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LIVRO DO ANIMADOR

ANO 2
LIVRO DO ANIMADOR – ANO 2

Itinerário de preparação
para a JMJ Lisboa 2023

Ficha técnica
Nada obsta
08 de setembro de 2021, Natividade da virgem de Santa Maria
D. Joaquim Mendes, Bispo Auxiliar do Patriarcado de Lisboa

Textos bíblicos
CEP, Bíblia, Os Quatro Evangelhos e os Salmos, 2019
Edição litúrgica dos textos bíblicos

Elaboração
Direção de Pastoral e Eventos Centrais
da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023

Fotografias
Vatican Media

Design Gráfico
Douglas Azevedo
Leila Ferreira
Fundação Salesianos

Propriedade
Fundação JMJ Lisboa 2023

Equipa de redação
Alice Neto (Paróquia de Alcochete, Diocese de Setúbal); Ana Ferreira (Paróquia de
Odivelas, Patriarcado de Lisboa); Ana Rita Soares (Juventude Mariana VIcentina); Pe.
André Batista (Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil, Diocese de Leiria – Fátima);
António d’Oliveira (Comunidade Emanuel) Pe. Bruno Dinis (Missionários Passionistas);
Carlota Cardoso (Paróquia de S. Julião do Tojal, Patriarcado de Lisboa); Cátia Sousa
(Jovens Sem fronteiras), João Paulo Monteiro (Equipas de Jovens de Nossa Senhora),
Liliana Maia (Leigos Missionários Combonianos); Ir. Linda Vieira (Filhas de Maria
Auxiliadora, Salesianas); Ir. Idalécia Videira (Irmãs Doroteias); Pe. Luís Rafael Azevedo
(Departamento Diocesano da Pastoral Juvenil, Diocese de Lamego); Maria Lopes
(Paróquia da Póvoa de Santa Iria, Patriarcado de Lisboa); Pedro Feliciano (Serviço da
Juventude, Patriarcado de Lisboa); Romana Esteves (Paróquia de Olhalvo, Patriarcado
de Lisboa); Rui Lourenço Teixeira (Corpo Nacional de Escutas – Escutismo Católico
Português); Ir. Sandra Bartolomeu (Servas de Nossa Senhora de Fátima); Susana
Ferreira (Comunidade Emanuel)); Teresa Lehrfeld (Equipas de Jovens de Nossa
Senhora); Pe. Tiago Neto (Patriarcado de Lisboa Zuzanna Szpura (Paróquia de São
Jorge de Arroios, Patriarcado de Lisboa).

Revisão teológica
D. Vitorino José Pereira Soares (Bispo Auxiliar da Diocese do Porto)
Cón. Luís Miguel Figueiredo Rodrigues (Arquidiocese de Braga)
Cón. Mário José Rodrigues de Sousa (Diocese do Algarve)
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR 3

RISE UP - ANO 2
Levanta-te!
O segundo ano do itinerário Rise Up, acompanhando os textos de São Lucas (Evangelho
e Atos), propõe a descoberta de Jesus como Aquele que se levanta! Na sua morte e res-
surreição, Ele realiza plenamente a atitude de levantar-se, fazendo da sua vida um dom
generoso e gratuito de si aos outros, derrotando o pecado e levantando-se da morte como
Senhor da vida e da história. Os jovens são convidados a contemplar o imenso amor de
Jesus por nós, de que a sua cruz é o sinal. Imitando Jesus, são desafiados a levantarem-se
dando a vida pelos outros. A experiência do encontro com Cristo ressuscitado valoriza a
dimensão comunitária da fé, através da partilha da própria vida com os outros; da expe-
riência de serem acompanhados no seu caminho de vida e de se tornarem, também eles,
companheiros de caminho junto de outros jovens, servindo-os e despertando-os para o
sentido cristão da vida. As experiências de serviço aos outros que poderão vivenciar no
projeto “Eu sou uma missão” ajudarão a fomentar a sua vocação missionária e a captar
o interesse de outros jovens pela fé. Está previsto realizar-se a partir do encontro 17, se
bem que possa ser realizado noutra altura.

ENCONTROS
Momentos/Dimensões de cada um dos encontros

Ambientação:
“Prepara-te” – Jornada Mundial da Juventude

Palavra de Deus:
“Escuta” – Querigmática

Atualização da mensagem cristã:


“Acolhe” – Querigmática

Confronto individual com a mensagem cristã:


“Interroga-te” – humana, espiritual e litúrgica

Partilha de vida em grupo:


“Partilha” – humana, espiritual e litúrgica

Oração pessoal e comunitária:


“Reza” – espiritual e litúrgica

Compromisso pessoal e comunitário:


“Levanta-te” – missionária e pastoral
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #10 4

ENCONTRO #10
Levanta-te e sê persistente
Texto bíblico:
Lc 11, 1-8

Objetivos:
• (Re)descobre que Deus é um Pai próximo.
• Valoriza o que é realmente importante.
• Motiva-te para realizar gestos de partilha.

Observações pedagógicas/Indicações práticas:


• Ter 3 pães no cenário.
• Se o grupo está a iniciar os encontros Rise Up pela primeira vez, dever-se-á realizar
o encontro 0 do primeiro ano, com o qual se pretende que os jovens tenham uma
introdução ao itinerário, bem como ao significado bíblico do verbo “levantar-se” nos
escritos de São Lucas.

PREPARA-TE
Jornada Mundial da Juventude

O animador faz uma pequena introdução em que aborda o caminho percorrido pelo
grupo no ano anterior e a centralidade do verbo “levanta-te” como um elemento central
de todos os encontros.

Se o grupo está a iniciar este itinerário de preparação para a JMJ, o animador faz alusão
à importância deste verbo “Levantar-se”, decorrente do encontro 0.

Materiais:
• Papéis com a Palavra “Pai” em várias línguas.
• Letras necessárias para dinâmica.
• Recipiente.
• Tela, computador, projetor e colunas.
• Hino da JMJ 1991.

Tempo: 20 minutos

Dinâmica com a palavra “Pai”


• Preparar vários papéis com a palavra “Pai”, escrita em várias línguas, uma delas terá
de ser Aramaico (“Abba”).
• Colocar num recipiente todas as letras que estão presentes nas palavras escolhidas
(Por exemplo: se usarem a palavra Father, no recipiente devem estar recortadas as
seguintes letras F-A-T-H-E-R).
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• A quantidade de letras no recipiente deve ser ligeiramente superior às que serão


necessárias (Por exemplo: se forem necessárias 4 letras “A”, devem colocar 6).
• No início da dinâmica, o animador distribui por cada jovem um papel onde estará
escrita a palavra “Pai” (em línguas diferentes).
• O objetivo é que os jovens, no mínimo tempo possível, consigam encontrar no reci-
piente as letras correspondentes à palavra que está no seu papel.

No fim da dinâmica, o animador pergunta aos jovens se conhecem o significado da pala-


vra que lhes calhou. Depois de entenderem que a todos calhou a palavra “Pai” numa lín-
gua diferente, é referido que existe uma delas que vai ter mais destaque neste encontro
porque está relacionada com o texto bíblico que vai ser escutado, trata-se da expressão
Aramaica “Abba”, que era a palavra utilizada por Jesus para se referir ao Pai.

Na história das JMJ, houve um Hino onde essa expressão assumiu um papel muito impor-
tante, sendo cantada no refrão. Escuta-se, então, o Hino da JMJ 1991, realizada em
Hino da JMJ 1991 Czestochowa, na Polónia.

ESCUTA
Querigmática
Materiais: Bíblia

Tempo: 5 minutos

De seguida, o animador convida um jovem a fazer a leitura do texto bíblico.

Evangelho segundo S. Lucas (Lc 11, 1-8)

1
E aconteceu que, estando Ele num certo lugar a rezar, quando acabou, disse-lhe um dos
seus discípulos: «Senhor, ensina-nos a rezar, tal como João ensinou os seus discípulos».
2
Disse-lhes, então: «Quando rezardes, dizei:
Pai,
santificado seja o teu nome,
venha o teu reino,
3
dá-nos cada dia o nosso pão quotidiano,
4
perdoa-nos os nossos pecados,
pois também nós perdoamos a todo aquele que nos ofende
e não nos deixes cair em tentação».
5
E disse-lhes: «Quem de vós terá um amigo e irá ter com ele a meio da noite para lhe
dizer: “Amigo, empresta-me três pães, 6 visto que um amigo meu chegou de viagem e
nada tenho para lhe pôr à frente”; 7 e ele, de dentro, respondendo, dirá: “Não me importu-
nes, a porta já está fechada, e os meus filhos estão na cama comigo; não posso levantar-
-me para tos dar”? 8 Digo-vos: ainda que não se levante para lhos dar por ser seu amigo,
levantar-se-á por causa da falta de vergonha dele e dar-lhe-á tudo quanto necessite».

Palavra da Salvação.
Glória a Vós, Senhor.
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #10 6

ACOLHE
Querigmática
Tempo: 15 minutos

Depois da leitura do texto, o animador orienta o grupo no sentido de compreender que


o texto tem duas grandes partes:

• Na primeira, Jesus reza e ensina os discípulos a rezar, tratando a Deus como Pai.
• Na segunda, através de uma história, a parábola do amigo inoportuno, Jesus fala da
importância de insistir quando pedimos algo que é de facto necessário (seja para
nós ou para os outros).

De seguida, apresenta a relação entre as duas partes do texto, destacando:

• Jesus mostra-nos que, na oração, existe uma relação de proximidade entre Deus
e nós, uma intimidade tal em que o podemos tratar como nosso Pai ou melhor
como “ABBA”, que significa “PAPÁ”; uma expressão carinhosa utilizada, muitas vezes,
pelas crianças com a certeza de que diante do Pai estão perante alguém em quem
podem confiar e pedir aquilo de que precisam.
• Na nossa vida quotidiana vamos tendo necessidades; para as vermos solucionadas
é necessário que não desistamos de lutar. Aconteceu com aquele homem que pre-
cisava de alimentar um amigo e não tinha pão em casa. Porque precisava de ver-
dade, insistiu até conseguir aquilo que lhe fazia falta.
• Através desta parábola, Jesus convida-nos a sermos perseverantes na oração e a
pedirmos a Deus o que nos faz falta: pedir ao Pai, insistir com Ele, ser “importuno”
no horário ou no que quer que seja até obter uma resposta afirmativa. Se no nosso
coração sentimos verdadeiramente uma necessidade, não tenhamos receio de falar
com o Pai sobre isso, as vezes que forem precisas.

Sugestão: Vídeo com o testemunho de um jovem que passe a mensagem de que é pre-
ciso insistir (na vida concreta e na oração).
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #10 7

INTERROGA-TE
Humana, espiritual e litúrgica

Materiais: papéis para todos os jovens

Tempo: 15 minutos

Este momento será composto por três pequenas etapas, nas quais os jovens serão convi-
dados a refletir individualmente sobre algumas questões relacionadas com o tema deste
encontro (entregar as questões em 3 papéis diferentes).

1º Eu

• No dia a dia, sou alguém que insiste ou que desiste?


• Luto, com empenho, por coisas que valem a pena?

2º Eu e Deus

• Quando rezo, faço-o com a consciência de que Deus é um Pai carinhoso e em quem
posso confiar? A oração é para mim ocasião de descoberta do que Deus me quer dar?

3º Eu e os outros

• Estou atento às necessidades daqueles que mais precisam de mim?


• Quando insistem comigo para fazer algo que será bom para os outros, faço-o ou,
quando é exigente, acabo por desistir? Porquê?

PARTILHA
Humana, espiritual e litúrgica

Tempo: 20 minutos

De que modo é que estas três dimensões são um alimento para a tua vida?

Depois do tempo de reflexão o animador introduz o momento de “Partilha” convidando


os jovens a olharem para os três pães que estão no cenário do encontro.

Depois lembra a importância do pão na nossa alimentação e que o texto bíblico se refere
a alguém que vai pedir três pães para alimentar um amigo.

De seguida indica que os três pães do cenário representam as três etapas do momento
anterior: A minha relação comigo próprio, a minha relação com Deus e a minha relação
com os outros.

Finalmente, lança a partilha em grupo, pedindo aos jovens que indiquem de que modo
estas três dimensões são um alimento para a sua vida.
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #10 8

(Permite que os jovens partilhem a sua opinião livremente. No fim o animador faz uma sín-
tese das várias perspetivas indicando o mais relevante).

REZA
Espiritual e litúrgica

Materiais: Exortação Apostólica “Cristo Vive”

Tempos: 5 minutos

De seguida, propõe que, em silêncio, cada participante leia o seguinte texto, quiçá com-
pletando o que foi partilhado pelos jovens.

Exortação Apostólica CRISTO VIVE, 117

Quando (Deus) te pede alguma coisa ou quando, simplesmente, permite aqueles desa-
fios que a vida te apresenta, espera que lhe dês espaço para te poder fazer seguir em
frente, para te promover, para te amadurecer. Não o incomoda que lhe apresentes as
tuas interrogações, aquilo que o preocupa é que tu não fales com Ele, não te abras, com
sinceridade, ao diálogo com Ele. Conta a Bíblia que Jacob teve uma discussão com Deus
(cf. Gn 32,25-31), e isso não o afastou do caminho do Senhor. Na realidade, é Ele mesmo
que nos exorta: «Vinde então para discutirmos» (Is 1,18). O seu amor é tão real, tão ver-
dadeiro, tão concreto, que nos oferece uma relação cheia de diálogo sincero e fecundo.
Finalmente, procura o abraço do teu Pai do Céu no rosto amoroso das suas valentes tes-
temunhas na terra!

Depois, convida a rezar a oração do Pai Nosso.

Pai-Nosso

LEVANTA-TE
Missionária e pastoral

Tempo: 5 minutos

“INSISTE; PERSISTE; NÃO DESISTAS! Ámen”

Insiste no diálogo com Deus... fala com Ele todos os dias e não te esqueças de que é teu Pai.
Persiste naquilo que és… não tenhas medo de arriscar.
Não desistas de ajudar os outros… partilha um pouco do que tens, mesmo que te custe.
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #10 9

CONTINUA
O animador desafia os jovens a convidar alguém, INSISTENTEMENTE, para integrar este
Itinerário de Preparação para a JMJ (RISE UP). Na verdade, é essencial passar a mensa-
gem de que não basta querer participar na JMJ, mas que também é necessário fazer
um caminho de preparação. Quanto mais preparados estivermos, melhor aproveitare-
mos aqueles dias incríveis.

EU CREIO
A expressão tradicional «oração dominical (isto é, oração do Senhor) significa que a
prece dirigida ao nosso Pai nos foi ensinada e legada pelo Senhor Jesus. Tal oração, que
nos vem de Jesus, é verdadeiramente única: é «do Senhor». Efectivamente, por um lado,
nas palavras desta oração o Filho Único dá-nos as palavras que o Pai Lhe deu: Ele é o
mestre da nossa oração. Por outro lado, sendo o Verbo encarnado, Ele conhece no seu
coração de homem as necessidades dos seus irmãos e irmãs humanos e revela-no-las:
Ele é o modelo da nossa oração. (Catecismo da Igreja Católica, n. 2765)

Guardar para o caminho

• Este encontro levou-nos a tomar mais consciência de que Deus é nosso Pai e está
sempre connosco.
• Recordou-nos como Jesus ensinava os discípulos a rezar com as palavras que nós
repetimos quando rezamos o Pai-nosso.
• Compreendemos melhor que podemos pedir tudo a Deus, nosso Pai, e que Ele nos
dá sempre aquilo que é melhor para nós.
• Descobrimos ainda que para sermos filhas/filhos do Pai do Céu temos de estar dis-
poníveis para partilhar com os irmãos aquilo que recebemos.
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #11 10

ENCONTRO #11
Levanta-te e deixa-te abraçar pelo Pai

Texto bíblico:
Lc 15, 11-32

Objetivos:
• Toma consciência do imenso amor que Deus tem por ti.
• Faz a experiência da reconciliação, deixando-te abraçar pelo amor do Pai.
• Vai ao encontro dos outros, com gestos de fraternidade.

Observações pedagógicas/Indicações práticas:


• Quadro do Filho pródigo de Rembrandt.
• Vídeos.
• Nos momentos “Partilha” e “Reza”, se não for possível realizar a proposta indi-
cada, sugere-se que, em vez do abraço, os jovens fiquem em pares, frente a frente,
olhando-se nos olhos e dizendo um ao outro palavras que exprimam o gesto do
abraço. Se o encontro não for presencial, pode realizar-se esta dinâmica em salas
simultâneas.
• Pode prever-se, para este encontro ou noutro momento, a celebração do
Sacramento da Reconciliação.

PREPARA-TE
Jornada Mundial da Juventude
Tempo: 10 minutos

O animador relembra o encontro anterior e o desafio a serem convidados outros jovens


para participar. Se veio alguém de novo, é acolhido com cordialidade e convidado a apre-
sentar-se brevemente.

De seguida, o animador sugere que os jovens, olhando em volta, pensem em uma ou


duas pessoas do grupo.

O animador convida a que fechem os olhos e pensem como Deus está feliz porque as
pessoas em que os jovens pensaram estão ali no meio deles. Deus Pai acolhe-nos a todos
e por isso temos que nos alegrar por cada pessoa presente.

