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KHAÍRETE
Para aprender o grego antigo
LÍNGUA GREGA I
Atena escrevendo
2015
2
Localização da Grécia
O país que conhecemos por Grécia era chamado de ά Hellás, por seus habitantes e ainda
hoje o chamam de Elláda, e seu povo, que denominamos de grego, autodenomina-se éllenas, do
grego antigo , Hélenes. Os termos Grécia e gregos devem-se aos romanos, que, de uma
pequena comunidade de helenos chamados ί, Graioí, e do adjetivo ί, Graikoí, eles
criaram a denominação "Grécia" e "gregos", para todo o país falante da língua grega e para seus
habitantes.
A Grécia faz parte da comunidade europeia. É um país que se situa no sudeste do continente
europeu, no sul da península balcânica. Tem como países vizinhos a Bulgária, a Macedônia e a
Albânia e é circundada pelo mar; é banhada a oeste pelo mar Jônico, ao sul pelo mar Mediterrâneo
e a leste pelo mar Egeu. Nenhuma de suas cidades dista mais do que 150 km do mar, o que fez
dela um país de marinheiros, desde os tempos imemoriais.
Seu território é constituído por uma parte continental, pela península do Peloponeso e por
mais de 6000 ilhas e ilhéus. A parte continental é formada pela região da Tessália, da Beócia e da
Ática, onde se localiza a capital, a cidade de Atenas. A península do Peloponeso liga-se à Grécia
continental pelo Istmo de Corinto, que tem 5 km de largura. As regiões do Peloponeso são a
Argólida, onde se situa a cidade de Argos; a Lacônia, onde se situa Esparta e a Messênia. Dentre as
ilhas o mar Jônico, destaca-se Ítaca, pátria de Odisseu; no mar Egeu situam-se Delos, ilha onde
nasceram Apolo e sua irmã, a deusa Ártemis; Quios, pátria de Homero; Lesbos, onde viveu a
poetisa Safo; ao sul situa-se Creta, a maior ilha grega, onde se localiza o monte Ida, onde cresceu
Zeus e a cidade de Knossos, pátria do Minotauro.
A Grécia Antiga era formada pela Grécia continental (Grécia central), pela Península do
Peloponeso (Grécia peninsular), pelas ilhas do Mar Egeu (Grécia Insular), além das colônias na
costa da Ásia Menor e no sul da Península Itálica, e nesta última se formou a chamada Magna
Grécia.
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A língua grega
A língua grega é falada na Grécia, em Chipre e nas comunidades da diáspora. Esse grego que é
falado atualmente denomina-se grego moderno. Contudo, a língua estudada nas universidades é o
Grego Antigo, falado na Grécia entre os anos de 800 a 330 a.C. O Grego Antigo era composto de
vários dialetos, sendo os principais o ático, o jônico, o dórico, o eólico e o árcado-cipriota. No
período helenístico, usou-se um grego de comunicação universal, chamado koiné, ou "comum".
Neste grego é que foram escritos o Novo Testamento e a Vulgata, tradução grega do Velho
Testamento.
Os principais períodos da língua grega estão relacionados a seguir, mas todas as datas são um
tanto arbitrárias (cf. Joseph 1987, 1992):
1) Grego micênico: 1500-1100 a. C. (textos 1400-1200 a. C.)
2) Grego arcaico (incluindo Homero e Hesíodo): 800-600 a. C.
3) Grego clássico: 600-300 a. C.
4) Grego helenístico (incluindo grego do Novo Testamento): koiné - 300 a.C.-300 d.C.
5) Grego Oriental: 300-1600
a) Grego bizantino: 300-1100
b) Grego Medieval: 1100-1600
6) Grego moderno: 1600 até o presente
O povo grego formou-se pela miscigenação de invasores vindos do norte com povos
autóctones que habitavam o continente, a península e as ilhas desde tempos imemoriais, chamados
pelasgos, que falavam uma língua que foi denominada proto-grego. Encontram-se resquícios dela no
grego posterior. A chegada de povos provenientes da região dos Balcãs, a noroeste da Europa,
chamados de indo-europeus, fez surgir o povo grego e também com sua chegada desenvolveram-
se os dialetos que formaram a língua grega.
A língua falada por tais invasores foi denominada de indo-europeu, que é, contudo, uma
língua hipotética, que teria dado origem a línguas como o grego, o latim e o sânscrito, entre outras.
