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Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

PPGMS – Programa de Pós-Graduação em Memória Social


Trabalho Acadêmico para a Disciplina Memória Social II
Aluna: Nayara Emerick Lamb

Resenha:
GAGNEBIN, Jeanne Marie. O que Significa Elaborar o Passado? In: Lembrar
Escrever Esquecer. Rio de Janeiro: Editora 34 Ltda, 2009. P. 97-105.

Jeanne Marie Gagnebin, é uma filosofa suíça que vive no Brasil desde 1978. É
professora titular em Filosofia pela PUC-SP e livre-docente em teoria literária na
UNICAMP1.
No capítulo 7 (sete) do livro “Lembrar escrever esquecer” de 2006, intitulado “O
que significa elaborar o passado”, Jeanne Marie Gagnebin busca nos apresentar a
importância de esclarecer o passado para que a existência e a vida no presente se
tornem possível.
A autora inicia informando sobre o grande interesse que o tema da memória vem
tendo nas mais diversas disciplinas desde a década de 80 do século XX, mas que
recentemente (lembrando que o texto é de 2006) vinha surgindo uma nova abordagem
para o tema, que passava, em grande parte pela celebração e comemoração do passado
como forma de não esquecê-lo. O que, segundo a autora, tornava o passado algo
congelado, conservado de forma quase obsessiva. Segundo Gagnebin, esta forma de
usar o passado seria muito arriscada, uma vez que ela permitia a instalação do
sentimento de culpa, próprio à experiencia do trauma.
Dialogando com diversos autores2, Gagnebin afirma que o importante não é
lembrar ou esquecer o passado, no sentido de torná-lo constantemente presente
enquanto queixa ou acusação, mas sim esclarecê-lo, no sentido de consciência racional.
Nas palavras da autora:
Devemos lembrar o passado, sim; mas não lembrar por lembrar,
numa espécie de culto ao passado. [...] a exigência do não-

1
Segundo informação do sítio virtual da Editora 34 Ltda. In:
https://www.editora34.com.br/areas.asp?autor=Gagnebin,%20Jeanne%20Marie (acesso em: 08/08/2022).
2
Adorno, Benjamin, Todorov, Nietzche, Ricoeur e Freud.
esquecimento não é um apelo a comemorações solenes; é, muito mais,
uma exigência de análise esclarecedora que deveria produzir – e isso
é decisivo – instrumentos de análise para melhor esclarecer o
presente3.

Sendo assim, a autora impõe um novo desafio aos trabalhos sobre memória, o de
estabelecer um vínculo entre a “obsessão comemorativa”, surgida no século XX, e um
lembrar ativo, que permita a elaboração do passado por meio de um esforço de
esclarecimento e compreensão no (e, também, do) presente. Uma memória que honre os
mortos mais que tenha atenção aos vivos.

3
GAGNEBIN, Jeanne Marie. O que Significa Elaborar o Passado? In: Lembrar Escrever Esquecer. Rio
de Janeiro: Editora 34 Ltda, 2009. P.103.

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