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Índice

Introdução 7
1 ° Dia - Multidão, seguidor e discípulo 11
2° Dia - Objetivos do discipulado 27
3° Dia - Como formar um discípulo 39
4° Dia - Um roteiro de discipulado 47
5° Dia - Estágios do discipulado 63
6° Dia - Paulo, o discipulador de Timóteo 71
7° Dia - Elementos do discipulado 83
8° Dia - Jesus como padrão de discipulador 93
9° Dia - Qualificações que nunca nos disseram
103
10° Dia -Abusos no discipulado 113
11 ° Dia - O bom discípulo 125
12° Dia - O alvo do líder de célula é discipular
novos líderes 137
13° Dia -As microcélulas 147
14° Dia - A relação do discípulo com o
discipulador 157
15° Dia - Qualificações do discipulador 169
16° Dia - Doze diferenças entre filhos e
empregados 181
17° Dia - O valor de um discipulador 197
h18° Dia - Doze características de pais e
patrões 213
19° Dia - A mentalidade de um discípulo 227
20° Dia - O discipulador como um supervisar
241
21 ° Dia - Os resultados do discipulado 257

INTRODUÇÃO
o discipulado nos fala da aceitação do preço
da cruz. É interessante vermos que Jesus
pegou homens comuns, analfabetos, sem
formação religiosa alguma e passou a esses
homens todo o seu ministério, sua unção e
sua autoridade. Jesus passou o seu "manto".
É importante entendermos que Ele não deixou
por herança o ministério para a multidão.
Somente os discípulos receberam um
ministério.
No Velho Testamento, vemos que a formaçáo
do ministério profético era realizada através
de um vínculo de discipulado no qual o
discípulo servia e tinha uma vida em comum
com o profeta a quem estava ligado. A Palavra
diz que Eliseu deitava água nas mãos de Elias.
Em II Rs 3: 11, vemos que Eliseu havia se
disposto a se submeter, a seguir e a servir
Elias. Abdicou de viver independentemente
para ter vínculos com ele. É importante
vermos que, quando Elias foi arrebatado, o
seu "manto", que representava toda a sua
unção, o seu poder e o seu ministério
profético reconhecido nacionalmente, foi
passado apenas para Eliseu, que era o seu
único discípulo. Da mesma forma, é
necessário entender que antes de alguém ser
enviado para um lugar, ou liberado para
ocupar uma função qualquer na igreja, ou
estar à frente de qualquer obra, como líder,
como obreiro, ou como pastor é necessário
que sejam estabelecidos fortes vínculos de
discipulado.
Muitos têm priorizado o "ir" em prejuízo do
"ser", o realizar a obra de Deus em vez de
enfatizar a necessidade de vida, de formação
do caráter de Cristo como condição para isso.
Antes de dar qualquer coisa para alguém
fazer, precisamos aprovar essa pessoa através
de vínculos de discipulado, em confiança, em
amor e em sujeição.
Discipulado nos fala de pegarmos alguém no
nível do vale e o levarmos para o nível do
monte. Fala-nos de ensinar e praticarmos
juntos as disciplinas espirituais, corrigindo os
princípios de vida errados enraizados em sua
alma, as heranças familiares, as formas
erradas de responder às falácias do diabo, etc.
Só o discipulado equilibrado pode gerar líderes
de fato aprovados. Todavia é importante
ressaltarmos que não podemos levar alguém
além de onde nós mesmos já chegamos. O
discípulo não pode ser superior ao seu mestre.
Assim, o discipulado é uma visão de
reprodução, de multiplicação. Precisamos ser
cuidadosos para não permitirmos
discipuladores que possam reproduzir na vida
da igreja um padrão fraco ou diferente da
visão.
Discipulado é uma questão de apropriação. No
relacionamento de discipulado, o discipulador
vai plantar a Palavra, vai instruir nos
princípios de Deus, vai armar, vai equipar, vai
adestrar, vai tornar o discípulo íntimo das
armas, torná-Io perigoso espiritualmente
contra as trevas, e então vai enviá-Io.
Não são programas que vão instruir
discípulos. A Palavra diz que é o Espírito Santo
quem gera crescimento em nós. Na carta aos
Filipenses, lemos que ''Aquele que em vós
começou a boa obra há de aperfeiçoá-Ià'.
Assim, quando oramos pedindo a Deus que
nos forme, Ele responde nos levando a
situações que irão nos quebrar e moldar.
Devemos responder positivamente nessas
situações de tratamento.
Desta forma, num vínculo de discipulado não
existe um currículo previamente estabelecido
a ser cumprido, mas simplesmente nos
abrimos para nos relacionar, aguardando as
circunstâncias geradas pelo Espírito de Deus.
Quando tais situações vierem, simplesmente
avaliamos e corrigimos as atitudes e as
motivações erradas que virão à tona. Deus
certamente criará circunstâncias de correção,
de disciplina, que pelo mover do Espírito vão
gerar um crescer de fé em fé, de glória em
glória.
Em Mateus 4:23, a Palavra nos diz: "Percorria
Jesus toda a Galiléia ensinando nas
Sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e
curando toda sorte de doenças e
enfermidades entre o povo". O aspecto de
ensino a um público é apenas umas das
formas de ensino usadas por Jesus. Esta
forma de instruir traz resultados, mas não é
completa. Jesus era também um professor,
mas investiu mais no discipulado. Uma grande
perda é nos prendermos exclusivamente ao
ensino de sala de aula. Basicamente só
existem professores em nossas igrejas.
Precisamos desesperadamente de
discipuladores.
Finalmente, no final do Evangelho de Mateus,
fechando seu ministério, Jesus orienta a
Igreja a ir e a fazer discípulos, ensinandoos a
guardar a Palavra. Ele não disse: "Ensine-os a
entender", mas ensine-os a guardar. O ensino
de púlpito atinge tanto o visitante quanto o
frequentador, mas não faz discípulos. Jesus
não tinha o pensamento de que o ensino
impessoal praticado nas sinagogas formaria
alguém. O que levou vidas a serem
semelhantes a Ele foi um vínculo sólido e
profundo de discipulado.
O nível de ensino que precisamos praticar é o
"ensinar a guardar", e só se atinge este nível
de ensino com profundo compromisso de
relacionamento, onde eu posso ver a realidade
de vida do meu discipulador e entrar naquela
realidade.
Precisamos entender com clareza isto:
discipulado são vínculos formados em Deus,
vínculos que implicam em decisão, custos a
serem pagos e um objetivo a ser cumprido.
Para que Jesus chamou os doze? Ele não os
chamou para uma reunião de estudo bíblico,
nem para uma reunião de discipulado.
Evidentemente, Ele também não os chamou
para uma escola bíblica. Marcos 3: 14 diz que
Jesus os chamou para estarem com Ele e para
os enviar a pregar. A expressão "para estarem
com Ele" define a estratégia básica de Jesus.
Ele queria uma relação estreita com os seus
discípulos para transmitir-lhes a sua vida pelo
exemplo. Jesus era um homem de
relacionamentos e seus discípulos aprenderam
tudo, vendo.
Os discípulos viam como Jesus se relacionava
com os pobres, o que dizia para os ricos,
como tratava os enfermos, como respondia
aos hipócritas, como expulsava os demônios,
o que fazia quando estava cansado, como
reagia a uma tempestade no mar, como tra-
tava as prostitutas, como reagia às mentiras e
calúnias, como amava a Israel, como orava ao
Pai, quando ria, quando chorava, quando
esbravejava e derrubava mesas, quando era
preso e até como morreu.
Quando Jesus mandou fazer discípulos
(Mateus 28: 18-20), o que os discípulos
entenderam? O que passou pela mente deles
quando ouviram a ordem de Jesus?
Certamente, para eles era como se Jesus
estivesse dizendo: "O que eu fiz com vocês,
façam com outros". Esta comissão incluía
pregar a muitos como Jesus pregou mas, es-
sencialmente, se referia a relações de
discipulado.
Isso não é um método a mais. É a prática de
Jesus. É o que sustenta, edifica e ajusta ao
corpo cada membro. Assim, ninguém fica só.
Todos têm um "pai" ou uma "mãe" espiritual.
Em II Timóteo 2:2, vemos que Paulo fala de
várias gerações de discípulos. Este texto
mostra como estas relações de discipulado
prosseguem para a formação de vários níveis
de ministérios. É neste desenvolvimento que
vão surgir líderes de célula, discipuladores e
até pastores.

10 DIA

MULTIDÃO, SEGUIDOR E DISCÍPULO


Podemos ver, através do capítulo 13 de
Gênesis, a partir do verso 14: "O Senhor disse
a Abraão, depois que Ló se separou dele:
Ergue os olhos e olha para o Norte, para o
Sul, para o Ocidente e para o Oriente, porque,
toda essa terra que vês, eu te darei a ti e à
tua descendência para sempre".
Antes de Deus nos dar a posse da promessa,
Ele nos dá uma visão clara dela. Antes de
conquistarmos a terra, Deus nos mostra qual
é a terra e como Ele quer que a conquistemos.
Assim, antes de começarmos qualquer obra
na casa de Deus, precisamos ter o modelo e
as explicações detalhadas a respeito de como
edificá-la. Quando Deus mandou Moisés
edificar o Tabernáculo, disse: "Cuide para que
tudo seja feito conforme o modelo que te foi
dado no monte" - conforme a visão.
Uma das causas de frustrações é a falta de
entendimento claro de como fazer. Nestes
dias queremos unidade em nossa igreja local,
mas nos falta a clareza necessária para a
alcançarmos. Digo isso porque toleramos
situações que contradizem nosso alvo e uma
delas é permitirmos líderes entre nós que não
são realmente discípulos. Eles até se dizem
discípulos de Jesus, mas se recusam a
aprender conosco na condição de discípulos na
igreja.
O discipulado é uma condição fundamental
para que haja unidade entre nós. Dizemos que
o praticamos e temos até irmãos que são
chamados de discipuladores, mas são
realmente discípulos? São discipuladores de
quem? Quem os segue? Quem os ouve?
Precisamos definir melhor nossos termos e
esclarecer expectativas.
Vamos primeiro dizer o que não é discipulado,
para depois defini-Io com mais precisão.
Discipulado não é uma classe de aula cheia de
alunos com um professor à frente. Salas de
aula são necessárias para se passar uma visão
e até para formar alguns discipuladores, mas
uma reunião desse tipo não é discipulado.
Podemos dizer que é uma boa forma de
ensino, mas não é o próprio princípio de
discipulado em operação.
Outra coisa que não é discipulado: um
relacionamento de aconselhamento esporádico
no qual uma pessoa, quando precisa, quando
tem alguma necessidade ou problema,
procura alguém mais experiente, um pastor
ou um líder, para receber conselho e uma luz
nova sobre determinada circunstância. Isso
pode ser um relacionamento de
aconselhamento, mas não é discipulado.
Também não é discipulado uma mera relação
hierárquica. O líder não é necessariamente o
discipulador do liderado. O liderado exerce
uma função por causa da estrutura, mas não
existe um reconhecimento espiritual do seu
líder. Podem até chamar o líder de
discipulador, mas na prática é só um título
hierárquico.
Por que nada disso é discipulado? Porque o
cerne do discipulado não é uma programação
humana e nem a estrutura de uma orga-
nização, mas vínculos fortes entre alguém
com coração ensinável e um discipulador
aprovado. O centro do discipulado são
vínculos, ligaduras no espírito, alianças
entranháveis, compromisso de submissão, de
andar na luz, de se deixar tratar. Esse
comprometimento é que define se o
relacionamento é ou não discipulado. Esse
vínculo é o compromisso pelo qual aceito o
desafio de andar na luz com alguém e "herdar
o seu manto", submeter-me a ele e abrir mão
dos meus conceitos errados. Esses vínculos é
que definem o discipulado.
Discipulado é "vínculo íntimo, sólido e
entranhável entre duas pessoas - discipulador
e discípulo". O discípulo, que deve ser aberto,
maleável, tratável e desejar ser formado em
Deus, será conduzido por um discipulador:
alguém cuja vida cristã global foi aprovada e
anteriormente discipulado por outrem, para
levá-lo a uma posição mais elevada em Deus,
de aprendizado da Palavra e de vida.
Entrar no padrão do discipulado é entrar no
estilo de vida de Jesus. Somos convidados a
viver uma vida de despojamento, negando-
nos a nós mesmos e diariamente tomando a
cruz.
O convite é para servirmos, honrarmos e nos
submetermos ao outro. É mais do que algo
exterior, é uma renúncia completa a
ocuparmos o primeiro lugar, seja qual for o
contexto. A ênfase não está no quanto de
unção, autoridade e revelação eu tenho ou
posso vir a ter, mas no quanto estou disposto
a abrir mão para aprender. O convite é para
humilharmo-nos, esvaziarmo-nos de nós
mesmos e então começarmos a crescer, pois
o alvo do discipulado é o crescimento. A
promessa de Jesus é infalível: "Aquele que se
humilhar será exaltado". "Humilhai-vos,
portanto, diante de Deus e Ele vos exaltará".
Discipulado é viver uma vida de renúncia. Mas
por que devemos renunciar? Porque essa é a
única forma que Deus tem para produzir em
nós quebrantamento e real dependência dEle,
que é o caminho para a maturidade.
Foi no cárcere que José, tendo um coração
correto, tornou.,.se rei do Egito; foi no
deserto, despojado e humilhado, que Moisés
tornou-se o homem que falava com Deus face
a face; foi sendo humilhado, aceitando servir
e depois aprendendo com ministérios já
reconhecidos, que Paulo tornou-se apóstolo.
Discipulado é aparentemente uma perda, mas
uma perda que desemboca numa gloriosa vida
quebrantada. Quem aceita torna-se discípulo,
perde a sua vida da alma para ganhar a vida
não criada de Deus. Quem não aceita vive
uma vida natural e medíocre, não cresce e é
uma eterna criança na fé.
Jesus desenvolveu pelo menos três tipos de
relacionamentos.
Podemos observar esses mesmos três tipos de
pessoas frequentando nossa igreja hoje.
Podemos dizer que em toda igreja existe o
visitante, o participante e o discípulo.
Ao visitante vamos chamar de multidão. Ao
participante vamos denominar de seguidor
ocasional e vamos colocar esses dois níveis de
relacionamento em contraste com a vida de
um discípulo.
1- JESUS E A MULTIDÃO
O primeiro nível de relacionamento que Jesus
travou foi o relacionamento com a multidão.
No capítulo 6 do Evangelho de João, lemos no
verso 2 que: "Seguia-o numerosa multidão
porque tinham visto os sinais que Ele fazia na
cura dos enfermos".
O ministério de Jesus foi um ministério de
multidões, mas Ele nunca as priorizou. Por
quê? Porque o nível de resposta e de com-
promisso da multidão é pequeno, inseguro,
desconhecido e o nível de impacto e
transformação da Palavra sobre ela é
pequeno. Jesus deu prioridade aos vínculos
profundos que tinha com os discípulos, A
Bíblia diz que a multidão o seguia por causa
dos sinais e das curas que Ele fazia. O que
quer dizer isso? Quer dizer que a multidão,
por não ter um relacionamento com Jesus,
não era conhecida em suas motivações, e
quem não é conhecido não é confiável.
A massa é levada pelos seus ídolos. Ela vai e
vem com extrema facilidade. Uma atitude do
ídolo pode levar a multidão a delírios ou
explodi-Ia, criando uma tragédia.
Precisamos reconhecer em nossa igreja
aqueles amados que são da multidão, para
não errarmos cobrando compromissos de
quem l1ão os quer ter.
Não se sabe o porquê da multidão estar
conosco. Não temos segurança do
compromisso da multidão. Não a conhecemos
e nem somos conhecidos dela. E porque não
conhecemos seu coração, suas motivações e
seu compromisso, não devemos ter
expectativas sobre irmãos desse grupo. Jesus
sabia disso. Sabia que aquele povo estava ali
somente para receber e nada poderia ser
cobrado dele. O Senhor, entretanto, não se
negava a atendê-lo.
Quando exigimos da multidão algo que só
poderíamos cobrar dos discípulos, ela nos
deixa. Grande parte dos que estavam com
Jesus depois se voltaram contra Ele. As
opiniões da multidão oscilam e fluem de
acordo com o conjunto da massa. Por isso
Jesus l1ão priorizava a multidão. Ela define o
lugar de pessoas que não tem compromisso,
que não estão dispostas a pagar os custos do
discipulado, de ter um compromisso de andar
na luz, de submissão, de entrar no padrão
dado pelo discipulador. A multidão nunca
decidiu abraçar a cruz, por essa razão Jesus
não a priorizava. O seu relacionamento era
distante, ela O via de longe e
esporadicamente.
A vida íntima de Jesus era um mistério para
aquela gente. Certa vez o Senhor perguntou a
seus discípulos: "Quem diz o povo ser o Filho
do Homem? E eles responderam: Uns dizem:
João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias
ou algum dos profetas". Dizia-se muitas coisas
sobre a Sua procedência, porque não havia
laços de compromisso e o relacionamento
entre Jesus e a multidão era determinado por
um contato impessoal. Como a multidão vê
Jesus de longe, possui uma percepção
distorcida dEle.
Outra coisa que define o comportamento da
multidão é a busca da satisfação de suas
próprias necessidades. Só se buscava o
profeta de Nazaré quando havia uma
necessidade esporádica. Assim, o com-
promisso estava condicionado às
necessidades, por isso, a decisão de estar com
Ele era uma decisão provisória, onde a
independência conduzia o compromisso.
Sendo assim, do que esse nível de
relacionamento de Jesus com a multidão nos
fala? Fala-nos de crentes, possivelmente
converti-dos, salvos, batizados, mas que não
têm nenhuma aliança com a igreja local, nem
têm compromisso com o corpo. Buscam
sempre seus próprios caminhos e suas
diretrizes particulares. São pessoas que não
se deixam tratar, têm uma forma de
apresentação simpá-tica, são até afetuosas,
mas não se deixám tratar. O próprio fato de
serem "afetuosamente superficiais" mostra o
seu desejo de se manterem à distância. Não
nos permitem penetrar na sua intimi-dade,
nos seus problemas, nos seus pecados, nas
suas deficiências. São pessoas que não têm
nenhum compromisso com a liderança e muito
menos com a visão da igreja. Nem sequer têm
compromisso de assiduidade e de participação
naquilo que acontece na igreja. Como
consequência disso, são eternas crianças,
conversadores, materialistas, problemáticos e,
é duro admitir, em muitos lugares formam a
maior parte do rol de membros das igrejas-
berçário. São crentes, eventualmente dão o
dízimo, têm uma conduta religiosa, mas se
acostumaram com relacionamentos
superficiais na casa de Deus. O
relacionamento que a liderança tem com
essas pessoas é um relacionamento de massa,
impessoal e distante; um relaciona-mento de
multidão. São irmãos que não têm visão clara
de nada: da vida cristã, dos princípios de
vitória, do andar no espírito, etc. Todas as
áreas de sua vida são mais ou menos
nebulosas. Vivem em altos e baixos em sua
vida cristã.

