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Auro de Jesus Rodrigues

Autor

Hortência de Abreu Gonçalves


Maria Balbina de Carvalho Menezes
Maria de Fátima Nascimento
Co-Autoras

Metodologia Científica

3a Edição
Jouberto Uchôa de Mendonça
Reitor

Amélia Maria Cerqueira Uchôa


Vice-Reitora

Jouberto Uchôa de Mendonça Junior


Pró-Reitoria Administrativa - PROAD

Ihanmarck Damasceno dos Santos


Pró-Reitoria Acadêmica - PROAC

Domingos Sávio Alcântara Machado


Pró-Reitoria Adjunta de Graduação - PAGR

Temisson José dos Santos


Pró-Reitoria Adjunta de Pós-Graduação
e Pesquisa - PAPGP

Gilton Kennedy Sousa Fraga


Pró-Reitoria Adjunta de Assuntos
Comunitários e Extensão - PAACE

Jane Luci Ornelas Freire


Gerente do Núcleo de Educação a Distância - Nead

Andrea Karla Ferreira Nunes


Coordenadora Pedagógica de Projetos - Nead

Lucas Cerqueira do Vale


Coordenador de Tecnologias Educacionais - Nead

Equipe de Elaboração e
Produção de Conteúdos Midiáticos:
Alexandre Meneses Chagas - Supervisor
Ancéjo Santana Resende - Corretor
Andira Maltas dos Santos – Diagramadora
Bruno Costa Pinheiro - Webdesigner
Claudivan da Silva Santana - Diagramador
Edilberto Marcelino da Gama Neto – Diagramador R696m Rodrigues, Auro de Jesus
Edivan Santos Guimarães - Diagramador Metodologia científica / Auro de
Fábio de Rezende Cardoso - Webdesigner Jesus Rodrigues; co-autoras Hor-
Geová da Silva Borges Junior - Ilustrador
tência de Abreu Gonçalves, Maria
Márcia Maria da Silva Santos - Corretora
Matheus Oliveira dos Santos - Ilustrador Balbina de Carvalho Menezes, Maria
Monique Lara Farias Alves - Webdesigner de Fátima Nascimento. 3. ed. rev. e
Pedro Antonio Dantas P. Nou - Webdesigner ampl. – Aracaju : UNIT, 2010.
Rebecca Wanderley N. Agra Silva - Designer
Rodrigo Otávio Sales Pereira Guedes - Webdesigner 184 p.: il. : 22 cm. (Série bibliográ-
Rodrigo Sangiovanni Lima - Assessor fica Unit ; v. 1)
Walmir Oliveira Santos Júnior - Ilustrador
Inclui bibliografia
Redação: ISBN 978-85-7833-009-5
Núcleo de Educação a Distância - Nead
Av. Murilo Dantas, 300 - Farolândia
Prédio da Reitoria - Sala 40 1. Metodologia científica 2. Edu-
CEP: 49.032-490 - Aracaju / SE cação a distância. I. Gonçalves,
Tel.: (79) 3218-2186 Hortência de Abreu. II. Menezes,
E-mail: infonead@unit.br Maria Balbina de Carvalho. III. Nas-
Site: www.ead.unit.br cimento, Maria de Fátima. IV. Uni-
versidade Tiradentes - Educação a
Impressão: Distância. V. Título
Gráfica Gutemberg
Telefone: (79) 3218-2154
CDU : 001.891
E-mail: grafica@unit.br
Site: www.unit.br
Copyright © Sociedade de Educação Tiradentes
Mensagem do Reitor
Prezado(a) estudante,

A modernidade anda cada vez mais atrelada ao tem-


po, e a educação não pode ficar para trás. Prova disso
são as nossas disciplinas on-line, que possibilitam a você
estudar com o maior conforto e comodidade possível, sem
perder a qualidade do conteúdo.

Por meio do nosso programa de disciplinas on-line


você pode ter acesso ao conhecimento de forma rápida,
prática e eficiente, como deve ser a sua forma de comunica-
ção e interação com o mundo na modernidade. Fóruns on-
line, chats, podcasts, livespace, vídeos, MSN, tudo é válido
para o seu aprendizado.

Mesmo com tantas opções, a Universidade Tiradentes


optou por criar a coleção de livros Série Bibliográfica Unit como
mais uma opção de acesso ao conhecimento. Escrita por nossos
professores, a obra contém todo o conteúdo da disciplina que
você está cursando na modalidade EAD e representa, sobretu-
do, a nossa preocupação em garantir o seu acesso ao conheci-
mento, onde quer que você esteja.

Desejo a você bom


aprendizado e muito sucesso!

Professor Jouberto Uchôa de Mendonça


Reitor da Universidade Tiradentes
Apresentação
Prezado(a) estudante,

Vivemos em um mundo em que as novas tecnologias produ-


zem e veiculam conhecimentos numa velocidade incrível. Aprendê-los
e aproveitá-los requer, sobretudo, do estudante habilidades, compe-
tências e muita dedicação. A Educação tem se beneficiado muito com
o desenvolvimento das novas tecnologias da informação e da comu-
nicação, que proporcionam espaços com diferentes caminhos para a
aprendizagem, trazendo agilidade e flexibilidade ao estudo.

A disciplina de Metodologia Científica, na modalidade Ead


e on-line requer estratégias diferentes de uma disciplina presencial.
Nela, você deverá construir sua aprendizagem de forma autônoma,
administrando o tempo, o ritmo e o horário de seu estudo, através de
diversas mídias e recursos (livro impresso, podcast, video-aula, fórum,
chat etc.).

Ela deverá possibilitar a você “aprender a fazer” e “fazer


aprendendo”. Levá-lo a comunicar-se de forma correta, inteligível, de-
monstrando um pensamento estruturado, plausível e convincente. A
criar hábitos que o acompanharão por toda a sua vida, como o gosto
pela leitura; a investigação científica; um espírito crítico, reflexivo,
indagador; o diálogo com o mundo; a autodisciplina; uma postura
de humildade diante do saber; a ousadia/coragem de expor o próprio
pensar.

Nessa disciplina você terá uma nova oportunidade de apren-


dizagem, não apenas pela aquisição e troca de conhecimentos, aluno-
aluno e aluno professor, mas também pela agilidade que o uso das
novas tecnologias na educação irá proporcionar na elaboração de seus
trabalhos acadêmicos.

Nesse sentido, seja bem vindo(a) a disciplina de Metodologia


Científica. Aqui, foi elaborado para você um material interativo relacio-
nados aos trabalhos acadêmicos, organização dos estudos, pesquisa,
conhecimento, ciência, método científico e elaboração do projeto de
pesquisa, possibilitando o “aprender a aprender”.

Bom trabalho!
O autor
Sumário
Parte1: Procedimentos Didáticos, Acadêmicos
e Científicos ..................................... 13

Tema 1: Metodologia Científica


e técnicas de estudo ....................................... 13
1.1 Finalidade e importância ..................................... 13
1.2 Organização dos estudos .................................... 15
1.3 Técnicas de sublinhar e esquema ....................... 25
1.4 Resumo, resenha e fichamento ......................... 28

Tema 2: Trabalhos acadêmico-científicos .................... 53


2.1 Pesquisa científica/Ética e Pesquisa .................. 47
2.2 Pesquisa bibliográfica e normas de referências,
citações e notas de rodapé ............................... 61
2.3 Artigo e Relatório técnico-científico .................. 70
2.4 Monografia e Seminário .................................... 97

Parte 2: Ciência, Método Científico


e Projeto de Pesquisa............................109

Tema 3: Conhecimento,Ciência e Método .................... 111


3.1 O Conhecimento ................................................. 111
3.2 A Ciência ........................................................... 118
3.3 Métodos de abordagens ................................... 129
3.4 Métodos de procedimentos ................................... 136

Tema 4: Elaboração do Projeto de Pesquisa ............... 139


4.1 Tema e problema de pesquisa ........................... 139
4.2 Questões, hipóteses
e objetivos de pesquisa ................................... 148
4.3 Técnicas de coleta de dados ............................. 151
4.4 Estrutura do projeto de pesquisa ..................... 159

Referências .................................................... 178


Concepção da Disciplina

Ementa

Finalidade da metodologia científica. Importância da


metodologia no âmbito das ciências. Metodologia de estu-
dos. O conhecimento e suas formas. Os métodos científicos.
A pesquisa enquanto instrumento de ação reflexiva, crítica
e ética. Tipos, níveis, etapas e planejamento da pesquisa
científica. Procedimentos materiais e técnicos da pesquisa
científica. Diretrizes básicas para elaboração de trabalhos
didáticos, acadêmicos e científicos. Normas técnicas da
ABNT para referências, citações e notas de rodapé. Projeto
de Pesquisa.

Objetivos

• proporcionar ao aluno do curso superior condi-


ções suficientes para elaboração e apresentação
de trabalhos acadêmicos e científicos, na relação
teoria-prática e no desenvolvimento do raciocínio
analítico, sistemático, crítico e reflexivo;

• compreender a importância da ciência, suas caracte-


ríticas e relevância social;

• entender o método científico, tipos, característi-


cas e finalidades no âmbito da ciência;

• proporcionar conhecimentos teóricos e técnicos


que possibilitem a elaboração de um projeto de
pesquisa.
Orientação para Estudo

A disciplina propõe orientá-lo em seus procedimen-


tos de estudo e na produção de trabalhos científicos, pos-
sibilitando que você desenvolva em seus trabalhos pesqui-
sas, o rigor metodológico e o espírito crítico necessários ao
estudo.

Tendo em vista que a experiência de estudar a dis-


tância é algo novo, é importante que você observe algumas
orientações:

• Cuide do seu tempo de estudo! Defina um ho-


rário regular para acessar todo o conteúdo da
sua disciplina disponível neste material impresso
e no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA).
Organize-se de tal forma para que você possa
dedicar tempo suficiente para leitura e reflexão;

• Esforce-se para alcançar os objetivos propostos


na disciplina;

• Utilize-se dos recursos técnicos e humanos que


estão ao seu dispor para buscar esclarecimen-
tos e para aprofundar as suas reflexões. Esta-
mos nos referindo ao contato permanente com o
professor e com os colegas a partir dos fóruns,
chats e encontros presenciais. Além dos recursos
disponíveis no Ambiente Virtual de Aprendiza-
gem – AVA.
Para que sua trajetória no curso ocorra de forma tran-
quila, você deve realizar as atividades propostas e estar
sempre em contato com o professor, além de acessar o AVA.

Para se estudar num curso a distância deve-se ter a


clareza que a área da Educação a Distância pauta-se na au-
tonomia, responsabilidade, cooperação e colaboração por
parte dos envolvidos, o que requer uma nova postura do
aluno e uma nova forma de concepção de educação.

Por isso, você contará com o apoio das equipes


pedagógica e técnica envolvidas na operacionalização do
curso, além dos recursos tecnológicos que contribuirão na
mediação entre você e o professor.
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS,
ACADÊMICOS E CIENTÍFICOS

Parte 1
1 Metodologia Científica
e técnicas de estudo

1.1 Finalidade e importância

Ao ingressar na universidade o aluno começa a perceber que muita


coisa vai mudar em sua vida, pois o ato de estudar terá que ser inserido no
seu cotidiano.
Pode-se dizer que a Metodologia Científica é uma disciplina respon-
sável por dar as boas vindas ao novo estudante, ela significa o estudo dos
caminhos do saber, os caminhos para se fazer Ciência. Ela se faz necessária
nesse primeiro momento da vida universitária.
É importante, inicialmente, destacar que a disciplina de Metodologia
Científica, não só objetiva transmitir conhecimentos, mas, principalmente,
possibilitar ao aluno a relação teoria-prática e a produzir conhecimento.
Assim, para iniciarmos nossa disciplina é necessário refletirmos:

• Qual a importância de se estudar Metodologia Científica?


• O que ela acrescenta em sua formação acadêmica e profissional?

Os objetivos específicos da Metodologia Científica enquanto dis-


ciplina são:

a) analisar as características essenciais que permitem distinguir Ciên-


cia de outras formas de conhecer, enfatizando o método científico;
14 Metodologia Científica

b) analisar as condições em que o conhecimento


é científicamente construído abordando o signi-
ficado de postulados e atitudes da Ciência hoje;

c) oportunizar o aluno a comportar-se científica-


mente, levantando e formulando problemas, co-
letando dados, analisando e interpretando-os e
comunicando os resultados;

d) capacitar o aluno para que ele leia criticamente


a realidade e produza conhecimentos;

e) fornecer informações e referenciais para a mon-


tagem formal e substantiva de trabalhos cientí-
ficos: resenhas, monografias, artigos científicos,
etc.;

f ) fornecer processos facilitadores à adaptação do


aluno, integrando-o à universidade, minimizando
suas dificuldade e apreensões quanto às formas
de estudar e, consequentemente, de encontrar os
meios de extrair o maior proveito dos estudos.

Assim, poderíamos dizer que a Metodologia Científi-


ca é a disciplina que confere os caminhos necessários para
o autoaprendizado em que o aluno é o sujeito do proces-
so, aprendendo a pesquisar e a sistematizar o conheci-
mento obtido. Ela é baseada na apresentação e exame de
diretrizes aptas a instrumentar o universitário no que tange
ao estudo e ao aprendizado.
A Metodologia Científica vem para auxiliar numa
formação profissional competente do estudante, bem
como numa formação sócio-política, que conduzirá o alu-
no a ler, crítica e analiticamente, o seu cotidiano. Essa
formação profissional competente está relacionada ao
crédito dado ao estudo e à elaboração de um projeto de
estudo com objetivos e metas conscientemente definidas,
Tema 1 | Metodologia Científica e Técnicas de Estudo 15

em que deve estar implícita a preocupação em aprender


as funções advindas da carreira profissional (BARROS;
LEHFELD, 2000).
A disciplina Metodologia Científica deve estimular os
estudantes para que busquem motivações para encontrar
respostas às suas dúvidas. Se nos referimos a um curso
superior estamos naturalmente nos referindo a uma Aca-
demia de Ciência e, como tal, as respostas aos problemas
de aquisição de conhecimento devem ser buscadas atra-
vés do rigor científico e apresentadas através das normas
acadêmicas vigentes. Dito isto, parece que fica claro que a
disciplina de Metodologia Científica não é um simples con-
teúdo a ser decorado pelos alunos, para ser verificado num
dia de prova; trata-se de fornecer aos estudantes um ins-
trumental indispensável para que sejam capazes de atingir
os objetivos da Academia, que são o estudo e a pesquisa
em qualquer área do conhecimento. Trata-se então de se
aprender fazendo, como sugerem os conceitos mais moder-
nos da Educação (BELLO, 2007).
Quando falamos de um curso superior, estamos
nos referindo, indiretamente, a uma Academia de Ciên-
cias, já que qualquer Faculdade nada mais é do que o lo-
cal próprio da busca incessante do saber científico. Neste
sentido, esta disciplina tem uma importância fundamen-
tal na formação do profissional. Se os alunos procuram
a Academia para buscar saber, precisamos entender que
Metodologia Científica nada mais é do que a disciplina
que “estuda os caminhos para o saber” (BELLO, 2007).
Pensando assim, passaremos a estudar as técnicas,
procedimentos e normas para a elaboração de trabalhos de
graduação, como um conteúdo importante para orientação e
para o desenvolvimento de sua prática acadêmica.

1.2 Organização dos estudos

Segundo Ruiz (1996), o aluno que acaba de in-


gressar numa faculdade precisa ser informado sobre os
16 Metodologia Científica

procedimentos necessários para tirar o maior proveito do


curso que vai fazer, tendo em vista que os conteúdos tra-
balhados no ensino fundamental e médio são diferentes
dos conteúdos do ensino superior. Assim, é necessário
integrar-se desde o início ao ritmo desta nova etapa de
ascensão no saber, que se chama vida universitária.
Esclarece ainda o autor que, na universidade, o alu-
no precisa mudar, especialmente na responsabilidade, na
autodisciplina e na forma de conduzir sua vida de estudos
para tirar o maior proveito da excelente oportunidade de
crescimento cultural, que a universidade lhe oferece.
Portanto, você precisa saber que o curso que es-
colheu na universidade desenvolverá conteúdos teórico-
práticos, necessários a sua formação profissional e inte-
lectual, cabendo a você não só reter esses conteúdos,
mas transformá-los em conhecimentos.
Assim sendo, apresentamos orientações necessá-
rias para a sua vida universitária:

a) Ao iniciar o curso é preciso que você tenha


muita clareza e consciência do objetivo que se
pretende alcançar;

b) O processo de aprendizagem na vida universi-


tária requer: constância, paciência e perseverança
por parte do aluno;

c) Para que você obtenha bom proveito dos con-


teúdos teórico-práticos do seu curso, é necessário
organizar e planejar horário/atividade, ou seja, de-
finir horário para estudo, para dedicação à família,
o trabalho, o lazer, o repouso, etc.;

d) Utilize os procedimentos técnicos e metodoló-


gicos que lhe serão oferecidos aplicando-os nas
disciplinas presenciais e não presenciais do seu
curso e nos seus estudos;
Tema 1 | Metodologia Científica e Técnicas de Estudo 17

e) É necessário que frequente as aulas; leve o


material de aprendizagem; organize o tempo pre-
visto para a revisão das aulas e provas; realize os
trabalhos em grupo ou individualmente, conforme
solicitação do seu professor; mantenha silêncio
em sala de aula e mantenha um clima cordial no
relacionamento professor-aluno;

f) Nas disciplinas não presenciais estabeleça horá-


rios para os estudos; realize os trabalhos solicitados
e mantenha sempre contato com o professor/tutor.

É bom lembrar que em virtude de


os universitários brasileiros, na
sua grande maioria, disporem de
pouco tempo para seus cursos e
exercerem funções profissionais
concomitantes ao curso supe-
rior, exige-se deles organização
sistemática do pouco tempo dis-
ponível para o estudo em casa,
indispensável para um melhor
aproveitamento do seu curso de
graduação (SEVERINO, 1999, p. 31).

E agora? Como estudar?

Pode-se dizer que estudar é ir à procura de conhe-


cimento. O objetivo é chegar a aprender. Estudar faz com
que alguém se torne uma pessoa ponderada, aberta, críti-
ca e avaliativa frente a outras opiniões. O estudo constitui
um fator significativo de aproximação dos homens e das
culturas.
Para um bom estudo não é necessário que você te-
nha dotes extraordinários. Basta uma inteligência normal,
o resto é completado pela força de vontade, dedicação
e a utilização de métodos e técnicos. Quem de fato quer
estudar deve estabelecer uma hierarquia de valores em
sua vida.
Estudar é um verdadeiro trabalho com suas sa-
tisfações, alegrias, cansaços... Para que seus estudos
18 Metodologia Científica

alcancem maior aproveitamento é necessário que seja


acompanhado de técnicas e métodos, pois estes podem
tornar o estudo mais eficiente e mais produtivo.
É necessário que você reorganize seu tempo para
as atividades de lazer, trabalho e estudo. Disponibiliza-
do tempo para estudo é necessário desenvolver técnicas
para tornar o seu tempo mais produtivo. Para Ruiz (1996,
p. 23), o estudante que não conhece outros detalhes so-
bre leitura, revisão e fichamento pouco ou nada produ-
zirá, mas quem utilizar as técnicas de leitura, revisão e
fichamento, certamente lerá boas páginas em dez minu-
tos, descobrirá e assinalará a ideia principal, as palavras-
chave e os pormenores importantes de um texto.
Já Severino (1999), afirma que não se trata de es-
tabelecer uma detalhada divisão de horário de estudo: o
essencial é aproveitar o tempo disponível, com uma orde-
nação de prioridades. Também não é necessário discutir as
condições de ordem física e psíquicas que sejam melhores
para o estudo, muito dependentes das características pes-
soais de cada um, sendo difícil estabelecer regras gerais
que acabam caindo numa tipologia artificial.
Neste sentido, apresentamos orientações gerais
para melhorar seus estudos:

• Procure uma boa razão que justifique sua par-


ticipação no curso em que está matriculado;
você tem um objetivo?

• Comece a estudar as coisas mais agradáveis e


depois as menos agradáveis. É preciso vencer
o limite de “não gostar de estudar”;

• Estude para aprender. Vença suas limitações.


Habitue-se ao estudo.

• Tenha sempre uma atitude responsável e parti-


cipativa na sua vida universitária e de estudos;
Tema 1 | Metodologia Científica e Técnicas de Estudo 19

• Planeje seu tempo para as atividades de


seu curso. Diariamente reserve um espa-
ço para seus estudos. Sempre há o que
estudar;

• Frequentemente, organize o material de estu-


do; faça as revisões dos conteúdos trabalha-
dos nas aulas presenciais e não presenciais.
Participe! Seja um sujeito ativo!

• Procure estudar em local tranquilo, silencioso


e privativo;

• Faça uma distribuição coerente dos conteú-


dos que serão estudados por disciplinas nos
horários reservados para os estudos;

• Não faça leitura corrida por muito tempo,


utilize-se de intervalos de dez ou vinte mi-
nutos durante a leitura. Esse intervalo que
será definido por você deverá ser seguido
à risca;

• Quando você não entender o assunto estu-


dado pergunte ao seu professor ou profes-
sor/tutor;

• É importante que você comece a organizar


uma biblioteca pessoal e, também, frequente
a biblioteca da universidade;

• Portanto, procure dedicar-se aos estudos,


pois será necessário perseverança, concen-
tração, interesse, motivação, confiança, ter à
mão o material adequado para o estudo e um
ambiente apropriado.
20 Metodologia Científica

Procure criar bons hábitos de estudos

Você sabia que para fazer um bom estudo de


texto devemos seguir normas e procedimen-
tos e utilizar técnicas de estudo?

1.2.1 Estudo de Textos

Vejamos.

O estudo de texto implica na aplicação do querer


aprender, obter conhecimentos, preparar-se para anotar in-
formações para a realização de trabalhos acadêmicos na
universidade. O processo de estudo, para não ser árduo
e desconexo, deve ser feito dentro de uma metodologia.
É necessário saber que todo texto escrito se insere
num diálogo maior. Conforme Severino (1999, p. 49) o
texto-linguagem significa o meio intermediário pelas quais
duas consciências se comunicam. Ele é o código que cifra
a mensagem. Ao escrever um texto, o autor (emissor) co-
difica sua mensagem e o leitor (receptor), ao ler um texto,
decodifica a mensagem do autor, para então pensá-la,
assimilá-la e personalizá-la, compreendendo-a: assim se
completa a comunicação. Portanto, temos:

EMISSSOR  MENSAGEM  RECEPTOR


(Autor) (Texto) (Leitor)
Tema 1 | Metodologia Científica e Técnicas de Estudo 21

No estudo de um texto você deve, inicialmente,


selecionar o que ler, que pode ser definido a partir dos
elementos: título da obra, a data de publicação, a edi-
tora, a “orelha”, o índice ou sumário, a bibliografia, a
introdução ou prefácio.
Logo após, delimitar a unidade de leitura, ou seja,
definir o que será lido e que apresente unidade de senti-
do. A unidade de leitura pode ser uma obra, um capítulo
ou qualquer outra subdivisão que apresente uma unida-
de de sentido.
Estabelecida a unidade de leitura, você deverá ler
várias vezes o texto, o suficiente para a sua compre-
ensão. Essas leituras podem ser feitas através de três
etapas ou tipos de análises de texto:

a) Análise Textual: primeira etapa de estudo do


texto. Corresponde a uma leitura “por alto”, glo-
bal; devendo fazer um levantamento sobre: a
vida, a obra e o pensamento do autor; doutrina
e método utilizado; fatos históricos e autores co-
mentados no texto; vocabulário, termos e concei-
tos utilizados. Faça as anotações necessárias;

b) Análise Temática: corresponde a uma segunda


etapa; busca-se a compreensão do texto; procu-
ra ouvir o autor, apreender, sem intervir nele. É o
momento em que deverá responder: de que fala
o texto? Como está problematizado? Qual a ideia
central? Como estão expostas as argumentações?
Como estão expostas as demonstrações? Qual a
sua conclusão? Verifica-se a linha de raciocínio
do autor. Faça as anotações necessárias. Nesta
etapa pode-se elaborar o resumo indicativo ou
informativo;

c) Análise Interpretativa: terceira etapa de es-


tudo. Deve ler o texto criticamente com vista à
22 Metodologia Científica

interpretação. Procura-se julgar o texto, anali-


sando originalidade, coerência dos conteúdos,
lógica de raciocínio. Analisar se o autor conse-
guiu atingir os seus objetivos e foi eficaz nos
argumentos e demonstrações em defesa da tese
proposta. Faça as anotações necessárias. Nes-
ta etapa podem-se elaborar diversos tipos de
resumo como: indicativo, informativo, resumo
crítico e resenha.
Para o melhor aproveitamento no processo de
análise do texto, é necessária a utilização de algumas
técnicas já consagradas por especialistas em metodo-
logia, tais como: sublinhar, esquematizar, resumir e fi-
chamento.