Os linguistas chegaram ao indo-europeu por meio de estudos comparativos de diversas línguas
ocidentais, tendo encontrado uma base comum para palavras e estruturas sintáticas. Observe o
quadro abaixo:
O indo-europeu
indoeuropeu * trejes Mark Damen, em seu estudo intitulado The Indo-
grego ῖ Europeans and Historical Linguistics1, afirma ser
latim tres evidente que estas palavras são cognatas,
inglês three especialmente quando são comparadas com a
espanhol tres palavra "três" em línguas não indo-europeias, como
italiano tre o turco (uc), o hebraico (shelosh), o malaio (Tiga) e o
francês trois chinês (san). Diz ainda que adicionar outras
alemão drei palavras indo-europeias básicas como mother / moeder /
sânscrito trayas mater e pai / pater / patir torna o exemplo esmagador.
Para os linguistas, todas essas línguas, que apresentam tantos cognatos, devem ter tido uma
origem comum, que denominaram de "indo-europeu".
1 http://www.usu.edu/markdamen/1320Hist&Civ/chapters/07IE.htm
4
A mobilidade dos povos nesse período provocou invasões no território da península grega,
mas, segundo o pensamento mítico, a formação do povo grego deveu-se a um herói chamado
Helen, , cujo nome estendeu-se a todo o povo, chamado em sua homenagem, os helenos.
Vários escritores gregos antigos como Heródoto, Tucidides, Estrabão, Diodoro Sículo e Apolodoro,
entre outros, narram o mito da origem dos gregos.
O quadro abaixo sintetiza a genealogia dos descendentes de Deucalião e Pirra, os progenitores da raça
grega, segundo Apolodoro:
Deucalião + Pirra
Segundo uma tradicional teoria os indo-europeus não chegaram à Grécia de uma só vez.
Para os defensores dessa teoria, foram ondas sucessivas de tribos que vieram do Norte, por volta
de 2000 a.C., na seguinte sequência: mínios - aqueus - jônios - eólios - dórios.
Cada conjunto de tribo ao chegar conquistava e forçava os habitantes nativos (os pelasgos) à
emigração ou à assimilação, dando origem a agrupamentos populacionais que falavam uma
variante diferente do grego, um "dialeto". Por essa razão, a Grécia antiga transformou-se em uma
verdadeira colcha de retalhos de dialetos.
Mais recentemente, porém, minimiza-se a importância de ondas sucessivas de tribos como
explicação da diferenciação dialetal que existia em tempos históricos e procura explicar esta
situação por uma diferenciação dialetal ocorrida já em território grego. Dessa forma, o eólico e o
dórico não corresponderiam a ondas de tribos eólicas e dóricas que chegaram depois, mas a um
processo de diferenciação a partir das formas dialetais já existentes na Grécia.
Grupos dialetais:
1 - Jônico-ático - falado na Ásia; nas ilhas; na Eubéia. O ático seria o "jônico da Ática".
2- Arcado-cipriota - Arcádio; cipriota; panfílio .
3- Eólico - falado na Ásia (lésbio); tessálio; beócio.
4- Grupo ocidental (grego do noroeste e dórico)
a. Grego do Noroeste: focídeo (Delfos); lócrio; etólio e eleu.
b. Dórico: lacônio; argólido; coríntio ( Corinto, Siracusa); megárico; cretense; ródio; dórico
de Tera; cirenaico
Atenção: Não havia na Grécia antiga algo como uma língua nacional.
Todos os dialetos são igualmente importantes do ponto de vista linguístico.
2 http://sempreletrado.blogspot.com.br/2011/10/sodedades-pre-helenicas-quem-eram-os.html
6
O primeiro dialeto formado na Grécia pelos indo-europeus foi o micênico, usado pelos aqueus
que conquistaram o Peloponeso na Idade do Bronze Tardia, durante o fim do segundo milênio a.C.
Esse dialeto está associado à Civilização Micênica, pertencente aos povos que habitaram Micenas e
Argos e criaram uma cultura florescente, que registrou dados da administração palaciana numa
escrita chamada de Linear B. Graças às tabuletas onde foram feitos tais registros pode-se
reconstruir o dialeto micênico. Nesse período ocorreu a chamada de Guerra de Tróia, que
envolveu habitantes da Grécia e povos da Ásia Menor, por causa do rapto de uma rainha grega,
Helena.
No início da Idade do Ferro aconteceram migrações e alguns falantes do dialeto micênico
foram deslocados para Chipre, enquanto outros permaneceram no interior do Peloponeso, numa
região chamada Arcádia, dando origem ao dialeto árcado-cipriota.
