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Demócrito
último dos grandes filósofos da natureza. Ele se chamava
Demócrito (c. 460-370 a.C.) e era da cidade costeira de Abdera, no
norte do mar Egeu. A palavra “átomo” significa “indivisível”. Para
Demócrito era importante deixar claro que as coisas não podiam ser
divididas indefinidamente em pedaços cada vez menores.
Quando um ser — por exemplo, uma árvore ou um animal —
morre e se decompõe, os átomos se separam e novamente podem se
recombinar para fazer outro ser. Os átomos se locomovem pelo espaço
e possuem diferentes formas de encaixe como “protuberâncias” e
“reentrâncias”, podendo ser recombinados de maneiras distintas e dar
forma às coisas que vemos ao nosso redor Hoje em dia podemos quase
afirmar que a teoria atomista de Demócrito estava correta. A natureza
é realmente constituída de diversos “átomos” que se ligam entre si e
tornam a se separar. Um átomo de hidrogênio que estiver numa célula
externa da ponta do meu nariz certo dia pertenceu à tromba de um
elefante. Um átomo de carbono no músculo do meu coração pode ter
vindo da garganta de um dinossauro. Nos dias de hoje a ciência
descobriu que os átomos podem, sim, ser divididos em partículas
ainda menores, denominadas “partículas elementares”. Elas se
chamam prótons, nêutrons e elétrons. E talvez essas partículas sejam
compostas de pedacinhos menores ainda. Mas os físicos concordam
que deve haver um limite em algum lugar.
O ORÁCULO DE DELFOS
A CIÊNCIA DA HISTÓRIA E DA
MEDICINA
Essa forma de pensar não era característica apenas dos gregos. Antes de a
ciência moderna chegar à sua idade mais recente, a opinião mais comum era a
de que as doenças poderiam ter causas sobrenaturais. A palavra “influenza”,
utilizada para designar fortes estados virais, quer dizer exatamente “uma má
influência das estrelas”. Atualmente muitas pessoas ao redor do mundo acham
que doenças diversas, como a aids, são um castigo dos deuses. Muitos
também creem que os doentes podem se “curar” por meios sobrenaturais
O fundador da ciência da medicina foi Hipócrates, que nasceu na ilha
de Cós, em 460 a.C. aproximadamente.
Sócrates
... mais sábio é aquele que sabe que não sabe...
ócrates (470-399 a.C.) é talvez o personagem mais enigmático de toda a
história da filosofia. Ele não deixou escrita uma única linha, e ainda assim seu nome
está entre os que mais influenciaram o pensamento ocidental. Para não mencionar a
repercussão que teve a sua dramática morte. Sabemos que ele nasceu em Atenas e
passou a maior parte da vida nas ruas e praças dialogando com as pessoas que
encontrava. As árvores na terra nada podem aprender, ele dizia. Às vezes costumava
ficar parado, absorto em profundos pensamentos, durante muitas horas.
O HOMEM NO CENTRO
“Sofista” significa uma pessoa culta ou estudiosa de um determinado
assunto. Em Atenas, essas pessoas
ganhavam a vida dando aulas aos habitantes da cidade.
Os sofistas tinham um importante ponto em comum com os
filósofos da natureza: eles criticavam a mitologia tradicional. Mas ao
mesmo tempo rejeitavam tudo que considerassem especulação
filosófica desnecessária.
A Protágoras (c. 487-420 a.C.). Com isso ele queria dizer que tudo
que é certo e errado, bom e mau, deve sempre ser considerado na
perspectiva do comportamento humano.
OS INDO-EUROPEUS
OS INDO-EUROPEUS
Quando falamos em indo-europeus, nos referimos a todos os
países e culturas que possuem línguas indo-europeias. Tais línguas sãotodos
os idiomas existentes na Europa, exceto os de raízes fino-úgricas
(lapão, finlandês, estoniano e húngaro) e o idioma basco. Também a
maioria das línguas faladas na Índia e no Irã pertencem à família indoeuropeia
de idiomas.
Um dia, há cerca de quatro mil anos, os protoindo-europeus
habitaram uma área ao redor do mar Negro e do mar Cáspio. Não
muito tempo depois eles partiram em sucessivas levas em direção ao
sudeste, até o Irã e a Índia; ao sudoeste, para Grécia, Itália e Espanha;
ao oeste, cruzando a Europa Central até a Inglaterra e a França; ao
noroeste, até alcançar a Escandinávia e a Europa Setentrional; e também
rumo ao norte, até a Europa Oriental e a Rússia. Geralmente, aonde os
indo-europeus chegavam, eles se misturavam às culturas existentes, mas
tanto a religião como a língua indo-europeia passaram a exercer um
papel dominante.
Os livros sagrados hindus — os Vedas —, a filosofia grega e até
mesmo as sagas de Snorre foram escritos em idiomas pertencentes a
uma mesma família. Mas não são apenas as línguas que se assemelham.
Línguas parecidas levam a pensamentos parecidos. Por isso é que nos
referimos a um “perímetro cultural” indo-europeu.
A cultura indo-europeia era antes de tudo impregnada da crença
em vários deuses diferentes. A isso chamamos de politeísmo.
Encontramos tanto nomes de deuses como muitos termos e expressões
religiosas ao longo de toda a área de influência indo-europeia. Vou citar
alguns exemplos.
