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LAUDO DE ESTABILIDADE DE TALUDE

ÁREA DE RECUPERAÇÃO AMBIENTAL – MORRO AZUL

Elaboração: Eng° Minas Laerte Barcelos – CREA/SC 026426-7

Içara (SC), outubro de 2019.


1. INTRODUÇÃO

Este documento visa o atendimento da solicitação do processo de recuperação ambiental de


área degradada n° REC/11080/CTB, pertencente ao Município de Içara quanto a um parecer
técnico para averiguação das condições da segurança e estabilidade do talude situado na porção
sudeste do terreno em recuperação na localidade de Morro Azul, município de Sangão.

A análise geotécnica do talude tem base em parâmetros geotécnicos estimados na vistoria


técnica realizada no imóvel, salientando-se que além de avaliada a condição de segurança do
talude, também serão propostas medidas protetivas para evitar o desenvolvimento inicial de focos
erosivos e/ou voçorocas na área a ser recuperada.

2. DIAGNÓSTICO

Barbieri (2019) afirma que a análise da estabilidade do talude busca determinar as condições
estruturais das bermas e taludes, visando o entendimento de seu comportamento físico e dinâmico
estrutural, sendo que para análise do fator de segurança do talude da área, foi avaliada uma seção
geotécnica representativa do local, onde se averiguou a pior situação ao longo de toda a porção do
terreno em que apresenta topografia ondulada.

A figura abaixo ilustra em detalhe o talude principal da área, onde os trabalhos de introdução de
vegetação herbácea devem ser prioridade.

Figura 1: Vista geral do talude da área.

2.1 - Secao "A"

Para a realização desse laudo foram realizadas algumas etapas de análise e projeto, consistindo
em levantamento bibliográfico sobre estabilidade de taludes, definição da metodologia aplicada e
planejamento da etapa de campo e tratamento de resultados onde se avaliou o cálculo da
estabilidade local.
Para a análise bibliográfica relacionada a estabilidade de taludes, avaliou-se a NBR 11682,
norma Brasileira da ABNT que prescreve as condições mínimas exigíveis para um estudo de
controle de estabilidade de encostas naturais e taludes de cortes e aterro, muito comuns em
obras civis.
A análise topográfica permitiu a verificação da seção transversal do talude, seus valores de cota e
talvegue, onde chegou-se à conclusão de que as encostas tendem a possuir maior elevação nas
porções mais a montante e menos elevação a jusante da área, sendo composta basicamente por areia
grossa (41,45%) e em percentuais baixos de argila + silte (11,26%), conforme análises
granulométricas realizadas pelo Laboratório de Mecânica dos Solos (LMS) da ESUCRI/IPG,
conforme anexo 01. Já a coleta de solo para análise granulométrica foi efetuada em 18/09/2019 sem
chuvas nas últimas 48 horas e no talude da porção sudeste do terreno.

2.1.1.1 - Definição dos parâmetros geotécnicos

Como recomendado pela NBR 11682, foi realizado o check list de dados de vistoria em alguns
pontos mais críticos da área em recuperação ambiental. A verificação in loco, objetivou a análise
das encostas de acordo com suas características morfológicas, presença de vegetação
remanescente, probabilidade de risco, tipo de material e ocorrência ou no de movimento de massa.

Barbieri (2019) afirma que o método de análise do limite de equilíbrio do material adota o
critério de ruptura estudado por Mohr-Coulomb. Neste estudo, os autores indicam como critério de
determinação, dois parâmetros de resistência do solo: o ângulo de atrito do material e o intercepto
da coesão.

Os parâmetros a serem avaliados para a verificação das condições do solo são


determinados através de ensaios de cisalhamento direto ou ensaio triaxial em amostras
indeformadas do solo. Para o caso em estudo, procedeu-se a análise desses parâmetros com
base dos registros constantes na tabela de Parâmetros Geotécnicos Médios dos Solos descrita
por Joopert Jr (2007) que os relaciona em função da NSPT. A análise de estabilidade e
representativa para o presente caso em termos das tensões efetivas do solo.

O ângulo de atrito foi obtido por meio da equação sugerida por Teixeira e Godoy (1996)
(Equação 1). O módulo de elasticidade foi obtido através do produto dos coeficientes empíricos K
e a e do N SPT.

Equação 1
O modulo de elasticidade pode ser calculado em função da Equação 2:

Equação 2

O valor de α pode ser encontrado na Tabela 1, e o valor de K e apresentado na Tabela 2.

Tabela 1- Valores do coeficiente a

Solo α
Areia 3
Silte 5
Argila 7
Fonte: Teixeira e Godoy (1996)

Tabela 2 - Valores do coeficiente K (MPa)

Solo K (M Pa)
Areia com pedregulhos 1,10
Areia 0,90
Areia siltosa 0,70
Areia argilosa 0,55
Silte arenoso 0,45
Silte 0,35
Argila arenosa 0,30
Silte argiloso 0,25
Areia siltosa 0,20
Fonte: Teixeira e Godoy (1996)

Teixeira & Godoy (1996) também apresentam valores típicos para o coeficiente de Poisson do
solo (ѵ), reproduzidos na Tabela 3.

