Você está na página 1de 59

Como tem de ser

a vida cristã
S i l a s M a l a f a i a

Como tem de ser


a vida cristã

CENTRAL
GOSPEL
GERÊNCIA EDITORIAL
Copyright 2013 por Editora Central Gospel
E DE PRODUÇÃO
Gilmar Vieira Chaves
Dados Internacionais de Catalogaçao
GERÊNCIA DE na Publicação (CIP)
MARKETING
Marcos Barboza
MALAFAIA, Silas
Como tem de ser a vida cristã
COORDENAÇÃO
Rio de Janeiro: 2013
EDITORIAL
64 páginas
Michelle Cândida Caetano

ISBN: 978-85-7689-334-9
PESQUISA,
1. Bíblia - Vida cristã I. Título II.
ESTRUTURAÇÃO E
COPIDESQUE
Paulo Pancote Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução
Gilsa Pancote total ou parcial do texto deste livro por quaisquer meios
(mecânicos, eletrônicos, xerográficos, fotográficos etc),
REVISÃO a não ser em citações breves, com indicação da fonte
Paulo Pancote bibliográfica.
As citações bíblicas utilizadas neste livro foram extraídas
CAPA
da Versão Almeida Revista e Corrigida (ARC), salvo
Allan Ramalho
indicação específica, e visam incentivar a leitura das
Sagradas Escrituras.
DIAGRAMAÇÃO
Jôse Armini Este livro está de acordo com as mudanças propostas
pelo novo Acordo Ortográfico, que entrou em vigor a

IMPRESSÃO E partir de janeiro de 2009.

ACABAMENTO
Esdeva 1a edição: setembro/2013

Editora Central Gospel Ltda


Estrada do Guerenguê, 1851 - Taquara
Cep: 22.713-001
Rio de Janeiro - RJ
TEL: (21)2187-7000
www.editoracentralgospel.com
Sumário

A p re s e n ta ç ã o .............................................................................. 7

C apítulo 1 - 0 que é a vid a cristã............................................ 9

N ovo nascimento....................................................................... 10

Transformação de coração e mente............................................ 13

Cinco características essenciais................................................. 15

C apítulo 2 - Espiritualidade estável.......................................17

Uma triste realidade................................................................... 17

O fundamento da nossa vid a ..................................................... 20

A fé produz firm eza.................................................................... 22

C apítulo 3 - P ro g red ir sem pre................................................25

O cristão como um atleta...........................................................26

Flexibilidade para progredir.......................................................28

Conhecimento sobre D eu s.........................................................30

A soberana vontade divina.........................................................32

C apítulo 4 - Produção de fru to s .............................................35

Quais são os frutos..................................................................... 35

A s bênçãos da frutificação.........................................................36

Os desafios da frutificação......................................................... 38

Um exemplo de frutificação.......................................................40

Capítulo 5 - V ida abundante j á ! .............................................43

A “ teologia do sofrimento” ........................................................ 43

Cuidado com os extremos..........................................................44


A essência da felicidad e............................................................ 46

Relacionamento com D eu s....................................................... 48

Capítulo 6 - Olhando para o futuro.....................................51

Limitando o evan gelh o.............................................................. 51

Felicidade em qualquer circunstância....................................... 52

Dias melhores............................................................................. 54

Nossa vida eterna....................................................................... 56


Apresentação

Quando entregamos nossa vida ao senhorio


de Jesus Cristo, nosso coração é completamente
transformado. Então, passamos a viver não mais de
acordo com as nossas vontades e caprichos, mas
segundo a soberana vontade do Senhor.
Este é o caminho percorrido por todos aqueles
que se tornaram cristãos. Contudo, nem sempre
estes que se dizem convertidos experimentam a
maravilhosa vida cristã abundante prometida pelo
Senhor Jesus (João 10.10).
Esta constatação nos leva a um questionamento
muito sério. Será que existe algum padrão importan­
te para a vida cristã? Sim, neste livro você conhecerá
alguns aspectos fundamentais que definem a exis­
tência cristã. Não é possível alguém considerar-se
seguidor de Jesus Cristo sem que tenha experimen­
tado essas características essenciais em sua vida.
COMO r E M D E SE R A V I D A C R I S T Ã

Assim, acompanhe atentamente a leitura deste


livro e aprenda como alcançar uma experiência de
vida cristã rica e com profundidade.
Que a graça e a paz de Deus sejam derrama­
das sobre a sua vida.

Boa leitura!

8
Capítulo I
O Q U E É A V ID A C R IST Ã

Há um texto na Palavra de Deus muito


conhecido, que se encontra no Evangelho de João
10.10: O ladrão não vem senão a roubar; a matar e
a destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham
com abundância.
Nesta passagem bíblica, nossa atenção é
imediatamente despertada para a experiência de
uma vida cristã rica e profunda. A vida abundante
envolve salvação, provisão, cura (v. 9) e muito
mais. Vida, aqui, refere-se tanto à vida eterna, a
vida de Deus, quanto à vida terrena de qualida­
de superior. Esta passou a ser a nossa realidade
porque tivemos o coração transformado pelo san­
gue de Cristo. Paulo lembra aos gálatas que a sua
vida cristã havia começado pelo Espírito por meio
unicamente da fé. Observe estes dois textos:
C O M O T E M D E SER A V I D A C R I S T Ã

Sabendo que o homem não é justificado pelas obras


da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em
Jesus Cristo, para sermosjustificados pela fé de Cristo e não
pelas obras da lei, porquanto pelas obras da lei nenhuma
carne será justificada.
Gálatas 2.1 6

5ò quisera saber isto de vós: recebestes o Espírito


pelas obras da lei ou pela pregação da fé?

Gálatas 3.2

Pela graça divina, a única maneira de ser per­


doado por Deus é por meio da fé em Cristo Jesus
- Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais
eu; mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo
na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me
amou e se entregou a si mesmo por mim (Gálatas
2.20). As obras - seja guardar a Lei de Moisés ou
fazer boas ações, em geral - não têm nenhum papel
em nossa salvação.
O apóstolo Paulo enfatizou, de forma brilhan­
te, essa verdade da Palavra de Deus em Efésios
2.8,9: Porque pela graça sois salvos, por meio da
fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus. Não vem
das obras, para que ninguém se glorie.

Novo nascimento
Assim, todos os cristãos, pela fé que colocaram
em Jesus, são transformados pelo Espírito Santo.
10
S I L A S M A L Á FA LA

Essa experiência é chamada de novo nascimento.


A respeito disso, Jesus afirmou a Nicodemos:

Jesus respondeu e disse-lhe: Na verdade, na ver­


dade te digo que aquele que não nascer de novo não
pode ver o Reino de Deus. Disse-lhe Nicodemos: Como
pode um homem nascer, sendo velho? Porventura, pode
tornar a entrar no ventre de sua mãe e nascer? Jesus
respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele
que não nascer da água e do Espírito não pode entrar
no Reino de Deus. 0 que é nascido da carne é carne, e o
que é nascido do Espírito é espírito. Não te maravilhes
de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo. 0 vento
assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes
donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que
é nascido do Espírito.
João 3.3-8

Jesus disse que nascer de novo significa nascer


do alto. O novo nascimento, ou a regeneração - não
pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas,
segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem
da regeneração e da renovação do Espírito Santo
(Tito 3.5) -, é o ato pelo qual Deus concede vida
espiritual àqueles que confiam em Cristo.
Sem esse nascimento espiritual, ninguém pode
conhecer as coisas espirituais:
Ora, o homem natural não compreende as coisas do
Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode
entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas

ll
C O M O T E M DE SER A V I D A C R I S T Ã

o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é


discernido.
1 Coríntios 2.14,15

Além disso, também não se pode entrar no Rei­


no de Deus:... aquele que não nascer da água e do
Espírito não pode entrar no Reino de Deus (joão 3.5).
Nicodemos perguntou: Como pode um homem
nascer; sendo velho?(vAà) Ele não entendeu o que Je­
sus lhe havia dito, pensando tratar-se de um segundo
nascimento físico. A dedução de Nicodemos levou
Jesus a dizer: o que é nascido da carne é carne (João
3.6). Ou seja, mesmo que alguém pudesse entrar de
novo no ventre de sua mãe e nascer de novo, ainda
assim seria um nascimento apenas da carne.
Isso é algo sem lógica, pois distorce totalmente
o que Jesus disse. A carne não pode tornar-se espí­
rito. É por isso que é preciso espiritualmente nascer
de novo Ooão 3.7). Este novo nascimento é uma
transformação radical que acontece no íntimo de
cada pessoa que se torna cristã.
Você já experimentou a nova vida que só Jesus
pode oferecer? Vida cristã é vida transformada. Há
muitas pessoas que frequentam as igrejas, mas não
foram ainda transformadas. Elas não nasceram de
novo, por isso têm muitos conflitos de fé. Caso
este seja o seu problema, entregue agora o seu
coração a Jesus e permita que Ele o transforme
radicalmente. Então, a vida dinâmica de Deus
transbordará de seu interior: Quem crê em mim ,

12
SILAS M A Í.A F A U

como diz a Escritura, rios de água viva correrão


do seu ventre (João 7.38).

