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INSÍGNIA DE MADEIRA – OS
PRIMÓRDIOS DA FORMAÇÃO
ESCOTEIRA
Quando Baden-Powell escreveu em publicou o “Escotismo para Rapazes”, ele
jamais imaginou as dimensões que sua criação chegaria a ter. Por conta disso, o
aprendizado dos primeiros chefes escoteiros ocorria sem uma organização
formal, baseada quase que exclusivamente na experimentação. Com o
crescimento e desenvolvimento do Movimento Escoteiro, Baden-Powell viu a
necessidade de organizar a formação dos chefes escoteiros de uma maneira
mais metódica. Com isso, por volta de 1909, começaram a acontecer em
Londres, os primeiros cursos de formação escoteira, como o que foi realizado
durante o inverno de 1909, em Richmond, Londres. Estes cursos continuaram a
acontecer, no decorrer de 1910, organizados por Baden-Powell normalmente
numa única tarde. Houve ainda um curso com uma duração maior que ocorreu
de 4 a 7 de fevereiro de 1911 em Elstree, nos arredores de Londres. Esses
primeiros cursos foram interrompidos com o advento da Primeira Guerra
Mundial, em 1914. Infelizmente sobreviveram muito poucos registros dessa
época inicial do Movimento Escoteiro.
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Além do cordão de couro, a Insígnia de Madeira seria formada também por duas
contas retiradas de outro dos troféus militares de Baden-Powell, o famoso Colar
de Dinizulu kaCetshwayo, um chefe guerreiro e filho de Cetshwayo o último rei
da nação Zulu, reconhecido com tal pelo Império Britânico.
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Esse colar, chamado entre os Zulus de “iziQu”, era dado somente aos guerreiros
mais bravos, sendo composto de aproximadamente 1000 contas, esculpidas em
madeira de acácia africana, de cor amarela, e com as suas extremidades
enegrecidas pelo fogo.
É por isso, que não é correto se referir à insígnia como “Insígnia DA Madeira”,
como algumas pessoas equivocadamente fazem, mas sim como “Insígnia DE
Madeira”, justamente porque ela é feita de madeira.
A ideia original era que o lenço fosse feito inteiramente com o tartan, mas isso
ficaria muito caro, portanto Baden-Powell resolveu utilizar apenas um pedaço
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costurado ao lenço.
Outro fato interessante é que para os aprovados nos Cub Courses (Ramo
Lobinho), durante um breve período foram utilizadas presas de lobo verdadeiras
(e depois réplicas em madeira), no lugar das contas de madeira, e a insígnia era
chamada de “Insígnia de Akela” (Akela Badge). Acredita-se inclusive que essa
ideia foi uma iniciativa para poupar as Contas do Colar de Dinizulu, quando
essas começaram a se esgotar. Mas a iniciativa durou pouco tempo, sendo
adotada a uniformização das insígnias, de modo que todos os aprovados em
cursos em Gilwell Park, independente do ramo, passaram a receber a Insígnia de
Madeira tradicional.
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Outra tradição antiga, mas de curta duração, foi a utilização de uma conta única
arredonda, também de madeira, utilizada logo acima do nó da Insígnia.
Entretanto, essa tradição durou apenas de 1923 a 1925, sendo extinta logo a
seguir.
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Acredita-se que o Anel de Giwell tenha sido inventado por volta de 1920, muito
embora o primeiro registro conhecido trata-se de uma edição da revista “The
Scout” do ano de 1923. Existe também uma lenda relacionada ao Anel de Giwell,
de que ele teria sido feito com a correia da máquina de costura da mãe de Bill
Shankley. Mas essa lenda não é verdadeira conforme relatado pelo seu próprio
filho, Ron Shankley.
Existe também uma grande discussão sobre quais insígnias atualmente teriam
algumas das contas originais do Cordão de Dinizulu, salvo evidentemente a
Insígnia de Baden-Powell e a que pertenceu a Sir Percy Everett, com se verá
adiante. Ocorre mais ou menos como aquela lenda da idade Média, de que se
juntassem todos os fragmentos da Cruz de Cristo, que cada Igreja alegava ser
genuína, dava para construir todos os navios utilizados nas Cruzadas. Há
evidentemente algumas listas com o nome dos participantes nos primeiros
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Só para se ter uma ideia, somente no ano de 1929, em Gilwell Park aconteceram
29 cursos para a seção das crianças (Cub Courses), 73 cursos para a seção dos
meninos (Scout Courses), 8 cursos para a seção dos rapazes (Rover Courses) e 5
cursos de Dirigentes (Commissioner Courses), o que totaliza 115 cursos. Se for
considerado que cada curso tinha em média 25 participantes, para que cada um
deles recebesse apenas uma conta original, seriam necessárias 2.875 contas,
apenas para o ano de 1929. Esse número é quase três vezes maior que as 1.000
contas do Colar de Dinizulu, quantidade essa estimada conforme a tradição.
