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Aula 4º

Sistemas de Gestão de Pessoas no


serviço público: teoria e prática

Olá, pessoal! Na aula de hoje iremos abordar um tema


extremamente relevante para o nosso curso: Sistema de Gestão
de Pessoas no serviço público: teoria e prática.
Bons estudos!

Objetivos de aprendizagem

Ao término desta aula, vocês serão capazes de:

‡ compreender os Sistemas de Gestão de Pessoas no serviço público;


‡ estabelecer relações entre os conceitos e a prática de Gestão de Pessoas no setor público;
‡ compreender os processos operacionais do sistema de Gestão de Pessoas no setor público;
‡ conhecer as tendências para a área de Gestão de Pessoas no setor público.
28 Gestão de Pessoas 26

Seções de estudo 1 - Evolução da Gestão de Pessoas


QRVHWRUS¼EOLFR

Ferreira et al. (2007) consideram que, após a década de


1 - Evolução da Gestão de Pessoas no setor público 1980, são dados os primeiros passos para se implantar no
2 - Estabelecendo relações entre conceitos país um modelo gerencialista de Administração Pública, face
3 - Gestão de Pessoas no serviço público: teoria e prática às novas demandas da sociedade que exigem um aparelho
4 - Regime jurídico dos servidores públicos: provimento, DGPLQLVWUDWLYR PRGHUQR PDLV HÀFLHQWH 6HJXQGR 0HQGHV
posse e exercício; estágio probatório; vacância; remoção e e Teixeira (2000), esse modelo traz a realização de parcerias
redistribuição; substituição entre agências públicas e privadas e inovações gerenciais,
como programas de qualidade total, usando a lógica do
empreendedorismo. Tudo isso advindo de uma sociedade
em rede, com tecnologias cada vez mais avançadas. Para
esses autores, esse modelo ainda é vigente, mas já surgem
Nas aulas anteriores, vocês estudaram os fundamentos novas exigências de adaptação, provenientes do crescimento
da Administração de Recursos Humanos - ARH, a realidade SRSXODFLRQDOGHQRYDVWHFQRORJLDVHGDHVWUXWXUDGHPRJUiÀFD
da ARH no contexto organizacional e o ambiente das como o envelhecimento populacional.
organizações e os impactos na ARH. Essa parte introdutória Uma dessas exigências é o que denominamos de Gestão
da disciplina, necessária à correta compreensão da ARH, Estratégica, modelo de gestão que vem sendo largamente
possui um enfoque mais genérico e, por isso, em uma utilizado nas organizações e chegando ao setor público.
primeira análise, nos remete à gestão de Recursos Humanos Esse modelo de gestão estratégica caracteriza-se por
em organizações privadas. novos valores pessoais e organizacionais, por desenvolvimento
Com efeito, há certas características marcantes nos rápido de tecnologias informacionais, por empresas virtuais,
sistemas de gestão de pessoas nas organizações públicas que por cultura corporativa e por muitas outras mudanças que
as distingue das organizações do setor privado, e uma das SDVVDP D LQWHJUDU RV GHVDÀRV GD *HVWmR GH 3HVVRDV QHVWH
principais, que logo nos ocorre, é a forma de ingresso, qual século.
seja, por concurso público. Assim, surge a Administração Estratégica de Recursos
O instituto do concurso público, como veremos adiante, +XPDQRV FRP rQIDVH QD GHVFHQWUDOL]DomR ÀUPH GDV
além de garantir o princípio constitucional da isonomia no responsabilidades de Gestão de Pessoas, ou seja, todo gestor
acesso aos cargos públicos efetivos, tem também por objetivo é gestor de pessoas. Como resultado da descentralização,
garantir a necessária estabilidade ao servidor público para que surge a terceirização de algumas atividades de RH, como
este possa ter uma atuação relativamente autônoma, haja vista recrutamento, seleção, pagamentos etc.
que, ao contrário do que ocorre na iniciativa privada, as gestões Segundo Pfeiffer (2000), na década de 1980, inicia-se, nos
das organizações públicas mudam de tempo em tempo, a cada Estados Unidos primeiro, e depois na Europa, a utilização do
ciclo governamental, e, por vezes, geram grandes impactos planejamento estratégico no setor público. O autor informa
nos órgãos e entidades da administração pública. que, no Brasil, não se tem ao certo o início da verdadeira
Há que se destacar, ainda, que há diferenças marcantes utilização do planejamento estratégico nesse setor, já que se
entre os agentes políticos e os servidores públicos efetivos, já confundiam planos realmente estratégicos com outros, como
que os primeiros gozam de certas prerrogativas e imunidades o Plano Diretor, o Plano de Governo etc.
no exercício do mandato, privilégios que não alcançam No que se refere à gestão estratégica de pessoas, uma
os servidores públicos, que, por sua vez, estão sujeitos a iniciativa que merece também ser lembrada é o Plano Diretor
responsabilização nas esferas civil, penal e administrativa, da Reforma do Aparelho do Estado, criado em 1997, com
cumulativamente. Em outros termos, a depender da conduta propostas de novas formas contratuais e novos regimes de
praticada, em sendo o agente ocupante de cargo eletivo, trabalho.
poderá sofrer perda de mandato, já se o agente for servidor Atualmente, a gestão estratégica de pessoas começa
público efetivo, poderá, por exemplo, pela prática desse ato, a despontar como uma iniciativa mais sólida, por meio do
sofrer a penalidade administrativa de demissão. Tal exemplo Decreto n. 5.707, de 23 de fevereiro de 2006. Com esse
nos permite compreender a importância da estabilidade do decreto, começaram os trabalhos para a implantação de uma
servidor público, pois se assim não o fosse, estaria o servidor Gestão por Competências no setor público.
suscetível à execução de práticas que, embora entendesse não Como se pode observar, a evolução das políticas de
DGHTXDGDVFDVRQmRRÀ]HVVHSRGHULDVHUGHPLWLGRSHORJHVWRU Gestão de Pessoas no setor público tem acontecido de forma
de forma sumária, se o sistema de contratação de servidores a trazer para o seu contexto as muitas teorias e tendências da
públicos fosse o mesmo aplicável à iniciativa privada. Administração e das organizações em geral.
3DUDPHOKRUFRPSUHHQVmRHÀ[DomRDSUHVHQWDPRVXPD
Na aula de hoje, abordaremos a questão dos sistemas de comparação entre teorias/modelos de Administração e de
Gestão de Pessoas no serviço público. E então, vamos lá? Gestão de Pessoas no setor público no Brasil.
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Quadro 1: Esquema da Gestão de Pessoas no Setor Público no
Contexto das Organizações em Geral e da Teoria Administrativa

