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Sociedades Comerciais

25.03.2020

Vicissitudes do Processo de Constituição:


Vicissitudes são os factos que podem afetar a validade do contrato de constituição.

Formais:
- Regime das relações dos sócios com terceiros antes da celebração do contrato –
juridicamente a sociedade ainda não existe.
Artigo 36º, nº2, CSC
- Regime das relações da sociedade com terceiros no período compreendido entre a
celebração do contrato de sociedade e o registo definitivo;
Artigo 38º a 40º, CSC
- Regime das relações entre os sócios antes do registo;
Artigo 37º, CSC
- Sobre a assunção pela sociedade dos atos anteriores – Artigo 19º, CSC
Juridicamente a sociedade só existe após o registo.
Se os sócios já tiverem posto em comum os bens da sociedade então esse património
responde primeiro e subsidiariamente o património dos próprios sócios.

Materiais
- Invalidade do contrato antes do registo
Artigo 41º e 52º, CSC
- Invalidade depois do registo
Artigo 42º a 44º, 172º e 173º, CSC
Artigo 41º, CSC
Se o contrato ainda não esta registado e se verifica alguma razão para que o torne
invalido (ex: não figura a sede), essa invalidade é resolvida pelas disposições aplicadas
pela invalidade geral do contrato.
Se tivermos um incapaz e se verificar a incapacidade antes de registar o contrato, essa
incapacidade permite ao próprio ou o seu representante deduzi-la contra os sócios ou
contra terceiros. Destina-se a proteger o incapaz, libertando-o de qualquer vicissitude.
O sócio que possa invocar um erro ou outro vício do contrato pode opor esse vício
para se libertar relativamente aos outros sócios e internamente não responder por
outras obrigações mas, se for dada por outros sócios ou por terceiros, este não pode
libertar-se da mesma.
Artigo 42º, CSC
Temos uma sociedade registada, e depois do mesmo, é verificado um dos vícios que
afeta a validade do contrato de sociedade. Afeta com a nulidade do contrato. A falta
mínima de 2 sócios, a falta da firma, da sede, do objeto, do capital, do valor de entrada
de algum sócio, um objeto ilícito e a falta do cumprimento de preceitos legais e não
tiver sido observada a forma legalmente exigida para o contrato – estas causas levam a
nulidade; são causas taxativas.
A nulidade só é declarada em situações expressamente previstas no CSC. Apenas
quando o código estabelece esta consequência é que o regime é aplicado. A nulidade é
taxativa.
No código civil as vicissitudes são insanáveis, no entanto isso não acontece no CSC.
Através de uma liberação dos sócios por maioria qualificável pode-se retificar os erros
no contrato – falta ou nulidade da firma, da sede, falta do valor de entrada de um
sócio e das prestações realizadas por conta desta.
A nulidade pode ser intentada no prazo de 3 anos a contar da data do registo.

Vicissitudes subjetivas:
- Vícios das declarações singulares dos contraentes antes do registo
Artigo 41º, nº1, Parte final, e 41º, nº2, CSC
- Vícios das declarações singulares dos contraentes depois do registo
Artigo 45º e 46º, CSC
Artigo 45º
As consequências são que o sócio afetado pelo vício de vontade pode invoca-lo com
justa causa de exoneração (sair da sociedade).
Quanto aos incapazes, a consequência será que o contrato é anulável quanto aquele
incapaz.
Os efeitos da invalidade, quer a nulidade quer a anulação tem de ser declaradas
judicialmente, em consequência, a sociedade vai ser extinta.
Artigo 52º, nº1, CSC – a partir desse momento a sociedade entra em liquidação.
Artigo 292º, CC e Artigo 47º, CSC – o contrato não e declarado nulo e não provoca a
sua liquidação é somente relativo aos sócios afetados.

O Sócio e o Acionista:
Os acionistas são sócios, mas a sua designação é adotada na sociedade anónima. São
sociedades de capitais, ou seja, mais importante que as pessoas, são as entradas de
capital, as ações. Os acionistas não intervém diretamente na atividade social, estes são
meros titulares de capital. Numa sociedade de grande dimensão, interessam os
gestores. Quando falamos em socio, chamamos a atenção para o vínculo de pertença a
uma sociedade. Quando falamos em acionista, relaciona-se com o facto de este ser
titular de uma parte do capital.

