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O BULLYING NO CONTEXTO ESCOLAR

Júlio César Oliveira Gonçalves – R.A 200049155

RESUMO

O presente trabalho busca discorrer as manifestações de violência no ambiente escolar provocadas


pelo bullying. Observa-se que o aumento da violência nas escolas vem crescendo de forma relevante.
O objetivo desse trabalho é refletir sobre as consequências que essa prática causa os envolvidos e
aos que presenciam e buscar estratégias de prevenção e combate. Assim, a pesquisa propõe-se a
abordar questões a respeito da reprodução e os efeitos do Bullying no ambiente escolar; quais as
medidas e práticas aplicadas pela escala para intervir em situações de Bullying; qual a causa e
motivações que estimulam a ocorrência do Bullying; a postura adequada dos educadores diante do
Bullying, e as influências e sequelas sofridas pelos que são vítimas. Para tanto, utilizou-se de um
levantamento bibliográfico qualitativo de pesquisas realizadas por autores que abordam a temática
em estudo.

Palavras-chave: Bullying. Ambiente Escolar. Intervenção

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho artigo visa discorrer sobre o bullying no contexto escolar,


abordado as diferentes formas de violência que acontece dentro das escolas,
provocadas pela intolerância. O bullying caracteriza-se pela sua repetitividade,
abrangendo comportamentos agressivos, insultos discriminação e exclusão. Ocorre
sem um motivo aparente. Apesar das discussões recentes, esse fenômeno não é
novo na escola e sua manifestação pode sofrer influência de alguns fatores
intraescolares tais como: o clima escolar, as relações interpessoais entre os alunos
e entre professor-aluno, ou desestruturação familiar, falta de relacionamento afetivo,
maus tratos físicos e a intolerância.

Nesse sentido, o objetivo desse trabalho é destacar as principais formas de


manifestação da prática do bullying, suas consequências e formas de intervenção
para romper com esse mal que acomete crianças, adolescentes e jovens no
ambiente escolar.

A violência escolar vem crescendo a cada dia. O comportamento agressivo,


antissocial marcado pela intolerância, caracteriza um grande e completo tipo de
violência entres estudantes, estudantes professores e causa impactos negativos no
processo de ensino aprendizagem, no relacionamento social, autoestima, sendo
tema de debate nas próprias instituições de educação básica como maneira de
evitar e promover a intervenção.

A justificativa dessa pesquisa baseia na difícil detecção da prática do bullying,


aliado a falta de importância que as escolas dão para esse tipo de comportamento.
Para a realização desta pesquisa, será feito levantamento bibliográfico qualitativo
sobre o tema, de modo a subsidiar a fundamentação teórica de diversos autores
como Ambraamovay, Silva, Assis dentre outros.

2 REFLEXÕES SOBRE BULLYING, INTOLERÂNCIA E VIOLÊNCIA: DESAFIOS E


POSSIBILIDADES NA EDUCAÇÃO BÁSICA

A cada dia vivenciamos um aumento da violência nas escolas de educação


básica, caracterizando um problema grave e complexo, que necessita de uma
discussão, principalmente nos impactos causados no processo de ensino
aprendizagem.

Nesse contexto surge o bullying, palavra de origem inglesa, que define um


comportamento de violência em suas diferentes formas, física, verbal, social,
colocando a pessoa que sobre esse tipo de agressão sob pressão. Para melhor
compreensão deste tema, é necessário entender o real significado da
palavra bullying. Pereira (2002, p.16), em sua obra, define o tema da seguinte forma :

[...] comportamentos agressivos de intimidação e que se apresentam um


conjunto de características comuns, entre as quais se identificam várias
estratégias de intimidação do outro e que resultam em práticas violentas
exercidas por um indivíduo ou por pequenos grupos, com caráter regular e
frequente.
Para Abramovay (2003), a sociedade tem demonstrado preocupação com a
violência no ambiente escolar, pois esta afeta não somente os alunos, como também
professores, diretores e pais. Ainda segundo o autor:

Os relatos de violências cotidianas também passam pelas incivilidades –


humilhações, palavras grosseiras, falta de respeito – pela violência verbal,
pelas humilhações e pelas várias exclusões sociais vividas e sentidas em
nossa sociedade. Tendem, muitas vezes, a naturalizar-se, a se tornar “sem
importância” entre pares de alunos, professores e outros funcionários,
demandando o exame desses e de outros laços sociais (ABRAMOVAY,
2003, p. 77).