&DUDFWHU¯VWLFDVGDVRUJDQL]D©·HVHPJHUDOH*HVW¥RGH3HVVRDVQR6HWRUS¼EOLFR
Teorias/ modelos &DUDFWHU¯VWLFDVGR6HWRU3¼EOLFR
2UJDQL]D©·HVHP*HUDO
No Estado Na Gestão de Pessoas
$GPLQLVWUD©¥R&LHQW¯ȴFD ȏ 2UJDQL]D©¥R UDFLRQDO GR WUDEDOKR ȏ (VWDGR SDWULPRQLDOLVWD OLEHUDO ȏ Direitos civis e políticos
iniciante: homem econômico. FO£VVLFR SUHYLVWRV QD &RQVWLWXL©¥R SRU
ȏ primeiras indústrias. iniciativa do Estado.
ȏ WUDEDOKRTXDVHHVFUDYRFUDWD
ȏ capataz: contratar e demitir
Escola de ȏ o homem social. ȏ SULPHLUR HVIRU©R GH LQRYD©¥R ȏ Departamento Administrativo
5HOD©·HV+XPDQDV ȏ GHVFREHUWDGDRUJDQL]D©¥RLQIRUPDO QRVLVWHPDS¼EOLFR GR 6HUYL©R 3¼EOLFR '$63 
ȏ 'HSDUWDPHQWRGH3HVVRDO '3  ȏ EXURFUDFLD WDPE«P IXQFLRQDYD FRPR
ȏ DWLYLGDGHVGHUHFUXWDPHQWRVHOH©¥R Departamento de Pessoal
treinamento e remuneração. FRPIXQ©·HVOHJDLV
ȏ economia industrial.
ȏ OHJLVOD©¥RWUDEDOKLVWD
5HOD©·HVΖQGXVWULDLV ȏ crescimento industrial. ȏ Estado intervencionista. ȏ Administração Indireta:
ȏ IRU©DGRVVLQGLFDWRV ȏ LQ¯FLR GH XP SURMHWR QDFLRQDO GHVFHQWUDOL]D©¥R IDFLOLWD
ȏ GHSDUWDPHQWR GH UHOD©·HV GHGHVHQYROYLPHQWR 3ODQRGH UHFUXWDPHQWR VHOH©¥R H
ΖQGXVWULDLV 5Ζ  Metas). remuneração.
ȏ Polos industriais ABC. ȏ Administração Indireta.
ȏ IRFRHȴFL¬QFLDHGHVHPSHQKR
ȏ QHJRFLD©·HVJRYHUQRHVLQGLFDWRV
$ERUGDJHPVLVW¬PLFD ȏ Organização como sistema. ȏ modelo gerencialista de ȏ política de Recursos Humanos:
ȏ H[LJ¬QFLDVGHTXDOLGDGH administração. YDORUL]DU D IXQ©¥R S¼EOLFD H
ȏ Administração de Recursos ȏ JUDQGHVEXURFUDFLDVHVWDWDLV UHQRYDURTXDGUR
Humanos e Sistema de RH. ȏ JUDQGHV REUDV GH ȏ Secretaria de Recursos
ȏ descentralização do RH. LQIUDHVWUXWXUD Humanos.
ȏ apoio a outros gestores. ȏ Secretaria de Administração ȏ Avaliação de desempenho e
3¼EOLFD 6HGDS  VLVWHPDGHP«ULWR
ȏ novo plano de carreira.
ȏ HVWDWXWR GR IXQFLRQDOLVPR
S¼EOLFR
*HVW¥R(VWUDW«JLFD ȏ WHFQRORJLDV LQIRUPDFLRQDLV ȏ Modelo gerencialista de ȏ Políticas e Diretrizes de
DYDQ©DGDVVRFLHGDGHHPUHGH administração. Desenvolvimento de Pessoas.
ȏ H[SDQV¥R GRV SURJUDPDV GH ȏ SDUFHULDVS¼EOLFRSULYDGDV ȏ início de gestão por
TXDOLGDGH FRPSHW¬QFLDV
ȏ $GPLQLVWUD©¥RHVWUDW«JLFDGH5+ ȏ SODQRV HVWUDW«JLFRV GH 5+
ȏ ¬QIDVHQDGHVFHQWUDOL]D©¥RGR5+ FRQIXQGLGRV FRP RXWURV
ȏ JHVW¥RSRUFRPSHW¬QFLDV planos.
ȏ DEHUWXUDGDHFRQRPLD
ȏ SULYDWL]D©·HV
ȏ competitividade.
ȏ TXDOLȴFD©¥RFRQW¯QXD

Fonte: adaptado de Oliveira (2011).

denominada Relações Industriais.


