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Sumário
CAPITULO I 04
O que é capelania cristã

CAPITULO II 06
Breve histórico

CAPITULO III 08
Amparo jurídico

CAPITULO IV 11
Capelania pastoral

CAPITULO V 14
Postura do capelão

CAPITULO VI 17
Conhecendo o ser humano

CAPITULO VII 21
Jesus Cristo: o capelão por excelência

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INTRODUÇÃO

Muitas pessoas pensam que para ser capelão só é necessário conhecer a Bíblia.
Entretanto, tal consideração não condiz com a realidade, nem atende as necessidades.
Pelo contrário, além de conhecer a Bíblia, também é necessário saber visitar e possuir a
qualificação técnica, o aprimoramento e orientação psicológica.

O trabalho do “capelão” cristão, através da Ajuda Espiritual a enfermos, a encarcerados,


desamparados e necessitados em geral é um trabalho belo, maravilhoso, por vezes
chocante, mas extraordinariamente necessário. Mas é imprescindível destacar, que
somente através do dom da misericórdia o capelão poderá realizar esta tão grande obra.

A ajuda Social e Espiritual a estas classes de pessoas, realizada através da misericórdia


e plena espontaneidade em ajudar a outros, traz consigo o privilégio de aconselhar,
auxiliar, consolar, confortar e evangelizar as pessoas que tão terrivelmente atravessam
uma fase difícil e as vezes complicada em sua vida.

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O Que é Capelania Cristã

Dentro de um contexto geral podemos definir Capelania como a ação de dar assistência
de caráter espiritual aos necessitados ou às pessoas que solicitam tal ajuda. Essa
assistência espiritual deve sempre focar a pessoa de nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo dentro do contexto do Reino de Deus e sem nenhuma tendência religiosa ou
denominacional.

A Capelania visa proporcionar ao ser humano oportunidades de uma formação integral


dentro dos princípios éticos cristãos norteados de acordo com a Bíblia Sagrada.

O principal serviço da Capelania é levar a esperança e esperança é esperar o que se


deseja. Segundo Hebreus 11.1 - “... a fé é a certeza daquilo que esperamos...” (NVI),
então, podemos afirmar que o objetivo da Capelania é levar o ser humano a uma fé ativa
diante do Criador, através da qual a pessoa consegue se aproximar de Deus e
desenvolver um relacionamento pessoal com Ele, entregar-se a Ele e viver esperando
Nele.

Esperar com confiança, esperar esperando, esperar confiando foi esse o sentido que
podemos aprender com o Rei Davi no Salmo 40.1 - “Esperei com paciência pela ajuda
de Deus, o SENHOR. Ele me escutou e ouviu o meu pedido de socorro”(NTLH), esse é
princípio ativo do significado da palavra fé nas Escrituras. Vale também lembrar o que
diz Hebreus 11.6 - “Sem fé ninguém pode agradar a Deus, porque quem vai a ele
precisa crer que ele existe e que recompensa os que procuram conhecê-lo melhor”
(NTLH).

Podemos então afirmar que o objetivo da Capelania consiste em lançar a semente da fé


bíblica no coração do próximo promovendo de forma sobrenatural a esperança viva da
fé em Deus.

Uma vez que uma fé viva está fundamentada nas Escrituras e as Escrituras tem centro a
pessoa de Jesus Cristo, a Capelania vai ajudar cada ser humano que for alcançado por
ela a ter um encontro pessoal com Cristo aproximando-se assim de Deus conhecendo-o
melhor.

Vale ressaltar que a Capelania não é uma atividade pertencente ou exclusiva a nenhuma
instituição ou convenção. É uma atividade voluntária e livre, excetuando, é claro, os
concursados nas forças armadas, unidades militares e afins.

A Capelania é a atividade que oferece oportunidades de conhecimento, reflexão,


desenvolvimento e aplicação de valores e princípios ético-cristãos e da revelação de
Deus.

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É nas adversidades que o ser humano precisa ser consolado, confortado e orientado para
superar as agruras da vida, quer num leito de hospital, numa creche, orfanato, presídio,
asilo, ou quaisquer outros lugares, onde uma palavra de consolo, ou um ouvido atento
faz a diferença, dando ao necessitado a força de superação eficiente para colocá-lo em
consonância com o poder e a vontade de Deus. Conforto espiritual e esperança são
encontrados quando o Capelão, ao levar a sua mensagem ao necessitado, explicita que é
o Senhor Jesus quem nos conforta, liberta e nos salva.

Capelania é, antes de tudo, levar Jesus às pessoas, independentemente de bandeira


religiosa. A palavra de Deus é, destarte, uma turbina que gera vida; e vida em
abundância.

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Breve Histórico

A história da origem de Capelania segue diferentes caminhos. A Enciclopédia Britânica


(em inglês) registra o que resumimos a seguir:

Na França costumava-se levar uma relíquia de capela ou oratório de São Martin de


Tours, preservada pelo rei da França, para o acampamento militar, em tempos de guerra.
A relíquia era posta numa tenda especial que levava o nome de capela. Um sacerdote
era mantido para o ofício religioso e aconselhamento.

A ideia progrediu e mesmo em tempo de paz, a capela continuava no reino, sempre com
um sacerdote que era o conselheiro. O costume passou a ser observado também em
Roma.