Assim, notamos que tais práticas de violência é atribuída a intolerância, ou


seja, a não aceitação de opinião contrária, da aceitação do outro. Nesse aspecto:

Na relação de intolerância, o outro não é considerado verdadeiramente um


“outro” e sim algum semelhante, porém, inferior a um desvio a norma, uma
cópia imperfeita de um modelo único. E isso passa a justificar a expulsão, a
denominação, a exploração e o extermínio do outro. (CARDOSO, 2008,
p.17).

Quando falamos em violência no âmbito escolar Sposito (2002), divide essa


violência em dois tipos: a primeira se refere a atos de vandalismo contra a escola,
danificando o patrimônio escolar e os bens dos funcionários e a segunda, focaliza as
agressões físicas e verbais entre os estudantes ou direcionados aos professores e
demais funcionários.

Nos ambientes escolares, constata-se que a manifestação do bullying está


muito presente por meio de atitudes muitas vezes corriqueiras entre os alunos, como
“xingamento”, “gozação”, “humilhação”, “zombaria”, “isolamento”, situações que
acompanham a criança por um grande período sem que ela possa resolver sozinha.
É interessante analisar como esse fenômeno age sobre os alunos, a ponto de levá-
los a manifestar o desejo de desistir da escola, devido ao sofrimento que a
discriminação obriga a criança a transportar, ano após ano em sua vida escolar

É importante destacar que o bullying praticado no ambiente escolar reflete


não apenas entre o agressor e a vítima, mas também entre aqueles que presenciam,
estes que na sua grande maioria se calam com medo de repressões maiores
daqueles que prática os atos de violência, gerando vários problemas.

Os problemas mais comuns são: desinteresse pela escola; problemas


psicossomáticos; problemas comportamentais e psíquicos como transtorno
do pânico, depressão, anorexia e bulimia, fobia escolar, fobia social,
ansiedade generalizada, entre outros. O bullying também pode agravar
problemas preexistentes, devido ao tempo prolongado de estresse a que a
vítima é submetida. Em casos mais graves, podem-se observar quadros de
esquizofrenia, homicídio e suicídio (SILVA, 2010, p.09).

Para Assis et al (2004), essa violência pode transformar, modificar o


indivíduo, suas crenças e seu mundo. Ainda segundo o próprio autor, a forma como
um adolescente se auto representa pode ser afetada pela violência a qual é
submetido ao longo de sua vida, pois a experiência de violência exerce função
importante no julgamento que o adolescente faz de si e dos outros.

Desse modo, percebemos que o bullying praticado nas escolas,

(...) tem identidade própria, ainda que se expressem mediante formas


comuns, como a violência de fato que fere e mata, ou como incivilidades,
preconceitos, desconsiderações dos outros e à diversidade. Realizam-se
ainda no plano simbólico, correndo o risco de naturaliza-se, principalmente
quando têm lugar nas ligações entre pares, alunos. (ABRAMOVAY, 2004,
pag.26).

Todavia, diante de todos esses fatos que perpassam o ambiente escolar


caracterizando o bullying, temos que considerar que no Brasil esse fenômeno ainda
é pouco estudado. A falta de dados científicos, dificultam a identificação e o
dimensionamento do problema em questão.

Sobre pesquisas realizadas sobre violência nas escolas é sabido que:

Embora esses estudos ainda sejam incipientes, por focarem em grande


maioria situações regionais ou localizados, os resultados obtidos apontam
as principais mobilidades de violências quais sejam: ações contra
patrimônio, tais como depredações e pichações, na década de 1980, bem
como formas de agressão interpessoal, principalmente entre os próprios
alunos, na década de 1990. (ABRAMOVAY, 2004, p.84).

