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NOÇÕES DE CAPELANIA

Disciplina de conteúdo básico, que propõe reflexões acerca da preparação e


capacitação para visitadores evangélicos. Aborda procedimentos específicos de cada
área e a boa conduta do visitador ao ministrar o amor de Deus a pessoas necessitadas,
encarceradas, enlutadas, em leitos hospitalares, em instituições públicas e privadas.
Amparado por lei federal, a prestação do serviço de Capelania vem crescendo a cada
ano, visto a sua importância se ligado a um conselho de classe, que credencia o Capelão,
para o exercício eclesiástico.
1. CAPELANIA

No âmbito geral, é um serviço voluntário, que presta assistência espiritual sem


conotação de proselitismo, de forma interdenominacional. É levar ao outro a pensar na
sua espiritualidade e ajuda-lo a construir em cima disso, independentemente da fé que ele
professe. A capelania caracteriza-se pela capacidade e predisposição de se amparar o
outro através da escuta, trazendo-o a pensar no Deus de amor. O trabalho do capelão é
falar de espiritualidade, da vida após esta vida.

É levar a fé, a esperança e o amor (I Co 13:13); é aperfeiçoar a fé com as obras


(Tg 2:22); é ser ovelha de Jesus (Mt 25:35-36); é uma visão bíblica. Capelania, portanto, é
uma estratégia de levar pessoas a terem experiências com Deus e entregarem a Ele o
controle de suas vidas; nem sempre pregando a Cristo diretamente, mas sempre
evidenciando e compartilhando o amor de Cristo.

1.1 COMO SURGIU

Capelania não é um termo moderno. É o nome dado aos serviços religiosos


prestados por oficiais treinados, tendo origem nas Forças Armadas do Exército em 1776.
Conta-se que, na França, o oficial Sgt. Martinho ao encontrar um homem abandonado na
rua debaixo de chuva e frio cortou sua capa e o cobriu num ato de solidariedade,
humanismo, caridade, ajuda e amor ao próximo. Ao morrer, esta capa foi levada como
uma relíquia para a Igreja passando a ser venerada. Esta igreja recebeu o nome de
“Igreja da Capa”. Daí as derivações: Capela, Capelão e Capelania.

1.2 CAPELÃO

É um ministro religioso autorizado a prestar assistência religiosa e a realizar cultos


em comunidades religiosas, conventos, colégios, universidades, hospitais, presídios,
corporações militares e outras organizações.

Na sociedade, deve portar-se com descrição, absoluto respeito e dignidade cristã;


devem ter boa conduta, irrepreensíveis perante todos. Devem amar a sua Pátria e se
esforçarem para que todos quanto os cerquem façam o mesmo e observem as suas leis.
Devem zelar pelo bom nome de seus colegas, não permitindo que, em qualquer situação,
haja comentários desabonadores a respeito dos mesmos. Igualmente, devem fazer tudo
quanto estiver ao seu alcance para evitar que, quem quer que seja, use propaganda
negativa contra capelães cristãos através da imprensa escrita, falada e televisionada,
procurando o benefício dos seus subalternos.
O capelão tem que ter vocação, boa saúde, vida espiritual verdadeira e ser
estudioso. Mas, são os dons espirituais a principal ferramenta que diferenciará o capelão
evangélico dos demais. Portanto, é necessário estar com a vida espiritual em dia e
revestir-se da armadura de Deus (Efésios 6).

2. CAPELANIA NO BRASIL

No Brasil o ofício de capelania começou na área militar em 1858, com o nome de


Repartição Eclesiástica, evidentemente com a igreja Católica.

Durante a Segunda Grande Guerra Mundial, em 1944, o serviço foi estabelecido


com o nome de Assistência Religiosa das Forças Armadas.

Na mesma época foi criada também a Capelania Evangélica para assegurar a


presença de Capelães Evangélicos na FEB.

O grande nome que se destacou na Segunda Guerra Mundial, foi do Pastor João
Filson Soren . Ele foi o primeiro capelão militar evangélico do Exército Brasileiro. Tendo
servido na Força Expedicionária Brasileira (FEB) entre 1944 e 1954, na época com 36
anos.

A comunidade evangélica do Rio de Janeiro comemora no dia 21 de junho o “Dia


do Capelão Evangélico”, instituído pela Lei Municipal n.°3983/2005, em memória ao
nascimento do ilustre combatente de Cristo, o Pastor João Filson Soren, o primeiro
capelão evangélico do Brasil.

2.1 LEIS QUE ASSEGURAM O SERVIÇO DE CAPELANIA

Leis constitucionais e Lei que ampara a visita de Religiosos, que dispõe sobre a
prestação de assistência religiosa nas entidades hospitalares públicas e privadas, bem
como nos estabelecimentos prisionais civis e militares.

LEI No 9.982, DE 14 DE JULHO DE 2000.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu


sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o Aos religiosos de todas as confissões assegura-se o acesso aos hospitais da rede
pública ou privada, bem como aos estabelecimentos prisionais civis ou militares, para dar
atendimento religioso aos internados, desde que em comum acordo com estes, ou com
seus familiares no caso de doentes que já não mais estejam no gozo de suas faculdades
mentais.
Parágrafo único. (VETADO)

Art. 2o Os religiosos chamados a prestar assistência nas entidades definidas no art. 1o


deverão, em suas atividades, acatar as determinações legais e normas internas de cada
instituição hospitalar ou penal, a fim de não pôr em risco as condições do paciente ou a
segurança do ambiente hospitalar ou prisional.

Art. 3o (VETADO)

Art. 4o O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de noventa dias.

Art. 5o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 14 de julho de 2000; 179o da Independência e 112o da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

José Gregori

Geraldo Magela da Cruz Quintão

José Serra

Este texto não substitui o publicado no D.O.U de 17.7.2000

Constituição Federal de 1988 no Artigo 5º, inciso VII,

“É assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis
e militares de internação coletiva”.

3. FUNDAMENTAÇÃO BÍBLICA DE CAPELANIA

Em João 5:39-40 temos uma fundamentação bíblica para capelania nas palavras
de Jesus, levar a vida.

Em I Reis 22, os profetas acompanharam o exército de Israel para fazerem


consultas a Deus a respeito das batalhas.

Em Mateus 25:34-36 fala da assistência a certos grupos especiais: famintos e


sedentos, estrangeiros, mendigos, enfermos, encarcerados. Isso tudo dá idéia de
capelania.