Em 1789, esse ofício foi abolido na França, mas restabelecido em 1857, pelo Papa Pio
IX. À esta altura, o sacerdote que tomava conta da capela, que era chamado capelão,
passava a ser o líder espiritual do Soberano Rei e de seus representantes. O serviço
costumava estender-se também a outras instituições: Parlamento, Colégios, Cemitérios e
Prisões.

Tudo isto porque para o catolicismo, existem as igrejas matrizes em cada lugar e as
paróquias para atendimento geral dos fiéis. Um serviço religioso particular, não era
comum. Assim, surgia a figura da capela.

I. O MOVIMENTO MODERNO DE CAPELANIA

Mas o movimento moderno e mais definido de capelania, com tendências à


institucionalização da atividade, começou a surgir no final do século 19, com uma
acirrada discussão sobre psicologia pastoral, nos Estados Unidos e na Inglaterra.

O principal protagonista da ideia foi um pastor congregacional de Columbus, no Estado


de Ohio, Estados Unidos, Washington Gladden, que insistia na necessidade de
cooperação entre o clero (líderes religiosos) e a classe médica (A Árvore da Cura, p.
246). Gladden, em seu livro The Christian Pastor (O pastor cristão), evidenciou os
vínculos entre a saúde mental e a saúde física.

Por este tempo, principalmente na virada do século 19 para o século 20, eclodiu uma
forte discussão sobre experiência religiosa. Nesta discussão juntavam-se psicólogos,
teólogos, clérigos, médicos e psicoterapeutas. O tema principal era: “cura para todos”, e
o objetivo maior era buscar saúde para “o homem inteiro”.

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Logo surgiu outro luminar do movimento, que era Anton Boisen (1876-1966). Dedicou-
se com muito sucesso à teologia pastoral. Formado pela Universidade de Harvard, e
depois de muitas lutas e discussões, assumiu uma capelania no Hospital Estadual de
Worcester, para doentes mentais.

Boisen foi o primeiro a introduzir estudantes de teologia num hospital psiquiátrico para
treinamento pastoral clínico, o que fazia parte dos trabalhos normais do hospital. Este
trabalho cresceu e se estabeleceu durante dez anos. Boisen é considerado pela literatura
moderna um dos fundadores do treinamento pastoral clínico.

Enquanto Boisen atuava nos Estados Unidos, surgia outro grande protagonista do
movimento, no Reino Unido, Leslie Weatherhead.

Leslie era pastor Metodista, e em 1916 foi para a Índia como missionário. Trabalhando
em Madras, ingressou no oficialato militar da reserva do exército da Índia e foi enviado
para o deserto da Mesopotâmia, para ajudar na guarda do porto de Basra. E então foi
nomeado capelão do exército.

Durante esse trabalho na Mesopotâmia, conheceu um médico que atuava como


psicoterapeuta, que compartilhou com ele muitas ideias sobre “natureza psicossomática”
de boa parte das doenças conhecidas como físicas.

Esse médico tinha a forte convicção de que eram os capelães religiosos que deveriam
ajudar as pessoas enfermas a se recuperarem. O médico morreu logo, mas conseguiu
provocar uma verdadeira revolução na vida espiritual de Leslie, que passou a estudar
profundamente o assunto.

De volta à Inglaterra alguns anos depois, Leslie criou seminários de debates envolvendo
psicologia, medicina e psicanálise. Todo o trabalho de Leslie, que foi muito intenso,
contribuiu para firmar as atividades de Capelania hospitalar daquele tempo.

É bom lembrar à esta altura, que o trabalho de Capelania estava muito ligado à
psicologia, principalmente a emergente disciplina denominada psicologia pastoral.

II. CAPELANIA NO BRASIL

No Brasil, o ofício de Capelania começou também na área militar, em 1858, com o


nome de Repartição Eclesiástica, evidentemente só com a Igreja Católica. O serviço foi
abolido em 1899.

Durante a Segunda Grande Guerra Mundial, em 1944, o serviço foi restabelecido com o
nome de Assistência Religiosa das Forças Armadas. Na mesma época foi criada
também a Capelania Evangélica para assegurar a presença de Capelães Evangélicos na
FEB.

O grande Capelão Evangélico que marcou época durante a Segunda Guerra Mundial, foi
o Pastor João Filsen Soren, que era pastor da Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro,
e depois que voltou, são e salvo, ainda permaneceu no pastorado daquela igreja por mais
de 50 anos. Faleceu recentemente (2002). Pena que não nos deixou um livro sobre o
assunto.

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Amparo Jurídico

I. CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades
civis e militares de internação coletiva.

II. LEI FEDERAL Nº 9.982 - 14/07/2000

Dispõe sobre a prestação de assistência religiosa nas entidades hospitalares públicas e


privadas, bem como nos estabelecimentos prisionais civis e militares.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA - Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu


sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º - Aos religiosos de todas as confissões assegura-se o acesso aos hospitais da rede
pública ou privada, bem como aos estabelecimentos prisionais civis ou militares, para
dar atendimento religioso aos internados, desde que em comum acordo com estes, ou
com seus familiares no caso de doentes que já não mais estejam no gozo de suas
faculdades mentais.