2  (VWDEHOHFHQGR UHOD©·HV HQWUH (PERUDSRVVDSDUHFHUTXHHVVDVH[SUHVV}HVVLJQLÀTXHP
conceitos a mesma coisa, a realidade é que elas guardam entre si certa
distância e trazem superposição de funções. Os três primeiros
É comum lermos ou ouvirmos as expressões termos se confundem na nomenclatura de disciplinas nos
Administração de Pessoal, Administração de Recursos FXUVRVWpFQLFRVHVXSHULRUHVGH$GPLQLVWUDomRHFLrQFLDVDÀQV
Humanos, Gestão de Pessoas e até uma expressão mais antiga Outra hipótese de superposição dos termos e funções é o fato
30 Gestão de Pessoas 28
de haver organizações que mantêm, em suas estruturas, órgãos É isso que permite a consecução do objetivo de se promover
LGHQWLÀFDGRV SRU $GPLQLVWUDomR GH 5HFXUVRV +XPDQRV RV a integração do homem à organização. Muitos desses assuntos
quais englobam atividades de Administração de Pessoal ou são elementos de estudo do Comportamento Organizacional,
órgãos de Administração de Pessoal abrangendo atividades de área do conhecimento que analisa a contribuição dos
Recursos Humanos (OLIVEIRA, 2011). grupos, dos indivíduos e da estrutura para a efetividade da
Assim, percebe-se a existência de uma confusão organização. É importante entender que a ARH, seja como
VHPkQWLFDHQWUHWDLVWHUPRV0DVDÀQDOKiDOJXPWHUPRPDLV VLJQLÀFDGR RX FRPR GHQRPLQDomR GHSDUWDPHQWDO WHP
FRUUHWRRXPDLVPRGHUQRGRTXHRVRXWURV"4XDODLQÁXrQFLD predominância gradativa, sendo cada vez mais utilizada
da história e da evolução das atividades de pessoas nessa pelas organizações. Um exemplo disso é o modelo sistêmico
confusão semântica? Na realidade, de acordo com Oliveira de Recursos Humanos, citado por Santos (2006), cujas
e Medeiros (2008), todos os termos estão corretos, e existem preocupações vão da obtenção de pessoal até à composição
VLJQLÀFDGRVHVSHFLDLVSDUDFDGDXPGHOHVGLIHUHQWHVHQWUHVL de uma carreira pública. De acordo com esse modelo,
No entanto, é importante observar que essas denominações temos os LQSXWV(entradas), o processo, os outputs (saídas) e o
WUD]HPHPVLRVLJQLÀFDGRGDVFRQFHSo}HVGRVSRGHUHVHGDV feedback, que pressupõe uma associação às demais áreas da
OXWDVSRUGLUHLWRVGRVFRQÁLWRVHQWUHRUJDQL]Do}HVVLQGLFDWRV organização, pois o funcionamento do modelo depende de
governos, em momentos distintos da história. Vejamos como todos os envolvidos nessas etapas, embora a quantidade de
ÀFRXRVLJQLÀFDGRGHVVHVWHUPRVHVHXXVR feedback possa ser diferente em cada um, a cada momento.
A Administração de Pessoal, oriunda do antigo Ao analisarmos mais detidamente a própria expressão
Departamento de Pessoal, trata da parte dita cartorial, Recursos Humanos, podemos perceber um aspecto que
principalmente dos registros dos membros da organização, merece atenção. Se você pensou ou disse que o aspecto
obedecendo às exigências das leis trabalhistas. Em suma, se refere à expressão “recursos”, acertou. Muitos autores
encarrega-se das rotinas trabalhistas e de pessoal, tendo modernos, mais voltados ao humanismo e ao respeito pelos
sob sua responsabilidade a administração dos eventos seres humanos, abominam a ideia de se considerar as pessoas
burocráticos decorrentes do contrato de trabalho. Sem dúvida, como recursos, incluindo-as nos recursos físicos, materiais
não podemos pensar que essas funções não são importantes, H ÀQDQFHLURV $ VXSHULRULGDGH GR VHU KXPDQR VREUH HVVHV
já que é imprescindível o controle da vida funcional dos recursos não permite que ele próprio seja considerado um
empregados com vistas à avaliação de desempenho, ao mero recurso. Por causa dessas discordâncias, há novas
treinamento, à remuneração, aos controles de frequência denominações para esta área das Ciências Humanas.
H D RXWUDV WDUHIDV HVSHFtÀFDV $ $GPLQLVWUDomR GH 3HVVRDO A mais moderna delas é Gestão de Pessoas, já que a
como tratada aqui, não tem função estratégica. Sua função é expressão gestão parece ser mais nobre do que simplesmente
apenas administrativa e de controle, por isso não tem função administração. Alega-se que a expressão Administração dá uma
motivadora (QUIJANO, 1999). ideia de trato com coisas materiais e seria muito mais adaptada
A Administração de Recursos Humanos, oriunda SDUDSRUH[HPSORHVWRTXHVPDWHULDLVÀQDQoDVHRXWURVWLSRV
do período da abordagem sistêmica, é resultado também de bens físicos. Outros autores, observando a situação de uma
de negociações e de luta por direitos e conquistas e cuida IRUPDPDLVDEVWUDWDHÀORVyÀFDDGPLWHPTXHRTXHVHGHYHWHU
da parte referente ao desenvolvimento das pessoas que na empresa é um órgão de Desenvolvimento Humano. Com
pertencem à organização. Isso quer dizer que ela não cuida essa denominação, o órgão que cuida das pessoas poderia
somente da remuneração, da avaliação ou do treinamento das estimular o seu desenvolvimento como ser humano.
pessoas, mas de todo o seu desenvolvimento. Encarrega-se 1RJXHLUDH6DQWDQD  GHÀQHP*HVWmRGH3HVVRDV
HVSHFLÀFDPHQWHGHSURPRYHUDLQWHJUDomRGRWUDEDOKDGRUj como um processo que procura dirigir os componentes do
organização, por meio da coordenação de interesses entre a VLVWHPD GH SHVVRDO FDUUHLUDV GHVHPSHQKR TXDOLÀFDomR H
HPSUHVDHDPmRGHREUDGLVSRQtYHO'HVVOHU S GHÀQH outros) para que sejam não apenas compatíveis com a missão
Administração de Recursos Humanos (ARH) como “[...] um da organização, mas também facilitem o seu cumprimento em
conjunto de políticas e práticas necessárias para conduzir os médio e em longo prazo. Nesse sentido, Bergue (2007, p. 18)
aspectos da posição gerencial relacionada com as pessoas ou DÀUPDTXH´8PDGHÀQLomRSRVVtYHOSDUD*HVWmRGH3HVVRDV
os Recursos Humanos”. Já Milkovich e Boudreau (2000, p. no setor público é: esforço orientado para o suprimento, a
 DÀUPDPTXH´$5+pXPFRQMXQWRGHGHFLV}HVLQWHJUDGDV manutenção, e o desenvolvimento de pessoas nas organizações
VREUHDVUHODo}HVGHHPSUHJRTXHLQÁXHQFLDPDHÀFiFLDGRV públicas, em conformidade com os ditames constitucionais e
funcionários e das organizações”. A ARH, portanto, pode legais, observadas as necessidades e condições do ambiente
VHU FRQVLGHUDGD HVWUDWpJLFD WHQGR D IXQomR HVSHFtÀFD GH em que se inserem”.
integração e motivação das pessoas dentro da organização. Uma das conclusões a que se pode chegar é que a Gestão
Por isso, preocupações com a qualidade de vida no trabalho, de Pessoas nas organizações é uma atividade que não deve ser
com a melhoria do clima, com a formação de uma cultura realizada apenas pela unidade da estrutura responsável pela
organizacional salutar e com o relacionamento interpessoal sua execução. Como as pessoas estão distribuídas em toda a
são exemplos de atividades da ARH nas organizações. organização, é uma atividade que pode - e deve - ser realizada
Assuntos como planejamento de Recursos Humanos, por todos os que administram e até pelos demais integrantes
WUDWDPHQWR GRV FRQÁLWRV RUJDQL]DFLRQDLV VRFLRORJLD GDV da organização.
organizações e psicologia social das organizações são também O campo de Gestão de Pessoas, por sua importância,
estudados quando desejamos analisar profundamente a ARH. está presente em todas as grandes e pequenas decisões que
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são tomadas nas organizações. Para acompanhar todo esse – erroneamente - que, devido ao ingresso no serviço público
SURFHVVRHQIUHQWDPXLWRVSUREOHPDVHGHVDÀRVHVSHFLDOPHQWH se dar por concurso, não há muito o que se fazer nessa área.
no setor público, pelas diversas peculiaridades desse setor. Entretanto, é possível sim fazer um adequado processo de
aplicação de pessoas no setor público. Para tanto, é necessário
que o órgão/entidade tenha uma política de pessoal que