De seguida, referindo que a Jornada Mundial da Juventude é um forte momento de encon-


tro e de abraço entre pessoas e culturas, convida o grupo a expressar a alegria pela pre-
sença de todos, através da forma que considerar mais apropriada, se possível com um
abraço. (Outras formas, por exemplo, um sorriso, um elogio, um agradecimento, uma
mensagem que expresse a alegria por alguém estar presente).
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #11 11

ESCUTA
Querigmática
Materiais:
• Bíblia / texto Bíblico
• Quadro de Rembrandt
• Vídeo com explicação do quadro: https://www.youtube.com/watch?v=0TgUikT-_Oc
• Vídeo Filho pródigo atualizado: https://youtu.be/C3g0X92Q3UY

Tempo: 20 minutos

De seguida, o animador convida um jovem a fazer a leitura do texto bíblico.

Evangelho segundo São Lucas (Lc 15, 11-32)


11
Disse ainda: «Um homem tinha dois filhos. 12 O mais novo deles disse ao pai: “Pai, dá-me
a parte dos bens que me toca”. O pai repartiu os bens entre eles. 13
Não muitos dias
depois, o filho mais novo, juntando tudo, partiu para uma região distante e aí esbanjou
os seus bens, vivendo dissolutamente. 14 Depois de ele gastar tudo, surgiu uma grande
fome naquela região, e ele começou a passar privações.
15
Uniu-se, então, a um dos cidadãos daquela região, que o mandou para os seus cam-
pos guardar porcos[5]. 16 Desejava saciar-se com as bolotas que os porcos comiam, mas
ninguém lhas dava.
17
Então, caindo em si, disse: “Quantos assalariados de meu pai têm pão em abundância, e
eu aqui morro de fome! 18 Vou levantar-me, ter com meu pai e dizer-lhe: ‘Pai, pequei con-
tra o céu e para contigo; 19 não mais sou digno de ser chamado teu filho. Trata-me como
um dos teus assalariados’”. 20 E levantando-se foi ter com o seu pai.

Ainda ele estava longe, quando o seu pai o viu e se compadeceu profundamente; cor-
rendo, então, lançou-se-lhe ao pescoço e beijou-o repetidamente. 21
Disse-lhe o filho:
“Pai, pequei contra o céu e para contigo; não mais sou digno de ser chamado teu filho”.
22
O pai, porém, disse aos seus servos: “Trazei depressa a melhor veste[6] e vesti-lha, dai-
-lhe um anel para a sua mão e sandálias[7] para os pés; 23 trazei o vitelo gordo, matai-o e
festejemos comendo, 24 porque o meu filho estava morto e voltou à vida, estava perdido
e foi encontrado”. E começaram a festejar.
25
Ora, o seu filho mais velho estava no campo[8]. Quando voltou e se aproximou da casa,
ouviu músicas e danças, 26
chamou um dos servos e procurou saber o que era aquilo.
27
Ele disse-lhe: “O teu irmão voltou, e o teu pai matou o vitelo gordo, porque o recebeu
de volta são e salvo”. 28 Ficou irado e não queria entrar, mas o seu pai saiu para lhe supli-
car. 29 Em resposta, disse ao seu pai: “Eis que há tantos anos te sirvo, nunca transgredi
uma ordem tua e nunca me deste um cabrito para eu festejar com os meus amigos.
30
Mas, quando veio esse teu filho, que devorou os teus bens com prostitutas, mataste-
-lhe o vitelo gordo”. 31 Ele disse-lhe: “Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #11 12

teu; 32 mas era necessário festejar e alegrarmo-nos, porque este teu irmão estava morto
e voltou à vida, estava perdido e foi encontrado”».

Palavra da Salvação.
Glória a Vós, Senhor.

Depois da um momento de silêncio, propõe-se a visualização:

• do vídeo com a explicação do quadro de Rembrandt “O regresso do filho pródigo”.


• ou do vídeo Filho pródigo atualizado:

O Regresso do Depois, o animador convida os jovens a colocarem-se na cena:


filho pródigo
a. Imaginando-se no lugar do filho pródigo, procurando ver o que de comum têm com ele.
b. Imaginando-se no lugar do filho mais velho, procurando ver o que de comum têm
com ele.
c. Imaginando-se no lugar do Pai, procurando sentir-se a abraçar e a ser abraçados
por Ele.

No final, propõe um breve diálogo em que cada um partilha o que sentiu ao colocar-se
Filho pródigo no lugar dos diferentes personagens e com qual se identificou mais.
atualizado
Depois, comenta, brevemente, outros aspetos do texto com a ajuda do seguinte texto
de D. António Couto:

«(…) Jesus traz para a cena, (…) um Pai excecionalmente maravilhoso e bom, em quem pulsa
um imenso coração e vibram entranhas de misericórdia. Tem dois filhos, que nos represen-
tam a todos: um claramente pecador, que opta por sair de casa, depois de ter pedido ao pai
a sua parte da herança. Note-se que todo o pai dá três coisas aos seus filhos: o pão, todos
os dias; roupas novas, nos tempos festivos; a herança, uma única vez na vida, pouco antes
de morrer. (…) O pedido deste filho de receber a herança assume, portanto, um imenso dra-
matismo. Fazendo o pedido que faz, este filho como que mata o pai, ao mesmo tempo que
morre como filho! Não quer mesmo mais ser filho nem depender de nenhum pai.

Parte para longe, gasta tudo, torna-se um assalariado desamparado, guarda porcos, vive
abaixo de porco (não lhe é sequer permitido comer com os porcos, como os porcos!). É o
seu ponto mais baixo. Pensa então em voltar para casa, mas como assalariado, não como
filho. Prestemos atenção ao discurso em três pontos que prepara: 1) «Pai, pequei contra
o céu e contra ti; 2) não sou mais digno de ser chamado teu filho; 3) trata-me como um
dos teus assalariados» (Lucas 15,18-19).

Ei-lo, portanto, que regressa. Mas já o Pai está à espera dele com um imenso abraço
de alma a alma. Mas o filho tinha preparado o seu discurso em três pontos, e ei-lo que
começa a debitá-lo: 1) «Pai, pequei contra o céu e contra ti; 2) não sou mais digno de ser
chamado teu filho» (Lucas 15,21). Como se compreende, o terceiro ponto do discurso que
tinha preparado era fatal, e o filho já não o diz. Não porque não quisesse, mas porque o
Pai o interrompe, dizendo aos criados: «Depressa…» (Lucas 15,22).

É então que a surpresa enche outra vez a cena. Quando nós regressamos a casa, a Deus,
nunca encontraremos um Pai distraído, ou que mudou de residência, ou que responde
de forma brusca, distante e fria. Está lá sempre à nossa espera, na soleira da porta ou
à janela, verdadeiramente comovido, a transbordar de misericórdia desde as entranhas
(splagchnízomai) (Lucas 15,20), de braços abertos, precede-nos, recebe-nos, reabilita-nos
como filhos fazendo-nos vestir «o primeiro vestido» (stolê tê prôtê) (Lucas 15,22), isto é,
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #11 13

o que vestíamos antes e abandonámos, portanto, o de filhos, quando nós queremos é


ser assalariados. Depois, faz uma festa, mata o vitelo gordo, prepara um banquete de
arromba (euphraínô), vai mesmo até ao ponto de chamar uma orquestra (symphônía)!
Alegria excessiva deste Pai pródigo de amor e misericórdia!

É aqui que surge em cena o outro filho, que estava no campo (Lucas 15,25). Esta nota do
«campo» serve só para nos dizer que é um dia de semana, e que o Pai desta história faz
festa sem esperar pelo fim-de-semana! Este filho mais velho é retratado como um bom
cumpridor de ordens, um «justo» e zeloso fariseu, igualzinho aos fariseus «justos» e zelo-
sos que tinham aparecido no início da história. Tal como estes, também este filho se acha
com direitos e créditos sobre Deus. Em Deus não vê um Pai, mas um patrão que tem de
lhe pagar, pois «nunca transgrediu uma ordem dele» (Lucas 15,29). Sempre igualzinho
aos fariseus que no início da história recriminavam Jesus porque acolhia e comia com
os pecadores, também este filho recrimina o seu pai por acolher e ter tudo preparado
para comer com um pecador! O Pai implora-lhe que entre para o banquete da alegria.»

Texto completo:
www.educris.com/v3/liturgia/8872-domingo-xxiv-do-tempo-comum-esta-parabola-da-
-misericordia

ACOLHE E INTERROGA-TE
Querigmática
Materiais:
• Espaço para registo das respostas.
• Música de fundo.

Tempo: 15 minutos

O animador prossegue o encontro, propondo, com base no seguinte texto do Papa


Francisco, no Angelus de 15.09.2019, um momento de interrogação pessoal.

“Deus é o Pai que espera o regresso do filho pródigo: Deus espera sempre por nós, não
se cansa, não desanima. Porque somos nós, cada um de nós, o filho abraçado de novo
(…). Ele espera todos os dias que nos apercebamos do seu amor. Tu dizes: «Mas eu com-
Papa Francisco, portei-me mal, tive muitos comportamentos maus!». Não tenhas medo: Deus ama-te, Ele
Angelus, 15.09.2029 ama-te tal como és e sabe que só o Seu amor pode mudar a tua vida.”

Como é a minha relação com Deus? Em que ocasiões experimentei que sou amado
infinitamente por Ele?

“Mas este amor infinito de Deus por nós, pecadores, que é o coração do Evangelho, pode
ser rejeitado. É o que faz o filho mais velho da parábola. Ele não entende o amor naquele
momento e tem em mente mais um dono do que um pai. É um risco para nós também:
Papa Francisco, acreditar num deus mais rigoroso do que misericordioso, um deus que derrota o mal
Angelus, 15.09.2029 com o poder e não com o perdão.”
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #11 14

Qual é a imagem que tenho de Deus? Em que ocasiões rejeitei o seu amor? Há
alguma coisa que me dificulta levantar-me e ir ter com o Pai? O que me dificulta
acolher o abraço do Pai?

“Não é assim, Deus salva com o amor, não com a força; propondo-se e não se impondo.
Mas o filho mais velho, que não aceita a misericórdia do seu pai, fecha-se, comete um erro
pior: ele presume que é justo, presume que é atraiçoado e julga tudo com base no seu
conceito de justiça. Então ele zanga-se com o irmão e reprova o pai: «Mataste o bezerro
gordo agora que este teu filho voltou» (cf. v. 30). Este teu filho, não lhe chama meu irmão,
Papa Francisco, mas o teu filho. Ele sente-se como um filho único. Também nós erramos quando acha-
Angelus, 15.09.2029 mos que temos razão, quando achamos que os maus são os outros.”

Como é a minha relação com as outras pessoas (da família, colegas, etc.)? Que
dificuldades experimento nas minhas relações? Que experiências tenho de me
“zangar” com alguém? Alegro-me com a alegria dos outros?

PARTILHA
Humana, espiritual e litúrgica

Tempo: 20 minutos

Segue-se, depois, um momento de partilha da reflexão individual. O animador refere que,


assim como o filho mais novo desabafou com o Pai e experimentou o dom do abraço,
assim cada jovem é convidado, se possível, a receber um abraço e a partilhar o que medi-
tou. Um de cada vez é convidado a abraçar quem está à sua direita. Após sentir o abraço,
faz a partilha sobre a sua reflexão.

Como alternativa, em vez de um abraço, pode enviar-se a seguinte mensagem para outro
jovem: “Um abraço especial para ti”.

REZA
Espiritual e litúrgica

Tempo: 10 minutos

Materiais:
• http://conferenciaepiscopal.pt/biblia/index.php/Sl_86
• Quadro de Rembrandt
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #11 15

Depois, reza-se o Salmo 86

De seguida, o animador, referindo que “Deus espera sempre por nós, não se cansa, não
desanima” e recordando a passagem de São Lucas: “E levantando-se foi ter com o seu
pai.”, convida cada um a levantar-se e a olhar para o quadro de Rembrandt fazendo uma
ressonância (repetindo uma frase/palavra de que mais gostou) do salmo ou da passa-
gem bíblica de Lucas.

Salmo 86 No final, reza-se o Pai Nosso, se possível, abraçados.

LEVANTA-TE
Missionária e pastoral
Tempo: 5 minutos

Os jovens são desafiados a reconciliar-se com alguém que os tenha ofendido ou que
tenham ofendido e a celebrar o Sacramento da Reconciliação.

Podem, também, organizar uma festa para alguém/conjunto pessoas que esteja(m) a
passar dificuldades.

CONTINUA

Ver o filme: “Dead Man Walking”

EU CREIO
Ora, o apelo de Cristo à conversão continua a fazer-se ouvir na vida dos cristãos. Esta
segunda conversão é uma tarefa ininterrupta para toda a Igreja, que contém pecadores
no seu seio» e que é, ao mesmo tempo, santa e necessitada de purificação, prosseguindo
constantemente no seu esforço de penitência e de renovação. Este esforço de conver-
Catecismo da Igreja são não é somente obra humana. É o movimento do «coração contrito» atraído e movido
Católica, n. 1428 pela graça para responder ao amor misericordioso de Deus, que nos amou primeiro.
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #12 16

Guardar para o caminho

Compreendemos melhor que Deus é um Pai que nos ama tanto que nos espera de bra-
ços abertos, como o Pai do Filho Pródigo, cada vez que nos afastamos dele.

Tomámos consciência de que é no sacramento da Reconciliação que Deus nos acolhe


com um amor imenso.

Compreendemos como temos, também nós, de perdoar a quem nos ofende e magoa.

ENCONTRO #12
Levanta-te e Agradece
Texto bíblico:
Lc 7, 11-17

Objetivos:
• Desperta para a importância do agradecimento.
• Valoriza a proximidade como fonte de cura.

Observações pedagógicas/Indicações práticas:


• Se o encontro não for presencial, adapta-se a proposta do momento “Prepara-te”,
por exemplo pedindo a cada jovem que faça o gesto de atirar a “bola” dizendo o
nome da pessoa que a vai receber.
• Reforçar o valor da palavra “obrigado” (que pode aparecer como pano de fundo).
• A visualização do filme pode ser vista em conjunto (num outro encontro).

PREPARA-TE
Jornada Mundial da Juventude

Materiais:
• Pequena bola (se for presencial).
• Fotos do “Parque do perdão” da JMJ

Tempo: 10 minutos
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #12 17

O encontro começa com uma breve partilha relativa à experiência de reconciliação vivida
pelos jovens. Para esta partilha propõe-se a dinâmica da “batata quente” em que cada
jovem, depois da sua partilha com o grupo, atira uma bola para outra pessoa ou, simples-
mente diz o seu nome para que faça o mesmo.

No final, fazendo também a sua partilha, o animador refere a importância que tem na
Jornada Mundial da Juventude a celebração do Sacramento da Reconciliação, mostrando
algumas fotos dos parques do perdão.

Faz, depois, a passagem à proclamação do texto bíblico, afirmando o valor do agradeci-


mento como fruto do perdão.

ESCUTA
Querigmática
Materiais:
• Bíblia
• https://mesadepalavras.wordpress.com/2019/10/

Tempo: 20 minutos

De seguida, o animador convida um jovem a fazer a leitura do texto bíblico.

Evangelho segundo São Lucas (Lc 17, 11-19)


11
E aconteceu que, ao ir para Jerusalém, Ele atravessava a Samaria e a Galileia. 12 E, tendo
Ele entrado numa povoação, vieram-lhe ao encontro dez leprosos, que ficaram à distância.
13
Eles levantaram a voz, dizendo: «Jesus, Mestre, tem misericórdia de nós!». 14
Ao vê-los,
Jesus disse-lhes: «Ide mostrar-vos aos sacerdotes». E aconteceu que, enquanto eles iam,
ficaram purificados.
15
Mas um deles, ao ver que fora curado, voltou glorificando Deus com voz forte, 16 e caiu
com o rosto por terra aos pés de Jesus, dando-lhe graças. Era um samaritano. 17 Em res-
posta, Jesus disse: «Não foram os dez purificados? Onde estão os outros nove? 18 Não se
encontrou quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro?». 19 Disse-
lhe, então: «Levanta-te e vai; a tua fé te salvou».

Palavra da Salvação.
Glória a Vós, Senhor.

Depois da proclamação da passagem bíblica, os jovens, em pares, são convidados a


aprofundar o sentido do texto bíblico, destacando o que consideram mais importante
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #12 18

em apenas um dos textos seguintes. No final faz-se uma partilha, em jeito de chuva
de ideias, com os aspetos essenciais, começando pelos pares do texto 1 e terminando
com os do texto 4.

Texto 1

Os leprosos, devido à sua doença contagiosa, eram excluídos da sociedade, literal-


mente excomungados, e obrigados a andar longe dos povoados, não se podendo
D. António Couto, aproximar de ninguém. E, à vista de alguém, deviam gritar: «Impuro, impuro!», para que
Mesa de palavras, as pessoas se desviassem deles, de acordo com as prescrições que podemos ver no
um coração samaritano Livro do Levítico 13,45-46.

Texto 2

O Evangelho diz-nos que se trata de um grupo de dez leprosos, certamente judeus e


samaritanos. Já sabemos que os judeus não se dão com os samaritanos (cf. João 4,9).
Mas aqui, afinal, andam juntos uns e outros. É bem verdade que a doença, a miséria, a
dor e o sofrimento juntam as pessoas, sem olhar a credos e raças! E o grito que lançam
juntos a Jesus é igualmente estranho e significativo, dado que, no seu grito, chamam
a Jesus “Mestre” (cf. Lucas 17,13), eles que têm necessidade de cura e não de ensina-
mentos, pois, ainda que o desejassem, nem sequer podiam ir à escola. Então é como
D. António Couto, se estes leprosos estivessem a pensar em nós, a fazer-nos compreender que Jesus veio
Mesa de palavras, sobretudo curar os males do espírito e iluminar o escuro dos corações, desfazer os pre-
um coração samaritano conceitos que toldam tantas vezes a nossa vida quotidiana!

