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Regiões para alocação de frequências

Serviços em ondas longas e médias


• Estas bandas são repartidas pelos serviços de
comunicações fixas e móveis, pela radionavegação
marítima e aeronáutica e pela radiodifusão.
• Exemplos na Região 1:
130 – 148,5 KHz Comunicações marítimas móveis
Comunicações fixas
148,5 – 255 KHz Radiodifusão
505 – 526,5 KHz Comunicações marítimas móveis
Radionavegação aeronáutica
526,5 – 1606,5 KHz Radiodifusão
Sistema de transmissão
• Comunicações
Modulação de amplitude em banda lateral única
(SSB) com portadora suprimida.

• Radiodifusão
Modulação de amplitude em banda lateral dupla
(DSB).
Modos de propagação

• Propagação por onda de superfície


É a propagação que se verifica na troposfera e
estratosfera e compreende:
 a propagação por onda directa e a propagação
por onda de terra.

• Propagação por onda ionosférica


Propagação por onda directa
• Nas O.L. e O.M., normalmente a propagação
por onda directa não é possível, devido aos
obstáculos naturais (grandes montanhas) e
artificiais (prédios, etc.).
• É possível em certos casos especiais como os
indicados na figura.
Cálculo da intensidade de campo E
por onda directa
Admitindo que não há quaisquer obstáculos, que e que
a antena é uma antena vertical curta posta ao solo ():

Para e quaisquer:
Diagrama de radiação das AVPS
Propagação por onda de terra
A propagação por onda de terra depende de três
parâmetros:
• Polarização da onda (conhecida)
• Frequência da onda (conhecida)
• Características eléctricas do solo (em Moçambique,
não conhecidas).
Permeabilidade magnética
Constante dieléctrica
Condutibilidade eléctrica
Influência das características eléctricas do solo

Permeabilidade magnética
Varia muito pouco de solo para solo e praticamente não influi na
propagação por onda de terra em OM.

Constante dieléctrica
Varia apreciavelmente mas também tem pouca influência na
propagação por onda de terra em OM
Constante dieléctrica do vácuo =
Constante dieléctrica do ferro = 2
Constante dieléctrica do mar = 80
Constante dieléctrica da terra sólida = 5 a 30
Condutibilidade eléctrica
Influi fortemente na propagação por onda de terra em OM
Parâmetros mais influentes na propagação
por onda de terra
• Frequência da onda electromagnética e
• Condutibilidade do solo.

𝜎 =30 𝑚𝑆 /𝑚 550 𝐻𝑧

𝜎 =1 𝑚𝑆/𝑚
Características do solo

Tipo de terreno  (0)  (mS/m)


Água do mar 80 4.500

Terra fértil; campos húmidos; pradarias 20 30

Terra boa não irrigada 12 10

Zonas com bosques 10 3

Desertos; solos rochosos 5 1

Cidades e áreas industriais 5 1


A INFLUÊNCIA DA FREQUÊNCIA

Profundidade de penetração (metros)


Frequência
Condutibilidade (mS/m)
(KHz)
1 3 10 20
100 46 28 17 10
500 20 11 7 4,5
1.000 15 8,5 5 3
1.500 12 7,5 4,5 2,5
Curvas de propagação por onda de terra

Desertos
Curvas de propagação por onda de terra

Mar
MÉTODO GRÁFICO DE CÁLCULO

• E (dB) - Valor do campo eléctrico da onda de terra em dB’s em


relação a 1V/m.
 

• E1 (dB - Valor do campo dado pelas curvas de propagação


(potência de alimentação da antena de 1 KW e antena
vertical curta) para a distância D, entre o emissor e o
ponto de recepção, e para a frequência f da portadora.
 
• Pa(dB) - Potência de alimentação da antena em dB’s em
relação a 1 KW
 
• Gv(dB) - Ganho da antena em relação à antena vertical curta
Cálculo do campo eléctrico
na propagação por onda de terra

1. Através das curvas de propagação correspondentes


à condutibilidade do terreno, e para e antena
vertical curta,

determina-se o campo eléctrico à distância pretendida.


2. Fazem-se as correcções necessárias em termos da
potência de alimentação da antena e do ganho da antena
da estação.
Cálculo do alcance da estação para um
determinado campo mínimo utilizável
Entende-se por campo mínimo utilizável , o campo ainda
considerado suficiente para que o sinal seja detectado, com
boa qualidade, por um receptor comum ( varia de país para
país e de região para região).
Método de cálculo:
1. Para se poder entrar no gráfico das curvas de propagação
tem que se corrigir o campo mínimo para as condições
das curvas ( e antena vertical curta).

