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Zeus

deus grego dos céus, raios e dos


relâmpagos

Este artigo cita fontes, mas que não cobrem todo o conteúdo.
Saiba mais

Zeus (em grego antigo: Ζεύς; transl.


Zeús;[1] em grego moderno: Δίας, transl.
Días) é o pai dos deuses (πατὴρ ἀνδρῶν
τε θεῶν τε, patēr andrōn te theōn te),[2]
que exercia a autoridade sobre os
deuses olímpicos na antiga religião
grega. É o deus dos céus, raios,
relâmpago que mantêm a ordem e
justiça na mitologia grega. Seu
equivalente romano é Júpiter, enquanto
seu equivalente etrusco é Tinia; alguns
autores estabeleceram seu equivalente
hindu como sendo Indra.
Zeus
Deus dos trovões e dos céus

Nome nativo Ζεύς


Local de culto Olímpia
Morada Monte Olimpo
Clã Olimpianos
Cônjuge(s) Hera e outras
Pais Cronos e Reia
Irmão(s) Deméter, Hades,
Héstia, Hera,
Poseidon e Quíron
Filho(s) Afrodite, Agdistis,
Ângelo, Apolo, Ares,
Ártemis, Atena,
Dionísio, Éaco, Ênio,
Épafo, Éris, Ersa,
Hebe, Hefesto,
Helena de Troia,
Héracles, Hermes,
Ilítia, Lacedemon,
Minos, Pandia,
Perséfone, Perseu,
Radamanto, as
Graças, as Horas, as
Litai, as Musas, as
Moiras
Romano equivalente Júpiter
Etrusco equivalente Tinia
Eslavo equivalente Perun
Mesopotâmico Anu
equivalente
Portal:Mitologia greco-romana
Filho do titã Cronos e de Reia, Zeus é o
mais novo de seus irmãos; na maior
parte das tradições é casado, primeiro
com Métis, gerando a deusa Atena e,
depois, com Hera, embora no oráculo de
Dodona, sua esposa seja Dione, com
quem, de acordo com a Ilíada, ele teria
gerado Afrodite.[3] É conhecido por suas
aventuras eróticas, que frequentemente
resultavam em descendentes divinos e
heroicos, como Atena, Apolo e Ártemis,
Hermes, Perséfone (com Deméter),
Dioniso, Perseu, Héracles, Helena de
Troia, Minos, e as Musas (de
Mnemosine); com Hera, teria tido Ares,
Ênio, Ilítia, Éris, Hebe e Hefesto.[4]
Como ressaltou o acadêmico alemão
Walter Burkert em seu livro Religião
Grega, "mesmo os deuses que não são
filhos naturais de Zeus dirigem-se a ele
como Pai, e todos os deuses se põem de
pé diante de sua presença."[5] Para os
gregos, era o Rei dos Deuses, que
supervisionava o universo. Nas palavras
do geógrafo antigo Pausânias, "que Zeus
é rei nos céus é um dito comum a todos
os homens."[6] Na Teogonia, de Hesíodo,
Zeus é responsável por delegar a cada
um dos deuses suas devidas funções.
Nos Hinos Homéricos ele é referido como
o "chefe dos deuses".
Seus símbolos são o raio, a águia, o
touro e o carvalho. Além de sua clara
herança indo-europeia, sua clássica
descrição como "ajuntador de nuvens"
também deriva certos traços
iconográficos das culturas do Antigo
Oriente Médio, tais como o cetro. Zeus
frequentemente foi representado pelos
antigos artistas gregos em duas poses
diferentes: numa, em pé, apoiado para a
frente, empunhando um raio na altura de
sua mão direita, erguida; na outra
sentado, numa pose majestosa. Havia
muitas estátuas erguidas em sua honra,
das quais a mais magnífica era a sua
estátua em Olímpia, uma das sete
maravilhas do mundo antigo.
Originalmente, os Jogos Olímpicos eram
realizados em sua honra.

