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Apostila 01

Introdução
Muitas pessoas pensam que para ser capelão só é necessário conhecer a
Bíblia. Entretanto, tal consideração não condiz com a realidade, nem atende
as necessidades. Pelo contrário, além de conhecer a Bíblia, também é
necessário saber visitar e possuir a qualificação técnica, o aprimoramento e
orientação psicológica.
O trabalho do “capelão” cristão, através da Ajuda Espiritual a enfermos, a
encarcerados, desamparados e necessitados em geral é um trabalho belo,
maravilhoso, por vezes chocante, mas extraordinariamente necessário.
Quando o Senhor Jesus aqui viveu o seu ministério englobava o homem em
sua totalidade (corpo, alma e espírito) não podemos ser negligentes e deixar
de seguir seus passos.
O Ministério da Capelania é uma obra muito importante.
Capítulo 1
Origem da Palavra Capelania

A palavra Capelania foi dada aos serviços religiosos prestados por oficiais
treinados, teve origem nas Forças Armadas do Exército em 1776. Conta-se
que na França, um oficial Sargento Martinho ao encontrar um homem
abandonado na rua debaixo de chuva e frio, cortou sua Capa e o cobriu num
ato de solidariedade, humanismo, caridade, ajuda e amor ao próximo. Ao
morrer, esta capa foi levada como uma relíquia para a igreja para ser
venerada. Esta igreja recebeu o nome de "Igreja da Capa". Daí que surgiram
as derivações Capela, Capelão e Capelania.

O que é Capelania Cristã?

Podemos resumir uma ação de dar assistência de caráter espiritual


aos necessitados ou às pessoas que solicitam tal ajuda. Essa assistência
espiritual deve sempre focar a pessoa de nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo dentro do contexto do Reino de Deus.

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A Capelania visa proporcionar ao ser humano oportunidades de uma
formação integral dentro dos princípios éticos cristãos norteados de acordo
com a Bíblia Sagrada.
O principal serviço da Capelania é levar a esperança e esperança é esperar
o que se deseja. Segundo Hebreus 11.1 - “... a fé é a certeza daquilo que
esperamos ...” (NVI), então, podemos afirmar que o objetivo da Capelania
é levar o ser humano a uma fé ativa diante do Criador, através da qual a
pessoa consegue se aproximar de Deus e desenvolver um relacionamento
pessoal com Ele, entregar-se a Ele e viver esperando Nele.
Podemos então afirmar que o objetivo da Capelania consiste em lançar a
semente da fé bíblica no coração do próximo promovendo de forma
sobrenatural a esperança viva da fé em Deus.
Vale ressaltar que a Capelania não é uma atividade pertencente ou
exclusiva a nenhuma instituição ou convenção. É uma atividade voluntária
e livre, excetuando, é claro, os concursados nas forças armadas, unidades
militares e afins.
A Capelania é a atividade que oferece oportunidades tais como:
conhecimento, reflexão, desenvolvimento e aplicação de valores e
princípios ético-cristãos e da revelação de Deus. Uma ótima oportunidade
de falar Salvação em Jesus Cristo, pois geralmente nesse momento a mente
e o coração estão geralmente mais abertos à mensagem do Evangelho.
Capítulo 2

AMPARO JURÍDICO
I. CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa
nas entidades civis e militares de internação coletiva.
II. LEI FEDERAL Nº 9.982 - 14/07/2000
Dispõe sobre a prestação de assistência religiosa nas entidades hospitalares

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públicas e privadas, bem como nos estabelecimentos prisionais civis e
militares.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA - Faço saber que o Congresso
Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º - Aos religiosos de todas as confissões assegura-se o acesso aos
hospitais da rede pública ou privada, bem como aos estabelecimentos
prisionais civis ou militares, para dar atendimento religioso aos internados,
desde que em comum acordo com estes, ou com seus familiares no caso de
doentes que já não mais estejam no gozo de suas faculdades mentais.
Art. 2º - Os religiosos chamados a prestar assistência nas entidades
definidas no art. 1º deverão, em suas atividades, acatar as determinações
legais e normas internas de cada instituição hospitalar ou penal, a fim de
não pôr em risco as condições do paciente ou a segurança do ambiente
hospitalar ou prisional.
Art. 4º - O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de noventa
dias.
Art. 5º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 14 de julho de 2000; 179º da Independência e 112o da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
José Gregori, Geraldo Magela da Cruz Quintão, José Serra
III. LEI Nº 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA - Faço saber que o Congresso


Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
TÍTULO I
Do Objeto e da Aplicação da Lei de Execução Penal
Art. 1º - A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de
sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica
integração social do condenado e do internado.
Art. 2º - A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça ordinária, em
todo o Território Nacional, será exercida, no processo de execução, na
conformidade desta Lei e do Código de Processo Penal.
Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á igualmente ao preso provisório e ao
condenado pela Justiça Eleitoral ou Militar, quando recolhido a
estabelecimento sujeito à jurisdição ordinária.

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Art. 3º Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos
não atingidos pela sentença ou pela lei.
Parágrafo único. Não haverá qualquer distinção de natureza racial, social,
religiosa ou política.
Art. 4º - O Estado deverá recorrer à cooperação da comunidade nas
atividades de execução da pena e da medida de segurança.
Da Assistência
SEÇÃO I
Disposições Gerais
Art. 10º - A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado,
objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em
sociedade.
Parágrafo único. A assistência estende-se ao egresso.
Art. 11. A assistência será:
I - Material;
II - À saúde;
III - Jurídica;
IV - Educacional;
V - Social;
VI - Religiosa.
SEÇÃO VII
Da Assistência Religiosa
Art. 24º - A assistência religiosa, com liberdade de culto, será prestada aos
presos e aos internados, permitindo-se lhes a participação nos serviços
organizados no estabelecimento penal, bem como a posse de livros de
instrução religiosa.
§ 1º No estabelecimento haverá local apropriado para os cultos religiosos.
§ 2º Nenhum preso ou internado poderá ser obrigado a participar de
atividade religiosa.
IV. DIREITOS E DEVERES DO CAPELÃES
Dentre os principais podemos destacar os seguintes:
1. Ter acesso garantido àqueles que por ele solicitam ou procuram.
2. Ser respeitado no exercício de sua função.
3. Não ser discriminado em razão de sexo, raça, cor, idade ou religião que
professa.
4. Obedecer e respeitar determinações legais e as normas internas de cada
instituição onde exercer a Capelania, a fim de colocar em risco as
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condições da pessoa assistida ou a segurança do ambiente no qual
desempenhe a sua atividade.
5. Respeitar as regras de higiene e vestuário de cada ambiente onde venha
exercer a Capelania.
6. Exercer a Capelania sem nenhum tipo de discriminação de raça, sexo,
cor, idade ou religião, sempre tendo por foco sua missão de confortar e
consolar a pessoa assistida, seja ela quem for.
Resumindo Juridicamente o Capelão é uma pessoa preparada e legalmente
habilitada para ministrar assistência religiosa em regimentos militares
(Marinha, Exército, Força Aérea, Polícias Civil e Militar), escolas em seus
mais variados níveis, internatos, orfanatos, asilos, hospitais, presídios, etc.
Independente se a pessoa é do sexo masculino ou feminino, ela pode
e tem o direito de ser capelão.
É importante lembrar que devemos seguir as regras internas estabelecidas
em cada instituição, conforme citado no Artigo 2º da lei acima citada
"deverão, em suas atividades, acatar as determinações legais e normas
internas de cada instituição hospitalar ou penal, a fim de não pôr em risco as
condições do paciente ou a segurança do ambiente hospitalar ou prisional."
Um bom diálogo entre o religioso e a entidade hospitalar é o melhor caminho
para um frequente, pleno e pacífico trabalho de visitação de enfermos.
No geral as instituições hospitalares possuem um bom atendimento e
receptividade aos religiosos que desejam exercer o trabalho da capelania,
porém existem exceções onde podem haver funcionários mal preparados ou
indispostos, então tenha paciência e exerça sua mansidão cristã a fim de
evitar confrontos ou desentendimentos desnecessários.

