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A TEORIA E A PRÁTICA DO PROFISSIONAL RESPONSÁVEL PELO

SETOR DE EVENTOS NA HOTELARIA: ESTUDO NA REGIÃO SUL DO PAÍS

ROCHA, Roberta da1


SILVA, Fernanda Costa da2

RESUMO

Este artigo aborda a relação entre a teoria e a prática quanto às atividades e as competências
do profissional responsável pelo setor de eventos na hotelaria, em especial na Região Sul do
País. O trabalho é o resultado parcial de um trabalho de conclusão de curso, desenvolvido
entre 2013 e 2014. Em face ao tema suscitado, esta pesquisa questiona: a teoria tem relação
com a atuação do profissional responsável pelo setor de eventos hoteleiros? Presuma-se que a
teoria é muito importante para a execução das atividades desse profissional. Em uma instância
mais abrangente, visa-se contribuir para a discussão da importância do conhecimento técnico
e prático para o profissional que trabalha no setor de eventos na hotelaria. Para tanto,
empregou-se estudo de caso comparativo de caráter exploratório, mediante roteiro de
entrevista estruturado. Os hotéis selecionados para análise foram aqueles em que os clientes
prioritários têm uma movimentação em eventos significativa na Região Sul do País, nas
cidades de Porto Alegre, Florianópolis e Foz do Iguaçu, totalizando dezoito empreendimentos
consultados e doze entrevistados. Os resultados obtidos indicam que o objetivo geral foi
atingido.

Palavras-chave: Teoria, Prática, Turismo, Hotelaria, Eventos.

RESUMEN

En este artículo se analiza La relación entre La teoria y La práctica en la relación com lãs
actividades y habilidades del profesion responsable de lós acontecimientos em el sector de la
hosteleria, sobre todo em la región sur del país. De trabajo es el resultado de una terminación
parcial del trabajo del curso, desarrolado entre 2013 y 2014 em relación con la cuestión
planteada, esta pregunta de investigación: la teoria se relaciona con el desempeño de los
profesionales responsables de los hechos de la industria hotelera? Supongamos que la teoria
es muy importante para de lãs actividades de um operador. En un ejemplo más emplio, que

1
Graduanda em Turismo pelo Centro Universitário Metodista, do IPA. E-mail: robertadarocha@yahoo.com.br.
2
Professora do Centro Universitário Metodista, do IPA. Graduada em Turismo e Mestre em Planejamento
Urbano e Regional. E-mail: fernanda.silva@metodistadosul.edu.br.
tiene como objetivo contribuir a la discución de la importancia de los conocimientos técnicos
y prácticos para el profesión que trabaja los eventos de la industria de la hospitalidad. Para
ello, se utilizo un estudio exploratório de caso comparativo, guión de entrevista estructurada.
Los hoteles seleccionados para él análisis fueran equellas que los cllientes prioritários tienen
una unidad em los eventos importantes en las región sur del país, en las ciudades de Porto
Alegre, Florianópolis y Foz do Iguaçu, con un total de dieciocho empresas consultadas y doce
encuestados. Los resultados indican que se alcanzó el objetivo general.

Palabras-clave: Teoría, Práctica, Turismo, Hotelaría, Eventos.

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Este artigo aborda como tema principal a comparação entre a teoria e a prática em
relação às atividades e as competências do profissional responsável pelo setor de eventos na
hotelaria. A literatura (VIERA; CÂNDIDO, 2002), indica que nos eventos na hotelaria é
encontrado um quadro de profissionais exclusivos para atender a demanda de clientes (cada
vez mais exigentes): gerentes de eventos, recepcionistas, maitre e garçons. Para o profissional
ter um bom desempenho em suas atividades, independentemente da formação acadêmica, há
necessidade de expansão constante de seus conhecimentos, de forma a se adquirir novas
técnicas e embasamento teórico. Esse profissional tem de ser habilitado na técnica e
mentalmente para lidar com as situações provenientes do dia a dia. Por isso, é observada a
preocupação dos profissionais que trabalham com eventos na hotelaria em aprimorar seus
conhecimentos (FERNANDES; COELHO, 2002).
Nessa conjuntura, questiona-se: o conhecimento teórico tem relação com a prática do
profissional responsável pelo setor de eventos na hotelaria? Parte-se do pressuposto de que a
teoria afim é muito importante para a atuação desse profissional.
Em uma instância mais abrangente, este artigo visa contribuir para a discussão da
importância da teoria e da prática para o profissional responsável pelo setor de eventos na
hotelaria, de forma a creditar uma maior amplitude ao tema, no que se refere às questões
ocorrentes em sua rotina. Os objetivos específicos deste artigo são:
comparar a teoria com a prática, em relação à atuação do profissional responsável
pelo setor de eventos na hotelaria;
verificar se o tempo de experiência e formação acadêmica estão relacionados com a
contratação do profissional de eventos na hotelaria; e
investigar, a partir da teoria e da prática afim, quais as características e as habilidades
que interferem na promoção do profissional responsável pelo setor de eventos na
hotelaria na realidade brasileira.
A pesquisa justifica-se, ainda, na medida em que: a) está alinhada à visão estratégica
atual do Governo Federal para o Turismo, de acordo com o que rege o Plano Nacional de
Turismo (PNT) 2013-2016, divulgado pelo Ministério do Turismo (2013), o qual prioriza o
turismo voltado ao setor de eventos no Brasil; b) em âmbito acadêmico e prático, como
observa Trigo (2003), ainda são encontrados profissionais de eventos com formação apenas
em Ensino Médio e cursos de graduação paralelos, tais como Publicidade e Propaganda,
Marketing, Administração, entre outros, o que ratifica a necessidade de se estudar melhor o
perfil desses profissionais; e c) ainda são poucos e/ou de difícil acesso os estudos que tratam
especificamente do perfil deste tipo de profissional, de acordo com o que foi constatado em
pesquisas realizadas nos bancos de dados de órgãos governamentais3, em instituições privadas
e entidades de classe4, instituições sem fins lucrativos5, instituições de ensino6, órgãos
internacionais7 e publicações8 afins ao tema.