Etimologia

Carruagem de Zeus
De Histórias dos Tragedistas Gregos,
1879, de Alfred Church

Em grego, o nome do deus é Ζεύς, Zeús,


AFI: [zdeús] (nominativo : Ζεύς, Zeús;
vocativo : Ζεῦ, Zeû; acusativo: Δία, Día;
genitivo: Διός, Diós; dativo: Διί, Dií). Na
Civilização Minoica, Zeus não era
cultuado pela população geral, mas
apenas em pequenos cultos minoritários
que o viam como um semideus que
acabara sendo morto.[7] Os primeiros
registros de seu nome estão no grego
micênico, nas formas di-we e di-wo,
escritas no silabário Linear B.[8]

Zeus, referido poeticamente pelo


vocativo Zeu pater ("Ó, pai Zeus"), é uma
continuação de *Di̯ēus, o deus proto-
indo-europeu do céu diurno, também
chamado de *Dyeus ph2tēr ("Pai Céu").[9]
Este mesmo deus é conhecido por este
nome em sânscrito (Dyaus/Dyaus Pita),
latim (Júpiter, de Iuppiter, do vocativo
proto-indo-europeu *dyeu-ph2tēr[10]), que
é derivado da forma básica *dyeu-
("brilhar", e em seus diversos derivados -
"céu", "deus").[7] Já na mitologia
germânica o paralelo pode ser
encontrado em *Tīwaz > alto germânico
antigo Ziu, nórdico antigo Týr, enquanto o
latim também apresenta as formas deus,
dīvus e Dis (uma variação de dīves[11]), do
substantivo relacionado *deiwos.[11] Para
os gregos e romanos, o deus do céu
também era o deus supremo. Zeus é a
única divindade do panteão olímpico
cujo nome tem uma etimologia tão
evidentemente indo-europeia.[12]
Epítetos e títulos

Zeus
Cabeça colossal de mármore,
romana, século II, Museu Britânico[13]

Zeus desempenhava um papel


dominante, presidindo sobre o panteão
olímpico da Grécia Antiga. Foi pai de
muitos heróis, e fazia parte de diversos
cultos locais. Embora o "ajuntador de
nuvens" homérico fosse um deus do céu
e do trovão, como seus equivalentes
orientais, também era o supremo
artefato cultural; de certa maneira, era a
encarnação das crenças religiosas
gregas, e o arquétipo da divindade grega.

No neoplatonismo, a figura de Zeus


familiar à mitologia grega é associada ao
Demiurgo, ou Mente (nous) Divina.
Especificamente dentro da obra de
Plotino, Enéadas,[14] e na Teologia
Platônica, de Proclo.

Além dos epítetos locais, que


simplesmente designavam que a
divindade havia feito algo em
determinado lugar, os epítetos ou títulos
aplicados a Zeus enfatizavam diferentes
aspectos de sua ampla autoridade:
Zeus Olímpio, enfatizava a realeza de
Zeus e seu domínio sobre os deuses,
bem como sua presença específica no
Festival Pan-Helênico de Olímpia.
Zeus Pan-Helênio ("Zeus de todos os
Helenos"), a quem o célebre templo de
Éaco em Egina foi dedicado.
Zeus Xênio, Filóxeno ou Hóspites:
Zeus que era o padroeiro da
hospitalidade e dos convidados,
pronto para vingar qualquer mal
cometido a um estrangeiro.
Zeus Órquio: Zeus protetor dos
juramentos. Mentirosos que haviam
sido expostos eram forçados a dedicar
uma estátua a Zeus, muitas vezes no
santuário de Olímpia.
Zeus Agoreu: Zeus que cuidava dos
negócios na ágora e punia os
comerciantes desonestos.
Zeus Egíoco: Zeus que portava a
égide, com a qual ele infundia o terror
nos ímpios e em seus
inimigos.[15][16][17] Outros autores
derivaram este epíteto de αἴξ ("cabra")
e οχή, interpretando-o como uma
alusão à lenda segundo a qual Zeus
teria sido amamentado por
Amalteia.[18][19]

Entre outros nomes e epítetos dados a


Zeus estão:
Zeus Meilíquio (Meilichios, "facilmente
acessível"): Zeus assimilou um daimon
ctônico arcaico, propiciado em Atenas,
o Meilíquio.
Zeus Taleu (Zeus Tallaios, "Zeus
solar"): o Zeus que era cultuado em
Creta.
Zeus Labrando (Labrandos): venerado
na Cária, seu local de culto era em
Labraunda, e era representado
empunhando um machado de ponta
dupla (lábris). Estava associado ao
deus hurrita do céu e da tempestade,
Texube.
Zeus Nao (Naos) e Zeus Búleo
(Bouleus): formas de Zeus cultuadas
em Dodona, o oráculo mais antigo.
Alguns autores acreditam que os
nomes de seus sacerdotes, os selos,
teriam dado origem ao nome de
helenos, dado ao povo grego desde a
Antiguidade.
Zeus Cássio: o Zeus de monte Acra,
vale de montanhas entre a Síria e
Turquia.
Zeus Itômio ou Itomeu (Ithomatas): o
Zeus do monte Itome, na Messênia.
Zeus Astrápeo (Astrapios,
"relampejante")
Zeus Brôncio ou Bronteu ("trovejante")
Mito