TEXTO COMPLEMENTAR

A Organização da vida de estudos na universidade

Ao dar início a essa nova etapa de formação


escolar, a etapa do ensino superior, o estudante dar-
se-á conta de que se encontra diante de exigências
específicas para a continuidade de sua vida de es-
tudos. Novas posturas diante de novas tarefas ser-
lhe-ão logo solicitadas. Daí a necessidade de assumir
prontamente essa nova situação e de tomar medidas
apropriadas para enfrentá-la. É claro que o processo
pedagógico-didático continua, assim como a apren-
dizagem que dele decorre. No conjunto, porém, as
sua posturas de estudo devem mudar radicalmente,
embora explorando tudo o que de correto aprendeu
em seus estudos anteriores.
Em primeiro lugar, é preciso que o estudante
se conscientize de que, doravante, o resultado do
processo depende fundamentalmente dele mesmo.
Seja pelo seu próprio desenvolvimento psíquico e
Tema 1 | Metodologia Científica e Técnicas de Estudo 23

intelectual, seja pela própria natureza do processo


educacional desse nível, as condições de aprendi-
zagem transformam-se no sentido de exigir do estu-
dante maior autonomia na efetivação da aprendiza-
gem, maior independência em relação aos subsídios
da estrutura de ensino e dos recursos institucionais
que ainda continuam sendo oferecidos. O aprofunda-
mento da vida científica passa a exigir do estudan-
te uma postura de auto-atividade didática que será,
sem dúvida, crítica e rigorosa. Todo o conjunto de
recursos que está na base do ensino superior não
pode ir além de sua função de fornecer instrumentos
para uma atividade criadora.
Em segundo lugar, convencido da especifici-
dade dessa situação, deve o estudante empenhar-se
num projeto de trabalho altamente individualizado,
apoiado no domínio e na manipulação de uma série
de instrumentos que devem estar contínua e perma-
nentemente ao alcance de suas mãos. É com o auxí-
lio desses instrumentos que o estudante se organiza
na sua vida de estudo e disciplina sua vida científi-
ca. Este material didático e científico serve de base
para o estudo pessoal e para complementação dos
elementos adquiridos no decurso do processo cole-
tivo de aprendizagem em sala de aula. Dado o novo
estilo de trabalho a ser inaugurado pela vida univer-
sitária, a assimilação de conteúdos já não pode ser
feita de maneira passiva e mecânica como costuma
ocorrer, muitas vezes, nos ciclos anteriores. Já não
basta a presença física às aulas e o cumprimento
forçado de tarefas mecânicas: é preciso dispor de um
material de trabalho específico à sua área e explorá-
lo adequadamente.

SEVERINO, Antonio Joaquim. A organização da vida de estudos


na universidade. In: ______. Metodologia do trabalho científi-
co. 20. ed. rev. e ampl. São Paulo: Cortez, 1996. p. 25-26.
24 Metodologia Científica

TEXTO COMPLEMENTAR

O que estudar

Nem sempre o estudante – mesmo em nível de


pós-graduação – colhe frutos maduros e satisfatórios de
seus anos acadêmicos, apesar dos consideráveis inves-
timentos financeiros (estudar, entre nós, é caro e ainda
um privilégio de poucos) e dos esforços pessoais empre-
endidos. Não são poucos os que, uma vez concluído o
curso, nem querem se lembrar mais daqueles livros, pro-
vas, professores exigentes e salas de aula abarrotadas.
Consideram o fim dos anos escolares como verdadeira
libertação. Temos aqui as reações de um estudo mal fei-
to, normalmente porque faltaram uma boa introdução e
um correto acompanhamento na “arte de estudar”.
Quantos estudantes – ainda em pleno período es-
colar – não “queimam as pestanas” às vésperas de um
exame e, não obstante, seus resultados são exíguos?
Outros se esforçam tanto que sacrificam lazer, amizade,
programas de televisão e convivência em comunidade
religiosa ou familiar, estudando noite adentro, e mesmo
assim têm pouco êxito em provas e trabalhos escolares.
Uns não sabem como tirar proveito das expo-
sições do professor em sala de aula, outros vão dor-
mir em cima de livros logo que chegam em casa. Há
muitos que não têm a mínima noção de como fazer
fichamento, uma recensão de artigo ou livro, uma
monografia e nem de longe sabem o que fazer com
fichas bibliográficas ou fichas de conteúdo. Na reali-
dade, veem no estudo sistemático uma nova forma de
“tortura” imposta ao aluno e um peso inútil nos anos
juvenis. Em parte estas queixas – raramente confessa-
das explicitamente – correspondem à realidade dos fa-
tos. Como acontece em qualquer profissão, quem não
domina as “ferramentas” de sua área de especializa-
Tema 1 | Metodologia Científica e Técnicas de Estudo 25

ção facilmente desanima e desiste diante de esforços


sobre-humanos sem resultado notável. A metodologia
científica visa exatamente suprir essa deficiência, en-
sinando como manejar os instrumentos adequados ao
“trabalho de estudo”, a fim de torná-lo mais eficiente,
agradável e significativo.

MATOS, Henrique Cristiano José. O que estudar. In: ______.


Aprendendo a estudar: orientações metodológicas para o estu-
do. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994. p. 13-14.

1.3 Técnicas de sublinhar e esquema

1.3.1 Sublinhar

Vejamos.

Conforme Andrade (2001, 25-26), sublinhar é a


técnica utilizada para destacar as ideias importantes de
um texto, indispensável para elaboração de esquemas e
resumos. O requisito fundamental para aplicar a técnica
de sublinhar é a compreensão do assunto, pois este é o
único processo que possibilita a identificação das ideias
principais e secundárias, não devendo sublinhar pará-
grafos ou frases inteiras, mas apenas palavras-chave ou
grupo de palavras.
Portanto, você pode perceber que sublinhar é
destacar as ideias de um texto, podendo utilizar somen-
te as suas palavras, somente as palavras do autor ou a
junção de suas palavras com as do autor, para elabora-
ção de um resumo com as palavras sublinhadas.
Destaca ainda a autora, que a técnica de subli-
nhar pode ser desenvolvida a partir dos seguintes pro-
cedimentos (ANDRADE, 2001, p. 25-26):

• leitura integral do texto;


26 Metodologia Científica

• esclarecimento de dúvidas de vocabulário,


termos técnicos e outras;

• releitura do texto sublinhando as ideias prin-


cipais, as palavras-chave e os detalhes mais
importantes;

• assinalar com simbologias, à margem do tex-


to, as passagens mais significativas;

• ler o que foi sublinhado para verificar se há


sentido;

• reconstruir o texto em forma de esquema ou


de resumo, tomando as palavras sublinhadas
como base.

Ah!...
É importante que no processo de estudo do texto
não se deve sublinhar na primeira leitura. O sublinhar é
para facilitar na compreensão do texto.
Lembrando que ao realizar uma primeira leitura glo-
bal do texto e depois, numa segunda leitura, no momento
de sublinhar, é importante utilizar simbologias no texto,
para destaque e esclarecimento de informações pertinentes
a vocabulário, termos técnicos, conceitos e outras.
Exemplo:

CÓDIGO SIGNIFICADO
? Dúvida
! Importante
* Conceito
VD Ver dicionário
AV Aviso
C Concordo
NC Não concordo
Tema 1 | Metodologia Científica e Técnicas de Estudo 27

1.3.2 Esquema

Vejamos.

De acordo com Ruiz (1996, p.43), o esquema é o


plano ou a linha diretriz seguida pelo autor no desen-
volvimento de seu escrito; esse plano identifica um tema
e estabelece a trajetória básica de sua apresentação,
subordinando ideias, selecionando fatos e argumentos.
Para o autor a função do esquema é apresentar
o tema e hierarquizar as partes de um todo numa linha
diretriz, para torná-lo possível a uma visão global. Pelo
esquema pode-se atingir o todo numa única mirada.

Uma única mirada?


Sim!
Portanto, grosso modo, podemos dizer que o es-
quema constitui num “esqueleto” do texto, apresentan-
do uma hierarquia de ideias. Ele é elaborado logo após
o sublinhar e antes da elaboração do resumo.

Segundo Salomon (1977, p. 85), as regras para a


elaboração de esquemas são:

• Fidelidade ao texto original: deve conter as


ideias do autor;

• Estrutura lógica do assunto: organização das


ideias a partir das mais importantes para as
consequentes;

• Adequação ao assunto estudado: o esquema


útil é flexível. Adapta-se ao tipo de matéria
que se estuda;

• Utilidade de seu emprego: o esquema deve


ajudar e não atrapalhar;
28 Metodologia Científica

• Cunho pessoal: cada um faz o esquema de


acordo com suas tendências, hábitos, recur-
sos e experiências pessoais.

Para elaborar o esquema você pode utilizar sim-


bologias, tais como: setas, círculos, chaves, linhas, figu-
ras, etc., prevalecendo o gosto pessoal e que facilite a
compreensão do assunto.
Exemplo:

1.4 Resumo, resenha e fichamento

1.4.1 Resumos

Vejamos.

Podemos definir o resumo como a apresentação


concisa e seletiva do texto estudado, apresentando as
principais ideias do autor.
Qual a sua finalidade?
Difusão das informações contidas em livros, mono-
grafias, artigos, relatórios, etc.
Para que resumir?
Para compreender melhor o texto. O resumo faci-
lita a análise, fixação, integração e interpretação daquilo
que está sendo estudado, além de uma melhor prepara-
ção para a pesquisa e avaliações. Podemos acrescentar,
ainda, a possibilidade de melhoria na escrita, reorga-
nização dos seus conhecimentos e seleção das partes
mais importantes de um texto.
Tema 1 | Metodologia Científica e Técnicas de Estudo 29

Existem regras para elaboração de resumo?


Sim!

Para que você elabore um resumo é necessário:

• fazer a análise temática;

• sublinhar o texto;

• elaborar o esquema;

• redigir o resumo com as principais ideias do


autor;

• confrontar o resumo com o original para ver se


nenhuma ideia ficou esquecida.

Existe um único tipo de resumo?


Não!

Vejamos alguns deles:

a) Resumo indicativo ou descritivo: descrevem-se


as principais partes do texto; utilizam-se frases curtas,
sendo necessário voltar à leitura do texto original, já
que é uma pequena apresentação condensada do texto,
com suas principais ideias; pouco utilizado nas universi-
dades, mas bastante utilizado pelas editoras. A redação
do resumo deverá estar na impessoalidade com espaça-
mento duplo entre linhas. Deve ser elaborado em pará-
grafo único e apresentar a seguinte estrutura: referência
bibliográfica e conteúdo do resumo;

b) Resumo informativo ou analítico: quando apre-


senta as ideias principais do texto; expõe-se finalidade,
problema, metodologia, argumentos, demonstrações, re-
sultados e conclusões; é um resumo mais amplo do que
30 Metodologia Científica

o indicativo e que atende suficientemente ao leitor, não


precisando voltar ao texto original para o entendimento do
assunto. Não permite opiniões e comentários do autor do
resumo. Bastante utilizado nas universidades. A redação do
resumo deverá estar na impessoalidade com espaçamento
duplo entre linhas. Deve ser elaborado em parágrafo único
e apresentar a seguinte estrutura: referência bibliográfica,
conteúdo do resumo e palavras-chave;

c) Resumo Crítico: deve apresentar as mesmas infor-


mações do resumo informativo, todavia, permitem-se opi-
niões e comentários do autor do resumo. Assim sendo, é
necessária a interpretação e crítica sobre o texto estudado.
Estrutura: referência bibliográfica, conteúdo do resumo;

d) Resenha: segue as mesmas informações do re-


sumo crítico, todavia, deve ser colocada na introdução
do resumo da biografia do autor (formação profissional,
pressupostos filosóficos, livros publicados, etc.). A re-
senha é um resumo crítico mais amplo, podendo, na
elaboração dos comentários, utilizar-se de opiniões de
diversas autoridades científicas em relação à obra do
autor estudado. Não deve ser elaborado em parágrafo
único, apresentando a seguinte estrutura: referência bi-
bliográfica e conteúdo da resenha.

Portanto, para que o estudo de texto seja pro-


dutivo, procure utilizar-se das técnicas de estudo, de
sublinhar, esquematizar e resumir. A escolha do tipo
de resumo que será realizado sobre um texto depen-
derá de seu objetivo.

Vejamos o exemplo de um parágrafo sublinhado,


esquematizado e resumido (ANDRADE, 2001, p.28-29):

Que tal você pegar alguns textos e utilizar as téc-


nicas de sublinhar, esquematizar e resumir?
Tema 1 | Metodologia Científica e Técnicas de Estudo 31

a) Parágrafo sublinhado

ATIVIDADES DOS ESPECIALISTAS EM COMUNICAÇÃO

São quatro as atividades principais dos especialis-


tas em comunicação: detecção prévia do meio ambiente,
correlação das partes da sociedade na reação a esse meio,
transmissão da herança social de uma geração para a se-
guinte e entretenimento. A detecção prévia consiste na co-
leta e distribuição de informações sobre os acontecimentos
do meio ambiente, tanto fora como dentro de qualquer
sociedade particular. Até certo ponto, isso corresponde ao
que é conhecido como manipulação de notícias. Os atos de
correlação, aqui, incluem a interpretação das informações
sobre o meio ambiente e a orientação da conduta em re-
lação a esses acontecimentos. Em geral, essa atividade é
popularmente classificada como editorial ou propaganda. A
transmissão de cultura se faz através da comunicação das
informações, dos valores e normas sociais de uma gera-
ção a outra ou de membros de um grupo a outros recém-
chegados. Comumente, é identificada como atividade edu-
cacional. Por fim, o entretenimento compreende os atos
comunicativos com intenção de distração, sem qualquer
preocupação com os efeitos instrumentais que eles pos-
sam ter. (WRIGHT Apud SOARES; CAMPOS, 1978, p. 120).

b) Parágrafo esquematizado

ATIVIDADES DOS ESPECIALISTAS EM COMUNICAÇÃO

detecção do meio ambiente ________ coleta e distribui-


ção de informações
= notícias

correlação das partes da sociedade ________ interpretação


das informações na reação a esse meio
= editorial/propaganda
32 Metodologia Científica

transmissão de cultura ________ comunicação das in-


formações
= atividade educacional

entretenimento ________ atos comunicativos


= distração

c) Resumo do Parágrafo

São atividades dos especialistas em comunicação: detec-


ção prévia do meio ambiente, que consiste na coleta e
distribuição das informações, ou manipulação de notícias.
Correlação das partes da sociedade na reação ao meio, que
inclui a interpretação das informações, pelo editorial e pro-
paganda. A transmissão da cultura, que se faz através da
comunicação das informações, identificada como atividade
educacional. O entretenimento, que se realiza pelos atos
comunicativos, e que procura apenas a distração.

Que tal sublinhar, esquematizar e resumir os pa-


rágrafos abaixo!

1.
Quando um bebê nasce, a primeira coisa que
todo mundo quer saber é o sexo. Nos primeiros dias de
vida a diferença parece mais anatômica, mas à medida
em que vai crescendo, o bebê começa a se comportar
como menino ou menina. Um problema controvertido
é saber até que ponto esse comportamento tem base
biológica ou é uma questão de aprendizado. Algumas
feministas insistem em dizer que todas as diferenças
comportamentais são ensinadas e que, deixando-se de
lado as discrepâncias biológicas evidentes, a mulher é
igual ao homem. Outros dizem que o homem é homem
e que mulher é mulher e é por razões biológicas que
os dois sexos se parecem, se comportam e até mes-
mo se movimentam de modo diferente. Os entendidos
Tema 1 | Metodologia Científica e Técnicas de Estudo 33

em cinética têm levantado um certo número de provas


que reforçam os argumentos das feministas (DAVIS,
1979:23).

2.
Houve tempo em que se poderia defender a ideia
de que uma pesquisa científica era coisa de gênio, por-
tanto algo excepcional e fora de qualquer restrição de
planejamento. Hoje não é mais possível defender essa
ideia, nem para a pesquisa científica e, muito menos,
para a tecnológica. Sabe-se que, na história da Técnica,
intervêm comumente as ‘invenções’ empreendidas por
leigos e curiosos. Depois do estabelecimento da Tecno-
logia, essas ‘invenções’ tornam-se cada vez mais raras,
dando lugar às ‘descobertas’, feitas por meio de pesqui-
sas organizadas. Assim, tornou-se indispensável um pla-
no de pesquisa que se constitua como programação dos
trabalhos a serem realizados durante a pesquisa. Agora
o trabalho não é mais simplesmente mental, como na
fase anterior da escolha, compreensão e conhecimen-
to. É necessário, agora, escrever um ‘Plano de Pesquisa’
para fixá-lo e torná-lo independente da memória (VAR-
GAS, 19985:202).

3.
Nesse livro (A origem das espécies) o método de
pesquisa utilizado por Darwin esclarece-se. Ele parte
da observação da variação das espécies de animais do-
mesticados e das plantas cultivadas cuja variabilidade
é muito maior do que se observa no estado selvagem.
Isto porque a seleção feita pelo homem é muito con-
trolada e eficiente e de efeitos acumulados. Pode-se,
assim, observar nitidamente que, numa espécie dada
as crias não são jamais nem idênticas entre si nem
aos seus pais. Há sempre uma diferença entre os in-
divíduos. Isto é um fato que pode dever à indução de
uma ‘lei geral’: a lei da variabilidade. Entretanto, é,
34 Metodologia Científica

também, um fato notável que as singularidades inatas


dos indivíduos são transmitidas por hereditariedade
aos seus descendentes. Assim, um criador pode preser-
var ou acentuar tais singularidades por acasalamentos
efetuados artificialmente. Também desse fato se pode
induzir uma ‘lei da hereditariedade’. Há, portanto, uma
evolução nas raças dos animais domésticos e plantas
cultivadas baseada numa relação artificialmente dirigi-
da pelo homem (VARGAS, 1985:63-4).

4.
De fato, as descobertas da Física no século XX têm
surpreendido a todos, revelando as limitações da lingua-
gem científica e levando a uma profunda reflexão e revi-
são da concepção humana acerca do universo. A teoria
quântica e a relatividade geral conduzem a uma visão do
mundo bastante próxima às visões dos místicos orientais.
O caráter essencialmente empírico do conhecimento mís-
tico parece ser o elemento fundamental para estabelecer-
se o paralelo com o conhecimento científico. As soluções,
em termos de linguagem, encontradas pelos místicos, po-
dem fornecer uma moldura filosófica consistente para as
modernas teorias científicas, que expressa numa rígida e
sofisticada linguagem matemática, parecem ter perdido
toda a relação com as experiências sensoriais. No misti-
cismo oriental sempre fica clara a limitação da linguagem
e da lógica. As interpretações verbais da realidade são
imprecisas e contraditórias. A teoria quântica e a relativi-
dade apontam na mesma direção: a realidade transcende
a lógica clássica (SZPIGEL, 1990:2).

5.
Ninguém desconhece o sacrifício da quase totali-
dade de nossos acadêmicos que vão para suas escolas
após uma jornada de oito horas ou mais de trabalho pro-
fissional. Se isso é sumamente louvável, não o exime, por
outro lado, do compromisso de estudar e, portanto, de
Tema 1 | Metodologia Científica e Técnicas de Estudo 35

descobrir tempo para estudar. É preciso descobrir tempo.


Tempo para frequentar as aulas dos diversos cursos, e
tempo para estudos particulares. Se procuramos, o tem-
po aparecerá. E lembremo-nos de que meia hora por dia
representa três horas e meia por semana, quinze horas
por mês e cento e oitenta horas por ano. E quem não
conseguiria descobrir um ou mais espaços de meias hora
em sua jornada? Ou quem não conseguiria fazer aparece-
rem esses espaços, se o quisesse realmente? Ou será que
esses espaços não aparecem porque nós não os procu-
ramos, por medo de encontrá-los? Quem quer descobre,
cria tempo, especialmente nós, brasileiros, que somos,
por assim dizer, capazes do impossível (RUIZ, 1991:22).

6.
Marx retorna de Hegel a concepção dialética da
realidade, ou seja, a afirmação de que a realidade vai se
produzindo permanentemente mediante um processo de
mudança determinado pela luta dos contrários, por força
da contradição que trabalha o real, no seu próprio interior.
Era a recuperação da temporalidade real, da historicidade,
dimensão perdida desde o predomínio da filosofia grega
sobre a visão judaica. Assim, a filosofia marxista, em con-
tinuidade com a filosofia hegeliana, concebe a realidade
como se constituindo num processo histórico que, ao se
efetivar, vai efetivando o próprio tempo, num processo
criador. E este processo criador que ocorre por força da
luta provocada pelas contradições que trabalham interna-
mente a realidade é um processo dialético, de posição,
negação e superação, de acordo com a tríade hegeliana
da tese-antítese-síntese (SEVERINO, 1986, p. 5).

7.
Naturalmente, a educação tem de ser tanto infor-
mativa quanto diretiva. Não podemos simplesmente mi-
nistrar informação sem ao mesmo tempo transmitir aos
estudantes algumas ‘aspirações’, ‘idéias’ e ’objetivos’, a
36 Metodologia Científica

fim de que eles saibam o que fazer com a informação que


receberem. Lembremo-nos, porém, que é também muito
importante apresentar-lhes não apenas ideais destituídos
de alguma informação real sobre a qual agir; à falta dessa
informação, não lhes será nem ao menos possível usufruir
desses ideais. A informação sem as diretivas, insistem
corretamente os estudantes, é ‘seca como pó’. Mas as
diretivas, sem a informação, gravadas na memória mercê
de freqüentes repetições, só produzem orientações inten-
cionais que os incapacitam para as realidades da vida,
deixando-os indefesos contra o choque e o cinismo dos
anos subseqüentes (HAYAKAWA, 1972, p. 210).

