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O Rinoceronte de D.

Manuel I

A época dos Descobrimentos foi um período da História de Portugal durante o qual se fizeram muitos avanços em
várias ciências como a astronomia e a cartografia. No entanto foi neste período em que se avançou muito no
conhecimento da biodiversidade!

Durante este período da nossa História, eram trocados todos os dias diversos produtos através das novas rotas
comerciais, desde tecidos, pedras preciosas, madeiras e também animais. Em 1515, o Rei D. Manuel já possuía no
Palácio da Ribeira uma coleção de animais vindos de vários locais da Ásia e de África. Aí, guardava já elefantes, leões,
antílopes, alguns primatas e várias aves.

Em Setembro de 1514, no seguimento de várias negociações entre uma embaixada portuguesa liderada pelo Vice-Rei
da Índia Afonso de Albuquerque e o Sultão de Cambaia, foram trocadas várias oferendas e entre elas estava um
rinoceronte-indiano ou “ganda” como é chamado na Índia. Assim, e sem condições para manter o precioso animal, o
Vice-Rei decide oferecê-lo ao Rei D. Manuel. O rinoceronte foi descrito por Gaspar Correia, secretário do Vice-Rei da
Índia, como «um animal doce, de corpo baixo, um pouco longo; o couro, os pés e as patas de elefante; a cabeça
comprida como a de um porco; os olhos próximos do focinho; e sobre o nariz tem um corno grosso e curto, afiado na
ponta. Come erva, palha e arroz cozido».
No dia 20 de maio de 1515, após uma viagem de 120 dias, a nau Nossa Senhora da Ajuda chega então a Lisboa. As
pessoas nas redondezas juntam-se para vislumbrar melhor aquele “estranho monstro” nunca visto. O animal é então
colocado perto dos outros animais do Rei, mas longe dos elefantes pois de acordo com autores romanos da
Antiguidade, estes animais eram inimigos mortais. Por forma a testar esta teoria, o Rei organiza um combate entre
ambos, no dia 3 de junho, no local que é hoje o Terreiro do Paço. Não só não houve qualquer confronto, como o
elefante jovem se assustou e fugiu do recinto. As notícias relatando o sucedido espalharam-se rapidamente pela
Europa através dos comerciantes e numa dessas cartas, pertencentes a um autor desconhecido ia também um
desenho do animal que chegou a Albrecht Dürer que veio posteriormente a elaborar uma gravura em madeira a partir
do desenho. Estas representações influenciaram durante séculos a forma de representar este animal.

Infelizmente, em dezembro de 1515, o rinoceronte é enviado como oferta do Rei para o Papa Leão X mas nunca chega
a Roma pois a nau onde seguia acorrentado acaba por naufragar no Mediterrâneo. Após se ter recuperado o corpo do
animal o Rei ordenou o seu empalhamento e transporte para Roma onde chega em fevereiro de 1516.

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