Noção:
O sócio é titular de um acervo de direitos, deveres e outras situações jurídicas (ónus e
expetativas jurídicas), que resultam da posição em que se concretiza a sua participação
social, bem como do contrato e da lei,

Em contrapartida à entrega de bens, recebe em contrapartida um conjunto de direitos


e inerentes ao estatuto deveres. Nem todos os encargos nos negócios tomam a
designação de obrigação. Há a obrigação de entrada e o ónus. O ónus é o que alguém
tem de fazer para sofrer, nos termos da lei, uma consequência (ex: no direito penal, o
reu tem de se defender querendo, para provar que é inocente, ou seja, não e uma
obrigação, mas corre o risco de o facto ser provado e em consequência ser condenado,
pelo que, a defesa é um ónus). Não tenho um dado resultado se não atuar de acordo
com algo na lei.
As expetativas tem uma tutela mais facto, ou seja, a lei não estabelece um direito, mas
protege uma real expetativa (ex: expetativa do sócio relativamente aos lucros).
A este conjunto de expetativas e ónus dá-se o nome de participação social. Este nome
pode variar consoante o tipo societário.

Obrigações dos sócios:


(Princípio da inoponibilidade de novas obrigações não consentidas – Artigo 86º, nº2,
CSC).
- Obrigação de entrada – Artigo 20º, a); 25º a 30º, 202º a 208º, 277º, 285º, 286º, CSC.
- A participação nas perdas – Artigo 20º, b), 22º nº1 e 3, CSC

Artigo 20º, CSC


A obrigação de entrada é fundamental.
Obrigação de quinhoar nas perdas, ou seja, os sócios são obrigados a participar nas
perdas da sociedade. Quinhoar é ser parte.
Estas duas obrigações tem de ser bem entidades, porque não sociedades por quotas e
anonimas, a responsabilidade dos sócios é limitada. A participação dos sócios nas
perdas é o risco de terem investido na sociedade através da obrigação de entrada com
determinados bens (dinheiro, uma patente, um imóvel) a possibilidade de haverem
prejuízos, podendo o socio perder todo o investimento que entregou, sendo esse o seu
limite de responsabilidade.
Artigo 25º e 26º, CSC

Direitos dos Sócios:


(ou direitos sociais) são direitos perante a sociedade, que resultam da posição ocupada
na sociedade na qualidade de sócio ou que caracterizam a participação social.
Classificações:
- Estabelecidos de forma imperativa/supletiva
- Direitos gerais/direitos especiais

Gerais:

 A quinhoar nos lucros – Artigo 22º; 27º, nº4; 31º a 34º; 217º; 218º; 294º a
296º, CSC.
 A participar nas deliberações de sócios, sem prejuízo das restrições previstas na
lei – Artigo 53º a 63º; 246º a 251º; 373º a 389º, CSC.
 A obter informações sobre a vida da sociedade, nos termos da lei e do contrato
– Artigo 214º a 216º; 288º a 293º, CSC.
 A ser designado para órgãos de administração e de fiscalização da sociedade,
nos termos da lei e do contrato – Artigo 64º; 252º a 262ºA; 272º, g); 278º;
390º; 446ºF, CSC.
Artigo 21º, CSC
Direito a quinhoar nos lucros, ou seja, a participar nos lucros da sociedade.
A participar nas deliberações dos sócios.
O direito a obter informação sobre a vida da sociedade nos termos da lei e no contrato
da sociedade, significa que o socio quando pretende obter informações sobre a
sociedade (atividade, funcionamento, património, etc.), pode pedir essa informação à
sociedade.
Direito dos sócios a serem designados para os órgãos de administração e fiscalização
da sociedade, ou seja, tem direito a serem eles na gerência ou administração dos
órgãos da sociedade. Será estudado com mais detalhe na parte da organização.
Artigo 22º, CSC
O princípio da proporcionalidade assegura uma realidade relativa.

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