupira vai lá na nos- man e o Abilio Diniz sobre em- com base em uma estratégia clara GZM — Depois da experiência hoje: pode ser eu, meu pai e mi-
sa empresa e fala de empreende- GZM — Se você pudesse mudar preendedorismo. Sobre como eles de diversificação. Há mercados do IG, você ainda estuda a nha mãe ou eu, meu pai e a mu-
dorismo, aí o Jorge Gerdau, e você alguma coisa no Brasil para trabalhavam por uma coisa em que as oportunidades estão internet? lher dele ou ainda eu, meu pai e o
vai sendo inspirado, vai bebendo ajudar os empreendedores, maior, pensando a empresa de em marketing direto e eventos, Muito. As pessoas ainda marido dele. As coisas não são
na água deles. O Beto Sicupira uma idéia.... forma perene, sobre como cons- mas não agências de propaganda. acham que internet é mídia im- mais como elas eram.
uma vez me disse, "publicidade é Diminuir a carga tributária. Is- truir uma geração de empreende- Quero ir para a Colômbia, Peru, pressa, mas internet é imagem e
indisciplinada ", e agora a INBG so aí sou eu com 140 kilos. E eu dores. Eu entrei com 1,81m e saí Argentina, entrando em cada ação, que é imaginação. Eu acre- GZM — Que empreendimentos
está na nossa empresa estrutu- sei como é carregar 140 kilos. Se a com 1,49m. Fiquei tão mal, mas mercado de acordo com as suas dito muito no conceito de redes, você toca na área social?
rando o grupo. É um aprendiza- gente se livrar um pouco desse tão mal ao perceber que estava características. de comunidades. Por isso temos Uma obra que eu adoro é o
do, uma disciplina... porque em- fardo tributário, a gente vai con- completamente equivocado. A investido em projetos como X-ga- Parceiros da Educação de adoção
preender é gostoso, mas a disci- seguir andar muito mais rápido. palavra do empreendedor é "lega- GZM — Aqui no Brasil o grupo mes, GT-3, moda. Tudo isso é base de escolas públicas. Nós temos ho-
plina a que você tem que se do". Percebi que não adianta você ABC já está bastante de grandes comunidades que se je já 60 escolas em São Paulo e es-
impor não é gostosa não! Tem GZM — Faz tempo que os estar em um negócio bom. Tem diversificado... encontram intensamente na in- tamos começando no Rio. Quero
que estar fazendo todo dia a mes- impostos são um grande que focar no que você gosta de fa- Mas eu ainda acho que tem ternet. E que se transformam com chegar a pelo menos 500 escolas. O
ma coisa. Você tem o objetivo de problema , por que você acha zer, no que você nasceu pra fazer, mais oportunidades. Eu quero o impacto de novas tecnologias. programa consiste em preparar e
vender, tem metas, tem práticas, que não se consegue mudar que pra mim é a área de comu- montar uma agência no Recife. Agora estou procurando um guru equipar as escolas criando um pro-
precisa cobrar essas metas, as pes- isso ainda? nicação mercadológica. Eu sei Por que não na Bahia? Porque mundial de tecnologia para nos blema bom para o bairro. A mãe
soas precisam se reunir... Eu vou usar uma expressão exatamente o que eu quero fa- acho que na Bahia comporta uma orientar sobre os impactos que a chega e fala: "por que essa escola é
boa: "não sei". Não entendo por zer. Eu quero construir a Omni- empresa de eventos. Cada lugar tecnologia vai fazer na nossa vida. boa e essa é ruim"? Até índices de
GZM — No convívio e trabalho que o governo não consegue ta- com, a WPP da América Latina. você tem que ter uma estratégia As pessoas não olham as áreas criminalidade caem na localidade.