Em Lucas 10:25-36, a parábola do Bom Samaritano, refere-se a um cuidado total:


físico, emocional, psicológico e espiritual.
4. ÁREAS DE ATUAÇÃO DA CAPELANIA

- Capelania Militar
- Capelania Hospitalar
- Capelania Cemiterial
- Capelania Prisional
- Capelania Social
- Capelania Pós-desastre
- Capelania Comunitária
- Capelania Infantil
- Capelania Empresarial
- Capelania Universitária
- Capelania Educacional
- Capelania Esportiva
Enfim, onde houver pessoas reunidas haverá sempre demandas para a atuação
do capelão, que levará o amparo, o consolo, a esperança, o amor, o companheirismo, o
otimismo e a fé que produz.

5. IMPORTANTES REQUISITOS PARA O EXERCÍCIO DA CAPELANIA

1. Saber diferenciar os serviços CAPELANIA e EVANGELISMO.

2. Vida consagrada (Oração, jejum) e vigilância quanto a possíveis brechas que


darão legalidade ao inimigo para nos retaliar. Vida espiritual e pessoal
equilibrada. Só podemos oferecer aquilo que temos.

3. Buscar capacitação na área em que deseja atuar.

4. Trazer a Palavra de Deus (Bíblia) para dentro de si, meditando diariamente nas
promessas e procurando memorizá-las, pois haverá ocasião em que a Bíblia
não estará ao nosso alcance.

5. É preciso saber explicar o plano de salvação e como conduzir alguém a Cristo,


caso haja possibilidade de fazê-lo.

6. Buscar em Deus descobrir a sua real motivação para o trabalho. Tendo


compreendido a sua motivação, estar atento às oportunidades.

7. O serviço cristão nos aproxima de Deus porque passamos a depender dele


para tudo que fazemos. Isso aumenta em nós o desejo de passar cada vez
mais tempo em sua companhia, de buscar diariamente a sua presença
(Espírito Santo).

6. CAPELANIA MILITAR

Também chamada de capelania castrense. O capelão militar é um ministro


religioso encarregado de prestar assistência religiosa a alguma corporação militar
(Exército, Marinha, Aeronáutica, PM e Corpo de Bombeiros Militares). Nas instituições
militares existem as capelanias evangélica e católica, as quais desenvolvem essas
atividades buscando assistir aos integrantes das forças armadas, bem como os seus
familiares, nas diversas situações da vida.

6.1 SUA MISSÃO

Atuar nas diversas instituições através de oficiais (militares) ou voluntários


capacitados em hospitais, quartéis, navios, presídios, delegacias, hospitais, sanatórios,
asilos, orfanatos, casas de menores, escolas, cemitérios, sindicatos, fábricas, empresas,
clubes, creches, condomínios, instituições públicas (Câmara, Prefeitura, repartições, etc.).
Estes agentes levam amor, conforto e esperança aos soldados, pacientes, alunos,
funcionários e familiares, vivendo a fé cristã através do atendimento espiritual, emocional,
social, recreativo e educacional. Sem distinção de credo, raça, sexo e classe social, na
busca contínua da excelência no ensino e no ministério de consolo e esperança eternos.

6.2 BREVE HITÓRICO

1. JOÃO FILSON SOREN, O PRIMEIRO CAPELÃO MILITAR EVANGÉLICO DO BRASIL.

Dentre as muitas instituições beneficiadas pela valiosa obra pública realizada


pelos capelães evangélicos, podem citar-se: a Região Militar do Leste (sic) e 1º Região
Militar, Academia Militar das Agulhas Negras (Resende, RJ), Escola de Sargentos das
Armas (Três Corações, MG), Escola de Aprendizes de Marinheiro (sic) e 14º Batalhão de
Caçadores [...].

João Filson Soren, brasileiro, pastor Batista, exerceu a presidência da Convenção


Batista Brasileira por dez mandatos consecutivos. Presidiu a Aliança Batista Mundial
(ABM) de 1960-1965. Nos 50 anos de existência da ABM, foi o primeiro Latino Americano
a receber esta investidura. Pastoreou a Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro, por 50
anos. Recebeu o trabalho pastoral da igreja de seu pai, o rev. Francisco Fulgêncio Soren.
João Filson Soren e seu pai trabalharam nesta igreja por quase todo século vinte, de 1902
a 1985.

O pastor João Filson Soren faleceu no dia 2 de janeiro de 2002, um dia depois de
comemorar o seu 67º aniversário de ordenação ao sagrado ministério, e um dia antes de
comemorar o início de seu pastorado. O carioca João Filson Soren morreu no Rio de
Janeiro, com 93 anos de idade. Durante seu pastorado, o rev. Soren batizou 3.345 novos
membros, cerca de 67 pessoas por ano.

2. ORIGEM DA CAPELANIA MILITAR EVANGÉLICA (PROTESTANTE) NO BRASIL

Sob o patrocínio da Confederação Evangélica do Brasil e por instrumento do seu


Conselho de Relações Intereclesiástica e dos capelães evangélicos, é ministrada
assistência religiosa no Exército [...]. Nomeados oficialmente pela Confederação
Evangélica do Brasil, os capelães são reconhecidos pelas autoridades e exercem o seu
ministério sem distinção de credo ou denominação. Na maioria dos casos este trabalho
era feito voluntariamente, inicialmente apenas o capelão da 1º Região Militar (1º RM)
recebia seus vencimentos do governo federal. De caráter rigorosamente
interdenominacional, representa essa assistência uma das mais expressivas realizações
da obra de cooperação e de unidade espiritual do Evangelho brasileiro.

7. CAPELANIA HOSPITALAR

O ministério de Capelania Hospitalar consiste na assistência espiritual diária e


voluntária aos enfermos, hospitalizados ou não, mediante a aplicação do conforto da
Palavra de Deus, sem preconceito de raça, cor ou religião. O atendimento da Capelania é
diário, oferecido ao paciente internado, em ambulatório e em hospital e também aos seus
familiares. O serviço é estendido aos pro#fissionais da saúde e funcionários que o
desejarem.

7.1 MINISTRANDO A ENFERMOS E HOSPITALIZADOS

Capelania Hospitalar é um projeto voluntário sem fins lucrativos, de caráter


religioso, beneficente, sem qualquer vínculo partidário ou empregatício, garantido pela Lei
nº 4.522, de 18/10/2005, em hospitais públicos e privados.

