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SÉRIE:
Aluna(o):__________________________________________________
2.ª SÉRIE- MANHÃ (201 M/ 202 M/ 203 M) – 3.º BIMESTRE Data: / / 22
•O interesse pela análise das motivações psicológicas ►As Conferências Democráticas do Cassino
poderiam explicar certos comportamentos das persona- Lisbonense
gens, construídas de modo coerente como contexto soci-
al, cultural, econômico e político em que se inserem.
• Em 1871, um evento consolidou a presença do Realismo
► O interesse coletivo em pauta no cenário literário português: as Conferências Demo-
cráticas. Os debates e as palestras realizados no Cassi-
• No lugar das tradicionais histórias de amor românticas, no Lisbonense tinham como objetivo discutir a decadência
os autores do Realismo tratam, com frequência, do tema portuguesa.
do adultério. Já na dimensão social, denunciam a cor-
rupção, o universo político e a superficialidade das • Em uma dessas conferências, Antero de Quental identifi-
elites. Esse temas refletem as questões mais pungentes cou o catolicismo, o absolutismo e o colonialismo como as
da sociedade da época. principais causas da difícil situação em que se encontrava
o país.
► Linguagem: a força das descrições cruéis
• Já Eça de Queirós encarregou-se da conferência “A lite-
• No plano da linguagem, a tradução mais evidente do ratura nova (o Realismo como nova expressão da arte)”.
novo olhar adotado pelos escritores realistas é o modo Nela, ele defendeu uma literatura objetiva e calcada na re-
objetivo – e aparentemente isento de juízo de valor–com alidade, livre dos arroubos românticos.
que as descrições de cenário e as personagens são cons-
truídas. Contudo, é possível observar que o narrador con- • As conferências não puderam ser concluídas por serem
duz indiretamente o olhar do leitor às interpretações considera das uma afronta ao Estado e à religião. Mesmo
desejadas. assim, seus participantes foram bem-sucedidos, pois con-
seguiram instalar o Realismo definitivamente em Portugal.
Contudo, a longo prazo, o saldo foi negativo, já que as
transformações sociais que almejavam fracassariam.
Realismo português
►Eça de Queirós e a destruição das ilusões hu-
► Portugal: atraso e estagnação manas
• O escritor francês Honoré de Balzac, ator de A comédia III. A poesia realista teve representantes tão notáveis
humana, foi inspiração para Eça de Queirós realizar seu quanto a prosa, que acabou sendo suplantada apenas
arrojado projeto. Composto pelos romances realistas O pela força do Romantismo.
crime do padre Amaro, O primo Basílio e Os Maias, As
cenas da vida portuguesa traçam um retrato mordaz de a) Somente I está correta.
Portugal. b) Somente I e II estão corretas.
c) Somente I e III estão corretas.
• O crime do padre Amaro (1875) indica o foco das d) Somente II e III estão corretas.
críticas de Eça nesse seu primeiro romance: a Igreja. Pa- e) I, II e III estão corretas.
dre Amaro, que se tornou religioso por conveniência, e
não por vocação, envolve-se em um caso amoroso com a 02- Sobre o movimento realista, assinale a alternativa cor-
jovem Amélia e a engravida. Amélia morre no parto e reta.
Amaro entrega o bebê a uma “tecedeira de anjos”. Morta
também a criança, o padre prossegue descaradamente a) O Realismo teve sua origem na França e foi uma reno-
com sua carreira. O livro critica a proibição do casamento vação apenas no campo literário.
aos sacerdotes católicos e a religiosidade hipócrita dos b) O homem como indivíduo é o centro das preocupações
moradores do interior de Portugal. do autor realista.
c) O ponto mais alto da prosa de ficção, no Realismo bra-
• O primo Basílio(1878) conta a história de Luísa, jovem sileiro, encontra-se na obra de Álvares de Azevedo.
da burguesia lisboeta, casada com o engenheiro Jorge. d) O escritor realista deve estudar os indivíduos, inter-
Por sonhar com um amor romântico, deixa-se seduzir pelo rogá-los, analisar o meio e transcrever suas observações.
primo, Basílio. Consumado o adultério, Juliana, a empre- e) A prosa de ficção, no Realismo, não é uma obra de ata-
gada da casa, guarda as cartas trocadas entre os aman- que à mentalidade burguesa, à ordem social clerical e mo-
tes e passa a chantagear a patroa, até que o desenrolar nárquica.
da situação conduza um final trágico, com as mortes de
Juliana e Luísa. 03- Associe as colunas.