Texto 3

É claro que Jesus escuta o seu pedido (nós é que não sei!), e manda que se vão apre-
sentar aos sacerdotes, para que estes, dentro das suas competências de autoridade
sanitária de controlo (Levítico 13,2-3), os pudessem declarar curados da lepra. Note-se
bem que Jesus os manda apresentar-se aos sacerdotes, antes de os curar, como quem
D. António Couto, diz que requeria deles uma fé total na sua capacidade de os curar. Eles partem, sinal da
Mesa de palavras, plena confiança que depositam em Jesus, pois, quando se põem a caminho, ainda con-
um coração samaritano tinuam possuídos pela lepra.

Texto 4

Na verdade, é depois de partirem, enquanto caminham, que se sentem curados! (Lucas


17,14).

O centro do episódio começa agora. Os holofotes do narrador põem em grande des-


taque um dos dez leprosos que, sentindo-se curado, interrompeu a sua viagem e vol-
tou para trás, louvando a Deus com voz grande, e veio agradecer a Jesus, prostran-
do-se aos seus pés! O narrador informa-nos que era um samaritano (Lucas 17,15-16),
portanto herético, estrangeiro, excluído, marginalizado, descartado, da região «daquele
estúpido povo que habita em Siquém», para o dizer com as palavras de Ben-Sirá 50,26.
É-nos permitido deduzir ainda que este samaritano se sente pobre e devedor a Deus
pela graça concedida, enquanto que os restantes, talvez todos judeus, não sentiram tal
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #12 19

D. António Couto, necessidade, bem pelo contrário, porque o seu pensamento teológico os levava a pen-
Mesa de palavras, sar que era Deus que estava em dívida para com eles, e que, portanto, Jesus não terá
um coração samaritano feito mais do que devia!

ACOLHE
Querigmática
Materiais: Vídeo com o texto

Tempo: 5 minutos

Depois da partilha, o animador relaciona a experiência da pandemia atual com os efei-


tos provocados pela lepra. Ambas impõe o distanciamento (físico, social, etc.) e requerem
outras e novas formas de proximidade.

Introduz, de seguida, o exemplo criativo de São Francisco de Assis na forma como se rela-
cionava com os leprosos, convidando os jovens a verem um pequeno vídeo.

São Francisco é curado dos seus temores por um leproso

Um dia, indo o jovem Francisco a cavalo perto de Assis, veio ao seu encontro um leproso.
Habitualmente, Francisco tinha horror aos leprosos, pelo que teve de fazer violência sobre
si para descer do cavalo, dar-lhe uma moeda de prata e beijar-lhe a mão. Tendo recebido
do leproso um beijo de paz, voltou a montar e seguiu caminho. A partir de então, come-
çou a ultrapassar, a pouco e pouco, aquela sua limitação, até conseguir, pela graça de
Deus, uma vitória perfeita sobre si próprio.

Alguns dias mais tarde, muniu-se de uma grande quantidade de moedas, dirigiu-se ao
hospício dos leprosos e, reunindo-os a todos, deu uma esmola a cada um, beijando-lhes
a mão. No regresso, o que anteriormente lhe parecia repugnante – ver ou tocar os lepro-
sos – tinha-se transformado em verdadeira doçura. Ver leprosos fora-lhe tão penoso, que
não só se recusava a vê-los como a aproximar-se das suas habitações; e, se lhe aconte-
Narrativa de três compa- cia vê-los ou passar perto da leprosaria [...], desviava o rosto e apertava o nariz. Mas a
nheiros de São Francisco graça de Deus tornou-o tão próximo dos leprosos que, como atesta no seu testamento,
de Assis [c. 1244], § 11 vivia entre eles e servia-os humildemente. A visita aos leprosos tinha-o transformado.
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #12 20

INTERROGA-TE
Humana, espiritual e litúrgica

Materiais:
Música: Obrigado (https://youtu.be/-uR8exVJCoE)

Tempo: 20 minutos

Após o vídeo, os jovens são convidados a um tempo de reflexão pessoal, com base nas
questões apresentadas.

Este momento pode ser acompanhado com a música “Obrigado” ou outra.

• De que maneira deixo as minhas dificuldades para estar ao lado do outro, como fez
São Francisco de Assis ao aproximar-se daquele leproso?
• Estou grato/a por aqueles que põem de parte as suas dificuldades para me ajudar?
Obrigado • Que graça quero pedir a Deus para que me aproxime d’Ele?

PARTILHA
Humana, espiritual e litúrgica

Materiais:
Se o encontro for digital, criam-se salas múltiplas e dividem-se os participantes por elas.

Tempo: 20 minutos

No final do momento de reflexão pessoal, em pequenos grupos, os jovens partilham


as suas respostas às questões anteriores, operacionalizando-as em aspetos concretos.

REZA
Espiritual e litúrgica

Materiais:
JMJ Rio 2013 – Vigília (https://www.youtube.com/watch?v=YB9KkD1jvas)

Tempo: 10 minutos
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #12 21

Depois do momento de partilha em grupos, os jovens são convidados a acolher o con-


vite do Papa Francisco, que na Exortação Cristo Vive os convida a darem-se à maneira de
S. Francisco de Assis, através da oração de São Francisco.

A vossa vida não é «entretanto»; vós sois o agora de Deus, que vos quer fecundos. Porque
«é dando que se recebe», e a melhor maneira de preparar um bom futuro é viver bem o
JMJ Rio 2013 – Vigília presente, com dedicação e generosidade. (Papa Francisco, Cristo vive 96, 178).

Oração de São Francisco

Senhor, fazei-me um instrumento de Vossa paz.

Onde houver ódio, que eu leve o amor.


Onde houver ofensa, que eu leve o perdão.
Onde houver discórdia, que eu leve a união.
Onde houver dúvida, que eu leve a fé.

Onde houver erro, que eu leve a verdade.


Onde houver desespero, que eu leve a esperança.
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria.
E onde houver trevas, que eu leve a luz.

Ó mestre, fazei que eu procure mais


Consolar que ser consolado
Compreender que ser compreendido
Amar que ser amado
Pois, é dando que se recebe
É perdoando que se é perdoado
E é morrendo que se vive para a vida eterna (2x).

LEVANTA-TE
Missionária e pastoral
Tempo: 5 minutos

Participar na Eucaristia (que significa ação de graças) em conjunto, consciencializando a


comunidade para o valor do agradecimento.

Criar uma dinâmica de dizer “obrigado” na família e na comunidade.


RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #13 22

CONTINUA
Filme: Ben Hur

EU CREIO A ação de graças caracteriza a oração da Igreja que, ao celebrar a Eucaristia, manifesta
e cada vez mais se torna naquilo que é. De facto, pela obra da salvação, Cristo liberta a
criação do pecado e da morte, para de novo a consagrar e fazer voltar ao Pai, para sua
glória. A ação de graças dos membros do corpo participa na da sua Cabeça. (Catecismo
da Igreja Católica, n. 2637)

Guardar para o caminho

• Refletimos sobre a importância de saber reconhecer e agradecer tudo quanto


temos recebido na nossa vida.
• Tomámos consciência de que muitos nos têm ajudado e de que como é necessário
partilhar o que temos com os outros.
• Recordámos que cada Eucaristia é uma ação de graças por tudo quanto o Senhor
nos dá constantemente.

ENCONTRO #13
Levanta-te e reza para não caíres em tentação
Texto bíblico: Lc 22, 39-46

Objetivos:
• Toma consciência de que Jesus vive “de pé” os momentos de tentação e sofrimento.
• Descobre a força da oração perseverante no combate espiritual.
• Fortalece a tua confiança em Deus, unindo-te à sua cruz.

Observações pedagógicas/Indicações práticas:


• Cordas e paus ou canas para cada participante e de uma corda grande e grossa
• Deverão assegurar-se condições de projeção de um filme
• O encontro termina com um momento de oração pelo que deverão prever e prepa-
rar esse ambiente de recolhimento (cruz grande tipo JMJ, velas...)
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #13 23

PREPARA-TE
Jornada Mundial da Juventude

Materiais:
• Corda grossa, lenço.
• Excerto do vídeo - 1m30 (https://www.youtube.com/watch?v=PWBeZTvMbpM)

Tempo: 20 minutos

O animador relembra o encontro anterior e a sua temática. Refere depois que normal-
mente o Evangelho apresenta o verbo “levantar” como uma ação de Jesus em benefício
de outras pessoas. No entanto, no texto bíblico deste encontro, os jovens poderão ver o
que levava Jesus a levantar-se e a viver levantado na vida.

De seguida, o animador propõe a dinâmica do “jogo da corda”. Prepara-se uma corda com
um lenço no meio e vários nós espaçados ao longo da corda. Constituem-se duas equipas
e cada uma segura num extremo da corda. O objetivo é puxar a corda para o seu lado, até
passar o lenço, experimentando que quanto mais força se faz de um lado, mais força pre-
cisamos de fazer do outro. Constata-se que a equipa que perde tem menos força e que
alguns elementos terão estado a “dormir” não exercendo a força necessária para vencer.

O animador refere, depois, que a Via Sacra (Via Crucis) é, em cada Jornada Mundial da
Juventude, um momento particular em que os jovens são convidados a contemplar a forma
como Jesus esteve de pé na vida. A sua caminhada para o Calvário transportando a cruz
é um exemplo de luta, perseverança e fidelidade à verdade, ao bem, ao amor e à justiça,
diante da adversidade e do sofrimento. Pode-se visualizar um pequeno vídeo referente
à Via Sacra (Via Crucis) da JMJ de 2011 Madrid que teve a particularidade de apresentar
Via Sacra JMJ 2011 diversas imagens relacionadas com as tradições locais da semana santa.

ESCUTA
Querigmática

Materiais:
• Excerto do Filme A Paixão de Cristo
• Folhas com palavras impressas
• Folhas brancas
• Marcadores

Tempo: 20 minutos
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #13 24

O animador introduz o episódio que irá ser escutado e trabalhado neste encontro.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 22, 39-46)

39
Então, saindo, foi como de costume para o Monte das Oliveiras. Seguiram-no também
os discípulos.
40
Quando chegou ao lugar, disse-lhes: «Rezai para não entrardes em tentação». 41 E Ele
afastou-se deles quase à distância do lançamento de uma pedra e, ajoelhando-se, rezava,
42
dizendo: «Pai, se queres, afasta de mim este cálice! No entanto, não se faça a minha von-
tade, mas a tua». 43 Apareceu-lhe, então, um anjo do céu a confortá-lo.
44
Tendo entrado em agonia, rezava mais intensamente, e o seu suor tornou-se como
gotas de sangue que caíam na terra. 45 Levantando-se da oração, ao ir ter com os discí-
pulos, encontrou-os a dormir de tristeza.
46
E disse-lhes: «Porque dormis? Levantai-vos e rezai, para que não entreis em tentação».

Palavra da Salvação.
Glória a Vós, Senhor.

Depois da proclamação do Evangelho, o animador contextualiza o texto, propondo que


os jovens se situem face aos sentimentos vividos por Jesus no momento narrado. Pode
fazê-lo seguindo duas opções:

Opção 1

Referir os seguintes aspetos: Neste momento da vida de Jesus, vemos como Ele está numa
encruzilhada: está prestes a ser aprisionado pelos inimigos, será rejeitado, sofrerá muito,
da maneira mais humilhante e aviltante. Jesus sente-se sozinho diante das suas dúvidas
e angústias. Valerá a pena? Isso é que vai salvar a humanidade? Quem dará valor? Diante
do sofrimento atroz, mas salvador, que o espera sente-se tentado a desistir – ou a não
continuar com a missão, com o projeto de salvação e de amor redentor do Pai – motivo
pelo qual Jesus foi enviado ao mundo e chegou a este momento? Por isso Jesus escolhe
recolher-se em oração e pede aos seus para o acompanhar.

Opção 2

Visualizar o trecho do filme “A Paixão de Cristo” que mostra este episódio e, com base
nele, explorar-se os sentimentos de Jesus e tentações que o terão atravessado naquele
momento.

No final de qualquer uma das opções, os jovens são convidados a registar, num quadro,
os sentimentos experimentados por Jesus (coluna 1) e a atitude dos discípulos (coluna 2).
Depois deste trabalho individual, partilha-se em grande grupo, construindo um quadro
comum.
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #13 25

No final, o animador conclui, explorando a contraposição entre a atitude de Jesus: Jesus


de pé (=vigilante embora angustiado) face ao comportamento dos discípulos deitados
(= a dormir/alheados). Jesus permanece fiel à sua missão graças à oração, ainda que no
meio da angústia e do abandono.

ACOLHE
Querigmática

Materiais: vídeo a produzir

Para ajudar os jovens a aprofundar a mensagem contida no texto bíblico, propõe-se uma
das duas opções:

Opção A

Testemunho de um jovem que toque os seguintes pontos: missão segundo a vontade


de Deus que traz alegria e realização; momento de crise, adversidade e difamação/aban-
dono; as tentações que sentiu de desistir; como a oração foi fundamental para perma-
necer e não desistir (sentimentos).

Opção B

Leitura individual do seguinte texto:

“A oração é o leme que guia a rota de Jesus. Não é o sucesso, não é o consentimento,
não é aquela frase sedutora “todos te procuram”, que ditam as etapas da sua missão. É
o modo menos confortável que traça o caminho de Jesus, mas que obedece à inspiração
do Pai, que Jesus ouve e acolhe na sua prece solitária.” (Papa Francisco, Audiência Geral
4 de novembro. Catequese - 13. Jesus, mestre da oração)

INTERROGA-TE
Humana, espiritual e litúrgica

Tempo: música de fundo


RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #13 26

Tendo por base o quadro construído pelo grupo, segue-se um momento de reflexão pes-
soal com base nas seguintes questões:

• Olho para a minha experiência de discípulo: aprendo com Jesus e sigo-O?


• Reconheço que também abandono Jesus. Em que circunstâncias?
• Procuro com Deus identificar as minhas tentações (=tudo o que me afasta de Deus
e conduz ao pecado): o que me faz afastar do bem?
• Tenho consciência que a fidelidade e constância exigem luta, vigilância e oração
perseverante?

PARTILHA
Humana, espiritual e litúrgica

Tempo: 20 minutos

Segue-se uma partilha a pares sobre as respostas de cada um.

REZA
Espiritual e litúrgica

Tempo: 20 minutos

Propõe-se um tempo de oração diante de uma grande cruz (pode ser a de Taizé ou uma
cruz semelhante à das JMJ). Pretende-se que este seja um momento de oração que forta-
leça a confiança em Deus, confiança essa que sustentou a perseverança de Jesus. Assim,
podem utilizar-se, em vez dos sugeridos, cânticos ou orações que expressem a confiança
em Deus que cuida de nós e nos guia.

O espaço da oração pode ser o mesmo ou um espaço distinto. Contudo, importa prepa-
rar a ambiência:

• Cruz
• Pouca luz (de preferência)
• Música de fundo
• Velas (e/ou outra decoração que favoreça a oração de recolhimento)
• Cordas de sisal para todos os participantes.
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #13 27

1. (Voltar a) projetar o trecho do filme “A Paixão de Cristo” ou voltar a ler Lc 22, 39 – 46

2. Convidar os jovens a porem-se na pele de Jesus e na dos discípulos.

a. Ver o que sentem, as motivações. Pôr em mim: Que medos/ tentações tenho? (Dar
nós na corda de sisal, conforme vou identificando essas ocasiões.)

b. Jesus pediu aos discípulos que lhe fizessem companhia pela oração.
E eu como discípulo? Quanto do meu tempo e de que forma Jesus quer que lhe dê
na oração? Faço-lhe companhia? Alimento a minha amizade com ele?

c. Formula um compromisso com Jesus: O que Ele me chama a fazer diante da tentação?

d. Oração final

Sou Tua, ó Jesus, dispõe de mim como melhor Te aprouver.


Renuncio a todo o caminho que a Ti não conduza,
pois outro caminho não quero.
Consagro-Te a minha vontade,
que só na Tua ela se confunda,
consagro-Te inteiramente o meu coração,
que só em Ti ele se consuma,
consagrando-Te a minha vida, é só para Ti eu quero viver.
Tantos dons comigo repartiste numa generosidade incompreensível
para com a mais miserável das Tuas criaturas...
Tudo quero restituir-Te
para que de tudo disponhas segundo a Tua vontade,
e só quisera ter mais para mais depor a Teus Pés.
Eu quero fechar-me para sempre na Chaga bendita do Teu dulcíssimo Coração.
Prende-me mais e mais nas cadeias do Teu Amor.
Quero ser Tua e só Tua no tempo e na eternidade.
(Luiza Andaluz)

Cântico: Quanto esperei este momento.

LEVANTA-TE
Missionária e pastoral

Tempo: 5 minutos

A oração, relação com Deus, é fonte da fidelidade.

1. Pessoal:
Constrói em tua casa, uma cruz, o teu Monte das Oliveiras; o teu canto de encontro de
Deus, onde irás colocar essa cruz. Na cruz que construíste, ata o cordel da oração de
hoje. Por cada vez que “superas” uma tentação, de cada vez que uma tentação é ven-
cida na força da oração, dás um nó. À medida que superas as tentações, os nós venci-
dos na cruz encurtam a corda que te aproxima de Jesus.
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #14 28

CONTINUA
2. Comunitária:
Organizar um tempo de oração diante de uma grande cruz (pode ser a de Taizé, ou
uma semelhante à das JMJ) e/ou cenário do Getsémani (projeção).

