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Nota Ficons #4
Nota Ficons #4
1) Introdução
A erosão do solo tem duas causas principais: a água e o vento. Em regiões
úmidas a água é o fator mais importante na erosão. Nos Estados Unidos a média
de erosão é de 14 ton/ha/ano sendo 8ton/ha/ano devida a água e 6 ton/ha/ano
devido ao vento. A Figura 1 mostra como a energia da gota de água desloca a
partícula de solo, havendo o transporte e a deposição.
A Equação RUSLE é:
A= R × K × LS × C × P
onde:
R = fator anual de erosividade (MJ ha-1 ano-1 ou MJ mm h-1 ha-1 ano-1)
K = fator de erodibilidade (tabelado)
LS = fator de declividade e comprimento de encosta (adimensional)
C = fator de prática de cultura variando de 0,001 a 1,0 (tabelado)
P = fator de pratica de cultura contra erosão (tabelado)
A= perda anual de solo do solo (ton/ha/ano ou ton/ha/mês)
2) Fator de erosividade R
O fator de erosividade da chuva (R) é um índice numérico que representa o
potencial de chuva e enxurrada para provocar erosão em uma área sem proteção. O
valor R pode ser calculado de dados de pluviômetros, segundo modelo proposto
por Lombardi Neto & Moldehauer (1992). A equação desenvolvida para estimar a
energia cinética da chuva com o uso de pluviômetros é:
0,85
(𝑃𝑚)2
𝐸𝐶 = 6,886 × ( )
𝑃
onde:
P = precipitação média anual (mm)
Pm = precipitação média mensal (mm)
EC = energia cinética (MJ mm h-1 ha-1 ano-1)
Existem outros índices que podem ser utilizados para estimar a erosividade da
chuva. O problema é escolher qual o mais adequado, uma vez que cada ambiente e
evento são únicos na escala temporal e espacial e, conseqüentemente, a erosão
varia de diferentes maneiras.
Para as regiões de clima temperado a variável que tem fornecido melhores
resultados para avaliar a erosividade da chuva é o produto da energia
cinética da chuva (EC) pela sua intensidade máxima em 30 minutos (i30),
sendo expressa como EI30 (Wischmeier e Smith, 1958), isto é a perda de
solo provocada por chuvas numa área cultivada é diretamente proporcional
ao produto da energia cinética da chuva pela sua intensidade máxima em
30 minutos.
Para as regiões de clima tropical, como o Brasil e outros países, Hudson
(1973), no entanto, verificou que o EI30 não apresenta boa correlação com
as perdas de solo, propondo uma metodologia alternativa para essas
regiões chamada de KE>25, que é a soma da energia cinética das chuvas
com intensidade superior a 25 mm h-1. Desde então, o valor de KE>25 tem
sido utilizado como método de determinação do R.
Para a cidade de Três Corações-MG, os dados podem ser obtidos a partir do
software netErosividade MG, conforme a Tabela 1 abaixo. É importante notar que,
além de Wagner & Massambani, outros autores como Foster et al. (1981) também
propuseram índices de erosividade.
O método mais utilizado para áreas agrícolas, porém, é aquele que associa o
valor de K com a quantidade de runoff (enxurrada), conforme a Tabela 3. A textura
do solo, a matéria orgânica, a estrutura e a permeabilidade determinam a
erodibilidade de um solo em particular.
Solo com alto teor de silte (solo siltoso) Alta 0,45 a 0,65
Fonte: Righeto, 1998
Um terceiro método é usar o Nomograma de Wischmeier, não apresentado
aqui. Neste método, o valor de K é obtido a partir da distribuição granulométrica do
solo onde consta a quantidade de areia, silte e argila e da matéria orgânica.
4) Solo
O solo é formado por partículas sólidas (minerais e orgânicas), água e ar e
constitui o substrato de água e nutrientes para as raízes das plantas.
A textura ou composição granulométrica de um solo é um termo usado para
caracterizar a distribuição das partículas no solo quanto as suas dimensões. De
acordo com a proporção de argila, silte e areia na composição do solo, a textura se
divide em várias classes, determinadas através conforme proposto pelo
Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) ou Embrapa, disponível
para download como aplicativo “Triângulo Textural” (disponível somente na versão
Android).
A estrutura de um solo caracteriza a forma de arranjo de suas partículas.
Solos de texturas iguais podem possuir estruturas diferentes que apresentam
maiores ou menores dificuldades à penetração ou circulação da água, do ar e das
raízes das plantas. A estrutura do solo ao contrário do que ocorre com a textura, é
difícil de quantificar e também de catalogar.
Os solos de texturas médias (ou textura franca) que possuem proporções
equilibradas de areia, silte e argila, em geral, são os mais adequados para o
desenvolvimento de raízes das plantas, já que apresentam condições bastante
satisfatórias de drenagem, aeração e retenção de água.
Não há precisão nos cálculos quando a rampa tiver mais que 180 m ou
quando a declividade da rampa for maior que 40%.
