Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Apostila Hermeneutica - Carvalho-Junior - CURSO MÉDIO EM TEOLOGIA
Apostila Hermeneutica - Carvalho-Junior - CURSO MÉDIO EM TEOLOGIA
1. INTRODUÇÃO
2. A BÍBLIA SAGRADA
4. O ESTUDO NA INTERPRETAÇÃO
5. A PRÁTICA DA HERMENÊUTICA
5.1. O Salmo 23
Esses versículos formam uma das histórias mais hermenêuticas da Bíblia Sagrada,
de forma que quando começamos a perceber os detalhes e desdobramentos dos
termos, entendemos que há muitos cristãos que estão perdidos em suas leituras, tal
qual o eunuco..
Numa primeira leitura, o texto pode parecer conter pouco sentido, mal passando de
um relato desimportante. Porém observemos alguns pontos sobre a leitura do texto
de Isaías:
3. Uma terceira lição que pode ser tirada do texto é esta: é necessário que
reconheçamos que precisamos de ajuda para entender texto, pois
sozinhos não temos condições de aprender e decifrar esse conjunto de
histórias.
I. Abismo cronológico;
V. Abismo literário;
O que é a Bíblia? Por que na nossa Bíblia há o termo Bíblia Sagrada? Sagrado deriva
do latim “Sacratu”, e refere-se a algo que merece veneração ou respeito religioso. A
palavra “bíblia” significa “coleção de pequenos livros”, de forma que o que a torna
especial é a palavra “sagrada”.
A origem da Bíblia está agregada à história de uma planta muito comum na ribeiro do
rio Nilo (Egito) chamada papiro (derivada do latim “PAPYRUS”). No Egito, o papiro
chegava a crescer até a altura de quatro metros.
Poderá o papiro crescer senão no pântano? Sem
água cresce o junco? Mal cresce e, antes de ser
colhido, seca-se, mais depressa que qualquer
grama.
Jó 8:11,12
O que é Papiro?
É uma matéria prima usada na fabricação do papel. Eles cortavam seu caule e, a
partir dele, faziam tiras que virariam folhas de papel. Esse papel tornou-se algo tão
especial que a elite do império romano usava-o para seus escritos, portanto tratava-
se de um material muito caro.
● É daí que veio a palavra “Bíblia”, porque essa película (ou folha) tirada do caule
do papiro chamava-se “biblos” (palavra grega que significa “livro”).
● Do Egito, o papiro passou para a Síria, Sicília e Palestina, que é a terra onde
foi escrita a Bíblia.
A questão da autoria
Sendo Deus seu verdadeiro autor, a Bíblia foi escrita por homens inspirados e
dirigidos pelo Espírito Santo. Cerca de 40 diferentes autores que representavam 19
diferentes ocupações (pastores, fazendeiros, pescadores, cobradores de impostos,
médicos, reis, etc.) que viveram num período de cerca de 1600 anos.
A Bíblia está traduzida em 2565 idiomas diferentes. Desde 1816 até hoje calcula-se
que já foram vendidas mais de 6 bilhões de Bíblias. Foi o primeiro livro a ser impresso
por Gutemberg (1440) e até hoje existe uma cópia desta edição nos EUA.
Afirma-se que foi Hermes quem descobriu a linguagem verbal e escrita, tendo sido o
deus da literatura e eloquência. Dentre outras coisas, era mensageiro e intérprete dos
deuses, principalmente de seu pai, Zeus. Assim, o verbo “hermeneu” passou a
significar o ato de levar alguém a compreender algo em seu próprio idioma.
Funções da Hermenêutica
Em que consiste, então, a exegese e a exposição? A exegese pode ser definida como
a verificação do sentido do texto bíblico dentro de seu contexto histórico e literal.
● Observação
● Interpretação
● Aplicação
A observação pode ser assemelhada a um cirurgião abrindo uma região do corpo
afetada por algum mal. Ao investigar, ele verifica a presença de um tumor, uma
hemorragia, um tecido com pigmentação anormal ou talvez algum tipo de obstrução.
