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A alimentação
é um dos grandes
paradoxos da humanidade
nos tempos que correm. Morremos por falta dela e matamo-nos pelo
excesso dela. Enquanto em metade do mundo o fácil acesso a todo
5 o tipo de alimentos é causa de doenças, muitas vezes
incapacitantes e outras vezes até fatais, noutra metade a dificuldade
em chegar à comida tem o mesmo tipo de consequências, embora
as doenças sejam outras. Por mais explicações que reputados
economistas nos deem, é-nos mesmo difícil entender porque é que
10 os alimentos que sobram no mundo da abastança têm de ser
destruídos ou deitados fora, em vez de irem direitinhos para os
países onde, em pleno século XXI, se morre – literalmente – de
fome. O direito à alimentação é um dos direitos fundamentais do ser
humano. Mas mais do que um direito é uma necessidade básica,
15 uma condição essencial à sobrevivência. Claro que devemos
preocupar-nos com a “nossa” alimentação: devemos tentar que seja
equilibrada e nos ajude a sermos saudáveis e a termos qualidade de
vida. Devemos fazer campanhas para promover a educação
alimentar e conseguir retirar dos mercados produtos que,
20 reconhecidamente, são nocivos para o nosso organismo. Devemos
apoiar movimentos, associações, grupos que lutem contra os males
que o excesso de comida traz à nossa sociedade. Mas não
podemos deixar de sentir que este é um combate egoísta quando
um sexto da população mundial morre por falta dos mais básicos
25 alimentos. Podemos achar que não está nas nossas mãos mudar
este estado de coisas – e provavelmente não está. Mas podemos
passar a ter uma preocupação mais efetiva com aqueles que
morrem devido à falta do que nós temos em tal excesso que está a
matar-nos.
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Sofia Barrocas, in Notícias Magazine, 21 de março de 2010
Avaliação Professor(a)
Título: A alimentação
V F
a. Um paradoxo é um exagero.