Obviamente as contas originais se acabaram muito antes de 1929, muito
provavelmente entre 1919 e 1921, ainda na gestão de Francis Gidney, período do
qual existem poucos registros. Por isso muitas pessoas que acreditam, e alegam,
terem recebido contas originais, na verdade receberam réplicas.
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Ramo Escoteiro (Boy Scouts). Entre 1918 e 1919 foi criado o “Rover Scouts”, que
se destinava aos rapazes, que já tivessem passado da faixa etária dos escoteiros
(Boy Scouts). Basta dizer que o “Caminho Para o Sucesso” (Roovering to Sucess)
foi lançado em 1922. Ocorre que nessa época, os escoteiros mais velhos também
eram conhecidos “não oficialmente” como “Senior Scouts”, em contraposição aos
“Junior Scouts”, que eram os escoteiros mais novos. Isso porque a faixa etária
original do Ramo Escoteiro (Boy Scouts) era muito ampla, e já se notava a grande
disparidade entre um “escoteiro” de 12 anos e outro “escoteiro” de 17. Não era
muito clara, nesse início do século XX, a idade exata em que um menino deixava
de ser menino e se tornava rapaz. Por isso, a faixa etária inicial dos “Rover
Scouts”, que ser destinava a “jovens homens” (portanto, acima dos 18 anos)
acabava variando entre aproximadamente 15 e 18 anos, justamente para
atender a esse público de rapazes. Isso induz à confusão entre Seniors e Rovers,
na medida em que o Ramo Sênior (“Senior Scout”) só foi criado oficialmente em
1946, apesar do termo já ser utilizado informalmente em relação aos “rapazes
escoteiros”, muito tempo antes.
Portanto, antes de 1946 havia: “Cub Scouts” (crianças), “Boy Scouts” (meninos) e
Rover Scouts (rapazes). De 1946 em diante, a divisão passou a ser: “Cub Scouts”
(crianças), “Boy Scouts” (meninos), “Senior Scouts” (rapazes) e Rover Scouts
(jovens adultos). No Reino Unido e em alguns outros países existem ainda os
Beaver Scouts, seção adotada formalmente em 1986, destinada a crianças com
idade abaixo do Ramo Lobinho. No Brasil, não obstante algumas tentativas sem
êxito, não foi adotada essa nova seção (que seria chamada de Castores),
principalmente porque a faixa etária do Ramo Lobinho da UEB, que vai dos 6
anos e meio até os 10 anos, engloba tanto a idade dos Beavers Scouts (de 6 a 8
anos) quanto a faixa etária do seus equivalente inglês, os Cub Scouts, (que vai
dos 8 aos 10 anos e meio).
De todo o modo, essa divisão em quatro seções (Cub, Scout, Senior e Rover –
respectivamente Lobinho, Escoteiro, Sênior e Pioneiro) estabelecida a partir de
1946, foi adotada por diversos países, inclusive o Brasil, existindo até hoje.
Entretanto, mais tarde, por volta de 1967, a Associação Escoteira do Reino Unido
fez uma revisão do programa e uniu o Ramo Sênior (Senior Scouts) e o Ramo
Pioneiro (Rover Scout), em uma única seção denominada “Venture Scout”, para
jovens de 14 a 20 anos. Inclusive, foi essa revisão do programa em 1967, que
levou alguns chefes escoteiros que não concordavam com a alteração e que
entendiam que ela contrariava o legado de Baden-Powell, a criarem em 1970,
uma organização escoteira Independente e desvinculada da WOSM (World
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Daí surge a dúvida, se existe uma insígnia com quatro contas e uma com seis,
não deveria haver uma insígnia com cinco contas? Ela existe sim. A Insígnia de
Madeira de cinco contas era dada exclusivamente para os Chefes Escoteiros
especialmente designados para levarem o Curso de Insígnia de Madeira para seu
respectivo país. Esse chefe receberia o título de “Deputy Camp Chief of Gilwell
Park”, sendo considerado o representante de Gilwell Park naquele país. Para
honrar esse pioneirismo ele, e apenas ele, teria o direito de usar a Insígnia de
Madeira com cinco contas.