A finalidade é assistir espiritualmente aos pacientes hospitalizados, que assim


desejarem, por meio de visitas leito a leito, apoio pré e pós cirúrgico, terapias de urgência
(UTI/CTI), assistência a pacientes terminais, assistência a familiares e/ou acompanhantes
e também aos profissionais e estudantes de saúde. Além de desenvolver atividades de
artesanato e música dentro do hospital. Enfim é um lindo ministério!

7.2 O CAPELÃO HOSPITALAR

O Capelão Hospitalar é o religioso devidamente qualificado, que cuida da


assistência religiosa e espiritual dentro do hospital, quer seja dos doentes ali internados,
seus familiares e/ou acompanhantes, dos profissionais da saúde e outros funcionários das
diversas áreas administrativas.

O hospital é uma instituição que busca uma cura física. É preciso respeitar o
ambiente, a estrutura hospitalar e o trabalho dentro das normas estabelecidas. A
Constituição Brasileira dá ao capelão o direito de atender os doentes, porém não é um
direito absoluto. Deve-se estar atento às normas de cada instituição desenvolvendo o
trabalho numa forma que não atinja os direitos dos outros.

Importante:

• A identificação na portaria

• A apresentação no Posto de Enfermagem

• A permissão da família/acompanhante

O serviço de capelania hospitalar é composto de:

a) Capelão

b) Capelães auxiliares

c) Visitadores

É um serviço que deve ser feito com todo coração e competência. Da mesma
forma que um missionário se prepara em várias áreas quando planeja atuar num outro
país, o trabalho que é realizado nos hospitais considera tal preparo. Os hospitais são
campos missionários onde se fala outra linguagem, têm cultura e características que lhe
são próprias.

Os visitadores e os capelães vão aos hospitais desprovidos de todo tipo de


preconceito e com a certeza de que são meros instrumentos nas mãos de Deus. É
importante neste trabalho que se tenha vocação (chamado de Deus), paciência e
intimidade com Deus. E necessário ter flexibilidade para atender as exigências de cada
instituição. É fundamental que a equipe de capelania siga as regras, além de ter boa
saúde, autocontrole e “amar” ir ao hospital.

7.3 PERFIL DO CAPELÃO

a) Ser ativo em sua igreja local há mais de dois anos


b) Vida cristã autêntica
c) Conhecimento bíblico
d) Equilíbrio emocional e doutrinário

Com estes requisitos, aquele que deseja fazer parte da equipe de serviço de
capelania hospitalar precisa considerar um período de treinamento teórico e prático
através dos cursos de: Visitador Hospitalar e Capelão.

O trabalho de visitação hospitalar é um ministério específico e sublime, porém


percebemos o descaso de alguns crentes e líderes em nossos dias. Ouvimos alguns
falarem: não tenho chamada para a visitação hospitalar, não suporto hospital e a maior
desculpa é: não tenho tempo, ando muito ocupado ultimamente...

Em Mt. 25:35-40, no sermão profético, o Senhor dirá aos justos: “...estive nu e


vestiste-me; adoeci e visitaste-me, estive na prisão e fostes ver-me”. Então os justos lhe
pergunt arão, dizendo: “... Senhor, quando te vimos nu e te vestimos? E quando te vimos
enfermo ou na prisão e fomos ver-te? E respondendo o Rei lhes dirá: em verdade vos
digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.

Encontramos inúmeros relatos da manifestação do Senhor em favor dos


enfermos. Jesus sempre esteve à volta com grandes multidões, e grande parte era de
enfermos buscando o alívio para sua dor. Em Seu ministério terreno, Ele viveu entre os
enfermos, atendeu-os no leito e chegou ao ponto de sentir íntima compaixão, isto é,
colocando-se no lugar do outro.

Muitos que estão no hospital querem ser ouvidos, e nós “emprestamos nossos
ouvidos”. Diferente do evangelismo que conhecemos, nós ouvimos mais e falamos
menos. Dando, assim, importância à pessoa e sua história de vida. E com carinho e o
amor de Cristo, semeamos a Palavra de Deus.
Não podemos abandonar uma prática ensinada e deixada pelo nosso Mestre. A
visitação aos enfermos foi o método de Jesus, devemos seguir o Seu exemplo a fim de
agradar Àquele que nos alistou para esta peleja... Árdua tarefa, mas gloriosa!

7.4 OBJETIVOS DO MINISTÉRIO DE VISITAÇÃO HOSPITALAR

• Levar conforto em hora de aflição e transmitir ensinos bíblicos, a fim de que


cada pessoa que passe pelo hospital tenha um encontro pessoal com Jesus
Cristo.

• Compartilhar o amor de Deus através de palavras ou gestos. Às vezes,


basta ficar ao lado de um enfermo com bastante dor apenas segurando-lhe a
mão. Para tanto, é preciso estar sensível às oportunidades que surgem.

• Enquanto as igrejas abrem suas portas duas a três vezes por semana, os
hospitais permanecem com suas portas abertas todos os dias sem
interrupção.

• As pessoas reconhecem durante a enfermidade, de um modo especial, a


necessidade de Deus. Estatísticas informam que 85% das pessoas doentes
lembram-se mais de Deus.• A internação é um momento de crise, constituindo-
se uma grande oportunidade para o encorajamento e conforto.

• Outros motivos: a grandeza da obra; a situação dos homens sem Deus; a


ação do inimigo ceifando o corpo e a alma.

7.5 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA VISITAÇÃO LEITO A LEITO

a) Para que ir ao hospital? Para transmitir o amor de Deus.

b) Como ir ao hospital? Com roupas adequadas (evitar transparências, cores


vibrantes, de preferência usar jaleco), não usar acessórios.

c) O que levar ao hospital? Revistas evangélicas, meditações, porções dos


evangelhos ou o Novo Testamento.

d) O que fazer no hospital?

1) Dirigir-se ao balcão de enfermagem apresentando-se e informando o


motivo da visita e solicitando informações sobre os pacientes do setor
(pacientes com restrição ou impossibilitados de receber visitas etc.).

2) Ao entrar nas enfermarias avaliar se é o momento de entrar.


3) Apresentar-se ao paciente/acompanhante, explicando o motivo da visita
(certificando-se de que ele a aceite).

4) Priorizar os pacientes interessados.

5) Centralizar o doente e não a doença.

6) Demonstrar interesse pelo paciente.

7) Falar em tom normal, jamais cochichar ou gritar.

8) Conversar sobre atualidades.