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EMPREENDEDORES No Plano Collor, viu investimento se transformar em 50 mil cruzados

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GAZETA MERCANTIL | Sexta-feira, 30, e fim de semana, 31 de maio e 1º de junho de 2008 | E5

EMPREENDEDORES Em 2008, o publicitário iniciou sua fase internacional nos negócios

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E6 | Sexta-feira, 30, e fim de semana, 31 de maio e 1º de junho de 2008 | GAZETA MERCANTIL

EMPREENDEDORES Ousadia, faro para o lucro e experiência são atributos dos líderes
FOTOS DIVULGAÇÃO

PETRÓLEO

A ousadia é o
segredo de uma
vida de sucesso
Com a venda de duas das. Eike Batista conta que vai
minas de ferro, o ampliar o leque de projetos so-
ciais do grupo, que atualmente
petróleo é a maior possui poucos. Ele exibe um pro-
aposta do empresário jeto bilionário de despoluição da
Lagoa Rodrigo de Freitas, na zona
SABRINA LORENZI
RIO Sul do Rio, perto de onde mora.
O carro-chefe do grupo deixou
Além da ousadia, o segredo do de ser mineração com a venda de
terceiro homem mais rico do Bra- duas importantes minas de ferro
sil está também no ’timing’ de da MMX, subsidiária do grupo,
permanência dos ativos. Eike para a multinacional Anglo Ame-
Batista não fica para sempre rican, num negócio de bilhões
com minas de ferro e ouro. Ne- que enriqueceu Eike e os princi-
gocia, vende quando valoriza, pais executivos da empresa. No
capta bilhões, angaria sócios. Pa- lugar do minério de ferro, o pe-
rado ele nunca está. tróleo agora é a maior aposta do
A revista Forbes calculou nes- empresário. Por meio da subsidiá-
te ano a fortuna de Batista em ria OGX, Eike Batista já possui a
US$ 6,6 bilhões, quantia inferior maior petroleira privada do País,
apenas à fortuna de Antônio Er- considerando o tamanho das con- Eike Batista ganhou notoriedade na vida empresarial por demonstrar forte tendência para assumir riscos
mírio de Moraes, da Votoran- cessões que tem.
tim, e do banqueiro Joseph Sa- Nascido no Brasil, o executivo dou uma empresa de mineração ações negociadas pela primeira BR Distribuidora (com passagem ta anunciou uma dança das ca-
fra. Trata-se da 142ª maior for- viveu boa parte da juventude na e comercialização de ouro na vez em bolsa no ano de 2006. relâmpago pelo Pão de Açúcar); deiras no grupo.
tuna do mundo. Ele argumenta , Europa, ao lado da mãe alemã e Amazônia. Em seguida, foi sócio Além da ousadia, Batista credi- Eduardo Karrer, ex-presidente da Francisco Gros, que presidiu a
entretanto, que não é só dinhei- os seis irmãos. Filho de Elieser Ba- e presidente da TVX Gold. Ven- ta a possibilidade de investir com El Paso e que agora comanda a Petrobras e a Fosfértil, será vice-pre-
ro que o interessa. tista, que presidiu a Vale do Rio deu sua participação na empre- sucesso em tantas áreas ao time EPX, braço de energia do grupo, e sidente do Conselho de Adminis-
Agora, o desafio do empresário Doce quando a empresa ainda era sa em 2000 e reinvestiu a fortu- de profissionais que elegeu. Ele Ricardo Antunes, ex-Vale e Paulo tração da holding. Landim vai para
é conciliar boa parte de seus in- estatal, Eike estudou na Universi- na de US$ 1 bilhão em negócios trouxe para as empresas da EBX, Mendonça, que chefiava a área de o lugar de Gros, que comandava
vestimentos com exigências so- dade Aachen, na Alemanha. Em próprios na área de mineração e executivos experientes como Ro- Exploração e Produção da Petro- até então a recém-criada OGX. Ri-
cioambientais cada vez mais rígi- 1980, ele voltou ao Brasil e fun- energia. Nasce a MMX, com dolfo Landim, ex-presidente da bras. Nas últimas semanas, Batis- cardo Antunes preside a LLX.

SIDERURGIA

A trajetória do “homem de aço”