Esta lei em seu Artigo 1º claramente não assegura o acesso apenas em


hospitais públicos, mas também a hospitais particulares, ao contrário do que
alguns pensam. Hospitais privados também estão incluídos nesta lei.

Há hospitais que possuem um Comitê ou Comissão de Assistência Religiosa,


que agregam religiosos para este serviço. Organizando-os lhe outorgando
direitos e até mesmo agindo com convocações ordinárias e extraordinárias
para a prestação do serviço religioso.

Geralmente o setor responsável para atender os que desejam realizar as


visitas religiosas, é o departamento de Humanização. Procure informações
na recepção do hospital a respeito deste departamento e informe que você

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deseja realizar o trabalho de capelania voluntária, para que você possa ser
orientado. Normalmente o departamento responsável pela capelania do
hospital, realizará o seu cadastro para que você possa realizar as visitas, que
normalmente ocorreram em dias e horários específicos determinados pelo
hospital. Caso existam reuniões, palestras, etc., é muito importante a sua
participação para que você esteja informado da forma de trabalho do hospital
e também das regras internas, específicas da instituição.

É muito importante ter em mãos além do seu documento de identificação


(RG), estar também munido de sua Carteira de Apresentação ou
Recomendação. Esta carteira é importante para comprovar que você é uma
pessoa qualificada para exercer a função a credencial é o comprovante de sua
atividade religiosa.

Palavras de Jesus
João 20.21-22 - “Então Jesus disse de novo: - Que a paz esteja com vocês!
Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês.
Do mesmo jeito e na mesma autoridade de Jesus, cada cristão foi
comissionado para essa nobre missão espiritual. Somos comissionados por
Jesus e temos a mesma unção que havia sobre Ele que é a unção do Espírito
Santo. É na autoridade do Rei e na força do Espírito Santo que a Igreja
Corpo de Cristo vai realizando a Obra de Deus na face da terra. A Igreja é a
prova viva da presença e da manifestação de Cristo nesse mundo.
Podemos entender então que o principal requisito para se tornar um
Capelão é a pessoa ser um cristão totalmente convertido e praticante da
Palavra de Deus. O capelão Oferece suporte e ajuda espiritual, apoio
emocional a própria pessoa e seus familiares e amigos e casos institucionais
também aos profissionais atuantes.
Cumpre sua missão de todo o coração e sem nenhum interesse material.
Anda sempre preparado, conhece bem a Palavra de Deus.
2 Tm 2.15 - “Faça todo o possível para conseguir a completa aprovação
de Deus, como um trabalhador que não se envergonha do seu trabalho,
mas ensina corretamente a verdade do evangelho”. (NTLH)

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Tt 3.1 - “Recomende aos irmãos que respeitem as ordens dos que
governam e das autoridades, que sejam obedientes e estejam prontos a
fazer tudo o que é bom”. (NTLH)
2 Co 5.10 - “Porque todos nós temos de nos apresentar diante de Cristo
para sermos julgados por ele. E cada um vai receber o que merece, de
acordo com o que fez de bom ou de mau na sua vida aqui na terra”.
(NTLH)
Lc 10.30-37 - “Jesus respondeu assim: - Um homem estava descendo de
Jerusalém para Jericó. No caminho alguns ladrões o assaltaram, tiraram a
sua roupa, bateram nele e o deixaram quase morto.
31 Acontece que um sacerdote estava descendo por aquele mesmo
caminho.
Quando viu o homem, tratou de passar pelo outro lado da estrada.
32 Também um levita passou por ali. Olhou e também foi embora pelo
outro lado da estrada.
33 Mas um samaritano que estava viajando por aquele caminho chegou até
ali. Quando viu o homem, ficou com muita pena dele.
34 Então chegou perto dele, limpou os seus ferimentos com azeite e vinho e
em seguida os enfaixou. Depois disso, o samaritano colocou-o no seu
próprio animal e o levou para uma pensão, onde cuidou dele.
35 No dia seguinte, entregou duas moedas de prata ao dono da pensão,
dizendo:
- Tome conta dele. Quando eu passar por aqui na volta, pagarei o que você
gastar a mais com ele.
36 Então Jesus perguntou ao mestre da Lei: - Na sua opinião, qual desses
três foi o próximo do homem assaltado?
37 - Aquele que o socorreu! - Respondeu o mestre da Lei. E Jesus disse: -
Pois vá e faça a mesma coisa”.

