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Bioquímica Metabólica II - Teórica:

1. Bioquímica do Estado Nutricional:


O gasto energético total pode ser calculado diretamente pela determinação do
calor gerado pelo corpo, ou indiretamente estimado pelo consumo de oxigénio.
Existe um gasto de cerca de 20Kj/L de oxigénio consumido, independentemente se
o combustível são hidratos de carbono, gorduras ou proteínas.
Em termos de percentagens, o metabolismo basal gasta cerca de 70% da energia
total de um indivíduo, enquanto a atividade física e o efeito térmico dos alimentos,
representa 20% e 10%, respetivamente, do gasto energético total.

A taxa metabólica basal/metabolismo basal corresponde ao gasto energético


necessário para manter a vida, sendo influência da pelo sexo, idade, temperatura
(corporal/ambiental), função tiroideia, gravidez e aleitamento, e ainda atividade
física.
Uma vez que esta taxa reflete a energia necessária para manter a homeostasia e
função básica de todas as células e tecidos, a composição corporal é um dos fatores
que permite influenciar este valor, isto é, o tecido adiposo é menos ativo do que o
tecido muscular, de maneira que, com uma maior quantidade de tecido muscular, a
energia necessária à vida será maior. Este fator comprova a influência da idade -
uma vez que, à medida que a idade aumenta, existe uma maior percentagem de
tecido adiposo, e menor de tecido muscular - e ainda a influência do género.

Este conceito difere da Taxa Metabólica no Estado de Repouso uma vez que, esta
consiste no gasto energético necessário ao corpo durante um período de repouso.

4 Kcal por g de Hidrato de Carbono


9 Kcal por g de Lípidos
4 Kcal por g de Proteínas
7 Kcal por g de Álcool

Relação entre Catabolismo e Anabolismo:

Os termos exergônico e endergônico são utilizados para indicar que um processo


é acompanhado pela perda ou ganho, respetivamente, de energia livre em qualquer
forma (por exemplo, calor, ATP e elementos redutores).
Deste modo, uma vez que o catabolismo corresponde à degradação de moléculas,
com consequente produção de energia, este é um processo exergônico. Por outro
lado, o anabolismo, estando associado à síntese de moléculas com consequente
gasto de energia (em forma de ATP e elementos redutores, é um processo
endergônico.

O ciclo de ATP/ADP conecta os processos que geram o fosfato de alta energia, aos
processos que o consomem, ou seja, conecta o catabolismo ao anabolismo.
Durante a síntese de ATP - que o controlo da oxidação dos substratos energéticos -
35% da energia é perdida em forma de calor. Contudo, durante a
utilização/consumo de ATP - durante o trabalho bioquímico e processos
metabólicos - é perdida 60% de energia em forma de calor.

Calorimetria:
A calorimetria direta mede a produção de calor do sujeito, através da observação
direta de um calorímetro. Por sua vez, a calorimetria indireta mede a produção de
calor através do consumo de oxigénio e de CO2 produzido pelo organismo.

Mecanismo de regulação da produção de calor nos adipócitos castanhos:

Este tecido, por ser muito ativo, pode ser responsável pela termogênese induzida
pela dieta. Este tipo de tecido apresenta um elevado suprimento sanguíneo, um
alto conteúdo em mitocôndrias e citocromos, contudo apresenta baixa atividade de
ATP-sinetaste.
A oxidação neste tecido, produz muito calor, e pouca energia livre é retida no ATP.
Uma proteína desacopladora termogênica, a UCP-1, atua como via de condutância
de prótons, dissipando o potencial eletroquímico que existe através da membrana
mitocondrial.

Influência das Hormonas Tiroideias:

Durante exposição ao frio, o organismo perde maior quantidade de calor para o


meio ambiente e, portanto, aumenta a produção de calor além da BMR para manter
a temperatura corporal próxima a 37°C. Da mesma forma, a dieta hipercalórica leva
a um aumento da termogênese facultativa no sentido de eliminar, sob a forma de
calor, o excesso de energia que de outra forma seria armazenado no organismo.
O tecido adiposo castanho apresenta grande número de receptores de T3, devido
ao mecanismo próprio de sintese deste recetor.
Enquanto a transcrição gênica da UCP-1 depende do sinergismo entre T3 e AMPc,
o T3 é capaz de promover a estabilização da molécula de mRNA-UCP-1 e um
aumento da UCP mitocondrial, mesmo quando o tônus simpático está minimizado.
O funcionamento da UCP-1 também depende dos ácidos gordos, e é o tecido
adiposo castanho que apresenta uma maior capacidade lipogênica do organismo.
Nas primeiras horas de ativação simpática ocorre um predomínio da lipólise sobre a
lipogênese, ativando a UCP-1 e o desacoplamento da cadeia respiratória.

