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COMPLEXO ESCOLAR POLITÉCNICO GIRASSOL

ESTABELECIMENTO PRIVADO DO ENSINO SECUNDÁRIO

TÉCNICO PROFISSIONAL
EM PERFURAÇÃO E PRODUÇÃO; REFINAÇÃO E GÁS; MINAS; INFORMÁTICA; ELECTRÓNICA E TELECOMUNICAÇÕES;
INSTRUMENTAÇÃO; CONSTRUÇÃO CIVIL; MECÂNICA; ELECTROMECÂNICA; FINANÇAS; E CONTABILIDADE E GESTÃO

Disciplina: Telecomunicações
Curso: Electrônica e Telecomunicações
Classe: 12a
Professor: Eng0. Francisco Joaquim Capassola
Email: franciscokapassola@gmail.com

Capítulo II: SISTEMAS DE MICROONDAS.


II.1. GUIAS DE ONDAS
II.2. FIBRAS ÓPTICAS

Subtema: Rádio enlaces.

Sumário: 1. Unidades de medidas em Telecomunicações.


2. Introdução a Radio propagação.
3. Característica de Propagação.
4. Equação de Transmissão em termos de potência (Radioenlaces e fórmula de Friis)

Objectivo:
• Reconhecer aplicações do dB na engenharia de telecomunicações;
• Conhecer as principais características de propagação em rádio enlace;
• Fazer uso da equação de transmissão em relação da potência transmitida de uma antena
para outra, em determinadas condições ideais.

1. Unidades de medidas em Telecomunicações

1.1. Introdução
Medir uma grandeza é compara-la com outra de mesma espécie, preestabelecida e chamada
unidade. A unidade de medida deve ser escolhida de maneira que os resultados de diversas
medidas sejam números fáceis de serem manuseados. Por exemplo: o peso de um carro Toyota
Dyna é de 1,64 T (tonelada), enquanto que o peso de uma lata de sardinha é 132g (gramas).
Portanto, podemos dizer que o carro Toyota Dyna é 1,64 vezes mais pesado que a unidade
tonelada e, que a lata de sardinha é 132 vezes mais pesada que sua unidade padrão, 1 grama.
Poderíamos usar a unidade grama (g) para informar o peso do carro Toyota Dyna: 1.640.000
g. E a unidade tonelada para informar o peso da lata de sardinha: 0,000132 T. Isto é
matematicamente correto, porém, pouco prático.

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Em telecomunicações, frequentemente temos a necessidade de comparar medidas de potência
que sofrem uma variação muito grande entre a saída e a entrada. Por exemplo, quando se trata
de rádio enlace ou comunicação de dados.
Radio enlace (redes móveis, wireless): é um sistema de comunicações entre pontos fixos
situados sobre a superfície terrestre, comumente chamados de estações, que proporcionam uma
capacidade transmissão de informações. O rádio enlace é um meio de transmissão que utiliza
ondas eletromagnéticas para comunicação entre de antenas transmissoras e receptoras. Figura
1.

Figura 1. Esquema de um radio enlace.

Comunicação de dados (DCN): forma de telecomunicação destinada à transferência de


informações entre equipamentos de processamento de dados; (DCN) na camada (N) do modelo
OSI é a função (N) que transfere unidades de dados de protocolo (N) através de uma ou mais
conexões (N-1), de acordo com um protocolo (N).

Figura 2. Comunicação de dados

1.2. Relação de Potências


Quando uma informação é enviada de um ponto a outro, os sinais elétricos passam através de
diversos elementos que compõem o sistema de transmissão. Pode-se considerar um sistema de
transmissão como sendo um quadripolo para simplificar o seu estudo. Um quadripolo é um
circuito com duas portas de acesso, uma entrada e uma saída. Para entender melhor estes
conceitos, se observa na Figura 3, denominado quadripolo.

Figura 3. Quadripolo

Onde:

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PIN: é a potência de entrada no quadripolo;

POUT: é a potência de saída do quadripolo.

