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LIA SAGRADA

BÍBLIA SAGBADA
TRADUZIDA DA VüLG ATA E ANOTADA
PELO PE. MATOS SOARES

9«* EDIÇÃO

EDIÇÕES PAU LIN AS


Níhíl obstat Im primatur
Porto, 30 de Junho de 1933 Porto, 2 de Junho de 1933
Cônego J. Santos f Antônio Augusto,
Bispo do Porto

Ex parte Piae Societatis S. Paulí, Beimprimatur


nihil obstat quominus imprimatur São Paulo, 30-6-1955
Sti. Pauli in Brasília, 8-12-1955 f PAULO, Bispo Auxiliar
P. Joannes Roatta, S.S.P.

Impresso na T ipografia da P ia Sociedade de São Paulo


R ua M ajo r M aragliáno, 241 — SAO PAULO — Brasil
SECRETERIA Dl STATO
Dl SUA SANTITÀ

D A L VATIC AN O , 23 Settembre 1932.


Rev.mo Padre,

Ho il piacere di assicurare alia P. V. Rev.ma che il Santo Padre hà


ricevuto i volumi delia Sacra Bibbia da Lei tradotta, e La ringrazia viva­
mente dei filiale omaggio.
Nel compiacersi di cosí utile fatica la Santità Sua si degna formar voti
per Fatività intelletuale e religiosa della P. V.; e mentre Le invoca dal
Signore gli opportuni aiuti, Le invia di cuore, in segno de paterna benevo-
lenza, 1’Apostolica Benedizione.
Mi permetto di aggiungere qui 1’espressione del mio animo grato per
la copia destinata a me, e mi valgo volentieri delrincontro per confermarmi
con sensi di sincera e distinta stima.
Della P. V. Rev.ma
aff.mo nel Signore
E. Gard. Pacélli

SECRETARIA DE ESTADO
DE SUA SANTIDADE

VATIC AN O , 23 de Setembro de 1932


Rev.mo Padre,

Tenho a satisfação de notificar a V. que o Santo Padre recebeu os


volumes da Bíblia Sagrada, traduzida por V., e agradece-lhe vivamente
esta homenagem filial.
Comprazendo-se com tão útil trabalho, Sua Santidade digna-se fazer
votos pela atividade intelectual e religiosa de V., e, pedindo ao Senhor todos
os auxílios oportunos, envia-lhe de coração, como prova de paternal bene­
volência a Bênção Apostólica.
Permito-me acrescentar a expressão do meu agradecimento pelo exem­
plar destinado a mim, e aproveito de bom grado a oportunidade para me
subscrever com sentimentos de sincera e distinta estima.
De V.
afetuosíssimo no Senhor
E. Gard. Pacelli
ü
bÉGRtTERIA Dl STATO DAL VATICANO, 4 Magglo 1957
Dl SUA SANTI1 A

N°. 5999Mt
Rev.mo Signore

E* pervenuto a11*Augusto Pontefice i l . volume delia


Sacra Bibbia in lingua portoghese, che la Signoria Vo=
stra Rev.ma ha voluto devotamente u m iliarG li.
Sua Santità conosce 1 'a t t iv it à e d ito ria le delia
Pia Società San Paolo in Brasile, ma n ello stesso tem=
po non ignora i crescenti bisogni per la formazione re
lig io s a in cotesta grande Nazione, nella quale la avita
fede ca tto lic a , tra l fa ltro , deve fa r fronte a i molte=
p lic i attacohi delia eresia e d ell*e rro re .
E g ll pertanto fa v o ti, perchè prosperi sempre meglio
la propaganda delia buona stampa e Si augura che i l pre-
zioso volume, che mette la Parola di Dio a lia portata dei
c a t t o lic i b ra s ilia n i, abbia la piú larga diffusion e.
Infine i l Santo Padre, ringraziandoLa per i l devoto
omaggio, invia di cuore a Lei ed a i suoi collaboratori
una particolare Benedizione, pegno ed auspicio dei cele=
s t i fa v o ri.
Con sensi di re lig io s a stima mi confermo
delia Signoria Vostra Rev.ma
dev.mo nel Signore
Rev.mo Signore
D. OIOVANNI ROATTA
Provinciale delia Pia Società San Pa
per i l Brasile
PRÓLOGO
Há muito tempo que os protestantes acusam a Igreja Católica de proi­
bir aos fiéis a leitura da Bíblia em língua vulgar. É fácil, porém, reconhecer
a falsidade desta acusação. São inúmeras as versões da Bíblia, que têm
sido feitas em todos os séculos, e em todos os países e línguas da terra com
aprovação e aplauso da Igreja Católica, a qual não se cansa de recomendar
a leitura e a meditação dêsse livro admirável, todo escrito para nosso en­
sino, como diz São Paulo (Rom., XV, 4). Proibe, sim, a Santa Igreja a
leitura de algumas versões da Bíblia, em que é mutilada a palavra de Deus,
e falseado o seu verdadeiro sentido. Então neste número as que são pnofu-
samente distribuídas pelas sociedades bíblicas protestantes aconpanhadas
muitas vêzes de panfletos em que se dá ao texto sagrado interpretações
falsas, que muito mal fazem às almas.
Para atalhar tão perniciosos efeitos é que se publica em edição popular
esta nova edição da Vulgata portuguêsa.
Santo Agostinho diz que é uma espécie de impiedade não ler aquilo
que por nós e para nós escreveu a mão do próprio Deus. Que ninguém
incorra nesta falta, tendo tanto ao seu alcance a leitura da Santa Bíblia.
Atendamos às seguintes palavras com que o Senjior nos recomendou a
leitura dos livros santos: Não se aparte da tua bôca o livro desta lei, mas
meditarás nêle dia e noite, para observar e cum prir tudo o que nêle está
escrito; então levará o teu caminho direito, e o compreenderá. Eis que
eu to mando (Josué, l, 8-9). Tôda a Escritura divinamente inspirada é ú til
para ensinar, para repreender, para corrigir, para form ar ná justiça; a fim
de que o homem de Deus seja perfeito, apto para tôda a obra boa ( l l Tim.,
lll . 16-17),
R E G R A S PARA L E R COM F R U T O
A SAGRADA ESCRITURA

1* Antes de começar a sua leitura dirijamo-nos a Deus por meio duma


curta e fervorosa oração.
2» Estar penetrados de grande respeito para com o texto sagrado,
considerando as verdades eternas que contém como palavras do próprio Deus
que fala.
3a Não ler de corrida, mas meditando o que se lê, e pedindo algumas
vêzes explicações a uma pessoa piedosa e instruída.
4a Ler com grande humildade e inteira submissão à Igreja, à qual Jesus
Cristo confiou êste sagrado depósito, a qual é a única que pode dar-nos a sua
verdadeira interpretação, dum modo infalível, como ensina o Concílioi de
Trento, seguindo a tradição.
5a Jesus Cristo é o grande objeto que sempre devemos ter presente, ao
ler a Sagrada Escritura.6
6a O fim da Sagrada Escritura é o amor de Deus e do próximo. Por
isso não compreende bem o texto sagrado aquele que, ao lê-lo, tira con­
clusões que vão de encontro a êste duplo amor.
INTRODUÇÃO
A palavra Bíblia é de origem grega e significa Livro, ou melhor: livros.
Desde os primeiros tempos do cristianismo, êste vocábulo, junto com os
outros dois Escritura e Escrituras Sagradas, era usado para designar o
conjunto dos livros que contêm a revelação divina. Aplica-se, pois, o
nome de Bíblia ao volume que reune a coleção dêsses livros e que repre­
senta o livro divino por excelência. Embora trate de diferentes argumentos
e seja escrita por diversos autores, em língua e estilo diferentes, a Bíblia
tem, por força da inspiração divina, Deus comio seu único autor, e goza
do princípio ao fim de uma mesma inconcussa autoridade divina.

Antigo e N ovo Testamento


A Bíblia, considerada como um único livro, divide-se — depois de Ter-
tuliano — em duas grandes partes, chamadas Antigo e Novo Testamento.
À primeira secção pertencem os livros escritos antes de Cristo; à segunda,
os escritos depois.
O Antigo Testamento é a coleção dos livros sagrados que contêm a
história da aliança contraída por Deus com Abraão e o seu povo, as condi­
ções e as leis desta aliança. Anuncia e prepara o advento do Redentor.
O Novo Testamento expõe a história da nova aliança contraída por
Jesus Cristo com os homens e sancionada com o seu sangue, as principais
condições e leis desta aliança.
Jesus Cristo, centro e objeto de tôda a Bíblia, está entre os dois
Testamentos.
Livros da Bíblia

Segundo o Concilio de Trento, os; livros da Bíblia são setenta e três:


46 do Antigo Testamento e 27 do Novo. Atendendo ao assunto e à forma,
podem ser divididos em três classes: livros históricos, didáticos (isto é:
doutrinais e morais) e proféticos.
É o seguinte o elenco dos 73 livros sagrados:

/ — ANTIGO TESTAMENTO:
a) livros históricos: l 9 Gênesis; 29 Êxodo; 39 Levítico; 49 Números;
5° Deuteronômio; 6’ Josué; 7° Juizes;. 89 Rute; 9’ Primeiro livro dos Reis;
109 Segundo livro dos Heis; 11° Terceiro livro dos Reis; 129 Quarto livro
dos Heis; 13’ Primeiro livro dos Paralipômenos; 14° Segundo livro dos
10 INTRODUÇÃO

Paralipômenos; 15* Esdras; 16* Neemias; 17* Tobias; 18* Judite; 19* Es­
ter; 20* Primeiro livro dos Macabeus; 21* Segundo livro dos Macabeus.
b) livros didáticos: 22* Jó; 23* Salmos; 24* Provérbios; 25* Ecle-
siastes; 26* Cântico dos Cânticos; 27* Sabedoria; 28* Eclesiástico.
c) livros proféticos: Profetas Maiores: 29* Isaías; 30* Jeremias; 31*
Lamentações de Jeremias; 32* Baruc; 33* Ezequiel; 34* Daniel. — Profetas
Menores: 35* Oséias; 36* Joel; 37* Amós; 38* Abdias; 39* Jonas; 40*
Miquéias; 41* Naum; 42* Habacuc; 43* Sofonias; 44* Ageu; 45* Zacarias;
46* Malaquias.
I I — NOVO TESTAMENTO:
a) livros históricos: 1* Evangelho de S. Mateus; 2* Evangelho de São
Marcos; 3* Evangelho de S. Lucas; 4* Evangelho de S. João; 5* Atos dos
Apóstolos.
b) livros didáticos: Epístolas de S. Paulo: 6* Aos Romanos; 7* Primeira
aos Coríntios; 8* Segunda aos Corintios; 9* aos Gálatas; 10* aos Efésios; 11*
aos Filipenses; 12* Aos Calossenses; 13* Primeira aos TessaLonicenses; 14*
Segunda aos TessaLonicenses; 15.* Primeira a Timóteo; 16.* Segunda a Tim ó­
teo; 17* a Tito; 18* A Filémon; 19* Aos Hebreus; 20* Epístola de São
Tiago; 21* Primeira Epistola de S. Pedro; 22* Segunda Epístola de S. Pe­
dro; 23* Primeira Epístola de S. João; 24* Segunda Epístola de S. João;
25* Terceira Epístola de S. João; 26* Epistola de S. Judas.
c) livros proféticos: 27* Apocalipse.
O Cânon
A palavra cânon ou regra, na Sagrada Escritura, designa a coleção ou
lista dos livros inspirados por Deus, reconhecida pela tradição e pela auto­
ridade infalível da Igreja e proposta como regra de fé. Os livros que per­
tencem ao cânon são chamados canônicos.
Todos os livros do Velho e do Novo Testamento são inspirados; todavia
nos primeiros séculos do cristianismo, numa ou noutra Igreja surgiram
algumas dúvidas acêrca da inspiração de alguns livros da Bíblia. As con­
trovérsias, porém, não duraram muito, porquanto logo todas as Igrejas con­
cordaram em admitir a inspiração divina para aqueles livros. A partir do
século XVI chamaram-se deuterocanônicos os livros cuja inspiração fôra
temporâneamente impugnada por alguma Igreja; os outros, em vez, foram
denominados protocanônicos.
São considerados livros deuterocanônicos:
No Velho Testamento: Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc e
a Epístola de Jeremias, os dois livros dos Macabeus e alguns fragmentos do
livro de Ester (10,4 - 16,24) e do livro de Daniel (3,24 - 90; — 13,1 - 14,42).
No Novo Testamento: a Epístola aos Hebreus; a Epístola de S. Tiago; a
segunda epístola de S. Pedro; a epistola de S. Judas; a segunda e terceira
Epístola de S. João, o Apocalipse e os fragmentos dos Evangelhos de S. Mar­
cos, 16,9 - 20), de S. Lucas 22,43 - 44) e de S. João (7,53 - 8,11).
Para nós católicos, gozam da mesma autoridade tanto os livros protoca­
nônicos quanto os deuterocanônicos, porque são todos igualmente inspirados;
ao passo que os protestantes não dão nenhuma autoridade aos livros deute-
INTRODUÇÃO ll

rocanônicos, porque os consideram não inspirados, e portanto apócrifos. Os


católicos consideram apócrifos certos livros antigos, os quais, embora con­
siderados como inspirados poa* algumas Igrejas particulares ou pelos herejes,
não o foram tais pela autoridade infalível da Igreja Universal e foram
rejeitados como livros errôneos, pueris ou perigosos, ou então considerados
não canônicos, sem autoridade alguma ou de alguma altoridade meramente
humana, ou apenas eclesiástica.

Inspiração
Depois de haver declarado, no Concilio Vaticano, que os livros do Antigo
e do Novo Testamento, inteiro e com todas as suas partes, conforme estão
elencados no Concilio de Trento e se acham publicados na velha vulgata
latina, devem ser considerados como sagrados, canônicos e divinamente
inspirados, a Igreja explica o que significa inspirado. Ela reputa tais livros
sagrados e canônicos “ não apenas porque, escritos pela aptidão da mente
humana, tenham sido depois aprovados pela sua autoridade, e nem apenas
porque contenham a revelação sem nenhum êrro, mas porque, tendo sido
escritos sob a inspiração do Espírito, têm Deus por autor e como tais foram
confiados à Igreja”,
Leão X III na encíclica “ Prouidentissimus Deus” , falando sôbre a inspi­
ração diz: “ Foi Deus quem, por sua virtude, excitou os escritores sagrados
a escrever. Êle mesmo lhes assistia enquanto escreviam, de modo que con­
cebiam exatamente, queriam relatar fielmente, e exprimiam com admirável
fidelidade tudo o que Êle lhes ordenava e somente aquilo que lhes ordenava
que escrevessem. Do contrário, Êle não mais seria o autor de toda a Sa­
grada Escritura.” Nestas palavras do grande Pontífice podemos constatar
a admirável ação de Deus sôbre o agiógrafo; ação que requer três coisas:
1 ) ilustração ou iluminação da mente, isto é, um influxo sôbre o intelecto
para que o escritor sagrado “ forme um conceito exato” da verdade, em
suma: conheça a verdade sem êrro (com a revelação, quando se trata de
verdades desconhecidas; ou com os meios humanos, quando se trata de ver­
dades conhecidas; 2 ) impulso da vontade, isto é, um influxo sôbre a
vontade para que o agiógrafo “ se proponha de escrever fielmente” aquilo
que o Senhor deseja; 3) assistência na escritura, isto é, Deus deve assistir
o agiógrafo enquanto escreve para que “ dê com infalível veracidade a expres­
são adequada” a tôdas as verdades, e somente àquelas desejadas por Deus.
Em tal modo, o autor principal da Sagrada Escritura é Deus, o qual se
serve do agiógrafo como de um verdadeiro e próprio instrumento, embora
livre e inteligente, e cujas faculdades foram elevadas sobrenaturalmente.
Porisso pertencem a Deus: os argumentos, as coisas, e as idéias; enquanto
pertencem ao homem a ordem das idéias, o gênero literário, o estilo e a
língua.

Inerrância
Consequência natural da inspiração da Bíblia é a sua inerrância. Com
a inspiração, Deus torna-se garantia de tudo aquilo que o escritor inspirado
escreve e, considerando-se que Êle não pode enganar-se nem enganar, o
livro inspirado é imune de qualquer êrro. A inspiração — como bem afir­
mou Leão X lll — não somente exclui qualquer êrro, mas o exclui e o
12 INTRODUÇÃO

repele tanto necessariamente quanto é necessário que Deus, Suma Verdade,


não ensine aquilo que é falso. Portanto, quando encontramos um trecho
da Bíblia, que nos parece contrário a uma verdade incontestável, nâo pen­
semos logo que possa ali haver êrro, mas saibamos refletir com Santo Agos­
tinho: “ Neste ponto deve haver êrro do copista, ou uma tradução mal feita
do original, ou então sou eu mesmo que não consigo compreender...” O
êrro, se na verdade existe, não se pode atribuir ao agiógrafo, mas àquele
que não transmitiu fielmente as suas palavras ou a quem não compreendeu
exatamente o seu pensamento.
Tudo o que se narra na Bíblia é necessariamente verdadeiro, porque
é palavra de Deus; mas nem tudo contém a mesma verdade. Deus pode ins­
pirar io agióghafo a escrever tanto uma história propriamente dita como
uma poesia, uma parábola ou uma fábula. Ora, cada gênero literário tem
a sua verdade; é necessário, pois, determinar o gênero literário de cada livro
da Sagrada Escritura, considerando a índole do livro e, sobretudo, a interpre­
tação e o senso da Igreja.
A Bíblia, além da verdade relativa ao gênero literário, contém verdades
relativas ao modo comum de falar, à linguagem popular, às idéias dos países
e dos tempos, que cienti ficamente podem ser falsos. Com efeito, não sendo
a Bíblia um tratado de ciência, não se encontra nela a linguagem técnica
ou científica, mas aquela comum, regular dos tempos.

A Língua
Quase todos os livros do Velho Testamento foram escritos em hebraico,
(exceto os livros da Sabedoria e o segundo livro dos Macabeus, escritos em
grego).
O Novo Testamento, ao invés, foi escrito em grego, com exceção talvez do
Evangelho de S. Mateus, que alguns sustentam tenha sido escrito em língua
siro-caldaica e traduzido para o grego, possivelmente pelo próprio autor.
A literatura sagrada hebraica abrange um período de quase 1.500 anos,
e isso explica as numerosas transformações que ela apresenta. Podem-se
distinguir três épocas da língua hebraica: primeiro período, desde Moisés até
o reinado de Saul (1500-100 A. C .); segundo período, da fundação do rei­
no até ao exílio de Babilônia (1.000-580 a. C .); terceiro período, do exílio
até a era cristã (586 A. C .-l). O segundo período é considerado o da língua
clássica, ao passo que, no primeiro assinalam-se numerosos arcaismo e, no
último, — época em que o hebraico torna-se uma língua morta e é usado
somente nas escolas e na liturgia, — encontram-se acentuadas infiltrações
dialetais aramaicas. A pronúncia tradicional do hebraico é conservada pelos
Massoretas, os quais acrescentaram os sinais vocálicos às consoantes.
O grego do novo Testamento não é clássico, mas a língua popular es­
palhada por quase todo o mundo, a língua comum, a koiné diálektos, que foi
formando após a conquista de Alexandre Magno até a fundação, pior obra
de seus sucessores, dos reinos helenizantes nos países situados na bacia do
Mediterrâneo. A língua dos escritores neo-testamentários contém numerosos
aramaísmos.
INTRODUÇÃO 13
A s Versões
Dentre as inúmeras Versões que a Sagrada Escritura teve nos séculos,
destacam-se — pela sua antiguidade e autoridade — a tradução grega do
Velho Testamento, cognominada Alexandrina devido à localidade na qual se
acredita tenha tido origem, e a dos Setenta pelo suposto número de traduto­
res. Essa Versão — feita entre os anos de 250-150 A. C. — gozou desde o
princípio de grande autoridade: foi usada pelos escritores do Novo Tes­
tamento, adotada pela Igreja primitiva, e diversos Santos Padres dos pri­
meiros séculos consideraram-na inspirada.
Mas o primeiro lugar, dentre tôdas as Versões da Bíblia, cabe sem re­
serva àquela latina, conhecidíssima sob o nome de Vulgata, feita na sua qua­
se totalidade por S. Jerônimo» Pelo Concilio de Trento foi declarada autên­
tica “ mo sentido que ela deve ser chamada uma verdadeira fonte de revela­
ção, em modo que não somente seja impossível dela derivar alguma dou­
trina falsa da fé ou alguma regra errônea de moral, mas também que positi­
vamente ela exprime com fidelidade tudo aquilo que pertence à substância
da palavra de Deus escrita” . A Vulgata, pois, é usada como texto ordinário
no ensino público e na pregação, e nimguém pode impugnar ou recusar o seu
valor. Esta versão portuguesa foi realizada sôbre a vulgata, correta por
ordem de Sixto V e edita sob 10 pontificado de Clemente V III, chamada
porisso “ Vulgata Sixto-Clementina” .

Os sentidos da Sagrada Escritura

Por sentido da Sagrada Escritura entende-se tudo aquilo que o Espirito


Santo quis fazer conhecer aos homens mediante os escritos dos agiógrafos.
Mas enquanto o homem não pode exprimir as coisas senão com palavras e
sinais equivalentes, Deus pode dispor as coisas, os próprios acontecimentos e
as próprias pessoas para exprimir uma determinada verdade. Resulta, pois,
um dúplice sentido que é preciso ser considerado na Sagrada Escritura: o
sentido literal ou histórico — que pode ser próprio ou metafórico — dado
pelas palavras usadas no seu imediato significado, e o isentido típico ou
espiritual, que é próprio de algumas pessoas, de algumas instituições, de al­
guns acontecimentos de que se trata na Bíblia, onde as pessoas, os fatos e
as instituições são usadas para exprimir pessoas, fatos e instituições de uma
ordem mais elevada, ou seja a pessoa de Cristo e tudo aquilo que se refere
à sua obra de Redenção. O sentido típico, — que se deve admitir somente
quando é afirmado pelo próprio Deus através dos agiógrafos ou pela unâni­
me tradição eclesiástica chegada até nós sob forma de ensino dogmático ou
sob forma de manifestação litúrgica, — é sentido entendido por Deus e, como
o literal, é palavra de Deus.
O sentido típico se divide em dogmático (impròpriamente dito: alegó­
rico), quando aponta verdades para crer; moral ou tropolôgico, quando indi­
ca a prática a ser seguida; anagógico quando registra os bens eternos que
devemos alcançar.
A êsses dois sentidos, que são verdadeiros e próprios sentidos da Sagrada
Escritura, os teólogos costumam acrescentar mais um: o sentido consequente,
deduzido mediante simples raciocínios sôbre as palavras da Sagrada Escri­
14 INTRODUÇÃO

tura, e a êle freqüentemente se recorre no doutrinamento dogmático. Há


também o sentido acomodaticio, quando se aplicam as palavras da Sagrada
Escritura a coisas diferentes daquelas entendidas pelo agiógrafo. Seguin­
do o exemplo da Igreja, que usa muito o sentido acomodaticio na sua litur­
gia, pode-se usá-lo com as devidas cautelas, e dentre estas a de se conservar
às palavras o seu genuíno sentido.

Interpretação da Sagrada Escritura


Nos livros sagrados é preciso considerar um dúplice elemento: o divino
e o humano. Por elemento humano são considerados a língua e o gênio da
língua usada pelo autor, o estilo e o gênero literário empregado, as leis do
pensamentio, que, em qualquer passo, determinam mormente o sentido do
autor, as circunstâncias históricas em que o livro foi escrito. Consideran­
do-se, ao invés, o elemento divino — isto é: que os livros sagrados foram es­
critos sob a inspiração de Deus e que foram confiados à Igreja Católica Ro­
mana a fim de que fôssem por Ela conservados e, quando necessário, au­
tênticamente explicados, — é preciso interpretar a Sagrada Escritura con­
forme o sentido dado pela Igreja. Nas questões que se referem à fé e à
moral, jamais devemos tomar uma atitude que esteja em contradição com
o sentimento verdadeiro e rigorosamente unânime dos Santos Padres da
Igreja. Devemos nos conformar à analogia da fé, jamais nos esquecendo
que devemos repudiar qualquer interpretação contrária à lei divina, ou ca­
paz de nos fazer crer que o autor inspiradio tenha ensinado algum êrro, con­
tradito a si mesmo ou algum outro autor inspirado. Pràticamente, tenha­
mos presente que jamais é possível haver contradição entre a Sagrada Es­
critura, retamente interpretada, e a verdadeira ciência.
ANTIGO TESTAMENTO
PENTATÊUCO
Pentatêuco é o conjunto dos cinco primeiros livros da Bíblia, que são:
o Gênesis, o Êxodo, o Leoítico, os Números e o Deuteronômio. O Pentatêuco
é um livro em parte histórico e em parte legal. Narra a história do homem
desde a criação do mundo até à dispersão dos povos (Gên. 1,1 — 11,22) e,
particularmente, a história do povo hebreu desde a sua origem até a con­
quista da Terra da Promissão. Por outro lado, contém a legislação civil e
religiosa de Israel, seja a adotada no tempo da peregrinação no deserto, seja
a que deveria ser observada depois da ocupação e durante a permanência
na Palestina.
O autor do Pentatêuco é Moisés. Essa é a doutrina comumente admiti­
da por tôda a antiguidade judaica e cristã, e recentemente corroborada pela
publicação de importantes documentos, por parte da autoridade eclesiástica
(cfr. o Decreto da Comissão Bíblica de 30 de julho de 1909). Essa senten­
ça, porém, não exige que Mtoisés seja o autor imediato de tudo aquilo que
está contido nos cinco livros. Assim como há certos trechos que não podem
ter sido escrito por êle, por ex., a narração de sua morte: Deutr. 34,5 seg.;
ou a continuação de certas genealogias alcançando personagens que sobrevi­
veram a Moisés {Gên. 36), existem também glosas, apostilas e traços de re-
manuseio que pertencem, sem dúvida alguma, a épocas bem posteriores a
Moisés. Também não se pode excluir que êle se tenha servido das obras dos
amanuenses e tenha podido incluir na sua narração — integralmente, re­
sumidos ou amplificados — documentos e antigas tradições preexistentes.
GÊNES I S
O primeiro livro sagrado é o Gênesis, que narra as primeiras origens:
origens do mundo, origens do gênero humano, origens do povo hebreu e a
história da primiüva revelação feita aos cinco grandes Patriarcas, anti-dilu-
vianos e post-diluvianos, patriarcas do gênero humano e do povo hebreu:
Adão, Noé, Abraão, Isac e Jacó.
Depois de uma introdução, em que é narrada a história da criação do
mundo, (1, 1 - 2, 3), o Gênesis apresenta duas partes distintas:
PRIM EIRA PA R TE : História da humanidade prim itiva até à disper­
são dos povos (2,4 - 11,26)1 1 ) História de Adão: sua felicidade e inocên­
cia (2,4 - 25); sua queda e conseqüente castigo; primeiro anúncio da Reden­
ção (cap. 4). — 2) História de Noé; ‘descendente da piedosa estirpe de Set
(cap. 5). Corrupção universal punida com o dilúvio, no qual perece o gê­
nero humano, exceto Noé com sua família (cap. 6-7). A humanidade, re­
novada depois do dilúvio (8 - 9, 17). O vinho e a embriaguez; procaci-
dade castigada (9, 18-29). Multiplicação e divisão da família humana
(10 - 1 1 , 26).

SEGUNDA PA R TE : História do povo eleito desde Abraão até à morte


de José (11,27 . 50,25): 1) História de Abraão, filho de Taré: sua vocação
e vinda para Canaã; repetidas aparições e promessas a êle feitas por Deus
(11,27 - 23,20). 2) História dc Isac, que se casa com Rebeca (cap. 24).
— 3) História de Jacó: Cas.a-se com Lia e Raquel; tem doze filhos, mais
tarde fundadores das doze tribus de Israel (28-35). — 4) História de José:
vendido pelos seus irmãos, no Egito, torna-se vice-rei desse país e salva o
povo da fome (37-41); revela sua identidade aos irmãos e convence-os a se
estabeleceram, com o pai, no Egito (42-48). Profecias e morte de Jacó
(49-50).
Escopo principal do Gênesis é indicar os antepassados do Redentor, indi-
viduando cada vez mais a família eleita com a exclusão das outras. No prin­
cípio afirma que o Salvador nascerá de uma mulher (3, 15), mais adiante
diz que sairá da estirpe de Set (5, 29), mas da descendência de Sem (9, 26).
Excluindo todos os outros semitas, diz que o Salvador será descendente de
Abraão (12, 3), de Isac (26, 1-4), de Jacó (35, 9). Dentre os filhos de Jacó
aponta Judá como o futuro avô do Messias (49, 10).
G Ê N E S I S

Criação do mundo tarde e manhã, (e fo i) o terceiro dia.


14Disse também Deus: Sejam feitos
JN o princípio Deus criou o céu luzeiros no firmamento do céu, e se­
1 e a terra. 2A terra, porém, es­ parem o dia da noite, e sirvam para
tava informe e vazia, e as trevas co­ sinais, e para (distinguir) os tempos,
briam a face do abismo, e o Espíri­ os dias e os anos; 15e resplandeçam
to de Deus movia-se sôbre as águas. no firmamento do céu, e alumiem a
SE Deus disse: Exista a luz. E a luz terra. E assim se fêz. 16E Deus fêz
existiu. 4E Deus viu que a luz era dois grandes luzeiros: o luzeiro maior,
boa; e separou a luz das trevas. 5E que presidisse ao dia, e o luzeiro
chamou à luz dia, e às trevas noite. menor, que presidisse à noite; e (fêz
E fêz-se tarde e manhã, (e fo i) o também) as estréias. 17E colocou-as no
primeiro dia. 6Disse também Deus: firmamento do céu, para luzirem sô­
Faça-se o firmamento no meio das bre a terra, 18e presidirem ao dia e
águas, e separe umas águas das ou­ à noite, e separarem a luz das trevas.
tras águas. 7E fêz Deus o firmamen­ E Deus viu que isto era bom. 19E
to, e separou as águas, que estavam fêz-se tarde e manhã, (e fo i) o quar­
por cima do firmamento. E assim se to dia.
fêz. 8E Deus chamou ao firmamento “ Disse também Deus: Produzam as
céu. E fêz-se tarde e manhã, (e fo i) águas répteis animados e viventes, e
o segundo dia. °Disse também Deus: aves que voem sôbre a terra debaixo
As águas, que estão debaixo do céu, do firmamento do céu. 21Deus criou
ajuntem-se num só lugar, e apareça os grandes peixes, e todos os animais
o (elem ento) árido. E assim se fêz. que têm vida e movimento, os quais
10E Deus chamou ao (elem ento) árido foram produzidos pelas águas, segun­
terra, e ao conjunto das águas cha­ do a sua espécie, e tôdas as aves se­
mou mares. E Deus viu que isto era gundo a sua espécie. E Deus viu que
bom. 11E disse: Produza a terra erva isto era bom. 22E os abençoou, dizen­
verde, e que dê semente, e árvores do: Crescei e multiplicai-vos, e en­
frutíferas, que dêem fruto segundo a chei as águas do mar; e as aves se
sua espécie, cuja semente esteja nelas multipliquem sôbre a terra. *E fêz-
mesmas ( para se reproduzirem) sôbre se tarde e manhã ( e f o i) o quinto dia.
a terra. E assim se fêz. 12E a terra
produziu erva verde, e que dá semen­ Criação do homem
te segundo a sua espécie, e árvores
que dão fruto, e cada uma das quais “ Disse também Deus: Produza a
tem semente segundo a sua espécie. E terra animais viventes segundo a sua
viu Deus que isto era bom. 13E fêz-se espécie, animais domésticos, e répteis,
Cap. I — 2. o Espírito de Deus, a terceira Pessoa da Santíssim a Trindade. Ê esta a me­
lhor interpretação, atendendo aos lugares paralelos da Escritura (G ên., X L I, 38;
Êx.. X X X I. a. etc.), e à tradição.
4. A luz era boa, isto é, correspondia perfeitamente s fim p ara que a tinha criado.
O mesmo se deve dizer relativamente a tôdas as outras obras da criação.
5. E fêz-se tarde. . . O pensamento do escritor sagrado é que o dia natural consta de
um período de luz: desde a aurora ao crepúsculo vespertino, e de outro de trevas:
desde o crepúsculo vespertino ao matutino.
14. E sirvam para sinais, que auxiliem os viajantes, navegantes, agricultores, etc.
17. E colocou-as. N o hebreu o pronome refere-se ao sol, à lua e às estréias.
20. Répteis animados e viventes, e a v e s ... O texto original diz: Produz as ápuas
ré p te is ... (significando esta palavra todos os animais aquáticos), e voem aves sôbre
a terra. A criação das aves não é atribuída às águas, mas sim à região do ar.
20 GENESIS l - 2
e animais selváticos, segundo a sua Recapitulação da criação
espécie. E assim se fêz. 25E fêz Deus 4Tal foi a origem do céu e da ter­
os animais selváticos, segundo a sua ra, quando foram criados, no dia em
espécie, e os animais domésticos, e que o Senhor Deus fêz o céu e a terra,
todos os répteis da terra (cada u m ) 5e tôda a planta do campo antes que
segundo a sua espécie. E viu Deus nascesse na terra, e tôda a erva da
que isto era bom, 26e (p or fim ) dis­ campina antes que germinasse; por­
se: Façamos o homem à nossa ima­ que o Senhor Deus não tinha (ainda)
gem é semelhança, e presida aos pei­ feito chover sôbre a terra, nem havia
xes do mar, e às aves do céu, e aos homem que a cultivasse. 6Mas da
animais selváticos, e a tôda a terra, terra saía uma fonte, que regava tôda
e a todos os répteis, que se movem so­ a superfície da terra. 70 Senhor Deus
bre a terra. 27*E criou Deus o homem formou, pois, o homem do barro da
à sua imagem; criou-o à imagem de terra, e inspirou no seu rosto um so­
Deus, e criou-os varão e fêmea. “ E pro de vida, e o homem tornou-se al­
Deus os abençoou, e disse: Crescei e ma (pessoa) vivente.
multiplicai-vos, e enchei a terra, e
sujeitai-a, e dominai sôbre os peixes O homem no paraíso terrestre
do mar e sôbre as aves do céu, e sô­ 8Ora, o Senhor Deus tinha planta­
bre todos os animais que se movem do, desde o princípio, um paraiso de
sôbre a terra. 29E Deus disse: Eis que delícias, no qual pôs o homem que ti­
vos dei tôdas as ervas, que dão semen­ nha formado. °E o Senhor Deus ti­
te sôbre a terra, e tôdas as árvores, nha produzido da terra tôda a casta
que encerram em si mesmas a semen­ de árvores formosas à vista, e de fru­
te do seu gênero, para que vos sirvam tos doces para comer; e a árvore da
de alimento, 30e a todos os animais da vida no meio do paraíso, e a árvore da
terra, e a tôdas as aves do céu, e a ciência do bem e do mal. 10Dêste
tudo o que se move sôbre a terra, e lugar de delícias saía um rio para re­
em que há alma vivente, para que gar o paraíso, o qual dali se divide
tenham que comer. E assim se fêz. em quatro braços. uO nome do pri­
31E Deus viu tôdas as coisas que tinha meiro é Fison, e é aquêle que torneia
feito, e eram muito boas. E fêz-se tar­ todo o país de Evilat, onde se encon­
de e manhã, (e fo i) o sexto dia. tra o ouro. 12E o ouro dêste país é
Kepouso divino ótimo; ali (tam bém ) se acha o bdélio
e a pedra ônix. 130 nome do segundo
O ^ ssim foram acabados o céu rio é Geón; êste é aquêle que torneia
" e a terra, e todos os seus or- tôda a terra de Etiópia. 140 nome,
natos. 2E Deus acabou no sétimo dia porém, do terceiro rio é Tigre, que
a obra que tinha feito; e descansou corre para a banda dos Assírios. E o
no sétimo dia de. tôda a obra que ti­ quarto rio é o Eufrates.
nha feito. 3E abençoou o dia sétimo, Preceito divino
e o santificou, porque nêle tinha ces­
sado de tôda a sua obra, que tinha “ Tomou, pois, o Senhor Deus o ho­
criado e feito. mem, e colocou-o no paraíso de delí­
27. Moisés, p ara m ostrar a grandeza do homem, insiste várias vêzes em que foi
criado por Deus, e à imagem de Deus.
Cap. I I — 3. Que tinha criado e feito, o texto original diz: Que tinha criado operando,
isto é, com o seu operar.
5-7. Êstes três versículos são um pouco obscuros na V ulgata. O texto hebraico diz:
N ão havia ainda sôbre a terra nenhum arbusto dos campos, e nenhuma erva da cam­
pina tinha ainda germinado; porque o Senhor Deus não tinha feito chover sôbre a terra,
e não havia homem que cultivasse o solo. M as um vapor subia da terra e regava tôda a
superfície do solo. O Senhor Deus formou o homem do pó do solo, e insuflou-lhe nas
narículas um sopro de vida, e o homem tornou-se alma (a n im a l) vivente.
9. Árvore da vida. porque os seus frutos, por livre vontade de Deus, tinham a virtude
de conservar a vida presente do homem, até ser chamado ao céu. Arvore da ciência. ..
porque, tendo Deus proibido comer dos seus frutos, ela devia m ostrar ao homem
desobediente a diferença entre a felicidade prometida à obediência e o castigo impôsto
à desobediência.
2 - 3 GENESIS 21
cias, para que o cultivasse e guardas­ tôda a árvore do paraíso? R espon­
se. 10E deu-lhe êste preceito, dizen­ deu-lhe a mulher: Nós comemos do
do: Come de tôdas as árvores do fruto das árvores, que estão no pa­
paraíso, 17mas não comas do fruto da raíso. 3Mas do fruto da árvore, que
árvore da ciência do bem e do mal; está no meio do paraíso, Deus nos
porque, em qualquer dia que come­ mandou que não coméssemos, e nem
res dêle, morrerás indubitavelmente. a tocássemos, não suceda que morra­
mos. 4Porém a serpente disse à mu­
Nomes dos animais lher: Vós de nenhum modo morrereis.
5Mas Deus sabe que, em qualquer
18Disse mais o Senhor Deus: Não é dia que comerdes dêle, se abrirão os
bom que o homem esteja só; faça- vossos olhos, e sereis como deuses, co­
mos-lhe um adjutório semelhante a nhecendo o bem e o mal.
ele. 19Tendo, pois, o Senhor Deus fo r­
mado da terra todos os animais ter­ O pecado original
restres, e tôdas as aves do céu, levou-
os diante de Adão, para êste ver como °Viu, pois, a mulher que (o fru to )
os havia de chamar; e todo o nome da árvore era bom para comer, e for­
que Adão pôs aos animais vivos, êsse moso aos olhos, e de aspecto agradá­
é o seu verdadeiro nome. ^E Adão vel; e tirou do fruto dela, e comeu; e
pôs nomes convenientes a todos os deu a seu marido, que também comeu.
animais (domésticos) , a tôdas as aves 7E os olhos de ambos se abriram; e,
do céu, e a todos os animais selvá­ tendo conhecido que estavam nus, co­
ticos; mas não se achava para Adão seram folhas de figueira, e fizeram
um adjutório semelhante a êle. para si cinturas.
Formação da mulher, e instituição O encontro com Deus
do matrimônio
8E, tendo ouvido a voz do Senhor
21Mandou, pois, o Senhor Deus um Deus, que passeava pelo paraíso, à
rofundo sono a Adão; e, enquanto hora da brisa, depois do meio-dia,
le estava dormindo, tirou uma das Adão e sua mulher escondeu-se da
suas costelas, e pôs carne no lugar face do Senhor Deus no meio das ár­
dela. 1
22E da costela, que tinha tirado vores do paraíso. °E o Senhor Deus
de Adão, formou o Senhor Deus uma chamou por Adão, e disse-lhe: Onde
mulher; e a levou a Adão. 23E Adão estás? 10E êle respondeu: Ouvi a tua
disse: Eis aqui agora o osso de meus voz no paraíso, e tive mêdo, porque
ossos e a carne da minha carne; ela estava nu, e escondi-me. “ Disse-lhe
se chamará Virago, porque do varão Deus: Mas quem te fêz conhecer que
foi tomada. 24Por isso deixará o ho­ estavas nu, senão o ter comido da
mem seu pai e sua mãe, e se unirá árvore, de que eu te tinha ordenado
a sua mulher; e serão dois numa só que não comêsses? “ Adão disse: A
carne. “ Ora um e outro, isto é, Adão mulher, que me deste por companhei­
e sua mulher, estavam nus; e não se ra, deu-me (do fru to ) da árvore, e
envergonhavam (porque ainda eram comi. 13E o Senhor Deus disse para
inocentes). a mulher: Por que fizeste isto? Ela
respondeu: A serpente enganou-me,
Tentação de Adão e Eva e comi.
O 2Mas a serpente era o mais as- Maldição da serpente
° tuto de todos os animais da
terra que o Senhor Deus tinha feito. 14E o Senhor Deus disse à serpen­
E ela disse à mulher: Por que vos te: Pois que fizeste isto, és maldita
mandou Deus que não comésseis de entre todos os animais e bêstas da
24. E s e rã o ... o texto original diz: e (os dois) serão uma sô carne, formando como que
um todo, um ser único.
Cap. I I I — 8. A voz e o ruído duma pessoa que passeava, foi, segundo Santo Agostinho,
de um anjo, que representava Deus em form a de homem.
22 GÊNESIS 3 -4
terra; andarás de rastos sôbre o teu Caim e Abel
peito, e comerás terra todos os dias
da tua vida. 15Porei inimizades entre A JE Adão conheceu sua mu-
ti e a mulher, e entre a tua posteri­ ’ lher Eva, a qual concebeu e deu
dade e a posteridade dela! Ela te pi­ à luz Caim, dizendo: Possuí um ho­
sará a cabeça, e tu armarás traições mem por (auxílio de) Deus. 2E, de­
ao seu calcanhar. pois, deu à luz a seu irmão Abel. E
Abel foi pastor de ovelhas, e Caim la­
Castigo da mulher vrador. 8Passado muito tempo, acon­
teceu oferecer Caim, em oblação ao
16Disse também à mulher: Multi­ Senhor, dos frutos da terra. 4Abel
plicarei os teus trabalhos, e (especial- também ofereceu dos primogênitos do
mente os de) teus partos. Darás à luz seu rebanho, e das gorduras dêles; e
com dor os filhos, e estarás sob o po­ o Senhor olhou para Abel e para os
der do marido, e êle te dominará. seus dons. 5Não olhou, porém, para
17E disse a Adão: Porque deste ouvidos Caim, nem para os seus dons. E Caim
à voz de tua mulher, e comeste da irou-se extremamente, e o seu sem­
árvore, de que eu te tinha ordenado blante ficou abatido. 6E o Senhor
que não comêsses, a terra será mal­ disse-lhe: Por que estás irado? e por
dita por tua causa; tirarás dela o sus­ que está abatido o teu semblante?
tento com trabalhos penosos todos os 7Porventura, se tu obrares bem, não
dias da tua vida. 18Ela te produzirá receberás (por isso galardão); e, se o-
espinhos e abrolhos, e tu comerás a brares mal, não estará logo o pecado
erva da terra. 19*Comerás o pão com à tua porta? Mas sob ti está o seu
o suor do teu rosto, até que voltes à desejo, e tu o dominarás. 8Caim dis­
terra, de que fôste tomado; porque tu se a seu irmão Abel: Saiamos fora. E,
és pó, e em pó te hás de tornar. ME quando estavam no campo, investiu
Adão pôs à sua mulher o nome de Caim contra seu irmão Abel, e ma­
Eva, porque ela era a mãe de todos tou-o. °E o Senhor disse a Caim:
os viventes. Onde está teu irmão Abel? E êle res­
pondeu: Não sei. Porventura sou eu
Adão e Eva expulsos do paraíso o guarda de meu irmão? 10E o Se­
nhor disse-lhe: Que fizeste? A voz do
MFêz também o Senhor Deus a sangue de teu irmão clama da terra
Adão e a sua mulher umas túnicas de or mim. “ Agora, pois, serás mal-
peles, e os vestiu. 22E disse: Eis que ito sôbre a terra, que abriu a sua
Adão se tornou como um de nós, co­ bôca e recebeu da tua mão o sangue
nhecendo o bem e o mal; agora, pois, de teu irmão. “ Quando a cultivares,
(expulsemo-lo do paraíso) , para que ela não te dará os seus frutos; serás
não suceda que êle estenda a sua mão, vagabundo e fugitivo sôbre a terra.
13E Caim disse ao Senhor: A minha
e tome também da árvore da vida, e iniqüidade é muito grande, para que
coma, e viva eternamente. aE o Se­ eu mereça perdão. 14Eis que tu hoje
nhor Deus lançou-o fora do paraíso rne expulsas desta terra, e eu rne es­
de delícias, para que cultivasse a ter­ conderei da tua face, e serei vagabun­
ra, de que tinha sido tomado. ^E do e fugitivo na terra; portanto, todo
expulsou Adão, e pôs diante do paraí­ o que rne achar, rne matará. 15E o
so de delícias Querubins brandindo Senhor disse-lhe: Não será assim*
uma espada de fogo, para guardar o mas qualquer que matar Caim será
caminho da árvore da vida. castigado sete vêzes mais. E o Senhor
18. Comerás a erva da terra, isto é, os cereais e legumes que ela produzir mediante
o teu trabalho.
22. Adão se tom ou como um de nós. H á nestas palavras uma referência à Santíssima
Trindade, e, ao mesmo tempo, uma ironia. A dão quis ser como Deus, e tornou-se seme­
lhante ao demônio.
Cap. I V — 7. Sob ti está o seu desejo. .. o desejo do pecado não te vencerá, se não
cederes voluntariam ente; pelo contrário, podes dominá-lo.
13. A minha iniqüidade, etc. Com estas palavras Caim não mostra arrependimento, mas
desesperação, ofendendo dêste modo a misericórdia infinita de Deus, que queria salvá-lo.
4 -5 GÊNESIS 23
pôs um sinal em Caim, para que o Posteridade de Adão: Set, Enós,
não matasse ninguém que o encon­ Cainan, M alaleel, Jared, Henoc,
trasse. 10E Caim, tendo-se retirado de Matusalém, Lamec, Noé
diante da face do Senhor, andou er­
rante sôbre a terra, e habitou no país £ JÊste é o livro da posteridade
que está ao nascente do Éden. de Adão. N o dia em que Deus
criou o homem, fê-lo à semelhança de
Posteridade de Caim e origens Deus. 2Criou-os varão e fêmea, e
da poligamia abençoou-os; e deu-lhes o nome de
Adão no dia em que foram criados.
17E Caim conheceu sua mulher, a 3E Adão viveu cento e trinta anos;
qual concebeu e deu à luz Henoc. E e gerou um filho à sua imagem e se­
edificou uma cidade, que chamou H e­ melhança, e pôs-lhe o nome de Set.
noc, do nome de seu filho. 18Ora He­ 4E, depois que gerou Set, viveu Adão
noc gerou Irad, e Irad gerou Ma- oitocentos anos e gerou filhos e filhas.
viavel, e M aviavel gerou Matusael, e 5E todo o tempo que Adão viveu foi
Matusael gerou Lamec. 1#E êste tomou de novecentos e trinta anos, e morreu.
duas mulheres, uma chamada Ada, e 6E Set viveu cento e cinco anos, e
outra Sela. 20E Ada deu à luz Jabel, gerou Enós. 7E, depois que gerou
que foi pai dos que habitam sob ten­ Enós, viveu Set oitocentos e sete anos,
das, e dos pastores. 21E o nome de e gerou filhos e filhas. 8E tôda a
seu irmão foi Jubal, que foi o pai vida de Set foi de novecentos e doze
(ou m estre) dos que tocam citara e anos, e morreu. °E Enós viveu no­
órgão. 22Sela também deu à luz Tu- venta anos, e gerou Cainan, 10depois
balcain, que manejou o martelo, e de cujo nascimento viveu oitocentos
foi artífice em tôda a qualidade de e quinze anos, e gerou filhos e filhas.
obras de cobre e de ferro. E a irmã nE todo o tempo da vida de Enós
de Tubalcain foi Noema. 23*E Lamec foi de novecentos e cinco anos, e mor­
disse a suas mulheres Ada e Sela: reu. 12E Cainan viveu setenta anos,
Ouvi a minha voz, mulheres de L a ­ e gerou Malaleel. 13E, depois de ter
mec, escutai as minhas palavras: eu gerado Malaleel, viveu Cainan oito­
matei um homem por minha ferida, centos e quarenta anos, e gerou filhos
e um adolescente por minha contusão. e filhas. 14E todo o tempo da vida de
24Caim será vingado sete vêzes, mas Cainan foi de novecentos e dez anos,
Lam ec setenta vêzes sete. e morreu. 15E Malaleel viveu ses­
Set e sua posteridade
senta e cinco anos, e gerou Jared.
16E Sdepois de ter gerado Jared, viveu
“ E Adão conheceu outra vez sua Malaleel oitocentos e trinta anos, e
mulher, a qual deu á luz um filho, e gerou filhos e filhas. 17E todo o tempo
pôs-lhe o nome de Set, dizendo: O Se­ da vida de Malaleel foi de oitocentos
nhor deu-me outro filho em lugar de e noventa e cinco anos, e morreu. 18E
Abel, que Caim matou. 26E nasceu Jared viveu cento e sessenta e dois
também um filho a Set, que êle cha­ anos, e gerou Henoc. 19E depois de
mou Enós. Êste começou a invocar o ter gerado Henoc, viveu Jared oito­
nome do Senhor. centos anos, e gerou filhos e filhas. 20E
19. E êste tornou duas mulheres. Lam ec foi o primeiro que violou a unidade do m atri­
mônio, estabelecida por Deus no princípio (G ên., II, 24). Tertuliano chama-lhe por isso um
homem maldito.
20. D os que habitam, etc. O hebraico diz: D os que habitam sob tendas e no meio dos
rebanhos.
23. P o r minha ferid a . . . por minha contusão, isto é, por uma ferida, por um a contusão
que me fêz.
Cap. V — 2. E deu-lhes o nome de Adão. A dão é um nome comum, que depois se
tornou o nome próprio do primeiro homem.
5. E todo o tempo, etc. Os anos dos antigos patriarcas sfto anos ordinários, com­
postos de doze meses com trinta dias cada um. A pureza do clima, a frugalidade
do alimento, e a vontade que Deus tinha de propagar ràpidamente a espécie hu­
m an a e conservar perfeitas as tradições religiosas, sfto outros tantos motivos que
explicam a notável longevidade dos primitivos patriarcas.
24 GENESIS 5-6
tôda a vida de Jared foi de novecentos Deus resolve castigar
e sessenta e dois anos, e morreu. aE 5Deus, vendo que era grande a ma­
Henoc viveu sessenta e cinco anos, e lícia dos homens sôbre a terra, e que
gerou Matusalém. 22E Henoc andou todos os pensamentos do seu coração
com Deus; e, depois de ter gerado Ma­ estavam continuamente aplicados ao
tusalém, viveu trezentos anos, e gerou mal, 6arrependeu-se de ter feito o
filhos e filhas, 23E todo o tempo da homem sôbre a terra. E, tocado de
vida de Henoc foi de trezentos e ses­ intima dor de coração, Misse: Exter­
senta e cinco anos. 24E andou com minarei da face da terra o homem
Deus e desapareceu, porque Deus o que criei, desde o homem até aos a-
levou. 25*E Matusalém viveu cento e nimais, desde os répteis até às aves
oitenta e sete anos, e gerou Lamec. do céu; porque me pêsa de os ter
26E, depois de ter gerado Lamec, viveu feito. 8Porém Noé achou graça diante
Matusalém setecentos e oitenta e dois do Senhor.
anos, e gerou filhos e filhas. 27E tô­ Deus anuncia o dilúvio a Noé e
da a vida de Matusalém foi de nove­ manda construir a arca
centos e sessenta e nove anos, e mor­
reu. 28*E Lamec viveu cento e oitenta 9Esta é a posteridade de Noé. Noé
e dois anos, e gerou um filho, “ ao foi um homem justo e perfeito entre
qual pôs o nome de Noé, dizendo: Ês- os homens do seu tempo, andou com
te nos consolará nos trabalhos e nas Deus. 10E gerou três filhos: Sem,
fadigas das nossas mãos, nesta terra Cam, e Jafet. nOra a terra estava
que o Senhor amaldiçoou. 30E Lamec, corrompida diante de Deus, e cheia de
depois de ter gerado Noé, viveu qui­ iniqüidade. 12Vendo, pois, Deus que
nhentos e noventa e cinco anos, e ge­ a terra estava corrompida (porque tô­
rou filhos e filhas. 31E tôda a vida da a carne ( todo o hom em) tinha cor­
de Lamec foi de setecentos e setenta rompido o seu caminho sôbre a terra),
e sete anos, e morreu. E Noé, tendo 13disse a Noé: O fim de tôda a carne
de idade quinhentos anos, gerou Sem, chegou diante de mim; a terra, por
Cam e Jafet. suas obras, está cheia de iniqüidade, e
eu os exterminarei com a terra. 14Fa-
Depravação da humanidade ze uma arca de madeiras aplainadas;
farás na arca uns pequenos quartos, e
£ ^ r a , tendo os homens começa- calafetá-la-ás com betume por dentro
u do a multiplicar-se sôbre a ter­ e por fora. 15E hás de fazê-la do se­
ra, e tendo gerado filhas, 2vendo os guinte modo: o comprimento da arca
filhos de Deus que as filhas dos ho­ será de trezentos côvados, a largura
mens eram formosas, tomaram por de cinqüenta côvados, e a altura de
suas mulheres as que, dentre tôdas trinta côvados. 16Farás na arca uma
lhes agradaram. 3E Deus disse: O janela, e darás um côvado de alto ao
meu espírito não permanecerá para seu cume; porás a porta da arca a
sempre no homem, porque é carne; e um lado; e farás nela um andar em
os seus dias serão cento e vinte anos. baixo, um segundo, e um terceiro an­
4Ora, naquele tempo, havia gigantes dar. 17Eis que estou para derramar
sôbre a terra. Porque, depois que os as águas do dilúvio sôbre a terra, para
filhos de Deus tiveram comércio com fazer morrer tôda a carne em que há
as filhas dos homens, e elas geraram espírito de vida debaixo do céu; tudo
filhos, êstes foram homens possantes o que há sôbre a terra será con­
e desde há muito afamados. sumido.
24. E desapareceu, etc. Estas palavras mostram que Henoc não morreu, mas foi levado
por Deus para fora dp mundo.
Cap. V I — 2. Filhos de Deus, os filhos de Set, dotados de caráter religioso. Filhrn dos
homens, descendentes de Caim, as quais, esquecidas de Deus, sòmente se preocupavam
com as coisas terrenas.
3. E os seus d ia s ... o tempo cedido ao gênero humano para fazer penitência será de
cento e vinte anos, depois dos quais, se não se tiver convertido, virá o dilúvio.
13. chegou diante de mim, isto é, foi decretado por mim. — P or suas obras, pelas obras
dos homens.
16. Darás um covado. . . a inclinação do teto será de um côvado.
6- 8 GENESIS 25
Deus convida Noé a entrar na arca se tôdas as fontes do grande abismo,
18Mas contigo estabelecerei a minha e abriram-se as cataratas do céu; 12e
aliança; e entrarás na arca tu e teus caiu chuva sôbre a terra durante qua­
filhos, tua mulher e as mulheres de renta dias e quarenta noites. 13Na-
teus filhos contigo. 19E, de cada espécie quele mesmo dia entrou Noé na ar­
de todos os animais, farás entrar na ca com seus filhos Sem, Cam, e Jafet,
arca dois, macho e fêmea, para que sua mulher e as três mulheres de seus
vivam contigo. “ Das aves, segundo filhos, 14e com êles entraram todos
a sua espécie, e das bêstas, segundo os animais (selváticos), segundo a sua
a sua espécie, de todos os répteis da espécie, e todos os animais (domésti­
terra, segundo a sua espécie; de to­ cos), segundo a sua espécie, e tudo o
dos entrarão contigo dois, para que que se move sôbre a terra, segundo a
possam conservar-se. 21Tomarás tam­ sua espécie, e tudo o que voa, segundo
bém contigo de tôdas as coisas que a sua espécie, tôdas as aves, e tudo o
se podem comer, e as levarás junto que tem asas, 15(todos êstes animais)
de ti (na arca), e servirão de alimento entraram com Noé na arca, dois a
a ti e aos animais. 22Fêz, pois, Noé dois, de tôda a espécie, em que havia
tudo o que Deus lhe tinha ordenado. sôpro de vida. 16E os que entraram e-
ram macho e fêmea de tôda a espécie,
O dilúvio conforme Deus tinha mandado a Noé;
e o Senhor aí o fechou por fora.
7 2E o Senhor disse-lhe: Entra na
■ arca tu e tôda a tua casa, por­ A inundação
que te reconheci justo diante de 17E veio o dilúvio sôbre a terra du­
mim no meio desta geração. T o m a rante quarenta dias; e as águas cres­
de todos os animais puros sete pares, ceram, e elevaram a arca muito alto
macho e fêmea; e dos animais impu­ por cima da terra. 18Inundaram tudo
ros um par, macho e fêmea. T o m a com violência, e cobriram tudo na su­
também das aves do céu sete pares, perfície da terra; a arca, porém, era
macho e fêmea; para se conservar a levada sôbre as águas. 19E as águas en­
raça sôbre a face de tôda a terra. grossaram prodigiosamente sôbre a
4Porque, daqui a sete dias, farei cho­ terra; e todos os mais elevados mon­
ver sôbre a terra durante quarenta tes, que há sob todo o céu, ficaram
dias e quarenta noites; e extermina­ cobertos. “ A água elevou-se quinze cô-
rei da superfície da terra todos os vados acima dos montes, que tinha
sêres (vivos) que fiz. coberto.
“ Tôda a carne que se movia sôbre a
A entrada na arca terra foi consumida: as aves, os ani­
5Fêz, pois, Noé tudo o que o Senhor mais, as feras, e todos os répteis que
lhe tinha ordenado. °E tinha seiscen­ andam de rastos sôbre a terra, e todos
tos anos de idade, quando as águas os homens. 22Tudo o que respira e tem
do dilúvio inundaram a terra. 7Noé vida sôbre a terra, tudo morreu. 23E
entrou na arca com seus filhos, sua foram exterminados todos os sêres
mulher e as mulheres de seus filhos, (vivos) que havia sôbre a terra, des­
por causa (de se salvarem) das á- de o homem até às bêstas, tanto os
guas do dilúvio. 8E também dos ani­ répteis como as aves do céu, tudo foi
mais puros e impuros, e das aves, e exterminado da terra; ficou sòmente
de tudo o que se move sôbre a terra, Noé, e os que estavam com êle na ar­
9entraram na arca com Noé dois a ca. 24E as águas cobriram a terra du­
dois, macho e fêmea, conforme o Se­ rante cento e cinqüenta dias.
nhor tinha mandado a Noé. 10E, pas­ Fim do dilúvio
sados os sete dias, caíram sôbre a ter­
ra as águas do dilúvio. “ N o ano seis­ O 7Ora Deus lembrou-se de Noé,
centos da vida de Noé, no segundo ° e de todos os animais selváti­
mês, aos dezessete do mês romperam- cos, e de todos os animais domésti-
Cap. V I I I — 1. Deus lembrou-se de Noé, p ara lhe conceder um novo benefício, e não
porque o tivesse esquecido.
26 GÊNESIS 8 - 9
cos, que estavam com êle na arca, e e de todos os répteis, que andam de
fêz soprar um vento sôbre a terra, e rastos sôbre a terra, e saí para terra;
as águas diminuíram. 2Fecharam-se crescei e multiplicai-vos sôbre ela.
as fontes do abismo e as cataratas do 18Saiu, pois, Noé com seus filhos, sua
céu, e foram retidas as chuvas (que mulher e as mulheres de seus filhos.
caiam) do céu. 3E as águas, agitadas 19E também saíram da arca todos os
duma parte para outra, retiraram-se animais selváticos e animais domésti­
de cima da terra, e começaram a di­ cos, e os répteis, que andam de rastos
minuir, depois de cento e cinqüenta sôbre a terra, segundo a sua espécie.
dias. 4E, no sétimo mês, no vigésimo “ E Noé edificou um altar ao Senhor,
sétimo dia do mês, parou a arca sôbre e, tomando de todos os animais e de
os montes da Armênia. 5Entretanto tôdas as aves puras, ofereceu-os em
as águas iam diminuindo até ao déci­ holocausto sôbre o altar. 21E (com is­
mo mês; e, no décimo mês, no primei­ to ) recebeu o Senhor um suave odor,
ro dia do mês, apareceram os cumes e disse: Não amaldiçoarei mais a ter­
dos montes. °E, tendo-se passado qua­ ra por causa dos homens, porque os
renta dias, abriu Noé a janela, que ti­ sentidos e os pensamentos do coração
nha feito na arca e soltou um corvo, do homem são inclinados para o mal
7o qual saiu, e não tornou mais, até desde a sua mocidade; não tornarei,
que as águas secaram sôbre a terra. pois, a ferir todos os sêres vivos como
8Mandou também uma pomba depois fiz. 22Durante todos os dias da terra,
dêle, para ver se as águas teriam já a sementeira e a messe, o frio e o ca­
cessado de cobrir a face da terra. 9E lor, o verão e o inverno, a noite e o
ela, não encontrando onde pousar o dia não mais cessarão.
seu pé, tornou a vir a êle para a arca;
porque (ainda) as águas estavam sô­ Deus abençoa Noé
bre a terra; e (N o é ) estendeu a
mão, e, tendo-a tomado, a recolheu na Q 2E Deus abençoou N oé e seus
arca. 10Depois de ter esperado outros filhos. E disse-lhes: Crescei e
sete dias, novamente deitou a pomba multiplicai-vos e enchei a terra. T e ­
fora da arca. nE ela voltou a êle pela mam e tremam na vossa presença to­
tarde, trazendo no bico um ramo de dos os animais da terra, tôdas as aves
oliveira, com as folhas verdes. Enten­ do céu, e tudo o que se move sôbre a
deu, pois, Noé que as águas tinham terra; todos os peixes do mar estão
cessado sôbre a terra. 12Contudo es­ sujeitos ao vosso poder. 3Tudo o que
perou outros sete dias, e mandou a se move e vive será vosso alimento;
pomba que não tornou mais a êle. eu vos dou tôdas estas coisas, como
13Portanto, no ano seiscentos e um (da (vos dei) os legumes verdes, fo m e n ­
vida de N o é ), no primeiro mês, no te não comereis carne com sangue.
primeiro dia do mês, as águas deixa­ 5Porque eu vingarei o vosso sangue da
ram a terra; e Noé, descoberto o teto mão de todos os animais (que o der­
da arca, olhou e viu que a superfície ra m a rem ); e vingarei a vida do ho­
da terra estava sêca. 14N o segundo mem sôbre o homem e sôbre o seu ir­
mês, no vigésimo sétimo dia do mês, mão. 6Todo o que derramar o san­
a terra ficou sêca. gue humano, (será castigado) com a
efusão do seu próprio sangue; porque
o homem foi feito à imagem de Deus.
Saida da arca e sacrificio de Noé 7Crescei, pois, e multiplicai-vos, e es-
15E Deus falou a Noé, dizendo: 16Sai palhai-vos sôbre a terra, e enchei-a.
da arca, tu e tua mulher, teus fi­ A aliança e o arco-íris
lhos e as mulheres de teus filhos con­
tigo. 17Faze sair contigo todos os ani­ 8Disse também Deus a Noé e a seus
mais que estão contigo, de tôdas as filhos com êle: °Eis que vou fazer a
espécies, tanto de aves como de bêstas, minha aliança convosco e com a vos­
21. Porque os sentidos. . . O pecado original deixou em nós o » istinto do mal, a con-
cupiscôncia, fonte de todos os pecados.
Cap. I X — 4. O desígnio de Deus foi inspirar aos homens o espirito de doçura, e a fa s ­
tá-los de derram ar o sangue humano.
9 - 10 GENESIS 27
sa posteridade depois de vós, 10e com soube o que lhe tinha feito o seu fi­
todos os animais viventes, que estão lho mais novo, disse: “ Maldito seja
convosco, tanto aves, como animais Canaã, êle será escravo dos escravos
domésticos e animais selváticos, que de seus irmãos. 28E disse: Bendito se­
saíram da arca, e com tôdas as bês- ja o Senhor Deus de Sem, e Canaã
tas da terra. “ Farei a minha aliança seja seu escravo. 27Dilate Deus a Ja­
convosco, e não tornará mais a pe­ fet, e habite Jafet nas tendas de Sem,
recer tôda a carne pelas águas do di­ e Canaã seja seu escravo. “ Ora Noé
lúvio, nem haverá mais para o futuro viveu ainda depois do dilúvio trezen­
dilúvio que assole a terra. 12E Deus tos e cinqüenta anos. “ E todo o tem­
disse: Eis o sinal da aliança, que fa ­ po da sua vida foi de novecentos e
ço entre mim e vós, e com todos os cinqüenta anos, e morreu.
animais viventes, que estão convosco,
por tôdas as gerações futuras: 13Porei Posteridade dos filhos de Noé
o meu arco nas nuvens\ e êle será o
sinal da aliança entre mim e a terra. 1 A ^ i s a posteridade dos filhos
14E, quando eu tiver coberto o céu de de Noé: Sem, Cam e Jafet; e a
nuvens, o meu arco aparecerá nas êstes nasceram filhos depois do di­
nuvens, 15e me lembrarei dá minha a- lúvio.
liança convosco e com tôda a alma vi- Descendentes de Jafet
vente que anima a carne; e não volta­ 2Filhos de Jafet: Gomer, e Magog,
rão as águas do dilúvio a exterminar e Madai, e Javan, e Tubal, e Mosoc, e
tôda a carne (que vive). 16E o arco Tiras. 3Filhos de Gomer: Arcenez,
estará nas nuvens, e eu o verei, e me
lembrarei da aliança eterna que foi Rifat, e Togorna. 4Filhos de Javan:
feita entre Deus e tôdas as almas v i­ Elisa e Tarsis, Cetim e Dodanin!
ventes de tôda a carne que existe so­ 5Dêstes saíram (os habitantes) das i-
bre a terra. 17E Deus disse a N oé: Ês- lhas das nações nas suas (diversas)
te será o sinal da aliança que eu cons­ regiões, cada um segundo a sua lín­
tituí entre mim e tôda a carne (que gua, e segundo as suas famílias nas
vive) sôbre a terra. diversas nações.
Maldição e bênção de Noé Descendentes de Cam
aos seus filhos
°Filhos de Cam: Cus, e Mesraim, e
18Ora os filhos de Noé, que saíram Fut, e Canaã. 7Filhos de Cus: Saba,
da arca, eram Sem, Cam e Jafet; e e Hevila, e Sabata, e Regma, e Saba-
Cam é o pai de Canaã. 1 89Êstes são os taca. Filhos de Regma: Saba, e Da-
três filhos de Noé, e por êles se pro­ dan. 8Cus gerou também Nemrod, o
pagou todo o gênero humano sôbre qual começou a ser poderoso na terra.
tôda a terra. 20Noé, que era agricul­ •Era um robusto caçador diante do Se­
tor, começou a cultivar a terra, e nhor. Daqui veio êste provérbio: Ro­
plantou vinha. 21E, tendo bebido v i­ busto caçador diante do Senhor como
nho, embriagou-se, e apareceu nu na Nemrod. 10O princípio do seu reino foi
sua tenda. 22E Cam, pai de Canaã, Babilônia, e Arac, e Acad, e Calane,
tendo visto a nudez de seu pai, saiu na terra do Senaar. "Daquela terra
fora a dizê-lo a seus dois irmãos. 23Po- foi para Assur, e edificou Nínive, e as
rém Sem e Jafet puseram uma capa praças da cidade, e Cale, 12e também
sôbre os seus ombros, e, andando pa­ Resen, a grande cidade entre Nínive
ra trás, cobriram a nudez de seu pai, e Cale. 13E Mesraim gerou Ludim, e
tendo seus rostos voltados, e assim Anamim, e Laabim, e Neftuim, 14e Fe-
não viram a nudez de seu pai. 24*Quan- trusim e Casluim, dos quais saíram
do Noé, despertando da embriaguez, os Filisteus e os Caftoreus. 15Canaã
13. O arco-íris já existia antes, m as daqui por diante tornou-se o símbolo celeste da
paz, como o ramo de oliveira da pom ba se tornou o seu símbolo terrestre.
21. E , tendo bebido, etc., Noé nâo pecou, embriagando-se, pois não conhecia a ação
do vinho.
Cap. X — 5. Das ilhas. . . o s Hebreus cham avam ilhas a tôdas as terras situadas além
do mar.
28 GENESIS 10 - 11
gerou Sidônio, seu filho primogênito, célebre o nosso nome, antes que nos
16o Heteu, o Jebuseu, o Amorreu, o espalhemos por tôda a terra. 50 Se­
Gergeseu, 17o Heveu, o Araceu, o Si- nhor, porém, desceu a ver a cidade e
neu, 18o Aradeu, o Samareu e o Ama- a tôrre, que os filhos de Adão edifi-
teu. E, depois disto, espalharam-se os cavam, 6e disse: Eis que são um só
povos dos Cananeus. 19E os limites de povo e têm todos a mesma língua; e
Canaã eram desde Sidônia, na dire­ começaram a fazer esta obra, e não
ção de Gerara, até Gaza, e, na dire­ desistirão do seu intento, até que a
ção de Sodoma e Gomorra e Adaman tenham de todo executado. 7Vinde,
e Seboim, até Lesa. 20Êstes são os f i­ pois, desçamos, e confundamos de tal
lhos de Cam, segundo as suas fam í­ sorte a sua linguagem, que um não
lias, línguas, gerações, países e nações. compreenda a voz do outro. 8E assim
Descendentes de Sem
o Senhor os dispersou daquele lugar
por todos os países da terra, e cessa­
21De Sem, pai de todos os filhos de ram de edificar a cidade. 9E por isso,
Heber, e irmão mais velho de Jafet, lhe foi pôsto o nome de Babel, porque
nasceram também filhos. 22Filhos de aí foi confundida a linguagem de tôda
Sem: Elam e Assur, e Arfaxad, e Lud, a terra, e daí os espalhou o Senhor
e Arão. 23Filhos de Arão: Us, e Hui, por tôdas as regiões.
e Geter, e Més. 24Arfaxad, porém, ge­
rou Salé, de quem nasceu Heber. 26E Posteridade de Sem
a Heber nasceram dois filhos: um 10Eis as gerações de Sem: Sem ti­
chamou-se Faleg, porque em seu tem ­ nha cem anos, quando gerou Arfaxad,
po foi dividida a terra; e seu irmão dois anos depois do dilúvio. “ E Sem,
chamava-se Jectan. 26Êste Jectan ge­ depois que gerou Arfaxad, viveu qui­
rou Elmodad, e Salef, e Asarmot, e nhentos anos, e gerou filhos e filhas.
Jaré, 27e Adurão, e Usai, e Decla, 12E Arfaxad viveu trinta e cinco a-
“ e Ebal, e Abimael, e Saba, “ e Ofir, nos, e gerou Salé. 1*13*E, depois que
e Hévila, e Jobab; todos êstes são f i ­ gerou Salé, viveu Arfaxad trezentos e
lhos de Jectan. 30O país onde êles habi­ três anos, e gerou filhos e filhas.
taram estendia-se desde Messa até Se- 14Salé viveu trinta anos, e gerou He­
far, monte que está ao oriente. 31Ês- ber. 15E, depois que gerou Heber, v i­
tes são os filhos de Sem, segundo veu Salé quatrocentos e três anos, e
as suas famílias, e as suas línguas, e gerou filhos e filhas. 10E Heber viveu
as suas regiões, e os seus povos. “ Es­ trinta e quatro anos, e gerou Faleg.
tas são as famílias de Noé, segundo 17E, depois que gerou Faleg, viveu H e­
os seus povos e as suas nações. Delas ber quatrocentos e trinta anos, e ge­
saíram tôdas as nações da terra de­ rou filhos e filhas. 18E Faleg viveu
pois do dilúvio. trinta anos, e gerou Reu. 19E, depois
Torre de Babel, confusão das línguas que gerou Reu, viveu Faleg duzentos
e dispersão dos povos e nove anos, e gerou filhos e filhas. “ E
Reu viveu trinta e dois anos, e gerou
11 7Ora, a terra tinha uma só lín- Sarug. 21E, depois que gerou Sarug,
11 gua e um mesmo modo de fa ­ viveu Reu duzentos e sete anos, e ge­
lar. 2Mas (os homens), tendo partido rou filhos e filhas. 22E Sarug viveu
do oriente, encontraram uma planície trinta anos e gerou Nacor. 23E, de­
na terra de Senaar, e habitaram nela. pois que gerou Nacor, viveu Sarug du­
3E disseram uns para os outros: Vin­ zentos anos, e gerou filhos e filhas.
de, façamos tijolos e cozamo-los no fo ­ ME Nacor viveu vinte e nove anos,
go. E serviram-se de tijolos em vez de e gerou Taré. “ E, depois que gerou
pedras, e de betume em vez de cal tra­ Taré, viveu Nacor cento e dezenove
çada; 4e disseram: Vinde, façamos anos, e gerou filhos e filhas. “ E Taré
para nós uma cidade e uma tôrre, cujo viveu setenta anos, e gerou Abrão,
cimo chegue até ao céu; e tornemos Nacor e Aran.
Cap. X I — 4. Cujo cirno chegue até ao céu, isto é, que seja extraordinariamente alta.
5. Desceu a ver. .. Expressôo m etafórica p ara indicar que Deus viu perfeitamente
como se fôsse um homem que tivesse descido do céu para presenciar as coisas mais de perto.
l l - 13 GENESIS 29
Descendentes de Taré tenda, tendo Betei ao ocidente, e Hai
27Eis as gerações de Taré: Taré ge­ ao oriente. A í edificou também um al­
rou Abrão, Nacor e Aran. Aran, po­ tar ao Senhor, e invocou o seu nome.
rém, gerou Lot. “ Aran morreu antes •Abrão continuou a sua viagem, an­
de seu pai Taré, na terra do seu nas­ dando e avançando para o meio-dia.
cimento, em Ur dos Caldeus. ” E Abrão Abrão vai ao Egito
e Nacor tomaram mulheres; a mulher
de Abrão chamava-se Sarai; e a de 10Sobreveio, porém, uma fome no
Nacor, Melca, filha de Aran, pai de país; e Abrão desceu ao Egito, para
Melca, e pai de Jesca. 30Sarai, porém, aí viver algum tempo; porque a fome
era estéril, e não tinha filhos. 31To- dominava no (seu) país. “ Quando es­
mou, pois, Taré a seu filho Abrão tava perto de entrar no Egito, disse a
e a Lot, seu neto, filho de Aran, e a Sarai, sua mulher: Conheço que és u-
Sarai, sua nora, mulher de Abrão, seu ma mulher formosa, 12e que, quando
filho, e fê-los sair de Ur dos Caldeus, os Egípcios te virem, dirão: É sua mu­
a fim de irem para o país de Canaã; lher; e matar-me-ão, conservando-te a
e foram até Haran, e aí habitaram. ti. 13Dize, pois, te peço, que és mi­
32E Taré viveu duzentos e cinco anos, nha irmã, para que eu seja bem tra­
e morreu em Haran. tado por causa de ti, e me conservem
a vida, em atenção a ti. 14Tendo, pois,
Vocação de Abrão Abrão entrado no Egito, viram os E-
gípcios que aquela mulher era muito
1 0 *Ora o Senhor disse a Abrão: formosa. 15E os príncipes (do país) fi-
1 “ Sai da tua terra, e da tua pa- zeram-no saber a Faraó, e gabaram-
rentela, e da casa de teu pai, e vem na muito diante dêle; e a mulher foi
para a terra que eu te mostrar. 2E levada ao palácio do Faraó. 16E trata­
eu farei (sair) de ti um grande povo, ram bem Abrão, por causa dela; e êle
e te abençoarei, e engrandecerei o teu teve ovelhas e bois e jumentos, e ser­
nome, e serás bendito. 3Abençoarei vos e servas, e jumentas e camelos.
os que te abençoarem, e amaldiçoarei 170 Senhor, porém, feriu Faraó e a sua
os que te amaldiçoarem; e em ti serão casa com grandíssimas pragas, por
benditas tôdas as nações da terra. causa de Sarai, mulher de Abrão. 18E
4Partiu, pois, Abrão, como o Senhor Faraó chamou Abrão, e disse-lhe: Por
lhe tinha ordenado, e foi com êle Lot. que te houveste comigo desta sorte?
Tinha Abrão setenta e cinco anos, Por que não declaraste que ela era tua
quando saiu de Haran. 5Levou consi­ mulher? 19Por que disseste que ela
go Sarai, sua mulher, e Lot, filho de era tua irmã, para que eu a tomasse
seu irmão, e todos os bens que pos­ por minha mulher? Agora, pois, aí
suíam, e as pessoas que tinham adqui­ tens a tua mulher, toma-a, e vai-te.
rido em Haran; e partiram a fim de WE Faraó deu ordens a seus homens
irem para a terra de Canaã. E, tendo para cuidarem de Abrão; e êles o a-
lã chegado, °Abrão atravessou êste companharam (até à saída do E g ito )
país até o lugar de Siquém, até ao va­ com sua mulher e com tudo o que
le Ilustre. Os Cananeus estavam então possuía.
naquela terra. 7E o Senhor apareceu Abrão volta a Canaã
a Abrão e disse-lhe: Eu darei esta
terra aos teus descendentes. Naquele 1 O ^b rã o, pois, saiu do Egito com
lugar (A brão) edificou um altar ao 10 sua mulher, e com tudo Ovque
Senhor, que lhe tinha aparecido. 8E, possuía, e Lot com êle, e caminhou pa­
passando dali ao monte, que estava ao ra a parte meridional. 2Ora, êle era
oriente de Betei, aí levantou a sua muito rico em ouro e prata. 3E voltou
Cap. X II — 3. E em íl serão benditas. .. N a tua descendência, principalmente em
Jesus Cristo.
P . E as pessoas. . . os escravos que tinham comprado em Haran.
13. Dize que és minha irmã. E ram filhos do mesmo pai (X X , 12). Quanto ao modo de
proceder de A brão nada há de censurável. Exposto a perder a vida e a ver violarem a
castidade de sua mulher, tomou o partido que lhe pareceu mais próprio para evitar o pri­
meiro dêstes males e conjurar o segundo. Sobretudo confiava em Deus.
30 GENESIS 13 - 14
pelo caminho, por onde tinha vindo do 18Portanto, levantando Abrão a sua
meio-dia até Betel, até ao lugar onde tenda, foi habitar ao pé do vale de
primeiro tinha levantado a (sua) ten­ Mambré, que está em Hebron; e aí
da, entre Betei e Hai, 4no lugar onde edificou um altar ao Senhor.
estava o altar que tinha levantado an­
tes; e aí invocou o nome do Senhor. Invasão dos reis Elamitas
Separa-se de Lot 1 Â d a q u e le tempo sucedeu que
Anrafel, rei de Senaar, e A-
5Mas também Lot, que estava com rioc, rei do Ponto, e Codorlaomor, rei
Abrão, tinha rebanhos de ovelhas, e dos Elamitas, e Tadal, rei das Gentes,
manadas, e tendas. 6E a terra não 2fizeram guerra contra Bara, rei de
tinha capacidade para poderem habi­ Sodoma, e contra Bersa, rei de Go­
tar juntos, porque os seus bens eram morra, e contra Senaar, rei de Ada-
muito grandes, e não podiam viver um ma, e contra Semeber, rei de Seboim,
com o outro. 7Daqui nasceu uma con­ e contra o rei de Bala, isto é, Segor.
tenda entre os pastores dos rebanhos 3Todos êstes se juntaram no vale das
de Abrão e os de Lot. Ora, naquele Árvores, que agora é o mar salgado.
tempo, o Cananeu e o Fereseu habita­ 4(0 motivo fo i) porque, tendo estado
vam naquela terra. 8Disse, pois, A- sujeitos doze anos a Codorlaomor, no
brão a L o t : Peço-te que não haja con­ décimo terceiro ano revoltaram-se.
tendas entre mim e ti, nem entre os 5Por isso Codorlaomor foi, no ano dé­
meus pastores e os teus pastores; por­ cimo quarto, com os reis que se lhe
que somos irmãos. 9Eis diante de tinham unido, e desbarataram os Ra-
ti todo o país; rogo-te que te apartes faim em Astarot-Carnaim, e os Zu-
de mim; se fôres para a esquerda, eu zim com êles, e os Emim em Save-
tomarei para a direita; se escolheres a -Cariataim, 6e os Correus nos montes
direita, eu irei para a esquerda. 10Lot, de Seir, até aos campos de Faran
pois, levantando os olhos, contemplou que está no deserto. 7E, voltando (es-
tôda a região em roda do Jordão, tes reis da sua expedição), foram à
a qual, antes que o Senhor destruís­ fonte de Misfat, que é a mesma que
se Sodoma e Gomorra, era tôda re­ Cades, e devastaram todos os países
gada de água, como o paraíso do Se­ dos Amalecitas e dos Amorreus, que
nhor, e como o Egito até Segor. nE habitavam em Asason-Tamar. 8E o
Lot escolheu para si a região do Jor­ rei de Sodoma, e o rei de Gomorra, e
dão, e retirou-se para o oriente; e se- o rei de Adama, e o rei de Seboim, e
pararam-se os dòis irmãos um do ou­ também o rei de Bala, isto é, Segor,
tro. 12Abrão habitou na terra de puseram-se em campanha, e ordena­
Canaã, e Lot nas cidades que estavam ram a batalha no vale das Árvores
ao redor do Jordão, e fixou a sua re­ contra aquêles (príncipes), 9isto é,
sidência em Sodoma. 13Ora, os homens contra Codorlaomor, rei dos Elam i­
de Sodoma eram péssimos, e grandes tas, e Tadal, rei das Gentes, e Anrafel,
pecadores diante de Deus. rei de Senaar, e Arioc, rei do Ponto:
Promessas de Deus quatro reis contra cinco. 10Ora o vale
das Árvores tinha muitos poços de
14E o Senhor disse a Abrão, depois betume. Portanto os reis de Sodoma
que L ot se separou dêle: Levanta os e de Gomorra voltaram as costas e
teus olhos, e olha, desde o lugar em caíram lá dentro; e os que escaparam
que agora estás, para o setentrião e fugiram para o monte. nE (os vence-
para o meio-dia, para o oriente e para dores) levaram tôdas as riquezas de
o ocidente. 15Tôda a terra que vês, eu Sodoma e Gomorra, e todos os víve­
a darei para sempre a ti e à tua pos­ res, e retiraram-se; 12e (levaram )
teridade. 16E multiplicarei a tua des­ também Lot, filho do irmão de Abrão,
cendência como o pó da terra; se al­ que morava em Sodoma, e os seus
gum dos homens pode contar o pó da bens.
terra, poderá também contar o núme­ Vitória de Abrão
ro dos teus descendentes. 17Levanta-te,
e percorre o país em todo o seu com­ 13E eis que um, que escapara, foi
primento; porque eu to hei de dar. dar parte disto a Abrão Hebreu, que
14 - 15 GÊNESIS 31
vivia no vale de Mambré Amorreu, ir­ Fé admirável de Abrão, e
mão de Escol, e irmão de Aner, os promessas de Deus
quais tinham feito aliança com Abrão.
14E Abrão, tendo ouvido que Lot, seu 1C la s s a d o isto, falou o Senhor
irmão, ficara prisioneiro, escolheu os a Abrão numa visão, dizendo:
mais corajosos dos seus servos, em nú­ Não temas, Abrão, eu sou o teu prote­
mero de trezentos e dezoito; e foi no tor, e a tua recompensa (será) exces-
alcance dos inimigos até Dan. 15E, re­ sivamente grande. 2E Abrão disse: Se­
partidos em destacamentos, deu sôbre nhor Deus, que me darás tu? Eu irei
eles de noite, e desbaratou-os; e foi sem filhos; e o filho do procurador da
em seu alcance até Hoba, que fica à minha casa é êste Eliezer de Damasco.
esquerda de Damasco. 16E recobrou 3E acrescentou Abrão: A mim não me
todos os seus bens, e Lot, seu irmão, deste filhos; e eis que meu escravo
com tudo o que lhe pertencia, e tam­ será meu herdeiro. 4Imediatamente o
bém as mulheres e o povo. Senhor lhe dirigiu a palavra, dizen­
do: Êste não será o teu herdeiro, mas
Abrão abençoado por Melquisedec
terás por herdeiro aquêle que nascer
de ti. 5Depois conduziu-o fora, e dis­
17E, quando voltava da derrota de se-lhe: Olha para o céu, e conta, se
Codorlaomor e dos reis que estavam podes, as estréias. Depois acrescentou:
com êle, saiu-lhe ao encontro o rei de Assim será a tua descendência. 6Creu
Sodoma, no vale de Save, que é o vale Abrão em Deus, e (êste ato de fé ) lhe
do Rei. 18E Melquisedec, rei de Salem, foi imputado a justiça.
trazendo pão e vinho, porque era sa­ 7Disse-lhe mais o Senhor: Eu sou
cerdote do Deus Altíssimo, 10o aben­ o Senhor que te tirei de Ur dos Cal-
çoou e lhe disse: Bendito seja Abrão deus, para te dar esta terra, e a pos­
pelo Deus Altíssimo, que criou o céu suíres. 6E Abrão respondeu: Senhor
e a terra; *°e bendito seja o Deus A l­ Deus, por onde poderei eu conhecer
tíssimo, por cuja proteção os inimi­ que a hei de possuir? °E o Senhor
gos estão nas tuas mãos. E (Abrão) continuou: Toma-me (para sacrificar)
deu-lhe o dízimo de tudo. uma vaca de três anos, e uma cabra
de três anos, e um carneiro de três
anos, e também uma rôla e uma pom­
Abrão e o Rei de Sodoma ba. 10E êle, tomando todos êstes ani­
mais, dividiu-os pelo meio, e pôs as
21E o rei de Sodoma disse a Abrão: duas partes uma defronte da outra;
Dá-me os homens, e toma para ti o mas não dividiu as aves. “ Ora as aves
resto. 22Abrão respondeu-lhe: Levan­ (de rapina) desciam sôbre os cadá­
to a minha mão para o Senhor Deus veres, e Abrão as enxotava. 12Ora, ao
Altíssimo, possuidor do céu e da ter­ pôr do sol, veio um profundo sono
ra, 23(e ju ro ) que não receberei nada a Abrão, e um horror grande e tene­
de tudo o que te pertence, desde o broso o acometeu. 13E foi-lhe ditò:
fio de trama até à correia dos sapa­ Sabe, desde agora, que a tua descen­
tos, para que não digas: Eu enrique- dência será peregrina numa terra não
ci Abrão; “ exceto aquilo que êstes sua, e será reduzida à escravidão, e
jovens comeram, e a porção dos ho­ afligida durante quatrocentos anos.
mens que vieram comigo, Aner, Escol, 14Mas eu exercerei os meus juízos sô­
e Mambré; êstes hão de receber a bre o povo ao qual estiverem sujeitos;
sua parte. e sairão depois ( dêsse país) com gran-
Cap. X I V — 18. Trazendo pão e vinho, nâo só para restaurar as fôrças dos combaten-
tes, mas também, e principalmente, p ara oferecer em ação de graças a Deus, porque era
sacerdote.
24. A porção dos homens. . . , isto é, o que toca aos homens que vieram comigo,
Cap. X V — 2. isto é, morrerei. — E o filho do procurador. .. Segundo o texto
hebreu: e o filho herdeiro da minha casa é êste Eliezer de Damasco. Com estas palavras
A b rã o quer frisar a idéia dolorosa de se ver obrigado a deixar os seus bens a um servo,
visto ainda nfto ter filhos.
6. E lhe foi imputado. .. P o r éste ato de fé por outras ações boas anteriores, Deus
deu a A b rão a graça santificante.
32 GENESIS 15 - 17
des riquezas. 15Tu, porém, irás em do no deserto junto da fonte, que
paz para teus pais, e serás sepultado está no caminho de Sur no deserto,
numa ditosa velhice. 16Mas, à quarta 8disse-lhe: Agar, escrava de Sarai,
geração, (os teus) voltarão para aqui, donde vens? e para onde vais? E
porque as iniqüidades dos Amorreus ela respondeu: Fujo da face de Sa­
não estão ainda completas. 17Quando, rai, minha senhora. °E o anjo do
pois, se pôs o sol, formou-se uma es­ Senhor disse-lhe: Volta para a tua
curidão tenebrosa, e apareceu um for­ senhora, e humilha-te debaixo da sua
no fumegante, e uma lâmpada ar­ mão. 10E acrescentou: Eu multiplica­
dente, que passava pelo meio dos ani­ rei extraordinàriamente a tua des­
mais divididos. cendência, e a farei tão numerosa,
que não se poderá contar. “ Disse ain­
Aliança de Deus com Abrão da mais: Eis que concebeste, e darás à
18Naquele dia, fêz o Senhor aliança luz um filho, e lhe porás o nome de
com Abrão, dizendo: Eu darei à tua Ismael, porque o Senhor te ouviu na
descendência esta terra, desde o rio tua aflição. 12Êste será um homem fe ­
do Egito, até ao grande rio Eufrates. roz; a sua mão (se levantará) contra
19Os Cineus, e os Ceneseus, e os Ced- todos, e as mãos de todos (se levanta­
moneus, 20e os Heteus, e os Ferezeus, rão) contra êle; levantará as suas
e também os Rafaim, 21e os Amorreus, tendas defronte de todos os seus ir­
e os Cananeus, e os Gergeseus, e os mãos. 13Então (A g a r) invocou o nome
Jebuseus. do Senhor que lhe falava: Tu és o
Deus que me viste (na minha a fli­
Abrão toma A g a r como esposa ção). Ela disse ainda: Certamente eu
vi aqui as costas daquele que me vê.
1 íj JOra Sarai, mulher de Abrão, “ Por esta razão chamou ela àquele
não tinha gerado filhos; mas, poço o Poço do (Deus) que vive e que
tendo uma escrava egípcia, chamada me vê. Êle está entre Cades e Barad.
Agar, Misse a seu marido: Eis que
o Senhor me fêz estéril, para que não Nascimento de Ismael
dê à luz; toma, pois, a minha escra­
va, a ver se ao menos por ela, posso 15E Agar deu à luz um filho a
ter filhos. E, como Abrão anuísse aos Abrão, o qual lhe pôs o nome de Is­
seus rogos, (Sarai) 8tomou Agar egíp­ mael. 10Tinha Abrão oitenta e seis a-
cia, sua escrava, passados dez anos nos, quando Agar lhe deu à luz
desde que tinham começado a habitar Ismael.
na terra de Canaã, e deu-a por mu­
lher a seu marido. 4E êle aproximou- Mudança do nome de Abrão
se dela. Porém, ela, vendo que tinha I n ^ a s , quando (Abrão) chegou
concebido, desprezou sua senhora. 5E II à idade de noventa e nove a-
Sarai disse a Abrão: Tu tratas-me nos, o Senhor apareceu-lhe, e disse-
dum modo injusto; eu dei-te a mi­ lhe: Eu (sou) o Deus onipotente;
nha escrava por mulher, e ela, vendo anda em minha presença, e sê per­
que concebeu, despreza-me; o Senhor feito. 2E eu farei a minha aliança
seja juiz entre mim e ti. °E Abrão res- entre mim e ti, e te multiplicarei ex­
pondeu-lhe, dizendo: Eis que a tua es­ traordinàriamente. 3Abrão prostrou-
crava está em teu poder, usa dela co­ se com o rosto por terra. 4E Deus
mo te aprouver. Como Sarai, pois, a disse-lhe: Eu sou, e a minha aliança
maltratasse, (A g a r) fugiu. (será) contigo, e tu serás pai de
A g a r no deserto muitas gentes. 5E não mais serás
chamado com o nome de Abrão, mas
7E, tendo-a o anjo do Senhor acha­ chamar-te-ás Abraão, porque te des-
Cap. X v l — 2. Torna, p o is ... Segundo as leis antigas, a mulher estéril podia oferecer,
como espõsa, a seu marido sua própria escrava, e os filhos que nascessem pertenciam,
não à escrava, mas à senhora.
13. Certamente eu vi, etc. Êste texto nâo é claro, provavelmente por ter sido corrom­
pido. N a versão dos Setenta lê-se: Eu vi na face aquêle que se mostrou a mim.
Cap. X V I I — 5. Abraão, em hebreu, ab-raham, significa pai da multidão.
17 - 18 GÊNESIS 33
tinei para pai de muitas gentes. 6Eu noventa? 18E disse a Deus: Oxalá que
te farei crescer (na tua posteridade) Ismael viva em tua presença! 19E Deus
extraordinàriamente, e te farei che­ respondeu a Abraão: Sara, tua mu­
fe das nações, e de ti sairão reis. 7E lher, te dará à luz um filho, e lhe po­
estabelecerei a minha aliança entre rás o nome de Isac, e farei o meu
mim e ti, e entre a tua descendên­ pacto com êle e com a sua descendên­
cia depois de ti no decurso das suas cia depois dêle, por uma aliança çter-
gerações, por um pacto eterno; pa­ na. 20Eu te ouvi também acêrca de
ra que eu seja o teu Deus, e da tua Ismael; abençoá-lo-ei, e o farei cres­
descendência depois de ti. 8Darei a cer e o multiplicarei extraordinària­
ti e à tua posteridade a terra da tua mente; gerará doze príncipes, e farei
peregrinação, (que é) tôda a terra de dêle uma grande nação. 21Mas o meu
Canaã, em possessão eterna, e serei pacto eu o estabelecerei com Isac,
o seu Deus. que Sara te dará à luz no próximo
ano, nesta mesma época. 22E, acaba­
A Circuncisão da que foi esta sua conversação com
êle, retirou-se Deus de Abraão.
°Disse mais Deus a Abraão: Tu,
pois, guardarás a minha aliança, tu e Abraão circuncida sua fam ília
os teus descendentes depois de ti,
nas suas gerações. 10Eis o meu pacto, 23Tomou, pois, Abraão seu filho Is­
que haveis de guardar entre mim e mael, e todos os escravos nascidos em
vós, e a tua posteridade depois de ti: sua casa, e todos os que tinha com­
Todos os homens entre vós serão cir- prado, e em geral todos os homens de
cuncidados; “ circuncidareis a carne do sua casa, e os circuncidou logo no
vosso prepúcio, para que seja o si­ mesmo dia, como Deus lhe tinha or­
nal da aliança entre mim e vós. 120 denado. 24Tinha Abraão noventa e no­
menino de oito dias será circuncidado ve anos, quando se circuncidou. aE
entre vós, todos os homens nas vossas Ismael, seu filho, tinha treze anos
gerações, tanto o escravo (nascido em completos, quando foi circuncidado.
casa), como o que comprardes, e 26Abraão e seu filho Ismael foram cir-
qualquer que não fôr da vossa linha­ cuncidados no mesmo dia. 27E todos
gem, serão cireuncidados. lâE êste meu os homens da sua casa, tanto os es­
pacto (será marcado) na vossa carne cravos (nascidos nela), copio os com­
para (sinal de) aliança eterna. 140 in­ prados e os estrangeiros, ‘ do mesmo
divíduo do sexo masculino, cuja car­ modo foram cireuncidados.
ne não tiver sido circuncidada, uma
tal alma será exterminada do seu po­ Aparição de três Anjos a Abraão
vo, porque violou a minha aliança.
1 0 2E o Senhor apareceu (a A -
Mudança do nome de Sarai AO braao) no vale de Mambré,
quando êle estava assentado à porta
15Disse também Deus a Abraão: A da sua tenda, no maior calor do dia.
Sarai, tua m ulher não chamarás mais 2E, tendo levantado os olhos, apare­
Sarai, mas Sara. 16Eu a abençoarei, ceram-lhe três homens que estavam
e dela te darei um filho, o qual aben­ em pé junto dêle; logo que os viu, cor­
çoarei, e será chefe de nações, e dêle reu da porta da tenda ao seu encon­
sairão reis dos povos. 17Abraão pros- tro, e prostrou-se por terra. 3E disse:
trou-se com o rosto por terra, e riu-se, Senhor, se achei graça diante dos teus
dizendo no seu coração: É possível olhos, não passes (sem parar junto
que a um homem de cem anos nasça do) teu servo. 4Mas eu trarei um. pou­
um filho? e que Sara dê à luz aos co de água, e lavai os vossos pés, e
8. A terra da tua peregrinação, a terra onde agora vives como estrangeiro.
10. Eis o meu pacto, eis o sinal externo da aliança que fiz convosco; a circuncisão. A
circuncisão, diz Bossuet, era o testemunho imortal da m aldição das gerações humanas e
da m ortificação que ê preciso fazer das paixões sensuais que o pecado tinha introduzido.
17. E riu-se. O riso de A braão, diz Santo Agostinho, foi de alegria e não de desconfiança.
20. D oze príncipes, que são nomeados no cap. X X V , 13-15.
Cap. X V I I I — 3-5. Senhor, se achei. .. A b ra ã o começou por se dirigir a um só dos

2 - B íb lia Sagrada
34 GÊNESIS 18
descansai debaixo desta árvore. 5E vos ra Sodoma; e Abraão ia com êles, a-
servirei um pedaço de pão, e refazei companhando-os. 17E o Senhor disse:
as vossas forças, e depois continuareis Acaso poderei eu ocultar a Abraão o
o v o s s o caminho; porque para isso que estou para fazer, 18visto que êle
viestes para o vosso servo. E êles res­ há de vir a ser pai duma nação nume­
ponderam: Faze como disseste. °Foi rosíssima e poderosíssima, e que to­
Abraão depressa à tenda de Sara, e das as nações da terra hão de ser ben­
disse-lhe: Amassa depressa três medi­ ditas nêle? 10Porque eu sei que há de
das de flor de farinha, e faze cozer ordenar a seus filhos e à sua casa de­
pães ao borralho. 7E êle correu à ma­ pois dêle, que guardem os caminhos
nada, e tomou um novilho dos mais do Senhor, e que pratiquem a eqüi-
tenros e melhores, e deu-o a um cria­ dade e a justiça, para que o Senhor
do, o qual se apressou a cozê-lo 8To- cumpra a favor de Abraão tudo o que
mou também manteiga e leite, e o no­ lhe prometeu. 20Disse, pois, o Senhor:
vilho cozido, e pôs (tu do) diante dê- O clamor de Sodoma e de Gomorra
les; e êle, entretanto, estava de pé aumentou, e o seu pecado agravou-se
junto dêles debaixo da árvore. extraordinàriamente. “ Descerei, e ve­
rei se as suas obras correspondem ao
Deus anuncia novamente o clamor que chegou até mim, ou, se
nascimento de Isac assim não é, para o saber.
°E, depois que comeram, disseram- Abraão pede por Sodoma
lhe: Onde está Sara, tua mulher?
Êle respondeu: Ei-la, aí está na ten­ 22E partiram dali, e foram para So­
da. 10E (u m dêles) disse-lhe: Tornarei doma; mas Abraão estava ainda dian­
a vir ter contigo neste mesmo tempo te do Senhor. “ E, aproximando-se (dê-
no próximo ano, e Sara, tua mulher, le ), disse: Perderás tu o justo com o
terá um filho. Sara, ao ouvir isto, ímpio? 24Se houver einqüenta justos
riu-se detrás da porta da tenda. “ Por­ na cidade, perecerão todos juntos? E
que ambos eram velhos, e de idade não perdoarás àquele lugar por causa
avançada, e o que é ordinário às mu­ de einqüenta justos, se aí os houver?
lheres tinha cessado para Sara. 12Ela, 23Longe de ti, que faças tal coisa, e
pois, riu-se secretamente, dizendo: mates o justo com o ímpio, e o justo
Depois que sou velha, e meu senhor seja tratado como o ímpio, isto não é
avançado em anos, entregar-me-ei ao próprio de ti; tu, que julgas tôda a
deleite? 13Mas o Senhor disse a A- terra, de nenhuma sorte farás tal juí­
braão: Por que se riu Sara, dizendo: zo. 26E o Senhor disse-lhe: Se eu a-
Será verdade que eu possa dar à luz char no meio da cidade de Sodoma
sendo já velha? 14Há porventura al­ einqüenta justos, perdoarei por amor
guma coisa (que seja) difícil a Deus? dêles a tôda a cidade. 27E, respondendo
Voltarei a ti, segundo a promessa fe i­ Abraão, disse: Uma vez que comecei,
ta, neste mesmo tempo no próximo falarei ao meu Senhor, ainda que eu
ano, e Sara terá um filho. 15Sara seja pó e cinza. 28Que sucederá, se fa l­
(cheia de medo) negou, dizendo: Eu tarem cinco para os einqüenta jus­
não me ri. Mas o Senhor disse: Não tos? Destruirás tôda a cidade, porque
é assim, mas tu riste-te. nela se acham sòmente quarenta e
Deus anuncia a destruição de Sodoma cinco? E (o Senhor) disse: Não a des­
truirei, se achar nela quarenta e cin­
10Tendo-se, pois, levantado dali a- co. 29(Abraão) continuou e disse-lhe:
quêles homens, voltaram os olhos pa­ E se nela houver quarenta (justos),
personagens que lhe pareceu ser o m ais nobre, e que representava Deus dum modo especial.
E m seguida dirigiu-se a todos os três.
21. Descerei. .. Deus, tendo aparecido sob a form a humana, usa a linguagem dum juiz
humano, que se quer inform ar antes de dar a sentença; porém, já conhecia perfeitamente
os crimes de Sodoma, como se vê no versículo 20.
22. Partiram dali dois daqueles personagens porque o principal, que era ou representava
Deus, ficou junto de Abra&o.
23. Perderás tu, etc. N o diálogo sublime que se vai seguir vê-se dum modo claro a
-eficácia da oração e a bondade de Deus.
18 - 19 GÊNESIS 35
que farás tu? Não a castigarei, disse o abusai delas como vos agradar, con­
Senhor, por amor dos quarenta. “ Ro- tanto que não façais mal algum a
go-te, Senhor, diz (Abraão), que te êstes homens; porque se acolheram
não indignes, se eu (ainda continuo à sombra do meu telhado. 9Êles, po­
a) falar. Que farás tu, se lá houver rém, disseram: Retira-te para lá. E a-
trinta (justos)? Respondeu: Se eu a- crescentaram: Tu entraste aqui como
char nela trinta, não farei ( a sua des­ estrangeiro; será talvez para nos jul­
truição). 31Visto que comecei, disse A- gares? A ti, pois, trataremos pior do
braão, falarei (ainda) ao meu Senhor. que a êles. E forçavam Lot com gran­
E se ali forem achados vinte? Respon­ de violência; e já estavam a ponto de
deu: Não a arruinarei por amor dos arrombar a porta. 10E eis que os (dois)
vinte. ^Eu te conjuro, Senhor, conti­ homens (que estavam dentro) esten­
nuou Abraão, não te enfades, se eu te deram a mão, e introduziram Lot em
falar ainda uma vez: Que será, se lá casa, e fecharam a porta. 11E feriram
forem achados dez justos? E (o Se­ de cegueira os que estavam fora, des­
nhor) disse: Não a destruirei, por a- de o mais pequeno até ao maior, de
mor dos dez. 33E o Senhor retirou-se, sorte que não podiam encontrar a
depois que cessou de falar com A- porta.
braão; e Abraão voltou para sua casa.
Lot sai da cidade com sua fam ília
Os dois anjos em Sodoma
12E disseram a Lot: Tens aqui al­
1 Q 1Sôbre a tarde chegaram os dois gum dos teus? Genro, ou filhos, ou fi­
anjos a Sodoma, quando Lot lhas, faze sair desta cidade todos os
estava assentado às portas da cida­ que te pertencem, “ porque nós va­
de. E êle, tendo-os visto, levantou- mos destruir êste lugar, visto que o
se, e foi ao seu encontro, e prostrou- clamor (dos seus crim es) aumentou
se por terra, 2e disse: Vinde, vos peço, diante do Senhor, o qual nos enviou
senhores, para casa de vosso servo, e para que os exterminemos. 14Lot, pois,
ficai nela; lavareis os vossos pés, e pe­ tendo saído falou a seus genros, que
la manhã, continuareis o vosso cami­ estavam para casar com suas filhas,
nho. E êles disseram: Não, nós ficare­ e disse: Levantai-vos, saí dêste lu­
mos na praça. 3L ot instou com êles gar, porque o Senhor destruirá esta
para que fôssem para sua casa; e, de­ cidade. E pareceu-lhes que (L o t ) fa­
pois que entraram, preparou-lhes um lava zombando. 15Ao amanhecer, ins­
banquete, e fêz cozer uns pães ázimos; tavam os anjos com Lot, dizendo: Le-
e êles comeram. vanta-te, toma tua mulher e as duas
filhas que tens; não suceda que tam­
Perversidade dos Sodomitas bém pereças na ruína da cidade. 18E,
como êle hesitasse, pegaram pela
4Mas, antes que se fôssem deitar, mão a êle, a sua mulher e as suas
os homens da cidade, desde os duas filhas, porque o Senhor queria
meninos até aos velhos, e todo salvá-lo, 17E o tiraram de casa, e o pu­
o povo junto cercaram a casa. 5E seram fora da cidade; e ali lhe fala­
chamaram por Lot, e disseram-lhe: ram, dizendo: Salva a tua vida; não
Onde estão aquêles homens que en­ olhes para trás, e não pares em parte
traram em tua casa ao cair da noite? alguma dos arredores dêste país; mas
Faze-os sair para que os conheçamos. salva-te no monte, para que não pere­
°Saiu Lot, fechando nas suas costas a ças com os outros. 18E Lot disse-lhes:
porta e disse-lhes: 7Não queirais, vos Rogo-te, meu Senhor, 19visto que o teu
rogo, meus irmãos, não queirais fa ­ servo achou graça diante de ti, e u-
zer êste mal. 8Tenho duas filhas, que saste comigo da grande misericórdia
ainda são virgens; eu vo-las trarei, e de salvar a minha vida, (consideres)
Cap. X IX — 6-8. Lot emprega todos os esforços p ara defender os seus hóspedes. Chega
a sacrificar os seus deveres de pai, ofendendo dêste modo a Deus, em bora a sua culpa pos­
sa ser um pouco atenuada pela perturbação em que se encontrava, segundo diz Santo
Agostinho.
18. R ogo-te, meu senhor. Lot reconheceu que quem lhe fa la v a representava Deus e por
isso dirige-se-lhe como a Deus.
36 GENESIS 19 - 20
que eu me não posso salvar no monte, quem nos possamos casar, segundo o
sem correr o perigo de ser apanhado costume de todos os países. 32Vem,
pelo mal, e morrer. 20Eis que está embriaguemo-lo com vinho e durma­
perto uma cidade pequena, para a mos com êle, para que possamos con­
qual posso fugir, e salvar-me-ei nela. servar a linhagem de nosso pai. “ De­
Não é ela pequena, e nela não estará ram, pois, a beber vinho a seu pai na­
segura a minha vida? 212 *E o Senhor quela noite; e a mais velha entrou, e
disse-lhe: Eis que, ainda nisso, eu dormiu com o pai; êle porém, não
ouvi os teus rogos, para não destruir sentiu nem quando ela deitou, nem
a cidade a favor da qual me falaste. quando se levantou. 34No dia seguin­
22Apressa-te, e salva-te lá, porque não te disse a mais velha para a mais no­
poderei fazer nada, enquanto tu lá va: Eis que eu ontem dormi com meu
não tiveres entrado. Por isso puse­ pai; demos-lhe também esta noite a
ram àquela cidade o nome de Segor. beber vinho, e dormirás tu com êle,
23E o sol levantava-se sôbre a terra, para salvarmos a linhagem de nosso
quando Lot entrou em Segor. pai. 35Também, naquela noite, deram
a beber vinho a seu pai, e a filha mais
Castigo de Sodoma nova entrou e dormiu com êle; e nem
então êle sentiu quando ela se deitou,
“ Fêz, pois, o Senhor da parte do nem quando se levantou. 36E as duas
Senhor chover sôbre Sodoma e Go- filhas de Lot conceberam de seu pai.
morra enxofre e fogo (vindo) do céu; 37A mais velha deu à luz um filho,
“ e destruiu estas cidades, e todo o e pôs-lhe o nome de Moab; êste é o
país em roda, todos os habitantes das pai dos Moabitas (que existem) até
cidades, e tôda a verdura da terra. 20E ao dia de hoje. 38A mais nova tarm
a mulher de Lot, tendo olhado para bém deu à luz um filho, e pôs-lhe o
trás, ficou convertida numa estátua de nome de Amon, que quer dizer filho
sal. 27*O ra Abraão, tendo-se levantado do meu povo; êste é o pai dos Amoni­
de manhã, foi ao lugar onde antes ti­ tas (que existem) até ao dia de hoje.
nha estado com o Senhor, Me olhou
para Sodoma e Gomorra, e para tôda Abraão e Sara em G erara
a terra daquela região, e viu que se
elevavam da terra cinzas inflamadas, OA JE Abraão partiu dali para a
como o fumo duma fornalha. “ Quan­ parte do meio-dia, habitou en­
do Deus destruia as cidades daquela tre Cades e Sur, e viveu como peregri­
região, lembrou-se de Abraão, e livrou no em Gerara. 2E, falando de Sara
Lot da ruína destas cidades, nas quais sua mulher, disse: É minha irmã.
tinha habitado. Mandou, pois, Abimelec, rei de Gera­
Origem dos Moabitas e dos Amonitas ra, buscá-la. 3Mas Deus apareceu de
noite em sonhos a Abimelec, e disse-
80E Lot partiu de Segor, e retirou- lhe: Eis que morrerás por causa da
se para o monte com suas duas filhas mulher que roubaste, porque ela tem
(porque temia ficar em Segor), e ha­ marido. 4Ora Abimelec não a tinha to­
bitou em uma caverna, e as duas fi­ cado, e disse: Senhor, matarás tu um
lhas com êle. 31E a mais velha disse povo ignorante e justo? 5Porventura
à mais nova: Nosso pai está velho, e não me disse êle: Ela é minha irmã; e
na terra não ficou homem algum com não me disse ela: Êle é meu irmão?
20. Urna cidade pequena. Lot insiste na circunstância de ser pequena a cidade, para dar
a entender que, tratando-se duma pequena povoação, Deus podia excetuá-la do castigo.
22. Segor significa pequena.
26. Ficou convertida numa estátua de sal, quer por uma rápida incrustação de matérias
salinas, quer por um a precipitação de sal proveniente da evaporação do M ar Morto. Foi
o castigo da sua desobediência e desconfiança.
31-38. Foi abominável o proceder das filhas de Lot. A Sagrada Escritura, narrando fatos
desta natureza, sòmente quer mostrar até onde pode descer a m alícia humana, e o cui­
dado que devemos ter com as nossas más inclinações.
Cap. X X — 2. D isse: É minha irmã, como tinha dito ao entrar no Egito vinte anos antes.
5. E u fiz isto, etc. Naquele tempo a poligamia era lícita e Abimelec desejava unir-se com
.& fam ília de Abraão.
20 - 21 GENESIS 37
F iz isto na simplicidade do meu cora­ téreis tôdas as mulheres da casa de
ção, e com pureza das minhas mãos. Abimelec, por causa de Sara, mulher
6E Deus disse-lhe: Sei que procedeste de Abraão.
com um coração simples; e, por isso,
te preservei de pecar contra mim, e Nascimento de Isac
não permiti que a tocasses. 7Agora,
pois, entrega a mulher a seu marido, 01 ^ r a , o Senhor visitou Sara,
porque êle é profeta; e rogará por ti, como tinha prometido, e cum­
e tu viverás; se, porém, não quiseres priu o que tinha dito. 2E ela concebeu,
restituí-la, sabe que morrerás indubi- e deu à luz um filho na sua ve­
tàvelmente, tu e tudo o que é teu. 8E lhice,-no tempo que Deus lhe predis­
Abimelec, levantando-se logo, sendo sera. 3E Abraão pôs o nome de Isac
ainda noite, chamou todos os seus ser­ ao filho que lhe nascera de Sara. 4E
vos, e contou-lhes tôdas estas coisas, circuncidou-o ao oitavo dia, como
e todos ficaram muito atemorizados. Deus lhe tinha ordenado, Btendo então
°Depois Abimelec chamou também cem anos; porque foi quando seu pai
Abraão, e disse-lhe: Que nos fizeste tinha esta idade que nasceu Isac. °E
tu? Que mal te fizemos nós para a- Sara disse: Deus me deu (u m m oti­
traíres sôbre mim e sôbre o meu rei­ vo de) riso, e todo aquêle que ouvir
no um (tã o) grande pecado? Fizeste- (a nova) rirá juntamente comigo. 7E
nos o que não devêras fazer. 10E, con­ acrescentou: Quem acreditaria que A-
tinuando ainda as suas queixas, disse: braão havia de ouvir dizer que Sara
O que tiveste em vista fazendo isto? amamentaria um filho, que lhe havia
“ Abraão respondeu-lhe: Pensei comi­ de dar à luz, sendo êle já velho?
go mesmo, e disse: Talvez nesta terra Expulsão de A g a r
não há temor de Deus, e me matarão
por causa de minha mulher. 12Por ou­ 8Entretanto cresceu o menino, e foi
tra parte ela é verdadeiramente m i­ desmamado; e, no dia em que foi des-
nha irmã, (com o) filha de meu pai, mamado, deu Abraão um grande ban­
(em bora) não (seja) filha de minha quete. 9Sara, porém, tendo visto o
mãe e eu a recebi por mulher. “ Mas filho de Agar Egípcia, que escarnecia
depois que Deus me tirou da casa de de seu filho Isac, disse para Abraão:
meu pai, eu disse-lhe: Faze-me esta “ Expulsa esta escrava e o seu filho,
graça: em qualquer lugar onde en­ porque o filho da escrava não há de
trarmos, dirás que eu sou teu irmão. ser herdeiro com meu filho Isac.
“ Tomou, pois, Abimelec ovelhas e bois, uÊste falar foi duro para Abraão por
e escravos e escravas, e deu-os a A- causa de seu filho (Ism ael). 12Deus,
braão; e restituiu-lhe Sara, sua mu­ porém, disse-lhe: Não te pareça áspe­
lher, 15e disse-lhe: Esta terra está ro tratar assim o menino e a tua es­
diante de ti, habita onde te agradar. crava. Atende Sara em tudo o que ela
10E disse a Sara: Eis que dei mil te disser, porque de Isac sairá a des­
moedas de prata a teu irmão; com cendência que há de ter o teu nome.
êste (dinheiro) terás um véu sôbre os “ Mas também do filho da escrava fa ­
olhos (em sinal de mulher casada) rei um grande povo, por ser teu
diante de todos os que estiverem con­ sangue.
tigo, e em tôda a parte para onde
A g a r no deserto
fôres; e lembra-te que fôste apanha­
17E, orando Abraão, Deus sarou
da. 16 “ Abraão, pois, levantou-se de ma­
Abimelec e sua mulher, e suas es­ nhã, tomou pão e um odre de água, e
cravas, e deram (novam ente) à luz. pô-lo às costas de Agar, e entregou-lhe
“ Porque o Senhor tinha tornado es­ o menino, e despediu-a. E ela, tendo
16. Lem bra -te que fôste apanhada, devendo por isso ser mais prudente para o futuro.
Cap. X X I — 6. Deus me deu (um motivo de) riso, de alegria, e todos os que tiverem
conhecimento do nascimento do meu filho congratular-se-ao comigo.
12-13. Deus vê a necessidade que há de Ism ael se retirar, .para se evitarem no futuro
lutas entre os dois irmãos, m as promete que o h ã de cum ular de bênçãos.
14. Custou muito a A b ra ã o tratar tão duramente A g a r e Ism ael; todavia obedece a
Deus, que protegeu com todo o carinho os dois expulsos. Deus nunca nos abandona.
38 GENESIS 21 - 22
partido, andava errando pelo deserto melec, e fizeram ambos aliança. “ E
de Bersabéia. 15E, tendo-se acabado a Abraão pôs à parte sete cordeiras do
água do odre, deixou o menino deita­ rebanho. ME Abimelec disse-lhe: Que
do debaixo duma das árvores, que ali querem dizer estas sete cordeiras, que
havia. 10E afastou-se, e sentou-se de­ tu puseste à parte? 80E êle respondeu:
fronte, à distância dum tiro de frecha; Tu receberás estas sete cordeiras da
porque disse: Não verei morrer o me­ minha mão, para que elas me sirvam
nino; e, sentando-se em frente, levan­ de testemunho de como eu cavei êste
tou a sua voz, e chorou. 17E Deus ou­ poço. 31Por isso foi aquêle lugar cha­
viu a voz do menino; e o anjo de Deus mado Bersabéia, porque ali juraram
chamou Agar do céu, dizendo: Que fa ­ ambos. 32E (fo i assim que) fizeram a-
zes, Agar? Não temas, porque Deus liança junto do poço do juramento. 33E
ouviu a voz do menino do lugar em Abimelec levantou-se, e Ficol, general
que está. 18Levanta-te, toma o menino, do seu exército, e voltaram para a ter­
e tem-no pela mão, porque eu farei ra dos Palestinos. Abraão, pois, plan­
dêle um grande povo. 19E Deus abriu- tou um bosque em Bersabéia, e aí in­
lhe os olhos; e ela, vendo um poço de vocou o nome do Senhor Deus eterno.
água, foi a êle, e encheu o odre, e deu 34E foi por longo tempo morador na
de beber ao menino. 20*E (Deus) foi terra dos Palestinos.
com êle; e cresceu, e habitou no de­ Sacrifício de Abraão
serto, e tornou-se um jovem hábil fre-
cheiro. ME habitou no deserto de Fa- 0 9 2Passado isto, tentou Deus a A-
ran, e sua mãe tomou para êle uma “ “ braão, e disse-lhe: Abraão,
mulher do país do Egito. Abraão. E êle respondeu: Aqui estou.
2(E Deus) disse-lhe: Toma Isac, teu
Aliança de A braão com Abimelec filho único, a quem amas, e vai à ter­
ra da visão, e aí o oferecerás em ho­
22Por aquêle mesmo tempo disse A- locausto sôbre um dos montes, que eu
bimelec e Ficol, general de seu exér­ te mostrar. 3Abraão, pois, levantando-
cito, a Abraão: Deus é contigo em tu­ se de noite, pôs a sela ao seu jumento,
do o que fazes. 23*P ortanto, jura por levando consigo dois jovens (servos), e
Deus que me não farás mal, nem aos Isac, seu filho; e, tendo cortado a le­
meus descendentes, nem à minha es­ nha para o holocausto, partiu para o
tirpe, mas que usarás comigo e com lugar que Deus lhe tinha dito. 4E, ao
a terra onde tens vivido como estran­ terceiro dia, levantando os olhos, viu o
geiro, conforme a benevolência com lugar de longe; 5e disse aos seus ser­
que te tratei. “ E Abraão disse: Eu o vos: Esperai aqui com o jumento; eu
jurarei. 25*E queixou-se a Abimelec por e o menino vamos até acolá, e, depois
causa dum poço de água, que os seus de adorarmos, voltaremos a vós. °To-
servos lhe tinham tirado à fôrça. “ E mou também a lenha do holocausto, e
Abimelec respondeu: Eu não soube pô-la sôbre Isac, seu filho; êle, po­
quem fêz tal coisa; nem tão pouco tu rém, levava nas mãos o fogo e o cute­
me informaste, e eu não ouvi falar lo. E, enquanto ambos caminhavam
(disso) senão hoje. 27*Tomou, pois, A- juntos, 7disse Isac a seu pai: Meu
braão ovelhas e bois, e deu-os a Abi­ pai. E êle respondeu: Que queres, f i­
19. A briu-lhe os olhos. A dor como que tinha cegado A g a r, de modo a im pedi-la de
ver a fonte que estava perto dela.
27. E deu-os a Abim elec como penhor da aliança. Abimelec não ofereceu dons por se
encontrar nos seus estados, mas, aceitando os de A braão, comprometeu-se a guardar a
aliança.
33. Plantou um bosque. O hebreu diz: plantou uma tamargueira. Arvore sempre verde
e muito duradoura, devia ser um sinal da aliança com Abimelec.
Cap. X X I I — 1. Tentou Deus a Abraão, isto é, pô-lo à prova, não p a ra o fazer cair,
mas para que êle fôsse um rnodêlo acabado da mais perfeita obediência ao Senhor.
2. A terra da visão, segundo o hebreu: ao país de Moriá.
5. Voltaremos. A braão, em bora torturado pela dor, conserva em sua alm a um a esperança
viva, estando convencido de que Deus pode ressuscitar os mortos. V e r sôbre isto as p ala­
vras de São P aulo (H ebr., X I, 19).
22 - 23 GENESIS 39
lho? Eis, disse (Isac), o fogo e a le­ dado à luz filhos a Nacor, irmão dêle;
nha, (mas) onde está a vítima para o 21Hus, o primogênito, e Bus, seu ir­
holocausto? 8E Abraão respondeu: mão, e Camuel, pai dos Siros, 22e Ca-
Meu filho, Deus deparará a vítima sed, e Azau, e também Feldas e Jed-
para o seu holocausto. Caminhavam, laf, 23e Batuel, de quem nasceu Rebe-
pois, ambos juntos. °E chegaram (f i- ca. Êstes são os oitos filhos que Melca
nalmente) ao lugar que Deus tinha deu à luz a Nacor, irmão de Abraão.
designado, no qual levantou um altar, 24E a sua mulher secundária, chama­
e sôbre êle preparou a lenha; e, tendo da Roma, deu à luz Tabee, e Gaam, e
ligado Isac seu filho, pô-lo no altar Taas e Maaca.
sôbre o feixe de lenha. 10E estendeu
a mão, e pegou no cutelo, para imo­ Morte de Sara
lar seu filho. nE eis que o anjo do Se-
íhor gritou do céu, dizendo: Abraão, OQ JE Sara viveu cento e vinte e
Abraão. E êle respondeu: Aqui estou. sete anos, 2e morreu na cidade
12E (o anjo) disse-lhe: Não estendas de Arbéia, que é Hebron, na terra de
a tua mão sôbre o menino e não lhe Canaã; e Abraão veio para a prantear
faças mal algum; agora conheci que e chorar.
temes a Deus e não perdoaste a teu Abraão compra um sepulcro
filho único por amor de mim. 13A-
braão levantou os olhos, e viu atrás 3E, tendo-se levantado depois de
dè si um carneiro prêso pelos chifres acabado o pranto fúnebre, falou aos
entre os espinhos, e, pegando nêle, o filhos de Het, dizendo; 4Sou foras­
ofereceu em holocausto, em lugar de teiro e peregrino entre vós; dai-me
seu filho. 14E chamou àquele lugar o direito de sepultura entre vós pa­
o Senhor providencia. Donde até ao ra eu sepultar o meu defunto. 5Os
dia de hoje se diz: O Senhor pro­ filhos de Het responderam, dizendo:
videnciará sôbre o monte. 6Senhor, ouve-nos: Tu és entre nós
um príncipe de Deus; sepulta o teu
Deus confirma as promessas feitas defunto nas nossas mais belas sepul­
a Abraão turas, e ninguém te poderá proibir
15E segunda vez chamou o anjo do que sepultes o teu defunto no seu mo­
Senhor a Abraão do céu, dizendo: numento. 7Abraão levantou-se, e in­
16Por mim mesmo jurei, diz o Senhor: clinou-se diante do povo daquela ter­
porque fizeste tal coisa, e não perdo­ ra, isto é, diante dos filhos de Het, 8e
aste a teu filho único por amor de disse-lhes: Se é do vosso agrado que
mim, 1 67eu te abençoarei, e multiplica­
5 eu sepulte o meu defunto, ouvi-me, e
rei a tua estirpe como as estréias do intercedei por mim junto de Efron,
céu, e como a areia que há sôbre a filho de Seor, °para que êle me ceda
praia do mar; a tua descendência pos­ a dupla caverna, que tem na extremi­
suirá as portas de seus inimigos. 18*2 E
0 dade do seu campo; pelo seu justo
na tua descendência s e r ã o b e n d i t a s preço ma ceda diante de vós, para que
tôdas as nações da terra, porque obe­ eu seja seu dono, e dela faça um se­
deceste à minha voz. 10Abraão voltou pulcro. 10Ora Efron estava (sentado)
para (onde estavam) os seus servos, no meio dos filhos de Het. E Efron
e foram juntos a Bersabéia, e aí respondeu a Abraão, ouvindo-o todos
habitou. os que entravam pela porta da sua ci­
dade, dizendo: nDe nenhuma sorte,
Posteridade de Nacor meu senhor, será isso assim, mas an­
tes ouve o que digo: Dou-te o campo
20Depois destas coisas, foi anuncia­ e a caverna que nêle há, em presença
do a Abraão que Melca também tinha dos filhos do meu povo; sepulta o teu
9. E , tendo ligado Isac. Neste momento Isac está convencido de que vai ser imolado,
mas conforma-se com a vontade de Deus, merecendo por isso ser uma figura de Jesus, o
qual, por obediência, se deixou crucificar sôbre a cruz.
17. As portas, isto é, as cidades.
Cap. X X III. — 2. Veio. N ão se pode concluir que estivesse ausente. A esta palavra podem
dar-se duas interpretações: começou a pranteá-la, ou veio à tenda de Sara para a prantear.
40 GÊNESIS 23 - 24
defunto. 3-Abraão inclinou-se diante neus, entre os quais habito; 4mas i-
do povo daquela terra, 13e disse a E- rás à minha terra e aos meus pa­
fron, em presença da multidão: Pe- rentes, e daí tomarás mulher para
ço-te que me ouças: Eu te darei o di­ meu filho Isac. 6Respondeu o servo:
nheiro pelo campo; recebe-o, e assim Se a mulher não quiser vir comigo
sepultarei nêle o meu defunto. 14E para esta terra, porventura devo eu
Efron respondeu: 15Meu Senhor, ouve- reconduzir teu filho para o lugar
me: A terra, que tu pedes, vale qua­ donde saíste? °E Abraão disse: Guar-
trocentos siclos de prata; êste é o da-te de reconduzir jamais para lá
(seu) preço entre mim e ti; mas que o meu filho. 70 Senhor Deus do céu,
é isto? Sepulta o teu defunto. 16Tendo que me tirou da casa de méu pai
ouvido isto, Abraão pesou na pre­ e da terra do meu nascimento, que
sença dos filhos de Het o dinheiro me falou e me jurou, dizendo: À
que Efron tinha pedido, isto é, qua­ tua estirpe darei esta terra; êle man­
trocentos siclos de prata de boa moe­ dará o seu anjo diante de ti e to­
da corrente. marás de lá uma mulher para meu
17E o campo, outrora de Efron, no filho. 8Porém, se a mulher não qui­
qual estava uma dupla caverna, que ser seguir-te, não estarás obrigado ao
olhava para Mambré, tanto o mesmo juramento; somente não reconduzas
(cam po), como a caverna, e tôdas as para lá o meu filho. 9Pôs, portanto,
árvores que estavam em redor dentro o servo a mão debaixo da coxa de
dos seus confins, 18foi cedido em ple­ Abraão, seu senhor, e jurou-lhe fazer
no domínio a Abraão, na presença dos o que lhe tinha sido dito.
filhos de Het, e de todos os que en­ Partida de Eliezer para a Mesopotâmia
travam pela porta daquela cidade.
10E tomou dez camelos do rebanho
Sepultura de Sara de seu senhor, e partiu, levando consi­
go de todos os seus bens, e pôs-se a
19E dêste modo, Abraão sepultou caminho, „ andando para a Mesopotâ­
Sara, sua mulher, na dupla caverna mia, para a cidade de Nacor. “ E, ten­
do campo que olha para Mambré, do pela tarde feito descansar os ca­
que é Hebron, na terra de Canaã. melos fora da cidade junto a um poço
20E foi confirmado a Abraão pelos f i­ de água, na ocasião em que as mulhe­
lhos de Het o domínio do campo e res costumam sair a tirar água, disse:
da caverna, que havia nêle, para 12ô Senhor Deus do meu senhor A-
servir de sepulcro. braão, rogo-te me auxilies hoje, e u-
ses de misericórdia para com meu se­
Missão de Eliezer nhor Abraão. 13Eis que estou ao pé
desta fonte de água, e as filhas dos
2 4 1Ora, Abraão, vendo-se já velho e habitantes desta cidade sairão a vir
de idade avançada, e que o Se­ tirar água. 14Portanto a donzela a
nhor em tudo o tinha abençoado, Mis­ quem eu disser: Inclina o teu cântaro
se ao servo mais antigo da sua casa, para eu beber, e ela responder: Bebe,
que governava tudo o que possuia: e também darei de beber a teus came­
Põe a tua mão por baixo da minha los, essa é aquela que destinaste para
coxa, 3para eu te fazer jurar pelo Se­ o seu servo Isac; e por isto conhece­
nhor Deus, do céu e da terra, que rei que usaste de misericórdia com
não tomarás para mulher de meu o meu senhor. 15Ainda não tinha a-
filho (nenhuma) das filhas dos Cana- cabado de dizer no seu interior estas
(Confr. X X I, 5; XXV, 20).
2. Põe a tua mão, etc. Com êste ato simbólico, a pessoa que fa z ia o juramento com-
Prornetia-sê não só com aquêle em fa v o r do qual o fazia, m as também com os seus des­
cendentes; ou, segundo outros, invocava como vingadores do juram ento os descendentes
daquele em fa v o r do qual era feito.
3. D as filhas dos Cananeus, que eram idólatras de costumes corrompidos.
12. R o g o -t e ... N o hebreu: Fazei-m e encontrar hoje o que eu desejo, o objeto da minha
missão.
24 GÊNESIS 41
palavras, e eis que Rebeca, filha de disse-rne estas coisas, foi ter com a-
Batuel, filho de Melca, mulher de Na- quêle homem, que estava junto dos
cor, irmão de Abraão, saía com um camelos, e perto da fonte, 31e disse-lhe:
cântaro aos ombros. 18Era urna don­ Entra, bendito do Senhor; porque es­
zela linda em extremo, e uma virgem tás fora? Eu já preparei a casa (pa­
formosíssima, e não conhecida por ho­ ra t i), e um lugar para os camelos.
mem algum; tinha descido à fonte, e 32E introduziu-o na habitação, e des­
tinha enchido o cântaro, e já voltava. carregou os camelos, e deu-lhes palha
17Mas o servo saiu-lhe ao encontro, e feno, e (trou x e) água para lavar
e disse: Dá-me de beber um pouco de os pés dêle e dos homens que com
água do teu cântaro. 18E ela respon­ êle tinham vindo. 33Depois foi-lhe
deu: Bebe, meu senhor; e prontamen­ pôsto pão diante. Porém (o servo)
te inclinou o cântaro sôbre o seu bra­ disse: Não comerei enquanto não ex-
ço, e lhe deu de beber. 19E, tendo êle user o que tenho para dizer. (L a -
bebido, ela acrescentou: E também ao) respondeu-lhe: Fala.
para os teu camelos tirarei água, até
que todos bebam. 20E, despejando o Eliezer faz o pedido
cântaro nas pias, correu de novo ao 34Então êle disse: Eu sou servo de
poço a tirar água; e, tirada, deu a to­ Abraão. 350 Senhor encheu de bênçãos
dos os camelos. 21Ora, êle contempla­ o meu senhor, e o engrandeceu, e deu-
va-a em silêncio, querendo saber se lhe ovelhas, e bois, prata e ouro, cria­
o Senhor teria ou não tornado feliz a dos e criadas, camelos e jumentos. 3tíE
sua viagem. 22E, depois que os came­ Sara, mulher do meu senhor, deu à
los beberam, tirou umas arrecadas de luz na sua velhice um filho ao meu
ouro, que pesavam dois sidos, e dois senhor, a quem êle deu tudo o que ti­
braceletes, que pesavam dez siclos. 23E nha. 37E o meu senhor fêz-me jurar,
disse-lhe: De quem és filha? Dize- dizendo: Não tomarás para meu filho
me, há em casa de teu pai lugar em mulher das filhas dos Cananeus, e m .
que se fique? 24Ela respondeu: Eu cuja terra habito; 38mas irás à casa
sou filha de Batuel, filho de Melca, o de meu pai, e tomarás da minha pa-
qual ela deu à luz a Nacor. 25E acres­ rentela mulher para meu filho. 39E eu
centou: Em nossa casa há muita pa­ respondi ao meu senhor: E se a mu­
lha e feno, e lugar espaçoso para ficar. lher não quiser vir comigo? 40O Se­
26Aquêle homem inclinou-se, e adorou nhor’ me disse êle, em cuja presen­
o Senhor, 27dizendo: Bendito o Senhor ça ando, mandará o seu anjo contigo,
Deus do meu senhor Abraão, que não e dirigirá o teu caminho; e tu toma­
retirou a sua misericórdia e a sua ver­ rás para meu filho uma mulher da
dade do meu senhor, e me conduziu minha parentela, e da casa de meu
por um caminho direito à casa do ir­ pai. 41Serás isento da minha maldição,
mão do meu senhor. 28A donzela, pois, quando tiveres ido à casa dos meus
correu, e contou em casa de sua mãe parentes, e êles não ta derem.
tudo o que tinha ouvido. 42Eu, pois, cheguei hoje à fonte, e
disse: ó Senhor, Deus do meu senhor
Hospitalidade em casa de Abraão, se tu dirigiste o meu cami­
Batuel e L abão nho, em que eu agora vou, 43eis que
estou ao pé (desta) fonte de água, e a
29Ora, Rebeca tinha um irmão, cha­ donzela que sair para tirar água, e
mado Labão, o qual, apressado, saiu ouvir de mim: Dá-me de beber um
a ir ter com aquêle homem, onde es­ pouco de água do teu cântaro; 44e ela
tava a fonte. 30E, tendo visto as arre­ me disser: Bebe, e eu tirare* também
cadas e os braceletes nas mãos de sua para os teus camelos, essa é a mulher
irmã, e, tendo ouvido tôdas as pala­ que o Senhor destinou para o filho do
vras que ela referia: Aquêle homem meu senhor. 43Ora, enquanto eu con-

21. Contemplava-a em silêncio. .. para ver se ela fa zia tudo o que êle tinha pedido a
Deus p ara conhecer a futura mulher de Isa<
22. o siclo era ao mesmo tempo um a ra eda e urna unidade de péso, equivalente a
cêrca de 10 gram as.
42 GÊNESIS 24 - 25
siderava comigo em silêncio estas coi­ MNão queirais, lhes disse, demorar-
sas, apareceu Rebeca que vinha com me, porque o Senhor dirigiu o meu
o cântaro, que trazia ao ombro; e des­ caminho; deixai que eu vá para o
ceu à fonte, e tirou água. E eu disse- meu senhor. 5 67E êles disseram: Cha­
lhe: Dá-me um pouco de beber. ^E memos a donzela e saibamos qual é
ela, apressando-se, desceu o cântaro a sua vontade. 58Chamaram-na, pois,
do ombro, e disse-me: Bebe, e eu da­ e, tendo vindo, perguntaram-lhe: Que­
rei também de beber aos teus came­ res ir com êste homem? Ela respon­
los. Eu bebi, e ela deu ( também) água deu: Irei. 59D * eixaram-na, pois, partir
aos camelos. 47E interroguei-a e disse- juntamente com a sua ama de leite,
lhe: De quem és tu filha? E ela res­ e o servo de Abraão, e seus compa­
pondeu: Sou filha de Batuel, filho de nheiros, “ fazendo votos pelas prospe-
Nacor e de Melca. Eu, pois, pendurei- ridades de sua irmã, e dizendo: És
lhe as arrecadas para adornar o seu nossa irmã, cresce em milhares de
rosto, e pus-lhe nas mãos os bracele- milhares, e a tua posteridade possua
tes. 48E, inclinado, adorei o Senhor, as portas de seus inimigos. “ Portan­
bendizendo o Senhor Deus do meu se­ to Rebeca e suas criadas, montadas
nhor Abraão, o qual me conduziu por nos camelos, seguiram aquêle homem,
um caminho direito, a fim de tomar o qual a tôda a pressa voltava pa­
para seu filho uma filha do irmão de ra o seu senhor.
meu senhor. 49Por isso, se usais de
bondade e lealdade com o meu se­ Encontro e casamento de Isac com
nhor, declarai-mo; se, porém, outra Rebeca
coisa é do vosso agrado, dizei-mo
também, para que eu vá para a di­ va02Ora, naquele tempo, Isac passea­
pelo caminho que conduz ao poço,
reita ou para a esquerda.
chamado (poço) do que vive e do que
Consentimento de L abão e Batuel vê; porque habitava no país meridio­
nal. “ E tinha saído ao campo para
“ E Labão e Batuel responderam: meditar, ao cair da noite; e, tendo le­
Do Senhor sairam estas palavras; e vantado os olhos, Viu ao longe Vir os
nós não podemos dizer-te outra coisa camelos. “ Rebeca também, tendo vis­
fora da sua vontade. 51Eis Rebeca na to, Isac desceu do camelo, °®e disse
tua presença, toma-a, e parte, e seja ao servo: Quem é aquêle homem que
esposa do filho de teu senhor, con­ vem pelo campo ao nosso encontro?
form e o Senhor falou. 5zO servo de A- E êle respondeu: É meu senhor. E
braão, tendo ouvido isto, prostrando- ela tomou depressa o véu e cobriu-se.
se por terra, adorou o Senhor. °°E o servo contou a Isac tudo o que
53E, tendo tirado vasos de prata e tinha feito. 67E êle introduziu-a na
de ouro, e vestidos, deu-os a Rebeca tenda de Sara, sua mãe, e recebeu-a
de presente, e também ofereceu dádi­ por mulher; e tão extremosamente a
vas a seus irmãos e à mãe. 54Prepa- amou que moderou a dor que lhe o-
rado o banquete, comeram e beberam, casionara a morte de sua mãe.
e ficaram ali (aquela n oite). E, levan­
tando-se pela manhã, disse o servo: A braão casa com Cetura
Deixai-me ir, para que vá ter com o
meu senhor. OC Abraão, porém, tomou outra
mulher chamada Cetura, 2a
Partida de Rebeca qual lhe deu à luz Zanran, e Jecsan, e
Madan, e Madian, e Jesboc, e Sué.
“ Mas os irmãos dela e a mãe res­ 3Jecsan também gerou Saba e Dadan.
ponderam: Fique a donzela conosco Os filhos de Dadan foram Assurim,
ao menos dez dias, e depois, partirá. e Latussim, e Loomin. 4E de Madian

56. Dirigiu o meu caminho. . . fêz com que eu fôsse feliz na minha viagem, conseguindo
o que desejava, por isso desejo partir quanto antes.
63. Para meditar nas coisas do céu. Belo exemplo, digno de imitação.
65. Tomou depressa o véu, etc., E ra costume, como é ainda hoje entre os árabes, que a
noiva se apresentasse velada ao seu futuro espôso.
25 GENESIS 43
nasceu Efa, e Ofer, e Henoc, e Abida, Nascimento de Esaú e de Jacó
e Eldaa; todos êstes foram filhos de 19Esta é a descendência de Isac, f i­
Cetura. 5E Abraão deu tudo o que lho de Abraão: Abraão gerou Isac,
possuia a Isac; °e pelos filhos das 20o qual tendo quarenta anos, se casou
mulheres secundárias distribuiu dá­ com Rebeca, filha de Batuel Siro, da
divas, e separou-os de Isac, seu f i­ Mesopotãmia, irmã de Labão. 21E
lho, ainda em sua vida, (mandando- Isac orou ao Senhor por sua mulher,
os) para as partes do oriente. porque ela era estéril; e êle o ouviu,
Morte e sepultura de Abraão e permitiu que Rebeca concebesse.
7Ora, os dias da vida de Abraão fo ­ 22Mas as crianças lutavam no seu ven­
ram cento e setenta e cinco anos. 8E, tre; e ela disse: Se assim me havia de
faltando-lhe as forças, morreu numa acontecer, que necessidade havia de
ditosa velhice e em avançada idade, e que eu concebesse? E foi consultar o
cheio de dias; e foi unir-se ao seu Senhor, Mo qual, respondendo, disse:
povo. °E Isac e Ismael, seus filhos, Duas nações estão no teu ventre, e
sepultaram-no na dupla caverna que dois povos (ao sair) do feu ventre se
está situada no campo de Efron, filho dividirão, e um povo vencerá o outro,
de Seor Heteu, defronte de Mambré, e o mais velho servirá ao mais novo.
10o qual (campo Abraão) tinha com­ 24Quando chegou o tempo de dar à
prado aos filhos de Het; aí foi sepul­ luz, eis que foram achados dois gê­
tado êle e Sara, sua mulher. 17E, de­ meos no seu ventre. “ O que saiu pri­
pois da sua morte, Deus abençoou meiro era vermelho, e todo peludo, co­
Isac, seu filho, o qual habitava jun­ mo uma peliça; e lhe foi pôsto o no­
to do poço chamado (p oço) do que me de Esaú. Imediatamente saiu o
vive e do que vê. outro, e sustinha com a mão o pé de
Os descendentes de Ismael seu irmão; e por isso ela o chamou
12Esta é a posteridade de Ismael, f i­ Jacó.
lho de Abraão, que A gar Egípcia, MEra Isac sexagenário quando os
criada de Sara, lhe deu a luz. 13E ês­ meninos lhe nasceram.
tes são os nomes de seus filhos, se­ Esaú vende o Direito de Primogenitura
gundo os seus nomes, e nas suas ge­
rações. O primogênito de Ismael foi 27Tendo crescido, Esaú tornou-se pe­
Nabajot, depois Cedar, e Abdeel, e rito caçador e homem do campo; e
Mabsan, 14e Masma, e Duma, e Mas­ Jacó, homem simples, habitava nas
sa, 15Hadar, e Tema, e Jetur, e Nafis, tendas. “ Isac amava Esaú, porque
e Cedma. 16Estes são os filhos de comia das suas caçadas; e Rebeca a-
Ismael, e êstes os seus nomes segun­ mava Jacó. "Ora, tendo Jacó feito
do as suas aldeias e os seus acampa­ um cozinhado, chegou Esaú do campo,
mentos; êles foram doze príncipes das (m u ito ) cansado, 8Üe disse (a J a có ):
suas tribos. 17E os anos da vida de Dá-me dêsse cozinhado vermelho, por­
Ismael foram cento e trinta e sete, que estou muito cansado. P or esta ra­
e, faltando-lhe as forças, morreu, e zão lhe puseram o nome de Edom.
foi unir-se ao seu povo. 18Êle habi­ aE Jacó disse-lhe: Vende-me o teu
tou desde H evila até Sur, que olha direito de primogenitura. 32Êle respon­
para o Egito, caminhando para a As­ deu: Eis que vou morrer; de que me
síria. Morreu no meio de todos os aproveitará o direito de primogenitu­
seus irmãos. ra? 33Jacó disse: Jura-mo pois. Esaú
Cap. X X V — 8. E foi unir-se ao seu povo, isto ê, aos justos do limbo.
22. Rebeca ficou perturbada por se lem brar de que, se as crianças assim lutavam ,
muito pior seria no futuro. Recorreu, porém, à oração, indo junto de qualquer altar pedir
a Deus que lhe fizesse conhecer a sorte das duas crianças.
23. Duas nações, isto é, os pais de dois povos: os Israelitas e os Edomitas.
25. Cerno urna peliça, ou, segundo o hebreu, como um manto de pêlo. — Jacôj hebr.
y a ’aqob, do verbo 'aqab, que significa suster o calcanhar, suplantar.
30. P o r esta rasão, isto é, porque chamou coisa v ermelha ao alimento, e também pelo
motivo indicado no versículo 25, E saú recebeu o neme de Edom , que significa vermelho.
32. Eis que vou morrer. E is que morrerei em breve, visto estar constantemente exposto
a perigo de morte, por causa de ser caçador; que me im portam, pois, os direitos de pri*
44 GÊNESIS 25 - 26
jurou-lho e vendeu o direito de pri- nQuem quer que tocar a mulher dês-
mogenitura. 34E assim, recebido o te homem será punido de morte.
pão e o cozinhado de lentilhas, comeu
e bebeu, e foi-se, dando-se-lhe pouco Riqueza de Isac e inveja dos Filisteus
de ter vendido o seu direito de pri- 12Isac, pois, semeou naquela ter­
mogenitura. ra, e recolheu no mesmo ano o cên-
Isac em G erara tuplo; e o Senhor o abençoou. 13E
êste homem tornou-se rico, e ia apro­
O íj Sobrevindo, porém, uma fome veitando e crescendo nos bens, até que
naquela terra, depois da este­ se tornou muito poderoso; “ teve tam­
rilidade que tinha havido nos dias de bém possessões de ovelhas e mana­
Abraão, Isac foi ter com Abimelec, das, e de muitos servos. Por isto,
rei dos Palestinos, a Gerara. 2E o tendo-lhe os Palestinos inveja, “ en­
Senhor apareceu-lhe, e disse: Não vãs tulharam-lhe naquele tempo todos os
ao Egito, mas fica na terra que eu poços que os servos de seu pai Abraão
te disser. 3Habita nela como estran­ tinham aberto, enchendo-os de terra;
geiro, e eu serei contigo, e te abençoa­ 10(chegou a coisa a) tanto que o
rei; porque darei a ti e à tua descen­ mesmo Abimelec disse a Isac: Apar­
dência tôdas estas regiões, cumprindo ta-te de nós, porque te tornaste mui­
o juramento que fiz a Abraão, teu pai. to mais poderoso do que nós. 17E êle
4E multiplicarei a tua descendência apartou-se para a torrente de Gerara,
como as estréias do céu; e darei à tua e aí habitou. 18De novo abriu aquê-
posteridade tôdas estas regiões; e na les outros poços, que os servos do seu
tua geração serão abençoadas tôdas as pai Abraão tinham aberto, e os quais,
nações da terra, 5porque Abraão o- morto êle, os Filisteus tinham ante-
bedeceu à minha voz, e guardou os cedentemente entulhado, e pôs-lhe os
meus preceitos e os meus mandamen­ mesmos nomes, que já seu pai lhes ti­
tos, e observou as cerimônias e leis. nha pôsto. 19E cavaram na torrente,
°Isac, pois, ficou em Gerara. 7E, sen­ e acharam água viva. “ Mas também
do interrogado pelos homens daque­ aí os pastôres de Gerara contenderam
le país, acêrca de sua mulher, res­ com os pastôres de Isac, dizendo: A
pondeu: Ê minha irmã; porque tinha água é nossa; por esta razão, em v ir­
mêdo de confessar que estava unido tude do que havia acontecido, chamou
com ela em matrimônio, suspeitando àquele poço Calúnia. 21Abriram ain­
que o matariam por causa da sua be­ da outro poço; e também, por causa
leza. 8E, tendo passado largo tem- dêle, houve rixas, e o chamou Inim i­
>o, e, habitando (sem pre) no mesmo
Í ugar, olhando Abimelec, rei dos P a­
zade. 22Partindo dali, abriu outro po­
ço, pelo qual não contenderam, e
lestinos, por uma janela, viu-o brin­ por isso lhe pôs o nome de Largura,
cando com Rebeca, sua mulher. °E, dizendo: Agora o Senhor nos pôs ao
tendo-o chamado, disse-lhe: Está vis­ largo, e nos fêz crescer sôbre a te r­
to que ela é tua mulher; por que ra.
mentiste tu (dizendo) que é tua ir­ Deus abençoa a Isac
mã? Respondeu: T ive mêdo que me
matassem por sua causa. 10E Abime- 23E daquele lugar subiu a Bersabéia,
lec disse: P or que razão nos enganas­ 24onde, na mesma noite, lhe apareceu
te? Podia suceder que alguém do po­ o Senhor, dizendo: Eu sou o Deus de
vo abusasse de tua mulher, e tu terias Abraão, teu pai; não temas, porçiue
atraído sôbre nós um grande pecado. eu sou contigo; eu te abençoarei, e
E deu esta ordem a todo o povo: multiplicarei a tua descendência, por
mogenitura? Com esta consideração tão superficial, E saú prefere a satisfação presente da
sua gula aos privilégios de primogênito. Isto mostra-nos o cuidado que devemos ter com
os sentidos, que muitas vêzes nos podem levar a perder a herança do céu.
Cap. X X V I — 7. É minha irmã, minha parenta próxim a ( v e r cap. X II, 13).
17. Torrente de Gerara, ou melhor, segundo o hebraico, vale de Gerara, no fundo do
qual havia um a torrente, ordinàriamente séca no verão, m as em cujo leito se encontrava
água, fazendo escavações.
20. Calúnia. N o hebraico *eseq, que significa contenda.
26 - 27 GÊNESIS 45
causa do meu servo Abraão. “ Portan­ respondeu: Aqui estou. 2E o pai dis­
to levantou aí um altar, e, invocando se-lhe: Tu vês que estou velho e
o nome do Senhor, levantou a sua que ignoro o dia da minha morte.
tenda, e ordenou aos seus servos que T o m a as tuas armas, a aljava e o ar­
abrissem um poço. co, e sai (ao ca m p o); e, quando tive­
Aliança entre Isac e Abimelec res caçado alguma coisa, 4faze-me um
guisado como sabes que eu gosto, e
“ Ora Abimelec e Ocozat, seu ami­ traze-mo para eu comer, e (para que)
go, e Ficoi, general do seu exército, a minha alma te abençoe antes de eu
tendo ido de Gerara àquele lugar, morrer. 5Rebeca ouviu isto, e, tendo
27Isac disse-lhes: Por que viestes vós Esaú ido para o campo para cumprir
a mim, a um homem que odiastes o mandado do pai, Misse ela a seu
e expulsastes de vós? “ E êles respon­ filho Jaco: Ouvi teu pai falar com
deram: Nós vimos que o Senhor é Esaú, teu irmão, e dizer-lhe: 7Traze-
contigo, e por isso dissemos: Haja ju­ me da tua caça, e faze-m e um gui­
ramento entre nós, e façamos aliança, sado para comer, e (para que) te
“ para que tu nos não faças mal al­ abençoe na presença do Senhor antes
gum, assim como também nós não te­ de morrer. 8*A gora, pois, meu filho,
mos tocado nada do que é teu, nem segue os meus conselhos: °Val ao
fizemos coisa que te prejudicasse, mas rebanho, e traze-me os dois melhores
te deixamos partir em paz, cheio da cabritos, para que eu faça dêles a
bênção do Senhor. “ Deu-lhes por­ teu pai ( um daqueles) pratos, de que
tanto (Isac) um banquete, e, depois êle come com vontade, 10e, quando
de terem comido e bebido, “ levan­ lho apresentares e êle tiver comido,
tando-se pela manhã, juraram de par­ te abençoe antes de morrer. “ E êle
te a parte (a aliança); e Isac os dei­ respondeu: Tu sabes que Esaú, meu
xou ir em paz para as suas casas. irmão, é um homem peludo, e eu sem
32Ora, no mesmo dia, vieram os servos pêlo; 12se meu pai me apalpar e me
de Isac, dando-lhe a notícia do poço reconhecer, temo que êle julgue que
que tinham aberto, e dizendo: Acha­ eu o quis enganar, e que assim eu
mos água. “ Pelo que (Isac) o cha­ atraia sobre mim a maldição em lu­
mou Abundância; e à cidade foi posto gar da bênção. 13Sua mãe disse-lhe:
o nome de Bersabéia (que conserva) Sobre mim caia essa maldição, meu
até ao dia de hoje. filho; ouve somente a minha voz, e,
partindo, traze o que eu disse. 14Êle
Casamento de Esaú foi, e trouxe (os cabritos), e deu-os a
84Ora Esaú, tendo quarenta anos, sua mãe. Ela preparou o guisado, co­
tomou por mulher Judite, filha de mo sabia ser do gôsto do pai dêle. 15E
Beeri Heteu, e Basemat, filha de E- vestiu Jacó com os melhores vestidos
lon do mesmo país, 85ambas as quais de Esaú, que tinha junto de si em
tinham desgostado o ânimo de Isac casa; 18e, com as peles dos cabritos,
e de Rebeca. envolveu-lhe as mãos, e cobriu a par­
te nua do pescoço. 17E deu-lhe o
Jacó obtém por surprêsa guisado, e entregou-lhe os pães que
a bênção de Isac tinha cozido. 18Jacó, tendo levado
tudo a Isac, disse-lhe: Meu pai! E
0 7 1Ora, Isac envelheceu, e a vista êle respondeu: Ouço. Quem és tu, meu
“ 1 escureceu-se-lhe, e não podia filho? 19E Jacó disse: Eu sou o teu
ver; e chamou- Esaú, seu filho mais filho primogênito, Esaú; fiz como me
velho, e disse-lhe: Meu filho! E êle ordenaste: levanta-te, senta-te, e co-
34-35. E saú casou-se com duas mulheres Cananéias, que eram idólatras e que, por seu
modo de proceder, tinham desgostado Isac e Rebeca. ofendeu a Deus, tornando-se indigno
das bênçãos e promessas messiânicas.
Cap. X X V I I — 16-24. Jacó, instigado por Rebeca, mentiu a seu pai Isac, nao só com
palavras, m as tam bém com açôes, fazendo com que êle julgasse que era Esaú. o ra , a
mentira,. por sua natureza, é sempre ilícita e pecado. T odavia pode ser que tanto Rebeca
como Jacó pensassem, em bora errôneamente, que, neste caso, a m entira era licita, visto
ser em pregada para alcançar os direitos de primogenitura, que E sa ú j& tinha vendido por
46 GÊNESIS 2;
me da minha caçada, a fim de que a Êle respondeu: Sou o teu filho primo­
tua alma me abençoe. “ E Isac disse gênito Esaú. 33Isac ficou possuído de
outra vez a seu filho: Como pudeste um espanto extraordinário; e, admi-
encontrar tão depressa, meu filho? E rando-se mais do que se pode crer,
êle respondeu: Foi vontade de Deus disse: Quem é, pois, aquêle que, há
que depressa se me apresentasse o que pouco, me trouxe a caça que apanhou,
eu queria. 21E Isac disse: Chega aqui, e eu comi de tudo antes que tu vies­
meu filho, para que eu te apalpe e ses? E eu o abençoei, e êle será ben­
reconheça se és o meu filho Esaú, dito. 34Esaú, ouvidas as palavras do
ou não. 22Aproximou-se do pai, e, pai, gritou com grande clamor, e,
tendo-o apalpado, Isac disse: A voz consternado, disse: Dá-me também a
verdadeiramente é a voz de Jacó, mas mim a bênção, meu pai. “ Êle disse: O
as mãos são as mãos de Esaú. “ E não teu irmão veio fraudulentamente, e
o conheceu, porque as mãòs peludas e- recebeu a tua bênção. 30E Esaú pros­
ram semelhantes às do mais velho. seguiu: Com razão lhe foi pôsto o no­
Portanto, abençoando-o, 24disse: Tu és me de Jacó; porque eis que pela se­
o meu filho Esaú? Respondeu: Eu o gunda vez me suplantou; primeiro
sou. 25E êle disse: Serve-me os guisa­ tirou-me o direito da primogenitura,
dos da tua caçada, meu filho, para que e agora novamente me roubou a mi­
a minha alma te abençoe. Jacó servi u- nha bênção. E disse de novo ao pai:
lhos, e, depois que comeu, ofereceu- Porventura não reservaste uma bên­
lhe também vinho, bebido o qual, ção também para mim? 37Isac res­
26(Isac) lhe disse: Aproxima-te de pondeu: Eu o constituí teu senhor, e
mim, e dá-me um beijo, meu filho. sujeitei à sua servidão todos os seus
"Aproximou-se, e beijou-o. E, logo irmãos; estabeleci-o na posse do trigo
que sentiu a fragrâncla de seus ves­ e do vinho; depois disto, meu filho,
tidos, abençoando-o disse: que te posso eu fazer? 38Esaú disse-
Eis que o cheiro de meu filho é lhe: Porventura, ó pai, tens uma só
como o cheiro dum campo florido que bênção? Rogo-te que me abençoes
o Senhor abençoou. “ Deus te dê do também a mim. E como rompesse
orvalho do céu, e da fertilidade da num grande pranto, 39Isac, comovido,
terra, e abundância de trigo e de v i­ disse-lhe: N a abundância da terra, e
nho. “ E os povos te sirvam, e as tri­ no orvalho (que vem ) do alto do céu
bos te reverenciem; sê o senhor de será a tua bênção. 40Viverás da espa­
teus irmãos; e inclinem-se diante de da, e servirás a teu irmão; porém v i­
ti os filhos de tua mãe. Aquêle que rá tempo em que sacudas e desates
te amaldiçoar, seja amaldiçoado, e o* o seu jugo da tua cerviz.
que te abençoar, seja cumulado de
bênçãos. Ameaças de Esaú. Rebeca m anda
Jacó à Mesopotâmia
Volta de Esaú
"Portanto Esaú odiava sempre Ja-
^Apenas Isac tinha acabado de fa­ có por causa da bênção com que o pai
lar, e Jaco tinha saído, chegou Esaú. o abençoara, e disse no seu coração:
31E levou ao pai os guisados prepara­ Virão os dias do luto por meu pai, e
dos da sua caçada, dizendo: Levanta- eu matarei Jacó, meu irmão. 42Estas
te, meu pai, e come da caça de teu f i­ coisas foram referidas a Rebeca, a
lho, para que a tua alma me abençoe. qual, mandando chamar seu filho Ja­
32E Isac disse-lhe: mas quem és tu? có, lhe disse: Eis que Esaú, teu ir-
um prato de lentilhas. Houve grandes Padres da Ig re ja que julgaram êste proceder isento
de culpa; não adm ira, pois, que Jacó e Rebeca errôneamente o considerassem lícito.
27. E , logo que sentiu a fragrãncia,, devido às plantas arom áticas doa capapos, colocadas
nas caixas onde se guardavam os vestidos.
30-40. E saú procura obter para si a bênção reservada aos primogênitos; Isac, porém,
persiste em não retirar a bênção dada a Jacó, reconhecendo que ê essa a vontade de
Deus. Todavia, comovido pelos rogos e lágrim as de Esaú, deu-lhe também um a bênção,
m as de natureza muito inferior ã que tinha dado a Jacó.
39. N a abundância. .. O texto hebraico diz: Sem a abundância da terra e sem o orvalho
do céu será a tua bênção.
27 - 28 GENESIS 47
mão, ameaça que te há de matar. 43A- cendo a seus pais, fôra para a Síria;
gora, pois, meu filho, ouve a minha 8reconhecendo também que seu pai
voz, e foge ligeiro para (casa de) La- não via com bons olhos as filhas de
bão, meu irmão, em Haran; 44e ha­ Canaã, 9foi à casa de Ismael, e, além
bitarás com êle algum tempo, até que das que já tinha, tomou por mulher
se aplaque o furor do teu irmão, " e a Maelet, filha de Ismael, filho de
cesse a sua indignação, e se esqueça Abraão, irmã de Nabajot.
do que lhe fizeste; depois mandarei
(lá alguém) e te farei conduzir de lá Viagem e visão de Jacó
para aqui. Por que hei de eu perder
ambos os meus filhos num só dia? 4 56E 10Jacó, pois, tendo partido de Ber-
Rebeca disse a Isac: estou desgosto- sabéia, ia para Haran. nE, tendo che­
sa da vida por causa das filhas de Het. gado a um certo lugar, e, querendo
Se Jacó tomar mulher da linhagem nêle descansar depois do sol pôsto,
desta terra, não quero mais viver. tomou uma das pedras que ali esta­
vam, e, pondo-a debaixo da cabeça,
Isac manda Jacó à Mesopotâmia dormiu naquele mesmo lugar. 12E viu
em sonhos uma escada posta sôbre
Ofi 1Portanto Isac chamou Jacó, e a terra, cujo cimo tocava o céu, e os
abençoou-o, e deu-lhe esta or­ anjos de Deus subindo e descendo
dem, dizendo: Não tomes mulher da por ela, 13e o Senhor apoiado na es­
geração de Canaã, 2mas parte, e cada, que lhe dizia: Eu sou o Senhor
vai para a Mesopotâmia da Síria, pa­ Deus de Abraão, teu pai, e Deus de
ra casa de Batuel, pai de tua mãe, Isac; darei a ti e à tua descendência
e toma de lá esposa entre as filhas a terra em que dormes. 14E a tua pos­
de Labão, teu tio. 3E Deus onipoten­ teridade será como o pó da terra;
te te abençoe, e te faça crescer e te dilatar-te-ás para o ocidente, e para
multiplique, para que sejas pai duma o oriente, e para o setentrião, e para
multidão de povos. 4Êle te dê a ti e o meio-dia; e serão abençoadas em ti
à tua posteridade depois de ti as bên­ e na tua geração todas as tribos da
çãos de Abraão, para que possuas a terra. 15Eu serei o teu protetor para
terra onde vives como peregrino, a onde quer que fores, e te reconduzi­
qual êle prometeu a teu avo. 5E, ten- rei a esta terra, e não te abandonarei
do-o Isac despedido, partiu e diri­ sem cumprir tudo o que disse. 16Tendo
giu-se para a Mesopotâmia da Síria, Jacó despertado do sono, disse: Na
para casa de Labão, filho de Batuel verdade o Senhor está neste lugar, e
Siro, irmão de Rebeca, sua mãe. eu não o sabia. 17E, cheio de pavor,
disse: Quão terrível é êste lugar! Não
N ovo casamento de Esaú há aqui outra coisa senão a casa de
6Ora, Esaú, vendo que seu pai ti­ Deus e a porta do céu. 18Levantando-
nha abençoado Jacó, e o tinha man­ se, pois, Jacó, ao amanhecer, tirou a
dado para a Mesopotâmia da Síria, pedra, que tinha pôsto debaixo da ca­
para lá tomar mulher; e que, depois beça, e erigiu-a em padrão, derraman­
da bênção, lhe tinha dado esta ordem, do óleo sôbre eia. 19E pôs o nome de
dizendo: Não tomarás mulher das f i­ Betei à cidade que antes se chamava
lhas de Canaã; 7e que Jacó, obede­ Lusa.
45. P o r que hei de eu perder ambos os meus filh o s ... Jacó será. morto pela m ão crimi­
nosa de Esaú, e êste pela m ão da justiça vingadora (G ên., IX , 6>.
46. N ã o quero mais viver, o s meus dias serão tfto tristes que preferirei morrer,
Cap. X X V I I I — 9. Além das que já tinha. Estas palavras são um a condenação tácita
da poligam ia de Esaú.
12-13. A escada, vista em sonhos por Jacó, é um símbolo das consoladoras relações do
céu com a terra. Os anjos, como mensageiros de Deus, sobem p a ra lbe levar as orações e
necessidades dos homens, e descem trazendo os seus auxílios e consolações.
16. N a verdade, etc. Jacó sabia que Deus estava em tôda parte; ignorava, porém, que
aquêle lu gar estivesse consagrado ao Senhor, e nâo esperava nêle um a tão solene m anifes­
tação de Deus.
18. Derramando Óleo sôbre ela para a consagrar.
48 GÊNESIS 28 - 29
Voto de Jacó a pedra que tapava o poço. WE, de­
pois de ter dado de beber ao seu re­
. “ Também fêz voto dizendo: Se banho, beijou-a; e, levantando a voz,
Deus fôr comigo, e me proteger na chorou, 12e declarou que era irmão de
viagem que empreendi, e me der pão seu pai, e filho de Rebeca; e ela, cor­
para comer, e vestido para me cobrir, rendo, foi noticiá-lo a seu pai, 13o
ae eu voltar felizmente à casa de meu qual, tendo ouvido que tinha chegado
pai, o Senhor será meu Deus, 2 12e esta Jacó, filho de sua irmã, correu ao
pedra, que erigi em padrão, será cha­ seu encontro, e abraçou-o, e beijou-o
mada casa de Deus; e de tôdas as coi­ muitas vêzes, e levou-o à sua casa. E,
sas que me deres te oferecerei (6 Se­ ouvidos os motivos da sua viagem,
nhor) o dízimo. 14respondeu: Tu és o meu osso e a mi­
Chegada de Jacó a H aran
nha carne. E, passado um mês, 15dis-
se-lhe: Acaso, porque és meu irmão,
2Q ^ en d o partido (daquele lugar), me servirás de graça? Dize-me que
Jacó dirigiu-se para o país paga queres.
do Oriente. 2E viu um poço no cam­ Casamento de Jacó com L ia
po, e, repousando junto dêle, três re­ e com Raquel
banhos de ovelhas; porque dêle se
dava de beber aos rebanhos, e a sua 16Ora, Labão tinha duas filhas: A
bôca estava tapada com uma grande mais velha chamava-se Lia, e a mais
pedra. 3Era costume (so) tirarem a nova Raquel. 17Lia, porém, tinha os
pedra depois de estarem reunidos to­ olhos remelosos, enquanto que R a­
dos os rebanhos, e, depois que êles quel era formosa de rosto, e de gentil
tinham bebido, tornavam-na a colo­ presença. ,8E Jacó, tendo-lhe amor,
car sobre a bôca do poço. 4E (Jacó) disse (a L a b ã o): Eu te servirei sete
disse aos pastores: Irmãos, donde sois anos por Raquel, tua filha mais no­
vós? E êles responderam: De Haran. va. 19Labão respondeu: Melhor é que
5E interrogou-os: Conheceis porven­ eu a dê a ti, do que a outro homem;
tura Labão, filho de Nacor? Disse­ fica comigo. 2oJacó, pois, serviu sete
ram: Conhecemos. 6Estã de saúde? anos por Raquel; e êstes lhe parece­
disse êle. Está bom, responderam; e, ram poucos dias pela grandeza do a-
eis Raquel, sua filha, que vem com o mor (que lhe tinha). 21E disse a L a ­
seu rebanho. 7Jacó disse: Ainda é bão: Dá-me minha mulher, pois já
muito dia, e ainda não é tempo de se está completo o tempo de eu a tomar
recolherem os rebanhos aos currais; por esposa. 22E (Labão) fêz as bodas,
dai primeiro de beber às ovelhas, e de­ tendo convidado para o banquete uma
pois reconduzi-as ao pasto. 8Êles res­ grande turba de amigos. “ E, à noite,
ponderam: Não o podemos fazer en­ introduziu sua filha Lia na câmara
quanto não estejam juntas tôdas as o- de Jacó, 24dando à filha uma escrava
velhas, e não tiremos a pedra da bô­ chamada Zelfa. E Jacó, tendo ficado
ca do poço, para darmos de beber a com ela segundo o costume, viu pela
todos os rebanhos (conjuntam ente). manhã que era Lia; 25*e disse ao seu
°Ainda êles estavam falando, e eis sogro: Que é isto que me quiseste fa ­
ue Raquel chegava com as ovelhas zer? Porventura não te servi eu por
e seu pai; porque ela pastoreava o. Raquel? Por que razão me enganas­
rebanho. 10E Jaco, tendo-a visto, e sa­ te? 2OLabão respondeu: N o nosso país
bendo que era sua prima, e que as o- não é costume casarem-se as mais no­
velhas eram de Labão, seu tio, tirou vas primeiro. 27Acaba a semana destas
21. O Senhor será meu Deus. Promete honrar a Deus com um culto especial.
22. Casa de D eus, isto é, lu gar onde Deus manifestou, dum modo especial, a sua pre­
sença. — Porta do céu, porque tinha visto o céu aberto, e os anjos entrando e saindo.
Cap. X X IX — 11. B eijou -a , como é costume fazer-se no Oriente entre os parentes
próximos.
12. Irm ão, parente.
14. Tu és o meu osso, etc., eu e tu somos da mesma fam ília, tu és um outro eu.
23-24. O longo véu que envolvia completamente L ia, segundo o costume oriental, e a
escuridão da câm ara nupcial explicam fàcilmente como é que Lab&o pôde enganar Jacó.
29 - 30 GÊNESIS 49
núpcias e dar-te-ei também a outra dando-me um filho; por isso o cha­
pelo trabalho que me prestarás du­ mou Dan. 7E, concebendo Bala segun­
rante outros sete anos. “ Acomodou- da vez, deu à luz outro filho, 8do
se (Jacó) à proposta, e, passada a qual Raquel disse: O Senhor me fêz
semana, casou-se com Raquel, “ à qual entrar em competência com minha
o pai tinha dado a (sua) escrava Ba­ irmã, e eu venci; e chamou-ó Neftali.
la. 30E (J acó), tendo enfim alcançado
as núpcias desejadas, preferiu no seu Casamento de Jacó com Zelfa
amor a segunda à primeira, e conti­
nuou servindo Labão outros sete anos. 9Lia, vendo que tinha cessado de ter
filhos, deu a seu marido sua escrava
Zelfa. 10E, tendo ela concebido e da­
Primeiro filho de Jacó do à luz um filho, “ L ia disse: Em
31Mas o Senhor, vendo que êle des­ boa hora; e por isso lhe pôs o nome
prezava Lia, tornou-a fecunda, per­ de Gad. 12Zelfa deu à luz ainda outro
manecendo estéril a irmã. 32E ela con­ filho. 13E Lia disse: Isto é por minha
cebeu e deu à luz um filho, e pôs-lhe dita, porque as mulheres me chama­
o nome de Ruben, dizendo: O Senhor rão ditosa, por isso o chamou Aser.
viu a minha humilhação, e agora o
meu marido me amará. 33E conce­ Outros filhos de Jacó
beu novamente e deu à luz um filho, 14Ora, Ruben, tendo saído ao cam­
e disse: Porque o Senhor ouviu que po no tempo d& ceifa do trigo, achou
eu era tratada com desprêzo, me deu umas mandrágoras; e levou-as a Lia
também êste (filh o ) ; e pôs-lhe o nome sua mãe. E Raquel disse (a L ia ): Dá-
de Simeão. 34E concebeu terceira vez e me parte das mandrágoras do teu fi­
deu à luz um outro filho, e disse: A- lho. 15Ela respondeu-lhe: Porventura
gora se unirá (ainda mais) a mim o parece-te pouco teres-me roubado o
meu marido, porque lhe dei à luz marido, senão que também me queres
três filhos; e por isso chamou a êste levar as mandrágoras de meu filho?
Levi. “ Concebeu quarta vez e deu à Raquel disse: (E u consinto que êle)
luz um filho, e disse: Agora louvarei durma esta noite contigo pelas man­
o Senhor; e por isso pôs-lhe o nome drágoras de teu filho. 10E, quando
de Judá; e cessou de dar à luz. Jacó à tarde voltava do campo, Lia
saiu-lhe ao encontro, e disse-lhe: V i­
Casamento de Jacó com B a la rás comigo, porque eu te tomei pelo
preço das mandrágoras de meu filho.
0 6 2Ora, Raquel vendo-se infecun- E (Jacó) dormiu aquela noite com ela.
da, teve inveja de sua irmã, e 17E Deus ouviu os rogos dela; e con­
disse a seu m arido: Dá-me filhos, cebeu, e deu à luz o quinto filho. 18E
senão morrerei. 2Jacó, enfadado, res­ disse: Deus me deu o pago, porque
pondeu-lhe: Acaso estou eu em lugar dei a minha escrava ao meu marido;
de Deus, que te privou do fruto do teu e pôs-lhe o nome de Issacar. 19Conce-
ventre? 3E ela disse: Eu tenho (m i- bendo novamente, Lia deu à luz o
nha) serva Bala; toma-a para que ela sexto filho, 20e disse: Deus me dotou
dê à luz sobre os meus joelhos, e eu com um bom dote; meu marido esta­
tenha filhos dela. 4E deu-lhe Bala rá comigo ainda esta vez, porque eu
por mulher, a qual, 5depois que Jacó lhe dei seis filhos; por isso lhe pôs
a tomou, concebeu, e deu à luz um f i­ o nome de Zabulão. 21Depois disto
lho. 6E Raquel disse: O Senhor jul­ (L ia ) deu à luz uma filha, chamada
gou a meu favor, e ouviu a minha voz, Dina.

Cap, X X X — 1. Teve inveja de sua irmã. Em bora a poligam ia fôsse permitida, vê-se
bem por êste versículo e pelos seguintes, os seus grandes inconvenientes, náo só para
conservar a paz no seio das fam ílias, m as também para a educação dos filhos.
3. Receber um recém-nascido sôbre os joelhos era considerá-lo como filho próprio,
adotá-lo.
14. Mandrágora é um a planta, à qual os antigos atribuíam a virtude de fazer cessar a
esterilidade.
50 GÊNESIS 30 - 31
220 Senhor lembrou-se também de tregou nas mãos de seus filhos todo o
Raquel, ouviu-a e tornou-a fecunda. rebanho que era duma só côr, isto é,
23E concebeu, e deu à luz um filho, de pêlo branco e negro. 36*E pôs a dis­
dizendo: Deus tirou o meu opróbrio; tância de três dias de jornada entre si
24e pôs-lhe o nome de José, dizendo: e o genro, o qual apascentava o res­
O Senhor me dê ainda outro filho. tante dos seus rebanhos.
Convenção entre Jacó e Labão Estratagemas de Jacó
25Nascido, porém, José, disse Jacó 37Jacó, pois, tomando varas verdes
a seu sogro: Deixa que eu volte para de choupo e de amendoeira e de plá­
a (m inha) pátria, e para a minha ter­ tano, tirou-lhes parte da casca; tirada
ra. 26Dá-me as mulheres e os meus a casca (nos lugares) onde as varas
filhos, pelos quais eu te tenho servi­ tinham sido descascadas, apareceu o
do, para que. eu me vá; tu sabes que branco; e onde tinham ficado intac­
serviços te tenho prestado. 27Labão tas permaneceram verdes; e isto cau­
disse-lhe: Ache eu graça diante de sou (nas varas) uma variedade de
teus olhos. Reconheci, por experiên­ côres. 38*E pô-las nos canais onde se
cia, que Deus me abençoou por cau­ lançava a água, para que, quando os
sa de ti. “ Determina tu a recompen­ rebanhos fôssem beber, tivessem as
sa que deverei dar-te. varas diante dos olhos, e concebessem
29Mas êle respondeu: Tu sabes de olhando para elas.
que modo te servi, e quanto os teus ®E aconteceu que, no mesmo calor
bens aumentaram nas minhas mãos. do coito, as ovelhas olhavam para as
30Tinhas pouco, antes que eu viesse varas, e davam à luz cordeiros man­
para ti, e agora tornaste-te rico; chados e variegados e pintados de di­
e o Senhor te abençoou com a minha versas côres. 40E Jacó separou o seu
vinda. É, pois, justo que eu pense tam­ gado, e pôs as varas nos canais diante
bém agora (em estabelecer) a minha dos olhos das cabras; e tudo o que
casa. 31E Labão disse-lhe: Que te hei era branco ou negro pertencia a L a ­
de eu dar? Respondeu-lhe Jacó: Não bão, e o restante a Jacó, tendo os re­
quero nada (em dinheiro) ; mas, se banhos separados entre si. "Quando,
fizeres o que vou pedir-te, continuarei pois, na primavera, as ovelhas deviam
a apascentar e a guardar os teus reba­ conceber, Jacó punha as varas nos ca­
nhos. 32Passa pelo meio de todos os nais da água diante dos olhos dos car­
teus rebanhos, e separa tôdas as ove­ neiros e das ovelhas, para que elas
lhas de diversas côres, e de pêlo ma­ concebessem olhando para as varas.
lhado; e tudo o que nascer fosco, e 42Mas, quando as ovelhas concebiam
malhado, e vário, tanto entre as ove­ no outono pela segunda vez, não pu­
lhas como entre as cabras, será a m i­ nha as varas. Assim o que era conce­
nha recompensa. 33E amanhã me da­ bido no outono, era para Labão, e o
rá testemunho a minha justiça, quan­ que era concebido na primavera, era
do chegar o tempo combinado entre para Jacó. 43E êle tornou-se extraor-
nós; e tudo o que não fôr de côres dinàriamente rico, e teve muitos re­
variegadas, ou manchado, ou fosco, banhos, escravos e escravas, camelos
tanto entre as ovelhas como entre as e jumentos.
cabras, me arguirá de furto. 34*E L a ­ Jacó foge da Mesopotâmia
bão disse: Agrada-me o que pedes.
35E, naquele dia, Labão separou as ca­ 01 7Ora, depois que Jacó ouviu as
bras, e as ovelhas, e os bodes, e os car­ palavras dos filhos de Labão,
neiros variegados e manchados; e en­ que diziam: Levou Jacó tudo o que
33. E amanhã, isto é, no futuro, eu receberei os anim ais que nascerem com côres va~
riegadas, e se algum fô r encontrado no meu rebanho com um a só côr, considera-o como
tendo sido roubado por mim.
36. o restante ãos seus rebanhos, com o pêlo todo branco ou todo negro.
39. Êste fenômeno funda-se na grande influência que a im aginação excitada exerce "no
ato da geração. v
42. N ão punha as varas, porque os cordeiros concebidos na prim avera e nascidos no
outono eram mais robustos que os concebidos no outono e nascidos na primavera.
31 GENESIS 51
era de nosso pai, e, enriquecido de vando tôda a sua fazenda e rebanhos,
seus bens, se tornou poderoso; e tudo o que tinha adquirido na Me-
2observou também que Labão lhe não sopotâmia; e encaminhou-se para I-
mostrava a mesma cara que a princí­ sac, seu pai, na terra de Canaã.
pio, 3e, além disso, o Senhor dizia-
lhe: Volta para a terra de teus pais, Labão persegue Jacó
e para a tua parentela, e eu serei con­ 19Naquele tempo, tendo ido Labão
tigo. 4Mandou, pois, vir Raquel e Lia fazer a tosquia das ovelhas, Raquel
ao campo, onde êle apascentava os furtou os ídolos de seu pai. ^E Jacó
rebanhos, 5e disse-lhes: Vejo que o não quis participar a seu sogro a sua
vosso pai não me mostra a mesma fugida. 21Tendo, pois, partido com
cara que a princípio; porém o Deus tudo o que lhe pertencia, e enquanto,
de meu pai tem estado comigo. 6E vós passado já o rio, caminhava para a
mesmas sabeis como eu tenho servido banda do monte de Galaad, 22foi La-
vosso pai com tôdas as minhas forças. bão avisado ao terceiro dia de que
7Mas o vosso pai enganou-me, e mu­ Jacó ia fugindo. 23Então êle tendo to­
dou dez vêzes a minha recompensa; e mado consigo seus irmãos, foi em seu
nem por isso permitiu Deus que êle alcance durante sete dias, e apanhou-
me fizesse algum dano. àSe êle uma o no monte Galaad. 2*E viu em so­
vez dizia: Os cordeiros manchados se­ nhos a Deus, que lhe dizia: Guarda-te
rão a tua recompensa, tôdas as ove­ de dizer contra Jacó alguma palavra
lhas davam à luz cordeiros mancha­ áspera. 25Jacó já tinha assentado a sus
dos; quando, pelo contrário, dizia: tenda no monte; e Labão, tendo-o al­
Receberás, por recompensa, todos cançado com seus irmãos, pôs a sua
os cordeiros brancos, tôdas as ove­ tenda no mesmo monte de Galaad.
lhas davam à luz cordeiros bran­ Labão repreende Jacó
cos. °E Deus tirou a fazenda de vosso
pai, e a deu a mim. 10Porque, chegando disse a Jacó: Por que procedes­
o tempo em que as ovelhas haviam de te assim, levando-me furtivamente
conceber, levantei os meus olhos, e minhas filhas como (se elas fôssem)
vi em sonhos que os machos, que co­ prisioneiras de guerra? 27Por que ra­
briam as fêmeas, eram variegados e zão quiseste fugir sem que eu o sou­
manchados, e de diversas cores. nE besse, nem quiseste avisar-me, para
o anjo de Deus disse-me em sonhos: que eu te acompanhasse com alegria
Jacó. E eu respondi: Aqui estou. 12E e com cânticos, ao som de tímpanos
êle disse: Levanta os teus olhos, e vê e de citaras? 28Não me deixaste bei­
que todos os machos que cobrem as jar meus filhos e minhas filhas; pro­
fêmeas são variegados, manchados e cedeste como um néscio; e agora cer­
de diversas côres. Porque eu vi tudo tamente bestava na minha mão fa-
o que te fêz Labão. 13Eu sou o Deus zer-te mal; porém o Deus de teu pai
de Betei, onde tu ungiste a pedra, e disse-me ontem: Guarda-te de falar
me fizeste um voto. Agora, pois, le- com aspereza contra Jacó. “ Que de­
vanta-te, e sai desta terra, voltando sejasses voltar para os teus, e te es­
para a terra onde nasceste. 14Raquel e timulasse o desejo da casa de teu
Lia responderam: Porventura resta- pai, muito embora, (mas) por que me
nos alguma coisa dos bens e da he­ furtaste os meus deuses? 31Jacó res­
rança da casa de nosso pai? 15Não nos pondeu: Parti sem tu o saberes, por­
tratou êle como estranhas, e vendeu que tive mêdo que me tirasses à força
e comeu o que nos era devido? 16Mas as tuas filhas. 32Porém, quanto ao
Deus tomou as riquezas de nosso pai, furto de que me argúis, qualquer que
e as entregou a nós e aos nossos f i­ seja aquêle, em cujo poder achares os
lhos; faze, pois, tudo o que Deus te teus deuses, seja morto em presença
mandou. 17Levantou-se, pois, Jacó, e, de nossos irmãos. Busca e leva tudo
fazendo montar sôbre camelos os seus o que achares teu junto de mim. D i­
filhos e as suas mulheres, partiu, “ le- zendo isto, ignorava que Raquel tives-
Cap. X X X I — 19. Furtou os ídolos, para tirar ao pai, segundo afirm a S. Basílio, uma
ocasião de idolatria.
28. M eus filhos, isto é, meus netos.
52 GENESIS 31 - 32
se furtado os ídolos. ^Labão, pois, liança, que sirva de testemunho entre
tendo entrado na tenda de Jacó, e de mim e ti. 45Jacó tomou, pois, uma pe­
Lia, e das duas escravas, nada encon­ dra, e a levantou por padrão; 46e disse
trou. Mas, tendo entrado na tenda de aos seus irmãos: Trazei pedras. E,
Raquel, 34ela, muito à pressa, escon­ tendo juntado muitas, fizeram (com
deu os ídolos debaixo da sela dum ca­ elas) um cabeço, e comeram sôbre ê-
melo, e assentou-se em cima; e, revis­ le. 47E Labão chamou-o cabeço da tes­
tando êle tôda a tenda sem achar na­ temunha, e Jacó cabeço do testemu­
da, 35*disse ela: Não se agaste o meu nho, cada um segundo a propriedade
senhor, se eu me não posso levantar da sua língua. 4Í,E Labão disse: Êste
na tua presença, porque presentemen­ cabeço será hoje testemunha entre
te me acho com a indisposição que mim e ti, e, por isso, êste cabeço
costuma vir às mulheres. Dêste modo se chamou Galaad, isto é, o cabeço
foi iludida a ansiedade com que êle da testemunha. 4tíO Senhor nos veja
procurava. e nos julgue, quando nos tivermos se­
parado um do outro. 5USe tu maltrata­
Justificação de Jacó res minhas filhas, e se tomares outras
mulheres além delas, ninguém é teste­
36Então Jacó, todo alterado, disse munha das nossas palavras, senão
com enfado a Labão: Por que çulpa Deus, que está presente (e que nos)
minha, ou por que pecado meu cor­ vê. 51Disse mais a Jacó: Eis que o ca-
reste atrás de mim com tanto calor, beço e a pedra, que eu levantei entre
37e revistaste todos os ipeus móveis? mim e ti, 52será testemunha; êste ca-
Que achaste tu aqui de tôdas as beço, digo, e esta pedra dêem teste­
coisas da tua casa? Põe-nas aqui munho, se ou eu o passar indo para
diante dos meus irmãos e dos teus ti, ou tu o passares com intento de
irmãos, e sejam êles juizes entre mim me fazeres mal. 5aO Deus de Abraão,
e ti. 3H(F o i) por isto que eu estive e o Deus de Nacor, o Deus de seus
vinte anos contigo? As tuas ovelhas pais seja juiz entre nós. Jurou, pois,
e as tuas cabras não foram estéreis, eu Jacó por aquêle que era temido por
não comi os carneiros do teu rebanho, seu pai Isac. 54E, imoladáè as vítimas
3!>nem te mostrei prêsa feita pelas sôbre o monteV convidou seus irmãos
feras; eu pagava todo o dano; e tudo para comer pão. E, tendo comido, fi­
o que era roubado, de mim o exigias. caram ali (a passar a noite). 55Labão
40Eu era, de dia e de noite, queimado porém, levantando-se antes de ama­
do calor e do gêlo, e o sono fugia dos nhecer, beijou os filhos e as suas fi­
meus olhos. 41E dêste modo te servi lhas, e abençoou-os, e voltou para
em tua casa vinte anos, catorze pelas sua casa.
(tuas) filhas, e seis pelos teus reba­
nhos; tu mudaste também dez vêzes Encontro de Jacó com Anjos
a minha recompensa. 42Se o Deus de
meu pai Abraão, e (o Deus) que Isac OO 1Jacó também prosseguiu o ca-
teme, me não tivesse assistido, talvez minho que levava, e saíram-
me tivesses despedido nu; (mas) Deus lhe ao encontro uns anjos de Deus.
olhou a minha aflição e o trabalho das 2E, tendo-os visto, disse: Êstes são
minhas mãos, e te ameaçou ontem. os acampamentos de Deus; e deu
àquele lugar o nome de Maanaim, is­
Aliança entre Labão e Jacó to é, acampamentos.
43Labão respondeu-lhe: As minhas Precauções de Jacó para se reconciliar
filhas, e os filhos, e os teus rebanhos, com Esaú
e tudo o que vês, tudo é meu; que pos­
so eu fazer contra meus filhos e meus 3E mandou também mensageiros a-
netos? 44Vem, pois, e façamos uma a­ diante de si a Esaú, seu irmão, à
35. Se eu não me levanto, como devia fazer diante de meu pai.
47. E Labão chamou-o, etc. Segundo o texto hebraico traduz-se: Labão o chamou yegar-
sahadúta’ e Jacó OaVed, Êstes dois nomes, dos quais o primeiro ê aram aico e o segundo
hebraico, têm a mesma significação: Cabeço da testemunha ou do testemunho.
50. N ão podendo os parentes ser testemunhas dizem que só Deus é testemunha.
32 GÊNESIS 53
terra de Seir, na região de Edom. zendo: Se te encontrares com meu ir­
4E ordenou-lhes, dizendo: Falai as­ mão Esaú, e êle te perguntar: De
sim a Esaú, meu senhor: Jacó, teu quem és? ou, para onde vais? ou, de
irmão, disse isto: Morei com Labão quem são êstes animais que condu­
como estrangeiro, e (com ele) estive zes? 18Responderás: São de teu servo
até ao dia de hoje. 5Tenho bois, e Jacó, êle os mandou de presente a
jumentos, e ovelhas, e servos e ser­ meu senhor.Esaú; êle mesmo vem a-
vas; e mando agora uma embaixada trás de nós. 19As mesmas ordens deu
ao meu senhor, para achar graça di­ ao segundo, e ao terceiro, e a todos
ante dêle. 6E os mensageiros voltaram os que conduziam os rebanhos, dizen­
a Jacó, e disseram: Fomos ter com teu do: P or estas mesmas palavras falai
irmão Esaú, e eis que vem a tôda a a Esaú, quando o encontrardes. ^E
pressa a encontrar-se contigo com acrescentareis: O mesmo teu servo
quatrocentos homens. 7Teve Jacó mui­ Jacó vem também atrás de nós; (por--
to mêdo; e, assustado, dividiu o povo que Jaco) disse (co n sigo ): Eu o apla­
que estava com êle, e também os re­ carei com os presentes que vão adian­
banhos e as ovelhas e os bois e os te, e depois o verei; talvez me será
camelos em duas partidas, 8dizendo: propício. 21Foram, portanto, os presen­
Se vier Esaú a uma partida, e a des­ tes adiante dêle, e êle ficou naquela
baratar, a outra partida, que resta, noite no acampamento.
se salvará. 9E disse Jacó: ó Deus de
meu pai Abraão, e Deus de meu pai Jacó luta com um anjo
Isac! ó Senhor, que me dissestes:
Volta para a tua terra, e para o lugar 22E, tendo-se levantado muito ce­
do teu nascimento, e eu te beneficia­ do, tomou as suas duas mulheres, e
rei; 10 eu sou indigno de todas as tuas as duas escravas com os onze filhos,
misericórdias e da fidelidade que ti­ e passou o vau de Jaboc. 2;E, passa-
veste com teu servo. Passei êste (r io ) do tudo o que lhe pertencia, 24ficou
Jordão só com o meu bastão; e agora êle só; e eis que um homem lutou
volto com duas partidas. “ Livra-me com êle até pela manhã. “ O qual,
das mãos de meu irmão Esaú, porque vendo que o não podia vencer, tocou
o temo muito; não suceda que, che­ o nervo da sua coxa, e logo êste se
gando êle, mate a mãe com os filhos. secou. “ E disse-lhe: Larga-me, por­
12Tu disseste ejue me beneficiarias e que já vem vindo a aurora. (Jacó)
dilatarias a minha descendência como respondeu: Não te largarei, se me não
a areia do mar, a qual, pela sua mul­ abençoares. 27Disse-lhe pois (aquele
tidão, não se pode contar. h om em ): Qual é o teu nome? Respon­
13Tendo passado, pois, aquela noite deu: Jacó. 28Porém êle disse: De ne­
naquele lugar, separou das coisas que nhuma sorte te chamarás Jacó, mas
tinha, presentes para seu irmão Esaú: Israel; porque, se contra Deus fôste
14duzentas cabras, vinte bodes, duzen- forte, quanto mais o serás contra os
tas ovelhas, e vinte carneiros, 15trinta homens. “ Perguntou-lhe Jacó: Di-
camelas com suas crias, quarenta va­ ze-me, como te chamas? Respondeu:
cas, e vinte touros, vinte jumentas e Por que me perguntas o meu nome?
dez das suas crias. 16E mandou pelas E abençoou-o no mesmo lugar. 80E
mãos dos seus servos cada um dêstes Jacó pôs àquele lugar o nome de Fa-
rebanhos separadamente, e disse aos nuel, dizendo: Eu vi a Deus face a fa ­
seus servos: Ide adiante de -mim, e ce, e a minha alma foi salva. 81E
haja um intervalo entre rebanho e re­ logo o sol lhe nasceu, depois que ul-
banho. 17E ordenou ao primeiro, di­ trapassou Fanuel; êle, porém, coxea-
Cap. X X X II — 4-5. M eu senhor. Jacó trata com todo o respeito seu irmão, e a única
•coisa que deseja dêle ê amizade e o perdão.
11. A mãe com os filhos, isto é, tôda a minha fam ilia.
24-26. Apareceu a Jacó um anjo, sob a aparência humana, e travaram entre si um a
lu ta real. Deus, porém, não quis que o anjo utilizasse tôda a sua fô rç a contra Jacó,
Permitindo que êste vencesse, p ara lhe d ar a esperança de que com m aior facilidade
Podia vencer Esaú.
30. A minha alma, isto é, a minha vida.
54 GÊNESIS 32 - 34
va dum pé. 32P or esta razão os fi­ meu senhor, que tenho comigo meni­
lhos de Israel até ao dia de hoje não nos tenros, e ovelhas, e vacas prenhes;
comem o nervo que se secou na coxa e, se eu as cansar fazendo-as andar
de Jacó, porque (aquele hom em) to­ mais, morrerão num dia todos os re­
cou o nervo da sua coxa, e (o nervo) banhos. 14Vã o meu senhor adiante
ficou entorpecido. do seu servo; e eu seguirei pouco a
pouco os seus passos, como vir que os
Encontro de Esaú e de Jacó meus meninos podem, até chegar à ca­
sa de meu senhor em Seir. 15Esaú
O O 1E Jacó, levantando os seus respondeu: Peço-te que, do povo que
olhos, viu Esaú que vinha, e está comigo, fique ao menos quem te
com êle quatrocentos homens; e re­ acompanhe na viagem. Jacó respon­
partiu os filhos de Lia e de Raquel, e deu: Não é necessário; de uma única
de ambas as escravas, 2e pôs as duas coisa necessito, meu senhor, que é a-
escravas e os seus filhos na frente; e char graça em tua presença. 10Voltou,
em segundo lugar Lia e os seus filhos; portanto, Esaú naquele dia para Seir,
e em último Raquel e José. 3E êle, pelo caminho por onde tinha vindo.
adiantando-se, prostrou-se sete vêzes 17E Jacó foi para Socot, onde, ten­
por terra, até seu irmão se aproximar. do edificado uma casa, e levantado as
4Então, correndo Esaú ao encontro tendas, pôs àquele lugar o nome de
de seu irmão, o abraçou, e, apertando- Socot, isto é, tendas.
lhe o pescoço e beijando-o, chorou.
BEm seguida, levantando os olhos, viu Jacó em Salém
as mulheres e os seus filhos, e disse: 18E, depois que voltou da Mesopo-
Quem são êstes? porventura perten­
cem-te? Respondeu: são os filhos que tãmia da Síria, passou para Salém,
Deus me deu a mim, teu servo. 6E, cidade dos Siquemitas, a qual está
aproximando-se as escravas e os seus na terra de Canaã; e habitou junto
filhos, inclinaram-se profundamente. da cidade. 19E comprou parte do cam­
7Chegou também L ia com seus filhos, po, onde tinha levantado as tendas,
tendo-se inclinado do mesmo modo; aos filhos de Hemor, pai de Siquém,
em último lugar se inclinaram José por cem cordeiros. “ E, tendo levanta­
e Raquel. 8E Esaú disse: Que signi­ do aí um altar, invocou sôbre êle o
ficam estas partidas, que encontrei? Deus fortíssimo de Israel.
Respondeu: (Enviei-as) para achar Rapto de Dina
graça diante do meu senhor. 9Esaú,
porém, disse: Tenho muitos bens, meu O I JOra Dina, filha de Lia, saiu
lrmão, guarda para ti o que é teu. * * para ver as mulheres daque­
10E Jacó disse: Não procedas assim, te le país. 2E tendo-a visto Siquém, f i­
peço; mas, se achei graça diante de lho de Hemor Heveu, príncipe daquela
teus olhos, recebe das minhas mãos terra, enamorou-se dela e raptou-a, e
esta pequena dádiva, porque eu vi a dormiu com ela, desflorando à fôrça
tua face, como se visse o rosto de a virgem. 3E a sua alma se prendeu
Deus; sê-me propício, aie aceita a a ela, e vendo-a triste, a acariciou com
bênção que eu te trouxe e que Deus meiguices. 4E, indo ter com seu pai
me deu, o qual dá todas as coisas. Hemor, disse: Toma esta donzela para
E, forçado pelo irmão, aceitou com minha mulher.
dificuldade, 12e disse: Caminhemos
juntamente, e eu serei companheiro Estratagem a dos irmãos de Dina
na tua viagem. 13E Jacó disse: Tu vês, 5Jacó, tendo ouvido isto enquanto