8.
É comum ouvirmos falar sobre método científico.
Alunos de ginásio e de segundo grau aprendem a respei-
to nas aulas de ciência e o empregam em competições de
pesquisa. Hollywood também o retrata mostrando cien-
tistas usando jalecos e equipados com pranchetas, posi-
cionados diante de microscópio e recipientes repletos de
líquidos borbulhantes. Então, por que o método científico
continua a ser um mistério para tanta gente? Um dos
motivos talvez seja o nome. A palavra “método” sugere
uma espécie de fórmula secreta, disponível apenas para
cientistas altamente treinados, mas isso não procede. O
método científico é algo que todos nós podemos usar a
qualquer momento. De fato, adotar algumas das ativi-
dades básicas do método científico - ser curioso, fazer
perguntas, procurar respostas - é algo natural em todo
ser humano. Na tarefa de descobrir a verdade, dentro de
sua esfera de atuação, a ciência precisa de critérios claros,
métodos de investigação precisos que descartem as ilu-
sões dos sentidos, os preconceitos, as crenças pessoais
(religiosas ou não), as superstições de todo o tipo. A ciên-
cia utiliza o método científico (http://ciencia.hsw.uol.com.
br/metodos-cientificos.htm/Texto adaptado).
Tema 1 | Metodologia Científica e Técnicas de Estudo 37

9.
O nosso dia a dia encontra-se profundamente
marcado pela ciência. Tal acontece devido a objetos tec-
nológicos – objetos relacionados com a ciência – que
cresceram e se multiplicaram a ponto de estarem oni-
presentes à nossa volta. Basta acordar de manhã por
um rádio-despertador e aquecer um copo de leite no
microondas para reconhecer que o nosso dia começa
com um “banho” tecnológico. Logo a seguir continua na
nossa profissão que, hoje em dia, não dispensa o com-
putador (máquina que arredou várias outras ou entrou
por dentro de várias outras) e o telefone (que já entrou
nos nossos bolsos). À noite, a televisão apodera-se das
nossas horas de lazer. A internet – esse casamento do
computador com o telefone – entrou também no nos-
so quotidiano, tanto de dia como de noite, tanto no
trabalho como no lazer (http://dererummundi.blogspot.
com/2007/06/cincia-e-quotidiano.html).

10.
A evolução da ciência se deu com a evolução da
inteligência humana, que passou do medo do desconhe-
cido ao misticismo, numa tentativa de explicar os fenô-
menos através do pensamento mágico, das crenças e
das superstições e, finalmente, evoluiu para a busca de
respostas através de caminhos que pudessem ser com-
provados. Desta forma, nasceu a ciência metódica, que
procura sempre uma aproximação com a lógica. O ser
humano é o único animal na natureza com capacidade
de pensar e indagar sobre a realidade. Esta característica
permite que os seres humanos sejam capazes de refletir
sobre o significado de suas próprias experiências. As-
sim evolui a ciência. A Ciência num determinado período
da história acabou sendo mitificada, principalmente a
partir do séc. XVIII, e hoje ela é entendida como sendo
qualquer assunto que possa ser estudado pelo homem,
pela utilização do Método Científico e de outras regras
38 Metodologia Científica

especiais de pensamento (http://www.urutagua.uem.


br/014/14maia.htm/ Texto adaptado).

Vejamos exemplos de resumos:

a) Resumo indicativo ou descritivo (NBR 6028):

LABBENS, J. Sociologie au Brésil. Social Science informa-


tion, 1 (2):31-52, July 1962.

Pesquisa da sociologia atual no Brasil. Identificam-se


três correntes de pensamento, baseadas em modelos
históricos, matemáticos e sociológicos. A diversidade da
sociologia brasileira é explicada pelo estado da sociolo-
gia em geral e sua situação no país.

b) Resumo informativo ou analítico (NBR 6028):

LABBENS, J. Sociologie au Brésil. Social Science in-


formation, 1 (2):31-52, July 1962.

Pesquisa da sociologia atual no Brasil constata que


existe grande diversidade de pensamento entre os
sociólogos, podendo-se distinguir três tendências
principais: a) a corrente histórica, que busca na
história e ciências auxiliares a explicação dos fenô-
menos sociais. Os expoentes desta corrente são
Tavares Bastos, Aníbal Falcão, Euclides da Cunha,
Alberto Torres, Oliveira Viana e Gilberto Freire; b) a
corrente teórica, que se inspira diretamente nas ciên-
cias naturais e que pretende conferir à sociologia
um mesmo “status”, realiza suas pesquisas, sobre-
tudo em modelos matemáticos e epistemológicos.
São autores representativos Pontes de Miranda e
Mário Luiz; c) entre 1930 e 1940, apareceu uma nova
tendência que tornou a sociologia no Brasil uma
ciência realmente autônoma, com objetivos definidos
Tema 1 | Metodologia Científica e Técnicas de Estudo 39

sistematicamente, métodos particulares e uma teo-


ria sociológica própria. Esta corrente é denominada
corrente sociológica, e os principais nomes a ela as-
sociados são Fernando de Azevedo, Emílio Willems
e Florestan Fernandes. A diversidade da sociologia
brasileira é explicada pelo estado da sociologia em
geral e sua situação no país; d) a ausência de uma
razoável tradição científica no domínio da sociologia
e as pressões por outros círculos não têm permitido
aos sociólogos estabelecer um sistema próprio de
controle social capaz de impor um modelo comum
de ação. Apesar da possibilidade de reunir uma doc-
umentação copiosa, não há métodos padrões para
relacionar e interpretar os dados.

Palavras-chave: Pesquisa da sociologia. Corrente de pen-


samento: histórica, teórica e sociológica.

c) Resumo crítico (LAKATOS; MARCONI, 1991, p.


72-73):

LAKATOS, Eva Maria. O trabalho temporário: nova forma


de relações sociais no trabalho. São Paulo: Escola de
Sociologia e Política de São Paulo, 1979. 2. v. (Tese de
Livre-Docência).

Traça um panorama do trabalho temporário nos dias


atuais, nos municípios de São Paulo, ABC e Rio de
Janeiro, relacionando as razões históricas, sociais
e econômicas que levaram ao seu aparecimento e
desenvolvimento. Divide-se em duas partes. Na pri-
meira, geral, tem-se a retrospectiva do trabalho tem-
porário. Partindo do surgimento da produção indus-
trial, traça um panorama da evolução dos sistemas
de trabalho. Dessa maneira são enfocados, do ponto
de vista sociológico, as relações de produção através
40 Metodologia Científica

dos tempos. Esse quadro histórico fornece a base


para a compreensão dos fatores sociais e econômi-
cos que levaram à existência do trabalho temporário
tal como é conhecido hoje no contexto urbano. A
parte teórica permite também visualizar a realidade
sócio-econômica do trabalhador temporário, condu-
zindo, em sequência lógica, as pesquisas de campo
apresentadas na segunda parte do trabalho. A parte
essencial consiste em uma pesquisa realizada em três
níveis: o trabalhador temporário, as agências de mão
de obra temporária e as empresas que a utilizam. Ao
abordar os três elementos atuantes no processo, a
pesquisa cerca o problema e faz um levantamento
profundo do mesmo. As técnicas utilizadas para a se-
leção da amostra e coleta de dados são rigorosamen-
te corretas do ponto de vista metodológico, o que dá
à confiabilidade. As tabelas apresentadas confirmam
ou refutam as hipóteses levantadas, permitindo que,
a cada passo, se acompanhe o raciocínio que leva
à conclusão do trabalho [...]. Esse material permite
que se conheça em detalhes e se possa reproduzir o
processo de investigação realizado.

d) Resenha

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pes-


quisa. São Paulo: Atlas, 1996.

Antônio Carlos Gil é bacharel em Ciências Po-


líticas e Sociais, licenciado em Ciências Sociais e em
Pedagogia, Mestre e Doutor em Ciências Sociais pela
Fundação Escola de Sociologia e Política de São Pau-
lo. É professor de Métodos e Técnicas de Pesquisa
no Instituto Municipal de Ensino Superior de São Ca-
etano do Sul. É autor do livro Métodos e técnicas de
pesquisa social.
Nessa obra, primeiramente, o autor apresenta
Tema 1 | Metodologia Científica e Técnicas de Estudo 41

aos iniciantes, de maneira simples e acessível, os


elementos necessários para a elaboração de proje-
tos de pesquisa. Em segundo lugar, busca garantir
ao profissional de pesquisa, bem como aos estudan-
tes dos níveis mais avançados, inclusive dos cursos
de pós-graduação, condições para a organização de
conhecimentos dispersos, obtidos ao longo da vida
acadêmica ou do contato direto com a prática de
pesquisa.
O livro é de caráter eminentemente prático, já
que esclarece acerca dos procedimentos a serem ado-
tados para elaboração de projetos referentes aos mais
diversos tipos de pesquisa, como pesquisa bibliográfi-
ca, pesquisa documental, pesquisa “ex-post-facto”, le-
vantamento, estudo de caso, pesquisa-ação e pesquisa
participante [...]
O livro está longe de ser um “receituário”. Pro-
cura ao longo de seus capítulos, tratar das mais diver-
sas implicações teóricas que envolvem o processo de
criação científica.

1.4.2 Fichamento

Vejamos.

Na finalização do estudo de um texto, é neces-


sário que se faça a documentação das informações que
podem ser feitas através do fichamento.
O fichamento consiste na transcrição de informa-
ções em fichas.
A função do fichamento é colocar à disposição do
pesquisador, de forma organizada e seletiva, um conjun-
to de informações de obras já consultadas, imprescindí-
veis para a elaboração de trabalhos acadêmicos.
O fichamento é uma técnica que propicia economia
de tempo e qualidade no estudo e na pesquisa, uma manei-
ra de guardar o essencial de um texto, de maneira que tenha
42 Metodologia Científica

essas informações anotadas, sempre que precisar.


Há três alternativas de fichamento:

• uma recomendada pela Associação Brasileira


de Normas Técnicas (ABNT), que são as fi-
chas;
• uma segunda alternativa, um pouco mais in-
formal, que pode ser feita em cadernos A/Z,
onde serão registrados os fichamentos;
• a terceira que é o arquivo do computador.

As fichas podem ser organizadas por autor, por


obra ou por assunto.
É mais comum que o fichamento seja feito em fichas,
mas com o desenvolvimento tecnológico e o aparecimento
da informática, com sua capacidade de guarda e armazena-
mento de informações, pode ser feito no computador, em
arquivos, disquetes ou CDs. O armazenamento em arquivos
no computador facilita no processo de elaboração dos tra-
balhos acadêmicos.
O fichamento depende de seu objetivo. Assim
sendo, pode ser feita numa ficha a anotação de uma
referência bibliográfica de um livro, a elaboração de um
esquema, a transcrição de um parágrafo de um texto, a
apreciação de uma obra, a elaboração de um resumo,
etc. No caso do resumo, devem-se seguir os procedi-
mentos de elaboração dos mesmos.
As informações transcritas podem ser colocadas
em um único lado ou nos dois lados da ficha, desde que
permita a visualização e organização das informações.
É um critério particular e depende do indivíduo ou de
quem a solicita. Quando o fichamento for feito em mais
de uma ficha, recomenda-se colocar a numeração, ao
alto, à direita, apenas na frente de cada ficha.
Os tamanhos das fichas são:
Tema 1 | Metodologia Científica e Técnicas de Estudo 43

PEQUENO 7,5 X 12,5 cm

MÉDIO 10,5 X 15,5 cm

GRANDE 12,5 X 20,5 cm

Exemplo de ficha com um resumo indicativo:

FRENTE DA FICHA (TAMANHO GRANDE 12,5 X 20,5 cm)

RUIZ, João Álvaro. Método, Economia e Eficiência nos Estudos. In;______. Metodologia Científica: guia para eficiência

nos estudos. São Paulo: Atlas, 1996. cap. 1, p. 19-33.

Aprender a aprender na faculdade - quem ingressa numa faculdade precisa tirar o máximo proveito do curso

que vai fazer. Tempo para estudar – o primeiro passo para estudar consiste em reorganizar a vida de maneira

a abrir espaços para o estudo e planejar o seu tempo. Para descobrir tempo - a maneira mais prática de descobrir o tempo

consiste em tomar uma folha de papel, anotar os diversos dias da semana, os diversos afazeres e os possíveis espaços ociosos.

Programar a utilização do tempo – programar a utilização dos espaços/horas que possam ser reservadas para o estudo.

Horário de preparação para aula – de posse do material de estudo o estudante deverá ler previamente a matéria que será

desenvolvida durante a aula. Horário das revisões das aulas – é necessário fazer revisões, a imediata que se faz da aula

anterior e as globalizadoras corresponde análise e síntese. O grande tempo de todo estudante – o grande tempo são as aulas.

Como aproveitar o tempo das aulas - é preciso frequentá-las, levar consigo material adequado ao trabalho do dia, guardar
44 Metodologia Científica

VERSO DA FICHA

silêncio exterior para não distrair os outros e silêncio interior não distraindo a si próprio, cordialidade de relacionamento:

professor e aluno. Como aproveitar o tempo em reuniões de grupos – o estudo em equipe é muito proveitoso sob todos

os aspectos.

Aluna do 1º período do Curso de Geografia Noturno, turma 96A:

Maria Maciel Santos

Procedimentos gerais para a elaboração do resumo informativo, crítico


e resenha digitada em editor de texto:

• papel branco, formato ofício – A4 (21 cm x


29,7 cm);

• as margens da folha devem ter 3 cm (esquer-


da e superior) e 2 cm (direita e inferior);

• digitação na cor preta, em tamanho 12, nas


fontes Times New Roman ou Arial;

• redação com impessoalidade, objetividade,


clareza e concisão;

• único parágrafo (resumo informativo e críti-


co), com parágrafos (resenha);
• espaçamento simples na referência bibliográfica;
Tema 1 | Metodologia Científica e Técnicas de Estudo 45

• espaçamento 2 duplos, entre a referência bi-


bliográfica e o conteúdo do resumo;

• espaçamento duplo no conteúdo do resumo


(Texto);

• espaçamento 2 duplos, entre o texto e as pa-


lavras-chave (resumo informativo);

• as “Palavras-chave”, separadas entre si por


ponto e finalizadas também por ponto;

• colocar capa e folha de rosto: ver modelo;

• a organização da referência bibliográfica de


acordo com as normas da ABNT NBR 6023.

Para organização das referências consultar o site:


http://www.unit.br/normasacademicas.asp (Normas para
referências, citações e notas de rodapé).

Apresentamos, abaixo, os aspectos gráficos e ta-


manhos de fonte (indicados por T.F.) para elaboração do
resumo.
46 Metodologia Científica

a) capa
Tema 1 | Metodologia Científica e Técnicas de Estudo 47

b) folha de rosto
48 Metodologia Científica

c) resumo informativo (texto - observe os aspec-


tos gráficos)
Tema 1 | Metodologia Científica e Técnicas de Estudo 49

d) resenha (texto - observe os aspectos gráficos)


Vocabulário e leitura eficiente
50 Metodologia Científica

TEXTO COMPLEMENTAR

Muita gente lê mal porque não tem bom vocabulário e


não tem bom vocabulário porque lê mal, o que se tor-
na um círculo vicioso que deve converter-se em círculo
virtuoso, para todo aquele que aspira atingir nível de
crescimento cultural.
O domínio cada vez mais amplo do vocabulário enrique-
ce nossa possibilidade de compreensão e concorre para
aumentar a velocidade na leitura.
Mas como aumentar nosso vocabulário? Decorando
algum dicionário? Quem o fez em seu tempo de estu-
dante, em eras que não voltam mais, confessa que o
trabalho era penoso; entretanto, acaba agradecendo
aos professores exigentes de seu tempo. Mas o me-
lhor recurso para aumentar o próprio vocabulário é,
sem dúvida, a leitura.
Como proceder ante uma palavra de sentido desconhe-
cido, ou que assume sentido novo em determinado con-
texto? Morgan e muitos outros recomendam a imediata
consulta aos dicionários: “A primeira coisa é procurá-la
num dicionário.” Por nossa parte, sugerimos que se ex-
perimente não interromper a leitura ante um termo de
sentido desconhecido; não raro, a sequência do texto
deixará bem claro o sentido da palavra desconhecida;
anote, pois, a palavra desconhecida em um papel avul-
so, e continue a ler. Ao final de um capítulo, apanhe o
dicionário para esclarecer todas as palavras anotadas
como desconhecidas e verifique o sentido que melhor se
coaduna com o respectivo contexto. Assim, durante a se-
gunda leitura, em que se sublinham as ideias principais
e os pormenores importantes, todos os termos estarão
claros e incorporados ao nosso vocabulário. Adote a su-
gestão da consulta imediata ou a sugestão de não in-
terromper a leitura cada vez que encontrar uma palavra
desconhecida. O fundamental é que não se deve perder
Tema 1 | Metodologia Científica e Técnicas de Estudo 51

a oportunidade de enriquecer o próprio vocabulário pela


preguiça da busca de palavras novas em algum dicioná-
rio. Por certo, estaríamos prejudicando a compreensão
do texto e impedindo o próprio crescimento cultural.
Que dicionário consultar? Não se entende um estu-
dante de nível superior que não tenha um bom dicio-
nário comum da língua materna. Mas há certas pala-
vras que, embora incorporadas à linguagem vulgar,
conservam ou assumem sentido específico, definido
pelas diversas ciências, como botânica, a biologia,
a medicina, a filosofia, e assim por diante. Outras
palavras não constam nos dicionários comuns, mas
tão-somente nos dicionários de maior porte ou em
dicionários técnicos das diversas áreas. O estudante
deve adquirir um bom dicionário dentro de sua área
de especialização. Entretanto, as faculdades mantêm
bibliotecas ricas em fontes de consulta, com grande
variedade de dicionários e enciclopédias à disposição
de seus alunos. Não é preciso que cada um compre
enciclopédias caríssimas para usar uma vez ou outra;
com o dinheiro de uma enciclopédia de generalidades
monta-se uma preciosa estante com obras da própria
especialidade, inclusive com dicionários técnicos; e
isto parece ser mais útil.

RUIZ, João Álvaro. Vocabulário e leitura eficiente. In: ______. Metodolo-


gia Científica: guia para eficiência nos estudos. 4. ed. São Paulo: Atlas,
1996. p. 41-42.
2 Trabalhos
acadêmico-científicos

2.1 Pesquisa científica/Ética e Pesquisa

2.1.1 Pesquisa científica

Vejamos.

A metodologia é a maneira concreta de realizar a busca do conheci-


mento desejado de forma racional e eficiente. Nesse contexto, essa busca de
conhecimento pode ser realizada através da pesquisa.
Segundo Andrade (2001, p. 121), a pesquisa pode ser definida como um
conjunto de procedimentos sistemáticos baseado no raciocínio lógico que tem o
objetivo de encontrar soluções para problemas propostos, mediante a utilização
de métodos científicos.
O êxito de uma pesquisa depende de certas qualidades intelectuais e
sociais do pesquisador, tais como (GIL, 1991, p. 20):

• Conhecimento do assunto a ser pesquisado;

• Curiosidade;

• Criatividade;

• Integridade intelectual;
54 Metodologia Científica

• Atitude auto-corretiva;

• Sensibilidade social;

• Imaginação disciplinada;

• Perseverança e paciência;

• Confiança na experiência;

• Ética.

Podemos então apresentar a você algumas carac-


terísticas da pesquisa.

Quanto à natureza, a pesquisa pode constituir-se em:

a) trabalho científico original: quando uma pes-


quisa é realizada pela primeira vez, trazendo novos
conhecimentos para a comunidade científica e para a
sociedade;

b) resumo de assuntos: quando a pretensão não


é trazer novos conhecimentos, mas a prática metodoló-
gica da pesquisa através de trabalhos publicados por
outros autores. Neste tipo de pesquisa o objetivo é reu-
nir, analisar e discutir conhecimentos e informações de
trabalhos já existentes.

Quanto aos meios para obtenção das informações


temos:

a) Pesquisa documental: quando são utiliza-


dos documentos que ainda não receberam tratamento
analítico, ou seja, quando a pesquisa é realizada a
partir de fontes primárias;
Tema 2 | Trabalhos acadêmico-científicos 55

b) Pesquisa bibliográfica: quando realizada a par-


tir de fontes secundárias, ou seja, a pesquisa é desen-
volvida através de material já elaborado: livros e artigos
científicos;

c) Pesquisa de campo: quando é realizada a partir


de informações obtidas “em campo”, onde os fenôme-
nos ocorrem em situação natural;

d) Pesquisa de laboratório: quando as informa-


ções são obtidas em laboratório, buscando-se produzir
ou reproduzir o fenômeno estudado, em condições de
controle.

Quanto aos objetivos da pesquisa, pode-se


classificá-las em:

a) Pesquisa exploratória: constitui-se numa pesqui-


sa preliminar, cujo principal objetivo é buscar informações
sobre determinado assunto ou descobrir um tema para es-
tudo. Através da pesquisa exploratória podemos, também,
delimitar um tema, definir os objetivos ou formular as hi-
póteses de uma pesquisa. Ela é considerada por alguns
autores como um estudo inicial para realização de outro
tipo de pesquisa;
Exemplos:
Processo de reprodução das abelhas; verificar se há
impactos ambientais nos manguezais do município de Itaqui;
realizar uma pesquisa bibliográfica para elaborar uma hipóte-
se de pesquisa.

b) Pesquisa descritiva: é realizada para descrever fe-


nômenos ou o estabelecimento de relações entre variáveis.
Procura-se observar, registrar, analisar e interpretar os fenô-
menos utilizando-se de técnicas padronizadas de coleta de
dados como o questionário e a observação sistemática;
Exemplos:
56 Metodologia Científica

Pesquisar sobre as características de um grupo social:


distribuição por idade, sexo, procedência, nível de escolarida-
de, estado de saúde etc. Pesquisar o nível de atendimento
dos órgãos públicos de uma comunidade: condições de habi-
tação, índice de criminalidade etc. Pesquisar sobre opiniões,
atitudes e crenças de uma população.

c) Pesquisa explicativa: é um tipo de pesquisa


mais complexa, pois procura um conhecimento mais pro-
fundo sobre o fenômeno estudado. O principal objetivo é
identificar os fatores que determinam ou que contribuem
para a ocorrência dos fenômenos, procurando explicar a
razão, o porquê das coisas. A pesquisa explicativa nas ci-
ências naturais caracteriza-se pela utilização do método
experimental e observacional nas ciências sociais.
Exemplos:
Pinga-se uma gota de ácido numa placa de metal
para observar o resultado; verificar os efeitos da utiliza-
ção de um determinado medicamento em um grupo sob
controle; comprovar hipóteses na busca de leis e teorias.

Quanto à abordagem na pesquisa, pode-se clas-


sificá-las em:

a) pesquisa quantitativa: quando a abordagem está


relacionada à quantificação de dados obtidos mediante pes-
quisa. Utiliza-se na pesquisa de recursos e técnicas esta-
tísticas como: percentagem, média, moda, mediana, desvio
padrão, coeficiente de correlação, análise de regressão, etc.;

b) pesquisa qualitativa: quando não emprega


procedimentos estatísticos na abordagem da pesqui-
sa. É utilizada para investigar um determinado proble-
ma de pesquisa, cujos procedimentos estatísticos não
podem alcançar devido à complexidade do problema
como: opiniões, comportamentos, atitudes dos indiví-
duos ou grupo.
Tema 2 | Trabalhos acadêmico-científicos 57

Conforme o enfoque nas diversas áreas das ciên-


cias, há diferentes classificações de pesquisa. Não há
um único referencial. A bibliografia sobre Metodologia
Científica apresenta grande número de tipos de pesqui-
sa.
Quanto à obtenção de informações, Gil (1991, p.
45-62), apresenta a seguinte classificação:

a) pesquisa bibliográfica: quando é desenvolvida


a partir de material já publicado, constituído principal-
mente de livros, artigos de periódicos e atualmente de
material disponibilizado na Internet;

b) pesquisa documental: quando elaborada a par-


tir de materiais que não receberam tratamento analítico;

c) pesquisa experimental: quando se determina


um objeto de estudo, selecionam-se as variáveis que
seriam capazes de influenciá-lo, definem-se as formas
de controle e de observação dos efeitos que a variável
produz no objeto;

d) pesquisa ex-post-facto: quando o “experimen-


to” se realiza depois dos fatos; neste tipo de pesquisa
são utilizados como experimentos situações que se de-
senvolveram naturalmente e trabalha-se depois sobre
elas como se estivessem submetidas a controles;

e) levantamento: quando a pesquisa envolve a


interrogação direta das pessoas cujo comportamento se
deseja conhecer e, mediante análise quantitativa, ob-
têm-se as conclusões dos dados coletados;

f ) estudo de caso: quando envolve o estudo


profundo, detalhado e exaustivo de um ou poucos
objetos de maneira que se permita o seu amplo co-
nhecimento;
58 Metodologia Científica

g) pesquisa-ação: quando concebida e reali-


zada em estreita associação com a resolução de um
problema coletivo. Os pesquisadores e participantes
representativos da situação ou do problema estão
envolvidos de modo cooperativo ou participativo;
supõe uma forma de ação planejada, de caráter so-
cial, educacional, etc.;

É importante ressaltar que há diferentes for-


mas de classificações de pesquisa. Não há um único
referencial. A bibliografia sobre pesquisa científica
apresenta grande número de classificações.
Segundo Lakatos e Marconi (1999, p. 21), o
critério para a classificação dos tipos de pesquisa
depende do enfoque dado pelo autor e de interes-
ses, condições, campos, metodologia, situações, ob-
jetivos, objetos de estudo, etc.
Os tipos de pesquisa nas diversas classifica-
ções não são estanques. Uma mesma pesquisa pode
estar, ao mesmo tempo, enquadrada em várias clas-
sificações, desde que obedeça aos requisitos ine-
rentes a cada tipo. Portanto, um pesquisador pode
utilizar-se no estudo de um problema, por exemplo:
a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental, a
pesquisa de campo, a pesquisa descritiva e a abor-
dagem quantitativa.
Para a realização de uma pesquisa científica é de
fundamental importância a utilização de métodos cientí-
ficos e técnicas de pesquisa.