IVONÉTE DAINESE
SÃO PAULO ia bem até que, com advento da Se- na fábrica e operando máquinas lhões de toneladas de aço no Brasil
gunda Guerra Mundial, ficou di- de produzir pregos. Para contri- e em outros países.
O sofrimento provocado pela fícil encontrar matéria-prima buir ainda mais, Jorge decidiu es- Aos poucos, Jorge Gerdau
Segunda Guerra Mundial fortale- para a produção dos pregos. Foi tudar contabilidade à noite. Johannpeter passou por vários car-
ceu países, pessoas e criou ambien- nesse momento que Johannpe- Na década de 60 ao lado do pai, gos no Grupo até assumir a presi-
te para o crescimento pós-guerra. ter, decidiu ousar, em vez de ten- coordenou o processo de cresci- dência em 1983. Não importa o fa-
Foi assim que Curt Johannpeter, tar encontrar a escassa matéria- mento da empresa. O primeiro pas- to de o aço ser uma indústria pro-
iniciou seu negócio com a compra prima, ele decidiu fabricá-la. so foi adquirir companhias e fábri- blemática em todo o mundo e da
da Siderúrgica Riograndense. Vendeu propriedades da família cas e, assim, ultrapassar as frontei- Metalúrgica Gerdau S.A. ainda es-
A história começou no século e reuniu dinheiro necessário para ras estaduais e, atualmente as tar sediada no extremo sul do Bra-
XX, quando uma família de origem comprar da primeira siderúrgica. internacionais. Ao todo são 16 si- sil e distante do coração indus-
alemã abriu em Porto Alegre (RS) O apoio veio do filho Jorge, que derúrgicas que faturam R$ 2,27 bi- trial, pois ela mantém a mesma
uma fábrica de pregos. O negócio aos 14 anos, já estava trabalhando lhões por ano, produzindo 6,6 mi- tenacidade que sempre demons-
trou. A Gerdau comprou pechin-
chas no exterior e foi capaz de se
tornar um negócio global.
Hoje, o grupo ocupa a 11ª po-
sição no ranking da revista Ba-
lanço Anual.“Sou um ser com- Samuel Klein começou fazendo vendas porta-a-porta
petitivo e fanático pela qualida-
de”, disse Johannpeter, em VAREJO
recente entrevista.
A busca pela qualidade não se
manifesta apenas na sua forma
Experiência de vida
de conduzir os negócios, mas
também em suas iniciativas de
empreendedorismo social. O exe-
levada aos negócios
cutivo lidera a Associação Quali-
IVONÉTE DAINESE
dade RS, que tem como objetivo SÃO PAULO a trabalhar em uma fazenda , on-
agregar eficiência às instituições de ficou até o fim da guerra.
gaúchas públicas e privadas. O ano de 1951 marcou a vida Para sua surpresa, algum tem-
Com a alcunha de “homem de do jovem polonês Samuel Klein, po depois, reencontrou seus ir-
aço”, Jorge Gerdau nasceu na ca- com sua chegada ao Brasil. mãos e foi para a Alemanha, onde
pital fluminense; é o terceiro fi- Hoje com 84 anos, o imigrante encontrou também o pai.
lho de Curt Johannpeter. O exe- tem uma grande história para Inicialmente a família pensou
cutivo tem mais três irmãos, Ger- contar, que começa na velha Za- em imigrar para os Estados Uni-
Jorge Gerdau já operava máquinas de fazer prego aos 14 anos mano, Klaus e Frederico. klikov, Polônia, e prossegue em dos, mas não conseguiu porque
São Caetano do Sul, na Grande a cota de imigração já estava
São Paulo, onde se estabeleceu e completa. O segundo plano era
CIMENTO acabou se transformando em um a Bolívia, mas, à época, o país es-
dos maiores empresários do vare- tava em conflito.

De empresário a autor de teatro jo do País, as Casas Bahia.


