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Implante:
Considerações Cirúrgicas
para Implantodontia
Implante

Thomaz Wassall
Professor Doutor do Programa de Mestrado em
Odontologia do C.P.O.
São Leopoldo Mandic/Campinas - S.P.

© 2002

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Implante
Considerações Cirúrgicas
para Implantodontia

© 2002
Thomaz Wassal

Coordenação editorial
Haroldo J. Vieira

Projeto gráfico
Eduardo de Paula Costa - “Kabello”

Revisão
Ana Lúcia Zanini Luz

Impressão
Sistema digital

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro poderá


ser reproduzida sem a permissão prévia do Editor.

ISBN-85-7288-386-X

© 2002

Livraria e Editora Santos


Rua Dona Brígida, 701 – Vila Mariana – 04111-081 – São Paulo – SP
Tel:(11) 5574-1200 – Fax: (11) 5573-8774
e-mail: editorasantos@terra.com.br

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SUMÁRIO

Capítulo 1: Ficha Clínica para Implantodontia ...................................... 7

Ruth Helena da Silveira Pedreira


(Professora Assistente do CPO São Leopoldo Mandic)

Capítulo 2: Paramentação Cirúrgica ...................................................... 23

Thomaz Wassall (Professor Doutor do Programa de Mestrado


em Odontologia do CPO São Leopoldo Mandic)

Ruth Helena da Silveira Pedreira (Professora Assistente do CPO São

Leopoldo Mandic)
Capítulo 3: Matriz Dérmica Acelular - Considerações Gerais ........... 33

Thomaz Wassall (Professor Doutor do Programa de Mestrado

em Odontologia do CPO São Leopoldo Mandic)


Referências Bibliográficas ...................................................................... 47

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Capítulo 1

Capítulo 1
Ficha Clínica para
Implantodontia

Ruth Helena da Silveira Pedreira

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INTRODUÇÃO

A ficha clínica odontológica do paciente possui sua importância


não só para controle, organização e otimização do atendimento
odontológico, mas também por funcionar como um documento legal
perante a justiça. Tal documento pode, quando bem elaborado e preen-
chido, funcionar como instrumento de defesa do profissional em even-
tuais problemas jurídicos. No entanto, se sua elaboração e preenchi-
mento estiverem equivocados esta poderá funcionar de modo prejudi-
cial. Feitas estas ressalvas começa-se a entender a real importância des-
te documento tão negligenciado nos consultórios odontológicos.
A elaboração de uma ficha clínica deve possuir uma seqüência ló-
gica e conter uma organização tal que facilite seu manuseio por parte
do profissional e permita perfeita compreensão e facilidade de preen-
chimento por parte do paciente.
Em sua elaboração os excessos devem ser evitados para que não se
criem redundâncias. Deseja-se algo rápido, prático e de conteúdo. Uma
ficha muito extensa leva ao desinteresse do paciente e isto faz com que,
por muitas vezes, o mesmo preencha-a de maneira irresponsável.
A seguir, um modelo de ficha clínica odontológica direcionada a
Implantodontia é apresentado. Este modelo de ficha clínica tem sido usa-
do na área de Implantodontia do Centro de Pesquisas Odontológicas São
Leopoldo Mandic, Campinas-SP. Sua apresentação será realizada em
partes, onde serão realizados comentários pertinentes em cada tópico.

Parte I – Identificação do Paciente


Esta parte da ficha clínica destina-se à apresentação do indivíduo e
ao registro de informações pessoais do mesmo.
É interessante que se deixe um cabeçalho para a identificação do
logotipo ou nome do profissional em todas as páginas da ficha clínica.
Seria prudente que ao final de cada página o indivíduo colocasse a
data e sua assinatura por extenso, uma vez que a ficha clínica é um
importante documento legal.

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O trabalho com esquemas de cores diferentes no decorrer da ficha
clínica é um recurso facilitador do entendimento das informações tanto
para quem lê, quanto para quem preenche. A cada mudança de tópico
pode-se alterar a cor das caixas texto. Esta informação visual além de
facilitar ajuda a quebrar o aspecto burocrático desta tarefa. O paciente
neste sentido sente-se mais estimulado a realizar tal tarefa.
A tendência atual dos negócios é facilitar, não desperdiçar tempo
e agilizar as tarefas; e é exatamente isto que este modelo de ficha clí-
nica propõe.
O esquema a seguir exemplifica a seção de identificação da fi-
cha clínica:

LOGOTIPO
Nome do paciente
Endereço | Número
Complemento | Bairro
CEP | Cidade/UF
Data de Nascimento | Sexo
Naturalidade | Nacionalidade
RG | CPF
Estado civil | Cor da pele
Profissão | Responsável legal
Data | Assinatura

No caso do indivíduo ser menor de idade (abaixo de 18 anos) um


responsável legal deverá assinar em seu lugar. Tanto data como assina-
tura comprovam a veracidade das informações.

Parte II – Ficha Clínica


Inicia-se agora um novo tópico, portanto conforme referido anteri-
ormente pode-se utilizar o recurso da mudança de cor dentro da ficha
clínica. Pode-se utilizar este recurso de cores diferentes mesmo dentro
de um mesmo tópico, ou seja, dentro da mesma área de informação pode-
se lançar mão de cores quando deseja-se ressaltar alguma questão.

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Nesta parte da ficha o objetivo é a obtenção de informações da
condição odontológica atual do paciente. Entende-se condição
odontológica como um todo, ou seja, aspectos técnicos, estéticos e fun-
cionais. Agora fica fácil exemplificar o recurso de cores diferentes. Para
cada item: estético, técnico e funcional utiliza-se a área de preenchi-
mento com uma determinada cor. Tem-se uma leitura visual facilitada.
Na condição atual anota-se a condição clínica de cada dente, seu
estado periodontal e seu padrão de higiene oral.
Nos aspectos estéticos são anotadas informações sobre dentes, li-
nha de sorriso, qualidade gengival etc.
E nos aspectos funcionais informações sobre a oclusão do paciente
são registradas.
Exemplo do esquema de ficha clínica:

CONDIÇÃO ATUAL
Dentes Cariados | Dentes Restaurados
Dentes Ausentes | Endodontia
PPF | PPR
Prótese sobre Implantes | PT
Condição Periodontal | Higiene Oral

ASPECTOS ESTÉTICOS
Cor dos Dentes | Qualidade Gengival
Linha de Sorriso | Papila Interdental

ASPECTOS FUNCIONAIS
Relação Inter Arcos | Sobrepasse Horizontal
Sobrepasse Vertical | Mordida (Cruzada, Aberta)
Curva de Spee | Oclusão (MIH, ORC)
Curva de Wilson | Guia Anterior
Guia Lateral Esquerda | Guia Lateral Direita
Necessidades (Ortodontia, Exodontia, Endodontia Etc.)

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O profissional deve dispensar grande atenção no preenchimento
desta parte da ficha clínica, pois é neste momento em que se registra a
condição na qual o paciente chega ao seu consultório. Em eventuais
problemas legais, este será um de seus respaldos de defesa.
Alguns comentários interessantes podem ser feitos ainda nesta se-
ção. A condição de higiene oral atual do paciente deve ser anotada no
início e comparada no término do tratamento. Esta conduta pode fun-
cionar como um índice de desempenho tanto do profissional como do
paciente. O profissional pode se avaliar criticamente quanto a sua ori-
entação, clareza e motivação para com seu paciente, pois uma vez não
atingido seu objetivo o mesmo deve reavaliar toda a sua conduta. A
educação, isto é, a mudança de comportamento do paciente está direta-
mente ligada a este desempenho profissional. Se o profissional não é
claro, não é motivador, com certeza seu paciente não terá um bom de-
sempenho, portanto o sucesso do tratamento não será alcançado.
A avaliação das características periodontais do paciente (qualida-
de gengival: uma gengiva delgada, espessa, com faixa de mucosa
ceratinizada; papila interdental: uma papila estreita, larga) pode, por
muitas vezes, alterar o planejamento do caso. A avaliação do tecido
mole é parte obrigatória do planejamento dos casos de reabilitação com
implantes osseointegrados.

