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ÍNDICE
10 – Predições Ionosféricas 26
11 – Trajeto ou transmissão da onda espacial 27
11.1. – Modos de propagação 28
11.2. – Trajeto sobre o círculo máximo 29
11.3. – Freqüência 29
11.4. – Ângulos de incidência 30
12 – Freqüência Máxima Utilizável (MUF) 32
13 – Freqüência Ótima de Trabalho (FOT) 33
14 – Potência do Sinal Recebido 33
14.1. – Fatores 33
14.2. – Ganho da antena 34
14.4. – Intensidade do campo 34
14.4. – Absorção 35
14.5. – Altura da Antena 35
15 – Desvanecimento (Fading) 35
15.1. – Desvanecimento por Interferência 37
A propagação por uma onda terrestre compreende os tipos de rádio transmissão que
não utilizam a reflexão pela ionosfera. A intensidade do campo das ondas terrestres
depende de certos fatores como: potência do transmissor, características da antena
transmissora, frequência, difração das ondas em face da curvatura terrestre, características
elétricas (condutibilidade e constante dielétrica), localização do terreno, direção de
transmissão, além das condições meteorológicas locais como, por exemplo, o grau de
umidade do ar.
A intensidade do campo das ondas terrestres que atingem o receptor depende, em
sua maior parte, de alguns desses fatores. Além disso, como a terra se comporta como um
semicondutor e, devido o contato com sua superfície, parte da energia irradiada pela onda é
absorvida e rapidamente dissipada sob a forma de calor. Por essa razão é que as perdas
sofridas na transmissão por ondas terrestres são muitas vezes excessivas e a sua utilização é
limitada geralmente às comunicações a distâncias moderadas (algumas centenas de
quilômetros) e em frequências baixas.
A figura 1 mostra as diferentes direções de deslocamento que podem ser seguidas
pelas ondas terrestres – direta do transmissor ao receptor, refletida, conduzidas pela
superfície da terra ou refratadas na troposfera. A onda terrestre resultante pode ser
considerada, no entanto, como sendo constituída de uma ou mais das seguintes
componentes: onda direta, onda refletida, onda superficial e onda troposférica.
onda troposférica
onda direta
onda de superfície
onda refletida
TX RX
A intensidade do campo elétrico de uma onda direta varia inversamente com relação
ao alcance da transmissão. A figura 2 mostra o aumento da atenuação com o aumento da
distância. Como exemplo, observa-se que para uma onda de 10 MHz, 1 watt de potência
irradiada sofre uma atenuação de mais de 80 dB (decibéis) em um percurso de 40
quilômetros. Verifica-se também que a atenuação aumenta quando aumenta a frequência de
transmissão mantendo-se constante a distância. A onda direta não é afetada pela terra e nem
pela sua superfície, sujeitando-se, no entanto, aos efeitos da refração na troposfera, entre o
transmissor e o receptor. Tal refração é particularmente importante quando se considera as
frequências muito altas (VHF), mas isto será explicado com maiores detalhes quando
tratarmos especificamente da onda troposférica.
30
40
50
1,6 Km
60
16 Km
70
Atenuação em dB 40 Km
80
80 Km
90
100
160 Km
110
120
130 MHz
10 100 1.000 10.000
Esta componente, como o nome a indica, é a porção da onda irradiada que atinge a
antena receptora após ter sido refletida sobre a terra ou mar. Para as comunicações entre
dois pontos situados abaixo centenas de quilômetros e distanciados entre si de alguns
quilômetros, a onda refletida adquire importância comparável à onda direta como meio de
propagação. Devido a reflexão na superfície da terra, a onda refletida se apresenta com uma
inversão de fase de 180° e este aspecto é importante para a determinação dos efeitos que
ocorrem com a combinação desta com a componente direta ao ser atingido o ponto de
recepção. Uma vez que a onda refletida demora mais tempo no deslocamento para chegar
ao ponto de destino, isto resultará numa diferença de fase acima de 180°.