32. N ã o cornem o nervo doa anim ais correspondente ao que se secou em seu pai
Tacó, para recordarem êste acontecimento,
Cap. X X X I I I — 4. Esaú, vencido pela hum ilhação de Jacó, recebeu-o com manifestações
de afeto.
10-11. Porque eu vi, etc- H á aqui urna hipérbole. Jacó sòrnente queria dizer: A tua face
apareceu-me cheia de bondade. Ora, assim como aquêle que se apresenta a Deus bom e
misericordioso leva consigo dons p a ra lhe oferecer, assim eu me apresento a ti e te ofereço
êstes dons, pedindo que os aceites. — Aceita a bênção, isto é, êstes dons com os votos
de tôda a felicidade.
34 - 35 GÊNESIS 55
os filhes estavam ausentes e ocupados ra, e cultivem-na; sendo ela espaçosa
em apascentar os gados, não disse na­ e vasta, necessita de cultivadores; re­
da enquanto não voltaram. °Mas, ten­ ceberemos por mulheres as suas fi­
do Hemor, pai de Siquém, ido falar a lhas e dar-lhes-emos as nossas. 22Uma
Jacó, 7eis que os filhos dêste vinham só coisa faz dilatar tanto bem: é o
do campo; e, tendo sabido o que acon­ circuncidarmos os nossos varões, imi­
tecera, iraram-se muito, porque (S i­ tando o rito desta gente. “ Com isto a
quém ) tinha feito uma ação vergo­ sua riqueza, e gados, e tudo o que
nhosa contra Israel e, violando a fi­ possuem, será nosso; sòmente condes-
lha de Jacó, tinha cometido uma ação cendamos nisto, e, habitando junta­
ilícita. 8E Hemor falou-lhes assim: mente, formaremos um só povo.
A alma de meu filho Siquém afeiçoou- 24E assentiram todos, sendo circun-
se fortemente à vossa filha; dai-lha cidados todos os varões.
por mulher; 9e façamos matrimônios
reciprocamente; dai-nos as vossas f i­ Vmgrança dos irmãos de Dina
lhas, e recebei as nossas filhas, 10e 25É eis que, ao terceiro dia, quando
habitai conosco; a terra está ao vosso a dor das feridas é mais violenta, os
dispor, cultivai-a, negociai, e adquiri
possessões. dois filhos de Jacó, Simeão e Levi,
irmãos de Dina, empunhadas as es­
nE Siquém também disse ao pai padas, entraram resolutamente na
e aos irmãos dela: Ache eu graça di­ cidade; e mortos todos os varões,
ante de vós, e darei tudo o que deter­ 26trucidaram igualmente Hemor e
minardes. 12Aumentai o dote, e pedi Siquém, tirando sua irmã Dina da
dádivas, e eu, de boa vontade, darei o casa de Siquém. 27E, tendo êstes
que pedirdes; sòmente me dai esta saído, os outros filhos de Jacó caí­
donzela por mulher. 13Os filhos de ram impetuosamente sôbre os mortos,
Jacó, enfurecidos por causa do estu­ e assolaram a cidade em vingança
pro da irmã, responderam dolosamen- do estupro. “ Tomaram as suas ove­
te a Siquém e a seu pai: 14Não pode­ lhas, e os rebanhos e os jumentos, e
mos fazer o que pedis, nem dar nossa devastaram tudo o que havia nas ca­
irmã a um homem incircuncidado, sas e nos campos, 29e levaram cativos
porque isto é ilícito e abominável en­ os (seus) filhos e (as suas) mulheres.
tre nós. 15Mas poderemos fazer alian­ “ Praticado isto com tanta audácia,
ça, se quiserdes ser semelhantes a nós, disse Jacó a Simeão e Levi: Vós me a-
e se entre vós se circuncidar tudo o fligistes e me tornastes odioso aos Ca-
que fôr do sexo maculino. 16Então da­ naneus, e aos Ferezeus, habitantes
remos as nossas filhas, e receberemos dêste país; somos poucos; êles congre­
reciprocamente as vossas; e habitare­ gados acometerão, e serei destruído
mos convosco, e seremos um só povo. eu e a minha casa. 81Êles responde­
17Se, porém, não quiserdes circunci- ram: Porventura deviam êles abusar
dar-vos, levaremos nossa filha, e nos da nossa irmã como de uma prosti­
retiraremos. tuta?
180 seu oferecimento agradou a Jacó em Betei
Hem or e a Siquém, seu filho. 10O jo ­
vem não demorou em executar logo o OC e n tre ta n to disse Deus a Ja-
que lhe era exigido, porque amava ex­ ** ** có: levanta-te, e vai para Be­
tremamente a donzela, e êle mesmo tei e fica aí, e erige um altar ao
era muito respeitado em tôda a casa Deus que te apareceu quando fugias
de seu pai. ME, tendo entrado a por­ de Esaú, teu irmão. 2E Jacó, convo­
ta da cidade, disseram A o povo: 21Ês- cada tôda a sua família, disse: Lançai
tes homens são pacíficos e querem fora os deuses estranhos que estão no
habitar conosco; negociem nesta ter­ meio de vós, e purificai-vos, e mudai
Cap. X X X IV — 12. O dote. N o hebraico rnofiar, indica a soma que o noivo devia p a g a r
ao pai da espôsa.
25-29 Todos os intérpretes condenam a vingança dos filhos de Jacó. “Pecaram , diz
M artini, por mentira, perfídia, injustiça, sacrilégio, © vingança b á rb a ra e d e su m a n a ...
Pelo pecado dum só trucidaram muitas pessoas, e, para realizarem o seu horrível intento,
abu saram dum rito sagrado e religioso''.
56 GENESIS 35 - 36
os vossos vestidos. 3Levantai-vòs, e a parteira: Não temas, porque ainda
subamos para Betei, para erigirmos aí terás êste filho. 18E, estando prestes a
um altar a Deus, que me ouviu no render o espírito sob a violência da
dia da minha tribulação,. e me acom­ dor, e estando iminente a morte, pôs
panhou na minha jornada. “Deram- ao seu filho o nome de Benoni, isto é,
lhe, portanto, todos os deuses estra­ filho da minha dor; o pai, porém, cha­
nhos que tinham, e as arrecadas que mou-o Benjamin, isto é, filho da mão
tinham nas orelhas; e êle enterrou es­ direita.
tas coisas debaixo de um terebinto, Morte e sepultura de Raquel
que está por detrás da cidade de Si-
quém. 5E, tendo êles partido, o ter­ 19Morreu, pois, Raquel, e foi sepul­
ror de Deus inyadiu tôdas as cidades tada na estrada que conduz a Efrata,
circunvizinhas, e não se atreveram a a qual é Belém. 2ÜE Jacó levantou um
perseguir os que se retiravam. °Che- monumento sôbre o seu sepulcro; ês­
gou, portanto, Jacó, com tôda a sua te é o monumento do sepulcro de
gente, a Luza, por apelido Betei, a Raquel, até ao dia de hoje.
qual está (situada) na terra de Canaã. Pecado de Ruben e enumeração dos
7E edificou aí um altar e pôs àquele filhos de Jacó
lugar o nome de Casa de Deus; por­
que ali lhe apareceu Deus, quando fu­ 21E saindo dali, levantou a sua ten­
gia de seu irmão. 8No mesmo tempo da da outra parte da tôrre do reba­
morreu Débora, ama de Rebeca: e foi nho. 22E enquanto habitava naquela
ali sepultada debaixo de um carvalho região, foi Ruben, e dormiu com Ba­
ao pé de Betei; e aquele lugar foi la, mulher secundária de seu pai, e
chamado o Carvalho do pranto. êste não o ignorou.
°E Deus apareceu novamente a Ja­ Ora os filhos de Jacó eram doze.
có, depois que voltou da Mesopotãmia 23Filhos de Lia: Ruben, o primogê­
da Síria, e o abençoou, 10dizendo: nito, e Simeão, e Levi, e Judá, e Issa-
Não te chamarás mais Jacó, mas teu car, e Zabulão. ?4Filhos de Raquel:
nome será Israel. E chamou-o Israel; José e Benjamim. 25Filhos de Bala, es­
17e disse-lhe: Eu sou o Deus onipo­ crava de Raquel: Dan e Neftali. “ F i­
tente; cresce e multiplica-te; nações e lhos de Zelfa, escrava de Lia: Gad e
multidões de povos nascerão de ti, de Aser; êstes são os filhos de Jacó, que
ti procederão reis: 12Dar-te-ei a ti e à lhe nasceram na Mesopotãmia da Síria.
tua posteridade depois de ti a terra Morte de Isac
que dei à Abraão, e a Isac. 13E Deus
afastou-se dêle. 14E êle levantou um 27Jacó foi depois ter com seu pai
padrão de pedra *no lugar em que Isac a Mambré, à cidade de Arbéia,
Deus lhe tinha falado, fazendo sôbre que é Hebron, na qual Abraão e Isaac
êle libações, e derramando óleo. 15E viveram como peregrinos. 28E todos
pôs àquele lugar o nome de Betei. os dias de Isac foram cento e oiten­
ta anos. ^E, exausto (de forças) pela
Nascimento de Benjamim idade, morreu; e uniu-se ao seu po­
vo, velho e cheio de dias; e Esaú e
16Partindo dali, chegou, no tempo Jacó, seus filhos, sepultaram-no.
da primavera, a um lugar junto da
Mulheres de Esaú
estrada que conduz a Efrata, onde
Raquel, tendo as dores do parto, 17e OC 1Esta é a descendência de
sendo o parto difícil, começou a es­ Esaú, chamado também Edom.
tar em perigo (de vida). E disse-lhe 2Esaú tomou (as suas) mulheres
Cap. X X X V — 4. Arrecadas, isto é, amuletos que tinham esculpidos sinais ou imagens
idolátricas.
18. A mão direita era símbolo da felicidade e da fôrça, e Jacó, depois da morte de
Raquel, dando ao seu filho o nome de Benjamim, queria significar que suportou com
resignação a morte de sua mulher, e que esperava que Benjam im fôsse são e robusto.
21. Tôrre do rebanho, assim chamada, porque era nela que os pastôres, por turno
durante a noite, guardavam os rebanhos.
22. P o r causa do seu grande pecado, Ruben foi privado do direito de primogenitura
(X L IX , 4).
36 GÊNESIS 57
entre as filhas de Canaã: Ada, fi­ lha de Ana, mulher de Esaú. 19Êstes
lha de Elon Heteu, e Oolibama, filha são os filhos de Esaú, isto é, de E-
de Ana, filha de Sebeon Heveu; *( to­ dom; e êstes os seus chefes.
m ou) também Basemat, filha de Is­ ^Êstes são os filhos de Seir Hor-
mael, irmã de Nabajot. reu, que habitavam aquela terra: L o ­
tam e Sobal, e Sebeon, e Ana, 21e
Filhos e descendentes de Esaú Dison, e Eser, e Disan; êstes os chefes
4Ada deu à luz Elifás; Basemat ge­ Horreus, filhos de Seir, na terra de
rou Rauel; 5Oolibama gerou Jeus e Edom. 22Os filhos de Lotan foram:
Jelão e Coré. Êstes são os filhos de Hori e Hemon; e Tamna era irmã de
Esaú, que lhe nasceram na terra Lotan. “ E êstes (fora m ) os filhos
de Canaã. 6Depois Esaú tomou suas de Sobal: Alvan e Manaat, Ebal, e Se­
mulheres e filhos e filhas, e tôda a fo e Onam. 24E êstes os filhos de
gente da sua casa, e possessões, e Sebeon: Aía e Ana. Êste Ana é o que
gados, e tudo o que tinha na terra achou umas águas quentes n,o deserto,
de Canaã, e foi para outro país, enquanto apascentava os jumentos de
e apartou-se do seu irmão Jacô. 7Por- seu pai Sebeon; 25e teve um filho
que eram muito ricos, e não podiam (chamado) Dison, e uma filha (cha­
habitar juntamente; nem os podia mada) Oolibama. 26E êstes (sao) os
sustentar a terra em que eram pe­ filhos de Dison: Hamdan, e Eseban,
regrinos, por causa da multidão dos e Jetrão, e Charão. 27Do mesmo modo
rebanhos. 8E Esaú, por outro nome êstes (são) os filhos de Eser: Balaão,
Edom, habitou sôbre o monte de Seir. e Zavan, e Acan. 28Disan teve êstes
9Ora êstes são os descendentes de filhos: Hus, e Arão. “ Êstes são os
Esaú, pai dos Idumeus, no monte chefes dos Horreus: o chefe Lotan, o
Seir, 10e êstes os nomes de seus f i­ chefe Sobal, o chefe Sebeon, o chefe
lhos: Elifás, filho de Ada, mulher de Ana, 30o chefe Dison, o chefe Eser,
Esaú; e Rauel, filho de Basemat, mu­ o chefe Disan; êstes os chefes dos
lher de Esaú. 11E os filhos de Elifás Horreus, que governaram na terra de
foram: Teman, Ornar, Sefo, e Gatam, Seir.
e Cenez. 12E Tamna era mulher se­ 31Os reis, porém, que reinaram na
cundária de Elifás, filho de Esaú; e terra de Edom, antes que os filhos de
ela deu-lhes à luz Amalec. Êstes são os Israel tivessem rei, foram êstes: 32Be-
filhos de Ada, mulher de Esaú. iaOs la, filho de Beor, e o nome da sua
filhos de Rauel foram: Nabat e Zara, cidade (fo i) Denaba. 33Morreu, po­
Sarna e Meza. Êstes foram os filhos rém, Bela, e reinou em seu lugar Jo-
de Basemat, mulher de Esaú. 14E ês­ bab, filho de Zara de Bosra. 34E, tendo
tes foram os filhos de Oolibama, filha falecido Jobab, reinou em seu lugar
de Ana, filha de Sebeon, mulher de Husão, da terra dos Temanitas. ^Mor­
Esaú. E gerou a Esaú: Jeus, Jelão e to também êste, reinou em seu lugar
Coré. 15Êstes são os chefes (das t r i­ Adad, filho de Badad, o qual derrotou
bos oriundas) dos filhos de Esaú: f i­ os Madianitas no país de Moab; e o
lhos de Elifás, primogênito de Esaú: nome de sua cidade era Avit. ®°E,
o chefe Temán, o chefe Ornar, o chefe tendo falecido Adad, reinou em seu
Sefo, o chefe Cenez, 16o chefe Coré, o lugar Semla de Masreca. 37Morto ês-
chefe Gatam, o chefe Amalec. Êstes te, também reinou em seu lugar Saul
( sao) os filhos de Elifás, na terra de de Roobot, que está perto do rio. 38E,
Edom, e êstes os filhos de Ada. "Ê s­ tendo êste também falecido, suce­
tes (são) também os filhos de Rauel, deu no reino Balanan, filho de Aco-
filho de Esaú: o chefe Naat, o chefe bor. 39Morto também êste, reinou em
Zara, o chefe Sama, o chefe Meza; ês­ seu lugar Adar; e o nome da sua
tes (são) os chefes (descendentes) de cidade era Fau; e sua mulher cha­
Rauel, na terra de Edom; êstes (são) mava-se Meetabel, filha de Matred,
os filhos de Basemat, mulher de Ésaú. (que era) filha de Mezaab. "Êstes
18E êstes são os filhos de Oolibama, são, pois, os nomes dos chefes que
mulher de Esaú: o chefe Jeus, o che­ procederam de Esaú, segundo suas es­
fe Jelão, o chefe Coré; êstes os che­ tirpes e seus lugares, e seus nomes:
fes que procederam de Oolibama, fi­ o chefe Tamna, o chefe Alva, o chefe
58 GENESIS 36 - 37
Jetet, 41o chefe Oolibama, o chefe Ela, em Siquém apascentando os rebanhos
o chefe Finon, 42o chefe Cenez, o che­ do pai, 13Israel disse-lhe: Teus ir­
fe Teman, o chefe Mabsar, 43o chefe mãos apascentam as ovelhas em Si-
Magdiel, o chefe Hirão; êstes (são) quém; vem, onviar-te-ei a êles. E, res­
os chefes de Edom, que habitaram pondendo êle, 14estou pronto, (Jacó)
na terra do seu império, êste é o disse-lhe: Vai, e vê se tudo corre bem
mesmo Esaú, pai dos Idumeus. a teus irmãos e aos rebanhos; e tra-
ze-me notícias do que se passa. (Sen­
Ciúme dos irmãos de José do) mandado do vale de Hebron, (J o­
07 habitou, pois, Jacó na ter- sé) chegou a Siquém; 15e, andando
1 ra de Canaã, na qual seu errante pelo campo, um homem en­
pai tinha vivido como peregrino. 2E controu-o e perguntou-lhe que procu­
esta é a sua posteridade: José, ainda rava. 16Êle respondeu: Procuro meus
jovem, tendo dezesseis anos, apascen­ irmãos, indica me onde apascentam os
tava o rebanho com seus irmãos; e rebanhos. 17E o homem disse-lhe:
acompanhava com os filhos de Bala Retiraram-se dêste lugar; e ouvi-lhes
e de Zelfa, mulheres de seu pai; e dizer: Vamos para Dotain. Partiu,
acusou seus irmãos perante seu pai pois, José atrás de seus irmãos, e en­
de um crime detestável. 3Ora Israel controu-os em Dotain. 18Êles, porém,
amava José mais que todos os seus tendo-o visto ao longe, antes que se
aproximasse, resolveram matá-lo. 19E
(outros) filhos, porque o gerara na diziam entre si: Eis aí vem o so­
velhice; e fêz-lhe uma túnica de vá­ nhador; 20vinde, matemo-lo, e lan­
rias côres. 4Vendo, pois, seus irmãos cemo-lo em uma cisterna velha; e di­
que era amado pelo pai mais que to­ remos: Uma fera cruel o devorou; e
dos os (outros) filhos, odiavam-no, e então se verá de que lhe aproveitam
não lhe podiam falar com bom modo. os seus sonhos. ^Ruben, porém, ou­
5Sucedeu também que êle referiu a vindo isto, esforçava-se por o livrar
seus irmãos um sonho que tivera; o das suas mãos, e dizia: 22Não lhe
que foi causa de maior ódio. °E dis­ tireis a vida, nem lhe derrameis o
se-lhes: Ouvi o sonho que eu tive: sangue, mas lançai-o nesta cisterna,
7Parecia-me que atávamos no campo
os feixes, e que o meu feixe como que está no deserto, e conservai puras
que se erguia, e estava direito, e as vossas mãos. Ora, dizia isto porque
ue os vossos feixes, estando em ro- queria livrá-lo das suas mãos, e res-
a, se prostravam diante do meu fei­ tituí-lo a seu pai. “ Logo, pois, que
xe. 8Responderam seus irmãos: Por­ (José) chegou junto de seus irmãos,
ventura serás nosso rei? ou seremos despiram-no da túnica talar de várias
sujeitos ao teu domínio? Êstes sonhos, côres, 24e lançaram-no na cisterna
pois, e estas conversas acenderam velha, que não tinha água.
mais a inveja e o ódio. 9Teve ainda José vendido e levado para o Egito
outro sonho, o qual referiu a seus ir­
mãos, dizendo: V i em sonhos que o ^E, sentando-se para comer pão, v i­
sol e a lua, e onze estréias como que ram uns viajantes Ismaelitas, que v i­
me adoravam. 10Ora, tendo êle contado nham de Galaad, e os seus camelos
isto a seu pai e aos irmãos, seu pai carregados de aromas, e resina, e mir-
repreendeu-o, e disse: Que quer dizer ra, para o Egito.
êste sonho que tiveste? Porventura 26E Judá, então, disse aos seus ir­
eu e tua mãe, e teus irmãos te ado­ mãos: De que nos aproveita matar o
raremos, prostrados por terra? “ Seus nosso irmão, e ocultar a sua morte?
irmãos, portanto, tinham-lhe inveja; 27É melhor que se venda aos Ismae­
porém, o pai meditava a coisa em si­ litas, e que se não manchem as nos­
lêncio. sas mãos: porque é nosso irmão e nos­
José mandado a Dotain sa carne. Concordaram os irmãos com
o que êle dizia. 2hE, quando passa­
“ E, como seus irmãos estivessem ram os negociantes Madianitas, tira-
Cap. X X X V II —* 4. o d ia v a m -n o ... P a ra evitar êstes grandes inconvenientes os pais
devem am ar igualmente os seus filhos, não tendo preferências.
37 - 38 GENESIS 59
ram-no da cisterna, e venderam-no Onan, seu filho: Desposa-te com a
por vinte dinheiros de prata aos Is- mulher de teu irmão, e vive com ela,
maelitas; e êstes levaram-no para o para suscitares descendência a teu ir­
Egito. ^E, tendo voltado Ruben à cis­ mão. 9Êle, porém, sabendo que os
terna, não encontrou o menino. 30E, filhos que nascessem não seriam seus,
rasgados os vestidos, indo ter com seus quando se juntava com a mulher de
irmãos, disse: O menino não aparece, seu irmão, impedia que ela concebes­
e eu para onde irei? 31*T omaram en­ se, a fim de que não nascessem filhos
tão a sua túnica, e tingiram-na no em nome de seu irmão. 10E, por isso,
sangue de um cabrito, que mataram; o Senhor o feriu de morte, porque fa ­
32e mandaram-na levar ao pai, e di­ zia uma coisa detestável. “ Pelo que
zer-lhe: Encontramos esta túnica; vê Judá disse a Tamar, sua nora: Con-
se é a túnica de teu filho, ou não. serva-te viúva em casa de teu pai até
33E o pai, tendo-a reconhecido, dis­ que cresça Sela, meu filho; porque
se: A túnica é de meu filho, uma cruel temia que êle também morresse, como
fera o comeu, uma bêsta devorou Jo­ seus irmãos. Ela re.tirou-se, e habitou
sé. 34E, rasgados os vestidos, cobriu- em casa de seu pai.
se de cilício, chorando seu filho por
muito tempo. 35E, tendo-se juntado Filhos de Judá nascidos de Tam ar
todos os seus filhos para suavizarem
a dor do pai, êle não quis admitir con­ 12E, passados muitos dias, morreu
solação, mas disse: Chorando, desce­ a filha de Sue, mulher de Judá, o qual
rei para meu filho ao inferno. E, en­ depois de a ter chorado e de se ter
quanto êle perseverava no pranto, consolado, foi a Tamnas ter com os
30os Madianitas venderam José no E gi­ tosquiadores das suas ovelhas, junta­
to a Putifar, eunuco de Faraó, gene­ mente com Hiras Odolamita, pastor
ral dos exértxtos. dos rebanhos. 13E foi noticiado a
Tam ar que seu sogro ia a Tamnas pa­
Casamento e filhos de Judã ra tosquiar as ovelhas. “ Então ela,
depondo os vestidos de viúva, tomou
90 1N o mesmo tempo, apartando-se um véu e, disfarçada sentou-se na en­
00 Judá de seus irmãos, foi pou­ cruzilhada do caminho, que conduz a
sar à casa de um homem Odolami- Tamnas; porque (via que) Sela tinha
ta, chamado Hirão. 2E viu ali a crescido, e não lho tinham dado por
filha de um homem Cananeu, chama­ marido. 15E Judá, tendo-a visto, ju l­
do Sue; e, recebendo-a por mulher, v i­ gou que era meretriz; porque tinha
veu com ela. 3E ela concebeu, e deu coberto o seu rosto para não ser re­
à luz um filho, e pôs-lhe o nome de conhecida. 10E, chegando-se a ela,
Her. 4E, concebendo outra vez, pôs disse: Deixa que me junte contigo;
ao filho nascido o nome de Onan. porque ignorava que fôsse sua nora.
5Deu à luz ainda um terceiro filho, E, tendo ela respondido: Que me da­
a quem chamou Sela; e, nascido êste, rás para gozares de mim? 17Êle disse:
cessou de dar à luz. 6E Judá deu Mandar-te-ei um cabrito dos (meus)
uma mulher, chamada Tamar, ao seu rebanhos. Ela replicou: Consentirei
primogênito Her. 7Mas Her, primo­ no que queres, contanto que me dês
gênito de Judá, foi um homem mau um penhor, até que mandes o que pro­
na presença do Senhor; e (o Senhor) metes. 18Judá disse: Que queres tu
o fêz morrer. “Disse, pois, Judá a que te dê por penhor? Respondeu: O
30. E eu para onde ireít Eu que, como primogênito, devia velar por meu irm ão José,
como terei coragem de aparecer diante de meu pai?
35. A o inferno, isto ê, ao limbo, onde as alm as dos justos estavam esperando a vinda
de Jesus Cristo.
Cap. X X X V I I I — 8-9. Desposa-te. .. Esta ordem de Judá mostra que já neste tempo
existia o costume, que mais tarde se converteu em lei (Deut., X X V , 5), em virtude do qual,
para impedir a extinção completa da fam ília, quando um homem casado m orria sem filhos,
seu irmão ou parente mais próximo devia desposar a viúva. O primogênito dêste segundo
casamento era considerado como filho do falecido, e herdava seus bens. Onan, porém, de­
sejava tõda a herança; daí o horrível pecado que cometeu e que depois tomou o seu nome.
13-19. O procedimento de Judá e de T am ar foi gravemente pecaminoso, embora alguns
60 GENESIS 38 - 39
teu anel e o bracelete, e o cajado que vidiu o muro por causa de ti? E por
tens na mão. A mulher, pois, conce­ êste motivo pôs-lhe o nome de Farés.
beu com um só ajuntamento, 19e, 30Depois saiu seu irmão, em cuja mão
levantando-se, retirou-se; e, deposto o estava o fio vermelho; e chamou-o
traje, que havia tomado, vestiu-se com Zara.
os vestidos de viúva.
"Ora, Judá mandou o cabrito pelo José superintendente da casa de Putifar
seu pastor Odolamita, para receber o 9 0 Mosé foi, pois, conduzido ao
penhor que tinha dado à mulher; mas Egito, e Putifar Egípcio, eu-
êle, não a tendo encontrado, “ per­ nuco de Faraó, e general do exército,
guntou aos habitantes daquele lugar: comprou-o aos Ismaelitas, que o ti­
Onde está aquela mulher que estava nham levado. 2E o Senhor era com
sentada na encruzilhada? Responde­ êle, e tudo o que fazia lhe sucedia
ram-lhe todos: Neste lugar não esteve pròsperamente; e habitava em casa do
meretriz alguma. “ Voltou para Judá, seu senhor, 3o qual conhecia muito
e disse-lhe: Não a encontrei; e, além bem que o Senhor era com êle, e pros­
disso, os homens daquele lugar disse- perava em suas mãos tudo o que fa­
ram-me que nunca ali estivera senta­ zia. 4E José achou graça diante do
da meretriz alguma. 23Judá disse: seu senhor, e servia-o; e tendo rece­
Guarde ela (o penhor que lhe dei), ao bido dêle a superintendência de tôdas
menos não pode acusar-me de men- as coisas, governava a casa que lhe
ra; mandei o cabrito que tinha pro- tinha sido confiada, e tudo o que lhe
metido, e tu não a encontraste. 24Mas, fôra entregue. 5E o Senhor abençoou
três meses depois, foram dizer a Ju- a casa do Egípcio, por causa de José
dá: Tamar tua nora, fornicou, e vê- e multiplicou todos os seus bens, tan­
se que está grávida. E Judá disse: T i­ to em casa como no campo. °E (P u ­
rai-a para fora para ser queimada. tifa r) não tinha outro cuidado, que
“ E, enquanto era conduzida ao suplí­ pôr-se à mesa a comer. Ora José era
cio, mandou dizer a seu sog ro: Eu de rosto formoso e aspecto gentil.
concebi do varão de quem são estas
coisas; vê de quem é o anel e o brace­ Castidade de José
lete, e o caiado. *E êle, reconhecidas
as dádivas, disse: Ela é mais justa do 7Pelo que, passados muitos dias,
que eu, pois que a não entreguei a lançou sua senhora seus olhos sobre
meu filho Sela. Êle todavia, não a José, e disse: Dorme comigo. 8Mas
conheceu mais. 27Mas, quando esta­ êle, não consentindo de modo algum
va para dar à luz, apareceram dois na execrável ação, disse-lhe: Eis que
gêmeos no ventre: e, na saída dos me­ o meu senhor, tendo entregue tudo
ninos, um deitou fora a mão, na qual nas minhas mãos, ignora o que tem
a parteira atou um fio vermelho, di­ em sua casa; 9e não há coisa alguma
zendo: 28Êste sairá primeiro. 29Porém, que não esteja em meu poder, ou que
reconhecendo êle a mão, saiu o ou­ me não tenha confiado exceto tu,
tro; e a mulher disse: P or que se di­ que és sua mulher. Como, pois, pos-
Santos Padres procurem diminuir a culpa de Tam ar, afirm ando que' ela procedera assim,
levada por um grande desejo de pertencer à fam ília que tinha recebido as promessas
divinas.
24. Para ser queimada. N o oriente as faltas das mulheres contra os bons costumes
foram sempre severamente punidas. T am ar estava noiva de Sela, e por isso foi conde­
nada por Judã, que tinha direito de o fazer como chefe de fam ilia.
26. É mais justa, isto é, procedeu comigo com menor injustiça do que eu com ela,
nâo lhe dando o meu filho Rela. Deve, todavia, dizer-se que, se diante de Judá a culpa
de T am ar foi menor, n&o o foi diante de Deus. Judá, não a tendo conhecido, pecou só
por fornicação, enquanto que ela, além disso, pecou por incesto e por adultério.
27. Deitou a mão de fora. E ra êste o primogênito, e por isso a parteira quis constatar
o fato, ligando a mfto do menino com um fio vermelho.
29. P or que se dividiu. .. por que se rompeu a m em brana em que estavas envolvido,
a fim de que saísses primeiro, tirando dêste modo a primogenitura a teu irmfto?
Cap. X X X IX — 9-10. A adm irável resposta de José mostra que êle não queria ofender
nem o seu senhor nem o seu Deus.
39 - 40 GÊNESIS 61
so eu cometer esta maldade, e pe­ 4E o guarda do cárcere entregou-os
car contra o meu Deus? 10Com seme­ a José que também os servia. Tinha
lhantes palavras todos os dias era a decorrido algum tempo, desde que ê-
mulher molesta ao jovem ; e êle recu­ les estavam encarcerados na prisão.
sava pecar. nMas aconteceu que, u.m 5E ambos, numa mesma noite, tiveram
dia, entrou José em casa, e fazia uma um sonho, que por sua interpretação
certa obra, sem que ninguém o visse; se referia a êles. °E, tendo ido José
12e ela, segurando-o pela orla do seu junto dêles pela manhã, e vendo-os
vestido, disse-lhe: Dorme comigo. Mas tristes, 7interrogou-os, dizendo: Por
êle, deixando a capa na sua mão fu­ que razão está hoje o vosso semblante
giu e saiu para fora. 13E a mulher, mais triste que o costumado? 8E êles
vendo a capa nas suas mãos, e (ven- responderam: Tivemos um sonho, e
do) que era desprezada, 14chamou a não há quem no-lo interprete. E José
si a gente da casa, e disse-lhes: Vêde, disse-lhes: Porventura não pertence a
trouxe-nos êste homem Hebreu para Deus a interpretação? Contai-me o
zombar de nós. Veio ter comigo para que vistes. fO copeiro-mór foi o pri­
me seduzir; e, tendo eu gritado, “êle, meiro que contou o seu sonho: Eu via
ao ouvir a minha voz, deixou a ca­ diante de mim uma cepa, 10na qual
pa em que eu pegava, e fugiu para havia três varas, crescer pouco a pou­
fora. 16Em prova da sua fidelidade co em gomos, e, depois, das flores, a-
mostrou ao marido, quando êle vol­ madurecerem as uvas; ne (eu tinha)
tou para casa, a capa com que tinha a taça de Faraó na minha mão; e to­
ficado, ne disse*: Aquêle servo H e­ mei as uvas, e espremi-as na taça,
breu, que trouxeste, veio ter comigo ‘ que tinha na mão, e apresentei de be­
para fazer zombaria de mim; t8e, ber a Faraó. 12José respondeu: A in­
ouvindo que eu gritava, deixou a capa terpretação do sonho é esta: As três
em que eu pegava, e fugiu para fora. varas são três dias ainda (que aqui
19Ao ouvir isto, o senhor, demasiado estarás), 13depois dos quais se lem­
crédulo nas palavras da mulher, irou- brará Faraó dos teus serviços, e te
se em extremo; 20e lançou José no restituirá ao antigo cargo; e tu lhe a-
cárcere, onde estavam detidos os pre­ presentarás a taça conforme o teu o-
sos do rei, e êle foi aí encarcerado. fício, como costumavas fazer antes.
mO Senhor, porém, foi com José e, 14Sòmente lembra-te de mim, e usa
compadecido dêle, fê-lo encontrar gra­ para comigo de compaixão, quando
ça diante do governador da prisão, fores feliz, e solicita a Faraó que me
“ o qual confiou à sua vigilância todos tire dêste cárcere, 15porque, por frau­
os presos que estavam no cárcere; e de, fui tirado da terra dos Hebreus,
tudo o que se fazia, era feito por sua e, estando inocente, fui lançado nes­
ordem. 23Nem (o governador) tomava ta fossa.
conhecimento de coisa alguma, depois 10Vendo o padeiro-mor que (José)
que lhe confiou tudo; porque o Se­ tinha interpretado sàbiamente o so­
nhor era com êle, e fazia prosperar nho, disse: Também eu tive um so­
tôdas as suas obras. nho: (Parecia-m e) ter três cestos de
farinha sôbre a minha cabeça, 17e
José interpreta o sonho dos prisioneiros que, no cesto que estava mais alto,
levava todos os manjares, que a arte
4 A 'Depois disto, aconteceu que dois de padeiro pode preparar, e que as
eunucos. o copeiro do rei do aves comiam dêle. 18José respondeu:
Egito e o padeiro, pecaram contra A interpretação do sonho é esta: Os
o seu senhor: 2E Faraó, irado contra três cestos são três dias ainda (que te
êles (porque um presidia aos copeiros, restam), 19depois dos quais Fàraó
outro aos padeiros), -3mandou-os me­ mandará tirar-te a cabeça, e te sus­
ter no cárcere do general do exército penderá em uma fôrca e as aves de­
no qual estava também prêso José. vorarão as tuas carnes.
11. Entrou em casa, etc. O hebraico diz: Entrou em casa para fazer o seu serviço,
sem que lá estivesse nenhuma das pessoas de casa.
12. Fugiu. “Aprende também tu, diz Santo Agostinho, a fu gir dos perigos da impureza,’
se queres obter a palm a da castidade”.
62 GÊNESIS 40 - 41
20(C om e feito) três dias depois, era pendurado em uma fôrca. 14Imedia-
O dia do nascimento de Faraó, o qual, tamente José foi tirado do cárcere por
dando um grande banquete aos seus mandado do rei; barbearam-no, mu­
criados, se lembrou à mesa do copei- daram-lhe os vestidos, e apresentaram-
ro-m ór e do padeiro-mór. 21E restituiu lho. 15E êste disse-lhe: T ive uns so­
um ao seu lugar, para lhe ministrar nhos, e não há quem os interprete;
a taça; 22e mandou suspender o outro ouvi dizer que tu sabes explicá-los sa-
num patíbulo, pelo que foi compro­ pientissimamente. 16José respondeu:
vad a a verdade do intérprete. 23E, Sem mim Deus responderá favorável-
não obstante sucederem-lhe próspera- mente a Faraó. 17Faraó, pois, contou
m en te as coisas, o copeiro-mór es­ o que tinha visto: Parecia-me estar
queceu-se do seu intérprete. sôbre a margem do rio, 18e que saíam
do rio sete vacas, em extremo form o­
Sonhos de Faraó sas, e muito gordas, as quais pasta­
A ] ^ o is anos depois, Faraó teve vam a erva verde nos lugares palus-
tres. 19E eis que, atrás destas, vi­
um sonho. Parecia-lhe que es­ nham outras sete vacas tão disformes
ta v a na margem do rio, 2do qual saíam e magras, que nunca as vi semelhan­
sete vacas, muito formosas e gordas, tes na terra do Egito; ^as quais, de­
as quais pastavam nos lugares pa- voradas e consumidas as primeiras,
lustres. 3Saíam também outras sete 21não deram nenhum sinal de ficar
do rio, desfiguradas e consumidas fartas; mas ficaram tão macilentas e
de magreza, as quais pastavam na feias como dantes. Acordei, fui nova-
m esm a margem do rio, em lugares mente oprimido pelo sono, 22e tive
cheios de erva; 4e (estas) devoravam êste sonho: Sete espigas saíam do
aquelas que eram belas de aspecto e mesmo caule cheias (de grãos) e fo r­
gordas de corpo. Tendo Faraó desper­ mosas. 23E outras sete delgadas e
tado, 5adormeceu novamente, e teve queimadas do suão, nasciam doutro
Outro sonho: Sete espigas saíam do caule, 24as quais devoravam as pri­
mesmo caule, cheias de grãos e form o­ meiras, que eram tão belas. R eferi aos
sas; 6e nasciam também outras tan­ adivinhos o sonho, e não há quem o
tas espigas delgadas e queimadas do explique. 25José respondeu: O sonho
suão, 7as quais devoravam tôdas as do rei reduz-se a um só: Deus mos­
primeiras que eram tão belas. Desper­ trou a Faraó o que está para fazer.
tando Faraó do sono, 8e tendo ama­
nhecido, cheio de pavor, mandou cha­ Explicação do sonho
m ar todos os adivinhos do Egito, e
todos os sábios; e, estando reunidos, 26As sete vacas formosas, e as sete
contou-lhes o sonho e não havia quem espigas cheias (de grã o), são sete a-
lho explicasse. nos de abundância; e no sonho têm a
José interpreta os sonhos de Faraó mesma significação. S7As sete vacas
magras e macilentas, que subiram (do
9Então, finalmente, lembrando-se rio ) após as primeiras, e as sete espi­
o copeiro-mór (de José), disse: Con­ gas delgadas e queimadas do suão, são
fesso a minha falta: 10Tendo-se o sete anos de fome que estão para vir.
rei irado contra os seus servos, man­ 2SE isto cumprir-se-á por esta ordem.
dou que eu e o padeiro-mór fôssemos 29Eis que virão sete anos de grande
metidos no cárcere do general do e- fertilidade por tôda a terra do Egito;
xército; ne aí, uma noite, ambos nós 30depois dos quais seguirão outros se­
tivemos um sonho que pressagiava o te anos de tanta esterilidade, que se­
futuro. 12Achava-se lá um jovem He- rá esquecida tôda a abundância pas­
breu, servo do mesmo general do exér­ sada; porque a fome há de consumir
cito; e, tendo-lhe nós referido os so­ tôda a terra, 31e a grandeza da penú­
nhos, 13ouvimos tudo o que depois ria há de absorver a grandeza da a-
os fatos comprovaram; porque eu fui bundância. 32E, quanto ao segundo so­
restituído ao meu ofício, e o outro foi nho que tiveste, que se refere à mes-
Cap. X L I — 16. Sem mim. .. O hebreu diz: Não sou eu, é Deus que dará uma resposta...
25. o sonho do rei. .. isto é, os dois sonhos têm sòmente um a significação.
41 - 42 GENESIS 63
ma coisa, é um sinal certo de que se anos e, atado o trigo aos molhos, foi
há de executar a palavra de Deus, e recolhido nos celeiros do Egito. “ Re-
prontamente se cumprirá. “ Agora, colheu-se também em cada uma das
pois, escolha o rei um homem sábio cidades tôda a abundância de frutos.
e ativo, a quem dê autoridade sôbre 49E foi tanta a abundância do trigo,
a terra do Egito; 34e êste (hom em ) que igualava a areia do mar, e a
estabeleça superintendentes por tôdas quantidade excedia tôda a medida.
as províncias; e a quinta parte dos 60Nasceram a José dois filhos antes de
frutos nos sete anos de fertilidade, chegar a fome, os quais lhe foram da­
“ que já estão para começar, seja reco­ dos à luz por Asenet, filha de Putifar,
lhida nos celeiros; e guarde-se todo o sacerdote de Heliópolis. 51E ao primo­
trigo debaixo do poder de Faraó, e gênito pôs o nome de Manassés, di­
conserve-se nas cidades. S6E tenha-se zendo: Deus me fêz esnuecer todos
preparado para a futura fome dos os meus trabalhos, e da casa de meu
sete anos, que há de oprimir o E gi­ pai. 52Ao segundo pôs o nome de E-
to; e assim o país não será consumi­ fraim, dizendo: Deus me fêz crescer,
do pela fome. na terra da minha pobreza. “ Pas­
sados, pois, os sete anos da abundân­
José nomeado superintendente do Egito cia, que houve no Egito, “ começaram
a vir os sete anos de carestia, que
37Agradou o conselho a Faraó e a José prognosticara; e, em todo o mun­
todos os seus ministros; “ e disse- do, se fêz sentir a fome; porém em
lhe: Poderemos nós encontrar um ho­ tôda a terra do Egito havia ção. 54 55*E,
mem como êste, que esteja (tã o) quando também o Egito sentiu a fo ­
cheio de espírito de Deus? “ Disse, me, o povo clamou a Faraó, pedindo
pois, a José: Visto que Deus te mani­ sustento. E êle respondeu-lhes: Ide a
festou tudo o que disseste, poderei eu José, e fazei tudo o que êle vos dis­
encontrar alguém mais sábio e seme­ ser. “ Ora a fome crescia todos os dias
lhante a ti? -“Tu governarás a minha em tôda a terra; e José abriu todos
casa, e, ao mando de tua voz obedece­ os celeiros, e vendia aos Egípcios;
rá todo o povo; eu não terei sobre ti porque também a êles oprimia a fo ­
outra precedência além do trono. 41E me. 57E tôdas as províncias vinham
Faraó disse mais a José: Eis que te ao Egito, para comprar de comer, e
dou autoridade sobre toda a terra do procurar alívio ao mal da carestia.
Egito. 42E tirou o anel da sua mão,
e meteu-o na mão dêle; e vestiu-lhe
um vestido de linho fino, e pôs-lhe ao Jacó manda seus filhos ao Egito
pescoço um colar de ouro. 43E fê-lo
subir para o seu segundo côche, cla­ A O JOra Jacó, tendo ouvido dizer
mando o pregoeiro que todos ajoe­ ’ ■ que no Egito se vendia de
lhassem diante dêle, e soubessem que comer, disse a seus filhos: P or que
era o superintendente de toda a terra estais a olhar uns para os outros?
do Egito. 44Disse também o rei a José: 2Ouvi dizer que no Egito se vendia
Eu sou Faraó; sem teu mando nin­ trigo; ide, e comprai-nos o necessário,
guém moverá mão ou pé em tôda a para que possamos viver, e não seja­
terra do Egito. "E mudou-lhe o nome, mos consumidos pela fome. 3Os dez
e chamou-o na língua egípcia Sal­ irmãos de José foram, pois, ao Egito
vador do Mundo. E deu-lhe por mu­ para comprar trigo. 4E Benjamim fi­
lher a Asenet, filha de Putifar, sacer­ cou retido em casa com Jacó, o qual
dote de Heliópolis. Saiu, portanto, Jo­ tinha dito aos seus irmãos: Não lhe
sé a correr a terra do Egito, “ (tinha vã acontecer alguma desgraça na via­
trinta anos quando se apresentou di­ gem. 5Êles entraram na terra do E gi­
ante do rei Faraó), e percorreu tô­ to com outros que iam comprar (t r i­
das as províncias do Egito. g o ). Porque existia a fome na terra
47Veio, pois, a fertilidade dos sete de Canaã.

54. E m todo o mundo, expressão hiperbólica p ara exprim ir tôdas as terras vizinhas
do Egito.
57. Tôdas as províncias, isto é, todos os habitantes dos países circunvizinhos do Egito.
64 GÊNESIS 42
Encontro de José com seus irmãos porque pecamos contra o nosso ir­
°E José era governador na terra mão, vendo a angústia do seu cora­
do Egito, e, conforme a sua vontade, ção, quando nos suplicava, e nós não
se vendia o trigo aos povos. E, ten- atendemos; por isso veio sôbre nós
do-se prostrado diante dêle os seus esta tribulação.
22Ruben, um dêles, disse: Porventu­
irmãos, êle os reconheceu, 7e falava- ra não vos disse eu: Não pequeis con­
lhes com aspereza, como a estrangei­ tra o menino; e vós não me ouvis­
ros, perguntando-lhes: Donde vindes? tes? Eis que se requer (de nos) ó
E êles responderam: Da terra de Ca- seu sangue.
naã, a fim de comprar o necessário 23Ora êles não sabiam que José os
para o sustento. 8Embora êle reco­ entendia; porque lhes falava por in­
nhecesse os irmãos, todavia não foi térprete. 24E (José) retirou-se um
reconhecido por êles. 9E, lembrado momento, e chorou; e, voltando, falou
dos sonhos que em outro tempo tive­ com êles. 25E, tendo mandado tomar
ra, disse-lhes: Vós sois espias; viestes e ligar Simeão na presença dêles,
para reconhecer os lugares mais fra ­ mandou aos oficiais que enchessem os
cos do país. 10Êles responderam: Não seus sacos de trigo, e repusessem o di­
é assim, senhor, mas os teus servos nheiro de cada um no seu (respectivo)
vieram para comprar de comer. “ So­
mos todos os filhos de um mesmo ho­ saco, dando-lhes, além disso, manti­
mem; vimos com sentimentos pacífi­ mentos para o caminho; e assim f i­
cos, nem os teus servos maquinam zeram.
mal algum. “ Êle respondèu-lhes: Isso Os outros filhos de Jacó
não é assim; vós viestes observar os voltam a seu pai
lugares não fortificados dêste país. 20E êles, levando o trigo sôbre os
“ Êles, porém, disseram: Nós, teus ser­ seus jumentos, partiram. 27E, abrin­
vos, sòmos doze irmãos, filhos de um do um dêles o saco, para dar de co­
mesmo homem na terra de Canaã; o mer ao (seu) jumento na estalagem,
mais pequeno está com nosso pai, o vendo o dinheiro, na bôca do saco,
outro jã não existe. 14fi o que eu disse, 28disse para seus irmãos: Tornaram-
tornou (J os é): Sois espias. 15Desde já me a dar o dinheiro, e ei-lo aqui no
vos porei à prova; pela saúde de F a ­ (m eu ) saco. E, pasmados e perturba­
raó não saireis daqui, até que venha dos disseram uns para os outros: Que
vosso irmão mais novo. 16Mandai um é isto que Deus nos fez? 20E foram pa­
de vós que o traga; e vós ficareis pri­ ra casa de Jacó seu pai, na terra de
sioneiros, até que se prove se é verda­ Canaã, e contaram-lhe tudo o que
deiro ou falso o que dissestes; aliás, lhes tinha acometido, dizendo: 30O se­
pela saúde de Faraó, sois espias. nhor daquela terra falou-nos com du­
17Meteu-os, pois, em prisão durante reza, e julgou que nós éramos espias
ti'ês dias. do país. 31Nós respondemos-lhe: ^So­
Simeão fica prisioneiro mos homens pacíficos, e não maqui­
namos traição alguma. 32Somos doze
18E, tendo-os mandado tirar do cár­ irmãos gerados de um mesmo pai; um
cere no terceiro dia, disse: Fazei o já não existe, e o mais novo está com
que vos disse, e vivereis, porquanto nosso pai na terra de Canaã. 33E êle
temo a Deus. 19Se sois de paz, um disse-nos; Eu provarei dêste modo se
vosso irmão tique ligado no cárcere; sois homens pacíficos: Deixai um vos­
e vós ide, e levai para vossas casas so irmão em meu poder, e tomai os
o trigo que comprastes. 20E trazei-me mantimentos necessários para as vos­
vosso irmão mais novo, para que eu sas famílias, e parti, 84e trazei-me o
possa verificar as vossas palavras, e vosso irmão mais novo, para que eu
vós não sejais condenados à morte. saiba que não sois espias, e possais
Êles fizeram como (José) lhes tinha recuperar êste, que fica em prisão, e
dito; 21e disseram uns para os outros: depois tenhais licença de comprar o
Justamente sofremos estas coisas, que quiserdes.
Cap. X L I I — 7. Falava-lhes com aspereza p ara os experimentar, a fim de ver quais
eram as suas disposições para com seu pai e Benjamim.
42 - 43 GÊNESIS 65
“ Dito isto, ao despejar o trigo, cada trouxer, e to não restituir, serei sem­
um dêles encontrou na boca do (seu) pre réu de pecado para contigo. 10Se
saco o dinheiro embrulhado; e (ten ­ não tivesse havido (ta nta ) demora, já
do ficado) todos espavoridos, “ o seu teríamos vindo segunda vez. “ Então
pai Jacó disse: Vos levastes-me a Israel, seu pai, disse-lhes: Se assim
ficar sem filhos. José já não existe, é necessário, fazei o que quereis; to­
Simeão está em cadeias, e haveis de mai dos melhores frutos do país nos
levar-me Benjamim. Sobre mim cai- vossos vasos, e levai de presente a ês-
ram todos êstes males. 37Ruben res- se homem um pouco de resina, e de
pondeu-lhe: Mata os meus dois fi­ mel, e de estoraque, de mirra, e de te-
lhos, se eu to não trouxer outra vez; •rebinto, e de amêndoas. 12Levai tam­
entrega-o nas minhas mãos, e eu to bém convosco dobrado dinheiro; e
restituirei. 38Êle, porém, disse: O meu tornai a levar aquêle que encontras­
filho não irá convosco; seu irmão tes nos sacos; não tenha acontecido
morreu, e êle ficou só; se lhe acon­ (isso) talvez por engano. 13Tom ai tam­
tecer alguma desgraça na terra para bém o vosso irmão, e ide ter com ês-
onde ides, fareis descer os meus ca­ se homem. 14E o meu Deus onipoten­
belos brancos com (essa) dor à ha­ te vo-lo torne propício, e remeta con­
bitação dos mortos. vosco o vosso irmão que retém prêso,
e êste (m e u ) Benjamim; eu (en tre­
Jacó m anda novamente seus filhos tanto) serei como um homem que fi­
ao Egito, confiando-lhes Benjamim ca privado de filhos.
^ O E ntretanto a fome oprimia Encontro com José
cruelmente tôda a terra. 2E,
consumidos os víveres çpie tinham le­ 15Êles, pois, tomaram os presentes
vado do Egito, Jacó disse a seus fi­ e o dinheiro dobrado, e Benjamim; e
lhos: Voltai, e comprai-nos um pou­ desceram ao Egito, e apresentaram-se
co de víveres. 3Judá respondeu: A- a José.
quêle homem intimou-nos com jura­ 16E êle, tendo-os visto, e a Benja­
mento, dizendo: Vós não vereis a mi­ mim com êles, deu ordens ao despen-
nha face, se não trouxerdes convosco seiro de sua casa, dizendo: Manda
o vosso irmão mais novo. 4Se tu, entrar para dentro de casa (ésses)
pois, queres mandá-lo conosco, iremos homens, e mata vítimas, e prepara
juntos e te compraremos o necessá­ um banquete; porque hão de comer
rio; 5mas se não queres, não iremos, comigo ao meio-dia. 17Fêz êle o que
porque aquêle homem, como temos lhe tinha sido ordenado, e introdu­
dito muitas vezes, intimou-nos dizen­ ziu os homens em casa (de José).
do: Não Vereis a minha face sem 18E aí, amedrontados, disseram uns
(tra zer) o vosso irmão mais novo. para os outros: Por causa daquele
Tsrael disse-lnes: Para minha des­ dinheiro, que levamos em nossos sa­
graça fizestes-lhe saber que tínheis cos, somos introduzidos aqui para fa ­
ainda um outro irmão. 7Êles, porém, zer cair sôbre nós esta calúnia, e su­
responderam: Aquêle homem inter­ jeitar violentamente à escravidão nós
rogou-nos por ordem sôbre a nossa e os nossos jumentos. 19P or isso, ao
família; se vivia o pai; se tínhamos entrar a porta, aproximaram-se do
(o u tro ) irmão; e nós respondemos- despenseiro da casa, “ e disseram: Ro-
lhe segundo o que êle perguntava. gamos-te, senhor, que nos ouças. Já
Porventura, podíamos nós saber que uma vez viemos comprar víveres; 21e,
êle iria dizer: Trazei vosso irmão depois de os termos comprado, quan­
convosco? 8Judá disse também a seu do chegamos à estalagem, abrimos os
pai: Manda c menino comigo, para nossos sacos, e encontramos na bôca
partirmos, e podermos viver, e não dos sacos o dinheiro, o qual tornamos
morrermos nós e os nossos meninos. a trazer agora no mesmo pêso.
°Eu me encarrego do menino; re- (além deste) trouxemos outro dinhei­
quere-o da minha mão; se eu o não ro, para comprarmos o que nos é ne­
Cap. X L I I I — 1-2. Segunda viagem dos filhos de Jacó ao Egito,
16. Vítim as, isto ê, anim ais destinados a ser comidos.

3 - B íb lia Sagrad a
66 GÊNESIS 43 - 44
cessário; não sabemos quem pusesse de primogenitura, e o mais novo se­
aquêle nos nossos sacos. 23Êle, porém, gundo a sua idade. E admiravam-se
respondeu: A paz seja convosco, não sobremaneira, 34recebendo os quinhões
temais. O vosso Deus, e o Deus de que lhes mandava; e para Benjamim
vosso' pai pôs-vos ( aqueles) tesouros foi o maior quinhão, que era cinco
nos vossos sacos; porque o dinheiro, vêzes mais abundante. E beberam e
que me destes, eu o tenho em boa alegraram-se com êle.
moeda. E trouxe-lhes Simeão. 24E, in­
troduzidos em casa, trouxe-lhes água, Os irmãos de José acusados de
e levaram os pés; e deu de comer aos furto
seus jumentos. -'‘E êles preparavam
os presentes, para quando José en­ AA *E José ordenou ao despensei-
trasse ao meio-dia; porque tinham ro da sua casa, dizendo: En­
ouvido que aí haviam de comer. ^Jo- che de trigo os seus sacos, quanto
sé, pois, entrou em sua casa, e êles êles podem levar, e põe o dinheiro de
ofereceram-lhe os presentes, que ti­ cada um na oôca do saco. 2E põe na
nham nas suas mãos; e saudaram-no, bôca do saco do mais novo a minha
inclinando-se até à terra. taça de prata, e o dinheiro que deu
pelo trigo. E assim foi feito. 9E, che­
José /aia a seus irmãos gada a manhã, foram despedidos com
os seus jumentos. 4E já haviam saído
27Êle, porém, depois de os ter be­ da cidade, e tinham caminhado um
nignamente saudado, interrogou-os, pouco, guando José, chamando o
dizendo: O vosso velho pai, de quem despenseiro da casa, disse: Levanta-
me falastes, está de saúde? ainda v i­ te, e vai atrás daqueles homens, e,
ve? 28E êles responderam: Nosso quando os tiveres alcançado, dize-
pai, teu servo, está de saúde, ainda lhes: Por que razão tornastes mal
vive. E, inclinando-se, o saudaram. por bem? 6A taça, que roubastes, é
“ E José, levantando os olhos, viu aquela pela qual bebe o meu senhor,
Benjamim, seu irmão uterino, e dis­ e da qual se serve para as suas adivi­
se: É êste o vosso irmão mais novo, nhações; vós fizestes uma péssima
de quem me tinheis falado? E acres­ coisa. 0(O despenseiro) fêz como lhe
centou: Deus se compadeça de ti, meu foi mandado. E, tendo-os alcançado,
filho. 80E apressou-se (a se re tira r), falou-lhes nos termos ordenados. 7E
porque suas entranhas se tinham co­ êles responleram: Por que fala as­
movido por causa de seu irmão, e as- sim o nosso senhor, como se os teus
somavam-lhe as lágrimas; e, entran­ servos tivessem cometido tão grande
do no (seu) quarto, chorou. 2*31E, sain­
9 crime? 8Nós trouxemos-te da terra
do outra vez depois de lavado o ros­ de Canaã o dinheiro, que achamos no
to, conteve-se, e disse: Trazei de co­ cimo dos sacos; e como é que, depois
mer. 32*E foi posta a mesa à parte pa­ disto, pode ser que tenhamos furta­
ra José, à parte para os irmãos, à do da casa do teu senhor, ouro ou
parte também para os E^gípcios, que prata? 9Aquêle dos teus servos em
comiam com êle, (porque não é lícito cujo poder se encontrar o que pro­
aos Egípcios comer com os Hebreus, curas, morra, e nós seremos escra­
e consideram profano tal banquete). vos do nosso senhor.
3ySent.aram-se na sua presença, o 10Èle disse-lhes: Faça-se segundo as
primogênito segundo o seu privilégio vossas palavras: aquêle em cujo po­
29. Seu irmão uterino. O original diz: Seu irmão, filho de sua mãe.
31. Depois de lavado o rosto, para que ninguém soubesse que tinha chorado.
32. José comia só, em mesa separada, por causa da sua dignidade.
33. E adm iravam -se, por se verem à mesa em casa do Governador de todo o Egito.
Cap. X L I V — 1. E ordenou, etc. Com esta última prova, José quis ver se seus irmãos
am avam sinceramente Benjamim. Se o amassem, ao vê-lo acusado de furto, intercederíam
por êle; do contrário abandonâ-lo-iam .
5. E da qual se serve, etc. N ã o é provável que José se servisse d a taça adivlnhatória,
êle que tinha atribuído expllcitamente a Deus as suas interpretações dos sonhos (X L , 8:
X L I, 16). M anda, porém, fa la r segundo a opinião que dêle form ava o povo, o qual ju l­
g a v a que se servia da taça p ara conhecer as coisas futuras e ocultas.
44 - 45 GENESIS 67
der se encontrar (o que eu procuro), so irmão mais novo, não vereis mais
será meu escravo, e vós sereis inocen­ a minha face. 24Tendo nós, pois, ido
tes. "Portanto, pondo à pressa os sa­ para nosso pai, teu servo, contamos
cos em terra, cada um abriu o seu. tudo o que o meu senhor tinha dito.
12E (o despenseiro) , tendo-os exami­ “ E (passado algum tem po) nosso
nado, principiando desde o maior até pai disse-nos: Voltai, e comprai-nos
ao mais pequeno, encontrou a taça mais algum trigo. 26É nós dissemos-
no saco de Benjamim. 13Então êles, lhe: Não podemos ir; se nosso irmão
rasgados os vestidos e carregados ou­ mais novo fôr conosco, partiremos
tra vez os jumentos, voltaram para juntamente; de outra maneira, sem ê-
a cidade. le, não nos atrevemos a ver a face da­
quele homem. 27Ao que êle respondeu:
Judá intercede, em nome de seu pai, Vós sabeis que minha mulher me deu
em favo r de Benjamim à luz dois filhos. aUm dêles saiu de
casa, e vós dissestes: Uma fera o de­
14E Judá íoi o primeiro que entrou vorou; e até agora não aparece. “ Se
com seus irmoos na casa de José (por­ levardes também êste, e lhe aconte­
quanto ainda se não tinha retirado de cer alguma desgraça no caminho, fa­
lá), e todos se prostraram por terra, reis descer com tristeza os meus ca­
diante dêle. 15E êle disse-lhes: Por belos brancos à habitação dos mor­
que quisestes proceder assim? P or­ tos. 30Portanto, se eu entrar em ca­
ventura ignorais que não há seme­ sa de nosso pai, teu servo, e faltar o
lhante a mim na ciência de adivi­ menino, (com o a sua alma depende
nhar? 16E Judá disse-lhe: Que res­ da alma dêste), 31vendo que êle não
ponderemos nós ao meu senhor? ou está conosco, morrerá; e teus servos
que coisa diremos, ou que justas des­ farão descer com tristeza os seus ca­
culpas poderemos apresentar? Deus belos brancos à habitação dos mor­
encontrou a iniqüidade de teus servos; tos. 32Seja eu mesmo teu próprio es­
eis que somos todos escravos do meu cravo, eu que sob minha fé o rece-
senhor, nós, e aquêle junto do qual bi, e obriguci minha pessoa, dizen­
foi encontrada a taça. 17José res­ do: Se eu não o tornar a trazer,
pondeu: Longe de mim proceder dês- serei para sempre réu de pecado con­
se modo; aquêle que roubou a taça, tra meu pai. 33Portanto eu ficarei
seja meu escravo; e vós ides livres teu escravo, em lugar do menino, ao
para v o s s o pai. serviço do meu senhor, e o menino
18Então Judá, aproximando-se (de volte com seus irmãos. 34Porque não
José), cheio de ânimo, disse: Peço-te, posso tornar para meu pai sem o me­
meu senhor, que permitas ao teu nino, para que eu não seja testemu­
servo dizer uma palavra aos teus ou­ nha da aflição que oprimirá meu pai.
vidos, e que não te agastes com o teu
servo, porçfue tu éá depois de Faraó, José dá-se a conhecer a seus irmãos
19o meu senhor. Primeiramente per­
guntaste a teus servos: Tendes pai ou K ^osé não se podia conter mais
irmão? 20E nós respondemos-te, meu diante dos muitos circunstan-
senhor: Temos um pai já velho, e tes, pelo que ordenou que todos saís­
um menino mais pequeno, que (lh e ) sem, e nenhum estranho assistisse ao
nasceu na sua velhice, um irmão ute- reconhecimento mútuo. 2E levantou
rino do qual morreu; e é o único a voz chorando, a qual ouviram os
que resta de sua mãe, e o pai ama-o Egípcios e tôda a casa de Faraó. 3E
ternamente. 21E tu disseste a teus disse a seus irmãos: Eu sou José; v i­
servos: Trazei-mo, e porei os meus ve ainda meu pai? Não podiam res­
olhos sôbre êle. 22E nós replicamos ponder-lhe seus irmãos, possuídos dum
ao meu senhor: O menino não pode excessivo terror. 4Êle, porém, com be-
deixar seu pai, porque, se o deixar, nignidade, disse-lhes: Aproximai-vos
(seu pai) morrerá. ^E tu disseste a de mim. E, tendo-se êles aproxima­
teus servos: Se não vier convosco vos­ do, disse: Eu sou José, vosso irmão,
15. N a ciência de adivinhar, ou seja, na arte de adivinhar.
16. Deus en con trou ... isto è, Deus puniu hoje o pecado que cometemos contra José,
68 GÊNESIS 45 - 46
a quem vós vendestes para o Egito. os bens do Egito, para que comais o
5Não temais, nem vos pareça ser coi­ miolo da terra. 19Ordena também que
sa dura o terdes-me vendido para tomem carros da terra do Egito para
êste país, porque para vossa salva­ a condução de seus filhos e mulheres;
ção me mandou Deus adiante de vós e dize-lhes: Tom ai vosso pai, e apres­
para o Egito. 6Porquanto há dois anos sai-vos a vir quanto antes. ME nao
que principiou a haver fome neste tenhais pena de não trazer todas as
país; e ainda restam cinco anos, nos vossas alfaias; porque todas as rique­
[uais nem se poderá lavrar, nem cei- zas do Egito serão vossas.
?ar. 7E Deus enviou-me adiante para 21E os filhos de Israel fizeram co­
que sejais conservados sobre a terra, mo lhes fora mandado. E José deu-
e possais ter alimento para viver. lhes carros, segundo a ordem de F a­
8Não (f o i) por vosso conselho que raó, e mantimentos para o caminho.
fui mandado para aqui, mas por von­ “ Mandou também dar a cada um
tade de Deus, o qual me tornou qua­ dois vestidos; a Benjamim, porém deu
se pai de Faraó, e senhor de tôda trezentas moedas de prata com cinco
a sua casa e príncipe em tôda a ótimos vestidos; 2"mandando a seu
terra do Egito. °Apressai-vos, e ide pai outro tanto de dinheiro e de ves­
a meu pai, e lhe direis: Isto te man­ tidos, acrescentando dez jumentos,
da dizer teu filho José: Deus fêz-me que levavam de tôdas as riquezas do
senhor de tôda a terra do Egito; vem Egito; e outras tantas jumentas que
para a minha companhia, não te de­ levavam trigo e pão para o cami­
mores, 10e habitarás na terra de Ges- nho. 24Despediu, pois, seus irmãos, e,
sém; e estarás perto de mim tu e ao partir, disse-lhes: Não alterqueis
teus filhos o os filhos de teus filhos, durante a viagem.
as tuas ovelhas e os teus rebanhos,
e tudo o que possuis. “ E aí te susten­ A legria de Jacó
tarei (porque ainda restam cinco a- 25E êles, partindo do Egito, chega­
nos de fom ei, para que não pereças ram à terra de Canaã, à casa de seu
tu e a tua casa, e tudo o que possuis. pai Jacó. “ E deram-lhe a nova, di­
12Eis que os vossos olhos e os olhos zendo: José, teu filho vive, e governa
de meu irmão Benjamim vêem que é tôda a terra do Egito. Ouvindo isto
a minha bôca que vos fala. 13Con- Jacó como que despertou de um pro­
tai a meu pai tôda a minha glória, e fundo sono, todavia não os acredita­
tudo o que vistes no Egito; apressai- va. 27Êles, porém, contavam toda a
vos, e trazei-mo. 14E, tendo se lan­ série dos acontecimentos. E, quando
çado ao pescoço de seu irmão Ben­ (Jacó) viu os carros, e tudo o que
jamim para o abraçar, choiou, cho­ (José) tinha mandado, reviveu o seu
rando também (B enjam im ) sôbre o espírito, 28e disse: Basta-me que ainda
seu pescoço. 15E José beijou todos viva meu filho José; irei, e vê-lo-ei
os seus irmãos, e chorou sobre cada antes de morrer.
um dêles. E, depois disto, afoitaram-
se a falar com êle. Partida de Jacó p ara o Egito
Os irmãos de José partem para Canaã AÇL P artiu , pois, Israel com tudo
16E ouviu-se e divulgou-se de bôca o que possuía, e foi ao poço
em bôca no palácio do rei: Chegaram do juramento; e, tendo imolado aí v i­
os irmãos de José; e Faraó e tôda a timas ao Deus de seu pai Isaac, 2ou-
sua fam ília se alegrou. 17E disse a viu-o numa visão de noite, que o
José que orc.enasse e dissesse a seus chamava e lhe dizia: Jacó! Jacó! Ao
irmãos: Carregai os vossos jumentos, qual êle respondeu: Eis-me aqui.
ide para a terra de Canaã, 18e tirai 3Deus disse-lhe: Eu sou o Deus fortís­
de lá vosso pai e família, e vinde pa­ simo de teu pai; não temas, vai para
ra junto de mim; e eu vos darei todos o Egito, poraue eu te farei ser uma
Cap. X L v — 18. O miolo da terra, isto é, os melhores frutos dêste pais.
28. Basta-m e que ainda viva , pouco me im porta que esteja cercado de honras e glórias.
Cap. X L v l — 1. A o poço do juramento, isto 6, a Bersabéia, onde costum ava ir invocar
Deus (X X L 53; X X V I ,25).
46 GENESIS 69
grande nação. 45*Eu irei para lã conti­ de Putifar, sacerdote de Heliôpolis.
go, e te reconduzirei de lã quando vol­ 21Os filhos de Benjamim (era m ) Bela
tares; e José porá as suas mãos so­ e Becor e Asbel e Gera e Naaman e
bre os teus olhos. Equi e Ros, Mofim e Ofim ^e Ared.
5E Jacó partiu do poço do jura­ 22Êstes são os filhos que Raquel deu à
mento, e seus filhos colocaram-no luz a Jacó: ao todo catorze almas.
com seus meninos e suas mulheres 23Filhos de Dan: Husim. ^Os filhos
sôbre os carros que Faraó tinha de N eftali (era m ) Jasiel e Guni e
mandado para transportar o velho Jeser e Salem. 25Êstes são os filhos
6com tudo o que êle possuia na de Bala, que Labão tinha dado a sua
terra de Canaã; e foi para o Egito filha Raquel; ela os deu à luz a Ja­
com tôda a sua família, 7*com seus fi­ có: ao todo sete almas.
lhos e netos e filhas, e tôda a sua
descendência juntamente. Resumo

Filhos de Jacó que foram para o Egito


26Tôdas as almas que entraram com
Jacó no Egito, e que descendiam dê-
8Eis os nomes dos filhos de Israel, le, não contando as mulheres de seus
que entraram no Egito, quando êle filhos, eram sessenta e seis. 27E os
para lá foi com seus filhos. O primo­ filhos de José, que lhe tinham nas­
gênito (era ) Huben. 9Os filhos de Ru- cido no Egito, eram dois. Tôdas as
ben (era m ) Henoc e Falu e Hesron e almas da casa de Jacó, que entraram
Carmi. 10Os filhos de Simeão (eram ) no Egito, foram setenta.
Jamuel e Jamim e Aod, e Jaquim e José vai ao encontro de Jacó
Soar e Saul, filho duma Cananéia.
nOs filhos de Levi (era m ) Gerson e 28E (Jaco) enviou Judá adiante de
Caat e Merari. 12Os filhos de Judá si a José, para o avisar que lhe saísse
(eram ) H er e Onan e Sela e Farés e ao encontro em Gessém. “ E, quando
Zara; mas Her e Onan morreram na chegou, José, tendo mandado apare­
terra de Canaã. A Farés nasceram as lhar o seu côche, foi ao encontro de
filhas Hesron e Hamul. 13Os filhos seu pai no mesmo lugar; e, quando o
de Issacar (era m ) Tola e Fua e Job e viu, lançou-se ao seu pescoço, e,
Semron. 14Os filhos de Zabulão ( e- abraçando-o, chorou. 30E o pai disse
ra m ) Sared e Elon e Jaelel. 15Êstes a José: Agora morrerei contente, por­
são os filhos de Lia, que ela gerou na que vi a tua face, e te deixo depois
Mesopotãmia da Síria, com Dina, sua de mim. 31E (José), porém, disse a
filha. Tôdas as almas dos seus filhos seus irmãos e a tôda a fam ília de seu
e filhas ( eram ) trinta e três. 10Os pai: Irei levar a nova a Faraó, e lhe
filhos de Gad (era m ) Sefion e Hagi direi: Meus irmãos e tôda a fam ília
e Suni e Eseoon e H eri e Arodi e de meu pai, que estavam na terra de
Areli. 17Os filhos de Aser (era m ) Canaã, vieram para mim. 32São ho­
Jamne e Jesua e Jessui e Beria, e mens pastores de ovelhas, que se ocu­
também Sara, irmã dêles. Os filhos de pam em apascentar rebanhos; trou­
Beria (eram ) Heber e Melquer. 18Ês- xeram consigo o seu gado e os reba­
tes são os filhos de Zelfa, (a criada) nhos, e tudo o que podiam ter. 33E,
que Labão tinha dado a sua filha Lia; uando (F a ra ó) vos chamar, e vos
ela os deu à luz a Jacó: (ao todo) de­ isser: Que ocupação é a vossa?
zesseis almas. 19Os filhos de Raquel, responder-lhe-eis: Nós, teus servos,
mulher de Jacó, (era m ) José e Ben­ somos pastores desde a nossa infân­
jamim. 20E a José, na terra do E gi­ cia até ao presente, assim nós, como
to, nasceram os filhos Manassés e E- nossos pais. E direis isto, para poder-
fraim, que lhe deu à luz Asenet, filha des habitar na terra de Gessém; por­
4. E te reconduzirei de lá, na pessoa dos teus descendentes. — José porá as suas mãos
sôbre os teus olhos, isto é, assistirá à tua morte. H á aqui urna alusão ao uso de fechar
os olhos dos mortos.
5. Para transportar o velho. O original diz: p a ra o transportar.
15. Eram trinta e três: seis filhos, um a filh a, vinte e três netos, dois bisnetos e o
próprio Jacó.
30. Porque vi a tua face e tu vives ainda. Ê esta a tradução do original.
70 GÊNESIS 46 - 47
que os Egípcios detestam todos os do, e a fome oprimia tôda a terra,
pastores de ovelhas. principalmente o Egito e Canaã, 14E
José apresenta seus irmãos e
(José) recolheu dêstes países todo o
seu pai a Faraó
dinheiro pela venda do trigo, e me­
teu-o no erário do rei. 15E, faltando
An ^osé foi, pois, levar a nova a o dinheiro aos compradores, todo o
Faraó dizendo: Meu pai e Egito foi ter com José, dizendo: Dá-
meus irmãos, com as suas ovelhas e nos pão; por que razão morreremos
rebanhos, e com tudo o que possuem, nós na tua presença, por falta de di­
vieram da terra de Canaã; e eis que nheiro? 16Êle respondeu-lhes: Trazei
estão parados na terra de Gessém. o s v o s s o s gados, e eu vos darei por
2Apresentou também ao rei os cinco êles de comer, se não tendes (mais)
últimos de seus irmãos. 3E (F a ra ó) dinheiro. 17E, tendo-os trazido, deu-
perguntou-lhes: Que ocupação ten­ lhes alimentos em troca de cavalos, e
des? Êles responderam: Nós, teus de ovelhas, e de bois, e de jumentos;
servos, somos pastôres de ovelhas, e sustentou-os aquêle ano pela troca
nós e nossos pais. 4Viemos habitar co­ dos gados. 18Voltaram também no se­
rno peregrinos na tua terra, porque gundo ano, e disseram-lhe: Não en­
não há erva para os rebanhos dos cobriremos ao nosso senhor que,
teus servos e a fome vai crescendo; e faltando o dinheiro, nos faltaram
suplicamos-te que ordenes que nós, juntamente os gados; nem tu ignoras
teus servos, habitemos na terra de que não temos mais nada, além dos
Gessém. (nossos) corpos e da (nossa) terra.
sO rei disse, çois, a José: Teu pai 19Por que morreremos, pois, à tua
e teus irmãos vieram ter contigo. 6A vista? Nós e a nossa terra seremos
terra do Egito está diante de ti; fa- teus; compra-nos para ser escravos
ze-os habitar no melhor lugar, e en­ do rei, e dá-nos sementes, para que,
trega-lhes a terra de Gessém. E, se morrendo o cultivador, a terra se
sabes que há entre êles homens de não reduza a um deserto. “ Portan­
capacidade, constitui-os superinten­ to José comprou tôda a terra do E gi­
dentes dos meus rebanhos. 7Depois dis­ to, vendendo cada um deles as suas
to José conduziu seu pai ao rei, e a- possessões por causa do rigor da fo ­
presentou-lho. Jacó abençoou o rei, 8e me; e a sujeitou a Faraó, 21com to­
interrogado por êle: Quantos são os dos os seus povos, desde uma extre­
teus anos? °respondeu: Os dias da midade do Egito até à outra, ^exce­
minha peregrinação são cento e trin­ to a terra dos sacerdotes, que lhes
ta anos, poucos e trabalhosos, e não tinha sido dada pelo rei. A êstes dar
chegaram aos dias da peregrinação vam-se víveres determinados dos ce­
de meus pais. 10E, abençoado o rei, leiros públicos, e, por isso, não se v i­
retirou-se. ram obrigados a vender as suas pos­
“ José, pois, deu a seu pai e a seus sessões. ™(Depois disto) disse José
irmãos uma propriedade, em um óti­ aos povos: Eis que, como vêdes, Fa­
mo lugar do país, em Ramessés, co­ raó é senhor de vós e da vossa ter­
mo Faraó tinha ordenado. 12E susten­ ra; tomai sementes, e semeai os cam­
tava-os a êles e a tôda a família pos, 24para que possais colher frutos.
de seu pai, dando a cada um o seu Dareis ao rei a quinta parte; as ou­
sustento. tras quatro deixo-as a vós para se­
Administração de José durante a fome
mente, e para sustento das vossas
famílias e filhos. 25E êles responde­
13Ora o pão faltava em todo o mun­ ram; A nossa conservação está nas
Cap. X L v I I — 7. JacÓ abençoou o rei, isto é, fê z votos a Deus pelo seu bem-estar.
A mesma significação têm as p alavras do vers. 10: E , abençoado o rei.
11. Ramessés è sinônimo de Gessém.
14. E (José) recolheu, etc. o original diz: E José recolheu todo o dinheiro que se en­
contrava na terra do Egito e na terra de Canaã.
22. Exceto, etc. o original diz: SÒmente não comprou a terra dos sacerdotes, porque
os sacerdotes tinham uma determinada provisão de Faraó, e comiam a provisão que lhes
dava F a ra ó; foi por isso que êles não venderam as suas terras.
47 - 48 GÊNESIS 71
tuas mãos; que o nosso senhor ape­ os teus dois filhos, que te nasceram
nas volva para nós o seu olhar, e ale­ na terra do Egito, antes que eu para
gres serviremos o rei. 26Desde aquêle aqui viesse ter contigo, serão meus:
tempo até ao dia de hoje, em tôda a Efraim e Manassés, assim como Ru-
terra do Egito, se paga aos reis a ben e Simeão, serão considerados
quinta parte; e isto tornou-se como meus (filh os). °Mas os outros, que ti­
lei, excetuada a terra sacerdotal, que veres depois dêstes, serão teus, e se­
ficou livre desta condição. rão chamados com o nome de seus
irmãos nas suas possessões. 7Porque,
Cltimas disposições de Jacó quando eu voltava da Mesopotâmia,
2íIsrael habitou, pois, no Egito, isto morreu-me Raquel na terra de Ca­
é, na terra de Gessém, e possuiu-a; e naã, mesmo durante a viagem, e era
aumentou, e multiplicou-se extraor- a primavera, e eu estava para entrar
dinàriamente. viveu nela dezes­ em Efrata, e enterrei-a junto do ca­
sete anos; e todo o tempo da sua v i­ minho de Efrata, que por outro no­
da foi de cento e quarenta e sete me se chama Belém.
anos. 29E, vendo que se aproximava
o dia da sua morte, chamou seu filho Jacó abençoa os dois filhos de José
José, e disse-lhe: Se achei graça 8E, vendo os filhos (de José), dis­
diante de ti, põe a tua mão por bai­ se-lhe: Quem são êstes? 9(José) res­
xo da minha coxa; usarás comigo de pondeu : São os meus filhos que
bondade, e fidelidade, e não me se­ Deus me deu aqui. Faze-os aproxi­
pultarás no Egito; !,0mas dormirei mar de mim, disse (Jacó), para que
com meus pais, e tu mé tirarás des­ eu os abençoe. 10Porque os olhos de
ta terra, e me sepultarás no sepul­ Israel se tinham escurecido por cau­
cro de meus antepassados. E José sa da grande velhice, e não podia ver
respondeu-lhe: farei o que mandaste. claramente. E, tendo-se aproximado
31E êle acrescentou: jura-mo. E José, êles, beijando-os e abraçando-os, udis-
tendo jurado, Israel adorou a Deus, se a seu filho: Não fui privado de te
voltado para a cabeceira do leito. ver; e, além disso, Deus mostrou-me
Jacó adota os dois filhos de José a tua geração. 12E José, tendo-os ti­
rado do seio do pai, inclinou-se pro­
AQ lassad as assim estas coisas, fundamente por terra. 13Em seguida
foi anunciado a José que seu pôs Efraim à sua direita, isto é, à es­
pai estava doente; e êle, tomando querda de Israel, e Manassés à sua
consigo os dois filhos, Manassés e E- esquerda, isto é, à direita do (seu)
fraim, foi vê-lo. 2E disseram ao ve ­ pai, e fêz que ambos se aproximassem
lho: Eis que teu filho José vem visi­ dêle. 14E êle, estendendo a mão direi­
tar-te. E êle, reunidas as suas fôrças, ta, a pôs sôbre a cabeça de Efraim,
sentou-se sôbre o leito. 3E, logo que irmão mais novo, e a esquerda sô­
(José) entrou, disse-lhe: O Deus Oni­ bre a cabeça de Manassés, que era o
potente apareceu-me em Luza, que é mais velho, cruzando as mãos. 15E Ja­
na terra de Canaã; e abençoou-me, có abençoou os filhos de José, e dis­
4e disse: Eu te aumentarei e multi­ se: O Deus, em cuja presença anda­
plicarei, e te farei chefe duma"multi­ ram meus pais Abraão e Isac, o
dão de povos; e te darei esta terra a Deus, que me sustentou desde a mi­
ti e à tua descendência depois de ti, nha mocidade até êste dia, ieo Anjo,
em possessão sempiterna. 5Portanto que me livrou de todos os males, a­
29. P6e a tua mão. .. (v e r Cap. X X IV , 2).
Cap. X L V I I I — 5. Como Buben e sim eão, os teus dois filhos terão cada um um a parte
separada na divisão da terra prometida, e form arão duas tribos e não um a só, corno a -
conteceria se fôssern considerados como filhos de José. A o primogênito pertencia a pri­
m azia tsôbre seus irmãos, um a bênção especial, e o duplo na divisão da herança paterna.
Visto que Ruben e Simeão se tinham tornado indignos da primogenitura. Jacó deu a
prim azia e a bênção a Judã, e a dupla parte da herança a José.
6. Os outros serão teus, isto é, não form arão tribo separada, m as serão contados numa
das tribos de Manassés e Efraim .
16- Que êles sejam cham ados... isto é, que êles sejam reconhecidos como legítimos des­
cendentes dos patriarcas, embora tenham nascido no Egito e duma Egipcia.
72 GÊNESIS 48 - 49
bençoe êstes meninos; e que êles se­ 2Juntai-vos e ouvi, filhos de Jacó,
jam chamados com o meu nome, e ouvi Israel, vosso pai:
também com os nomes de meus pais 3Ruben, meu primogênito, tu, a mi­
Abraão e Isac, e se multipliquem em nha fortaleza, e o princípio da minha
abundância sôbre a terra. 17Mas José, dor; o primeiro nos dons, o maior no
vendo que o pai tinha pôsto a mão império, 4derramaste-te como a água,
direita sôbre a cabeça de Efraim, te­ não crescerás; porque subiste ao leito
ve com isso grande pena, e pegando do teu pai, e profanaste o seu tálamo.
na mão de seu pai, procurava afastá-
la da cabeça de Efraim e colocá-la sô­ 5Simeão e Levi (são) irmãos, (são)
bre a cabeça de Manassés. 18E disse ao instrumentos mortíferos de iniqüida-
pai: Não está assim bem, pai; visto de, 6que minha alma não tenha par­
que êste é o primogênito, põe a tua te nos seus conselhos e que a minha
direita sôbre sua cabeça. 10Êle, po­ glória não se una aos seus conluios,
rém, recusando, disse: Eu o sei, meu porque, no seu furor, mataram o ho­
filho, eu o sei; êste também será mem, e na sua vontade (crim inosa)
chefe de povos, e se multiplicará; derribaram a muralha. 7Maldito o
mas seu irmão mais novo será maior seu furor porque (fo i) violento; e a
do que êle, e a sua descendência se sua indignação, porque (fo i) infle­
dilatará em nações. 1 20E então os
9 xível; eu os dividirei em Jacó, e os
abençoou, dizendo: Em ti será ben­ espalharei em Israel.
dito (o povo de) Israel, e dir-se-á: 6Judá, teus irmãos te louvarão; a
Deus te faça como Efraim e como tua mão estará sôbre as cervizes de
Manassés. E pôs Efraim adiante de teus inimigos; os filhos de teu pai se
Manassés. 21E disse a seu filho José: prostrarão diante de ti: °Judá é um
Eis que vou morrer, e Deus será con- cachorro de leão; correste, meu fi­
vosco, e vos reconduzirá à terra de lho, para a prêsa; deitaste-te para
vossos pais. 22Eu te dou de mais que descansar como o leão, e como a leoa,
a teus irmãos aquela parte, que ga­ quem o despertará? 10O cetro não se­
nhei da mão dos Amorreus com a rá tirado de Judá, nem o príncipe da
espada e com o meu arco. sua descendência, até que venha a-
quêle que deve ser enviado. E ê l e s e ­
Jacó abençoa todos os seus filhos r á a e x p e c t a ç ã o d a s n a ç õ e s . nÊle ata­
rá à vinha o seu jumentinho, e à
AQ 1Jacó chamou seus filhos, e dis- videira, ó meu filho, a sua jumenta.
se-lhes: Juntai-vos, para que Lavará a sua túnica no vinho, e a
eu vos anuncie o que vos acontecerá sua capa no sangue da uva. 12Os seus
nos dias futuros. olhos são mais formosos que o vinho,
19. . . . s e dilatará em nações. O original diz: Se tornará uma »multidão de nações.
Cap. X L I X — 4. Não crescerás. O original diz: Não terás a preeminência.
6. Que a minha alma não tome p a rte ... detestei e detesto os seus pérfidos e sangui*
nários desígnios. — Que a minha glória, isto é, a minha alm a (Sls. V II, 6; X X IX , 13,
etc.) não se u n a ... nâo tomo parte algum a nas suas combinacôes. — Mataram o homem.
O singular é aqui um nome coletivo que se refere aos Siquemitas trucidados. — Derribaram
as muralhas, isto é, os muros da cidade e casas de Siquém. O original hebraico diz: C or-
taram os jarretes dos touros, tornando-os inúteis, levados só por vingança, depois de se
terem apoderado dos que quiseram (X X X IV , 28. 29).
9. É um cachorro de leão. O principado de Judá é descrito sob a imagem do leâo. De
princípio humilde (cachorro de leão), irá crescendo em fôrça (subsiste à p rêsa ), e tor-
nar-se-á insuperável (qu em o despertará?).
10. o cetro não será tirado de Judá. .. Tôda a tradição judaica e cristã reconhece nestas
palavras de Jacó um a profecia messiânica, que determina com mais precisão as profecias
dos capítulos III, 15; IX , 26; X X II, 18; X X V I, 4; X X V III, 14.
11. Éle atará. O sujeito pode ser Judá ou o Messias. Ê mais provável, porém, que seja
o Messias, e que aqui se descreva a abundância de favores espirituais que Jesus tra rá
aos seus fiéis. Quase todos os intérpretes católicos dizem que a vinha ou a videira repre­
senta a Igreja, à qual o Messias ligará com o vínculo da fé o povo pagão e o povo ju ­
daico, figurados no jumentinho e na jumenta. — Lavará a sua túnica no v in h o ... Esta
profecia verificou-se em Jesus Cristo, cujos vestidos foram tintos de sangue na paixão.
12. os seus olhos, etc. H á aqui uma referência à beleza de Jesus Cristo.
73
e os seus dentes mais brancos do que 20Aser, gordo é o seu pão, e minis­
o leite. trará delícias aos reis.
13Zabulao habitará na praia do mar, 21N efta li é um veado solto, pronun­
e no ancoradouro dos navios, esten­ cia palavras graciosas.
dendo-se até Sidônia. 22José, filho que cresce, filho que
14Issacar é um asno forte, que está cresce, e formoso de aspecto; as don­
deitado dentro das suas estacadas. zelas andaram por cima do muro.
15Viu que o repouso era bom, e que 23Mas amarguraram-no, e estimula-
a (sua) terra era ótima; e curvou ram-no, e invejaram-no os que ti­
os seus ombros para levar pesos, e nham dardos. 240 seu arco apoiou-se
sujeitou-se aos tributos. no forte; e as cadeias dos seus bra­
16Dan julgará o seu povo, como ços e das suas mãos foram quebra­
qualquer outra tribo de Israel. 17Tor- das pela mão do poderoso de Jacó;
ne-se Dan uma serpente no caminho, dali saiu o pastor, a pedra de Israel.
uma cerasta no atalho, que morde as 250 Deus de teu pai será o teu auxí­
unhas do cavalo, para que o cavalei­ lio, e o Onipotente te abençoará com
ro caia para trás. 18A tua salvação es­ as bênçãos do alto do céu e com as
perarei, ó Senhor. bênçãos do abismo, que jaz em bai­
19Gad todo armado combaterá dian­ xo, com as bênçãos dos seios ma­
te dêle, e se cingirá de armas pelas ternos e dos úteros. 26As bênçãos de
costas. teu pai. excedem as que recebeu de
13. Sôbre a tribo de Zabulão, Jacó lim ita-se a descrever o território ocupado por ela.
Êste território estava situado «n tre o Mediterrâneo, o lago de Genesaré e a Fenicia, e a
sua capital era Sidônia.
14-15. Asno forte p a ra o trabalho. Atendendo aos costumes do Oriente, esta com paração
não é humilhante. — Está deitado. .. A tribo de Issacar, ficando com a parte mais fé r­
til da Palestina, preferiu o sossêgo à guerra, pagando um tributo ao estrangeiro p a ra
nâo combater.
17. Um a serpente no caminho, que, inesperadamente, morde o viajante. A cerasta é
um réptil com a côr da terra, que se esconde junto dos caminhos freqUentados, e, não
podendo ofender o cavaleiro, morde o cavalo nos pés, para que, caindo com o cavaleiro,
êste também possa ser mordido. Jacó profetiza a astúcia dos descendentes de D an, que
haviam de alcançar vitória sôbre inimigos muito m ais poderosos que êles, corno se vê
no livro dos Juizes, cap. X I I I e X V I I I , 28 e seguintes.
18. A tua sa lva çã o ... Jacó, sentindo que as fôrças lhe faltavam , interrompeu por um
momento a sua bênção, e soltou um suspiro messiânico, invocando p a ra si e p a ra seus
filhos a verdadeira salvação, isto é, o Salvador que tra rá aos homens a verdadeira paz.
19. Combaterá diante dêle, isto é, do povo de Israel, quando, depois de ter obtido a sua
parte além do Jordão, se oferecerem para passar o rio adiante dos seus irmãos, a fim de
os auxiliar na conquista da terra de C an aã (N ú m ., X X X II, 17). — Se cingirá de armas
pelas costas, porque precisa de estar prevenido contra as incursôes dos inimigos, visto o
seu território ficar na fronteira.
20. Gordo ê o seu p ã o ... O território ocupado pela tribo de Aser, indo do Carm elo até
à Fenicia, era fertilissim o em grão e azeite (D eut., X X X III, 24; I I I Reis, v , 11). o s seus
deliciosos frutos eram as delicias dos reis de Judá, de Israel e de Tiro.
21. Veado sôlto, ou, segundo o original, corsa sôlta, im agem do guerreiro valente. Talvez
h a ja aqui um a alusão à vitória alcançada por B arac (Juizes, I V ) . — Pronuncia. .. P ro v à -
velmente estas p alavras referem -se ao cântico de Débora, que pertencia à tribo de N eftaii
(Juizes, IV , 10).
22-23-24. Segundo o original, êstes três versículos traduzem-se do modo seguinte: J o s ó
é a vergôntea ( à letra, filho) duma árvore frutífera, a vergôntea duma árvore frutífera
junto duma fonte; os seus ramos ( à letra, as suas filhas, novos ram os desta vergôntea)
estendem-se ao longo do muro (a o qual a vergôntea se encostou); alusão a Siquém ,. centro
das possessões de José, o lu gar m ais belo da Palestina central, e o m ais bem regado da
região. — Frecheiros provocam -no, atiram-lhe frechas e atacam-no. Profetizam -se as lutas
que E fra im e M anassés terão de sustentar contra os nômades do deserto. — M a s o s e u
arco permanece firm e, seus braços e suas mãos tornaram-se ágeis, pelas mãos do (D e u s )
Poderoso de Jacó, por aquêle (D e u s ) que é o Pastor e a Rocha de Israel.
25. Com as bênçãos dos seios maternos. A lusão à fecundidade das mulheres e dos
animais.
26. Daquele que e Nazareno, o hebraico N a zir tem aqui a significação de príncipe, e
alude à alta dignidade de José no Egito.
74 GÊNESIS 49 - 50
seus pais; (e elas durarão) até que pulta teu pai como prometeste com
venha o desejo das colinas eternas; juramento.
derramem-se ( estas bênçãos) sôbre TPartindo êle, acompanharam-no
a cabeça de José, e sôbre a cabeça todos os anciãos da casa de Faraó, e
daquele que é Nazareno entre seus todos os principais da terra do E gi­
irmãos. to, 8a casa de José com seus irmãos,
27Benjamim, lôbo arrebatador, pela à exceção dos pequeninos e dos re­
manhã* devorará a prêsa e à tarde banhos, e dos armentos, os quais dei­
repartirá os despojos. xaram na terra de Gessém. ‘‘Teve
também (José) o acompanhamento
Conclusão
de carros, e cavaleiros; e houve um
""Todos êstes são os chefes das do­ concurso não pequeno (de gente). 10E
ze tribos de Israel. Foi assim que chegaram à eira de Atad, que está
lhes falou seu pai, e abençoou cada situada além do Jordão, onde gasta­
um dêles, com bênçãos próprias. ram sete dias a celebrar as exéquias
Cltimas palavras e morte de Jacó com um pranto grande e profundo.
“ Tendo observado isto os habitantes
-'Depois ordenou-lhes, dizendo: Eu da terra de Canaã, disseram: Grande
vou unir-me ao meu povo; sepultai- pranto é êste dos Egípcios. E, por is­
me com meus pais na dupla caverna, so, se ficou chamando aquêle lugar o
que está no campo de Efrom Heteu, Pranto do Egito. 12Fizeram, pois, os
“''em frente de Mambré, na terra de filhos de Jacó como êle lhes tinha
Canaã, e que Abraão comprou a mandado; 13e, levando-o à terra dé
Efrom Heteu com o campo (onde ela Canaã, o sepultaram na dupla caver­
está) para ter um sepulcro. 31Ali o na, em frente de Mambré, que A-
sepultaram, e a Sara, sua mulher; braão tinha comprado a Efrom H e­
ali foi sepultado Isac com sua mu­ teu, com o campo (em qu& está), pa­
lher Rebeca; e ali jaz também sepul­ ra ter um sepulcro.
tada Lia. 32Tendo (Jacó) acabado de
dar estas ordens a seus filhos, reco­ Morte de José
lheu os seus pçs para o leito, e mor­
reu ; e foi reunido ao seu povo ( no 14E José, sepultado seu pai, voltou
Lim bo). para o Egito com seus irmãos e toda
Sepultura de Jacó a comitiva. 15Depois da morte de Ja­
có, os irmãos (de José), estando te­
CA 'José, vendo isto, lançou-se sô- merosos, e dizendo entre si: não
bre o rosto do pai, chorando aconteça que êle se lembre da injúria
e beijando-o. 2E ordenou aos médi­ que padeceu, e nos faça pagar todo
cos que o serviam, que embalsamas- o mal que lhe fizemos, 16mandaram-
sem o seu pai. 3E, enquanto êles cum­ lhe dizer: Teu pai antes de morrer
priam a ordem, passaram-se quaren­ ordenou-nos nque em seu nome te
ta dias; porque era êste o costume disséssemos: Peço-te que esqueças o
praticado com os cadáveres embalsa- crime de teus irmãos, e o pecado e
mados; e o .E g ito chorou-o durante a maldade que usaram contra ti; nós
setenta diàs. 4E, terminado o tempo te suplicamos também que perdoes
do nojo, disse José à familia de F a­ esta iniqüidade aos servos do Deus
raó: Se eu achei graça diante de vós, de teu pai. Ouvindo isto, José cho­
fazei chegar aos ouvidos de Faraó rou. 1SE seus irmãos foram ter com
r’que meu pai me conjurou, dizendo: êle, e, prostrados por terra disseram:
Eis que vou morrer, sepuítar-me-ás Nós somos teus servos. 19E êle res­
no meu sepulcro que mandei abrir pondeu-lhes: Não temais; porven­
para mim na terra de Canaã. Irei, tura podemos nós resistir à vontade
pois, sepultar meu pai, e depois vol­ de Deus? 20Vós tivestes intenção de
tarei. 6E Faraó disse-lhe: Vai e se-72 me fazer mal; mas Deus o converteu
27. Lôbo arrebatador . . . referência ao caráter belicoso e violento da tribo de Benjamim.
32. Recolheu os seus pés, pois tínha-se sentado no leito com os pés para a terra a fim
de abençoar seus filhos. Term inada a bênção, recolheu os pés, estendeu-se no leito, e com
a tranquilidade dum justo, entregou o seu espírito a Deus.
50 GÊNESIS 75
em bem, para me exaltar, como pre­ to, disse a seus irmãos: Deus vos v i­
sentemente vêdes, e para salvar mui­ sitará depois da minha morte, e vos
tos povos. 21Não temais; eu vos sus­ fará sair desta terra para a terra
tentarei a vós e a vossos filhinhos, prometida com juramento a Abraão,
E consolou-os, e falou-lhes com do­ a Isac e a Jacó. 24E, tendo-os feito
çura e mansidão. 22E (José) habitou jurar, dizendo: Deus vos visitará, le­
no Egito com tôda a família de seu vai os meus ossos convosco dêste lu­
pai; e viveu cento e dez anos. E viu gar, 25morreu, tendo completado os
os filhos de Efraim até à terceira cento e dez anos da sua vida. E, em-
geração. Os filhos de Maquir, filho balsamado, foi depositado num cai­
de Manassés, nasceram também so­ xão no Egito.
bre os joelhos de José. ^Passado is­
ÊXODO
O Êxodo, — que recebe a sua denominação de um dos principais aconteci­
mentos nêle narrados: a saída do povo de Israel do Egito, — continua
a história dos Israelitas desde a morte de José até à ereção do Tabernáculo
(um ano depois da saída do Egito), e apresenta a sua constituição civil e
religiosa como um povo separado, vinculado ao culto do verdadeiro Deus
por solenes compromissos, assumidos em seu nome por Moisés.
O livro se divide em duas partes distintas: uma, histórica; outra, legis­
lativa.
A PRIM EIRA PA R TE (1, 1 - 18, 27) pode subdividir-se em duas secções:
Prim eira secção: narra o esforço coroado de sucesso, para se emancipar da
escravidão dos Egípcios e subtrair-se do jugo de Faraó (1, 1 - 12, 36);
são descritas as repressões do povo hebreu; a vida, a vocação, a missão de
Moisés e as dez pragas. — Segunda secção: narra a saída do Egito e a via­
gem através do deserto até ao Mar Vermelho e de lá até ao deserto do Si­
nai (12, 37 - 18, 27). São, pois), narradas: a partida dos Israelitas, a travessia
do Mar Vermelho, a viagem pelo deserto, os episódios das codormzes, do
maná e da água milagrosa; a visita de Jetno depois da vitória sôbre os
Amalecitas.
A SEGUNDA PA R TE (19, 1 - 40, 36) compreende a promulgação da lei;
o decálogo: as leis civis, morais, religiosas e cerimoniais; a ratificação da
aliança de Deus com Israel; as prescrições divinas sôbre a construção do
Tabernáculo e sôbre o culto; uma digressão histórica sôbre a prevaricação
do povo e a adoração do bezerro de ouro; a construção do Tabernáculo.
O Êxodo, depois do Gênesis, pode ser consideradio como o livro histórico
mais importante do Antigo Testamento, porque promulga leis essenciais do
povo de Israel, tendo-se tornado algumas delas, leis universais para a hu­
manidade.
Os acontecimentos deste livro são os mais relembrados nos cantos de
Israel, que jamais se esquece de sua libertação, a travessia do Mar Vermelho,
os milagres do deserto, as maravilhas e as leis do Monte Sinai.
Também para o cristão o Êxodo contém verdades que jamais se ofus­
carão: o nome, a unidade e a espiritualidade de Deus, o culto externo.
ÊXODO
Multiplicação dos Israelitas no Egito fora, e outra Fua, 16ordenando-lhes:
Quando assistirdes às mulheres He-
1 7Êstes são os nomes dos filhos bréias e chegar o tempo do parto, se
1 de Israel, que entraram no E gi­ fôr menino, matai-o, se fôr menina,
to com Jacó; cada um dêles entrou conservai-a. 17Mas as parteiras te­
com sua família: 2Ruben, Simeão, meram a Deus, e não obedeceram à
Levi, Judã, 3Issacar, Zabulão,. e Ben­ ordem do rei do Egito, mas conserva­
jamim, 4Dan, e Neftali, Gad, e Aser. vam os meninos. 18Então tendo-as
5Portanto, eram setenta tôdas as al­ chamado, o rei disse-lhes: O que é
mas que tinham saído de Jacó; e José que quisestes fazer, conservando os
estava (já ) no Egito. °Depois da sua meninos? 19Elas responderam: As
morte e da de todos os seus irmãos, e mulheres Hebréias não são como as
de tôda aquela geração, 7os filhos de Egípcias; pois sabem assistir-se no seu
Israel cresceram e multiplicaram-se parto, e antes de nós chegarmos, dão
como se tivessem germinado; e, ten­ à luz. “ Deus, portanto, fêz bem às
do-se tornado extremamente fortes, parteiras; e o povo cresceu, e se forti­
encheram a terra. ficou extraordinàriamente. 21E, por­
que as parteiras temeram a Deus, êle
Opressão dos Israelitas no Egito edificou-lhes casas. 22Então ordénou
Faraó a todo o seu povo, dizendo:
8Entretanto, levantou-se no Egito Tudo o que nascer do sexo mascu­
um novo rei, que não conhecia Jo­ lino lançai-o ao rio; e tudo o (que
sé. 9E disse ao seu povo: Eis que nascer) do sexo feminino conservai-o.
o povo dos filhos de Israel é nu­
meroso e mais forte do que nós. 10Vin- Moisés salvo uas águas
de, oprimamo-lo com astúcia, para
que êle não se multiplique, e, se so­ O d ep o is disto um homem da fa-
brevier contra nós alguma guerra, se " mília de Levi partiu, e tomou
una com os nossos inimigos, e, depois para esposa uma mulher da sua es­
de nos vencer, saia dêste país. “ Por­ tirpe, 2a qual concebeu, e deu à luz
tanto estabeleceu sôbre êles inspeto­ um filho; e, vendo-o belo, escon-
res de obras, para os oprimirem com deu-o por espaço de três meses. 3Mas
trabalhos penosos; e êles edificaram não podendo mais tê-lo escondido, to­
a Faraó as cidades das tendas, Fitom mou um cesto de junco, e barrou-o
e Ramessés. 12Mas, quanto mais os o- com betume e pez; e meteu dentro o
primiam, tanto mais se multiplicavam menino, e expô-lo num canavial jun­
e cresciam. 13E os Egípcios odiavam to da margem do rio, “estando ao
os filhos de Israel, e os afligiam com longe a sua irmã a observar o que
insultos; 14e faziam-lhes passar uma (lh e ) sucederia. 5E eis que a filha
vida amarga com penosos trabalhos de Faraó vinha lavar-se no rio; e as
de barro e de tijolos, e com tôda a es­ suas criadas caminhavam ao longo da
pécie de serviço com que os oprimiam margem do rio. Tendo ela visto o cês-
nos trabalhos do campo. 15E o rei to no canavial, mandou uma das suas
do Egito falou às parteiras dos He- criadas trazer-lho; °e abrindo-o, e ven­
breus, uma das quais se chamava Sé- do nêle o menino, que vagia, com-
Cap. I — 19. Pois sabem. .. Desculpa em parte verdadeira, visto que as mulheres orientais
dispensam muitas vêzes, nos seus partos, qualquer assistência, o x a lá que tôdas as mulheres
cristãs tivessem nesse ponto a mesma delicadeza de consciência que tinham estas egípcias.
21. Edijicou-lhes casas, isto é, fêz com que por si próprias estabelecessem fam ílias
prósperas.
78 EXODO 2 - 3
padecida dêle, disse: Êste é um dos Casamento de Moisés
meninos dos Hebreus.
21Jurou, pois, Moisés que ficaria
Educação de Moisés com êle. E tomou por mulher a Séfo-
ra, sua filha. 22E ela deu à luz um fi­
TE a irmã do menino disse-lhe: lho a quem pôs o nome de Gersão, di­
Queres que vã e que te chame uma zendo: Fui peregrino numa terra es­
mulher hebréia, que possa aleitar o trangeira. Deu à luz ainda outro (f i ­
menino? 8Ela respondeu: Vai. A don­ lh o) e chamou-o Eliezer, dizendo: O
zela partiu e chamou sua mãe. 9E a fi­ Deus de meu pai, meu auxílio, livrou-
lha de Faraó disse-lhe: Toma êste me­ me das mãos de Faraó.
nino, e aleita-mo; eu te darei a tua
paga. A mulher tomou e aleitou o me­ Deus ouve os gemidos dos Israelitas
nino; e quando estava crescido, entre­
gou-o à filha de Faraó, 10que o adotou “ Muito tempo depois, porém, mor­
por filho, e pôs-lhe o nome de Moisés, reu o rei do Egito; e os filhos de Is­
dizendo: Porque eu o tirei da água. rael, gemendo debaixo do pêso dos
trabalhos, clamaram; e o seu clamor
Moisés foge para o país de Madian por causa dos trabalhos subiu até
“ Naqueles dias, sendo Moisés já Deus, 24o qual ouviu os seus gemidos
grande, saiu a visitar seus irmãos; e e se lembrou da aliança que tinha fe i­
viu a sua aflição, e um homem egíp­ to com Abraão, Isac e Jacó. ^E o
cio que maltratava um dos Hebreus Senhor olhou {5ara os filhos de Israel,
seus irmãos. 12E, tendo olhado para e reconheceu-os (por seus filhos).
uma e outra parte, e vendo que não
estava ali ninguém, matando o Egíp­ Aparição divina
cio, escondeu-o na areia. 13E, tendo O *Ora Moisés apascentava as o-
saído no dia seguinte, viu dois H e­ ° velhas de Jetro, seu sogro, sa­
breus rixando, e disse ao que fazia in­ cerdote de Madian; e, tendo conduzi­
júria: Por que feres o teu próximo? do o rebanho para o interior do de­
14E êle respondeu: Quem te constituiu serto, chegou ao monte de Deus, a
príncipe e juiz sôbre nós? Acaso que­ Horeb. 2E o Senhor apareceu-lhe nu­
res tu matar-me, como mataste o ma chama de fogo (que saía) do meio
Egípcio? Moisés temeu e disse: Como de uma sarça, e (Moisés) via que a
é que tal coisa se descobriu? 15E F a­ sarça ardia, sem se consumir. 3Disse,
raó foi informado do acontecimento pois, Moisés: Irei, e verei esta gran­
e procurava matar Moisés; êle, po­ de visão, (e v erei) por que causa se
rém, fugindo da sua vista, parou na não consome a sarça. ‘Mas o Senhor
terra de Madian, e assentou-se junto vendo que êle se movia para ir ver,
de um poço. 16Ora o sacerdote de Ma­ chamou-o do meio da sarça, e disse:
dian tinha sete filhas, as quais foram Moisés, Moisés. E êle respondeu: A-
tirar água; e, tendo enchido as pias, qui estou. 5E (o Senhor) disse: Não
queriam dar de beber aos rebanhos de te aproximes daqui: tira as sandálias
seu pai. "Sobrevieram os pastores, e de teus pés porque o lugar, em que
lançaram-nas fora dali; e Moisés le- estás, é uma terra santa. °E acrescen­
vantou-se e, tomando a defesa das tou : Eu sou o Deus de teu pai, o
moças, deu de beber às suas ovelhas. Deus de Abraão, o Deus de Isac, e
18Quando elas voltaram para casa de o Deus de Jacó. Cobriu Moisés o ros­
Raguel, seu pai, êste disse-lhes: Por to; porque não ousava olhar para
que viestes mais cedo do que de cos­ Deus.
tume? “ Responderam: Um homem e-
gípcio livrou-nos das mãos dos pasto­ ^Moisés é enviado a libertar Israel
res; e, além disso, tirou água conos­
co, e deu de beber às ovelhas. “ E 7E o Senhor disse-lhe: Eu vi a a fli­
êle disse: Onde está? Por que deixas­ ção do meu povo no Egito, e ouvi
tes partir êsse homem? Chamai-o o seu clamor causado pela crueza
para comer pão. daqueles que têm a superintendência
Cap. I I I — 1. Jetro é provavelmente a mesma pessoa que Raguel.
3 - 4 ÊXODO 79
das obras. 8E, conhecendo a sua veu, e do Jebuseu, a uma terra onde
dor, desci para o livrar das mãos dos corre o leite e o mel. J"E êles ouvirão
Egípcios, e para o conduzir daquela a tua voz, e tu com os anciãos de Is­
terra para uma terra boa e espaçosa, rael irás ao rei do Egito, e lhe dirás:
para uma terra onde corre o leite e o O Senhor Deus dos Hebreus chamou-
mel, nas regiões do Cananeu, e do He- nos; nós faremos viagem de três dias
teu, e do Amorreu, e do Ferezeu, e do no deserto, para sacrificarmos ao Se­
Heveu, e do Jebuseu. yO clamor, pois, nhor nosso Deus. 1!,Mas eu sei que o
dos filhos de Israel chegou até mim; e rei do Egito não vos deix&rá ir, se não
eu vi a sua aflição, com que são opri­ fôr <obrigadoJ por mão forte. 2tíPor is­
midos pelos Egípcios. 10Mas vem, e eu so eu estenderei a minha mão, e feri­
te enviarei a Faraó, a fim de que tires rei o Egito com tôda a sorte de pro­
do Egito o meu povo, os filhos de dígios, que farei no meio dêles; de­
Israel. pois disto vos deixará partir. 21Eu
Dificuldades opostas por Moisés farei que êste povo encontre graça
junto dos Egípcios; e, quando partir­
nE Moisés disse a Deus: Quem sou des, não saireis com as mãos va­
eu, para ir ter com Faraó, e tirar zias. --Mas cada mulher pedirá à sua
os filhos de Israel do Egito? 12E Deus vizinha e àquela que mora na sua
disse-lhe: Eu serei contigo; e terás casa, vasos de prata e de ouro, e ves­
isto por sinal de que eu te mandei: tidos; e pô-los-eis sôbre vossos filhos
Quando tiveres tirado' o meu povo do e vossas filhas, e despojareis o Egito.
Egito, oferecerás sacrifícios a Deus
sôbre êste monte. 13Moisés disse a Milagres para* confirmar a missão
Deus: Eis que eu irei aos filhos de de Moisés
Israel, e lhes direi: O Deus de vossos A Respondendo Moisés, disse: Não
pais enviou-me a vós. Se êles me per­ ’ me darão crédito, nem ouvirão
guntarem: Qual é o seu nome? Que a minha voz, mas dirão: O Senhor
lhes hei de responder? 14Deus disse não te apareceu. 2Disse-lhe, pois, (o
a Moisés: Eu sou o q u e s o u . E disse: S enhor): Que é o que tens na mão?
Assim dirás aos filhos de Israel: A- Êle respondeu: Uma vara. 3E o Se­
q u ê l e q u e é, enviou-me a vós. 1
5*E Deus nhor disse: Deita-a ao chão. Dei­
disse novamente a Moisés: Dirás isto tou-a, e ela converteu-se numa ser­
aos filhos de Israel: O Senhor Deus pente, de sorte que Moisés fugiu. 4E
de vossos pais, o Deus de Abraão, o o Senhor disse: Estende a tua mão, e
Deus de Isac, e o Deus de Jacó, en- pega-lhe pela cauda. Estendeu a mão,
viou-me a vós; êste é o meu nome e pegou-lhe, e transformou-se numa
por tôda a eternidade, e com êste ( no­ vara. V Assim fa rei) disse (o Senhor),
m e) serei recordado de geração em para que creiam que te apareceu o
geração. Senhor Deus de teus pais, o Deus
Deus promete a Moisés o bom êxito
de Abraão, o Deus de Isac, e o Deus
da missão que lhe confia
de Jacó. °E outra vez disse o Senhor:
Mete a tua mão no teu seio. E, me­
16Vai, e ajunta os anciãos de Is­ tendo-a no seio, tirou-a leprosa,
rael e lhes dirás: O Senhor Deus de íhrancc) como a neve. 7Torna a me­
vossos pais apareceu-me, o Deus de ter, disse (o Senhor), a tua mão no
Abraão, o Deus de Isac e o Deus de teu seio. Tornou a metê-la, e tirou-a
Jacó, e disse: Eu vos visitei atenta­ de novo, e era semelhante à outra
mente, e vi tudo o que vos tem suce­ carne. 8Se te não acreditarem, pros­
dido no Egito. 17*E resolvi tirar-vos seguiu (o Senhor), nem ouvirem a
da opressão dos Egípcios e (conduzir- voz do primeiro prodígio, acreditarão
vos) à terra do Cananeu, do Heteu, e na palavra do segundo prodígio. °Se
do Amorreu, e do Ferezeu, e do H e­ nem ainda acreditarem êstes dois pro­
14. Eu sou o que sou. E u sou aquêle que existe por si mesmo e que em si possui tôda
a plenitude da existência; é por mim que existem todos os sêres.
21-22. Deus promete muitos bens aos Hebreus, em compensação de seus trabalhos e a-
flições. Os Egípcios, aterrados pelas dez pragas, darão de boa vontade aos Hebreus tudo
o que êstes pedirem, para que deixem quanto antes o Egito, preferindo ficar sem nada.
80 EXODo 4
dígios, e não ouvirem a tua voz, to­ na mão a vara de Deus. 21E o Senhor
ma água do rio, e derrama-a por ter­ disse-lhe enquanto voltava para o E-
ra, e tôda a que tirares do rio se gito: Cuida de fazer diante de Faraó
converterá em sangue. todos os prodígios que eu pus na tua
mão. Eu endurecerei o seu coração, e
Arão intérprete de Moisés êle não deixará partir o povo. 22E tu
10Moisés disse: Perdoa, Senhor, eu lhe dirás: O Senhor diz estas coisas:
não sou de palavra fácil desde ontem Israel é o meu filho primogênito.
e desde anteontem; e, desde que fa ­ 23Eu disse-te: Deixa partir meu filho,
laste ao teu servo, a minha língua está para que êle me sirva; e tu não qui­
mais embaraçada e mais tarda. “ O seste deixá-lo partir; eis que matarei
Senhor disse-lhe: Quem fêz a boca do o teu filho primogênito.
homem? ou quem formou o mudo e o Encontro com Deus
surdo, o que vê e o que é cego? Não
sou eu? 12Vai, pois, e eu estarei na 24E, quando (Moisés) ia no caminho,
tua boca, e te ensinarei o que deverás o Senhor se lhe apresentou na pou­
dizer. 13(Moisés) porém disse: Rogo- sada, e queria matá-lo. “Tom ou logo
te, Senhor, que envies aquêle que de­ Séfora uma pedra agudíssima, e cir-
ves enviar. 140 Senhor irou-se contra cuncidou o prepúcio de seu filho, e,
Moisés, e disse: Eu sei que Arão, teu tocando os pés de Moisés, disse: Tu
irmão Levita, é eloqüente; eis que êle és para mim um espôso de sangue. ME
sai ao teu encontro, e, vendo-te, se a- (o Senhor) o deixou, depois que ela
legrará no seu coração. 15Fala-lhe, e disse, por causa da circuncisão, espô­
põe as minhas palavras na sua boca; so de sangue.
e eu serei na tua boca e na dêle, e vos
mostrarei o que deveis fazer. 16Êle Encontro com A rão e com os anciãos
falará por ti ao povo, e será a tua de Israel
bôca; e tu dirigí-lo-ás no que diz res­ 27E o Senhor disse a Arão: Vai ao
peito a Deus. "Tom a também na tua encontro de Moisés no deserto. E êle
mão esta vara, com a qual operarás saiu-lhe ao encontro no monte de
os prodígios. Deus, e o beijou. “ E Moisés contou
a Arão tôdas as palavras do Senhor
Partida de Moisés p ara o Egito com as quais o tinha enviado, e os
18Moisés partiu, e voltou para Jetro prodígios que lhe mandara que fizes­
seu sogro, e disse-lhe: Eu irei e vol­ se. “ E foram juntos, e congregaram
tarei aos meus irmãos (que estão) no todos os anciãos dos filhos de Israel.
Egito a ver se ainda são vivos. Jetro “ E Arão anunciou tôdas as palavras
disse-lhe: Vai em paz. 19Ora o Senhor que o Senhor tinha dito a Moisés; e
disse a Moisés, em Madian: Vai, e vol­ (Moisés) fêz os prodígios diante do
ta ao Egito, porque morreram todos povo, 31e o povo acreditou. E com­
aquêles que procuravam a tua alma. preenderam que o Senhor visitava
“ Tomou, pois, Moisés sua mulher e os filhos de Israel, e que tinha visto
os seus filhos e pô-los sobre um ju­ a sua aflição; e, prostrados, o adora­
mento, e voltou para o Egito, levando ram.
Cap. I V — 10, Desde ontem e desde ante-ontem. Expressão hebraica para designar o
tempo vpassado em geral.
13. Que e n v ie s ... o original diz: E nviai ( a vossa m ensagem ) por aquêle que quiserdes
enviar, m as não por mim.
14. o Senhor irou -se. .. A bondade de Deus m anifesta-se mesmo no meio do seu justo
descontentamento, dando a Moisés A rã o como intérprete.
19. Que procuravam. .. que te queriam matar.
21. Endurecerei o seu c o ra ç ã o ... Deus dá a todos as graças suficientes p a ra se sal­
varem. Muitos, porém, abusam delas, tornando-se dêste modo indignos de receber as g ra ­
ças eficazes, sem as quais é impossível permanecer na am izade de Deus. Sem elas o co­
ração endurece-se e permanece no pecado. Ê neste sentido que Deus diz endurecerei o seu
coração, isto é, não lhe darei as graças eficazes, visto que se tornou indigno delas.
24. E queria matá-lo, por não ter observado a lei da circuncisão.
25. Tu és para m im espôso de sangue. Salvando-te d a morte com o sangue que meu
filho a caba de derram ar na circuncisão, como que te adquiri de novo p a ra meu espôso.
5- 6 ExODO 81
Moisés e A rão diante de Faraó vam a palha. 14E aquêles que presi­
diam aos trabalhos dos filhos de Is­
Ç d e p o is disto Moisés e Arão fo- rael foram açoitados pelos exatores
° ram ter com Faraó e disseram- de Faraó, o s quais lhes diziam: Por
lhe: Estas coisas diz o Senhor Deus que não completastes vós nem ontem
de Israel: Deixa ir o meu povo, para nem hoje a mesma quantidade de ti­
que me ofereça sacrifícios no deserto. jolos que (fazíeis) antes? 15Então os
2Êle, porém, respondeu: Quem é o que presidiam os filhos de Israel fo ­
Senhor, para que eu obedeça à sua ram e gritaram a Faraó, dizendo: Por
voz, e deixe ir Israel? Não conheço o que tratas assim os teus servos?
Senhor, e não deixarei ir Israel. 3E 10Não nos fornecem a palha, e exigem
êles disseram: O Deus dos Hebreus a mesma quantidade de tijolos; e eis
chamou-nos para que andemos três que nós teus servos somos batidos com
dias de caminho pelo deserto, e sa­ açoites, e injustamente se procede
crifiquemos ao Senhor nosso Deus; contra o teu povo.
não suceda que venha sôbre nós a
peste ou a espada. 40 rei do Egito Queixas do povo contra Moisés
respondeu-lhes: Moisés e Arão, por Resposta de Deus
que distraís o povo dos seus traba­
lhos? Ide para as vossas tarefas. 5E 17Êle disse: Estais ociosos, e por
Faraó acrescentou: O povo do país é isso dizeis; Vamos e sacrifiquemos ao
muito numeroso, vós vêdes que a mul­ Senhor. 18Ide, pois, e trabalhai;, não
tidão aumentou; quanto mais se lhe se vos dará palha, e vós dareis o nú­
derdes algum alívio nos trabalhos? mero costumado de tijolos. 19E os
que presidiam aos filhos de Israel
Aumentam os maus tratos viam-se em má situação, porque lhes
contra os Hebreus diziam: Nada se diminuirá (do nume-
ro ) dos tijolos (que haveis de dar)
•Naquele mesmo dia ordenou aos cada dia. 20E, saindo da presença de
prefeitos das obras e aos exatores do Faraó, encontraram Moisés e Arão,
povo, dizendo: 7Não mais dareis pa­ que esperavam perto de lá, Me disse­
lha como antes, ao povo para fazer ram-lhes: O Senhor veja e julgue
tijolos, mas êles mesmos juntarão a porque vós nos pusestes em mau o-
palha. 8E os obrigareis à mesma quan­ dor diante de Faraó e de seus servos,
tidade de tijolos que antes (faziam ) e lhe metestes a espada na mão para
sem lhes diminuir nada; porque es­ nos matar. 22E Moisés voltou-se para
tão ociosos, e por isso gritam, dizen­ o Senhor, e disse: Senhor, por que
do: Vamos e sacrificaremos ao nos­ afligiste êste povo? Por que me en­
so Deus. °Sejam oprimidos com tra­ viaste? 23Pois, desde que eu me a-
balhos, e dêem-nos completos, para presentei a Faraó para lhe falar em
que não atendam a palavras mentiro­ teu nome, êle atormentou o teu po­
sas. 10Sairam, pois, os prefeitos das vo, e tu não os livraste.
obras e os exatores, e disseram ao po­ Missão dada a Moisés junto dos Hebreus
vo: Assim diz Faraó: Não vos dou e de Faraó
mais palha; J1ide, e juntai-a onde a
puderdes encontrar; e, nem por isso, (j !E o Senhor disse a Moisés:
se diminuirá alguma coisa do vosso u Agora verás o que eu farei a
trabalho. 120 povo, pois, espalhou-se Faraó; porque (obrigado) por mão
por tôda a terra do Egito a juntar pa­ poderosa os deixará sair, e (obriga­
lha. 13E os prefeitos das obras justa­ do) por mão poderosa os expulsará
vam com êles, dizendo: Completai o da sua terra. 2E o Senhor falou a
v o s s o trabalho todos os dias, como an­ Moisés, dizendo: Eu sou o Senhor,
tes costumãveis fazer, quando vos da­ 3que apareci a Abraão, a Isac e a Ja-

Cap. v — 7. N ã o mais dareis palha. P a r a m aior consistência dos tijolos costumavam os


egípcios, na sua fabricação, m isturar palha com argila.
21. ...ito s pusestes em mau o d o r ..., nos tornastes odiosos a F a ra ó e aos seus servos.
Cap. V I — 3. O meu nome Adonai. O texto hebreu diz: O m eu nome JavÔ ou Jeová.
Adonai é como lêem os Hebreus p a ra não pronunciar o nome inefável Jeová.
82 EXODO 6 - 7
có, como o Deus onipotente; mas não lias: Gerson e Caat e Merari. E os
lhes revelei o meu nome A d o n a i . anos da vida de Levi foram cento e
4Fiz, porém, aliança com êles para trinta e sete. 17Filhos de Gerson:
lhes dar a terra de Canaã, a terra da Lobni e Semei, segundo as suas fam í­
sua peregrinação, na qual foram fo ­ lias. 18Filhos de Caat, Amrão e Isa-
rasteiros. 5Ouvi o gemido dos filhos ar, e Hebron e Oziel. E os anos da
de Israel, que os Egípcios têm opri­ vida de Caat foram cento e trinta e
mido; e lembrei-me da minha alian­ três. 19Filhos de Merari: Mooli e Mu-
ça. °Por isso dize aos filhos de Is­ si; êstes (são) os descendentes de
rael: Eu sou o Senhor, que vos ti­ Levi, segundo as suas famílias. “ Am ­
rarei de sob o jugo dos Egípcios, e rão tomou por mulher a Jocabed, f i­
vos livrarei da escravidão, e vos res­ lha de seu tio paterno, a qual lhe
gatarei com o braço estendido e com deu à luz Arão e Moisés. E os anos
grandes juízos, Te vos tomarei por da vida de Amrão foram cento e
um povo, e serei o vosso Deus, e sa­ trinta e sete. 21Filhos de Isaar: Coré, e
bereis que eu sou o Senhor vosso Nefeg, e Zecri. 22Filhos de Oziel: Mi-
Deus, que vos tirarei de sob o jugo sael, e Elisafan, e Setri. ME Arão
dos Egípcios, 6*8*e vos introduzirei na tomou por mulher a Isabel, filha de
terra, sôbre que levantei a minha Aminadab, irmã de Naason, a qual
mão (em sinal de juram ento) para lhe deu à luz Nadab, e Abiu, e Elea-
dar a Abraão, a Isac e a Jacó; eu vo- zar, e Itamar. 24Filhos de Coré: Aser, e
la darei em possessão, eu o Senhor. Elcana, e Abiasaf. Estas são as fam í­
°E Moisés contou tudo isso Aos filhos lias dos descendentes de Coré. “ P o­
de Israel; êles porém, não o ouviram rém Eleazari filho de Arão, tomou
por causa da angústia do (seu) es­ por mulher uma das filhas de Fu-
pírito, e do (seu) trabalho duríssi­ tiel, a qual lhe deu à luz Finéias.
mo. 10E o Senhor falou a Moisés, di­ Êstes são os chefes das famílias levi-
zendo: 11Vai dizer a Faraó, rei do ticas segundo as suas linhagens. 26Ês-
Egito, que deixe partir da sua ter­ te é (aquele) Arão e (aquele) Moisés
ra os filhos de Israel. 12Moisés res­ a quem o Senhor ordenou que ti­
pondeu na presença do Senhor: Eis rassem da terra do Egito os filhos
que os filhos de Israel não me ou­ de Israel, segundo os seus grupos.
vem; e como me ouvirá Faraó, prin­ 27Êstes são os que falaram a Faraó,
cipalmente sendo eu incircunciso dos rei do Egito, para tirarem do Egito
lábios? 13E o Senhor falou a Moisés os filhos de Israel; êstes são Moisés
e a Arão, e deu-lhes ordens para os e Arão.
filhos de Israel, e para Faraó, rei Objeções de Moisés
do Egito, a fim de tirarem os filhos
de Israel da terra do Egito. MN o dia em que o Senhor falou
a Moisés na terra do Egito, “ o Se­
Genealogia de Moisés e de Arão nhor disse a Moisés: Eu sou o Se­
nhor; dize a Faraó, rei do Egito, tu­
14Êstes são os chefes das casas se­ do o que eu te digo. 30E Moisés res­
gundo as suas famílias. Filhos de pondeu na presença do Senhor: Eis
Ruben, primogênito de Israel: Henoc que sou incircunciso dos lábios, co­
e Falu, Hesron, e Carmi. 15Estas são mo me ouvirá Faraó?
as famílias de Ruben. Filhos de Si-
meão: Jamuel, e Jamin, e Aod, e A rão intérprete de Moisés
Jaquim, e Soar, e Saul, filho de uma y 1E o Senhor disse a Moisés: Eis
Cananéia. Esta é a progênie de Si- • que te constituí deus de F a ­
meão. 16E êstes são os nomes dos raó; e Arão, teu irmão, será teu
filhos de Levi segundo as suas fam í­ profeta. 2Tu lhe dirás tudo ò que eu
6. Com braço estendido, como um guerreiro que mostra a sua fôrça. — Com grandes
juízos, isto é, com grandes castigos.
12. Incircunciso dos lábios, isto é, inapto para falar.
Cap. V I I — 1. Deus de Faraó, isto é, dei-te poder de fazer diante dêle os maiores
prodígios, para que tenha mêdo de ti. — Teu profeta, o hebraico na&i significa aquêle
que fa la em nome de outro.
7 - 8 EXODo 83
te mando; e êle falará a Faraó, para a vara, que se converteu em dragão.
que deixe partir do seu país os filhos 16E lhe dirás: O Senhor Deus dos
de Israel. 3Mas eu endurecerei o seu Hebreus envicu-me a ti para (te )
coração e multiplicarei os meus sinais dizer: Deixa sair o meu povo para
e os meus prodígios na terra do E gi­ que me ofereça sacrifícios no deser­
to. 4E (apesar disso) não vos ouvirá. to; e até ao presente não quiseste ou­
Porém eu estenderei a minha mão sô- vir. 17Eis pois, o que diz o Senhor:
bre o Egito, e farei sair do Egito o Nisto conhecerás que eu sou o Se­
meu exército e o meu povo e os filhos nhor: Eis que ferirei com a vara,
de Israel, por meio dos maiores juízos. ue tenho na minha mão, a água
5E os Egípcios saberão que eu sou o rio e ela se converterá em san­
o Senhor, quando eu estender a mi­ gue. 18*Os peixes também que há no
nha mão sobre o Egito, e fizer sair rio, morrerão, e as águas se cor­
do meio dêles os filhos de Israel. romperão e os Egípcios, que bebe-
6Fêz, pois, Moisés e Arão como o Se­ rem a água do rio, terão que sofrer.
nhor tinha mandado; fizeram assim. 190 Senhor disse também a Moisés:
7Moisés tinha oitenta anos, e Arão oi­ Dize a Arão: Toma a tua vara e es­
tenta e três, quando falaram a F a­ tende a tua m ão sôbre as águas do
raó. Egito, e sôbre os seus rios e ribeiros,
e lagoas e todos os lagos de água,
Prodígio da vara para que se convertam em sangue;
8E o Senhor disse a Moisés e a e haja sangue em tôda a terra do E-
Arão: °Quando Faraó vos disser: F a­ gito, tanto nos vasos de madeira, co­
zei alguns prodígios, tu dirás a A- mo nos de pedra. 20E Moisés e Arão
rão: Pega na tua vara, e lança-a fizeram como o Senhor lhes manda­
por terra diante de Faraó, e ela se ra; e (A rã o ), levantando a vara, fe ­
converterá em serpente. 10Tendo, pois, riu a água do rio na presença de F a­
Moisés e Arão ido à presença de raó e dos seus servos; e ela conver-
Faraó, fizeram conforme o Senhor ti­ teu-se em sangue. 21E os peixes, que
nha ordenado; e Arão lançou por havia no rio, morreram; e o rio cor-
terra a vara diante de Faraó e dos rompeu-se, e os Egípcios não podiam
seus servos, e ela converteu-se em beber da água do rio, e houve san­
serpente. “ Mas Faraó chamou os sá­ gue por tôda a terra do Egito. 22E
bios e os magos, e êles fizeram tam­ os magos do Egito fizeram coisa se­
bém coisas semelhantes por meio dos melhante com os seus encantamen­
encantamentos egípcios e de certos tos; e o coração de Faraó endure­
segredos. 12E lançaram por terra ca­ ceu-se, e não os ouviu, como o Se­
da um dêles as suas varas, as quais nhor tinha mandado. 23E (F a ra ó)
se converteram em dragões, mas a voltou-lhes as costas, e entrou em
vara de Arão devorou as varas dêles. sua casa, e não aplicou o seu cora­
ção (a estas coisas) ainda desta vez.
Prim eira praga: a transformação 24E todos os Egípcios cavaram nos
da águ a em sangue arredores do rio para encontrar á-
13E endureceu-se o coração de F a ­ gua potável; porque não podiam be­
raó, e não os ouviu como o Senhor ber da água do rio. ^Passaram-se se­
tinha dito. 314E o Senhor disse a M oi­ te dias depois que o Senhor feriu o
sés: Obstinou-se o coração de Faraó; rio.
Segunda praga: as rãs
não quer deixar partir o (m eu ) po­
vo. 15*V ai ter com êle pela manhã; O jO Senhor disse novamente a
eis que êle sairá (para ir ) à mar­ ° Moisés: Vai ter com Faraó, e
gem do rio, e tomarás na tua mão lhe dirás: Estas coisas diz o Senhor:
12. . . . s e converteram em dragões. Os magos, com o au xíH j do demônio e por per­
missão de Deus, puderam contrafazer o m ilagre de Moisés. Deus, porém, p ara m ostrar
que Moisés era seu enviado e muito superior aos magos, fêz com que a v a ra de A rão
devorasse as varas dos magos.
22. Fizeram coisa semelhante, por intervenção diabólica, sôbre um a certa quantidade
de água, extraída provàvelmente de novos poços que os Egípcios tiveram de abrir, ou tra ­
zida do m ar ou da terra de Gessém, lugares não atingidos pelo flagelo.
84 ExODO 8

Deixa ir o meu povo, para que me Terceira praga: os mosquitos


ofereça sacrifícios. 2Se, porém, o não
quiseres deixar ir, eis que flagelarei 16E o Senhor disse a Moisés: Dize
com rãs todo o teu país. 30 rio fe r­ a Arão: Estende a tua vara, e fere
verá em rãs, e elas subirão, e entra­ o pó da terra, e haja mosquitos em
rão na tua casa, e na câmara onde tôda a terra do Egito. 17E êles fize­
dormes, e sôbre o teu leito, e nas ca­ ram assim. E Arão, pegando na vara,
estendeu a mão, e feriu o pó da ter­
sas dos teus servos, e no meio do teu ra, e os mosquitos cairam sobre os
povo, e nos teus fornos, e nos sobejos homens e sôbre os animais; todo o
dos teus alimentos; 4e as rãs irão pó da terra se converteu em mosqui­
sôbre ti, sôbre o teu povo e sôbre tos por tôda a terra do Egito. 18E os
todos os teus servos. 5E o Senhor dis­ magos fizeram dum modo semelhan­
se a Moisés: Dize a Arão: Estende te com os seus encantamentos para
a tua mão sôbre os rios e sôbre as ri­ produzir mosquitos, e não puderam;
beiras e lagoas, e faze sair rãs sôbre e os mosquitos existiam tanto sôbre
a terra do Egito. °E Arão estendeu a os homens como sôbre os animais.
sua mão sôbre as águas do Egito, e 10Então os magos disseram a Faraó:
as rãs sairam e cobriram a terra do O dedo de Deus está aqui; porém o
Egito. 7Os magos, porém, fizeram coi­ coração de Faraó endureceu-se, e
sa semelhante por meio dos seus en­ não os ouviu, como o Senhor tinha
cantamentos, e fizeram sair rãs sobre mandado.
a terra do Egito.
Quarta praga: as moscas
8Faraó chamou Moisés e Arão, e
disse-lhes: Rogai ao Senhor que afas­ “ E o Senhor disse outra vez a M oi­
te as rãs de mim e do meu povo, e sés: Levanta-te de madrugada, e
eu deixarei ir o povo para que ofe­ apresenta-te a Faraó; porque êle
reça sacrifícios ao Senhor. 9E Moisés sairá para ir junto da água; e lhe
disse a Faraó: Determina-me quan­ dirás: Isto diz o Senhor: Deixa ir
do deverei rogar por ti, pelos teus o meu povo, a fim de que me ofe­
servos e pelo teu povo, a fim de que reça sacrifícios. 21Porque, se não o
as rãs sejam afastadas de ti, e da deixares ir, eis que eu mandarei con­
tua casa, e dos teus servos, e do teu tra ti, e contra os teus servos, e con­
povo; e somente fiquem no rio. 10Êle tra o teu povo, e contra as tuas ca­
respondeu: Amanhã. E Moisés disse: sas todo o gênero de moscas; e as
Farei segundo a tua palavra, para casas dos Egípcios, e tôda a terra
que saibas que não há quem seja co­ onde êles se acharem, serão cheias
mo o Senhor nosso Deus. UE as rãs de moscas de vários gêneros. 22Mas
afastar-se-ão de ti, e da tua casa, e eu, nesse dia, tornarei maravilhosa a
dos teus servos, e do teu povo; e terra de Gessém, onde habita o meu
somente ficarão no rio. 12Moisés e povo; de modo que não haja aí mos­
Arão sairam da presença de Faraó; cas; a fim de que saibas que eu sou
e Moisés clamou ao Senhor pelo cum­ o Senhor no meio da terra. 23Estabele-
primento da promessa que tinhà fe i­ cerei (assim) uma distinção entre o
to a Faraó relativamente às rãs. 13E meu povo e o teu povo; amanhã terá
o Senhor fêz conforme a palavra de lugar êste sinal. 24E o Senhor assim
Moisés; e morreram as rãs das ca­ fêz. E vieram moscas molestíssimas
sôbre as casas de Faraó e dos seus
sas, e das granjas, e dos campos. 14E servos, e sôbre tôda a terra do Egito;
juntaram-nas em imensos montões, e e a terra foi devastada por tais mos­
a terra ficou infeccionada. 15Mas F a­ cas. “ E Faraó chamou Moisés e Arão,
raó, vendo que lhe era dado alívio, e disse-lhes: Ide e sacrificai ao vos­
endureceu o seu coração, e não os so Deus nesta terra. 26E Moisés dis­
ouviu, como o Senhor tinha man­ se: Não se pode fazer assim, porque
dado. sacrificaremos ao Senhor nosso Deus
Cap. V I I I — 7. E fizeram sair rã s. .. N ão se sabe se fizeram sair as rãs do Nilo, nem
em que proporções; o que é certo, porém, é que não foram capazes de as fazer desaparecer.
8 - 9 ÊXODO 85
coisas que para os Egípcios é sacri­ Faraó mandou ver; e nada estava
légio matar; e se nós diante dos morto do que possuía Israel. O co­
Egípcios matarmos o que êles ado­ ração de Faraó, porém, endureceu-
ram, nos apedrejarão. 27Andaremos se, e não deixou ir o povo.
três dias de viagem no deserto; e
sacrificaremos ao Senhor nosso Deus, Sexta praga: as úlceras
como êle nos ordenou. 28E Faraó dis­ 8E o Senhor disse a Moisés e a
se: E u vos deixarei ir para que sa­ Arão: Tomai mãos cheias de cinza
crifiqueis ao Senhor vosso Deus no da chaminé, e Moisés a lance ao ar
deserto; mas não vos afasteis muito, diante de Faraó. °E haja pó sôbre
rogai por mim. aE Moisés disse: L o ­ tôda a terra do Egito, donde resul­
go que eu tiver saldo da tua pre­ tarão nos homens e nos animais úl­
sença, rogarei ao Senhor, e ama­ ceras e grandes tumores por tôda a
nhã as moscas se afastarão de F a­ terra do Egito. 10E tomaram cinza da
raó, e dos seus servos e do seu povo; cháminé, e apresentaram-se a Faraó,
mas não queiras mais enganar-me, e Moisés lançou-a ao ar; e form a­
não deixando sair o povo a fazer ram-se úlceras e grandes tumores nos
sacrifícios ao Senhor. ^E, tendo Moi­ homens e nos animais. nE os magos
sés saído da presença de Faraó, orou não podiam ter-se de pé diante de
ao Senhor. 31E êle fêz o que Moisés Moisés, por causa das úlceras, que
lhe tinha pedido, e tirou as moscas estavam sôbre êles, como sôbre tôda
de Faraó, e dos seus servos, e do seu a terra do Egito. 12E o Senhor endu­
povo; não ficou uma só. 32Mas o co­ receu o coração de Faraó, e não os
ração de Faraó endureceu-se de tal ouviu, como o Senhor tinha dito a
sorte, que nem ainda desta vez dei­ Moisés.
xou ir o povo.
Sétima praga: o granizo
Quinta praga: a peste dos animais
13E o Senhor disse a Moisés: L e ­
O 7E o Senhor disse a Moisés: Vai vanta-te de manhã cedo, e apresen­
** ter com Faraó, e dize-lhe: Isto ta-te a Faraó, e lhe dirás: Isto diz o
diz o Senhor Deus dos Hebreus: Dei­ Senhor Deus dos Hebreus: Deixa ir
xa ir o meu povo para que me ofe­ o meu povo, para que me ofereça
reça sacrifícios. 2Porque, se ainda re­ sacrifícios. 14Porque desta vez man­
cusas, e o retens, 3eis que a minha darei tôdas as minhas pragas sôbre
mão será sôbre os teus campos; e o teu coração, e sôbre os teus servos,
(v irá ) uma pestilência gravíssima sô­ e sôbre o teu povo; para que saibas
bre os cavalos, e jumentos, e came­ que não há quem seja semelhante a
los, e bois, e ovelhas. 4E o Senhor fa ­ mim em tôda a terra. 15Agora, esten­
rá a maravilha de separar o que per­ dendo a mão, te ferirei de peste a ti e
tence aos filhos de Israel do que per­ ao teu povo, e serás exterminado da
tence aos Egípcios, de sorte que não terra. 16E com êste fim te conservei,
pereça absolutamente nada do que para mostrar em ti o meu poder, e
pertence aos filhos de Israel. 5E o para que meu nome seja celebrado
Senhor determinou o tempo, dizen­ em tôda a terra. 17Ainda retens o meu
do: Amanhã cumprirá o Senhor esta povo, e o não queres deixar ir? 18Eis
palavra no país. °Ao outro dia, pois, que amanhã, a esta mesma hora,
fêz o Senhor o que tinha dito; e farei chover granizo abundantíssimo,
todos os animais dos Egípcios mor­ qual não se viu nunca no Egito, des­
reram; mas dos animais dos filhos de o dia em que foi fundado até o
de Israel não morreu nenhum. 7E presente. 19Manda, portanto, imedia-
Cap. IX — 11. E os magos não podiam ter-se de pé, e reconheciam agora a sua inteira
impossibilidade de contrafazer Moisés, vendo-se atacados pelo terrível flagelo. D o texto
parece deduzir-se que F araó , por permissão de Deus, não foi atingido pela praga.
15-16. O original hebraico, muito mais claro diz: Se eu tivesse estendido a minha mão
e te tivesse ferido de peste a ti o ao teu povo, terias sido exterminado da terra. M as com
êste fim te deixei subsistir, para que se mostre em ti o meu poder, eto
19. Manda. .. juntar. .. Deus, em sua infinita bondade, lem bra um meio de evitar
o flagelo a todos os que crerem na sua palavra.
86 EXODO 9-10
tamente juntar os teus animais, e o Senhor, e cessaram os trovões e
tudo o que tens no campo, porque o granizo, e não caiu mais chuva sô­
os homens e os animais e todo o que bre a terra. 34Faraó, porém, vendo
se achar fora, e não estiver reco­ que tinha cessado a chuva, o grani­
lhido dos campos e cair sôbre êles zo e os trovões, aumentou o seu pe­
o granizo, morrerão. 20Aquêles dos cado; 35e o seu coração, e o de seus
servos de Faraó, que temeram a pa­ servos se obstinou e endureceu ex-
lavra do Senhor, fizeram retirar os traordinàriamente; e não deixou par-
seus servos e os seus animais para .tir os filhos de Israel, como o Se­
as casas. 21Aquêles, porém, que des­ nhor tinha mandado por meio de
prezaram a palavra do Senhor, dei­ Moisés.
xaram ficar os seus servos e os seus
animais nos campos. Oitava praga: os gafanhotos
22E o Senhor disse a Moisés: Esten­ 1 J1 2E o Senhor disse a Moisés: Vai
de a tua mão para o céu, a fim de ter com Faraó: porque eu en-
ue chova granizo em tôda a terra dureci o seu coração e o de seus ser­
o Egito sôbre os homens, e sobre vos a fim de operar nêle os meus pro­
os animais, e sôbre tôda a erva do dígios, 2e para que tu contes a teu
campo, na terra do Egito. ME Moisés filho e a teus netos quantas vêzes,
estendeu a vara para o céu; e o Se­ feri os Egípcios, e operei os meus
nhor despediu trovões, e granizo, e prodígios no meio dêles; e para que
raios, que se precipitavam sôbre a vós saibais que eu sou o Senhor.
terra; e o Senhor íêz chover granizo 3Moisés e Arão apresentaram-se, pois,
sôbre a terra do Egito. 24E o granizo a Faraó, e disseram-lhe: O Senhor
e o fogo caíam ao mesmo tempo mis­ Deus dos Hebreus diz estas coisas: A-
turados; e o granizo foi de tal gran­ té quando recusarás sujeitar-te a
deza, que nunca antes se viu igual em mim? Deixa ir o meu povo para que
tôda a terra do Egito, desde que a- me ofereça sacrifícios. 4Se ainda resis­
quela nação foi fundada. 25E o gra­ tes, e não o queres deixar ir, eis que
nizo feriu em tôda a terra do Egito eu amanhã mandarei gafanhotos sô­
tudo o que estava nos campos, desde bre as tuas terras, 5os quais cubram
os homens até aos animais, e feriu a superfície da terra, de sorte que de­
tôda a erva do campo, e destroçou la não apareça nada, mas seja devora­
todas as árvores do país. 26SÓ na ter­ do o que escapou do granizo; porque
ra de Gessém, onde estavam os filhos êles roerão tôdas as plantas que ger­
de Israel, não caiu granizo. minam nos campos. 6E encherão as
27E Faraó mandou chamar Moisés tuas casas e as dos teus servos, e as de
e Arão, e disse-lhes: Eu peqqei ain­ todos os Egípcios; nem os teus pais,
da desta vez; o Senhor é justo; eu e nem os teus avós viram tanta quan­
o meu povo somos ímpios. 28Rogai tidade, desde que êles nasceram na
ao Senhor para que cessem os tro­ terra até ao presente. Com isto vol-
vões de Deus, e o granizo, a fim de tou-se, e saiu da presença de Faraó.
que eu vos deixe ir, e não perma­ 7Mas os servos de Faraó disseram-lhe:
neçais mais aqui. ^Moisés disse: De­ Até quando sofreremos nós êste es­
pois que eu tiver saído da cidade, cândalo? Deixa ir êstes homens, a
estenderei as minhas mãos para o fim de que ofereçam sacrifícios ao
Senhor, e cessarão os trovões e -não Senhor seu Deus; não vês que o E gi­
choverá mais granizo, a fim de que to está perdido? 8E tornaram a cha­
saibas que (toda) a terra é do Se­ mar Moisés e Arão à presença de F a ­
nhor. 30Mas eu sei que nem tu nem raó, ô qual lhes disse: Ide, oferecei
os teus servos temem ainda o Se­ sacrifícios ao Senhor vosso Deus;
nhor Deus. 310 linho e a cevada per­ quem são os que hão de ir? “Moisés
deram-se, porque a cevada estava respondeu: Havemos de ir com os
verde e o linho estava em flôres. 820 nossos meninos, e com os nossos ve­
trigo, porém, e o farro não foram da­ lhos, com filhos e com filhas, com
nificados, porque eram serôdios. 33E ovelhas e com gados; porque é uma
Moisés, tendo deixado Faraó e sain­ solenidade do Senhor nosso Deus. lfflE
do da cidade, ergueu as mãos para Faraó respondeu: Assim seja o Se­
10 - ll EXoDO 87
nhor convosco, como eu deixarei ir a sôbre a terra do Egito trevas tão es-
v ó s e aos vossos filhos; quem duvida pêssas, que se possam apalpar. 22E
que vós não tendes péssimas inten­ Moisés estendeu a sua mão para o
ções? 71Não há de ser assim, mas ide céu, e houve trevas horríveis em tôda
somente vós os homens, e oferecei a terra do Egito, durante três dias.
sacrifícios ao Senhor; porque isto é o 23Um não via o outro, nem se movia
que vós mesmos pedistes. E, imediata­ do lugar em que estava; porém em
mente, foram expulsos da presença de tôda a parte onde habitavam os filhos
Faraó. 12E o Senhor disse a Moisés: de Israel havia luz. 24E Faraó cha­
Estende a tua mão sôbre a terra do mou Moisés e Arão, e disse-lhes: Ide,
Egito para os gafanhotos, a fim de oferecei sacrifícios ao Senhor; f i­
que êles saltem sôbre a terra, e devo­ quem somente as vossas ovelhas e o
rem tôda a erva, que tenha ficado do vosso gado, os vossos meninos vão
granizo. 13E Moisés estendeu a vara convosco. 25Moisés disse: Também nos
sôbre a terra do Egito; e o Senhor darás as hóstias e os holocaustos, que
mandou um vento abrasador durante ofereçamos ao Senhor nosso Deus. " I -
todo aquêle dia e noite; e, quando foi rão conosco todos os nossos rebanhos;
manhã, o vento abrasador levantou os não ficará dêles nem uma unha, por­
gafanhotos, 14que avançaram sôbre que são necessários para o culto do
tôda a terra do Egito, e pousaram em Senhor nosso Deus; principalmente
todos os limites dos Egípcios tão inu­ ignorando nós o que se deve imolar,
meráveis, quais antes daquele tempo enquanto não chegamos àquele lugar.
não tinha havido, nem depois have­ 27Mas o Senhor endureceu o coração
rá. 15E cobriram tôda a superfície de Faraó, e não os quis deixar ir. ^E
da tèrra, devastando tudo. Foi, por­ Faraó disse a Moisés: Aparta-te de
tanto, devorada a erva da terra, e tu­ mim, e livra-te de me tornares a ver
do o que havia de frutos nas árvores, a face; no dia em que me apareceres,
que o granizo tinha deixado, e não morrerás. “ Moisés respondeu: Assim
ficou nada de verde nas árvores e nas se fará como disseste; não verei mais
ervas da terra em todo o Egito. 16Pe- a tua face.
lo que Faraó chamou a tôda a pres­
sa Moisés e Arão, e disse-lhes: Eu Predição da décima e últim a praga
pequei contra o Senhor vosso Deus, e 11 2E o Senhor disse a Moisés:
contra vós. 17Mas agora perdoai-me 11 Flagelarei ainda com uma
ainda esta vez o meu pecado, e rogai praga a Faraó e ao Egito, e, depois
ao Senhor vosso Deus que tire de mim disso, vos deixará partir, e até vos
esta morte. 18E Moisés, tendo saído constrangerá a sair. 2Dirás, pois, a
da presença de Faraó, orou ao Se­ todo o povo que cada homem peça
nhor, 19o qual fêz soprar do poente ao seu amigo, e cada mulher à sua
um vento fortíssimo, e arrebatou os vizinha vasos de prata e ouro. 3E o
gafanhotos, e lançou-os no Mar V er­ Senhor fará que o seu povo ache gra­
melho; não ficou um só em todos os ça diante dos Egípcios. Ora Moisés
limites do Egito. “ E o Senhor endu­ foi um homem muito grande na ter­
receu o coração de Faraó, e êle não ra do Egito, aos olhos dos servos de
deixou sair os filhos de Israel. Faraó e de todo o povo. 4E disse: Es­
Nona praga: as trevas tas coisas diz o Senhor: À meia-noite
21E o Senhor disse a Moisés: Es­ passarei pelo Egito; 5e todo o pri­
tende a tua mão para o céu, e haja mogênito morrerá na terra do Egi-
Cap. X — 10. Assim seja o Senhor convosco. .. Ê a piedosa saudação dos Hebreus em­
pregada por F a ra ó dum modo irônico. O Senhor seja convosco como eu vos deixarei ir, isto
é, nunca vos deixarei ir.
17. Esta morte, esta praga mortal p ara o Egito.
21. Que se possam apalpar. Expressão popular, muito usada em tôdas as línguas.
Cap. X I — 3. F oi um homem grande. .. nâo só por ter sido educado na côrte de Faraó,
m as também por causa dos grandes milagres que operava.
4. Passarei pelo Egito. Modo de dizer para significar que Deus ia intervir dum modo
novo, infligindo diretamente a última praga enquanto que as nove prim eiras tinham sido
infligidas por intermédio de Moisés e Ar&o.
88 EXoDO 11 - 12

to, desde o primogênito de Faraó, -lo-ão sôbre as duas ombreiras e


que se assenta sôbre o seu trono até sôbre a verga da porta das casas,
ao primogênito da escrava, que está em que êles o hão de comer. 8E
à mó, e até aos primogênitos dos ani­ nessa mesma noite comerão as car­
mais. °E haverá em tôda a terra do nes ( do cordeiro) assadas no fogo,
Egito um grande clamor qual nun­ com pães ázimos e alfaces bravas.
ca antes houve, nem haverá jamais. 9Não comereis dêle nada cru, nem
7Mas entre todos os filhos de Israel, cozido em água, mas somente assa­
desde os homens até aos animais, do no fogo; comer-lhe-eis a cabeça,
não se ouvirá ganir um cão; para os pés e os intestinos.
que saibais com que grande milagre 10Nada ficará dêle até pela manhã;
o Senhor separa os Egípcios de Is­ se restar alguma coisa, queimá-la-eis
rael. 8E todos êstes teus servos virão no fogo. UE comê-lo-eis dêste modo:
a mim, e se prostrarão diante de Cingireis os vossos rins, e tereis as
mim, dizendo: Sai tu e todo o teu sandálias nos pés, e os bordões na
povo, que te está sujeito; depois dis­ mão, e comereis à pressa: porque é
to sairemos. 9E Moisés saiu da pre­ a Páscoa (isto é, a passagem) do
sença de Faraó muito irado. E o Senhor. 12E naquela noite eu passarei
Senhor disse a Moisés: Faraó não pela terra do Egito e ferirei (de
vos ouvirá, para que se façam mui­ m orte) todo o primogênito na terra
tos prodígios na terra do Egito. 10Moi- do Egito, desde os homens até aos
sés e Arão fizeram diante de Faraó animais; e executarei (os meus) juí­
todos os prodígios que estão escri­ zos sôbre todos os deuses do Egito,
tos. Mas o Senhor endureceu o cora­ eu que sou o Senhor. 130 sangue, po­
ção de Faraó, e êle não deixou par­ rém, será para vós um sinal fem
tir os filhos de Israel da sua terra. vosso favor) nas casas em que mo­
rardes, e eu verei o sangue, e pas­
Instituição da Páscoa sarei adiante; e não haverá em vós
a praga destruidora, quando eu fe ­
1 2 xO Senhor disse também a Moi- rir a terra do Egito. 14Êste dia será
sés e a Arão na terra do E gi­ para vós um dia memorável, e vós
to: 2Êste mês será para vós o prin­ o celebrareis nas vossas gerações
cípio dos meses; será o primeiro dos com um culto perpétuo como dia so­
meses do ano. 3Falai a todo o ajun­ lene do Senhor.
tamento dos filhos de Israel, e dizei- 15Comereis pães ázimos durante se­
lhes: N o décimo dia dêste mês cada te dias; desde o primeiro dia não se
um tome um cordeiro por fam ília e achará fermento em vossas casas;
por casa. 4Mas, se o número (de pes­ todo o que comer (pao) fermentado,
soas) é menor que o que pode bas­ desde o primeiro dia até ao sétimo,
tar para comer o cordeiro, tomará o perecerá aquela alma do meiçr de
seu vizinho que estiver mais próximo Israel.
da sua casa, segundo o número de 10O primeiro dia será santo e solene,
almas que podem bastar para comer e o dia sétimo será festa igualmente
o cordeiro. 5Ora o cordeiro será sem venerável. Nêles não fareis obra al­
defeito, macho, de um ano. Com o guma servil, exceto aquelas que per­
mesmo rito tomareis também Vm ca­ tencem ao comer. "Observareis, pois,
brito. °E o guardareis até o dia ca­ a festa dos ázimos, porque nesse mes­
torze dêste mês; e tôda a multidão mo dia farei sair o vosso exército da
dos filhos de Israel o imolará à tar­ terra do Egito, e vós observareis ês-
de. 7E tomarão do seu sangue, e pô- te dia com culto perpétuo nas vossas

Cap. X I I — 2. o princípio dos meses, com êle com eçará o ano sagrado, por êle dever&o
ser reguladas as festas religiosas.
5. Com o mesmo rito, etc. Se em vez dum cordeiro preferirdes um cabrito, podeis to­
m á-lo, m as deverá ter as mesmas condi çôes.
9. C o m er-lh e-eis.. . os intestinos, depois de convenientemente lavados.
12. Executarei os meus juízos. .. A morte dos primogênitos m ostrará a impotência dos
deuses em defender os seus adoradores, e como que os castigará-
12 ExoDO 89
gerações. 18No primeiro mês, no dia mogênito de Faraó, que se assenta­
catorze do mês, à tarde, comereis os va sôbre o seu trono, até ao primo­
ázimos até à tarde do dia vinte e gênito da escrava, que estava no cár­
um do mesmo mês. "Durante sete cere, e todo o primogênito dos ani­
dias não se achará fermento em vos­ mais. “ E Faraó levantou-se de noite,
sas casas; todo o que comer pão fe r­ e todos os seus servos, e todo o E gi­
mentado, perecerá aquela alma do to; e houve um grade clamor no E gi­
mèio do ajuntamento de Israel, quer to; porque não havia casa onde não
êle seja estrangeiro, quer natural do houvesse um morto.
país. 20Não comereis nada fermenta­
do; comereis ázimos em tôdas as vos­ Faraó apressa os Hebreus a partir
sas casas. 31E Faraó, chamando Moisés e A -
Moisés transmite ao povo a rão naquela mesma noite, disse: L e ­
ordem divina vantai-vos e saí do meio do meu po­
vo, vós e os filhos de Israel; ide, ofe­
21Moisés, pois, convocou todos os recei sacrifícios ao Senhor, como di­
anciãos de Israel, e disse-lhes: Ide, zeis. 32Tomai as vossas ovelhas e os
tomai um animal para cada uma das vossos rebanhos, como pedistes, e ao
vossas famílias, e imolai a Páscoa. partir, abençoai-me. 33Os Egípcios
22Banhai um molhinho de hissopo no também apertavam com o povo para
sangue, que estará no limiar da por­ que saísse depressa do país, dizendo:
ta, e aspergi com êle a verga e as Morreremos todos. 3<tO povo tomou,
duas ombreiras da porta; nenhum de pois, a farinha amassada, antes que
vós saia da porta da sua casa até se levedasse: e, envolvendo-a nas ca­
pela manhã. 2 *3Porque o Senhor pas­
1 pas, a pôs aos ombros. 35E os filhos
sará, ferindo os Egípcios; e, quando de Israel fizeram como Moisés ti­
vir o sangue sôbre a verga e sôbre nha ordenado; e pediram aos Egíp­
as duas ombreiras da porta, passará cios vasos de prata e de ouro, e gran­
a porta da casa, e não permitirá que de quantidade de vestidos. ^E o Se­
o exterminador entre em vossas ca­ nhor fêz com que o seu povo encon­
sas e faça dano. 24Guarda êste (p re­ trasse graça diante dos Egípcios, pa­
ceito) como uma lei para ti e teus ra que êstes lhes emprestassem; e
filhos perpètuamente. “ E, depois que despojaram os Egípcios.
tiverdes entrado na terra que o Se­
nhor vos há de dar, como prometeu, Partida de Ramessés
observareis estas cerimônias. “ E, 37E os filhos de Israel partiram de
quando os vossos filhos vos disserem: Ramessés por Socot, sendo perto de
Que rito sagrado é êste? 27Vós lhes seiscentos mil homens de pé, afora
direis: É a vítim a da passagem do os meninos. ME partiu também com
Senhor, quando êle passou adiante êles uma inumerável multidão de to­
as casas dos filhos de Israel no E gi­ da a sorte de gentes, e ovelhas, e ga­
to, ferindo os Egípcios, e livrando as dos, e animais de diversos gêneros em
nossas casas. Então o povo, ao ouvir muito grande quantidade. 39E coze­
isto, prostrando-se, adorou (o Se­ ram a farinha que tinham levado do
nhor). fflE os filhos de Israel, tendo Egito já amassada; e fizeram dela
saído dali, fizeram como o Senhor pães ázimos, cozidos no borralho;
tinha ordenado a Moisés e a Arão. porque não puderam fazê-la levedar,
apressando-os os Egípcios a partir,
Décima praga: a morte dos
e não lhes permitindo nenhuma de­
primogênitos Egípcios mora; nem tinham podido preparar
^Aconteceu, pois, que, à meia-noi­ nada de comer. 40Ora o tempo que
te, o Senhor feriu todos os primogê­ os filhos de Israel tinham morado no
nitos na terra do Egito, desde o pri­ Egito, foi de quatrocentos e trinta a­
21. Imolai a Páscoa, isto ê, o cordeiro ou cabrito pascal.
32. Abençoai-m e. Pedi a Deus que eu não m orra também dêste flagelo.
36. Emprestassem. O verbo hebraico correspondente significa dar. o s Egípcios, ansiosos
por ver partir os Hebreus, deram-lhes tudo o que êles pediram.
90 ExODO 12 - 13
nos. "Completos os quais, todo o exér­ te tiver introduzido na terra do Ca-
cito do Senhor saiu no mesmo dia da naneu, e do Heteu, e do Amorreu, e
terra do Egito. 42Esta noite, em que do Heveu, e do Jebuseu, que êle jurou
os tirou da terra do Egito, deve ser a teus pais que te havia de dar, terra
consagrada ao Senhor; e todos os onde corre o leite e o mel, celebrarás
filhos de Israel a devem celebrar êste rito sagrado neste mês. C om e­
nas suas gerações. rás ázimos durante sete dias; e, no
sétimo dia, haverá uma festa solene
N ovas determinações sobre a Páscoa (em honra) do Senhor. 7Comereis á-
43E o Senhor disse a Moisés e a zimos durante sete dias; não haverá
Arão: Êste é o rito da Páscoa: N e­ em vossas casas coisa alguma fermen­
nhum estrangeiro comerá dela. " T o ­ tada, nem em todos os teus territórios.
do o escravo comprado será circun- 8E naquele dia, contarás a teu filho,
cidado, e então comerá. 460 adventi- dizendo: Eis o que o Senhor fêz por
cio e o mercenário não comerão de­ mim, quando saí do Egito. °E isto
la. 46(O cordeiro) há de comer-se será como um sinal na tua mão, e co­
(tod o) em cada casa, e das suas car­ mo um memorial diante dos teus o-
nes não levareis nada para fora (de lhos, a fim de que a lei do Senhor an­
casa), nem lhe quebrareis osso al­ de sempre na tua bôca; pois que o
gum. 47Tôda a multidão dos filhos de Senhor te tirou do Egito com mão
Israel celebrará a Páscoa. "Porém , forte. 10Observarás êste culto todos os
se algum estrangeiro quiser passar anos no tempo fixado.
para a vossa colônia, e celebrar a Lei sôbre os primogênitos
Páscoa do Senhor, cincuncidem-se
primeiro todos os seus varões, e en­ nE, quando o Senhor te tiver in­
tão a celebrará segundo o rito, e será troduzido na terra do Cananeu, como
como natural do país; e algum, po­ êle jurou a ti e a teus pais, e ta tiver
rém, não fôr circuncidado, não co­ dado, "separarás para o Senhor todo
merá dela. 49A mesma lei será para o primogênito, mesmo o primogênito
o natural e para o estrangeiro que dos teus gados; e consagrarás ao Se­
vive convosco. 50E todos os filhos de nhor tudo o que tiveres do sexo mas­
Israel fizeram como o Senhor ti­ culino. 13Trocarás o primogênito do
nha ordenado a Moisés e a Arão. jumento por uma ovelha; se, porém
51E, naquele mesmo dia, o Senhor ti­ o não resgatares, matá-lo-ás. Mas res­
rou da terra do Egito os filhos de gatarás com dinheiro todo o primogê­
Israel, repartidos nas suas turmas. nito de teus filhos. 14E quando teu
Consagração dos primogênitos
filho te interrogar um dia, dizendo:
Que é isto? responder-lhe-ás: O Se­
1 9 7E o Senhor falou a Moisés, di- nhor tirou-nos do Egito, da casa da
zendo: 2Consagra-me todo o escravidão, com mão forte. 15Porque
primogênito, que abre o útero de sua Faraó, tendo-se obstinado, e não que­
mãe entre os filhos de Israel, tanto rendo deixar-nos partir, o Senhor ma­
dos homens como dos animais, por­ tou todos os primogênitos na terra do
que tôdas as coisas são minhas. Egito, desde o primogênito do homem
até ao primogênito dos animais; por
Exortação de Moisés ao povo isso eu sacrifico ao Senhor todos os
3E Moisés disse ao povo: Lembrai- machos primogênitos (dos animais),
vos dêste dia, em que saístes do Egito e resgato todos os primogênitos de
e da casa da escravidão; porque o Se­ meus filhos. 16Isto, pois, será como
nhor vos tirou dêste lugar com mão um sinal na tua mão, e como uma
forte; e, por isso, não comereis pão coisa pendente ante os teus olhos pa­
fermentado. 4Vós saís hoje no mês ra lembrança, porque o Senhor nos
dos trigos novos. 5Quando o Senhor4 * tirou do Egito com mão forte.
3
43. Nenhum estrangeiro, isto é, nenhum que não pertença à/ estirpe e à religião judaica.
48. Se algum estrangeiro... o original diz: Se algum estrangeiro, morando contigo, qui-
ser celebrar a Páscoa do Senhor. ..
13 - 14 ÊXODO 91
P ara o deserto; ossos de José seram: Que quisemos nós fazer, dei­
xando partir Israel, para que êle nos
170ra, quando Faraó deixou partir não servisse? 6(F a ra ó) pois, mandou
o povo, Deus não os conduziu pelo pôr os cavalos ao seu carro, e tomou
caminho do país dos Filisteus, que é consigo todo o seu povo. 7E tomou
(mais) vizinho, julgando que êle tal­ seicentos carros escolhidos, e todos
vez s<_ arrependesse, se visse levanta­ os carros do Egito, e os capitães de
rem-se guerras contra êle, e retroce­ todo o exército. 8E o Senhor endure­
desse para o Egito. 18Mas fê-los dar ceu o coração de Faraó, rei do Egito,
uma volta pelo caminho do deserto, e foi no alcance dos filhos de Israel;
que está junto do Mar Vermelho; e os mas êles tinham saido debaixo da
filhos de Israel saíram armados do proteção duma poderosa mão. 9E co­
Egito. 19E Moisés levou consigo os mo os Egípcios seguissem os vestígios
ossos de José, por êste ter conjurado dos (Israelitas) que iam adiante, ai-
os filhos de Israel, dizendo: Deus vos cançaram-nos quando estavam acam­
visitará, levai daqui convosco os meus pados junto do mar. Tôda a cavalaria
ossos. e os carros de Faraó, e todo o exército
Coluna de *ogo estavam em Fiairot defronte de Beel-
20E, tendo saído de Soeot, acampa­ sefon.
ram em Etam, na extremidade do de­ Queixas contra Moisés
serto. 21E o Senhor ia adiante dêles 10E como Faraó se aproximasse, le­
para lhes mostrar o caminho, de dia vantando os filhos de Israel os olhos,
numa coluna de nuvem, e de noite viram os Egípcios nas suas costas; e
numa coluna de fogo, para lhes ser­ tiveram grande mêdo, e clamaram ao
vir de guia num e noutro tempo. Senhor, ne disseram a Moisés: Não
22Nunca se retirou de diante do povo havia talvez sepulturas no Egito, e
a coluna de nuvem durante o dia, por isso nos tiraste de lá para morrer­
nem a coluna de fogo, durante a mos no deserto. Por que quiseste fazer
noite. isto, tirar-nos do Egito? 12Não é isto
De Etam ao M ar Vermelho
ue te dizíamos no Egito: Retira-te
e nós, a fim de que sirvamos os E-
14 7E o Senhor falou a Moisés, di- gípcios? Porque era muito melhor
*^ zendo: 2Dize aos filhos de Is­ servi-los do que morrer no deserto.
rael que retrocedam e vão acampar 13Moisés disse ao povo: Não temais;
diante de Fiairot, que fica entre Mag- estai firmes, e considerai as m aravi­
dalum e o mar, defronte de Beelse- lhas que 0 Senhor fará hoje; porque
fon; assentareis o acampamento de­ os Egípcios, que agora vêdes, nunca
fronte dêste sítio junto do mar. 3Por- jamais os tornareis a ver. 140 Senhor
que Faraó há de dizer acêrca dos f i ­ combaterá por vós, e vós estareis em
lhos de Israel: Êles estão cercados silêncio.
no país, estão encerrados no deserto.
Os Hebreus atravessam
4E eu endurecerei o seu coração, e o mar Vermelho
êle virá em vosso alcance; e eu se­
rei glorificado em Faraó, e em todo 150 Senhor disse a Moisés: P or
o seu exército; e os Egípcios saberão que clamas tu a mim? Dize aos filhos
que eu sou o Senhor. E êles assim de Israel que marchem. 16E tu levan­
fizeram. ta a tua vara, e estende a tua mão
Faraó persegue os Hebreus sôbre o mar, e divide-o, para que os
filhos de Israel caminhem em sêco pe­
“Entretanto foi anunciado ao rei lo meio do mar. 17E eu endurecerei
dos Egípcios, que o povo tinha fugido; o coração dos Egípcios, para que êles
e mudou-se o coração de Faraó e de vos sigam; e serei glorificado em F a­
seus servos a respeito do povo, e dis­ raó e em todo o exército e nos seus
Cap. X I V — 3. Estão cercados. O original diz: Estão perdidos no pais, errando à ventura.
4. Serei glorificado, porque todos os Egípcios, ao ver a destruição do exército, reconhe­
cerão o meu poder.
6. Todo o seu povo, isto é, todos os guerreiros que, naquela ocasião, pôde encontrar.
92 EXODO 14 - 15

carros e nos seus cavaleiros. 18E os filhos de Israel passaram pelo meio
Egípcios saberão que eu sou o Senhor, do mar enxuto; e as águas eram
quando fôr glorificado em Faraó e nos para êles como um muro à direita
seus carros e nos seus cavaleiros. 19E e à esquerda.
o Anjo de Deus, que caminhava na 30E o Senhor, naquele dia, livrou
frente do acampamento de Israel, le­ Israel da mão dos Egípcios. 31E os Is­
vantou-se e foi para detrás dêles; e raelitas viram os Egípcios mortos sô­
com êle ao mesmo tempo a coluna de bre a praia do mar, e o grande poder
nuvem, deixando a frente, 20parou que o Senhor tinha mostrado contra
detrás dêles entre o acampamento dos êles; e o povo temeu o Senhor, e
Egípcios e o acampamento de Israel, creram no Senhor e em Moisés, seu
e esta nuvem era tenebrosa (do lado servo.
dos Egípcios) e tornava clara a noite
(do lado dos Israelitas), de sorte que Cântico de Moisés e dos Israelitas
uns e outros não puderam aproximar-
se durante o tempo da noite. 21E 1 C 7Então cantou Moisés e os fi-
tendo Moisés estendido a mão sôbre *** lhos de Israel êste cântico ao
o mar, o Senhor, soprando toda a noi­ Senhor, e disseram: Cantemos ao Se­
te um vento forte e ardente, o retirou nhor, porque fêz brilhar a sua gló­
e secou; e a água dividiu-se. 22E os ria; precipitou no mar o cavalo e o
filhos de Israel entraram pelo meio cavaleiro.
do mar enxuto; porque a água estava 20 Senhor é a minha fortaleza, e
como um muro à direita e à esquerda o meu louvor; e foi a minha salva­
dêles. ção. Êle é o meu Deus, e eu o glo-
Submersão dos Egípcios rificarei; o Deus de meu pai, e eu
o exaltarei.
23E os Egípcios, que os perseguiam, 30 Senhor é como um guerreiro;
entraram atrás dêles pelo meio do onipotente é o seu nome.
mar, e tôda a cavalaria de Faraó, os 4Precipitou no mar os carros de
seus carros e cavaleiros. 24*E já tinha Faraó e o seu exército; os melhores
chegado a vigília da manhã e eis que, dos seus capitães foram submergi­
olhando o Senhor para o acampa­ dos no mar Vermelho.
mento dos Egípcios por entre a co­ 5Os abismos os cobriram; foram
luna de fogo e de nuvem, destruiu o para o fundo como uma pedra.
seu exército, “ e transtornou as rodas °A tua dextra, Senhor, se assina­
dos carros, e êles eram levados para o lou pela fortaleza; a tua dqxtra, Se­
fundo (do m ar). Disseram, pois, os nhor, destruiu o inimigo.
Egípcios: Fujamos de Israel, porque 7E, na grandeza da tua glória,
o Senhor combate por êles contra nós. aniquilaste os teus adversários. En­
26E o Senhor disse, a Moisés: Estende viaste a tua ira, que os devorou
a tua mão sôbre o» mar, para que as como palha.
águas se voltem para os Egípcios, sô­ 8E, ao sôpro do teu furor, se a-
bre os seus carros,e os seus cava­ montoaram as águas; parou a onda
leiros. 27E Moisés, tendo estendido a em sua corrente; os abismos amon­
mão sôbre o mar, (êste) ao romper toaram-se no meio do mar.
da manhã, voltou para o lugar habi­ 90 inimigo tinha dito: Eu irei em
tual, e, fugindo os Egípcios, foram (seu) alcance, e (os) apanharei, re­
as águas sobre êles, e o Senhor os partirei os despoj os, satisfazer-se-á a
envolveu no meio das ondas. 28E as minha alma; desembainharei a mi­
águas voltaram, e cobriram os carros nha espada, a minha mão os matará.
e os cavaleiros de todo o exército de 10Soprou o teu espírito, e o mar os
Faraó, os quais, em seguimento (dos cobriu; foram submergidos como
Israelitas), tinham entrado no mar; chumbo nas águas impetuosas.
e não escapou um só dêles. 29Mas os “ Quem, dentre os fortes, é seme-
24. Tinha chegado a vigília da manhã. Os antigos Hebreus dividiam a noite em três
vigílias de quatro horas cada urna, começando a prim eira às 6 horas da tarde, e termi­
nando a última às 6 da manhã.
Gap. X V — 8 o s abismos, isto é, as ondas.
15 - 16 EXODO 93
lhante a ti, Senhor? Quem é seme­ garam a Mara, mas não podiam beber
lhante a ti, magnífico em santidade, as águas de Mara, porque eram amar­
terrível e louvável, operando prodí­ gas; por isto pôs àquele lugar um no­
gios? me conveniente, chamando-o Mara,
12Estendeste a tua mão, e a terra isto é, amargura. 24E o povo murmu­
os enguliu. rou contra Moisés, dizendo: Que ha­
13Fôste por tua misericórdia o guia vemos de beber? 25Êle, porém, cla­
do povo que resgataste; e o conduzis­ mou ao Senhor, o qual lhe mostrou
te com tua fortaleza para a tua san­ um pau; e, tendo-o lançado nas águas,
ta morada. elas se tornaram doces. A i lhe deu
14Levantaram-se os povos, e iraram- (D eus) preceitos e ordens, e ai o pos
se; as dores apoderaram-se dos habi­ à prova. 26E disse: Se obedeceres à
tantes da Palestina. voz do Senhor teu Deus, e fizeres o
15Então se perturbaram os príncipes que é reto diante dêle, e obedeceres
de Edom, e o temor apossou-se dos aos seus mandamentos, e guardares
valentes de Moab; todos os habitantes todos os seus preceitos, eu não man­
de Canaã ficaram gelados (de te rro r). darei sôbre ti nenhuma das enferm i­
16Venha sôbre êles o mêdo e o pa­ dades que mandei contra o Egito,
vor, à vista da grandeza do teu bra­ porque eu sou o Senhor que te sara.
ço; tornem-se imóveis como urna pe­
dra, até que passe o teu povo, ó Em Elim
Senhor, até que passe êste teu povo,
que adquiriste. 27Depois os filhos de Israel foram
17Tu os introduzirás, e os estabe­ a Elim, onde havia doze fontes de á-
lecerás no monte da tua herança, na gua e setenta palmeiras; e acampa­
tua firmíssima habitação, que tu fun­ ram junto das águas.
daste, ó Senhor, no teu santuário, Se­
nhor, que tuas mãos firmaram. N o deserto de Sin; queixas dos
180 Senhor reinará eternamente, e Israelitas
além da eternidade. 1 íj 7E partiram de Elim, e toda a
Resumo do Cântico
* . multidão dos filhos de Israel
foi para o deserto de Sin, o qual es­
19Porque Faraó a cavalo entrou no tá entre Elim e o Sinai, no décimo
mar com seus carros e seus cavalei­ quinto dia do segundo mês, depois
ros; e o Senhor fêz voltar sôbre êles que tinham saído da terra do Egito.
as águas do mar; porém os filhos de 2E toda a multidão dos filhos de Israel
Israel caminharam a pé enxuto pelo murmurou contra Moisés e Arão no
meio dêle. deserto. 3E os filhos de Israel disse­
ram-lhes: Antes fôssemos mortos na
Cântico de M aria e das Israelitas terra do Egito pela mão do Senhor,
“ Então Maria, profetisa, irmã de quando estávamos sentados junto às
Arão, tomou na mão um adufe; e saí­ panelas das carnes, e comíamos pão
ram tôdas as mulheres após ela com com fartura; por que nos trouxestes
adufes e em coros. a êste deserto, para matar à fom e tô-
21E ela em primeiro lugar cantava da esta multidão?
dizendo: Cantemos ao Senhor, porque Deus manda codornizes e m aná
fêz brilhar a sua glória; precipitou
no mar o cavalo e o cavaleiro. 4E o Senhor disse a Moisés: Eis
Em M ara as águas tornam-se doces ue vou fazer chover para vós pães
o céu; saia o povo, e colha o que
22Ora Moisés tirou Israel do mar baste para cada dia, a fim de que eu
Vermelho e sairam para o deserto de o ponha à prova (para v e r) se anda
Sur; e caminharam três dias no de­ ou não na minha lei. 5Mas, ao sexto
serto sem encontrar água. 23E che-31 dia, preparem o que tiverem levado; e
13. Para a tua santa morada. Referência à terra de Canaã, que já tinha sido santificada
por v árias aparições de Deus.
Cap. X V I — 5. Preparem , segundo o modo indicado nos Núm eros (X L 8).
94 ExODo 16
seja o dobro do que costumavam co­ que tinha colhido menos, encontrou
lher em cada dia. °E Moisés e Arão de menos; mas cada um tinha apa­
disseram a todos os filhos de Israel: nhado quanto podia comer. 19E Moi­
Esta tarde reconhecereis que o Se­ sés dfsse-lhes: Ninguém deixe dêle
nhor é quem vos tirou da terra do E- até (amanha) de manhã. 20Mas êles
gito; 7e pela manhã vereis a glória do não lhe deram ouvidos, e alguns con­
Senhor; porque êle ouviu as vossas servaram até de manhã, e êle come­
murrnurações contra o Senhor; nós, çou a ferver em vermes, e apodre­
porém, o que somos, para que murmu­ ceu; Moisés, pois, irou-se contra êles.
reis contra nós? 8E Moisés disse: O 21Cada um, pois, colhia pela manhã
Senhor vos dará esta tarde carnes quanto podia bastar para seu ali­
para comer, e pela manhã pães com mento; e, quando o sol fazia sentir
fartura, porque ouviu a vossa mur- os seus ardores, (o mana) derretia-se.
muração com que murmurastes con­ 22Mas no sexto dia, colheram êles
tra êle; porque nós o que somos? Não o dôbro daquele alimento, dois go-
são contra nós as vossas murmura- mores por cabeça, e todos os princi­
ções, mas contra o Senhor. 9Disse pais do povo foram dar parte disso
mais Moisés a Arão: Dize a tôda a a Moisés, 23o qual lhes disse: Isto é
multidão dos filhos de Israel: Apre- o que o Senhor ordenou: Amanhã é
sentai-vos diante do Senhor, porque o descanso de sábado consagrado ao
êle ouviu as vossas murrnurações. Senhor. Fazei (h oje) tudo o que ten­
10Ora, quando Arão ainda falava a des que fazer, e cozei o que tendes
tôda a multidão dos filhos de Israel, que cozer; e tudo o que sobejar,
olharam para o deserto; e eis que a guardai-o para amanhã. 24E fizeram
glória do Senhor apareceu no meio como Moisés ordenara, e (o maná)
da nuvem. não se corrompeu nem se acharam
nE o Senhor falou a Moisés, di­ vermes nêle. 25E Moisés disse: Co­
zendo: 12Eu ouvi as murrnurações mei-o hoje, porque é o sábado do
dos filhos de Israel; dize-lhes pois: Senhor; hoje (o maná) não se acha­
à tarde comereis carnes e pela ma­ rá no campo. ^Colhei-o durante seis
nhã sereis saciados de pães; e sabe­ dias; mas o dia sétimo é o sábado do
reis que eu sou o Senhor vosso Deus. Senhor, por isso se não encontrará.
13Aconteceu, pois, de tarde virem co- 27E chegou o sétimo dia; e, tendo
dornizes, que cobriram os acampa­ saído alguns do povo a apanhá-lo,
mentos; e pela manhã havia uma ca­ não o encontraram. “ E o Senhor
mada de orvalho em roda dos acam­ disse a Moisés: Até quando recusa­
pamentos. 14E, tendo coberto a su­ reis guardar os meus mandamentos
perfície da terra, apareceu no deser­ e a minha lei? ^Considerai que o Se­
to uma coisa miúda, e como pisada nhor vos deu o sábado (para guar­
num almofariz, à semelhança de gea­ dar), e que por isso vos dá ao sexto
da sôbre a terra. 15Tendo visto isto dia duplo sustento; cada um este­
os filhos de Israel disseram entre si: ja na sua tenda, ninguém saia do
Manhu? que significa: Que é isto? seu lugar no sétimo dia. "E o povo
Porque não sabiam o que era. E Moi­ observou o repouso do sétimo dia.
sés disse-lhes: Êste é o pão que o Aspecto do maná
Senhor vos dá para comer.
31E a casa de Israel deu àquele ali­
Prescrições de Deus relativas ao maná mento o nome de Man; e era como
a semente de coentro, branco, e o
16Eis o que o Senhor ordenou: Ca­ seu sabor como o da farinha (amas­
da um colha dêle quanto baste para sada) com mel.
seu alimento; tomai um gomor por
cabeça, conforme o número das vos­ Gomor conservado no Tabernáculo
sas almas, que habitam em cada ten­ 32E Moisés disse: Eis o que orde­
da. 17E os filhos de Israel assim fi­ nou o Senhor: Enche um gomor dê-
zeram; e apanharam uns mais, ou­ le, e guarde-se para as gerações fu­
tros menos. 18E mediram-no por um turas, a fim de que saibam com que
gomor; e nem o que tinha ajuntado pão vos sustentei no deserto, quando
mais tinha maior quantidade, nem o fôstes tirados da terra do Egito. "E
16 - 18 ExoDO 95
Moisés disse a Arão: Toma um vaso, Ataque dos Amalecitas e vitória
o mete nêle maná, quanto pode con­ alcançada sôbre êles
ter um gomor; e põe-no diante do 8Ora Amalec veio e pelejava con­
Senhor, para se conservar pelas vos­ tra Israel em Rafidim. 9E Moisés
sas gerações, “ como o Senhor or­ disse a Josué: Escolhe homens e vai
denou a Moisés. E Arão o pôs no ta- combater contra Amalec; amanhã
bernáculo para ser conservado. estarei no cimo da colina, tendo na
Duração do maná minha mao a vara de Deus. 10Fêz
Josué como Moisés tinha dito, e com­
38E os filhos de Israel comeram bateu contra Amalec; e Moisés e
maná durante quarenta anos, até Arão e Hur subiram ao cimo da co­
chegarem a um país habitado; com lina. nE, quando Moisés tinha as
esta comida se alimentaram até che­ mãos levantadas, Israel vencia, mas,
garem aos confins do país de Canaã. se as abaixava um pouco, Amalec le­
30O gomor é a décima parte do efi. vava vantagem. 12Ora os braços de
Moisés estavam fatigados; tomando
Em Rafidim Moisés faz sair água portanto uma pedra, puseram-na
dum rochedo por debaixo dêle, na qual se sentou;
1 7 ^endo, pois, partido tôda a e Arão e Hur sustentavam-lhe os
braços de ambas as partes. E aconte­
11 multidão dos filhos de Israel ceu que os seus braços não se fatiga-
do deserto de Sin, e feito as suas pa­ ram até ao pôr do sol. 13E Josué pôs
ragens segundo a ordem do Senhor, em fuga Amalec e a sua gente, e os
acamparam em Rafidim, onde não passou ao fio da espada. 14E o Se­
havia água de beber para o povo, 2o nhor disse a Moisés: Escreve isto no
qual, murmurando contra Moisés, livro para memória, e faze-o saber
disse: Dá-nos água para bebermos. a Josué, porque eu hei de extinguir
Moisés respondeu-lhes: Por que mur­ a memória de Amalec de debaixo do
murais contra mim? Por que tentais céu. 15E Moisés edificou um altar, e
ao Senhor? 8Portanto aí mesmo, por pôs-lhe êste nome: o Senhor é a mi­
causa da falta de água, o povo teve nha glória, e disse: 1#Porque a mão
sêde, e murmurou contra Moisés, di­ do trono do Senhor, e a guerra do
zendo: Por que nos fizeste sair do Senhor será contra Amalec, de ge­
Egito, para nos fazer morrer à sêde ração em geração.
a nós e aos nossos filhos e aos nos­
sos animais? 4E Moisés clamou ao Visita de Jetro a Moisés
Senhor, dizendo: Que farei eu a ês-
te povo? Pouco falta que êle me não 10 xOra, tendo ouvido Jetro, sa-
apedreje. 5E o Senhor disse a Moi­ cerdote de Madian, sogro de
sés: Caminha adiante do povo, e to­ Moisés, tudo o que Deus tinha feito
ma contigo alguns dos anciãos de a Moisés e a Israel seu povo, e co­
Israel, e toma na tua mão a vara mo o Senhor tinha tirado Israel do
com que feriste o rio, e vai. #Eis que Egito, 2tomou Séfora, mulher de
eu estarei lá diante de ti sôbre a Moisés, a qual êle lhe tinha deixado,
pedra de Horeb; e ferirás a pedra, 3e os dois filhos dela, um dos quais
e dela sairá água, para que o povo se chamava Gersão, por seu pal ter
beba. Moisés assim fêz na presença dito: Eu fui peregrino numa terra
dos anciãos de Israel. 7E pôs àquele estrangeira, 4e o outro (se chamava)
lugar o nome de Tentação, por cau­ Eliezer, por seu pai ter dito: O Deus
sa da murmuração dos filhos de Is­ de meu pai foi o meu defensor, e me
rael, e porque êles tentaram ao Se­ salvou da espada de Faraó. “Foi,
nhor, dizendo: O Senhor está no pois, Jetro, sogro de Moisés, com
meio de nós, ou não?3 6 seus filhos e sua mulher, ter com
36. G o m o r , é um vaso com a capacidade de pouco mais de três litros.
Cap. X V I I — 2. P o r q u e t e n t a i s a o S e n h o r que tantas vêzes vos tem socorrido, e
quereis que fa ç a um novo milagre para vos m ostrar que está no meio de vós?
16. P o r q u e a m ã o . . . O hebraico diz: P o r q u e l e v a n t o u a m ã o c o n t r a o t r o n o de
Y a h io e h , Yahvoeh e s ta rá em g u e rra c o n tr a A m a le c de g e ra ç ã o em g e ra ç ã o .
96 ExODO 18 - 19
Moisés ao deserto, onde êle estava êste trabalho é sôbre as tuas forças,
acampado junto ao monte de Deus. e tu só não o poderás aturar. 10Mas
6E mandou dizer a Moisés: Eu, Je- ouve minhas palavras e conselhos,
tro, teu sogro, venho ter contigo e Deus será contigo. Sê mediador do
com tua mulher e os teus dois fi­ povo naquelas coisas que dizem res­
lhos com ela. peito a Deus, para lhe expores os pe­
7Moisés, saindo ao encontro de seu didos que lhe são dirigidos, ^e pa­
sogro, prostrou-se (diante dele), e o ra ensinares ao povo as cerimônias e
beijou; e saudaram-se mütuamente 0 modo de honrar a Deus, e o cami­
com palavras amigas. E, tendo en­ nho por onde devem andar, e as obras
trado na tenda, 8Moisés contou a seu que devem fazer. 21Mas escolhe en­
sogro tudo o que o Senhor tinha fe i­ tre todo o povo homens capazes e te­
to contra Faraó e os Egípcios, por mentes a Deus, nos quais haja verda­
causa de Israel; e todo o trabalho de, e que aborreçam a avareza; faze
que lhe sobreviera no caminho, e co­ dêles tribunos e centuriões, e chefes
mo o Senhor os tinha livrado. 9Jetro de cinqüenta e de dez homens, 22os
alegrou-se por todos os bens que o quais julguem o povo em todo o tem­
Senhor tinha feito a Israel, e por­ po, e te dêem conta das coisas mais
que o tinha livrado da mão dos Egíp­ graves, e êles julguem somente as coi­
cios, 10e disse: Bendito (seja) o Se­ sas menos graves. Desta sorte o pêso
nhor, que vos livrou da mão dos ue te oprime será mais leve, sen-
Egípcios, e da mão de Faraó, e que o repartido com outros. 23Se fize­
livrou o seu povo da mão do Egito. res isto, cumprirás a ordem de Deus,
"A g o ra conheci que o Senhor é gran­ e poderás executar os seus preceitos;
de sôbre todos os deuses; porque e todo êste povo voltará em paz para
aquêles (Egípcios) trataram êstes as suas moradas. 24Moisés, tendo ou­
(Israelitas) com soberba. 12Jetro, vido isto, fêz tudo o que seu sogro lhe
pois, sogro de Moisés, ofereceu a sugerira. 25E, tendo escolhido entre
Deus holocaustos e hóstias; e Arão todo o povo de Israel homens de va­
e todos os anciãos de Israel vieram lor, constituiu príncipes do povo, tri­
comer com êle diante do Senhor. bunos, e centuriões, e chefes de cin­
qüenta, e de dez homens. “ E êles fa ­
Moisés ju lga o povo durante ziam ‘justiça ao povo em todo o tem­
um dia inteiro po; e davam conta a Moisés de todas
13E, no dia seguinte, Moisés as­ as coisas mais graves, julgando êles
sentou-se para julgar o povo, que somente as mais fáceis. 27E Moisés
estava em volta de Moisés, desde ma­ despediu-se de seu sogro, o qual par­
nhã até à tarde. 14E seu sogro, ten­ tiu e voltou para o seu país.
do visto tudo o que êle fazia com Chegada ao Sinai
o povo, disse: Que é isto que fazes
com o povo? Por que te sentas só 1Q 2N o terceiro mês, depois da saí-
tu (no tribunal), e todo o povo es­ da dos Israelitas da terra do
tá esperando desde manhã até à tar­ Egito, neste dia chegaram ao deser­
de? 15Moisés respondeu-lhe: O povo to do Sinai. 2Porque, tendo parti­
vem a mim para ouvir a sentença de do do Rafidim, e chegando ao deser­
Deus. 16E, quando entre êles nasce to do Sinai, acamparam naquele mes­
alguma contenda, vêm ter comigo, mo lugar, e Israel levantou aí as suas
para que eu julgue entre êles, e tendas defronte do monte.
lhes mostre os preceitos de Deus e Os Israelitas prometem fidelidade
as suas leis. à aliança que Deus lhes propôs
Jetro aconselha-lhe que escolha
auxiliares 3E Moisés subiu (para ir falar) a
Deus, e o Senhor o chamou do monte,
17Mas Jetro disse: Não fazes bem. e disse: Dirás estas coisas à casa de
18Consomes-te com um trabalho vão, Jacó, e anunciarás aos filhos de Is­
a ti e a êste povo que está contigo; rael: 4Vós mesmos vistes o que eu
12. Comer com êle a carne das vitimas.
19 - 2u EXODO 97

fiz aos Egípcios, de que modo vos lãmpagos, e uma nuvem muito espês-
trouxe sôbre asas de águia, e vos to­ sa cobriu o monte, e o som duma
mei para mim. 5Se, portanto, ouvir­ trombeta atroava muito forte; e o po­
des a minha voz, e observardes a mi­ vo que estava no acampamento ate­
nha aliança, sereis para mim a porção morizou-se. 17E, quando Moisés os
escolhida dentre todos os povos; por­ conduziu fora do acampamento (para
que tôda a terra é minha. °E sereis irem ) ao encontro de Deus, pararam
para mim um reino sacerdotal, e uma nas fraldas do monte. l8E todo o mon­
nação santa. Estas são as palavras que te Sinai fumegava, porque o Senhor
dirás aos filhos de Israel. tinha descido sôbre êle no meio de
7Moisés foi, e, convocados os an­ fogo, e dêle, como duma fornalha, se
ciãos do povo, expôs tudo o que o Se­ elevava fumo, e todo o monte causa­
nhor tinha mandado. 8E todo o po­ va terror. 19E o som da trombeta ia
vo respondeu a uma voz: Faremos tu­ aumentando pouco a pouco, e se es­
do o que o Senhor disse. E Moisés palhava mais ao longe. E Moisés fa­
tendo referido ao Senhor as palavras lava, e Deus resçonaia-lhe.
do povo, 9o Senhor disse-lhe: breve- ^O Senhor, pois, desceu sôbre o
mente virei a ti na escuridão duma monte Sinai, no cimo mesmo do mon­
nuvem, para que o povo me ouça te, e chamou Moisés ao mais alto dê­
quando te falo, e te creia para sempre. le. E, tendo lá subido, 21(o Senhor)
disse-lhe: Desce e notifica ao povo,
Preparação do povo para a descida não suceda que, para ver o Senhor,
de Deus sobre o Sinai queira passar os limites, e pereça um
Moisés, pois, referiu as palavras do grande número dêles. 22Os sacerdotes
povo ao Senhor, 10o qual lhe disse: Vai também que se aproximam do Senhor,
ter com o povo, e santifica-o hoje e a- santifiquem-se para que êle não os fi­
manhã, e lavem os seus vestidos, ue ra (de m orte). 23E Moisés disse ao
estejam preparados para o terceiro Senhor: O povo não poderá subir ao
dia; porque, no terceiro dia, o Senhor monte Sinal, visto que tu intimaste e
descerá a vista de todo o povo sôbre ordenaste, dizendo: Põe limites ao re­
o monte Sinai. 12E tu fixarás em dor do monte, e santifica-o. 24E o
roda limites ao povo, e lhes dirás: Senhor disse-lhe: Vai, e desce, e (em
Guardai-vos de subir ao monte, nem seguida) subirás tu, e Arão contigo;
toqueis nos seus limites; todo o que os sacerdotes, porém, e o povo não ul­
tocar o monte será punido de morte. trapassem os limites, nem subam pa­
13Mão alguma o tocará, mas (quem ra o Senhor, não suceda que êle os
o tocar) será apedrejado ou trespas­ mate. “ E Moisés desceu ao povo, e
sado com setas, quer seja uma bês- referiu-lhes tudo.
ta, quer seja um homem, não viverá; O Decálogo
quando começar a soar a trombeta,
então subam ao monte. 14E Moisés des­ 2(1 7E o Senhor pronunciou tôdas
ceu do monte para o povo e o santi­ estas palavras: 2Eu sou o Se­
ficou. E, depois de terem lavado os nhor teu Deus, que te tirei da terra
seus vestidos, 1Sdisse-lhes: Estai pre­ do Egito, da casa da servidão.
parados para o terceiro dia, e não 3Não terás outros deuses diante de
vos chegueis a vossas mulheres. mim. 4Não farás para ti imagem de
Aparição de Deus sôbre o Sinai escultura, nem figura alguma do que
há em cima no céu, e do que hâ em
16Já tinha chegado o terceiro dia, baixo na terra, nem do que há nas
e raiava a manhã, e eis que começa­ águas debaixo da terra. 5Não adora­
ram a ouvir-se trovões, e a fuzilar re- rás tais coisas, nem lhes prestarás cul-
Cap. X IX — 4. sôbre asas de águia. O Deuteronômio (X X X II, 11) desenvolve mais
esta frase.
13. M ão alguma tocará aquêle que tiver tocado o monte ou ultrapassado os limites
fixados, pois é um sacrílego e um imundc
Cap. X X — 5. Q>ue vinga a iniqilidade. Deus, a fim de mais eficazmente levar os
Israelitas à observância da lei, am eaça cast igá-los nos seus filhos, que são o que êles
têm de mais caro.