EU CREIO
Não entrar em tentação» implica uma decisão do coração: «Onde estiver o teu tesouro, aí
estará também o teu coração [...] Ninguém pode servir a dois senhores» (Mt 6, 21, 24). «Se
vivemos pelo Espírito, caminhemos também segundo o Espírito» (Gl 5, 25). É neste consen-
timento ao Espírito Santo que o Pai nos dá a força. «Não vos surpreendeu nenhuma ten-
tação que tivesse ultrapassado a medida humana. Deus é fiel e não permitirá que sejais
tentados acima das vossas forças, mas, com a tentação, vos dará os meios de sair dela e
a força para a suportar» (1 Cor 10, 13). (Catecismo da Igreja Católica, n. 2848)

Guardar para o caminho

• Contemplando a Agonia e todo o sofrimento de Jesus, tomámos consciência de


como a oração lhe deu forças para levar a sua missão até ao fim.
• Descobrimos que também podemos fazer companhia a Jesus na sua oração, em vez
de ficarmos a dormir como os discípulos.

ENCONTRO #14
Levanta-te com Cristo ressuscitado

Texto bíblico: Lc 24, 1-12

Objetivos:
• Olha o vazio e o silêncio como lugares fecundos
• Vai ao encontro do outro que experimenta o vazio

Observações pedagógicas/Indicações práticas:


• Ver o filme “Risen” (2016) na semana anterior ao encontro, como preparação.
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #14 29

PREPARA-TE
Jornada Mundial da Juventude

Tempo: 10 minutos

Fazendo a ponte com o encontro anterior, o animador refere que um dos objetivos da
Jornada Mundial da Juventude é proporcionar a cada jovem um encontro com a pessoa de
Jesus Cristo, cujo mistério pascal constitui o coração da revelação de Deus à humanidade.

“Cristo vive e quer-te vivo” é uma das expressões emblemáticas da exortação “Cristo Vive”,
escrita pelo Papa Francisco. A sua ressurreição de entre os mortos é fonte de vida para
todos nós. Pelo Batismo, ressuscitámos com Cristo e podemos viver uma vida nova, como
filhos de Deus. Na Jornada Mundial da Juventude de Paris, a Vigília de oração, na qual foram
batizados alguns catecúmenos, teve como elemento central o sacramento do Batismo.

O animador prossegue, convidando os jovens a aprofundar o sentido da ressurreição


através da apresentação de um ícone bizantino da ressurreição. Convidando os jovens a
identificar alguns elementos do ícone, vai destacando os seguintes aspetos:

• Este ícone foi pintado por Youssef Al-Musawwer em 1645.


Representa a descida de Cristo ao mundo dos infernos e a sua
vitória sobre a morte e sobre toda a espécie de mal. O título
deste ícone aparece descrito na inscrição central: “Hanactacic”
(a ressurreição).
• Cristo ocupa o centro da composição. O seu corpo parece sus-
penso no espaço: com o seu corpo ressuscitado, escapa às leis
do mundo. Ele derruba as portas do Inferno, depois de as ter
despedaçado. Está revestido de uma túnica branca, sob um
manto dourado, e é circundado por uma mandorla (figura seme-
lhante a uma amêndoa), composta por múltiplos cambiantes de
azul atravessadas por raios de luz que emanam do corpo.
• Cristo agarra os pulsos de Adão e de Eva, que extrai vigorosa-
mente das trevas da morte. Eva veste-se de vermelho, símbolo
da carne e da humanidade, ela que é a mãe dos vivos. Adão e
Eva estão sobre um rochedo que forma uma montanha. De um
lado e de outro de Cristo figuram dois grupos de personagens
do Antigo Testamento.
• O inferno. Pregos e fechaduras cobrem o buraco negro dos
Infernos, semelhante a uma caverna. Satanás surge, sob uma
forma repugnante, emergindo de um fogo entre dois sarcófa-
gos de pequenas dimensões. Satanás é representado de per-
fil, rodeado de chamas, e ergue a cabeça para olhar para Cristo;
eleva igualmente as suas mãos para mostrar a sua derrota e a
Descida de Cristo ao mundo dos infernos sua submissão a Cristo.
• Sobre as montanhas comparecem os anjos Gabriel (“Γ”) e
Miguel (“M”), tendo nas mãos os instrumentos da Paixão: o pri-
meiro com a esponja e a lança, o segundo a cruz gloriosa.
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #14 30

No final da explicação do ícone, leem os seguintes textos que se referem explicitamente


ao mistério da ressurreição de Cristo representado no quadro:

Texto 1

Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor


que foi concebido pelo poder do Espírito Santo;
nasceu da Virgem Maria;
padeceu sob Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado;
desceu à mansão dos mortos;
ressuscitou ao terceiro dia;
subiu aos Céus;
está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso,
de onde há-de vir a julgar os vivos e os mortos.
(Credo, Símbolo dos Apóstolos)

Texto 2

«Um grande silêncio reina hoje sobre a terra; um grande silêncio e uma grande solidão.
Um grande silêncio, porque o Rei dorme; a terra estremeceu e ficou silenciosa, porque
Deus adormeceu segundo a carne e despertou os que dormiam há séculos. Deus morreu
segundo a carne e acordou a região dos mortos. Vai à procura de Adão, nosso primeiro
pai, a ovelha perdida. Quer visitar os que jazem nas trevas e nas sombras da morte. Vai
libertar Adão do cativeiro da morte, Ele que é ao mesmo tempo seu Deus e seu Filho.»
(De uma antiga homilia de Sábado Santo)

Depois da leitura dos textos e de uma breve referência à forma como ilustram o que está
representado no quadro, introduz-se o texto bíblico da ressurreição.

ESCUTA
Querigmática

Tempo: 15 minutos

O animador introduz o episódio que irá ser escutado e trabalhado neste encontro.

Evangelho segundo São Lucas (Lc 24, 1-10)


1
Mas, no primeiro dia da semana, ao amanhecer, foram ao sepulcro levando os aro-
mas que tinham preparado. 2 Encontraram a pedra removida do sepulcro 3 e, ao entra-
rem, não encontraram o corpo do Senhor Jesus. 4 E aconteceu que, estando elas perple-
xas com isto, eis que se lhes apresentaram dois homens em vestes resplandecentes.
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #14 31

5
Estando elas cheias de medo, e com o rosto inclinado para a terra, eles disseram-lhes:
«Porque procurais entre os mortos aquele que está vivo? 6 Não está aqui; ressuscitou.
Recordai-vos de como vos falou quando ainda estava na Galileia, 7 dizendo: «É necessá-
rio o Filho do Homem ser entregue às mãos de homens pecadores, ser crucificado e ao
terceiro dia ressuscitar».
8
Recordaram-se, então, das suas palavras 9 e, ao voltar do sepulcro, anunciaram tudo
isto aos onze e a todos os outros. 10 Eram Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago,
e as outras que estavam com elas. Diziam estas coisas aos apóstolos, 11 mas estas pala-
vras pareceram-lhes sem sentido e não acreditavam nelas. 12 Mas Pedro, levantando-se,
correu para o sepulcro e, debruçando-se, viu apenas as ligaduras de linho. E voltou para
casa, admirado com o sucedido.

Palavra da Salvação.
Glória a Vós, Senhor.

No final da proclamação do texto, o animador comenta alguns dos aspetos seguintes:

O confronto com o túmulo vazio que as mulheres experimentam é a primeira expressão


da ressurreição. É no silêncio que Deus, pela Sua morte, resgata a humanidade.

É do silêncio que brota o anúncio. Esta leitura mostra que o silêncio deu lugar ao anún-
cio dos anjos.

Esta experiência tem de ser vivida, porque a simples notícia do sucedido não é suficiente
para os apóstolos. Pedro tem de experimentar o silêncio do túmulo vazio para compreen-
der a Ressurreição.

Pedro corre para o túmulo vazio. A relação com Deus cria a necessidade de um espaço
em que Ele Se revele. Pedro levantou-se, correu e encheu-se de pressa (referência ao hino
das JMJ 2023 “há pressa no ar”) para tocar o silêncio em que Deus o espera.

O vazio em que a Ressurreição tem lugar é condição para a vida eterna.

ACOLHE
Querigmática

Materiais: Testemunha em vídeo

Tempo: 5 minutos

Propõe-se, de seguida, a visualização do testemunho de uma irmã de clausura, no qual


se faz referência ao silêncio como condição para a escuta de Deus. O testemunho deve
tocar os seguintes aspetos: Em que medida pode o silêncio ser fecundo, lugar de encon-
tro? Em que medida os momentos de incompreensão, incapacidade, vazio ou dor nos
conduzem também à salvação?
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #14 32

INTERROGA-TE
Humana, espiritual e litúrgica

Materiais:
• Grelha “A presença de Deus na minha vida” (exemplo no final do encontro)

Tempo: 30 minutos

Após o vídeo, propõe-se o preenchimento de uma grelha “A presença de Deus na minha


vida” em que cada um é convidado a referenciar as experiências da ausência ou da pre-
sença de Deus por si vividas, com base nos seguintes passos:

• Identifico os momentos em que me senti mais cheio/a e mais vazio/a de Deus -


senti Deus mais próximo ou senti Deus mais ausente. Nos momentos mais altos, de
que forma senti a presença de Deus? E nos momentos mais baixos, será que Deus
esteve presente, mesmo que de uma forma diferente, e eu não percebi?
• Na coluna “Momentos da vida”, os jovens registam diversos momentos da sua vida
em que sentiram a ausência ou a proximidade de Deus. Nas colunas “presença/
ausência” descrevem o que sentiram nesses momentos.
• O objetivo é fazer com que o jovem olhe para toda a sua vida e identifique os
momentos em que se deparou com o vazio. Olhar para a sua própria história como
um todo e tentar ver se desse vazio brotou mais vida. Tentar perceber se Deus
esteve ou não presente nesses momentos. A pergunta que predomina quando
nos encontramos num sofrimento é ‘Porquê?’, ‘Porquê a mim?’, ‘Porquê agora?’,
‘Porquê?’.
• Mas a pergunta que move um cristão é ‘Para quê?’. Desafiar o jovem a olhar para
esses momentos e perceber se já existe resposta para a pergunta do ‘Para quê?’.

PARTILHA
Humana, espiritual e litúrgica

Tempo: 20 minutos

Neste momento, os jovens são convidados a partilhar o resultado do gráfico e, se quise-


rem, situações concretas das suas vidas.

No fim da partilha, o animador deve enfatizar que nenhuma história é melhor ou pior
que a outra. Que são histórias conduzidas por Deus e onde Deus atua concretamente.
Todas as histórias são santas e bonitas, pois é a história da salvação de cada um. Durante
a nossa vida somos confrontados com vazios e sofrimentos que não têm resposta. As
mulheres foram também confrontadas com o túmulo vazio, mas os anjos foram ao encon-
tro delas e relembraram-lhes que aquele momento não era razão para preocupação pois,
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #14 33

na verdade, Jesus tinha ressuscitado. Jesus morreu na cruz para que pudesse ressusci-
tar gloriosamente. A cruz é gloriosa. Assim também na nossa vida, Deus não se engana.
Deus permite os vazios para se manifestar de forma gloriosa. Por vezes a compreensão
desta realidade demora tempo.

Termina-se esta reflexão com a leitura do seguinte texto:

«A formação da pérola pode levar anos. E tem como origem um sofrimento da própria
ostra, em que essa ferida é envolvida por uma substância cicatrizante originando a pérola.
E ninguém discute a beleza desta imperfeição transformada. Às vezes, o tempo, a ora-
ção perseverante, pode levar-nos a perceber, mesmo que demore. Portanto, também
nós temos de ser pacientes, e perseverar no Senhor, pois Ele também envolve os nossos
‘vazios’ com a Sua matéria cicatrizante, o amor. Não devemos ter medo de testemunhar
a mão de Deus na nossa própria vida, traduzida em factos concretos.» (Paolo Scquizzato,
Elogio da Imperfeição)

REZA
Espiritual e litúrgica

Materiais:
• Cântico: https://www.youtube.com/watch?v=lkdtYoZj_Ug

Tempo: 10 minutos

Propõe-se como momento de oração em silêncio diante do Santíssimo Sacramento, onde


os jovens são convidados a rezar o gráfico da sua vida.

Cântico inicial: “Sim, Jesus”

Momento de silêncio para oração pessoal a partir do gráfico da própria vida.

Oração em conjunto: “Rezar o vazio”

Sim, Jesus Ensina-nos, Senhor, a rezar este vazio. O vazio transportado por um medo que não conhe-
cíamos e que parece agora um inquilino da nossa alma.
O vazio dos espaços em isolamento.
O vazio da vida que se faz sentir como suspensa.
O vazio das horas que quem está na solidão conta de maneira diferente.
O vazio das incertezas que se acumulam, e das quais ainda não falámos.
O vazio dos olhos daqueles que veem sofrer e os olhos dos muitos que sofrem sem que
nós os vejamos.
O vazio de tudo aquilo que, de um instante para o outro, é adiado.
O vazio daquela mulher idosa que passa o dia inteiro com o rosto contra o vidro da janela.
O vazio do refugiado que vê a sua esperança negada por um carimbo.
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #14 34

O vazio do jovem diante de um futuro que escapa cada vez mais, como um pensamento
distante.
O vazio que nos chega como um aviso de despejo da vida autêntica.
O vazio dos encontros e das conversas de que agora precisaríamos.
O vazio que os amigos notam.
O vazio dos risos.
O vazio de todos os abraços não dados.
O vazio da proximidade proibida.
O vazio no qual não Te vemos.

Card. José Tolentino Mendonça


In Avvenire

Segue-se a bênção, ou simplesmente a reposição do Santíssimo.

LEVANTA-TE
Missionária e pastoral

Tempo: 5 minutos

Os jovens são convidados a visitar alguém que esteja a viver alguma forma de vazio ou
de perda, individualmente ou em grupo.

CONTINUA
Ler o livro (ou 1.º capítulo, pelo menos) “O Elogio da Imperfeição” de Paolo Scquizzato

EU CREIO
Maria Madalena e as santas mulheres, que vinham para acabar de embalsamar o corpo
de Jesus, sepultado à pressa por causa do início do Sábado, no fim da tarde de Sexta-feira
Santa, foram as primeiras pessoas a encontrar-se com o Ressuscitado. Assim, as mulheres
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #15 35

foram as primeiras mensageiras da ressurreição de Cristo para os próprios Apóstolos. Em


seguida, foi a eles que Jesus apareceu: primeiro a Pedro, depois aos Doze. Pedro, incum-
bido de consolidar a fé dos seus irmãos, vê, portanto, o Ressuscitado antes deles e é com
base no seu testemunho que a comunidade exclama: «Realmente, o Senhor ressuscitou
e apareceu a Simão» (Lc 24, 34.36). (Catecismo da Igreja Católica, n. 641)

Guardar para o caminho

• Diante do túmulo de Jesus vazio, descobrimos o valor do silêncio.


• Compreendemos que vale a pena fazer silêncio na nossa vida para nos encontrar-
mos verdadeiramente com Deus e com a sua vontade a nosso respeito.
• Entendemos também que podemos e devemos ir ao encontro de quem se sente
vazio, ajudando a encher esse vazio.

Grelha: “A presença de Deus na minha vida”

Momentos da vida Presença de Deus Ausência de Deus

ENCONTRO #15
Levanta-te e regressa
Texto bíblico: : Lc 24, 13-35

Objetivos:
• Sente que Jesus caminha ao teu lado, fala contigo e se preocupa com o que sentes.
• Acredita que a Paixão de Jesus é expressão da plena solidariedade de Deus com a
nossa humanidade.
• Assume-te como peregrino/a da JMJ Lisboa 2023.

Observações pedagógicas/Indicações práticas:


• Neste encontro propõe-se a realização de uma pequena peregrinação, pelo que se
deve avisar os participantes com antecedência e agendar um dia e horário que seja
mais conveniente.
• Os jovens deverão levar uma pequena mochila com água, Bíblia, o guião do pere-
grino e um pequeno pão.
• Propõe-se uma peregrinação curta, podendo escolher-se uma igreja da paróquia,
um santuário diocesano, a paróquia vizinha ou a “Igreja JMJ” da diocese, mas funda-
mentalmente que a longa distância, ou a dificuldade do caminho, não seja o mais
determinante na escolha do lugar.
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #15 36

• O encontro termina com a celebração da Eucaristia, pelo que se deve preparar pre-
viamente com o pároco, ou outro sacerdote, ou integrar o grupo nalguma celebra-
ção da comunidade.

PREPARA-TE
Jornada Mundial da Juventude

Materiais:
Foto de uma caminhada dos jovens numa JMJ.

Tempo: 10 minutos

O encontro começa com a referência à Jornada Mundial da Juventude como uma grande
peregrinação dos jovens de todo o mundo a uma cidade, com o Santo Padre. Mostra-se
a foto, salientando-se os seguintes aspetos:

Para quem participou numa JMJ, todos os dias há necessidade de caminhar: do local de
alojamento até aos transportes públicos ou até aos locais de encontros e catequeses; à
tarde, a caminhada pela cidade e até aos espaços onde decorrem as atividades culturais
e religiosas; à noite, andar até aos locais dos atos centrais, e ficar algum tempo em pé; e
depois, voltar para casa.