Parte III – Inspeção intra e extra-oral


Neste momento o profissional deve realizar a avaliação em tecidos
moles para identificação de úlceras, nódulos, vesículas, manchas etc. O
profissional deve realizar palpação de gânglios, músculos, avaliar pre-
sença de bridas, freios, inspecionar oro-faringe.
Toda e qualquer alteração deve ser anotada, exames complemen-
tares devem ser solicitados e encaminhamentos adequados devem ser
realizados. Esta avaliação também faz parte do planejamento do trata-
mento do indivíduo.
Modelo de ficha de inspeção intra e extra-oral:

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Erupções | Amígdalas
Nódulos | Limite Oro-Faríngeo
Manchas | Diastemas
Gânglios | Freios/Bridas
Assimetria Face/Pescoço | Abrasão/Erosão
Exoftalmia | Hipoplasia de Esmalte
Glândulas Salivares | Recessão Gengival
Lábios | Fluxo Salivar
Bochechas | Base de Língua
Língua/Assoalho Bucal | Palato

Parte IV – Sinais Vitais


O consultório deve estar equipado com o mínimo necessário
(estetoscópio, esfigmomanômetro, termômetro) para que durante a
anamnese os sinais vitais sejam avaliados.

Pulso (60-90 bpm) | Freqüência Respiratória


| (15-20 MOV/MIN)
Pressão Arterial (90-130 mm Hg) | Temperatura (36,8° +/- 0,2°C)

Parte V Opções de tratamento


O profissional tem a obrigação de apresentar aos seus pacientes
todas as opções de tratamento possíveis de serem realizadas. Mesmo
que o profissional não realize uma das opções sugeridas é seu dever
informar da possibilidade de realizá-lo mesmo com outro profissional.
Cabe ao profissional oferecer e explicar cada uma das opções pro-
postas. O profissional deve falar sobre o custo/benefício de cada uma
delas. Feito isto o paciente deve datar e assinar abaixo das opções ofe-
recidas, significando que ele entendeu e esta ciente de todas elas.
Tendo esta conduta o profissional tem a certeza de que continua
agindo de maneira ética.

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Modelo da área reservada para as opções de tratamento:

PRIMEIRA OPÇÃO

SEGUNDA OPÇÃO

TERCEIRA OPÇÃO

DATA/ASSINATURA

Parte VI Avaliação de saúde - História Odontológica


Nesta parte o paciente passa a responder perguntas pessoais de
sua vida odontológica. Através de um questionário o profissional con-
seguirá realizar uma retrospectiva da história odontológica do pacien-
te e desta forma obterá mais informações para seu planejamento
Hábitos parafuncionais, desordens temporo-mandibulares, aspec-
tos comportamentais são avaliados nesta seção.

Avaliação de Saúde-História Odontológica

Data da última visita ao dentista?


Número de escovações ao dia?
Quantas vezes utiliza o fio dental?
Há sangramento gengival?
Há mobilidade dentes?
Há estalo, dor ou dificuldades de abrir a boca?
Mastiga dos dois lados?
Tem dores na nuca?
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Tem zumbido no ouvido?
Fuma? Quantos cigarros ao dia?
Com que freqüência consome bebida alcoólica?
Tem resfriados ou sinusite freqüentes?
Tem comportamento para adquirir AIDS?
Aparecem com freqüência aftas, herpes labial ou feridas na boca?
Aperta ou range os dentes?
Possui o hábito de morder lábios, bochechas, unhas ou objetos?
Está contente com a aparência de seus dentes?
O que gostaria de mudar?
Possui alguma prótese?
Quais as suas reclamações com relação à prótese?
Possui algum implante?
O que o levou a pensar em implantes?
Data/assinatura do paciente

Parte VII- Avaliação de saúde - História Médica


Aqui o paciente passa a informar o profissional quanto a sua con-
dição de saúde geral. As perguntas aqui contidas devem ser de fácil
compreensão e deve-se evitar termos excessivamente técnicos.
Aspectos cardiológicos, respiratórios, endocrinológicos, renais,
psiquiátricos, hematológicos, uso de medicamentos etc devem estar
presentes. Uma área deve ser reservada para que o paciente possa adi-
cionar qualquer outra informação que não tenha sido solicitada. Com
base nestas informações o profissional pode solicitar exames comple-
mentares se necessário. Segundo as respostas aqui encontradas pode-
se contra-indicar o ato operatório. Caso necessário realiza-se uma in-
vestigação mais minuciosa a respeito de um determinado problema,
mas de nada adiantará este questionário se o profissional não estiver
habilitado a compreende-lo e interpretá-lo. Isto é estendido para os exa-
mes complementares. O cirurgião dentista deve se capacitar de tal modo
que possa interagir com profissionais da área médica, afim de que um
diagnóstico e plano de tratamento corretos sejam realizados.

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Avaliação de Saúde - História Médica

Tem algum problema cardíaco?


Teve algum problema cardíaco nos últimos seis meses?
Sente cansaço ou dor no peito durante atividade física?
Tem pressão alta?
Tem inchaço nos pés ou nas mãos com freqüência?
Já desmaiou ou teve convulsão?
Tem asma?
Tem bronquite?
Tem alergia a alguma substância ou remédio?
Já teve hepatite? Qual tipo?
Está fazendo tratamento ou controle no momento?
Teve diarréia acompanhada de febre por mais de seis meses?
Tem doença renal crônica?
É diabético?
Faz uso de insulina?
Possui algum problema de glândula tireóide?
Tem anemia?
Já fez algum tratamento de câncer?
Ao se machucar o sangramento demora a parar?
Já fez transfusão de sangue?
Você se considera uma pessoa tensa ou nervosa?
Já fez tratamento psiquiátrico?
Está grávida?
Está usando alguma medicação para o coração?
Está usando algum anti-coagulante?
Está usando algum remédio para a pressão alta?
Está usando algum remédio para dor nas articulações ou reumatismo?
Está usando algum remédio para diabetes?
Está usando algum remédio a base de corticóide?
Está tomando antibiótico?

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Está usando anti-depressivo?
Está usando tranqüilizante ou remédio para dormir?
Está usando algum outro tipo de remédio? Qual?
Há alguma consideração médico-odontológica que você queira relatar?

Ao término deste questionário deve acrescentar:


"Declaro ter preenchido corretamente todos os campos e não ter
omitido nenhuma informação relevante ao tratamento". Acrescentan-
do a data e a assinatura.
Um recurso de grande valia é a utilização de perguntas indiretas
para obtenção de informações sobre determinadas doenças; ou ainda
lançar mão de perguntas parecidas em diferentes momentos do ques-
tionário. Muitas vezes o paciente omite determinado problema, mas
responde positivamente a perguntas indiretas relacionadas a este
mesmo problema.