4 - B íblia Sagrada
98 EXODO 20 - 21
to; eu sou o Senhor teu Deus forte e Fala-nos tu, e nós ouviremos; não nos
zeloso, que vinga a iniquidade dos pais fale o Senhor, não suceda morrermos.
nos filhos, até à terceira e quarta ge­ 20E Moisés disse ao povo: Não temais,
ração daqueles que me odeiam; °e porque Deus veio para vos provar,
que usa de misericórdia até mil (g e­ e para que o seu temor esteja em
rações) com aquêles que me amam e vós, e não pequeis. mO povo, pois, fi­
guardam os meus preceitos. cou longe; e Moisés aproximou-se da
7Não tomarás o nome do Senhor escuridão, em que Deus estava.
teu Deus em vão; porque o Senhor
não terá por inocente aquêle que to­ Como deve ser construído o altar
mar em vão o nome do Senhor seu 22E o Senhor disse mais a Moisés:
Deus. Dirás estas coisas aos filhos de Israel:
8Lembra-te de santificar o dia de Vós vistes que eu vos falei do céu.
sábado. °Trabalharás durante seis 23Não fareis para vós deuses de prata,
dias, e farás (neles) tôdas as tuas o- nem deuses de ouro. 24Far-me-eis um
bras. 10O sétimo dia, porém, é o sá­ altar de terra, e oferecereis sôbre êle
bado do Senhor teu Deus; não farás os vossos holocaustos e as vossas hós­
nêle obra alguma, nem tu, nem teu tias pacíficas, as vossas ovelhas e bois
filho, nem tua filha, nem o teu servo, em todo o lugar onde se fizer memó­
nem a tua serva, nem o teu gado, nem ria do meu nome; eu virei *a ti, e te
o peregrino que está dentro das tuas abençoarei. “ Se, porém, me edifica-
portas. "Porque o Senhor fêz em seis res algum altar de pedra, não o edifi-
dias o céu e a terra, e o mar, e tudo carás de pedras lavradas; porque, se
o que nêles há, e descansou ao sétimo levantares sôbre êle o cinzel, ficará
dia; por isso o Senhor abençoou o dia poluto. “ Não subirás por degraus ao
de sábado e o santificou. meu altar, para que não se descu­
12Honra teu pai e tua mãe, a fim bra a tua nudez.
de que tenhas uma vida dilatada so­
bre a terra que o Senhor teu Deus te Leis relativas aos escravos
dará.
13Não matarás. 21
JEstas são as leis judiciais, que
14Não cometerás adultério. tu lhes proporás:
15Não furtarás. 2Se comprares um escravo hebreu,
10Não dirás falso testemunho con­ êle te servirá seis anos; e, ao sétimo,
tra o teu próximo. sairá forro de graça. 3Com o mesmo
"N ão cobiçarás a casa do teu pró­ vestido com que entrar, com tal sairá;
ximo; não desejarás a sua mulher, se tiver mulher, também a mulher
nem o seu servo, nem a sua serva, sairá juntamente com êle. 4Mas, se o
nem o seu boi, nem o seu jumento, senhor lhe tiver dado mulher, e ela
nem coisa alguma que lhe pertença. tiver dado à luz filhos e filhas, a mu­
lher e seus filhos serão do seu senhor,
Terror do povo em presença dos e êle sairá com o seu vestido. 5Po-
prodígios da aparição rém, se o escravo disser: Eu tenho a-
18Ora, todo o povo ouvia os trovões mor ao meu senhor e à minha mulher
e o som da trombeta, e via os relâm­ e aos meus filhos, não quero sair fo r­
pagos e o monte fumegando;- e, ater­ ro, °então o senhor o fará comparecer
rorizados e abalados com o pavor, pa­ diante de Deus, e o fará encostar à
raram ao longe, 19dizendo a Moisés:6 2 porta e às ombreiras, e lhe furará a
26. N ã o s u b irá s por d e g ra u s , m as por um plano inclinado. E sta determinação è
completada no capitulo X X V II, 42-43. Devemos ver nestas p alavras o quanto Deus de­
seja que observemos a santa modéstia:
Cap. X X I — 2. U m Hebreu podia tornar-se escravo doutro Hebreu, ou porque êle próprio
se vendia por causa de sua pobreza (L e v ., X X V , 39), ou porque, tendo roubado, nfto podia res­
tituir (Ê x ., X X II, 3 ), ou por ser devedor insolvente (L e v ., X X V , 39; I V Reis, IV , 1 ). Em
qualquer caso, porém, nfto podia ser obrigado a servir m ais de seis anos completos.
3. C o m o m e s m o v e s t i d o . . . o original diz: S e e n t r a r s ó (sem m ulher), s a i r á s ó .
4. E ê l e s a i r á c o m o s e u v e s t i d o . N o original: E ê le s a i r á s ó .
6. D i a n t e d e D e u s , isto é, diante dos juizes, representantes de Deus (X X II, 8 -9), pe­
rante os quais o escravo declarava renunciar p ara sempre à sua liberdade. Depois disto
21 EXODO 99

orelha com uma sovela; e êle ficará uma pedra ou com o punho, e êle
seu escravo para sempre. 7Se algum não morrer, mas fô r para o leito, 10se
vender sua filha para ser serva, esta êle (depois) se levantar, e andar por
não sairá como costumam sair as es­ fora encostado ao seu bordão, será
cravas. 8Se ela desagradar aos olhos (declarado) inocente o que o feriu,
de seu senhor, a quem tinha sido en­ com a condição, porém, de que o
tregue, despedi-la-á; porém não terá compense do seu trabalho (in terrom ­
direito de a vender a um povo estran­ pido) e das despesas feitas com os
geiro, se a rejeitar. 9Se, porém, a ca­ médicos. 120*O que ferir o seu escravo
*8
5
sar com seu filho, tratá-la-á como de ou a sua escrava com uma vara, e
ordinário se tratam as filhas. 10Mas, êles morrerem nas suas mãos, será
se êle dá outra espôsa a seu filho, réu de crime. “ Mas, se sobreviver um
proverá a serva de outras núpcias e dia ou dois, não ficará sujeito à pena,
de vestidos, e não lhe negará o preço porque é seu dinheiro. 22Se alguns
da sua virgindade. “ Se êle não fizer homens renhirem, e um dêles ferir
estas três coisas, ela sairá (liv re ) gra­ uma mulher grávida, e fô r causa de
tuitamente sem (pagar nenhum) di­ que aborte, mas ficando ela com vi­
nheiro. da, será obrigado a ressarcir o dano
Homicídio e direito de asilo
segundo o que pedir o marido da mu­
lher, e os árbitros julgarem. 23Mas,
120 que ferir um homem, queren­ se se seguiu a morte dela, dará vida
do matá-lo, seja punido de morte. por vida. 24*ô lho por ôlho, dente por
13Aquêle, porém, que não armou cila­ dente, mão por mão, pé por pé. “ Quei­
das, mas (fo i) Deus (quem ) lho en­ madura por queimadura, ferida por
tregou nas suas mãos, eu te designa­ ferida, pisadura por pisadura. 26Se
rei um lugar no qual se deva re­ alguém ferir o ôlho do seu escravo
fugiar. 14Se alguém matar o seu pró­ ou da sua escrava, e os deixar cegos
ximo de caso pensado e à traição, tu (de um dos olhos), deixá-los-á ir li­
o arrancarás do meu altar para que vres pelo ôlho que lhes tirou. 27Se
morra. também fizer cair um dente ao es­
O que fere seus pais cravo ou à escrava, do mesmo modo
os deixará ir livres.
150 que ferir seu pai ou sua mãe,
seja punido de morte. Prejuízos causados pelos animais
domésticos
Rapto dum homem
28Se um boi ferir com as pontas
l8Aquêle que tiver roubado um ho­ um homem ou uma mulher, e morre­
mem, e o tiver vendido, convencido rem, será apedrejado, e não se come­
do crime, morra de morte. rão as suas carnes; mas o dono do
O que amaldiçoa seus pais boi será (declarado) inocente. 29Mas,
se o boi já marrava há algum tempo,
“ O que amaldiçoar seu pai ou sua e o dono foi avisado, e não o guar­
mãe, seja punido de morte. dou, e êle matar um homem ou uma
Lesões corporais mulher, o boi será apedrejado e o seu
dono será morto. 30Porém, se se lhe
18Se alguns homens se travarem de impuser uma multa, dará pela sua
razões, *e um ferir o seu próximo com vida tudo o que lhe fôr pedido. 31Se
o senhor conduzia-o à casa e furava-lhe um a orelha, fixando-a por alguns momentos à
porta ou às om breiras da porta, em sinal da união indissolúvel do escravo com a f a ­
m ília do seu senhor, o mesmo uso existia entre muitos outros povos.
13. Aquêle, porém, que não armou ciladas, mas involuntariamente matou urna pessoa
por um daqueles acidentes, em que se devem reconhecer os altos desígnios de Deus, tem
direito de fu gir e procurar asilo. A legislaç&o que se segue mostra o cuidado de Deus em
levar o seu povo a ter o máximo respeito pela vida do próximo.
21. Porque é seu dinheiro, porque é sua propriedade, e já fica castigado pelo fato de
ter perdido o escravo. A legislação dos Hebreus sôbre a escravatura é muitíssimo mais
humana que a de todos os outros povos.
24-25. N ã o interpretando à letra esta lei, os juizes m itigavam -na na prática, obrigando
o ofensor a uma reparação.
100 ExODO 21 - 22

o boi ferir com as pontas um rapaz dará o melhor que tiver no seu cam­
ou uma rapariga, o dono estará su­ po ou na sua vinha, segundo a ava­
jeito à mesma sentença. 32*Se aco­ liação do dano. °Se um fogo, alastran­
m eter um escravo ou uma escrava, do, encontrar espinhos, e se pegar às
pagará ao dono trinta siclos de pra­ medas dos trigos ou às searas que
ta, e o boi será apedrejado. ainda estão em pé nos campos, paga­
rá o dano aquêle que tiver acendido
Acidentes acontecidos a animais o fogo.
domésticos
Depósitos roubados ou deteriorados
33Se alguém abrir uma cisterna, ou
a cavar, e não a cobrir, e nela cair 7Se alguém confiar a um amigo di­
um boi ou um jumento, 34*o dono da nheiro, ou qualquer objeto para guar­
cisterna pagará o valor dos animais, dar, e fôr roubado aquêle que os re­
mas o animal morto será seu. “ Se o cebeu; e se o ladrão fôr encontrado,
boi de um homem ferir o boi de pagará o dôbro. 8Se o ladrão se não
outro, e êste morrer, venderão o boi encontrar, o dono da casa será obri­
vivo, e repartirão o valor, e dividi­ gado a comparecer diante de Deus, e
rão entre si o boi morto. 36Se, po­ jurará que não estendeu a mão à
rém, o dono sabia que o boi marrava coisa do seu próximo 9para o de-
já há algum tempo, e não o guar­ fraudar nem num boi, nem num ju­
dou, pagará boi por boi, e receberá mento, nem numa ovelha, nem num
inteiro o boi morto. vestido, nem em qualquer outra coi­
sa que se perdesse; a causa de am­
Roubos bos se levará ante os juizes; e, se
estes o condenarem, restituirá o dô­
0 9 ‘Se alguém roubar um boi, ou bro ao seu próximo. 10Se alguém der
“ “ roubar uma ovelha, e os ma­ a guardar ao seu próximo um ju­
tar ou vender, restituirá cinco bois mento, um boi, uma ovelha, ou ou­
por um boi, e quatro ovelhas por tro qualquer animal, e êste m orrer
uma ovelha. 2Se um ladrão for en­ ou se estropiar, ou fôr apanhado pe­
contrado forçando a porta ou esca­ los inimigos, sem que ninguém tenha
vando a parede da casa, e, sendo fe ­ visto, nintervirá o juramento, que
rido, morrer, aquêle que o feriu não êle não estendeu a mão à coisa do
será réu de morte. 8Se, porém, fêz seu próximo, e o dono aceitará o
isto depois de ter nascido o sol, co­ juramento, e o outro não será obri­
meteu um homicídio, e êle mesmo gado a idenizar. 12Mas, se a coisa
morrerá. Se (o ladrão) não tiver foi furtada, indenizará o dono do
com que pague o furto, será vendi­ prejuízo. 13Se foi devorada por uma
do êle mesmo. 4Se aquilo que êle fera, levar-lhe-á o que resta, e não
roubou fôr encontrado ainda vivo será obrigado a restituir.
junto dêle, quer seja um boi quer
seja um jumento, quer seja uma ove­ Empréstimos e aluguéis
lha, restituirá o dôbro. 140 que pedir ao seu próximo em­
Prejuízos nos campos e nas vinhas prestado alguma destas coisas, e ela
vier a estropiar-se ou a morrer na
5Se alguém danificar um campo ou ausência do dono, será obrigado a
uma vinha, e deixar que o seu gado restituir. 15Mas, se o dono se achou
ande a pastar nos campos alheios, presente não restituirá, principal­
32. Trinta siclos de prata, cêrca de 90 cruzeiros.
Cap. X X I I — 1. Cinco bois. .. quatro ovelhas. A razão desta diferença é provavelmente
a maior utilidade do b o i.
3. Depois de ter nascido o sol será réu de homicídio, visto que de dia lhe era mais
fácil defender-se do ladrão, sem recorrer à morte. Todavia, o texto original n&o se explica
sôbre a pena em que incorreu neste caso o homicida; parece deixar aos juizes a sua
determinação.
14-15 Havendo prejuízo na ausência do dono, o locatário devia pagar, pois supõe-se
que houve descuido da sua parte. Estando o dono presente, era êste que tinha a res­
ponsabilidade dos seus animais, e por isso o locatário nada pagava.
22 - 23 EXODO 101
mente se a tinha tomado pagando o Primicias e primogênitos
seu aluguel. 29Não tardarás em pagar os teus
Sedução duma virgem dízimos e as tuas primicias, e dar-me-
-ás o primogênito de teus filhos. "O
16Se alguém seduzir uma donzela, mesmo farás dos bois e das ovelhas;
que ainda não está desposada, e dor­ esteja (o prim ogênito) sete dias com
mir com ela, dotá-la-á, e a tomará sua mãe, e no oitavo dia oferecer-
por mulher. 17Se o pai da donzela -mo-ás.
não lha quiser dar, pagará tanto di­ 31Vós sereis para mim homens san­
nheiro, quanto as donzelas costumam tos; não comereis carne que já tenha
receber em dote. sido provada pelos animais selváticos,
M agia mas deitá-la-eis aos cães.
18Não deixarás viver os feiticeiros. Calúnia e falso testemunho
Bestialidade O? JNão admitirás palavra de men-
tira (contra o p róxim o) nem
19Aquêle que pecar com uma bêsta, cederás a tua mão para dizeres um
seja punido de morte. falso testemunho a favor do ímpio.
Idolatria 2Não seguirás a multidão para fazer
o mal, nem em juízo te unirás ao pa­
“ Aquele que sacrificar aos deuses, recer do maior número, para te des­
à exceção só do Senhor, será morto. viares da verdade. 3Não terás tam­
Caridade p ara com os fracos bém compaixão do pobre em juízo.
21Não molestarás nem afligirás o Animais dum inimigo
estrangeiro, porque também vós fôs- 4Se encontrares o boi do teu ini­
tes estrangeiros na terra do Egito. migo ou o (seu) jumento desgarrado,
22Não fareis mal algum à viúva nem leva-lhos. 5Se vires o jumento do
ao órfão. 23Se os ofenderdes, êles gri­ que te odeia caído debaixo da carga,
tarão por mim, e eu ouvirei o seu não passarás adiante, mas ajudá-lo-
clamor; 24e o meu furor se acen­ -ás a levantá-lo.
derá, e eu vos exterminarei à espa­
da, e as vossas mulheres ficarão viú­ Juizes
vas, e os vossos filhos, órfãos. 25Se °Não te desviarás no julgamento do
emprestares dinheiro ao meu povo
pobre, que habita contigo, não o aper­ pobre. 7Fugirás à mentira. Não farás
tarás como um exator, nem o oprimi­ morrer o inocente nem o justo, por­
rás com usuras. 26Se receberes do teu que eu aborreço o ímpio. 8Não acei­
próximo em penhor a sua capa, tu tarás presentes, os quais fazem cegar
lha darás antes do sol pôsto, 27porque ainda os prudentes, e subvertem as
ela é a sua única cobertura, o úni­ palavras aos justos. 9Não serás mo­
co vestido da sua carne, nem tem lesto ao estrangeiro, ‘ porque vós sa­
outro com que dormir. Se êle cla­ beis o que é ser estrangeiro, pois que
mar por mim, ouví-lo-ei, porque sou também fôstes estrangeiros na terra
misericordioso. do Egito.
O ano sabático e o sábado
M agistrados
10Durante seis anos semearás a tua
28Não dirás mal dos juizes, e não terra, e recolherás os seus frutos.
amaldiçoarás o príncipe do teu povo.8
2 “ Mas, no sétimo anor a deixarás e a
28. o p r í n c i p e , isto é, o que representa a autoridade suprema.
Cap. X X I I I — 3. N ã o t e r á s t a m b é m c o m p a i x ã o . . . N os julgamentos sòrnente se deve a -
tender à justiça, e a compaixão para com o pobre de modo algum deve levar a urna
sentença parcial, em seu favor e contra os ricos.
6. N ã o t e d e s v i a r á s . .. o original diz: N ã o f a r á s d o b r a r o d i r e i t o d o p o b r e n o s e u
p ro c e ss o . . .
7. A b o r r e ç o o ím p io . O original diz: E u não a b s o lv e r e i o ím p io , isto é, o juiz culpado
de in justiça.
102 ÊXODO 23 - 24
farás descansar, para que os pobres que te digo, eu serei inimigo dos
do teu povo comam (os frutos es­ teus inimigos, e eu afligirei os que
pontâneos d ela ); e os animais comam te afligem. 23E o meu anjo cami­
o que restar (no ca m p o); isto mes­ nhará adiante de ti, e te introduzirá
mo praticarás com a tua vinha e com na terra dos Amorreus, e dos He-
o teu olival. 12Trabalharás seis dias; teus, e dos Ferezeus, e dos Cananeus,
ao sétimo dia descansarás, para que e dos Heveus, e dos Jebuseus, os
descanse o teu boi e o teu jumento, quais eu exterminarei. “ Não adora­
e (para que) o filho da tua escrava rás os seus deuses, nem os servirás;
e o estrangeiro tenham algum alívio. não farás o que êles fazem, mas des-
trui-los-ás, e quebrarás as suas está­
Nomes dos deuses estranhos
tuas.
13Observai tudo o que vos tenho “ Servireis ao Senhor vosso Deus,
dito. Não jurareis pelo nome de deu­ para que eu abençoe o teu pão e a
ses estrangeiros, nem (o. nome deles) tua água, e afaste de ti a enferm i­
se ouça da vossa bôca. dade. “ Não haverá na tua terra mu­
Festas de Israel lher infecunda nem estéril; eu en­
cherei o número dos teus dias.
“ Celebrareis festas três vêzes ca­ "E nviarei o meu terror diante de
da ano em minha honra. 15Observa- ti, e exterminarei todo o povo, em
rás a solenidade dos ázimos. Come­ cujas terras entrares, e farei que to­
rás, como eu te mandei, pães ázimos dos os teus inimigos voltem as cos­
durante sete dias, no mês dos trigos tas diante de ti, “ mandando adiante
novos, (que fo i) quando saíste do E - de ti vespas, que porão em fuga o
gito; não aparecerás em minha prè- Heveu, e o Cananeu, e o Heteu, an­
sença com as mãos vazias. 16(Obser­ tes da tua chegada.
varás) a solenidade da ceifa e das “ Não os expulsarei da tua face em
primícias do teu trabalho, de tudo o um (só) ano, para que a terra não
que tiveres semeado no campo; e fique reduzida a um deserto, e as fe ­
também a solenidade no fim do ano, ras não se multipliquem contra ti.
quando tiveres recolhido todos os “ Expulsá-los-ei pouco a pouco da tua
teus frutos do campo. 17Três vêzes vista, até que tu cresças e tomes pos­
no ano todos os varões comparece­
rão diante do Senhor teu Deus. 18Não se do país. "F ixa rei os teus limites
oferecerás o sangue da minha v íti­ desde o mar Vermelho até ao mar dos
ma com pão fermentado, nem a gor­ Filisteus, e desde o deserto até ao rio;
dura (da vítim a ) da minha solenida­ entregarei nas vossas mãos os habi­
de ficara até de manhã. 19*2L evarás à
1 tantes do país, e os expulsarei da
casa do Senhor teu Deus as primi- vossa vista.
cias dos frutos da tua terra. Não “ Não farás aliança com êles, nem
cozerás o cabrito no leite de sua mãe. com os seus deuses. “ Não habitem
na tua terra, para que te não façam
Bênçãos prometidas à observância pecar contra mim, servindo os seus
da Lei deuses; o que certamente seria para
ti um escândalo.
“ Eis que eu enviarei o meu anjo,
que vá adiante de ti, e te guarde pe­ Moisés é convidado a aproxim ar-se
lo caminho, e te introduza no lugar de Deus. Cerimônia da aliança
que preparei. "Respeita-o, e ouve a
sua voz, e vê que não o desprezes; OA TOsse também (D eus) a Moi-
porque êle não te perdoará, se pe­ sés: Sobe ao Senhor tu e Arão,
cares, e o meu nome está nêle. 22Se Nadab e Abiu, e os setenta anciãos
ouvires a sua voz, e fizeres tudo o de Israel, e adorareis de longe. 2E
19. N ão cozerás. .. Cozer um cabrito no leite que o tinha nutrido era um a espécie de
crueldade, que Deus proibiu p ara inspirar aos Israelitas o m aior am or pela mansidão.
21. o meu nome está nêle, representa a minha pessoa, o que êle disser, d i-lo em
meu nome.
26. E u encherei. . . isto é, dar-te-ei um a vida longa.
24 - 25 EXODO 103
só Moisés subirá ao Senhor; os outros e Josué, seu ministro, levantaram-se
não se aproximarão; nem o povo su­ e, subindo ao monte de Deus, 14Moi-
birá com êle. sés disse aos anciãos: Esperai aqui,
3Veio, pois, Moisés e referiu ao po­ até que voltemos a vós. Tendes cop-
vo tôdas as palavras do Senhor e vosco Arão e H ur; se sobrevier algu­
as leis; e todo o povo respondeu a ma questão, recorrei a êles. 15Tendo
uma voz: Nós observaremos tôdas Moisés subido, a nuvem cobriu o mon­
as palavras ditas pelo Senhor. 4E te, 16e a glória do Senhor pousou sô­
Moisés escreveu tôdas as palavras do bre o Sinai, cobrindo-o com a nuvem
Senhor; e, levantando-se de manhã, durante seis dias; e, ao sétimo dia,
erigiu um altar no sopé do monte, e Deus chamou Moisés do meio da escu­
doze padrões para as doze tribos de ridão (da nuvem ). 17Ora o aspecto
Israel. 5E enviou jovens dentre os da glória cio Senhor era como um fo­
filhos de Israel, e ofereceram os seus go ardente sôbre o cimo dó monte, à
holocaustos, e imolaram ao Senhor ví­ vista dos filhos de Israel. 18E, entran­
timas pacíficas, de novilhos. °E Moi­ do Moisés pelo meio da nuvem, subiu
sés tomou metade do sangue, e lan­ ao monte; e lá esteve quarenta dias
çou-o em taças; e derramou a outra e quarenta noites.
metade sobre o altar. 7E, tomando Ofertas para a construção do
o livro da aliança, o leu na presença tabernáculo
do povo, o qual disse: Faremos tudo
o que o Senhor disse, e seremos obe­ OC 7E o Senhor falou a Moisés di-
dientes. 8E (M oisés) tomou o sangue, zendo: 2Dize aos filhos de Is­
e derramou-o sôbre o povo, e disse: rael que me tragam as primícias; vós
Êste é o sangue da aliança que o Se­ as recebereis de todo o homem, que
nhor celebrou convosco, sôbre tôdas voluntàriamente as oferecer. 3É es­
estas palavras. tas são as coisas que deveis receber:
Moisés sobe.à montanha com os anciãos ouro, e prata, e cobre, 4jacinto e púr-
pura, escarlate tinto duas vêzes, e li­
°E Moisés e Arão, Nadab e Abiu, e nho fino, e pêlo de cabra, 5peles de
os setenta anciãos de Israel subiram. carneiros tintas de vermelho, e peles
10É viram o Deus de Israel; e debai­ tintas de roxo, e pau de cetim; •'azei­
xo dos seus pés (estava) como que te para acender as lâmpadas, aromas
uma obra de pedra de safira, que se para óleo de unção, e perfumes de
parecia com o céu, quando está sere­ bom cheiro; 7pedras de ônix, e (o u ­
no. nOra (D eu s) não estendeu a sua tras) pedras preciosas para adornar
mão sôbre aquêles dos filhos de Israel o efod e o racional. 8E me farão um
que se tinham apartado; e êles viram santuário, e eu habitarei no meio dê-
a Deus e comeram e beberam. les. 9(D evem fazê-lo) conforme em
tudo ao modêlo do tabernáculo, que
Moisés e Deus eu te m ostrarei; e ao de todos os seus
12E o Senhor disse a Moisés: Sobe vasos, para o culto; e o fareis dêste
para mim ao monte, e deixa-te estar modo:
aí; e eu te darei as tábuas de pedra, A arca da aliança
e a lei, e os mandamentos, que escre- 10Fazei um a arca de pau de cetim,
vi, para lhos ensinares. 13E Moisés cujo comprimento tenha dois côvados
Cap. X X I v — 8. S ô b r e t ô d a s e s t a s p a l a v r a s . A aliança celebrada baseia-se em tôdas
as palavras Que contem os preceitos de Deus, e a promessa feita pelo povo de as observar.
10. E v i r a m . .. A Escritura não indica nem se sabe ao certo sob que form a Deus se
manifestou. Dizem uns que se manifestou sob a form a dum a grande luz, outros, que sob
a form a humana. Ê, porém, tudo incerto.
11. N ã o e s t e n d e u a s u a m ã o , nfto fêz m al algum aos que, com sua permissão, se tinham
afastado do povo para se aproxim arem do monte. — c o m e r a m e b e b e r a m , isto é, tom aram
parte no banquete sagrado, que era costume fazer-se depois dos sacrifícios pacíficos.
Cap. X X V — 4. P ê l o d e c a b r a . N o oriente há cabras com o pêlo muito comprido e
fino, o qual é empregado no fabrico de panos fortes, que servem para cobrir as tendas.
5. P a u d e c e t i m , isto é, pau da a c á c i a n i l ó t i c a (L in n ). E m tôda a regifto do Sinai
é esta a única árvore que pode servir para construções.
7. E J o d e o r a c i o n a l (v e r a descrição no Cap. X X V III, 15-30).
104 ExODO 25

e meio, a largura côvado e meio, a al­ altura; e sôbre esta, outra coroa de
tura igualmente côvado e meio. 21Re- ouro. 26Farás também quatro argolas
vesti-la-as de ouro puríssimo por den­ de ouro, e as porás nos quatro cantos
tro e por fora; e farás sobre ela uma da mesma mesa, uma em cada pé.
coroa de ouro em roda; 12e (farás) 27As argolas de ouro estarão da parte
quatro argolas de ouro, que porás nos de baixo da coroa para se meterem
quatro cantos da arca: duas argolas por ela varais, e a mesa possa ser
dum lado, e duas doutro. 13Faras tam­ transportada. “ E farás varais de pau
bém varais de pau de cetim, e os co­ de cetim, e os cobrirás de ouro, e
brirás de ouro, 14e os farás passar servirão para transportar a mesa.
por dentro das argolas que estão aos ^Prepararás também pratos, copos, in-
lados da arca, a fim de que sirvam censorios e taças de ouro puríssimo,
para a transportar. 15Estarão sempre em que Se deverão oferecer as liba-
metidos nas argolas, e nunca se ti­ çoes. " E porás sempre sôbre a mesa os
rarão delas. 101
E porás na arca O tes­
7 pães da proposição na minha pre­
temunho que eu te hei de dar. sença.
O candeeiro de ouro
O Fropiciatório
âlFarás também um candeeiro de
17Farás também o propicíatório de ouro puríssimo, trabalhado a martelo,
ouro puríssimo; o seu comprimento a sua haste e os seus ramos, os copos,
terá dois covados e meio, e a largura e esferazinhas, e açucenas, que sairão
côvado e meio. 18Farás também dois dêle. 32Seis ramos sairão dos seus
querubins de ouro batido nas duas lados, três de úm lado e três do outro.
extremidades do oráculo. 19Um queru­ “ Em um ramo haverá três copos em
bim esteja dum lado, o outro do ou­ forma de nozes, com uma esferazinha
tro. “ E cubram ambos os lados do e uma açucena; e igualmente no ou­
propiciatório, estendendo as asas e co­ tro ramo três copos em form a de no­
brindo o oráculo, e estejam olhando zes, uma esferazinha e uma açucena;
um para o outro com os rostos volta­ assim serão formados os seis ramos,
dos para o propiciatório, com o qual que devem sair da haste. 34E no mes­
deve estar coberta a arca, 21na qual mo candeeiro haverá quatro copos
porás o testemunho,* que eu te hei de em forma de nozes, e em cada um a
dar. 22De lá te darei as minhas or­ sua esferazinha, e a sua açucena. “ H a­
dens, em cima do propiciatório, e do verá três esferazinhas em três lugares
meio dos dois querubins, que estarão da haste, e de cada uma sairão dois
sôbre a arca do testemunho, e te di­ ramos, e serão ao todo seis ramos
rei tôdas as coisas que por meio de saindo da mesma haste. “ As esfera­
ti intimarei aos filhos de Israel. zinhas, pois, e os ramos serão da mes­
A mesa dos pães da proposição ma peça (co m o candeeiro), tudo de
ouro finíssimo, trabalhado a martelo.
23Farás também uma mesa de pau 37Farás, além disso, sete lâmpadas
de cetim, que tenha dois côvados de e po-las-ás sôbre o candeeiro, a fim
comprimento, um côvado de largura, de que dêem luz para a frente. “ Tam ­
e côvado e meio de altura. 24E cobrí- bém os espevitadores e os vasos onde
-la-ás de ouro puríssimo, e far-lhe-ás se apague o morrão que se tiver tira­
uma moldura de ouro em roda, 25e do das lâmpadas, serão feitos de ouro
(porás) sôbre a mesma moldura uma puríssimo. 39Todo o pêso do candeeiro
coroa entalhada, de quatro dedos de com todos os seus vasos será um ta-
16. O testemunho, isto é, as tábuas da lei dadas por Deus a Moisés.
17. Propiciatório era a tam pa da arca, tendo o mesmo comprimento e largura. C ham a-
se assim, porque, com os querubins, como que form ava o trono donde Deus ouvia as orações
de Israel e se lhe tornava propicio.
18. Oráculo é um outro nome dado ao propiciatório, porque era dêle que Deus respondia
às consultas do pontífice.
30. Pães da proposição. Eram assim chamados por serem postos diante do Senhor como
homenagem que as doze tribos de Israel ofereciam a Deus. E ram substituídos por outros
todos os sábados, e sòmente os sacerdotes os deviam comer.
39. Ü m talento de ouro, isto é, cêrca de 43 quilogramas.
25 - 26 ExODO 105

lento de ouro puríssimo. 40Toma sen­ parte, e outro doutra, o qual sobeja
tido, e faze conforme o modêlo que te no comprimento das cobertas para
foi mostrado sobre o monte. cobrir os dois lados do tabernáculo.
“ Farás mais uma outra coberta para
O tabernáculo o tabernáculo, de peles .de carneiros
OC 20 tabernáculo, porém, fá-lo-ás tintas de vermelho; e sôbre esta u-
assim: Farás dez cortinas de ma outra coberta de peles de côr
roxa.
linho retorcido, e de jacinto, e de
púrpura, e de escarlate tinto duas Corno deve ser armado o tabernáculo
vêzes, as quais serão de bordado vário.
aO comprimento duma cortina será 15Farás também de pau de cetim
de vinte e oito côvados; a largura se­ as tábuas do tabernáculo, que hão de
rá de quatro côvados. Tôdas as corti­ estar levantadas. 10Cada uma delas
nas se farão da mesma medida. 3Cin- terá dez côvados de comprimento, e
co cortinas serão unidas entre si, e côvado e meio de largura. 17Nos lados
outras cinco serão unidas do mesmo de cada tábua far-se-ão dois encaixes,
modo entre si. “Farás umas presilhas com que cada tábua se una com a ou­
da côr de jacinto nos lados e extremi­ tra; e dêste modo se aparelharão tô­
dades das cortinas, para que se pos­ das as tábuas; 18vinte das quais esta­
sam unir umas às outras. 5Cada corti­ rão ao lado meridional, que olha para
na terá cinqüenta presilhas de cada o sul. 10Para elas farás fundir quaren­
lado, de tal sorte (dispostas) que uma ta bases de prata, de sorte que duas
presilha fique em frente da outra, e bases sejam postas sob cada tábua nos
possa uma ligar-se com a outra. •Fa­ dois ângulos. ^Estarão também vinte
rás também cinco argolas de ouro, tábuas no segundo lado do tabernâcu-
com as quais se devem juntar os pa­ lo, que olha para o aquilão, aten­
nos das cortinas, para que se form e do quarenta bases de prata; serão
um só tabernáculo. postas duas bases debaixo de cada
Cobertura do tabernáculo tábua.
22E para o lado ocidental do ta-
7Farás mais onze cobertas de pêlo bernáculo farás seis tábuas, “ e, além
de cabras, para cobrir a parte supe­ destas, mais duas, que se levantem
rior do tabernáculo. 80 comprimento nos ângulos do fundo do tabernáculo.
duma coberta terá trinta côvados, e a 24E (estas) tábuas estarão unidas des­
largura quatro; será igual a medida de baixo até cima, e todas encaixadas
de tôdas as cobertas. 9Juntarás cin­ umas nas outras. E a mesma união
co delas à parte, e unirás entre si as se observará com as duas tábuas, que
outras seis, de sorte que possas dobrar devem ser postas nos ângulos. WE se­
a sexta por diante do teto. 10Farás rão oito tábuas ao todo com dezesseis
também cinqüenta presilhas na oure- bases de prata, contando-se duas ba­
la duma coberta, para que possa li- ses para cada tábua. “ Farás também
gar-se com outra; e cinqüenta presi- uns barrotes de pau de cetim, cince
lhas na ourela desta, para que se una para conter as tábuas dum lado de
com a que lhe corresponde. uFarás tabernáculo, 27e outros cinco para c
também cinqüenta fivelas de bronze, outro lado, e outros tantos para o la­
por meio das quais se unam as presi­ do ocidental, 28os quais serão aplica­
lhas, para que de tôdas se faça uma dos pelo meio das tábuas duma ex­
só coberta. 12E a que sobejar das co­ tremidade à outra. ^Revestirás de ou­
bertas destinadas a cobrir o taberná­ ro as próprias tábuas, e pôr-lhes-ás u-
culo, que vem a ser uma coberta que mas argolas de ouro, pelas quais pas­
há de mais, com metade desta cobri­ sem os barrotes, que hão de segurar
rás a parte de trás do tabernáculo. as tábuas, e revestirás de ouro os bar­
13E ficará pendente um côvado duma rotes. 30E levantarás o tabernáculo
Cap. X X V I — 1. D e r e t o r c i d o , isto é, tecidos com fio de linho branco retorcido
lin h o
para serem mais fortes; e nestes fios brancos deviam ser enlaçados outros com a côr de
ja c in to , de p ú rp u ra , de de modo a form ar um b o r d a d o v a r i a d o , o qual, segundo
e s c a r la te ,
o original hebreu, devia representar q u e r u b i n s .
106 EXODo 26 - 27
conforme o modêlo que te foi mos­ o farás maciço, mas ôco e côncavo
trado no monte. por dentro, como te foi mostrado no
monte.
O véu entre o Santo e o O átrio
Santo dos Santos
'Farás também o átrio do taberná-
31Farás também um véu de côr de lo, de cujo lado austral, que olha
jacinto, e de púrpura, e de escarlate para o meio-dia, haverá cortinas de
tinto duas vêzes, e de linho fino re­ linho fino retorcido; êste lado terá
torcido, com lavôres de bordados, e cem côvados de comprimento. 10E
tecido com formosa variedade. 32E (farás) vinté colunas com outrás tan­
suspendê-lo-ás de quatro colunas de tas bases de bronze, que terão os ca­
pau de cetim, que serão revestidas de pitéis com os seus ornatos de prata.
ouro, e terão capitéis de ouro, e ba­ “ Da mesma sorte, também no lado
ses de prata. 33E o véu será suspen­ do aquilão pelo comprimento haverá
so por meio de argolas, e dentro dê- cortinas de cem côvados, vinte colu­
le porás a arca do testemunho, e por nas e outras tantas bases de bronze,
meio dêle serão divididos o Santo e e seus capitéis de prata com seus or­
o Santo dos Santos. 34Porás também natos. 12N a largura, porém, do átrio,
o propiciatório sôbre a arca do tes­ que olha para o ocidente, haverá cor­
temunho no Santo dos Santos. “ E tinas de cinqüenta côvados, e dez co­
(porás) a mesa tora do véu; e de­ lunas, e outras tantas bases. ‘'Tam ­
fronte da mesa o candeeiro, na parte bém na largura do átrio, que olha
meridional do tabernáculo; porque a para o oriente, haverá cinqüenta cô­
mesa estará do lado do aquilão. vados, “ ònde se porão dum lado cor­
tinas de quinze côvados, e três colu­
O véü à entrada do tabernáculo nas e outras tantas bases; 15e do ou­
,36Farás também para a entrada do tro lado haverá cortinas que tenham
tabernáculo um véu de jacinto, e de quinze côvados, três colunas e outras
púrpura, e de escarlate tinto duas vê­ tantas bases. lflN a entrada, pois, do á-
zes, e de linho retorcido, com lavôres trio, far-se-á uma coberta de vinte
de bordados. 37Êste véu estará sus­ côvados, de jacinto e de púrpura, de
penso de cinco colunas de pau de ce­ escarlate tinto duas vêzes, e de linho
tim, revestidas de ouro, cujos capitéis fino retorcido, com trabalho de bor­
serão de ouro, e as bases de bronze. dado; (na entrada) terá quatro colu­
nas com outras tantas bases. 17Tôdas
O altar dos holocaustos as colunas em volta do átrio serão re­
vestidas de lâminas de prata, com
0 7 7Farás também um altar de pau capitéis de prata e bases de bronze. lsO
“ 9 de cetim, o qual terá cinco átrio terá cem côvados de compri­
côvados de comprimento e outros mento, cinqüenta de largura, a altu­
tantos de largura, isto é, quadrado, e ra será de cinco côvados; (as suas
terá três côvados de altura. 2Nos qua­ cortinas) serão feitas de linho fino
tro cantos sairão dêle quatro pontas; retorcido, e terá as bases de bronze.
e o revestirás de cobre. 3E farás para Ji,Farás de bronze todos os vasos do
o seu serviço caldeiras para recolher tabernáculo para qualquer uso ou
as cinzas, e tenazes, e garfos, e bra­ cerimônias, e também as suas escápu-
seiro; farás de cobre todos êstes ins­ Ias e as do átrio.
trumentos. 4E (farás) uma grelha de Azeite para o candeeiro
bronze em forma de rêde, em cujos
quatro cantos haverá quatro argolas 20Ordena aos filhos de Israel que
de bronze, 5que colocarás sob a cha­ te tragam azeite de oliveiras o mais
miné do altar; e a grelha subirá até puro, espremido num almofariz, pa­
o meio do altar. 6Farás também para ra que arda sempre o candeeiro 21no
o altar dois varais de pau de cetim, tabernáculo do testemunho fora do
que revestirás de chapas de bronze, 7e véu, que está pendente diante do tes­
enfiá-los-ás pelas argolas, e estarão de temunho. E Arão e seus filhos o pre­
um e outro lado do altar, a fim de pararão, para que dê luz até pela ma­
servirem para o transportar. 8Não nhã diante do Senhor. Êste culto será
27 - 28 ExODO 107
perpétuo (prestado) pelos filhos de nas cadeias de ouro puríssimo ligadas
Israel de geração em geração. entre si, as quais meterás nos ganchos.
Vestes sacerdotais O racional
OQ 7Manda também vir junto de 15Farás também o racional do juí­
ti Arão, teu irmão, com seus zo com trabalho a muitas cores, te­
filhos, do meio dos filhos de Israel, cido, como o efod, de ouro, de jacin­
para que exerçam diante de mim to, e de púrpura, e de escarlate tin­
as funções do sacerdócio: Arão, Na- to duas vêzes, e de linho fino retor­
dab e Abiu, Eleazar e Itamar. 2E fa ­ cido. 16Será quadrado e dobrado; te­
rás uma veste sagrada para Arão, teu rá um palmo, tanto de comprimento
irmão, para (indicar a sua) dignida­ como de largura. "Engastarás nêle
de e para (lhe servir de) adorno. 3E quatro ordens de pedras; na primei­
falarás a todos os sábios de coração, ra ordem estará uma pedra sárdio,
a quem eu enchi do espírito de pru­ um topázio e uma esmeralda; 18na
dência, para que façam as vestes de segunda, um carbúnculo, uma safira
Arão com as quais, sendo santifica­ e um jaspe; 19na terceira, uma tur-
do, exercerá o meu sacerdócio. 4E queza, uma ágata e uma ametista;
estas são as vestes que hão de fazer: 20na quarta, um crisólito, uma ônix, e
O racional e o efod, o manto e a tú­ um berilo. Elas serão encastoadas
nica de linho estreita, a tiara e o em ouro, ordem por ordem. 21E te­
cíngulo. Farão estas vestes sagradas rão os nomes dos filhos de Israel; es­
para Arão, teu irmão, e para seus tarão nelas gravados doze nomes,
filhos, para que exerçam as funções em cada pedra o nome de uma das
do meu sacerdócio. 5E tomarão ouro, doze tribos.
e jacinto, e púrpura, e escarlate tinto 22Farás para o racional pequenas
duas vêzes, e linho fino. cadeias de ouro puríssimo, que se
O e fod
unam entre si, “ e duas argolinhas de
ouro, que porás nas duas extremida­
6E farão o efod de ouro, e de ja ­ des superiores do racional. 24E farás
cinto, e de púrpura, e de escarlate passar cadeiqs de ouro pelas argoli­
tinto duas vezes, e de linho fino re­ nhas, que estão nas extremidades dê-
torcido, obra tecida de várias côres. le; 25e adaptarás as extremidades
YO efod) terá nos dois lados das suas das mesmas cadeias a dois ganchos
extremidades duas aberturas unidas dum e doutro lado do efod, que cor­
de modo a formarem um (so vestido). responde ao racional. 20Farás tam­
8E o próprio tecido e tôda a variedade bém duas argolinhas de ouro, que
dos seus lavôres será de ouro, e de ja ­ porás nas extremidades (in feriores)
cinto, e de púrpura, e de escarlate do racional, nas ourelas que estão
tinto duas vêzes, e de linho fino re­ defronte do efod, e estão voltadas
torcido. 9E tomarás duas'pedras de para a parte de trás. 27E (farás),
ônix, e gravarás nelas os' nomes dos além disso, outras duas argolinhas
filhos de Israel: 10seis nomes numa de ouro, que se hão de pôr em baixo,
pedra, e os outros seis na outra, se­ aos dois lados do efod, que estão
gundo a ordem do seu nascimento. diante da juntura inferior, a fim de
nCom a obra de escultor e de lapi- que (o racional) possa adaptar-se ao
dário esculpirás nelas os nomes dos efod, 28e seja ligado com as suas ar­
filhos de Israel, tendo-as engastado golinhas às argolinhas do efod por
e metido em ouro; 12e pô-las-ás sôbre uma fita (c ô r) de jacinto, de modo
um e outro lado do efod, (para que que fique firm e o enlace feito com
sirvam) de memória aos filhos de Is­ arte, e o racional e o efod não pos­
rael. E Arão levará os seus nomes sam separar-se um do outro. “ E A-
diante do Senhor sôbre os seus dois rão, quando entrar no santuário, le­
ombros para lembrança. 13Farás tam­ vará os nomes dos filhos de Israel
bém ganchos de ouro, 14e duas peque­ no racional do juízo sôbre o peito,
Cap. X X v l I I — D o juízo. Estas p alavras indicam o uso que o Sumo Sacerdote fazia
do racional para consultar a Deus nos casos graves e duvidosos e obter a sua decisão.
108 EXODO 28 - 29
ara perpétua memória diante do gulos, e tiaras para (indicar a sua)
enhor. 300*E no racional do juízo po­
4
9 dignidade e (servir-lhes de) adorno;
rás (estas duas palavras) : Doutrina 41de tudo isto vestirás Arão, teu ir ­
e Verdade, as quais estarão sôbre o mão, e os seus filhos com êle. E sa­
peito de Arão, quando êle entrar à grarás as mãos de todos, e os santi-
presença do Senhor; e trará sempre ficarás, para que me exerçam o sa­
sôbre o seu peito o juízo dos filhos cerdócio. 4>Farás também calções de
de Israel na presença do Senhor. linho, para cobrirem a nudez da sua
carne, desde os rins até às coxas.
A túnica do efod
43Arão e seus filhos usarão dêles
3,Farás também a túnica do efod quando entrarem no tabernáculo do
tôda (de co r) de jacinto, 32*no meio testemunho, ou quando se aproxi­
da qual no alto haverá uma abertu­ marem do altar para servir no san­
ra para a cabeça, e em volta uma tuário, para que não morram como
orla tecida, como se costuma fazer réus de iniqüidade. Isto será uma lei
na ourela dos vestidos, para que (a perpétua para Arão e para a sua
túnica) se não rompa fàcilmente. posteridade depois dêle.
33Em baixo, porém, na extremidade Sagração dos sacerdotes
inferior da mesma túnica, farás ao
redor umas como romãs de jacinto, e OO xMas eis o que me farás tam-
de púrpura, e de escarlate tinto duas bém para que me sejam con­
vêzes, (tendo) misturadas pelo meio sagrados no sacerdócio. Toma um
campainhas, 34de sorte que haja uma novilho da manada, e dois carneiros
campainha de ouro e uma romã, e sem mancha, 2e pães ázimos, e uma
logo outra campainha de ouro e ou­ torta sem fermento, que seja amas­
tra romã. 35E Arão a vestirá nas sada com azeite, e filhós ázimos, un-
funções do seu ministério, para que tados com azeite; farás tôdas estas
se ouça o som ao entrar no santuá­ coisas de flor de farinha de trigo. 3E,
rio à presença do Senhor, e ao sair, depois de as ter posto num cêsto, as
e para que não morra. oferecerás; e (oferecerás ao mesmo
Lâm ina de ouro tem po) o novilho e os dois carnei­
ros. 4E farás aproximar Arão e seus
30Farás também uma lâmina de filhos da porta do tabernáculo do
ouro puríssimo, na qual farás abrir testemunho. E, depois que tiveres la­
por mão de gravador: Santidade do vado com água o pai e os seus f i­
Senhor. 37E atá-la-ás com uma fita lhos, 5revestirás Arão com as suas
de jacinto e estará sôbre a tiara, vestes, isto é, com a túnica de linho,
^dominando a fronte do pontífice. E com o manto, com o efod, e com o
Arão levará as iniqüidades cometi­ racional, que apertarás com o cíngu­
das pelos filhos de Israel em tôdas lo. °E pôr-lhe-ás a tiara na cabeça, e
as suas oblações, e nos dons que ti­ sôbre a tiara a lâmina santa. 7E der­
verem oferecido e consagrado. E esta ramarás sôbre a sua cabeça o óleo
lâmina estará sempre sôbre a sua da unção; e com êste rito será con­
fronte, para que o Senhor lhes seja sagrado. 8Farás também aproximar
propício. seus filhos, e os revestirás com as
Túnica estreita túnicas de linho e cingí-los-ás com
o cíngulo. 9Assim farás a Arão e aos
39E farás a túnica estreita de linho seus filhos, e lhes porás as mitras, e
fino, e farás a tiara de linho fino, e serão meus sacerdotes para um culto
o cíngulo será de bordado. perpétuo.
Vestes dos simples sacerdotes Vários sacrifícios ordenados
40Para os filhos de Arão, porém, Depois que tiveres sagrado as suas
prepararás túnicas de linho, e cín- mãos, 10farás aproximar também o
30. Trará o juízo, isto é, o racional do juízo.
38. E Arão levará as iniqüidades. . . Adornado com êste símbolo de pontífice e de
mediador entre Deus e o povo, levará sôbre si tôdas as faltas cometidas pelo povo no
culto de Deus, e im petrará perdão p ara e la s .
29 ÊXODO 109
novilho diante do tabernãculo do tes­ um bolo de pão, uma torta amassada
temunho, e Arão e seus filhos irnpo- em azeite, e um filho; 2,e porás to­
rão as mãos sôbre a sua cabeça, “ e tu das estas coisas sôbre as mãos de
o degolarás na presença do Senhor Arão e de seus filhos, e sacrificá-
junto da porta do tabernãculo do -las-ás, elevando-as diante do Senhor.
testemunho. 12E, tendo tomado do 25Depois receberás tôdas estas coisas
sangue do novilho, o porás com o das suas mãos, e queimá-las-ás sô­
teu dedo sôbre as pontas do altar, e bre o altar em holocausto, para chei­
o resto do sangue derramá-lo-ás ao ro suavíssimo diante do Senhor, por­
Pé dêle. que é a sua oblação. 26Tomarás tam­
bém o peito do carneiro imolado pa­
13Tomarás também tôda a gordura ra a sagração de Arão e santificá-
que cobre as entranhas, e o redenho -lo-ás, elevando-o diante do Senhor,
do fígado, e os dois rins, e a gordura e esta será a tua parte. 27*S antifica-
que está por cima dêles, e oferecerás rás também o peito consagrado e a
(tudo isto) queimando-o sôbre o al­ espádua que separaste do carneiro
tar; Hmas as carnes do novilho e o 28imolado para a sagração de Arão e
seu couro, e os excrementos quei- de seus filhos; e estas serão as por­
má-los-ás fora do acampamento, por ções de Arão e de seus filhos por um
ser (uma hóstia) pelo pecado. direito perpétuo entre os filhos de
15Tomarás também um carneiro, Israel; porque são as primícias e as
sôbre a cabeça do qual Arão e seus primeiras partes das vítimas pacífi­
filhos porão as mãos. 10E, depois de cas, que êles oferecem ao Senhor.
o teres degolado, tomarás do seu
sangue, e derramá-lo-ás em tôrno do Transmissão das vestes sagradas
altar. 17Depois cortarás o mesmo car­ aos sucessores de Arão
neiro em pedaços; e, lavados os in­
testinos e os pés, os porás sôbre as 29E as vestes santas de que Arão
carnes despedaçadas, e sôbre a sua usar, tê-las-ão seus filhos depois dê­
cabeça, 18e oferecerás todo o carnei­ le, para que, vestidos com elas, se­
ro queimando-o sôbre o altar; é urna jam ungidos, e as suas mãos sejam
oblação ao Senhor, um cheiro sua­ consagradas. ^Durante sete dias usa­
víssimo da vítima do Senhor. rá delas aquêle de seus filhos que
19Tomarás ainda outro carneiro, sô­ fôr constituído pontífice em seu lu­
bre cuja cabeça Arão e seus filhos gar, e que entrar no tabernãculo do
porão as mãos. ^E, depois de o te­ testemunho para ministrar no san­
res imolado, tomarás do seu sangue, tuário.
e pô-lo-ás na extremidade da orelha
direita de Arão e de seus filhos, e sô­ O banquete sagrado
bre os dedos polegares da sua mão
direita e do seu pé direito, e derra­ 31E tomarás o carneiro da sagra­
marás o sangue ao redor do altar. ção, e cozerás a$ suas carnes no lu­
21E, tendo tomado do sangue que es­ gar santo; 32e Arão e seus filhos as
tá sôbre o altar, e do óleo da unção, comerão. Comerão também à entra­
aspergirás (com ele) Arão e suas da do tabernãculo do testemunho os
vestes, seus filhos e suas vestes. E, pães que estão no cêsto, 33para que
depois de ter sagrado a êles e às seja um sacrifício propiciatório, e se­
suas vestes, 9 12tomarás a gordura do
*2 jam santificadas as mãos dos oferen-
carneiro e a cauda, a gordura que tes. O estrangeiro não comerá dêles,
cobre as entranhas, e o redenho do porque são coisas santas. 34Porém, se
fígado, e os dois rins, e a gordura sobrar das carnes consagradas, ou
que está por cima dêles, e a espádua dos pães até pela manhã, queimarás
direita, porque êste é o carneiro da no fogo o que restar; não se come­
sagração; 23(*tom arás) do cêsto dos rão (estas coisas), porque estão san­
ázimos que está diante do Senhor, tificadas:
Cap. X X IX — 20. E pô-lo-ás na extremidade da orelha. .. para indicar que o sacerdote
deve estar sempre pronto para ouvir a lei de Deus.
no ExoDO 29 - 30
Duração das cerimônias. pontas. 3E revestí-lo-ás de ouro pu­
Consagração do altar ríssimo, tanto a sua grelha, como
35Farás tudo isto que te mandei as paredes em roda, e as pontas. E
relativo a Arão e a seus filhos. Sa­ far-lhe-ás ao redor uma cornija de
grarás as suas mãos durante sete ouro, 4e duas argolas de ouro de cada
dias; 36e oferecerás cada dia um no­ lado por baixo da cornija, para se
vilho em expiação pelo pecado. De­ meterem por elas os varais e se trans­
pois que tiveres imolado a hóstia da portar o altar. 5Farás também os va­
expiação, purificarás o altar, e o rais de pau de cetim, e os dourarás.
ungirás para o santificar. 37Durante 8E porás o altar defronte do véu, que
sete dias purificarás o altar, e o san- pende diante da arca do testemunho,
tificarás, e êle será santíssimo; todo em frente do propiciatório que cobre
o que o tocar será santificado. o testemunho, onde eu te falarei.
Sacrifício perpétuo O uso do a ltar dos perfumes

38Eis o que sacrificarás sôbre o al­ 7E Arão queimará sôbre êle todas
tar: Dois cordeiros de um ano todos as manhãs um incenso de suave fra-
os dias perpètuamente, 39um cordei­ grância. Acendê-lo-á quando preparar
ro de manhã e outro de tarde. “ Com as lâmpadas; 8e quando as colocar
o primeiro cordeiro (oferecerás) uma (sôbre o candeeiro) , ao anoitecer,
décima parte (do e fi) de flor de fa ­ queimará um perfume perpétuo dian­
rinha amassada com azeite de azei­ te do Senhor por vossas gerações.
tonas pisadas, na medida da quarta 9Não ofereceteis sobre êle perfume
parte do hin, e vinho na mesma de outra composição, nem oblação,
quantidade para as libaçôes. "O fe re ­ nem vítima, nem fareis libaçôes. 10A-
cerás de tarde o outro cordeiro com rão fará a . expiação uma vez no
o mesmo rito da oblação da manhã, ano, sobre' aè pontas do altar, com
e do modo que dissemos, em cheiro o sangue qtfé foi oferecido pelo pe­
de suavidade. 42Êste é um sacrifício, cado, e com isto aplacará (o Senhor)
ue com um culto perpétuo por tô- nas vossas gerações. (Êste a ltar) se­
as as vossas gerações se deve ofe­ rá uma coisa santíssima diante do
recer ao Senhor à entrada do taber- Senhor.
náculo do testemunho diante do Se- ✓ O imposto para o santuário
nhor, onde eu me encontrarei para UE o Senhor falou mais a Moisés,
te falar. dizendo: 12Quando fizeres o recen-
Promessas de Deus seamento dos filhos de Israel, segun­
tóE de lá darei eu as minhas or­ do o seu número, cada um dará ao
dens aos filhos de Israel, e o altar Senhor o preço do resgate pela sua
será santificado com a minha glória. alma, e não virá sôbre êles nenhuma
"Santificarei também o tabernáculo praga, quando forem recenseados.
do testemunho com o altar, e Arão 13Todo o que for compreendido neste
com seus filhos, para que exerçam o recenseamento, dará meio siclo, se­
meu sacerdócio. 45E habitarei no meio gundo a medida (do siclo padrão) do
dos filhos de Israel, e serei o seu santuário. O siclo (do tem plo) tem
Deus, “ e saberão que eu sou o Se­ vinte óbolos. Oferecer-se-á, pois, ao
nhor seu Deus que os tirei da terra Senhor meio siclo. 14Todo o que fôr
do Egito para habitar entre êles, eu compreendido no recenseamento, de
o Senhor seu Deus. vinte anos para cima, dará êste pre­
Construção do altar dos perfumes ço. lsO rico não dará mais de meio
siclo, e o pobre não dará menos. 16E,
Q fl 2Farás também um altar de recebido o dinheiro oferecido pelos
madeira de cetim para quei­ filhos de Israel, empregá-lo-ás no
mar os perfumes, 2o qual terá um serviço do tabernáculo do testemu­
côvado de comprido, e outro de lar­ nho, para que seja um memorial dê-
go, isto é, será quadrado, e terá dois les diante do Senhor, e (para que
côvados de alto. Sairão dêle umas4 3 ele) se mostre propício às suas almas.
43. Com a minha, glória, com a minha presença especial.
30 - 31 ExODO 111
A bacia de bronze ma aromas, estoraque e ônix, e gál-
17E o Senhor falou mais a Moisés, bano de bom cheiro, e incenso luci-
dizendo: 18Farás, além disso, uma ba­ dissimo, tudo em pêso igual. 35E fa ­
cia de bronze com sua base para la­ rás um perfume composto segundo
vatório; e pô-la-ás entre o taberná- a arte de perfumador, manipulado
culo do testemunho e o altar. E, lan­ com cuidado, puro e digníssimo de
çada a água, 19Arão e seus filhos la­ ser oferecido. 36E, quando tiveres re­
varão nela as suas mãos e os pés, duzido tudo a um pó finíssimo, pô-
“ quando tiverem de entrar no taber- -lo-ás diante do tabernáculo do tes­
náculo do testemunho, e quando ti­ temunho, no lugar em que eu te apa­
verem de se aproximar do altar para recer. Êste perfume será para vós
oferecer os perfumes ao Senhor, 21pa- uma coisa santíssima. 37Não fareis
ra que não suceda que morram; se­ composição semelhante para os vos­
rá esta uma lei perpétua para êle e sos usos, porque é coisa consagrada
para os descendentes que lhe suce­ ao Senhor. ^Todo o homem que f i­
derem. zer uma (composição) semelhante
O óleo da unção para gozar do seu cheiro, perecerá do
22Falou mais o Senhor a Moisés, meio do seu povo.
“ dizendo: Toma (êstes) aromas, qui­ Os artistas do tabernáculo
nhentos si cios da melhor e mais es­ *E o Senhor falou a Moisés, di-
colhida mirra, e metade de cinamo- zendo: 2Eis que eu chamei pe­
mo, isto é, duzentos e cinqüenta si- lo (seu) nome a Beseleel, filho de
cios; e igualmente duzentos e cin- Uri, filho de Hur da tribo de Judá,
qüenta sidos de cana odorífera, 24e 3e o enchi do espírito de Deus, de
quinhentos sidos de cássia segundo o sabedoria e de inteligência, e de ciên­
pêso (padrão) do santuário, e a me­ cia para tôda a qualidade de obras,
dida de um hin de azeite de oliveira; 4para inventar tudo o que se pode
“ e farás (com isto) um óleo santo fazer com o ouro, com a prata e com
para as unções, e um bálsamo com­ o cobre, 5com o mármore, com as pe­
posto segundo a arte de um perfu- dras preciosas e com as diversas ma­
mador. 26E ungirás com êle o taber- deiras. °E dei-lhe por companheiro
náculo do testemunho, e a arca do Ooliab, filho de Aquisamec, da tribo
testamento, 27e a mesa com os seus de Dan. E pus a sabedoria no cora­
vasos, o candeeiro e os seus utensí­ ção de todo (o artista) hábil, para
lios, o altar dos perfumes, 28e o dos que façam tudo o que ordenei.
holocaustos, e tôda a alfaia que está
ao seu uso. “ E santificarás todas es­ Objetos que devem ser construídos
tas coisas, e elas serão santíssimas; 70 tabernáculo da aliança, e a ar­
aquêle que as tocar será santificado. ca do testemunho, e o propiciatório,
“ Ungirás Arão e os seus filhos, e que está por cima dela, tôdas as al­
os santificarás, para me servirem no faias do tabernáculo, 8e a mesa com
sacerdócio. 31Dirás outrossim aos f i­ os seus vasos, o candeeiro puríssimo
lhos de Israel: Êste óleo das unções com os seus utensílios, e o altar dos
será consagrado a mim pelas vossas perfumes, 9e o dos holocaustos, e to­
gerações. “ Não se ungirá com êle a dos os seus utensílios, e a bacia com
carne de nenhum homem, e não fa ­ sua base, 10e as vestes sagradas para
reis outro com composição semelhan­ uso do sacerdote Arão e de seus f i­
te, porque foi santificado e será san­ lhos, quando se empregarem nas fun­
to para vós. “ Qualquer homem que ções sagradas, “ o óleo da unção, e o
compuser outro semelhante, e o der perfume aromático para o santuário,
a algum estrangeiro, será exterm i­ êles farão tudo o que te mandei.
nado do meio do seu povo.
Repouso do sábado e castigo dos
O perfume sagrado prevaricadores
34E o Senhor disse a Moisés: T o ­ 12Falou mais o Senhor a Moisés,
Cap. X X X — 34. Ônix, a unguís odoratus, espécie de pequena concha com a côr de
unha, e odorífera, que existia em abundância no M a r vermelho.
112 EXoDo 31 - 32
dizendo: 13Fala aos filhos de Israel, locaustos e hóstias pacíficas, e o po­
e lhes dirás: Não deixeis de guardar vo se assentou a comer e a beber, e
o meu sábado, porque é o sinal (es­ depois levantaram-se para se diver­
tabelecido) entre mim e vós pelas tirem.
vossas gerações, para que saibais que Cólera de Deus aplacada por Moisés
eu sou o Senhor, que vos santifico.
14Guardai o meu sábado, porque é 7E o Senhor falou a Moisés, dizen­
(u m diaj santo para vós; aquêle que do: Vai, desce; o teu povo, que ti­
o violar, será punido de morte; o que raste da terra do Egito, pecou. 'D e­
trabalhar neste dia, perecerá do meio pressa se apartaram do caminho que
do seu povo. 15Vós trabalhareis seis lhes mostraste; fizeram para si um
dias, fmas) no dia sétimo é o sába­ bezerro fundido, adoraram-no, e imo-
do, descanso consagrado ao Senhor; lando-lhe hóstias, disseram: Êstes
todo o que trabalhar neste dia, será são, ó Israel, os teus deuses, que te
punido de morte. 16Qs filhos de Israel tiraram da terra do Egito. 9E o Se­
guardem os sábados e celebrem-no nhor disse mais a Moisés: Vejo que
pelas suas gerações. Êste é um pacto êste povo é de cerviz dura; 10deixa-
sempiterno 17entre mim e os filhos me, a fim de que o meu furor se
de Israel, e um sinal perpétuo; por­ acenda contra êles, e que os exter­
que em seis dias o Senhor fêz o céu mine, e eu te farei chefe de uma
e a terra, e no sétimo cessou da obra. grande nação. “ Moisés, porém, su­
plicava ao Senhor seu Deus, dizen­
A s duas tábuas da lei do: Senhor, por que se acende o teu
18E, terminadas estas práticas so­ furor contra o teu povo que tiraste
da terra do Egito com uma grande
bre o monte Sinai, o Senhor deu a fortaleza e com uma poderosa mão?
Moisés duas tábuas de pedra do tes­ “ Não permitas, te rogo, que os E-
temunho, escritas pelo dedo de Deus. gípelos digam: Êle tirou-os (do E g i­
O bezerro de ouro
to ) astutamente para os matar nos
montes, e exterminá-los da terra;
90 *Mas o povo, vendo que Moisés aplaque-se a tua ira, e perdoa a ini-
tardava em descer do monte, qüidade do teu povo. 13Lembra-te de
juntou-se contra Arão e disse: Le- Abraão, de Isac e de Israel, teus
vanta-te, faze-nos deuses que vão servos, a quem por ti mesmo juras­
diante de nós; porque não sabemos te, dizendo: Multiplicarei a vossa
o que aconteceu a Moisés, a êsse ho­ descendência como as estréias do
mem que nos tirou da terra do E gi­ céu; e darei à vossa posteridade to­
to. 2E Arão disse-lhes: Tomai as ar­ da esta terra, de que falei, e vós a
recadas de ouro das orelhas de vos­ possuireis para sempre. 14E o Senhor
sas mulheres, de vossos filhos e de se aplacou, e não fêz ao seu povo o
vossas filhas, e trazei-as. 3E o povo mal que tinha dito.
fêz o que lhes mandara, trazendo as Moisés desce do monte e quebra
arrecadas a Arão. 4E êle, tendo-as as duas tábuas da lei
tomado, mandou-as fundir, e formou
delas um bezerro fundido; e disse­ 15E Moisés voltou do monte, levan­
ram: Êstes são, ó Israel, os teus deu­ do na mão as duas tábuas do teste­
ses, que te tiraram da terra do Egito. munho, escritas de ambas as partes,
5E Arão, vendo isto, erigiu um altar 16e feitas por obra de Deus; a escri­
diante do bezerro, e em voz de pre- ta gravada nas tábuas era também
goeiro clamou, dizendo: Amanhã é de Deus. 17Ora, Josué, ouvindo o tu­
a festa solene do Senhor. 6E, levan­ multo do povo que gritava, disse pa­
tando-se pela mánhã, ofereceram ho- ra Moisés: Ouve-se um alarido de
Cap. X X X II — i. A êsse homem. Estas palavras mostram o desprêzo e a indiferença
dos Israelitas para com Moisés, que tantos prodígios tinha operado em seu favor.
6. Para se divertirem com danças e cânticos, de que era acompanhado o culto dos ídolos.
9. D e cerviz durU, istò é, indócil, incorrigível.
10. D e ix a -m e ... Deus mostra, com estas palavras, o grande aprêço que tem pelas
orações dos seus santos, as quais corno que o obrigam .
32 - 33 EXODO 113

peleja nos acampamentos. 18Moisés lado; passai e tornai a passar de


respondeu: Não é clamor de gente porta em porta através dos acampa­
que se anima a combater, nem cla­ mentos, e cada qual mate o seu ir ­
mor de quem excita à fuga, mas eu mão e o seu amigo e o seu vizinho.
ouço a voz de gente que canta. 19E, 28E os filhos de Levi fizeram o que
tendo-se aproximado dos acampa­ Moisés tinha ordenado, e cêrca de
mentos, viu o bezerro e as danças; vinte e três m il homens caíram
e muito irado atirou das suas mãos (m ortos) naquele dia. 29E
* Moisés dis­
as tábuas, e quebrou-as ao pé do se-lhes: Consagrastes hoje as vossas
monte. mãos ao Senhor, cada um em seu
Destruição do bezerro de ouro
filho e em seu irmão, para vos ser
dada a bênção.
“ E, pegando no bezerro que tinham
feito, queimou-o e esmagou-o até o N ova oração de Moisés pelo povo
reduzir a pó, que espalhou na água, e "A o outro dia Moisés disse ao
deu a beber dêle aos filhos de Israel. povo: Vós cometestes o maior peca­
Moisés pune os culpados
do; subirei ao Senhor para ver se de
algum modo poderei obter perdão
21E disse a Arão: Que te fêz êsse para o vosso delito. 31*3
E, voltando pa­
4
povo, para atraíres sobre êle um tão ra o Senhor, disse: Rogo-te, êste
grande pecado? 2 *2*E êle respondeu-
0 povo cometeu um grandíssimo peca­
lhe: Não se agaste o meu senhor, do, e fizeram para si deuses de ou­
porgne tu sabes quanto êste povo é ro; ou perdoa-lhe esta culpa, "ou,
inclinado para o mal. “ Êles disse- se o não fazes, risca-me do teu livro
ram-me: Faze-nos deuses, que vão que escreveste. "O Senhor respon­
diante de nos; porque não sabemos deu-lhe: Eu riscarei do meu livro a-
o que aconteceu àquele Moisés que quêle que pecar contra mim. "Tu, po­
nos tirou da terra do Egito. 242 *E eu
5 rém, vai e conduze êste povo on-
disse-lhes: Qual de v ó s tem ouro? de eu te disse; o meu anjo irá dian­
Trouxeram-no, e deram-mo, e eu te de ti. E eu no dia da vingança
lancei-o no fogo, e saiu êste bezer­ visitarei também êste seu pecado.
ro. “ Vendo, pois, Moisés que o povo “ O Senhor feriu, pois, o povo pela
estava despido, pois Arão o tinha des­ culpa do bezerro, que Arão tinha
pido por causa desta ignominiosa feito.
abominação, e o tinha deixado des­ Deus ameaça abandonar Israel
pido no meio dos inimigos, ” e es­
tando à porta dos acampamentos, 99 *E o Senhor falou a Moisés,
disse: Quem é pelo Senhor junte-se a dizendo: Vai, sai dêste lugar
mim. E ajuntaram-se a êle todos os tu e o teu povo, que tiraste da terra
filhos de Levi. 272 E êle disse-lhes:
8 do Egito, para a terra que eu jurei
Eis o que diz o Senhor Deus de Israel: (d ar) a Abraão, a Isac e a Jacó,
Cada um cinja a sua espada ao seu dizendo: À tua posteridade a darei;
20. E d e u a b e b e r. Com esta ação sim bólica Moisés queria n&osó m ostrar o nada do
idolo, m as tam bém obrigar o povo como que a beber o objeto do seu pecado, sujei-
tando-se à conseqüências.
24. E s a i u ê s t e b e z e r r o , como se fôsse um puro acaso. A desculpa foi t&e fútil que
Moisés nem lbe deu resposta, v e r D eut., IX , 20.
25. E s t a d a d e s p i d o , isto é, sem arm as.
27. E c a d a q u a l m a t e o s e u i r m ã o . . E sta ordem era contra os que foram encontrados
em flagrante delito de idolatria e se opuseram a Moisés, n&o devendo ser poupados os
próprios parentes e am igos dos encarregados d a execuç&o.
28. V i n t e e t r ê s m i l . O texto hebraico diz que foram mortos t r ê s m i l .
29. C o n s a g r a s t e s h o j e a s v o s s a s m ã o s . Assim como os sacerdotes s&o consagrados com
o sangue dos cordeiros (X X IX , 20), do mesmo modo vó s consagrastes as vossas m&os
com o sangue dos vossos irmãos e dos vossos filhos pecadores, oferecendo assim um
sacrifício à justiça divina, e ao mesmo tempo praticando um ato de obediência. —
P a ra vos ser d ad a a bênção que consiste em serdes escolhidos p ara constituir a tribo
sacerdotal.
34. V i s i t a r e i , isto é. punirei.
114 ÊXODO 33 - 34

2e enviarei um anjo para teu precur­ Moisés consegue que Deus acompanhe
sor, e expulsarei o Cananeu, e o seu povo
Amorreu, e o Heteu, e o Ferezeu, e
o Heveu, e o Jebuseu, 3para que en­ -Ora, Moisés, tendo-os chamado, e
tres num país, onde corre leite e denas-me que tire daqui êste povo;
mel. Porque eu não subirei contigo, e não me declaras quem mandarás
visto seres um povo de cerviz dura; comigo, embora me tenhas dito: Co­
não suceda que eu tenha de te ex­ nheço-te pelo teu nome, e tu achas­
terminar no caminho. 4E o povo, te graça diante de mim. 13Se eu,
ouvindo estas duras palavras, cho­ pois, achei graça na tua presença,
rou; e nenhum vestiu as suas galas mostra-me a tua face, para eu te
costumadas. 5E o Senhor disse a Moi­ conhecer e achar graça ante os teus
sés: Dize aos filhos de Israel: Tu és olhos; olha para o teu povo e para
um povo de cerviz dura; se eu vier esta nação. 14E o Senhor disse-lhe:
uma só vez ao meio de ti, extermi- A minha face irá diante de ti, e eu
nar-te-ei. Agora, pois, depõe as tuas te darei descanso. 15E Moisés disse:
galas, para que eu saiba o que terei Se tu mesmo não vais adiante de
de te fazer. 6Depuseram, pois, os filhos nós, não nos faças partir dêste lu­
de Israel as suas gala^, desde o mon­ gar. 16Porque como poderemos co­
te Horeb. nhecer, eu e o teu povo que acha­
mos graça diante de ti, se não an­
O tabernáculo fora dos acampamentos dares conosco, para sermos respei­
tados de todos Os povos que habi­
7E Moisés, tomando o tabernáculo, tam sôbre a terra? 17E o Senhor dis­
levantou-o longe, fora dos acampa­ se a Moisés: Até isto que disseste
mentos, e chamou-lhe tabernáculo da farei; porque tu achaste graça dian­
aliança. E todos os do povo, que ti­ te de mim, e eu te conheço pelo teu
nham alguma questão, saíam fora nome. 18E Moisés disse: Mostra-me
dos acampamentos ao tabernáculo da a tua glória. 19( O Senhor) respon­
aliança. SE, quando Moisés saía para deu: Eu te mostrarei todo o bem, e
pronunciarei o nome do Senhor dian­
o tabernáculo, tôda a multidão se te de ti; e me compadecerei de quem
levantava, e cada um ficava em pé eu quiser; e serei clemente com
à porta da sua tenda, e olhava pe­ quem me aprouver. ^E acrescentou:
las costas para Moisés, até êle entrar Não poderás ver a minha fáce, por­
no tabernáculo. 9E, logo que êle en­ que o homem não pode ver-me e
trava no tabernáculo da aliança, a viver. 21E disse mais: Eis um lugar
coluna de nuvem descia, e parava junto de mim, e tu estarás sôbre
à porta, e (o Senhor) falava com aquela pedra. 22È, quando passar a
Moisés, 10vendo todos que a coluna minha glória, eu te porei na cavidade
de nuvem se conservava parada à da pedra e te cobrirei com a minha
porta do tabernáculo. E êles esta­ direita, até que tenha passado. 23De-
vam em pé e adoravam (o Senhor) pois tirarei a minha mão, e tu me ve­
à porta das suas tendas. nE o Se­ rás pelas costas; mas o meu rosto
nhor falava a Moisés face a face, não o poderás ver.
como um homem costuma falar com
Novas tábuas da lei
o seu amigo' E, quando êle voltava
para os acampamentos, o seu jo­ O A 'Em seguida (o Senhor) disse:
vem servo Josué, filho de Nun, não ° ’ Corta duas tábuas de pedra,
se apartava do tabernáculo. como as primeiras, e eu escreverei
Cap. X X X III — 2. Para teu precursor. O original diz: Mandarei um anjo diante de ti.
13. M ostra-m e a tua face. N o hebreu: Faze-m e conhecer os teus caminhos, isto é,
as tuas intenções relativas ao teu povo, e o anjo que o deve acompanhar.
19. Pronunciarei, etc. Terás um sinal da minha presença quando me ouvires pronun-.
ciar diante de ti o nome do Senhor. — E me compadecerei de quem eu quiser. .. Deus
proclama a sua completa liberdade em distribuir os seus benefícios. Se os concede, é
por sna bondade, e não porque tenhamos direito a êles.
23. Tu me verás pelas costas, tu verás um pálido reflexo da minha glória.
34 EXODO 115

sôbre elas as palavras que continham estátuas, e corta os seus bosques sa­
as tábuas que tu quebraste. 2Está grados. 14Não adores nenhum deus
pronto pela manhã, para subires lo­ estranho. O Senhor tem por nome
go ao monte Sinai, e estarás comi­ Zeloso; Deus é zeloso. 15Não faças
go no cume do monte. 3Ninguém pacto com os homens daqueles paí­
suba contigo, nem apareça alguém ses, a fim de que não aconteça que,
por todo o monte; nem mesmo os depois de se terem prostituído com
bois ou as ovelhas se apascentem os seus deuses, e terem adorado as
defronte. *(Moisés), pois, cortou duas suas imagens, te chame algum para
tábuas de pedra, como eram as pri­ comeres das coisas imoladas. 16Nem
meiras; e, levantando-se de noite, tomarás mulher das suas filhas para
subiu ao monte Sinai, conforme o os teus filhos; não suceda que, de­
Senhor lhe tinha ordenado, levando pois de elas mesmas se terem pros­
consigo as tábuas. 5E, tendo descido tituído com os seus deuses, façam
o Senhor no meio da nuvem, esteve prostituir-se também os teus filhos
Moisés com êle, e pronunciou o no­ com os seus deuses.
me do Senhor. °E, passando o Se­ 17Não farás para ti deuses fundidos.
nhor diante dêle, Moisés disse: Do­ 18Observarás a solenidade dos ázi-
minador Senhor Deus, misericordio­ mos. Durante sete dias comerás
so e clemente, paciente e de muita ázimos, como te mandei, no mês dos
misericórdia, e verdadeiro, 7que con­ trigos novos; porque no mês da pri­
servas a misericórdia em milhares mavera é que tu saíste do Egito.
de gerações, que tiras a iniqüidade 19Todo o primogênito do sexo mascu­
e as maldades e os pecados, e ne­ lino será meu. (O prim ogênito) de
nhum diante de ti é inocente por si todos os animais, tanto de vacas, co­
mesmo; que punes a iniqüidade dos mo de ovelhas, será meu. 20O primo­
ais sôbre os filhos e os netos até gênito do jumento resgatá-lo-as com
terceira e quarta geração. 8E, ime­ uma ovelha; e, se não o quiseres res­
diatamente, Moisés se prostrou e se gatar, será morto. Resgatarás o pri­
curvou até à terra, e adorando, Mis­ mogênito dos teus filhos; e não apa­
se: Senhor, se eu achei graça em tua recerás na minha presença com as
presença, peço-te que venhas conos­ mãos vazias.
co (porque êste povo é de cerviz 21Trabalharás seis dias, e ao dia
dura), e que tires as nossas iniqüi- sétimo cessarás de lavrar e de segar.
dades e pecados, e que tomes posse “ Celebrarás a solenidade das se­
de nós. manas por ocasião das primícias da
Deus repete as principais condições
tua messe de trigo, e a solenidade
(da colheita) quando no fim do ano
da aliança
se recolhe tudo. ^Tudo o que do gê­
10O Senhor respondeu: Eu farei à nero masculino é teu, compareça três
vista de todos a aliança, farei prodi- vêzes no ano diante do Onipotente
gios, que nunca jamais se viram sô­ Senhor Deus de Israel. 24Porque,
bre a terra, nem em alguma nação, quando eu tiver tirado da tua vista
para que êste povo, no meio do qual as nações, e tiver dilatado os teus
estás, veja a obra terrível do Senhor, limites, ninguém pensará invadir a
que vou fazer. “ Observa tôdas as tua terra, enquanto tu subires para
coisas que te ordeno; eu mesmo ex­ comparecer na presença do Senhor
pulsarei na tua presença o Amorreu, teu Deus três vêzes no ano. 25Não
e o Cananeu, e o Heteu, e também imolarás o sangue da minha vítima
o Ferezeu, e o Heveu, e o Jebuseu. com pão fermentado; e da vítima
12Abstém-te de contrair em algum da solenidade da Páscoa nada ficará
tempo, com os habitantes daquela para de manhã. 20Oferecerás as pri­
terra, amizades (com receio de) que mícias do fruto da tua terra na ca­
te sejam ocasião de ruína. 1 *23Mas des-
0 sa do Senhor teu Deus. Não cozerás
trói os seus altares, quebra as suas o cabrito no leite de sua mãe.
Gap. X X X IV — 15. Depois de se terem prostituído. A aliança entre Deus e Israel é
representada sob a figu ra dum contrato esponsalício, e por isso a idolatria é considerada
como se fõsse um adultério.
116 EXODo 34 - 35
Redação das palavras da aliança o Senhor ordenou, dizendo: 5Ponde
à parte junto de vós primi cias pa­
27E o Senhor disse a Moisés: Es­ ra o Senhor. Cada um, voluntária e
creve estas palavras, pelas quais eu espontâneamente, ofereça ao Senhor
fiz aliança contigo e com Israel. ouro, prata e cobre, °jacinto, púrpu-
28( Moisés) , pois, esteve ali com o Se­ ra e escarlate tinto duas vêzes, e li­
nhor quarenta dias e quarenta noi­ nho fino, e pêlos de cabra, 7e peles
tes; não comeu pão, nem bebeu água, de carneiro tintas de vermelho, e
e escreveu nas tábuas as dez pala­ peles roxas, e madeira de cetim, 8e
vras da aliança. azeite para acender as lâmpadas, e
Moisés desce do monte e comunica para fazer o bálsamo e os perfumes
as ordens divinas de suave fragrância, °pedras ônix, e
-*'E, descendo Moisés do monte Si­ (outras) pedras preciosas para orna-
nai, trazia as duas »tábuas do teste­ to do efod e do racional.
munho, e não sabia que o seu rosto Artistas
era resplandecente depois que tinha 10Qualquer de vós que tem habi­
estado a falar com o Senhor. 30Mas lidade, venha e faça o que o Senhor
Arão e os filhos de Israel, vendo o mandou, nisto é, o tabernáculo, e o
rosto de Moisés resplandecente, ti­ seu teto, e a sua cobertura, as ar­
veram mêdo de se aproximar dêle. golas, e as tábuas, e os barrotes, e
31E, tendo-os chamado, voltaram (a as escápulas, e as bases; 12a arca e
êle) tanto Arão como os príncipes os varais, o propiciatório e o véu, que
da sinagoga. E, depois que lhes fa ­ deve pender diante dêle; 13a mesa
lou, 32aproximaram-se também dêle com os varais e com os (seus) uten­
todos os filhos de Israel, aos quais sílios, e os pães da proposição; 14o
deu tôdas as ordens que tinha rece­ candeeiro para sustentar as lâmpa­
bido do Senhor no monte Sinai. 33E, das, os seus utensílios, e as lâmpadas,
tendo acabado de falar, pôs um véu e o azeite para manter as luzes; 15o
sobre o seu rosto. 34E quando entra­ altar dos perfumes, e os varais, e
va à presença do Senhor e falava o óleo da unção, e o perfume aro­
com êle tirava o véu até sair, e en­ mático; o véu para a entrada do ta­
tão dizia aos filhos de Israel tudo o bernáculo; 16o altar dos holocaustos
que lhe tinha sido ordenado. 35E êles e a sua grelha de bronze com os
viam que a face de Moisés ao sair seus varais e seus utensílios; a ba­
era resplandecente, porém, êle co­ cia e a sua base; 17as cortinas do átrio
bria de novo o rosto, se tinha de com as colunas, e as bases, o véu à
lhes falar. entrada do átrio, 18as escápulas do
Repouso do sábado tabernáculo e do átrio com os seus
cordões; 19as vestes de que se usa no
O r Portanto, congregada tôda a ministério do santuário, as vestes do
**** multidão dos filhos de Israel, pontífice Arão e de seus filhos, para
( Moisés) disse-lhes: Estas são as que exerçam as funções do meu sa­
coisas que o Senhor mandou que se cerdócio.
fizessem: 2Trabalhareis seis dias; o Ofertas várias
dia sétimo será para vós santo, (p or- 20E, saindo tôda a multidão dos f i­
que é) o sábado e o descanso (em lhos de Israel da presença de Moi­
honra) do Senhor; o que nêle tra­ sés, 21ofereceram ao Senhor com
balhar, será morto. 3Não acendereis uma vontade pronta e cheia de afe­
lume em tôdas as vossas moradas no to as primícias para fazer a obra
dia de sábado. do tabernáculo do testemunho, e pa­
Ofertas p ara a obra do tabernáculo ra tudo aquilo que era necessário
para o culto e vestes sagradas. 22Os
4E Moisés disse mais a tôda a mul­ homens e as mulheres deram os bra-
tidão dos filhos de Israel: Eis o que celetes e as arrecadas, os anéis e os
33. PÔs um véu sôbre o seu rosto para não dificultar as relações diárias dos Israelitas
com êle.
Cap. X X X v — 22. E os ornatos do braço direito, isto é, pulseiras de ouro.
35 - 36 ExODO 117

ornatos do braço direito; todos os o que era necessário para o uso do


vasos de ouro foram postos à parte santuário, fizeram o que o Senhor
para donativo ao Senhor. 23Se al­ tinha mandado.
guém tinha jacinto, e púrpura, e
escarlate tinto duas vêzes, linho fino Moisés põe limites às ofertas do povo
e pêlos de cabra, peles de carneiros
tintas de vermelho ou de roxo, 24me- 2Ora, Moisés, tendo-os chamado, e
tais de prata e cobre, ofereceram- igualmente todos os homens hábeis,
nos ao Senhor, e também madeira a quem o Senhor tinha dado habili­
de cetim para os diversos usos. aA- dade, e que espontâneamente se ti-
lém disto, as mulheres habilidosas nham oferecido para trabalhar nes­
deram do que tinham fiado de ja ­ tas obras, 3entregou-lhes todas as
cinto, púrpura, e escarlate e linho ofertas dos filhos de Israel. E, en­
fino, 26e pêlos de cabra, dando tudo quanto êles se empregavam diligen­
de espontânea vontade. 270s prín­ tes no trabalho, todos os dias pela
cipes, porém, ofereceram pedras de manhã o povo oferecia donativos vo­
ônix e (outras) pedras preciosas pa­ luntários. 4Pelo que os artistas foram
ra o efod e o racional, “ e aromas e obrigados a ir 5dizer a Moisés: O
azeite para manter as luzes, e para povo oferece mais do que é neces­
preparar o bálsamo, e compor o per­ sário. °Mandou, pois, Moisés que um
fume de suavíssimo cheiro. “ Todos pregoeiro gritasse: Nenhum homem,
os homens e mulheres ofereceram os nem mulher ofereça mais nada para
seus dons com coração devoto, para a obra do santuário. Assim se deixou
se fazerem as obras que o Senhor de oferecer donativos, 7porque o que
tinha mandado por meio de Moisés. tinha sido oferecido bastava e supe-
Todos os filhos de Israel dedicaram rabundava.
ao Senhor ofertas voluntárias. Cobertura do tabernáculo
Diretores e executores do trabalho 8Todos os homens hábeis se deram
30E Moisés disse aos filhos de Is­ ao trabalho para concluírem a obra
rael: Eis que o Senhor chamou do tabernáculo, dez cortinas de li­
por seu nome a Beseleel, filho de Uri, nho fino retorcido, e de jacinto, e
filho de Hur, da tribo de Judá; 81e de púrpura, e de escarlate tinto duas
vêzes, com variedade de bordados €
o encheu do espírito de Deus, de de côres. 9Cada uma delas tinha vint<
sabedoria, e de inteligência, e de e oito côvados de comprido e quatrí
ciência, e de todos os conhecimentos, de largo; e era a mesma a medida d€
32para inventar e executar trabalhos tôdas as cortinas. 10E (Beseleel) uniu
de ouro e prata e cobre, 33e para la­ cinco cortinas uma com outra, e uniu
vrar pedras e para trabalhos de car­ também as outras cinco entre si.
pintaria, e para tudo o que pode “ Fêz também umas presilhas de ja ­
fazer-se com arte 34lhe deu capaci­ cinto na ourela duma cortina de um
dade. E do mesmo modo (cham ou) e de outro lado, e o mesmo na ourela
Ooliab, filho de Aquisamec, da tribo da outra cortina, 12de modo que as
de Dan. 35A ambos comunicou habi­ presilhas correspondessem umas às
lidade para fazerem trabalhos de outras, e se unissem entre si. 13Para
carpinteiro, de tecelão em várias cô- isso fundiu cinqüenta argolas de ou­
res e bordados de jacinto, de púrpu­ ro, em que se atassem as presilhas
ra, de escarlate tinto duas vêzes, e das cortinas, e assim se formasse um
de linho fino, e para fazerem toda só tabernáculo.
a espécie de tecidos, e inventarem
novidades de tôda a sorte. Cortinas do tabernáculo
Execução do trabalho 14Fêz também onze cobertas de pê­
los de cabra para cobrir o teto do
Q g 'Beseleel, pois, e Ooliab, e to- tabernáculo. “ Uma destas cobertas
dos os homens hábeis, a quem tinha trinta côvados de comprido e
o Senhor deu habilidade e inteli­ quatro de largo; e tôdas elas ti­
gência para saberem fazer ''om arte nham a mesma medida. 10Destas, uniu
118 ExODO 36 - 37

cinco de uma banda e seis da outra. m eter os barrotes, e cobriu os mes­


17E fêz cinqüenta presilhas na oure- mos barrotes com lâminas de ouro.
la de uma coberta, e cinqüenta na VéU entre o Santo e o Santo dos Santos
ourela da outra, para que pudesse
unir uma às outras. 18E cinqüenta “ Fêz mais um véu de jacinto, e
fivelas de bronze com que se unisse de púrpura, e de escarlate, e de li­
o teto, para que de tôdas as cober­ nho fino retorcido, tecido com va­
tas se fizesse uma só. 19Fêz, além riedade de cores e com diversos re-
disto, a cobertura do tabernáculo de camos; 3ae quatro colunas de pau de
peles de carneiro tintas de verm e­ cetim, as quais, com seus capitéis, co­
lho, e sôbre esta, uma outra cober­ briu de ouro, tendo fundido as suas
tura de peles de côr de jacinto. bases de prata.
20Fêz também de pau de cetim as
tábuas do tabernáculo para estarem Véu da entrada do tabernáculo
ao alto. 37Fêz também para a entrada do
tabernáculo um véu de jacinto, de
Tábuas do tabernáculo púrpura, de escarlate, e de linho fino
21O comprimento duma tábua era retorcido, com trabalhos de recamo;
de dez côvados, e a largura, de côvado 38e cinco colunas com seus capitéis,
e meio. 22Em cada tábua havia dois as quais cobriu de ouro, e fundiu as
encaixes, para que uma se encaixas­ suas bases de bronze.
se na outra. E o mesmo foi feito em A arca
tôdas as tábuas do tabernáculo, “ das
quais vinte estavam na parte do 0 7 JE Beseleel fêz a arca de pau de
meio-dia, que olha para o austro, 09 cetim, a qual tinha dois cô­
24com quarenta bases de prata. Pu- vados e meio de comprido, côvado
nham-se duas bases debaixo de uma e meio de largo, e também côva­
tábua nas suas duas esquinas, onde do e meio de alto; e revestiu-a de
terminam as sambladuras dos lados. ouro finíssimo por dentro e por fora.
“ E para a parte do tabernáculo que 2E fêz-lhe uma cornija de ouro ao
olha para o aquilão, fêz vinte tá­ redor, 3e fundiu quatro argolas de
buas, “ com quarenta bases de prata, ouro para os seus quatro cantos:
duas bases para cada tábua. ^E pa­ duas argolas de um lado, e duas do
ra o ocidente, isto é, para aquela outro. 4Fêz também os varais de pau
parte do tabernáculo que olha para de cetim os quais revestiu de ouro,
o mar, fêz seis tábuas, *e outras duas 5e fê-los entrar pelas argolas que
para cada ângulo do tabernáculo, no estavam nos lados da arca, para* a
fundo dêle, “ as quais estavam uni­ levar.
das entre si debaixo até cima, e v i­ O propiciatório
nham a form ar um só corpo. O mes­ °Fêz mais o propiciatóriò, isto é,
mo fêz nos ângulos dos dois lados; o oráculo, de ouro puríssimo, com
3Ode modo que ao todo fôssem oito dois côvados e meio de comprido, e
tábuas, e tivessem dezesseis bases côvado e meio de largo. 7Também
de prata, isto é, duas bases debaixo fêz dois querubins de ouro batido,
de cada tábua. 81Fêz também cinco os quais pôs aos dois lados do pro-
barrotes de pau de cetim para ajus­ piciatório: 8um querubim na extre­
tar as tábuas de um lado do taber­ midade de um lado, e outro queru­
náculo, 32e outros cinco para ajustar bim na extremidade do outro lado;
as tábuas do outro lado; e, além (êstes) dois querubins (ficavam ) nas
dêstes, outros cinco barrotes ao lado duas extremidades do propiciatório,
ocidental do tabernáculo (voltado) 9estendendo as asas, e cobrindo o pro­
para o mar. 33Fêz também outro bar­ piciatório, e olhando um para o ou­
rote, que passava pelo meio das tá­ tro, e também para o propiciatório.
buas duma extremidade à outra ex­
tremidade. 34E cobriu as mesmas tá­ A mesa dos pães da proposição
buas de ouro, tendo fundido as suas
bases de prata. E fêz de ouro as loFêz também uma mesa de pau de
suas argolas, por onde se pudessem cetim, com dois côvados de compri­
37 - 38 ExODO 119

do, e um côvado de largo, e côvado vestiu-o de ouro puríssimo, junta-


e meio de alto. UE cobrlu-a de ouro mente como as grelhas e as paredes e
puríssimo, e fêz-lhe ao redor uma as pontas. “ E fêz-lhe uma cornija
orla de ouro, 12e sôbre a mesma or­ de ouro ao redor, e duas argolas de
la uma cornija de ouro entalhada, ouro debaixo da córnija, a cada lado,
da altura de quatro dedos, e sôbre para se meterem por ela os varais, e
esta uma outra cornija de ouro. se poder levar o altar. “ E fêz tam­
13Fundiu também quatro argolas de bém os mesmos varais de pau de ce­
ouro, que pôs nos quatro cantos em tim, e os cobriu com lâminas de ouro.
cada um dos pés da mesa, 14diante
da córnija; e enfiou por elas os va­ óleo da unção e perfume sagrado
rais para a mesa poder ser levada.
15E fêz êstes mesmos varais de pau “ Compôs também o óleo para a
de cetim, e revestiu-os de ouro. 16E unção das sagrações, e o perfume
(fêz) os utensílios para os diferen­ dos aromas mais puros, segundo a
tes usos da mesa, pratos, copos, ta­ arte de perfumador.
ças e turíbulos de ouro puríssimo, em O altar dos holocausto»
que se hão de oferecer as libações.
O candeeiro 90 *Fêz também de pau de cetim
9,0 o altar dos holocaustos, que
17Fêz também o candeeiro de fi­ tinha cinco côvados em quadro e
níssimo ouro batido, de cuja haste três de alto, 2de cujos ângulos saíam
saíam os ramos, os copos, as esfe- as pontas, e cobriu-o com lâminas de
razinhas, e as açucenas. 18Seis /ra- bronze. 3E para o seu serviço pre­
mos saiam) dos dois lados, três ra­ parou diversos utensílios de cobre,
mos de um lado, e três do outro; caldeiras, tenazes, garfos, ganchos, e
19três copos em forma de noz em ca­ braseiros. 4E fêz a sua grelha de
da um dos ramos, e as esferazinhas bronze em forma de rêde, e por bai­
e as açucenas; e três copos em fo r­ xo dela no meio do altar um fogão,
ma de noz no outro ramo, e as es- Hendo vasado quatro argolas para
ferazinhas e as açucenas. Era igual o por nos quatro cantos da grelha, a
lavor dos seis ramos, que saíam da fim de por elas fazer passar os va­
haste do candeeiro. ^Porém, na mes­ rais para o transporte; °e fêz êsses
ma haste havia quatro copos em mesmos varais de pau de cetim, e
form a de noz, e cada um tlnha as cobriu-os com lâminas de bronze, Te
suas esferazinhas e as suas açuce- meteu-os nas argolas, que sobres­
nas; 21e havia três esferazinhas em saíam dos lados do altar. O altar,
três lugares da haste, e de cada uma orém, não era maciço, mas (fe ito )
saíam dois ramos, e eram ao todo e tábuas, ôco e vazio por dentro.
seis ramos, saindo da mesma haste.
22E assim as esferazinhas e os ra­ A bacia de bronze
mos saíam dela, tudo de ouro purís­
simo e trabalhado a martelo. “ Fêz 8Fêz também a bacia de bronze e
também de finíssimo ouro sete lâm­ a sua base com os espelhos das mu­
padas com seus espevitadores, e os lheres, que velavam a porta do ta-
vasos onde se apagasse o morrão. bernáculo.
240 candeeiro com todos os seus va­ O átrio
sos pesava um talento de ouro.
9Fêz mais o átrio, a cujo lado me­
O altar dos perfumes ridional estavam cortinas de linho f i­
no retorcido, com o comprimento de
“ E fêz de pau de cetim o altar dos cem côvados. 10Vinte colunas de bron­
perfumes, que tinha um côvado em ze com suas bases; os capitéis das co­
quadro, e dois côvados de alto, de lunas e todos os ornatos da obra
cujos cantos saíam as pontas. “ E re­ eram de prata. “ Do mesmo modo do
Cap. X X X v l I I — 8. Com os espelhos. . . que eram feitos de metal, e ordinàriamente
•de bronze. — Que velavam à porta do tabernáculo para prestar algum serviço que fôsse
preciso.
120 ÊXODO 38 - 39

lado setentrional as cortinas, as co­ segundo a medida do santuário. " E


lunas, as bases e os capitéis das colu­ estas ofertas foram feitas pelos que
nas, eram da mesma medida, lavor e entraram no recenseamento, de vin­
metal. 12Mas, do lado que olha para te anos para cima, isto é, por seis­
o ocidente, havia cortinas de centos e três mil, quinhentos e cin­
cinqüenta côvados, dez colunas de qüenta homens de armas. "Recolhe-
bronze com suas bases; e os capitéis ram-se, além disto, cem talentos de
das colunas, e todos os ornatos da prata de que foram feitas as bases
obra eram de prata. 13Pelo lado do (das colunas) do santuário, e a en­
oriente dispôs cortinas de cinqüenta trada onde estava suspenso o véu.
côvados, 14e delas deu quinze covados 2TForam feitas cem bases de cem ta­
de cortinas e três colunas com as lentos, contando-se um talento por
suas bases a um lado; 15e ao outro cada base. "E , com mil setecentos e
lado (porque entre um e outro fêz a setenta e cinco (siclos), fêz os capi­
entrada do tabernáculo) deu igual­ téis das colunas, as quais também
mente quinze côvados de cortinas e revestiu de prata. ^Foram também
três colunas com outras tantas ba­ oferecidos setenta talentos, e dois
ses. 16Tôdas as cortinas do átrio eram mil e quatrocentos siclos de bronze,
tecidas de linho fino retorcido. 17As "com que foram fundidas as bases
bases das colunas eram de bronze, e (das colunas) para a entrada do ta­
os seus capitéis, com todos os seus bernáculo do testemunho, e o altar
ornatos, de prata; e as mesmas co­ de bronze com a sua grelha, e todos
lunas do átrio revestiu também de os instrumentos pertencentes ao seu
prata. 18E, à entrada do átrio, fêz uso, “ e as bases do átrio, tanto as do
urna cortina com trabalho de borda­ redor dêle, como as da entrada, e as
dos de jacinto, de púrpura, de escar­ escápulas do tabernáculo e do átrio
late e de linho fino retorcido, que ti­ em redor.
nha vinte côvados de comprimento;
porém a altura era de cinco côvados, A» vestes sacerdotais
segundo a medida que tinham as cor­
tinas do átrio. "H avia, pois, à entra­ 9Q ‘Depois fêz de jacinto e púr-
da quatro colunas com bases de bron- pura, de escarlate e de linho
ze, e seus capitéis e ornatos de pra­ fino as vestes com que devia ser re­
ta. "F ê z também de bronze as es- vestido Arão, quando ministrava no
cápulas do tabernáculo e do átrio santuário, como o Senhor ordenou a
em redor. Moisés.
Quantidade de metal empregado O efod

“ Estas são as partes em redor do 2Fêz, pois, o efod de ouro, de ja ­


tabernáculo do testemunho que fo ­ cinto, e de púrpura, e de escarlate
ram enumeradas segundo a ordem tinto duas vezes, e de linho fino re­
de Moisés por trabalho dos Levitas torcido, *obra tecida de várias cô­
sob a direção de Itamar, filho do res; e cortou fôlhas de ouro, e re­
sacerdote Arão, ” e que foram com­ duziu-as a fios para poderem entrela-
pletadas por Beseleel, filho de Uri, çar-se com a trama das côres acima
filho de Hur, da tribo de Judá, se­ ditas, 4e (fê z ) duas ourelas ligadas
gundo a ordem que o Senhor tinha entre si em um e outro lado das ex­
dado por meio de Moisés, "tendo tido tremidades (do efod), 5e (fê z ) o cín-
por companheiro a Ooliab, filho de guio das mesmas côres, conforme o
Aquisamec, da tribo de Dan; o qual Senhor tinha ordenado a Moisés, p r e ­
foi também artista hábil em obras parou também duas pedras de ônix
de madeira, e em tecidos de várias encastoadac e metidas em ouro, e on­
côres, e em bordados de jacinto, de de gravou segundo a arte dos lapidá-
púrpura, de escarlate e de linho f i­ rios os nomes dos filhos de Israel; 7e
no. 24Todo o ouro que foi empregado colocou-as nos dois lados do efod, co­
na obra do santuário, e que foi ofe­ mo um monumento para os filhos
recido em dons, foram vinte e nove de Israel, como o Senhor tinha orde­
talentos, e setecentos e trinta sidos nado a Moisés.
39 - 40 ExODO 121
O racional nho fino, “ e as mitras de linho fino
8Fêz mais o racional tecido a vá­ com suas pequenas coroas, 27e tam­
rias cores com trabalho semelhante bém os calções de linho fino, “ e o
ao efod, de ouro, de jacinto, de púr- cíngulo de linho fino retorcido, de ja ­
pura, e de escarlate tinto duas vêzes, cinto, de púrpura, e de escarlate tin­
e de linho fino retorcido; 9(fê -lo ) to duas vêzes, com vários recamos,
quadrado e dobrado, da medida de como o Senhor ordenara a Moisés.
um palmo. 10E nêle engastou quatro A l&rnina de ouro
ordens de pedras preciosas: N a pri­
meira ordem estavam um sardônio, “ Fizeram mais a lâmina de sagra­
um topázio e uma esmeralda. MN a da veneração de puríssimo ouro, e es­
segunda, um carbúnculo, uma safira creveram nela por mão do gravador:
e um jaspe. 12N a terceira uma tur- S a n t i d a d e d o S e n h o r ; roe ajustaram-
queza, urna âgata e uma ametista. na à mitra com uma fita (de cô r)
13N a quarta, um crisólito, uma ônix de jacinto, como o Senhor tinha or­
e um berilo, engastados e metidos denado a Moisés.
em ouro, ordem por ordem. 14E as Enumeração e bênção dos
mesmas doze pedras tinham grava­ vários objetos sagrados
dos os nomes das doze tribos de Is­ 31Assim se concluiu tôda a obra do
rael, em cada pedra seu nome. 15F i- tabernáculo e da tenda do testemu­
zeram também no racional duas pe­ nho; e os filhos de Israel fizeram tu­
quenas cadeias de ouro puríssimo, do o que o Senhor tinha ordenado a
entrelaçadas entre si, 16e dois gan­ Moisés. 32E ofereceram o tabernáculo
chos e outras tantas argolas de ouro. e a tenda, e todas as suas alfaias, as
E puseram aos dois lados do racio­ argolas, as tábuas, os varais, as colu­
nal as argolas, 17das quais pendiam nas e as bases, 33as coberturas de pe­
as duas cadeias de ouro, que êles les de carneiro tintas de vermelho,
meteram nos ganchos, que sobres­ e as outras cortinas de peles de côr
saíam aos cantos do efod. 18Estas pe­ de jacinto, 34o véu, a arca, os varais,
ças ajustavam-se tão bem entre si o propiciatôrio, “ a mesa com os seus
por diante e por detrás, que o efod e utensílios e com os pães da proposi­
o racional ficavam unidos um ao ção; “ o candeeiro, as lâmpadas, e os
outro, 19ajustados ao cíngulo, e uni­ seus utensílios juntamente com o
dos fortemente às argolas ligadas en­ azeite;. 37o altar de ouro, o bálsamo
tre si, por uma fita de jacinto, para e o perfume feito de aroma; “ o véu
que, afrouxando-se, não corressem à entrada do tabernáculo; 39o altar
nem se separassem um do outro, co­ de bronze com a sua grelha, varais
mo o Senhor ordenou a Moisés. e todos os seus utensílios; a bacia,
A túnica do efod com a sua base; as cortinas do átrio,
“ Fizeram também a túnica do efod e as colunas com as suas bases; "a
tôda (de cô r) de jacinto, "com uma tenda à entrada do átrio e os seus
abertura no alto, no meio dela, e cordões e as suas escápulas. Não fa l­
uma orla tecida ao redor da abertu­ tou nenhum dos utensílios .que ti­
ra; 22e na parte inferior, junto aos nham sido mandados fazer para o
pés, as romãs de jacinto, de púrpura, serviço do tabernáculo e para a ten­
de escarlate e de linho fino retorci­ da da aliança. 41E também as vestes,
do; ae as campainhas de ouro finís­ de que usam no santuário os sacer­
simo, que colocaram entre as romãs, dotes, isto é, Arão e seus filhos, 42as
ao redor da parte inferior da túnica, ofeieceram os filhos de Israel, con­
24uma campainha de ouro e uma ro­ forme o Senhor tinha mandado.
mã; com estas coisas ia adornado o 43Moisés, depois que viu completas
pontífice> quando exercia as funções todas estas coisas, abençoou-as.
do seu ministério, conforme o Se­ Deus manda erigir o tabernáculo
nhor tinha ordenado a Moisés. com tudo o que lhe diz respeito
Várias vestes sacerdotais JA 7E o Senhor falou a Moisés,
“ Fizeram também para Arão e dizendo: 2N o primeiro mês, no
seus filhos as túnicas tecidas de li­ primeiro dia do mês, levantarás o
122 ExoDO 40
tabernáculo do testemunho, 3e porás A lfaias do Santo
nêle a arca, e estenderás o véu dian­
te dela; 4e, trazida para dentro a me­ 20Pôs também a mesa no taberná­
sa, porás sôbre ela o que foi legiti­ culo do testemunho, para a parte se­
mamente mandado. Estará (no ta­ tentrional, fora do véu, “ dispostos
bernáculo) o candeeiro com as suas por ordem diante (do Senhor) os
lâmpadas, 5e o altar de ouro, sôbre pães da proposição, como o Senhor
o qual se queime o incenso, diante da tinha mandado a Moisés. 22Pôs tam­
arca do testemunho. Estenderás um bém o candeeiro no tabernáculo do
véu à entrada do tabernáculo, 6e dian­ testemunho, na parte austral, defron­
te dêle (colocarás) o altar dos holo- te da mesa, 23e colocou nos seus lu­
caustos. 7(Colocarás) a bacia, que en­ gares as lâmpadas, conforme o man­
cherás de água, entre o altar e o dado do Senhor. 24Pôs também o al­
tabernáculo. 8E cercarás de cortinas tar de ouro sob o teto do testemu­
o átrio e a sua entrada. nho, defronte do véu, ^e queimou sô­
bre êle o incenso dos aromas, como o
IJnção e consagração do tabernáculo Senhor tinha ordenado a Moisés.
°E, tomado o óleo da unção, ungi­ O átrio
rás o tabernáculo com os seus uten­
sílios, para ficarem santificados; 10o 20Pôs também a cortina à entrada
altar dos holocaustos e todos os seus do tabernáculo do testemunho, 27e o
utensílios; Ua'bacia com a sua base; altar dos holocaustos no vestibulo do
consagrarás tôdas estas coisas com o testemunho, oferecendo nêle holo­
óleo da unção, para que sejam san­ caustos e sacrifícios, como o Senhor
tíssimas. tinha mandado. “ Pôs, além disso, a
bacia entre o tabernáculo do teste­
Sagração dos sacerdotes munho e o altar, enchendo-a de água.
12Farás chegar Arão e seus filhos 29E Moisés, Arão e seus filhos la­
à entrada do tabernáculo do teste­ varam as suas mãos e pés, “ quando
munho, e, depois de lavados em água, estavam para entrar no tabernáculo
13os revestirás das vestes sagradas, da aliança, e para se aproximar do
para que me sirvam, e a sua unção altar, como o Senhor tinha ordena­
passe para um sacerdócio perpétuo. do a Moisés. “ Erigiu também o átrio
ao redor do tabernáculo e do altar,
Ereção do tabernáculo lançando a cortina â sua entrada.
14E Moisés fêz tudo o que o Se­ A nuvem sôbre o tabernáculo
nhor lhe mandara. 15Portanto, no pri­
meiro mês do segundo ano, no pri­ Depois de acabadas tôdas estas
meiro dia do mês, foi erigido o ta- coisas, 32a nuvem cobriu 0 taberná­
hernáculo. 18E Moisés eriglu-o e pôs culo do testemunho, e a glória do
(nos seus lugares) as tábuas, as ba­ Senhor o encheu. 33E Moisés não po­
ses e os barrotes, e levantou as co­ dia entrar no tabernáculo da alian­
lunas, 17e estendeu o teto sôbre o ta­ ça, visto que a nuvem cobria tudo,
bernáculo, pondo por cima dêle a e a majestade do Senhor resplande­
coberta, como o Senhor tinha man­ cia, tendo a nuvem coberto todas as
dado. coisas. “ Quando a nuvem deixava o
tabernáculo, os filhos de Israel par­
A arca no Santo dos Santos tiam divididos pelas suas turmas; “ se
ficava suspensa em cima, permane­
18Pôs também o tesxemunno na ar­ ciam no mesmo lugar. 36Porque a nu­
ca, metidos por baixo os varais, e vem do Senhor de dia repousava sô­
(ficando) em cima o oráculo. 19E, bre o tabernáculo, e de noite (apa­
tendo introduzido a arca no taber- recia sôbre êle) uma chama, à vista
náculo, suspendeu diante dela o véu, de todo o povo de Israel em todos os
Para cumprir o mandado do Senhor. seus alojamentos.
Cap. X L 18. O te s te m u n h o , isto é, as tábuas da le i (X X v . IR ).
LEYITICO
O terceiro livro de Moisés chama-se Leuitico, porque trata principalmen-
te dos deveres dos Levitas. Pode ser considerado como um Ritual.
As diversas leis nêle contidas, embora não obedecendo a alguma ordem
lógica, estão reunidas conforme a identidade do argumento em categorias
distintas. Referem-se:
a) aos sacrifícios (1,1 - 7,38);
b) aos ritos da consagração sacerdotal e levítica, e às normas que se
devem observar na nova vida, inteiramente consagrada ao serviço divino
( 8,1 - 10 ,20 ) ;
c) à pureza legal e social; como se pode perdê-las e recuperá-las
(11,1 - 18,30). Tal exposição é permeada (16, 1-34) pela descrição dos ri­
tos a serem observados no grande dia da Expiação;
d) às relações com Deus e com o próximo (19) ;
e) às leis especiais sôbre a santidade dos sacerdotes (20,1 - 22,33);
f ) às leis relativas às festas e aos tempos sagrados principais (23, 1-25,
55); são intercaladas algumas disposições sôbre as lâmpadas do Tabernáculo
e sôbre os pães da proposição (24, 1-9); a lei contra os hlasfemadores
(24, 10-16) e a lei de talião (24, 17-22).

Como conclusão, há um discurso parenético, onde se acham enumeradas


as bênçãos reservadas por Deus aos cumpridores de suas leis, e as maldições
que atingirão os seus transgressores (26, 1-45). À guisa de apêndice, en­
cerram o livro as prescrições sôbre os votos e os dízimos (27, 1-34).

JNão se considerando alguns episódios históricos, que podem ser julgados


como sanções exemplares por inobservância de algumas leis (cfr. 10, 1-7)
ou como motivação para se promulgarem outras (cfr. 24, 10-23), o livro
todo pode* dividir-se em duas partes, tratando a PRIM EIRA dos sacrifícios
a serem oferecidos a Deus, e as pessoas que devem cuidar disso (1,1 - 10,20);
e a SEGUNDA, da pureza e santidade exigidas do pow> eleito (11,1 - 27,34) .
L E Ví T ICO
Introdução. Holocausto cidas em holocausto de cheiro sua­
de um novilho víssimo ao Senhor.
14Se, porém, a oferta ao Senhor é
1 *Ora o Senhor chamou Moisés, e um holocausto de aves (será) de ro­
1 falou-lhe do tabernáculo do tes­ las ou de pombinhos.
temunho, dizendo: 2Fala aos filhos lsO sacerdote oferecerá a vítima
de Israel, e lhes dirás: Quando al­ sôbre o altar; e, torcendo-lhe a ca­
gum de vós oferecer ao Senhor uma beça sôbre o pescoço, e fazendo-lhe
hóstia de quadrúpedes, isto é, quando uma ferida, fará correr o sangue sô­
oferecer vítimas de bois e de ovelhas, bre a borda do altar; 16porém, o papo
3se a sua oferta fôr um holocausto, e as penas lançá-los-á perto do altar
e êste da manada, oferecerá um ma­ para o lado do oriente, no lugar on­
cho sem defeito à porta do taberná­ de se costumam lançar as cinzas, 17e
culo do testemunho, para que o Se­ quebrar-lhe-á as asas, e não a corta­
nhor lhe seja propício. 4E porá a mão rá nem a dividirá com ferro, mas
sôbre a cabeça da vítima, e ela será queimá-la-á sôbre o altar, depois de
aceita, e aproveitará para sua expia- ter pôsto fogo por baixo da lenha.
ção; 5e imolará o novilho diante do Isto é um holocausto e uma oferta
Senhor, e os sacerdotes, filhos de A- de suavíssimo cheiro ao Senhor.
rão, oferecerão o seu sangue, derra­
mando-o ao redor do altar, que está Ofertas de flo r de farinha
diante da porta do tabernáculo; °e,
tirada a pele à vítima, farão em pe­ 2 gu an d o qualquer pessoa fizer ao
daços os seus membros, 7e porão fo ­ u Senhor uma oferta de sacrifí­
go sôbre o altar, depois que tiverem cio, a sua oferta será de flor de fa ­
pôsto em ordem a lenha, 8e colocarão rinha; e derramará sôbre ela azeite, e
em cima por ordem os membros cor­ porá incenso, 2e a levará aos sacer­
tados, a saber, a cabeça e tudo o que dotes, filhos de Arão, um dos quais
está pegado ao fígado, 9os intestinos tomará um punhado da flor de fari­
e os pés lavados em água; e o sacer­ nha com azeite, e todo o incenso, e
dote queimará estas coisas sôbre o porá estas coisas como um memorial
altar em holocausto e em suave chei­ sôbre o altar, em suavíssimo cheiro
ro ao Senhor. ao Senhor. 3E o que ficar do sacrifí­
cio será de Arão e dos seus filhos, e
Holocausto de grado será uma coisa santíssima entre as
ofertas feitas ao Senhor.
10Porém se a oferta de quadrúpe­
des fôr um holocausto de ovelhas ou Ofertas de pão
de cabras, oferecerá um macho sem
defeito; ue o imolará diante do Se­ “Mas, quando ofereceres um sacri­
nhor ao lado do altar, que olha para fício de coisa cozida no forno, será
o aquilão; e os filhos de Arão derra­ de flor de farinha, isto é, de pães sem
marão o seu sangue em tôda a volta fermento amassados com azeite, e f i­
sôbre o altar. lhos ázimos untados com azeite. 5Se
12E dividirão os membros, a cabe­ a tua oferta fôr de coisa frita em ser-
ça e tudo o que está pegado ao fíga­ tã, seja flor de farinha, amassada em
do; e os disporão sôbre a lenha, a azeite e sem fermento; °dividí-la-ás
que se porá fogo por baixo. em pequenos pedaços, e lhe deitarás
13E lavarão os intestinos e os pés azeite por cima. 7Mas, se o sacrifício
com água. E o sacerdote queimará fôr de coisa cozida sôbre a grelha,
sôbre o altar todas as coisas ofere­ igualmente será a flor de farinha
2-4 LEvÍTICO 125
com azeite; 8e, oferecendo-a ao Se­ os rins. 5E queimarão tudo isto em
nhor, a porás nas mãos do sacerdote, holocausto sôbre o altar, depois de
°o qual oferecendo-a, tomará uma ter pôsto fogo debaixo da lenha, em
parte do sacrifício como um memo­ oblação de suavíssimo cheiro ao Se­
rial, e a queimará sobre o altar em nhor.
cheiro de suavidade ao Senhor. 10Tu-
do o que ficar será de Arão e de seus Sacrifício pacífico de um cordeiro
filhos; e será uma coisa santíssima 6Porém, se a oferta e hóstia pacífi­
entre as ofertas feitas ao Senhor. ca de alguém fôr de ovelhas, quer
Nem fermento nem mel ofereça um macho, quer uma fêmea,
serão sem defeito. 7Se oferecer um
nTôda a oferta que se fizer ao Se­ cordeiro diante do Senhor, 8porá a
nhor, será sem fermento, e no sacri­ sua mão sôbre a cabeça da sua v íti­
fício ao Senhor não se queimará ma, a qual será imolada no vestíbulo
em cima do altar coisa de fermen­ do tabernáculo do testemunho; e os
to ou de mel. 12Destas coisas ofere­ filhos de Arão derramarão o seu san­
cereis somente primícias e dons, mas gue em redor do altar. °E da hóstia
não serão postos sôbre o altar em pacifica oferecerão em sacrifício ao
cheiro de suavidade. Senhor a gordura e tôda a cauda,
Ternpêro de sal 10com o s rins e a gordura que cobre
o ventre e tôdas as vísceras, os dois
13Temperarás com sal tudo o que rins com a gordura que está junto
ofereceres em sacrifício, e não tira­ dos lombos, e o redenho do fígado
rás do teu sacrifício o sal da alian­ com os rins. 11E o sacerdote quei­
ça do teu Deus. Em tôda a tua o- mará estas coisas sôbre o altar, em
ferta oferecerás sal. alimento do fogo, *e em oblação ao
O ferta das primicias Senhor. 12Se a oferta de alguém
fôr uma cabra, e a oferecer ao Se­
14Se, porém, fizeres ao Senhor uma nhor, 13pôr-lhe-á a mão sôbre a ca­
oferta das primícias dos teus fru­ beça, e a imolará à entrada do taber-
tos, de espigas ainda verdes, tor- náculo do testemunho. E os filhos
rá-las-ás ao fogo, e moê-las-ás co­ de Arão derramarão o seu sangue
mo se faz (aos grãos) de trigo, e as­ ao redor do altar. 14E tomarão de­
sim oferecerás as tuas primícias ao la para o alimento do fogo do Se­
Senhor, 15derramando azeite sôbre nhor a gordura que cobre o ventre,
(elas) e pondo-lhes por cima incen­ e tôdas as vísceras; 15os dois rins com
so, porque é uma oferta do Senhor, o redenho, que está sôbre êles junto
16da qual o sacerdote queimará, em dos lombos, e à gordura do fígado
memória do donativo, uma parte do com os rins. 1#E o sacerdote quei­
grão moído, e do azeite, e todo o mará estas coisas sôbre o altar em
incenso. alimento do fogo, e em suavíssimo
Sacrifícios pacíficos de bois
cheiro.

O *Se a oferta de alguém fôr uma Conclusão


hóstia pacífica, e quiser oferecer Tôda a gordura será do Senhor,
bois, apresentará diante do Senhor 17por um direito perpétuo em tôdas
um macho ou uma fêmea sem de­ as vossas gerações, e em tôdas as
feito. 2E porá a mão sôbre a cabe­ vossas moradas; jamais comereis san­
ça da sua vítima, a qual será imola­ gue ou gordura.
da à entrada do tabernáculo do teste­
munho, e os sacerdotes filhos de Arão Introdução
derramarão o sangue ao redor do al­
tar. 3E oferecerão da hóstia pacífi­ A JE o Senhor falou a Moisés, di-
ca em oblação ao Senhor a gordura * zendo: 2Dize aos filhos de Is­
que cobre as vísceras, e tudo o que rael: A alma que pecar por ig ­
há de gordura interiormente; 4os dois norância, e fizer alguma das coisas
rins com a gordura, que cobre os que o Senhor mandou que se não f i­
lombos, e o redenho do fígado com zessem:
126 LEVÍTICo 4
Sacrifício pelo pecado aspersões em frente do véu. 18E po­
do Sumo Sacerdote rá do mesmo sangue sôbre as pontas
do altar, que está diante do Senhor
3Se é o sacerdote, que foi ungido, no tabernáculo do testemunho; e o
que pecou, fazendo pecar o povo, ofe­ resto do sangue derramá-lo-á ao pé
recerá ao Senhor pelo seu pecado um do altar dos holocaustos, que está à
novilho sem defeito; 4e o conduzirá entrada do tabernáculo do testemu­
à porta do tabernáculo do testemunho nho. 19E tirará (em seguida) toda
diante do Senhor, e pôr-lhe-á a mão a gordura, e queimá-la-á sôbre o al­
sôbre a cabeça, e o imolará ao Senhor. tar, -'"fazendo dêste novilho o mes­
5Tomará também do sangue do no­ mo que fêz do precedente; e orando
vilho, e o levará dentro do taber- o sacerdote por êles, o Senhor lhes
náculo do testemunho. °E, molhan­ será propício. 21E levará para fora
do o dedo no sangue, fará com êle dos acampamentos o mesmo novilho,
sete aspersões diante do Senhor, em e o queimará como o precedente; por­
frente do véu do santuário. 7E po­ que é oferecido pelo pecado do povo.
rá do mesmo sangue sôbre as pon­
tas do altar dos perfumes muito agra­ Sacrifício pelo pecado de um príncipe
dáveis ao Senhor, o qual (a lta r) es­
tá no tabernáculo do testemunho; e “ Se um príncipe pecar, e fizer por
todo o resto do sangue derramá-lo-á ignorância alguma das muitas coisas
aos pés do altar dos holocaustos à proibidas pela lei do Senhor, 23e, de­
entrada do tabernáculo. 8E tirará pois conhecer o seu pecado, oferecerá
(em seguida) a gordura do novilho como hóstia ao Senhor um bode sem
(im olado) pelo pecado, não só a que defeito tirado dentre as cabras. 24E
cobre as vísceras, mas também tôda porá a sua mão sôbre a cabeça dêle;
a que está no interior; 9os dois rins e e, depois de o tér imolado no lugar
o redenho que está sôbre êles junto onde se costuma degolar o holocaus­
da região lombar, e a gordura do fí­ to diante do Senhor, porque é (sa­
gado com os rins, 10(tira rá estas coi­ crifício ) pelo pecado, “ o sacerdote
sas) do mesmo modo que se tiram molhará o dedo no sangue da hóstia
do novilho da hóstia pacífica; e quei­ (oferecida) pelo pecado, e porá (do
má-las-á sôbre o altar dos holocaus­ mesmo sangue) sobro as pontas do al­
tos. "Mas a pele e tôda a carne com tar dos holocaustos, e derramará o
a cabeça e os pés e os intestinos e os resto ao pé do altar. “ A gordura, po­
excrementos, 12e o resto do corpo, le- rém, queimá-la-á sôbre (o a ltar), co­
vá-los-á fora dos acampamentos a um mo se costuma fazer nas hóstias pa­
lugar limpo, onde se costumam dei­ cificas; e o sacerdote orará por êle
tar as cinzas, e queimá-los-á sôbre e pelo seu pecado, e (este) lhe será
um feixe de lenha, e será queimado perdoado.
no lugar onde se costumam deitar as
cinzas. Sacrifício por uma pessoa do povo

Sacrifício pelo pecado do povo 27Se, porém, algum do povo da ter­


ra pecar por ignorância, e fizer al-
13Porém, se tôda a multidão de Is­ uma das coisas proibidas pela lei do
rael pecar por ignorância, e por im- § enhor, e prevaricar, 28e reconhecer
perícia fizer alguma coisa que é con­ o seu pecado, oferecerá uma cabra
tra o mandamento do Senhor, 14e de­ sem defeito. ^E porá a mão sôbre a
pois conhecer o seu pecado, oferece­ cabeça da hóstia, que é (oferecida)
rá pelo seu pecado um novilho, e con­ pelo pecado, e imolá-la-á no lugar do
duzi-lo-á à porta do tabernáculo. 15E holocausto. 30E o sacerdote tomará
os anciãos do povo porão as mãos sô- com o seu dedo do sangue, e, tendo
bre a sua cabeça diante do Senhor. pôsto algum sôbre as pontas do altar
E, imolado o novilho na presença do dos holocaustos, derramará o resto
Senhor, 16o sacerdote, que foi ungi­ ao pé do mesmo altar. 31E, tirando-
do, levará sangue dêle ao tabernácu- lhe tôda a gordura, como se costu­
lo do testemunho, 17e, molhado o de­ ma tirar das vitimas pacíficas, quei­
do (no sangue), fará (com êle) sete má-la-á sôbre o altar em cheiro de
4 -6 LEVÍTICO 127

suavidade para o Senhor; e orará por que pegada ao pescoço, e não seja
êle, e lhe será perdoado. 32Se, po­ totalmente separada. °E aspergirá
rém, oferecer pelo pecado uma v í­ com o seu sangue a parede do altar;
tima de ovelhas, será uma ovelha sem e o restante fá-lo-á cair gôta a gôta
defeito. 33Pôr-lhe-á a mão sôbre a ao pé do mesmo altar, porque é ( sa-
cabeça, e imolá-la-á no lugar onde se crifício) pelo pecado. 10A outra (a v e ),
costumam matar as vítimas dos holo- porém, queimá-la-á em holocausto,
caustos. 34E o sacerdote tomará com como se costuma fazer; e o sacerdo­
o dedo do sangue dela, e, pondo al­ te orará por êle e pelo seu pecado,
gum sôbre as pontas do altar dos ho- e lhe será perdoado. 11E, se não tiver
locaustos, derramará o resto ao pé do posses para oferecer duas rôlas ou
mesmo altar. 35E, tirando também dois pombinhos, oferecerá pelo seu
tôda a gordura, como se costuma ti­ pecado a décima parte dum efi de
rar a gordura do carneiro, que se i- flor de farinha; não lhe misturará
mola nos sacrifícios pacíficos, queimá- azeite nem lhe porá em cima incen­
-la-á sôbre o altar em holocausto ao so, porque é (u m sacrifício) pelo pe­
Senhor; e orará por aquêle homem e cado; 12e entregá-la-á ao sacerdote, o
pelo seu pecado, e lhe será perdoado. qual, tomando um punhado dela, a
queimará sôbre o altar, em memó­
Três pecados particulares. Como devem ria de quem a ofereceu, 18orando por
ser expiados êle e expiando-o; a porção, porém,
que restar, tê-la-á o sacerdote em
£ 7Se um homem pecar, porque, donativo.
tendo ouvido alguém que fa ­
zia um juramento, e sendo testemu­ Vítimas que se devem oferecer
nha da causa, porque a viu ou teve pelo delito
conhecimento dela, não a quiser de­ 14Falou mais o Senhor a Moisés, di­
clarar, levará a sua iniqüldade. 2A zendo: 15Se alguma pessoa pecar por
pessoa que tocar alguma coisa impu­ êrro, transgredindo as cerimônias nas
ra, quer seja um animal (im p u ro ), coisas santificadas ao Senhor, ofere­
morto por uma fera ou morto por si cerá pelo seu delito um carneiro sem
mesmo, quer seja algum dos répteis defeito, tomado dos rebanhos, do va­
(im puros), (em bora) se tenha esque­ lor de dois siclos, conforme o pêso
cido desta impureza, é réu e delin- do santuário; 16e ressarcirá o dano
qüiu. ®E, se tocar alguma coisa im­ que fêz; e juntará mais uma quinta
pura de outro homem, qualquer que parte, dando-a ao sacerdote, o qual
fôr a impureza com que êle pode man- orará por êle, oferecendo o carneiro,
char-se, e, não tendo advertido nisso, e lhe será perdoado. 17Se alguma
o conhecer depois, ficará sujeito à pessoa pecar por ignorância, e fize r
culpa. 4A pessoa que jurar e declarar alguma daquelas coisas que são proi­
com seus lábios que há de fazer al­ bidas pela lei do Senhor, e, achando-
guma coisa má ou boa, e confirmar se ré de culpa, reconhecer a sua ini-
isso mesmo com juramento e com qüidade, 18oferecerá ao sacerdote um
palavras, e, tendo-se esquecido, co­ carneiro sem defeito tirado do reba­
nhecer depois o seu delito, 5faça peni­ nho, conforme a medida e a conside­
tência pelo pecado (que cometeu nu- ração do pecado; e o sacerdote orará
ma destas três coisas) °e ofereça do por êle, porque pecou sem o saber, e
seu rebanho uma cordeira ou uma lhe será perdoado, 19porque delinqüiu
cabra, e o sacerdote orará por êle por êrro contra o Senhor.
e pelo seu pecado; 7mas, se não pu­
der oferecer uma cordeira ou uma Pecado por desprêzo
cabra, ofereça ao Senhor duas rôlas
ou dois pombinhos, um pelo pecado, C 1E o Senhor falou a Moisés, di-
outro em holocausto; 8e dá-los-á ao u zendo: 2A pessoa que pecar, e
sacerdote, o qual, oferecendo o pri­ que, desprezando o Senhor, negar ao
meiro pelo pecado, lhe torcerá a ca­ seu próximo o depósito confiado à
beça sobre as asas, de sorte que fi­ sua fé, ou tirar alguma coisa por vio-
Cap. V — 1. Levará a sua iniqüidade, isto é, será réu de culpa.
128 LEVÍTICO 6-7
lência, ou cometer uma fraude, 3ou, dela é oferecida em holocausto do
tendo encontrado uma coisa perdida, Senhor. Esta oferta será urna coisa
a nega, acrescentando o juramento, santíssima, como o que se oferece
ou fizer alguma outra das muitas pelo pecado e pelo delito. MSó os
coisas, em que os homens costumam varões da estirpe de Arão comerão
pecar, “sendo convencida do seu de­ dela. Será esta uma lei eterna em
lito, restituirá por inteiro 5ao dono tôdas as vossas gerações no tocante
a quem fêz o dano, tudo o que usur­ aos sacrifícios do Senhor; todo o que
pou por fraude, e uma quinta parte tocar estas coisas será santificado.
a mais. °E pelo seu pecado oferecerá Nos sacrifícios para a sagração
do rebanho um carneiro sem defeito, do pontífice
e o dará ao sacerdote, conforme a
consideração e a medida do delito; 7e 19E o Senhor falou a Moisés, di­
o sacerdote orará por ela diante do zendo: ^Esta é a oferta de Arão e de
Senhor, e lhe será perdoada por qual­ seus filhos, a qual devem fazer ao
quer coisa que fêz pecando. Senhor no dia da sua unção. Ofere­
Funções dos sacerdotes cerão em sacrifício perpétuo a déci­
no holocausto quotidiano ma parte dum efi de flor de farinha,
metade pela manhã e metade à tarde.
8E o Senhor falou a Moisés, dizen­ “ Esta farinha borrifada com azeite
do: 90rdena a Arão e a seus filhos: será frita na sertã; e oferecê-la-á
Esta é a lei do holocausto: O holo­ quente, em cheiro suavíssimo ao Se­
causto arderá sôbre o altar tôda a nhor, “ o sacerdote que legitimamen-
noite até pela manhã; o fogo será to­ te suceder a seu pai; e será queima­
mado do mesmo altar. 10O sacerdo- da tôda sôbre o altar; “ porque todo
;e vestir-se-á de túnica e de calções o sacrifício dos sacerdotes será con­
de linho; e tomará as cinzas, a que sumido pelo fogo, e ninguém comerá
o fogo devorador reduziu o holocaus­ dêle.
to, e, pondo-as junto do altar, use N os sa c rifíc io s pelo pecado
despojará dos primeiros vestidos, e,
vestido de outros, as levará para fo ­ 24E o Senhor falou a Moisés, di­
ra dos acampamentos, e fará que se zendo: “ Dize a Arão e a seus filhos:
consumam num lugar limpo até à Esta é a lei da hóstia pelo pecado:
última faúlha. 120 fogo arderá sem­ Será imolada diante do Senhor no
pre sôbre o altar, e o sacerdote o lugar onde se oferece o holocausto.
conservará, pondo-lhe todos os dias É esta uma coisa santíssima. ^
pela manhã lenha, sôbre a qual colo­ sacerdote que a oferece, comê-la-á
cará o holocausto e queimará a gor­ no lugar santo, no átrio do taber-
dura das hóstias pacíficas. 18Êste é o náculo. 27Tudo o que tocar as suas
fogo perpétuo, que nunca faltará sô­ carnes, será santificado. Se algum
bre o altar. vestido fôr salpicado com o seu san­
gue, lavar-se-á no lugar santo. “ E
N os sa c rifíc ios incruentos 0 vaso de barro, em que foi cozida,
14Esta é a lei do sacrifício e das quebrar-se-á; mas, se o vaso fô r de
libações, que os filhos de Arão devem bronze, será esfregado e lavado com
oferecer na presença do Senhor, e água. 29Todo o varão da linhagem
diante do altar. “ O sacerdote toma­ sacerdotal, comerá das suas carnes,
rá um punhado de flor de farinha porque é uma coisa santíssima. “ A
borrifada com azeite, e todo o incen­ hóstia, porém, imolada pelo pecado,
so que se pôs sôbre a flor de fari­ cujo sangue se leva ao tabernáculo
nha; e queimará tudo sôbre o altar do testemunho para se fazer a ex-
em memória de cheiro suavíssimo pa­ piação no santuário, não será comi­
ra o Senhor. 10O restante, porém, da, mas será queimada no fogo.
da flor de farinha comê-lo-á Arão Sacrifício pelo delito
com seus filhos, sem fermento; e co-
mê-lo-á no lugar santo, no átrio do 7 1Eis agora a lei da hóstia pelo
tabernáculo. 17Não se fará ferm en­ 1 delito. Ela é santíssima; p o r ­
tar esta farinha, porque uma parte tanto onde se imolar o holocausto,
7 LEVÍTICo 129
se imolará também a vítima pelo de­ nar-se-á inútil, e não aproveitará ao
lito; o seu sangue se derramará ao oferente; antes, pelo contrário, to­
redor do altar. 3Oferecerão dela a do o que se contaminar com tal co­
cauda e a gordura, que cobre as vísce­ mida, será réu de prevaricação. 19A
ras; 4os dois rins, a gordura, que carne que tiver tocado alguma coi­
cobre os lombos, e o redenho do fíga­ sa impura, não se comerá, mas será
do com os rins. 5E o sacerdote os consumida no fogo. Aquêle que es­
queimará sôbre o altar; é o holocaus­ tiver puro poderá comer da hóstia
to do Senhor pelo delito. 6Todo o (pacífica). 20A pessoa impura, que
varão da estirpe sacerdotal comerá comer da carne da hóstia dos sr.cri-
destas carnes no lugar santo, por­ fícios pacíficos, que foi oferecida ao
que é uma coisa santíssima. 7Co- Senhor, pereçerá do meio do seu
mo se oferece a hóstia pelo pecado, povo. 21E o que tiver tocado qual­
assim (se oferece) pelo delito; será quer coisa impura, seja de um ho­
uma só lei para uma e outra hóstia; mem, seja de um animal, ou de
(a vítim a ) pertencerá ao sacerdote qualquer outra coisa, que possa con­
que a oferecer. 80 sacerdote que taminar, e comer destas carnes, pe­
oferece a vítima do holocausto, terá recerá do meio do seu povo.
a sua pele. 9E tôda a oblação de
flor de farinha, que se coze no fo r­ Proibições relativas à gordura
no, e tudo o que se prepara sôbre a e ao sangue
grelha, ou na sertã, será do sacerdo­
te que a oferece. 10Ou ela seja amas­ 22E o Senhor falou a Moisés, dizen­
sada em azeite, ou seja sêca, será do: 23Dize aos filhos de Israel: Não
dividida por todos os filhos de Arão, comereis gordura de ovelha, nem de
em igual porção a cada um. boi, nem de cabra. 24A gordura dum
animal morto por si mesmo ou mor­
Sacrifícios pacíficos to por uma fera, podereis utilizá-la
em vários outros usos. “ Se alguém
nEsta é a lei da hóstia dos sacri­ comer da gordura, que deve ser ofe­
fícios pacíficos que se oferece ao Se­ recida em sacrifício (fe ito ) pelo fogo
nhor. 12Se a oferta fôr em ação de ao Senhor, será exterminado do melo
graças, oferecer-se-ão pães sem fe r­ do seu povo. 26Igualmente não to­
mento amassados em azeite, tortas mareis como alimento o sangue de
ázimas untadas com azeite e flor de nenhum animal, tanto de aves como
farinha cozida, e filhós amassadas e de quadrúpedes. 27Tôda a pessoa que
misturadas com azeite; 13e também comer sangue, perecerá do meio do
pães fermentados juntamente com a seu povo.
hóstia de ação de graças, a qual se Regras complementares relativas
imola por sacrifício pacífico. 14Um ao sacriffcio pacifico
dêstes pães será oferecido ao Senhor
por primícias, e será do sacerdote que “ E o Senhor falou a Moisés, dizen­
derramar o sangue da hóstia, “ cujas do: “ Fala aos filhos de Israel, e di­
carnes serão comidas no mesmo dia, ze-lhes: Aquêle que oferece ao Se­
e não ficará nada até de manhã. nhor a vítima dos sacrifícios pacífi­
,0Se alguém oferecer uma hóstia por cos, ofereça ao mesmo tempo o seu
voto ou espontâneamente, também sacrifício, isto é, as suas libações.
esta será comida no mesmo dia; se, 30Terá nas mãos a gordura e o peito
porém, ficar algum resto para o ou­ da hóstia; e, depois que tiver consa­
tro dia, será lícito comê-lo; 17mas tu­ grado uma e outra coisa oferecendo-
do o que (ainda) restar (da carne da as ao Senhor, entregá-las-á ao sa­
vítim a) ao terceiro dia, será consu­ cerdote, 31o qual queimará a gordu­
mido no fo g o . 18Se alguém comer ra sôbre o altar, mas o peito será de
ao terceiro dia das carnes da hóstia Arão e dos seus filhos. 32A espá-
dos sacrifícios pacíficos, a oferta tor­ dua direita das hóstias dos saerlfí-
Cap. V I I — 2». Ofereça ao mesmo tempo, etc. Segundo o original: L e ve êle mesmo ao
senhor a sua oferta tirada da vitim a dos sacrifícios pacíficos. Ordena-se que quem ofe­
rece leve pessoalmente ao altar a porção da vitim a que pertence a Deus.

ft Biblia Sagrada
130 L E vÍT IC o 7 - 8
cios pacíficos pertencerá também co­ TJnçóes do tabernáculo e do sumo
mo primícias ao sacerdote. 33Aquê- pontífice
le dos filhos de Arão que oferecer o 10Tomou, além disso, o Óleo da un-
sangue e a gordura, terá também a ção, com que ungiu o tabernáculo e
espádua direita como sua porção. todas as suas alfaias. UE, tendo as-
34Porque o peito da elevação, e a es- pergido sete vêzes o altar para o san­
pádua da separação, os tomei eu dos tificar, ungiu-o, e todos os seus uten­
filhos de Israel das suas hóstias pa­
cíficas, e os dei ao sacerdote Arão sílios, e a bacia com a sua base, e
e a seus filhos, como um fôro perpétuo santificou-o com óleo. 12E, derra­
(im posto) a todo o povo de Israel. mando o óleo sôbre a cabeça de Arão,
35Esta é a unção de Arão e de seus ungiu-o e consagrou-o.
filhos nas cerimônias do Senhor, no São revestidos os filhos de Arão
dia em que Moisés lhos apresentou
para exercerem as funções do sa­ 13E, depois de os ter apresentado,
cerdócio, 36e é isto o que o Senhor or­ revestiu também os seus filhos de tú­
denou que lhes seja dado pelos f i­ nicas de linho, e cingiu-os com os
lhos de Israel por uma observância cíngulos, e pôs-lhes mitras na cabeça,
religiosa, perpétua nas suas gerações. como o Senhor tinha ordenado.
Conclusão Sacrifício dum novilho pelo pecado

37Esta é a lei do holocausto e do 14Ofereceu também um novilho pe­


sacrifício pelo pecado e pelo delito, lo pecado; e, tendo Arão e seus f i­
e pela consagração, e pelas vitimas lhos pôsto as suas mãos sôbre a cabe­
dos sacrifícios pacíficos; “ a qual o ça do novilho, ia(Moisés) imolou-o; e,
Senhor prescreveu a Moisés sobre o tomando o sangue, e molhando nêle
Monte Sinai, quando ordenou aos f i­ o dedo, tocou as pontas do altar ao
lhos de Israel que fizessem as suas redor; e tendo-o assim purificado e
oblações ao Senhor no deserto do santificado, derramou o resto do san­
Sinal. gue aos pés dêle. 10E queimou so­
bre o altar a gordura, que estava so­
Consagração dos sacerdotes bre as vísceras, e o redenho do fíga­
do, e os dois rins com a sua gordu­
O *E o Senhor falou a Moisés di- ra; 17mas queimou fora dos acampa­
° zendo: 2Toma Arão com seus mentos o novilho com a sua pele, e
filhos, as suas vestes, e o óleo da as carnes, e os excrementos, como
unção, o novilho pelo pecado, os dois o Senhor tinha ordenado.
carneiros, e o cêsto dos ázimos, 8e Holocausto
juntarás tôda a multidão à entra­
da do Tabernáculo. 4E Moisés fêz 18Ofereceu também um carneiro em
como o Senhor tinha ordenado. E, holocausto; e, tendo Arão e seus f i­
junta tôda a multidão diante da por­ lhos pôsto as mãos sôbre a sua ca­
ta do tabernáculo, 5disse: Eis o que beça, 19imolou-o e derramou-lhe o
o Senhor ordenou que se faça. eE sangue ao redor do altar. ^E, divi­
logo apresentou Arão e seus filhos. dindo em pedaços o carneiro, quei­
E, tendo-os lavado, 7revestiu o pon­ mou no fogo a cabeça, os membros
tífice da túnica de linho, e cingiu-o e a gordura, atendo-lhe primeiro la­
com o cíngulo, e revestiu-o com o vado os intestinos e os pés; e quei-
vestido de jacinto, e pôs sôbre êle o mou sôbre o altar o carneiro todo
efod, 8e, apertando-o com o cíngulo, inteiro, por ser um holocausto de sua­
ajustou-o ao racional, em que estava víssimo cheiro para o Senhor, como
(e s c rito ): D o u t r in a e V erdade , c o ­ êste lhe tinha ordenado.
briu-lhe também a cabeça com a tia­
Sacrifício pacífico
ra, e sôbre ela diante da testa pôs
a lâmina de ouro consagrada e san­ “ Ofereceu mais o segundo carnei­
tificada, como o Senhor lhe tinha ro na sagração dos sacerdotes; e Arão
ordenado. e os seus filhos puseram as suas mãos
8 - 9 LEVÍTICO 131
sobre a cabeça dêle. “ E Moisés, ten­ pletar o rito do sacrifício. “ De dia
do-o imolado, tomou do seu sangue e e de noite estareis no tabernáculo ve­
tocou com êle a extremidade da ore­ lando ao serviço do Senhor, para que
lha direita de Arão, e o dedo polegar não suceda morrerdes; porque as­
da sua mão direita, e igualmente do sim me foi ordenado. 36E Arão e
pé. 24Apresentou também os filhos seus filhos fizeram tudo o que o Se­
de Arão; e, tendo tocado com o san­ nhor lhes tinha ordenado por meio
gue do carneiro imolado a extremi­ de Moisés.
dade da orelha direita de cada um,
e os dedos polegares da mão e do Preparativos para as funções
pé direito, derramou o resto (do san­ sacerdotais
gue) em roda sobre o altar. “ Mas
separou a gordura, a cauda e tôda Q Chegado, pois, o oitavo, Moisés
a gordura que cobre os intestinos, e U chamou Arão e seus filhos, e
o redenho do fígado, e os dois rins os anciãos de Israel, e disse a Arão:
com a sua gordura, e a espâdua di­ T o m a da manada um novilho pelo
reita. 26E, tomando do cêsto dos â- pecado, e um carneiro para o holo­
zimos, que estava diante do Senhor, causto, um e outro sem defeito, e
um pão sem fermento, e uma torta oferece-os diante do Senhor. 3E dirás
amassada em azeite, e uma filhó, pôs aos filhos de Israel: Tom ai um bode
estas coisas sobre a gordura e a es- pelo pecado, e um novilho, e um cor­
pãdua direita, 27entregando tudo jun- deiro de um ano e sem defeito, para
tamente a Arão e aos seus filhos. o holocausto, 4um boi e um carneiro
E, depois que êles elevaram estas para sacrifício pacífico; e imolai-os
coisas diante do Senhor, “ Moisés re­ diante do Senhor, oferecendo no sa­
cebeu-as novamente das suas mãos, e crifício de cada um dêles flor de fa ­
queimou-as sôbre o altar do holo­ rinha misturada com azeite* porque
causto, porque era oferta de sagração, hoje o Senhor vos aparecera. 5L.eva-
e sacrifício de suave cheiro ao Se­ ram, pois, à entrada do tabernáculo
nhor. ME, depois de ter elevado tudo o que Moisés lhes ordenara;
diante do Senhor o peito do carnei­ e aí, enquanto tôda a multidão esta­
ro da consagração, tomou-o como por­ va em pé, 6Moisés disse: Isto é o que
ção sua, conforme lhe tinha orde­ o Senhor mandou: Fazei-o, e a sua
nado o Senhor. “ E, tomando o óleo glória vos aparecerá. 7Depois disse
e o sangue que estava sôbre o altar, a Arão: Aproxima-te do altar, e sa­
aspergiu com êle Arão e os seus ves­ crifica pelo teu pecado; oferece o ho­
tidos, os seus filhos e os vestidos locausto, e roga por ti e pelo povo;
dêstes. 31E, tendo-os santificado nos e, depois de teres sacrificado a hós­
seus vestidos, ordenou-lhes, dizendo: tia pelo povo, ora por êle, como o
Cozei as carnes' diante da porta do Senhor ordenou.
tabernáculo, e comei-as aí mesmo,
e comei também os pães da consa­ Arão oferece sacrifícios por si mesmo
gração que foram postos no cêsto,
como o Senhor me ordenou, dizen­ 8E logo Arão, aproximando-se do
do: Arão e seus filhos os comerão. altar, imolou o novilho pelo seu pe­
82Aquilo, porém, que sobrar da car­ cado; 9cujo sangue lhe apresentaram
ne e dos pães, consumí-lo-ã o fogo. os seus filhos, no qual molhando êle
o dedo, tocou as pontas do altar, e
Os sete dias de sagração derramou o resto aos pés do mesmo
altar. 10E queimou sôbre o altar a
“ Também não saireis da entrada gordura, e os rins, e o redenho do
do tabernáculo durante sete dias, até fígado, que são pelo pecado, confor­
ao dia em que se completar o tempo me o Senhor tinha ordenado a Moi­
da vossa sagração; porque a sagra­ sés; nas carnes, porém, e a pele con-
ção completa-se em sete dias; “ as­ sumiu-as pelo fogo fora dos acam­
sim como agora se fêz, para se com­ pamentos. 12Imolou também a víti-
Cap. V I I I — 34. O hebraico diz: Aquilo que hoje se fêz, o Senhor ordenou que se faça
(tam bém durante os sete dias) a fim de fazer a expiação por vós.
132 LEVÍTICO 9-10
ma do holocausto, e os seus filhos ordenado. 2E um fogo vindo do Se­
apresentaram-lhe o sangue dela, e nhor devorou-os e morreram diante
êle o derramou ao redor do altar. 18A- do Senhor. 8E Moisés disse a Arão:
presentaram-lhe também a mesma Isto é o que disse o Senhor: Eu se­
hóstia cortada em pedaços juntamen­ rei santificado naqueles que se apro­
te com a cabeça e todos os membros; ximam de mim, e serei glorificado
e queimou tudo isto no fogo sôbre em presença de todo o povo. Arão,
o altar, 14tendo primeiro lavado em ouvindo isto, calou-se. 4E Moisés, cha­
água os intestinos e os pés. mando Misael e Elisafan, filhos de
Òziel, tio de Arão, disse-lhes: Ide, e
A rão oferece sacrifícios pelo povo tirai v o s s o s irmãos de diante do san­
tuário, e levai-os para fora dos acam­
15E, sacrificando pelo pecado do pamentos. 5E êles foram logo, e le­
povo, imolou o bode, e purificado o varam-nos vestidos, como estavam,
altar, 16ofereceu o holocausto, 17jun- com as suas túnicas de linho, e lan­
tando ao sacrifício as libaçoes, que çaram-nos fora, como lhes fôra or­
se oferecem juntamente, e queiman­ denado. °E Moisés disse a Arão, e a
do-as sôbre o altar, além das ceri­ Eleazar, e a Itamar, seus filhos: Não
mônias do holocausto da manhã. descubrais a cabeça nem rasgueis os
18Imolou também o boi e o carneiro, vossos vestidos, não suceda m orrer­
hóstias pacíficas do povo; e os seus des vós, e levantar-se a ira do Se­
filhos apresentaram-lhe o sangue, e nhor contra o povo. Vossos irmãos e
êle derramou-o em roda sôbre o al­ tôda a casa de Israel chorem o in­
tar. 19Mas a gordura do boi, e a cau­ cêndio que o Senhor suscitou; 7vós,
da do carneiro, e os rins com a sua porém, não saireis da porta do taber­
gordura, e o redenho do fígado, apu­ náculo, aliás perecereis; porque o
seram-nos sobre os peitos (da hóstia); óleo da santa unção está sôbre vós.
e, depois de se terem queimado as E êles fizeram tudo conforme o pre­
gorduras sobre o altar, “ Arão pos à ceito de Moisés.
parte os peitos e as espáduas direi­
tas, elevando-as diante do Senhor, Os sacerdotes, nas funções sagradas,
como Moisés tinha ordenado. 22E, es­ são proibidos de beberern bebidas
tendendo a mão para o povo, aben- inebriantes
oou-o. E, completado assim o sacri-
ício pelo pecado, e o holocausto, e 8Disse também o Senhor a Arão:
a oblação da hóstia pacífica, desceu. 9Tu e teus filhos não bebereis vinho,
nem qualquer coisa que possa emr
Aparição da glória de Deus briagar, quando entrardes no taber­
náculo do testemunho, para que não
28Ora Moisés e Arão, tendo entrado morrais; porque êste é um preceito
no tabernáculo do testemunho, e ten­ eterno para as vossas gerações, 10e
do saído depois, abençoaram o povo.
E a gloria do Senhor apareceu a tôda para que tenhais a ciência de saber
a multidão; 24e eis que um fogo saí­ discernir entre o santo e o profano,
do do Senhor, devorou o holocausto entre o impuro e o puro; ue para
e as gorduras que estavam sôbre o ue ensineis aos filhos de Israel tô-
altar. O povo, vendo isto, louvou o as as minhas leis, que o Senhor
Senhor, lançando-se com o rosto por lhes prescreveu por intermédio de
terra. Moisés.
F alta e castigo de N ad ab e Abiu Como deve ser comido o que
ficar do sacrifício
1 A ^ r a Nadab e Abiu, filhos de
Arão, tendo tomado os turí- 12E Moisés disse a Arão, e a Elea­
bulos, puseram nêles fogo e incenso, zar, e a Itamar, os (dois) filhos que
oferecendo diante do Senhor um fogo lhe restavam: Tomai o sacrifício, que
estranho, o que não lhes tinha sido ficou da oblação do Senhor, e comei-
Cap. X — 6. Ê proibido a A rão e seus filhos tomarem luto por N a d a b e Abiú, pois
nestas circunstâncias o luto seria como que um protesto contra o procedimento de Deus.
10 - 11 LEVÍTICo 133

o sem fermento junto do altar, por­ porque rumina, mas não tem a unha
que é uma coisa santíssima. 13Comê- fendida; 7e o porco, o qual tem a
-lo-eis no lugar santo; porque é a unha fendida, mas não rumina. 8Não
parte das oblaçôes do Senhor, desig­ comereis das carnes dêstes animais,
nada para ti e para os teus filhos, nem tocareis os seus cadáveres, por­
conforme me foi ordenado. “ Come­ que são impuros para vós.
reis também, tu e teus filhos, e tuas
filhas contigo, hum lugar muito lim ­ Peixes
po, o peito, que foi oferecido, e a es- 9Eis os animais aquáticos dos quais
pãdua, que foi separada; porque são é lícito comer: Todos os que têm bar­
as partes reservadas para ti e para batanas e escamas, tanto no mar,
os teus filhos das hóstias pacíficas como nos rios e nos lagos, comê-los-
dos filhos de Israel; 15porque êles ele­ -eis. “ Mas tudo o que se move e vive
varam diante do Senhor a espádua, nas águas, sem ter barbatanas nem
o peito e as gorduras que se quei­ escamas, será abominável para vós
mam sôbre o altar; e pertencem a ti ne execrando; não comereis as suas
e aos teus filhos por uma lei perpé­ carnes, e evitareis (toca r) seus cor­
tua, como o Senhor ordenou. pos mortos. “ Todos os animais aquá­
“ Entretanto, procurando Moisés o ticos que não têm barbatanas nem
bode, que tinha sido oferecido pelo escamas serão (para vós) impuros.
pecado, achou-o queimado. E, irado
contra Eleazar e Itamar, os filhos Aves
que restavam a Arão, disse-lhes:
17Por que não comestes vós no lugar “ Entre as aves são estas as que
santo a hóstia pelo pecado, que é não deveis comer, e devem ser evita­
uma coisa santíssima, e vos foi dada, das: a águia, o grifo, e a águia ma­
a fim de que leveis a iniqüidade da rinha, 14e o milhano, e o abutre com
multidão e oreis por ela diante do os da sua espécie, 15e o corvo e to­
Senhor? “ Tanto mais que não leva­ das as espécies semelhantes ao corvo,
ram do seu sangue ao santuário, e “ o avestruz, e a coruja, a gaivota,
vós deverieis tê-la comido no san­ e o açor e tudo o que é da sua es­
tuário, como me foi ordenado. 10A- pécie. 170 mocho, a gaivota e o íbis,
rão respondeu: Hoje foi oferecida a 18e o cisne, e o pelicano, e o porfirião,
19a cegonha e o corvo marinho com
vítima pelo pecado, e o holocausto os da sua espécie, a poupa e o
diante do Senhor; a mim, porém, morcego.
aconteceu-me o que tu vês; como po­
dia eu comer desta vítima, ou agra­
Insetos com asas
dar ao Senhor nas cerimônias (achan­
do-me) com o espírito entristecido? “ Todo o volátil que anda sôbre
“ Moisés, tendo ouvido isto, admitiu quatro pés, será abominável para vós.
a desculpa. 21Todo o animal, porém que assim
Animais quadrúpedes
anda sôbre quatro pés, mas tem mais
compridas as pernas posteriores com
11 2E o Senhor falou a Moisés e que salta sôbre a terra, “ podeis co-
11 a Arão, dizendo: 2Dizei aos mê-lo, e tal é o brugo na sua espé­
filhos de Israel: Êstes são os animais cie, o ataco, o ofiômaco e o gafanho­
que deveis comer entre todos os to, cada um na sua espécie. “ Mas
animais da terra. 3Dentre os quadrú­ tôdas as aves que têm sômente qua­
pedes comereis todo o que tem a tro pés, serão execráveis para vós;
unha fendida, e rumina. 4Porém, to­ “ e todo o que tocar os seus corpos
do o que rumina e tem unha, mas mortos, ficará contaminado e será
não fendida, como o camelo e outros, impuro até à tarde; “ e, se fôr ne­
não o comereis, e contá-lo-eis entre cessário que êle leve algum dêstes
os (animais) impuros. 50 coelho, que animais morto, lavará os seus ves­
rumina, mas não tem a unha fendi­ tidos, e ficará imundo até ao pôr
da, é impuro. 6Igualmente a lebre, do sol.
134 LEvÍTICO 11-12
Contato dos cadáveres de animais mortos, imediatamente ficará con­
impuros taminada.
“ Todo o animal que tem unha, Contato de cadáveres dos animais
mas sem ser fendida, e que não ru­ puros
mina, será impuro; e aquêle que o
tocar, ficará contaminado, todos 39Se morrer algum daqueles ani­
os animais quadrúpedes, aquêles que mais, que vos é lícito comer, aquêle
andam sôbre as mãos serão impuros; que tocar o seu cadáver ficará impu­
aquêle que tocar os seus corpos m or­ ro até à tarde; ^e o que comer al­
tos, ficará impuro até à tarde. “ E guma coisa dêle, ou tiver levado al­
aquêle que levar êstes cadáveres, la­ guma porção, lavará os seus vestidos,
vará os seus vestidos e ficará impuro e ficará impuro até à tarde.
até à tarde, porque todos êstes (ani­ Répteis
mais) são impuros para Vós.
41Tudo o que anda de rastos sôbre
Répteis impuros a terra, sera abominável, e não será
^Também entre os animais, que usado como alimento. 42Não come­
se movem sobre a terra, se deverão reis nenhum daqueles animais que,
reputar como impuros êstes: a doni­ tendo quatro pés, anda sôbre o peito;
nha, e o rato, e o crocodilo, cada nem dos que, sendo quadrúpedes, ou
um segundo a sua espécie, " o musa­ tendo muitos pés, caminham sôbre O
ranho, o camaleão, a salamandra, o peito, ou se arrastam pela terra, por­
lagarto, e a toupeira. 31Todos êstes que são coisa abominável. "N ã o quei­
animais são impuros. Aquêle que to­ rais contaminar as vossas almas, nem
car os seus corpos mortos, ficará im­ toqueis alguma destas coisas, para
puro até à tarde. 32E tudo aquilo s ô - não ficardes impuros. 44Porque eu
bre que cair alguma coisa dos seus sou o Senhor vosso Deus; sêde san­
cadáveres, ficará contaminado, quer tos, porque eu sou santo; não man­
seja um vaso de pau, ou um vestido, cheis as vossas almas com o toque de
ou uma pele, ou um pano da Cilícia; algum réptil que se arrasta sôbre a
e qualquer instrumento que serve pa­ terra. 45Porque eu sou o Senhor, que
ra fazer alguma obra, se lavará em vos tirei da terra do Egito para ser o
água, e será impuro até à tarde, e vosso Deus. Vós sereis santos, por­
dêste modo será depois purificado. que eu sou santo.
“ Mas o vaso de barro, dentro do qual Conclusão
cair alguma coisa destas, ficará con­
taminado, e por isso se deve quebrar. 48Esta é a lei sôbre os animais
^Todo o alimento que comerdes, se (quadrúpedes) e as aves, e sôbre todo
se derramar água (dêstes vasos con~ o animai vivente, que se move na á-
taminados) sôbre êle, será impuro; gua, ou que anda de rastos pela terra,
e todo o líquido que se bebe de qual­ 47a fim de que vós conheçais a di­
quer vaso ( contaminado) , será impu­ ferença entre o puro e o impuro, e
ro. “ E sè alguma coisa dêstes ani­ saibais o que deveis comer e o que
mais mortos cair sôbre um vaso, êste deveis rejeitar.
ficará impuro; ou sejam fornos ou
marmitas, deverão destruir-se, e se­ Impureza da mulher que deu à luz
rão impuros. 36As fontes, porém, as
cisternas e todos os depósitos de água 12 1E o Senhor falou a Moisés di-
serão puros. Aquêle que tocar o cor­ zendo: 2Fala aos filhos de Is­
po morto dêstes animais, ficará im­ rael, e lhes dirás: Se uma mulher,
puro. 37Se cair (alguma coisa dêsse tendo concebido, der à luz um meni­
corpo) sobre semente, não a tornará no, será impura sete dias, como nos
impura. “ Mas, se alguém derramar dias da separação mênstrua. 3E, no
água sobre a semente, e esta depois oitavo dia, sera o menino circuncida-
fôr tocada por algum dêstes corpos do; 4ela, porém, permanecerá trinta
Cap. X I — 32. Pano da Cilícia. E ra ui tecido feito de pêlo de cabra, indústria da
Cilícia.
12 - 13 LEVÍTICO 135
e três dias a purificar-se do seu san­ nem se tiver alastrado mais além
gue. Não tocará coisa alguma santa, sôbre a pele, isolá-lo-á novamente
nem entrará no santuário, até se durante outros sete dias. °E, ao sé­
completarem os dias da sua purifica­ timo dia, examiná-lo-á; e, se a le­
ção. 5Se, porém, der à luz uma me­ pra fôr mais escura, e não se tiver
nina, será impura durante duas se­ alastrado sôbre a pele, declará-lo-á
manas, como no seu fluxo mênstruo, limpo, porque é sarna; e êste homem
e permanecerá sessenta e seis dias a lavará os seus vestidos, e será limpo.
purificar-se do seu sangue. 7Porém, se depois de ter sido visto
pelo sacerdote, e declarado limpo, a
Cerimônias de sua purificação lepra cresceu novamente, ser-lhe-á
reconduzido, 8e será declarado im­
6E completos que forem os dias puro .
da sua purificação por um filho ou 9Se houver chaga de lepra em al­
por uma filha, levará à porta do ta- gum homem, será levado ao sacerdo­
bernáculo do testemunho um cordei­ te, 10e êste o examinará. E, quando
ro de um ano para holocausto, e um sôbre a pele aparecer uma côr bran­
pombinho ou uma rôla pelo pecado, ca, e os cabelos tiverem mudado de
e os entregará ao sacerdote. 7E êle côr, e aparecer também a carne v i­
as oferecera diante do Senhor, e ora­ va, njulgar-se-á esta lepra muito in­
rá por ela e assim será purificada do veterada, e muito arraigada na pele.
fluxo do seu sangue; esta é a lei da­ Por isso o sacerdote o declarará im ­
quela que dá à luz um menino ou puro, e não o isolará, porque a sua
uma menina. 8Se ela, porém, não impureza é visível. 12Porém, se a
tiver com que possa oferecer um cor­ lepra alastra, lavrando sôbre a pe­
deiro, tomará duas rôlas ou dois pom- le, e a cobre tôda desde a cabeça
binhos, um para (ser oferecido em ) até aos pés, quanto podem ver os
holocausto, outro pelo pecado; e o olhos, 13o sacerdote o examinará, e
sacerdote orará por ela, e assim será declarará que êle tem uma lepra
purificada. limpíssima; porque se tornou tôda
!Lepra humana. Modos por que se branca, e por isso êste homem será
m anifesta limpo. 14Mas, quando nêle aparecer
a carne viva, 15então será impuro
1 *1 1E o Senhor falou a Moisés e por declaração do sacerdote, e será
1 ** a Arão, dizendo: 20 homem contado entre os impuros; porque a
em cuja pele e carne aparecer côr carne viva, se está atacada de lepra,
diversa, ou uma pústula, ou algu­ é impura. wPorém, se ela de novo
ma coisa de luzente, isto é, uma cha­ se torna branca, e cobriu todo o ho­
ga de lepra, será levado ao sacerdo­ mem, 17o sacerdote o examinará e
te Arão, ou a um dos seus filhos. declarará que está limpo.
8E êste, vendo a lepra na pele, e os 18Mas, se na carne e na pele em
)êlos mudados em côr branca, e O que tiver aparecido uma úlcera e se
Íugar onde aparece a lepra, mais tiver curado, 19e no lugar da úlcera
fundo do que o resto da pele e da aparecer uma cicatriz branca, ou que
carne, (declarará que) é urna cha­ tira a vermelho, será êste homem
ga de lepra, e será separado, segun­ levado ao sacerdote; *e, se êste v ir o
do a sua decisão. 4Porérn, se apa­ lugar da lepra mais fundo do que
recer sôbre a cútis urna côr branca o resto da carne, e que os pêlos se
luzente, e não (estiver) mais fundo tornaram brancos, declará-lo-á im ­
do que o resto da carne, e os pê­ puro; porque isto é o mal da lepra,
los forem da côr primitiva, O sa­ que se formou na úlcera. 21Mas, se
cerdote o isolará durante sete dias, o pêlo está da cor primitiva e a ci­
5e, ao sétimo dia, o examinará; e, catriz é um pouco escura, sem estar
se a lepra não tiver crescido mais, mais funda do que a carne vizi-
Cap. X I I — 6. Pelo pecadot isto é, pela impureza legai, que a tinha retido afastad a
d as coisas sagradas.
Cap. X I I I — 13. Porque se tornou branca. Quando a lepra branca cobria todo o
corpo, nôo tard ava a desaparecer.
136 LEVÍTICO 13
nha, o sacerdote o isolará durante se­ cha perseverar (no mesmo estado)
te dias. e os cabelos estiverem negros, re­
22E se (durante êste tem po) o conheça que o homem está são, e
mal cresceu, declará-lo-á leproso. afoitamente declare-o limpo.
23Mas se parou no seu lugar, é a ci­ “ O homem ou mulher, sôbre cuja
catriz da úlcera, e o homem será pele aparecerem manchas brancas,
lim po. 39o sacerdote os verá; e, se achar que
24A carne, porém, e a pele que foi sôbre a sua pele reluz um branco
ueimada pelo fogo, e depois de cura- escuro, saiba que não é lepra, mas
a tiver uma cicatriz branca ou ver­ uma mancha de cor branca, e que a
melha, “ o sacerdote a examinará; pessoa está limpa.
e, se (v ir ) que ela se tornou bran­ 40O homem, a quem caem os cabe­
ca, e que o lugar dela está mais los da cabeça, é calvo da fronte e
fundo do que o resto da pele, de- limpo. 41E, se lhe caírem os cabe­
clará-lo-á impuro, porque é chaga de los da fronte, é calvo em parte, e é
lepra que se formou na cicatriz. limpo. 42Porém, se sôbre a cabeça
26Mas, se a côr dos pêlos não mu­ calva ou sobre a fronte calva se ma­
dou e a chaga não está mais fun­ nifesta uma mancha branca ou ver­
da do que o resto da carne, e se melha, "0 sacerdote, gue o tiver vis­
a própria lepra aparece um pouco es­ to, declarará sem dúvida que tem
cura, isolá-lo-á durante sete dias, lepra, que apareceu sôbre a parte
27e, ao sétimo dia, o examinará. Se calva.
a lepra alastrou sôbre a pele, de­ Normas que devem ser observadas
clará-lo-á impuro. “ Mas, se a côr pelos leprosos
branca permanecer no seu lugar e
não é tão clara, é chaga de queima­ 44Portanto, todo aquêle que estiver
dura, e portanto será declarado lim ­ manchado de lepra, e estiver sepa­
po, porque é cicatriz de queimadu­ rado por juízo do sacerdote, "terá
ra. os vestidos descosidos, a cabeça des­
29Um homem ou uma mulher, em coberta, a boca coberta com o ves­
cuja cabeça ou barba aparecer a le­ tido, e clamará que está contamina­
pra, serão vistos pelo sacerdote, *°e do e impuro. "Durante todo o tempo
se o lugar estiver mais fundo do que que estiver leproso e impuro, habita­
o resto da carne, e o cabelo estiver rá só, fora dos acampamentos.
amarelado e mais delgado que de
ordinário, êle os declarará impuros, Lepra dos vestidos
porque é a lepra da cabeça e da 47Um vestido de lã ou de linho,
barba. 31Mas, se vir que o lugar da que fôr infetado de lepra "na urdi­
mancha está igual com a carne v i­ dura ou na trama, ou se uma pele,
zinha, e que o cabelo está negro, ou qualquer coisa feita de pele, 49fôr
isolá-lo-á durante sete dias, 82e exa­ infetada duma mancha branca ou ver­
miná-lo-á no sétimo dia. Se a man­ melha, reputar-se-á por lepra, e se
cha não cresceu, e o cabelo conser­ mostrará ao sacerdote.
vou a sua côr, e o lugar da chaga
está igual com o resto da carne, Exame feito pelo sacerdote, e trata­
33êste homem será rapado, menos no mento segundo os diferentes casos
lugar da mancha, e será isolado du­
rante outros sete dias. 34Se ao sétimo “ E êle, tendo-o examinado, o iso­
dia se vir que a chaga ficou no seu lará durante sete dias; 51e, no séti­
lugar, e não se tornou mais funda mo dia, tornando-o a ver de novo,
que o resto da carne, o sacerdote o se achar que (a mancha) cresceu, é
declarará limpo, e êle lavará *os seus uma lepra pertinaz; declarará impu­
vestidos, e será limpo. “ Porém, se ro o vestido e tudo aquilo em que
depois da sua purificação a mancha se encontrar tal mancha, 52e por isso
se alastrar de novo sôbre a pele, queimar-se-á nas chamas. “ Se, porém,
“ não examinará mais se o pêlo se vir que não cresceu, 84mandará que
tornou amarelado, porque evidente­ se lave aquilo em que está a lepra,
mente está impuro. 37Mas, se a man­ e o isolará durante outros sete dias.
13-14 leví TICO l37

55E quando vir que hão tornou ao brancelhas, e todos os pêlos do cor­
seu aspecto primitivo, ainda a po. E, lavados novamente os vesti­
lepra não tenha crescido, declarará dos e o corpo, 10no oitavo dia toma­
o vestido impuro, e queimá-lo-á no rá dois cordeiros sem defeito, e uma
fogo, porque a lepra se espalhou sô- ovelha de um ano sem defeito, e
bre a superficie ou por tôda a espes­ três dízimos de flor de farinha bor-
sura do vestido. “ Mas, se depois de rifada com azeite, para o sacrifício,
lavado o vestido, o lugar da lepra es­ e separadamente um sextário de a-
tiver mais escuro, cortá-lo-á e o se­ zeite.
parará do resto do vestido. 57Porém, nE depois que o sacerdote, que de­
se depois disto aparecer ainda uma ve purificar aquêle homem, o tiver
lepra volante e vaga naqueles lu­ apresentado juntamente com tôdas
gares, que antes estavam sem man­ estas coisas diante do Senhor à porta
cha, deve queimar-se (todo o vesti­ do tabernáculo do testemunho, 12to-
do) no fogo. “ Se (a mancha) de­ mará um cordeiro, e o oferecerá pelo
saparecer, lavará de novo com água delito com o sextário de azeite; e, o-
as partes que estão puras, e ficarão ferecidas tôdas estas coisas diante
limpas. 59Esta é a lei sôbre a lepra do Senhor, 13imolará o cordeiro, on­
do vestido de lã e de linho, da urdi­ de se costuma imolar a hóstia pelo
dura e da trama, e de todo o objeto pecado, e o holocausto, isto é, no lu­
feito de pele, (para se saber) como gar santo. Porque, tanto a hóstia
(estas coisas) se devem declarar lim ­ pelo pecado, como a que (se ofere­
pas ou impuras. ce) pelo delito, pertence ao sacer­
dote; é uma coisa santíssima.
Purificação do leproso 14E o sacerdote, tomando do san­
IA XE o Senhor falou a Moisés, di- gue da hóstia que foi imolada pelo
zendo: 2Êste é o rito do le­ delito, o porá sôbre a extremidade da
proso, quando houver de ser puri­ orelha direita daquele que se purifi­
ficado: Será levado ao sacerdote; 3e ca, e sôbre os dedos polegares da
êste, saindo fora dos acampamentos, mão e do pé direito, 15e derramará do
e vendo que a lepra esta curada, sextário de azeite sôbre a sua mão
4ordenará ao que deve ser purificado, esquerda, 10e molhará neste azeite o
que ofereça por si duas aves vivas, dedo direito, e fará sete aspersões
das que é permitido comer, e pau diante do Senhor. ” 0 que, porém,
de cedro, e escarlate e hissopo. 5E ficar do azeite na mão esquerda,
mandará que uma das aves seja imo­ derramá-lo-á sôbre a extremidade da
lada num vaso de barro, sôbre água orelha direita daquele que se puri­
viva; °e molhará a outra ave jviya, fica, e sôbre os dedos polegares da
e o pau de cedro, e o escarlate, e o mão e do pé direito, e sôbre o san­
hissopo, no sangue da ave imolada, gue que foi derramado pelo deli­
7e com êle aspergirá sete vêzes aquê- to, 18e sôbre a sua cabeça. 19E ora­
le que está para se purificar, a fim rá por êle diante do Senhor, e fa ­
de que seja legitimamente purifica­ rá o sacrifício pelo pecado; então
do; e (depois disto) soltará a ave v i­ imolará o holocausto, “ e pô-lo-á sô­
va, para que vôe para o campo. 8E, bre 0 altar com as suas libações, e
depois que êste homem tiver lavado os o homem ficará legitimamente pu­
seus vestidos, rapará todos os pêlos rificado .
do corpo, e lavar-se-á em água; e, Purificação do leproso pobre
purificado, entrará de novo nos a-
campamentos, sob a condição, po­ 21Porém, se é pobre e as suas pos­
rém, de que há de estar durante ses não podem alcançar o que* está
sete dias fora da sua tenda. °E, indicado, tomará um cordeiro para
ao sétimo dia, rapará todos os cabe­ a oblação pelo delito, a fim de que
los da cabeça, e a barba, e as so- o sacerdote ore por êle, e uma dízi-
Cap. X I V — 5. N u m vaso. O hebreu diz: sôbre um vaso. — Sôbre a água viva . O
vaso devia estar cheio de águ a viva, isto 6, de águ a duma fonte ou dum rio, e não dum a
cisterna.
10. Trêz dízimas, isto é, três gomores, que equivalem a onze litros e meio.
138 LEVÍTICo 14
ma de flor de farinha borrifada com a fechará por sete dias. 39E, vol­
azeite para o sacrifício, e um sextá- tando no sétimo dia, a examinará;
rio de azeite, 22e duas rôlas ou dois se achar que a lepra se estendeu,
pombinhos, um dos quais seja pelo 4"mandará que se arranquem as pe­
pecado, e o outro para o holocaus­ dras infeccionadas da lepra, e se lan­
to; 23e, ao oitavo dia da sua purifi­ cem fora da cidade num lugar imun­
cação, os apresentará ao sacerdote à do, 4le que depois se raspe todo o in­
porta do tabernáculo do testemu­ terior da casa ao redor, e que se
nho diante do Senhor. 24E o sacer­ lance todo o pó das raspaduras fo ­
dote, recebendo o cordeiro pelo de­ ra da cidade num lugar imundo,
lito, e o sextário de azeite, levá- 42e que se ponham outras pedras
-los-á juntamente; “ e, imolado o cor­ no lugar das que foram tiradas, e
deiro, porá do seu sangue sôbre a que se reboque a casa de novo.
extremidade da orelha direita daque­ 43Mas, se depois que foram tiradas
le que se purifica, e sôbre os dedos as pedras, e raspado o pó, e rebo­
polegares da sua mão e do seu pé cada de novo a casa, 44entrando ne­
direito. 26Derramará também uma la o sacerdote, vir que a lepra vol­
parte do azeite na sua mão esquerda, tou, e que as paredes estão salpica­
27e, molhando nêle um dedo da mão das de manchas, é uma lepra perti-
direita, fará sete aspersões diante do naz, e a casa está impura; 45e sem
Senhor; '28e tocará a extremidade da demora a destruirão, e se lançarão
orelha direita daquele que se puri­ fora da cidade num lugar imundo
fica, e os dedos polegares da mão as suas pedras, e as madeiras, e to­
e do pé direito, no lugar onde foi pôs- do o po. 46Aquêle que entrar na
to o sangue que se derramou pelo casa durante o tempo em que está
delito. ^O resto do azeite, que está fechada, ficará impuro até a tarde;
na mão esquerda, derramá-lo-á sô­ 47e o que nela dormir ou comer al­
bre a cabeça do homem que se pu­ guma coisa, lavará os seus vestidos.
rifica para lhe tornar propicio o Se­ Purificação das casas
nhor. 30E oferecerá as duas rôlas
ou os dois pombinhos, 31um pelo de­ 48Porém, se o sacerdote, entrando,
lito, e outro em holocausto, com vir que a lepra não lavrou na casa,
as suas libações. 32Êste é o sacrifí­ depois de a ter feito rebocar de no­
cio do leproso que não pode ter tu­ vo, a purificará declarando-a sadia.
do o que (há m ister) para a sua pu­ 49E para a sua purificação tomará
rificação. duas avezinhas, e pau de cedro, e
escarlate, e hissopo; ™e, imolada u-
Lepra das casas ma avezinha num vaso de barro sô­
33E o Senhor falou a Moisés e a bre água viva, 51tomará o pau de
Arão, dizendo: 34Quando tiverdes en­ cedro, o hissopo, e o escarlate, e a
trado na terra de Canaã, que eu avezinha viva, e molhará tudo no
vos darei em possessão, se houver sangue da ave imolada, e na água
nas casas chaga de lepra, 35o dono viva, e aspergirá sete vêzes a casa,
da casa irá dar parte disso ao sa­ 62e a purificará tanto com o sangue
cerdote, e dirá: Parece-me que na da avezinha como com a água v i­
minha casa há como uma chaga de va, e com a avezinha viva, e com
lepra. o pau de cedro, com o hissopo, e
36E êle mandará que tirem para com o escarlate. 53E, depois que ti­
fora tudo o que há na casa, antes ver soltado a avezinha para que vôe
que entre nela e veja se está lepro­ para o campo, fará oração pela casa,
sa, para que não fique impuro tudo e ficará legitimamente purificada.
o que há na casa. E depois entrará Conclusão
para examinar a lepra da casa. 37E,
se vir nas paredes umas como ca­ 54Esta é a lei acêrca de tôda a es­
vidades com nódoas amarelas ou pécie de lepra e de tinha, 55e acêrca
vermelhas, e mais fundas do que o da lepra dos vestidos e das casas,
resto da superfície, 38sairá para fora “ das cicatrizes e da erupção das pús­
da porta da casa, e imediatamente tulas, das manchas luzentes e das di­
14 - 15 LEVÍTICO 139
versas mudanças das cores, 57para que recerá um pelo pecado, e outro em
se possa saber quando qualquer coi­ holocausto; e orará por êle diante do
sa é pura ou impura. Senhor, para que fique limpo do seu
fluxo. 10O homem que tiver um der­
Impureza do homem ramamento seminal, lavará em água
todo o seu corpo, e será impuro até
1 C 7E o Senhor falou a Moisés e à tarde. 17Lavará em água o vesti­
16, a Arão, dizendo: 2Falai aos do e a pele que tiver, e serão impu­
filhos de Israel e dizei-lhes: O ho­ ros até à tarde.
mem que padece de gonorréia, será
impuro. 3E será julgado sujeito a Impureza da mulher
esta enfermidade, quando a cada mo­
mento se pegar à sua carne e se 18A mulher com quem se juntou
juntar aquêle humor impuro. “Todo lavar-se-á em água, e será impura até
o leito em que dormir, e todo o ob­ à tarde. 19A mulher que no tempo
jeto sôbre o qual se sentar, será ordinário sofre incômodo, será sepa­
impuro. 5Se alguém tocar o seu lei­ rada durante sete dias. 20Todo o que
to, lavará os seus vestidos, e êsse a tocar, será impuro até à tarde. 21E
mesmo, depois de lavado em água, as coisas, sôbre que dormir ou se sen­
será impuro até à tarde. °Se se tar, nos dias da sua separação, fica­
sentar onde êle estava sentado, la­ rão impuras. 22Aquêle que tocar o
vará também os seus vestidos, e, seu leito, lavará os seus vestidos, e,
lavando-se em água, será impuro até lavando-se êle mesmo em água, se­
à tarde. 70 que tocar a sua carne, rá impuro até à tarde. 23Todo o
lavará os seus vestidos, e, lavado que tocar qualquer coisa sôbre que
êle mesmo em água, será impuro até ela se tenha sentado, lavará os seus
à tarde. 8Se a saliva dêste homem vestidos, e, lavando-se êle mesmo em
cair sôbre um que está limpo, êsse água, fioará impuro até à tarde. 24Se
lavará os seus vestidos, e, lavado êle um homem se junta com ela no tem­
mesmo em água, será impuro até à po em que ela tem o incômodo, se­
tarde. 9A sela, sôbre que tiver ca­ rá impuro durante sete dias; e todo o
valgado, ficará impura; 10e tudo o leito sôbre que dormir, ficará impu­
que tiver estado debaixo daquele que ro. ^A mulher, que padece por mui­
padece êste mal, ficará impuro até à tos dias fluxo de sangue fora do tem­
tarde. O que levar alguma destas coi­ po costumado, ou que, passado o pe­
sas, lavara os seus vestidos, e, lavan- ríodo regular, não lhe cessa o fluxo,
do-se êle mesmo em água, será impu­ será impura enquanto estiver sujeita
ro até à tarde. UTodo aquêle que fôr a êste acidente, como se estivesse no
tocado por um homem em tal estado, tempo do seu mênstruo. ^ o d o o lei­
sem êste ter antes lavado as mãos, la­ to em que dormir e tudo aquilo
vará os seus vestidos, e, lavando-se em que se sentar, ficará impuro.
êle mesmo em água, será impuro até 27Todo o que tocar estas coisas lava­
à tarde. 120 vaso de barro que tocar, rá os seus vestidos, e, lavando-se êle
será quebrado, e o vaso de pau será mesmo em água, será impuro até à
lavado em água. tarde. “ Se o sangue parar e deixar
13Se o que padece esta moléstia de correr, contará sete dias da sua
sarou dela, contará sete dias depois purificação; “ e, ao oitavo dia, ofe­
da sua cura, e, lavados os seus vesti­ recerá por si ao sacerdote, à porta do
dos e todo o corpo na água viva, fi­ tabernáculo do testemunho, duas rô-
cará puro. 14E ao oitavo dia, toma­ las ou dois pombinhos; 30e o sacerdo­
rá duas rolas ou dois pombinhos, e te sacrificará um pelo pecado, e ou­
se apresentará diante do Senhor à tro em holocausto, e orará por ela
porta do tabernáculo do testemunho, diante do Senhor, por causa do flu­
e dá-los-á ao sacerdote, 15o qual ofe- xo que a tornava impura.
Cap. X V — 17. O hebraico diz: Todo o ve stido e tôda a pele que forem atingidos pelo
derramamento seminal serão lavados na águ a . ..
28. Contará sete dias da sua purificação, segundo o hebraico: Contará sete dias,
e depois ficará pura.
140 LEVÍTICo 15 - 16
Conclusão de brasas do altar, e tomando com
a mão o perfume composto para o
31Ensinareis, pois, aos filhos de Is­ incenso, entrará para dentro do véu
rael que se guardem da impureza, do Santo dos Santos, 13a fim de que,
para não morrerem nas suas imun- postos os perfumes sôbre o fogo, o
dícies, quando profanarem o meu ta- seu fumo e o seu vapor cubra o orá­
bernáculo que está no meio dêles. culo, que está sôbre o testemunho, e
32Esta é a lei acêrca do que padece (A rã o) não morra. “ Tomará tam­
gonorréia, e que contrai impureza bém do sangue do novilho, e aspergi-
tendo cópula, “ e acêrca da mulher rá com o dedo sete vêzes defronte do
que está separada no tempo do seu propiciatório para a parte do Orién-
mênstruo, ou padece fluxo contínuo te.
de sangue, e acêrca do homem que
dormir com ela. 15E, depois de ter imolado o bode
pelo pecado do povo, levará o seu san­
Festa da expiação. Cerimônias a gue para dentro do véu, como foi
observar ordenado acêrca do sangue do novi­
lho, para fazer a aspersão diante do
1 C XE o Senhor falou a Moisés de- oráculo, 16e expiará o santuário das
1U pois da morte dos dois filhos impurezas dos filhos de Israel, e das
de Arão, que foram mortos por te­ suas prevaricações, e de todos os
rem oferecido um fogo estranho; 2e (seus) pecados. Expiará com êste
ordenou-lhe, dizendo: Dize a Arão, rito o tabernáculo do testemunho, que
teu irmão, que nunca entre no san­ foi colocado entre êles no meio das
tuário, que está para dentro do véu impurezas das suas habitações. “ N e­
diante do propiciatório, que cobre a nhum homem esteja no tabernáculo,
arca, para que não morra (porque eu quando o pontífice entrar no santuá­
aparecerei na nuvem sôbre o orácu­ rio para orar por si e pela sua casa,
lo), 3se não fizer antes estas coisas: e por todo o ajuntamento de Israel,
oferecerá um novilho pelo pecado, e enquanto êle não tenha saído. 18E
um carneiro em holocausto. 4Reves- quando tiver saído para o altar, que
tir-se-á da túnica de linho, cobrirá está diante do Senhor, ore por si, e
a sua nudez com calções de linho; tomando do sangue do novilho e do
cingir-se-á com um cinto de linho; bode, derrame-o sôbre as pontas do
porá na cabeça uma tiara de linho, altar ao redor; 19e, fazendo com o
porque estas vestes são santas; êle dedo sete aspersões, purifique-o e
as vestirá todas depois de se ter lava­ santifique-o das impurezas dos filhos
do. 5E receberá de toda a multidão de Israel.
dos filhos de Israel dois bodes pelo
pecado, e um carneiro para holocaus- 20E, depois de ter purificado o san­
do. 6E, depois de ter oferecido o no­ tuário, e o tabernáculo, e o altar, en­
vilho, e de ter orado por si e pela tão ofereça o bode vivo; 21e, postas
sua casa, 7apresentará diante do Se­ ambas as mãos sôbre a sua cabeça,
nhor dois bodes à porta do taberná- confesse tôdas as iniqüidades dos f i­
culo do testemunho; 8e, deitando sor­ lhos de Israel, e todos os seus deli­
tes sôbre um e outro, uma pelo Se­ tos e pecados; e carregando-os com
nhor e outra pelo bode emissário, 9o- imprecações sôbre a cabeça do bode,
ferecerá pelo pecado aquêle que a sor­ enviá-lo-á para o deserto por um ho­
te destinar para o Senhor; 10e aquêle, mem destinado para isso. 22E, quan­
ao qual a sorte tiver destinado para do o bode tiver levado tôdas as ini­
bode emissário, apresentá-lo-á vivo qüidades dêles para uma terra soli­
diante do Senhor, para fazer sôbre êle tária, e fôr deixado no deserto, “ Arão
as preces, e enviá-lo para o deserto. voltará para o tabernáculo do teste­
munho e, depostos os vestidos de que
Ritos da expiação antes se revestira, entrando no san­
tuário, e deixando-os ali mesmo, “ la­
“ Celebradas estas coisas segundo o vará o seu corpo num lugar santo,
rito, oferecerá o novilho, e orando por e tomará de novo os seus vestidos.
si e pela sua casa, o imolará; 12e to­ E, depois que, tendo saído, tiver ofe­
mando o turíbulo, que terá enchido recido o seu holocausto e o do povo,
16 - 17 LEVÍTICO 141
orará tanto por si como pelo povo; denou, dizendo: 3Qualquer homem
“ e queimará sôbre o altar a gordu­ da casa de Israel que matar um
ra oferecida pelos pecados. 26Aquê- boi, ou uma ovelha, ou uma cabra nos
le, porém, que tiver levado o bode e- acampamentos ou fora dos acampa­
missário, lavará os seus vestidos e o mentos, 4e a não apresentar à por­
seu corpo em água, e depois voltará ta do tabernáculo, em oferta ao Se­
para os acampamentos. 27Mas o no­ nhor, será réu de sangue; e, como se
vilho e o bode, que foram imolados tivesse derramado sangue, perecerá
pelo pecado, e cujo sangue foi levado do nieio do seu povo. 5Por isso os
ao santuário para fazer a expiação, filhos de Israel devem apresentar ao
levá-los-ão fora do arraial, e queima­ sacerdote as suas vítimas, que ma­
rão no fogo tanto as suas peles, co­ tam no campo, para que sejam con­
mo as suas carnes, e os seus excre­ sagradas ao Senhor diante da por­
mentos. “ E todo aquêle que as quei­ ta do tabernáculo do testemunho,
mar, lavará os seus vestidos e o seu e êles as sacrifiquem ao Senhor co­
corpo em água, e depois voltará pa­ mo hóstias pacíficas. 6E o sacerdo­
ra os acampamentos. te derramará o seu sangue sôbre o
altar do Senhor à porta do taberná­
Celebração anual da festa da expiação culo do testemunho, e queimará a
29Isto será para vós uma lei per­ gordura em cheiro de suavidade ao
pétua. N o sétimo mês, no décimo Senhor; 7e nunca mais imolarão as
dia do mês, afligireis as vossas al­ suas hóstias aos demônios, aos quais
mas, e não fareis obra alguma, tan­ idolatraram. Esta será uma lei eter­
to o indígena como o estrangeiro que na para êles * para os seus descen­
vive peregrino entre vós. ^Neste dia dentes. 8E tu lhes dirás: O homem
se fará a vossa expiação e a purifi­ da casa de Israel e dos estrangeiros
cação de todos os vossos pecados; nê- que habitam entre vós, que oferecer
le sereis purificados diante do Senhor. um holocausto ou uma vítima, 9e não
31Porque é um sábado do descanso, e a levar à porta do tabernáculo do
afligireis as vossas almas, por lei per­ testemunho, para ser oferecida ao
pétua. 32Ora a expiação será feita Senhor, perecerá do meio do seu po­
pelo sacerdote que foi ungido, e cujas vo.
mãos foram sagradas para exercer as 10Qualquer homem da casa de Is­
funções do sacerdócio em vez de seu rael ou dos estrangeiros que pere­
pai; e será revestido da túnica de li­ grinam entre êles, se comer sangue,
nho e das vestes sagradas, 33e ex­ voltarei o meu rosto contra a sua al­
piará o santuário e o tabernáculo do ma, e exterminá-lo-ei do meio do
testemunho e o altar, e também os seu povo, "porque a vida da carne
sacerdotes e todo o povo. .. 34E será está no sangue; e eu dei-o a vós,
para vós lei perpétua, o fazer oração para que com êle façais expiações
uma vez por ano pelos filhos de Is­ sôbre o altar pelas vossas almas, e
rael e por todos os seus pecados. o sangue sirva para a expiação da
E íêz-se como o Senhor tinha orde­ alma. 12Por isso disse aos filhos de
nado a Moisés. Israel: Nenhum de vós comerá san­
Norm as relativas à morte dos animais gue, nem nenhum dos estrangeiros,
destinados ao sacrifício 1 que moram entre vós. 13Se algum
homem dos filhos de Israel ou dos
1 7 JE o Senhor falou a Moisés, di- estrangeiros que habitam entre vós
1 9 zendo: 2Fala a Arão e aos seus tomar à caça ou ao laço um animal
filhos, e a todos os filhos de Israel, ou ave, daquelas que é lícito co­
dizendo-lhes: Eis o que o Senhor or­ mer, derrame o seu sangue, e cubra-
Cap. X V I — 29. Afligireis as vossas almas. Expressão genérica, que aqui indica o
jejum, o único jejum imposto pela lei moisaica.
Cap. X V I I — 4. Será réu de sangue. E sta lei era tâo importante que aquêle que a
transgredisse se tornava tâo culpado como um homicida.
11. A vida da carne está no sangue, isto é, o sangue é o principio d a vida dos
anim ais no sentido de que sem êle nâo têm vida, e o animal, perdendo o sangue, perde
o movimento e a vida.
142 LEVÍTICO 17 - 18
0 com terra; 14porque a vida de to­ descobrirás a nudez da filha da mu­
da a carne está no sangue; por isso lher de teu pai, a qual ela deu à
disse aos filhos de Israel: Não co­ luz a teu pal, porque é tua irmã.
mereis o sangue de nenhum animal, 12Não descobrirás a nudez da irmã
porque a vida da carne está no san­ de teu pai, porque é carne de teu
gue; e todo o que comer dêle, pere­ pai. 13Não descobrirás a nudez da
cerá. irmã de tua mãe, porque é carne de
15A pessoa, tanto dos naturais co­ tua mãe. 14Não descobrirás a nudez
mo dos estrangeiros, que comer dum de teu tio paterno, nem te aproxima­
animal morto por si, ou dilacerado rás da sua mulher, a qual é tua pa­
por uma fera, lavará os seus vestidos rente por afinidade. “ Não descobri­
e o seu corpo em água, e será impura rás a nudez de tua nora, porque é
até à tarde; e dêste modo se purifi­ mulher de teu filho, nem descobri­
cará . 16Mas, se não lavar os seus rás a sua ignomínia. 10Não descobri­
vestidos e o seu corpo, levará a sua rás a nudez da mulher de teu irmão,
iniqüidade. porque é nudez de teu irmão. 17Não
descobrirás a nudez de tua mulher
Introdução às leis sôbre o matrimônio e da sua filha. Não tomarás a f i­
lha do seu filho, nem a filha de sua
1 O *E o Senhor falou a Moisés, di- filha, para descobrires a sua ignomí­
zendo: 2Fala aos filhos de Is­ nia; porque são carne dessa (m u ­
rael, e dize-lhes: Eu sou o Senhor lh er), e tal união é um incesto. 18Não
vosso Deus; 3vós não procedereis con­ tomarás por mulher secundária a ir­
form e os costumes do país do Egito, mã de tua mulher, nem descobrirás
em que habitastes; nem vos porta­ a sua nudez enquanto tua mulher
reis segundo o costume da ua*** ^e fôr viva.
Canaã, na qual eu vos hei de in­ Uniões ilícitas
troduzir, nem andareis segundo as
suas leis. “Praticareis os meus man­ 19Não te aproximarás da mulher que
damentos, e observareis os meus pre­ padece o seu mênstruo, nem desco­
ceitos, e andareis nêles. Eu sou o brirás a sua nudez. ^Não te unirás
Senhor vosso Deus. 5Guardai as mi­ com a mulher do teu próximo, nem
nhas leis e os meus mandamentos; o te mancharás com semelhante união.
homem que os observa viverá por ê- Sacrifício das crianças
les. Eu sou o Senhor. 21Não darás nenhum de teus filhos
Impedimentos provenientes do para ser consagrado ao ídolo de Mo-
parentesco loc, nem profanarás o nome do teu
Deus. Eu sou o Senhor.
6Nenhum homem se aproximará du­ Sodomia
ma mulher que lhe é próxima por
sangue, para descobrir a sua nudez. 22Não te aproximarás dum homem
Eu sou o Senhor. 7Não descobrirás como se fôsse mulher, porque é uma
a nudez de teu pai nem a nudez de abominação.
tua mãe; ela é tua mãe, não desco­ Bestialidade
brirás a sua nudez. 8Não descobri­ “ Não te juntarás com animal algum
rás a nudez da mulher de teu pai, nem te mancharás com êle. A mu­
porque é nudez de teu pai. 9Não lher não se prostituirá a nenhum a-
descobrirás a nudez de tua irmã, por nimal, nem se misturará com êle,
parte do pai, ou por parte da mãe, porque é um crime.
tenha ela nascido dentro ou fora de
casa. 10Não descobrirás a nudez da Conclusão
filha de teu filho, nem da filha de 24Não vos mancheis com nenhuma
tua filha, porque é tua nudez. 11Não dessas coisas, com que se têm conta-
Cap. X V I I I — 6. Próxim a por sangue. .. Proibição de matrimônio entre parentes em
geral (6-18).
17. D e tua mulher e de sua filha. Segundo o hebreu: Dum a mulher e de sua filha.
Segundo esta lei era proibido a um homem tom ar como espôsa a filha que sua mulher
teve num matrimônio precedente.
18 - 19 LEvITICO 14J

minado tôdas as gentes que eu ex­ que nasceu na) superfície da terra,
pulsarei da vossa vista, 25e com as nem apanharás as espigas deixadas.
quais está contaminada esta terra cu­ 10E na tua vinha não colherás o
jos crimes eu castigarei, a fim de rabisco nem os bagos que caem, mas
que ela vom ite os seus habitantes. deixarás que os apanhem os pobres
“ Guardai as minhas leis e os meus e forasteiros. Eu sou o Senhor vos­
mandamentos, e não cometais nenhu­ so Deus. nNão furtareis. N ão men­
ma destas abominações, tanto os na­ tireis, e ninguém enganará o seu pró­
turais como estrangeiros entre vós. ximo. 12Não jurarás falso em meu
27Porque tôdas estas execrações co­ nome, nem profanarás o nome do
meteram os que foram antes de vós teu Deus. Eu sou o Senhor. 13Não
habitantes desta terra, e a contami­ caluniarás o teu próximo, nem o o-
naram. “ Vêde, pois, não suceda que, primirás com violências. O salário
assim como ela vomitou a gente que do teu jornaleiro não ficará em teu
aqui estava antes de vós, vos vom i­ poder até ao dia seguinte. 14Não a-
te também a vós, se fizerdes outro maldiçoarás o surdo, nem porás tro-
tánto. “ Todo aquêle que cometer pêço diante do cego; mas temerás o
alguma destas abominaçoes, perecerá Senhor teu Deus, porque eu sou o
do meio do seu povo. “ Guardai os Senhor. 15Não farás o que é iníquo,
meus mandamentos. Não pratiqueis nem julgarás injustamente. Não a-
0 que praticaram os que estiveram tendas à pessoa do pobre, nem te­
antes de vós, e não vos mancheis nhas respeito à cara do poderoso.
com estas (infâm ias). Eu sou o Se­ Julga o teu próximo com justiça.
nhor vosso Deus. l6Não serás um acusador, nem um
maldizente entre o povo. Não cons­
Deveres de piedade p ara com os parentes pirarás contra o sangue do teu pró­
e p ara com Deus ximo (com falsos testemunhos). Eu
1 Q 70 Senhor falou a Moisés, dizen- sou o Senhor. 17N ão odiarás o teu
** do: 2Fala a todo o ajunta­ irmão no teu coração; mas repreen-
mento dos filhos de Israel, e lhes de-o püblicamente, para que não in­
dirás: Sêde santos, porque eu, o corras em pecados por sua causa.
Senhor vosso Deus, sou santo. 3Ca- 18Não procurarás a vingança, nem
da um respeite seu pai e sua m ãe. conservarás a lembrança da injúria
Guardai os meus sábados. Eu sou o dos teus concidadãos. Amarás o teu
Senhor vosso Deus. 4Não vos vol­ amigo como a ti mesmo. Eu sou o
teis para os ídolos, nem façais para Senhor.
vós deuses fundidos. Eu sou o Se-
Deveres de economia doméstica
nhor vosso Deus. 6Se imolardes ao
Senhor uma hóstia pacífica, para que 19
Observai as minhas leis. Não jun­
vos seja propício, °comê-la-eis no mes­ tarás o teu jumento
mo dia em que tiver sido imolada, e outra espécie. Não com animais de
no dia seguinte; mas tudo o que so­ campo com semente semearás o teu
brar para o terceiro dia, queimá-lo- versa. Não usarás dede vestido espécie di­
que
-eis no fogo. 7Se alguém comer de­ seja tecido de duas espécies de fios.
la passados dois dias, será profano 20Se um homem tiver relações carnais
e réu de impiedade; 8e levará a sua com uma mulher que seja escrava e
iniqüidade, porque profanou uma desposada (com outro hom em ), mas
coisa consagrada ao Senhor, e pere­ não resgatada, nem posta em liber­
cerá do meio do seu povo. dade, serão ambos açoitados, e não
Deveres de caridade e de justiça p ara morrerão, porque ela não era livre.
com o próximo 21E por êste seu delito o homem o-
ferecerá ao Senhor um carneiro à
9Quando segares as messes do teu porta do tabernáculo do testemu­
campo, não cortarás até ao chão (o nho; 22e o sacerdote orarâ por êle
Cap. X IX — 15. N ão atendas. .. N ã o julgues injustamente, quer deixando-te levar
por uma falsa compaixão pela miséria do pobre, quer deixando-te corromper pela riqueza
e pelos dons do rico.
144 LEVÍTICO 19 - 20
e pelo seu pecado diante do Senhor, sou o Senhor vosso Deus, que vos
e (o Senhor) se lhe tornará nova­ tirei da terra do Egito.
mente propício e será perdoado o
seu pecado. 23Quando entrardes na Conclusão
terra (que vos prom eti), e plantar­
des nela árvores frutíferas, circun- 37Guardai todos os meus preceitos e
cidá-las-eis; os (prim eiros) frutos que tôdas as minhas leis, e executai-as.
produzirem serão impuros para vós, Eu sou o Senhor.
e não comereis dêles. 24*N o quarto Penas contra os que sacrificam seus
ano, porém, todo o seu fruto será
filhos a Moloc
consagrado à glória do Senhor. “ E
no quinto ano comereis os frutos, 2Q 7E o Senhor falou a Moisés, di-
recolhendo tudo o que produzirem. zendo: 2Dirás isto aos filhos de
Eu sou o Senhor vosso Deus. Israel: Se algum homem dentre os fi­
lhos de Israel e dos estrangeiros, que
Outros preceitos morais habitam em Israel, der de seus filhos
26Não comereis nada com sangue. ao ídolo de Moloc, será punido de
Não usareis de agouros, nem obser­ morte; o povo da terra o apedrejará.
vareis os sonhos. 27Não cortarèis^ò 3E eu porei o meu rosto contra êle, e
cabelo em redondo, nem rapareis a o cortarei do meio do seu povo, por­
barba. 28Não fareis incisões na vos­ que deu de seus filhos a Moloc, e pro­
sa carne, por causa de algum m or­ fanou o meu santuário e manchou o
to, nem fareis figuras algumas ou meu santo nome. 4Porém, se o povo da
sinais sôbre o vosso oorpo. Eu sou terra, descuidando-se e, como que ten­
o Senhor. 29Não prostituas tua f i ­ do em pouco o meu mandato, deixar
lha, para que a terra não seja con­ ir o homem que deu de seus filhos a
taminada, e não se encha de impie­ Moloc, e não quiser matá-lo, 5porei o
dade. 30Guardai os meus sábados, e re­ meu rosto contra êsse homem e con­
verenciai o meu santuário. Eu sou o tra a sua família, e cortarei do meio
Senhor. 31Não vos dirijais aos ma­ do seu povo assim a êle, como a to­
gos, nem interrogueis os adivinhos, dos os que consentiram que êle se
para que vos não contamineis por prostituisse a Moloc.
meio dêles. Eu sou o Senhor vos­
so Deus. 32Levanta-te diante de u- Penas contra os que consultam os
ma cabeça encanecida, e honra a pes­ magos
soa dc velho; e teme ao Senhor teu °A pessoa que se dirigir a magos
Deus. Eu sou o Senhor. e adivinhos, e fornicar com êles, eu
Algun s preceitos sociais porei o meu rosto contra ela, e a ex­
terminarei do meio do seu povo,
33Se algum estrangeiro habitar na 7Santificai-vos e sêde santos, porque
vossa terra, e morar entre vós, não o eu sou o Senhor vosso Deus. g u a r ­
impropereis; “ mas esteja entre vós dai os meus preceitos e cumpri-os.
como um natural; e amai-o como a Eu sou o Senhor que vos santifico.
vós mesmos; porque também vós fôs-
tes estrangeiros na terra do Egito. Contra os que amaldiçoam os pais
Eu sou o Senhor vosso Deus. ^Não
façais coisa injusta no juízo, na va­ 0O que amaldiçoar seu pai ou sua
ra, no pêso, na medida. “ Sejam jus­ mãe, seja punido de morte; amaldi­
tas as balanças, e justos os pesos, çoou o pai e a mãe, o seu sangue caia
justo o efa, e juáto o sextário. Eu sobre êle.
23. Circuncidá-las-eis, segundo o hebreu: Lançareis fora os seus frutos corno incircun-
cisos, como impuros.
27-28. Nestes versículos sãc proibidos certos usos supersticiosos e idolátricos seguidos
pelos orientais.
35. Segundo o hebreu: Não cometereis injustiça, quer nos julgamentos, quer nas
medidas de comprimento, quer nos pesos, quer nas medidas de capacidade.
Cap. X X — 6. E fornicar com êles. A m agia, como a idolatria, é um a infidelidade de
Israel à aliança com Deus, e é representada como um adultério.
20 - 21 LEvITICO 145
Contra os impudicos Exortação à santidade

10Se algum (hom em ) se tornar réu “ Guardai as minhas leis e os meus


de fornicação com a mulher de ou­ mandamentos, e ponde-os em prá­
tro, e cometer adultério com a mu­ tica, a fim de que a terra em que
lher do seu próximo, sejam punidos estais para entrar e para habitar,
de morte, assim o adúltero como a não vos vomite também a vós. “ Não
adúltera. “ O que peca com sua ma­ caminheis segundo os costumes das
drasta, e descobre (assim) a nudez nações que eu estou para expulsar
de seu pai, sejam ambos punidos de da vossa vista; porque fizeram to­
morte; o seu sangue caia sôbre êles. das estas coisas, e eu as abominei.
24Mas eu vos digo: Possuí a sua ter­
12Se algum pecar com sua nora, ra, a qual eu vos darei em herança,
morram ambos, porque cometeram terra onde corre o leite e o mel.
um crime; o seu sangue caia sôbre Eu sou o Senhor vosso Deus, que
êles. 13Aquêle que pecar com um ho­ vos separei de todos os outros po­
mem, como se êle fôsse uma mulher, vos. “ Separai, pois, também os a-
ambos cometeram uma coisa execran- nimais puros dos impuros; e as aves
da, sejam punidos de morte; o seu puras das impuras; não mancheis as
sangue caia sôbre êles. 14Aquêle que vossas almas com os animais, e com
toma por mulheres a filha e a mãe, as aves, e com tudo o que se mo­
cometeu um crime; será queimado ve sôbre a terra, e que eu vos de­
vivo com elas, e não será tolerada clarei ser impuro. “ Sereis para
entre vós tão grande iniqüidade. mim santos, porque eu o Senhor
15Aquêle que peca com um animal sou santo, e vos separei de todos os
grande ou pequeno, seja punido de outros povos, para serdes meus.
morte; matai também o animal. 16A
mulher que pecar com qualquer a- M agia
nimal, será morta juntamente com 270 homem ou mulher em que hou­
êle; o seu sangue caia sôbre êles. 170 ver espírito pitônico ou de adivinho,
que tomar a sua irmã, filha de seu sejam punidos de morte. Apedrejá-
pai e filha de sua mãe, e vir a sua -los-ão; o seu sangue caia sôbre êles.
nudez, e ela vir a nudez do irmão,
fizeram uma coisa execranda, serão Leis relativas à santidade dos sacerdotes
mortos na presença do seu povo, por
terem descoberto um ao outro a sua 2 1 ^ is s e também o Senhor a Moi-
nudez, e levarão a sua iniqüidade. “ 1 sés: Fala aos sacerdotes, fi­
lsO que se juntar com uma mulher, lhos de Arão, e dize-lhes: Não se
no tempo do seu mênstruo, e desco­ contamine o sacerdote na morte dos
brir a sua nudez, e ela se deixar ver seus concidadãos, 2exceto na dos seus
neste estado, serão exterminados do consangüíneos e parentes próximos,
meio do seu povo. 19Não descobrirás isto é, na do pai, mãe, filho e fi­
a nudez de tua tia materna ou pa­ lha, e também na do irmão, 3e da
terna; o que fizer isto, descobriu a irmã virgem, que não se casou. 4Nem
ignomínia de sua própria carne; am­ mesmo se contaminará na morte do
bos levarão a sua iniqüidade. “ O príncipe do seu povo. 5Não rapa­
que pecar com a mulher de seu tio rão a cabeça nem a barba, nem fa ­
paterno ou materno, e descobrir a rão incisões nas suas carnes. °Se-
ignomínia da sua parentela, ambos rão santos para o seu Deus, e não
levarão o seu pecado; morram sem Profanarão o seu nome; porquanto
filhos. 210 que tomar a mulher de seu oferecem o holocausto do Senhor e
irmão, faz uma coisa ilícita, e desco­ os pães do seu Deus, e por isso se­
briu a nudez de seu irmão; não terão rão santos. 7Não tomarão por mu­
filhos. lher uma desonrada ou uma vil pros-
20. M orram sem filhos, isto é, os filhos que nascerem serão considerados ilegítimos, não
podendo suceder ao pai na herança.
Cap. X X I — 1. Não se contamine na morte. o sacerdote não deve contrair um a im -
pureza legal, tocando o cadáver dum Israelita.
146 L E vÍT IC o 21 - 22

tituta, nem a que foi repudiada por o meu santuário. Eu sou o Senhor
seu marido, porque estão consagra­ que os santifico. “ Moisés, pois, disse
dos ao seu Deus, 8e oferecem os pães a Arão, e a seus filhos, e a todo o
da proposição. Sejam, pois, santos Israel, tôdas as coisas que lhe foram
porque também eu, o Senhor, que os mandadas.
santifico, sou santo. °Se a filha de
um sacerdote fôr apanhada em es­ Pessoas que podem comer as carnes
tupro, e desonrar o nome de seu consagradas
pai, será queimada no fogo.
0 9 ’ Falou também o Senhor a Moi-
Sumo pontífice sés, dizendo: 2Dize a Arão e
10O pontífice, isto é, o sumo sacer­ a seus filhos que se abstenham das
dote entre seus irmãos, sôbre cuja coisas cjue (m e fora m ) consagradas
cabeça foi derramado o óleo da un- pelos filhos de Israel, e não profa­
ção, e cujas mãos foram consagra­ nem o nome das coisas santificadas
das para o sacerdócio, e que foi re­ em minha honra, que êles me ofere­
vestido das santas vestes, não desco­ cem. Eu sou o Senhor. 3Dize-lhes,
brirá a sua cabeça, não rasgara os a êles e a seus descendentes: Todo
seus vestidos, “ nem entrará absoluta- o homem da vossa estirpe que, ten­
mente onde esteja um morto; tam­ do qualquer impureza, se aproximar
bém não se contaminará na morte das coisas que os filhos de Israel
de seu pai ou de sua mãe. “ Não consagraram e ofereceram ao Senhor,
sairá dos lugares santos, para não perecerá diante do Senhor. Eu sou
manchar o santuário do Senhor, por­ o Senhor. 4Um homem da estirpe de
que o óleo da sagrada unção do seu Arão, gue fôr leproso ou doente de
Deus está sôbre êle. Eu sou o Se- gonorreia, não comerá das coisas que
nhor. “ Tomará por mulher uma me foram santificadas, até que este­
virgem ; “ não tomará uma viúva, ja são. O que tocar um homem im­
nem uma repudiada, nem uma de­ puro, e o que tiver um derramamen­
sonrada, nem uma meretriz, mas u- to sensível, 5e o çpie tocar um réptil e
ma donzela do seu povo. “ Não mis­ qualquer coisa impura cujo contato
ture o sangue da sua linhagem com O é impuro, °será impuro até à tar­
vulgo do seu povo; porque eu sou o de, e não comerá daquelas coisas
Senhor que o santifico. que foram santificadas; mas, depois
que tiver lavado o seu corpo em á-
Defeitos que excluem do sacerdócio gua, 7e se tiver posto o sol, então, es­
tando puro, comerá das coisas santi­
16E o Senhor falou a Moisés, di­ ficadas, porque são seu alimento.
zendo: 17Dize a Arão: O homem de 8Não comerão dum animal morto por
qualquer das famílias da tua linha­ si, ou dilacerado por outro, nem se
gem, que tiver deformidade (corpo- mancharão com estas viandas. Eu
ra l), não oferecerá pães ao seu Deus, sou o Senhor. °Observem os meus
“ nem se aproximará do seu minis­ mandamentos para que não caiam em
tério; se fôr cego, se coxo, se tiver pecado, e não morram no santuário,
nariz pequeno, ou grande, ou torci­ depois de o terem profanado. Eu
do, 19se tiver um pé quebrado ou s o u o Senhor que os santifico.
mão, “ se fôr corcunda, se remeloso, 10Nenhum estrangeiro comerá das
se tiver belide na vista, se sarna per- coisas santificadas; o que habita em
tinaz, se tiver herpes pelo corpo, ou casa do sacerdote, e o jornaleiro não
uma hérnia. “ Todo o homem da comerão delas. “ Mas o escravo,
estirpe do sacerdote Arão, que ti­ comprado por um sacerdote, e o que
ver qualquer deformidade (corpo­ tiver nascido em sua casa, êstes co­
ra l), não se aproximará a oferecer merão delas. 12Se a filha do sacer­
hóstias ao Senhor, nem pães ao seu dote casar com algum homem do
Deus; “ comerá todavia dos pães que povo, não comerá das coisas santifi­
se oferecem no santuário, “ contanto, cadas nem das primícias. 13Mas se,
porém, que não entre do véu para ficando viúva, ou sendo repudiada, e
dentro, nem chegue ao altar, porque sem ter filhos, voltar para a casa de
tem defeito, e não deve contaminar seu pai, comerá do que seu pai co­
22 - 23 LEVITICO 147
me, como costumava fazer sendo don­ Outras normas relativas aos
zela. Nenhum estrangeiro tem fa ­ sacrifícios
culdade de comer delas. 140 que por “ E o Senhor falou a Moisés, dizen­
ignorância comer das coisas santifi­ do:. 2 1*47*0 boi, a ovelha ou a cabra,
cadas, juntará uma quinta parte ao quando nascerem, estarão sete dias
que comeu, e dará tudo ao sacerdo­ mamando debaixo da mãe; ao oitavo
te para o santuário. 15Não profana­ dia, e daí por diante, poderão ser o-
rão as coisas santificadas pelos filhos ferecidos ao Senhor. “ Ou seja boi,
de Israel, que êstes oferecem ao Se­ ou seja ovelha, não serão imoladas
nhor, 16para que não sofram a pe­ no mesmo dia com as suas crias.
na do seu delito, tendo comido das 29Se imolardes uma hóstia em ação
coisas santificadas. Eu sou o Se­ de graças ao Senhor, para que vos
nhor que os santifico. seja propício, 30*comê-la-eis no mes­
Anim ais destinados ao holocausto mo dia, e não ficará coisa alguma
para a manhã do dia seguinte. Eu
17E o Senhor falou a Moisés, di­ sou o Senhor.
zendo: 18Fala a Arão e a seus filhos
e a todos os filhos de Israel, e lhes Conclusão
dirás: O homem da casa de Israel,
ou dos estrangeiros que habitam en­ 31Guardai os meus mandamentos, e
tre vós, que fizer a sua oblação, ou ponde-os em prática. Eu sou o Se­
para cumprimento de votos, ou para nhor. 32Não profaneis o meu santo
oferta espontânea, qualquer vítima nome, para que eu seja santificado
que êle oferecer em holocausto ao Se- no meio dos filhos de Israel. Eu
nhor, 19para que seja oferecida por sou o Senhor que vos santifico 83e
vós, será um macho sem defeito, vos tirei da terra do Egito, para ser
dentre os bois, ou ovelhas, ou cabras. o vosso Deus. Eu sou o Senhor.
^Se tiver qualquer defeito, não o ofe­
recereis, nem será aceito. Sábado
Animais destinados aos sacrifícios OO 2E o Senhor falou a Moisés, di-
pacíficos zendo: 2Fála aos filhos de Is­
rael, e dize-lhes: Estas são as fes­
210 homem que oferecer ao Senhor tas do Senhor, que vós chamareis
uma vítima dos sacrifícios pacíficos, Santas. 3Trabalhareis seis dias; e o
ou para cumprimento de votos, ou pa­ sétimo dia, porque é o descanso do
ra oferta espontânea, seja de bois, se­ sábado, chamar-se-á santo; não fa­
ja de ovelhas, oferecerá um animal reis nêle trabalho algum. Ê o sába­
sem defeito, para que seja agradá­ do do Senhor em todas as vossas
vel; não haverá nêle nenhum defeito. moradas.
22Se fôr cego, se tiver qualquer mem­ 4Estas são, pois, as festas santas
bro quebrado, qualquer cicatriz, ou do Senhor, que deveis celebrar nos
pústula, ou sarna, ou herpes, não o seus tempos.
oferecereis ao Senhor, nem o quei­
mareis sôbre o altar do Senhor. ^Po- Festa da Páscoa
derás oferecer como oferta voluntá­
ria um boi ou uma ovelha com uma 5N o primeiro mês, no dia catorze
orelha e a cauda cortada, mas com do mês, sôbre a tarde, é a páscoa do
êles não se pode cumprir um voto. Senhor; 6e no dia quinze do mesmo
24Não oferecereis ao Senhor animal mês é a solenidade dos ázimos do
algum que tenha os testículos ou tri­ Senhor. Durante sete dias comereis
lhados, ou esmagados, ou cortados, ázimos. tO primeiro dia será para
ou arrancados; e de nenhum modo vós soleníssimo e santo; não fareis nê­
façais isto na vossa terra. “ Não o- le obra alguma servil, 8mas oferece­
ferecereis ao vosso Deus pães (rece­ reis um sacrifício pelo fogo ao Se­
bidos) da mão dum estrangeiro, nem nhor durante sete dias; o sétimo dia
qualquer outra coisa que êle queira será, porém, mais solene e mais san­
dar; porque todos êstes dons são cor­ to; e não fareis nêle obra alguma
ruptos e impuros; não os aceitareis. servil. °E o Senhor falou a Moisés, di­
148 LE vÍT IC o 23
zendo: 10Fala aos filhos de Israel, e ra dos vossos campos, não a cortareis
lhes dirás: Quando tiverdes entrado até à terra nem enfeixareis as espi­
na terra que eu vos hei de dar, e f i­ gas que ficarem; mas deixá-las-eis
zerdes a ceifa das searas, levareis ao para os pobres e para os forasteiros.
sacerdote molhos de espigas, como Eu sou o Senhor v o s s o Deus,
primícias da vossa colheita; ue êle, ao
outro dia depois do sábado, elevará Festa das trombetas
um molho diante do Senhor, para que 23E o Senhor falou a Moisés, di­
lhe seja aceito em vosso favor, e o zendo: 24Dize aos filhos de Israel: O
santificará. 12E no mesmo dia em que sétimo mês, o primeiro dia do mês
o molho fôr consagrado, imolar-se-á será para vós um sábado e uma re­
um cordeiro de um ano, sem defeito, cordação (que vós celebrareis) ao
em holocausto ao Senhor. 13E com som das trombetas, e será chamado
êle se oferecerão as libações, duas dí­ santo. 25Não fareis nêle trabalho al­
zimas de flor de farinha borrifada gum servil, e oferecereis um holo­
com azeite, para ser queimada ao Se­ causto ao Senhor.
nhor em cheiro suavíssimo; e para
libações de vinho, a quarta parte de Festa da expiação
um hin. 14Não comereis da vossa sea­
ra nem pão, nem grão torrado, nem 26E o Senhor falou a Moisés, di­
papas, até ao dia em que oferecerdes zendo: “ Aos dez dêste sétimo mês
dela ao vosso Deus. Esta é uma lei será o dia soleníssimo das expiaçoes,
perpétua em vossas gerações, e em e chamar-se-á santo; e nêle afligireis
tôdas as vossas habitações. as vossas almas, e oferecereis um ho­
locausto ao Senhor. “ Não fareis o-
Pentecostes bra servil alguma em todo êste dia;
porque é um dia de propiciação, pa­
15Vós, pois, desde o dia depois do ra que o Senhor vosso Deus vos seja
sábado, no qual oferecestes o molho propício. 29Tôda a alma que se não
das primícias, contareis sete semanas afligir neste dia, perecera do meio
completas, 10até ao dia depois daque­ dos seus povos; *°e o que fizer qual-
la em que se completa a sétima se­ uer trabalho, eu o exterminarei
mana, isto é, (contareis) cinqüenta entre o seu povo. “ Não fareis, pois,
dias; e assim oferecereis um novo sa­ nêle obra alguma; esta será uma lei
crifício ao Senhor 17em todas as vos­ perpétua em tôdas as vossas gera­
sas habitações, dois pães das primí­ ções e habitações. 32É o sábado do
cias (feitos) de duas dízimas de flor repouso; afligireis as vossas almas
de farinha fermentada, os quais coze­ no dia nove do mês; celebrareis os
reis para primícias do Senhor. 18E v o s s o s sábados de uma tarde até à
oferecereis com êstes pães sete cordei­ outra.
ros de um ano sem defeito, e um no­ Festa dos tabernáculos
vilho da manada, e dois carneiros, e
serão oferecidos em holocausto com ME o Senhor falou a Moisés, di­
as suas libações, em cheiro suavíssi­ zendo: “ Dize aos filhos de Israel:
mo ao Senhor. 19Oferecereis, além Desde o dia quinze dêste sétimo mês,
disso, um bode pelo pecado, e dois serão as festas dos tabernáculos du­
cordeiros de um ano por hóstias de rante sete dias em honra do Senhor.
sacrifícios pacíficos. 20E, quando o 350 primeiro dia será chamado sole­
sacerdote os tiver elevado diante do níssimo e santíssimo; não fareis nêle
Senhor juntamente com os pães das trabalho algum servil. “ E durante
primícias, ficarão para seu uso. 21E sete dias oferecereis holocaustos ao
chamareis êste dia soleníssimo e san­ Senhor; o dia oitavo será também so­
tíssimo; não fareis nêle obra servil leníssimo e santíssimo, e oferecereis
alguma. Esta será uma lei perpétua um holocausto ao Senhor, porque é
em tôdas as vossas habitações e gera­ dia de ajuntamento e de assembléia;
ções. “ Quando, pois, ceifardes a sea­ não fareis nêle obra alguma servil.
Cap. X X I I I — 24. será para vós um sábado, isto é, um a solenidade em que é orde­
nada a abstenção das obras servis.
23 - 24 LEvITICO 149
Conclusão os porá sôbre a mesa puríssima dian­
37Estas são as festas do Senhor, que te do Senhor, seis de uma parte, e
chamareis soleníssimas e santíssimas, seis da outra; 7e porás sôbre êies in­
censo lucidíssimo, para que o pão
e nelas oferecereis ao Senhor obla- seja monumento de oferta feita ao
ções, holocaustos e libações, confor­ Senhor. 8Cada sábado se mudarão
me o rito de cada dia, ^independen- êstes pães diante do Senhor, depois
temente dos sábados do Senhor e de terem sido recebidos dos filhos de
das vossas ofertas, e do que oferecer­ Israel por uma aliança perpétua; °e
des por voto, ou voluntàriamente pertencerão a Arão e a seus filhos,
derdes ao Senhor. para os comerem no lugar santo; por­
Adições relativas à festa dos taber- que são coisa santíssima dos sacri­
náculos fícios do Senhor por um direito per­
pétuo .
39Desde o dia quinze, pois, do sé­
timo mês, quando tiverdes colhido to­ Castigo do blasíemador, e lei de Talião
dos os frutos da vossa terra, celebra­
reis as festas do Senhor durante se­ 10Ora eis que o filho de uma mu­
te dias; o primeiro dia e o oitavo lher israelita, que ela tivera de um
será o sábado, isto é, o descanso. ^E Egípcio que vivia entre os filhos de
no primeiro dia tomareis dos fru­ Israel, saiu fora e contendeu nos a-
tos da árvore mais formosa, e fo ­ campamentos com um Israelita. nE,
lhas de palmeira, e ramos de árvore tendo blasfemado e amaldiçoado o no­
frondosa, e salgueiros da torrente, e me do Senhor, foi levado a Moisés
alegrar-vos-eis diante do Senhor vosso (sua mãe chamava-se Salumit, filha
Deus. 41E celebrareis todos os anos de Dabri, da tribo de Dan), 12e puse-
durante sete dias esta solenidade. ram-no em prisão, até saberem o que
Esta será uma lei perpétua em vos­ o Senhor ordenaria. 130 qual falou
sas gerações. Celebrá-la-eis no séti­ a Moisés, “ dizendo: T ira o blasfemo
mo mês, 42e habitareis à sombra dos para fora do arraial, e todos os que
ramos durante sete dias; todo o ho­ o ouviram, ponham as suas mãos
mem da geração de Israel habitará sôbre a cabeça dêle, e todo o povo o
em tendas, 43para que os vossos des­ apedreje. 15E dirás aos filhos de Is­
cendentes saibam que eu fiz habitar rael: O homem que amaldiçoar o
em tendas os filhos de Israel, de­ seu Deus, levará o seu pecado; 16e o
pois de os ter tirado da terra do que blasfemar o nome do Senhor, se­
Egito. Eu sou o Senhor vosso Deus. ja punido de morte; todo o povo o
apedrejará, quer seja cidadão, quer
44Moisés, pois, falou aos filhos de Is­
rael sôbre as festas do Senhor. seja forasteiro. O que blasfemar o
nome do Senhor, seja punido de mor­
O azeite das lâmpadas te. 170 que ferir ou matar um ho­
■OJ, aE o Senhor falou a Moisés, di- mem, seja punido de morte. lsO que
zendo: 2Ordena aos filhos de ferir um animal, restituirá outro em
Israel q le te tragam azeite de oli­ seu lugar, isto é, animal por animal.
veira puríssimo e claro, para manter 10O que ferir qualquer dos seus com­
continuamente acesas as lâmpadas, patriotas, assim como fêz, assim se
3fora do véu do testemunho no ta- lhe fará a êle; 20quebradura por que-
bernáculo da aliança. E Arão as po­ bradura, ôlho por ôlho, dente por
rá diante do Senhor desde a tarde dente; qual fôr o mal que tiver fe i­
até pela manhã, com culto e rito per­ to, tal será o gue há de sofrer. 210
pétuo nas vossas gerações. “Serão que matar um jumento, restituirá ou­
sempre colocadas diante do Senhor, tro. O que matar um homem, será
sôbre o candeeiro muito limpo. punido (de m orte). 22Seja entre vós
igual a justiça, quer delinqüisse o
Os pães da proposição forasteiro, quer o indígena; porque
eu sou o Senhor vosso Deus. 23E
5Tomarás também flor de farinha, Moisés falou aos filhos de Israel; e
e cozerás dela doze pães, cada um dos tiraram o que tinha blasfemado pa­
quais terá duas dízimas (do e fi), °e ra fora dos acampamentos, e apedre­
150 LEVÍTICO 24 - 25
jaram-no. E os filhos de Israel f i­ anos restarem depois do jubileu, tan­
zeram como o Senhor tinha ordenado to crescerá também o preço; e quan­
a Moisés. to menos tempo contares, tanto bai­
Ano sabático xará o preço da compra; porque êle
2Ç 2E o Senhor falou a Moisés no te venderá o tempo em que podes
colher os frutos. 17N ão agraveis os
monte Sinai, dizendo: 2Fala (que são) da vossa mesma tribo, mas
aos filhos de Israel, e dize-lhes: cada um tema o seu Deus, porque
Quando tiverdes entrado na terra eu sou o Senhor, vosso Deus. “ Exe­
que eu vos darei, observai o sábado cutai os meus preceitos e guardai
em honra do Senhor. 3Durante seis as minhas ordens, e cumpri-as, para
anos semearás o teu campo, e duran­ que possais habitar na terra sem mê-
te seis anos podarás a tua vinha, e do algum, 19e para que a terra vos
recolherás os seus frutos. 40 sétimo produza os seus frutos, de que co­
ano, porém, será o sábado da terra mais até à saciedade, sem temer a
e do descanso do Senhor; não semea­ violência de alguém. ^E se disser­
rás o campo, nem podarás a vinha. des: Que comeremos nós no sétimo
5Não segarás o que a terra por si ano, se não semearmos, nem reco­
mesma produzir; e não colherás as lhermos os nossos frutos? 21Eu vos
uvas das tuas primícias como vindi- darei a minha bênção no ano sexto,
ma; porque é ano do descanso da ter­ e a terra produzirá frutos para três
ra; 6mas servir-vos-ão de alimento a anos; 22e semeareis no ano oitavo, e
ti e ao teu servo, à tua serva e ao comereis os frutos velhos até ao ano
teu jornaleiro, e ao estrangeiro que nono; até que nasçam os novos, co­
vivem contigo; 7tudo o que nascer mereis os velhos.
servirá de alimento aos teus animais
e gados. “ A terra também não se venderá
para sempre, porque é minha, e vós
Ano jubilar, repouso da terra sois estrangeiros e meus colonos.
8Contarás também sete semanas de 24Portanto todos os campos que pos­
anos, isto é, sete vêzes sete, que fa ­ suirdes serão vendidos com a condi­
zem ao todo quarenta e nove anos; ção de se rem irem . “ Se o teu irmão
9e, no sétimo mês, no dia décimo empobrecido vender a sua pequena
do mês, no tempo da expiação, to­ propriedade, e o parente mais pró­
carás a trombeta por tôda a vossa ximo quiser, pode rem ir o que o ou­
terra. 10E santificarás o ano güin- tro vendeu. “ Se, porém, não tem
quagésimo; e anunciarás, a remissão parente próximo, mas pode encon­
a todos os habitantes da tua terra; trar o preço para fazer o resgate,
porque é jubileu. Voltará o homem 27avaliar-se-ão os frutos desde o tem­
à sua possessão, e cada um tornará po em que fêz a venda, e dará ao
para a sua primeira família; “ por­ comprador o resto; e dêste modo re­
que é o jubileu e o ano qüinqua- cobrará a sua propriedade. “ Se não
gésimo. Não semeareis nem sega­ achar meio para dar o preço, ficará
reis o que nascer por si mesmo no o comprador com o que comprou até
campo, nem colhereis as primícias ao ano do jubileu; porque neste ano
da vindima, 12por causa da santifi­ tudo o que se tiver vendido, volta­
cação do jubileu, mas comereis o rá ao seu primeiro dono e antigo
que se vos puser diante. possuidor. 20O que vender uma ca­
sa situada dentro dos muros da ci­
Privilégios do ano jubilar sobre a dade, terá faculdade de a rem ir den­
propriedade tro de um ano.
13N o ano do jubileu voltarão to­ 30Se a não remir, e se tiver passado
dos à posse dos seus bens. 14Quan- o curso dum ano, possuí-la-á para
do venderes qualquer coisa ao teu sempre o comprador e seus descen­
concidadão, ou lha comprares, não dentes, e não poderá remir-se nem
agraves o teu irmão, mas compra ainda no jubileu.
segundo o número dos anos do ju­ 31Mas, se a casa fôr numa herdade
bileu, 15e êle ta venderá segundo que não tem muros, será vendida co­
a conta das messes. 16Quanto mais mo se vendem os campos; se não fo i
25 - 26 LEVITICO 151
remida antes, voltará no jubileu pa­ mão pobre se vender a êle ou a al­
ra o seu dono. 32As casas dos levi- gum da sua família, “ depois da ven­
tas, que estão nas cidades, podem da pode ser resgatado. Qualquer de
sempre ser remidas. 83Se não.forem seus irmãos que quiser, o resgatará,
remidas, voltarão para seus donos 49e o tio, e o primo, e o consangüí-
no jubileu, porque as casas das ci­ neo, ou afim . E, se êle o puder
dades dos levitas são a sua possessão fazer por si mesmo, resgatar-se-á,
entre os filhos de Israel. 34Não se “ sendo contados somente os anos
vendam, porém, os seus arrabaldes, desde o tempo da sua venda até ao
porque são sua perpétua possessão. ano do jubileu; e sendo contada a
quantia, por que foi vendido, se­
Privilégio do ano ju bilar sôbre a gundo o número dos anos e segundo
condição civil das pessoas se paga ao jornaleiro. 51Se forem
35Se teu irmão se tornou pobre e ainda muitos os anos que restam até
doente das mãos, e tu o recolheres ao jubileu, o preço (do resgate) será
como estrangeiro e peregrino, e viver em proporção dêstes (anos). 52Se
contigo, 36não recebas usuras dêle, (fa lta rem ) poucos, fará com o com­
nem mais do que lhe deste; teme o prador a conta segundo o número
teu Deus, para que teu irmão possa dos anos, e pagar-lhe-á em propor­
viver contigo. '"Não lhe darás o teu ção dos anos que faltam, 58levando
dinheiro com usura, e dos grãos não em conta o salário do tempo que
exigirás dêle mais do que lhe deres. serviu; {o comprador) não o tra­
“ Eu sou o Senhor vosso Deus, que tará com aspereza à tua vista. “ Se
vos tirei da terra do Egito, para vos êle não puder ser resgatado por ne­
dar a terra de Canaã, e ser vosso nhum dêstes modos, sairá com seus
Deus. filhos no ano do jubileu. “ Porque
39Se, obrigado pela pobreza, o teu os filhos de Israel são meus setvos,
irmão se vender a ti, não o oprimi­ que eu tirei da terra do Egito.
rás com a servidão de escravo, 40mas Bênçãos prometidas aos que
(e m tua casa) será como um jorna- observarem a lei
leiro e um colono; trabalhará em
tua casa até o ano do jubileu, 41e de­ OíJ *Eu sou o Senhor vosso Deus;
pois sairá com seus filhos, e voltará não fareis ídolos para vós,
para a sua família e para a heran­ nem imagens de escultura, nem le­
ça de seus pais. 42Porque êles são vantareis colunas, nem na vossa ter­
meus servos, e eu tirei-os da terra ra poreis alguma pedra insigne pa­
do Egito; não sejam vendidos na con­ ra a adorardes. Porque eu sou o
dição dos escravos. ^Não o aflijas Senhor vosso Deus. 2Guardai os
com o teu poder, mas teme o teu meus sábados, e tremei diante do
Deus. 44Os escravos e escravas que meu santuário. Eu sou o Senhor.
tiverdes, sejam das nações que vos 3Se andardes conforme os meus
cercam. 45E dos estrangeiros que v i­ preceitos, se guardardes os meus man­
vem entre vós ou que dêstes nasce­ damentos, e os praticardes, eu vos da­
ram na vossa terra, a êstes tereis por rei as chuvas nos seus tempos, 4e a
escravos; “ e por direito de herança terra dará o seu produto, e as árvo­
os deixareis aos vossos filhos, e os res se carregarão de frutos. 5A de­
possuireis para sempre; mas quanto bulha do trigo prolongar-se-á até à
aos vossos irmãos, os filhos de Israel, vindima, e a vindima juntar-se-á à
não os oprimais com o vosso poder. sementeira; e comereis o vosso pão
47Se um adventício ou um estrangei­ à saciedade, e habitareis na vossa ter­
ro enriquecer entre vós, e um teu ir­ ra sem temor. 6Eu darei paz dentro
Cap X X V — 35. Doente das mãos, de modo que não possa mais trabalhar.
42. N ã o sejam ven d id os... O primeiro dono não podia vendê-los a um outro, como
ae pode fazer com mercadorias.
45. E dos estrangeiros... Segundo o hebreu: Podereis também comprar (escravos)
entre os filhos dos estrangeiros que vivem entre vós, e entre suas famílias.
Cap. X X V I — 1. N e m levantarás colunas. .. A s colunas serviam muitas vêzes para o
culto dos falsos deuses. Constituíam um perigo para os Hebreus, sendo por isso proibidas.
152 LEVITICO 26
dos vossos limites; dormireis, e não a terra como bronze. “ O vosso tra-
haverá quem vos aterre. Afastarei balho será baldado, a terra não da-
de vós os animais nocivos; e a espa- rá os seus produtos, nem as árvo-
da não passará pelos vossos confins, res darão frutos. “ Se andardes ao
7Perseguireis os vossos inimigos, e êles contrário de mim, e não quiserdes
cairão diante de vós. 8Cinco dos vos- ouvir-me, acrescentarei o sétuplo às
sos perseguirão um cento dos estra- vossas pragas, por causa dos vossos
nhos, e cem dos vossos perseguirão pecados; 22e mandarei contra vós as
dez mil dêles; os vossos inimigos cai- feras do campo, que vos devorem a
rãò ao fio da espada diante de vós. vós e aos vossos gados e que redu-
9Olharei para vós, e vos farei cres- zam tudo a um pequeno número, e
cer; multiplicar-vos-ei, e ratificarei os vossos caminhos fiquem desertos
a minha alianpa convosco. 10Comereis 23Se nem ainda assim quiserdes cor-
produtos velhíssimos e, sobrevindo os rigir-vos, mas andardes ao contrário
novos, lançareis fora os velhos. UPo- (je mim, 24também eu procederei con-
rei o meu tabernáculo _no meio de tra vós, e vos ferirei sete vêzes mais,
vos, e a rninha alma não vos rejel- por causa dos vossos pecados, ^e fa-
tará. Andarei entre vós, e serei o rej cair sôbre vós a espada vingado-
vosso Deus, e vos sereis o meu povo. ra da minha aliança. E, se vos re-
13Eu sou o Senhor vosso^ Deus, que f ugiardes nas cidades, lançarei a pes-
vos tirei da terra dos Egípcios, para te no meio de vós, e sereis entregues
que não fôsseis seus escravos, e que nas mãos dos inimigos, 26depois que
quebrei as cadeias dos vossos pesco- eu tiver quebrado o bastão do vosso
ços, para andardes direitos. pão, de forma que dez mulheres co-
. . _ _, zam os pães num só forno, e os dis-
Am eaças aos transgressores da lei tribuam por pêso; e vós, comendo-o,
14Se, porém, não me ouvirdes e não n^ ° fiqueis satisfeitos,
observardes todos os meus manda- 27Se ainda depois disto me não ou-
mentos, 15se desprezardes as minhas virdes, mas procederdes contra mim,
leis, e não fizerdes caso das mi- ta m b é m eu procederei contra vós
nhas ordenações, de sorte que não com furor inimigo, e vos castigarei
façais o que por mim vos foi prescri- com sete pragas, por causa dos vos-
to, e torneis vão o meu pacto, iaeu sos pecados, “ até ao ponto de comer-
vos tratarei desta maneira: Visitar- des a carne de vossos filhos e de vos-
-vos-ei prontamente com a indigência sas filhas. “ Destruirei os vossos al-
e com um ardor que vos seque os vos- tos, e quebrarei as vossas estátuas,
sos olhos, e consuma as vossas almas. Vós caireis entre as ruínas dos vossos
Baldadamente semeareis a vossa se- ídolos, e a minha alma vos abomi-
mente, a qual será destruída pelos nará, 81de tal sorte que reduzirei à so-
vossos inimigos. 17Porei a minha face lidão as vossas cidades, e tornarei de-
contra vós, e caireis diante dos vossos sertos os vossos santuários, e não a-
inimigos, e sereis sujeitos aos que vos ceitarei mais o cheiro suavíssimo. “ E
aborrecem; fugireis sem que mn- desolarei a vossa terra, e os vossos i-
guém vos persiga. 18Se nem ainda nimigos pasmarão sôbre ela, quando
assim me obedecerdes, acrescentarei a habitarem. “ A vós, porém, espa-
o sétuplo ao vosso castigo, por causa lhar-vos-ei entre as nações, e desem-
dos vossos pecados, 19e quebrarei a bainharei a espada atrás de vós, e
soberba da vossa dureza, e farei que será deserta a vossa terra, e destruí-
o céu lá em cima seja como ferro, e das as vossas cidades. 84Então agra-
26. O bastão do vosso pão, isto 6, o p&o que ê o bast&o ou o sustentáculo da vossa
vida (E z ., IV , 16). — E m um só forno. Enquanto que ordinariamente um forno cozia
sòmente o pão dum a fam ília, na ocasião de castigo um forno chegará, p ara dez fam ílias,
a mãe distribuirá os páes aos filhos e aos servos por pêso, e não à sua vontade.
31. N ã o aceitarei mais o cheiro suavíssimo dos vossos perfumes, que me tornava
agradáveis os vossos sacrifícios e aplacava a minha ira.
33. Desembainharei a espada atrás de vós, isto é, impedirei que volteis p ara a terra
donde fostes expulsos por vossa culpa.
34-35. Com ironia a terra da Palestina é representada como se se alegrasse por
26 - 27 LEvITICO 153
darão à terra os seus sábados du­ o Senhor estabeleceu entre si e os
rante todo o tempo da sua solidão; filhos de Israel no monte Sinai, por
quando estiverdes ^em terra de ini­ mão de Moisés.
migos, ela terá descanso, e repousa­
rá nos sábados da sua solidão, pois Apêndice sôbre os votos e os dizimos
que não repousou nos vossos sába­ Votos tendo por objeto pessoas
dos, quando habitáveis nela. 0 7 JE o Senhor falou a Moisés, di-
36E aos que de vós ficarem, porei
o espanto nos seus corações nas ter­ “ • zendo: 2Fala aos filhos de Is­
ras dos inimigos; o ruído de uma fo­ rael, e dize-lhes: Um homem que
lha volante os aterrará, e fugirão de­ fizer voto, e prometer a Deus a sua
la como de uma espada; cairão, Sem alma, dará o preço segundo a avalia­
que ninguém os persiga, 37e precipi- ção. 3Se fôr varão desde os vinte
tar-se-ão uns sôbre os outros, como anos até aos sessenta, dará cinqüen-
se fugissem das batalhas; nenhum ta siclos de prata, segundo a me­
de vós ousará resistir aos inimigos; dida do santuário; 4se fôr mulher,
38perecereis entre as nações, e a terra dará trinta. 5Dos cinco anos até aos
inimiga vos consumirá. 39E, se fi­ vinte, o homem dará vinte siclos; a
carem ainda alguns dêles, consumir- mulher d ez. °De um mês até aos cin­
-se-ão por causa das suas iniqüida- co anos, dar-se-ão cinco siclos por
des na terra dos seus inimigos, e se­ um menino; por uma menina, três.
rão oprimidos de aflições, por causa 7Aos sessenta anos e daí para cima o
dos pecados de seus pais e dos pró­ homem dará quinze siclos, a mulher
prios, ‘“'até que confessem as suas dez. 8Se fôr um pobre, e não pu­
iniqüidades e as de seus maiores, com der pagar a taxa, apresentar-se-á ao
ue prevaricaram contra mim, e an- sacerdote, e dará o que êste avaliar e
aram em oposição a m im . 41Eu, vir que êle pode dar.
pois, também procederei contra êles, Animais puros ou impuros
e metê-los-ei em terra inimiga, até
que o seu coração incircunciso se 9Mas o animal, que pode ser imo­
envergonhe; então pedirão perdão lado ao Senhor, se alguém o prome­
das suas impiedades. ter com voto, será coisa santa, 10e
42E me recordarei da aliança que não poderá ser trocado, isto é, nem
fiz com Jacó, Isac e Abraão. Lem- um melhor por um mau, nem um
brar-me-ei também da terra, 43a qual, pior por um bom; mas, se o trocar,
depois que êles a tiverem deixado, tanto o que foi trocado, como aquê-
se comprazerá com os seus sábados, le por que se trocou, ficará consa­
sofrendo a solidão por causa dêles. grado ao Senhor. nSe alguém faz
Mas êles pedirão perdão dos seus pe­ voto dum animal imundo, que não
cados, porque rejeitaram os meus pode ser imolado ao Senhor, leve-o
preceitos, e desprezaram as minhas diante do sacerdote, 12o qual, julgan­
leis. 44E, contudo, ainda quando do se é bom ou mau,, determinará o
êles estavam em terra inimiga, eu preço. 13E, se o oferente o quiser
não os rejeitei de todo, nem os des­ resgatar, juntará uma quinta parte
prezei de sorte que os deixasse pere­ sôbre a avaliação.
cer inteiramente, e tornasse vã a mi­ Uma casa
nha aliança com êles. Porque eu
sou o Senhor seu Deus, 45e me lem­ 14Se alguém faz voto da casa e a
brarei da minha antiga aliança, consagra ao Senhor, o sacerdote a
quando os tirei da terra do Egito, à examinará para ver se é boa ou má,
vista das gentes, para ser o seu Deus. e será vendida pelo preço que êle
Eu sou o Senhor. Estas são as or­ tiver fixado; 15mas, se o que fêz o
denações e os preceitos e as leis que voto quiser resgatá-la, dará uma
poder finalmente repousar um pouco, depois que os seus habitantes tiverem sido levados
para o exílio, os quais a obrigavam a produzir frutos, mesmo nos anos sabáticos e
jubilares.
Cap. X X V I I — 2. Prom eter a Deus a sua alma, isto é, prometer consagrar a Deus a
sua vida no serviço do tabernáculo.
154 LEVÍTICO 27
quinta parte sôbre a avaliação, e terá tencem ao Senhor; ou seja um boi,
a casa. ou seja uma ovelha, são do Senhor.
Um campo 27Porém, se o animal é impuro, a-
quêle que o ofereceu o resgatará se­
10Se fizer voto, e consagrar ao Se­ gundo a sua avaliação, e ajuntará
nhor um campo, que possui, será ava­ a quinta parte do preço; se o não
liado o preço conforme o que leva quiser resgatar, será vendido a ou­
de semente; se o campo é semeado tro pelo preço fixado por ti.
com trinta alqueires de cevada, se­
rá vendido por cinqüenta siclos de Sôbre as coisas consagradas ao Senhor
prata. 17Se fêz voto dum campo lo­
go no princípio do ano do jubileu, se­
rá avaliado em tanto quanto pode va­ 28Tudo o que é consagrado ao Se­
ler. 18Mas, se faz o voto algum tem­ nhor, seja um homem, um animal ou
po depois, o sacerdote calculará o um campo, não se venderá, nem se
preço segundo o número dos anos poderá resgatar. Tudo o que uma
que restam até ao jubileu, e isto se vez foi consagrado, será uma coisa
abaterá ao preço. 19Porém, se aquê- santíssima (pertencente) ao Senhor.
le que fêz o voto quiser resgatar o 29E tôda a coisa consagrada, que se
campo, juntará uma quinta parte ao oferece por um homem, não será res­
preço fixado, e possuí-lo-á i 20Mas, gatada, mas será posta à morte.
se o não quiser resgatar e fôr ven­
dido a outro qualquer, aquêle que Sôbre os dizimos
fêz voto dêle não poderá resgatá-
lo, 21porque, quando chegar o dia do 30Tôdos os dízimos da terra, ou se­
jubileu, (o campo) será consagrado jam de grão, ou de frutas das árvo­
ao Senhor, e uma fazenda consagra­ res, são do Senhor, e a êle são con­
da pertence ao direito dos sacerdo­ sagrados. 31Mas, se alguém quiser
tes. 22Se o campo consagrado s.y Se­ resgatar os seus dízimos, ajuntará
nhor fôr comprado e não faz parte uma quinta parte dêles. 32De todos
da herança dos maiores, ^o sacerdote os dízimos, de bois, ovelhas, e cabras,
fixará o preço conforme o número que passam por baixo do cajado do
dos anos que restam até o jubileu; pastor, todo o décimo ( animalJ, será
e aquêle que fêz o voto, dará êste consagrado, ao Senhor. “ Não se es­
preço ao Senhor. “ Mas no jubileu colherá bom nem mau, nem se tro­
o campo tornará çara o antigo dono, cará por outro; se alguém o trocar,
que o tinha vendido, e o tinha tido tanto o substituído como o que o
em sorte na sua herança. “ Tôda substituiu, será consagrado ao Senhor
a avaliação se fará pelo pêso do si- e não será resgatado.
clo do santuário. O siclo tem vinte
óbolos. Conclusão geral
Apêndice sôbre os primogênitos
34Êstes são os mandamentos que o
26Ninguém poderá consagrar ou fa ­ Senhor deu a Moisés para os filhos de
zer votos dos primogênitos, que per­ Israel no monte Sinai.