O eólico, língua falada pelos indo-europeus pertencentes ao grupo dos eólios, dividia-se em
três subdialetos: um, lésbio, falado na ilha de Lesbos e na costa ocidental da Ásia Menor, ao norte
de Esmirna, enquanto os outros dois, o beócio e o tessálio, eram falados no nordeste da Grécia
continental, nas regiões da Beócia e da Tessália.
Com a invasão dos indo-europeus chamados dórios, o dialeto dórico espalhou-se de um local
hipotético no noroeste da Grécia até a costa do Peloponeso, e foi falado em locais tão diversos
quanto Esparta, Creta e o extremo sul da costa ocidental da Ásia Menor. O dórico tornou-se o
padrão para a poesia lírica grega, de autores como Píndaro.
O jônico era falado especialmente na costa oeste da Ásia Menor, inclusive em Esmirna e na
área ao sul da cidade. A Ilíada e a Odisseia de Homero foram escritas no grego homérico (também
conhecido como 'grego épico'), uma versão literária do grego jônico. Já o grego ático, um
subdialeto (ou um dialeto-irmão) do jônico, foi por diversos séculos a língua de Atenas, no qual
foram escritas as grandes obras da filosofia e da dramaturgia que ajudaram a tornar célebre esta
cidade. Devido a esta influência, o ático foi adotado na Macedônia pouco antes das conquistas de
Alexandre, o Grande; com a difusão do Helenismo, o ático tornou-se o dialeto padrão, que acabou
por evoluir e tornar-se o koiné.
Dentre os dialetos mencionados, estuda-se nas universidades inicialmente o grego ático, usado
na região de Atenas, o maior centro cultural da Grécia antiga.
Abaixo vê-se o quadro com a síntese dos principais dialetos da Grécia antiga:
Esse dialeto é também chamado ático clássico ou simplesmente grego clássico. Entre todos
os dialetos gregos, o ático é aquele sobre o qual se tem maiores informações linguísticas, e também
o que foi usado por importantes autores, tanto em verso como em prosa, tanto na poesia, quanto
na filosofia, na historiografia quanto na oratória. Na poesia dramática ou teatro usava-se o verso e
destacaram-se os seguintes poetas: Ésquilo, Sófocles, Eurípides, Aristófanes e Menandro. Em
prosa, podemos citar na historiografia: Tucídides e Xenofonte; na filosofia: Platão e Aristóteles; na
oratória: Isócrates, Lísias, Demóstones, Ésquines, etc. Devido à importância desses autores e de
suas obras, até hoje se estuda o ático clássico. A partir desse dialeto, estudam-se os demais,
apresentando-se as diferenças em relação ao ático.
Os dialetos literários
Com fina ironia, que visa ao que de fato importa, a professora Dra. Daisi Malhadas, que
iniciou os estudos de grego na Faculdade de Ciências e Letras da UNESP, em Araraquara, quando
lhe perguntam "Pra que serve o grego?" responde: "Não serve para nada". À primeira vista, essa
resposta nos deixa perplexos. Então como, perde-se tempo - e dinheiro! - com algo que não serve
para coisa alguma? Mas seu esclarecimento é tranquilizador: "O que serve para alguma coisa, compra-
se nas lojas e supermercados, usa-se e depois que não serve mais, joga-se fora. Não é assim com a cultura".
De fato, o grego antigo suscita interesse até nossos dias por ter sido usado por autores como o
poeta épico Homero, o poeta didático Hesíodo, os poetas líricos, como Simônides e Safo, os
dramaturgos Ésquilo, Sófocles, Eurípides e Aristófanes, o médico Hipócrates, e os filósofos, como
Platão e Aristóteles, entre outros. Esses textos são fundamentais para nós, pois veiculam aspectos
fundamentais da cultura grega que, juntamente com a cultura judaico-cristã, a cultura latina e a
cultura da Idade Média constituem os pilares da civilização ocidental. O conhecimento da língua
em que tais textos foram escritos assegura o acesso às fontes sem a intermediação de tradutores,
ou, pelo menos, possibilita o confronto da tradução com o original, permitindo que sejam sanadas
possíveis dúvidas. Essa é a motivação principal para se estudar o Grego Antigo. Contudo, tal
estudo traz como acréscimo o aprofundamento na compreensão da Língua Portuguesa, por se
tratar de uma língua muito diferente, levando a maior consciência dos fenômenos linguísticos do
Português. Além disso, grande número de palavras de nossa língua é de origem grega ou são
palavras formadas a partir de radicais gregos, e, por essa razão, seu conhecimento aperfeiçoa o
domínio do léxico.