Verifica-se, pela figura 3, que as ondas emitidas em igualdade de fase assim
continuam até o ponto em que há a reflexão da componente refletida. A partir deste ponto,
as frente de onda correspondentes ficam defasadas de 180° e esta defasagem será pouco a
pouco dilatada, à medida que aumentar o percurso da onda refletida. Quando a componente
refletida atingir o solo com o pequeno ângulo de incidência, a diferença do de percurso será
menor. A onda refletida que atingir a antena receptora, com aproximadamente 180° fora de
fase com a direta, acarretará uma anulação na energia do sinal resultante da onda direta.
Este efeito de anulação pode ser diminuído aumentando-se a altura das antenas, pois isso
irá variar a diferença de fase entre as ondas direta e refletida e, consequentemente, o grau
de atenuação do sinal.
TX RX
Direção de propagação
Superfície da Terra
Correntes
Freqüência (MHz) Ângulo de inclinação sobre o mar Ângulo de inclinação sobre o terreno seco
0
0,02 0 02´ 30´´ 40 18´
0,2 00 08´ 00´´ 130 30´
2,0 00 25´ 00´´ 320 12´
20,0 10 23´ 00´´ 350 00´
Esta inclinação do vetor campo elétrico de uma onda eletromagnética, não deve ser
confundida com o fenômeno da difração, que consiste em contornar obstáculos.
A onda troposférica é a componente da onda terrestre que sofre refração nas camadas
mais baixas da atmosfera, efeito esse que aumenta gradativamente em função da umidade,
da densidade e da temperatura e, consequentemente, do índice de refração. Em alturas de
uns poucos quilômetros a umas centenas ou mais, coexistem, próximas umas das outras,
imensas massas de ar frio e de ar quente, que provocam diferenças bruscas de temperatura e
mudanças de densidade. A reflexão e a refração troposférica resultante, tornam possíveis as
comunicações a distâncias bem maiores do que poderiam ser obtidas com as ondas
terrestres comuns.
A figura 5 mostra o desvio de cima para baixo, de uma frente de onda que penetra
numa camada de ar, cuja constante dielétrica e umidade diminuem com o aumento da altura
relativa à superfície da terra; a figura 6 mostra o desvio da mesma onda, no sentido de
baixo para cima, face às condições opostas. Uma vez que a refração aumenta com a
freqüência, a refração troposférica torna-se mais efetiva nas mais altas frequências,
assegurando interessantes possibilidades de comunicações acima dos 50 MHz, além da
linha do horizonte.
Direção de propagação
Terra
Terra
3 – A IONOSFERA: CONCEITUAÇÃO.
4 – A FORMAÇÃO DA IONOSFERA.
A ionosfera estende-se a uma altura superior a 400 km da terra. Acima dessa altura,
o ar se apresenta tão rarefeito que se considera, na prática, como não existindo. Isto porque,
como sabemos, a densidade dos gases que compõem a ionosfera vai diminuindo à medida
que a altura aumenta. A atmosfera, por sua vez, é alvo constante de bombardeio pela
irradiação e pelas chuvas de partículas provenientes do sol e também pelos raios cósmicos,
cuja origem ainda desconhecemos. A irradiação solar não compreende apenas os raios
luminosos que podemos ver, mas também todos os raios componentes do espectro, desde o
infravermelho ao ultravioleta, além da chuva de partículas – prótons e elétrons, que se
locomovem à velocidade da luz. Essas diferentes formas de irradiação aproximam-se da
atmosfera terrestre e atingem determinados níveis críticos onde a densidade dos gases é de
tal ordem, que se tornam susceptíveis de ionização pelo efeito da irradiação, formando as já
citadas camadas ionizadas. As camadas superiores da atmosfera são as mais afetadas pela
irradiação, principalmente pela irradiação ultravioleta que é fonte predominante.
