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UNISECAL

PROFESSOR(A): SAYONARA SAUKOSKI

AVALIAÇÃO
Rafael Loch Oliveira

O caso apresentado se trata de uma ação de indenização por danos morais


em face da emissora de televisão Globo e o famoso médico Drauzio Varella,
que teria atuado como entrevistador em uma matéria sobre ‘’a situação
vulnerável de detentas trans nas penitenciárias brasileiras’’. A vítima dos danos
causados em questão é genitor de Fábio (ambos tiveram seus nomes
censurados no processo), um garoto de 9 anos de idade que foi encontrado
morto por estrangulamento em 2010, o autor do crime foi identificado como
Rafael Tadeu, hoje reconhecido como o travesti ‘’Suzi’’, que teve participação
direta com o entrevistador (Drauzio) relatando os problemas enfrentados na
prisão e sua situação de vulnerabilidade social. A entrevista foi ao ar trazendo
uma enorme repercussão sobre a situação psicológica do travesti, resultando
em uma comoção nacional. A entrevista não informa os nomes das vítimas, tal
como o de Fábio. A informação acerca do crime praticado por Suzi também
não foi divulgada. A reportagem levou o genitor de Fábio a promover a ação
contra a empresa e o entrevistador em razão da exposição (mesmo que não
evidente) do ocorrido, do abalo psicológico que enfrentou em reviver os fatos e
do tratamento oferecido a detenta. O autor da ação requisitou R$200.000,00
por indenização. O caso acabou virando um debate entre os direitos
reservados a liberdade de imprensa e os direitos de personalidade. O juiz
responsável pelo caso julgou procedente a ação de indenização efetuada e
condenou os requeridos ao pagamento de ¾ do valor solicitado pelo autor
anteriormente sob pagamento de juros de 1% em casos de atraso como multa
mensal.
Tendo em vista que a perícia efetuada comprovou os danos sofridos ao
autor no tempo da execução do crime, e que os danos morais são presumidos,
independendo da comprovação de abalo psicológico da vítima, resta somente
ao juiz fazer a interpretação das partes sobre a intenção de causar dano. Se eu
fosse o juiz do caso, provavelmente iria decidir da mesma maneira, apesar da
defesa apresentar diversos instrumentos que comprovem a inocência em
transmitir os dados relacionados ao crime sem a intenção de causar dano, a
situação ainda se torna passível de indenização moral em função de
negligência, negligência esta que não pode estar associada aos direitos
reservados a liberdade de imprensa, consideraria assim que a emissora de
televisão cometeu crime contra honra sem intenção de dano configurada,
desconsiderando animus narrandi que já não observa os deveres de imprensa
resultando em abuso de exercício profissional como conferido na jurisprudência
de exemplo:
"(...) 4. Na atividade da imprensa é possível vislumbrar a existência de três
deveres que, se observados, afastam a possibilidade de ofensa à honra. São
eles: o dever geral de cuidado, o dever de pertinência e o dever de veracidade.
5. Se a publicação, em virtude de seu teor pejorativo e da inobservância
desses deveres, extrapola o exercício regular do direito de informar, fica
caracterizada a abusividade". (REsp. 1676393/SP, Rel. Ministra NANCY
ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 07/11/2017, DJe 13/11/2017) -
Grifei.

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