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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE ENGENHARIA ELÉTRICA E INFORMÁTICA


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

Propagação Ionosférica
Alisson Teles Cavalcanti
Disciplina: Antenas e Propagação
Curso: Engenharia Elétrica
Introdução: Ionosfera
● Localização: 50 - 600 km de altura

● Baixa pressão -> elétrons livres e íons positivos -> longo período de tempo

● Ionização por absorção de energia e por colisão de partículas

● Causa principal: irradiação do Sol no espectro não visível (raios ultravioleta, raios X,
raios gama)

● Eion varia de acordo com o gás. Só há ionização se a energia recebida for maior:

onde h é a constante de Planck e f é a frequência do sinal


Introdução: Ionosfera
● É mais conveniente utilizar o
comprimento de onda em nm e a
energia em elétron-volt

● Necessários comprimentos de onda


< 100 nm. Luz visível: 300 e 800
nm
● Intensidade depende do ciclo solar,
hora do dia, estação do ano, etc
Camadas ionosféricas
● Divisão baseada na
densidade de elétrons
livres
● Densidade cresce com a
altura mas não de forma
contínua
● Divisão em camada D,
camada E e camada F (F1
e F2)
Camadas ionosféricas - D
● Mais próxima do solo e a menos energética, entre 50 e 90 km de altitude
● Formada ao amanhecer e decaimento a partir do meio dia, valor pequeno à noite
● Pequeno efeito de desvio e de atenuação nas ondas de rádio de alta frequência
● Absorve completamente as de baixas e médias frequências, sem as refratar
Camadas ionosféricas - E
● 90 e 140 km com similaridade de comportamento com a camada D
● Ápice ao meio-dia e queda no pôr do Sol.
● A densidade de elétrons já é capaz de refletir de volta à Terra as ondas de rádio de HF
● Camadas E esporádicas
○ Intermitentes
○ Espessura 1 ou 2 km
○ Comprimento superior a 1000 km
○ Elevadíssima ionização
○ Forte reflexão f < 100 MHz
Camadas ionosféricas - F (F1 e F2)
● Entre 160 a 600 km
● Durante o dia, divide-se nas camadas F1, (parecida com a E), e F2, que possui
características da camada F não dividida
● À noite, na ausência de qualquer radiação ultravioleta direta do sol, as camadas D e E
tendem a se extinguir, a camada F2 desce e
combina-se com a F1 para formar a F noturna,
a cerca de 240 km de altitude
● mais utilizada nas comunicações a
longas distâncias (> 2400 km).
Densidade Ionosférica e frequência
● Densidade de ionização
determina radiocomunicações a
longa distância
● Quanto mais alta a frequência
maior será a densidade de
ionização necessária para refletir
as ondas de volta à Terra
● Frequências mais altas são
refratadas por camadas
superiores
Frequência do plasma
● Para que uma onda eletromagnética penetre em um meio ionizado, sua pulsação deve ser
maior do que a pulsação de plasma do meio em questão e, portanto, este se comporta como
um filtro passa-altas. Por exemplo, a ionosfera, que se comporta como um plasma, permite
que os sinais de satélite considerados sinais de alta frequência passem, mas reflete ondas
de rádio que têm frequências mais baixas do que a frequência do plasma desse meio.

● onde n é a concentração de elétrons, e é a carga elementar, m é a massa de um elétron e 𝜺0


é a constante dielétrica.
Frequência do plasma e refração
● Sinal incidente avançará no meio até que sua frequência fique igual à frequência do plasma
daquela altitude. Nesse ponto, ocorrerá a reflexão total e o sinal retorna à Terra.
● Uma medida do tempo de ida e volta do sinal permite determinar a distância em que
ocorreu a reflexão. O conhecimento do valor da frequência do plasma permite que se
determine a concentração de elétrons no ponto de reflexão. Com isso determina-se uma
altura aparente na qual ocorre a reflexão, valor definido como altura virtual.
Modelo para a refração ionosférica
T: ponto de transmissão do sinal
R: ponto de recepção do sinal
𝜭: ângulo de partida do sinal
𝝓: ângulo do sinal com a normal no ponto
de início do meio ionizado
𝝓’: ângulo do sinal refletido com a normal
no ponto de reflexão
h: altura onde inicia-se o meio ionizado
z: altura até o ponto onde o sinal é refletido
em sua trajetória aparente
hv: altura virtual
a: raio da Terra
Ciclos da Ionosfera e densidade de ionização
● Variação Diurna: A variação
mais perceptível da densidade
iônica ocorre entre o período
diurno e noturno,
acompanhando o curso solar.
As camadas são formadas e se
desfazem ou se combinam
obedecendo a este ciclo diário.
Ciclos da Ionosfera e densidade de ionização
Ciclos da Ionosfera e densidade de ionização
● Variação Estacional: devida à mudança do ângulo de incidência dos raios solares pela
variação da sua posição relativa do Sol.
● Variações de 11 anos das manchas solares: devido ao ciclo solar que influenciam,
particularmente, na quantidade de radiação ultravioleta e, consequentemente, na extensão
da ionização das camadas causada por este tipo de radiação.
● Variações 27 dias das manchas solares: Também é devido às atividades das manchas
solares e resulta da rotação do sol em torno de seu próprio eixo, que dura cerca de 27 dias.
Ciclos da Ionosfera e densidade de ionização
● Atividade solar: em explosões solares, a matéria e energia ejetadas do Sol ioniza de forma
abrupta e intensa a ionosfera, causando os chamados “radio blackouts”, que interrompem
quase que completamente as comunicações na área atingida, já que a ionosfera atuará de
forma a atenuar e não refratar as ondas.
Refração Ionosférica
● Diversas camadas consideradas como sendo homogêneas, mas não o são
● Densidade varia continuamente -> índice de refração também
● A refração na ionosfera é um fenômeno acumulativo de acordo com o caminho da onda
● A depender do ângulo de incidência do sinal na ionosfera e de sua frequência, este sinal
pode ser completamente refletido de volta ou se perder no espaço.
Refração Ionosférica - saltos ou “hops”
● Ao retornar à Terra, o sinal pode ser refletido novamente, ocorrendo os chamados “saltos”
ou “hops”. Pode haver necessidade de um ou mais desses saltos para que o sinal consiga
chegar até o receptor.
● Parte da energia da onda é dissipada sob a forma de calor em cada reflexão
● Perda depende das características eletromagnéticas do meio e do ângulo de incidência.
● Mar: atenuação de 2dB
● Solos de condutividade média: entre 3 dB e 5 dB
● Solos de menor condutividade: superior a 10 dB
Seleção de Frequência de Transmissão
● Ângulo Crítico:
aquele a partir do
qual o sinal não
sofrerá refração
suficiente para
retornar à Terra e,
portanto, se perderá
no espaço.
Seleção de Frequência de Transmissão
● MUF - Maximum Usable Frequency ou máxima frequência utilizável, que é dada por:

onde 𝞈max é a frequência máxima do plasma, a é o raio da Terra, hv é a altura virtual e 𝜭 é o


ângulo de partida do sinal.
Seleção de Frequência de Transmissão
● MUF - situações-limite
a. quando a trajetória do sinal é tangente à
superfície da Terra (𝜭 = 0)
b. quando o sinal tem trajetória vertical (𝜭
= 90º). Estes valores são dados por:

sendo Nemáx a máxima concentração de elétrons na


ionosfera e esse limite inferior conhecido como MUF
de quilômetro zero.
Seleção de Frequência de Transmissão
● LUF e FOT
● Preferencialmente deve-se usar a máxima frequência possível, considerando-se a MUF
● Como seu valor não é plenamente conhecido o tempo todo, pode-se usar frequências mais
baixas, porém com aumento do ruído e necessidade de maior potência
● LUF (de Lower Usable Frequency). Depende: atenuação na trajetória, dos níveis de
ruído da atmosfera e das características dos equipamentos empregados (sensibilidade do
receptor, potência irradiada, ganho das antenas, etc.).
● FOT - frequência ótima de trabalho, válida em mais de 90% dos dias do mês. Para as
reflexões na camada F2, a FOT situa-se em torno de 80% a 85% do valor da máxima
frequência de utilização.
Previsão e verificação da propagação ionosférica
● Uso da faixa HF diminuiu - satélites, HF, VHF, etc
● Ainda é utilizada pelos Radioamadores, serviço aéreo e marítimo, radiodifusão e militar
(radar OTH)
● Dificuldade na determinação teórica eficaz das condições presentes e futuras
● Ferramentas computacionais - VOACAP, WSPR
Previsão e verificação da propagação ionosférica
● VOACAP (Voice of America Coverage Analysis Program)
● Permite prever a perda de caminho e a cobertura a partir do ponto de transmissão e do
ponto de recepção sobre a superfície terrestre,
● Resultado de mais de meio século de pesquisas
● Escrito em Fortran, foi originalmente projetado para a Voice of America e é de livre uso,
tendo seu código fonte disponível gratuitamente.
● Permite a criação de gráficos detalhados e mapas de cobertura de área para 22
parâmetros determinantes da propagação, como
● https://www.voacap.com/hf/
Previsão e verificação da propagação ionosférica
● VOACAP (Voice of America Coverage Analysis Program)
● Permite prever a perda de caminho e a cobertura a partir do ponto de transmissão e do
ponto de recepção sobre a superfície terrestre,
● Resultado de mais de meio século de pesquisas
● Escrito em Fortran, foi originalmente projetado para a Voice of America e é de livre uso,
tendo seu código fonte disponível gratuitamente.
● Permite a criação de gráficos detalhados e mapas de cobertura de área para 22
parâmetros determinantes da propagação, como
● https://www.voacap.com/hf/
Previsão e verificação da propagação ionosférica
● WSPR: Weak Signal Propagation Reporter.
● Projetado para sondar possíveis caminhos de propagação usando baixa potência.
● Carrega o indicativo da estação transmissora, um código localizador e a potência do
transmissor em dBm.
● Possível decodificação com SNR > -31 dB (2 min TX) ou até -45 dB (30 min TX)
● Relatórios de recepção ⇒ WSPRnet, (mapeamento, processamento)
● A partir dos dados coletados, pode-se observar o comportamento da ionosfera em tempo real.
● https://wspr.live/gui/d/BpzJBzRVk/live-world-view?orgId=1&refresh=1m
● http://lu7aa.org/dx.asp?por=H&tz=0&be=&multiplecalls=Select&scale=Lin&bs=A&ca
ll=PT2FHC&band=All&timelimit=1209600&sel=0&t=m&vl=
● http://158.174.17.55:8073/
Grato pela
paciência!

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