Transformação de coração e mente

Paulo referiu-se ao homem interior, falando


sobre o coração humano: Porque, segundo o ho­
mem interior, tenho prazer na lei de Deus (Romanos
7.22; cf. 2 Coríntios 4.16; Efésios 3.16).
O coração simboliza a essência do nosso ser.
Assim, a transformação de vida que recebemos de
Jesus começa em nosso coração. A palavra grega
para transformar significa "mudar a forma", e possui
o mesmo sentido do nosso termo metamorfose. No
Novo Testamento, essa palavra é usada para descre­
ver a renovação da nossa mente, por meio da qual
nosso espírito interior é mudado para que assuma
a semelhança de Cristo. Assim, Paulo recomendou:

Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus,


que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e
agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos
conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela re­
novação do vosso entendimento, para que experimenteis
qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

Romanos 12.1,2

Desta maneira, em vez de ser moldado pelos


valores do mundo, cada cristão deve mudar seu

13
C O M O T E M DE SER A V I D A C R I S T Ã

estilo de vida pela renovação do entendimento.


Você poderá perguntar: "Mas, pastor, por que devo
mudar minha forma de pensar?".
Entenda que uma mente dedicada às coisas do
mundo e às suas preocupações é como um barco
em uma tempestade. Sua mente será lançada de
um lado para o outro pelas tendências da cultura.
Contudo, se o seu pensamento for dedicado à ver­
dade de Deus, ele produzirá uma vida que não se
limitará ao contexto social e ao presente século,
mas se estabelecerá na eternidade.
Assim, só poderemos resistir às tentações da
nossa cultura se meditarmos na verdade de Deus,
deixando que o Espírito Santo guie e molde os nos­
sos pensamentos e comportamentos à Sua vontade.
Eu sei que você sofre pressões em diversas
áreas de sua vida. Todo ser humano passa por tribu­
lações, mas nós cristãos sofremos um pouco mais
por amor a Cristo: Tenho-vos dito isso, para que
em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas
tende bom ânim o; eu venci o mundo (João 16.33).
A cultura anticristã na qual vivemos nos
pressiona a cometer atitudes que irão desagradar
a Deus. Resista! Não ceda a estas pressões. Jesus
venceu as pressões do mundo e Ele é contigo. Não
perca a fé. Tome posse do que a Palavra de Deus
diz em Romanos 8.37 e declare profeticamente:
"Em Cristo, eu sou mais do que vencedor!".

14
S ILAS M A L A .F A IA

Cinco características essenciais

Neste momento, quero trazer uma palavra


para você: "Como tem de ser a vida cristã". Entenda
que eu estou afirmando de maneira imperativa; não
estou dizendo: "Como poderia ser a vida cristã",
pois isso iria levá-lo a entender que há opções.
Então, fique atento e estude algumas caracte­
rísticas que não podem faltar em sua vida cristã,
porque todas elas são essenciais. Todo cristão deve
possuí-las em sua vida, sem exceções, inclusive
você e eu.
Está preparado? Mergulhe fundo no que a
Palavra de Deus afirma sobre sua vida cristã.
*rm in
Capítulo 2
Es p ir it u a l id a d e estável

No capítulo anterior estudamos sobre a defi­


nição bíblica de vida cristã. Agora, a partir desse
capítulo, vamos conhecer cinco características
essenciais da vida com Cristo, dentre tantas outras.
Em primeiro lugar, a vida cristã precisa ser
estável. Não entenda a palavra "estável" com um
sentido de acomodação. Ela está sendo usada
aqui com o significado de firme e duradouro; a
existência do cristão deve ter estabilidade, e não
ser composta de altos e baixos.

Uma triste realidade

A inconstância espiritual sempre foi um


problema muito sério para o povo de Deus. Já
afirmava o profeta: O meu povo foi destruído ,
porque lhe faltou o conhecim ento (Oseias 4.6).
Sempre envolvido com idolatria, o povo de
C O M O T E M DE SER A V I D A C R I S T Ã

Israel esquecia-se dos mandamentos do Senhor


e sofria todas as consequências dessa fraqueza
(Deuteronômio 8.20; Isaías 65.11,12; Jeremias
2.32; 3.21; Oseias 13.6). Os profetas do Antigo
Testamento foram, então, levantados por Deus
para exortar o povo ao arrependimento e retorno
à obediência de Sua vontade:

Porém Samuel disse: Tem, porventura, o Senhor


tanto prazer em holocaustos e sacrifícios como em que
se obedeça à palavra do Senhor? Eis que o obedecer é
melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que
a gordura de carneiros.
1 Samuel 15.22

Desde o início do cristianismo já havia falta de


estabilidade espiritual na vida de muitos cristãos.
Ao tomarmos como exemplo o texto bíblico de
Hebreus 5, podemos observar que o autor desta
carta procurou tratar precisamente disto:

Do qual muito temos que dizer, de difícil interpre­


tação, porquanto vos fizestes negligentes para ouvir. Por­
que, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais
de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros
rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito
tais que necessitais de leite e não de sólido mantimento.
Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está
experimentado na palavra da justiça, porque é menino.

18
S IL AS M A L A F A I A

V/as o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais,


im razão do costume, têm os sentidos exercitados para
discernir tanto o bem como o mal.
Hebreus 5.11-14

A palavra "negligente" significa descuidado.


Quando estas pessoas ouviram a Palavra de Deus,
não devem ter-se mostrado certamente prontas e
ciptas a aceitá-la:

Mas desejamos que cada um de vós mostre o


mesmo cuidado até ao fim, para completa certeza da
esperança; para que vos não façais negligentes, mas
sejais imitadores dos que, pela fé e paciência, herdam
as promessas.
Hebreus 6.11,12

Mostraram-se descuidadas e preguiçosas na


fé. Seria, então, tarefa difícil explicar a verdade
para elas.
Então, após reprovar a imaturidade espiritual
dos cristãos hebreus (Hebreus 5.12-6.3) e o fato
de haverem abandonado o progresso à maturida­
de (Hebreus 6.4-8), o autor da epístola recordou
algumas ações espirituais dignas, da parte deles
(6.9-12), e os lembrou das promessas que Deus
lhes tinha feito (6.13-20).
Outro exemplo de repreensão à instabilidade
espiritual, que não pode ser esquecido, foi a ex­
pressão "homens de pouca fé", utilizada por Jesus

19
C O M O T E M DE SER A V I D A C R I S T A

diversas vezes nos evangelhos (Mateus 6.30; 17.20;


Lucas 12.28).
Já em Marcos 9.24 lemos algo tremendo: E
logo o pai do menino, clam ando, com lágrimas,
disse: Eu creio , Senhor! Ajuda a minha increduli­
dade. Esta passagem demonstra que mesmo um
pouco de fé já é suficiente para que o milagre
aconteça; e não apenas isso, mas que também a fé
precisa crescer e amadurecer. O motivo é simples:
alguém só recebe algo segundo o que crê - E Jesus,
voltando-se e vendo-a, disse: Tem ânimo, filha, a
tua fé te salvou. E imediatamente a mulher ficou
sã (Mateus 9.22; Lucas 7.50).
Assim, empenhe-se em oferecer a Deus uma
vida cristã com uma fé estável, firme e crescente.
Para que a nossa vida cristã possa ser conside­
rada estável, tudo depende do fundamento que ela
tiver. A estabilidade, a segurança, o equilíbrio; ou
seja, a firmeza da vida cristã depende do alicerce
no qual ela está firmada.