Zeus
Na Villa Getty, Itália, entre 1 e 100 d.C,
autor desconhecido

Nascimento de Zeus e seus irmãos

Cronos teve diversos filhos com Reia:


Héstia, Deméter, Hera, Hades e Posídon,
porém engoliu-os (menos Posídon,
Hades e Hera) assim que nasceram,
após ouvir de Gaia e Urano que ele
estava destinado a ser deposto por seu
filho, da mesma maneira que ele havia
deposto seu próprio pai - um oráculo do
qual Reia tomou conhecimento e pôde
evitar.

Quando Zeus estava prestes a nascer,


Reia procurou Gaia e concebeu um plano
para salvá-lo, para que Cronos fosse
punido por suas ações contra Urano e
seus próprios filhos. Reia deu à luz Zeus
na ilha de Creta, e entregou a Cronos
uma pedra enrolada em roupas de bebê,
que ele prontamente engoliu.
Infância

Reia teria escondido Zeus numa caverna


dos montes Dícti, em Creta. De acordo
com as diversas versões da história, ele
teria sido criado:

por Gaia;
por uma cabra chamada Amalteia,
enquanto um pelotão de curetes —
soldados ou deuses menores —
dançavam, gritavam e batiam suas
lanças contra seus escudos para que
Cronos não ouvisse o choro do bebê
(ver cornucópia);
por uma cabra chamada Aix (que
pertencia à ninfa Amalteia), e da pele
dela Zeus fez a Égide;
por uma ninfa chamada Adamanteia.
Como Cronos era senhor da Terra, dos
céus e do mar, ela o escondeu
pendurado por uma corda de uma
árvore, de modo que ele, não estando
nem na terra, nem no céu e nem no
mar, teria ficado invisível para seu pai;
por uma ninfa chamada Cinosura, e
como agradecimento, Zeus a teria
colocado em meio às estrelas.
por Melissa, que o amamentou com
leite de cabra e mel.
Rei dos deuses

Marnas colossal sentado, retratado ao


estilo de Zeus, período romano. Era a
divindade principal de Gaza
(Museu Arqueológico de Istambul).[20]

Após chegar à idade adulta, Zeus forçou


Cronos a vomitar primeiro a pedra que
lhe havia sido dada em seu lugar - em
Pito, sob os vales do monte Parnaso,
como um sinal para os mortais: o Ônfalo,
"umbigo" - e em seguida seus irmãos, de
acordo com a ordem em que haviam
sido engolidos. Em algumas versões,
Métis deu a Cronos um emético para
forçá-lo a vomitar os bebês, enquanto
noutra o próprio Zeus teria aberto com
um corte a barriga de Cronos. Em
seguida, Zeus libertou os irmãos de
Crono, os gigantes, os hecatônquiros e
os ciclopes, que estavam aprisionados
num calabouço no Tártaro, após matar
Campe, o monstro que os vigiava.

Para mostrar seu agradecimento, os


ciclopes lhe presentearam com o trovão
e o raio, que haviam sido escondidos
anteriormente por Gaia. Zeus então,
juntamente com seus irmãos e irmãs, os
gigantes, hecatônquiros e ciclopes,
depuseram Cronos e os outros titãs,
durante a batalha conhecida como
Titanomaquia. Os titãs, após serem
derrotados, foram despachados para o
Tártaro, enquanto um deles, Atlas, foi
condenado a segurar permanentemente
o céu.

Após a batalha contra os titãs, Zeus


dividiu o mundo com seus irmãos mais
velhos, Posidão e Hades: Zeus ficou com
o céu e o ar, Posidão com as águas e
Hades com o mundo dos mortos (o
mundo inferior). A antiga Terra, Gaia, não
podia ser dividida, e portanto ficou para
todos os três, de acordo com suas
habilidades - o que explica porque
Posidão era o "sacudidor da terra" (o
deus dos terremotos), e Hades ficava
com os humanos que morreram (ver
Pentos).