Corroborando com as ideias do autor, Fante (2005) afirma que o fenômeno


bullying já está na escola há muito tempo, porém de forma oculta e sutil, passando
despercebido ao professor, pois a maioria das agressões acontece longe dos
adultos

No cenário educacional a ocorrência do bullying é cada vez maior e suas


consequências são muito graves principalmente entre as crianças e adolescentes,
na construção de sua autonomia, autoestima e no desenvolvimento do processo de
ensino aprendizagem.

O bullying interfere no processo de aprendizagem e no desenvolvimento


cognitivo, sensorial e emocional. Favorece um clima escolar de medo e
insegurança, tanto para aqueles que são alvos como para os que assistem
calados às mais variadas formas de ataques. O baixo nível de
aproveitamento, a dificuldade de integração social, o desenvolvimento ou
agravamento das síndromes de aprendizagem, os altos índices de
reprovação e evasão escolar têm o bullying como uma de suas causas.
(FANTE, 2008, p. 10)

Essa situação deve ser assunto de discussão, reflexão nas escolas com
objetivo de promover estratégias de prevenção e combate ao bullying. Entretanto,
esse tema, não é um tema de fácil discussão, principalmente pela dificuldade de
identificação das vítimas, que preferem ficar em silêncio.

Moz e Zawadski (2007, p.88) colocam que:

Muitas escolas tentaram gerar mais segurança estabelecendo políticas


antibullying, que punem o autor por seu comportamento. Essa estratégia
para tratar o problema mostrou-se ineficaz. Muitas crianças que praticam o
bullying grave se habituaram à punição ao longo de suas vidas. Punições
como detenções escolares, sair da sala de aula, chamar os pais ou
expulsões e envolvimento em disputas de poder geralmente são
enfrentadas pelo aluno com desafio e indiferença .

A instituição de ensino deveria, também, incentivar o respeito pela


heterogeneidade, não demonstrando atitudes racistas e preconceituosas, uma vez
que os alunos tendem a copiar o comportamento dos adultos. Ensinar os alunos a
serem responsáveis pelas suas atitudes e promover o diálogo entre todos os
indivíduos do meio escolar seriam medidas racionais e eficazes no combate
ao bullying (CORTELLAZZI, 2006).

A educação é à base do desenvolvimento humano, portanto, é papel


primordial da escola, o aprimoramento e execução de medidas cabíveis para que
ocorra a diminuição das desigualdades existente em nossa sociedade.

O desafio da escola é diagnosticar a presença do bullying no ambiente


educacional, uma vez, que este ocorre na maioria das vezes de forma disfarçada,
bem como, tentar prevenir e no caso diagnosticado essa prática no contesto escolar
combatê-la para que não seja mais um fator que pode contribuir para a não
aprendizagem e a evasão. (FERNANDES, 2011)

Segundo Fante, 2005 para que ocorram estratégias efetivas de combate ao


bullying nas escolas é preciso que toda a comunidade escolar admita que o bullying
existe e que compreenda as consequências deste problema na vida dos envolvidos
assim:
A conscientização e a aceitação que o bullying é um fenômeno que ocorre,
com maior ou menor incidência, em todas as escolas de todo o mundo,
independentemente das características culturais, econômicas e sociais dos
alunos, e que deve ser encarada como fonte geradora de inúmeras outras
formas de violências são fatores decisivos para iniciativas bem-sucedidas
no combate à violência entre os escolares (FANTE, 2005, p.91).

Identifica-se a necessidade de não apenas proteger as vítimas dessa prática,


mas também entender o porquê o agressor age de tal forma, e como valorizar os
talentos pode modificar as atitudes de todos e mostrar que todos são iguais dentro
de suas diferenças

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo aqui apresentado, buscou evidenciar a prática do bullying no


contexto escolar, sendo um problema que causa grandes consequências nos
aprendizados e nas relações sociais dos envolvidos.

Diante desse estudo, constatou que apesar do bullying ter origem ser uma
palavra de origem inglesa, no Brasil, sua prática é muito conhecida, principalmente
nos ambientes escolares entre crianças, adolescentes e jovens, ganhando cada dia
mais espaço, com aumento no número de vítimas.