Art. 2º - Os religiosos chamados a prestar assistência nas entidades definidas no art. 1º


deverão, em suas atividades, acatar as determinações legais e normas internas de cada
instituição hospitalar ou penal, a fim de não pôr em risco as condições do paciente ou a
segurança do ambiente hospitalar ou prisional.

Art. 4º - O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de noventa dias.

Art. 5º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.


Brasília, 14 de julho de 2000; 179º da Independência e 112o da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO


José Gregori, Geraldo Magela da Cruz Quintão, José Serra

III. LEI Nº 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA - Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu


sanciono a seguinte Lei:

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TÍTULO I
Do Objeto e da Aplicação da Lei de Execução Penal
Art. 1º - A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou
decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do
condenado e do internado.

Art. 2º - A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça ordinária, em todo o


Território Nacional, será exercida, no processo de execução, na conformidade desta Lei
e do Código de Processo Penal.
Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á igualmente ao preso provisório e ao condenado
pela Justiça Eleitoral ou Militar, quando recolhido a estabelecimento sujeito à jurisdição
ordinária.

Art. 3º Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não atingidos


pela sentença ou pela lei.
Parágrafo único. Não haverá qualquer distinção de natureza racial, social, religiosa ou
política.

Art. 4º - O Estado deverá recorrer à cooperação da comunidade nas atividades de


execução da pena e da medida de segurança.

Da Assistência
SEÇÃO I
Disposições Gerais

Art. 10º - A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando prevenir


o crime e orientar o retorno à convivência em sociedade.
Parágrafo único. A assistência estende-se ao egresso.

Art. 11. A assistência será:


I - Material;
II - À saúde;
III - Jurídica;
IV - Educacional;
V - Social;
VI - Religiosa.

SEÇÃO VII

Da Assistência Religiosa

Art. 24º - A assistência religiosa, com liberdade de culto, será prestada aos presos e aos
internados, permitindo-se-lhes a participação nos serviços organizados no
estabelecimento penal, bem como a posse de livros de instrução religiosa.

§ 1º No estabelecimento haverá local apropriado para os cultos religiosos.


§ 2º Nenhum preso ou internado poderá ser obrigado a participar de atividade religiosa.

IV. DIREITOS E DEVERES DOS CAPELÃES

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Dentre os principais podemos destacar os seguintes:


1. Ter acesso garantido àqueles que por ele solicitam ou procuram.
2. Ser respeitado no exercício de sua função.
3. Não ser discriminado em razão de sexo, raça, cor, idade ou religião que professa.
4. Obedecer e respeitar determinações legais e as normas internas de cada instituição
onde exercer a Capelania, a fim de colocar em risco as condições da pessoa assistida ou
a segurança do ambiente no qual desempenhe a sua atividade.
5. Respeitar as regras de higiene e vestuário de cada ambiente onde venha exercer a
Capelania.
6. Exercer a Capelania sem nenhum tipo de discriminação de raça, sexo, cor, idade ou
religião, sempre tendo por foco sua missão de confortar e consolar a pessoa assistida,
seja ela quem for.

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Capelania Pastoral

Juridicamente o Capelão é uma pessoa preparada e legalmente habilitada para ministrar


assistência religiosa em regimentos militares (Marinha, Exército, Força Aérea, Polícias
Civil e Militar), escolas em seus mais variados níveis, internatos, orfanatos, asilos,
hospitais, presídios, etc.

Já espiritualmente o serviço de Capelania é uma chamada Bíblica geral que envolve


todos os cristãos. O maior exemplo que temos é a pessoa de Jesus Cristo e ninguém é
maior que Ele e como seus seguidores cada cristão deve emprenhar-se ao máximo nesse
serviço.

João 20.21-22 - “Então Jesus disse de novo: - Que a paz esteja com vocês! Assim como
o Pai me enviou, eu também envio vocês.

22 Depois soprou sobre eles e disse: - Recebam o Espírito Santo”. (NTLH)


Do mesmo jeito e na mesma autoridade de Jesus, cada cristão foi comissionado para
essa nobre missão espiritual. É importante notar que todos os ensinos de Jesus são
práticos e nunca teóricos. Ele nunca mandou alguém fazer algo que Ele não fizesse e
nunca falou para não fazer o que Ele não fez.

Somos comissionados por Jesus e temos a mesma unção que havia sobre Ele que é a
unção do Espírito Santo. É na autoridade do Rei e na força do Espírito Santo que a
Igreja Corpo de Cristo vai realizando a Obra de Deus na face da terra. A Igreja é a prova
viva da presença e da manifestação de Cristo nesse mundo.

Fundamentado então na vida de Cristo o cristão deve observar o que a Bíblia fala que
Ele fez e mirar nos seus exemplos maravilhosos toda a conduta cristã.
Podemos entender então que o principal requisito para se tornar um Capelão é a pessoa
ser um cristão totalmente convertido e praticante da Palavra de Deus.