O fundamento da nossa vida

O texto de 1 Coríntios 3.11 diz: Porque nin­


guém pode pôr outro fundamento, além do que
já está posto, o qual é Jesus Cristo. Mais adiante,
entre os versículos 11 e 15, Paulo deixou claro
que havia estabelecido a igreja de Corinto sobre o
fundamento de Cristo.
Em Efésios 2.20, os apóstolos e os profetas
são citados como fundamentos da Igreja. Mas
20
S ILAS M A L A F A I A

não devemos confundir as coisas. Eles apenas


ajudaram a edificar a Igreja sobre a Pedra angular,
que é Cristo, e eram Suas testemunhas. Em outras
palavras, a Igreja primitiva foi estabelecida a partir
dos ensinamentos e da pregação dos apóstolos e
profetas (Atos 2).
Na verdade, o próprio Cristo é a Pedra sobre
a qual a Igreja está edificada (1 Coríntios 3.11). A
pedra da esquina era a primeira pedra, a base, o
alicerce, colocada no ângulo de uma construção
para dar-lhe firmeza, solidez. Os construtores ali­
nhavam o restante da estrutura sobre a pedra angu­
lar, que era a principal. Observe o que o apóstolo
Pedro afirmou:

Pelo que também na Escritura se contém: Eis que


ponho em Sião a pedra principal da esquina, eleita e
preciosa; e quem nela crer não será confundido. E assim
para vós, os que credes, é preciosa, mas, para os rebel­
des, a pedra que os edificadores reprovaram, essa foi a
principal da esquina; e uma pedra de tropeço e rocha de
escândalo, para aqueles que tropeçam na palavra, sendo
desobedientes; para o que também foram destinados.

1 Pedro 2.6-8

Pedro deixa claro desde o primeiro versículo,


que o desejo de Deus é que nós cristãos deixe­
mos as coisas do mundo e nos voltemos para Ele.
Só assim entenderemos que fomos escolhidos por

21
G O M O T E M DE SER A V I D A C R I S T Ã

Deus para não mais fazermos parte deste mundo,


a fim de que possamos viver não mais como as
demais pessoas que aqui vivem, mas como filhos
de Deus.
O termo "pedra viva" aponta para a citação
do Antigo Testamento. Jesus, a Pedra viva, é maior
que tudo. Portanto, Jesus é maior que a tradição
que eles receberam de seus patriarcas (v. 18), Ele
é maior que o templo em Jerusalém e que as tra­
dições dos gentios com seus ídolos. Há uma nova
casa de Deus, da qual Jesus é a pedra angular: a
Igreja (v. 5). Portanto, Ele é o fundamento da nossa
vida cristã.
E tão fácil para nós evangélicos dizermos
que o nosso fundamento não é Maria, Pedro ou
Paulo! Na verdade, o fundamento da nossa vida
cristã também não pode ser os dogmas de uma
igreja evangélica, nem o legalismo ou a crendice
pentecostal. O fundamento da igreja é Jesus Cristo
e ponto final.

A fé produz firmeza

Leia e reflita no texto bíblico abaixo:

Para que Cristo habite, pela fé, no vosso coração;


a fim de, estando arraigados e fundados em amor, po­
derdes perfeitamente compreender, com todos os santos,
qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a
profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede

22
SI LAS MALA FAIA

todo entendimento, para que sejais cheios de toda a


plenitude de Deus.
Efésios 3.17-19

Observe o que o texto diz: o instrumento que


leva Cristo a ser o fundamento da nossa vida cristã
é a fé. Assim, Cristo, como fundamento, manifesta
o verdadeiro amor, e somente esse verdadeiro amor
fará com que possamos compreender o mundo de
Deus.
Neste ponto, Paulo usa dois termos, um da
agricultura e outro usado na arquitetura: "arraiga­
dos" é um termo de agricultura que se refere a uma
planta ou a uma árvore bem consistente, firmada
no solo, onde nem ventos e nem tempestades a
abalará; e "fundados" está se referindo à fundação
de um prédio.
Então, a base da sua vida cristã tem de estar
bem firmada. Portanto, a sua fé não pode estar
alicerçada no pastor, naquela fantástica irmã que
Deus usa, ou naquele irmão que falou uma profecia
verdadeira para você. A sua fé tem de estar susten­
tada em Cristo Jesus para que o verdadeiro amor
se manifeste em sua vida. A fé, então, produzirá a
firmeza para a sua vida e você poderá compreender
o mundo de Deus.
No próximo capítulo veremos a segunda ca­
racterística essencial da vida cristã: ela tem de ser
progressiva.

23
Capítulo 3
Pr o g r e d ir s e m p r e

No capítulo anterior vimos que a vida cristã


tem de ser estável, firme e segura, e não com altos
e baixos.
Por causa da transformação que recebemos
no coração, a nossa vida cristã deve estar sempre
em progresso. A cada dia, devemos procurar viver
segundo a vontade de Deus. Isso acontece porque
esta transformação não se dá imediatamente, mas
é uma experiência contínua. Ou seja, quanto mais
tempo passamos em intimidade com Cristo, mais
seremos ajustados gradualmente à Sua imagem:
Mas todos nós, com cara descoberta, refletindo ,
como um espelho, a glória do Senhor; somos trans­
formados de glória em glória, na mesma imagem ,
como pelo Espírito do Senhor (2 Coríntios 3.18).
C O M O T E M DE SER A V I D A C R I S T Ã

O cristão como um atieta

Observe agora o que o apóstolo Paulo disse:

Não sabeis vós que os que correm no estádio,


todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio?
Correi de tal maneira que o alcanceis. E todo aquele que
luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma
coroa corruptível, nós, porém, uma incorruptível. Pois eu
assim corro, não como a coisa incerta; assim combato,
não como batendo no ar. Antes, subjugo o meu corpo e
o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu
mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado.

1 Coríntios 9.24-27

Neste texto, Paulo fez uma comparação direta


entre a vida cristã e uma competição atlética. Essa
comparação teria uma repercussão imediata nos
leitores coríntios, porque Corinto era o lugar de um
grande festival atlético que era muito semelhante aos
jogos olímpicos, conhecido como jogos ístmicos.
Os competidores desses jogos suportavam dez
meses de treinamento obrigatório. Quem não com­
pletasse o treinamento era proibido de competir.
O destaque dos jogos era uma grande corrida de
resistência. Foi essa corrida que Paulo usou como
ilustração para descrever a vida cristã.
Vários atletas competiam por um único prê­
mio; contudo, só poderia haver um vencedor.

26
SILAS M A L A F A I A

A vida cristã, ao contrário, oferece a oportunida­


de para que muitas pessoas sejam vencedoras.
O ganhador dos jogos recebia uma coroa feita de
ramos de pinheiro. Os que fielmente completarem
a vida cristã, por outro lado, receberão uma coroa
imperecível.
Paulo ilustrou a atitude do campeão, neces­
sária para completar fielmente a vida cristã, com
uma clareza cristalina: Pois eu assim corro , não
como a coisa incerta; assim combato, não como
batendo no ar (1 Coríntios 9.26). Paulo não era
um competidor sem objetivo. Ele tinha um alvo
claramente definido.
Como um atleta preparando-se para uma cor­
rida, ele sabia que tinha de disciplinar seu corpo
e esforçar-se ao máximo para ter sucesso. A cor­
rida para a qual ele se preparava era o chamado
de Deus.
Os cristãos são recompensados pelo chama­
do que o Pai lhes dá. Paulo sabia que, se fosse fiel
ao seu chamado, receberia uma recompensa do
Senhor por seu serviço (1 Coríntios 4.2). Contudo,
se ignorasse ou tratasse sua missão de modo negli­
gente, ele não receberia de Deus a coroa de ven­
cedor pelo serviço - ele viu alguns de seus amigos
próximos renunciarem ao chamado: Porque Demas
me desamparou, amando o presente século , e foi
para Tessalônica; Crescente, para a G alácia , Tito,
para a Dalm ácia (2 Timóteo 4.10). O forte desejo
do apóstolo era cumprir o seu ministério a qualquer

27
C O M O T E M DE SER A V I D A C R I S T Ã

preço, até o fim. Pouco antes de sua morte, Paulo


relatou que cumpriu o seu objetivo:

Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão


de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo.
Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.
Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual
o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente
a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.