Para compreender melhor como essa ionização se realiza, torna-se necessária uma
breve recordação sobre a mecânica dos gases.
4.1 – A Matéria.
Nos átomos de certas substâncias, como nos gases, por exemplo, os elétrons estão
fracamente equilibrados pela força atrativa do núcleo, que eles escapam, por causas diversas,
do respectivo átomo, ficando este com uma carga negativa a menos. Quando isto acontece
torna-se evidente a ocorrência de uma atividade elétrica.
4.2 – A Ionização.
Tem sido verificado que a energia sob forma de radiação eletromagnética é capaz de
deslocar os elétrons livres de seus átomos provando, com isso, que a radiação tem energia e
comprimento de onda próprios.
Quando tal evento ocorre em um gás, diz-se que o gás está ionizado, significando com
isso que seus átomos perderam parte da sua quota normal de elétrons, os quais vão associar-se
a outros átomos quaisquer. Os átomos que perdem elétrons recebem a denominação de íons
positivos e os que incorporam os elétrons assim libertos denominam-se íons negativos. O
termo íon se aplica a qualquer partícula elementar que dispõe de carga elétrica.
Embora os gases possam conter alguns íons, deve-se aplicar energia externa sobre os
átomos de modo a produzir íons em abundância. Diz-se ter sido atingido o estado de
ionização quando todas ou uma grande parte das partículas do gás são íons, positivos e
negativos. A energia externa necessária à produção de íons pode vir de muitas fontes, sendo
as mais importantes: o impacto de uma partícula com outra; as ondas cósmicas, tais como as
ondas de luz, os raios X, os raios GAMA e os raios ULTRAVIOLETAS; as reações químicas e
as aplicações de calor.
A ionização natural do ar causada por qualquer das energias citadas acima, produz
aproximadamente 2 íons por centímetro cúbico por segundo, à pressão atmosférica. Nas
regiões mais altas, como na ionosfera, a ionização produzida se faz numa razão 100 vezes
maior. Na alta atmosfera, onde a pressão é baixa, as condições existentes são mais favoráveis
à ionização. O sol fornece constantemente os raios ultravioletas no comprimento de onda
apropriado para provocar a ionização.
4.3 – A Recombinação.
processo de recombinação prossegue continuamente e um átomo que tenha sido ionizado não
permanece assim indefinidamente. O tempo necessário para a recombinação ou desionização
vai depender de vários fatores, principalmente da distância entre as partículas do gás. Estando
presentes apenas umas poucas partículas, como acontece nas regiões da alta atmosfera, as
colisões não serão frequentes e as partículas permanecerão ionizadas por períodos mais
longos.
Apesar do sol ter na sua composição os mesmos elementos que são encontrados na
terra, lá eles existem submetidos à violenta atividade solar, permanecendo constantemente
num estado de fusão ou gasoso. Provavelmente, devido à intensa pressão interna e à atividade,
em grande escala, das forças atômicas, o sol emite imensa quantidade de energia nas formas
de calor, partículas e de ondas eletromagnéticas. Tem sido observado nas erupções da
superfície solar que elas projetam nuvens imensas de gás quente a alturas de 0,8 a 1,6 milhão
de Km de sua superfície. Outra alteração que se observa é o aparecimento de manchas na
superfície do sol e que influem, particularmente, na quantidade de radiação ultravioleta e,
consequentemente, na extensão da ionização causada por esse tipo de radiação.
Nos períodos das grandes manchas solares a ionização e a desionização nas várias
camadas é maior que o normal. As manchas solares são áreas escuras que aparecem no disco
solar e, dada sua relativa escuridão, elas deveriam indicar temperaturas e radiação ultravioleta
menos intensas. No entanto, apresentam em torno nuvens gasosas brilhantes e o processo de
sua formação leva a crer que produz, na realidade, grande quantidade de energia ultravioleta.