9) Ceder a vez para médicos e enfermeiras.

10) Respeitar as idéias religiosas diferentes.

11) Manter boas relações com outras capelanias do hospital.

12) Falar do amor de Deus, nunca da igreja.

13) Oferecer-se para orar pelo paciente, e fazê-lo se ele permitir.

e) O que “NÃO” fazer no hospital?

1) Acordar o paciente.

2) Conversar com dois pacientes ao mesmo tempo.

3) Chorar na frente do paciente.

4) Tocar no paciente.

5) Regular soro, dar remédio ou água.

6) Sentar na cama do paciente.

7) Mexer nos objetos pessoais do paciente.

8) Cansar o paciente.

9) Levantar as mãos para orar (imposição de mãos).

10) Prometer cura.

11) Ungir com óleo.

12) Banalizar o sofrimento do paciente.


7.6 PASSAGENS BÍBLICAS APROPRIADAS

Consolo e Esperança

Sl. 23 – “O Senhor é o meu Pastor e nada me faltará...”

Sl. 34:7a – “Descansa no Senhor e espera Nele...”

Sl. 51 – “Tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade..”

Is. 40 – “Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus”

Is. 53:4 - “Verdadeiramente Ele tomou sobre si as nossas enfermidades...”

Mt. 5:1-12 – “Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados.”

Rm. 5:1-5 – “Sendo, pois justificados pela fé, temos paz com Deus...”

Rm. 8:28 – “Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus.”

Fp. 4:6 – “Não estejais ansiosos por coisa alguma...”

Grandes Promessas

Mt. 6:33 – “Buscai primeiro o reino de Deus...e todas as demais coisas serão
acrescentadas.”

Mt. 11:28 – “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos e Eu vos
aliviarei.”

Mt. 28:20 – “...e eis que Eu estou convosco todos os dias...”

Rm. 8:32 – “Aquele que nem mesmo o Seu próprio Filho poupou, como não nos
dará também com Ele todas as coisas.”

Hb. 7:25 – “...Ele pode também salvar perfeitamente os que por Ele se chegam a
Deus.”

Fp. 4:6-7 – “Não estejais inquietos por coisa alguma... e a paz de Deus que
excede todo o entendimento guardará os vossos corações... em Cristo.”

O caminho da salvação:

Todos pecaram: Rm. 3:23; I Jo. 1:8; Ec. 7:20

O pecador está perdido: Rm. 6:23; Ez. 18:4; Jo . 8:24; Jo. 3:18

O pecador não pode salvar-se a si mesmo: Rm. 3:10-12; Ef. 2:8-9; I Pe. 1:18-19
Cristo morreu pelos nossos pecados: Rm. 5:8; Is. 53:-5-6; Jo. 1:29

Somos salvos pela fé em Jesus: Ef. 2:8-9; At. 16:31; Jo. 5:24; Jo. 3:16

7.7 O INÍCIO DA CONVERSAÇÃO COM O PACIENTE

Por mais que tentemos imaginar como será o contato com o paciente, só o
saberemos de fato quando tivermos que fazê-lo. Parece algo simples, mas na prática,
para se iniciar uma conversação com alguém que não o conhece e não o convidou não é
tão fácil. E, no hospital, constantemente, vamos ter contato com quem não nos conhece.

Para o paciente não é muito fácil entender o motivo de nossa visita e do nosso
interesse por ele. Por isso, é muito importante que no primeiro contato venhamos a
aproveitar bem os minutos iniciais para explicarmos qual é o nosso trabalho e nossa
responsabilidade junto ao hospital.

Procuramos atentar para o nome do paciente junto ao leito, chamando-o pelo


nome. Apresentamo-nos fazendo um breve relato sobre o nosso trabalho e perguntamos
ao paciente se ele aceita a nossa visita. Se a resposta for positiva daremos então início à
conversação, procurando fazer perguntas abertas favorecendo, assim, o diálogo e a
exposição de suas necessidades.

Se percebermos que a nossa presença não é bem-vinda, não insistimos.


Perguntamos ao paciente se ele concorda que anotemos o seu nome para oração e, se
ele permitir, oramos em sua presença também. Lembrando que é importante deixarmos a
porta sempre aberta para o próximo capelão (ou evangelista). Geralmente, para que uma
pessoa seja alcançada pelo amor de Deus muitos lhe são enviados. Você lembra quantos
foram até você?

Atentemos para o fato de que o visitador corre o risco de ser inoportuno, se o


paciente não entender o que é o trabalho da capelania e o que faz ali, pois deverá desejar
a sua permanência. Não basta para isso aquela apresentação formal do tipo: “Prezado
senhor, eu sou a capelã Fulana e trabalho neste hospital”. Será que o paciente entendeu
alguma coisa? Será que ele sabe o que faz um capelão, por exemplo?

Muito mais do que uma simples apresentação, estes primeiros instantes servem
para que o capelão explique ao enfermo o que é o serviço de capelania do hospital, como
ele funciona e qual a sua própria função. Faça um breve relato do seu trabalho. Isto
deverá motivar o paciente a desejar receber o acompanhamento do capelão. O foco
central da conversa deve ser sempre o paciente, mas algum tipo de estruturação pode ser
necessária para começarmos o trabalho. Algum objeto percebido em sua cabeceira, por
exemplo, pode nos dar subsídio para iniciar a conversação com pessoas muito fechadas.

Não daria certo deixarmos por conta do paciente o desenvolvimento de uma


conversa com quem ele não conhece e a quem ele não convidou. Por certo, ele seria
totalmente evasivo e superficial. A verdade é que se o paciente não sabe exatamente qual
o nosso objetivo, não saberá como se comportar diante de nós. Quando um médico
pergunta “como vão as coisas”, ele sabe exatamente como responder por que sabe a que
o médico está se referindo. Mas, se um capelão, a quem ele não conhece e nem
compreende, lhe faz a mesma pergunta, o paciente não saberá o que responder, porque
não sabe o que esta pergunta significa.

Podemos perguntar como anda a sua vida espiritual, de que maneira ele tem se
comunicado com Deus.

O tipo de instrução que sugerimos não implica em sermos formais ao extremo e


nem em transferirmos o foco da atenção do paciente para nós mesmos. Apenas estamos
convencidos de que uma apresentação simples, calorosa, mas direta, deixará o paciente
muito mais à vontade em nossa presença e isto abrirá portas para uma conversação
genuína.

