A cisticercose constitui grave problema de saúde pública em várias regiões da Ásia,
África e América Latina, particularmente nos países em desenvolvimento onde a precariedade das condições sanitárias e o baixo nível socioeconômico e cultural aliam-se na persistência de sua disseminação. O homem é habitualmente o hospedeiro definitivo da T. solium, albergando o parasita adulto no intestino; as proglótides repletas de ovos são eliminadas nas fezes. No interior do ovo ou embrióforo encontra-se o embrião hexacanto que, quando ingerido pelo hospedeiro intermediário (porco), é liberado sob a ação do suco gástrico. Aquele, por meio de acúleos, penetra através da mucosa intestinal e, caindo na corrente sanguínea, é levado a diferentes partes do organismo, transformando-se em Cysticercus cellulosae. O cisticerco alojado na carne de porco ingerida crua ou mal cozida, chegando ao intestino do homem, transforma-se em T. solium completando, assim, o ciclo evolutivo natural. A contaminação humana com os ovos da T. solium processa-se por autoinfestação em indivíduos portadores de teníase, através de mãos contaminadas (autoinfestação externa) ou por heteroinfestação através de alimentos, particularmente verduras cruas, água e mãos contaminadas.
Toxoplasmose
A toxoplasmose, popularmente conhecida como “Doença do Gato”, é uma
antropozoonose causada pelo Toxoplasma gondii, parasita amplamente distribuído no mundo. Sua prevalência em humanos varia de acordo com as condições climáticas da região e os hábitos higiênicos, alimentares e culturais da população. A propagação do parasita é favorecida pelo clima quente e úmido, o que contribui para a elevada frequência da parasitose no Brasil, sendo 54% na região Centro-oeste a 75% na região Norte. A toxoplasmose adquirida pela criança ou adulto previamente saudável evolui com resolução espontânea na maioria dos casos. Geralmente essa infecção não apresenta sintomas, de 80-90%, ou estes são inespecíficos, como febre por período superior a uma semana e adenomegalia cervical ou generalizada. Mas, com frequência essa infecção é identificada apenas pela positividade nos testes sorológicos (IgM e/ou IgG anti-T. gondii), principalmente durante a gestação. As gestantes, assim como crianças e adultos, geralmente não apresentam sintomas quando adquirem a toxoplasmose. Mas essa infecção adquirida durante a gestação pode ser transmitida ao feto e causar grave comprometimento da criança, com sequelas neurológicas e oculares de gravidade variável. Essa infecção adquirida intraútero pelo feto é chamada de toxoplasmose congênita e apresenta Importante impacto social. Para controle da toxoplasmose congênita, propõe-se a triagem (pesquisa de IgG e/ou IgM anti-T. gondii) durante o pré-natal e/ou após o nascimento da criança, no período neonatal. Essa estratégia de controle se justifica pela melhor evolução dos casos tratados intraútero ou após o nascimento.
Sarcocistose
O Sarcocystis é um protozoário de dois hospedeiros, que tem os carnívoros como
hospedeiros definitivos e os herbívoros como hospedeiros intermediários. Pertencem ao Filo Protozoa e à Família Sarcocystidae. Na maioria das espécies, ele é responsável por causar uma doença debilitante que pode levar à morte e tem como sinais clínicos febre, anorexia, prostração, palidez das mucosas, corrimento nasal e ocular, dispneia, salivação e opstótomo. A profilaxia da sarcocistose consiste em medidas preventivas como, não ingerir carne crua, não deixar carcaças de animais abatidos no campo, além do esclarecimento dos habitantes rurais sobre esta doença. A profilaxia é importante, visto que não existe tratamento eficaz. Quando um herbívoro ingere os oocistos, os esporozoítos são liberados de esporocistos no intestino. Então, esses esporozoítos invadem os tecidos e os esquizontes são formados nas células endoteliais dos vasos sanguíneos da maioria dos órgãos. Desta forma, a doença é considerada muito importante, principalmente em animais de produção, pois está associada ao efeito dos esquizontes nos vasos sanguíneos. A formação de cistos no tecido muscular, geralmente, não é patogênica. Pouco se conhece sobre sua etiologia, mas pela alta prevalência de infecções assintomáticas observadas em abatedouros, está claro que onde cães e gatos são mantidos em íntima associação com animais pecuários ou com suas rações, há probabilidade de transmissão.
Neosporose
O Neospora caninum é um protozoário da família Sarcocystidae, parasita intracelular
obrigatório e inicialmente descrito em cães e depois em bovinos, ovinos, caprinos e eqü=uinos. É responsável pela neosporose, recentemente reconhecida como infecção protozoárica, de ampla distribuição universal e referida como o principal causador de abortos no gado da América do Norte e Nova Zelândia ocorrendo, também, na Argentina, Brasil, Canadá, Alemanha, Espanha, Itália e Suécia. Os humanos não são considerados hospedeiros intermediários para N. caninum, mas seu potencial zoonótico é discutível. Na infecção por N. caninum, o cão desempenha o papel de hospedeiro definitivo e nele ocorre o ciclo intestinal, onde há a formação de oocistos e o ciclo extraintestinal, onde o protozoário infecta as células de outros tecidos do hospedeiro, como células nervosas, macrófagos, fibroblastos entre outras. Os ruminantes, eqü=uinos e também os caninos participam do ciclo do Neospora como hospedeiros intermediários e infectam-se ingerindo oocistos no meio ambiente. Além da infecção pela ingestão de oocistos, existe a possibilidade de infecção pela ingestão de tecidos contaminados e, também, através da passagem dos protozoários das mães para seus filhotes, via transplacentária.