2. REFERENCIAL TEÓRICO
Especialmente na passagem dos anos 1990 para 2000, os investidores hoteleiros viram
os eventos na hotelaria como grande estratégia de vendas e de movimentação de receita. Esta
ocorre no momento em que os serviços agregados passam a ser consumidos, pois, através dos
eventos na hotelaria, o turista também tem a oportunidade de consumir ainda todos os
serviços do setor de Alimentos e Bebidas (A&B), hospedagem e lazer. Além desses fatores, o
mesmo cliente e/ou hóspede que participou do evento pode retornar em outras ocasiões junto
com sua família, caracterizando, dessa forma, um processo de fidelização (VIERA;
CÂNDIDO, 2002).
3
Ministério do Turismo (Mtur), Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) e secretarias municipais e estaduais
correlatas ao tema.
4
Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), Associação Brasileira de Turismólogos e Profissionais do
Turismo (ABBTUR), Associação Brasileira de Empresas de Eventos (ABEOC Brasil) e Convetions & Visitors
Bureaus (CVBs).
5
Universal Access to all knowled e ProQuest.
6
Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Universidade de São Paulo (USP), Universidade de
Brasília (UNB), Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Universidade Federal do Paraná (UFPR),
Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP) e Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU).
7
Organização Mundial do Turismo (OMT), International Congress & Convention Association (ICCA), World
Economic Forum e Associação Internacional Exposições e Eventos (IAEE).
8
Revista Turismo em Números, Revista Meeting e Conventions, Revista Turismo e Negócios, Revista Hotelaria,
Revista Hotelaria do Sul, Revista Hotelier News, Revista Hotelaria e Turismo, Revista Portal Eventos, Revista
Neo Store e Revista Turismo e Desenvolvimento.
Especificamente em relação ao setor hoteleiro, tem-se que a promoção de eventos
dentro de um hotel pode sanar problemas relativos à ocupação (através da realização de
eventos em baixa temporada, por exemplo), além de contribuir para a sua imagem. Devido ao
aumento do mercado hoteleiro, o evento se tornou o fator que proporciona maior retorno
econômico e social sobre o investimento. Por isso, o setor de eventos é altamente competitivo,
exigindo, cada vez mais, a qualificação do profissional responsável pela demanda de eventos
nos ambientes hoteleiros.
Para um evento na hotelaria ser bem sucedido, independentemente da sua estrutura, é
necessário coordenar-se todos os setores envolvidos (A&B, recepção, reservas, etc.)
(ANDRADE, 2002). Dessa forma, o profissional que responde pelo setor de eventos na
hotelaria corresponde ao de um empregado que seja capaz de atender a essa organização
complexa verificada contemporaneamente.

2.1 PRÁTICA E TEORIA RELATIVAS À ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL


RESPONSÁVEL PELO SETOR DE EVENTOS NA HOTELARIA
Devido às mudanças no mercado de trabalho que ocorrem constantemente, Flores
(2002), reforça a ideia de que o profissional de eventos na hotelaria precisa se aperfeiçoar em
novos métodos, desenvolvendo a reciclagem profissional, além de ter curso de graduação para
a realização das tarefas diárias. Nesse contexto, Giacaglia (2006) afirma ser de grande
importância ter um responsável exclusivo para o setor de eventos na hotelaria. Esse
profissional é o principal responsável pela imagem da empresa, como se fosse um cartão de
visita desta.
Nesse cenário, é imprescindível relatar as principais funções atribuídas ao profissional
responsável pelos eventos na hotelaria. Nos Quadros 1 e 2 são expostos as principais
atividades executadas, o perfil, os conhecimentos e a formação dos profissionais mais comuns
entre os diversos setores de eventos na hotelaria, de acordo com a literatura pertinente ao
tema.
Quadro 1 – Funções do profissional responsável pelos eventos na hotelaria