Parte VIII - Classificação do Estado de saúde


Após as informações do estado médico é possível enquadrar o in-
divíduo ou classificar o seu estado de saúde geral atual. Esta classifica-
ção vai desde um estado saudável, passa por diferentes níveis de restri-
ções e chega até um nível de estado de saúde que impossibilita a execu-
ção da cirurgia.
Simultaneamente a esta classificação o profissional pode traçar o
perfil psicológico do indivíduo. Já nas primeiras consultas o profissio-
nal consegue coletar informações suficientes para traçar este perfil psi-
cológico. O cirurgião dentista deve lançar mão de sua sensibilidade e
observação para classificar seu paciente. O paciente fala por si, ou seja,
seus gestos, seu andar, suas mãos, seu tom de voz, seu ritmo de fala,
enfim seu comportamento. Um estado psicológico inadequado pode
contra-indicar o ato cirúrgico.
O profissional acima de tudo deve aprender a ouvir seu paciente,
pois somente assim ele conseguirá entender aquilo que o indivíduo
procura e somente aí dizer se isto é possível de ser realizado.

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Exemplo da área reservada para classificação do estado de saúde e
perfil psicológico do indivíduo (Classificação do estado físico criado
pela Sociedade Americana de Anestesiologistas ASA):

ASA | Estado de saúde | Condutas


| | terapêuticas
I | Paciente saudável | Nenhuma.
II | Paciente com | Redução do estresse,
| discreta a moderada | algumas modificações
| doença sistêmica | podem ser indicadas.
III | Paciente com doença | Redução criteriosa do
| sistêmica severa, com | estresse, consulta
| limitação de atividade, | médica obrigatória.
| mas não incapaz. |
IV | Paciente com doença | Procedimentos emergenciais
| sistêmica severa, com | em consultório e eletivos
| limitação de atividade | em hospital. Exame médico
| e com risco de vida. | obrigatório e urgente.
V | Paciente terminal com | Tratamento hospitalar
| expectativa de vida de | para suporte de vida.
| 24h com ou sem cirurgia. |

ASA________________ | Qual é o perfil psicológico


( ) Apto para cirurgia | do indivíduo?
( ) Apto com restrições |
( ) Inapto |

Parte IX - Relatório de Procedimentos


Nesta parte da ficha clínica os procedimentos diários devem ser
anotados. Mesmo que já existam relatórios cirúrgicos contendo infor-
mações mais completas em outros locais da ficha, o relatório de proce-
dimentos deve ser preenchido de maneira mais sucinta, pois esta con-
duta visa facilitar o seu manuseio e a obtenção de informações de ma-
neira mais rápida.

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Exemplo de um relatório de procedimentos:

Data | Procedimentos
Data | Procedimentos
Data | Procedimentos

Parte X – Relação de Exames Laboratoriais


e Radiográficos Solicitados
A ficha clínica deve reservar um espaço para que o registro da rela-
ção de todos exames solicitados pelo profissional seja realizado. Os
dados e as datas dos exames laboratoriais devem ser anotados também
nesta seção da ficha clínica.

Relação de exames laboratoriais e radiográficos solicitados

( ) Grupo sanguíneo completo | ( ) Panorâmica


( ) Contagem de plaquetas | ( ) Telerradiografia
( ) Coagulograma | ( ) Planigarfia da maxila
( ) Hemograma completo | ( ) Planigarfia de mandíbula
( ) Glicemia | ( ) Tomografia Computadorizada
( ) Triglicérides | ( ) Periapicais
( ) Colesterol total e frações | ( ) Modelos em gesso pedra
( ) Eletrocardiograma com laudo | ( ) Fotos
( ) Outros | ( ) Outros

Parte XI - Relatório Cirúrgico - Instalação de Implantes


No cabeçalho desta página é anotada a composição da equipe ci-
rúrgica: O cirurgião, o assistente, o instrumentador, o fotógrafo, o
circulante e também a data da realização da cirurgia.
O relatório, assim como a ficha clínica, deve ter um caráter prático
e de fácil preenchimento. Este relatório é individual, ou seja, se um
mesmo indivíduo realiza mais de uma cirurgia de instalação de im-

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plantes, então serão realizados mais de um relatório cirúrgico, um para
cada dia de cirurgia. Neste relatório anota-se local da instalação do
implante, marca comercial do implante, tipo de implante (liso, com tra-
tamento de superfície etc), diâmetro do implante, comprimento do im-
plante, plataforma do implante, cobertura doa implante (cover-screw,
ciactrizador, abutment). Quanto à estabilidade do implante anota-se:
Com quantos Ncm houve o travamento, se o teste de estabilidade era
positivo ou negativo, qualidade e quantidade óssea. A etiqueta que
acompanha a embalagem do implante deverá ser colada no verso deste
relatório, pois assim o número do lote de fabricação do implante estará
guardado em caso de existir algum problema.
Exemplo do relatório cirúrgico para instalação de implantes
osseointegrados:

Cabeçalho:

Data | Cirurgião
Assistente | Instrumentador
Fotógrafo | Circulante

Relatório Cirúrgico

local|marca |tipo |diam.|comp.|plat.|cobert.|n.cm|teste |ql. |qt.

Reserva-se um espaço para anotação de possíveis intercorrências


durante a cirurgia.

Intercorrências

No rodapé desta página anota-se o tipo de anestésico e a quantida-


de de tubetes utilizados pré e trans-operatoriamente. Também são ano-
tados o tipo de fio de sutura e os tipos de pontos utilizados.

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Anestésico | Sutura
Tipo de anestésico: | Tipo de pontos:
Quantidade de anestésico: | Tipo de fio:

Parte XII- Relatório Cirúrgico- Enxerto Ósseo


Assim como no relatório anterior no cabeçalho desta página anota-
se a composição da equipe cirúrgica e a data da realização da cirurgia.
O relatório é subdividido em enxerto autógeno, enxerto alógeno,
enxerto xenógeno e aloplásticos. Em cada subdivisão serão anotados
dados pertinentes aos enxertos, áreas doadoras, áreas receptoras, mar-
ca comercial etc. Seguindo o padrão desta ficha clínica, este relatório
também tem caráter facilitador do tratamento. A forma de utilização
do enxerto, ou seja, particulado, em bloco, sua forma de fixação (para-
fusos, tachinhas etc) também é anotada, enfim em poucas linhas é pos-
sível resumir todo o trabalho de enxertia.
Exemplo de um relatório cirúrgico de enxerto ósseo:

Enxerto Autógeno
Área Doadora
Área Receptora
Bloco (Trefina, Broca Etc)
Particulado (Coletor, Moedor Etc)
Fixação: Tipo de Parafuso
Fixação: Quantidade de Parafusos
Fixação: Marca do Parafuso
Membrana: Tipo
Membrana: Forma
Membrana: Marca
Membrana: Quantidade de Parafusos
Membranas: Quantidade de Tachinhas
Malha: Marca
Observações:

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É importante que a marca do kit de fixação seja anotada para que
na época de reabertura o mesmo kit seja utilizado. Esta conduta visa
evitar problemas no momento da remoção dos parafusos. A anotação
da forma da membrana também é importante não só pelo momento de
sua remoção, mas também para possíveis exposições da mesma. De-
pendendo do tipo e da forma da membrana condutas diferentes po-
dem ser tomadas frente uma exposição.