Em muitos circuitos envolvendo sistemas de telecomunicações, se pode encontrar sistemas que amplificam os
sinais (Ganho) e os que atenuam os sinais (Atenuação). Tanto o ganho como a atenuação são números
adimensionais, pois os dois níveis são expressos na mesma unidade.

Em sistemas ou circuitos pode ter basicamente três situações no que diz respeito a relação de potências:

• Potência de saída maior que a potência de entrada (Pout > Pin; GP > 1). Nesta Situação se pode dizer que
o sinal sofreu um ganho e, portanto, o sistema ou circuitos envolvidos no processo recebe o nome de
amplificador.
• Potência de saída menor que potência de entrada (Pout < Pin; GP<1). Nesta situação se pode dizer que o
sinal sofreu uma atenuação e, portanto, o sistema ou circuito envolvido no processo recebe o nome de
atenuador.
• Potência de saída igual a potência de entrada (Pout = Pin; GP=1). Nesta situação não há um amplificador
e nem mesmo um atenuador e, portanto, o sistema ou circuito envolvido no processo recebe o nome de
isolador ou buffer.

Ganho de Potência Usando Escalas Logarítmicas

O ganho de potência do quadripolo é dado por:

Gp: ganho de potência do sinal.


Se o resultado deste ganho de potências abranger uma faixa muito extensa de valores decimais,
fica inviável a construção de medidores para esta faixa de variação. Contudo, se usa a escala
logarítmica para comprimir a escala. Para isto, basta calcular o logaritmo do ganho, ou seja:

Quando Pout for menor que Pin, o resultado numérico da relação de potências será menor que a
unidade e o logaritmo de ganho será negativo. Por outro lado, se Pout for maior que Pin, o
resultado numérico do ganho de potência será maior que a unidade e, portanto, logaritmo do
ganho será positivo. Resumindo, tem-se:
𝐏𝐨𝐮𝐭
• Se Pout < Pin, 𝑳𝒐𝒈 = 𝐏𝐢𝐧
será negativo indicando que houve uma atenuação;

𝐏𝐨𝐮𝐭
• Se Pout > Pin, 𝑳𝒐𝒈 = 𝐏𝐢𝐧
será positivo indicando que houve um ganho;

1.3. Adotando Uma Referência Fixa ( PicoWatt e miliWatt )


O decibel expressa a razão entre duas potências numa escala logarítmica sem adotar nenhuma
referência fixa. Porém, uma potência P qualquer pode ser comparada a um valor de referência
fixo. O valor de referência pode ser o mais variado possível, de acordo com o propósito a que
se destina, como por exemplo: para transmissão de energia elétrica adota-se 1 kW, enquanto
que para acústica é usada 10-6 w; em telecomunicações a potência de referência mais usada é
1 mW. Se vê:

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𝐏𝐨𝐮𝐭
𝑮𝒑(𝒅𝑩) = 𝟏𝟎 ∗ 𝐥𝐨𝐠
𝐏𝐢𝐧
Se Pin assumir um valor fixo, esta relação passa a indicar quantos decibéis a potência Pout está
abaixo ou acima da potência de referência Pin.
1.4. Decibel
O decibel (dB) é uma medida da razão entre duas quantidades, sendo usado para uma grande
variedade de medições em acústica, física, eletrônica e telecomunicações. Por ser uma razão
entre duas quantidades iguais o decibel é uma unidade de medida adimensional semelhante a
percentagem. O dB usa o logaritmo decimal (log10) para realizar a compressão de escala. Um
exemplo típico de uso do dB é na medição do ganho/perda de potência em um sistema. Além
do uso do dB como medida relativa, também existem outras aplicações nas medidas
de valores absolutos tais como potência e tensão entre outros (dBm, dBV, dBu). O emprego da
subunidade dB é para facilitar o seu uso diário (Um decibel (dB) corresponde a um décimo de
bel (B)).
Antigamente, utilizava-se para transmissão telefônica e transmissão de rádio por linhas uma
unidade de medida chamada de milha de perda. Esse termo expressava a perda de potência
em uma milha de cabo telefônico padrão. Mais tarde este termo foi substituído por um termo
logarítmo que é o seguinte:

Como o cabo introduz perdas, se tem que Pout é menor que Pin e, portanto, a relação Pout / Pin
representa uma atenuação. Essa relação logarítmica de perda de potência representa o que antes
era chamado de unidade de transmissão. Nesta época foi realizado um acordo entre
radiodifusão e industriais do ramo telefônico no sentido de definir tal relação de potência como
10 (dez), e essa quantidade recebeu o nome de Bell em homenagem a Alexander Grahan Bell,
o inventor do telefone.

