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Texto: padre Antônio Luiz Catelan Ferreira

Para compreender as Cartas Paulinas é


importante situá-las no seu contexto histórico.
A história das primeiras comunidades do NT
pode ser dividida em três grandes partes:

CRB. Viver e Anunciar a Palavra (Coleção Tua Palavra é Vida nº 6), 15-27

Texto: padre Antônio Luiz Catelan Ferreira


Texto: padre Antônio Luiz Catelan Ferreira
É um período curto de apenas dez anos

• O ponto de partida é a manifestação de


Pentecostes (At 2,1-36) que gera o anúncio
da Boa nova por toda a Palestina (At
2,41.47; 4,4; 5,14; 6,7; 9;31).
• Este período é também chamado
“Movimento de Jesus”.
• Este período termina com a crise
provocada pela política do imperador
Calígula (37-41) e pela perseguição dos
cristãos por parte do rei Herodes Agripa
(41-44).

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É importante não confundir os três Herodes que governaram na
época dos escritos do NT:

a) Herodes, chamado o Grande, governou sobre toda a Palestina de 37 a


4 aEC. É aquele que aparece em Mt 2,1.16, no nascimento de Jesus e no
massacre das crianças inocentes. Foi ele que iniciou a construção do
Templo que existia na época de Jesus.

b) Herodes, chamado Antipas, governou sobre a Galiléia de 4 aEC até 39


dEC. Ele aparece em Lc 23,7, por ocasião do julgamento de Jesus. Foi
também o autor da morte de João Batista (Mc 6,14-29).

c) Herodes, chamado Agripa, governou sobre toda a Palestina de 41 a 33


dEC. Ele aparece nos Atos dos Apóstolos (At 12,1.20). Mandou matar o
Apóstolo Tiago (At 12,2).

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Neste período a maioria dos
cristãos era formada por
judeus convertidos.
Fundavam comunidades ao
redor das sinagogas, à
margem do judaísmo
oficial. O seu crescimento
obrigou-os a criar novas
formas de organização,
como por exemplo, a
escolha de novos
animadores, chamados
diáconos (At 6,2-6).

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O objeto da pregação era o anúncio da chegada do reino
(Mt 10,6) e a Morte e Ressurreição de Jesus (At 2,23–3,6;
3,14-15; 4,10-12). Os evangelhos ainda não tinham sido
escritos. E por isso eles liam o AT a partir do evento
Jesus Cristo e repetiam os ditos e feitos de Jesus a partir
do testemunho dado por aqueles que tinham visto e
ouvido Jesus Cristo.

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Já neste período aparecia a
primeira divergência entre
os cristãos judeus. Havia
um grupo mais ligado a
Estevão, que buscava uma
abertura aos judeus da
diáspora e ao helenismo
(At 7,1-53).

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De outro lado havia o grupo
ao redor de Tiago, ligado
aos judeus da Palestina, que
defendia uma fidelidade à
Lei de Moisés e à “Tradição
dos Antigos” (Mc 7,5; Gl
1,14).

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• Na primeira perseguição só os cristãos
ligados ao grupo de Estêvão foram
perseguidos (At 8,1).
• Porém, na segunda perseguição,
aquela de Herodes Agripa (At 12,1-3),
todos os grupos cristãos eram alvo da
repressão.
• Esta perseguição aos cristãos, na
Palestina, teve como conseqüência a
missão para fora do território judeu.
• Paulo e Barnabé, seguindo a linha de
Estêvão, estavam entre esses
missionários que foram pelo mundo
para formar novas comunidades.

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Texto: padre Antônio Luiz Catelan Ferreira
• A perseguição, o desejo missionário e a
vontade de anunciar a boa nova a “toda a
criatura” (Mc 16,15) levou os cristãos para
fora da Palestina.
• Nesses trinta anos o Evangelho se expandiu
por todo o império, chegando a todas as
grandes cidades, inclusive a capital Roma, o
“fim do mundo” (At 1,8).

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Se seguirmos a descrição das três viagens de
Paulo e seus companheiros, narradas nos
Atos dos Apóstolos, vemos que eles
percorreram em torno de 16 mil quilômetros.
Enfrentaram muitos problemas (2Cor 11,25-
26) e também dificuldades da própria missão
de anunciar o Evangelho.