3 - Gestão de Pessoas no serviço considere que os novos servidores públicos recém-egressos de
S¼EOLFRWHRULDHSU£WLFD concurso público trazem consigo toda sua experiência anterior
QRV FDPSRV SURÀVVLRQDO VRFLDO H SHVVRDO DOpP GH UHXQLU DV
Vimos que a Gestão de Pessoas precisa estar alinhada à habilidades técnicas exigidas para a ocupação do cargo público
estratégia da organização. Mas como se dá esse alinhamento? MiYHULÀFDGDVSRUPHLRGRFRQFXUVRS~EOLFRDTXHVHVXEPHWHX
Vejamos a seguir: Ademais, também é de suma importância que se acompanhe
O setor público no Brasil ainda segue o modelo de D HYROXomR SHVVRDO H SURÀVVLRQDO GR VHUYLGRU DR ORQJR GH
gerenciamento. No entanto, esse modelo está começando VXD FDUUHLUD S~EOLFD SULQFLSDOPHQWH TXDQWR j TXDOLÀFDomR
a redirecionar seu foco: da burocracia, estruturas e sistemas SURÀVVLRQDORTXHSRVVLELOLWDUiXPPHOKRUDSURYHLWDPHQWRGDV
organizacionais, para uma mudança de práticas, de padrões de competências, habilidades e atitudes dos quadros de pessoal,
ação. E esses padrões de ação têm tudo a ver com pessoas e além que consistir em uma forma de reconhecimento pelo
com capacitação em uma era em que se destaca, especialmente HVIRUoR GH DSHUIHLoRDPHQWR SURÀVVLRQDO ,VVR Mi HVWi PXLWR
nas organizações do setor privado, o valor do conhecimento bem consolidado na Gestão de Pessoas da iniciativa privada,
e da competência individual e organizacional (OLIVEIRA, e é perfeitamente aplicável ao setor público! Então, futuros
2011). gestores públicos, estejam atentos à adequada aplicação do
Barzelay (2005) destaca que os objetivos e a atuação dos pessoal do órgão/entidade em que vocês vierem a atuar como
programas e dos projetos públicos evoluem constantemente tecnólogos em Gestão Pública!
em razão do aprendizado organizacional, dos realinhamentos
políticos, do desenvolvimento tecnológico e das alterações no
contexto interno de governo. Para o autor, daí se origina a 4  5HJLPH MXU¯GLFR GRV VHUYLGRUHV
responsabilidade do gestor público e dos agentes políticos em S¼EOLFRV SURYLPHQWR SRVVH H
inovar e em acompanhar esses fatores e as exigências cada H[HUF¯FLR HVW£JLR SUREDWµULR
vez mais ampliadas dos cidadãos. No que se refere a esses YDF¤QFLD UHPR©¥R H UHGLVWULEXL©¥R
realinhamentos políticos, Vergara (2007) diz que neles reside VXEVWLWXL©¥R
DPDLRUGLÀFXOGDGHHRGHVDÀRSDUDTXDOTXHUSODQHMDPHQWR
estratégico do setor público e, consequentemente, da Gestão Nesta seção, serão abordados tópicos da Lei 8.112/1990,
de Pessoas que a ele se alinha. que trata do regime jurídico dos servidores públicos federais.
A cada novo gestor, mudam-se as crenças e os processos, Embora se trate de uma lei aplicável aos servidores federais,
H HVVD GHVFRQWLQXLGDGH GLÀFXOWD XPD JHVWmR HVWUDWpJLFD GH VXD UHGDomR VHJXH ÀHOPHQWH RV GLWDPHV FRQVWLWXFLRQDLV R
pessoas. Por isso, faz-se necessária a compreensão do papel TXH QRV SHUPLWH FRQFOXLU TXH DV OHJLVODo}HV HVSHFtÀFDV GH
da Administração Pública e o engajamento dos gestores Estados e Municípios que tratam do regime jurídico de seus
nesse papel, por meio do compromisso e da capacitação servidores terão redação assemelhada, ressalvadas apenas
continuada do servidor público. DV HVSHFLÀFLGDGHV GH FDGD HQWH 3RUpP FRPR p LQYLiYHO
Outro aspecto fundamental da Gestão de Pessoas, e que abordarmos todos os normativos vigentes na nossa aula,
merece especial atenção dos gestores públicos, é o sistema utilizaremos como referencial a lei 8.112/1990, cuja íntegra
de aplicação de pessoas. Isso porque, ao considerarmos os poderá ser consultada acessando o seguinte link: http://www.
sistemas de recrutamento, seleção e de aplicação de pessoas planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8112compilado.htm.
no setor público, podemos observar certa semelhança com
a iniciativa privada, mesmo que no setor público haja o A Lei 8.112/1990 instituiu o regime jurídico único
instituto do concurso público e outras peculiaridades, senão previsto no caput do art. 39 da Constituição Federal, aplicável
vejamos: (i) recrutamento – é precedido pelo levantamento aos servidores públicos da administração direta da União, das
da necessidade de pessoal, e se materializa com a publicação autarquias e das fundações públicas federais.
de edital de concurso público, que estabelece as regras para a Tais servidores são chamados de servidores públicos
contratação e a forma de chamamento público aos interessados estatutários, justamente porque a relação jurídica entre eles e
no preenchimento das vagas ofertadas, se consolidando que a Administração Pública Federal encontra-se disciplinada em
a inscrição do candidato; (ii) seleção – é a etapa em que os um estatuto legal, a Lei 8.112/1990, e não em um contrato de
interessados na vaga pública, que atenderam ao chamamento trabalho.
do recrutamento, se submetem à etapa de provas ou de provas Assim que o servidor tomar posse num cargo
e títulos, sendo o critério de seleção adotado o de melhor público federal, todos os fatos da sua vida funcional serão
desempenho nas provas ou nas provas e títulos. (iii) aplicação automaticamente regidos por essa importante norma, ou seja,
de pessoas – nesse ponto, geralmente, o gestor público é uma lei que o acompanhará por toda a carreira.
comete um grande equívoco, qual seja, o de pensar que não é O regime estatutário é característico das pessoas jurídicas
possível fazer um adequado processo de aplicação de pessoas de direito público, cujos servidores exercem as prerrogativas
no setor público. Tal equívoco se dá pelo fato de se acreditar GD $GPLQLVWUDomR HP WRGD D VXD PDJQLWXGH $ÀQDO p XP
32 Gestão de Pessoas 30
regime de direito público, que decorre diretamente da lei, Em seguida, vamos destrinchar esses institutos.
LPSRVVtYHO GH VHU PRGLÀFDGR PHGLDQWH FRQWUDWR DLQGD TXH
com a concordância da Administração e do servidor. Na Provimento Originário
verdade, eventual mudança do regime só poderá ser feita O provimento originário ocorre quando o indivíduo
de forma unilateral pelo Estado, mediante alterações da lei. passa a ocupar o cargo público sem que existisse qualquer
Não há direito adquirido a um regime jurídico, ou seja, as vínculo entre a situação de serviço anterior do nomeado
obrigações e benefícios previstos na lei poderão ser ampliados e o preenchimento do cargo.
ou suprimidos, na forma da Constituição Federal, sem que Assim, tanto é provimento originário a nomeação de
isso implique infração aos direitos subjetivos dos servidores. pessoa estranha aos quadros do serviço público como a de
Importante ressaltar que a Lei 8.112/1990 não se outra que já exercia função pública como ocupante de cargo
aplica aos empregados públicos, os quais são regidos pela não vinculado àquele para o qual foi nomeada.
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A única forma de provimento originário atualmente
Saliente-se, ainda, que a Lei 8.112/1990 incide apenas compatível com a Constituição é a nomeação.
sobre os servidores públicos federais, vale dizer, não A nomeação é o ato administrativo unilateral de
abrange servidores estaduais, distritais e municipais. Ainda designação inicial de um indivíduo para ocupar um cargo
que o modelo federal tenha sido seguido por muitos entes público. Pode se dar em caráter efetivo ou em comissão.
federativos, isso não exclui a possibilidade de cada ente
federado regular de forma distinta determinados temas. Formas de nomeação
Após essas considerações introdutórias, vamos estudar
os principais dispositivos da lei. Ressalto que não vamos
destrinchar todos os artigos, pois isso seria inviável na nossa
DXOD $ /HL  SRVVXL DVVXQWR VXÀFLHQWH SDUD XP
curso inteiro!