Porém, ficou comprovado que o Bell era muito grande como unidade de medida e, então, ela
foi dividida por 10 ficando assim conhecida como decibel, ou seja, um décimo do Bell cuja
notação é dB. Sendo assim, teremos:

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dBm (Decibel em relação a 1 mW).
Esta unidade, abreviada por dBm, é utilizada para se indicar a relação entre duas potências P1 e
P2, quando se estabelece, como referência, P2 = 1 mW. Desta forma, desde que fixamos a
referência em 1 mW, o dBm é uma medida absoluta de potência, diferente do dB que é uma
unidade de medida relativa. Caso a referência seja fixada em 1 W, ao invés de 1 mW, temos a
unidade conhecida por dBw.

Quando [dBm] é positivo, Pout é maior que 1 mW, e tem-se uma amplificação do sinal, em
relação a 1 mW. Quando [dBm] é negativo, Pout é menor que 1 mW, e tem-se uma atenuação do
sinal, em relação a 1 mW.

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Regras:
1. É permitido somar dBm com dB, e o resultado será em dBm.
• 0 dBm + 0 dB = 0 dBm
• 0 dBm + 3 dB = 3 dBm
• -2 dBm + 2 dB = 0 dBm
2. Não é permitido somar dBm com dBm. Antes é necessário converter as parcelas em dBm para
miliWatts, fazer a operação, e o resultado final emmiliWatts é convertido para dBm outra vez.
• 0 dBm + 0 dBm = 3 dBm (e não 0 dBm)
• 0 dBm + 3 dBm = 4,76 dBm (e não 3 dBm)
• -2 dBm + 2 dBm = 3,45 dBm (e não 0 dBm)
Exercícios resolvidos
1. Em uma linha de transmissão de comunicação é injetado um sinal de 100mW de
potência, sendo medidos na outra ponta 25 [mW]. Determinar a atenuação na linha.
Solução: G = 10*log (25*10-3/100*10-3) = - 6,02 [dB].
O sinal negativo indica ganho negativo, isto é, houve uma atenuação no nível do sinal de
comunicação.
2. Em um circuito amplificador, o sinal de entrada é de 30 mW e o de saída é de 4 W.
Qual o ganho deste amplificador?
Solução: G = 10*log (4/30*10-3) = 21,25 [dB]
Observe que ambas as potências precisam estar na mesma unidade de medida. O dB nos dá
uma comparação entre duas potências, e não possui valor absoluto de grandeza.
Outro resultado interessante é que a cada aumento de 3 dB, estamos na verdade aumentando
duas vezes a potência, isto é, 10*log (2P/P) = 3 dB.
3. Transformar 9 mW em dBm.

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Solução: Potência = 10*log (9mW/1mW) = 9,54 dBm
4. Calcular 20 dBm + 14 dBm
Solução: Sabemos que níveis absolutos em dBm nunca podem ser somado sou subtraídos. O
valor de potência em dBm só pode ser somado ou subtraído a dB. Portanto, neste caso iremos
transformar cada parcela de dBm em mW.
20 dBm = 10*log (P1/1mW)
2 = log (P1/1mW)
(P1/1mW) = 102
P1 = 100 mW
14 dBm = 10*log (P2/1mW)
1,4 = log (P2/1mW)
(P2/1mW) = 101,4
P2 = 25,11mW
Potência total em mW = 100 mW + 25,11 mW = 125,11 mW
Potência total em dBm = 10*log ((125,11 mW)/1mW) = 20,97 dBm
Exercícios propostos
1. Converter os valores para dBm:
a) 12 mW
b) 50 microWatts
c) 65 pW
d) 1 Watt
2. Converter os valores para mW:
a) 20 dBm
b) –10 dBm
c) 4dBm
d) 0dBm
3. Executar as operações, apresentando o resultado em dBm:
a) 20 dBm + 20 dBm
b) 10 dBm + 5 dB
c) 12 dBm + 13 dBm
d) 10 dBm + 4 mW