2.1.2 Ética e Pesquisa

Pela Resolução 196/96 de 10 de outubro de


1996 que estabelece as Diretrizes e Normas Regula-
mentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos
no Brasil, o Ministério da Saúde (MS) via Conselho
Nacional de Saúde (CSN) e Comissão Nacional de Éti-
Tema 2 | Trabalhos acadêmico-científicos 59

ca em Pesquisa (CONEP) criou os Comitês de Ética e


Pesquisa (CEPs) nas instituições que a realizam em
todo o país, objetivando avaliar e autorizar projetos
de pesquisa que envolva seres humanos, possibilitan-
do ao mesmo tempo uma ação consultiva e educativa
ao fomentar uma reflexão analítica e crítica em torno
da ética nas ciências (BRASIL, 1996).
Para tanto, foram estabelecidos princípios éti-
cos que visaram o reconhecimento de valores e di-
reitos, levando em conta a não maleficência, a be-
neficência, a autonomia e a justiça, com o intuito de
preservar a dignidade humana. Nessa perspectiva a
referida resolução determinou, ainda, a garantia da
responsabilidade do pesquisador, patrocinador e ins-
tituição em dar assistência integral às complicações
e danos provenientes dos riscos da pesquisa, inclu-
sive indenizatórios, cumprindo assim uma destinação
social e humanitária, com vantagens significativas e
redução do ônus em termos gerais e em especial no
que se refere aos grupos vulneráveis.
Com o intuito de estabelecer critérios para o uso
de seres humanos na pesquisa científica, criou também
um mecanismo pautado na participação e aceitação vo-
luntária dos termos da pesquisa, na forma de consen-
timento informado em que o pesquisado por si ou seu
representante, sabendo da natureza da mesma, conse-
quências e riscos, aceita o tratamento proposto ou expe-
rimentação, especificando seus dados de identificação e
a manifestação legal da sua concordância em participar
como sujeito da pesquisa. Constando ainda o seu grau
de participação, bem como as prováveis dificuldades di-
retas e indiretas que possam ocorrer durante a sua rea-
lização, sob a denominação de Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido.
Cabe ao responsável pela pesquisa suspendê-la
imediatamente, caso perceba a possibilidade de risco
ou dano à saúde do sujeito envolvido, previsto ou não
60 Metodologia Científica

no referido termo, o qual, juntamente com o projeto


de pesquisa proposto, deve ser enviado ao CEP, para
apreciação e julgamento ético para somente, após apro-
vação, ser colocado em prática.
Com isso, o uso de seres humanos na pesquisa
ficou obrigado ao cumprimento dessa resolução com
a implantação dos CEPs em todo o território nacional,
visando o atendimento a pesquisadores e a submis-
são de projetos de pesquisa nas diversas áreas do
conhecimento, atuando tanto na forma interdisciplinar
quanto na transdisciplinar, considerando os valores
e os preceitos éticos necessários, além de avaliar a
documentação prevista ao seu desenvolvimento com
o objetivo de proteger e adequar o bem-estar dos
indivíduos pesquisados.
Além disso, em 05 de agosto de 1997, o Plenário
do Conselho Nacional de Saúde, amparado pela Lei no.
8.080 de 19 de setembro de 1990 e pela Lei 8.142 de
28 de dezembro desse mesmo ano, aprovou a Resolu-
ção CSN251/97 estabelecendo as normas de pesquisa
envolvendo seres humanos quanto ao uso de novos
fármacos, medicamentos, vacinas e testes diagnósticos
(BRASIL, 1997).
Desse modo, a ética na pesquisa científica
ampliou suas fronteiras aos vários campos do sa-
ber pautando-se tanto no contexto da bioética (ética
aplicada ao campo médico e biológico), quanto no
da diversidade cultural da sociedade global, conside-
rando, ainda, o Código de Ética e os direitos huma-
nos consolidados nas Ciências Humanas, bem como
os cuidados necessários à publicação dos resultados
obtidos com a pesquisa, principalmente com o in-
tuito de evitar conclusões constrangedoras e/ou hu-
milhantes que possam de algum modo gerar confli-
tos ou trazer prejuízos e inconvenientes aos sujeitos
pesquisados.
Tema 2 | Trabalhos acadêmico-científicos 61

2.2 Pesquisa bibliográfica e normas de referên-


cias, citações e notas de rodapé

2.2.1 Pesquisa bibliográfica

Caro aluno, tendo em vista ser a pesquisa bibliográ-


fica uma atividade de aprendizagem, produção e aprimora-
mento do conhecimento e, bastante solicitada por profes-
sores, resolvemos prestar maiores explicações a respeito
dos procedimentos metodológicos para a sua elaboração.
A pesquisa bibliográfica é realizada com o objeti-
vo de explicar um problema através de referenciais escri-
tos. Pode constituir-se como um trabalho em si mesmo
ou como parte da pesquisa descritiva ou experimental.
Também é de grande importância no processo de elabo-
ração e composição de monografias.

Para a sua elaboração devemos percorrer as se-


guintes fases:

Escolha do tema
Poderá ser da escolha do aluno ou indicado pelo pro-
fessor, devendo levar em consideração o tempo disponível
para realização da pesquisa, disponibilidade de material para
consulta, interesse pelo assunto a ser trabalhado, relevância
para o aprendizado, área de conhecimento e/ou sociedade.

Delimitação do tema
O tema não poderá ficar aberto ou vago. Deverá
ser escolhido um aspecto do tema para ser trabalha-
do. Assim sendo, na delimitação do tema é necessário
definir sua extensão, profundidade e tipo de enfoque
(biológico, pedagógico, estatístico, etc.). Também, deve-
rá delimitá-lo no tempo e no espaço.
Exemplo: Tema: Evasão escolar
Delimitação do tema: A evasão escolar no ensino
fundamental, no município de Aracaju, na década de 1970.
62 Metodologia Científica

Plano de trabalho
Antes de iniciar a pesquisa, é necessária a ela-
boração do plano de trabalho, que poderá ser provisó-
rio. Nele deverá constar o direcionamento da pesquisa,
apresentando os tópicos dos assuntos que serão traba-
lhados.

Coleta de dados
Escolhido e delimitado o tema e elaborado o
plano de trabalho, inicia-se a coleta de dados através
das fontes secundárias que são fontes de segunda mão
como: livros, revistas, etc. Também, dependendo da com-
plexidade do tema, poderá utilizar-se de fontes primárias
que são fontes de primeira mão, tais como: autobiogra-
fias, diários, materiais estatísticos, etc. A maioria dessas
fontes encontra-se nas bibliotecas e, também, na internet.

Localização das informações


De posse do material coletado, o aluno deverá
localizar as informações pertinentes ao assunto que será
trabalhado, através das leituras:

a) leitura de reconhecimento: realizada para a se-


leção do material que será estudado, ocorre no momen-
to da coleta dos dados;
b) leitura seletiva: constitui-se numa primeira lei-
tura rápida do conteúdo buscando uma visão geral do
texto para saber se realmente atende ao assunto;
c) leitura analítica: realizada para uma maior
compreensão do texto, descobrindo sua lógica interna
e estruturação. Buscam-se, também, as ideias, argu-
mentações e demonstrações apresentadas pelo autor
do texto;
d) leitura interpretativa: o objetivo é avaliar e jul-
gar o conteúdo do texto e buscar, também, as informa-
ções que poderão contribuir para a pesquisa.
Tema 2 | Trabalhos acadêmico-científicos 63

Documentação dos dados


No momento da seleção e leitura do material é
necessário que o aluno faça a documentação do mes-
mo que pode ser feita através do fichamento que tem
como função colocar à disposição do pesquisador uma
série de informações distribuídas numa gama enorme de
obras já consultadas.

Seleção do material
Uma vez documentados os dados, o aluno deverá
agora selecionar os conteúdos das fichas que serão uti-
lizados na elaboração da redação do trabalho.

Redação do trabalho
Geralmente, na graduação, a redação do trabalho
é iniciada pelo desenvolvimento, seguida pelas demais
partes, sendo necessário que, ao final da redação, seja
feita uma leitura para verificar a ocorrência de algum
erro de redação e estrutura lógica do conteúdo.

Referências
No final do trabalho deverão constar as referên-
cias bibliográficas que foram utilizadas seguindo as nor-
mas da ABNT- NBR 6023 (http://www.unit.br/normasaca-
demicas.asp).

Estrutura do Trabalho de Graduação

O prazer de ver um trabalho bem estruturado.

Mas como realizá-lo?

Vejamos.
A estrutura que vamos apresentar é indicada para
o trabalho de pequeno porte que poderá ser solicitado
por professores no decorrer do curso, tal como a pes-
quisa bibliográfica.
64 Metodologia Científica

Estrutura:

a) A capa deve conter: nome da instituição, o curso, a


disciplina, o professor da disciplina, título, subtítulo (se hou-
ver), nome do autor, local e ano da conclusão do trabalho;

b) O sumário deve apresentar as partes que com-


põem o trabalho, com as respectivas numerações das
páginas.

c) A introdução é a parte inicial do texto, devendo


apresentar o assunto, a delimitação do tema, os objeti-
vos, a justificativa e os procedimentos metodológicos;

d) O desenvolvimento compreende o conteúdo


com ideias, argumentações e demonstrações, estrutura-
das de forma lógica;

e) A conclusão deve ser breve, apresentando a


síntese dos resultados. Não deve conter nenhum ele-
mento novo não discutido na parte do desenvolvimento;

f ) Nas referências são indicadas as fontes con-


sultadas e referenciadas no corpo do trabalho. Segue
a norma da ABNT-NBR 6023 (UNIT: http://www.unit.br/
normasacademicas.asp);

g) O apêndice e/ou anexo (se houver) corresponde a


documentos complementares que servem de fundamentação,
comprovação ou mesmo ilustram o trabalho. Os apêndices
correspondem ao material elaborado pelo autor do relatório,
já os anexos são materiais de autoria de terceiros.

Redação, apresentação e aspectos Gráficos

Quanto à redação, à forma de apresentação da fo-


lha e disposição do texto, é de fundamental importância
Tema 2 | Trabalhos acadêmico-científicos 65

que os trabalhos de graduação, tais como: a pesquisa


bibliográfica, o relatório, etc., apresentem:

a) tamanho das folhas

Usa-se o papel branco, formato A4 (21cm x


29,7cm).

b) numeração das páginas

Todas as páginas, a partir da folha de rosto, de-


verão ser contadas, mas não numeradas. A numeração
é colocada a partir da primeira folha da parte textual.
Os números deverão ser em arábicos e localizados no
canto superior da folha, à direita em fonte tamanho 10.
Os anexos e apêndices (se houver), também devem ser
numerados.

c) fonte

Times New Roman ou Arial em tamanho 12 para


o corpo do trabalho (texto). Às citações (com mais de 3
linhas), em tamanho 10 ou 11. Para o título do trabalho
utilizar tamanho 18 ou 16; capítulo tamanho 16 ou 14;
item tamanho 12 e para nota de rodapé tamanho 10.

d) espaçamento entre as linhas

Deverá ser utilizado o espaçamento duplo em


todo o texto. Nas citações diretas com mais de três li-
nhas utilizar espaçamento simples. Entre os títulos, se-
ções e o texto utilizar 2 duplos.

e) capítulos e seções

Todos os capítulos deverão ser iniciados em uma


nova página. O indicativo numérico de uma seção prece-
66 Metodologia Científica

de seu título com alinhamento esquerdo e separado por


um espaço de caractere.
Os títulos serão centrados na margem superior à
esquerda. Os títulos sem indicativo numérico deverão
ser centrados. Os títulos das seções primárias deverão
ser escritos em caixa-alta e negrito. Nas seções secundá-
rias, caixa-alta apenas na primeira letra de cada palavra
sem negrito, já das terciárias em diante, caixa alta so-
mente na primeira letra sem negrito.

f ) margens

A uma apresentação estética do trabalho devem-


se respeitar as margens: 3cm (superior e esquerda) e
2cm (direta e inferior).
A margem para início de parágrafo deverá ser de
2cm, após a margem da página.

g) redação do trabalho

Geralmente é iniciada pelo desenvolvimento, se-


guida pelas demais partes, sendo necessário que, ao final
da redação, seja feita uma leitura para verificar a ocorrên-
cia de algum erro de redação e estrutura lógica do conte-
údo. A redação do conteúdo da pesquisa bibliográfica e
demais trabalhos acadêmicos devem apresentar algumas
normas especiais relativas à linguagem científica, como:

• impessoalidade: na redação do trabalho deve


estar na 3ª pessoa, evitando-se referências
pessoais, como: “o meu trabalho”, “minha
monografia” etc.. Utiliza-se, preferencialmen-
te, as formas: “a presente pesquisa”, “o pre-
sente trabalho”, “a presente monografia” etc..
Também, verbos que tendem à impessoali-
dade, como: “o procedimento utilizado”, “tal
informação foi verificada”, etc.,
Tema 2 | Trabalhos acadêmico-científicos 67

• objetividade: deve-se expor as ideias rele-


vantes, retirando do texto todas as informa-
ções consideradas supérfluas. Utiliza-se uma
linguagem denotativa em que cada palavra
deve apresentar seu significado próprio, não
possibilitando dar margem a outras interpre-
tações. A linguagem objetiva deve está isenta
de informações de caráter de valor pessoal e
ambigüidades,

• clareza: deve-se evitar a construção de pará-


grafos longos, excesso de orações subordina-
das e termos obscuros. Utiliza-se vocabulário
simples e formal, com os termos técnicos pre-
cisos, bem definidos, sem exagero de repeti-
ção,

• coerência: as ideias devem estar organizadas


na redação de forma sequenciadas, tendo um
início, um meio e um fim. Consiste no raciocí-
nio lógico das ideias.

h) Normas de referências, citações e notas de rodapé

Para a organização das referências, citações e


notas de rodapé no trabalho consultar o site da Unit:
http://www.unit.br/início/normas_acadêmicas.aspx (Ma-
nual de Referências, Citações e Notas de Rodapé);
68 Metodologia Científica

a) capa
Tema 2 | Trabalhos acadêmico-científicos 69

b) folha de rosto
70 Metodologia Científica

2.3 Artigo e Relatório técnico-científico

2.3.1 Artigo técnico-científico

O artigo científico constitui-se num trabalho escrito


que trata sobre um determinado assunto e que apresenta
e discute ideias, métodos, técnicas e resultados de traba-
lhos nas diversas áreas do conhecimento científico.
O artigo científico tem por finalidade a difusão de
informações sobre pesquisas realizadas, apresentando
os resultados alcançados.

Estrutura Formal do Artigo Científico


Segue a NBR 6022/2003, ABNT e orientações da
Universidade Tiradentes.

Elementos:
a) pré-textuais
b) textuais
c) pós-textuais

ESTRUTURA ELEMENTO

Título e subtítulo (se houver)


Nomes (s) do (s) autor (es)
Nome do orientador
Pré-textuais
Resumo na língua do texto
Palavras-chave na língua do
texto
Introdução
Textuais Desenvolvimento
Conclusão

Referências
Pós-textuais Apêndice (s) (opcional)
Anexo (s) (opcional)
Tema 2 | Trabalhos acadêmico-científicos 71

Elementos pré-textuais

É importante ressaltar que na primeira folha do ar-


tigo científico devem constar somente os elementos pré-
textuais e, os mesmos, não devem ultrapassar esta folha.

Título e subtítulo (se houver) do artigo

Deve constar no cabeçalho da página inicial do


artigo e na língua do texto, centralizado.

Autor

Nome do autor do artigo com iniciais em maiúscu-


las e, logo abaixo, nome do curso de graduação (centra-
lizado). O nome deve ser antecedido pela palavra: Autor.

Orientador

Nome do orientador com iniciais maiúsculas e sua


titulação, último grau acadêmico (centralizado). O nome
deve ser antecedido pela palavra: Orientador.

Resumo na língua do texto

O resumo vem logo após o nome do orientador, apre-


sentando de forma concisa, clara, objetiva e impessoal o
conteúdo do trabalho (artigo), não ultrapassando 250 pa-
lavras e em parágrafo único, conforme a NBR 6028, ABNT.
Deve apresentar o objetivo geral, a metodologia, os resul-
tados significativos e conclusões. Deve, antes de iniciar o
texto, colocar a palavra: RESUMO.

Palavras-chave na língua do texto

Devem ser colocadas logo abaixo do resumo. De


acordo com a NBR 6022/2003 (ABNT), as palavras-chave
72 Metodologia Científica

devem ser colocadas abaixo do resumo, antecedidas da


expressão PALAVRAS-CHAVE: separadas entre si por pon-
to e finalizadas também por ponto. O máximo é de cinco
palavras-chave.

Elementos textuais

Introdução

Deve apresentar a delimitação do assunto, os ob-


jetivos (geral e específicos), as questões norteadoras ou
hipóteses, a justificativa, a metodologia utilizada (méto-
dos, técnicas e materiais) e outros elementos necessá-
rios para situar o tema do artigo científico.

Desenvolvimento

Exposição e demonstração, discussão e avaliação


dos resultados do estudo. Apresentando objetividade,
impessoalidade, concisão e clareza. Pode ser dividido
em seções e subseções. Os títulos das seções e subse-
ções são definidos pelo autor. O desenvolvimento pode
ser dividido em duas partes: a primeira refere-se ao re-
ferencial teórico, uma pesquisa bibliográfica sobre o as-
sunto (elaborar título para este item). A segunda corres-
ponde à parte prática da pesquisa (pesquisa de campo
ou laboratório), apresentando a análise e os resultados
do problema pesquisado (elaborar título para este item).

Conclusão

Parte obrigatória e final do texto, devendo ser


breve e apresentando a síntese dos resultados. Não
deve conter nenhum elemento novo não discutido na
parte do desenvolvimento, atentando-se para um discur-
so breve, conciso e convincente quanto à qualidade do
conteúdo exposto.
Tema 2 | Trabalhos acadêmico-científicos 73

Elementos pós-textuais

Referências

Corresponde a uma lista das fontes consultadas e


referenciadas no trabalho. Os registros devem obedecer
às normas da ABNT, NBR 6023 (atualizada). Na elabora-
ção das referências é indispensável a honestidade do
autor do trabalho, para não excluir da lista obras que
foram utilizadas no texto e que não lhe pertencem. A
lista de referência deve ser organizada por sobrenome e
em ordem alfabética.

Apêndice (s)

Corresponde a documentos complementares


que servem de fundamentação, comprovação ou mes-
mo ilustram o trabalho, como: fotografias, folder, ins-
trumento de entrevista, desenhos, figuras, gráficos,
quadros, tabelas, mapas, etc., e pertencem ao autor
do trabalho. São identificados por letras maiúsculas
consecutivas, travessão e pelos respectivos títulos
para identificá-los.

Anexo(s)

Corresponde a documentos complementares


que servem de fundamentação, comprovação ou mes-
mo ilustram o trabalho, como: fotografias, folder, fi-
guras, gráficos, quadros, mapas, etc., e pertencem a
terceiros. São identificados por letras maiúsculas con-
secutivas, travessão e pelos respectivos títulos para
identificá-los.

Vejamos os aspectos gráficos:


74 Metodologia Científica

a) elementos pré-textuais
Tema 2 | Trabalhos acadêmico-científicos 75

b) elementos textuais
76 Metodologia Científica
Tema 2 | Trabalhos acadêmico-científicos 77
78 Metodologia Científica
Tema 2 | Trabalhos acadêmico-científicos 79
80 Metodologia Científica

c) elementos pós-textuais
Tema 2 | Trabalhos acadêmico-científicos 81
82 Metodologia Científica

2.3.2 Relatório técnico-científico

Vejamos.
Outro tipo de trabalho acadêmico consiste no
relatório.
Podemos definir o relatório como um documento
formal que expõe, de forma lógica e sistemática, infor-
mações sobre um determinado assunto, devendo apre-
sentar conclusões e/ou recomendações. O principal obje-
tivo é relatar sobre experiências vivenciadas durante um
período determinado de aprendizagem.
Existem vários tipos de relatórios. Quando o re-
latório for realizado para a conclusão de curso você
deverá utilizar-se dos manuais de conclusão de curso
da universidade Tiradentes. Mas, existem relatórios de
pequeno porte que são solicitados pelos professores du-
rante o decorrer do seu curso, sendo os relatórios mais
usuais: viagem; visita técnica e evento.
A estrutura do relatório de viagem; visita técnica e
evento apresentam semelhanças, estando constituído em:

• A capa deve conter: nome da instituição, o


curso, a disciplina, o professor da discipli-
na, título, subtítulo (se houver), nome do
autor, local e ano da conclusão do relatório;

• A folha de rosto: elemento obrigatório para


identificação do Relatório, devendo constar o
nome do autor; título do trabalho, e subtítulo
(se houver); objetivo do trabalho; o nome da
instituição a que é submetido; nome do orien-
tador, local (cidade) da instituição onde deve
ser apresentado; ano de depósito (da entrega);

• O sumário deve apresentar as partes que


compõem o relatório, acompanhadas da nu-
meração das páginas;
Tema 2 | Trabalhos acadêmico-científicos 83

• A lista de ilustrações é elemento opcional que


consiste na relação de ilustrações, na ordem em
que se apresentam no texto, sendo cada item
designado por seu nome específico e acompa-
nhado do respectivo número da página. Geral-
mente, elabora-se lista própria para cada tipo
de ilustração (gráfico, fotografia, mapa, dese-
nho, fluxograma, organograma e outros);

• A lista de tabelas e/ou quadros é elemento


opcional que consiste na relação das tabelas
e/ou quadros, na ordem em que se apresen-
tam no texto, sendo cada item designado por
seu nome específico e acompanhado do res-
pectivo número da página.

• A introdução é a parte inicial do texto, deven-


do apresentar o tema, os objetivos, a justi-
ficativa, os procedimentos metodológicos, o
local e o período de realização da atividade;

• O desenvolvimento compreende o relato e aná-


lise das atividades desenvolvidas e observadas;

• A conclusão deve ser breve, apresentando a


síntese dos resultados. Poderá apresentar su-
gestões e recomendações;

• Nas referências são indicadas as fontes con-


sultadas e referenciadas no corpo do traba-
lho. Segue a norma da ABNT-NBR 6023;

• O apêndice e/ou anexo (se houver) corres-


ponde a documentos complementares que
servem de fundamentação, comprovação ou
mesmo ilustram o trabalho. Os apêndices cor-
respondem ao material elaborado pelo autor
84 Metodologia Científica

do relatório, já os anexos são materiais de


autoria de terceiros.