A maioria dos especialistas acredita que o alfabeto fenício foi adotado para a língua grega durante
o início do século 8 aC, talvez na ilha de Eubéia. As inscrições gregas fragmentárias mais antigas
conhecidas datam dessa época, 770-750 a.C., e elas contêm formas das letras fenícias de 800-750
a.C. Os mais antigos textos conhecidos até o momento são a inscrição Dipylon e o texto sobre a
chamada Copa de Nestor, ambos datados do final do século 8 a.C., inscrições cujo conteúdo é a
indicação de propriedade particular e de dedicação a um deus.
Inscrições do vaso Dypilon
As variantes locais do alfabeto grego foram empregadas na Grécia antiga durante os períodos
clássicos arcaic s e iniciais, até que foram substituídos pelo clássico alfabeto de 24 letras que é o
padrão de hoje, por volta de 400 a.C. Todas as formas de alfabeto grego foram originalmente com
base no inventário compartilhado dos 22 símbolos do alfabeto fenício ,
O sistema conhecid como alfabeto grego, com 24 letras, foi originalmente a variante regional das
cidades jônicas da Ásia Menor . Ele foi adotado oficialmente em Atenas em 403 a.C, e na maior
parte do resto do mundo grego em meados do século 4 a.C .
Como a escrita grega teve antecedentes na Civilização cretense ou minoica, que empregou a escrita
Linear A e também na Civilização Micênica, que possuía uma escrita para fins palacianos,
denominada Linear B, é apresentado a seguir breve apontamento acerca dessas duas civilizações.
11
A civilização minoica
Religião
A Senhora das serpentes
3 Arte ou método de pintura mural que consiste em aplicar tintas diluídas em água sobre um revestimento
de argamassa ainda fresco, de modo a facilitar o embebimento da tinta (Dicionário Houaiss).
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A civilização Micênica
A Grécia micênica refere-se ao período da Grécia antiga entre 1600 a 1100 a.C. Esse nome deve-
se aos achados do sítio arqueológico de Micenas, na Argólida (Peloponeso, sul da Grécia). A
civilização micênica desenvolveu-se a partir da cultura dos aqueus e dos jônios, povos da raça
indo-europeia, que chegaram à região onde surge a Grécia, por volta do século XVI a.C. Esses
povos conquistadores assimilaram elementos da cultura cretense, dando origem, assim, à cultura
micênica.
A prosperidade dos micênicos devia-se à prática da conquista, sendo por isso uma civilização
marcada por uma aristocracia guerreira.
Por volta de 1400 a.C. os micênicos dominaram Creta e adotaram sua escrita, o Linear A,
para registrarem sua antiga forma de grego, na escrita que foi denominada Linear B.
O desaparecimento da Civilização micênica é comumente atribuído à invasão dórica, apesar de
teorias alternativas proporem como causa as catástrofes naturais e as mudanças climáticas. Neste
período começa o desenvolvimento da literatura grega antiga e do mito, incluindo os poemas
épicos de Homero, a Ilíada e a Odisséia. A Guerra de Troia pertence a esse período.
A máscara de Agamenão
4As ruínas encontradas pertencem à dinastia dos reis chamados Μξστψ , à φuζρ υκχωκσθκχξζ τ λζςτψτ
Minotauro.
5 Maiores informações em: Ferrara, Sílvia. Mycenaean Texts: The Linear B Tablets. BAKKER, Egbert J. A
companion to the Ancient Greek Language. Massachussets Wiley-Blackwell, 2010.
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O período Clássico
A acrópole de Atenas
Havia na Grécia nesse período diferentes dialetos, sendo que, em Atenas, falava-se o dialeto de
toda a região da Ática. Devido à rica produção escrita em dialeto ático, essa é a modalidade do
grego estudado nas universidades.
O alfabeto usado para registro da língua grega desse período chamava-se phoinikeia grámmata,
alfabeto fenício, por ter sido adaptado a partir da escrita fenícia.
