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14
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Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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Revisora das Normas da ABNT
Verônica Pinheiro da Silva
1. Energia. 2. Ondas. 3. Campo elétrico. 4. Campo Magnético. I. Jafelice, Luiz Carlos. II. Título
ISBN 978-85-7273-377-9
CDD 333.79
RN/UF/BCZM 2007/53 CDU 620.91
Copyright © 2007 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da
UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Apresentação
D
ando continuidade ao nosso estudo sobre as fontes energéticas, enfatizaremos, nesta
aula, as fontes alternativas de energia. Apresentaremos, inicialmente, as formas nas
quais a energia se encontra disponibilizada por tais fontes, para, em seguida, estudar
as tecnologias de transformação em outras formas de energia, bem como as maneiras de
utilização destas pelo consumidor final (indústria, comércio, pessoa física).
Trataremos, então, das fontes ditas alternativas, tais como: energia eólica, energia
solar térmica, energia solar fotovoltaica, energia das ondas do mar e energia das
marés. Daremos destaque, também, aos possíveis problemas ambientais decorrentes
da disseminação dessas fontes de energia. Como veremos, estes praticamente inexistem
– quando a implantação dessas fontes é corretamente conduzida –, em comparação àqueles
causados por outros tipos de fontes energéticas.
Ao longo desta aula, sempre que for conveniente, nos basearemos em situações-
problema (por meio de exemplos e de atividades) que envolvam os processos tecnológicos
empregados na utilização dessas fontes de energia. Ao resolvê-las, você poderá verificar seu
aprendizado em relação ao conteúdo estudado, interpretando e criticando os resultados.
Objetivos
Reconhecer e compreender as principais fontes
1 alternativas de energia.
N
esta aula, iniciaremos o estudo das fontes alternativas de energia. Dizemos “fontes
alternativas” em contraponto às fontes tradicionais, como os combustíveis fósseis
(petróleo, gás e carvão mineral), a hidroeletricidade e a energia nuclear. Tendo em
vista que ainda não se tem perspectiva de implementação no país de fontes energéticas
alternativas como energia do hidrogênio, pilhas a combustível e magneto-hidrodinâmica,
não as abordaremos nesta disciplina. Os interessados, contudo, poderão obter maiores
informações sobre estas em Tolmasquim (2003) e em outras fontes bibliográficas
impressas ou eletrônicas.
Nesse sentido, as fontes alternativas de energia terão participação cada vez mais
relevante na matriz energética mundial. Estimativas apontam que tais fontes devem
contribuir com cerca de 10% da demanda total, no final da próxima década. Devido à sua
grande variedade, daremos ênfase àquelas que se apresentam com maior potencial de
aproveitamento em nosso país.
A
energia eólica é a fonte energética proveniente do aproveitamento da energia cinética
dos ventos, cujo agente de renovação é uma parcela da radiação solar recebida
continuamente pala Terra. Dessa forma, podemos dizer que os ventos representam,
de forma indireta, uma das diversas nuanças da energia solar.
Atividade 1
Descreva a seqüência de transformações de energia que ocorre em um moinho
de vento utilizado para bombear água.
sua resposta
a b c
Figura 3 - (a) Pequeno cata-vento; (b) aerogerador moderno; (c) fábrica de aerogeradores.
1
P = ρ · CP · η · A · v 3
2
50
40
Capacidade acumulada (GW)
30
20
10
0
1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006
Q
uando nos referimos à energia solar térmica, estamos tratando do aproveitamento
da energia solar por dispositivos que transformam diretamente a radiação solar
em energia térmica. Nos processos de aproveitamento da energia solar em energia
térmica, são utilizados vários tipos de dispositivos, tais como os coletores planos, coletores
concentradores, secadores de grãos e destiladores de água.
