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2ª Fichamento_09.02.

22 Sweldma Lima, matrícula 20002686

Rethinking Culture and Cognition

Cerulo, K. A., Leschziner, V. & Shepherd, H. (2021). Rethinking Culture and Cognition, Annual
Review of Sociology, 47(1), 63-85. https://doi.org/10.1146/annurev-soc-072320-095202

Desde a revisão de literatura apresentada por Paul DiMAggio, em 1997, na Revista de Revisões
Anuais da Sociologia o campo teórico associado à compreensão da cultura sinalizava a urgente
pertinência de integração conceitual multidisciplinar.

A cultura e a reflexão sobre como os indivíduos a aprendem, armazenam, recuperam e


compartilham e como a pesquisa cognitiva pode contribuir para a melhor apreensão do
constructo.

Afinal, o que seria a cultura?

Aquisição

Estudos recentes identificaram mecanismos neurais associados à aquisição cultural: neurônios


espelho e sua compreensão ajudam a explicar fenômenos como empatia, imitação e
intersubjetividade, ficam clinicamente ativos quando o indivíduo é exposto a observação do
comportamento de outro indivíduo (sorriso, expressões de tristeza, nojo...). É como o individuo
absorve “padrões” e referências de comportamentos.

Armazenamento

A representações mentais adquiridas constituem o que os especialistas consideram


“esquemas”, que são estruturas mentais relatas à memória e à padrões de reconhecimento. São
referências que dão suporte à descodificação de momentos, contextos, situações. Como
protótipos, atuam como uma pré-configuração da leitura de mundo. A forma com que o
indivíduo lida, gerencia essas configurações é objeto da sociologia e dos cientistas da cognição.

Ativação

A ativação dos recursos internos de decodificação da cultura, os esquemas e suas respectivas


redes neurais têm influência na forma com que novas informações são configuradas e recebidas
internamente. Esquemas podem ser acomodados, modificados e ressignificados a partir das
formas com que são ativados. A ativação se estabelece a partir da relação entre cultura interna
e externa, e os enviesamentos que os protótipos podem gerar. É o repertório sobre o qual as
redes de aprendizagem e de significado vão se estabelecer.

E como estes tipos de cultura (interna e pública) interagem?

A relação é melhor compreendida em termos de conhecimento consciente e inconsciente. A


teoria sociológica entender que que a cultura declarada e não declarada se configuram em um
continuum que significam a compreensão de mundo. Ainda em 1997, DiMaggio apresentou dois
modelos teóricos que visavam explicar essa interação: processamento cognitivo e configurações
automáticas de resposta, que são ativadas a partir de circunstâncias vivenciadas ou observadas.

Modelo Dual de Processos em Ciências Cognitivas

As chamadas ciências cognitivas têm trabalhado na perspectiva de análise das respostas clinicas
e neurais dos estímulos para investigar como determinado esquemas podem ou não ser
ativados. O consenso na área envolve a compreensão de que as áreas ativadas por esquemas
associativos em muito diferem das ativadas por esquemas que envolvem conhecimento tácito.
Embora não sejam fáceis de distinguir, o que é autônomo e o que é controlado pelo indivíduo e
em que medida isso se relaciona, tem sido o foco dos estudos na área, que consideram raciocino
de primeira ou segunda ordem

Modelo de Processo Dual na Sociologia

A sociologia aceita a transição entre os dois tipos de configuração mental, e absorve a ideia de
que a influência social e os esquemas de grupo influencial também o comportamento, e
portanto, a reconfiguração dos esquemas internos pré-concebidos.

Entendem a cultura e suas disposições individuais e coletivas como um processo social dinâmico,
a partir do qual estudam como as relações entre o que é declarado e não declarado pode ser
significado e caracterizado, enquanto fenômeno social

E como a cultura é compartilhada?

A partir do contexto social da cognição, que envolve relações interpessoais, atenção


compartilhada, memória (consciente) coletivo, as emoções compartilhadas, e status sociais. A
multiplicidade destes fatores compõe a leitura de que a cultura é complexa e multifacetada,
assim como as formas de aquisição e compartilhamento.

A teoria sociológica abora o contexto social como o fio condutor da transmissão de informações
e normativas, e de modelagem comportamental. Entendendo as redes de transmissão como
redes de referência e contrarreferência sobre a qual o sentido e o comportamento social são
modelados.

E como a cultura influencia a ação?

A cognição e suas associações caminham para a declaração inerente de que processos sociais
básicos são modelados e influenciados pelos fatores de contexto e de ambiente. Entender
movimentos coletivos, entender relações de poder e de significados e entender que eles se
configuram internamente de acordo com os pressupostos e esquemas de cada indivíduo. É a
sociologia cultural surgindo como campo que coloca a cognição sob outras perspectivas, além
do constituído clinicamente.

Por fim, o campo evoluiu na compreensão de que há níveis diferentes de cultura e de que a
cultura se significa e se manifesta segundo premissas de grupos e de indivíduos de formas
diferentes, de forma que o comportamento manifesta parte do conhecimento cultural
declarado, mas tão somente parte.

Compreender os níveis de cultura e como eles influenciam comportamentos e condutas sociais


tem sido portanto, um dos desafios do desenvolvimento de campo.

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