ENCARREGADO AUXILIAR PRODUTOR


FUNÇÕES / ATIVIDADES DE EVENTOS DE EVENTOS DE EVENTOS
Cândido e Viera Cândido e Viera Martin (2003)
(2003) (2003)
Assinar cartas, solicitações de reserva e X X
bloqueio de salas.
Assinar, juntamente com o Gerente Geral
ou com o Gerente de Área, os contratos de X
reserva de eventos e negócios de interesse
do seu departamento e do hotel.
Coordenar as auxiliares e controlar todas as X X
atividades referentes a eventos.
Realizar atendimentos internos e externos
com clientes ou hóspedes em assuntos X X
referentes aos eventos e atividades do setor.
Elaborar e assinar os relatórios referente as X
atividades do setor.
Manter contatos com os demais
departamentos de hotel, Gerência Geral X X
e/ou Direção na elaboração de propostas,
cardápios, contratos e vendas.
Operar o sistema informatizado e se
responsabilizar por informações, mesmo as X X
privilegiadas, referentes ao setor de
atividade.
Participar do programa e política de vendas
do hotel juntamente com o Gerente Geral e X
os departamentos de Marketing e Vendas.
Auxiliar o (a) Encarregado (a) de Eventos X
nas funções burocráticas do setor.
Auxiliar na supervisão das salas, X
organização e serviço de coffee breack.
Digitar contratos de eventos, cartas de X
compromisso, minutas de propostas.
Efetuar o abastecimento e o controle dos X
equipamentos e materiais de uso do setor.
Receber, encaminhar, prestar informações
iniciais sobre eventos e atividades do X
departamento aos hóspedes e clientes.
Supervisionar os banheiros e as
dependências complementares para os X
eventos.
Ser responsável pela contratação de X
funcionários do setor.
Fonte: adaptação de Cândido e Viera (2003, p. 601) e de Martin (2003, p. 78).
Quadro 2 - Características necessárias ao profissional de eventos na hotelaria

ENCARREGADO AUXILIAR DE
DE EVENTOS EVENTOS
CARACTERÍSTICAS
Cândido e Viera Cândido e Viera
(2003) (2003)

Gênero (masculino / feminino). X X


Gozar de boa saúde. X X
Boa influência verbal. X X
Ter, no mínimo 1 (um) ano de empresa. X
Experiência mínima de um ano como Auxiliar de Eventos,
Auxiliar de Recepção ou Recepcionista. X
Disponibilidade de horário integral para o trabalho.
X X
Facilidade no trato com o público tanto interno e externo.
X X
Ensino Superior completo nas áreas de Hotelaria, Turismo,
Letras, Administração, Comunicação Social, etc. X

Ensino Médio ou Ensino Superior incompleto, nas áreas de


Hotelaria e Turismo ou em cursos semelhantes ao setor. X

Domínio em línguas estrangeiras (Inglês e/ou Espanhol).


X X
Conhecimento em informática e no sistema operacional do
hotel. X X
Conhecer o Código de Defesa do Consumidor. X X
Conhecer o organograma do hotel e ter afinidade com os demais
setores, tanto no aspecto conhecimento como no bom X X
relacionamento.
Redação própria para correspondência técnica e comercial.
X X
Fonte: adaptação de Cândido e Viera (2003, p. 602).

É possível perceber nomenclatura variada usada por Cândido e Viera (2003) e Martin
(2003), para relacionar as funções exercidas pelo profissional de eventos na hotelaria.
Contudo, percebe-se semelhança entre algumas funções relacionadas pelos distintos autores
em questão.
No Quadro 2, verifica-se as principais características do Encarregado de Eventos e do
Auxiliar de Eventos. Nele, é possível analisar que os critérios básicos para exercer os cargos
são muito similares, diferenciando apenas o tempo de experiência nas funções anteriores ao
cargo atual e a escolaridade.
Há, ainda, a abordagem proposta por Mullins (2004, p. 111), o qual discorre sobre o
Gerente de Eventos, informando que este é o profissional responsável pelo gerenciamento do
setor de eventos. Seu perfil, de acordo com o autor, demanda personalidade e estilo gerencial.
Em complemento, o autor acredita que para haver uma gestão bem sucedida, é necessário um
bom relacionamento entre os colaboradores e este Gerente, pois o estilo gerencial adotado e
avaliado pela equipe pode ser aceitos ou não por esta, causando prejuízos à empresa. Nessa
conjuntura, pode-se afirmar que independentemente do cargo exercido pelo profissional de
eventos na hotelaria, a atividade poderá ser a mesma em algumas empresas.
Perry et al. (1996) descrevem os atributos e os conhecimentos exigidos pelo
responsável por eventos na hotelaria, tratando-os como “Gerente”. Com base em uma
pesquisa feita com 105 profissionais presentes na Conferência Australiana de Eventos
(Australian Events Conference), realizada em Camberra, em 1996, os autores evidenciam sete
atributos mencionados com frequência, como sendo pertinentes ao perfil deste gestor. O
quesito “visão” foi listado como a mais importante, seguido por “liderança”, “adaptação” e
“habilidades em organização, comunicação, marketing e gestão de pessoas”. As áreas de
conhecimento consideradas mais importantes foram gestão de projetos (4,84%), orçamento
(4,84%), gestão de tempo (4,80%), relacionamento com a mídia (4,80%), planejamento dos
negócios (4,76%), gestão de recursos humanos (4,76%), gestão de marketing (4,64%), gestão
de contingências (4,57%), obtenção de patrimônio (4,56%), rede (4,56%), análise de
nivelamento (4,40%), ética (4,35%), análise de impacto econômico (4,31%), pesquisa de
mercado (4,26%), legislação trabalhista (4,22%), outras questões legais (4,22%), software de
gestão de projetos (4,13%) e regulamento do governo local (4,13%).
Estudos realizados posteriormente por Harris e Griffin (1997), Royal e Jago (1998) e
Arcodia e Barker (2002), confirmaram a importância do domínio desses conhecimentos e
dessas habilidades. Apesar de ocasionais ênfases e nuances diferente, nota-se que a maioria
dos autores concorda com o conhecimento específico da melhor prática, aprimorado ao
treinamento do profissional de eventos na hotelaria.
Com o objetivo de proporcionar melhor entendimento referente aos critérios pré-
estabelecidos pelos autores vistos, quanto ao exercício do cargo de responsável pelo setor de
eventos na hotelaria, o Quadro 3 sistematiza essas habilidades e os respectivos autores.
Quadro 3 – Habilidades do profissional responsável pelo setor de eventos na hotelaria