Provimento, posse e exercício Fonte: lei nº 8.112/90, adaptado pelo autor.

Provimento é o ato administrativo por meio do qual o


cargo público é preenchido, com a designação de seu titular. A nomeação em caráter efetivo sempre requer prévia
O provimento se faz por ato da autoridade competente aprovação em concurso público compatível com a natureza
de cada Poder (art. 6º). Assim, o provimento de cargos do e a complexidade do cargo a ser provido.
Executivo é da competência exclusiva do chefe desse Poder. Já a nomeação para cargo em comissão, destinado às
No âmbito do Legislativo, do Judiciário, do Tribunal de Contas DWULEXLo}HV GH GLUHomR FKHÀD H DVVHVVRUDPHQWR p IHLWD SRU
e do Ministério Público, o provimento é da competência do livre escolha da autoridade competente, prescindindo da
respectivo representante máximo (Presidente ou Procurador- realização de concurso público. A investidura do indivíduo
Geral, conforme o caso). em cargo em comissão apresenta cunho de precariedade e
Existem duas modalidades de provimento: originário e temporariedade. Eis que o servidor poderá ser exonerado
derivado. Essas duas modalidades se subdividem em algumas a qualquer tempo por ato discricionário da autoridade
espécies. Vejamos: competente, ato que, inclusive, independe de motivação.
A nomeação é um ato unilateral da autoridade
Modalidades de provimento competente, pois é feita sem a participação ou necessidade
de anuência do nomeado. Por isso, o ato não gera qualquer
obrigação ao indivíduo; pelo contrário, a nomeação gera
direito subjetivo ao nomeado de formalizar o vínculo
funcional com a Administração Pública por meio da posse.
Ressalte-se que é só depois da posse – e não após a nomeação
– que a pessoa se tornará um servidor público.

Provimento Derivado
O provimento derivado ocorre quando o indivíduo
passa a ocupar determinado cargo público por ter um vínculo
anterior com a Administração Pública. Em outras palavras,
nas hipóteses de provimento derivado, o preenchimento
do cargo não decorre diretamente do concurso público ou
da livre escolha da autoridade competente, e sim de vínculo
anterior existente entre o servidor e a Administração.
As formas de provimento derivado previstas na Lei
8.112/1990 são: promoção, readaptação, reversão,
aproveitamento, reintegração e recondução.
Celso Antônio Bandeira de Melo, didaticamente, agrupa
Fonte: lei nº 8.112/90, adaptado pelo autor. esses institutos em três categorias:
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1. Provimento derivado vertical: ocorre quando o aposentado.
servidor sai do seu cargo e passa a ocupar um cargo Segundo a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça
melhor. Exemplo de provimento derivado vertical é (STJ), a readaptação é instituto que se destina apenas aos
a promoção. servidores efetivos, não se estendendo aos ocupantes de
2. Provimento derivado horizontal: ocorre quando cargo comissionado que não possuam vínculo efetivo com a
o servidor muda para outro cargo com atribuições, Administração Pública Federal.
responsabilidades e remuneração semelhantes. É o
caso da readaptação. Reversão
3. Provimento derivado por reingresso: ocorre Reversão é forma de provimento derivado que consiste
quando o servidor havia se desligado do serviço no retorno à atividade de servidor aposentado (art. 25).
público e retorna em virtude do vínculo anterior. A doutrina ensina que há duas modalidades de reversão:
Ex.: reversão, reintegração, recondução e ‡ Reversão de ofício (compulsória): quando junta
aproveitamento. PpGLFDRÀFLDOGHFODUDULQVXEVLVWHQWHVRVPRWLYRVGD
aposentadoria por invalidez (art. 25, I).
Categorias de provimento derivado ‡ Reversão a pedido (voluntária): aplicável ao
servidor estável que obteve aposentadoria voluntária
e tenha solicitado a reversão (art. 25, II).

A reversão de ofício ocorreria, por exemplo, se a


aposentadoria por invalidez fosse decretada em virtude do
diagnóstico de determinada doença e, posteriormente, se
descobrisse, mediante pronunciamento de junta médica
RÀFLDOTXHRGLDJQyVWLFRHVWDYDHUUDGRRXIUDXGDGR
A aposentadoria, no caso, por ter sido concedida
com base em fundamentos falsos, seria nula, impondo à
Fonte: lei nº 8.112/90, adaptado pelo autor.
Administração o dever de decretar a reversão compulsória.
Trata-se, portanto, de ato vinculado. O servidor retorna ao
mesmo cargo anteriormente ocupado ou no cargo resultante
Promoção de sua transformação. Caso o cargo esteja provido, o servidor
Promoção é o provimento do sujeito em um cargo de exercerá suas atribuições como excedente, até a ocorrência
hierarquia superior na carreira. Diz-se, então, que a promoção de vaga. O tempo em que o servidor estiver em exercício
é modalidade de provimento derivado própria dos cargos após o retorno será considerado para concessão da nova
organizados em carreira. aposentadoria. Ressalte-se que, para a reversão de ofício, é
Caracterizam-se as carreiras pela existência de um cargo LUUHOHYDQWHse o servidor era ou não estável quando se aposentou
inicial, provido por meio de nomeação, e de cargos mais por invalidez.
elevados, preenchidos por meio de promoção, com adição de Já a reversão a pedido depende da manifestação do
vencimentos e de responsabilidades. interessado e é concedida no interesse da Administração, ou
A promoção, ao contrário da ascensão funcional para seja, é um ato discricionário. Porém, só pode ser concedida
cargo de carreira distinta, é constitucional, pois representa caso:
apenas o desenvolvimento do servidor na carreira do cargo ‡ haja cargo vago RX VHMD QmR Ki D ÀJXUD GR
para o qual ele prestou concurso. excedente.
‡ não tenha transcorrido mais de 5 anos desde a
Readaptação aposentadoria.
Readaptação é a investidura do servidor em cargo ‡ o servidor fosse estável quando da aposentadoria.
diverso do que ocupava, em virtude de limitação que tenha
VRIULGR HP VXD FDSDFLGDGH ItVLFD RX PHQWDO YHULÀFDGD HP A reversão a pedido possibilita que o servidor que tenha se
inspeção médica (art. 24). aposentado voluntariamente, com proventos proporcionais,
A readaptação será efetivada em cargo de atribuições possa voltar à ativa e aumentar seu tempo de contribuição, a
DÀQV, respeitada a habilitação exigida, nível de escolaridade e ÀPGHPDMRUDUVHXVSURYHQWRVGDDSRVHQWDGRULD7RGDYLDRV
equivalência de vencimentos. Logicamente, as atribuições do proventos serão recalculados apenas se o servidor permanecer
novo cargo devem ser compatíveis com as limitações sofridas pelo menos cinco (5) anos no cargo após a reversão.
pelo servidor, que o incapacitaram de continuar exercendo o Em ambas as hipóteses de reversão, o servidor
cargo anterior. perceberá, em substituição aos proventos da aposentadoria,
Na hipótese de inexistência de cargo vago, o servidor a remuneração do cargo que voltar a exercer, inclusive com
exercerá suas atribuições como excedente, até a ocorrência as vantagens de natureza pessoal que percebia anteriormente
de vaga. à aposentadoria.
A readaptação constitui uma alternativa à aposentadoria 3RUÀPYDOHUHVVDOWDUTXHDUHYHUVmRcompulsória e a
por invalidez. Contudo, se o indivíduo for julgado incapaz pedido, é vedada ao aposentado que já tiver completado 70
de exercer qualquer atividade administrativa, deverá ser anos de idade.
34 Gestão de Pessoas 32
Reversão compulsória x Reversão a pedido

Fonte: Lei nº 8.112/90, adaptado pelo autor.