2. Entra-se no gráfico com e determina-se a distânciaque a


estaçãopodealcançarcom boa qualidade.
Problema
Uma estação emissora de radiodifusão opera sintonizada para 800 KHz,
com um emissor de 500 Watts e com uma antena antena vertical
posta ao solo de altura .
A condutibilidade do solo é 10-3mho/m (1 mS/m) e as perdas na linha
de transmissão são desprezáveis.
a) Usando as curvas de propagação para a condutibilidade indicada,
calcular a intensidade do campo radiado pela estação (em dB´s) a 55
Km de distância.
b) Usando a expressão matemática, converta o valor do campo
calculado na alínea anterior para V/m.
c) Calcule o alcance máximo da estação para uma intensidade de
campo mínimo utilizável (campo mínimo que ainda garante qualidade
de recepção aceitável) de 45dB.
Camadas ionosféricas
A INFLUÊNCIA DAS CAMADAS (1)
• Ao atravessar qualquer camada da ionosfera, a onda tem o seu
trajecto alterado.
• Devido à ionização da camada a onda é refractada.
• Se o grau de ionização da camada for suficiente para atingir a
horizontalidade antes de chegar à altitude correspondente ao
máximo de ionização da camada, a onda regressa à terra.

• Se, pelo contrário, não for suficiente para levar a onda até à
horizontalidade antes de atingida a altitude de ionização
máxima, a onda descreve um S e fura a camada.
A INFLUÊNCIA DAS CAMADAS (2)
• A refracção da onda na ionosfera é tanto mais
acentuada quanto mais forte for o grau de
ionização da camada.
• A refracção da onda é tanto mais acentuada
quanto mais baixa for a frequência.
• Para uma certa camada é, portanto, mais fácil a
onda atingir a horizontalidade em ondas médias
do que em ondas curtas.
• Quanto mais alta for a frequência menos afectado
é o trajecto da onda.
A INFLUÊNCIA DA FREQUÊNCIA
(Período nocturno)
A CAMADA D
• A camada D não tem qualquer utilidade para as comunica-ções porque
não tem um grau de ionização suficientemente elevado para fazer
voltar a onda à terra, mesmo para as frequências mais baixas (ondas
longas e médias).
• As perdas introduzidas pela camada D, em ondas longas e médias, são
tão elevadas que a onda se desvanece.
• Resumindo, em OL e OM, a camada D nem refracta a onda ao ponto de
fazê-la regressar à terra, nem se deixa atravessar pela onda, devido às
fortes perdas que introduz, resultanto uma atenuação muito elevada.

Conclusão:
Devido à existência da camada D, durante o dia não é
possível a propagação via ionosfera, somente à noite.
Propagação via ionosfera em O.L. e O.M.
No período diurno:

No período nocturno:
A QUALIDADE DO SINAL CAPTADO
VIA IONOSFERA
• Devido às instabilidades da ionosfera, que se
reflectem em:
 Variações, de instante para instante, na altura da
camada,
 Variações, de instante para instante, no grau de
ionização da camada,
a qualidade do sinal recebido é inferior ao captado
por onda de terra.
• A qualidade é afectada pelo “fading” resultante das
instabilidades e, eventualmente, pela interferência
de estações distantes.
“FADING” SELECTIVO À NOITE
• À noite existem dois modos de propagação possíveis:
a propagação por onda de terra e a propagação por onda
ionosférica, que pode ser de diferentes tipos.
• No ponto de recepção são captados dois sinais, ou
mesmo três, que se poderão interferir fortemente e
diminuir a qualidade de recepção, devido à diferença de
percurso e à instabilidade da ionosfera.
PORQUÊ SELECTIVO?
• O “fading” diz-se selectivo porque a interferência
varia com as instabilidades da ionosfera, e esse efeito
é variável com a frequência das diversas
componentes do sinal.
• As instabilidades da ionosfera reflectem-se em:
 Variações, de instante para instante, na altura da
camada,
 Variações, de instante para instante, no grau de ionização
da camada.
• O resultado deste fading é grande distorsão em
amplitude e em frequência.
O “FADING” SELECTIVO
DA ZONA PRÓXIMA À ZONA DISTANTE (1)
Na zona próxima
O nível do sinal recebido por onda ionosférica é muito mais fraco do que o sinal
recebido por onda de terra porque:
• A distância percorrida pela onda é muito maior,
• A força cimomotriz para ângulos de fogo perto de é muitopequena.

