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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DR.

GINESTAL MACHADO

Escola Secundária Dr. Ginestal Machado

Ficha formativa

9º Ano Maio de 2022

Regresso à Pátria e Reflexão final do Poeta


(Canto X, est. 142-144) + (Canto X, est. 145-146)

Regresso à Pátria
(Canto X, est. 142-144)
Uma ninfa (Tétis), depois de terminar a narração dos feitos futuros dos Portugueses,
despede-se dos marinheiros, afirmando que eles levarão consigo, eternamente, as
Ninfas, ou seja, regressam como heróis imortalizados. A viagem de regresso foi calma,
e os marinheiros chegaram à foz do Tejo, podendo entregar à Pátria e ao rei o Prémio
da Imortalidade e os novos títulos (de Rei do Oriente).

Crítica aos portugueses seus contemporâneos /


Apelo ao Rei

(Canto X, est. 145-146) + (Canto X, est. 154-156)

Os últimos versos de Os Lusíadas revelam sentimentos contraditórios: desalento,


orgulho, esperança. "No mais, Musa, no mais..." O poeta recusa continuar o seu canto,
não por cansaço, mas por desânimo. O seu desalento advém de constatar que canta
para "gente surda e endurecida", mergulhada "No gosto da cobiça e na rudeza / Dua
austera, apagada e vil tristeza". É a imagem do Portugal do seu tempo. Então dirige-se
ao rei (D. Sebastião) a quem, em seguida fará um apelo.
O poeta apresenta-se ao rei como guerreiro e poeta, a quem não "falta na vida
honesto estudo, / Com longa experiência misturado" (est. 154), qualidades

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acrescentadas com o engenho. Então, oferece ao rei o seu talento de poeta e o seu
braço de soldado, na esperança de que o monarca, continuando os feitos do passado,
vá combater no Norte de África e dê ao poeta motivos para novo canto.

Significado

Os Lusíadas são uma epopeia na qual se reflete o otimismo do Renascimento,


crente nas capacidades do homem. No entanto, não é apenas esta visão otimista que
está patente na obra. A par da glorificação dos heróis que fizeram grande a Pátria e o
homem e devem, por isso, servir de exemplo, está presente um desencanto e um
pessimismo do poeta, que olha para o Portugal seu contemporâneo com tristeza,
nostalgia e desalento. Não podemos esquecer que Camões publicou Os Lusíadas, 74
anos depois da viagem de Vasco da Gama, num momento em que o Império Português
estava já em decadência e um futuro negro se pressentia.
É esse desalento que está patente no final da epopeia. O poeta canta o heroísmo do
passado como exemplo, mas quer também mostrar aos seus contemporâneos a falta de
grandeza do Portugal presente, erguendo-se contra o adormecimento da Pátria, metida
"No gosto da cobiça e na rudeza / Dua austera, apagada e vil tristeza." (estr. 145) e
incentivar o rei a conduzir os portugueses a um futuro de novo glorioso, a uma nova
era de orgulho nacional.
O poema encerra, pois, com desalento, mas também esperança, com uma
mensagem que abarca o passado, o presente e o futuro. A glória do passado deverá
ser encarada como exemplo presente para construir um futuro grandioso.

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