Gaia, no entanto, não aprovou a maneira


com que Zeus tratou os titãs, seus filhos;
logo após assumir o trono como rei dos
deuses, Zeus teve de combater outros
filhos de Gaia: o monstro Tifão e a
Equidna. Zeus derrotou Tifão,
aprisionando-o sob o monte Etna, porém
poupou a vida de Equidna e seus filhos.
Zeus e Hera

Casamento de Zeus e Hera em um


afresco antigo de Pompéia

Zeus era irmão e consorte de Hera. Com


ela teve três filhos: Ares, Hebe e Hefesto,
embora alguns relatos afirmem que Hera
tê-los-ia tido sozinha. Algumas versões
também descrevem Ilítia e Éris como
filhas do casal. As conquistas amorosas
de Zeus, no entanto, entre ninfas e as
mitológicas progenitoras mortais das
dinastias helênicas são célebres. A
mitografia olímpica lhe credita com
uniões com Leto, Deméter, Dione e Maia.
Entre as mortais com quem ele teria se
relacionado estavam Sêmele, Io, Europa
e Leda e o jovem menino Ganímedes,
porém Zeus o presenteou com a eterna
juventude e imortalidade.

Diversos mitos mencionam o sofrimento


de Hera com o ciúme gerado por estas
conquistas amorosas, e a descrevem
como uma inimiga consistente das
amantes de Zeus e de seus filhos. Por
algum tempo uma ninfa chamada Eco foi
encarregada de distrair Hera falando
incessantemente, afastando assim sua
atenção dos casos amorosos de seu
marido; quando Hera descobriu o
estratagema, condenou Eco a repetir
permanentemente as palavras de outras
pessoas.

Consorte e filhos

Os principais mitos relacionados a Zeus


são sobre sua vida amorosa e enorme
descendência:
Descendentes divinos

Mãe Filhos

Moiras1

A Tê i 1 Átropos

1Os gregos alegavam tanto que as


moiras eram filhas de Zeus e da titânide
Têmis quanto de seres primordiais como
o Caos, Nix ou Ananque.

2As graças eram consideradas filhas de


Zeus e Eurínome, porém também foram
citadas como filhas de Dioniso, ou de
Hélio e da náidade Egle.
3Alguns relatos contam que Ares, Hebe e
Hefesto teriam nascido
partenogeneticamente.

4De acordo com uma versão, Atena teria


nascido por meio de partenogênese.

5Helena de Troia seria filha de Leda ou


Nêmesis.

* De acordo com Hesíodo e outros


autores, Afrodite seria filha de Urano e
Tálassa, sendo tia de Zeus.
Cultos

Cultos pan-helênicos

O principal centro de culto de Zeus, para


onde todos os gregos se dirigiam
quando queriam prestar homenagem ao
seu principal deus, era Olímpia. A cada
quatro anos realizava-se um festival, cujo
ponto máximo eram os célebres Jogos
Olímpicos. Havia na cidade um altar a
Zeus, feito não de pedra mas sim de
cinzas, obtidas a partir dos restos de
sacrifícios animais realizados ali ao
longo de séculos.
Fora dos santuários que se encontravam
nas principais pólis, não havia uma
maneira específica de culto a Zeus
partilhada por todo o mundo grego. A
maior parte dos títulos listados abaixo,
por exemplo, podiam ser encontrados
em numerosos templos gregos da Ásia
Menor à Sicília. Certos rituais eram
igualmente comuns: o sacrifício de um
animal de cor branca sobre um altar
elevado, por exemplo.

Zeus Velcano

Com apenas uma exceção, os gregos


eram unânimes em reconhecer o local de
nascimento de Zeus como sendo a ilha
de Creta. A Civilização Minoica
contribuiu com diversos aspectos
essenciais da religião grega antiga:
"através de cem canais a antiga
civilização se esvaziou na nova",
observou o historiador americano Will
Durant,[24] e o Zeus cretense manteve
suas feições jovens originais. Velcano
(Velchanos), versão helenizada do nome
minoico do filho local de uma deusa-
mãe, "uma divindade pequena e inferior
que assumiu os papéis de filho e
consorte",[25] foi adotado como um
epíteto para Zeus, cujo culto espalhou-se
para diversos outros locais.
Em Creta, Zeus era venerado em diversas
cavernas (em Cnossos, Ida e
Palecastro). Durante o período
helenístico um pequeno santuário
dedicado a Zeus Velcano foi fundado
nas proximidades da cidade moderna de
Aghia Triada, sobre as ruínas de um
antigo palácio minoico. Moedas do
período originárias de Festo mostram a
forma com a qual o deus era cultuado:
um jovem sentado entre os galhos de
uma árvore, com um galo sobre seus
joelhos.[26] Noutras moedas cretenses
Velcano foi representado na forma de
uma águia, e era associado com uma
deusa que celebrava um casamento
místico.[27] Inscrições em Gortina e Lito
registraram um festival referido como
Velcânia (Velchania), o que mostra
quanto seu culto ainda era difundido na
Creta helenística.[28]