QUE LEVA ALGUÉM A SER MULTIDÃO?


Evidentemente, existem pessoas que vivem
nesse nível de re-lacionamento por não terem
recebido instrução ou ensinamento. Diríamos
que são multidão involuntariamente. Mas a
maioria faz uma opção por esse nível de
relacionamento por inúmeras razões. Vamos
ver algumas:

DECEPÇÁO COM ESTRUTURAS E LÍDERES


Relações frustrantes, escândalos, feridas
profundas e decepção com as estruturas da
igreja produzem crentes assim: descrentes de
tudo e de todos, apenas seguem adiante, sem
nenhum compromisso com o Corpo.
Infelizmente tais pessoas não percebem que a
desilusão é o começo do crescimento.
Enquanto idealizamos nossos pais, somos
apenas crianças, mas quando os vemos como
são, começamos a entrar na maturidade.

MEDO DE SEREM CONHECIDAS


O temor da rejeição, da decepção ou de
serem exploradas ou manipuladas leva as
pessoas a fugirem de um compromisso de
discipulado. Tais receios são legítimos.
Ninguém gosta de ser usado por outros.
Todavia isso não é uma justificativa para
ficarmos à parte do mover de Deus e da vida
da igreja.

A IGNORÂNCIA DO MELHOR DE DEUS


Alguns acham que a vida espiritual miserável
em que vivem é o único modelo de vida com
Deus, que seus problemas são só seus e que
ninguém os ajudaria ou entenderia. Creem,
em sua ignorância, que a vontade de Deus é
essa.

POR PARTICIPAREM DE "OBRAS MORTAS"


Existem igrejas que produzem crentes da
multidão porque não possuem um Ruir do
Espírito e da Palavra que confronte e traga à
intimidade com Deus. São igrejas-berçário
que se contentam em fazer programação para
entreter os crentes em vez de desafiá-los a
lima vida profunda. São os crentes de
campanha, que pulam de um lugar ao outro
procurando a unção mais poderosa.

FALTA DE COMPROMISSO MESMO


Há pessoas que sabem o que Deus quer,
convivem com pessoas dc visão, no entanto,
optam por uma vida descompromissada.
Nunca têm certeza de nada, porque também
nunca se deixaram tratar pela Palavra. São
pessoas que não têm vida abundante com
Deus, não têm vida frutífera, não têm vitórias.
São crentes centra-lizados em si mesmos.
Seus compromissos são totalmente baseados
no interesse pessoal. Todos os seus projetos
vêm antes do interesse por Deus ou pela
igreja. Não se preocupam em dar satisfação a
ninguém, mandam em seu próprio nariz.
Talvez o motivo que traga a multidão à igreja
seja um mero compromisso religioso, ou a
necessidade de libertação em alguma área, a
necessidade de cura, ou de manter um
agradável convívio social. Enfim, são pessoas
completamente independentes, cujos motivos
são desconhecidos. Em consequência,
crescem até certo ponto e então ficam
estagnadas. Seu processo de crescimento é
comprometido porque crescem no máximo até
o nível do relacio-namento periférico e "ralo"
que construíram na igreja: superficial com o
povo, superficial na Palavra e superficial com
Deus. O cres-cimento deles é determinado
pelo relacionamento superficial que mantêm
com Deus e com a liderança. O pouco que eles
absorvem do ministério da Palavra não é
suficiente para penetrar em suas vidas e
produzir frutos.

CARACTERÍSTICAS DA MULTIDÃO
❖ Relacionamento distante e impessoal.
❖ Diálogos sempre muito superficiais,
conversas frívolas e fúteis .
❖ Fraca resposta ao desafio da Palavra de
Deus.
❖ Não aceitam ser cobrados ou confrontados
em sua conduta.
❖ Não se deixam tratar por ninguém.
❖ Possuem motivação desconhecida,
portanto não são confiáveis para qualquer
obra ou posição de responsabilidade e
liderança.
❖ O nível de crescimento é baixo.
❖ São totalmente independentes.
❖ São infantis, confusos, religiosos e
materialistas.
❖ Nada herdam espiritualmente de seus
líderes.
❖ Fogem de tomar a cruz, pois não toleram
o desprazer.
❖ Possuem uma vida egocêntrica.
❖ Vivem de aparência.

2- JESUS E OS SEGUIDORES

O segundo nível de relacionamento de Jesus


foi com aquelas pessoas que O procuravam
para serem aconselhadas. Nós temos alguns
exemplos. O primeiro é Nicodemos em João 3.
Ele não era apropriadamente da multidão,
tinha um relacionamento mais próximo de
Jesus. Todavia, não se obrigava a obedecer a
Palavra que Ele lhe dava. O fato de ele
procurar Jesus de noite mostra que ele tinha
vergonha de sua fé e estava preocupado com
a opinião dos outros a seu respeito.
Entretanto, ele ainda desejava saber mais do
Senhor. O relacionamento com o Senhor era
mais próximo do que o da multidão, mas não
o suficiente para transformá-lo em discípulo.
O segundo exemplo de seguidor ocasional é o
jovem rico.
Ele era um homem que não pertencia à
multidão e simpatizava com Jesus. Essa era a
sua característica que mais se destacava: a
identidade religiosa e até legalista. Mas, sendo
confrontado em sua superficialidade, voltou
atrás. Quando Jesus mostrou-lhe a cruz, logo
retrocedeu. Há uma classe de pessoas na
igreja que sempre procura os pastores e
líderes para aconselhamento e é assídua na
igreja, participa das programações
regularmente. Quando é época de algum
evento, são verdadeiros ativistas. São
legalistas até mesmo lias normas externas da
igreja e místicos na guerra espiritual, mas não
possuem o compromisso de se desgastarem e
tomarem a cruz como um discípulo para a
expansão do reino de Deus. Não aceitam se
submeter ao discipulado.
Os seguidores ocasionais sempre têm algumas
ou todas estas características:
❖ São religiosos e legalistas, alimentam-se
da Palavra, mas com uma ótica religiosa e
mística. Assim, são anêmicos na fé,
incrédulos, apáticos e mornos; crianças,
quando já deveriam ser maduros .
❖ São festivos, chegam, marcam presença,
dão boas sugestões, estão nos jejuns,
mostram-se intensos e desaparecem até a
próxima temporada de fogo. Querem a
festa, mas não pagar o preço para
ministrá-la aos outros .
❖ São místicos, se conduzem com base no
fervilhar de sonhos, profecias, visões e
fábulas. Um simples sonho torna-se uma
enorme elocubração. Vivem saturados de
conhecimento mental morto .
❖ São mornos. Deixam-se tratar apenas
superficialmente quando há pressões, ou
quando há alguma dificuldade. Deus os
usa, mas o relacionamento com Ele é
caracterizado pela superficialidade e pelo
limite com que se deixam tratar. Podem
até estar convencidos de que são muito
espirituais, mas têm um relacionamento
distante, tanto com Deus quanto com a
liderança e os demais irmãos. O fato de
serem superficiais com os líderes mostra
que são superficiais com Deus. Quando se
tornam líderes, o Corpo sofre porque o
relacionamento construído com a
liderança não é de discipulado. Andam por
conta própria, produzem desunião,
multiplicidade de pensamentos e de
opiniões dentro da igreja. Por não
aceitarem a liderança e o discipulado,
vivem conforme "o que mais lhe parece
bem aos olhos". São o retrato do povo de
Israel nos dias dos juízes: inconstantes,
derrotados e sem direção.

É interessante observar que o relacionamento


dessas pessoas é mais próximo do que o das
pessoas que fazem parte da multidão, da
massa. Frequentemente, até criticam a
multidão por sua falta de compromisso. Seu
enfoque aborda apenas a assiduidade e o
legalismo com as normas exteriores. Acham
até que têm alguma vantagem sobre os
demais.
O compromisso de trabalhar na igreja não
define a profundidade da operação de Deus
em nossa vida. A falta do discipulado produz
líderes não confiáveis, imprevisíveis, que não
se deixam conhecer à luz dos vínculos de
relacionamento. Infelizmente existem até
mesmo líderes de célula que são seguidores
ocasionais. Não são discípulos.
Normalmente, quando falam muito, estes
irmãos chegam até a serem estabelecidos na
igreja como líderes. Muitas vezes possuem
tino de liderança, mas não produzem os frutos
esperados. Essa falta de critério bíblico em
estabelecer líderes e obreiros precisa mudar,
se quisermos uma estrutura de igreja forte e
frutífera.
Para sermos estabelecidos como líderes na
casa de Deus, precisamos ter vínculos de
discipulado com aqueles que nos vão es-
tabelecer. Qualquer outro meio é inseguro,
pois constrói vínculos superficiais e torna
imprevisível qualquer resultado: acerta-se
com uns, frustra-se com outros. Com alguns
nos damos bem porque são pessoas sinceras,
submissas, mesmo que não as conheçamos
bem; com outros nos damos muito mal
porque são pessoas que roubam ovelhas, que
dividem a liderança, que dividem o Corpo. São
cheios de orgulho e de presunção, procurando
títulos, cargos e posições, mfim, desejam o
reino, o poder e a glória.
É interessante que a medida de crescimento
dessas pessoas, apesar de ser um pouco
superior a do crescimento da multidão, é
limitada. O limite é a obediência aos princípios
exteriores de conduta da Palavra de Deus, o
cumprimento das tradições da igreja local e o
relacionamento de aconselhamento com a
liderança.
Enquanto há conveniência, enquanto se faz o
seu gosto, enquanto essas pessoas são vistas
pela multidão no lugar de liderança, enquanto
recebem atenção e têm cargos, caminham
bem e em unidade, mas quando começam a
ser confrontadas, tratadas, quando têm de
abrir mão de posições ou de razões pessoais,
quando vêm as pressões, se escandalizam e
fogem do compromisso que haviam firmado
anteriormente. São cegas quanto às
circunstâncias que Deus gera para tratar com
elas. Estão com os olhos fixos de um modo
natural nas situações, nas injustiças
supostamente cometidas contra elas, no líder
que falhou com elas, na "política da igreja" e,
sem perceberem, se deixam tomar por
sentimento de auto-piedade ou justiça-própria
que paralisam sua caminhada. Sempre estão
esperando que a liderança volte atrás e
reconsidere. Estão com os olhos presos às
circunstância naturais, ao invés de estarem
com entendimento aberto sobre as
circunstâncias espirituais nas quais Deus
espera que cedam, abram mão de direitos, se
deixem tratar, aprofundem seus vínculos,
amadureçam e deem frutos.

Características dos seguidores ocasionais


❖ Possuem um relacionamento frequente,
mas superficial.
❖ Os diálogos são abrangentes, mas não
permitem o tratamento do caráter .
❖ Possuem uma resposta superficial e até
religiosa à Palavra .
❖ Estabelecem ligações por conveniência
com a liderança.
❖ Fogem de cobrança e de confrontação.
❖ Vivem estagnadas na apatia espiritual.
❖ São fiéis às programações, normas e
preceitos da estrutura religiosa, mas não
se deixam tratar pela cruz.
❖ Nada herdam espiritualmente.
❖ Suas opiniões próprias são muito fortes,
sendo fechados para aprender com outros.