AUTORES

Perry et al.
Campos et

et al. (s/d)
Cracknell
Arcodia e

Giacáglia
al. (2000)
Britto e
Barker

Mattos
Fontes
(2002)

(2002)

(2002)

(2006)

(2011)

(1996)
Flores
HABILIDADES

Apresentação impecável X
Aptidão X X
Atitude X X X X
Boa forma física X X
Comprometimento X X X X
Comunicação / Marketing X X
Conhecimento técnico de vendas X
Criatividade X
Motivação X
Organização X X
Poder decisório X X
Postura discreta X
Paciência X
Segurança X
Flexibilidade de horários X
Visão técnica da empresa e global X X
Fonte: adaptação de Arcodia e Barker (2002), Britto e Fontes (2002), Campos et al. (2000), Cracknell et al. (s/d),
Flores (2002), Giacáglia (2006), Mattos (2011) e Perry et al. (1996).

Baseado no Quadro 3, pode ser analisado que a maioria dos autores determina o
comprometimento e a atitude do profissional responsável pelo setor de eventos na hotelaria
como as principais habilidades. Os critérios menos apontados pelos autores são,
respectivamente, a apresentação impecável, o conhecimento técnico de vendas, a motivação, a
criatividade, a postura discreta, a paciência, a segurança aos transmitir informações aos
clientes e colaboradores e flexibilidade de horários.
Em complemento às características e habilidades apresentadas, cabe informar o que
apontam Wagen e Davies (2001). Segundo os autores, uma das mais recentes mudanças
ocorridas nesse mercado de trabalho tem sido o ingresso de um número significativo de
mulheres, especialmente dos grupos de idade mais avançada. Há, também, uma tendência a
jornadas de trabalhos em que muitos funcionários dão preferência a atividades com horários
flexíveis.
3. METODOLOGIA

Para a realização deste artigo é utilizada uma pesquisa qualitativa de caráter


exploratório. O método escolhido é o estudo de caso comparativo (YIN, 2010). O
procedimento metodológico da pesquisa compreende levantamento de arquivo, com pesquisa
bibliográfica, e levantamento de campo, com aplicação de entrevistas. A seguir, é explicada a
delimitação do estudo de caso e a aplicação das entrevistas.

3.1 ESTUDO DE CASO


As cidades que mais recebem eventos internacionais são, respectivamente, Rio de
Janeiro, São Paulo, Brasília, Salvador e Foz do Iguaçu, Belo Horizonte, Florianópolis, Porto
Alegre, Búzios e Fortaleza. Em complemento, a Região Sul é a segunda em realizações de
eventos no Brasil. Somando-se aos dados indicados, tem-se que a Região Sul do Brasil ocupa
destaque quanto à entrada de turistas latinos americanos. Conforme os dados da Federação de
Câmaras de Comércio e Indústria da América do Sul (Federasur), por exemplo, há um
aumento na entrada de colombianos (38,1%), de argentinos (20,3%) e de uruguaios (11,2%)
em Porto Alegre, Foz do Iguaçu e Florianópolis9.
Nesse sentido, para ambientação do artigo, foram adotados os seguintes critérios para
a seleção das cidades de composição deste estudo:
estar entre as cidades brasileiras que mais recebem eventos internacionais;
estar na Região Sul do País;
trabalhar com segmento de Turismo de Eventos; e
ter estrutura hoteleira significativa voltada aos eventos.
Levando-se em consideração esses indicadores, doze hotéis em cidades do Sul do País
compõem a amostra: Foz do Iguaçu, Florianópolis e Porto Alegre. Foi aplicado roteiro de
entrevista estruturada (GERHARDT; SILVEIRA, 2009). Os entrevistados por ocasião desta
pesquisa serão codificados de acordo com o Quadro 4.

9
Dados retirados do portal da Federação de Câmaras de Comercio e Indústria da América do Sul (Federasur):
<http://www.federasur.org.br>.
Quadro 4 - Codificação de entrevistados

CIDADE PORTO ALEGRE


E1
E2
E3
ENTREVISTADOS CODIFICADOS E4
E5
E6
E7
Total de entrevistados 07
CIDADE FLORIANÓPOLIS
E8
E9
ENTREVISTADOS CODIFICADOS
E10
E11
Total de entrevistados 04
CIDADE FOZ DO IGUAÇU
ENTREVISTADO
E12
CODIFICADO
Total 01
Fonte: Elaborado pela autora, 2014.