As manchas solares aparecem normalmente em grupos, seguindo mais ou menos um ciclo
definido de atividade, num intervalo de tempo médio de 11 anos entre os máximos de 2 ciclos
consecutivos. As tempestades magnéticas sobre a terra também estão relacionadas com a
presença dessas manchas solares.
No início, antes de se atingir essa profundidade, as partículas de ar estão tão dispersas que
apenas umas poucas moléculas do gás rarefeito tornam-se ionizadas. À medida que vai sendo
atingida a camada de densidade crítica, uma maior proporção de moléculas são ionizadas mas
a energia da radiação vai se atenuando neste processo, de modo que se torna fraca demais para
produzir a ionização. Constata-se então que uma camada ionizada terá maior intensidade de
ionização na sua parte central do que nas superfícies.
Camada F2
320 Km
264 Km
160 Km
Camada F1
Terra
Sol
112 Km
Camada E
noite 72 Km
Camada D dia
Como se pode observar na figura 7, essas 4 camadas só estão presentes durante o dia
quando o sol está frente a posição considerada da atmosfera. Durante a noite as camadas F1 e
F2 parecem fundir-se numa única camada F desaparecendo as camadas D e E devido a
recombinação dos íons que as compõem. Convém lembrar, entretanto, que o número real de
camadas, suas alturas com relação à terra e a intensidade relativa de ionização presente, tudo
isso varia de hora para hora, de dia para dia, de mês para mês, de estação para estação e de
ano para ano.
4.8 – A camada D.
4.9 – A camada E.
4.10 – A camada F.
Nas alturas compreendidas entre 145 Km a 380 Km acima da superfície da terra, existe
uma outra região de ionização conhecida por camada F. Aí a ionização está sempre presente,
usualmente em duas camadas durante as horas do dia e em uma camada durante a noite.
Nesta região e à noite, esta única camada F permanece numa altura aproximada de 270 Km. A
atmosfera aí é tão rarefeita que a recombinação se realiza muito lentamente de modo que os
íons remanescentes durante a noite são suficientes para refletir as ondas de alta freqüência de
volta à terra.
Durante as horas do dia, especialmente quando o sol permanece alto, como nas
latitudes tropicais e durante os meses de verão, a camada F divide-se em 2 camadas distintas –
F1, com seu limite inferior a uma altura aproximadamente de 145 Km e a F2 com este limite a
uma altura de 250 a 350 Km, dependendo das estações do ano e da hora e do dia. A camada
F2 é a mais altamente ionizada de todas e a mais utilizada nas radiocomunicações a longas
distâncias. O grau de ionização apresentado por esta camada tem uma variação dia a dia
bastante apreciável, quando comparada com as demais. A intensidade de ionização atinge um
máximo à tarde e vai decrescendo gradativamente através da noite. A elevação da densidade
de íons pela manhã é muito rápida e, sendo baixa a razão de recombinação, esta alta
densidade de íons persiste.
Além das regiões de ionização citadas que variam de altura e de ionização para as
variações do dia, das estações e de ano para ano, existem outras camadas em alturas próximas
as de E que aparecem como as nuvens no céu. Elas se apresentam frequentemente com uma
intensidade suficiente para assegurar uma boa transmissão via rádio se utilizada como meio de
reflexão. Em outras ocasiões, particularmente durante os distúrbios nas regiões polares, como
os que dão origem à aurora boreal, pode ocorrer uma ionização difusa numa ampla faixa de
alturas, restringindo as radiocomunicações, dada a excessiva absorção que acarreta.
O objetivo dos próximos tópicos é o estudo dos aspectos principais do que ocorre,
quanto aos seus efeitos, quando as ondas de rádio penetram na ionosfera.
5 – A FREQÜÊNCIA CRÍTICA.
Camada 2
Camadas ionosféricas
Camada 1
Frequências críticas
Frequência
superior à
crítica
Terra
tem freqüência superior à freqüência crítica das camadas e, por isso, ultrapassa-as,
deslocando-se para exterior.