A averiguação sucinta algumas perguntas: O que significa isso? Como pode ser
explicada essa ocorrência? Que tipo de tumor deve ser esse? Observando o que
vemos no texto bíblico, devemos então manejá lo corretamente:
Procura apresentar-te a Deus aprovado, como
obreiro que não tem de que se envergonhar, que
maneja bem a palavra da verdade.
2 Timóteo 2:15
O verbo manejar remete à construção de tendas, onde o corte da pele do animal deve
ser perfeito para que haja a costura. Orthotomoulta é a combinação de “reto” (ortho)
e “cortar” (tomeo).
Cada pedaço deveria ser cortado de tal forma que se encaixasse bem com as outras
peças. Assim podemos perceber que Paulo estava dizendo que se os pedaços não
forem bem cortados, o todo ficará desconjuntado. O mesmo ocorre com as Escrituras:
se as diferentes partes não forem interpretadas corretamente, a mensagem como um
todo pode resultar em erro.
Quer seja no estudo da Bíblia Sagrada, quer seja na sua interpretação, é dever do
cristão ser preciso, minucioso e exato em suas empreitadas. Ao ler a Bíblia, muitos
saltam diretamente da observação para a aplicação, passando por cima da etapa
essencial da interpretação..
A BÍBLIA SAGRADA
Particularidades sobre a Bíblia
IV. Histórias bizarras. Ex: não houve uma reunião de pauta, os 40 autores
não se encontraram para que cada um soubesse o que iria escrever.
Algumas razões:
● O clássico tem que ter apelo estético e chamar atenção dos intelectuais;
● Foi John Wycliffe quem traduziu a Bíblia Sagrada para o inglês. Em 1384, foi
condenado por heresia. Mataram-no, enterraram seu corpo e tiraram seus
ossos. Em 4 de maio de 1415, pegaram seus restos mortais e queimaram;
● A Bíblia foi proibida em vários países: Irã, Iêmen, Afeganistão, Arábia Saudita,
China, Coreia do Norte, Uzbequistão.
As consequências da Bíblia
1. Se não fosse a Bíblia Sagrada, não haveria a Reforma Protestante. O pai desse
movimento é Martinho Lutero. Ele publicou as suas 95 teses na porta da igreja
em Wittenberg em 31 de outubro de 1597;
3. Sem a Bíblia, Abraham Lincoln não teria libertado os negros em 1863. Ele
disse: sem a Bíblia, eu jamais poderia saber o que é certo e o que é errado.
● Jorge Lytton (1709 a 1773) era um barão nacionalista inglês, escritor e político.
Ele queria provar que a conversão de Paulo era uma novela e, estudando a
Bíblia, acabou por se converter, passando a escrever sobre o apóstolo Paulo;
● Lew Wallace (1872 a 1905) queria redigir um livro para detonar a Bíblia, mas
acabou se convertendo, tornando-se autor de Ben-Hur;
● Antony Flew era considerado o maior filósofo do século XX. Decidiu ler a Bíblia
Sagrada e se converteu, acabando por escrever o livro “Um ateu garante: Deus
existe”;
Dois axiomas sobre a Bíblia
Um axioma é uma verdade evidente por si mesma. Isto é, é uma afirmação aceita
sem que seja necessária a apresentação provas para demonstrar sua validade. Assim
sendo, podemos destacar dois axiomas acerca das Sagradas Escrituras:
● Aquele que fala, isto é, que busca transmitir a ideia que tem em mente
utilizando-se de símbolos linguísticos compartilhados por ele e seu
interlocutor;
● Todo texto foi escrito para alguém que se encontrava num contexto
histórico e geográfico;
● O escrito foi afetado pelo meio cultural em que cada autor o escreveu;
2 Timóteo 3:16
Essa supervisão dos escritos constitui uma ação verbal e completa. É verbal
pelo fato de o Espírito Santo ter orientado a escolha das palavras (que não
podem ser divorciadas dos pensamentos), e completa porque abrangeu todos
as textos da Bíblia. A Bíblia é, portanto, infalível quanto à verdade é definitiva
em autoridade.
2 Pedro 1:21
Os escritores registravam as palavra que Deus lhes dava a medida que eram
movidos pelo agir do Espírito. Este orientava o que escreviam, como no caso
de um veleiro que é conduzido com o vento. Pelo meio da inspiração, eles
relataram por escrito as verdades que Deus revelou sobre Si mesmo aos
autores.
