Iluminismo

Ideias políticas e sociais

William Blake
A geografia do Iluminismo
 HUMANISMO
ILUMINISMO
RENASCENTISTA
REVOLUÇÃO
CIENTÍFICA

Séc. XV e
Séc. XVII Séc. XVIII
XVI
Além do racionalismo e do empirismo, os
seguintes conceitos são centrais para o
Iluminismo em geral:

•Individualismo-valor do indivíduo
•Crítica da Igreja e do dogmatismo
(religioso)
•Defesa da tolerância
• Crítica da ordem social – valor do mérito
e não do nascimento
•Entusiasmo pela ciência e pelo progresso
Immanuel Kant
(1724-1804)

“Sapere aude!
Tem a coragem de
te servires do teu
próprio
entendimento!

Eis a palavra de Considerado como o filósofo do Iluminismo e da Crítica, confiava no poder da

ordem do razão, embora de forma crítica, para que o homem pudesse sair da sua
Iluminismo.” menoridade intelectual.
Kant marca o apogeu da fase crítica do Iluminismo, pois, para ele, uma época
crítica exige uma filosofia crítica.

“A nossa época é a época da crítica à qual tudo tem que submeter-se” .

E mesmo a religião e a política, tanto quanto a filosofia e a razão, não podem

subtrair-se dela (à crítica).
 Os filósofos do Iluminismo defendiam uma nova conceção do poder político e social: o liberalismo
sociopolítico, que esteve nas bases das mudanças políticas e sociais que vão acontecer nos finais do século
XVIII. Observa o esquema para conheceres as novas conceções do poder político defendidas pelos iluministas.
• Direito natural Todos nascem livres e iguais em direitos (teoria do bom
selvagem- Rousseau)
• Valor do indivíduo Direitos inalienáveis: liberdade, julgamento justo,
propriedade (posse de bens), liberdade de consciência,
igualdade
Ideário político

• Liberdade individual Opõe-se ao privilégio pelo nascimento.Apologia do mérito

• Liberdade de consciência Em questões de ordem religiosa e moral

• Liberdade de expressão e
de pensamento
• Igualdade civil –perante a Todos os indivíduos nascem iguais em direitos e deveres
lei perante a lei.

• Contrato social Pacto entre governantes e governados (cidadãos). As

• Soberania popular
• Direito à rebelião
• Separação dos poderes
minorias devem aceitar a vontade e as decisões da
maioria.
O poder reside no povo que voluntariamente o delega,
através do voto, nos governantes, seus representantes.
Único garante das liberdades individuais. Princípio de
divisão dos poderes do Estado por três órgãos autónomos
e independentes entre si: legislativo, executivo e judicial.
• Despotismo esclarecido Defesa de que o príncipe pode governar com mão firme
(mais conservadores) desde que seja “justo, humano e virtuoso” e se rodeie de
homens esclarecidos, como Voltaire. Podem fazer reformas
ousadas como abolir a servidão, a pena de morte oua
tortura, até.
• Democracia Contra o despotismo esclarecido, Rousseau ou
(mais progressistas) Montesquieu defendem que “o poder tem de parar o poder”
– Montesquieu.
Ideário humanitário
Voltaire Condenação da tortura, execuções aviltantes e dolorosas, trabalhos forçados e pena de
morte
Beccaria
Voltaire Tolerância religiosa/liberdade de consciência/
Locke
Locke Separação do Estado e da Igreja

Bernardin de Defesa da abolição da escravatura e servidão, baseada na ideia que os homens são iguais.
Saint-Pierre
Kant Defesa da igualdade só para os homens brancos
Voltaire “Os negros de África não receberam nenhum sentimento que se eleve acima da patetice
Diderot […] tão essencial é a diferença entre estas duas raças humanas” E. Kant
D´Alembert “Apesar dos negros terem pouco entendimento, não lhes falta sentimento”- Enciclopédia
Voltaire Liberdade de pensamento e expressão

Voltaire Condenação do fanatismo, superstição, do dogmatismo

D’ Holbach
Voltaire Defesa do deísmo e religião natural
Montesquieu
Rousseau
Diderot Defesa do materialismo e do ateísmo
D. Hume
Olympe de Gouges Defesa dos direitos de cidadania das mulheres. Redige a Declaração dos direitos
da mulher e da cidadã (1791)

Voltaire “As mulheres são capazes de tudo aquilo que nós somos capazes, a única
Condorcet diferença é que são mais gentis do que nós” - Voltaire

Mary Wollstonecraft Defesa do direito das mulheres à educação.

Rousseau Novo modelo de educação: teoria do “bom selvagem”

Fraternidade e solidariedade

Abolição dos privilégios por nascimento – apologia do mérito

Mary Wollstonecraft
 PREÂMBULO
Mães, filhas, irmãs, mulheres representantes da nação
reivindicam constituir-se em uma assembléia nacional.
Considerando que a ignorância, o menosprezo e a
ofensa aos direitos da mulher são as únicas causas
das desgraças públicas e da corrupção no governo,
resolvem expor em uma declaração solene, os direitos
naturais, inalienáveis e sagrados da mulher. (…)
Artigo 1º
A mulher nasce livre e tem os mesmos direitos do
homem. As distinções sociais só podem ser baseadas
no interesse comum.
Artigo 2º [...