Vale também citar que nos moldes do Novo Testamento o sacerdócio espiritual é
universal, ou seja, independente se a pessoa é do sexo masculino ou feminino, ela pode
e tem o direito de ser capelão. Veja que podemos aprender isso no texto abaixo (o grifo
é meu): 1 Pe 2.9 – “Mas vocês são a raça escolhida, os sacerdotes do Rei, a nação
completamente dedicada a Deus, o povo que pertence a ele. Vocês foram escolhidos
para anunciar os atos poderosos de Deus, que os chamou da escuridão para a sua
maravilhosa luz”. (NTLH)

O Capelão é uma pessoa capacitada espiritual e emocionalmente sensível às


necessidades das pessoas. É alguém sempre disposto a ouvir, aliás esse é o predicado
número um de quem se prontifica a essa missão.

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É um amigo disposto a ouvir e encorajar pessoas ajudando-as a enfrentar, muitas vezes


o pior momento de suas vidas. É o ajudante da vida humana encorajando gente com a
viva esperança.

Oferece suporte e ajuda espiritual, apoio emocional a própria pessoa e seu familiares e
amigos e casos institucionais também aos profissionais atuantes.

Cumpre sua missão de todo o coração e sem nenhum interesse material. Anda sempre
preparado, conhece bem a Palavra de Deus:

2 Tm 2.15 - “Faça todo o possível para conseguir a completa aprovação de Deus, como
um trabalhador que não se envergonha do seu trabalho, mas ensina corretamente a
verdade do evangelho”. (NTLH)

Seguindo o princípio cristão do voluntariado o Capelão desempenha sua função não


objetivando e nem impondo condições materiais ou financeiras para desempenhar sua
missão. Esse princípio não se aplica aos Capelães empossados na forma da Lei
mediantes concurso público nas instâncias federais, estaduais ou municipais.
Transcrevo a seguir a Lei que trata acerca do voluntariado:

LEI Nº 9.608, DE 18 DE FEVEREIRO DE 1998

Dispõe sobre o serviço voluntário e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu


sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º Considera-se serviço voluntário, para fins desta Lei, a atividade não remunerada,
prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza, ou a instituição
privada de fins não lucrativos, que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais,
científicos, recreativos ou de assistência social, inclusive mutualidade.

Parágrafo único. O serviço voluntário não gera vínculo empregatício, nem obrigação de
natureza trabalhista previdenciária ou afim.

Art. 2º O serviço voluntário será exercido mediante a celebração de termo de adesão


entre a entidade, pública ou privada, e o prestador do serviço voluntário, dele devendo
constar o objeto e as condições de seu exercício.

Art. 3º O prestador do serviço voluntário poderá ser ressarcido pelas despesas que
comprovadamente realizar no desempenho das atividades voluntárias.
Parágrafo único. As despesas a serem ressarcidas deverão estar expressamente
autorizadas pela entidade a que for prestado o serviço voluntário.

Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 5º Revogam-se as disposições em contrário.

COMENTÁRIO DO COMPILADOR: Cumpre acerca da Capelania como dever cada


Capelão estar informado sobre as Leis estaduais e municipais em vigor em sua região.

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Somos ensinados na Palavra dessa forma pelo Apóstolo Paulo:


Tt 3.1 - “Recomende aos irmãos que respeitem as ordens dos que governam e das
autoridades, que sejam obedientes e estejam prontos a fazer tudo o que é bom”. (NTLH)

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Postura do Capelão

O Capelão cristão deve estar ciente que seu trabalho é uma vocação espiritual acima de
tudo. Esse ministério é desenvolvido de forma voluntária. Espiritualmente a recompensa
do Capelão será concedida naquele dia: 2 Co 5.10 - “Porque todos nós temos de nos
apresentar diante de Cristo para sermos julgados por ele. E cada um vai receber o que
merece, de acordo com o que fez de bom ou de mau na sua vida aqui na terra”. (NTLH)

Vamos entender o que é um trabalho voluntário e qual deve ser a postura desse serviçal
do Reino de Deus aqui na terra.

Segundo o dicionário Aurélio trabalho voluntário é aquele que é feito sem


constrangimento ou coação, espontâneo. Veja também o que disse o Secretário-Geral da
ONU, Ban Ki-moon (5 de dezembro de 2009): “O trabalho voluntário é uma fonte de
força comunitária, superação, solidariedade e coesão social. Ele pode trazer uma
mudança social positiva, promovendo o respeito à diversidade, à igualdade e à
participação de todos. Está entre os ativos mais importantes da sociedade.”

I. COMO SER UM BOM VOLUNTÁRIO?

Nem sempre uma boa intenção é seguida de uma atitude correta. É preciso informação
para uma boa ação. Isso ajuda muito no serviço voluntário e chama-se responsabilidade.
Qualquer pessoa que se preste a algum serviço voluntário deve ter boa vontade e
responsabilidade.

Gostaria de enumerar algumas virtudes que são imprescindíveis ao Capelão cristão:


1. Seja humilde: As vezes pode acontecer de haver críticas, não se deve esperar tapinhas
nas costas.

2. Existem regras: Cada Instituição que for atuar tem seus regimentos internos, seu
códigos e regras.

3. Esteja aberto para aprender: Novas experiências promovem uma renovação na mente
que nos ajuda a crescer como pessoa. O Capelão nunca deve se posicionar como dono
da verdade.

4. Coloque-se na condição de servo: Esqueça a autopromoção ou fama. Lembre-se do


princípio do Reino de que o maior é aquele que serve.