Conclusão:
No período nocturno, na zona próxima, o sinal recebido por onda de terra
abafa o sinal recebido via ionosfera.
O “FADING” SELECTIVO
DA ZONA PRÓXIMA À ZONA DISTANTE (2)
Na zona distante
• A onda de terra não chega, ou chega demasiado fraca, à zona distante
devido à forte atenuação introduzida pela terra ao longo de todo o
percurso.
• Mesmo tendo em conta que a distância percorrida pela onda ionosférica
é um pouco maior do que a distância percorrida pela onda de terra, o
sinal recebido via ionosfera poderá ser suficientemente forte para ser
captado a longa distância.
• A atenuação introduzida pela ionosfera só acontece numa pequeníssima
parte do percurso percorrido pela onda e é, portanto, muito menor do
que a atenuação introduzida pela terra na onda de terra.
Conclusão:
No período nocturno, na zona distante, o sinal recebido por onda
ionosférica abafa o sinal recebido por onda de terra.
O “FADING” SELECTIVO
DA ZONA PRÓXIMA À ZONA DISTANTE (3)

Na zona intermédia
• Os dois sinais, recebidos por onda de terra e por
onda ionosférica, são da mesma ordem de
grandeza e, por terem fases diferentes e aleatórias,
interferem-se provocando uma distorção tão forte
que impossibilita a recepção.
Conclusão:
No período nocturno, numa vasta parte da zona
intermédia não há possibilidade de recepção.
COBERTURA DE MOÇAMBIQUE EM O.M. (1)
• Os Emissores Provinciais da RM radiodifundem emissões
provinciais em O.M. mas, durante o período diurno em
que a propagação é feita por onda de terra, não cobrem
integralmente a província.
• Juntando todas as estações provinciais não se cobre mais
do que 73% do território nacional.
• No período nocturno, beneficiando da cobertura por
onda ionosférica, os EP’s cobrem integralmente as
províncias e também as províncias próximas.
• Em termos globais, os EP’s cobrem à noite todo território
nacional e ainda as regiões próximas dos países vizinhos.
COBERTURA DE MOÇAMBIQUE EM O.M. (2)
COBERTURA DE MOÇAMBIQUE EM O.M. (3)
• Devido à sua grande extensão, a cobertura integral de
Moçambique por onda de terra obrigaria ao
estabelecimento de uma rede com um maior número de
estações.
• Actualmente isto não é tecnicamente viável porque não
existem infraestruturas, em termos de energia eléctrica
e de comunicações, que permitam o aumento da rede.
• A falta de canais disponíveis e a fraca densidade
populacional do país, também são factores que
dificultam o alargamento da rede de emissores de OM.
PROPAGAÇÃO VIA IONOSFERA EM O.M.
Moçambique vs Países Desenvolvidos (1)
Países desenvolvidos
Não estão interessados na propagação via ionosfera, porque:
• A cobertura por onda de terra é encurtada no período nocturno
devido ao “fading” selectivo.
• Muitas estações de OM resultando um nível de interferência
elevado que dificulta a recepção via ionosfera.
• O ruído industrial é muito elevado o que também torna difícil a
recepção.
• Mesmo nas zonas de menor ruído industrial e menor interferência,
o sinal captado via ionosfera não tem qualidade aceitável para os
seus padrões.
• São usadas antenas de h=0,52𝜆 (antenas anti-fading) para reduzir a
intensidade do sinal recebido via ionosfera.
PROPAGAÇÃO VIA IONOSFERA EM O.M.
Moçambique vs Países Desenvolvidos (2)
Moçambique
Nesta fase de desenvolvimento, há grande interesse na propagação via
ionosfera, porque é um meio económico para cobrir zonas distantes onde
não chega a onda de terra, e viável tendo em conta que:
• A cobertura de zonas extensas distantes, algumas delas de fraca
densidade populacional, por onda de terra em OM ou por onda directa
em VHF FM, é economicamente impraticável.
• Não há grande interferência de outras estações de rádio.
• O nível de ruído industrial é muito baixo.
• Embora encurte a cobertura por onda de terra no período nocturno, há
um grande ganho devido às largas extensões a longa distância cobertas
via ionosfera.
• A qualidade não é tão boa como a conseguida por onda de terra mas é
aceitável e melhor do que nada.
Como seleccionar a antena quando se pretende
a cobertura por onda de céu

Exemplo prático
O Emissor Provincial da RM em Lichinga cobre, por onda
de terra, até 100 Km de distância. Pretende-se cobrir o
resto da província (máxima distância à fronteira = 350
Km), no período nocturno, por onda ionosférica.
• Fazendo o cálculo com o gráfico de transmissão via
ionosfera, admitindo a camada E a uma altitude média
de 110 Km, conclui-se:
d = 100 Km ⟹ 𝜽 = 65º
d = 350 Km ⟹ 𝜽 = 32º
Gráfico de propagação via ionosfera
Vantagem evidente para a antena de h=𝜆/4
Porque não se usa a antena de h=0,625𝜆?
Porque o lobo secundário possibilita a propagação por onda
ionosférica a um ângulo muito elevado, o que vai provocar
interferência numa vasta região coberta pela onda de terra

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