Produção de energia e quociente respiratório:

Quanto maior o quociente respiratório (CO2/O2) menor a quantidade de energia


produzida na forma de ATP. Deste modo, o quociente dos hidratos de carbono é
maior do que o da gordura ou proteínas, produzindo assim uma menor quantidade
de energia.
No caso dos substratos energéticos, o Acetil-CoA produz cerca de 10ATP,
apresentando assim um menor quociente respiratório do que o NADH ou FADH2
que produzem 2,5 e 1,5 ATP, respetivamente.

A taxa de variança do metabolismo basal é mais elevada entre indivíduos do que


quando considerado apenas o individuo, ou o método utilizado. Para além disto, a
taxa metabólica é mais elevada e varia de forma mais acentuada, nos indivíduos
com maior percentagem de massa magra.

Contribuição para o consumo de oxigénio:


O cérebro, músculo e fígado, consomem uma maior percentagem de oxigénio,
sendo o coração e os rins, os órgãos que menos contribuem para esta atividade.
Contudo, numa proporção de massa/consumo de oxigénio, é o cérebro e o coração,
quem consome maior quantidade de oxigénio.

Durante a infância, o consumo energético do cérebro por representar 50% do gasto


energético total, devido ao desenvolvimento deste órgão, que ocorre durante esta
fase de vida.

As necessidades energéticas diárias, são calculadas tendo em conta a atividade física


diária, o sexo, altura e idade.
Gasto energético e perda de peso:
As alterações na taxa metabólica e na composição corporal durante o processo de
perda de peso, explicam as perdas de peso inferiores ao esperado. Para além disto,
as perdas de peso, tendo em conta a massa gorda e a massa livre de gordura, não
varia significativamente entre os sexos. Deste modo, durante a perda de peso, deve
ser tido em conta as alterações provocadas na taxa metabólica, e ainda nas
mudanças na composição corporal do indivíduo.

A regra de Wishonofsjy, reflete que em condições adequadas ao catabolismo da


gordura, um défice de 3500Kcal conduziria à redução de cerca de 450g de peso.

A obesidade verificada atualmente nos EUA, pode ser explicada pelo balanço
positivo de 200kcal/dia aumentada ao longo dos anos.

Termogênese adaptativa:
As alterações no metabolismo, podem ser ainda independentes da composição
corporal e da massa livre de gordura, sendo influenciada pela dieta e temperatura.
Durante a perda de peso, a Termogênese Adaptativa, reflete reduções nas taxas
metabólicas específicas de órgãos e tecidos.

Proceedings of the nutricion society (2000), 59, 193-198


Estudo revela que existem mecanismos fisiológicos homeostáticos que protegem
o corpo contra défices energéticos, sendo a perda de peso normalmente
alcançada através de um forte controlo cognitivo. Bem sucedido, a perda de peso
envolve normalmente restrições alimentares, embora também pode ser alcançado
através de um maior exercício. Em contrapartida, parece haver apenas um fraco
mecanismo homeostático para restabelecer o equilíbrio energético face a um
excesso de energia. É evidente a crescente prevalência de obesidade está
relacionada com o consumo excessivo de energia, através do sobreconsumo passivo
associado com dietas com elevado teor de gordura e estilos de vida sedentários
modernos. Existe evidência cientifica de que as dietas com baixo teor de gordura
reduzem o risco de ganho de peso, através de uma redução da densidade
energética da dieta, e também que o exercício atenua o ganho de peso, embora
aqui o mecanismo preciso não é claro.

Síndromes metabólicos e má nutrição:


Num estado de má nutrição, o fígado consome o glicogénio armazenada -
glicogenólise - até ao seu gasto total. Após isto, inicia-se o processo de
gluconeogênese e catabolismo de proteínas. Seguidamente, a proteína, gordura,
minerais, eletrólitos e vitaminas sofrem depleção, levando a uma intolerância de sal
e água. É iniciado o processo de realimentação através do anabolismo, onde os
fluidos sal e nutrientes são consumidos ou produzidos, e o CHO o maior substrato
energético. Esta condição leva à secreção de insulina, e consequente aumento da
sintese de glicogénio e proteína. Ao aumentar a entrada da glucose na célula,
utilização de tiamina e entrada de iões K+, Mg2+, PO4-2. Este aumento de
substratos na célula, e anteriormente condições metabólicas, levam a condições de
saúde como:
Hipocalemia
Hipomagnesemia
Hipofosfatemia
Défice de tiamina
E retenção de água e sal
Consequentemente, estas condições fisiológicas podem levar ao aparecimento de
síndromes, nomeadamente metabólica.