5. De sempre o melhor: Nunca atenda alguém pura e simplesmente por obrigação.

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Lembre-se que deve haver harmonia entre o que falamos com nossa boca e o que
expressamos com o corpo. O corpo nunca mente.

As pesquisas mostram que voluntários vivem mais e também com mais saúde. A
sensação de utilidade faz um bem enorme na alma do voluntário.

II. ACERCA DA ÉTICA

A Capelania cristã deve ser exercida sem nenhuma conotação religiosa ou sectária.
Religião está fora de questão, quando falo de religião incluo qualquer instituição
eclesiástica, inclusive àquela que o Capelão porventura pertença. A missão do Capelão é
estritamente espiritual e durante o seu exercício deve esquecer sua e qualquer religião.

Deus quando observa as pessoas não as observa segundo a religião dessa pessoa e da
mesma maneira deve agir o capelão.

Particularmente, tenho aprendido nos últimos dias que a principal característica do amor
é o respeito. O próprio Cristo desenvolveu seu ministério espiritual sem vínculo
religioso, embora religiosamente pertencesse a religião judaica.

O alvo do Capelão no exercício da Capelania é suprir espiritualmente o necessitado. É


preciso discernir que emocionalmente existe a psicologia e fisicamente a medicina.
Deve-se ter cuidado para não invadir outra área a qual não é o alvo.

III. CAPELÃO NÃO É PASTOR E NEM TERAPÊUTA

É muito importante diferenciar as funções e as responsabilidades pertinentes a cada uma


delas. O curso e a credencial de Capelão não evoca ao seu possuidor nem a chamada e
nem a unção pastoral ou terapêutica.

O Capelão caracteriza-se por um trabalho voluntário, não possui rebanho ou


característica eclesiástica e que circunstancialmente atende pessoas carentes de
assistência espiritual. Lida individualmente com pessoas, cada uma com seus problemas
e na área espiritual sem ministrar doutrina denominacional alguma.

O Capelão é apenas um pronto socorro espiritual. Em caso de “tratamento” deve


encaminhar a pessoa a alguém melhor qualificado. Se fosse em um hospital, seria
apenas um residente que nunca faria nenhuma cirurgia e apenas encaminharia o paciente
sob seus cuidados para o especialista.

Gostaria de deixar como exemplo a seguinte passagem bíblica:

Lc 10.30-37 - “Jesus respondeu assim: - Um homem estava descendo de Jerusalém para


Jericó. No caminho alguns ladrões o assaltaram, tiraram a sua roupa, bateram nele e o
deixaram quase morto. 31 Acontece que um sacerdote estava descendo por aquele
mesmo caminho. Quando viu o homem, tratou de passar pelo outro lado da estrada. 32
Também um levita passou por ali. Olhou e também foi embora pelo outro lado da
estrada 33 Mas um samaritano que estava viajando por aquele caminho chegou até ali.
Quando viu o homem, ficou com muita pena dele. 34 Então chegou perto dele, limpou
os seus ferimentos com azeite e vinho e em seguida os enfaixou. Depois disso, o

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samaritano colocou-o no seu próprio animal e o levou para uma pensão, onde cuidou
dele. 35 No dia seguinte, entregou duas moedas de prata ao dono da pensão, dizendo: -
Tome conta dele. Quando eu passar por aqui na volta, pagarei o que você gastar a mais
com ele. 36 Então Jesus perguntou ao mestre da Lei: - Na sua opinião, qual desses três
foi o próximo do homem assaltado? 37 - Aquele que o socorreu! - respondeu o mestre
da Lei. E Jesus disse: - Pois vá e faça a mesma coisa”.

Nos moldes Bíblicos eu diria que a ação capelânica abrange uma boa parte no
cumprimento do segundo e grande mandamento: Mc 12.29-31 - “Jesus respondeu: - É
este: "Escute, povo de Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. 30 Ame o
Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma, com toda a mente e com todas
as forças. 31 E o segundo mais importante é este: Ame os outros como você ama a você
mesmo. Não existe outro mandamento mais importante do que esses dois”.

Já é conhecido e entendido por muitos que o amor é muito superior a qualquer


sentimento. Muito mais que isso amor na prática significa cuidado. Deus não ama a raça
humana apenas sentimentalmente, pelo contrário, o amor de Deus é algo prático e que
visa, além de um relacionamento pessoal entre Ele e cada ser humano, também a
provisão das necessidades humanas.

Concluo afirmando que amar é suprir necessidades e só descobrimos as reais


necessidade através de relacionamentos com as pessoas. Para encerrar esse capítulo
gostaria de dar um exemplo prático dessa verdade.

Como descendentes de Adão toda a raça humana é pecadora por causa do pecado
adâmico. A principal consequência do pecado de Adão sobre a raça humana é a morte
espiritual.

Dessa forma o homem sem Cristo Jesus em sua vida é espiritualmente morto. Jesus
tratou esse assunto com Nicodemos em João 3.3 e Paulo também falou sobre ele em Ef
2.1. Dessa forma o homem se tornou um necessitado espiritual.