Lembrete!
Quando for elaborar um relatório de viagem,
visita técnica ou participar de um evento,
lembre-se dessa estrutura.

ELEMENTOS QUANTIDADE DE FOLHAS

CAPA 01 folha

FOLHA DE ROSTO 01 folha

LISTA DE ILUS- -
TRAÇÃO (QUANDO
HOUVER)

LISTA DE TABE- -
LAS (QUANDO
HOUVER)

SUMÁRIO 01 a 02 folhas

INTRODUÇÃO 01 a 02 folhas

DESENVOLVI- 04 a 08 folhas
MENTO

CONCLUSÃO 01 a 02 folhas

REFERÊNCIAS -

APÊNDICE (QUAN- -
DO HOUVER)

ANEXO (QUANDO -
HOUVER)
Tema 2 | Trabalhos acadêmico-científicos 85

a) capa
86 Metodologia Científica

b) folha de rosto
Tema 2 | Trabalhos acadêmico-científicos 87

c) Lista de tabelas
88 Metodologia Científica

d) sumário
Tema 2 | Trabalhos acadêmico-científicos 89

e) introdução
90 Metodologia Científica

f ) desenvolvimento
Tema 2 | Trabalhos acadêmico-científicos 91
92 Metodologia Científica
Tema 2 | Trabalhos acadêmico-científicos 93
94 Metodologia Científica

g) conclusão
Tema 2 | Trabalhos acadêmico-científicos 95

h) referências
96 Metodologia Científica

i) apêndice
Tema 2 | Trabalhos acadêmico-científicos 97

2.4 Monografia e Seminário

2.4.1 Monografia

Vejamos.

Segundo Salvador (1986, p.33), podemos consi-


derar a monografia como um gênero de trabalhos cien-
tíficos, sendo considerados a dissertação e a tese como
tipos de trabalhos monográficos.
Ainda segundo o autor, a monografia apresenta
as seguintes características:

• redução da abordagem a um só assunto.


Mantém-se assim o sentido etimológico do
termo: monos (um só) e graphein (escre-
ver): estudo por escrito de um único tema
específico;

• é um estudo pormenorizado e exaustivo em


todos os seus aspectos e ângulos, limitado
em extensão, mas exaustivo e completo na
compreensão e profundidade;

• resulta de uma investigação científica em do-


cumentação escrita ou por observação e expe-
rimentação, seguindo rigorosamente a meto-
dologia de cada ciência;

• apresenta uma contribuição ao progresso da


ciência, quer em termos de sistematização
de conhecimentos, quer em termos de novas
descobertas científicas.

Assim, resolvemos não definir o que seja mono-


grafia, já que as características apresentadas pelo autor
atendem a uma definição.
98 Metodologia Científica

Na conclusão do curso de graduação mantém-se o


sentido etimológico: monografia. Na conclusão do curso
de mestrado é denominada de dissertação. Já para a
conclusão do doutorado recebe o nome de tese. O nível
de originalidade e profundidade da monografia depen-
derá do grau acadêmico que se pretende obter.

O site da Unit para o estudo e Estrutura da


Monografia: http://www.unit.br/início/nor-
mas_acadêmicas.aspx

2.4.2 Seminário

O que é?

O seminário é uma técnica utilizada para estudar


um tema sob a orientação de um professor ou especia-
lista e exige pesquisa, discussão e debate.
A finalidade do seminário é preparar o aluno para
a elaboração de trabalhos científicos e a discussão de
textos, através do debate, da reflexão e da crítica.

O seminário pode ser:

a) Seminário de texto: quando é atribuído a um


indivíduo ou um pequeno grupo um texto para
ser apresentado;

b) Seminário de tema: quando o objetivo é a


pesquisa sobre um determinado tema e sua
apresentação.

Os procedimentos para a sua realização:

a) deverá ser definido o tipo de seminário que


será realizado: texto ou tema;
Tema 2 | Trabalhos acadêmico-científicos 99

b) atribui-se a um aluno ou grupo, que sob a orien-


tação de um professor realizará o seminário; quan-
do em grupo é necessário que ocorram reuniões por
parte do grupo para a organização do seminário;

c) o assunto deverá ser estudado ou pesquisado pelo


(s) seminarista (s);

d) exposição do assunto utilizando-se de recursos


materiais necessários;

e) debate: professor, seminarista (s) e alunos;

f ) conclusão e avaliação do seminário.

A vantagem da realização do seminário em sala


de aula é contribuir para que o aluno aprofunde seus
conhecimentos sobre um determinado assunto, bem
como o domínio das técnicas de exposição de trabalhos
acadêmicos diante do público alvo.
Assim, para uma boa apresentação (exposição) de
um seminário, sugerem-se alguns procedimentos meto-
dológicos, como (obs.: cada elemento abaixo deve ser
utilizado de acordo com o tipo de seminário – pesquisa
de campo, laboratório, bibliográfica, documental, semi-
nário de texto ou tema - e/ou solicitação do professor):

a) exposição oral com material visual (data show,


retroprojetor, etc.):

• tema,

• problema,

• objetivos: geral e específicos,

• justificativa,
100 Metodologia Científica

• procedimentos metodológicos,

• local da pesquisa de campo ou laboratório,

• corpo do trabalho: pesquisa bibliográfica, de


campo, laboratório ou documental, seminário
de texto ou tema,

• conclusão.

b) procedimentos pessoais:

• demonstrar domínio do assunto,

• apresentar o assunto de forma lógica,

• adequar o conteúdo ao tempo de exposição,

• utilizar vocabulário simples, correto e objeti-


vo, não excluindo os termos técnicos da área
especializada,

• adotar postura correta na apresentação,

• fazer um treinamento, antes da apresentação,


buscando a relação conteúdo/tempo.

Utilize essa técnica na apresentação de seus


seminários.

TEXTO COMPLEMENTAR

SEMINÁRIO

Nos meios escolares, académicos, científicos e técnicos,


são comuns as situações em que uma pessoa ou um gru-
Tema 2 | Trabalhos acadêmico-científicos 101

po de pessoas desenvolvem uma pesquisa e apresentam


os resultados a um público. Esse tipo de texto, produzido
oral e publicamente, é chamado de Seminário e, tal como
o texto de apresentação científica, o relatório, o texto
didático, a mesa-redonda, isto é, géneros que se prestam
à transmissão de saberes historicamente construídos pela
humanidade, pertence à família dos géneros expositivos.

Como o seminário é um gênero oral, ele só se realiza


plenamente quando é apresentado numa situação con-
creta de interação.

1 Planejamento e preparação de um seminário

Para a produção de um seminário, é necessária uma or-


ganização prévia, que envolve várias etapas. A primeira
delas é a pesquisa sob o tema proposto, para coletar
dados para a exposição.

1.1 Pesquisa, tomada de notas e produção de roteiro

Como a finalidade do seminário é transmitir para os ou-


vintes conhecimentos sobre o assunto pesquisado, o
apresentador deve se colocar na posição de um especia-
lista no assunto em foco. Isso quer dizer que ele deve
demonstrar conhecer o tema mais do que os ouvintes,
pois é essa condição que lhe confere autoridade para
discorrer sobre o assunto com segurança.

Para conquistar a condição de especialista no assunto e


ganhar respeito do público, o apresentador deve adotar
os seguintes procedimentos:

a) pesquisar em bibliotecas, na internet, em livros, em


jornais, em revistas especializadas, em enciclopédias,
em vídeos, etc., que poderão servir de fontes de infor-
mação sobre o tema.
102 Metodologia Científica

b) tomar notas, resumir ou reproduzir textos verbais e


não verbais que possam ser úteis. Esse trabalho tem em
vista a produção de um roteiro próprio do apresentador
e consiste em anotar dados históricos ou estatísticos,
citações, comparações, exemplos, etc.

c) selecionar e organizar as informações, tendo em vista


os passos da exposição:

- como introduzir, desenvolver e concluir a exposição;

- quais subtemas serão abordados no desenvolvimento;

- quais exemplos ou apoios (gráficos, dados estatísticos)


serão utilizados para fundamentar a exposição;

- que materiais e recursos audiovisuais (cartazes, aposti-


las, lousa, retroprojetor, datashow, microfone, etc.) serão
necessários.

Nesse planejamento, devem ser levadas em conta as carac-


terísticas do público-alvo, como faixa etária, tipo de inte-
resse, expectativas e conhecimentos prévios em relação ao
tema abordado, etc. Convém planejar um encaminhamento
interessante para a exposição, como, por exemplo, interca-
lar o uso da voz com o uso de recursos audiovisuais.

d) redigir um roteiro que permita visualizar não apenas o


conjunto das informações que serão apresentadas, mas
também a sequência em que isso vai ocorrer. Esse rotei-
ro deve conter algumas informações-chave que orientem
o pensamento do apresentador durante a exposição, in-
dicações de recursos audiovisuais, se for o caso, textos
de autoridades ou especialistas que serão citados pelo
apresentador, etc. Atenção: esse roteiro não deve ser
lido integralmente durante o seminário. Antes da exposi-
ção, ele serve para organizar as ideias do apresentador;
Tema 2 | Trabalhos acadêmico-científicos 103

durante a exposição, serve de apoio para que o apresen-


tador se lembre de informações e tópicos básicos, além
do andamento da apresentação

1.2 Apresentação de um seminário

Durante a exposição, podem ocorrer fatos não previstos.


Por exemplo, o público pode não compreender bem o
conteúdo da exposição; um aparelho audiovisual pode
não funcionar; um integrante do grupo pode faltar ou
ficar nervoso e esquecer o texto; uma cartolina pode cair
da parede, etc. Por isso, é preciso estar atento a vários
aspectos simultaneamente e, de acordo com a necessi-
dade, introduzir modificações e improvisar soluções a
fim de alcançar o melhor resultado possível.

1.2.1 Sequência e andamento da exposição

1º) Abertura: alguém (geralmente o professor) faz uma


apresentação inicial breve e dá a palavra ao apresen-
tador. Faz isso com palavras como “Vocês agora vão
assistir ao seminário preparado por fulano...”

2º) Tomada da palavra e cumprimentos: o apresentador


deve, primeiramente, colocar-se à frente da plateia (que
pode ser uma sala de aula), cumprimentá-la e tomar a
palavra.

3º) Apresentação do tema: o apresentador diz qual é o


tema, fala da importância de abordá-lo nos dias de hoje,
esclarece o ponto de vista sob o qual irá abordá-lo e,
no caso de se tratar de um tema amplo, delimita-o, isto
é, indica qual aspecto dele será enfocado. Por exemplo,
se o tema é a poluição do meio ambiente, a delimitação
pode consistir em enfocar apenas a poluição dos rios.
Esse momento do seminário tem em vista despertar na
plateia curiosidade sobre o tema.
104 Metodologia Científica

4º) Exposição: o apresentador segue o roteiro traçado,


expondo cada uma das partes, sem atropelos. Ao térmi-
no de cada uma, deve perguntar se alguém quer fazer
alguma pergunta ou se pode ir adiante. Na passagem de
uma parte para a outra, deve dar a entender que não há
ruptura, e sim uma ampliação do tema. Para isso, deve
fazer uso de certos recursos linguísticos, com expressões
como “Outro aspecto que vamos abordar...”, “Se há es-
ses aspectos negativos, vamos ver agora os aspectos
positivos...”, etc.

5º) Conclusão e encerramento: o apresentador retoma


os principais pontos abordados, fazendo uma síntese
deles; se quiser, pode mencionar aspectos do tema que
merecem ser aprofundados em outro seminário; pode
também deixar uma mensagem final, algo que traduza o
seu pensamento ou o pensamento do grupo ou de um
autor especial. No final, agradece a atenção do público
e passa a palavra a outra pessoa.

6º) Tempo: o apresentador deve estar atento ao tempo


previsto e, de acordo com o andamento do seminário,
ser capaz de introduzir ou eliminar exemplos e aspectos
secundários, caso haja necessidade, a fim de se ajustar
ao tempo estipulado.

1.2.2 Postura do apresentador

a) o apresentador deve preferencialmente falar em pé,


com o roteiro nas mãos, olhando para o fundo da sala.
Sua presença deve expressar segurança e confiança.

b) a fala do apresentador deve ser alta, clara, bem ar-


ticulada, com palavras bem pronunciadas e variações
de entonação, a fim de que a exposição não fique
monótona.
Tema 2 | Trabalhos acadêmico-científicos 105

c) ao olhar para o roteiro, o apresentador deve fazê-lo


de modo rápido e sutil, sem que seja necessário inter-
romper o fluxo da fala ou do pensamento. Além disso,
ao olhar o roteiro, não deve abaixar demasiadamente a
cabeça, a fim de que a voz não se volte para o chão. O
roteiro deve ser rapidamente olhado, e não lido (a não
ser no caso de leitura de uma citação), pois tal procedi-
mento geralmente torna a exposição enfadonha.

d) o apresentador nunca deve falar de costas para a pla-


teia, mesmo que esteja escrevendo na lousa ou trocan-
do uma transparência no retroprojetor. Nessas situações,
deve ficar de lado e falar com a cabeça virada na direção
do público, a fim de que sua voz seja ouvida por todos.

e) o apresentador deve se mostrar simpático ao público


e receptivo a participações da plateia.

1.2.3 Uso da linguagem

Nos seminários, predomina a variedade padrão da lín-


gua, embora possa haver maior ou menor grau de for-
malismo, dependendo do grau de intimidade entre os
interlocutores. Assim:

a) o apresentador deve evitar certos hábitos da lingua-


gem oral, como a repetição constante de expressões
como “tipo”, “né?”, “tá?” e “ahnn...”, pois elas prejudi-
cam a fluência da exposição.

b) o apresentador deve estar atento ao emprego de vo-


cábulos e conceitos específicos da área pesquisada e
explicar ao público seu significado sempre que houver
necessidade.

c) durante a exposição, o apresentador deve fazer uso


de expressões de reformulação, isto é, aquelas que
106 Metodologia Científica

permitem explicar de outra forma uma palavra, um con-


ceito, ou uma ideia complexa. As mais comuns são:
“isto é”, “quer dizer”, “por exemplo”, “em outras pala-
vras”, “vocês sabem o que é isso?”. Deve também fazer
uso de expressões que confiram continuidade ao texto,
como “além disso”, “por outro lado”, “outro aspecto”,
“apesar disso”, etc.

1.3 Apresentação de um seminário em grupo

Além das orientações dadas anteriormente, a exposição


em grupo exige atenção quanto a mais alguns aspectos
específicos.

a) cada integrante do grupo pode ficar responsável pela


apresentação de uma das partes do seminário. Entretan-
to, entre a exposição de um participante e a de outro
deve haver coesão, isto é, não pode haver contradição
entre as exposições nem ser dada a impressão de que
uma fala é independente de outra. Cada exposição deve
retomar o que já foi desenvolvido e acrescentar, ampliar.
Além disso, devem ser empregados elementos linguísti-
cos de coesão, como “Além das causas que fulano co-
mentou, vejamos agora outras causas, menos conheci-
das...”, ‘Vocês viram as consequências desse problema
no meio urbano; agora, vão conhecer as consequências
do mesmo problema no meio rural...”.

b) o grupo todo deve se “especializar” no assunto em


foco. Além de conferir maior segurança às exposições
individuais, isso permite também que todos respondam
com tranquilidade a qualquer pergunta feita pelo público.

c) devem ser evitadas atitudes que desviem a atenção


do apresentador, como conversas entre os membros do
grupo, conversas entre um membro do grupo e uma pes-
soa da plateia, movimentos, ruídos ou brincadeiras que
Tema 2 | Trabalhos acadêmico-científicos 107

atrapalhem a exposição. Não há obrigatoriedade de que


todos fiquem em pé enquanto um dos integrantes do
grupo faz sua apresentação.

d) enquanto um dos apresentadores expõe, os outros


podem contribuir manuseando os equipamentos (trans-
parências, vídeo), trocando cartazes, apagando a lousa
ou simplesmente ouvindo.

Adaptado de: CEREJA, W. C; MAGALHÃES, T. C. Português: linguagens,


língua portuguesa. São Paulo: Atual, 2004.
CIÊNCIA, MÉTODO CIENTÍFICO
E PROJETO DE PESQUISA

Parte 2
3 Conhecimento,
Ciência e Método

3.1 O Conhecimento

Agora vamos refletir sobre o próprio conhecimento e sua importância


no processo de compreensão e transformação da realidade. Discutiremos so-
bre o conhecimento, características e diferentes abordagens sobre o conheci-
mento, com ênfase no conhecimento científico. Também, serão apresentados
os métodos e o projeto de pesquisa que contribuem para o desenvolvimento
do conhecimento científico.

Vamos lá?

Sabemos que através da nossa relação com o mundo, o nosso cons-


tante indagar e questionar sobre esse mundo, é que surge a consciência e o
conhecimento da realidade. Se não tivéssemos a capacidade de conhecer e
de compreender, viveríamos submetidos às leis da natureza como os demais
animais.

Então pare e pense.

O que é o conhecimento?
Quais os tipos de conhecimento?
112 Metodologia Científica

Segundo Cervo (1996, p. 6), o conhecimento é


uma relação que se estabelece entre o sujeito que co-
nhece e o objeto conhecido.
Esta apropriação ocorre segundo diferentes pers-
pectivas em decorrência dos diferentes métodos de
abordagem da realidade e os processos de apropriação,
física e sensível ou conceitual e intelectual.
Pelo conhecimento o homem se apropria da rea-
lidade através de diferentes níveis e possibilidades de
acesso a esta realidade. As possibilidades de conheci-
mento do objeto serão definidas pelo nível de complexi-
dade e aprofundamento que se pretende ao conhecê-lo.
Neste sentido, deparamo-nos com quatro diferen-
tes abordagens do conhecimento:

a) conhecimento vulgar ou popular (senso comum);

b) conhecimento filosófico;

c) conhecimento teológico;

d) conhecimento científico.

Bom, na aula anterior vimos o que é o conheci-


mento e quais as diferentes abordagens ou níveis do
mesmo. Vejamos, a seguir, algumas características des-
sas diferentes abordagens.

3.1.2 Conhecimento Popular ou Senso Comum

Você já deve ter ouvido falar muito do senso co-


mum, conhecimento vulgar, ou popular.

Leia a história abaixo.

Seu Marculino trabalha no campo há muitos anos.


Tem um pequeno sítio onde cria umas cabecinhas de gado
Tema 3 | Conhecimento, Ciência e Método 113

e umas galinhas, planta milho e feijão para o sustento da


família, e mandioca da qual faz farinha para vender na feira.
Há muito, a experiência de seu Marculino no cam-
po o incentivou a seguir as leis da natureza quando
pretende escolher a melhor época de plantar e de colher.
Olha para o céu, vê os meses de chuva e planta
no dia de São José o milho que pretende colher no
São João.
Se questionado sobre o porquê dessa rotina,
seu Marculino responde que adquiriu esses conheci-
mentos em anos de experiência no dia a dia. Assim é
para cuidar dos bichos para entender o ser humano,
desde seus avós.
Seu Marculino responde sempre com segurança,
“Assim aprendi com meu pai, assim meu pai aprendeu
com meu avô e me ensinou”.
Refletindo sobre esta história, você já pode ter
observado que o conhecimento vulgar ou popular é ob-
tido ao acaso, baseado na experiência da vida cotidiana.
É o resultado de experiências repetidas, casuais, sem
observação metódica e de simples transmissão de gera-
ção em geração.

Exemplos de fruto do ideário popular: comer


jaca e tomar água faz mal; tomar suco de limão na
menstruação causa hemorragia; colocar o livro em-
baixo do travesseiro, antes de dormir, facilita a me-
morização.

O senso comum tem como principais características:

• superficial: conforma-se com a aparência, não


chegando à essência das coisas;

• sensitivo: refere-se a vivências, a emoções da


vida cotidiana;
114 Metodologia Científica

• subjetivo: o próprio sujeito organiza suas ex-


periências;

• assistemático: não se pretende uma organiza-


ção das ideias;

• acrítico: não há a preocupação de análise e


da crítica de chegar à verdade.

É importante perceber que este tipo de conheci-


mento permite ao homem simples conhecer o fato em
sua ordem aparente, situando-se neste mundo de forma
a, conhecendo-o, sentir-se parte dele. Construído a partir
da experiência cotidiana, o conhecimento vulgar ou sen-
so comum se constitui a base do saber humano, sendo,
portanto, anterior ao conhecimento científico.
Assim, o senso comum é um conhecimento ob-
tido ao acaso, após inúmeras tentativas, ou seja, o co-
nhecimento adquirido através de ações não planejadas.

Exemplo:

A chave está emperrando na fechadura e, de tanto


experimentarmos abrir a porta, acabamos por descobrir
(conhecer) um jeitinho de girar a chave sem emperrar.

Colete diferentes definições do conheci-


mento vulgar ou popular e discuta com seus
colegas.

3.1.3 Conhecimento Filosófico

Vamos lá!
Etimologicamente, a palavra filosofia é grega. É
composta por duas outras palavras: philo (derivada de
philia: amizade, amor fraterno e respeito entre os iguais)
e de sophia (sabedoria, de onde vem à palavra sophos,
Tema 3 | Conhecimento, Ciência e Método 115

sábio). Segundo Chauí (1995, p. 19), Filosofia significa


amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber.
Este tipo de conhecimento difere de todos os ou-
tros pelo objeto de investigação e pela metodologia. O
objeto da filosofia, segundo Cervo (1996, p.10), é cons-
tituído de realidades mediatas, não perceptíveis pelos
sentidos e que, por serem de ordem suprassensível, ul-
trapassam a experiência utilizando-se do racional.
Assim sendo, a filosofia trabalha com ideias,
relações conceptuais, exigências lógicas não redutí-
veis a realidades materiais. Procura compreender a
realidade em seu contexto universal que possa ser
percebida pelo homem. Procura as explicações dos
fenômenos a partir da reflexão. Especula sobre o ho-
mem e as coisas da vida. É um contínuo questionar a
si e à realidade.
Além disso, caracteriza-se por ser:

• valorativo: pois parte de hipóteses não verifi-


cáveis. As hipóteses filosóficas baseiam-se na
experiência e não na experimentação;

• racional: porque consiste num conjunto de


enunciados logicamente correlacionados;

• sistemático: suas hipóteses visam a uma re-


presentação coerente da realidade;

• geral: procura compreender a realidade no


contexto mais universal e o sentido de tudo
que envolve o homem;

• crítico: questiona os conhecimentos cientí-


ficos e técnicos, os fatos e problemas que
envolvem o homem concreto: o progresso
técnico beneficia a humanidade? Qual o signi-
ficado do valor no mundo atual?
116 Metodologia Científica

Portanto, o conhecimento filosófico conduz a um


esforço da razão reflexiva para questionar os problemas
humanos na tentativa de buscar respostas coerentes.
Trabalha, principalmente, com os avanços da ciência
para explicar o mundo.
É fruto do raciocínio e da reflexão humana. É o
conhecimento especulativo sobre fenômenos, gerando
conceitos subjetivos. Busca dar sentido aos fenômenos
gerais do universo, ultrapassando os limites formais da
ciência.

Exemplo:

“O homem é a ponte entre o animal e o além-ho-


mem” (Friedrich Nietzsche)

Colete diferentes definições do conhecimento


filosófico e discuta com seus colegas.