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2. Introdução a Radio propagação
A propagação de ondas em meios reais pode ser estudada a partir das equações de Maxwell
analisando as soluções compatíveis com as condições de contorno impostas pelo meio. No
entanto, um estudo tão rigoroso às vezes é impraticável e, em qualquer caso, muito complexo,
portanto, modelos simplificados baseados em ótica geométrica são usados para prever as perdas
de propagação. Quando tais modelos deixam de ser válidos, são utilizadas expressões empíricas
ou curvas de propagação normalizadas obtidas a partir de medições. Figura 2.1.

Figura 2.1. Característica de radio propagação.

As características de propagação de uma onda dependem da localização do caminho de


propagação em relação aos obstáculos (solo, colinas, edifícios, vegetação), das características
elétricas do sol (constante dielétrica, condutividade), das propriedades físicas do meio
(intensidade da precipitação, absorção por gases e vapores) e frequência de onda e polarização.
3. Característica de propagação.
Os modos de propagação de uma onda de rádio dependem de sua frequência e do tipo e
características elétricas do solo subjacente. Dependendo da frequência, os modos de
propagação podem ser distinguidos por:
• Onda de superfície (OS): Para frequências abaixo de 3 MHz, com longo alcance e
grande estabilidade de sinal. O solo influi de forma notável na propagação.
• Onda ionosfera (IO): Para frequências entre 3 e 30 MHz. A propagação ocorre por
reflexão das ondas nas camadas ionizadas que circundam a Terra em altitude elevada
(ionosfera). Se consegue grandes, mas há um certo grau de instabilidade nos sinais.
Figura 3.1.

Figura 3.1. Onda ionosfera.

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• Onda espacial (OE): Para frequências acima de 30 MHz. A propagação é realizada
através das camadas mais baixas da atmosfera terrestre (troposfera). Eventualmente,
pode tomar a parte do solo. Há uma distinção entre três submodos (Figura 3.2):

Þ Onda Direita (OD), que liga o transmissor ao receptor;


Þ Onda refletida (OR), que conecta o transmissor e o receptor através de um reflexo
não subjacente ao solo;
Þ Onda de Multicaminho (ORM), são ondas que atingem o receptor após sofrer
reflexões em camadas limites de estratos troposféricos.

Figura 3.2. Onda espacial.

Uma onda espacial geralmente estável, no entanto, é limitada a aproximadamente uma faixa de
à visão óptica entre o transmissor e o receptor. Pode, no entanto, ser perturbado por
componentes de reflexão especular no solo (OR) e reflexão difusa multicaminho (ORM),
produzindo em tais casos uma diminuição na potência recebida como consequência da
interferência destrutiva entre todos esses componentes de onda, fenômeno chamado
desvanecimento.
• Onda de dispersão troposférica (ODT): a propagação ODT é baseada em reflexões
causadas por descontinuidades devido a variações turbulentas das constantes físicas da
troposfera. À medida que ocorrem variações o índice de refração causa uma reflexão
dispersiva, atingindo as ondas terrestres em uma distância além do horizonte. Este
mecanismo de propagação está associado a algumas perdas muito elevadas e também
está sujeito a erosão profunda (Figura 3.3).

Figura 3.3. Onda de dispersão troposférica.

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O meio de transmissão influencia a propagação das ondas de rádio através fenômenos físicos
de:
• Reflexão: a onda incidente sofre reflexão;
• Refração: uma mudança na direção de uma onda de rádio devido às variações do meio;
• Difração: é um fenômeno associado à capacidade de uma onda condicionar um
obstáculo;
• Dispersão: ocorre quando a luz branca passa do ar para o vidro ou do ar para a água;
• Absorção: é uma redução da amplitude do vetor campo elétrico de uma onda intenção
por uma conversão irreversível da energia da onda no caminho de propagação.
Dependendo de seu efeito sobre a natureza do ambiente (tipo de terreno, atmosfera), bem como
a frequência e a polarização da onda.
4. Equação de Transmissão em Termos de Potência.