15
ὰἙ ὰ ά
O alfabeto grego
Os fenícios vindos com Cadmo, entre os quais estavam esses gefireus, introduziram numerosos
conhecimentos entre os helenos quando se estabeleceram em seu território — entre outros o
conhecimento do alfabeto, que os helenos, até onde vai o meu conhecimento, não possuíam
anteriormente; de início esse alfabeto era o mesmo usado pelos fenícios; depois, com o passar do tempo,
simultaneamente com a língua esses cadmeus mudaram também a forma das letras. As regiões
circunvizinhas eram habitadas em sua maior parte por helenos de raça iônia; eles adotaram os
caracteres aprendidos dos fenícios e passaram a usá-los com ligeiras modificações, e usando-os eles os
divulgaram, como era justo — pois os fenícios haviam sido os seus introdutores na Hélade — sob o
nome de "fenícios".
Segundo Heródoto, Cadmo teria ido para a Grécia por volta do ano 2000 a.C. Contudo, o
alfabeto fenício surge na Grécia por volta de 800 a. C.
Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/History_of_the_Greek_alphabet
6 Outros autores gregos apresentam diferentes relatos acerca da origem do alfabeto grego. Cf. Higino
Fabulae, 277; Diodorus Siculus, Historical Library, 5.74.1; Plutarco, em sua obra On the malice of Herodotus,
entretanto, critica a opinião de Heródoto.
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Outras letras
Consultas efetuadas
http://www.ancientscripts.com/lineara.html
http://drupal.antibaro.gr/node/1844
http://www.ancientscripts.com/linearb.html
Cultura minoica: https://www.pinterest.com/sptheos/minoan/
Cultura micênica: http://flickrhivemind.net/Tags/mycenaean
Glossário do Linear B: http://www.explorecrete.com/archaeology/linearB.pdf
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Observe o trecho abaixo, referente a uma tabuinha de ouro7, encontrada em Petélia (Itália).
Tratava-se de uma plaqueta de ouro que os iniciados nos mistérios órficos levavam consigo
quando mortos, para serem "reconhecidos" no Hades como iniciados e, assim, admitidos entre
outros iniciados8.
Temos acima a foto da tabuinha e a reprodução escrita do trecho nela existente. Pode-se
observar a sequência de maiúsculas, palavras todas juntas, etc. Desse texto, destaco um trecho que
se encontra no final da sexta linha e começo da sétima, onde se pode (com dificuldade) ler:
Α Α Ι Ι Α Ι
MASSOURAÇADOSDEUSES
Em grego ático, em escrita minúscula, seria:
ὐ ά [ἰ] [ ] έ ὐ ά
... mas sou raça dos deuses...
Só mais tarde, no período helenístico (III século a.C.), Aristófanes de Bizâncio introduziu
os sinais diacríticos, como a pontuação e os espíritos, que se tornaram padrão na Idade Média,
visando a uniformizar a divergência gradativa que se estabelecia entre a pronúncia e a escrita, bem
como para auxiliar os estrangeiros a escreverem ou lerem o grego. Essa nova grafia foi a que
prevaleceu.
A escrita capital (isto é, maiúscula) existiu até o século IX e X d. C., quando foi substituída
pelas letras minúsculas.
As maiúsculas continuaram a ser usadas apenas no início de frases e dos nomes próprios,
de cidades ou nos adjetivos pátrios.
7 http://www.heavenlyascents.com/2009/06/18/instructions-for-the-netherworld-the-orphic- gold-tablets/ e
http://www.theosophy-nw.org/theosnw/world/med/me-gfk.htm
8 Para saber mais, consultar EDMONDS, Radicliffe G. Orphic Gold Tablets and grek religion. Cambridge:
Cambridge University Press, 2011.
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ἐ ὼ ὸ ὶ ὸ Ὦ, ὁ ῶ ὶὁ ,
ἡἀ ὴ ὶ ὸ έ .
9 As normas de transliteração usadas na Revista Classica, da Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos, estão
disponíveis em: http://revista.classica.org.br/index.php/classica/article/view/123/113 (para baixar em pdf).