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Além disso, a mensagem de Jesus foi marcada pelas
mudanças de contextos. Vejamos as principais:

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→ Do Oriente → para o Ocidente
→ Da Palestina → para a Ásia Menor,
Grécia e Itália
→ Da cultura judaica → para a cultura
grega (helenismo)
→ Da realidade rural → para a realidade
urbana
→ Das comunidades → para comunidades ao
redor das ao redor das casas
sinagogas nas periferias das
grandes cidades da
Ásia e da Europa.

Texto: padre Antônio Luiz Catelan Ferreira


Estas passagens foram marcadas profundamente pela
mudança de mentalidade e pela tensão entre os cristãos
vindos do judaísmo e os novos cristãos que vinham de
outras culturas (At 15; Gl 2).

Foi um doloroso processo de conversão com muitos


conflitos ao interno do próprio cristianismo. Imaginemos a
dificuldade dos cristãos judeus, formados dentro da visão
judaica da Lei, e que deviam abrir-se para uma visão
universal de Deus.

Texto: padre Antônio Luiz Catelan Ferreira


A passagem da visão de um povo eleito, privilegiado
por Deus entre todos os povos para a certeza de que
em Cristo todos os povos faziam parte de um único
povo (multirracial e pluricultural) diante de Deus (Ef
2,17-18; 3,6).

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As comunidades que surgiam, pequenas e frágeis,
levavam a sério a mensagem de Jesus. E foram os outros
a reconhecer isso. Em Antioquia, para distingui-los,
deram a eles o nome de Cristãos (At 11,26). E começaram
assim a adquirir a sua própria identidade. Os Atos dos
Apóstolos relatam a beleza e o vigor dessas primeiras
comunidades (At 2,42-47; 4,32-37).

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Mas a dificuldade nossa hoje é que não temos as
notícias de todas as primeiras comunidades. Os Atos e
as Cartas relatam basicamente a missão do Apóstolo
Paulo e das comunidades surgidas através da sua
missão. Quase nada sabemos do trabalho de outros
missionários, das comunidades espalhadas pelo norte
da África, na Itália e pelas outras regiões e que
estavam presentes no dia de Pentecostes (At 2,9-10).

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Pouco sabemos também das comunidades da Síria e da
Arábia, cujo centro era Antioquia. A comunidade de
Antioquia chegou a competir em autoridade e influência
com a de Jerusalém. Foi desta comunidade que Paulo partiu
para as suas viagens missionárias, e onde viveu muito
tempo.

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Texto: padre Antônio Luiz Catelan Ferreira
Alguns fatos políticos ajudam a entender esta
terceira fase da história:
• A ascensão de Nero ao poder do império romano,
com a perseguição aos cristãos,
• O martírio dos Apóstolos Pedro e Paulo.
• O massacre aos judeus, sobretudo no Egito (66
dEC)
• E a revolução judaica na Palestina, iniciada no
ano 68 dEC e que levou à brutal destruição de
Jerusalém no ano 70.
• As comunidades cristãs ainda eram pequenas e
sem influência, e por isso se tornaram alvos fáceis
da perseguição romana.

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Por outro lado, a destruição de Jerusalém e o fim do
estado judaico e das suas instituições religiosas,
provocou a separação definitiva entre cristãos e
judeus. Tornaram-se duas religiões distintas, inimigas
entre si, que se excomungavam mutuamente. E foi
também o período do surgimento de muitas religiões
e doutrinas gnósticas e mistéricas, que começavam a
invadir o império romano. Elas penetraram também
nas comunidades cristãs e provocaram novos conflitos
e tensões.

Texto: padre Antônio Luiz Catelan Ferreira


No final do século I os cristãos foram perseguidos
pelo imperador Domiciano. O cristianismo foi
declarado religião não-lícita pelo império.

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Créditos

• Coordenação geral da Produção: Irmã Bernadete Boff, fsp


• Texto: Padre Antônio Luiz Catelan Ferreira
• Arte do power point: Irmã Matilde Aparecida Alves, fsp
Irmã Ivonete Kurten,fsp
Bianca Russo
• Fotos: Arquivo Paulinas – Proibida a reprodução e cópia de
imagens - Direitos reservados

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