Este fenômeno deve ser compreendido em termos de uma combinação de efeito de
ionização, reflexão e refração, a que se sujeita uma onda eletromagnética. Quando um raio, ou
um trem de ondas, penetra numa camada ionosférica ele sofre um retardo tão logo inicia a
penetração. A refração aí é semelhante a que se processa quando a luz passa do ar para a
água, como já exemplificado. O sinal que penetra na ionosfera segundo um ângulo de 90° não
sofre desvios, toda a sua frente de onda é retardada uniformemente. Quanto mais alta a
freqüência do sinal, mais ele penetra na camada e assim prossegue até perder toda a sua
energia. Convém lembrar, entretanto, que uma camada ionizada apresenta maior densidade
nas proximidades do centro e a onda passará por ela se a ionização não for suficiente para
determinar a absorção de toda a energia. A energia restante será então reirradiada de volta ao
ponto de transmissão. Tal efeito se assemelha ao arremesso de uma bola de tênis para cima,
verticalmente, na direção de uma tela de arame. Se as malhas da tela são menores que o
diâmetro da bola, todos os arremessos são refletidos de volta, e isto será mais efetivo quanto
mais a tela se feche até assemelhar-se a um sólido de metal. Porém se forem arremetidas bolas
de golfe contra a mesma tela, a maioria delas passará através das malhas não havendo
reflexão. Pode-se concluir então que, do mesmo modo como a freqüência em relação a
ionização, há um diâmetro crítico de bola para determinada tela. As bolas de diâmetro menor
que o crítico passarão e as de diâmetro maior serão refletidas.
6 – ÂNGULO CRÍTICO.
Usa-se para determinar a freqüência crítica para a propagação vertical, porque ela
define uma condição limite. As ondas eletromagnéticas em radiocomunicação geralmente
incidem em ângulo oblíquo contra a ionosfera, de modo que as refrações podem ou não
refleti-las de volta à terra. Evidentemente, qualquer freqüência igual ou menor que a
freqüência crítica retorna a terra, podendo as frequências mais altas retornarem também, se
sua propagação se fizer segundo determinados ângulos de incidência. Este fenômeno pode ser
compreendido melhor se fizermos analogia com a tela e as bolas de tênis. Se, num
determinado momento o diâmetro crítico para uma dada tela é igual ao diâmetro da bola de
tênis, as bolas de golfe que forem arremessadas obliquamente retornam, passando pelas
malhas, com facilidade, somente as que forem lançadas verticalmente. Então, para esta tela
existe um certo ângulo de incidência segundo o qual a maioria das bolas de golfe são
refletidas de volta. No caso de propagação das ondas eletromagnéticas prevalecem as mesmas
condições. Em ângulos de incidência próximo da vertical, determinada freqüência passa
através da ionosfera, mas sob ângulos menores há um certo valor a partir do qual as ondas são
refletidas. Este ângulo é determinado de ângulo crítico. A onda que atinge a ionosfera com o
ângulo crítico é a que retorna à terra mais próxima da fonte de irradiação. A distância entre a
fonte e o ponto de retorno desta onda á denominada DISTÂNCIA DE SILÊNCIO e nela não
existem ondas emitidas pela fonte e refletidas pela ionosfera.
O conceito de ângulo crítico pode ser melhor compreendido considerando-o
semelhante a um fenômeno ótico como ilustra a figura 9.