Fontes energéticas na contração muscular:


A glucose que circula na corrente sanguínea, ou que provem da lise do glicogénio, é
incorporada nas células musculares sofrendo inicialmente glicólise. Desta, poderá
ser originado ácido láctico (sendo transportado para o sangue), caso siga a via da
glicólise Anaeróbia (mais rápida). Contudo, poderá ainda seguir a via da Glicólise
Aeróbia (mais lenta), sofrendo fosforilação oxidativa, e gerando uma maior
capacidade de ATP.
Substratos como proteínas, podem sofrer degradação, e os aminoácidos
provenientes serão utilizados igualmente no ciclo de KERBS.
O Sistema de Fosfocreatina (ainda mais lento) permite regenerar o ATP de forma
mais eficaz, através da creatina fosfato que doa ao ADP um fosfato de alto valor
energético.

Cori cycle:
Quando o fornecimento de oxigênio é insuficiente, normalmente durante a
atividade muscular intensa, a energia deve ser liberada através do ‎metabolismo
anaeróbico‎‎. ‎Fermentação de ácido láctico‎‎ converte piruvato em ‎lactato‎‎ por ‎lactato
desidrogenase‎‎. Mais importante, a fermentação regenera ‎o NAD‎‎+‎,‎ mantendo sua
concentração para que possam ocorrer reações adicionais de glicólise. A etapa de
fermentação oxida o ‎NADH‎‎ produzido pela glicólise de volta ao NAD‎‎+‎,‎ transferindo
dois elétrons do ‎NADH‎‎para reduzir o piruvato em lactato.
Em vez de se acumular dentro das células musculares, o lactato produzido pela
fermentação anaeróbica é tomado pelo ‎fígado‎‎. Isso inicia a outra metade do ciclo
cori. No fígado, a ‎glicogênese‎‎ ocorre. De uma perspectiva intuitiva, a glicogênese
reverte tanto a glicólise quanto a fermentação convertendo lactato primeiro em
piruvato, e finalmente de volta à glicose. A glicose é então fornecida aos músculos
através da ‎corrente sanguínea‎‎; está pronto para ser alimentado em outras reações
de glicólise. Se a atividade muscular parou, a glicose é usada para repor os
suprimentos de glicogênio através da ‎glicogênese‎‎. ‎

Hidratação, regulação térmica e volemia:


Só ¼ da energia potencial é convertida em energia mecânica, sendo 75% da energia
é transferida sob a forma de calor para a corrente sanguínea, podendo provocar um
aumento de 1ºC a cada oito minutos de exercício físico na temperatura corporal.
A termorregulação durante o exercício físico, é revelada através do acréscimo de
fluxo sanguíneo na pela, libertando calor em forma de condução, evaporação,
convecção e radiação.

Efeitos Termogênico dos Alimentos:


Efeito termogênico obrigatório dos alimentos, aumentando a taxa metabólica, que
ocorre após a ingestão de uma refeição, com um período prologado de pelos
menos 5horas. Este aumento está diretamente associado ao dispêndio energético
da digestão, absorção e metabolização dos alimentos ingeridos, sendo
influenciado pela quantidade e qualidade dos macronutrientes ingeridos.
Os macronutrientes diferem ni efeito termogênico, na proporção da energia
ingerida que é dispendida nos processos mencionados, correspondendo
sensivelmente a: 30% para as proteínas, 6% para os hidratos de carbono e 4%
para os lípidos (devido à eficiência da absorção deste). Deste modo, o efeito
térmico da alimentação corresponderá a cerca de 10% do gasto energético total.

Digestão e absorção:
Após a ingestão de uma refeição e digestão dos macronutrientes ingeridos
(degradação em pequenas moléculas), micronutrientes como a glucose, triglicéridos
e aminoácidos, sofrem absorção no intestino.
Glucose: após a absorção da glucose para a corrente sanguínea - provocando o
aumento da produção da insulina e inibição da produção de glucagon - é
transportada para o fígado e músculo (podendo gerar acetil-coA ou glicogénio),
para o cérebro e hemácias  (utilizado como substrato energético), e para os
adipócitos (com o objetivo de geral glicerol, seguidamente utilizado na sintese de
triglicéridos).
Triglicéridos: A gordura é absorvida na forma de quilomicrons, seguidamente
transportados para VLDL na forma de fosfolípidos, e transportados para os
adipócitos.
Aminoácidos: os aminoácidos são transportados para o fígado ou para os tecidos,
onde podem ser convertidos em proteínas ou utilizados no metabolismo energético.