3- JESUS E OS DISCÍPULOS
O terceiro nível de relacionamento que Jesus
construiu foi com seus discípulos. Neste nível,
a proximidade é total, a intimidade e a
liberdade com as quais se expressam
pensamentos e sentimentos são completas; o
compromisso e a renúncia também são totais.
As motivações dos discípulos e o potencial de
resposta de cada um são intimamente
conhecidos e sobre essas bases os desafios
são realizados.
O discipulado nos fala da aceitação do preço
da cruz. É inte-ressante vermos que Jesus
pegou homens comuns, analfabetos, sem
formação religiosa alguma e passou a esses
homens todo o seu ministério, sua unção e
sua autoridade. Jesus passou o seu "manto".
É importante entendermos que Ele não deixou
por herança o ministério para a multidão.
Somente os discípulos receberam um
ministério.
No Velho Testamento, vemos que a formação
do ministério profético era realizada através
de um vínculo de discipulado no qual o
discípulo servia e tinha uma vida em comum
com o profeta a quem estava ligado. A Palavra
diz que Eliseu deitava água nas mãos de Elias.
Em IIRs 3: 11, vemos que Eliseu havia se
disposto a se submeter, a seguir e a servir
Elias. Abdicou de viver independentemente
para ter vínculos com ele. É importante
vermos que, quando Elias foi arrebatado, o
seu "manto", que representava toda a sua
unção, o seu poder e o seu ministério
profético reconhecido nacionalmente, foi
passado apenas para Eliseu, que era o seu
único discípulo. Da mesma forma, é
necessário entender que antes de alguém ser
enviado para um lugar, ou liberado para
ocupar uma função qualquer na igreja, ou
estar à frente de qualquer obra, como líder,
como obreiro, ou como pastor é necessário
que sejam estabelecidos fortes vínculos de
discipulado.
Muitos têm priorizado o "ir" em detrimento do
"ser", o realizar a obra de Deus em vez de
enfatizar a necessidade de vida, de formação
do caráter de Cristo como condição para isso.
Antes de dar qualquer coisa, para alguém
fazer, precisamos aprovar essa pessoa através
de vínculos de discipulado, em confiança, em
amor e em sujeição.
Discipulado nos fala de pegarmos alguém no
nível do vale e o levarmos para o nível do
monte. Fala-nos de ensinar e praticarmos
juntos as disciplinas espirituais, corrigindo os
princípios de vida errados enraizados em sua
alma, as heranças familiares, as formas
erradas de responder às falácias do diabo, etc.
Só o discipulado equilibrado pode gerar líderes
de fato aprovados. Todavia, é importante
ressaltar que não podemos levar alguém além
de onde nós mesmos já chegamos. O discípulo
não pode ser superior ao seu mestre. Assim, o
discipulado é uma visão de reprodução, de
multiplicação. Precisamos ser cuidadosos para
não permitirmos discipuladores que possam
reproduzir na vida igreja um padrão fraco ou
diferente da visão.
Discipulado é uma questão de apropriação. No
relacionamento de discipulado, o discipulador
vai plantar a Palavra, vai instruir nos
princípios de Deus, vai armar, vai equipar, vai
adestrar, vai tornar o discípulo íntimo das
armas, torná-lo perigoso espiritualmente
contra as trevas, e então vai enviá-lo.
Não são programas que vão instruir
discípulos. A Palavra diz que é o Espírito Santo
quem gera crescimento em nós. Na carta aos
Filipenses, lemos que "Aquele que em vós
começou a boa obra há de aperfeiçoá-la".
Assim, quando oramos pedindo a Deus que
nos forme, Ele nos responde nos levando a
situações que irão nos quebrar e moldar. Deus
é prático. Devemos responder positivamente
nessas situações de tratamento. Desta forma,
num vínculo de discipulado não existe um
currículo previamente estabelecido a ser
cumprido, mas simplesmente nos abrimos
para nos relacionar, aguardando as
circunstâncias geradas pelo Espírito de Deus.
Quando tais situações vierem, simplesmente
avaliaremos e corrigiremos as atitudes e as
motivações erradas que virão à tona. Deus
certamente criará circunstâncias de correção,
de disciplina, que pelo mover do Espírito vão
gerar um crescer de fé em fé, de glória em
glória.
Em Mateus 4:23, a Palavra nos diz: "Percorria
Jesus toda a Galiléia ensinando nas
Sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e
curando toda sorte de doenças e
enfermidades entre o povo". O aspecto de
ensino a um público é apenas umas das
formas de ensino usadas por Jesus. Esta
forma de instruir traz resultados, mas não é
completa. Jesus era também um professor,
mas investiu mais no discipulado. Uma grande
perda é nos prendermos exclusivamente ao
ensino de sala de aula. Basicamente só
existem professores em nossas igrejas.
Precisamos desesperadamente de
discipuladores.
Finalmente, no final do Evangelho de Mateus,
fechando seu ministério, Jesus orienta a
Igreja a ir e a fazer discípulos, ensinando-os a
guardar a Palavra. Ele não disse: "ensine-os a
entender", mas, ensine-os a guardar. O
ensino de púlpito atinge tanto a multidão
quanto o seguidor ocasional, mas não faz
discípulos. Jesus não tinha pensamento de
que o ensino impessoal praticado nas
sinagogas formaria alguém. O que levou vidas
a serem semelhantes a Ele foi um vínculo
sólido e profundo de discipulado.
O nível de ensino que precisamos praticar é o
"ensinar a guardar" e só se atinge este nível
de ensino com profundo compromisso de
relacionamento, onde eu posso ver a realidade
de vida do meu disI iplllador e entrar naquela
realidade. Eu vejo a altura em Deus que ele
atingiu, vejo o monte e caminho do nível do
vale, onde estou, .lIl' chegar onde ele está.
O discipulado não é algo de tempo indefinido.
Ele eventualmente se encerrará. Quando já
tiver a prática de todo o conselho de Deus, o
discipulado se encerra, mas permanecem os
vínculos. Alguém pode ficar longos anos
tentando aprender inglês num determinado
curso, ao passo que se fosse viver num país
onde se fala essa língua, não precisaria
esperar tanto tempo. Por que tais resultados?
Por causa do nível de vínculo e de intimidade
gerados para com a língua. Precisamos vencer
nossos medos e chamar alguns discípulos para
estarem mais próximos de nós.
Precisamos entender com clareza isto:
discipulado são vínculos formados em Deus,
vínculos que implicam em decisão, custos a
serem pagos e um objetivo a ser cumprido.

Características do discípulo:
❖ Possui intimidade e transparência para
com o discipulador .
❖ Responde de forma completa à Palavra de
Deus.
❖ É submisso.
❖ Manifesta um crescimento constante e
desobstruído.
❖ É aberto e maleável o suficiente para se
deixar tratar.
❖ Suas motivações são conhecidas.
❖ É dependente de Deus.
❖ Possui uma vida de vitória.
❖ Ao final do processo alcança um ministério
reconhecido.
❖ Possui clareza dos princípios da Palavra de
Deus.

2º Dia

OBJETIVOS DO DISCIPULADO
Em nosso trabalho de formar discípulos,
devemos nos dedicar basicamente a duas
coisas. Podemos dizer que estes são os dois
objetivos do discipulado:
I - A edificação da vida do discípulo para que
tenha o caráter de Cristo.
2 - A capacitação ministerial do discípulo para
que possa fazer a obra de Deus. Quando falo
de edificar a vida e o caráter de um discípulo
não estou falando de transformação de vida. A
transformação de vidas compete a Deus.
Transformar os pecadores nascidos de Adão
em homens santos não é tarefa que nos
compete, e sim a Deus. Só Ele pode mudar,
transformar o homem orgulhoso, rebelde e
egoísta em um novo homem, manso e
humilde. Discipulado algum jamais poderia
realizar esse milagre. Isso é obra do Espírito
de Deus.
Somente pelo novo nascimento o nosso
coração de pedra pode ser retirado. É pelo
novo nascimento que nos tornamos novas
criaturas. Mas não é só o novo nascimento
que é obra do Espírito Santo, também o
crescimento e a transformação de vidas à
imagem de Cristo são operados pelo Espírito
do Senhor (I Co 3:18).
Nesse caso podemos dizer como Paulo, que
nem o que planta é alguma coisa, nem o que
rega, mas Deus que dá o crescimento (I Co
3:7).
Por isso é fundamental que cada discípulo
tenha uma forte experiência com Deus,
recebendo em sua vida, pela fé, a ação
transformadora do Espírito Santo, e seja
continuamente cheio do Espírito, pois sem isso
a relação de discipulado terá muito pouco
resultado.
I. A EDIFICAÇÁO DA VIDA DO DISCÍPULO
O primeiro objetivo de um relacionamento de
discipulado é a edificação da vida do discípulo
para que tenha o caráter de Cristo. O
propósito de Deus é que todos os seus filhos
cresçam até atingirem a estatura de Cristo. A
vontade de Deus é que nosso caráter seja de
tal forma transformado, que possamos
expressar a Cristo em todas as áreas de nossa
vida.

''Até que todos cheguemos à unidade da fé e


do pleno conhecimento do Filho de Deus, à
perfeita varonilidade, à medida da estatura da
plenitude de Cristo" (Efésios 4: 13).
Paulo também nos mostra que o seu alvo era
apresentar seus filhos na fé perfeitos em
Cristo. Assim, entendemos que é função e
responsabilidade dos líderes cooperarem com
o Espírito Santo na obra de crescimento e
aperfeiçoamento dos santos. Nós fazemos isso
por meio do discipulado.
''Aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja
a riqueza da glória deste mistério entre os
gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da
glória; o qual nós anunciamos, advertindo a
cada homem e ensinando a todo homem em
toda a sabedoria a fim de que apresentemos
todo homem perfeito em Cristo" (Cl 1:27)

As áreas mais importantes em que você deve


observar essas coisas são:
❖ Na família
❖ No trabalho
❖ No tratamento com o próximo
❖ Na área sexual
❖ Na administração do dinheiro
❖ Na moral e na ética
❖ Na sua relação com Deus
❖ Nos tempos de provações.

a- A RESPONSABILIDADE DO
DISCIPULADOR
A obra de transformação do discípulo é do
Espírito Santo, então qual é o papel do
discipulador nesse processo? Paulo afirma que
"'Somos cooperadores de Deus" (I Co 3:9). É
verdade que nem o que planta nem o que
rega é alguma coisa; todavia, ainda assim,
devemos plantar e regar. Somos cooperadores
de Deus. Existe uma parte da obra que é de
Deus, mas existe outra obra que cabe a nós
realizar. É Deus quem faz a parte misteriosa
de dar o crescimento, mas somos nós que
plantamos e regamos. Nossa ação nunca pode
substituir a ação de Deus; assim também a
ação de Deus não nos exime da nossa
responsabilidade. '
Qual é então a nossa responsabilidade na
formação de um discípulo? Creio que devemos
observar os exemplos do Senhor e de Paulo
no Novo Testamento, e então fazer o mesmo.
❖ Estar com eles.
Mc 3:14 Então, designou doze para estarem
com ele e para os enviar a pregar

❖ Ser exemplo
Sede meus imitadores, como também eu sou
de Cristo. 1Co 11:1
Ninguém despreze a tua mocidade; pelo
contrário, torna-te padrão dos fiéis, na
palavra, no procedimento, no amor, na fé, na
pureza. I Tm 4: 12
Novo mandamento vos dou: que vos ameis
uns aos outros; assim como eu vos amei, que
também vos amds uns aos outros. João 13:34
❖ Conhecê-los
Eu sou o bom pastor; conheço as minhas
ovelhas, e elas me conhecem a mim. João
10:14
❖ Ensinar-lhes a Palavra de Deus
Mantém o padrão das sãs palavras que de
mim ouviste com fé e com o amor que está
em Cristo Jesus. 11 'I In 1: I J
❖ Instruí-los
E o que de minha parte ouviste através de
muitas testemunhas, isso mesmo transmite a
homens fiéis e também idôneos para instruir a
outros. II Tm 2:2
❖ Animá-los
Dou graças a Deus, a quem, desde os meus
antepassados, sirvo com consciência pura,
porque, sem cessar, me lembro de ti nas
minhas orações, noite e dia, Lembrando das
tuas lágrimas, estou ansioso por ver-te, para
que eu transborde de alegria pela recordação
que guardo de tua fé sem fingimento, a
mesma que, primeiramente, habitou em tua
avó Lóide e em tua mãe Eunice, e es-tou certo
de que também, em ti. Por esta razão, pois, te
admoesto que reavives o dom de Deus que há
em ti pela imposição das minhas mãos.
Porque Deus não nos tem dado espírito de
covardia, mas de poder, de amor e de
moderação. II Tm 1 :3-7
❖ Corrigi-Ias
Dize estas coisas; exorta e repreende também
com toda a autoridade. Ninguém te despreze.
Tito 2: 15
❖ Adverti-Ias e repreendê-las
Quanto aos que vivem no pecado, repreende-
os na presença de todos, para que também os
demais temam. ITm 5:20
Prega a palavra, insta, quer seja oportuno,
quer não, corrige, repreende, exorta com toda
a longanimidade e doutrina. 11 Tm 4:2
❖ Orar por eles
Dou graças a Deus, a quem, desde os meus
antepassa-dos, sirvo com consciência pura,
porque, sem cessar, me lembro de ti nas
minhas orações, noite e dia. 11 Tm 1:3
❖ Honrá-los
Se alguém me serve, siga-me, e, onde eu
estou, ali estará também o meu servo. E, se
alguém me servir, o Pai o honrará. João 12:26
❖ Ser amigo
Já não vos chamo servos, porque o servo não
sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos
chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de
meu Pai vos tenho dado a conhecer. João
15:15
❖ Dar a vida por eles
Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida
pelas ovelhas. João 10: 11
Ide, portanto, fazei discípulos de todas as
nações, batizando-os em nome do Pai, e do
Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a
guardar todas as coisas que vos tenho
ordenado. E eis que estou convosco todos os
dias até à consumação do século. Mt 28:19-20
Devemos discipular aqueles irmãos que estão
sob nosso cuidado com toda diligência,
responsabilidade, amor e autoridade. Precisa-
mos ter o mesmo zelo que Paulo, a fim de
apresentarmos nossos discípulos perfeitos em
Cristo.

B. A RESPONSABILIDADE DO DISCÍPULO
Devemos enfatizar que é responsabilidade do
discípulo estar sujeito, ser transparente,
tratável, fiel, sincero, servo e esforçado para
corresponder em tudo o que lhe for pedido
pelo discipulador.

2. A CAPACITAÇÃO MINISTERIAL DO
DISCÍPULO
O segundo objetivo do discipulado é a
capacitação ministerial do discípulo para que
possa fazer a obra de Deus. Mais uma vez,
precisamos ter clareza que não é função do
discipulador uma série de coisas com relação
ao trabalho ministerial do discípulo.
Há algumas coisas que são obra exclusiva de
Deus. Em primeiro lugar, precisamos lembrar
que é o Senhor quem chama homens para o
ministério (Rm 1: 1, II Co 1: 1). Também é
obra do Espírito Santo dar dons aos homens
(Ef 4:7, 8,11) e dotá-los de habilidade para o
ministério (Rrn 12:6-8). E, por fim, é obra do
Senhor enviá-los (Mt 9:38, I Co 12:28). Mais
uma vez devemos frisar qual é a parte de
Deus e qual é a nossa, na capacitação
ministerial dos obreiros do Senhor. Creio que
a parte que nos compete como discipuladores
é a mesma que se diz a respeito dos
apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e
mestres: "aperfeiçoar (katartismos) aos
santos para a obra do ministério".
"E ele mesmo concedeu uns para apóstolos,
outros para profetas, outros para evangelistas
e outros para pastores e mestres, com vistas
ao aperfeiçoamento dos santos para o
desempenho do seu serviço ... " (Ef 4:11-12)
A palavra aperfeiçoar aqui significa
simplesmente treinar, ensinar fi Ftl\wllr até
que sejam capazes de executar a obra do
ministério.
O discipulador é um treinador. Como um
discipulador pode levar o seu discípulo a ser
capacitado para a obra do ministério? Ibtl
uutl'US palavras, como fazer de forma prática
esse aperfeiçoamento, 011 Irei na I11C11tO?
Vamos entender qual é a responsabilidade de
um dlscipulador.
A- A RESPONSABILIDADE DO
DISCIPULADOR
\~ltlrl11os dizer que a responsabilidade do
discipulador envolve pflll 111f'lIo,~ quatro
aspectos:
.:. Etlllipal'
.;. 'Ih'lnar
•• I':ditkar e
•• Enviar, colocando o discípulo em funções.
!tQmlJAR os DISCÍPULOS
Ji.1Il primeiro lugar, nós equipamos nossos
discípulos com o t.'tJlthrdlllt'll\O da Palavra de
Deus.
1LnJllnundo-os a guardar todas as coisas que
vos tenho ordenado.
Mt lHl~W
rurqllt' jamais deixei de vos anunciar todo o
conselho de Deus.
A 1)"'7
f\tn14 ",( .~
11unhém precisamos ajudá-Ios a serem
cheios do Espírito Santo (! llrrcnderém a viver
em completa dependência de Deus. (AI' 1 :8)
f}l't'dsamos levar nossos discípulos a
conhecerem intimamente 11 [)~UH lm'diante
uma vida de oração e de estudo das
Escrituras. Nau lill Iileil para o Senhor ensinar
seus discípulos a orarem. O Itmu parecia ser
um inimigo constante. No Getsêmani eles não
conseguiram orar e dormiram (Mt 26:40); no
Monte da Transfi-: guração, estavam bêbados
de sono e, talvez por isso mesmo, Pedra
sugeriu que se fizessem três tendas (Lc 9:32).
Além disso, precisamos levá-Ios a cultivar
uma sensibilidade es-piritual para ouvir a voz
de Deus e mover-se nos dons do Espírito.
Por fim, devemos incentivar nossos discípulos
a buscarem uma formação teológica,
motivando-os também a uma superação
intelectual.
TREINAR OS DISCÍPULOS
Já dissemos que a maior lição de Jesus para
formar obreiros foi a própria obra. Não há
nada que possa superar este método. Ele é
muito simples.
Estágio 1- "Eu faço, você observa". Leve os
discípulos consigo.
Esse é o "siga-me".
Estágio 2 - "Eu faço, você ajuda". Faça diante
deles o que se pretende que eles façam
depois: ensine-os com o exemplo.
Estágio 3 - "Você faz, eu ajudo". Instrua-os
especificamente, atribuindo as tarefas que
devem fazer (Mt 10:5-15).
Estágio 4 - "Você faz, eu observo". Avaliar a
tarefa realizada para alertá-Ios e corrigi-Ios.
Isso é um círculo, voltando novamente ao
primeiro ponto cada vez que uma nova tarefa
ou desafio for colocado, e assim por dian-te.
Na medida em que vão ganhando experiência,
lhes é dada mais liberdade para o
desenvolvimento de seu talento pessoal. o.
treina-mento é uma capacitação prática para
que os discípulos aprendam a fazer a obra.
o que deve constar no treinamento do seu
discípulo? Eles devem aprender a:
.:. Evangelizar e testemunhar aos de fora;