32. Que passam por baixo do cajado do pastor. A lusão ao costume que tinham os
pastores de contar o gado, fazendo-o passar por diante dêles, - e impondo-lhe o cajado.
NÚMEROS
O quarto livro de Moisés é chamado Números, porque se inicia com a
enumeração ou censo dos Israelitas segundo as suas tribos, famílias e ofícios.
Na realidade, porém, é a continuação da história das peregrinações por quase
39 anos do povo hebreu pelo deserto, interrompida, — depois da chegada
ao Sinai, — pela interpolação da legislação hebraica, que ocupa a segunda
metade do Êxodo e todo o Levítico.
O livro pode dividir-se em três partes, correspondentes às três regiões
em que se desenrolaram os fatos nêle narrados:
I. — No Sinai: disposições para a partida (1, 1 - 10, 10). Censo e dis­
posição das tribos no campo. Entremeio de leis. Ültimos acontecimentos
que precedem a partida do Sinai.
II. — Viagem através do deserto (10, 11 - 21, 35). Do Sinai até Cades.
— Acampamento em Cades. — Os doze exploradores. Revolta do povo, que é
condenado a vagar errante pelo deserto — De Cades ao Jordão.
III. — Nas margens orientais do Jordão (22, 1 - 36, 13). Acontecimen­
tos e leis, na planície de Moab.
A duração de cada um dêsses períodos foi respectivamente de 20 dias,
de 38 anos, e de 5 mêses.
Nos Números não se encontra a narração completa daquilo que aconte­
ceu durante toda a peregrinação no deserto. São apenas mencionados al­
guns fatos notáveis para o significado religioso, tais como a serpente de
bronze; a sedição de Coré, Datan e Abiron, e suas consequências; os vati-
cínios de Balaão; a água brotada da rocha; fatos que serviram aos Apósto­
los, no Novo Testamento, para deduzirem utilíssimas lições. (I Cor. 10,
1-11; Hebr. 3, 12-16; S. João 3, 14-15).
N Ú M E R O S

Ordem divina relativa famílias, contando por cabeça o no­


ao recenseamento me de cada um dêles, dos vinte anos
para cima, 19*c onforme o Senhor tinha
1 7E o Senhor falou a Moisés no ordenado a Moisés. E fêz-se o re­
* deserto do Sinai, no taberná- censeamento no deserto do Sinai.
culo da aliança, no primeiro dia do
segundo mês, no segundo ano de­ De Ruben
pois da saída dos filhos de Israel do
Egito, dizendo: 2Fazei o recensea­ 20De Ruben, primogênito de Israel,
mento de tôda a congregação dos f i­ segundo as suas gerações, e famílias,
lhos de Israel pelas suas famílias e e casas, contando os nomes por cabe­
casas, e nomes de cada um dos va­ ça, todos os varões dos vinte anos
rões, 3dos vinte anos para cima, e para cima, que podiam ir à guerra,
de todos os homens fortes de Israel; 21(fora m recenseados) quarenta e seis
e contá-los-eis pelas suas turmas, tu mil e quinhentos.
e Arão. 4E estarão convosco os che­ De Simeão
fes das tribos e das casas nas suas
gerações. 22Dos filhos de Simeão, segundo as
suas gerações, e famílias, e casas
Nomes dos que devem presidir a êste de suas parentelas, contando os no­
recenseamento mes por cabeça, os varões dos vin­
5Eis os seus nomes: (D a trib o) de te anos para cima, que podiam ir à
Ruben, Elisur, filho de Sedeur. 6(D a guerra, 23(fora m recenseados) cin-
trib o) de Simeão, Salamiel, filho de qüenta e nove mil e trezentos.
Surisadai. '(D a trib o) de Judá, Naas- De Gad
son, filho de Aminadab. 8(D a trib o)
de Issacar, Natanael, filho de Suar. 24Dos filhos de Gad, segundo as
9(D a trib o) de Zabulão, Eliab, filho suas gerações, e famílias, e casas de
de Helon. 10E para os filhos de José, sua parentela, contando pelos no­
(da trib o) de Efraim, Elisama, filho mes de cada um dêles, todos os de
de Amiud, (da trib o) de Manassés, vinte anos para cima, que podiam
Gamaliel, filho de Fadassur. 11 (D a ir à guerra, 25(fora m recenseados)
trib o) de Benjamim, Abidan, filho de quarenta e cinco mil e seiscentos e
Gedeão. 12(D a trib o) de Dan, Aiezer, cinqüenta.
filho de Amisadai. 13(D a trib o) de A- De Judá
ser, Fegiel, filho de Ocran. 14(D a tr i­
bo) de Gad, Eliasaf, filho de Duel. 20Dos filhos de Judá, segundo as
15(D a trib o) de Neftali, Aíra, filho de suas gerações, e famílias, e casas de
Enan. 16Êstes são os mais ilustres sua parentela, contando os nomes de
príncipes do povo, pelas suas tribos cada um dêles, dos vinte anos para
e famílias, e os chefes do exército cima, todos os que podiam ir à guer­
de Israel. ra, 27foram recenseados setenta e qua­
Convocação da assembléia para se
tro mil e seiscentos.
numerarem os combatentes De Issacar
17Moisés e Arão, tendo-os tomado 28Dos filhos de Issacar, segundo as
com tôda a multidão do povo, 1718jun­ suas gerações, e famílias, e casas de
taram-nos no primeiro dia do segun­ sua parentela, contando os nomes
do mês, e fizeram o seu recensea­ de cada um dêles dos vinte anos pa­
mento pelas suas parentelas, casas e ra cima, todos os que podiam ir à
l - 2 NÚMEROS 157
guerra, 29foram recenseados cinqüen- De N eftali
ta e quatro mil e quatrocentos. 42Dos filhos de Neftali, segundo as
De Zabulão suas gerações, e famílias, e casas de
sua parentela, foram contados com o
"Dos filhos de Zabulão, segundo as próprio nome de cada um, dos vinte
suas gerações, e famílias, e casas de anos para cima, todos os que podiam
sua parentela, contando os nomes de ir à guerra, ^cinqüenta e três mil e
cada um dêles, dos vinte anos para quatrocentos.
cima, todos os que podiam ir à guer­ Total
ra, 31( foram recenseados) cinqüenta
e sete mil e quatrocentos. 44Êstes são os que foram contados
De Efraim por Moisés e Arão, e pelos doze prín­
cipes de Israel, cada um segundo as
32Dos filhos de José, quanto aos fi­ casas de sua parentela. 45E todo o
lhos de Efraim, segundo as suas ge­ número dos filhos de Israel, segundo
rações, e famílias, e casas de sua pa­ as suas casas e famílias, dos vinte
rentela, foram contados, segundo os anos para cima, os que podiam ir à
nomes de cada um, dos vinte anos guerra, foi de 46seiscentos e três mil
para cima, todos os que podiam ir à quinhentos e cinqüenta homens.
guerra, 33(foram recenseados) qua­
renta mil e quinhentos. Os Levitas são excetuados

De Manassés 47Os Levitas, porém, não foram con­


tados com êles, na tribo das suas fa ­
34Quanto aos filhos de Manassés, mílias. 48Porque o Senhor falou a
segundo as suas gerações, e famílias, Moisés, dizendo: 49Não contes a tri­
e casas de sua parentela, foram con­ bo de Levi, nem porás a soma dêles
tados segundo o nome de cada um com os filhos de Israel. 50Mas in­
dêles, dos vinte anos para cima, to­ cumbe-os de cuidarem do taberná-
dos os que podiam ir à guerra, ^trin­ culo do testemunho e de todos os
ta e dois mil e duzentos. seus vasos, e de tudo o que perten­
De Benjamim ce às cerimônias. Êles levarão o ta-
bernáculo e todos os utensílios, e em-
38Dos filhos de Benjamim, segun­ pregar-se-ão no ministério, e acam­
do as suas gerações, e famílias, e ca­ parão em volta do tabernáculo.
sas de sua parentela, foram conta­ 51Quando se tiver de partir, os L e v i­
dos segundo os nomes de cada um, tas desarmarão o tabernáculo; quan­
dos vinte anos para cima, todos os do se tiver de fazer acampamento, ê-
que podiam ir à guerra, 37trinta e les o armarão; qualquer estranho
cinco mil e quatrocentos. que se aproximar, será morto. 52E
De Dan
os filhos de Israel acamparão cada
um segundo as suas turmas, e as
38Dos filhos de Dan, segundo as suas companhias, e o seu regimen­
suas gerações, e famílias, e casas de to . 53Mas os Levitas armarão as
sua parentela, foram contados com o suas tendas em volta do taberná­
próprio nome de cada um, dos vin­ culo, para que não suceda cair a in­
te anos para cima, todos os que po­ dignação sôbre a multidão dos f i­
diam ir à guerra, 39sessenta e dois lhos de Israel; e velarão na guar­
mil e setecentos. da do tabernáculo do testemunho.
54Os filhos de Israel, pois, fizeram
De Aser tudo conforme o Senhor tinha man­
dado a Moisés.
40Dos filhos de Aser, pelas suas ge­
rações, e famílias, e casas de sua pa­ Ordem do acampamento das tribos
rentela, foram contados com o pró­
prio nome de cada um, dos vinte O JE o Senhor falou a Moisés e a
anos para cima, todos os que podiam “ Arão, dizendo: 2Os filhos de Is­
ir à guerra, 41quarenta e um mil e rael acamparão* em volta do taber­
quinhentos. náculo da aliança, cada um segundo
158 NÚMEROS 2

as suas turmas, e as suas insígnias, Efraim, Manassés e Benjamim


e os seus estandartes, e as casas da
sua parentela. 18Para a parte do ocidente estará
o acampamento dos filhos de Efraim,
Judá, Issacar e Zabulão cujo príncipe foi Elisama, filho de
Amiud. 19Todo o corpo dos seus com­
3Judá assentará as suas tendas ao batentes, que foram contados, era de
oriente, segundo as turmas do seu quarenta mil e quinhentos. 20E com
exército; e Naasson, filho de Amina- êstes a tribo dos filhos de Manassés,
dab, será o príncipe dos seus filhos. cujo príncipe foi Gamaliel, filho de
4E o número total de combatentes Fadassur. 21E todo o corpo dos seus
da sua linhagem é setenta e quatro combatentes, que foram contados,
m il e seiscentos. 5Junto dêle acam­ era de trinta e dois mil e duzentos.
param os da tribo de Issacar, cujo “ N a tribo dos filhos de Benjamim
príncipe foi Natanael, filho de Suar. foi príncipe Abidan, filho de Gedeão.
6E o número total dos seus comba­ 23E todo o corpo dos seus combaten­
tentes é cinqüenta e quatro mil e tes, que foram contados, era de trin­
quatrocentos. 7N a tribo de Zabulão o ta e cinco mil e quatrocentos. 24To-
príncipe f o i Eliab, filho de Helão. dos os que foram contados no acam­
8Todo o corpo de combatentes desta pamento de Efraim foram cento e
tribo é de cinqüenta e sete m il e oito mil e cem segundo as suas tur­
quatrocentos. °Todos os que foram mas. Êstes partiram em terceiro
contados no acampamento de Judá, lugar.
foram cento e oitenta e seis mil e Dan, Aser, e NeftaH
quatrocentos; e foram os primeiros
a pôr-se em marcha segundo as suas ^Para a parte do setentrião acam­
turmas. param os filhos de Dan, cujo prínci­
Ruben, Simeão e Gad
pe foi Aiezer, filho de Amisadai. ^To­
do o corpo dos seus combatentes,
10No acampamento dos filhos de que foram contados, era de sessenta
Ruben para a parte do meio-dia será e dois mil e setecentos. 27Junto a êle
príncipe Elisur, filho de Sedeur; ne acamparam os da tribo de Aser, cu­
todo o corpo dos seus combatentes, jo príncipe foi Fegiel, filho de Ocran.
que foram contados, era de quarenta ^Todo o corpo dos seus combatentes,
e seis mil e quinhentos. 12Junto a que foram contados, era de quarenta
êle acamparam os da tribo de Si­ e um mil e quinhentos. 29Da tribo
meão, cujo príncipe foi Salamiel, f i­ dos filhos de N eftali foi príncipe A í-
lho de Surisadai. 13E todo o corpo ra, filho de Enan. ^ ó d o o corpo dos
dos seus combatentes, que foram con­ seus combatentes era de cinqüenta
tados, era de cinqüenta e nove mil e três mil e quatrocentos. 31Todos os
e trezentos. 14N a tribo de Gad foi ue foram contados no acampamento
príncipe Eliasaf, filho de Duel. 15E e Dan foram cento e cinqüenta e
todo o corpo dos seus combatentes, sete mil e seiscentos; e êstes foram
que foram contados, era de quarenta os últimos a partir.
e cinco mil, seiscentos e cinqüenta. Recapitulação
16Todos os que foram contados no
acampamento de Ruben, foram cento 32Êste é o número dos filhos de
e cinqüenta e um mil e quatrocentos Israel, divididos segundo as casas da
e cinqüenta, segundo as suas turmas; sua parentela e as turmas do exér­
êstes foram os segundos a pôr-se em cito: seiscentos e três mil e quinhen­
marcha. tos e cinqüenta. 33Os Levitas, porém,
Levitas não foram contados entre os filhos
de Israel, porque assim tinha orde­
11(E m seguida irá ) o tabernáculo nado o Senhor a Moisés. 34E os fi­
do testemunho (que) será levado por lhos de Israel fizeram tudo segundo
cuidado dos Levitas, e por suas tur­ o que o Senhor tinha mandado. A -
mas; pela ordem por que fôr armado, camparam segundo as turmas, e mar­
assim será desarmado. Cada um mar­ charam segundo as famílias e casas
chará no seu lugar e na sua ordem. de seus pais.
3 NÚMEROS 159
Filhos de Arão os filhos de Levi, segundo as casas
O ^ s ta s são as gerações de Arão de seus pais e as suas famílias, to­
° e de Moisés, no dia em que o dos os varões de um mês para cima.
Senhor falou a Moisés no monte Si­ Filhos e netos de Levi
nai. 2E êstes são os nomes dos filhos
de Arão: Nadab, o seu primogênito, 16Moisés fêz o recenseamento con­
depois Abiu, e Eleazar, e Itamar. forme o Senhor lhe tinha ordenado,
3Êstes são os nomes dos filhos de 17e foram encontrados filhos de L e ­
Arão, sacerdotes, que foram ungidos, vi, segundo os seus nomes, Gersão e
e cujas mãos foram cheias e consa­ Caat e Merari. 18Filhos de Gersão:
gradas, para exercerem as funções Lebni e Semei. 19Filhos de Caat:
do sacerdócio. 4Ora, Nadab e Abiu, Amrão e Jesaar, Hebrão e Oziel. 20F i-
tendo oferecido um fogo estranho na lhos de Merari: Mooli e Musi.
presença do Senhor no deserto do Famílias descendentes de Gersão
Sinai, morreram sem filhos; e Elea­ 21De Gersão saíram duas famílias,
zar e Itam ar exerceram as funções a de Lebni, e a de Semei, 22tôda a
do sacerdócio na presença de seu população masculina das quais, con­
pai Arão. tada de um mês para cima, foi de
Funções dos Levitas sete mil e quinhentos. 23Êstes acam­
5E o Senhor falou a Moisés, dizen­ parão detrás do tabernáculo ao oci­
do: 6Faze aproximar a tribo de Le- dente, 24sob-o príncipe Eliasaf, filho
vi, e fá-la comparecer diante do sa­ de Lael. “ E terão o cuidado no ta­
cerdote Arão para o servirem, e es­ bernáculo da aliança, 26do mesmo ta­
tarem de vigia, 7e observarem tudo bernáculo, e da sua coberta, do véu
o que diz respeito ao culto da mul­ que se corre diante da porta do ta­
tidão diante do tabernáculo do tes­ bernáculo da aliança, e das cortinas
temunho, 8e para guardarem os va­ do átritf; e também do véu que es­
sos do tabernáculo, servindo no seu tá pendurado à entrada do átrio do
ministério. 9E darás em dádiva os tabernáculo, e de tudo o que perten­
Levitas 16a Arão e aos seus filhos, aos ce ao ministério do altar, das cordas
quais foram entregues pelos filhos do tabernáculo e de todos os seus
de Israel. Estabelecerás Arão e seus utensílios.
filhos nas funções do sacerdócio. O Fam ílias descendentes de Caat
estranho, que se aproximar para mi­ 27A descendência de Caat terá as
nistrar, morrerá. famílias dos Amramitas e Jesaaritas
Os Levitas substituem os primogênitos e Hebronitas e Ozielitas. Estas são as
“ E o Senhor falou a Moisés, di­ famílias dos Caatitas, recenseadas se­
zendo: 12Eu tomei os Levitas dentre gundo os seus nomes. 28Todos os va­
os filhos de Israel em lugar de todo rões, de um mês para cima, oito mil
o primogênito, que abre o útero de e seiscentos, velarão pela guarda do
sua mãe entre os filhos de Israel, e santuário, 29e acamparão na parte
os Levitas serão meus, 13porque todo meridional. 80E o seu príncipe será
o primogênito é meu. Desde o dia em Elisafã, filho de Oziel; 33e guarda­
que feri os primogênitos na. terra do rão a arca, e a mesa, e o candeeiro,
Egito, consagrei para mim todo o e os altares, e os vasos do santuário,
que nasce primeiro em Israel, desde que servem para o ministério, e o
o homem até ao animal: são meus. véu, e todos os outros objetos dêste
Eu sou o Senhor. gênero. 32E Eleázaro, filho do sacer­
dote Arão, e príncipe dos príncipes
Modo de recensear os Levitas dos Levitas, terá a superintendência
14E o Senhor falou a Moisés no sôbre os que velam pela guarda do
deserto do Sinai, dizendo: 15Numera santuário.
Cap. I I I — 3. Cujas mãos foram, cheias. E stas palavras aludem ao fato de Moisés
colocar nas mãos dos sacerdotes, quando os consagrou, os utensílios sagrados e as vítim as
a oferecer.
25. Segundo o hebreu êste versículo tradu z-se: E o ministério dos filhos de Gersão
no tabernáculo é o cuidado do tabernáculo, etc.
160 N UM ERoS 3 - 4

Fam ílias descendentes de Merari primogênitos que são demais, t o ­


rnou, pois, Moisés o dinheiro por a-
“ De Merari, porém, sairão as fa ­ quêles que eram demais, e pelos
mílias dos Moolitas e dos Musitas, quais se pagava o resgate em lugar
recenseados segundo os seus nomes; dos Levitas, 50pelos primogênitos dos
“ os varões de um mês para cima, filhos de Israel, mil e trezentos e ses­
seis mil e duzentos. “ O seu príncipe senta e cinco siclos segundo a medi­
é Suriel, filho de Abiaiel; acamparão da do santuário, 51e deu-o a Arão e
na parte setentrional. “ Debaixo da a seus filhos conforme a ordem que
sua guarda estarão as tábuas do ta- o Senhor lhe tinha dado.
bernáculo, e os varais, e as colunas
com suas bases, e tudo o que perten­ Recenseamento e funções dos
ce a estas coisas; 37e as colunas que Caatitas
cercam o átrio com as suas bases, e
as suas estacas e as suas cordas. A AE o Senhor falou a Moisés e
^ Arão, dizendo: 2T ira a soma
Recapitulação dos filhos de Caat dentre os Levitas
“ Moisés e Arão com seus filhos segundo as suas casas e as suas fa­
acamparão diante do tabernáculo da mílias, 3desde a idade de trinta anos
aliança ao oriente, e terão a guarda para cima até aos cinqüenta, de to­
do santuário no meio dos filhos de dos os que entram para assistirem e
Israel; todo o estranho que se apro­ ministrarem no tabernáculo da alian­
ximar morrerá. 39Todos os Levitas, ça. 4Êste é o serviço dos filhos de
que Moisés e Arão recensearam, por Caat: N o tabernáculo da aliança e
ordem do Senhor, segundo as suas no santo dos santos, 5entrarão Arão
famílias, entre os varões de um mês e seus filhos; quando se tiverem
para cima, foram vinte e dois mil. de mover os acampamentos, desce­
rão o véu, que está pendente dian­
Recenseamento e resgate dos primo­ te da porta, e envolverão nêle a ar­
gênitos ca do testemunho, °cobri-la-ão ainda
com uma coberta de peles roxas, e
WE o Senhor disse a Moisés: Con­ estenderão por cima um pano to­
ta os primogênitos varões dos filhos do de jacinto e meterão os varais.
de Israel, de um mês para cima, e 7Envolverão também num pano de
farás a soma dêles. 41 E tomarás pa­ jacinto a mesa da proposição, e po­
ra mim os Levitas em lugar de todos rão com ela os turíbulos e os grai-
os primogênitos dos filhos de Israel. zinhos, os copos e as taças para as
Eu sou o Senhor; e ( tom areij os seus libações; os pães estarão sempre so­
gados em vez de todos os primogê­ bre ela. 8E estender-lhe-ão por ci­
nitos dos gados dos filhos de Israel. ma um pano de escarlate, o qual
42Fêz Moisés o recenseamento dos cobrirão ainda com uma coberta de
primogênitos dos filhos de Israel co­ peles roxas, e meterão os varais.
mo o Senhor tinha ordenado. 43E os 9Tomarão também um pano de ja ­
varões, contados segundo os seus no­ cinto, com o qual cobrirão o can­
mes, de um mês para cima, foram deeiro com as lâmpadas e as suas
vinte e dois mil e duzentos e setenta tenazes e espevitadores e todos os
e três. *44E o Senhor falou a Moisés, vasos de azeite, que são necessários
dizendo: 45Toma os Levitas em vez para preparar as lâmpadas; 10e so­
dos primogênitos dos filhos de Israel, bre tôdas estas coisas lançarão u-
e os gados dos Levitas em vez dos ma coberta de peles roxas, e mete­
seus gados, e os Levitas serão meus. rão os varais. nE envolverão tam­
Eu sou o Senhor. “°E pelo preço dos bém o altar de ouro num pano de
duzentos e setenta e três primogêni­ jacinto, e estenderão por cima uma
tos dos filhos de Israel que excedem coberta de peles roxas e meterão os
o número dos Levitas, 47receberás cin­ varais. 12Envolverão num pano de
co siclos por cabeça, segundo a me­ jacinto todos os utensílios, com que
dida do santuário. O siclo tem vin­ se faz serviço no santuário, e esten­
te óbolos. 48E darás êste dinheiro a derão por cima uma coberta de pe­
Arão e a seus filhos como preço dos les roxas, e meterão os varais.
4 NÚMEROS 161
13Limparão também as cinzas do al­ entrada que está diante do taber-
tar, e o envolverão num pano de púr- náculo. Todas as coisas que per­
pura, 14e porão com êle todos os u- tencem ao altar, os cordões e os u-
tensílios que se usam no seu serviço, tensílios do ministério, 27levá-las-ão
isto é, os braseiros, as tenazes e os tri­ os filhos de Gersão, debaixo das or­
dentes, os garfos e as pás. Cobrirão dens de Arão e de seus filhos, e ca­
todos os utensílios do altar com uma da um saberá que serviço deve pres­
coberta de peles roxas, e meterão os tar. 28*Ê ste é o serviço da família
varais. 15E, depois que Arão e seus dos Gersonitas no tabernáculo da a-
filhos tiverem envolvido o santuá­ liança, e estarão sujeitos a Itamar,
rio com todos os seus utensílios ao filho do sacerdote Arão.
levantar dos acampamentos, então
entrarão os filhos de Caat para le­ Recenseamento e funções dos M eraritas
varem o que estiver embrulhado; e
não tocarão nos utensílios do san­ “ Contarás também os filhos de
tuário, para que não morram. Ês- Merari, segundo as suas famílias e
tes são os cargos dos filhos de Caat as casas de seus pais, 30*desde os trin­
no tabernáculo da aliança. 10O seu ta anos para cima até aos cinqüen­
chefe será Eleázaro, filho do sacer­ ta, todos os que entram para o ofi­
dote Arão, a cujo cuidado perten­ cio do seu ministério e para o ser­
ce o azeite para preparar as lâm­ viço do tabernáculo da aliança.
padas, e o incenso de composição, 31Êstes são os seus cargos: Levarão
e o sacrifício perpétuo, e o óleo da as tábuas do tabernáculo e os seus
unção, e tudo o que pertence ao ser­ varais e as colunas e as suas bases,
viço do tabernáculo, e todos os u- 32e também as colunas que estão ao
tensílios que há no santuário. 17E redor do átrio com as suas bases,
o Senhor falou a Moisés e a Arão, estacas e cordas. Receberão por
dizendo: “ Não queirais exterminar conta todos os vasos e alfaias, e as­
o povo de Caat do meio dos Levi- sim as levarão. 33*Ê ste é o serviço
tas; “ mas eis como vós deveis pro­ da fam ília dos Meraritas e o seu mi­
ceder com êles, para que vivam, e nistério no tabernáculo da aliança;
não morram, se tocarem as coisas e estarão às ordens de Itamar, fi­
santíssimas. Arão e seus filhos en­ lho do sacerdote A rã o .
trarão, e êles mesmos disporão os São cumpridas as ordens de Deus sobre
encargos de cada um, e separarão o o recenseamento
que deve cada um levar. 20Os ou­
tros não olhem com curiosidade pa­ 34Moisés, pois, e Arão e os prínci­
ra as coisas que há no santuário an­ pes da sinagoga fizeram o recensea­
tes de estarem embrulhadas, aliás mento dos filhos de Caat segundo as
m orrerão. famílias e as casas de seus pais, “ des­
de os trinta anos para cima até aos
Recenseamento e funções dos cinqüenta, (isto é ), todos os que en­
Gersonitas tram no serviço do tabernáculo da
aliança; 30e acharam-se dois mil e
21E o Senhor falou a Moisés, di­ setecentos e cinqüenta. 37Êste é o
zendo: “ T ira também a conta dos número dos da estirpe de Caat, que
filhos de Gersão, segundo as suas ca­ entraram no tabernáculo da aliança,
sas, e famílias, e parentelas, “ des­ e contou-os Moisés e Arão, segun­
fie os trinta anos para cima até aos do a ordem dada pelo Senhor por
cinqüenta. Conta todos os que en­ meio de Moisés. 38Foram também
tram e servem no tabernáculo da a- contados os filhos de Gersão segundo
liança. 2 *4*Êste é o ofício da fam ília
1 as famílias e casas de seus pais, ^des­
dos Gersonitas: “ Levarão as corti­ de os trinta anos para cima até aos
nas do tabernáculo, o texto da alian­ cinqüenta, todos os que entram pa­
ça, a segunda coberta, e a coberta ra ministrar, no tabernáculo da a-
das peles roxas que está por ci­ liança; 40e acharam-se dois mil e
ma, e o véu que está pendurado à seiscentos e trinta. 41Êstes são os da
entrada do tabernáculo da aliança, estirpe dos Gersonitas, que Moisés e
“ as cortinas do átrio, e o véu da Arão contaram segundo a ordem do
6 - B íb lia S agrada
l 62 NÚMEROS 4 -5

Senhor. 42Foram também contados neiro, que é oferecido por expiação,


os filhos de Merari segundo as fa ­ para que seja hóstia placável.
mílias e casas de seus pais, 43desde Rendimentos dos sacerdotes
os trinta anos para cima até aos
cinqüenta, todos os que entram a e- °Tôdas as primícias que os filhos
xercer as suas funções no taberná- de Israel oferecerem, pertencem
culo da aliança; “ e foram achados também ao sacerdote; 10*e tudo o que
três mil e duzentos. 48Êste é o nú­ é oferecido por cada um para o san­
mero dos filhos de Merari, que Moi­ tuário, e se entrega nas mãos do sa­
sés e Arão contaram, segundo a or­ cerdote, será dêle.
dem dada pelo Senhor por meio de O adultério
Moisés. 11E o Senhor falou a Moisés, di­
Recapitulação
zendo: 12Fala aos filhos de Israel,
“ Todos os que foram contados den­ e lhes dirás: O homem, cuja mu­
tre os Levitas, e de quem Moisés lher cair em falta, e, desprezando
e Arão e os príncipes de Israel fize­ o marido, 13tiver dormido com outro
ram o recenseamento segundo as fa ­ homem, e o marido não puder pro-
mílias e casas de seus pais, 47desde vá-lo, mas o adultério está oculto e
os trinta anos para cima até aos não pode provar-se com testemu­
cinqüenta, que entravam para o ser­ nhas, porque não foi apanhada no
viço do tabernãculo e para levar os crime, 14se o espírito dos zelos exci­
pesos, “ foram ao todo oito mil, qui­ ta o homem contra sua mulher, que,
nhentos e oitenta. “ Moisés, confor­ ou está manchada, ou é acusada por
me a ordem do Senhor, contou-os, uma falsa suspeita, 15*ê le a levará ao
cada um segundo o seu ofício e os sacerdote, e oferecerá por ela em o-
seus cargos, que deviam levar, co­ ferta a décima parte do efi de fa ­
mo o Senhor lhe tinha ordenado. rinha de cevada; não derramará sô-
A s pessoas impuras afastadas do bre ela azeite, nem porá incenso, por­
acampamento que é um sacrifício de zelos, e uma
oblação para descobrir o adultério.
C 1E o Senhor falou a Moisés, di- 10O sacerdote, pois, a oferecerá e a
** zendo: 2Manda aos filhos de fará estar de pé diante do Senhor.
Israel que deitem fora do acampa­ 17E tomará água santa num vaso de
mento todo o leproso, e o que padece barro, e lançará nela um pouco de
gonorréia, e o que estâ imundo por pó do pavimento do tabernáculo.
ter tocado num morto; 3tanto homem 18E, estando a mulher de pé diante
como mulher, lançai-os fora do cam­ do Senhor, (o sacerdote) lhe desco­
po, para que o não manchem, ha­ brirá a cabeça, e lhe porá nas mãos
bitando eu convosco. 4E os filhos o sacrifício de recordação, e a ofer­
de Israel fizeram assim, lançaram- ta de zelos, e êle terá (na mao) as
nos fora do campo, como o Senhor águas amargoslssimas, sôbre que
tinha dito a Moisés. pronunciou as maldições com exe­
Reparação de diversas injúrias feitas ao cração. 19E a esconjurará, e lhe di­
próximo r á : . Se nenhum homem estranho
dormiu contigo, e tu não te man­
5E o Senhor falou a Moisés, dizen­ chaste abandonando o leito de teu
do: °Dize aos filhos de Israel: Se marido, não te farão mal estas á-
um homem ou uma mulher tiverem guas amargosíssimas, sôbre que eu
cometido algum dos pecados em que, cumulei as maldições. “ Mas, se tu
de ordinário, caem os homens, e se te apartaste do teu marido, e te man­
tiverem transgredido por negligência chaste, e dormiste com outro homem,
o mandamento do Senhor, e tiverem 21cairão sôbre ti estas maldições. O
pecado, 5*7confessará o seu pecado, e Senhor te faça um objeto de maldi­
restituira o capital com um quinto ção e de exemplo para todos no seu
a mais àquele contra quem tiver pe­ povo; faça apodrecer a tua coxa, e
cado. 8*Se, porém, não houver quem que teu ventre, inchado, arrebente.
o receba, dá-lo-á ao Senhor, e per­ 22Estas águas malditas entrem no teu
tencerá ao sacerdote, exceto o car­ ventre, e, inchando-te o útero, apo­
5-6 NÚMEROS 16J
dreça a tua coxa. E a mulher res­ xando crescer os cabelos da sua ca­
ponderá: assim seja, assim seja. beça. °Durante todo o tempo da
^E o sacerdote escreverá num li­ sua consagração não entrará onde
vro estas maldições, e depois as a- haja algum morto, 7nem se contami­
pagará com estas águas amargosís- nará assistindo ao entêrro mesmo de
simas que êle cumulou de maldições, (seu) pai, ou de (sua) mãe, ou de
24e lhe dará a beber (aquelas águas). (seu) irmão, ou de (sua) irmã, por­
E, depois que as tiver bebido, “ o que a consagração do seu Deus es­
sacerdote tomará da mão da mulher tá sôbre a sua cabeça. 8Durante
o sacrifício de zelos, e levantá-lo-á todos os dias dasua separação será
diante do Senhor, e pô-lo-á em ci­ santopara o Senhor.
ma do altar; mas antes d om ará um
punhado do sacrifício que se ofere­ 9Mas, se alguém morrer súbita-
ceu, e o queimará sôbre o altar; e mente diante dêle, ficará mancha­
depois disto, dará a beber à mulher da a consagração da sua cabeça, a
as águas amargosíssimas. 27Depois qual rapará logo no mesmo dia da
que ela as tiver bebido, se está cul­ sua purificação, e no sétimo dia. 10N o
pada, e se, desprezado o marido, pecou oitavo dia, porém, oferecerá ao sa­
por adultério, penetrá-la-ão as águas cerdote, à entrada do tabernáculo da
da maldição, e inchando-lhe o ventre, aliança, duas rôlas ou dois pombos.
apodrecerá a sua coxa, e aquela mu­ nE o sacerdote imolará um pelo pe­
lher será em maldição e exemplo pa­ cado, e outro em holocausto, e roga-
ra todo o povo. 28Se, porém, não es­ rá por êle, porque pecou, rnanchan-
tá manchada, não sofrerá mal algum, do-se com a presença do morto; e san-
e terá filhos. 29Esta é a lei dos zelos. tificará naquele dia a sua cabeça; 12e
Se uma mulher se retirar de seu ma­ consagrará ao Senhor os dias da sua
rido, e se manchar, 30e o marido, pos­ separação, oferecendo um cordeiro de
suído do espírito de zelos, apresen­ um ano pelo pecado; mas de sorte que
tar diante do Senhor, e o sacerdote os dias precedentes sejam perdidos,
fizer com ela tudo o que fica escrito, visto que a sua santificação foi man­
31o marido será sem culpa, e a mulher chada.
pagará a sua maldade. 13Esta é a lei da consagração.
Completos que forem os dias, a que
Consagração dos nazarenos por voto se tinha obrigado (o sacer­
C *E o Senhor falou a Moisés, di- dote) conduzi-lo-á à entrada do ta­
u zendo: 2Fala aos filhos de Is­ bernáculo da aliança, 14e oferecerá ao
rael, e lhes dirás: Quando um ho­ Senhor a sua oferta, (que será) um
mem ou uma mulher fizerem vo­ cordeiro de um ano sem defeito em
to de se santificar, e se quiserem con­ holocausto, e uma ovelha de um a-
sagrar ao Senhor, 3abster-se-ão de no sem defeito pelo pecado, e um car­
vinho e de tudo o que pode embria­ neiro sem mancha por hóstia pací­
gar. Não beberão vinagre de v i­ fica, 15e também um cêsto de pães
nho ou de qualquer outra bebida ázimos, que sejam borrifados com
(inebriante) , nada do que se espre­ azeite, e tortas sem fermento, unta-
me da uva; não comerão uvas fres­ das de azeite, cada coisa com as
cas nem passas 4durante todo o tem­ suas libações. 16E o sacerdote as o-
po que estiverem consagrados ao Se­ ferecerá diante do Senhor, e o fará
nhor pelo voto; não comerão ne­ tanto pelo pecado como em holocaus­
nhum produto da vinha, desde a uva to . 170 carneiro, porém, imolá-lo-
passa ao bagulho. 5Durante todo o -á ao Senhor como hóstia pacífica,
tempo da sua separação não passa­ oferecendo ao mesmo tempo o cêsto
rá navalha pela sua cabeça, até que dos pães ázimos e as libações que por
se completem os dias da sua consa­ costume se devem. 18Então Será ra­
gração ao Senhor. Será santo, dei­ pado ao Nazareno o cabelo consagra-
Cap. V — 23. A s apagará. .. isto é, m ergulhará na água as p alavras escritas antes
de secarem, e, dêste modo, as maldições como que passarão para a água, que vai ser bebi­
da pela mulher.
27-28. Êste resultado era devido a um a intervenção especial de Deus.
164 NÚMEROS 6-7
do diante da porta do tabernáculo aos filhos de Gersão, segundo era a
da aliança; e (o sacerdote) tomará necessidade que dêles tinham. 8Deu
os seus cabelos, e os porá no fogo, aos filhos de Merari os outros qua­
que está por baixo da hóstia pacifi­ tro carros e oito bois, atendendo aos
ca. 19E porá nas mãos do Nazareno, ofícios e obrigações que tinham à
depois de lhe ter sido rapada a ca­ ordem de Itamar, filho do sacerdote
beça, a espádua do carneiro cozida, Arão. 9Aos filhos de Caat, porém,
e uma torta ázima tirada do cêsto, não deu carros nem bois, porque ser­
e, um filhó ázimo. a,E, recebidas dê- vem no santuário e levam os pesos
le estas coisas, as elevará diante do aos seus próprios ombros. 10Os che­
Senhor; e assim santificadas, perten­ fes, pois, ofereceram as suas obla-
cerão ao sacerdote, como também o ções diante do altar para a dedica­
peito que se mandou separar, e a per­ ção do altar, no dia em que foi un­
na; depois disto o Nazareno pode gido. “ E o Senhor disse a Moisés:
beber vinho. 21Esta é a lei do N a­ Cada um dos chefes ofereça cada dia
zareno, quando tiver feito voto da os seus dons para a dedicação do
sua oferta ao Senhor no tempo da altar.
sua consagração, além daquilo que os Chefe de Judá
seus meios lhe permitirem fazer. 12No primeiro dia fêz a sua oferta
Procederá conforme o voto que ti­ Naasson, filho de Aminadab, da tribo
ver feito na sua mente, para tornar de Judá; 13e a sua oferta foi um pra­
perfeita a sua santificação. to de prata de cento e trinta siclos
Fórm ula de bênção sacerdotal de pêso; e uma taça de prata de se­
tenta siclos segundo o pêso do san­
22E o Senhor falou a Moisés, di­ tuário, ambos cheios de farinha bor-
zendo: 23Dize a Arão e a seus filhos: rifada com azeite para o sacrifício;
Assim abençoareis os filhos de Israel, 14um pequeno vaso de ouro que pesa­
e lhes direis: 240 Senhor te aben­ va dez siclos, cheio de incenso; 15um
çoe, e te guarde. 250 Senhor te mos­ boi da manada, e um carneiro, e um
tre a sua face e tenha piedade de cordeiro de um ano para o holocaus­
ti. 260 Senhor volva o seu rosto pa­ to; 16e um bode pelo pecado; 17e pa­
ra ti e te dê a paz. 27E invocarão ra o sacrifício pacífico dois bois, cin­
0 meu nome sôbre os filhos de Israel, co carneiros, cinco bodes, cinco cor­
e eu os abençoarei. deiros de um ano. Esta foi a ofer­
Ofertas dos chefes de cada uma das ta de Naasson, filho de Aminadab.
doze tribos de Israel Chefe de Issacar
7 JOra, no dia em que Moisés aca- 18No segundo dia Natanael, filho
1 bou o tabernáculo, e o levantou, de Suar, chefe da tribo de Issacar,
e ungiu e santificou com todos os ofereceu 19um prato de prata, que
seus utensílios, e igualmente o al­ pesava cento e trinta siclos, e uma
tar com todos os seus utensílios, 2os taça de prata de setenta siclos, se­
príncipes de Israel e os chefes das fa ­ gundo o pêso do santuário, ambos
mílias, que havia em cada tribo, e cheios de farinha borrifada com a-
os capitães, dos que tinham sido a- zeite para o sacrifício; 20um pequeno
listados, ofereceram 3os seus dons vaso de ouro, que pesava dez siclos,
diante do Senhor: seis carros cober­ cheio de incenso; 21um boi da mana­
tos e doze bois. Cada dois chefes o- da, e um carneiro, e um cordeiro de
feréceram um carro, e cada um dê- um ano para o holocausto; 22e um
les um boi, e os apresentaram dian­ bode pelo pecado; 23e para o sacrifí­
te do tabernáculo. 4E o Senhor dis­ cio pacífico, dois bois, cinco carnei­
se a Moisés: 5Recebe-os dêles para ros, cinco bodes, cinco cordeiros de
que sirvam no ministério do taberná­ um ano; esta foi a oferta de N ata­
culo, e entregá-los-ás aos Levitas, se­ nael, filho de Suar.
gundo o grau do seu m inistério. Chefe da tribo de Zabulão
°Tendo, pois, Moisés recebido os car­
ros e os bois, entregou-os aos L e v i­ 24Ao terceiro dia Eliab, filho de He-
tas. 7Deu dois carros e quatro bois lão e chefe dos filhos de Zabulão,
7 NÚMEROS 165

^ofereceu um prato de prata, que e trinta siclos, uma taça de prata,


pesava cento e trinta siclos, e uma que tinha setenta siclos, pelo pêso do
taça de prata, que tinha setenta si­ santuário, ambos cheios de flor de fa ­
dos segundo o pêso do santuário, am­ rinha borrifada com azeite para o sa­
bos cheios de farinha borrifada com crifício; 44um pequeno vaso de ouro,
azeite para o sacrifício; “ um peque­ do pêso de dez siclos, cheio de incen­
no vaso de ouro, que pesava dez si­ so; 43um boi da manada, e um car­
clos, cheio de incenso; 27um boi da neiro, e um cordeiro de um ano pa­
manada, e um carneiro, e um cor­ ra o holocausto; 40e um bode pelo
deiro de um ano para o holocausto; pecado; 47e para as hóstias pacíficas
“ e um bode pelo pecado; 29e para o dois bois, cinco carneiros, cinco bo­
sacrifício pacífico dois bois, cinco car­ des, cinco cordeiros de um ano. Es­
neiros, cinco bodes, cinco cordeiros de ta foi a oferta de Eliasaf, filho de
um ano. Esta foi a oferta de Eliab, Duel.
filho de Helão.
Chefe da tribo de Efraim
Chefe da tribo de Ruben
30Ao quarto dia Elisur, filho de Se- 48A o sétimo dia Elisama, filho de
deur, e príncipe dos filhos de Ru­ Amiud, príncipe dos filhos de Efraim,
ben, 31ofereceu um prato de prata, que “ ofereceu um prato de prata, que pe­
pesava cento e trinta siclos, uma ta­ sava cento e trinta siclos, uma taça
ça de prata que tinha setenta siclos de prata, que tinha setenta siclos, pe­
pelo pêso do santuário, ambos cheios lo pêso do santuário, ambos cheios de
de flor de farinha borrifada com a- flor de farinha borrifada com azei­
zeite para o sacrifício; 32um pequeno te para o sacrifício; “ um pequeno va­
vaso de ouro do pêso de dez siclos, so de ouro do pêso de dez siclos,
cheio de incenso; 33um boi da manada, cheio de incenso; 51um boi da manada,
e um carneiro, e um cordeiro de um e um carneiro, e um cordeiro de um
ano para o holocausto; 34e um bode ano para o holocausto; 52e um bode
pelo pecado; Me para as hóstias pa­ pelo pecado; 53e para as hóstias pa­
cíficas dois bois, cinco carneiros, cin­ cíficas dois bois, cinco carneiros, cin­
co bodes, cinco cordeiros de um ano. co bodes, cinco cordeiros de um a-
Esta foi a oferta de Elisur, filho de no. Esta foi a oferta de Elisama,
Sedeur. filho de Amiud.
Chefe da tribo de Simeão Chefe da tribo de Manassés
36Ao quinto dia Salamiel, filho de 64Ao oitavo dia Gamaliel, filho de
Surisadai, príncipe dos filhos de Si­ Fadassur, príncipe dos filhos de Ma­
meão, 37ofereceu um prato de prata, nassés, “ ofereceu um prato de prata,
que pesava cento e trinta siclos, uma que pesava cento e trinta siclos, uma
taça de prata, que tinha setenta si­ taça de prata, que tinha setenta siclos
clos pelo pêso do santuário, ambos pelo pêso do santuário, ambos cheios
cheios de* flor de farinha borrifada de flor de farinha borrifada com a-
com azeite para o sacrifício; 38um pe­ zeite para o sacrifício; “ um pequeno
queno vaso de ouro, que pesava dez vaso de ouro do pêso de dez siclos,
siclos, cheio de incenso; “ um boi da cheio de incenso; 57um boi da manada,
manada, e um carneiro, e um cor­ e um carneiro, e um cordeiro de um
deiro de um ano para o holocausto; ano para o holocausto; “ e um bode
“ e um bode pelo pecado; 41e para as pelo pecado; 59e para as hóstias pa­
hóstias pacíficas dois bois, cinco car­ cíficas dois bois, cinco carneiros, cin­
neiros, cinco bodes, cinco cordeiros co bodes, cinco cordeiros de um ano.
de um ano. Esta foi a oferta de Sa­ Esta foi a oferta de Gamaliel, filho
lamiel, filho de Surisadai. de Fadassur.
Chefe da tribo de Gad Chefe da tribo de Benjamim
42Ao sexto dia Eliasaf, filho de Duel, 60Ao nono dia Abidan, filho de Ge-
príncipe dos filhos de Gad, ^ofereceu deão, e príncipe dos filhos de Benja­
um prato de prata, que pesava cento mim, “ ofereceu um prato de prata,
166 NÚMEROS 7-8
que pesava cento e trinta siclos, uma elo pêso do santuário, ambos cheios
taça de prata, que tinha setenta siclos e flor de farinha borrifada com azei-
pelo pêso do santuário, ambos cheios te para o sacrifício; "um pequeno va-
de flor de farinha borrifada com azei­ so de ouro do pêso de dez siclos,
te para o sacrifício; 62e um pequeno cheio de incenso; 81um boi da ma­
vaso de ouro do pêso de dez siclos, nada, e um carneiro, e um cordeiro
cheio de incenso; 03um boi da mana­ de um ano para o holocausto; 82e um
da, e um carneiro, e um cordeiro de bode pelo pecado; 83e para as hós­
um ano para o holocausto; 64e um tias pacíficas dois bois, cinco carnei­
bode pelo pecado; “ e para as hóstias ros, cinco bodes, cinco cordeiros de
pacíficas dois bois, cinco carneiros, um ano. Esta foi a oferta de A í­
cinco bodes, cinco cordeiros de um a- ra, filho de Enan.
no. Esta foi a oferta de Abidan, f i­
lho de Gedeão. Recapitulação
Chefe d a tribo de D an 84As coisas, pois, oferecidas pelos
príncipes de Israel na dedicação do
66Ao décimo dia Aiezer, filho de A - altar, no dia em que foi consagrado,
misadai, príncipe dos filhos de Dan, foram estas: doze pratos de prata, do-
67ofereceu um prato de prata, que pe­ ze taças de prata, doze pequenos va­
sava cento e trinta siclos, uma taça sos de ouro, “ pesando cada prato cen­
de prata, que tinha setenta siclos pe­ to e trinta siclos e cada taça setenta;
lo pêso do santuário, ambos cheios de de sorte que todos os vasos de prata
flor de farinha borrifada com azeite juntos pesavam dois mil e quatro­
para o sacrifício; “ um pequeno vaso centos siclos pelo pêso do santuário;
de ouro do pêso de dez siclos, cheio Mos doze pequenos vasos de ouro
de incenso; 09um boi da manada, e um cheios de incenso, de dez siclos ca­
carneiro, e um cordeiro de um ano da um pelo pêso do santuário, pesa­
para o holocausto; 70e um bode pelo vam todos juntos cento e vinte siclos
pecado; T1e para as hóstias pacíficas de ouro; 87doze bois da manada para
dois bois, cinco carneiros, cinco bodes, o holocausto, doze carneiros, doze
cinco cordeiros de um ano; esta foi cordeiros de um ano com as suas
a oferta de Aiezer, filho de Amisadai. libações; doze bodes pelo pecado.
Chefe da tribo de Aser “ Para as hóstias pacíficas vinte e
quatro bois, sessenta carneiros, ses­
72A o undécimo dia Fegiel, filho de senta bodes, sessenta cordeiros de um
Ocran, príncipe dos filhos de Aser, ano. Estas coisas foram oferecidas
^ofereceu um prato de prata, que pe­ na dedicação do altar, quando foi un­
sava cento e trinta siclos, uma taça gido.
de prata, que tinha setenta siclos, pe- Corno Deus fa la v a a Moisés
lo pêso do santuário, ambos cheios de
flor de farinha borrifada com azeite WE, quando Moisés entrava no ta-
para o sacrifício; 74um pequeno vaso bernáculo da aliança para consultar o
de ouro do pêso de dez siclos, cheio oráculo, ouvia a voz daquele que lhe
de incenso; 75um boi da manada, e falava do propiciatório, que estava
um carneiro, e um cordeiro de um sobre a arca do testemunho entre os
ano para o holocausto; 70e um bode dois querubins, donde também lhe
pelo pecado; 77e para as hóstias pa­ falava.
cíficas dois bois, cinco carneiros, cin­ Preparo das lâm padas
co bodes, cinco cordeiros de um ano;
esta foi a oferta de Fegiel, filho de O 1E o Senhor falou a Moisés, di-
Ocran. ° zendo: 2Fala a Arão, e dize-lhe:
Chefe da tribo de Neftali Logo que tiveres pôsto as sete lâm­
padas, esteja colocado a candeeiro na
78A o duodécimo dia Aíra, filho de parte do meio-dia. Ordena, pois, que
Enan, príncipe dos filhos de Neftali, as lâmpadas olhem para o setentrlão
79ofereceu um prato de prata, que em frente da mesa dos pães da pro­
pesava cento e trinta siclos, uma ta­ posição; elas deverão dar luz para
ça de prata, que tinha setenta siclos aquela parte que está diante do can­
8 -9 NÚMEROS 167
deeiro. 3E Arão assim fêz, e pôs as dos os primogênitos dos filhos de Is­
lâmpadas sôbre o candeeiro, confor­ rael; 19e (tirados) do meio do povo
me o Senhor tinha ordenado a Moi­ dei-os inteiramente a Arão e a seus
sés. 4E o trabalho do candeeiro fi­ filhos, para me servirem por Israel
ra êste: todo de ouro batido a marte­ no tabernáculo da aliança, e orarem
lo, tanto o tronco do meio, como to­ por êles, para que não venha algu­
dos os braços, que saíam dum e dou­ ma praga sôbre o povo, se ousarem
tro lado; segundo o modêlo que o aproximar-se do santuário. “ Moi­
Senhor mostrou a Moisés, assim êle sés, pois, e Arão, e tôda a multidão
fêz o candeeiro. dos filhos de Israel fizeram acêrca
dos Levitas o que o Senhor ordenara
Consagração dos Levitas a Moisés. aE foram purificados, e
5E o Senhor falou a Moisés, dizen­ lavaram os seus vestidos. E Arão
do: T o m a os Levitas do’ meio dos os apresentou diante do Senhor, e
filhos de Israel, e os purificarás 7com orou por êles, “ para que, depois de
estas cerimônias: Serão aspergidos purificados, entrassem no taberná-
com a agua da purificação, e rapem culo da aliança a exercer as suas fun­
todos os cabelos da sua carne. E, ções diante de Arão e de seus filhos.
depois que tiverem lavado os seus Como o Senhor tinha ordenado a Moi­
vestidos e se tiverem purificado, T o­ sés acêrca dos Levitas, assim se fêz.
marão um boi da manada, e para 23E o Senhor falou a Moisés, dizen­
a sua libação flor de farinha borri- do: 24Esta é a lei relativa aos L e v i­
fada com azeite; e tu tomarás ou­ tas. Desde os vinte e cinco anos pa­
tro boi da manada pelo pecado; 9e ra cima entrarão a servir no taber­
farás aproximar os Levitas diante náculo da aliança. “ E, quando com­
do tabernáculo da aliança, depois de pletarem cinqüenta anos de idade,
convocada tôda a multidão dos f i­ cessarão de servir; 2Oe (sòm ente) a-
lhos de Israel. 10E, quando os L e v i­ judarão seus irmãos no tabernáculo
tas estiverem diante do Senhor, os da aliança, para guardarem as coi­
filhos de Israel porão as suas mãos sas que lhes forem confiadas, mas
sôbre êles. 11E Arão oferecerá os não mais exercerão as funções ( ordi­
Levitas como um dom dos filhos de nárias). Assim disporás os Levitas
Israel na presença do Senhor, para nos seus encargos.
que o sirvam no seu ministério. A páscoa no Sinai
12Os Levitas também porão as suas
mãos sôbre as cabeças dos bois, dos Q 2E o Senhor falou a Moisés no
quais sacrificarás um pelo pecado, e u deserto do Sinai, no primeiro
o outro em holocausto ao Senhor, pa­ mês do segundo ano depois que ti­
ra que rogues por êles. 13E apresen­ nham saído da terra do Egito, e dis­
taras os Levitas diante de Arão e de se: 2Os filhos de Israel celebrem a
seus filhos, e os sagrarás depois de Páscoa no tempo estabelecido, 3no dia
os teres oferecido ao Senhor, 14e sepa- catorze dêste mês à tarde, segundo
rá-los-ás do meio dos filhos de Israel, tôdas as suas cerimônias, e os seus
para que sejam meus. 15E, depois ritos. 4E Moisés mandou, aos filhos
disto, entrarão no tabernáculo da a- de Israel que celebrassem a Páscoa.
liança para me servirem. E assim 5E êles celebraram-na no tempo es­
os purificarás e sagrarás em oferta tabelecido, no dia catorze do mês à
ao Senhor; porque me foram dados tarde, no monte Sinai. Os filhos
como um dom pelos filhos de Israel. de Israel, fizeram tudo conforme o
16Eu os recebi em lugar de todos os Senhor tinha ordenado a Moisés. 6E
primogênitos de Israel que saem pri­ eis que alguns que se achavam im­
meiro do seio materno. “ Porque to­ puros, por se terem chegado a um
dos os primogênitos dos filhos de Is­ morto, os quais não podiam fazer a
rael, tanto de homens como de ani­ Páscoa naquele dia, indo ter com Moi­
mais, são meus. Eu os consagrei a sés e Arão, 7disseram-lhes: Estamos
mim, desde o dia em que feri todos impuros por causa de nos termos che­
os primogênitos na terra do Egito. gado a um morto; por que havemos
18E tomei o s Levitas em lugar de to­ nós de ser privados de fazer a obla-
168 NÚMEROS 9 - 10
ção ao Senhor no tempo estabeleci­ a nuvem se detinha desde a tarde até
do, entre os filhos de Israel? 8Moi- de manhã, e logo ao romper do dia
sés respondeu-lhes: Esperai que eu se elevava do tabernáculo, partiam; e
consulte o Senhor para saber o que se depois de um dia e uma noite se
ordenará acêrea de vós. retirava, desmanchavam as tendas.
9E o Senhor falou a Moisés, dizen­ 22Se, porém, se detinha sôbre o taber­
do: 10Dize aos filhos de Israel: O náculo dois dias ou um mês ou por
homem que estiver impuro por cau­ mais tempo, os filhos de Israel f i­
sa de um morto, ou se achar em jo r­ cavam no mesmo lugar, e não par­
nada longe de vós, faça a Páscoa do tiam; mas, logo que a nuvem se ele­
Senhor nno dia catorze do segun­ vava, levantavam o acampamento.
do mês à tarde. Comê-la-ão com 23Ao mandado do Senhor assentavam
pães azímos e alfaces bravas; 12não as tendas, e ao seu mandado par­
deixarão nada dela para a manhã tiam; e estavam sempre atentos ao
seguinte, nem lhe quebrarão os ossos; sinal do Senhor, como êste tinha or­
observarão todos os ritos da Páscoa. denado por meio de Moisés.
13Mas, se alguém está puro, e não se
encontra em viagem, e todavia não Trombetas de prata
fêz a Páscoa, será aquela alma exter­ 1A 1E o Senhor falou a Moisés, di-
minada do seu povo, porque não o- zendo: 2Faze para ti duas
fereceu no tempo estabelecido o sa­ trombetas de prata batida ao marte­
crifício ao Senhor; êste levará o seu lo, com as quais possas convocar a
pecado. 14Do mesmo modo o pere­ multidão, quando se houver de le­
grino e o estrangeiro, se morarem vantar o acampamento. 3E, quan­
entre vós, farão a Páscoa em honra do fizeres soar as trombetas, todo 0
do Senhor com as suas cerimônias e povo se juntará ao pé de ti à porta
os seus ritos. O mesmo preceito se­ do tabernáculo da aliança. 4Se as
rá guardado entre vós tanto pelo es­ tocares uma só vez, virão a ti os
trangeiro como pelo natural. príncipes e os chefes do povo de Is­
Sinal que guiará os Israelitas no rael. 5Se o som fôr mais longo e
deserto quebrado, levantarão os acampamen­
tos os primeiros que estão da par­
15N o dia, pois, em que o taberná- te do oriente. flAo segundo toque,
culo foi ereto, a nuvem o cobriu. Da porém, a um igual som da trombe-
tarde, porém, até a manhã estava so­ ta, levantarão as tendas os que ha­
bre o tabernáculo como uma espécie bitam ao meio-dia; e do mesmo mo­
de fogo. 56Assim acontecia conti-
1 do farão os outros, enquanto as trom­
nuamente: De dia cobria-o a nuvem, betas fizerem sinal para a partida.
e de noite como que uma espécie de 7Mas, quando se tiver de congregar o
fogo. 17E, quando se levantava a nu­ povo, o som das trombetas será sim­
vem, que cobria o tabernáculo, en­ ples e não interrompido. 8Ora, os
tão punham-se em marcha os filhos filhos de Arão, sacerdotes, tocarão as
de Israel; e no lugar onde a nuvem trombetas, e esta lei será perpétua
parava, aí acampavam. 18À ordem nas vossas gerações. 9Se sairdes do
do Senhor partiam, e à sua ordem as­ vosso país para fazer guerra contra
sentavam o tabernáculo. Todo o os inimigos que vos atacam, fareis
tempo em que a nuvem estava para­ soar interrompidamente as trombe­
da sôbre o tabernáculo, permaneciam tas, e o Senhor vosso Deus se lembra­
no mesmo lugar; 19*e se acontecia es­ rá de vós, para vos livrar das mãos
tar parada sôbre êle muito tempo, os de vossos inimigos. 10Quando fizer­
filhos de Israel estavam às ordens do des algum banquete, e nos dias de
Senhor, e não partiam “ durante to­ festas, e nas calendas, tocareis as
do o tempo em que a nuvem estava trombetas, oferecendo os holocaustos
sôbre o tabernáculo. Ao mandado e as hóstias pacíficas, a fim de que
do Senhor levantavam as tendas, e ao o v o s s o Deus se lembre de vós. Eu
seu mandado as desarmavam. 21Se sou o Senhor vosso Deus.
Cap. X — 10. N a s calendas, isto é, nas festas da lua nova.
10 - 11 NUMERoS 169

Partida do Sinai pondeu-lhe: Não irei contigo, mas


voltarei para a minha terra, na qual
“ No dia vinte do segundo mês do nasci. 31E Moisés disse: Não queiras
segundo ano, levantou-se a nuvem do abandonar-nos, porque tu conheces
tabernáculo da aliança; 12e os f i­ os lugares em que devemos acampar
lhos de Israel pelas suas turmas par­ no deserto, e serás o nosso guia. 32E,
tiram do deserto do Sinai, e a nu­ se vieres conosco, nós te daremos o
vem parou no deserto de Faran. 13E melhor das riquezas que o Senhor
os primeiros que levantaram os nos há de dar.
acampamentos, conforme a ordem do
Senhor dada por meio de. Moisés, Primeiros dias de viagem
“ foram os filhos de Judá pelas suas 33Partiram, pois, do monte do Se­
turmas; o seu príncipe era Naasson, nhor, e caminharam três dias, e a
filho de Aminadab. 15Na tribo dos arca da aliança do Senhor ia adiante
filhos de Issacar foi príncipe Nata- dêles, indicando-lhes nos três dias o
nael, filho de Suar. 16Na tribo de lugar para os acampamentos. 34A nu­
Zabulão era príncipe Eliab, filho de vem do Senhor também estava sô-
Helão. 17E o tabernáculo foi desar­ bre êles de dia, quando caminhavam.
mado, e os filhos de Gersão e de Me- 35E quando se levantava a arca, Moi­
rari partiram levando-o. 18Depois par­ sés dizia: Levanta-te, Senhor, e se­
tiram os filhos de Ruben, segundo jam dispersos os teus inimigos, e
as suas turmas e a sua ordem; Eli-, fujam da tua face os que te abor­
sur, filho de Sedeur, era seu prín­ recem. 36Quando, porém, se depunha,
cipe. 19N a tribo, porém, dos filhos de dizia: Volta, Senhor, para a multi­
Simeão, o príncipe foi Salamiel, fi­ dão do exército de Israel.
lho de Surisadai. “ E na tribo de Gad
era príncipe Eliasaf, filho de Duel. Foffo do céu
“ Depois partiram os Caatitas, que
levavam o santuário. O tabernáculo 11 en treta n to levantou-se uma
era sempre levado até chegar ao lu­ 1 * murmuração do povo contra o
gar, onde se devia erigir. “ Levanta­ Senhor, corno de quem se queixava
ram depois os acampamentos os fi­ da fadiga. O Senhor, tendo ouvido is­
lhos de Efraim pelas suas turmas, to, irou-se. E o fogo do Senhor, aceso
no exército dos quais era príncipe contra êles, devorou uma extremidade
Elisama, filho de Amiud. do acampamento. 2E o povo, tendo
chamado Moisés, Moisés orou ao Se­
23Na tribo dos filhos de Manassés nhor, e o fogo extinguiu-se. 3E (M o i­
era príncipe Gamaliel, filho de Fa- sés) pôs àquele lugar o nome de in­
dassur. 24E na tribo de Benjamim era cêndio; porque ali se tinha acendido
chefe Abidan, filho de Gedeão. “ Os contra êles o fogo do Senhor.
últimos a levantar o acampamento
foram os filhos de Dan pelas suas Queixas do povo sobre o maná
turmas, em cujo exército era prín­
cipe Aiezer, filho de Amisadai. “ N a 4Porque a populaça que tinha vin­
tribo dos filhos de Aser o príncipe do com êles ardeu em desejos, sentan­
era Fegiel, filho de Ocrah. 27E na do-se e chorando, unindo-se-lhe tam­
tribo dos filhos de N eftali o príncipe bém os filhos de Israel, e disse: Quem
era Aíra, filho de Enan. 28Tais são nos dará carnes para comer? 5Lem-
os acampamentos e as marchas dos bramo-nos dos peixes que comíamos
filhos de Israel pelas suas turmas, de graça no Egito; vem-nos à memó­
quando se moviam. ria os pepinos e os melões, e os alhos
bravos, e as cebolas, e os alhos. °A
Moisés convida Hobab a acompanhá-lo nossa alma está sêca, os nossos olhos
não vêem senão maná. 7Ora, o maná
29E Moisés disse a Hobab, filho de era como os grãos de coentro, da côr
Raguel Madianita, seu parente: Nós do bdélio. 8E o povo ia ao redor do
partimos para o lugar que o Senhor campo, e colhendo-o, o moía numa
nos há de dar; vem conosco, para te mó, ou o pisava num gral, cozendo-o
fazermos bem, porque o Senhor pro­ numa panela, fazia dêle tortas dum
meteu bens a Israel. 30Mas êle res­ sabor como de pão amassado com a­
170 NÚMEROS 11
zeite. 9E enquanto de noite caía o or­ mil homens de pé, e tu dizes: Dar-
valho no campo, caía também o manã. -lhes-ei carne a comer durante um
mês inteiro? “ Porventura matar-se-á
Queixas de Moisés tanta quantidade de ovelhas e bois,
10Ouviu, pois, Moisés chorar o po­ que possa bastar para sua comida?
vo nas suas famílias, cada um à por­ Ou juntar-se-ão todos os peixes do
ta da sua tenda. E a cólera do Senhor mar para os fartarem ? 23E o Senhor
acendeu-se fortemente, e até a Moisés respondeu-lhe: Porventura é impo­
pareceu isto uma coisa intolerável. nE tente a mão do Senhor? Agora mes­
disse ao Senhor: Por que afligiste o mo verás se a minha palavra se põe
teu servo? Por que não acho eu graça por obra.
diante de ti? E por que puseste sôbre Os setenta anciãos
mim o pêso de todo êste povo? 12Por-
ventura concebi eu tôda esta multi­ 24Foi, pois, Moisés e referiu ao povo
dão, ou gerei-a, para me dizeres: Tra- as palavras do Senhor, e, juntando
ze-os no teu seio, como a ama cos­ setenta homens dos anciãos de Israel,
tuma trazer uma criança, e leva-os à fê-los estar de pé junto do tabernácu­
terra que com juramento prometi a lo. “ E o Senhor desceu na nuvem, e
seus pais? 13Donde me virão carnes falou-lhe, e, tirando do Espírito que
para dar a tão grande multidão? Êles havia em Moisés, deu dêle aos setenta
choram contra mim, dizendo: Dá-nos homens. E, tendo repousado nêles o
carnes para comermos. 14Eu só não Espírito, profetizaram e não cessaram
posso suportar todo êste povo, porque mais (de o fazer) “ Ora, tinham ficado
se me torna pesado. 15Se te parece no campo dois homens, um dos quais
outra coisa, peço-te que me tires a se chamava Eldad, e o outro Medad,
vida, e que ache eu graça diante dos e o Espírito pousou (tam bém ) sôbre
teus olhos, para me não ver oprimido êles, porque também êles tinham sido
de tão grandes males. alistados, mas não tinham saído para
Promessas de auxiliares e de alimento
ir ao tabernáculo. 27E, como profeti­
zassem no acampamento, um jovem
16E o Senhor disse a Moisés: Jun­ correu e deu a notícia a Moisés, di­
ta-me setenta homens entre os an­ zendo: Eldad e Medad profetizam nos
ciãos de Israel, que tu souberes serem acampamentos. 28Imediatamente Jo­
anciãos do povo e mestres; e os con­ sué, filho de Nun, ministro de M oi­
duzirás à porta do tabernáculo da a- sés, e escolhido entre muitos, disse:
liança, e ali os farás esperar contigo, Meu Senhor Moisés, proíbe-lho. “ Moi-
17para que eu desça e te fale, e tome sés respondeu-lhe: P or que és tão
do teu Espírito, e lho darei a êles, pa­ zeloso por mim? Quem dera que todo
ra que sustentem contigo o pêso do o povo profetizasse, e que o Senhor
povo, e não sejas tu só o agravado. lhe desse o seu Espírito? 30E Moisés
18Dirás também ao povo: Santificai- voltou para os acampamentos com os
vos; amanhã comereis carnes; porque anciãos de Israel.
eu vos ouvi dizer: Quem nos dará a A s codornizes
comer carnes? Nós estávamos bem
no Egito. Assim o Senhor vos dará 31E um vento mandado pelo Senhor,
carnes que comais, 19não só um dia, trazendo codornizes da outra banda
nem dois, nem cinco ou dez, nem do mar, arrebatou-as consigo e fê-las
mesmo vinte, 20mas um mês inteiro, cair sôbre os acampamentos ao redor
até elas vos saírem pelos narizes, e do campo por tanto espaço, quanto
vos causarem enjôo, visto que rejei­ se pode andar num dia, e voavam pelo
tastes o Senhor, que está no meio de ar à altura de dois côvados sôbre a
vós, e chorastes diante dêle, dizendo: terra. 32Levantando-se então o povo,
Por que saímos do Egito? 21E Moi­ apanhou todo aquêle dia e a noite, e
sés disse: É um povo de seiscentos o outro dia tantas codornizes, que
Cap. X I — 17. Torne do teu Espírito. Sem diminuir os dons do Espírito Santo d ad o »
a Moisés, Deus também tornará participantes dêles os novos escolhidos.
20. A té ela vos saírem pelos narizes, isto é, até as vomitardes.
11 - 13 NUMERoS 171
aquêle que menos (recolheu), tinha mos. “ Que esta não fique como mor­
dez coros delas, e puseram-nas a se­ ta, e como um abôrto que é lançado
car à roda dos acampamentos. fora do ventre de sua mãe; eis que a
Castigo do povo lepra lhe consumiu já a metade da
sua carne. 13E Moisés clamou ao Se­
33Ainda as carnes estavam nos seus nhor, dizendo: ó Deus, eu te rogo, sa­
dentes, e ainda se lhes não tinha aca­ ra-a. 14E o Senhor respondeu-lhe: Se
bado êste manjar, quando a cólera do seu pai lhe tivesse cuspido na cara,
Senhor se acendeu contra o povo, e o não deveria ela estar coberta de ver­
feriu com uma grandíssima praga. 34E gonha ao menos durante sete dias?
aquêle lugar foi chamado os Sepulcros Esteja separada fora dos acampamen­
da concupiscência, porque ali sepul­ tos durante sete dias, e depois será
taram o povo, que tinha tido os dese­ outra vez chamada. 15Maria, pois, foi
jos. E tendo partido dos Sepulcros deitada fora dos acampamentos du­
da concupiscência, foram a Haserot, rante sete dias; e o povo não se mo­
e ali ficaram. veu daquele lugar enquanto Maria
Murmurações de M aria e Arão
não foi tornada a chamar.
contra Moisés Exploradores mandados a Canaã
1O Ora, Maria e Arão falaram con- 1 O d e p o is disto ò povo partiu de
tra Moisés, por causa de sua 1 ^ Haserot, e levantou as ten­
mulher Etíope, 2e disseram: Porven­ das no deserto de Faran. 2E neste
tura o Senhor falou só por Moisés? lugar o Senhor falou a Moisés, di­
Não nos falou êle igualmente a nós? zendo: 3Envia homens, um dos prin­
O Senhor, tendo ouvido isto, 3(porque cipais por cada tribo, que reconhe­
Moisés era o mais manso de todos os çam a terra de Canaã, que eu hei de
homens (jue havia na terra), 4disse lo­ dar aos filhos de Israel.
go a Moisés, e a Arão, e a Maria: Ide 4Moisés fêz o que o Senhor man­
todos três sós ao tabernáculo da a- dara, enviando do deserto de Faran
liança. E, logo que lá chegaram, 5o Se­ homens de entre os principais, cujos
nhor desceu na coluna de nuvem, e nomes são êstes: 5Da tribo de Ru-
parou à entrada do tabernáculo, cha­ ben, Samua, filho de Zecur. 6Da
mando Arão e Maria. E, tendo-se êles tribo de Simeão, Safat, filho de Hu-
aproximado, 6disse-lhes: Ouvi as mi­ ri. 7Da tribo de Judá, Caleb, filho
nhas palavras: Se entre vós algum é de Jefone. 8Da tribo de Issacar,
profeta do Senhor, eu lhe aparecerei Igal, filho de José. °Da tribo de
em visão, ou lhe falarei em sonhos. Efraim, Osée, filho de Nun. 10Da
7Mas não é assim a respeito do meu tribo de Benjamim, Falti, filho de
servo Moisés, o qual é fidelíssimo em R a fu . “ Da tribo de Zabulão, Ge-
tôda a minha casa; 8porque a êle eu diel, filho de Sodi. 12Da tribo de
falo cara a cara; e ele vê o Senhor José, do cetro de Manasses, Gadi, f i­
claramente, e não sob enigmas e f i­ lho de Susi. 13Da tribo de Dan, A -
guras. Por que não temestes vós, pois, miel, filho de Gemali. 14Da tribo de
falar contra o meu servo Moisés? Aser, Stur, filho de M igu el. 15Da
Castigo dessas murmurações tribo de Neftali, Naabi, filho de Vap-
si. 10Da tribo de Gad, Guel, filho
°E, irado contra êles, foi-se. 10Reti- de Maqui. “ Êstes são os nomes dos
rou-se também a nuvem, que estava homens que Moisés enviou a reconhe­
sobre o tabernáculo; e eis que Maria cer a terra; e a Osée, filho de Nun,
apareceu tôda coberta de lepra (bran­ pôs-lhe o nome de Josué. 18Moisés,
ca) como neve. E Arão, tendo olhado pois, enviou-os a reconhecer a ter­
para ela, e tendo-a visto coberta de ra de Canaã, e disse-lhes: Subi pela
lepra, “ disse a Moisés: Rogo-te, meu parte do meio-dia. E, quando tiver­
Senhor, que não ponhas sôbre nós des chegado aos montes, 19considerai
êste pecado, que nèsciamente comete­ que terra é essa, e o povo que a ha-
Cap. X I I — 12. Eis que a le p ra ... O hebraico diz: Que ela não seja como um menino
que nasce morto, o qual, Quando sai de sua mãe, tem a carne já meio consumida.
172 NÚMEROS 13 - 14
bita, se é valente ou fraco; se é em que tinham ido com êle, diziam: De
pequeno ou grande número; 20se a nenhuma sorte podemos ir contra ês-
mesma terra é boa ou má; como te povo, porque é mais forte do que
são as cidades, se muradas ou sem nós. 33E diante dos filhos de Israel
muros; 21se o terreno é fértil ou es­ depreciaram o país que tinham ex­
téril, com arvoredos, ou sem árvores. plorado, dizendo: A terra que per­
Tende coragem, e trazei-nos dos fru ­ corremos devora os seus habitantes;
tos da te rra . Era então o tempo 0 povo que vimòs, é de estatura ex­
em que as uvas temporãs já podem traordinária. 34Vimos lá certos mons­
ser comidas. tros dos filhos de Enac da raça dos
Exploração da terra de Canaã
gigantes, comparados com os quais
nós parecíamos gafanhotos.
22Tendo, pois, partido, exploraram Revolta do povo
a terra desde o deserto de Sin até
Roob, à entrada de Emat. 23E subi­ 1 A 7Tôda a multidão se pôs a gri-
ram para o meio-dia, e foram a He- tar e chorou aquela noite, 2e
brão, onde estavam Aquiman e Si- todos os filhos de Israel murmura­
sai, e Tolmai, filhos de Enac; por­ ram contra Moisés e Arão, dizendo:
que Hebrão foi fundada sete anos 3Oxalá que nós tivéssemos morrido no
antes de Tanis, cidade do Egito. 24E, Egito; e oxalá que pereçamos neste
caminhando até à Torrente do Cacho, vasto deserto, e que o Senhor não
cortaram um ramo de vide com o seu nos introduza nessa terra, para não
cacho, o qual levaram dois homens sermos passados à espada, e as nos­
numa vara. Colheram também ro­ sas mulheres e os nossos filhos não
mãs, e figos daquele lugar, 25que foi serem levados cativos. Porventura
chamado Neelescol, isto é, Torrente não nos seria melhor voltar para o
do Cacho, por causa do cacho que Egito? 4Disseram uns para os ou­
de lá levaram os filhos de Israel. tros: Escolhamos um chefe e volte­
mos para o Egito. 5Tendo ouvido
Volta dos exploradores isto Moisés e Arão lançaram-se por
terra diante de tôda a multidão dos
26E, tendo voltado os exploradores, filhos de Israel.
passados quarenta dias, depois de te­ °Josué, porém, filho de Nun, e Ca-
rem percorrido tôda a região, Afo­ leb, filho de Jefone, que também ti­
ram ter com Moisés e com Arão e nham explorado a terra, rasgaram os
com todo o ajuntamento dos filhos seus vestidos, 7e disseram a tôda a
de Israel no deserto de Faran, que é multidão dos filhos de Israel: A ter­
em Cades. E, falando a êles, e a tô­ ra, que nós percorremos, é muito boa.
da a multidão, mostraram os frutos sSe o Senhor nos fôr propício, intro-
da terra, 28e fizeram a sua narração, duzir-nos-á nela, e dar-nos-á uma ter­
dizendo: Fomos à terra, aonde tu ra, que mana leite e mel. 9Não se­
nos enviaste, a qual na verdade ma­ jais rebeldes contra o Senhor, nem
na leite e mel, como se pode reconhe­ temais o povo desta terra, porque
cer por êstes frutos. 29Mas tem ha­ podemos devorá-lo como pão; êles
bitantes fortíssimos, e cidades gran­ acham-se destituídos de tôda a defe­
des e muradas. A li vimos a raça de sa; o Senhor está conosco, não te­
Enac. 30Amalec habita ao meio-dia, mais. 10E, como tôda a multidão
o Heteu, o Jebuseu, e o Amorreu ha­ gritasse e quisesse apedrejá-los, apa­
bitam nas montanhas; o Cananeu, receu a glória do Senhor a todos os
porém, habita junto do mar e ao lon­ filhos de Israel sôbre o tabernáculo
go do rio Jordão. 31Entretanto Ca- da aliança.
leb. para refrear a murmuração do Cólera divina
povo, que começava a levantar-se
contra Moisés, disse: Vamos e tome­ “ E o Senhor disse a Moisés: A té
mos conta da terra, porque nós pode­ quando me há de ultrajar êste povo?
remos conquistá-la. 32Mas os outros, Até quando não me acreditarão, de-
Cap. X I V — , 9. Podemos devorá-lo como pão, isto é, podemos vencê-lo sem nenhuma
dificuldade.
14 NÚMEROS 173
pois de todos os prodígios que tenho rará contra mim esta péssima multi­
feito diante dêles? 12Eu, pois, os fe ­ dão? Eu ouvi as queixas dos filhos
rirei com peste, e os exterminarei, e de Israel. 28Dize-lhes, pois: Por mi­
a ti far-te-ei príncipe duma grande nha vida, diz o Senhor, eu vos farei
nação, e mais forte do que esta é. como vos ouvi dizer. --'Neste deserto
ficarão estendidos os vossos cadáve­
Oração de Moisés
res. Todos vós que fôstes contados
13E Moisés disse ao Senhor: É, desde vinte anos para cima, e que
pois, para que os Egípcios, do meio murmurastes contra mim, 30não en­
dos quais tiraste êste povo, ouçam, ê- trareis na terra, na qual eu jurei fa ­
les 14e os habitantes desta terra que zer-vos habitar, exceto Caleb, filho
ouviram (dizer) que tu, Senhor, estás de Jefone, e Josué, filho de Nun.
no meio dêste povo e és visto face a 31Mas eu introduzirei os vossos filhos,
face, e que a tua nuvem os protege, dos quais dissestes que seriam prêsa
e que vais adiante dêles, de dia nu­ dos inimigos, para que vejam a ter­
ma coluna de nuvem, e de noite nu­ ra que vos desagradou. 32Os vossos
ma coluna de fogo, 15que fizeste mor­ cadáveres ficarão jazendo no deser­
rer uma tão grande multidão como to.
(se fora ) um só homem, e digam: Quarenta anos no deserto
16Êle não pôde introduzir o povo no 33Os vossos filhos andarão erran­
país, que lhe tinha prometido com tes no deserto durante quarenta a-
juramento; por isso os matou no de­ nos, e pagarão a vossa infidelidade,
serto. 17Seja, pois, glorificada a for­ até que os cadáveres de seus pais se­
taleza do Senhor como tu juraste, jam consumidos no deserto, ^confor­
dizendo: lsO Senhor é paciente e me o número de quarenta dias em
de muita misericórdia, que tira a ini- que explorastes aquela terra; con-
qüidade e as maldades, e que nenhum tar-se-á um ano por cada dia. E
culpado deixa impune. Tu visitas os durante quarenta anos pagareis a pe­
pecados dos pais sôbre os filhos até à na das vossas iniqüidades, e experi­
terceira e quarta geração. 19Perdoa, mentareis a minha vingança; 35por-
te suplico, o pecado dêste povo, se­ que assim como disse, assim farei a
gundo a tua grande misericórdia, as­ tôda esta péssima multidão que se
sim como lhe fôste propício desde insurgiu contra mim; neste deserto
que saíram do Egito até êste lugar. será consumida e morrerá.
Castigo dos Israelitas Morte dos exploradores,
20E o Senhor disse: Eu perdoei exceto Josué e Caleb
conforme o teu pedido. 21Por minha 36E assim todos os homens, que
vida, que tôda a terra será cheia da Moisés tinha enviado a reconhecer
glória do Senhor. 22Todavia todos a terra, e que, depois de terem vol­
os homens, que viram a minha ma­ tado, tinham feito murmurar contra
jestade e os prodígios que fiz no E gi­ êle tôda a multidão, depreciando a-
to e no deserto, e que me tentaram quela terra como má, 37morreram»
já dez vêzes, e não obedeceram à sendo feridos diante do Senhor. 3SMas
minha voz, 23não verão a terra que Josué, filho de Nun, e Caleb, filho
eu prometi a seus pais com jura­ de Jefone, ficaram vivos entre to­
mento; nenhum dos que me ultraja­ dos os que tinham ido explorar a
ram a verá. 24Mas, quanto ao meu terra.
servo Caleb, que cheio de outro espí­ Derrota dos Israelitas
rito me seguiu, eu o introduzirei nes­
ta terra que êle percorreu; e a sua 39E Moisés referiu todas estas pa­
posteridade a possuirá. 25Visto que lavras a todos os filhos de Israel, e
os Amalecitas e os Cananeus habi­ o povo chorou amargamente. 40E
tam nos vales, amanhã levantai os eis que (ao outro dia), levantando-
acampamentos, e voltai para o deser­ se de madrugada, subiram ao cume
to pelo caminho do mar Vermelho. do monte e disseram: Estamos pres­
26E o Senhor falou a Moisés e a tes a ir para o lugar de que o Se­
Arão, dizendo: 27Até quando murmu­ nhor falou, porque pecamos. 41M oi­
l7 4 NÚMEROS 14 “ l5

sés disse-lhes: Por que trangredis a sim o farás, 12por cada boi, cada car­
palavra do Senhor, o que não vos re­ neiro, cada cordeiro e cada cabrito.
dundará em bem? 42Não queirais su­ 13Tanto os naturais da terra como os
bir, porque o Senhor não é convos- estrangeiros 14oferecerão os sacrifí­
co; não suceda serdes destruídos cios com o mesmo rito. 15Será uma
diante de vossos inimigos. 430 Ama- mesma lei e ordenação, tanto para
lecita e o Cananeu estão diante de vós como para os que são estrangei­
vós, e vós sucumbireis sob a sua es­ ros no vosso país.
pada, porque não quisestes obedecer
ao Senhor, e o Senhor não será con- Oferta das primicias
vosco. 44Êles, obcecados, subiram ao 10O Senhor falou a Moisés, dizen­
cume do monte. A arca, porém, do do: 17Fala aos filhos de Israel, e lhes
testamento do Senhor e Moisés não dirás: 18Quando chegardes à terra,
se apartaram dos acampamentos. 45E que eu vos hei de dar, 19e comerdes
desceu o Amalecita e o Cananeu, que dos pães daquele país, separareis pa­
habitava no monte; e tendo-os ba­ ra o Senhor as primicias “ do vosso
tido e retalhado, os perseguiu até alim ento. Assim como separais as
Horma. primicias das eiras, 21assim também
Leis relativas aos sacrifícios
oferecereis ao Senhor as primicias
cruentos
das vossas massas.
Pecados de ignorância e presunção
1 C 70 Senhor falou a Moisés, di-
*** zendo: 2Fala aos filhos de 22Quando por ignorância omitirdes
Israel, e lhes dirás: Quando entrar­ algumas destas coisas que o Senhor
des na terra da vossa habitação, que disse a Moisés, 23e que por meio dêle
eu vos hei de dar, 3e oferecerdes ao vos ordenou, desde o dia em que
Senhor algum holocausto ou vítima começou a dar-vos os seus manda­
em cumprimento dos vossos votos, mentos, e em seguida, 24e se a mul­
ou como oferta espontânea, ou fazen­ tidão vier a cair em qualquer falta
do queimar nas vossas solenidades, por esquecimento, oferecerá um be­
em cheiro de suavidade para o Se­ zerro da manada em holocausto de
nhor, bois ou ovelhas, 4todo aquêle suavíssimo cheiro para o Senhor,
que imolar uma vítima, oferecera ern com a sua oferta e as suas libações,
sacrifício a décima parte de um efi como prescrevem as cerimônias, e
de flor de farinha, misturada com a um bode pelo pecado; “ e o sacerdo­
uarta parte de um hin de azeite, 5e te rogará por tôda a multidão dos
ará a mesma medida de vinho pa­ filhos de Israel, e se lhes perdoará,
ra fazer as libações, quer seja para o porque não pecaram voluntàriamen-
holocausto, quer para a vitim a. Por te; oferecerão contudo um holocaus­
cada cordeiro 6e por cada carneiro o to ao Senhor por si e pelo seu pe­
sacrifício será de duas dízimas de cado e pelo seu êrro, *e será per­
flor de farinha, misturada com azei­ doado a tôda a multidão dos filhos
te, na medida da têrça parte de um de Israel, e aos estrangeiros que mo­
hin; 7e oferecerá para as libações um ram entre êles; porque é uma cul-
têrço da mesma medida de vinho em pa de todo o povo cometida por ig­
cheiro de suavidade para o Senhor. norância. 27Se, porém, uma só pessoa
8Quando, porém, oferecerdes um pecar por ignorância, oferecera uma
holocausto de bois, ou uma hóstia pa­ cabra de um ano pelo seu pecado,
ra cumprires um voto, ou vítimas 28e o sacerdote rogará por ela, por­
pacíficas, 9darás por cada boi três di­ que pecou sem o saber diante do Se­
zimas de flor de farinha, misturada nhor; e lhe alcançará o perdão, e
com azeite, na medida de meio hin, lhe será perdoado. “ Uma mesma lei
10e darás a mesma medida de vinho será para todos os que pecarem por
para as libações em oferta de sua- ignorância, quer sejam naturais, quer
vissímo cheiro para o Senhor. uAs- sejam estrangeiros. “ A pessoa, po-
Cap. X V — 30. P o r soberba. O hebreu diz: O que fizer alguma coisa com a mão
levantada, isto é, insurgindo-se contra Deus, <s recusando abertamente submeter-se à sua lei.
15 - 16 NUMERoS 175
rém, que fizer alguma coisa por so­ mes. 3Sublevados, pois, contra Moi­
berba, quer seja cidadão, quer foras­ sés e Arão, disseram: Baste-vos que
teiro, perecerá do meio do seu po­ todo o povo seja um povo de santos,
vo, porque foi rebelde contra o Se­ e que o Senhor esteja no meio dê-
nhor, 31porque desprezou a palavra les; porque vos elevais vós sôbre o
do Senhor, e tornou vão o seu pre­ povo do Senhor?
ceito; çor isso será exterminado, e le­
vará sôbre si a sua iniqüidade. “Moisés, tendo ouvido isto, lançou-
se com o rosto por terra, 5e disse a
Castigo pela violação do sábado Coré e a tôda aquela multidão: A -
manhã o Senhor fará conhecer quais
32Ora, aconteceu que, estando os fi­ são os que lhe pertencem e aproxi­
lhos de Israel no deserto, e encon­ mará de si os santos, e os que esco­
trando um homem que apanhava le­ lher se aproximarão dêle. 6Fazei,
nha no dia de sábado, 33apresenta- pois, isto: Cada um tome o seu tu-
ram-no a Moisés e a Arão e a to­ ríbülo, tu, Coré, e todos os seus se-
da a multidão. 34E êles meteram-no quazes; 7e amanhã, depois de terdes
em prisão, não sabendo o que de­ lançado fogo, ponde incenso sôbre ê-
viam fazer dêle. “ E o Senhor disse le diante ao Senhor; e todo o que
a Moisés: Êste homem seja mor­ êle escolher, será o santo; vós exal­
to; todo o povo o apedreje fora dos tai-vos muito, ó filhos de Levi. 8E
acampamentos. 36E, tendo-o tirado disse mais a Coré: Ouvi, ó filhos de
para fora, apedrejaram-no e morreu, Levi: 9Acaso é pouco para vós que
como o Senhor tinha mandado. o Deus de Israel vos tenha separado
de todo o povo e vos tenha unido a
Guarnições nas vestes sagradas si, para o servirdes no culto do ta-
bernáculo, e para assistirdes diante
37Disse também o Senhor a Moisés: da multidão do povo, e exercerdes o
38Fala aos filhos de Israel, e lhes di­ Seu ministério? 10Porventura êle
rás que se façam umas guarnições fêz-vos aproximar de si, a ti e a to­
nas extremidades das suas capas, dos os teus irmãos filhos de Levi, a
pondo nelas fitas de côr de jacinto, fim de usurpardes para vós também
^para que, vendo-as, se recordem de o sacerdócio, ne todos os teus sequa-
todos os, mandamentos do Senhor, e zes se sublevarem contra o Senhor?
não sigam os seus pensamentos nem Que coisa é Arão para murmurardes
os seus olhos se prostituam a vários contra êle? 12Moisés, pois, mandou
objetos, 40mas antes se recordem dos chamar Datan e Abiron, filhos de E-
preceitos do Senhor e os cumpram, liab, e êles responderam: Não va­
e sejam santos para com o seu Deus. mos. “ Porventura não te basta ha­
41Eu sou o Senhor vosso Deus, que ver-nos tirado de uma terra, que
vos tirei da terra do Egito, para ser manava leite e mel, para nos fazeres
vosso Deus. morrer no deserto, e queres-te asse-
nhorear de nós? 14N a verdade con-
Revolta de Coré, Datan e Abiron duziste-nos a uma terra onde corre
o leite e o mel, e deste-nos possessões
1 £ 2Ora, eis que Coré, filho de Isaar, de campos e vinhas; queres também
filho de Caat, filho de Levi, tirar-nos os olhos? Não vamos. 15E
e Datan e Abiron, filhos de Eliab, Moisés, muito irado, disse ao Se­
e também Hon, filho de Felet da fa ­ nhor: Não olhes para os seus sacri­
mília de Ruben, 2se levantaram con­ fícios; tu sabes que eu nunca rece-
tra Moisés, juntamente com outros bi dêles nem tanto como um asm-
duzentos e cinqüenta homens dos f i ­ nho, e que hão afligi nenhum dê-
lhos de Israel, principais da sinagoga, les. 16E disse a Coré: Tu e todos
e que, quando (se convocava) o con­ os teus sequazes apresentai-vos ama-
selho, eram chamados pelos seus no­ nhã de urna parte diante do Senhor,
Cap. X V I — 14. N a verdade conduziste-nos. .. H á nestas p alavras um a ironia: os
Israelitas queriam dizer que Moisés tinha faltado às suas promessas. — Queres também
tirar-nos os olhosf Isto é, queres cegar-nos e impedir que vejamos a realidade das coisas?
176 NÚMEROS 16
e Arão de outra parte. 17Tomai ca­ ao inferno, e cobriu-os a terra, e pe­
da um os vossos turíbulos, e ponde- receram do meio da multidão. ME
lhes em cima incenso, oferecendo ao todo o Israel que estava em volta dê-
Senhor duzentos e cinqüenta turíbu­ les, ao clamor dos que pereciam, fu­
los. E Arão tenha também o seu giu, dizendo: Não suceda que a ter­
turíbulo. ra nos engula também a nós. 36Ao
Castigo dos culpados
mesmo tempo, saindo um fogo do Se­
nhor, matou os duzentos e cinqüenta
18Tendo êles feito isto na presença homens, que ofereciam o incenso.
de Moisés e de Arão, 19e tendo jun­
tado contra êles tôda a multidão (dos Recordação desta revolta
rebeldes) à entrada do tabernáculo, ^E o Senhor falou a Moisés, di­
apareceu a todos a glória do Senhor. zendo: 37Ordena ao sacerdote Eleá-
20E o Senhor falou a Moisés e a Arão, zaro, filho de Arão, que tire os turí-
dizendo: 21Separai-vos do meio des­ bulos que estão no meio do incêndio,
ta congregação, para que eu de im­ e que espalhe o fogo de uma para ou­
proviso os destrua. 22Êles então pros­ tra parte, porque foram santificados
traram-se com o rosto por terra, e dis­ 3Sna morte dos pecadores; e que os
seram: ó Deus fortíssimo dos espíri­ reduza a lâminas, e os pregue ao al­
tos de tôda a carne, acaso pelo pe­ tar, porque nêles foi oferecido o in­
cado de um só se acenderá tua ira censo ao Senhor, e foram santifica­
contra todos? ME o Senhor disse a dos, para que os filhos de Israel os
Moisés: 24Manda a todo o povo que contemplem como um sinal e um mo­
se separe das tendas de Coré e de numento. 30O sacerdote Eleázaro ti­
Datan e de Abiron. rou, pois, os turíbulos de bronze, nos
25Levantou-se, pois, Moisés, e foi quais tinham oferecido (incenso) os
a Datan e Abiron, seguindo-o os an­ (homens) que foram consumidos pe­
ciãos de Israel, 20e disse ao povo: A- lo incêndio, e reduziu-os a lâmi­
fastai-vos das tendas dêstes homens nas, pregando-os ao altar, 40para
ímpios, e não toqueis coisa que -lhes que os filhos de Israel tivessem de­
pertença, para que não sejais envol­ pois alguma coisa que os advertisse
vidos nos seus pecados. 27E, afastan- a fim de que nenhum estrangeiro,
do-se o povo das suas tendas, Datan que não seja da linhagem de Arão,
e Abiron, saindo fora, estavam de se aproxime para oferecer incenso
pé à entrada das suas tendas com ao Senhor, e não sofra a mesma pe­
suas mulheres e filhos, e com todos na que sofreu Coré com todo o seu
os companheiros. 28E Moisés disse: séquito, conforme o Senhor tinha di­
Nisto conhecereis que o Senhor me to a Moisés.
enviou a fazer tudo o que vêdes, e N ova revolta do povo e severo castigo
que eu não o fiz por minha cabeça.
^Se êstes morrerem com a morte or­ 41Ora, no dia seguinte, tôda a mul­
dinária dos homens, e forem feridos tidão dos filhos de Israel murmu­
de uma praga, de que também os ou­ rou contra Moisés e Arão, dizendo:
tros homens costumam ser feridos, o Vós matastes o povo do Senhor. 42E
Senhor não me enviou; ^mas, se o como se formasse sedição, e crescesse
Senhor fizer por um novo prodígio o tumulto, ““ Moisés e Arão fugiram
que a terra, abrindo a sua bôca, os para o tabernáculo da aliança. E,
engula com tudo o que lhes perten­ quando entraram, a nuvem cobriu-
ce, e que desçam vivos áo inferno, o, e apareceu a glória do Senhor.
então sabereis que êles blasfemaram 44E o Senhor disse a Moisés:
contra o Senhor. 45Retirai-vos do meio desta multidão;
31Logo que êle acabou de falar, fen­ imediatamente os destruirei. E,
deu-se a terra debaixo dos seus pés, tendo-se prostrado por terra, ^Moi­
32e, abrindo a sua bôca, os tragou com sés disse a Arão: Toma o turíbulo e,
as suas tendas e com tudo o que pondo-lhe fogo do altar deita-lhe in­
lhes pertencia; 33e desceram vivos censo em cima, e vai depressa ao po-
19. Contra êles, isto é, Moisés e Arão.
30. A o inferno, isto é. à habitação dos mortos.
16 - 18 NUMÈRoS 177
vo a fim de rogares por êle; porque e não morram. “ E Moisés fêz o que
já saiu a ira do Senhor, e a praga 0 Senhor lhe tinha ordenado. 12E
começa. 47Arão, tendo feito isto, e os filhos de Israel disseram a Moisés:
correndo ao meio da multidão, a quem Eis que somos consumidos, todos pe­
já abrasava o incêndio, ofereceu in­ recemos. 13Qualquer que se aproxima
censo; 48e, estando de pé entre os do tabernáculo do Senhor, morre. A-
mortos e vivos, rogou pelo povo, e caso seremos todos extintos até não
a praga cessou. J9Ora, os que pere­ ficar nenhum?
ceram foram catorze mil e setecen­
tos homens, afora os que tinham pe­ Responsabilidades e funções
recido na sedição de Coré. “ E Arão dos Levitas
voltou para Moisés para a porta do
tabernáculo da aliança, depois que 1 Q *E o Senhor disse a A rã o : Tu
cessou a mortandade. 10 e teus filhos, e a casa de teu
pai contigo, levareis a iniqüidade do
A v ara de Arão floresce santuário; e tu e teus filhos junta­
mente levareis os pecados do vosso
1 H *E o Senhor falou a Moisés^ sacerdócio. T om a também contigo
1 • dizendo: 2Fala aos filhos de os teus irmãos da tribo de Levi e a
Israel, e recebe dêles uma vara por casa de teu pai, e êles te assistam e
cada tribo, doze varas de todos os te sirvam; mas tu e teus filhos mi­
príncipes das tribos, e escreverás o nistrareis no tabernáculo do teste­
nome de cada um dêles sobre a sua munho. 3E os Levitas estarão aten­
vara. 3Mas o nome de Arão estará tos às tuas ordens e a tôdas as obras
sobre a vara da tribo de Levi, e o no­ do tabernáculo, sem que, todavia, se
me do chefe de todas as outras tri­ aproximem dos vasos do santuário,
bos estará escrito separadamente ca­ nem do altar,. para que nem êles
da um na sua vara. 4E pô-las-ás no morram, nem vós pereçais juntamen-
tabernáculo da aliança diante do tes­ te. “Mas estejam contigo, e velem
temunho, onde eu te falarei. 5A va­ sôbre a guarda do tabernáculo, e
ra daquêle que eu escolher dentre em tôdas as suas cerimônias. N e­
êles, florescerá; e (dêste modo) farei nhum estrangeiro se misturará con-
cessar os queixumes dos filhos de Is­ vosco. 5Vigiai na guarda do santuá­
rael, com que murmuram contra vós. rio e no ministério do altar, para
®E Moisés falou aos filhos de Israel; que se não levante a (m inha) indig­
e todos os príncipes lhe deram as va­ nação contra os filhos de Israel. 6Eu
ras, uma por cada tribo; e acharam- dei-vos os vossos irmãos Levitas, se-
se doze varas, fora a vara de Arão. parando-os do meio dos filhos de Is­
7E Moisés, tendo-as pôsto diante do rael, e ofereci-os em dom ao Senhor,
Senhor no tabernáculo do testemu­ para que sirvam no ministério do
nho, 8voltando no dia seguinte, achou seu tabernáculo. 7Tu, porém, e teus
que tinha germinado a vara de Arão filhos guardai o vosso sacerdócio; e
(que era) pela tribo de Levi, e que, tudo o que pertence ao culto do al­
aparecendo os botões, tinham saído tar, e que está para dentro do véu,
flores, as quais, estendidas as suas será feito pelo ministério dos sacer­
fôlhas, se transformaram em amên­ dotes; se algum estranho se aproxi­
doas. 9Moisés, pois, levou tôdas as mar, será morto.
varas de diante do Senhor a todos os Rendimentos dos sacerdotes
filhos de Israel, os quais as viram e
receberam cada um a sua vara. 8Falou mais o Senhor a Arão: Eis
10E o Senhor disse a Moisés: T or­ que eu te dei a guarda das minhas
na a levar a vara de Arão para o primícias. Tudo o que me foi con­
tabernáculo do testemunho para se sagrado pelo filhos de Israel eu te
guardar ali em memória da rebelião dei a ti e a teus filhos pelo minis­
dos filhos de Israel, e para que ces­ tério sacerdotal, por uma lei perpé­
sem as suas queixas diante de mim, tua. 9Isto, portanto, receberás daque-
Cap. X V I I I — 1. Levareis a iniquidade, etc., Isto é, pagareis os pecados cometidos no
santuário.
178 NÚMEROS 18 - 19
las coisas que são santificadas e ofe­ meio dos filhos de Israel. “ Mas aos
recidas ao Senhor. Tôda a oblação filhos de Levi dei em possessão to­
e sacrifício, e tudo o que me é ofe­ dos os dízimos de Israel pelo minis­
recido pelo pecado e pelo delito, e tério com que êles me servem no ta­
que (p o r isso) se torna uma coisa bernáculo da aliança, “ a fim de que
santíssima, será teu e de teus filhos. os filhos de Israel não mais se apro­
*°Tu o comerás no santuário; sòmen- ximem do tabernáculo, nem come­
te os homens comerão dêle, porque tam algum pecado que lhes cause a
é destinado a ti. “ As primícias, po­ morte, “ mas só os filhos de Levi me
rém, que os filhos de Israel oferece­ sirvam no tabernáculo, e levem os
rem por voto ou espontâneamente, pecados do povo; esta lei será perpé­
eu as dei a ti, e a. teus filhos, e a tua nas vossas gerações. Nenhuma
tuas filhas por direito perpétuo. A - outra coisa possuirão, ^contentando-
quêle que está puro na tua casa, co­ se com a oferta dos dízimos, que se­
merá delas. 12Eu te dei tôda a me­ parei para seu uso e para o que*lhes
dula do azeite e do vinho e do tri­ fôr necessário.
go, e tudo o que oferecem como pri- O que os Levitas devem dar
mícias ao Senhor. 13Todos os primei­
ros frutos que a terra produz, e são 25Ê o Senhor falou a Moisés, dizen­
apresentados ao Senhor, servirão pa­ do: “ Ordena e manda aos Levitas:
ra teu uso; aquêle que está puro Quando receberdes dos filhos de Is­
na tua casa, comerá dêles. 14Tudo o rael os dízimos que vos dei, ofere­
que os filhos de Israel derem por vo­ cei as primícias dêles ao Senhor,
to, será teu. 15Tudo o que sai pri­ isto é, a décima parte do dízimo, “ pa­
meiro do seio de qualquer carne, que ra que isto vos seja contado como
oferecem ao Senhor, seja de homens, uma oferta das primícias, tanto das
seja de animais, pertencer-te-á por eiras como dos lagares, “ e oferecei
direito; mas com esta condição de que ao Senhor, e dai ao sacerdote Arão
pelo primogênito do homem recebas de tôdas as coisas de que recebeis
o preço, e faças remir todo o animal primícias. “ Tudo o que oferecerdes
impuro. 10O seu resgate far-se-á depois dos dízimos, e que separardes para
de um mês por cinco siclos de prata a oferta ao Senhor, será o melhor e
segundo o pêso do santuário. O siclo o mais escolhido. “ Dir-lhes-ás outros-
tem vinte óbolos. “ Mas não farás res­ sim: Se oferecerdes o mais belo e o
gatar o primogênito do boi, nem o da melhor dos dízimos, ser-vos-á isso
ovelha, nem o da cabra, porque são reputado como se désseis as primi-
consagrados ao Senhor; somente der­ cias da eira e do lagar. 31E come­
ramarás o seu sangue sobre o altar, e reis dêsses dízimos, vós e as vossas
queimarás a gordura em suavíssimo familias, em qualquer lugar que ha­
cheiro ao Senhor. 18As carnes, po­ bitardes; porque são o preço do m i­
rém, servirão para teu uso, bem co­ nistério que exerceis no tabernáculo
mo o peito consagrado e a espádua do testemunho. 32E não pecareis acêr-
direita serão teus. 19Eu te dei a ti e ca disto, reservando para v ó s o me­
a teus filhos e filhas, por um direito lhor e o mais escolhido, para que
perpétuo, tôdas as primícias do san­ não profaneis as oferendas dos f i­
tuário, que os filhos de Israel ofe­ lhos de Israel, e morrais.
recem ao Senhor. É um pacto de Irnolação da vaca vermelha
sal e perpétuo diante do Senhor, pa­
ra ti e para teus filhos. 1 Q 7E o Senhor falou a Moisés e
1J a Arão, dizendo: 2Esta é a
Herança dos Levitas cerimônia da vítim a que o Senhor
“ E o Senhor disse a Arão: Vós não ordenou. Ordena aos filhos de Israel
possuireis nada na sua terra, nem que te tragam uma vaca vermelha
tereis parte alguma entre êles; eu de idade perfeita, na qual não haja
sou a tua parte e a tua herança no nenhum defeito, e que não tenha
12. Tôda a m ed u la ... isto é, o melhor do azeite, do vinho e do trigo.
19. É um pacto de sal. isto é. inviolável.
19 - 20 NÚMEROS 179
(ainda) levado o jugo; 3e a entrega­ morre na sua tenda. Todos os que
reis ao sacerdote Eleãzaro, o qual, entrarem na sua tenda, e todos os
depois de a ter tirado fora do cam­ utensílios que ali há, serão impuros
po, a imolará à vista de todos; 4e, durante sete dia.;. 15Ó vaso que não
molhando o dedo no sangue dela, tiver tampa nem atadura por cima,
fará (com ele) sete aspersões para será impuro. 10 Se alguém no cam­
a porta do tabernáculo, 5e depois a po tocar o cadáver de um homem
queimará à vista de todos, dando às assassinado ou morto por si mesmo,
chamas tanto a pele e as carnes, ou qualquer osso dêle, ou o seu se-
ulcro, será impuro durante sete
como o sangue e os excrementos. ias. 17E tomarão das cinzas da va­
60 sacerdote lançará também no fo ­ ca queimada pelo pecado, e deita­
go, que queima a vaca, pau de ce­ rão por cima delas águas vivas den­
dro, hissopo e escarlate tinto duas tro de um vaso. 18E um homem lim ­
.vêzes. 7E, depois disto, lavados os po, depois de ter molhado nelas um
seus vestidos e o seu corpo, voltará hissopo, aspergirá com êle tôda a
aos acampamentos, e estará impuro tenda, e todos os móveis, e os ho­
até à tarde. 8Igualmente aquêle que mens contaminados por tal contato;
a queimou, lavará os seus vestidos 19e por êste modo o homem puro as­
e o seu corpo, e estará impuro até pergirá o impuro ao terceiro e ao
à tarde. sétimo dia; e o que foi purificado no
A gua lustrai sétimo, lavar-se-á a si e aos seus
vestidos, e estará impuro até à tar­
°E um homem puro recolherá as de. “ Se alguém não fôr purificado
cinzas da vaca, e as depositará fora conforme êste rito, a sua alma pere­
do campo num lugar limpíssimo, on­ cerá do meio da congregação, por­
de sejam guardadas pela multidão que manchou o santuário do Senhor,
dos filhos de Israel, para fazer água e não foi aspergido com a água da
mrificação. “ Êste mandamento será
de aspersão; porque a vaca foi quei­ Íei perpétua. Também aquêle que faz
mada pelo pecado. 10E aquêle que
levou as cinzas da vaca, depois de a aspersão da água, lavará os seus
vestidos. Todo o que tocar as águas
ter lavado os seus vestidos, ficará da expiação, ficará impuro até à
impuro até à tarde. Os filhos de Is­ tarde. 22Tudo o que um impuro tocar,
rael e os estrangeiros, que habitam ficará impuro; e a pessoa que tocar
entre êles, terão isto como santo por qualquer destas coisas estará impura
um direito perpétuo. até à tarde.
Uso da água lustrai Morte de Maria, irmã de Moisés
“ Aquêle que tiver tocado o ca­ 0(1 2Ora, os filhos de Israel e tôda
dáver de um homem, e ficar por uu a multidão chegaram ao de­
isso impuro sete dias, 12será asper- serto de Sin, no primeiro mês; e o
gido com esta água ao terceiro e ao povo ficou em Cades. E ali faleceu
sétimo dia, e assim se tornará puro. Maria, e foi sepultada no mesmo
Se não fôr aspergido ao terceiro dia, lugar.
não podírá ser purificado ao sétimo. N ova revolta do povo
18Todo o que tiver tocado o corpo
morto dum homem, e não fôr asper­ 2E como o povo necessitasse de
gido com a mistura desta água, man­ água, juntaram-se contra Moisés e
chará o tabernáculo do Senhor, e pe­ Arão; 3e, levantando-se em motim,
recerá do meio de Israel; porque disseram: Oxalá nós tivéssemos pe­
não foi aspergido com a água de ex- recido entre os nossos irmãos diante
piação, ficará impuro, e a sua impu­ do Senhor. 4Por que conduzistes a
reza ficará sobre êle. assembléia do Senhor ao deserto, pa­
14Esta é a lei quando um homem ra morrermos nós e os nossos ani-
Cap. X X — 2-5. N o v a sediçáo do povo contra Moisés, devido à fa lta de água.
3. Entre os nossos irmãos. Referiam -se aos numerosos Israelitas mortos no deserto
aurante 37 anos.
180 NUMEROS 20
mais? 5P or que nos fizestes partir do (para) que lhe dissessem: Isto te
Egito, e nos conduzistes a este pés­ manda dizer teu irmão Israel: Sa­
simo lugar, que não se pode semear, bes todos os trabalhos que temos pas­
e que não produz nem figueiras, nem sado, 15como os nossos pais desceram
vinhas, nem romeiras, e além disto ao Egito, e aí habitamos muito tem­
não tem água para beber? po, e como os Egípcios nos maltrata­
Moisés e Arão diante do Senhor
ram a nós e a nossos pais; 16e co­
mo nós clamamos ao Senhor, e êle
°E Moisés e Arão, deixada a mul­ nos ouviu, e enviou um anjo, que
tidão, entraram no tabernáculo da nos tirou do Egito. Eis que agora,
aliança, e, tendo-se prostrado com o encontrando-nos na cidade de Cades,
rosto por terra, clamaram ao Senhor, que está no extremo das tuas frontei­
e disseram: Senhor Deus, ouve o ras, 17te suplicamos que nos deixes pas­
clamor dêste povo, e abre-lhe o teu sar pelo teu país. Não iremos pelos
tesouro, uma fonte de água viva, campos nem pelas vinhas, nem bebe-
para que, saciando-se, cesse a sua remos das águas dos teus poços, mas
murmuração. E apareceu sôbre êles iremos pela estrada pública, sem nos
a glória do Senhor. 7E o Senhor fa ­ afastarmos nem para a direita nem
lou a Moisés, dizendo: 8Toma a vara, para a esquerda, até que passemos
e junta o povo, tu e Arão, teu ir­ as tuas fronteiras. 18Edom respon­
mão, e falai ao rochedo diante dêles, deu-lhe: Não passarás pelo meu país,
e êle dará águas. E, depois que ti­ de outra sorte sairei armado contra
verdes feito sair água do rochedo, ti. 19E os filhos de Israel disseram-
beberá tôda a multidão, e os seus lhe: Nós iremos pelo caminho ordi­
animais. nário; e se bebermos das tuas águas
nós e os nossos gados, pagaremos o
A água da contradição
ue fôr justo; não haverá dificul-
°Tomou, pois Moisés a vara que es­ ade alguma no preço, permite so­
tava diante do Senhor, conforme lhe mente que passemos de corrida.
tinha ordenado, 10e, tendo reunido a “ Mas êle respondeu: Não passarás.
multidão diante dêste rochedo, disse- E marchou logo ao encontro dêles
lhes: Ouvi, rebeldes e incrédulos: A- com uma infinita multidão, e com
caso poderemos nós fazer sair água mão forte. 21Não quis eondescender
dêste rochedo para vós? UE Moisés, com o pedido de dar passagem pelo
tendo levantado a mão, ferindo duas seu país: por isso Israel desviou-se
vêzes com a vara o rochedo, saíram dêle.
dêle águas copiosíssimas, de sorte que Morte de Arão
bebeu o povo e os animais. 12E o
Senhor disse a Moisés e a Arão: P or­ 22E, tendo levantado os acampa­
que vós não me crestes para me san­ mentos de Cades, foram ao monte
tificardes diante dos filhos de Israel, Hor, que está nos confins da terra
não introduzireis êstes povos na ter­ de Edom, 23onde o Senhor falou a
ra que eu lhes darei. 13Esta é a água Moisés, 24e disse: Vá Arão juntar-se
da contradição, onde os filhos de Is­ ao seu povo, porque êle não entra­
rael altercaram contra o Senhor, e rá na terra que eu dei aos filhos de
onde (o Senhor) foi santificado en­ Israel, porque foi incrédulo às mi­
tre êles. nhas palavras nas águas da contradi­
O rei de Edom opõe-se à passagem ção. “ Toma Arão e seu filho com
dos Israelitas pelo seu país êle, e leva-ós ao monte Hor. ^E,
depois de teres despido o pai do seu
“ Entretanto Moisés enviou de Ca- vestido, revestirás com êle Eleáza-
des embaixadores ao rei de Edom, ro, seu filho; Arão será reunido (a
11. Ferindo duas vôzes o rochedos afastando-se da ordem do Senhor que tinha
mandado falar-lhe. o proceder de Moisés deixa transparecer um pouco de irritação e
de desconfiança.
12. N ão me crestes para me santificardes, isto é, com o vosso modo de proceder não
fizestes brilhar a minha santidade diante do povo.
13. Foi santificado, isto é, glorificado.
20 - 21 NUMEROS 181

seus pais), e aí morrerá. ^Moisés A caminho da Falestina


fêz como o Senhor lhe mandara; e
subiram ao monte Hor à vista de tô- 10E os filhos de Israel, depois que
da a multidão. “ E, depois que des­ partiram, foram acampar em Obot.
pojou Arão dos seus vestidos, reves­ “ E, tendo saído de lá, armaram as
tiu com êle a Eleázaro, seu filho. suas tendas em Jeabarim no deserto,
^E, morto Arão no cimo do monte, que olha para Moab, ao oriente. 12E
desceu (Moisés) com Eleázaro. 30E partindo dêste lugar, foram à torren­
tôda a multidão, vendo que Arão ti­ te de Zared; 13deixada a qual, foram
nha morrido, chorou por êle com acampar defronte do rio Arnon, que
tôdas as suas famílias durante trin­ corre no deserto, e sai dos territó­
ta dias. rios dos Amorreus. Porque o Arnon
é o limite de Moab, que separa os
Vitória sôbre o rei A rad Moabitas dos Am orreus. 14Por isso se
diz no livro das guerras do Senhor:
21 JOra, o rei cananeu Arad, que Assim como fêz no mar Vermelho,
habitava ao meio dia, tendo assim fará nas torrentes do Arnon.
ouvido que Israel viera pelo cami­ 15Os rochedos das torrentes se in­
nho dos exploradores, pelejou contra clinaram, para descansarem em Ar, e
êle, e, ficando vencedor, levou dêle repousarem sôbre os confins dos Moa-
despojos. 2Então Israel fêz voto ao bitas.
Senhor e disse: Se tu entregares nas “ Partindo de lá, apareceu o poço
minhas mãos êste povo, eu arruina- sôbre o qual o Senhor tinha dito a
jrei as suas cidades. 3E o Senhor ou- Moisés: Junta o povo, e eu lhe darei
Viu os rogos de Israel, e entregou- água. 17Então cantou Israel êste
lhe os Cananeus, que êle matou, des­ cântico: Suba o poço. Cantavam:
truídas as suas cidades, e pôs àque­ 180 poço que os príncipes cavaram,
le lugar o nome de Horma, isto é, e que os chefes do povo prepararam,
anátem a. por ordem do dador da lei e com os
A serpente de bronze seus bastões.
Do deserto (fora m ) a Matana.
4E partiram do monte H or pela es­ 19De Matana a Naaliel; de Naaliel
trada que conduz ao mar Vermelho, a Bamot. “ De Bamot a um vale que
para rodearem o país de Edom . E o está no país de Moab, no cimo de Fas-
povo começou a enfastiar-se do ca­ ga, o qual olha para o deserto.
minho e das fadigas; 5e, falando con­
tra Deus e contra Moisés, disse: Por Vitória sôbre Seon, rei dos Amorreus
que nos tiraste do Egito, para mor­
rermos num deserto? Falta pão, não 21Então Israel mandou embaixado­
há águã; a nossa alma está enfastia­ res a Seon, rei dos Amorreus, para
da dêste alimento levíssimo. °Por lhe dizer: 22Suplico-te que me deixes
esta causa o Senhor enviou contra o passar pelo teu país; não declinare­
povo serpentes ardentes, e, causan­ mos nem para os campos, nem para
do estas chagas e mortes em muitos, as vinhas; não beberemos água dos
V os israelitas) foram ter com Moi­ poços; iremos pela estrada real, até
sés, e disseram-lhe: Nós pecamos, passarmos os teus limites. 23Êle,
porque falamos contra o Senhor e porém, não quis permitir que Israel
contra ti; roga-lhe que afaste de nós passasse pelos seus territórios; an­
as serpentes. E Moisés orou pelo tes, tendo juntado um exército,
povo, 8e o Senhor disse-lhe: Faze saiu-lhe ao encontro no deserto, e foi
uma serpente de bronze, e põe-na a Jasa, e combateu contra êle. 24Mas
por sinal; aquêle que, sendo ferido, foi passado à espada por Israel, que
olhar para ela, viverá. 9Moisés fêz, conquistou o seu país, desde o A r ­
pois, uma serpente de bronze e pô- non até Jeboc, e até aos filhos de
la por sinal; e os feridos que olha­ Arnon; porque as fronteiras dos Amo-
vam para ela, saravam. nitas estavam defendidas por fortes
Cap. X X I — 2. Arruinarei as suas cídat como castigo das faltas que contra nós
têm cometido.
182 NÚMEROS 21 - 22
guarnições. “ Tomou, pois, Israel tô- ervas até a raiz. Êste era naquele
das as suas cidades, e habitou na ci­ tempo rei dos Moabitas. 5Mandou,
dade dos Amorreus, isto é, em He- pois, embaixadores a Balaão, filho de
sebon, e nas suas aldeias. “ A cida­ Beor, adivinho, que habitava sôbre o
de de Hesebon pertencia a Seon, rei rio do país dos filhos de Amon, para
dos Amorreus, que tinha feito guer­ que o chamassem, e lhe dissessem:
ra ao rei de Moab, e lhe tinha toma­ Eis que saiu do Egito um povo, que
do tôda a terra que estava no seu po­ cobriu a face da terra, o qual está
der até ao Arnon. «P o r isso se diz acampado contra mim. °Vem, pois, e
como provérbio: amaldiçoa êste povo, porque êle é
Vinde a Hesebon, edifique-se, e le­ mais forte do que eu, a flm de ver
vante-se a cidade de Seon. se posso por algum modo batê-lo, e
28Um fogo saiu de «Hesebon, uma lançá-lo fora do meu país. Eu sei
chama da cidade de Seon, e devorou que será bendito aquêle a quem tu
A r dos Moabitas, e os habitantes das abençoares, e maldito aquêle a quem
alturas do Arnon. lançares maldições.
«A i de ti, Moab! Pereceste, povo de 7E os anciãos de Moab e os anciãos
Camos! ÊÍe deixou fugir seus filhos, de Madian partiram, levando nas
e entregou cativas as suas filhas a mãos o preço da adivinhação. E,
Seon, rei dos Amorreus. tendo chegado junto de Balaão, e ten­
«O seii jugo foi desfeito, desde He- do-lhe referido todas as palavras de
sebon até Dibon, chegaram cansados Balac, 8êle respondeu: Ficai aqui es­
a N ofe e até Medaba. ta noite e eu vos responderei tudo
81Israel, pois, habitou no pais do o que o Senhor me disser. Estan­
Am orreu. 32E Moisés enviou (h o ­ do êles em casa de Balaão, veio Deus,
mens) a explorar Jaser, e (os israe­ e disse-lhe: 9Que querem êstes ho­
litas) tomaram as suas aldeias, e mens, que estão junto de ti? I0Êle
prenderam os seus habitantes. respondeu: Balac, filho de Sefor, rei
Vitória sôbre o rei de Basan dos Moabitas, mandou “ dizer-me: Eis
que um povo, que saiu do Egito, co­
33Depois voltaram, e subiram pelo briu a superfície da terra; vem, e a-
caminho de Basan, e saiu-lhes ao maldiçoa-o, para que eu, combatendo-
encontro Og, rei de Basan, com todo o por qualquer modo o possa afugen­
o seu povo, para lhes dar batalha em tar. 12E Deus disse a Balaão: N ão
Edrai. 34E o Senhor disse a Moisés: vás com êles, nem amaldiçoes o po­
Não tenhas rnêdo dêle, porque em vo, porque é bendito. 13E (Balaão)
tua mão o entreguei a ele, e todo levantando-se pela manhã, disse aos
o seu povo, e todo o seu país; e fa ­ príncipes: Tornai para a vossa terra,
rás a êle como fizeste a Seon, rei porque o Senhor m e proibiu ir con-
dos Amorreus, que habitava em He- vosco-
sebom. 3S(Os israelitas) feriram, pois, 14Voltando os príncipes, disseram a
também a êste com seus filhos e to­ Balac: Balaão não quis v ir conosco.
do o seu povo até ao extermínio e 15Balac enviou-lhe de novo outros
conquistaram o seu país. (embaixadores) em maior número e
Balae manda chamar Balaão de maior qualidade, do que os que
para amaldiçoar Israel 9 antes enviara. 10Os quais, chegan­
do junto de Balaão, disseram-lhe:
99 tendo partido, acamparam Eis o que diz Balac, filho de Sefor:
“ “ nas planícies de Moab, onde Não te demores em vir ter comigo',
está situada Jericó, além do Jordão. 17eu estou pronto para te honrar, e
2Mas Balac, filho de Sefor, vendo te darei tudo o que quiseres; vem,
tudo o que Israel tinha feito ao Am or­ e amaldiçoa êste povo. 18Balaão res­
reu, 3e que os Moabitas o temiam pondeu: Ainda que Balac me desse a
muito e não podiam sustentar o seu sua casa cheia de prata e de ouro
ataque, 4disse aos anciões de Madian: eu não poderei alterar a palavra do
Êste povo destruirá todos os que ha­ Senhor meu Deus, para dizer de mais
bitam em nossos territórios, da mes­ ou de menos. 19Rogo-vos que fiqueis
ma sorte que o boi ,costuma roer as aqui ainda esta noite, para que eu
22 - 23 NUMEROS 183
possa saber o que é que o Senhor me sembainhada, e, prostrado por terra,
responderá de novo. “ Veio, pois, o adorou. 32E o anjo disse-lhe: P or
Deus a Balaão de noite, e disse-lhe: que castigas tu pela terceira vez a
Se êstes homens te vieram chamar, tua jumenta? Eu vim opor-me a ti,
levanta-te e vai com êles, mas com porque o teu caminho é perverso e
a condição de que faças o que eu contrário a mim; “ e se a jumenta se
te mandar. «Balaão levantou-se de não tivesse xiesviado do caminho, ce­
manhã e, aparelhada a sua jumenta, dendo o lugar a quem se opunha
partiu com êles. (à tua passagem), eu ter-te-ia mata-
A jumenta de Balaão
do, e ela ficaria viva. 34Balaão res­
pondeu: Eu pequei, não sabendo que
22Mas Deus irou-se. E o anjo do tu te opunhas a mim, mas agora, se
Senhor pôs-se no caminho diante de não te apraz que eu vá, voltarei.
Balaão, que ia montado na jumenta, ^Disse-lhe o anjo: Vai com êstes,
e tinha consigo dois criados. 23A ju­ mas vê, não digas senão o que eu te
menta, vendo o anjo que estava no mandar. Êle, pois, foi com os prín­
caminho com uma espada desembai- cipes.
nhada, afastou-se do caminho, e ia Encontro de Balaão com B alac
pelo campo. E, como Balaão a fus­
tigasse e a quisesse fazer voltar à ^Balae, tendo ouvido isto, saiu a
estrada, 24o anjo pôs-se numa azinha- recebê-lo numa cidade dos Moabitas,
ga estreita entre dois muros, com que está situada na fronteira do A r-
que estavam cercadas as vinhas. aE non. 37E disse a Balaão: Mandei em­
a jumenta vendo-o, coseu-se com a baixadores chamar-te, por que não
parede e apertou o pé do que ia mon­ vieste logo ter comigo? Foi acaso
tado nela. Porém êle tornou a fus- porque eu não posso recompensar a
tigã-la. “ Mas o anjo, passando a tua viagem ? ME Balaão respondeu-
um lugar (ainda mais) apertado, on­ lhe: Eis-me aqui; mas poderei eu di­
de não era possível desviar-se nem zer outra coisa, que não seja o que
para a direita nem para a esquerda, Deus me puser na bôca? ^Parti­
parou diante. 27E a jumenta, vendo ram, pois, ambos, e chegaram a uma
o anjo parado, caiu debaixo dos pés cidade, que estava na fronteira do
do que ia montado, o qual irado a seu reino. ^E Balac, tendo matado
fustigava mais fortemente com uma bois e ovelhas, mandou presentes a
vara pelas ilhargas. 28E o Senhor Balaão e aos príncipes que estavam
abriu a bôca da jumenta, e ela dis­ com êle. 41E, chegada a manhã, le­
se: Que te fiz eu? Por que me fe ­ vou-os aos altos de Baal, e (de lá
res? Esta é já a terceira vez! “ Ba­ Balaão) viu uma extremidade do po­
laão respondeu: Porque tu o mere­ vo.
ceste, e me escarneceste; oh! se eu Sacrifício oferecido por Balaão
tivesse uma espada para te matar!
“ A jumenta disse: Acaso não sou eu OQ b a la ã o disse a Balac: Edifica-
a tua bêsta, em que tu sempre cos­ me aqui sete altares, e prepa­
tumaste cavalgar até hoje? Dize- ra outros tantos novilhos, e um igual,
me se te fiz jamais coisa semelhan­ número de carneiros. 2E, tendo êle
te. E êle respondeu-lhe: Jamais. feito como Balaão tinha dito, puse­
Aparição do anjo a Balaão ram juntamente um novilho e um
carneiro sôbre cada altar. 3E Balaão
31De repente abriu o Senhor os olhos disse a Balac: Fica-te um pouco jun­
de Balaão, e êle viu o anjo que to do teu holocausto, enquanto eu vou
estava no caminho com a espada de- ver se porventura o Senhor vem
Cap. X X I I — 22. M as Deus irou-se. Deus tinha permitido a B alaão que partisse.
B alaão, porém, fascinado pela promessa de honras e riquezas, tomou no seu interior a
resolução de am aldiçoar Israel, pensando em obedecer antes a B alac que a Deus, o qual
vai operar um grande m ilagre para o convencer.
29. Porque o mereceste. A cegueira de B alaão era tal que respondeu com tôda a
.naturalidade, mostrando não ter atendido ã grande m aravilha que se estava operando.
31. O adorou, isto é, inclinou-se profundamente.
184 NUMERoS 23

ao meu encontro, e te direi tudo o tro e tendo-lhe pôsto a palavra na


ue êle me mandar. 4E, partindo a tô- bôca, disse-lhe: Torna para Balac,
a a pressa, Deus foi ao seu encontro. e dize-lhe estas e estas coisas.
E Balaão, disse-lhe: Eu levantei se­ "Tornando, encontrou-o em pé jun­
te altares, e pus um novilho e um to do seu holocausto, e os príncipes
carneiro sôbre cada um. 5E o Se­ dos Moabitas com êle. E Balac dis­
nhor pôs a palavra na sua bôca e se-lhe: Que te disse o Senhor? 18E ê-
disse: Torna para Balac, e dize-lhe le, continuando com a sua parábola,
isto e isto. disse:
Levanta-te, Balac, e escuta; ouve,
Primeiro oráculo do profeta ó filho de Sefor.
19Deus não é como o homem, capaz
6Tornando, encontrou Balac em pé
junto do seu holocausto, com todos os de mentir, nem como o filho do ho­
príncipes dos Moabitas. 7E, come­ mem, sujeito a mudanças. Êle disse
çando a falar em parábola, disse: uma coisa, e não a fará? Falou, e
não cumprirá a sua palavra?
De Aran me conduziu Balac, o rei “ Eu fui trazido para abençoar, não
dos Moabitas (m e conduziu) dos mon­ posso impedir a bênção. aEm Jacó
tes do oriente. Vem, disse, e amal­ não há ídolo, nem em Israel se vê
diçoa Jaeó, apressa-te, e detesta Is­ simulacro. Com êle está o Senhor
rael. 8Como amaldiçoarei eu a quem seu Deus, e nêle se ouve o som da vi­
Deus não amaldiçoou? Como detes­ tória do rei. “ Deus tirou-o do E gi­
tarei a quem o Senhor não detesta? to; a sua fortaleza é semelhante à do
9Eu o verei dos mais altos roche­ rinoceronte.
dos, e o contemplarei dos outeiros.
Êste povo habitará só, e não será “ Não há magia em Jacó, nem adi­
contado entre as nações. 10Quem vinhações em Israel. A seu tempo,
poderá contar o pó de Jacó, e conhe­ se dirá a Jacó e a Israel o que Deus
cer o número dos filhos de Israel? fêz.
Que eu morra da morte dos justos, 24Eis um povo que se levantará co­
e que o meu fim seja semelhante ao mo uma leoa, e se porá em pé como
dêles. um leão; não se deitará, até que te­
21E Balac disse a Balaão: Que é o nha devorado a prêsa, e até que te­
que tu fazes? Eu chamei-te para a- nha bebido o sangue dos mortos.
maldiçoares os meus inimigos; e tu “ E Balac disse a Balaão: Nem o
pelo contrário os abençoas. 12Êle amaldiçoes, nem o abençoes. 26Mas
respondeu-lhe: Porventura posso eu êle respondeu: Não te disse eu que
dizer outra coisa, senão o que o Se­ havia de fazer tudo aquilo que o Se­
nhor ordenou? nhor me mandasse?
Segundo sacrifício e novo oráculo Terceiro sacrifício
13Disse-lhe, pois, Balac: Vem comi­ 27E Balac disse-lhe: Vem, e levar-
go a outro lugar, donde tu vejas uma -te-ei a outro lugar, a ver se é do
parte de Israel, e não possas vê-lo agrado de Deus que tu de lá os a-
todo, e amaldiçoa-o daí. 14E, tendo- maldições. “ E, depois de o ter le­
o levado a um lugar elevado no cimo vado ao cimo do monte Fogor, que
do monte Fasga, Balaão levantou olha para D deserto, “ Balaão disse-
(a li) sete altares, e postos sôbre ca­ lhe: Levanta-me aqui sete altares, e
da altar um novilho e um carneiro, prepara outros tantos novilhos, e i-
15disse a Balac: Deixa-te aqui ficar gual número de carneiros. 30Balac
junto do teu holocausto, enquanto eu fêz o que Balaão lhe dissera, e pôs
vou ao encontro (do Senhor). 10E um novilho e um carneiro sôbre ca­
o Senhor, tendo ido ao seu encon­ da altar.
Cap. X X I I I — 7. E m parábola. A Sagrad a Escritura dá também o nome de parábola
a alguns oráculos dos profetas.
10. Quem poderá contar o pó de Jacó f isto é, a sua posteridade, numerosa como o pó.
21. Se ouve o som. .. Com estas palavras quer o profeta significar que o povo de
Israel aclam a e está unido a Deus como ao seu rei.
24 NÚMEROS 18ô
Terceiro oráculo nificência, mas o Senhor privou-te da
honra (que te estava) destinada.
O A b alaão, vendo que agradava ao “ Balaão respondeu a Balac: Pois não
Senhor que abençoasse Israel, disse eu aos teus mensageiros, que
não foi como antes buscar agouro, me mandastes: “ Ainda que Balac me
mas, voltando o seu rosto para o de­ desse a sua casa cheia de prata e de
serto, 2e, levantando os olhos, viu Is­ ouro, nãó podería eu transgredir a
rael acampado nas tendas, segundo palavra do Senhor meu Deus, para
as suas tribos; e vindo sôbre êle o fazer de minha cabeça qualquer coi­
Espírito de Deus, ®tornando ao fio da sa de bem ou de mal; mas eu hei de
sua parábola, disse: dizer tudo o que o Senhor tiver dito?
Palavra de Balaão, filho de Beor; “ Contudo voltando para o meu po­
palavra do homem que tem os olhos vo, darei um conselho sôbre o que o
fechados; 4palavra ao que ouve as teu povo há de fazer a êste povo no
palavras de Deus, que viu as visões último tempo.
do Onipotente, que cai e que (deste
modo) se lhe abrem os olhos. Quarto oráculo
5Que formosos são os teus pavi­
lhões, ó Jacó, e as tuas tendas, ó “ Prosseguindo, pois, a parábola,
Israel! 6São como vales selvosos, co­ tornou a dizer: Palavra de Balaão,
mo jardins junto dos rios que os re­ filho de Beor; palavra do homem que
gam, como tendas, que o Senhor tem os olhos fechados; “ palavra da­
plantou, como cedros junto das á- quele que ouve as palavras de Deus,
guas. que conhece a doutrina do Altíssimo,
7A água correrá do seu balde, e a e que vê as visões do Onipotente, e
süa posteridade crescerá em abun­ que, caindo, tem os olhos abertos.
dantes águas. O seu rei será rejei­ 17Eu o verei, mas não agora; eu o
tado por causa de Agag, e o seu rei­ contemplarei, mas não de perto: n a s ­
c e r á u m a e s t r e l a d e JACÓ; e levantar-
no lhe será tirado.
8Deus tirou-o do Egito, e a sua fôr- -se-á uma vara de Israel, e ferirá os
ça é semelhante à do rinoceronte. capitães de Moab, e destruirá todos os
Êles devorarão os povos, seus inimi­ filhos de Set. 18E a Iduméia será
gos, e lhes quebrarão os ossos, e os sua possessão; a herança de Seir pas­
trespassarão com as flechas. 'Deitan­ sará para os seus inimigos; mas Is­
do-se, adormeceu como o leão, e co­ rael procederá valorosamente. 19De
mo a leoa, que ninguém se atreverá Jacó sairá um dominador, que arrui­
a acordar. Quem te abençoar, se­ nará os restos da cidade.
rá também bendito; quem te amal­ 20E, tendo visto Amalec, (Balaão)
diçoar, será tido por amaldiçoado. continuando a parábola disse:
Amalec é o primeiro das gentes, e
Diálogo entre Balaão é Balac o seu fim será o extermínio.
21Viu também o Cineu; e, prosse­
10E Balac, irado contra Balaão, ba­ guindo a parábola, disse:
tendo as mãos, disse-lhe: Eu chamei- A tua habitação é verdadeiramen­
te para amaldiçoares os meus ini­ te forte, mas, quando tiveres estabe­
migos; e tu pelo contrário os aben­ lecido o teu ninho no rochedo, “ e ti­
çoaste (já ) por três vêzes. “ Volta veres sido escolhido da estirpe de
para tua terra. Eu na verdade ti­ Cin, por quanto tempo poderás tu
nha determinado honrar-te com mag­ durar? Porque Assur te cativará.
Cap. X X IV — 3. Que tem os olhos fechados às impressões naturais dos sentidos.
7. A água correrá do seu balde (hebreu: dos seus baldes). Israel é comparado
a um homem que leva da fonte dois baldes de água a transbordar, símbolo das águas
vivas da salvação que o povo de Deus devia espalhar com abundância. — Crescerá em
abundantes águas, isto é, prosperará como prospera a semente lançada a um terreno
bem regado. — o seu r e i . . . H ebreu: o seu rei será elevado acima de A gag, e o seu
reino será exaltado.
17-18-19. Nestes três versículos encerra-se um a das mais belas profecias messiânicas.
20. Tendo visto Amalec, isto é, tendo visto do alto do monte Fogor o território doa
Amalecitas, profetizou a sua destruição.
186 NUMEROS 24 - 26
23E outra vez, prosseguindo a pará­ Israel no meu zêlo. 12Por isso di-
bola, disse: ze-lhe: Eis que eu lhe dou a paz da
A i! quem viverá quando Deus fizer minha aliança. 13E será tanto para
estas coisas? 24Virão da Itália nas êle como para sua descendência um
suas galés, e vencerão os Assírios, e pacto eterno de sacerdócio, porque
devastarão os Hebreus, e por fim tam­ foi zeloso pelo seu Deus, e expiou a
bém êles mesmos perecerão. maldade dos filhos de Israel.
“ E Balaão levantou-se, e voltou pa­ Nomes dos dois culpados
ra a sua terra. Balac também vol­
tou pelo caminho, por onde tinha vin­ 140 Israelita, que foi morto com a
do. Madianita, chamava-se Zambri, filho
Idolatria de Israel de Saiu, chefe de uma família da tri­
OÇ ‘Ora Israel estava então em Se- bo de Simeão. 15E a mulher Madia-
nita, que foi morta juntamente, cha­
tim, e o povo caiu em forni- mava-se, Cozbi, filha de Sur, prínci­
cação com as filhas de Moab, 2as quais pe nobilíssimo dos Madianitas.
os convidaram para os seus sacrifí­
cios. E êles comeram e adoraram Condenação dos Madianitas
os deuses delas. 3E Israel consa­ 16E o Senhor falou a Moisés, di­
grou-se a Beelfegor. Então, irado
o Senhor 4disse a Moisés: Toma to­ zendo: 17Os Madianitas experimen-
dos os príncipes do povo; e pendura- tem-vos por inimigos, e castigai-os;
os em forcas em face do sol, para 18porque também êles vos trataram
que o meu furor se afaste de Israel. como inimigos, e vos enganaram ar-
*E Moisés disse aos juizes de Israel: tificiosamente por meio do ídolo de
Cada um mate os seus vizinhos, que Fogor, e de Cozbi, sua irmã, filha
se consagraram a Beelfegor. do príncipe de Madian, qué foi mor­
ta no dia da praga por causa do sa­
O Zêlo de Finéias detém o castigo crilégio de Fogor.
de Deus
N ovo recenseam ento do povo
°E eis que um dos filhos de Israel OC d e p o is que foi derramado o
entrou à vista de seus irmãos em
casa de uma prostituta Madianita, sangue dos culpados, o Senhor
sob os olhos de Moisés e de todo o disse a Moisés e ao sacerdote Eleá-
povo, que choravam diante da por­ zaro, filho de Arão: 2Fazei o recen­
ta do tabernáculo. ^ en d o isto, F i­ seamento de todos os filhos de Is­
néias, filho de Eleázaro, filho do sa­ rael, desde os vinte anos para cima,
cerdote Arão, levantou-se do meio do segundo as suas casas e famílias, to­
povo, e tomando um punhal, 8entrou dos os que são aptos para pegar em
após o Israelita no lugar infame, e armas. 3Moisés, pois, e Eleázaro, sa­
atravessou-os a ambos, o homem e cerdote, falaram nas planícies de
a mulher, pelas partes genitais. E Moab, ao longo do Jordão, defronte
cessou a praga de sôbre os filhos.de de Jerico, aos que tinham 4vinte anos,
Israel; 9e foram mortos vinte e qua­ e daí para cima, conforme o Senhor
tro mil homens. lhes tinha mandado e eis o seu nú­
mero:*
Recompensa de Finéias Ruben
10E o Senhor disse a Moisés: “ F i­ 5Ruben, primogênito de Israel: seu
néias, filho de Eleázaro, filho do sa­ filho Henoc, do qual (saiu) a família
cerdote Arão, afastou a minha ira dos dos Henoquitas; e Falu, do qual
filhos de Israel, porque foi animado (saiu) a fam ília dos Faluítas; *e Hes-
do meu zêlo contra êles, para que eu ron, do qual (saiu) a família dos Hes-
mesmo não extinguisse os filhos de2 3 ronitas; e Carmi, do qual (saiu) a
23. A i ! quem v iv e r á ... Ê um grito de dor ao considerar as futuras destruiçôes.
Cap. X X V — 4. Toma todos os príncipes. Pelo versículo 5 vê-se que estas palavras
se referem aos Israelitas culpados. — E m face do sol, isto é, em lugar bem público.
12. Eis que eu lhe dou a p a z ... segundo o hebreu: dou-lhe a minha aliança de paz,
prometo-lhe perpétua paz e amizade.
26 NÚMEROS 187
fam ília dos Carmitas. 7Estas são as “ Estas são as famílias de Judá, cujo
famílias da estirpe de Ruben, das número foi ao todo de sessenta e seis
quais se encontrou o número de qua­ mil e quinhentos (h om en s).
renta e três mil e setecentos e trin­ Issacar
ta (homens). 80 filho de Falu foi
Eliab; 9e os filhos dêste foram: Na- “ Filhos de Issacar segundo as suas
muel e Datan e Abiron. Êstes são famílias: Tola, do qual (saiu) a fa ­
aquêles Datan e Abiron, príncipes mília dos Tolaítas; Fua, do qual
do povo, que se levantaram contra (saiu) a fam ília dos Fuaitas; “ Jasub,
Moisés e Arão na sedição de Coré, do qual (saiu) a fam ília dos Jasubi-
quando se revoltaram contra o Se­ tas; Semran, do qual (saiu) a fam í­
nhor; 10e a terra, abrindo a sua bô- lia dos Semranitas. “ Estas são as
ca, enguliu Coré, morrendo muitís­ famílias de Issacar, cujo número foi
simos, quando o fogo queimou du­ de sessenta e quatro mil e trezentos
zentos e cinqüenta homens. E su­ (h om en s).
cedeu o grande milagre, nque, pere­
cendo Coré, não pereceram seus fi- Zabulão
“ Filhos de Zabulão segundo as suas
famílias: Sared, do qual (saiu) a fa ­
12Filhos de Simeão segundo as suas mília dos Sareditas; Elon, do qual
famílias: Namuel, do qual (saiu) a (saiu) a fam ília dos Elonitas; Jalel,
fam ília doe Namuelitas; Jarnin, do do qual (saiu) a fam ília dos Jaleli-
qual (saiu) a família dos Jaminitas; tas. “ Estas são as famílias de Zabu­
Jaquin, do qual (saiu) a fam ília dos lão, cujo número foi de sessenta mil
Jaquinítas; 18Zare, do qual (saiu) a e quinhentos (h om en s).
família dos Zareitas; Saul do qual Manassés
(saiu) a fam ília dos Saulitas. 14Es-
tas são as famílias da estirpe de Si- “ Filhos de José segundo as suas fa ­
meão, cujo número foi ao todo de mílias: Manassés e Efraim . “ De
vinte e dois mil e duzentos (homens), Manassés nasceu Maquir, do qual
(descende) a família dos Maquiritas.
Gad
Maquir gerou Galaad, do qual (des-
15Filhos de Gad segundo as suas fa ­ cende) a família dos Galaaditas. “ F i­
mílias: Sefon do qual (saiu) a fam í­ lhos de Galaad foram: Jezer, do qual
lia dos Sefonistas; Agi, do qual (saiu) (descende) a fam ília dos Asrielitas;
a família dos Agitas; Sun, do qual e Helec, do qual (descende) a fam í­
(saiu) a família dos Sunitas. 16Ozni, lia dos Helecltas; 31e Asriel, do qual
do qual (saiu) a fam ília dos Oznitas; (descende) a família dos Jezeritas;
Her, do qual (saiu) a família dos He- e Sequem, do qual (descende) a fa­
ritas; 17Arod, do qual (saiu) a fa ­ mília dos Sequemitas; 32e Semida, do
mília dos Aroditas; Ariel do qual qual (descende) a família dos Semi-
(saiu) a família dos Arielitas. “ Es­ daítas; e Hefer, do qual (descende)
tas são as familias de Gad, cujo nú­ a família dos Heferitas. “ E H efer foi
mero foi ao todo de quarenta mil e pai de Salfaad, que não teve filhos,
quinhentos (h om en s). mas sòmente filhas, cujos nomes são
êstes: Maala, e Noa, e Hegla, e Mel-
Judá ca, e Tersa. 34Estas são as famílias
“ Filhos de Judá: Her e Onan, os de Manassés, e o seu número foi de
quais morreram na terra de Canaã. cinqüenta e dois mil e setecentos
“ Os outros filhos de Judá, contados (h om en s).
segundo as suas famílias, foram Se­ Efraim
la, do qual (saiu) a família dos Selaí-
tas; Farés, do qual (saiu) a família “ Os filhos de Efraim segundo as
dos Faresitas; Zare, do qual (saiu) suas famílias, foram Sutala, do qual
a família dos Zareitas. 21Filhos de (descende) a família dos Sutalaítas;
Farés; Hesron, do qual (saiu) a fa ­ Bequer, do qual (descende) a fam ília
mília dos Hesronitas; e Hamul, do dos Bequeritas; Teen, do qual (des­
qual (saiu) a fam ília dos Hamulitas. cende) a família dos Teenitas. “ F i­
188 NÚMEROS 26
lho de Sutala, foi Heran, do qual nitas; 49Jeser, do qual (descende) a
(descende) a família dos Heranitas. família dos Jeseritas; Selem, do qual
37Estas são as famílias dos filhos de (descende) a família dos Selemitas.
Efraim, cujo número foi de trinta e “ Êstes são os descendentes dos filhos
dois mil e quinhentos (homens). de N eftali segundo as suas famílias,
38Êstes são os filhos de José segundo cujo número foi de quarenta e cin­
as suas famílias. co mil e quatrocentos (h om en s).
Filhos de Benjamim segundo as
suas famílias: Bela, do qual (descen- Soma total
de) a fam ília dos Belaítas; Àsbel, do
qual (descende) a família dos Asbeli- 51Esta é a soma dos filhos de Israel,
tas; Airam, do qual (descende) a fa ­ que foram recenseados: seiscentos e
mília dos Airamitas; "Sufam, do qual um mil, setecentos e trinta (h o­
(descende) a família dos Sufamitas; mens) .
Hufam, do qual (descende) a fam í­ Normas para a divisão da
lia dos Hufamitas. 40Filhos de Bela: terra prometida
Hered e Noeman. De Hered (des-
cende) a família dos Hereditas; de 52E o Senhor falou a Moisés, di­
Noeman a fam ília dos Noemanitas. zendo: 53A terra (prom etida) será
41Êstes são os filhos de Benjamim se­ dividida entre êstes segundo o núme­
gundo as suas famílias, cujo número ro dos seus nomes para êles a pos­
foi de quarenta e cinco mil e seis­ suírem . 54Aos que forem mais em
centos (homens). número darás maior parte e aos que
forem menos, menor; a cada um se­
Dan rá dada a sua possessão, conforme
42Filhos de Dan, segundo as suas agora foram alistados; “ mas de ma­
famílias: Suam, do qual (descende) neira que a terra seja repartida por
a família dos Suamitas; êstes são os sorte, entre as tribos e famílias. “ Tu­
filhos de Dan, conforme as suas fa ­ do o que tocar por sorte, isso rece­
mílias. "Todos foram Suamitas, e berão, quer os que são em maior
o seu número era de sessenta e qua­ número, quer os que são em meuor
tro mil e quatrocentos (homens) . número.
Aser Becensearnento dos Levitas
44Filhos de Aser segundo as suas fa ­ 57Êste é também o número dos filhos
mílias: Jemna, do qual (descende) de Levi, segundo as suas famílias:
a fam ília dos Jemnaltas; Jessui, do Gersão, do qual (descende) a fam í­
qual (descende) a família dos Jessui- lia dos Gersonitas: Caat, do qual
tas; Brie, do qual (descende) a fa ­ (descende) a fam ília dos Caatitas;
mília dos Brieítas. "Filhos de Brie: Merari, do qual (descende) a fam ília
Heber, do qual (descende) a família dos Meraritas. “ Estas são as fam í­
dos Heberitas; e Melquiel, do qual lias de Levi: A fam ília de Lobni, a
(descende) a fam ília dos Melquleli- família de Hebroni, a família de Moo-
tas. 46E o nome da filha de Aser, li, a família de Musi, a família de
foi Sara. 47Estas são as famílias dos Coré. Ora Caat gerou a Amram,
filhos de,Aser, e o seu número foi 59o qual teve por mulher a Jocabed,
de cinqüenta e três mil e quatrocen­ filha de Levi, a qual lhe nasceu no
tos (homens) . Egito; esta teve de Amram, seu ma­
Neftali
rido, por filhos a Arão e Moisés, e
Maria, irmã dêles. °°De Arão nas­
"Filhos de Neftali, segundo as suas ceram Nabad, e Abiu, e Eleázaro, e
famílias: Jesiel, do qual (descende) Itamar, 61dos quais Nadab e Abiu mor­
a fam ília dos Jesielitas; Guní, do reram, por terem oferecido um fogo
qual (descende) a fam ília dos Gu- estranho diante do Senhor. 62E to-
Cap. X X V I — 53. Entre, êstes, isto é, entre as doze tribos. — Segundo o número dos
seus nomes, isto é, uma porção de terra proporcionada & população de cada tribo.
55. Seja repartida por sorte. A sorte determinará a posição das várias partes que
tocará a cada tribo: ao norte, ao sul, etc.
26 - 28 NÚMEROS 189
dos os que foram recenseados foram pai. nSe não tiver tão pouco tios pa­
vinte e três mil homens de um mês ternos, a herança será dada aos pa­
para cima, porque não foram contados rentes mais próximos; e isto será pa­
entre os filhos de Israçl, nem lhes ra os filhos de Israel uma coisa san­
foi dada possessão com os outros. ta, como o Senhor ordenou a Moisés.
Desaparecimento dos que tinham sido Josué sucessor de Moisés
recenseados no Sinai
12E o Senhor disse também a M oi­
03Êste é o número dos filhos de Is­ sés: Sobe a êste monte Abarim, e
rael, que foram recenseados por Moi­ contempla de lá a terra que eu hei
sés e pelo sacerdote Eleázaro nas pla- de dar aos filhos de Israel. 13E, de­
nicies de Moab, ao longo do Jordão, pois de a teres visto, irás também
defronte de Jericó. 64Entre êles não para o teu povo, como foi o teu ir­
se achou nenhum daqueles que ti­ mão Arão; 14porque me ofendeste
nham sido recenseados antes por M oi­ no deserto de Sin, na contradição do
sés e Arão no deserto do Sinai. povo, e não quiseste santificar-me
«“Porque o Senhor tinha predito que diante dêle por ocasião das águas;
todos êles morreríam no deserto. E estas são as águas da contradição em
não ficou nenhum dêles, exceto Ca- Cades no deserto de Sin. “ Moisés res-
leb, filho de Jefone, e Josué, filho pondeu-lhe: 10O Senhor Deus dos es­
de Nun. píritos de todos os homens escolha
um homem, que seja sôbre esta mul­
Lei sôbre a sucessão hereditária tidão, 17e que possa sair e entrar
das filhas diante dêles, e fazê-los entrar ou fa ­
zê-los sair, para que o povo do Se­
07 ^ n tã o aproximaram-se as fi- nhor não seja como ovelhas sem pas­
£ ít lhas de Salfaad, filho de He- tor. 18E o Senhor disse-lhe: Toma Jo­
fer, filho de Galaad, filho de Maquir, sué, filho de Nun, homem no qual
filho de Manassés, que foi filhq de reside o (m eu) espírito, e põe a tua
José; seus nomes eram Maala, e mão sôbre êle. 19Êle estará diante do
Noa, e Hegla, e Melca, e Tersa. 2E sacerdote Eleázaro e de tôda a mul­
apresentaram-se a Moisés e a Eleá­ tidão; “ e tu lhe darás os preceitos
zaro sacerdote, e todos os príncipes à vista de todos, e uma parte da tua
do povo, à porta do tabernâculo da glória, para que tôda a congrega­
aliança, e disseram: 3Nosso pai mor­ ção dos filhos de Israel o ouça.
reu no deserto e não tomou parte 21Quando se tiver de empreender al­
na sedição excitada por Coré contra guma coisa, o sacerdote Eleázaro
o Senhor, mas morreu no seu peca­ consultará 0 Senhor; à palavra dês-
do;* não teve filhos varões. P or que te, Josué sairá ou entrará, e com
razão é tirado o seu nome da sua fa ­ êle todos os filhos de Israel e o res­
mília, por não ter tido nenhum fi­ to do povo. “ Moisés fêz como o Se­
lho? Dai-nos uma possessão entre nhor tinha ordenado. E, tendo to­
os parentes do nosso pai. 4E Moisés mado Josué, apresentou-o diante do
levou a causa delas ao juízo do Se­ sacerdote Eleázaro e de todo o ajun­
nhor, 5o qual lhe disse: °As filhas de tamento do povo. 23E, impostas as
Salfaad pedem uma coisa justa; dá- mãos sôbre a sua cabeça, declarou-
lhes uma possessão entre os paren­ lhe tudo o que o Senhor tinha
tes de seu pai, e sucedam-lhe na he­ mandado.
rança. 7E dirás aos filhos de Israel
estas coisas: 8Quando algum homem Sacrifícios quotidianos
morrer sem filhos, a herança passa­
rá à sua filha. °Se não tiver filha, OO 'Disse também o Senhor a Moi-
terá por sucessores a seus irmãos. sés: 2Manda aos filhos de Is­
10Se não tiver também irmãos, da­ rael, e lhes dirás: Oferecei nos seus
reis a herança aos irmãos de seu tempos a minha oferta e os pães, e
Cap. X X V I I — 3. M orreu no seu pecado, morreu por causa do pecado de murmuraçfto
contra Deus, cometido por todos os que foram condenados a m orrer no deserto, e não
por qualquer culpa mais grave, como foi a de Coré.
190 NÚMEROS 28 - 29
o incenso de suavíssimo cheiro. 3Ês- 17e no dia quinze a solenidade; du­
tes são os sacrifícios que deveis ofe­ rante sete dias se comerão pães ázi-
recer: Todos os dias, dois cordeiros mos. lsO primeiro dêstes dias será ve­
de um ano, sem defeito, em holocaus­ nerável e santo; não fareis nêle obra
to perpétuo. ‘Oferecereis um pela alguma servil. 10E oferecereis em sa­
manhã, e outro pela tarde; 5a déci­ crifício feito com fogo em holocaus­
ma parte de um efi de flor de fari­ to ao Senhor dois bezerros da mana­
nha, que seja amassada na quarta da, um carneiro, sete cordeiros de
parte de um hin de azeite puríssi­ um ano, sem defeito, "e as ofertas
mo. °Êste é o holocausto perpétuo por cada um dêles de flor de fari­
que vós oferecestes sôbre o monte Si­ nha, que seja amassada com azei­
nai, consumido pelo fogo em suavís­ te, serão de três dízimas por cada
simo cheiro ao Senhor. 7E derramareis bezerro, e duas dízimas pelo carnei­
em libação a quarta parte de um hin ro, 21e uma dízima da dízima por ca­
do vinho por cada cordeiro no san­ da cordeiro, isto é, por cada um dos
tuário do Senhor. 8E oferecereis da sete cordeiros; ^e um bode pelo pe­
mesma sorte à tarde outro cordeiro, cado, para obterdes a expiação dele,
com todos os ritos do sacrifício da “ além do holocausto da manhã, que
manhã e das suas libaçôes; oferta vós oferecereis sempre. “ Assim fareis
de suavíssimo cheiro ao Senhor. em cada um dos sete dias para ali­
Sacrifícios do sábado
mento do fogo, e em suavíssimo chei­
ro ao Senhor, que se exalará do ho­
®No dia de sábado oferecereis dois locausto e das libaçôes de cada víti­
cordeiros de um ano sem defeito, è ma. “ O sétimo dia será também ce-
duas dízimas de flor de farinha amas­ lebérrimo e santo para vós; não fa ­
sada com azeite para o sacrifício e reis nêle obra alguma servil.
as libaçôes, 10que segundo o rito se Sacrifícios do Pentecostes
derramam todos os sábados em ho­
locausto perpétuo. “ Também o dia das primícias, quan­
Sacrifícios das neomênias do, completas as (sete) semanas, ofe­
recerdes ao Senhor as novas messes,
nNas calendas, porém, oferecereis será venerável e santo; não fareis
ao Senhor em holocausto dois be­ nêle obra alguma servil. ” E ofere­
zerros da manada, um carneiro, sete cereis ao Senhor em holocausto de
cordeiros de um ano, sem defeito, um suavíssimo cheiro dois bezerros
12e três dízimas de flor de farinha da manada, um carneiro e sete cor­
amassada com azeite por cada be­ deiros de um ano, sem defeito, “ e
zerro, e duas dizimas de flor de fa ­ nos sacrifícios dêstes (oferecereis)
rinha amassada com azeite Dor cada três dizimas de flor de farinha bor-
carneiro, 18e a dízima da dizima de rifada com azeite por cada bezerro,
flo r de farinha amassada com azeite duas por cada carneiro, “ uma dízi­
por cada cordeiro; (isto é u m ) holo­ ma da dízima pelos cordeiros, isto é,
causto de suavíssimo cheiro e dum sa­ por cada um dos sete cordeiros; (ofe­
crifício feito com fogo ao Senhor. 14As recereis) um bode, "o qual será imo­
libaçôes, porém, de vinho, que se lado pela expiação, além do holo­
devem derramar sôbre cada vítima, causto perpétuo e das suas libaçôes.
serãos estas: Metade de um hin por "Oferecereis tôdas estas coisas sem
cada bezerro, um têrço pelo carnei­ mancha, com as suas libaçôes.
ro, um quarto pelo cordeiro; êste Sacrifícios próprios da festa
será o holocausto de todos os meses, das trornbetas
que se sucedem no decurso do ano.
“ Oferecer-se-á também ao Senhor O O *0 primeiro dia do sétimo mês
um bode pelos pecados, em holocaus­ será também para vós vene­
to perpétuo, com as suas libaçôes. rável e santo; não fareis nêle obra
Sacrifícios da Páscoa alguma servil, porque é o dia do som
e das trombetas. 2E oferecereis em
16E no primeiro mês, no dia cator­ holocausto de suavíssimo cheiro ao
ze do mês, será a páscoa do Senhor, Senhor um bezerro da manada, um
29 NÚMEROS 191
carneiro, e sete cordeiros de um ano, bezerros da manada, dois carneiros,
sem defeito; *e nos seus sacrifícios catorze cordeiros de um ano, sem
três dizimas de flor de farinha amas­ defeito; ,8fareis, segundo o rito, as o-
sada com azeite por cada um dos blações e as libaçôes pelos bezerros, e
bezerros, duas dízimas pelo carneiro, pelos carneiros, e pelos cordeiros; 19e
4uma dízima pelo cordeiro, isto é, um bode pelo pecado, além do holo­
por cada um dos sete cordeiros; causto perpétuo, com a sua oblação
5e um bode pelo pecado, que é ofere­ e as suas libaçôes.
cido pela expiação do povo, 6além “ N o terceiro dia oferecereis onze
do holocausto das calendas com as bezerros, dois carneiros, catorze cor-
suas oblações, e do holocausto per­ deiros de um ano, sem defeito; flo-
pétuo com as libaçôes costumadas, ferecereis, segundo o rito, as oblações
com as mesmas cerimônias oferece­ e libaçôes pelos bezerros e pelos car­
reis em cheiro suavíssimo ao Senhor neiros e pelos cordeiros; 22e um bode
um sacrifício feito com fogo. pelo pecado, além do holocausto per-
Sacrifícios da festa da Expiação étuo, com sua oblação e as suas Il­
ações.
70 décimo dia dêste sétimo mês 2SNo quarto dia oferecereis dez be­
será também para vós santo e vene­ zerros, dois carneiros, catorze cordei­
rável, e afligireis as vossas almas, e ros de um ano, sem defeito; “ fa ­
não fareis nêle obra alguma servil. reis, segundo o rito, as oblações e
8E oferecereis em holocausto de sua­ as libaçôes pelos bezerros e pelos car­
víssimo cheiro ao Senhor um bezer­ neiros e pelos cordeiros; “ e um bo-
ro da manada, um carneiro, sete cor­ de pelo pecado, além do holocausto
deiros de um ano, sem defeito; 9e perpétuo, com sua oblação e suas li-
nos seus sacrifícios, três dízimas de bações.
flor de farinha amassada com azeite “ N o quinto dia oferecereis nove
por cada bezerro, diias dízimas pelo bezerros, dois carneiros, catorze cor­
carneiro, “ uma dízima da dízima por deiros de um ano, sem defeito; afa­
cada cordeiro, isto é, por cada um reis, segundo o rito, as oblações e as
dos sete cordeiros, ne um bode pelo libaçôes pelos bezerros e pelos car­
pecado, além daquelas coisas que neiros e pelos cordeiros; “ e um bo­
se costumam oferecer pelo delito de pelo pecado, além do holocausto
em expiação e além do holocausto perpétuo com a sua oblação e as suas
perpétuo, com as suas oblações e libaçôes.
libaçôes. “ N o sexto dia oferecereis oito be­
Sacrifícios da festa dos Tabernáculos zerros, dois carneiros, catorze cor­
deiros de uni ano, sem defeito; " f a ­
12N o dia quinze, porém, do sétimo reis, segundo o rito, as oblações e
mês, que será santo e venerável pa­ as libaçôes pelos bezerros e pelos car­
ra vós, não fareis obra alguma ser­ neiros e pelos cordeiros; S1e um bode
vil, mas celebrareis uma festa sole­ pelo pecado, além do holocausto per­
ne ao Senhor durante sete dias; 13e pétuo, com a sua oblação e as suas
oferecereis em holocausto de suavís­ libaçôes.
simo cheiro ao Senhor treze bezerros “ N o sétimo dia oferecereis sete be­
da manada, dois carneiros, catorze zerros, dois carneiros e catorze cor­
cordeiros de um ano, sem defeito; 14e deiros de um ano, sem defeito; “ fa ­
nas suas oblações, três dízimas de reis, segundo o rito, as oblações e
flo r de farinha amassada com azeite as libaçôes pelos bezerros e pelos car­
por cada bezerro, que ao todo são neiros e pelos cordeiros; 84e um bo­
treze bezerros; e duas dízimas por de pelo pecado, além do holocausto
um carneiro, isto é, por cada um dos perpétuo, com a sua oblação e as
dois carneiros, 15e uma dízima da dí­ suas libaçôes.
zima por cada cordeiro, que ao todo 35No oitavo dia, que é celebérrimo,
são catorze cordeiros; 10e um bode pe­ não fareis obra alguma servil, Mo-
lo pecado, além do holocausto perjlé- ferecendo em holocausto de suavíssi­
tuo, com sua oblação e suas libaçôes. mo cheiro ao Senhor um bezerro,
17N o segundo dia oferecereis doze um carneiro, sete cordeiros de um a­
192 NUMEROS 29 - 31
no, sem defeito; 37fareis, segundo o marido, se se obrigar com voto e ju­
rito, as oblaçôes e as libações pe­ ramento, 12e o marido o sabe, e não
los bezerros e pelos carneiros e pe­ diz nada, nem se opôe à sua pro­
los cordeiros; 38e um bode pelo pe­ messa, cumprirá tudo o que prome­
cado, além do holocausto perpétuo, teu. 13Porém, se êle se opuser logo,
com a sua oblação e as suas liba- não estará obrigada à promessa, por­
çôes. que o marido se opos, e o Senhor
Conclusão lhe perdoará. 14Se fizer voto, e se
obrigar com juramento a afligir a
39Estas são as coisas que oferece­ sua alma com jejum ou com outro
reis ao Senhor nas vossas solenida- gênero de abstinência, ficará ao ar­
des, além dos votos e das ofertas es­ bítrio do marido que ela faça ou não
pontâneas em holocausto, em sacrifí­ faça tais coisas. 15Mas, se o marido,
cio, em libação, em hóstias pacíficas. tendo conhecimento disso, não disser
Leis sôbre os votos
nada e diferir para outro dia o seu
parecer, ela cumprirá tudo o que ti­
9(| 1Moisés referiu aos filhos de ver prometido com voto, visto que o
Israel tudo o que o Senhor lhe marido, logo que o soube, não dis­
tinha mandado. se nada. 10Se, porém, se opôs de­
2E disse aos príncipes das tribos pois que o soube, levará êle sôbre
dos filhos de Israel: Eis o que o Se­ si a iniqüidade dela. 17Estas são as
nhor ordenou: 3Se um homem fizer leis que o Senhor intimou a Moisés
um voto ao Senhor ou se obrigar (para serem observadas) entre o
com juramento, não faltarâ à sua pa­ marido e a mulher, entre o pai e a
lavra, mas cumprirá tudo o que pro­ filha que ainda está em idade de me­
meteu. 4Se uma mulher fizer um nina, ou que mora em casa de seu
voto e se obrigar com juramento, es­ pai.
tando em casa de seu pai e ainda em Mortandade dos M adianitas
idade jovem, se o pai teve conheci­
mento do voto que ela fêz e do jura­ Ol *E o Senhor falou a Moisés,
mento com que se obrigou, e não 6 ,1 dizendo: 2Vinga primeiro os
disse nada, ela está obrigada ao seu filhos de Israel dos Madianitas, e
voto; 5cumprirâ de fato tudo o que depois serás unido ao teu povo. *E
prometeu e jurou fazer. °Porém, se Moisés disse logo: Armem-se para a
o pai, logo que o soube, se opôs, tan­ batalha alguns homens dentre vós,
to os votos como os juramentos dela que possam executar a vingança do
serão nulos, e não ficará obrigada ao Senhor sobre os Madianitas. E s co­
que prometeu, porque o pai se opôs. lham-se mil homens de cada tribo de
7Se tiver marido, e fizer algum voto, Israel, para serem mandados a esta
e uma palavra saída uma vez da sua guerra. 5E êles deram mil homens
boca obrigar a sua alma com jura­ por cada tribo, isto é, doze mil ho­
mento, 8se o seu marido no mesmo mens prontos a combater, 6os quais
dia em que o ouvir não se opuser, Moisés enviou com Finéias, filho do
ela ficará obrigada ao voto, e cum­ sacerdote Eleázaro, e entregou-lhe
prirá tudo o que prometeu. 9Mas, também os vasos santos e as trom-
se o marido, tendo-o ouvido, se o- betas para tocar. 7E, tendo pelejado
puser e tornar nulas as suas pro­ contra os Madianitas, tendo-os ven­
messas e as palavras com que se cido, mataram todos os varões, 8e os
tinha obrigado, o Senhor lhe per­ seus reis Evi, e Recem, e Sur, e Hur,
doará. e Rebe, os cinco príncipes daquela na­
10A viúva e a repudiada cumprirão ção; mataram também com a espa­
todos os votos que fizerem. da a Balaão, filho de Beor. 9E to­
11A mulher que está em casa do maram as suas mulheres, e os seus
Cap. X X X — 10. Levará sôbre si a iniqüidade dela. A mulher deverá obedecer ao
marido, êste, porém, será réu da violação do voto.
Cap. X X X I — 2. Vinga p rim e iro ... o s M adianitas tinham-se unido aos M oabitas
p a ra fazer am aldiçoar o povo de Israel, o qual antes tinham levado à idolatria,
fazendo dêste modo urna injúria direta ao Deus de Israel.
31 NÚ M E R O S l9 3

filhinhos, e todos os seus gados, e to­ dia, e, depois de purificados, entra­


dos os seus bens e saquearam tudo reis nos acampamentos.
o que puderam alcançar. 10O fogo Divisão da prêsa
consumiu as cidades, as aldeias e os
castelos. 1JE levaram a prêsa e tu­ 250 Senhor disse a Moisés: “ Fa­
do o que tinham tomado, tanto de zei o inventário de tudo o que foi
homens como de animais, 12e apresen- tomado, desde os homens até aos ani­
taram-no a Moisés, e ao sacerdote mais, tu e o sacerdote Eleázaro e
Eleázaro, e a tôda a multidão dos fi­ os príncipes do povo. 27E repartirás
lhos de Israel; e tudo mais que podia a prêsa em partes iguais entre os que
servir-lhes levaram-no aos acampa­ pelejaram e saíram à batalha, e en­
mentos nas planícies de Moab, jun­ tre todo o resto da multidão. “ E
to do Jordão, defronte de Jericó. (da parte) daqueles que pelejaram e
Sorte dos prisioneiros foram à guerra, separarás uma par­
te para o Senhor: de cada quinhen­
13E saíram a recebê-los fora dos a- tos uma cabeça, assim de homens, co­
campamentos Moisés, e o sacerdote mo de bois, asnos e ovelhas, “ e a da­
Eleázaro, e todos os príncipes da si­ rás ao sacerdote Eleázaro, porque
nagoga. 14E Moisés, irado contra os são as primícias do Senhor. 30E da
chefes do exército, contra os tribu­ outra metade (da presa), que perten­
nos e centurioes, que voltavam da ce aos filhos de Israel, de cada cin-
batalha, 15disse: Por que poupastes as qüenta homens, ou bois, ou asnos, ou
mulheres? 16Não são elas que, por ovelhas, ou outros quaisquer animais,
sugestão de Balaão, seduziram os fi­ tomarás um, e o darás aos Levitas,
lhos de Israel, e vos fizeram preva­ que têm a guarda do tabernáculo
ricar contra o Senhor com o pecado do Senhor. 31E Moisés e Eleázaro
de Fogor, pelo qual também o povo fizeram como o Senhor tinha manda­
foi castigado? 17Matai, pois, todos os do. 32Ora, a prêsa que o exército ti­
varões, mesmo os de tenra idade, e nha tomado foi de seiscentas e seten­
degolai as mulheres que tiveram co­ ta e cinco mil ovelhas, "setenta e
mércio com homens; 18mas reservai dois mil bois, 34sessenta e um mil as­
para vós as donzelas e tôdas as mu- nos; 85trinta e duas m il pessoas do
lheres virgens. sexo feminino, que não tinham co­
Purificação dos vencedores nhecido homem. “ E foi dada meta­
de aos que tinham ido ao combate:
19E permanecei fora dos acampa­ Trezentas e trinta e sete mil e qui­
mentos sete dias. Quem tiver morto nhentas ovelhas, 37das quais se puse­
um homem, ou tocado um morto, pu- ram à parte para o Senhor seiscen­
rificar-se-á no dia terceiro e no séti­ tas e setenta e cinco ovelhas. WE
mo. 20Purificar-se-á também da prê- dos trinta e seis mil bois, (puseram-
sa todo o vestido ou vaso, e todo o se a parte) setenta e dois; 39e dos
utensílio feito de pele de cabra, ou de trinta mil e quinhentos asnos, ses­
pêlos, cru de madeira. 210 sacerdote senta e um. "Das dezesseis mil pes­
Eleázaro também falou assim aos sol­ soas, foram reservadas trinta e duas
dados, que tinham pelejado: Êste é para o Senhor. 41E Moisés entregou
o preceito da lei, que o Senhor deu ao sacerdote Eleázaro a conta das
a Moisés: 220 ouro, a prata, o cobre, primícias do Senhor, como lhe tinha
o ferro, o chumbo, o estanho, 23e tu­ sido mandado, 42(tomada) daquela me­
do o que pode passar pelas chamas, tade que tinha sido separada para
será purificado no fogo; porém tudo os filhos de Israel que tinham esta­
o que não pode sofrer o fogo, será do no combate. 43E da outra metade,
purificado com água da expiação; 24e que tinha tocado ao resto da mul­
lavareis os vossos vestidos no sétimo tidão, isto é, das trezentas e trinta e
14. Moisés irado, por terem poupado as mulheres, as quais tinham sido as m ais
culpadas na sedução de Israel.
17. Matai, pois, todos os v a r õ e s ... tôdas as mulheres, a fim de destruir o povo
M adianita, e nâo mais vos encontrardes expostos ao perigo de prevaricar.
18. Reservai para vós as donzelas, a fim de as tomardes por mulheres ou por servas.7

7 - B íb lia s a g ra d a
194 NUMEROS 31 - 32
sete mil e quinhentas ovelhas, 44e que o Senhor lhes dará? 8Não foi as­
dos trinta e seis mil bois, 45e dos trin­ sim que procederam os vossos pais,
ta mil e quinhentos asnos, ^e das de­ quando eu os mandei de Cadesbame
zesseis mil pessoas, 47Moisés tirou u- a reconhecer a terra? 9E, depois de
ma cabeça por cada cinqüenta, e terem chegado ao vale do Cacho, de­
deu-as aos Levitas que velavam no pois de terem percorrido tôda aque­
tabernáculo do Senhor, como o Se­ la região, desanimaram os filhos de
nhor tinha ordenado. Israel, para que não entrassem na ter­
Dons oferecidos a Deus
ra que o Senhor lhes deu. 10E êle,
irado, jurou, dizendo: nÊstes homens,
48E os chefes do exército, e os tri­ que saíram do Egito, de vinte anos
bunos, e os centuriões, tendo-se apro­ para cima, não verão a terra, que eu
ximado de Moisés, disseram: 49Nós, prometi por juramento a Abraão, a
teus servos, fizemos a resenha dos Isac e a Jacó; porque não quise­
combatentes, que comandávamos, e ram seguir-me, 12exceto Caleb, filho
nem um faltou. “ Por esta causa de Jefone Cenezeu, e Josué, filho de
cada um de nós oferece por donativo Nun; êstes cumpriram a minha von­
ao Senhor o ouro que pudemos achar tade. 13E o Senhor, irado contra Is­
na prêsa, ligas, braceletes, anéis, ar­ rael, fê-lo andar errante pelo deser­
recadas e colares, para que rogues to durante quarenta anos, até que
por nós ao Senhor. 61Moisés, pois, e fôsse extinta tôda a geração, que ti­
o sacerdote Eleázaro receberam to­ nha feito o mal na sua presença. 14E
do o ouro em diversas espécies, 52com eis que agora, prosseguiu Moisés, vos
o pêso de dezesseis mil e setecentos levantastes vós em lugar dos vossos
e cinqüenta siclos (oferecido) pelos pais, como renovos e descendência de
tribunos e centuriões, “ porque o que homens pecadores, para aumentardes
cada um tinha tomado no saque, era o furor do Senhor contra Israel. 15Se
seu. 54E receberam-no e puseram- não quiserdes seguí-lo, êle deixará o
no no tabernáculo do testemunho, povo no deserto, e vós sereis a cau­
como um monumento dos filhos de sa do extermínio de todos.
Israel diante do Senhor.
A s duas tribos defendem o seu pedido
Pedido das tribos de Ruben e de G ad
16Mas êles, aproximando-se, disse­
$ 2 *Ora, os filhos de Ruben e de ram: Edificaremos currais para as
** “ Gad tinham muitos rebanhos nossas ovelhas, e estábulos para os
e uma imensa riqueza em gados. E, nossos animais, e cidades fortes pa­
tendo visto que as terras de Jazer e ra os nossos filhinhos; 17nós, porém,
de Galaad, eram próprias para sus­ armados e prontos, iremos ao com­
tentar animais, 2foram ter com Moi­ bate na frente dos filhos de Israel,
sés, e com o sacerdote Eleázaro, e até os introduzirmos nos seus luga­
com os príncipes do povo, e disseram: res. (E n treta n to) as nossas crian­
3Atarot, e Dibon, e Jazer, e Nemra, ças, e tudo o que podemos possuir,
e Hesebon, e Eleale, e Saban, e Nebo, ficarão nas cidades fortificadas, por
e Beon, 4terras que o Senhor feriu causa das ciladas dos habitantes do
à vista dos filhos de Israel, são um país. 18Não voltaremos para as nos­
país fertilíssimo para pasto dos ani­ sas casas, enquanto os filhos de Is­
mais; e nós, teus servos, temos mui­ rael não estiverem de posse da sua
tos gados; 5pedimos-te, pois, se acha­ herança; 19nem pretenderemos coisa
mos graça diante de ti, que o dês alguma do lado de lá do Jordão, visto
a teus servos em possessão, e não que já temos a nossa porção na sua
nos faças passar o Jordão. margem oriental.
Repreensão de Moisés Moisés aceita a sua proposta
6Moisés respondeu-lhes: Irão, pois, 20Moisés respondeu-lhes: Se vós fa ­
vossos irmãos para a batalha, e vós zeis o que prometeis, marchai em pre­
ficareis aqui? 7Por que desanimais sença do Senhor prontos para a ba­
vós os filhos de Israel, para que não talha; 21e todo o homem apto para a
tenham coragem de passar ao país guerra passe armado o Jordão, até
32 - 33 NÚMEROS 195
que o Senhor destrua os seus inimi­ Sofan, e Jazer, e Jegbaa, 36e Bet-
gos, 22e todo o país lhe fique subme­ nemra, e Betaran, cidades fortifica­
tido; então sereis irrepreensíveis dian­ das e fabricaram currais para os seus
te do Senhor e diante de Israel, e gados. 37E os filhos de Ruben ree-
possuireis as . terras que desejais, dificaram Hesebon, e Eleale, e Caria-
diante do Senhor. 23Mas, se não fi­ taim, ^e Nabo, e Baalmeon, mudan-
zerdes o que dizeis, não há dúvida do-lhes os nomes, e também Saba-
que pecareis contra Deus; e sabei que ma, pondo nomes às cidades que re­
o vosso pecado vos há de atingir. 24E - edificaram. 39Ora, os filhos de M a-
dificai, pois, cidades para os vossos quir, filho de Manassés, passaram ao
filhinhos, e currais, e estábulos para país de Galaad, e devastaram-no, ma­
as ovelhas e animais, e cumpri o que tando os Amorreus que o habitavam.
prometestes. “E os filhos de Gad e ““Deu, pois, Moisés o país de Ga-
de Ruben disseram a Moisés: Somos laad a Maquir, filho de Manassés, que
teus servos, faremos o que nosso se­ habitou nêle. "Depois Jair, filho de
nhor manda. “Deixaremos nas ci­ Manassés, foi e ocupou as suas al­
dades de ôalaad os nossos filhinhos, deias, às quais deu q nome de Havot-
e mulheres, e rebanhos, e gados; Jair, que quer dizer as aldeias de
27nós todos, porém, teus servos, ire­ Jair. 42Foi também Nobe, e tomou
mos prontos para a guerra, como Canat com as suas aldeias, e cha­
tu, senhor, dizes. mou-a Nobe, do seu nome.
Moisés dá ordens para que a proposta V árias paragens de Israel
das tribos de Ruben e de Gad desde Ramessés até ao Sinai
seja realizada
90 7Estas são as paragens dos fi-
“ Moisés, pois, ordenou ao sacerdo­ lhos de Israel, que saíram do
te Eleázaro, e a Josué, filho de Nun, Egito (divididos) pelas suas turmas
e aos príncipes das famílias das tri­ sob a guia de Moisés e Arão. 2Moi-
bos de Israel, e disse-lhes: “Se os sés as descreveu, segundo os luga­
filhos de Gad e os filhos de Ruben res dos acampamentos que êles mu­
passarem convosco o Jordão todos ar­ davam ao mandado do Senhor. 3N o
mados para pelejar diante do Senhor, primeiro mês, pois, no dia quinze
e se vos fôr sujeita a terra, dai-lhes do primeiro mês, ao outro dia da
Galaad em possessão. 30Mas, se êles Páscoa, os filhos de Israel partiram
não quiserem passar armados convos­ de Ramessés com a mão levantada,
co à terra de Canaã, recebam entre à vista de todos os Egípcios, 4que se­
vós os lugares da sua morada. 31E pultavam os seus primogênitos, a
os filhos de Gad e os filhos de R u­ quem o Senhor tinha ferido (pois
ben responderam: Faremos como o que até sobre os seus deuses tinha
Senhor disse a seus servos. 32Iremos exercido a sua vingança) 5e foram
armados diante do Senhor para a ter­ acampar em Socot. 8E de Socot fo­
ra de Canaã, e confessamos ter já ram a Etam, que fica na extremida­
recebido a nossa possessão da banda de do deserto. 7Partindo dali, foram
daquém do Jordão. até defronte de Fiairot, que olha para
Divisão da terra situada
Beelsefon, e acamparam diante de
ao oriente do Jordão Magdalo. 8E, partindo de Fiairot,
passara'm pelo meio do m ar para o
33Deu, portanto, Moisés aos filhos deserto; e, tendo marchado três dias
de Gad e de Ruben e à meia tribo para o deserto de Etam, acamparam
de Manasses, filho de José, o reino em Mara. 9E, partindo de Mara, foram
de Seon, rei dos Amorreus, e o reino a Elim, onde havia doze fontes de á-
de Og, rei de Basan, e o seu território gua, e setenta palmeiras; e ali acam­
com as suas cidades à volta. 34Pelo param. 10E, tendo partido também
que os filhos de Gad reedificaram D i- de lá, assentaram as tendas junto do
bon, e Atarot, e Aroer, 35e Etrot, e mar Vermelho. E, partindo do mar

Cap. X X X II — 23. E sabei. .. isto é, c< nhecereis- pelos frutos que se seguirem, que
pecastes.
196 NÚMEROS 33 - 34
Vermelho, “ acamparam no deserto de Funon, acamparam em Obot. 44E de
Sin. “ Partindo de lá, foram a Daf- Obot foram a Ijeabarim, que está nos
ca. 13E, partindo de Dafca, foram confins dos Moabitas. 45E, partindo
acampar em Alus. 14E, tendo parti­ de Ijeabarim, levantaram as tendas
do de Alus, levantaram as tendas em em Dibongad. 48E, partindo de lá,
Rafidim, onde faltou ao povo a â- acamparam em Helmondeblataim. 47E,
gua para beber. 15E, partindo de Ra- partindo de Helmondeblataim, foram
fidim, acamparam no deserto do Si­ aos montes de Abarim, defronte de
nai. Nabo. “ E, partindo dos montes de
Desde o Sinai a Cades Abarim, passaram às planícies de
J6E, partindo do deserto do Sinai, Moab, sobre o Jordão, defronte de
foram aos Sepulcros da concupiscên- Jerico. 49E ali acamparam deste Bet-
cia. 17E, partindo dos Sepulcros da simot até Abelsatim, nos lugares mais
concupiscência, acamparam em Ha- planos dos Moabitas.
serot. 18E de Haserot, foram a Ret- Deus manda exterminar os Cananeus
ma. 19E partindo de Retma, acam­
param em Remonfares. “ Partindo “ A í o Senhor disse a Moisés: “ Or­
de lá, foram a Lebna. 21De Lebna dena aos filhos de Israel, e dize-lhes:
foram acampar em Ressa: 22E, par­ Quando tiverdes passado o Jordão,
tindo de Ressa, foram a Ceelata. entrando na terra de Canaã, “ exter­
23Partindo daqui, acamparam no mon­ minai todos os habitantes daquele
te Sefer. 24Deixando o monte Sefer, país; quebrai os padrões, e reduzí a
foram a Arada. 25Partindo de lá, a- pó as estátuas, e devastai todos os
camparam em Macelot. 26E, partin­ seus lugares altos, “ purificando a ter­
do de Macelot, foram a Taat. 27De ra, e habitando nela, porque eu vo-la
Taat foram acampar em Tare. “ Par­ dei em possessão; Me a repartireis en­
tindo de lá, levantaram as tendas em tre vós por sorte. Aos que forem em
Metca. 2BE de Metca foram acam­ maior número, dareis uma porção
par em Hesmona. 30E, partindo de maior, e aos que forem menos, uma
Hesmona, foram a Moserot. 31E de porção mais pequena. Cada um re­
Moserot foram acampar em Bene- ceberá a sua herança, conforme o
jaacan. 32E, partindo de Benejaacan, que lhe cair por sorte. A divisão
foram ao monte Gadgad. “ Partindo será feita por tribos e por famílias.
de lá, acamparam em Jetebata. 34E, “ Se vós não quiserdes matar os ha­
de Jetebata foram a Hebrona. “ E, bitantes do país, os que ficarem se­
partindo de Hebrona, acamparam em rão para vós como pregos nos olhos,
Asiongaber. “ Partindo de lá, foram e lanças nas .ühargas, e opor-se-ão
ao deserto de Sin, que é Cades. a vós na terra da vossa habitação;
Desde Cades ao monte Hor
“ e todo o mal que eu tinha pensado
fazer-lhes a êles, o farei a vós.
37E, partindo de Cades, acampa­
Limites da terra prometida
ram sobre o monte Hor, nos confins
do país de Edom. “ E o sacerdote OA *E o Senhor falou a Moisés, di-
Arão subiu por mandado do Senhor zendo: 2Manda aos filhos de
ao monte Hor, e ali morreu no pri­ Israel, e lhes dirás: Quando tiverdes
meiro dia do mês, no ano quadragé­ entrado na terra de Canaã, e cada
simo, depois da saída dos filhos de um de vós possuir nela o que lhe
Israel do Egito, no quinto mês, “ ten­ tiver caído por sorte, serão êstes os
do cento e vinte e três anos de idade. seus limites: 3A parte meridional co­
40E o rei Cananeu Arad, que habitava meçará no deserto de Sin, que é per­
ao meio-dia, ouviu que os filhos de to de Edom, e terá por limites do
Israel tinham chegado à terra de Ca- oriente o mar salgadíssimo. 4E ês­
naã. tes limites irão rodeando a parte aus­
Desde o monte Hor tral pela subida do Escorpião, de sor­
às planicies de Moab te que passem por Sena, e cheguem
41E, partindo do monte Hor, acam­ desde o meio-dia até Cadesbarne, don­
param em Salmona. 42E, partindo de de irão até à aldeia chamada Adar,
lá, foram a Funon. “ E, partindo de e se estenderão até Asemona, 5e irão
34 - 35 NÚMEROS 197
girando desde Asemona até à tor­ de Amiud. “ Êstes são aquêles a
rente do Egito, e terminarão na praia quem o Senhor mandou que dividis­
do mar grande. °A parte ocidental sem entre os filhos de Israel a terra
começará no mar grande, e no mes­ de Canaã.
mo mar terminara. 7Os limites pe­
la parte setentrional começarão des­ Cidades p ara os Levitas
de o mar grande, e chegarão até 9C TOsse também o Senhor a Moi-
ao monte altíssimo, Monde irão a E- sés estas coisas nas planícies
mat, até aos confins de Sedada, 9e de Moab junto do Jordão, defronte
se estenderão até Zefrona, e até à al­ de Jericó: 2Manda aos filhos de Is­
deia de Enan; êstes serão os limites rael que dêem das suas possessões aos
pelo lado do aquilão. 10Dali os lim i­ Levitas 3cidades para habitarem, e os
tes para o oriente medir-se-ão des­ seus subúrbios em roda, para que ê-
de a aldeia de Enan até Sefama, Me les morem nas cidades, e os subúr­
de Sefama descerão a Rebla em fren­ bios, sejam para os seus gados e ani­
te à fonte de Dafnim; de lá se esten­ mais. 4Êstes subúrbios estender-se-
derão para o oriente até ao mar de -ão dos muros das cidades para fora
Ceneret, 12e chegarão até ao Jordão, mil passos em roda. 5Serão de dois
e finalmente terminarão no mar sal­ mil côvados para o oriente, e da mes­
gado. Vós possuireis esta terra se­ ma sorte, de dois m il côvados para o
gundo os seus limites em tôda a vol­ meio-dia; terão a mesma medida pa­
ta. 13E Moisés ordenou aos filhos de ra o lado do mar que olha para o o-
Israel, dizendo: Esta será a terra cidente, e do lado do setentrião ha­
ue vós possuireis por sorte, e que o verá um igual espaço; e as cidades
enhor mandou çiue se desse às no­ estarão no meio, e os subúrbios fora.
ve tribos e à meia tribo. 14Porque a •E das mesmas cidades que derdes
tribo dos filhos de Ruben, segundo aos Levitas, seis serão destinadas pa­
as suas famílias, e a tribo dos filhos ra refúgio dos fugitivos, a fim de que
de Gad, segundo o número das suas se refugie nelas aquêle que tiver der­
famílias, e também a meia tribo de ramado sangue (involuntariam ente);
Manassés, «isto é, duas tribos e meia, e, além destas (seis), haverá outras
receberam a sua parte daquém do quarenta e duas cidades, 7isto é, ao
Jordão defronte de Jericó, para a todo quarenta e oito com os seus su­
banda do oriente. búrbios. *E essas cidades, que se hão
Chefes propostos para a divisão
de dar das possessões dos filhos de
da terra prometida
Israel, serão tomadas mais dos que
têm mais, e menos dos que têm me­
18E o Senhor disse a Moisés: «Ês- nos; cada um dará cidades aos L e v i­
tes são os nomes dos homens, que tas na proporção da sua herança.
vos dividirão a terra: O sacerdote E- Cidades de refúgio
leázaro, e Josué, filho de Nun, 18e um
príncipe de cada tribo, 19*cujos nomes 90 Senhor disse a Moisés: 10Fa-
são êstes: Da tribo de Judá, Caleb, la aos filhos de Israel e dize-lhes:
filho* de Jefone. ^Da tribo de Simeão, Quando, passado o Jordão, tiverdes
Samuel, filho de Amiud. 21Da tribo entrado na terra de Canaã, “ deter­
de Benjamim, Elidad, filho de Case- minai que cidades devem ser para re­
lon. 22*D a tribo dos filhos de Dan, fúgio dos fugitivos, que involuntária-
Boci, filho de Jogli. «Dos filhos de mente derramarem sangue. “ Quan­
José da tribo de Manassés, Haniel, f i­ do o fugitivo se tiver refugiado ne­
lho de Efod; 24*da tribo de Efraim, las, o parente do morto não poderá
Camuel, filho de Seftan. «D a tribo matá-lo enquanto se não apresentar
de Zabulão, Elisafan, filho de Far- diante do povo, e seja julgada a sua
nac. 26Da tribo de Issacar, o princi- causa. 13Ora, dessas cidades que se
e Faltiel, filho de Ozan. 27Da tri- devem separar para refúgio dos fugi­
E o de Aser, Aiud, filho de Salomi.
“ Da tribo de Neftali, Fedael, filho
tivos, 14três serão do lado de lá ao
Jordão, e três na terra de Canaã, 18e
Gap. X X X I v — 5. M a r g ra n d e , o Mediterrâneo
198 NÚMEROS 35 - 36
(serão) tanto para os filhos de Israel, centes, e não pode ser purificada se­
como para os estrangeiros e peregri­ não com o sangue daquele que derra­
nos, para que a elas se refugie aque­ mou o sangue de outro. 34E desta
le que involuntàriamente tiver der­ maneira será purificada a vossa pos­
ramado sangue. 16Se alguém ferir sessão, morando eu convosco; porque
com ferro, e o que foi fendo morrer, eu sou o Senhor, que habito entre os
é réu de homicídio, e também êle filhos de Israel.
morrerá. 17Se alguém atirar uma
pedrada, e o ferido morrer (dela), Leis sôbre o casamento
será castigado da mesma maneira. das filhas herdeiras
18Se m orrer o que foi ferido com Oí! 7Ora, os príncipes das famílias
pau, será vingado com o sangue do de Galaad, filho de Maquir,
que o feriu. 10O parente do morto filho de Manassés, da linhagem dos
matará o homicida; logo que o a-
panhar, o matará. 20Se algum ho­ filhos de José, aproximaram-se e fa ­
mem por ódio empurrar outro, ou lhe laram a Moisés, em presença dos
atirar alguma coisa à traição, 21ou se, príncipes de Israel, e disseram-lhe:
sendo seu inimigo, o ferir com a mão, 20 Senhor ordenou a ti, nosso senhor,
e êle morrer, o percussor será réu que dividisse por sorte a terra entre
de homicídio; o parente do morto, lo­ os filhos de Israel, e que desses às
go que der com êle, o matará. 22Po- filhas de Salfaad, nosso irmão, a he­
rém, se êle acidentalmente, e não rança devida ao pai. 3Ora, se os ho­
por ódio, 23nem por inimizade fêz al­ mens de outra tribo as receberem por
guma destas coisas, 24e isto se provar mulheres, segui-las-á a sua possessão,
diante do povo, e tiver sido ventila­ e, transferida a outra tribo, será di­
da a causa de sangue entre o que minuída a nossa herança. 4E, as­
feriu e o parente (do m o rto ), 25serásim acontecerá que, quando chegar
livre da mão do vingador como ino­ o (ano do) jubileu, isto é, o ano qüin-
cente, e por sentença será recondu­ quagésimo da remissão, será confun­
zido à cidade, a que se tinha refugia­ dida a distribuição feita por sortes, e
do, e ali ficará até à morte do su­ a possessão de uns passara aos outros.
mo sacerdote, que foi sagrado com 5Moisés respondeu aos filhos de Is­
o santo óleo. “ Se o que matou fôr rael, e por ordem do Senhor, disse:
encontrado fora dos limites das ci­ A tribo dos filhos de José falou bem.
dades, que estão destinadas para os °E eis a lei promulgada pelo Senhor
fugitivos, 27e fôr morto por aquêle para as filhas de Salfaad: Casem com
que é vingador do sangue, será quem quiserem, contanto que seja
sem culpa o que matar. “ Porque o com homens da sua tribo, 7para que
fugitivo devia residir na cidade até a possessão dos filhos de Israel não
a morte do pontífice; mas, depois passe de tribo para tribo. P or isso,
que êste morrer, o homicida pode todos os varões tomarão mulheres da
voltar para a sua terra. sua tribo e família; 8e todas as mu­
lheres tomarão maridos da mesma
Resumo e conclusão tribo, para que a herança fique nas
famílias, *e as tribos não se mistu­
“ Estas determinações serão perpé­ rem entre si, mas permaneçam “ co­
tuas, e serão leis em todos os lugares rno foram separadas pelo Senhor. E
que habitardes. 30O homicida será as filhas de Salfaad fizeram como
castigado, ouvidas as testemunhas; lhes tinha sido mandado; “ e Maala,
ninguém será condenado pela depo­ e Tersa, e Hegla, e Melca e Noa ca-
sição de uma só testemunha. 31Não saram com filhos de seu tio paterno,
recebereis dinheiro daquele que é réu 12da fam ília de Manassés, que foi f i­
de sangue, mas êle mesmo morrerá lho de José; e a possessão, que lhes
logo. 32Os desterrados e os fugiti­ tinha sido adjudicada, permaneceu na
vos de nenhum modo poderão voltar tribo e fam ília de seu pai. 13Estas
ara as suas cidades antes da morte são as leis e as ordens dadas pelo
o pontífice, 33para não manchardes Senhor por meio de Moisés aos fi­
a terra da vossa habitação, a qual lhos de Israel, nas planícies de Moab
se contamina com o sangue dos ino­ junto do Jordão, defronte de Jericó.
DEUTERONÔMIO
Deuteronômio é um vocábulo grego e significa segunda lei, ou, melhor:
repetição da lei. Na verdade, êsite livro encerra quatro discursos pronuncia­
dos por Moisés ao povo israelita para renovar, transcorridos muitos anos,
a promulgação da lei que lhe fôra entregue por Deus no deserto. Repete,
portanto, os preceitos dos livros antecedentes, particularmente do Êxodo e do
Levítico, acrescentando novas explicações e apostilas.
O Prim eiro Discurso (1, 6 - 4, 40) é uma espécie de introdução geral
e um epílogo dos benefícios dispensados por Deus ao povo eleito no deserto.
O Segundo Discurso, que ocupa a parte mais considerável do livro
5,1 - 26,-9), é uma repetição, explicação e ampliação das leis divinas, com
especial referência àquelas que tinham um caráter estável e permanente.
O Terceiro discurso (27,1 - 28,68) determina o modo e as circunstâncias
com as quais deve ser promulgada a sanção da lei.
O Quarto Discurso (29,1 - 30,20) é uma peroração de Moisés, o qual
depois de haver escolhido um sucessor (31,1 - 34,12), abençoa o povo de
Israel. Por fim, contemplando de longe a Terra da Promissão, morre na
terra de Moab e é aí sepultado.
O Deuteronômio pode ser considerado como o Evangelho do Antigo Tes­
tamento. É o testamento que Moisés, à vigília de morte, deixa ao povo
Israelita, prestes a entrar na terra de Canaã.