Deus em seu grande amor (cuidado) deu providência para essa necessidade. Jesus Cristo
tem sido essa providência de Deus e é por Ele que somos salvos e herdeiros da vida
eterna. João 3.16 - “Porque Deus amou o mundo tanto, que deu o seu único Filho, para
que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna”. (NTLH)

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Conhecendo o Ser Humano

Um bom capelão precisa ter conhecimentos e discernimentos acerca da formação ou


constituição do ser humano, caso contrário, poderá cometer equívocos espirituais que
podem provocar sérios danos à pessoa assistida. Vale lembrar que o foco do ministério
de capelania é a assistência espiritual.

Como nossa proposta é prestar a assistência espiritual dentro da visão cristã, nada
melhor do que recorrer às Escrituras sagradas para saber o que elas no ensinam acerca
da composição do ser humano e poder dessa forma focar diretamente o alvo da
capelania de prestar assistência espiritual.

Meu pensamento nesse capítulo não é apresentar um estudo acerca da antropologia


Bíblica em sua essência, pelo contrário, é dar uma pequena noção Bíblica acerca do ser
humano.

I. O QUE O NOVO TESTAMENTO FALA ACERCA DA CONSTITUIÇÃO DO


SER HUMANO

1) Mt 10.28 - “E não temais os que matam o corpo, mas não podem matar a alma;
Temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo”.

2) 1 Ts 5.23 - “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo vosso espírito, e
alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso
Senhor Jesus Cristo”.

3) Hb 4.12 - “Porque a Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada
alguma de dois gumes, e penetra até a divisão da alma e do espírito, e das juntas e
medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração”.

4) Tg 2.26 - “Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também, a fé
sem obras é morta”.

5) Atos 20.10 - “Paulo, porém, descendo, inclinou-se sobre ele e, abraçando-o, disse:
Não vos perturbeis, que a sua alma nele está”.

Podemos afirmar que basicamente o homem é composto de duas partes, sendo uma
imaterial e invisível e outra física e visível. A parte imaterial possui duas características
que é o espírito e a alma. Já a parte física é composta pelo corpo.
Então o ser humano pode ser definido como sendo um ser ESPIRITUAL que possui
uma ALMA e que habita em um CORPO.

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II. O ESPÍRITO HUMANO

O ser humano é um ser espiritual porque foi criado por Deus segundo a sua imagem e
semelhança (Gn 1.26. Jo 4.24) e é nessa dimensão que ele é capaz de ter conhecimento
acerca de Deus e comunhão com o Altíssimo.

O Espírito Santo habita no cristão regenerado em seu espírito humano. É no espírito


humano que acontece a ministração do Espírito Santo acerca das coisas espirituais (Pv
20.27; Jo 3.6; 1 Co 3.16), inclusive a confirmação da salvação (Rm 8.16).

Assim como temos nossas necessidades físicas, temos também nossas necessidades
espirituais que são expressas através de nossa alma (veremos na sequência acerca da
alma humana). Veja o clamor do salmista no Salmo 42.2 - “A minha alma tem sede de
Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus”?

O espírito humano é invisível ao homem, mas é a porta de entrada de Deus de onde o


ser humano pode sentir a realidade espiritual de Deus (1Co 2.10,11; Jo 4. 23,24).

É através de nosso espírito que nos relacionamos com Deus e somos distintos do
restante da criação, somos os único criados a imagem e semelhança de Deus. É o
espírito humano o lugar onde a santidade de Deus chega primeiro na vida de uma
pessoa (1Ts 5.23).

Sem uma renovação promovida pelo Espírito Santo espiritualmente o espírito humano
está morto, ou seja, sem comunhão ou comunicação com Deus (Lc 15.24,32; Cl 2.13;
1Tm 5. 6;). Isso quer dizer que tal pessoa não tem dentro de si a vida com Deus (Ef 4.
18; Tt 1.15), portanto, não pode entrar na presença e nem ver a Deus. (2Co 4.4).

Através da salvação que por meio de Cristo Jesus esse homem que estava
espiritualmente morto é vivificado (Ef 2.1-10) e um despertamento espiritual começa no
seu interior (Ef 2.5; Cl 2.13).

Uma das mais importantes faculdades do espírito do homem é a consciência. Ela é


como uma janela, pela qual Deus olha para o interior do homem (Rm 2.15,16). É como
uma espiã de Deus, que persegue o homem quando faz o mau, mas que lhe fala com
uma voz elogiosa quando faz o bem (At 24.16).

III. A ALMA HUMANA

O ser humano possui uma alma e através dela que ele tem sua individualidade,
personalidade e caráter. A alma é a sede dos sentidos humanos e o local onde está
armazenada nossa inteligência, vontade, sentimentos e razão.
É o local de onde vem nossas decisões e escolhas sendo a fonte de nossos
relacionamentos com Deus, as pessoas e a criação.
A alma interligada com o espírito humano forma nosso “homem interior”: 2 Co 4.16,18
- “Por isso não desfalecemos; mas ainda que o nosso homem exterior se esteja
consumindo, o interior, contudo, se renova de dia em Dia”.

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Note que mesmo sendo inseparavelmente unidos espírito e alma existe distinção entre
eles. Por exemplo: Um cristão nascido de novo é salvo e espiritualmente santo (Rm
1.7), entretanto, no que tange a alma esse cristão ainda não alcançou a santificação
perfeita e está caminhando rumo a ela através de sua consagração a Deus mediante a
Bíblia Sagrada, isso é processo contínuo e gradativo (Fp 3.12-14).