ar ar
água água
Se um feixe luminoso passar de um meio mais denso (água) para outro de menor
densidade (ar) segundo um ângulo reto com a superfície que os separa, não haverá reflexão e
o feixe de luz segue adiante. À medida porém que o ângulo de incidência vai se tornando
menor que 90° a reflexão vai aumentando. Inicialmente a reflexão de volta à água é pequena,
tênue, sendo refratada a maior parte do feixe que penetra no ar. O desvio vai aumentando na
medida em que o ângulo de incidência vai diminuindo, mas há um dado valor de ângulo,
ângulo crítico, no qual não haverá refração sendo toda a luz refletida de volta à água. À
medida que os ângulos vão se tornando menores que o crítico, o feixe de luzes vai se
refletindo para distâncias cada vez mais afastadas da fonte emissora. Podemos perceber então
que o fenômeno ótico não pode ser integralmente aplicado ao caso das ondas de rádio, uma
vez que os limites entre uma camada densamente ionizada e o ar que lhe fica acima não são
claramente definidos. A onda, tanto é desviada de volta como refletida, e, por isso, no campo
da propagação, os termos reflexão e refração tendem a ser usados indistintamente.
A explicação popular de que o retorno das ondas de rádio é apenas um fenômeno de
refração está ilustrada na figura 10.
Altura real
Ângulo crítico
φ
A B
Suponha um feixe de ondas que se propaga do ponto A de tal modo que penetra na
ionosfera segundo um ângulo de incidência φ, como ilustra a figura 10.
Quando a onda entra na ionosfera a parte superior da frente da onda sofre primeiro os
efeitos da redução do índice de refração. Tendo em vista ainda que a maior densidade de
ionização se encontra na frente central da camada, a parte superior da frente da onda é mais
desviada durante o processo da refração do que a porção inferior da onda. Mediante as
refrações sucessivas o desvio continua até que, finalmente, a onda retorna à terra.
7 – A ALTURA VIRTUAL.
A
Altura real
B D
Superfície inferior
H da camada ionizada
TX RX
Figura 11.
Uma vez que a existência da ionosfera depende das radiações solares, é óbvio que o
movimento da terra em torno do sol e as mudanças de estado devidas às atividades deste,
causando um aumento ou uma diminuição na quantidade de irradiação, vão variar a
conformação da ionosfera. Tais variações compreendem não só aquelas que ocorrem
normalmente na natureza e que podem ser previstas com antecedência como também as
variações ditas irregulares, resultantes de um comportamento anormal do sol. Para fins de
estudo dividem-se as variações regulares em 4 categorias, a saber: diurna ou variação diária,
estacional (estações do ano ou sazonal), as que ocorrem em períodos de 11 anos e,
finalmente, as que se verificam em períodos de 27 dias. Existem tabelas que mostram essas
variações juntamente com os efeitos que produzem na ionosfera e nas radiocomunicações
fornecendo, inclusive, sugestões para compensar tais efeitos.
Em sua maior parte, as variações diurnas e os efeitos que elas produzem na ionosfera
foram, abordadas quando do estudo feito no item anterior, sobre as camadas ionosféricas.
Uma das principais consequências das variações diurnas é o aumento da absorção da energia
das ondas de rádio durante o dia, acompanhando o curso solar. Este fenômeno se deve quase
inteiramente à camada D que atenua a energia das ondas de alta freqüência que se refletem
nas camadas superiores e, absorve completamente as ondas de frequências mais baixas
(médias frequências) durante o dia.
também que o limite de separação das camadas F1 e F2 não é muito nítido durante o inverno,
já que a altura da camada F2 é relativamente menor durante esta estação.
Este ciclo dos 27 dias também é devido às atividades das manchas solares e resulta da
rotação do sol em torno de seu próprio eixo. Assim como o número das manchas solares varia
de dia para dia, face à rotação do sol, ou mesmo devido ao aparecimento de novas manchas ou
10 – AS PREDIÇÕES IONOSFÉRICAS.
Wolf). A predição consiste atualmente em predizer primeiro a atividade solar e então deduzir,
da massa de dados disponíveis, a conseqüente tendência das variações durante as estações e os
dias, bem como geográficas, das características da ionosfera.
A propagação por onda espacial refere-se aos tipos de radiocomunicações que utilizam
as reflexões ionosféricas no estabelecimento das ligações transmissor-receptor. Constitui o
método mais importante de radiocomunicação à longa distância, mas apresenta alguns
problemas que somente poderão ser solucionados adequadamente se compreendidos os
princípios teóricos correspondentes.