Prólogo mês, Moisés disse aos filhos de Is­


rael tudo c que o Senhor lhe tinha
Primeiro discurso de Moisés ordenado que lhes dissesse; 4depois
de ter derrotado Seon, rei dos Amor-
1 ^ s ta s são as palavras que Moisés reus, que habitavam em Hesebon, e
1 disse a todo o Israel na banda Og, rei de Basan, que habitava em
dalém do Jordão, na planície do de­ Astarot e em Edrai, 5da banda da­
serto, defronte do mar Vermelho, en­ lém do Jordão, na terra de Moab. E
tre Faran, e Tofel, e Laban, e Hase- Moisés começou a explicar a lei, e a
rot, onde há muitíssimo ouro. 2Há a dizer:
distância de onze jornadas desde Ho- Junto de Horeb
reb, pelo caminho do monte Seir, até
Cadesbarne. 3N o ano quadragésimo, 0O Senhor nosso Deus falou-nos em
no undécimo mês, no primeiro dia do Horeb, dizendo: Tendes-vos demorado
200 DEUTERONOMIO 1

muito neste monte; Voltai, e ide ao tão aproximaste-vos todos de mim, e


monte dos Amorreus, e a todos os ou­ dissestes: Enviemos homens que ex­
tros lugares vizinhos, às planícies e plorem a terra, e que nos ensinem
às montanhas e aos vales, que ficam por que caminho devemos subir, e pa­
para o meio-dia e ao longo da costa ra que cidades devemos encaminhar­
do mar, à terra dos Cananeus, e do mos.
Líbano, até ao grande rio Eufrates. 23E, como me tivesse parecido bem
8Eis, disse êle, que eu vo-la entre- tal modo de falar, enviei doze ho­
guei; entrai e possuí esta terra, que o mens dentre vós, um por cada tribo,
Senhor jurou dar a vossos pais A- 24os quais, tendo-se pôsto a caminho,
braão, Isac, e Jacó, e à sua descen­ e tendo atravessado os montes, che­
dência depois dêles. 9E eu nesse garam até ao vale do Cacho; a*- depois
mesmo tempo disse-vos: 10Eu só não de explorada a terra, 25tomando dos
posso reger-vos porque o Senhor vos­ seus frutos, para mostrarem a sua
so Deus vos multiplicou, e sois hoje fertilidade, no-los trouxeram, e dis­
tão numerosos como as estréias do seram: É boa a terra que o Senhor
céu. 11(O Senhor Deus de vossos pais nosso Deus nos há de dar.
junte a êste número muitos milhares, “ E vós não quisestes subir (a ela),
e vos abençoe como disse). 12Eu só mas incrédulos à palavra do Senhor
não posso atender aos vossos negó­ nosso Deus, 27murmurastes nas vos­
cios, trabalhos e questões. 13Dai-me sas tendas, e dissestes: O Senhor
dentre vós homens sábios e experi­ tem-nos ódio, e por isso nos tirou
mentados, e de uma vida provada da terra do Egito para nos entregar
nas vossas tribos, para que eu os nas mãos dos Amorreus, e extermi­
constitua vossos chefes. 14Vós res­ nar-nos. ^Para onde subiremos? Os
pondestes-me então: É uma boa coi­ exploradores aterraram o nosso co­
sa a que queres fazer. 15E eu tomei ração, dizendo: A multidão é grande,
das vossas tribos homens sábios e e de estatura mais alta do que a
nobres, e constituí príncipes, e tri­ nossa; as cidades são grandes e for­
bunos, e chefes de cem e de cinqüen- tificadas até ao céu; ali vimos os fi­
ta e de dez (homens) que vos ins­ lhos dos Enacins.
truíssem em todas as coisas. 16E ^E eu disse-vos: Não tenhais mê-
mandei-lhes, dizendo: Ouvi-os, e jul­ do e não os temais; "o Senhor Deus,
gai segundo a justiça, quer se trate que é o vosso guia, êle mesmo com­
dum cidadão, quer dum estrangeiro. baterá por vós, como fêz no Egito à
17Nenhuma distinção haverá de pes­ vista de todos. 31E no deserto (tu
soas: ouvireis o pequeno como o gran­ mesmo o viste), o Senhor teu Deus
de; nem tereis aceitação de pessoa te levou por todo o caminho, por
alguma, porque é o juízo de Deus. onde andastes como um homem cos­
Mas, se alguma coisa vos parecer di­ tuma levar o seu filhinho, até que
fícil, refen-m a, e eu a ouvirei. ME chegásseis a êste lugar.
eu vos ordenei tudo o que devíeis fa ­ 32E nem ainda assim acredistastes
zer. no Senhor vosso Deus, “ o qual vos
Partida de Horeb e chegada a Cades p r ecedeu no caminho, e designou o
ugar onde devíeis assentar as ten­
19E, tendo partido de Horeb, passa­ das, mostrando-vos o caminho de noi­
mos pelo terrível e grandíssimo de­ te com o fogo e de dia com a colu­
serto que vistes, pelo caminho do na de nuvem. 84E tendo o Senhor
monte do Amorreu, conforme o Se­ ouvido as vossas murmuraçôes, ira­
nhor nosso Deus no-lo tinha man­ do, jurou, e disse: 35Nenhum dos ho­
dado. E, tendo chegado a Cadesbar- mens desta péssima geração verá a-
ne, “ eu disse-vos: Chegastes ao mon­ quela boa terra, que eu com jura­
te do Amorreu, que o Senhor nosso mento prometi a vossos pais; "exceto
Deus nos há de dar. “ Olha a terra Cabeb, filho de Jefone. Êste vê-la-á,
que o Senhor teu Deus te dá; sobe e eu lhe darei a êle, e a seus filhos,
e toma posse dela, como o Senhor a terra que êle calcou, porque seguiu
nosso Deus disse a teus pais; não o Senhor.
temas, nem te atemorize nada. “ En­ 37Nem é para admirar esta indig­
1 -2 DEUTERONÔMIo 201
nação contra o povo, quando o Se­ teu Deus abençoou-te em tôdas as
nhor, irado também contra mim por obras das tuas mãos; êle cuidou da
causa de vós, disse: Nem tu entra­ tua viagem, enquanto caminhaste por
rás lá, “ mas em teu lugar entrará êste grande deserto, durante quaren­
Josué, filho de Nun, teu ministro; ta anos habitou contigo, e não te
exorta-o e anima-o, e êle dividirá faltou nada. 8Depois que passamos
por sorte a terra a Israel. 39As vossas as terras dos nossos irmãos, filhos
crianças, de quem dissestes que se­ de Esaú, que habitavam em Seir, pe­
riam levadas cativas, e os vossos fi­ lo caminho da planície de Elat, e
lhos, que hoje (ainda) ignoram a di­ de Asiongaber chegamos ao caminho
ferença entre o bem e o mal, êstes que conduz ao deserto de Moab. 9E
entrarão, e a êles darei a terra, e a o Senhor disse-me: Não pelejes con­
possuirão. “"Mas vós voltai para trás, tra os Moabitas, e não lhes faças
e ide para o deserto pelo caminho do guerra, porque eu não te darei na­
mar Vermelho. da dá sua terra, visto que dei A r
4IE respondestes-me: Nós pecamos em possessão aos filhos de Lot. 10Os
contra o Senhor; subiremos e comba­ Emins foram os seus primeiros ha­
teremos, como o Senhor nosso Deus bitantes, povo grande e forte de tal
mandou. E, quando vós armados estatura que se tinham por gigan­
marcháveis para o monte, 42o Senhor tes, da linhagem dos Enacins; ue
disse-me: Dize-lhes: Não subais nem eram semelhantes aos filhos de Ena­
pelejeis, porque eu não estou convos- cins. Enfim os Moabitas chamam-nos
co; para que não sucumbais diante Emins. 12E em Seir habitaram pri­
dos vossos inimigos. 13Eu falei-vos, meiro os Horreus, mas, expulsos e
e não me ouvistes, mas, opondo-vos destruídos êstes, habitaram ali os fi­
ao mandado do Senhor, inchados de lhos de Esaú, como fêz o povo de
soberba, subistes ao monte, ^ e n d o Israel na terra da sua possessão, que
saído então o Amorreu, que habitava o Senhor lhe deu. 13Levantando-nos,
sôbre os montes, e indo ao vosso en­ pois, para passar a torrente de 2 a-
contro, perseguiu-vos corno as abe­ red, chegamos a ela. 14Ora, o tempo
lhas costumam perseguir, e retalhou- em que caminhamos, desde Cades­
vos desde Seir até Horma. "E como, barne até à passagem da torrente de
depois de terdes voltado, chorásseis Zared, foi de trinta e oito anos; até
diante do Senhor, êle não vos ouviu, que se extinguiu do campo tôda a
nem se quis dobrar aos vossos ro­ geração dos homens combatentes,
gos. “ Por isso ficastes muito tempo como o Senhor tinha jurado; 15cuja
em Cadesbarne. mão foi contra êles, para os fazer
perecer do meio do campo.
De Cades a Zared
De Zared a Arnon
O 1E, partindo dali, fomos ao de-
“ . serto, que leva ao mar Verm e­ 16Mas, depois que todos êstes com­
lho, como o Senhor me tinha dito; batentes morreram, 17o Senhor falou,
e andamos muito tempo à roda do dizendo: “ Passarás hoje os confins
monte Seir. 2E o Senhor disse-me: de Moab, a cidade de A r; 19e, chegan­
3Basta de andardes à roda dêste mon­ do às vizinhanças dos filhos de Arnon,
te; ide para o setentrião, 4e ordena abstém-te de combater contra êles,
ao povo, dizendo: Vós passareis pe­ nem lhes faças guerra, porque eu
los confins dos vossos irmãos, filhos não te darei nada da terra dos filhos
de Esaú, que habitam em Seir, e de Amon, porque a dei em posses­
êles terão mêdo de vós. 'Abstende- são aos filhos de Lot. “ Êste país foi
vos, porém, de os atacar, porque eu reputado o país dos gigantes; e nêle
não vos darei da terra dêles nem em outro tempo habitaram os gigan­
quanto um só pé pode calcar, visto tes, que os Amonitas chamam Zom-
eu ter dado o monte Seir em posses­ zomins, “ povo grande e numeroso, e
são a Esaú. °Comprar-lhes-eis por di­ de tal estatura, como os Enacins,
nheiro o alimento que comerdes, e que o Senhor exterminou diante dos
também lhes comprareis a água que Amonitas, e fêz habitar êstes em lu­
tirardes, e que beberdes. 70 Senhor gar daqueles, 22como fizera a respei­
202 DEUTERONOMIO 2 - 3

to dos filhos de Esaú, que habitam mais que tocaram aos saqueadores, e
em Seir, exterminando os Horreus, os despojos das cidades, que toma­
e dando àqueles o país dêstes, o qual mos. 36Desde Aroer, que está sôbre a
êles possuem até ao presente. 23Da margem da torrente do Arnon, cida­
mesma sorte os Heveus, que habi­ de situada no vale, até Galaad, não
tavam desde Haserim até Gaza, fo ­ houve aldeia nem cidade, que escapas­
ram expulsos pelos Capadócios, os se às nossas mãos; todas no-las entre­
quais, tendo saldo da Capadócia, os gou o Senhor nosso Deus, 37exceto a
destruíram, e se estabeleceram no terra dos filhos de Arnon, a que não
seu lugar. 24Levantai-vos, e passai a chegamos, e tôdas as regiões adja­
torrente do Arnon; eis que te en- centes à torrente de Jeboc, e as cida­
treguei nas mãos Seon, rei de He- des das montanhas, e todos os luga­
sebon Amorreu, e começa a possuir res que o Senhor nosso Deus nos proi­
a sua terra, e peleja contra êle. “ H o­ biu (que tomássemos).
je começarei a meter o terror e o
mêdo das tuas armas nos povos, que Vitória sôbre Og, rei de Basan
habitam debaixo de todo o céu, para O JTendo pois voltado, subimos pelo
que, ao ouvir o teu nome, temam, e
à maneira das mulheres que estão caminho de Basan; e Og, rei de
para dar à luz, tremam e sintam Basan, saiu ao nosso encontro com
dores. o seu povo, para nos dar batalha
em Edrai. 2E o Senhor disse-me: Não
Mensagem a Seon, pedindo permissão o temas, porque êle foi entregue nas
de passar pelos seus territórios tuas mãos como todo o seu povo
e a sua terra, e farás a êle como f i­
26Eu, pois, enviei do deserto de Ca- zeste a Seon, rei dos Amorreus, que
demot embaixadores a Seon, rei de habitava em Hesebon. aO Senhor nos­
Hesebon, com palavras de paz, dizen­ so Deus entregou, pois, nas nossas
do: “ Passaremos pela tua terra, ire­ mãos também Og, rei de Basan, e to­
mos pela estrada real, não declina­ do o seu povo, e ferimo-los até ao
remos nem para a direita, nem para extermínio, “devastando ao mesmo
a esquerda. 28Vende-nos a preço os v í­ tempo todas as suas cidades; não
veres para comermos; faze-nos pagar houve cidade, que nos escapasse; (to ­
a água, e assim beberemos. Perm ite- mamos) sessenta cidades, todo o país
nos somente a passagem, “ (como f i­ de Argob pertencente ao reino de Og,
zeram os filhos de Esaú, que habitam em Basan. 5Tôdas as cidades estavam
em Seir, e os Moabitas que habitam fortificadas com muros altíssimos,
em A r), até que cheguemos ao Jordão, com portas e trancas, além das inu­
e passemos à terra, que o Senhor nos­ meráveis povoaçoes que não tinham
so Deus está para nos dar. 80Mas Seon, muros. °E os destruímos, como tínha­
rei de Hesebon, não nos quis dar pas­ mos feito a Seon, rei de Hesebon, des­
sagem, porque o Senhor teu Deus lhe truindo as cidades, os homens, as mu­
tinha endurecido o espírito e empe­ lheres e os meninos; 7mas tomamos os
dernido o coração, para êle te ser en­ gados e os despojos das cidades. 8E
tregue às mãos, como agora vês. tomamos então o país dos dois reis
Batalha de Jasa, vitória e conquista Amorreus, que estavam na banda da-
lém do Jordão, desde a torrente do
31E o Senhor disse-me: Eis que co­ Arnon até o monte Hermon, 9o qual
mecei a entregar-te Seon e o seu país, os Sidônios chamam Sarion, e os
começa a possuí-lo. 32E Seon saiu ao Amorreus, Sanir; 10tôdas as cidades,
nosso encontro com todo o seu povo, que estão situadas na planícié, e tô-
para nos dar batalha em Jasa. 33E da a terra de Galaad e de Basan,
o Senhor nosso Deus no-lo entregou, até Selca e Edrai, cidades do reino
e nós o derrotamos com seus filhos e de Og, em Basan. “ Porque Og, rei
com todo o seu povo. 34E naquele de Basan, era o único que tinha fi­
tempo tomamos-lhe todas as suas ci­ cado da estirpe dos gigantes. Em
dades, mortos os seus habitantes, ho­ Rabat, (cidade) dos filhos de Arnon,
mens e mulheres e meninos, e nelas mostra-se o seu leito de ferro, que
não deixamos nada, 35exceto os ani­ tem nove côvados de comprido, e
3 -4 DEUTERONÔMIO 203

quatro de largo, pela medida de um nhor Deus, tu começaste a mostrar ao


côvado de mão de homem. teu servo a tua grandeza, e a tua mão
poderosíssima, porque não há outro
Divisão das terras conquistadas Deus, quer no céu quer na terra, que
a este do Jordão possa fazer as tuas obras, ou compa­
rar-se com a tua fortaleza. “ Passa­
12E naquele tempo tomamos posse rei, pois, e verei essa terra tão boa
do país desde Aroer, que está sôbre além do Jordão, e êsse belo monte (de
a margem da torrente de Arnon, até Sido) e o Líbano. 26*E o Senhor irou-
ao meio da montanha de Galaad; e se contra mim por causa de vós, e
dei as suas cidades a Ruben e a Gad. não me ouviu, mas disse-me: Basta;
13E o resto do país de Galaad, e todo não me fales mais em tal coisa. “ So­
o Basan, do reino de Og, e toda a be ao cume do monte Fasga, e lança
região de Argob, dei-os à meia tribo os teus olhos em roda para o ociden­
de Manassés. Todo êste país de Basan te e para o setentrião, para o meio-dia
é chamado a torra dos gigantes. 14Jair, e para o oriente, e olha; porque tu
filho de Manassés, possuiu todo o país não passarás êste Jordão. 28Dá as tuas
de Argob até aos confins de Gessuri, ordens a Josué, e conforta-o e ani-
e de Macati. E chamou do seu nome ma-o, porque êle irá à frente dêste
as aldeias de Basan, Havot-Jair, is­ povo, e dividirá por êles a terra que
to é, aldeias de Jair (nome que elas tu verás. “ E ficamos no vale defron­
conservam) até hoje. 15Dei também te do templo de Fogor.
Galaad a Maquir. 10E às tribos de Ru­
ben e de Gad dei da terra de Galaad Moisés exorta Israel a observar
até à torrente de Arnon, metade da os preceitos de Deus
torrente dos seus confins até à tor­
rente de Jeboc, que é a fronteira dos A 3E agora, ó Israel, ouve os pre-
filhos de Arnon; 17e a planície do de­ ^ ceitos e as determinações que
serto, e o Jordão, e os limites desde eu te ensino, para que, observando-os,
Ceneret até ao mar do deserto, que é vivas, e entres na posse da terra, que
o mar salgadíssimo, até às fraldas do o Senhor Deus de vossos pais vos há
monte Fasga para o oriente. 18E na­ de dar. 2Não acrescentareis, nem ti­
quele tempo mandei-vos, dizendo: O rareis nada à palavra que vos digo;
Senhor vosso Deus dá-vos esta terra guardai os mandamentos do Senhor
por herança, marchai armados diante vosso Deus, que eu vos intimo. 3Os
dos filhos de Israel vossos irmãos, vosso olhos viram tudo o que o Se­
todos vós homens robustos, 19exceto nhor fêz contra Beelfegor, como êle
as mulheres e os meninos, e os ani­ exterminou do meio de vós todos os
mais. Eu sei que tendes muitos gados, seus adoradores. 4Mas vós, que estais
e êstes deverão ficar nas cidades que unidos ao Senhor vosso Deus, estais
vos dei, ^até que o Senhor dê des­ todos vivos até hoje. 5Sabeis que eu
canso a vossos irmãos, como o deu a vos ensinei os preceitos e as determi­
vós; e até que êles possuam também nações, conforme o Senhor meu Deus
a terra, que êle lhes der na banda me mandou; assim os praticareis na
dalém do Jordão; então cada um de terra que estais para possuir; 6e os
vós voltará para as suas possessões observareis e cumprireis efetivamen­
que eu vos dei. te. Porque nisto está a vossa sabedo­
ria e inteligência perante os povos,
Josué nomeado chefe de Israel para que, ouvindo todos êstes precei­
para a conquista da Palestina tos, digam: Eis um povo sábio e inte­
ligente, uma nação grande. 7Não há
21Também naquele tempo ordenei a outra nação tão grande, que tenha
Josué, dizendo: Os teus olhos viram deuses tão próximos a si, como o
o que o Senhor vosso Deus fêz a êstes nosso Deus está presente a tôdas as
dois reis; o mesmo fará a todos os nossas preces. 8Onde há ’ outro po­
reinos, a que tens de passar. 2 12*N ão vo tão ilustre, que tenha cerimônias
os temas, porque o Senhor vosso Deus e ordenações justas, e tôda esta lei
combaterá por vós. “ E naquele tem ­ que eu exporei hoje diante de vossos
po eu roguei ao Senhor, dizendo: 24*Se- olhos?
204 DEUTERONÔMIO 4
N ão esquecer o que se passou em Horeb que está para vos dar. “ Eis que
morro neste país, não passarei o Jor­
9Guarda-te, pois, a ti'mesmo e a tua dão; passá-lo-eis, vós, e possuireis ês-
alma com solicitude. Não esqueças te belo país. 23Vê, não te esqueças
as coisas que teus olhos viram, e não jamais do pacto que o Senhor teu
se apaguem do teu coração durante Deus fêz contigo; e não faças ne­
todos os dias da tua vida. Tu as nhuma representação esculpida da­
ensinarás a teus filhos e a teus ne­ quelas coisas que o Senhor proibiu
tos, 10desde o dia em que te apresen­ fazer, 24porque o Senhor teu Deus é
taste diante do Senhor teu Deus em um fogo devorador, um Deus zelo­
Horeb, quando o Senhor me falou, so.
dizendo: Ajunta-me o povo, para qiie
ouçam as minhas palavras, e apren­ Deus severo e misericordioso
dam a temer-me durante o tempo no castigo
que viverem na terra, e ensinem
(is to) a seus filhos. 11E vós aproxi­ 25Se tiverdes filhos e netos, e mo­
mastes-vos das fraldas do monte, que rardes na terra, e enganados fizerdes
ardia até ao céu; e havia nêle tre­ para vós alguma figura, cometendo
vas, e nuvens, e escuridão. 12E o o mal diante do Senhor vosso Deus,
Senhor falou-vos do meio do fogo. de modo que o provoqueis à ira, “ eu
Vós ouvistes a voz das suas pala­ chamo hoje por testemunhas o céu e
vras, mas não vistes figura alguma. a terra, que vós sereis bem cedo ex­
13E êle mostrou-vos o seu pacto, que terminados da terra, que, passado o
ordenou que observásseis, e os dez Jordão, estais para possuir; não ha­
mandamentos, que escreveu em duas bitareis nelà por longo tempo, mas
tábuas de pedra. 14E mandou-me na­ o Senhor vos destruirá, 27e vos es­
quele tempo que vos ensinasse as ceri­ palhará entre todos os povos, e fica­
mônias e as leis, que vós deveis ob­ reis poucos entre as nações, a que o
servar na terra, que estais para pos­ Senhor vos conduzir. lá servireis
suir. a deuses, que foram fabricados por
mão dos homens, de pau e de pedra,
F ugir da idolatria os quais não vêem, nem ouvem, nem
“ Guardai, portanto, com solicitude comem, nem cheiram. ^E, quando lá
as vossas almas. Vós não vistes f i­ buscares o Senhor teu Deus, encon-
gura alguma no dia em que o Se­ trá-lo-ás, contanto, porém, que o bus-
nhor vos falou sôbre o Horeb do ues de todo o teu coração e com tô-
meio do fogo; 10não suceda que en­ a a contrição da tua alma. “ Depois
ganados façais para vós alguma i- que te tiverem acontecido todas as
magern esculpida, quer seja figura coisas que foram preditas, voltar-te-
de homem, quer de mulher, 17ou re­ -ás nos últimos tempos para o Senhor
presentação de qualquer animal que teu Deus, e ouvirás a sua voz. " P o r ­
há sôbre a terra, ou das aves, que que o Senhor teu Deus é um Deus
voam debaixo do céu, 18ou dos répteis misericordioso; não te abandonará,
que se movem sobre a terra, ou dos nem te extinguirá inteiramente, nem
peixes que debaixo da terra moram se esquecerá do pacto que jurou a
nas águas; 19não suceda que, levan­ teus pais.
tando os olhos ao céu, e vendo o sol Israel deve ser fiel a Deus
e a lua, e tôdas as estréias do céu,
caindo no êrro, adores e prestes cul­ “ Interroga os tempos antigos que
to a essas coisas que o Senhor teu te precederam, desde o dia em que
Deus criou para servir a todas as Deus criou o homem sôbre a terra, e
gentes, que estão debaixo do céu. desde uma extremidade do céu até à
“ Mas o Senhor tomou-vos e tirou-vos outra, se aconteceu jamais coisa se­
da fornalha férrea do Egito, para melhante, ou se se ouviu dizer “ que
ter um povo hereditário, como é ho­ um povo ouvisse a voz de Deus, que
je. 21E o Senhor irou-se contra mim lhe falava do meio do fogo, como tu
por causa dos vossos discursos, e ju ­ o ouviste, sem perder a vida; 34que
rou que eu não passaria do Jordão, e Deus viesse tomar para si um povo
que não entraria na terra excelente entre as naçôes, por meio de provas,
4 -5 DEUTERONOMIO 205
sinais e portentos, por meio de bata­ em Hesebon, a quem Moisés derrotou.
lhas, com mão poderosa e braço es­ E os filhos de Israel que saíram do
tendido, e com visões horríveis, se­ Egito, 47tomaram posse da sua terra,
gundo tôdas as coisas que por vós e da terra de Og, rei de Basan, os
fêz o Senhor vosso Deus no Egito dois reis dos Amorreus, que reina­
diante dos teus olhos, 35para que sou­ vam da banda daquém do Jordão pa-
besses que o Senhor ê (o verdadeiro) ra a parte do nascente; 48desde Aroer,
Deus, e que não há outro fora dêle. que está situada sôbre a margem da
30Fêz-te ouvir a sua voz do céu pa­ torrente de Arnon, até ao monte
ra te instruir, e sôbre a terra te mos­ Sião, que se chama também Hermon,
trou o seu fogo grandíssimo, e tu ou­ 49tôda a planície daquém do Jordão
viste as suas palavras do meio do para o oriente, até ao mar do deser­
fogo, 87porque amou teus pais, e es­ to, e até às fraldas do monte Fasga.
colheu a sua posteridade depois dê-
les. E tirou-te do Egito, caminhan­ Motivos do discurso de Moisés
do diante de ti com o seu grande £ JE Moisés convocou todo o Israel,
oder, “ para exterminar à tua chega- ^ e disse-lhe: Ouve, ó Israel, as
a nações grandíssimas e mais fortes cerimônias e as ordenações, que eu
do que tu, e para te introduzir e te hoje intimo aos teus ouvidos; apren­
dar em possessão a terra dêles, co­ dei-as, e ponde-as em prática. 20
rno tu estás vendo hoje. “ Reconhe- Senhor nosso Deus fêz um pacto co­
ce, pois, hoje, e considera no teu co­ nosco em Horeb. 3N ão fêz êste pac­
ração que o Senhor é o único (v e r­ to com nossos pais, mas conosco, que
dadeiro) Deus desde o alto do céu até somos e vivemos hoje. 4Falou-nos
ao mais profundo da terra, e não há face a face no monte, no meio do fo ­
outro. "Guarda os seus preceitos e go. 5Eu fui naquele tempo o intér­
os seus mandamentos, que eu te pres­ prete e o mediador entre o Senhor e
crevo, para que te suceda bem a ti vós para vos anunciar as suas pa­
e aos teus filhos depois de ti e per­
maneças por longo tempo na terra lavras,fogo,
porque vós temestes aquêle
e não subistes ao monte. Ora,
que o Senhor teu Deus está para te êle disse:
dar.
O decálogo
Três cidades de refúgio além do Jordão
°Eu sou o Senhor teu Deus, que te
41Então Moisés separou três cida­ tirei da terra do Egito, da casa da
des na banda daquém do Jordão pa­ servidão. 7Não terás em minha pre­
ra o oriente, 42a fim de que se refu­ sença deuses estranhos. 8Não farás
gie a elas aquêle que sem querer ti­ para ti escultura, nem imagem algu­
ver morto o seu próximo, sem que ti­ ma de tudo o que há no alto do céu,
vesse sido seu inimigo um ou dois ou em baixo na terra, ou que habita
dias antes, e possa acolher-se a qual­ nas águas debaixo da terra. °Não
quer destas cidades: 43Bosor no de­ as adorarás, e nem lhes prestarás
serto, situada na planície da tribo de culto. Porque eu sou o Senhor teu
Ruben; e Ramot em Galaad, que es­ Deus, Deus zeloso, que castigo a ini-
tá na tribo de Gad; e Golan em Ba- qúidade dos pais sôbre os filhos até a
san, que está na tribo de Manassés. terceira e quarta geração daqueles
Segundo d is c u r s o de M o is é s . que me aborrecem, 10e que uso de mi­
Introdução sericórdia por muitos milhares com a-
quêles que me amam e guardam os
44Esta é a lei que Moisés propôs meus preceitos.
perante os filhos de Israel, 45*e êstes “ Não tomarás o nome do Senhor
são os preceitos e as cerimônias, e as teu Deus em vão, porque não ficará
determinações que êle prescreveu aos impune aquêle que tomar o seu no­
filhos de Israel, quando êles saíram me por uma coisa vã.
do Egito, ^estando da banda daquém 12Observa o dia de sábado, para o
do Jordão, no vale (que fica ) defron­ santificares, como o Senhor teu Deus
te do templo de Fogor, na terra de te mandou. 13Seis dias trabalharás, e
Seon, rei.dos Amorreus, que habitou farás tôdas as tuas obras. 140 séti­
206 DEUTERONÔMIO 5 - 6
mo dia é o do sábado, isto é, o dia do voz de Deus vivo, que fala do meio
descanso do Senhor teu Deus. Não do fogo, como nós o ouvimos, e possa
farás nêle trabalho algum, nem tu, viver? 27Aproxima-te antes tu, e ou­
nem teu filho, nem tua filha, nem o ve tudo o que o Senhor nosso Deus
teu escravo, nem a tua escrava, nem te disser; e (depois) nô-lo dirás, e
o teu boi, nem o teu jumento, nem a- nós ouvindo cumprí-lo-emos. ^Ten­
nimal algum teu, nem o farasteiro do ouvido isto o Senhor disse-me: Eu
que está dentro das tuas portas, pa­ ouvi o som das palavras que êste
ra que o teu escravo e a tua escrava povo te disse; em tudo falaram bem.
descansem, como tu. 15Lembra-te que 29Quem dera que êles tivessem tal es­
também serviste no Egito, e que o pírito, que me temessem, e guardas­
Senhor teu Deus te tirou de lá com sem em todo o tempo todos os meus
mão poderosa e com braço estendido. mandamentos, para que fôsse bem a
P or isso te mandei que observasses o êles e a seus filhos para sempre! 30Vai
dia de sábado. e dize-lhes: Voltai para as vossas ten­
16Hònra teu pai e tua mãe, como das. 31Tu, porém, fica aqui comigo,
te mandou o Senhor teu Deus, para e eu te direi todos os meus manda­
viveres largo tempo, e para sêres bem mentos, e cerimônias, e ordenações,
sucedido na terra que o Senhor teu que lhes ensinarás, para que as obser­
Deus está para te dar. vem na terra, que lhes hei de dar
17Não matarás. em possessão. 32Guardai, pois, e fa ­
18Não cometerás adultério. zei o que o Senhor Deus vos mandou;
19Não furtarás. não declinareis nem para a direita
20Não dirás falso testemunho con­ nem para a esquerda, 33mas andai pe­
tra o teu próximo. lo caminhoj que o Senhor vosso Deus
21Não cobiçarás a mulher do teu vos prescreveu, para que vivais e vos
próximo, nem a sua casa, nem o seu suceda bem, e para que os vossos dias
campo, nem o seu servo, nem a sua se prolonguem na terra cuja posse
serva, nem o seu boi, nem o seu ju ­ obtereis.
mento, nem coisa alguma que lhe per­
tença. Preceito do amor de Deus

Circunstâncias da promulgação £ 2Êstes são os preceitos, e as ce-


do decálogo 2
3 u rimônias, e as ordenações que
o Senhor vosso Deus me mandou en­
22Estas palavras disse o Senhor a sinar-vos, para que as observeis na
tôda a vossa multidão sôbre o monte, terra, à qual estais para passar, a fim
do meio dó fogo e da nuvem e da es­ de tomar posse dela. 2Para que te­
curidão, com voz forte, sem juntar mas o Senhor teu Deus, e guardes to­
mais nada; e as escreveu em duas tá­ dos os seus mandamentos e preceitos,
buas de pedra, que me entregou. que eu te intimo a ti e a teus filhos
23Mas, depois que ouvistes a voz do e netos, durante todos os dias da tua
meio das trevas, e vistes arder o mon­ vida, a fim de que se prolonguem os
te, vós todos os príncipes das tribos seus dias. 3Ouve, ó Israel, e cuida de
e os anciãos viestes ter comigo, e dis­ fazer o que o Senhor te mandou, pa­
sestes: 24Eis que o Senhor nosso ra que te suceda bem, e te multipli­
Deus nos mostrou a sua majestade e ques mais, como o Senhor Deus de
a sua grandeza; ouvimos a sua voz teus pais te prometeu uma terra que
do meio do fogo, e experimentamos mana leite e mel. 4Ouve, ó Israel, o
hoje que, falando Deus ao homem, o Senhor nosso Deus é o único Senhor.
homem ficou com vida. 25Por que 5Amarás ao Senhor teu Deus de todo
morreremos pois nós, e êste grande o teu coração, e de tôda a tua alma,
fogo nos devorará? Porque, se tor­ e com tôda a tua fôrça. 6E estas pa­
narmos a ouvir a voz do Senhor, nos­ lavras, que eu hoje te intimo, esta­
so Deus morreremos.26Que é o homem, rão (gravadas) no teu coração; 7e tu
qualquer que seja, que possa ouvir a as ensinarás a teus filhos, e as medi-
Cap. V I — 3. E te multipliques m a is ... Segundo o hebreu: A fim de que te multipli-
ques muito na terra em que m ana leite e mel, como te prometeu o Senhor de teus pais.
6 - 7 DEUTERONOMIO 207
tarás sentado em tua casa, e andan­ casa, 23e tirou-nos de lá, para nos fa ­
do pelo caminho, e estando no leito, zer entrar de posse da terra, pela
e ao levantar-te. 8E as atarás à tua qual tinha jurado a nossos pais. 24E
mão como um sinal, e elas estarão co­ o Senhor mandou-nos que observásse­
mo um frontal diante dos teus olhos, mos tôdas estas leis, e que temésse­
9e as escreverás sôbre o limiar e so­ mos o Senhor nosso Deus, para que
bre as portas da tua casa. nos suceda bem durante todos os dias
Não esquecer Deus
da nossa vida, como sucede hoje. 25E
êle será misericordioso para conosco,
10E, quando o Senhor teu Deus te se guardarmos e observarmos todos
tiver introduzido na terra pela qual os seus preceitos na presença do Se­
jurou a teus pais Abraão, Isac e Ja- nhor nosso Deus, como êle no-lo man­
có, e te tiver dado grandes e exce­ dou.
lentes cidades ^ue tu não edificas-
te, ne casas cheias de todos os bens, Destruir os Cananeus e os seus ídolos
que não fabricaste, e cisternas, que 7 7Quando o Senhor teu Deus te ti-
não abriste, e vinhas e olivais, que • ver introduzido na terra, de que
não plantaste, 12e comeres, e te far­ vais tomar posse, e tiver extermina­
tares, 13abstém-te cuidadosamente de
esquecer o Senhor, que te tirou da do diante de ti muitas nações, o He-
terra do Egito, da morada da escra­ teu, e o Gergeseu, e o Amorreu, e
vidão. Temerás o Senhor teu Deus, o Cananeu, e o Ferezeu, e o Heveu,
e só a êle servirás, e jurarás pelo seu e o Jebuseu, sete nações muito mais
nome. 14Não seguireis os deuses es­ numerosas e mais fortes do que tu,
trangeiros de nenhuma das nações, 2e o Senhor teu Deus tas tiver en­
que estão à roda de vós; “ porque um tregado, tu as combaterás até ao ex­
Deus zeloso, o Senhor teu Deus, está termínio. Não farás aliança com e-
no meio de ti; não suceda que o fu­ las, nem as tratarás com compaixão,
ror do Senhor teu Deus se acenda 3nem contrairás com elas matrimô­
contra ti e te extermine da superfí­ nios. Não darás tua filha a seu fi­
cie da terra. “ Não tentarás o Se­ lho, nem tomarás sua filha para teu
nhor teu Deus, como o tentaste no filho; 4porque ela seduzirá o teu fi­
lugar da tentação. 17Guarda os pre­ lho para que me não siga, mas sirva
ceitos do Senhor teu Deus, e as leis antes a deuses estranhos, e o furor
e as cerimônias que te prescreveu; do Senhor se acenderá, e te destrui­
“ e faze o que é agradável e bom rá logo. 5Mas antes ao contrário fa ­
diante do Senhor, para que te suce­ reis assim: Deitai abaixo os seus al­
da bem, e para que, entrando, pos­ tares, e quebrai as estátuas, e cortai
suas aquela terra excelente, pela qual os bosques, e queimai as esculturas.
o Senhor jurou a teus pais “ que ex­ °Porque tu és um povo consagrado
terminaria diante de ti todos os teus ao Senhor teu Deus. O Senhor teu
inimigos, como disse. Deus te escolheu para sêres um po­
vo particular, entre todos os povos
Ensinar aos filhos a obediência a Deus que há na terra. 7Não (f o i) porque
excedésseis em número tôdas as na­
20E, quando teu filho amanhã te ções, que o Senhor se uniu a vós e
perguntar, dizendo: Que querem di­ vos escolheu, sendo vós menos em nú­
zer estas leis, e cerimônias, e ordena­ mero do que todos os outros povos,
ções que o Senhor nosso Deus nos 8mas foi porque o Senhor vos amou e
prescreveu? 21tu lhe dirás: Nós está­ guardou o juramento que tinha fe i­
vamos escravos de Faraó no Egito, to a vossos pais; por isso vos tirou
e o Senhor tirou-nos do Egito com com mão poderosa, e vos resgatou
mão poderosa, 22e à nossa vista fêz da casa da escravidão, do poder de
no Egito milagres e grandes prodí­ Faraó, rei do Egito. 9E saberás que
gios contra Faraó e contra tôda a sua o Senhor teu Deus é o Deus forte e
Cap. v i l — 2. Tu as com baterás... Deus quer punir os Cananeus pela sua idolatria e
grandes excessos, e ao mesmo tempo quer tirar aos Israelitas tôda a ocasião de se en­
tregarem às mesmas superstições e devassidões.
208 DEUTERONÔMIO 7 -8

fiel, que guarda o seu pacto e a sua co a pouco, e por partes. Tu não as
misericórdia até mil gerações com a- oderás destruir a um tempo, a fim
quêles que o amam e observam os e que se não multipliquem contra
seus preceitos; 10e que castiga pron­ ti as feras da terra. “ E o Senhor
tamente os que o aborrecem, de modo teu Deus os dará em teu poder, e os
a exterminá-los e a não diferir por fará morrer até que todos sejam des­
mais tempo, dando-lhes imediatamen­ truídos. 24E entregará nas tuas mãos
te o que merecem. os seus reis, e farás perecer os seus
nomes de debaixo do céu. Ninguém
Deus promete auxiliar os israelitas se te poderá resistir, até que os tenhas
lhe forem fiéis reduzido a pó. “ Queimarás no fogo
as suas esculturas; não cobiçarás a
^Guarda, pois, os preceitos e ceri­ prata nem o ouro de que são feitas,
mônias e ordenações, que eu hoje te nem delas tomarás nada para ti, pa­
mando observar. 12Se, depois de te- ra que não tropeces, visto serem a a-
res ouvido estas ordenações, as guar­ bominação do Senhor teu Deus. “ E
dares e praticares, também o Senhor não levarás para a tua casa coisa al­
teu Deus guardará a teu respeito o guma de ídolo, para que te não tor­
pacto e a misericórdia que jurou a nes anátema, como êle o é. Detestá-
teus pais; 13e te amará e te multipli­ -»lo-ás como. imundicie, e abominá-lo-
cará, e abençoará o fruto do teu ven­ -ás como coisa imunda e sórdida, por­
tre, e o fruto da tua terra, o teu tri­ que é um anátema.
go, e a vindima, e o azeite, e os bois,
e os rebanhos das tuas ovelhas na N ão esquecer Deus em Canaã
terra que êle jurou a teus pais dar-
te. 14Serás bendito entre todos os po­ Q 7Tem muito cuidado em observar
vos. Não haverá no meio de ti quem ° todos os preceitos que eu hoje
seja estéril de. um nem de outro se­ prescrevo para que possais viver, e
xo, nem entre os homens nem entre multiplicar-vos, e, tendo entrado, pos­
os teus rebanhos. 150 Senhor afasta­ suais a terra pela qual o Senhor ju ­
rá de ti tôdas as doenças; e não fa ­ rou a vossos pais. 2E recordar-te-ás
rá cair sôbre ti, mas sôbre os teus de todo o caminho por onde o Senhor
inimigos as terríveis pragas do Egito, teu Deus te conduziu pelo deserto du­
que tu conheces. “ Devorarás todos rante quarenta anos, para te castigar,
os povos, que o Senhor teu Deus está e para te provar, e para que tornasse
para te entregar. Não os pouparão manifesto o que estava dentro de
teus olhos, e não servirás aos seus teu coração, se guardarás ou não os
deuses, para que não venham a ser seus mandamentos. 3Afligiu-te com
causa da tua ruína. a fomè, e deu-te por sustento o ma­
17Se disseres no teu coração: Estas ná, que tu desconhecias e teus pais,
nações são mais numerosas do que para te mostrar que o homem não
eu, como poderei eu extingui-las? vive só do pão, mas de tôda a pa­
“ Não temas, mas lembra-te do que o lavra que sai da bôca de Deus. 40
Senhor teu Deus fêz a Faraó e a to­ teu vestido, com que te cobrias, não
dos os Egípcios, 10das grandíssimas chegou a gastar-se com a velhice, e o
pragas que os teus olhos viram, e dos teu pé não foi magoado, e êste é o
milagres, e dos prodígios, e da mão quadragésimo ano. 5Para que reco­
poderosa, e do braço estendido com nheças no teu coração, que do mes­
[ue o Senhor teu Deus te tirou para mo modo que um homem instrui seu
Í ora; o mesmo fará êle a todos os filho, assim o Senhor teu Deus te ins­
povos que temes. “ Além disso o Se­ truiu a ti, °para que guardes os man­
nhor teu Deus mandará vespas contra damentos do Senhor teu Deus, e an­
êles, até destruir e exterminar todos des nos seus caminhos, e o temas.
os que tiverem fugido ou tiverem po­ 7Porque o Senhor teu Deus te in­
dido esconder-se. troduzirá numa terra boa, terra de
“ Não os temerás, porque o Senhor regatos e de águas e de fontes, em
teu Deus está no meio de ti, Deus cujos campos e montes rebentam as
grande e terrível. “ Êle mesmo des­ nascentes dos rios; 8terra (fé r til) de
truira estas nações diante de ti pou­ trigo, de cevada e de vinhas, onde
8 - 9 DEUTERONOMIO 209
nascem figueiras, e romeiras, e oli­ des e muradas até ao céu, 2de um
vais; terra de azeite e de mel, 9onde, povo grande e de alta estatura, dos
sem nenhuma escassez, comerás o teu filhos dos Enacius, que tu mesmo vis­
pão, e gozarás da abundância de tô- te e ouviste, aos quais ninguém po­
das as coisas; terra cujas pedras são de fazer frente. 3Saberás, pois, ho­
ferro, e de cujos montes se tiram os je que o Senhor teu Deus passará ê-
metais de cobre; 10para que, quando le mesmo diante de ti, como um fo-
tiveres comido e estiveres saciado, dês o devorador e consumidor, que os
graças ao Senhor teu Deus pela ex­ estruirá, e arruinará, e os extermi­
celente terra que te deu. “ Torna nará dentro de pouco tempo diante
cuidado, e abstém-te de jamais esque­ de ti, como te disse. 4Depois que o
ceres o Senhor teu Deus, e de despre­ Senhor teu Deus os tiver extermina­
zar os seus preceitos, as suas leis e do diante de ti, não digas no teu co­
as suas cerimônias, que eu hoje te ração: por causa da minha justiça é
prescrevo; “ não suceda que, depois que o Senhor me introduziu nesta ter­
de teres comido e estares saciado, e ra para a possuir, tendo sido estas
teres edificado formosas casas, e mo­ nações destruídas por causa das suas
rado nelas, 13e teres manadas de bois impiedades. 5Porque não é pela tua
e rebanhos de ovelhas e abundância justiça, nem pela retidão do teu co­
de prata e de ouro, e de tôdas as coi­ ração que tu entrarás na posse das
sas, 14o teu coração se eleve, e te não suas terras, mas porque elas procede­
lembres do Senhor teu Deus, que te ram impiamente, por isso foram des­
tirou da terra do Egito, da casa da truídas à tua chegada; e para que o
servidão, 15e que foi o teu guia no Senhor cumprisse a sua palavra da­
grande e terrível deserto, onde havia da com juramento a teus pais A-
serpentes de sôpro ardente, e escor­ braão, ísac e Jacó .°Sabe, pois, que
piões, e dipsades, e urna falta com­ não é pela tua justiça que o Senhor
pleta de água* e que fêz sair arroios teu Deus te dará posse desta terra
da pedra duríssima, 16e que te ali­ excelente, pois tu, és um povo de cer-
mentou no deserto com o maná, que viz duríssima.
teus pais não conheceram. E que de­ 7Lembra-te, e não te esqueças de
pois de te ter afligido e provado, por que modo provocaste à ira o Senhor
fim teve compaixão de tl, 17para que teu Deus no deserto. Desde o dia em
não dissesses no teu coração: A mi- que saíste do Egito até êste lugar,
nha fôrça e o vigor do meu braço fôste sempre rebelde ao Senhor.
adquiriram-me todas estas coisas,
18mas antes te lembrasses que foi o Em Horeb: o bezerro de ouro e a
Senhor teu Deus que te deu fôrças oração de Moisés
para cumprir o pacto, pelo qual ju ­
rou a teus pais, como mostra o dia 8Porque já em Horeb o provocaste,
de hoje. “ Mas se tu, esquecendo-te e êle irado te quis destruir, °quando
do Senhor teu Deus, seguires os deu­ eu subi ao monte, para receber as
ses estranhos, e lhes prestares culto, tábuas de pedra, as tábuas do pacto
e os adorares, eis que eu desde já te que o Senhor fêz convosco; e perma-
profetizo que perecerás de todo. neci no monte quarenta dias e qua­
"Como as nações que o Senhor des­ renta noites, sem comer pão, nem
truiu à tua chegada, assim também beber água. 10E o Senhor deu-me
perecereis vós, se fordes desobedien­ duas tábuas de pedra escritas com o
tes à voz do Senhor vosso Deus. dedo de Deus, e que continham tô­
das as palavras com que êle vos fa ­
Israel deve atribuir só a Deus a lou sôbre o monte, do meio do fogo,
conquista da Palestina estando junto todo o povo. nE, pas­
sados quarenta dias e outras tantas
Q ^ u v e , ó Israel: Tu passarás hoje noites, o Senhor deu-me duas tábuas
u o Jordão, para te assenhorea- de pedra, as tábuas da aliança, 12e dis-
poderosas do que tu, de cidades gran- se-me: Levanta-te, e desce depressa
res de nações muito grandes e mais daqui, porque o teu povo, que tu ti-
Cap. IX — 1. H oje, isto é, dentro em pouco.
210 DEUTERONOMIo 9-10
raste do Egito, prontamente abando­ bra-te de teus servos Abraão, Isac e
nou o caminho que lhe mostraste e f i­ Jacó; não olhes para a dureza dêste
zeram para si uma estátua fundida. povo, nem para a sua impiedade e
13E o Senhor disse-me novamente: pecado; 28para que os habitantes do
V ejo que êste povo é de cerviz dura, país donde nos tiraste não digam:
14deixa que eu o destrua, e apague o O Senhor não podia introduzí-los na
seu nome de debaixo do céu, e eu te terra que lhes tinha prometido, e a-
farei chefe de uma gente, que seja borrecia-os; por isso tirou-os, para
maior e mais forte do que esta. 15E, os matar no deserto. ^Êles são o
tendo eu descido do monte ardente, teu povo e a tua herança, que tu ti­
levando nas minhas mãos as duas tá­ raste com tua grande fortaleza, e
buas da aliança, 16e, vendo que vós com o teu braço estendido.
tinheis pecado contra o Senhor vosso N ovas tábuas da lei
Deus, e que tinheis feito um bezer­
ro fundido, e que depressa tinheis a- 1 H JNaquele tempo o Senhor disse-
bandonado o caminho que êle vos ha­ me: Corta duas tábuas de pe­
via mostrado, 17arrojei das minhas dra iguais às primeiras, e sobe a mim
mãos as tábuas, e quebrei-as à vossa ao monte; e farás uma arca de madei­
vista, 18e prostei-me diante do Senhor, ra 2e eu escreverei nestas tábuas as
como antes, (e estive) quarenta dias palavras que estavam naquelas que
e quarenta noites sem comer pão, nem tu quebraste antes; e pô-las-ás na ar­
beber água, por causa de todos os vos­ ca. 3Eu, pois, fiz uma arca de pau
sos pecados que tinheis cometido con­ de cetim. E, tendo cortado duas tá­
tra o Senhor, e com que o provocas­ buas de pedra como as primeiras, su­
tes à ira; 19porque temia a sua indig­ bi ao monte com elas nas mãos. 4E
nação e a sua ira, pela qual, estimu­ (o Senhor) escreveu nestas tábuas,
lado contra vós, queria exterminar- como tinha escrito nas primeiras, as
vos. E o Senhor ouviu-me ainda por dez palavras que tinha dito sobre o
esta vez. 20Irritado também sobre­ monte, do meio do fogo, estando o
maneira contra Arão, queria matá-lo, povo junto; e deu-mas. 5E, voltan­
e eu igualmente orei por êle. 21E, do do monte, desci, e pus as tábuas
pegando no vosso pecado, que tinheis na arca que tinha feito, e elas lá es­
feito, isto é, no bezerro, queimei-o no tão até hoje como o Senhor me or­
fogo, e fazendo-o em pedaços, e re- denou.
duzindo-o inteiramente a pó, lan- Eleázaro e os Levitas
cei-o à torrente, que desce do monte.
6Ora, os filhos de Israel transpor­
Várias revoltas de Israel taram os acampamentos de Berot,
(que era) dos filhos de Jacan, a Mo-
22Provocastes também o Senhor no sera, onde morreu e foi sepultado A -
lugar do incêndio e no da tentação, rão, em lugar do qual Eleázaro, seu
e nos Sepulcros da concupiscência. filho, exerceu as funções do sacer­
23E, quando vos mandou de Cades- dócio. 7De lá passaram a Gadgad; e,
barne, dizendo: Subi e tomai posse tendo partido dêste lugar, foram a-
da terra que eu vos dei, vós despre­ campar em Jetebata, numa terra de
zastes o mandado do Senhor vosso águas e de torrentes. 8Naquele tem­
Deus, e não lhe destes crédito, nem po (o Senhor) separou a tribo de Le-
quisestes ouvir a sua voz; 24mas fos­ vi, para levar a arca da aliança do
tes sempre rebeldes desde o dia em Senhor e assistir diante dêle no mi­
que eu comecei a conhecer-vos. ^E nistério, e bendizer em seu nome até
estive prostrado diante do Senhor ao dia de hoje. 9Por isso Levi não
quarenta dias e quarenta noites, du­ teve parte nem possessão com seus
rante os quais lhe rogava humilde­ irmãos, porque o Senhor mesmo é a
mente que vos não exterminasse sua possessão, como lhe prometeu o
como tinha ameaçado. 26E, orando, Senhor teu Deus.
disse: Senhor Deus, não destruas o Ordem de avançar p ara a Palestina
teu povo e a tua herança, que tu
resgataste com a tua grandeza, e ti­ 10E eu estive sôbre o monte, como
raste do Egito com mão forte. 27Lem ­ antes, quarenta dias e quarenta noi-
10 - 11 DEUTERoNOMIo 211
tes; e o Senhor ouviu-me também es­ nias, e as suas ordenações, e os seus
ta vez, e não quis exterminar-te, mandamentos. 2Conhecei hoje o que
21E disse-me: Vai e marcha diante do ignoram os vossos filhos, os quais
povo para que entre e possua a ter­ não viram os castigos do Senhor vos­
ra que jurei a seus pais dar-lhes. so Deus, as suas maravilhas e a sua
mão poderosa, e o seu braço estendi­
Bondade de Deus do, 3os prodígios e as obras que fêz
12E agora, ó Israel, que é o que o no meio do Egito sôbre o rei Faraó,
Senhor teu Deus pede de ti, senão que e sôbre todo o seu çaís, 4e sôbre to­
temas o Senhor teu Deus e andes nos do o exército dos Egípcios, e sôbre os
seus caminhos, e o ames, e sirvas o cavalos e carroças; de que modo as
Senhor teu Deus de todo o teu cora­ águas do mar Vermelho os cobriram,
ção, e de tôda a tua alma, 13e que quando vos perseguiam, e como o Se­
observes os mandamentos do Senhor, nhor os destruiu até ao dia de hoje;
e as suas cerimônias, que hoje, te 5e o que fêz no deserto, até que che­
prescrevo, para que sejas feliz? 14Eis gásseis a êste lugar; °e (o que fez)
que o céu é do Senhor teu Deus, e a Datan e a Abiron, filhos de Eliab,
o céu dos céus, a terra e tudo o que que foi filho de Ruben; como a ter­
há nela; 15e não obstante o Senhor ra, abrindo a sua bôca, os enguliu com
uniu-se estreitamente a teus pais e a- as suas casas e tendas, e tudo o que
mou-os, e escolheu a sua linhagem possuíam no meio de Israel. 7Os vos­
depois dêles, isto é, a vós, dentre tô- sos olhos viram tôdas as grandes o-
das as nações, como hoje esta pro­ bras que o Senhor fêz, 8para que ob­
vado. serveis todos os seus mandamentos,
que eu hoje vos prescrevo, e possais
Majestade de Deus entrar e possuir a terra, para a qual
caminhais, °e vivais por muito tempo
16Circuncidai, pois, o vosso coração e nessa terra que o Senhor prometeu
não endureçais mais a vossa cerviz, com juramento a vossos pais e à sua
17porque o Senhor vosso Deus é o posteridade, e que mana leite e mel.
Deus dos deuses, e o Senhor dos se­
nhores, o Deus grande e poderoso e A terra prometida
terrível, que não faz acepção de pes­ 10Porque a terra em que vais en­
soas, nem (recebe) presentes. 18Êle
faz justiça,, ao órfão e à viúva, ama trar para a possuir, não é como a ter­
o peregrino, e dá-lhe o sustento e o ra do Egito, donde saíste, na qual,
vestido. 19E assim vós amai os es­ lançada a semente, se conduzem as á-
trangeiros, porque vós também fôs- guas para a regar, como se faz nas
tes estrangeiros na terra do Egito. hortas; “ mas é uma terra de montes
20Temerás o Senhor teu Deus, e só a e de planícies, e que espera as chuvas
êle servirás; estarás unido a êle, e do céu, 12e que o Senhor teu Deus
jurarás pelo seu nome. 21Êle é a tua guarda sempre, e seus olhos estão sô­
glória e o teu Deus, que fêz por ti bre ela desde o princípio do ano até
estas grandes e terríveis coisas, que ao fim.
os teus olhos viram. 22Em número Os que obedecerem serão abençoados;
de setenta pessoas os teus pais desce­ os que desobedecerem serão punidos
ram ao Egito; e eis que agora o Se­
nhor teu Deus multiplicou-te como 13Se vós, portanto, obedecerdes aos
as estréias do céu. meus mandamentos, que eu hoje vos
prescrevo, de amar o Senhor vosso
Fidelidade a Deus pelos prodígios Deus, e de o servir de todo o vosso
operados coração, e de tôda a vossa alma, 14êle
dará à vossa terra as chuvas tem-
11 2Ama, pois, o Senhor teu Deus, porãs e serôdias, para que recolhais
11 e guarda em todo o tempo pão, e vinho, e azeite, 15e feno dos
os seus preceitos, e as suas cerimô- campos para sustentar os gados, e pa-
Cap. X — 16. Cireuncídai, pois, o vosso coração, isto é, tirai dêle tudo o que o torna
insensível à voz e aos mandamentos de Deus.
212 DEUTERoNOMIO 11 - 12
ra que vós mesmos tenhais que co­ vais habitar, porás a bênção sôbre o
mer e com que vos saciar. 16Tende monte Garizim e a maldição sôbre o
cuidado que o vosso coração não seja monte Hebal; 80os quais estão na
seduzido, e que vos aparteis do Se­ banda dalém do Jordão, junto ao ca­
nhor, e sirvais a deuses estranhos, minho que desce para o ocidente, na
e os adoreis, 17e que o Senhor, irado, terra dos Cananeus, que habitam nas
feche o céu, e não caiam as chuvas, campinas defronte de Galgala, a qual
nem a terra dê os seus frutos e vós está junto do vale que se estende e
dentro de pouco tempo sejais exter­ avança até muito longe. 81Porque vós
minados da excelente terra que o Se­ passareis o Jordão para possuirdes
nhor está para vos dar. a terra que o Senhor vosso Deus vos
18Ponde nos vossos corações e nas há de dar, para a terdes e possuirdes.
vossas almas estas minhas palavras,
e trazei-as suspensas nas vossas mãos Conclusão
como um sinal, e colocai-as entre os
vossos olhos. 19Ensinai vossos filhos 32Tende, pois, cuidado em obser­
var as cerimônias e ordenações, que
a meditá-las, quando estiveres senta­
do em tua casa, ou caminhares, e eu hoje porei diante de vóa,
quando te deitares e te levantares. Direito religioso.
“ Escrevê-las-ás sobre os postes e as Destruição da idolatria;
portas de tua casa, 21para que os teus
dias, e os de teus filhos se multipli­ 1 2 ^ s te s são os preceitos e orde-
quem na terra, que o Senhor jurou a * “ nações, que vós deveis cumprir
teus pais dar-lhes, (para a possuírem) na terra, que o Senhor Deus de teus
enquanto o céu estiver sôbre a terra. pais te há de dar, para a possuíres
^Porque, se vós observardes e puser­ todos os dias que andares sôbre a ter­
des em prática os mandamentos que ra. d e s t r u i todos os lugares em que
eu vos prescrevo, de am ar o Senhor as nações, que haveis de subjugar, a -
vosso Deus, e de andar em todos os doraram os seus deuses sôbre os altos
seus caminhos, estando unidos a êle, montes e colinas, e debaixo de qual­
“ o Senhor destruirá à vossa vista quer árvore frondosa. 3Derribai os
tôdas estas gentes, e vós as possuireis, seus altares, e quebrai as suas está-
embora elas sejam maiores e mais tuas, ponde fogo aos seus bosques, e
poderosas do que vós. “Todo o lugar fazei em pedaços os ídolos, e extingui
em que vós puserdes o vosso pé, será os seus nomes daqueles lugares.
vosso. Os vossos limites serão desde
o deserto e desde o Líbano, desde o IJm só santuário
grande rio Eufrates até ao m ar oci­
dental. “Nenhum poderá prevaceler 4N ão fareis assim com o Senhor,
contra vós; o Senhor vosso Deus es­ vosso Deus, “mas ireis ao lu gar que
palhará o terror e o espanto de vós o Senhor vosso Deus escolher entre
sôbre tôda a terra que haveis de pi­ tôdas as vossas tribos, para aí pôr o
sar, comó êle vo-lo disse. seu nome, e habitar nêle; °e ofere­
“ Eis que eu ponho hoje diante cereis nesse lu gar os holocaustos e
dos vossos olhos a bênção e a maldi­ as vossas vítimas, os dízimos e as
ção; 27a bênção, se obedecerdes aos primícias das vossas mãos, e os votos
mandamentos do Senhor vosso Deus, e ofertas, os primogênitos das vacas
ue eu hoje vos prescrevo; “ a mal- e das ovelhas. 7E aí comereis na
ição, se não obedecerdes aos manda­ presença do Senhor vosso Deus, e vos
mentos do Senhor vosso Deus, mas regozijareis vós e as vossas famílias
vos apartardes do caminho que eu ho­ em tôdas as coisas em que puserdes
je vos mostro, e fordes após os deu­ a mão, nas quais o Senhor vosso Deus
ses estranhos, que não conheceis. vos abençoar. 8Não fareis nêsse lu ­
gar o que nós fazemos hoje aqui,
Bênção sôbre o monte Garizim e cada um o que bem lhe parece.
maldição sôbre o monte H ebal 2
9 9Porque ainda não chegastes ao re­
pouso e herança, que o Senhor vosso
29Quando, porém, o Senhor teu Deus está para vos dar. "Passareis o
Deus te tiver introduzido na terra que Jordão, e habitareis na terra que o
12 - 13 DEUTERONÔMIO 213
Senhor vosso Deus vos dará, para es- longe o lugar que o Senhor teu Deus
tardes seguros de todos os inimigos escolheu, para nêle estar o seu. nome,
que vos cercam, e habitardes sem te­ matarás dos bois e das ovelhas que ti­
mor algum. veres, como eu te ordenei, e comerás
nN o lugar que o Senhor vosso Deus nas tuas cidades, como te aprouver.
escolher para nêle estar o seu nome, 22Como se come cabra e veado, assim
lá levareis tôdas as coisas que eu comerás destas carnes; e comerá de­
prescrevo, os holocaustos, e as hós­ las indistintamente o (hom em ) puro
tias e os dízimos, e as primícias e impuro. ^Abstém-te somente de
das vossas mãos, e tudo o que há de comer o sangue, porque o sangue ser-
melhor entre os dons que oferecer­ ve-lhes de alma; e por isso não de­
des em voto ao Senhor. 12A i vos ves comer a alma com as carnes,
banqueteareis diante do Senhor vos­ 24mas espalhá-lo-ás sôbre a terra co­
so Deus, vós e os vossos filhos e as mo água, “ para que suceda bem a ti
vossas filhas, servos e servas, e o e aos teus filhos depois de ti, tendo
Levita que habita nas vossas cidades, feito o que é agradável aos olhos do
porque eles não têm outra parte nem Senhor.
herança entre vós. 18Abstém-te de “ Mas as coisas que tiveres santifi­
oferecer os teus holocaustos em qual­ cado e votado ao Senhor, tu as toma­
quer lugar, que vires, 14mas oferece­ rás, e irás ao lugar que o Senhor ti­
rás as hóstias naquele que o Senhor ver escolhido, 27e oferecerás as tuas
tiver escolhido em urna das tuas tri­ oblaçôes, a carne e o sangue, sobre o
bos, e farás ali tudo o que te man­ altar do Senhor teu Deus; derrama­
do. rás o sangue das hóstias sôbre o al­
15Se. porém, quiseres comer, e gos­ tar, e comer-lhes-ás as carnes. “ Ob­
tares de comer carne, mata e corne, serva e ouve tudo o que eu te orde­
segundo a bênção que o Senhor teu no, para que suceda bem a ti e aos
Deus te deu nas tuas cidades; come­ teus filhos depois de ti perpètuamen-
rás ou o que é impuro, isto é, defei­ te, tendo feito o que é bom e agra-
tuoso e débil, ou o que é puro, isto dável aos olhos do Senhor teu Deus.
é inteiro e sem defeito, que pode ser
oferecido, corno a cabra e o veado, Não imitar a idolatria dos Cananeus
16sern todavia comer sangue, que es­ “ Quando o Senhor teu Deus tiver
palharás sôbre a terra corno água.
17Não poderás comer nas tuas cida­ exterminado diante de ti as nações em
des o dízimo do teu trigo, e do teu que entrares para as possuir, e as
vinho, e do teu azeite, os primogêni­ possuíres, e habitares na sua terra,
tos das vacas e das ovelhas, nem aqui­ “ abstém-te de as imitar, depois que
lo que ofereceres por voto, ou que elas tiverem sido destruídas à tua en­
voluntãriamente quiseres oferecer, trada, e de te informar das suas ce­
nem as primícias das tuas mãos, rimônias, dizendo: Assim como estas
18mas comerás estas coisas diante do nações adoraram os seus deuses, do
Senhor teu Deus no lugar que o Se­ mesmo modo também eu os adorarei.
nhor teu Deus tiver escolhido, tu e o 31Não farás assim com o Senhor teu
teu filho e a tua filha, e o servo e a Deus. Porque elas fizeram pelos seus
serva, e o Levita, que habita nas tuas deuses tôdas as abominações, que o
cidades; e te alegrarás e te reconfor- Senhor aborrece, oferecendo-lhes seus
tarás diante do Senhor teu Deus em filhos e filhas e queimando-os no
tôdas as coisas, a que estenderes a tua fogo. 32Faze sòmente em honra do
mão. 19Abstém-te de abandonar o L e ­ Senhor aquilo que eu te ordeno; não
vita durante todo o tempo em que v i­ acrescentes nem tires nada.
veres sôbre a terra. Castigo de um falso profeta idólatra
20Quando o Senhor teu Deus tiver
dilatado os teus limites, como te pro­ 19 7Se se levantar no meio de ti
meteu, e tu quiseres comer das car­ um profeta, ou alguém que
nes que a tua alma deseja, 21se estiver diga que teve um sonho, e predisser
Cap. X I I — 23. o sangue serve-lhes de alm a. . . O hebraico d iz : o sangue é a vida,
e por isso não deves comer a vida com a carne.
214 DEUTERoN OMIO 13 - 14
algum sinal ou prodígio, 2e suceder habitação, ouvires alguns que dizem:
o que êle anunciou, e te disser: V a­ 13Alguns filhos de Belial saíram do
mos, e sigamos os deuses estranhos, meio de ti, e perverteram os habitan­
que não conheces, e sirvamo-los, 3não tes da sua cidade, e disseram: Vamos,
ouvirás a palavra de tal profeta ou e sirvamos aos deuses estranhos, que
sonhador, porque o Senhor vosso vós não conheceis; 14informa-te com
Deus vos põe à prova, para se tornar solicitude e diligência, e, averiguada
manifesto se o amais ou não de todo a verdade do fato, se achares ser cer­
o vosso coração e de tôda a vossa al­ to o que se disse, e que, efetivamente,
ma. “Segui o Senhor vosso Deus, e se cometeu uma tal abominação, 15i-
temei-o, e guardai os seus manda­ mediatamente farás passar à espada
mentos, e ouvi a sua voz; a êle servi­ os habitantes daquela cidade, e des-
reis, e a êle vos unireis. 5E aquêle truí-la-ás com tudo o que há nela,
profeta, ou inventor de sonhos será até aos gados. 16Juntarás também
pôsto à morte, porque vos falou pa­ no meio das suas praças todos os mó­
ra vos afastar do Senhor vosso Deus, veis que nela se acharem, e queimá-
que vos tirou da terra do Egito, e vos -los-ás juntamente com a cidade, de
resgatou da casa da escravidão; e pa­ maneira que consumas tudo em hon­
ra te desviar do caminho que o Senhor ra do Senhor teu Deus, e que seja
teu Deus te ordenou, e assim tirarás um túmulo perpétuo; e não seja mais
o mal do meio de ti. reedificada, 17e não se te pegará às
mãos nada dêste anátema, para que
Castigo dum amigo idólatra o Senhor aplaque a ira do seu furor,
6Se o teu Irmão, filho de tua mãe e se compadeça de ti, e te multipli­
ou teu filho ou tua filha, ou tua mu­ que como jurou a teus pais, “ enquan­
lher que repousa sôbre o teu seio, ou to tu ouvires a voz do Senhor teu
o amigo, a quem amas como à tua Deus, guardando todos os seus pre­
alma, te quiser persuadir, dizendo-te ceitos, que eu te prescrevo hoje, pa­
em segrêdo: Vamos, e sirvamos a ra que faças o que é agradável aos
deuses estranhos, que não conheceram olhos do Senhor teu Deus.
nem tu nem teus pais, (os deuses) Contra os ritos fúnebres dos pagãos
7de todas as nações circunvizinhas,
que estão perto de ti ou longe, desde 1 A *Sêde filhos do Senhor vosso
urna extremidade da terra até à ou­ ” Deus; não vos fareis incisões,
tra, 8não cedas ao que te diz, nem o nem cortareis o cabelo por causa dum
ouças, nem teus olhos lhe perdoem, de morto, 2porque és um povo consagra­
modo que tenhas compaixão dêle e do ao Senhor teu Deus, e êle te esco­
o encubras, 9mas logo o matarás; seja lheu dentre tôdas as nações, que há
a tua mão a primeira sôbre êle, e na terra, para sêres o seu povo par­
depois todo o povo lhe ponha a mão. ticular.
10Morrerá coberto de pedras, porque
quis apartar-te do Senhor teu Deus, Animais puros e impuros
que te tirou da terra do Egito, da 3Não comais o que é impuro. 4Ês-
casa da servidão; ua fim de que todo tes são os animais que deveis comer:
o Israel, ouvindo isto, tema, e não O boi, e a ovelha, e a cabra, 5o vea­
torne mais a fazer coisa semelhante do e a corça, o búfalo, a cabra mon-
a esta. tês, o unicórnio, o orige, o camelo
Castigo duma cidade idólatra pardal. 6Comereis de todo o animal
que tenha a unha fendida em duas
12Se em uma das tuas cidades, que partes, e que rumina. 7Não deveis,
o Senhor teu Deus te há de dar para porém, , comer dos que ruminam, mas.
Cap. X I I I — 9. Logo o m atarás. A versão dos setenta, que neste ponto se deve preferir,
diz: D enunciando* o, o denunciarás aos Juizes, os quais o condenarão a ser apedrejado,
sendo a tua mão a primeira a a tirar sôbre êle.
16. U m túmulo, isto é, um montão de ruínas.
.17. Não se te pegará às m ãos. . isto é, não reservarás para ti nada do que.-
deve ser destruído.
14 - 15 DEUTERoNOMIO 215
não têm a unha fendida como são o merás diante do Senhor teu Deus,
camelo, a lebre, o querogrilo; êstes, banqueteando-te tu e tua fam ília; 27e
porque ruminam, e não têm a unha 0 Levita, que vive dentro das tuas
fendida, serão impuros para vós. 80 portas, toma cuidado não o desampa­
porco também será para vós impuro, res, porque êle não tem outra parte
porque embora tenha a unha fendi­ na tua herança. 28Todos os três anos
da, não rumina; não comereis das separarás outro dízimo de tudo o que
suas carnes, nem tocareis nos seus te nascer nesse tempo, e depô-lo-ás
cadáveres. 9De todos os animais que dentro das tuas portas. 29E virá o
vivem nas águas, comereis êstes: Co­ Levita que não tem outra parte nem
mei os que têm barbatanas, e esca­ herança contigo, e o peregrino, e o ór­
mas; 10mas não comais daqueles que fão, e a viúva, que estão dentro das
não têm barbatanas nem escamas, tuas portas, e comerão e se saciarão,
porque são impuros. “ Comei de to­ para que o Senhor teu Deus te a-
das as aves que são puras. 12Não co­ bençoe em tôdas as obras das tuas
mais das impuras, como são a águia, mãos que fizeres.
e o grifo, e o esmerilhão, 13o ixião, e o Ano sabático.
abutre, e o milhano, segundo a sua Lei sôbre os empréstimos
espécie; 14e todo o gênero de corvos,
15e o avestruz, e a coruja, e a gaivota, 1 C JN o sétimo ano farás a remissão,
e o açor, segundo a sua espécie; 16a 2a qual será celebrada desta
cegonha, e o cisne, e o íbis, 17e o mer- maneira: Aquêle a quem é devida
gulo, o porfirião, e o bufo, 18o ono- alguma coisa por seu amigo, ou por
crótalo, e o caradrio, cada um na sua seu próximo, ou por seu irmão, não
espécie; a poupa também e o morce­ a poderá exigir, porque é o ano da
go. 19E tudo o (jue anda de rastos e remissão do Senhor. 3Poderás exi-
tem asas, será impuro e não se co­ gí-la do peregrino e do estrangeiro,
merá. 20Comei de tudo o que é pu­ mas não terás direito de a exigir dos
ro. 21Não comais de nenhum animal teus compatriotas nem do teu vizinho.
morto por si. Dá-o para que o coma 4E não haverá entre vós nenhum
ou vende-o ao peregrino que habita pobre nem mendigo, para que o Se­
dentro das tuas portas, porque tu és nhor teu Deus te abençoe na terra,
um povo santo do Senhor teu Deus. que êle está para te dar em posses­
Não cozerás o cabrito no leite de sua são. 5Se ouvires a voz do Senhor teu
mãe. Deus, e guardares tudo o que êle te
Dízimos anuais mandou, e o que eu hoje te prescrevo,
22Porás à parte cada ano o dízimo êle te abençoará como prometeu. °Tu
de todos os teus frutos, que nascem emprestarás a muitos povos, e de ne­
na terra, 23e comerás na presença do nhum receberás empréstimos. Domi­
Senhor teu Deus, no lugar que êle ti­ narás sôbre muitas nações, e nenhu­
ver escolhido para aí ser invocado o ma te dominará.
seu nome, o dízimo do teu trigo, e do Auxílio ao Israelita pobre
vinho, e do azeite, e os primogênitos
das tuas vacas e das tuas ovelhas, pa­ 7Se um dos teus irmãos, que mo­
ra que aprendas a temer o Senhor teu ram dentro das portas da tua cidade,
Deus em todo o tempo. 24Mas, se fôr na terra que o Senhor teu Deus está
muito longo o caminho até ao lugar para te dar, cair em pobreza, não
que o Senhor teu Deus tiver escolhi­ endurecerás o teu coração, nem fe ­
do, e êle te tiver abençoado, e tu não charás a tua mão, 8mas abrí-la-ás ao
puderes levar-lhe tôdas estas coisas, pobre e lhe emprestarás o que vires
25venderás tudo, e o reduzirás a di­ que êle precisa. 9Guarda-te, não te
nheiro, e o levarás na tua mão, e irás deixes cair num ímpio pensamento
ao lugar que o Senhor teu Deus tiver e não digas no teu coração: Está pró­
escolhido; 20e comprarás com êsse ximo o sétimo ano da remissão; e
mesmo dinheiro tudo o que te aprou- afastes os teus olhos do teu irmão
ver, ou seja de bois ou seja de ove­ pobre, não lhe querendo emprestar o
lhas, e vinho e licores fermentados, e que êle te pede; não suceda que êle
tudo o que a tua alma deseja; e co­ clame contra ti ao Senhor, e isto
216 DEUTERoN OMIo 15 - 16

se torne para ti um pecado. 10Mas como (se com e) da corça ou do veado.


dar-lhe-ãs (o empréstimo) e não u- “Terás somente o cuidado de não lhe
sarãs de astúcia alguma em o socor­ comer o sangue, mas derram ã-lo-âs
rer nas suas necessidades, para que por terra como água.
o Senhor teu Deus te abençoe em
todo o tempo e em tôdas as coisas Festa da Páscoa
em que puseres a mão. “ Não fa l­ 1 C 1Observa o mês dos frutos novos,
tarão pobres na terra da tua habi­
tação, por isso eu te ordeno que a- 1U que é o primeiro da primave­
ra, para celebrares a páscoa em hon­
bras a mão para o teu irmão neces­ ra do Senhor teu Deus; porque nes­
sitado e pobre, que vive contigo na
te mês o Senhor teu Deus tirou-te do
terra.
Egito de noite. 2E imolarás a pás­
Lei sôbre a escravidão coa ao Senhor teu Deus em ovelhas
e bois, no lugar que o Senhor teu
“Quando te fôr vendido um teu Deus escolher, para aí habitar o seu
irmão hebreu ou hebréia, e te tiver nome. 3N ã o comerás durante esta
servido seis anos, no sétimo ano dei- festa pão fermentado; durante sete
xã-lo-âs ir livre; 18e não deixarás ir dias comerás (p ão) sem fermento,
com as mãos vazias aquêle a quem de­ pão da aflição, porque saíste do E gi­
res a liberdade, “ mas dar-lhe-ás provi­ to com mêdo; para te lembrares do
são para o caminho, dos rebanhos e dia da tua saída do Egito, todos os
da eira e do lagar, com os quais dias da tua vida. 4Durante sete dias
(ben s) o Senhor teu Deus te tiver a- não aparecerá em todos os teus limi­
bençoado. 15Lem bra-te que também tes pão fermentado, e das carnes da
tu fôste escravo na terra do Egito, e vítima imolada à tarde no primeiro
que o Senhor teu Deus te libertou, dia não ficará nada para (o outro
e por isso eu te ordeno hoje isto. “ P o ­ dia) pela manhã. 5N ão poderás imo­
rém, se (o teu escravo) te disser: E u lar a páscoa em qualquer das tuas ci­
não quero sair, porque êle te am a dades que o Senhor teu Deus está pa­
a ti e à tua casa, e sente estar bem r a te dar; 6mas (sòm ente) no lu gar
contigo, “tomarás uma sovela, e fu - que o Senhor teu Deus tiver escolhi­
rar-lhes-ás a orelha à porta de tua do, para aí habitar o seu nome; e i-
casa, e êle te servirá para sempre; o molarás a páscoa de tarde, ao pôr do
mesmo farás à tua escrava. “N ã o a - sol, tempo em que saíste do Egito.
partes dêles os teus olhos, quando os 7E a cozerás e comerás no lugar que
tiveres pôsto em liberdade, porque o Senhor teu Deus tiver escolhido, e
êles serviram-te seis anos com o sa­ levantando-te pela manhã, voltarás
lário de um mercenário, para que o para as tuas tendas. 8Durante seis
Senhor teu Deus te abençoe em tôdas dias comerás (pães ázimos), e no sé­
as coisas que fazes. timo dia não trabalharás, porque é
a coleta do Senhor teu Deus.
Lei sôbre os primogênitos dos animais
Festa de Pentecostes
“ Consagrarás ao Senhor teu Deus
todos os machos dentre os primogêni­ °Contarás sete semanas desde o dia
tos que nascem das tuas vacas e das em que meteres a foice na seara, 10e
tuas ovelhas. N ão trabalharás com o celebrarás a festa das semanas em
primogênito da vaca, nem tosquiarás honra do Senhor teu Deus, (c o m ) a
os primogênitos das ovelhas. “ Co- oblação voluntária da tua mão, a qual
mê-los-ás cada ano tu e a tua fam í­ oferecerás segundo a bênção do Se­
lia na presença do Senhor teu Deus, nhor teu Deus; ne te banquetearás
no lugar que o Senhor escolher. diante do Senhor teu Deus, tu, teu
“ Mas, se tiver algum defeito, ou se filho e tua filha, o teu servo e a tua
fôr coxo, ou cego, ou disforme em serva, o Levita, que mora dentro
alguma parte (do corpo), ou mutila­ das tuas portas, o estrangeiro e o ór­
do, não será imolado ao Senhor teu fão e a viúva, que vivem convosco,
Deus. 22Mas comê-lo-ás dentro das no lugar que o Senhor teu Deus ti­
portas da tua cidade; comerão igual­ ver escolhido, para aí habitar o seu
mente dêle o homem puro e o impuro, nome; 12e recordar-te-ás que fôste es-
16 - 17 DEUTERONOMIO 217
cravo no Egito, e observarás e farás to, porque isto é uma abominação
as coisas que são ordenadas. para o Senhor teu Deus. 2Quando
Festa dos Tabemáeulos
se encontrar junto de ti, dentro du­
ma das tuas cidades, que o Senhor
13Celebrarás também durante sete teu Deus te dará, um homem ou uma
dias a solenidade dos tabernáculos, mulher, que cometam o mal diante
quando tiveres recolhido os teus fru­ do Senhor teu Deus, e violem o seu
tos da eira e do lagar. 14E te ban- pacto, 3indo servir a deuses estranhos,
quetearás nesta tua festa, tu, teu fi­ e adorá-los, o sol e a lua, e tôda a
lho e a tua filha, o teu servo e a tua milícia do céu, o que eu não man­
serva, e também o Levita e o estran- dei; 4e te derem aviso disto, e ten­
eiro, o órfão e a viúva, que estão
f entro das tuas portas. 15Durante se­
do ouvido, te informares com cui­
dado, e souberes que é verdade, e
te dias celebrarás esta festa em hon­ ue esta abominação se cometeu em
ra do Senhor teu Deus no lugar que ?srael, 5conduzirás às portas da cida­
o Senhor tiver escolhido; e o Senhor de o homem ou cl mulher, que fize­
teu Deus te abençoará em todos os ram uma coisa tão detestável, e se­
teus frutos, e em todo o trabalho das rão apedrejados. 6Sôbre o depoimen­
tuas mãos, e viverás alegre. to de duas ou três testemunhas mor­
Conclusão rerá aquêle que tiv e r , de ser pôsto
à morte. Ninguém seja morto com
“ Todos os teus varões aparecerão um só testemunho contra si. TA mão
três vêzes por ano diante do Senhor das testemunhas será a primeira a
teu Deus no lugar que êle tiver esco­ matá-lo, e por último se levantará a
lhido: N a solenidade dos pães ázi- mão de todo o povo, para que tires
mos, na solenidade das semanas, e na o mal do meio de ti.
solenidade dos tabernáculos. Não a-
parecerão diante do Senhor com as Tribunal supremo
mãos vazias, 17mas cada um oferecerá
segundo o que tiver, e segundo a bên- 8Se vires que é difícil e ambíguo,
ão que o Senhor seu Deus lhe tiver o teu juízo entre sangue e sangue,
ado. entre causa e causa, e entre lepra e
Instituição dos Juizes lepra; e vires que dentro das tuas
portas, são vários os pareceres dos
“ Estabelecerás juizes e magistra­ juizes, levanta-te, e vai ao lugar que
dos a tôdas as portas que o Senhor o Senhor teu Deus tiver escolhido, 9e
teu Deus te tiver dado em cada uma irás ter com os sacerdotes da linha­
das tuas tribos, para que julguem o gem de Levi, e com o juiz que nesse
povo com justo juízo, 19sem se incli­ tempo fôr, e consultá-los-ás e êles te
narem para uma das partes. Não fa­ indicarão a verdade do juízo. 10E
rás acepção de pessoas, nem recebe­ farás tudo o que te disserem os que
rás dádivas, porque as dádivas ce­ presidem no lugar que o Senhor tiver
gam os olhos dos sábios, e transtor­ escolhido, e tudo o que êles te ensi-.
nam as palavras dos justos. “ Segui­ narem “ segundo a sua lei; e segui-*
rás com justiça o que é justo, para rás o seu parecer, sem declinares nem
que vivas e possuas a terra que o para a direita nem para a esquerda.
Senhor teu Deus te tiver dado. “ Aquêle porém que, deixando-se le­
Proibição de símbolos idolátricos var pela soberba, não quiser obedecer
ao mandado do sacerdote, que nes­
21Não plantarás bosque, nem árvo­ se tempo fôr o ministro do Senhor
re alguma junto do altar do Senhor teu Deus, nem ao decreto do juiz, êsse
teu Deus. 22Não farás para ti, nem homem morrerá, e tirarás o mal do
levantarás nenhuma estátua, coisas meio de Israel; 13e todo o povo, ou­
que o Senhor teu Deus aborrece. vindo isto, temerá, para que daí em
Instruções aos juizes diante nenhum se inche de soberba.
Os reis e seus deveres
1 7 ^ ã o imolarás ao Senhor teu
* * Deus uma ovelha ou um boi, “ Quando tiveres entrado na terra,
que tenha qualquer mancha ou defei­ que o Senhor teu Deus te dará, e ti­
218 DEUTERoNOMIO 17 - 18
veres tomado posse dela, e nela habi­ o Senhor tiver escolhido, 7exercerá o
tares, e disseres: Eu constituirei um seu ministério em nome do Senhor
rei sobre mim, como o têm todas as seu Deus, como todos os Levitas seus
nações em roda, 15elegerás aquêle que irmãos, que nesse tempo assistirem
o Senhor teu Deus tiver escolhido do diante do Senhor. 8Receberá a mes­
número de teus irmãos. Não pode­ ma porção de alimentos que os ou­
rás fazer rei um homem doutra na­ tros, além daquilo que lhe é devido
ção, que não seja teu irmão. 16E na sua cidade por sucessão paterna.
quando êste tiver sido constituído, não
multiplicará os seus cavalos, nem re­ Superstições e m agia
conduzirá o povo ao Egito, confian­
do na sua numerosa cavalaria, prin- 9Quando tiveres entrado na terra
cipalmente tendo-vos o Senhor orde­ que o Senhor teu Deus te há de dar,
nado que não volteis mais pelo mes­ guarda-te de querer imitar as abomi-
mo caminho. 17Não terá muitas mu­ nações daquelas gentes. 10Não se a-
lheres, que lhe atraiam o coração, che entre vós quem purifique seu f i­
nem imensa quantidade de prata e ou­ lho ou sua filha, fazendo-os passar
ro. 18Depois que se tiver sentado no pelo fogo, nem quem consulte adivi­
trono do seu reino, escreverá para si nhos ou observe sonhos e agouros,
num livro o Deuteronômio desta lei, nem quem use malefícios, “ nem quem
recebendo o exemplar dos sacerdo­ seja encantador, nem quem consul­
tes, da tribo de Levi, 19e tê-lo-á con­ te os pitões ou adivinhos, ou inda­
sigo, e o lerá todos os dias da sua gue dos mortos a verdade. “ Porque
vida, para que aprenda a temer o Se­ o Senhor abomina tôdas estas coisas,
nhor seu Deus, e a guardar as suas e por tais maldades exterminará ês-
palavras e cerimônias, que estão tes povos a tua entrada. “ Serás per­
prescritas na lei. 20Não se eleve o feito e sem mancha com o Senhor
seu coração de soberba sobre seus teu Deus. 14Êstes povos, cujo país tu
irmãos, e não decline nem para a di­ possuirás, ouvem os agoureiros e os
reita nem para a esquerda, para as­ adivinhos; tu, porém, foste instruído
sim reinar muito tempo sôbre Is­ doutro modo pelo Senhor teu Deus.
rael, êle e os seus filhos.
Profetas falsos e verdadeiros
Renda dos sacerdotes e dos Levitas
lsO Senhor teu Deus te suscitará um
18 sacerdotes e os Levitas, e P r o f e t a , corno eu, da tua nação, e
10 todos os que são da mesma dentre teus irmãos; ouví-lo-ás, 16co-
tribo, não terão parte nem herança mo o pediste ao Senhor teu Deus em
com o resto de Israel, porque se ali­ Horeb, quando todo o povo estava
mentarão dos sacrifícios do Senhor e junto, e disseste: Eu não ouvirei mais
das ofertas que lhe forem feitas, 2è a voz do Senhor meu Deus, nem tor­
não receberão nenhuma coisa da pos­ narei a ver mais êste grandíssimo fo ­
sessão dos seus irmãos, porque o mes­ go, para que eu não morra. 17E o
mo Senhor é a sua herança, como êle Senhor disse-me: Êles falaram bem
lhes disse: 3Êste será o direito dos em tudo. 18Eu lhes suscitarei do meio
sacerdotes, sôbre o povo, e sôbre os de seus irmãos um profeta semelhan­
que oferecerem vítimas: Se sacrifica­ te a ti; e porei na sua bôca as minhas
rem um boi ou uma ovelha, darão ao palavras, e êle lhes dirá tudo o que
sacerdote a espádua e o peito, 4as pri- eu lhe mandar. 19Mas o que não qui­
mícias do pão, do vinho e do azeite, ser ouvir as palavras que êle disser
e uma parte das lãs da tosquia das em meu nome, eu me vingarei dêle.
ovelhas. 5Porque o Senhor teu Deus 20Mas o profeta que, corrompido pe­
escolheu-o dentre todas as tuas tri­ la arrogância, quiser dizer em meu
bos, para que assista e sirva ao no­ nome o que eu lhe não mandei di­
me do Senhor, êle e seus filhos para zer, ou falar em nome dos deuses es­
sempre. 6Se um Levita sair duma das tranhos, será morto. 21E se tu disse­
tuas cidades, de qualquer parte (do res no teu coração: Como posso eu
te rritó rio ) de Israel, onde êle habita, .conhecer a palavra que o Senhor não
e quiser por devoção ir ao lugar que disse? 22Terás êste sinal: Se o que
18 - 20 DEUTERON 0MIO 219
aquêle profeta predisse em nome do e tu não sejas réu de homicídio. “ Mas
Senhor, não sucedeu, o Senhor não se alguém, tendo ódio ao seu pró­
o disse, mas o profeta por presunção ximo, armar ciladas à sua vida, e le-
do seu ânimo o inventou; e por isso vantando-se o ferir e matar, e se re­
não o temerás. fugiar em uma das sobreditas cidades,
12os anciãos da sua cidade mandarão
Cidades de refúgio tirá-lo do lugar do refúgio, e o entre­
garão nas mãos do parente daquele,
1Q 7Quando o Senhor teu Deus ti- cujo sangue foi derramado, e morre­
1 ver exterminado os povos, rá. 13Não terás compaixão dêle, e ti­
cuja terra êle te há de dar, e quan­ rarás de Israel o reato do sangue i-
do a possuíres, e habitares nas suas nocente, para que te suceda bem.
cidades e casas, 2separarás para ti três
cidades no meio do país que o Senhor Limites
teu Deus te há de dar em possessão,
3aplainando com cuidado o caminho; e 14Não moverás, nem transporás
dividirás em três porções iguais todo os marcos do teu próximo, que teus
o distrito da tua terra, para que o predecessores fixaram na tua heran­
que está fugitivo por homicídio, te­ ça que o Senhor teu Deus te dará na
nha um lugar vizinho a que se aco­ terra que receberes em possessão.
lha. 4Esta será a lei do homicida fu­
gitivo, cuja vida se deve conservar: Leis sôbre as testemunhas
O que ferir o seu próximo sem que­ 15Não valerá contra alguém uma
rer, e não se prova que tivesse inimi­ só testemunha, qualquer que fôr o
zade com êle nem ontem nem ante­ delito ou o crime; mas tudo será ve­
ontem, 5mas que, indo com êle sim­ rificado sôbre o depoimento de duas
plesmente cortar lenha a uma mata, ou três testemunhas. 16Se se apre­
e ao tempo que cortava a lenha lhe sentar uma testemunha falsa contra
escapou o machado da mão, e saindo um homem, acusando-o de preva­
o ferro fora do cabo, feriu o seu a- ricação, 17ambos os contendores com­
migo, e o matou, êle se acolherá a parecerão diante do Senhor na pre­
uma das sobreditas cidades, e viverá; sença dos sacerdotes e juizes que fo ­
6para não suceder que algum parente rem naqueles dias. 18E quando ês-
daquele, cujo sangue foi derramado, tes, depois dum diligentíssimo exa­
estimulado da sua dor, o siga e o me, conhecerem que a testemunha
prenda, se o caminho fôr muito com­ falsa disse uma mentira contra o seu
prido e mate um homem, que não me­ irmão, 19far-lhe-ão o que êle tinha
rece a morte, visto não se provar que intenção de fazer ao seu irmão, e ti­
antes tivesse tido inimizade com o rarás o mal do meio de ti, “ para que
que foi morto. 7Portanto mando-te os outros, ouvindo isto, tenham mêdo,
que ponhas estas três cidades a i- e de nenhum modo se atrevam a fa ­
gual distância entre si. 8E quando zer tais coisas. 21Não terás compai­
o Senhor teu Deus tiver alargado os xão dêle, mas exigirás vida por v i­
teus limites, como jurou a teus pais, da, ôlho por ôlho, dente por dente,
e te tiver dado tôda a terra que lhes mão por mão, pé por pé.
prom eteu,9(se guardares os seus man­
damentos e fizeres o que eu hoje te Antes das batalhas
prescrevo, que ames o Senhor teu
Deus e andes sempre pelos seus ca­ 2(1 7Se saíres à guerra contra os
minhos) juntarás outras três cidades, teus inimigos e vires os (seus)
e duplicarás assim o seu número, cavalos e carroças, e o exército con­
10para que se não derrame o sangue trário mais numeroso que o que tu
inocente no meio da terra que o Se­ tens, não os temerás, porque o Se­
nhor teu Deus te dará em possessão, nhor teu Deus, que te tirou da terra
Cap. X IX — 10. o sangue inocente do homicida involuntário.
12. D a sua cidade, isto é, da cidade natal do assassino.
13. Tirarás de Israel o r e a to ... Com a morte do assassino, será expiado o delito
que êle cometeu.
220 DEUTERONOMIO 20 - 21
do Egito, é contigo. 2E, quando se 13E, quando o Senhor teu Deus ta hou­
aproximar a batalha, o pontífice es­ ver entregado nas mãos, passarás ao
tará diante do exército, e falará as­ fio da espada todos os varões que
sim ao povo: 30uve, ó Israel, vós es­ nela há, 14poupando as mulheres, e
tais hoje para combater contra os os meninos, e os animais, e tudo o
v o s s o s inimigos, não se atemorize o mais que houver na cidade. Distri­
vosso coração, não temais, não re­ buirás tôda a prêsa pelo exército, e
cueis nem lhes tenhais mêdo, 4porque comerás dos despojes dos teus inimi-
o Senhor vosso Deus está no meio de os, que o Senhor teu Deus te tiver
vós, e combaterá para vós contra os ado. 15Farás assim a tôdas as cida­
vossos inimigos, para vos livrar do des que estão muito longe de ti, e
perigo. 5Os oficiais também por ca­ não são do número daquelas que hás
da esquadrão, ouvindo todo o exér­ de receber em possessão.
cito, gritarão: Quem é o homem que 16Quanto àquelas cidades, porém,
tenha edificado uma casa nova, e que te hão de ser dadas, não permi­
a não tenha ainda estreado? Vá, e tirás que alguém fique vivo, 1Tmas
torne para sua casa; não suceda que Passá-los-ás todos ao fio da espada,
morra no combate, e outro a estreie. isto é, o Iíeteu e o Amorreu, e o Ca-
°Quem é o homem que tenha planta­ naneu, e ò Ferezeu, e o Heveu, e o
do uma vinha, e não tenha ainda fei­ Jebuseu, assim como o Senhor teu
to que ela seja comum, da qual seja Deus te mandou, 18para que não su­
lícito a todos comer? Vá, e torne pa­ ceda que vos ensinem a cometer todas
ra sua casa; não suceda que m orra na as abominaçôes, que êles mesmos pra­
batalha, e outro faça o que êle de­ ticaram para com os seus deuses, e
via fazer. 7Quem é o homem quer se venhais a pecar contra o Senhor vos­
tenha desposado com uma mulher e so Deus. 19Quando te detiveres mui­
a não tenha ainda recebido? Vá, e to tempo no assédio de uma cidade,
torne para sua casa; não suceda que e a tiveres cercado com máquinas pa­
m orra na batalha, e outro homem a ra a tomar, não cortarás as árvores
tome (p or espôsa). 8Ditas estas coi­ de cujo fruto se pode comer, nem
sas, acrescentarão o resto e dirão ao devastarás a golpes de machado o
ovo o seguinte: Quem é medroso e país circunvizinho, porque são árvo­
e coração tímido? Vá, e volte para res, e não homens, e não podem au­
sua casa, para que não faça ter mê­ mentar o número dos que combatem
do aos corações de seus irmãos, as­ contra ti. “ Mas, se houver algumas
sim como êle está cheio de mêdo. 9E, árvores não frutíferas, mas silvestres,
quando os oficiais do exército se ca­ e aptas para outros usos, corta-as, e
larem e acabarem de falar, cada um faze delas máquinas, até que tomes a
ordenará os seus esquadrões para a cidade que combate contra ti.
batalha.
Expiação de um homicídio cujo autor
Leis sôbre o modo de tomar as cidades é ignorado

10Quando te aproximares para com­ 21 ‘Quando na terra, que o Senhor


bater uma cidade, primeiramente lhe “ A teu Deus te há de dar, fôr
oferecerás a paz. nSe ela a aceitar, encontrado o cadáver dum homem
e te abrir as portas, todo o povo que (qu e foi) morto, e se ignorar (quem
houver nela, será salvo, e te ficará é ) o réu do homicídio, 2sairão os an­
sujeito, pagando o tributo. 12Mas, se ciãos e os teus juizes, e medirão o
não quiser aceitar as condições, e co­ espaço que vai desde onde está o
meçar a guerra contra ti, cercá-la-ás. cadáver até cada cidade do contôr-

Cap. X X — 6. Que êle seja comum. Os frutos, nos três primeiros anos (Lev. X IX , 23 e
se g .) eram considerados impuros, devendo por isso ficar abandonados nas plantas, o s frutos
do quarto ano pertenciam a Deus. Só ao quinto ano é que o proprietário tornava a vinha
comum, isto é, profana, começando a cíolhêr os frutos. N áo se sabe ao certo se a isen-
çáo do serviço m ilitar durava os cinco anos ou, o que é mais provável, somente o
quinto ano.
16. N ão perm itirá s... A s cidades cananéias devem ser destruídas com todos os seus
habitantes em castigo dos seus pecados, e para que náo levem os hebreus à idolatria.
21 - 22 DEUTERONÔMIO 221
no; 3e, tendo conhecido (qual é) a Direitos dos primogênitos
mais vizinha de tôdas, os anciãos des­
sa cidade tomarão da manada uma 15Se um homem tiver duas mulhe­
novilha, que não tenha ainda levado res, uma a quem ama, outra a quem
jugo, nem fendido a terra com o a- aborrece, e tiverem (ambas) tido fi­
rado, 4e conduzí-la-ão a um vale ás­ lhos dêle, e o filho da que êle abor­
pero e pedregoso, que nunca tenha rece fôr o primogênito, 16e êle qui­
sido lavrado nem semeado, e aí cor­ ser repartir os seus bens entre os seus
tarão o pescoço à novilha. 5E, se filhos, não poderá fazer (seu) primo­
aproximarão os sacerdotes filhos de gênito o filho daquela que êle ama,
Levi, que o Senhor teu Deus tiver es­ e preferí-lo ao filho da oue êle a-
colhido para serem seus ministros, borrece, 17*mas reconhecerá por pri­
e para abençoarem em seu nome, e mogênito o filho da que êle aborre­
por decisão dêles se julgue tôda a ce, e dar-lhe-á uma porção dupla de
causa, e o que é puro ou impuro. tudo o que tem; porque êste é o pri­
6E os anciãos daquela cidade irão meiro de seus filhos, e a êle perten­
junto do morto, e lavarão as suas ce o direito da primogenitura.
mãos sôbre a novilha que foi morta
no vale. 7E dirão: As nossas mãos Castigo dos filhos desobedientes
não derramaram êste sangue, nem os 18Se um homem tiver gerado um
nossos olhos viram. 8Sê propício ao filho contumaz e rebelde, que não a-
teu povo de Israel, que tu, ó Senhor, tende às ordens do pai ou da mãe,
remiste, e não lhe imputes o sangue e cástigado desdenha de obedecer,
inocente (derramado) no meio do teu 19pegarão nêle, e o conduzirão aos an­
povo de Israel. E assim será tirado ciãos daquela cidade, e à porta do
dêles o reato dêste sangue; 9e tu não juízo, “ e lhe dirão: Êste nosso f i­
ficarás responsável pelo sangue do lho é um rebelde e contumaz, des­
inocente, çjue foi derramado, quando preza ouvir as nossas admoestações,
tiveres feito o que o Senhor man­ passa a vida em comezainas, e em dis­
dou. soluções e banquetes. 21*0 povo da ci­
Casamento com prisioneiras de dade o apedrejará, e êle morrerá, pa­
guerra ra que tireis o mal do meio de vós, e
todo o Israel, ouvindo isto, tema.
10Se saíres a pelejar contra os teus
inimigos, e o Senhor teu Deus os en­ Cadáveres dos condenados à morte
tregar nas tuas mãos, e os levares 22Quando um homem tiver cometi­
cativos, ue vires entre o número dos do um crime que deve ser punido com
prisioneiros uma mulher formosa, e a morte, e, condenado à morte, fôr
te enamorares dela, e a quiseres ter pendurado no patíbulo, 23o seu cadá­
por esposa, conduzi-las-ás à tua ca­ ver não ficará no lenho, mas será se­
sa, e ela rapará os cabelos, e cortará pultado no mesmo dia, porque é mal­
as unhas, 0*13e deporá o vestido com que dito de Deus aquêle que está penden­
foi aprisionada, e ficando sentada em te do lenho; e tu de nenhuma sorte
tua casa chorará seu pai e sua mãe contaminarás a terra que o Senhor
durante um mês; e depois a toma­ teu Deus te der em possessão.
rás para ti, e dormirás com ela, e se­
rá tua mulher. 14*Se, porém, depois Caridade para com o próximo
ela não agradar ao teu coração, dei-
xá-la-ás livre, e não a poderás ven­ 9 9 *Se vires extraviados o boi ou
der por dinheiro, nem oprimir com U ít a ovelha do teu irmão, não
o teu poder visto que a humilhaste. passarás adiante, mas reconduzi-los-
Cap. X X I — 12. R a p a rá ... R apar os cabelos e cortar as unhas eram sinais de luto
e também de purificação..
13. Deporá o vestido, mostrando assim que quer abandonar o paganismo e a b raçar o
culto do verdadeiro Deus.
15. A quem aborrece, isto é, a quem consagra menos amor, abuso que se dava mui­
tas vêzes naqueles tempos em que a poligam ia era permitida.
Cap. X X I I — 1. D o teu irmão, isto é, doutro israelita.
222 DEUTERONOMIO 22
-ás a teu irmão, 2*ainda que êste ir­ Leis relativas
mão não seja teu parente, nem tu à santidade do matrimônio
o conheças; levá-los-ás para tua casa, 13Se um homem casar com uma mu­
e estarão junto de ti até que teu ir­ lher, e depois lhe ganhar aversão, 14e
mão os procure e os receba. sO mes­ procurar pretextos para a repudiar,
mo farás a respeito do jumento, e acusando-a de péssima reputação, e
do vestido, e de (outra) qualquer coi­ disser: Eu recebi esta mulher, e a-
sa de teu irmão, que se perdesse; se proximando-me dela, não a achei vir­
a encontrares, não a desprezes como gem, 15seu pai e sua mãe a tomarão,
coisa alheia. 4*S e vires o jumento ou e levarão consigo as provas da sua
o boi de teu irmão caídos no cami­ virgindade aos anciãos da cidade que
nho, não voltarás os olhos para o la ­ estão à porta, 10e o pai dirá: Eu dei
do, mas ajudá-lo-ás a levantá-los. minha filha por mulher a êste (h o­
Proibição de simular sexo diferente
m em ), e porque êle lhe tem aversão,
17levanta-lhe uma péssima reputação,
5A mulher não se vestirá de homem chegando a dizer: N ão achei virgem
nem o homem se vestirá de mulher; a tua filha; e contudo eis as provas
porque aquêle que tal faz é abomi­ da virgindade de minha filha. E es­
nável diante de Deus. tenderão a roupa diante dos anciãos
da cidade; 18e os anciãos daquela ci­
Compaixão dade pegarão naquele homem e fá -
-lo-ão açoitar, 19condenando-o, além
°Se, indo pelo caminho, encontra­ disso a cem siclos de prata, que êle
res sôbre uma árvore ou na terra um dará ao pai da donzela, porque espa­
ninho duma ave, e a mãe posta sôbre lhou uma péssima reputação contra
os filhinhos ou sôbre os ovos, não a uma virgem de Israel, e a terá por
apanharás com os filhos, 7mas a dei­ mulher, e não poderá repudiá-la du­
xarás ir, tomando (em seguida) os rante todo o tempo da sua vida.
filhos, para que sejas bem sucedido, ^Porém, se o que êle opõe é verda­
e vivas muito tempo. de, e a donzela não foi encontrada vir­
Construção dos tetos das casas gem, “lançá-la-ão fora das portas da
casa de seu pai e os homens daquela
8Quando edificares uma casa nova, cidade a apedrejarão e ela morrerá,
farás um parapeito à roda do teto, porque cometeu um crime detestá­
para que se não derrame sangue em vel em Israel, tendo caído em forni-
tua casa, e tu não sejas culpado se cação em casa de seu pai; e tu tirarás
alguém cair e se precipitar abaixo. o mal do meio de ti. 22Se um homem
dormir com a mulher de outro, mor­
Várias proibições rerão ambos, isto é, o adúltero, e a
adúltera; e tirarás o mal (do m eio)
9Não semearás na tua vinha outra de Israel .
semente, para que a semente que lan­ 23Se um homem se tiver desposado
çaste e o que nasce da vinha, não se­ com uma donzela virgem, e achando-a
jam igualmente santificados. 10Não la­ algum na cidade, a desflorar, “ condu­
vrarás com um boi e um asno junta- zirás um e outro à porta da cidade,
mente. nN ão te vestirás com vestido e serão apedrejados; a donzela, por­
que seja tecido de lã e de linho. que, estando na cidade, não gritou; o
F ranjas sagradas homem, porque humilhou a noiva do
seu próximo, e tu tirarás o mal do
12Porás nas orlas da capa com que meio de ti. 25Mas se um homem encon­
te cobrires uns cordõezinhos aos qua­ trar no campo uma donzela que está
tro cantos. desposada, e fazendo-lhe violência, a

2. O hebraico traduz dêste modo o versículo 2: Se o t e u i r m ã o n ã o é t e u v i z i n h o


(isto é, m ora longe de ti), e t u n ã o o c o n h e c e s , r e c o l h e - o s e m t u a c a s a , etc.
6-7. E sta lei tem por fim excitar os Israelitas a serem humanos e compassivos.
9. N ã o s e j a m i g u a l m e n t e s a n t i f i c a d o s , isto ê, confiscados em beneficio dos Levitas e
do culto. O fim desta lei era afa sta r os Israelitas da avareza e do demasiado apêgo ao
lucro.
22 - 23 DEUTERoNOMIO 223

desonrar, morrerá êle somente. ^A teus inimigos, abster-te-ás de tôda a


donzela não sofrerá nada, nem é ré coisa má. 10Se entre vós houver (a l­
de morte, porque, da mesma sorte que gum ) homem que esteja impuro, por
um ladrão se levanta contra seu ir­ causa dum sonho noturno, sairá para
mão, e lhe tira a vida, assim também fora do acampamento, ue não voltará,
sofreu a donzela. 27Ela estava só no antes de se ter lavado em água à tar­
campo; gritou, e não houve ninguém de; e depois do sol posto tornará a ir
que a livrasse. para o acampamento. 12Terás fora do
28Se um homem encontrar uma don­ acampamento um lugar onde vás sa­
zela virgem, que não tem esposo, e tisfazer as necessidades da natureza,
tomando-a à torça, a desonrar, e a “ levando no cinto um pauzinho; e,
causa fôr levada a juízo, 29o que a de­ tendo satisfeito a tua necessidade, ca­
sonrou dará ao pai da donzela cin- varás ao redor e cobrirás os excremen­
qüenta siclos de prata, e tê-la-á por tos com terra, “ depois de te teres le­
.mulher, porque a humilhou; não pode­ vantado; (porque o Senhor teu Deus
rá repudiá-la em todos os dias da sua anda no meio do campo, para te li­
vida. 30Nenhum homem desposará a vrar e para te entregar os teus ini­
mulher de seu pai, nem descobrirá ne­ migos) e o teu acampamento seja
la o que o pejo oculta. santo, e não apareça nêle nada im­
puro, para que êle te não abandone.
Pessoas excluídas do povo de Deus
Escravos
OQ eunuco a quem foram es-
’0
magados ou cortados os testí­ 15Não entregarás ao seu Senhor o es­
culos, ou tirado o membro viril, não cravo que se tiver refugiado junto
entrará na assembléia do Senhor. 20 de ti. “ Êle habitará contigo no lu­
bastardo, isto é, o que nasceu duma gar que lhe agradar, e descansará
mulher de má vida, não entrará na numa das tuas cidades; não o con-
assembléia do Senhor até à décima tristes.
geração. 3Os Amonitas e os Moabitas
não entrarão jamais na assembléia do A prostituição é condenada
Senhor, nem mesmo depois da déci­
ma geração; 4porque não quiseram 17Não haverá mulher prostituta en­
sair a receber-vos com pão e água tre as filhas de Israel, nem fornicador
no caminho, quando saístes do Egito, entre os filhos de Israel. 18Não ofere­
e porque conduziram contra ti Bala- cerás na casa do Senhor teu Deus o
ão, filho de Beor da Mesopotãmia da ganho da prostituição, nem o salário
Síria, para que te amaldiçoasse. 5Mas de um cão, qualquer que seja a coisa
o Senhor teu Deus não quis ouvir Ba- que tenhas prometido, porque uma e
laão, e trocou a sua maldição em outra coisa é abominável diante do
bênção, porque te amava. 6Não farás Senhor teu Deus.
azes com êles, nem lhes procures
ens alguns, durante todo o tempo da U sura
tua vida. 7Não abominarás o Idumeu,
porque é teu irmão, nem o Egípcio, 19Não emprestarás com usura a teu
porque tu fôste forasteiro na sua irmão nem dinheiro, nem grão, nem
terra. 8Os que nascerem dêles, en­ outra coisa qualquer; 20mas sòmente
trarão à terceira geração na assem­ ao estrangeiro. Ao teu irmão, porém,
bléia do Senhor. emprestarás aquilo de que êle pre­
cisar sem juro (a lgum ), para que
Limpeza nos acampamentos o Senhor teu Deus te abençoe em
tôdas as tuas obras na terra em que
9Quando saíres a combater contra os entrarás para a possuir.
Cap. X X III — 6. Não farás pazes. . . isto é, nôo faças aliança com êles, evitando dum
modo especial as uniões matrimoniais.
13. Levando no cinto um pauzinho, Porque não se devem levar as armas.
18. D e um cão, isto é, de um fornicador.
19-20. os hebreus só podiam emprestar com usura, isto é, com juro moderado, aos es­
trangeiros.
224 DEUTERONOMIO 23 - 24
Votos sem culpa em sua casa, a fim de pas-
sar alegre um ano com sua mulher.
“ Quando tiveres feito um voto ao
Senhor teu Deus, não demorarás em Fenhôres
o cumprir, porque o Senhor teu Deus
te pedirá conta dêle; e se te demora­ °Não receberás por penhor a mó
res, ser-te-á imputado o pecado. 22Se inferior e a superior, porque te deu
não quiseres prometer, não pecarás. por penhor a própria vida.
“ Mas o que saiu uma vez dos teus lá­ Rapto dum Israelita
bios, tu o observarás, e cumprirás co­
mo prometeste ao Senhor teu Deus e 7Se se encontrar um homem que
disseste por tua vontade e por tua bô- solicitou um seu irmão dos filhos de
ca. Israel, e que, tendo-o vendido, recebeu
o preço, será morto, e tu tirarás ( os-
Respeito pela propriedade alheia sim ) o mal do meio de ti.
“ Entrando na vinha do teu próximo, l<epra
come quantas uvas quiseres, mas não 8E vita diligentemente contrair a
as leves contigo para fora. “ Se entra­
res na seara de teu amigo, poderás praga da lepra, mas farás tudo o que
colher espigas, e machucá-las entre te ensinarem os sacerdotes da linha­
as mãos, mas não colherás com foice. gem de Levi, conforme o que eu lhes
prescrevi, e cumpre-o à risca. 9Lem -
Divórcio brai-vos do que o Senhor vosso Deus
fêz a Maria no caminho, quando saís­
24, JSe um homem tomar uma tes do Egito.
mulher, e a tiver consigo, e Devedor pobre
ela não fôr agradável diante dos
seus olhos por qualquer coisa torpe, 10Quando requereres de tea próximo
escreverá um libelo de repúdio, e lho alguma coisa que êle te deve, nâo en­
dará na mão, e a despedirá de sua trarás em sua casa para tomar (a l­
casa. 2E se ela depois de ter saído gum ) penhor, “ mas estarás fora, e
tom ar outro marido, 3e êste também êle te trará o que tiver. 12E se êle
a aborrecer, e lhe der libelo de repú­ é pobre, o penhor não pernoitará em
dio, e a despedir de sua casa, ou se tua casa, 13mas tornarás a dar-lho
êle veio a morrer, 4não poderá o pri­ antes de se pôr o sol, a fim de que
meiro marido tornar a tomá-la por êle dormindo na sua roupa, te aben-
mulher; porque ela está contaminada, oe, e tenhas por ti a justiça diante
e tornou-se abominável diante do Se­ o Senhor teu Deus.
nhor; não faças pecar a terra que o Salário do indigente
Senhor teu Deus te dará para possuir.
14Não negarás a paga do indigente
Homem casado hâ pouco e do pobre, quer êle seja teu irmão,
quer um estrangeiro, que mora conti­
5Quando um homem tiver tornado go na terra, e está dentro de tuas por­
uma mulher há pouco tempo, não irá tas, 15mas pagar-lhe-ás no mesmo
à guerra, nem se lhe imporá cargo al­ dia o preço do seu trabalho antes do
gum público, mas estará descansado sol pôsto, porque é pobre, e com isso
24-25. C o r n e q u a n to s u v a s q u is e re s . . . p o fie r á s c o lh ê r e s p ig a s . E sta tolerância, em que
eram condenados os abusos, está ainda atualmente em uso entre os Árabes.
Cap. X X I V — 1-4. N â o podendo Moisés abolir por completo o divórcio, por causa da
dureza do coração dos Israelitas, procurou limitá-lo, permitindo-o só em casos determinados
e observadas certas condições. — E s t á c o n t a m i n a d a . .. E m bora a muiner tenha recebi­
do o libelo de repúdio, todavia o segundo casamento com o segundo marido, sendo vivo
o primeiro, é apenas tolerado (M a t., X IX , 8 ), visto ser contrário à prim itiva instituição
de Deus (Gen., II, 2 4 ); e é por isso que Moisés o considera como um a contaminação e
abominaç&o.
6. P o r q u e t e d e u p o r p e n h o r a p r ó p r i a v i d a , isto é, aquilo com que preparava o in­
dispensável p ara viver. Tôdas as fam ílias tinham pequenos moinhos.
24 - 25 DEUTERONÔMIO 225
sustenta a sua vida; a fim de que êle O boi que trabalha
não clame contra ti ao Senhor, e (is­
to ) te seja imputado a pecado. 4Não atarás a boca ao boi que de­
bulha na eira as tuas messes.
Justiça nos julgamentos
Levirato
10Não se farão morrer os pais pe­
los filhos, nem os filhos pelos pais, 5Quando morarem irmãos junta­
mas cada um morrerá pelo seu peca­ mente, e um dêles morrer sem filhos,
do. 17Não perverterás a justiça (na a mulher do defunto não casará com
causa) do estrangeiro e do órfão, nem um estranho, mas o irmão do de­
tirarás por penhor o vestido da viúva. funto a receberá, e suscitará descen­
Restos da ceifa e da vindima
dência a seu irmão; °e ao filho pri­
mogênito que tiver dela porá o nome
18Lembra-te que foste escravo no do seu irmão, para que o nome dêste
Egito e que o Senhor teu Deus te ti­ não se extinga em Israel. 7Mas se
rou de lá. P or isso te mando que faças êle não quiser receber a mulher do
isto. 19Quando segares a messe no seu irmão a qual é devida segun­
teu campo, e deixares por esqueci­ do a lei, irá esta mulher à porta da
mento alguma gavela, não voltarás cidade e recorrerá aos anciãos, e lhes
para a levar, mas deixá-la-ás tomar dirá: O irmão do meu marido não
ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, a quer fazer reviver o nome de seu ir­
fim de que o Senhor teu Deus te a- mão em Israel, nem receber-me por
bençoe em tôdas as obras das tuas mulher. 8E êles o farão logo compa­
mãos. “ Se tiveres colhido o fruto das recer, e o interrogarão. Se responder:
oliveiras, não voltarás a colhêr o que Eu não a quero receber por mulher,
ficou nas árvores, mas deixá-lo-ás ao 9a mulher se aproximará dêle dian­
estrangeiro, ao órfão e à viúva. ^Se te dos anciãos, e lhe tirará o sapato
tiveres vindimado a tua vinha, não do pé, e lhe cuspirá na cara, e dirá:
irás colher os cachos que ficaram, Assim será feito ao homem que não
mas ficarão para o estrangeiro, para edifica a casa de seu irmão. 10E a
o órfão e para a viúva. 22Lembra-te sua casa será chamada em Israel a
que foste também escravo no Egito, casa do descalçado.
e por isso te mando que faças isto. R ixas e bons costumes
Humanidade nos castigos
"S e se levantar alguma pendência
OC JSe se mover pleito entre ai- entre dois homens, e um começar a
guns, e houver recurso para os renhir contra o outro, e a mulher de
juizes êstes darão a palma da justi­ um, querendo livrar seu marido da
ça ao que reconhecerem que é justo, mão do mais forte, estender a mão,
e condenarão de impiedade o (que re ­ e lhe pegar pelas partes vergonhosas,
conhecerem que é) ímpio. 2E se v i­ 12cortar-lhe-ás a mão, e não te mo­
rem que aquêle que pecou merece a- verás de compaixão alguma por ela.
çoites, fá-lo-ão deitar por terra, e o Justiça nas transações
farão açoitar na sua presença. O nú­
mero de golpes será segundo a medida 13Não terás no saco pesos diversos,
do pecado, 3contanto* todavia que não maior e menor; 14nem haverá em tua
ultrapassem o número de quarenta; casa um alqueire maior e outro mais
para que teu irmão se não retire feia­ pequeno. 15Terás um pêso justo e
mente lacerado de diante de teus verdadeiro, e o teu alqueire será i-
olhos. gual e verdadeiro, a fim de que vi-
Cap. X X V — 4. Não a ta rá s... Nêste preceito Deus quer inculcar o princípio de que
quem trabalha deve poder viver do seu trabalho.
9. Lhe tirará o sapato do pé, para o humilhar e declarar privado de todo o direito
sôbre a fam ília do seu irm ão; e lhe cuspirá na cara, p ara sua m aior vergonha. Com es­
tas humilhações a lei queria levar o irmão do defunto a casar-se com a viúva, sem
todavia o obrigar rigorosamente.
12. A severidade dêste castigo foi m otivada pela insolência dos costumes dos Israelitas,
& qual se queria pôr um freio.

8 - B íb lia Sagrada
226 DEUTERoNOMIO 25 - 27
vas muito tempo na terra que o Se­ adora o Senhor teu Deus. ME te
nhor teu Deus te der. 16Porque o banquetearás com todos os bens que
Senhor teu Deus abomina quem faz o Senhor teu Deus te tiver dado a ti
estas coisas, e detesta tôda a injus­ e à tua casa, tu e o Levita, e o es­
tiça. trangeiro que está contigo.
Destruição dos Arnalecitas Dízimo trienal
17Lembra-te do que te fêz Amalec “ Quando tiveres acabado o dízimo
no caminho, quando saíste do Egito, de todos os teus frutos, no terceiro a-
18de como êle te saiu ao encontro, e no dos dízimos o darás ao Levita, e ao
matou os últimos do teu exército, que estrangeiro, e ao órfão e à viúva, pa­
cansados ficavam atrás, quando tu es­ ra que comam dentro das tuas portas,
tavas consumido de fome e de fadiga, e se fartem ; 13e dirás na presença do
e êle não teve nenhum tem or de Deus. Senhor teu Deus: Eu tirei da mi­
“ Quando, pois, o Senhor teu Deus nha casa o que te é consagrado, e dei-
te tiver dado descanso, e tiver sujei­ o ao Levita e ao estrangeiro, e ao
tado todas as nações circunvizinhas órfão e à viúva, como tu me orde­
na terra que te prometeu, apagarás o naste, não transgredi os teus man­
seu nome de debaixo do céu. Olha, damentos, nem me esqueci do teu pre­
não o esqueças. ceito. 14Não comi dessas coisas no
meu luto, nem as separei para al­
Ofertas das prirnicias gum uso impuro, e nada empreguei
2 fí 'Quando tiveres entrado na ter- delas em funerais. Obedeci à voz
ra de que o Senhor teu Deus do Senhor meu Deus, e fiz tudo co­
está para te dar a posse, e fôres mo me ordenaste. 15Olha do teu san­
senhor dela, e habitares nela, doma­ tuário e da excelsa morada dos céus,
rás as primícias de todos os teus fru­ e abençoa o teu povo de Israel, e a
tos, e as porás num cêsto, e irás ao terra que nos deste, como juraste a
lugar que o Senhor teu Deus tiver nossos pais, terra que mana leite e
escolhido, para que ai seja invocado mel.
o seu nome; *e te apresentarás ao Conclusão
sacerdote, que fôr naqueles dias, e
lhe dirás: Confesso hoje diante do Se­ 10O Senhor teu Deus ordenou-te
nhor teu Deus, que eu entrei na ter­ hoje que observes êstes mandamen­
ra que êle jurou a nossos pais que tos e leis, e que os guardes e cum­
nos daria. 4E o sacerdote, tomando pras de todo o teu coração e de tô­
da tua mão o cêsto, o porá diante do da a tua alma. 17Tu escolheste hoje
altar do Senhor teu Deus; 5e dirás o Senhor, para ser o teu Deus, e pa­
na presença do Senhor teu Deus: O ra andares pelos seus caminhos, e
Siro perseguia meu pai, o qual desceu observares as suas cerimônias, e as
ao Egito, e lá esteve como forasteiro, suas ordenações e leis, e para obede­
tendo pouquíssimas pessoas consigo; ceres ao seu mando. 18E o Senhor
e tornou-se um povo grande e for­ escolheu-te hoje para que sejas um
te, e infinito em número. 6E os E- povo especial, como êle te declarou,
gípcios nos afligiram e nos perse­ e guardes todos os seus preceitos, 19e
guiram, impondo-nos cargas pesadís- êle te faça ilustre entre tôdas as na­
simas; Te clamamos ao Senhor Deus ções que criou, para louvor, e hon­
de nossos pais, o qual nos ouviu, e ra, e glória sua; a fim de que sejas
olhou para a nossa humilhação, e tra­ o povo santo do Senhor teu Deus,
balho, e angústia; 8e nos tirou do como êle disse.
Egito com mão forte e braço estendi­ Últimos discursos
do, com grande espanto, com sinais e Escrever a lei e erigir um altar
portentos; °e introduziu-nos neste lu­
gar, e deu-nos esta terra que mana 0 7 xOra Moisés e os anciãos de Is-
leite e mel. 10E por isso eu ofereço “ • rael deram ordens, dizendo ao
agora as primícias dos frutos da ter­ povo: Observai todos os mandamen­
ra que o Senhor me deu. E deixá- tos que eu vos prescrevo. 2E quan­
-las-ás diante do Senhor teu Deus, e do, passado o Jordão, tiverdes entra­
27 - 28 DEUTERONôMIO 227
do na terra que o Senhor teu Deus e sua mãe; e todo o povo dirá: As­
te há de dar, levantarás umas pedras sim seja.
grandes, e as revestirás de cal, 3pa- ^Maldito o que transpõe os mar­
ra que possas escrever sobre elas cos do seu proximo; e todo o povo
todas as palavras desta lei, depois dirá: Assim seja.
que tiveres passado o Jordão, para "M aldito o que faz um cego errar
entrares na terra que o Senhor teu no caminho; e todo o povo dirá: As­
Deus te dará, terra que mana leite e sim seja.
mel, como êle jurou a teus pais. "M aldito o que perverte a justiça
4Quando, pois, tiverdes passado o Jor­ do estrangeiro, do órfão e da viúva;
dão, levantai as pedras que eu hoje e todo o povo dirá: Assim seja.
vos ordeno, sôbre o monte Hebal, e "M aldito o que dorme com a mu­
as revestirás de cal; 5e edificarás aí lher de seu pal, e que levanta a co­
um altar ao Senhor teu Deus com berta do seu tálamo; e todo o povo
pedras, que o ferro não tenha tocado, dirá: Assim seja.
6com pedras informes e por polir; 21Maldito o que peca com qualquer
e oferecerás sôbre êle holocaustos ao animal; e todo o povo dirá: Assim
Senhor teu Deus, 7e imolarás hóstias seja.
pacíficas, e alí comerás, e te regala­ "M aldito o que dorme com sua ir­
rás diante do Senhor teu Deus. 8E mã, filha de seu pai, ou de sua mãe;
escreverás distinta e claramente sô­ e todo o povo dirá: Assim seja.
bre as pedras tôdas as palavras des­ "M aldito o que dorme com sua so-
ta lei. ra; e todo o povo dirá: Assim se-
Docilidade
1.
"M aldito o que fere o seu próxi­
°Moisés e os sacerdotes da linha­ mo à traição; e todo o povo dirá:
gem de L evi disseram a todo o Israel: Assim seja.
Está atento, e ouve, ó Israel: hoje "M aldito o que recebe dádivas pa­
tornaste-te o povo do Senhcr teu ra derramar o sangue dum inocente;
Deus; 10ouvirás a sua voz, e obser­ e todo o povo dirá: Assim seja.
varás os mandamentos e leis que eu "M aldito o que não conserva as
te prescrevo. palavras desta lei, e as não põe em
prática; e todo o povo dirá: Assim
Bênçãos e maldições sôbre seja.
os montes H ebal e Garizim Bênçãos prometidas
aos que observarem a lei
UE Moisés naquele (m esm o) dia
ordenou ao povo, dizendo: "Passa­ O fi *Ora se tu ouvires a voz do Se-
do o Jordão, estarão sôbre o monte nhor teu Deus, pondo em prá­
de Garizim para abençoar o povo, tica e observando todos os seus man­
êstes: Simeão, Levi, Juda, Issacar, Jo­ damentos, que eu hoje te prescrevo,
sé e Benjamim. o Senhor teu Deus te exaltará sô­
13E estarão da outra parte sôbre o bre tôdas as naçôes que há na ter­
monte Hebal para deitarem a mal­ ra. 2Tôdas estas bênçãos virão sô­
dição estoutros: Ruben, Gad, e A - bre ti, e te alcançarão, contanto que
ser, e Zabulão, Dan e Neftali. 14E ouças os seus preceitos. 3Tu serás
os Levitas pronunciarão, e dirão em bendito na cidade, e bendito no cam­
alta voz a todos os homens de Is­ po. 4Será bendito o fruto do teu ven­
rael: tre, e o fruto da tua terra, e o fruto
"M aldito o homem que faz ima­ dos teus animais, as manadas dos
gem de escultura ou fundida, coisa bois, e os rebanhos das ovelhas.
abominável para o Senhor, obra das 5Benditos os teus celeiros, e bendi­
mãos dos artífices, e a coloca num tas as tuas sobras. °Serás bendito ao
lugar escondido; e todo o povo res­ entrar e ao sair. 70 Senhor fará cair
ponderá, e dirá: Assim seja. na tua presença os teus inimigos, que
"M aldito o que não honra seu pai se levantam contra ti; êles virão con-
Cap. X X V I I I — 6. A o e n tra r e ao s a ir, isto é, no principio e no fim de tudo que em­
preenderei;
228 DEUTERoNÔMIO 28
tra ti por um só caminho, e por sete te. 210 Senhor te pegue a peste, até
fugirão da tua presença. 80 Senhor que ela te consuma da terra em que
derramará a (sua) bênção sôbre os entrarás para a possuir. 22*0 Senhor
teus celeiros, e sobre tôdas as obras te fira com a pobreza, com febre e
das tuas mãos, e te abençoará na ter­ com frio, com calor e secura, e com
ra que receberes. 0O Senhor te fa ­ ar corrompido e com ferrugem, e te
rá subsistir para êle como um povo persiga até que pereças.
santo, como êle te jurou, se observa­ ^O céu, que está por cirna de ti,
res os mandamentos do Senhor teu seja de bronze, e a terra, que pisas,
Deus, e andares nos seus caminhos. seja de ferro. 24Em lugar de chuva
10E todos os povos da terra verão que mande o Senhor sobre a tua terra
é invocado sôbre ti o nome do Se­ areia, e do céu caia cinza sobre ti até
nhor, e temer-te-ão. que sejas destruído. ^O Senhor te
“ O Senhor te fará cumular de to­ faça cair diante de teus inimigos; por
dos os bens, do fruto do teu ventre, um caminho saias contra êles, e por
e do fruto dos teus gados, do fruto sete fujas, e sejas disperso por todos
da tua terra, que o Senhor jurou a os reinos da terra. 26Sirva o teu ca­
teus pais que te havia de dar. 120 dáver de pasto a tôdas as aves do
Senhor abrirá o seu ótimo tesouro, o céu e às feras da terra, e não haja
céu, para dar a seu tempo a chuva quem as afugente. 270 Senhor te cas­
à tua terra; e abençoará tôdas as o- tigue com a úlcera do Egito, e (fira )
bras das tuas mãos. E tu empresta­ de sarna e de comichão aquela par­
rás a muitas gentes, e de nenhum te do teu corpo por onde se lançam
receberás emprestado. 130 Senhor te os excrementos, de sorte que não pos­
colocará à frente, e não na cauda; sas curar-te.
e estarás sempre de cima, e não de­ “ O Senhor te fira de loucura e de
baixo, contanto que ouças os manda­ cegueira e de frenesi, ^de sorte que
mentos do Senhor teu Deus, que ho­ andes às apalpadelas ao meio-dia co­
je te prescrevo, e os observes e po­ mo um cego costuma andar às apal­
nhas em prática, 14e não te desvies padelas nas trevas, e não acertes nos
dêles nem para a direita nem para teus caminhos. E em todo o tempo
a esquerda, nem sigas os deuses es­ sejas vítima da calúnia, e oprimido
tranhos, nem os adores. pela violência, e não tenhas quem te
Maldições contra os delinqiientes
livre. 30Recebas uma mulher, e ou­
tro durma com ela. Edifiques uma
15Porém, se tu não quiseres ouvir casa, e não a habites. Plantes uma
a voz do Senhor teu Deus, para ob­ vinha, e outro a vindime. 810 teu
servar e pôr em prática todos os seus boi seja imolado diante de ti, e não
mandamentos e cerimônias, que eu comas dêle. O teu jumento te seja
hoje te prescrevo, virão sobre ti to­ arrebatado na tua presença, e não te
das estas maldições, e te alcançarão. seja restituído. As tuas ovelhas se­
16Serás maldito na cidade, maldito no jam dadas aos teus inimigos, e não
campo. 17Maldito o teu celeiro, e mal­ haja quem te socorra.
ditas as tuas obras. 18Maldito o fru­ 32Os teus filhos e as tuas filhas se­
to do teu ventre, e o fruto da tua jam entregues a outro povo, e vejam-
terra, as manadas dos teus bois, e os no os teus olhos, e desfaleçam de os
rebanhos das tuas ovelhas. 19Serás ver todo o dia, e não haja fôrça na
maldito ao entrar, e maldito ao sair. tua mão. 33Os frutos da tua terra, e
“ O Senhor mandará sôbre ti a fo ­ todos os teus trabalhos coma-os um
me e a carestia, e a maldição sôbre povo que tu não conheces, e sejas
tôdas as obras que fizeres até te des­ sempre vítima da calúnia e oprimi­
truir e exterminar dentro de pouco do todos os dias, 34e fiques fora de ti
tempo, por causa dos teus péssimos por causa do terror daquilo que os
desígnios, pelos quais me abandonas­ teus olhos hão de ver. 350 Senhor
22. Com ferrugem. A ferrugem é um a doença das plantas.
27. Aquela parte do teu corpo. .. H â aqui um a referência às doenças de pele vu lga­
res no Oriente.
28 DEUTERONÔMIO 229

te fira com a chaga maligna nos joe­ tos da tua terra, até que pereças, e
lhos e nas pernas, e não possas ser não te deixará nem trigo, nem vinho,
curado, desde a planta do pé até ao nem azeite, nem manadas de bois,
alto da cabeça. nem rebanhos de ovelhas, até que te
30O Senhor te levará a ti e ao teu disperse, 52e te aniquile em tôdas as
rei, que tiveres estabelecido sôbre ti, tuas cidades, e sejam derribados, em
a uma nação que nem tu nem teus tôda a tua terra, os teus muros só­
pais conhecem; e lã servirás a deuses lidos e altos, em que punhas a tua
estranhos, ao pau e à pedra. 37E es­ confiança. Serás sitiado dentro das
tarás perdido, tornando-te o ludibrio tuas portas em tôda a tua terra, que
e a fábula de todos os povos, onde o o Senhor teu Deus te dará; 53e come­
Senhor te houver levado. “ Lançarás rás o fruto do teu ventre, e as car­
muita semente à terra e recolherás nes dos teus filhos e de tuas filhas,
muito pouco, porque os gafanhotos que o Senhor teu Deus te tiver da­
devorarão tudo. “ Plantarás a vinha, do, na angústia e desolação com que
e a cavarás, e não beberás o vinho, te oprimirá o teu inimigo.
nem dela colherás coisa alguma, 540 homem mais delicado dos teus,
porque será destruída pelos vermes. e o mais voluptuoso, terá inveja ao
40Terás oliveiras em tôdas as tuas ter­ próprio irmão e à (sua) mulher, que
ras, e não te ungirás com azeite, por­ repousa sôbre o seu seio, 55e não lhes
que (as oliveiras) cairão, e se perde­ dará das carnes de seus filhos, que
rão. 41Gerarás filhos e filhas, e não êle comerá, por não ter outra coisa
te gozarás dêles, porque serão leva­ no cêrco e na penúria, com que te a-
dos para a escravidão. 42Tôdas as fligirão os teus inimigos dentro de
tuas árvores e os frutos da tua terra tôdas as tuas portas.
consumí-los-á a ferrugem. 430 estran­ 56A mulher tenra e delicada, que
geiro, que vive contigo no país, le- não podia andar sôbre a terra, nem
vantar-se-á contra ti, e será mais fo r­ pousar nela a planta do pé, por causa
te; e tu descerás, e serás inferior. da sua excessiva brandura e delicade­
44Êle te emprestará, e tu não lhe em­ za, recusará ao seu marido, que re­
prestarás. Êle estará na cabeceira, pousa sôbre o seu seio, as carnes de
tu estarás na cauda. seu filho e de sua filha, 57e as secun-
45E tôdas estas maldições virão sô­ dinas, que sairão do seu ventre, e os
bre ti, e perseguindo-te, te alcança­ filhos que no mesmo momento lhe
rão, até que sejas destruído; porque nascerem; porque os comerão oculta­
não ouviste a voz do Senhor teu Deus, mente pela falta de todas as coisas,
nem observaste os seus mandamentos no cêrco e na devastação, com que te
nem as cerimônias que êle te prescre­ oprimirá o teu inimigo dentro das
veu. 46E haverá perpètuamente em tuas portas.
ti e na tua posteridade sinais e pro­ 58Se não guardares e não puseres
dígios; "porque não serviste ao Se­ em prática todas as palavras desta
nhor teu Deus com gôsto e alegria lei, que estão escritas neste volume,
de coração, por causa da abundân­ e não temeres o seu nome glorioso e
cia de tôdas as coisas. terrível, isto é, o Senhor teu Deus,
“ Servirás o teu inimigo, que o Se­ 50o Senhor aumentará as tuas pragas
nhor enviará contra ti, com fome e e as pragas da tua descendência, pra­
com sêde, com nudez e com falta de gas grandes e permanentes, doenças
tudo; e êle porá sôbre o teu pesco­ horríveis e incuráveis. “ E voltará
ço um jugo de ferro, até que te des­ contra ti todas as aflições do Egito,
trua. 40O Senhor fará vir sôbre ti de que temeste, e elas se agarrarão a ti.
longe, e das extremidades da terra, 61Além disso, o Senhor enviará so­
uma nação, à semelhança da águia bre ti, até te destruir, tôdas as en­
que voa impetuosamente, cuja lín­ fermidades e pragas, que não estão
gua tu não poderás compreender, escritas no livro desta lei; 62e fica­
“ nação em extremo arrogante, que reis em pequeno número, vós que an­
não terá respeito pelo velho, nem se tes, pela multidão, éreis como as es­
compadecerá do menino. 51E devo­ tréias do céu, porque não ouviste a
rará o fruto dos teus gados, e os fru­ voz do Senhor teu Deus.
230 DEUTERONÔMIO 28 - 29
®E, assim como antes o Senhor se possam ouvir. 5Êle vos conduziu
comprazia em vós, fazendo-vos bem, quarenta anos pelo deserto; os vossos
e multiplicando-vos, assim se com- vestidos não se romperam, nem os
prazerá, perdendo-vos e destruindo- sapatos dos vossos pés se gastaram
vos, para serdes exterminados da­ com a velhice. 6Não comestes pão,
quela terra, em cuja posse estás pa­ nem bebestes vinho ou outro licor
ra entrar. "O Senhor te dispersará fermentado, para que soubésseis que
entre todos os povos, desde uma ex­ eu sou o Senhor vosso Deus. 7E che­
tremidade da terra até à outra; e lá gastes a êste lugar; e Seon, rei de
servirás a deuses estranhos, que tu Hesebon, e Og, rei de Basan, mar­
e teus pais ignoram, a paus e a charam contra nós para nos comba­
pedras. 65Também não terás repou­ ter. E nós os derrotamos, 8e toma­
so entre êstes povos, nem a planta mos o seu país, e o demos em posses­
do teu pé terá descanso, porque o são a Ruben e a Gad e à meia tri­
Senhor te dará ali um coração me­ bo de Manassés.
droso, e uns olhos lânguidos, e uma
alma consumida de tristeza. “ E a Israel deve guardar a aliança
tua vida estará como suspensa dian­
te de ti. Temerás de noite e de dia, °Observai, pois, as palavras desta
e não acreditarás na tua vida. aliança, e cumpri-as, a fim de que
‘"Pela manhã dirás: Quem me dera compreendais tudo o que fazeis. 10Vós
a tarde? e à tarde: Quem me dera estais hoje todos diante do Senhor
a manhã? por causa do temor do teu vosso Deus, os vossos principes, as
coração, com que serás aterrado, e vossas tribos, e os anciãos, e os dou­
por causa daquelas coisas que verás tores, e todo o povo de Israel, Uos
v o s s o s filhos e as vossas mulheres, e
com os teus olhos. “ O Senhor te re­
conduzirá em navios ao Egito, pelo o estrangeiro que mora contigo no a-
caminho do qual êle te tinha dito campamento, exceto os que cortam
que não o verieis mais. L á sereis lenha, e os que acarretam água; xi(tu
vendidos aos vossos inimigos como es­ 6 Israel, estás diante do Senhor) pa­
cravos e escravas, e não haverá quem ra entrar na aliança do Senhor teu
vos compre. Deus, e no juramento que o Senhor
teu Deus faz hoje contigo, 1#a fim de
Benefícios de Deus te escolher como seu povo, e êle pró­
desde a saída do Egito até a prio ser o teu Deus, como te disse, e
conquista dos reinos de Seon e de Og como jurou a teus pais, Abraão, I-
saac, e Jacó. 14E não só convosco fa­
OQ 7Estas são as palavras da alian- ço esta aliança, e confirmo êstes ju­
ça que o Senhor mandou a ramentos, 15mas também com todos
Moisés que fizesse com os filhos de os presentes e ausentes.
Israel na terra de Moab, além da a-
liança que fêz com êles em Horeb. Ameaças contra os que violarem a
2E Moisés convocou todo o Israel, e aliança
disse-lhes: Vós vistes tudo o que o
Senhor fêz diante de vós na terra 16Vós sabeis de que modo habita­
do Egito, a Faraó, e a todos os seus mos na terra do Egito, e como pas­
servos, e a todo o seu reino, 3as gran­ samos pelo meio das nações, e ao pas­
des provas que teus olhos viram, a- sá-las 17vistes as suas abominações e
quêles sinais e grandes prodígios, 4e torpezas, isto é, os seus ídolos, o pau
até o dia presente o Senhor não vos e a pedra, a prata e o ouro, que elas
deu um coração que entenda, nem adoravam.
olhos que vejam, nem ouvidos que 18Não haja entre vós homem ou
Cap. X X IX — 5. Os vossos vestidos. . . Deus operou êstes milagres no deserto em f a ­
vor dos Israelitas.
6. N ã o comestes p ã o .. . E m bora os Israelitas tivessem usado algum as vêzes o p&o
e o vinho, todavia Moisés quer-lhes lem brar que a sua comida ordinária foi o maná, e
a sua bebida ordinária foi a água, que Deus miraculosamente lhes proporcionou.
9. A fim de que com preendais... o hebreu diz: A fim de que sejais , bem sucedidos
em tudo o que fizerdes.
29 - 30 DEUTERONOMIO 231
mulher, fam ília ou tribo, cujo cora­ festas são para nós e para os nossos
ção esteja hoje apartado do Senhor filhos perpètuamente, para que po­
nosso Deus, de modo que vã servir os nhamos em prática tôdas as palavras
deuses daquelas nações, e seja en­ desta lei.
tre vós uma raiz que produza fe l e
amargura, 10e que, quando ouvir as Deus reconduzirá ao seu pais
palavras dêste juramento, se lisonjeie Israel arrependido
no seu coração, dizendo: Eu terei
paz, e andarei na depravação do meu OA guando, pois, vierem sôbre ti
coração; e a (ra iz) embriagada ab­ tôdas estas coisas, a bênção
sorva a sequiosa, “ e o Senhor lhe ou a maldição, que eu pus diante de
não perdoe, mas se inflame então ti, e tu, tocado de arrependimento
mais o seu furor e zêlo contra aquê- no teu coração no meio de tôdas as
le homem, e se ponham sobre êle nações, entre as quais o Senhor teu
tôdas as maldições, que estão escri­ Deus te tiver espalhado, 2voltares pa­
tas neste livro, e o Senhor apague o ra êle, e obedeceres aos seus man­
seu nome de debaixo do céu, 21e exter­ damentos, tu e os teus filhos, com to­
mine para sempre de tôdas as tribos do o teu coração, e com tôda a tua
de Israel, conforme as maldições que alma, como eu hoje te ordeno, 3o Se­
estão contidas no livro da lei e da nhor teu Deus te fará voltar do teu
aliança. cativeiro, e se compadecerá de ti, e
22E dirá a geração vindoura, e os te reunirá de novo do meio de to­
filhos que nascerem depois de vós, e dos os povos, no meio dos quais te ti­
os estrangeiros que vierem de longe, nha espalhado. 4Ainda que tivesses
ao ver as pragas desta terra e as sido lançado para as extremidades do
doenças, com que o Senhor a tiver a- céu, daí te ürará o Senhor teu Deus,
fligido, 23abrasando-a com enxôfre e 5e te tomará, e te introduzirá na ter­
ardor de sal, de modo que se não se­ ra que teus pais possuiram, e tu &
meie jamais, nem se crle nela verdu­ alcançarás; e, abençoando-te, fará
ra, à semelhança da destruição de ue sejas em m aior número do que
Sodoma e Gomorra, de Adama e Se- ? oram teus paia
boim, que o Senhor destruiu na sua 0O Senhor teu Deus circundará o
ira e furor; Me dirão tôdas as nações: teu coração, e o coração da tua des­
Por que é que o Senhor fêz assim a cendência, para que ames o Senhor
esta terra? Que ira imensa é esta teu Deus de todo o teu coração e de
do seu furor? tôda a tua alma, a fim de que pos­
“ E lhes será respondido: Porque a- sas viver. 7E êle fará cair todas es­
bandonaram o pacto que o Senhor ti­ tas maldições sôbre os teus inimigos,
nha feito com os seus pais, quando e sôbre os que te aborrecem e te per­
os tirou da terra do Egito; xe servi­ seguem. ‘‘Tu, porém, voltarás, e ou­
ram a deuses estranhos, e adoraram virás a voz do Senhor teu Deus, e ob­
deuses que não conheciam e aos quais servarás todos os mandamentos, que
não estavam obrigados a submeter- eu hoje te prescrevo; °e o Senhor teu
se; 27por isso o furor do Senhor se Deus te encherá de bens em tôdas
acendeu contra esta terra, para fazer as obras das tuas mãos, no fruto do
vir sobre ela tôdas as maldições que teu ventre, e no fruto dos teus gados,
estão escritas neste livro; “ e os ex­ na fecundidade da tua terra, e na a-
pulsou da sua terra com ira e furor, bundãncia de tôdas as coisas. Porque
e com a maior indignação, e os ati- o Senhor tornará a comprazer-se em
rou para uma terra estrangeira, co­ ti, curnulando-te de todos os bens, co­
mo hoje se vê. *>As coisas ocultas rno êle se comprazeu em teus pais,
são do Senhor nosso Deus, as mani­1 9 10contanto todavia que tu ouças a voz
19. E a (r a iz ) e m b r i a g a d a a b s o r v a a s e q u i o s a . Ê um a frase de difícil interpretação, que
parece significar: E o p e c a d o r p e r v e r t a o i n o c e n t e .
Cap. X X X — 1. A profecia que se encerra neste capitulo sòmente será plenamente cum­
prida no fim dos tempos, quando os Israelitas se converterem a Jesus Cristo e entrarem na
Ig re ja Católica.
6. C i r c u n c i d a r d o t e u c o r a ç ã o , isto ê, p u rificã-lo-á de tôda a imperfeição.
232 DEUTERONoMIO 30 - 31
do Senhor teu Deus, e observes os te tendo-me dito o Senhor: Tu não
seus preceitos e cerimônias, que estão passarás êste Jordão. 30 Senhor teu
escritas nesta lei, e te voltes para o Deus passará, pois, diante de ti; êle
Senhor teu Deus de todo o teu cora­ mesmo exterminará diante de ti tô-
ção, e de toda a tua alma. das estas nações, e tu as possuirás,
Facilidade em observar a lei
e êste Josué passará adiante de ti,
como o Senhor disse. 4E o Senhor
11Êste mandamento, que eu hoje te fará a êstes povos, como fêz a Seon
intimo, não está sobre ti, nem lon­ e a Og, reis dos Amorreus, e ao seu
ge de ti, “ nem está pôsto no céu, de país, e os exterminará. 5Quando êle,
sorte que possas dizer: Qual de nós pois, tiver também entregado êstes,
pode subir ao céu, para que no-lo tra­ vós lhes fareis como vos ordenei.
ga, e o ouçamos e o ponhamos por °Procedei varonilmente, e tende co­
obra? 13Nem está da banda de além ragem; não temais nem vos atemori­
do mar, para que te desculpes, e di­ zeis à vista dêles, porque o Senhor
gas: Qual de nós poderá passar o teu Deus é êle mesmo o teu guia, e
mar, e trazer-no-lo, para que possa­ não te deixará, nem te desamparará.
mos ouvi-lo, e cumprir o que nos é 7E Moisés chamou Josué, e disse-
mandado? 14Mas êste mandamento lhe diante de todo o Israel: Tem â-
está perto de ti, está na tua bôca nimo, e sê forte, porque tu hás de
e no teu coração, para o cumprires. introduzir êste povo na terra que o
Fm face da vida e da morte Senhor jurou a seus pais que lhes
havia de dar, e tu a repartirás por
15Considera que eu hoje te pus dian­ sorte. 8E o Senhor, que é o vosso
te de ti a vida e o bem, e doutra guia, êle mesmo será contigo; não
parte, a morte e o mal, 16para que a- te deixará, nem te desamparará; não
mes o Senhor teu Deus, e andes nos temas, nem te assustes.
seus caminhos, e guardes os seus man­
damentos e cerimônias e ordenações, Moisés entrega a lei aos Fevitas
e para que vivas, e êle te multipli­ 9Escreveu, pois, Moisés esta lei, e a
que e te abençoe na terra em que en­ entregou aos sacerdotes filhos de Le-
trarás para a possuir. 17Se, porém, vi, que levavam a arca da aliança
0 teu coração se afastar, e não quise­ do Senhor, e a todos os anciãos de
res obedecer, e seduzido pelo êrro a- Israel. 10E ordenou-lhes, dizendo:
dorares os deuses estranhos, e os ser­ Todos os sete anos, no ano da remis­
vires, 18eu te profetizo nêste dia que são, na solenidade dos tabernáculos,
perecerás, e que pouco tempo mora­ "quando todos os filhos de Israel se
rás na terra que, passado o Jordão, juntarem para aparecer diante do Se­
entrarás a possuir. 19Eu chamo ho­ nhor teu Deus, no lugar que o Se­
je por testemunhas o céu e a terra, nhor tiver escolhido, lerás as pala­
em como vos propus a vida e a mor­ vras desta lei diante de todo o Israel,
te, a bênção e a maldição. Escolhe, o qual ouvirá, "estando congregado
pois, a vida, para que vivas tu e a todo o povo num mesmo lugar, tan­
tua posteridade, ^e ames o Senhor to homens, como mulheres, meninos,
teu Deus, e obedeças à sua voz, e e estrangeiros, que estão dentro das
permaneças unido a êle (porque é a tuas portas, para que, ouvindo, a-
tua vida e a origem dos teus lon­ prendam, e tèmam o Senhor vosso
gos dias), a fim de que habites na Deus, e guardem e cumpram tôdas as
terra que o Senhor jurou a teus pais palavras desta lei; 13e para que tam­
Abraão, ísaac e Jaco, que lhes havia bém seus filhos, que agora (as.) ig­
de dar. noram, (as) possam ouvir, e temam
Despedidas de Moisés
o Senhor seu Deus durante todos os
Josué sucessor de Moisés
dias que viverem na terra, da qual,
passado o Jordão, ides tomar posse.
01 ^ o i Moisés, pois, e declarou tô-
Deus sanciona a autoridade de Josué,
das estas palavras a todo o
e manda Moisés escrever um cântico
Israel, 2e disse-lhes: Eu estou hoje
com a idade de cento e vinte anos, 14E o Senhor disse a Moisés: Eis
já não posso ir e vir, principalmen­ que se avizinham os dias da tua mor-
31 - 32 DEUTERONôMIO 233
te; chama Josué, e apresentai-vos no O livro da lei deve ser posto na arca
tabernáculo do testemunho, para eu
lhe dar as minhas ordens. Foram, 24Quando, pois, Moisés acabou de
pois, Moisés e Josué, e apresentaram- escrever num livro as palavras desta
se no tabernáculo do testemunho, 15e lei, 25ordenou aos Levitas, que leva­
o Senhor apareceu ali na coluna de vam a arca da aliança do Senhor, di­
nuvem, a qual parou à entrada do zendo: 26Tomai êste livro, e ponde-o
tabernáculo. 16E o Senhor disse a ao lado da arca da aliança do Se­
Moisés: Eis que vais dormir com teus nhor vosso Deus, para aí servir de
pais, e êste povo levantando-se se testemunho contra ti. 27Porque eu
prostituirá a deuses estranhos na ter­ conheço a tua obstinação e a gran­
ra, em que entra para habitar nela; de dureza da tua cerviz. Ainda v i­
ali me abandonará, e violará o pacto vendo eu, e andando convosco, vos
que fiz com êle. 17E o meu furor se portastes sempre obstinados contra o
acenderá naquele dia contra êle; e Senhor; quanto mais depois que eu
eu o abandonarei, e esconderei dêle m orrer?
a minha face, e êle será devorado; Introdução ao cântico de Moisés
sôbre êle cairão todos os males e a-
flições, de tal modo que dirá naque­ 28Reuni junto de mim todos os an­
le dia: Verdadeiramente porque Deus ciãos de cada uma das vossas tribos,
não está comigo, me vieram êstes e os doutores, e eu pronunciarei dian­
males. 18E eu esconderei e oculta­ te dêles estas palavras, e invocarei
rei a minha face naquele dia, por contra êles o céu e a terra, 29porque
causa de todos os males que êle fêz, sei que depois da minha morte pro­
por ter seguido deuses estranhos. cedereis iniquamente, e que depres­
19Agora, pois, escrevei para vós êste sa vos afastareis do caminho que eu
cântico, e ensinai-o aos filhos de Is­ vos prescrevi; e vos sobrevirão ca­
rael, para que êles o saibam de cór, lamidades nos últimos tempos, quan­
e o cantem, e êste cântico me sirva do fizerdes o mal diante do Senhor,
de testemunho entre os filhos de Is­ irritando-o com as obras das vossas
rael. “ Porque eu o introduzirei na mãos. “ Moisés, pois, pronunciou e
terra que prometí com juramento a recitou até ao fim as palavras dêste
seus pais, terra que mana leite e cântico, ouvindo-o todo o ajunta­
mel. E, depois que tiverem comido, mento de Israel.
e se tiverem fartado e engordado,
voltar-se-ão para deuses estranhos e Exórdio
os servirão; e falarão contra mim, e OO 2Ouvi, o céus, o que vou dizer,
violarão o meu pacto. 21E, depois ouça a terra as palavras da
que tiverem caído sôbre êle muitos minha boca.
males e aflições, deporá contra êle 2Cresça como chuva a minha dou­
como testemunha êste cântico, o qual trina, espalhe-se como orvalho a mi­
não será tirado por nenhum esque­ nha palavra, como aguaceiros sôbre a
cimento da bôca da sua posteridade. erva, e como gotas de água sôbre a
Porque eu conheço os seus pensamen­ verdura. 3Porque eu invocarei o no­
tos, e o que êle há de fazer hoje, me do Senhor; dai glória ao nosso
antes que eu o introduza na terra Deus.
que lhe prometí. 22Moisés, pois, es­
creveu o cântico, e ensinou-o aos f i ­ Fidelidade de Deus e ingratidão de
lhos de Israel. 23E o Senhor ordenou Israel
a Josué, filho de Nun, e disse-lhe:
Tem coragem e sê forte, porque tu 4As obras de Deus são perfeitas, e
introduzirás os filhos de Israel na todos os seus caminhos são justos.
terra que eu lhes prometí, e eu serei Deus é fiel, e sem nenhuma iniqüi-
contigo. dade; êle é justo e reto.
Cap. X X X I — 28. Invocarei contra êles, isto é, tomarei como testemunhas diante dêles.
Cap. X X X II. 1. O cântico de Moisés ê um a das páginas mais belas da S agrada E s -
critura. Mesmo sob o ponto de vista literário não se encontra composição comparável
em qualquer literatura humana.
234 DEUTERONOMIO 32
“Pecaram contra êle os não seus e grosso, abandonou a Deus seu Cria­
filhos com suas imundicies: geração dor, e afastou-se de Deus sua salvação.
depravada e perversa. 5 67*Ê êste o a- 16Provocaram-no com deuses estra­
gradecimento que dás ao Senhor, po­ nhos, e excitaram-no à ira com as
vo louco e insensato? N ão é êle teu suas abominaçôes. 17Sacrificaram aos
Pai, que te possuiu, que te fêz e te demônios e não a Deus, a deuses que
criou? desconheciam; vieram deuses novos e
7Lembra-te dos dias antigos, con­ recentes, que seus pais não tinham
sidera cada uma das gerações; inter­ adorado. 18Abandonaste o Deus que
roga teu pai, e êle te contará: os te gerou, e esqueceste-te do Senhor
teus avós, e êles te dirão. teu Criador.
Beneficio» que Israel recebeu de Deus Indiffnação de Deus
8Quando o Altíssimo dividiu as na­ 10O Senhor viu (is to), e acendeu-se
ções, quando separou os filhos de A- em ira, porque o provocaram seus f i­
dão, fixou os limites dos povos se­ lhos e filhas. “ E disse: Eu escon­
gundo os números dos filhos de derei dêles a minha face, e verei
Israel. 9A porção, porém, do Senhor qual será o seu fim, porque é uma
é o seu povo; Jacó é a corda da sua geração perversa, e (sao) uns filhos
herança. 10*(O Senhor) encontrou-o infiéis. “ Êles provocaram-me com o
numa terra deserta, num lugar hor­ que não era Deus, e irritaram-me
roroso, e de vasta solidão; cercou-o com as suas vaidades; e eu os pro­
e instruiu-o; e guardou-o como as vocarei com um que não é povo, e os
meninas dos olhos. nComo a águia irritarei com uma nação insensata.
que provoca seus filhos a voar, e
esvoaça sobre êles, (assim o Senhor) Efeitos d a Indiffnação de Deus
estendeu as suas asas e o tomou, e 22Um fogo se acendeu no meu fu­
o levou sôbre seus ombros. 12*Só o Se­ ror, e arderá até ao fundo da habi­
nhor foi o seu guia, e não estava com tação dos mortos, e devorará a terra
êle deus algum estranho. com todos os seus germes, e abrasa-
13Êle o estabeleceu sôbre uma terra rá os fundamentos das montanhas.
elevada, para que comesse os frutos “ Eu acumularei os males sôbre ê-
dos campos, para que sugasse o mel les, e empregarei contra êles tôdas as
(que saía) da pedra, e o azeite (que minhas setas. 24Serão consumidos pe­
saía) do rochedo duríssimo. 14*A la fome, e as aves os devorarão com
manteiga das vacas, e o leite das o- as suas mais cruéis mordeduras; man­
velhas, com a gordura dos cordeiros, darei contra êles os dentes das fe ­
e dos carneiros filhos de Basan, ras, com o furor dos (répteis) que
e dos cabritos, com a flo r de fa ri­ se revolvem e arrastam sôbre a ter­
nha do trigo, e para que bebesse o ra.
mais puro sangue da uva. “ Por fora os devastará a espada,
Ingratidão de Israel e por dentro (será) o terror: o man-
cebo e juntamente a virgem, a crian­
15Mas o amado engordou e recal- ça de leite e o velho.
citrou; tendo-se tornado gordo, cheio 26Eu disse: Onde estão êles? Farei
5. o s n ã o s e u s f i l h o s . Os Israelitas n&o mereciam o nome de filhos de Deus, a quem
tanto ultrajavam .
7. C o n s i d e r a c a d a u r n a das g e ra ç õ e s . O riginal: C o n s id e r a os anos das g e ra ç õ e s pas-
sadas.
9. A c o r d a d a s u a h e r a n ç a , isto é, a parte do Senhor.
13. o m e l (que s a ía ) d a p e d i a . N a Palestina h á muitos enxames em estado selvático,
que depõem o mel nas fendas dos rochedos. — A z e i t e (que s a ía ) d o r o c h e d o d u r í s s i m o . Ê
um a referência ao fato de a oliveira, na Palestina, se desenvolver nos m ais duros terrenos.
14. F i l h o s d e B a s a n , isto é, nascidos em Basan.
21. C o m o q u e n ã o e r a D e u s , com os ídolos. — E e u o s p r o v o c a r e i . . . adotando p a ra
meu povo os pagãos, os quais, em bora não sejam o p o v o por excelência, receberão as bên­
çãos prometidas a Israel. São Pau lo aplica êste texto à conversão dos Gentios, que ocupa­
rão o lu gar dos Judeus incrédulos.
32 DEUTERONÔMIO 235

desaparecer a sua memória dentre os viver; firo e curo, e não -há quem pos­
homens. ^Mas diferi (executar isto) sa tirar da minha mão (coisa algu­
por causa da arrogância dos inimigos; m a) .
para que os seus inimigos se não en-
soberbecessem, e dissessem: Foi a Juramento do Senhor
nossa mão poderosa, e não o Senhor “ Levantarei a minha mão ao céu,
que fêz tôdas estas coisas. e direi: Eu vivo eternamente. “ Se
eu afiar como o raio a minha espa­
Loucura dos inimigos de Israel da, e a minha mão tomar a justiça,
aE uma nação sem conselho e sem eu me vingarei dos meus inimigos, e
prudência, ^ x a l ã que êles tivessem darei o pago aos que me aborrecem.
sabedoria e compreendessem, e pre- “ Embriagarei de sangue as minhas
vissem o fim (que os espera) ! setas, do sangue dos mortos e dos pri­
“ Como pode ser que um persiga sioneiros, e a espada devorará as car­
mil, e dois ponham em fuga dez m il? nes da cabeça rapada dos inimigos.
N ão é isto, porque o seu Deus os
vendeu, e o Senhor os fechou? “ P or­ Conclusão
que o nosso Deus não é como os deu­ “ Louvai, ó gentes, o seu povo, por­
ses dêies, e os nossos inimigos são que êle vingará o sangue dos seus
os juizes. “ A sua vinha vem da v i­ servos, e tomará vingança dos seus
nha de Sodoma, e dos subúrbios de inimigos, e será propício à terra do
Gomorra; a sua uva é uva de fel, e seu povo.
os seus cachos, amargosíssimos. “ O
seu vinho é fel de dragões, e veneno N ão esquecer êste cântico
incurável de áspides. “ Porventura
não estão guardadas estas coisas jun­ 44Foi, pois, Moisés, e proferiu tô-
to de mim, e seladas nos meus tesou­ das as palavras dêste cântico aos ou­
ros? “ A mim pertence a vingan­ vidos do seu povo, e vcom êle estava
ça e. eu lhes darel o pago a seu tem­ Josué, filho de Nun. " E acabou tô-
po, para que o seu pé resvale; está das estas palavras, falando a todo o
próximo o dia da (sua) perdição, e Israel. *°E disse-lhes: Aplicai os vos­
os tempos (dela) se apressam a che­ sos corações a tôdas as palavras que
gar. eu hoje vos testifico, para que reco­
mendeis a vossos filhos que guardem
Futuro juízo de Deus e prauquem e cumpram tôdas as coi­
“ O Senhor julgará o seu povo, e se sas que estão escritas nesta lei; "p or­
compadecerá dos seus servos; (p o r­ que não foi em vão que vos foram
que) verá que a sua mão está sem preceituadas, mas para que cada um
fôrça, e que também os que estavam de vós ache nelas a vida, e, pondo-as
fechados desfaleceram, e que os que em prática, moreis por longo tempo
tinham ficado foram consumidos. 37E na terra que, passado o Jordão, ides
dirá: Onde estão os seus deuses, nos possuir.
quais tinham (pôsto a sua) confian­ Deus ordena a .Moisés que suba ao
ça? “ De cujas vítimas comiam a monte Nebo
gordura, e bebiam o vinho das suas li-
bações; levantem-se, e venham em "E o Senhor no mesmo dia falou
vosso socorro, e protejam-vos na a Moisés, dizendo: ^ o b e a êste mon­
(vossa) necessidade. te de Abarim, isto é, das passagens,
“ Vêde que sou eu só (o verdadeiro ao monte Nebo, que está na terra
Deus), e que não há outro Deus fo ­ de Moab, defronte de Jericó; e con­
ra de mim; eu faço morrer, e faço 3 2
1
0 templa a te ria de Canaã, cuja posse
30. o s fechou nas mãos dos seus inimigos.
31. São os juizes, porque sabem por experiência que o Deus de Israel é superior aos
seus idolos.
32. A sua v in h a ... São como urna vinha da região desolada de Sodoma e Gom orra, e
«eguem a depravaç&o destas duas cidades.
41. Se eu afiar, etc., isto é, se eu tornar a minha espada penetrante corno um ralo.
236 DEUTERONOMIO 32 - 33
darei aos filhos de Israel, e m orre­ terão por êle, e êle será o seu pro­
rás sôbre 0 monte. “ E, tendo subi­ tetor contra os seus adversários.
do a êste (m o n te ), irás uni.r-te aos Levi
teus povos, como teu irmão Arão
morreu sôbre o monte Hor, e se foi 8E de L evi disse: A tua perfeição e
unir ao seu povo; “ porque vós pre­ a tua doutrina (6 D e m ) são (confia­
varicastes contra mim no meio dos das) ao teu homem santo, que tu
filhos de Israel nas águas da contra­ rovaste na tentação, e julgaste nas
dição, em Cades, no deserto de Sin; guas da contradição. 9Que disse a
e não me santificastes entre os filhos seu pai e a sua mãe: Eu não vos co­
de Israel. 52Tu verás defronte de ti nheço; e aos seus irmãos: Eu não sei
a terra que eu darei aos filhos de quem vós sois; e não atendeu aos
Israel, mas não entrarás nela. seus próprios filhos. Êstes observa­
ram a tua palavra, e guardaram o
Bênção profética de Moisés
às tribos de Israel
teu pacto. 10(Ensinaram ) os teus juí­
zos a Jacó, e a tua lei a Israel, ofe­
99 ^ s t a é a bênção, com a qual receram incensos no (tem po do) teu
** ** Moisés, homem de Deus, aben­ furor, e o holocausto sobre o teu
çoou os filhos de Israel, antes da altar. “ Abençoa, ó Senhor, a sua ior-
sua morte. 2Êle disse: taleza, e aceita as obras das suas
O Senhor veio do Sinai, e levan- mãos. Fere as costas dos seus inimi­
tou-se para nós de Seir, apareceu gos, e não se levantem os que o
do Monte Faran, e com êle milha­ aborrecem.
res de santos. N a sua direita uma Benjamim
lei de fogo.
3Êle amou os povos; todos os san­ 12E de Benjamim disse: O muito
tos estão na sua mão; e os que..se amado do Senhor habitará com êle
Aproximam de seus pés, receberão confiadamente, estará todo o dia co­
da sua doutrina. mo em tálamo nupcial, e repousará
4Moisés deu-nos a lei, herança da entre os seus braços.
multidão de Jacó. 5Será rei junto do José
povo retíssimo, estando congregados
os príncipes do povo com as tribos 13Disse também a José: A sua terra
de Israel. seja abençoada pelo Senhor, com os
Buben
frutos do céu e com o orvalho, e
(com as aguas) do abismo que está
°Viva Ruben, e não morra, mas se­ debaixo. “ Com os frutos produzidos
ja em pequeno número. por virtude do sol e da lua, 1S(com
Judá os frutos que provêm ) do cimo dos
montes antigos, e com os frutos das
7Esta é a bênção de Judá: Ouve, ó colinas eternas, 16e com os frutos da
Senhor, a voz de Judá, e introdú-lo terra e com tôda a sua abundância.
no seu povo; as suas mãos comba­ A bênção daquele que apareceu na
Cap. X X X I I I — 2. U r n a l e i d e f o g o . H á nestas palavras um a alusão aos trovões e re­
lâm pagos que acom panharam a prom ulgação da lei.
6. M a s s e j a e m p e q u e n o n ú m e r o . Moisés confirm a as p alavras de Jacó: N ã o c r e s ç a s .
7. Judá, a quem tinha sido promovido o principado, é apresentado como um guerreiro
que vai à frente do seu povo e o conduz à vitória.
8. A o t e u h o m e m s a n t o , isto é, a Levi representado em Arão.
9. Q u e d i s s e a s e u p a i , etc. Neste versículo alude-se ao zêlo m anifestado pela tribo
de Levi quando vingou o ultraje feito a Deus pela adoração do bezerro de ouro, sem
atender aos vínculos da carne e do sangue.
12. M u i t o a m a d o n o S e n h o r . Deus tem a Benjam im um am or especial, porque é no
território da sua tribo que quer o sèu templo. — H a b i t a r á c o m ê l e , isto é, junto do tem­
plo onde reside a m ajestade do Senhor.
13. C o m o s f r u t o s d o c é u . H ebreu: Com o s d o n s p r e c i o s o s d o c é u , que são o orvalho
e as chuvas.
16. N a z a r e n o , isto é, separado.
33 DEUTERoN OMIO 237
sarça, (desça) sobre a cabeça de José, N eítali
e sôbre o alto da cabeça daquele que
é Nazareno entre seus irmãos. 17A sua aE a N eftali disse: N eftali gozará
beleza é como a do primogênito do da abundância, e será cheio das bên­
touro, as suas pontas (símbolo da çãos do Senhor; possuirá o mar e o
fôrça ) são pontas do rinoceronte; meio-dia.
com elas levantará ao ar as gentes até Aser
às extremidades da terra. Tais são 24Disse também a Aser: Bendito se­
as multidões de Efraim, e tais são ja Aser entre os filhos (de Jacó).
os milhares de Manassés. Seja querido a seus irmãos, e banhe
com azeite o seu pé. “ O ferro e o
Zabulão e Issacar bronze será seu calçado, como os dias
18E a Zabulão disse: Alegra-te, Za­ da tua juventude, assim seja também
bulão, na tua saída, e tu, Issacar, nas a tua velhice.
tuas tendas. 19Êles chamarão os po­ Grandeza de Deus e felicidade de Israel
vos ao monte; ai imolarão vitimas de
justiça. Êies chuparão como leite as “ Não há outro Deus, como 6 Deus
riquezas do mar, e os tesouros escon­ do povo retíssimo. O teu protetor
didos nas areias. (6 Israel) é aquêle que sobe aos céus.
Pela sua magnificênciá correm as
Gad nuvens. “ A sua habitação é lá no
alto, e cá em baixo estão os seus bra­
“ E a Gad disse: Bendito Gad na ços eternos. Êle expulsará da tua
vastidão (da sua partilha) , êle re­ presença o inimigo, e dirá: Sê redu­
pousou como um leão, e despedaçou zido a pó. “ Israel habitará com se­
o braço e a cabeça (da prêsa). “ Êle gurança e só. A vista de Jacó (pou­
viu a sua primazia, porque na sua sara) sôbre uma terra fecunda em
parte devia repousar um doutor; êle pão e vinho, e os céus se escurecerão
andou com os príncipes do seu povo, com o orvalho.
e cumpriu as justiças do Senhor, e “ Bem-aventurado sejas tu, ó Israel.
o seu juízo com Israel. Quem é semelhante a ti, ó povo, que
Dan tens a tua salvação no Senhor? Ele
é o escudo do teu socorro, e a espa­
22Disse também a Dan: Dan, cachor­ da da tua glória; os teus inimigos
ro de leão, estender-se-ã largamente hão de negar-te, e tu calcarás os seus
desde Basan.19
*2
8
7 pescoços.
17. A sua b e le z a . E fraim , primogênito de José, é comparado a um touro cheio de
fôrça. — T a i s s ã o a s m u l t i d õ e s d & E f r a i m . .. Moisés prediz- que E fra im será. muito mais
numeroso e mais forte que Manassés.
18. N a t u a s a í d a , nas tuas excursões comerciais, com os Fenicios. — N a s t u a s t e n d a s .
Issacar, entregando-se à agricultura, viverá mais junto de sua casa.
21. É l e v i u a s u a p r i m a z i a . Hebreu: É l e e s c o l h e u a s p r i m í c i a s d o s e u p a i s , porque
obteve um a das primeiras províncias conquistadas por Israel. — D e v i a r e p o u s a r u m d o u t o r ,
isto é, Moisés, cujo corpo foi sepultado além do Jordão, onde G ad tinha o seu território. —
A n d o u c o m o s p r ín c ip e s d o s e u p o v o . G ad h avia de juntar-se aos chefes do. povo p a ra a
conquista da terra prometida, atravessando com êles o Jordão. Moisés apresenta como
já realizado um acontecimento que ainda estava para se dar. — C u m p r i u a s j u s t i ç a s d o
S e n h o r , isto é, cumpriu o que tinha prometido (N u m ., X X X II, 25-27). — E o s e u j u í z o , isto
é, o juízo do exterminio pronunciado por Deus contra os Cananeus. G ad tomou parte
na execução dêste juízo de Deus.
22. C a c h o r r o d e l e ã o , símbolo da fô rça guerreira.
24. B a n h e c o m a z e i t e o s e u p é . A ser possuirá um a região muito fértil em oliveiras,
de modo que, tendo azeite em abundância, poderá ungir com êle não só os pés dos seus
hóspedes, m as também os seus próprios.
27. C d e m b a i x o e s t ã o o s s e u s b r a ç o s e t e r n o s . Deus h abita no céu e ao mesmo tem­
po na terra, defendendo Israel com o seu poder.
28. E o s c é u s s e e s c u r e c e r ã o c o m o o r v a l h o , isto é, deixarão cair o orvalho êm grande
abundância.
29. H ã o d e n e g a r - t e . H ebreu: M e n t i r ã o d i a n t e d e t i , isto é, adular-te-ão, fingindo-se
teus amigos, visto não poderem vencer-te pela fôrça.
238 DEUTERONOMIO 34
Moisés sôbre o monte Nebo lhe diminuiu, nem os dentes se lhe
abalaram. 8E os filhos de Israel o
^ubiu, pois, Moisés das planí- choraram na planície de Moab duran­
cies de Moab, ao monte Nebo, te trinta dias; e completaram-se os
ao alto de Fasga, defronte de Je­ dias do pranto dos que choravam
rico; e o Senhor mostrou-lhe toda Moisés.
a terra de Galaad até Dan, 2e todo
o Neftali, e a terra de Efraim e de Josué sucede-lhe
Manasses, e toda a terra de Judá até
ao mar extremo, 3e a parte meridio­ 9E Josué, filho de Nun, foi cheio
nal, e a espaçosa campina de Jericó, do Espirito de sabedoria, porque M oi­
(que é a ) cidade das palmeiras, até sés lhe tinha imposto as suas mãos.
Segor. 4E o Senhor disse-lhe: Esta E os filhos de Israel obedeceram-lhe,
é a terra pela qual jurei a Abraão, e fizeram como o Senhor tinha man­
Isaac e Jacó, dizendo: Eu a darei à dado a Moisés.
tua posteridade. Tu a viste com os
teus olhos, mas não entraras nela. Elogio de Moisés

Morte de Moisés 10E não se levantou mais em Israel


profeta como Moisés, que o Senhor
5E Moisés, servo do Senhor, mor­ conhecesse face a face, Unem quan­
reu ali na terra de Moab, segundo a to a todos os prodígios e milagres
ordem do Senhor; 6e (êste) o sepul­ que o mandou fazer na terra do Egito
tou no vale da terra de Moab, de­ contra Faraó, e contra todos os seus
fronte de Fogor; e nenhum homem servos e todo o seu país, 12nem quan­
soube até hoje o lugar do seu sepul­ to a tôda a sua mão poderosa, e às
cro. 7Moisés tinha cento e vinte a- grandes maravilhas que Moisés fêz
nos, quando morreu; nunca a vista se diante de todo o Israel.

Cap. X X X I V — 2. M a r extremo, o Mediterrâneo.


6. S (ia t e ) o sepultou. Deus, por intermédio dos seus anjos, sepultou Moisés. — E ne­
nhum homem s o u b e ... Deus ocultou o corpo de Moisés para impedir que os Israelitas,
sempre inclinados p ara a idolatria, lhe prestassem culto supersticioso.
LIVRO DE J OSUÉ
Êste livro tem o nome de Josué, não só porque Josué é sua principal
personagem, mas também porque, provàvelmente, foi êle o seu autor. Des­
creve a ocupação da Palestina, a divisão dos territórios ocupados, o govêr-
no de Josué, suas últimas exortações e sua morte.
O livro divide-se em duas partes:
A PRIM EIRA PA R TE, histórica, 1,1 - 12,24), abrange duas seções, isto é,
os preparativos para a ocupação da Palestina (1,1 - 5,12), e as fases princi­
pais de tal conquista; a tomada de Jericó e de Hai; as sucessivas guerras
e vitórias sôbre os Amorreus, aliados contra a cidade de Gabaão, e sôbre os
Cananeus, aliados a Jabin, rei de Cades; por último, dá um elenco comple­
to de todos os reis subjugados e derrotados (5,13 - 12,24).
A SEGUNDA PARTE, prevalentemente administrativa e geográfica (13,1 -
22.34) , apresenta também duas secções: na primeira (13, 1-33) está resumi­
da a repartição do território transjordânico, feita por Moisés em favor das
tribos de Ruben e de Gad e de meia tribo de Manassés; na segunda, (14,1 -
22.34) , apresenta também duas seções: na primeira (13, 1-33) está resumi-
Jordão.
Segue-se um apêndice (23,1 24,33) no qual estão descritas as despedidas
feitas às tribos transjordânicas, os últimos discursos e atos de Josué.
Josué escreveu apenas uma pequena parte do livro, que certamente pa­
rece ter sido composto depois do reinado de Davi (1012-972) e antes do rei
Acab (878-857). Josué é uma belíssima figura de Jesus, o qual introduz,
com a espada da cruz, o povo eleito na celestial Terra da Promissão.