Veja a junção da alma e do espírito no cântico de Maria Lc 1.46-47 - “Disse então


Maria: A minha alma engrandece ao Senhor, 47 E o meu espírito se alegra em Deus
meu Salvador”.

Através da alma há vida no corpo e contato com o mundo ao seu redor. Para isso
acontecer a alma usa os sentidos do corpo, então a alma é a sede dos sentidos humanos
(Jó 24.12; Sl 35.9; Sl 119.20; Mc 14.34; Mt 22.37).

O intelecto humano e suas faculdades está armazenado na alma. Pensamentos,


entendimentos, discernimentos (Sl 139.14; Pv 19.2; Is 53.11).

Os desejos e as paixões em relação a essa vida natural e física também estão


armazenados na alma (Lc 12.19; Ap 18.14).

A alma é o meio através do qual todas as necessidades humanas são expressadas, sejam
elas espirituais ou emocionais.

Afirmam alguns teólogos que o espírito e a alma são inseparáveis e interligados entre si
vindo dessa essência a imortalidade da alma.

A Bíblia fala da salvação da alma (Mt 10.28; Tg 5.20). Jesus disse que não adianta o
homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma (Mc 8.36,37). Devemos, pois
encomendar nossas almas ao Deus Criador (1Pe 4.19).

IV. O CORPO HUMANO

O corpo humano é simplesmente a casa da alma, é o lugar físico onde habita a parte
imaterial do ser humano. É a morada terrena do ser humano que é essencialmente
espírito e alma como vimos anteriormente.

1. Casa ou Tabernáculo: 2º Co 5.1 nos ensina que o corpo é um local de habitação


temporária que nos é dado pelo Criador, provisoriamente enquanto peregrinamos na
terra rumo a eternidade.
Com a morte física que é a separação da parte imaterial de nosso ser da parte física, essa
tenda é desarmada e a alma parte em rumo a sua morada eterna (Is 38.12; 2Pe 1.13,14).
Alguém certa vez disse: “O homem é um embrulho postal que o médico ou parteira
despachou ao coveiro”.

2. Templo: Templo é um lugar consagrado para e pela presença de Deus.


Religiosamente falando na cultura ocidental, templo é o local onde se reúne os devotos
para prestarem um homenagens a Deus.

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Do ponto de vista bíblico o cristão é em tese a morada de Deus (1Co 3.16,17; 6. 19,20;
2Co 6. 16). É o lugar onde Deus manifesta sua presença ou um lugar onde a presença de
Deus é localizada (1Rs 8.27,28).

3. Vaso: Muitos filósofos pagãos tratam o corpo com desprezo pois o consideram um
empecilho para o aperfeiçoamento da alma. A Bíblia porém afirma que ele foi formado
por Deus direto do pó da terra (Gn 2.7) e que uma de nossas atribuições espirituais é
apresentá-lo a Deus (Rm 12.1) e outra é usá-lo para a glória de Deus (1 Co 6.20, 1 Ts
4.4). Durante esse processo podemos glorificar ou desonrar o Criador através do nosso
corpo (2 Tm 2.20-21).

Assim, o corpo é o elemento essencial do existir, viver, conhecer, desejar, fazer, e, sem
ele o homem não seria capaz de alimentar, reproduzir, aprender, comunicar, trabalhar,
etc. É através do corpo que o homem se torna um ser social. Será pelas obras praticadas
por meio do corpo que o homem será um dia julgado (2Co 5.10; Ap 20.11-15).

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Jesus Cristo: O Capelão por
Excelência

A Bíblia em sua plenitude nos revela a fantástica e maravilhosa narrativa acerca da vida
de Jesus, seria ele o maior exemplo de capelão para nós na antiguidade e também na
atualidade.

O maior segredo de todos os tempos para todas as conquistas está dentro dos Princípios
do Reino de Deus. Quando nos atentamos a estes princípios descobrimos um universo
muito mais real do que o que costumamos viver.

Pensar nos cuidados oferecidos por Jesus aos que tiveram a oportunidade de caminhar
com Ele nessa terra é uma fonte inesgotável de exemplos, vida e amor.
Durante todo o seu ministério, Jesus nos demonstrou como cuidar do físico, emocional,
moral, social bem como do espiritual. E todos esses cuidados não eram dissociados uns
dos outros.

Um bom exemplo é o texto de Mateus 14.13-21 e João 6. Em um primeiro momento,


Jesus se preocupa em ensinar a multidão por que se compadecia dela, o que podemos
destacar como um cuidado espiritual.

Com o avançar das horas, Jesus se preocupou com a fome do povo, afinal, já se fazia
tarde. Então, cuidou da multidão providenciando alimento para todos indistintamente e
também curou os enfermos, o que é um cuidado com o físico.

Jesus também se preocupava com a saúde moral e social daqueles que o Pai lhe havia
confiado. Vejamos o exemplo de João 4 e João 8. Em ambos os casos, Jesus se
preocupou em devolver a dignidade, a identidade dessas mulheres para com Deus e para
com a sociedade sem se compactuar com o pecado, mas amando intensamente todas as
pessoas.