Em meados de 1923, Francis Gidney foi substituído por John Skinner Wilson, que
dirigiu Gilwell Park de 1923 até 1939, e que, ao contrário de seu antecessor,
deixou farta documentação de seus cursos. Assim nas anotações de J. S. Wilson,
existem indicações de que os cursantes Charles Hoardley (Austrália), A.E. Van
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Talvez o caso mais famoso envolvendo a Insígnia de Madeira com cinco contas
seja o de William “Green Bar Bill” Hillcourt, da Boy Scout of America (BSA). O que
ocorreu foi que demorou muito tempo para que o Curso de Insígnia de Madeira
fosse adotado pela BSA. As primeiras tentativas, tanto por Francis Gidney quanto
por John Skinner Wilson, de implantar o curso nos Estados Unidos, não lograram
êxito como nos demais países. O próprio William Hillcourt só recebeu a sua
Insígnia de Madeira quando fez o curso em 1936, dirigido por John Skinner
Wilson no Schiff Scout Reservation, em Nova Jersey, USA. Nessa época a Insígnia
de Madeira com cinco contas já não era mais utilizada, e o cargo de Deputy
Camp Chief (D.C.C.) já havia sido extinto. Após isso, demorou mais de uma
década para que ocorresse, o primeiro Curso de Insígnia de Madeira da BSA. Isso
não só por conta da eclosão da Segunda Guerra Mundial, mas principalmente
devido a dificuldades de adaptação. Por fim, o curso acabou acontecendo em
1948, quase 30 anos depois dos primeiros cursos de Gilwell Park. Todavia,
apesar do uso da Insígnia de Madeira com cinco contas ter terminado quase
vinte anos antes, William Hillcourt, sempre alegou que deveria tê-la recebido, por
ter sido o diretor desse primeiro curso promovido pela BSA.
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não estar mais em uso por quase vinte anos antes da realização do primeiro
Curso de Insígnia de Madeira da BSA. Por outro lado, considerando que a BSA
tem uma enorme influência política e econômica junto a WOSM, é possível que
tenha sido aberta essa exceção. Por isso, acredita-se também que William
Hillcourt teria recebido a Insígnia de Madeira com cinco contas, durante uma
visita a Gilwell por volta de 1980. Mas novamente, não há nenhum registro disso
nos arquivos de Gilwell Park, até porque essa tradição havia sido encerrada
quase cinquenta anos antes dessa época.
Logo após esse primeiro curso da BSA, ocorreu no Brasil, o primeiro Curso de
Insígnia de Madeira da América Latina, realizado no Campo Escola Fernando
Costa, em Tremembé, São Paulo entre 9 e 20 de julho de 1949. O diretor do
curso foi o Chefe Salvador Fernandez Bertán, de Cuba, um dos fundadores do
antigo Conselho Interamericano de Escotismo. Deste curso participaram não só
escotistas do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo, como também os
Chefes Neftali Diaz e Antolin Miqueles do Chile e os Chefes Mário San Martin e
Raoul A. Terán, da Bolívia. Um dos responsáveis pela realização desse curso foi o
Chefe Léo Borges Fortes, que se tornou o primeiro brasileiro a receber a Insígnia
de Madeira, tendo participado do 191st Scout Course, em Gilwell Park, no
período de 17 de agosto a 4 de setembro de 1949, e que foi dirigido pelo Camp
Chief John Thruman. O Chefe Léo Borges Fortes recebeu sua Insígnia de Madeira
em 24 de junho de 1950 (Certificado nº 12.355 – Wood Badge Register “Scout
part 3 Vol 3).
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Entretanto cabe ressaltar também o pioneirismo dos Chefes George Edward Fox,
que era inglês, e que foi o primeiro portador da Insígnia de Madeira a atuar no
país (ele fez o curso em Gilwell Park e recebeu a Insígnia entre 1921 e 1924), e do
Chefe David Mesquita de Barros, que era português, e que fez o curso de
Insígnia de Madeira em 1929, em Capý na França.
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