Tabela 3 - Valores do coeficiente de Poisson em função do tipo de solo

Solo ѵ
Areia pouco compacta 0,2
Areia compacta 0,4
Silte 0,3-0,5
Argila saturada 0,4-0,5
Argila nao saturada 0,1-0,3
Fonte: Teixeira e Godoy (1996)
2.1.1.2 - Resultados

Os parâmetros geotécnicos deste solo, como o peso especifico e a coesão, foram obtidos
por meio dos valores propostos por Joppert Jr. (2007). O ângulo de atrito foi obtido por meio
da equação sugerida por Teixeira (1996) (Equação 1). O módulo de elasticidade foi obtido através do
produto dos coeficientes empíricos K e α e do NSPT. Os valores para esses coeficientes estão na Tabela
1 e Tabela 2, respectivamente. O coeficiente de Poisson foi determinado através da Tabela 3.

Tabela 4 - Resumo dos parâmetros geotécnicos

Camada Faixa de NSPT y c φ E u


ocorrência médio [kN/m 3] [kN/m ] 2
[°] [MPa]
[m]
1- Areia média 0-6 6 19 5 25,95 8,0 0,4
Fonte: o autor

2.1.2 - Verificação da estabilidade local

Para a análise da estabilidade local, considerou-se o solo como um material rígido e


medianamente plástico, onde desconsiderou-se as possíveis deformações. Devido a estas
características admite-se que por ser um corpo de característica rigida, o mesmo pode sofrer
escorregamento sobre uma superfície de geometria esperada. Para este caso, analisou-se a superfície
de ruptura cuja geometria se aproxima a esférica, e assim, utilizou-se o software GEO5 para analisar
os parâmetros obtidos nos resultados da análise bibliográfica e por meio dos resultados obtidos em
laboratório, e o tipo geométrico preferencial para ruptura de tal material.

Depois de definidos todas as características, o cálculo estimativo da situação local é analisado


no software, que tem por intuito determinar o fator de segurança local para posteriormente
fazer-se a comparação com o mínimo Fator de Segurança (FS) necessário para a estabilidade daquele
talude.

O modelo testado, que se refere ao perfil encontrado na área mais crítica do talude da porção
sudeste é demonstrado na Figura 4 abaixo.

Figura 4 - Perfil simulado no programa GEO5 para avaliação da estabilidade do talude local.
Fonte: Barcelos, 2019.
Figura 5 - Resultados da simulação da análise de estabilidade.
Fonte: Barcelos, 2019.

Conforme a norma NBR 11682 - Estabilidade de Encostas é necessário que os taludes


analisados promovam um fator de segurança definido conforme os riscos envolvidos e o grau de
segurança esperado, baseado nas possibilidades de perdas de vidas humanas e de perdas materiais
e ambientais. A especificação da norma encontra-se na Tabela 5 a seguir.

Tabela 5 - Valores típicos de Fator de segurança segundo a NBR 11682:2009

Fonte: NBR 11682 (2009).

2.1.3 - Conclusão sobre a estabilidade local

Com base nos riscos analisados e confrontando com o mínimo exigido pela NBR 11682
(2009), é possível afirmar que existe um bom fator de segurança para os taludes da porção
sudeste da área do PRAD, se avaliados em situação normal.
Destaca-se ainda que que na NBR 11682: 2009 está claro que faz referência apenas à
estabilidade de taludes avaliando-se apenas as características geotécnicas do material. Embora
considere o nível freático existente no interior das camadas superficiais do solo, esta apenas
interfere no aumento da tensão de poro-pressão do solo, o que interfere diretamente na tensão
total do maciço do solo.
Ainda, como medida mitigadora para mitigar a possível formação de focos erosivos
inerentes a percolação superficial rápida da água pluvial sobre a superfície de solo,
recomenda-se a introdução de cobertura vegetal de forrageiras gramíneas ou leguminosas
nativas ao longo de toda a extensão do talude em estudo. Esta medida propende a solução mais
rápida da recomposição da cobertura total da área desnuda, fazendo-se com que se diminua a
velocidade de percolação superficial das águas pluviais, perpetrando com que a mesma infiltre
no solo em sua grande maioria, evitando-se assim, o escorregamento do material para as partes
mais baixas da área em recuperação ambiental.

3. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

JOPPERT JR., I. Fundações e Contenções de Edifícios – Qualidade Total na Gestão do


Projeto e Execução. [s.I]. PINI, 2007.
BARCELOS, L. Perfil simulado no programa GEO5 para avaliação da estabilidade do
talude local. Formato: .png. Software: Finesoftware-GEO5 (Demo) - Módulo Estabilidade de
Taludes Criciúma-SC. Laerte Barcelos, 21/10/2019.
TEIXEIRA, A.T.; GODOY, N.S. Análise, Projeto e Execução de Fundações Rasas.
Fundação: Teoria e Prática. São Paulo: PINI, 1996.
BARBIERI, Josiane Leci Vanin. Laudo de estabilidade de talude. Seiva Monitoramento,
2019.

3. 4 RESPONSABILIDADE TÉCNICA

O laudo de estabilidade de talude foi elaborado pelo Engenheiro de Minas Laerte Barcelos, na
qual declara que as informações prestadas são verdadeiras.

Assinado de forma digital por


LAERTE LAERTE BARCELOS:48583596972
BARCELOS:48583596972 Dados: 2019.10.21 12:06:57
-02'00'
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Eng° Minas Laerte Barcelos
CREA/SC 26426-7
ART n° 6765497-4

Criciúma (SC) 21 de outubro de 2019.

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