Deus fa la a Josué e 3Todo o lugar, que pisar a planta do


faz-lhe grandes promessas vosso pé, eu vo-lo darei, como dis­
1 1E aconteceu que, depois da mor- se a Moisés. 4Os vossos limites se­
1 te de Moisés, servo do Senhor, rão desde o deserto e desde o Líba­
o Senhor falou a Josué, filho de Nun, no até ao grande rio Eufrates, todo
ministro de Moisés, e disse-lhe: o país dos Heteus até ao mar gran­
2Meu servo Moisés morreu; levanta- de para o ocidente (será vosso).
te, e passa êsse Jordão, tu e to­ 6Ninguém vos poderá resistir em to­
do o povo contigo, entra na ter­ dos os dias da vossa vida; como fui
ra que eu darei aos filhos de Israel. com Moisés, assim serei contigo; não
210 LIVRO DE JO SU É 1 - 2
te deixarei, nem desampararei. °Tem seram: Nós faremos tudo o que nos
ânimo, e sê forte; porque tu hás de ordenaste; e iremos para onde quer
distribuir por sorte a êste povo a que nos mandares. “ Assim como em
terra, que prometi com juramento a tudo obedecemos a Moisés, assim o-
seus pals que lhes hávia de dar. 7Tem bedeceremos também a ti; somente
ânimo, pois, e reveste-te de grande (desejamos) que o Senhor teu Deus
fortaleza, para observar e cumprir seja contigo, como foi com Moisés.
tôda a lei, que Moisés, meu servo, te 18Aquêle que contradisser as tuas pa­
prescreveu; não te desvies dela nem lavras, e não obedecer a tudo o que
para a direita nem para a esquerda, lhe mandares, seja morto. Tu (da
a fim de que compreendas tudo o que tua parte) tem ânimo, opera varonil-
fazes. 8Não se aparte da tua boca mente (que nós te seguiremos).
o livro desta lei; mas meditarás nêle
dia e noite, para observar e cumprir Josué manda dois espias a Jericó
tudo o que nêle está escrito; en­
tão levarás o teu caminho direito, e O ^osué, pois, filho de Nun, eh-
o compreenderás. 9Eis que eu te “ viou secretamente de Setim dois
mando: Tem ânimo, e sê forte; não espias, e disse-lhes: Ide, e examinai
tenhas mêdo nem temor, porque o partirame e aentraram
o país, cidade de Jericó. Êles
em casa duma
Senhor teu Deus está contigo em mulher meretriz, chamada Raab, e
qualquer parte para onde vás. repousaram em sua casa. 2E foi da­
Josué dá ordens p ara a passagem
do aviso ao rei de Jericó, e foi-lhe
do Jordão, e prepara a conquista
dito: Eis que entraram aqui de noite
da Palestina
uns homens dos filhos de Israel, pa­
ra explorar o país.
10E Josué mandou aos príncipes do
povo, dizendo: Percorrei os acampa* Astúcia de R aab
mentos, e dai ao povo esta ordem e SE o rei de Jericó mandou dizer a
dizei: “ Fazei provisão de mantimen­ Raab: Faze sair êsses homens, que
tos, porque daqui a três dias haveis foram ter contigo e entraram em tua
de passar o Jordão, e entrareis a pos­ casa; porque são espias, e vieram re­
suir a terra, que o Senhor vosso Deus conhecer todo o país. 4Mas a mulher,
vos há de dar. tomando os homens, escondeu-os, e
12Disse também aos Rubenitas e aos disse: Confesso que êles vieram à mi­
Gaditas, e à meia tribo de Manassés: nha casa, mas eu não sabia donde
13Lembrai-vos do que vos ordenou eram; 5e, quando se fechava a porta
Moisés, servo do Senhor, dizendo: O (da cidade) sendo já escuro, êles sai-
Senhor vosso Deus vos deu descanso, ram ao mesmo tempo, e não sei pa­
e tôda esta terra. 14Vossas mulheres, ra onde foram. Ide após êles depres-
e filhos, e animais ficarão na terra, sa, e encontrá-los-eis. 6Ora ela tinha
que Moisés vos deu aquém do Jordão; feito subir os homens ao terraço da
mas vós todos os que sois (m ais) va­ sua casa, e tinha-os coberto com pa­
lentes, passai armados à frente de lha de linho, que ali havia.
vossos irmãos, e pelejai por êles, 15a- 7E os que tinham sido enviados, fo ­
té que o Senhor dê descanso a vossos ram atrás dêles pelo caminho, que
irmãos, como o deu a vós, e também conduz ao vau do Jordão; e, logo
êles possuam a terra, que o Senhor que sairam, foi fechada a porta (da
vosso Deus lhes há de dar; e depois cidade) .
voltareis para a terra que possuís,
(para a terra ) que Moisés, servo do Os espias tratam com R aab
Senhor, vos deu aquém do Jordão,
para o nascente, e habitareis nela. 8Ainda os homens, que estavam es­
16E êles responderam a Josué, e dis­ condidos, não tinham adormecido, e
Cap. I — 7. A fim de que c o m p r e e n d a s ... O original diz: A fim de que s e ja s fe lte
em tu d o o que fiz e r e s ,
Cap. I I — 1. M u l h e r m e r e t r i z . Os rabinos interpretam estas palavras no sentido de que
K aab era um a simples locandeira, dando por isso hospedagem às pessoas que queriam.
2 - a LIVRO DE JO SU E 241
eis que a mulher subiu a êles, e lhes caremos desobrigados dêste juramen­
disse: 9Eu sei que o Senhor vos en­ to, que nos fizeste prestar. 21E ela
tregou êste país; porque o terror de respondeu: Faça-se como dissestes; e,
vós apoderou-se de nós, e todos os deixando-os, para que partissem,
habitantes do país desanimaram. “ Ou­ pendurou o cordão côr de escarlate à
vimos que o Senhor secou as águas janela.
do mar Vermelho à vossa entrada, Volta dos espias
quando saístes do Egito; e o que fi­
zestes aos dois reis dos Amorreus, 22E êles, andando, chegaram ao
que estavam da banda de além do monte, e lá permaneceram durante
Jordão, Seon e Og, os quais matas­ três dias, até que voltaram os que
tes. nE, quando ouvimos isto, tive­ tinham ido em seu seguimento; os
mos grande mêdo, e o nosso cora­ quais, tendo-os buscado por todo o
ção desmaiou, e não ficou alento em caminho, não os encontraram. 23E,
nós à vossa entrada; porque o Senhor depois que êstes entraram na cidade,
vosso Deus é o (m esm o) Deus (que os espias deram volta, e, tendo des­
reina) lá em cima no céu, e cá em cido do monte e passado o Jordão,
baixo na terra. 12Agora, pois, jurai- chegaram a Josué, filho de Nun, e
me pelo Senhor, que, assim como eu contaram-lhe tudo o que lhes tinha
usei de misericórdia convosco, assim acontecido, 24e disseram-lhe: O Se­
usareis com a casa de meu pai; e que nhor entregou todo êste país nas nos­
me dareis um sinal seguro 13de que sas mãos, e todos os seus habitantes
salvareis meu pai e minha mãe, meus estão consternados de mêdo.
irmãos e minhas irmãs, e tudo o que
lhes pertence, e livrareis as nossas Instruções para a passagem do Jordão
vidas da morte. 14E êles responde-
ram-lhe: À custa de nossa vida salva­ O ^osué, pois, levantando-se de noi-
remos a vossa, contanto que tu nos te, moveu o acampamento, e,
não atraiçoes; e, cjuando o Senhor nos saindo de Setim, chegaram ao Jordão,
entregar êste país, usaremos contigo êle, e todos os filhos de Israel, e ai
de misericórdia e de fidelidade. 15Ela se detiveram três dias. 2Passados os
pois os fêz descer da janela por uma quais, os pregoeiros atravessaram pe­
corda; porque a sua casa estava pe­ lo meio do acampamento, 3e come­
gada ao muro (da cidade). 16E disse- çaram a dizer em alta voz: Logo que
lhes: Ide para o monte, não suceda virdes a arca da aliança do Senhor
que êles vos encontrem, quando vol­ vosso Deus, e os sacerdotes da linha­
tarem; e deixai-vos lá estar escondi­ gem de Levi levando-a, levantai-vos
dos durante três dias, até que êles vós também e ide atrás dêles. 4E
voltem, e depois tomareis o vosso ca­ haja entre vós e a arca o espaço de
dois mil côvados, a fim de a poder-
minho. 17E êles disseram-lhe: Nós des ver de longe, e conhecer o ca­
cumpriremos fielmente o juramento, minho por onde deveis ir, porque não
que nos fizeste prestar, 18se, quando andastes antes por êle; e tomai cui­
entrarmos no país, estiver como sinal dado, não vos aproximeis da arca.
êste cordão côr de escarlate, e o ata­ 5E Josué disse ao povo: Santificai-
res à janela, por onde nos fizeste vos, porque amanhã o Senhor fará en­
descer e se tiveres recolhido em tua tre vós maravilhas. 6E disse aos sa­
casa o teu pai e a tua mãe e os cerdotes: Tomai a arca da aliança,
teus irmãos e tôda a tua parentela. e ide adiante do povo. E êles, exe­
19Se alguém sair da porta da tua cutando a sua ordem, tomaram (a ar­
casa, o seu sangue cairá sôbre a sua ca), e caminharam adiante do povo.
cabeça, e nós ficaremos sem culpa; 7E o Senhor disse a Josué: Hoje
mas o sangue de todos os que estive­ começarei a exaltar-te diante de to­
rem contigo em tua casa, cairá sô­ do o Israel, para que saibam que,
bre a nossa cabeça, se alguém os to ­ assim como fui com Moisés, assim sou
car. 20Porém, se tu nos aíraiçoares, e publicares isto que te dizemos, fi-
Cap. I I I — 4. Dois mil côvados, cêrca de 1050 metros. E sta separação era um sinal
de respeito pela arca.
242 LIVRO DE JO SU E 3 - 4

contigo. 8E tu, manda aos sacerdo­ simas, as quais vós colocareis no lu­
tes que levam a arca da aliança, e gar do acampamento, em que esta
dize-lhes: Quando tiverdes entrado noite haveis de plantar as tendas.
e m p a rte da água do Jordão, parai aí. 4Chamou pois Josué os doze homens,
•E Josué disse aos filhos de Israel: ue tinha escolhido entre os filhos
Aproximai-vos, e ouví a palavra do e Israel, um de cada tribo, 5e disse-
Senhor vosso Deus. 10E acrescentou: lhes: Ide adiante da arca do Senhor
P or isto conhecereis que o Senhor, o vosso Deus ao meio do Jordão, e tra­
Deus vivo, está no meio de vós, e ex­ zei de lá cada um a sua pedra sôbre
terminará à vossa vista O Cananeu vossos ombros, segundo o número
e o Heteu, o Heveu e o Ferezeu, e (das tribos) dos filhos de Israel, 6pa-
o Gergeseu, e o Jebuseu, e o Am or- ra que seja um sinal entre vós; e
reu. “ Eis que a arca da aliança do quando no futuro vossos filhos vos
Senhor de tôda a terra irá diante de interrogarem, dizendo: Que signifi­
vós pelo meio do Jordão. “ Prepa­ cam estas pedras? ^ ó s lhes responde­
rai doze homens das tribos de Israel, reis: As águas do Jordão desaparece­
um de cada tribo. 13E, logo que os ram diante da arca da aliança do Se­
sacerdotes, que levam a arca do Se­ nhor, enquanto ela o atravessava; por
nhor Deus de tôda a terra, puserem isso se puseram estas pedras como
as plantas de seus pés nas águas do monumento eterno dos filhos de Is­
Jordão, as águas de baixo seguirão rael.
a sua corrente e minguarão; e as 8Fizeram pois os filhos de Israel
ue vêm de cima pararão, amontoan- como Josué lhes tinha ordenado, le­
o-se. vando do meio do leito do Jordão, do­
M iraculosa passagem do Jordão ze pedras, segundo o número (das
tribos) dos filhos de Israel, como o
14Saiu pois o povo das suas ten­ Senhor tinha mandado a Josué, até
das, para passar o Jordão; e os sacer­ ao lugar onde acamparam e ali as
dotes, que levavam a arca da alian­ Puseram.
ça, caminhavam adiante dêle. 15E, lo­
go que entraram no Jordão, e a água Outro monumento no meio do Jordão
lhes começou a molhar os pés (por-
lue o Jordão, sendo o tempo da cei-
?a, inundava as margens do seu lei­
•Pôs também Josué outras doze pe­
dras no meio do leito do Jordão, on­
to ); 16as águas, que vinham de cima, de estiveram parados os sacerdotes,
pararam num só lugar, e levantando- que levavam a arca da aliança; e ali
se à maneira dum monte, desco­ se conservam até ao dia de hoje.
briam-se de longe desde a cidade, que
se chama Adom, até ao lugar de Sar-
tan; e as que desciam continuaram O povo sal do Jordão
a correr para o mar do deserto (que
agora se chama mar M orto), até que 10E os sacerdotes, que levavam a
faltaram de todo. “ Entretanto, o po­ arca, estavam parados no meio do
vo caminhava para Jericó, e os sacer­ Jordão, até se cumprir tudo o que
dotes, que levavam a arca da alian­ o Senhor tinha mandado a Josué que
ça do Senhor, conservavam-se quie­ dissesse ao povo, e que Moisés lhe ti­
tos de pé sôbre a terra sêca, no meio nha dito. E o povo apressou-se, e
do Jordão, e todo o povo ia passan­ passou. “ E, logo que passaram to­
do pelo leito do rio a pé enxuto. dos, passou também a arca do Se­
nhor, e os sacerdotes iam (com ela)
For ordem de Deus Josué manda adiante do povo. 12E os filhos de Ru-
erigir um monumento ben, e de Gad, e a meia tribo de
Manassés, precediam armados os f i­
A d e p o is que passaram, o Senhor lhos de Israel, como Moisés lhes ti­
' disse a Josué: 2Escolhe doze ho­ nha ordenado. 13E quarenta mil
mens, um de cada tribo, 3e manda- combatentes marchavam à frente, di­
lhes que tomem do meio do leito do vididos em filas e esquadrões pelas
Jordão, onde os pés dos sacerdotes planícies e campinas da cidade de
estiveram parados, doze pedras durís­ Jericó.
4 - 5 L ivR O DE JO SU E 243
Glória de Josué e volta das águas vamente a circuncisão entre os filhos
de Israel. 3Josué fêz o que o Senhor
14Naquele dia O Senhor engrande­ lhe mandara, e circuncidou os filhos
ceu Josué diante de todo o Israel, de Israel sobre o outeiro (chamado
para êles o reverenciarem, como ti­ por isso) da circuncisão. 4E a causa
nham reverenciado a Moisés, quan­ da segunda circuncisão é esta: Todos
do vivia. 15E (o Senhor) disse-lhe: os varões dentre o povo, que tinham
16Manda aos sacerdotes, que levam a saído do Egito, todos os homens de
arca da aliança, que saiam do Jor­ guerra tinham morrido no deserto
dão. 17Êle lho mandou, dizendo: Sai durante os larguissimos rodeios do
do Jordão. 18E quando sairam os que caminho, 5e todos êstes tinham sido
levavam a arca da aliança do Senhor, circuncidados. Porém o povo que nas­
e começaram a pisar a terra sêca, ceu no deserto, °durante os quaren­
tornaram as águas ao seu leito, e cor­ ta anos de marcha por aquela vastís­
reram como costumavam antes. sima solidão, permaneceu incircunci-
Em G algala so, até que morreram aquêles que não
tinham obedecido à voz do Senhor, e
19Ora o povo saiu do Jordão no dia aos quais êle antes tinha jurado que
dez do primeiro mês, e acamparam em lhes não mostraria a terra que mana-
Galgala ao oriente da cidade de Jeri- va leite e mel. 7Os filhos dêstes su­
có. 20Colocou também Josué em Gal­ cederam no lugar de seu pais, e fo ­
gala as doze pedras, que tinham to­ ram circuncidados por Josué, porque
mado do fundo do Jordão, Me disse estavam incircuncisos, assim como ti­
aos filhos de Israel: Quando no fu ­ nham nascido, e ninguém os tinha
turo os vossos filhos interrogarem circuncidado no caminho. 8E, depois
seus pais, e lhes disserem: Que signi­ que foram todos circuncidados, per­
ficam estas pedras? 22Vós os infor­ maneceram acampados no mesmo lu­
mareis, e lhes direis: Israel passou a gar, até sararem.
pé enxuto êste Jordão, “ tendo o Se­ °E o Senhor disse a Josué: H oje
nhor vosso Deus secado as suas â- tirei de cima de vós o opróbrio ao
guas à vossa vista, até que passás­ Egito. E foi dado àquele lugar o
seis, 24do mesmo modo que antes ti­ nome de Galgala até ao dia de ho­
nha feito no mar Vermelho, o qual je.
secou até que passássemos; “ para que
todos os povos da terra reconheçam a A primeira Páscoa na terra de Canaã
mão poderosíssima do Senhor, e vós
temais sempre o Senhor vosso Deus. 10E os filhos de Israel permanece­
ram em Galgala, e celebraram a Pás­
Terror dos Arnorreus e dos Cananeus coa, no dia catorze do mês, pela tar­
Ç ‘ Quando, pois, todos os reis dos de, na planície de Jericó; Ue ao ou­
j Arnorreus, que habitavam na ou­ tro dia comeram dos frutos da ter­
tra banda do Jordão, ao ocidente, e ra, pães ázimos, e farinha do mesmo
todos os reis de Canaã, que possuiam ano. 12E o maná cessou, depois que
os lugares vizinhos do mar grande, comeram dos frutos da terra, e os
ouviram dizer que o Senhor tinha se­ filhos de Israel não usaram mais
cado a corrente do Jordão diante dos dêste alimento, mas comeram dos fru­
filhos de Israel, até que passassem, tos que a terra de Canaã tinha dado
enfraqueceu-se-lhes o coração, e não naquele ano.
ficou nêles alento, temendo a entra­ Aparição do Anjo do Senhor a Josué
da dos filhos de Israel.
Circuncisão dos filhos de Israel 13Ora, estando Josué nos arredores
da cidade de Jericó, levantou os o-
2Então o Senhor disse a Josué: Fa- lhos, e viu diante de si um homem
ze facas de pedra, e restabelece no­ em pé, que tinha uma espada desem-
Cap. v — 1. M a r grande, o Mediterrâneo.
9. O opróbrio do Egito, a escravidão do Egito, que foi tirada por completo quando o
povo de Israel entrou na Palestina, e foi restabelecido na am izade de Deus, isto é,
quando atravessou o Jordão e foi circuncidado.
244 L ivR O DE JO SU E 5 -6
bainhada, e foi ter com êle, e disse- parte retinia o som das trombetas.
lhe: Tu és dos nossos, ou dos ini­ 10Ora, Josué tinha ordenado ao povo,
migos? 14E êle respondeu: Não; mas dizendo: Não gritareis, nem se ouvi­
sou o príncipe do exército do Senhor, rá a vossa voz, nem sairá da vossa
e agora venho (para vos auxiliar). bôca uma só palavra, até que chegue
15Josué prostrou-se com o rosto por o dia, em que eu vos diga: Gritai, e
terra. E, adorando-o, disse: Que diz levantai a voz. “ Deu pois a arca do
o meu Senhor ao seu servo? 1516Tira, Senhor uma volta à cidade uma vez
lhe disse êle, o calçado de teus pés, no (p rim eiro) dia, e, tornando para
porque o lugar, em que estás, é san­ o acampamento, ficou ali. 12(N o dia
to. E Josué fêz como lhe tinha sido seguinte) levantando-se Josué ainda
mandado. de noite, tomaram os sacerdotes a
arca do Senhor, 13e sete dêles (tom a­
Deus manda atacar Jericó ram ) as sete trombetas, que servem
no (ano do) jubileu; e marchavam a-
£ 2Ora Jericó estava fechada e bem diante da arca do Senhor, andando
V fortificada, pelo temor dos filhos e tocando, e o povo armado ia adian­
de Israel, e ninguém ousava sair nem te dêles, e o resto da multidão se­
entrar. 2E o Senhor disse a Josué: guia a arca, e as trombetas ressoavam.
Eis que eu pus na tua mão Jericó, e 14E deram volta à cidade uma vez no
o seu rei, e todos os seus homens va­ segundo dia, e voltaram para o acam­
lentes. 3Dai volta à cidade, vós to­ pamento. Assim fizeram durante
dos os homens de guerra, uma vez por seis dias.
dia; assim fareis durante seis dias. 15Mas, ao sétimo dia, levantando-se
4E no sétimo dia os sacerdotes tomem de madrugada, deram volta à cida­
as sete trombetas, de que se usa no de sete vêzes, como tinha sido orde­
jubileu, e’ vão adiante da arca da a- nado. 10E, quando os sacerdotes to­
liança; e rodeareis sete vêzes a ci­ cavam as trombetas à sétima volta,
dade, e os sacerdotes tocarão as trom­ Josué disse a todo o Israel: Gritai;
betas. 5E, quando o som das trom­ porque o Senhor vos entregou a ci­
betas se fizer ouvir mais demorado e dade; 17e esta cidade seja anátema e
penetrante, e vos ferir os ouvidos, tudo o que há nela seja do Senhor;
todo o povo* à uma levantará um fique só com vida a m eretriz Raab
grande clamor, e cairão os muros com todos os que estão em sua casa,
da cidade até aos fundamentos, e ca­ porque ocultou os mensageiros que
da um entrará por aquêle lugar que enviamos. 18V ós, porém, guardai-vos
lhe ficar defronte. de tocar alguma daquelas coisas que
°Chamou pois Josué, filho de Nun, vos foram proibidas, para que vos não
os sacerdotes, e disse-lhes: Tomai a torneis réus de prevaricação, e todo
arca da aliança, e outros sete sacer­ o acampamento de Israel não fique
dotes tomem as sete trombetas do sob o pecado, e não seja posto em de­
jubileu, e vão adiante da arca do Se­ sordem. 19Mas tudo o que se encon­
nhor. 7Disse também ao povo: Ide, trar de ouro e prata, e de utensí­
e, armados, dai volta à cidade, indo lios de cobre e de ferro, seja consa­
Adiante da arca do Senhor. grado ao Senhor, e depositado nos
seus tesouros.
Execução da ordem divina
Tornada da cidade
8E, logo que Josué acabou de fa ­
lar, os sete sacerdotes tocaram as sete “ Levantando pois todo o povo a
trombetas diante da arca da aliança grita, e soando as trombetas, logo
do Senhor, °e todo o exército arma­ que a voz e o som chegou aos ou­
do marchava adiante, o resto da mul­ vidos da multidão, cairam de repen­
tidão ia atrás da arca, e por toda a te os muros; e cada um subiu pelo
15. Adorando-o. Nesta e noutras passagens a p a la v ra adorar é em pregada com o sen­
tido de venerar.
C ap. V I 17. Seja anátema. Em conseqüencia do anátem a tôda à cidade devia ser des-
truida, exceto K aab, sua fam ília, e o que lhes pertencia
6 - 7 LivR O DE JO SU E 245
lugar que lhe ficava defronte; e to­ Pecado de Acan
maram a cidade, 21e mataram tudo o
que nela havia, desde os homens até 7 ^orém , os filhos de Israel viola-
às mulheres, e desde as crianças até 1 ram o mandamento, e aproxi-
aos velhos. Passaram também ao fio maram-se do anátema. Porque A -
da espada os bois, as ovelhas e os ju­ can, filho de Carmi, filho de Zabdi,
mentos. filho de Zaré, da tribo de Judá, to­
mou alguma coisa do anátema; e o
Sòrnente é poupada a casa de R aab Senhor irou-se contra os filhos de Is­
rael.
22E Josué disse aos dois homens,
que tinham sido enviados como es­ Os Israelitas são derrotados
pias: Entrai em casa da mulher me- diante de H ai
retriz, e fazei-a sair com tudo o que 2E Josué, enviando de Jericó ho­
lhe pertence, como vós lho prometes­ mens contra Hai, que está junto de
tes com juramento. 23*2 E, tendo aquê-
8 Betaven, ao nascente da cidade de
les jovens entrado, tiraram para fo ­ Betei, disse-lhes: Ide, e reconhecei o
ra Raab e seus pais, e também os ir­ país. Êles, cumprindo com as ordens,
mãos, e tudo o que lhes pertencia, e reconheceram Hai. 3E, voltando, dis­
tôda a sua parentela, e fizeram-nos seram-lhe: Não suba todo o povo,
permanecer fora do acampamento de mas vão só dois ou três mil homens,
Israel. e destruam a cidade; por que se há
24E puseram fogo ã cidade, e a tu­ de fatigar inütilmente todo o povo
do o que nela havia, à exceção do ou­ contra tão poucos inimigos? Su bi­
ro e da prata, dos utensílios de co­ ram, pois, três m il combatentes. Os
bre e de ferro, que consagraram pa­ quais, voltando logo as costas, 5fo-
ra o tesouro do Senhor. “ Mas Jo­ ram batidos pelos homens da cidade
sué salvou a vida a Raab, a meretriz, de Hai, e cairam mortos trinta e seis
e à casa de seu pai, e a todos os homens; e os inimigos perseguiram-
seus, e ficaram habitando no meio nos desde a porta (de H a i) até Sa-
de Israel até ao dia de hoje; porque barim, e mataram-nos enquanto fu­
ela ocultara os mensageiros, que êle giam pela encosta; e o coração do
tinha enviado a reconhecer Jericó. povo intimidou-se, e dissolveu-se co­
Naquele tempo proferiu Josué esta mo água.
imprecação, dizendo: °Então Josué rasgou os seus vesti­
Maldição contra Jericó dos, e prostrou-se com o rosto por
terra diante da arca do Senhor (e as-
“ Maldito seja diante do Senhor o sim esteve) até à tarde, tanto êle co­
homem que levantar e reedificar a mo todos os anciãos de Israel; e lan­
cidade de Jericó; morra o seu primo­ çaram cinzas sôbre as suas cabeças. 7E
gênito, quando lhe lançar os funda­ Josué disse: Ah! Senhor Deus, por
mentos, e perca o último de seus f i­ que quiseste que êste povo passasse o
lhos, quando lhe puser as portas. rio Jordão, para nos entregares nas
27Foi, pois, o Senhor com Josué, e mãos do Amorreu, e para nos perde­
o seu nome divulgou-se por tôda a res? Oxalá, nós tivéssemos ficado da
terra. outra banda do Jordão, como tinha-
23. F i z e r a m - n o s p e r m a n e c e r f o r a , até que foram purificados e dignos de fazer parte
do povo de Deus. Pelo respeito e veneração devida à arca da aliança não era permitido
aos incireuncisos ou idólatras viverem no acampamento de Israel. P o r isso, sòrnente de­
pois que R aab e os seus parentes foram instruídos na lei e abraçaram o judaísmo, sujeitan­
do-se a tôdas as cerimônias ordenadas, é que foram incorporados no povo de Deus. R a a b
casou-se com Salmon, antepassado de D a v i e do Messias.
28. E sta maldição de Josué teve, sob o reinado de Acab, um a realização terrível ( I I I
Reis, X V I, 34).
Cap. V I I — 1. A p r o x i m a r a m - s e d o a n á t e m a , isto é, dos despojos de Jericó, que ti­
nham sido sujeitos ao anátema. A culpa de um só é im putada a todo o pevo, como o
Senhor tinha estabelecido (V I , 18), e por isso todo o povo sofre o castigo. N a vida pre­
sente Deus castiga algum as vêzes os inocentes para aumentar em todos o horror ao pecado.
5. D i s s o l v e u - s e c o m o á g u a , isto é, perdeu tôda a coragem.
246 LIvRO DE JO SU E 7 - a

mos começado. 8Que direi eu, Senhor ser Acan, filho de Carmi, filho de
Deus meu, vendo Israel voltar as cos­ Zabdi, filho de Zaré, da tribo de Ju-
tas aos seus inimigos? °0s Cananeus, áà.
e todos os habitantes da terra o ou­ i9E Josué disse a Acan: ó meu f i­
virão, e, unindo-se todos, nos cerca­ lho, dá glória ao Senhor Deus de Is­
rão, e apagarão o nosso nome da ter- rael, e confessa-me, e declara-me o
ra; e que farás tu ao teu grande no­ que fizeste, não ocultes. “ E Acan
me? respondeu a Josué, e disse-lhe: N a
Meio de descobrir o culpado verdade eu pequei contra o Senhor
da derrota e o seu castigo Deus de Israel, e fiz assim e assim,
21Vi entre os despojos uma capa do
10E o Senhor disse a Josué: Levan- escarlate muito boa, e duzentos si­
ta-te, por que jazes tu prostrado por dos de prata, e uma barra de oura
terra? “ Israel pecou, e violou meu de cinqüenta siclos; e, cobiçando, ti­
pacto; tomaram do anátema, e fu r­ rei (estas coisas) e escondí-as na ter­
taram, e mentiram, e esconderam-no ra, no meio da minha tenda, e enter­
entre as bagagens. “ Israel não po­ rei o dinheiro numa cova. “ Man­
derá ter-se diante dos seus inimigos, dou, pois, Josué investigadores, os
e fugirá dêles, porque se manchou quais, correndo à tenda de Acan, a-
com o anátema; eu não serei mais charam tudo escondido no mesmo
convosco, enquanto não exterminar­ lugar, e também o dinheiro. “ E, ti­
des aquêle que é réu desta maldade. rando-o da tenda, levaram-no a Jo­
“ Levanta-te, santifica o povo, e dize- sué, e a todos os filhos de Israel, o
lhes: Santificai-vos para amanhã; lançaram-no fora diante do Senhor,
porque isto diz o Senhor Deus de Is­ 24Então Josué, e todo o Israel com
rael: O anátema está no meio de ti, êle, pegando em Acan, filho de Zarê,
Ó Israel; tu não poderás fazer fren­ e na prata e na capa, e na barra de
te aos teus inimigos, até que seja ex­ ouro, e em seus filhos e filhas, nos.
terminado do meio de ti o que se a- seus bois e jumentos, e ovelhas, e na
cha manchado dêste crime. 14E a- própria tenda, e em tudo quanto ti­
manhã apresentar-vos-eis (diante do nha, levaram-nos ao vale de Acor,
Senhor) cada um nas vossas tribos; “ onde Josué disse: Pois que tu nos
e a tribo sôbre que cair a sorte, se turbaste, o Senhor te conturbe neste
apresentará pelas suas famílias, e ca­ dia. E todo o Israel o apedrejou; e
da fam ília pelas suas casas, e cada tudo o que lhe pertencia foi consumi­
casa pelos seus homens (tudo por sor­ do no logo. “ E juntaram sôbre êle
te ). 15E qualquer que se encontrar um grande montão d^ pedras, o qual
culpado nesta maldade, será queima­ permanece até ao dla de hoje. E
do com tôdas as suas coisas; porque (com isto) apartou-se dêles o furor
violou o pacto do Senhor, e come­ do Senhor. E até hoje se chama a-
teu uma coisa detestável em Israel. quêle lugar vale de Acor.
Acan é descoberto e punido
N ovo ataque contra Hai,
“ Josué, pois, levantando-se pela e tomada da cidade
manhã, fêz juntar Israel pelas suas
tribos e caiu a sorte sôbre a tribo O 2E o Senhor disse a Josué: Não
de Judá. 17E, tendo-se apresentado ° temas, nem te acobardes; toma
esta pelas suas famílias, caiu a sor­ contigo todos os combatentes, e, le-
te sobre a fam ília de Zaré. E, apre- vantando-te, sobe à cidade de Hai;
sentando-se também esta pelas suas eis que te entreguei nas tuas mãos o
casas, caiu sôbre (a casa ae) Zabdi; seu rei, e o povo, e a cidade, e o seu
18e, sorteados os indivíduos varões território. 2E farás à cidade, de Hai,
desta casa um por um, descobriu-se2 4 e ao seu rei, como fizeste a Jericó e»
24. E m seus filhos e filhas. Deus é senhor da vida e da morte das suas criaturas,
e pode com justiça ordenar que, p ara exemplo e terror do povo, sejam mortos com os
pais culpados também os filhos inocentes, os quais encontrarão nas penas temporais, so­
fridas resignadamente, um meio de aumentar os seus méritos e assegurar um prêmio maio?»
na eternidade.
s LIVRO DE JO SU E 247
ao seu rei; mas repartireis entre vós levantando ao mesmo tempo uma
a prêsa e todos os animais; pôe uma grande grita, e animando-se mútua-
emboscada à cidade por detrás dela. mente, foram-nos perseguindo. E,
3Levantou-se, pois, Josué, e com êle quando já estavam longe da cidade,
todo o exército dos combatentes, pa­ 17sem que tivesse ficado nem sequer
ra marcharem contra Hai; e mandou um em Hai, e em Betel, que não
de noite trinta mil homens escolhi­ saísse em perseguição de Israel, (dei­
dos dos mais valentes, 4e ordenou- xando abertas as cidades donde ti-
lhes dizendo: Disponde uma embosca- nham saido de tropel), 18o Senhor
da por detfâs da cidade; não vos a- disse a Josué: Levanta o escudo que
fasteis muito (d e la ); e estai todos a- tens na mão contra a cidade de Hai,
percebidos. 5Eu e o resto da gente porque eu ta entregarei. 19E, ten­
que está comigo, avançaremos pela do ele levantado o escudo contra a
parte oposta contra a cidade. E, cidade, imediatamente sairam os que
quando eles sairem contra nós, fugi­ estavam escondidos na emboscada; e,
remos e voltar-lhes-emos as costas, encaminhando-se para a cidade, to-
como primeiro fizemos; °até que, per­ maram-na e puseram-lhe fogo.
seguindo-nos, se tenham afastado da “ Os homens da cidade, porém, que
cidade; porque julgarão que fugimos perseguiam Josué, olhando para trás,
como a primeira vez. :Enquanto, pois, e vendo fumo da cidade que subia
nós vamos fugindo, e êles seguindo- até ao céu, não puderam já fugir nem
nos, vós saireis da emboscada, e des­ para cá nem para lá; prlncipalmente
truireis a cidade; e o Senhor vosso quando os que davam mostra de fu­
Deus vo-la entregará nas vossas mãos. gir e corriam para o deserto, ataca­
8E, depois que a tiverdes tomado, pon­ ram com grande esfôrço aquêles que
de-lhe fogo, e assim fareis tudo como os iam perseguindo.
eu mandei. “ E Josué e todo o Israel, vendo que
°E despediu-os, e êles foram para a cidade estava tomada, e que dela
o lugar da emboscada, e puseram-se subia o fumo, voltaram-se para trás,
entre Betel e Hai, ao poente da cida­ e passaram à espada os de Hai. “ P or­
de de Hai; e Josué ficou aquela noi­ que também os que tinham tomado
te no meio do povo; 10e, levantando-se e queimado a cidade, saindo dela pa­
de madrugada, passou revista à sua ra se unirem com os seus, começa­
gente, e marchou com os anciãos à ram a bater os inimigos que estavam
frente do exército, sustentando com no meio. E, sendo os inimigos fe ri­
o grosso das suas tropas. 1JE, tendo dos por uma e outra parte, de mo­
chegado e subido diante da cidade, do que nem um se salvou de tão
fizeram alto no lado setentrional da grande multidão, “ tomaram também
cidade, entre a qual e êles mediava vivo o rei da cidade de Hai, e apre-
um vale. 12Ora êle tinha escolhido sentaram-no a Josué.
cinco mil homens, e tinha-os posto 24Mortos, pois, todos aquêles que ti­
de emboscada entre Betel e Hai, ao nham perseguido Israel fugindo para
poente da mesma cidade; 13e todo o o deserto, e passados no mesmo lugar
resto do exército marchava em or­ ao fio de espada, voltaram os filhos de
dem de batalha para o setentrião, Israel e destruiram a cidade. “ Os que
de sorte que os últimos daquela mul­ morreram naquele dia entre homens
tidão alcançavam até ao poente da e mulheres, foram doze mil, todos da
cidade. Josué, pois, marchou aque­ cidade de Hai. “ E Josué não retirou
la noite, e parou no meio do vale. a mão, que tinha levantada, tendo o
140 rei de Hai, tendo visto isto, escudo, até que foram mortos todos
saiu a tôda pressa da cidade ao ama­ os habitantes de Hai. “ Mas os ani­
nhecer com todo o exército, e enca­ mais e o despojo da cidade os repar­
minhou as suas tropas para a banda tiram entre si os filhos de Israel, co­
do deserto, ignorando que lhe ficava mo o Senhor tinha ordenado a Josué.
atrás uma emboscada. 15Josué, po­ “ E êste pôs fogo (ao resto) da cida­
rém, e todo o Israel foram-se reti­ de, e reduziu-a para sempre a um
rando, fingindo mêdo, e fugindo pe­ montão (de ruínas), "e suspendeu de
lo caminho do deserto. 16E os de Hai, um patíbulo o seu rei até à tarde e
248 LIVRO DE JO SU E 8 - 9

ao pôr do sol, em que Josué mandou regaram sôbre os seus jumentos sacos
que descessem o seu cadáver da cruz; velhos, e odres de vinho rotos e re-
e lançaram-no na mesma entrada át cosidos, 5e calçado muito velho, que,
cidade, pondo sôbre êle um grande em sinal de muito uso, estava cheio
montão de pedras, que (a li) perma­ de remendos, e vestiram-se de roupas
nece até ao dia de hoje. muito usadas; e até os pães, que le­
Confirmação da aliança
vavam para o caminho, eram duros e
desfeitos em pedaços. 6E foram ter
30Então Josué edificou um altar ao com Josué, que então se encontrava
Senhor Deus de Israel sôbre o mon­ no acampamento de Galgala, e disse­
te Hebal, “ conforme o que Moisés, ram a êle, e juntamente a todo o Is­
servo do Senhor, tinha ordenado aos rael: Nós viemos de uma terra muito
filhos de Israel, e como está escrito distante, com o desejo de fazer pazes
no livro da lei de Moisés; um altar de convosco. E os homens de Israel res­
pedras toscas, nas quais não tocou ponderam-lhes, e disseram: 7Não se­
ferro; e ofereceu sôbre êle holocaus- jais vós talvez moradores na terra,
tos ao Senhor, e imolou vítimas pací­ que nos é devida por sorte, e assim
ficas. 32E escreveu sôbre pedras o Deu- não possamos fazer aliança convosco.
teronômio da lei de Moisés, qué êle 8Mas êles disseram a Josué: Nós
tinha explicado diante dos filhos de somos teus servos. Aos quais Josué
Israel. 33E todo o povo, e os anciãos, e disse: Quem sois vós? e donde vies­
os capitães, e os juizes estavam em tes? °Êles responderam: Os teus ser­
pé a um e outro lado da arca, diante vos vieram de uma terra muito dis­
dos sacerdotes que levavam a arca da tante em nome do Senhor teu Deus.
aliança do Senhor; (a li estavam) tan­ Porque ouvimos a fama do seu poder,
to os estrangeiros como os naturais. e tudo o q.ue fêz no Egito, 10e (com a
Metade dêles estava junto do monte tratou) os dois reis dos Amorreus,
Garizim, e a outra metade junto do ue estavam da outra banda do Jor-
monte Hebal, como tinha mandado ão, Seon, rei de Hesebon, e Og, rei
Moisés, servo do Senhor. E primeira- de Basan, que estava em Astarot. nE
mente (Josué) abençoou o povo de os nossos anciãos, e todos os habi­
Israel. “ Depois disto leu tôdas as pa­ tantes da nossa terra disseram-nos:
lavras da bênçãò e da maldição, e tu­ Tomai provisões para uma tão longa
do o que estava escrito no livro da jornada, e ide ao seu encontro, e di-
lei. 35Não omitiu nenhuma das coisas zei-lhes: Nós somos vossos servos, fa ­
que Moisés tinha ordenado, mas re- zei aliança conosco. 12Eis os pães, que
petiu-as tôdas diante de tôda a mul­ tomamos quentes quando partimos de
tidão de Israel, das mulheres e dos nossas casas para vir ter convosco;
meninos e dos estrangeiros, que mo­ agora estão secos e desfeitos por de­
ravam entre êles. masiadamente antigos. 13Êstes odres
eram novos, quando os enchemos de
Astúcia dos Gabaonitas vinho, e agora estão rotos e descosi­
p ara obter a aliança de Israel dos; a roupa que nos cobre, e o cal­
çado que trazemos nos pés gastaram-
D divulgadas estas coisas, todos os se, e quase se consumiram com um
U reis da outra banda do Jordão, tão longo caminho. 14Tomaram, pois,
que moravam nos montes e nas pla­ (os Israelitas) dos víveres dêles, e não
nícies, nos lugares marítimos e nas consultaram o oráculo do Senhor. 15E
praiàs do mar grande, e também os Josué fêz paz com êles, e, contraindo
que moravam junto do Líbano, o He- aliança, prometeu que não seriam
teu e o Amorreu, o Cananeu, o Fe- mortos, e o mesmo juraram os prín­
rezeu, e o Heveu, e o Jebuseu, u n i­ cipes do povo.
ram-se entre si para combater contra
Josué e contra Israel de comum a- Castigo dos Gabaonitas
côrdo, e com um mesmo desígnio.
8Porém, os habitantes de Gabaão, 16Mas, três dias depois de ter sido
ouvindo tudo o que Josué tinha feito feita a aliança, souberam que êles ha­
a Jerico e a Hai, 4e, usando de as­ bitavam na vizinhança, e que haviam
túcia, tomaram consigo víveres, car­ de viver entre êles. 17E os filhos de
9 - 1 0 LIVRO DE JO SU E 249

Israel moveram o acampamento, e, ao aliados, 2teve muito mêdo. Porque


terceiro dia, chegaram às suas cida­ Gabaão era uma cidade grande, e
des, cujos nomes são êstes: Gabaão, uma das cidades reais, e maior do
e Cafira, e Berot, e Cariatiarim. 18E que a cidade de Hai, e todos os
não os mataram, porque os príncipes seus guerreiros muito valentes. "En­
do povo lhes tinham jurado em nome viou, pois, Adonisedec, rei de Je­
do Senhor Deus de Israel. Pelo que rusalém, (mensageiros) a Oham, rei
todo o povo murmurou contra os prín­ de Hebron, e a Farari, rei de Jerimot,
cipes, 19os quais responderam: Nós ju­ e a Jafia, rei de Laquis, e a Dabir,
ramos-lhes em nome do Senhor Deus rei de Eglon, dizendo: “Vinde ter co­
de Israel, e por isso não podemos to­ migo, e trazei-me socorro, a fim de
car-lhes. 20Mas tratá-los-emos assim: tomarmos Gabaão, porque ela passou
Fiquem embora salvos com vida, para para Josué, e para os filhos de Is­
que não se excite contra nós a ira do rael. 6Unidos, pois, os cinco reis dos
Senhor, se faltarmos ao juramento; Amorreus, o rei de Jerusalém, o rei
21mas vivam com a obrigação de cor­ de Hebron, o rei de Jerimot, o rei
tarem lenha, e acarretarem água pa­ de Laquis, o rei de Eglon, sairam
ra o serviço de todo o povo. com os seus exércitos, e acamparam
Estando êles a dizer isto, 22Josué junto a Gabaão, sitiando-a.
chamou os Gabaonitas, e disse-lhes: °Os habitantes, porém, da sitiada ci­
P or que nos quisestes enganar com (a dade de Gabaão mandaram dizer a
vossa) fraude, dizendo: Nós habita­ Josué, que estava então acampado em
mos muito longe de vós, sendo que Galgala: Não recuses a tua mão aos
viveis no meio de nós? 23Por isso es­ teus servos; vem depressa, e livra-
tareis debaixo de maldição, e não fa l­ nos, e dá-nos socorro; porque se co­
tará da vossa linhagem quem corte ligaram contra nós todos os reis dos
lenha, e acarrete água para a casa do Amorreus, que habitam nas monta­
meu Deus. 24Êles responderam: A nós, nhas.
teus servos, chegou a notícia de que Josué derrota os sitiantes
o Senhor teu Deus tinha prometido a
Moisés, seu servo, çiue vos daria tôda 7Josué, pois, subiu de Galgala, e com
a terra, e extingmria todos os seus êle todo o exército dos combaten­
habitantes. Tivemos, pois, muito mê- tes, homens valentíssimos. 8E o Se­
do, e, compelidos pelo terror que vós nhor disse a Josué: Não os temas;
causáveis, tomamos êste expediente porque eu os entreguei nas tuas
para segurarmos as nossas vidas. mãos; nenhum dêles te poderá re­
25Mas agora estamos nas tuas mãos; sistir. 9Josué, pois, tendo marchado
faze de nos o que te parecer bom tôda a noite desde Galgala, deu de
e justo. repente sobre êles; 10e o Senhor os
26Fêz, pois, Josué como tinha dito, desbaratou à vista de Israel; e (Is -
e livrou-os das mãos dos filhos de Is­ rael) infligiu-lhes uma grande der­
rael, para que os não matassem. 27E rota junto de Gabaão, e foi-os perse­
determinou naquele dia que fossem guindo pelo caminho que sobe a Bet-
empregados no serviço de todo o povo, -horon, e dando nêles até Azeca e
e do altar do Senhor, cortando lenha, Maceda. 11E, enquanto êles fugiam
e conduzindo água ao lugar que o Se­ dos filhos de Israel, e estavam na
nhor escolhesse, (com o o fazem) até descida de Bet-horom, fêz o Senhor
ao presente. cair do céu grandes pedras em ci­
ma dêles até Azeca; e morreram
Gabaão é sitiada por muitos mais pelas pedras do grani­
cinco reis Amorreus zo, do que pelos golpes da espada dos
1 A JOra, Adonisedec, rei de Jeru- filhos de.Israel.
salém, tendo ouvido que Jo­ Josué manda parar o sol
sué tomara Hai e a destruira (por­
que fêz a Hai e ao seu rei, como 12Então Josué falou ao Senhor no
tinha feito a Jerlcó e ao seu rei), e dia em que entregou o Amorreu nas
que os Gabaonitas se tinham passado mãos dos filhos de Israel, e disse em
para Israel, e se tinham tornado seus presença dêles:
250 L iv R o DE Jo S U E 10
Sol, não te movas de sobre Gabaão, o rei de Jerusalém, o rei de Hebron,
e tu, lua, (não te movas) de sôbre o rei de Jerimot, o rei de Laquis, o
o vale de Ajalão. rei de Eglon. 24E, tendo sido condu­
13E o sol e a lua pararam até que zidos perante êle, chamou todos os
o povo se vingou de seus inimigos. varões de Israel, e disse aos prínci­
Não estâ isto escrito no livro dos pes do exército que estavam com ê-
justos? Parou, pois, o sol no meio le: Ide, e ponde o pé sobre os pesco­
do céu, e não se apressou a por-se du­ ços dêstes reis. E tendo êles ido e
rante o espaço de um dia. 14Não hou­ posto os pés sobre os pescoços dos
ve nem antes nem depois um dia tão reis subjugados, “ disse-lhes de novo:
longo, obedecendo o Senhor à voz de Não temais nem vos acobardeis, ten­
um homem, e pelejando por Israel. de ânimo, e sêde fortes; porque as­
15E Josué voltou com todo o Israel sim fará o Senhor a todos os vos­
para o acampamento de Galgala. sos inimigos, contra quem pelejais.
“ Depois dlsto Josué feriu-os, e tirou-
Os reis arnorreus são apanhados lhes a vida, e mandou-os pendurar
e mortos em cinco forcas; e estiveram pendu­
16Ora os cinco reis tinham fugido, rados até à tarde.
e tinham-se escondido numa caverna “ E, ao por do sol, mandou aos com­
da cidade de Maceda. 17E noticiaram panheiros que os descessem dos patí­
a Josué que os cinco reis tinham si­ bulos. E, depois de descidos, lança-
do encontrados escondidos numa ca­ ram-nos nas cavernas, em que se ti­
verna da cidade de Maceda. 18E êle nham escondido, e puseram à entra­
ordenou aos que o acompanhavam, e da grandes pedras, que ali se conser­
disse: Rolai pedras grandes para a vam até hoje.
bôca da caverna, e ponde homens Conquista de M aceda
cuidadosos, que guardem os que ne­
la estão escondidos; 10vós, porém, não “ N o mesmo dia Josué tomou tam­
estejais parados, mas persegui os ini­ bém Maceda, e passou-a a fio de es-
migos, e matai os fugitivos que forem pada, e matou o seu rei, e todos os
ficando atrás; nem deixeis entrar nas seus habitantes, sem deixar um só.
fortalezas das suas cidades aquêles E fêz ao rei de Maceda como tinha
que o Senhor entregou nas vossas feito ao rei de Jericó.
mãos. Conquista de Lebna
^Tendo feito pois grande destrôço “ De Maceda passou com todo o Is­
nos inimigos, quase até ao extermí- rael a Lebna, e combatia contra ela;
nio, aquêles que puderam fugir de “ e o Senhor entregou-a com o seu
Israel, acolheram-se às cidades for­ rei nas mãos de Israel; e passaram a
tes. 21E todo o exército salvo e em fio de espada a cidade, e todos os seus
número completo voltou para Josué habitantes; e não deixaram nela res­
a Maceda, onde então estava o acam­ to algum. E fizeram ao rei de Leb­
pamento; e ninguém (dos adversá­ na como tinham feito ao rei de Jeri-
rios) se atreveu a abrir a bôca con­
tra os filhos de Israel. “ E Josué có.
Conquista de Laquis
mandou, dizendo: Abri a bôca da
caverna, e trazei-me os cinco reis, 81De Lebna passou a Laquis com
que nela estão escondidos. “ E os todo o Israel; e, postado o exército
ministros fizeram como lhes fôra em volta da cidade, a combatia. “ E
mandado; e levaram-lhe os cinco reis: o Senhor entregou Laquis nas mãos
Cap. X — 12-13. Josué, depois de ter pôsto em fu g a os reis, temendo náo ter tempo de
os perseguir até ao extermínio completo, voltou-se para Deus e, inspirado por Êle, ordenou
ao sol e à lua que parassem no seu curso. — L ivro dos justos. Êste livro, que se perdeu,
encontra-se também citado no I I Reis, I, 18.
24. Ponde o p é ........E sta pena humilhante era muito usada pelos Egípcios e Assírios
p ara com os inimigos vencidos. Tinha por fim fazer-lhes sentir a sua completa sujeiçfto
ao vencedor. Moisés já tinna profetizado esta vitória (Deut. X X X III, 29) com a qual
Deus quis castigar a impiedade e os vícios infames daqueles reis, e a fa s ta r os Israelitas
d a uni&o com os Cananeus.
10 - l l L iv R o DE Jo S U E 251
de Israel, e tomou-a no dia seguinte, rei de Semeron, e ao rei de Acsaf;
e a passou ao fio de espada com tô- 2e também aos reis do norte, que ha­
da a gente que estava dentro, como bitavam nas montanhas e na planí­
tinha feito a Lebna. 33Nesta ocasião cie do meio-dia de Cenerot, e aos das
Horão, rei de Gazer, subiu em so­ campinas e dos territórios de Dor,
corro de Laquis; mas Josué derro­ junto ao mar; 3e ao Cananeu do o-
tou-o com todo o seu povo até ao riente e do ocidente, e ao Amorreu
extermínio completo. e ao Heteu e ao Ferezeu, e ao Je-
Conquista de Eglon buseu das montanhas; e também ao
Heveu, que habitava nas fraldas do
34E de Laquis passou a Eglon, e Hermon na terra de Masfa. 4E to­
sitiou-a, ^e no mesmo dia a tomou; dos êstes sairam com as suas tropas,
e passou a fio de espada tôda a gen­ uma multidão de gente tão numero­
te, que estava dentro, conforme tudo sa como a areia que há sôbre a praia
o que tinha feito a Laquis. do mar, e um número imenso de ca­
Conquista de Hebron valos e carroças. 5E todos êstes reis
se juntaram perto das águas de Me-
®6Passou depois com todo o Israel ron para combaterem contra Israel.
de Eglon a Hebron, e combateu con­
tra ela; ne tomou-a, e passou-a tam­ Conquista da Palestina do norte
bém a fio de espada com o seu rei,
e todos os povos daquela região, e 6E o Senhor disse a Josué: Não os
tôda a gente, que nela morava; não temas, porque amanhã a esta mes­
deixou ali ninguém com vida; co­ ma hora tos entregarei a todos para
mo tinha feito a Eglon, assim fêz a serem passados à espada à vista de
Hebron, passando à espada tudo o que Israel; jarretarás os seus cavalos, e
encontrou. queimarás as suas carroças.
Conquista de D abir 7E Josué com todo o exército mar­
chou de improviso contra êles até às
“ Dali voltou a Dabir, “ tomou-a e águas de Meron, e deu sôbre êles. 8E
destruiu-a; e passou também a fio de o Senhor os entregou nas mãos de
espada o seu rei e tôdas as cidades Israel. E derrotaram-nos, e pesegui-
circunvizinhas; não deixou nela resto ram-nos até Sidônia, a grande, e até
algum; como tinha feito a Hebron às águas de Maserefot, e até ao cam­
e a Lebna e aos seus reis, assim fêz po de Masfe, que está ao seu lado
a Dabir e ao seu rei. oriental. Passou-os todos à espada,
Resumo das conquistas de sorte que não deixou vivo um só;
9e fêz como o Senhor lhe tinha or­
"Josué destruiu, pois, todo o terri­ denado; jarretou os seus cavalos, e
tório das montanhas, e do meio-dia, pôs fogo às suas carroças.
e da planície, e Asedot com os seus >°E, voltando logo, tomou Asor, e
reis; não deixou ali resto algum, mas matou à espada o seu rei. Porque A -
matou tudo o que tinha fôlego, como sor antigamente tinha o principado
lhe tinha ordenado o Senhor Deus sôbre todos êstes reinos. UE passou
de Israel, "desde Cadesbarne até Ga­ à espada tôda a gente que ali mora­
za. Tôda a terra de Gosen até Ga- va; não deixou pessoa viva, mas de­
baão, " e todos os seus reis, e todos vastou tudo até ao extermínio, e des­
os seus países os tomou e devastou truiu com um incêndio a própria ci-
duma só expedição; porque o Senhor dade. 12E tomou, feriu e devastou as
Deus de Israel combateu por êle. "E cidades circunvizinhas, e os seus reis,
voltou com todo o Israel para o lu­ como lhe tinha ordenado Moisés, ser­
gar onde estava o acampamento em vo do Senhor. 13Israel queimou tôdas
Galgala. as outras cidades, exceto as que es­
Coligação dos reis do norte tavam situadas nas colinas, e nos lu­
contra Israel gares elevados; (destas) sômente A -
sor, cidade fortíssima, foi consumida
1 1 1Tendo Jabin, rei de Asor, ouvi- pelo fogo. 14E os filhos de Israel, de­
11 do estas coisas, enviou (m en­ pois de matarem todos os homens,
sageiros) a Jobab, rei de Madon, e ao repartiram entre si todos os despojos
252 LIVRO DE JO SU E 11 - 12

destas cidades e os gados. 15Como o do Jordão, para o nascente, desde a


Senhor tinha ordenado a Moisés, seu torrente de Arnon até ao monte Her-
servo, assim Moisés ordenou a Josué, mon, e toda a região oriental, que
e êste cumpriu tudo; não omitiu nem olha para o deserto.
uma só palavra de todos os manda­ 2Seon, rei dos Amorreus, que habi­
mentos, que o Senhor tinha dado a tou em Hesebon, reinou desde Aroer,
Moisés. (cidade) que está situada sôbre a mar­
Resumo das conquistas de Josué gem da torrente de Arnon, e desde o
“ Conquistou pois Josué todo o país meio do vale e, metade de Galaad,
montanhoso e meridional, e a terra de até à torrente de Jaboc, que é a fron­
Gosen, e a planície, e a parte ociden- teira 'dos filhos de Arnon; 3e desde o
tal, e o monte de Israel, e as suas deserto até ao mar de Cenerot para
campinas; 17e a parte do monte que o nascente, e até ao mar do deserto,
sobe para a banda de Seir até Baal- que é o mar salgado, para o lado
gad sôbre a planície do Líbano, na oriental pelo caminho que vai a Bet-
fralda do monte Hermon; tomou to­ simot; e desde a parte meridional,
dos os seus reis, feriu-os e matou- que está abaixo de Asedot, até Fas-
os. “ Durante muito tempo Josué ga. 4Os confins de Og, rei de Basan,
combateu contra êstes reis. 19Não que tinha ficado dos Rafains, e habi­
houve cidade que se rendesse (espon­ tou em Astarot, e em Edrai, e reinou
taneamente) aos filhos de Israel, ex­ no monte Hermon, e em Saleca, e em
ceto o Heveu, que habitava em Ga- todo o território de Basan, até aos
baão; tôdas as outras tomou à fôrça confins 5de Gessuri, e de Macati, e
de armas. "P o r que tinha sido de­ de metade de Galaad, que eram os
sígnio do Senhor que os seus cora­ confins de Seon, rel de Hesebon.
ções se endurecessem, e que comba­ 6Moisés, servo do Senhor, e os f i­
tessem contra Israel, e que fossem lhos de Israel derrotaram-nos, e M oi­
derrotados, e que não merecessem pie­ sés deu as suas terras em possessão
dade alguma, e que perecessem, co­ aos Rubenitas, e aos Gaditas, e aos da
mo o Senhor o tinha ordenado a Moi­ meia tribo de Manassés.
sés.
21Naquele tempo Josué acometeu e Reis de Canaã vencidos por Josué
matou os Enacins (gigantes) das
montanhas de Hebron, e de Dabir, e 7Êstes são os reis do país que Jo­
de Anab, e de tôdas as montanhas sué, e os filhos de Israel derrotaram
de Judá e de Israel, e destruiu as da banda de além do Jordão para o
suas cidades. "N ão deixou um só da poente, desde Baalgad, na campina
raça dos Enacins na terra dos filhos do Líbano, até ao monte, parte do
de Israel, exceto somente os que f i­ qual se eleva para a banda de Seir;
caram nas cidades de Gaza, e de Get, e Josué deu esta parte em possessão
e de Azoto. às tribos de Israel, a cada uma a
"Conquistou, pois, Josué todo o país, sua parte, 8tanto nas montanhas, co­
conforme o Senhor tinha dito a Moi­ mo nas planícies e campinas. Em A -
sés, e entregou-o em possessão aos sedot e no deserto, e ao meio-dia,
filhos de Israel por porções segundo habitava o Heteu e o Amorreu, o
as suas tribos; e cessou a guerra no Cananeu e o Ferezeu, o Heveu, e o
país. Jebuseu.
Reis da Transjordânia 9Um rei de Jericó; um rei de Hai,
vencidos por Moisés
que está ao lado de Betei; 10um rei de
VO ^ stes são os reis que os filhos Jerusalém; um rei de Hebron; Uum
de Israel derrotaram, e cujas rei de Jerimot; um rei de Laquis;
terras possuiram da banda de além 12um rei de Eglon; um rei de Gazer;
Cap. X I — 20. Que os seus corações endurecessem. Deus permitiu êste endurecimento,
que os conduziu à ruina. Se tivessem abraçado a religião hebraica, submetendo-se a Israel,
teriam sido tratados com misericórdia, (v e r sap., X II, 1 e seguintes; Kom., IX , 15 e
seguintes).
Cap. X I I — 3. M a r de Cenerot, ou de Tiberiades. — M a r salgado, ou M a r M orto.
12 - 13 LivR O DE JO SU E 253
“ um rei de Dabir; um rei de Gader; rei dos Amorreus, que reinou em He-
14um rei de Herma; um rei de Hered; sebon, até aos confins dos filhos de
“ um rei de Lebna; um rei de Odulão; Amon; “ e Galaad, e os territórios de
“ um rei de Maceda; um rei de Betel; Gessuri e de Macati, e todo o monte
17um rei de Tafua; um rei de Ofer; Hermon, e todo o Basan, até Saleca,
“ um rei de Afee; um rei de Saron; “ todo o reino de Og em Basan, o qual
19um rei de Madon; um rei de Asor; reinou eui Astarot e em Edrai, e foi o
“ um rei de Semeron; um rei de Ac- resto dos Rafains que ficaram; aos
saf; "um rei de Tenac; um rei de quais Moisés derrotou e destruiu. 13E
Magedo; 22um rei de Cades; um rei os filhos de Israel não quiseram ex­
de Jacanan do Carmelo; “ um rei de terminar os de Gessuri e de Macati; e
Dor, e da província de Dor; um rei assim êles ficaram habitando no meio
das nações de Galgai; 24um rei de Ter- de Israel até ao dia de hoje. 14A
sa; ao todo trinta e um reis. tribo de Levi, porém, (Moisés) não
deu possessão alguma, porque os sa­
Divisão de Canaã entre as tribos que crifícios e as vítimas do Senhor Deus
ainda não tinham recebido sua parte de Israel são a sua herança, como
1 9 1Josué estava velho e avançado
(o Senhor) lho tinha dito.
em idade, e o Senhor disse- Parte dada à tribo de Ruben
lhe: Tu estás velho, e de muita ida­
de, e resta um dilatadíssimo espaço “ Moisés, pois, deu a sua parte à tri­
de terra, que ainda não foi reparti­ bo dos filhos de Ruben, segundo as
do por sorte (nem conquistado); 2a suas famílias. 16E os seus confins fo ­
saber: tôda a Galiléia, o território dos ram desde Aroer, que está situada so­
Filisteus, e tôda a terra de Gessuri, bre a margem da torrente de Arnon,
8desde o rio turvo, que rega o Egito, e no meio do vale da mesma torren­
até aos confis de Acaron para o nor­ te, tôda a planície que vai até Meda­
te; a terra de Canaã, que está divi- ba, 17e Hesebon com tôdas as suas
dida entre cinco régulos dos Filiteus: aldeias, que estão na planície; e tam­
o de Gaza, e o de Azoto, o de Ascalon, bém Dibon, e Bamotbaal, e a cidade
o de Get, e o de Acaron. 4Ao meio- de Baalmaon, 18e Jassa, e Cedimot, e
dia estão os Heveus, tôda a terra de Mefaat, 19e Cariataim, e Sabama, e
Canaã, e Maara dos Sidônios, até A- Saratasar no monte do vale, 20Beto-
feca e aos confins do Amorreu, 5e paí­ fogor e Asedot, Fasga e Betiesimot,
ses seus vizinhos; o território do L í­ 21e tôdas as cidades da planície, e to­
bano para o nascente, desde Baalgad dos os reinos de Seon, rei dos Am or­
na raiz do monte Hermon, até à en­ reus, que reinou em Hesebon, a quem
trada de Emat; °a terra daqueles que Moisés derrotou com os príncipes de
habitam na montanha, desde o Líba­ Madian: Hevi, e Recem, e Sur, e
no até às águas de Maserefot, e todos Hur, e Rebe, capitães de Seon, e ha­
os Sidônios. Sou eu que os hei de bitantes daquele país. 22E os filhos
exterminar da face dos filhos de Is­ de Israel mataram também à espada,
rael. Entre, pois, (todo este terreno) como a todos os outros, o adivinho
na parte da herança de Israel, como Balaão, filho de Beor. ME o rio Jor­
eu to ordenei. 7E agora reparte a dão ficou sendo o limite dos filhos
terra que devem possuir as nove tri­ de Ruben. Estas são as cidades e
bos, e a meia tribo de Manassés; 8a aldeias que possuem os Rubenitas, se­
outra meia tribo e as tribos de Ruben gundo as suas famílias.
e Gad tomaram já posse da terra, Farte dada à tribo de Gad
que lhes deu Moisés, servo do Senhor,
na outra banda do Jordão, para o o- 24Moisés deu também à tribo de Gad
riente, °desde (a cidade de) Aroer, e aos seus filhos, segundo as suas fa ­
que está situada na margem da tor­ mílias, a terra que deviam possuir,
rente de Arnon, e no meio do vale, cuja divisão é esta: ^O têrmo de Ja­
e tôda a campina de Medaba, até zer, e tôdas as cidades de Galaad, e
Dibon; 10e tôdas as cidades de Seon, metade do país dos filhos de Amon,
Cap. X I I I — 3. o rio turvo, isto é, o Nilo.
254 LIVRO DE JO SUÉ 13 - 15
até Aroer, que está defronte de Raba; arrabaldes delas para sustentarem os
“ e desde Hesebon até Ramot, Masfe seus animais e rebanhos. 5Como o
e Betonin; e desde Manaim até aos Senhor tinha ordenado a Moisés, as­
confins de Dabir; 27e, no vale, Beta- sim fizeram os filhos de Israel, e re­
ran, e Betnemra, e Socot, e Safon, e partiram a terra (de Canaã).
o resto do reino de Seon, rei de H e­ Parte que tocou a Caleb
sebon; o seu limite é também o Jor­
dão até à extremidade do mar de Ce- °Nesta ocasião os filhos de Judá
nerot, na outra banda do Jordão para apresentaram-se a Josué em Galga-
o nascente. 28Esta é a parte, as ci­ la; e Caleb, filho de Jefone Cenezeu,
dades e aldeias dos filhos de Gad, se­ disse-lhe: Tu sabes o que o Senhor
gundo as suas famílias. disse de mim e de ti a Moisés, homem
de Deus, em Cadesbarne. 7Eu tinha
F arte dada à meia tribo de Manassés quarenta anos quando Moisés, servo
^Deu também à meia tribo de Ma­ do Senhor, me mandou de Cadesbar-
nasses, e aos seus filhos, segundo as ne para reconhecer a terra, e eu refe-
suas famílias, a sua parte, 30a qual ri-lhe o que me parecia verdade. 8Po-
compreendia, começando em Manaim, rém, meus irmãos, que tinham ido
todo o Basan, e todos os reinos de comigo, fizeram desanimar o povo; e,
Og, rei de Basan, e tôdas as aldeias não obstante isto, segui o Senhor meu
de Jair, que estão em Basan, (ao to ­ Deus. °E naquele dia Moisés jurou-
d o) sessenta povoaçôes; 81e metade de me, dizendo: A terra que o teu pé
Galaad, e Astarot, e Edrai, cidades calcou, será a tua possessão e a de
do reino de Og em Basan; (deu isto) teus filhos para sempre, porque se­
aos filhos de Maquir, filho de Manas- guiste o Senhor meu Deus. 1OO Se­
sés, isto é, à metade dos filhos de nhor, pois, me conservou a vida até
Maquir,: segundo as suas famílias. ao presente dia, como prometeu. Há
quarenta e cinco anos que o Senhor
Conclusão disse aquela palavra a Moisés, quan­
do Israel andava pelo deserto; hoje
32Estas são as possessões que Moi­ tenho oitenta e cinco anos, Ue acho-
sés repartiu nas campinas de Moab, me tão robusto como no tempo em
na outra banda do Jordão, defronte que fui enviado a reconhecer a terra;
de Jericó para o nascente. 33Mas à 0 vigor, que eu tinha então, dura
tribo de Levi não deu possessão al­ em mim até hoje, tanto para com­
guma, porque o Senhor Deus de Is­ bater como para andar. 12Dá-me,
rael é a sua herança como (o Senhor) pois, êste monte, que o Senhor me
lho tinha dito. prometeu, ouvindo-o tu mesmo, no
qual há (ainda) Enacins, e cidades
Corno deve ser feita a divisão grandes e fortificadas; o Senhor se­
1 A 1Eis o que os filhos de Israel ja comigo, e eu possa exterminá-los,
” possuiram na terra de Canaã, como êle me prometeu.
que lhes deram o sacerdote Eleázaro, 13E Josué abençoou-o, e deu-lhe He-
e Josué, filho de Nun, e os príncipes bron em possessão. 14E desde então
das famílias de cada tribo de Israel; Hebron foi de Caleb, filho de Jefo-
2distribuindo tudo por sorte pelas no­ ne Cenezeu, até ao dia de hoje, por
ve tribos e meia, como o Senhor ti­ ter seguido o Senhor Deus de Israel.
nha mandado por meio de Moisés. 15Hebron chamava-se outrora Cariat-
3Porque às outras duas tribos e meia -Arbe; ali está sepultado Adão, o
tinha Moisés dado a sua possessão na maior entre os Enacins; e a terra
outra banda do Jordão; não se con­ (de Canaã) repousou (p or então) de
tando os Levitas, que não receberam guerras.
porção alguma de terra entre seus ir­ Limites do território de Judá
mãos; 4mas em seu lugar sucederam
Manasses e Efraim, filhos de José, di­ 1 C 2A parte que tocou por sorte
vididos em duas tribos; nem os Levi- 1 aos filhos de Judá, segundo as
tas receberam outra parte na terra, suas famílias, foi esta: Desde a fron­
senão as cidades para habitarem, e os teira de Edom, o deserto de Sin, pa­
15 LIVRO DE JO SU E 255
ra o meio-dia, até à extremidade da leb exterminou dela os três filhos de
região meridional (de Canaã). 20 Enac: Sesai e Aiman e Tolm ai da ra-
seu princípio é desde a ponta do ça de Enac. 15E, subindo dali, mar­
mar salgado, e desde a língua, que êle chou para os habitantes de Dabir,
forma, olhando para o meio-dla. 3E que antes se chamava Cariat-Sefer,
estende-se para a subida do escorpião, isto é, cidade das letras. 16E Caleb
e passa a Sina, e sobe para Cades- disse: Eu darei minha filha A x a
barne, e chega até Esron, subindo por mulher àquele que assaltar e to­
para Adar e dando volta a Carcaa, 4e, mar Cariat-Sefer. ” E tomou-a O-
passando dali para Asemona, chega toniel, filho de Cenez, irmão mais no­
até à torrente do Egito, e termina vo de Caleb; e Caleb deu-lhe sua f i­
no mar grande; êstes serão os seus lha Axa por mulher.
limites pelo lado do meio-dia. 18E esta, enquanto iam caminhan­
5Pela parte oriental o princípio se­ do juntos, foi aconselhada por seu
rá o mar salgado até à extremidade marido que pedisse a seu pai um cam­
do Jordão; e pela parte do norte (co ­ po; e ela, estando sentada sôbre um
meça) desde a língua que o mar fo r­ jumento, deu um suspiro. E Caleb
ma até ao mesmo rio Jordão. °E a disse-lhe: Que tens? 19E ela respon­
sua fronteira sobe a Bet Hagla, e pas­ deu: Dá-me uma bênpão; tu deste-me
sa ao norte de Bet Araba, subindo à uma terra ao meio-dia e sêca; junta-
Pedra de Boen, filho de Ruben, 7e vai lhe outra de regadio. Deu-lhe pois
até aos confins de Debera, desde o Caleb uma terra, que se regava nos
vale de Acor para o norte olhando altos e nos baixos.
para Galgala, que está defronte da “ Esta é a possessão da tribo dos
subida de Adomim, pela parte aus- filhos de Juda, segundo as suas fa ­
tral da torrente; e passa as águas, mílias.
que se chamam fonte do Sol, e ter­
mina na fonte de Rogei. 8E sobe Cidades de Judá no Negeb
elo vale do filho de Enom, pela 21E as cidades dos filhos de Judá,
anda meridional do Jebuseu, onde nas extremidades meridionais pelas
está Jerusalém; e dali vai subindo a- fronteiras da Iduméia, eram: Cabseel,
té ao cume do monte, que está fron­ e Eder, e Jagur, 22e Cina, e Dimona,
teiro a Geenom, para o ocidente, na e Adada, 23e Cades, e Asor, e Jetnan,
extremidade do vale dos Rafains pa­ 24Zif, e Telem, e Balot, “ Asor a nova,
ra o norte. °E desde o cume do mon­ e Cariot, Hesrom, que é Asor, “ Amam,
te estende-se até à fonte de Neftoa, Sama, e Molada, 2Te Asergada, e Has-
e chega até às aldeias do monte E- semon, e Betfelet, “ e Hasersual e Ber-
fron; e baixa depois para Baala, que sabee e Baziotia, “ e Baala e Jim e
é Cariatiarim, isto é, a cidade dos Esem, " e Eltolad e Secil e Harma,
bosques; 10e de Baala dá volta para 31e Siceleg e Medemena e Sensena,
o ocidente até ao monte Seir, e cos- 32Lebaot e Selim e Aen e Remon; ao
teia o monte Jarim ao norte para a todo vinte e nove cidades com as
banda de Queslon; e desce a Betsa- suas aldeias.
mes, e passa por Tamna, ne chega
até o lado setentrional de Acaron; e Cidades de Judá em Sefela
declina para Secrona, e passa o mon­
te Baala; e estende-se até Jebneel, “ Nas campinas: Estaol, e Sarea, e
e termina ao lado ocidental do mar Asena, 34e Zanoe, e Enganim, e Ta-
grande. 12Êstes são, por todos os la­ fua e Enaim, “ e Jerimot, e Adulam
dos, os limites dos filhos de Judá se­ e Soco, e Azeca, 36e Saraim, e Ad i-
gundo as suas famílias. taim, e Gedera, e Gederotaim; cator­
ze cidades com as suas aldeias. 37Sa-
Galeb ocupa sua parte nan e Hadassa, e Magdalgad, “ Delean
e Masefa e Jectel, 30Laquis e Bascat
13Mas a Caleb, filho de Jefone, (J o ­ e Eglon, "Quebon e Leeman e Ce-
sué) deu para sua possessão, no meio tlis, 41e Giderot e Betdagon e Naarna
dos filhos de Juda, como o Senhor e Maceda; dezesseis cidades com as
tinha ordenado: Cariat-Arbe, que era suas aldeias. 42Labana e E ter e Asan,
pai de Enac, que é Hebron. 14E Ca­ 43Jefta e Esna, e Nesib, **e Ceila e
256 LIVRO DE JO SU E 15 - 17
Aczib e Maresa; nove cidades com as Limites de Efraim
suas aldeias. 45Acaron com as suas 5A fronteira dos filhos de Efraim,
aldeias e lugarejos. ^De Acaron até segundo as suas famílias, e a sua pos­
ao mar: todo o país que olha para sessão para o nascente, foi Atarot-
a banda de Azoto e suas aldeias. -adar até Bet-horon superior. °E os
47Azoto com as suas aldeias e luga­ seus confins estendem-se até ao mar,
rejos. Gaza com as suas aldeias e do lado de Macmetat, que olha para
lugarejos, até à torrente do Egito, e o 0 norte, e dão volta pelo oriente pa­
mar grande é o seu limite. ra Tanat-selo, e passa desde o orien­
Cidades de Judá nos montes te até Janoe; 7e de Janoe desce até A -
tarot e Naarata, e vai a Jericó, e ter­
"E nos montes: Samir e Jeter, e mina no Jordão. 8De T afa passa pa­
Socot, 49e Dana e Cariatsena, que é ra a banda do mar, até o vale do Ca-
Dabir, “ Anab e Istemo e Anim, 51Go- naveal, e termina no mar salgado.
sen e Olon e Gilo; onze cidades com Esta é a possessão da tribo dos f i­
as suas aldeias. 52Arab e Ruma e E- lhos de Efraim, segundo as suas fa ­
saan, “ e Janum e Bettafua e Afeca, mílias. 9E foram separadas cidades
MAtm ata e Cariat-Arbe, que é He- com as suas aldeias para os filhos de
bron, e Sior; nove cidades com as Efraim no meio da possessão dos f i­
suas aldeias. “ Maon e Carmel e Z if e lhos de Manassés. 10Mas os filhos de
Jota, “ Jezrael e Jucadam e Zanoe, Efraim não exterminaram o Cananeu,
57Acain, e Gabaa e Tamna; dez cida­ que habitava em Gazer; e o Cana­
des com as suas aldeias. “ Halhul e neu habitou até ao dia de hoje no
Bessur e Gedor, "M aret e Betanot e meio de Efraim, como tributário.
Eltecon: seis cidades com as suas al­
deias. “ Cariatbaal, que é Cariatia-
Território que tocou à m eia tribo
rim, cidade dos bosques, e Areba;
de Manassés
duas cidades com as suas aldeias.
Cidades de Judá no deserto 1 7 ^ s t a é a parte que tocou por
11 sorte a tribo de Manassés (por­
61N o deserto: Bet-Araba, Medin e que foi o primogênito de José): a
Secaca, 62e Nebsan, e a cidade do Sal, Maquir, primogênito de Manassés e
e Engadi; seis cidades com as suas pai de Galaad, que foi um homem
aldeias. guerreiro, e possuiu o pais de Ga­
laad e de Basan; 2e aos restantes f i­
Os Jebuseus ficam em Jerusalém lhos de Manassés, segundo as suas fa ­
03Mas ao Jebuseu, que habitava em mílias, aos filhos de Abiezer, e aos
Jerusalém, não o puderam extermi­ filhos de Helec, e aos filhos de Es-
nar os filhos de Judá; e o Jebuseu riel, e aos filhos de Sequém, e aos
habitou em Jerusalém com os filhos filhos de Hefer, e aos filhos de Se-
de Judá até ao dia de hoje. mida; êstes são os filhos varões de
Manassés, filho de José, segundo as
Limites dos filhos de José suas familias. 3Mas Salfaad, filho de
Hefer, filho de Galaad, filho de Ma-
1 fi *A parte que tocou em sorte quir, filho de Manassés, não teve
*** aos filhos de José foi desde filhos, mas somente filhas, cujos no­
o Jordão defronte de Jericó, e das mes são êstes: Maala e Noa e Hegla e
suas águas para o nascente; o de­ Meloa e Tersa. 4E estas apresenta­
serto que sobe de Jericó ao monte ram-se diante do sacerdote Eleáza-
de Betei; 2e (o seu lim ite ) vai de Be­ ro, e diante de Josué, filho de Nun,
tei a Luza, e passa ao longo dos con­ e diante dos príncipes, dizendo: O
fins de Arqui para Atarot; 3e (dali) Senhor ordenou por meio de Moisés
desce pelo ocidente, ao longo dos con­ que nos fôsse dada uma possessão no
fins de Jefleti, até aos confins de Bet- meio de nossos irmãos. E (Josué)
-horon inferior, e de Gazer; e o seu deu-lhes uma possessão no meio dos
território termina no mar grande. irmãos de seu pai conforme a ordem
4Foi isto que possuiram os filhos de do Senhor. 5E tocaram a Manas-
José, Manassés e Efraim. sés dez partes, além da terra de Ga-
17 - 18 LivR O DE JO SU E 257
laad e de Basan na outra banda do mos ganhar as montanhas, visto que
Jordão. 6Porque as (cinco) filhas de os Cananeus, que habitam na planície,
Manassés possuiram a sua herança no onde está Betsan com as suas aldeias,
meio dos filhos desta tribo. E a e Jesrael, que ocupa o meio do vale,
terra de Galaad coube em sorte aos usam de carroças arm adas de ferro.
outros filhos de Manassés. 17E Josué disse a casa de José, E fraim
7E o limite de Manassés foi desde e Manassés: Tu és um povo muito nu­
A ser até Macmetat, que olha para Si- meroso, e de grande fôrça; não te­
quém, e se estende pela direita até rás só uma parte, 18mas passarás ao
perto dos que habitam a fonte Tafua. monte, e cortarás para ti, e limparás
8Porque na sorte de Manassés tinha maior terreno para habitares; e po­
caído o território de Tafua, o qual es­ derás alargar-te mais, depois que ti­
tá perto dos confins de Manassés, e ê veres exterminado o Cananeu, que tu
dos filhos de Efraim . 9E esta fron­ dizes ter carroças armadas de ferro,
teira desce ao vale do Canaveal para e ser fortíssimo.
o meio-dia da torrente das cidades de
Efraim , que estão no meio das cida­ O tabernáculo em Silo
des de Manassés; o limite de Manas­
sés passa pelo norte da torrente, e vai 1 £ 2E todos os filhos de Israel se
terminar no m ar; 10assim a posses­ 10 juntaram em Silo, e levanta­
são de E fraim está ao meio-dia, e a ram ali o tabernáculo do testemunho
de Manassés ao norte, e ambas ficam e a terra se lhes sujeitou.
cerradas pelo mar, e se encontram
Pedidos em favo r das sete tribos
na tribo de A ser pelo norte, e na tri­
bo de Issacar pelo nascente. “ E M a­ que ainda não tinham recebido
nassés teve por herança, (noa territó­ a s suas partes
rios) de Issacar e de Aser, a Beta- 2Porém, tinham ficado sete tribos
sam com as suas aldeias, e Jeblaam dos filhos de Israel, que ainda não ti­
com as suas aldeias, e os habitantes nham recebido as suas possessões.
de D or com as suas aldeias, e os ha- Mosué disse-lhes: A té quando vos con­
bitantes de Endor com as suas aldeias, sumirá o ócio, e não entrareis, para
e também os habitantes de Tenac com a possuir, na terra que o Senhor Deus
as suas aldeias, Magedo com as suas de vossos pais vos deu? 4Escolhei três
aldeias, e a terça parte da cidade de homens de cada tribo, para que eu os
Nofet. envie e vão dar um a volta pelo país,
12E os filhos de Manassés não pu- e façam a sua demarcação, segundo
deram destruir estas cidades, mas o o número de cada multidão (o u tri­
Cananeu começou a habitar nesta sua bo que a deve possuir), e me refiram
terra (juntamente com êles). “ P o­ a demarcação que tiverem feito. ?Di-
rém, depois que os filhos de Israel se vidi entre vós a terra em sete par­
tornaram mais fortes, sujeitaram os tes; Judá fique nos seus limites da
Cananeus, e fizeram-nos seus tribu­ banda do meio-dia, e a casa de José,
tários, mas não os mataram. da banda do setentrião. 6A terra in­
termédia dividi-a em sete partes; e
Os filhos de José pedem depois vireis aqui ter comigo, para
aumento de território que eu aqui na presença do Senhor
14Ora os filhos de José falaram a vosso Deus vos lance as sortes; 7por-
Josué, e disseram: P or que me deste que os Levitas não têm entre vos par­
tu a posse de uma só herança e de te alguma, mas a sua herança é o sa­
uma só parte, sendo eu um povo tão cerdócio do Senhor. Gad, pois, Ru-
numeroso, e tendo-me o Senhor aben­ ben, e a meia tribo de Manassés já
çoado? 15E Josué disse-lhes: Se tu és receberam as suas porções do outro
um povo tão numeroso sobe ao bos­ lado do Jordão ao nascente; as quais
que, e corta para ti espaço no país lhes deu Moisés, servo do Senhor.
dos Ferezeus e dos Rafains, já que a 8E quando aquêles homens se le­
possessão do monte de Efraim é mui­ vantaram para ir fazer a demarcação
to estreita para ti. 16Os filhos de Jo­ da terra, Josué deu-lhes esta ordem,
sé responderam-lhe: Nós não podere­ dizendo: D ai volta à terra, e demar­

9 - B íb lia sagrada
2^8 LIVRO DE JO SU E 18 “ l 9

cai-a e Voltai a mim, para que eu gundo os seus limites à roda, e segun­
Vos lance as sortes aqui em Silo dian­ do as suas famílias.
te do Senhor. 9Partiram, pois, e, re­
conhecendo-a cuidadosamente, dividi- Cidades de Benjamim
ram -na em sete partes, que descre­
21E as suas cidades foram Jericó e
veram num livro. E voltaram a Jo­
sué no acampamento de Silo. 10E Bet-hagla, e o vale de Casis, 22B et-A ra-
êle lançou as sortes diante do Se­ ba e Samaraim e Betei, “e Avim e
nhor em Silo, e dividiu a terra em A fa ra e Ofera, 24a cidade de Emona
sete partes entre os filhos de Israel. e Ofni e Gabee; doze cidades com
as suas aldeias. “Gabaão e Ram a e
Confins do território de Benjamim Berot, 28e Mesfe e C afara e Amosa,
27e Recem, Jarefel e Tareia, “e Se­
nE caiu a primeira sorte aos filhos la, E lef e Jebus, que é Jerusalém,
de Benjamim, segundo as suas fam í­ Gabaata e Cariat; catorze cidades
lias, para possuírem o país situado com as suas aldeias. Esta é a posses­
entre os filhos de Judá e os filhos de são dos filhos de Benjamim, segundo
José. as suas famílias.
12E a sua fronteira para a banda
do setentrião foi desde o Jordão, es- Território de Slrneão
tendendo-se para a banda setentrio­ 1Q 2E saiu a segunda sorte aos fi-
nal de Jerico, e daí sobe às monta­
nhas para o poente, e chega até ao lhos de Simeão, segundo suas
deserto de Betaven, 13e passa ao meio famílias; e foi a herança 2dêles
dia perto de Luza, chamada também no meio da possessão dos filhos de
Betei, e desce a Atarot-Adar, perto Judá: Bersabee e Sabee e Molada, 3e
do monte, que está ao meio-dia de Hasersual, B ala e Asem 4e Eltolad,
Bet-horon inferior; 14e, dando volta Betul e Harma, Be Siceleg e Betm ar-
declina para o m ar ao meio-dia do cabot, e Hasersusa °e Betlebaot e Sa-
monte, que olha para Bet-horon pa­ roen; treze cidades com as suas al­
ra o Áfrico; e termina em Cariat- deias. 7Ain e Remon e A ta r e Asan;
-baal, que também se chama Cariatia- quatro cidades com as suas aldeias;
rim, cidade dos filhos de Judá; esta Hodos os lugarejos dos arredores des­
é a parte para o mar, pelo poente. tas cidades até Baalat Beer Ramat
15Mas pelo meio-dia a sua fronteira da banda do meio-dia. Esta é a he­
vai da parte de Cariatiarim para o rança dos filhos de Simeão, segundo
mar, e chega até à fonte das águas as suas famílias, 9na possessão e no
de Neftoa. 16E desce até àquela par­ território dos filhos de Judá; porque
te do monte, que olha para o vale dos era maior; e por isso os filhos de
filhos de Enom, e que está ao seten­ Simeão tiveram a sua possessão no
trião, na extremidade do vale dos R a- meio da herança daqueles.
fains. Depois desce a Geenom (isto Território de Zabulão
é, ao vale de Enom ) ao lado de Je-
buseu, pelo meio-dia, e chega até a loE a terceira sorte caiu aos filhos
fonte de Rogei, "passando para o nor­ de Zabulão, segundo as suas famílias;
te, e estendendo-se até Ensemes, is­ e a fronteira aa sua possessão esten-
to é, a fonte do Sol, 18e passa depois de-se até Sarid. UE sobe do m ar e
até aos cabeços, que estão defronte de Merala, e chega a Debaset, até à
da subida de Adomim, e desce a A - torrente, que esta defronte de Jeco-
bendoen, isto é, a pedra de Boen, fi­ nan. 12E volta de Sared para o nas­
lho de Ruben, e passa pelo lado do cente até aos confins de Ceselettabor;
norte até à campina, e desce à pla­ e avança a Daberet, e sobe para Ja-
nície; 19depois avança para o seten­ fie. 13E dali passa até ao lado orien­
trião além de Bet-hagla, e termina tal de Get-hefer e de Tacasin, e esten­
na ponta setentrional do m ar salga­ de-se a Remon, Am tar e N o a; 14e dá
do, na embocadura do Jordão, que o- volta pelo norte para Hanaton; e ter­
lha para o meio-dia. "O Jordão é mina no vale de Jeftael, 15e Catet e
O seu limite pelo oriente; esta é a N aalol e Semeron e Jerala e Belém;
possessão dos filhos de Benjamim, se­ doze cidades com as suas aldeias.
19 - 20 L ivR O DE JO SU E 259
16Esta é a herança da tribo dos filhos “ e Jeron e Magdalel, Horem e Beta-
de Zabulão, segundo as suas famílias, nat e Betsames; dezenove cidades com
com as suas cidades e aldeias. as suas aldeias. S9Esta é a possessão
da tribo dos filhos de Neftali, segun­
Território de Issacar do as suas famílias, e estas são as
suas cidades e aldeias.
17A quarta sorte saiu a Issacar, se­
gundo as suas famílias. 18E a sua he­ Território de D an
rança foi Jezrael e Casalot e Sunern ^A sétima sorte caiu à tribo dos
19e H afaraim e Seon e Annarat, “ e filhos de Dan, segundo as suas famí­
Rabot e Cesion, Abes, “ e Ramet e En- lias; 41e o limite aa sua possessão foi
ganim e Enada, e Betfeses. 22E a sua
Sara e Estaol e Hirsemes, isto é, a
fronteira chega até ao Tabor e Sae-
cidade do Sol, 42Selebim e A jalão e
sima e Betsames, e termina no Jor­ Jetela, 43Elon e Tem na e Acron, “ E l-
dão; dezesseis cidades com as suas tece, Gebbeton e Balaat, 45e Jud e B a­
aldeias. “ Esta é a possessão dos fi­
ne e Barac e Getremmon, " e M e-
lhos de Issacar, segundo as suas fa ­
jarcon e Arecon, com os confins que
mílias, com as suas cidades e aldeias.
olham para Jope, 47e aqui termina es-
Território de Aser ta possessão. M as os filhos de Dan
subiram, e pelejaram contra Lesem,
24E a quinta sorte caiu à tribo dos e tom aram -na e passaram-na ao fio
filhos de Aser, segundo as suas fam í­ de espada, e tomaram posse dela, e
lias; 25e a sua fronteira foi Halcat e habitaram-na, dando-lhe o nome de
Cali e Beten e Axaf, 26e Elmelec e Lesem Dan, do nome de Dan, seu pai.
Am aad e Messal; e chega até ao C ar- "E s ta é a herança da tribo dos fi­
melo do m ar e a Sior e a Labanat; lhos de Dan, segundo as suas fam í­
^e volta pelo oriente para a banda lias, e estas são as suas cidades e al­
de Betdagon, e passa por Zabulão e deias.
elo vale de Jeftael para o norte até
E letemec e Neiel; e estende-se pela
Parte de Josué
esquerda até Cabul “ e A bran e Roob e "E , tendo Josué acabado de repar­
Hamon e Cana, até Sidônia, a gran­ tir a terra por sorte por cada uma
de; 29e volta para Horm a até à for­ das tribos, os filhos de Israel deram
tíssima cidade de Tiro, e até Hosa; e a Josué, filho de Nun, em possessão
termina no m ar do território de A c- no meio dêles, "segundo o preceito
ziba; 30e (abrange tam bém ) A m a e do Senhor, a cidade que êle pediu,
Afee e Roob; vinte e duas cidades Tam nat Saraa, sôbre o monte de E -
com as suas aldeias. ^Esta é a fraim ; e êle reedificou a cidade e ha­
possessão dos filhos de Aser, segundo bitou nela.
as suas famílias, e estas são as suas
Conclusão
cidades e aldeias.
“ Estas são as possessões, que o sa­
Território de N eftali cerdote Eleâzaro, e Josué, filho de
82A sexta sorte caiu aos filhos de Nun, e os príncipes das famílias, e
Neftali, segundo as suas famílias; das tribos dos filhos de Israel distri­
88e a sua fronteira começa desde H e- buíram por sorte em Silo, diante do
lef e Helon e vai a Saananim e A da- Senhor, à porta do tabernáculo do
mi, chamada também Neceb, e a Jeb- testemunho. E assim repartiram a
nael até Lecum; e avança até ao Jor­ terra (de Canaã).
dão; 84e volta para o ocidente até Cidades de refúgio
Azanottabor, e dali estende-se até
Hucuca, e passa por Zabulão pela 2Q *E o Senhor falou a Josué, di-
parte do meio-dia, e por Aser, pelo zendo: F a la aos filhos de Is-
ocidente, e por Judã para o Jordãor rael, e dize-lhes: 2Separai as cidades
pelo oriente. “ Suas cidades fortifi- para os fugitivos, das quais vos falei
cadíssimas (são) Assedim, Ser e Em at por meio de Moisés; 3a fim de que
e Recat e Ceneret, S6e Edem a e A ra ­ se refugie nelas todo o que matar u-
ma, Asor 37e Cedes e Edrai, Enasor m a pessoa sem querer; e possa evitar
260 LIVRO DE JO SU E 20 - 21
a ira do parente próximo do morto, nhor. 4E saíram por sorte à família de
que quiser vingar o seu sangue. Caat, para os filhos do sacerdote A -
♦Quando êle se refugiar em uma des­ rão, treze cidades das tribos de Judá e
tas cidades, apresentar-se-â à porta de Simeão, e de Benjamim; 5e aos ou­
da cidade, e exporá aos anciãos dela tros filhos de Caat, isto é, aos. Levi-
tudo o que possa comprovar a sua i- tas que restavam, dez cidades das
nocência; e dêste modo o receberão, tribos de Efraim , e de Dan, e da meia
e lhe darão lugar em que habite. 5E, tribo de Manassés. 6E aos filhos de
se aquêle que auer vingar o morto, o Gersão saiu a sorte de receberem
perseguir, não Iho entregarão às suas treze cidades das tribos de Issacar,
mãos, porque matou por ignorância o e de Aser, e de Neftali, e da meia
seu próximo, nem se prova que dois tribo de Manassés em Basan. TE aos
ou três dias antes fôsse seu Inimigo. filhos de Merari, segundo as suas fa -
•E habitará nesta cidade, até que milias, doze cidades das tribos de R u -
compareça em juízo, para dar conta ben, e de Gad, e de Zabulão. 9E os
do que fêz, e até que m orra o sumo filhos de Israel deram estas cidades
sacerdote, que estiver (e m exercício) e os seus arrabaldes aos Levitas, co­
naquele tempo; então voltará o ho­ mo o Senhor tinha mandado por
micida, e entrará na sua cidade e na meio de Moisés, distribuindo-as a ca­
sua casa, donde tinha fugido. da um por sorte.
7E decretaram (qu e fôssem cidades
de refúgio) Cedes na Galiléia sôbre Cidades dos filhos de Arfto
o monte de Neftali, e Siquém sôbre 9Josué deu as cidades das tribos
o monte Efraim , e Cariat-Arbe, que ê
dos filhos de Judá e de Simeão, cujos
Hebron, sôbre o monte de Judá. 8E nomes são êstes: 10Aos filhos de A rão
na outra banda do Jordão, para a da fam ília de Caat, da linhagem de
nascente de Jericó, destinaram Bosor, Levi (pois que a êle saiu a primei­
que está situada na planície do deser-
ra sorte) “ Cariat-Arbe, (cidade) do
to, da tribo de Ruben, e Ramot em
pai de Enac, que se chama Hebron,
Galaad da tribo de Gad, e Gaulon em
sôbre o monte de Judá, com os seus
Basan, da tribo de Manassés. 9Estas
arrabaldes em roda. 12Os seus campos
foram as cidades estabelecidas para
todos os filhos de Israel, e para os e aldeias tinha-os dado (Josué) em
estrangeiros que habitavam entre ê- possessão a Caleb, filho de Jefone.
13Deu, pois, aos filhos do sacerdote A -
les, a fim de que aquêle que tivesse
morto uma pessoa sem querer, se re­ rão Hebron, cidade de refúgio, com
fugiasse nelas, e não morresse às os seus arrabaldes, e Lobna com os
mãos do parente, que quisesse vin­ seus arrabaldes, 14e Jeter, e Estemo,
g a r o sangue derramado, até se a- 15e Holon, e Dabir, 16e Ain, e Jeta,
presentar ante o povo para defender e Betsames, com os seus arrabaldes;
a sua causa. nove cidades de duas tribos, como fi-
ca dito. 17E da tribo dos filhos de
A tribo de L evi reclama Benjamim (d e u ) Gabaão, e Gabae, Me
algum as cidades, que lhe são dadas Anatot e Almon, com os seus arra­
baldes;, quatro cidades. 19A o todo são
21 *E os príncipes das famílias de treze as cidades dos filhos do sacer­
Levi foram ter com o sacer­ dote Arão, com os seus arrabaldes.
dote Eleázaro, e com Josué, filho de Cidades dos restantes filhos de Caat
Nun, e com os chefes das famílias
de cada tribo dos filhos de Israel, *e “Aos outros filhos de Caat, da li­
falaram -lhes em Silo, na terra de nhagem de Levi, segundo as suas fa ­
Canaã, e disseram: O Senhor orde­ mílias, foi dada a possessão seguin-
nou, por meio de Moisés, que nos te: " D a tribo de E fraim as cidades de
fôssem dadas cidades em que ha­ refúgio Siquém com os seus arrabal­
bitássemos, e os arrabaldes delas pa­ des sôbre o monte de Efraim , e Gazer,
ra manter os nossos animais. 3E os 22e Cibsaim, e Bet-horon, com os seus
filhos de Israel deram das suas pos­ arrabaldes; quatro cidades. “ E da
sessões cidades com os seus arrabal­ tribo de Dan, Elteco e Gabaton, 2 *4e
1
des, conforme o mandamento do Se­ Ajalão, e Gettemon, com os seus a r­
21 - 22 LIvRO DE JO SU E 261
rabaldes: quatro cidades. “ E da meia gos ousou resistir-lhes, mas todos fi-
tribo de Manassés, Tanac e Getremon, caram sujeitos ao seu domínio. “Nem
com os seus arrabaldes; duas cida- uma só palavra do que tinha prome-
des. “A o todo foram dadas aos fi­ tido dar-lhes ficou sem efeito, mas
lhos de Caat, que eram de grau (sa­ tudo se cumpriu com fatos.
cerdotal) inferior, dez cidades, com
os seus arrabaldes. Josué felicita e despede
as tribos da Transjordânia
Cidades dos filhos de Gers&o
09 'Neste mesmo tempo Josué cha-
D eu também da meia tribo de M a- “ “ mou os Ruben itas, e os Gadi-
nassés, aos filhos de Gersão, da li­ tas, e a meia tribo de Manassés, 2e
nhagem de Levi, as cidades de refú- disse-lhes: v ó s fizestes tudo o que
gio Gaulon, em Basan, e Bosram, com Moisés, servo do Senhor, vos orde­
os seus arrabaldes; duas cidades. “ E nou; e também a mim rne tendes o-
da tribo de Issacar, Cesion, e Daberet, bedecido em tudo, 8e durante um tão
“ e Jaramot, e Enganim, com os seus largo tempo até ao dia de hoje não
arrabaldes; quatro cidades. WE da abandonastes os vossos irmãos, ob­
tribo de Aser, M asal e Abdon, “ e H el- servando o mandamento do Senhor
cat, e Roob, com os seus arrabaldes; vosso Deus. 4Agora, visto que o Se­
quatro cidades. “ E da tribo de N e f- nhor vosso Deus deu repouso e paz
tali, as cidades de refúgio Cedes na aos vossos irmãos, como lho tinha
Galiléia, e Amot-Dor, e Cartan, com prometido, voltai, e ide para as vos­
os seus arrabaldes; três cidades. sas tendas, e para a terra da (vos­
“ Tôdas as cidades das famílias de sa) possessão, que Moisés, servo do
Gersão foram treze, com os seus a r­ Senhor, vos deu da outra banda do
rabaldes. Jordão. *80 vos imponho a condi­
Cidades dos filhos de M erari ção de que guardeis, e cumprais exa-
tamente o mandamento e a lei que
ME aos filhos de Merari, Levitas Moisés, servo do Senhor, vos prescre­
de grau (sacerdotal) inferior, segun­ veu, (isto é ) que ameis o Senhor
do as suas famílias, foram dadas da vosso Deus, e andeis em todos os
tribo de Zabulão, Jecnan e Carta, * e seus caminhos, e observeis os seus
Dam na e Naalol; quatro cidades mandamentos, e estejais unidos a ê-
com os seus arrabaldes. “ D a tribo le, e o sirvais de todo o coração, e
de Ruben na banda dalém do Jordão, de tôda a vossa alma. 6Depois deu-
defronte de Jericó, as cidades de re­ lhes Josué a bênção, e os despediu.
fúgio Bosor, no deserto, Misor e Ja- E êles voltaram para suas tendas.
ser e Jetson e Mefaat* quatro cida­ 7Ora, Moisés tinha dado â meia tri­
des com os seus arrabaldes. “ D a tri­ bo de Manassés um a possessão em B a­
bo de Gad as cidades de refúgio R a - san; e por isso Josué deu â outra
mot em Galaad, e Manaim, e Hese- meia uma parte entre os outros seus
bon, e Jazer; quatro cidades com os irmãos, na banda de aquém do Jor­
seus arrabaldes. “ Tôdas as cidades dão, para o ocidente. E, reenviando-
dos filhos de Merari, segundo as suas os para as suas tendas, e, tendo-os
famílias e casas, foram doze. “ P e­ abençoado, 8disse-lhes: Vós voltais pa­
lo que tÔdas as cidades dos Levitas, r a vossas casas com muitos bens e ri-
no meio da possessão dos filhos de riquezas, com prata e ouro, cobre e
Israel, foram Quarenta e oito, “ com erro, e vestidos de tôda a qualidade;
os seus arrabaldes, e cada uma foi reparti com vossos irmãos a prêsa
distribuída segundo as famílias. dos inimigos.
Conclusão Estas tribos erigem* nas m argens do
Jordão um altar, que provoca a
41E o Senhor Deus deu a Israel tô- indignação das outras tribos
da a terra que tinha prometido com
juramento a seus pais que lhes daria, •E os filhos de Ruben, e os filhos
e êles possuíram-na e habitaram ne­ de Gad, com a meia tribo de Manas-
la. “ E deu-lhes paz com tôdas as sés, voltaram, e separaram-se dos fi­
nações ao redor, e nenhum dos inimi­ lhos de Israel em Silo, que está em
262 L iv R o DE Jo S U E 22
Canaã, para entrarem em Galaad, ter­ o Senhor Deus fortíssimo, êle o sabe
ra da sua possessão, que tinham ob- e também Israel o compreenderá; se
tido por meio de Moisés, conforme nós com espírito de prevaricação le­
a ordem do Senhor. 10E, tendo che­ vantamos êste altar, ele nos não pro­
gado aos distritos do Jordãq, na ter­ teja, mas desde já nos castigue; “e se
ra de Canaã, edificaram junto ao o fizermos com intenção de oferecer
Jordão um altar de imensa gran­ sôbre êle holocaustos, e sacrifícios, e
deza. vítimas pacíficas, êle mesmo o exa­
“Tendo ouvido isto os filhos de mine e julgue.
Israel, o sabido por mensageiros se­ 24Muito pelo contrário: O pensa­
guros, que os filhos de Ruben, e de mento e desígnio que tivemos foi por-
Gad, e da meia tribo de Manassés ue poderá acontecer que um dia
tinham edificado um altar na terra igam os vossos filhos aos nossos:
de Canaã, nos distritos do Jordão, Que tendes vós com o Senhor Deus
defronte dos filhos de Israel, “reuni­ de Israel? “O Senhor pôs o rio Jor­
ram-se todos em Silo, para m archa­ dão por têrmo entre nós e vós, ó fi­
rem e combaterem contra êles. 18E lhos de Ruben, e ô filhos de Gad; e
entretanto enviaram-lhes à terra de por isso não tendes parte no Senhor.
Galaad, Finéias, filho do sacerdote E - E nesta ocasião os vossos filhos pode­
leázaro, 14e com êle dez príncipes, ca­ ríam afastar os nossos do temor do
da um de sua tribo. Senhor. Portanto, julgamos que e-
15Os quais foram ter com os filhos ra melhor (proceder assim), “ e disse­
de Ruben, e de Gad, e da meia tribo mos: Façamos um altar, não para
de Manassés, na terra de Galaad, e oferecer holocaustos, nem vítimas
disseram-lhes: “ Estas coisas vos man­ “mas para testemunho entre nós e
da dizer todo o povo do Senhor: Que vós, e entre a nossa posteridade e a
transgressão é esta? P or que abando­ vossa, de que servimos ao Senhor, e
nastes vós o Senhor Deus de Israel, de que temos direito de lhe oferecer
levantando um altar sacrílego, e a- holocaustos, e vítimas, e hóstias pací­
partando-vos do seu culto? “P o r­ ficas; e para que os vossos filhos não
ventura parece-vos pouco ter pecado digam amanhã aos nossos filhos: Vós
per causa de Beelfegor, e que a m á­ não tendes parte no Senhor. “ P o r­
cula dêste crime ainda até hoje per­ que, se o quiserem dizer, responder-
maneça em nós, e que muitos do po­ lhes-ão: Eis o altar do Senhor, que
vo tenham perecido? 18E vós abando­ os nossos pais fizeram, não para ho-
nastes hoje o Senhor, e amanhã cai­ locaustos, nem sacrifícios, mas para
rá a sua ira sôbre todo o Israel. “ Se testemunho entre nós e vós. “Lon­
julgais que a terra da vossa heran­ ge de nós êste crime que nos aparte­
ça é impura, passai para a terra em mos do Senhor, e deixemos de seguir
que está o tabernáculo do Senhor, e as suas pisadas, edificando um al-
habitai entre nós, contanto que vos tar para oferecer holocaustos, e sacri­
não aparteis do Senhor, nem da nos­ fícios, e vítimas, fora do altar do Se­
sa sociedade, edificando um altar a- nhor nosso Deus, que está levantado
lém do altar do Senhor nosso Deus. diante do seu tabernáculo.
“Não é assim que Acan, filho de Za-
ré, violou o mandamento do Senhor, “ Quando ouviram isto o sacerdote
e a sua ira veio sôbre todo o povo de Finéias, e os príncipes da legação de
Icrael? E êle era um só homem, e Israel, que com êle estavam, apazi-
oxalá que só êle tivesse perecido por guaram-se, e acolheram com grande
causa do seu crime. satisfação as palavras dos filhos de
Ruben, e de Gad, e da meia tribo
As tribos da Transjordânia explicam de Manassés. 31E o sacerdote Finéias,
a significação do altar, e filho de Eleázaro, disse-lhes: A go ra
restabelece-se a paz sabemos que o Senhor está convosco,
visto que estais alheios a tal preva-
21E os filhos de Ruben, e de Gad, ricação, e livrastes os filhos de Israel
e da meia tribo de Manassés respon­ da mão (justamente vingadora) do
deram aos príncipes da legação de Senhor.
Israel: 2
120 Senhor Deus fortíssimo, 82E, deixando os filhos de Ruben
22 - 24 L iv R o DE J o s U E 263
e de Gad, êle com os príncipes voltou fortíssimas, e ninguém vos poderá
da terra de Galaad, nos confins de resistir. 10Um só de vós porá em fu ­
Canaã, para os filhos de Israel, e deu- ga mil homens dos inimigos, porque
lhes conta de tudo. “ E o seu fa lar o Senhor vosso Deus combaterá por
agradou a todos os que o ouviram. vós, como prometeu. “ Sómente ten­
E os filhos de Israel louvaram a Deus, de grandíssimo cuidado em am ar o
e não falaram mais em sair contra Senhor vosso Deus. 12Mas, se qui­
êles para lhes fazer guerra e devas­ serdes seguir os erros dêstes povos,
tar a terra da sua possessão. " E os que habitam entre vós, e contrair com
filhos de Ruben, e os filhos de Gad êles matrimônios, e estabelecer ami­
chamaram ao altar que tinham edi- zades, 13sabei desde já que o Senhor
ficado: Nosso testemunho de que o vosso Deus não os exterminará dian­
mesmo Senhor é Deus. te de vós, mas serão para vós uma
cova e um laço, e uma pedra de tro-
Discurso de Josué aos chefes do povo pêço ao vosso lado, e uma espinha
nos vossos olhos, até que vos tire e
OQ la s s a d o muito tempo depois vos extermine desta terra excelente
que o Senhor tinha dado a que vos deu.
paz a Israel, subjugadas tôdas as na­ 14Eis que eu hoje entro no cami­
ções circunvizinhas, Josué, sendo já nho de tôda a terra, e vós reconhecei
velho e de idade muito avançada, de todo o vosso coração que de tôdas
2chamou todo o Israel, e os anciãos, as palavras que o Senhor prometeu
e os príncipes e os capitães, e os m a­ cumprir em vosso favor nem uma só
gistrados, e disse-lhes: Eu estou ve­ ficou sem efeito. 15Pois, assim co­
lho e de idade muito avançada; 8e mo êle cumpriu de fato as suas pro­
vós vêdes tudo o que o Senhor vosso messas, e tudo vos tem sucedido fe-
Deus fêz a tôdas as nações circunvi­ lizmente, assim também mandará sô-
zinhas, e como êle mesmo combateu bre vós todos os males de que vos
por vós; 4e que agora repartiu entre ameaçou, até que vos tire e vos ex­
vós por sorte tôda a terra, desde a termine desta excelente terra que
parte oriental do Jordão até ao m ar vos deu, 16se violardes o pacto do Se­
grande, e, pôsto que restem ainda nhor vosso Deus, que êle fêz convos-
muitas nações (a vencer) , 5o Senhor co, e se servirdes aos deuses estra­
vosso Deus as exterminará e as ti­ nhos, e os adorardes; depressa e su­
rará da vossa vista, e vós possuireis bitamente se levantará contra vós o
o país, como êle vos prometeu. 6Só- furor do Senhor, e sereis tirados des­
mente é preciso que sejais fortes e ta terra excelente que vos deu.
solícitos em observar tôdas as coisas
que estão escritas no livro da lei de Josué exorte* o povo à fidelidade
Moisés; e não vos desvieis delas nem para com Deus
para a direita, nem para a esquerda;
7para que, ao tratar com êsses po­ O A 1Finalmente Josué reuniu tôdas
vos que ficarão entre vós, não jureis as tribos de Israel em Siquém
pelo nome dos seus deuses, nem os e chamou os anciãos, e os príncipes,
sirvais, nem os adoreis; 8mas per­ e os juizes, e os magistrados; e eles
manecei unidos ao Senhor vosso Deus, apresentaram-se diante do Senhor; 2e
como tendes feito até êste dia. °E êle falou assim ao povo: Isto diz o
então o Senhor vosso Deus extermi­ Senhor Dev.3 de Israel: Vossos pais,
nará à vossa vista nações grandes e Taré, pai de Abraão e de Nacor, ha-

Cap. X X I I — 34. Nosso testemupho . . . Segundo o hebreu: Testemunho entre nós de que
Yahveh é Deus não só das trib o s que estão na margem direita, mas também das que estfto
na margem esquerda do Jordão.
Cap. X X I I I — 14. N o caminho de tôda a terra. Imagem que designa a morte, para
a qual todo o homem caminha desde o seu nascimento.
Cap. X X IV — 1. Neste capítulo fala-se da renovação da aliança e da morte de Josué.
Com um discurso simples, mas elegante, Josué recorda ao povo os benefícios que recebeu
de Deus na Mesopotâmia, no Eg ito , no deserto, na Palestina, e conclui convidando o povo
de Isra el a mostrar-se grato a Deus, renovando a aliança.
264 LIVRO DE JO SU E 24
bitaram desde o principio na banda Egito, e servi ao Senhor. “ Porém,
de além do rio, e serviram a deuses se vos parece mal servir ao Senhor,
estranhos. 8E u tirei pois vosso pai é-vos permitida a opção; escolhei ho­
A braão dos confins da Mesopotâmia, je o que vos agrada, e a quem prin-
e o conduzi à terra de Canaã, e m ul- cipalmente deveis servir: se aos deu­
tipliquei a sua descendência, 4e dei-lhe ses, a quem serviram os vossos pais
Isac; e a êste dei Jacó e Esaú. E a na Mesopotâmia, ou aos deuses dos
Esaú dei em possessão o monte de Amorreus, em cuja terra habitais;
Seir; Jacó, porém, e seus filhos des- que eu e minha casa havemos de ser­
ceram ao Egito. vir ao Senhor.
“Depois mandei Moisés e Arão, e
feri o Egito com muitos milagres e O povo promete ser fiel
prodígios. 6E fiz-vos sair a vós e loE o povo respondeu, e disse: Lon­
aos vossos pais do Egito, e chegastes ge de nos que abandonemos o Senhor,
ao m ar; e os Egípcios perseguiram e sirvamos a deuses estranhos. 17O
os vossos pais com carroças e cava- Senhor nosso Deus, êle mesmo nos ti­
laria até ao m ar Vermelho. 7Os fi­ rou a nós e a nossos pais da terra do
lhos de Israel porém clamaram ao Egito, da casa da escravidão; e fêz
Senhor, o qual pôs trevas entre vós à nossa vista grandes prodígios, e
e os Egípcios, e fêz vir o m ar sôbre guardou-nos por todo o caminho que
êles, e os cobriu. Os vossos olhos trilhamos e por entre todos os povos
viram todas as coisas que eu fiz no pelos quais passamos. 18E expulsou
Egito; e vós habitastes no deserto du­ todas as nações, o Amorreu, habitan-
rante muito tempo. te da terra em que entramos. NÓs
*E introduzi-vos na terra do A m or- pois, serviremos ao Senhor, porque ê -
reu, que habitava na banda de além le é o nosso Deus.
do Jordão. E quando combatiam
contra vós, eu os entreguei nas vossas Josué provoca declarações m ais precisas
mãos, e vós tomastes posse do seu
país, e os matastes. 9E levantou-se 19E Josué disse ao povo: Vós não
Balac, filho de Sefor, rei de Moab, podereis servir ao Senhor; porque ê-
e combateu contra Israel. E m an­ le é um Deus santo, e fortemente ze­
dou chamar Balaão, filho de Beor, loso, e não perdoará as vossas m al-
para que vos amaldiçoasse; 10mas eu dades e pecados. “Se abandonardes
não o quis ouvir, antes pelo contrá­ o Senhor, e servirdes a deuses estra­
rio, por meio dêle vos abençoei, e vos nhos, êle se voltará contra vós, e vos
livrei da sua mão. 11E passastes o afligirá, e destruirá, depois de vos ter
feito bem. 21E o povo disse a Josué:
Jordão, e chegastes a Jericó. E com­
bateram contra vós os homens desta N ão será assim como dizes, mas ser­
cidade, o Am orreu, e o Ferezeu, e o viremos ao Senhor. “ E Josué disse
Cananeu, e o Heteu, e o Gergeseu, e ao povo: Sois testemunhas de que vós
o Heveu, o Jebuseu; e eu os entre­ mesmos escolhestes para vós o Se­
nhor, a fim de o servir. E êles res­
guei nas vossas mãos. 12E mandei a-
ponderam: Somos testemunhas. aA -
diante de vós vespas,, e os expulsei
das suas terras (e tam bém ) os dois gora, pois, disse êle, tirai do meio
reis dos Amorreus, não (o fiz) com a de vós os deuses estranhos, e incli­
tua espada nem com o teu arco. 13E nai os vossos corações para o Senhor
dei-vos uma terra, que não lavrastes, Deus de Israel. 24E o povo disse a
e cidades que não edificastes, para Josué: N ó s serviremos ao Senhor nos­
habitardes nelas; vinhas e olivais, que so Deus, e seremos obedientes aos
não plantastes. 14Agora, pois, temei seus preceitos.
o Senhor, e servi-o com um coração Renovação da aliança
perfeito e sinceríssimo; e tirai (do
meio de vó s) os deuses a que vossos “ Josué, pois, renovou naquele dia a
pais serviram na Mesopotâmia e no aliança, e propôs ao povo preceitos

Cap. XXIV — 1 5 . É-vos permitida a opção. Êste belo movimento oratório vai levar o
povo a pronunciar-se francamente sôbre o seu futuro modo de proceder.
24 LIVRO DE JO SU E 265
e leis em Siquém. “ Escreveu tam ­ rael serviu ao Senhor durante todo
bém todas estas palavras no livro da o tempo da vida de Josué, e dos an­
lei do Senhor, e tomou uma pedra ciãos que viveram muito tempo de­
muito grande, e colocou-a debaixo pois de Josué, e que sabiam tôdas
dum carvalho, que estava no santuá­ as obras que o Senhor tinha feito
rio do Senhor; 27e disse a todo o po­ em (fa vor de) Israel.
vo: Esta pedra servir-vos-â de teste­
Sepultura dos ossos de José
munho de que ouviu tôdas as pala­
vras, que o Senhor vos disse; para t a m b é m os ossos de José, que os
que não aconteça que depois o quei­ filhos de Israel tinham trazido do E -
rais negar e mentir ao Senhor vosso gito, foram sepultados em Siquém, na
Deus. “ E despediu o povo, cada um parte do campo, que Jacó tinha com-
para a sua possessão. prado aos filhos de Hemor, pai de
Siquém, por cem cordeiros, e que
Morte e sepultura de Josué foi depois propriedade dos filhos de
José.
“ E depois disto morreu Josué, filho Morte e sepultura de Eleázaro
de-N un, servo do Senhor, com cento
e dez anos. “ E o sepultaram nos “ Morreu também Eleázaro, filho de
confins da sua possessão, em Tarn- Arão, e sepultaram-no em Gabaat,
nat Saraa, que está situada sobre o (cidade) de Finéias, seu filho, que
monte de Efraim , para a parte se­ lhe tinha sido dada sôbre o monte
tentrional do monte Gaas. 31E Is­ de Efraim .
L I VRO DOS J U I Z E S
Segundo a opinião mais seguida, o livro dos JUIZES foi escrito pelo pro­
feta Samuel. Contém a história de Israel, desde a morte de Josué até o nas­
cimento de Samuel, época em que Deus suscitou alguns heróis, chamados
Juizes, para libertarem todo o seu povo, ou parte dêle, da opressão inimiga,
e para o levarem à observância da lei. O fim principal do livro, na intenção
de seu autor, foi levar o povo eleito à observância da lei de Deus Por meio
de alguns exemplos tirados da história, mostra que Israel é feliz quando
serve a Deus, mas torna-se infeliz logo que se afasta do Senhor, o qual to­
davia está sempre pronto a perdoar, quando se faz penitência do pecado co­
metido.
Êste livro divide-se em três partes:
I. Introdução: (1, 1 - 3, 6 ) na qual se trata das condições políticas
(1, 1 - 2, 5) e religiosas (2, 6 - 3, 6 ) de Israel na época dos Juizes.
II. Narração principal: (3, 7 - 16, 31) constitue o núcleo e a parte subs­
tancial do livro. Recorda com alguns detalhes os acontecimentos mais críti­
cos dêste período: a vitória de Otoniel sobre Cusan Rasataim (3, 7 - 11); Aod
liberta Israel da opressão dos Moabitas (3, 12-30); a vitória de Barac e de
Débora sôbre Sisara (4, 1 - 5, 32); Israel livra-se da opressão dos Madianitas
por obra de Gedeão ( 6, 11 - 8, 32) e da dos Amonitas por obra de Jeftè
(11, 7 - 12, 7 ); a luta de Sansão contra os Filisteus (13, 2 - 16,31).
Além dêsses 6 “ Juizes Maiores” surgiram outros seis “ Juizes menores” ,
cujos nomes às vêzes são apenas mencionados: Samgar (3, 31); Tola e Jair
(10, 1-5), Abesan, Aialon, Abdon (12, 8-15).
III. Dois apêndices desligados do resto do livro. O primeiro é uma
narração da conquista de Lais pelos filhos de Dan (17, 1 - 18, 31). O outro
narra a guerra de extermínio contra a tribo de Benjamim, réu de não ter
punido os autores da atrocidade de Gabaa (19, 1 - 21, 24).
Duvida-se que todos os Juizes recordados acima tenham exercido o cargo
consecutivamente, ou se alguns dêles tenham vivido e governado contempo­
râneamente, embora se achando em regiões diferentes. No primeiro caso,
teriamos a narração de uma história que abrange quase 410 anos; na se­
gunda hipótese, a história abrangería apenas um período de 300 anos. Esta
segunda opinião concorda mais com o resto da cronologia sagrada.
LI VRO DOS J U Í Z E S
A tribo de Judá é designada p ara que antigamente se chamava Cariat-
m archar à frente das outras tribos -Sefer, isto é, cidade das letras. 12E
Caleb disse: E u darei minha filha
1 'Depois da morte de Josué os fi- A x a por mulher ao que tomar Cariat-
1 lhos de Israel consultaram o -Sefer e a destruir. 13E tendo-a to­
Senhor, dizendo: Quem marchará à mado Otoniel, filho de Cenez, irmão
nossa frente contra o Cananeu, e mais novo de Caleb, êste deu-lhe a
será o nosso chefe na guerra? 2E o sua filha A x a por mulher. 14Indo
Senhor disse: M archará (a tribo d e) ela em viagem, sugeriu-lhe seu ma­
Judá; eis que eu entreguei o país rido que pedisse a seu pai um cam­
nas suas mãos. *E Judá disse a Si- po. E, como ela suspirasse, estando
meão, seu irmão: Sobe comigo à ter­ montada sôbre o seu jumento, Caleb
ra que me coube em sorte, e comba­ disse-lhe: Que tens? 15E ela respon­
te contra o Cananeu, a fim de que eu deu: Dá-m e uma bênção; já que
vá depois contigo à tua sorte. E Si- me deste uma terra sêca, dá-me tam­
meão foi com ele. bém uma que se possa regar. Caleb,
Vitórias de Judá e Sirneão
pois, deu-lhe uma terra, que se rega­
va nos altos e nos baixos.
4E Judá subiu, e o Senhor entre­ 16Os filhos, porém, do Cineu, paren­
gou nas suas mãos o Cananeu e o Fe- te de Moisés, saíram da cidade das
rezeu; e mataram em Bezec dez mil Palm eiras com os filhos de Judá pa­
homens. 5E encontraram Adonibezec ra o deserto, que era da sorte desta
em Bezec, e combateram contra êle, tribo, a qual fica ao meio-dia de Arad,
e derrotaram o Cananeu e o F ere- e habitaram com êles. 17Depois Ju­
zeu. °E Adonibezec fugiu; mas, in­ dá marchou com Simeão, seu irmão,
do êles em seu alcance, apanharam - e juntos derrotaram o Cananeu, que
no, e cortaram-lhe as extremidades habitava em Safat, e mataram-no. E
das mãos e dos pés. 7E Adonibezec esta cidade foi chamada com o nome
disse: Setenta reis, a quem tinham si­ de Horma, isto é, anátema. ME Ju­
do cortadas as extremidades das mãos dá tomou também Gaza com os seus
e dos pés, apanhavam debaixo da mi­ arrabaldes, e Ascalon, e Acaron com
nha mesa os sobejos da comida; co­ os seus arrabaldes. 19E o Senhor foi
mo eu fiz, assim Deus me fêz. E com Judá e êste apoderou-se das
levaram-no a Jerusalém e ali mor­ montanhas; porém não pode derro­
reu 8Ora, os filhos de Judá, tendo a- tar os que habitavam no vale, por­
tacado Jerusalém, tomaram-na, e que êstes tinham muitas carroças
passaram-na ao fim de espada, pon­ falcadas. "E , conforme o que Moi­
do fogo a tôda a cidade. sés tinha dito, deram Hebron a Ca­
9E depois, baixando, combateram leb, que exterminou dela os três fi­
contra o Cananeu, que habitava nas lhos de Enac.
montanhas, e ao melo-dia, e nas pla­ Insucessos das outras tribos
nícies. 10E Juda (prosseguindo) m ar­
chou contra o Cananeu, que habi­ “ Mas os filhos de Benjamim não
tava em Hebron (cham ada antiga­ destruíram o Jebuseu, que morava
mente C ariat-A rbe), derrotou Sesai, em Jerusalém; e o Jebuseu habitou
e Aiman, e Tolm ai; Me partindo dali, em Jerusalém com os filhos de Ben­
foi contra os habitantes de Dabir, jamim, até ao dia de hoje.
Cap. I — 6. C o r t a r a m - l h e . . . Êste suplício era m uitas vêzes aplicado aos vencidos,
para os to rn a r incapazes de pegar novamente em armas.
268 LIVRO DOS JUízES 1- 2
“A casa de José também marchou O anjo de Deus censura Israel
contra Betel, e o Senhor foi com êles. que se arrepende
23Porque, enquanto sitiavam a cidade,
que antes se chamava Luza, ^viram O 2Ora, o anjo do Senhor subiu de
sair da cidade um homem, e disseram- “ Galgala ao lugar (chamado)
lhe: Mostra-nos a entrada da cida­ dos chorosos, e disse: E u vos tirei do
de, e usaremos de misericórdia con­ Egito, e vos introduzi na terra, que
tigo. ^ e n d o -lh a êle mostrado, pas­ eu tinha jurado a vossos pais (dar-
saram a fio de espada a cidade; mas vo s), e prometi-vos não mais rom­
deixaram livre aquêle homem, e tô- per o pacto (qu e fiz) convosco; 2com
da a sua fam ília. ME êle pôsto em a condição, porém, de que não farieis
liberdade, foi Dara a terra de H e - aliança com os habitantes desta ter­
tim, e fundou lá uma cidade, e pôs- ra, mas que destruirieis os seus al­
lhe o nome de Luza, a qual se chama tares; e vos não quisestes ouvir a mi­
assim até ao dia de hoje. nha vóz; por que fizestes isto? 3P o r
esta razão eu não quis extingui-los
^Também Manassés não destruiu da vossa presença, para que os te­
Bêtsa nem Tanac com as suas aldeias, nhais por inimigos, e os seus deuses
nem os habitantes de Dor, e de Je- sejam a vossa ruina.
blaam, e de Magedo com as suas al­ 4A o dizer o anjo do Senhor estas
deias, e o Cananeu começou a habi­ )alavras a todos os filhos de Israel,
tar com êles. "M as, depois que Is­
rael cobrou mais fôrças, fê-los tribu­
Íevantaram êstes a sua voz, e chora­
ram. 5Pelo que aquêle lu gar foi cha­
tários, e não os quis exterminar. mado o lu gar dos chorosos, ou das lá -
“ E fraim também não exterminou o grimas; e imolaram ali hóstias ao
Cananeu, que habitava em Gazer, mas Senhor.
ficou habitando com êle.
"Zabulão não destruiu os habitantes Fidelidade da geração que tinha
de Cetrom e de Naalol, mas o Cana- conhecido Josué
neu habitou no meio dêle, e tor­ 6Josué, pois, despediu o povo, e os
nou-se seu tributário. filhos de Israel foram cada um para
“ A ser também não destruiu os ha­ a sua possessão, a fim de a ocupa-
bitantes de Aco e de Sidônia, e de rem. 7E serviram ao Senhor duran­
Aalab, e de Acazib, e de Helba, e de te todos os dias da vida de Josué, e
Afec, e de Roob; “ antes, morou no dos anciãos, que lhe sobreviveram
meio dos Cananeus, habitantes daque- por largo tempo, e que tinham co­
la terra, e não os exterminou. nhecido tôdas as obras que o Senhor
“ Neftali também não destruiu os tinha feito em favor de Israel. 8M or-
habitantes de Betsames, e de Betanat, reu, porém, Josué, filho de Nun, ser­
mas morou entre os Cananeus, habi­ vo do Senhor, com cento e dez anos,
tantes daquela terra, e os Betsa- 9e sepultaram-no nos confins da sua
mitas e os Betanitas lhe foram tri­ possessão em Tam nat Sare sôbre o
butários. monte de E fraim ao norte do monte
Gaas.
ME o Am orreu encerrou os filhos
de Dan no monte, e não lhes deu lu­ Infidelidade das gerações seguintes
gar de descer para as planícies; “ e
habitou no monte Hares, que quer 10E tôda aquela geração se foi unir
dizer monte de argila, em A jalão e a seus pais, e sucederam outros, que
em Salebim. Mas a mão da casa de não conheciam o Senhor, nem as
José carregou sobre êle, e tornou-o obras que tinha feito em favor de Is­
seu tributário. “ E os limites do A - rael. UE os filhos de Israel fizeram
morreu foram desde a subida do Es­ o m al diante do Senhor, e serviram
corpião, Petrk, e os lugares mais al­ os Baalins, 12e abandonaram o Senhor
tos.28 Deus de seus pais, que os tinha ti­

28. F ê - l o s t r i b u t á r i o s , indo dêste modo contra as ordens do senhor. (Êxodo, X X X I I I ,


31,33).
Cap. I I — 11. O s B a a l i n s , os vários ídolos do deus Baal.
2 - 3 LIVRO DOS JU IZ E S 269
rado da terra do Egito; e seguiram Povos Cananeus
os deuses estranhos, e os deuses dos que não foram exterminados
povos, que habitavam em tôrno dêles,
e adoraram-nos; e provocaram o Se­ O ^ s t a s são as gentes que o Se-
nhor â ira, 13abandonando-o para ser­ nhor deixou para instruir por
virem a B aal e a Astarot. meio delas Israel, e todos aquêles que
14E o Senhor, irado contra Israel, não tinham conhecido as guerras aos
entregou-os nas mãos dos saqueado- Cananeus; 2a fim de que depois seus
res, çiue os tomaram, e venderam aos filhos aprendessem a combater con­
inimigos, que habitavam ao redor; e tra os inimigos, e se habituassem a
êles não puderam resistir aos seus pelejar: #Os cinco sátrapas (o u prin-
adversários; 15mas, para qualquer cipes) dos Filisteus, e todos os Cana-
parte que quisessem ir, a mão do Se- neus, e os SidÔnios, e os Heveus, que
nhor estava sôbre êles, como lhes ti­ habitavam no monte Libano, desde
nha dito e jurado; e foram em extre­ o monte de Baal-H erm on até à en­
mo afligidos. trada de Emat. 4E deixou-os para
provar por meio dêles Israel, (para
Instituição dos Juizes v e r ) se êle obedeceria ou não aos
mandamentos que o Senhor tinha in­
16Ora, o Senhor suscitou-lhes jui­ timado a seus pais, por meio de Moi­
zes, que os livrassem das mãos dos sés. 5Os filhos, pois, de Israel habita-
opressores; mas nem a êles quiseram ram no meio dos Cananeus, e dos
ouvir, 17prostituindo-se a deuses es­ Heteus, e dos Amorreus, dos Fere-
tranhos, e adorando-os. Abandona­ zeus, e dos Heveus, e dos Jebuseus;
ram depressa o caminho, por onde °e tomaram por mulheres as suas
seus pais tinham andado; e, tendo filhas, e êles mesmos deram as suas
ouvido os mandamentos do Senhor, filhas aos filhos dêles, e serviram
tudo fizeram ao contrário. ME os seus deuses.
quando o Senhor suscitava juizes, en­
quanto êstes viviam, êle deixava-se Israel é livre da opressão de Cusan
dobrar da misericórdia, e ouvia os por Otoniel
gemidos dos aflitos, e livrava-os da
crueldade dos opressores. 19Mas, de­ 7E fizeram o mal diante do Senhor,
pois que o juiz morria, reincidiam, e e esqueceram-se do seu Deus, servin­
faziam coisas muito piores do que ti- do aos Baalins e a Astarot. 8Irado,
nham feito seus pais, seguindo os pois, o Senhor contra Israel, entre­
deuses estranhos, servindo-os e ado- gou-os nas mãos de Cusan Rasataim,
rando-os. N ã o abandonaram os seus rei da Mesopotâmia, e estiveram-
devaneios, nem o caminho duríssimo, lhe sujeitos oito anos.
por onde tinham costume de andar. °E clamaram ao Senhor, que lhes
Deus não destruirá os Cananeus suscitou um salvador, que os livrou,
isto é, Otoniel, filho de Cenez, irmão
“Acendeu-se, pois, contra Israel o niais novo de Caleb. 10E o espírito
furor do Senhor, e êle disse: Visto que do Senhor esteve nêle, e julgou Is­
êste povo violou o meu pacto, que eu rael. E saiu para a guerra, e o Se­
tinha feito com os seus pais, e recu­ nhor entregou-lhe nas mãos Cusan
sou ouvir a minha voz, 21 também eu Rasataim, rei da Síria, e derrotou-o.
não destruirei as nações (inimigas), 11E o país ficou em paz durante qua­
que Josué deixou quando morreu, “ a renta anos, e Otoniel, filho de Cenez,
Ilm de, por meio delas, por à prova morreu.
das estas nações, e não as quis des­
truir logo, nem as entregou nas mãos Aod livra Israel da opressão de Eglon
de Josué. Eglon, rei de Moab; porque tinham
Israel, (para v e r ) se observam ou
não o caminho do Senhor, e se an- 12Mas os filhos de Isráel recome­
dam por êles, como seus pais observa­ çaram a fazer o mal diante do Se-
ram. 23P or isso o Senhor deixou tô- nhor, o qual deu fôrça contra êles a

Cap. I I I — 10. B julgou Israel, isto é, exerceu o oficio de ju iz sôbre Israel.


270 LIVRO DOS JU IZ E S 3-4
feito o m al na sua presença. 18E uniu- viram fechadas as portas do quarto/
lhe os filhos de Am on e de Am alec; e disseram: Talvez esteja satisfazen­
e avançou, e derrotou Israel, e apo- do algum a necessidade corporal no
derou-se da cidade das Palmeiras. 14E seu quarto de verão. “ Mas, esperando
os filhos de Israel serviram a Eglon, muito tempo até ficarem alarmados,
rei de Moab, durante dezoito anos. e, vendo que ninguém abria, toma-
15E depois disto clamaram ao Se­ ram a chave, e, abrindo, encontra­
nhor, que lhes suscitou um salvador ram o seu senhor morto estendido
chamado Aod, filho de Gera, filho de por terra.
Jemini, que se servia de ambas as “ E, enquanto estavam nesta per­
mãos como da direita. E os filhos de turbação, Aod fugiu e passou pelo lu -
Israel mandaram por meio dêle pre­ gar dos ídolos, donde tinha voltado
sentes a Eglon, rei de Moab. 16E Aod atrás.
mandou fazer para si um punhal de E chegou a Seirat; " e logo tocou
dois gumes, que tinha os copos da a trombeta sôbre o monte de E fraim ;
largu ra da palma da mão, e o cin- e os filhos de Israel desceram com
giu debaixo do vestido ao lado direi­ êle, marchando êle na frente. “ E dis-
to. 17E ofereceu os presentes a Eglon, se-lhes: Segui-m e; porque o Senhor
rei de Moab. Ora, Eglon era em ex­ entregou em nossas mãos os M oabi-
tremo gordo. ME depois de lhe ter tas, nossos inimigos. E desceram
oferecido os presentes, foi seguindo atrás dêle, e ocuparam os vaus do
os companheiros, que tinham ido com Jordão, por onde se vai a Moab, e
êle. não deixaram passar nenhum (M o a -
b ita ); “ mas mataram naquela oca­
19E, voltando de Galgala, onde es­ sião cêrca de dez mil Moabitas, to­
tavam os ídolos, disse ao rei: Tenho dos homens robustos e esforçados;
que dizer-te, Ó rei, uma palavra, em nenhum dêles pôde. escapar. “ E na­
segrêdo. E o rei impôs-lhe silêncio; e quele dia ficou M oab humilhado sob
tendo saído todos os que o rodeavam, a mão de Israel; e o país ficou em
“ Aod aproximou-se do rei, que esta­ paz durante oitenta anoa
va sentado só no seu quarto de verão,
e disse-lhe: Tenho que dizer-te uma O juiz Sarngar
palavra da parte de Deus. O rei le-
vantou-se logo do trono. 2 01E Aod, "Depois de Aod foi Samgar, filho
estendendo a mão esquerda, tirou o de Anat, que matou seiscentos Filis-
punhal do lado direito, e cravou-lho teus com um a relha de arado; e êle
no ventre 22*com tanta fôrça, que os também defendeu Israel.
copos entraram com a lâmina pela D ébora e Barac libertam Israel
ferida, e ficou coberta pela muita da opressão de Jabin
gordura. E não tirou o punhal, mas,
como o cravou, assim o deixou no A 'Ora, os filhos de Israel torna-
corpo; e logo os excrementos do ven­ ^ ram a fazer o m al na presença
tre saíram pelas su a s'v ia s naturais. do Senhor, depois da morte de Aod,
“ E Aod, tendo fechado muito bem 2e o Senhor entregou-os nas mãos de
as portas do quarto, e segurando-as Jabin, rei de Canaã, que reinou em
com a chave, 24saiu por uma porta Asor; e êste teve por general do seu
escusa. E, entrando os criados do rei, exército um chamado Sisara, o qual

20. L e v a n t o u - s e l o g o d o t r o n o em sinal de respeito e veneração.


20-30. Ê d ifíc il ju s tific a r por completo tôda a ação de Aod. Ê le mentiu, dizendo te r re­
cebido um oráculo, e a morte de Eglon, realizada à traição, sòmente pode encontrar uma
desculpa nas condições do tempo e do lugar. Naquele tempo estas ações não eram consi­
deradas criminosas, sobretudo no Oriente, onde, ainda hoje, a astúcia e a má fé são
usadas e aplaudidas, quando se empregam em serviço da pátria. Outros pensam que Deus
senhor da vida e da morte dos re is e dos povos, chamou Aod, com sin a is certos e extraor­
dinários, a re a liza r esta emprêsa. Aod emprega palavras ambíguas porque o oráculo de
Deus seria o decreto de morte contra Eglon. Isto , porém, que êle fez por inspiração de Deus,
não pode s e rv ir de regra- Atualm ente Deus sòmente fala aos homens por meio de sua lei,
a qual manda respeitar corno sagradas as pessoas dos soberanos, mesmo que sejam
perseguidores.
4 - 5 LIVRO DOS JU ÍZ E S 271

habitava em Haroset das gentes. 3E ceu pois Barac do monte Tabor, e os


os filhos de Israel clamaram ao Se­ dez mil combatentes com êle. 15E o
nhor; porque Jabin tinha novecen- Senhor aterrou Sisara e todas as
tas carroças falcadas, e tinha-os opri­ suas carroças, e tôda a sua gente, que
mido com violência durante vinte caíram ao fio da espada, logo que
anos. B arac se deixou ver; de tal sorte que
40ra, naquele tempo, vivia Débora, Sisara, saltando da sua carroça, Iu-
profetisa, mulher de Lapidot, a qual giu a pé. 16E Barac foi seguindo as
julgava o povo. 5E sentava-se debai- carroças fugitivas, e o exército até
Xo duma palmeira, que se chamava Haroset das gentes, e tôda a multi­
do seu nome, entre Ram a e Betei, so- dão dos inimigos foi m orta até ao ex­
bre o monte de E fraim ; e os filhos termínio.
de Israel iam ter com ela em todos Sisara é morto por Jael
os seus litígios. 6E ela mandou cha­
m ar Barac, filho de Abinoem, (na­ “ Entretanto Sisara fugindo chegou
tural) de Cedes de Neftali, e disse- à tenda de Jael, mulher de H aber Ci­
lhe: O Senhor Deus de Israel orde­ neu; porque havia paz entre Jabin,
na-te: Vai, e conduze o exército ao rei de Asor, e a casa de H aber Cineu.
monte Tabor, e tomarás contigo dez “ Jael, pois, saindo ao encontro de Si-
mil combatentes dos filhos de N e f­ sara, disse-lhe: Entra, meu senhor;
tali, e dos filhos de Zabulão; 7e, es­ entra, não temas. Êle entrou na ten­
tando tu no lugar da torrente de da, e coberto por ela com um man­
Cison, eu farei que venham à tua pre­ to, 10disse-lhe: Peço-te que me dês
sença Sisara, general do exército de um pouco de água, porque tenho
Jabln, e as suas carroças, e tôda a muita sêde. E la abriu um ôdre de
sua gente, e tos entregarei nas mãos. leite, e deu-lhe de beber, e cobriu-o.
8E B arac disse-lhe: Se vieres comi­ 20E Sisara disse-lhe: Pôe-te à porta
go, irei; e se não quiseres vir comi­ da tenda, e se alguém vier interro­
go, não irei. °Ela respondeu-lhe: Es­ gar-te, e disser: Está aqui alguém?
tá bem, eu irei contigo mas desta vez responder-lhe-ás: N ão está ninguém.
não te será atribuída a vitória, por- “ Jael, pois, m ulher de Haber, to­
ue Sisara será entregue nas mãos mou um prego da tenda, tomando
uma mulher. Levantou-se pois D é­ também um martelo; e, entrando
bora, e partiu com B arac para Ce­ sem ser vista nem ouvida, aplicou o
des. rego à fonte da cabeça de Sisara, e,
10E êle, chamando os de Zabulão ando com o martelo, cravou-o no
e Neftali, marchou com dez mil com­ cérebro até entrar pela terra; e êle,
batentes, tendo Débora em sua com­ juntando o sono com a morte, des­
panhia. “ Ora, H aber Cineu havia faleceu, e morreu. 22E eis que chegou
muito tempo que se tinha separado Barac em seguimento de Sisara, e
dos outros Cineus seus irmãos, filhos Jael, saindo-lhe ao encontro, disse-
de Hobab, parente de Moisés; e ti­ lhe: Vem, e eu te mostrarei o homem
nha estendido as suas tendas até ao que procuras. E êle, entrando em
vale chamado Senim, e estava junto casa dela, viu Sisara que jazia mor­
de Cedes. to, e o prego encravado na sua fonte.
12E foi anunciado a Sisara que B a ­ “Naquele dia, pois, Deus humilhou
rac, filho de Abinoem tinha avança­ Jabin, rei de Canaã, diante dos filhos
do até o monte Tabor; 13e juntou de Israel, 24os quais cresciam cada
novecentas carroças falcadas, e fêz dia, e com mão forte oprimiam Ja­
marchar todo exército desde H aro­ bin, rei de Canaã, até que o destruí­
set das gentes até ã torrente de Ci­ ram.
son. “Débora disse a Barac: Levanta- Cântico de Débora
te, porque êste é o dia, em que o Se­ £ 2E naquele dia Débora e B a -
nhor entregou Sisara nas tuas mãos; ° rac, filho de Abinoem, canta­
eis que êle mesmo é o teu guia. Des­ ram, dizendo:
Cap. I v — 21. Sôbre a ação de ja e l podem-se fazer as mesmas reflexões que foram
feitas sôbre Aod ( I I I , 20-30).
272 LIVRO DOS JU IZ E S 5
20 vós (fü h os) de Israel, que expu- Am alec; de M aquir desceram Os prín-
sestes voluntàriamente as vossas vi- cipes, e de Zabulão os que comanda-
das ao perigo, bendizei ao Senhor. ram o exército para combater. 15Os
3Ouvi, ó reis, escutai atentos, ó capitães de Issacar foram com DéboH
príncipes: Sou eu, eu sou a que can- ra, e seguiram as pisadas de Barac, oí
tarei ao Senhor, a que entoarei hi- qual se lançou no perigo, como num
nos ao Senhor Deus de Israel. e num abismo. Dividido
4Senhor, quando tu saíste de Seir, ntra si mesmo, levantou-se
e passaste pelas regiões de Edom, a discórdia entre os seus homens de va-
terra estremeceu, e os céus e as nu- lor. 16P or que habitais tu entre os
vens distilaram água. dois têrmos (d e Israel e dos seus ini-
5Os montes abalaram -se à vista do migos), a ouvir os balidos dos reba-
Senhor, e o Sinai, diante da face do nhos (e m vez de ajudar os teus ir-
Senhor Deus de Israel. m ãos)? Dividido Ruben contra si
°Nos dias de Samgar, filho de Anat, mesmo, levantou-se discórdia entre
nos dias de Jael, estavam desertos os os seus homens de valor. 17Galaad re-
caminhos, e aquêles que os percor- pousava na banda de além do Jordão,
riam, caminharam por atalhos tor- e Dan atendia às suas naus; Aser ha-
tuosos. 7Cessaram os valentes em Is- bitava na costa do mar, e deixava-
rael, e desapareceram até que se le- se estar nos seus portos. “ Mas Zabu-
vantou Débora, até que ela se levan- lao e Neftali expuseram-se à morte
tou mãe em Israel. sO Senhor esco- no país de Merome. "V ieram os reis
lheu novas guerras, e êle mesmo der- (inim igos) e combateram; os reis de
ribou as portas dos inimigos; não Canaã combateram (contra Israel),
apareceu nem escudo nem lança, en- em Tanac junto às águas de Magedo,
tre os quarenta mil de Israel. mas não levaram prêsa alguma.
0O meu coração am a os príncipes “ Combateu-se do céu contra êles; as
de Israel; vós os que voluntariamen- estrêlas, permanecendo na sua ordem
te vos expusestes ao perigo, bendizei e n° seu curso, combateram contra
ao Senhor. 10Vós, os que montais ju - Sisara. MA torrente de Cison arrastou
mentos luzidios, e os que vos sentais os seus cadáveres, a torrente de Ca­
no tribunal, e os que andais pelo ca- dumim, a torrente de Cison; calca, ó
minho, falai. minha alma, êstes valentes. “A s
» A í onde foram quebradas as car- unhas dos cavalos caíram com o írn-
roças, e se afogou o exército dos ini- pefo da fuga, e os mais robustos dos
migos, (a í) sejam contadas as justi- inimigos precipitaram-se uns sobre os
ças do Senhor, e a sua clemência pa- Outròs. “Amaldiçoai a terra de M e-
ra com os valentes de Israel; então r0Z» dlsse o anjo do Senhor; amaldl-
o povo do Senhor desceu às portas, Ç°ai os seus habitantes, porque não
e alcançou o principado. acudiram em auxílio (do p ovo) do
12Levanta-te, levanta-te, Ó Débora, Senhor, em auxílio dos seus valentes
levanta-te, levanta-te, e entoa um guerreiros.
cântico; levanta-te, Barac, e toma os “ Bendita seja entre as mulheres
teus prisioneiros, ó filho de Abinoem. Jael, esposa de H aber Cineu, e ben-
“Salvaram -se as relíquias do povo, o dita seja na sua tenda. “ E la deu lei-
Senhor combateu entre os valentes. te ao que lhe pedia água, e numa ta-
“ (U m ) de E fraim os derrotou em ça de príncipes ofereceu-lhe a nata.
Amalec, e depois dêle, (u m ) de Ben- “ Estendeu a mão esquerda a um pre-
jam im (saiu) contra os teus povos, ó go, e a direita a um martelo de ope-

Cap. v — 1-32. F o i Débora quem compôs êste cântico, mas cantou-o juntamente com
Barac e os Isra elita s. Ê um dos mais belos cânticos heróicos de Isra el. Convida o povo
vitorioso a bendizer o senhor; exalta as trib o s que tomaram parte na batalha, e cen­
sura as que se abstiveram; descreve as fases principais do combate.
8. E s c o l h e u n o v a s g u e r r a s , isto è , um novo modo de guerrear, colocando uma mu­
lhe r como general do seu povo.
14. O s p r í n c i p e s valentes que conquistaram o país de Galaad.
21. C a l c a , 6 m i n h a a l m a . .. Débora transporta-se em espirito ao campo coberto de ca­
dáveres inimigos, e convida-se a s i mesma a calcâ-los.
5 - 6 LIVRO DOS JUIZES 273

rário, e, buscando na cabeça lugar lhes disse: Eis o que diz o Senhor
para a ferida, deu o golpe em Sisa- Deus de Israel: E u voz fiz sair do
ra, trespassando-lhe com fôrça as Egito, e vos tirei da casa da escravi­
fontes. "C aiu entre os seus pés, des­ dão, 9e vos livrei do poder dos E gíp­
faleceu e expirou; contorceu-se dian­ cios, e de todos os inimigos, que vos
te dos seus pés, e ficou estendido por afligiam ; e os lancei fora à vossa
terra exânime e miserável. " A mãe chegada, e entreguei-vos a sua terra.
de Sisara, olhando pela janela, grita- 10E disse: E u sou o Senhor vosso
va, e do seu quarto dizia: P or que Deus, não temais os deuses dos Am o-
tarda em voltar a sua carroça? P or reus, em cuja terra habitais. E vós
que são tão pesados os pés dos seus não quisestes ouvir a minha voz.
quatro cavalos? "M as uma de suas
mulheres mais discreta do que as ou- Gedeão, salvador de Israel
tras, respondeu à sogra estas pala-
"Depois (destas palavras) velo o
vras: “Talvez que a esta hora repar­
anjo do Senhor, e sentou-se debaixo
ta os despojos, e escolha para si a de um carvalho, que havia em Efra, e
mais formosa das cativas; vestidos pertencia a Joás, pai de família de
de várias côres são dados dos despo- Ezri. E, estando Gedeão seu filho sa­
os a Sisara, e várias jóias se lhe des- cudindo e limpando o trigo no lagar,
inam para adôrno do seu pescoço. para o esconder dos Madianitas, 12o
"Assim pereçam, Senhor, todos os anjo do Senhor apareceu-lhe, e disse:
teus inimigos; os que, porém, te a- O Senhor é contigo, ó homem o mais
mam, brilhem como o sol quando valente dos homens. ME Gedeão dis­
nasce. se-lhe : Se o Senhor é conosco, peço-
32E (depois disto) esteve o país em te, senhor meu, (qu e m e digas) por
paz durante quarenta anoa que nos aconteceram tôdas estas coi­
N ova infidelidade de Israel, e novo sas? onde estão aquelas suas m aravi­
castigo lhas, que nossos pais nos contaram,
dizendo: O Senhor tirou-nos do E gi­
£ xPorém (m orto Barac) os filhos to? Mas agora o Senhor abandonou-
u de Israel tornaram a fazer o nos, e entregou-nos nas mãos dos
mal diante do Senhor, que os en- Madianitas. “ Então (o A n jo que re­
tregou durante sete anos nas mãos presentava) o Senhor olhou para êle,
dos Madianitas, 2e foram muito opri­ e disse: V ai com essa tua fôrça, e
midos por êles. E fizeram para si co­ livrarás Israel do poder dos M adia­
vas e cavernas nos montes, e lugares nitas: sabe que sou eu quem te man­
muito fortes para resistirem. *E, da.
quando Israel tinha semeado, vinham "M as êle respondeu e disse: Dize-
os Madianitas, e os Amalecitas, e os me, te peço, meu Senhor, como po­
outros povos orientais; 4e, pondo as derei eu livrar Israel? Eis que mi­
tendas junto dêles, talavam tudo nha fam ília é a última de Manassés,
quanto ainda estava em erva, (desde e que eu sou o menor da casa de meu
o Jordão) até à entrada de Gaza; e pai. 16E o Senhor disse-lhe: E u serei
não deixavam aos Israelitas nada do contigo, e tu derrotarás os Madiani-
necessário à vida, nem ovelhas, nem tas, como se fôssem um só homem.
bois, nem jumentos. *Porque êles vi­ 17E êle replicou: Se eu achei graça
nham com todos os seus rebanhos e diante de ti, dá-me um sinal por on­
tendas, e à maneira de gafanhotos, de conheça que és tu quem me fala.
esta multidão inumerável de homens 18E não te vás daqui, antes que eu
e camelos cobria tôdas as coisas, des- volte, trazendo um sacrifício, e to
truindo tudo o que tocava. 6E Israel ofereça. E êle respondeu: E u espe­
foi muito humilhado na presença dos rarei a tua volta.
Madianitas.
Sinal dado a Gedeão
Arrependimento
19Gedeão, pois, foi a sua casa, e co­
TE clamou ao Senhor, pedindo so­ zeu um cabrito, e pães ázimos duma
corro contra os Madianitas. *E o Se­ medida de farinha; e pondo a carne
nhor mandou-lhes um profeta, que num cesto, e deitando o caldo da car­
274 LIVRO DOS JU IZ E S 6 - 7
ne numa panela, levou tudo ao lugar teu filho, para que seja morto, por­
debaixo do carvalho, e ofereceu-lho. que destruiu o altar de Baal, e cor­
^E o anjo do Senhor disse-lhe: Tom a tou o bosque. “ Joás respondeu-lhes:
a carne e os pães ãzimos, e pôe-nos Porventura sois vós os vingadores de
sôbre aquela pedra, e derrama-lhes Baal, para combaterdes por êle?
por cima o caldo. Tendo-o assim feito Aquêle que é seu inimigo, m orra an­
Gedeão, 21o anjo do Senhor estendeu tes que chegue o dia de amanhã; se
a ponta da vara, que tinha na mão, êle é deus, vlngue-se daquele que des­
e tocou a carne e os pães ãzimos, e truiu o seu altar. “ Daquele dia em
saiu fogo da pedra, e consumiu a diante Gedeão foi chamado Jerobaal.
carne e os pães ãzimos; e o anjo do or Joás ter dito: Vingue-se Baal
Senhor desapareceu de seus olhos. §aquele que destruiu o seu altar.
“ E, vendo Gedeão que era um anjo
Gedeão chama os Hebreus às arm as
do Senhor, disse: A i de mim, Senhor
meu Deus, que vi o anjo do Senhor “ Entretanto, todos os Madianitas e
face a face. 23E o Senhor disse-lhe: os Amalecitas, e os povos do oriente
A paz seja contigo; não temas, não juntaram-se, e, tendo passado o Jor­
morrerás. dão, acamparam no vale de Jezrael.
840 espírito do Senhor, porém, apode-
Gedeão levanta um altar a Deus e
destrói o altar de B a a l
rou-se de Gedeão, o qual, tocando a
trombeta, convocou a casa de A bie-
24Gedeão, pois, edificou um altar zer, para que o seguisse. “ E enviou
ao Senhor, e chamou-o Paz do Se­ mensageiros por tôda a tribo de M a-
nhor, (nom e que conserva) até ao nassés, que também o seguiu; e en­
dia de hoje. E, estando êle ainda em viou outros mensageiros as tribos de
E fra, que pertence à fam ília de Ezri, Aser e de Zabulão e Neftali, que fo­
^naquela -noite disse-lhe o Senhor: ram juntar-se com êle.
Tom a o touro de teu pai, e outro
M ilagre do velo de lã
touro de sete anos, e destruirás o al­
ta r de Baal, que é de teu pai, e cor­ 86E Gedeão disse a Deus: Se tu sal-
ta o bosque, que cerca o altar; “ e vas Israel por meio da minha mão,
edificarás um altar ao Senhor teu como disseste, 37eu porei na eira êste
Deus em cima desta pedra, sôbre a velo de lã; se o orvalho cair só no
qual puseste antes o sacrifício; e to­ velo, e tôda a terra ficar sêca, reco­
marás o segundo touro, e o oferecerás nhecerei nisso que salvarás Israel pe­
em holocausto sôbre um monte da la minha mão, como prometeste. “ E
lenha, que terás cortado do bosque. assim sucedeu. E, levantando-se ain­
27Gedeão, tendo tomado dez homens da de noite, espremeu o velo, e en­
dos seus servos, fêz o que o Senhor cheu uma concha de orvalho.
lhe tinha ordenado. Mas, temendo ^E Gedeão disse de novo a Deus:
a fam ília de seu pai, e os homens da­ N ão se acenda contra mim o teu fu ­
quela cidade, não o quis fazer de ror, se eu ainda fizer outra prova,
dia, mas executou tudo de noite. “ E pedindo um sinal no velo. Peço que
os homens daquela cidade, tendo-se so o velo esteja sêco, e toda a terra
levantado pela manhã, viram o altar molhada de orvalho. ^E naquela noi­
de B aal destruído e o bosque corta­ te o Senhor fêz como (Gedeão) lhe
do, e o segundo touro pôsto sôbre o tinha pedido; e s ó o velo ficou enxuto,
altar, que acabava de ser erigido. e orvalho por toda a terra.
^E disseram uns para os outros: Gedeão escolhe os combatentes
Quem fêz isto? E, averiguando o
autor da obra, foi-lhes dito: Gedeão, 7 Jerobaal pois, que também se
filho de Joás, fêz tôdas estas coisas. 1 chamava Gedeão, levantando-se
30E disseram a Joás: Faze vir aqui de noite, acompanhado de todo o
Cap. V I — 22. A i d e m i m . . . Gedeão espera m orrer, pois os Hebreus julgavam que era
ferido de morte quem visse um anjo de Deus ( Ê x ., X X , 19, etc. )•
32. J e r o b a a l ; jôgo de palavras, o qual significa que Baa l defenda sua causa contra
êle (Gedeão).
38. U m a c o n c h a , ou, segundo o hebraico, u m g r a n d e c o p o .
7 LIVRO DOS JUízES 275
povo, foi à fonte chamada H arad; gurança ao acampamento dos inimi­
e o acampamento dos Madianitas es­ gos. Desceu, pois, êle e Fara, seu
tava no vale, ao norte dum alto ou­ criado, à parte do acampamento, on­
teiro. de estavam as sentinelas do exército
2E o Senhor disse a Gedeão: Tens (inim igo).
contigo muita gente, e Madian não
será entregue na sua mão, para que Sonho dum M adianita
Israel não se glorie contra mim e di­ 12Os Madianitas e os Amalecitas, e
ga: P or minhas forças fui livre. 3F a - todos os povos do oriente jaziam es­
la ao povo, e de modo que todos ou­ tendidos no vale, como um bando de
çam, ordena: Aquêle que é medroso gafanhotos; os camelos eram também
e tímido, volte para trás. E retira­ inumeráveis, como a areia gue há na
ram-se do monte de Galaad, e volta­ praia do mar. 13E, aproximando-se
ram para trás vinte e dois mil ho­ Gedeão, um dêles contava ao cama­
mens do povo, e só ficaram dez mil. rada o seu sonho, e dêste modo lhe
4E o Senhor disse a Gedeão: A in ­ referia o que tinha visto. Tive um
da é muita gente, leva-os às águas e sonho, e parecia-me ver como que
lá os provarei; e aquêle que eu te um pão de cevada cozido debaixo do
disser que parta contigo, esse vá, e rescaldo, que rolava, e ia cair sobre
a quem eu proibir, volte para trás. o acampamento de Madian; e, tendo
5E, tendo o povo descido às águas, o chocado com um a tenda, a sacudiu
Senhor disse a Gedeão: Porás a um com a pancada, e a lançou de todo
lado os que lamberam a água com lor terra. 140 outro, a quem êle fa -
a língua, como os cães costumam
lamber; e os que beberem de joelhos,
fava, respondeu: Isto não é outra coi­
sa senão a espada de Gedeão, filho
estarão noutra parte. 6Ora, o núme­ de Joás, homem Israelita; porque o
ro dos que lamberam a água lançan- Senhor lhe entregou nas mãos M a­
do-a com a mão à bôca, foi de tre­ dian, e todo o seu acampamento.
zentos homens; todo o resto da gente
tinha dobrado os joelhos para be­ Estratagem a de Gedeão
ber ( mais cômodamente). 7E o Se­
nhor disse a Gedeão: Com os tre­ 15Gedeão, tendo ouvido êste sonho
zentos homens, que lamberam a á - e a sua interpretação, adorou (a
gua, vos livrarei, e entregarei nas D eu s), e voltou ao acampamento de
tuas mãos os Madianitas; toda a ou­ Israel, e disse: Levantai-vos, porque
tra gente volte para sua casa. 8Ge- o Senhor nos entregou nas mãos o
deão, tomando víveres e trombetas acampamento de Madian. 16E divi­
à proporção do número, ordenou que diu os trezentos homens em três ba­
tôda a restante multidão se retiras­ talhões, e pôs nas mãos de cada um
se para as suas tendas; e êle com uma trombeta, e uma ânfora vazia, e
trezentos homens saiu à batalha. O - dentro desta uma lanterna acesa. 17E
ra, o campo de Madian estava em disse-lhes: Fazei o mesmo que me
baixo no vale. virdes fazer; eu entrarei por um lado
do acampamento, e imitai o que eu
Gedeão vai ao acampamento fizer. 18Quando soar a trombeta
M adianita (qu e tenho) na mão, tocai também
as vossas ao redor do acampamento,
°Naquela mesma noite o Senhor dis­ e gritai todos à uma: A o Senhor, e a
se-lhe: Levanta-te, e desce ao acam­ Gedeão.
pamento (dos inimigos), porque eu os Derrota dos M adianitas
entregarei nas tuas mãos. 10Mas, se
tens mêdo de ir só, vá contigo o téu 19Gedeão, pois, com os trezentos ho­
criado Fara. nE, tendo ouvido o que mens, que o acompanhavam, entrou
êles dizem, então se confortarão as por um lado do acampamento, ao
tuas mãos, e descerás com maior se­ principio da vigília da meia-noite, e,

Cap. V I I — 5. O s q u e l a m b e r e m . . . ou, segundo o contexto, os que, em vez de se deitarem


por te rra para beber a água diretamente com a bôca, tomarem a água na concavidade da
mão e a levarem à bôca.
276 LIvRO DOS JU IZ E S 7 - 8
despertadas as sentinelas, começa­ um cacho de Efraim , do que as vin-
ram a tocar as trombetas, e a que­ dimas de Abiezer? 80 Senhor vos
brar as ânforas umas nas outras. "E , entregou nas mãos os príncipes de
tocando em três lugares distintos ao Madian, Oreb e Zeb; que coisa pude
redor do acampamento, quebradas eu fazer semelhante ao que vós fi­
as ânforas, tomaram as luzes na zestes? E, dizendo isto, aplacou a
mão esquerda, e, tocando as trom­ ira de que estavam possuídos contra
betas com a direita, gritaram ju n­ êle. 4E Gedeão, tendo chegado ao
tos: A espada do Senhor e de Ge- Jordão, passou-o com os trezentos ho­
deão; ^conservando-se cada um no mens, que levava consigo; mas de
seu pôsto ao redor do acampamen­ cansados não podiam perseguir os fu -
to inimigo. Com isto todo o acampa­ gitivos. , 'Disse, pois, aos moradores
mento (dos Madianitas) se pôs em de Socot: Dai, vos peço, pão a esta
desordem, e, dando grandes gritos, e gente, que trago comigo, porque es­
urros, fugiram ; ”e não obstante isto tão muitos cansados, afim de poder­
os trezentos homens continuavam a mos ir em alcance de Zebee e Salma-
tocar as trombetas. E o Senhor en­ na, reis de Madian. °Os príncipes de
viou a espada em todo o acampamen­ Socot, responderam: Tens talvez já
to, e êles se degolavam uns aos ou­ em teu poder as palmas das mãos ae
tros, 23fugindo até Betseta, e até aos Zebee e de Salmana, e por isso pe­
confins de Abelmehula em Tebat. des (com o vencedor) que demos pão
Porém, os homens de Israel das tribos ao teu exército. 7Gedeão disse-lhes:
de Neftali, e de Aser, e todos os da Quando, pois, o Senhor me tiver entre­
tribo de Manassés, gritando juntos, gado nas mãos de Zebee e Salmana,
perseguiam os Madianitas. eu vos moerei as carnes com os es-
Efralm vai em auxilio de Gedeão pinhos dos abrolhos do deserto. 8E,
“ E Gedeão enviou mensageiros por saindo dali, foi a Fanuel, e falou do
todo o monte de Efraim , dizendo: Sai mesmo modo aos homens daquele lu -
ao encontro dos Madianitas, e ocu- gar. E êles responderam-lhe como
ai as águas até Betbera, e até ao tinham respondido os de Socot. 9E
ordão. Todo o Efraim , pois, gritou disse-lhes também: Quando eu voltar
e antecipou-se a ocupar as águas e em paz vitorioso, destruirei esta tôr-
(passos do} Jordão até Betbera. “ E, re.
tendo apanhado dois dos Madianitas, 10Entretanto, Zebee e Salmana esta­
Oreb e Zeb, mataram Oreb no pe­ vam descansando com todo o seu e-
nhasco de Oreb, e Zeb no lugar de xército. Porque de tôdas as tropas do
Zeb. E perseguiram os Madianitas,
oriente tinham ficado quinze mil ho­
levando as cabeças do Oreb e de Zeb
mens, tendo sido mortos cento e vinte
a Gedeão ao outro lado do rio Jor-
dão. mil combatentes que manejavam a
espada. “ E Gedeão, tomando o cami­
O s inimigos são perseguidos além do nho dos que habitavam em tendas,
Jordão na parte oriental de Nobe e de Jeg-
baa, destroçou o acampamento dos
Q 2E os homens de E fraim disse- inimigos, que se davam por seguros,
u ram -lhe: Que é isto que preten­ e nada suspeitavam de adverso. 12E
deste fazer, não nos chamando, Zebee e Salmana fugiram, mas Ge-
quando ias pelejar contra os Madia­ deão, indo no seu alcance, prendeu-
nitas? E, queixando-se amargamen­ os, depois de ter pôsto em desordem
te, pouco faltou para virem às mãos. todo o seu exército.
2Gedeão respondeu-lhes: Que coisa
»ude eu fazer semelhante ao que vós
Í 13E, voltando da batalha antes do
izestes? Porventura não vale mais2 nascer do sol, 14tomou um jovem da

22. Enviou a espada, ou, segundo o hebreu, fêz voltar aos Madianitas o espada uns
contra os outros.
Cap. V I I I — 2. Porventura... provérbio que significa : A trib o de E fra im , que vale
m uito mais que a casa de Abiezer, alcançou nesta guerra maior glória, pois, com a sua
intervenção a tempo, matou os dois chefes Madianitas.
8 - 9 LIVRO DOS JU IZ E S 277
gente de Socot, e perguntou-lhe os no­ êles responderam: Nós tas daremos
mes dos príncipes e anciãos de Socot, de muito boa vontade. E, estenden­
e escreveu setenta e sete pessoas. 15E do no chão um a capa, lançaram ne-
foi a Socot, e disse-lhes: Eis aqui la as arrecadas havidas da prêsa.
Zebee e Salmana a respeito dos quais ^E o pêso das arrecadas pedidas foi
me escarnecestes, dizendo: Porventu­ de mil e setecentos siclos de ouro, a -
ra já estão já em teu poder as mãos fora os ornamentos e colares, e ves­
de Zebee e de Salmana, para nos pedi­ tidos de púrpura, de que os reis de
res que demos pão à tua gente, que Madian costumavam usar, e afora as
está cansada e desfalecida? 16Tomou, coleiras de ouro dos camelos.
pois, os anciãos da cidade, e espinhos 27E Gedeão fêz disto um efod, e o
e abrolhos do deserto, e com êles lace- pôs na sua cidade de E fra. Isto deu
rou, e despedaçou aquêles homens de ocasião a que todo o Israel idolatras-
Socot. "Destruiu também a tôrre de se, e foi a ruína de Gedeão e de tô-
Fanuel, depois de ter morto os habi­ da a sua casa. “ Foram, pois, humi­
tantes da cidade. 18E disse a Zebee e a lhados os Madianitas diante dos filhos
Salm ana: Como eram aquêles ho­ de Israel, e não puderam mais levan­
mens, que vós matastes sobre o T a- tar a cabeça; mas todo o país ficou
bor? Êles responderam: Semelhantes em paz durante oz quarenta anos, que
a ti, e um dêles parecia quase o filho Gedeão governou. “ Retirou-se, pois,
dum rei. 19E êle respondeu-lhes: E ram Jerobaal, filho de Joâs, e habitou em
meus irmãos, filhos de minha mãe. sua casa; "e teve setenta filhos, que
V iva o Senhor, que, se vós lhes tivés­ saíram dêle, porque tinha muitas mu­
seis salvado a vida, eu não vos ma­ lheres.
taria. “ E disse a Jeter, seu primogêni­ 31E uma das suas mulheres secun­
to: Levanta-te, e mata-os. Porém, êle dárias, que estava em Siquém, deu-
não puxou pela espada, porque como lhe à luz um filho, que foi chamado
era ainda rapaz, tinha mêdo. “ E Ze­ Abimelec. 32E morreu Gedeão, filho
bee e Salmana disseram: Vem tu mes­ de Joás, numa boa velhice, e foi se­
mo e lança-te sôbre nós, porque a pultado no sepulcro de Joás, seu pai,
fôrça é proporcionada à idade. Ge- em E fra, (cidade) da fam ília de Ezri.
deão levantou-se e matou Zebee e “ Mas, depois que Gedeão morreu,
Salmana, e tomou os ornamentos e os filhos de Israel voltaram as costas
lunetas, com que se costumam ador­ (a D eu s) e contaminaram-se com
nar os pescoços dos camelos dos rela B aal. E fizeram aliança, com Baal,
Gedeão recusa ser eleito rei
para que fosse seu Deus; “ e não se
recordaram do Senhor, seu Deus,
" E todos os homens de Israel dis­ que os livrou das mãos de todos os
seram a Gedeão: Sê nosso príncipe, seus inimigos que os cercavam;
tu e teu filho, e o filho de teu filho, “ nem usaram de piedade com a
porque nos livraste da mão de M a- casa de Jerobaal, (isto é ) de Ge-
dian. “ E êle respondeu-lhes: Nem deão, em - reconhecimento de todos
eu, nem meu filho vos dominará, mas os benefícios que tinha feito a Is­
o Senhor terá domínio sobre vós. rael.
últimos anos de Gedeão Abimelec faz-se reconhecer como rei

24E disse-lhes: U m a coisa vos pe­ Q ^ r a , Abimelec, filho de Jerobaal,


ço: Dai-m e as arrecadas da vossa foi a Siquém ter com os ir­
prêsa. Porque os Ismaelitas costu­ mãos de sua mãe, e falou com êles,
mavam trazer arrecadas de ouro. “ E 21 e com tôda a parentela da casa do

21. L u n e t a s eram adornos em form a de rn e ia lu a , à qual os Árabes e Ism aelitas tiveram


sempre m uita veneração.
26. M i l e s e t e c e n t o s s i c l o s , cêrca de 27 quilos e 200 gramas.
27. o efod era uma veste do Pontífice (Ê x . X X v I I I , 6 e segs.). Gedeão não em­
pregou todo o ouro recebido na confecção do efod, o qual era destinado a ser uma lem­
brança da v itó ria alcançada. Israel, porém, passado algum tempo, tomou-o como objeto
de superstição idolãtrica.
30. P o r q u e t i n h a m u i t a s m u l h e r e s . A poligamia era permitida no Antigo Testamento.
278 LIVRO DOS J U íz E S 9
pai de sua mãe, dizendo: TOzei a outras árvores? 14E tôdas as árvores
todos os homens de Siquém: Qual é disseram ao espinheiro: Vem, e rei­
melhor para vós, serdes dominados na sôbre nós. 15E êle respondeu-lhes:
por setenta homens, filhos todos de Se vós deveras me constituís vosso
Jerobaal, ou por um só homem? Con­ rei, vinde, e repousai debaixo da mi­
siderai também que eu sou vosso os­ nha sombra; mas, se o não quereis,
so, e vossa carne. 3E os irmãos de saia fogo do espinheiro e devore os
sua mãe falaram dêle a todos os cedros do Líbano.
homens de Siquém, referindo tôdas
estas palavras, e inclinaram o seu Joatão aplica o apólogo a Abimelec
coração a favor de Abimelec, dizen­ 18Agora pois, se com retidão e sem
do: É nosso irmão. 4E (os Sique­ pecado constituístes vosso rei a Abi-
mitas) deram-lhe setenta siclos de melec, e vos portastes bem com Je-
prata do tempo de Baalberit, com os robaal e com a sua casa, e corres­
quais tomou a seu soldo homens mi­ pondentes aos benefícios daquele, que
seráveis e vagabundos, que o segui­ combateu por vós, 17e que expôs a
ram. 5E foi à casa de seu pai em sua própria vida aos perigos, para
Efra, e matou, sobre uma só pedra, vos livrar da mão de Madian, 18vós,
os seus irmãos, filhos de Jerobaal, se­ que agora vos levantastes contra a
tenta homens; e escapou sômente casa de meu pai, e matastes setenta
Joatão, que era o filho mais novo de homens, seus filhos, sôbre uma só pe­
Jerobaal, e escondeu-se. 6Então jun­ dra, e constituístes rei dos habitantes
taram-se todos os Siquemitas, e tô­ de Siquém a Abimelec, filho duma
das as famílias da cidade de Melo, e sua escrava, porque é vosso irmão;
foram, e constituíram rei a Abim e­ 19se, pois, procedestes com retidão, e
lec, junto do carvalho, que havia em sem pecado com Jerobaal e com a
Siquém. sua casa, alegrai-vos hoje com Abi-
Apólogo de Joatão
.melec, e êle se alegre convosco. “ Mas,
se procedestes perversamente, saia
7Tendo sido avisado disto Joatão, fogo dêle, e devore os habitantes de
foi, e parou sobre o cimo do monte Siquém e a cidade de Melo; e saia
Garizim, e, levantando a voz, clamou fogo dos homens de Siquém e da ci­
e disse: Ouvi-me, homens de Si­ dade de Melo, e devore Abimelec.
quém; e assim Deus vos ouça. 8Fo- 21Tendo dito estas palavras, fugiu,
ram (um a vez) as árvores para ele­ e foi para Bera; e ali habitou por te­
ger sobre si um rei, e disseram à o- mer Abimelec, seu irmão.
liveira: Reina sôbre nós. °Mas ela Os Siquemitas revoltam -se contra
respondeu: Porventura posso eu dei­ Abimelec
xar o meu óleo, de que se servem os
deuses e os homens, para v ir a ser 22Reinou pois Abimelec sôbre Is­
superior entre as árvores? 10E as ár­ rael durante três anos. “ Mas o Se­
vores disseram à figueira: Vem, e nhor enviou um péssimo espírito en­
reina sôbre nós. "M as ela respon­ tre Abimelec e os habitantes de Si­
deu-lhes: Porventura posso eu dei­ quém, que começaram a detestá-lo,
xar a minha doçura, e suavíssimos 24e a imputar a atrocidade da mor­
frutos, para ir ser superior entre as te dos setenta filhos de Jerobaal, e
outras arvores? 12E as árvores dis­ a efusão do seu sangue a Abimelec,
seram à videira: Vem, e reina sôbre seu irmão, e aos outros príncipes dos
nós. 18Mas ela respondeu-lhes: P or­ Siquemitas, que o tinham auxiliado.
ventura posso eu deixar o meu vinho, 25E armaram contra êles ciladas no
que alegra Deus (nos sacrifícios) e os alto dos montes; e, enquanto ali es­
homens, para ser superior entre as peravam que viesse, cometiam rou-
Cap. I X — 4. Baalhert, isto é, B a a l da aliança.
8-15. O apólogo de Joatão é o m ais antigo documento dêste gênero que se encontra na.
B iblia. P e la sua beleza ê verdadeiramente digno dos livros santos.
20. Saia fogo, isto ê, m anifeste-se ira, vingança.
23. U m péssimo espírito, o demônio, provocador da discórdia.
9 LIVRO DOS J U íz E S 279

bos, despojando os que passavam; e dos mais altos cimos, e um esqua­


isto foi referido a Abimelec. drão vem pelo caminho que olha pa*
20Ora, Gaal, filho de Obed, foi com ra o carvalho. “ Zebul disse-lhe:
seus irmãos, e passou a Siquém. E Onde está agora a tua bôca, com que
à sua chegada, os habitantes de Si- dizias: Quem é Abimelec, para lhe
quém, animados, ^saíram pelos cam­ estarmos sujeitos? Não é êste o po­
pos, devastando as vinhas e calcan­ vo que tu desprezavas? Sai e com­
do os cachos, e, formados coros de bate contra êle. “ Saiu, pois, Gaal,
cantores, entraram no templo de seu à vista de todo o povo de Siquém, e
deus, e, enquanto comiam e bebiam, combateu contra Abimelec, “ que o foi
amaldiçoavam Abimelec, “ clamando seguindo na fuga, e o constrangeu a
Gaal, filho de Obed: Quem é Abim e­ entrar na cidade, e morreram mui­
lec, e que (cidade) é Siquém, para tos dos seus até à porta da cidade.
que lhe estejamos sujeitos? Não é 41E Abimelec deteve-se em Ruma; Ze­
êle filho de Jerobaal, e não constituiu bul, porém, lançou fora da cidade
Zebul, seu servo, príncipe sôbre os Gaal e os seus companheiros, e não
descendentes de Emor, pai de Si­ permitiu que permanecessem nela.
quém? P or que razão pois o servire­ “ Ao outro dia o povo saiu à cam­
mos? “ Oxalá que alguém me des­ panha. Tendo sabido isto, Abimelec
se o mando dêste povo, para eu exter­ “ tomou o seu exército, e dividiu-o em
minar Abimelec. E foi dito a Abi­ três batalhões, dispondo emboscadas
melec: Junta um exército numeroso, nos campos. E, vendo que o povo
e vem. saía da cidade, pôs-se em movimen­
Zebul informa Abimelec
to, e deu sôbre êles 44com o seu bata­
lhão, combatendo e sitiando a cida­
“ Ora, Zebul, governador da cidade, de; e os outros dois batalhões perse­
tendo ouvido as palavras de Gaal, fi­ guiam os inimigos, ( que estavam)
lho de Obed, ficou em extremo ira­ dispersos pelo campo. “ E Abimelec
do, 31e enviou secretamente mensa­ durante todo aquêle dia esteve com­
geiros a Abimelec, a dizer-lhe: Eis batendo a cidade, e tomou-a e matou
que Gaal, filho de Obed, veio a. Si­ os seus habitantes, e destruiu-a de
quém com seus irmãos, e anda sub- tal sorte que a semeou de sal.
levando a cidade contra ti. “ Portan­
to, sai de noite com a gente que tens Abimelec lança fogo à tôrre de Siquém
contigo, e deixa-te estar escondido “ Tendo ouvido isto os que habita­
no campo; 33e pela manhã cedo, ao
nascer do sol, lança-te sôbre a cida­ vam na tôrre de Siquém, retiraram-
de; e quando êle sair contra ti com se para o templo do seu deus Berit,
a sua gente, faze-lhe o que puderes. onde tinham feito aliança com êle, e
daqui tinha tomado o nome aquêle lu­
Abimelec cerca e destrói Siquém gar, que era muito fortificado. 47A-
bimelec, pois, ouvindo dizer que os
34Abimelec, pois, levantou-se de noi­ homens da tôrre de Siquém estavam
te com todo o seu exército, e pôs em­ nela todos apinhados, 48subiu ao monte
boscadas em quatro lugares junto de Selmon com tôda a sua gente; e, to­
Siquém. 35E Gaal, filho de Obed, saiu, mando um machado, cortou um ramo
e fêz alto à entrada da porta da ci­ de árvore, e, levando-o ao ombro,
dade. E Abimelec saiu do lugar das disse aos companheiros: Fazei de­
emboscadas com todo o exército. pressa o (lue me vêdes fazer. "C or­
“ Quando Gaal viu aquela gente, dis­ tando, pois, à porfia, ramos de árvo­
se a Zebul: Eis uma multidão que res, seguiram o chefe. E, cercando
desce dos montes. Zebul respondeu- a fortaleza, puseram-lhe fogo, e as­
lhe: Tu vês as -sombras dos mon­ sim aconteceu que, por causa do fu ­
tes como cabeças de homens, e estás mo e do fogo, morreram mil pessoas,
enganado com esta ilusão. 37Gaal re­ tanto homens como mulheres, que
plicou: Eis que uma multidão desce5 *4 habitavam na tôrre de Siquém.
45. D e tal sorte que a semeou de sal, si] bolo da esterilidade, p a ra indicar que jam ais
devia ser habitada.
J80 L Iv R o Dos J U íz E S 9- 10

Abimelec é morto no cêrco de Tebes Jair morreu e foi sepultado no lu­


gar chamado Camon.
“ Partindo dali, Abimelec foi à ci­
dade de Tebes, e, tendo-a bloqueado, Idolatria e castigo do povo
sitiou-a com o seu exército. 51Havia
no meio da cidade uma tôrre alta, na °Mas os filhos de Israel, juntando
qual se tinham refugiado tanto ho­ novos pecados aos velhos, fizeram o
mens como mulheres, e todos os prin­ mal na presença do Senhor, e adora­
cipais da cidade, e, fechada forte- ram os ídolos Baal, e Astarot, e os
mente a porta, estavam sôbre o te­ deuses da Síria, e de Si^ônia, e de
lhado da tôrre para se defenderem. Moab, e dos filhos de Amon, e dos
52E Abimelec chegando-se ao pé da Filisteus, e abandonaram o Senhor, e
tôrre, combatia fortemente, e apro- não o serviram. 7E o Senhor, irado
ximando-se da porta, tentava pôr-lhe contra êles, entregou-os nas mãos dos
fogo; “ e eis que uma mulher, lançan­ Filisteus e dos filhos de Amon. 8E
do de cima um pedaço de mó, feriu todos os que habitavam na outra ban­
Abimelec na cabeça, e quebrou-lhe da do Jordão, no território dos A -
o cérebro. “ Então êle chamou ime­ morreus que é em Galaad foram afli­
diatamente o seu escudeiro, e disse- gidos, e cruelmente oprimidos duran­
lhe: Desembainha a tua espada, e te dezoito anos; 9de sorte que os fi­
mata-me, para que se não diga que lhos de Amon, tendo passado o Jor­
fui morto por uma mulher. E, cum­ dão, devastaram (as tribos) de Ju4â
prindo êste as ordens, o matou. e de Benjamim, e de Efraim ; e Is­
“ E, morto Abimelec, todos os f i­ rael viu-se numa extrema» aflição.
lhos de Israel, que estavam com êle,
voltaram para suas casas. ME assim Arrependimento e perdão
"deu Deus o pago a Abimelec pelo 10E, clamando ao Senhor, disseram:
nial que tinha feito a seu pai, matan­ Nós pecamos contra ti, porque aban­
do os seus setenta irmãos 5 *7E assim
4 donamos o Senhor nosso Deus, e ser­
também foi pago aos SiMüwiiitas o vimos (os ídolos de) Baal. UE o Se­
mal que tinham feito, e caiu sôbre ê- nhor disse-lhes: Porventura os Egíp­
les a maldição de Joatão, filho de cios, e os Amorreus, e os filhos de
Jerobaal. Amon, e os Filisteus, 12também os
O juiz Tola Sidônios, e os Amalecitas, e os Ca-
naneus não vos oprimiram, e vós cla­
1 A d e p o is de Abimelec foi cons- mastes a mim, e eu vos livrei das
xw tituído chefe de Israel Tola, fi­ suas mãos? 13E com tudo isto vós
lho de Fua, tio paterno de Abime­ abandonastes-me, e servistes deuses
lec, homem (da trib o) de Issacar, estranhos; por isso não mais vos li­
que habitou em Samir do monte de vrarei. 14Ide, e invocai os deuses que
Efraim ; 2e foi juiz de Israel durante escolhestes; êles vos livrem no tem­
vinte e três anos, e morreu, e foi po da angústia. 15Mas os filhos de Is­
sepultado em Samir. rael disseram ao Senhor: Pecamos,
faze tu de nós o que te parecer; sô-
O juiz Jair mente livra-nos agora. “ Dizendo es­
tas coisas, lançaram fora de suas ter­
*A êste sucedeu Jair Galaadita, que ras todos os ídolos dos deuses estra­
foi juiz de Israel durante vinte e dois nhos, e serviram ao Senhor Deus,
anos. ‘Tinha trinta filhos que mon­ que se compadeceu de suas misérias.
tavam em trinta jumentinhos, e eram
príncipes de trinta cidades na terra Israel prepara-se contra os arnonitas
de Galaad, as quais até ao dia de ho-
je foram chamadas do seu nome Ha- 17Ora, os filhos de Amon com gran­
vot-Jair, isto é, cidades de Jair. 5E de algazarra acamparam em Galaad;
54. Desembainha a tua espada. .. N a história encontram-se muitos fatos desta nature­
za, que s&o em absoluto condenados por Deus.
Cap. X — 1. Tio paterno de Abimelec. O hebraico diz: Filho de Dodo. A v u lg a ta
traduziu Dodo como um nome comum (tio paterno), e acrescentou Abimelec.
10 - 11 LIVRO DOS JU IZE S 281
e os filhos de Israel, congregando-se Negociações de Jefté com o rei dos
contra êles, acamparam em Masfa. Amonitas
18E os príncipes de Galaad disseram 12E enviou embaixadores ao rei dos
uns para os outros: O primeiro de filhos de Amon, que lhe dissessem da
nós que começar a combater contra sua parte: Que tens tu comigo, que
os filhos de Amon, será chefe do povo vieste contra mim para devastar o
de Galaad. meu país? 130 rei respondeu-lhes:
Jefté é eleito juiz Porque Israel, vindo do Egito, tomou
o meu país desde os confins do Arnon
1 1 ‘H avia naquele tempo um ho- até Jaboc e até ao Jordão; agora
* * mem de Galaad, chamado Jef- pois, restitui-mo em paz.
té, muito valente e guerreiro, que e- 14Jefté enviou novamente os mes­
ra filho de Galaad, e duma meretriz. mos homens, mandando-lhes que dis­
2Galaad porém teve uma esposa (le ­ sessem ao rei de Amon: 15Isto diz
g ítim a ), da qual teve filhos, os quais, Jefté: Israel não tomou a terra de
depois que cresceram, lançaram fora Moab, nem a terra dos filhos de A -
Jefté, dizendo: Tu não podes ser her­ mon; 16mas, quando saiu do Egito, an­
deiro na casa do nosso pai, visto te- dou pelo deserto até ao mar Verm e­
res nascido de outra mãe (que nao lho, e chegou a Cades, 17e enviou em­
era m u lh er legitim a). 8E êle fugin­ baixadores ao rei de Edom, dizendo-
do e retirando-se dêles, habitou na lhe: Deixa-me passar pela tua terra.
terra de Tob; e .alguns homens mise­ E êle não quis condescender com os
ráveis, e que viviam de latrocínios, seus pedidos. Mandou também em­
agregaram-se a êle, e seguiram-no baixadores ao rei de Moab, o qual
como a seu capitão (contra os inim i­ também lhe não quis dar passagem.
gos de Israel). Deteve-se, pois, em Cades, 18e rodeou
4P or aquêles dias os filhos de A - por um lado a terra de Edom, e a
mon combatiam contra Israel. 5E, terra de Moab; e chegou à parte o-
como o apertassem fortemente, os riental da terra de Moab, e acampou
anciãos de Galaad foram buscar Jef- da outra banda de Arnon, e não quis
té da terra de Tob, para seu auxí­ entrar nos confins de Moab, porque
lio, °e disseram-lhe: Vem, e sê o Arnon é a fronteira da terra de Moab.
nosso chefe, e combate contra os fi­ 19Enviou pois Israel embaixadores a
lhos de Amon. 7Mas êle respondeu- Seon, rei dos Amorreus, que habi-
lhes: Não sois vós aquêles que me o- tavam em Hesebon, e disseram-lhe:
diastes e que me lançastes fora da Deixa-nos passar pelo teu país até ao
casa de meu pai, e agora viestes ter rio. “ Mas êle, desprezando também
comigo constrangidos pela necessida­ as palavras de Israel, não o deixou
de? 8E os príncipes de Galaad dis­ passar pelos seus confins, mas, ten­
seram a Jefté: P or isso mesmo vie­ do juntado uma inumerável multi­
mos nós agora ter contigo, para que dão, saiu contra êle em Jasa, e resis­
venhas ter conosco, e combatas con­ tia fortemente. 21Porém, o Senhor
tra os filhos de Amon, e sejas o che­ entregou-o com todo o seu exército
fe de todos os que habitam em Ga- nas mãos de Israel, que o desbaratou,
laad. °Mas Jefté disse-lhes: Se ver- e conquistou tôda a terra do Am or-
dadeiramente viestes buscar-me, para reu, que habitava naquela região, Me
ue combata por vós contra os filhos todos os seus limites, desde o Am on
e Amon, quando o Senhor os entre­ até Jaboc, e desde o deserto até ao
gar nas minhas mãos, serei eu o vos­ Jordão. “ Assim o Senhor Deus de
so chefe? 10Êles responderam-lhe: O Israel destruiu os Amorreus, pele­
Senhor que ouve estas coisas, seja o jando contra êles o seu povo de Is­
medianeiro e a testemunha de que rael, e tu pretendes agora possuir a
cumpriremos as nossas promessas. sua terra? “ Porventura não te ê
"F oi, pois, Jefté com os príncipes de devido por direito tudo o que possui
Galaad, e todo o povo o elegeu por o teu deus Carnos? Logo também fi­
seu príncipe. E Jefté repetiu tôdas cará em nossa possessão o que o Se­
as suas palavras diante do Senhor nhor nosso Deus alcançou com a v i­
em Masfa. tória, “ a não ser que tu sejas de
282 LIVRO DOS JU IZES 11 - 12
melhor condição do que Balac, filho sa em Masfa, sua filha única, porque
de Sefor, rei de Moab; ou que possas não tinha outros filhos, saiu-lhe ao
mostrar que êle teve contendas com encontro com tímpanos e danças. “ E,
Israel, e combateu contra êle, “ en­ uando a viu, rasgou os seus vesti-
quanto êste habitou em Hesebon, e os, e disse: A i de mim, minha filha,
em suas aldeias, e em Aroer, e em que me enganaste, e te enganaste
suas aldeias, e em tôdas as cidades também a ti; porque eu abri a mi­
vizinhas do Jordão, por espaço de nha bôca (fazendo um v oto) ao Se­
trezentos anos. Por que razão em nhor, e não poderei fazer outra coi­
um tão largo tempo não fizestes vós sa. 36Ela respondeu-lhe: Meu pai, se
diligência alguma sôbre esta recla­ abriste a tua bôca (fazendo um v oto)
mação? 27Não sou eu, pois, que faço ao Senhor, faze de mim o que prome­
injúria a ti, mas és tu que a fazes teste, pois que te concedeu a vingan­
a mim, declarando-me uma guerra ça e a vitória de teus inimigos.
injusta. O Senhor, que é árbitro, de­ 37E disse a seu pai: Concede-me
cida hoje isto entre Israel e os filhos sòmente o que te peço: Deixa-me que
de Amon. vá pelos montes durante dois meses,
“ Porém, o rei dos filhos de Amon e que chore a minha virgindade com
não quis atender às palavras que as minhas companheiras. ®E êle
Jefté lhes mandara dizer pelos em­ respondeu-lhe: Pois vai. E deixou-a
baixadores. ir durante dois meses. E, tendo ido
Voto de Jefté com as suas companheiras e amigas,
chorava a sua vingindade pelos mon­
“ O espírito do Senhor foi, pois, so­ tes. 30E, passados os dois meses, vol­
bre Jefté, e êle, dando volta por Ga- tou para seu pai, e êle cumpriu o vo­
laad, e pelo país de Manassés, e por to que tinha feito, e ela não tinha
Masfa de Galaad, e, passando dali conhecido varão. Daqui veio o cos­
até aos filhos de Amon, “ fêz um voto tume em Israel, e se tem conservado
ao Senhor, dizendo: Se entregares êste uso: "Um a vez cada ano jun­
nas minhas mãos os filhos de Amon, tam-se as filhas de Israel, e choram
81a primeira pessoa, seja ela qual fôr, durante quatro dias a filha de Jef-
que sair das portas de minha casa, e té, Galaadita.
vier ao meu encontro quando eu vol­
tar vitorioso dos filhos de Amon, eu Jefté derrota a tribo de Efrairn
a oferecerei ao Senhor em holocaus­
to. 12 *E eis que se levantou uma se-
Vitória sôbre os arnonitas dição na tribo de Efraim. P or
que (os desta trib o ), passando para
82E Jefté avançou contra os filhos o setentrião, disseram a Jefté: P or
de Amon a combater contra êles, e o que razão, indo tu combater contra
Senhor entregou-os nas suas mãos. os filhos de Amon, não quiseste cha-
33E Jefté fêz uma grande mortandade mar-nos para irmos contigo? P or is­
em vinte cidades, desde Aroer até so queimaremos a tua casa. ^ l e
Menit, e até Abel, que está plantada respondeu-lhes: Eu e o meu povo es­
de vinhas, e foram humilhados os távamos metidos numa grande con­
filhos de Amon pelos filhos de Is­ tenda com os filhos de Amon; cha-
rael. mei-vos, para que me désseis socor­
Cumprimento do voto8
4
ro, e vós não o quisestes fazer. 8Ven-
84Ora, voltando Jefté para sua ca­ do eu isto, pus a minha alma nas mi-
Cap. X I — 31. A primeira pessoa... Fazendo e cumprindo êste voto, Jefté procedeu louca e
lmpiamente. São atenuantes do seu m au proceder as circunstâncias daqueles tempos, a ig­
norância d a lei e sobretudo a sua boa fé. Filho dum a mulher de m á vida, expulso de
casa pelos irmãos, obrigado a viver nos confins do deserto, e chefe de um bando de aven­
tureiros, talvez ignorasse que a lei proibia os sacrifícios humanos, e sòmente tivesse conhe­
cimento do que aconteceu com A b ra ã o (Gên. X X II, 2 e se g s.), esperando na sua sim pli­
cidade que Deus, contentando-se com a sua boa intenção, im pediria, por meio de qual­
quer prodígio, a morte da vitim a, como tinha feito com o filho de A braão.
37. A minha virgindade, isto é, o morrer sem deixar descendência, o que era considerado
entre os Judeus como um m al, por parecer excluir das bênçãos messiânicas.
12 - 13 LIVRO DOS JU IZ E S 283
nhas mãos, e marchei contra os filhos teve quarenta filhos, e dêles trinta
de Amon, e o Senhor entregou-os nas netos, que montavam em setenta ju­
minhas mãos. Em que é que eu me- mentos, e julgou Israel durante oito
reci que vos levanteis contra mim a anos; 15e morreu, e foi sepultado em
fazer-me guerra? 4E, tendo convo­ Faraton, na terra de Efraim, sobre
cado todos os homens de Galaad, com­ o monte de Amalec.
bateu contra Efraim ; e os homens
de Galaad derrotaram Efraim, por­ Israel sob o jugo dos Filisteus
que êste tinha dito: Galaad é um fu- ^ a s os filhos de Israel torna-
tivo de Efraim e habita entre E-
g aim e Manassés. 5E os Galaaditas
ÃO ram a fazer o mal na pre­
sença do Senhor e êle os entregou
ocuparam os vaus do Jordão, por on­ nas mãos dos Filisteus durante qua­
de Efraim havia de voltar. E, quan­ renta anos.
do algum fugitivo de Efraim chega­
va a êles e dizia: Peço-vos que me Um anjo anuncia o nascimento
deixeis passar; os Galaaditas diziam- de Sansão
lhe: Acaso és tu Efrateu? E, respon­
dendo êle: Não sou, 6replicavam-lhe: 2Ora, havia um homem de Saraa, e
Dize, pois, Sibolet, que significa espi­ da linhagem de Dan, chamado Ma-
ga. E êle pronunciava Sibolet, não nué, cuja mulher era estéril, 3à qual
podendo exprimir a palavra espiga apareceu o anjo do Senhor, e lhe
com as mesmas letras. Imediatamen- disse: Tu és estéril e sem filhos, mas
te prêso, o degolavam na mesma pas­ conceberás e darás à luz um filho.
sagem do Jordão. E assim naquele 4Toma cuidado, não bebas vinho nem
tempo morreram quarenta e dois mil coisa que possa embriagar, nem co­
homens de Efraim. mas coisa alguma impura; “porque
conceberás e darás à luz um filho,
Morte de Jefté cuja cabeça não será tocada por na­
7E Jefté Galaadita julgou Israel valha; pois que êle será Nazareno de
durante seis anos e morreu, e fo i se­ Deus desde a sua infância, e desde o
pultado na sua cidade de Galaad. ventre de sua mãe, e êle começará a
livrar Israel das mãos dos Filisteus.
Abesan 6Ela, indo ter com seu marido, dis­
8Depois dêste, foi juiz de Israel A- se-lhe: Veio ter comigo um homem
besan de Belém, °o qual teve trinta de Deus, que tinha um rosto de an­
filhos, e outras tantas filhas, que jo, em extremo terrível. E tendo-
casou,‘pondo-as fora (de casa), e re­ lhe eu perguntado quem era, e donde
cebeu em sua casa igual número de tinha vindo, e como se chamava, não
mulheres como esposas dos seus fi­ mo quis dizer; 7mas respondeu-me:
lhos. Julgou Israel durante sete a- Eis que conceberás e darás à luz um
nos; 10e morreu e foi sepultado em filho; toma cuidado, não bebas v i­
Belém. nho nem coisa que possa embriagar,
Aialon e não comas coisa alguma impura,
porque o menino será Nazareno de
"Sucedeu-lhe Aialon Zabulonita, Deus desde a sua infância, desde o
que julgou Israel durante dez anos; ventre de sua mãe, até ao dia da
12e morreu, e foi sepultado em Za- sua mortè.
bulão. 8Manué, pois, fêz oração ao Senhor,
Abdon
e disse: Peço-te, Senhor, que o ho­
13Depois dêste foi juiz de Israel Ab­ mem de Deus, que enviaste, venha
don, filho de Ilel de Faraton, 14que outra vez, e nos ensine o que deve-
Cap. X I I — 3. Pus a minha alma nas minhas mãos, hebraism o que significa: E xpus-
me a todo o perigo.
5-6. É s tu Efrateu, isto é, pertences & tribo de E fraim ? O fugitivo, em bora perten­
cesse, negava; todavia os G alaaditas reconheciam-no pela pronúncia caracteristica da p ala-
v ra Sibolet.
Cap. X I I I — 5. Porque êle será nazareno, sôbre as obrigaçôes e consagração dos N a ­
zarenos, ver Números, V I, 1-21.
284 LIvR O DOS JU IZE S 13 - 14
mos fazer acêrca do menino, que hâ bido de nossas mãos o holocausto e
de nascer. °E o Senhor ouviu a o- as libaçôes, nem nos teria mostrado
ração de Manué, e o anjo de Deus a- tôdas estas coisas, nem nos teria di­
pareceu de novo à sua mulher, es­ to o que está para acontecer.
tando sentada no campo. Não estava Nascimento de Sansão
então com ela seu marido Manué. E
ela, tendo visto o anjo, 10apressou-se, 24Ela, pois, deu à luz um filho, e
e correu a seu marido, e lhe noticiou, pôs-lhe o nome de Sansão. E o me­
dizendo: Eis que me apareceu o ho­ nino cresceu, e o Senhor o aben­
mem, que eu tinha visto antes. çoou. “ E o espírito do Senhor co­
“ E êle levantou-se, e seguiu sua meçou a ser com êle no campo de
mulher; e, tendo chegado ao ho­ Dan entre Saraa e Estaol.
mem disse-lhe: Es tu que fadaste a Sansão casa com um a Filistéia
esta mulher? E êle respondeu. Sou
eu. 12E Manué disse-lhe: Quando se 1 A MDra, Sansão desceu a Tamna-
tiver cumprido a tua palavra, que ta, e, tendo ali visto uma mu­
queres tu que faça o menino? ou lher das filhas dos Filisteus, *voltou,
de que coisa se deverá êle abster? e falou a seu pai e a sua mãe, di­
13E o anjo do Senhor respondeu a zendo: V i em Tamnata uma mulher
Manué: Abstenha-se tua mulher de das filhas dos Filisteus; rogo-vos que
tudo o que eu lhe disse; 14e não co­ ma tomeis por esposa. 3Seu pai e
ma nada do que nasce da vinha; sua mãe disseram-lhe: Porventura
não beba vinho, nem coisa que posT não há mulheres entre as filhas de
sa embriagar, não coma coisa algu- teus irmãos, e entre todo o nosso
ma impura; e observe e cumpra o povo, para que tu queiras casar com
que lhe ordenei. “ E Manué disse ao uma dentre os Filisteus, que são in-
anjo do Senhor: Rogo-te que con- circuncidados? Mas Sansao disse a
descendas com minhas súplicas, e seu pai: Tom a esta para mim, porque
que te preparemos um cabrito. 10O agradou aos meus olhos. 4Ora, seus
anjo respondeu-lhe: Ainda que me pais não sabiam que isto se fazia por
faças violência, não comerei do teu disposição do Senhor, e que êle bus­
pão, mas, se queres fazer um holo­ cava uma ocasião contra os Filis-
causto, oferece-o ao Senhor. E Ma­ teus, porque naquele tempo Os Filis-
nué não sabia que era um anjo do teus dominavam sôbre Israel.
Senhor. 17E disse-lhe: Qual é o teu L u ta vitoriosa com um leão
nome, para que, cumprida que seja
a tua palavra, nós te honremos?118Ò Mansão, pois, com seu pai e sua
anjo respondeu-lhe: P or que pergun­ mãe, foi a Tamnata. E, quando che­
tas tu o meu nome, que é admirá­ garam às vinhas da cidade, apareceu
vel (ou incompreensível) ? um leão novo e feroz, e que rugia, e
arremeteu contra êle. 6Mas o es­
Sacrifício de Manué
pírito do Senhor apossou-se de San-
10Tomou, pois, Manué o cabrito e as são. e êle despedaçou o leão, fazen-
libaçoes, e pô-lo sôbre a pedra, ofe- do-o em bocados, como se fôra um
recendo-o ao Senhor, que faz ma­ cabrito, sem ter coisa alguma na
ravilhas; e êle e sua mulher estavam mão; e não quis contar isto a seu
vendo. “ E, quando a chama do al­ pai nem a sua mãe. TDepois des­
tar subiu ao céu, subiu também o ceu e falou com a mulher que ti­
anjo do Senhor junto com a chama. nha agradado aos seus olhos.
À vista disto, Manué e sua mulher, 8E, voltando alguns dias depois pa­
caíram com os rostos por terra, "e ra casar com ela, afastou-se do ca­
não lhes apareceu mais o anjo do Se­ minho para ver o cadáver do leão, e
nhor. E Manué compreendeu logo eis que na bôca do leão estava um
que era o anjo do Senhor, “ e disse enxame de abelhas e um favo de mel.
para sua mulher: Certamente mor­ °E, tomando-o nas mãos, ia-o co­
reremos, porque vimos a Deus. “ A mendo pelo caminho; e, chegando
mulher respondeu-lhe: Se o Senhor onde estavam seu pai e sua mãe,
nos quisesse matar, não teria rece­ deu-lhes uma parte, que êles tam­
14 - 15 LIVRO DOS JU IZE S 285

bém comeram; mas não lhes quis E êle disse-lhes:


dizer que tinha tirado aquêle mel do Se vós não tivésseis lavrado com
corpo do leão. a minha novilha, não terieis decifra­
do o meu enigma.
Sansão m ata trinta Filisteus 19E apoderou-se dêle o espírito do
10Foi, pois, seu pai à casa da mu­ Senhor e foi a Ascalon, e matou lá
lher, e preparou um banquete para trinta homens, e, tirados os seus ves­
seu filho Sansão, porque assim o cos­ tidos, deu-os àqueles que tinham de­
tumavam fazer os jovens (noivos). cifrado o enigma. E, sobremaneira
UTendo-o visto os habitantes daque­ irado, voltou para a casa de seu pai.
le lugar, deram-lhe trinta companhei­ “ Entretanto sua mulher (julgando-se
ros para estarem com êle. 12E, San­ abandonada) , casou-se com um dos
são disse-lhes: Propor-vos-ei um e- amigos e companheiros dêle nas bô­
nigma; e, se vós souberdes decifrá- das.
lo dentro dos sete dias das bôdas dar- Sansão lança fogo às searas dos
-vos-ei trinta vestidos, e outras tan­ Filisteus
tas túnicas; 13mas, se o não souberdes
decifrar, dar-me-eis a mim trinta ves­ 1 C 'Algum tempo depois, estando
tidos e outras tantas túnicas. E êles já próximos os dias da ceifa
responderam-lhe: Propõe o enigma, do trigo, querendo Sansão visitar
para que o ouçamos. 14E êle disse- sua mulher (para se reconciliar com
lhes: ela), foi, e levou-lhe um cabrito. E,
Do que come saiu comida, e do for- querendo entrar como costumava na
te saiu doçura. sua câmara, o pai dela o impediu, di­
Êles durante três dias não pude­ zendo: 2Eu julguei que a odiasses,
ram decifrar o enigma. e por isso a dei a um teu amigo;
15E aproximando-se o dia sétimo, mas ela tem uma irmã, que é mais
disseram â mulher de Sansão: Acari­ nova e mais formosa do que ela, to-
cia o teu marido, e faze que êle te ma-a por mulher em seu lugar.
descubra o que significa o enigma; 3Sansão respondeu-lhe: De hoje em
e se o não quiseres fazer, queimar- diante não poderão os Filisteus quei-
-te-emos a ti, e à casa de teu pai: xar-se de mim, se eu lhes fizer mal.
porventura nos convidastes vós pa­ 4E partiu, e tomou trezentas raposas,
ra as bôdas a fim de nos despojar- e juntou-as umas às outras pelas
des? 16E ela punha-se a chorar caudas, e no meio atou fachos; 5e,
junto de Sansão, e queixava-se di­ tendo-lhes chegado fogo, largou-as,
zendo: Tu odeias-me, e não me a- a fim de que corressem para todos
mas, por isso não queres declarar- os lados. Elas meteram-se logo por
me o enigma, que propuseste aos fi­ entre as searas dos Filisteus. E, in­
lhos do meu povo. Mas êle respon­ cendiadas estas, queimaram-se tanto
deu: Eu não o quis descobrir a meu os trigos enfeixados, como os que
pai e a minha mãe, e poderei decla- ainda estavam por segar, de tal mo­
rá-lo a ti? 17Ela, pois, chorava dian­ do que também as vinhas e os oli­
te dêle durante os sete dias das bo­ vais foram consumidos pelas cha­
das e enfim, ao sétimo dia, sendo- mas.
lhe ela importuna, declarou-lho. E Os Filisteus matam a mulher de
ela imediatamente o descobriu aos Sansão; vingança dêste
seus compatriotas. 18E êles, no sé­
timo dia, antes de se pôr o sol, dis­ 6E os Filisteus disseram: Quem fêz
seram-lhe: isto? E foi-lhes dito: Foi Sansão,
Que coisa é mais doce que o mel, genro de Tamnateu, porque êste lhe
e que coisa é mais forte que o tirou sua mulher, e a deu a outro.
leão? E foram os Filisteus, e queimaram
Cap. X I V — 18. Se vós não tivésseis lavrado com a minha novilha, se vos nfto tivésseis
valido da minha débil espósa.
Cap. X v — 3. Sans&o, aproveitando o pretexto de lhe terem roubado sua mulher, e mo­
vido por Deus, declara inimizade aos Filisteus, opressores injustos dos Israelitas.
286 LIVRO DOS JU ÍZES 15 - 16

tanto a mulher como seu pai. 7E 1TE, logo que acabou de cantar es­
Sansão disse-lhes: Não obstante ter- tas palavras lançou a queixada da
des feito isto, eu ainda assim tirarei mão, e chamou àquêle lugar Ramat-
vingança de vós, e depois sossega­ Lequi, que quer dizer elevação da
rei. 8*E fêz nêles um grande destrô- queixada.
ço, de sorte que, atônitos, punham as Fonte miraculosa
pernas sôbre as coxas. E descendo
(d a li) habitou na caverna do rochedo "Sentindo muita sêde, clamou ao
de Etão. Senhor, e disse: Tu foste o que salvas­
Sansão m ata mil Filisteus com te p teu servo e que lhe deste esta
a queixada dum jumento grandíssima vitória: Eis que morro de
sêde, e cairei nas mãos aos incircun-
9Tendo, pois, ido os Filisteus à ter­ cidados. 19Abriu, pois, o Senhor um dos
ra de Judá, acamparam num lugar, dentes molares da queixada do ju ­
ue depois se chamou Lequi que quer mento, e saíram águas. E Sansão, be­
izer queixada, onde o seu exército bendo delas recobrou alento, e recu­
foi desbaratado. 10*E os da tribo de perou as forças. P or isso foi aquêle
Judá disseram-lhes: Por que viestes lugar chamado até o dia de hoje Fon­
contra nós? Êles responderam: V i­ te do que invoca, saída da queixada.
mos prender Sansão, e pagar-lhe o “ E julgou Israel durante vinte anos
que fêz contra nós. "Então foram nos dias (da dominação) dos Filisteus.
três mil homens da tribo de Judá A s portas de G aza
à caverna do rochedo de Etão, e
disseram a Sansão: Tu não sabes 1 £ Mansão foi também a Gaza, e
que estamos sujeitos aos Filisteus? 1w viu lá uma mulher meretriz,
Por que quiseste, pois, fazer-lhes is­ e entrou em casa dela. ^ en d o ouvi­
to? Ele respondeu-lhes: Eu fiz-lhes do isto os Filisteus, e tendo-se espa­
como êles me fizeram a mim. 12Nós lhado entre êles que Sansão tinha en­
vimos, disseram êles, para te pren­ trado na cidade, cercaram-no, pondo
der, e para te entregar nas mãos guardas às portas da cidade, esperan­
dos Filisteus. Jurai-me, disse-lhes San­ do-o ali tôda a noite em silêncio, para
são, e prometei-mo que não me haveis o matarem pela manhã, ao sair. 8San-
de matar. 13*Ê les responderam: Não são, porém, dormiu até meia-noite; e
te mataremos, mas entregar-te-emos depois, levantando-se, pegou em am­
ligado. Ligaram-no, pois, com duas bos os batentes da porta com os seus
cordas novas, e tiraram-no do roche­ postes e fechaduras, e, pondo-os às
do de Etão. costas, levou-os até o alto do monte
14E, chegando ao lugar da Queixa­ que olha para Hebron.
da, e, saindo-lhe ao encontro os Filis- Sansão revela a D alila o segrêdo da
teus com gritos, apoderou-se dêle o sua fôrça e cai em poder dos Filisteus
Espírito do Senhor, e como o linho
costuma consumir-se ao cheiro do fo ­ 4Depois disto amou uma mulher,
go, assim as cordas, com que estava que habitava no vale de Sorec, e se
ligado, foram quebradas e desfeitas chamava Dalila. 5E os príncipes dos
( por ele). 15E, encontrando uma quei­ Filisteus foram ter com ela, e disse-
xada, isto é, a mandíbula dum jumen­ ram-lhe: Engana-o, e sabe dêle don-
to, que jazia ali, tomando-a, matou de lhe vem tanta força e de que mo-
com ela mil homens. 16E disse: do o poderemos vencer e castigar
Com a queixada dum jumento os depois de atado; se fizeres isto, ca­
(inim igos) derrotei; com a mandíbu­ da um de nós te dará mil e cem
la dum jumento mil homens matei. moedas de prata.
8. E fêz nêles, etc. O bebreu diz: E feriu-os perna sôbre coxa, com um grande gol­
pe. Locução m etafórica para significar que Sansão fêz nos inimigos tal destrôço que
os reduziu a um montão de membros decepados.
19. A briu pois o S en h or... Todos os milagres são possíveis a Deus, para quem é tão
fácil sair águ a dum a rocha como da queixada dum jumento. T odavia hoje dá-se outra
tradução ao hebreu, que m odifica as circunstâncias do m ilagre: Deus fendeu a rocha
côncava que está em Lequi, e dela saíram águas.
16 LIVRO DOS J U íz E S 287

6Dalila disse, pois, a Sansão: Dize- dar tempo para descansar, desmaiou
me, te peço, em que consiste esta (e n fim ) o animo de Sansão, e caiu
tua tão grande fôrça, e que coisa num desfalecimento mortal. “ Então,
haverá com a qual estando tu liga- descobrindo-lhe a verdade da coisa,
do não possas escapar-te? 7Sansão disse-lhe: Sôbre a minha cabeça nun­
respondeu-lhe: Se eu fôr ligado com ca passou navalha, porque sou na­
sete cordas de nervos frescos e ain­ zareno, isto é, consagrado a Deus des­
da úmidos, ficarei tão fraco como os de o ventre de minha mãe; se me
outros homens. 8E os príncipes dos fôr rapada a cabeça, ir-se-á de mim
Filisteus trouxeram-lhe sete cordas, a minha fôrça, e eu desfalecerei, e se­
como ela tinha dito, com as quais e- rei como os outros homens. 18E, ven­
la o atou, °e estando êles de embos­ do ela que Sansão lhe tinha patentea­
cada escondidos na sua casa, e es­ do todo o seu coração, mandou dizer
perando na câmara o êxito da trai­ aos príncipes dos Filisteus: Vinde
ção, ela gritou: Sansão, os Filisteus ainda esta vez, porque êle me des­
estão sôbre ti. Êle quebrou as cor­ cobriu agora o seu coração. E ê-
das, como se quebra um fio torci­ les foram, levando o dinheiro que
do de estôpa, ao chegar-lhe o cheiro lhe tinham prometido. 19E ela fê-
do fogo; e não se pôde conhecer em lo adormecer sôbre os seus joelhos,
que consistia a sua fôrça. e reclinar a cabeça no seu seio. E
10E Dalila disse-lhe: Eis que zom­ chamou um barbeiro para lhe cor­
baste de mim, e não disseste a ver­ tar as sete tranças, e começou a re­
dade; ao menos agora descobre-me pelí-lo, e a lançá-lo de si, pois irne-
com que deves ser atado. nÊle res- diatamente se foi dêle a força. “ E
pondeu-lhe: Se me atarem com u- disse: Sansão, os Filisteus estão sô­
mas cordas novas, que ainda não te­ bre ti. Despertando êle do sono, dis­
nham servido, ficarei sem fôrça, e se em seu coração: Sairei como antes
semelhante aos outros homens. 12Da- fiz, e me desembaraçarei dêles, não
lila atou-o com elas, e gritou: San- sabendo que o Senhor se tinha reti­
são, os Filisteus estão sôbre ti; e ti- rado dêle. 21E os Filisteus, tendo-o
nham-se preparado ciladas numa câ­ tomado, tiraram-lhe logo os olhos, e
mara. Mas êle quebrou as cordas levaram-no a Gaza, atado com ca­
como fios duma teia. deias, e, encerrando-o no cárcere, o
13E Dalila tornou-lhe a dizer: A té fizeram girar a mó.
quando tu me hás de enganar, e Morte de Sansão; sua sepultura
dizer falsidades? Descobre-me como
deves ser atado. Sansão respondeu- 22Ora, os seus cabelos já lhe tinham
lhe: Se entreteceres as sete tranças começado a renascer, “ quando os
da minha cabeça com os liços da príncipes dos Filisteus se juntaram
teia, e atares isto a um prego e para imolarem solenes hóstias ao seu
cravares êste na terra, ficarei sem deus Dagão, e para se banquetearem,
forças. 14Dalila, tendo feito isto, dis­ dizendo: O nosso deus entregou em
se-lhe: Sansão, os Filisteus estão sô­ nossas mãos o nosso inimigo San-
bre ti. Êle, despertando do sono, ar­ são. 24E também o povo, vendo is­
rancou o prego com os cabelos e os to, louvava o seu deus, e dizia o
liços. mesmo: O nosso deus entregou em
15E Dalila disse-lhe: Como dizes tu nossas mãos o nosso adversário, que
que me amas, quando o teu coração devastou a nossa terra, e matou mui­
não está comigo? Tens-me menti­ tos. “ E, alegrando-se nos banque­
do, por três vêzes, e nunca me qui­ tes, depois de terem comido bem,
seste dizer em que consiste a tua mandaram que fôsse chamado San­
grandíssima fôrça. 16E, como o im ­ são, para que os divertisse. E, ten-
portunasse, e durante muitos dias se do-o tirado do cárcere,, os divertia, e
não tirasse de junto dêle, sem lhe fizeram-no estar em pé entre duas
Cap. X V I — 16-17. Desmaiou (e n fim )... P o r um lado sansão estava convencido de que não
devia confiar na mulher, por outro n&o queria perder o seu amor, e assim, depois de ter comba­
tido e resistido algum tempo, acabou por ceder & tentação e revelar o segrêdo, deixando-
nos assim um terrível exemplo de quanto im porta evitar com prontidão as m âs ocasiôes.
288 LIvR O DOS J U íz E S 16 - 18
colunas. “ E êle disse para o jovem cultura e outra de fundição; e agora
que o guiava: Deixe que eu toque as to dou. 4Êle, pois, entregou-os a sua
colunas, em que se sustém tôda a ca­ mãe, que tomou duzentos siclos de
sa, e que me encoste a elas, e des­ prata, e os deu a um ourives, pa­
canse um pouco. ^Ora a casa esta­ ra fazer dêles uma imagem de es­
va cheia de homens e mulheres, e cultura, e outra de fundição, que f i­
estavam ali todos os príncipes dos cou em casa de Micas. 50 qual re­
Filisteus, e cêrca de três mil pessoas servou na casa um edicula para o
de um e outro sexo, que do teto e do deus, e fêz um efod e uns terafins,
pavimento estavam vendo Sansão que isto é, uma vestidura sacerdotal, e
os divertia. “ Êle, porém, invocando ídolos; e encheu a mão de um de seus
0 Senhor, disse: Senhor Deus, lem- filhos, o qual lhe serviu de sacerdote.
bra-te de mim, e torna-me a dar a- °Naquele tempo não havia rei em
gora a minha primeira fôrça, 6 Deus Israel, mas cada um fazia o que lhe
meu, para me vingar dos meus ini­ parecia melhor.
migos, e fazer pagar duma só vez a
perda dos meus dois olhos. “ E, a- O Levita de Belém
garrando as duas colunas em que a
casa se sustinha, e, pegando numa 7Houve também outro jovem de
com a mão direita e noutra com a Belém de Judâ, da mesma parente-
esquerda, “ disse: M orra eu com os la, o qual era Levita, e habitava ali.
Filisteus; e, sacudindo com grande sE, tendo saído da cidade de Belém,
força as colunas, a casa caiu sôbre quis ir para onde achasse maior co­
todos os príncipes, e o resto da mul­ modidade. E, tendo chegado ao
tidão que ali estava; e foram muito monte Efraim, seguindo o seu cami-
mais os que matou ao morrer, do que nho, e desviando-se um pouco para
os que matara antes quando vivo. a casa de Micas, 9êste perguntou-lhe
31E, vindo seus irmãos e tôda a donde vinha. E êle respondeu: Sou
sua parentela, tomaram o seu coroo, um Levita de Belém de Judâ, e vou
e sepultaram-no entre Saraa e Es- habitar onde puder e onde v ir que
taol, no sepulcro de seu pai Manué; me faz conta. 10E Micas disse-lhe:
e êle foi juiz de Israel durante vin­ Fica comigo, e sê para mim pai e sa­
te anos. cerdote, e dar-te-ei cada ano dez si-
cios de prata, e dois vestidos, e o
Ídolo de Micas que te fo r necessário paro sustento.
“ Condescendeu e ficou em casa
1 7 d a q u e le tempo houve um ho- dêle, que o tratou como um de seus
11 mem do monte Efraim, cha­ filhos. 12E Micas encheu a sua mão,
mado Micas, 2o qual disse a sua mãe: e teve consigo êste jovem como sa­
Os mil e cem siclos de prata, que ti- cerdote, “ dizendo: Agora sei que
nhas pôsto à parte, e sôbre os quais, Deus me fará bem, tendo eu um sa­
ouvindo eu, tinhas feito um juramen­ cerdote da linhagem de Levi.
to, eis aqui os tenho eu, e estão em
meu poder. Ela respondeu-lhe: A - Exploradores em casa de Micas
bençoado seja o meu filho pelo Se­
nhor. 3Entregou-os, pois, a sua mãe, 10 Waqueles dias não havia rei
a qual lhe tinha dito: Eu consagrei e em Israel, e a tribo de’ Dan
prometi êste dinheiro ao Senhor, pa- buscava uma possessão para habitar,
ra que meu filho o receba da minha nela; porque até então não tinha
mão, e faça dêle uma imagem de es­3 1 recebido a sua sorte entre as outras
31. Os últimos anos da vida de Sans&o foram manchados com um péssimo
proceder moral. 8.to A m brósio diz: “sans&o, destemido e forte, sufocou um le&o, m as n&o
pôde sufocar o seu am or criminoso. Quebrou os laços dos inimigos, m as n&o quebrou os
laços das suas paixôes. Lançou fogo às messes alheias, e êle próprio, inflam ado com o
pequeno fogo dum a mulher, perdeu a messe da sua fô rça” .
Cap. X V I I — 2. Tinhas feito um juramento, isto ê, tinhas pronunciado uma maldiç&o
contra quem tos roubou.
5. Terafins, um a espécie de deuses domésticosou penates. — Encheu a mão. F órm u la
P ara indicar a consagraç&o sacerdotal. H á nestas p alavras um a alus&o ao fato de, quan-
18 LIVRO DOS JUízES 2S9

tribos. 20s filhos de Dan, pois, en­ em Caritiarim de Judá; e aquêle lu­
viaram de Saraa, e de Estaol cinco ho­ gar desde então recebeu o nome de
mens fortíssimos da sua linhagem e Campo de Dan, e esta por detrás de
família, para explorarem e reconhe­ Cariatiarim. 13Dali passaram ao mon­
cerem cuidadosamente o país, e dis­ te Efraim. E, tendo chegado à ca­
seram-lhes: Ide, e examinai o país. sa de Micas, 14os cinco homens, que
Postos a caminho, chegaram ao mon­ primeiro tinham sido enviados a re­
te Efraim, e entraram em casa de conhecer o país de Lais, disseram aos
Micas, e nela descansaram. 8E, re­ outros seus irmãos: Vós sabeis que
conhecendo a Voz do jovem Levita, e, nesta casa hâ um efod, e uns teraflns
encontrando-se na mesma casa com e uma imagem de escultura e outra
êle, disseram-lhe: Quem te trouxe de fundição; vêde o que quereis fa­
aqui? que fazes aqui? por que cau­ zer. 15E, tendo-se desviado um pou­
sa quiseste vir a êste lugar? 4Êle co do caminho, entraram no quarto
respondeu-lhes: Micas fêz-me isto e do jovem Levita, que estava em casa
isto, e assalariou-me para ser seu sa­ de Micas e saudaram-no com pala­
cerdote. 5E êles pediram-lhe que vras de paz. “ Entretanto os seis­
consultasse o Senhor, para poderem centos homens, armados como esta­
saber se a sua jornada seria feliz, e vam, ficaram à porta. 17E os que
se a sua emprêsa se efetuaria. 6E tinham entrado na casa do jovem pro­
êle respondeu-lhes: Ide em paz; o Se­ curavam tomar a imagem de escultu­
nhor olha (benignamente) a vossa ra, e o efod, e os terafins, e a ima­
jornada, e o caminho que levais. gem de fundição; e o sacerdote esta­
va à porta, e os seiscentos homens
Exploradores em L>ais
valorosos estavam esperando a pou­
7Partindo pois aquêles cinco ho­ ca distância. 18Os que tinham, pois,
mens, foram a ( cidade de) Lais, e v i­ entrado, tomaram a imagem de es­
ram que o povo habitava nela sem cultura, o efod, os ídolos e a imagem
nenhum temor, como era costume en­ de fundição. É o sacerdote lhes dis­
tre os Sidônios, seguro e tranqüilo, se: Que fazeis vós? 19Êles respon­
não havendo quem lhe fizesse oposi­ deram-lhe: Cala-te, e pôe o dedo sô-
ção, e muito rico, e distante de Sido- bre tua bôca, e vem conosco, para
nia, e separado de todos os outros que nos sirvas de pai e de sacerdo­
homens. 8E, voltando para seus ir­ te. Qual é melhor para ti, ser sa­
mãos em Saraa e Estaol, e, pergun- cerdote na casa dum sô homem, ou
tando-lhes êstes o que tinham feito, numa tribo e numa fam ília de Is­
responderam-lhes: °Levantai-vos, va­ rael? “ E êle, tendo ouvido isto, ce­
mos a êles, porque nós vimos que é deu às suas palavras, e tomou o efod,
um país muito rico e fértil; não se­ e os ídolos, e a imagem de escultu­
jais descuidados, não vos detenhais; ra, e foi com êles.
vamos, e ocupemo-lo, não vos custara ^Indo êles no caminho, e, tendo
trabalho algum. 10Entraremos num feito ir adiante de si os meninos e o
povo que vive em segurança num gado, e tudo o que era precioso, ^e,
país muito espaçoso, e o Senhor nos estando já longe da casa de Micas,
dará um lugar onde não falta nada os homens, que habitavam em casa
daquelas coisas que são produzidas de Micas, seguiram-nos com grande
na terra. barulho, “ e começaram a gritar atrás
Os Danítas, ao marchar contra Lais, dêles. E êles, voltando-se para trás,
apoderam-se do idolo e do sacerdote
disseram a Micas: Que queres tu?
de Micas
Por que gritas? 24E êle respondeu:
Vós levastes os meus deuses, que eu
“ Partiram, pois, da família de Dan, tinha feito para mim, e o sacerdote
isto é, de Saraa e de Estaol seiscen­ e tudo o que tenho, e dizeis: Que é
tos homens, munidos com armas de que tens? “ E os filhos de Dan dis-
guerra, 12e marchando, acamparam seram-lhe: Guarda-te de nos falar
do Ar&o e seus filh o s foram consagrados ss serdotes, Moisés lhes te r colocado nas m&os
uma parte das vitim a s para oferecer a Deus.1
0

10 - B íb lia Sagrada
290 LIVRO DOS JUÍZES 18 - 19
mais nisto, não suceda que se lancem mas o sogro o deteve, e lhe disse: Co­
sôbre ti homens cheios de indignação, me primeiro um pouco de pão, e con­
e pereças com toda a tua casa. “ E forta o estômago, e depois partirás.
dêste modo continuaram o caminho 6E sentaram-se ambos juntos, e co­
começado. E Micas, vendo que a- meram e beberam. E o pai da mo­
quêles homens eram mais fortes do ça, disse ao seu genro: Peço-te que
que êle, voltou para sua casa. fiques aqui ainda hoje, e estejamos a-
Tornada de L ais legres de companhia. 7Mas êle, levan­
tando-se, começou a querer partir.
27E os seiscentos homens levaram Todavia o sogro, com as suas instân­
o sacerdote e tudo o que acima disse­ cias, deteve-o, e fê-lo ficar consigo.
mos; e chegaram a Lais, a um povo 8Chegando, pois, a manhã, o Levita
tranqüilo e seguro, e passaram-no ao preparava-se para partir. E o so­
fio da espada, e puseram fogo à ci­ gro disse-lhe novamente: Peço-te
dade, “ sem que alguém os socorres­ que comas primeiro um pouco de a-
se, por habitarem longe de Sidônia, limento, e, cobrando forças, espera
e por não terem sociedade nem co­ que seja mais dia, e depois parti­
mércio com outros homens. Ora es­ rás. Comeram, pois, juntamente. °E
ta cidade estava situada no pais de o jovem levantou-se para partir com
Roob; e, reedificando-a, povoaram- sua mulher e com o criado. Mas o
na, “ chamando cidade de Dan, do sogro disse-lhe outra vez: Olha que
nome de seu pai, que tinha nascido o dia está muito perto do ocaso, e a
de Israel, àquela que antes se cha­ noite aproxima-se; fica comigo ain­
mava Lais. da hoje, e passa um dia alegre, e a-
manhã partirás a fim de ires para
Idolatria dos Danitas tua casa.
10O genro não quis estar por êstes
“ E erigiram para si a imagem de rogos, mas partiu logo, e chegou à
escultura, e Jonatan, filho de Ger- vista de Jebus, que por outro nome
são, filho de Moisés, e seus filhos fo ­ se chama Jerusalém, levando consigo
ram sacerdotes na tribo de Dan, até dois jumentos carregados, e sua mu­
ao dia do seu cativeiro. 81E o ídolo lher. “ E já estavam perto de Jebus,
de Micas ficou entre êles, durante e o dia mudava-se em noite; e o
todo o tempo que a casa de Deus es- criado disse ao seu amo: Vem, te pe­
teve em Silo. Naqueles dias não ha­ ço, dirijamo-nos à cidade dos Jebu-
via rei em Israel (para pôr têrm o a seus, e fiquemos nela. 120 amo res-
estas desordens). pondeu-lhe: Eu não entrarei numa ci­
dade de gente estrangeira, que não
Um Uevita vai a G abaa com sua mulher é dos filhos de Israel, mas passarei
1 Q ^ o u v e um certo Levita, que
até Gabaa; 13e, depois que lá chegar,
descansaremos nela ou ao menos na
habitava ao lado do monte de cidade de Rama. 14Ultrapassaram,
Efraim, o qual se tinha casado com pois, Jebus, e, continuando o seu ca­
uma mulher de Belém de Judá. 2Es- minho, se lhes pôs o sol junto de
ta mulher deixou-o, e voltou para Be- * Gabaa, que é da tribo de Benjamim;
lém para casa de seu pai, e ficou 15e entraram nela, para ali pousa-
morando com êle quatro meses. 3E rem. E, tendo entrado, sentaram-se
seu marido foi busca-la, querendo re­ na praça da cidade, e ninguém lhes
conciliar-se com ela, acariciá-la e re­ quis dar hospitalidade.
conduzi-la consigo, levando um cria­
do e dois jumentos. E ela o acolheu, Recebe hospedagem em casa dum velho
e o introduziu em casa de seu pai.
O sogro, quando soube isto e o viu, 16E eis que apareceu um homem ve­
saiu a recebê-lo alegre, 4e abraçou-o. lho, que voltava do campo e do seu
E o genro esteve três dias em casa do trabalho ao anoitecer, o qual tam­
sogro, comendo e bebendo com êle bém era do monte de Efralm, e ha­
familiarmente. bitava como forasteiro em Gabaa; o-
5Ao quarto dia, porém, levantando- ra os homens daquela região eram fi­
ae antes de amanhecer, quis partir, lhos de Jemini (o u Benfamitas). 17E
19 - 20 LIVRO DOS JUÍZES 291
O velho, levantando os olhos, viu o dela tôda a noite, largâram-na ao
Levita sentado na praça da cidade amanhecer. “ Mas a mulher, ao a-
com a sua pequena bagagem, e dis- manhecer> foi à porta da casa, onde
se-lhe: Donde vens tu? E para onde estava o seu senhor, e lá caiu por
vais? 18E êle respondeu-lhe: Nós terra. “ Chegada a manhã, levantou-
partimos de Belém de Judâ, e va­ se o marido, e abriu a porta para
mos para nossa casa, que é ao lado continuar a viagem começada, e eis
do monte de Efraim, donde tinhamos que sua mulher jazia (m o rta ), dian­
ido a Belém; e agora vamos à casa te da porta, com as mãos estendidas
de Deus, e ninguém nos quer acolher sôbre a soleira. “ E êle, julgando
sob o seu teto, 19tendo nós palha e fe ­ que ela estava dormindo, dizia-lhe:
no para sustento dos jumentos, e pão Levanta-te, e vamo-nos. Mas, não
e vlnho para mim e para esta tua respondendo ela nada, conhecendo
serva, e para o criado, que está co­ que estava morta, tomou-a, e po-la
migo; de nenhuma coisa necessita­ sôbre o jumento, e voltou para sua
mos mais que de pousada. ^O velho casa.
respondeu-lhe: A paz seja contigo, eu
te darei tudo o que for necessário; O L evita pede vingança às tribos
rogo-te somente que não fiques na
praça. aE conduzlu-o à sua casa, e “ E, logo que entrou, tomou um
deu de comer aos jumentos; e, depois cutelo, e dividindo o cadáver de sua
que (os viajantes) lavaram os pés, mulher com os seus ossos em doze
serviu-lhes uma refeição. partes, enviou-as por todos os con­
fins de Israel. “ E, quando tal v i­
Infâm ia dos habitantes de G aba a ram, exclamavam: Nunca tal coisa
22Enquanto comiam, e, depois da os se fêz em Israel, desde o dia em que
nossos pais saíram do E gito até
fadiga da viagem, restauravam os seus hoje; pronuncia 4 uma sentença, e re­
corpos com a comida e bebida, chega­ solvei de comum acôrdo o que se de­
ram uns homens daquela cidade, f i ­ ve fazer.
lhos de Belial (isto e, sem jugo), e,
cercando a casa do velho, começaram A s onze tribos resolveram faze r guerra
a bater à porta, gritando ao dono da contra a tribo de Benjam im
casa, e dizendo: Deita cã para fora
êsse homem, que entrou para tua ca­ OH Caíram, pois, todos os filhos de
sa, a fim de abusarmos dêle. “ E o Israel, e juntaram-se como
velho saiu fora a ter com êles, e dis­ um só homem na presença do Senhor
se: Não queirais, irmãos, não queirais em Masfa, desde Dan até Bersabée,
cometer semelhante maldade; porque e desde a terra de Galaad; 2e todos os
eu hospedei êste homem em minha chefes do povo, e todas as tribos de
casa; e deixai-vos desta loucura. 24Eu Israel acudiram à assembléia do po­
tenho uma filha virgem, e êste ho­ vo de Deus, em número de quatro­
mem tem a sua mulher, eu vo-las centos mil combatentes a pé. 3(E os
tirarei cã para fora, para abusardes filhos de Benjamim não ignoravam
delas, e satisfazerdes a vossa paixão; que os filhos de Israel tinham subi­
sòmente vos peço que não cometais do a Masfa). E o Levita, marido da
com êste homem tal maldade con­ mulher (que fôra ) morta, foi interro-
tra a natureza. gado de que modo tinha sido cometi­
“ Mas êles não queriam ceder às do tão grande crime.
suas razões; e aquele homem (L e v i­ 4Respondeu: Eu cheguei a Gabaa
ta ), vendo isto trouxe-lhes sua mu­ de Benjamim com minha mulher, e
lher, e abandonou-a aos seus ultra­ ali me hospedei; 5e eis que os homens
jes; e êles, depois de terem abusado daquela cidade cercaram de noite
Cap. X I X — 24. A proposta do velho é condenável em si. Parecia-lhe porém ju stific á ­
vel, por contribuir para evita r um mal maior.
25. T r o u x e -lh e s s u a m u lh e r, o proceder do Le v ita fo i criminoso e repugnante. Devia
re s is tir até à morte.
27. A b r iu a p o rta p a ra c o n t i n u a r ... O Le vita , com um novo ato infâme e egoísta,
queria p a rtir sem procurar sua mulher.
292 LIVRO DOS JUízES 20

a casa, onde eu estava, querendo ma­ mens de Israel, afora os filhos de


tar-me, e ultrajando minha mulher Benjamim, contaram-se quatrocentos
com um incrível furor de lascívia; mil homens de armas, e prontos para
por último ela morreu. 6E eu, to­ combater. 18E (os filhos de Israel),
mando-a, a dividi em pedaços, e os levantando-se foram à casa de Deus,
enviei repartidos a todos os confins isto é, a Silo; e consultaram o Se­
da vossa possessão; porque nunca se nhor, e disseram: Quem há de ser no
cometeu tão grande maldade, nem nosso exército o general da batalha
crime tão abominável em Israel. contra os filhos de Benjamim? O
7Vós todos, ó filhos de Israel, estai Senhor respondeu-lhe: (D a tribo de)
aqui presentes; resolvei o que deveis Judá seja o vosso general.
fazer. 8E todo o povo, estando em
pé, respondeu, como com a voz dum Os filhos de Israel derrotados duas
só homem: Não voltaremos às nos­ vêzes
sas tendas, e ninguém entrará em
sua casa; °mas de comum acôrdo fa ­ 19E logo os filhos de Israel, mar­
remos isto contra Gabaa; 10escolham- chando ao amanhecer, acamparam
se dentre tôdas as tribos de Israel dez junto de Gabaa, “ e, avançando dali
homens por cada cento, e cem por para combater contra Benjamim, co­
cada mil, e mil Dor cada dez mil, meçaram a sitiar a cidade. “ Mas os
para que levem víveres ao exército, filhos de Benjamim, tendo saído de
e possamos combater contra Gabaa Gabaa, mataram naquele dia vinte è
de Benjamim, e dar-lhe pelo crime a dois mil homens dos filhos de Israel.
recompensa que merece. “ Assim se 22E os filhos de Israel, confiando nas
coligou contra esta cidade todo o Is­ suas forças e no seu número, puse-
rael, como (se fôra ) um só homem, ram-se novamente em batalha no
com o mesmo espírito, e a mesma re­ mesmo lugar, onde primeiro tinham
solução. combatido. “ Mas antes subiram e
foram chorar até a noite diante do
12E mandaram mensageiros a tôda Senhor; e o consultaram, e disseram:
a tribo de Benjamim, para que lhe Devemos continuar ainda a pelejar
dissessem: Por que se cometeu entre contra os filhos de Benjamim, nos­
vós tão detestável maldade? “ Entre­ sos irmãos, ou não? O Senhor res­
gai-nos os homens de Gabaa, que co­ pondeu-lhe: Ide contra êles, e dai
meteram esta atrocidade, para que batalha. “ E ao outro dia, tendo mar­
morram, e para que se tire o mal de chado os filhos de Israel, para com­
Israel. Porém os Benjamitas não bater contra os filhos de Benjamim,
quiseram dar ouvidos à embaixada de “ os filhos de Benjamim saíram com
seus irmãos, os filhos de Israel; “ mas ímpeto das portas de Gabaa; e, indo
juntaram-se em Gabaa de tôdas as ao seu encontro, fizeram nêles tão
cidades pertencentes à sua tribo pa­ rande mortandade, que derrubaram
ra lhes darem auxílio, e combaterem f ezoito mil guerreiros.
contra todo o povo de Israel.
Vitória de Israel
O s dois exércitos
“ Pelo que todos os filhos de Israel
15E acharam-se da tribo de Ben­ foram à casa de Deus, e sentados
jamim vinte e cinco mil aptos para choravam diante do Senhor, e jejua-
trazer espada, afora os habitantes de ram aquêle dia até à tarde, e ofere­
Gabaa, 16que eram setecentos homens ceram-lhe holocaustos, e vítimas pa­
fortíssimos, que combatiam tanto cíficas, “ e consultaram-no sôbre o
com a esquerda como com a direita; seu estado. Naquele tempo a arca
e eram tão destros em atirar pedras da aliança de Deus, estava lá, “ e F i-
com a funda, que poderiam acertar néias, filho de Eleázaro, filho de A -
num cabelo, sem que o golpe da pe­ rão, presidia à casa (de Deus). Con­
dra desse noutra parte. 17E dos ho­ sultaram pois o Senhor, e disseram:
Cap. X X — 21. Deus perm itiu que os Isra e lita s fôssem vencidos para os hum ilhar, s&o
Gregório d iz: “Iam castigar os pecados dos outros, e n&o pensavam nos próprios”. E ra m
levados pela in jú ria feita ao Le vita , e n&o se importavam que houvesse ídolos entre eles.
20 LIVRO DOS J U íz E S 293
Devemos ainda sair a combater con­ quando tomassem a cidade, acendes-
tra os filhos de Benjamim nossos ir­ sem fogo, para que, elevando-se ao
mãos, ou desistir? O Senhor disse- alto o fumo, dessem aviso de estar
lhes: Saí, porque amanhã eu os en­ tomada a cidade. 30Vendo isto os
tregarei nas vossas mãos. filhos de Israel no mesmo ardor do
“ E os filhos de Israel puseram em­ combate (porque os filhos de Ben­
boscadas à roda da cidade de Gabaa; jamim, julgando que os de Israel fu­
“ a terceira vez, como da primeira e giam, foram-nos perseguindo com
segunda, fizeram avançar o seu e- mais instância, depois de lhes terem
xército contra Benjamim. “ Mas os morto trinta homens do seu exérci­
filhos de Benjamim saíram também to ), “ e, vendo subir da cidade como
ousadamente da cidade, e persegui­ uma coluna de fumo; e os Benja-
ram por longo espaço os seus inimi- mitas também, olhando para trás,
os que (propositadamente) fugiam; viram que a cidade estava tomada,
f e sorte que feriram alguns dêles, e que as chamas subiam para o al­
to; “ os Israelitas, que antes simu-
como no primeiro e segundo dia, e
mataram e deixaram estendidos por lavam fugir, voltando o rosto, resis­
terra uns trinta homens que fugiam tiam com mais fôrça. Os filhos de
por duas estradas, uma das quais ia Benjamim, vendo isto, puseram-se em
a Betei, e outra a Gabaa; “ porque fuga, 42e começaram a seguir o ca­
julgavam derrotá-los como de costu­ minho do deserto, perseguindo-os ain­
me. Mas êles, fingindo com arte a da até lá os inimigos. Além disto,
fuga, tiveram em mira afastá-los da os que tinham incendiado a cidade
cidade, e levá-los com simulada fu ­ saíram-lhe ao encontro. “ E dêste
ga às sobreditas estradas. “ Então, modo sucedeu serem destroçados por
saindo todos os filhos de Israel dos uma e outra parte pelos inimigos, e
seus postos, ordenaram-se em bata­ morriam sem remédio. Caíram e fo ­
lha no lugar chamado Baaltamar. E ram prostrados na parte oriental da
também as emboscadas, que estavam cidade de Gabaa. “ Ora os que fica­
ao redor da cidade, começaram a dei- ram mortos naquele lugar, foram de­
xar-se ver pouco a pouco, 34e a avan­ zoito mil homens, todos guerreiros
çar pela parte ocidental da cidade. valentíssimos. 45Vendo isto, os que ti­
E, além disto, outros dez mil ho­ nham ficado de Benjamim, fugiram
mens (escolhidos) de todo o Israel, para o deserto, e encaminharam-se
provocavam os moradores da cidade para o rochedo chamando Remon.
para o combate. E tornou-se rude Também nesta fuga, errando por um
a batalha contra os filhos de Benja­ e outro lugar, e tomando diversas di­
mim; e êles não entenderam que de reções, foram mortos (pelos filhos de
tôda a parte lhes estava iminente a Israel) cinco m il homens. E, pas­
morte. “ E o Senhor destruiu-os à sando êles mais adiante, persegui-
vista dos filhos de Israel, os quais ram-nos e mataram ainda mais dois
naquele dia mataram dêles vinte e mil. “ E assim aconteceu que todos
cinco mil e cem homens, todos guer­ os que ficaram mortos da tribo de
reiros e homens de armas. Benjamim em diversos lugares, fo ­
88Ora os filhos de Benjamim, ven­ ram vinte e cinco mil homens com­
do que eram inferiores, começaram batentes, destríssimos para a guerra.
a fugir. Os filhos de Israel, obser­ “ Pelo que de tôda a gente de Ben­
vando isto, deram-lhes lugar para jamim ficaram seiscentos homens,
fugir, a fim de que fôssem cair nas que puderam escapar e fugir para o
emboscadas que tinham pôsto junto deserto; e detiveram-se durante qua­
da cidade. “ Saindo então de repen­ tro meses no rochedo de Remon. “ E
te (os filhos de Israel) dos seus es­ os filhos de Israel, tendo voltado,
conderijos, e, tendo matado os (da passaram ao fio da espada tudo o
trib o) de Benjamim, que fugiam, en­ que restava na cidade, desde os ho-
traram na cidade, e passaram-na ao mens até aos animais, e tôdas as
fio da espada. “ Ora os filhos de Is­ cidades e aldeias de Benjamim fo ­
rael tinham dado por sinal aos que ram consumidas pelas chamas vora­
tinham pôsto nas emboscadas, que, zes.
294 LIvRo DOS JUIZES 21
Israel lamenta a destruição de Benjamim, que estavam no roche­
de Benjamim do de Remon, e ordenaram-lhes que
os recebessem em paz. 14E então os
21 *0 s filhos de Israel tinham ju- filhos de Benjamim vieram, e foram-
rado em Masfa, dizendo: N e­ lhes dadas por mulheres as filhas de
nhum de nós darâ a sua filha por Jabes Galaad; e não encontraram ou­
mulher aos filhos de Benjamim. 2E tras, que pudessem ser-lhes dadas da
foram todos a casa de Deus, em Si­ mesma maneira.
lo, e, sentados na sua presença até 15E todo o Israel teve muita pena,
à tarde, levantando a voz, prorrom- e arrependeu-se da destruição duma
peram em pranto e disseram: 3Se- das tribos de Israel. 16E os anciãos
nhor Deus de Israel, por que aconte­ disseram: Que faremos dos outros,
ceu jao teu povo esta desgraça, o ser que não receberam mulheres? Tôdas,
hoje' cortada de nós uma das tri­ as mulheres da tribo de Benjamim pe­
bos? receram, 17e nós devemos prover com
4E ao outro dia, tendo-se levanta­ grande cuidado e desvêlo que não pe­
do de madrugada, erigiram um altar reça uma das tribos de Israel. “ P or­
e ofereceram nêle holocaustos e v íti­ quanto nós não podemos dar-lhes as
mas pacíficas, e disseram: 5Quem de nossas filhas, estando ligados com
entre todas as tribos de Israel não o juramento e com as imprecações
marchou com o exército do Senhor? que fizemos, dizendo: Maldito o que
Porque, estando em Masfa, se tinham der sua filha por mulher aos Ben-
obrigado, com um solene juramento, jamitas. 19Tomaram, pois, esta reso­
a matar os que faltassem. °E os fi­ lução, e disseram: Eis que se avizi­
lhos de Israel, arrependidos do que nha a solenidade anual do Senhor
tinha acontecido a Benjamim seu em Silo, que está situado ao seten-
irmão, começaram a dizer: Foi cor­ trião da cidade de Betel, e ao orien­
tada de Israel uma tribo; 7donde hão te do caminho que vai de Betel a
de tomar mulheres (os pouco que res­ Siquém, e ao meio-dia da cidade de
tam ) ? porque juramos todos de a- Debona. 20E ordenaram aos filhos
côrdo que lhes não daríamos as nos­ de Benjamim, e disseram: Ide, e es­
sas filhas. 8Por isso disseram : Quem condei-vos nas vinhas. 21E, quando
é de tôdas as tribos de Israel, que virdes as filhas de Silo sair, segundo
não compareceu diante do Senhor em o costume, para dançar em côro, sai
Masfa? E eis que se achou que os de repente das vinhas, e cada um to­
habitantes de Jabes Galaad não ti­ me uma para mulher, e parti para a
nham estado naquele exército. 9(E terra de Benjamim. 22E, quando vie­
também no tempo em que estiveram rem seus pais e irmãos, e começarem
em Silo, não se encontrou ali nenhum a queixar-se de vós e a acusar-vos,
dêles). nós lhes diremos: Tende compaixão
dêles, pois não as roubaram por direi­
A s donzelas de Jabes e as de Silo são to de combatentes e de vencedores,
dadas corno espôsas aos Benjarnitas mas, suplicando-vos que lhas désseis
sobreviventes (p or espôsas) vós lhas negastes, e as­
sim a culpa veio da vossa parte. ” E
“ Mandaram, pois, dez mil homens os filhos de Benjamim fizeram como
fortíssimos, e ordenaram-lhes: Ide, e lhes tinha sido mandado; e segundo
passai ao fio da espada os habitan­ o seu número cada um tomou para
tes de Jabes Galaad, tanto as suas sua mulher uma dentre as donzelas
mulheres como os seus meninos. ME que dançavam, e retiraram-se para
eis o que devereis observar: Matai as suas possessões, edificando as ci-
todos os varões, e tôdas as mulheres dades e habitando nelas.
casadas, màs reservai as virgens. 12E 24Os filhos de Israel também vol­
encontraram-se em Jabes Galaad taram para suas tendas, segundo as
quatrocentas virgens, que não tinham suas tribos e famílias. Naquele tem ­
conhecido varão, e conduziram-nas po não havia rei em Israel; mas
ao campo de Silo, na terra de Canaã. cada um fazia o que lhe parecia jus-
13E mandaram mensageiros aos filhos to.
LIVRO DE RUTE
O livro de Rute é considerado como um apêndice ao livro dos Juizes, mo­
tivo por que muitos expositores o atribuem a Samuel. Com admirável brilho
literário apresenta um belo quadro da vida familiar, em que a piedade filia l é
premiada por Deus com os maiores benefícios. O enrêdo é simples: o betle-
mita Elimelec, constrangido pela carestia, emigra com a esposa Noemi e dois
filhos para a terra de Moab, onde os dois filhos morrem depois de se terem
casado com duas moabitas: Rute e Orfa. Transcorridos dez anos, viúva sem
filhos, Noemi volta para Belém, acompanhada por Rute. Em Belém, Rute
vai respigar no campo de Booz, que se casa com ela. Dessa união nasce
Obed, pai de Isai, e avô de Davi.
0 livro compõe-se de duas partes, ou melhor, de um prólogo histórico
( 1 , 1 - 22 ) e da narração principal ( 2,1 - 4 ,22 ). Parece ter sido escrito no
tempo de Davi, antes de Salomão; segundo outros autores, parece que foi
Samuel seu autor, assim como o foi do livro dos Juizes.