3.1.4 Conhecimento Teológico

Vejamos.
O conhecimento teológico (do grego: theos, que
significa Deus e logos, discurso/tratado), consiste no es-
tudo de Deus, investiga tudo que se diz respeito a Deus
e a fé.
É um conjunto de verdades aceitas pelos homens
a partir da revelação divina. É o resultado da fé humana
na existência de uma ou mais divindades.
Apresenta respostas a questões não respondidas
pelas outras modalidades do conhecimento. Apoia-se
em doutrinas, cujas proposições são sagradas por te-
rem sido reveladas pelo sobrenatural; são consideradas
verdades infalíveis, evidências nunca postas em dúvida
nem verificáveis pelos que têm fé.
Partem do pressuposto de que os textos antigos
ou as revelações inspiradas neles têm significado para
Tema 3 | Conhecimento, Ciência e Método 117

as condições modernas e futuras.


É, assim, um conhecimento produto da fé humana
que busca respostas nas entidades divinas, nos líderes
espirituais de diversas religiões para questões que, nem
sempre, o conhecimento filosófico, vulgar ou científico
consegue responder.
Ele é formado por um conjunto de verdades a que
os homens chegaram mediante revelação divina. Por-
tanto, a adesão das pessoas passa a ser um ato de fé
decorrente da revelação de um criador.
É um conhecimento revelado pela fé divina ou
crença religiosa. Não pode, por sua origem, ser confir-
mado ou negado. Depende da formação moral e das
crenças de cada indivíduo.

Exemplo:

Acreditar que alguém foi curado por um milagre;


acreditar em Duende; acreditar em reencarnação; acredi-
tar em espírito, etc.

Atualmente, várias verdades do conhecimento te-


ológico têm sido questionadas pela ciência e pela so-
ciedade, o que tem levado o conhecimento teológico
a reformular essas verdades, adaptando-as ao mundo
contemporâneo.

Colete diferentes definições do conhecimento


teológico e discuta com seus colegas e tutor.

3.1.5 Conhecimento Científico

Será o tema de nossa próxima aula.


118 Metodologia Científica

3.2 A Ciência

Vejamos agora o que é o conhecimento científico.

A revolução científica propriamente dita ocorreu


nos séculos XVI e XVII com Copérnico, Bacon, Galileu,
Descartes e outros estudiosos. Daí para cá, o desen-
volvimento da ciência foi acelerando continuamente, e
hoje, com sua metodologia objetiva e rigorosa, abran-
gem pesquisas em todas as áreas do mundo físico e
humano.
Etimologicamente a palavra ciência vem do latim
scientia que significa saber, conhecimento. O conhecimento
científico é um tipo de conhecimento racional, sistemático,
metódico e objetivo, que busca a veracidade dos fatos ou
fenômenos, ultrapassando as aparências. Diferente do co-
nhecimento filosófico, teológico e vulgar, o conhecimento
científico constrói proposições ou hipóteses que podem ser
testadas pela experimentação.
A ciência é, portanto, um tipo de conhecimento real,
que lida com fatos. Diferente do conhecimento filosófico, o
conhecimento científico constrói proposições ou hipóteses
que podem ser testadas pela experimentação.
Como a estrutura do saber se baseia em propo-
sições abstratas e fenômenos reais observados, distin-
guem-se, de modo geral, duas abordagens no conheci-
mento científico: empirismo e racionalismo.
A abordagem empírica leva em conta apenas os
dados iniciais e os resultados de um estudo, razão pela
qual começa por descartar as teorias sem plena compro-
vação experimental.
Já a abordagem racionalista confronta os postula-
dos teóricos, produzidos pelo pensamento lógico, com
qualquer resultado prático, e subordina a investigação
à hipótese.
Todavia, em geral, as ciências utilizam modelos
híbridos, que incluem as questões empíricas e teóricas.
Tema 3 | Conhecimento, Ciência e Método 119

A maior parte das ciências aceita a experimenta-


ção como primeiro e último elo da cadeia do saber. As-
sim, o processo do conhecimento se inicia com a obser-
vação de um fato e finaliza com a comprovação empírica
de suas conclusões teóricas.
Também, as ciências dividem-se em ciências que
trabalham os fenômenos da natureza ou sociais, deno-
minadas de ciências fáticas, como exemplo: a biologia.
Já as ciências que trabalham como elementos abstratos,
que não existem na realidade, são consideradas ciências
formais como, por exemplo, a matemática.
As principais características do conhecimento
científico são:

• geral: busca no real o que há de mais univer-


sal e válido para todos os casos de mesma
espécie; insere os fatos singulares em regras
gerais chamadas “leis naturais” ou “leis so-
ciais” e aplica-as;

• objetivo: no sentido de que a ciência tenta


afastar do seu domínio todo o elemento afe-
tivo e subjetivo. Deseja ser independente dos
gostos e desejos do sujeito que a elabora;

• crítico: preocupado com a análise, em chegar


à verdade;

• metódico: a investigação procede de acordo


com regras, métodos e técnicas que se re-
velaram eficazes no passado, mas que são
aperfeiçoados continuamente;

• sistemático: uma ciência não é um agregado


de informações desconexas, mas um sistema
de ideias ligadas logicamente entre si forma-
da por princípios, leis e teorias;
120 Metodologia Científica

• verificável: as hipóteses não comprovadas


não constituem conhecimento científico;

• falível: uma vez que não é um conhecimento


definitivo, novas pesquisas e proposições po-
dem rever a teoria existente;

• comunicável: a linguagem científica comunica


informações a quem quer que tenha sido pre-
parado para entender;

Assim sendo, o conhecimento científico é aquele


que é produzido pela investigação científica, através de
seus métodos e técnicas. Surge não apenas da neces-
sidade de encontrar soluções para problemas de ordem
prática da vida diária, mas do desejo de fornecer expli-
cações sistemáticas que possam ser testadas e critica-
das através de provas empíricas.

Exemplo:

Descobrir uma vacina que evite uma doença; des-


cobrir como se dá a respiração dos batráquios.

A ciência busca o confronto da teoria com os da-


dos empíricos. A teoria deve ser submetida a um exame
crítico, deve ser contrastada com a realidade, deve ser
submetida a testes, em qualquer época e lugar.

Colete diferentes definições do conhecimento


Científico e discuta com seus colegas.

3.2.1 Importância do espírito científico.

Vejamos agora como é importante assumir uma


atitude de espírito científico no decorrer de seu curso e
na vida profissional.
Tema 3 | Conhecimento, Ciência e Método 121

A atitude do aluno frente ao conhecimento cien-


tífico é de fundamental importância para o desenvolvi-
mento das ciências. Deve possuir uma atitude necessária
de apropriação do conhecimento e da pesquisa. Essa
atitude não é inata, mas conquistada a partir de muitos
esforços e exercícios.
A apropriação do conhecimento científico exige
uma visão crítica que podemos considerar como: julgar,
discernir, analisar e interpretar para melhor solucionar
um problema.
O espírito científico manifesta-se na atividade
científica pela vontade de romper com as perspectivas
puramente subjetivas do conhecimento vulgar, implican-
do numa verdadeira busca do saber.
O oposto ao espírito científico é o dogmático, que
bloqueia a crítica por se julgar conhecedor na sua com-
preensão do mundo e acaba por impedir eventuais cor-
reções e aperfeiçoamentos, muitas vezes induzindo ao
erro, fraudes, ignorância e comportamento intolerante.
O verdadeiro espírito científico consiste, justa-
mente, em não dogmatizar os resultados de uma pes-
quisa, mas em tratá-los como eternas hipóteses que me-
recem constante investigação.
Ter espírito científico é estar, sobretudo, numa
busca permanente da verdade, com consciência da ne-
cessidade dessa busca, expondo as suas hipóteses a
constantes críticas, livres de crenças e interesses pesso-
ais, conclusões precipitadas e preconceitos.
Como virtude intelectual, ele consiste no senso de
observação, no gosto pela observação e pelas ideias cla-
ras, na imaginação ousada, pela necessidade da prova,
na curiosidade que leva a aprofundar os problemas, na
sagacidade e poder de discernimento. Assim, o espírito
científico assume a atitude de humildade e de reconheci-
mento de suas limitações, da possibilidade de certos er-
ros e enganos. O possuidor do verdadeiro espírito cientí-
fico cultiva a honestidade (CERVO; BERVIAN, 1996, p. 17).
122 Metodologia Científica

O universitário consciente de sua função na uni-


versidade irá procurar imbuir-se desse espírito científico,
aperfeiçoando-se nos métodos de investigação e apri-
morando suas técnicas de trabalho (CERVO; BERVIAN,
1996, p. 17).
Embora não se possa alcançar todas as respostas,
o esforço por conhecer e a busca da verdade continuam
a ser as razões mais fortes da investigação científica.

3.2.2 Neutralidade científica

Será que existe a neutralidade científica no co-


nhecimento científico?
Será que um pesquisador ateu poderia abordar
um tema religioso sem um envolvimento ideológico em
sua pesquisa?

Vejamos.

A suposição da existência de uma ciência neutra


e livre de condicionamentos ideológicos continua atual.
Os defensores da neutralidade científica se apropriam
de artifícios para se qualificarem como autoridades do
saber, numa tentativa de imposição de seus argumentos.
A polêmica parece nova, mas é tão antiga quan-
to a ideia moderna de ciência. Na tradição herdada do
positivismo, a ciência é concebida como autônoma e
isolada dos conflitos sociais. Sua hipótese básica é de
que a sociedade humana funciona com base em leis na-
turais invariáveis, neutras e, portanto, independentes da
ação humana. As classes sociais, as posições políticas,
os valores morais e as visões de mundo dos sujeitos en-
volvidos são encarados como empecilhos à objetividade
científica e o pesquisador deve se esforçar para eliminar
tais influências do meio social na sua pesquisa. Mas,
como o pesquisador pode evitá-las, se ele é um ser so-
cial imerso na realidade, se a delimitação do seu objeto
Tema 3 | Conhecimento, Ciência e Método 123

de estudo, as perguntas que faz e as interpretações que


desenvolve já são influenciadas por sua história de vida,
seus valores e sua visão de mundo?
A ciência não está isolada do mundo e os fenôme-
nos sociais não podem ser explicados por leis naturais. O
conhecimento científico é sempre transitório e socialmente
relativo. A ciência reflete apenas uma maneira de pensar
e, por isso, não é autônoma e não está isolada da luta de
classes. O conhecimento de um fato conduz a posições
morais e políticas e esses valores estarão presentes para o
pesquisador, o tempo todo, durante o processo científico.
Neste sentido, não existe ciência de um lado e
ideologia de outro, mas diferentes pontos de vista ci-
entíficos, vinculados a diferentes pontos de vista de
classe. Como não há critério absoluto para medir a ci-
entificidade do conhecimento, é através da publicidade
crítica e no embate das ideias que os resultados de uma
pesquisa podem ser avaliados tendo em vista sua cor-
respondência com a realidade.
Portanto, mesmo que um conhecimento científico
tenha sido aceito, ele deve permanecer em condições
de ser refutado no momento em que outra leitura da
realidade possa superá-lo. Ele não é, portanto, sinôni-
mo da verdade ou um dogma, mas resultado provisório
de uma investigação humana num determinado período
histórico e social e, assim, suscetível a todas as ideias e
valores presentes na sociedade.
A ideologia entendida como visão de mundo
sempre estará presente no processo científico e seria
muito ingênuo aceitar a hipótese de neutralidade dos
intelectuais. Neste sentido, não é possível ao intelec-
tual escapar da ideologia, seu conhecimento sempre
estará ideologicamente situado. Mas, como o conheci-
mento científico é relativo e provisório, ele também está
impregnado de valores e o cientista, consciente desta
realidade, deve mover-se dentro dela para buscar o co-
nhecimento objetivo e verdadeiro.
124 Metodologia Científica

É necessário que o pesquisador tenha consciên-


cia da possibilidade de interferência de sua formação
moral, religiosa e de sua carga de valores para que os
resultados da pesquisa não sejam influenciados além do
aceitável (RIBEIRO, 2003, p.30).

Como você explicaria o fato de existirem ci-


entistas religiosos?
Há contradição entre o conhecimento cientí-
fico e o teológico?

TEXTO COMPLEMENTAR

A Evolução da ciência

Os egípcios já tinham desenvolvido um saber técnico


evoluído, principalmente nas áreas de matemática, ge-
ometria e na medicina, mas os gregos foram provavel-
mente os primeiros a buscar o saber que não tivesse,
necessariamente, uma relação com atividade de utiliza-
ção prática. A preocupação dos precursores da filosofia
(filo = amigo + sofia (sóphos) = saber e quer dizer ami-
go do saber) era buscar conhecer o porquê e o para que
de tudo o que se pudesse pensar.

O conhecimento histórico dos seres humanos sempre teve


uma forte influência de crenças e dogmas religiosos. Mas,
na Idade Média, a Igreja Católica serviu de marco referen-
cial para praticamente todas as ideias discutidas na época.
A população não participava do saber, já que os docu-
mentos para consulta estavam presos nos mosteiros das
ordens religiosas.

Foi no período do Renascimento, aproximadamente en-


tre os séculos XV e XVI que, segundo alguns historiado-
res, os seres humanos retomaram o prazer de pensar e
Tema 3 | Conhecimento, Ciência e Método 125

produzir o conhecimento através das ideias. Neste perí-


odo as artes, de uma forma geral, tomaram um impulso
significativo. Foi nessa época que Michelangelo Buonar-
rote esculpiu a estátua de David e pintou o teto da Ca-
pela Sistina, na Itália; Thomas Morus escreveu A Utopia
(utopia é um termo que deriva do grego onde u = não
+ topos = lugar e quer dizer em nenhum lugar); Tomaso
Campanella escreveu A Cidade do Sol; Francis Bacon, A
Nova Atlântica; Voltaire, Micrômegas, caracterizando um
pensamento não descritivo da realidade, mas criador de
uma realidade ideal, do dever ser.

No século XVII e XVIII (anos 1600 e 1700) a burguesia


assumiu uma característica própria de pensamento, ten-
dendo para um processo que tivesse imediata utilização
prática. Com isso surgiu o Iluminismo, corrente filosófica
que propôs “a luz da razão sobre as trevas dos dogmas
religiosos”. O pensador René Descartes mostrou ser a
razão a essência dos seres humanos, surgindo a frase
“penso, logo existo”. No aspecto político o movimento
Iluminista expressou-se pela necessidade do povo esco-
lher seus governantes através de livre escolha da vonta-
de popular. Lembremo-nos de que foi neste período que
ocorreu a Revolução Francesa, em 1789.

O Método Científico surgiu como uma tentativa de organi-


zar o pensamento para se chegar ao meio mais adequado
de conhecer e controlar a natureza. Já no fim do período
do Renascimento, Francis Bacon pregava o método indutivo
como meio de se produzir o conhecimento. Este método en-
tendia o conhecimento como resultado de experimentações
contínuas e do aprofundamento do conhecimento empírico
(particular para o geral). Por outro lado, através de sua obra
Discurso sobre o método, René Descartes defendeu o mé-
todo dedutivo como aquele que possibilitaria a aquisição
do conhecimento através da elaboração lógica de hipóteses
(geral para o particular).
126 Metodologia Científica

A Igreja e o pensamento mágico cederam lugar a um


processo denominado, por alguns historiadores, de “lai-
cização da sociedade”. Se a Igreja trazia até o fim da
Idade Média a hegemonia dos estudos e da explicação
dos fenômenos relacionados à vida, a ciência tomou a
frente deste processo, fazendo da Igreja e do pensamen-
to religioso razão de ser dos estudos científicos.

No século XIX (anos 1800) a ciência passou a ter uma


importância fundamental. Parecia que tudo só tinha ex-
plicação através da ciência. Como se o que não fosse
científico não correspondesse à verdade. Se Nicolau Co-
pérnico, Galileu Galilei, Giordano Bruno, entre outros,
foram perseguidos pela Igreja, em função de suas ideias
sobre as coisas do mundo, o século XIX serviu como re-
ferência de desenvolvimento do conhecimento científico
em todas as áreas. Na sociologia, Augusto Comte desen-
volveu sua explicação de sociedade, criando o Positivis-
mo, vindo logo após outros pensadores; na Economia,
Karl Marx procurou explicar as relações sociais através
das questões econômicas, resultando no Materialismo-
Dialético; Charles Darwin revolucionou a Antropologia,
ferindo os dogmas sacralizados pela religião, com a Teo-
ria da Hereditariedade das Espécies ou Teoria da Evolu-
ção. A ciência passou a assumir uma posição quase que
religiosa diante das explicações dos fenômenos sociais,
biológicos, antropológicos, físicos e naturais.

BELLO, José Luiz de Paiva. Metodologia científica. Rio de Janeiro, 2004.


Disponível em:<http://pedagogiaemfoco.pro.br/met01.htm>. Acesso em:
10 out. 2008.
Tema 3 | Conhecimento, Ciência e Método 127

TEXTO COMPLEMENTAR

O trabalho da crítica do pensamento

[...] Normalmente se imagina que a crítica permite opor


um pensamento verdadeiro a um pensamento falso. Na
verdade, a crítica não é isso. Não é um conjunto de
conteúdos verdadeiros que se oporia a um conjunto de
conteúdos falsos. A crítica é um trabalho intelectual com
a finalidade de explicitar o conteúdo de um pensamen-
to qualquer, de um discurso qualquer, para encontrar
o que está sendo silenciado por esse pensamento ou
por esse discurso. O que interessa para a crítica não é
o que está explicitamente pensado, explicitamente dito,
mas exatamente aquilo que não está sendo dito e que,
muitas vezes, nem sequer está sendo pensado de ma-
neira consciente. Ou seja, a tarefa da crítica é fazer falar
o silêncio, colocar em movimento um pensamento que
possa desvendar todo o silêncio contido em outros pen-
samentos, em outros discursos.

Qual é a finalidade de fazer falar o silêncio, ou tornar


explicito o implícito? Essa finalidade é dupla.

Se quando explicito um pensamento ou um discurso,


fazendo aparecer tudo aquilo que estava em silêncio,
tudo aquilo que estava implícito, se, ao fazer isso, o
pensamento ou discurso que estou examinando se reve-
la insustentável, se começa a desmanchar, se dissolver,
se destruir à medida que vou explicitando tudo que nele
havia, mas que ele não dizia, então a crítica encontrou
algo muito preciso, encontrou a IDEOLOGIA. A ideologia
é exatamente aquele tipo de discurso, aquele tipo de
pensamento que contém um silêncio que, se for dito,
destrói a coerência, a lógica da ideologia.
128 Metodologia Científica

Mas esse trabalho crítico pode encontrar outra coisa


também. É perfeitamente possível que, ao fazer falar o
silêncio de um pensamento ou de um discurso ao expli-
citar o seu implícito, o que se revele para nós seja um
pensamento ainda mais rico do que havíamos imagina-
do, ainda mais coerente do que havíamos imaginado,
ainda mais importante do que havíamos imaginado,
capaz de nos dar pistas para pensar, caminhos novos,
justamente porque pudemos perceber muito mais do
que parecia à primeira vista estar contido nele. Nesse
caso, a crítica encontrou um pensamento verdadeiro
e, mais do que um pensamento verdadeiro, encontrou
uma obra de pensamento propriamente dita. Ou seja,
o que diferencia uma obra de pensamento de uma ide-
ologia é o fato de que, na obra de pensamento, a des-
coberta de tudo o que estava silenciosamente contido
nela, de tudo aquilo que nela pedia interpretação, de
tudo que nela pedia revelação, explicação, desdobra-
mento, é aquilo que faz, no caso de uma ideologia, a
destruição do próprio pensamento.

Assim, a tarefa da crítica não é trazer verdades para se


opor à falsidade; mas realizar um trabalho interpretati-
vo com relação e pensamentos e discursos dados, para
explicitar o implícito ou fazer falar seu silêncio, de tal
modo que a abertura de um novo campo de pensamento
através da crítica revela a descoberta de uma obra de
pensamento, enquanto a destruição da coerência e da
lógica do que foi explicitado revela que descobrimos
uma ideologia.

A crítica não é, portanto, um conjunto de conteúdos ver-


dadeiros, mas uma forma de trabalhar. A forma de um tra-
balho intelectual, que é o trabalho filosófico por excelên-
cia. Nesse sentido, excluir a filosofia de uma Universidade
é, provavelmente, abolir o lugar privilegiado da realização
da crítica. Obviamente, tem-se medo da crítica, pois a
Tema 3 | Conhecimento, Ciência e Método 129

crítica não traz conteúdos prévios, mas é descoberta de


conteúdos escondidos, então ela é muito perigosa [...].

CHAUÍ, Marilena. O trabalho da Crítica do Pensamento. In:


HÜHNE, Leda Miranda (Org.). Metodologia científica: caderno
de textos e técnicas. 7. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1997. pp. 18-20.

3.3 Métodos de abordagens

É comum ouvirmos algumas afirmações do tipo:


o início da atividade científica é marcado pela aplicação
de um método ou conjunto de métodos que levam à
investigação sistemática dos fenômenos, com o objetivo
da coleta de informações.
Ora, se a palavra-chave é método, o que se quer
dizer com essa palavra?
Etmologicamente, método vem de “Meta”, que
significa ao longo de, e hodás, via, caminho.
O método significa um caminho; caminho este
que permite verificar a regularidade da ocorrência de um
fenômeno.
É a ordem que se segue na investigação da ver-
dade, no estudo feito por uma ciência para alcançar um
fim determinado.
Deste modo, utilizando-se de um caminho que pro-
picie segurança nas investigações, o cientista procura se
basear na repetição e regularidade dos fatos. Eles formu-
lam hipóteses que, confirmadas, podem se transformar em
leis, princípios ou teorias, confiáveis, mas não infalíveis.
Mesmo diante da variação de métodos, os pro-
cedimentos do método científico são quase sempre a
formulação do problema, o planejamento do projeto de
pesquisa, a coleta de dados, a análise sistemática dos
fatos estudados e as conclusões.
A importância do método é incontestável. Orde-
nando o esforço mental, o método proporciona seguran-
130 Metodologia Científica

ça em qualquer operação, - do fazer, do agir, do pensar.


Sobretudo na pesquisa resulta em economia de tempo.
Liberta o espírito de sua variabilidade dispersiva e o
torna vigorosamente eficaz.
Pois bem, como você pode perceber essa é a es-
trutura do método científico que se constitui até hoje.
Ela tem sido aplicada nas diversas ciências que se em-
penham por verdades qualificadas com um teor de obje-
tividade em suas investigações.
Podemos afirmar que o método científico é o ca-
minho trilhado pelo cientista quando em busca de “ver-
dades” científicas.
Ao longo da história, cientistas e filósofos elabo-
raram métodos para a construção da ciência e a compre-
ensão da realidade.
Segundo Lakatos e Marconi (1991, p. 106), pode-
se reunir os métodos em dois grandes grupos de acordo
com níveis claramente distintos, no que se refere à sua
inspiração filosófica, ao seu grau de abstração, à sua
finalidade mais ou menos explicativa, à sua ação nas
etapas mais ou menos concretas da investigação.
Neste sentido, os métodos estão classificados em
dois grandes grupos:

a) métodos de abordagem: que se caracterizam por


uma abordagem mais ampla em nível de abstração dos
fenômenos da natureza e da sociedade. Tratam da linha
de raciocínio adotada no desenvolvimento do trabalho,
constituindo-se nos procedimentos gerais, que norteiam
o desenvolvimento das etapas fundamentais de uma pes-
quisa científica. Deteremos-nos aos principais, que são:

• método indutivo;

• método dedutivo;

• método hipotético-dedutivo;
Tema 3 | Conhecimento, Ciência e Método 131

• método dialético;

• método fenomenológico.

b) métodos de procedimentos: constituem etapas


mais concretas de investigação, com finalidade mais restri-
ta em termos de explicação geral dos fenômenos e menos
abstratos. Não são exclusivos entre si, mas é necessário
que se adaptem a cada área de pesquisa. Relacionam-se
com as etapas do plano de estudos, à obtenção, proces-
samento e validação dos dados pertinentes à problemá-
tica que está sendo investigada, sendo os mais usuais:

• método histórico;

• método comparativo;

• método estatístico;

• método tipológico;

• método funcionalista;

• método estruturalista;

• método experimental;

• método clínico.