Um problema típico de propagação por onda espacial consiste em determinar se a
ionosfera é capaz de refletir uma onda de rádio de determinada freqüência e se o sinal
recebido é suficientemente forte para ser ouvido acima do nível de ruído presente no receptor.
A resposta a esta questão só poderá ser dada após considerar os diversos fatores envolvidos,
que trajeto deve a onda percorrer entre o transmissor e o receptor, se a freqüência da onda de
rádio está abaixo do limite de freqüência utilizável no trajeto considerado, e, se a intensidade
de campo do sinal é suficiente para chegar ao receptor.
A figura 13 ilustra alguns dos vários e possíveis trajetos de deslocamento das ondas
de rádio entre o transmissor e o receptor, se foram utilizadas reflexões numa camada da
ionosfera.
Observa-se nesta figura que algumas ondas apresentam frequências altas demais para
serem refletidas pela camada ionizada, a menos que sejam refletidas em outra camada situada
mais acima e que apresente maior grau de densidade iônica. As demais ondas que se
apresentam na freqüência adequada à reflexão retornam à terra e constituem aquelas que vão
assegurar, realmente, as radiocomunicações. Observa-se também que a distância de silêncio é
a distância medida a partir do transmissor até o ponto onde já há sinal recebido por reflexão.
A figura 14, mostra a relação entre a zona de silêncio e a onda terrestre.
O alcance da onda quando de seu retorno à terra depende da altura da camada ionizada
e do desvio que lhe é imposto durante o seu relacionamento no interior da camada; este desvio
depende, por sua vez, da relação entre a freqüência da onda e a densidade da camada exigida
para refratar ou desviar a onda. Após o retorno à terra, parte da energia é rapidamente
absorvida e parte é refletida na superfície terrestre de volta à ionosfera onde pode ser refletida
novamente, atingindo, assim, a uma grande distância do transmissor. Este processo de saltos
por meio de reflexões alternadas da ionosfera pode ser contínuo fazendo com que a
transmissão possa ser recebida à longa distância do transmissor. A figura 15, ilustra este
processo.
11.3 – A Freqüência.
Para uma dada camada ionizada de altura e densidade iônica constantes e uma
determinada antena de ângulo de irradiação fixo, haverá uma certa freqüência, maior do que
qualquer outra, que retorna à terra a uma distância dada. Esta freqüência denomina-se
freqüência máxima utilizável (MUF) para uma dada distância; seu valor será sempre maior
do que o valor da freqüência crítica, já que o ângulo de incidência e maior que 90°. Então,
para uma dada distância sobre um arco de círculo máximo, haverá uma freqüência máxima
utilizável que é a mais alta freqüência possível de ser refletida numa determinada camada
ionosférica e que retorna à terra nesta distância. Se a distância entre o transmissor e o receptor
aumentar, a freqüência máxima utilizável também aumentará, ou em outras palavras, para um
maior alcance de transmissão, maior será a freqüência máxima utilizável.
Na escolha da freqüência de operação adequada à transmissão por ondas espaciais ao
longo de um trajeto rádio prefixado, a freqüência máxima utilizável será, por certo, o fator
mais importante a ser considerado. Se a freqüência de operação estiver acima da freqüência
máxima utilizável, diz-se que haverá escape pois ela não será refletida, passará através da
camada ionizada. Por outro lado, se a freqüência decresce para valor abaixo da freqüência
máxima utilizável do momento, a onda fica atenuada consideravelmente pois, na faixa de alta
freqüência, quanto menor a freqüência, maior parte da sua energia se perde por absorção da
ionosfera. Daí porque é desejável que a transmissão ocorra numa freqüência tão próxima
quanto possível da freqüência máxima utilizável. Existe, como mostra a figura 20 uma
relação direta entra a freqüência máxima utilizável, as condições ionosféricas, o tempo e o
ângulo de irradiação.
