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Com a morte de Carlos Magno em 814, seu filho Luís, o Piedoso, procurou consolidar o Império. No
entanto, a própria multiplicidade de povos sob domínio carolíngio dificultava a centralização do governo.
Além disso, não havia moeda para pagar soldados e funcionários, que recebiam terras por seus serviços,
o que fortalecia os nobres proprietários de terras e enfraquecia o poder real. Luís I ainda teve de
enfrentar seus próprios filhos rebelados, que disputavam entre si o poder. Após sua morte, em 840, o
território franco foi dividido entre seus três filhos pelo Tratado de Verdun, assinado em 843.
A divisão do reino acentuou um panorama de descentralização política no Ocidente europeu,
processo que ocorria desde os momentos finais do Império Romano. Para agravar a situação, a Europa
sofreu, entre os séculos IX e X, uma nova série de invasões de povos vindos de outras regiões. Os ataques
provocaram o colapso da autoridade política dos reis, que já era muito frágil. O trabalho servil, a
fragmentação do poder real e a consagração do poder da Igreja serão algumas das características de uma
nova realidade histórica: o feudalismo.
Feudalismo
A gradual desestruturação do Império Romano possibilitou a formação de novas formas de relação
de trabalho, especialmente do homem para com a terra. Entre essas novas formas de relação, destaca-se
o colonato.
Nesse modelo, indivíduos livres e mesmo escravos se estabeleciam de modo fixo no interior de
grandes propriedades, num lote de terra demarcado, devendo entregar parte de sua produção ao
proprietário. Além disso, deviam pagar taxas, realizar tarefas complementares e trabalhar nas terras do
senhor.
Esse movimento em direção às grandes propriedades está associado à tentativa de fuga dos
camponeses das elevadas taxações do governo romano sobre os donos de terras, ao colapso da economia
mercantil do Império e à insegurança crescente da vida nas cidades, especialmente após as migrações
dos povos não romanos, como visto anteriormente.
Neste cenário de instabilidade, a sociedade romana ruralizou-se e passou a apresentar, de modo
geral, uma divisão básica entre proprietários e camponeses. Esse processo de divisão levou a um
crescente enrijecimento da hierarquia social.
Outro fator que contribuiu de maneira significativa para esse processo de reclusão social foi a
difusão do cristianismo após o século IV. A partir desse momento, quando o cristianismo se tornou crença
oficial em Roma, o clero – composto de homens responsáveis pelos rituais da liturgia cristã – foi aos
poucos ganhando privilégios especiais e grandes poderes políticos (na administração civil) e econômicos
(por suas crescentes propriedades rurais). Esses representantes da Igreja passaram a ser responsáveis
pela salvação de todos os homens, ou seja, a via de comunicação essencial entre o céu e a terra. À
medida que ganhava força e prestígio, a Igreja tornou-se a principal instituição reguladora da sociedade.
Instaurou-se nesse período a mentalidade teocêntrica, ou seja, Deus era o centro de todas as coisas e
toda a sociedade deveria ser ordenada por e para Ele.
Os povos germânicos que entraram nos territórios romanos, inicialmente como federados e depois
nos reinos que formaram, não alteraram esse processo em desenvolvimento; ao contrário, contribuíram
na formação do feudalismo – resultado das combinações de instituições e tradições romanas e
germânicas.
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