21
I – As vogais
2. Só breves: e o
ĕ e breve fechado. Cf. medo
ŏ o fechado. Cf. bolo
[ê] [ dz ] [ éé ] [ th ]
3. Longas ou breves
épsilon dzeta êta teta
Atenção para a vogal
II – As consoantes
As consoantes gregas
Além das consoantes simples, equivalentes ao som das nossas consoantes, a língua grega
possui também consoantes duplas, ou dífonos, que são uma única letra para representar dois sons
e também consoantes aspiradas, que eram emitidas acompanhadas de uma aspiração, que é
Letra
Pronúncia [b] [g]1 [d] [k] [l] [m] [n] [p] [r]2 [s]3 [t]
Transliteração /b/ g
/ / /d/ /k/ /m/ /n/ /p/ /r/ /s/ /t/
Observações:
Letra
1. , lê-se /ga/, /go/ e /gu/ ά estômago; ό sêmen
[g] / lê-se /gue/ e /gui/ ἀ έ rebanho ί torna-se
ἀ ά necessidade
[ ζσωκψ ικ τuωχζ μuωuχζρ , , , ωκς ψτς σζψζρ ἐ ύ perto
[ ] [ ] [ ] [ ] lê-se: /ng/, /nk/, /nkh/ e /nks/ ἐ ώ nativo do país
2. a) No final ou no interior da palavra: ά /kithára/ cítara
[r] ζ θτσψτζσωκ ωκς ψτς vξηχζσωκ ψξςυρκψ ή /patér/ pai.
(cf. port. carinho).
b) No início das palavras - τ ψτς ιτ é vξηχζσωκ ῥό /rhópalon/ clava
(cf. port. romance). ῥί /rhís/ nariz
Usa-ψκ τ κψυíχξωτ χuικ ' ψτηχκ τ ῥ ] para ῥ ί /rheítron/ correnteza
marcar esse som vibrante inicial. Ῥ ί /Rhegíon/ Régio (cidade).
θ vτzκζιτ στ ξσωκχξτχ ιζ υζρζvχζ é
χκιuυρξθζιτ θλ. υτχω. θζχχξσντ ί /Tirrhenía/ Tirrenia
3. O som do sigma é suave ί relação ἴ saída
[s] Como /ss/ em português. ῶ corpo
Grafia do sigma
[ ] usado no início ou no interior da palavra ή mistério
[ ] usado no final da palavra ἄ homem.
II. Consoantes duplas (dífonos): uma única letra representa um som complexo, formado por uma
consoante [ ; ; ] + s/z.
[ dz ] [ ks ] [ ps ]
ή busca έ estrangeiro ή voto
Ἀ ά Amazona ί espada ή almα
ύ Zeus ό arco; flecha έ Pélope
III. Consoantes aspiradas - são sons consonantais acompanhados de som gutural [h].
São pronunciadas com um leve sopro. Cf. inglês thing.
As vogais gregas
A grande modificação introduzida na escrita pelo alfabeto grego em relação aos sistemas de escrita
anteriores foi a grafia das vogais. O alfabeto grego tem sete vogais:
Frontal Posterior
Algumas vezes, o arredondamento dos lábios é associado a uma vogal frontal e difundindo- se
como uma vogal posterior, como acontece com o u francês e o ü alemão: menu; Müller. Do mesmo
modo é pronunciado o u grego, em certos contextos fonéticos (no início das palavras e após
consoante, formando uma sílaba. Ex.: ύ , sono; ύ sinal).
As vogais gregas se distinguem não apenas pelo ponto de articulação (frontal/medial/posterior)
ou grau de abertura/fechamento da boca (aberta/fechada), mas também pela duração de sua
pronúncia.
10
ALLEN, Sidney W. Vox Graeca. A guide to the pronunciation of classical greek.
Cambridge: The Cambridge University Press, 1968, p. 3-4.
24
4. Colocação do espírito
Há diversas possibilidades de colocação do espírito, depende se a vogal for minúscula ou
maiúscula, ou ainda se se tratar de ditongos.
ἀ ί , imortalidade o espírito é colocado sobre as vogais iniciais minúsculas;
Ἀ ή Ática o espírito é escrito ao lado das maiúsculas
ἰ ί causa; ὐ ώ Europa Nos ditongos, o espírito é grafado sobre a segunda vogal
ἀ ό águia; Hades Quando o acento está na vogal inicial, trata-se de um hiato e
não de um ditongo
Os ditongos
Há sete ditongos em grego, formados por vogais seguidas das semivogais [ ou ]
Ditongos com a semivogal Ditongos com a semivogal
Pronúncia Significado
/ai/ ί /kháirete/ Salve!( vós) /au/ ῦ /tauros/ touro
/ei/ ἰ ί /eimí/ eu sou /eu/ ί / Eleusis Elêusis
/oi/ ἶ /oínos/ vinho /u/ ὐ ό /uranós/. céu
/ui/ /u/ monotongo: duas letras/ um único som
O iota subscrito: [ ᾳ ῃ ῳ ]
O iota pode às vezes estar escrito sob alguma vogal longa (ᾳ, ῃ, ῳ). Esse é o iota subscrito. Pode
ser pronunciado ou não. Alan Daitz, que emprega a pronúncia restaurada do grego o pronuncia.