Enxerto alógeno
Nome Comercial
Marca
Área Receptora
Membrana: Tipo
Membrana: Marca
Membrana: Forma
Membrana: Quantidade de Parafusos
Membrana: Quantidade de Tachinhas

Normalmente os enxertos alógenos, que em sua maioria são


particulados, são acompanhados por uma membrana. Seria prudente
colar a etiqueta que acompanha o frasco do enxerto no verso do relató-
rio para que o número do lote seja guardado, pois caso haja algum pro-
blema o fabricante solicitará este número.

Enxerto Xenógeno
Nome Comercial
Marca
Área Receptora
Membrana: Tipo
Membrana: Forma
Membrana: Marca
Membrana: Quantidade de Parafusos
Membrana: Quantidade de Tachinhas

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A mesma consideração a respeito da etiqueta do produto feita an-
teriormente é válida para o enxerto xenógeno.

Aloplásticos
Nome Comercial
Marca
Área Receptora
Membrana: Tipo
Membrana: Forma
Membrana: Marca
Membrana: Quantidade de Parafusos
Membrana: Quantidade de Tachinhas

Como no relatório cirúrgico para instalação de implantes aqui tam-


bém são reservadas áreas para anotação de eventuais intercorrências,
quantidade e marca de anestésico, tipo de fio e sutura realizada.

Parte XIII - Relatório Protético I


Este primeiro relatório protético consiste em um resumo de datas e
dados que tem seu início na instalação de implantes, passa pelo perío-
do de reabertura do mesmo para instalação do cicatrizador e por últi-
mo a instalação do abutment. O objetivo deste relatório é exatamente
otimizar o acesso às informações do tratamento do indivíduo.

Exemplo do relatório protético I


Data de | Local | Plataforma | Data de abertura | Altura
instalação | | | |
| | | |
| | | |

Diâmetro | Marca | Perfil | Data de | Tipo e | Altura | Torque


| | | Instalação | Marca | |
| | | | | |
| | | | | |
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Nesta tabela a utilização de cores para diferenciar os períodos de
tratamento deixa a leitura ainda mais fácil. Uma área deve ser reserva-
da para informações adicionais.

Parte XIV - Relatório Protético 2


Nesta página são registradas informações mais específicas das
próteses sobre implantes. Este relatório é subdividido em: prótese tem-
porária, prótese permanente e overdenture. Em cada uma destas se-
ções as características das próteses e seus componentes são apresenta-
dos. As manutenções e controles das próteses, as substituições e os re-
paros são facilitados desta maneira.

Exemplo de Relatório Protético 2:

Prótese Temporária
( ) direta no implante
( ) indireta no implante
( ) cimentada
( ) parafusada
( ) com reforço
( ) sem reforço
Data da Instalação

Prótese Permanente
( ) direta no implante
( ) indireta no implante
( ) cimentada
( ) parafusada
Torque:
Tipo de parafuso:
Metal da infra-estrutura:
Tipo de superfície oclusal:
Material estético:

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Cor:
Gengiva:
Material de fechamento de conduto:
Data de instalação:

Overdenture
( ) direta no implante
( ) indireta no implante
( ) implanto - suportada
( ) implanto - mucososuportada
( ) retentor tipo barra
( ) retentor esférico
( ) barra redonda com extensão
( ) barra ovóide macro
( ) barra fresada
( ) barra ovóide micro
( ) barra em "U" macro
( ) barra em "U" micro
( ) barra retangular
Metal da barra:
( ) clipe de ouro
( ) clipe de plástico
Tipo de dente:
Cor:
( ) caracterização da gengiva
Data de instalação:

O esquema de parênteses agiliza o preenchimento deste relatório, tor-


na mais agradável seu preenchimento e mais uma vez, assim como toda
esta ficha clínica continua a reforçar o caráter otimizador da mesma.

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Parte XV - Termo de consentimento para tratamento com enxerto ós-
seo e/ou implante osseointegrado
Este termo oficializa o desejo do paciente de realizar o tratamento
proposto. Mais uma vez o profissional e o paciente se resguardam de
eventuais problemas jurídicos.

Exemplo do termo de consentimento:

Por este instrumento particular declaro, para os efeitos éticos


e legais, que eu_________________________________________,
portador do RG número______________________ e CPF nú-
mero___________________________, residente e domiciliado
_________________________________número______, na cida-
de de _______________, no estado de _____________, concor-
do, com absoluta consciência, com os procedimentos a que irei
me submeter:________________________________________,
nos termos abaixo relacionados:

1 - Deixo claro que recebi todas as informações sobre a minha


participação neste tratamento, possuindo plena liberdade para
me abster em participar do referido tratatmento a qualquer
momento;
2 - Deixo claro também que fui amplamente informado(a) por
um profissional, que pode ou não estar envolvido no presente
tratamento, sobre os possíveis benefícios e riscos (complica-
ções e fracassos dos enxertos ósseos e/ou implantes) que es-
tou me submetendo durante este tratamento;
3 - Declaro ter sido informado(a) sobre outras alternativas de
tratamento em que não estejam envolvidos enxertos ósseos e/
ou implantes osseointegrados;
4 - Comprometo-me a retornar periodicamente após o térmi-
no do tratamento para manutenções a cada___ meses, ou con-
forme determinação da equipe, podendo inclusive ser desig-
nado um outro profissional apto para realizar as manutenções;

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5 - Estou ciente e autorizo a utilização de fotos, filmagens, mo-
delos, exames complementares, radiografias como materiais
didáticos para serem usados em aulas, congressos, apresenta-
ções científicas e publicações;
6 - Todas estas normas estão de acordo com o Código de Ética
Profissional Odontológico, segundo a Resolução C.F.O. 179/
93 e com a Declaração de Helsinque II.
Por estar de pleno acordo com o teor do presente termo, assi-
no abaixo o mesmo.

Observação: Este documento deverá ser datado, assinado pelo pa-


ciente por extenso, pelo profissional e por uma testemunha.

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Capítulo 2

Capítulo 2
Paramentação Cirúrgica

Thomaz Wassall
Ruth Helena da Silveira Pedreira

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INTRODUÇÃO

Este capítulo descreve passo a passo todos os processos que com-


põem um procedimento cirúrgico. Um protocolo de condutas básicas é
apresentado para que exista um controle de infecção nos procedimen-
tos cirúrgicos.

Parte I- Considerações Gerais

Objetivo
Preparar a equipe cirúrgica e introduzir conceitos e condutas para
o controle de infecção no centro cirúrgico.
Infecção
É a multiplicação e crescimento de microorganismos em organis-
mos desenvolvidos.
Conseqüências da infecção:
• Dor e/ou desconforto;
• Aumento no tempo de recuperação ou internação;
• Aumento do custo do tratamento;
• Fracasso do procedimento;
• Danos biológicos e emocionais;
• Problemas legais,

Barreiras
A equipe cirúrgica deve utilizar barreiras para proteger de conta-
minação quaisquer feridas abertas nas mãos e superfícies mucosas ex-
postas. (EPI- Equipamento de Proteção Individual)
Os campos cirúrgicos também constituem barreiras que servem
para delimitar zonas de intervenção, as quais também possuem áreas
críticas, semi - críticas e não-críticas.

COMPOSIÇÃO DA EQUIPE CIRÚRGICA

Cirurgião | Assistente | Instrumentador | Fotógrafo/Circulante

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Parte II - Preparo do Paciente para o Centro Cirúrgico
O paciente deve estar usando uma roupa confortável, não muito
quente, deve retirar todos os objetos como relógio, pulseiras, brincos
etc. Deve realizar a remoção de maquiagem e realizar lavagem do rosto
com água e sabão neutro.
Ao entrar no centro cirúrgico deve estar vestindo um pijama cirúr-
gico, pro-pé e touca.
O paciente antes de entrar na sala cirúrgica deve realizar bochecho
com clorexidina 0,12% por um minuto.