Tabela 6 - Fator de práticas contra erosão (P) para alguns tipos de manejo do solo
INCLINAÇÃO DO TERRENO (%)
TIPO DE MANEJO
2a7 8 a 12 13 a 18 19 a 25
Plantio morro abaixo 1,0 1,0 1,0 1,0
Curvas-de-nível 0,50 0,60 0,80 0,90
Cordões de vegetação permanente 0,25 0,30 0,40 0,45
Terraceamento 0,10 0,12 0,16 0,18
Fonte: Righeto, 1998
EXEMPLO 1
Considere uma área sob pastagens de 50 ha localizada em Formiga/MG, sendo
dividida em duas: 1) uma área baixa, com 32 ha e 2) outra área alta, com 18 ha. A
área alta tem comprimento de rampa de 90 m e declividade média de 31% e
apresenta curvas-de-nível, enquanto que a área baixa tem 170 m de comprimento
de rampa e declividade média de 3%, com cordões de vegetação permanentes. A
análise textural revelou as seguintes proporções: areia = 30%, silte = 40% e
argila = 30%. Quais são as relações entre tamanho da área, declividade e perda de
solo por erosão?
RESOLUÇÃO
Obtemos os dados para o cálculo da área baixa:
O fator de erosividade das chuvas da região de Formiga, conforme o software
netErosividade, no mês de Janeiro, é: KE>25 R = 14,40 MJ ha-1 ano-1.
O fator de erodibilidade K do solo foi tirado da Tabela 3 (utilizando o software
“Triangulo Textural” = SOLO FRANCO), considerando o valor médio. Então
K = 0,35 (ton.ha.h)/(ha.MJ.mm).
O fator de prática de cultura, conforme Tabela 4 para PASTAGENS é C= 0,010.
O fator de manejo contra a erosão, conforme Tabela 6, considerando a
declividade de 3% e o uso de CORDÕES DE VEGETAÇÃO PERMANENTE é
P=0,25.
Declividade média da encosta (S) = 3% e comprimento da rampa ( Lx) = 170 m.
Então, fazendo os cálculos:
𝐿𝑆 = 0,00984 ∙ 𝑆 1,18 ∙ 𝐿𝑥 0,63
𝐿𝑆 = 0,00984 ∙ 31,18 ∙ 1700,63
𝐿𝑆 = 0,9145
Assim:
A = R × K × LS × C × P
A = 14,40 × 0,35 × 0,9145 × 0,010 × 0,25
A = 0,0115 ton/ha/mês para a parte baixa
Obtemos os dados para o cálculo da área alta:
Dados comuns: KE>25 R = 14,40 MJ ha-1 ano-1; K = 0,35 (ton.ha.h) /
(ha.MJ.mm); C= 0,010
O fator de manejo contra a erosão para PASTAGENS, considerando a alta
declividade do terreno, utiliza a Tabela 5. Portanto, o valor de P = 1,0
Declividade média da encosta (S) = 31% e comprimento da rampa ( Lx) = 90 m.
Então, fazendo os cálculos:
𝐿𝑆 = 0,00984 ∙ 𝑆 1,18 ∙ 𝐿𝑥 0,63
𝐿𝑆 = 0,00984 ∙ 311,18 ∙ 900,63
𝐿𝑆 = 9,6377
Assim:
A = R × K × LS × C × P
A = 14,40 × 0,35 × 9,6377 × 0,010 × 1,0
A = 0,4857 ton/ha/mês para a parte alta.
RESPOSTA: A área de 50ha tem uma perda total de 9,1106 ton/mês. Deste total, a
parte baixa, que tem 32 ha, contribui com 0,368 ton/mês, enquanto a parte alta, que
tem 18 ha, contribui com 8,7426 ton/mês, considerando apenas a intensidade
observada no mês de Janeiro. Conclui-se que, numa área com mesma textura, a
declividade é mais importante do que o comprimento de rampa ou o tamanho da área
para a perda de solo.
EXEMPLO 2
RESPOSTA: Considerando o solo sob vegetação natural e sob cultivo, conclui-se que
a adoção de terraceamento (perda de solo de 1,4727 ton/ha/ano) é melhor para a
conservação do solo do que o uso de cordão de vegetação (perda de solo de 3,6817
ton/ha/ano) ou curvas de nível (perda de solo de 7,3635 ton/ha/ano). Isso se deve ao
fato de que os terraços representam uma das melhores formas de manejo contra a
erosão, pois devem, necessariamente, ser construídos em nível, sem bacias de
retenção, obrigando a infiltração de água ao longo de seu curso. O fator de manejo
contra a erosão atribuído a curvas-de-nível (P=0,90) é alto, pois é considerado uma
“agressão” ao perfil do solo, com chances de provocar erosão, ao invés de combate-
la. Contudo, perdem-se grandes áreas a construção de terraços, principalmente em
declividades superiores a 18%, o que é um fator limitante.