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

4.1 CARACTERIZAÇÃO GERAL DOS ENTREVISTADOS

Entre os doze entrevistados, dez são do sexo feminino. Dos sete porto-alegrenses, três
tem entre 21 e 31 anos. Em Florianópolis, todos tem idade entre 32 e 42 anos e, em Foz do
Iguaçu, o entrevistado tem idade entre 43 e 53 anos.
Verifica-se parte do que aludem Wagen e Davies (2001). Isso porque na amostra é
relevante o número elevado de mulheres. Ao mesmo tempo, essa amostra contradiz os
autores, no que se refere à grande proporção de profissionais com idade avançada trabalhando
nesse campo de atuação.

4.2 FORMAÇÃO DOS ENTREVISTADOS


O estudo indicou que no mercado de eventos na hotelaria estudado existe atuação de
profissionais com grau de escolaridade que varia desde o Ensino Médio à Pós-Graduação.
Verificou-se a predominância de Ensino Superior e da formação em curso de Turismo e/ou
Hotelaria na amostra estudada. Quanto aos cursos de aperfeiçoamento relacionados ao campo
de eventos, houve referência a ter e não ter esta formação complementar, em igual número
(seis pessoas).
Entre as cidades em que o estudo foi ambientado, Porto Alegre se destaca com
profissionais com cursos de Ensino Superior, Pós-Graduação e cursos específicos nas áreas de
Turismo, Hotelaria e Eventos (E5 e E6). Dos entrevistados gaúchos que afirmaram ter curso
de Graduação e Pós-Graduação, apenas o E5 não tem nenhum curso de aperfeiçoamento
relacionado ao setor em estudo.
Dos quatro entrevistados de Florianópolis, dois têm Ensino Superior na área de
Turismo e/ou Hotelaria. Desses, apenas um tem curso relacionado com eventos. Já o
entrevistado de Foz do Iguaçu não tem nenhum curso relacionado com o segmento de
eventos. Entre todos os entrevistados, somente três profissionais (E1, E11 e E12) que
trabalham na área de eventos não tem nenhum curso relacionado diretamente ao setor, sendo
que a formação superior destes é em História (E11) e Geografia (E1 e E12).
Pelo conjunto desses resultados, ainda não é possível ratificar, com maior precisão, ao
que aludem Flores (2002), Shigunov (2002), Martin (2003) e Trigo (2003), segundo os quais
os profissionais de eventos na hotelaria estão em constante aperfeiçoamento com cursos
relacionados ao setor de eventos na hotelaria. O que se percebe é uma tendência dos
responsáveis pelos eventos na hotelaria em apresentarem formação profissional relacionada
aos campos do Turismo e/ou Hotelaria.

4.3 ATUAÇÃO PROFISSIONAL DOS ENTREVISTADOS


Nesta seção, será feita uma análise mais precisa em relação ao cargo dos profissionais
de eventos na hotelaria e se o tempo de experiência no segmento de eventos impacta na
promoção desses profissionais. Também serão relacionados os principais critérios necessários
para exercer o cargo elevado no setor de eventos nos hotéis pesquisados, bem como as
principais atividades desenvolvidas pelo profissional que ocupa tal posição.
Quadro 5 - Cargo dos entrevistados, declarados por eles

PROCEDÊNCIA
CARGO DOS PORTO ALEGRE FLORIANÓPOLIS FOZ DO IGUAÇU
PROFISSIONAIS Número Número Número
Código Código Código TOTAL
absoluto absoluto absoluto
GERENTE DE
E1, E5 e E7 3 0 E12 1 4
EVENTOS
ENCARREGADO
E4 e E6 2 E10 1 0 3
DE EVENTOS
ASSISTENTE DE
0 0 0 0
EVENTOS
AUXILIAR DE
0 0 0 0
EVENTOS
SUPERVISOR
COMERCIAL 0 E9 1 0 1
(OUTROS)
COORDENADOR
DE EVENTOS E3 1 E8 1 0 2
(OUTROS)
DIRETOR DE
VENDAS E2 1 0 0 1
(OUTROS)
SUPERVISOR
DE EVENTOS 0 E11 1 0 1
(OUTROS)
Fonte: Elaborado pela autora, 2014.

Quadro 6 – Tempo de experiência na área de eventos


PROCEDÊNCIA
TEMPO DE
PORTO ALEGRE FLORIANÓPOLIS FOZ DO IGUAÇU
EXPERIÊNCIA NA
ÁREA DE EVENTOS Número Número Número TOTAL
Código Código Código
absoluto absoluto absoluto
MENOS DE 5 ANOS E4 1 E8 1 0 2
5 A 7 ANOS E2, E5 e E6 3 E9 1 0 4
8 A 10 ANOS 0 0 0 0
11 ANOS OU MAIS E1, E3 e E7 3 E10 e E11 2 E12 1 6
Fonte: Elaborado pela autora, 2014.