Todo aquele que não for regenerado não pode compreender totalmente o significado
da Bíblia Sagrada, ou seja, quem não é salvo está cego espiritualmente para os
mistérios revelados nas Escrituras.
Nos quais o deus deste século cegou os
entendimentos dos incrédulos, para que lhes não
resplandeça a luz do evangelho da glória de
Cristo, que é a imagem de Deus.
2 Coríntios 4:4
1 Coríntios 2:14
Evidentemente, isto não significa dizer que quem não é salvo não tem condições
intelectuais de entender o que as o texto das Escrituras dizem. Antes, significa afirmar
que tal indivíduo não possui a capacidade espiritual de receber e assimilar as
verdades espirituais encontradas na Bíblia.
Martinho Lutero certa vez disse que os regenerados podem entender a gramática de
João 3:16 “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito,
para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”, mas eles
não agem em decorrência dos atos ali descritos.
É nesse sentido que são incapazes de conhecer as coisas do Espírito de Deus. Quem
não é salvo não acolhe as verdades das Escrituras porque elas atingem em cheio a
natureza pecaminosa.
Atos 17:11
E vós fostes feitos nossos imitadores, e do
Senhor, recebendo a palavra em muita tribulação,
com gozo do Espírito Santo. De maneira que
fostes exemplo para todos os fiéis na macedônia
e Acaia.
1 Tessalonicenses 1:6,7
Da mesma forma, nenhum intérprete é infalível, portanto ele precisa sempre estar
disposto a admitir a possibilidade de sua interpretação de determinada passagem não
estar certa.
O intérprete também precisa depender do Espírito Santo, pois o Espírito bendito não
é apenas o autor legítimo da palavra escrita, mas também seu expositor supremo e
autêntico.
A participação do Espírito Santo na interpretação bíblica
2. A obra do Espírito Santo na interpretação não quer dizer que ele desvende
para alguns intérpretes um sentido oculto diferente do sentido literal da
passagem.
4. O Espírito Santo guia-nos a toda a verdade (Jo 16:13), o verbo “guiar” significa
ir à frente ou conduzir ao longo de um caminho ou estrada. Jesus prometeu
aos discípulos que o Espírito Haveria de esclarecer e expandir o que ele os
havia dado.
João 16:13
Além das questões espirituais, existem outros pontos que facilitam a leitura e o estudo
da Bíblia. A vontade de estudar é fundamental. Pode-se incluir aí, entre outras coisas,
o conhecimento dos textos bíblicos, da história da bíblia e da teologia.
As questões de ordem prática não podem ser resolvidas exclusivamente por meios
espirituais: não se pode orar a Deus pedindo por informações sobre a autoria de
Hebreus, por exemplo, e esperar que uma resposta clara venha do céu.
O estudante a Bíblia precisa aproximar-se das escrituras com equilíbrio e bom senso,
procurando ser o mais objetivo possível, sem opiniões preconcebidas. Tudo isso quer
dizer que a média dos leigos não tem condições de entender a Bíblia, precisando
cursar uma escola bíblica ou um seminário para poder interpretar as Escrituras
corretamente.
Evidentemente, isso não implica que as páginas da Bíblia Sejam restritas a uma
minoria: o homem foi feito à imagem e semelhança de Deus e é um ser racional,
emotivo e volitivo. Ele possui a capacidade intelectual de compreender as Escrituras
como revelação de Deus escrita nas línguas humanas.
Por outro lado, não podemos eliminar a necessidade de professores. Certas pessoas
receberam o dom de ensinar, a exemplo dos quase 3.000 discípulos que receberam
a salvação no dia do pentecostes e perseveravam na doutrina dos apóstolos.
O fato de a Bíblia ser um livro é sinal de que foi feita para ser entendida. Na qualidade
de revelação escrita de Deus, ela revela-nos Seu caráter, planos e regras. Os autores
humanos cujos escritos foram guiados pela inspiração do Espírito Santo pretendiam
ser compreendidos, não fazendo uso de enigmas obscurantistas.