-:. Levar os que crêem ao arrependimento e


ao encontro com
Deus;
o> Batizar, entendendo todas as suas
implicações; .;. Ministrar o batismo do Espírito
Santo;
o> 1 )iscipular outros;
o> ()rar pelos enfermos; o> I~xpulsar
demônios; .;. Aconselhar;
.;. Ensinar a Palavra; o> Pregar em público; -
:. Liderar uma célula;
+ I Jirigir um culto ou reunião da igreja; .;.
Servil';
.;. Fa:t,er boas obras;
.;. I'astorear e consolidar vidas; + l{e.~olvcr
problemas;
+ Suportar cargas e situações difíceis, etc.
Et111JICAR os DIScípULOS
A tl'l"rd ra responsabilidade de um
discipulador é edificar os seus dt.lilpuloN.
Edillcar é colocar dentro do edifício. Um tijolo
edifi-"tld{) é ullude que foi completamente
integrado na edificação. Ele "l'IUl um tijolo
acima dele, possui outros ao lado e possui
tijolos .h.hm. Nl10 é uma relação de
superioridade ou inferioridade, mas umil
rcdutrdo de: cdificação.
{) dllldpulador é o tijolo acima, os tijolos ao
lado são os com-ptll\ludl'nli de discipulado e
os tijolos abaixo são nossos próprios
dllGllmluN. 'ludo isso está vinculado e
edificado junto.
A IgrcJa é um corpo, e nela não existem
ministérios indepen-UntOI, 08 discípulos,
desde o princípio de sua formação, devem
.flndcr I atuar em equipe. Não há lugar para
individualismo entre
os servos do Senhor. Cada um complementa o
outro naquilo que é bom para a edificação.
De quem todo o corpo, bem ajustado e
consolidado pelo auxílio de toda junta,
segundo a justa cooperação de cada parte,
efetua o seu próprio aumento para a
edificação de si mesmo em amor. Efésios 4:
16.
Todo discípulo e líder de célula deve saber a
quem está sujeito, ou quem é seu pastor ou
discipulador. Por sua vez, o irmão mais velho
deve saber quais são os irmãos que estão sob
sua responsabilidade de edificar e capacitar.
As relações devem ser claramente definidas e
estabelecidas. Uma relação ambígua ou
indefinida não permite uma edificação
genuína. Alguns são discipuladores, mas seus
discípulos não sabem que ele os discipula.
Sentem-se constrangidos com a relação de
discipulado. Mas isso está errado. Jesus sabia
quais eram os seus "doze". Os doze também
sabiam. Timóteo, Tito, Lucas e Epafras tinham
uma relação clara e comprometida com Paulo,
que sabia que a formação de suas vidas
estava sob sua responsabilidade. Estas
relações não devem ser eternas, mas,
enquanto não produzirem mudanças, devem
ser claras e firmes.
O discipulado não precisa ser eterno porque
certamente teremos muitos discipuladores no
decorrer de nossa vida. Isso acontece por
muitas razões: porque mudamos de cidade,
porque aspiramos ao pastorado, ou por
direção de Deus. Um exemplo bíblico é João
Marcos. A Palavra de Deus nos mostra
claramente que João Marcos esteve
inicialmente sob o ministério de Barnabé (At
12:25, 15:3739), logo depois, de Paulo (lI Tm
4:11), e finalmente foi discípulo de Pedro (I
Pe 5:13).
ENVIÁ-LOS, COLOCANDO-OS EM FUNÇÕES
Dos dois objetivos do discipulado, certamente
a capacitação ministerial do discípulo para que
possa fazer a obra de Deus é o
lIIIIRIIils importante. Em nossa igreja, só
consideramos que alguém li!: JIDmOU um
discípulo a partir do momento que ele se
dispõe a :Jf:Ir um líder de célula em
treinamento. Porque somente a partir ,Desse
pomo ele pode exercitar tudo aquilo que tem
aprendido e jIIS!!IilI]mirresponsabilidades.
P.ua o desenvolvimento dos discípulos, é
muito importante que d/b; .sejam colocados
em funções, dando-lhes responsabilidades
es-:px:ii6cas de acordo com seu nível de
habilidade no momento. Isso ,é: iII1IIWito
necessário para conhecê-lo e continuar
completando sua apacitação. É muito
importante ir promovendo os que são fiéis a ~
de maior responsabilidade, para que se vejam
obrigados a tcslOrçar na graça recebida e
crescerem ainda mais .
•. A RESPONSABILIDADE DO DISCÍPULO
O discípulo deve estar atento para ver, ouvir e
perguntar. O re-Iia:iooa.mento espontâneo e
constante entre o discípulo e o discipu-bJoc
fará surgir oportunidades de ensino, exortação
e treinamento.
A atitude do discípulo é a chave para que ele
cresça no discipu-b:Io. Podemos dizer que
existem três tipos básicos de discípulos: os
JPll5i5ivos, os pródigos e os produtivos.
a. Os discípulos passivos
Entram e saem do relacionamento livremente.
Quando uma axreçáo é aplicada, eles
procuram outro discipulador que ainda lIio
tenha descoberto suas falhas. Eles se
distanciam quando seus discipuladores são
atacados, difamados ou passam por
dificuldades.
b. Os discípulos pródigos
Estes buscam a credibilidade da posição e não
a correção. Eles usarão o nome e a influência
do discipulador para manipular outros em
algum relacionamento. Na verdade, eles
querem o que discipulador conseguiu e não o
que ele aprendeu. Eles desejam reputação e
reconhecimento, sem preparação e sem
preço.
c. O discípulo produtivo
É aquele que possui um coração de servo. Ele
vê o discipulador como um presente de Deus,
por isso ele procura não tomar decisões
importantes sem ouvir o discipulador. Como
verdadeiro discípulo, ele honra o seu
discipulador.

3º Dia
COMO FORMAR UM DISCÍPULO
Certamente o fator mais importante do
trabalho de qualquer pessoa é o produto final,
o resultado obtido. A finalidade de nosso
trabalho como líderes é a formação e a
edificação de vidas. Assim, todo líder de célula
e todo discipulador de líderes deve conhecer
bem o seu trabalho e a tarefa que lhe foi
confiada.
Em nossas células nós pregamos, ensinamos,
fazemos reuni-ões, retiros, encontros,
visitamos, aconselhamos, etc. Todas essas
são atividades muito importantes, mas
nenhuma delas é um fim em si mesma. Elas
são um meio para atingirmos o nosso
objetivo. Tudo o que fazemos é com o fim de
edificar e discipular aqueles que estão sob a
nossa liderança. Paulo diz em Colossenses 1
:28, "a fim de que apresentemos todo homem
perfeito em Cristo". Essa deve ser a aspiração
de todo líder e discipulador.
Todo líder precisa ter objetivos claros,
concretos e precisos, metas a serem atingidas
nas vidas daqueles que estão sob seu cuidado
espi-ritual. Uma vez que essas metas estejam
claras, ele precisa também saber como
alcançá-Ias de maneira prática. Se um
discipulador não sabe' para onde está
conduzindo seu discípulo, ele não vai
conseguir ministrar a fé devida. Todo discípulo
precisa sentir que seu discipu-lador sabe para
onde está indo.
Creio que é útil termos um roteiro básico
daquilo que deve ser tratado na vida de um
discípulo. Evidentemente não se trata de uma
fórmula, mas apenas um sinalizador para nos
ajudar nesse processo.
A EDIFICAÇÁO PELO DISCIPULADO
Nestes dias queremos renovar o encargo pela
edificação da igreja local, mas algumas vezes
nos falta a clareza necessária para
alcançar-mos isso. Digo isso porque toleramos
situações que contradizem nosso alvo, e uma
delas é permitirmos líderes entre nós que não
são realmente discípulos. Eles até se dizem
discípulos de Jesus, mas se recusam a
aprender conosco na condição de discípulos na
igreja.
O discipulado é uma condição fundamental
para que haja edi-ficação sólida e permanente
da igreja local. Dizemos que o pratica-mos e
temos até irmãos que são chamados de
discipuladores, mas são realmente discípulos?
São discipuladores de quem? Quem os segue?
Quem os ouve? Precisamos definir melhor
nossos termos e esclarecer expectativas.
Antes de mais nada, vamos dizer o que não é
discipulado. Disci-pulado não é uma classe de
aula cheia de alunos com um professor à
frente. Salas de aulas são necessárias para se
passar uma visão, e até para formar alguns
discipuladores, mas uma reunião desse tipo
não é discipulado. Podemos dizer que é uma
boa forma de ensino, mas não é o próprio
princípio de discipulado em operação.
Outra coisa que não é discipulado: um
relacionamento de acon-selhamento
esporádico, no qual uma pessoa quando
precisa, quando tem alguma necessidade ou
problema, procura alguém mais expe-riente,
um pastor ou um líder, para receber conselho
e uma luz nova sobre determinada
circunstância. Isso pode ser um
relacionamento de aconselhamento, mas não
é discipulado.
Também não é discipulado uma mera relação
hierárquica. O líder não é necessariamente o
discipulador do liderado. O liderado

exerce uma função por causa da estrutura,


mas não existe um re-conhecimento espiritual
do seu líder. Podem até chamar o líder de
discipulador, mas na prática é só um título
hierárquico.
Por que nada disso é discipulado? Porque o
cerne do discipulado não é uma programação
humana e nem a estrutura de uma
orga-nização, mas vínculos fortes entre
alguém com coração ensinável e um
discipulador aprovado. O centro do discipulado
são vínculos, ligaduras no espírito, alianças
profundas, compromisso de submis-são, de
andar na luz, de se deixar tratar. Esse
comprometimento é que define se o
relacionamento éou não discipulado. Esse
vínculo é o compromisso pelo qual aceito o
désafio de andar na luz com alguém, e
"herdar o seu manto", submeter-me a ele e
abrir mão dos meus conceitos errados. Esses
vínculos é que definem o discipulado.
Discipulado é "vínculo íntimo e sólido entre
duas pessoas - dis-cipulador e discípulo". O
discípulo, que deve ser aberto, maleável,
tratável e ter um desejo de ser formado em
Deus, será conduzido por um discipulador:
alguém cuja vida cristã global foi aprovada e
anteriormente discipulado por outrem, para
levá-lo a uma posição mais elevada em Deus
de aprendizado da Palavra e de vida.
Entrar no padrão do discipulado é entrar no
estilo de vida de Je-sus. Somos convidados a
viver uma vida de despojamento,
negando-nos a nós mesmos e diariamente
tomando a cruz.
O convite é para servirmos, honrarmos e nos
submetermos. É mais do que algo exterior, é
uma renúncia completa a ocuparmos o
primeiro lugar, seja qual for o contexto. A
ênfase não está no quanto de unção,
autoridade e revelação eu tenho ou posso vir
a ter, mas no quanto estou disposto a abrir
mão para aprender. O convite é para nos
humilharmos, esvaziarmo-nos de nós mesmos
e então começarmos a crescer; pois o alvo do
discipulado é o crescimento. A promessa de
Jesus é infalível: "Aquele que se humilhar será
exal-tado"; "Humilhai-vos, portanto, diante de
Deus e Ele vos exaltarâ'.
Discipulado é viver uma vida de renúncia. Mas
por que deve-mos renunciar? Porque essa é a
única forma que Deus tem para
produzir em nós o quebrantamento e a real dependência dEle, que é o caminho para a maturidade.
2. As BASES DO DISCIPULADO
A primeira base de edificação de um discípulo é o reconhecimento do Senhor Jesus como rei. Isso
significa que cada um precisa entender que, ao ser introduzido no reino de Deus, foi colocado debaixo de
um governo de autoridade, onde Jesus Cristo é o único rei. Conversão significa mudança de governo. A
partir de agora, a Palavra de Deus é a base de nossa vida.
Nesse reino existem leis e ordenanças, onde autoridades delegadas foram instituídas. Se uma pessoa não
reconhece autoridade não pode ser edificada, não há como ser discipulada. Não aprendemos a submissão
no discipulado, mas a submissão é a primeira condição e a base do discipulado.
Toda atitude de rebeldia e insubmissão deve ser abandonada e toda postura arrogante deve ser rejeitada.
Assim, a primeira base de edificação e discipulado é a submissão à autoridade.
No decorrer dos anos, temos visto que a causa de muitos problemas foi tentar discipular alguém que não
havia se colocado numa posição de discípulo, com um coração humilde e submisso.
A segunda base do discipulado é a transparência. Somos transparentes quando confessamos nossos
pecados. João diz que "Deus é luz, e não há nele treva nenhuma. Se dissermos que mantemos comunhão
com ele e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Se, porém, andarmos na luz, como
ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros ... " (IJo 1:5-7). Só há comunhão genuína na luz.
João também diz que "Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a
verdade não está em nós [ ... ]. Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-Io mentiroso, e a
sua palavra não está em nós" (I Jo 1:8, 10). Alguns

discípulos simplesmente nunca confessam coisa alguma, isso indica um coração orgulhoso e
independente.
Tiago diz para confessarmos os nossos pecados para sermos curados (Tg 5:16). Quando confessamos o
nosso pecado, torna-se mais difícil ele se repetir e somos guardados do tentador quando crescemos no
temor de Deus.
Paulo diz para não darmos lugar ao diabo e certamente uma forma de fazermos isso é trazendo segredos
de pecados ocultos que produzem acusação e culpa (Ef 4:27). O inimigo sabe tirar proveito quando há
áreas ocultas.
Quando confessamos nosso pecado para um discipulador amoroso e firme, somos exortados e corrigidos,
mas também somos ajudados no dia da luta.
A terceira base para a edificação no discipulado é o enchimento do Espírito Santo. É a ação do Espírito
Santo em nós que nos torna dóceis à sua Palavra. É Ele que nos faz ver, testificando no nosso coração que
a palavra de nosso discipulador procede de Deus.
Depois disso a pessoa está pronta para ser edificada na "sua maneira de viver" . Um disci pulado eficiente
deve estar alicerçado nessas bases. Não adianta tentar discipular uma pessoa rebelde, que não é
transparente e que nunca foi cheia do Espírito Santo.
3. A MANEIRA DE VIVER
Certamente a primeira coisa que um discipulador precisa atentar é para a maneira de viver de seu
discípulo, seu estilo de vida. Pedro diz que fomos resgatados do fútil procedimento que nossos pais nos
legaram (I Pe 1:18). Todos nós recebemos ou herdamos de nossos pais, antepassados, familiares e das
pessoas que nos rodeiam uma determinada maneira de viver.
O que é a maneira de viver? Nossa maneira de viver pode ser dividida em quatro aspectos:

.:. Estilo de vida - são os nossos gostos,


preferências e
costumes;
.:. Conduta - aponta para aquilo que fazemos
e falamos; .:. Forma de pensar - representa a
nossa escala de valores; .:. Forma de ser -
aponta para o nosso temperamento.
Tudo isso nós herdamos em nossa história de
vida, mas hoje as cadeias do passado podem
ser rompidas pelo poder do Senhor operando
em nós. Todas essas quatro áreas serão
completamente afetadas quando o discípulo
entender o senhorio completo de Cristo sobre
ele.
o que faz um irmão se tornar um discípulo é
justamente a compreensão do Evangelho do
Reino. O Evangelho do senhorio do Senhor
Jesus. Um evangelho "diluído" é ineficaz para
romper com as cadeias do passado. Somente
o Evangelho do Reino, apresentando a Jesus
como Senhor, nos dá a base sólida para
edificar urna vida.
Como o discipulador pode formar um
discípulo?
.:. Desenvolvendo com ele uma relação de
amor e cuidado .
:. Orando pelo discípulo, dependendo do
Senhor e da direção
do Espírito Santo .
:. Fazendo coisas juntos, com
companheirismo .
:. Animando e estimulando a fé do discípulo .
:. Avaliando os resultados e supervisionando o
trabalho do discípulo .
• :. Dando diretrizes claras e específicas.
Existem quatro níveis de instrução:
.:. Básica - é geral e se aplica à vida como um
todo .
:. Pelos problemas - é específica para resolver
determinado problema .
• :. Formativa - é aquela que mostra como a
pessoa deve ser, segundo o padrão de Deus .
• :. Para alcançar maturidade - é em função
de torná-lo um servo útil.