Nos moldes Bíblicos podemos dizer que a ação de ser um capelão abrange
uma boa parte no cumprimento do segundo e grande mandamento:

Mc 12.29-31 - “Jesus respondeu: - É este: "Escute, povo de Israel! O


Senhor, nosso Deus, é o único Senhor.
30 Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma, com
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toda a mente e com todas as forças.
31 E o segundo mais importante é este: Ame os outros como você ama a
você mesmo. Não existe outro mandamento mais importante do que esses
dois”.
Capítulo 3
Postura de um verdadeiro Capelão
O Capelão cristão deve estar ciente que seu trabalho é uma vocação
espiritual acima de tudo. Esse ministério é desenvolvido de forma
voluntária.
Vamos entender o que é um trabalho voluntário e qual deve ser a postura
desse serviçal do Reino de Deus aqui na terra.
Segundo o dicionário Aurélio trabalho voluntário é aquele que é feito sem
constrangimento ou coação, espontâneo. Veja também o que disse o
Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon (5 de dezembro de 2009): “O
trabalho voluntário é uma fonte de força comunitária, superação,
solidariedade e coesão social. Ele pode trazer uma mudança social
positiva, promovendo o respeito à diversidade, à igualdade e à
participação de todos. Está entre os ativos mais importantes da
sociedade.”
Como ser um bom Capelão?
É preciso informação para uma boa ação. Isso ajuda muito no serviço
voluntário e chama-se responsabilidade. Qualquer pessoa que se preste a
algum serviço voluntário deve ter boa vontade e responsabilidade.
Seja humilde: Esteja preparada para receber certas críticas e rejeição.
Cumpra as regras: Cada Instituição que for atuar tem seus regimentos
internos, seu códigos e regras.
Esteja disposto a servir: Lembre-se do princípio do Reino de que o maior
é aquele que serve.
Esteja disposto a aprender: Novas experiências promovem uma
renovação na mente que nos ajuda a crescer como pessoa. O bom capelão
está sempre atualizado, sempre procurando conhecimento e a cada dia

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melhorar o seu trabalho, cumprindo assim a sua missão da melhor
maneira possível.
Seja ético: A missão do Capelão é estritamente espiritual, Deus quando
observa as pessoas não as observa segundo a religião dessa pessoa e da
mesma maneira deve agir o capelão, O alvo do Capelão no exercício da
Capelania é suprir espiritualmente o necessitado. É preciso discernir que
emocionalmente existe a psicologia e fisicamente a medicina. Deve-se ter
cuidado para não invadir outra área a qual não é o alvo, é muito
importante diferenciar as funções e as responsabilidades pertinentes a
cada uma delas.
Faça tudo isso com amor!
Deus em seu grande amor (cuidado) deu providência para essa necessidade.
Jesus Cristo tem sido essa providência de Deus e é por Ele que somos
salvos e herdeiros da vida eterna.
João 3.16 - “Porque Deus amou o mundo tanto, que deu o seu único Filho,
para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna”.
(NTLH)

Exercícios de Fixação

1) Qual a origem da Palavra Capelania ?


2) O que é Capelania Cristã?
3) Cite duas atitudes de um bom capelão:
4) Onde o capelão pode atuar ?
5) Segunda a constituição brasileira quais as entidades que o
capelão pode fazer a prestação de assistência religiosa ?

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