Os antigos hindus cultuavam o deus do céu Dyaus. Em grego esse
deus se chama Zeus, em latim Júpiter (na verdade Jove-pater, isto é, “Pai
Jove”) e em norrônico14 Tyr. Os nomes Dyaus, Zeus, Jove e Tyr são
também diferentes “variações dialetais” de uma única e mesma palavra.
Você se lembra de que os antigos vikings no Norte15 da Europa
acreditavam em alguns deuses que chamavam de “æser”? Uma variante
dessa palavra para designar “deuses” também é encontrada por toda a
área de abrangência indo-europeia. Em sânscrito, antigo hindu, os
deuses eram chamados de “asura”, e em iraniano, de “ahura”. Outra
palavra para “deus” em sânscrito é “deva”, ou “daeva” em iraniano,
“deus” em latim e, em norrônico, “tívurr”.
Na Europa Setentrional acreditava-se também num conjunto dedeuses da
fertilidade (cujos nomes eram, por exemplo, Njord, Frøy e
Frøya). Esse conjunto de deuses era chamado de “vaner”, palavra que
guarda um parentesco com o nome da deusa da fertilidade romana
Vênus. Em sânscrito existe uma palavra relacionada, “vani”, que
significa “desejo” ou “prazer”.
Mesmo os mitos da região indo-europeia mostram um claro
parentesco entre si. Nas suas sagas sobre os deuses nórdicos, Snorre
conta histórias que evocam mitos hindus que já existiam havia dois a
três mil anos. Claro que os mitos de Snorre estão impregnados de
elementos do cenário nórdico, assim como os mitos hindus possuem
características e elementos indianos. Mas muitos desses mitos possuem
um núcleo que aponta para uma origem comum. Esse núcleo pode ser
observado muito claramente, por exemplo, em mitos sobre poções de
imortalidade e na luta dos deuses contra os monstros do caos.
Na própria maneira de pensar temos também como identificar uma
semelhança marcante entre as culturas indo-europeias. Um traço
comum típico é a visão do mundo como um drama no qual forças do
bem e do mal lutam entre si num conflito incessante. Os indo-europeus,
portanto, sempre tentaram antever o resultado desse conflito e os
destinos do mundo.
Podemos afirmar que não foi por acaso que a filosofia grega surgiu
na área de influência indo-europeia. As mitologias hindu, grega e
nórdica têm em comum o fato de abordarem o mundo de maneira
“especulativa”.
Os indo-europeus tentaram desenvolver uma “visão” sobre o modo
como o mundo evolui. De fato, nós encontramos uma palavra para
“visão” ou “sabedoria” em todas as culturas do perímetro indo-europeu.
Em sânscrito ela é “vidya”. Sua correspondente em grego é a palavra
“idé”, que, você se lembra, teve um papel fundamental na filosofia de
Platão. No latim nós temos a palavra “video”, que significava para os
romanos exatamente o verbo “ver” (somente nos nossos dias é que
“vídeo” se tornou sinônimo do que se passa no interior de uma tela). Em
inglês temos palavras como “wise” e “wisdom” (sábio e sabedoria); em
alemão, “wissen” (saber). A palavra norueguesa “viten” (sabedoria)
possui a mesma raiz que a palavra hindu “vidya”, a grega “idé” e a
latina “video”.No geral, podemos afirmar que a visão era o sentido mais
valorizado pelos indo-europeus. A literatura dos hindus, como a dos
gregos, iranianos e germânicos, caracteriza-se por grandes visões
cósmicas. Um traço decorrente que depois permeou a cultura europeia
foi a representação pictórica das narrativas mitológicas, por meio de
esculturas e pinturas.
Finalmente, os indo-europeus tinham uma visão cíclica da história.
Com isso queremos dizer que eles achavam que a história se move em
círculos — como se caminhasse ao redor de um anel —, exatamente
como as estações do ano variam do inverno para o verão. Não existe na
verdade um começo nem um fim para a história. Com frequência as
narrativas indo-europeias mencionam mundos diferentes que surgem e
desaparecem numa eterna alternância entre nascimento e morte.
O hinduísmo e o budismo, as duas grandes religiões orientais, têm
origem indo-europeia. A filosofia grega também, e podemos traçar
paralelos tendo essas duas religiões de um lado e a filosofia grega do
outro. Até hoje o hinduísmo e o budismo são marcadamente
caracterizados por reflexões filosóficas.
Não é raro observar no hinduísmo e no budismo uma ênfase na
presença divina em tudo e em todos os lugares (panteísmo), assim como
na união do homem com Deus através de um insight religioso. (Você se
lembra do que dizia Plotino, Sofia!) Para que isso possa acontecer, é
necessária uma profunda introspecção por meio da meditação. No
Oriente, portanto, a passividade e a reclusão são tidas como ideais
religiosos. Também por influência grega muito se estimula a vida em
ascese — ou reclusão religiosa — para que a alma encontre sua
libertação. Muitas das páginas que foram escritas nos conventos da
Idade Média apontam diretamente para tais concepções, comuns no
mundo greco-romano.
Além disso, em muitas culturas indo-europeias era fundamental a
crença na transmigração da alma. Por mais de dois mil e quinhentos
anos, o propósito de vida do fiel hindu tem sido conseguir libertar desse
processo a própria alma. E nós lembramos bem que Platão também
acreditava na passagem da alma de um corpo para outro.
OS SEMITAS