Pela exposição dos Quadros 5 e 6, pode-se verificar que no mercado de eventos na


hotelaria estudado existem diversos tipos de cargos. Entre os doze profissionais das cidades,
quatro são Gerentes de Eventos (E1, E5, E7 e E12). Dos Gerentes de Eventos, apenas E5
possui de cinco a sete anos de experiência no setor de eventos, sendo que os demais possuem
onze anos ou mais de experiência.
O segundo cargo mais exercido pelos profissionais em questão é o de Encarregado de
Eventos (E4, E6 e E10), nas cidades de Porto Alegre e Florianópolis. Respectivamente, o
tempo de experiência deles varia de cinco a sete anos, ou onze anos ou mais na área de
eventos.
Quadro 7 – Promoção relacionada com setor de eventos
PROCEDÊNCIA
PROMOÇÃO
PORTO ALEGRE FLORIANÓPOLIS FOZ DO IGUAÇU
RELACIONADA
Número Número Número TOTAL
COM EVENTOS Código Código Código
absoluto absoluto absoluto
Não E2 e E7 2 E9 e E10 2 0 4
E1, E3, E4, E5 e
Sim 5 E8 e E11 2 E12 1 8
E6
Fonte: Elaborado pela autora, 2014.

Conforme o Quadro 7, independentemente do cargo exercido pelo profissional de


eventos na hotelaria, na Região Sul do Brasil, dois entrevistados de Porto Alegre (E2 e E7) e
dois de Florianópolis (E9 e E10) afirmam que nunca foram promovidos antes do cargo que
ocupam atualmente. A ausência na promoção desses profissionais pode ocorrer por causa de
algumas semelhanças, tais como, todos iniciaram diretamente na função que exercem
atualmente; e os entrevistados E7 e E9 afirmaram que anteriormente ao cargo atual não
haviam trabalhado com eventos, embora tivessem cursos de graduação e aperfeiçoamento no
segmento.
Nesse cenário, a amostra apresentada contradiz de certa forma, a teoria de Cândido e
Viera (2003), quanto ao cargo de Encarregado de Eventos em específico (nome da função
utilizada pelos autores), o qual, só pode ser exercido quando o profissional tiver, no mínimo,
um ano de experiência no setor de eventos na hotelaria. Os dados do Quadro 7 ainda mostram
que a maioria da amostra (oito pessoas) já obteve promoção de cargo. Relacionando esta
realidade ao tempo de experiência na área de eventos, tem-se que seis pessoas que
conseguiram a promoção profissional têm cinco anos ou mais de experiência na área de
eventos, sendo que metade da amostra promovida possui onze anos ou mais de experiência.
No Quadro 8 a seguir podem ser observados os critérios para os profissionais de
eventos hoteleiros exercerem o cargo atual, pré-estabelecidos pelos hotéis nas cidades em que
o estudo foi ambientado. Percebe-se que cada hotel tem suas prioridades ao promover um
colaborador em cargos elevados.
Quadro 8 – Critérios estabelecidos pelos hotéis para exercer o cargo atual

CRITÉRIOS PROCEDÊNCIA
ESTABELECIDOS PORTO ALEGRE FLORIANÓPOLIS FOZ DO IGUAÇU
PELOS HOTÉIS PARA
Número absoluto Número absoluto Número absoluto TOTAL
EXERCER O CARGO
ATUAL (total de 7 hotéis) (total de 4 hotéis) (total de 1 hotel)
Ensino Médio. 1 2 0 3
Ensino Superior. 2 3 1 6
Segundo idioma (inglês
2 2 1 5
ou espanhol).
Conhecimentos básicos
5 3 1 9
de informática.
Experiência na função. 7 3 1 11
Paciência e habilidades
6 3 1 10
de relacionamento.
Discrição. 2 1 1 4
Responsabilidade. 7 4 1 12
Conhecimento básico do
sistema operacional do 6 4 1 11
hotel.
Habilidade para
6 3 1 11
trabalho em equipe.
Disponibilidade de
7 3 1 11
horários.
Apresentação. 5 3 1 9
Outros (flexibilidade na
0 1 0 1
gestão).
Fonte: Elaborado pela autora, 2014.