Em todos os evangelhos, podemos acompanhar o amor e a compaixão como as


características marcantes de seu ministério. Todos os que buscavam a Jesus
encontravam respostas, aceitação e cura. Ricos ou pobres, a todos Jesus cuidou com
deferência e respeito, zelo e carinho.

Jesus nos chama a fazer o mesmo que Ele fez, a seguir suas orientações e ensinar a
outros as boas novas de salvação.

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Esse é o cuidado integral que nos desafia e nos chama através do exemplo de Jesus:
enxergar o outro, o nosso próximo por fora e também por dentro. Cuidar do físico, mas
não esquecer dos cuidados com o coração atormentado, a fé abalada, a dignidade
perdida.
Jesus Cristo, nosso maior exemplo de cuidado integral! Sejamos como Ele.

I. EXEMPLOS DE CAPELANIA NA VIDA DE CRISTO

Nenhum serviço aos necessitados foi maior do que aquele que foi prestado pelo Senhor
Jesus Cristo. Ele é o nosso exemplo maior e devemos imitar suas obras de compaixão.

1º) Capelania infantil (Mt 19.13-15)

2º) Capelania social (Mt 14.15-16).

3º) Capelania hospitalar (Mt 14.14; Mc 6.55).

4º) Capelania com os desprezados (Jo 5.2-9).

5º) Capelania fúnebre (Lc 7.12-16)

6º) Através do escritor do livro de Hebreus nos ordena a praticar a capelania prisional
(Hb 13.3).

Prestar auxílio espiritual, visitação é, portanto, o ato de juntar-se a uma pessoa em crise
com o objetivo de fortalecê-la, consolá-la e acompanhá-la no momento difícil.

Encontramos exemplo de "visitação" já no Jardim do Éden, quando Deus passeava e


visitava a Adão e Eva (Gn 3.8). Assim sendo, "visitar" foi uma ação que começou com
nosso Deus, o qual também visitou a Israel várias vezes de forma direta: Abrão (Gn
12.1, 15.1-21, 17.1-22, 18.1, 22.1), Sara (Gn 21.1), Moisés (Ex 3.1-5, 3.16, 6.1-3),
Josué (Js 1.1-9), Gideão (Jz 6.11), Samuel (1Sm 3.4, 15.10,11), Isaías, Jeremias (Jr 1.4-
10; 33.6).

A visita divina ao seu povo se tornou completa com a vinda de Jesus Cristo na plenitude
do tempo (Jo 3.16,17). No Evangelho de Mateus 1.23 lemos: “Eis que a virgem
conceberá, e dará à luz um filho, e chamá-lo-ão pelo nome de EMANUEL, que
traduzido é: Deus é Conosco”.

No Evangelho de João 1.14 temos o relato da visita quando “o verbo se fez carne, e
habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do
unigênito filho de Deus”.

Este Verbo divino nos disse que não veio para os sãos, mas para os doentes (Mc 2.17) e
ainda nos diz “eu irei e lhe darei saúde” (Mt 8.7). Então, a visita de Deus através de
Jesus Cristo é fundamental para toda a humanidade porque através dela temos a saúde
eterna.

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O Senhor Jesus também treinou seus discípulos para que visitassem ( Mt 9.35, 10.6) e
deu seu exemplo quando foi a casa de Zaqueu (Lc 19.5), quando visitou com Tiago a
casa de Pedro (Mc 1.29-31) nessa ocasião curou a sogra de Pedro

Jesus também visitou a casa do principal da sinagoga (Mc 5.38-43). Convém também
lembrarmos que o primeiro milagre foi numa casa, quando o Mestre transformou a água
em vinho (Jo 2.1-9). Por todas estas evidências percebemos que Jesus dava enorme
importância à visitação.

Este ato cristão de "visitar" também era percebido na Igreja Primitiva, Paulo foi
convidado a ir a casa de Lídia (At 16.15), Paulo e Silas foram a casa do carcereiro (At
16.31-33), Pedro foi visitar a casa do centurião Cornélio por ordem divina (At 10.1-48).
Precisamos como Igreja do Senhor, levar uma palavra de paz para as pessoas que vivem
enfermas, em dificuldades, sobrecarregadas e oprimidas. Precisamos anunciar o amor e
o zelo de Deus pelas suas vidas. Imitando a Jesus Cristo que sempre ouvia o clamor dos
enfermos (Mt 9.1-8).

O amor que moveu Jesus a morrer por nós será o principal elemento a mover-nos neste
ministério de apoio e consolação aos necessitados.

Portanto, visitar, prestar um auxílio espiritual e confortar são:

. Empatizar com os que sofrem.


. Levar uma palavra de esperança aos desesperados.
. Dizer que vale a pena viver apesar das dificuldades existentes na vida.
. Amar a Deus e ao próximo.
. Levar alguém a ter alegria de aceitar o que é e, se conformar, com o que tem.
. Fazer uma vida feliz e ser feliz também.
. Compartilhar o amor, a paz e realização que Deus nos dá.
. Excluir da nossa vida as palavras: Derrota e Desesperança.
. Levar aos pés de Cristo, toda causa dos oprimidos, amargurados e os sem esperança.
. Compartilhar com alguém, que o sofrimento, as dificuldades da vida é um meio pelo
qual crescemos em direção a Deus, do próximo, e de nós mesmos.

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