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Introdução

Minha história com o tema da intersexualidade teve inicio enquanto estagiava no Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), período iniciado em 2016 e finalizado em 2018.
Na época estava um pouco perdida quanto a linha de pesquisa que resolveria seguir mais a
frente, apesar de saber que a teoria do estigma de Ervin Goffman se encontraria presente.
Descobri a questão intersexo e os dramas e discussões a cerca do tema de forma lenta e gradual,
mas incitada por uma entrevista da autora Anne Fausto-Sterling sobre seu artigo “The five
sexes”, a qual me foi apresentada por minha supervisora de estágio. Do inicio ao fim do
processo que culminou em minha monografia de fim de curso – o qual durou cerca de três anos
- me debrucei sobre todo um material teórico relacionado as diferenças do sexo e teorias sobre
as representações sociais do sexo e gênero, além de entrevistas jornalísticas para entender o que
de fato era esse fenômeno que me apresentava uma névoa acinzentada na definição de sexo
biológico que me havia sido ensinada por toda a vida.
No período entre 2016 e 2019 começavam a fervilhar no Brasil, principalmente nas ciências
humanas e sociais trabalhos que davam voz a familiares e a pessoas com diagnostico de
Diferenciação do Desenvolvimento do Sexo (DDS). De fato, o tema não era novidade no âmbito
acadêmico, mas se restringia a especialidades da ciência médica e ao direito, que estavam na
linha de frente do debate sobre assentamento civil desses corpos. Acompanhei de longe o
surgimento de canais de informação, produzidos por pessoas intersexo, como o canal no
youtube produzido por Dione Freitas, que a época era intitulado como “ Intersexualidade e
intersecções (colocar uma nota), e até mesmo o surgimento da Associação Brasileira de
Intersexos (ABRAI), hoje presidida por Thais Emilia (fazer nota de rodapé sobre thais). Na
academia tínhamos a LABEI, onde pesquisadores de diversas áreas se uniam com pesquisas que
no fim tinham o intuito de auxiliar na mudança do trato da intersexualidade no Brasil. Duas
Antropologas(?) que auxiliaram a dar visibilidade ao discurso dos próprios atores e familiares
foram Barbara Gomes Pires, hoje doutora pelo PPGAS/MN e Paula Sandrine Machado. Nesse
período comecei a formar minha rede de contatos, tendo como intermediadora a própria Barbara
Pires, minha então coorientadora na graduação.
Após trabalhar com a questão do estigma e a produção de discurso sobre esses corpos por
pessoas endosexo me restou uma fagulha de incitação a outras problemáticas que circundavam
esses corpos; principalmente sobre as questões que se refletem na problemática do assentamento
civil desses indivíduos, argumento central que baliza e auxilia no convencimento de familiares a
permitirem cirurgias cosméticas e tratamentos hormonais em bebes e crianças intersexo.

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