Nas três cidades em que o estudo foi ambientado, percebe-se que o critério
responsabilidade é o mais importante entre todos os empreendimentos hoteleiros. Outros
critérios relevantes citados pelos profissionais responsáveis pelo setor de eventos na hotelaria
são: a experiência na função, conhecimento básico pelo sistema do hotel, habilidade para
trabalho em equipe e disponibilidade de horários. Esses critérios para os profissionais
exercerem o cargo atual, estabelecidos pelos hotéis analisados, são verificados nas teorias de
Wagen e Davies (2001), Britto e Fontes (2002) e Cândido e Viera (2003).
Cabe ressaltar que todos os entrevistados consideram muito importantes esses critérios
estabelecidos pelos hotéis para exercerem os cargos atuais. Na opinião da maioria dos
profissionais consultados, o incremento da demanda do hotel é o fator mais significante para
integrarem nesse mercado. Nesse contexto, é ratificado, o que alude os dados da Secretaria
Municipal de Turismo et al. (2013), no que se refere a oportunidades de trabalho no segmento
de eventos na hotelaria na Região Sul do País.
A partir do Quadro 9 a seguir podem ser visualizadas as funções desempenhadas pelos
profissionais de eventos na hotelaria da Região Sul. Verifica-se que a atividade mais comum
entre os entrevistados nas três cidades é o contato com os outros departamentos do hotel,
para a elaboração de propostas, cardápios, contratos e vendas. As funções menos realizadas
e/ou importantes são as que foram citadas na opção “outras atividades” (entrevistados E9,
E11 e E12).
Quadro 9 – Funções desempenhadas pelo profissional de eventos na hotelaria
PROCEDÊNCIA
FUNÇÕES PORTO ALEGRE FLORIANÓPOLIS FOZ DO IGUAÇU
DESEMPENHADAS Número Número Número TOTAL
Código Código Código
absoluto absoluto absoluto
Contratar, coordenar e E2, E3,
controlar a equipe. E4, E5, 6 E8 e E9 2 E12 1 9
E6 e E7
Operar o sistema
E2, E3, E8, E9,
informatizado e
E4, E5, 6 E10 e 4 0 10
responsabilizar-se por
E6 e E7 E11
informações.
Exercitar a criatividade,
E2, E3
elaborando plano de 3 E9 1 0 4
e E6
marketing.
Elaborar a logística e E2, E3, E8, E9,
infraestrutura necessárias E4, E5, 6 E10 e 4 E12 1 11
exigidas pelo cliente. E6 e E7 E11
Promover, interna ou
externamente, atendimentos
e/ou visitas para vendas de
E1, E2, E8, E9,
eventos e de todos os produtos
E3, E5, 6 E10 e 4 E12 1 11
disponíveis no hotel,
E6 e E7 E11
individualmente ou na
companhia de membros da
equipe.
Elaborar, aprovar e controlar a E2, E3,
execução dos contratos de E4, E5 5 E8 e E9 2 E12 1 8
interesse do setor. e E7
Elaborar e assinar os E8, E9,
E2, E3,
relatórios. 4 E10 e 4 E12 1 9
E5 e E6
E11
Manter contatos com os
demais departamentos do
E1, E2, E8, E9,
hotel, Gerência Geral e/ou
E3, E4, 7 E10 e 4 E12 1 12
Direção, na elaboração de
E6 e E7 E11
propostas, cardápios,
contratos e vendas.
Participar do programa e da
E2, E3, E8, E9,
política de vendas do hotel,
E4, E5 5 E10 e 4 E12 1 10
juntamente com os demais
e E6 E11
setores.
Outras atividades (elaboração
do Business Plan (Planos de
Negócios) anuais, 0 E9 1 0 1
planejamento, estratégia e
planos de ação).
Outras atividades
(acompanhamento, supervisão
e coordenar todos os
procedimentos operacionais 0 E11 1 0 1
do evento desde o check-in até
o fechamento da conta do
cliente).
Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
Observa-se que entre os Encarregados de Eventos (três pessoas), apenas o E6 realiza a
maioria das funções e os demais executam seis atividades, das doze determinadas por
Cândido e Viera (2003), para o cargo correspondente. Nesse caso, comparando as atividades
desempenhadas à realidade dos profissionais consultados, percebe-se que estes desenvolvem
funções diferentes.

4.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS


O conjunto de resultados possibilitou confirmar parte da teoria exposta. Para melhor
entendimento, os resultados serão divididos da seguinte maneira: no primeiro momento, serão
mostrados os dados que ratificam a literatura apresentada e, a seguir, os dados que não
corroboraram com a literatura consultada.
Verificou-se haver uma tendência significativa em empregar mulheres no setor de
eventos na hotelaria da Região Sul do País. Quanto à faixa etária, de acordo com Wagen e
Davies (2001), há propensão de atuação de profissionais de eventos na hotelaria com idade
avançada, evidência observada em Foz do Iguaçu. Porém, devido ao fato de se ter obtido
pouco retorno das entrevistas aplicadas nesta cidade, ainda é difícil relacionar esses dados de
forma mais precisa. Comparando-se as cidades, verifica-se a tendência em faixa etária diversa
entre os profissionais de eventos na hotelaria.
No que refere à formação acadêmica dos profissionais que trabalham com eventos,
observa-se que os responsáveis pelo setor de eventos na hotelaria de Porto Alegre são os que
mais estão se capacitando com cursos relacionados a eventos, como, por exemplo, Pós-
Graduação e cursos afins ao segmento em estudo. Nesse caso, são verificados os argumentos
de Fernandes e Coelho (2002), segundo os quais os profissionais estão cada vez mais em
busca de cursos que proporcionam qualificação técnica e prática para a sua atuação no
mercado de eventos na hotelaria. Nessa amostra, também foi possível analisar a importância
desse profissional para o empreendimento hoteleiro.
Quanto às áreas de conhecimento dos entrevistados, foram encontradas algumas
relacionadas às citadas na Conferência Australiana de Eventos, realizada em Camberra. Entre
as diversas áreas referidas, na amostra foi verificada a relação com a mídia, planejamento de
negócios, gestão de recursos humanos e gestão de marketing.
No que tange ao cargo dos profissionais analisados, foi averiguado que o cargo de
Gerente de Eventos é o mais comum na prática, como sendo o correspondente, de forma mais
corriqueira, ao profissional responsável pelo setor de eventos na hotelaria. Por isso,
comprova-se de maneira mais evidente a teoria de Perry et al., Cândido e Viera (2003),
Mullins (2004) e Cracknell et al. (s/d).
Quanto à contratação, analisa-se que possivelmente a formação acadêmica influencia
na empregabilidade desses profissionais responsáveis pelo setor de eventos no mercado
hoteleiro. Esse fator ocorre a partir do que foi constatado ao analisar a formação acadêmica e
a promoção dos profissionais de eventos na hotelaria.
O critério mais comum entre as cidades para o desenvolvimento dos cargos é a
responsabilidade do profissional de eventos na hotelaria. Assim, a amostra corrobora com o
que foi apresentado por Britto e Fontes (2004), Campos et al. (2000), Mattos (2011) e
Cracknell et al. (s/d).
Entre os resultados da amostra que não foram confirmados na literatura podem ser
citados o tempo mínimo de experiência de um ano para ocupar o cargo em estudo, conforme
mencionado por Cândido e Viera (2003); o número significativo de profissionais com idade
mais avançada, segundo Wagen e Davies (2001); e o que alude Trigo (2003), para quem ainda
são encontrados profissionais com Ensino Médio e em cursos de graduação, tais como,
Publicidade e Propaganda, Marketing, Administração, etc. Diante do exposto, os resultados da
amostra ratificam, em maior parte, a literatura consultada.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RELEVÂNCIA DOS RESULTADOS