CONCLUSÃO
Olympe de Gouges, Mulher, desperta. A força da razão se faz escutar em
todo o Universo. Reconhece teus direitos. O poderoso
devido aos seus escritos império da natureza não está mais envolto de
e atitudes pioneiras, preconceitos, de fanatismos, de superstições e de
foi guilhotinada. mentiras. A bandeira da verdade dissipou todas as
nuvens da ignorância e da usurpação. O homem
escravo multiplicou suas forças e teve necessidade de
recorrer às tuas, para romper os seus ferros. Tornando-
se livre, tornou-se injusto em relação à sua
companheira.
O caso Calas e a força da opinião pública
Voltaire perdura…

« Encres, crayon de couleurs, photos et affiche placardant le portrait de

Voltaire rédacteur du traité sur la tolérance. Après les bains de sang des
attentats de Paris, en 2015.- Chalie Hebdo. »
Cesare Beccaria, “Dos Delitos de das Penas, 1764
 O direito natural e a separação dos
Filósofo
poderes

[Escrevi para] fortalecer o trono do nosso libertador, nosso actual rei

Guilherme, estabelecer o seu título sobre o consentimento do povo… e
justificar à face do mundo o povo inglês, cujo amor dos seus direitos justos e
naturais, junto à sua determinação de conservá-los, salvou a nação.
John Locke,
Locke, Ensaio sobre o poder civil, 1689 1632-1704

Quando na mesma pessoa, ou no mesmo corpo de magistratura, o poder

legislativo está unido ao poder executivo, não existe liberdade (…). E também
não existe liberdade se o poder de julgar não estiver separado do poder
legislativo e do poder executivo (…). Deveria caber ao povo em corpo o poder
legislativo. Mas isso é impossível nos grandes Estados e sujeito a muitos
inconvenientes nos pequenos, pelo que é preciso que o povo faça por meio de
representantes seus tudo aquilo que não poder fazer por si próprio.

Montesquieu, O Espírito das Leis, 1748 Montesquieu,

1689-1755
A vontade da maioria

O cidadão aprova todas as leis, aquelas que

não obtiveram o seu acordo e até as que o punem se
não as respeitar. A vontade constante de todos os
membros do Estado é a vontade geral; é devido a ela
que são cidadãos e livres. Quando se propõe uma lei, o
que se pede de cada um não é que a aprove ou rejeite,
mas se está ou não conforme com a vontade geral, que
é também a sua: cada cidadão ao entregar o seu voto,
dá assim a sua opinião e, pela contagem dos votos, se
exprime a vontade geral.

Jean-Jacques Rousseau, Do Contrato Social, 1762

Jean-Jacques Rousseau,
1712 -1778
 Le nozze di Figaro - 1786
de Wolfgang Amadeus Mozart

Porque terá José II considerado esta fala subversiva?

Fígaro: Porque sois um grande senhor, julgais ser um grande génio!... Nobreza, fortuna,
categoria, cargos; tudo isso vos torna tão orgulhoso! Que haveis feito para ter tantos bens?
Deste-vos ao trabalho de nascer, e nada mais. Aliás, homem assaz ordinário!, enquanto eu, irra!,
perdido na multidão obscura, precisei empregar mais ciência e cálculos para somente subsistir do
que os gastos desde há cem anos a governar todas as Espanhas.

Beaumarchais, O casamento de Fígaro, 1783

Quais são os grandes pensadores políticos do século XVIII?

Quais as ideias fundamentais de cada um?

Separação dos Tolerância Igualdade e liberdade

poderes políticos Deísmo Voto / maioria

Charles-Louis de Secondatt, François Marie Arouet, conhecido Jean-Jacques Rousseau,

ou barão de Montesquieu, como Voltaire, 1712-1778
1689-1755 1694-1778
 • Língua francesa
Meios de Difusão
• Salões literários (Madame Geoffrin)
• Cafés (Procope)
• Clubes privados
• Correspondência
• Academias
• Imprensa periódica
• Lojas maçónicas
• Enciclopédia
• Bibliotecas
• Lojas maçónicas
Rousseau
Voltaire
Diderot Os salões

Montesquieu
D’Alembert

Anicet Lemonnier, Leitura de um texto de Voltaire por d’Alembert no salão

de madame de Geoffrin, 1812, óleo sobre tela, 130x196 cm, Museu
Nacional dos castelos de Malmaison e de Bois-Préau
 Os cafés

Voltaire e
Diderot no
Procope
A
Enciclopédia

Jean d’Alembert,
Denis Diderot, 1713-84 1717-83

Qual é o objetivo da Enciclopédia?

De que forma a Enciclopédia responde às necessidades de
quem quer “aprender sem dificuldade e em pouco tempo”?
Parece-te que este texto é atual?
As pessoas gostam de saber, mas querem aprender sem
dificuldade e em pouco tempo; é essa sem dúvida a causa pela
qual nos aparecem todos os dias tantos métodos diferentes, e a
razão pela qual se nos deparam tantos resumos.
Jornal dos Sábios, novembro de 1749