7.8 ESCUTAR – UMA ARTE

Nas definições do dicionário, Ouvir é: perceber, entender (sons, ruídos) pelo


sentido da audição; e Escutar é: tornar-se atento para ouvir; dar ouvidos a; prestar
atenção para ouvir alguma coisa.

O capelão acolhe, e para tal precisa desenvolver a arte de escutar, para fazê-lo
com qualidade e com respeito, mesmo que não tenha como resolver o problema do outro.
Deve estar pronto para, a partir da escuta bem feita, lançar uma palavra de conforto e
esperança, que sempre cai bem.

Escutar é uma arte que pode ser desenvolvida. E, alguns princípios, se postos em
prática, nos ajudarão a crescer na arte de escutar e, consequentemente, na habilidade de
ajudar as pessoas. Precisamos nos empenhar em aperfeiçoar nossas atitudes a cada
encontro.

Se praticarmos 6 princípios básicos para estruturar este relacionamento,


certamente seremos bem sucedidos em nossos objetivos:
1) ANALISAR NOSSA PRÓPRIA ATITUDE

• Avalie e reflita as emoções (sua e do paciente) e procure manter o controle


quanto à agressividade, a timidez, a passividade e a impaciência.

• Qual é a sua atitude em relação à pessoa com quem está conversando? Você
tem preconceito dela? Tem medo dela?

• A situação de saúde causa repugnância dentro de você?

• Existe qualquer hostilidade entre vocês? Você realmente se importa com esta
pessoa?

• Ao ver alguém sofrendo, lembre-se que as suas reações emocionais negativas


podem ser detectadas pelo doente ou seus familiares. Busque discernimento e
sensibilidade na conversação. Seja paciente para escutar enfermos e familiares
(acompanhantes).

• Tudo isto vai afetar o significado do que você ouvirá dela. As palavras perdem
seu sentido, quando nossas atitudes não permitem que escutemos com
objetividade.

• Precisamos desenvolver uma atitude de aceitação da pessoa e do que ela diz,


sem julgá-la ou condená-la. Não devemos defender qualquer posição nossa,
mas tentar ouvir o que o outro quer revelar.

2) FOCALIZAR NOSSA ATENÇÃO PRINCIPALMENTE NA VOZ E NOS OLHOS DO


OUTRO

• Concentre-se em atender às necessidades daquela pessoa diante de você.

• Escute com os olhos, de forma discreta, para sentir a pessoa e o ambiente e


modere os seus gestos.

• Repare a voz do paciente, que estado emocional ele revela? Uma voz baixa
ou uma voz monótona pode indicar nervosismo. Um falar depressa e em voz
alta pode indicar um espírito agressivo, e pode ser que ele não queira deixar
você falar muito. Você poderá dizer: “pela sua voz, tenho a impressão de que
está muito...”

• Podemos utilizar de técnicas da comunicação não verbal através de gestos


corporais e expressões faciais, muito úteis para lidar com pessoas fechadas.
• Livros indicados: “O Corpo Fala” (Pierre Weil e Roland Tompakow) / A
Comunicação não Verbal (Flora Davis).

3) DESENVOLVER A CAPACIDADE DE AVALIAR OS SENTIMENTOS DO PACIENTE

• Preste atenção à conversa do paciente para verificar suas preocupações.

• Saiba que os efeitos da dor e dos remédios podem alterar o comportamento


ou a receptividade do paciente de uma hora pra outra.

• No geral, há palavras que expressam sentimentos diversos: convicção,


perturbação, irritação, alegria, felicidade. Mas, é o tom de voz que dá aos
sentimentos proferidos um significado maior que as definições de um
dicionário. Cabe a nós avaliar o conteúdo emocional da comunicação. Se o
paciente chora enquanto fala, permita-lhe este privilégio. Você como ouvinte,
não deve fugir das lágrimas, mas prestar atenção para descobrir as razões
pelas quais a pessoa está chorando. “O que significa as suas lágrimas”.

• Enquanto o outro estiver explicando seus problemas evite o perigo de se


distrair pensando nos seus próprios problemas.

• O que a palavra espiritual significa para você? E cura? Não devemos avaliar o
outro segundo os nossos conceitos.

• Devemos nos empenhar em entender o significado da dor causada pelo


sofrimento, só sente sua alma aquele que experimenta a dor do sofrimento. A
dor se suprime com analgésico, o sofrimento não. Se colocar na posição do
outro para entender o seu ponto de vista sempre funciona.

4) APRENDER A INTERPRETAR E VERBALIZAR AS EMOÇÕES QUE VOCÊ ESTÁ


RECEBENDO

• É preciso fornecer ao paciente um feedback das emoções que ele está


transmitindo. Ele ficará satisfeito se você revelar que entendeu o problema
dele. Isso não significa apenas repetir literalmente o que a pessoa já disse,
mas interpretar o sentido das palavras usadas e os seus sentimentos e depois
verbalizá-las com suas próprias palavras.

• Não queira forçar o doente a se sentir alegre nem o desanime. Aja sempre com
naturalidade.

• Não dê a impressão de estar com pressa, nem se demore até cansar o doente.
• O capelão precisa ajudar o paciente a reconhecer a importância do hospital e
das pessoas imbuídas na sua recuperação. Precisa demonstrar interesse na
recuperação do paciente e na sua necessidade de ser ouvido. Aquele que se
sente esquecido e desprovido de sorte será “socorrido” pelo capelão.

5) EVITAR AGRESSIVIDADE

• Não domine a conversa. Lembremos que a nossa missão é ouvi-lo e confortá-


lo. Quando falamos muito, a pessoa se confunde.

• Não discuta, nem revele hostilidade ou ressentimento.

• Não tente manipular as pessoas, nem enganá-las.

• Jamais julgue ou debata com o paciente algo pessoal de sua vida. Busque
exercer a misericórdia sendo firme para apoiá-lo no que necessita. Respeite a
sua crença e o seu ponto de vista. Devemos trazer o paciente a pensar no
Deus de amor.

• O paciente está sensibilizado pelo estado em que se encontra e não pode, de


forma alguma, ser confrontado. Mas, consolado, amparado em seus medos e
incertezas quanto às circunstâncias.

6) EVITE A PASSIVIDADE E A TIMIDEZ EXAGERADA

• Não precisamos concordar com tudo que o paciente diz. É mais importante
entender o que ela diz, do que criar uma impressão favorável.

• Não é necessário que a pessoa fique totalmente despreocupada. As soluções


dos problemas vêm por meio das tensões.