4. O DISCIPULADO ATRAVÉS DO
ESTABELECIMENTO DE METAS
A melhor maneira de conduzirmos um
relacionamento de disci-pulado é identificando
as áreas que precisam ser edificadas, e então
estabelecermos metas para o discípulo.
Uma vez que essas metas foram
estabelecidas, o discípulo deve agora prestar
contas ao discipulador de como tem
avançado, e o discipulador, por sua vez, deve
prover meios e estratégias para ajudar seus
discípulos a atingi-Ias.
As metas ou alvos são objetivos estabelecidos
para a vida de um discípulo, que o ajudarão a
avançar na vida cristã e a tornar-se cada vez
mais como Jesus.
Todos nós vivemos mais ou menos movidos
por metas, o proble-ma é que muitas vezes
colocamos metas erradas e frequentemente
não temos a quem prestar contas de nossos
avanços.
Assim, o discipulador precisa ter bem claro
que edificar,a vida de um discípulo é mais que
ajudar a resolver os problemas pessoais dele,
é completar o que falta para alcançar a meta
proposta.
Orando noite e dia, com máximo empenho,
para vos ver pessoalmente e reparar as
deficiências da vossa fé? (l Ts 3: 1 O)
De maneira geral, o discipulador precisa
estabelecer metas em áreas como:
.:. Transformação do caráter e santidade -
humildade, mansi-dão, generosidade,
temperança, etc.(GI 5:22)
.:. Prosperidade financeira - trabalho, vida
digna, salário me-lhor, vida profissional .
• :. Vida familiar estável e harmoniosa - de
acordo com o pro-pósito e padrão de Deus .
• :. Relação correta com Deus - vida de fé e
orientação do Espírito Santo.
.:. Disposição para servir - ser disponível para
a expansão do reino de Deus, liderança.
Quando estabelecemos metas corretas, claras
e definidas para um discípulo, devemos logo
determinar os passos a serem dados para
alcançá-Ias. Além disso, precisamos analisar o
valor da meta e o esforço que se vai
empregar. Em alguns casos, podemos
determinar o tempo ou o prazo para se
alcançá-Ias.
Quando houver clareza sobre os objetivos que
se quer alcançar, então se devem determinar
os passos para a conclusão.
Vamos tomar o exemplo de um casal jovem
rumo ao casamento. Os dois são fiéis ao
Senhor, estão firmes na igreja, são líderes em
treinamento, têm idade suficiente e querem
se casar. Ele, porém, não tem profissão e nem
trabalho. O discipulador deve começar fixando
metas para um ano, por exemplo. O que ele
deverá ter al-cançado neste tempo?
.:. Trabalho - meta: seu próprio negócio ou
profissão definida .
:. Casa - meta: sua própria casa ou um
terreno para construir.
Se essa meta for demasiadamente alta, então
pode-se defi-nir, pelo menos, a capacidade de
pagar um aluguel digno .
:. Noivado - meta: casamento
.:. Obra do Senhor - meta: liderar uma célula.
Vamos tomar mais um exemplo: Um casal
com problemas de caráter. Eles já não
conseguem se comunicar e estão a ponto de
separar-se.
O discipulador pode fixar metas como: .:.
Fazer o curso de casais .
:. Colocar-se à disposição dos dois para
buscar a solução dos problemas .
• :. Fixar metas com respeito ao caráter. Por
exemplo, para o homem:
- Fazer uma lista das coisas em que acha que
está mal;
- Fazer outra lista com as características que
gostaria de ter;
- Conquistar o amor da esposa com atitudes
práticas.
4º Dia
UM ROTEIRO DE DISCIPULADO
o mandamento do Senhor Jesus para nós é
bastante claro: "Ide e fazei discípulos de todas
as nações". Não se trata de um ministé-rio
especial e nem de um dom extraordinário, é
simplesmente um mandamento. Não temos
outra escolha senão obedecê-Ia. Fomos
chamados para fazer discípulos.
"Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo:
Toda a autoridade me foi dada no céu e na
terra. Ide, portan-to, fazei discípulos de todas
as nações, batizando-os em nome do Pai, e do
Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a
guardar todas as coisas que vos tenho
ordenado. E eis que estou convosco todos os
dias até à consumação do século." (Mt 28:18-
20)
O QUE É O DISCIPULADO?
O discipulado é um relacionamento de vida
entre um discipu-lador e seu discípulo, onde o
discipulador procura levar o seu dis-cípulo a
se tornar como Jesus. Nesse sentido, não
temos discípulos. o discipulador é apenas uma
placa de sinalização apontando para Cristo.
O alvo do relacionamento de discipulado é
levar o discípulo a perceber a direção do
Espírito Santo em seu espírito humano e
assim fazer a vontade de Deus.
É um relacionamento entre um mestre e um
aluno, baseado no modelo que é Cristo.
Todavia, não devemos pensar no discípulo
apenas como aluno. O discípulo não somente
aprende o ensino do discipulado, mas também
se compromete com esse ensino. Uma pessoa
pode estudar os ensinos de Karl Marx e não
ser um discípulo de Karl Marx. Discípulo é
aquele que se torna um seguidor, um adepto
do ensino que lhe foi passado.
Este relacionamento liga o discípulo à cadeia
de autoridade existente na igreja. Assim, não
há discipulado a não ser que o discípulo se
disponha a liderar na casa de Deus. O
discipulado não é só apascentamento, mas um
treinamento que envolve a obra e a vida do
discípulo.
Assim, em nossa estrutura, um líder em
treinamento é discipulado pelo líder de célula.
O líder de célula é discipulado por um
discipulador de líderes, que, por sua vez, é
discipulado por um pastor ou obreiro.
Desse modo, o discípulo é acompanhado em
seu processo de crescimento e ajudado em
suas lutas e crises peculiares ao processo de
crescimento. Discipular é transmitir a vida de
Jesus. É reproduzir essa vida em outras
pessoas, ensinando-as a guardar tudo que Ele
ordenou.
2. EQUILIBRANDO A AUTORIDADE NO
DISCIPULADO
Sem submissão, não há formação ou
discipulado. O discípulo precisa ser manso e
humilde, estando sujeito aos irmãos, aos
líderes, sem rebeldia ou obstinação. Um risco
que muitos temem é o abuso da autoridade
por parte do discipulador. Mas sem submissão
não
há autoridade. O próprio discipulador precisa
ser discípulo porque o princípio básico para ter
autoridade é estar debaixo de autoridade e se
sujeitar a ela.
Ninguém tem autoridade em si mesmo. Nossa
autoridade vem do Senhor Jesus. Quando
manifestamos a unção e o caráter manso do
Senhor, buscando sinceramente em primeiro
lugar o interesse de nosso discípulo,
espontaneamente a autoridade flui. A
submissão, porém, nunca é simples, é preciso
que o discípulo se disponha a negar a si
mesmo e submeter-se.
Auroridade é diferente de autoritarismo. Cada
discipulador pre-cisa entender que ele é servo
do discípulo e não dono. Deve ensinar todo o
conselho de Deus e não os seus gostos e
preferências pessoais, porque não temos
discípulos de faro, os discípulos são de Cristo.
Nós apenas os ajudamos a seguir o Senhor.
Assim, nossos gostos e preferências devem
ser colocados de lado, em segundo plano.
Um grande problema em nossa igreja é a
rapidez com que alguns discipuladores taxam
certos discípulos de rebeldes. Isso acontece
porque se julgam donos do discípulo e
presumem que aquilo que pensam deve ser
seguido pelo discípulo cegamente. Mas isso é
um absurdo. Um discípulo pode discordar e
até debater uma ideia com seu discipulador e,
ainda assim, ter um coração correto e
submisso.
Para equilibrar essa questão, precisamos
entender que a palavra de um discipulador a
seu discípulo pode ser de três níveis
diferentes:
A PALAVRA DE DEUS
O primeiro nível é quando ele fala a Palavra
de Deus. Eviden-temente, diante da Palavra
de Deus a submissão de um discípulo deve ser
completa e absoluta. Se falarmos algo claro
da Palavra de Deus a um discípulo e ele
simplesmente ignorar, podemos então afirmar
que ele é rebelde. Quando isso acontecer,
devemos seguir a orientação do Senhor com
respeito ao irmão surpreendido no pecado, em
Mateus 18: 1520. Há situações em que um
discípulo pode ser disciplinado.
o segundo nível de palavra é quando o
discipulador dá um conselho a seu discípulo.
Mesmo sendo um bom conselho ou um
conselho realmente sensato, neste caso a
submissão é relativa.
Vamos imaginar uma situação. Suponha que
um discípulo esteja interessado em uma moça
que é incrédula. O discipulador pode falar a
Palavra de Deus, mostrando o erro do
casamento misto. Essa seria uma palavra
completamente embasada na Bíblia e, por isso
mesmo, inquestionável. O discípulo deve se
submeter completamente.
Mas suponha uma situação em que o discípulo
esteja interessado em uma irmã, mas o
discipulador resolve aconselhá-lo mostrando
que seria melhor que se relacionasse com
outra irmã, usando, para isso, motivos bem
apropriados, mas não necessariamente
bíblicos. Nesse caso é apenas um conselho.
Pode ser que o conselho seja bem sensato
porque o discipulador conhece as duas moças
e pensa saber que a outra seria melhor, mas
mesmo assim é apenas um conselho. Um
discipulador não pode obrigar o seu discípulo
a seguir cegamente seus conselhos. Neste
caso, a submissão ao discipulador é relativa.
Se o discípulo rejeitar o conselho, ele não
pode ser taxado de rebelde por causa disso.
É preciso, porém, dizer que aquele discípulo
que nunca aceita um conselho do seu
discipulador é orgulhoso e autossuficiente.
Apesar de não ser necessariamente rebelde, é
resistente ao ensino e dificilmente poderá ser
edificado.

A OPINIÃO DO DISCIPULADOR
O terceiro tipo de palavra do discipulador são
as suas opiniões.
Seguindo o exemplo, suponha que o
discipulador resolva dizer ao discípulo que ele
acha que a moça na qual o discípulo está
interessado é muito feia e que ele deveria se
casar com outra mais bonita. Nem precisamos
dizer que não é necessário nenhum tipo de
submissão às opiniões e gostos pessoais do
discipulador. O discípulo pode ignorar tal
opinião completamente.
3. O QUE CARACTERIZA UM DISCÍPULO
O Senhor deu condições para alguém se
tornar seu discípulo. Assim, alguém que hoje
foi salvo ainda precisa se tornar um discípulo.
Ser um discípulo de Cristo é caminhar no
caminho do vencedor.
A. O DIscíPULO É AQUELE COMPROMETIDO
COM A PALAVRA DE DEUS
Disse, pois, Jesus aos judeus que haviam
crido nele: Se vós permanecerdes na minha
palavra, sois verdadeiramente meus
discípulos. João 8:31
Não há como discipular alguém que não
deseja se comprometer com a Palavra de
Deus.
B. O DIscíPULO É AQUELE QUE AMA A JESUS
SOBRE TODAS AS COISAS Se alguém vem a
mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e
mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a
sua própria vida, não pode ser meu discípulo.
E qualquer que não tomar a sua cruz e vier
após mim não pode ser meu discípulo. Lucas
14:26-27
A primeira condição para ser útil ao Senhor é
ter um coração cheio de amor por Ele. Se
alguém não O ama, nem deveria cogitar ser
usado por Ele. Deus usa aqueles que O amam,
aqueles que têm um coração para Ele. Porque
amamos ao Senhor, expressamos paixão e
intensidade em Sua obra e sem esses
ingredientes o discipulado se torna pobre e
sem resultado.
C. O DIscíPULO É AQUELE QUE TEM A SUA
VIDA TOTALMENTE COMPROMETIDA COM O
SENHOR
Assim, pois, todo aquele que dentre vós não
renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu
discípulo. Lucas 14:33
D. O DIscíPULO É AQUELE QUE PRODUZ
FRUTO
Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito
fruto; e assim vos tornareis meus discípulos.
João 15:8
Jesus também disse que a verdadeira
característica de um discípulo é que ele
produz fruto. Não é completamente o oposto
do conceito natural? Alguns pensam que
precisam se tornar discípulos para darem
frutos, mas o Senhor diz que dar fruto é uma
condição para se tornar discípulo.
Dar fruto não é uma opção. É uma
consequência inevitável quando alguém é
discípulo de Cristo. Mas, que fruto é esse que
devemos dar? Certamente não é o fruto do
Espírito, que vemos em Gálatas 5:22-23.
Muitos insistem em interpretar os frutos como
virtudes do caráter, mas há uma distinção
clara: em João 15, Jesus fala do fruto do
discípulo, e em Gálatas, Paulo fala do fruto do
Espírito.
Se lermos a parábola dos talentos, veremos
que o senhor não veio buscar aquilo que ele
mesmo deu ao servo, mas sim o lucro que o
servo obteve aplicando aquilo que recebeu do
senhor. Ora, o fruto do Espírito é aquilo que
Deus nos dá pela vida de Cristo em nós.
Amor, alegria, paz, etc. São os talentos que
Deus colocou em nossas vidas. Ele não busca
aquilo que nos deu (o fruto do Espírito). Ele
busca o lucro (o fruto do discípulo).

o texto de Mateus 13:23 é claro e definitivo.


Diz que frutificar é reproduzir a cem, a
sessenta e a trinta por um. Assim, frutificação
tem a ver com reprodução.
Podemos afirmar, sem receio, que o fruto do
qual Jesus fala em João 15 é a reprodução e a
multiplicação da sua vida. E como é que um
discípulo dá fruto? Quando a vida de Cristo se
reproduz através do discípulo. Este é o seu
fruto: quando ganhamos almas ou
multiplicamos líderes.
E. O DISCÍPULO É AQUELE QUE É
COMPROMETIDO COM OUTROS NUM AMOR
QUE ENVOLVE SACRIFícIOS
A quinta condição é que o discípulo é aquele
que é comprometido com outros discípulos
numa comunhão de amor. Sem esse amor,
não somos conhecidos como discípulos
simplesmente porque não o somos.
Novo mandamento vos dou: que vos ameis
uns aos outros; assim como eu vos amei, que
também vos ameis uns aos outros. Nisto
conhecerão todos que sois meus discípulos: se
tiverdes amor uns aos outros. Jo 13:34-35.
F. O DISCÍPULO É AQUELE QUE FAZ
DISCÍPULOS
Ide, portanto, fazei discípulos de todas as
nações, batizando-os em nome do Pai, e do
Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a
guardar todas as coisas que vos tenho
ordenado. E eis que estou convosco todos os
dias até à consumação do século. Mt 28:19-20
Quero mais uma vez lembrá-lo que todo líder
de célula precisa ser um discípulo. Sem essa
cobertura espiritual e essa relação de
submissão, a obra de Deus pode ter muitas
perdas. O líder de célula que se recusa a ser
um discípulo não pode liderar na casa de
Deus. Mas muitos líderes não recusam
abertamente o discipulado, apenas assumem
atitudes que não são próprias de um discípulo.