A caminhada para a vigília é inesquecível, é um dos grandes desafios de uma JMJ. Por
exemplo, no Rio de Janeiro foram entre 6 a 13 km. Em Madrid, foram de 2 a 4, mas em
Colónia, foram cerca de 20 km. Na véspera do encerramento da JMJ, os jovens caminham
até chegar ao local onde decorrerão os eventos finais, a vigília e Missa com o Papa e onde
pernoitam. Este percurso é sempre um momento marcante de interajuda e de convívio
que nos faz entrar no espírito de ‘peregrinos JMJ’. Se é muito duro!? Pode ser um pouco,
mas vale a pena! Afinal, uma JMJ é uma peregrinação, um itinerário de fé; para estar lá, é
preciso estar preparado de alma e corpo.

O animador destaca o facto de uma JMJ ser uma peregrinação, que começa bem antes
do início da jornada, na casa, grupo e comunidade de cada um. Uma peregrinação é um
caminho feito com os olhos postos numa meta, um santuário, onde esperamos que acon-
teça um encontro especial. Assim será também na JMJ Lisboa 2023 como em qualquer JMJ.

O animador pode dialogar com os participantes sobre as várias experiências de peregri-


nação que já fizeram. É natural que se centrem na questão da dificuldade do caminho,
mas o animador deve levar à compreensão da peregrinação como uma experiência glo-
bal mais profunda e espiritual. Pede, depois, que, numa “chuva de ideias”, os jovens iden-
tifiquem alguns elementos comuns a qualquer peregrinação. No final, pode completar
com as seguintes ideias:

• Começa muito antes de começar a caminhada, identificando os percursos, convi-


dando e organizando o grupo que vai comigo…
• Para que a peregrinação seja uma experiência marcante é também fundamental
que seja bem preparada espiritualmente; ir criando as condições para que Jesus
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #15 37

comece a caminhar comigo desde o primeiro dia, para que o encontro final seja ‘a
cereja no topo do bolo’.
• A peregrinação é também uma experiência de desprendimento. Exemplo disso é a
preparação da bagagem, quando se percebe que há coisas supérfluas que não é
necessário levar.
• Quando entramos numa peregrinação, como a JMJ, acabamos por nos desligar do
mundo e viver intensamente a experiência.
• Peregrinar é também viver para os outros, estar disponível para conhecer os outros
peregrinos e estar atento às suas necessidades.

Termina, referindo que assim será também nesta peregrinação rumo à JMJ Lisboa 2023;
mesmo sendo uma peregrinação diferente, tem, à sua maneira, estas características. O
caminho para a JMJ 2023 está já a começar para que a chegada a Lisboa seja vivida com
toda a intensidade de encontro com Deus e com todos os outros que acreditam n’Ele.

No final refere que o encontro de hoje vai lembrar-nos esta condição de peregrinos da
JMJ Lisboa 2023. Vamos peregrinar.

Como peregrinos, os jovens apetrecham a sua mochila com um alimento essencial e ao


mesmo tempo simbólico. É entregue um pão a cada participante para levar na mochila
durante toda a peregrinação.

O animador informa que este encontro vai acontecer em forma de peregrinação e vão
fazê-lo dois a dois, como sugere o texto dos “Discípulos de Emaús”. Para isso, vão fazê-lo
em ‘duplas’ pré-definidas ou aleatórias através de alguma dinâmica simples. Devem jun-
tar-se dois a dois a partir deste momento.

ESCUTA
Querigmática

Tempo: 5 minutos

Os jovens leem o texto bíblico que vai inspirar este encontro em forma de peregrinação
(Lc 24, 13-35). (o texto deve ser lido com os títulos e por leitores diferentes)

Do Evangelho segundo S. Lucas


Um caminho cheio de tristeza (Lc 24,13-16)
13
Nesse mesmo dia, dois dos discípulos iam a caminho de uma aldeia chamada Emaús,
que ficava a cerca de duas léguas de Jerusalém; 14 e conversavam entre si sobre tudo o que
acontecera. 15 Enquanto conversavam e discutiam, aproximou-se deles o próprio Jesus e
pôs-se com eles a caminho; 16 os seus olhos, porém, estavam impedidos de o reconhecer.

Uma conversa sobre deceções (Lc 24,17-24)

17
Disse-lhes Ele: «Que palavras são essas que trocais entre vós, enquanto caminhais?»
Pararam entristecidos. 18 E um deles, chamado Cléofas, respondeu: «Tu és o único forasteiro
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #15 38

em Jerusalém a ignorar o que lá se passou nestes dias!» 19 Perguntou-lhes Ele: «Que foi?»
Responderam-lhe: «O que se refere a Jesus de Nazaré, profeta poderoso em obras e pala-
vras diante de Deus e de todo o povo; 20
como os sumos sacerdotes e os nossos che-
fes o entregaram, para ser condenado à morte e crucificado. 21
*Nós esperávamos que
fosse Ele o que viria redimir Israel, mas, com tudo isto, já lá vai o terceiro dia desde que
se deram estas coisas. 22 É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deixaram
perturbados, porque foram ao sepulcro de madrugada 23 e, não achando o seu corpo, vie-
ram dizer que lhes apareceram uns anjos, que afirmavam que Ele vivia. 24 Então, alguns
dos nossos foram ao sepulcro e encontraram tudo como as mulheres tinham dito. Mas,
a Ele, não o viram.»

Uma conversa bíblica cheia de esperança (Lc 24,25-27)


25
Jesus disse-lhes, então: «Ó homens sem inteligência e lentos de espírito para crer em
tudo quanto os profetas anunciaram! 26 Não tinha o Messias de sofrer essas coisas para
entrar na sua glória?» 27
*E, começando por Moisés e seguindo por todos os Profetas,
explicou-lhes, em todas as Escrituras, tudo o que lhe dizia respeito.

Uma refeição em família (Lc 24,28-31)


28
Ao chegarem perto da aldeia para onde iam, fez menção de seguir para diante. 29
Os
outros, porém, insistiam com Ele, dizendo: «Fica connosco, pois a noite vai caindo e o dia
já está no ocaso.» Entrou para ficar com eles. 30 E, quando se pôs à mesa, tomou o pão,
pronunciou a bênção e, depois de o partir, entregou-lho. 31 Então, os seus olhos abriram-
-se e reconheceram-no; mas Ele desapareceu da sua presença.

Um caminho cheio de alegria (Lc 24,32-35)


32
Disseram, então, um ao outro: «Não nos ardia o coração, quando Ele nos falava pelo
caminho e nos explicava as Escrituras?» 33 Levantando-se, voltaram imediatamente para
Jerusalém e encontraram reunidos os Onze e os seus companheiros, 34
que lhes disse-
ram: «Realmente o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!» 35 E eles contaram o que lhes
tinha acontecido pelo caminho e como Jesus se lhes dera a conhecer, ao partir o pão.

ACOLHE
Querigmática

Materiais: Quadro “Uma conversa sobre as deceções” em branco para cada jovem.

Tempo: 10 minutos

Depois da leitura, o animador propõe aos jovens uma primeira abordagem do texto,
pedindo que se centrem no trecho “Uma conversa sobre deceções (Lc 24,17-24)” e identifi-
quem quatro deceções presentes no texto. Para este trabalho é distribuído um documento
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #15 39

próprio. A partir da passagem bíblica, identificam cada uma das deceções e tentam expli-
car por palavras suas o seu sentido. O animador pode complementar com os elemen-
tos do quadro preenchido.

Introduz o trabalho, referindo que Jesus Ressuscitado mete conversa e acompanha os


discípulos no caminho, sem que eles o reconheçam. Pergunta pelo motivo da sua tris-
teza, escuta, interpreta os acontecimentos à luz da Bíblia e permanece todo o caminho
com estes discípulos. Eles não reconheciam Jesus porque não conseguiam ver para além
da tristeza que sentiam. Entretanto, aquele companheiro de caminhada, mete conversa
com os dois discípulos sobre as deceções que sentiam.

1ª deceção

“«Tu és o único forasteiro em Jerusalém a ignorar o que lá se passou nestes dias!»”

Deceção: Afinal Jesus não era assim tão relevante para toda a gente, como era para eles.

Reflexão: Nem todas as pessoas têm a graça de conhecer Jesus e de se sentirem toca-
das pela sua presença. Há quem não se interesse pela sua vida espiritual ou até despreze
quem cuide da sua espiritualidade. Os próprios discípulos de Emaús poder-se-ão ter ques-
tionado se os indiferentes ou inimigos de Jesus não teriam razão.

2ª deceção

“Foi um profeta poderoso em ação e palavras, diante de Deus e de todo o povo”

Deceção: Afinal as palavras de Jesus não eram assim tão poderosas, nem sequer conse-
guiram convencer as autoridades políticas e religiosas.

Reflexão: Os discípulos não tinham entendido que o poder de Jesus não era um poder
político, mas um poder espiritual. Estavam enganados, à espera de que Jesus tomasse
conta do governo de Israel. Muitas vezes, esperamos que Deus se manifeste como nós
pensamos; mas os caminhos de Deus são muitas vezes incompreensíveis. Acontece tan-
tas vezes só mais tarde percebermos como afinal Deus esteve sempre presente. Aqui a
perseverança na fé é fundamental.

3ª deceção

“Entregaram-no, para ser condenado à morte e crucificado.”

Deceção: Acabou-se tudo... aquele em quem tinham posto todas as esperanças tinha
sido morto e tudo parecia não ter passado de uma ilusão que foi boa enquanto durou.

Reflexão: Os discípulos ainda não tinham entendido que, para Jesus, a morte não era
uma derrota, mas o caminho para alcançar a vitória. Para ser uma vitória total, sem dei-
xar nada por derrotar, Jesus tinha que ser morto, para que até a morte fosse derrotada.
A morte não é problema para Deus e, para Jesus, plenamente Deus, a morte foi apenas
um passo para mostrar, sem qualquer dúvida, que Deus deseja libertar o Homem, sem
nunca o deixar sem respostas, até para a morte.

Jesus tinha de sofrer? Jesus tinha que passar pela morte? - Não tinha que sofrer porque
Deus fosse cruel e desejasse ver sangue, mas foi necessário o seu sofrimento porque a
redenção acontece no meio da desgraça, ali onde o mal anda solto, aí onde parece que
não há mais nada e tudo acaba, no sofrimento e na morte, Deus diz que está aí, connosco.
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #15 40

4ª deceção

“Nós esperávamos que fosse Ele o que viria redimir Israel, mas, com tudo isto, já lá vai o ter-
ceiro dia desde que se deram estas coisas.”

Deceção: Os discípulos estavam convencidos que Jesus viria fazer algo de extraordinário
e libertador para Israel como resultado das suas palavras e da sua ação terrena.

Reflexão: A esperança dos discípulos de Emaús era muito limitada no tempo e no espaço.
Não entendiam que a redenção (libertação) que Jesus tinha para oferecer não era ape-
nas para eles, há dois mil anos, naquele lugar e momento da história. Jesus vem tra-
zer uma nova esperança para todos, em qualquer momento da história. Ao ressuscitar,
Jesus passa a estar presente aqui, hoje, com a mesma força e presença com que esteve
ao lado dos discípulos.

No final do exercício, o animador conclui: Jesus, através das Escrituras e da sua presença,
ajudou aqueles discípulos a perceber que aquelas deceções eram apenas aparentes, cau-
sadas por deixarem sobrepor a tristeza à capacidade de acolher a alegria de Deus. Assim
acontece nas vezes em que nos sentimos dececionados por Deus ou por alguém de quem
esperávamos mais. Não será muitas vezes apenas a nossa incapacidade de acolher a pre-
sença da alegria de Deus a impor-se nos nossos sentimentos?

INTERROGA-TE
Humana, espiritual e litúrgica

Tempo: 20 minutos (ou consoante o percurso definido)

Dá-se, então, início à peregrinação, para a qual são dadas as seguintes indicações:

• O caminho vai ser feito em pares (dois a dois).


• Devem procurar distanciamento entre ‘as duplas’, para que possam conversar à
vontade.
• Se quiserem, podem parar ao longo do caminho nalgum lugar tranquilo para fazer
a proposta de reflexão.
• A reflexão consiste em olhar para as várias razões que deixaram os discípulos de
Emaús dececionados e deixar que a resposta que Jesus lhes deu ilumine as nossas
deceções com Deus, com a vida, com os outros…
• O animador lembra que, no final, os jovens serão convidados a partilhar livremente
a sua reflexão com o grupo.
• Para orientar essa reflexão, partem do seguinte texto e devem recorrer ao quadro
“Uma conversa sobre deceções” completando-o com elementos da sua reflexão e
vivência pessoal.
• O texto introdutório da caminhada é distribuído a cada par.

Uma conversa bíblica cheia de esperança (Lc 24,25-27) [dois a dois]


RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #15 41

Os discípulos de Emaús saíram de Jerusalém cheios de tristeza, partilharam as suas dece-


ções, mas, entretanto, ao longo do caminho, a conversa com Jesus fez com que as suas
deceções e tristezas começassem a dissipar-se e tudo começasse a ganhar sentido.

Esta pequena peregrinação pretende que nos confrontemos com as nossas deceções de
fé ou da vida e sentir o que o Senhor nos quer dizer acerca delas.

PARTILHA
Humana, espiritual e litúrgica

Tempo: 20 minutos

Durante a caminhada, existe um espaço previamente definido para uma paragem, (no
destino da peregrinação ou nalgum ponto intermédio) onde cada elemento partilha livre-
mente com o resto do grupo a reflexão feita em pares ao longo do caminho.

REZA
Espiritual e litúrgica

Tempo: 45 minutos

Chegados ao destino da peregrinação, a par com o que aconteceu com os discípulos de


Emaús, é desejável que o grupo participe numa celebração da Eucaristia. Se a celebra-
ção for exclusiva com o grupo, os jovens podem preparar os diversos momentos da cele-
bração. Se for numa celebração da comunidade, deve prever-se a melhor forma de os
jovens participarem.

Se for possível, em diálogo com o celebrante, pode ler-se o Evangelho dos discípulos de
Emaús e usar-se a Oração Eucarística V/A.

Se não for possível haver celebração da Eucaristia, prepara-se uma celebração da Palavra.

No início, todos os participantes devem colocar o pão que trouxeram na mochila num
cesto, diante do altar, onde ficarão até ao fim da celebração.

A celebração começa com a seguinte introdução.

Uma refeição em família (Lc 24,28-31)


RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #15 42

Os discípulos, finalmente, reconheceram que aquele desconhecido era Jesus. Quando


Jesus se sentou à mesa com os discípulos e partiu o pão diante deles, eles compreen-
deram todas as suas palavras ao longo do caminho e tudo o que tinha acontecido em
Jerusalém. Perceberam, pelo partir do pão, tal como nós na Eucaristia, que Jesus mor-
reu, mas não desapareceu, permanece vivo, ressuscitado e, na Eucaristia, uma refeição
em família, podemos vê-lo, tocá-lo e recebê-lo, sentir que está vivo e como nunca dei-
xou de estar presente.

LEVANTA-TE
Missionária e pastoral

Tempo: 5 minutos

Um caminho cheio de alegria - o regresso (Lc 24,32-35)

No final da celebração propõe-se um gesto, cujos objetivos são expostos aos participan-
tes pelo animador:

• A fé celebrada na Eucaristia, onde Jesus se faz presente, não pode ficar dentro na
Igreja. Tem de ser prolongada com gestos concretos de amor, doação e partilha.
Partilha dos nossos bens materiais (pão), mas também dos nossos bens espirituais
(reflexão e meditação). Os discípulos reconheceram Jesus ao partir do pão, como
acontece em cada Eucaristia e sempre que partilhamos com os outros a vida e o pão.
• Quando nos encontramos com Jesus, como os discípulos na fração do pão, senti-
mos necessidade de voltar para casa e partilhar essa alegria com os que precisam
de conhecer essa boa notícia.

Antes da bênção final (ou num momento só com o grupo se a Missa for com a comunidade)
cada participante recolhe um pão dos que foram deixados diante do altar durante a celebração.

Convida-se os jovens participantes a levar esse pão para casa. Em casa, à mesa de uma
refeição, partem e partilham o pão entre todos os elementos da família e fazem a seguinte
oração, de mãos dadas:

Tu, Senhor Jesus, foste companheiro de viagem dos discípulos de Emaús.


Ao longo da caminhada de hoje também senti que caminhavas comigo.
Na presença dos amigos e na meditação da Tua Palavra
senti que Tu me acompanhavas,
ajudando-me a compreender as minhas deceções.
Através deste gesto de partilha com a minha família
quero partilhar com eles como é bom caminharmos, contigo ao nosso lado.
Foi numa refeição em família que os discípulos Te reconheceram.
Aqui, à mesa com a minha família, quero pedir-Te, Jesus,
que o amor, a união e a partilha entre nós,
nos faça sentir sempre a tua presença forte
de modo que nenhuma deceção nos faça desistir de viver na alegria.
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #15 43

Ámen.

Os jovens são desafiados a conversar à mesa sobre a experiência e a reflexão feita durante
a peregrinação, aproveitando também para conversar em família sobre a JMJ.

CONTINUA
Tempo: 125 minutos (variável consoante o percurso da peregrinação)

Além da proposta da partilha do pão e da oração em família, convida alguém para ir con-
tigo à Missa no Domingo para que outros façam a mesma experiência de encontrarem o
Senhor onde ele se revela de forma mais visível: na fração do pão.