PROTOCOLO PRÉ-OPERATÓRIO DO PACIENTE


O pré-operatório mediato consiste no pedido de exames
laboratoriais, orientação quanto à dieta e prescrição da medicação pré-
opertória. Já o pré-operatório imediato consiste na reafirmação da
anamnese, verificação de pressão arterial e verificação da administra-
ção da medicação.

Exemplo de protocolo pré-operatorio:


Cuidados com a alimentação:
Evitar alimentos que fermentem como banana, leite, pão;
Evitar alimentos laxantes como mamão, ameixa etc;
Realizar uma alimentação leve, evitar frituras e não entrar em ci-
rurgia sem ter se alimentado de maneira adequada.

Medicação pré-operatoria:
Decadron 4 mg: tomar 1 comprimido uma hora antes da cirurgia.
(Caso a cirurgia tenha sido realizada no período da tarde esta dose re-
verá ser repetida logo as oito horas da manhã do dia seguinte).
Amoxil 5oomg: Tomar uma cápsula de oito em oito horas inician-
do um dia antes da cirurgia; ou pode-se realizar uma dose de ataque de
dois gramas uma hora antes da cirurgia e retornar ao esquema de oito
em oito horas por sete dias.
Tylenol 750 mg: Tomar um comprimido de seis em seis horas se
houver dor por um período de 3 a 4 dias.

| 29 |
Valium 5 mg: Tomar um comprimido na noite anterior e um com-
primido uma hora antes da cirurgia.

Parte III- Preparos pré-cirúrgicos

PREPARO DO PROFISSIONAL ANTES DA PARAMENTAÇÃO


CIRÚRGICA
O profissional deve estar vestindo:
Gorro, máscara, óculos de proteção, pijama cirúrgico e pro-pé.

PREPARO DA SALA ANTES DA PARAMENTAÇÃO CIRÚRGICA


Limpeza com água e sabão e álcool 70 v/v:
Paredes, piso, mesas, bancadas, cadeira, refletor, mochos, apare-
lho de raio X, negatoscópio, pontas de aspiração, protocolo de
paramentação da equipe, lavagem das mãos, colocação do avental ci-
rúrgico, calçamento de luvas, abertura dos campos esterilizados e dis-
tribuição do instrumental.

LAVAGEM DAS MÃOS


Antes da paramentação do profissional é realizada a lavagem das
mãos que deve ser realizada com escova macia embebida em uma subs-
tância antiséptica, como por exemplo clorexidina.
A lavagem das mãos deve seguir uma seqüência lógica, onde inici-
almente molham-se as mãos em água corrente, a seguir inicia-se a
escovação em movimentos únicos na seguinte ordem:
Unhas, lateral dos dedos, dorso das mãos, palma das mãos e faces
do ante-braço.
A secagem das mãos deve ser realizada com duas toalhas sendo
uma para cada mão ou com uma toalha sendo um lado para cada mão.

CAMPOS DA SALA CIRÚRGICA


O ideal é que todo equipamento presente na sala cirúrgica fosse
recoberto por campos estéreis. Com isto obtêm-se uma melhor delimi-
tação das áreas críticas, semi-críticas e não críticas.

| 30 |
Para fins didáticos as barreiras foram divididas em kits:

Kit paciente
Avental plástico impermeável, campo maior para cobertura total
do paciente, peitoral, turbante e campo fenestrado.

Kit cadeira
Campo para cadeira, campo para os mochos e protetor do refletor.

Kit mesa
Campo para a mesa cirúrgica, campo para mesa do motor, campo
para o motor, capas para os cabos dos motores e capas para as pontas
de aspiração.

Avental
Avental com 2 toalhas.
Para proteção do paciente também é utilizado um óculos de prote-
ção estéril.

Parte IV- Cuidados da Equipe ao Término da Cirurgia

O profissional deve retirar a luva cirúrgica sem se contaminar,


deve retirar o avental tendo o cuidado de deixa-lo cair e sempre segu-
ra-lo pela parte interna dobrando-o ou enrolando-o pelo avesso. O pro-
fissional somente sairá da sala após a retirada das luvas, do avental e
lavagem das mãos.

BANDAGEM DO PACIENTE
Ao término da cirurgia o paciente deve receber a bandagem pós-
operatória. A bandagem apresenta as seguintes vantagens:
Promover conforto para o paciente;
Diminuir edema pós-operatório;
Diminuir dor;
Limitar movimentos.

| 31 |
PROTOCOLO PÓS-OPERATÓRIO DO PACIENTE
Ao término da cirurgia o paciente deve receber por escrito as ori-
entações pós-operatórias. Preferencialmente o acompanhante do paci-
ente deve estar presente para escutar tais orientações, uma vez que o
paciente pode sair um pouco cansado do ato operatório e isto dificultar
o entendimento dos cuidados a serem seguidos.
Neste protocolo deve constar a medicação pós-operatória adota-
da, uma explicação do uso do gelo (aplicações de bolsa de gelo por 5
minutos com intervalos de 15 minutos por 24 horas), orientação sobre
evitar esforço físico e realizar repouso, a não realização de bochechos, a
utilização de compressa externa de água morna após 48 horas, uso de
clorexidina 0,12% para bochecho ou gel de clorexidina a 2%, orientação
quanto à dieta que deve ser líquida ou pastosa fria ou morna nos pri-
meiros dias, orientar o paciente a deitar com a cabeça mais alta no dia
da cirurgia e que evite exposição ao calor.

| 32 |
Capítulo 3

Capítulo 3
Matriz Dérmica
Acelular -
Considerações Gerais

Thomaz Wassall

| 33 |
INTRODUÇÃO

Após a perda de um elemento dentário o rebordo alveolar entra


num processo progressivo de reabsorção e, junto a ele, o tecido mole
também sofre uma grande contração resultando em prejuízos estéticos
podendo limitar as opções de tratamento. Estes problemas podem ser
corrigidos por meio de enxertos autógenos e alógenos de tecido ósseo
ou tecido mole e por diferentes tipos de próteses. MATHEUS (2000).
A correção de defeitos estéticos de tecido mole em rebordos edêntulos
em especial, pode ser realizada por meio de enxertos gengivais livres,
enxertos conjuntivos subepiteliais e com enxerto de matriz dérmica
acelular, a qual vem a ser uma possível alternativa para tais correções.
Com a perda do elemento dentário observam-se dois importantes
problemas que devem ser tratados de formas distintas: a reabsorção
óssea e a contração do tecido mole. Em uma cadeia lógica de raciocínio,
a hierarquia do problema seria a seguinte:
Perde-se o elemento dentário, isto gera a reabsorção óssea e a con-
tração de tecido mole, que levam a problemas estéticos e funcionais
que geram uma insatisfação para o individuo. Dentro desta seqüência
lógica, o profissional deve ter a percepção de estar lidando com proble-
mas distintos e deve separar as correções em etapas. Neste capitulo
será discutida correção do tecido mole contraído. Caso esta distinção
de correções não seja feita problemas futuros podem ocorrer ao longo
deste tratamento, como por exemplo, a exposição de enxertos recobertos
por uma mucosa muito fina não reconstituída.

