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Frei José de Santa Rita Durão (1722-1784)

Nasceu em Cata Preta, nos arredores de Mariana, em Minas Gerais, no ano de


1722. Estudou com os jesuítas no Rio de Janeiro. Foi pra um seminário na Europa e
nunca mais voltou ao Brasil.

Religioso agostiniano do Brasil colonial, orador e poeta que fez a sua carreira e
escreveu a sua obra em Portugal e no Brasil colonial. Foi um dos grandes
representantes da poesia épica brasileira na época da colonização. É considerado
um dos precursores do indianismo no Brasil.

Principais obras de Santa Rita Durão

Pastoral (1759)

Pro annua studiorum instauratione oratio (1778 — em português, “Oração para o


estabelecimento anual de estudos”)

Caramuru (1781).

Principais características de seu estilo literário:

Suas obras são marcadas por significativo discurso religioso.

Outra importante característica de sua obra foi o indianismo (idealização do


indígena que é tratado como um herói e portador de valores nobres).

Influência de estilo literário do classicismo, principalmente de Camões.

Valorização e idealização da vida em contato com a natureza.

Presença, em sua obra, do racionalismo e do antropocentrismo.

Busca de clareza e perfeição em suas poesias.

Presença de elementos mitológicos. Em Caramuru, por exemplo, aparece a figura


de Tupã, divindade indígena.
Em homenagem à sua terra natal, o Brasil, escreveu o poema épico “Caramuru”
(1781). Para realização de sua obra pede inspiração a Deus.

O poema “Caramuru” conta a história da Bahia e o retrato do descobrimento do


Brasil nos primeiros momentos da chegada dos colonizadores.

Foi dedicado a D. José I (rei de Portugal), a quem solicita atenção ao Brasil e aos
indígenas. Escrito no estilo de Luís de Camões, é de caráter informativo,
constituindo-se num verdadeiro registro histórico dos usos, costumes, crenças e
temperamento dos índios brasileiros. A obra é preenchida com descrições sobre o
Brasil, sua exótica paisagem da natureza tropical e suas riquezas. É o reflexo de um
país catequizado e explorado pelos portugueses e ficou conhecida por mostrar ao
mundo o bom selvagem, aqueles índios que não apresentavam resistência em ser
doutrinados e aceitavam os costumes portugueses que lhe era imposto.

Narra as aventuras lendárias/históricas de Diogo Álvares Correia, o “Caramuru”,


palavra traduzida pelo autor como "filho do trovão", apelido que, segundo ele, os
índios tupinambás deram ao náufrago português quando o viram usar a arma de
fogo.

A trama se baseia em um evento verídico. O protagonista é Diogo Álvares Correia


(1475-1557). Esse personagem real sofre um naufrágio, por volta de 1509, mas
consegue alcançar a costa baiana onde faz contato com os tupinambás, indígenas
praticantes da antropofagia. A princípio, será devorado pelos indígenas. Mas
quando a tribo é invadida por um povo inimigo, o herói, usando armadura e
capacete, defende-a com uma arma de fogo. Isso tudo é novidade para os nativos,
que passam a acreditar que ele é emissário do deus Tupã.

Então os tupinambás passam a chamar Diogo de Caramuru, o que, na obra de


Durão, é traduzido como “filho do trovão”, “filho do fogo” e também “dragão do mar”
e o fazem viver com eles.

Caramuru então passa a doutrinar os nativos brasileiros com a fé cristã e a ensinar


bons modos aos índios. Isso acontece depois que Caramuru encontra uma gruta em
forma de igreja e recebe isso como um sinal de doutrinação.

Paralelo a isso Santa Rita Durão também conta em seu livro que o português Diogo
se apaixona por uma índia de nome Paraguaçu, no entanto, é importante destacar
que, a índia pela qual o português se apaixona é uma índia branca (Ela é menos
selvagem, mais civilizada, mais apresentável como esposa para a coroa
portuguesa.). O cacique deu ao Caramuru como esposa a filha Paraguaçu, mas
Diogo Álvares Correia decide não se unir a ela antes de oficializar o casamento na
Igreja Católica.

Com o passar do tempo outra embarcação naufraga e o mesmo salva sua


tripulação. Os passageiros eram franceses, o português percebe que por isso
poderá voltar a sua terra natal depois que uma nau francesa chega para resgatar os
seus nativos.

Caramuru foge com Paraguaçu para Portugal, porém sua partida não é
completamente aceita, o português acaba deixando para trás várias índias que já
estavam apaixonadas por ele, Moema era uma delas, ela se joga ao mar e tenta
chegar a nau francesa para fugir com seu amado, no entanto acaba morrendo antes
de conseguir.

O português Diogo Álvares finalmente chega ao seu país com a índia branca que
acaba sendo batizada de Catarina, lá a coroa lusitana os festeja e os entrega as
honras da realeza de Portugal.