EU CREIO Tendo passado deste mundo para o Pai, Cristo deixou-nos na Eucaristia o penhor da gló-
ria junto d’Ele: a participação no santo sacrifício identifica-nos com o seu coração, sus-
tenta as nossas forças ao longo da peregrinação desta vida, faz-nos desejar a vida eterna
e desde já nos une à Igreja do céu, à Santíssima Virgem e a todos os santos. (Catecismo
da Igreja Católica, n. 1419)

Guardar para o caminho

• Tomámos consciência de que Jesus caminha ao nosso lado, fala connosco, vive
connosco.
• Compreendemos que a Paixão de Jesus mostra como Deus está realmente con-
nosco nas nossas debilidades e sofrimentos e como, com Ele, podemos vencê-los.
• Sentimo-nos já a caminho da grande peregrinação que é a JMJ.
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #16 44

ENCONTRO #16
Levanta-te e reconhece

Texto bíblico: At 3, 1-11

Objetivos:
• Reconhece que os apóstolos participam na missão de “levantar” outros.
• Interpreta a situação dos jovens de hoje.
• Sente-te enviado por Jesus como portador de vida e de cura.

Observações pedagógicas/Indicações práticas:


• A partir deste encontro inicia-se a leitura de textos do Livro dos Atos dos Apóstolos,
para os quais se segue a versão litúrgica.

PREPARA-TE
Jornada Mundial da Juventude

Materiais: vídeo

Tempo: 10 minutos (vídeo 4 minutos)

O animador começa por referir que neste encontro se inicia o percurso pelo livro dos
Atos dos Apóstolos, também escrito por São Lucas. Este livro narra a aventura da Igreja
evangelizadora que, como Maria, é chamada a partir apressadamente em missão, espe-
cialmente os jovens que se preparam para viver a JMJ Lisboa 2023.

Sugere-se que se cante o hino da JMJ Lisboa 2023.

De seguida, propõe-se a visualização de um vídeo, em que o apóstolo Pedro conta um


pouco da sua experiência como discípulo e evangelizador. Este vídeo visa preparar os
jovens para o momento da “Escuta” do texto dos Atos dos Apóstolos, no qual se vê como
os primeiros discípulos de Jesus participam da sua missão salvífica de “levantar” outros.

Poderá ser interessante não revelar aos jovens que é Pedro que lhes fala, mas sim desa-
fiá-los a tentar descobrir ao longo do vídeo a identidade do narrador.

O texto que se segue é a transcrição do vídeo com algum contexto adicional.

Foi na Galileia que o vi pela primeira vez. Junto ao lago de Tiberíades onde trabalhava
como pescador. Para mim, desde o início, Jesus foi uma novidade constante: primeiro, a
beleza de me ter escolhido para discípulo; depois os discursos, as pregações e os mila-
gres; a sua atenção e predileção pelos mais frágeis: as viúvas, os leprosos e até estran-
geiros. A sua pessoa sempre me fascinou.
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #16 45

Mas para que não restem dúvidas, mesmo após 3 anos com o Mestre, fui um discípulo
algumas vezes medroso, chegando mesmo a negá-lo por três vezes. A vida tem, de facto,
altos e baixos e eu, totalmente convencido das minhas forças, tinha-me comprometido a
seguir Jesus em todos os momentos. Aí fracassei.

Todo o processo do seu julgamento e a sua morte da Cruz foram momentos de grande
dor, desorientação e incompreensão. No entanto, a ida ao sepulcro na manhã de Páscoa
e o encontro com Jesus vivo e ressuscitado fizeram nascer em mim a esperança, a con-
fiança e a alegria.

Perante a novidade de Jesus e a sua presença após a sua morte, todos nos perguntámos:
o que devemos fazer? Compreendem que não deixámos de ser judeus e continuámos a
cumprir os ritos religiosos do judaísmo e a frequentar o Templo de Jerusalém. Para nós
que O seguimos, ter Jesus como o centro da nossa fé não nos fazia nem anular nem rejei-
tar a nossa fé: a nossa herança é judaica e o nosso salvador é Jesus, o messias prometido.

É claro que para nós Jesus revela-nos Deus como nunca antes poderíamos imaginar: o
Deus todo-poderoso e eterno fazer-se homem? Encarnar? Tomar verdadeira carne humana
para a redenção, libertação e plena felicidade do homem?

Depois da ressurreição de Jesus e do Pentecostes anunciei corajosamente o amor de


Deus revelado em Jesus. Um dia em que fui ao Templo com João, pudemos experimen-
tar a força amorosa da salvação de Jesus que atua em nós para benefício dos outros.

Depois do vídeo, proclama-se a passagem bíblica de At 3, 1-11

ESCUTA
Querigmática

Tempo: 5 minutos

Do Livro dos Atos dos Apóstolos (3, 1-11)


1
Pedro e João subiam ao templo para a oração das três horas da tarde. 2 Trouxeram então
um homem, coxo de nascença, que colocavam todos os dias à porta do templo, chamada
Porta Formosa, para pedir esmola aos que entravam. 3 Ao ver Pedro e João, que iam a
entrar no templo, pediu-lhes esmola. 4 Pedro, juntamente com João, olhou fixamente para
ele e disse-lhe: «Olha para nós». 5 O coxo olhava atentamente para Pedro e João, espe-
rando receber deles alguma coisa. 6 Pedro disse-lhe: «Não tenho ouro nem prata, mas
dou-te o que tenho: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda». 7 E, toman-
do-lhe a mão direita, levantou-o. Nesse instante fortaleceram-se-lhe os pés e os tornoze-
los, 8 levantou-se de um salto, pôs-se de pé e começou a andar; depois entrou com eles no
templo, caminhando, saltando e louvando a Deus. 9 Toda a gente o viu caminhar e louvar a
Deus 10
e, sabendo que era aquele que costumava estar sentado, a mendigar, à Porta
Formosa do templo, ficaram cheios de admiração e assombro pelo que lhe tinha acontecido.
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #16 46

11
E como ele não largava Pedro e João, todo o povo, cheio de assombro, acorreu para
junto deles, sob o pórtico de Salomão.

Palavra do Senhor
Graças a Deus

ACOLHE
Querigmática

Materiais: O quadro encontra-se no final

Tempo: 20 minutos

O animador desafia os jovens, a acompanhar os discípulos através de uma interpretação


dos seguintes verbos presentes na passagem bíblica.

Os jovens deverão preencher um quadro “Cura do coxo à porta do templo” onde se encon-
tram estes verbos. Depois escrever a passagem bíblica onde cada um deles se encontra,
descrever a ação ou a atitude dos apóstolos e, finalmente, relacionar esse verbo com a sua
própria vida. Para ajudar os jovens neste exercício, pode ajudar a seguinte interpretação:

Subir
Pedro e João subiam em direção ao Templo, lugar do encontro com Deus. Atualmente,
a nossa “subida ao templo” é ir ao encontro de Jesus nos sacramentos (Eucaristia,
Reconciliação).

Olhar
Os discípulos estavam atentos àquilo que os rodeava e por isso viram o coxo e olharam-
-no nos olhos. Muitas vezes na nossa vida precisamos de seguir o exemplo de Pedro e
João e não nos deixar abstrair das necessidades daqueles que nos rodeiam.

Ter
Pedro tem a consciência de que “não tinha ouro nem prata”, mas sabia que tinha algo
mais valioso, que tinha Jesus! O homem coxo que queria “ter” mais, recebeu algo melhor,
que foi o ser curado. Às vezes, no nosso dia-a-dia sentimo-nos impotentes por não ter
nada para dar ao outro, mas estamos enganados, temos sempre a possibilidade de dar
ao próximo, através da nossa vida, a possibilidade de descobrirem o amor e a misericór-
dia infinita de Deus.

Dar
O coxo encontra-se à porta do templo, numa situação de mendicidade. Pedro quando
chega ao seu encontro diz-lhe que não lhe dará “ouro nem prata”, mas sim Jesus, pois
Pedro sabia que esse era o bem mais valioso que podia dar ao coxo. O discípulo tinha
também consciência que o poder da cura não era seu, mas do Senhor.
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #16 47

Levantar
Esta leitura surge num contexto de pós-ressurreição, o que quer dizer que Pedro já tinha
negado Jesus. No entanto, ele agora encontrava-se capaz de fazer os mesmos gestos do
Senhor, curando em seu nome. Pedro levantou aquele homem em nome de Jesus.

Entrar
O encontro dos discípulos com este homem, não foi um momento isolado com fim em si
mesmo. Este encontro foi apenas o início, porque este homem levantou-se, começou a
andar, mas ele não seguiu um caminho qualquer, ele acompanhou os discípulos e entrou
no templo com eles.

Louvar
O louvor brota do “levantar” que os discípulos operam em nome de Jesus. Quando mani-
festamos a nossa fé no Senhor e realizamos uma missão enviados por Ele, testemunha-
mos a sua vida ressuscitada no mundo, sendo que essa verdade é motivo de louvor, ale-
gria e esperança para todos quantos nos encontram.

INTERROGA-TE
Humana, espiritual e litúrgica

Tempo: 20 minutos

Para este momento, os jovens são desafiados a deixarem-se inquietar por um poema de
Daniel Faria. Este poeta decidiu entrar no Seminário Maior do Porto, mas nos primeiros
anos do estudo de Teologia sentiu um chamamento para a vida contemplativa o que o
levou a ingressar no mosteiro beneditino de Singeverga, na freguesia de Roriz. Daniel era
um leitor voraz e desde cedo começou a escrever poesia. Em 1999, aos 28 anos, morreu
precocemente numa queda trágica no mosteiro.

O poema proposto – “Homens que são como lugares mal situados” – faz uma radiogra-
fia das pessoas do nosso tempo onde os jovens se podem ver, também, a si mesmos.

Propõe-se uma leitura individual do texto e a resposta às questões que surgem no final.
Para ajudar a reflexão individual, o animador pode comentar algumas expressões que
considere mais significativas ou interpeladoras.

Homens que são como lugares mal situados

Homens que são como lugares mal situados


Homens que são como casas saqueadas
Que são como sítios fora dos mapas
Como pedras fora do chão
Como crianças órfãs
Homens agitados sem Para lembrar onde repousem

Homens que são como fronteiras invadidas


Que são como caminhos barricados
Homens que querem passar pelos atalhos sufocados
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #16 48

(...)
Homens que são como danos irreparáveis
Homens que são sobreviventes vivos
Homens que são sítios desviados
Do lugar
(…)
Homens que são como projetos de casas
Em suas varandas inclinadas para o mundo
Homens nas varandas voltadas para a velhice
Muito danificados pelas intempéries
Homens cheios de vasilhas esperando a chuva
Parados à espera
De um companheiro possível para o diálogo interior

Homens muito voltados para um modo de ver


Um olhar fixo como quem vem caminhando ao encontro
De si mesmo
Homens tão impreparados tão desprevenidos
Para se receber
(...)
Não nos aproximemos dos homens que põem as mãos nas grades
Que encostam a cabeça aos ferros
Sem outras mãos onde agarrar as mãos
Sem outra cabeça onde encostar o coração
Não lhes toquemos senão com os materiais secretos
Do amor.
Não lhes peçamos para entrar
Porque a sua força é para fora e a sua espera
É a fé inabalável no mistério que inclina
Os homens por dentro
Não os levantemos
Nem nos sentemos ao lado deles.
Daniel Faria, “Homens que Sentemo-nos
são como lugares mal situa- No lado oposto, onde eles podem vir para erguer-nos
dos”, 1998. A qualquer instante.

Pontos de reflexão:

Os jovens são convidados a responder a algumas questões de forma mais pessoal, explo-
rando a caracterização e respetiva interpretação dos “homens”.

• Que “homens” reconheces neste texto?


• Quem são os homens que precisas de ajudar a levantar hoje no teu quotidiano?
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #16 49

PARTILHA
Humana, espiritual e litúrgica

Tempo: 20 minutos

O animador desafia os jovens a continuar o poema de Daniel Faria, substituindo a expres-


são “Homens que...” por “Jovens que…”:

Jovens que são como lugares mal situados


Jovens que …

Depois de um momento pessoal em que o jovem elabora o próprio poema, o grupo é


convidado a partilhar.

REZA E PARTILHA
Espiritual e litúrgica

Materiais: música “Cristo em Mim” (https://www.youtube.com/watch?v=UPJHoVfq7z0)

Tempo: 10 minutos

Propõe-se, de seguida, um momento de oração no qual os jovens são chamados a dei-


xar que o Senhor toque o seu coração, os encha do seu Espírito e os leve a “levantar”
outros em seu nome.

Cântico inicial

“Cristo em mim”
Senhor faz que olhem para mim só te vejam a ti.
Não ser eu quem fala, mas só Tu!
Cristo em mim Só Cristo em mim!

Palavra de Deus
Pedro disse-lhe: «Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho, isto te dou: Em nome de
Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda!» E, segurando-o pela mão direita, ergueu-o.
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #16 50

Meditação
Nós «fomos salvos por Jesus: porque nos ama e não pode deixar de o fazer. Seja o que
for que façamos contra Ele, continua a amar-nos e salva-nos. Porque só aquele que é
amado pode ser salvo. Só quem é abraçado, pode ser transformado. O amor do Senhor
é maior que todas as nossas contradições, que todas as nossas fragilidades e que todas
as nossas mesquinhices, mas é precisamente através das nossas contradições, fragilida-
des e mesquinhices que Ele quer escrever esta história de amor. Abraçou o filho pródigo,
abraçou Pedro depois de O ter negado e abraça-nos sempre, sempre, sempre, depois das
nossas quedas, ajudando-nos a levantar e ficar de pé. Porque a verdadeira queda – aten-
ção a isto! – a verdadeira queda, aquela que nos pode arruinar a vida, é ficar por terra e
não se deixar ajudar». (Papa Francisco, Cristo Vive 120).

Silêncio

Partilha dos poemas “Jovens que...”

Pai Nosso

LEVANTA-TE
Missionária e pastoral

Materiais: conferir projeto “Eu sou uma missão”

Tempo: 5 minutos

Início do Projeto “Eu sou uma missão” - Sente

Os jovens são desafiados a iniciar um projeto de serviço junto de jovens que são lugares
mal situados. Com base nos poemas escritos por eles próprios pensam num projeto de
grupo em que possam intervir junto de outros jovens. Pode completar-se com os pon-
tos indicados no momento “Sente”.

CONTINUA
Desenvolvimento do projeto.
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #17 51

EU CREIO
Toda a Igreja é apostólica, na medida em que, através dos sucessores de Pedro e dos
Apóstolos, permanece em comunhão de fé e de vida com a sua origem. Toda a Igreja
é apostólica, na medida em que é «enviada» a todo o mundo. Todos os membros da
Igreja, embora de modos diversos, participam deste envio. «A vocação cristã é também,
por natureza, vocação para o apostolado». E chamamos «apostolado» a «toda a atividade
do Corpo Místico» tendente a «alargar o Reino de Cristo à terra inteira». (Catecismo da
Igreja Católica, n. 863)

Guardar para o caminho

• Tomámos consciência da força que a fé tem na vida dos Apóstolos.


• Compreendemos como a fé nos ajuda a encontrar o sentido da vida e a importância
de levar aos outros esta certeza.

Cura do coxo à porta do templo

Verbo Texto bíblico Eu

Subir

Olhar

Ter

Dar

Levantar

Entrar

Louvar

ENCONTRO #17
Levanta-te e decide
Texto bíblico: At 5, 17-42

Objetivos:
• Reconhece que a JMJ é um encontro com a diversidade.
• Descobre que ser cristão exige ser um “influencer”.
• Exercita-te na arte do discernimento.
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #17 52

PREPARA-TE
Jornada Mundial da Juventude

Tempo: 10 minutos

No primeiro momento deste encontro, o animador convida os jovens a pensar na diver-


sidade de pessoas e de realidades que se encontram numa JMJ. Jovens provenientes de
todo o mundo, com as suas culturas e costumes, encontram-se numa cidade que os aco-
lhe e encontram-se entre si.

O encontro com a diversidade constitui um dos aspetos mais bonitos e desafiadores de


uma JMJ. Porque cada pessoa e cada grupo têm determinados quadros de valores e formas
específicas de funcionar, isso pode trazer algumas dificuldades no encontro com outras
culturas e com pessoas diferentes. Deixar que os jovens se expressem relativamente às
suas experiências de participação numa JMJ, quanto a experiências positivas ou negativas.

De seguida, convida-se os jovens a um momento de silêncio e de oração por todos os


jovens envolvidos na preparação da JMJ Lisboa 2023 e por aqueles que nela irão partici-
par, para que seja um acontecimento feliz de encontro entre todos:

Oração cristã ecuménica

Deus nosso, Trindade de amor,


a partir da poderosa comunhão da vossa intimidade divina
infundi no meio de nós o rio do amor fraterno.
Dai-nos o amor que transparecia nos gestos de Jesus,
na sua família de Nazaré e na primeira comunidade cristã.
Concedei-nos, a nós cristãos, que vivamos o Evangelho
e reconheçamos Cristo em cada ser humano,
para O vermos crucificado nas angústias dos abandonados
e dos esquecidos deste mundo
e ressuscitado em cada irmão que se levanta.
Vinde, Espírito Santo!
Mostrai-nos a vossa beleza
refletida em todos os povos da terra,
para descobrirmos que todos são importantes,
que todos são necessários, que são rostos diferentes
Papa Francisco, da mesma humanidade amada por Deus.
Fratellit tutti Ámen.
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #17 53

ESCUTA
Querigmática

Tempo: 20 minutos

Leitura dos Atos dos Apóstolos (At 5, 17-42)

17
Interveio então o sumo sacerdote e todos os do seu grupo, isto é, do partido dos sadu-
ceus. Enfurecidos contra os Apóstolos, 18 mandaram-nos prender e meteram-nos na pri-
são pública. 19 Mas, durante a noite, o Anjo do Senhor abriu as portas da prisão, levou-os
para fora e disse-lhes: 20 «Ide apresentar-vos no templo, a anunciar ao povo todas estas
palavras de vida». 21 Tendo ouvido isto, eles entraram no templo de madrugada e come-
çaram a ensinar.