Ele é escrito sob as minúsculas e ao lado das maiúsculas: ᾠ ή e Ι ode, canto.
Proponho que o iota subscrito seja pronunciado, como forma de auxiliar a memorização.
Transliteração: o iota subscrito escreve-se após a vogal ao qual ele se subscreve.
Ex.: ῷ animal. Pronúncia dzoion e transliteração: dzōion.
Sinais de pontuação
A escrita grega antiga não possuía sinais de pontuação , nem separação de palavras e foram
desenvolvidos posteriormente, pelos gramáticos. Alguns coincidem com nossos sinais, outros não.
Verifique:
[ . ] ponto final [ ; ] ponto de interrogação
[ , ] vírgula [ · ] ponto e vírgula ou dois pontos ( : )
Trema [ ¨ ] - o trema indica um hiato, ou seja, as vogais juntas não formam um ditongo, mas são
pronunciadas separadamente: ἀϊ ή invisível.
ἄ
Escreva em grego os nomes dos heróis que estão transliterados abaixo.
Nota: lembrar-se dos espíritos antes das vogais maiúsculas.
ho Akhilleús ντ Ηéπωōχ
---------------------- ----------------------
ho Odysseús ho Theseús
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https://www.britishmuseum.org/explore/online_tours/greece/the_myth_of_the_trojan_war
/menelaos_and_helen.aspx
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
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a b g d e dz e t h i k l m n ks 0 p r s t y ph kh ps ô
Saudações:
Cópia Transliteração Significado
1. ί Salve (vós)!
2. ῖ ὶ ύ Salve tu!
Cópia Transliteração
1. ἐ ὼ ἰ ί
2. ὺ ἶ
3. ἡ ῖ ἐ
4. ὑ ῖ ἐ
5. ὐ ό ἐ
6. ὐ ί ἰ
7. ὐ ή ἐ
8. ὐ ί ἰ
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1. ἐ ὼ ....................................................................... ἰ .
2. ὐ ὸ .................................................................... ἐ .
3. ὐ ὴ .................................................................... ἐ .
ἄ - Transliteração
Faça a transliteração das frases a seguir:
1. ἑώ · 5. Achei! (Arquimedes)
2. ά ῥ ῖ. 3. Tudo se move.
Cópia: Tradução:
1. ἐ ὼ ά
2. ἐ ὼ ά
3. ἡ ῖ ά
4. ἡ ῖ ά
5. ἐ ὼ έ
6. ύ ὲἀ ύ
7. ὐ ὸ έ
8. ὐ ὴ ὲἀ ύ
Vocabulário: ά aprender / έ dizer; falar / ἀ ύ ouvir
Pausânias (115 - 180 d.C.) geógrafo e viajante grego, escreveu a obra Descrição da Grécia, onde se lê:
No frontão do templo de Delfos estão escritas máximas úteis para a vida dos homens, que
foram escritas por homens que os gregos dizem ser sábios. Esses eram: da Jônia, Tales de Mileto
e Bias de Priene; dos eólios de Lesbos, Pítaco de Mitilene; dos dórios da Ásia, Cleóbulo de
Lindos; o ateniense Solon e o espartano Quílon; o sétimo, Platão, filho de Ariston, ao invés de
Periandro, filho de Cipselo, declarou que era o queneu Misão, que habitava Quenas, vilarejo do
monte Eta. Esses sábios, então, foram a Delfos e dedicaram a Apolo as célebres máximas:
"Conhece-te a ti mesmo" e "Nada em excesso".
(Pausânias. Descrição da Grécia, 10.24.1)
ῶ ό . Conhece-te a ti mesmo.
ὲ ἄ . Nada em excesso.
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Ao lado:
Gaia segura Erictônio recém-nascido e o entrega a Atena
Outra categoria de seres existentes são o que os gregos denominavam daímon, que podia
manifestar-se como um espírito da natureza ou forças que afetam o corpo e a mente dos mortais.