2 Timóteo 4.6-8

Flexibilidade para progredir

O que levou Paulo a co n c lu ir que ele


havia cumprido o propósito de sua vida cristã? Ele
progrediu passo a passo em seu ministério. Teve,
inclusive, de aprender a ser flexível para conseguir
vitórias.
Isso nos ensina um princípio muito importan­
te: a vida cristã tem de ser flexível e progressiva. Se
eu dissesse que a vida cristã é apenas flexível - ser
flexível é ser dobrável - você poderia entender que
estou falando que o cristão deve ser manipulável.
Eu não estou dizendo isso. E até perigoso, porque
a palavra "flexível" também pode trazer um sentido
negativo, decrescente. O que eu quero dizer é que
a vida cristã não pode ser inflexível, rígida. A vida
cristã tem de ser flexível e progressiva por causa
de três motivos.

28
S ILAS M A L A FA IA

O primeiro motivo é o próprio padrão da


vida espiritual, que não é rígido: Porque nele se
descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está
escrito: Mas o justo viverá da fé (Romanos 1.17).
A fé está no começo do processo de salvação.
Em compensação, a salvação é resultado da fé.
Paulo também quis dizer que a nossa fé tem
que ser "de fé em fé"; então, não pode ser rígida,
mas a fé de hoje deve produzir uma fé de qualidade
maior e melhor amanhã e uma fé superior depois
de amanhã. Provérbios 4.1 8 diz que a vereda dos
justos é como a luz da aurora, que vai brilhando
mais e mais até ser dia perfeito.
O escritor da carta aos Hebreus disse ainda:
Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual
ninguém verá o Senhor (Hebreus 12.14). Devemos
seguir a santificação porque ela é processual. En­
tão, temos de ser flexíveis para que sejamos santos
hoje, mais santos amanhã, e assim por diante.
Observe, agora, 2 Coríntios 3.18: Mas todos
nós, com cara descoberta, refletindo , como um
espelho, a glória do Senhor; somos transformados
de glória em glória, na mesma imagem , como pelo
Espírito do Senhor. Sermos transformados de glória
em glória não é apenas termos uma glória. Não
é uma coisa rígida. E de glória em glória. Então,
devido ao próprio padrão da vida cristã, que não é
rígido - devemos ter cada vez uma fé maior, sermos
cada vez mais santos, cada vez devemos refletir
mais a glória do Senhor -, então, a vida cristã tem

29
C O M O T E M D E SER A V I D A C R I S T Ã

de ser flexível e progressiva por causa do padrão


de espiritualidade.

Conhecimento sobre Deus

Por que a vida cristã tem de ser flexível e pro­


gressiva? Em segundo lugar, por causa do conhe­
cimento sobre Deus. Não existe um conhecimento
acabado de Deus: Conheçamos e prossigamos em
conhecer o SEN H O R : como a alva, será a sua saída;
e ele a nós virá como a chuva , como chuva serôdia
que rega a terra (Oseias 6.3). Sim, conheçamos e
prossigamos em conhecer o SEN H O R .
Você pensa que sabe tudo sobre Deus? Não
há ninguém no universo formado nos "mistérios de
Deus". Quanto mais você conhece a Deus, mais
sabe que não o conhece. Quanto mais você pene­
tra no mundo de Deus, vê como Ele é grandioso e
como a nossa mente é pequena e limitada.
O profeta Isaías, disse o seguinte: Porque ,
assim como os céus são mais altos do que a terra,
assim são os meus caminhos mais altos do que os
vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais
altos do que os vossos pensamentos (Isaías 55.9).
Então, os pensamentos de Deus excedem a ima­
ginação humana (Isaías 64.4; Romanos 11.33; 1
Coríntios 2.9; Efésios 3.20). Ninguém pode penetrar
a profundidade de Sua sabedoria.
Quando Jó finalmente recebeu uma palavra
de Deus em meio ao seu sofrimento, ele foi ques­
tionado pelo Senhor:
30
SILAS M A L A F A I A

Quem é este que escurece o conselho com palavras


sem conhecimento? Agora cinge os teus lombos como ho­
mem; e perguntar-te-ei, e, tu, responde-me. Onde estavas
tu quando eu fundava a terra? Faze- mo saber, se tens
inteligência.
Jó 38.2-4

Os pensamentos divinos são insondáveis a


nós. Deus é tremendo em Sua infinita sabedoria.
Não havia como Jó debater com Ele, pois nenhum
homem possui sequer uma mínima parte do co­
nhecimento divino.
É preciso que humildemente reconheçamos
que somos seres humanos totalmente limitados
com relação a Deus e nos reservar somente ao
que Ele nos revelou em Sua Palavra, pensando em
Deuteronômio 29.29: As coisas encobertas são
para o Senhor; nosso Deus; porém as reveladas são
para nós e para nossos filhos, para sempre, para
cumprirmos todas as palavras desta lei.
Veja ainda o que o apóstolo Paulo falou em
Colossenses 3.9,10:

Não mintais uns aos outros, pois que já vos des­


pistes do velho homem com os seus feitos e vos vestistes
do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a
imagem daquele que o criou.

Então, à medida que você abandonou a vida


<l(' pecado e entregou-se a Cristo, assumiu uma

31
C O M O T E M DE SER A V I D A C R I S T Ã

nova vestimenta, um novo estilo de vida, e se


envolverá com um conhecim ento que não é
conclusivo e que não é rígido, pois cada vez mais
poderá conhecer o Deus que você serve.
Até Jesus, na forma humana, em Lucas 2.52,
cresceu no conhecimento de Deus Pai: E crescia
Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para
com Deus e os homens.

A soberana vontade divina

O terceiro motivo porque a vida cristã tem de


ser flexível e progressiva é por causa da soberana
vontade de Deus. Sim, você tem de ser flexível
porque Deus pode querer alguma coisa para a sua
vida neste tempo e, no outro, querer alguma outra
coisa diferente. Você pode até espernear: "Não!
Daqui eu não saio, daqui ninguém me tira! Não!
Não!". O que é isso? Observe mais uma vez a vida
de Paulo. Em Atos 16, a partir do versículo 6, Paulo
foi impedido, com seu companheiros, de pregar em
determinados lugares pelo Espírito Santo:

E, passando pela Frigia e pela província da Qalá-


cia, foram impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a
palavra na Ásia. E, quando chegaram a Mísia, intenta­
vam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não lho per­
mitiu. E, tendo passado por Mísia, desceram a Trôade. E
Paulo teve, de noite, uma visão em que se apresentava