Grandezas:
PT: potencia fornecida à antena transmissora
PR: potencia recebida
GT: ganho da antena transmissora
GR: ganho da antena receptora
AR: abertura efectiva da antena receptora
Considerações:
• Não há perdas por reflexão (tem-se casamento de impedâncias);
• As polarizações das antenas estão casadas (PMF = 1);
• As antenas estão alinhadas para máxima repceção.

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Consideremos o sistema de coordenadas esféricas (Figura 4.1), onde o ponto “P” está na zona
de campo distante (d ³ 2D2/l) onde “D” é a dimensão linear máxima da antena e um radiador
isotrópico na origem irradiando uma potência PT [W].

Figura 4.1. Sistema de coordenadas esféricas

As características da radiação são as seguintes:


• A potência irradiada ocorre na frequência portadora “f”;
• A modulação do ângulo terá em conta a seguinte condição, a potência da portadora
modulada é igual à potência da portadora não modulada;
• A radiação ocorre em condições de espaço livre (sem obstáculos);
• As ondas de rádio irradiadas da fonte isotrópica têm um tipo fixo de polarização.
Nas condições acima, a densidade de fluxo de potência (DFP) não aponta “P” é dada pela
expressão:
DFP = Pt/(4pd2) [W/m2] (1.1)
Onde: 4pd2 representa a área da superfície de uma esfera virtual onde o ponto “P” está contido.
Se fonte isotrópica passa a ser substituída por uma antena direcional com um gancho direcional
“GT” na direção do ponto “P”, portanto:
DFP = Pt*Gt/(4pd2) [W/m2] (1.2).
Suponha agora que no ponto "P" uma antena receptora direcional com gancho direcional "Gr"
seja colocada na direção da origem das coordenadas. A potência recebida, em condições de
casamento de impedância e perdas ôhmicas, é expressa como:
Pr = Ae*DFP [W] (1.3)
Onde: “Ae” é a área efetiva da antena receptora dada por:
Ae = (l2/4p)*Gr [m2] (1.4)
Substituindo (2) e (4) em (3) temos:
Pr = Pt*Gt*Gr*(4pd/l)2 [W] (1.5)
O termo (4pd/l)2 é chamado de perda de espaço livre e é representado por “Lb”. Então:
Lb = (4pd/l)2 (1.6)
Fisicamente, a perda de espaço livre é um parâmetro de engenharia associado à variação na
magnitude do vetor de intensidade do campo elétrico irradiado inversamente proporcional à
distância.

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Substituindo (6) em (5) temos:
Pr = (Pt*Gt*Gr)/Lb (1.7)

A equação (1.7) é chamada de Equação de Transmissão de Friis no espaço livre (com o


caminho de propagação entre as antenas transmissora e receptora livre de obstáculos).
Normalmente a equação (1.7) é expressa em unidades logarítmicas dB e unidades relacionadas.
Portanto, expressamos como:
Pr[dBw] = Pt[dBw] + Gt[dBi] + Gr[dBi] – Lb[dB] (1.8)
Onde [dBw] é [dB] em relação a 1 [W]. Em muitos casos [dBw] é uma unidade muito grande
para representar numericamente a potência recebida. Em vez disso, costuma-se usar [dBm] ou
[dB] em relação a 1 mW (10-3 [W]). A razão entre [dBm] e [dBw] é expressa como:
Y [dBm] = X [dBw] + 30 (1.9)
Exemplo 1. Uma antena receptora recebe em seus terminais de saída uma potência de – 8
[dBm]. Determine o nível de potência recebido em [mW].
Solução:
Pr= 10-8/10 = 10-0,8 = 0,158 [mW]

Em condições reais de propagação de rádio, as ondas de rádio sofrem atenuação adicional no


espaço livre. Segundo o exposto, a potência real recebida será inferior à calculada pela equação
(1.7). A perda "Lp" é definida como o quociente entre a potência recebida em condições de
espaço livre e a potência real recebida, que se chamará novamente de "PR". Portanto, temos:
Lp = ((Pt*Gt*Gr)/Lb))/Pr (1.10)

Resolvendo “PR” obtemos: PR = (PT*GT*GR)/(Lb*Lp) [W] (1.11)

A equação (1.11) é a equação de transmissão de Friis em condições reais de propagação.