As histórias de Minos e Epimênides


sugerem que estas cavernas haviam
sido usadas anteriormente para
adivinhações incubatórias por reis e
sacerdotes. A ambientação dramática da
peça Leis, de Platão, se passa ao longo
de uma rota de peregrinação a um
destes sítios, enfatizando o
conhecimento cretense arcaico. Na arte
da ilha, Zeus era representado como um
jovem de cabelos longos, e não como, no
resto da Grécia, um adulto maduro; a ele
eram entoados hinos que o descreviam
como ho megas kouros, "o grande jovem".
Estatuetas de marfim do "Garoto Divino"
foram desenterradas nas proximidades
do Labirinto de Cnossos, por Arthur
Evans.[29] Juntamente com os curetes
(kouretes), um grupo de dançarinos
extáticos armados, ele presidia sobre os
rituais secretos e rigorosos de
treinamento atlético-militar da paideia
cretense.

O mito da morte do Zeus cretense,


encontrado em diversos sítios
montanhosos, porém mencionado
apenas numa fonte comparativamente
tardia - Calímaco[30] - juntamente com a
afirmação do gramático Antonino Liberal
de que um fogo se acendia anualmente
na caverna onde o jovem havia nascido e
que ele havia compartilhado com um
mítico enxame de abelhas, sugere que
Velcano teria sido uma divindade anual
associada à vegetação.[31] O autor
helenístico Evêmero aparentemente teria
proposto uma teoria segundo a qual
Zeus teria sido um grande rei de Creta, e
que, postumamente, sua glória teria o
transformado aos poucos numa
divindade. As obras de Evêmero não
sobreviveram aos dias de hoje, porém
foram mencionadas por autores cristãos
posteriores.
Zeus Liceu

Zeus
Cabeça com coroa de louros, num
stater de ouro. Lâmpsaco, c. 360-
340 a.C., Cabinet des Médailles

O epíteto Zeus Liceu (Zeus Lykaios,


"Zeus-lobo") era atribuído a Zeus apenas
quando associado ao festival arcaico
das Liceias, na localidade de Liceia, nas
encostas do Monte Liceu, o pico mais
alto da Arcádia. Zeus tinha uma
associação apenas formal[32] com os
rituais e mitos deste rito de passagem
que envolviam a ameaça antiga de
canibalismo e a possibilidade de uma
transformação em licantropo para os
efebos que dele participavam.[33] Nas
proximidades da antiga pilha de cinzas
sobre a qual eram efetuados os
sacrifícios,[34] se encontrava um recinto
proibido no qual, supostamente,
nenhuma sombra jamais era
projetada.[35]

De acordo com Platão,[36] um clã


específico se reuniria na montanha para
fazer um sacrifício a Zeus Liceu, a cada
nove anos, e uma pequena quantidade
de entranhas humanas era acrescentada
às entranhas do animal sacrificado;
aquele que consumisse o pedaço de
carne humana supostamente se
transformaria num lobo, e voltaria à
forma humana apenas se não voltasse a
consumir carne humana até o fim do
próximo ciclo de nove anos. Haviam
jogos associados com o festival das
Liceias, que foram interrompidos no
século IV a.C. com a urbanização da
Arcádia (Megalópole); lá, o principal
templo era dedicado a Zeus Liceu.

Apolo também tinha uma antiga forma


lupina, Apolo Liceu (Apollo Lycaeus),
venerado em Atenas no Liceu (Lykeion),
célebre por ser um dos locais
frequentados por Aristóteles, onde ele
costumava lecionar.
Outros cultos

Embora a etimologia indique que Zeus


era originalmente um deus celestial,
diversas cidades gregas prestavam
homenagem a uma versão local de Zeus,
que vivia sob a terra. Os atenienses e
sicilianos cultuavam Zeus Melíquio
(Zeus Meilichios, "bondoso" ou "melífluo"),
enquanto outras cidades tinham Zeus
Ctônio (Zeus Chthonios, "terreno"), Zeus
Catactônio (Zeus Katachthonios, "sob a
terra") e Zeus Plúteo (Zeus Plousios,
"trazedor de riquezas"). Estas divindades
podiam ser representadas nas artes
plásticas na forma de serpentes, ou em
forma humana, ou até mesmo como
ambas, na mesma imagem. Também
recebiam oferendas da carne de animais
negros sacrificados em poços no solo,
da mesma forma como era feito para
divindades ctônicas, como Perséfone e
Deméter, ou como as homenagens
dedicadas aos heróis em suas
sepulturas - enquanto os deuses
olímpicos costumavam receber vítimas
brancas, sacrificadas em altares
elevados.