32
SILAS M A L A F A I A

um varão da Macedônia e lhe rogava, dizendo: Passa à


Macedônia e ajuda-nos!
Atos 16.6-9

Já que o Espírito Santo fechara as portas tanto


para o sui como para o norte (v. 6,7), Paulo seguiu
pelo único caminho que lhe restou - para noroes­
te - até chegar ao porto de Trôade, no mar Egeu,
onde dali pôde prosseguir viagem. Paulo estava no
lugar certo e na hora certa para receber o chamado
para ir à Macedônia. Deus mostrava a Paulo o Seu
desejo e o apóstolo simplesmente se adequava à
Sua direção.
Observou que Paulo teve de mudar totalmente
a rota? Ele teve de ser flexível para agradar a Deus.
O que Deus quer para a sua vida? Ele pode querer
algo neste tempo e, num tempo para frente, querer
outra coisa. Ele pode usá-lo num lugar e, logo à
frente, querer levá-lo para outro lugar.
Então, a vida cristã tem de ser flexível e pro­
gressiva, por causa do próprio padrão da vida cris­
tã, do conhecimento sobre Deus e da vontade de
Deus. Não seja rígido, não pense que você sabe
tudo, não pense que Deus revelou tudo a você,
nem que você chegou ao padrão máximo de espi­
ritualidade. Seja flexível para crescer, aprimorar-se
e melhorar cada dia mais.
Há cristãos que possuem uma rigidez muito
grande. Eles não mudam nunca e acabam fican­
do medíocres, tacanhos e, consequentemente,

33
Capítulo 4
P R O D U Ç Ã O DE FRUTOS

Estamos estudando cinco características es­


senciais da vida cristã. Neste capítulo, veremos a
terceira.
Além de estável, flexível e progressiva, a vida
cristã tem de ser produtiva. Não tem outra saída. Se
você quiser ser um cristão segundo a Bíblia, tem de
produzir frutos; senão, é melhor mudar para outra
religião. Você poderá ser budista, ou o que quiser.
Mas, sem frutificar, você não poderá ser um cristão.

Quais são os frutos

Já que a vida cristã tem de ser frutífera, quais


são os frutos que devemos produzir? Os frutos são
o resultado da transformação que o Espírito Santo
operou na nossa vida, é o que produzimos através
da vida cristã que glorifica a Deus e abençoa a
outros. João 15.8 diz: E nisto o Pai é glorificado>
, que
deis muitos frutos e, assim, sereis meus discípulos;
e no versículo 16 diz: Não me escolhestes vós a
mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para
que vades e deis fruto, e o vosso fruto perm aneça,
a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes
ao Pai ele vos conceda.
Observe ainda a semelhança que há entre
João 15.8, citado acima, e 13.35 - Nisto todos co­
nhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes
uns aos outros. Percebeu que o amor descrito em
João 13.35 é representado como fruto em 15.8? É
estratégico os discípulos amarem-se uns aos outros,
pois esse é o método de evangelismo de Cristo
para alcançar os perdidos. Onde há bons frutos,
há também sementes que se espalharão para mais
abundante frutificação.
As bênçãos da frutificação

Agora, veja que coisa interessante. Quando


você é produtivo, sua vida exalta a Deus e você
abençoa outras pessoas. No final, o resultado é
que você mesmo é abençoado pela vida produtiva
que tem, porque Jesus declara que, quando eu sou
produtivo, posso pedir qualquer coisa ao Pai que
Ele me concederá: Se vós estiverdes em mim , e as
minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o
que quiserdes, e vos será feito (João 15.7).
Permanecer em Cristo traz seis resultados: res­
posta à oração (v. 7); frutos (v. 8); cumprimento de

36
S ILAS M A L A F A Í A

propósito, portanto o Pai é glorificado (v. 8); amor


(v. 9,10); plenitude de alegria (v. 11) e evangelismo
('íicaz (João 13.35; 15.8).
O que significa permanecermos em Cristo?
Significa termos comunhão pessoal com Ele.
Permanecer em Sua Palavra envolve obediência.
Conhecer o Salvador gera em nós fé, que nos leva
a uma atitude óbvia, obedecer-lhe por amor:

Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda,


este é o que me ama; e aquele que me ama será amado
de meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele.
João 14.21

O que você está produzindo? Quem você tem


ganhado para Cristo? Quem você tem evangeliza­
do? Frutificar é trabalhar para que as pessoas vejam
Cristo em você por meio de suas atitudes e de sua
maneira de ser. Elas observarão como você trata a
sua família, como você se relaciona com os ímpios,
o seu comportamento na sociedade, a sua maneira
justa, correta e íntegra de se comportar etc.
Que frutos você está produzindo? Você poderá
dizer: "Ah, pastor, estou produzindo o fruto do es­
pírito!". Contudo, eu não estou me referindo aqui
ao fruto do Espírito, mencionado no capítulo 5 do
livro de Gálatas. Os frutos que Jesus disse são os
que eu produzo através do cristianismo em minha
vida. E Cristo, na minha vida, contagiando outros,
abençoando outros.

37
C O M O T E M DE SER A V Í D A C R I S T A

Quando manifestamos Cristo, Deus é glorifi­


cado. Nós não fomos salvos apenas para sermos
meros receptores de bênçãos. Alguém poderá
dizer: "Pastor Silas, eu estou aqui hoje só para re­
ceber!". Não! Todos nós estamos aqui para sermos
produtivos. Não esqueça! Você foi chamado, salvo,
transformado e liberto para ser produtivo para o
Reino de Deus.

Os desafios da frutificação

Apesar de a frutificação ser um imperativo para


todos os cristãos, existem grandes desafios. O que
irá diferenciar um cristão frutífero de outro, que é
infrutífero, será a sua proximidade com Cristo, bem
como sua dependência dele. Jesus ensinou isso na
parábola da videira e das varas (João 15.1,2,4,5).
Para ser frutífera, a vara deve estar completa­
mente ligada à videira, para que esteja viva, e não
morta. Espiritualmente falando, isso significa que,
primeiro, o indivíduo deve ser cristão. Sem Cristo,
somente as obras da carne podem manifestar-se.
Observe quais são elas:

Porque as obras da carne são manifestas, as quais


são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias,
inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões,
heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias e
coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro,

38
SIL AS M A L A F A 1 A

como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas


não herdarão o Reino de Deus.

Gálatas 5.19-21

Os frutos só podem manifestar-se quando a


vida de Cristo, por meio do Espírito Santo, fluir em
nós. É assim que acontece: Porque os que são se­
gundo a carne inclinam-se para as coisas da carne;
mas os que são segundo o Espírito, para as coisas
do Espírito (Romanos 8.5).
A expressão, na língua grega, que é traduzida
por "segundo a carne" inclui as vontades, pensa­
mentos e emoções de uma pessoa. Também inclui
suposições, valores, desejos e propósitos. Fixar a
mente naquilo que é da carne ou nos aspetos do
Espírito significa estar orientado para coisas nas
quais colocamos o nosso foco, ou então, sermos
governados por elas.
Assim, nós somente colheremos aquilo que
plantarmos. Se plantarmos vida espiritual, colhe­
remos vida cristã abundante. Contudo, se, por
outro lado, plantarmos carnalidade, nós colhere­
mos as terríveis consequências do distanciamento
de Deus. Esta é a lei da semeadura - Não erreis:
Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o
homem semear: isso também ceifará (Gálatas 6.7).
Outro fato importante no texto de João 15 é
que a videira deve ser podada. Isto é o que lemos
nos versículos iniciais. Deus é chamado de lavrador,

39
C O M O T E M D E SER A V I D A C R I S T Ã

pois Ele cuida de nós, expondo-nos ao sol de Sua


presença, enriquecendo nosso solo e livrando-nos
da seca espiritual.
M uitas vezes, a poda é desagradável e
sofrida. Isso acontece porque, algumas coisas que
valorizamos podem ser tiradas de nós. Contudo, o
propósito da poda é o que faz toda a diferença em
nossa vida: possibilitar a frutificação.
Então, se desejarmos ser frutíferos, deve­
mos estar ligados ao Senhor por meio da oração,
alimentando-nos de Sua Palavra epermanecendo
sempre próximos a outros cristãos. E como diz a Pa­
lavra de Deus: não deixando a nossa congregação,
como é costume de alguns; antes, admoestando-
-nos uns aos outros; e tanto mais quanto vedes que
se vai aproximando aquele Dia (Hebreus 10.25).
O autor exorta os hebreus a congregarem e a
manterem-se unidos por causa do grande e benéfi­
co impacto que nós, como cristãos, podemos cau­
sar uns aos outros. E provável que alguns cristãos
hebreus deixassem de comparecer às reuniões da
Igreja por temerem perseguições. Mas a congre­
gação local é onde a mensagem do evangelho é
pregada e a Palavra de Deus é aplicada às circuns­
tâncias de nossa vida. É lá que podemos frutificar.