Daremos ênfase, então, ao estudo dos coletores planos por serem os mais utilizados em
nosso país, predominantemente, em instalações para aquecimento de água que funcionam
com temperaturas inferiores a 60° C. Nesse sentido, são encontrados em residências,
edifícios, escolas, piscinas e pré-aquecimento industrial. Uma vez que tais coletores geram
a energia térmica que antes era provida pelo uso de eletricidade, diz-se que esse processo
é entendido como geração virtual de energia elétrica – perceba que nesses casos não há,
de fato, a transformação de energia solar em energia elétrica, apenas ocorre que a energia
solar coletada é utilizada para desempenhar tarefas (como o aquecimento da água de um
banho, por exemplo), que normalmente são realizadas às custas de energia elétrica (como o
aquecimento da resistência elétrica, em um chuveiro elétrico, por exemplo).
a b
3
10
2) caixa externa com isolação térmica para minimizar as perdas de calor para o
meio ambiente;
Esse tipo de instalação funciona como um sifão: a água fria da caixa d’água (3) desce
através do cano (4) e entra na caixa externa (2) através da entrada (5) e, pela saída (7),
desce para o coletor. Ao ser aquecida, a água torna-se menos densa e, então, sobe para a
parte superior da caixa externa, pela entrada (6). Pela saída (8), a água quente é liberada
para o consumo. O cano (10) serve para evitar excesso de pressão no sistema e a saída (9)
é utilizada quando se deseja usar água fria.
O componente principal desse tipo de sistema é o coletor solar, cuja finalidade é absorver
a energia proveniente do Sol na forma de onda eletromagnética e transformá-la em energia
térmica, a qual, então, é usada para elevação da temperatura da água. O coletor consiste
essencialmente de uma serpentina feita com um tubo metálico pintado de preto, através do
qual circula a água a ser aquecida. Tal serpentina é soldada a uma chapa metálica, denominada
placa coletora, também pintada de preto. O conjunto (serpentina + placa coletora) é colocado
numa caixa isolada termicamente na parte inferior e tampada com vidro na parte superior,
por onde penetra a radiação solar.
Tampa de vidro
Placa coletora
Serpentina
Isolante térmico
Caixa
1800
1600
Área Instalada por ano (mil m2)
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
Ano Brasil Eu
sua resposta
A
energia solar fotovoltaica constitui uma forma que aproveita a energia solar para
transformá-la diretamente em energia elétrica. Essa forma de aproveitamento
começou na década de 50 do século passado, quando as células solares foram
utilizadas como sensores de radiação luminosa. Com a corrida espacial, as pesquisas e
o desenvolvimento dessa forma de produção de energia tiveram grande sucesso, quando
passou a ser a principal fonte energética dos satélites artificiais, atendendo às suas
necessidades operacionais e de comunicação.
No estado tecnológico atual das células solares, as mais eficientes são aquelas
fabricadas de silício monocristalino (Si). No entanto, ainda são fabricadas células solares
de vários materiais, como silício amorfo (a-Si), telureto de cádmio (Cd-Te) etc. A Figura
8, a seguir, mostra a evolução da eficiência das células solares fabricadas com materiais
diferentes, desde 1950 até o ano 2000.
25
Si
CIGS
20 CdTe
a-Si
Cu2S
15
Eficiência (%)
10
0
1950 1960 1970 1980 1990 2000
Ano
Observe que a eficiência das células de Si evoluiu nesse período, indo de 1%, no início
da década de 1950, até chegar aos 25%, no ano 2000; e ainda manteve um patamar em torno
de 8% de eficiência absoluta sobre aquelas fabricadas com outros materiais.
A Figura 9(a) mostra, de forma esquemática, uma célula solar construída de silício
monocristalino. Nela, podemos destacar os elementos descritos logo a seguir.
Fonte: <http://www.cresesb.cepel.br/tutorial/tutorial_solar.htm#item-4>.
Contato Frontal
n Silício tipo “n” – placa de silício monocristalino na qual foi adicionada, como impureza,
uma pequena percentagem de átomos de fósforo, (P), resultando no chamado silício
tipo-n, o qual, devido às impurezas colocadas, deixa de ser mau condutor de eletricidade
e passa a conduzir eletricidade pela presença de elétrons livres.
n Silício tipo “p” – placa de silício monocristalino na qual foi adicionada, como impureza,
uma pequena percentagem de átomos de boro, (B), resultando no chamado silício tipo-
p, o qual, devido às impurezas colocadas, deixa de ser mau condutor de eletricidade e
passa a conduzir eletricidade pela ausência de elétrons, que, neste caso, são chamados
buracos e possuem carga positiva. Nesse tipo de condução elétrica, “os buracos se
movem” em sentido contrário ao dos elétrons.