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OPÇÕES DE TRATAMENTO PARA CORREÇÃO DOS PROBLE-
MAS ESTÉTICO E FUNCIONAL DE TECIDO MOLE:
Enxerto gengival livre;
Regeneração tecidual guiada;
Próteses convencionais;
Enxerto conjuntivo subepitelial;
Malha epitelial;
Membranas bilaminares;
Cultura de células;
Enxertos de pele;
Matriz dérmica acelular.

Neste capitulo discutir-se-a apenas a matriz dérmica acelular como


material corretor, ou reconstrutor do tecido mole.

Parte I - MATRIZ DÉRMICA ACELULAR

Definição
É uma pele humana sem células, congelada e desidratada, com os
feixes colágenos normais e organizados com o complexo da membrana
basal intacto.
É utilizada para correções de defeitos estéticos em tecido mole em
áreas desdentadas, dentadas e implantadas, como barreira biológica
em casos de regeneração tecidual guiada e para recobrimento de raízes.

Atualmente a matriz dérmica acelular consiste em uma técnica


alternativa para o tratamento de problemas mucogengivais, que pode
substituir as técnicas convencionais como:
• Enxerto gengival livre;
• Enxerto conjuntivo subepitelial;
• Barreiras convencionais.

| 35 |
Parte II - CARACTERÍSTICAS DA MATRIZ DÉRMICA ACELULAR

• Este material e oriundo de um banco de tecidos (USA);


• E regulamentado como tecido humano para transplante (FDA);
• Passa por um procedimento com agente inativador viral;
• Um laboratório externo realiza a validação do inativador viral;
• Histologia e imunohistologia são realizadas para analisar a presença
do complexo de membrana basal, retenção de colágeno e ausência de
células;
• São realizadas culturas microbiológicas a cada lote.
• Na seleção dos doadores são analisados histórico médico e social,
exame físico, sorologia e microbiologia e causa mortis;
• Amostras de sangue de cada doador são coletadas para testes de
antígeno de superfície de hepatite B (HbsAg), anticorpos para o vírus
da hepatite C, anticorpos para o HIV 1 e 2, anticorpos para HTLV I e
II e sífilis;
• Não foram conduzidos estudos de longo prazo para avaliar o poten-
cial carcinogênico ou o impacto reprodutivo da aplicação do enxerto
de matriz dérmica acelular;
• O tecido doado para produzir a matriz dérmica acelular é fornecido
em um meio contendo antibiótico (gentamicina, vancomicina etc);
• As substâncias químicas para remoção das células inativam o HIV.
Sem células eliminam-se os locais para reprodução do vírus.
• Tecido conjuntivo acelular;
• Biocompatível;
• Não imunogênico-descelularizado;
• Em um único procedimento são realizados desidratação e congela-
mento, com isto cria-se um cristal amorfo que gera reação tipo corpo
estranho;
• Complexo de membrana basal e matriz extracelular (colágeno,
elastina, proteínas, canais de vasos sanguíneos, proteoglicanos) per-
manecem intactos após o procedimento de desidratação e congela-
mento;

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• Uma das grandes vantagens da matriz dérmica acelular e a não forma-
ção de cicatriz, ou seja o resultado cicatricial e extremamente estético ;
• O fato da malha estrutural continuar mantida intacta e a causa da
não há formação de cicatriz (com a matriz danificada os fibroblastos
sintetizam uma matriz imatura Þ cicatriz);
• Permite recelularização e revascularização (suporta migração de cé-
lulas do leito receptor e dos tecidos marginais);
• Não gera processo inflamatório;
• Fornece uma quantidade ilimitada de material a ser utilizado;
• Necessidade de apenas um único sítio cirúrgico;
• Tempo de revascularização: 5-7dias;
• Tempo de integração clínica: 2-3 semanas;
• Não há protocolo para utilização das diferentes superfícies do ma-
terial, ou seja o lado de instalação da matriz não interfere no resul-
tado final;
• Cria mucosa ceratinizada;
• Gera menor morbidade para o individuo;
• Fornece melhor estética em termos de cor e textura;
• Permite estocagem sob refrigeração de 1 a 10 ºC.
(Shulman 1996; Silverstein 1997; Harris 1998; Silverstein & Duarte
1998; Callan & Silverstein 1998; Haeri & Serio 1999; Tal 1999; Fowler
et al. 2000; Harris 2001)

Parte III- Dimensões

Comercialmente para uso na odontologia a matriz dérmica acelular


apresenta-se em três dimensões:
1 x 2 cm;
1 x 4 cm;
2 x 4 cm.

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Parte IV - INIBIDORES DA INTEGRAÇÃO DA MATRIZ DÉRMICA
ACELULAR

• Baixa vascularização dos tecidos vizinhos;


• Infecção local e/ou sistêmica;
• Trauma mecânico;
• Condições gerais não satisfatórias;
• Resposta imune a algum componente da matriz dérmica acelular;
• Alguns antimicrobianos (peróxido de carbamida, fenol, álcool, nitra-
to de prata, miconazol, GLUCONATO DE CLOREXIDINAetc).

Parte V- CONTRA INDICAÇÕES DA MATRIZ


DÉRMICA ACELULAR

• Doença auto-imune relacionadas ao tecido conjuntivo;


• Locais infectados ou com baixa vascularização;
• Pacientes com hipersensibilidade a antibióticos contidos na matriz
dérmica acelular;
• Pacientes fumantes (contra-indicação não absoluta).

Parte VI- ASPECTOS PRÁTICOS DA UTILIZAÇÃO DA MATRIZ


DÉRMICA ACELULAR

• A embalagem interna não é estéril;


• A reidratação da matriz dérmica acelular deve ser feita em duas eta-
pas: 5 minutos na primeira cuba e de 5 minutos (min) a 4 horas (máx)
na segunda cuba.
• As películas protetoras não podem ser removidas antes da reidratação;
• A matriz dérmica acelular pode ficar exposta, ou seja, ela não neces-
sariamente precisa ficar totalmente recoberta pelo retalho;
• Recomenda-se a utilização de gel de clorexidina 2% para o pós-ope-
ratório, para controlar a mesma quando ficar exposta ao meio bucal
para que sejam evitadas complicações;

| 38 |
• A matriz dérmica acelular pode ser utilizada dobrada, durante sua
instalação pode obter um maior ganho de espessura trabalhando-se
com ela dobrada;
• A matriz dérmica acelular pode encostar aos dentes vizinhos sem
que ocorram problemas de contaminação;
• Sua fixação pode ser feita por meio de sutura, tachinhas ou
cicatrizadores.

Em seqüência serão apresentados relatos de casos clínicos onde


utilizou-se a matriz dérmica acelular para correção de defeitos estéti-
cos de tecido mole.