Mediante essa situação, ações de prevenção e intervenção são cada vez


mais emergentes, com objetivo de conscientizar, uma vez que sua prática promove
graves consequências entre os envolvidos e para quem presencia, pois
desrespeitam a dignidade da pessoa humana.

Ainda relacionado ao contexto escolar, deve conscientizar-se de que esse


conflito relacional já é considerado um problema de saúde pública. Por isso, é
preciso desenvolver um olhar mais observador tanto dos professores quanto dos
demais profissionais ligados ao espaço escolar. Sendo assim, deve atentar-se para
sinais de violência, procurando neutralizar os agressores, bem como assessorar as
vítimas e transformar os espectadores em principais aliados.

REFERÊNCIAS
ABRAAMOVAY, Miriam; RUA, Maria das Graças. Violências nas escolas. 4.ed.
Brasília: UNESCO, 2004.p.26.

ABRAMOVAY, M. Escola e violência. 2. ed. Brasília: Unesco, 2003. 156 p.

ASSIS, S. G. et al. Violência e representação social na adolescência no Brasil.


Rev. Pa- nam. Salud Publica, Washington, v. 16, n. 1, p. 43-51, 2004.

CARDOSO, Clotodaldo Meneguelo. Fundamentos filosóficos da intolerância. In:


CARDOSO Clotodaldo Meneguelo (org.) Convivência na diversidade. Cultura,
educação e mídia. Bauru: Unesp; FACC, 2008. P.17

CORTELLAZZI, L. (2006). Bullying: humilhar, intimidar, ofender,


agredir. Disponível: http://www.eep.br/noticias/docs/Bullying.pdf. Acesso em: 26
mar. 2007.

FANTE, Cléo. PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar- perguntas e respostas. Porto
Alegre: Artmed, 2008.

FERNANDES, Josirene (2012); LEANDRO, Vera Lucia Damacena; PAULA, Michele


Gomes y NUNES, María de Lourdes.

MOZ, Jane Middelton. ZAWADSKI, Mary Lee. Bullying- Estratégias de Sobrevivência


para Crianças e Adultos. Porto Alegre: Artmed, 2007.

PEREIRA, B. O. Para uma escola sem violência: estudo e prevenção das


práticas agressivas entre crianças. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2002.

SILVA, A. B. B. Bullying: justiça nas escolas. Brasília: 2010.

SPOSITO, M. P. As vicissitudes das políticas públicas de redução da violência


escolar. In: WESTPHAL, M. F. (Org.). Violência e criança. São Paulo: Edusp, 2002.
p. 249-265.

CRITÉRIOS AVALIATIVOS PARA CORREÇÃO


AVALIAÇÃO
Valor: 5,0 (cinco pontos)
NOTA
Critério/tópico Valor
ATRIBUÍDA

Introdução: Este tópico deverá conter um texto


expositivo sobre o contexto do trabalho, apresentando o
tema ou assunto, bem como os objetivos do mesmo. 0,5
Deve apresentar a organização do trabalho, ou seja, as
partes que o compõem.

Tópico teórico: Este tópico deverá ser desenvolvido


de acordo com as instruções que constam no modelo
3,0
da produção textual, no sentido de apresentar as
informações conforme com o tema proposto.

Considerações finais: Este tópico deverá apresentar a


organização das ideias de forma coerente e objetiva, 0,5
pontuando os resultados alcançados.

Referências: Este tópico deverá apresentar as


referências utilizadas para a produção textual dentro 0,3
das normas de referências da ABNT.

Formatação da Introdução, Tópico Teórico e


Considerações Finais: fonte: Arial, tamanho: 12,
0,2
espaçamento entre linhas: 1,5 e texto justificado. A
produção textual deve conter de 06 a 8 laudas.

Clareza e coerência: Utilização da norma padrão culta


da Língua Portuguesa, concordância verbal e nominal, 0,5
ortografia e vocabulário acadêmico

Total: 5,0

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