Você está na página 1de 45

Engenharia de Telecomunicações

3º Ano
Disciplina: Propagação e Antenas
Prof: Engº Yuri Sebastião
Aula Nº 10 - Características Gerais das Antenas. Antena Isotrópica.
Intensidade de
Irradiação. Diagramas de Antenas. Diretividade.
Características Gerais das Antenas.
• Para comunicações sem fio, o transmissor deve ser
conectado a um componente que irradie a frequência
de rádio sobre condições desejadas, e do lado da
recepção outro componente que capture esta
irradiação nas mesmas condições. Estes componentes
irradiando são chamadas ANTENAS.
• A palavra antena tem origem latina e significa uma
vara muito flexível. A antena não é uma invenção
humana, mas foi usada por milhões de anos por
lagostas, camarões e numerosos insetos como sensor
no formato de uma vara flexível.
• Definição
• Antena de rádio, antena de
radiocomunicações, ou simplesmente antena
é uma estrutura capaz de irradiar a onda
eletromagnética para o meio ou de receber
essa onda em um ambiente de propagação.
Portanto, uma antena atua como elemento de
transição entre uma onda guiada em
determinada estrutura e um meio aberto.
• A antena de rádio é uma estrutura que atua como
elemento de transição entre uma onda guiada e um
espaço aberto.
• A antena transmissora, ligada ao transmissor, é
utilizada para a transformação da energia gerada no
sistema eletrônico em ondas eletromagnéticas
irradiadas.
• A antena receptora tem o objetivo de captar a onda
eletromagnética do espaço e encaminha-la ao
sistema de recepção, para o processamento
adequado do sinal.
• Na prática, as antenas podem assumir as mais
variadas formas, desde configurações bem
simples, como os monopolos, os dipolos curtos,
os dipolos de meia-onda, as antenas espirais,
etc., passando pelas redes lineares, as redes
planares, as redes volumétricas, até as antenas
de características especiais, de elevado ganho ou
de grande largura de faixa, de grande rejeição de
sinais espúrios e assim por diante. As
propriedades desejadas para uma antena
dependem do sistema “na” qual será empregada.
• Conceito Básico de uma Antena
• Uma antena pode ser classificada como uma
estrutura metálica associada a uma região de
transição entre uma onda guiada e uma onda no
espaço livre, e/ou vice versa. Ou seja, uma antena é
um transdutor de ondas que se propagam em meios
confinados , tais como cabo coaxiais, guias de onda,
linhas bifilares, enfim/, linhas de transmissão e a
propagação no espaço livre, que possui como meio
de propagação o ar ou o vácuo. Uma maneira
simples de representar uma antena, é uma linha de
transmissão com sua extremidade em aberto.
Conforme a Figura a seguir.
• Uma antena produz uma onda
eletromagnética no espaço sempre que for
submetida a uma corrente elétrica variável no
tempo. Da teoria eletromagnética básica sabe-
se que uma corrente variável no tempo dá
origem a um campo magnético no tempo
(fenômeno conhecido como a lei de Ampére).
Este campo, por sua vez, variando no tempo,
dará origem a um campo elétrico, também
variável no tempo. Este fato corresponde à
conhecida lei da Faraday.
• A partir deste ponto, graças aos trabalhos de
Maxwell e Hertz, comprovou-se que o campo
elétrico variável no tempo dará origem a um
campo magnético também variando no
tempo. Desta maneira, ao se excitar um
condutor qualquer com uma corrente variável
no tempo, resultará em sucessivos campos
elétricos e magnéticos que se induzem
mutuamente. Estes campos escapam do
condutor para o espaço, irradiando sob a
forma de uma onda eletromagnética.
• Equações de Maxwell
Antena Isotrópica