4. O QUE CARACTERIZA UM DISCIPULADOR


A pergunta que frequentemente nos fazem é
sobre a tarefa do discipulador. Respondendo
de maneira bem ampla, pode-se dizer que a
tarefa do discipulador é "ensinar o discípulo a
observar todas as coisas que Jesus ordenou"
(Mt 28:20).
Falando assim parece que poucos são
qualificados para serem discipuladores, mas
eu creio que todo aquele que tem recebido de
Deus tem a obrigação de compartilhar o que
tem recebido com um discípulo. Mesmo que
não seja um grande pregador ou mestre, você
precisa estar disposto a se envolver num
relacionamento de vida para se multiplicar
como Jesus o fez.
Não podemos dizer que Jesus não era um
homem de púlpito, pois as multidões ficavam
maravilhadas com o seu ensino e com a sua
autoridade. Apesar de não ser um homem de
mensagens elaboradas, no sentido de serem
estruturadas como as que fazemos hoje,
sabemos que seu ensino era prático e
extremamente profundo, ainda que colocado
por meio de ilustrações simples do dia-a-dia.
Todavia, a sua característica mais fone era ser
um homem de relacionamentos. Seus
discípulos aprenderam tudo vendo. Ele os
ensinou por preceito e por demonstração (I Jo
1: 1).
Assim, um discipulador precisa ter algumas
características:
Novo mandamento vos dou: que vos ameis
uns aos outros; assim como eu vos amei, que
também vos ameis uns aos outros. João
13:34
O Espírito Santo já derramou o amor de Deus
em nossos corações. Devemos expressar esse
amor de forma terna e afetuosa aos nossos
discípulos. O amor é a única maneira de
conquistarmos uma reação favorável dos
nossos discípulos.

B. CONVIVER COM OS DISCÍPULOS


Eu sou o bom pastor; conheço as minhas
ovelhas, e elas me conhecem a mim. Jo 10:13
O Senhor conhecia os seus discípulos e nós
devemos conhecer os nossos. Esse
conhecimento vem pela convivência, pelo
compartilhar da vida.
Para isso, precisamos ter encontros ou
reuniões frequentes. Creio que o melhor seja
numa base semanal, mas em tempos mais
tumultuados as reuniões deveriam ser no
máximo quinzenais.
C. SER EXEMPLO PARA OS DISCÍPULOS
Sede meus imitadores, como também eu sou
de Cristo. I Co 11:1
Esse é o paradigma do discipulado. O
discipulador apenas aponta para Cristo,
mostrando-O no próprio exemplo. O
discipulador deve ir à frente, em vez de só
apontar o caminho. Fazer antes, para só
depois pedir para que os discípulos o façam.
Mahatma Ghandi era muito respeitado na
Índia. Conta-se que um dia uma mulher veio
até ele com seu filho e lhe rogou que pedisse
ao seu filho para que parasse de comer
açúcar. Depois de ouvi-Ia atentamente,
Ghandi pediu para que ela voltasse quinze
dias depois. Passado o tempo, ela voltou e
Ghandi então exortou o garoto para que
parasse de comer açúcar. A mulher ficou
intrigada e lhe perguntou: "Se era apenas
para dizer isso, por que você me mandou
voltar depois de quinze dias? Ele então
respondeu: "É que eu precisei de quinze dias
para parar de comer açúcar." A melhor escola
é o exemplo. O que não ensinamos por
exemplo, na verdade, não ensinamos.
D.DELEGAR RESPONSABILIDADES
É no processo de delegar responsabilidades
que o discipulador pode ajudar o discípulo a
descobrir suas deficiências, virtudes e
habilidades desconhecidas; tornando o
discípulo mais aberto ao ensino.
E.SUPERVISIONAR OS DISCÍPULOS
Nosso trabalho como discipuladores
certamente inclui a supervisão. Muitos
discípulos presumem que a supervisão seja
algo mecânico e impessoal, mas na verdade é
uma demonstração de amor e cuidado pela
obra. O discipulador precisa averiguar com
atenção se o discípulo está indo na direção do
alvo proposto.
F. LEVAR OS DISCÍPULOS À
FRUTIFICAÇÃO
Todo discípulo deve dar fruto porque o Senhor
disse que só nos tornamos realmente seus
discípulos quando damos frutos e o nosso
fruto permanece.
Nisto é glorificàdo meu Pai, em que deis muito
fruto; e assim vos tornareis meus discípulos.
João 15:8
Por isso, o discipulador precisa ensinar o
discípulo a evangelizar, levá-Io a perder o
medo de testemunhar e a tornar-se ousado e
frutífero.
4. ALVOS PARA OS VÁRIOS NÍVEIS DO
DISCIPULADO A. O DISCIPULADO DO
RECÉM-CONVERTIDO NÓS CHAMAMOS DE
CONSOLIDAÇÃO
Esse nível de discipulado é feito pelos líderes
em treinamento da célula, ou por algum irmão
mais experiente.
Ele tem um tempo limitado de três meses
e tem o alvo de levar o novo convertido a:
.:. Experimentar o batismo no Espírito Santo
.:. Batizar-se nas águas
.:. Aprender a manusear a Bíblia
.:. Aprender a sujeição à autoridade de Cristo
e da igreja
.:. Demonstrar compromisso e envolvimento
com os irmãos na célula, na reunião de
celebração e no serviço mútuo
.:. Ter revelação da pessoa e da obra de Jesus
.:. Estudar o livro de consolidação (junto com
o anjo da guarda)
.:. Aprender a ser um dizimista
.:. Vencer os principais problemas do velho
homem como vícios, impurezas, rebeldias,
mentiras, desonestidade, etc.
B. O DISCIPULADO DO LÍDER EM
TREINAMENTO DA CÉLULA
Esse nível é exercido pelo líder da célula. O
líder da célula deve discipular o líder em
treinamento.
Esse discipulado vai acontecer até que o líder
em treinamento se torne um líder de célula, e
tem o alvo de levar o líder em treinamento a:
.:. Aprender a proclamar e testemunhar de
Jesus
.:. Manifestar os dons do Espírito Santo
.:. Caminhar em companheirismo na oração,
ensino e edificação mútua na célula
.:. Aprender a liderar uma célula
.:. Ter clareza sobre o Evangelho do Reino
.:. Ter clareza sobre o centro do coração de
Deus, que é gerar
filhos
.:. Aprender a servir
.:. Fazer boas obras
.:. Pastorear e consolidar vidas
.:. Resolver problemas na célula
.:. Fazer o Curso de Maturidade no Espírito e o
CTL.
.:. Manter e aperfeiçoar o que foi alcançado.
C.O DISCIPULADO DO LÍDER DE CÉLULA
Esse nível de discipulado é feito pelo
discipulador de líderes.
Ocasionalmente, um pastor ou obreiro poderá
também assumir essa posição. Esse nível de
discipulado vai acontecer até que o líder de
célula se torne um discipulador de líderes.
O alvo do discipulador aqui é levar o líder
de célula a:
.:. Ter revelação de que sua liderança é um
chamado de Deus
e não um cargo (Rm 8:29; Mt 28:18-20)
.:. Ter uma disciplina diária de oração e leitura
da Palavra
.:. Ter uma vida de jejum
.:. Buscar capacidade e unção para
compartilhar a Palavra
.:. Aprender a lidar com problemas na célula
.:. Ter ousadia para evangelizar
.:. Ministrar o batismo nas águas, entendendo
todas as suas
implicações
.:. Ministrar o batismo do Espírito Santo
.:. Orar pelos enfermos com ousadia
.:. Expulsar demônios com autoridade
.:. Aprender a discipular o líder em
treinamento da sua célula
.:. Aprender a servir no encontro
.:. Manter e aperfeiçoar o que foi alcançado.
D.O DISCIPULADO DO DISCIPULADOR DE
LÍDERES DE CÉLULA
E.Esse é o estágio em que o discipulador de
líderes é discipulado por um pastor ou obreiro.
Nesse nível, o pastor tem o alvo de levar seu
discípulo a:
.:. Aprender a ter uma visão geral do trabalho
da igreja
.:. Saber lidar com diferentes tipos de
problemas nas células
.:. Saber conduzir reuniões com a rede
.:. Pregar e ensinar para públicos maiores .:.
Estar apto a organizar um encontro
.:. Aprender a resolver problemas na rede
.:. Aprender a planejar eventos maiores com a
sua rede
.:. Saber ensinar a Palavra no Cursão e no
CTL
.:. Aprender a suportar cargas e situações
difíceis
.:. Conhecer bem e guardar os valores da
igreja em célula
.:. Conhecer a guardar a visão do Reino
.:. Manter e aperfeiçoar o que foi alcançado.
Se, ao pensarmos na igreja, nos limitamos à
reunião de celebração e às células, nos
enganamos. A nossa edificação passa também
pelas reuniões de discipulado, que devem
acontecer em todos os níveis. O novo
convertido com o seu anjo da guarda, o líder
em treinamento com o seu líder de célula, o
líder de célula com o seu discipulador e os
pastores com os seus discípulos. É nessas
reuniões que estamos de fato formando vidas
e levantando uma igreja de vencedores.
5.ÁREAs QUE O DISCIPULADOR DEVE
SUPERVISIONAR
6.Um bom discipulado requer uma supervisão
em todas as áreas da vida do discípulo. Não
se trata de um controle da vida da pessoa, e
sim de uma ajuda em seu crescimento.
A. RELACIONAMENTO COM DEUS
.:. Oração, fé e dependência de Deus
.:. Leitura e estudo da Palavra de Deus
.:. Louvor e adoração
.:. Confiança na provisão de Deus
.:. Ser um dizimista fiel
.:. Amor e conhecimento de Deus
.:. Fazer jejum
.:. Leituras de livros devocionais.
Muitas pessoas têm dificuldade em manter o
período diário devocional, por isso, algumas
atitudes podem ser úteis:
.:. Ajude o discípulo a encontrar o melhor
horário para esse período
.:. Estimule o discípulo a desenvolvê-lo
.:. Faça o devocional junto com o discípulo por
algum tempo, caso ele não consiga fazer
sozinho.

B.RELACIONAMENTO FAMILIAR
Para os casados:
.:. Ter relacionamento marido-mulher
saudável
.:. Desenvolver boa comunicação no
casamento
.:. Desempenhar os papéis básicos de cada
um
.:. Ter um bom relacionamento com os filhos
.:. Participar da vida dos filhos
.:. Ter um relacionamento sexual gratificante
.:. Buscar ordem e administração doméstica
.:. Encontrar equilíbrio nas finanças no lar .:.
Resolver conflitos
.:. Desenvolver uma vida devocional com a
família
Para os solteiros:
.:. Ter envolvimento com a família .:.
Obedecer e hontar aos pais
.:. Ter amizade e relacionamento com os
irmãos
.:. Desenvolver relacionamento com o sexo
oposto: corte, noivado e casamento
.:. Preparação para o vestibular .:. Ter alvos
profissionais.
C.RELACIONAMENTO COM A IGREJA
Relacionamento com o discipulador:
.:. Alcançar um nível de intimidade e
confiança para ter abertura (confissão de
pecados, sinceridade e transparência)
.:. Observar o nível de submissão (Está sujeito
aos ensinos?)
.:. Detectar se há algum problema de
relacionamento com os pastores
Relacionamento com as pessoas do
mesmo nível:
.:. Observar se o discípulo consegue ou não se
aproximar e ser amigo de pessoas do mesmo
nível
.:. Estimular e orientar o relacionamento de
companheirismo
.:. Verificar se existem barreiras ou mágoas
com outros irmãos
.:. Checar a convivência, o estar junto com
diversos irmãos na igreja e na célula
.:. Servir aos irmãos no espiritual e no natural
Participação na vida da igreja:
.:. Observar se há disposição em servir à
igreja
.:. Identificar os dons que a pessoa tem e
procurar desenvolvê-los
.:. Checar o nível de participação na célula
.:. Observar a participação em todas as
atividades e eventos
da igreja
.:. Observar e participar semanalmente do
culto de celebração
.:. Levar a liderar uma célula
.:. Levar a ter discípulos.
No trabalho:
.:. Manifestar disposição para trabalhar
.:. Pontualidade
.:. Submissão ao patrão, respeito pelos
empregados
.:. Constância no emprego
.:. Testemunho de vida e de palavras
.:. Responsabilidade do empregado e do
empregador
Na escola:
.:. Frequência
.:. Rendimento escolar (trabalhos, provas)
.:. Relacionamento com professores e colegas
.:. Testemunho
Em relação ao governo:
.:. Obediência às autoridades civis e militares
.:. Pagamento de dívidas e impostos
Vida financeira:
.:. Prosperidade financeira
.:. Negócios e empreendimentos
.:. Administração financeira
.:. Dízimos, ofertas, generosidade
.:. Sociedade com incrédulos
.:. Ter o nome limpo
Relacionamento consigo próprio:
.:. Integridade
.:. Humildade
.:. Domínio próprio
.:. Higiene, bons hábitos, modos e costumes
.:. Provações e sofrimentos
.:. Altruísmo
.:. Cuidado com o corpo
.:. Santidade
.:. Masculinidade/Feminilidade
.:. Desenvolvimento da personalidade
.:. Amor próprio
.:. Fruto do Espírito
.:. Ser guiado e andar no Espírito
.:. Exercício do corpo e da mente
.:. Iniciativa própria
.:. Vida de vitória.