Veremos agora como esses métodos se caracterizam.

Métodos de Abordagens

• Método Indutivo

O que é?
132 Metodologia Científica

O Método indutivo é aquele pelo qual, através de


observações particulares, chega-se à afirmação de um
princípio geral. Baseia-se no princípio de que: se, em
dadas condições, um determinado fenômeno, sempre
que pesquisado, se repetiu, em futuras verificações o
mesmo ocorrerá. É uma forma de raciocínio que, partin-
do de casos particulares suficientemente documentados
e enumerados, obtém-se uma conclusão ou lei universal.
É processo próprio da ciência experimental.
O método indutivo busca construir leis e teorias
a partir de casos particulares, pelo uso de mecanismos
lógicos de generalização. É um raciocínio que consiste
em tirar conclusões gerais a partir de casos particu-
lares considerados como portadores de relações ge-
rais. O argumento vai do particular para o geral.
Exemplo:
Tema 3 | Conhecimento, Ciência e Método 133

• Método Dedutivo

O que é?

É um processo de raciocínio que de princípios e


proposições gerais ou universais chega-se a conclusões
menos universais ou particulares. A forma ideal e perfeita
da dedução é o silogismo (este é um raciocínio que cons-
ta simplesmente de duas premissas e de uma conclusão).
É, portanto, o método cujo antecedente é constituído de
princípios universais, plenamente inteligíveis, do qual se
chega a um consequente menos universal.
Exemplo:
Todo homem é mortal. (premissa universal).
André é homem. (premissa particular, contida
dentro da universal).
Logo, André é mortal.

• Método Hipotético-Dedutivo

O que é?

O método hipotético-dedutivo possui uma podero-


sa ferramenta, pois as teorias são testadas através de hi-
póteses alternativas e falseáveis. Consiste na construção
de conjecturas, que devem ser submetidas a testes, os
mais diversos possíveis, à crítica intersubjetiva, ao contro-
le mútuo pela discussão crítica, à publicidade crítica e ao
confronto com os fatos, para ver quais as hipóteses que
permanecem a partir das tentativas de refutação e false-
amento. Podemos sintetizar na seguinte forma: um pes-
quisador apresenta uma ideia nova, com princípios claros,
em linguagem científica, que pode ser testada e, desse
modo, corroborada ou falseada por meio de experimen-
tações ou observações. Se uma teoria for continuamente
corroborada, não significa que ela seja considerada como
verdadeira. Ela é apenas uma teoria ainda não falseável.
134 Metodologia Científica

O método hipotético-dedutivo é considerado ló-


gico por excelência. Acha-se historicamente relacionado
com a experimentação, sendo bastante utilizado no cam-
po das ciências naturais.
Exemplo:
Estudando um fenômeno um pesquisador supõe (hi-
pótese) que a causa da mortalidade infantil numa favela seja
a proliferação aí, de mosquitos e vala negra (sujas). Logo,
solicita a melhora da higiene e o saneamento geral desse
meio. Se a hipóteses do pesquisador é justa, a taxa de mor-
talidade infantil deve baixar; se ela não baixa é porque a sua
hipótese é falsa, insuficiente ou dela não foi tirado todas
as conseqüentes (JAPIASSÚ; MARCONDES, 1996, p. 127-128).

• Método Dialético

O que é?

O método dialético procura contestar uma reali-


dade posta, enfatizando as suas contradições. Para toda
tese existe uma antítese que, quando contraposta, tende
a formar uma síntese. O método dialético se fundamenta
em três princípios:
a) a unidade dos opostos: os fenômenos apresentam
no seu interior aspectos contraditórios, que são organicamen-
te unidos e vivem em luta.
b) quantidade e qualidade: mostra que quanti-
dade e qualidade se inter-relacionam. São as mudanças
quantitativas que geram as mudanças qualitativas.
c) negação da negação: as mudanças se proces-
sam em espiral, com a repetição em estágios superio-
res de certos aspectos e traços de estágios inferiores.
Sempre há algo que nasce e se desenvolve e algo que
se desagrega e se transforma. É a tese-antítese-síntese.
Exemplo:
O método dialético é o conflito dos contrários,
como: “A flor precisa murchar para se formar o fruto. O
Tema 3 | Conhecimento, Ciência e Método 135

fruto precisa apodrecer para se ter a semente. A semente


precisa ‘morrer’ para que germine uma nova planta”.

• Método Fenomenológico

O que é?

O método fenomenológico é o estudo dos fenô-


menos em si mesmos, apreendendo sua essência, es-
trutura de sua significação. Pode-se dizer que é uma
“volta às coisas mesmas”, isto é, aos fenômenos, àquilo
que aparece à consciência, que se dá como objeto in-
tencional. Trata de descrever, compreender e interpretar
os fenômenos que se apresentam à percepção. É uma
tentativa de dar uma explicação puramente “neutra” da
consciência que a pessoa tem do mundo. É um método
sem pressuposições.
Ele não é dedutivo, nem empírico e nem procu-
ra explicar os fenômenos a partir de leis, mas procura
mostrar o que é dado e em explicar esse dado da forma
como ele se dá à consciência.
Segundo Gil (1999, p. 32), a intenção da feno-
menologia é de proporcionar uma descrição direta da
experiência tal como ela é, sem nenhuma consideração
de sua gênese psicológica e das explicações causais que
os especialistas podem dar.
Exemplos:
Entender a percepção dos catadores de lixo em
relação as suas condições de vida, compreensão de la-
zer para quem não trabalha, a condição dos portadores
de HIV no hospital Santa Marta; a percepção dos inter-
nautas frente às novas tecnologias.
Uma das objeções a este método fica por conta
da dúvida de que existe uma maneira de abordar o mun-
do totalmente, sem pressuposições.
136 Metodologia Científica

3.4 Métodos de procedimentos

• Método Comparativo

Orienta a investigação observando dois ou mais


fatos, fenômenos, indivíduos ou classes, procurando res-
saltar as diferenças e similaridades entre eles. Sua ampla
utilização nas ciências sociais deve-se ao fato de possi-
bilitar o estudo comparativo de grandes grupos sociais,
separados pelo espaço e pelo tempo. Assim, por exem-
plo, podemos verificar as características de semelhança e
diferenças de subdesenvolvimento entre dois países.

• Método Histórico

Direciona a investigação, a partir do estudo dos


acontecimentos, processos e instituições das civilizações
passadas, procurando explicar as origens da vida social
contemporânea, já que as mesmas alcançaram sua for-
ma atual, através das alterações de suas partes compo-
nentes, ao longo do tempo, influenciadas pelo contexto
cultural particular de cada época.

• Método Estatístico

Fundamenta-se na utilização da estatística para


investigação de um objeto de estudo. A utilização desse
método contribui para a coleta, organização, descrição,
análise e interpretação de dados e para a utilização dos
mesmos na tomada de decisões. É utilizado no estudo de
fenômenos sociais, políticos, econômicos, etc., submetê-
los à manipulação estatística, buscando verificar as rela-
ções dos fenômenos entre si e obter generalizações. Assim
sendo, no estudo de um fenômeno na impossibilidade de
manter as causas constantes, admitem-se todas essas cau-
sas presentes variando-as, registrando essas variações e
procurando determinar, no resultado final, que influências
Tema 3 | Conhecimento, Ciência e Método 137

cabem a cada uma delas. Ex.: Quais as causas que definem


o preço de uma mercadoria quando a sua oferta diminui?

• Método Tipológico

Assemelha-se ao método comparativo e é utiliza-


do para a elaboração de modelos ideais. O pesquisador,
ao comparar fenômenos sociais complexos da realidade,
elabora tipos ou modelos ideais a partir de características
essenciais dos fenômenos. Esses modelos não existem na
realidade devido ao alto grau de abstração em que foram
construídos, todavia são utilizados para dar explicações a
casos concretos ou adaptar os casos concretos aos modelos.

• Método Funcionalista

O método funcionalista enfatiza as relações e o


ajustamento entre os diversos componentes de uma cul-
tura ou sociedade. Estuda a sociedade do ponto de vista
de suas unidades, considerando toda a atividade social
e cultural como funcional. A sociedade está constituí-
da por unidades interdependentes. Cada uma, tal como
uma peça qualquer em relação a uma máquina, desem-
penha papéis que visam contribuir para estabilidade e
ordem social. A partir dessa visão de sociedade, o passo
seguinte é determinar as funções de cada unidade.

• Método Estruturalista

O método estruturalista utilizado para o estudo de


culturas, linguagens, psiquismos humanos ou outro qual-
quer, como um sistema em que os elementos constituintes
mantêm entre si relações estruturais. Assim sendo, parte-
se da investigação de um fenômeno concreto, atingindo
o nível do abstrato através da construção de um modelo
que represente o objeto de estudo, retornando ao concre-
to, dessa vez como uma realidade estruturada. Pode-se,
138 Metodologia Científica

assim, dizer que uma estrutura explica os processos. Os


elementos que constitui o todo se acham entrelaçados de
tal forma que não existe independência de uns em relação
aos outros, mas antes uma interpenetração. Exemplos de
estruturas seriam os organismos biológicos, as coletivida-
des humanas, as formas do psiquismo, etc.

• Método Experimental

Consiste em submeter o fenômeno estudado à in-


fluência de certas variáveis, em condições controladas e
conhecidas pelo pesquisador, para observar os resulta-
dos que a variável produz no objeto. É necessário manter
constante todas as causas, menos uma, que sofre varia-
ção para se observar seus efeitos, caso existam. O de-
lineamento consiste em definir um objeto para estudo,
selecionar as variáveis que seriam capazes de influenciá-
lo, determinar as formas de controle e de observação dos
efeitos que a variável escolhida produz no objeto.

• Método clínico

Utilizado, principalmente, por psicólogos numa re-


lação entre o pesquisador e o pesquisado. O pesquisa-
dor utiliza-se de informações obtidas dos determinantes
inconscientes do comportamento do pesquisado. Na uti-
lização desse método deve-se ter muito cuidado no mo-
mento de se obter generalização, já que se trabalha com
aspectos do inconsciente de indivíduos particulares. A
utilização desse método tem sido muito importante para
o desenvolvimento da psicologia.
4 Elaboração do
Projeto de Pesquisa

4.1 Tema e problema de pesquisa

Caro aluno,

Desde o início desta disciplina nos propusemos a ajudá-lo a se iniciar no


mundo da pesquisa. Nesta caminhada descobrimos a importância da pesquisa
e de seu planejamento para aperfeiçoar nossos métodos de conhecer o mundo
onde estamos inseridos e sua própria identidade como ser.
Antes de apresentarmos as explicações para a elaboração do projeto,
você deve estar atento ao tema/problema a ser pesquisado/investigado; as
fontes que você conhece sobre o tema escolhido, análise e seleção do ma-
terial a ser estudado.

Então vejamos o que vamos estudar nas próximas aulas:

• a lógica da construção de um Projeto de Pesquisa Científica com


ênfase na pesquisa bibliográfica;

• reproduzir, através de um projeto, os passos para a execução da


pesquisa bibliográfica bem como os requisitos para a elaboração
de um relatório científico.
140 Metodologia Científica

Atenção!
Procure coletar todo o material necessário,
deixando-o à mão para o desenvolvimento
do projeto de pesquisa.

O que é um projeto de pesquisa?

Vejamos.

Segundo Alves (2003, p. 43), o projeto de pesqui-


sa constitui-se no plano de trabalho da pesquisa e tem
por finalidade definir os rumos que o investigador deve
tomar segundo suas questões de estudo. Assim sendo,
pode-se definir o projeto de pesquisa como um docu-
mento formal que apresenta ações planejadas, as quais
serão desenvolvidas no processo de pesquisa. O projeto
de pesquisa consiste em um roteiro geral, anterior à
pesquisa, isto é, uma primeira etapa importante para a
realização da pesquisa (RODRIGUES, 2006, p. 155). Este
tipo de trabalho é regido pela norma NBR 15287 da As-
sociação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Escolha do tema

Antes de se iniciar o projeto de pesquisa é neces-


sário ficar explícito e definido o tema e a sua delimitação.
A escolha do tema deve considerar, entre outras
coisas, seu conhecimento prévio sobre ele e sobre suas
fontes. Considerando as dificuldades de acesso a estas
fontes, seu tempo disponível para investigá-las, seu pra-
zer e vontade em querer buscar respostas para elas e
seus mecanismos de levantamentos dos dados necessá-
rios para responder as questões propostas.
O tema deve ser escolhido a partir da área de co-
nhecimento do pesquisador. O tema deverá ter origina-
lidade pessoal, relevância e viabilidade para realização
da pesquisa.
Tema 4 | Elaboração do Projeto de Pesquisa 141

Para a escolha do tema você deverá levar em con-


sideração alguns aspectos que deverão contribuir para o
desenvolvimento do projeto, tais como:

• é de interesse científico?

• qual a importância do fenômeno a ser pes-


quisado?

• está na minha área de formação acadêmica?

• é possível de ser investigado?

• o pesquisador tem familiaridade com o tema?

• existe referencial bibliográfico sobre o assun-


to escolhido?

• o assunto atende ao tempo disponível para a


sua realização?

Você já refletiu sobre um tema para desenvolver


seu projeto de pesquisa?

Delimitação do tema

O tema de pesquisa não poderá ser aberto, por-


tanto é necessário que você delimite seu tema. A deli-
mitação de um tema é a apresentação de aspectos es-
pecíficos a serem pesquisados e discutidos dentro de
determinado tema. Esse aspecto não poderá ser amplo
demais, pois pode direcionar a você seguir vários cami-
nhos, como também demasiadamente específico, o que
lhe pode dificultar na coleta de fontes primárias e secun-
dárias. É muito comum entre os pesquisadores delimitar
o tema a partir do problema.
142 Metodologia Científica

Vejamos os exemplos:

Tema: Evasão Escolar

Delimitação: A evasão nas escolas de ensino fun-


damental devido ao grau de formação do corpo docente
no município de Aracaju, no período de 1980 a 2000.

b) Tema: Polícia militar comunitária

Delimitação: A diminuição do índice de violência


devido à presença da polícia militar comunitária no bair-
ro América, no município de Aracaju, na década de 1990.

Problema

Vamos, a partir de agora, procurar entender o que


é e como se formula um problema.
O problema de pesquisa consiste em dizer, de
maneira clara, compreensível e operacional, qual a di-
ficuldade que pretendemos resolver, qual questão não
resolvida se pretende buscar uma solução.
Devemos considerar que um razoável conheci-
mento da literatura existente sobre o tema e as reflexões
feitas a partir de conversas com professores ou profis-
sionais, especialistas na área, permite uma maior segu-
rança e clareza, facilitando a formulação do problema.
Geralmente, um problema surge a partir da neces-
sidade de:

• testar ou pôr à prova uma teoria;

• verificar uma lacuna em uma teoria;

• investigar uma situação do cotidiano;

• investigar alguma lacuna metodológica;


Tema 4 | Elaboração do Projeto de Pesquisa 143

• afirmação que é aceita pelo conhecimento


popular.

Na elaboração de um problema deve ser levado


em consideração:

• o problema deve ser formulado como pergunta;

• deve apresentar relação entre variáveis;

• apresentar clareza, precisão e objetividade;

• representar o que será estudado;

• possibilidade de ser testado e obter solução;

• delimitar o campo de investigação através de


um enfoque específico;

Lembre-se que o problema é uma questão não re-


solvida. É algo para o qual se vai buscar uma resposta, via
pesquisa. Assim, na formulação de um problema um poli-
cial diria: “Quem saqueou o supermercado?” Um cientista,
provavelmente, diria: “O saque de supermercados pode es-
tar associado aos níveis de desemprego?” O primeiro ques-
tionamento é de difícil solução e não apresenta a relação
entre fenômenos (variáveis). Já o segundo é um problema
científico apresentando relação entre dois fenômenos (va-
riáveis), ou seja, relacionar o saque de supermercado em
relação ao nível de desemprego.
Chamamos a sua atenção para o que foi citado
acima no processo de elaboração do problema.

Vejamos exemplos de problemas:

a) Será que o aumento da evasão escolar, nas


escolas de ensino fundamental, no município de Ara-
144 Metodologia Científica

caju, foi em decorrência do grau de instrução do corpo


docente?

b) Será que a integração da polícia militar comu-


nitária com a comunidade contribuiu para a diminuição
do índice de violência, no bairro América, no município
de Aracaju?

TEXTO COMPLEMENTAR

Para uma melhor compreensão em relação ao problema


e à importância da investigação científica, apresentamos
o exemplo e a explicação apresentada por Luckesi e Pas-
sos (1996, p. 20-24). O exemplo refere-se à descoberta
da febre puerperal pelo médico suíço Iguaz Semelweiss,
no Hospital Geral de Viena (Áustria), entre 1844 e 1848,
que possui dois serviços de maternidade.

No Primeiro Serviço da Maternidade desse Hospital, das


3.157 mulheres internadas para os procedimentos do
parto, 260 (ou seja, 8% delas) morriam de febre puerpe-
ral (doença infecciosa que pode atacar as mulheres após
o parto). Em 1845, esse percentual foi de 6% e, em 1846,
ele chegou a 11,4%. Esse nível de mortalidade tornava-
se mais alarmante com a constatação de que os índices
de mortalidade, pela mesma doença, no Segundo Servi-
ço de Maternidade do Hospital, eram bem menores. No
caso, 2,3% para 1844; 2,9% para 1845 e 2,7% para 1846.
Aí estava o desafio para Semelweiss. Aí estava a realida-
de, o aspecto oculto da realidade que ele desconhecia:
o que causa nível tão alto de mortalidade nas parturien-
tes do Primeiro serviço, que não atinge as gestantes do
Segundo Serviço?

Atormentado pelo terrível problema, Semelweiss esfor-


çou-se para resolvê-lo seguindo um caminho que ele
Tema 4 | Elaboração do Projeto de Pesquisa 145

mesmo veio a descrever mais tarde em livro que escre-


veu sobre a causa e a prevenção da febre puerperal.

Começou considerando várias explicações então em


voga; rejeitou algumas logo por serem incompatíveis
com fatos bem estabelecidos; outras, passou a subme-
ter a verificações específicas.

Uma ideia amplamente aceita na época atribuía as


devastações da febre perperal a “influências epidêmi-
cas”, vagamente descritas como mudanças “cósmico-
atmosféricas” espalhando-se sobre bairros inteiros
e causando febre nas mulheres internadas. Mas, ra-
ciocina Semelweiss, como poderiam tais influências
afetar o Primeiro Serviço durante anos e poupar o
Segundo? E como poderia conciliar-se essa ideia com
o fato de estar a febre grassando no Hospital sem que
praticamente ocorresse outro caso na cidade de Viena
ou em seus arredores? Uma epidemia genuína, como
é a cólera, não poderia ser tão seletiva. Finalmente,
Semelweiss nota que algumas das mulheres admiti-
das no Primeiro Serviço, residindo longe do hospital,
vencidas pelo trabalho de parto ainda em caminho,
tinham dado à luz em plena rua; pois, a despeito
dessas condições desfavoráveis, a taxa de morte por
febre puerperal entre esses casos de “parto de rua”
era menor que a média no Primeiro Serviço.

Segundo outra opinião, a causa da mortalidade no Pri-


meiro Serviço era o excesso de gente. Mas Semelweiss
observa que esse excesso era ainda maior no Segundo
Serviço, o que em parte se explicava como resultado dos
esforços desesperados das pacientes para evitar o Pri-
meiro Serviço, já mal-afamado. Ele rejeita também duas
conjeturas semelhantes, então correntes, observando
que não havia diferença entre os dois Serviços quanto à
dieta e ao cuidado geral com as pacientes.
146 Metodologia Científica

Em 1846, uma comissão nomeada para investigar o as-


sunto atribuía a predominância da doença no Primeiro
Serviço a danos causados pelo exame grosseiro feito
pelos estudantes de Medicina, que recebiam seu treino
em obstetrícia apenas no Primeiro Serviço.

Semelweiss observa, refutando esta opinião, que: a) os


danos resultantes naturalmente do processo de parto
são muito mais extensos que os que poderiam ser cau-
sados por um problema grosseiro; b) as parteiras que
recebiam seu treino no Segundo Serviço examinavam
suas pacientes quase do mesmo modo, mas sem os
mesmos efeitos nocivos; c) quando, em consequência
do relatório da comissão, o número dos estudantes de
Medicina ficou diminuído à metade e os seus exames
nas mulheres foram reduzidos ao mínio, a mortalidade,
depois de breve declínio, elevou-se a níveis ainda mais
altos do que antes.

Várias explicações psicológicas tinham sido tentadas.


Uma delas lembrava que o Primeiro Serviço estava dis-
posto de tal modo que um padre, levando o último sa-
cramento a uma moribunda, tinha que passar por cinco
enfermarias antes de alcançar o quarto da doente: o
aparecimento do padre, precedido por um auxiliar so-
ando uma campainha, produziria um efeito aterrador e
debilitante nas pacientes dessas enfermarias e as trans-
formava em vítimas prováveis da febre. No Segundo Ser-
viço, não havia esse fator prejudicial porque o padre
tinha acesso direto ao quarto da doente.

Para verificar esta conjetura, Semelweiss convenceu o


padre a tomar outro caminho e não soar a campainha,
chegando ao quarto da doente silenciosamente e sem
ser observado. Mas a mortalidade no Primeiro Serviço
não diminuiu.
Tema 4 | Elaboração do Projeto de Pesquisa 147

Observaram, ainda, a Semelweiss, que no Primeiro Ser-


viço as mulheres, no parto, ficavam deitadas de costas
e, no Segundo Serviço, de lado. Mesmo achando a ideia
inverossímil, decidiu, “como um náufrago se agarra a
uma palha”, verificar se a diferença de posição poderia
ser significante. Introduzindo o uso da posição lateral
no Primeiro Serviço, a mortalidade não se alterou. Fi-
nalmente, no começo de 1847, um acidente deu a Se-
melweiss a chave decisiva para a solução do problema.
Um colega, Kolletschka, feriu-se no dedo com o bisturi
de um estudante que realizava uma autópsia e morreu
depois de uma agonia em que se revelaram os sintomas
observados nas vítimas da febre puerperal.

Apesar de nessa época não estar ainda reconhecido


o papel desempenhado nas infecções pelos microor-
ganismos, Semelweiss compreendeu que “a matéria
cadavérica”, introduzida na corrente sangüínea de Kol-
letschka pelo bisturi é que causara a doença fatal do
seu colega. As semelhanças entre o curso da doença
de Kolletschka e o das mulheres em sua clínica levaram
Semelweiss à conclusão de que suas pacientes morre-
ram da mesma espécie de envenenamento do sangue:
ele, seus colegas e os estudantes tinham sido o veícu-
lo do material infeccioso, pois vinham às enfermarias
logo após realizarem dissecações na sala de autópsia e
examinavam as mulheres em trabalho de parto depois
de lavarem as mãos apenas superficialmente, muitas
vezes retendo o cheiro nauseante.

Novamente, Semelweiss submeteu sua ideia a um teste.


Raciocinou que, se estivesse certo, então a febre puer-
peral poderia ser prevenida pela destruição química do
material infeccioso aderido às mãos. Ordenou, então,
que todos os estudantes lavassem suas mãos numa so-
lução de cal clorada antes de procederem a qualquer
exame. A mortalidade pela febre logo começou a de-
148 Metodologia Científica

crescer, caindo, em 1848, a 1,27% no Primeiro Serviço,


enquanto que no Segundo era de 1,33%.

Justificando ainda mais suas ideias ou sua hipótese,


como também diremos, Semelweiss observou que ela
explicava o fato de ser a mortalidade do Segundo Ser-
viço mais baixa: lá, as pacientes eram socorridas por
parteiras cujo treino não incluía instrução anatômica por
dissecação dos cadáveres.