• A antena isotrópica, também conhecida antena


unipolar, é uma estrutura hipotética capaz de irradiar
ou receber a onda electromagnética igualmente em
todas as direcções, a partir de uma potencia
especificada.
• Esse tipo de irradiador não existe, mas representa
uma importante referencia para comparar as
propriedades directivas de antenas reais.
• A representação feita no sistema de coordenadas
esféricas admite que o angulo θ define a elevação
e o angulo φ indica o azimute do ponto P no qual
se deseja determinar o campo irradiado. Os
limites usualmente convencionados para estes
ângulos são 0 ≤ θ ≤ π e 0 ≤ φ ≤ 2π. A distancia do
ponto até a origem da irradiação é determinada
pela coordenada r.
Impedância de Entrada
• A impedância de entrada de uma antena é definida
como sendo a impedância que ela apresenta para a
linha de transmissão que a conecta à fonte do sinal.
• O circuito equivalente a uma antena, no modo de
transmissão, ligada diretamente a um gerador de RF,
é mostrado na Figura abaixo.
• A impedância de entrada depende de muitos
fatores, destacando-se principalmente :
- características construtivas;
- forma de alimentação.
• A impedância do gerador é representada por Zg =
Rg + jXg e a impedância “vista” nos terminais de
entrada da antena por Za = Ra + jXa. A resistência
Ra consiste de uma parcela associada à radiação de
ondas eletromagnéticas, denominada como Rr, e
uma outra parcela associada às perdas na antena,
RL. Portanto, Ra = Rr + RL.
• Em geral procura-se obter de uma antena a
impedância mais próxima possível da
impedância da linha de transmissão, de forma
a minimizar as perdas por reflexão; esta pode
ser representada da seguinte forma complexa:
Ze= Za = Re + jXe = Ra + jXa
• O grau de descasamento entre uma linha de transmissão e
uma antena pode ser expresso basicamente de três formas:
- pelo coeficiente de reflexão (Γ);
- pela relação de onda estacionária (ROE);
- pela perda de retorno (PR).
• O coeficiente de reflexão (Γ) é definido como:

• A relação de onda estacionária (ROE): , onde:


• Finalmente, a perda por retorno pode ser calculada através da
relação entre a potência incidente e a potência refletida:
Intensidade de Irradiação.
A intensidade de radiação em uma dada direção é
definida como a potencia radiada pela antena por
unidade de angulo sólido. Assim, o produto da
densidade de potencia pelo quadrado da distancia
do ponto considerado resulta na potencia por
unidade de angulo sólido nesse ponto. Essa nova
quantidade é chamada de intensidade de irradiação,
medida em watts por esterradianos (W/sr). Na
antena isotrópica, seu valor é independente da
direcção, representado por:
Diagramas de Antenas
• O diagrama de irradiação de uma antena é uma de suas
características mais importantes, pois a partir deste diagrama
se consegue extrair uma grande quantidade de informação.
• É importante salientar uma propriedade das antenas
conhecida como “Teorema da reciprocidade”, que é o
seguinte: Para uma dada frequência, ou faixa de frequências
constante, as antenas se comportam igualmente tanto na
transmissão quanto na recepção. Isto significa que os
diagramas de irradiação, impedância e outros parâmetros são
iguais nas duas situações. Nota-se que certos parâmetros
possuem restrições de ordem construtiva (ex. normalmente
uma antena de recepção não suporta potências elevadas
quando usada como transmissora).
Na prática, é interessante se visualizar a
distribuição da intensidade de potência em
diferentes direcções em volta da antena. Esta
visualização é feita através de diagramas
tomados em diferentes planos no espaço. Em
geral, são traçados os gráficos da intensidade
de radiação em dois planos distintos: o plano
E, que contém o vetor campo eléctrico e o
plano H, que contém o campo magnético.
A representação gráfica desse comportamento é
o diagrama de irradiação da antena.
• Diagrama de irradiação – Exemplos Reias
Directividade
A função directividade relaciona a densidade de
potencia em uma direção arbitraria e a densidade de
potencia média:

Esta função segue a mesma lei de variação da


densidade de potencia no espaço, com um fator de
escala. seu valor máximo chama-se diretividade da
antena (D) e compara o valor máximo com o valor
médio da densidade de potencia irradiada.
• O resultado depende da forma do diagrama de
irradiação e expressa-se em valor numerico e em
decibels como:

• Seu valor é igual à unidade (ou 0dB) para a antena


isotrópica, vale 1,64 (ou 2,14dB) para o dipolo de
meia-onda, podendo ser muito mais elevada para
outros modelos de antenas.
• O ganho é relacionado com a diretividade apenas por uma
constante:
• G=ƞ.D
• Onde ƞ é o fator que representa a eficiência de irradiação da
antena, ou seja, a influência das perdas ôhmicas dos materiais
utilizados na fabricação e o casamento de impedância com o
gerador.
• Logo a diretividade é igual ao ganho quando a eficiência é de
100%.
• Geralmente o ganho ou diretividade são expressos em dB e as
unidades mais usadas são as seguintes:
• dBi – (em relação à antena isotrópica)
• dBd – (em relação ao dipolo de meia onda)
Eficiência de Irradiação de uma antena
• É a relação entre a potencia irradiada e a potencia entregue à
antena, ou seja, a eficiencia de irradiação quantifica as perdas
na antena.

• onde Pr é a potência irradiada, PL é a potência perdida na


antena e Pe é a potência de entrada. A densidade de
irradiação máxima é proporcional à potência irradiada. Desta
forma, a eficiência de irradiação pode representar a relação
entre a densidade de potência máxima da antena real e a
densidade de potência máxima se a antena não tivesse
nenhuma perda (teoricamente).
Ganho
• O ganho de potência de uma antena, simbolizado
por G, é definido pela relação entre a máxima
densidade de potência da antena sob teste (real) e a
densidade de potencia de uma antena de referência,
com igual potência de entrada.

• Costuma-se apresentar o ganho da antena em


decibels,
• O conceito de ganho é de grande importância no estudo e no
dimensionamento de antenas. Em uma antena ideal, sem
perdas, o ganho Go é igual à diretividade.
• Como nas antenas reais ƞ é menor que a unidade, há
necessidade de se estabelecer a diferença entre Gi e D.
Observa-se, entretanto, que ambos parâmetros referem-se à
maior ou menor capacidade da antena concentrar a energia
irradiada em determinadas direções preferenciais.
• Geralmente o ganho ou a diretividade são
expressos em dB e as unidades mais usadas são
as seguintes:
• dBi - em relação a antena isotrópica
• dBd - em relação ao dipolo de meia onda
• A seguinte relação permite calcular o ganho da
antena se tivermos o ganho medido em relação
ao dipolo de meia-onda (dipodo de meia onda
possui diretividade de 1,64) ou se tivermos o
ganho medido em relação à antena isotrópica.
Largura de Feixe

• abertura de feixe, também denominada largura de feixe ou


ângulo de abertura do feixe, corresponde ao ângulo formado
pelas retas que saem da origem do diagrama de irradiação e
passam pelos pontos de meia potência do lóbulo principal.
Quando a escala usada é a logarítmica, esse ângulo é medido
onde a irradiação cai 3 dB (metade) em relação à máxima
intensidade de irradiação.
• Algumas antenas têm abertura de feixe dependente
do plano de referência considerado. Quando isto
ocorrer costuma-se definir uma abertura de feixe no
plano horizontal e uma no plano vertical (ou em
outro plano especificado).
• Para antenas que possuem lóbulos secundários
desprezíveis, pode-se obter a diretividade das
mesmas a partir das larguras dos feixes de meia-
potencia nos planos E e H, isto é,

• Onde φ1 é o ângulo de meia potência no plano


vertical (radianos) e θ1 é o ângulo de meia potência
no plano horizontal (radianos).
Largura de Faixa
• A largura de faixa pode ser calculada pela
diferença entre a maior e a menor frequência
de operação:
• ou pela relação entre este valor e a frequência
central da faixa,
Área efectiva
• Uma antena receptora coleta energia de uma onda
plana incidente, se devidamente casada, transfere
essa energia para a carga. A área efetiva de
irradiação pode ser definida como a área de uma
antena ideal a qual absorve a mesma potência de
uma onda plana incidente da antena em questão.
• Em termos de diretividade a área efetiva da antena é
dada por:
Resistência de irradiação
• Ao aplicar um sinal a uma antena, mesmo que
ela não apresente perdas, haverá um consumo
de potência da fonte de sinal, representando a
energia irradiada sob forma de ondas
eletromagnéticas. Ou seja, o sistema
comporta-se como se houvesse uma
resistência absorvendo a potência da fonte.
• Portanto, o efeito da irradiação é o mesmo de
uma resistência equivalente dissipando a
mesma quantidade de potência. Essa
resistência é denominada resistência de
irradiação. Assim, se a irradiação de uma
potência P é obtida pela circulação de uma
corrente senoidal com valor máximo Im, a
resistência de irradiação será:
ou
• Esse conceito é aplicável apenas às antenas
para as quais a irradiação é devida a uma
corrente em um único condutor. Ainda assim,
quando o comprimento da antena é da ordem
de grandeza do comprimento de onda ou
maior, esta definição sofre algumas restrições,
uma vez que a corrente não é constante ao
longo de toda a extensão do condutor. Desta
forma, é necessário especificar a posição na
qual a corrente foi medida.
Relação Frente-Costa