Este artigo buscou comparar a teoria e a prática referentes à atuação dos profissionais
responsáveis pelo setor de eventos na hotelaria, em um contexto brasileiro, precisamente na
Região Sul. O problema centrou-se em questionar qual é a relação da teoria com a prática do
profissional responsável pelo setor de eventos na hotelaria? Nessa conjuntura, foi presumido
que a teoria e a prática são muito importantes para a atuação desse profissional que trabalha
com eventos na hotelaria.
Como objetivo geral, buscou-se verificar a importância da prática e da teoria para a
rotina do profissional responsável pelo setor de eventos na hotelaria. Os objetivos específicos
analisaram: a relação entre a teoria e a prática, no que se refere à atuação do profissional de
eventos na hotelaria; se o tempo de experiência e a formação acadêmica interferem na
contratação do profissional que trabalha no segmento de eventos na hotelaria; e se há ligação
entre a teoria e a prática, no que se refere à promoção do profissional de eventos na hotelaria.
Ao relacionar o primeiro objetivo específico com os resultados abordados no Capítulo
4, foi visto que os profissionais de eventos na hotelaria da Região Sul do País estão se
qualificando com cursos de Graduação e similares nas áreas relacionadas ao setor e
desenvolvem atividades pré-estabelecidas para o cargo que ocupam. Por tanto, pode-se
afirmar que entre a teoria e a prática, há uma ligação muito singular.
No que se refere ao segundo objetivo específico, foi verificado que o tempo de
experiência e a formação acadêmica são fatores muito importantes para a contratação do
profissional que trabalha com o segmento de eventos na hotelaria. Quanto ao último objetivo
específico, os dados desta pesquisa mostram que o conhecimento teórico e prático influência
na contratação e/ou promoção do profissional no segmento de eventos na hotelaria. Percebe-
se, assim, que o objetivo geral desse artigo foi atingido e em adição, o pressuposto foi
confirmado, dessa maneira a teoria é muito importante para a atuação do profissional de
eventos na hotelaria.
Importante ressaltar que entre os cargos de Gerente de Eventos, Encarregado de
Eventos, Auxiliar de Eventos e Produtor de Eventos, analisados no Capítulo 2 para
comparativos das funções das atividades, os cargos que não foram encontrados na amostra
foram de Auxiliar de Eventos e Produtor de Eventos. Nesse contexto, foi corroborada a
literatura de Perry et al. (1996), Cândido e Viera (2003), Mullins (2004), Rogers e Martin
(2011) e Cracknell et al. (s/d).
Conforme citado pelos autores Wagen e Davies (2001), Britto e Fontes (2002),
Cândido e Viera (2003), é necessário que os profissionais de eventos hoteleiros tenham
disponibilidades para trabalharem em horários alternados. Mais uma vez, a amostra
comprovou o que foi mencionado pelos autores. Sendo assim, é possível avaliar que
contemporaneamente os profissionais do setor de eventos hoteleiros tendem a estar
qualificados para o cargo que atuam.
Uma vez que esta pesquisa consistiu em um estudo exploratório, o qual empregou
métodos qualitativos para análise, de maneira a evidenciar a importância do tema suscitado,
sugere-se aplicar pesquisas complementares a este estudo, então em uma maior quantidade de
profissionais de eventos na hotelaria, bem como mediante emprego de métodos quantitativos
como, por exemplo, valendo-se de questionários. Em adição, seria necessário expandir a
pesquisa em outros estados e demais Regiões do País, o que contribuiria para estudos
comparativos mais aprofundados. Dessa forma, será possível subsidiar generalização e
regularidades de resultados, dando um maior embasamento aos dados relatados neste estudo.
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