1. Castilho
• Além da crítica às influências da leitura de livros românti- 2. Comte
cos, a obra volta seu olhar implacável à hipocrisia do ca- 3. Darwin
samento e à superficialidade da pequena burguesia 4. Quental
portuguesa, materializadas com maestria nas figuras das 5. Taine
personagens de Conselheiro Acácio e Dona Felicidade de
Noronha. Outra questão abordada é a revolta gerada pela ( ) Defensor do Realismo.
desigualdade social, evidenciada pelas diferenças entre ( ) Defensor do Romantismo.
Juliana, a criada, e Luísa, a patroa. ( ) Teoria do ambientalismo determinante: o ser humano
como produto do meio.
• Os Maias (episódios da vida romântica)(1888) é consi- ( ) Teoria positivista: todos os fenômenos sujeitos às leis
derado um dos romances mais primorosos do conjunto de naturais.
obras de Eça de Queirós. Ele conta a história de Carlos ( ) Teoria da origem das espécies e sua evolução bioló-
da Maia e Maria Eduarda, dois irmãos separados na in- gica. 4-1-5-2-3
fância que, sem saber desse parentesco, se apaixonam.
Mas, mesmo depois de descobrir a verdade, Carlos da
Maia continua a relacionar-se com a irmã. 04- Leia o texto a seguir.
• Por meio da relação incestuosa entre os irmãos e da — A verdade, meus senhores, é que os estrangeiros inve-
crítica à ociosidade de Carlos da Maia, que exercia a jam-nos. E o que vou a dizer não é para lisonjear a vos-
profissão de médico por diletantismo (mudança constante sas senhorias: mas enquanto neste país houver sacerdo-
de gosto), Eça compõe um retrato impiedoso que ridicu- tes respeitáveis como vossas senhorias, Portugal há de
lariza a alta burguesia. manter com dignidade o seu lugar na Europa! Porque a
fé, meus senhores, é a base da ordem!
• Nem mesmo os intelectuais companheiros de geração
de Eça escapam de sua ironia ao serem representados — Sem dúvida, senhor conde, sem dúvida - disseram com
pela personagem João da Ega, um escritor frustra do e força os dois sacerdotes.
sem convicções.
— Se não, vejam vossas senhorias isto! Que paz, que
QUESTÕES animação, que prosperidade!
01- Sobre o Realismo, considere as afirmações e assinale E com um grande gesto mostrava-lhes o Largo do Loreto,
a alternativa correta. que àquela hora, num fim de tarde serena, concentrava a
vida da cidade. Tipoias vazias rodavam devagar; pares de
I. Em oposição ao Romantismo, cujo idealismo favorecia o senhoras passavam, com os movimentos derreados, a
romance histórico, as obras realistas pretenderam relatar polidez clorótica duma degeneração de raça; nalguma
com objetividade seu próprio momento histórico. magra pileca, ia trotando algum moço de nome histórico,
com a face ainda esverdeada da noitada de vinho; pelos
bancos de praça gente estirava-se num torpor de vadia-
gem; um carro de bois, aos solavancos sobre suas altas b) Em oposição à idealização romântica, o escritor realista
rodas, era como o símbolo de agriculturas atrasadas de procurou descobrir a verdade de seus personagens, dis-
séculos.Eça de Queirós. O crime do padre Amaro. In Obra completa, secando-lhes o comportamento.
vol. I. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997. c) O autor realista retratou com fidelidade a psicologia do
personagem, demonstrando um interesse maior pelas fra-
GLOSSÁRIO quezas humanas e pelos dramas existenciais.
derreados = cansados, desanimados
d) As preocupações psicológicas da prosa de ficção rea-
clorótica = desbotada
pileca = cavalo sem valor lista levaram o romancista a uma conscientização do pró-
prio “eu” e à manifestação de sua mais profunda interiori-
Assinale a afirmativa correta. dade.
e) O sentido de observação e análise vigente no Realismo
a) A descrição minuciosa do Largo do Loreto, feita pelo exigiu do escritor uma postura racional e crítica diante das
conde, é argumento para comprovar sua tese sobre a contradições do homem enquanto ser social.
prosperidade de Portugal.
b) O conde, os sacerdotes e o narrador, apesar de perten- 07- Leia o texto para responder à questão.
cerem a classes sociais distintas, adotam o mesmo ponto
de vista com relação ao progresso da cidade. O melro veio com efeito às três horas. Luísa estava na-
c) Ao descrever o Largo do Loreto, o narrador evita apre- sala, ao piano.