• Comumente, costuma-se comparar a irradiação (ou recepção)


na direção do máximo do lóbulo principal com a
correspondente na direção oposta. A este parâmetro dá-se o
nome de relação frente-costa da antena (RFC). Dessa forma
temos

• Onde Pmf é a potência transmitida (ou recebida) na direção


do máximo de irradiação do lóbulo principal e Pmc é a
potência transmitida (ou recebida) na direção oposta.
Polarização
• A polarização de uma onda electromagnetica
esta associada com a direcção do campo
electrico da mesma. As ondas
electromagneticas podem ser classificadas de
acordo com a polarização em três grupos
distintos: ondas linearmente polarizadas,
circularmente polarizadas e elipticamente
polarizadas.
• Polarização linear
• Diz-se que a antena possui polarização linear
quando a onda irradiada tem polarização
linear. Para os sistemas usuais costuma-se
identificar a polarização linear horizontal e a
polarização linear vertical. Para comunicações
terrestres a polarização linear vertical
terrestre indica que o campo elétrico irradiado
é normal a superfície da terra. A polarização
linear horizontal indica que o campo elétrico é
paralelo à superfície da terra.
• Polarização circular

• É possível irradiar com polarização circular à direita e


à esquerda. Nestes casos, o campo elétrico
resultante apresenta campo elétrico constante e
direção variável, com a extremidade do vetor e (ou h)
movendo-se sobre uma circunferência de círculo.
• Polarização elíptica

• Para essa polarização segue o mesmo


comentário feito no slide anterior, pois a
polarização elíptica é o caso geral da
polarização circular.
Rejeição de Polarização
• Uma antena com polarização vertical não deveria
receber qualquer sinal com poloarização horizontal e
vice-versa. Na pratica, é comum receber parte da
polarização indesejável.
• A relação entre a amplitude do sinal desejado e a
amplitude do sinal indesejado, define a rejeição de
polarização cruzada (XPD).

• Onde:
• Ed é o campo de polarização desejada;
• Ei é o campo de polarização indesejada.
Regiões dos campos de uma antena
• É costume dividir em três campos as regiões
em torno de uma antena transmissora, os
quais recebem as seguintes denominações:
• Campo próximo reativo;
• Campo próximo à irradiação (região de
fresnel);
• Campo distante (região de Fraunhofer).
• Campo próximo reativo
• Nas proximidades de uma antena, as partes imaginarias dos
campos são predominantes. Nesta região, chamada de região
de campos próximos reativos, a energia transferida pela
antena para o espaço fica armazenada na forma de campos
evanescentes, que não se propagam e decaem
exponencialmente com a distancia.
• A densidade de potencia media nesta região é igual a zero,
uma vez que os campos elétrico e magnético estão em
quadratura (defasado de 90◦).
• Na pratica, a região de campo próximo é delimitada pelo raio

• onde D é a maior dimensão da antena.


• Campo próximo à irradiação (região de fresnel)
• Nesta região já começa a existir campos que se
propagam no espaço, isto é, ondas eletromagnéticas.
• Na pratica, a região de campo próximo irradiante é
delimitada pelos raios Rcp e Rcd, isto é,

• Campo Distante (Região de Fraunhofer)


• Nesta região, onde r > Rcd, os campos são
predominantemente irradiantes e a densidade de
potencia media é obtida.
Grato pela atenção.
Ate a próxima aula

Você também pode gostar