Usando escala logarítmica temos:
PR[dBw] = PT[dBw] + GT[dBi] + GR[dBi] – Lb[dB] – Lp[dB] (1.12)
Exemplo 2. Determine as perdas de espaço livre para as seguintes situações:
a) A antena transmissora e a antena receptora estão espaçadas de 50 [Km] e a frequência de
operação é de 100 [MHz].
b) Igual à linha a), mas com frequência de operação de 1 [GHz].
c) A distância entre a antena transmissora e a antena receptora é de 36.000 [Km] e a frequência
da portadora é de 4 [GHz].
d) O mesmo da linha c), mas agora com frequência portadora de 12 [GHz].
Solução:
a) Lb = 10*log10 (4pd/l)2 = 10*log10 (4p*50*103/3)2 = 106,42 [dB].

b) Lb = 10*log10 (4p*50*103/0.3)2 = 126,42 [dB].

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c) Lb = 10*log10 (4p*36000*103/0,075)2 = 195,6 [dB].

d) Lb = 10*log10 (4p*36000*103/0,025)2 = 205,15 [dB].

Resumo das Fórmulas da Equação de Transmissão

Exercícios de Aplicação
1. Calcule, em dB, a relação entre as potências:
a) 100 [mW] e 10 [mW]
b) 10 [pW] e 1 [mW]
c) 2fw e 10kW
2. A potência de saída transmitida pelo telefone celular é de +30 [dBm]. No receptor o sinal
recebido está com apenas 5 [pW]. Qual é a atenuação AdB do sinal entre o transmissor e
receptor?
3. Num ponto A de um sistema foi determinada que a potencia do sinal é de 1mW, e a potencia
do ruído de 1 [pW]. Qual é a SNR em dB?
4. Determine qual a razão de potências P1/P0 que equivale a -55 [dB], -10 [dB], 0 [dB], 1 [dB],
6 [dB], 10 [dB], 50 [dB], 56 [dB] e 100 [dB].

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5. Determine qual a razão de tensões V1/V0 que equivale a -55 [dB], -10 [dB], 0 [dB], 1 [dB],
6 [dB], 10 [dB], 50 [dB], 56 [dB] e 100 [dB].
6. Um sistema com 0,3 [mV] na entrada, fornecer 3 [V] na saída. Calcule o seu ganho em [dB].
7. Aumentando-se em 6 [dB] uma potência P = 10 [mW], quanto vale a nova potência obtida?
8. Dada uma potência P = 10 [mW], calcule os valores de potência que estão 5 [dB] acima e 7
[dB] abaixo.
9. Dada uma potência P = 7 [pW], calcule o valor da potência 62 [dB] acima.

10. Determine em dBm as potências:


a) 3500 [pW]
b) 250 [mW]
c) 12 [fW]
d) 6,12 [pW]
e) 0,000000000023 [W]

Referência Bibliográfica da disciplina:


1. J. M Hernando Rabanos “Transmisión por Radio”
2. E.C.Jordan y Balmain. “Electromagnetic Waves and Radiating Systems. Ed. Rev.
3. Eraldo Damosso. “Digital Mobile Radio Towards future generation systems, COST 231
Final report.”
4. Roberto Jiménez Hernández. “Fundamentos de la Ingeniería Electromagnética”
5. Princípios de Sistemas de Telecomunicações Unidades de medidas logarítmicas em
telecomunicações. https://manualzz.com/doc/21080763/princ%C3%ADpios-de-
sistemas-de-telecomunica%C3%A7%C3%B5es-unidades-de-me

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