Na Polônia, ele aprendeu com
o pai o exercício da profissão de
Quis o destino que Samuel
Klein, que já estava casado com
Ana e já tinha o filho Michael,
marceneiro até que o exército ale- conseguisse imigrar para o Brasil.
REDAÇÃO
SÃO PAULO ro de conquistas que comprovam mão invadiu o país, já no início A persistência e perseverança
que ele fez da oportunidade ofe- da Segunda Guerra Mundial. Foi trouxeram os Klein para São Cae-
"Meu nome é trabalho". Este é recida pelo pai sua razão de viver. neste momento que a família se tano do Sul. No bolso, US$ 6 mil,
o lema que norteia a vida do em- Prova disto é que em seis anos ele dividiu e Samuel, então com 19 dinheiro suficiente para comprar
presário Antonio Ermírio de Mo- montou sua própria empresa, a anos, foi preso e levado para Mai- uma charrete para transportar
raes, presidente de um dos maio- Companhia Brasileira de Alumí- danek, um dos maiores campos roupas de cama, mesa e banho.
res conglomerados empresariais nio. Em 1962, ele assumiu o con- de concentração. Com ajuda de um amigo que ti-
do Brasil - o Grupo Votorantim - e trole de todas as empresas e os ne- Em 1944, com a chegada do nha loja no Bom Retiro, conse-
que no próximo dia 4 de junho gócios do Grupo Votorantim en- exército russo que deveria liber- guiu juntar uma carteira de 200
completa 90 anos. Antônio Ermí- traram em trajetória ascendente. tar os alemães, Klein e os demais clientes. Vendia de porta em por-
rio é a terceira geração da família Paralelamente ao trabalho no prisioneiros foram levados para ta e quando um cliente se recusa
no comando do grupo que foi Grupo Votorantim, Antônio Er- Auschwitz, o mais terrível de to- a pagar, o comerciante Klein, ofe-
fundado por seu avô, o imigrante mírio desenvolve uma intensa dos os campos de extermínio. E recia as “grandes oportunidades
português Antonio Pereira Iná- atividade no campo da saúde, em foi justamente neste momento de pagamento”.
cio, que teve como sucessor o se- especial, no Hospital da Benefi- que o destino do jovem judeu co- Depois das roupas de cama,
nador José Ermírio de Morais. cência Portuguesa em São Paulo. meçou a mudar. mesa e banho, passou a oferecer
Antes de entrar para a empre- Ele também participou dos prin- Depois de uma caminhada de outros produtos como móveis e
sa da família Antonio Ermirio cipais movimentos de desenvol- 50 quilômetros, o grupo chegou colchões. Depois de cinco anos,
passou quatro anos nos Estados vimento e democratização do até uma plantação de trigo e nes- conseguiu juntar dinheiro para
Unidos estudando na Colorado Brasil, com um engajamento dire- te momento Klein armou seu es- abrir a primeira loja onde ofere-
School of Mines, onde diplomou- to e pessoal em inúmeras campa- quema de fuga. Alegando neces- cia móveis e colchões. Estava lan-
se engenheiro metalúrgico em nhas voltadas para a geração de sidades fisiológicas, entrou na çada aí primeira pedra de seu im-
1949. De volta ao Brasil recebeu emprego e melhoria da educação plantação onde passou a noite. pério, as Casas Bahia.
de seu pai uma oportunidade e e da saúde do brasileiro. No dia seguinte, quando pensou Em recente entrevista, Samuel
uma advertência, uma vez que o Antônio Ermírio de Moraes que seria capturado, a sorte mu- Klein ao fazer um retrospecto de
trabalho nas empresas do grupo também dedica parte de seu tem- dou e o jovem foi encontrado por sua vida, definiu assim seu sucesso:
era apenas um teste. "Se não der po à escrita. É autor de diversos um grupo de poloneses cristãos “Sempre vendi a prazo e conquis-
certo não vou lhe contratar", en- artigos. Seu hobby é o teatro, tan- que também estavam em fuga. tava minha freguesia com simpli-
fatizou José Ermírio. to que escreveu e produziu três Samuel conseguiu então vol- cidade porque eu sou uma pessoa
Hoje, passados quase 60 anos, peças teatrais retratando proble- tar à sua antiga casa na cidade de simples, fui pobre e sei das dificul-
o empresário tem um sem-núme- mas brasileiros. Antônio Ermírio chega aos 90 anos com muita história para contar Zaklikov e, em seguida, começou dades da gente mais humilde”.

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EMPREENDEDORES Contrair dívidas só é válido se for para alavancar a empresa