Hidratos de Carbono:

Os hidratos de carbono dietéticos são convertidos para monossacarídeos, sendo o


amido o maior hidrato de carbono da dieta. Este é digerido ainda na boca por ação
da alfa-amilase, e no intestino por ação da amilase pancreática. Os di, tri, e
oligossacarídeos são convertidos em glucose, por ação de enzimas digestivas
presentes na borda da escova das células intestinais. Os dissacarídeos como a
sacarose e lactose, são igualmente digeridos nesta zona, e seguidamente
transportados para o figado através da veia porta.
Hidratos de carbono não digeridos, são fermentados por bactérias intestinais
presentes no intestino grosso.

A glucose é convertida em piruvato, podendo este sofrer:


Transaminação: originando alanina.
Redução: lactato.
Carboxilação: Oxaloacetato.
Descarboxilação oxidativa: Acetil-CoA.

Definição de Índice Glicémico:


Corresponde à área de curva de variação da glicêmia, nas duas horas após a
ingestão de 50g de HC de um alimento-teste, expressa em percentagem de resposta
à mesma porção de hidratos de carbono e um alimento-referência, ingerido pelo
mesmo individuo.

Absorção dos Hidratos de Carbono:


Glucose e Galactose:
A absorção do lúmen intestinal para o interior das células intestinais, pode ocorrer
por transporte ativo dependente de Na+ - SGLT1 - sendo este o principal processo
de absorção entre refeições.
Contudo, durante uma refeição rica em açúcar, a absorção ocorre não só através da
SGLT1, mas também através da GLUT2. Durante a secreção de insulina, esta permite
um maior estimulo e inclusão da GlUT2, durante esta fase da absorção.
Por outro lado, a absorção da célula intestinal para a corrente sanguínea, ocorre
sempre por ação da proteína transportadora, GLUT 2 - difusão facilitada.

Frutose:
A hexoquinase catalisa a fosforilação da maioria das hexoses, incluindo a frutose. No
entanto, a glicose é o substrato preferencial da hexoquinase. A velocidade de
transporte da frutose é cerca de metade da glicose ou galactose.
A absorção do lúmen para as células intestinais, é garantida pela proteína
transportadora GLUT 5 - Transporte facilitado. Seguidamente, o transporte da célula
para a corrente sanguínea, ocorre através da GLUT 2.

Na escolha de alimentos ricos em HC, tanto o índice glicémico, como os restantes


constituintes devem ser considerados:
alimentos com IG baixo, com teor de gordura elevado, podem não ser uma
escolha desejável;
alimentos com IG elevado, com reduzido teor energético e ricos em nutrientes,
podem ser uma boa escolha desejável.
Não é necessário ou desejável excluir ou evitar todos os alimentos de alto IG.

Proteínas:

As proteínas dietéticas são clivadas em aminoácidos por proteases. A pepsina age


no estomago, e as enzimas proteolíticas produzidas pelo pâncreas, agem no lúmen
intestinal do intestino delgado. Os amino-péptidos, di- e tripeptidos completam a
conversão em aminoácidos, dentro das células epiteliais, e são seguidamente
libertados no fígado através da veia porta.
Aminoácidos:
20 aa utilizados na síntese das proteínas humanas;
9 aa essenciais: lisina, isoleucina, leucina, treonina, valina, triptofano,
fenilalanina, metionina e histidina;
Condicionalmente essenciais: arginina e histidina (crianças e grávidas), tirosina
(fenilcetonúria) e cisteína.

Lípidos:

A digestão das gorduras, por estas serem insolúveis em água, é mais complexa que
os restantes macronutrientes. Os triglicéridos provenientes da dieta, sofrem
emulsionação no intestino, por ação dos sais biliares produzidos no fígado e
armazenados na vesícula biliar. Seguidamente, a lipase pancreática converte os
triglicéridos em ácidos gordos e 2 monoglicéridos, no lúmen intestinal que, com
ação dos sais miliares, formam micelas. Seguidamente, estes são esterificados em
triglicéridos, transportados em quilomicrons para o sistema linfático, e por último
transportados para a corrente sanguínea.