Noemi em Moab Noemi volta a Belém


acompanhada de Rute
1 1 2*N o tempo dum juiz, quando os 6E levantou-se a fim de voltar da
* juizes governavam, houve uma terra de Moab para a sua pátria
fome naquela terra. E um homem com as suas duas noras, porque tinha
partiu de Belém de Judã, para ir ha­ ouvido dizer que o Senhor tinha o-
bitar como forasteiro no país de lhado para o seu povo, e lhe tinha
Moab, com sua mulher e dois filhos. dado alimentos. 7Saiu, pois, do lugar
2Chamava-se êle Elimelec, e sua mu­ da sua peregrinação com as suas duas
lher, Noemi; e os dois filhos, um cha­ noras; e, indo já no caminho de vol­
mava-se Maalon, e o outro Quelion; ta para a terra de Judá, 8disse para
eram Efrateus de Belém de Judá. elas: Ide para casa de vossa mãe, o
E, tendo entrado no país dos Moabi­ Senhor use convosco de misericórdia,
tas, aí moraram. como vós usastes com os que morre­
?E Elimelec, marido de Noemi, mor­ ram e comigo. 9E êle vos faça en­
reu; e ela ficou com os filhos, 4os contrar paz nas casas dos maridos
quais casaram com mulheres Moa­ com quem tiverdes a sorte de casar.
bitas, das quais uma se chamava Or­ E beijou-as. E elas em alta voz co­
fa, e a outra Rute. E viveram lá meçaram a chorar, 10e a dizer: Nós
dez anos. 5*E morreram ambos, a iremos contigo para o teu povo. nE
saber, Maalon e Quelion; e a mulher ela respondeu-lhes: Voltai, minhas
ficou privada dos dois filhos e do ma­ filhas, por que vindes comigo? Por­
rido. ventura tenho eu ainda filhos no meu
296 LIVRO DE R U T E 1 -2

ventre, para que possais esperar de Rute vai respigar no campo de Booz
mim maridos? 12Voltai, minhas fi­
lhas, e ide-vos, porque já estou aca­ O *Ora Elimelec, marido (de N oe-
bada pela velhice, e incapaz do vín­ U m i), tinha um parente, homem
culo conjugal. Ainda que eu pudes­ poderoso e de grandes riquezas, cha­
se conceber esta mesma noite, e dar mado Booz. 2E Rute Moabita disse a
à luz filhos, 13e se vós quisésseis es­ sua sogra: Se o mandas, irei ao cam­
perar até que crescessem e chegas­ po apanhar as espigas que escapam
sem aos anos da puberdade, vos fa ­ das mãos dos segadores, onde quer
rieis velhas antes de casardes. Não que eu encontre algum pai de fam í­
(continueis), minhas filhas, vos peço, lia, que se mostre clemente para co­
porque a vossa angústia custa-me migo. E ela respondeu-lhe: Vai, mi­
muito, e a mão do Senhor está le- nha filha. 8Foi Rute, pois, e apanha­
vantada contra mim. 14Elas, levan­ va as espigas por detrás dos segado-
t o s . Ora aconteceu que aquêle campo
tando a voz, começaram de novo a
chorar. O rfa beijou a sua sogra, e tinha por dono uma homem chamado
foi-se. Rute, porém, ficou com sua Booz, que era da fam ília de Elimelec.
sogra. 4E eis que êle chegou de Belém, e
15E Noemi disse-lhe: Eis que a tua disse aos segadores: O Senhor seja
cunhada voltou para o seu povo e pa­ convosco. Êles responderam-lhe: O
ra os seus deuses; vai com ela. “ Ru­ Senhor te abençoe. *E Booz disse
te respondeu: Não insistas comigo pa­ para o jovem que tomava sentido
ra que te deixe e me vá, porque pa­ nos segadores: De quem é esta mo­
ra onde tu fôres, irei também eu, e ça? 6Êle respondeu-lhe: Esta ê a
onde quer que morares, morarei eu Moabita, que veio com Noemi do
também. O teu povo será o meu país de Moab. 7Pediu-me que a dei-
povo, e o teu Deus, o meu Deus. 17N a xasse apanhar as . espigas que ficas­
terra que te receber, quando morre­ sem, indo atrás dos segadores; e an­
res, nessa morrerei eu também e aí da no campo desde manhã até ago­
terei o meu sepulcro. O Senhor me ra, e não voltou a casa nem por um
faça isto e me acrescente- aquilo, se momento.
outra coisa ciue não fôr a morte me
separar de ti. B ooz trata-a com benignldade
“ Vendo, pois, Noemi que Rute esta­ 8Booz disse a Rute: Ouve, filha,
va firmemente resolvida a ir com e- não vás respigar a outro campo, e
la, não a quis mais contradizer, nem não te apartes dêste lugar, mas jun­
persuadir-lhe cjue voltasse para os ta-te com as minhas moças, °e se­
seus. 19E partiram juntas, e chega­ gue-as por onde tiverem segado.
ram a Belém. E, tendo entrado na Porque eu ordenei aos meus criados
cidade, logo correu a notícia disso por que nenhum te moleste; e também,
todos, e as mulheres diziam: Esta é se tiveres sêde, vai ao barris, e be­
aquela Noemi. “ E ela disse-lhes: be da água de que bebem os meus
Não me chameis Noemi (isto é, for­ criados. 10E ela, inclinando o seu ros­
mosa), mas chamai-me Mara (isto é, to, e prostrando-se até à terra, dis­
amarga), porque o Onipotente me en­ se-lhe: Donde me vem a dita de ter
cheu de extrema amargura. ^Eu sai achado graça diante dos teus olhos,
daqui cheia (de felicidade com meu e de que te dignastes fazer caso de
marido e filhos), e o Senhor fêz-me mim (que sou) uma mulher estran-
voltar vazia. Por que me chamais, geira? nE êle respondeu-lhe: Foi-
pois, Noemi, tendo-me o Senhor hu­ me contado tudo o que tens feito
milhado, e o Onipotente afligido? para com tua sogra depois da mor­
22Foi, pois, Noemi com Rute Moabi- te de teu marido; e como deixaste os
ta, sua nora, da terra da sua peregri­ teus parentes, e a terra onde nas­
nação, e voltou para Belém, quando ceste, e vieste para um povo que
se começava a segar as cevadas. antes não conhecias. 120 Senhor te
Cap. I I — 2. I r e i a o c a m p o . . . A lei de Moisés (Le v., X IX , 9; X X I I I , 22; Deut.
X X Iv , 19) e os costumes orientais davam aos pobres, às viúvas, etc., o direito de respigar.
2 - 3 LIVRO DE R UT E 297
remunere pelas tuas obras, e recebas acrescentou: Êste homem é nosso
uma plena recompensa do Senhor, parente. 21E Rute disse-lhe: Êle deu-
Deus de Israel, para quem vieste, e me também ordem de me juntar aos
sob cujas asas te acolheste. 18E ela seus segadores, até que se acabasse
disse: Encontrei graça diante dós tôda a ceifa. 22A sogra respondeu-lhe:
teus olhos, ó meu senhor, que me E ’ melhor, minha filha, que vãs se­
consolaste, e falaste ao coração da gar entre as moças dêsse homem,
tua escrava, que não rne assemelho para que noutro campo ninguém te
a uma das tuas moças. 14E Booz dis­ moleste.
se-lhe: Quando chegar a hora (de “ Ela, pois, incorporou-se com as
com er) vem aqui, e come pão, e mo­ moças de Booz, e respigou entre elas,
lha o teu bocado no vinagre. Ela, até que a cevada e o trigo se re­
pois, sentou-se ao lado dos segadores, colheram nos celeiros.
e (B ooz) deu-lhe grão torrado, e co­ Noemi projeta casar Rute com Booz
meu e ficou satisfeita e guardou os
sobejos. O *Ora depois que Rute voltou pa-
UE depois levantou-se para colhêr * ra sua sogra, esta disse-lhe: M i­
as espigas segundo o costume. E Booz nha filha, eu quero procurar-te des­
deu esta ordem aos seus servos, di­ canso, e o farei de modo que fiques
zendo: Ainda que ela queira segar bem. *Êste Booz, com cujas cria­
convosco, não lho embaraceis, 16e, de das andaste junta no campo, é nosso
propósito, deixai cair algumas espi- parente, e esta noite joeira a ceva-
;as das vossas gavelas, e deixai que dafcjia sua eiraí 3Lava-te, pois, e un-
? iquern ali, para que ela as apanhe ge-te, e torna os teus melhores vesti­
sem vergonha, e nenhum a repre­ dos e vai à (sua) eira. Não te veja
enda enquanto as apanha. êste homem, sem que tenha acaba­
Rute volta p ara junto de Noemi do de comer e de beber. 4E, quando
fôr dormir, observa o lugar em que
17Ela, pois, respigou no campo até a dorme; e irás, e levantar-lhe-ás a
tarde, e, tendo batido com uma vara capa com que se cobre da parte dos
e sacudido as espigas que tinha co­ pés e ali te deitarás, e dormirás; e
lhido, encontrou quase a medida de êle te dirá o que deves fazer. 5E
um efi de cevada, isto é, três alquei-
res. 18E, carregando com êles, vol­ ela respondeu: Farei tudo o que man­
tou para a cidade, e mostrou-os a dares.
sua sogra; e, além disso, tirou para Rute aos pés de B ooz
fora, e deu-lhe dos sobejos da sua
comida, de que ela se tinha sacia­ °E foi para a eira, ,er íê z tudo o
do. 19E sua sogra disse-lhe: Onde que a sogra lhe tinha mandado. 7E,
respigaste hoje, e onde trabalhaste? quando Booz, depois de ter comido e
Abençoado seja quem se compade­ bebido, e de estar mais alegre, se foi
ceu de ti. E ela declarou-lhe em que deitar a dormir junto de um monte
propriedade tinha trabalhado, e dis- de feixes, ela foi muito de mansi­
.se-lhe que.o dono se chamava Booz. nho, e, tendo-lhe levantado a capa
^E Noemi respondeu-lhe: Abençoa­ pelos pés, deitou-se ali. 8E eis que
do seja êle do Senhor, porque a mes­ pela meia-noite o homem despertou
ma bondade que teve pelos vivos, a espavorido e torvado, ao ver uma
conservou também pelos mortos. E 1 7 mulher deitada aos seus pés, 9e dis­
17. U m e f i , cêrca de 39 litro s.
Cap. I I I — 3-4. Noemi expõe o seu projeto, conhecendo bem a virtude de Rute e de
Booz, que não ofenderíam a castidade.
7-13. Considerando êste fato com olhos carnais, parece contrário ao pudor. Mas náo
acontece assim, se se considerar o fim , o motivo e o sentido misterioso que encerra. Noe­
m i, julgando que Booz era o parente mais próximo, a quem por isso pertencia desposar a
viúva de seu filho , mas, receando que um hom^m como Booz, rico e idoso, não condescen-
deria facilmente em desposar uma viúva pobre e estrangeira, procurou um modo de o
surpreender. Booz, com o seu proceder antes do matrimônio, mostrou que só para obedecer
à lei é que se casou com Rute e que, por isso, tudo fo i obra de Deus.
298 LIVRO DE RUTE 3 - 4

se-lhe: Quem és tu? E ela respon­ Booz, tomando dez homens dos an­
deu: Sou Rute, tua serva. Estende a ciãos da cidade, disse-lhes: Sentai-vos
tua capa sôbre a tua serva, porque aqui. 8E estando êles sentados, (B ooz)
és parente (de meu marido, deven­ disse ao seu parente: Noemi, que
do por isso receber-me por espôsa, voltou do país de Moab, está para
visto que êle m orreu sem filhos). 10E vender uma parte do campo de Eli-
êle disse: Filha, bendita sejas do Se­ melec, nosso irmão; 4eu quis infor­
nhor, que excedeste a tua primeira mar-te disso e dizer-to diante de to­
bondade com esta de agora, pois que dos os que estão aqui sentados, e dos
(sendo jovem ) não buscaste jovens anciãos do meu povo. Se o queres
pobres ou ricos (mas aquele que a possuir pelo direito de parentesco,
lei determ ina). “ Não temas, pois, compra-o e fica com êle, mas, se te
que eu te farei tudo o que me dis­ desagrada, dize-mo, para que eu sai­
seres, porque todo o povo que habita ba o que devo fazer; porque não há
dentro das portas da minha cidade, outro parente senão tu, que és o
sabe que és uma mulher de virtude. primeiro, e eu, que sou o segundo.
12Nem eu nego que sou teu parente, E êle respondeu: Eu comprarei o
mas há outro mais próximo que eu. campo. 5E Booz disse-lhe: Logo que
13Descansa esta noite; e, quando fôr compres o campo de Noemi, é tam­
manhã, se êle tè quiser receber pelo bém necessário que cases com Ru­
direito de parentesco, está bem; mas, te Moabita, que foi mulher do de­
se não quiser, viva o Senhor, que funto, para que ressuscites o nome
eu sem dúvida alguma te hei de re­ do teu parente na sua herança. 6Êle
ceber; dorme até pela manhã. respondeu: Eu cedo o direito de pa­
Rute volta para Noemi
rentesco, porque não devo extinguir
a posteridade da minha família; usa
“ Ela, pois, dormiu a seus pés até tu do meu privilégio, ao qual eu de­
ao fim da noite. E levantou-se antes claro que renuncio espontâneamen-
que os homens se pudessem conhecer te.
uns aos outros, e Booz disse: Vê, não 7Era um costume antigo em Israel
saiba ninguém que vieste aqui. 15E entre os parentes, que quando um ce­
acrescentou: Estende a capa com que dia o seu direito a outro, para a ces­
te cobres, segura-a com ambas as são ser válida, o que cedia tirava o
mãos. E, tendo-a estendido e segu­ seu sapato, e dava-o ao seu parente.
rando-a, êle mediu-lhe seis alqueires Êste era o testemunho da cessão em
de cevada, e pôs-lhos às costas. Ela Israel. 8Disse, pois, Booz ao seu pa­
levando-os entrou na cidade, 16e foi rente: T ira o teu sapato. E êle o ti­
ter com sua sogra, a qual lhe disse: rou logo do pé. 9E (B ooz) disse aos
Que fizeste, filha? E (R u te ) contou- anciãos e a todo o povo: Vós sois
lhe tudo o que o homem tinha feito hoje testemunhas de que entro a
por ela. 17E acrescentou: Eis aqui possuir tudo o que era de Elimelec,
seis alqueires de cevada que êle me e Quelion e Maalon, entregando-mo
deu, dizendo: Não quero que voltes Noemi; 10e de que recebo por es­
vazia para tua sogra. 18E Noemi posa a Rute Moabita, mulher (que
disse: Espera, filha, até vermos em fo i) de Maalon, a fim de eu fazer
que pára êste negócio; porque aquê- reviver o nome do defunto na sua
le homem não descansará enquanto herança, para o seu nome não se
não cumprir o que prometeu. extinguir na sua fam ília e entre os
irmãos e no seu povo. Digo-vos, sois
Booz à porta da cidade, prepara o seu testemunhas disto. “ Respondeu todo
casamento com Rute o povo que estava à porta, e os an­
ciãos: Nós somos testemunhas; o Se­
A JFoi, pois, Booz à porta (da ci- nhor faça que esta mulher, que en­
* dade) e sentou-se ali. E, vendo tra na tua casa, seja como Raquel
passar o parente de que antes fala­ e Lia, que fundaram a casa de Israel;
mos, chamando-o pelo nome, disse- para que seja exemplo de virtude em
lhe: Vem cá por um pouco, e senta-te Efrata, e tenha um nome célebre em
aqui. Êle foi, e sentou-se. 2Então Belém, 12e a tua casa se torne corno
4 LIVRO DE RUTE 299
a casa de Farés, que Tam ar deu à muito melhor do que se tivesses sete
luz a Judá, pela posteridade que o filhos. 16E Noemi, tomando o menino,
Senhor te der desta jovem. o pos no seu regaço, e fazia as vê-
zes de ama e de criada. 17E as mu­
Booz casa com Rute; nascimento de lheres suas vizinhas congratulavam-
Obed se com ela, e diziam: Nasceu um
filho a Noemi; e puseram-lhe o nome
13Booz, pois, tomou Rute, è casou de Obed. Êle foi pai de Isaí, pai de
com ela; e, tendo-a conhecido, o Se­ Davi.
nhor fêz-lhe a graça de conceber e
dar à luz um filho. 14E as mulheres Genealogia de D avi
disseram a Noemi: Bendito seja o
Senhor, que não permitiu que fal­ 18Estas são as gerações de Farés:
tasse sucessor à tua família, e quis Farés gerou Esron, 19Esron gerou A-
ue o seu nome se conservasse em ram. Aram gerou Aminadab, “ Am i-
2 srael, 15para que tenhas quem conso­ nadáb gerou Naasson, Naasson gerou
le a tua alma, e te sustente na ve­ Salmon, 21Salmon gerou Booz, Booz
lhice; porque nasceu um menino da gerou Obed, 22Obed gerou Isaí, Isaí
tua nora, a qual te ama, e é para ti gerou Davi.
OS LIVROS DOS REIS
Os quatro livros dos Reis formam dois grupos distintos, designados na
Bíblia hebraica: o primeiro com a denominação de Livros de Samuel (1° de
2.9) e o segundo, com a de Livros de Reis (3 .9 e 4.9).
Os dois primeiros livros, escritos na idade áurea da língua hebraica,
talvez logo depois de Salomão, demonstram a •realização das promessas di-
vinas com a fundação e a consolidação do trono na pessoa de Davi, depois de
haver narrado como Israel passou de Judicatura a Reino. Os últimos dois
livros — escritos já na idade de decadência do hebraico, durante o exílio de
Babilônia, talvez por Jeremias — mostram como lsrael e Judá, por não te­
rem observado as leis do Senhor, foram expulsos da Terra da Promissão, pa­
tenteando, porém, que a estirpe de Davi podia ainda nutrir esperanças de
alcançar o trono eterno.
O Prim eiro e Segundo livro dos Reis narram a história do último pe­
ríodo do govêrno dos Juizes até ao fim do reinado de Davi. Podem nêles
ser relevadas três partes, bem distintas entre si: a) a história da judica­
tura de Samuel (1 Reis, 1, 1 - 7, 17); b) a história do reinado de Saul (1
Reis 8, 1 - 31, 13); c) a história de Davi (2 Reis, 1, 1 - 24, 25).
Êsses dois livros, que formam uma única obra, dita de Samuel, por cau­
sa da grande personagem que instituiu o reino, — têm uma admirável uni­
dade; certamente foram compilados com escritos de Samuel, de Gad e de
Natan profetas.
O Terceiro e õ Quarto livro dos Reis, — que formam outra obra inde­
pendente, — descrevem a história, eminentemente religiosa, do povo de lsrael,
desde os primeiros anos do reinado de Davi até à destruição de Jerusalém
por Nabucodonosor. O nome de Livros dos Reis está justificado pelo fato
de estarem nêles contidas as façanhas e os reveses históricos de todos os
Reis que se sucederam no trono de Judá e de lsrael no período seguinte aos
dois reinados de Saul e de Davi, isto é: desde a coroação de Salomão (1019
a. C.) até à outorgação de privilégios reais feita por Evilmerodac ao rei
Joaquim (561 a. C.), último rei de Judá.
Em toda a obra podem-se distinguir três partes: a) a história do rei
Salomão (3 Reis, 1, 1 - 11, 43); b) a história sincrônica dos dois reinos de
Judá e lsrael (3 Reis 12, 1 - 4 Reis, 17, 41), a qual se resume num con­
tínuo revezamento de guerras e pacificações; c) últimas vicissitudes do
reino de Judá, depois da tomada de Samaria e a destruição do reino seten­
trional (4 Reis, 18, 1 - 25, 30).
Mira principal da obra é a de patentear, com fatos à mão, que a felicida­
de do povo de Israel estava ligada estritamente à observância da Lei divina.
PRIMEIRO LIVRO DOS REIS
Elcana e sua fam ília em Silo 10Ana, com o coração cheio de amar­
gura, orou ao Senhor, derramando co-
1 ^ o u v e um homem Efrateu de piosas lágrimas, e nfêz um voto, di­
1 Ramataimsofim, do monte de zendo: Senhor dos exércitos, se te dig­
Efraim, cujo nome era Elcana, filho nares olhar a aflição da tua ser­
de Jeroão, filho de Eliu, filho de Toú, va, e te lembrares de mim, e não es­
filho de Suf; 2e teve duas mulheres, queceres a tua serva, e deres à tua es­
uma chamada Ana, e outra chamada crava um filho varão, eu o darei ao
Fenena. E Fenena teve filhos; Ana, Senhor durante todos os dias da sua
porém, não os tinha. vida, e não passará navalha sôbre a
3E êste homem, nos dias determi­ sua cabeça.
nados, subia da sua cidade para ado­ 12E aconteceu que, enquanto ela
rar e oferecer sacrifícios ao Senhor multiplicava as preces na presença do
dos exércitos em Silo. E assistiam ali Senhor, Heli observava o movimento
dois filhos de Heli, Ofni, e Finéias, dos seus lábios. 13Ora Ana falava no
sacerdotes do Senhor. “Chegou, pois, o seu coração, e só se moviam os seus
dia (solene) , e Elcana ofereceu um lábios e não se lhe ouvia palavra al­
sacrifício, e deu porções (da vítim a) guma. Julgou, pois, Heli, que ela esta­
a Fenena, sua mulher, e a todos os va embriagada, 14e disse-lhe: Até
seus filhos e filhas. 5A Ana, porém, quando estarás tu embriagada? Dige­
(que não tinha filhos) deu só uma re um pouco o vinho de que estás
porção, entristecido, porque a amava. cheia. 15Ana, respondendo, dlsse: Não
Mas o Senhor tinha-a tornado estéril. é assim, meu senhor, porque eu sou
•A sua rival afligia-a também e a a- uma mulher muito infeliz, e não bebi
tormentava excessivamente, a ponto vinho, nem outra coisa que possa em­
de lhe lançar em rosto que o Senhor briagar, mas dilatei a minha alma na
a tinha tornado estéril. 7E assim fa ­ presença do Senhor. 16Não tomes a
zia todos os anos, quando chegava o tua escrava por uma das filhas de Be-
tempo de irem ao templo do Senhor; lial, porque pela grandeza da minha
e dêste modo a provocava; e Ana dor e da minha aflição é que falei
chorava, e não comia. 8Disse-lhe, pois, até agora. 17Então Heli disse-lhe: Vai
Elcana, seu marido: Ana, por que em paz, e o Deus de Israel te conceda
choras? e por que não comes? e por a súplica que lhe fizeste. 18E ela res­
que se aflige teu coração? porventu­ pondeu: Praza a Deus que a tua es­
ra não sou eu melhor para ti, do crava ache graça aos teus olhos. E
que dez filhos? a mulher foi pelo seu caminho, e co­
Oração de A n a e nascimento de Samuel meu, e o seu semblante não se lhe
mudou mais. 19E levantaram-se de
9Ana, porém, levantou-se, depois de manhã, e adoraram diante do Senhor,
ter comido e bebido em Silo. E, estan­ e voltaram, e chegaram a sua casa
do o pontífice Heli sentado na sua em Ramata. E Elcana conheceu sua
cadeira à porta do templo do Senhor, mulher Ana; e o Senhor lembrou-se
Cap. I — 11. N ã o p a s s a r á n a v a l h a . . . Será Nazareno, entre cujas obrigações estava
a de n&o cortar o cabelo (Num .. V I, 1 e sega.).
302 PRIM EIR O LIvR O DOS REIS 1 - 2

dela. ^E sucedeu que a seu tempo 8Não queirais multiplicar palavras


Ana concebeu, e deu à luz um filho, altivas, vangloriando-vos; afaste-se
e pôs-lhe o nome de Samuel, porque da vossa bôca a antiga linguagem,
o tinha pedido ao Senhor. porque o Senhor é o Deus das ciên­
Samuel é consagrado ao Senhor cias, e os seus desígnios são retos.
40 arco dos fortes quebrou-se, e os
21Subiu, pois, Elcana, seu marido, e fracos foram revestidos de fôrça. 5Os
tôda a sua fam ília para imolar ao que antes estavam cheios de bens
Senhor a hóstia solene, e cumprir o assalariaram-se para terem pão; e os
seu voto. 22E Ana não foi, porque famintos foram saciados; até a esté­
disse ao seu marido: Eu não irei, an­ ril teve muitos filhos; e a que tinha
tes que o menino não seja desleitado, muitos, perdeu a fôrça (de os te r).
e o leve a fim de aparecer na pre­ 60 Senhor é quem tira a vida e a
sença do Senhor, e lã fique para dá, leva à habitação dos mortos e ti­
sempre. 23E Elcana, seu marido dis­ ra dela. 70 Senhor é quem erhpo-
se-lhe: Faze o que te parecer bem, brece e enriquece, quem humilha e
e fica até o desleitares, e eu rogo exalta. 8Levanta o pobre do pó, e
ao Senhor que cumpra a sua pala­ do estéreo eleva o indigente, para
vra. Ficou, pois, Ana em casa, e deu que se sente com os príncipes, e o-
leite a seu filho, até que o desleitou. cupe um trono de glória. Porque do
24E, depois de o ter desleitado, le- Senhor são os polos da terra, e sôbre
vou-o consigo, e três novilhos, e três êles pôs o mundo.
alqueires de farinha, e um cântaro 9Êle guardará os pés dos seus san­
de vinho, e levou-o à casa do Senhor tos, e os ímpios ficarão mudos nas
em Silo. Ora o menino era ainda pe­ trevas; porque o homem não será
quenino; “ e sacrificaram um novilho, forte na sua robustez. 10Trem erão
e apresentaram o menino a Heli. diante do Senhor os seus inimigos,
“ E Ana disse: Rogo-te, senhor meu, e êle trovejará sobre êles dos céus;
)or tua vida, ó senhor. Eu sou aque- o Senhor julgará as extremidades
Í a mulher que esteve aqui em tua da terra, e dará o império ao seu rei,
presença orando ao Senhor. 27Eu o- e exaltará a glória do seu Cristo.
rei por êste menino, e o Senhor con­ 11Depois disto Elcana retirou-se
cedeu-me a petição que lhe fiz. “ P or­ para sua casa em Ramata; e o meni­
tanto eu também o dou ao Senhor no servia na presença do Senhor, sob
por todos os dias, durante os quais a direção do sacerdote Heli.
ele fôr dado ao Senhor. E adoraram
ali o Senhor. E Ana orou, e disse: Perversidade dos filhos de Heli

Cântico de A n a ^“Ora os filhos de Heli eram f i­


lhos de Belial (pela sua impiedade)
O xO meu coração exultou no Se- e não conheciam o Senhor, “ nem as
44 nhor, a minha fôrça foi exal­ obrigações de sacerdotes para com o
tada no meu Deus; a minha bóca povo; porque, quando alguém imola­
dilatou-se para responder aos meus va uma vítima, vinha o servo do sa­
inimigos, porque me alegrei na sal­ cerdote, enquanto se coziam as car­
vação que recebi de ti. nes, e tinha na sua mão o garfo de
2N ão há quem seja santo como o três pontas, 14e metia-o no caldei­
Senhor, porque não há outro fora de rão, ou na caldeira, ou na panela,
ti, e não há quem seja forte como o ou na marmita; e tudo o que o garfo
nosso Deus.2 0 trazia, tomava-o para si o sacerdote;
20. S a m u e l , isto é, obtido de Deus.
Cap. I I — 1-10. o cântico de Ana é admirável pela beleza da form a e do assunto. Agra­
decendo a Deus o fa v o r que lhe concedeu, aproveita a ocasião para celebrar a consagra-
Çfto do re i de Isra e l, a ru ín a dos inimigos de Deus, o triu n fo e a glória do Messias e
do seu reino.
9. G u a r d a r á o s p é s , isto é, os passos d o s s e u s s a n t o s , iluminando-os com a sua lu z e
impedindo que caiam.
12. N ã o c o n h e c i a m o S e n h o r , com conhecimento prático. E ra m daqueles que, como
diz s. Paulo ( T it . I , 16), c o n f e s s a m q u e c o n h e c e m a D e u s , m a s n e g a m - n o c o m a s o b r a s .
2 PRIM EIRO LIvR O DOS REIS 303
assim faziam a todos os Israelitas nhor. 2 *8*Se um homem pecar contra
5
que iam a Silo. 15E também, antes outro, pode tornar-se-lhe Deus fa ­
ue queimassem a gordura, ia o servo vorável; mas, se um homem pecar
o sacerdote, e dizia ao que imolava: contra o Senhor, quem orará por ê-
Dá-me carne a fim de a cozer para le? Mas êles não ouviram a voz de
o sacerdote, porque eu não receberei seu pai, porque o Senhor queria fa­
de ti carne cozida, mas crua. 16E o zê-los morrer.
imolante dizia-lhe: Queime-se hoje 26Entretanto o menino Samuel a-
primeiro a gordura, como é costume, proveitava, e crescia, e era agradável
e depois toma para ti quanto quiseres. tanto ao Senhor como aos homens.
Mas êle respondia, dizendo: Não; hâs Um homem de Deus am eaça
de dar-ma agora, senão tirar-ta-ei à a fam ília de Heli
força. 17Era, pois, muito grande o
pecado dêstes jovens diante do Se­ 27E um homem de Deus foi ter com
nhor, porque retraíam os homens do Heli, e disse-lhe: Eis o que diz o Se­
sacrifício do Senhor. nhor: Porventura não me revelei eu
visivelmente à casa de teu pai, quan­
Samuel no Templo do êles estavam no Egito na casa de
Faraó? “ E eu o escolhi entre tô-
“ Entretanto o menino Samuel ser­ das as tribos de Israel para meu sa­
via diante do Senhor, revestido de cerdote, para subir ao meu altar, e
um efod de linho. 19E sua mãe fa- para me queimar incenso, e para tra­
zia-lhe uma pequena túnica, que lhe zer o efod diante de mim; e de to­
levava nos dias determinados, quan- dos os sacrifícios dos filhos de Is­
do ia com seu marido imolar a hós­ rael dei parte à casa de teu pai.
tia solene. "P o r que calcastes vós aos pés as
Heli abençoa Elcana e A n a minhas vítimas, e os meus dons, que
eu mandei que fôssem oferecidos no
“ E Heli abençoou Elcana e sua templo; e (p or que) honraste tu mais
mulher, e disse-lhe: O Senhor te dê os teus filhos do que a mim, comen­
sucessão desta mulher, em recom­ do com êles as prlmicias de todos os
pensa da prenda que confiaste ao Se- sacrifícios de Israel, meu povo? “ Por­
nhor. E êles voltaram para sua ca­ tanto o Senhor Deus de Israel diz:
sa. 210 Senhor visitou, pois, Ana, e Eu disse e certifiquei que a tua ca­
ela concebeu e deu à luz três fi­ sa e a casa de teu pai serviria para
lhos e duas filhas; e o menino Sa­ sempre (no sumo sacerdócio) diante
muel tornou-se grande diante do Se­ de minha face. Mas agora o Senhor
nhor. diz: Longe de mim tal coisa; mas eu
Heli usa de condescendência glorificarei a quem me glorificar; e
demasiada com seus filhos os que me desprezam, serão despreza­
dos. 31Eis que chegam os dias, em
“ Heli, porém, era muito velho, e que eu cortarei o teu braço e o bra­
soube tudo o que seus filhos faziam ço da casa de teu pai, de tal modo
para com todos os de Israel; e que que não haja nenhum velho em tua
também dormiam com as mulheres casa. 32E no meio de todas as pros-
que vigiavam à porta do taberná- peridades de Israel, verás o teu emu-
culo; 23e (em vez de os castigar com lo no templo, e não haverá velho al­
severidade) disse-lhes (sòm en te): gum em tua casa. "Todavia não ti­
Por que fazeis estas coisas péssimas, rarei de todo do meu altar os teus
que eu ouço de todo o povo? 24Não descendentes, mas será para que os
procedais “assim, meus filhos, porque teus olhos se escureçam, e a tua al­
não é boa a fama, que eu ouço de ma se consuma (de dor na pessoa dos
que fazeis prevaricar o povo do Se­ teus descendentes); e uma grande
25. P o r q u e o S e n h o r q u e r i a . . . Endurecidos no mal, mereceram ser abandonados por
Deus & perversidade do seu coraç&o, não recebendo por isso a graça, sem a qual n&o
Podiam arrepender-se nem tir a r fru to das admoestaçôes paternas, v e r nota Ê x ., IV , 21
E s ta passagem da E s c ritu ra mostra bem a gravidade dos pecados do sacerdote que ofen­
de a Deus com as próprias coisas que o deviam to rn a r propicio.
304 PRIM EIR O LIVRO DOS REIS 2 - 3
parte de tua casa morrerá quando Senhor chamava o menino, e disse a
chegar à idade varonil. 34E servi­ Samuel: Vai, e dorme. E, se te cha­
rá para ti de sinal o que acontece­ marem outra vez, dirás: Fala, Se­
rá aos teus dois filhos, Ofni e Fi- nhor, porque o teu servo ouve. Sa­
néias: Ambos morrerão no mesmo muel, pois, retirou-se, e dormiu no
dia. 35E eu suscitarei para mim um seu aposento.
sacerdote fiel, que procederá segun­ 10E o Senhor veio, e parou, e dha-
do o meu coração e a minha alma; e moú duas vêzes como tinha feito:
lhe edificarei uma casa fiel, e êle Samuel, Samuel. E Samuel respon-
andará sempre diante do meu Cris­ deu-lhe: Fala, Senhor, porque o teu
to. “ Então acontecerá que todo a- servo ouve. 11E o Senhor disse a Sa­
quêle que restar da tua casa, virá pa­ muel: Eis que vou fazer uma coisa
ra que se rogue por êle e (a fim de o em Israel, a qual, todo o que a ou­
atenderem no seu pedido) oferecerá vir ficar-lhe-ão retinindo ambos os
uma moeda de prata, e uma torta de ouvidos (de terro r). 12Naquele dia
pão, e dirá: Rogo-te que me admitas suscitarei, contra Heli tôdas as coi-
a alguma função sacerdotal, a fim sas que disse sobre a sua casa; co­
de que eu tenha um bocado de pão meçarei, e cumprirei. “ Porque eu
para comer. predisse-lhe que exercería o meu juí­
zo contra a sua casa para sempre,
Visão de Samuel por causa da iniquidade, porque êle
O E n tretan to o menino Samuel ser- sabia que seus filhos procediam indig­
** via o Senhor sob a direção de namente, e não os corrigiu (com o de-
Heli, e a palavra do Senhor era (ra ­ via ). 14P or isso jurei à casa de Heli
ra e por isso) preciosa naqueles dias; que a iniqüidade da sua casa jamais
e não havia vlsão manifesta. se expiaria com vítimas nem com o-
*Ora, aconteceu certo dia, que H e­ fertas.
li estava deitado no seu aposento, e 15E Samuel dormiu até pela ma­
os seus olhos tinham-se escurecido, nhã, e abriu as portas da casa do
e não podia ver. 8Antes que fôsse a- Senhor. E Samuel temia dizer a He-
pagada a lâmpada de Deus, Samuel li a visão. 16Heli chamou, pois, Sa­
dormia no templo do Senhor, onde es­ muel, e disse: Samuel, meu filho! O
tava a arca de Deus. *E o Senhor qual, respondendo, disse: Eis-me aqui.
chamou Samuel, o qual, responden­ 17E Heli perguntou-lhe: Qual é a pa­
do, disse: Eis-me aqui. 5E correu a lavra que o Senhor te disse? Não
Heli, e disse: Eis-me aqui, pois tu mo encubras, te peço; o Senhor te
chamaste-me. Êle respondeu: Não trate com toda a severidade, se me
te chamei; volta e dorme. E êle re- encobrires algumas das palavras que
tirou-se, e dormiu. te foram ditas.
°E o Senhor voltou novamente a 18Samuel, pois, descobriu-lhe tôdas
chamar Samuel. E Samuel, levan- as palavras, e não lhas ocultou. E
tando-se, foi a Heli, e disse: Eis-me H eli respondeu: Êle é o Senhor; fa ­
aqui, pois me chamaste. H eli res­ ça o que for agradável aos seus o-
pondeu: Não te chamei 'meu filho, lhos.
volta, e dorme. 7Ora, Samuel ainda 10E Samuel crescia, e o Senhor era
não conhecia (a voz do) Senhor, por­ com êle, e nenhuma das suas pala­
que não lhe tinha sido ainda revelada vras caiu no chão. ME todo o Israel,
a palavra do Senhor. desde Dan até Bersabée, conheceu que
8E o Senhor voltou novamente a Samuel era um fie l profeta do Se­
chamar Samuel, pela terceira vez. E nhor. 21E o Senhor continuou a a-
êle, levantando-se, foi a Heli, 9e dis­ parecer em Silo, porque em Silo é que
se: Eis-me aqui, pois me chamas­ o Senhor se manifestara a Samuel,
te. Compreendeu então Heli que o segundo a palavra do Senhor. E a
35. D o m eu C ris to , d o m eu u n g i d o , do rei que eu escolher.
Cap. III — 1. N ã o h a v i a v is ã o m a n ife s ta , segundo o hebraico: A v is ã o não e ra
fr e q ü e n te .
18. E n e n h u m a das suas p a la v ra s . . . nenhuma das suas profecias deixou de se realizar.
3 - 4 PRIMEIRO LIVRo DoS REIS 300
ialavra de Samuel chegou a todo o A arca em poder dos Filisteus
Í srael.
“ Combateram, pois, os Filisteus, e
Derrota dos Israelitas Israel foi derrotado, e fugiu cada um
para a sua tenda; e a derrota foi
A JE aconteceu naqueles dias que sobremaneira grande; e foram mor­
’ os Filisteus se reuniram para tos de Israel trinta mil homens de
fazer guerra aos Israelitas; e Israel pé. UE a arca de Deus foi tomada,
saiu ao encontro dos Filisteus, para os e também os dois filhos de Heli, O f­
combater, e acampou junto da Pedra ni e Finéias, foram mortos.
do socorro. Os Filisteus, porém, fo ­ Morte de Heli
ram a Afec, 2e dispuseram-se para
pelejar contra Israel. Travada, po­ 12Ora no mesmo dia um homem
rém, a batalha, Israel voltou as cos­ (da trib o) de Benjamim, escapando
tas aos Filisteus; e foram mortos na­ da tabalha, foi, correndo, a Silo com
quele combate por aqui e por ali, pe­ o vestido rasgado, e a cabeça cober­
los campos, cêrca de quatro mil ho­ ta de pó. 13Ao chegar, Heli estava
mens. 3E, depois que o povo voltou sentado na cadeira, olhando para a
para o arraial, os anciãos de Israel estrada. Porque o seu coração esta­
disseram: Por que nos destroçou ho­ va tremendo de mêdo pela arca de
je o Senhor diante dos Filisteus? F a­ Deus. E aquêle homem, depois que
çamos vir para nós de Silo a arca da entrou, espalhou a noticia pela cidade.
aliança do Senhor, e venha para o E toda a cidade levantou grande cla­
meio de nós, para çue nos salve da mor. 14E H eli ouviu o ruído do cla­
mão de nossos inimigos. *0 povo mor, e disse: Que ruído tumultuoso é
mandou, pois, a Silo, e trouxeram de êste? E aquêle homem apressou-se,
lã a arca da aliança do Senhor dos e foi, e deu a notícia a Heli. “ Ora
exércitos, que está sentado sôbre os Heli tinha noventa e oito anos, e os
Querubins; e os dois filhos de Heli, seus olhos tinham cegado, e não po­
Ofni e Finéias, estavam com a arca dia ver. WE (aquêle hom em ) disse
da aliança do Senhor. a H eli: Eu sou o que venho da bata­
5E, logo que a arca da aliança do lha, e o que escapei hoje do campo
Senhor chegou ao acampamento, to­ de combate. E Heli disse-lhe: Que
do o Israel rompeu num grande cla­ sucedeu, meu filho? 1TE o que tra­
mor, que ressoou pela terra. 6E os zia a nova respondeu: Israel fugiu
Filisteus ouviram o ruído do clamor, diante dos Filisteus, e houve grande
e disseram: Que gritaria é esta tão mortandade no povo; além disto tam­
rande no acampamento dos Hebreus? bém os teus dois filhos, Ofni e F i-
f I souberam que a arca do Senhor néias, foram mortos, e a arca de
tinha chegado ao acampamento. 7E Deus foi tomada. WE, logo que êle
os Filisteus temeram, e diziam: Deus nomeou a arca de Deus, Heli caiu da
chegou ao acampamento. E geme­ cadeira para trás, junto da porta, e
ram, dizendo: 8A i de nós! Porque não quebrando o pescoço, expirou, por­
houve tanta alegria nem ontem, nem que era um homem velho e muito a-
anteontem. A i de nós! Quem nos vançado em anos; e tinha julgado
salvará da mão dêstes Deuses excel- Israel durante quarenta anos.
sos? Estes são os Deuses que fe ri­ 19E sua nora, mulher de Finéias,
ram o Egito, com toda a sorte de estava grâvida e próxima do parto, e,
pragas no deserto. °Mas, coragem, ô tendo ouvido a nova de que a arca
Filisteus, e portai-vos varonilmente, de Deus tinha sido tomada, e que seu
não venhais a ser escravos dos He- sogro e seu marido tinham morrido,
breus, como êles o foram vossos; ten­ inclinou-se e deu à luz, porque de
de coragem e combatei. repente foi acometida das dores.
Cap. I v — 8. É s t e s s ã o o s D e u s e s . . . O s F iliste u s julgavam que os Isra e lita s ado­
ravam mais que um Deus, e estavam convencidos de que as pragas contra os Egípcios t i ­
nham sido operadas n o d e s e r t o .
11. E a a r c a d e D e u s f o i t o r n a d a , porque, como observa santo Agostinho, não podia
se rv ir de defesa aos Isra e lita s transgressores da lei.
306 PRIM EIRO LIVRO DOS REIS 4 - 6
20E, quando estava para expirar, dis­ e sôbre Dagon, nosso deus. 8E, man­
seram-lhe as que estavam em volta dando gente, convocaram todos os
dela: Não temas, pois deste à luz sátrapas dos Filisteus, e disseram:
um filho. Mas ela não lhes respon­ Que faremos nós da arca do Deus de
deu, nem deu atenção a isto. “ E cha­ Israel? E os de Get, responderam:
mou ao menino Icabod, dizendo: Foi Leve-se a arca do Deus de Israel de
transportada a glória (para longe) cidade em cidade. E levaram a ar­
de Israel; (ela disse isto) por causa ca do Deus de Israel de cidade em
de ter sido tomada a arca de Deus, cidade. 9E, levando-a êles de cida­
e por ter sido morto o seu sogro, e de em cidade, a mão do Senhor fa­
o seu marido; 22e disse: Foi trans­ zia grande mortandade, em cada ci­
portada (para longe) a glória de Is­ dade; e feria desde o menor ao maior
rael, porque foi tomada a arca de os homens de cada cidade, e saindo-
Deus. lhe os intestinos para fora apodre­
ciam. E os de Get consultaram en­
A arca em Azoto tre si, e fizeram para seu uso assen­
tos de peles.
C 7Os Filisteus, pois, tomaram a ar-
** ca de Deus, e levaram-na da P e­ A arca em Acaron
dra do socorro para Azoto. 2E os
Filisteus tomaram a arca de Deus, 10Mandaram, pois, a arca de Deus
e meteram-na no templo de Dagon, para Acaron. E, chegando a arca
e colocaram-na junto de Dagon. 3E, de Deus a Acaron, os Acaronitas cla­
no outro dia, tendo-se levantado ao maram, dizendo: Trouxeram-nos a ar­
amanhecer os de Azoto, eis que Da­ ca do Deus de Israel, para ela nos
gon jazia com o rosto por terra dian­ matar a nós e ao nosso povo. “ En­
te da arca do Senhor; e tomaram viaram, pois, gente, e juntaram todos
Dagon, e repuseram-no no seu lugar. os sátrapas dos Filisteus, os quais
4E, no dia seguinte, tendo-se levan­ disseram: Devolvei a arca do Deus de
tado novamente de manhã, encon­ Israel, e volte para o seu lugar, e não
traram Dagon que jazia de bruços nos mate a nós e ao nosso povo.
diante da arca do Senhor; mas a “ Porque tôdas as cidades estavam
cabeça de Dagon, e as duas mãos cheias de mêdo de morrer, e a mão
estavam cortadas sôbre o limiar da de Deus fazia-se sentir extraordinà-
porta. 5E, só o tronco de Dagon ti­ riamente pesada; e também os ho­
nha ficado no seu lugar. Por êste mens que não morriam eram feridos
motivo, até ao dia de hoje, os sacer­ nas partes mais ocultas do corpo e
dotes de Dagon e todos os que en­ o alarido de cada cidade subia até ao
tram no seu templo, não calcam o céu.
limiar (da porta) de Dagon em A-
zoto. Os Filisteus resolvem devolver a arca
°A mão, porém, do Senhor descar­ íj Esteve, pois, a arca do Senhor,
regou pesadamente sôbre os de Azo­ u na terra dos Filisteus sete me­
to, e desolou-os; e feriu tanto os da ses. 2E os Filisteus chamaram os sa­
cidade como os do seu território, na cerdotes e os adivinhos, e disseram:
parte mais oculta do seu corpo. E Que faremos da arca do Senhor? Di-
as aldeias e os campos no meio da­ zei-nos como havemos de a remeter
quela região ferveram, e nasceram ao seu lugar. E êles disseram: 3Se
ratos, e houve na cidade confusão por vós remeteis a arca do Deus de Is­
causa da mortandade. rael, não a remetais vazia, mas dai-
A arca em Get lhe o que deveis pelo pecado, e então
sereis curados, e sabereis porque a
7Ora, os de Azoto, vendo esta pra­ sua mão (de Deus) não se afasta de
ga, disseram: Não fique conosco a vós. 4Êles disseram: Que devemos
arca do Deus de Israel, porque a sua nós dar-lhe pelo delito? E êles res­
mão descarrega duramente sôbre nós1 2 ponderam: “Fareis cinco ânus de ou­
21. Ic a b o d significa não g ló r ia .
6 PRIM EIR O LIVRO DOS REIS 307
ro, e cinco ratos de ouro, segundo o querda; e os sátrapas dos Filisteus
número das províncias dos Filisteus; também iam seguindo atrás até os
porque todos vós e os vossos sátrapas confins de Betsames. 13Ora os Bet-
fostes feridos de uma mesma praga. samitas segavam trigo no vale; e, le­
Fareis, pois, figuras da parte que es­ vantando os olhos, viram a arca, e a-
teve doente, e figuras dos ratos que legraram-se quando a viram. 14E o
devastaram a terra, e dareis glória carro foi para o campo de Josué Bet-
ao Deus de Israel; para ver se tira samita, e parou ali. E havia lá uma
a sua mão de cima de vós, e dos vos­ grande pedra, e (os Betsamitas) fi­
sos deuses, e da vossa terra. °Por zeram em pedaços a madeira do car­
que endureceis os vossos corações, co­ ro, e puseram as vacas em cima, em
mo o Egito e Faraó endureceu o seu holocausto ao Senhor.
coração? Porventura não foi depois 15E os Levitas desceram a arca do
de ser castigado, que êle os deixou ir, Senhor e a pequena caixa que estava
e êles se foram ? 7Agora, pois, tomai ao seu lado, onde vinham as figuras
e fazei um carro novo, e metei ao de ouro, e colocaram-na sôbre aque­
carro duas vacas que tenham tido há la grande pedra. E os Betsamitas o-
pouco as suas crias, às quais ainda se fereceram holocaustos, e imolaram
não tenha posto jugo, e encerrai os vitimas naquele dia ao Senhor. 18E
seus bezerros no curral. 8E tomareis os cinco sátrapas dos Filisteus viram
a arca do Senhor, e a poreis no car­ isto, e voltaram no mesmo dia para
ro, e poreis ao seu lado numa peque­ Acaron.
na caixa as figuras de ouro que lhe
pagastes pelo pecado; e depois dei- Ofertas dos Filisteus ,
xai-a ir. 9E reparareis, e se ela fôr
pelo caminho dos seus limites para a 17Ora êstes são os ânus de ouro que
banda de Betsames, (sabei que) o os Filisteus deram ao Senhor pelo pe­
Deus de Israel foi quem nos fêz ês- cado: Azot deu um, Gaza um, Ascalon
te grande mal; se (ela porém ) não um, Get um, Acaron um; 18e os ratos
(fô r para lá) , conheceremos que não de ouro, segundo o número das cida­
foi a sua mão que nos feriu, mas que des das cinco províncias dos Filisteus,
sucedeu por acaso. desde as cidades muradas até às al­
deias sem muros, e até à (pedra cha­
A arca á enviada a Betsames mada a) grande Abel, sôbre a qual
puseram a arca do Senhor, a qual até
10Êles, pois, assim o fizeram; e, to- aquele dia estava no campo de Jo­
mando duas vacas, que davam lei­ sué Betsamita.
te aos seus bezerros, puseram-nas ao
carro, e encerraram no curral os seus Castigo dos Betsamitas
bezerros. UE puseram a arca do Se­
nhor sôbre o carro, e a pequena cai­ 19Ora, (o Senhor) feriu os habitan­
xa que continha os ratos de ouro e as tes de Betsames, porque tinham olha­
figuras dos ânus. do (com curiosidade e pouco respei­
“ Ora as vacas iam diretamente pe­ to ) para a arca do Senhor, e matou
la estrada que conduz a Betsames, e setenta homens do povo, e cinqüenta
seguiam o mesmo caminho, sem pa­ mil da plebe. E o povo chorou, por
rar e mugindo; e não declinavam ter o Senhor ferido a plebe com uma
nem para a direita, nem para a es­ tão grande praga.
Cap. V I — 19. P o r q u e t i n h a m o l h a d o . . . Mesmo aos Le vita s era proibido, sob pena
de morte, olharem para a arca e seus utensílios sem êstes estarem embrulhados (Núm .,
I v , 15-20). Com êste castigo severo Deus quis in sp ira r te rro r a tôdas as tribo s, e mos­
tra r-lhes que n&o deviam ju lg a r que os seus pecados estavam expiados, só pelo fato de
te r voltado a arca a Israel. Além disso os Betsam itas n&o se tinham arrependido, an­
tes tinham aumentado as suas faltas, oferecendo sa crifícios particulares (v. 15) e res­
taurando o culto por sua autoridade, sem consultarem o profeta Samuel. — E c i n q ü e n -
ta m il d a p le b e . Modernamente todos admitem que houve alteração neste texto. N&o
havia em Betsames e seus arrabaldes cinqüenta m il homens, e n&o se pode supor que
tivessem vindo de longe, pois a arca chegou sem ser esperada e no tempo da colheita,
josefo fala sômente de setenta mortos, e ta l era mais provàvelmente o texto p rim itivo.
308 PRIM EIR O LIVRO DOS REIS 6 - 8
A arca em Cariatiarim nhor ouviu-o. 10E aconteceu que, en­
quanto Samuel oferecia o holocausto,
“ E os homens Betsamitas disseram: os Filisteus começaram o combate
Quem poderá subsistir na presença contra Israel; mas o Senhor trove-
do Senhor, dêste Deus santo? E pa­ jou aquêle dia com grande estrondo
ra quem irá (afastando-se) de nos? sôbre os Filisteus, e aterrou-os, e fo ­
21E mandaram mensageiros aos ha­ ram derrotados por Israel. X1E os ho­
bitantes de Cariatiarim, dizendo: Os mens de Israel, saindo de Masfat,
Filisteus restituiram a arca do Se­ perseguiram os Filisteus, e foram-nos
nhor; vinde, e levai-a para vós. batendo até ao lugar que está por
Samuel fa la ao povo e converte-o
baixo de Betcar. 12E Samuel tomou
uma pedra, e a pôs entre Masfat e
*7 ^ oram , pois, os homens de Ca- Sen, e deu àquele lugar o nome de
• riatiarim, e transportaram a ar­ Pedra do Socorro. E disse: A té a-
ca do Senhor, e puseram-na em casa qui nos socorreu o Senhor.
de Abinadab, em Gabaa; e santifica­ 13E os Filisteus foram humilhados,
ram o seu filho Eleázaro, para que e não tentaram mais entrar nos con­
guardasse a arca do Senhor. fins de Israel. E a mão do Senhor
2E sucedeu que, desde o dia em foi sôbre os Filisteus durante todo o
que a arca do Senhor foi colocada tempo de Samuel. 14E foram resti-
em Cariatiarim se passaram muitos tuídas a Israel as cidades que os F i-
dias (pois já era o vigésimo ano) e listeus tinham tomado a Israel, desde
tôda a casa de Israel descansou se­ Acaron até Get, e seus territórios; e
guindo o Senhor. 3E Samuel falou (Sam uel) livrou Israel das mãos dos
a tôda a casa de Israel, dizendo: Se Filisteus, e havia paz entre Israel e os
vós tornais de todo o vosso coração Amorreus.
para o Senhor, tirai do meio de vós
os deuses estranhos, os Baalins e As- Resumo da judicatura de Samuel
tarot, e preparai os vossos corações 15E Samuel julgou Israel durante
para o Senhor, e servi a êle só, e êle todos os dias da sua vida. 16E ia to-
vos livrará da mão dos Filisteus. 4Os dos os anos dando volta a Betel e a
filhos de Israel lançaram, pois, fora Galgala, e a Masfat, e administrava
os Baalins e Astarot, e serviram só justiça a Israel nos sobreditos luga­
ao Senhor. res. 17Depois voltava para Rama-
5E Samuel disse: Convocai em ta: porque estava ali a sua casa; e
Masfat todo o Israel, para eu orar ali julgava Israel; edificou também
por vós ao Senhor. 6E junta­ ali um altar ao Senhor.
ram-se em Masfat; e tiraram água, e
a derramaram diante do Senhor, e F alta dos filhos de Samuel
jejuaram aquêle dia, e disseram: P e­
camos contra o Senhor. E Samuel Q 1Ora aconteceu que, tendo Samuel
julgou os filhos de Israel em Mas­ ° envelhecido, constituiu os seus
fat. filhos juizes de Israel. 2E seu filho
primogênito chamava-se Joel, e o se­
Os Israelitas derrotam os Filisteus gundo Abia; e julgavam em Bersa-
7E os Filisteus ouviram dizer que béia. 3Porérn, seus filhos não segui-
os filhos de Israel se tinham junta­ ram as suas pisadas, mas deixaram-
do em Masfat, e os sátrapas dos se arrastar pela avareza, e recebe­
Filisteus marcharam contra Israel. ram presentes, e perverteram a justi­
Tendo sabido isto os filhos de Israel, ça.
temeram o encontro dos Filisteus. Os Hebreus pedem um rei a Samuel
8E disseram a Samuel: Não cesses de
clamar por nós ao Senhor nosso Deus, 4Tendo-se, pois, juntado todos os
para que nos salve da mão dos Filis­ anciãos de Israel, foram ter com Sa­
teus. 9E Samuel tomou um cordeiro muel, a Rarnata, 5e disseram-lhe:
de leite, o ofereceu-o inteiro em ho­ Bem vês que estás velho, e que teus
locausto ao Senhor; e Samuel cla­ filhos não seguem as tuas pisadas;
mou ao Senhor por Israel, e o Se­ constitui-nos, pois, um rei que nos jul­
8 - 9 PRIMEIRO LIVRO DOS REIS 309
gue, como o têm tôdas as nações. gará, e marchará à nossa frente, e
°Esta linguagem desagradou a Sa­ combaterá por nós nas nossas guer-
muel porque lhe diziam: Dá-nos um ras. 1*21E Samuel ouviu tôdas as pa­
9
rei para que nos julgue. E Samuel lavras do povo, e referiu-as ao Se­
fêz oração ao Senhor. 7E o Senhor nhor. 22E o Senhor disse a Samuel:
disse a Samuel: Ouve a voz do povo Ouve a sua voz, e estabelece sôbre ê-
em tudo o que te dizem porque não les um rei. E Samuel disse aos ho­
é a ti que êles rejeitaram, mas a mim, mens de Israel: Cada um volte para
para eu não reinar sôbre êles. 8fi as­ a sua cidade.
sim que êles sempre têm feito desde
o dia que os tirei do Egito até hoje; Origem de Saul e seu encontro com
assim como me abandonaram a mim, Samuel
e serviram a deuses estranhos, assim Q ^ r a havia um homem (da tri~
também fazem a ti. °Ouve, pois, a
sua voz, mas faze-os compreender ^ bo) de Benjamim, chamado Cis,
bem, e declara-lhes o direito do rei filho de Abiel, filho de Seror, filho
que reinar sôbre êles. de Becorat, filho de Afia, filho dum
homem de Jemini, forte e valoroso.
Samuel expóe os inconvenientes da *E êle tinha um filho chamado Saul,
realeza escolhido e bom; e não havia entre
os filhos de Israel outro melhor do
10Samuel, pois, referiu tôdas as pa­ que êle. Desde o ombro para cirna
lavras do Senhor ao povo, que lhe sobressaía a todo o povo.
tinha pedido um rei, Ue disse: Este 3Tinham-se perdido as jumentas de
será o direito do rei que vos há de Cis, pai de Saul; e Cis disse a Saul,
governar: Tomará os vossos filhos, seu filho: Tom a contigo um dos cria­
e os porá nas suas carroças, e fará dos, e diligente vai, e busca as ju­
dêles moços de cavalo, e correrão mentas. E, tendo êles atravessado o
diante dos seus coches, 12e os consti­ monte de Efraim 4e o território de Sa-
tuirá seus tribunos, e seus centuriôes, lisa, sem as terem encontrado, pas­
e lavradores dos seus campos, e sega- saram também pela terra de Salirn,
dores das suas messes, e fabricantes mas não estavam lá; e também (pas­
das suas armas e carroças. 13E fará saram) pela terra de Jemini, e não as
de vossas filhas suas perfumadeiras, encontraram. 5E, tendo chegado à
e cozinheiras, e padeiras. 14Tomará terra de Sufi, Saul disse para o cria­
também o melhor dos vossos campos, do que ia com êle: Vem e voltemos,
e das vossas vinhas, e dos vossos o- não suceda que meu pai, não pen­
livais, e dá-los-á aos seus servos. 15E sando já nas jumentas, esteja com
também tomará o dízimo dos vossos cuidado por nós. aO criado disse-lhe:
trigos, e do rendimento das vinhas, Eis que nesta cidade há um homem
para ter que dar aos seus eunucos e de Deus, varão famoso; tudo o que
servos. 16Tomará também os vossos êle diz, sucede infalivelmente; vamos,
servos e servas, e os melhores jovens, pois, lá, a ver se êle nos dá alguma
e os jumentos, e os empregará no seu indicação sôbre o fim que aqui nos
trabalho. 17Tomará também o dízi­ trouxe. 7E Saul disse ao seu criado:
mo dos vossos rebanhos, e vós sereis Vamos lá; mas que levaremos nós ao
seus servos. 18E naquele dia clama­ homem de Deus? Acabou-se já o pão
reis por causa do vosso rei, que vós (que trazíamos) nos nossos alforges,
mesmos elegestes; e o Senhor não e não temos tenhum presente nem
vos ouvirá naquele dia, porque vós outra coisa para dar ao homem de
mesmos pedistes um rei. Deus. 8E o criado respondeu de no­
Deus ordena a Sárnuel que faç a a vo a Saul, e disse: Eis que se encon­
vontade do povo tra na minha mão um quarto de um
siclo de prata; demo-lo ao homem de
19Mas o povo não quis dar ouvidos Deus, para que nos encaminhe em
às palavras de Samuel, antes disse­ nossa jornada. 9(Antigamente em Is­
ram: Não; há de haver um rei sô- rael todo o que ia consultar a Deus
bre nós, “ e seremos também como falava assim: Vinde, e vamos ao V i­
tôdas as nações; e o nosso rei nos jul­ dente. Porque aquêle que hoje se
310 PRIMEIRO LIVRO DOS REIS 9 - 10
chama Profeta, chamava-se então V i­ ra ti e para tôda a casa de teu pai?
dente). 10E Saul disse ao seu criado: 21E Saul, respondendo, disse: P or­
Dizes muito bem. Anda, vamos. E ventura não sou eu filho de Jemini,
foram à cidade, onde residia o homem da mais pequena tribo de Israel, e não
de Deus. é a minha fam ília a menor de tôdas
UE quando subiam pela encosta da as famílias da tribo de Benjamim?
cidade, encontraram umas donzelas Por que me falas, pois, tu assim?
que saíam a buscar água, e disseram- 22Mas Samuel, tomando Saul e o
lhes: Está cá o Vidente? 12E elas, seu criado, levou-os para a sala de
respondendo, disseram-lhes: Está cá; jantar, e deu-lhes o primeiro lugar
ei-lo diante de ti, vai depressa, por­ entre todos os convidados; ora êstes
que êle veio hoje à cidade, porquanto eram cêrca de trinta pessoas. “ E
hoje é um sacrifício do povo no lu­ Samuel disse ao cozinheiro: Traze a-
gar alto. 13Ao entrar na cidade, en- quela porção, que eu te dei, e que
contrá-lo-eis antes que suba ao lugar mandei gue guardasses à parte. “ T o ­
alto para comer. Nem o povo come­ mou, pois, o cozinheiro uma espàdua,
rá sem que êle chegue; porque êle e a pôs diante de Saul. E Samuel
(é o que) benze a hóstia, e depois co­ disse: Eis o que ficou, põe-no dian­
mem 03 que foram convidados. Su­ te de ti, e come, porque foi reserva­
bi, pois, agora, porque hoje o encon­ do de propósito para ti, quando con­
trareis. videi o povo. E Saul comeu com Sa­
muel naquele dia.
Samuel e Saul Preparativos para a unção de Saul
14E êles subiram à cidade. E, quan­ “ E desceram do lugar alto para a
do passavam pelo meio da cidaae, a- cidade, e (Sam uel) falou com Saul
pareceu Samuel, que se encontrou sôbre o terraço, onde preparou um
com êles, para subir ao lugar alto. leito a Saul, e êste dormiu. “ E, le­
15Ora o Senhor tinha revelado a Sa­ vantando-se pela manhã, raiando já
muel a vinda de Saul, um dia antes o dia, Samuel chamou Saul sôbre o
que Êle chegasse, dizendo: “ Amanhã, terraço, dizendo: Levanta-te, e des-
a esta mesma hora, que agora é, te pachar-te-ei. E Saul levantou-se; e
enviarei eu um homem da terra de saíram ambos, isto é, êle e Samuel.
Benjamim, e tu o ungirás para chefe 27E, quando desciam para a parte ex­
do meu povo de Israel; e ele salvará trema da cidade, Samuel disse a Saul:
o meu povo da mão dos Filisteus; Dize ao criado que passe e vá adiante
porque eu olhei para o meu povo, de nós; e tu pára um pouco, para eu
pois o seu clamor chegou a mim. 1TE, te comunicar a palavra do Senhor.
uando Samuel viu Saul, o Senhor
isse-lhe: Eis o homem de quem te Saul é ungido p ara rei
falei, êste reinará sôbre o meu po­
vo. “ E Saul aproximou-se de Sa­ 1 A 2E Samuel tomou um pequeno
muel no meio da porta, e disse: Pe- 1U vaso de óleo, e derramou-o
ço-te que me digas onde é a casa do sôbre a cabeça de Saul, e o beijou,
Vidente. 19E Samuel respondeu a e disse: Eis que o Senhor te ungiu
Saul, dizendo: Sou eu o Vidente; so­ por príncipe sôbre a sua herança, e
be diante de mim ao lugar alto, pa­ tu livrarás o seu povo das mãos dos
ra que comas hoje comigo, e pela seus inimigos, que o cercam. E ês-
manhã te despedirei; e descobrir-te- te será para ti o sinal de que Deus
-ei tudo o que tens no teu coração. te ungiu príncipe.
“ Sôbre as jumentas, que perdeste há Sinais que mostram a Saul que a sua
três dias, não te dê isso cuidado por­ consagração vem de Deus
que já foram encontradas. E de
quem será tudo o que há de melhor 2Quando te separares hoje de mim,
em Israel ? Não -será porventura pa­ encontrarás dois homens junto ao se-
Cap. I X — 13. P ara comer a parte da vítim a, que é reservada ao banquete sagrado.
20. E de quem será tu d o ... isto é, p ara que te preocupas com a perda dumas jumen­
tas, sendo certo que, como rei, te vão pertencer todos os bens de Israel?
10 PRIMEIRO LIVRO DOS REIS 311
pulcro de Raquel, nos confins de ra também Saul está entre os profe­
Benjamim, na parte meridional, e ê- tas? 13E cessou de profetizar, e foi
les te dirão: Foram encontradas as para o lugar alto. 14E o tio de Saul
jumentas que tu tinhas ido procurar, disse-lhe a êle e ao seu criado: Aon­
e teu pai, não se lembrando mais de­ de fostes? E êles responderam:
las, está em cuidado por vós, e diz: Procurar as jumentas; e, não as ten­
Que farei eu relativamente a meu f i­ do encontrado, fomos ter com Sa­
lho? 8E, logo que partires de lá, e muel. 15E seu tio disse-lhe: Conta-
passares adiante e chegares ao car­ me o que te disse Samuel. 16E Saul
valho de Tabor, encontrarás aí três disse ao seu tio: Disse-nos que se ti­
homens, que vão adorar a Deus em nham encontrado as jumentas. Mas
Betei, levando um três cabritos, e ou­ não lhe descobriu nada do que Sa­
tro três tortas de pão, e outro muel lhe tinha dito relativamente ao
um barril de vinho. 4E depois de te reino.
saudarem, te darão dois pães, e tu os
receberás da sua mão. “Depois che­ Saul é eleito püblicarnente em Masfa
garás ao outeiro de Deus, onde está
o presídio dos Filisteus; e, quando ti­ 17E Samuel convocou o povo dian­
veres entrado na cidade, encontrarás te do Senhor em Masfa. 18E disse
um grupo de profetas descendo do aos filhos dé Israel: Eis o que diz
lugar alto, precedidos dê saltérios, de o Senhor Deus de Israel: Eu tirei
tímpanos, de flautas e de citaras, e ê- Israel do Egito, e livrei-vos da mão
les profetizando (ou cantando louvo­ dos Egípcios, e do poder de todos os
res a Deus). 6E o Espírito do Senhor reis que vos oprimiam. “ Mas vós
se apoderará de ti, e tu profetizarás rejeitastes hoje o vosso Deus, que vos
com êles, e ficarás mudado noutro salvou de todos os vossos males e de
homem. tôdas as vossas tribulações, e disses­
7Quando, pois, te acontecerem to­ tes: Não há de ser assim, mas cons­
dos êstes sinais, faze tudo o que te titui um rei sôbre nós. Agora, pois,
ocorrer, porque o Senhor é contigo. ponde-vos diante do Senhor, segundo
8E descerás primeiro que eu a Gal- as vossas tribos e famílias. 20E Sa­
gala, (porque eu irei ter contigo) muel sorteou tôdas as tribos de Is­
para ofereceres um sacrifício e imo­ rael, e caiu a sorte sôbre a tribo de
lares vítimas pacíficas; e esperarás Benjamim. 21E deitou sortes sôbre
sete dias. até que eu vá ter contigo, a tribo de Benjamim, e sôbre as suas
e te declare o que deves fazer. famílias, e a sorte caiu sôbre a fa ­
°Ora quando Saul voltou as costas mília de Metri, e finalmente chegou
deixando Samuel, Deus mudou-lhe o até Saul, filho de Cia Procuraram-
coração em outro, e todos êstes si­ no, pois, mas não o encontraram.
nais aconteceram no mesmo dia. 22E depois consultaram o Senhor se
10E chegaram ao sobredito outeiro, porventura êle viria ali. E o Senhor
e eis que se encontrou com êle um respondeu: Eis que está escondido
grupo de profetas; e o Espírito do Se­ em casa. 23Correram, pois, e trou­
nhor apoderou-se dêle, e profetizou no xeram-no de lá; e êle pôs-se no meio
meio dêles. “ Ora todos os que o ti­ do povo, e viu-se que era mais alto
nham conhecido pouco antes, ven­ do que todo o povo do ombro para
do que êle estava com os profetas e cima. 24E Samuel disse a todo o po­
que profetizava, disseram entre si: vo: Vós bem vêdes quem é aquêle
Que é o que aconteceu ao filho de que o Senhor escolheu, e não há em
Cis? Porventura também Saul está todo o povo quem lhe seja semelhan­
entre os profetas? 12E um respondeu te. E todo o povo o aclamou, di­
ao outro, dizendo: E quem é o pai zendo: Viva o rei!
dêstes (p rofetas)? Por isso passou 25E Samuel expôs ao povo a lei do
em provérbio (o dizer-se) : Porventu­ reino, e escreveu-a no livro, e o depo-
Cap. X — 12. E quem é o pai dêstes (profetas?) Porventura receberam o dom da
profecia como herança de seus pais? Náo, mas receberam-no diretamente de Deus.
sendo assim, que repugnância há em que o mesmo dom seja concedido também ao filho
de Cis?
312 PRIMEIRO LIVRO DOS REIS 10 - 12
sitou diante do Senhor; e Samuel mensageiros que tinham vindo: D i­
despediu todo o povo, cada uma pa­ reis assim aos habitantes de Jabes
ra sua casa. de Galaad: Amanhã sereis socorri­
20E Saul voltou também para sua dos, quando o sol estiver na sua
casa em Gabaa; e foi com êle urna fôrça. Foram, pois, os mensageiros,
parte do exército, a quem Deus tinha e deram a notícia aos habitantes de
tocado o coração. "Porém os filhos Jabes, que se alegraram. 10E disse­
de Belial disseram: Porventura pode­ ram (p o r astúcia aos seus inimigos) :
rá êste salvar-nos? E desprezaram- Amanhã, nos renderemos a vós, e fa ­
no, e não lhe levaram presentes; êle, reis de nós o que vos parecer. uOra
porém, dissimulava, como se os não aconteceu que, ao outro dia pela
ouvisse. manhã, Saul dividiu o povo em três
partes, e, ao raiar do dia, penetrou
Saul vence os Arnonitas no meio do campo (dos Am onitas),
e feriu os Amonitas até que o dia
11 *E aconteceu que, quase um mês aqueceu; e os que escaparam foram
11 depois, Naás Amonita pôs-se dispersos, de sorte que não ficaram
em campanha, e começou a combater dois dêles juntos.
contra Jabes de Galaad. E todos os
habitantes de Jabes disseram a Naás: A realeza é confirmada em G aigala
Toma-nos como aliados, e nós te ser-
viremos. 2E Naás Amonita respon- é 1 2E o povo disse a Samuel: Quem
deu-lhes: A aliança que eu farei con- ra que disse: Saul reinará porventu­
sobre nós? Dai-nos êsses homens,
vosco será tirar-vos a todos o ôlho di­ e matá-los-emos. 13Porém Saul dis­
reito, e tornar-vos o opróbrio de to­
do o Israel. 8E os anciãos de Jabes se: Hoje não se matará ninguém,
porque hoje o Senhor salvou Israel.
disseram-lhe: Concede-nos sete dias 14E Samuel disse ao povo: Vinde, e
para que enviemos mensageiros por vamos a Gaigala, e renovemos ai a
todos os limites de Israel; e, se não realeza.
houver quem nos defenda, entregar-
-nos-emos a ti. 4Foram, pois, os men­ “ Partiu, pois, todo o povo para
sageiros a Gabaa, (pátria) de Saul, Gaigala, e aclamaram ali rei a Saul
e referiram estas palavras, ouvindo- na presença do Senhor em Gaigala,
as o povo; e todo o povo levantou a e imolaram ali vítimas pacíficas na
voz e chorou. presença do Senhor. E Saul e to­
5E eis que Saul vinha do campo, dos os Israelitas alegraram-se ali em
atrás dos seus bois, e disse: Que tem extremo.
o povo quá chora? E referiram-lhe Samuel abdica o ofício de juiz
as palavras dos habitantes de Jabes.
°E o Espírito do Senhor apoderou-se 1 2 *E Samuel disse a todo o ( po-
de Saul, ao ouvir estas palavras, e a- A “ vo de) Israel: Eis que ouvi a
cendeu-se sobremaneira o seu furor vossa voz em tudo o que me disses­
7E, tomando os dois bois, fê-los em pe­ tes, e estabelecí um rei sôbre vós.
daços e mandou-os por mão de men­ 2E agora o rei vai adiante de vós; eu,
sageiros a tôdas as terras de Israel, porém, envelheci, e estou cheio de
dizendo: Assim será feito aos bois de cãs; e meus filhos estão convosco
todos aquêles que se não puserem (com o simples particulares). Tendo,
em campanha, e que não seguirem pois, vivido entre vós desde a minha
Saul e Samuel. O temor do Senhor mocidade até êste dia, aqui me ten­
invadiu o povo, e saíram como (se des presente. 3D eclar»i agora dian­
fôssem) um só homem. 8E (Saul) te do Senhor e diante de (Saul que
passou-lhes revista em Bezec; e en­ é o) seu ungido, se eu tomei o boi
contraram-se trezentos mil homens ou o jumento de alguém, se calu­
de Israel, e dos homens (da trib o) niei alguém, se oprimi com violên­
de Judá, trinta mil. 9E disseram aos2 7 cia, se aceitei presentes da mão de
27. os filhos de Belial, isto é, os homens perversos.
Cap. X I — 5. Vinha do cam po. . . Saul tinha retornado as suas ocupações ordinárias,
esperando a ocasião de exercer o poder real.
12 - 13 PRIMEIRO LIVRO DOS REIS 313

alguém, e eu me desfarei hoje dê- virdes a sua voz, e não irritardes


les, e vo-los restituirei. 0 rosto do Senhor, tanto vós como o
4E êles disseram: Tu não nos calu­ rei que vos governa, seguireis o Se­
niaste, nem oprimiste, nem tomaste nhor vosso Deus. 15Se, porém, não
coisa alguma aa mão de ninguém. 5E ouvirdes a voz do Senhor e contra­
(Sam uel) disse-lhes: O Senhor é tes­ riardes as suas palavras, a mão do
temunha hoje contra vós, e também Senhor será sôbre vós, como foi sô-
o seu ungido é hoje testemunha de bre vossos pais. 16Mas também a-
que vós não encontrastes na minha gora adverti, e vêde esta grande coi­
mão coisa alguma. E responderam: sa, que o Senhor vai fazer diante
É testemunha. °E Samuel disse ao dos vossos olhos. "Porventura não
povo: (Sim , é testemunha) aquêle é agora o tempo da sega do trigo?
Senhor que fêz Moisés e Arão e Pois eu invocarei o Senhor, e êle en­
que tirou os nossos pais da terra do viará trovões e chuvas; e sabereis
Egito. e vereis que fizestes um grande mal
Recorda aos Israelitas a sua ingratidão
para vós diante do Senhor, pedindo
p ara com Deus
um rei sôbre vós.
Confirma as suas p alavras com um
7Agora, pois, apresentai-vos, para milagre, e promete a sua intercessão
eu vos acusar diante do Senhor, de
(tã o mal que tendes correspondido ^E Samuel clamou ao Senhor, e o
a ) tôdas as misericórdias do Senhor, Senhor enviou naquele dia trovões e
que vos fêz a vós e a vossos pais: chuvas. 19E todo o povo temeu so­
K^omo Jacó entrou no Egito, e os bremaneira o Senhor e Samuel, e to­
vossos pais clamaram ao Senhor, e do o povo disse a Samuel: Roga ao
o Senhor enviou Moisés e Arão, e Senhor teu Deus pelos teus servos,
tirou vossos pais do Egito, e os colo­ para que nao morramos; porque a
cou neste lugar. 9E êles esquece- todos os outros nossos pecados jun­
ram-se do Senhor seu Deus, e êle tamos o mal de pedirmos para nós
entregou-os na mão de Sisara, gene­ um rei.
ral do exército de Hasor, e na mão “ E Samuel disse ao povo: Não
dos Filisteus, e na mão do rei de temais, vós fizestes (é ce rto ) todo
Moab, os quais combateram contra êste mal; ainda assim não deixeis
êles. 10E depois clamaram ao Se­ de seguir o Senhor, mas servi-o de
nhor, e disseram: Pecamos, porque todo o vosso coração. 21E não vos
deixamos o Senhor e servimos Baal desvieis seguindo coisas vãs, que não
e Astarot; agora, pois, livra-nos da vos aproveitarão, nem vos livrarão,
mão de nossos inimigos; e servir-te- porque são vãs. ^E o Senhor por
-emos. UE o Senhor enviou Jerobaal, causa do seu grande nome não a-
e Badan, e Jefté, e Samuel, e livrou- bandonará o seu povo, porque o Se­
vos da mão dos vossos inimigos que nhor jurou fazer-vos o seu povo. “ Lon­
vos rodeavam, e habitastes sem re­ ge de mim, pois, êste pecado contra o
ceio. 12Vendo, porém, que Naâs, rei Senhor, que eu cesse de orar por
dos filhos de Amon, tinha vindo con­ vós; e eu vos ensinarei o caminho
tra vós, dissestes-me: Não (será co­ bom e direito. 24Temei, pois, ao Se­
mo até aqui), mas um rei nos gover­ nhor, servi-o em verdade e de todo o
nará, sendo certo que o Senhor vosso vosso coração, porque vós vistes as
Deus reinava sôbre vós. maravilhas que tem operado entre
vós. “ Se, porém, vos obstinardes na
Èxorta-os a serem fiéis malícia, vós e o vosso rei perecereis
juntamente.
13Agora, pois, aí tendes o vosso rei, Guerra contra os Filisteus
que escolhestes e pedistes; eis que
o Senhor vos deu um rei. 14Se te­ 1 O ^ a u l era filho de um ano, quan-
merdes o Senhor, e o servirdes, e ou­ do começou a reinar, e reinou
Cap. X I I — 17. N ão 6 agora o tempo da sega do trigo? E r a por fins de maio ou
princípios de junho, em que nunca chove na Palestina.
Cap. X I I I — 1. o texto atual dêste versículo encontra-se corrompido, segundo o texto
314 PRIMEIRO LIVRO DOS REIS 13

dois anos sôbre Israel. 2E Saul es­ vinhas nos dias aprazados, e que os
colheu para si três mil (homens) de Filisteus se tinham juntado em Mac­
Israel, e estavam com Saul dois mil mas, 12disse: Agora virão os Filisteus
em Macmas e sôbre o monte de Betel, contra mim a Galgala, e eu não apla-
e mil estavam com Jônatas em Ga- quei o Senhor. Obrigado pela neces­
baa de Benjamim; e ao resto do po­ sidade, ofereci o holocausto. 13*E Sa­
vo mandou êle que fôsse cada um muel disse a Saul: Procedeste nês-
para suas tendas. 3E Jônatas ba­ ciamente, e não observaste as ordens
teu a guarnição dos Filisteus, que que te deu o Senhor teu Deus. Se
estava em Gabaa. Sabendo isto os não tivesses feito isto, já desde ago­
Filisteus, Saul mandou publicar por ra teria o Senhor confirmado pa­
tôda a terra ao som de trombeta, ra sempre o teu reino sôbre Israel;
dizendo: Ouçam os Hebreus. 4E to­ 14porém o teu reino não subsistirá
do o Israel soube esta noticia: Saul para o futuro. O Senhor buscou pa­
destruiu a guarnição dos Filisteus; e ra si um homem segundo o seu co­
Israel levantou-se contra os Filis­ ração; e o Senhor mandou-lhe que
teus. O povo, pois, clamou, seguindo fôsse o chefe do seu povo, porque
Saul em Galgala. tu não observaste o que o Senhor te
6E os Filisteus juntaram-se para ordenou.
combater contra Israel, com trinta Situação das duas partes beligerantes
m il carroças, e seis mil cavalos, e o
resto do povo tão numeroso, como a 15E Samuel levantou-se, e foi de
areia que há na praia do mar. E fo ­ Galgala a Gabaa de Benjamim. E o
ram acampar em Macmas ao orien­ resto do povo seguiu Saul contra a
te de Betavem. 6Ora os homens de multidão dos Filisteus, que iam de
Israel, vendo a estreiteza em que es- Galgala a Gabaa sôbre as colinas de
tavam postos (porque o povo estava Benjamim. E Saul fêz o recensea-
consternado), esconderam-se em ca­ mento do povo que se encontrava com
vernas e em subterrâneos, e também êle, (e achou) uns seicentos homens.
entre rochedos, e em grutas e em 10E Saul e Jônatas, seu fiího, e a
cisternas. 7E parte dos Hebreus pas­ gente que tinha ficado com êles, es­
saram o Jordão (retirando-se) para tavam em Gabaa de Benjamim; os
a terra de Gad e de Galaad. E, es- Filisteus, porém, estavam em Mac*
tando aihda Saul em Galgala, en­ mas.
cheu-se de terror todo o povo que o 17E saíram do campo dos Filisteus
seguia. três destacamentos a fazer prêsas.
Desobediência de Saul e principio Um destacamento tomou o caminho
de sua reprovação de E fra para a terra de Saul. 18E um
outro avançava pelo caminho de Bet-
8E esperou sete dias, segundo a or­ -horon, e o terceiro voltou-se para
dem de Samuel, e Samuel não foi a o caminho do território que domina
Galgala, e o povo pouco a pouco foi o vale de Seboim, em frente do de­
debandando. 8 9Disse, pois, Saul: T ra ­ serto. 10*O ra em tôda a terra dè Is­
zei-me o holocausto e as hóstias paci­ rael não se encontrava um ferreiro;
ficas. E ofereceu o holocausto (não porque os Filisteus tinham tomado
sendo sacerdote). esta precaução para que os Hebreus
10E, ao acabar de oferecer o holo­ não forjassem espadas e lanças. “ P e­
causto, eis que chegava Samuel; e lo que todo o Israel tinha que ir
Saul saiu-lhe ao encontro para o aos Filisteus, para cada um afiar a
saudar. “ E Samuel disse-lhe: Que sua relha e o enxadão e a machadi­
fizeste? Saul respondeu: Porque vi nha e o sacho. 21Estavam portan­
que o povo debandava, e que tu não to embotados os fios das relhas e
primitivo deveria haver aqui um a indicação cronológica, dizendo os anos da idade e do
reinado de Saul, pois encontra-se usado numa fórm ula análoga mais de trinta vêzes nos
livros dos reis, e no cornêço de cada reinado, para indicar a idade do novo soberano
e o tempo que durou o seu poder ( I I Heis, II, 10, etc.).
14. o Senhor buscou... É preferível a versão dos Setenta: o Senhor buscará... e
lhe mandará que seja.
13 - 14 PRIMEIRO LIVRO DOS REIS 315
dos enxadôes e das forquilhas e das nossas mãos. Isto nos servirá de si­
machadinhas, nem sequer tendo com nal.
ue aguçar um aguilhão. “ E, quan- “ Ora, logo que ambos foram des­
o chegou o dia do combate, não se cobertos pela guarda dos Filisteus,
encontrou nem espada nem lança na os Filisteus disseram: Eis que os He-
mão de todo o povo que estava com breus saem das cavernas, onde esta­
Saul e Jônatas, exceto Saul e Jôna- vam escondidos. 12E os homens da
tas, seu filho. “ E uma guarnição guarda (avançada) falaram a Jôna­
dos Filisteus avançou, a fim de ir tas e ao seu escudeiro, e disseram:
para Macmas. Subi cá, e mostrar-vos-emos uma coi­
sa. E Jônatas disse ao escudeiro:
Audácia de Jônatas Subamos; segue-me, porque o Senhor
os entregou nas mãos de Israel. “ Su­
1^1 *E aconteceu que um dia Jô- biu, pois, Jônatas, trepando com as
natas, filho de Saul, disse ao mãos e com os pés, e o seu escudeiro
moço seu escudeiro: Vem, e passe­ atrás dêle. (E investindo contra os
mos até ao campo dos Filisteus, que Filisteus), uns caíam diante de Jô­
está além daquele lugar. Mas não natas, e a outros matava o seu es­
deu parte disto a seu pai. 2E Saul cudeiro, que o seguia. 14E êste foi o
estava (acampado) na extremidade primeiro massacre, em que Jônatas
de Gabaa, debaixo duma romeira que e o seu escudeiro mataram perto de
havia em Magron; e a gente que ti­ vinte homens, na metade duma gei-
nha consigo era cêrca de seiscentos ra, espaço que uma junta de bois
homens. 3E Aquias,. filho de Aqui- costuma lavrar num dia. 15E houve
tob, irmão de Icabod, filho de Fi- grande terror no acampamento (dos
néias, que era filho de Heli, sacer­ Filisteus) e pelos campos; e também
dote do Senhor em Silo, levava um tôda a gente da guarnição dêles, que
efod. E o povo também não sabia tinha saido à pilhagem, ficou toma­
aonde tinha ido Jônatas. 4Ora en­ da de espanto, e o país ficou per­
tre as passagens por onde Jônatas turbado; e êste sucesso foi como um
intentava chegar à guarnição dos F i­ m ilagre de Deus.
listeus, havia rochedos altos de am­
bas as partes, e por um e outro lado Derrota completa dos Filisteus
talhados em form a de dentes, um dos
uais se chamava Boses, e o outro 16E as sentinelas de Saul, que es­
ene. 5Um dêstes elevava-se pela tavam em Gabaa de Benjamim, re­
banda do norte em frente a Macmas, pararam, e eis que (v ira m ) dispersa
e o outro ao meio-dia fronteiro a a multidão (dos Filisteus) e fugindo
Gabaa. °Disse, pois, Jônatas ao jo ­ para aqui e para ali. 1TE Saul dis­
vem seu escudeiro: Vem, passemos até se ao povo que estava com êle: P er­
ao acampamento dêstes incircunci- guntai, e vêde quem é que saiu den­
dados, talvez o Senhor combaterá por tre nós. E, tendo-se inquirido, a-
nós; porque não é difícil ao Senhor chou-se que faltavam Jônatas e o seu
dar vitória com muitos ou com pou­ escudeiro. ME Saul disse a Aquias:
cos. 7E o seu escudeiro disse-lhe: Aproxima-te da arca de Deus (por­
Faze tudo o que te aprouver; vai aon­ que a arca de Deus estava naquele dia
de desejas, e eu te seguirei a tôda com os filhos de Israel). 19E, en-
a parte onde quiseres. uanto Saul estava falando ao sacer-
8E Jônatas disse : Eis que passamos ote, levantou-se um grande tumulto
a êsses homens. E, quando nos mos­ no acampamento dos Filisteus; e
trarmos a êles, °se nos falarem assim: crescia pouco a pouco, e percebia-se
Esperai até que vamos ter convosco, cada vez mais. E Saul disse ao sa­
deixemo-nos estar em nosso pôsto, e cerdote: R etira a tua mão (deixa de
não avancemos para êles. 10Porém, consultar).
se disserem: Subi para nós, suba­ ^Clamou, pois, Saul e todo o povo
mos, porque o Senhor os entregou nas que estava com êle, e foram até ao
Cap. X I V — 18. Aproxirna-te da arca de D eus e consulta o senhor sóbre o que deve-
mos fazer.
316 PRIMEIRO LIVRO DOS REIS 14

lugar do combate; e eis que a es­ seria maior o destrôço dos Filis-
pada dum se tinha voltado contra o teus?
outro, e havia grande mortandade. Pecado do povo
“ Mas os Hebreus, que tinham esta­
do com os Filisteus nos dias antece­ 31(Os Israelitas) bateram, pois, na­
dentes, e que tinham ido com êles quele dia os Filisteus desde Macmas
ao acampamento, voltaram a pôr-se até Ajalon. Mas o povo estava mui­
ao lado dos Israelitas, que estavam to fatigado, 32e, lançando-se à prêsa,
com Saul e Jônatas. ” E também to­ tomou ovelhas, e bois, e novilhos, e
dos os Israelitas que se tinham es­ degolaram-nos sôbre a terra; e o po­
condido no monte de Efraim, saben­ vo comeu-os com sangue. ME referi­
do que os Filisteus tinham fugido, ram (isto) a Saul, dizendo que o povo
uniram-se aos seus na batalha. E tinha pecado contra o Senhor, co­
estavam com Saul cêrca de dez mil mendo (carne) com sangue. E êle
homens. 23E naquele dia o Senhor disse: Vós prevaricastes: trazei-me
salvou Israel; e a batalha chegou a- aqui já uma pedra grande. 84E Saul
té Betavem. acrescentou: Ide por todo o povo, e
dizei-lhes que cada um traga aqui o
seu boi, e o seu carneiro, e degoiai-os
Jônatas viola sem saber sôbre esta pedra, e comei; e nâo pe­
o voto insensato de Saul careis contra o Senhor comendo a
24E os homens de Israel reuniram- carne com sangue. Cada um, pois,
se naquele dia; e Saul conjurou o po­ do povo trouxe pela mão o seu boi
vo, dizendo: Maldito o homem que até a noite; e mataram-no ali. “ E
hoje comer pão antes da tarde, até Saul edificou um altar ao Senhor, e
que eu me vingue dos meus inimigos. foi o primeiro altar que edificou ao
E todo o povo não comeu pão. “ E Senhor.
todo o povo do pais foi a um bos­
Jônatas é salvo pelo povo
que, onde havia mel sobre a super­
fície do campo. “ O povo entrou, “ E Saul disse: Invistamos esta noi­
pois, no bosque, e viu correr o mel, te contra os Filisteus, e destruamo-
e ninguém (o ) levou (co m ) a mão â los até que seja dia; e não deixe­
bôca, porque o povo temia (v io la r) mos um só homem dêles. E o povo
o juramento (do re i). disse: Faze tudo o que bem te pa­
“ Mas Jônatas não tinha ouvido recer. E o sacerdote disse: Aproxi-
quando seu pai conjurou o povo; e, memo-nos aqui de Deus. " E Saul
estendendo a ponta da vara que ti­ consultou o Senhor: Perseguirei os
nha na mão, molhou-a num favo de Filisteus? Entregâ-los-âs nas mãos de
mel, e chegou a mão à bôca, e ilumi- Israel? E (o Senhor) não lhe res­
naram-se-lhe os olhos. aE um do po­ pondeu naquele dia. “ E Saul disse:
vo, avisando-o, disse: Teu pai ligou o Fazei vir aqui todos os príncipes do
povo com um juramento, dizendo: povo, e examinai, e vêde por culpa de
Maldito o homem que comer hoje quem sucedeu hoje êste pecado. " V i­
pão; (ora o povo estava (já ) desfa­ va o Senhor, salvador de Israel, que,
lecido). "E Jônatas disse: Meu pai se foi cometido por Jônatas, meu fi­
turbou o país (com êsse juramen­ lho, morrerá sem remissão. Sôbre
t o ) ; vós mesmos vistes que se me o que ninguém de todo o povo o con­
iluminaram os olhos, porque comi um tradisse. "E disse a todo o Israel:
pouco dêste mel. "Quanto mais se Ponde-vos a um lado, e eu com meu'
o povo tivesse comido do que encon­ filho Jônatas estarei do outro lado.
trou da prêsa de seus inimigos? não2 4 E o povo respondeu a Saul: Faze
24. Que hoje comer pão, hebraism o p ara indicar qualquer alimento.
26. E viu correr o mel do tronco das árvores, da cavidade das rochas, etc.
27. Iluminaram-se-Pie os olhos, hebraism o p ara dizer que Jônatas recuperou em
parte as fôrças perdidas.
32. Comeu-os com sangue. A pressa com que degolavam os animais, e a necessidade
que sentiam de alimento, foi a causa de n&o esperarem que saisse todo o sangue ató
a última gôta, corno m andava a lei.
14 - 15 PRIMEIRO LIVRO DOS REIS 317

o que bem te parecer. 41E Saul dis­ Abner, filho de Ner, primo de Saul.
se ao Senhor Deus de Israel: Se­ “ Porque Cis, pai de Saul, e Ner, pai
nhor Deus de Israel, dá-nos a conhe­ de Abner, eram filhos de Abiel.
cer porque é que não respondeste
hoje ao teu servo? Se a culpa está Guerras contra os Filisteus
em mim ou em meu filho Jonatas,
dá-o a conhecer; mas se esta culpa 52E durante todo o tempo de Saul
está no teu povo, manifesta a tua foi encarniçada a guerra contra os
santidade (punindo o culpado). E Filisteus. Porquanto Saul a qualquer
saíram compreendidos na sorte Jôna- homem que vla valente e hábil para
tas e Saul; o povo, porém, ficou livre. a guerra, tomava-o consigo.
“ E Saul disse: Lançai sortes entre
Guerra contra os Arnalecitas e
mim e entre Jonatas, meu filho. E
caiu a sorte sôbre Jonatas. 43E Saul desobediência de Saul
disse a Jonatas: Descobre-me o que 1 C *E Samuel disse a Saul: O Se-
fizeste. E Jonatas confessou-lhe, e 1" nhor enviou-me para que te
disse: Provei um pouco de mel com ungisse rei, sôbre o seu povo de Is­
a ponta do bastão que tinha na mão, rael; ouve, pois, agora a voz do Se­
e eis que morro. “ E Saul disse: As­ nhor. 2Estas coisas diz o Senhor dos
sim me faça Deus, e ainda mais, se exércitos: Eu recordei tudo o que
tu não morreres, Ó Jonatas. " E o Amalec tem feito a Israel, e de que
povo disse a Saul: Porventura há de modo se lhe opôs no caminho, quan­
m orrer Jonatas, que operou esta do saía do Egito. 8Vai, pois, agora, e
grande libertação de Israel? Isto fere Amalec, e destrói tudo o que lhe
não pode ser; viva o Senhor, que não pertence; não poupes, e não cobi­
lhe há de cair no chão nem um só ces nada das suas coisas; mas mata
cabelo da sua cabeça, porque êle o- homens e mulheres, crianças e me­
perou hoje com (o auxilio de) Deus. ninos de leite, bois e ovelhas, came­
O povo, pois, livrou Jonatas de mor­ los e jumentos.
rer. *°E Saul retirou-se, e não perse­
guiu os Filisteus; e os Filisteus vol­ 4Saul, pois, convocou o povo, e re-
taram também para as suas terras. censeou-o como òordeiros; (e foram
encontrados) duzentos m il homens de
Guerras de Saul pé e dez mil homens (da trib o ) de
Judá. 5E tendo marchado Saul até
4TE Saul, firmado o seu reino sô­ a cidade de Amalec, dispôs embosca­
bre Israel, combatia contra todos os das na torrente. 6E Saul disse aos
seus inimigos, que viviam no con- Cineus: Ide-vos; retirai-vos, e sepa­
tôrno, contra Moab e contra os f i ­ rai-vos dos Amalecitas; não suceda
lhos de Amon, e contra Edom, e con­ que eu vos envolva com êles; por­
tra os reis de Soba, e contra os F i- que vós usastes de misericórdia com
listeus; e, para onde quer que se todos os filhos de Israel, quando v i­
voltava, vencia. “ E, tendo juntado nham do Egito. Retiraram-se, pois,
um exército, destroçou Amalec e li­ os Cineus do meio dos Amalecitas.
vrou Israel das mãos dos que o 7E Saul bateu os Amalecitas desde
devastaram. Hevila até Sur, que está defronte do
Fam ília de Saul Egito. 8E tomou vivo Agag, rei de
Amalec; e passou ao fio da espada
"E os filhos de Saul foram Jôna- todo o povo. °Mas Saul e o povo per-
tas e Jessui e Melquisua; e de duas doaram a Agag, e (reservaram) o
filhas que teve, a primogênita cna- melhor dos rebanhos de ovelhas, e
mava-se Mero, e a mais nova Micol. de bois, e os vestidos e carneiros, e
ME a mulher de Saul chamava-se em geral tudo o que era bom, e não
Aquinoam, filha de Aquimaas; e o o quiseram destruir; mas tudo o que
general do seu exército chamava-se era v il e desprezível, isso destruíram.
Cap. X V — 9. Perdoaram a A gag, desobedecendo a Deus. Ê provável que saul, le­
vado pelo interêsse, esperasse que A g a g fôsse resgatado mediante urna grande quantia
de dinheiro.
318 PRIMEIRO LIvRO DOS REIS 15

Decreto divino de reprovação Amalec, e matei os Amalecitas. “ Mas


contra Saul o povo tomou da prêsa ovelhas e bois,
como primícias do que foi morto, pa­
10E o Senhor dirigiu a palavra a ra os imolar ao Senhor seu Deus
Samuel, dizendo: UArrependo-me de em Galgala. 22E Samuel disse: P o r­
ter feito rei a Saul, porque me aban­ ventura quer o Senhor holocaustos
donou, e não cumpriu as minhas or­ e vítimas, e não quer antes que se
dens. E Samuel entristeceu-se e cla­
mou ao Senhor durante tôda a noite. obedeça à voz do Senhor? A obe­
12E, tendo-se levantado Samuel (ain­ diência vale mais que as vítimas; e
da) de noite para ir ter com Saul é melhor obedecer do que oferecer a
pela manhã, avisaram Samuel de que gordura dos carneiros. “ Porque o de­
Saul tinha ido ao Carmelo e que ti­ sobedecer é como um pecado de ma­
nha levantado em sua própria honra gia, e o não querer submeter-se ê
um arco triunfal, e que, voltando como um crime de idolatria. Porque,
(de lá ), tinha passado e descido a pois, tu rejeitaste a palavra do Se­
Galgala. Foi, pois, Samuel em busca nhor, o Senhor te rejeitou a ti, para
de Saul, e Saul estava oferecendo ao que não sejas rei.
Senhor um holocausto das primícias Arrependimento inútil de Saul
da prêsa que tinha trazido de Ama-
lec. “ E Saul disse a Samuel: Pequei,
13E, chegando Samuel a Saul, Saul porque transgredi a ordem do Senhor
disse-lhe: Bendito sejas tu do Se­ e as tuas palavras, temendo o povo e
nhor; eu já cumpri a ordem do Se­ obedecendo à sua voz. “ Mas agora to­
nhor. 14E Samuel disse: E que bali- ma sôbre ti, te peço, o meu pecado,
dus são êstes que ressoam aos meus ( e obtém-me o perdão) e vem comi­
ouvidos, e que mugidos são êstes de go, para adorar o Senhor. “ E Sa­
bois, que ouço? 15E Saul disse: Trou­ muel disse a Saul: N ão irei contigo,
xeram-nos de Amalec, porque o povo porque rejeitaste a palavra do Se­
perdoou o que havia de melhor nas nhor, e porque o Senhor te rejeitou,
ovelhas, e nas vacas, para se imola­ para que não sejas rei de Israel. 27E
rem ao Senhor teu Deus; matamos, Samuel voltou as costas para se re­
porém, o resto. tirar, mas Saul pegou na extremida­
de da sua capa, a qual se rasgou. “ E
16E Samuel disse a Saul: Permite- Samuel disse-lhe: H oje o Senhor ras­
me declarar-te o que o Senhor me gou de ti o reino de Israel, e o en­
disse esta noite. E Saul disse-lhe: F a­ tregou a um teu próximo melhor do
la. 17E Samuel prosseguiu: Porven­ que tu. “ E aquêle (S enhor) a quem
tura quando tu eras pequeno aos teus se deve o triunfo em Israel, não te
olhos, não fôste feito chefe das tri­ perdoará, e nem se dobrará pelo ar­
bos de Israel? E o Senhor ungiu-te rependimento, porque não é um ho­
rei sôbre Israel, 18e o Senhor man­ mem que tenha de que se arrepen­
dou-te a esta emprêsa, e disse: Vai, der. "E Saul disse: Pequei, mas hon­
e mata os pecadores de Amalec, e ra-me nesta ocasião diante dos an­
combaterás contra êles até ao seu ciãos do meu povo, e diante de Is­
extermínio. 19Por que não ouviste tu rael, e volta comigo, para eu adorar
a voz do Senhor, mas te deixaste o Senhor teu Deus.
arrastar pela cobiça da prêsa, e f i­
zeste o mal sob os olhos do Senhor? Morte de A g a g
" E Saul disse a Samuel: Antes pelo
contrário, ouvi a voz do Senhor, se­ “ Voltando, pois, Samuel, seguiu
gui o caminho pelo qual o Senhor Saul; e Saul adorou o Senhor. " E Sa­
me mandou, e trouxe Agag, rei de1 muel disse: Trazei-me Agag, rei de
11. Arrependo-m e. . . A 'Escritura diz que Deus se arrepende quando, ofendido .pelos
pecados dos homens, os priva dos seus benefícios, e lhes tira as graças que antes lhes
tinha concedido. Deus, porém, mudando a operação exterior, nfto m uda de parecer.
24-30 Pequei. A confissão de sau l não é sincera, e o seu arrependimento é causa­
do ünicamente pelo receio de perder o reino. — Pequei, mas h onra-m e. . . se o arre­
pendimento de sau l fôsse verdadeiro, desejaria mais ser desprezado que honrado.
15 - 16 PRIMEIRO LIVRO DOS REIS 319

Amalec. E foi-lhe apresentado Agag, que está patente, mas o Senhor olha
que era muito gordo, e que estava para o coração. 8E Isaí chamou Abi-
tremendo. E Agag disse: Assim me nadab, e apresentou-o a Samuel, o
separa (de tudo) a morte amarga? qual disse: O Senhor também não
“ E Samuel disse: Assim como a tua escolheu êste. 9E Isaí trouxe Sama, do
espada tirou os filhos às mães, assim qual (Sam uel) disse: Também a êste
ficarâ sem filho a tua mãe entre as não escolheu o Senhor. 10Isaí man­
mulheres. E Samuel o fêz em peda­ dou, pois, v ir os seus sete filhos dian­
ços diante do Senhor em Galgala. te de Samuel, e Samuel disse a Isaí:
Separação definitiva
A nenhum dêstes escolheu o Senhor.
entre Samuel e Saul
UE Samuel disse a Isaí: Porventura
não tens mais filhos? Isaí respondeu:
34E Samuel retirou-se para Rama- Ainda falta um pequeno, que anda
ta; e Saul foi para sua casa em Ga- apascentando as ovelhas. E Samuel
baa. “ E Samuel não viu mais Saul disse a Isaí: Manda-o vir, porque não
até ao dia da sua morte. nos sentaremos à mesa sem que êle
Todavia Samuel chorava Saul, por­ venha aqui. 12Mandou-o, pois, cha­
que o Senhor se tinha arrependido de mar, e apresentou-o (a Samuel). Ora
o ter constituído rei sobre Israel. êle era louro, de belo aspecto, e fo r­
moso de rosto. E o Senhor disse: Le-
Samuel vai a Belém e vanta-te, unge-o, porque é êsse mes­
unge D avi para rei mo (que eu escolhi). 13Tomou, pois,
1 JJ 2E o Senhor disse a Samuel: Samuel o (vaso de) chifre com oleo,
*u A té quando chorarás tu Saul e o ungiu no meio de seus irmãos;
tendo-o eu rejeitado para que não e daquêle dia em diante comunicou-
reine sôbre Israel? Enche de óleo se o espírito do Senhor a Davi e
o teu (vaso feito de) chifre, e vem, Samuel, levantando-se, partiu para
para eu te enviar a Isaí de Belém, Ramata.
porque, dentre os seus filhos escolhi D avi na côrte de Saul
para mim um rei. 2E Samuel disse:
Como hei de eu ir? Porque Saul sa­ 14O espírito, porém, do Senhor re­
berá e matar-me-á. E o Senhor dis­ tirou-se de Saul, e atormentava-o um
se: Tomarás contigo um novilho da espírito maligno, por permissão do Se­
.manada, e dirás: Eu vim para sacri­ nhor. 15E os servos de Saul disse-
ficar ao Senhor. 3E convidarás Isaí ram-lhe: Eis que um espírito malig­
para comer da vítima, e eu te mos­ no, enviado por Deus, te vexa. 16Se
trarei o que deves fazer, e ungirás tu, nosso Senhor, o mandas, os teus
aquêle que eu te designar. 4Fêz, pois, servos, que estão em tua presença,
Samuel como o Senhor lhe disse. E buscarão um homem que saiba tocar
foi a Belém e os anciãos da cidade harpa, para que, quando o maligno
maravilharam-se, indo ao seu encon­ espírito enviado pelo Senhor, te ator­
tro, e disseram: É de paz a tua vin­ mentar, êle toque com sua mão, e
da? 5E êle disse: É de paz; vim para experimentes assim algum alivio. 1TE
fazer um sacrifício ao Senhor; puri­ Saul disse aos seus servos: Buscai-
ficai-vos, e vinde comigo ao sacri­ me, pois, alguém que saiba tocar
fício. Êle, pois, purificou Isaí e seus bem, e trazei-o à minha presença.
filhos e chamou-os ao sacrifício. T o ­ 18E, respondendo um dos seus criados,
davia Samuel chorava Saul, porque o disse: Eis que eu vi um dos filhos de
Senhor se tinha arrependido de o ter Isai de Belém que sabe tocar (h a r­
constituído rei sôbre Israel. pa) e é dotado de grande fôrça, e
6E, tendo êles entrado, (Sam uel) homem guerreiro, e prudente nas
viu Eliab, e disse: Porventura está alavras, e de gentil presença; e o
diante do Senhor o seu ungido? 7Mas enhor é com êle. "Mandou, pois,
o Senhor disse a Samuel: Não olhes Saul mensageiros a Isaí, dizendo:
para o seu vulto, nem para a altura Manda-me o teu filho Davi, que an­
da sua estatura, porque eu o rejeitei, da com os rebanhos. “ Isaí, pois, to­
e não julgo o homem pelo que apa­ mou um jumento carregado de pães e
rece à vista; porque o homem ve o um ôdre de vinho, e um cabrito, e
320 PRIMEIRO LIVRO DOS REIS 16 - 17
mandou-o a Saul por mão de seu seremos v o s s o s escravos; mas se eu
filho Davi. prevalecer e o matar, vós sereis nos­
” E Davi foi ter com Saul, e apre­ sos escravos, e servir-nos-eis. 10E o
sentou-se diante dêle; e êle o amou Filisteu dizia: Eu hoje desafiei os es-
em extremo, e o fêz seu escudeiro. quadrôes de Israel, dizendo: Dai-me
” E Saul mandou dizer a Isaí: F i­ um homem, e sala a bater-se comi­
que Davi junto de mim, porque a- go só por só. “ Saul, pois, e todos
chou graça diante dos meus olhos. os Israelitas, ouvindo estas palavras
23Tôdas as vêzes portanto que o es­ do Filisteu, estavam atônitos, e te­
pírito maligno, enviado pelo Senhor, miam em extremo.
se apoderava de Saul; Davi tomava a
harpa, e tocava-a com a mão, e Saul D avi oferece-se p ara aceitar o desafio
sentia alivio, e achava-se melhor, 12Ora Davi era filho daquele ho­
porque o espirito maligno retirava- mem Efrateu, de Belém de Judâ, do
se dêle. qual acima falamos, chamado Isai,
Guerra contra os Filisteus que tinha oito filhos e era um dos
mais velhos, e dos mais idosos, do
17 2Ora os Filisteus, juntando as tempo de Saul. ttE os seus três fi­
11 suas tropas para combater lhos maiores tinham seguido Saul
(contra Israel) reuniram-se em Soco para a guerra, e os nomes dos seus
de Judâ, e acamparam entre Soco e três filhos que tinham ido à guer­
Azeca, nos confins de Domim. ^aul, ra (era m ) Eliab, o primogênito e A -
porém, e os filhos de Israel reuni­ binadab, o segundo, e Sama, o ter­
ram-se (tam bém ) e foram para o va­ ceiro. “ Davi, pois, era o mais pe­
le do Terebinto, e formaram o exér­ queno. E tendo os três maiores se­
cito em batalha para combater con­ guido Saul, “ Davi deixou Saul, e vol­
tra os Filisteus. . 3E os Filisteus es­ tou a apascentar o rebanho de seu
tavam dum lado sôbre um monte, e pai em Belém.
Israel estava do outro lado sôbre um 10E o Filisteu apresentava-se de
(o u tro ) monte; e havia um vale en­ manhã e de tarde, e continuou as­
tre êles. sim durante quarenta dias.
Golias desafia os Hebreus 17Ora Isaí disse a seu filho Davi:
Toma para teus irmãos um efi de grão
4E saiu do campo dos Filisteus um torrado, e êstes dez pães, e corre (a
homem bastardo, chamado Golias, de levá-los) a teus irmãos ao acampa­
Get, que tinha seis côvados e um mento, 18e levarás também êstes aez
palmo de altura. 5E trazia na cabeça queijos ao (seu) tribuno; e visitarás
um capacete de bronze, e estava ves­ os teus irmãos para ver se estão bem,
tido duma couraça escarneada; e o e informa-te em que companhia ser­
pêso da couraça era de cinco mil vem. 19Ora Saul e êles, e todos os
siclos de cobre. °E trazia nas per­ filhos de Israel combatiam contra os
nas escarcelas de bronze; e um es­ Filisteus no vale do Terebinto.
cudo de bronze cobria os seus ombros. "Davi, pois, levantou-se de manhã,
’A haste da sua lança era como o e confiou o rebanho a um guarda, e
órgão dum tear, e o ferro da sua lan­ carregado, pôs-se a caminho, como
ça pesava seiscentos siclos de ferro; Isai lhe tinha mandado. E , chegou
e o seu escudeiro vinha diante dêle. ao lugar de Magala, junto do exérci-
8E, pôsto em pé, clamava para os es­ to, que, tendo saido a dar batalha,
quadrões de Israel, e dizia-lhes: Por gritava em sinal de combate. . 21Por-
que viestes dispostos para a batalha? que Israel, tinha pôsto em ordem as
Porventura não sou eu Filisteu, e vós suas tropas, mas também os Filis­
servos de Saul? Escolhei entre vós teus do outro lado se tinham prepa­
um homem, e venha bater-se (com i­ rado para os atacar. “ Davi, pois,
g o ) só por só. 9Se êle puder com­ deixando as bagagens, que tinha le­
bater comigo, e me tirar a vida, nós vado, entregues ao cuidado do guar-
Cap. X V I I — 5. couraça escarneada, isti > é, form ada de placas metálicas sobrepostas
& m aneira de escamas. — Cinco mil siclos, cêrca de 55 quilos.
17 PRIMEIRO LIVRO DOS REIS 321
da das bagagens, correu ao lugar da e êles levantavam-se contra mim, e
batalha e informava-se se tudo cor­ eu agarrava-os pela goela, e os es­
ria bem aos seus irmãos. 28E, quan­ trangulava e matava. 36Foi assim
do êle lhes estava ainda falando, a- que eu, teu servo, matei um leão e
pareceu aquêle homem bastardo, cha­ um urso; será, pois, também êste F i­
mado Golias, Filisteu, de Get, vindo listeu incircuncidado como um dêles.
do campo dos Filisteus; e, dizendo êle Agora irei, e tirarei o opróbrio do
as mesmas palavras, Davi ouviu. 24E povo; porque, quem é êste Filisteu
todos os Israelitas, tendo visto êste incircuncidado, que se atreveu a a-
homem, fugiram da sua presença, maldiçoar o exército do Deus vivo?
porque o temiam muito. 25E um 37E Davi acrescentou: O Senhor, que
dos (soldados) de Israel disse: Não me livrou das garras do leão e das
vistes êsse homem, que avançou (para do urso, livrar-me-á também da mão
combater) f Êle veio para desafiar Is­ dêste Filisteu. E Saul disse a Davi*
rael. Ao homem, pois, que o matar, Vai, e o Senhor seja contigo.
o rei encherá de grandes riquezas, e
dar-lhe-á por mulher sua filha, e i- D avi vence Golias
sentará a casa de seu pai de tributos
em Israel. 26E Davi falou aos que 38E Saul revestiu Davi das suas ar­
estavam junto dêle, dizendo: Que se­ mas, e pôs sôbre a sua cabeça um
rá dado a quem matar êste Filisteu, elmo de bronze, e armou-o de uma
e tirar o opróbrio de Israel? Quem couraça. 39Cingido, pois, Davi com
é, pois, êste Filisteu incircuncidado, a espada de Saul sôbre os seus ves­
que insultou o exército do Deus v i­ tidos, começou a experimentar se po­
vo? 27E o povo repetia-lhe as mesmas dería andar assim armado; porque
palavras, dizendo: Dar-se-á isto e is­ não estava acostumado. E Davi dis­
to a quem o matar. “ Ora, enquanto se a Saul: Eu não posso caminhar
êle falava assim com os outros, E- assim, porque não tenho uso (disto).
liab, seu irmão mais velho, irou-se E depôs as armas, “ e tomou o seu ca­
contra êle, e disse: Por que vieste jado, que trazia sempre na mão, e es­
cá, e deixaste no deserto aquelas pou­ colheu na torrente cinco pedras bem
cas ovelhas? Eu conheço a tua so­ lisas, e meteu-as no surrão de pastor,
berba e a maldade do teu coração; ue trazia consigo, e tomou a fun-
tu vieste para ver o combate. 29E a na mão, e salu contra o Filisteu.
Davi disse: Que fiz eu? Não é por­ 41Ora o Filisteu ia andando e apro­
ventura uma (simples) palavra (que ximando-se de Davi, e o seu escudei­
pronunciei)? 30E apartou-se um pou­ ro ia diante dêle. 42E, quando o F i­
co dêle para (se d irigir) a um outro, listeu olhou e viu Davi, desprezou-o.
e disse a mesma coisa. E o povo Porque era um moço louro, e de as­
respondeu-lhe como da primeira vez. pecto gentil. 4aE o Filisteu disse a
Davi: Porventura eu sou algum cão,
31Foram, pois, ouvidas as palavras para vires contra mim com um pau?
que Davi disse, e foram referidas na E o Filisteu amaldiçoou a Davi pelos
presença de Saul. *2E, tendo sido seus deuses; 44e disse a Davi: Vem a
conduzido Davi perante êle, disse- mim, e eu lançarei as tuas carnes às
lhe: Não desfaleça o coração de nin­ aves do céu e aos animais da terra.
guém por causa dêste Filisteu; eu, 45Mas Davi disse ao Filisteu: Tu vens
teu servo, irei, e combaterei contra a mim com espada, lança e escudo;
êle. “ E Saul disse a Davi: Tu não eu, porém, venho a ti em nome do Se­
poderás resistir a êste Filisteu, nem nhor dos exércitos, do Deus das tro­
combater contra êle, porque és um as de Israel, as quais tu insultaste
rapaz, e êle é um homem guerreiro oje, 40e o Senhor te entregará nas
desde a sua mocidade. minhas mãos, e eu te ferirei, e te cor­
34E Davi disse a Saul: O teu ser­ tarei a cabeça, e darei hoje às aves
vo apascentava o rebanho de seu pai, do céu e aos animais da terra os ca­
e vinha um leão ou um urso, e leva­ dáveres do acampamento dos Filis-
va um carneiro do meio do rebanho, teus, a fim de que tôda a terra sai­
we eu corria atrás dêles, e feria-os, ba que há um Deus em Israel, 47e pa­
e arrancava-lhes (a prêsa) da goela; 1 ra que tôda esta multidão conheça
11 - B íb lia Sagrada
322 PRIM EIRO LIVRO Dos REIS 17 - 18
que o Senhor não salva pela espada, ligada à alma de Davi, e Jônatas a-
nem pela lança, porque êle é o Senhor mou-o como a sua própria vida. 2E,
da guerra e vos entregará nas nossas desde êste dia, Saul tomou-o (para
mãos. 480 Filisteu, tendo-se, pois, le­ sua companhia) e, não lhe permitiu
vantado, pôs-se em marcha, e avan­ que voltasse para casa de seu pai.
çou para Davi, e Davi apressou-se e 3E Davi e Jônatas fizeram aliança
correu ao combate em frente do F i- entre si, porque (Jônatas) amava-o
listeu. 49E meteu a sua mão no sur- como a sua própria vida. 4Por isso
rão, e tirou uma pedra, e a arrojou (Jônatas) despojou-se da túnica de
com a funda, dando-lhe volta, e feriu que estava revestido, e a deu a Da­
0 Filisteu na testa; e a pedra era- vi com o resto dos seus vestidos, até
vou-se na sua testa, e êle caiu a sua espada e o seu arco e a sua
com o rosto por terra. “ E assim cintura.
venceu Davi o Filisteu com a funda Inveja de Saul
e com a pedra, e, depois de o ferir, o 5E Davi ia a tudo a que Saul o man­
matou. Ora Davi, não tendo à mão
nenhuma espada, “ correu, e lançou- dava, e procedia com prudência; e
se sôbre o Filisteu, e pegou da sua Saul constituiu-o sôbre a gente de
espada, e tirou-a da bainha, e ma­ guerra, e era muito amado por todo
tou-o, e cortou-lhe a cabeça. Ora os o povo, e sobretudo pelos servos de
Filisteus, vendo que o mais valente Saul.
dêles estava morto, fugiram. °Mas, quando Davi voltou, depois
ME os homens de Israel e os de de ter morto o Filisteu, saíram as
Judá, levantando-se com grande gri­ mulheres de tôdas as cidades de Is­
ta, perseguiram os Filisteus até che­ rael ao encontro do rei Saul, cantan­
garem ao vale, e até às portas de A- do e dançando com alegria, ao som
caron, e caíram feridos muitos dos de tambores e de sistros. 7E as mu­
Filisteus pelo caminho de Saraim, e lheres dançavam, cantando e dizendo:
até Get, e até Acaron. “ E, voltan­ Saul matou mil, e Davi dez mil.
do os filhos de Israel depois de te­ 8E Saul irou-se em extremo, e de-
rem perseguido os Filisteus, saquea­ sagradou-lhe esta expressão, e disse:
ram o seu acampamento. 54E Davi, Deram dez mil a Davi e a mim mil;
tomando a cabeça do Filisteu, levou- que lhe falta senão só o reino? ‘D a ­
a a Jerusalém e pôs as armas dêle quele dia, pois, em diante, Saul não
na sua tenda. via Davi com bons olhos.
“ Ora, no momento em que Saul Saul tenta trespassar D avi com a lança
viu partir Davi contra o Filisteu, dis­
se para Abner, general do exército: 10Ao outro dia, porém, o espírito
Abner, de que fam ília descende êste maligno, mandado por Deus, apode-
jovem ? E Abner disse-lhe: Juro pela rou-se de Saul, que tinha transportes
tua vida, ó rei, que o não sei. 56E (de fu ro r) no meio da sua casa; e
disse o r e i: Pergunta tu, de quem Davi tocava harpa com a sua mão,
é filho êste jovem. B7E, tendo vol­ como costumava fazer todos os dias;
tado Davi, depois de morto o Filisteu, e Saul tinha uma lança na mão, 21e
Abnér tomou-o, e introduziu-o à pre­ arrojou-a, julgando que poderia cra­
sença de Saul, tendo a cabeça do var Davi na parede; porém Davi des­
Filisteu na mão. “ E Saul disse-lhe: viou-se de diante dêle por duas vê-
De que fam ilia és tu, ó jovem ? E zes. 12E Saul temeu Davi, porque
Davi respondeu: Eu sou filho do teu o Senhor era com Davi, e tinha-se
servo Isaí de Belém. retirado dêle. 13Saul, pois, afastou-
o de si, e fê-lo capitão de mil homens;
Amizade entre D avi e Jônatas e êle saía e entrava à vista do povo.
14E em todas as suas emprêsas Davi
1 O ^Aconteceu, pois, que, acabando procedia com prudência, e o Senhor
10 (D a vi) de falar com Saul a era com êle. 15Viu, pois, Saul que
alma de Jônatas ficou intimamente êle era em extremo prudente, e co-
Cap. X V I I I — 13. E êle saía e entrava, isto é, tom ava parte em tôdas as emprêsas
.guerreiras, marchando à frente dos seus soldados e expondo-se a todos os perigos.
18 - 19 PRIMEIRO LIVRO DOS REIS 323
meçou a acautelar-se dêle. 16Mas to­ para vir a ser seu genro. Saul, pois,
do o Israel e Judã amavam Davi, deu-lhe a sua filha Micol por mulher.
porque êle entrava e saía diante dê- Casamento e triunfo» de D avi
les.
Saul arm a ciladas a D avi “ E Saul viu e conheceu que o Se­
nhor era com Davi. E Micol, filha
17E Saul disse a Davi: Eis aqui de Saul, amava-o. fflE Saul começou
Merob, minha filha mais velha; eu a temer cada vez mais Davi; e Saul
ta darei por mulher, contanto que tornou-se hostil a Davi todos os dias.
sejas homem valoroso, e combatas “ E os príncipes dos Filisteus saí­
nas guerras do Senhor. Saul, porém, ram à campanha; e desde o princípio
pensava consigo dizendo: Não seja a da sua saída, Davi portava-se com
minha mão sôbre êle (para o m atar), maior prudência do que todos os o-
mas seja sôbre êle a mão dos Filis- ficiais de Saul, e o seu nome tornou-
teus. 18E Davi disse a Saul: Quem se muito célebre.
sou eu, ou qual é a minha vida, ou
a família de meu pai em Israel, pa­ Jônatas defende D avi
ra vir a ser genro do rei? 19Mas, ten­ 1Q JE Saul falou a Jônatas, seu
do chegado o tempo em que Merob, filho, e a todos os seus ser­
filha de Saul, devia ser dada a Davi, vos, para que matassem Davi. Mas
foi dada por mulher a Hadriel Mo- Jônatas, filho de Saul, amava extre-
latita. mosamente Davi. 2E Jônatas avisou
20Ora Micol, *segunda filha de Saul, Davi, dizendo: Saul, meu pai, pro­
amou Davi. E isto foi contado a cura matar-te; por isso rogo-te que
Saul, que se alegrou com isso. “ E te guardes amanhã de manhã, e te
Saul disse: Dar-lhe-ei esta para que retires a um lugar oculto, e te es­
eia lhe seja ocasião de ruína, e a condas. 3Eu sairei e conservar-me-ei
mão dos Filisteus seja sôbre êle. E junto de meu pai no campo onde tu
Saul disse a Davi: Por dois motivos estiveres, e falarei de ti a meu pai,
serás hoje meu genro. 22E Saul e te avisarei de tudo o que souber.
mandou aos seus servos: Falai a Da­ 4Jônatas, pois, falou em favor de
vi como coisa vossa, dizendo: Eis Davi, a Saul, seu pai, e disse-lhe:
que estás no agrado do rei, e todos Não peques, ó rei, contra Davi, teu
os seus servos te amam. Cuida, pois, servo, porque êle não pecou contra
em ser genro do rei. 23E os servos ti, e os seus serviços foram-te muito
de Saul disseram tôdas estas pala­ úteis. 5E expôs a sua vida ao perigo,
vras aos ouvidos de Davi. E Davi e matou o Filisteu, e o Senhor sal­
respondeu: Porventura parece-vos vou (por meio dêle) todo o Israel
pouca coisa ser genro do rei? Eu sou por um modo maravilhoso; tu o viste
pobre e de humilde condição. 24E os e te alegraste. Por que queres, pois,
servos de Saul referiram-lhe (isso) pecar contra um sangue inocente,
dizendo: Davi deu-nos esta resposta. matando Davi, que não tem culpa?
25Saul, porém, disse: Falai assim a eSaul, tendo ouvido isto, aplacado
Davi: O rei não necessita de dons pa­ com as razões de Jônatas, jurou: V i­
ra os esponsais, mas somente de cem va o Senhor, que êle não morrerá.
prepúcios dos Filisteus, para se to­ 7Jônatas chamou, pois, Davi, e contou-
mar vingança dos inimigos do rei. lhe tôdas estas coisas; e Jônatas in­
Mas o desígnio de Saul era entregar troduziu Davi à presença de Saul é
Davi nas mãos dos Filisteus. 20E, (D a vi) ficou vivendo junto dêle co­
tendo os servos de Saul referido a mo antes.
Davi as palavras que Saul tinha di­ Saul tenta m atar D avi
to, a proposta agradou a Davi, pa­
ra chegar a ser genro do rei. 27E, 8Recomeçou depois a guerra, e Da­
poucos dias depois, saindo Davi, mar­ vi, saindo, combateu contra os Filis­
chou com cs homens, que estavam teus, e fêz nêles grandes destroços, e
sob o seu comando. E matou du­ fugiram diante dêle. °E o espírito
zentos h o .en s aos Filisteus, e levou maligno, mandado pelo Senhor, apode-
os prepúcios dêles, e contou-os ao rei, rou-se de Saul. E estava êle senta­
324 PRIMEIRO LIVRO DOS REIS 19 - 20
do em sua casa, e tinha uma lança na começaram também a profetizar.
mão; e Davi tocava harpa com a sua “ Tendo isto sido contado a Saul,
mão. 10E Saul tentou atravessar Da­ mandou outros mensageiros, mas ês-
vi com a lança contra a parede, mas tes também profetizaram. E de no­
Davi desviou-se da presença de Saul; vo mandou Saul terceiros mensagei­
e a lança, sem o ofender, foi dar ros, e também êstes profetizaram.
na parede, e Davi fugiu, e salvou-se Então Saul, cheio de cólera, “ foi
aquela noite. também êle a Ramata, e chegou a-
Saul m anda guardas p ara o matarem
té à grande cisterna que há em So­
em casa
co, e perguntou, dizendo: Em que
lugar estão Samuel e Davi? E foi-lhe
“ Mandou, pois, Saul os seus guar­ respondido: Estão em Naiot de Ka-
das à casa de Davi para lho terem çnata.
seguro, e para ser morto pela manhã. 28E partiu para Naiot de Ramata,
Porém, Davi foi avisado por Micol, e apoderou-se também dêle o Espíri­
sua mulher, que lhe disse: Se te não to do Senhor, e ia andando, e profe­
puseres em salvo esta noite, amanhã tizava (p or todo o caminho) até que
morrerás. 12Ela fê-lo descer por u- chegou a Naiot de Ramata. 2 *4E des-
0
ma janela; e êle foi, e fugiu, e sal- pojou-se também êle dos seus vesti­
vou-se. 13Em seguida Micol tomou dos (exteriores), e profetizou com os
uma estátua, e deitou-a em cima da outros diante de Samuel, e esteve nu
cama, e pôs-lhe ao redor da cabeça por terra todo aquêle dia e noite. E
uma pele de cabra com o pêlo, e co- daqui tomou origem o provérbio:
briu-a com a roupa, 14E Saul man­ Também Saul entre os profetas?
dou guardas para prenderem a Davi, e D avi e Jônatas renovam a sua amizade
foi-lhes respondido que estava doen­
te. 15E Saul mandou segunda vez 90 e n treta n to Davi fugiu de Naiot,
mensageiros com ordem de ver Davi, que está em Ramata, e, tendo
dizendo-lhes: Trazei-mo no seu mes­ ido, disse diante de Jônatas: Que
mo leito, para ser morto. 16E, tendo fiz eu? que iniqüidade#é a minha,
chegado os mensageiros, encontra­ e que pecado é o meu contra teu pai,
ram em cima da cama a estátua que que procura a minha vida? 2E êle
tinha em roda da cabeça uma pele respondeu-lhe: Não, tu não hás de
de cabra. 17E Saul disse a Micol: morrer, porque meu pai não faz coi­
P or que me enganaste assim, e dei­ sa alguma, nem grande nem pequena,
xaste fugir o meu inimigo? E Micol sem primeiro me dar parte; será,
respondeu a Saul: Porque êle me dis­ pois, só esta que meu pai me queira
se: Deixa-me ir, senão matar-te-eL ocultar? De nenhum modo aconte­
D avi refugia-se junto de Samuel em
cerá isto. 3E novamente o jurou a
R am ata
Davi. E Davi disse-lhe: Teu pai sa­
be muito bem que eu caí em graça
18Davi, pois, fugiu, e pôs-se a sal­ a teus olhos, e dirá: Não saiba isto
vo, e foi ter com Samuel a Ramata, e Jônatas, para que se não entristeça.
contou-lhe tudo o que Saul lhe tinha Porque eu juro-te pelo Senhor e pe­
feito; e retiraram-se êle e Samuel, e la tua vida, que não há senão um
habitaram em Naiot. 19E noticiaram degrau (por assim dizer) entre mim
a Saul dizendo: Eis que Davi está e a morte.
em N aiot de Ramata. “ Saul man­ 4E Jônatas disse a Davi: Eu farei
dou, pois, guardas para prenderem por ti tudo o que a tua alma me dis­
Davi, mas, tendo êles visto um grupo ser. 5E Davi disse a Jônatas: Eis
de profetas que profetizavam, e Sa­ que amanhã são as calendas do mês,
muel presidindo-lhes, o Espírito do e eu costumo sentar-me junto ao rei
Senhor apoderou-se também dêles, e para comer; deixa-me, pois, ir escon­
20. Que profetizavam, isto é, cantavam louvores a Deus.
24. Esteve nu, isto é, só com os vestidos internos. — P or terra. Lançado por terra
pelo espirito de Deus, viu-se na impossibilidade de executar seus pérfidos desígnios.
Cap. X X — 5. A s calendas, isto é, a festa da lua nova, que se celebrava com sacri­
fícios e um banquete sagrado, e que durava pelo menos dois dias.
20 PRIMEIRO LIVRO DOS REIS 325

der no campo até à tarde do tercei­ cupado até depois de amanhã. Des­
ro dia. 6Sé o teu pai, reparando, per­ cerás, pois, sem demora, e irás para
guntar por mim, tu lhe responderás: o sítio em que deves esconder-te no
Davi pediu-me permissão de ir com dia em que se pode trabalhar (que
presteza a Belém, sua cidade, por­ é o prim eiro depois da festa) e te
que se faz lã um sacrifício solene sentarás junto' da pedra chamada E-
or todos os da sua tribo. 7Se êle zel. 20E eu atirarei junto a ela três
isser: Está bem, não terei que te­ setas, e as arrojarei como quem se
mer; mas se êle se irar, fica certo exercita em atirar ao alvo. 21E man­
de que a sua má vontade (contra carei também um criado, e lhe direi:
m im ) chegou ao seu auge. 8Usa, pois, Vai, e traze-me as setas. “ Se eu dis­
de misericórdia com o teu serva, já ser ao criado: Olha que as setas es­
que quiseste que eu, teu servo, fi­ tão para cá de ti, levanta-as; tu en­
zesse contigo aliança (de amizade) tão vem ter comigo, porque a paz
no Senhor; mas, se eu tenho algu­ está contigo, e não há mal algum a
ma culpa, dá-me tu mesmo a morte, temer, o Senhor vive. Mas, se eu
e não me faças comparecer diante disser ao criado: Olha que as setas
de teu pai. 9E Jônatas disse: Lon­ estão para lá de ti, vai-te em paz,
ge de ti esteja isso, porque não é pos­ porque o Senhor quer que te reti­
sível que, se eu souber ao certo que res. 23Quanto, porém, à palavra que
a má vontade de meu pai contra ti nós demos um ao outro, o Senhor se­
chegou ao seu auge, eu te não avise. ja (dela) para sempre (testemunha)
10E Davi respondeu a Jônatas: Quem entre mim e ti.
me há de avisar, se por acaso teu Jônatas procura reconciliar Saul com
pai te responder com aspereza a meu D avi
respeito? UE Jônatas disse a Davi:
Vem, e saiamos fora ao campo. E, 24Escondeu-se, pois, Davi no cam­
tendo ambos saído ao campo, 12Jô- po, e chegaram as calendas, e o rei
natas disse a Davi: Senhor Deus de pôs-se à mesa para comer. ^E, ten-
Israel, se eu descobrir o intento de ao-se sentado (segundo o costume) na
meu pai, amanhã ou depois de ama­ sua cadeira, que estava junto à pare­
nhã, e houver alguma coisa favorá­ de, levantou-se Jônatas, e Abner sen­
vel para Davi, e eu to não mandar tou-se ao lado de Saul, e o lugar de
imediatamente dizer, e to não fizer sa­ Davi apareceu vazio. 26E naquele
ber, 13o Senhor trate a Jônatas com (p rim eiro ) dia Saul não disse nada,
toda a severidade. Mas se a má von­ porque julgou que talvez Davi se não
tade de meu pai perseverar contra ti, tivesse achado limpo nem purificado.
eu te avisarei disso, e te deixarei ir 27Mas, chegado o segundo dia depois
em paz, e o Senhor seja contigo, das calendas, apareceu ainda vazio
como foi com meu pai. 14E, se eu o lugar de Davi. E Saul disse a seu
viver, usarás comigo da misericór­ filho Jônatas: Por que não veio o fi­
dia do Senhor; se, porém, morrer, lho de Isaí comer nem ontem nem
15não deixarás nunca de usar de com­ hoje? “ E Jônatas respondeu a Saul:
paixão com a minha casa, quando o Êle pediu-me com instância que o
Senhor tiver exterminado todos os i- deixasse ir a Belém, ^e disse: Dei­
nimigos de Davi um por um; ( toda- xa-me ir, porque há na minha cidade
via, se eu faltar à palavra) tire (ta m ­ um sacrifício solene, e um de meus
bém) o Senhor a Jônatas de sua ca­ irmãos convidou-me; agora, pois, se
sa, e vingue-se dos inimigos de Da­ eu achei graça diante dos teus olhos,
vi. 16Jonatas, pois, fêz aliança com irei depressa, e verei meus irmãos. E
a casa de Davi, e o Senhor vingou- por esta razão não veio à mesa do
se dos inimigos de Davi. 17E Jô- rei.
natas fêz a Davi êste novo juramen­ "Mas Saul, irado contra Jônatas,
to, pelo amor que lhe tinha; porque disse-lhe: Filho de má mulher, não
o amava como a sua própria alma. sei eu porventura que amas o f i ­
18E Jônatas disse-lhe: Amanhã são lho de Isaí, para confusão tua, e pa­
as calendas, e perguntar-se-á por ti; ra confusão da tua indigna mãe?
19porque o teu lugar se verá deso­ 31Porquanto, em todo o tempo em que
326 PRIMEIRO LIVRO DOS REIS 20 - 21
o filho de Isaí viver na terra, nunca cerdote Aquimelec; e Aquimelec fi­
estarás seguro, nem tu nem o teu cou surpreendido com a chegada de
(d ireito ao) reino. Por isso man­ Davi, e disse-lhe: Como vens tu só,
da buscá-lo já, e traze-mo à minha e ninguém vem contigo? 2E Davi
presença, porque é um filho da mor­ respondeu ao (Sum o) sacerdote Aqui­
te. 32Mas Jônatas, respondendo a melec: O rei deu-me uma ordem, e
Saul, seu pai, disse: Por que há de disse: Não saiba ninguém a causa
êle morrer? O que fêz? 33E Saul porque te enviei, nem quais são as
pegou na sua lança para o atravessar. ordens que te dei; e por isso também
E Jônatas compreendeu que seu pai eu disse aos meus criados que me
tinha resolvido matar Davi, 34Jôna- esperassem em tal e tal lugar. 3A-
tas, pois, levantou-se da mesa todo gora, pois, se tens à mão alguma coi­
encolerizado, e não comeu no segun­ sa, ainda que não sejam senão cin­
do dia das calendas, porque estava co pães, dá-mos, ou qualquer outra
triste por causa de Davi, porque seu coisa que encontrares. 4E, respon­
pai o tinha ultrajado. dendo o sacerdote a Davi, disse-lhe:
35Ao outro dia pela manhã saiu Jô­ Eu não tenho à mão pães vulgares
natas ao campo, conforme a combi­ mas somente o pão santo; (todavia
nação feita com Davi, e levou consi­ eu tos darei) se os teus servos estão
go um rapaz, 36ao qual disse: Vai. e limpos, principalmente no que toca
traze-me as setas que vou atirar. E, a mulheres. 5E Davi respondeu ao
enquanto o rapaz corria, atirou ou­ sacerdote, e disse-lhe: No tocante a
tra seta mais para além dêle. "Che­ mulheres, certamente temo-nos absti-
gou, pois, o rapaz ao lugar da seta do desde ontem e ante ontém, depois
que Jônatas tinha atirado, e Jôna­ que partimos, e os vasos dos (meus)
tas gritou-lhe, e disse: Olha que a se­ criados conservaram-se puros; é ver­
ta está mais para lá de ti. 38E Jô­ dade que êste caminho não é puro,
natas tornou a gritar ao rapaz, di­ mas também êle será hoje purificado
zendo: Vai depressa, não te demo­ nos vasos. cO sacerdote deu-lhe, pois,
res. E o servo de Jônatas recolheu do pão santificado, porque não havia
as setas, e levou-as ao seu amo. 39E ali pão, senão os pães da proposição,
(o servo) ignorava completamente o que tinham sido tirados da presença
motivo do que se fazia, porque só do Senhor, para se porem outros
Jônatas e Davi o sabiam. 40Deu Jô­ quentes.
natas depois as suas armas ao rapaz, 7Achava-se ali naquele dia, dentro
e disse-lhe: Vai, e leva-as à cidade. do tabernáculo do Senhor, um certo
41E, logo que o rapaz partiu, Da­ homem dos criados de Saul, chamado
vi saiu do lugar onde estava, que Doeg, Idumeu, o mais poderoso dos
olhava para o meio-dia, e, inclinando- pastores de Saul. 8E Davi disse a
se até a terra, prostrou-se três vê- Aquimelec: Tens aqui à mão uma lan­
zes (diante de Jônatas) e, beijando- ça ou uma espada? porque eu não
se um ao outro, choraram ambos, mas trouxe comigo a minha espada, nem
Davi mais. 42Disse, pois, Jônatas, a as minhas armas; porque a ordem do
Davi: Vai em paz; (lem bra-te de) rei urgia. 9E o sacerdote disse: Eis
tudo o que nós ambos juramos em aqui a espada de Golias, Filisteu, que
nome do Senhor, dizendo: O Senhor tu mataste no vale de Terebinto; está
seja para sempre testemunha entre embrulhada num pano detrás do e-
mim e ti, e entre a minha geração e fod; se a queres levar, leva-a, porque
a tua geração. 43E Davi levantou-se, não há aqui outra senão esta. E
e partiu; e Jônatas voltòu para a ci­ Davi disse: Não há outra corno esta;
dade. dá-ma.
D avi fo g e p a ra Nobe D a v i fo g e p ara ju n t o do re i A q u is
21 JPartiu depois Davi para No- 10Levantou-se, pois, Davi, e fugiu,
u1 be, para junto do (Sum o) sa- naquele mesmo dia da presença de
Cap. X X — 3 L XJm filho da morte, isto é, destinado a morrer.
Cap. X X I — 5. Os vasos, isto é, os corpos. A parte final dêste versículo é muito
difícil de interpretar, tendo sido talvez alterado o texto original.
21 - 22 PRIMEIRO LIVRO DOS REIS 327
Saul, e foi a (refugiar-se em casa filho de Isaí dará a vós todos os cam-
de) Aquis, rei de Get. nE os criados os e vinhas, e far-vos-á a todos tri-
de Aquis, tendo visto Davi, disseram unos e centuriões, 8para que todos
ao rel: Porventura não é êste aquê- vós vos tenhais conjurado contra mim
le Davi (respeitado com o) rei do seu e não haja ninguém que me dê algum
país? Não é êste aquêle a quem can­ aviso, principalmente depois que meu
tavam nas danças dizendo: filho fêz aliança com o filho de Isaí?
Saul matou mil, e Davi dez mil? Não há entre vós quem se lastime
12Considerou, porém, Davi estas pa­ da minha sorte, nem quem me avi­
lavras no seu coração, e teve muito se; e até o meu filho sublevou con­
mêdo de Aquis, rei de Get. 13E de- tra mim um dos meus servos, que
mudou o seu rosto diante dêles, e dei­ não cessa, até ao dia de hoje, de me
xava-se cair entre as suas mãos, e armar traições.
dava com a cabeça nos batentes da 9Respondendo então Doeg, Idumeu,
porta, e deixava correr a saliva pela que estava presente, e era o primeiro
barba. 14E Aquis disse aos seus cria­ dos criados de Saul, disse: Eu vi o
dos: Vistes que êste homem está lou­ filho de Isaí em Nobe, em casa do
co; por que o trouxestes à minha sacerdote Aquimelec, filho de Aqui-
presença? 15Porventura faltam-nos tob, 10o qual consultou o Senhor por
loucos, por que introduzistes êste pa­ êle, e lhe deu víveres, e lhe deu tam­
ra fazer loucuras na minha presen­ bém a espada do Filisteu Golias.
ça? Deve êle entrar em minha ca­ “ Mandou, pois, o rei chamar o sa­
sa? cerdote Aquimelec, filho de Aquitob,
D avi na caverna de Odolão e e todos os sacerdotes, da casa de seu
entre os M oabitas pai, que estavam em Nobe, todos os
0 9 'Davi, pois, partiu dali, e fu- quais se apresentaram ao rei. 12E
“ “ Saul
giu para a cova de Odolão. de Aquitob. disse a Aquimelec: Ouve, filho
Tendo sabido isto os seus irmãos e me E êle respondeu: Aqui
tens,
tôda a casa de seu pai, foram lá ter Por que vos senhor. 13E Saul disse-lhe:
com êle. 2E todos os que se viam con jurastes contra mim,
em apêrto, e se encontravam opri­ tu, e o filho de Isaí, e lhe deste pães
midos de dividas e de desgostos, jun­ e uma espada, e consultaste a Deus
taram-se a êle; e êle tornou-se seu por êle, para se levantar contra mim,
persistindo em me armar traições até
chefe; e estiveram com êle cêrca de hoje?
uatrocentos homens. 8E dali Davi 14E Aquimelec, respondendo
? òi para Masfa, que está (na terra ) ao rei, disse: E quem há entre to­
de Moab, e disse ao rei de Moab: dos os teus servos (que fe seja tao)
Peço-te que meu pai e minha mãe leal como Davi, genro do rei, e sub­
fiquem convosco, até eu saber o que misso às tuas ordens, e respeitado na
o Senhor fará de mim; 4E deixou-os tua comeceicasa? 16Porventura é de hoje que
junto do rei de Moab; e ficaram com eu êle?
a consultar a Deus por
Longe de mim tal coisa; não sus­
êle durante todo o tempo que Davi
esteve na fortaleza. 6E o profeta peite o rei semelhante coisa, nem de
Gad disse a Davi: Não fiques nesta mim, seu servo, nem de tôda a casa de
fortaleza; parte, e vai para a terra de meu pai, porque o teu servo não sou­
Judá. E Davi partiu, e foi para o be, nesse particular (de conjuração)
bosque de Haret. nem pouco nem muito. 16E o rei
disse: Morrerás sem falta, Aquime­
Vingança cruel de Saul lec, tu e tôda a casa de teu pai. 17E
6E Saul soube que Davi tinha apa­ o rei disse para os guardas que o ro­
recido com a gente que o acompanha­ deavam: Voltai-vos e matai os sacer­
va. Estando, pois, Saul em Gaaba, dotes do Senhor, porque a mão dêles
e encontrando-se (u m dia) num bos­ está com Davi, e, sabendo que êle ti­
que, que há em Rama, tendo a lança nha fugido, não me avisaram. P o­
na mão e estando rodeado de todos rém, os criados do rei não quiseram
os seus servos, 7disse para os seus estender suas mãos contra os sacer­
servos, que lhe assistiam: Ouvi-me a- dotes do Senhor. 18E o rei disse a
gora, filhos de Jemini; porventura o Doeg: Vai tu, e lança-te sôbre os sa­
328 PRIMEIRO LIVRO DOS REIS 22 - 23
cerdotes. E Doeg, Idumeu, voltan­ ras. 8E Saul mandou a todo o povo
do-se, lançou-se sôbre os sacerdotes, que marchasse a Ceila para o com­
e trucidou naquele dia oitenta e cin­ bate, e que sitiasse Davi e os seus.
co homens, que estavam vestidos do D avi foge
efod de linho. 19E passou ao fio da
espada Nobe, cidade sacerdotal, (m a- 9E Davi, tendo sido avisado de que
tando) homens e mulheres, crianças Saul lhe preparava secretamente êste
e meninos de leite, e passou também mal, disse ao sacerdote Abiatar: T o­
ao fio da espada bois, e jumentos, e ma o efod (para consultar o Senhor).
ovelhas. 10E Davi disse: Senhor Deus de Israel,
A biatar refugia-se junto de l>avi o teu servo soube que Saul se prepara
para vir a Ceila, para destruir a ci­
20Mas, escapando um filho de A- dade por minha causa. nOs homens
quimelec, filho de Aquitob, que se de Ceila entregar-me-ão nas suas
chamava Abiatar, fugiu para Davi, 21e mãos? E Saul virá, como o teu ser­
participou-lhe' que Saul tinha mata­ vo ouviu dizer? Senhor Deus de Is-'
do os sacerdotes do Senhor. 22E Davi rael, dá a conhecer isto ao teu servo.
disse a Abiatar: Eu bem sabia na­ E o Senhor disse: Há de vir. 12E
quele dia, que, estando lá Doeg, Idu­ Davi disse: Porventura os homens de
meu, certamente o havia de dizer a Ceila me entregarão a mim e a gente
Saul; eu sou o culpado da morte de que está comigo nas mãos de Saul?
tôda a casa de teu pai. ^Fica co­ E o Senhor disse: Hão de entregar.
migo, não temas; se alguém buscar a “ Davi, pois,.levantou-se e a sua gen­
minha vida, buscará também a tua, te (que era em número de) cêrca de
e salvar-te-ás comigo. seiscentos homens; e, tendo partido
D avi liberta Ceila de Ceila, erravam incertos por aqui
e por ali; e foi anunciado a Saul que
OO 7Depois disto avisaram Davi, di- Davi tinha fugido de Ceila, e se ti­
**** zendo: Eis que os Filisteus a- nha pôsto a salvo; pela qual razão
tacam Ceila, e roubam as eiras. ^ a - Saul dissimulou não querer sair.
vi, pois, consultou o Senhor, dizen­ D avi nos desertos de Z if e de Maon
do: Marcharei eu, e desbaratarei ês-
tes Filisteus? E o Senhor disse a 14Ora Davi estava no deserto em lu­
Davi: Vai, e desbaratarás os Filis- gar muito seguro, e habitou no
teus, e salvarás Ceila. 8E os homens monte do deserto de Zif, monte co­
que estavam com Davi, disseram-lhe: berto de arvoredo; Saul todavia pro­
Eis que, estando nós aqui na Judéia, curava-o todos os dias; mas Deus não
temos mêdo; quanto mais se formos o entregou nas suas mãos. 15E Da­
a Ceila contra os esquadrões dos Fi- vi soube que Saul tinha saído em bus­
listeus? 4Segunda vez, pois, Davi con­ca da sua vida. Mas Davi estava no
sultou o Senhor, o qual, responden­ deserto dé Z if (escondido) no bos­
do, lhe disse: Levanta-te, e vai a Cei­
que.
la, porque eu entregarei os Filisteus 16E Jônatas, filho de Saul, levan­
nas tuas mãos. 5Foi, pois, Davi com tou-se e foi ter com Davi ao bosque,
a sua gente a Ceila, e combateu con­ e confortou-o muito em Deus, e dis­
tra os Filisteus, e levou-lhes os seusse-lhe: 17Não temas, porque não te
gados, e fêz nêles grande mortan­ há de encontrar a mão de Saul, meu
dade; e Davi salvou assim os habi­ pai, e tu reinarás sobre Israel, e eu
tantes de Ceila. °Ora quando Abia­ serei o segundo depois de ti, e até
tar, filho de Aquimelec, fugiu para mesmo Saul meu pai, sabe isto. “ Am ­
Davi em Ceila, levou consigo o efod. bos, pois, fizeram aliança diante do
Saul vai a Ceila Senhor; e Davi ficou no bosque, e Jô­
natas voltou para sua casa.
7E foi noticiado a Saul que Davi 19Entretanto os de Z if foram ter
tinha ido para Ceila, e Saul disse: com Saul a Gabaa, dizendo: Tu não
Deus o entregou nas minhas mãos, e sabes que Davi está escondido entre
está apanhado, tendo entrado nu­ nós nos lugares mais seguros do bos­
ma cidade, que tem portas e fecha^u-, que, sôbre a colina de Aquila, que
23 - 24 PRIMEIRO LIVRO DOS REIS 329
está à direita do deserto? 20Agora, colhidos entre todo o Israel, saiu em
pois, visto que o teu coração desejou busca de Davi e de sua gente, indo
achá-lo, vem, e por nós fica o entre- até pelos rochedos mais escarpados,
á-lo nas mãos do rei. 21E Saul somente acessíveis às cabras. 4E
isse: Abençoados sejais do Senhor, chegou a uns currais de ovelhas, que
porque vos condoestes da minha sor­ encontrou no caminho; e havia lá
te. 22Ide, pois, vos rogo, e fazei tô- uma caverna, onde Saul entrou pa­
das as diligências, e buscai com o ra fazer as suas necessidades; ora
maior cuidado, e esquadrinhai o lu­ Davi e os seus estavam escondidos
gar onde êle possa estar, ou quem o no interior da mesma caverna. 5E
terá visto aí; porque êle tem receio os servos de Davi disseram-lhe: Eis
de mim, e sabe que eu astutamente o dia, do qual o Senhor te disse: Eu
lhe armo ciladas. 23Examinai e vê- te entregarei o teu inimigo, para fa-
de todos os seus esconderijos, onde zeres dêle o que te parecer. Então
êle se oculta, e voltai a mim, com Davi levantou-se, e cortou muito de
notícias seguras, a fim de eu ir con- mansinho a orla do manto de Saul.
vosco, porque, ainda que êle se tenha 6E logo depois o coração de Davi ba-
escondido nas entranhas da terra, eu teu-lhe, porque tinha cortado a orla
o procurarei entre todos os milha­ do manto a Saul. 7E disse para a
res de Judá. 24Êles, pois, partindo, sua gente: Deus me guarde de que
foram a Z if antes de Saul; mas Davi eu faça uma tal coisa ao meu senhor,
e os seus homens estavam no de­ ao ungido do Senhor, que eu estenda
serto de Maon, na planície à direi­ a mão contra êle, pois é o ungido do
ta de Jesimon. Senhor. 8E com estas palavras Davi
“ Foi, pois, Saul e tôda a sua gen­ conteve a sua gente, e não permitiu
te em busca dêle; e isto foi noticia­ que se lançasse sôbre Saul. E Saul,
do a Davi, que imediatamente se re­ saindo da caverna, prosseguia o seu
tirou para o rochedo, e morava no caminho.
deserto de Maon. E Saul, tendo sa­ 9Levantou-se também Davi atrás
bido isto, entrou pelo deserto de dêle, e, tendo saído da caverna, g ri­
Maon no alcance de Davi. 26E Saul tou atrás de Saul, dizendo: ô rei,
costeava o monte por uma parte; meu senhor! E Saul olhou para trás;
Davi, porém, e os seus homens cos- e Davi, inclinando-se até o chão, fêz-
teavam o monte pela outra parte; e lhe uma profunda reverência, 10e dis­
Davi desesperava de poder escapar se a Saul: Por que dás tu ouvidos às
das mãos de Saul, porque Saul e os palavras dos que te dizem: Davi pro­
seus tinham feito como que um cêr- cura fazer-te mal? “ Eis que viste ho­
co em volta de Davi e da sua gente, je com os teus olhos que o Senhor
para os prender. te entregou nas minhas mãos na ca­
27Mas eis que chegou um mensa­ verna, e eu tive o pensamento de te
geiro a Saul, dizendo: Apressa-te, e matar, mas não o quis fazer, por­
vem, porque os Filisteus invadiram que disse: Não estenderei a ,mão
o país. “ Então Saul voltou-se, dei­ contra o meu senhor, porque é o un­
xando de perseguir Davi, e foi ao en­ gido do Senhor. 12Antes vê, meu
contro dos Filisteus; por isto foi da­ pai, e reconhece a orla do teu man­
do àquele lugar o nome de Rochedo to (que tenho) na minha mão; pois,
da separação. cortando a extremidade do teu ves­
D a v i no deserto de Engadi tido, não quis estender a minha mão
contra ti; adverte, pois, e vê que eu
94 ‘Saiu, pois, Davi dali, e habi- não sou culpado de nenhum mal, nem
tou nos lugares mais seguros de nenhuma iniqüidade, e que não pe-
de Engadi. 2E, voltando Saul de ter quei contra ti; tu, porém, andas bus­
perseguido os Filisteus, noticiaram- cando meios de me tirar a vida. 130
lhe, dizendo: Eis que Davi está no Senhor julgue entre mim e ti, e o
deserto de Engadi. 3Saul, pois, to­ Senhor me vingue de ti; mas nunca
mando consigo três mil homens es­ a minha mão seja contra ti. 14Dos
Cap. X X IV 14. O sentido dêste versículo é o seguinte: Ê próprio dos ímpios
330 PRIMEIRO LIVRO DOS REIS 24 - 25
ímpios sairá a impiedade, diz o anti­ da linhagem de Caleb. 4Davi, pois,
go provérbio; a minha mão, pois, não tendo sabido no deserto que Nabal
seja contra ti. 15A quem persegues fazia a tosquia do seu rebanho, 5en-
tu, ó rei de Israel? A quem perse­ viou lá dez jovens, e disse-lhes: Su­
gues? Persegues um cão morto, e u- bi ao Carmelo, e ide à casa de Nabal,
ma pulga. ieO Senhor seja juiz, e e o saudareis em meu nome pacifica-
julgue entre mim e ti, e examine e mente. 6E dir-lhe-eis: A paz seja
julgue a minha causa, e me livre da com meus irmãos, e contigo, e a paz
tua mão. seja com a tua casa, e a paz seja
17Tendo Davi acabado de dizer estas com tudo o que tens. 7Ouvi dizer
palavras a Saul, Saul disse: Porven­ que os teus pastôres, que viviam co­
tura é esta a tua voz, ó meu filho nosco no deserto, fazem a tosquia;
Davi? E Saul levantou a sua voz, e nós nunca os molestamos, nem lhes
chorou. 18E disse a Davi: Tu és mais faltou nunca coisa alguma do reba­
justo do que eu, porque tu tens-me nho, durante todo o tempo que esti­
feito bem, e eu tenho-te retribuído veram conosco no Carmelo. 8Per-
com mal. 19E tu mostraste hoje os gunta-o aos teus criados, e êles to
bens que me tens feito, pois que, ten­ dirão. Agora, pois, achem teus ser­
do-me o Senhor entregue nas tuas vos graça diante de teus olhos, pois
mãos, tu não me mataste. “ Porgue que viemos em tão boa ocasião; dá
quem há que, encontrando o seu ini­ a teus servos e a Davi, teu filho, qual­
migo, o deixe ir sem lhe fazer mal? quer coisa que tiveres à mão. 9E,
Mas o Senhor que te faça bem em chegando os criados de Davi, disse­
troca do que hoje me fizeste. 21E a- ram a Nabal tôdas estas coisas da
gora, porque sei que certissimamen- parte de Davi; e ficaram calados.
te hás de reinar, e que hás de ter 10Respondendo, porém, Nabal aos
na tua mão o reino de Israel, 22jura- criados de Davi, disse: Quem é Da­
me pelo Senhor que não aniquilarás vi? E quem é o filho de Isai? Hoje
a minha geração depois de mim, nem são numerosos os servos que fogem
extinguiras o meu nome da casa de aos seus senhores. “ Pegarei eu por­
meu pai. 23E Davi assim o jurou a tanto no meu pão, e na minha água,
Saul. Voltou, pois, Saul para sua ca­ e na carne dos animais que matei pa­
sa; e Davi e a sua gente retirou-se a ra os que tosquiam as minhas ove­
lugares mais seguros. lhas, e dá-lo-ei a homens que não sei
donde são? 12Os criados de Davi,
Morte de Samuel pois, retomaram o seu caminho, e,
OC E ntretanto morreu Samuel, e tendo chegado, contaram-lhe tôdas as
palavras que Nabal tinha dito. “ En­
u t odo o Israel se juntou a cho­ tão, Davi disse à sua gente: Cinja ca­
rá-lo, e sepultaram-no na sua casa da um a sua espada. E cingiram to­
em Ramata. E Davi pôs-se em mar­ dos as suas espadas, e cingiu também
cha, e desceu para o deserto de Fa- Davi a sua; e seguiram Davi cêrca
ran. de quatrocentos homens; e ficaram
D avi é ofendido por N a b a l duzentos com a equipagem.
2Ora havia no deserto de Maon um Abigail aplaca D avi
homem, que tinha as suas possessões
no Carmelo; e êste homem era muito 14Mas um dos criados de Nabal no­
rico, e tinha três mil ovelhas, e mil ticiou a Abigail, sua mulher, dizen­
cabras; e sucedeu fazer-se a tosquia do: Sabe que Davi enviou do deser­
do seu gado no Carmelo. 3E o nome to mensageiros, para saudarem o nos­
daquele homem era Nabal, e o nome so amo; e êle os repeliu. 15Êstes ho­
da sua mulher Abigail; e esta mulher mens têm-nos sido muito úteis, e nun­
era muito prudente e formosa; seu ca nos foram molestos; e, enquanto
marido, porém, era um homem duro, vivemos com êles no deserto, nada
e péssimo, e malicioso; e descendia se perdeu. 16Serviam-nos de muro
proceder lrnpiamente; ora eu considero uma impiedade o estender a rn&o contra o ungido
do Senhor, por isso nunca estenderei a mâo contra ti.
25 PRIMEIRO LIVRO DOS REIS 331
tanto de noite como de dia, duran­ 27Portanto aceita esta bênção que a
te todo o tempo que apascentamos tua escrava te trouxe, meu senhor,
entre êles os rebanhos. 17Portanto e reparte dela com os que te seguem,
considera e vê o que deves fazer, por­ meu senhor. 28Perdoa à tua escra­
que uma grande desgraça está para va a iniqüidade, porque certissima-
cair sobre o teu marido e sôbre a tua mente o Senhor estabelecerá em ti,
casa, e êle é um filho de Belial, meu senhor, uma casa estável, por­
(tã o violento) que ninguém se atre­ que tu, meu senhor, combates pelo
ve a falar-lhe. Senhor; não se encontre, pois, culpa
18Apressou-se, pois, Abigail, e to­ em ti durante todos os dias da tua
mou duzentos pães, e dois odres de v i­ vida. 29Porque, se algum dia se le­
nho, e cinco carneiros cozidos, e cin­ vantar alguém para te perseguir e
co medidas de farinha, e cem ca­ buscar a tua vida, a vida do meu
chos de uvas passas, e duzentas pas­ senhor será guardada como no ra­
tas de figos secos, e pôs (tudo) em malhete dos que vivem no Senhor teu
cima de jumentos; 19e disse aos seus Deus; e a alma de teus inimigos se­
criados: Ide adiante de mim, que eu rá agitada como um impetuoso g i­
irei atrás de vós; e não disse nada rar de funda. 30Quando, pois, o Se­
a seu marido Nabal, ^ e n d o , pois, nhor te tiver feito, meu senhor, todos
montado num jumento, e descendo os bens que êle predisse de ti, e te ti­
pelas fraldas do monte, eis que Da­ ver constituído general sôbre Israel,
vi e os seus homens desciam para 31não terás no coração êste pesar, nem
ela; e ela foi-lhes ao encontro. 21E êste remorso, meu senhor, de ter der­
Davi dizia: Em verdade que de nada ramado o sangue inocente, ou de te
me serviu ter guardado tudo o que teres vingado por ti mesmo; e, quan­
êste (hom em ) tinha no deserto, sem do o Senhor tiver feito bem ao meu
que se lhe perdesse nunca coisa algu­ senhor, lembrar-te-ás da tua escrava.
ma do que possuía; e êle me tornou 32E Davi disse a Abigail: Bendito
mal por bem. 22Deus trate com to­ seja o Senhor Deus de Israel, que
do o seu rigor os inimigos de Davi, te enviou hoje ao meu encontro, e
se eu até amanhã deixar viva coisa bendita a tua palavra, 33e bendita és
que lhe pertença, ainda a um dos tu, que me impediste hoje de derra­
que urinam à parede. mar sangue, e vingar-me pela minha
28Mas Abigail, tendo visto Davi, a- mão. 34Doutro modo juro pelo Se­
pressou-se, e desceu do jumento, e nhor Deus de Israel, que me impediu
prostrou-se diante de Davi sôbre o que te não fizesse mal: Se tu não
seu rosto, e fêz-lhe uma profunda re­ viesses logo ao meu encontro, não te-
verência; 24e lançou-se a seus pés, e ria ficado nada com vida desde ho­
disse: Sôbre mim caia, meu senhor, je até amanhã em casa de Nabal,
esta iniqüidade; peço-te que permi­ ainda um dos que urinam à parede.
tas à tua escrava falar aos teus ou­ “ Davi, pois, aceitou da sua mão tu­
vidos, e ouve as palavras da tua ser­ do o que lhe tinha trazido, e disse-
va. 25Não faças caso, te peço, meu se­ lhe: Vai em paz para tua casa; eis
nhor e meu rei, da injustiça de N a­ que ouvi a tua voz e honrei a tua
bal, porque, como o denota o seu presença.
próprio nome, é um insensato, e a lou­ 36E Abigail voltou para Nabal; e
cura está com êle; mas eu, tua es­ eis que êle fazia em sua casa um
crava,'não vi os criados que tu, meu banquete, como um banquete de rei, e
senhor, enviaste. 26Agora, pois, meu o seu coração estava alegre, porque
senhor, viva o Senhor, e viva a tua estava muito embriagado, e ela não
alma, pois que o Senhor te impediu lhe disse uma palavra nem pequena
de derramar sangue, e deteve a tua nem grande até pela manhã. 37Ao
mão; e agora sejam (tão fracos) co­ outro dia muito cedo, quando Nabal
mo Nabal os teus inimigos, e os que tinha já digerido o vinho, sua mu­
procuram fazer mal ao meu senhor. lher contou-lhe tudo o que se tinha
Cap. X X V — 22. Um dos que urinam ã parede. Locução proverbial para indicar
que o extermínio será geral.
332 PRIMEIRO LIVRO DOS REIS 25 - 26
passado, e o seu coração ficou como e Abner, filho de Ner, general das
morto interiormente, e êle tornou-se suas tropas, e Saul que dormia na
(im óv el) como uma pedra. “ E, pas­ tenda, e ao redor dele tôda a sua
sados dez dias, o Senhor feriu Nabal, gente, °Davi disse a Aquimelec He-
e êle morreu. teu, e a Abisai, filho de Sarvia, ir­
"E , tendo Davi ouvido dizer que mão de Joab: Quem descerá comigo
Nabal morrera, disse: Bendito seja ao acampamento de Saul? E Abisai
o Senhor que me vingou da afronta disse: Eu descerei contigo. 7Foram,
que me fêz Nabal, e preservou o seu pois, Davi e Abisai de noite ao povo,
servj do mal, e fez cair a iniqüidade e encontraram Saul, deitado e dor­
de Nabal sôbre a sua cabeça. mindo na sua tenda, e a sua lança
D avi casa com Abigail fixa na terra à sua cabeceira, e Ab-
ner e tôda a sua gente dormindo ao
E Davi enviou mensageiros e falou redor dêle.
a Abigail, para a tomar por sua mu­ 8E Abisai disse a Davi: Deus en­
lher. 40E os mensageiros de Davi, fo ­ tregou-te hoje nas mãos o teu inimi­
ram ter com Abigail ao Carmelo, e go; agora, pois, eu o pregarei à terra
falaram-lhe, dizendo: Davi mandou- com a lança, dum só golpe, e não
nos ter contigo para te tomar por será necessário segundo. °Mas Davi
sua mulher. 41E ela, levantando-se, disse a Abisai: Não o mates, pois
inclinou-se até à terra, e disse: Eis a quem estenderá a sua mão contra
tua serva, que será uma escrava, pa­ o ungido do Senhor, e será inocente?
ra lavar os pés aos criados do meu 10E Davi disse: V iva o Senhor, que, a
senhor. 42E Abigail, levantando-se não ser que o Senhor o mate, ou
depressa, montou no jumento, e fo ­ chegue o dia de sua morte, ou pere­
ram com ela cinco donzelas, criadas ça estando em batalha, (nao m orre­
suas, e seguiu os mensageiros de Da­ r a ); unão permita o Senhor que eu
vi; e tornou-se sua mulher. estenda a minha mão contra o un­
D avi casa com Aquinoão gido do Senhor. Agora, pois, torna
a lança, que está à sua cabeceira, e
43E Davi desposou-se também com o copo da água, e vamo-nos. c o ­
Aquinoão, (que era) de Jezrael; e u- rnou, pois, Davi, a lança e o copo de
ma e outra foi sua mulher. 44Saul água que estava à cabeceira de Saul,
porém, tinha dado sua filha Micol, e foram-se; e não houve ninguém
mulher de Davi, a Falti, filho de Laís, que os visse, nem que ouvisse, ou a-
que era de Galim. cordasse, mas todos dormiam, porque
o Senhor os tinha sepultado num pro­
N ova manifestação da magnanimidade fundo sono.
de D avi
13E, tendo Davi passado à parte
O fj *E os Zifeus foram (novamente) oposta e parado ao longe no alto do
ter com Saul a Gabaa, dizen­ monte, e havendo entre êles grande
do: Eis que Davi está escondido na distância, “ bradou ao povo, e a Ab­
colina de Aquila, que está defronte ner, filho de Ner, dizendo: Não res­
do deserto. 2E Saul levantou-se, e ponderás, Abner? E Abner, respon­
desceu ao deserto de Zif, tomando dendo, disse: Quem és tu que estás
consigo três mil homens escolhidos gritando, e desassossegas o rei? 16E
de Israel, para ir em busca de Davi Davi disse a Abner: Não és tu um
no deserto de Zif. 3E Saul acampou homem (va len te)? E quem há em
em Gabaa, na colina de Aquila, que Israel como tu? Como, pois, não
está defronte do deserto sôbre o ca­ guardaste o rei, teu senhor? Porque
minho; e Davi morava no deserto. alguém do povo entrou ai para ma­
E, vendo que Saul o tinha ido bus­ tar o rei, teu senhor. 16Não é bom
car pelo deserto, 4enviou espias, e isto que fizeste; viva o Senhor, que
soube com tôda a certeza que (Saul) vós mereceis a morte, vós que tão
tinha chegado ali. mal guardastes o vosso amo, o ungido
5E Davi levantou-se caladamente e do Senhor; vêde, pois, agora onde está
foi ao lugar onde estava Saul; e, ten­ a lança do rei, e onde está o copo
do visto o lugar onde Saul dormia, da água, que estava à sua cabeceira.
26 - 27 PRIMEIRO LivR O DOS REIS 333
Saul novamente reconhece a inocência eu fuja, e me salve no país dos F i-
de D avi listeus, para que Saul perca de to­
do as esperanças, e cesse de me bus­
17E Saul reconheceu a voz de Davi, car por tôdas as terras de Israel? Fu­
e disse: Não é esta a tua voz, meu girei portanto das suas mãos. 2E
filho Davi? E Davi disse: Ê a minha Davi levantou-se e foi, com os seus
voz, ó rei, meu senhor. 18E acrescen­ seiscentos homens, para Aquis, filho
tou: P or que motivo persegue o meu de Maoque, rei de Get. 3E Davi ha­
senhor o seu servo? Que flz eu? Ou bitou com Aquis em Get, êle e os
que maldade está na minha mão? seus, cada um com sua fam ília; e
19Ouve, pois, agora, te rogo, ó rei, Davi com as suas duas mulheres, A-
meu senhor, as palavras de teu ser­ quinoão de Jezrael, e Abigail, mulher
vo: Se o Senhor te incita contra que tinha sido de Nabal do Carmelo.
mim, receba êle o perfume do meu 4E Saul foi avisado de que Davi se
sacrifício; se, porém, são os filhos tinha refugiado em Get, e não cuidou
dos homens, malditos sejam diante mais em o buscar.
do Senhor, porque me expulsaram ho­
je, para que eu não habite na he­ 5Davi, porém, disse a Aquis: Se eu
rança do Senhor, dizendo: Vai, ser­ encontrei graça diante dos teus olhos,
ve a deuses estranhos. ^E agora não seja-me dado lugar numa das cida­
seja derramado o meu sangue na ter­ des dêste país, onde eu habite, pois a
ra diante do Senhor, porque o rei de que fim há de residir o teu servo
Israel saiu em busca duma pulga, as­ contigo na cidade real? 'Aquis, pois,
sim como se persegue uma perdiz pe­ deu-lhe naquele dia (a cidade de)
los montes. Siceleg; e deste modo Siceleg tornou-
se dos reis de Judá até ao dia de
21E Saul disse: Pequei; volta, meu hoje. 7E o número de dias que Davi
filho Davi, porque não te tornarei a habitou nas terras dos Filisteus, foi
fazer mal daqui em diante, pois que de quatro meses.
a minha vida foi hoje preciosa aos
teus olhos, porque é manifesto que 8E Davi saía com a sua gente, e fa ­
tenho procedido nèsciamente, e que ziam prêsas sobre Gessuri e Gerzi,
ignorei muitíssimas coisas. “ E, res­ e sôbre os Amalecitas; porque estas
pondendo Davi, disse: Eis a lança do aldeias naquela terra eram antiga­
rei; venha cá um de seus criados, e mente habitadas (p or êstes povos) sô­
leve-a. mO Senhor retribuirá a ca­ bre o caminho de Sur até à terra
da um conforme a sua justiça e fi­ do Egito. 9E Davi assolava todo a-
delidade; porque o Senhor entregou- quêle país, sem deixar com vida nem
te hoje na minha mão, e eu não quis homem nem mulher, e, tirando as o-
estender a minha mão contra o un­ velhas, e os bois, e os jumentos, e os
gido do Senhor. 24E, assim como a camelos, e os vestidos, voltava, e ia
tua vida foi hoje preciosa aos meus para Aquis. 10E Aquis perguntava-
olhos, assim a minha seja preciosa lhe: Para que lado fizeste tu hoje in­
aos olhos do Senhor, e êle me liv re de cursão? Davi respondia: Para a par­
tôda a tribulação. “ Disse, pois, Saul te meridional de Judá, ou para a par­
a Davi: Bendito sejas tu, meu filho te meridional de Jerameel, ou para
Davi; e certamente serás bem suce­ a parte meridional de Ceni. “ Não
dido nas tuas emprêsas, e o teu po­ deixava Davi com vida nem homem
der será grande. Com isto foi Davi nem mulher, nem levava prisioneiro
ao seu caminho, e Saul voltou para algum a Get, dizendo: Não suceda que
sua casa. falem contra nós. Assim fêz Davi;
e foi êste o seu proceder durante to­
Aquis dá a Davi. a cidade de Siceleg: do o tempo que habitou no pais dos
Filisteus. 12Aquis, pois, acreditava em
9 7 *E Davi disse no seu coração: Davi, dizendo: Êle tem feito muito
Por fim, algum dia cairei nas mal a Israel, seu povo, por isso es­
mãos de Saul; não será melhor que tará sempre ao meu serviço.
Cap. X X V I I — 9. E sta guerra de D a v i era justa, visto que Deus tinha pronunciado
sentença de extermínio contra êstes povos.
334 PRIMEIRO LIVRO DOS REIS 28
Os Filisteus armam-se contra Saul de grito, e disse a Saul: Por que
rne enganaste? Tu és Saúl. 13E o
O Q 1Ora sucedeu naquele tempo que rei disse-lhe: Não ternas; que viste
os Filisteus juntaram as suas tu? E a mulher disse a Saul: Vi um
tropas, a fim de se prepararem para deus que subia da terra. 14E Saul
a guerra contra Israel; e Aquis dis­ disse-lhe: Como é a sua figura? Ela
se a D avi: Tem por certo que hás de respondeu: Subiu um homem ancião,
vir comigo à campanha, tu e a tua e êsse envolvido numa capa. E Saul
gente. 2E Davi disse a Aquis: Tu compreendeu que era Samuel, e fêz-
verás agora o que há de fazer o teu lhe uma profunda reverência, e pros-
servo. E Aquis disse a Davi: E eu trou-se por terra. 15Mas Samuel
te constituirei para sempre guarda disse a Saul: Por que me inquietas­
da minha pessoa. 3Ora Samuel ti­ te, fazendo-me vir cá? E Saul res-
nha falecido, e todo o Israel o tinha pondeu-lhe: Eu acho-me no último
chorado, e o tinham sepultado em Ra- apêrto; porque os Filisteus fazem-
mata, sua pátria. E Saul tinha lan­ me guerra, e Deus retirou-se de mim,
çado fora do país os magos e adivi­ e não me quis ouvir nem por pro­
nhos. 4E os Filisteus juntaram-se, e fetas, nem por sonhos; por essa ra­
foram acampar em Sunam; e Saul zão te chamei, para que me indiques
juntou também tôdas as tropas de Is­ o que devo fazer. 16E Samuel disse:
rael, e foi a Gelboé. Para que me interrogas, quando o
A pitonisa de Endor evoca Samuel Senhor se afastou de ti, e passou pa­
ra o teu rival? "Porque o Senhor te
5E, vendo Saul o exército dos F i- tratará como eu te disse da sua par­
listeus, teve mêdo, e o seu coração te, e arrancará o teu reino da tua
intimidou-se sobremaneira. °E con­ mão, e o dará a Davi, teu parente.
sultou o Senhor, o qual não lhe res­ 18Porque tu não obedeceste à lei do
pondeu nem por sonhos, nem por sa­ Senhor, nem executaste o decreto da
cerdotes, nem por profetas. 7E Saul sua ira contra os Amalecitas; por is­
disse aos seus servos: Buscai-me u- so te fêz hoje o Senhor aquilo que
ma mulher que tenha o espírito de padeces. 19E o Senhor entregará con­
Piton, e eu irei ter com ela, e a con­ tigo também Israel, nas mãos dos F i­
sultarei. E os seus servos disseram- listeus; e amanhã tu e os teus filhos
lhe: Em Endor há uma mulher que estareis comigo: e o Senhor entrega­
tem o espírito de Piton. rá também nas mãos dos Filisteus
8Saul, pois; disfarçou-se, e tomou o acampamento de Israel. “ E ime­
outros vestidos, e partiu êle e dois diatamente Saul caiu estendido por
homens com êle, e chegaram de noi­ terra, porque se espantou às pala­
te à casa da mulher, e disse-lhe: vras dé Samuel, e estava sem forças,
Adivinha-me pelo espírito de Piton, porque não tinha comido nada todo
e faze-me aparecer quem eu te dis­ aquêle dia.
ser. 9E a mulher respondeu-lhe: Tu 21Estando Saul assim turbado, foi
bem sabes tudo o que fêz Saul, e aquela mulher ter com êle, e disse-
como exterminou do país os magos e lhe: Eis que a tua escrava obedeceu
os adivinhos; por que armas, pois, à tua voz, e expus a minha vida (por
ciladas à minha vida, para me ma­ ti), e ouvi as palavras que me disses­
tarem? 10E Saul jurou-lhe pelo Se­ te. 220uve, pois, agora, também a voz
nhor, dizendo: Viva o Senhor, que da tua escrava, e pôr-te-ei diante um
disto não te virá mal algum. UE a bocado de pão para que, comendo-o,
mulher disse-lhe: Quem queres tu que recobres forças, e possas fazer a tua
te apareça? Saul disse: Faze-me apa­ viagem. 23Mas êle recusou, e disse:
recer Samuel. 12E a mulher, tendo Não comerei. Porém, os seus servos
visto aparecer Samuel, deu um gran- e a mulher constrangeram-no, e ten­
Cap. X X V I I I — 2. Tu verás a g o ra ... D avi, que não queria combater contra o seu
rei e o seu povo, usa aqui de p alavras am bíguas. T al modo de proceder não é em tudo
conforme as regras da moral.
7. O espírito de Piton, isto é, o espírito de Apoio, divindade célebre entre os gentios
por causa dos seus oráculos.
28 - 30 PRIMEIRO LIVRO DOS REIS 335
do enfim cedido a seus rogos, levan­ o dia em que eu te apareci até êste
tou-se do chão, e sentou-se num lei­ dia, para que eu não vá combater
to. 240 ra a mulher tinha em casa contra os inimigos do rei, meu se­
um gordo novilho, e apressou-se, e nhor?
matou-o; e, tomando farinha, amas- 9Mas Aquis, respondendo, disse a
sou-a, e cozeu pães âzimos, “ e pôs Davi: Eu sei que és bom aos meus
tudo diante de Saul e dos seus ser­ olhos, como um anjo de Deus, mas
vos. E êles, tendo comido, levanta- os sátrapas dos Filisteus disseram:
ram-se, e caminharam tôda aquela Êle não há de ir conosco à batalha.
noite. 10Por isso levanta-te amanhã pela
D avi é expulso do exército dos
manhã, tu e os servos do teu senhor,
Filisteus
que vieram contigo; e, levantando-
vos de noite, parti logo que principie
9 0 juntaram-se, pois, todos os es- a ralar a aurora. “ Levantou-se, pois,
quadrões dos Filisteus em A- Davi ainda de noite e a sua gente,
fec; e Israel também acampou junto para partirem pela manhã, e volta­
da fonte que havia em Jezrael. 2E rem para o pais dos Filisteus; e os
os sátrapas dos Filisteus marchavam Filisteus marcharam para Jezrael.
à frente das suas tropas, divididas
em companhias de cem e de mil ho­ Siceleg incendiada pelos Amalecitas
mens. Davi, porém, e a sua gente OA JE, tendo, ao terceiro dia, che-
iam na retaguarda com Aquis. gado Davi e os seus a Siceleg,
3E os príncipes dos Filisteus disse­ os Amalecitas tinham pela banda do
ram a Aquis: A que fim vêm aqui meio-dia feito uma incursão sôbre
êsses Hebreus? E Aquis respondeu Siceleg, e tinham-na tomado e quei­
aos príncipes dos Filisteus: Não co­ mado. 2E tinham levado dali cativas
nheceis vós Davi, que foi servo de as mulheres, (e todos os habitantes)
Saul, rei de Israel, e que está em desde o mais pequeno até o maior;
minha companhia há muitos dias, ou e não tinham matado ninguém, mas
antes anos, e no qual nunca encontrei tinham levado tudo consigo, e volta­
coisa que me desagradasse, desde o
dia em que se refugiou junto de vam pelo seu caminho.
mim até hoje? 4Mas os príncipes dos D avi persegue e desbarata os Amalecitas
Filisteus iraram-se contra êle, e dis­
seram-lhe: Vá-se embora êsse ho­ 3Quando, pois, Davi e a sua gente
mem, e deixe-se estar no lugar em chegaram à cidade, e a encontraram
que tu o puseste, e não venha conos­ queimada, e suas mulheres, e seus
co à batalha, não suceda voltar-se filhos e filhas levados cativos, l e ­
contra nós, quando começarmos a vantaram as suas vozes Davi e a gen­
combater; pois como poderá êle a- te que estava com êle, e choraram
placar o seu senhor, senão com as até se lhes esgotarem as lágrimas.
nossas cabeças? “Porventura não é 5Porque também tinham ido cativas
êste aquêle Davi, em cujo louvor as duas mulheres de Davi, Aquinoão
cantavam dançando: de Jezrael, e Abigail, viúva de N a­
Saul matou mil, e Davi dez mil? bal, do Carmelo. °E Davi afligiu-se
°Aquis, pois, chamou Davi, e disse- em extremo, porque o povo queria a-
lhe: Viva o Senhor; tu és justo e pedrejá-lo, estando todos amargura­
bom diante dos meus olhos; e agrada- dos em seu coração por causa de seus
me o teu proceder comigo no acam­ filhos e filhas; mas Davi confortou-
pamento; e não encontrei em ti na­ se no Senhor seu Deus. 7E disse ao
da que me desgostasse, desde o dia sacerdote Abiatar, filho de Aquime-
em que vieste para mim até o dia lec: Traze-me o efod. E Abiatar le­
de hoje; mas tu não agradas aos sá­ vou o efod a Davi, :e Davi consultou
trapas. 7Retim-te, pois, e vai em o Senhor, dizendo: Perseguirei eu ês-
paz, para não ofender os olhos dos tes ladrões, e apanhá-los-ei, ou não? E
sátrapas dos Filisteus. 8E Davi dis­ o Senhor respondeu-lhe: Persegue-
se a Aquis: Pois, que fiz eu, e que os, porque indubitàvelrnente os apa­
encontraste tu no teu servo, desde nharás, e os esbulharás da prêsa.
336 PRIMEIRO LIVRO DOS REIS 30 - 31
°Partiu, pois, Davi e os seiscentos Divisão do espólio
homens que o acompanhavam, e fo ­
ram até à torrente de Besor; e alguns 21Foi, pois, Davi juntar-se com os
que iam cansados fizeram alto. duzentos homens, que de cansados
10Prosseguiu, pois, Davi com quatro­ tinham parado, e não podiam seguir
centos homens, porque duzentos ti­ Davi, e aos quais tinha dado ordem
nham ficado atrás, os quais, estando de ficar junto da Torrente de Be­
muito cansados, não podiam passar a sor; e êles foram ao encontro de
torrente de Besor. Davi e dos que o acompanhavam. E
Davi, ao aproximar-sè dêles, saudou-
“ E encontraram no campo um E- os amigàvelmente. 22Mas todos os
gípcio, e levaram-no a Davi, e de­ malvados e perversos, dentre aquêles
ram-lhe pão a comer, e água a be­ que tinham ido com Davi, começaram
ber, 12e também um pedaço de torta a dizer: Visto que êles não foram
de figos secos,. e dois cachos de uva conosco, não lhes havemos de dar na­
passa. E, depois que comeu, cobrou da da prêsa que tomamos; contente-
alento e recuperou as forças, porque se cada um com reaver sua mulher
havia três dias e três noites que não e filhos; e, logo que os receberem,
tinha comido pão, nem bebido água. vão-se. 23Mas Davi disse: Não fareis
13Disse-lhe então Davi: De quem és assim, meus irmãos, do que o Senhor
tu? e donde (vens) ? e para onde vais? nos entregou; êle nos conservou, e
E êle disse: Eu sou um jovem Egíp­ entregou em nossas mãos êsses la­
cio, escravo dum Amalecita; o meu drões, que se tinham lançado sôbre
senhor, porém, abandonou-me, por­ nós. 24Ninguém dará ouvidos a es­
que adoeci há três dias. 14Porque sa proposta que fazeis; porque tanto
nós fizemos uma irrupção para a ban­ 0 que pelejou, como o que ficou guar­
da meridional de Cereti, e para a dando a bagagem, terão igual parte
banda de Judá, e para o meio-dia de na prêsa, e ela se dividirá igual­
Caleb, e pusemos fogo a Siceleg: 15E mente. 25E isto ficou em pratica
Davi disse-lhe: Poderás tu guiar-me desde aquêle dia, e daí por dian­
até onde está essa quadrilha? Êle te foi estabelecido e decidido, e foi
respondeu: Jura-me por Deus, que como uma lei em Israel até ao dia
me não matarás, e que me não en­ de hoje.
tregarás nas mãos do meu senhor,
e eu te guiarei até onde está essa D avi envia parte do espólio aos
quadrilha. E Davi jurou-lhe. 16Ten- anciãos de Judá, seus partidários
do-o, pois, conduzido, eis que (os A - 26Chegou, pois, Davi a Siceleg, e
malecitas) estavam recostados em da prêsa mandou dons aos anciãos de
terra por todo o campo, comendo e Judá, seus parentes, dizendo: Aceitai
bebendo, e como celebrando um dia esta bênção dos despojos dos inimigos
de festa, por tôda a prêsa e despo- do Senhor. 27(Mandou também) aos
jos que tinham tomado do país dos que viviam em Betel, e aos de Ra-
Filisteus, e do país de Judá. mot para o meio-dia, e aos de Jeter,
17E Davi deu sôbre êles desde a- 28e aos de Aroer, e aos de Sefamot, e
quela tarde até à tarde do outro dia, aos de Estamo, 29e aos de Racal, e
e nenhum dêles escapou, exceto qua­ aos das cidades de Jerameel, e aos das
trocentos jovens, que montaram nos cidades de Ceni, 30e aos de Arama, e
camelos e fugiram. 18Recobrou Da­ aos do lago de Asan, e aos de Atac,
vi, pois, tudo o que os Amalecitas ti­ 8,e aos de Hebron, e a todos os ou­
nham tomado, e libertou as suas duas tros que viviam naqueles lugares em
mulheres. 19E não faltou coisa algu­ que Davi tinha morado com os seus.
ma nem pequena nem grande, assim
Derrota e morte de Saul
de filhos como de filhas, e do des­
pojo; tudo o que tinham apanhado, 01 Entretanto os Filisteus com-
Davi recuperou. 20E tomou todos os batiam contra os Israelitas; e
rebanhos e manadas, e os fêz cami­ os homens de Israel fugiram diante
nhar adiante de si; e disseram: Esta dos Filisteus, e caíram mortos (m u i­
é a prêsa de Davi. tos dêles) no monte de Gelboé. 2E
31 PRIMEIRO LIVRO DOS REIS 337
os Filisteus investiram contra Saul ram as suas cidades, e fugiram; e
e contra os seus filhos, e mataram os Filisteus vieram, e estabeleceram-
Jonatas e Abinadab e Melquisua, fi­ se nelas.
lhos de Saul, 8e todo o pêso do com­ 8E ao outro dia foram os Filisteus
bate caiu sobre Saul, e os frecheiros para despojar os mortos, e encontra­
alcançaram-no, e foi gravemente fe ­ ram Saul e os seus três filhos esten­
rido por êles. 4E Saul disse ao seu didos sôbre o monte de Gelboé. 9E
escudeiro: Desembainha a tua espa­ cortaram a cabeça a Saul, e despo­
da, e atravessa-me com ela, para que jaram-no das armas, e enviaram por
não venham êstes incircuncidados, e tôda a terra dos Filisteus, para que
me tirem a vida escarnecendo de se publicasse esta notícia no templo
mim. Mas o seu escudeiro não o quis dos seus ídolos, e entre os povos.
fazer, porque se apoderou dêle um 10E puseram as armas de Saul no tem­
excessivo terror. P or isso Saul to­ plo de Astarot, e suspenderam o seu
mou a espada, e deixou-se cair so­ corpo no muro de Betsan.
bre ela. bO escudeiro, vendo que nOra, tendo os habitantes de Ja-
Saul estava morto, iançou-se também bes de Galaad ouvido tudo o que os
êle mesmo sôbre a sua espada, e Filisteus tinham feito a Saul, 12saí-
morreu com êle. °Morreu, pois, Saul, ram todos os homens mais valentes,
e os seus três filhos, e o seu escudei­ e marcharam toda a noite, e tiraram
ro, e todos os seus homens naquele o cadáver de Saul e os cadáveres de
dia. 7Ora os Israelitas, que estavam seus filhos do muro de Betsan; e vol­
da banda de além do vale, e além taram para Jabes de Galaad, e ali
do Jordão, vendo que os Israelitas os queimaram; 18e tomaram os seus
tinham fugido, e que tinha sido mor­ ossos, e sepultaram-no no bosque de
to Saul e os seus filhos, abandona­ Jabes, e jejuaram sete dias.