Parte VII- RELATOS DE CASOS CLÍNICOS

CASO 1
Indivíduo do sexo masculino, 55 anos de idade, fumante, com bom
estado de saúde geral,desdentado total superior, reabilitado com im-
plantes no arco inferior suportando uma prótese fixa e com oito im-
plantes instalados em maxila, aguardando o período de osseointegração.
No lado direito da maxila apresentava exposição dos 4 implantes devi-
do ao tecido gengival extremamente fino. O planejamento realizado foi
um aumento de espessura deste tecido mole previamente à reabertura
dos implantes.
Em um primeiro momento foi realizada a tentativa de diminuição
da exposição destes implantes através da remoção dos cover-screw,
preenchimento dos condutos dos implantes com guta-percha e
escarifição do epitélio. Todavia, este procedimento não foi satisfatório.
Partiu-se então, para o aumento de espessura do tecido gengival utili-
zando a matriz dérmica acelular. O material usado foi um Alloderm
1X4 cm (Lifecell). O tamanho da matriz a ser utilizada foi determinado
por meio do exame clínico e estudo em modelos e radiografias. O pro-
tocolo cirúrgico de paramentação foi seguido para sala cirúrgica, paci-
ente e equipe cirúrgica (vide próximo capítulo).
Não foi utilizada nenhuma medicação pré-operatória, apenas con-

| 39 |
trole das exposições através de aplicações com clorexidina gel 2%. A
anti-sepsia do paciente foi realizada com aplicação de clorexidina solu-
ção 2%. A anestesia realizada foi infiltrativa na área de interesse utili-
zando-se lidocaína 1:100.000 (DFL).
Foi realizada uma incisão na crista do rebordo e nos locais de ex-
posição foi realizada uma incisão acompanhando as plataformas dos
implantes. Uma incisão relaxante foi realizada por sobre o freio vesti-
bular. A seguir rebateu-se um retalho total por vestibular e palatino de
maneira a expor todos os implantes. Curetou-se a fibrose ao redor das
plataformas dos implantes. Neste momento a matriz dérmica acelular
começou a ser hidratada na primeira cuba contendo solução fisiológica
por cinco minutos, afim de que as películas protetoras da matriz se
soltassem. Num segundo momento a matriz foi transferida para a se-
gunda cuba contendo solução fisiológica, agora sem as películas prote-
toras e aí deveria permanecer por no mínimo mais cinco minutos e no
máximo 4 horas. Após a hidratação teve início a prova da melhor ma-
neira de se posicionar a matriz sobre o rebordo e optou-se por fixá-la
por meio dos cicatrizadores dos implantes. Utilizando um perfurador
de dique de borracha autoclavado foram realizadas as perfurações na
matriz nos locais pré-determinados. Após as quatro perfurações reali-
zadas, a matriz foi assentada em posição, de maneira a ficar recobrindo
o rebordo ósseo de vestibular para palatino. Os cicatrizadores foram
posicionados, parafusados e a matriz já estava fixada.
As suturas foram realizadas com fio de nylon 4-0. Foi realizada
sutura interrompida e o retalho recobriu totalmente a matriz. Como
medicação pós-operatório foram prescritos: amoxil 500 mg de 8 em 8
horas por 7 dias, tylenol 750 mg de 8 em 8 horas caso houvesse dor e
aplicação local com gel de clorexidina 2 %. O paciente recebeu orienta-
ções sobre a dieta: evitar alimentos em grãos, ácidos e dar preferência a
alimentos frios ou gelados nos primeiros dias.
O paciente permaneceu sem sua prótese superior por um período
de 20 dias, quando então recebeu um novo reembasamento com mate-
rial soft. Durante o período pós-operatório houve uma pequena expo-
sição da matriz, porém apenas o controle de placa foi realizado com gel

| 40 |
de clorexidina 2% sem que houvesse nenhum risco para o material en-
xertado. O resultado imediato já mostrava o total recobrimento das ex-
posições e o ganho em espessura de tecido mole. Com três meses de
pós-operatório iniciou-se o trabalho protético.

CASO 2
Indivíduo sexo feminino, 37 anos, com bom estado de saúde geral,
apresentando um implante instalado na área de primeiro molar inferior
esquerdo, recoberto com um tecido gengival muito fino. Por transparên-
cia era possível visualizar o implante, e notava-se um grande depressão
em tecido gengival nos sentidos mésio-distal e vestíbulo-lingual.
Foi planejado um aumento de espessura e altura da área com a
utilização da matriz dérmica acelular- Alloderm (Lifecell) de 1X2 cm. A
determinação do tamanho da matriz foi realizado por meio de análises
clínica, radiográfica e modelos de estudo.
O protocolo cirúrgico de paramentação foi seguido para sala cirúr-
gica, paciente e equipe cirúrgica (vide próximo capítulo). Não foi utili-
zada nenhuma medicação pré-operatória, apenas bochechos prévios
com clorexidina 0,12%. A anti-sepsia do paciente foi realizada com
aplicação de clorexidina solução 2%. A anestesia realizada foi infiltrativa
na área de interesse utilizando-se lidocaína 1:100.000 (DFL).
Uma incisão na crista do rebordo foi realizada, seguida por inci-
sões intra-sulcular nos dentes vizinhos. O retalho rebatido foi de espes-
sura total. Neste momento a matriz dérmica acelular começou a ser
hidratada na primeira cuba contendo solução fisiológica por cinco mi-
nutos, afim de que as películas protetoras da matriz se soltassem. Num
segundo momento a matriz foi transferida para a segunda cuba con-
tendo solução fisiológica, agora sem as películas protetoras e aí deveria
permanecer por no mínimo mais cinco minutos e no máximo 4 horas.
Iniciou-se a prova da melhor posição da matriz dérmica acelular sobre
o rebordo sem que houvesse preocupação quanto às faces, ou as super-
fícies da matriz. Optou-se por dobrar a matriz ao meio e fixa-la através
de suturas. Já em posição recobrindo o rebordo de vestibular para lin-
gual ela foi fixada com uma sutura tipo colchoeiro horizontal no reta-

| 41 |
lho em sua porção mais apical para que a matriz assentasse bem no
rebordo. Foram realizadas mais suturas com finalidade de estabiliza-
ção da matriz, sempre com fio de nylon 4-0 e houve recobrimento total
da matriz.
Como medicação pós-operatório foram prescritos: amoxil 500 mg
de 8 em 8 horas por 7 dias, tylenol 750 mg de 8 em 8 horas caso houves-
se dor e aplicação local com gel de clorexidina 2 %. O paciente recebeu
orientações sobre a dieta: evitar alimentos em grãos, ácidos e dar prefe-
rência a alimentos frios ou gelados nos primeiros dias.
A paciente permaneceu sem utilizar prótese provisória durante
três meses, quando então se realizou a cirurgia de reabertura para ins-
talação do cicatrizador do implante. Com uma incisão circular o frag-
mento de tecido gengival foi removido e coletado para análise
histológica e imunohistoquímica.

CASO 3
Indivíduo sexo masculino, 18 anos, apresentando bom estado de
saúde geral, com perda por trauma dos dentes incisivo central superior
esquerdo, incisivo central superior direito e incisivo lateral superior
direito. Clinicamente mostrava uma grande contração de tecido mole e
radiograficamente apresentava boa altura e espessura óssea para insta-
lação dos implantes.
Foi planejado um aumento em espessura de tecido gengival utili-
zando a matriz dérmica acelular simultâneo à instalação dos implan-
tes. A matriz dérmica acelular utilizada foi um Alloderm (Lifecell) 1X4
cm. O protocolo cirúrgico de paramentação foi seguido para sala cirúr-
gica, paciente e equipe cirúrgica (vide próximo capítulo). Não foi utili-
zada nenhuma medicação pré-operatória, apenas bochechos prévios
com clorexidina 0,12%. A anti- sepsia do paciente foi realizada com
aplicação de clorexidina solução 2%. A anestesia realizada foi infiltrativa
na área de interesse utilizando-se lidocaína 1:100.000 (DFL).
Uma incisão na crista do rebordo foi realizada, seguida por inci-
sões intra-sulcular nos dentes vizinhos com incisões relaxantes nas ex-
tremidades. O retalho rebatido foi de espessura total. Devido a proble-