Alterações hormonais após uma refeição:


A insulina é o principal hormônio anabólico, promovendo o armazenamento de
nutrientes como o glicogénio, no fígado e no músculo, e ainda triglicéridos no
tecido adiposo. Para além disto, a insulina estimula a síntese de proteínas em
tecidos como o músculo, e inibe a mobilização de substratos energéticos.
Quando a insulina é libertada nas células Beta, esta inibe a libertação de glucagon
por parte das células alfa.
Por sua vez, o glucagon tem ação contrárias à insulina, ou seja, a sua principal
função é mobilizar as reservas de substratos energéticos, de modo a estimular a
glicogenólise e a gliconeogênese. Estas ações asseguram o aporte energético -
glucose - entre refeições. Esta hormona estimula os processos referidos devido à
estimulação da produção de AMPc nas células alvo.
A adrenalina, a noradrenalina, o cortisol, a somatostatina, e a hormona do
crescimento, tem atividade contra-insular. A hormona da tiroide pode ser também
considerada uma hormona com ação anti-insulina, uma vez que permite estimular o
consumo de substratos energéticos e aumenta a sensibilidade das células-alvos às
hormonas contra-regulatórias.

Jejum:
O estado de jejum inicia-se cerca de 2 a 4 horas após a refeição (depende da
refeição ingerida, e da atividade física seguinte), quando os níveis de glicose
retornam a níveis basais, e termina no momento em que estes aumentam, num
inicio de uma nova refeição. Dentro de aproximadamente 1hora após uma refeição,
os níveis de glucose sanguínea diminuem, juntamente com a secreção de insulina,
e aumento do glucagon. Esta alteração hormonal provoca a libertação de substratos
energéticos armazenados, nomeadamente o glicogénio hepático que é degradado
pelo processo de glicogenólise. Por sua vez, os triglicéridos armazenados são
degradados pelo processo de lipólise, o qual liberta ácidos gordos para a corrente
sanguínea. Os ácidos gordos são utilizados como substratos energéticos durante o
jejum, principalmente durante o jejum noturno.

Durante o jejum, a glicose continua a ser oxidada nos tecidos dependentes deste
substrato, tal como o cérebro e células sanguíneas. No caso dos ácidos gordos,
estes são oxidados essencialmente pelo músculo e fígado, contudo, enquanto o
músculo degrada estes substratos a CO2 e H2O, o fígado degrada a corpos
cetônicos, libertados seguidamente no sangue. Estes podem ser utilizados pelo
músculo, rim e outros tecidos, como substratos energéticos através do ciclo do
ácido tricarboxílico.
Com o objetivo de manter os níveis de glicose no sangue, conforme o jejum
progride, o fígado produz glicose não apenas através da glicogenólise, mas também
o processo de gliconeogênese. Este processo utiliza como principais fontes de
carbono, o lactato, o glicerol e os aminoácidos(Alanina, com destaque essencial)
(estes quando convertidos a glicose, os nitrogénios libertados são convertidos em
ureia).

Um estado de inanição, diz respeito a um jejum prolongado de pelo menos 3 dias,


onde o músculo continua a queimar ácidos gordos, mas diminui a utilização de
corpos cetônicos. Como resultado da concentração de corpos cenóticos no sangue,
estes são seguidamente utilizados pelo cérebro, que ao oxida-los, os utiliza como
fonte de energia. Posto isto, o fígado diminui a gliconeogênese, diminuindo a
degradação de proteínas do músculo.

Durante o sono:
Aumento da oxidação dos ácidos gordos.
Diminuição da oxidação de glucose.
Diminuição das reservas de glicogénio.
Aumento da lipolise.
Diminuição das reservas lipolíticas.
Durante uma refeição:
Diminuição da oxidação de ácidos gordos.
Aumento da oxidação da glucose.
Aumento das reservas de glicogénio.
Diminuição da lipólise.
Aumento das reservas de ácidos gordos.

Durante o exercício físico:


Aumento crucial da oxidação de ácidos gordos.
Aumento crucial da oxidação da glucose.
Aumento crucial da lipolise.
Diminuição das reservas de gordura e glicogénio.

Durante o estudo/trabalho de escritório:


Aumento ligeiro da oxidação de ácidos gordos e glucose.
Diminuição ligeira do armazenamento de glicogénio e gordura.
Aumento ligeiro da lipólise.