sentar juízos de valor, adotando, assim, perspectiva im- — Está ali o sujeito do costume – foi dizer Juliana.
parcial. Luísa voltou-se corada, escandalizada da expressão:
d) A descrição do Largo do Loreto feita pelo narrador é, — Ah! meu primo Basílio? Mande entrar.
no contexto, estratégia para ridicularizar as ideias do con- E chamando-a:
de e dos sacerdotes. — Ouça, se vier o Sr. Sebastião, ou alguém, que entre.
e) O conde e os sacerdotes valorizam as virtudes da na- Era o primo! O sujeito, as suas visitas perderam de
ção; o narrador, por sua vez, descreve apenas o compor- repente para ela todo o interesse picante. A sua malícia
tamento indolente da classe operária. cheia, enfunada até aí, caiu, engelhou-se como uma vela
a que falta o vento. Ora, adeus! Era o primo!Subiu à cozi-
05- Ainda sobre o texto de Eça de Queirós, assinale a al- nha, devagar,
ternativa correta. — lograda.
— Temos grande novidade, Sr.ª Joana! O tal peralta é
a) Palavras como devagar, derreados, degeneração e va- primo. Diz que é o primo Basílio.
diagem (último parágrafo) confirmam as opiniões do con- E com um risinho:
de. — É o Basílio! Ora o Basílio! Sai-nos primo à última
b) A dignidade de Portugal, segundo o conde, estaria ga- hora! O diabo tem graça!
rantida pela ação dos religiosos, que assegurariam a or- — Então que havia de o homem ser se não parente? –
dem social. observou Joana.
c) A inveja dos estrangeiros seria motivada pelo fato de Juliana não respondeu. Quis saber se estava o ferro
Portugal representar a vanguarda da prosperidade indus- pronto, que tinha uma carga de roupa para passar! E sen-
trial europeia. tou-se à janela, esperando. O céu baixo e pardo pesava,
d) A forma vossas senhorias, usada pelo conde, explicita carregado de eletricidade; às vezes uma aragem súbita e
a informalidade de tratamento dispensado fina punha nas folhagens dos quintais um arrepio trêmulo.
aos sacerdotes. — É o primo! – refletia ela. – E só vem então quando o
e) Em "disseram com força os dois sacerdotes", com força marido se vai. Boa! E fica-se toda no ar quando ele sai;e é
disfarça a contrariedade dos sacerdotes com relação às roupa-branca e mais roupa-branca, e roupão novo, e ti-
palavras do conde. poia para o passeio, e suspiros e olheiras! Boa bêbeda!
Tudo fica na família!
Os olhos luziam-lhe. Já se não sentia tão lograda. Havia
06- Leia atentamente a proposição: ali muito “para ver e para escutar”. E o ferro estava pron-
to?Mas a campainha, embaixo, tocou.(Eça de Queirós. O pri-
O Romantismo era a apoteose do sentimento; o Realismo mo Basílio, 1993.)
é a anatomia do caráter. É a crítica do homem. É a arte
que nos pinta a nossos próprios olhos –para nos conhe- Quando é avisada de que Basílio estava em sua
cermos, para que saibamos se somos verdadeiros ou fal- casa,Luísa escandaliza-se com a forma de expressão de
sos, para condenar o que houver de mau na nossa socie- sua criada Juliana. A reação de Luísa decorre
dade.(Eça de Queirós. In: PROENÇA FILHO, Domício. a) da linguagem descuidada com que a criada se refere
Estilos de época na literatura. São Paulo: Liceu, 1969. aseu primo Basílio, rapaz cortês e de família aristocrática.
p. 207) b) da intimidade que a criada revela ter com o Basílio,
oque deixa a patroa enciumada com o comentário.
O texto de Eça de Queirós reúne alguns princípios bási- c) do comentário malicioso que a criada faz à presença
cos do Realismo. Dentre as alternativas abaixo, assinale de Basílio, sugerindo à patroa que deveria envolver-se
aquela que NÃO está em conformidade com as definições com o rapaz.
do romancista português: d) da indiscrição da criada ao referir-se ao rapaz, o
qual,apesar do vínculo familiar, não era visita frequente na
a) O Realismo foi marcado por um forte espírito crítico e casa da patroa.
assumiu uma atitude mais combativa diante dos proble- e) da ambiguidade que se pode entrever nas palavras da
mas sociais contemporâneos. criada, referindo-se com ironia às frequentes visitas de
Basílio à patroa.