| 42 |
mas trans-cirúrgicos no ato de instalação dos implantes e ao longo tem-
po operatório, decidiu-se realizar a instalação do alloderm em um se-
gundo ato-operatório.
Decorridos 4 meses da instalação dos implantes, realizou-se a ci-
rurgia para aumento de tecido mole. A incisão realizada foi a mesma
da instalação dos implantes. . Neste momento a matriz dérmica acelular
começou a ser hidratada na primeira cuba contendo solução fisiológica
por cinco minutos, afim de que as películas protetoras da matriz se
soltassem. Num segundo momento a matriz foi transferida para a se-
gunda cuba contendo solução fisiológica, agora sem as películas prote-
toras e aí deveria permanecer por no mínimo mais cinco minutos e no
máximo 4 horas. Iniciou-se a prova da melhor posição da matriz dérmica
acelular sobre o rebordo sem que houvesse preocupação quanto às fa-
ces, ou as superfícies da matriz. A matriz foi instalada no rebordo pela
face vestibular com o intuito de aumentar a espessura da área. O
alloderm foi suturado no retalho vestibular com fio de nylon 4-0, sem
que sua posição testada fosse perdida. Só depois o retalho foi coaptado
com suturas simples.
Como medicação pós-operatório foram prescritos: amoxil 500 mg
de 8 em 8 horas por 7 dias, tylenol 750 mg de 8 em 8 horas caso houves-
se dor e aplicação local com gel de clorexidina 2 %. O paciente recebeu
orientações sobre a dieta: evitar alimentos em grãos, ácidos e dar prefe-
rência a alimentos frios ou gelados nos primeiros dias.
Após três meses foi realizada cirurgia para instalação dos
cicatrizadores dos implantes. Foram realizadas incisões circulares na
altura das plataformas dos implantes apenas para ter acesso ao cover-
screw. Estes fragmentos de tecido gengival que seriam descartados fo-
ram coletados para análises histológica e imuno-histoquímica.

CASO 4
Indivíduo sexo feminino, 50 anos, com bom estado de saúde geral,
apresentando maxila anterior edêntula, utilizando uma prótese parcial
removível, relatando descontentamento quanto à estética. Ao exame
clínico apresentava uma grande contração de tecido mole nesta área. O

| 43 |
planejamento realizado foi correção da contração do tecido mole para
posteriormente realização de enxerto ósseo autógeno e logo após insta-
lação de implantes osseointegrados.
A paciente recebeu como medicação prévia à cirurgia: valium 5 mg
(um comprimido na noite anterior e um comprimido uma hora antes
da cirurgia), decadron 4 mg (um comprimido uma hora antes da cirur-
gia) e realizou bochechos com clorexidina 0,12%).
Todo protocolo de paramentação da sala cirúrgica, paciente e equi-
pe foram realizados. Foi utilizada clorexidina 2% para anti-sepsia da
face da paciente. Como anestésico utilizou-se lidocaína 1:100.000 (DFL).
Realizadas as anestesias infiltrativas iniciou-se a incisão na crista do
rebordo, intra-sulcular nos dentes vizinhos e duas relaxantes. O retalho
foi descolado totalmente.
A matriz dérmica acelular utilizada foi im Alloderm 1X4 cm
(Lifecell). Neste momento a matriz dérmica acelular começou a ser
hidratada na primeira cuba contendo solução fisiológica por cinco mi-
nutos, afim de que as películas protetoras da matriz se soltassem. Num
segundo momento a matriz foi transferida para a segunda cuba con-
tendo solução fisiológica, agora sem as películas protetoras e aí deveria
permanecer por no mínimo mais cinco minutos e no máximo 4 horas.
Iniciou-se a prova da melhor posição da matriz dérmica acelular sobre
o rebordo sem que houvesse preocupação quanto às faces, ou as super-
fícies da matriz. A matriz foi instalada no rebordo pela face vestibular
com o intuito de aumentar a espessura da área. O alloderm foi suturado
no retalho vestibular com fio de nylon 4-0, sem que sua posição testada
fosse perdida. Só depois o retalho foi coaptado com suturas simples.
Como medicação pós-operatório foram prescritos: amoxil 500 mg de 8
em 8 horas por 7 dias, tylenol 750 mg de 8 em 8 horas caso houvesse
dor e aplicação local com gel de clorexidina 2 %. O paciente recebeu
orientações sobre a dieta: evitar alimentos em grãos, ácidos e dar prefe-
rência a alimentos frios ou gelados nos primeiros dias. A paciente rece-
beu uma bandagem que era trocada diariamente durante pelo menos
os 3 ou 4 primeiros dias.

| 44 |
CASO 5
Indivíduo sexo feminino, 18 anos de idade, com bom estado de
saúde geral, encaminhada pelo ortodontista que havia tentado tracionar
um incisivo central superior incluso. Porém durante o tracionamento
foi notada a presença de reabsorção radicular interna, o que contra-
indicou a continuidade do tratamento. O motivo do encaminhamento
da paciente foi o recobrimento com tecido gengival deste dente expos-
to para o tracionamento. Durante exame clínico optou-se por não só o
fechamento, mas também pelo aumento de tecido gengival utilizando-
se a matriz dérmica acelular.
A paciente recebeu como medicação prévia à cirurgia: valium 5 mg
(um comprimido na noite anterior e um comprimido uma hora antes
da cirurgia), decadron 4 mg (um comprimido uma hora antes da cirur-
gia) e realizou bochechos com clorexidina 0,12%).
Todo protocolo de paramentação da sala cirúrgica, paciente e equi-
pe foram realizados. Foi utilizada clorexidina 2% para anti-sepsia da
face da paciente. Como anestésico utilizou-se lidocaína 1:100.000 (DFL).
Realizadas as anestesias infiltrativas iniciou-se a incisão na crista do
rebordo, intra-sulcular nos dentes vizinhos e duas relaxantes. O retalho
foi descolado totalmente.
A matriz dérmica acelular utilizada foi im Alloderm 1X4 cm
(Lifecell). Neste momento a matriz dérmica acelular começou a ser
hidratada na primeira cuba contendo solução fisiológica por cinco mi-
nutos, afim de que as películas protetoras da matriz se soltassem. Num
segundo momento a matriz foi transferida para a segunda cuba con-
tendo solução fisiológica, agora sem as películas protetoras e aí deveria
permanecer por no mínimo mais cinco minutos e no máximo 4 horas.
Iniciou-se a prova da melhor posição da matriz dérmica acelular sobre
o rebordo sem que houvesse preocupação quanto às faces, ou as super-
fícies da matriz. A matriz foi instalada no rebordo pela face vestibular
com o intuito de aumentar a espessura da área. Neste caso optou-se
por se trabalhar com a matriz dérmica dobrada e em forma de "t" de
maneira que o comprimento o horizontal fosse estendido para os den-
tes vizinhos e o maior comprimento vertical fosse cavalgado sobre o

| 45 |
rebordo alveolar. O alloderm foi suturado no retalho vestibular com fio
de nylon 4-0, sem que sua posição testada fosse perdida. Só depois o
retalho foi coaptado com suturas simples. Como medicação pós-opera-
tório foram prescritos: amoxil 500 mg de 8 em 8 horas por 7 dias, tylenol
750 mg de 8 em 8 horas caso houvesse dor e aplicação local com gel de
clorexidina 2 %. O paciente recebeu orientações sobre a dieta: evitar
alimentos em grãos, ácidos e dar preferência a alimentos frios ou gela-
dos nos primeiros dias. A paciente recebeu uma bandagem que era
trocada diariamente durante pelo menos os 3 ou 4 primeiros dias.

| 46 |
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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