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Horas Mortas - Cesário Verde

Em «Horas Mortas», o sujeito poético deambula por uma cidade às escuras onde na madrugada,
sobressai a violência e a insegurança. As ruas estão todas elas vazias, o sujeito poético apenas vê os
bêbados (vv. 31-32), os cães raivosos e doentes (vv. 35-36), os guardas noturnos (vv. 37-38) e as
prostitutas (v. 39), este sente-se aprisionado, como se se tratasse de uma cidade prisão e como tal, tem
uma enorme vontade de fugir e o desejo de viver num lugar de perfeição.

1- O título desta obra é «Horas mortas» porque a ação decorre nas mais altas horas da madrugada,
quando todos dormem e as ruas estão desertas. E também porque a obra destaca muito a morte e a
doença.
2.- A escuridão e o silêncio que há na cidade permitem ao sujeito poético estar atento aos estímulos
sensitivos. Estes estímulos fazem o sujeito poético sentir-se vivo enquanto anda pela cidade. Exemplos
de estímulos visuais: "vêm lágrimas de luz" (v.3), estímulos auditivos: "um parafuso cai nas lajes" (v.6),
“Pois, sobem, no silêncio, infaustas e treinadas/ As notas pastoris de uma longínqua flauta.” (vv. 12-13),
“Cantam de braço dado, uns tristes bebedores” (v.32), estímulos olfativos: "e nestes nebulosos
corredores/ nauseiam-me, surgindo, os ventres das tabernas" (vv. 29-30).

3- A cidade é vista de uma maneira distorcida e fantasmagórica, tal como se pode verificar, por exemplo
nos versos “Vêm lágrimas de luz dos astros com olheiras.” (v.3). O autor recorre ao uso destas expressões
para mostrar como está angustiado e como a cidade o faz sentir prisioneiro.

4-O sujeito lírico deseja viver eternamente e alcançar a perfeição das coisas, como podemos ver nos
versos 13-14: "Se eu não morresse, nunca! E eternamente/ Buscasse e conseguisse a perfeição das
cousas!".

5-O sujeito poético menciona os descobrimentos, passado épico dos portugueses, como vemos nos
versos 22 "e as frotas dos avós, e os nómadas ardentes" projetando os num futuro épico "nós vamos
explorar todos os continentes/e pelas vastidões aquáticas seguir!" (vv. 23-24).

6-Dois aspetos estilísticos e linguísticos que conferem sublimidade à expressão do imaginário épico são,
por exemplo, as frases exclamativas e o uso das interjeições, que conferem um tom mais emotivo como
em "E pelas vastidões aquáticas seguir!" (v24) e o uso da primeira pessoa do plural.

7-No início o sujeito poético mostra-se bastante eufórico, face á realidade, mostra-se impressionado com
os portões das propriedades que vê, mas depois apercebe-se do desequilíbrio social e é então que o
seu estado de espírito muda devido ao aprisionamento que a cidade lhe causa. Podemos nos aperceber

HORAS MORTAS | Carolina Silva


disso “no vale escuro das muralhas” (v.6), “prédios sepulcrais” e também “Julgo avistar, na treva, as folhas
das navalhas/ E os gritos de socorro ouvir, estrangulados.” (vv.27-28).

8- a) personificação e hipálage;
b) comparação;
c) enumeração;
d) hipérbole;
e) adjetivação;
f) uso expressivo do advérbio.

8.1- O uso expressivo do advérbio coloca a cor em primeiro lugar e só depois o objeto em si "os cães".
(Técnica típica do impressionismo).

9- O poema “O sentimento dum ocidental” é uma obra que está dividida em quatro partes e que segundo
as marcas do género épico, Cesário Verde faz várias críticas e também louvores às qualidades e ao
potencial dos lusitanos. A nível coletivo, o povo sente-se inspirado pela obra para realizar feitos tal como
nossos antepassados e a nível individual, cada português sente também orgulho e inspiração com esta
obra.

HORAS MORTAS | Carolina Silva

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