ADMINISTRAÇÃO

Os impactos de uma aula de liderança THE NEW YORK TIMES

Harry Weiner fez uma tos positivos em todos os aspec- um seminário para mais de 100
análise de sua vida tos de suas vidas. funcionários. Hurt comprou o li-
Muitos cursos de administra- vro para todos os funcionários
profissional e percebeu ção têm suas versões de Fried- que participaram e agora subme-
que era hora de mudar man. Os professores são geral- te a empresa numa imersão de
mente figuras carismáticas que quatro meses no programa.
MARCI ALBOHER
THE NEW YORK TIMES formam relacionamentos estrei- No seminário, Friedman divi-
tos com seus alunos e criam redes diu as pessoas em grupos de três,
Os alunos falam de Stewart D. de formandos que são estimula- selecionados ao acaso, três que se
Friedman, professor de adminis- dos a permanecer em contato e encontram periodicamente e mo-
tração da Wharton School, com ajudar uns aos outros bem depois nitoram uns aos outros seguindo
um misto de sincera admiração, da conclusão do curso. Eles tam- os exercícios do livro. Esse forma-
gratidão e adoração como se ele bém se deslocam entre a acade- to moderado do clube do livro
fosse uma estrela do rock. mia e o mundo dos negócios, tem elementos do clube do livro
Quando eles entram na sala de com freqüência oferecendo varia- de Oprah Winfrey, especialmente
aula, se comprometem a compar- ções de seus programas para uso os debates on-line que ela condu-
tilhar detalhes íntimos com seus acadêmico ou corporativo. ziu em torno do livro "A New Ear-
colegas sobre os relacionamentos Os especialistas na área de li- th", de Eckhart Tolle.
mais importantes e, muitos deles, derança dizem que o clima atual Hurt escreveu no seu blog so-
mais tarde, creditam Friedman de negócios contribui especial- Friedman orienta alunos para identificar valores essenciais e para expressar como sentem bre o livro e a sessão de treina-
por mudar suas vidas. Pelo menos mente para um tipo de liderança mento que espera um "grande
um aluno convidou Friedman a inspirada em fortes valores pes- se tornam mais interessantes". atuado como mentor desde então. mais recente, "Liderança Total", impacto" sobre a cultura da em-
treinar a empresa inteira no seu soais. Allan R. Cohen, diretor do Srikumar Rao, instrutor adjun- "O curso exerceu um efeito que será publicado em breve pela presa mesmo que isso signifique
estilo de liderança e de vida. curso de pós-graduação da Facul- to da London Business School, profundo sobre mim", disse Wei- Harvard Business Press, surgiu de diminuição no médio prazo do
Isso pode não parecer matéria dade de Administração da Babson criou um fenômeno similar com ner. "Como parte da classe, o alu- programas que ele desenvolveu tempo que seus funcionários pas-
de estudo de escola de adminis- College, que tem ensinado lide- seu popular curso, "Criatividade e no tem de criar uma visão de li- durante os dois anos que passou sam no trabalho enquanto prati-
tração. Mas Friedman e outros rança há 30 anos, diz que enquan- Controle Pessoal", que ele desen- derança para si mesmo, e ele pede na Ford Motor Company e foi re- cam os exercícios. Uma vez que o
professores de liderança que pen- to a linguagem atual de liderança volveu na Long Island University, para o aluno escrever uma análi- finado nas aulas em Wharton. processo estiver concluído, escre-
sam como ele atende o desejo, se concentra na autenticidade e e depois levou para a Columbia se sucinta de si mesmo nos pró- O curso tem sido ensinado no veu Hurt, ele espera aumento da
tanto dos alunos quanto dos em- em examinar a pessoa inteira, es- Business School. ximos 15 anos. Esse exercício me programa MBA regular da Whar- produtividade e da eficiência.
presários estabelecidos, por se tipo de pensamento tem circu- Como Friedman, Rao publicou fez perceber que minha atividade ton, mas Friedman argumenta Tung Hungh, diretor de co-
mais integração de suas carrei- lado de alguma forma desde os um livro "Você Está Preparado pa- na época -- recrutar executivos que é particularmente relevante munidade da Bazaarvoice, des-