Bioquímica da Obesidade:
A obesidade é definida  como a condição anormal ou excesso de acumulação de
gordura no tecido adiposo, que condiciona o indivíduo a um estado de saúde
saudável e recomendável.
A obesidade aumenta a probabilidade de doenças cardíacas e coronárias,
hipertensão, certos tipos de cancro, diabetes mellitus não dependentes de insulina,
doença da vesícula biliar, dislipidemia, osteoartrite, e doenças pulmonares, incluindo
apneia do sono.

Os corpos cetônicos são secretados pela urina quando estes se encontram a uma
elevada concentração demasiado elevada (esta condição pode acontecer devido a
um jejum prolongado, ou uma dieta muito restrita em hidratos de carbono).

O índice de massa corporal (IMC) é a forma mais simples, fácil e barata de identificar
a obesidade, contudo, por exemplo nos idosos, a perda de massa muscular torna
este método menos preciso.

A obesidade e o excesso de acumulação de adiposidade, depende não só da


quantidade, mas da distribuição corporal deste tecido.  Deste modo, o tecido
adiposo é um órgão dinâmico e metabolicamente ativo, estando envolvidos em
diversos processos biológicos.
A disfunção do tecido adiposo ocorre geralmente, devido á expansão patológica da
massa gorda e/ou distribuição pouco saudável da gordura corporal.

Am J Physiol Endocrinol Metab 309: E691–E714, 2015


O tecido adiposo constitui um órgão endócrino extremamente ativo com uma rede
de vias de sinalização que interfere em vários processos biológicos e ambientes.
O pleiotropismo funcional do tecido adiposo depende de capacidade de sintetizar e
libertar uma enorme variedade de hormonas como, citocinas, fatores
complementares e fatores de crescimento, proteínas de matriz extracelular e fatores
vasoativos, chamados coletivamente de adipocinas.
A obesidade está associada à disfunção tecidual adiposa que leva ao surgimento de
várias patologias, incluindo diabetes tipo 2, dislipidemia, fígado gorduroso não
alcoólica ou hipertensão, entre outras. Os mecanismos subjacentes ao
desenvolvimento da obesidade e suas comorbidades associadas incluem a
hipertrofia e/ou hiperplasia de adipócitos, inflamação tecidual dos adipócitos,
remodelação da matriz extracelular prejudicada e fibrose juntamente com uma
secreção alterada de adipocinas. Recentemente, o papel potencial do tecido adiposo
castanho e bege na proteção contra a obesidade também foi reconhecido. Em
contraste com os adipócitos brancos, que armazenam energia na forma de gordura,
células de gordura castanha e bege, apresentam capacidade de dissipação de
energia através da promoção do despejo de triglicerol, eliminação de glicose e
geração de calor para termogênese. A identificação das alterações morfológicas e
moleculares no tecido adiposo branco, bege e castanho durante o ganho de peso é
de extrema relevância para a identificação de alvos farmacológicos para o
tratamento da obesidade e suas doenças.
O acúmulo de tecido adiposo na parte superior do corpo (região abdominal) está
associado ao desenvolvimento de comorbidades relacionadas à obesidade e até
mesmo à mortalidade por todas as causas. Em contraste, estudos populacionais
mostraram que o acúmulo de gordura na parte inferior do corpo (região
gluteofemoral) está associado a um perfil protetor de lipídios e glicose, bem como
uma diminuição na prevalência de doenças cardiovasculares e metabólicas após
ajuste para massa de gordura corporal total.
Na obesidade, o tecido adiposo subcutâneo pode não se expandir adequadamente
para armazenar o excedente de energia. Isso, por sua vez, pode levar à deposição
ectópica de gordura em outros tecidos envolvidos na homeostase metabólica (ou
seja, músculo esquelético, fígado e tecido adiposo visceral) e,
consequentemente, resistência à insulina. Portanto, a expansibilidade do tecido
adiposo subcutâneo parece ser um fator crítico no desenvolvimento da resistência à
insulina, embora este conceito seja baseado principalmente em achados transversais
e tenha sido recentemente desafiado por um estudo de 8 semanas de
superalimentação em humanos. Assim, os lipídios podem ser armazenados
predominantemente no tecido adiposo subcutâneo antes que ocorra uma expansão
acentuada do depósito de tecido adiposo visceral, embora possam ocorrer
diferenças interindividuais no padrão de armazenamento de gordura dentro de uma
determinada população. Os fatores subjacentes à expansão prejudicada do tecido
adiposo ainda não são totalmente compreendidos, mas as propriedades de sua
matriz extracelular e a capacidade angiogênica parecem estar envolvidas.

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