n Junção “pn” – região da união do silício tipo-n e tipo-p, onde elétrons se misturam com
os buracos, isto é, onde cada elétron livre – antes do lado “n” – neutraliza um buraco
do lado p. Logo, o acúmulo de elétrons do lado p e a falta deles do lado n cria uma
diferença de potencial, que cresce até chegar a um determinado valor e permanece
constante quando o equilíbrio é alcançado.
n Contato frontal – camada metálica depositada sobre o lado “n” da célula; apresenta a
forma de grade para que a radiação incidente possa penetrar e atingir a junção. Tem como
função fazer a ligação elétrica da célula com o dispositivo que se quer energizar.
n Contato de base – camada metálica depositada sobre o lado “p” da célula; apresenta
a forma de grade para que a radiação incidente possa penetrar e atingir a junção. Tem
como função fazer a ligação elétrica da célula com o dispositivo que se quer prover de
energia elétrica.
A potência gerada pela célula fotovoltaica pode ser determinada, facilmente, a partir das
medidas da diferença de potencial e da corrente fornecida ao dispositivo, bastando para isso
fazer o produto dessas duas grandezas, isto é:
P = V · I,
Uma célula solar típica de silício é capaz de fornecer uma diferença de potencial elétrico
de 0,5 volts e gerar uma corrente entre 30 e 60 miliampères. Para se obter maiores tensões
(diferença de potencial), várias dessas células são associadas em série. Por exemplo, para
carregar uma bateria de 12 volts, em geral, são associadas em série cerca de 30 células,
formando um painel solar, conforme mostrado na Figura 10(a); e quando se quer que a carga
seja rápida, isto é, que uma maior corrente elétrica seja fornecida à bateria durante a carga,
associa-se em paralelo vários desses painéis, conforme vemos na Figura 10(b).
a b
Atividade 4
Descreva a seqüência de transformações de energia que ocorre desde a captação
por uma célula fotovoltaica até seu consumo por um televisor.
sua resposta
As ondas do mar são originadas pelos ventos, os quais, por sua vez, têm origem na
radiação solar, conforme já explicamos no início desta aula. Já as marés – movimento
periódico das águas do mar, no qual estas se elevam e se baixam em relação a um nível de
referência fixado no solo – são produzidas pela ação gravitacional conjunta da Lua e do Sol
e, ainda, pelo movimento de rotação da Terra.
uma expressão para o fluxo de energia por unidade de frente de onda. Usando a teoria
linear de onda (o que é em geral justificado enquanto a onda não quebra) e considerando
a onda em águas profundas (profundidade H maior do que a metade do comprimento
de onda, λ/2 ), tem-se que o fluxo de energia de uma onda senoidal, por unidade de
frente de onda, é dado por:
ρ · g2 2 ,
P = H ·T
32π
A partir dessa expressão, podemos fazer estimativas para o fluxo de energia das ondas
de uma determinada região da costa brasileira. Porém, essas estimativas serão apenas de
utilidade teórica, pois, ainda segundo Tolmasquim (2003), quando é levado em conta o mar
real, onde características das ondas como altura, período e direção não são consideradas
constantes, mas variáveis aleatórias, a potência, por unidade de comprimento da frente de
ondas, deve ser determinada pela expressão:
2
P (kW/m) = 0, 49HS · TS ,
Solução
Dado que o fluxo de energia por unidade de frente de onda pode ser calculado por:
ρ · g2 2
P = H ·T,
32π
1.000 · 9, 82
P = · 1, 52 · 8 = 17.204, 6 W/m ∼
= 17, 2 kW/m.
32 · 3, 14
Atividade 5
Determine a potência, por unidade de comprimento da frente de ondas, para os
dados do exemplo 1, levando em conta a situação de mar real.
b
a
entrada de ar saída de ar
Turbina
gerador
Deslocamento
das ondas
n o movimento oscilatório das ondas produz uma variação para cima e para baixo do nível
n com essas variações de pressão, o ar é forçado a passar pela turbina pneumática e gira
seu eixo, que está conectado a um gerador de energia elétrica;
n um sistema de válvulas controlado de forma sincronizada permite que seja gerada
energia tanto nas compressões como nas rarefações do ar contido na câmara.