Como disse certa vez Martinho Lutero: o sacerdócio de todos os crentes significa que
a Bíblia é acessível e pode ser entendida por todos os cristãos. Essa afirmação
contrapunha-se à pretensa obscuridade da Bíblia sustentada pela igreja católica
romana, que afirmava que somente a igreja poderia desvendar os significados das
Sagradas Escrituras.
Salmo 23
O termo “meu” em “O SENHOR é meu pastor”, por exemplo, funciona como pronome
possessivo. O texto não afirma, entretanto, que Deus seja propriedade do salmista,
uma vez que o radical hebraico carrega o significado de comunhão.
Os nomes de Deus
No Salmo 23, Davi fala sobre os vários nomes de Deus. No Velho Testamento, Deus
se apresenta com uma miríade de nomes:
Primeiro o autor fala de Deus, depois passa a dar algumas características das
ovelhas, estabelecendo paralelos entre a vida cristã e os pastos verdejantes, águas
tranquilas e o vale da sombra da morte. A ovelha também não enxerga muito bem,
de forma que deve ser guiada por seu pastor.
A Bíblia está muito distante de nós, não sendo escrita na cultura, idioma, circunstância
e geografia em que vivemos. Existe, portanto, um enorme abismo posicionado entre
os leitores do século XXI e as Sagradas Escrituras. Para que eu possa aproximar-me
da Bíblia, preciso transpor esses abismos com o auxílio da Hermenêutica.
O abismo cultural
O abismo geográfico
Nossa Bíblias não foram originalmente escritas em nosso idioma. Isso é um fato.
Tanto a grafia hebraica quanto a grega são distintas. Os textos bíblicos foram escritos
em hebraico, grego e algumas porções em aramaico.
Por sua vez, essa gramática é a língua pela qual as escrituras foram produzidas.
Como tal, possui sintaxe, morfologia, fonemas e estruturas diferentes da nossa, de
forma que é quase impossível àqueles que não possuem conhecimento das línguas
originais entender as escrituras em seu idioma de origem.
O Hebraico
O Aramaico
O Grego
Ela permitiu que a língua grega absorvesse a cultura hebraica enquanto essa
assimilava a riqueza de vocabulário e a universalidade do idioma grego. Essa
união sempre esteve em busca do enlace ou do divórcio, esta é a razão de
muitos intérpretes procurarem explicar diversos texto bíblicos usando a cultura
hebraica apesar de o texto estar no grego.
O Koiné foi tão universalmente difundido que Paulo escreve à igreja em Roma
não em latim, mas em grego. O grego usado por Lucas e pelo autor de Hebreus
é o mais literário, enquanto o de Apocalipse, o mais comum.
Toda a Bíblia foi escrita nessa três línguas por cerca de 40 escritores, muitos dos
quais sendo responsáveis por escrever mais de um livro. Os autores possuíam as
mais variadas funções possíveis, desde príncipes até pessoas simples como
boiadeiros ou pescadores. Todos esses escritores, bem como a cultura de seu tempo,
deixaram impressões nas Sagradas Escrituras
O abismo gramatical
Às vezes numa conversa uma pessoa diz para a outra “pensei que estavas
querendo dizer isso”. Dessa forma, fica mais fácil comunicar o que se quer
dizer acrescentando outras palavras.
Suponhamos que você abra uma Bíblia em alemão e tente ler. Se você não souber a
língua e quiser conhecer o sentido das palavras, poderá empregar uma das seguintes
opções: aprender a língua ou pedir que outra pessoa que saiba alemão traduza.
O mesmo acontece com a interpretação bíblica. Nosso objetivo é chegar o mais perto
possível do sentido original, para tanto, precisamos aprender as suas línguas originais
ou, se não for possível, recorrer a quem as conheça.
Não queremos dizer com isso que uma pessoa não pode conhecer, estimar e ensinar
a Bíblia sem conhecer aquelas línguas. Deus já usou muitos expositores capazes que
não sabiam hebraico, aramaico ou grego para pregar e ensinar. Da mesma forma, a
vida espiritual de muitas pessoas que não conheciam as línguas originais já foi
grandemente abençoada ao estudarem uma tradução da Bíblia em sua língua.