As variações da camada ionosférica ocorrem dia a dia e a toda hora. As predições que
se podem obter da MUF são fruto da observação para períodos longos, não levando em
consideração essas variações do dia a dia. Por esta razão, o limite máximo de freqüência a
selecionar deve ter valor tal, que não haja probabilidade de freqüência de operação tornar-se
maior que o MUF para determinado dia. Assim, a freqüência ótima de trabalho para a camada
F2 deve ser tomada aproximadamente à base de 85 % (segundo bibliografias especializadas)
da MUF para o trajeto de transmissão considerado, devidos às variações diárias desta camada.
14.1 – Os Fatores.
Para saber se a ionosfera comporta a transmissão por ondas espaciais num dado
trajeto e num determinado tempo, basta consultar a MUF para o trajeto considerado. Se existir
uma freqüência ótima de trabalho bem definida conclui-se que a transmissão pelo trajeto
desejado é possível. No entanto existem mais alguns fatores que devem ser considerados. A
onda incidente na antena receptora é composta de várias componentes originadas nos diversos
trajetos possíveis entre o transmissor e o receptor e pelo fato da reflexão na ionosfera não ser
ideal. As componentes somarão suas amplitudes mas, devido às diferenças de fase, poderá
ocorrer reforço ou cancelamento. Neste último caso a comunicação não será possível, mesmo
usando-se a freqüência ótima de trabalho. É necessário que, no cálculo de um link de
radiocomunicação, uma série de fatores sejam considerados e que o transmissor forneça
potência suficiente para compensar todas as perdas. Alguns destes fatores serão examinados a
seguir.
Não há praticamente perda de energia quando a onda atravessa uma região não
ionizada da atmosfera, a não ser aquela natural queda de intensidade de campo devida ao
deslocamento ou propagação da própria onda. Esta atenuação se faz sentir na razão inversa da
distância (atenuação em espaço livre). A intensidade de campo da onda ao longo do seu
trajeto e não havendo obstáculos (nem grandes massa e nem íons) e sem a interferência de
outros feixes de onda, varia inversamente na razão da distância à origem da fonte emissora. A
energia da onda, que é proporcional ao quadrado da intensidade do campo, varia inversamente
com o quadrado da distância (é a conhecida lei do inverso do quadrado). Convém lembrar
aqui que a intensidade de campo é normalmente medida em microvolts por metro.
14.4 – A Absorção.
A presença de íons na atmosfera superior não somente causa desvio e o retorno à terra
das ondas de baixa freqüência, como também provoca a dissipação de parte de sua energia,
como conseqüência das colisões dos elétrons excitados com as partículas de ar vizinhas. Isto
reduz a intensidade da onda de rádio, além da redução normal devida à propagação de
corrente de transmissão. Este processo de absorção é grande quando se utiliza a propagação
pela ionosfera. Durante o dia esta absorção se verifica principalmente na região D da
ionosfera. Nesta, a densidade de elétrons é consideravelmente menor do que nas regiões mais
altas, mas a elevada densidade de moléculas de ar que apresenta, provoca um maior número
de colisões apesar da escassez de elétrons. Durante a noite, a ionização e a absorção na região
D torna-se insignificante. Entretanto, há ainda alguma absorção para as frequências próximas
do MUF para a camada F2, uma vez que as ondas de tais frequências permanecem algum
tempo dentro da camada, o que proporciona um tempo maior para as relativamente poucas
colisões acarretando, conseqüentemente, uma apreciável perda de energia. Esta absorção
denomina-se absorção de desvio, porque ela decorre de um retardo que, por sua vez, provoca
um desvio. A absorção que ocorre, embora não havendo um retardo apreciável, denomina-se
absorção sem desvio. A absorção que se verifica na região D é principalmente deste último
tipo.
15 – O DESVANECIMENTO (FADING).