O poema ficcionaliza a vivência de Diogo no Brasil até o momento em que este se


tornou, efetivamente, funcionário do governo português. Vai, portanto, do naufrágio
até o encontro com os representantes nomeados para a capitania da Bahia, de volta
a Salvador. Desta ficção, o que se sabe que realmente aconteceu foi o
relacionamento de Diogo com Paraguaçu, a viagem deles à Europa para que se
batizassem e se casassem e o retorno ao Brasil. O restante é baseado em folclore,
em lendas, sem registro histórico oficial e, por isso, elementos de veracidade
duvidosa.
1)

MEIRELLES, V. Moema, Óleo sobre tela, 129 cm x 190 cm. Masp, São Paulo, 1866.

O quadro retrata a morte de Moema, índia apaixonada por Caramuru que morre
afogada ao tentar alcançar o barco no qual Caramuru retornava para Portugal,
ilustrando através de uma metáfora a dependência do Brasil de Portugal. A imagem
foi pintada no século XIX, quando temas da cultura nacional como o indianismo
eram recorrentes nas artes como forma de reafirmação nacional.

a)Enem 2021
Nessa obra, que retrata uma cena de Caramuru, célebre poema épico brasileiro, a
filiação à estética romântica manifesta-se na

a)exaltação do retrato fiel da beleza feminina.


b)tematização da fragilidade humana diante da morte.
c)ressignificação de obras do cânone literário nacional.
d)representação dramática e idealizada do corpo da índia.
e)oposição entre a condição humana e a natureza primitiva.

b)FUVEST 2014
Em seu contexto de origem, o quadro acima corresponde a uma

a)denúncia política das guerras entre as populações indígenas brasileiras.


b)crítica republicana à versão da história do Brasil difundida pela monarquia.
c)defesa da evangelização dos índios realizada pelas ordens religiosas no Brasil.
d)concepção de inferioridade civilizacional e de dependência dos nativos brasileiros.

2)Leia a estrofe XXVI (Canto X) de Caramuru, de Santa Rita Durão.


Em cuidadosa escola o temor santo,
Antes das Artes a qualquer se ensina;
Dão-lhe lições de ler, contar, de canto,
E o Catecismo da Cristã Doutrina:
Vendo-os o rude Pai, concebe espanto,
E pelo filho a Mãe à Fé se inclina,
Nem de meio entre nós mais apto se usa,
Que aquela Gente bárbara reduza.

Nessa estrofe, evidencia-se


a) o respeito ao ensinamento dos índios mais velhos.
b) a defesa da preservação da cultura indígena.
c) o elogio do comportamento obediente dos nativos.
d) a descrição da amizade entre portugueses e indígenas.
e) a exaltação do trabalho evangelizador dos portugueses.

3)Assinale a única opção correta:


O poema épico CARAMURU, de Santa Rita Durão, conta sobre:
a) a permanência de Diogo Álvares Correia entre os índios e seu casamento com a
bela índia Moema.
b) a luta entre Caramuru e Tabajara para a chefia dos índios tupis.
c) o sacrifício da índia Lindóia para salvar a vida de Diogo Álvares Correia, na sua
fuga da aldeia dos índios tapuias.
d) a vinda de Diogo Álvares Correia para o Brasil, sua permanência entre os índios
e sua partida para a França, levando a índia Paraguaçu.

4)Composta por dez cantos, tem como personagem principal Diogo Álvares Correia,
e narra o descobrimento da Bahia. Essa informação se refere a que obra do
Arcadismo?

a) Carta de Pero Vaz de Caminha, de Pero Vaz de Caminha.


b) Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa.
c) Caramuru, de Santa Rita Durão.
d) O Navio Negreiro, de Castro Alves.
e) Os Escravos, de Castro Alves.
5)Uma das afirmações abaixo é incorreta. Assinale-a:

a) O escritor árcade reaproveita os seres criados pela mitologia greco-romana,


deuses e entidades pagãs. Mas esses mesmos deuses convivem com outros seres
do mundo cristão.

b) A produção literária do Arcadismo brasileiro constitui-se sobretudo de poesia, que


pode ser lírico-amorosa, épica e satírica.

c) O árcade recusa o jogo de palavras e as complicadas construções da linguagem


barroca, preferindo a clareza, a ordem lógica na escrita.

d) O poema épico Caramuru, de Santa Rita Durão, tem como assunto o


descobrimento da Bahia, levado a efeito por Diogo Álvares Correia, misto de
missionários e colonos português.

e) A morte de Moema, índia que se deixa picar por uma serpente, como prova de
fidelidade e amor ao índio Cacambo, é trecho mais conhecido da obra O Uraguai,
de Basílio da Gama.

6)Indique a alternativa INCORRETA acerca do Arcadismo.

a) Os poetas árcades eram chamados de “poetas fingidores”, porque utilizavam


pseudônimos.
b) Os poetas árcades foram influenciados por três pilares do Iluminismo: natureza,
razão e verdade.
c) O Arcadismo é uma escola literária marcada pela linguagem coloquial e pela
abordagem a temas polêmicos.
d) Carpe Diem, expressão em latim que significa “aproveite o dia” reflete uma
tendência do Arcadismo.

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