Entretanto, chegou o sumo sacerdote com os do seu grupo. Convocaram o Sinédrio e


todo o Senado dos israelitas e mandaram buscar os Apóstolos à cadeia. 22
Os guardas
foram lá, mas não os encontraram na prisão; e voltaram 23
para avisar: «Encontrámos a
cadeia fechada com toda a segurança e os guardas de sentinela à porta. Abrimo-la, mas
não encontrámos ninguém lá dentro».
24
Ao ouvirem estas palavras, o comandante do templo e os príncipes dos sacerdotes
ficaram muito perplexos, perguntando entre si o que se tinha passado com os presos.
25 
Entretanto, veio alguém comunicar-lhes: «Os homens que metestes na prisão estão no
templo a ensinar o povo». 26 Então o comandante do templo foi lá com os guardas e trouxe
os Apóstolos, mas sem violência, porque tinham receio de ser apedrejados pelo povo.
27
Trouxeram então os Apóstolos e fizeram-nos comparecer diante do Sinédrio. O sumo
sacerdote interpelou-os, 28 dizendo: «Já vos proibimos formalmente de ensinar em nome
de Jesus; e vós encheis Jerusalém com a vossa doutrina e quereis fazer recair sobre nós
o sangue desse homem».
29
Pedro e os Apóstolos responderam: «Deve obedecer-se antes a Deus do que aos homens.
30
O Deus dos nossos pais ressuscitou Jesus, a quem vós destes a morte, suspendendo-O
no madeiro. 31 Deus exaltou-O pelo seu poder, como Chefe e Salvador, a fim de conce-
der a Israel o arrependimento e o perdão dos pecados. 32 E nós somos testemunhas des-
tes factos, nós e o Espírito Santo, que Deus tem concedido àqueles que Lhe obedecem».
33
Enraivecidos com tal linguagem, pensaram a sério em matá-los.

34
Levantou-se um homem no Sinédrio, um fariseu chamado Gamaliel, doutor da Lei vene-
rado por todo o povo, e mandou sair os Apóstolos por uns momentos. 35
Depois disse:
«Israelitas, tende cuidado com o que ides fazer a estes homens. 36
Há tempos, apareceu
Teudas, que dizia ser alguém, e seguiram-no cerca de quatrocentos homens. Ele foi liqui-
dado e todos os seus partidários foram destroçados e reduzidos a nada. 37 Depois dele,
nos dias do recenseamento, apareceu Judas, o Galileu, que arrastou o povo atrás de si.
Também ele pereceu e todos os seus partidários foram dispersos. 38
Agora vou dar-vos
um conselho: Não vos metais com estes homens: deixai-os. Porque se esta iniciativa, ou
esta obra, vem dos homens, acabará por si mesma. 39 Mas se vem de Deus, não podereis
destruí-la e correis o risco de lutar contra Deus».

Eles aceitaram o seu conselho. 40 Chamaram de novo os Apóstolos à sua presença e, depois
de os terem mandado açoitar, proibiram-nos de falar no nome de Jesus e soltaram-nos.
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #17 54

41
Os Apóstolos saíram da presença do Sinédrio cheios de alegria, por terem merecido
serem ultrajados por causa do nome de Jesus. 42 E todos os dias, no templo e nas casas,
não cessavam de ensinar e anunciar a boa nova de que Jesus era o Messias.

Palavra do Senhor
Graças a Deus.

Depois da leitura do texto, pode fazer-se uma leitura, em pares, do mesmo, sublinhando
no texto as frases que descrevem as diferentes situações apresentadas (Os apóstolos são
presos, libertação dos apóstolos, obediência à palavra do anjo e pregação no Templo, etc.).

Se for oportuno, pode haver uma partilha em grande grupo das situações descritas no texto.

ACOLHE
Querigmática

Materiais:

• Catequese do Papa Francisco sobre os critérios de discernimento propostos por


Gamaliel (http://www.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2019/documents/
papa-francesco_20190918_udienza-generale.html)

Tempo: 5 minutos

Segue-se a interpretação deste texto bíblico feita pelo Papa Francisco através da visualiza-
ção da catequese sobre os critérios de discernimento propostos por Gamaliel. (Catequese
sobre os Atos dos Apóstolos, 8)

No final do vídeo, o animador pode destacar alguns elementos mais significativos, entre
os quais:

• Os saduceus eram um grupo de pessoas muito influentes na sociedade daquela


época. Porque tinham receio de perder essa influência, consideravam os apóstolos
como “inimigos”, visto que eles vinham transmitir uma nova verdade ao povo.
• Gamaliel, que era um doutor da lei e respeitado por todo o povo, levanta-se e
chama à atenção para o seguinte: se a obra que os apóstolos estavam a fazer era
de homens, então acabaria por desaparecer como tantas outras; por outro lado, se
a obra era de Deus, a mesma iria permanecer e ninguém quereria ser contra Deus.
A atitude de se levantar visa lembrar que a ação dos apóstolos poderia ser uma
obra de Deus e demonstra coragem em não pactuar com situações de injustiça.
Este é um critério importante para avaliar as situações.
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #17 55

INTERROGA-TE
Humana, espiritual e litúrgica

Materiais:
Post-its individuais para dinâmica de identificação de influências da sociedade.

Tempo: 20 minutos

De seguida, os jovens são convidados, individualmente, a responder às seguintes questões:

• Quem são os saduceus de hoje? Quem exerce mais influência hoje em dia na
sociedade?

(Cada jovem escreve cada uma das suas respostas a esta pergunta num post-it, podendo
referir pessoas ou instituições. Estas serão depois partilhadas)

• Quem são os meus influencers? Os saduceus de hoje? Ou outros?


• Sou uma influência na sociedade? As minhas ideias influenciam os contextos e as
pessoas onde vivo?
• Em que momentos sou um verdadeiro cristão e assumo isso perante os outros?

PARTILHA
Humana, espiritual e litúrgica

Materiais: vídeo “Malala” (https://www.youtube.com/watch?v=hNAmM-llm4c)

Tempo: 20 minutos

De seguida, os jovens são convidados a partilhar as suas respostas em grupo. No caso da


primeira questão, os post-its que forem entregues por cada jovem devem ser colocados
em categorias definidas pelos próprios jovens (ex. Igreja, política, escola, etc.).

Como pistas para a partilha, o animador pode seguir estas questões:

1. Como batizados em Cristo, temos vergonha ou receio de nos anunciarmos como


membros ativos da Igreja?

2. Como podemos nós, como grupo, contrariar as influências da sociedade focadas no


Vídeo Malala egoísmo, na discriminação, no racismo, etc.?
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #17 56

Com base na partilha realizada, o animador convida a ver o vídeo sobre o exemplo de
vida e testemunho de Malala Yousafzai.

REZA
Espiritual e litúrgica

Materiais: vídeo (www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2020-04/portugal-jovens-musica-


-mensagem-papa-francisco.html)

Tempo: 10 minutos

Segue-se um momento de oração com base nalguns textos da “Cristo Vive” a partir dos
quais se oferece a possibilidade de cada jovem ter critérios para discernir alguma situa-
ção da sua vida. A leitura dos textos pode ser feita em voz alta, dando depois tempo para
que, em silêncio, os jovens os leiam de novo e se interroguem diante de Deus.

1. O hábito do discernimento?

Os jovens estão especialmente sujeitos a um zapping constante. É possível navegar simul-


taneamente em dois ou três visores e interagir ao mesmo tempo em diferentes cená-
rios virtuais. Sem a sapiência do discernimento, podemos facilmente transformar-nos em
marionetes à mercê das tendências da ocasião. E isto revela-se particularmente impor-
tante quando aparece uma novidade na própria vida, sendo necessário então discernir
se é o vinho novo que vem de Deus ou uma novidade enganadora do espírito do mundo
ou do espírito maligno. (Papa Francisco, Cristo Vive 279).

Face às novidades da tua vida, és uma marionete ou és capaz de tomar decisões


com Jesus?

Este discernimento, embora inclua a razão e a prudência, supera-as, porque se trata de


entrever o mistério daquele projeto, único e irrepetível, que Deus tem para cada um (…).
Está em jogo o sentido da minha vida diante do Pai que me conhece e ama, aquele sen-
tido verdadeiro para o qual posso orientar a minha existência e que ninguém conhece
melhor do que Ele. (Papa Francisco, Cristo Vive 280).

Reconheço que Deus me conhece e me ama a ponto de saber o que é melhor para mim?

Em que situações da minha vida a ausência de discernimento foi destrutiva para mim? E
em que situações o discernimento, pelo contrário, se revelou construtivo?

Elabora uma oração de confiança no Pai.

No final, depois da partilha das orações e do Pai Nosso, canta-se a música “Levanta-te e arrisca”.
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #17 57

Levanta-te e arrisca!
Não te percas no abismo
Onde está o teu vigor?
Jesus está diante de ti
E te chama com fervor.
Não te detenhas no medo
Avizinha-te ao irmão
Sê caminho, sê esperança
Deus dá-te a Sua mão.

Levanta-te e arrisca,
Esforça-te por um mundo melhor.
Sonha alto e contempla o céu e as estrelas
E o mundo ao teu redor.

Se ousares fixar os olhos


Na fraqueza de quem chora
Saberás viver de novo
Serás mais feliz agora.
Se tropeçares no caminho
Vais-te querer levantar
Sabes que não estás sozinho
Ele ensina a caminhar.

LEVANTA-TE
Missionária e pastoral

Materiais: ver projeto “Eu sou uma missão”

Tempo: 5 minutos

CONTINUA
Ler o livro de Marko Ivan Rupnik. O Discernimento: da purificação à comunhão. Ed. Paulinas
2ª edição de 2014, última reimpressão de 2020
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #18 58

EU CREIO
Os carismas devem ser acolhidos com reconhecimento por aquele que os recebe, mas
também por todos os membros da Igreja. De facto, eles são uma maravilhosa riqueza de
graças para a vitalidade apostólica e para a santidade de todo o Corpo de Cristo; desde
que se trate de dons verdadeiramente procedentes do Espírito Santo e exercidos de modo
plenamente conforme aos impulsos autênticos do mesmo Espírito, quer dizer, segundo a
caridade, verdadeira medida dos carismas. (Catecismo da Igreja Católica, n. 800)

Guardar para o caminho

• Descobrimos como o facto de sermos cristãos nos obriga a ser “influencers”.


• Entendemos também que temos de aprender a conviver uns com os outros, respei-
tando todas as diferenças.
• Compreendemos a importância da capacidade de discernir como atuar nas diversas
situações que se nos deparam ao longo da vida.

ENCONTRO #18
Levanta-te e acompanha

Texto bíblico: At 8, 26-39

Objetivos:
• Valoriza o papel dos animadores juvenis no caminho do grupo.
• Dá graças pelas pessoas que nos acompanham no caminho da fé.
• Aprende a caminhar com os outros jovens, anunciando-lhes Jesus.

Observações pedagógicas/Indicações práticas:


• O dia é pensado em forma de caminhada de 2-3 horas ou mais (segundo as possi-
bilidades de cada grupo). Além do ponto inicial, o caminho deve ter mais três para-
gens para realização dos pontos da catequese. Se for possível, acabar a caminhada
na igreja paroquial perto da pia batismal.
• Cada paragem é preparada por 2-3 jovens. A ideia do encontro é que os jovens
façam a experiência de serem animadores do grupo durante algum momento.

Materiais:
• Imagens dos santos e da passagem bíblica.
• Varas de madeira.
• Cartão.
• Fios.
• Sacos ou envelopes.
• Fita cola.
• Velas.
• Anexos da pasta do material de apoio.
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #18 59

PREPARA-TE
Jornada Mundial da Juventude

Materiais:
Preparam-se, previamente:
• quadros de cartão com imagens de santos cortados em puzzle.
• um quadro com cena bíblica do encontro de Filipe com o eunuco.
• sacos ou envelopes para colocar as peças do puzzle.
• cola ou fita cola.
• varas.

Exemplo de santos:
• Pier Giorgio Frassati,
• Francisco e Jacinta Marto.
• Santo António de Lisboa.
• São João de Brito.
• São João de Deus.
• Santa Isabel de Portugal.
• São Nuno de Santa Maria.
• São João Paulo II.
• Beato Carlo Acutis.
• Beata Chiara Luce Badano.
• outros

Tempo: 10 minutos

Momento 1: Levanta-te e põe-te a caminho

O grupo é dividido em pequenos grupos.

Cada grupo recebe um quadro com a imagem de um santo; um dos grupos recebe um
quadro da cena bíblica do encontro do Filipe com o eunuco. Tem 5 minutos para juntar
as peças umas às outras e formar um quadro. Colam o quadro à vara, tipo estandarte.

Depois deste tempo, procuram adivinhar quem está representado no quadro e dizem-no
ou apresentam-no, brevemente, aos restantes (nome, ideia soltas, etc.).

Os animadores deste momento ajudam os restantes participantes a identificar as perso-


nagens dos quadros. Depois, referem que os santos acompanham as JMJ desde o início.
Em todas as JMJ existem os santos padroeiros. Assim como nas nossas paróquias existem
os santos padroeiros, como exemplos a imitar, também as JMJ sempre nos apresentam
santos que desafiam a vida dos jovens no seu seguimento de Jesus Cristo. Por exemplo,
a JMJ do Panamá teve 8 santos padroeiros. Em Cracóvia, os jovens acolheram as relíquias
de Pier Giorgio Frassati e de Santa Teresa do Menino Jesus; alguns santos foram beatifi-
cados durante uma JMJ, como é o caso de Frederico Ozanam em Paris no ano de 1997.
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #18 60

A exortação “Cristo Vive” enumera alguns santos jovens.

Referem que as figuras representadas nos quadros vão acompanhar a caminhada deste
dia. Lembram que alguns deles tinham uma ligação especial com a natureza. Por exem-
plo: Pier Giorgio Frassati e S. João Paulo II escalavam montanhas. S. Francisco e Santa
Jacinta Marto caminhavam pelos campos à volta de Aljustrel com o rebanho dos pais.
Santo António percorreu incansavelmente, a pé, os caminhos da Península Itálica, para
anunciar a Palavra de Deus, assim como S. João de Brito na Índia...

O grupo parte em caminhada até ao primeiro ponto de paragem, dando-se tempo para
ler e meditar o texto sobre os santos e para conversa livre.

Os santos que nos encorajam e acompanham

Os santos, que já chegaram à presença de Deus, mantêm connosco laços de amor e


comunhão. Podemos dizer que estamos circundados, conduzidos e guiados pelos ami-
gos de Deus. Não devo carregar sozinho o que, na realidade, nunca poderia carregar sozi-
nho. Os numerosos santos de Deus protegem-me, amparam-me e guiam-me. (Gaudete
et exsultate, 4).

ESCUTA
Querigmática

Materiais: Leitura dialogada por três intervenientes (Narrador, Filipe, Eunuco).

Tempo: 20 minutos

Momento 2: Como posso entender?

Os animadores desta paragem, convidam os participantes a sentarem-se e a disporem-


-se a escutar a palavra de Deus. Pode cantar-se um cântico e solicita-se que o quadro de
Filipe e o eunuco seja posto em destaque.

De seguida, proclama-se o texto bíblico:

Leitura dos Atos dos Apóstolos (At 8, 26-39)

Narrador: 26
O Anjo do Senhor disse a Filipe: «Levanta-te e dirige-te para o sul, pelo cami-
nho deserto que vai de Jerusalém para Gaza». 27 Filipe partiu e dirigiu-se para lá. Quando
ia a caminho, encontrou-se com um eunuco etíope, que era alto funcionário de Candace,
rainha da Etiópia, e administrador geral do seu tesouro. Tinha ido a Jerusalém para ado-
rar a Deus 28 e regressava ao seu país, sentado no seu carro, a ler o livro do profeta Isaías.
29
O Espírito de Deus disse a Filipe: «Aproxima-te e acompanha esse carro». 30 Filipe apro-
ximou-se do carro e, ouvindo o etíope a ler o profeta Isaías, perguntou-lhe:

Filipe: «Entendes, porventura, o que estás a ler?».


RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #18 61

Narrador: 31
Ele respondeu:

Eunuco: «Como é que eu posso entender sem ninguém me explicar?» Convidou então
Filipe a subir para o carro e a sentar-se junto dele.

Narrador: 32 A passagem da Escritura que ele ia a ler era a seguinte:

«Como cordeiro levado ao matadouro,


como ovelha muda ante aqueles que a tosquiam,
ele não abriu a boca.
33
Foi humilhado e não se lhe fez justiça.
Quem poderá falar da sua descendência?
Porque a sua vida desapareceu da terra».
34
O eunuco perguntou a Filipe:

Eunuco: «Diz-me, por favor: de quem é que o profeta está a falar? De si próprio ou de
outro?».