Reintegração Recondução
Reintegração é a reinvestidura do servidor estável no Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo
cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua anteriormente ocupado e decorrerá de (art. 29):
transformação, em virtude de invalidação do ato de sua ‡ Inabilitação em estágio probatório relativo a outro
demissão, por decisão administrativa ou judicial, com cargo.
ressarcimento de todas as vantagens a que teria direito o ‡ Reintegração do anterior ocupante.
servidor a partir da data de afastamento do cargo, inclusive as
promoções (art. 28). Em qualquer caso, a recondução se aplica H[FOXVLYDPHQWH
Se o cargo de origem não mais existir, o servidor será ao servidor estável.
colocado em disponibilidade. Se o cargo estiver ocupado, seu A primeira hipótese se refere ao servidor já estável
ocupante, se estável, será reconduzido ao cargo de origem que é aprovado em concurso público para outro cargo, no
(sem direito à indenização), ou aproveitado em outro cargo, qual necessariamente será submetido a estágio probatório
ou, ainda, posto em disponibilidade, com remuneração para avaliar sua aptidão para o exercício das atribuições do
proporcional ao tempo de serviço; se não estável, o ocupante novo cargo. Caso seja reprovado no estágio, o servidor será
será exonerado. reconduzido ao cargo anteriormente ocupado. A reprovação
indica simplesmente que ele não é capaz de exercer as
Importante: A Lei 8.112/1990 somente assegura direito DWULEXLo}HV HVSHFtÀFDV GDTXHOH QRYR FDUJR TXDQWR DR VHX
a reintegração ao servidor estável (art. 28). Entretanto, o cargo original, a reprovação não causa implicação alguma.
servidor não estável demitido irregularmente, e que tenha O instituto da recondução existe porque o servidor não
a demissão invalidada pela Administração ou pelo Judiciário, é estável em um determinado cargo, mas sim no serviço
também terá direito a retornar ao cargo. No caso, os efeitos público. Por isso é que o servidor estável reprovado em
jurídicos da anulação da demissão ilegal serão idênticos ao da estágio probatório tem direito a retornar ao seu cargo original,
reintegração. É que a invalidação do ato administrativo produz para o qual se mostrou apto.
HÀFiFLDUHWURDWLYD ex tunc), ou seja, desconstitui os efeitos do A jurisprudência tem admitido que o servidor estável em
ato anulado desde a origem. Dessa forma, se a demissão do estágio probatório tem direito de pedir a sua recondução ao
servidor não estável vier a ser anulada, independentemente cargo que anteriormente ocupava. Ou seja, ainda que não seja
de a lei não lhe assegurar direito à reintegração, ele retorna ao reprovado, o servidor pode desistir do estágio probatório e
seu cargo em razão da própria anulação. Apenas não se pode retornar ao antigo cargo por iniciativa própria. É a chamada
denominar esse retorno de “reintegração”, uma vez que a lei recondução a pedido. Ressalte-se que esse direito somente
reserva o termo para o retorno de servidores estáveis. é reconhecido enquanto o servidor estiver em estágio
3RU ÀP YDOH REVHUYDU TXH D UHLQWHJUDomR GR VHUYLGRU probatório no novo cargo. Após esse período, a recondução
estável é forma de provimento derivado expressamente não poderá ser requerida.
prevista na Constituição Federal (art. 41, §2º). A segunda hipótese de recondução refere-se à
33 35
reintegração do servidor que antes ocupava o cargo ora Administração e do agente na assinatura do termo de posse.
preenchido por um novo servidor. Nessa situação, como Como requisitos para a posse, a lei exige (art. 5º):
vimos, esse novo servidor, se estável, será reconduzido nacionalidade brasileira; o gozo dos direitos políticos; quitação
ao seu cargo anterior, sem direito a qualquer indenização, com as obrigações militares e eleitorais; nível de escolaridade
ou aproveitado em outro cargo ou, ainda, posto em exigido para o exercício do cargo; idade mínima de dezoito
disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo anos; aptidão física e mental.
de serviço. Ademais, a lei exige que o servidor se submeta a
Essa forma de recondução (reintegração do anterior prévia LQVSHomR PpGLFD RÀFLDO, bem como que apresente
ocupante) também é modalidade de provimento derivado declaração de bens e valores que constituem seu patrimônio
prevista no art. 41, §2º da CF. e declaração quanto ao exercício ou não de outro cargo,
emprego ou função pública.
Aproveitamento
Aproveitamento é o retorno do servidor que havia sido Exercício
posto em disponibilidade (art. 30 a 32). Exercício é o efetivo desempenho das atribuições do
Lembre-se de que somente o servidor estável é colocado cargo público ou da IXQomRGHFRQÀDQoD(art. 15).
em disponibilidade (com remuneração proporcional ao tempo Ao tomar posse, o servidor assume o cargo. Não está
de serviço), nas hipóteses de extinção do cargo que ocupava obrigado, todavia, a iniciar o exercício das atribuições a ele
ou de declaração da sua desnecessidade (CF, art. 41, §3º). inerentes de forma imediata: a lei estabelece o prazo de 15
O aproveitamento ocorrerá obrigatoriamente em dias, improrrogáveis, contados da data da posse, para o
cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com o servidor entrar em exercício.
anteriormente ocupado. No caso de designação para exercício de função de
Nos termos do art. 32 da Lei 8.112/1990 “será tornado FRQÀDQoDDVLWXDomRpGLVWLQWD$OHLGHWHUPLQDTXHR´LQtFLR
sem efeito o aproveitamento e cassada a disponibilidade GRH[HUFtFLRGHIXQomRGHFRQÀDQoDcoincidirá com a data
se o servidor não entrar em exercício no SUD]R OHJDO, salvo de publicação do ato de designação, salvo quando o
GRHQoDFRPSURYDGDSRUMXQWDPpGLFDRÀFLDOµ9DOHVDEHUTXH servidor estiver em licença ou afastado por qualquer outro
a cassação de disponibilidade constitui uma penalidade motivo legal, hipótese em que recairá no primeiro dia útil após
disciplinar, de caráter punitivo, cuja aplicação deverá ser o término do impedimento, que não poderá exceder a trinta
precedida do devido processo administrativo em que seja dias da publicação” (art. 15, §4º).
assegurado amplo direito de defesa ao servidor. Ressalte-se, Caso o servidor não entre em exercício nos prazos
porém, que a lei não estabelece qual seria o “prazo legal” para previstos, ele será exonerado do cargo (art. 15, §2º) ou,
entrada em exercício no caso de aproveitamento. WUDWDQGRVH GH IXQomR GH FRQÀDQoD R UHVSHFWLYR DWR GH
designação será tornado sem efeito.
Posse Repare que, a partir da posse, o indivíduo já é servidor,
Nos termos do art. 7º da Lei 8.112/1990, a investidura vale dizer, ele já ocupa um cargo público, de modo que a não
em cargo público ocorre com a posse. entrada em exercício no prazo legal acarretará a exoneração
Somente haverá posse nos casos de provimento GRFDUJR-iQDKLSyWHVHGHIXQomRGHFRQÀDQoDRFRUUHDSHQDV
originário do cargo, vale dizer, em razão de nomeação (em a sustação dos efeitos do ato de designação, fazendo com que
caráter efetivo ou em comissão). o servidor volte a exercer as funções do seu cargo efetivo.
Após a publicação do ato de nomeação, a lei determina A data do exercício é o marco que caracteriza o início da
que a pessoa dispõe de 30 dias, improrrogáveis, para tomar contagem dos prazos para todos os direitos relacionados ao
posse (art. 13, §1º). tempo de serviço, a exemplo do direito de férias e da aquisição
Em se tratando de indivíduo que já seja servidor e de estabilidade.
que, ao ser nomeado, se encontre afastado do cargo ou O servidor que deva ter exercício em outro município
em cumprimento de licença, o prazo de 30 dias somente em razão de ter sido removido, redistribuído, requisitado,
será contado do término do cumprimento da licença ou do cedido ou posto em exercício provisório terá, no mínimo, 10
afastamento. dias e, no máximo, 30 dias de prazo, contados da publicação
Apenas após a posse é que o nomeado torna-se do ato, para entrar em exercício no novo município, incluído
um servidor público. É a posse que confere ao agente as nesse prazo o tempo necessário para o deslocamento para a
prerrogativas, direitos e deveres inerentes ao regime jurídico nova sede (art. 18). É facultado ao servidor abrir mão desses
do cargo. Se o nomeado não tomar posse no prazo previsto, prazos, vale dizer: ele pode entrar em exercício na nova sede
não chega a completar-se o vínculo jurídico funcional entre em prazo menor que 10 dias (art. 18, §2º).
ele e a Administração. Nesse caso, não há que se falar em
exoneração, mas apenas em tornar sem efeito o ato de Jornada de trabalho
provimento (art. 13, §6º). A jornada de trabalho GRV VHUYLGRUHV VHUi À[DGD HP
A posse, que poderá ser feita mediante procuração razão das atribuições pertinentes aos respectivos cargos,
HVSHFtÀFD, será formalizada pela assinatura do respectivo observados os limites mínimo de seis e máximo de oito
termo, no qual deverão constar as atribuições, os deveres, as horas diárias, e duração máxima do trabalho semanal de
responsabilidades e os direitos inerentes ao cargo. Portanto, quarenta horas (art. 19).
a posse é um ato bilateral, pois requer a manifestação da O ocupante de cargo em comissão ou função de
36 Gestão de Pessoas 34
FRQÀDQoDsubmete-se a regime de integral dedicação ao a avaliação do desempenho do servidor, realizada por
serviço, podendo ser convocado sempre que houver interesse FRPLVVmR FRQVWLWXtGD SDUD HVVD ÀQDOLGDGH VHUi VXEPHWLGD
da Administração (art. 19, §1º). à homologação da autoridade competente, sem prejuízo da
continuidade de apuração dos fatores objetos de avaliação no
Estágio probatório estágio probatório.
Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para cargo O servidor em estágio probatório poderá exercer