E a hipótese também explicava a menor mortalidade en-


tre os casos de “parto de rua”, pois as mulheres que já
chegavam trazendo seus bebês ao colo raramente eram
examinadas após a admissão e tinham, assim, melhor
sorte de escapar à infecção.

Finalmente, a hipótese explicava o fato de serem vítimas


de febre os recém-nascidos cujas mães tinham contraído
a doença durante o trabalho de parto, pois então a infec-
ção podia ser transmitida à criança antes do nascimento,
através da corrente sangüínea comum à mãe e ao filho,
o que era impossível quando a mãe permanecera sadia.
Assim, Semelweiss, tinha diante de si um problema, ain-
da sem explicação. O que ele fez? Trabalhou na inves-
tigação de forma metodológica para construir sua com-
preensão e sua explicação.

LUCKESI, Cipriano Carlos; PASSOS, Elizete Silva. Introdução à


filosofia: aprendendo a pensar. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1996.
p. 20-24.

4.2 Questões, hipóteses e objetivos de pesquisa

Questões Norteadoras/ Hipóteses

São suposições a partir da relação entre duas ou


mais variáveis. São explicações ou propostas de solução
Tema 4 | Elaboração do Projeto de Pesquisa 149

do problema. São respostas preliminares ao problema


proposto. O objetivo da pesquisa será o de confirmar ou
negar a(s) hipótese(s) apresentada(s).
Existe muita discussão sobre este assunto, ten-
do em vista que alguns autores acham desnecessário
colocar as questões norteadoras/hipóteses na pesquisa.
Geralmente, nas ciências naturais e exatas como tam-
bém nas pesquisas quantitativas é comum utilizar hipó-
teses. Já nas ciências sociais e humanas e nas pesquisas
qualitativas é comum utilizar-se questões norteadoras. A
hipótese é formulada em uma sentença afirmativa, já a
questão norteadora em sentença interrogativa.

Vejamos os exemplos de questões norteadoras e


hipóteses:

a) questões norteadoras:

• A antecipação da responsabilidade criminal


para menores de 18 anos é a solução para a
redução da criminalidade juvenil?

• O índice de evasão escolar aumenta nas es-


colas de ensino fundamental do município de
Aracaju na medida em que são assistidos por
professores normalistas?

b) hipóteses:
• As células granulares do hipocampo (CA1) es-
tão correlacionadas com a formação e com a
consolidação da memória de curta duração.
Porém, não são necessárias para a manuten-
ção da memória de longa duração.

• A destruição do nervo ótico constitui condi-


ção suficiente para a ocorrência da cegueira,
pois ninguém pode enxergar com o nervo óti-
co destruído.
150 Metodologia Científica

Objetivos

Na elaboração dos objetivos você deverá levar em


consideração:

• utilizar o verbo no tempo infinitivo;

• os verbos mais usuais na elaboração do ob-


jetivo geral são: analisar, estudar, explicar,
entender, compreender, descrever, avaliar, co-
nhecer, etc.;

• os verbos mais usuais na elaboração dos obje-


tivos específicos são: distinguir, numerar, iden-
tificar, classificar, comparar, relacionar, verificar,
listar, levantar, etc.;

• os objetivos deverão ser claros, explícitos e


concisos;

• os objetivos deverão expressar apenas uma


ideia, deverão constar apenas um sujeito e
um complemento, para cada objetivo.

Os objetivos dividem-se em Geral e Específicos.


O Objetivo Geral define, de modo geral, o que se
pretende alcançar com a realização da pesquisa e está
relacionado ao tema.

Exemplo de objetivo geral:

• Analisar a diminuição do índice de violência


devido à presença da polícia comunitária no
bairro América, no município de Aracaju, na
década de 1990.
Tema 4 | Elaboração do Projeto de Pesquisa 151

Já os Objetivos Específicos definem etapas que


devem ser cumpridas para alcançar o objetivo geral e
estão relacionados com as hipóteses.
Vejamos alguns exemplos de objetivos específicos:

a) Levantar os índices de violência no bairro América;


b) Identificar os tipos de violência no bairro;
c) Relacionar as ações utilizadas pela polícia mili-
tar comunitária para a diminuição da violência.

4.3 Técnicas de coleta de dados

Para a realização da pesquisa, será necessário o


emprego das técnicas de pesquisa.
Segundo Ruiz (1991, p. 138), reserva-se o termo mé-
todo para significar o traçado das etapas fundamentais da
pesquisa, enquanto o termo técnica significa os diversos
procedimentos ou utilização de diversos recursos peculia-
res a cada objeto de pesquisa, dentro das diversas etapas
do método.
As técnicas são procedimentos que operacionali-
zam os métodos. Para todo método de pesquisa, corres-
ponde uma ou mais técnicas. Estas estão relacionadas
com a coleta de dados, isto é, a parte prática da pesquisa.
A coleta de dados envolve a determinação da po-
pulação a ser pesquisada, a elaboração dos instrumen-
tos de coleta e a programação da coleta.
Os instrumentos de coleta de dados mais utiliza-
dos são:

• questionário;
• formulário;
• entrevista;
• observação.

Nesse sentido:
152 Metodologia Científica

Questionário

O que é?

O questionário é um instrumento de coleta de


dados, elaborado pelo pesquisador e aplicado a uma
clientela pesquisada.
Através dele se faz a coleta das unidades esta-
tísticas. Destinado a pesquisas em grupo, nada mais é
do que uma série de perguntas com espaço em branco
para respostas.
Sua linguagem deve ser simples e direta para que
o informante compreenda com clareza o que está sendo
perguntado. Por isso, deve ser breve e conciso, evitando
a possibilidade de respostas ambíguas. Deve-se evitar
termos pouco conhecidos e não fazer perguntas difíceis
ou trabalhosas para respostas. As perguntas devem ser
espaçadas, para permitir seu total preenchimento, e es-
tar agrupadas segundo sua analogia. Procurar codificá-
las para facilitar a tabulação e interpretação.
O questionário pode apresentar perguntas aber-
tas para se obter uma resposta livre e perguntas fecha-
das para respostas mais precisas.
Todo questionário a ser enviado deve passar por
uma etapa de pré-teste num universo reduzido, para que
se possam corrigir eventuais erros de informações.

Importante!
O questionário é preenchido pelo informante.

Formulário

O que é?

O formulário é aplicado pelo próprio pesquisador


na medida em que se fazem as observações ou se rece-
bem as respostas sob orientação.
Tema 4 | Elaboração do Projeto de Pesquisa 153

Distingue-se o formulário do questionário porque


o primeiro é preenchido pelo próprio pesquisador. O
questionário pode ser enviado pelo correio, sendo do
mesmo modo devolvido após o preenchimento.
Uma das vantagens do formulário consiste jus-
tamente na assistência direta que o informante rece-
be do pesquisador que pode reformular, tornar mais
claras as perguntas, dar explicações, enfim, ajustar
o formulário à experiência e compreensão de cada
informante.
Também pode ser aplicado em grupos heterogê-
neos, inclusive analfabetos, o que seria difícil se fosse
aplicado o questionário.
Assim, o formulário comporta perguntas mais
complexas que as destinadas a integrar um questionário
a ser respondido sem a assistência do investigador.

Importante!
O formulário é preenchido pelo pesquisador.

Entrevista

O que é?

A entrevista é uma técnica em que o pesquisador


obtém dados de certas pessoas, dados que não podem
encontrar em registros e fontes documentárias.
A entrevista é uma conversa orientada entre o
pesquisador e o informante atendendo a um objeti-
vo pré-determinado. Ela precisa ter um plano bem
elaborado para que o pesquisador possa, antes de
realizá-la, obter dados e informações necessárias,
claras e objetivas.
A entrevista pode ter caráter exploratório ou ser
de coleta de informações. Se a de caráter exploratório é
relativamente estruturada, a de coleta de informação é
altamente estruturada.
154 Metodologia Científica

Alguns requisitos deverão ser considerados para


que uma entrevista seja realizada de maneira mais téc-
nica, tais como: respeito ao entrevistado; capacidade
de ouvir atentamente e de estimular o entrevistado a
responder as perguntas; garantir um clima de confiança
e sigilo profissional dos dados colhidos, preservando a
identidade do entrevistado.
É importante que o entrevistador disponha de re-
cursos materiais, tais como: gravador, bloco de anota-
ções, roteiro de entrevista, etc. para que facilite a coleta
de informações.

Observação

O que é?

A observação é uma técnica de coleta de dados


que consiste na observação, registro, de forma direta,
sobre o fenômeno ou fato estudado. É uma das mais
antigas técnicas utilizadas pelas ciências; sendo utiliza-
da pelas Ciências Naturais, Ciências Sociais e Ciências
Exatas e Tecnológicas (RODRIGUES, 2006).
Essa técnica pode ser feita em campo ou em la-
boratório. Após a observação e registro são feitas as
análises dos dados.
A técnica de observação pode ser realizada (RO-
DRGUES, 2006):

a) individualmente: realizada por um pesquisador;

b) em equipe: é estudada por um grupo de pes-


quisadores;

c) na vida real: a observação é feita em ambiente


natural, pode-se dizer “em campo”;

d) em laboratório: a observação é feita em am-


biente artificial;
Tema 4 | Elaboração do Projeto de Pesquisa 155

e) participante: o pesquisador participa do fenô-


meno a ser estudado;

f ) não participante: o pesquisador limita-se à ob-


servação e ao registro do fenômeno ou fato es-
tudado.

Exemplo de um questionário, objetivando o per-


fil socioeconômico dos alunos ingressantes no curso x,
numa determinada instituição de ensino superior:

Questionário

PERFIL SOCIOECONÔMICO DOS ALUNOS


INGRESSANTES NO CURSO X DA UNIVERSIDADE Y

O presente questionário tem por objetivo fazer


uma pesquisa sobre o perfil socioeconômico dos alunos
ingressantes no curso x da universidade y. Portanto, soli-
citamos sua colaboração, respondendo corretamente às
seguintes questões:

1. Sexo:
1.1. Masculino ( )
1.2. Feminino ( )

2. Aluno do turno:
2.1. Diurno ( )
2.2. Noturno ( )

3. Período: ........................................................................

4. Idade: ..........anos
156 Metodologia Científica

5. Qual é o seu estado civil?


..........................................................................................

6. Local de residência:
6.1 Bairro: .........................................................................
6.2. Município: ..................................................................
6.3. Outros: ......................................................................

7. Qual o principal meio de transporte utilizado para se


deslocar até a universidade?
..........................................................................................

8. Em que estabelecimento cursou o ensino médio?


8.1. Público ( )
8.2. Particular ( )
8.3. Público e particular ( )
8.4. Outros ( )

9. Que curso concluiu?


9.1. Ensino médio comum ( )
9.2. Técnico ( )
9.3. Supletivo ( )
9.4. Outros ( )

10. Marque um (x) nos itens que existem em sua casa:


10.1. Veículo de transporte motorizado ( )
10.2. DVD ( )
10.3. Máquina de lavar ( )
10.4. Computador ( )
10.5. Aparelho de videocassete ( )
10.6. TV com sistema de canal fechado ( )
Tema 4 | Elaboração do Projeto de Pesquisa 157

10.7. Aparelho de som ( )


10.8. Forno microondas ( )
10.9. Geladeira ( )
10.10. Filmadora ( )

11. Assinale a renda total aproximada, em salário míni-


mo, de sua família:
11.1. ( ) menos de 3
11.2. ( ) de 3 a menos de 6
11.3. ( ) de 6 a menos de 9
11.4. ( ) de 9 a menos de 12
11.5. ( ) 12 e mais
12. Exerce alguma atividade remunerada?
12.1. Sim ( )
12.2. Não ( )

13. Caso exerça alguma atividade remunerada, assinale


sua renda total aproximada, em salário mínimo:
13.1. ( ) menos de 3
13.2. ( ) de 3 a menos de 6
13.3. ( ) de 6 a menos de 9
13.4. ( ) de 9 a menos de 12
13.5. ( ) 12 e mais

14. Profissão do pai: ........................................................

15. Profissão da mãe: .....................................................

16. Qual é o nível de instrução:

16.1. Pai: ..........................................................................

16.2. Mãe: ........................................................................


158 Metodologia Científica

17. Qual tipo de atividade você mais participa?


17.1. Sociais (clubes e festas) ( )
17.2. Artística e cultural ( )
17.3. Político-partidária ( )
17.4. Religiosa ( )
17.5. Outras ( )

18. Assinale o(s) meio(s) mais utilizado(s) com que você


se mantém informado:
18.1. Telejornal ( )
18.2. Jornal escrito ( )
18.3. Jornal falado (rádio) ( )
18.4. Notícias internet ( )
18.5. Revista ( )
18.6. Outros ( )

19. Pratica esportes?


19.1. Sim ( )
19.2. Não ( )

20. Qual (is) atividade (s) de lazer você dedica mais


tempo?
20.1. Shopping ( )
20.2. Cinema ( )
20.3. Teatro ( )
20.4. Leitura ( )
20.5. Música ( )
20.6. Outras ( )
Tema 4 | Elaboração do Projeto de Pesquisa 159

4.4 Estrutura do projeto de pesquisa

Os elementos geralmente requeridos num projeto


de pesquisa são os seguintes:

ELEMENTOS QUANTIDADE DE FOLHAS


(SUGERE-SE)

CAPA 01 folha

FOLHA DE ROSTO 01 folha

SUMÁRIO 01 folha

INTRODUÇÃO 01 a 02 folhas

OBJETIVOS 01 folha

HIPÓTESE OU QUESTÕES 01 folha


NORTEADORAS

JUSTIFICATIVA 01 a 02 folhas

REFERENCIAL TEÓRICO 04 a 10 folhas

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 02 a 04 folhas

CRONOGRAMA 01 folha

ORÇAMENTO 01 a 02 folhas

REFERÊNCIAS 01 a 03 folhas

Capa

Deve conter os seguintes elementos: nome da


universidade, nome do curso, nome completo do aluno,
indicativo da natureza do trabalho (Projeto de Pesquisa),
título do trabalho e subtítulo (se houver), local e o ano.
160 Metodologia Científica

A capa deve ser apresentada em papel branco,


formato A4 (21 cm x 29,7 cm). As margens da folha de-
vem ter 3 cm (esquerda e superior) e 2 cm (direta e
inferior). A digitação deve ser na cor preta, utilizando-se
de fonte Times New Roman ou Arial.
Sugere-se que o Projeto de Pesquisa seja enca-
dernado em espiral, com a capa de plástico transparente
para possibilitar a leitura das informações da capa.

Folha de Rosto

Você deverá colocar na folha de rosto os seguintes


elementos: no alto, ao centro, em negrito, caixa-alta, fon-
te tamanho 18, o nome do autor do trabalho. Ao centro,
o título em caixa-alta, negrito, fonte tamanho 18, centra-
lizado, seguido de subtítulo (se houver). Mais abaixo, à
direita, fonte tamanho 12, espaço simples, coloca-se uma
referência sobre a natureza do trabalho, a instituição a
que se destina e objetivo acadêmico; também, o nome do
orientador. Mais abaixo, registra-se a cidade e o ano de
realização do trabalho, fonte tamanho 14.

Sumário

É outro elemento obrigatório. Nele você deve enu-


merar as partes do projeto de pesquisa, acompanhadas
das respectivas páginas. Colocar fonte tamanho 16 para
o sumário e 12 para as partes que compõem o trabalho
colocando ambos em negrito. Não numerar a folha do
sumário.

Introdução

Na introdução você deverá: apresentar o tema


delimitado, especificar o problema, a problematização
discutindo o assunto de forma sintética, caracterização
da área, local, bairro, município, estado, região ou ou-
Tema 4 | Elaboração do Projeto de Pesquisa 161

tros onde será realizada a pesquisa. Na redação da in-


trodução, como em todo o projeto, você deverá utilizar
o tempo verbal no futuro, já que o projeto é um plano
e a pesquisa ainda será realizada. Deverá utilizar uma
linguagem técnica, denotativa, objetiva, concisa sempre
fugindo do vulgar. A redação, na impessoalidade, uti-
lizando a 3ª pessoa do singular e o uso do pronome
impessoal “se”. Evite construir frases muito longas, re-
petição de ideias, pedantismo, gírias e termos vagos,
imprecisos e ambíguos.
O corpo do trabalho deverá ser escrito em fonte
tamanho 12 e o termo INTRODUÇÃO em fonte tamanho
16, negrito, centrado à esquerda com o indicativo da nu-
meração correspondente. Utilizar espaço duplo no corpo
da introdução e dois duplos entre o título e o corpo do
trabalho. Colocar a numeração da página.

Lembre-se de colocar o tema delimitado, a


problematização e a caracterização da área
na Introdução.

Objetivos

Apresentar a relação dos objetivos propostos (su-


gestão: 3 a 6 objetivos).

Questões Norteadoras ou Hipóteses

Apresentar a relação das questões norteadoras ou


hipóteses (sugestão: 2 a 4 objetivos).

Justificativa

Você deverá apresentar as razões que o levaram a


estudar determinado tema. Mostrar a contribuição que a
pesquisa poderá oferecer no campo social e no âmbito do
conhecimento científico. Sua redação não deverá ser longa.
162 Metodologia Científica

A justificativa deverá conter:

• os motivos que o levaram à escolha do tema;


• o nível de abrangência da pesquisa;
• a importância e utilidade do estudo do tema
na atualidade;
• explicação sobre a viabilidade da execução
da proposta;
• o contexto em que o fenômeno ocorre;
• os aspectos inovadores do estudo.

Referencial Teórico

Consiste em explicar os pressupostos teóricos,


esclarecer os conceitos e ideias que serão utilizadas,
fundamentando e balizando todo o desenvolvimento da
pesquisa. Deverá ser feita uma pesquisa bibliográfica
sobre o assunto, ou seja, uma revisão de literatura. É de
fundamental importância a colocação na redação do re-
ferencial teórico, citações diretas e citações indiretas dos
autores que tratam sobre o assunto. Na elaboração das
citações seguir as normas da ABNT-NBR 10520 (Citações
e Notas de Rodapé).
Para que você alcance um melhor aproveitamento
na elaboração do referencial teórico, é necessário utilizar-se
das técnicas de estudo: sublinhar, esquematizar e resumir.
No referencial teórico, grande parte de seu conte-
údo é resultante de material impresso, como: livros, re-
vistas, jornais, etc. Todavia, com o desenvolvimento dos
meios de comunicações e informações, a exemplo da
internet, têm-se, também, utilizado esses novos meios
de informações.
A internet representa uma novidade nos meios de
pesquisa. Trata-se de uma rede mundial de comunica-
ção via computador, onde as informações são trocadas
livremente entre todos. A internet se tornou um impor-
tante veículo de transmissão de conhecimentos e muitas
Tema 4 | Elaboração do Projeto de Pesquisa 163

faculdades e universidades, em suas bibliotecas, têm


proporcionado aos seus alunos o acesso a esse veículo.
Todavia, é necessário que você não só tenha acesso ao
uso da internet, mas que desenvolva a capacidade de
analisar criticamente a qualidade das informações obti-
das através desse veículo de informação.
Atualmente estão à sua disposição diversas ferra-
mentas de busca (nacionais e internacionais).

Vejamos algumas:

http://www.google.com.br/
http://www.bing.com.br/

Para pesquisa acadêmica, exemplos:

http://www.bn.br (Biblioteca Nacional)


http://www.scielo.br (Catálogos de revistas científicas)
http:www.ibict.br (Acesso a CCN, COMUT, ISSN,
teses – BR)
http://www.cg.org.br/gt/gtbv/catalogos.htm (Bi-
bliotecas com catálogos on-line)
http://www.prossiga.br/bvtematicas (Bibliotecas
virtuais em várias áreas - BR)
http:// redeantares.ibivt.br (Ciência e Tecnologia,
nacional e internacional)
http://searchenginewatch.com (Metabuscador In-
ternacional, todas as áreas)

Procedimentos Metodológicos

Você deverá apresentar o conjunto de procedi-


mentos metodológicos (métodos, técnicas, etapas e ma-
teriais) que serão utilizados e seguidos para a realização
da pesquisa.
Neste item, o pesquisador vai informar com o que
vai trabalhar: textos, questionários, etc., isto é, qual é o
164 Metodologia Científica

seu material de trabalho, responsável por gerar os dados


a serem analisados e os métodos que utilizará durante o
desenvolvimento do projeto.
Deve-se detalhar o material a ser estudado, para
que o problema possa ser solucionado. Vários caminhos se
oferecem ao pesquisador, tais como:

a) métodos de abordagem: indutivo, dedutivo,


dialético e hipotético-dedutivo;
b) métodos de procedimentos: histórico, tipológico,
comparativo, estatístico, estruturalista, funcionalista, etc.

Além disso, você deve explicar quais técnicas ou


conjunto de procedimentos utilizados para a coleta de
dados. O pesquisador pode utilizar mais de uma técnica.
Dentre as técnicas mais comuns temos: entrevis-
ta, questionário e formulário.
Nas etapas de coleta de dados você deverá infor-
mar o sujeito da pesquisa que pode ser uma instituição,
uma empresa, pessoas, grupos, etc. É importante informar
a amostra, ou seja, o quantitativo com que o pesquisador
vai trabalhar: 30 trabalhadores, 10 supervisores, 40 educa-
dores, etc. Também, a análise dos dados e sua representa-
ção gráfica: tabelas, quadros, etc.
É necessário informar os meios para a obtenção
de informações como: pesquisa documental, pesquisa
bibliográfica, pesquisa de campo ou pesquisa de labo-
ratório. Os objetivos da pesquisa como: pesquisa ex-
ploratória, pesquisa descritiva ou pesquisa explicativa.
A abordagem na pesquisa como: pesquisa quantitativa,
pesquisa qualitativa ou ambas.

Cronograma

No cronograma o pesquisador faz uma previsão


do tempo que será utilizado para realização da pesqui-
sa. Calcula o tempo a ser gasto em cada etapa do proje-
to, incluindo-se o tempo gasto na aquisição do material
Tema 4 | Elaboração do Projeto de Pesquisa 165

necessário ao desenvolvimento do Projeto de Pesquisa.


Solicitamos a você utilizar um período de 6 meses.

Orçamento

Refere-se ao levantamento de custos da pesquisa,


neste caso, deve-se relacionar tudo o que será necessá-
rio à execução do trabalho: recursos humanos, recursos
materiais e serviços.

Referências

Neste item você deverá relacionar as fontes con-


sultadas e referenciadas no projeto e as que podem vir a
fundamentar a pesquisa em si. A bibliografia serve muitas
vezes para avaliar o projeto, pois por meio dela pode-se
analisar a qualidade e a atualidade das obras. Os regis-
tros devem obedecer às normas da ABNT-NBR 6023.

Aspectos Gráficos

Vejamos os aspectos gráficos do projeto de pes-


quisa:
166 Metodologia Científica

a) capa
Tema 4 | Elaboração do Projeto de Pesquisa 167

b) folha de rosto
168 Metodologia Científica

c) sumário
Tema 4 | Elaboração do Projeto de Pesquisa 169

d) introdução
170 Metodologia Científica

e) objetivos
Tema 4 | Elaboração do Projeto de Pesquisa 171

f ) questões norteadoras ou hipótese


172 Metodologia Científica

g) justificativa
Tema 4 | Elaboração do Projeto de Pesquisa 173

h) referencial teórico
174 Metodologia Científica

i) procedimentos metodológicos
Tema 4 | Elaboração do Projeto de Pesquisa 175

j) cronograma
176 Metodologia Científica

k) orçamento
Tema 4 | Elaboração do Projeto de Pesquisa 177

l) referências
178 Metodologia Científica

Referências

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Metodologia Científica 181

Anotações
182 Metodologia Científica

Anotações
Metodologia Científica 183

Anotações
184 Metodologia Científica

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