Em alguns casos, as cidades não


determinavam com precisão se o daimon
a quem eles estavam dedicando o
sacrifício era um herói ou um Zeus
subterrâneo; assim, o santuário de
Lebadeia, na Beócia, pertencia tanto ao
herói Trofônio quanto ao Zeus Trofônio
(Zeus Trophonius, "aquele que nutre"), de
acordo com a versão apresentada por
Pausânias ou Estrabão. O herói Anfiarau
era cultuado como Zeus Anfiarau (Zeus
Amphiaraus), em Oropo, nos arredores de
Tebas, e os espartanos tinham até
mesmo um santuáriio dedicado a Zeus
Agamemnon.

Cultos não-pan-helênicos

Além dos títulos e conceitos pan-


helênicos mencionados acima, diversos
cultos locais mantinham suas próprias
ideias idiossincráticas sobre o rei dos
deuses e homens. Com o epíteto de
Zeus Etneu (Zeus Aetnaeus), era
venerado no Monte Etna, onde existia
uma estátua sua, e era realizado um
festival chamado de Etnéia em sua
homenagem.[37] Outros exemplos é o
Zeus Ênio ou Enésio (Zeus Aeneius ou
Aenesius), forma com a qual era
venerado na ilha de Cefalônia, onde
existia um templo dedicado a si no
monte Eno.[38]
Oráculos

Júpiter Amom (Jupiter Ammon)


Molde em terracota com chifres de
carneiro, século I, Museo Barracco,
Roma

Embora a maior parte dos oráculos


fossem dedicados a Apolo, a heróis, ou a
diversas deusas, como Têmis, alguns
oráculos foram dedicados a Zeus.

Oráculo de Dodona

O culto a Zeus em Dodona, no Epiro,


onde existem evidências de atividades
religiosas desde o II milênio a.C., estava
centrado num carvalho sagrado. Quando
a Odisseia foi composta (por volta de
750 a.C.), a adivinhação era feita ali por
sacerdotes descalços, conhecidos como
selos (selloi), que observavam o
movimento e os ruídos feitos pelas
folhas e galhos da árvore com o
vento.[39] Quando Heródoto escreveu
sobre Dodona, séculos depois,
sacerdotisas chamadas de pelêiades
("pombas") haviam substituído os
antigos sacerdotes.

A consorte de Zeus em Dodona não era


Hera, porém sim a deusa Dione - cujo
nome é uma forma feminina de "Zeus".
Seu status como uma das titãs indica
que ela pode ter sido uma divindade pré-
helênica mais poderosa, e talvez a
ocupante original daquele oráculo.

Oráculo de Siuá

O oráculo de Ámon no oásis de Siuá,


situado na região do deserto da Líbia, no
Egito, não se encontrava dentro dos
confins do mundo grego antes da época
de Alexandre, o Grande, porém já pairava
sobre o imaginário grego durante o
período arcaico. Heródoto menciona
consultas com o oráculo de Zeus Amom
em seus relatos das Guerras Médicas.
Zeus Amom era especialmente cultuado
em Esparta, onde existia um templo
dedicado a ele na época da Guerra do
Peloponeso.[40]

Após a viagem de Alexandre, o Grande


ao deserto, para consultar-se com o
oráculo em Siuá, este passou a figurar no
imaginário helenístico, especialmente
com a figura da sibila líbica.

Zeus e deuses estrangeiros

Zeus foi identificado com o deus romano


Júpiter, e associado no imaginário
sincrético clássico (ver interpretatio
graeca) com diversas outras divindades,
tais como o egípcio Amom e o etrusco
Tinia. Juntamente com Dioniso,
absorveu o papel do principal deus frígio
Sabázio. O governante sírio Antíoco
Epifânio IV ergueu uma estátua de Zeus
Olímpio no templo judaico em
Jerusalém;[41] os judeus helenizados
referiam-se a esta estátua como Baal
Shamen ("Senhor do Céu").[42]

Alguns mitólogos comparativos


modernos também o alinharam com a
divindade hindu Indra.
Na cultura moderna

Zeus
Reconstrução da estátua em Fídias,
num desenho de Maarten van
Heemskerck

Representações de Zeus na forma de um


touro, a forma que ele assumiu quando
estuprou Europa, podem ser vistas na
moeda grega de dois euros e na carta de
identidade britânica. Mary Beard,
professora de Estudos Clássicos na
Universidade de Cambridge, criticou o
fato, descrevendo-o como uma "aparente
celebração do estupro."[43]
No cinema e na televisão, Zeus foi
interpretado por diversos atores:

Niall MacGinnis - na minissérie Jason


and the Argonauts de 1963;
Laurence Olivier - no filme Clash of the
Titans de [981;
Claudio Cassinelli - no filme Hercules
de 1983 e na sequência The
Adventures of Hercules de 1985;
Anthony Quinn - nos filmes e na série
de televisão Hercules: The Legendary
Journeys, da década de 1990;
Jack Grimes - na animação The
Amazing Feats of Young Hercules de
1997;
Rip Torn - na animação da Disney
Hercules de 1997;
Corey Burton - na série animada da
Disney Hercules: The Animated Series
de 1998;
Angus MacFadyen, na refilmagem
Jason and the Argonauts de 2000;
Liam Neeson na refilmagem de Clash
of the Titans de 2010]e na sequência
Wrath of the Titans de 2012;
Sean Bean no filme Percy Jackson &
the Olympians: The Lightning Thief de
2010;
Luke Evans - no filme Immortals de
2011;
John Novak - na série de televisão
Supernatural, no episódio 8x16 de
2013;
David Hoflin - na série de televisão
Once Upon a Time, no episódio 5x21
de 2016;
Jason O'Mara - na série animada Blood
of Zeus de 2020.

Zeus ainda aparece nos jogos


eletrônicos Altered Beast e na franquia
God of War, e como personagem
recorrente nos quadrinhos, tanto da
Marvel como da DC Comics.

Referências
1. Também é pronunciado /zdeús/ e,
no grego moderno /'zefs/; o genitivo
é Διός, transl. Diós.
2. Hesíodo, Teogonia, 542
3. Existem duas histórias conflitantes a
respeito da origem de Afrodite:
Hesíodo, na Teogonia, afirma que ela
teria "nascido" a partir da espuma do
mar, após Crono ter castrado Urano,
o que faria dela filha de Urano; porém
Homero, na Ilíada (livro V) menciona
Afrodite como filha de Zeus e Dione.
De acordo com Platão (Simpósio,
180e), as duas seriam entidades
completamente diferentes: Afrodite
Urânia (Aphrodite Ourania) e Afrodite
Pandemos (Aphrodite Pandemos).
4. Hamilton, Edith (1942). Mythology
1998 ed. Nova Iorque: Back Bay
Books. p. 467. ISBN 978-0-316-
34114-1
5. Ilíada, livro 1.503;533
6. Pausânias, 2. 24.2.
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9. «American Heritage Dictionary:
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11. «American Heritage Dictionary: dyeu»
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12. Burkert (1985). Greek Religion. [S.l.:
s.n.] p. 321. ISBN 0-674-36280-2
13. O busto sob a base do pescoço é do
século XVIII. A cabeça, que foi pouco
trabalhada em sua parte posterior,
indicando que devia se localizar
originalmente num nicho, foi
encontrada na Vila de Adriano, em
Tívoli, Itália, e doada para o Museu
Britânico por John Thomas Barber
Beaumont, em 1836. BM 1516.
(Museu Britânico, A Catalogue of
Sculpture in the Department of Greek
and Roman Antiquities, 1904).
14. No quarto tratado, 'Problemas da
Alma', o Demiurgo é identificado
como Zeus (Enéada IV, 4, 10).
15. Homero, Ilíada i. 202, ii. 157, 375, &c.
16. Píndaro, Odes Ístmias iv. 99
17. Higino, Astronomia Poética ii. 13
18. Spanh. ad Callim. hymn. in Jov, 49
19. Schmitz, Leonhard (1867).
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21. Higino, Fabulae 155
22. Escólios em Píndaro, Ode Olímpica 9,
107
23. Estêvão de Bizâncio, s. v. Dōdōne,
com uma referência a Acestodoro
24. Durant, The Life of Greece (The Story
of Civilization Part II, Nova Iorque:
Simon & Schuster) 1939:23.
25. Castleden, Rodney. Minoans: Life in
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belief-system" (Routledge) 1990:125
26. Apontado por Bernard Clive Dietrich,
The Origins of Greek Religion (de
Gruyter) 1973:15.
27. Cook, A. B. Zeus Cambridge
University Press, 1914, I, figuras 397,
398.
28. Dietrich (1973), comentando Martin
P. Nilsson, Minoan-Mycenaean
Religion, and Its Survival in Greek
Religion 1950:551 e notas.
29. "Professor Stylianos Alxiou reminds
us that there were other divine boys
who survived from the religion of the
pre-Hellenic period — Linos, Plutos
and Dionysos — so not all the young
male deities we see depicted in
Minoan works of art are necessarily
Velchanos" (Castleden 1990:125
30. Richard Wyatt Hutchinson,
Prehistoric Crete, (Harmondsworth:
Penguin) 1968:204, menciona que
não há qualquer referência clássica à
morte de Zeus (apontado por
Dietrich 1973:16, nota 78).
31. "This annually reborn god of
vegetation also experienced the
other parts of the vegetation cycle:
holy marriage and annual death
when he was thought to disappear
from the earth" (Dietrich 1973:15).
32. No mito fundador do banquete de
Licáon para os deuses, no qual havia
sido incluído entre os ingredientes a
carne de um sacrifício humano -
talvez um dos próprios filhos de
Licáon, Níctimo ou Arcas - Zeus teria
derrubado, enfurecido, a mesa e
atingido a casa de Licáon com um
raio; seu patronato pode ter sido
apenas pouco mais que formulaico.
33. Uma ligação morfológica ao termo
lyke, "brilho", pode ser apenas
fortuito.
34. Arqueólogos modernos não
encontraram traços de restos
humanos entre os detritos
sacrificatórios. Walter Burkert,
"Lykaia and Lykaion", Homo Necans,
traduzido para o inglês por Peter
Bing (University of California) 1983,
p. 90.
35. Pausânias 8.38.
36. República 565d-e
37. Schol. ad Pind. Ol. vi. 162
38. Hesíodo, de acordo com um escólio
na Argonautika de Apolônio de
Rodes, ii. 297
39. Odisseia, 14.326-7
40. Pausânias 3.18.
41. II Macabeus 6:2
42. Russel, David Syme. Daniel.
(Louisville, Kentucky: Westminster
John Knox Press, 1981) 191.
43. «A Point of View: The euro's strange
stories» (https://www.bbc.co.uk/new
s/magazine-15790507) . BBC News.
Consultado em 20 de novembro de
2011