Narrador: 35
Então Filipe tomou a palavra e, a partir daquela passagem da Escritura, anun-
ciou-lhe Jesus. 36 Ao passar por um lugar onde havia água, o eunuco exclamou:

Eunuco: «Ali está água. Que me impede de ser baptizado?». (37)

Narrador: 38 Mandou parar o carro, desceram ambos à água e Filipe baptizou-o. 39 Quando
saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou Filipe e o eunuco deixou de o ver. Mas
continuou o seu caminho cheio de alegria.

Palavra do Senhor.
Graças a Deus

INTERROGA-TE
Humana, espiritual e litúrgica

Materiais:
• Fazer cartões com uma breve descrição da vida dos santos.
• As perguntas são preparadas previamente

Tempo: 20 minutos

Depois da leitura do texto, segue-se um momento individual de reflexão onde os jovens são
convidados a olhar a sua própria experiência de serem acompanhados por outras pessoas.

Indicações para o jovem:

• Lê de novo o texto e coloca-te no lugar do eunuco.


• Repara nas atitudes de Filipe e recorda as pessoas que te têm acompanhado ao
longo da vida:
– Os teus familiares.
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #18 62

– Os amigos.
– Os professores e outros educadores.
– Os catequistas, sacerdotes, etc.

• Em que momentos da tua vida sentes que alguma destas pessoas se aproximou de
ti e marcou a diferença pela forma como te falou, pelo que te disse, pelo gesto que
realizou, etc.

Depois deste tempo individual, distribuem-se cartões pelos participantes com uma breve
descrição da vida e testemunho dos santos escolhidos para o encontro. Os participantes
leem-nos e depois recolhem-se.

Segue-se um quiz intitulado “O jogo dos verdadeiros influencers” com perguntas sobre
a vida dos santos.

As perguntas e respostas encontram-se, em anexo, no final deste encontro. Os animado-


res desta paragem recebem esta folha depois de indicarem as seguintes regras:

• Jogo por equipas de “santos” e Filipe e eunuco.


• As perguntas são direcionadas a cada grupo individualmente.
• Cada grupo tem apenas uma hipótese de resposta. se não acertar fica sem jogar
uma vez e a equipa seguinte ganha o direito a responder.
• Cada resposta certa equivale a um ponto.
• Ganha a equipa com mais pontos.

Podem-se dar prémios às equipas.

No final, segue-se um lanche.

A caminhada prossegue.

ACOLHE E PARTILHA
Humana, espiritual e litúrgica

Materiais: Colocar a homilia em texto…

Tempo: 20 minutos

Momento 3: Aproxima-te, escuta, dialoga

A equipa dinamizadora deste momento, recorda o que foi feito no momento anterior refe-
rente à lembrança das pessoas que nos acompanham.

De seguida, pede aos participantes que apontem características de um bom animador,


em chuva de ideias.
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #18 63

No final, faz-se uma síntese das respostas.

Segue-se um trabalho em grupos com base num comentário ao texto bíblico de Filipe e
o eunuco feito pelo Papa Francisco.

Depois da leitura do texto, em grupos, respondem à seguinte questão:

• Como é que nós, jovens, podemos acompanhar outros jovens?

Segue-se uma partilha, em grande grupo.

A caminhada prossegue.

REZA
Espiritual e litúrgica

Materiais:
• Ícone do cordeiro
• Velas

Tempo: 10 minutos

Momento 4: Desceram ambos à água

Propõe-se, como último momento da caminhada, uma oração contemplativa e mistagó-


gica do Batismo. No local, devidamente preparado com um ambiente convidativo à ora-
ção, dispõem-se um crucifixo, uma bíblia, um recipiente com água batismal, o círio pas-
cal e uma imagem do cordeiro imolado.

Antes do cântico inicial, à chegada ao local onde se realiza a oração, introduz-se o sentido
da mesma, fazendo referência à parte final do texto bíblico quando se diz que Filipe e o
eunuco desceram os dois à água, numa clara alusão ao sacramento do Batismo.

1. Cântico inicial:

Tu és fonte de vida
Tu és fogo, tu és amor.
Vem, Espírito Santo.
Tu és fonte de vida Vem, Espírito Santo. (Taizé)

2. Texto introdutório:

Leitor: O Batismo é o sacramento sobre o qual se fundamenta a nossa própria fé e que


nos insere como membros vivos em Cristo e na sua Igreja. Juntamente com a Eucaristia
e a Confirmação forma a chamada «iniciação cristã», que constitui como que um único
grande acontecimento sacramental que nos configura com o Senhor e faz de nós um
sinal vivo da sua presença e do seu amor. (Papa Francisco, Batismo, fundamento da nossa
fé, 08.01.2014)
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #18 64

3. Ícone do Cordeiro imolado

(Um jovem segura a imagem do Cordeiro)

Leitor: «Como cordeiro levado ao matadouro, como ovelha muda ante aqueles que a tos-
quiam, ele não abriu a boca. Foi humilhado e não se lhe fez justiça. Quem poderá falar da
sua descendência? Porque a sua vida desapareceu da terra.» (Is 53, 7-8)

Tempo breve de silêncio

Leitor: «No Novo Testamento o termo «cordeiro» aparece várias vezes, e sempre em refe-
rência a Jesus. Esta imagem do cordeiro poderia causar admiração; com efeito, um ani-
mal que certamente não se caracteriza pela força nem pela robustez carrega sobre os
seus ombros um peso tão opressor. A massa enorme do mal é levantada e carregada
por uma criatura débil e frágil, símbolo de obediência, docilidade e amor indefeso, que
chega até ao sacrifício de si. O cordeiro não é um dominador, mas é dócil; não é agres-
sivo, mas pacífico; não mostra as garras nem os dentes diante de qualquer ataque, mas
suporta e perdoa. Assim é Jesus! Assim é Jesus, como um cordeiro!» (Papa Francisco,
Ângelus de 19.01.2014)

Cântico: Bonum est confidere in Domino / Bonum sperare in Domino.

3. Cruz

(Um jovem segura a cruz)


Bonum est confidere
Leitor: «A linguagem da cruz é certamente loucura para os que se perdem, mas para os
que se salvam, para nós, é força de Deus. Enquanto os judeus pedem sinais e os gregos
andam em busca da sabedoria, nós pregamos um Messias crucificado, escândalo para
os judeus e loucura para os gentios. Mas, para os que são chamados, tanto judeus como
gregos, Cristo é poder e sabedoria de Deus.» (1 Cor 1, 18.22-24)

Leitor: «Jesus com a sua cruz atravessa os nossos caminhos para carregar os nossos
medos, os nossos problemas, os nossos sofrimentos, mesmo os mais profundos. [...] O
que foi que a cruz deixou naqueles que a viram, naqueles que a tocaram? O que deixa em
cada um de nós? Deixa um bem que ninguém mais nos pode dar: a certeza do amor ina-
balável de Deus por nós.» (Papa Francisco, Via Sacra na JMJ do Rio de Janeiro, 26.07.2013).

Cântico: Olha para a cruz (ninguém te ama como eu)

Quanto esperei este momento,


Quanto esperei que viesses a mim.
Quanto esperei que me falasses,
Quanto esperei que estivesses aqui.

Sei bem o que tens vivido,


Sei bem o que tens chorado.
Sei bem o que tens sofrido,
Sempre estive a teu lado.

Ninguém te ama como eu,


RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #18 65

Ninguém te ama como eu,


Olha para a cruz é a minha maior prova
Ninguém te ama como eu,
Ninguém te ama como eu,
Ninguém te ama como eu.
Foi por ti e só por ti
Porque te amo.
Ninguém te ama como eu.

Eu sei bem o que tu dizes


Mesmo que às vezes não me fales.
Eu sei bem o que tu sentes
Mesmo que não partilhes comigo.

Ao teu lado caminharei,


Junto a ti eu sempre estive.
Tenho sido o teu apoio,
Sou o teu melhor amigo.

4. Água batismal

(Um jovem segura o recipiente com água batismal)

Leitor: «Pelo Batismo fomos, pois, sepultados com Ele na morte, para que, tal como Cristo
foi ressuscitado de entre os mortos pela glória do Pai, também nós caminhemos numa
vida nova.» (Rom 6, 4)

Leitor: «Se festejamos o dia do nascimento, como não festejar — pelo menos recordar —
o dia do renascimento? Demos graças ao Senhor por aquele dia, porque é precisamente
o dia em que Jesus entrou em nós, que o Espírito Santo entrou em nós.» (Papa Francisco,
Audiência Geral de 11 de abril de 2018).

Cântico: Ó luz do Senhor, que vem sobre a terra, inunda meu ser, permanece em nós.

Durante o cântico distribui-se velas pelos jovens e cada um acende a sua vela no Círio Pascal.
Ó luz do senhor

5. Profissão de fé

Leitor: Pelo Batismo tornámo-nos filhos e filhas de Deus, fomos iluminados pela sua luz
para podermos iluminar os outros. A luz da fé, que nasce do encontro com o Deus vivo,
que nos chama e revela o seu amor, ilumina toda a nossa existência. Agradecidos pelo
dom da fé, professemo-la com alegria e confiança:

Creio em Deus, Pai todo-poderoso, Criador do Céu e da Terra.


E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor
que foi concebido pelo poder do Espírito Santo;
nasceu da Virgem Maria;
padeceu sob Pôncio Pilatos,
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #18 66

foi crucificado, morto e sepultado;


desceu à mansão dos mortos;
ressuscitou ao terceiro dia;
subiu aos Céus;
está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso,
de onde há-de vir a julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo;
na santa Igreja Católica;
na comunhão dos Santos;
na remissão dos pecados;
na ressurreição da carne;
e na vida eterna. Ámen.

5. Ser enviado como discípulo missionário a acompanhar (cf. EG 120-121.169 -171)

Leitor 1: Em virtude do Batismo recebido, cada membro do povo de Deus tornou-se dis-
cípulo missionário.

Leitor 2: Cada cristão é missionário na medida em que se encontrou com o amor de


Deus em Cristo Jesus.

Todos: Faz de nós discípulos missionários.

Leitor 3: Todos somos chamados a dar aos outros o testemunho explícito do amor sal-
vífico do Senhor, que, sem olhar às nossas imperfeições, nos oferece a sua proximidade,
a sua Palavra, a sua força, e dá sentido à nossa vida.

Leitor 4: Sabemos que a vida não é a mesma coisa sem Jesus; por isso aquilo que descobri-
mos, o que nos ajuda a viver e nos dá esperança, isso é que devemos comunicar aos outros.

Todos: Faz de nós discípulos missionários.

Leitor 5: Também os jovens devem ser iniciados na «arte do acompanhamento», apren-


dendo a descalçar sempre as sandálias diante da terra sagrada do outro.

Leitor 6: A dar ao seu caminhar com os outros jovens o ritmo salutar da proximidade,
com um olhar respeitoso e cheio de compaixão, mas que ao mesmo tempo cure, liberte
e anime a amadurecer na vida cristã.

Leitor 7: Hoje, mais do que nunca, precisamos de jovens que conheçam, a partir da sua
experiência de acompanhamento, o modo de proceder, onde reine a prudência, a capa-
cidade de escuta e de compreensão, a arte de esperar, a docilidade ao Espírito.

Todos: Faz de nós discípulos missionários.

(Pode seguir-se um momento de preces espontâneas)

Pai nosso

Oração final

Deus nosso Pai que, nas águas do Batismo, nos configurastes com o vosso Filho Jesus
Cristo, fazei de nós autênticos discípulos missionários, que sabem escutar, acompanhar
e anunciar com coragem a boa notícia do Evangelho. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #18 67

Cântico: Hino JMJ Lisboa 2023


De todo o mundo para este lugar,
Partimos, voámos, chegámos aqui.
Com Maria, ensaiamos um sim.
Queremos servir, fazer a vontade
Hino JMJ Lisboa 2023 Do Pai, nosso Pai.
Chamados a ser com Cristo Jesus,
Queremos dar, queremos estar,
Dispostos ao sim, fazer como a Mãe.

Refrão:
Todos vão ouvir a nossa voz,
Levantemos braços, há pressa no ar.
Jesus vive e não nos deixa sós:
Não mais deixaremos de amar.

Tu que andas à procura de ti


Parte à descoberta, vem ver o que eu vi.
Vem connosco, vem olhar para além
Daquilo que fazes e que não te deixa
Sorrir e amar.
Não olhes para trás, não digas que não.
Ouve o teu coração,
E parte, sem medo, nesta missão.

Refrão

Foi Maria quem primeiro acolheu


A grande surpresa da vida sem fim.
Confiante e simples, quis receber
Tão grande mistério de um Deus que é
p’ra sempre / Por ti e por mim.
Não posso calar, não posso deixar
De dizer: “Meu Senhor,
Conta comigo, não mais calarei!”.

Refrão

Sem ter dúvidas da sua missão,


Maria, tão jovem, depressa deixou
Sua casa e p’la montanha subiu,
P’ra ver Isabel e logo encontrou
Saudação, comunhão.
O fruto é bendito, é o meu Senhor!
E eu também quero ouvir:
“Porque acreditaste, para sempre és feliz!”.

Refrão
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR | ENCONTRO #18 68

LEVANTA-TE
Missionária e pastoral

Materiais: Ver projeto “Eu sou uma missão”

Tempo: 5 minutos

Projeto “Eu sou uma missão!” - Faz

CONTINUA
Projeto “Eu sou uma missão!” - Festeja

EU CREIO É em Igreja, em comunhão com todos os baptizados, que o cristão realiza a sua voca-
ção. Da Igreja recebe a Palavra de Deus, que contém os ensinamentos da «Lei de Cristo»
(75); da Igreja recebe a graça dos sacramentos que o sustentam no «caminho»: da Igreja
recebe o exemplo da santidade: reconhece-lhe a figura e a fonte na santíssima Virgem
Maria; distingue-a no testemunho autêntico dos que a vivem: descobre-a na tradição espi-
ritual e na longa história dos santos que o precederam e que a liturgia celebra ao ritmo
do Santoral. (Catecismo da Igreja Católica, n. 2030)

Guardar para o caminho

• Compreendemos a importância de ser acompanhados por outros que nos ajudam


no caminho.
• Descobrimos como tantas pessoas (homens, mulheres, jovens e crianças que hoje
conhecemos como santos) caminharam pela vida ao encontro de Deus, acompa-
nhados por outros e acompanhando também quem precisava deles.
• Demos graças pelo nosso Batismo que fez de nós filhos de Deus e discípulos
missionários.
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR 69

PROJETO “EU SOU UMA MISSÃO!”


“Eu sou uma missão” é um projeto proposto aos grupos de jovens Rise Up, no qual se
pretende a realização de uma atividade de serviço aos outros em que os jovens evange-
lizam outros jovens e os despertam para o sentido de Deus. O projeto pode ser desen-
volvido junto de outros jovens ou de outras realidades humanas onde se sinta a neces-
sidade de intervenção dos jovens. Particularmente no contexto da crise pandémica que
vivenciamos, as iniciativas de serviço podem ir ao encontro das necessidades reconheci-
das na comunidade em que os jovens estão inseridos. Pretende-se que eles se sintam pro-
tagonistas da transformação do mundo através de “projetos que os fortaleçam, acompa-
nhem e lancem para o encontro com os outros, no serviço generoso e na missão” (CV 30).

A pedagogia de projeto articula quatro momentos (Sente, Pensa, Faz, Festeja), através dos
quais os jovens podem mobilizar-se e dar o melhor de si mesmos na construção, realização
e avaliação de um projeto original que cause impacto na comunidade e junto de outros
jovens. Conforme, o ritmo de cada grupo, escolher-se-á o melhor momento - catequese
-, a partir da qual se inicia o projeto. Deverá ser uma catequese de tal modo significativa
que ajude os jovens a compreender o que lhes é pedido no projeto: “Eu sou uma missão!”.

Os passos prévios à realização do projeto caracterizam-se pelos seguintes momentos,


que podem ser desenvolvidos na modalidade mais indicada para cada grupo.

1. Sente

• O que descobriste acerca da missão dos jovens neste mundo?


• Como é que Jesus ilumina a tua vida para que sejas uma missão?
• És chamado a sair de ti para servir os outros.
• Olha o teu meio e descobre situações onde podes ser enviado a servir.

2. Pensa

• O que poderíamos fazer como grupo?


• O que pretendemos? A quem queremos chegar e quem vamos envolver?
• Partilha e aprofundamento das ideias propostas.
• Conseguir consenso no grupo e enriquecer o projeto com o contributo de todos.

3. Faz

• Em grupo concretizam-se os seguintes aspetos do projeto: Nome do projeto, data


e local, objetivos, tempos e etapas, definição de tarefas e atribuição de responsabili-
dades, recursos necessários, pessoas e instituições a envolver.
• Pôr em prática o projeto.
• Trabalhar em equipa.
• Realizar o projeto.
RISE UP | LIVRO DO ANIMADOR 70

4. Festeja

• Refletimos sobre o vivido: partilhamos as nossas experiências, o que sentimos e o


que os outros nos ensinaram.
• Avaliamos o processo no seu conjunto: a preparação e a execução.
• Como podemos inspirar outros e partilhar com eles o que vivenciámos.
• Celebramos os dons de Deus na comunidade cristã.
71

Jovem, eu te digo, levanta-te! (Lc 7, 14)


Levanta-te! Eu te constituo testemunha do que viste! (At 26, 16)
Maria levantou-se e partiu apressadamente. (Lc 1, 39)

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