Um exemplo de frutificação

Em que área você trabalha? O que você pro­


duz para o Reino de Deus? Alguns cristãos não

40
SILAS M A L A F A I A

pregam, não visitam, não querem realizar nada!


Só querem ser servidos. Precisamos refletir com
seriedade sobre isso.
A vida cristã tem de ser estável, flexível,
progressiva e produtiva. Entra ano e sai ano, e há
cristãos pensando que porque vêm à igreja e dão
uma oferta ou dízimo, que possuem uma cartei-
rinha de membro, que isso já é suficiente para a
sua vida cristã. Olhe, você pode trabalhar muito,
e ter muitos afazeres, mas você tem de ser produ­
tivo - onde trabalha, mora, estuda e interage nas
relações sociais.
Certa vez eu fui pregar em uma igreja batista
em Boston, nos Estados Unidos. É lá que funciona
a que é considerada a universidade número um
do mundo: Harvard. O pastor daquela comunida­
de me apresentou a um irmão da igreja, que veio
falar comigo:
- O lá, pastor Silas Malafaia! Eu o acompanho
há algum tempo. Eu tenho muitas das suas fitas.
Esta conversa aconteceu há mais de dez anos.
Naquela época eu gravava as mensagens em fitas
de videocassete, pois não existiam DVDs como
atualmente.
Após a conversa, ele saiu e o pastor disse:
- Está vendo este rapaz? - Eu disse: - Sim.
- Este rapaz é um professor. Ele tem doutora­
do em medicina nuclear e é professor de Harvard.
Ele pesquisa e trabalha muito com a mente, é
Irabalho pesado.

41
C O M O T E M DE SER A V I D A C R I S T A

E continuou:
- Mas, pastor, esse "camarada", todo sába
pega o seu carro e viaja 170 quilômetros para ir e,
depois, mais 170 quilômetros para voltar, só para
cuidar de uma família que aceitou a Cristo. A carga
de trabalho dele é uma "coisa de louco"!
O que aprendi é que, quando realmente que­
remos fazer algo, conseguimos arrumar tempo. Se
eu tiver interesse por alguma coisa, "sai da frente",
porque ninguém me segura. Entretanto, se eu não
quero algo, pode vir revestido de ouro, que não
despertará o meu interesse. A verdade é que nós
arrumamos diversas desculpas para a nossa impro­
dutividade e acomodação.
O Senhor o chamou para que você seja
produtivo. Sim, você foi chamado para frutificar.
Então, produza frutos para o Reino de Deus. Não
faça como o servo medroso de Mateus 25.14-30.
Ele escondeu o seu talento por temor e não o mul­
tiplicou. Recebeu, por isso, uma grande repreensão
do seu senhor: Lançai, pois, o servo inútil nas trevas
exteriores; ali, haverá pranto e ranger de dentes (v.
30).
No capítulo seguinte vamos conhecer a quarta
característica da vida cristã.

42
Capítulo 5
V id a a b u n d a n t e já !

Até aqui nós já estudamos algumas caracte­


rísticas que a vida cristã precisa ter: ela deve ser
estável, flexível e progressiva e produtiva. Agora,
vamos aprender neste capítulo que ela tem de ser
também uma vida abundante já!
Lembre-se do texto bíblico de João 10.10: O
ladrão não vem senão a roubar; a matar e a des­
truir; eu vim para que tenham vida e a tenham com
abundância.

A “ teologia do sofrimento”

Então, vida cristã é vida abundante já! Essa


pregação catastrófica da "teologia do sofrimen­
to" não é para mim. Quem quiser receber, que a
receba. Mas, para mim, não serve. Você precisa
entender sobre a vida cristã: uma coisa é ter uma
vida de felicidade e ter momentos de tristeza e
C O M O T E M DE SER A V I D A C R I S T Ã

de tribulação. Outra coisa bem diferente é ter


uma vida de tribulação e sofrimento, com alguns
momentos de felicidade.
Eu prego a felicidade, porque a Bíblia fala
sobre ela. Um exemplo muito claro da ênfase
bíblica nas mensagens de felicidade está nas
bem-aventuranças ensinadas por Jesus. O termo
"bem-aventurado" significa "feliz". Em Mateus
5.3-12, as bem-aventuranças se referem a três
elementos: um discurso de bênção, a qualidade
de vida do discípulo e a razão pela qual alguém
é considerado abençoado e feliz. Entendeu? Um
dos maiores e mais importantes discursos de Jesus
enfocou a felicidade humana.
Outro exemplo contundente de ênfase na
felicidade está no bem conhecido Salmo 1.1:
Bem-aventurado o varão que não anda segundo
o conselho dos ímpios, nem se detém no cam i­
nho dos pecadores, nem se assenta na roda dos
escarnecedores. A felicidade, aqui, alcança o justo
- alguém que está no mundo, mas não é nem um
pouco afetado pelo mundo - Bem-aventurado o
homem que teme ao Senhor■que em seus manda­
mentos tem grande prazer (Salmo 112.1b).

Cuidado com os extremos

Portanto, eu prego a felicidade porque a Bíblia


me autoriza a fazê-lo. O problema é que há cristãos
que radicalizam demais. Eles são extremistas: ou

44
M L A 5 MALAJhAlA

pregam só vitória e bênçãos ou pregam a derrota


total.
O primeiro grupo grita assim: "O diabo todo
debaixo do meu pé! Não tem tribulação! Não
tem demônio! Não tem dia mau! Não tem nada
de tristeza!". Sabe como outros pregam? "Sofre,
meu irmão! Você está aqui para sofrer! É luta! O
diabo vai colocar a pata no seu pescoço!". Parece
até filme de terror evangélico, não é? Isso é puro
radicalismo.
Uma vez eu vi um programa evangélico em
uma emissora de canal aberto. Quando a câmera
bateu na igreja, parecia filme de terror. O púlpito
parecia um caixão funerário. Eu falei: "O sangue
de Jesus tem poder!". Havia diversos cristãos na
plateia de rosto emburrado, nunca estampando
um sorriso alegre.
Vida cristã é uma vida abundante. É uma vida
de paz e de esperança. É ser feliz, mesmo atraves­
sando lutas, derrotas, tribulações e adversidades.
E afirmar, com fé, assim como o apóstolo Paulo:...
porque eu sei em quem tenho crido e estou certo
de que é poderoso para guardar o meu depósito
até àquele Dia (2 Timóteo 1.12b).
Este texto expressa a fé inabalável de Paulo
em seu Salvador. A expressão "o meu depósito"
se refere a algo que ele confiou ao Senhor, como
um depósito em um banco. Ele tinha a certeza de
que Deus iria guardar o seu depósito, a sua vida e
a recompensa eterna do seu ministério.

45
C O M O T E M DE SER A V I D A C R I S T A

O apóstolo havia investido seu tempo, seus


recursos, sua própria vida na proclamação do
evangelho, e esse investimento no Reino de Deus
lhe renderia uma recompensa generosa na eterni­
dade (Lucas 19.15; 1 Coríntios 3.10-15; Apocalipse
11.15,18).