5º Dia
ESTÁGIOS DO DISCIPULADO
Todo líder de célula precisa compreender que
ele é também um discipulador. Chamamos de
discipuladores em nossa igreja aqueles que
são chamados de supervisores ou
superintendentes em outros modelos
celulares. Esse é um caso em que a
terminologia pode atrapalhar a visão.
Não queremos que o discipulador seja um
mero cargo em nos-sa estrutura celular. É
muito importante que cada líder de célula
entenda que ele também é um discipulador.
Ele precisa ter junto de si líderes em
treinamento que sejam seus discípulos. O alvo
do seu discipulado é levar cada um desses
líderes em treinamento a se tornar um líder
de célula como ele.
No processo de discipulado de nossos líderes
em treinamento, inevitavelmente eles
passarão por quatro estágios. Como líder de
célula, que é também um discipulador, você
deve estar ciente de todos esses estágios.
Quer se deem conta disso ou não, eles
passarão por estágios de um processo de
crescimento pelo qual o próprio Espírito Santo
vai conduzi-Ios.
Por isso, é muito importante que cada líder
em treinamento per-ceba que está inserido
com você num relacionamento de discipulado.
Atender ao chamado para ser discípulo é, na
verdade, atender a uma convocação de
líderes. Esse relacionamento precisa estar
bem claro, o líder em treinamento precisa
saber que você é o seu discipulador.
Existe muita crítica hoje em dia sobre a
liderança e o discipulado.
Mas essas críticas vêm daqueles que não
gostam de estar submissos à autoridade.
Vamos encarar um fato: Se você é um líder e
as pessoas no seu grupo lhe disserem que
querem que você faça o que elas mandarem,
você vai rir. Líderes precisam dar a direção.
Os pais fazem isso, os professores fazem isso,
os empregadores fazem isso, não há como ser
diferente, o líder precisa também ser diretivo.
Mas nós, líderes, não devemos ser servos?
Não devemos fazer tudo que os irmãos nos
pedem? Mas de que forma Jesus foi um
modelo de líder-servo?
.:. Dizendo aos seus discípulos: "Vocês ainda
não sabem como a obra deve ser feita, mas
eu sei. Então, deixem-me dizer o que vocês
devem fazer". Ele não fez uma enquete para
definir a visão nem pediu uma votação sobre
as suas estratégias .
• :. Jesus serviu, entrando na linha de fogo;
levando os tiros disparados àqueles que Ele
liderava .
• :. Serviu lavando os pés dos discípulos e,
assim, removendo a sujeira e a imundície que
fazia parte das suas vidas .
• :. Liderando de uma maneira clara e dizendo
objetivamente o seu propósito .
• :. Repreendendo a Pedro de forma severa ao
ponto de chamá-10 de "Satanás", porque
Pedro estava falando na carne e não pelo
espírito.
O tipo de liderança que Jesus demonstrou
contraria a maneira como convencionalmente
se pensa que um servo deveria agir. Mas esse
é o paradoxo da liderança na casa de Deus. Às
vezes, um pas-tor precisa usar um gancho
para agarrar uma ovelha pelo pescoço e

arrastá-Ia de volta para a segurança do


aprisco. Pode não ser agradável para a
ovelha, mas certamente é melhor do que ser
devorada por um lobo. Liderar como servo
significa saber o que fazer quando alguém que
você conhece se perde no caminho, mas
também é saber o que fazer para levar seu
discípulo ao ponto em que ele precisa estar.
No processo de discipulado, você vai seguir
com os seus discí-
pulos os quatro estágios clássicos de um
treinamento:
Estágio 1- "Eu faço, você observà'. Estágio 2 -
"Eu faço, você ajudà'. Estágio 3 - "Você faz,
eu ajudo". Estágio 4 - "Você faz, eu observo".
Não sei quem primeiro usou essas expressões,
mas elas traduzem perfeitamente o processo.
Gostaria, porém, de usar outra forma de ver
essas mesmas fases no desenvolvimento de
liderança por meio do discipulado.
ESTÁGIO I
ELES NÃO SABEM E NÃO SABEM QUE NÃO
SABEM
No primeiro estágio de discipulado, os
discípulos são confiantes, mas incompetentes.
Eles não sabem e não sabem que não sabem.
O discipulador precisa ser diretivo e
estabelecer o exemplo. Nesta fase o Espírito
Santo vai tratar com a arrogância do
discípulo. Ele presume que é capaz de fazer a
obra e que pode usar suas habilidades para
isso. Será um tempo difícil porque o Senhor
vai.frustrá-Io. Cada uma de nossas
estratégias e iniciativas vai parecer um grande
fiasco diante da célula. Alguns possuem
muitas habilidades e recursos, e o Senhor vai
aguardar até que todos eles se esgotem.
Quanto mais rápido chegarmos ao fundo do
poço, mais rapidamente avançaremos para a
próxima fase. Mas, em nossa mente,
presumimos que assumir incapacidade ou
incompetência é um tipo de derrota espiritual
e demoramos a descobrir que não podemos
por nós mesmos.
Tudo o que o discípulo precisa nesta fase é de
um discipulador que seja diretivo. Não é
momento de consenso ou longas explicações.
É tempo do discípulo simplesmente assistir e
fazer tudo como foi determinado. O
comportamento precisa ser modelado e as
expec-tativas precisam ser claras.
Quando você está ensinando seu filho a usar o
vaso, você não se perde em longas
divagações, mas simplesmente ensina e
determina como deve ser. Quando você
estiver liderando uma nova célula ou
consolidando um novo discípulo, seja diretivo
sem ser desagradável nem indelicado.
Quando se inicia uma nova célula, o líder
precisa definir clara-mente a visão. Essa visão
une os discípulos; ela confronta aqueles que
não reagem e motiva aqueles que a recebem.
Qualquer tentativa de consenso neste estágio
dilui a visão.
Um pai jamais vai perguntar ao seu filho de
sete anos como ele acha que deveria ensiná-
Io a se comportar. Isso é um problema para
alguns. Temos um legado de líderes diretivos
que foram tiranos, que manipularam as vidas
dos seus liderados. Além disso, vivemos em
uma sociedade democrática onde todos votam
- quer entendam os assuntos, quer não -
achamos que precisamos viver dessa maneira
em tudo o que fizermos.
Quando começamos uma nova jornada,
precisamos de um líder forte e confiante que
nos mostre o caminho. Alguém que saiba
onde está indo, alguém que saiba onde estão
os pontos difíceis e como ultrapassá-Ios.
Resista à tentação de explicar
interminavelmente o que você está fazendo
ou de obter um feedback daqueles que o
seguem. Defina o seu plano e execute-o.
ELES NÃO SABEM E SABEM QUE NÃO SABEM
Neste segundo estágio, os discípulos não têm
entusiasmo nem competência. Eles não sabem
e sabem que não sabem.
Este é um tempo de pressão e desânimo. Os
discípulos acabaram percebendo que eles
realmente não tinham a menor ideia do que
estavam fazendo. Antes se achavam tão
capazes, mas agora caíram no lado oposto.
Eles simplesmente têm receio de qualquer
iniciativa. Não têm confiança, nem
experiência, nem entusiasmo.
Na primeira fase, o discipulador diz: "Eu faço,
vocês olham".
Mas agora ele começa a dizer: "Eu faço, vocês
ajudam". Nesta nova fase, o discipulador
precisa mudar seu estilo diretivo para um
estilo de treinador. Agora se torna importante
dar explicações. É preciso investir tempo para
que eles aprendam a ser confiantes na base
correta, ou seja, na dependência da força de
Deus.
O estágio 2 realmente começa quando a
empolgação esmorece e os sentimentos de
incompetência e de inexperiência vêm à tona.
Os desapontamentos se acumulam; as
expectativas não se cumprem. As dificuldades
se tornam esmagadoras. Os discípulos
esquecem a visão e começam a questionar se
é isso o que eles realmente querem.
Este é o estágio mais importante no processo
de desenvolvimen-to de um discípulo. O
discipulador precisa estar disponível para
oferecer o incentivo de Deus em um nível
pessoal e individual. O discípulo precisa de
atenção graciosa e de renovação da visão. A
visão precisa ser reafirmada.
Durante este estágio, libere a sua agenda e
passe algum tempo no fundo do poço com o
discípulo. Ele precisa aprender que só é
possível continuar pela graça de Deus, e não
por seu próprio esfor-ço. É maravilhoso o que
acontece quando uma pessoa é tirada do
estado de luta sem frutos para um lugar de
graça onde haja repouso.

A confiança começa a crescer porque a pessoa


está vendo a obra de Deus pela graça e não
como resultado do esforço humano.
ESTÁGIO 3
ELES SABEM, MAS NÃO SABEM QUE SABEM
Neste estágio, os discípulos têm uma
confiança crescente. Eles sabem, mas não
sabem que sabem.
Os discípulos já estão conduzindo as coisas. O
entusiasmo está de volta, mas desta vez está
baseado em algum real conhecimento dos
princípios espirituais. A frase que leva o
discípulo para este es-tágio é "Deus está no
comando". A única coisa que nos levará ao
crescimento e à maturidade é o conhecimento
da graça de Deus.
Neste estágio o discipulador se torna amigo
do seu discípulo. Ele é menos diretivo e está
disponível e acessível para os discípulos por
meio de um relacionamento pessoal. Esta é
uma fase de crescimento e de fortalecimento
da confiança.
A liderança muda de um estilo diretivo para
um estilo de consen-so. Muitos discipuladores
cometem o erro de iniciar o discipulado como
se o discípulo estivesse nesta fase. Começam
com amizade, quando a amizade é uma
posição a ser alcançada. Os amigos têm
objetivos comuns e compartilham as suas
vidas.
Alguns tentam seguir um estilo democrático
desde o começo, mas isto simplesmente não
funciona. Os discípulos precisam pas-sar pelos
estágios anteriores para terem a experiência e
a visão para poderem oferecer opiniões e
sugestões confiáveis.
Neste estágio o discipulador deve começar a
preparar o discípulo para ser enviado. Ele já
rec~beu o que era necessário e agora está
che-gando o momento de repetir o processo
com outros. Os discípulos agora têm a visão;
eles sabem em que direção precisam se
mover, portanto já podem eles próprios
discipular outros.

ESTÁGIO 4
ELES SABEM E SABEM QUE SABEM
No último estágio, os discípulos são confiantes
e também com-petentes. Eles sabem e sabem
que sabem.
O discipulador agora dá poucas instruções e
poucos exemplos.
O discípulo já tem a visão e já a praticou. O
entusiasmo é elevado e a confiança também,
porque a experiência está em um nível
ele-vado. Tudo isso leva a um alto nível de
competência para realizar o trabalho sozinho.
Em outras palavras, o discípulo está pronto
para ser um líder.
O grande entusiasmo deste estágio não é
apenas uma empolgação passageira. Ele tem
raÍzes profundas na confiança, criada por um
forte sentimento de competência e
experiência. A confiança que tinha sido
perdida agora começa a retomar.
Nesta fase o discipulador dá poucas
instruções. Ele apenas per-gunta aos
discípulos o que eles pensam, só para checar
se seguem a visão recebida. Depois de tanto
tempo juntos, os discípulos estão aptos a
contribuir para o planejamento e para a
estratégia.
Agora é a hora de delegar autoridade e
responsabilidade. Os bons líderes sempre
levam as pessoas a um estágio em que elas
estejam prontas para aceitara
responsabilidade delegada. Delegá-Ia aos
dis-cípulos antes de chegar a este estágio é
uma receita para o desastre.
Os líderes devem estar sempre procurando
entregar o seu tra-balho a pessoas que
possam executá-Io bem ou até melhor do que
eles. A delegação do trabalho passa pelos
quatro estágios de um treinamento
apropriado:
Estágio 1- "Eu faço, você observà'. Estágio 2 -
"Eu faço, você ajudà'. Estágio 3 - "Você faz,
eu ajudo". Estágio 4 - "Você faz, eu observo".

6º Dia
PAULO, O DISCIPULADOR DE TIMÓTEO
Um dos relacionamentos de discipulado mais
claros e instrutivos das Escrituras foi o que
houve entre Paulo e Timóteo.
A imagem de discipulador transparece em I e
II Timóteo, em especial no início de II
Timóteo. Leia o texto e tente enumerar nos
versículos cada palavra, frase ou conceito que
você considere expressão típica de um
discipulador.
Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, pela vontade
de Deus, de conformidade com a promessa da
vida que está em Cristo Jesus, ao amado filho
Timóteo, graça, misericórdia e paz, da parte
de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso Senhor.
Dou graças a Deus, a quem, desde os meus
antepassados, sirvo com consciência pura,
porque, sem cessar, me lembro de ti nas
minhas orações, noite e dia. Lembrado das
tuas lágrimas, estou ansioso por ver-te, para
que eu transborde de alegria pela recordação
que
guardo de tua fé sem fingimento, a mesma que, primeiramente, habitou em tua avó Lóide e em tua mãe
Eunice, e estou certo de que também, em ti.
Por esta razão, pois, te admoesto que reavives o dom de Deus que há em ti pela imposição das minhas
mãos. Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação. Não te
envergonhes, portanto, do testemunho de nosso Senhor, nem do seu encarcerado, que sou eu; pelo
contrário, participa comigo dos sofrimentos, a favor do evangelho, segundo o poder de Deus. Mantém o
padrão das sãs palavras que de mim ouviste com fé e com o amor que está em Cristo Jesus. Guarda o bom
depósito, mediante o Espírito Santo que habita em nós. Estás ciente de que todos os da Ásia me
abandonaram; dentre eles cito Fígelo e Hermógenes. Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que está em
Cristo Jesus. E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a
homens fiéis e também idôneos para instruir a outros (IITm 1.1-8,13-15; 2.1-2).
Qualquer um que se coloque como pai espiritual, pastor ou discipulador precisa manifestar as qualidades
de Paulo descritas nessas passagens. Vamos ver algumas delas:

QUALIDADES DE PAULO COMO DISCIPULADOR


1. RELACIONAMENTO DE PAI E FILHO (v. 2)
Paulo trata Timóteo repetidas vezes como filho (1 Tm 1.2, 18 e 2 Tm 1.2; 2.1). Vivemos em uma geração
de muitos líderes órfãos, que nunca aprenderam como ser filhos, e em um tempo no qual muitos pais
nunca foram cuidados e que, por isso mesmo, não conseguem exercer uma paternidade espiritual livre e
saudável.

Um relacionamento de discipulado certamente deve envolver uma relação de paternidade espiritual.


Precisamos desesperadamente que o Senhor restaure em nós esse tipo de relacionamento.
2. AMOR
É precioso ver como Paulo se referia a Timóteo: "meu amado filho" (v. 2). Isso é extremamente
afetuoso. Não espere ter discípulos se não consegue expressar amor e afeto para com aqueles que
Deus lhe deu. Todos sabemos como essa expressão de pai é vital para o crescimento e a identidade
do filho.
Não é por acaso que as Escrituras mencionam oito vezes em que o Pai se referiu a Jesus como: "Este é
meu filho amado em quem tenho todo o meu prazer" (Mt 3.17). Isso certamente foi vital para que o
Senhor assumisse seu ministério na terra (Is 42.1; Mt 12.18, 17.5; Mc 1.11, 9.7; Lc3.22, 9.35 eIl Pe 1.17).
Seja instrumento de Deus para que muitos filhos e discípulos desenvolvam ministérios fortes e frutíferos
debaixo de um forte senso de amor e aceitação. Há filhos que geramos, há outros que adotamos, mas em
ambos os casos devemos amá-Ias incondicionalmente.
3. INTERCESSÃO (v. 3)
No verso 3 lemos que Paulo orava por Timóteo de noite e de dia. Quando amamos um filho, oramos por
ele; quando amamos um discípulo, temos encargo pela sua vida. Deixar de orar por um discípulo é sinal
de indiferença e relacionamento superficial. Mas é um grande privilégio ter um discipulador intercessor.
4. INTIMIDADE
No verso 4 Paulo diz que se lembrava das lágrimas de Timóteo.
Isso significa que ele tinha liberdade para chorar diante de Paulo. Ele não se envergonhava disso.

Em Atos lemos que Paulo serviu ao Senhor com toda a humildade, lágrimas e provações (At 20.19). Por
três anos, noite e dia não cessou de admoestar, com lágrimas, a cada um dos irmãos (At 20.31). Quando
ele estava para deixar a igreja de Éfeso, lemos no livro de Atos que houve grande pranto entre todos, e,
abràçando afetuosamente a Paulo, o beijavam (At 20.37).
Em um verdadeiro relacionamento de discipulado, é normal deixar o coração transparecer. Temos
liberdade para chorar e para celebrar.