Este artigo foi inicialmente traduzido,


total ou parcialmente, do artigo da
Wikipédia em inglês cujo título é
«Zeus».

Bibliografia

Burkert, Walter, (1977) 1985. Greek Religion,


especialmente III.ii.1 (Harvard University
Press)
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Volume 1: Zeus, God of the Bright Sky,
Biblo-Moser, 1 de junho de 1964, ISBN
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Volume 2: Zeus, God of the Dark Sky
(Thunder and Lightning), Biblo-Moser, 1
de junho de 1964, ISBN 0-8196-0156-X
Volume 3: Zeus, God of the Dark Sky
(earthquakes, clouds, wind, dew, rain,
meteorites)
Druon, Maurice, The Memoirs of Zeus, 1964,
Charles Scribner's and Sons. (trad. para o
inglês de Humphrey Hare)
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1909.
Farnell, Lewis Richard, Greek Hero Cults and
Ideas of Immortality, 1921.
Graves, Robert; The Greek Myths, Penguin
Books Ltd. (ed. de 1960)
Mitford,William, The History of Greece,
1784. Cf. v.1, capítulo II, Religion of the Early
Greeks
Moore, Clifford H., The Religious Thought of
the Greeks, 1916.
Nilsson, Martin P., Greek Popular Religion,
1940. (http://www.sacred-texts.com/cla/gp
r/)
Nilsson, Martin P., History of Greek Religion,
1949.
Rohde, Erwin, Psyche: The Cult of Souls and
Belief in Immortality among the Greeks,
1925.
Smith, William, Dictionary of Greek and
Roman Biography and Mythology, 1870,
Ancientlibrary.com (http://www.ancientlibra
ry.com/smith-bio/) , William Smith,
Dictionary: "Zeus" Ancientlibrary.com (htt
p://www.ancientlibrary.com/smith-bio/365
5.html)

Ligações externas
Zeus (https://web.archive.org/web/20
061214010541/http://www.maicar.co
m/GML/Zeus.html) - Greek Mythology
Link (em inglês)
Zeus (http://www.theoi.com/Olympio
s/Zeus.html) - Theoi Project (em
inglês)
Culto de Zeus (https://web.archive.or
g/web/20051129042338/http://www.t
heoi.com/Cult/ZeusCult.html) - Theoi
Project (em inglês)
Foto: Pagãos homenageiam Zeus em
antigo templo de Atenas (http://news.
nationalgeographic.com/news/2007/0
1/070122-pagans-athens.html) -
National Geographic (em inglês)

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