• Não seja passivo como uma esponja. Demonstre interesse e participação no


diálogo e esteja preparado para responder.

• Não se prenda aos detalhes da conversa. Identifique as informações básicas


para compreender o interlocutor.

• Todas as nossas iniciativas, a maneira como conduziremos a conversa com o


paciente irá depender da habilidade que tivermos na escuta. Por isso, a
importância de desenvolvermos esta habilidade.

7.9 NORMAS PARA UMA ESCUTA EFICAZ

• Escutar é um processo. Você precisa identificar-se com a pessoa que fala.


• Se a pessoa tenta diminuir o problema isso pode revelar falta de confiança em
sua ajuda ou ausência de autoestima.

• Alguns problemas podem não nos parece sérios, mas devemos reconhecer
que ele é sério para a pessoa que está sofrendo com ele.

• Demonstre compaixão e aceitação, ainda que suas convicções pessoais sejam


diferentes.

• Se o paciente lhe apresentar um problema que lhe parece insolúvel, aceite seu
estado de confusão e ajude-o observar os diferentes aspectos do problema:
sua origem, quem esta envolvida nele, possível soluções, etc.

• Ajude-o a assumir a responsabilidade por suas decisões.

• Demonstre amizade e interesse. O problema é grande? Leve a carga com a


pessoa até que ela possa levá-la sozinha.

• Procure dividir o problema em várias partes para atacá-las separadamente.

• Dê oportunidade para a pessoa esclarecer sua posição. Isto facilitará a


compreensão dos problemas e como solucioná-los.

• Se descobrir contradições na conversa revele-as à pessoa, com muita


sabedoria evitando colocá-la como mentirosa. Isto a ajudará a se sentir menos
confusa e ansiosa.

• Pergunte se ela já enfrentou um problema semelhante no passado. Ela poderá


recordar que tem habilidade para superar a situação, como já aconteceu.

• Apresente várias alternativas para resolver o problema. Mas, evite conselhos


estereotipados. E anime a pessoa a restabelecer relações com pessoas de
importância em sua vida (parentes, amigos, pastor)

• Evite perguntas com respostas premeditadas fazendo perguntas “abertas”.

• Enfatize o tempo presente e o objetivo da entrevista. Veja se tem possibilidade


de ajudar esta pessoa nestas circunstâncias, senão encaminhe-a a outra
pessoa.

• Não se deve alimentar esperanças infundadas. Evite dizer: “Não se preocupe,


está tudo bem”.

• Termine a conversa apresentando objetivamente o que deverá ser feito. Deixe


a pessoa tomar a decisão adequada e assumir a responsabilidade.
• Reconheça suas capacidades e limitações, você é humano e finito. Confie na
atuação de Deus através de sua insuficiência e deixe-O agir onde você é
insuficiente.

“Se ao paciente é suficiente uma palavra não ofereça discursos; Se lhe for necessário
apenas um gesto, esqueça as palavras; Se ele só lhe pedir um olhar, omita o gesto. E se
lhe basta o silêncio ore com ele e por ele”. O evangelho é pregado em meio a tudo isso.
Tradução livre de um poema do Pe. Martin Puerto, Argentina

8. CAPELANIA PRISIONAL

O Senhor Jesus em Hebreus 13:3 nos diz: "lembrai-vos dos encarcerados, como
se presos com eles; dos que sofrem mal tratos, como se, com efeito, vós mesmos em
pessoa fôsseis os mal tratados ".

Com estes ensinamentos o ministério da capelania prisional, entende que o


Senhor quer alcançar não somente as pessoas enfermas e em tratamentos nas
internações hospitalares, mas também, as pessoas que se encontram internadas em
regime prisional.

8.1 OBJETIVO

Inicialmente, dar suporte ao trabalho cristão evangelístico de apoio aos internos


do sistema penitenciário no tocante ao serviço de capelania prisional, compromisso com a
não violência, respeito à vida, solidariedade, relacionamento com os profissionais da
segurança (policiais civis e militares), teologia do sofrimento, consolo, noções de
aconselhamento cristão e comportamento ético no ambiente prisional, dentre outros.

O presídio é um lugar onde ninguém gostaria de estar, muito menos de saber que
existem pessoas que estão lá por motivos variados, todos tipificados no Código Penal
Brasileiro, e de acordo com a sentença recebida pelos seus atos, podem cumprir a pena
em regime fechado, semiaberto e aberto. Sem dúvida alguma, é um lugar onde as
lágrimas rolam todos os dias, pessoas têm sentimentos variados, é um local onde o
inferno implanta o seu reino de terror com todo tipo de opressão, depressão, espíritos
malignos que rondam as mentes, muitas vezes levando ao suicídio, mortes, fugas e tudo
o que tem de ruim por conta da atuação do mal. É um lugar triste de dor e sofrimento
onde o ser humano está privado do maior bem que tem – a liberdade. Quando esta lhe é
retirada, retira-se também o tempo de vida e este não volta, não há como reverter o
tempo perdido, o que se passou em sua vida estará para sempre marcado em seu
coração. Restando tão somente que a atuação do Senhor em sua vida possa consolá-lo
em Deus.

O posicionamento quanto à atuação da capelania prisional como um grupo


interdenominacional de evangélicos desenvolvendo este trabalho, e o de estar
constantemente na presença do Senhor, literalmente no óleo do Espírito Santo,
preparados para enfrentar todas as retaliações, entendendo que elas poderão vir. Por
isso, o capelão prisional precisa ser enviado, comissionado pela Igreja local e trabalhar
em unidade com este conjunto maior e com seus pastores, não podendo estar sem
cobertura espiritual. Sendo vigilante em oração e jejum, e fechando possíveis brechas que
darão legalidade ao diabo para investir contra a Igreja impedindo-a de cumprir o seu
chamado.

8.2 TEOLOGIA DO SOFRIMENTO

Neste estudo de teologia do sofrimento, o que mais impressiona é o fato deste


sofrimento estar ligado diretamente na contra-mão do versículo que entendo denotar todo
o amor que livra do sofrimento eterno: João 3:16 – “...para que todo aquele que nele crê,
não pereça...”.