GH SURYLPHQWR HIHWLYR ÀFDUi VXMHLWR D estágio probatório, quaisquer cargos de provimento em comissão ou funções de
durante o qual a sua aptidão e capacidade serão objeto de GLUHomRFKHÀDRXDVVHVVRUDPHQWRno órgão ou entidade
avaliação para o desempenho do cargo. Equivale, portanto, de lotação. O servidor em estágio também poderá ser cedido
a uma aferição da capacidade funcional sob um prisma que o a outro órgão ou entidade, mas somente se for para ocupar
FRQFXUVRS~EOLFRSRUVLVyQmRGHÀQHQHPSHUPLWHFRQKHFHU “cargos de Natureza Especial, cargos de provimento em
No estágio, serão examinadas a assiduidade, a comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores -
disciplina, a capacidade de iniciativa, a produtividade e a DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou equivalentes” (art. 20, §3º).
responsabilidade do servidor. Ao servidor em estágio probatório somente poderão ser
O art. 20 da Lei 8.112/1990 estabelece que o prazo do concedidas as seguintes licenças e afastamentos (art. 20, §4º):
estágio probatório será de 24 meses (dois anos). Contudo,
a jurisprudência do STF e do STJ entende que, após a EC Licenças concedidas a servidores em estágio probatório
19/1998, o prazo do estágio probatório passou a ser de três
anosTXHpRSUD]RGHHIHWLYRH[HUFtFLRÀ[DGRSHODUHIHULGD
emenda como necessário para o servidor efetivo adquirir
estabilidade no serviço público (CF, art. 41, caput11). Em
outras palavras, a jurisprudência dos tribunais superiores
indica que o art. 20 da Lei 8.112/1990, embora não tenha sido
expressamente revogado ou alterado, é incompatível com a
ordem constitucional vigente.
Cumpre anotar que, no âmbito do Poder Executivo
Federal, um parecer vinculante do Advogado-Geral da
União (de observância obrigatória no Poder Executivo
federal) estatui que o estágio probatório tem duração de
três anos, ´SRUTXHHVVDVHULDD~QLFDFRQFOXVmRORJLFDPHQWHFRPSDWtYHO
FRPRSUD]RGHWUrVDQRVSDUDDDTXLVLomRGDHVWDELOLGDGHÀ[DGRSHOD
EC 19/1998”.
Embora a jurisprudência reconheça a necessidade dessa Fonte: lei nº 8.112/90, adaptado pelo autor.
compatibilização dos prazos, cumpre alertar que aprovação
em estágio probatório não se confunde com aquisição O servidor em estágio probatório não poderá tirar licença
de estabilidade. Sempre que o servidor tomar posse em outro capacitação, licença para tratar de assuntos particulares e licença
cargo efetivo, terá que se submeter a estágio probatório para para o desempenho de mandato classista, nem afastamento
FRQÀUPDomRQRQRYRFDUJRDLQGDTXHMiWHQKDDGTXLULGRHVWDELOLGDGH. para participação em programa de pós-graduação.
,VVRRFRUUHSRUTXHDÀQDOLGDGHGRHVWiJLRpDYDOLDUDDSWLGmRGR Importante observar que a exoneração decorrente de
servidor para o exercício das atribuições GDTXHOHFDUJRHVSHFtÀFR. reprovação no estágio probatório não constitui sanção
Ou seja, a aprovação em estágio probatório em determinado disciplinar (caso contrário, o servidor seria demitido). Ela
cargo não aproveita para outros cargos, mesmo que se trate de apenas indica que o servidor não é apto para o exercício
mudança de cargos ocorrida na mesma unidade administrativa. daquele cargo. Não obstante, a exoneração afeta a situação
Caso o servidor não seja aprovado no estágio para o novo jurídica do servidor e importa na perda do cargo que ele ocupa
cargo, a estabilidade lhe garante a recondução para o cargo em razão do entendimento da Administração de que ele não
anterior. Se ele não for estável, a reprovação implicará sua cumpriu satisfatoriamente os requisitos de avaliação. Por isso,
exoneração do cargo. WHPVHFRPRSDFtÀFRRHQWHQGLPHQWRGHTXHVHDFRQFOXVmR
Diferentemente do estágio probatório, que deve ocorrer da comissão responsável pela avaliação do estágio probatório
sempre que o servidor assumir um novo cargo, a estabilidade, for pela reprovação, deve ser dada ao servidor oportunidade
após cumpridos os requisitos (três anos de efetivo exercício e de ampla defesa e contraditório D ÀP GH TXH HOH WHQKD
aprovação em avaliação especial de desempenho), é adquirida chance de demonstrar que sua inabilitação foi indevida.
uma única vez pelo servidor. 3RUÀPFXPSUHPHQFLRQDUD6~PXODGR67)SHOD
Ressalte-se que o servidor adquire estabilidade no serviço qual “o estágio probatório não protege o funcionário contra
público de um GHWHUPLQDGR HQWH IHGHUDGR. Assim, por exemplo, a extinção do cargo”. Ou seja, se o cargo for extinto, o
caso um servidor estável na esfera federal preste concurso servidor não estável que esteja em estágio probatório será
para cargo estadual, terá que cumprir novamente os requisitos exonerado.
para a aquisição de estabilidade no serviço público estadual.
O art. 20, §1º da Lei 8.112/1990 informa que quatro Vacância
meses DQWHV GH ÀQGR R SHUtRGR GR HVWiJLR SUREDWyULR Vacância ocorre quando o cargo público é desocupado,
35 37
ou seja, deixado vago. Nos termos do art. 33 da Lei 8.112/1990, Assim, se dois servidores, um ocupante de cargo efetivo
a vacância do cargo público decorrerá de: e outro exclusivamente de cargo em comissão, praticam
‡ Exoneração; ato de improbidade, após o devido processo disciplinar, o
‡ Demissão; servidor efetivo deverá ser demitido (art. 132, I), e o servidor
‡ Promoção; comissionado destituído.
‡ Readaptação;
‡ Aposentadoria; Posse em outro cargo inacumulável
‡ Posse em outro cargo inacumulável; A posse em outro cargo inacumulável importa em
‡ Falecimento. vacância do cargo anterior. Assim, o servidor público
federal que obtiver aprovação em concurso para outro cargo
A vacância pode decorrer de um ato da Administração inacumulável deverá declarar esta sua condição ao órgão no
(como a demissão), ou de um fato (como o falecimento do qual ele ocupava o antigo cargo. Essa comunicação implicará
servidor). na vacância do cargo anterior, permitindo a posse no novo
Em alguns casos, a vacância do cargo implicará, cargo.
necessariamente, o provimento de outro. Isso ocorre na A vacância para tomar posse em cargo inacumulável
promoção, readaptação e na posse em outro cargo permite ao servidor levar para o outro cargo alguns direitos,
inacumulável. Ao ser promovido, por exemplo, o servidor como, por exemplo, o aproveitamento do tempo de exercício
ocupa novo cargo e torna o antigo vago. Nas demais hipóteses no cargo anterior para o gozo de férias, licença capacitação e
de vacância, não haverá provimento de novo cargo. JUDWLÀFDomRQDWDOLQDDVVLPFRPRHYHQWXDOYDQWDJHPSHVVRDO
QRPLQDOPHQWHLGHQWLÀFDGD 931, 
Exoneração
A exoneração de servidor ocupante de cargo efetivo
Remoção e redistribuição
poderá ocorrer a pedido do servidor ou de ofício.
A remoção e a redistribuição são institutos que não fazem
A exoneração de ofício ocorrerá (art. 34):
o servidor mudar de cargos, vale dizer, em nenhuma delas
‡ quando não satisfeitas as condições do estágio
ocorrerá provimento ou vacância. Vejamos as peculiaridades
probatório; ou
de cada um dos institutos.
‡ quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar
em exercício no prazo estabelecido.
)LTXH OLJDGR $ UHPR©¥R H D UHGLVWULEXL©¥R Q¥R V¥R IRUPDV GH
Quanto à exoneração de servidor ocupante de cargo SURYLPHQWRRXYDF¤QFLDGHFDUJRS¼EOLFR
em comissão, poderá ocorrer a pedido ou a juízo da
autoridade competente (exoneração ad nutum) (art. 35). Remoção
Na hipótese de IXQomRGHFRQÀDQoD, não há exoneração, A remoção é o deslocamento do servidor para outra
e sim dispensa (o servidor é dispensado, e não exonerado, da unidade, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança
IXQomRGHFRQÀDQoD  de sede (art. 36). Com a remoção, a lotação do servidor é
Lembrando que também haverá exoneração: transferida para outra unidade do mesmo órgão ou entidade,
‡ Quando for extinto cargo ocupado por servidor não na qual ele passará a exercer suas atribuições, sem que isso
estável; determine qualquer alteração em seu cargo.
‡ Do servidor não estável que esteja ocupando cargo O servidor pode ser removido de uma unidade para
que deva ser provido mediante reintegração de outro outra, GHQWUR GD PHVPD FLGDGH, ou ser removido para unidade
servidor anteriormente demitido de forma ilegal; situada em localidade distinta.
‡ 3RU LQVXÀFLrQFLD GH GHVHPSHQKR KLSyWHVH GH A remoção poderá ocorrer de ofício ou a pedido, da
exoneração de servidor estável – CF, art. 41, §1º, III); seguinte forma:
‡ Por excesso de despesa com pessoal (hipótese de
exoneração de servidor estável – CF, art. 169, §4º). ‡ De ofício, no interesse da Administração;
‡ A pedido, a critério da Administração;
Demissão ‡ A pedido, para outra localidade,
Ao contrário das demais hipóteses de vacância, a independentemente do interesse da Administração:
demissão é uma sanção disciplinar. Aplica-se aos servidores ‡ Para acompanhar cônjuge ou companheiro,
ocupantes de cargos de provimento efetivo que tenham também servidor público civil ou militar, de
cometido determinadas infrações previstas na Lei 8.112/1990 qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
(art. 117, IX a XVI e art. 132). do Distrito Federal e dos Municípios, que foi
Caso se trate de cargo em comissão exercido por GHVORFDGRQRLQWHUHVVHGD$GPLQLVWUDomR;
servidor não ocupante de cargo efetivo, e que cometa ‡ Por motivo de saúde do servidor, cônjuge,
infração punível com pena de demissão ou de suspensão, companheiro ou dependente que viva às
aplica-se a destituição (art. 135). E, em se tratando de servidor suas expensas e conste do seu assentamento
na inatividade (aposentado ou em disponibilidade) que, funcional, condicionada à comprovação por
quando em atividade, tenha praticado infração punível com MXQWDPpGLFDRÀFLDO