A essência da felicidade

Deste modo, a minha alegria não é circuns­


tancial. Eu não dependo das circunstâncias para
ser feliz. Eu passo pelo sofrimento, passo pela luta,
e passo pelo dia mau. Eu passo, claro que passo!
Claro que você também passa! Mas nós não vive­
mos em sofrimento, porque Jesus prometeu vida
abundante aqui na terra. Sim, nossa vida abundante
começa aqui na terra!
Uma vez, o profeta Habacuque exultou diante
do Senhor. Ele estava passando por uma luta terrível
com a possibilidade de uma invasão do exército
neobabilônico. Mas ele fez uma das declarações
mais lindas de toda a Bíblia:
Porquanto, ainda que a figueira não floresça, nem
haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os
campos não produzam mantimento; as ovelhas da ma­
lhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja vacas,
todavia, eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da
minha salvação.
Habacuque 3.1 7,18

46
S IL AS M A L A F A I A

Você sabe o que é isso? Alegrar-se tanto no


Senhor, a ponto de gritar de júbilo, mesmo que
esteja enfrentando a maior crise da sua vida?
Muitas vezes, quando o sofrimento bate à nossa
porta, parece que não vamos suportar; que iremos
sucumbir ao desespero. Mas o Senhor nos sustenta
e podemos dizer como o profeta: "Tudo vai mal,
mas eu me alegrarei no Senhor".
Observe ainda o que o apóstolo Paulo disse:

Temos, porém, esse tesouro em vasos de barro,


para que a excelência do poder seja de Deus e não de
nós. Em tudo somos atribulados, mas não angustiados;
perplexos, mas não desanimados; perseguidos, mas não
desamparados; abatidos, mas não destruídos; trazendo
sempre por toda parte a mortificação do Senhor Jesus
no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste
também em nossos corpos.
2 Coríntios 4.7-10

Nesta passagem das Escrituras, o tesouro, que


é a revelação divina de Jesus Cristo, está em vasos
de barro comuns. O motivo por que Deus coloca
um tesouro tão valioso em um jarro de barro sim­
ples e frágil é para que a riqueza não possa ficar
aparente. Deus quer demonstrar que o poder e a
glória do evangelho vêm dele, e não do utensílio.
Como cristãos, iremos enfrentar tribulações.
Todavia, devemos lembrar que Deus está no
controle e utiliza as provações para fortalecer-nos.
C O M O T EM D E SER A V I D A C R I S T Ã .

A glória do Senhor se manifesta por meio de vasos


quebrantados, em pessoas que suportam as dificul­
dades confiando no poder divino:

Os que confiam no Senhor serão como o monte Sião,


que não se abala, mas permanece para sempre. Como
estão os montes à roda de Jerusalém, assim o Senhor está
em volta do seu povo, desde agora e para sempre.

Salmo 125.1,2

Relacionamento com Deus

Então, não somos dados a extremos. A vida


abundante não significa que você não terá derrotas,
porque o apóstolo Paulo, em Filipenses, escreveu
a famosa "carta da alegria" quando ainda estava
preso, esperando uma sentença: Regozijai-vos;
sem pre, no Senhor; outra vez digo: regozijai-
-vos (Filipenses 4.4). E estar preso é sempre uma
coisa ruim. Como Paulo pôde falar em regozijo
estando preso?
Ele sabia que a nossa alegria não depende das
circunstâncias, mas é fundamentada em nosso rela­
cionamento com Deus. Nós podemos estar debaixo
de luta e de tribulação, mas em nosso coração há
paz, equilíbrio emocional e uma esperança - Tu
conservarás em paz aquele cuja mente está firme
em ti; porque ele confia em ti (Isaías 26.3).
Isso é vida cristã, é vida abundante agora. Não
é ficar resmungando pelos cantos, não é ficar de
48
SI LAS M A L A F AI A

:abeça baixa. Mas é bradar em alta voz: "O lha aí,


;apeta, o negócio está feio para o meu lado. Mas,
:ique aí quietinho, porque você verá a minha vitó-
ia, você verá Deus abrir a porta. Eu irei sair dessa!".
Sempre enfrentaremos tribulações neste rnun-
jo, mas devemos nos regozijar nas provações,
porque sabemos que o Senhor as usa para aperfei­
çoar o nosso caráter. Observe o que Tiago disse:

Meus irmãos, tende grande gozo quando cairdes


em várias tentações, sabendo que a prova da vossa fé
produz a paciência. Tenha, porém, a paciência a sua
obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, sem
faltar em coisa alguma.
Tiago 1.2-4

Então, as provações são circunstâncias


externas - conflitos, sofrimentos e aflições - com
as quais todos os cristãos se deparam. Na verdade,
as provações não são agradáveis e podem ser extre­
mamente dolorosas, mas nós devemos considerá-
-las como oportunidades de nos alegrarmos. Isso
porque as aflições e dificuldades são ferramentas
que refinam e purificam nossa fé, produzindo
oaciência e perseverança.
O objetivo da provação, portanto, não é
destruir ou afligir, mas purificar e refinar. Isso faz
dela uma necessidade essencial à maturidade
cristã, pois até mesmo a fé de Abraão teve de ser
provada (Gênesis 22.1-8). Entenda que o significado

49
C O M O T E M DE SER A V I D A C R I S T Ã

de paciência, nesse contexto, é mais do que sim­


plesmente suportar a aflição; mas é manter-se firme
sob pressão, com uma resistência que transforma
adversidades em oportunidades.
Quando nós resistimos à provação, somos
feitos perfeitos (no sentido de termos chegado ao
fim) e completos (no sentido de inteiros). Este é o
motivo para o regozijo nas aflições.
Você consegue ser feliz, mesmo quando tudo
dá errado? Você consegue enxergar as bênçãos
que receberá de Deus ao aguentar a pressão sem
sucumbir? Creia! Deus é fiel. Ele jamais permitirá
que você seja provado além de suas forças: Não
veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel
é Deus, que vos não deixará tentar acima do que
podeis; antes, com a tentação dará também o esca­
pe, para que a possais suportar (1 Coríntios 10.13).
Ele mesmo cuidará para que você tenha condições
de suportar tudo e sair vitorioso no final.
Até aqui, aprendemos que a vida cristã tem de
ser estável, flexível e progressiva, frutífera e abun­
dante já. O próximo capítulo trará a última carac­
terística essencial da vida cristã que abordaremos.
Capítulo 6
O L H A N D O PARA O FU T U R O

focê está acompanhando o nosso estudo até


aqui. Portanto, já aprendeu que a vida cristã tem
de ser estável, flexível e progressiva, frutífera e ser
abundante já.
Em quinto e último lugar, você entenderá que
a vida cristã tem de ser voltada para o futuro. Sua
visão como cristão deve estar fixada no futuro que
Deus preparou para os fiéis. Os cristãos, embora
morem aqui na terra, distantes de sua verdadeira
pátria, são cidadãos do céu: Mas a nossa cidade
está nos céus, donde também esperamos o Salva­
dor; o Senhor Jesus Cristo (Filipenses 3.20). Então,
o foco da nossa vida cristã deve estar posicionado
para o futuro por quatro motivos.

Limitando o evangelho

Em primeiro lugar, porque é indigno do evan­


gelho se nossa esperança em Cristo se limitasse
C O M O T E M DE SER A V I D A C R I S T Ã

apenas a esta vida: Se esperamos em Cristo só


nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os
homens (1 Coríntios 15.19). Paulo enfatizou isso,
porque se os cristãos da Igreja primitiva não tives­
sem esperança para o futuro, os pagãos poderiam,
legitimamente, considerá-los tolos, uma vez que
eles sofriam perseguições e morte por nada.
Da mesma forma, se a vida cristã se resumisse
apenas em Deus abençoar-nos - com um carro,
com a casa própria, com uma vaga para de empre­
go, com a promoção tão sonhada, com a cura de
uma enfermidade etc - seríamos os mais miseráveis
de todos os homens, pois limitaríamos o evangelho
a uma vida terrena, passageira e com restrições.

Felicidade em qualquer circunstância

Nesta vida há pessoas que ficam frustradas


quando não conseguem alguma coisa. Algumas
até mesmo entram em crise espiritual e abalam o
seu relacionamento com Deus, quando Ele diz não
a uma oração. Saiba que Deus é soberano e Ele
responde às nossas orações como quer.
Eu tenho uma notícia para você: Nem tudo
que nós queremos, Deus vai dar aqui. Alguém dirá:
"Aí, está vendo? Deus não me ama!". Dá vontade
de responder: "Vou dar uma chupetinha para você
parar de chorar!". Aqui nós nunca teremos tudo;
aqui sempre faltará alguma coisa. Contudo, nem
por isso nós deixaremos de ser felizes.
SILAS M A L A FAI A.