Dentro de um presídio, este sofrimento toma uma forma extremamente cruel,


atingindo a alma do preso, a culpa, o arrependimento ou não, o “filme” que fica passando
na mente, a dor que corrói internamente, pois nenhum detento está ali em férias da vida
ou da família. E esta condição de perecer eternamente é a maior preocupação do
capelão no resgate do amor, pois o inferno é eterno. O objetivo, então, é transformar a
maldição em benção, a tristeza em alegria, o desespero em calmaria na alma, o
sofrimento em consciência do Céu e do inferno, por toda a eternidade. “E irão estes para
o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna”. (Mateus 25:46)

8.3 CONSOLO E ACONSELHAMENTO CRISTÃO

No livro de Mateus 25:31-46, todas as maneiras de consolo e aconselhamento


cristão estão descritas de forma única e eficaz, e neste condão de entendimentos não há
como escapar do julgamento do Senhor acerca do que podíamos fazer e não o fizemos
por pura displicência. No presídio, estas situações são muito claras e destacam-se
também na ótica de Deus, pois todo o lugar em que colocarmos os nossos pés, ali será
terra santa, consagrada ao Senhor. E, dentro de um presídio se tem uma terra muito fértil
para consolar e aconselhar numa realidade nunca vista pela sociedade.

Não se tem muito tempo dentro de um presídio para dedicar a essa prática, por
isso o capelão precisa estar afiado na Palavra de Deus, para de imediato aplicá-la. Os
aconselhamentos são feitos pelas grades, sem contato pessoal com o detento, por esta
razão deve-se fazer o melhor que puder, pois aquela oportunidade pode ser a única e
última para ele.

A distribuição de Bíblias é de vital importância a todos os internos que assim


desejá-la, mas o alvo deve ir além da fronteira do poder fazer superando os limites de
pregar, consolar e aconselhar.

Na Palavra do Senhor está escrito com todas as letras de forma muito clara. “não
julgueis segundo a aparência, mas julgais segundo a reta justiça” (João 7 :24). A falta de
perdão traz tormenta 24h por dia dentro de um presídio. Mas, como ministrar perdão se
não o vivenciarmos? Devemos exercer o perdão incondicionalmente. Presídio é lugar de
perdão.

8.4 ÉTICA PRISIONAL

Encarar os fatos acerca de uma postura de condenação ou absolvição cabe tão


somente às circunstâncias judiciais, se ele ou ela está condenado (a) é porque houve um
julgamento e uma sentença judicial que o (a) condenou a cumprir a sua pena. A postura
do capelão deve ser a de que ele (a) foi condenado (a) e deverá cumprir a sua pena de
forma que a sua dívida com a sociedade seja paga.

Porém, como homem/mulher transformado (a) pelo poder de Deus. Essa é a


diferença do preso comum para os que se convertem ao Senhor Jesus, eles são
homens e mulheres transformados e essa diferença sobressai dos (as) demais
detentos (as).

9. CAPELANIA SOCIAL

Há uma importância imensa para Deus, no relativo a dar assistência aos que
estão com fome, sede, nus, conforme escrito em Mateus 25:35-36. É ordem do Senhor
Jesus. Aprenderemos que a fé e as obras devem caminhar juntas. Deus, em sua Palavra,
deu ênfase especial ao amor. Desde o Velho Testamento Ele deixou leis e mandamentos
sobre a prática do amor destacando alguns segmentos marginalizados como: pobre,
necessitado, viúva, órfão e o estrangeiro. Na Bíblia encontramos inúmeras referências às
boas obras e a prática do bem. Vejamos alguns versículos bíblicos:

* Êxodo 22:22 – “A nenhuma viúva nem órfão afligireis”; 23:6 – “Não perverterás o direito
do teu pobre na sua demanda.”

* Levítico 19:15 – “Não farás injustiça no juízo; não farás acepção da pessoa do pobre,
nem honrarás o poderoso; mas com justiça julgarás o teu próximo”; 23:22 – “Quando
fizeres a sega da tua terra, não segarás totalmente os cantos do teu campo, nem
colherás as espigas caídas da tua sega; para o pobre e para o estrangeiro as deixará. Eu
sou o Senhor vosso Deus.”

* Mateus 5:16 – "Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as
vossas boas obras e glorifiquem ao Vosso Pai, que esta nos céus".

Esta é a visão e o objetivo da capelania social. A ação social deve estar associada
à apresentação do Evangelho como meio para mostrar às pessoas o cuidado e o amor de
Deus, ao conhecer e suprir-lhe as necessidades materiais através do seu povo.

A responsabilidade social é um conjunto de conceitos e ações que contribui para


fazer um mundo melhor com a participação de todos. E, a capelania social é a solicitude
de toda igreja para com as questões sociais. Trata-se de uma sensibilidade que deve
estar presente em cada igreja e em cada dimensão, setor e pastoral. Enfim, deve estar
presente nas comunidades eclesiais de base e nos movimentos. Em outras palavras,
deve ser preocupação inerente a toda ação evangélica.

Dentro da dimensão sócio transformadora, é função da capelania social procurar


responder a esse tipo de situação. Isto significa que as respostas não estão prontas, não
há receita acabada. Em cada momento e em cada local, é preciso iniciar um processo em
que o maior número de pessoas se envolva na busca de soluções concretas.

A partir da conscientização, da organização e da mobilização, abrem-se caminhos


alternativos. O importante é chamar a atenção da igreja e da sociedade para esse quadro
de injustiça cada vez mais grave. É importante também, como veremos adiante, envolver
o maior número de parceiros na luta pela transformação social.

A capelania social tem como finalidade concretizar, em ações sociais e


específicas, a atitude da igreja diante de situações reais de marginalização.

A capelania social é voltada para a condição socioeconômica da população. Hoje,


como ontem, ela se preocupa com as questões relacionadas à saúde, à habilidade ao
trabalho, à educação, e, enfim, às condições reais da existência e qualidade de vida.
“Eu vim para que todos tenham vida e a tenham com abundância.” (João 10:10)

10. CAPELANIA CEMITERIAL

Ao nos depararmos com uma situação de falecimento, percebemos o quanto


estamos despreparados para tal momento, principalmente se for alguém muito querido.

A assistência à família é imprescindível e dever ser oferecidas por pessoas


capacitadas para tal, para que ajudem e não aumentem o sofrimento já existente.

Esse acontecimento mesmo indesejado e doloroso nos traz uma grande


oportunidade de fazer uma melhor reflexão sobre:

1) Como está nossa vida para com o Senhor nosso Deus?

2) Qual é a nossa real condição espiritual para enfrentar a eternidade?