5. ALEGRIA DE ESTAR JUNTO (v. 4)


Das características mais agradáveis do meu ministério como pastor e discipulador são a alegria e o
imenso prazer que sinto de estar com os meus discípulos. Paulo diz no verso 4 que ele estava ansioso para
ver Timóteo e poder transbordar de alegria.
Um relacionamento de discipulado onde não há alegria na comunhão, no simples estar junto, certamente
não está correto. É preciso avaliar onde está o problema. No discipulado estamos sempre procurando
oportunidade de compartilhamento.
6. ATITUDE BENIGNA (v. 5)
Vemos, no verso 5, a atitude resoluta de Paulo de enxergar em Timóteo suas qualidades e virtudes. Paulo
não insistia que seu discípulo precisava melhorar, mas comunicava-lhe uma profunda aceitação. Não
questionava a fé de Timóteo, mas simplesmente presumia o melhor a respeito do filho.
7. DESAFIO AO CRESCIMENTO (v. 6)
Todo discipulador precisa admoestar e exortar o discípulo ao crescimento. Paulo sabia do potencial e da
unção que havia em Timóteo, ciente disso ele desejavalevar seu discípulo a ser plenamente

útil nas mãos de Deus. Precisamos acreditar em nossos discípulos e no potencial deles sob a unção do
Espírito Santo.
8. TRANSFERÊNCIA DE UNÇÃO
Em I Timóteo 4.14, Paulo diz que o dom de Timóteo lhe havia sido concedido pela imposição de mãos do
presbitério, mas, aqui no verso 6, vemos que ele também orou para que Timóteo recebesse a unção para
desempenhar o serviço apostólico. A Palavra de Deus nos diz que havia uma unção que estava sobre
Moisés e que foi transferida aos setenta anciãos de Israel. Também lemos a respeito do manto de Elias
herdado por Eliseu, que consistia numa porção dobrada da unção. Paulo é o exemplo do Novo
Testamento de que há poder na imposição de mãos e que de fato existe uma transferência de unção no
discipulado.
A unção é transferida. Em Números 11.16,17, lemos:
Disse o SENHOR a Moisés: Ajunta-me setenta homens dos anciãos de Israel, que sabes serem anciãos e
superintendentes do povo; e os trarás perante a tenda da congregação, para que assistam ali contigo.
Então, descerei e ali falarei contigo; tirarei do Espírito que está sobre ti e o porei sobre eles; e contigo
levarão a carga do povo, para que não a leves tu somente.
Deus tirou do Espírito que estava sobre Moisés e O colocou sobre sua equipe. Você terá o Espírito Santo
e o espírito do seu discipulador, que está sobre você, em sua vida.
O espírito a que o texto se refere é a atitude, intensidade, como, por exemplo, ser faminto, ousado, valente
ou passivo, retraído, parado, isso é espírito. O Senhor vai transferir o espírito que está em você e
compartilhá-Io com seus discípulos, por isso discipular é compartilhar o espírito. Deus tirou do espírito de
Moisés e o colocou sobre os demais.

Você consegue perceber que coisa séria é ser


e ter um discipula-dor? Entenda a
responsabilidade, você é o padrão para eles.
Deus vai transferir o que você tem e
compartilhar com os discípulos.
9. DISCERNIMENTO DA CONDIÇÃO
ESPIRITUAL DO DISCÍPUID (v. 7)
Paulo sabia das dificuldades de Timóteo.
Primeiro, ele era jo-vem demais (I Tm 4: 12).
Isso certamente o fazia tímido e inseguro.
Além disso, Paulo sabia que Timóteo era
propenso a doenças. Pau-lo refere-se às
"frequentes enfermidades" de Timóteo (I Tm
5:23). Mas o principal é que Timóteo tinha
mais tendência a apoiar-se em outros do que
a liderar, por isso Paulo teve de lhe dizer:
"Deus não lhe tem dado espírito de covardia,
mas de poder, de amor e de moderação". Em
outras palavras: "Seja ousado!"
10. ENSINO POR PALAVRA E POR
DEMONSTRAÇÃO (v. 13)
Certamente o ensino é uma parte muito
importante do dis-cipulado. Paulo mostrou a
Timóteo como ensinar e viver (II Tm 3.10,11).
O objetivo de Paulo ao ensinar a Timóteo
parece claro. Ele disse, em II Timóteo 2:2, o
paradigma final do discipulado: "E o que de
minha parte ouviste [ .. ], isso mesmo
transmite a homens fiéis e também idôneos
para instruir a outros". Paulo desafia Ti-móteo
a reproduzir o que recebeu dele. Mais que
isso. Desafia-o a multiplicar-se discipulando as
pessoas certas para que estas, por sua vez,
transmitam a outras o que receberam.
QUALIDADES DE TIMÓTEO COMO UM
DISCÍPULO Mas não é apenas o discipulador
que precisa ser qualificado, o discípulo
também precisa ter algumas características
fundamentais para um discipulado efetivo.
Muitos estão procurando discipuladores
extraordinários como Paulo e facilmente se
decepcionam quando não são correspondidos
em suas expectativas irrealistas. Para bons
discípulos, nunca faltam discipuladores
levantados por Deus.

Vamos ver algumas características de Timóteo


que nos mostram como deve agir um bom
discípulo.
Por esta causa, vos mandei Timóteo, que é
meu filho amado e fiel no Senhor, o qual vos
lembrará os meus caminhos em Cristo Jesus,
como, por toda parte, ensino em cada igreja.
(lCo 4.17).
O discípulo, antes de mais nada, precisa
aprender a ser filho.
Você pode achar estranho dizer que temos de
aprender a ser filhos. Hebreus diz que o
Senhor teve de aprender obediência (Hb 5:8).
Ele era Deus e nunca tinha precisado
obedecer a ninguém. Sendo Deus, teve de
aprender a ser filho de um carpinteiro. Ele era
Deus, mas teve de aprender a ser filho. Para
aprendermos a sermos pais, antes precisamos
aprender a ser filhos.
Ser filho é reconhecer a fonte sem querer
mudá-Ia, sem forçá-Ia.
É hontar quem veio antes. É reconhecer que,
em última análise, a verdadeira fonte é Deus.
Ser filho é cuidar da casa do pai como se
fosse a sua. Jesus disse que veio cuidar das
coisas do Pai. Ele expulsou os cambistas do
templo por zelo pela casa do seu Pai. Aquilo
que Timóteo dizia era exatamente o que
aprendera de seu pai.
Ser filho é honrar o pai. Desonrar é negar a
sua linhagem, sua origem e procedência.
Quando Timóteo falava, repetia aquilo que
aprendera de Paulo. Um dos problemas de
nossa geração é a falta de respeito e honra.
Desonramos uns aos outros e, por isso
mesmo, colhemos as consequências de
relacionamentos superficiais e egoís-tas. A
base do relacionamento de discipulado é o
respeito e a honra.
Não reconhecer as fontes é se colocar como
"auto-originador" e isso é o mesmo que se
colocar como deus. Ou também é se co-locar
como o primeiro de uma nova linhagem. Eu
chamo isso de
complexo de Adão. Ele pensa que todo mover
de Deus na história vai começar com ele.
Ser filho é servir suas fontes, os seus pais
espirituais. Observe que Timóteo foi enviado
para servir a Paulo.
Saul nunca aprendeu a ser filho. Podemos ver
isso na sua re-lação com Samuel. Mas Davi
sempre agiu como filho em todas as
situações, por isso herdou o reino. Os
coríntios não tinham aprendido a ser filhos,
por isso Paulo lhes envia um filho verda-deiro
para ensiná-los.
2. IMITAR O SEU DISCIPULADOR
Não vos escrevo estas coisas para vos
envergonhar; pelo contrário, para vos
admoestar como a filhos meus ama-dos.
Porque, ainda que tivésseis milhares de
preceptores em Cristo, não teríeis, contudo,
muitos pais; pois eu, pelo evangelho, vos
gerei em Cristo Jesus. Admoesto-vos,
portanto, a que sejais meus imitadores (lCo
4.14-16)
Os coríntios não imitavam a Paulo, mas este
se coloca como um modelo a seguir, um
exemplo. Evidentemente todo discipulador
possui falhas, mas o discípulo que tem um
coração correto sempre terá de Deus o
discernimento do que deve ser imitado.
Em certo sentido, quando observado o
discípulo deve compro-var o ditado: "Tal Pai,
tal filho". As pessoas devem ser capazes de
conhecer o coração e a visão do discipulador
pelo simples fato de conviver com o seu
discípulo.
3. SER UM COOPERADOR
Saúda-vos Timóteo, meu cooperador, e Lúcio,
Jasom e Sosípatro, meus parentes. Romanos
16:21
Todo discípulo é também um cooperador. Um
líder em treina-mento coopera com o líder da
célula enquanto é discipulado por ele. É
exatamente enquanto cooperamos que
aprendemos.
4. SER FIEL AO DISCIPULADOR
Por esta causa, vos mandei Timóteo, que é
meu filho amado e fiel no Senhor, o qual vos
lembrará os meus caminhos em Cristo Jesus,
como, por toda parte, ensino em cada igreja. I
Coríntios 4: 17
O discípulo não murmura com terceiros a
respeito das falhas do discipulador ou dos
problemas que possa ter de enfrentar. A
relação entre ambos tem de ser de mútua
transparência. O discípulo é um escudeiro
para seu discipulador, protegendo-o e até
carregando, quando puder, algo penoso para
o líder.
A lealdade é uma condição vital para
acontecer uma relação de discipulado.
5. SER CONFIÁVEL
Porque a ninguém tenho de igual sentimento,
que sin-ceramente cuide dos vossos
interesses (Filipenses 2:20).
Tornamo-nos confiáveis quando somos
transparentes. Um bom discípulo abre seu
coração com o seu discipulador. Também nos
tornamos confiáveis quando nos permitimos
ser tratados. Apenas ser transparente não nos
qualifica, mas quando somos transparentes e
nos permitimos ser tratados e disciplinados,
conquistamos uma posição de confiança.
6. TER UM CARÁTER APROVADO
E conheceis o seu caráter provado, pois serviu
ao evange-lho, junto comigo, como filho ao
pai (Filipenses 2:22).
Todo discípulo precisa ser humilde e
ensinável, jamais rejei-tando a correção. Ele
deseja ouvir a avaliação de sua vida e de seu
ministério, de modo que possa crescer. Creio
que ser ensinável é a característica mais
importante de um discípulo, pois se precisar
de correção em quaisquer outras áreas, será
possível trabalhá-Ias sem grandes conflitos.
7 o MANIFESTAR UM CORAÇÃO SINCERO
Pela recordação que guardo de tua fé sem
fingimento, a mesma que, primeiramente,
habitou em tua avó Lóide e em tua mãe
Eunice, e estou certo de que também, em ti. 2
Tmo 1:5
A meu ver, a maior responsabilidade para o
bom relacionamento de discipulado cabe ao
discípulo. Normalmente, o discipulador pos-sui
muitas ocupações, cabendo, assim, ao
discípulo fazer os ajustes necessários para se
adaptar à rotina do discipuladoro Ele deve ter
a iniciativa de buscar o discipulador e
assegurar que o relacionamento cresça
gradualmente.
Obedecei aos vossos guias e sede submissos
para com eles; pois velam por vossa alma,
como quem deve prestar contas, para que
façam isto com alegria e não gemendo;
porque isto não aproveita a vós outros.
Hebreus 13.17.
Muitos discipuladores estão gemendo por
causa de discípulos passivos e mimados que
desejam ser carregados o tempo todo.
O discipulado não precisa ser apenas
individual. Na verdade, eu pessoalmente creio
que será mais produtivo se a relação de
disci-pulado não for apenas individual, de um
para um, mas dentro de um grupo ou equipe.
Esse certamente era o procedimento de Jesus
Cristo. Não há relatos de encontros individuais
com os discípulos, mas de encontros em
grupo.
Paulo reafirma a Timóteo o que este recebera
"na presença de muitas testemunhas" (II Tm
2.2), pela imposição de mãos, não apenas de
Paulo, mas também dos presbíteros (I Tm
4.14). No li-vro de Atos, Paulo aparece quase
sempre em grupo ou em equipe. Algumas
cartas de Paulo como I e II Tessalonicenses,
por exemplo, trazem como remetentes "Paulo,
Silvano e Timóteo".
Discipular pessoas no contexto de uma equipe
ou grupo, entre outras vantagens, permite
reunir a riqueza de múltiplas perspectivas.
Isso também oferece ao discípulo mais
oportunidade para dar, em

vez de apenas receber. Além disso, haverá


outras pessoas envolvidas que poderão ajudar
a solucionar possíveis conflitos, o que torna o
discipulador menos vulnerável aos melindres
dos discípulos.

7º Dia
ELEMENTOS DO DISCIPULADO
A palavra discipulado tem sido distorcida por
muitas práticas manipuladoras e extremistas.
Para facilitar o entendimento do que é o
discipulado, podemos dizer que é um tipo de
mentore-amento. A palavra "mentoreamento"
vem da mitologia grega. Mentor era o nome
do conselheiro de Ulisses. Quando Ulisses saiu
para uma longa viagem, confiou o
treinamento de seu filho Telêmaco ao seu
conselheiro, Mentor. Daí então veio a palavra
"mentoreamento" .
Assim como o mentoreamento, o discipulado
descreve um rela-cionamento entre duas
pessoas, um professor e seu aluno, um
mestre e seu discípulo. Esse relacionamento
pode ser formal ou informal, intenso ou
ocasional, passivo ou ativo.
o discipulado é um relacionamento onde um
discipulador ca-pacita o discípulo,
compartilhando com ele os recursos que
recebeu de Deus. Discipular é capacitar outros
para o sucesso. O alvo do discipulador é levar
seu discípulo a desenvolver completamente o
seu potencial em Deus.

I. TIPOS DE DISCIPULADO DISCIPULADO


ATIVO
.:. É O discipulado como meio de edificação da
igreja .
:. O anjo da guarda (o exemplo bíblico de
Barnabé cuidando de Paulo)
.:. Um acompanhamento técnico numa
empresa .:. A supervisão de um estagiário.
DISCIPULADO OCASIONAL
.:. Um conselheiro (o exemplo de Jetro, que
aconselhou Moisés)
.:. Um professor.
DISCIPULADO PASSIVO
.:. Seguir outros através de ministrações e
exemplo ministerial .:. Seguir outros através
de livros.
2. ELEMENTOS DE UM RELACIONAMENTO DE
DISCIPULADO
Ainda que possa ocorrer um discipulado
ocasional, e mesmo que possamos discipular
alguém por meio de um discipulado passivo, o
nosso alvo é estabelecer um discipulado ativo.
Essa é a forma efetiva de um discipulado que
resulta de fato na edificação da igreja. Ele
possui alguns elementos fundamentais que
gostaria de enumerar.
Sede meus imitadores, como também eu sou
de Cristo. lColl:l
As pessoas sempre se moldam para serem
semelhantes a aqueles a quem elas admiram
ou respeitam. O discípulo é sempre
"interes-seiro". Ele está inicialmente
interessado em adquirir os recursos e o
conhecimento do seu discipulador.

o discipulador deve então se colocar como


modelo de tudo aquilo que ele deseja edificar
na vida do seu discípulo. Ele deve ser o
exemplo, não apenas quanto a sua santidade
pessoal, mas tam-bém quanto ao serviço na
obra de Deus. Deve se relacionar, pregar o
evangelho, fazer discípulos, edificá-Ios,
multiplicar células, etc.
Além disso, o discipulador deve se lembrar
constantemente que ele mesmo não possui
discípulos, o seu discipulado é para Cristo, ou
seja, o discípulo na verdade segue a Jesus, o
discipulador é ape-nas um instrutor, um bom
modelo para inspirar seu discípulo a seguir a
Cristo.-
ATRAÇÃO
As pessoas tentam viver de acordo com as
expectativas das pessoas que elas admiram
ou respeitam. A atração é a chave de um
discipu-lado eficiente. É essa atração que
estimula a pessoa a trabalhar duro e
responder apropriadamente para ter a
aprovação do discipulador, cumprindo as
condições colocadas por ele.
Jacó, o picareta, sempre procurava Labão
porque os dois falavam a mesma língua e
tinham o mesmo jeito. Mas Maria, que era
cheia do Espírito, procurou Isabel. E quando
as duas se encontraram algo dentro de Maria
estremeceu, pelo poder da unção de Deus.
Quando Maria encontrou Isabel, a unção
aumentou, mas quando Jacó se encontrou
com Labão, a carne se fortaleceu. Precisamos
andar com quem aumenta a nossa unção e
não com quem desperta a nossa car-ne.
Todos nós temos as duas coisas. Todos temos
um pouco de Jacó e outro tanto de Maria.
Como Maria, todos nós, crentes, carregamos a
Jesus em nosso espírito; mas, como Jacó,
trazemos muitas heranças da nossa carne. Se
procurarmos Labão, cairemos, mas se formos
atrás de Isabel, ficaremos cheios do Espírito.
O relacionamento de discipulado é baseado
nesse princípio da atração. O discipulador, por
ser alguém mais maduro na fé e mais
espiritual, exerce atração sobre discípulos
cheios de fome e sede espiritual.

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