Eu ouvi o saudoso pastor Santos dizer uma


coisa muito séria, em certa ocasião. Na hora não
entendi, mas, depois, eu parei para pensar um pou­
co na minha vida. O pastor Santos era um homem
muito sábio. Ele falou assim para mim:
- Silas, escuta o que eu vou te dizer: Eu fiquei
mais contente quando ganhei a minha primeira
bicicleta do que quando a igreja me deu esse Mit­
subishi Pajero.
Eu ouvi aquilo e falei:
- Como é que é?
Ele d isse isso porque tem gente que vive
olhando para a vida dos outros e dizendo: "O dia
que eu tiver a casa que aquele vizinho tem... O dia
que eu tiver o dinheiro que aquele irmão tem... O
dia que eu tiver o carro que aquele irmão tem...".
Há coisas em nossa vida que são tão marcantes e
tão preciosas e que nos trazem mais satisfação do
que aquilo que a sociedade diz que faz a pessoa
ser feliz.
Numa época em que meu pai não tinha car­
ro - na verdade, apenas quatro membros da igreja
possuíam automóvel naqueles tempos. Alugávamos
um "cata mendigo" (como chamávamos um lota­
ção em péssimas condições de uso) e reuníamos
cinco famílias para irmos à praia de Barra de Gua-
ratiba, ou para a restinga de Marambaia. Isso tudo
nós chamávamos de farnel, com direito a farofa
e suco de groselha. Naquela época tomávamos o
refresco pela cor, e não pelo sabor: "Eu quero o

53
c o m o i i; m de ser \ v n >\ c r is t ã

amarelo, o vermelho, o cor de rosa". Que momen­


tos inesquecíveis para mim! Hoje, muitos de nós
temos uma ideia de felicidade totalmente errada.
Muitas vezes estou em um hotel cinco estre­
las que poucos podem ir, mas não sinto a mesma
felicidade que eu sentia naquela época. Como
não podíamos fazer um farnel todo sábado, então,
quando dava para fazer, era um acontecimento.
Infelizmente muitos têm, hoje, uma ideia mui­
to equivocada de felicidade. Não reclame de sua
vida. Seja feliz com o que Deus está permitindo
que você possua. Regozije-se! Abra a sua boca e
exalte a Deus! Tenha uma vida de alegria agora. O
que faltar aqui nessa terra, o Senhor suprirá.

Dias melhores

O segundo motivo de a vida cristã ser voltada


para o futuro está em 1 Pedro 1.3,4:

Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cris­


to, que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de
novo para uma viva esperança, pela ressurreição deJesus
Cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível,
incontaminável e que se não pode murchar, guardada
nos céus para vós.

Não temos a esperança de dias melhores


limitados à vida humana. Nossa esperança não
se finda na promoção do trabalho, na compra da
SIL A S M A L A FAIA

casa própria ou de um carro. A nossa esperança é


transcendental, ultrapassa o limite da vida humana.
Por coisas que o olho não viu, que o ouvido não
ouviu, que não chegou ao coração do homem e
que Deus tem preparado para nós, é uma viva es­
perança: As coisas que o olho não viu, e o ouvido
não ouviu , e não subiram ao coração do homem
são as que Deus preparou para os que o amam (1
Coríntios 2.9).
Observe agora o que diz Gálatas 5.5: Porque
nós, pelo espírito da fé, aguardamos a esperança
da justiça. A fé em Cristo traz-nos não somente a
justificação diante de Deus, mas também o cres­
cimento na vida cristã, até sermos completamente
glorificados por Deus e estarmos livres da presença
do pecado. Essa é a esperança da justiça.
Podemos ter a certeza de que seremos de­
clarados justos diante do Senhor naquele último
dia, porque já podemos usufruir agora daquela
justiça vinda do Espírito que vive em nós: Ora,
quem para isso mesmo nos preparou foi Deus,
o qual nos deu também o penhor do Espírito (2
Coríntios 5.5).
A vida cristã é voltada para o futuro, em ter­
ceiro lugar, porque Jesus fez uma promessa em
João 14, que diz:

Não se turbe o vosso coração; crede em Deus,


crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas
moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito, pois vou

55
C O M O T E M DE SER A V I D A C R I S T A

preparar-vos lugar. E, se eu for e vos preparar lugar, virei


outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que, onde
eu estiver, estejais vós também.
João 14.1-3

A palavra "moradas", na verdade, se refere a


mansões. Um lugar tranquilo e seguro já foi prepa­
rado para todos os filhos de Deus. O Senhor estava
dizendo aos Seus discípulos que, por mais que eles
passassem por tribulações, teriam um lugar de paz
e descanso no futuro. Jesus prometeu que voltaria
para buscar a todos os que cressem nele:

Porque o mesmo Senhor descerá do céu com ala­


rido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus;
e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro;
depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados
juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor
nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.

1 Tessalonicenses 4.16,1 7

Nossa vida eterna

Nós estaremos onde Jesus está! Habitaremos


no céu de glória por toda a eternidade! Verifique
1 João 3.2, e entenda a quarta e última razão para
a nossa visão ter de ser futurística:

Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não


é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que,
SILAS M A L A F A I A

quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele;


porque assim como é o veremos.
1 João 3.2

Temos um corpo frágil - no qual uma unha


encravada provoca febre; ou um micróbio, que só
pode ser enxergado por um microscópio eletrô­
nico, pode nos matar; uma mísera bactéria pode
acabar conosco. Há pessoas que se consideram
fortes, mas desconhecem as próprias limitações.
O que é um coágulo no cérebro? Um problemi-
nha numa veia e, ou morremos, ou ficamos com
a metade do rosto entortado para o resto da vida.
O que é um infarto? Um entupimento milimétrico
que, ou nos mata ou teremos de enfrentar uma
cirurgia muito séria.
A Bíblia diz que, um dia, nós teremos um
corpo semelhante ao de Cristo. Dor, enfermidades,
morte, cansaço, debilidade etc; tudo acabará quan­
do recebermos um corpo glorificado. Contudo,
não é para você pensar na vida abundante apenas
no futuro. A vida cristã é para ser experimentada
agora, no presente, mas olhando para frente.
Está faltando alguma coisa? Não tem proble­
ma! Um dia Ele vai limpar dos seus olhos toda lá­
grima. Um dia não haverá tristeza, dor, nem haverá
falta de nada. Vamos pisar nas ruas de ouro, não
precisaremos mais pedir empréstimos. Estaremos
num lugar de riqueza para sempre, de eternidade
em eternidade, pelos séculos dos séculos. Estaremos
C O M <5 T E M DE SER A V i D A C R I S T Ã

para sempre com o Senhor. Oh, Maranata! Ora,


vem, Senhor Jesus!
Assim é a vida cristã. Ela tem de ser estável,
flexível e progressiva, produtiva, vida abundante
agora e vida voltada para o futuro.
Declare agora estas palavras de fé: "Eu vou
seguir em frente! Nenhuma luta, nenhuma arti­
manha de Satanás, nenhuma perturbação irá me
travar. Vou seguir a minha marcha triunfante de
cabeça erguida! Vou avançar, apesar de algumas
lutas, derrotas e adversidades. Eu vou seguir avante
com Cristo/'
Que Deus abençoe grandemente a sua vida!

58
COMO
TEM
DE SER

Como tem de ser a vida do cristão?


Será que existe algum padrão importante
para a vida cristã que precisamos apren­
der? Sim, existe!
Neste iivro, Silas Malafaia ensina al­
guns aspectos fundamentais que definem
a existência do cristão e que precisam ser
S as M alafaia experimentados por todos aqueles que
seguem o Senhor Jesus.
Medite nesses ensinamentos e apren­
da como alcançar uma experiência de
vida cristã rica e com profundidade.
Boa leitura!

EDITORA C ENTRAL GOSPEL


Estrada do Guerenguê, 1851
Taquara - Rio de Janeiro - RJ
CEP: 22713-001
PEDIDOS: (21) 2187-7000
www.editoracentralgospel.com

Você também pode gostar