demissão, ele terá sua aposentadoria ou disponibilidade ‡ Em virtude de processo seletivo (concurso
cassada (art. 134). de remoção) promovido, na hipótese em
38 Gestão de Pessoas 36
que o número de interessados for superior ‡ Vinculação entre os graus de responsabilidade e
ao número de vagas, de acordo com normas complexidade das atividades;
preestabelecidas pelo órgão ou entidade em que ‡ Mesmo nível de escolaridade, especialidade ou
aqueles estejam lotados. KDELOLWDomRSURÀVVLRQDO
‡ Compatibilidade entre as atribuições do cargo e as
A remoção de ofício é feita H[FOXVLYDPHQWH“no interesse” ÀQDOLGDGHVLQVWLWXFLRQDLVGRyUJmRRXHQWLGDGH
da Administração, ou seja, independe da vontade do servidor.
O ato de remoção, no caso, deve ser motivado, com a indicação Nos casos de reorganização ou extinção de órgão
GDVUD]}HVTXHMXVWLÀFDPR´LQWHUHVVHGD$GPLQLVWUDomRµ XP ou entidade, o servidor estável que tenha seu cargo extinto
melhor aproveitamento dos quadros, por exemplo). ou declarado desnecessário naquele órgão ou entidade, não
Jamais a remoção poderá ser utilizada como punição a sendo redistribuído, será colocado em disponibilidade,
servidor, eis que não é uma forma de penalidade disciplinar. até seu aproveitamento. Alternativamente, ao invés de ser
O servidor removido de ofício, GHVGH TXH KDMD PXGDQoD colocado em disponibilidade, o servidor cujo cargo não foi
de sede, fará jus à ajuda de custo destinada a compensar redistribuído poderá ser mantido sob responsabilidade do
despesas de instalação. Correrão, ainda, por conta da órgão central do SIPEC, e ter exercício provisório, em outro
Administração, as despesas de transporte do servidor e sua órgão ou entidade, até seu adequado aproveitamento (art. 37,
família, compreendendo passagem, bagagem e bens pessoais §§3º e 4º).
(art. 53).
Já a remoção a pedido, em regra, ocorre “a critério” da Remoção x redistribuição
Administração, isto é, conforme seu juízo de conveniência e
oportunidade. Mas, em algumas hipóteses, que QHFHVVDULDPHQWH
devem implicar mudança de sede, a remoção a pedido
pode ocorrer LQGHSHQGHQWHPHQWHGRLQWHUHVVHGD$GPLQLVWUDomR, vale
GL]HU YHULÀFDGDV DV VLWXDo}HV SUHYLVWDV QD OHL DFRPSDQKDU
cônjuge removido no interesse da Administração, motivo de
saúde do servidor ou dependente, aprovação em concurso
de remoção) a Administração é obrigada a deferir o pedido Fonte: lei nº 8.112/90, adaptado pelo autor.
de remoção do servidor (ato vinculado). Ressalte-se que não
existe possibilidade de remoção a pedido independentemente Substituição
do interesse da Administração para mudanças dentro da mesma Os servidores investidos em cargo ou função de
localidade. GLUHomR RX FKHÀD e os ocupantes de cargo de natureza
Em nenhuma das duas hipóteses de remoção a pedido o especial terão substitutos indicados no regimento interno.
servidor fará jus à ajuda de custo (art. 53, §3º). No caso de omissão no regimento interno, os substitutos
serão previamente designados pelo dirigente máximo do
Redistribuição órgão ou entidade (art. 38).
A redistribuição é o deslocamento de cargo de O substituto assumirá automática e cumulativamente,
provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro vale dizer, VHPSUHMXt]RGRFDUJRTXHRFXSD, o exercício do cargo
geral de pessoal, para outro órgão ou entidade do mesmo RXIXQomRGHGLUHomRRXFKHÀDHRVGH1DWXUH]D(VSHFLDOQRV
Poder (art. 37). afastamentos, impedimentos legais ou regulamentares
Como se vê, a redistribuição é o deslocamento do cargo, do titular e na vacância do cargo, hipóteses em que deverá
ocupado ou YDJR, e não do servidor, como ocorre na remoção. optar pela remuneração de um deles durante o respectivo
Logicamente, se houver redistribuição de cargo ocupado, período.
ocorrerá também a movimentação do servidor que o ocupa. Caso o afastamento ou impedimento do titular se
A redistribuição é uma forma que a Administração estenda por mais de 30 dias consecutivos, o substituto
possui para adequar sua força de trabalho às necessidades GHL[DUiGHDFXPXODUos cargos e passará a exercer exclusivamente
dos serviços e às mudanças ocorridas em sua estrutura, R FDUJR RX IXQomR GH FKHÀD SHUFHEHQGR D retribuição
especialmente nos casos de reorganização, extinção ou criação correspondente.
de órgão ou entidade. Por exemplo, quando um Ministério A substituição propriamente dita, no sentido legal,
é extinto, a Administração não pode simplesmente exonerar ensejadora de retribuição pecuniária, é unicamente a que resulta
todos os seus servidores (muitos deles são estáveis); ocorre, de impedimento do titular, o qual, embora conservando
então, que os cargos daquele órgão são redistribuídos para a titularidade, se afasta do exercício daquele cargo por
outro órgão. uma série de razões (por exemplo, férias; doação de sangue;
A redistribuição ocorre H[RIÀFLR, isto é, independentemente casamento; participação em programa de treinamento; licença
da vontade do servidor. Ademais, deve ser previamente à gestante, à adotante e à paternidade; para tratamento da
apreciada pelo órgão central do Sistema de Pessoal Civil própria saúde etc.).
(SIPEC), observados os seguintes preceitos: Por outro lado, não seria o caso de substituição se o
‡ Interesse da administração; titular, por exemplo, viajar a serviço, pois, ainda que fora da
‡ Equivalência de vencimentos; sede, ele estaria no pleno exercício do cargo.
‡ Manutenção da essência das atribuições do cargo; Ressalte-se que não há substituição no caso de
37 39
impedimentos de ocupante de cargo de provimento efetivo, WDQWRTXDQWRU¯JLGRSRUWHUTXHVHJXLURVGLWDPHVOHJDLVGRLQVWLWXWR
PDVDSHQDVSDUDFDUJRHPFRPLVVmRIXQomRGHFRQÀDQoDH GR FRQFXUVR S¼EOLFR R PHVPR Q¥R VH SRGH DȴUPDU GD HWDSD GH
cargo de Natureza Especial, com atribuições de direção ou DFROKLPHQWR H DSOLFD©¥R GH SHVVRDV SRVWR TXH HVWDV VLP SRGHP
FKHÀD(assessoramento não). PHOKRU VH DVVHPHOKDU ¢V SU£WLFDV GR VHWRU SULYDGR REYLDPHQWH
GHVGHTXHREVHUYDGRFDGDFDUJRS¼EOLFRREMHWRGRFRQFXUVRS¼EOLFR
(VSHURTXHWRGRVWHQKDPDVVLPLODGRWRGDVDVLQIRUPD©·HVH[SRVWDV (QWUHWDQWR Q¥R UDUR V¥R YLVWDV GLVWRU©·HV QD DSOLFD©¥R GH SHVVRDO
DW«RPRPHQWR4XDOTXHUG¼YLGDHVWRX¢GLVSRVL©¥R QR VHWRU S¼EOLFR R TXH IDFLOPHQWH VH UHVROYHULD FRP D FRUUHWD
H DGHTXDGD H[HFX©¥R GH DWLYLGDGHV W¯SLFDV GR VHWRU SULYDGR
TXDLV VHMDP W«FQLFDV GH DFROKLPHQWR GH SHVVRDV GLQ¤PLFDV GH
Retomando a aula JUXSR HQWUHYLVWDV H WHVWHV GH DSWLG·HV IXQFLRQDLV  LPHUV¥R SDUD
FRQKHFLPHQWR RUJDQL]DFLRQDO DSUHVHQWD©¥R DRV UHF«PLQJUHVVRV
QRVHUYL©RS¼EOLFRGHWRGDDHVWUXWXUDRUJDQL]DFLRQDOGRµUJ¥RRX
HQWLGDGHFRPLGHQWLȴFD©¥RGRVVHWRUHVHPTXHSRGHU£VHUORWDGR
9LPRVTXHRVLVWHPDGH*HVW¥RGH3HVVRDVQRVHWRU H DV VXDV UHVSHFWLYDV SHFXOLDULGDGHV 3U£WLFDV VLPSOHV FRPR HVVDV
S¼EOLFRDSHVDUGHVXDVSHFXOLDULGDGHVHPPXLWRVH SRGHU¥R FRQWULEXLU VREUHPDQHLUD SDUD XP PHOKRU DSURYHLWDPHQWR
DVVHPHOKD ¢V SU£WLFDV GR VHWRU SULYDGR H LVWR HVW£ GRV FRQKHFLPHQWRV KDELOLGDGH H DWLWXGHV TXH FDGD QRYR VHUYLGRU
LQWLPDPHQWH UHODFLRQDGR ¢ JHVW¥R HVWUDW«JLFD GH S¼EOLFR WUD] FRQVLJR TXDQGR GR LQJUHVVR QR VHUYL©R S¼EOLFR EHP
SHVVRDV9LPRVWDPE«PTXHDVW«FQLFDVGHDFROKLPHQWRHDSOLFD©¥R FRPR SRGHU£ SURSRUFLRQDU R DGHTXDGR DFRPSDQKDPHQWR GH
GH SHVVRDV TXDQGR EHP XWLOL]DGDV QR VHWRU S¼EOLFR FRQWULEXHP FDGD LQGLY¯GXR DR ORQJR GH VXD FDUUHLUD FRP PDLRU DVVHUWLYLGDGH
SDUD XP PHOKRU GHVHPSHQKR IXQFLRQDO GRV VHUYLGRUHV S¼EOLFRV H QDV PRELOLGDGHV LQWHUQDV H VHPSUH TXH QHFHVV£ULR XP FRUUHWR
FRQVHTXHQWHPHQWHSDUDPHOKRUHVHQWUHJDVGRVµUJ¥RVHHQWLGDGHV UHGLPHQVLRQDPHQWRGDIRU©DGHWUDEDOKR
GRVHWRUS¼EOLFRSDUDFRPDVRFLHGDGH &RQWXGRRTXHDLQGDVHY¬QRVµUJ¥RVHHQWLGDGHVGRVHWRUS¼EOLFR«
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VHUYLGRUIRLDSURYDGRQRFRQFXUVRS¼EOLFRH«FRPHVWHVTXHWHUHPRV
1 - Evolução da Gestão de Pessoas no Setor Público TXH WUDEDOKDUȋ LJQRUDQGR R IDWR GH TXH FRP D XWLOL]D©¥R GH ERDV
W«FQLFDVGHDFROKLPHQWRHDSOLFD©¥RGHSHVVRDO«SRVV¯YHOPHVPR
Nesta seção da aula, vocês estudaram a Evolução da QRVHWRUS¼EOLFRIRUPDUXPDERDHTXLSHGHWUDEDOKR'RFRQWU£ULR
Gestão de Pessoas no Setor Público. VHPSUH WHUHPRV GH XP ODGR XP PHUR DJUXSDPHQWR GH SHVVRDV
IUXVWUDGDV H GHVPRWLYDGDV SRU Q¥R WHU VHX SRWHQFLDO GHYLGDPHQWH
2 - Estabelecendo relações entre conceitos DSURYHLWDGRHGHRXWURRVµUJ¥RVHHQWLGDGHVS¼EOLFDVVRIUHQGRFRP
DIDOWDGHSHVVRDOPRWLYDGRHFRPSURPHWLGRFRPRGHVHPSHQKRGH
Nesta seção da aula, vocês estudaram os conceitos VXDVDWULEXL©·HVIXQFLRQDLV
de Administração de Pessoal, Administração de Recursos $O«P GHVVDV UHFRPHQGD©·HV DFUHVFHQWDPRV TXH Q¥R SRGHPRV
Humanos e Gestão de Pessoas, e viram as relações de tais HVTXHFHU D YDORUL]D©¥R GD *HVW¥R GH 3HVVRDV SHORV µUJ¥RV
conceitos entre si. JRYHUQDPHQWDLVFHQWUDLVM£TXHHVVDȴORVRȴDVHGLVVHPLQDULDSHORV
GHPDLVµUJ¥RVS¼EOLFRV
3 - Gestão de Pessoas no Serviço Público: teoria e
prática
Minhas DQRWD©·HV
Nesta seção da aula, vocês estudaram os aspectos teóricos
e práticos da Gestão de Pessoas no Serviço Público, e viram
que os sistemas de recrutamento, de seleção e de aplicação de
pessoas são aplicáveis ao setor público.

4 - Regime jurídico dos servidores públicos:


provimento, posse e exercício; estágio probatório;
vacância; remoção e redistribuição; substituição.

Nesta seção da aula, vocês estudaram o regime jurídico


dos servidores públicos e seus principais institutos, quais
sejam: provimento, posse e exercício; estágio probatório;
vacância; remoção e redistribuição; substituição.

&RQVLGHUD©·HV
$RFRQWU£ULRGRTXHPXLWRVJHVWRUHVS¼EOLFRVSHQVDPQDHWDSDGH
DSOLFD©¥RGHSHVVRDVRJHVWRUS¼EOLFRSRGHȂHGHYHVHYDOHUGDV
ERDVSU£WLFDVGHJHVW¥RGHSHVVRDVHUHDOL]DUXPDGHTXDGRSURFHVVR
GHDFROKLPHQWRHGHDSOLFD©¥RGHSHVVRDV6LPLVWR«SHUIHLWDPHQWH
SRVV¯YHOQRVHWRUS¼EOLFR
6H SRU XP ODGR R UHFUXWDPHQWR H VHOH©¥R QR VHWRU S¼EOLFR « XP

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