Os daímones que agem como forças da natureza pertenciam a diversos grupos, como as Nymphai,
que administram os quatro elementos; as Náiades, que protegem a água fresca e as Dríades, que
cuidam das florestas; há também os Sátiros, que se ligam ao amor selvagem e os Tritões, que são
seres marinhos, etc. Podem ainda ser citados os daímones que agem diretamente sobre os humanos,
como Hypnos (o sono); Eros (o amor); Éris (a discórdia); Phóbos (o pavor); Thánatos (a morte), etc. A
força divina que atuou nas decisões de Sócrates era seu daímon, conforme ele próprio afirma em
sua defesa diante dos juízes, no tribunal que o condenou à morte. Quando descreve o surgimento
do universo e os seres primordiais, Hesíodo assim se refere a Eros, na Teogonia, v. 120-2:
, ά ἐ ἀ ά ῖ ,
ή , ά ὲ ῶ ά ᾽ἀ ώ
ά ἐ ή ό ὶἐ ί ή .
(...) Eros, o mais belo entre os deuses imortais,
que afrouxa os membros e que de todos os deuses e homens
subjuga no peito o espírito e o justo juízo.
31
Além dos prógonoi e dos daímones, havia também outra categoria de seres, os chamados theoí, os
deuses, que detinham o domínio das forças da natureza e que contribuíram para a difusão da
cultura entre os homens. Esses theoí também pertencem a diferentes grupos, dependendo de sua
localização no cosmo ou de sua forma de atuação. São eles os ouranioi, deuses celestes, como
Hélios, o sol; os Ánemoi, os ventos; Eos, a aurora, etc. Há os halioi, os deuses do mar, como as
Nereides, Triton, Glaukos, etc.; os deuses
chtonioi, do mundo subterrâneo, como
Hades, Perséfone, Hécate, etc. Havia
também os deuses georgikoi, protetores da
agricultura, como Pluto e Deméter, por
exemplo; os nomíoi eram os deuses pastoris,
como Pan e Aristeu; os pólikoi eram os
deuses da cidade, como Hestia, Eunomia,
etc.; os titanes, que eram em número de
doze, seis masculinos e seis femininos,
como Têmis, Crono, Prometeu, etc. Havia
ainda os apotheothenai, que eram os mortais
deificados, como Héracles e Asclépio, que
se tornou o deus da medicina.
Pertencem também ao conjunto dos imortais as constelações, que povoavam o céu noturno,
inclusive os signos do zodíaco, tal como Sagitário, que era o centauro Quíron; Gêmeos, que eram
os dois gêmeos Dióscuros, etc. Outra classe era formada por monstros, bestas e gigantes, como
Cérbero, os Centauros, a Esfinge, as Sereias, etc.
Por fim, podem ser citados os heróis semideuses, que eram adorados após sua morte como
deuses menores. Esse grupo inclui figuras como Aquiles; Teseu, Perseu e heroínas como Helena,
Alcmena e Baubo, bem como fundadores de cidades, como Erictônio (fundador de Atenas);
Cadmo (fundador de Tebas) e Pélope, que deu seu nome ao Peloponeso.
ἱ ὶ ὶ ἱ ί-------------------------- ---
A Grécia antiga era politeísta. Havia um deus específico para os mais diversos aspectos da vida
humana e cósmica. Entretanto, havia um grupo de deuses que ficou conhecido como os doze deuses
olímpicos. Esses deuses variavam conforme os autores, mas os doze deuses canônicos, como se
- - - - - - - - - - - - - - - - - , não era geralmente incluído entre os deuses olímpicos, porque o seu reino
era o submundo. Platão relacionou os Doze olímpicos com os doze meses, e isso significa que ele
considerou Ploúton um dos doze, uma vez que o último mês do ano era dedicado a ele e aos
espíritos dos mortos. Em seu diálogo filosófico Fedro, Platão alinha os Doze deuses com o Zodíaco
Heródoto menciona ainda que alguns incluíam Heraklēs - - - - - - - - - - - - - - - - - como um dos Doze.
Hefaistos não são. Para Píndaro e também na obra Biblioteca de Apolodoro e em Herodoro,
Heraklês não é um dos Doze Deuses, mas aquele que estabeleceu seu culto. Luciano (século II d.C.)
inclui Heraklēs e Asclepiós - - - - - - - - - - - - - - - - - como membros dos Doze, sem explicar quais
ξσθρuíιτψ στ μχuυτ ιτψ Γτzκ. Éχōψ é ςuξωζψ vκzκψ χκυχκψκσωζιτ ζτ ρζιτ ιτψ τuωχτψ ιτzκ,
κψυκθξζρςκσωκ ικ ψuζ ςãκ, “υνχτιíωē , ςζψ μκχζρςκσωκ σãτ é θτσωζιτ κσωχκ κles.