ras e vidas pessoais. anos 40, quando as habilidades ra o Sucesso", baseado no seu cur- para fundos hedge e companhias para quem está no meio da car- creveu o experimento Liderança
A filosofia de Friedman é bem humanas começaram a fazer so. Ele também conduziu versões de capital de risco -- não tinha ou- reira e participa do programa exe- Total como reflexo da cultura
simples. A premissa fundamental parte dos estudos acadêmicos. de seus programas, a taxas diárias tro impacto social além de dar cutivo MBA da Wharton, tem fa- única da empresa.
é que a liderança pode existir em Nos anos 60, ele disse, o treina- de US$ 25 mil, em empresas como compensação para pessoas que já mília e filhos, e sente as pressões
cada pessoa, quer esteja no nível mento da sensibilidade, como a Saatchi & Saatchi, Chubb e Mc- dispunham de boa renda. Eu que- de administrar sua vida. Visita surpresa
superior, intermediário ou infe- EST (Seminários de Treinamen- Donald’s. Vários dos ex-alunos de ria fazer uma coisa que fosse fi- "O motivo pelo qual tem sido "Brett, nosso presidente e fun-
rior de qualquer grupo. Fried- to Erhard), estava em voga. Rao, chamados de Raoístas por al- nanceiramente compensadora, e tão bem recebido", segundo Mi- dador, está bem sintonizado com
man também ensina que lide- "Houve um período em que o guns, vão se reunir no próximo tivesse também impacto positivo chael Useem, diretor do Centro as mais recentes teorias e meto-
rança não deve ser limitada ao lado emocional ou sensível da verão em Nova York no primeiro para a sociedade", disse Weiner. para Liderança e Transformação, dologias de administração e que-
trabalho, mas estendida à vida liderança nunca era menciona- retiro com ex-alunos. "No final, não era só uma ques- "é que as pessoas na faixa dos 30 e ria partilhar esse livro com nossa
pessoal, ao envolvimento na co- do", disse Allan R. Cohen. "Então Friedman incentiva a forma- tão de fazer um trabalho melhor, 40 anos dominaram muitas áreas empresa", ele disse. "No começo
munidade e à vida familiar. o pêndulo oscila e se descobre ção de rede de relacionamentos embora se trate muito de resulta- essenciais -- finanças, contabilida- foi uma surpresa. Ele pediu para
No seu curso, Friedman orien- que algumas dessas pessoas não colocando os alunos junto com dos de negócios. É holístico". de, estratégia -- e sabem como não assumirmos compromissos
ta os alunos por meio de exercí- têm ouvido para música e não ex-alunos instrutores que servem Friedman, que leciona em suas vidas pessoais se encaixam e nessa data, e então Friedman foi o
cios para identificar seus valores têm olhos para as emoções, que como mentores durante o curso. Wharton desde 1984, tem uma devem ser reconciliadas com a vi- visitante surpresa".
essenciais e para expressar como perdem seus seguidores e to- Harry Weiner, sócio fundador da longa história de trabalho e cul- da profissional, em oposição ao Hurt "acredita que podemos ser
eles estão se sentindo fora de sin- mam decisões que não são tão On-Ramps, uma agência de re- tura nas áreas de comportamento conflito com ela". líderes melhores, e depois de dois
cronia com esses valores. Os alu- boas. Temos visto muita lide- crutamento e consultoria dedi- organizacional, integração de tra- Um ex-aluno, Brett Hurt, é tão anos na empresa, estou agora co-
nos então desenvolvem experi- rança antiética e, de repente, de- cada a acordos de flexibilização balho e vida; e liderança. Ele ob- dedicado à filosofia de Friedman meçando a ver mais porque ele
mentos direcionados para criar o dicar a carreira a só fazer di- do trabalho, participou do curso teve doutorado da Universidade que convidou seu ex-professor a acredita nisso", disse Hungh. "Brett
que Friedman chama "quatro do- nheiro não parece tão atraente. de Friedman na Wharton Scho- de Michigan e teve experiência visitar sua empresa, Bazzarvoice, pode ser a única pessoa mais em-
mínios", mudanças que terão efei- Então diferentes tipos de cursos ol na primavera de 2006 e tem no setor corporativo. Seu livro em Austin, Texas, para ministrar polgada com isso do que eu".