Figura 12 - (a) Esquema de uma barragem; (b) barragem para aproveitamento da energia das marés.
n na maré alta, devido ao desnível da água entre o mar e a barragem, a água passa,
através de uma turbina, do mar para a barragem, enchendo seu reservatório;
n a turbina tem seu eixo ligado a um gerador que, por sua vez, produz energia elétrica;
n na maré baixa, devido ao desnível da água entre a barragem e o mar, a água passa, através
n a turbina tem seu eixo ligado a um gerador que, por sua vez, produz energia elétrica.
Como sabemos, o Brasil possui um litoral com mais de 9.000 quilômetros de extensão.
Considerando-se apenas as regiões Sul e Sudeste, por exemplo, estima-se que exista um
potencial energético de cerca de 40 GW. Dessa forma, entendemos que o aproveitamento
da energia das ondas do mar é uma das fontes mais promissoras dentre aquelas que serão
responsáveis pelo suprimento de energia em nosso país.
Auto-avaliação
Descreva a seqüência de transformações de energia que ocorre em um cata-vento
1 utilizado para gerar energia elétrica, desde a energia cinética dos ventos até o
consumo da energia por uma lâmpada.
Considere que na costa do Rio Grande do Norte os valores típicos para as ondas
2 são: altura média, H, da ordem de 1,2 metros, e período, T, de aproximadamente
6 segundos.
a) Determine o valor teórico do fluxo de energia por unidade de frente de onda.
a) Estime o número médio de watts que pode ser fornecido por quilômetro,
devido às marés, no trecho costeiro das regiões mencionadas.
b) Suponha que essa mesma média é a que pode ser obtida através de toda a
costa brasileira e estime o potencial energético total que o Brasil pode extrair
das marés.
sua resposta
a)
b)
c)
d)
3.
a)
c)
d)
1) A esta altura da disciplina, quase em seu final, é oportuno você rever a proposta inicial
dela e consolidar aquilo que fomos construindo ao longo das aulas.
Agora, você deve estar bem mais familiarizado(a), por exemplo, com o conceito de
energia em Física e teve oportunidade de exercitar em várias situações o olhar da energia.
Reveja o que denominamos “olhar da energia” na aula 1 (Energia em Física).
Faça um relato sucinto para descrever o tópico “fontes alternativas de energia”, que
estudamos na presente aula, segundo a perspectiva de um “olhar da energia”.
sua resposta
b) Identifique quais daquelas formas de energia classificamos, nas últimas aulas, como
fontes tradicionais e quais identificamos como fontes alternativas.
Note que não há nenhuma relação direta entre tipos de “formas” e tipos de “fontes”.
Se você não conseguir identificar algumas dessas fontes naquele mapa, inclua o que
estiver faltando no mapa que você reproduziu no espaço anterior.
c) Analise onde e como você incluiria nesse mapa os combustíveis fósseis (petróleo, gás e
carvão mineral) e a hidroeletricidade. Faça essa inclusão no mapa anterior.
Por exemplo, analise como você relacionaria energia solar e energia eólica nesse mapa.
Mas essa energia solar é a térmica ou a fotovoltaica? Como você diferenciaria essas duas
últimas formas no mapa?
e) Analise como você incluiria nesse mapa as outras fontes alternativas de energia (das
ondas do mar, do hidrogênio, pilhas a combustível e magneto-hidrodinâmica) e, em
seguida, faça tais inclusões.
f) Explique a seguir as inclusões que você fez (de forma diagramática) no mapa anterior e
o porquê de tê-las feito dessa forma (e não de outra).
Referências
ACIOLI, José de Lima. Fontes de energia. Brasília: Ed. UnB, 1994.
BRANCO, Samuel Murgel. Energia e meio ambiente. São Paulo: Moderna, 2000.
YOUNG, H.; FREEDMAN, R. A. Física IV: ótica e física moderna: Sears e Zemansky. 10. ed.
São Paulo: Addinson Wesley, 2003.