3) Em se tratando de um momento delicado, sofrido e muitas vezes até


desesperador, o capelão tem por objetivo levar aos familiares e amigos da
família uma palavra de consolo e conforto espiritual, mostrando aos presentes
através da palavra de Deus, que nem sempre a morte é o fim. E que o nosso
Deus, em Cristo Jesus, tem um propósito em tudo, conforme a sua Palavra;
(João 14:2,3).

A Capelania Cemiterial com muita habilidade poderá realizar um excelente


trabalho de evangelização levando apoio com orações e consolo aos entes queridos,
familiares, amigos e, em geral, a todos os presentes na cerimônia de sepultamento. Pois,
o capelão levará uma mensagem de compaixão e conforto. Isaias 49:10; Filipenses 2:1;
Colossences 2:2; I Tessalonicensses 4:18.

O CONFORTO DE DEUS

Podemos enfrentar as adversidades da vida com mais força quando nos


entregamos ao Senhor nosso Deus, em Cristo, e confiamos que Ele pode nos
proporcionar uma força Divina para vencer. Fl. 4:13; Sl 30:11.
11. ÉTICA NA CAPELANIA

A ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade


ou a reflexão filosófica sobre moralidade, isto é, sobre as regra e os códigos morais que
norteiam a conduta humana.

O motivo da aplicação do estudo da ética do capelão está relacionado ao fato do


capelão necessitar de luz sobre seu trabalho diário, pois constantemente precisa tomar
decisões morais em situações complexas e equívocas. É especialmente indispensável
que o capelão tenha compreensão de ética a fim de aplicar a sua própria vida, bem como,
dar uma orientação moral sã ao aflito, hospitalizado, encarcerado, enlutado, tendo em
vista que, nenhum julgamento adequado pode ser feito de um ato certo ou errado, bom ou
mal sem que o motivo que está ao fundo de toda conduta seja conhecido.

Um bom exemplo de ética encontramos em Jesus. O apóstolo Paulo o descreve


como aquele que foi totalmente altruísta ao se esvaziar de si mesmo para ser útil aos
outros (Filipenses 2). A ética não leva o indivíduo a ser egoísta ou individualista, mas
altruísta, introduzindo-se no contexto para a utilidade do todo.

Sendo a ética inerente à vida humana, sua importância é bastante evidenciada na


vida profissional, porque cada profissional tem responsabilidades individuais e
responsabilidades sociais, pois envolvem pessoas que delas se beneficiam, por isso é
necessário saber “fazer” e “agir”.

O fazer diz respeito à competência e eficiência que todo profissional deve possuir
bem em exercício de seu ofício. O agir se refere à conduta do profissional, sendo ele
capelão ou não, ao conjunto de atitudes que deve assumir no desempenho de seu ofício.

11.1 AS NORMAS MORAIS E JURÍDICAS

Como disciplina prática, a ética procura responder a questões do tipo:

1 – O que devo fazer?

2 – Como devo agir?

Quando essas questões éticas são colocadas pelo capelão e respondidas apenas
por sua consciência (individual), surgem as normas morais. Por outro lado, se colocadas
pela sociedade e respondidas pelo Estado, surgem as normas jurídicas.

NORMAS MORAIS

São regras éticas que tem como base a consciência moral das pessoas ou de um
grupo social. Sua transgressão não acarreta sanção do Estado.
NORMAS JURÍDICAS

Regra social de conduta que tem como base o poder social do Estado sobre a
população que habita seu território.

11.2 CONSEQUÊNCIA MORAL

A consciência permite o desenvolvimento do saber e de toda a racionalidade que


se empenha em distinguir o verdadeiro do falso. Mas, além dessa consciência lógica, o
ser humano possui também a consciência moral, isto é, a faculdade de observar a própria
conduta e formular juízos sobre os atos passados, presentes e intenções futuras. Assim, a
consciência moral é uma característica peculiar ao homem de julgar suas ações,
decidindo se elas são boas ou más.

11.3 O VALOR HUMANO

Atribuir valor a alguma coisa é não fica indiferente a ela. Valorizar é dar valor. Os
valores resultam da experiência vivida pelo homem ao se relacionar com o outro. O que
significa que os valores são em parte herdados da cultura. Em tese, tais valores existem
para que a sociedade subsista, mantenha a integridade e possa se desenvolver. O
homem precisa de regras para sobreviver.

11.4 A CONDUTA DO CAPELÃO

Na ética não há individualismo ou egoismo, mas altruísmo e espírito coletivo. Em


qualquer tipo de atividade, para atingir os seus objetivos como um todo o homem há de
ser ético. Salmos 15:1-5; Provérbios 10:9 e 28:18.

Toda instituição seja ela religiosa, civil ou militar tem uma imagem perante a
sociedade, assim sendo, a postura do capelão é importante, pois, é a sua instituição
exposta diariamente, ou seja, é um representante da capelania evangélica em meio a
uma sociedade sofrida. E a postura adequada é aquela que demonstra confiabilidade.

A ética cristã é a base da capelania. Segundo o Dicionário Teológico, ética é o


estudo sistemático dos deveres e obrigações do indivíduo, da sociedade e do governo,
com o objetivo de estabelecer o que é certo e o que é errado. Tendo como fonte a
consciência, o direito natural, a tradição e as legislações escritas. Mas, acima de toda
sistemática da ética filosófica, existe a ética das éticas, a qual o Senhor Jesus
estabeleceu nas Sagradas Escrituras, e que tem por objetivo definir o supremo bem,
declarando os princípios da ação humana, ou seja, como fazer e como agir.
A revelação bíblica estabelece a vontade de Deus e nos dá normas e princípios
de conduta, que são a base para a prestação de serviço de capelão, contudo, podemos
perceber que ética filosófica (ou secular) e ética cristã tem as suas correlações. Ambas
têm interesses comuns na base fundamental da conduta humana, na natureza do certo ou
errado (valores, deveres, homem, sociedade).

No tocante a conduta do capelão quanto ao “como fazer” e “como agir” não se


deve esquecer de que trata-se de um mensageiro habilitado a levar amor, conforto e
esperança aos desalentados, familiares e profissionais envolvidos nesta dinâmica,
transmitindo a fé cristã através da assistência espiritual, emocional e social, sem qualquer
distinção de raça, credo religioso ou social. Em busca da da excelência no ensino e no
minitério de consolo e esperança eterna, com o propósito de conquistar almas para o
Reino.

A má conduta e a não observação dos procedimentos corretos podem fechar


portas que outros anteriormente lutaram para que fossem abertas.

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