ROMUALDO RIBEIRO/GAZETA MERCANTIL

ESTRATÉGIA

Planejar pode garantir sucesso


Saber diferenciar visão de gastos as matérias-pri- um horizonte otimista, de alavan-
financiamento e mas e o fluxo de caixa. “Investir o cagem, e por isso é concedido em
capital recebido do plano de de- condições bem mais vantajosas, de
empréstimo pode ser missão voluntária da empresa em volume e juros”, explica Cerbasi.
a chave do negócio títulos públicos, ações e previdên- “Ao invés de comprar a máquina
cia dão um rendimento mais se- de fralda à vista e tomar emprés-
MARIA LUÍZA FILGUEIRAS
SÃO PAULO guro. Mas estar à frente do negó- timo para demais materiais, o em-
cio novo e que você passará a ma- preendedor devia ter recorrido à
Com uma sequência de mudan- drugada trabalhando para fazer vantajosa linha de financiamento
ças de moeda, planos econômicos e dar certo, se for preciso, é desafia- para máquinas importadas com ju-
os tempos de inflação avassaladora, dor e estimulante para muita ros de 6% ao ano e manter seu ca-
o brasileiro aprendeu a ser versátil gente”, considera o consultor. pital de giro. Investiu errado.”
para driblar as crises financeiras. “Mas no meio do caminho, os Contrair dívida, só para alavan-
Mas, apesar de ser considerado um empreendedores deixam em se- car o negócio. “O que determina é
país de empreendedores, a lista de gundo plano o foco da empresa, quanto vou melhorar minha ren-
negócios que conseguem ultrapas- que é geração de riqueza.” tabilidade buscando esse dinheiro”,
sar cinco anos de vida é reduzida. Exemplos como Mesbla e ensina. Outra lição básica para a
Conforme pesquisa recente do Se- Mappin mostram como uma em- pessoa jurídica é tomar conheci-
brae São Paulo, 56% das micro e presa pode estar aparentemente mento da contabilidade da empre-
pequenas empresas encerram as em expansão, com mais venda e sa, inclusive buscando um conhe-
atividades nesse prazo. Já chegou a mais receita, mas na verdade com cimento mínimo de finanças, e
ser 70%, mas ainda assim é alto. menos lucro. “Eram empresas in- não confundir receita da empresa
A principal causa da alta taxa de chadas, e não lucrativas. Para a com rendimento pessoal. “O em-
mortalidade é a falta de planeja- pessoa jurídica, a regra é a mesma preendedor deve ter pessoas de
mento, na opinião do administra- das finanças pessoais: conferir a confiança e capazes ao seu lado.
dor Gustavo Cerbasi. Sócio-diretor receita e os gastos e fazer as reser- Mas se a contabilidade for bom,
da Cerbasi & Associados Planeja- vas”, detalha Cerbasi. não dependerá dessa confiança.”
mento Financeiro e autor de best- Quando falta dinheiro para Para finalizar, o consultor su-
sellers sobre finanças pessoais, ele manter a produção, o empreende- gere cálculos justos sem superdi-
aponta que o empreendedor brasi- dor recorre ao cunhado e, na pró- mensionamento, o que pode ser
leiro costuma deixar de lado pro- xima necessidade, parte para o baseado em pesquisas de merca-
jeções estratégicas e financeiras. empréstimo bancário. “É onde er- do. “Acontece até nas grandes em-
Na maioria dos casos, aponta, o ramos ao investir. Ainda há uma presas. A Mercedes-Benz viu que
empreendedor já começa no limi- grande confusão entre emprésti- havia muito carro pequeno circu-
te do orçamento, com dinheiro da mo e financiamento”, avalia. lando no Brasil e achou que era o
venda da casa ou carro, e não fez O empréstimo é o dinheiro tipo preferido dos brasileiros, en-
qualquer estudo sobre a viabilida- emergencial tomado para cobrir tão montou uma fábrica de carro
de do negócio. “Ele compra uma um rombo ou imprevisto no orça- pequeno de luxo em Juiz de Fo-
máquina de fazer fraldas sem che- mento e salvar o nome e o negócio. ra”, exemplifica. “Foi um grande
car quem são os concorrentes e o “Parte do pressuposto negativo do fracasso porque o brasileiro com-
espaço para venda.” crédito. Já o financiamento parte pra carro pequeno por questão fi-
Além disso, não inclui na pro- do pressuposto de crédito que dá nanceira e não por gosto.”
Aprendizado no exterior
A técnica para iniciar um ne-
gócio, Cerbasi diz que aprendeu
no exterior. Em países como Ca-
nadá e Estados Unidos, o execu-
tivo só tira o projeto do papel
quando já captou todos os recur-
sos no mercado para viabilizá-lo.
“O ideal é buscar alternativas. O
‘angel’, que é o investidor capita-
lista que faz aportes em bons pro-
jetos, já começa a se tornar reali-
dade no Brasil, bem como ventu-
re capitals. Com o grau de
investimento, esse processo deve
se acelerar, atraindo mais recur-
sos internacionais em busca de
boas idéias”, avalia. Gustavo Cerbasi, autor de best-sellers de finanças pessoais, replica estratégia na prática de negócios

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