Cap. X X X I — 4. Saul tomou a espada. .. Saul, matando-se, mostrou falta de cora­


gem no meio das adversidades. O suicídio é condenado não só pela religião, mas tam ­
bém pela razão natural.
12. E ali os queimaram, contràriamente ao uso dos Isra e lita s. Procederam assim
com receio de que os Filisteus fôssem retomar os corpos p ara os profanarem mais.
SEGUNDO LIVRO DOS REIS
Um Am alecita anuncia a D avi a “Davi, porém, apanhando os seus
morte de Saul vestidos, os rasgou, e (igualmente)
todos os homens que estavam com
1 sucedeu que, depois da morte de êle. 12E prantearam, e choraram, e
1 Saul, Davi voltou da derrota dos jejuaram até à tarde por causa de
Amalecitas, e esteve dois dias em Si- Saul e de Jônatas, seu filho, e do
celeg. 2E, ao terceiro dia, apareceu povo do Senhor, e da casa de Israel,
um homem, que vinha do campo de porque tinham perecido à espada. 13E
Saul, com o vestido rasgado e a ca­ Davi disse ao jovem que lhe trouxe­
beça coberta de pó; e, logo que che­ ra a notícia: Donde és tu? E êle res­
gou a Davi, prostrou-se com o rosto pondeu-lhe: Sou filho dum homem
em terra, fazendo-lhe uma profun­ estrangeiro Amalecita. 14E Davi dis­
d a reverência. 3E Davi disse-lhe: se-lhe: Como não temeste estender a
Donde vens? E êle respondeu-lhe: mão para matar o ungido do Senhor?
Eu salvei-me do acampamento de Is­ 15E, chamando um dos seus criados,
rael. 4E Davi disse-lhe: O que acon­ disse-lhe: Vem cá, lança-te sôbre êsse
teceu? dize-mo. E êle respondeu: O homem. E êle o feriu, e morreu.
povo fugiu da batalha, e muitos do 16E Davi disse-lhe: O teu sangue
povo caíram mortos, e até Saul e seu (caia) sôbre a tua cabeça porque a tua
filho Jônatas pereceram. 5E Davi própria bôca falou contra tl, dizen­
disse ao jovem que lhe dava esta no­ do: Eu matei o ungido do Senhor.
va: como sabes tu que Saul e Jôna­
Elegia de D avi sôbre a morte de Sau)
tas, seu filho, morreram?
e de Jônatas
6E o jovem, que lhe dava a notí­
cia, respondeu: Fui casualmente ao 17Então Davi compôs este cântico
monte de Gelboé, e encontrei Saul fúnebre sôbre Saul e sôbre Jônatas,
que se apoiava sôbre a sua lança; seu filho. 18(E ordenou que ensinas­
ora as carroças e cavaleiros aproxi­ sem aos filhos de Judá o (cântico
mavam-se dêle. 7E, olhando para chamado do) arco, conforme está es­
trás e vendo-me, chamou-me. E, crito no livro dos Justos). E disse:
tendo-lhe eu respondido: Aqui me Considera, ó Israel, os que morre­
tens; 8perguntou-me: Quem és tu? E ram sôbre os teus altos, cobertos de
eu respondi-lhe: Sou um Amalecita. feridas. 19Os heróis, ó Israel, foram
9E êle disse-me: Lança-te sôbre mim, mortos sôbre os teus montes. Como
e mata-me; porque estou muito an­ caíram os valorosos! 20Não o noticieis
gustiado, e tôda a minha vida es­ em Get, nem o publiqueis nas praças
tá ainda em mim. 10E, lançando-me de Ascalon; para que não se alegrem
sôbre êle, o matei; porque via que as filhas dos Filisteus, e não exultem
êle não podia viver depois da derro­ as filhas dos incircuncidados.
ta; e tomei o diadema que tinha na 21ó montes de Gelboé, nem orva­
cabeça, e o bracelete do braço, e a- lho, nem chuva caia sôbre vós; nem
qui o trouxe a ti, meu senhor. haja campos de (que oferecer) pri-

Cap. I — 3-10. A narração que o Am alecita fa z é, em grande parte, falsa. Espe­


ra v a ser recompensado por D avi, e por isso atribuiu-se o ter morto Saul, seu inimigo.
2 SEGUNDO LIVRO DOS REIS 33»
mícias, porque lá foi lançado por ter­ vossas mãos, e sêde fortes, porque,
ra o escudo dos fortes, o escudo de ainda que tenha morrido Saul, vosso
Saul, como se não tivesse sido un­ senhor, a casa de Judá ungiu-me por
gido com óleo. seu rei.
22Sem sangue de mortos, sem gor­ Isboset constituído rei de Israel
dura de fortes, a seta de Jônatas
nunca voltou para trás, e a espada 8Abner, porém, filho de Ner, gene­
de Saul nunca se retirou em vão. ral do exército de Saul, tomou Is-
“ Saul e Jônatas, amáveis e belos boset, filho de Saul, e levou-o por
na sua vida, também na morte se todo o acampamento, 9e constituiu-o
não separaram. Eram mais ligeiros rei sôbre Galaad, e sôbre Gessuri, e
do que as águias, mais valentes do sôbre Jezrael, e sôbre Efraim, e
que os leões. sôbre Benjamim, e sôbre todo. o Is­
24Filhas de Israel, chorai sôbre rael. “ Isboset, filho de Saul, tinha
Saul, que vos vestia de escarlate en­ quarenta anos, quando começou a
tre as delícias, e que vos dava os or­ reinar em Israel, e reinou dois anos,
namentos de ouro para vosso enfeite. e sq a casa de Judá seguiu Davi.
“ Como foi morto Jônatas sôbre os UE o tempo que Davi permaneceu,
teus montes? Como caíram os fortes reinando em Hebron, sôbre a casa
no combate? de Judá, foi de sete anos e seis meses.
“ Choro por ti, ó meu irmão Jôna­ Guerra entre os partidários de Isboset
tas, o mais gentil, e mais amável que e os de D avi
o amor das mulheres. Eu amava-te 12E Abner, filho de Ner, com a gen­
como uma mãe ama o seu filho único. te de Isboset, filho de Saul, saiu do
27Como caíram os fortes, e perece­ acampamento e foi para Gabaão.
ram as armas guerreiras! 13Mas Joab, filho de Sarvia, e os ho­
D avi é sagrado em Hebron mens de Davi saíram, e encontraram-
se com êles perto da piscina de Ga­
O d e p o is diso Davi consultou o baão. E, tendo-se aproximado, acam­
“ Senhor, dizendo: Irei eu para param uns dum lado da piscina, e
alguma das cidades de Judá? E o Se­ outros do outro lado. 14E Abner dis­
nhor respondeu-lhe: Vai. E Davi dis­ se a Joab: Saiam alguns jovens, e es-
se: Para onde irei? E o Senhor res­ caramucem diante de nós. E Joab
pondeu-lhe: Para Hebron. 2Foi, pois, respondeu: Saiam. 15Levantaram-se,
Davi e as suas duas mulheres, Aqui- pois, e saíram em número de doze de
noão de Jezrael, e Abigail, viúva de Benjamim, por parte de Isboset, fi­
Nabal do Carmelo. 8Levou também lho de Saul, e doze da gente de Da­
Davi a gente que estava com êle, ca­ vi. 16E cada um dêles, tomando pela
da um com a sua família, e ficaram cabeça o seu adversário, enterrou a
morando nas povoações de Hebron. espada no costado do seu contrário,
4E foram os homens de Judá, e ungi­ e morreram (todos) ao mesmo tem­
ram ali Davi, para reinar sôbre a ca­ po; e foi dado àquele lugar o nome
sa de Judá. E noticiaram a Davi que de Campo dos valentes de Gabaão.
os homens de Jabes de Galaad ti­ 17E seguiu-se uma crua batalha na­
nham sepultado Saul. quele dia, e Abner e os homens de
Agradece aos Jabesitas o terem Israel foram postos em fuga pelas
sepultado Saul tropas de Davi.
Asael é morto por Abner
5Mandou, pois, Davi mensageiros
aos homens de Jabes de Galaad, a di­ 18Ora estavam ali os três filhos de
zer-lhes: Benditos sejais do Senhor, Sarvia, Joab e Abisai, e Asael; e
vós que praticastes esta obra de mi­ Asael era muito ligeiro na carreira,
sericórdia com Saul, vosso senhor, e como uma das cabras monteses, que
o sepultastes. 6E agora o Senhor vos andam pelas selvas. 19E Asael perse­
recompensará certamente segundo a guia Abner, e não declinou nem pa­
sua misericórdia e verdade; e eu ra a direita nem para a esquerda,
também v o s agradecerei por esta correndo incessantemente atrás de
ação que fizestes. 7Cobrem alento as Abner. “ E Abner voltou-se para trás,
340 SEGUNDO LIVRO DOS REIS 2 - 3
e disse: Tu não és Asael? E êle res­ e o enterraram na sepultura de seu
pondeu: Sou eu. 21E Abner disse-lhe: pai em Belém, e marcharam tôda a
Vai para a direita ou para a esquer­ noite Joab e os homens que estavam
da, e apanha algum desses jovens, e com êle, e ao raiar do dia chegaram
toma os seus despojos. Mas Asael a Hebron.
não quis deixar de o perseguir. 22E A fam ília de D avi aumenta
Abner disse outra vez a Asael: R eti­
ra-te, não me sigas, para que eu não 3 ^ o u ve , pois, uma longa guerra
m e veja obrigado a atravessar-te, e entre a casa de Saul e a casa
não possa eu mais aparecer diante de Davi, adiantando-se Davi e forti-
de teu irmão Joab. 23Asael desprezou ficando-se cada vez mais, enquanto
ouvi-lo e não quis desviar-se. Então ue a casa de Saúl decaía todos os
Abner feriu-o numa virilha com a ias. 2E nasceram filhos a Davi em
parte inferior da lança, e o atra­ Hebron, e o seu primogênito foi
vessou, e morreu ali mesmo, e todos Amnon, (que teve) de Aqumoão Jez-
os que passavam por aquêle lugar, raelita. 3E depois dêste (tev e ) Que-
em que Asael caíra morto, paravam. leab dc Abigail, viúva de Nabal do
Continuação da guerra
Carmelo; e o terceiro foi Absalão,
filho de Maaca, filha de Tolmai, rei
24Enquanto, porém, Joab e Abisai de Gessur. 4E o quarto foi Adonias,
seguiam Abner, que ia fugindo, pos­ filho de Hagit; e o quinto foi Safa-
se o sol, e chegaram até ao outeiro tia, filho de Abital. 5E o sexto Je-
do aqueduto, que está defronte do va­ traão, filho de Elga, mulher de Da­
le, sobre o caminho do deserto de vi. Êstes (filh os) nasceram a Davi
Gabaão. 25E os filhos de Benjamim em Hebron.
uniram-se com Abner, e, cerrados Discórdias entre Abner e Isboset
num batalhão, fizeram alto no cimo
de um cabeço. °Continuando, pois, a guerra entre
a casa de Saul e a casa de Davi,
Abner e Joab p5em têrmo á guerra Abner, filho de Ner, governava a ca­
26E Abner gritou a Joab, e disse: sa de Saul.
Não se. saciará de sangue a tua es­ 7Ora Saul tinha tido uma mulher
pada senão até ao total extermínio? secundária, chamada Resfa, filha de
Ignoras porventura que é coisa pe­ Aia. E Isboset disse a Abner: 8P or
rigosa a desesperação? Para quando que te juntaste tu à mulher secundá­
guardas dizer ao povo que deixe de ria de meu pai? E êle, em extremo
perseguir seus irmãos? 27E Joab res­ irado por estas palavras de Isboset,
pondeu: Viva o Senhor, se tu tives­ disse: Porventura sou eu (desprezí­
ses falado (antes), desde manhã te- v e l) como a cabeça de um cão, eu
ria cessado o povo de perseguir seus que sou hoje o adversário de Judá,
irmãos. 28Joab, pois, tocou a trombe- que usei de piedade com a casa de
ta, e todo o exército fêz alto, e não Saul, teu pai, e com seus irmãos, e
perseguiram mais Israel, nem trava­ parentes, e que te não entreguei nas
ram combate. mãos de Davi? E tu buscas hoje em
29E Abner, com a sua gente cami­ mim motivo para me argüires a pro­
nharam pela planície toda aquela pósito duma mulher? 9Deus trate a
noite, e passaram o Jordão, e, per­ Abner com tôda a sua severidade, se
corrido todo o país de Bet-horon, eu não procurar para Davi o que o
chegaram ao seu acampamento. 30Ora Senhor lhe prometeu com juramen­
Joab, tendo desistido de perseguir to, 10fazendo que o reino seja trans­
Abner, voltando para trás, juntou to­ ferido da casa de Saul e que o tro­
do o povo, e da gente de Davi falta­ no de Davi seja elevado sôbre Is­
ram dezenove homens sem contar rael e sôbre Judá, desde Dan até
Asael. 31Mas os soldados de Davi ti­ Bersabée. 11E (Isboset) não lhe pôde
nham ferido dos de Benjamim e dos responder coisa alguma, porque o
que estavam com Abner trezentos e temia.
Abner trata com D avi
setenta homens, que também morre­
ram. 82E tomaram (o corpo de) Asael, 12Abner enviou, pois, mensageiros
3 SEGUNDO LIVRO DOS REIS 341
a Davi, que da sua parte lhe disses­ o rei, e disse: Que fizeste? Abner
sem: A quem pertence o país? E que acaba de vir ter contigo; por que o
acrescentassem: Faze amizade comi­ despediste e o deixaste retirar? 25Tu
go, e eu te servirei, e reduzirei ao não sabes que Abner, filho de Ner,
teu mando todo o Israel. 13Davi res­ veio ter contigo para te enganar e
pondeu: ótim o; eu farei amizade saber as tuas saídas e as tuas entra­
contigo, mas peço-te uma coisa, di­ das, e para sondar tudo quanto fa ­
zendo: Não verás a minha face sem zes? 20Retirando-se, pois, Joab de Da­
primeiro me trazeres Micol, filha de vi, enviou mensageiros atrás de
Saul; e dêste modo virás, e me ve­ Abner, e o fêz voltar da cisterna de
rás. 14E Davi enviou mensageiros a Sira, sem Davi o saber. 27E, voltando
Isboset, filho de Saul, dizendo: Res- Abner a Hebron, Joab chamou-o à
titui-me Micol, minha mulher, que parte ao meio da porta para lhe fa­
eu desposei çor ter matado cem Fi- lar traiçoeiramente; e aí mesmo o
listeus. 15Envlou-a, pois, Isboset, e ti- feriu na virilha, e o matou para vin­
rou-a ao seu (segundo) marido, Fal- gar o sangue de Asael, seu irmão.
tiel, filho de Lais. 16E o seu ( segundo) 28Ouvindo Davi o que tinha aconte­
marido a seguia chorando até Bau- cido, disse: Eu e o meu reino para
rim; e Abner disse-lhe: Vai, e volta sempre estou inocente diante do Se­
para trás. E êle voltou. . nhor do sangue de Abner, filho de
17Começou também Abner a tratar Ner. êle caia sôbre a cabeça de
com os anciãos de Israel, dizendo: Joab, e sôbre tôda a casa de seu pai, e
Muito tempo há que vós desejáveis nunca falte na casa de Joab quem
que Davi reinasse sobre vós. 18Fazei- padeça de gonorréia, e quem seja le­
o, pois, agora, porque o Senhor falou proso, e quem pegue no fuso, e quem
a Davi, dizendo: Eu salvarei por seja morto à espada, e quem esteja
meio do meu servo Davi o meu povo privado de pão.
de Israel da mão dos Filisteus e de 30Joab, pols, e Abisai, seu irmão,
todos os seus inimigos. 19E do mesmo mataram Abner, porque êle tinha
modo falou Abner aos de Benjamim. morto (em legitim a defesa) seu ir­
E foi ter com Davi em Hebron para mão Asael na batalha de Gabaão.
lhe dizer tudo o que os de Israel e
todos os de Benjamim tinham re­ D avi chora a morte de Abner
solvido. “ E apresentou-se a Davi em 31E Davi disse a Joab e a todo o
Hebron com vinte homens. E Davi povo, que estava com êle: Rasgai os
deu um banquete a Abner e aos ho­ v o s s o s vestidos, e cobrí-vos de saco,
mens que tinham ido com êle. aE e chorai nos funerais de Abner; e o
Abner disse a Davi: Eu irei para reu­ rei Davi ia seguindo o féretro. 32E f
nir a ti, meu senhor e rei, todo o logo que sepultaram Abner em He­
Israel, e farei aliánça contigo, para bron, o rei Davi levantou a voz, e
que reines sôbre todos, corno deseja chorou sôbre a sepultura de Abner, e
o teu coração. chorou também todo o povo. 83E o
Abner é morto por Joab rei, pranteando e chorando Abner,
disse:
Tendo Davi despedido Abner, e Abner não morreu como costumam
tendo-se êste ido em paz, 22chegaram morrer-os covardes. 34As tuas mãos
logo os homens de Davi e Joab, os não foram atadas, nem os teus pés
quais, tendo matado uns ladrões, tra­ carregados de grilhões, mas tu caíste
ziam uma grande prêsa. Abner, po­ como se cai diante dos filhos da ini-
rém, já não estava com Davi em He­ qüidade.
bron, porque o tinha despedido, e êle E todo o povo, repetindo o mesmo,
tinha-se retirado em paz. 23E Joab, chorou sôbre êle.
e todo o exército, que estava com êle, 35E,. tendo ido tôda a gente para
chegaram depois; não faltou, porém, comer com Davi, sendo ainda dia,
quem desse a nova a Joab e lhe dis­ Davi jurou, dizendo: Deus me trate
sesse: Abner, filho de Ner, veio ter com todo o rigor, se eu provar pão
com o rei, e êste o despediu, e êle ou o que quer que seja antes do sol
foi-se em paz. 24E Joab foi ter com posto. 86E todo o povo ouviu, e lhes
342 SEGUNDO LIVRO DOS REIS 3 - 5
areceu bem tudo o que o rei fizera boset a Davi, a Hebron, e disseram
vista de todo o povo. 37E todo o ao rei: Eis a cabeça de Isboset, filho
povo e todo o Israel reconheceu na­ de Saul, teu inimigo, que procurava
quele dia que o rei não tivera parte tirar-te a vida. O Senhor vingou ho­
alguma no assassinato de Abner, fi­ je o rei, meu senhor, de Saul e da
lho de Ner. 38E o rei disse aos seus sua linhagem.
servos: Não sabeis que um príncipe, D avi manda m atar os assassinos
e grandíssimo, caiu hoje em Israel?
30Eu, porém, ainda estou pouco segu­ °Mas Davi, respondendo a Recab e
ro, embora ungido rei; mas êstes ho­ a Baana, seu irmão, filhos de Remon,
mens, filhos de Sarvia, são muito vio­ Berotita, disse-lhes: Viva o Senhor,
lentos para mim. O Senhor dê a que livrou a minha alma de tôda a
quem faz mal segundo a sua malícia. angústia: 10Aquêle que me anunciou,
Assassínio de Isboset e disse: Morreu Saul cuidando que
me trazia uma boa nova, fiz que o
^ ^ r a , ouvindo Isboset, filho de prendessem, e o matassem em Siceleg,
’ Saul, que Abner tinha sido mor­ quando parecia terem merecido alvl-
to em Hebron, perdeu a fôrça de suas çaras pela nova; “ quanto mais agora
mãos, e todo o Israel ficou pertur­ que homens malvados mataram um
bado. homem inocente dentro da sua casa,
2Tinha o filho de Saul a seu servi­ sôbre o seu leito, não vingarei eu o
ço dois capitães de ladrões, um dos seu sangue derramado pelas vossas
quais se chamava Baana, e outro Re- mãos, e não vos exterminarei da ter­
cab, filhos de Remon de Berot, da ra? 12E Davi deu ordens aos seus
tribo de Benjamim; porque Berot era criados e êles os mataram, e, cortan­
contada (entre as cidades) de Ben­ do-lhes as mãos e os pés, os pendu­
jamim. 3E os Berotitas tinham fugi­ raram sôbre a piscina de Hebron, e
do para Getaim, e moraram lã como tomaram a cabeça de Isboset, e se-
forasteiros até àquele tempo. pultaram-na no sepulcro de Abner
4Ora Jônatas, filho de Saul, tinha em Hebron.
um filho estropiado dos pés, porque D avi reina sôbre todo o Israel
tinha cinco anos, quando chegou a
Jezrael a nova (da m orte) de Saul e C 2E todas a., tribos de Israel foram
de Jônatas, e por isso sua ama, to- ° ter com Davi a Hebron, dizen­
mando-o, fugiu, e, como se apressasse do: Aqui nos tens, somos teus ossos
em fugir, êle caiu e ficou coxo, e o e tua carne ( porque descendemos
seu nome foi Mifiboset. 5Vindo, pois, todos de Jaco). 2E ainda outrora,
os filhos de Remon, Berotita, Recab quando Saul era rei sôbre nós, eras
e Baana, entrarem em casa de Isbo- tu o qtle conduzias e reconduzias Is­
set no maior calor do dia; êle es­ rael, e o Senhor disse-te: Tu apas­
tava no seu leito dormindo a sesta. E centarás o meu povo de Israel, e se­
a porteira da casa, estando a lim ­ rás o condutor de Israel. 3Foram
par trigo, tinha adormecido. E n ­ também os anciãos de Israel ter com
traram, pois, na casa sem ser senti­ o rei a Hebron, e ali o rei Davi fê z
dos Recab e Baana, seu irmão, le­ aliança com êles diante do Senhor,
vando umas espigas de trigo, e fe ri­ e êles ungiram Davi para rei sôbre
ram Isboset na virilha, e fugiram. Israel. 4Davi tinha trinta anos,
A cabeça de Isboset é levada a D avi quando começou a reinar, e reinou
quarenta anos. 5Reinou em Hebron
7Ora, quando êles entraram em ca­ sete anos e meio sôbre Judá, trinta
sa, Isboset dormia em cima do seu e três anos em Jerusalém sôbre to­
leito no quarto, e, ferindo-o, o ma­ do o Israel e sôbre Judá.
taram, e, cortando-lhe a cabeça, an­ D avi toma a fortaleza de Sião
daram tôda a noite pelo caminho do
deserto. 8E levaram a cabeça de Is­ 6E o rei foi com tôda a gente que
Cap. V — 6. N ão entrarás c á ... Consideravam tão segura a posição da sua cidade,,
que os cegos e os côxos eram suficientes para resistir a Davi.
5 - 6 SEGUNDO LIVRO DOS REIS 343
tinha consigo a Jerusalém, contra os tou, e disse: O Senhor dispersou os
Jebuseus, que moravam naquele terri­ meus inimigos à minha vista, como
tório; e êstes disseram a Davi: Não se dividem as águas. P or isso aquê-
entrarás cá sem que lances fora os le lugar foi chamado B aal Farasim.
cegos e os coxos, os quais estão di­ ME os Filisteus deixaram lá os seus
zendo: Davi não entrará aqui. 7Mas ídolos, os quais Davi e a sua gente
Davi tomou a fortaleza de Sião, que levaram (para queimar).
é a cidade de Davi. 8Porque Davi D avi derrota os Filisteus de
tinha proposto um prêmio a quem G aba a a Gezer
batesse os Jebuseus, e subisse aci­
ma dos telhados, e lançasse fora os 22E os Filisteus voltaram novamen-
cegos e os coxos, que odiavam a al­ te e espalharam-se pelo vale dos R a -
ma de Davi; por isso se diz em pro­ fains. aE Davi consultou o Senhor:
vérbio: Nem cego nem coxo entrarão Irei eu contra os Filisteus, e entre-
no templo. °E Davi habitou na for­ gá-los-ás nas minhas mãos? O Se­
taleza, e chamou-a cidade de Davi; nhor respondeu-lhe: N ão vás direi­
e levantou edifícios ao redor, desde to a êles, mas dá volta por detrás
Melo, e no interior. 10E ia-se forti­ dêles, e irás contra êles por defron­
ficando e crescendo mais e mais, e o te das pereiras. 24E, quando ouvires
Senhor Deus dos exércitos era com o rumor dum que anda por cima das
êle. pereiras, então travarás a batalha;
orque o Senhor marchará então
Grandeza de Davi.
iante de ti, para ferir o acampa­
^Hirão, rei de Tiro, enviou tam ­ mento dos Filisteus. 25Fêz, pois, D a ­
bém mensageiros a Davi, e madeira vi como o Senhor lhe tinha man­
de cedro, e carpinteiros e canteiros dado, e derrotou os Filisteus desde
Para os muros; e edificaram uma ca­ Gabaa até chegar a Gezer.
sa a Davi. 12E Davi reconheceu que A arca é levada p ara a casa de
o Senhor o tinha confirmado rei sobre Obededom
Israel, e que tinha exaltado o seu rei­
no sôbre o seu povo de Israel. fj aE Davi juntou de novo todos os
Mulheres e filhos de D avi u homens escolhidos de Israel, em
número de trinta mil. 2E Davi le-
13E Davi tomou também outras mu­ vantou-se, e partiu com tôda a gen­
lheres de segunda e primeira ordem te da tribo de Judá, que estava
de Jerusalém, depois que veio de H e- com êle, para transportar a arca de
bron; e teve delas outros filhos e fi­ Deus, sôbre a qual é invocado o no­
lhas. 14E êstes são os nomes dos que me do Senhor dos exércitos, que tem
lhe nasceram em Jerusalém: Samua, o seu assento sôbre ela entre os que­
e Sobab, e Natan, e Salomão, 15e Je- rubins. 3E puseram a arca de Deus
babar, e Elisua, e Nefeg, 16e Jafa, e sôbre um carro novo, e levaram-na
Elisama, e Elioda, e Elifalet, da casa de Abinadab, que estava em
D avi derrota os Filisteus em í^abaa. Ora Oza e Aio, filhos de A -
B aal Farasim binadab, conduziam o carro novo. 4E,
tendo-a tirado da casa de Abinadab,
17Ora os Filisteus ouviram dizer que que estava em Gabaa, Aio ia adiante
Davi tinha sido ungido rei sôbre Is­ da aróa guardando a arca de Deus.
rael, e subiram todos em busca de 5Davi, porém, e todo o Israel toca­
Davi. Sabendo isto, Davi retirou-se vam diante do Senhor tôda a casta
a um lugar forte. 1 78*E, indo os Filis- de instrumentos de madeira, e cita­
teus, estenderam-se pelo vale dos Ra- ras, e liras, e tímpanos, e sistros, e
fains. 10E Davi consultou o Senhòr, címbalos.
dizendo: Marcharei contra os Filisteus °Mas, quarído chegaram à eira de
e entregar-mos-ás tu nas minhas Nacon, Oza estendeu a mão para a
mãos? E o Senhor respondeu a D a ­ arca de Deus, e susteve-a, porque os
vi: Vai, que eu entregarei e porei os bois escoicinhavam, e tinharn-na fei­
Filisteus nas tuas mãos. 20*Foi, pois, to pender. 7E o Senhor indignou-se
Davi a Baal Farasim, e aí os derro­ muito contra O^a, e feriu-o pela sua
344 SEGUNDO LIVRO DOS REIS 6 - 7
temeridade; e caiu morto ali mesmo 20Retirou-se também Davi à sua ca­
junto da arca de Deus. 8E Davi con- sa, para a abençoar; e Micol, filha de
tristou-se, porque o Senhor tinha fe­ Saul, tendo saído ao encontro de D a ­
rido Oza; e aquêle lugar ficou-se vi, disse: Que bela figura fêz hoje
chamando até ao dia de hoje: Casti­ o rei de Israel, despindo-se (das suas
go de Oza. 9E Davi temeu o Senhor insígnias) diante das escravas de
naquele dia, dizendo: Como entrará seus vassalos, e desnudando-se como
a arca do Senhor em minha casa? 10E faria um chocarreiro! 21E Davi disse
não quis que levassem a arca do Se­ a Micol: Diante do Senhor, que me
nhor para sua casa, na cidade de escolheu preferindo-me a teu pai e a
Davi, mas fê-la ir para a casa de tôda a sua família, e que me mandou
Obededom, de Get. UE a arca do que fôsse eu o condutor do povo do
Senhor esteve três meses em casa de Senhor em Israel, 22não só dançarei,
Obededom, de Get; e o Senhor aben­ mas também me farei mais vil do
çoou Obededom e tôda a sua casa. que me tenho feito, e serei humilde
aos meus olhos, e com isto aparece­
A arca é levada para a cidade de D avi rei com mais glória diante das escra­
vas, de que falaste. 23Por esta ra­
12E foi anunciado ao rei Davi que zão Micol, filha de Saul, não teve fi­
o Senhor tinha abençoado Obededom lhos até ao dia da sua morte.
e tudo o que lhe pertencia, por cau­
sa da arca de Deus. Foi, pois, Davi, D avi pensa em edificar um templo a
e levou a arca de Deus da casa de Deus
Obededom para a cidade de Davi, com
grande regozijo; e Davi levava con­ 7 *Ora aconteceu que, estando o rei
sigo sete coros (de músicos) e um ■ estabelecido em sua casa, e ten­
novilho para vítima. 13E, quando os do-lhe o Senhor dado paz por tôdas
ue levavam a arca do Senhor tinham as partes com todos os seus inimi­
ado seis passos, êle imolava um boi gos, Misse êle ao profeta Natan: Tu
e um carneiro. 14E Davi dançava não vês que habito numa casa de ce­
diante do Senhor com tôdas as suas dro, enquanto a arca de Deus está
forças; e estava cingido dum efod posta debaixo dumas peles? 3E N a ­
de linho. 15E Davi e tôda a casa de tan respondeu ao rei: Vai, e faze tu­
Israel conduziam a arca do testa­ do o que tens no coração, porque o
mento do Senhor com júbilo e ao som Senhor é contigo.
de trombetas. 16E, tendo entrado a
Deus promete a D avi um reino eterno
arca do Senhor na cidade de Davi,
Micol, filha de Saul, olhando da ja ­ 4Mas sucedeu, naquela mesma noi­
nela, viu o rei Davi dançando e sal­ te, que o Senhor falou a Natan, di­
tando diante do Senhor; e desprezou- zendo: ‘V ai, e dize ao meu servo D a ­
o em seu coração. vi: Eis o que diz o Senhor: Porven­
"Introduziram, pois, a arca do Se­ tura serás tu que me edificarás uma
nhor, e colocaram-na no seu lugar, no casa para eu habitar? °Porque eu,
meio do tabernáculo, que Davi lhe ti­ desde que tirei da terra do Egito os
nha preparado; e Davi ofereceu ho- filhos de Israel até ao dia de hoje,
locaustos e vítimas pacíficas diante não habitei em nenhuma casa, mas
do Senhor. 18E, tendo acabado de o- tenho caminhado debaixo dum pavi­
ferecer os holocaustos e as vítimas lhão e duma tenda. 7Em todos os
pacíficas, abençoou o povo em nome lugares, por onde passei com todos
do Senhor dos exércitos. 19E distri­ os filhos de Israel, falei eu porven­
buiu a todo o povo de Israel, tanto a tura a algum a das tribos de Israel,,
homens como a mulheres, a cada um a que mandei que pastoreasse o meu
uma torta de pão, e um pedaço de povo de Israel, dizendo: Por que não
carne de vaca assada, e flor de fari­ me edificastes vós uma casa de cedro?
nha frita em azeite; e retirou-se to­ 8Agora, pois, dirás isto ao meu servo
do o, povo cada um para sua casa. Davi: Eis o que diz o Senhor dos e-

Cap. V I — 7. E o Senhor indignou-se, porque Oza, não sendo Levita, tinha violada
a lei que proibia aos leigos, sob pena de morte, tocar na arca (N ú m ., IV , 15).
7 SEGUNDO LIVRO DOS REIS 34ô
xércitos. Eu tirei-te das pastagens, laste também (prometendo a perma­
quando ias seguindo os gados, para nência) da casa de teu servo para
que fôsces o condutor do meu povo de tempos distantes; porque esta é a lei
Israel; 9e por tôda a parte por onde de Adão, ó Senhor Deus. 20Que po­
andaste, estive contigo, e exterminei derá, pois, acrescentar ainda Davi,
diante de ti todos os teus inimigos, e falando contigo? porque tu, ó Senhor
fiz o teu nome tão ilustre como o Deus, conheces o teu servo. “ Por a-
nome dos grandes que há na terra. tenção à tua palavra, e segundo o teu
10E fixarei um lugar ao meu povo coração, fizeste tôdas estas maravi­
de Israel, e o estabelecerei nêle, e aí lhas, até ao ponto de as dares a sa­
habitará, e não será mais perturbado ber ao teu servo. “ P or isso, ó Se­
(se permanecer fiel aos meus precei­ nhor Deus, mostraste a tua grande­
to s ); e os filhos da iniqüidade não za, porque ninguém há semelhante a
tornarão a afligí-lo como dantes, ti, nem há Deus, fora de ti, segundo
“ desde o dia em que eu constituí tudo o que temos ouvido com os nos­
juizes sobre o meu povo de Israel; e sos ouvidos.
eu te darei paz com todos os teus ini­ 23Que nação, pois, há na terra i-
migos; e o Senhor te anuncia (desde gual ao teu povo de Israel, a quem
já ) que te fará uma casa. 12E, quan­ Deus foi resgatar, para o fazer seu
do se completarem os teus dias, e povo, e fazer-se um nome célebre, e
dormires com teus pais, suscitarei de­ operar em seu favor prodígios (tã o)
pois de ti a tua posteridade, que nas­ terríveis, a fim de o tirar da escra­
cerá de ti, e firmarei o seu reino. vidão do Egito, (e a fim de punir a-
“ Êle edificará uma casa em meu no­ quela terra ), o seu povo, e o seu (fa l­
me, e eu estabelecerei para sempre so) deus? 24Porque tu estabeleceste o
o trono de seu reino. 14E eu lhe se­ povo de Israel, para ser eternamen­
rei pai, e êle me será filho; se êle co­ te o teu povo; e tu te fizeste o .seu
meter alguma coisa iníqua, eu o cas­ Deus, ó Senhor Deus. “ Agora, pois,
tigarei com vara de homens, e com ó Senhor Deus, faze que tenha efei­
açoites de filhos de homens. 15Po- to para sempre a palavra que pronun­
rém, não retirarei dêle a minha mi­ ciaste acêrca do teu servo e da sua
sericórdia, corno a retirei de Saul, a casa, e faze como disseste, “ para que
quem expulsei de diante da minha fa ­ o teu nome seja eternamente engran­
ce. 16E a tua casa será estável, e o decido, e se diga: O Senhor dos e-
teu reino se perpetuará diante do teu xércitos é o Deus de Israel. E a
rosto, e o teu trono será firm e para casa de teu servo Davi permanece­
sempre. rá estável diante do Senhor, “ por-
“ Segundo tôdas estas palavras, e ue tu, ó Senhor dos exércitos, Deus
conforme tôda esta visão, assim falou e Israel, revelaste ao ouvido do teu
Natan a Davi. servo, dizendo: Eu te edificarei uma
Oração de D avi casa; por isso o teu servo se ani­
mou a dirigir-te esta prece. “ Agora,
18Entrou, pois, o rei Davi, e sentou- pois, ó Senhor Deus, tu és Deus e as
se diante do Senhor, e disse: Quem tuas palavras serão verdadeiras, por­
sou eu, ó Senhor Deus, e que casa é que tu mesmo prometeste ao teu ser­
a minha, para tu me teres elevado a vo êstes bens. “ Começa, pois, e a-
êste ponto? 19Mas isto mesmo te pa­ bençoa a casa do teu servo, para que
receu pouco, ó Senhor Deus, pois fa- ela subsista para sempre diante de
Cap. V I I — 11. Q u e t e f a r á u r n a c a s a , isto é, que te dará um a fam ília numerosa,
na qual se perpetue o teu reino.
12-16. E sta profecia, no seu sentido imediato, refere-se a Salomão, na pes­
soa do qual está compreendida tôda a descendência de Davi, à qual pertence o M es­
sias. Ê evidentemente ao M essias que N atan se refere quando anuncia um reino eterno
para o filho de D avi, e um t r o n o q u e s e r á f i r m e p a r a s e m p r e . — C o m v a r a d e h o m e n s ,
isto é, com penas temporais; e não como castiguei Saul, a . q u e m e x p u l s e i p a r a s e m p r e
de d ia n te da m in h a fa c e .
19. E s t a é a l e i d e A d ã o , êste é o modo de proceder dos homens, o tratares comigo
fam iliarmente como um homem com outro homem, um amigo com o seu amigo.
346 SEGUNDO LIVRO DOS REIS 7 - 9
ti; porque tu, ó Senhor Deus, é que um grande nome, quando, na volta
falaste, e com a tua bênção será para da conquista da Síria, matou dezoito
sempre bendita a casa do teu servo. mil homens no vale das Salinas. 14E
pôs na Iduméia governadores, e esta­
Algum as guerras e vitórias de D avi beleceu uma guarnição; e tôda a Idu-
méia ficou sujeita a Davi; e o Se­
O TDepois disto Davi derrotou os nhor guardou Davi em tôdas as ex­
° Filisteus, e humilhou-os, e Da­ pedições que fêz.
vi tirou o freio do tributo da mão
dos Filisteus (libertando dêle Israel). Principais oficiais de D avi
2Derrotou também os Moabitas, e (os “ Reinou, pois, Davi sobre todo o
prisioneiros) mediu-os a cordel, fa- Israel; e julgava também e adminis­
zendo-os deitar por terra; e dos dois trava justiça a todo o seu povo. 16Joab,
cordéis de medida, a um destinou porém, filho de Sarvia, era o general
para a morte, a outro para a vida. E dos seus exércitos; e Josafat, filho
ficou Moab sujeito a Davi, pagan­ de Ailude, era seu secretário (ou
do-lhe tributo. cronista). 17E Sadoc, filho de Aqui-
3Davi derrotou também Adarezer, tob, e Aquimelec, filho de Abiatar, e-
filho de Roob, rei de Soba, quando ram pontífices; e Saraias era escri-
marchou para estender os seus do­ ba. 18E Banaias, filho de Jojada,
mínios até ao rio Eufrates. 4E, ten­ mandava nos Cereteus e Feleteus; e
do-lhe tomado Davi mil e setecentos os filhos de Davi eram príncipes.
cavaleiros e vinte mil peões, cortou os
jarretes a todos os cavalos das car­ D avi e Mifiboset
roças; e dêles reservou somente (os
precisos) para cem carroças. 5Vieram O Davi disse: Sabeis se ficou
também os Sírios de Damasco, para * alguém da casa de Saul, para
darem socorro a Adarezer, rei de So­ que eu lhe faça bem poram or de Jô-
ba, e Davi matou vinte e dois mil natas? 2Ora havia um criado da ca­
Sírios. °E Davi pôs guarnição na Sí­ sa de Saul, chamado Siba, que o rei
ria de Damasco; e a Síria foi sub­ chamou à sua presença, e ao qual
metida <a Davi, ficando-lhe tributária; disse: Tu és Siba? E êle respondeu:
e o Senhor guardou Davi em tôdas Sou eu, teu servo. 3E o rei disse:
as expedições a que foi. Porventura ficou alguém da casa de
7E Davi tomou as armas de ouro, Saul, para quem eu possa usar de m i­
que tinham os servos de Adarezer, sericórdia (grande com o) de Deus?
e levou-as para Jerusalém. 8E ‘ de E Siba respondeu ao rei: Ficou ain­
Bete e de Berot, cidades de Adare­ da um filho de Jônatas, aleijado dos
zer, Davi tomou uma prodigiosa pés. 4Onde está êle? disse Davi. E
quantidade de còbre. Siba disse ao rei: Está em Lodabar,
°Mas Tou, rei de Emat, tendo ou­ em casa de Maquir, filho de Amiel.
vido dizer que Davi tinha quebrado 5Mandou, pois, o rei Davi buscá-lo, e
tôdas as forças a Adarezer, 10enviou o fêz trazer de Lodabar, da casa de
Jorão, seu filho, ao rei Davi para o Maquir, filho de Amiel. °E M ifibo­
saudar, dando-lhe os parabéns, e pa­ set, filho de Jônatas, filho de Saul,
ra lhe dar graças por ter vencido e tendo chegado à presença de Davi,
destroçado Adarezer. Porque Tou prostrou-se com o rosto por terra, e
era inimigo de Adarezer, e (Jorã o) rêz-lhe uma profunda reverência. E
levava na sua mão vasos de ouro, de Davi disse: Mifiboset? E êle respon­
prata e de cobre, “ os quais o rei Da­ deu: Aqui tens o teu servo. 7E Da­
vi consagrou também ao Senhor, com vi disse-lhe: Não temas, porque eu
a prata e ouro, que lhe tinha consa­ estou resolvido a fazer-te todo o bem
grado do despojo de tôdas as na­ em atenção a Jônatas, teu pai, e te
ções qu j sujeitara, 12da Síria, e de restituirei todos os bens de Saul, teu
Moab, è dos filhos de Amon, e dos avô, e tu comerás sempre à minha
Filisteus, e de Amalec, com os des- mesa. 8E Mifiboset, inclinando-se
pojos de Adarezer, filho de Roob, rei profundamente, disse: Quem sou eu,
de Soba. teu servo, para tu teres olhado para
“ Adquiriu também Davi para si um cão morto como eu sou?
9 - 10 SEGUNDO LIVRO DOS REIS 347

9Mandou, pois, o rei chamar Siba, rios de Soba, e tomaram dêles a seu
criado de Saul, e disse-lhe; Eu dei sôldo vinte mil homens de pé, e do
Ro filho do teu amo tudo o que per­ rei de Maaca mil homens, e de Is-
tencia a Saul e a toda a sua casa. tob doze mil homens. 7Advertido
10Tu, pois, e teus filhos, e teus servos, disto, Davi mandou Joab (contra e-
cultivar-lhe-ãs as suas terras, e cui­ les) com tôdas as suas tropas. 8E os
darás de subministrar ao filho do teu Amonitas saíram à campanha, e dis­
amo alimentos para que se sustente; puseram o seu exército em batalha
Mifiboset, porém, filho do teu amo, em frente à entrada da porta (da
comerá sempre à minha mesa. Ora cidade); e os Sírios de Soba, e os de
Siba tinha quinze filhos e vinte ser­ Roob, e os de Istob, e os de Maaca
vos. “ E Siba disse ao rei: Confor­ estavam à parte no campo. 9Joab,
me tu mandaste, ó rei, meu senhor, ao pois, vendo que estava preparada ba­
teu servo, assim o fará teu servo. talha contra êle, assim pela frente co­
Quanto a Mifiboset (repetiu D avi) co­ mo pela retaguarda, escolheu entre
merá à minha mesa, como um dos os melhores de Israel, e formou em
filhos do rei. linha de batalha contra os Sírios.
12Ora Mifiboset tinha um filho ain­ 10O resto, porém, do exército entre-
da criança, chamado Mica; e toda a gou-a a seu irmão Abisai, que diri­
parentela da casa de Siba estava ao giu o combate contra os Amonitas.
serviço de Mifiboset. 13Vivia, pois, 11E Joab disse-lhe: Se os Sírios pre­
Mifiboset em Jerusalém, porque to­ valecerem contra mim, virás em meu
dos os dias comia à mesa do rei; e socorro; e se os Amonitas prevalece­
era coxo de ambos os pés. rem contra ti, eu te socorrerei. 12Mos-
tra-te como homem de coragem, e pe­
Guerra contra os Amonitas e os Sírios lejemos pelo nosso povo e pela cida­
1 A Aconteceu depois disto morrer de do nosso Deus; e o Senhor fará
o rei dos Amonitas, e em seu como bem lhe parecer. 13Joab, pois,
lugar reinou Hanon, seu filho. 2E e a gente que estava com êle, travou
Davi disse: Eu mostrarei benevolên­ o combate contra os Sírios, os quais
cia a Hanon, filho de Naas, como seu fugiram logo diante dêle. 14Os A-
pai me mostrou a mim. Enviou, monitas, porém, vendo que os Sírios
pois, Davi embaixadores, para o con­ tinham fugido, fugiram também ê-
solar na morte de seu pai. Mas, les diante de Abisai, e entraram na
quando os enviados de Davi chega­ cidade. E Joab voltou dos filhos- de
ram às terras dos Amonitas, 3os prín­ Amon, e foi para Jerusalém.
cipes dos Amonitas disseram a Hanon, 15Mas os Sírios, vendo que tinham si­
seu senhor: Tu cuidas que é em hon­ do derrotados por Israel, tornaram a
ra de teu pai que Davi te enviou ês- refazer-se. 10E Adarezer mandou vir
tes homens para te consolar, e não os Sírios, que estavam da outra banda
te enviou antes os seus servos para do rio, e conduziu as suas tropas; e
investigarem e reconhecerem a ci­ Sobac, general do exército de Ada­
dade, e para a destruírem? 4Pren- rezer, comandava-as. 17Davi, infor­
deu, pois, Hanon os servos de Da­ mado disto, juntou todo o Israel, e
vi, e mandou-lhes rapar metade da passou o Jordão, e foi até Helan; e
barba, e cortar-lhes metade dos seus os Sírios ordenaram o seu exército
vestidos até cêrca da cintura, e des- contra Davi, e combateram contra
pediu-os. 5Davi, quando isto lhe foi êle. 18Mas os Sírios puseram-se em
referido, enviou ao seu encontro, fuga à vista de Israel, e Davi des­
porque aquêles homens estavam so­ troçou setecentas carroças dos Sírios,
bremaneira envergonhados com a e quarenta mil homens de cavalo, e
afronta, e mandou-lhes dizer: Dei­ feriu Sobac, general do exército, o
xai-vos estar em Jerico, até que qual morreu logo. 19Ora todos os reis
vos cresça a barba, e depois volta­ que tinham ido em auxilio de Adare­
reis. zer, vendo que estavam vencidos pe­
6Considerando, pois, os Amoni- los Israelitas, tiveram mêdo e fugi­
tas que tinham injuriado Davi, man­ ram à vista dos Israelitas, em núme­
daram aos Sírios de Roob, e aos Sí­ ro de cinqüenta e oito mil homens.
348 SEGUNDO LIVRO DOS REIS 10 - 11
E fizeram pazes com os Israelitas, minha casa comer e beber, e dormir
e ficaram-lhes sujeitos, e de então por com minha mulher? Pela tua vida
diante os Sírios não ousaram mais e pela saúde da tua alma (fu ro
dar socorro aos Amonitas. que) não farei tal coisa. 12Dlsse,
pois, Davi a Urias: Fica ainda hoje
Adultério de D avi aqui, e amanhã te enviarei. Urias
ficou em Jerusalém aquele dia e o
I 1 7Ora sucedeu que, tendo decor- seguinte. 13E Davi convidou-o a co­
II rido um ano, no tempo em mer e a beber em sua presença, e
que os reis costumavam ir para a embriagou-o; mas Urias, saindo já
guerra, Davi enviou Joab e os seus de noite, dormiu na sua cama com
oficiais com êle, e todo o (exército os oficiais do seu senhor, e não foi
de) Israel, e destruíram os Amonitas, à sua casa.
e sitiaram Rabat. Davi, porém, ficou
em Jerusalém. 2Enquanto assim pas­ Carta dirigida por D avi a Joab
savam as coisas, sucedeu que, levan-
tando-se Davi de dormir a sesta, “ Chegada, pois, a manhã, Davi es­
pôs-se a passear no terraço do pa­ creveu uma carta a Joab, e enviou-
lácio real, e viu uma mulher que se lha por mão de Urias. 15E tinha es­
estava lavando, defronte do seu ter­ crito na carta: Ponde Urias na fren­
raço; e era uma mulher muito fo r­ te onde for mais rijo o combate, e
mosa. 3Mandou o rei, pois, saber desamparai-o, para cpie seja ferido
quem era aquela mulher. E disse- e morra. 16Joab, pois, tendo sitiado
ram-lhe que era Betsabéia, filha de a cidade, pos Urias defronte do lu­
Elião, mulher de Urias Heteu. ‘En­ gar onde sabia que estavam os ho­
tão Davi mandou mensageiros, e fêz mens mais valentes (dos inim igos).
que lha trouxessem; e, tendo entra­
do Betsabéia, dormiu com ela; e ela Morte de Urias
purificou-se logo da sua imundície; 17E, tendo os homens da cidade fe i­
5e voltou para sua casa, tendo con­ to uma sortida, combatiam contra
cebido. E mandou dizer a Davi: Con- Joab, e morreram alguns do exérci­
cebi. to de Davi, e morreu também Urias
D avi manda chamar Urias Heteu. 18Joab, pois, mandou dizer
a Davi tudo o que se tinha passado
6E Davi mandou dizer a Joab: En­ no combate; 19e ordenou ao mensa­
via-me Urias Heteu. E Joab enviou geiro, dizendo: Depois que tiveres
Urias a Davi. 7E Urias apresentou- acabado de contar ao rei tudo o que
se a Davi, e Davi perguntou-lhe se se passou no combate, “ se vires que
passava bem Joab e o povo, e como êle se indigna, e diz: P or que foste
ia a guerra. 8E Davi disse a Urias: vós combater tão perto dos muros?
Vai para tua casa, e lava os teus pés. Não sabieis que são muitos os dar­
E Urias saiu do- palácio do rei, e dos que se arremessam do alto do
após êle foi-lhe mandado alimento muro? 21Quem matou Abimelec, f i­
da mesa real. °Mas Urias dormiu lho de Jerobaal? Não foi uma mu­
junto da porta do palácio real com lher que do alto da muralha atirou
outros oficiais do seu senhor, e não para cima dêle um pedaço de mó de
foi à sua casa. 10Avisaram disto a moinho, e o matou em Tebes? Por
Davi, dizendo: Urias não foi à sua que vos aproximastes tanto dos mu­
casa. E Davi disse a Urias: Não ros? Tu lhe dirás: Também morreu
vieste tu de uma jornada? Por que o teu servo Urias Heteu.
não foste à tua casa? nE Unas
respondeu a Davi: A arca de Deus, A morte de Urias é anunciada a D avi
e Israel e Judá habitam debaixo de
tendas, e o meu senhor Joab e os 22Partiu, pois, o mensageiro, e foi,
servos do meu senhor dormem so­ e referiu a Davi tudo o que Joab lhe
bre a terra dura, e deveria ir para tinha mandado. ME o mensageiro
Cap. X I — 14-15. V ê-se nestes dois versículos até onde pode levar urna paixão não
reprimida. Davi, sempre inclinado à mansidão, transform a-se num tirano cruel.
11 - 12 SEGUNDO LIVRO DOS REIS U9
disse a Davi: Os inimigos prevalece­ druplo da ovelha, por ter feito dela
ram contra nós, e fizeram uma saí­ o que fêz, e não ter poupado (o po­
da contra o nosso acampamento, mas 7Então Natan disse a Davi:
bre).
nos, dando sôbre êles, os persegui­ Tu és êsse homem. Eis o que diz o
mos até à porta da cidade. 24E os Senhor Deus de Israel: Eu te ungi
frecheiros dirigiram os tiros contra rei sôbre Israel, e te livrei da mão
os teus servos do alto do muro, e de Saul, 8e te dei a casa do teu se­
morreram alguns dos servos do rei, nhor, e pus ao teu dispor as suas
e morreu também Urias Heteu, teu mulheres, e te dei a casa de Israel e
servo. ME Davi disse ao mensagei­ de Judá; e, se isto é pouco, juntar-
ro: Dirás isto a Joab: Não percas -te-ei ainda coisas muito maiores. °Por
por isso o ânimo, porque os sucessos que desprezaste, pois, a palavra do
da guerra são vários; ora perece Senhor, até cometeres o mal diante
um, ora perece outro, aos golpes da de meus olhos? Fizeste perecer à es­
espada; anima os teus soldados, e pada Urias Heteu, e tomaste para
esforça-os contra a cidade, para a tua mulher a que era sua mulher,
destruíres. e mataste-o com a espada dos filhos
D avi torna Betsabéia para sua esposa de Amon. 10Por esta razão não se
apartará jamais a espada da tua ca­
26E a mulher de Urias soube que sa, porque me desprezaste e tomas-
Urias, seu marido, tinha morrido, e te a mulher de Urias Heteu, para ser
chorou por êle. 27E, passado o tem­ tua mulher. J1Eis, pois, o que diz o
po do luto, Davi mandou-a vir para Senhor: Eu suscitarei da tua mesma
o seu palácio, e tomou-a por sua mu­ casa o mal sôbre ti, e tomarei as
lher, e ela deu-lhe à luz um filho. tuas mulheres à tua vista, e dá-las-ei
Mas isto que Davi tinha feito foi a um teu próximo, e êle dormirá com
desagradável aos olhos do Senhor. as tuas mulheres à luz dêste sol.
12Porque tu procedeste ocultamente,
N atan e D avi mas eu farei estas coisas à vista de
todo o Israel, e à luz do sol.
10 *0 Senhor, pois, enviou Na- 13E Davi disse a Natan: Pequei
kLt tan a Davi; e Natan, tendo contra o Senhor. E Natan respondeu
chegado à sua presença, disse-lhe: a Davi: Também o Senhor perdoou
Havia numa cidade (do teu reino) o teu pecado (por ver o teu arrepen­
dois homens, um rico e outro pobre. dim en to); não morrerás. 14Todavia,
20 rico tinha ovelhas e bois em gran­ visto que tu, pelo que fizeste, deste
de número. 30 pobre, porém, não lugar a que os inimigos do Senhor
tinha coisa alguma, senão uma ove- blasfemem, morrerá irremissivelmen-
lhinha, que comprara e criara, e te o filho, que te nasceu (do adulté­
que tinha crescido em sua casa jun- rio).
tamente com seus filhos, comendo 15E Natan voltou para sua casa.
do seu pão, e bebendo do seu mes­
mo copo, e dormindo no seu rega­ Morte do filho de D avi
ço; e êle queria-lhe como se fôsse
uma sua filha. 4Tendo, pois, chega­ E o Senhor feriu (de enfermidade)
do um hóspede à casa do rico, não o menino, que a mulher de Urias ti­
querendo êste tocar nas suas ovelhas nha dado à luz a Davi, e perdeu-se
nem nos seus bois, para dar um ban­ a esperança (de que vivesse) . 18E
quete ao hóspede, que lhe tinha che­ Davi fêz oração ao Senhor pelo me­
gado, tomou a ovelha do pobre, e nino, e jejuou rigorosamente; e, re­
preparou-a para dar de comer ao tirando-se à parte, prostrou-se sôbre a
hóspede que tinha vindo à sua casa. terra. 17E os anciãos da sua casa vie­
5Ora Davi, sumamente indignado ram para o obrigar a levantar-se do
contra tal homem, disse a Natan: V i­ chão; mas êle não o quis fazer, nem
va o Senhor, um homem que tal fêz comeu com êles. 18Ora, aconteceu
é digno de morte. °Pagará o quá­ que, ao sétimo dia, morreu o menino,
Cap. X II — 13. Pequei contra o Senhor. Saul também fêz a mesma confissão, m as
Bem ter em sua alm a o arrependimento de Davi.
350 SEGUNDO LIVRO DOS REIS 12 - 13
e os servos de Davi não ousavam e, depois de ter combatido, a tomou.
dizer-lhe que o menino tinha mor­ 30E tirou da cabeça do rei dos Amo-
rido, porque diziam: Quando o me­ nitas o seu diadema, que pesava um
nino ainda vivia, nós lhe falavamos, talento de ouro, enriquecido de pe­
e êle não queria ouvir-nos; quanto dras preciosíssimas, e foi pôsto na ca­
mais se afligirá êle, se lhe dissermos beça de Davi. E levou da cidade
que o menino morreu? 19Davi, po­ muitíssimos despojos. 31E, levando os
rém, vendo os seus servos a falar em seus moradores, (a uns) mandou
segrêdo, compreendeu que o menino serrar, e (a outros mandou) que pas­
tinha morrido; e disse aos seus cria­ sassem por cima dêles carroças ferra­
dos: Porventura morreu o menino? das, e que os fizessem em pedaços
Êles responderam-lhe: Morreu. ^En­ com cutelos, e os lançassem em for­
tão Davi levantou-se do chão, e la­ nos de cozer tijolo. Assim fêz a tôdas
vou-se, e ungiu-se; e, tendo mudado as cidades dos Amonitas. Em segui­
de vestido, entrou na casa do Senhor da, Davi voltou com todo o exérci­
e o adorou (completamente resigna­ to para Jerusalém.
do) e foi para sua casa, e pediu que
lhe pusessem de comer, e comeu. 21E In cesto de Arnnon
os seus servos disseram-lhe: Como
fizeste assim? Tu jejuaste e choras­ 10 7Ora aconteceu, depois disto,
te pelo menino, quando êle ainda que Amnon, filho de Davi, se
vivia; e agora que morreu, levan- enamorou de Tamar, irmã de Absa-
taste-te, e comeste. 22E (D a vi) res­ lão, filho de Davi, a qual era duma
pondeu: Eu jejuei e chorei pelo me­ rara beleza; 2e apaixonou-se de tal
nino enquanto vivo, porque dizia: modo por ela, que por causa do seu
Quem sabe se talvez o Senhor mo amor caiu doente, porque, sendo ela
dará,, e o menino viva? 23Mas agora virgem, parecia-lhe difícil fazer com
que êle morreu, por que hei de je ­ ela coisa alguma contra a honestida­
juar? Porventura posso eu fazê-lo de. 3Tinha, porém, Amnon um (m au)
ainda viver? Mais irei eu para êle, amigo, homem muito sagaz, chamado
do que êle voltará para mim. Jonadab, filho de Semaa, irmão de
Davi. 4E êste disse a Amnon. Como
Nascimento de Salomão vais tu de dia para dia emagrecen­
do, ó filho do r e i: Por que te não des­
24Depois Davi consolou sua mulher cobres tu comigo? E Amnon disse-lhe:
Betsabéia, e foi dormir com ela, e ela Eu amo Tamar, irmã do meu irmão
gerou um filho, e pôs-lhe o nome de (consanguineo) Absalão. “Respondeu-
Salomão; e o Senhor o amou. “ E lhe Jonadab: Deita-te na tua ca­
enviou o profeta Natan, è deu ao me­ ma, e finge que estás doente; e
nino o nome de Am ável ao Senhor, quando teu pai te vier visitar, dize-
porque o Senhor o amava. lhe: Peço-te que mandes vir aqui
Tomada de R abat minha irmã Tamar, para que me dê
de comer, e me prepare algum pra­
“ Entretanto Joab continuava a to, que eu possa comer da sua mão.
combater contra Rabat dos Amoni- °Deitou-se, pois, Amnon na cama e co­
tas, e atacava a cidade real. 27E Joab meçou a fingir-se doente; e, tendo
enviou mensageiros a Davi, dizendo: ido o rei visitá-lo, disse Amnon ao rei:
Tenho combatido contra Rabat, e a Peço-te que mandes vir minha ir­
cidade das águas está a tomar-se. mã Tamar, para que faça à minha
“ Agora, pois, junta o resto do povo, vista dois pratinhos, que eu coma da
e vem ao sítio da cidade, e toma-a sua mão.
para não suceder que, tendo eu des­ 7Mandou, pois, Davi à casa de T a ­
truído a cidade, se atribua ao meu mar, dizer-lhe: Vem à casa de teu ir­
nome a vitória. “ Juntou, pois, Davi mão Amnon, e faze-lhe alguma coisa
todo o povo, e marchou contra Rabat, de comer. 8E Tam ar foi à casa de
31. A uns mandou serrar, etc. Segundo alguns comentadores, estas palavras podem
interpretar-se no sentido de que os Amonitas receberam o castigo de trabalhos forçados
sendo empregados em fazer serras, cutelos, fornos, etc.
13 SEGUNDO LIVRO DOS- REIS 351
seu irmão Amnon, que estava na ca­ disse-lhe: Porventura teu irmão A m -
ma; e, tomando um pouco de fa ri­ non abusou de ti? Agora, porém, ó
nha, misturou-a, e, adelgaçando-a, co­ minha irmã, cala-te; êle é teu irmão.
zeu à sua vista uns pasteizinhos. °E, Nem se angustie o teu coração por
tomando o que tinha cozido, lançou-o isso. Ficou, pois, Tam ar desolada, em
num prato, e pôs-lho diante, e Amnon casa de seu irmão Absalão. 21E o rei
não quis comer, e disse: Façam sair Davi, tendo ouvido estas coisas, afli-
todos para fora. E, tendo feito sair giu-se muito, mas não quis contristar
todos para fora, 10Amnon disse a T a- o ânimo de Amnon, seu filho, porque
mar: Chega-me cá à alcova essa co­ o amava por ser o seu primogênito.
mida, para que eu a coma da tua 22E Absalão não falou a Amnon nem
mão. Tomou, pois, Tam ar o que tinha mal nem bem, porque Absalão abor­
cozido, e levou-o a seu irmão Amnon recia Amnon, por ter violado sua ir­
à alcova. mã Tamar.
UE, logo que lhe pôs diante o pra­
to, pegou nela, e disse: Vem, minha Vingança de Absalão
irmã, e deita-te comigo. 12Mas ela res- “Dois anos depois aconteceu tos-
pondeu-lhe: Não, meu irmão, não me quiarem-se as ovelhas de Absalão em
faças esta violência, pois que isto não Baalhasor, que é junto de Efraim ; e
é lícito em Israel; não faças tal lou­ Absalão convidou todos os filhos do
cura. 13Porque eu não poderei sofrer rei. 24E foi ter com o rei, e disse-
o meu opróbrio, e tu passarás em lhe: Eis que se tosquiam as ovelhas
Israel por um insensato; mais vale do teu servo; rogo, pois, que venha
que fales ao rei (para me tomar co­ o rei com os seuj criados à casa do
mo espôsa), e êle não me negará a seu servo. 25E o rei disse a Absalão:
ti. 14Porém, Amnon não quis ceder a Não, meu filho, não nos peças que va­
seus rogos, mas, podendo mais do que mos todos, e te sejamos pesados. Ins­
ela, a violentou e desflorou. tando, porém, Absalão, e Davi, não
15E Amnon ganhou-lhe uma extrema condeseendendo, deu-lhe a sua bên­
aversão, de sorte que o ódio que con­ ção. 26E Absalão disse: Se tu não
cebeu contra ela excedia muito o queres vir, suplico-te que ao menos
amor que antes lhe tivera. E Amnon venha conosco meu irmão Amnon. E
disse-lhe: Levanta-te, e vai-te. 10E o rei disse-lhe: N ão é necessário que
ela respondeu-lhe: Êste ultraje que êle vá contigo. “ Mas Absalão ins­
tu agora me fazes, lançando-me fora, tou mais, e Davi deixou ir com êle
é maior do que aquêle que primeiro Amnon e todos os filhos do rei. E A b ­
me fizeste. E Amnon não a quis ou­ salão tinha preparado um banquete
vir; 17antes, chamando um criado que como um banquete real.
o servia, disse-lhe: Deita-a fora da­ “ Ora Absalão tinha dado ordem aos
qui, e fecha a porta nas suas costas. seus criados, dizendo: Estai atentos,
18Tam ar estava vestida duma túnica quando Amnon estiver turbado pelo
talar (de várias côres), porque êste vinho, e eu vos der sinal: Dai nê-
era o traje que costumavam trazer le e matai-o; não tenhais mêdo, por­
as donzelas, filhas do rei. E o cria­ que sou eu quem vo-lo manda: tende
do de Amnon deitou-a fora, e fechou coragem, e sêde homens fortes. “ E
a porta após ela. os criados de Absalão fizeram a A m ­
19E ela, lançando cinzas sôbre a sua non como Absalão lhes tinha ordena-*
cabeça, e rasgando a túnica talar, e nado. E todos os filhos do rei, le­
postas as mãos na cabeça, foi-se dali vantando-se da mesa, montaram ca­
dando gritos. “Absalão, seu irmão, da um na sua mula, e fugiram.

Cap. X I I I — 13. Mais va le . . . Talvez T am ar ignorasse a lei que proibia tais m atri­
mônios (L e v ., X V III, 9; X X , 17); m as é m ais provável que recorresse a êste expediente
para se salvar.
20. Ele é teu irmão, sendo por isso conveniente, para honra da nossa fam ília, que esta
Infâm ia não seja conhecida.
21. A s palavras mas não quis, etc., até o fim do versículo, n&o se encontram no he­
braico. o s críticos, porém, consideram-nas autênticas. D avi, lembrando-se do seu peca­
do. n&o ousou inflingir ao filho a pena de morte, que êle merecia.
352 SEGUNDO LIVRO DOS REIS 12 - 13
30Indo êles ainda no caminho, che­ tais e tais palavras. E Joab pôs-lhe
gou aos ouvidos de Davi o rumor, na bôca tudo o que havia de di­
dizendo: Absalão matou todos os f i­ zer.
lhos do rei, e não ficou dêles nem 4Tendo-se, pois, apresentado ao rei
um só. 31Levantou-se então o rei, esta mulher de Técua, lançou-se por
e rasgou os seus vestidos, e lançou- terra diante dêle, e fêz-lhe uma pro-
se por terra; e todos os seus cria­ í ’ .nda reverência, e disse: Salva-me,
dos, que lhe assistiam, rasgaram ó rei. 6E o rei disse-lhe: Que tens?
(tam bem ) os seus vestidos. 32Mas Jo- E ela respondeu: A i! eu sou uma mu­
nadab, filho de Semaa, irmão de Da­ lher viúva; morreu o meu marido.
vi, tomando a palavra, disse: Não °E a tua serva tinha dois filhos, os
imagine o rei, meu senhor, que fo ­ quais tiveram uma briga no campo
ram mortos todos os seus filhos; só entre si, e não havia ninguém que os
morreu Amnon, porque assim o tinha pudesse apartar; e um feriu o outro,
resolvido fazer Absalão, desde o dia e matou-o. 7E eis que agora tôda a
em que Amnon fêz violência à sua parentela, levantando-se contra a tua
irmã Tamar. "N ão se meta, pois, na serva, diz: Dá-nos êsse que matou o
cabeça ao rei, meu senhor, tal noti­ seu irmão, para o matarmos em cas­
cia que diz: Todos os filhos do rei fo ­ tigo do sangue de seu irmão, a quem
ram mortos; porque só morreu Am ­ matou, e tirarmos do mundo o her­
non, deiro. E assim pretendeu extinguir
F uga de Absalão
a única faísca que me ficou, para
que não se conserve o nome do meu
34Entretanto Absalão fugiu. marido, nem resto algum sôbre a
E eis que, levantando os olhos, o terra.
criado, que estava de sentinela, viu 8E o rei disse à mulher: Vai pa­
uma grande multidão de gente, que ra tua casa, eu darei ordem em teu
vinha por um caminho escuso ao lado fàvor. °A mulher de Técua, porém,
do monte. 3ÕE Jonadab disse ao rei: disse ao rei: Sôbre mim, ó rei, meu
Eis lá vêm os filhos do rei; e suce­ senhor, recaia a culpa, e sôbre a ca­
deu como disse o teu servo. "E , a- sa de meu pai; mas o rei e o seu tro­
cabando êle de falar, apareceram os no sejam inocentes. 10E o rei disse:
filhos do rei, e entrando, levantaram Se alguém te contradisser, traze-o à
a voz e choraram; e o rei e todos os minha presença, e está certa de que
seus servos também choraram com êle te não inquietará mais. nE ela
pranto muito amargo. disse: Recorde-se o rei do Senhor
37Ora Absalão, fugindo, foi para seu Deus, para que se não multipli­
casa de Tolomai, filho de Amiud, rei quem os parentes do morto, para to­
de Gessur. E Davi chorava o seu marem vingança, e de modo algum
filho todos os dias. "E Absalão, ten­ matem o meu filho. Êle respondeu:
do fugido, e refugiando-se em Ges- Viva o Senhor! (ju ro ) que não há de
sur, esteve ali três anos. "E o rei cair no chão um único cabelo do teu
Davi deixou de perseguir Absalão, filho. 12Disse então a mulher: P er­
porque já se tinha consolado da mor­ mite que a tua serva diga uma pa-
te de Amnon. lavra ao rei, meu senhor. E êle dis-
Joab consegue que D avi perdoe
se: Fala.
a Absalão 13E a mulher disse: P or que pen­
saste tu (fazer) uma coisa semelhan­
IA *Ora Joab, filho de Sarvia, ad- te contra o povo de Deus, e por que
vertido que o coração do rei resolveu o rei fazer êste mal, e não
estava inclinado para Absalão, e n ­ faz antes voltar o seu (filh o ) dester­
viou a Técua e fêz vir de lá uma rado? 14Nós todos vamos morrendo,
mulher prudente, e disse-lhe: Finge e corremos pela terra como as águas,
que estás de luto, e toma um vesti­ que não voltam mais; nem Deus quer
do de dó, e não te unjas com óleo, que alguma alma pereça, antes está
para pareceres como uma mulher que sempre disposto a revogar a senten­
chora um morto há muito tempo. 3E ça para que se não perca de todo o
apresentar-te-ás ao rei, e lhe dirás que está abatido. 15Por isso, pois,
14 - 15 SEGUNDO LIVRO DOS REIS 353
é que eu vim dizer esta palavra ao beça não havia nêle defeito algum.
rei, meu senhor, na presença do po­ 2OE quando cortava o cabelo (o que
vo. E a tua serva disse: Falarei fazia uma vez cada ano, porque o in­
ao rei, a ver se dalgum modo consi­ comodava a cabeleira), o cabelo da
go dêle a graça que lhe peço. 16E sua cabeça pesava duzentos siclos, pe­
o rei ouviu-me, e livrou a sua serva lo pêso ordinário. 27Absalão teve três
da mão de todos os que me queriam filhos e uma filha chamada Tamar, de
exterminar a mim e ao meu filho da extrema formosura.
herança (do povo) de Deus. 17Perm i- Entrevista com D avi
te, pols, à tua serva dizer que a pa­
lavra do rei meu senhor (a favor “ E Absalão esteve em Jerusalém
de meu filh o ) se execute (a favor de dois anos, e não viu a face do rei.
Absalão) como um sacrifício (agradá­ ^Mandou, pois, chamar Joab para o
vel a Deus). Porque o rei meu se­ enviar ao rei, mas êle não quis ir.
nhor é como um anjo de Deus, que E, tendo-o mandado chamar segunda
se não move nem por bênçãos nem vêz, e, tendo êle recusado ir, ^disse
or maldições; e por isso também o aos seus servos: Vós sabeis que Joab
enhor teu Deus está contigo. tem um campo junto do meu, que es­
18E, respondendo o rei, disse à mu­ tá semeado de cevada; ide, pois, e
lher: Não me encubras o que te vou lançai-lhe o fogo. Os servos, pois, de
perguntar. E a mulher disse: F a­ Absalão puseram fogo à seara. E, in­
la, o rei, meu senhor. 19E o rei disse: do os servos de Joab ter com seu
Não é verdade que a mão de Joab amo, rasgados os seus vestidos, disse-
anda contigo em tudo isto? Respon­ ram-lhe: Os servos de Absalão puse­
deu a mulher e disse: Por tua vida, ram fogo à parte do teu campo.
ó rei, meu senhor, em nada se apar­ 31E Joab levantou-se, e foi à casa
ta de tudo o que disse o rei meu se­ de Absalão, e disse: P or que puseram
nhor, nem para a direita nem para a os teus servos fogo à minha seara?
esquerda; porque com efeito o teu 82E Absalão respondeu a Joab: Eu
servo Joab é quem me deu esta or­ mandei-te chamar, pedindo-te que
dem, e quem pôs tôdas estas pala­ viesses ter comigo, para te enviar ao
vras na bôca da tua serva. 20Foi o rei a dizer-lhe: Por que vim eu de
teu servo Joab que me mandou ser­ Gessur? Melhor me era estar lá;
vir desta parábola; mas tu, ó rei, meu alcança-me, pois, a graça de ver a fa­
senhor, és sábio como o é um anjo ce do rei; e, se êle se recorda (ainda)
de Deus, para entenderes tudo o que da minha iniqüidade, mande-me ma­
se passa sôbre a terra. tar. “ Então Joab, apresentando-se ao
21E o rei disse a Joab: Eis que eu, rei, contou-lhe tudo; e Absalão foi
aplacado, te concedo o que pedes; vai, chamado, e entrou à presença do rei,
pois, e faze voltar o jovem Absalâo. e prostrou-se com a face por terra
22E Joab, prostrando-se por terra sô- diante dêle, toe o rei beijou Absalão
bre o seu rosto, fêz uma profunda (em sinal de reconciliação com pleta),
reverência, e agradeceu ao rei, e dis­ Absalão procura adquirir popularidade
se: Hoje, ó rel, meu senhor, o teu
servo conheceu que achou graça dian­ 1 £ d e p o is disto mandou Absalão
te dos teus olhos, porque deferiste a 161 aprontar para si carroças e
súplica do teu servo. cavaleiros, e cinqüenta homens, que
Absalão volta a Jerusalém andassem diante dêle. 2E, levantan-
do-se Absalão de manhã, punha-se â
23Partiu, pois, Joab, e foi a Gessur, entrada da porta (da cidade) , e a to­
e conduziu Absalão para Jerusalém. do o que tinha algum negócio e vi­
“ Mas o rei disse: Volte para sua nha pedir justiça ao rei, Absalão cha­
casa; e não viu a face do rei. mava-o a si, e dizia-lhe: De que ci­
Beleza de Absalão dade és tu? E êle respondia: Eu, teu
servo, sou de tal tribo de Israel. 3E
“ Em todo o Israel não havia ho­ Absalão dizia-lhe: As tuas pretensões
mem tão belo, nem tão gentil, como parecem-me razoáveis e justas, mas
Absalão; da planta dos pés até à ca­2 1 não há pessoa constituída pelo rei pa­
12 - B íb lia S agrada
354 SEGUNDO LIVRO DOS REIS 15
ra te ouvir. E Absalão acrescenta­ mulheres secundárias para guardarem
va: 4Oh! quem me dera ser juiz des­ o palácio. 17E, tendo saído o rei e to­
ta terra, para que viessem a mim to­ do o Israel a pé, parou, estando já
dos os que têm negócios, e eu os de­ longe de sua casa; 18e todos os seus
cidisse segundo a justiça! 5Além dis­ servos iam junto dêle. E as legiões
so, quando se aproximava dêle al­ dos Cereteus e Feleteus, e todos os
gum homem para o saudar, estendia Geteus, fortes guerreiros, em núme­
a sua mão, e, abraçando-o, o beija­ ro de seiscentos homens a pé, que o
va. 6E fazia ist ^ com todos os de tinham seguido desde Get, iam a-
Israel, que vinham para que o rei os diante do rei.
ouvisse e julgasse; e (deste modo) 19E o rei disse a Etai Geteu: Por
atraía a si o coração dos homens de que vens tu conosco? Volta, e vai v i­
Israel. ver com o (novo) rei, porque és es­
Conjuração de Absalão trangeiro e saíste da tua terra.
“ Chegaste ontem e hoje serás obri­
7Mas, passados quatro anos, Absa- gado a partir conosco? Quanto a mim
lão disse ao rei Davi: Permite-me que irei para onde devo ir; tu volta, e le­
vá a Hebron para cumprir os votos va contigo os teus irmãos, e o Senhor
ue fiz ao Senhor. 8Porque, quan- usará contigo de misericórdia e de
o o teu servo estava em Gessur da justiça, porque deste mostras da tua
Síria, fêz um voto, dizendo: Se o Se­ gratidão e fidelidade. 21Mas Etai
nhor me reconduzir a Jerusalém, eu respondeu ao rei, dizendo: Viva o Se­
oferecerei um sacrifício ao Senhor. nhor, e viva o rei, meu senhor; em
9E o rei Davi disse-lhe: Vai em paz. qualquer lugar em que tu te encon­
E êle saiu, e foi para Hebron. trares, ó rei, meu senhor, quer seja
“Absalão, porém, enviou emissá­ na morte quer na vida, aí se encon­
rios por tôdas as tribos de Israel, di­ trará o teu servo. 22E Davi disse a
zendo: Logo que ouvirdes o som da Etai: Vem, e passa (o Cedron). E
trorhbeta, dizei: Absalão reina em passou Etai Geteu, e todos os ho­
Hebron. uOra com Absalão foram mens que estavam com êle, e o resto
duzentos homens de Jerusalém, con­ da multidão.
vocados por êle, que o seguiam com 23E todos choravam em alta voz, e
simplicidade de coração, sem nada passava todo o povo; e o rei tam­
saberem dos seus desígnios. 12Absa- bém passava a torrente do Cedron,
lão convidou também Aquitofel, Gi- e todo o povo tomava o caminho que
lonita, conselheiro de Davi, da sua olha para o deserto.
cidade de Gilo. E, quando imolava
as vítimas, fêz-se uma poderosa con­ D avi manda para Jerusalém a arca e
juração, e crescia o número de gen­ o pontífice
te que tomava o partido de Absa-
lão. 24Veio também o pontífice Sadoc,
F u sa de D avi e com êle todos os Levitas, que leva­
vam a arca do Testamento de Deus,
“ Chegou, pois, um mensageiro a e assentaram a arca de Deus; e Abia-
Davi, dizendo: Todo o Israel segue tar subiu até que tivesse passado to-
Absalão de todo o coração. 14E Davi do o povo que tinha saído da cidade.
disse aos seus criados, que estavam 25E o rei disse a Sadoc: Torna a levar
com êle em Jerusalém: Levantai-vos, a arca de Deus para a cidade; se eu
fujamos, porque não poderemos esca­ achar graça diante dos olhos do Se­
par das mãos de Absalão; apressai- nhor, êle me reconduzirá e fará que
vos a sair, não suceda que êle, che­ eu veja a sua arca e o seu taberná-
gando, nos apanhe, e traga sobre nós culo. 26Se êle, porém, me disser: Tu
a ruína, e mande passar a cidade a não me agradas, eu estou pronto, fa ­
fio de espada. 15E os servos do rei ça de mim o que bem lhe parecer.
disseram-lhe: Nós, teus servos, exe­ 27E o rei disse ao pontífice Sadoc: ó
cutaremos de boa vontade tudo o que vidente, volta em paz para a cidade
mandar o rei nosso senhor. com Aquimaas, teu filho, e Jônatas,
“ Saiu, pois, o rei a pé com tôda a filho de Abiatar; êstes vossos dois
sua familia, e deixou dez das suas filhos estejam convosco. MEu vou es­
15 - 16 SEGUNDO LIVRO DOS REIS 355
conder-me nas campinas do deserto, lém, dizendo: Hoje a casa de Israel
até que vós me mandeis novas do es­ me restituirá o reino de meu pai. 4E
tado das coisas. “ Sadoc, pois, e A- o rei disse a Siba: Tudo o que foi de
biatar tornaram a levar para Jeru­ Mifiboset é teu. E Siba respondeu:
salém a arca de Deus e lã ficaram. O que eu desejo, ó rei, meu senhor,
Aquitofel e Cusai
é achar graça diante de ti.
Sernei insulta D avi
^Entretanto Davi ia subindo a en­
costa das Oliveiras, e subiu-a choran­ 5Chegou, pois, o rei Davi até Bau-
do, caminhando com os pés descalços, rim, e eis que saía dali um homem
e a cabeça coberta; e todo o povo, que da parentela da casa de Saul chama­
ia com ele, subia também com a ca­ do Semei, filho de Gera, o qual, sain­
beça coberta e chorando. 31E foi re­ do, o seguia de perto, e o amaldi­
ferido a Davi que Aquitofel também çoava. °E atirava pedras contra Da­
entrava na conjuração de Absalão, e vi e contra todos os servos do rei
Davi diss~: Peço-te, Senhor, que tor­ Davi; ora todo o povo e todos os ho­
nes insensato o conselho de Aquito­ mens de guerra marchavam à direita
fel. 82E, quando Davi subia ao cume e à esquerda do rei. 7E Semei, amal­
do monte, onde devia adorar o Se­ diçoando o rei, dizia assim: Sai, sai,
nhor; eis que vem ao seu encontro homem sangüinário, e homem de Be-
Cusai Araquita, com os vestidos ras­ lial. 80 Senhor te deu (agora) o pa­
gados, e com a cabeça coberta de ter­ go de todo o sangue da casa de Saul,
ra. 38E Davi disse-lhe: Se vieres co­ porquanto lhe usurpaste o reino, e o
migo ser-me-ás pesado; 34mas, se vol­ Senhor o deu na mão do teu filho
tares para a cidade e disseres a Absa- Absalão; e olha como os males te o-
lão: Eu, Ó rei, sou teu servo, eu te primem, porque és um homem san­
servirei a ti, como servi a teu pai, guinário.
então desconcertarás ( em meu favor) 9Então Abisai, filho de Sarvia, dis­
os conselhos de Aquitofel. “ Ora tu se ao rei: P or que amaldiçoa êste cão
tens contigo os sacerdotes Sadoc e morto o rei, meu senhor? Eu vou e
A biatar; e tudo o que ouvires na casa cortar-lhe-ei a cabeça. 10E o rei dis­
do rei, o farás saber aos sacerdotes se : Que importa a mim e a vós, fi­
Sadoc e Abiatar. 36E com êles estão lhos de Sarvia? Deixai que amaldi­
os seus dois filhos, Aquimaas, filho çoe, porque o Senhor lhè permitiu que
de Sadoc, e Jônatas, filho de Abiatar, amaldiçoasse Davi, e quem se atreve­
e por êles me avisareis de tudo o que rá a dizer: Por que fêz êle assim?
ouvirdes. 37E Cusai, amigo de Davi, nE o rei disse a Abisai e a todos os
voltou à cidade, ao mesmo tempo que seus servos: Eis que meu filho, que
Absalão fazia a sua entrada em Je­ eu gerei das minhas entranhas, pro­
rusalém. cura tirar-me a vida; quanto mais a-
gora um filho de Jemini! deixai-o
Siba vai ao encontro de D avi maldizer, conforme a permissão do
1 á{ ^ r a , tendo Davi baixado um Senhor; 12talvez o Senhor olhe para
pouco do alto do monte, saiu- a minha aflição, e me dê bens pelas
lhe ao encontro Siba, criado de Mi- maldições dêste dia. "Entretanto
fiboset, com dois jumentos carregados Davi prosseguia o seu caminho acom­
de duzentos pães, e de cem penduras panhado dos seus. Mas Semei ia pe-
de uvas passas, e de cem camadas lo alto, costeando o monte, defronte
de figos, e de um odre de vinho. 2E dêle, maldizendo-o, e atirando pedras
o rei disse a Siba: Para que é isto? contra êle, e espalhando pó. "Che­
E Siba respondeu: Os jumentos são gou enfim o rei (a Baurim), e com
para montarem nêles os domésticos êle todo o povo, fatigado, e ali des­
do rei; os pães e os figos, para que cansaram.
os comam os teus criados; e o vinho, Absalão em Jerusalém
para beber dêle quem se achar fra ­
co no deserto. 3E o rei disse: Onde “ Entretanto Absalão e todos os do
está o filho do teu senhor? E Siba seu partido entraram em Jerusalém,
respondeu ao rei: Ficou em Jerusa­ e com êle também Aquitofel. 16E
356 SEGUNDO LIVRO DOS REIS 16 - 17
quando Cusai Araquita, amigo de Da­ lhe: Eis o conselho que Aquitofel
vi, se apresentou a Absalão, disse- deu; devemo-lo nós seguir ou não?
lhe: Deus te salve, ó rei, Deus te sal­ Que nos aconselhas tu? 7E Cusai
ve, ó rei. 17E Absalão disse-lhe: É disse a Absalão: Não é bom o conse­
esta a tua gratidão para com o teu lho que Aqpitofel deu esta vez. 8*E
amigo? P or que não foste com o teu Cusai acresdentou mais: Tu sabes que
amigo? 18E Cusai respondeu a Absa- teu pai, e a gente que está com ele,
lão: De nenhuma sorte, porque eu são uns homens valentíssimos, e que
hei de ser daquele a quem o Senhor estão com o coração amargurado, co­
e todo êste povo e todo o Israel es­ mo uma ursa que discorre enfurecida
colheram, e hei de ficar com êle. pelo bosque, por lhe terem roubado
10Além disso, a quem devo eu servir? os cachorrinhos. E além disso teu
Não é ao filho do rei? Como obedecí pai é homem guerreiro, e não se de­
a teu pai, assim te obedecerei a ti morará com a sua gente. T a lv e z a-
também. gora está êle escondido nas cavernas,
“ E Absalão disse a Aquitofel: De­ ou em outro qualquer lugar que te­
liberai entre ambos sôbre o que de­ nha escolhido; se no princípio pere­
vemos fazer. nE Aquitofel disse a cerem algum (dos teus), publicar-se-á
Absalão: Abusa das mulheres secun­ isto, e quem o ouvir dirá: Foi derro­
dárias de teu pai, que êle deixou tado o povo que seguia Absalão. 10*E
para guardarem o palácio, a fim de (ao ouvir isto) os mais fortes, cujos
que, constando por todo o Israel que corações são como de leões, desfale­
fizeste esta afronta a teu pai, se u- cerão de mêdo; porque todo o povo de
nam mais fortemente ao teu partido. Israel sabe que teu pai é valente,Ue
“ Armaram, pois, para Absalão uma que todos os que estão com êle sao
tenda, no terraço, e êle, à vista de to­ esforçados. uO conselho, pois, que
do o Israel, abusou das mulheres se­ me parece acertado, é êste: Junte-
cundárias de seu pai. “ Ora os conse­ se a ti todo o Israel, desde Dan até
lhos que Aquitofel dava naqueles dias Bersabéia, que será inumerável co­
eram considerados como oráculos de mo a areia do mar; e tu estarás no
um Deus; e assim se consideravam meio dêles. 12*E daremos sôbre êle
todos os conselhos de Aquitofel, quer em qualquer lugar em que fôr acha­
uando estava com Davi, quer quan- do; e (sendo tantos) cobrí-lo-emos,
0 estavá com Absalão. como o orvalho costuma cobrir a ter­
ra; e não deixaremos nem um só
Cusai contradiz o conselho homem dos que estão com êle. “ P o ­
de Aquitofel rém, se êle se retirar para alguma ci­
17 TOsse, pois, Aquitofel a Absalão: dade todo o Israel cingirá aquela ci­
19 Farei para mim escolha de do­ dade com cordas, e trazê-la-emos ar­
ze mil homens, e sairei a perseguir rastando até à torrente, para que não
Davi esta noite. 12E, dando sôbre ê- apareça dela nem uma pedrinha.
le (pois que está cansado, e frouxo Davi, avisado por Cusai, passa o Jordão
das mãos), o derrotarei, e, logo que
fugir todo o povo que está com ele, 14E Absalão e todos os anciãos de
matarei o rei abandonado. 3E re­ Israel disseram: O conselho de Cusai
conduzirei todo o povo, como se faz Araquita é melhor do que o conse­
voltar um só homem; pois que tu a lho de Aquitofel. Ora, por disposi­
um só homem buscas; e (m orto êle) ção do Senhor, foi abandonado o útil
todo o povo ficará em paz. 4*E o seu conselho de Aquitofel, para que o Se­
parecer agradou a Absalão e a todos nhor fizesse cair o mal sôbre Absalão.
os anciãos de Israel. 15E Cusai disse aos pontífices Sa-
T o d a v ia Absalão disse: Chamai doc e Abiatar: Dêste e dêste modo
Cusai Araquita e ouçamos também o aconselhou Aquitofel a Absalão e aos
que êle dlz. °E, chegando Cusai à anciãos de Israel; eu o aconselhei
presença de Absalão, Absalão disse- assim e assim. 16Agora, pois, man-
Cap. X V I I — 13. Cingirá aquela cidade com c o rd a s... — Hipérbole para indicar a
fó rç a irresistivel do exército de Absal&o.
17 - 18 SEGUNDO LIVRO DOS REIS 357
dai a toda pressa avisar Davi, dizen­ masa era filho dum homem de Jez-
do-lhe: Não fiques esta noite nas pla- rael, chamado Jetra, que era casado
nícies do deserto, mas passa sem de­ com Abigail, filha de Naás, irmã de
mora à outra banda; não seja que fi- Sarvia, que foi mãe de Joab. “ E Is­
que absorvido o rei e todo o povo que rael acampou com Absalão no pais de
está com êle. 170 ra Jônatas e Aqui- Galaad.
maas estavam esperando junto à fon­ D avi é auxiliado pelo povo da
te de Rogel; e uma escrava foi-lhes Transjordânia
dar o aviso, e êles partiram a dar
parte ao rei Davi; porque não de­ “ E, tendo Davi chegado ao acam­
viam ser vistos, nem entrar na cida­ pamento, Sobi, filho de Naás de Ra-
de. 18Viu-os, todavia, um jovem, e bat dos Amonitas, e Maquir, filho de
avisou Absalão. Mas êles, apressando Am iel de Lodabar, e Berzelai, Galaa-
o passo, entraram em casa dum ho­ dita de Rogelim, “ ofereceram-lhe ca­
mem de Baurim, que tinha uma cis­ mas, e tapetes, e louça de barro, tri­
terna à entrada da casa, dentro da go e cevada, e farinha, e cevada tor­
ual se esconderam. 19E a mulher rada, e favas, e lentilhas, e grãos fr i­
a casa tomou uma coberta, e esten­ tos, “ e mel, e manteiga, ovelhas e
deu-a sôbre a bôca da cisterna co­ novilhos gordos; e deram (tudo isto)
mo quem queria secar cevada pila­ a Davi e ao povo que estava com êle,
da; e assim a coisa ficou oculta. “ E, para que comessem, persuadidos de
tendo chegado àquela casa os ser­ que o povo estaria quebrantado de
vos de Absalão, disseram à mulher: fom e e de sêde no deserto.
Onde estão Aquimaas e Jônatas? E
a mulher respondeu-lhes: Foram-se D avi prepara a batalh a
apressadamente, depois de beberem
um pouco de água. E os que busca­ 18 1^ av*> P °is» tendo *eito resenha
vam, não os tendo encontrado, volta­ 10 da sua gente, nomeou sôbre e-
ram para Jerusalém. aE, logo que se la tribunos e centuriôes. 2E pôs um
retiraram, Aquimaas e Jônatas saí­ têrço das suas tropas sob o mando
ram da cisterna, e, continuando o seu de Joab, e outro têrço sob o mando
caminho, avisaram o rei Davi, e disse­ de Abisai, filho de Sarvia, irmão de
ram: Marchai, e passai depressa o Jcab, e outro têrço sob o mando de
rio, porque Aquitofel deu êste conse­ E tai de Get; e o rei disse ao povo:
lho contra vós. “ Davi, pois, levantou- Eu sairei também convosco. 8Mas o
se e tôda a sua gente que estava com povo respondeu: Não sairás, porque
êle, e passaram o Jordão antes de ainda quando os inimigos nos ponham
amanhecer; e não ficou nem um só, em fuga, não terão isto por uma
que não passasse o rio. grande coisa; e mesmo que morra
metade de nós, não lhes dará isso
Aquitofel suicida-se maior cuidado, porque tu só és consi­
“ Aquitofel, porém, vendo que se derado como dez mil. Logo é me­
não tinha seguido o seu conselho, a- lhor que fiques na cidade para nos
parelhou o seu jumento, e levantou- socorrer. 40 rei disse-lhe: Farei o
se, e foi para sua casa e para a sua que vos parecer bem. E pôs-se o rei
cidade; e, tendo disposto todos os ne­ junto à porta (da cidade); e o povo
gócios da sua casa, enforcou-se, e ia desfilando, formado em esqua­
morreu, e foi sepultado no sepulcro drões de cem e de mil homens.
de seu pai. 5E o rei ordenou a Joab, e a Abi­
sai, e a Etai, dizendo: Poupai-me
A bsalão marcha contra D avi o meu filho Absalão. E todo o povo
ouviu a ordem que o rei dava a to­
“ E Davi chegou aos acampamentos, dos os seus generais em favor de Ab-
e Absalão passou o Jordão, êle e to­ salão.
dos os homens de Israel com êle. “ E Derrota e morte de Absalão
Absalão deu o mando do exército a
Amasa em lugar de Joab. Ora A - 2 4 6Saiu, enfim, o povo à campanha

24. A os acampamentos, isto é, à fortaleza de M aanaim .


358 SEGUNDO LIVRO DOS REIS 18
contra Israel, e deu-se a batalha no não tenho filhos, e êste será uma
bosque de Efraim. 7E ali o povo de memória do meu nome. E deu o
Israel foi derrotado pelo exército de seu nome a êste monumento, o qual
Davi, e naquele dia houve uma gran­ ainda hoje se chama a Mão de Ab-
de mortandade de vinte mil homens. salão.
8E o combate estendeu-se sôbre a su­
perfície de tôda a terra; e foram Anunciam a D avi a vitória de Joab
muito mais os que pereceram (fu ­ e a morte de Absalão
gindo) pelo bosque, do que aquêles
que pereceram à espada naquele dia. 19Ora Aquimaas, filho de Sadoc,
°Ora aconteceu que, indo Absalão disse: Eu irei correndo, e darei ao
montado num macho, se encontrou rei a notícia de que o Senhor lhe fêz
com a gente de Davi; e, tendo en­ justiça (libertando-o) do poder de
trada o macho por baixo dum fron­ seus inimigos. “ Mas Joab disse-lhe:
doso e grande carvalho, se lhe emba­ Não lhe levarás hoje a notícia, mas
raçou a cabeça no carvalho; e, pas­ outro dia; não quero que leves hoje
sando adiante o macho em que ia a notícia, porque morreu o filho do
montado, ficou pendurado entre o rei. 21E Joab disse a Cusi: Par­
céu e a terra. 10E, vendo isto, um te e vai anunciar ao rei o que vis­
homem avisou Joab, dizendo: Eu vi te. Cusi fêz-lhe uma profunda re­
Absalão pendurado num carvalho. verência, e partiu a correr. 22E A -
ME Joab disse ao homem que lhe quimaas, filho de Sadoc, disse nova-
dava esta notícia: Se o viste, por que mente a Joab: Que embaraço há pa­
não o atravessaste com a terra, e eu ra que eu não vá também correndo
te teria dado dez sidos de prata e atrás de Cusi? E Joab respondeu-
um cinto? 12E êle respondeu a Joab: lhe : P or que queres tu correr, ó
Ainda que pusesses nas minhas mãos meu filho? Não serás portador de u-
mil sidos de prata, de nenhuma sor­ ma boa nova. 23E (Aquimaas) res­
te estenderia a minha mão contra pondeu: Que importa, pois, se eu cor­
o filho do rei, porque todos nós ou­ rer? E Joab disse-lhe: Corre. Cor­
vimos a ordem que o rei deu a ti, rendo, pois, Aquimaas por um atalho,
e a Abisai, e a Etai, dizendo: Pou- passou adiante de Cusi. 24Ora Davi
pai-me o meu filho Absalão. 13E se que estava sentado entre as duas por­
eu, com risco da minha vida, tives­ tas, e a sentinela que estava por ci­
se procedido tão temeràriamente, de ma da porta, sôbre a muralha, levan­
nenhum modo isto se poderia ocul­ tando os olhos, viu vir um homem
tar ao rei; e tu mesmo opor-te-ias correndo só. “ E, gritando, disse-o
(ao re i, defendendo-me)1 14E Joab ao rei; e o rei respondeu: Se vem
disse: Não será o que dizes, mas à só, traz alguma boa nova. Mas, a-
tua vista o matarei. Tomou, pois, pressando-se êle, e estando já próxi­
na mão três lanças, e transpassou mo, “ a sentinela descobriu outro ho­
com elas o coração de Absalão; e, mem que corria, e, gritando de cima,
uando êle ainda palpitava pendura- disse: Eu vejo lá v ir correndo outro
o no carvalho, 15correram dez jo ­ homem só. E o rei disse: Também
vens escudeiros de Joab, e a golpes êste traz alguma boa nova. 27E a
o acabaram de matar. sentinela disse: Observo que o modo
de correr do primeiro me parece
16Joab tocou a trombeta, e, que­ ser o correr de Aquimaas, filho de
rendo perdoar a multidão, impediu Sadoc. E o rei disse: É um homem
que a sua gente fôsse no alcance dos de bem, e vem (certam ente) trazer
Israelitas que fugiram. 17E tomaram boas novas.
Absalão, e o lançaram numa grande
cova no bosque, e arremessaram sô- 28E, gritando, Aquimaas, disse ao
bre êle um grandíssimo montão de rei: Deus te guarde, ó rei. E, pros­
pedras; e todos os Israelitas fugiram trado em terra, diante do rei, e fa ­
para as suas tendas. 18Ora Absalão, zendo-lhe uma profunda reverência,
quando ainda vivia, tinha feito levan­ disse: Bendito seja o Senhor, teu
tar para si um monumento no vale Deus, que destroçou os homens que
do rei, porque tinha dito: Eu (já ) se tinham sublevado contra o rei, meu
18 - 19 SEGUNDO LIVRO DOS REIS 359
senhor. 29E o rei disse: Está vivo o contente. 7Agora, pois, levanta-te e
meu filho Absalão? E Aquimaas res­ sai, e, falando, contenta os teus ser­
pondeu-lhe: Quando o teu servo Joab vos, porque eu te juro pelo Senhor
me enviou a ti, que (tam bém ) sou teu que, se não saíres, nem sequer um ho­
servo, ó rei, eu vl um grande tumulto; mem ficará contigo esta noite; e isto
não sei mais nada. 30E o rei disse- será para ti pior do que todos os ma­
lhe: Passa, e espera aqui. Tendo êle les que . têm vindo sôbre ti desde a
passado e estando no seu lugar, 31a- tua mocidade até ao presente.
pareceu Cusi, e, chegando, disse: ó rei 80 rei, pois, levantou-se e sentou-
meu senhor, trago-te uma boa nova, se à porta, e avisou-se todo o povo
porque o Senhor julgou hoje em teu de que o rei estava sentado à por­
favor, libertando-te da mão de todos ta; e tôda a multidão foi apresentar-
aquêles que se sublevaram contra ti. se diante do rei, mas os de Israel fu­
32E o rei disse a Cusi: Está vivo o meu giram para as suas tendas.
filho Absalão? Cusi, respondendo-lhe Prepara-se a volta de D avi a
disse: Assim suceda aos inimigos do Jerusalém
rei, meu senhor, e a todos os que se
sublevam contra êle para o perde­ 9E todo o povo, em tôdas as tribos
rem, como sucedeu àquele jovem. de Israel, discutia, dizendo: O rei li­
33Então o rei, cheio de tristeza, vrou-nos da mão de nossos inimigos,
subiu ao quarto, que estava por ci­ êle mesmo nos salvou do poder dos
ma da porta, e pôs-se a chorar. E, Filisteus, e agora fugiu da sua terra,
andando, dizia assim: Meu filho Ab­ por causa de Absalão. 10Ora Ab­
salão, Absalão, filho meuí Quem me salão, a quem tínhamos ungido por
dera ter morrido por ti, Absalão, meu nosso rei, morreu na batalha; por
filho, filho meu, Absalão! que esperais, e não fazeis voltar o rei?
uO rei Davi, porém, mandou dizer
Joab repreende a D avi por causa de sua ais sacerdotes Sadoc e Abiatar: F a­
excessiva dor lai aos anciãos de Judá, e dizei-lhes:
Por que sois vós os últimos em con­
1 0 JOra noticiaram a Joab que o
vidar o rei que vá para sua casa?
1 u rei chorava e lamentava o seu (Porque tinham chegado ao conheci­
filho. 2E a vitória converteu-se em mento do rei, em sua casa, as pala­
luto naquele dia para todo o povo; vras de todo o Israel). 12Vós sois
porque o povo ouviu dizer naquele meus irmãos, o meu osso e a minha
dia: O rei chora o seu filho. *E o carne; por que sois os últimos em fa ­
povo absteve-se aquêle dia de entrar zer voltar o rei? 13E dizei a Amasa:
na cidade, como costuma abster-se Não és tu o meu osso e a minha car­
um povo derrotado e que foge da ba­ ne? Deus me trate com todo o seu
talha. 4Mas o rei cobriu a cabeça, rigor, se eu te não fizer para sem-
e dizia em alta voz: Filho meu Absa­ re general do meu exército junto
lão, Absalão filho meu, filho meu! minha pessoa, em lugar de Joab.
5Mas Joab, entrando no quarto on­
de estava o rei, disse (com a sua cos­ D avi volta a Jerusalém
tum eira altivez) : Tu hoje cobriste de 14E (deste modo) ganhou o coração
confusão todos os teus servos, que de todos os de Judá, como se fossem
salvaram a tua vida, e a vida de teus um só homem, e mandaram dizer ao
filhos, e de tuas filhas, e a vida de rei: Volta com todos os teus servos.
tuas espôsas, e a vida de tuas mu­ 15E o rei voltou e chegou até ao Jor­
lheres secundarias. 6Amas os que te dão, e todos os de Judá vieram até
aborrecem, e aborreces os que te a- Gálgala, para irem ao encontro do rei
mam, e hoje mostraste que se te não e para o acompanharem na passagem
dá nem dos teus oficiais nem dos do Jordão.
teus criados; e, na verdade, conheci D avi perdoa a Sernei
agora que, se Absalão vivesse e todos
nós fôssemos mortos, então ficarias “ Também Semei, natural de Bau-
29. N ão seis mais nada. A quim aas quer preparar, pouco a pouco, o rei para receber
a triste notícia.
360 SEGUNDO L IV R O ' DOS R EIS 19
rim, filho de Gera, filho de Jemini, morte; porém tu me puseste a mim,
foi a toda à pressa com os de Ju- teu servo, entre os que comem à
dá ao encontro do rei Davi, 17com tua mesa; de que poderei eu, pois,
m il homens de Benjamim, e Siba, ser­ queixar-me com justiça? Ou como
vo da casa de Saul, com quinze filhos poderei eu importunar mais o rei
seus e vinte servos na sua compa­ (com pedidos)? “ E o rei disse-lhe:
nhia, e, metendo-se pelo Jordão dian­ Para que hás de falar mais? O que
te do rei, 18passaram o vau, para fa ­ eu mandei, há de subsistir; tu e Si-
zerem atravessar a fam ília do rei, e ba reparti as possessões. “ E M ifi-
para executarem as suas ordens. Mas boset respondeu ao rei: Fique êle
Semei, filho de Gera, prostrado dian­ muito embora com tudo, uma vez
te do rei, quando êste já tinha pas­ que o rei, meu senhor, voltou em paz
sado o Jordão, 19disse-lhe: N ão cas­ à sua casa.
tigues, meu senhor, a minha malda­ “ Também Berzelai de Galaad, ten­
de, nem te lembres das injúrias do do vindo de Rogelim, acompanhou o
teu servo, meu rei e senhor, no dia rei na passagem do Jordão, pronto a
em que saíste de Jerusalém, nem as segui-lo ainda da outra banda do rio.
conserves, ó rei, no teu coração. “ Ora Berzelai de Galaad era muito
“ Porque eu, teu servo, conheço o meu velho, isto é, de oitenta anos, e êle
1 ceado, e por isso vim hoje o primei­ mesmo tinha provido o rei de víveres,
ro de tôda a casa de José, e saí a re­ quando estava nos arraiais; porque,
ceber o rei, meu senhor. “ Respon­ era um homem muito rico. “ O rei,
dendo, porém, Abisai, filho de Sarvia, pois, disse a Berzelai: Vem comigo,
disse: Porventura bastarão estas pa­ para viveres em minha companhia
lavras para Semei não ser morto, de­ descansado em Jerusalém.
pois de ter amaldiçoado o ungido do 34Más Berzelai disse ao rei : Quan­
Senhor? “ Mas Davi disse: Que tenho tos são os dias dos anos da minha
eu convosco, ó filhos de Sarvia? P or vida, para que eu suba com o rei a
que fazeis hoje comigo o ofício de sa­ Jerusalém? “ Tenho hoje oitenta anos;
tanás (o u tentador)? Então há. de porventura estão os meus sentidos
hoje tirar-se a vida a um Israeli- com vigor para discernir entre o doce
ta? Ignoro eu porventura que hoje e o amargo? ou pode o teu servo per­
fui feito rei sobre Israel? “ E o rei ceber sabor no que come e no que
disse a Semei: Não morrerás. E as­ bebe? ou posso ouvir ainda a voz
sim lho jurou. dos cantores e das cantoras? por que
há de o teu servo servir de pêso ao
M ifiboset vai ao encontro de D avi rei, meu senhor? 36Eu, teu servo,
24Veio também Mifiboset, filho de acompanhar-te-ei ainda um pouco na
Saul, receber o rei, sem ter lavado outra banda do Jordão; porém, não
os pés nem ter feito a barba; e não tenho necessidade de tal mudança.
tinha lavado seus vestidos desde o “ Mas rogo-te que permitas a teu ser­
dia em que o rei tinha saído, até ao vo voltar e m orrer na minha cida­
dia de sua volta em paz. “ E, tendo de, e ser sepultado junto do sepul­
saído ao encontro do rei em Jerusa­ cro de meu pai, e de minha mãe.
lém, o rei disse-lhe: Mifiboset, por Mas aqui está Camaan (m eu filh o e)
que não fôste tu comigo? 28E respon­ teu servo; vá êle contigo, ó meu rei
deu-lhe, dizendo: Meu rei e senhor, e senhor, e faze dêle o que fo r mais
o meu criado desprezou-me, porque do teu agrado.
eu, teu servo, disse-lhe que me apa­ “ E o rei disse-lhe: Venha comigo
relhasse um jumento para montar Camaan, e eu lhe farei tudo o que
nêle, e ir com o rei, pois eu, teu ser­ quiseres, e conceder-te-ei tudo o que
vo, sou coxo. “ E êle, além disto, me pedires. "E , quando todo o po­
acusou-me a mim, teu servo, diante vo e o rei acabaram de passar o
de ti, meu rei e senhor, mas tu, meu Jordão, o rei beijou Berzelai, e aben-
rei e senhor, és como um anjo de çoou-o; e êle voltou para sua casa.
Deus; faze o que bem te parecer. "Passou, pois, o rei a Galgala, e Ca-
“ Porque a casa de meu pai não me­ maan com êle. Ora todo o povo de
receu do rei, meu senhor, senão a Judá tinha acompanhado o rei ao
19 - 20 SEGUNDO LIVRO DOS REIS 361
passar o rio, e só 'se tinha encon­ Amasa para juntar os (soldados) de
trado ali metade do povo de Israel. Judã, mas tardou além do prazo que
Discussão entre os Israelitas e os Judeus
o rei lhe tinha fixado. °E Davi dis­
se a Abisai: Agora Seba, filho de
"P o r isso todos os de Israel, acu­ Bocri, afligir-nos-á multo mais do
dindo junto do rei, disseram-lhe: que Absalão; portanto toma os ser­
Por que se apoderaram de ti os nos­ vos de teu senhor, e vai em seu al­
sos irmãos, os homens de Judã, e cance, não suceda que êle encontre
fizeram passar o Jordão o rei e tô- cidades fortes e nos escape. 7Saíram,
da a gente de Davi com êle? 42E to­ pois, com êle os homens de Joab, e
dos os homens de Judã responderam também os Cereteus e os Feleteus; e
aos homens de Israel: É porque o todos os homens mais valentes de Je­
rei nos toca a nós mais de perto; rusalém saíram para perseguirem
por que vos irais por isso? Porventu­ Seba, filho de Bocri. 8E, quando êles
ra comemos nós alguma coisa do rei, estavam junto da grande pedra, que
ou foram-nos dados alguns presen­ há em Gabaão, saiu-lhes ao encontro
tes? 43E, respondendo os homens Amasa. Ora Joab estava vestido com
de Israel aos de Judã, disseram: Nós uma túnica estreita, que lhe ficava
somos dez vêzes mais do que vós justa ao corpo, e sobre ela levava
para servir o rei, por isso Davi per­ clngida a espada, pendente até às
tence mais a nós do que a vós; por ilhargas, dentro da sua bainha, a
que nos fizestes êste agravo, e não qual tinha sido feita com tal arte,
fomos avisados antes, para fazermos que num momento podia sair e ferir.
voltar o nosso rei? Porém, os homens A m asa é morto por Joab
de Judã responderam mais duramen-
te aos de Israel. 9Disse, pois, Joab a Amasa: A paz
Seba excita- nova revolta seja contigo, meu irmão. E com a
mão direita tomou Amasa pela bar­
O I) 2Ora aconteceu encontrar-se ali ba como para o beijar. 10Ora Amasa
um homem ( malvado, filh o ) não reparou na espada que Joab tra­
de Belial, chamado Seba, filho de Bo- zia, e êste feriu-o num lado, e lan-
cri, da cidade de Jemini; e tocou a çou-lhe por terra os intestinos, e,
trombeta e disse: Nós não temos par­ sem ser necessário segundo golpe,
te alguma com Davi, nem herança caiu morto. E Joab e Abisai, seu ir­
com o filho de Isaí; volta para as mão, marcharam contra Seba, filho
tuas tendas, Israel. 2E todo o Israel de Bocri. “ Entretanto alguns dos
separou-se de Davi, e seguiu Seba, companheiros de Joab, parando jun­
filho de Bocri; mas os de Judã não to ao cadáver de Amasa, disseram:
se separaram do seu rei, desde o Eis aqui quem quis ser general de
Jordão até Jerusalém. Davi, em lugar de Joab.
12E Amasa estava estendido no meio
D avi encarrega Arnasa e Abisai de a
do caminho, todo coberto de sangue.
dominar
Mas um certo homem, vendo que to­
*E o rei, depois que chegou ao do o povo parava a vê-lo, tirou-o
seu paláciq de Jerusalém, tomou as do caminho para o campo, e cobriu-
dez mulheres secundárias, que êle ti­ o com um manto, para os que passa­
nha deixado a guardar (a casa), e vam não pararem junto dêle.
pô-las em clausura, dando-lhes com Joab sitia A bela; morte de Seba
que se alimentassem; e não se che­
gou mais a elas, mas ficaram encer­ “ Quando, pois, foi tirado do cami­
radas, vivendo como viúvas até o dia nho, passaram todos os que iam com
da sua morte. 4E o rei disse a Ama- Joab no alcance de Seba, filho de
sa: Faze-me vir dentro de três dias Bocri. “ Mas êste tinha atravessa­
todos os (soldados) de Judã, e está do tôdas as tribos de Israel até Abe­
presente com êles. 5Partiu, pois, la e Betmaaca, e tinham-se-lhe jun-
Cap. X IX — 41. P or que se apoderaram de t i . . . A tribo de Judâ tinha-se apro'
priado do rei como se êle n&o pertencesse a tôdas as tribos.
362 SEGUNDO L iv R O DOS REIS 20 - 21
tado todos os homens escolhidos. 15Fo- o oráculo do Senhor. E o Senhor
ram, pois, e sitiaram-no em Abela e respondeu-lhe: (Is to aconteceu) por
em Betmaaca, e levantaram trin­ causa de Saul e da sua casa sangüi-
cheiras em volta da cidade, e ficou nária, porque matou os Gabaonitas.
esta sitiada; e tôda a gente que es­ 2E, chamados os Gabaonitas, o rei fa ­
tava com Joab esforçava-se por fa ­ lou com êles. (Deve notar-se que os
zer cair os muros. Gabaonitas não eram dos filhos de Is­
16E uma mulher prudente da cida­ rael, mas uns restos dos Amorreus,
de gritou: Ouvi, ouvi, dizei a Joab: porque os Israelitas tinham-lhes ju ­
Aproxima-te daqui, e eu te falarei. rado (que não lhes tirariam a vida)
17E, tendo-se êle aproximado, disse- mas Saul empreendeu extingui-los
lhe a mulher: Tu és Joab? E êle res­ sob pretexto de zêlo, como para bem
pondeu: Sou. E ela falou-lhe assim: dos filhos de Israel e de Judá).
Ouve as palavras de tua escrava. Êle
respondeu-lhe: Ouço. 18E a mulher Terrível expiação
prosseguiu: Noutro tempo costuma- 3Disse, pois, Davi aos Gabaonitas:
va-se dizer: Os que buscam conselho, Que quereis que eu vos faça? e que
peçam-no a Abela; e assim concluíam satisfação vos darei, para que aben­
os seus negócios. “ Porventura não çoeis a herança do Senhor? 4E os
sou eu a que dou respostas verdadei­ Gabaonitas responderam-lhe: Não é
ras em Israel? E tu queres arruinar nossa pretensão sôbre ouro nem pra­
uma cidade, e destruir uma metrópo­ ta, senão contra Saul e contra a sua
le em Israel? Por que te afadigas tu casa; nem queremos que seja morto
em destruir a herança do Senhor? nenhum homem de Israel. E o rei
20E Joab respondeu, dizendo: Lon­ disse-lhes: Que quereis, pois, que eu
ge, longe de mim que eu tal faça; vos faça? 5E êles responderam ao
eu não venho arruinar nem destruir. rei: Aquêle homem que iniquamente
“ Não é essa a minha intenção, mas nos esmagou e oprimiu, nós o deve­
busco um homem do monte de E- mos exterminar, de tal modo que não
fraim, chamado Seba, filho de Bo- fique da sua linhagem nem um só em
cri, que se levantou contra o rei Da­ todos os limites de Israel. 6Sejam-.
vi; entregai-nos só êste; e retirar-nos- nos dados (ao menos) sete de seus fi­
-emos da cidade. E a mulher disse a lhos, para os crucificarmos diante do
Joab: Agora mesmo te será lançada Senhor, em Gabaa, (pátria) de Saul,
a sua cabeça pelo muro. ue foi noutro tempo o escolhido do
22Ela, pois, foi ter com todo o po­
vo, e falou-lhes sàbiamente; e êles, enhor. E o rei disse: Eu os darei.
cortada a cabeça de Seba, filho de 7E o rei perdoou Mifiboset, filho
Bocri, atiraram-na a Joab; e êle to­ de Jônatas, filho de Saul, por causa
cou a trombeta, e retiraram-se da ci­ do juramento (firm ado em nom e)
dade, cada um para as suas tendas; do Senhor, que tinha sido feito entre
e Joab voltou a Jerusalém e foi ter Davi e Jônatas, filho de Saul. ‘T o ­
com o rei. mou, pois, os dois filhos de Resfa,
filha de Aia, chamados Armoni e M i­
Oficiais de D avi fiboset, os quais ela tinha tido de
23Dêste modo ficou Joab general de Saul; e cinco filhos, que Micol, fi­
todo o exército de Israel, e Banaias, lha de Saul, tinha gerado a Hadriel,
filho de Jojada, comandava os Ce- filho de Berzelai, que era de Mola-
reteus e os Feleteus. 24E Aduram ti; °e entregou-os nas mãos dos Ga-
era superintendente dos tributos; e baonitas, que os crucificaram no mon­
Josafat, filho de Ailud, cronista-mor. te diante do Senhor. Assim acaba­
25E Siva era secretário; Sadoc e A- ram êstes sete homens, mortos todos
biatar, pontífices. 26E Ira de Jair e- juntos nos primeiros dias da ceifa,
ra conselheiro íntimo de Davi. quando se começavam a cegar as
Fome em Israel
cevadas.
10Porém Resfa, filha de Aia, toman­
21 ^ o u v e também no tempo de do um pano de cilício, estendeu-o de­
" 1 Davi uma fome que durou baixo de si, sôbre uma pedra, (e es­
três anos contínuos; e Davi consultou teve a li) desde o princípio da ceifa
2 1 - 22 SEGUNDO LIVRO DOS REIS 363
até que a água do céu caiu sôbre (os “ A quarta guerra foi em Get; nela
cadáveres); e não deixou que as aves se encontrou um homem de grande
os despedaçassem de dia, nem as fe ­ estatura, que tinha seis dedos em ca­
ras de noite. da mão e em cada pé, isto é, vinte e
quatro dedos, e era da raça de A ra­
Sepultura de Saul e de seus filhos fa. 21Êste blasfemou contra Israel;
“ E foi contado a Davi o que tinha mas matou-o Jonatan, filho de Se-
feito Resfa, filha de Aia, mulher maa, irmão de Davi. 22Estes quatro
secundária de Saul. 12E Davi foi, e homens tinham nascido da estirpe de
tomou os ossos de Saul, e os ossos de A rafa em Get, e foram mortos pelas
Jônatas, seu filho (recebendo-os) dos mãos de Davi e da sua gente.
homens de Jabes de Galaad, que os
Cântico de D avi
tinham tirado furtivamente da praça
de Betsan, na qual os Filisteus os ti­ 22 Davi dirigiu ao Senhor as
nham pendurado, quando mataram “ “ palavras dêste cântico, no dia
Saul em Gelboé. 13E Davi transpor­ em que o Senhor o livrou da mão de
tou dali os ossos de Saul, e os ossos de todos os seus inimigos, e da mão de
Jônatas, seu filho; e tendo feito jun- Saul. 2E disse:
tar os o s s o s dos que tinham sido cru­ O Senhor é o meu rochedo e a mi­
cificados, 14sepultaram-nos com os os­ nha fortaleza e o meu Salvador. 3Deus
sos de Saul e de Jônatas, seu filho, é a minha defesa, nêle esperarei. Ê
na terra de Benjamim, a um lado o meu escudo e o sustentáculo da mi­
do sepulcro de Cis, seu pai. E cum­ nha salvação. Êle me exalta e é o
priram tôdas as ordens do rei, e, de­ meu refúgio, ó meu Salvador, tu
pois disto, Deus aplacou-se com a me livrarás da iniqüidade.
terra. 4Eu invocarei o Senhor digno de
Guerra contra os Filisteus louvor, e serei salvo dos meus inimi­
gos. 5Porque me cercaram aflições
15Ateou-se, porém, de novo a guer­ de morte; as torrentes de Belial me
ra dos Filisteus contra Israel, e Davi atemorizaram. °As cordas do inferno
saiu, e a sua gente com êle, e com­ me cingiram, os laços da morte me
bateram contra os Filisteus. E es­ apanharam descuidado.
tando Davi cansado, 10Jesbibenob, que 7N a minha tribulação invocarei o
era da linhagem de Arafa, que ia ar­ Senhor, e clamarei ao meu Deus, e ê-
mado duma lança, cujo ferro pesava le, do seu templo, ouvirá a minha voz,
trezentas onças, e que cingia uma es­ e o meu clamor chegará aos seus ou­
pada nova, esforçou-se por ferir Da­ vidos. 8A terra comoveu-se e estre­
vi. 17Mas Abisai, filho de Sarvia, de- meceu, os fundamentos dos montes
fendeu-o, e, ferindo o Filisteu, o ma­ foram agitados e abalados, porque
tou. Então os soldados de Davi f i­ (o Senhor) se irou contra êles. 0O
zeram um juramento, dizendo: Tu fumo dos seus narizes elevou-se ao al­
não tornarás a sair à batalha conos­ to, e um fogo devorador saía da sua
co, para que não apagues a lâmpada bôca; por êle foram acesos carvões.
de Israel. “ Baixou (ou fêz inclinar) os céus
18Houve ainda uma segunda guerra e desceu, e (tin h a ) uma escuridão de­
em Gob contra os Filisteus, na qual baixo de seus pés. “ E subiu sôbre os
Sobocai, de Husati, matou Saf, da li­ querubins, e voou; e desceu sôbre as
nhagem de Arafa, da raça dos gigan­ asas dos ventos. “ Pôs trevas em re­
tes. dor de si para se ocultar; joeirou as
“ Houve mais outra terceira guerra águas das nuvens do céu. “ Pelo es­
em Gob contra os Filisteus, na qual plendor da sua presença acenderam-
Adeodato, filho de Salto, que tecia pa­ se carvões de fogo.
nos de côres em Belém, matou Go- 140 Senhor trovejará do céu, e o
lias de Get, que levava uma lança, Altíssimo fará soar a sua voz. 15Dis-
cuja haste era como um cilindro de arou setas, e dissipou-as; raios, e
tear. estruiu-os. “ E apareceram os abis-
Cap. X X II — 9. O Sum o dos seus n a rize s , isto é, a sua ira .
364 SEGUNDO LIVRO DOS REIS 22 - 23
mos do mar, e ficaram a descoberto mim, e não desfaleceram os meus cal­
os fundamentos da terra às ameaças canhares.
do Senhor, ao sopro do vento do seu “ Perseguirei os meus inimigos, e
furor. “ Estendeu a sua mão ao al­ exterminá-los-ei, e não tornarei a-
to, e recebeu-me, e tirou-me das trás até que os destrua. “ Consumí-
grandes águas. 18Livrou-me do meu -los-ei e desfá-los-ei, de modo que se
inimigo poderosíssimo, e daqueles que não levantem; cairão debaixo dos
me tinham ódio; porque eram mais meus pés. “ Tu me cingiste de fôr-
do que eu. 19Preveniu-me no dia da ça para o combate; fizeste curvar
minha tribulação, e o Senhor fêz- debaixo de mim os que me resistiam.
se o meu firm e esteio. 20E pôs-me "Fizeste que voltassem as costas os
ao largo, livrou-me, porque lhe agra­ meus inimigos, aquêles que me abor­
dei. reciam, e eu os arruinarei de todo.
aO Senhor me retribuirá segundo "Clamarão, e não haverá ninguém
a minha justiça, e me dará segundo que os socorra, clamarão ao Senhor,
a pureza das minhas mãos. “ Porque e êle os não ouvirá. 43Dissipá-los-ei
segui os caminhos do Senhor, e não como pó da terra, calcá-los-el, e des­
procedi lmpiamente, separando-me fá-los-ei como lodo das ruas. 44Tu
do meu Deus. “ Todos os seus man­ me salvarás das contradições do meu
damentos, pois, estão diante dos meus povo; conservar-me-ás para ser o che­
olhos, e não me afasto dos seus pre­ fe das nações; um povo, que eu não
ceitos. “ E serei perfeito com êle, conheço, me servirá. “ Os filhos es­
e guardar-me-ei da minha iniquida­ tranhos me resistirão, mas, ouvindo-
de. “ E o Senhor me retribuirá se­ me, me obedecerão. “ Os filhos estra­
gundo a minha justiça, e segundo a nhos foram dispersos, e serão encerra­
pureza de minhas mãos diante dos dos nos seus esconderijos.
seus olhos. “ Com o misericordioso, 47V iva o Senhor, e seja bendito o
(ó Deus) serás misericordioso, e com meu Deus, e seja exaltado o Deus
o robusto, perfeito. “ Com o puro forte da minha salvação. “ Tu és, ó
serás puro, e com o perverso procede­ Deus, que me vingas e que sujeitas os
rás segundo a sua perversidade. “ E povos debaixo de mim. 49Tu o que
salvarás o povo humilde, e com os me tiras dentre os meus inimigos, e
teus olhos humilharás os soberbos, o que me exaltas sobre os que me
^ u , Senhor, és a minha lâmpada, e resistem; tu me livrarás do homem
tu, ó Senhor, alumiarás as minhas iníquo. “ Por isso, Senhor, louvar-te-
trevas. “ Contigo, pois, correrei ar­ -ei no meio das nações, e entoarei
mado a combater; com o meu Deus cânticos em honra do teu nome; 51a
saltarei o muro. ti, que exaltas as vitórias do teu rei,
310 caminho de Deus é imaculado, e usas de misericórdia com Davi, teu
a palavra do Senhor é purificada com ungido, e com a sua descendência pa­
o fogo; é o escudo de todos os que ra sempre.
esperaram nêle. 82Quem é Deus se­ últim as palavras de D avi
não o Senhor? E quem é forte senão
o nosso Deus? “ O Deus que me cin- O O ^ s ta s são as últimas palavras
giu de fortaleza, e tornou plano e de Davi:
perfeito o meu caminho. “ Que tor­ Disse Davi, filho de Isaí: Disse o
nou os meus pés (velozes) semelhan­ varão a quem foi falado, sôbre o
tes aos dos veados, e me colocou no cristo (ou ungido) de Deus, de Jacó,
lugar elevado em que me encontro. (disse) o egrégio cantor de Israel: sO
“ Que adestra as minhas mãos para espírito do Senhor falou por mim, e
a peleja, e torna os meus braços ( f ir - a sua palavra (fez-se ouvir) pela m i­
mes) como um arco de bronze. “ Tu nha língua.
me deste o escudo da tua salvação, e sO Deus de Israel me falou, o forte
a tua benignidade me engrandeceu. de Israel falou: O dominador dos ho­
“ Alargaste os meus passos debaixo de1 7 mens, o justo dominador dos que te­
17. D as grandes águas, das grandes afliçôes, e dificuldades.
Cap. X X I I I — 3. O justo dominador, isto é, o Messias.
23 SEGUNDO LIVRO DOS REIS 365

mem a Deus, 4será como a luz da listeus. 15Ora Davi teve desejos, e dis­
aurora que resplandece pela manhã se: Oh! se alguém me desse a beber
ao sair do sol sem nuvens, e como água da cisterna que há em Belém
a erva que brota da terra depois das junto à porta! 16N o mesmo instante
chuvas. 5A minha casa não era tal êsses três valentes romperam pelo a-
diante de Deus que Êle devesse fa ­ campamento dos Filisteus, e foram ti­
zer comigo uma aliança eterna, fir ­ rar água à cisterna de Belém, que
me em tudo e imutável. Porque êle estava junto à porta, e trouxeram-na
é tôda a minha salvação, e tôda a a Davi; mas êle não a quis beber, e
minha vontade, e não há coisa algu­ ofereceu-a ao Senhor, 17dizendo: Guar­
ma que daqui não tenha a sua ori­ de-me o Senhor que tal faça; beberei
gem. 6Mas os prevaricadores serão eu o sangue dêstes homens, que fo­
arrancados todos como espinhos, que ram (buscá-la) com risco das suas
não se tocam com as mãos. 7E, se al­ vidas? Não quis, pois, bebê-la. Tal
guém quiser tocá-los, armar-se-á (an­ ação foi feita por estes três fortíssi­
tes) de ferro ou dum pau de lança e, mos. 18Também Abisai, irmão de
pegando-lhes fogo, serão queimados Joab, filho de Sarvia, era o primeiro
até não ficar nada dêles. dos três; êste é o que levantou a sua
lança contra trezentos, que matou; ê-
Catálogo dos heróis de D avi le era afamado entre os três, 19e o
8Eis os nomes dos valentes de Da­ mais insigne dêles e seu príncipe,
vi: (Jesbaão) que se senta em cadei­ mas não igualava os três primeiros.
ra, príncipe sapientíssimo entre três, “ E Banaias de Cabseel, filho de Jo-
êle é como um tenro bichinho da ma­ jada, que foi um homem valentíssi-
deira, e êle foi o que duma só vez mo, e de grandes feitos; matou os dois
matou oitocentos homens. leões de Moab, e êle mesmo desceu e
9Depois dêste, Eleazar Aoíta, filho matou um leão no meio duma cister­
de seu tio paterno, um dos três valen­ na, em tempo de neve. “ Foi também
tes, que se acharam com Davi quan­ êle que matou um Egípcio, homem
do insultaram os Filisteus, e se jun­ digno de ser visto, que tinha uma lan-
taram alí para a batalha. 9 10E, ten­ ça na mão; e, indo contra êle com
do fugido os Israelitas, Eleazar per­ um pau, arrancou à fôrça a lança
maneceu firm e e bateu os Filisteus a- da mão do Egípcio, e matou-o com
té lhe cansar a mão, e ficar pegada a sua própria lança. 22Isto é o que
à espada; e concedeu o Senhor na­ fêz Banaias, filho de Jojada. 23E êle
quele dia uma assinalada vitória; e era afamado entre os três valentes,
o povo, que tinha fugido, voltou a que eram os mais insignes entre os
tirar os despojos dos mortos. trinta; mas não chegava aos três pri­
"E , depois dêste, Sema, filho de A - meiros. E Davi tinha-o feito seu con“
ge, de Arari. Os Filisteus juntaram- selheiro íntimo.
se (u m dia) num sítio, onde havia um 24Entre os trinta (eram ) Asael, ir­
campo cheio de lentilhas; e, tendo fu­ mão de Joab, Eleanan de Belém, fi­
gido o povo de diante dos Filisteus, lho de um tio paterno de Asael, “ Se-
12êle pôs-se firm e no meio do campo, ma de Harodi, Elica de Harodi, “ He-
e o defendeu, e derrotou os Filisteus; les de Falti, Hira de Técua, filho de
e o Senhor concedeu uma grande v i­ Aces, 27Abiezer de Anatot, Mobonai de
tória. Husati, “ Selmon de Aoh, Maarai de
13E já antes tinham descido os três, Netofat, 29Heled, filho de Baana, que
que eram os principais dos trinta, e também era de Netofat, Itai, filho
tinham ido no tempo das messes ter de Ribai, de Gabaat, da tribo de Ben­
com Davi à cova de Odolão; e os F i­ jamim, 30Banaia de Faraton, Hedai
listeus tinham o seu arraial no vale da torrente de Gaas, “ Abialbon de A r-
dos Gigantes. 14E Davi estava num bat, Azmavet de Beromi, 82Eliaba de
lugar forte, e nesse mesmo tempo ha­ Salaboni, os filhos de Jassen, Jonatan,
via em Belém uma guarnição de Fi- 33Sema de Orori, Ajam de Aror, fi-
9. Filho de seu tio paterno. Segundo o hebreu: Filho de Dodo. A v u lg a ta tradu*
ziu como nome comum um nome próprio.
366 SEGUNDO LIVRO DOS REIS 23 - 24
lho de Sarar, 84Eliflet, filho de Aasbai, does a iniqüidade do teu servo, por­
filho de Macati, Eliam, filho de A- que procedeu muito nèsciamente.
quitofel de Gelon, “ Hesrai do Car- "Levantou-se, pois, Davi pela manhã,
melo, Farai de Arvi, 36Igaal, filho de e o Senhor dirigiu a sua palavra a
Natan, de Soba, Boni de Gadi, 37Se- Gad, profeta e vidente de Davi, di­
lec de Amoni, Naarai de Berot, es­ zendo: 12Vai, e dize a Davi: Eis o que
cudeiro de Joab, filho de Sarvia, “ I- diz o Senhor: De três coisas (para
ra de Jetrit, Gareb também de Jetrit, castigo) se te dá a opção; escolhe
"Urias Heteu. Ao todo trinta e sete. qual destas queres que te mande.
D avi ofende a Deus, G ad e D avi
mandando recensear o povo
13E Gad, tendo-se apresentado a
2 A 'O furor do Senhor tornou-se Davi, lho intimou, dizendo: Ou virá
de novo a acender contra Is­ a fome durante sete anos à tua ter-
rael e excitou Davi contra êle, per­ ra; ou durante três meses irás fu­
mitindo que dissesse (cheio de vaida­ gindo dos teus inimigos, e êles perse­
d e): Vai e faze o recenseamento de guindo-te; ou pelo menos haverá pes­
Israel e de Judá. te na tua terra, durante três dias.
2Disse, pois, Davi a Joab, general Delibera, pois, agora, e vê que res­
do seu exército: Percorre tôdas as tri­ posta hei de levar a quem me en­
bos de Israel, desde Dan até Bersa- viou. 14E Davi respondeu a Gad:
béia, e faze o recenseamento do po­ Encontro-me muito perplexo, mas
vo, para eu saber o seu número. melhor é que eu caia nas mãos do
3E Joab respondeu ao rei: O Se­ Senhor (porque são grandes as suas
nhor teu Deus queira multiplicar o misericórdias) do que nas mãos dos
teu povo outro tanto do que agora homens.
é, e ainda cem vêzes mais aos olhos
do rei meu senhor, mas, que preten­ A peste em Israel
de o rei meu senhor com isto?
4Todavia a ordem do rei prevaleceu 15Mandou, pois, o Senhor a peste
às representações de Joab e dos ge­ a Israel, desde aquela manhã, até o
nerais do exército; e saiu Joab da tempo assinalado, e morreram do
presença do rei com os primeiros o fi­ povo, desde Dan até Bersabéia, seten­
ciais do exército, a contar o povo de ta mil homens. 16E, tendo estendi­
Israel. 5E, tendo êles passado o Jor­ do o anjo do Senhor a sua mão so­
dão, foram a Aroer, ao lado direito bre Jerusalém para a destruir, o Se­
da cidade que está no , vale de Gad; nhor compadeceu-se da sua aflição,
°e por Jazer passaram a Galaad ê à e disse ao anjo exterminador do po­
terra baixa de Hodsi, e chegaram aos vo: Basta, detém agora a tua mão.
bosques de Dan. E, caminhando pe­ E o anjo do Senhor estava junto da
lo contorno de Sidônia, 7passaram eira de Areuna Jebuseu. 17E Davi,
perto das muralhas de Tiro, e por logo que viu o anjo ferindo o po­
tôda a terra dos Heveus e dos Cana- vo, disse ao Senhor: Eu sou o que
neus, e chegaram até Bersabéia, par­ pequei, eu fui o que procedi mal;
te meridional de Judá. 8E, tendo que fizeram êstes, que são as ove­
percorrido todo o país voltaram a Je­ lhas? Volte-se, te peço, a tua mão
rusalém, depois de nove meses e vin­ contra mim, e contra a casa de meu
te dias. pai.
9Deu, pois, Joab ao rei a lista do Fim da flagelo
povo, e acharam-se em Israel oito­
centos m il homens robustos, capa­ 18E Gad foi naquele dia ter com
zes de puxar pela espada; e em Ju- Davi, e disse-lhe: Vai, e levanta um
da quinhentos mil combatentes. altar ao Senhor na eira de Areuna
10Mas, depois que foi contado o po­ Jebuseu. 19E Davi foi, conforme o
vo, sentiu Davi um remorso no seu que Gad lhe tinha dito por ordem do
coração; e disse Davi ao Senhor: Eu Senhor. ^E, tendo Areuna levanta­
cometi nesta ação um grande peca­ do os olhos, viu que vinham para
do; mas rogo-te, ó Senhor, que per­ êle o rei e os seus servos; .^e, adian-
24 SEGUNDO L IV R o DOS REIS 367
tando-se, fêz ao rei uma profunda na deu tudo ao rei; e Areuna disse ao
reverência, prostrado o rosto em ter­ rei: O Senhor teu Deus receba o teu
ra e disse: Que motivo há para que voto. 240 rei respondeu-lhe, e disse:
o rei meu senhor venha à casa do Eu não posso receber o que tu me
seu servo? Davi respondeu-lhe: Pa­ ofereces, mas comprar-te-el pelo que
ra comprar a tua eira, e para edifi- vale, e não oferecerei ao Senhor meu
car nela um altar ao Senhor, e pa­ Deus holocaustos que me não cus­
ra que cesse a mortandade que gras­ tem nada. Comprou, pois, Davi a
sa no povo. eira e os bois por cinqüenta siclos de
22E Areuna disse a Davi: Tome-a prata. “ E Davi edificou ali um a l­
o rei meu senhor, e sacrifique como tar ao Senhor e ofereceu holocaustos
bem lhe parecer; eis aqui estão bois e hóstias pacíficas; e o Senhor apla-
para o holocausto, e um carro, e ju­ cou-se com a terra e cessou o flagelo
gos de bois para a lenha. 23E Areu­ que assolava Israel.
TERCEIRO LIVRO DOS REIS
Velhice de D avi os soldados mais valentes, nem Sa­
lomão, seu irmão.
1 ^ r a o rei Davi tinha envelhe-
* cido, e achava-se numa idade N atan e Betsabéia intervém em fav o r
muito avançada, e por mais que o co­ de Salomão
briam de roupa, não aquecia, d i s ­
seram-lhe, pois, os seus criados: Bus­ “ Disse, pois, Natan a Betsabéia, mãe
quemos (com o espôsa) para o rei nos­ de Salomão: Tu não ouviste que A -
so senhor uma rapariga virgem, que donias, filho de Hagit, se fêz rei e
esteja diante do rei, e o aquente, e que Davi, nosso senhor, ignora isto?
durma ao seu lado, e preserve do “ Vem, pois, agora, toma o meu conse­
grande frio o rei nosso senhor. 3Bus- lho, e salva a tua vida e a do teu
caram, pois, em todas as terras de filho Salomão. 13Vai, e apresenta-te
Israel uma rapariga formosa, e acha­ ao rei Davi, e dize-lhe: Porventura
ram Abisag de Sunam, e levaram-na tu, ó rei, meu senhor, não me juras­
ao rei. 4Era esta uma donzela de te a mim tua escrava, dizendo: Sa­
extrema beleza, e dormia com o rei, e lomão, teu filho, reinará depois de
o servia, mas o rei deixou-a sempre mim, e êle se sentará no meu trono?
virgem. P or que reina, pois, Adonias? 14E, es­
tando tu ainda falando com o rei, eu
Conspiração de Adonias sobrevirei depois de ti, e apoiarei as
5Adonias, porém, filho de Hagit, e- tuas palavras.
xaltava-se, dizendo: Eu reinarei. E 15Apresentou-se, pois, Betsabéia ao
mandou fazer para si coches, e to­ rei no seu quarto; e o rei era mui­
mou cavaleiros e cinquenta homens, to velho, e Abisaí de Sunam o servia.
que corressem diante dêle. °E nun­ 16Inclinou-se Betsabéia profunda­
ca seu pai o repreendeu, nem disse: mente, e fêz uma profunda reverên­
Por que fazes isto? Ora êle era mui­ cia ao rei. E o rei disse-lhe: Que
to belo, e o segundo gênito, depois de queres tu? 17Ela, respondendo, disse:
Absalão. 7E tinha inteligência com Meu senhor, tu juraste à tua escrava
Joab, filho de Sarvia, e com o pontífi­ pelo Senhor teu Deus: Salomão, teu
ce Abiatar que sustentavam o parti­ filho, reinará depois de mim, e êle se
do de Adonias. 8Mas, nem o pontí­ sentará no meu trono. 18E, agora,
fice Sadoc, nem Banaias, filho de Jo- eis que Adonias reina sem tu, ó rei
jada, nem o profeta Natan, nem Se- meu senhor, o saberes. 19Êle imolou
mei, nem o rei, nem o grosso do e- bois e tôda a sorte de vítimas gor­
xército de Davi eram por Adonias. das, e muitos carneiros, e convidou
•Adonias, pois, tendo imolado car­ todos os filhos do rei, e o pontífice
neiros e novilhos, e tôda a sorte de Abiatar, e Joab, general do exército;
vítimas gordas, ao pé da pedra de Zoe- mas não convidou Salomão, teu servo.
let, que está junto da fonte de Ro- “ Todavia, todo o Israel, está com os
;el, convidou todos os seus irmãos, olhos em ti, ó rei meu senhor, espe­
?ilhos do rei, e todos os de Judá, cria­ rando que declares quem é o que deve
dos do rei. 10Mas não convidou nem sentar-se depois de ti no teu trono,
o profeta Natan, nem Banaias, nem ó rei meu senhor. “ Porque logo
1 TERCEIRO LIVRO DOS REIS 369
que o rei meu senhor dormir com trombeta e direis: Viva o rei Salo­
seus pais, eu e meu filho Salomão se­ mão! “ E voltareis atrás dêle, e êle
remos (tratados com o) criminosos. virá, e sentar-se-á sôbre o meu trono,
22E, enquanto ela falava ainda com e reinará em meu lugar; e eu lhe
o rei, eis Ç[ue chegou o profeta Na- ordenarei que governe Israel e Ju-
tan. 23E avisaram o rei, dizendo: Eis, dá.
aqui está o profeta Natan. E, ten­ 36E Banaias, filho de Jojada, res­
do entrado à presença do rei, e ten- pondeu ao rei, dizendo: Assim seja;
do-lhe feito uma profunda reverência, assim o confirme o Senhor Deus do
prostrando-se em terra, 24disse N a­ rei, meu amo. 37Assim como o Se­
tan: ó rei, meu senhor: Porventura nhor foi com o rei meu senhor, as­
disseste tu: Reine Adonias depois de sim seja êle com Salomão, e eleve o
mim, e seja êle o que se sente no seu trono ainda acima do trono do
meu trono? “ Porque êle desceu ho­ rei Davi, meu amo.
je, e imolou bois e vítimas gordas, e “ Desceram, pois, o pontífice Sadoc,
muitos carneiros e convidou todos os e o profeta Natan, e Banaias filho
filhos do rei, e os generais do exérci­ de Jojada, com os Cereteus, e os Fe-
to e o pontífice Abiatar; e comeram leteus e fizeram montar Salomão na
e beberam diante dêle, dizendo: Viva mula do rei Davi, e levaram-no a
o rel Adonias! “ Mas não me convi­ Gion. 39E o pontífice Sadoc tomou
dou a mim, que sou teu servo, nem do tabernáculo o vaso de óleo, e un­
ao pontífice Sadoc, nem a Banaias, giu Salomão; e tocaram a trombeta,
filho de Jojada, nem a teu servo Sa­ e disse todo o povo: V iva o rei Sa­
lomão. “ Porventura saiu esta ordem lomão! “ E subiu tôda a multidão
do rei meu senhor? Mas não é assim após êle, e o povo, cantando ao som
que tu me declaraste a mim, teu ser­ de flautas, e mostrando grande re­
vo, quem era o que devia, depois do gozijo, e a terra retiniu com as suas
rei meu senhor, sentar-se sôbre o seu aclamações.
trono?
Adonias refugia-se no santuário
D avi promete o trono a Salomão
"Ouviu, pois, Adonias, e ouviram
“ E o rei Davi respondeu, dizen­ todos os que êle tinha convidado,
do: Chamai-me Betsabéia. E, tendo- quando o banquete estava já acaba­
se ela apresentado ao rei, e estando do. Porém Joab, tendo ouvido soar
em pé diante dêle, “ o rei jurou e a trombeta, disse: Que quer dizer
disse: V iva o Senhor, que livrou a êste ruído de cidade alvoroçada?
minha alma de toda a angústia, “ pois 42Ainda êle falava, e eis que chega
que assim como te jurei pelo Senhor Jônatas, filho do pontífice Abiatar; e
Deus de Israel, dizendo: Salomão, Adonias disse-lhe: Entra, porque tu
teu filho, reinará depois de mim, e êle és um homem valente e nos trazes
se sentará em meu lugar sobre o meu boas novas.
trono, assim o cumprirei hoje. "E 48E Jônatas respondeu a Adonias:
Betsabéia, prostrando-se com o rosto Não, por certo, porque o rei Davi nos­
em terra, fêz uma profunda reve­ so senhor constituiu rei a Salomão.
rência ao rei, dizendo: V iva Davi, 44E enviou com êle o pontífice Sadoc,
meu senhor, para todo o sempre. e o profeta Natan, e Banaias, filho
Salomão é ungido de Jojada, e os Cereteus e o s Fele-
teus, e êstes fizeram-no montar na
32Disse mais o rei Davi: Chamai- mula do rei. ^E o pontífice Sadoc, e
me o pontífice Sadoc, e o profeta N a­ o profeta Natan o ungiram rei em
tan, e Banaias, filho de Jojada. E Gion; e dali voltaram cheios de ale­
tendo êles entrado à presença do rei, gria, e a cidade retumbou em cla­
“ disse-lhes: Tomai convosco os ser­ mores; êste é o barulho que ouvistes.
vos do vosso amo, e fazei montar na 46E até Salomão está já sentado no
minha mula o meu filho Salomão, e trono do reino. 47E os servos do rei
levai-o a Gion. 34E o pontífice Sadoc entraram já a felicitar o rei Davi,
com o profeta Natan o unjam ali co­ nosso senhor, dizendo: Deus faça o
mo rei de Israel; e vos fareis soar a nome de Salomão ainda mais ilustre
370 TERCEIRO LIVRO DOS REIS 1 - 2
do que o teu, e êle eleve o seu trono 5Tu sabes também como me tratou
sôbre o teu trono. E o rei fêz ado­ Joab, filho de Sarvia, e o que êle fêz
ração no seu leito, 48e disse: Bendito aos dois generais do exército de Is­
seja o Senhor Deus de Israel, que me rael, a Abner, filho de Ner, e a A-
fêz ver hoje com os meus próprios o- masa, filho de Jeter, os quais matou,
lhos o que se senta sôbre o meu tro­ e derramou o seu sangue em tempo
no. 49Aquêles, pois, a quem Adonias de paz, como se fôsse na guerra, e
tinha convidado, encheram-se de mê- tingiu com êle o cinto que trazia sô-
do, e levantaram-se, e cada um foi bre os seus rins, e os sapatos que ti­
para seu lado. nha nos pés.
50Adonias, porém, temendo Salomão, °Farás, pois, conforme a tua sabe­
levantou-se, e foi refugiar-se a um doria, e não permitirás que as suas
lado do altar. 51E noticiaram a Sa­ cãs desçam em paz à sepultura (vis­
lomão dizendo: Eis que Adonias, te­ to ser um homicida). 7Pelo contrá­
mendo o rei Salomão, está refugiado, rio, mostrarás o teu agradecimento
a um lado do altar, dizendo: O rei aos filhos de Berzelai de Galaad, e
Salomão, me jure hoje que êle não êles comerão à tua mesa, porque me
fará morrer o seu servo à espada. saíram ao encontro quando eu fu­
52E Salomão respondeu: Se êle se gia diante de Absalão, teu irmão.
houver como homem de bem, não 8Tens também contigo a Semei de
cairá em terra nem um só cabelo da Gera, filho de Jemini de Baurim, que
sua cabeça, mas, se nêle se encon­ me amaldiçoou com uma péssima
trar maldade, morrerá. 53Mandou, maldição, quando eu ia para o acam­
pois, o rei Salomão que o fôssem ti­ pamento; mas, porque êle veio ao
rar do altar, e Adonias, tendo entra­ meu encontro, quando eu passava o
do, fêz uma profunda reverência ao Jordão, jurei-lhe pelo Senhor, dizen­
rei Salomão, e Salomão disse-lhe: Vai do: Não te matarei à espada. 9Não
para tua casa. deixes sem castigo o seu crime. És
Últimos conselhos de D avi homem entendido para saberes co­
mo te hás de haver com êle, e leva­
O 2Ora, aproximando-se o dia da rás as suas cãs à sepultura com mor­
" morte de Davi, deu êle estas ins­ te violenta.
truções a Salomão, seu filho, dizen­ Morte de D avi e reinado de Salomão
do: 2Eis que vou para o lugar onde
vão parar todos os mortais; sê forte, 10Adormeceu, pois, Davi, com seus
e porta-te como homem; 3e observa pais, e foi sepultado na cidade de
tudo o que o Senhor teu Deus te Davi. UE o tempo que Davi reinou
mandou, andando pelos seus cami­ sobre Israel foram quarenta anos;
nhos, guardando as suas cerimônias, em Hebron reinou sete anos, em Je­
e os seus preceitos, e as suas ordena­ rusalém trinta e três.
ções, e as suas leis, conforme está es­ 12E Salomão tomou posse do trono
crito na lei de Moisés, para que com­ de Davi seu pai, e o seu reino con-
preendas tudo o que fizeres, e tudo a- solidou-se sobremaneira.
quilo para que te voltares; 4a fim de N ova conspiração de Adonias; sua morte
que o Senhor confirme as suas pala­
vras, ditas a meu respeito, dizendo: 13E Adonias, filho de Hagit, foi ter
Se os teus filhos vigiarem sôbre os com Betsabéia, mãe de Salomão. E
seus caminhos, e andarem diante de ela disse-lhe: É porventura de paz a
mim em verdade, de todo o seu co­ tua entrada? Êle respondeu-lhe: É de
ração, e de tôda a sua alma, terás paz. 14E acrescentou: Tenho uma pa­
sempre algum dos teus descendentes, lavra, que te dizer. Ela respondeu-
sentado no trono de Israel. lhe: Fala. E êle disse: 15Tu sabes
Cap. I I — 8-9. D a v i nâo fa lta à promessa, que tinha feito a Semei, de o não m a­
tar; nem é levado por nenhum sentimento de vingança pessoal. Simplesmente avisa o seu
sucessor de que tenha cuidado com Semei, como com Joab, visto os considerar inimigos
perigosos do trono. D e resto o proceder de Salomão com êstes dois homens é o me­
lhor comentário das ordens de D avi. Salomão sômente se mostrou severo com êles, de­
pois de novas provas da sua culpabilidade.
2 TERCEIRO LIVRO DOS REIS 371

?ne o
srael
reino era meu, e que todo o
me tinha escolhido de prefe­
porque levaste a arca do Senhor Deus
diante de meu pai Davi e acompa­
rência para seu rei, mas o reino foi nhaste meu pai em todos os traba­
transferido e passou para meu irmão, lhos que padeceu. “ Salomão dester­
porque o Senhor o destinou para êle. rou, pois, Abiatar, para não ser mais
16Agora, pois, uma só coisa te peco, pontífice do Senhor, a fim de se
não me faças passar pela vergonha cumprir a palavra que o Senhor ti­
de ma recusares. E ela disse-lhe: nha proferido em Silo, contra a ca­
Fala. 17E Adonias disse: Peço-te que sa de Heli.
digas a Salomão (visto que êle não
pode negar-te nada) que me dê Abi- Morte de Joab
sag Sunamita por mulher. 18E Bet-
sabéia respondeu: Está bem, eu fala­ “ E chegou esta notícia a Joab, por
rei por ti ao rei. que Joab tinha seguido o partido de
19Foi, pois, Betsabéia ter com o rei Adonias, e não o de Salomão; fugiu,
Salomão, para lhe falar em favor de pois, Joab para o tabernáculo do Se­
Adonias; e o rei levantou-se para a nhor, e agarrou-se ao cánto do al­
vir receber, e saudou-a com profunda tar. “ E foram dizer ao rei Salomão
reverência, e sentou-se no seu trono; que Joab tinha fugido para o ta­
e foi pôsto um trono para a mãe do bernáculo do Senhor, e estava jun­
rei, a qual se sentou à sua mão di­ to do altar. E Salomão mandou Ba­
reita. 20E ela disse-lhe: Eu só te pe­ naias, filho de Jojada, dizendo: Vai,
ço uma pequena coisa, não me enver­ e mata-o. 30E foi Banaias ao taber­
gonhes com a repulsa. E o rei dis­ náculo dò Senhor, e disse a Joab: O
se-lhe: Pede, minha mãe, porquê não rei manda dizer isto: Sai daqui, fi­
le respondeu: Não sairei, mas mor­
é justo que vás descontente. 21Disse rerei neste lugar. Deu Banaias par­
Betsabéia: Dê-se Abisag Sunamita te disto ao rei, dizendo: Eis o que
por mulher a Adonias, teu irmão. 22E disse Joab, e o que me respondeu.
o rei Salomão respondeu, e disse a 31E o rei disse-lhe: Faze como êle te
sua mãe: Por que pedes tu Abisag disse, e mata-o, e. sepulta-o, e com
Sunamita para Adonias? Pede tam­ isto lavarás a mim e a casa de meu
bém para êle o reino, porque êle é pai do sangue inocente, que Joab der­
meu irmão mais velho, e tem pot si ramou. 32E o Senhor fará recair o
o pontífice Abiatar e Joab, filho de seu sangue sôbre a jsua cabeça, por­
Sarvia. que assassinou dois homens justos, e
“ Jurou, pois, o rei Salomão, pelo melhores do que êle; e êle os matou
Senhor, dizendo: Deus me trate com à espada, sem meu pai Davi o saber,
todo o seu rigor, se não é verdade Abner, filho de Ner, general do e-
que Adonias por esta, palavra falou xército de Israel, e Amasa, filho de
contra a sua própria vida. 24E a- Jeter, general do exército de Judá.
gora juro pelo Senhor, que me con­ 33E o sangue dêstes recairá para sem­
firmou e que me colocou no trono pre sôbre a cabeça de Joab, e so­
de Davi, meu pai, e que estabeleceu bre a cabeça da sua posteridade.
a minha casa como tinha dito, que Mas a Davi e à sua descendência, e
Adonias será hoje morto. “ E o rei à sua casa, e ao seu trono, dê o Se­
Salomão deu ordem a Banaias, filho nhor paz para sempre.
de Jojada, o qual o matou, e assim
morreu (Adonias). 34Partiu, pois, Banaias, filho de Jo­
jada, e, arremetendo contra Joab, o
A b iatar á privado do pontificado matou; e foi sepultado em sua casa
no deserto. “ E em lugar de Joab
“ Disse também o rei ao pontífice constituiu o rei a Banaias, filho de
Abiatar: Vai para Anatot, para as Jojada, por general do exército, e em
tuac terras, na verdade és digno de lugar de Abiatar, estabeleceu como
morte, mas eu não te matarei hoje, pontífice a Sadoc.
13-25. Adonias tinha entrado numa nova conspiração com Joab e A biatar, p ara ob­
ter o trono; e procurava reforçar as suas pretensões, desposando A bisag, viúva de D avi.
Betsabéia prontificou-se a fazer o pedido, visto não ter conhecimento da conspiração.
372 TERCEIRo LIVRO DOS REIS 2 - 3
Morte de Semei e a do Senhor, e o muro à roda de
Jerusalém.
36Mandou o rei também chamar Se­
mei e disse-lhe: Faze para ti uma ca­ Oração e sacrifício de Salomão em
sa em Jerusalém e habita aí; e não Gabaão
saias, andando duma parte para ou­
tra. 37Em qualquer dia, pois, que da­ 2Entretanto o povo imolava nos lu­
qui saíres, e que passes a torrente do gares altos, porque até aquêle dia
Cedron, sabe que serás morto; o teu não tinha ainda sido edificado tem-
)lo ao nome do Senhor. ®Ora Sa-
sangue recairá sôbre a tua cabeça.
“ E disse Semei ao rei: Justa ordem
Íomão amava o Senhor, conduzindo-
é esta. Como disse o rei, meu se­ se segundo os preceitos de Davi, seu
nhor, assim o executará o teu servo. pai, somente sacrificava e queimava
Morou, pois, Semei em Jerusalém du­ incenso nos lugares altos. 4Foi Sa­
rante muito tempo. lomão, pois, a Gabaão, para lá sa­
39Mas, passados três anos, aconte­ crificar, porque êste era o mais con­
ceu que os servos de Semei fugiram siderável entre todos os lugares al­
para Aquis, filho de Maaca, rei de tos; e ofereceu mil hóstias em holo­
Get; e foram dizer a Semei que os causto sôbre aquêle altar de Gabaão.
seus servos tinham ido para Get. 5Apareceu, pois, o Senhor a Salomão,
“ Levantou-se, pois, Semei, e apare­ em sonhos, de noite, dizendo: Pede-
lhou o seu jumento, e foi ter com me o que (juiseres que eu te dê. 6E
Aquis, a Get, em busca dos seus ser­ Salomão disse: Tu usaste de grande
vos, e tornou-os a trazer de Get. misericórdia com meu pai Davi, teu
servo, segundo foi a verdade e justiça
41E disseram a Salomão que Se­ com que êle andou na tua presença,
mei tinha ido de Jerusalém a Get, e e segundo a retidão de coração para
que tinha voltado. 42E mandou-o contigo; tu lhe conservaste a tua
chamar e disse-lhe: Não te conjurei grande misericórdia, e lhe deste um
eu pelo Senhor, e não te avisei an­ filho que se sentasse sôbre o seu tro­
tes, dizendo: Sabe que, em qualquer no, como hoje se verifica. 7E ago­
dia que saíres a uma ou outra par­ ra, ó Senhor Deus, tu me fizeste
te, morrerás? E tu me respondeste: reinar a mim, teu servo, em lugar de
Justa ordem é esta, que acabo de ou­ Davi, meu pai; mas eu sou (com o)
vir. «P o r que não guardaste tu, pois, um menino pequenino, e não sei por
o juramento do Senhor, e a ordem onde hei de sair nem por onde hei de
que eu tinha dado? «E o rei disse entrar. 8E o teu servo está no meio
a Semei: Tu sabes todo o mal de que do povo que tu escolheste, povo in­
a tua consciência te acusa de teres finito, que não pode contar-se nem
feito a Davi, meu pai; o Senhor fêz reduzir-se a número, pela sua mul­
recair a tila malícia sôbre a tua ca­ tidão. °Tu, pois, darás ao teu ser­
beça. «E o rei Salomão será aben­ vo um coração dócil, para poder jul­
çoado, e o trono de Davi será para gar o teu povo, e discernir entre o
sempre estável diante do Senhor. bem e o mal, porque quem poderá
“ Deu, pois, o rei ordem a Banaias, julgar êste povo tão numeroso?
filho de Jojada, o qual, tendo saído,
feriu Semei, e êle morreu. “ Agradou ao Senhor esta oração
por ter Salomão pedido uma tal
Casamento de Salomão coisa.
UE o Senhor disse a Salomão: Pois
O 1Confirmou-se, pois, o reino na que esta foi a petição que me fizes­
° mão de Salomão, e êle aparen­ te, e não pediste para ti nem mui­
tou-se com Faraó, rei do Egito, por­ tos dias, nem riquezas, nem a mor­
que casou com uma sua filha, e le­ te de teus inimigos, mas pediste-me
vou-a para a cidade de Davi, até para ti a sabedoria a fim de discer­
que acabasse de edificar a sua casa nires o que é justo; 12eis pois te fiz
36-46. Salomão suspeitava qué Semei tivesse ligação com os conspiradores; e, por
isso, proibe-lhe, sob pena de morte, que saia de Jerusalém, para a i ser vigiado. Corno
Semei não obedeceu, Salomão mandou-o matar.
3 - 4 TERCEIRO LIVRO DOS REIS 373
o que me pediste, e te dei um cora­ está morto. E a outra responde:
ção tão cheio de sabedoria e de in­ Não, mas o teu filho é gue morreu,
teligência, que nenhum antes de ti e o meu é que está vivo. “ Disse,
te foi semelhante nem se levantará pois, o rei: Trazei-me cá uma espa­
outro depois de ti. 13Além disso dei­ da. E, sendo trazida uma espada
te também o que me não pediste, a diante do rei, “ êste disse: Dividi em
saber: riquezas e glória em tal grau, duas partes o menino, que está v i­
que não se encontrará semelhante a vo, e dai metade a uma, e metade
ti entre os reis de todos os séculos a outra. “ A mulher, porém, cujo
passados. 14E, se tu andares nos filho estava vivo, disse ao rei (por­
meus caminhos, e guardares os meus que as suas entranhas se lhe enterne­
preceitos e os meus mandamentos, co­ ceram por seu filh o ): Senhor, peço-
mo teu pai os guardou, eu prolonga­ te que dês a ela o menino vivo, e
rei os teus dias. não o mates. A outra, pelo contrá­
“ Então despertou Salomão, e com­ rio, dizia: Não seja nem para mim
preendeu que era sonho; e, tendo ido nem para ti, mas divida-se. “ Então
a Jerusalém, pôs-se diante da arfca o rei respondeu, e disse: Dai àquela
da aliança do Senhor, e ofereceu ho- o menino vivo, e não se mate, por-
locaustos, e imolou vítimas pacíficas ue é esta a sua mãe. “ Ora todo o
e deu a todos os seus servos um ? srael teve conhecimento da sentença
grande banquete. que o rei tinha dado, e temeram
o rei, vendo que estava nêle a sa­
Sentença de Salomão bedoria de Deus para fazer justiça.
“ Nesta ocasião foram ter com o Ministros de Salomão
rei duas mulheres públicas, e puse-
ram-se diante dêle; 17e uma delas A *Ora o rei Salomão reinava sô-
disse: Digna-te, meu senhor, ouvir- ^ bre todo o Israel. 2E êstes fi­
me; Eu e esta mulher habitávamos ram os principais ministros gue ti­
numa mesma casa, e eu dei à luz nha: Azarias, filho do pontífice Sa-
no mesmo aposento em que ela es­ doe; *Elioref e Aia, filhos de Sisa, se­
tava. 18E, tres dias depois de eu ter cretários de estado; Josafat, filho de
dado à luz, deu ela também à luz; Ailud, era arquivista. 4Banaias, fi­
e nós estávamos juntas, e não ha­ lho de Jojada, era general dos exér­
via na casa mais pessoa alguma co­ citos; Saaoc e Abiatar eram pontí­
nosco, além de nós ambas. fices. “Azarias, filho de Natam, ti­
19E uma noite morreu o filho des­ nha a intendência sôbre os que as­
ta mulher; porque, estando a dormir, sistiam ao rei; o sacerdote Zabud, fi­
o abafou. “ E, levantando-se no mais lho de Natan, era privado do rei. . 6E
profundo silêncio da noite, tirou-me Aizar era mordomo-mór; e Adonirão,
o meu filho do meu lado, quando filho de Abda, superintendente dos
eu, tua escrava, dormia, e o pôs jun­ tributos.
to de si, e pôs junto de mim o filho, Doze intendentes
que estava morto. 21E, levantando-
me eu pela manhã para amamentar 7E Salomão tinha estabelecido do­
o meu filho, apareceu-me morto; e, ze intendentes sôbre todo o Israel,
olhando para ele com mais atenção, que tinham a seu cargo prover a
já dia claro, vi que êle não era o* mesa do rei, e a de tôda a sua casa,
meu, que eu tinha dado à luz. “ E porque todos os meses no ano cada
a outra mulher respondeu: Não é um subministrava o necessário. 8E
assim como tu dizes, mas o teu fi­ êstes são os seus nomes: Benur, no
lho morreu, o meu, porém, está vi­ monte de Efraim ; °Bendecar, em
vo. A primeira, pelo contrário, re­ Maces, e em Salebim, e em Betsa-
plicava: Mentes, porque o meu filho mes, e em Elon e em Betanan;
está vivo, e o teu é que morreu. E “ Benhesed, em Arubot; e ao mesmo
dêste modo disputavam diante do pertencia Soco e tôda a terra de E-
rei. fer; uBenabinadab, que tinha na sua
“ Então disse o rei: Esta diz: O repartição todo o pais de N efat Dor,
meu filho está vivo, e o teu filho era casado com Tafet, filha de Salo­
374 TERCEIRO LIVRO DOS REIS 4 - 0

mão; 12Bana, filho de Ailud, era in­ proviam com sumo cuidado o neces­
tendente de Tanac e de Magedo e sário para a mesa do rei Salomão.
de todo o país de Betsan que é vizi­ “ Levavam também ao lugar em que
nho de Sartana, debaixo de Jezrael, estava o rei, cevada e palha para os
desde Betsan até Abelmeula, de­ cavalos e bêstas de carga, conforme
fronte de Jecman; 18Bengaber, em lhes tinha sido ordenado.
Ramot de Galaad; e tinha as aldeias
de Jair, filho de Manassés, em Ga- Sabedoria de Salomão
laad, e governava em todo o país de
Argob, que está em Basan, sessen­ 29Além disto Deus deu a Salomão
ta cidades grandes e muradas, que uma sabedoria e prudência incompa­
tinham fechaduras de bronze. 14A i- ráveis, e uma magnanimidade imen­
nadab, filho de Ado, superintendia sa, como a areia que há na praia do
em Manaim. 15Aquimaas, em N efta- mar. 30E a sabedoria de Salomão ex­
li, e êste também tinha por mulher cedia a sabedoria de todos os orien­
a Basemat, filha de Salomão. 16Baa- tais e Egípcios. 31E era mais sábio
na, filho de Husi, em Aser, e em Ba- do que todos os homens; mais sábio
lot. 17Josafat, filho de Farué em Is- do que Etan Ezraita, e do que He-
sacar. 18Semei, filho de Ela, em man, e do que Calcol, e do que Dor-
Benjamim. 19Gaber, filho de Uri, na da, filhos de Maol; e era nomeado
província de Galaad, no país de Seon, por tôdas as nações circunvizinhas.
rei dos Amorreus, e de Og, rei de 32Propôs também Salomão três mil
Basan, sobre quanto havia nesta ter­ parábolas; e os seus cânticos foram
ra. mil e cinco. 33E tratou (nos seus es­
critos e conversas) de tôdas as árvo­
Poder e riqueza de Salomão res, desde o cedro, que há no Líba­
no, até ao hissopo, que brota da pa­
20Judá e Israel eram, pela multi­ rede; e tratou dos animais e das
dão, inumeráveis como a areia do aves e dos répteis e dos peixes. ME
mar; comiam e# bebiam, e se alegra­ de todos os povos e de todos os reis
vam. 21E Salomão tinha sob o seu da terra, que ouviam falar da sua
domínio todos os reinos desde o rio sabedoria, vinham ouvir a sabedo­
do país dos Filisteus até à frontei­ ria de Salomão.
ra do Egito; e ofereciam-lhe pre­
sentes, e estiveram-lhe sujeitos du­ Convenção com Hirâo, rei de Tiro
rante todos os dias da sua vida.
22Os víveres para a mesa de Salo­ C JHirão, rei de Tiro, enviou tarn-
mão eram cada dia trinta coros de ^ bém os seus embaixadores a
flor de farinha, e sessenta coros de Salomão, pois ouviu dizer que êle
farinha ordinária, 23dez bois cevados, tinha sido ungido rei em lugar de seu
e vinte de pasto, e cem carneiros, a- pai; porque Hirão tinha sido sempre
lém da caça de veados, corças e bois amigo de Davi.
monteses, e de aves cevadas. “ Por- 2E Salomão mandou dizer a H i­
que êle era o senhor de todo o país rão: 3Tu sabes o desejo de Davi, meu
ue estava da outra banda do rio, pai, e que não lhe foi possível edifi-
esde Tapsa até Gaza, e de todos os car uma casa ao nome do Senhor
reis daquelas regiões; e por tôda a seu Deus por causa das guerras que
parte tinha paz com os vizinhos. “ E lhe sobrevinham de tôdas as partes,
Judá e Israel viviam sem temor al­ enquanto o Senhor lhe não pôs de­
gum, cada qual debaixo de sua par­ baixo dos pés os seus inimigos. 4Po-
reira, e debaixo da sua figueira, desde rém, agora o Senhor meu Deus con-
Dan até Bersabéia, durante todo o cedeu-me repouso por tôda a parte;
tempo em que Salomão reinou. e não há contrário nem qualquer
Salomão tinha quarenta mil obstáculo. 5Por isso penso em edifi-
mangedouras de cavalos para as car­ car um templo ao nome do Senhor
roças (de g u erra ), e doze mil cava­ meu Deus, conforme o que o Senhor
los de montar. 27E a todos susten­ ordenou a Davi, meu pai, dizendo:
tavam os sobreditos intendentes do Teu filho, que eu farei sentar em
rei; e também no tempo devido, teu lugar sôbre o teu trono, êste edi-
5 - 6 TERCEIRO LIVRO DOS REIS 375

ficará um templo ao meu nome. 6Dá porém, aparelharam as madeiras e


ordem, pois, a teus servos para que as pedras para se edificar a casa.
me cortem cedros do Líbano, e os
meus servos estarão com os teus, e Construção das partes exteriores do
eu darei a teus servos a paga que templo
pedires, porque tu sabes que, entre
o meu povo não há ninguém que sai­ £ Sucedeu, pois, que aos quatro-
ba cortar madeira como os Sidônios. u centos e oitenta anos da saída
7Hirão, tendo ouvido as palavras dos filhos de Israel da terra do E gi­
de Salomão, alegrou-se em extremo, to, no quarto ano do reinado de Sa­
e disse: Bendito seja hoje o Senhor lomão, no mês de Zio, (que é o
Deus, que deu a Davi um filho sa- segundo mês do ano) se começou a
pientísslmo para reinar sôbre êste edificar a casa do Senhor.
grande povo. 8E Hirão mandou di­ 2A casa, porém, que Salomão edifi-
zer a Salomão: Ouvi tudo o que me cou em honra do Senhor, tinha seten­
mandaste dizer; eu executarei tudo ta côvados de comprido e vinte cô-
o que desejas acêrca das madeiras de vados de largo, e trinta côvados de
cedro e de faia. 9Os meus servos as alto. 3E havia um pórtico diante do
levarão do Líbano até ao mar, e eu templo, de vinte côvados de compri­
as farei conduzir em jangadas até ao do, segundo a medida da largura do
lugar que me designares, e as farei templo; e tinha dez côvados de lar­
transportar até ai, e tu as mandarás go diante da face do templo. 4E fêz
receber, e dar-me-ás o necessário pa­ no templo janelas oblíquas. 5E edi-
ra sustentação da minha casa. 10Deu, ficou sôbre a parede do templo di­
pois, Hirão a Salomão madeiras de versos andares, ao redor, nas pare­
cedro, e madeiras de faia conforme des da casa, pelo contorno do templo
todo o seu desejo. nE Salomão da­ e do oráculo, e fêz quartos laterais
va a Hirão para sustento da sua casa, à roda. eO andar inferior tinha cin­
vinte mil coros de trigo, e vinte co­ co côvados de largo, e o andar do
ros de puríssimo azeite. Tudo isto meio, seis côvados de largo, e o ter­
dava Salomão a Hirão anualmente. ceiro andar, sete côvados de largo.
“ Deu o Senhor também a sabedoria E pôs as traves ao redor da casa pela
a Salomão, conforme lhe tinha pro­ parte de fora, de tal modo que não
metido; e havia paz entre Hirão e ficassem metidas nas paredes do
Salomão, e fizeram ambos aliança en­ templo.
tre si. 7E, quando a casa se edificava, fa-
ziam-na de pedras lavradas e perfei­
Número dos operários tas; e não se ouviu martelo, nem ma­
chado, nem instrumento algum de
13E o rei Salomão escolheu operá­ ferro, enquanto ela se edificava. 8A
rios em todo o Israel, e ordenou que porta do lado do meio estava na par-
fôssem trinta mil homens. 14E êle os t direita da casa; e subia-se por u-
mandava ao Líbano por seu turno, ma escada em caracol ao andar do
dez mil cada mês; de sorte que f i­ meio, e dêste ao terceiro. °E edi-
cavam dois meses em suas casas. A- ficou a casa, e acabou-a; e cobriu-
donirão era o encarregado de dar a de pranchões de cedro. 10E cons­
cumprimento a esta disposição. 15E truiu quartos de madeira em redor
Salomão tinha setenta mil que acarre­ de todo o edifício, de cinco côvados
tavam os materiais, e oitenta mil de altura, e cobriu a casa com ma­
cavoqueiros no monte, 10sem contar deira de cedro.
os que presidiam aos vários trabalhos
em número de três mil e trezentos, Promessas de Deus
os quais davam ordens ao povo e
aos que trabalhavam. 17E o rei “ E o Senhor falou a Salomão, di­
mandou que tirassem pedras grandes, zendo: 12(E m atenção a) esta casa,
pedras de valor, para os alicerces do que tu edificas, (se andares nos meus
.templo, e que as esquadriassem. 18E preceitos e executares as minhas or­
levaram-nas os canteiros de Salomão, dens, e guardares todos os meus man­
e os canteiros de Hirão; os de Gíblios damentos, caminhando por êles) eu
376 TERCEIRO LIVRO DOS REIS 6 - 7
verificarei em ti as palavras que dis­ mesma sorte. “ E pôs os querubins
se a Davi, teu pai. 13E habitarei no no meio do templo interior, e os que­
meio dos filhos de Israel, e não de­ rubins tinham as suas asas estendí-
sampararei o meu povo de Israel. das, e uma asa tocava ha parede, e a
asa do segundo querubim tocava na
Construção do interior do templo outra parede; e as asas juntavam-se
no meio do templo. “ Cobriu tam­
14Salomão, pois, edificou a casa bém de ouro os querubins.
e acabou-a. 15E guarneceii as pare­ “ E fêz adornar tôdas as paredes
des da casa, pelo interior, de tábuas do templo em roda com várias moldu­
de cedro, desde o pavimento até ao ras e relevos, figurando nelas que­
mais alto das paredes, e até ao te­ rubins e palmas e diversas figuras,
to; revestiu-as por dentro com ma­ que pareciam destacar-se, saindo da
deira de cedro, e cobriu o pavimen­ parede. “ Cobriu também de ouro o
to da casa com tábuas de faia. 16E pavimento do templo, tanto na par­
revestiu com tábuas de cedro os vin­ te interior (do oráculo), como fora
te covados a partir do fundo do tem­ dêle.
plo, desde o pavimento até ao mais “ E fêz à entrada do oráculo umas
alto, e destinou-o para a casa inter­ pequenas portas de pau de oliveira,
na do oráculo, ou Santo dos Santos. e os seus postes (era m ) de cinco es­
17Ora o templo, desde a porta do quinas. ,2E nestas duas portas de
oráculo, tinha quarenta côvados, Me madeira de oliveira entalhou figuras
tôda a casa, no interior, estava for­ de querubins, e palmas, e relevos de
rada de cedro, tendo suas entalhadu- muito realce, e cobriu-os de ouro;
ras e junturas feitas com grande ar­ também cobriu de ouro tanto os
te, e entalhes de relêvo; tudo estava querubins como as palmas, e tôdas
coberto de tábuas de cedro, e não se as outras coisas. “ E pôs à entrada
descobria coisa alguma de pedra na do templo postes de madeira de oli-
parede. veira quadrangulares, “ e duas por­
10Quanto ao oráculo, tinha-o feito tas de pau de faia, uma dum lado,
no meio do templo, na parte mais in­ outra doutro; e cada uma das portas
terior, para pôr nêle a arca da alian­ tinha dois batentes, e abria-se, per­
ça do Senhor. 20O oráculo tinha vin­ manecendo os batentes unidos entre
te covados de comprimento, e vinte si. “ E esculpiu nelas querubins e
covados de largo, e vinte côvados de palmas e relevos muito salientes; e
alto, e o cobriu e guarneceu de pu­ cobriu tudo de chapas de ouro, com
ríssimo ouro; mas o altar cobriu-o de trabalho feito a esquadro e a ré-
cedro. “ Cobriu, além disso de purís­ gua.
simo ouro a parte do templo que es­
tava diante do oráculo, e pregou as Duração dos trabalhos
lâminas (de ouro) com pregos de ou­ “ Edificou também o átrio interior
ro. 22E nada havia no templo que com três ordens de pedras polidas, e
não estivesse coberto de ouro; e até com uma ordem de paus ae cedro.
cobriu de ouro todo o altar do orá­ 37Os fundamentos da casa do Senhor
culo. foram lançados no quarto ano, no
“ E pôs no oráculo dois querubins mês de Zio; “ e no ano undécimo, no
feitos de pau de oliveira, de dez côva- mês de Bul, que é o oitavo mês, foi
dos de altura. “ Uma das asas dum a casa inteiramente acabada em tô-
querubim tinha cinco côvados, e a ou­ das as suas partes, e em todos os
tra asa dêste querubim tinha tam­ seus utensílios. E Salomão edificou-
bém cinco côvados; isto é, tinham a em sete anos.
dez covados desde a extremidade du­
ma das asas até à extremidade da Palácios de Salomão
outra. “ O segundo querubim tinha
também dez côvados, com a mesma y q u a n to à sua casa, Salomão e-
dimensão, e o feitio de ambos os que­ • dificou-a e completou-a dentro
rubins era o mesmo, “ isto é, o pri­ do espaço de treze anos.
meiro querubim tinha dez côvados 2Edlficou também a casa do bos­
de altura, e o segundo querubim da que do Líbano, que tinha cem cô-
7 TERCEIRO LIVRO DOS REIS 377
vados de comprido, e cinqüenta cô- doria, de inteligência e de ciência
vados de largo, e trinta côvados de ara fazer todo o gênero de obras
alto; e havia quatro galerias entre e bronze. Tendo-se, pois, Hirão
colunas de cedro, porque êle tinha apresentado ao rei Salomão, fêz tôdas
mandado cortar paus de cedro para as suas obras.
estas colunas. 3E forrou de madeira
de cedro todo o teto, que se susten­ A s duas colunas
tava em quarenta e cinco colunas.
E cada ordem tinha quinze colunas, 15E -fundiu duas colunas de bron­
4postas umas em frente das outras, ze, tendo cada uma dezoito côvados
5e as colunas correspondiam-se em de altura, e a cada coluna dava volta
frente umas das outras, a igual dis­ uma linha (em moldura) de doze cô-
tância entre si, e sôbre as colunas vados. 10Fêz também dois capitéis
havia umas vigas quadradas inteira­ de bronze fundido para os pôr sô­
mente iguais. bre o alto das colunas; um capitel ti­
nha cinco côvados de altura, e ou­
6E fêz um pórtico de colunas, que tro capitel era também da altura de
tinha cinqüenta côvados de compri­ cinco côvados; 17e estavam cercados
do e trinta côvados de largo; e um como que de uma espécie de rêde, e
outro pórtico em frente do pórtico de cadelas entrelaçadas entre si com
maior, com colunas e arquitraves s ó - admirável artificio. Ambos os capi-
bre as colunas. 7Fêz também o pórti­ téis das colunas eram fundidos; havia
co do trono, onde estava o tribunal; sete ordens de malhas num capitel,
e forrou-o de madeiras de cedro des­ e outras sete no outro capitel. 18E
de o pavimento até ao teto. 8E, on­ rematou as colunas com duas ordens
de êle se sentava para fazer justi­ de romãs ao redor de cada uma das
ça, no meio do pórtico, estava uma malhas, para cobrir os capitéis que
pequena casa, de trabalho semelhan­ estavam no alto; e o mesmo fêz tam­
te. Fêz também para a filha de F a­ bém no segundo capitel. 19Os capi­
raó (com a qual se tinha casado) téis que estavam no alto das colunas
uma casa da mesma arquitetura que no pórtico eram fabricados em for­
êste pórtico. ‘Todos êstes edifícios, ma de açucena, e, tinham quatro cô­
desde os fundamentos até ao cimo vados. ^E além disto, no alto das
das paredes, e por fora até ao átrio colunas sôbre as malhas, havia outros
maior, eram de pedras valiosas, que capitéis proporcionados à medida da
tinham sido serradas de uma mesma coluna; e na circunferência do se­
form a e medida tanto por dentro gundo capitel havia duzentas romãs
como por fora. 10Os fundamentos e- postas em duas ordens. 21E pôs es­
ram também de pedras valiosas, pe­ tas duas colunas no pórtico do tem­
dras grandes de dez ou de oito cô- plo; e, tendo levantado a coluna di­
vados. 11E dali para cima havia pe­ reita, deu-lhe o nome de Jaquim;
dras de muito valor, cortadas em i- levantou do mesmo modo a segunda
gual medida, e cobertas também de coluna, e deu-lhe o nome de Booz.
cedro. 12E o átrio maior era redon­ “ E por cima das colunas pôs um la-
do, e tinha três ordens de pedras de vor em forma de açucena; e com is­
cantaria, e uma ordem de cedro la­ to ficou concluída a obra das colu­
vrado; e o mesmo existia tanto no nas.
átrio interior da casa do Senhor, co­
mo no pórtico desta casa. O m ar de bronze

Hirão de Tiro “ Fêz também um mar de fundi­


ção de dez côvados (de diâm etro),
13Mandou também o rei Salomão duma borda à outra, redondo em tô-
que de T iro viesse Hirão, 14filho du­ da a volta; a sua profundidade era
ma mulher viúva da tribo de N efta- de cinco côvados, e cingla-o um cor­
li e cujo pai era de Tiro, que traba­ dão (de moldura) de trinta côvados.
lhava em bronze, e era cheio de sabe­ “ E por baixo da borda corria uma
Cap. v i l — 23. M a r de fundição. E sta bacia 6 cham ada mar, por causa da sua gran­
de capacidade.
378 TERCEIRO LIVRO DOS REIS 7
obra de talha por (cada) dez côva- que se podia pôr em cima a bacia,
dos que rodeava o mar; as duas or­ e tinha os seus trabalhos em talha
dens destas obras de talha eram de com variedade de relevos, tudo de
fundição. 25E (o m ar) estava assen­ uma só peça. "Lavrou também nas
te sôbre doze bois, três dos quais o- superfícies, que eram de bronze, e
lhavam para o setentrião, e três pa­ nos cantos, querubins, e leões, e pal­
ra o ocidente, e três para o meio-dia mas, apresentando como que a f i­
e três para o oriente, e o mar estava gura de um homem em pé, e com tal
em cima dêles; as partes posterio­ arte que não pareciam gravados, mas
res dêles escondiam-se tôdas para a sobrepostos ao redor. 37Deste modo
arte de dentro. 20A grossura da fêz dez bases do mesmo molde, da
acia era de três polegadas, e a sua mesma medida, e de escultura seme­
borda era semelhante à borda dum lhante. "F ê z também dez bacias de
copo, e à folha duma açucena aberta; bronze, cada uma das quais conti­
levava dois mil batos. nha (juarenta batos, e era de qua­
tro covados; e pôs cada bacia sobre
A s bacias móveis cada uma das dez bases. 30E, das
27Fêz também dez bases de bronze dez bases, pôs cinco na parte direi­
cada uma das quais tinha quatro cô- ta do templo, e cinco na esquerda;
vados de comprido e quatro côva- e pôs o mar na parte direita do tem­
dos de largo, e três côvados de al­ plo, entre o oriente e o meio-dia.
to. aE o trabalho das bases era a Outros objetos feitos por Hirão
cinzel, e havia esculturas entre as
junturas. 29E entre as coroas e fes- 40Hirão fêz também caldeirões e pa­
tões havia leões e bois e querubins, nelas e taças e concluiu tôda a o-
e também nas junturas da parte de bra do rei Salomão no templo do
cima; e, debaixo dos leões e dos Senhor: 41as duas colunas, e os dois
bois, pendiam como que umas g ri­ cordões dos capitéis das colunas, e
naldas de cobre. "Cada base tinha as duas rêdes para cobrir os dois
quatro rodas com seus eixos de bron­ cordões, que estavam sôbre os ca­
ze, e nos quatro cantos debaixo do pitéis das colunas; 42e quatrocen­
lavatório havia uns como ombrinhos tas romãs nas duas rêdes; duas or­
fundidos, um em frente do outro. dens de romãs em cada rêde, para
31Havia também dentro, nó alto cobrir os cordões dos capitéis que es­
da base, uma cavidade em que en­ tavam no alto das colunas; "e as
caixava a bacia; e o que se via por dez bases, e as dez bacias sôbre as
fora, era dum côvado, e tudo re­ bases; 44e o mar, e os doze bois por
dondo, e tudo junto tinha côvado baixo do mar. "E os caldeirões, e
e meio; e nos cantos das colunas as panelas, e as taças. Todos os
havia várias esculturas; e os interco- vasos que Hirão fêz ao rei Salomão
lúnios eram quadrados e não re­ para serviço da casa do Senhor e-
dondos. 32E as quatro rodas, que ha­ ram de bronze fino. "O rei mandou-
via nos quatro cantos da base, cor­ os fundir nos campos do Jordão nu­
respondiam-se umas às outras por ma terra argilosa, entre Socot e Sar-
baixo da base; e cada roda tinha cô- tan. 47E Salomão pôs (no tem plo)
vado e meio de altura. 33E as rodas todos êstes vasos; e, pelo seu exces­
eram como as que costumam fazer-se sivo número, não se pesou o bronze.
em uma carroça; e os seus eixos, e 48E Salomão fêz (tam bém ) todos os
raios, e caibros, e cubos era tudo de (outros) utensílios para a casa do
fundição, "porque até os quatro om- Senhor: o altar de ouro, e a mesa
brinhos que estavam nos quatro can­ de ouro, sôbre a qual se deviam co­
tos de cada base, eram fundidos com locar os pães da proposição; 40e os
a mesma base em um molde, e uni­ candeeiros de ouro, cinco à direita, e
dos com ela. "N o alto da base, po­ cinco à esquerda, diante do oráculo,
rém, havia um círculo de meio cô­ (todos) de ouro fino; e em cima
vado de altura, feito de tal modo, (dos candeeiros) havia umas flôres
26. Dois mil batos. O bato correspondia a cêrca de 38 litros.
" -o TERCEIRO LivR O DOS REIS 379
de açucena, e lâmpadas de ouro, e es- Deus manifesta no templo a sua glória
pevitadores de ouro, ®°e as bilhas pa­
ra água, e os garfos? e os copos, e os 10E aconteceu que, quando os sa­
almofarizes, e os turíbulos de ouro cerdotes saíram do santuário, uma
puríssimo; e as cauceiras das portas névoa encheu a casa do Senhor, Ue
da casa interior do Santo dos Santos, os sacerdotes não podiam ter-se em
e as das portas da casa do templo, pé nem fazer as funções do seu mi­
eram também de ouro. nistério, por causa da névoa, por­
51E Salomão concluiu tôda a obra que a glória do Senhor tinha enchi­
que mandou fazer para a casa do do a casa do Senhor. 12Então disse
Senhor, e meteu nela a prata, e o Salomão: O Senhor disse que habita­
ouro, e os vasos, e as coisas que seu ria numa névoa* 13Eu eaifiquei (6
pai Davi tinha consagrado, e deposi- Deus), esta casa para tua morada,
tou-as nos tesouros da casa do Se­ para teu trono firmíssimo para sem­
nhor. pre. .
Salomão abençoa o povo e agradece a
Transladação da arca p ara o novo Deus
templo
14E o rei voltou o seu rosto, e a-
O 1Então todos os anciãos de Is- bençoou todo o ajuntamento de Is­
° rael com os príncipes das tri­ rael, porque todo o ajuntamento de
bos, e os chefes das familias dos f i­ Israel estava ali. 15E Salomão dis­
lhos de Israel, reuniram-se junto do se: Bendito seja o Senhor Deus de
rei Salomão em Jerusalém, para Israel, que falou pela sua bôca a
transladarem a arca da aliança do meu pai Davi, e que, pelo seu poder,
Senhor da cidade de Davi, isto é, de cumpriu a sila palavra, dizendo:
Sião. 2E todo o Israel se reuniu “ Desde o dia em que eu tirei do
junto do rei Salomão no dia solene Egito o meu povo de Israel, não es-
do mês de Etanim, que é o sétimo colhi cidade alguma de todas as tri-
mês. bos de Israel, para que me fôsse e-
3E vieram todos os anciãos de Is­ dificada nela uma casa onde se in­
rael; e os sacerdotes tomaram a ar­ vocasse o meu nome; mas escolhi
ca, 4e levaram a arca do Senhor, e Davi para ser o chefe do meu povo
o tabernáculo da aliança, e todos os de Israel. “ Ora o meu pai Davi quis
vasos do santuário, que havia no ta­ edificar uma casa ao nome do Se­
bernáculo; e os sacerdotes e Levitas nhor Deus de Israel. “ Mas o Se­
os levavam. 5E o rei Salomão e to­ nhor disse a Davi, meu pai: Quando
do o povo de Israel, que se tinha reu­ tu no teu coração intentaste edifi­
nido junto dêle, iam diante da arca, car uma casa ao meu nome, fizes­
e imolavam ovelhas e bois sem preço te bem, meditando no teu entendi­
e sem número. 6E os sacerdotes mento isto mesmo. “ Todavia, tu não
puseram a arca da aliança do Senhor edificarás uma casa, mas teu filho,
no seu lugar, no oráculo do templo, que descenderá de ti, êsse edificará
no Santo dos Santos, debaixo das a- uma casa ao meu nome. 20O Senhor
sas dos querubins. 7Porque os que­ cumpriu a palavra que lhe disse; e
rubins tinham as asas estendidas, so­ eu fiquei em lugar de Davi, meu pai,
bre o lugar da arca, e cobriam por e sentei-me sobre o trono de Israel,
cima a arca e os seus varais. 8E como o Senhor tinha dito, e edifi-
os varais que (antes) sobressaíam, quei uma casa ao nome do Senhor
deixando ver os seus cabos fora do Deus de Israel. 21E nela escolhi o
santuário diante do oráculo, já não lugar para a arca, dentro da qual
apareciam mais por fora, e assim fi­ está (a lei, que é) a aliança que o
caram ali até ao dia de hoje. 9Ora Senhor fêz com os nossos pais, quan­
na arca não havia senão as duas tá­ do saíram da terra do Egito.
buas de pedra, que Moisés tinha me­
tido nela em Horeb, quando o Se­ Oração de Salomão
nhor fêz aliança com os filhos de
Israel, logo que sairam da terra do 22Depois pos-se Salomão diante do
Egito. altar do Senhor à vista do ajunta­
380 TERCEIRO LIVRO DOS REIS 3

mento de Israel, e estendeu as, suas tra ti) e, fazendo penitência, e dan­
mãos para o céu, “ e disse: Senhor do glória ao teu nome, vierem (seus
Deus de Israel, não há Deus seme­ filhos), e orarem e te implorarem nes­
lhante a ti, nem no mais alto do ta casa, 34ouve-os do céu, e perdoa
céu, nem cá em baixo sôbre a terra; o pecado do teu povo de Israel, e
tu conservas o pacto e a misericór­ torna-os a levar à terra que deste
dia para com os teus servos, que ca­ a seus pais.
minham diante de ti de todo o seu 35Se o céu se fechar, e não cair
coração. 24Tu guardaste ao teu ser­ chuva alguma, por causa dos seus
vo Davi, meu pai, o que lhe prome­ pecados, e êles, orando neste lugar,
teste; tu lho disseste por tua boca, fizerem penitência em honra do teu
e cumpriste pelas tuas mãos, como nome, e se converterem dos seus pe­
o prova êste dia. “ Agora, pois, Se­ cados por causa da sua aflição, “ ou­
nhor Deus de Israel, conserva ao teu ve-os do céu, e perdoa os pecados
servo Davi, meu pai, o que lhe pro­ de teus servos e do teu povo de Is­
meteste, dizendo: Não te faltarão rael, e mostra-lhes o caminho direi­
descendentes, que diante de mim se to por onde devem andar, e derra­
sentem sôbre o trono de Israel, con­ ma chuva sôbre (esta) tua terra,
tanto, todavia, que teus filhos guar­ que deste ao teu povo para a pos­
dem os teus caminhos, andando em suir.
minha presença, como tu andaste 37Se vier sôbre a terra fome, ou
diante de mim. “ Agora, pois, Senhor peste, ou corrupção do ar, ou ferru­
Deus de Israel, cumpram-se as pa­ gem, ou gafanhoto, ou qualquer hu­
lavras que disseste ao teu servo Da­ mor maligno, ou se o teu povo fôr a-
vi, meu pai. 'fligid o pelo seu inimigo sitiando as
27É, pois crível que Deus habite suas cidades, por qualquer praga ou
verdadeiramente sôbre a terra? P or­ qualquer enfermidade, “ quando al­
que se o céu e os céus dos céus te guém do teu povo de Israel recor­
não podem conter, quanto menos es­ rer a ti com votos e súplicas, e, re­
ta casa, que eu edifiquei? “ Mas a- conhecendo a chaga de seu coração
tende, Senhor Deus meu, à oração do (causada pelo pecado), levantar as
teu servo e às suas súplicas; ouve o suas mãos para ti nesta casa, "tu
hino e a oração que o teu servo faz ouvirás do céu, do lugar da tua mo­
hoje em tua presença, “ para que os rada, e tu propício, te reconcilia­
teus olhos estejam abertos de noite rás com êle, e procederás de modo
e de dia sôbre esta casa, da qual dis- a dar a cada um conforme tôdas as
seste: O meu nome estará nela; pa­ suas obras, e segundo vires o seu
ra que ouças a oração, que o teu ser­ coração (porque só tu conheces o in­
vo te faz neste lugar, " e ouças a sú­ terior dos corações de todos os filhos
plica do teu servo e do teu povo dos homens), "para que êles tenham
de Israel, em tudo o que te pedirem temor de ti durante todo o tempo
neste lugar; sim, tu ouvirás do lu­ que viverem sôbre a face da terra
gar da tua morada no céu, e, tendo- que tu deste a nossos pais.
as ouvido, lhes serás propício. "Também, quando algum estran­
31Quando algum homem pecar con­ geiro, que não é do teu povo de Is­
tra o seu proximo, e houver de fa ­ rael, vier de algum país remoto, por
zer algum juramento, com que se causa do teu nome (porque ouvirá
ligue, e vier à tua casa por m oti­ falar da grandeza do teu nome, e da
vo do juramento diante do teu altar, força da tua mão, e do poder do teu
,2tu o ouvirás do céu, e farás jus­ braço estendido), "quando, pois, vier
tiça a teus servos, condenando o ím­ fazer oração neste lugar, 43tu o ou-
pio, e fazendo recair a sua perfídia virás do céu, do firmamento da tua
sôbre a sua cabeça, e justificarás o morada, e farás tudo o que o es­
justo, e lhe retribuirás conforme a trangeiro te pedir; a fim de que
sua justiça. todos os povos da terra aprendam
33Se o teu povo de Israel fugir a temer o teu nome, como faz o
diante dos seus inimigos (porque v i­ teu povo de Israel, e a fim de que
rá algum dia em que êle peque con­ experimentem que o teu nome foi
g TERCEIRO LIVRO DOS REIS 381
invocado sôbre esta casa, que eu edi- êle tinha posto ambos os joelhos em
fiqu ei. terra, e tinha as mãos estendidas pa­
44Se o teu povo sair à guerra con­ ra o céu. “ Pôs-se, pois, em pé, e
tra os seus inimigos, indo pelo cami­ abençoou todo o ajuntamento de Is­
nho pelo qual tu o tiveres mandado, rael, dizendo em voz alta: “ Bendito
se te fizerem as suas preces, com o seja o Senhor, que deu descanso ao
rosto voltado para a cidade que tu seu povo de Israel, conforme tôdas as
escolheste, e para a casa que eu edi- promessas que tinha feito; não falhou
fiquei ao teu nome, “ tu também ou­ nem sequer uma palavra de todos os
virás do céu as suas orações e as suas bens que êle nos tinha prometido por
preces, e lhes farás justiça . "Porém , meio do seu servo Moisés. “ O Senhor
se pecarem contra ti (porque não há nosso Deus seja conosco, como foi
homem que não peque), e tu irado os com nossos pais, não nos desampa­
entregares nas mãos de seus inimi­ rando, nem nos afastando de si. “ Mas
gos, e êles forem levados cativos, ou incline os nossos corações, para an­
perto ou longe, para terra inimiga, darmos em todos os seus caminhos, e
47e fizerem penitencia do íntimo do para guardarmos os seus mandamen­
seu coração, no lugar do seu cativei­ tos e as suas cerimônias, e tôdas as
ro, e, convertidos, te suplicarem no ordenações que êle prescreveu a nos­
seu cativeiro, dizendo: Nós pecamos, sos pais. “ E estas minhas palavras,
nós cometemos a iniqüidade, nós pro­ com que acabo de orar ao Senhor,
cedemos impiamente; “ e se êles se estejam presentes de dia e de noite
voltarem para ti de todo o seu co­ diante do Senhor, nosso Deus, para
ração e de tôda a sua alma, na ter­ que todos os dias êle faça justiça ao
ra de seus inimigos, para onde fo ­ seu servo e ao seu povo de Israel;
ram levados cativos, e orarem vol­ “ de sorte que todos os povos da ter­
tados para a terra que tu deste a ra saibam que êle, o Senhor, é Deus,
seus pais, e para a cidade que esco­ e que não há outro fora dêle. “ Seja
lheste, e para o templo que eu edi- também o nosso coração reto para
fiquei ao teu nome; 49tu ouvirás do com o Senhor, nosso Deus, a fim
céu, do firmamento do teu trono, as de andarmos nos seus decretos, e
suas orações e as suas preces, e de­ guardarmos os seus mandamentos,
fenderás a sua causa; “ e te mos­ como fazemos hoje.
trarás propício ao teu povo, que pe­ Sacrifícios
cou contra ti; e perdoarás todas as
suas iniqüidades, com que tiverem 02O rei, pois, e todo o Israel com
prevaricado contra ti; e inspirarás êle, imolaram vítimas diante do Se­
ternura aos que os levarem cativos, nhor. 63E Salomão degolou, por hós­
para terem compaixão dêles. tias pacíficas que imolou ao Senhor,
“ Porque êles são o teu povo e a vinte e dois mll bois, e cento e vinte
tua herança, a quem tiraste da ter­ mil ovelhas; e o rei com os filhos de
ra do Egito, do meio da fornalha (ou Israel dedicaram o templo do Se­
crisol) de ferro. 52Os teus olhos este­ nhor. “ Naquele dia o rei consagrou
jam abertos às súplicas dos teus ser­ o meio do átrio, que estava diante da
vos e do teu povo de Israel, e os ou­ casa do Senhor; ofereceu, pois, ali
ças em tudo aquilo por que êles te holocaustos e sacrifícios, e as banhas
invocarem. “ Porque tu, ó Senhor das hóstias pacíficas; porque o altar
Deus, o s separaste de todos os povos de bronze, qile estava diante do Se­
da terra para tua herança, como o nhor, era pequeno, e não podiam ca­
declaraste por meio do teu servo ber nêle os holocaustos e os sacri­
Moisés, quando tiraste os nossos pais fícios, e as banhas das hóstias pací­
do Egito. ficas.
Duração da festa
Salomão abençoa novamente o povo
“ Celebrou, pois, Salomão naquele
“ Sucedeu, pois, que, tendo Salomão tempo esta célebre festa, e todo o Is­
acabado de fazer ao Senhor tôda es­ rael com êle, tendo concorrido gente
ta oração e esta súplica, levantou-se em grande número desde a entrada
de diante do altar do Senhor; porque de Emat até a rio do Egito, diante
382 TERCEIRO LIVRO DOS REIS 8 - 9
do Senhor, nosso Deus, durante sete guiram deuses estranhos, e os adora­
dias, e (em seguidas) durante outros ram, e lhes prestaram culto; por is­
sete dias, isto é, durante catorze dias. so o Senhor descarregou sôbre êles
°°E, ao dia oitavo (desta últim a fes­ todo êste mal.
ta ), despediu os povos; os quais, a-
bençoando o rei, voltaram para suas Cidades que foram dadas a Hirão
tendas, alegres, e com o coração con­
tente, por todos os bens que o Se­ 10Passados, pois, os vinte anos, du­
nhor tinha feito a Davi, seu servo, rante os quals Salomão edificou as
e a Israel, seu povo. duas casas, isto é, a casa do Senhor,
e a casa do rei, “ (mandando Hirão,
Resposta à oração de Salomão rei de Tiro, a Salomão madeira de
cedro e de faia, e o ouro, tudo quan­
Q 7Ora sucedeu que, tendo Salo- to havia mister) Salomão deu a Hi-
U mão acabado de edificar a casa rão vinte cidades no país da Gali-
do Senhor, e o palácio do rei, e tudo léia. 12E Hirão saiu de Tiro para ver
o que tinha desejado e querido fazer, as cidades que Salomão lhe tinha da-
2lhe apareceu o Senhor segunda vez, do, mas não lhe agradaram, 13e dis­
como lhe tinha aparecido em Ga- se: São estas, irmão, as cidades que
baão. 3E o Senhor disse-lhe: Eu ou­ me deste? E chamou-as terra de Ca-
vi a tua oração e a tua súplica, que bul, (nome que conservam) até ao
fizeste em minha presença; santifi- dia de hoje. “ Hirão tinha também
quei esta casa, que me edificaste, a mandado ao rei Salomão cento e vin­
fim de nela estabelecer para sempre te talentos de ouro.
o meu nome e nela estarão sempre 15Tal é a soma das despesas que fêz
os meus olhos e o meu coração. 4E Salomão oara edificar a casa do Se­
tu também, se andares na minha nhor, e a sua casa, e Melo, e os mu­
presença, como andou teu pai, em ros de Jerusalém, e Heser, e Magedo,
simplicidade de coração, e na eqüi- e Gazer.
dade, e se fizeres tudo o que te te­
nho mandado, e guardares as mi­ Cidades edificadas por Salomão
nhas leis e as minhas ordenações, 5eu 16
Faraó, rei do Egito, foi, e tomou
estabelecerei o trono do teu reino sô- Gazer, e queimou-a; e matou os Ca-
bre Israel para sempre, como prome- naneus que habitavam na cidade, e
ti a Davi, teu pai, dizendo: Não se­ deu-a em dote a sua filha, mulher
rá tirado um homem da tua linha­ de Salomão. "Salomão, pois, reedifi-
gem do trono de Israel. cou Gazer, e Betoron a baixa, e18 Ba-
6Mas, se obstinadamente, vos des­ laat, e Palmira, na terra do deser­
viardes de mim, vós e vossos filhos, to . 19E fortificou tôdas as aldeias que
não me seguindo nem guardando os lhe pertenciam, e que não tinham
meus preceitos e as minhas cerimô­ muros, e as cidades dos carros (de
nias, que eu vòs prescrevi, mas, se guerra), e as cidades da gente de
vos retirardes e prestardes culto a cavalo, e tudo o que lhe aprouve
deuses estranhos, e os adorardes, 7eu edificar em Jerusalém, e no Líbano,
exterminarei Israel da superfície da
terra que lhes dei, e lançarei para e em tôda a extensão dos seus do­
longe de minha presença o templo mínios.
que consagrei ao meu nome, e Is­ Estrangeiros obrigados ao trabalho;
rael será o escárnio e a fábula de seus chefes
todos os povos.
8E esta casa (feita em ruínas) ser­ ^Tôda a gente que tinha ficado
virá de exemplo (da minha ju stiça ); dos Amorreus, e dos Heteus, e dos
todo o que passar por diante dela, fi­ Fereseus, e dos Heveus, e dos Jebu-
cará pasmado, e a insultará, e dirá: seus, que não eram dos filhos de
Por que tratou o Senhor assim esta Israel; 21os filhos dêstes (povos) que
terra e esta casa? 9E responder-lhe- tinham ficado no país, e aos quais os
-ão: Porque êstes povos deixaram o filhos de Israel não puderam exter­
Senhor, seu Deus, que tirou seus pais minar, fêz Salomão tributários até o
da terra do Egito, e porque êies se­ dia de hoje. 22Quanto, porém, aos fi­
9 - 10 TERCEIRO LIVRO DOS REIS 383
lhos de Israel, Salomão determinou 4Vendo, pois, a rainha de Sabâ to­
que nenhum servisse (de escravo), da a sabedoria de Salomão, e a casa
mas eram os seus homens de guer­ que êle tinha feito, 5e os manjares
ra, e os seus ministros, e os seus pri­da sua mesa, e os aposentos dos seus
meiros oficiais, e os capitães, e os oficiais, e as diversas classes dos que
comandantes dos carros de guerra e o serviam, e os seus vestidos, e co-
da cavalaria, 23E havia quinhentos peiros, e holocaustos que êle ofere­
e cinqüenta homens estabelecidos so­ cia na casa do Senhor, ficou fora
bre tôdas as obras de Salomão, os de si, 6e disse ao rei: É verdadeiro
quais tinham o povo sujeito às suas o que eu ouvi no meu país 7acêrca
ordens, e eram os superintendentes da tua conversação e da tua sabe­
de tôdas as obras determinadas. doria; e eu não dava crédito aos
que mo diziam, até que eu mesma
Palácio da rainha vim, e vi com os meus olhos, e re-
conheci que me não tinham dito me­
24Veio, pois, a filha de Faraó da tade do que era; é maior a tua sa­
cidade de Davi para sua casa, que bedoria e as tuas obras, do que a
lhe tinha edificado Salomão, o qual fama que tenho ouvido. 8Bem-aven-
então edificou M elo. turados os teus homens, e bem-aven­
Sacrifícios de Salomão
turados os teus servos, que gozam
sempre da tua presença, e que ou­
25Oferecia também Salomão três vem a tua sabedoria. °Bendito seja
vêzes cada ano holocaustos e v iti­ o Senhor, teu Deus, a quem agra­
mas pacíficas sôbre o altar que ti­ daste, e que te colocou sôbre o tro­
nha levantado ao Senhor, e queima­ no de Israel, porque o Senhor amou
va perfumes diante do Senhor; e Israel para sempre, e te constituiu
completou-se o templo. rei, a fim de governares com eqüi-
dade e justiça.
Frota de Salomão 10Deu, pois, ao rei cento e vinte
talentos de ouro, e grandíssima quan­
“ Equipou também o rei Salomão tidade de aromas e pedras precio­
uma frota em Asiongaber, que é per­ sas; desde então não foram levados
to de Aliat, na praia do mar V er­ a Jerusalém tantos aromas, como os
melho, na terra da Iduméia. 27E Hi- que a rainha de Sabá deu ao rei
rão mandou nesta frota alguns dos Salomão.
seus servos, homens marinheiros, en­ "O ra também a frota de Hirão,
tendidos em náutica, juntamente com que trazia o ouro de Ofir, trouxe de
os servos de Salomão. “ E êles, ten­ O fir uma prodigiosa quantidade de
do chegado a Ofir, tomaram lá qua­ ébano odonfero e pedras preciosas.
trocentos e vinte talentos de ouro, e 12E o rei mandou fazer dêste ébano
levaram-nos ao rei Salomão. odorífero os balaústres da casa do
Senhor, e da casa real, e citaras e
Visita da rainha de Sabá liras para os cantores; nunca mais
IA 'E até a rainha de Sabá, tendo foram transportadas nem vistas se­
1v melhantes madeiras de ébano odorí­
ouvido falar da fama de Salo­ fero até ao dia de hoje. 13E o rei
mão no nome do Senhor, foi experi­ Salomão deu à rainha de Sabá tudo
mentá-lo com enigmas. 2E, tendo en­ o que ela desejou e lhe pediu, além
trado em Jerusalém com grande co­ dos presentes que êle mesmo lhe
mitiva, e riquezas, e camelos, que fêz com real liberalidade. A rainha
levavam aromas, e infinita quanti­ voltou, e foi para o seu reino com
dade de ouro e pedras preciosas, os seus servos.
apresentou-se diante do rei Salomão,
e falou-lhe de tudo o que ela tinha Riquezas de Salomão
no seu coração. 8E Salomão instruiu-
a em todas as coisas que ela lhe ti­ 14E o pêso de ouro, que era levado
nha proposto; não houve nenhuma a Salomão todos os anos, era de
ue o rei ignorasse, e sôbre a qual seiscentos e sessenta e seis talentos
â le não respondesse. de ouro; 15sem contar o que lhe tra­
384 TERCEIRO LIVRO DOS REIS 10 - 11
ziam os homens, que eram os rece- houvesse tanta abundância de prata
bedores dos tributos, e os negocian­ em Jerusalém como de pedras, e tor­
tes, e todos os que vendiam quin­ nou o cedro tão comum como os si-
quilharias, e todos os reis da A rá- cômoros que nascem nas campinas.
bia, e os governadores do país. 160 “ Do Egito e de Coa eram trazidos
rei Salomão fêz mais duzentos es­ cavalos para Salomão. Porque os fe i­
cudos de ouro puríssimo, e empre­ tores do rei os compravam em Coa,
gou nas chapas de cada escudo seis­ e lhos traziam por um preço esta­
centos siclos de ouro. 17Fêz trezen­ belecido. “ Uma quadriga trazida do
tos broquéis de ouro fino; trezentas Egito custava-lhe seiscentos siclos de
minas de ouro revestiam cada bro- prata, e um cavalo, cento e cinqüen-
quel; e o rei colocou-os na casa do ta. E assim lhe vendiam os cava­
bosque do Líbano. los todos os reis dos Heteus e da
18Fêz mais o rei Salomão um gran­ Síria.
de trono de marfim, e guarneceu-o
de ouro muito amarelo, 19o qual ti­ Mulheres estrangeiras
nha seis degraus; e o alto do trono e idolatria de Salomão
era redondo pelo espaldar; e dois
braços, um dum lado, e outro doutro, 11 2Ora o rei Salomão, além da
sustinham o assento; e havia dois 11 filha de Faraó, amou apaixo-
leões junto de cada braço. 20E doze nadamente muitas mulheres estran­
leôezinhos postos sobre os seis de­ geiras: Moabitas, e Amonitas, e Idu-
graus, duma parte e doutra; não se méias, e Sidônias, e Hetéias, 2das na­
fêz obra semelhante em nenhum ou­ ções, das quais o Senhor tinha dito
tro reino (do m undo). aos filhos de Israel: Não tomeis (pa­
21Além disto, todos os vasos, por ra vós) as suas mulheres, nem êles
onde bebia o rei Salomão, eram de as vossas; porque elas certissimamen-
ouro; e tôda a baixela da casa do te vos perverterão os vossos cora­
bosque do Líbano era de ouro pu­ ções, para seguirdes os seus ídolos.
ríssimo; não havia prata, nem se fa ­ A estas, pois, se uniu Salomão bom
zia aprêço algum dela no tempo de um amor ardentíssimo. 3E teve se-
Salomão. 22Pois a frota do rei Sa­ tecentas mulheres, que eram como
lomão ia por mar com a frota de rainhas, e trezentas mulheres secun­
Hirão, uma vez cada três anos, a dárias; e as mulheres perverteram-
Tarsis, para trazer dali ouro e pra­ lhe o coração. 4E, sendo já velho,
ta, e dentes de elefantes, e bugios, o seu coração foi pervertido pelas
e pavões. mulheres, para seguir os deuses a-
lheios, e o seu coração não era per?"
Grandeza e poder de Salomão feito diante do Senhor, seu Deus, co­
mo fôra o coração de Davi, seu pai.
230 rei Salomão excedeu, pois, to­
dos os reis do mundo em riquezas e 5Salomão prestava culto a Astarte,
sabedoria. 24E tôda a terra desejava deusa dos Sidônios, e a Moloc, ídolo
conhecer de vista a Salomão, para dos Amonitas. °E Salomão fêz o que
ouvir a sabedoria que Deus tinha não era agradável ao Senhor, e não
depositado no seu coração. 25E todos seguiu o Senhor perfeitamente, co­
lhe mandavam cada ano presentes, mo o tinha seguido Davi, seu pai.
vasos de prata e de ouro, vestidos, 7Naquele tempo Salomão edificou um
e armas de guerra, e aromas, e ca­ templo a Camos, ídolo dos Moabi­
valos e burros. tas, no monte que está fronteiro a
20E juntou Salomão um grande nú­ Jerusalém, e (ou tro tem plo) a Mo-
meros de carros e de cavaleiros, e loc, ídolo dos filhos de Amon. 8E
teve mil e quatrocentos carros, e do­ fêz o mesmo (para agradar) a tô-
ze mil cavaleiros; distribuiu-os pelas das as suas mulheres estrangeiras,
cidades fortificadas, e em Jerusalém que queimavam incenso e sacrifica­
junto da sua pessoa. 27E fêz que vam aos seus deuses.
Cap. X I — 3. Salomão, como os outros reis do oriente, pensava que o esplendor da
sua côrte seria, julgado pela riqueza do seu harém.
11 TERCEIRO LIVRO DOS REIS 385

Deus ameaça Salomão ta em minha casa, para pensares


em voltar para a tua terra? E êle
°0 Senhor, pois, irou-se contra Sa­ respondeu-lhe: Nada; mas suplico-te
lomão, por se ter o seu espirito apar­ que me deixes ir.
tado do Senhor, Deus de Israel, que
lhe tinha aparecido duas vêzes, 10e Razon
lhe tinha proibido expressamente que “ Suscitou-lhe Deus também por
seguisse deuses estrangeiros; mas èle inimigo a Razon, filho de Eliada, o
não observou o que o Senhor lhe ual tinha fugido de Adarezer, rei
mandara. “ Disse, pois, o Senhor a e Soba, seu senhor. 24E juntou gen­
Salomão: Visto que tu te portaste as­ te contra êle, e fêz-se capitão de la­
sim, e não guardaste o meu pacto drões (ou de guerrilhas), quando Da­
nem os mandamentos que te ordenei, vi lhes fazia guerra; e êstes retira-
eu rasgarei e dividirei o teu reino, ram-se para Damasco, e habitaram
e o darei a um dos teus servos. ali, e constituiram-no rei em Damas­
“ Contudo não o farei em teus dias co. 25E foi inimigo de Israel duran­
por atenção a Davi, teu pai; divi­ te todo o reinado de Salomão; e ês-
di-lo-ei (quando estiver) entre as te é o mal que f f z Adad, e o seu
mãos do teu filho. 13E não lhe tira­ ódio contra Israel; reinou na Síria.
rei o reino todo, mas darei a teu
filho uma tribo, em atenção a meu Revolta de Jeroboão
servo Davi e a Jerusalém, que eu
escolhi. 2OTambém Jeroboão, filho de Na-
bat, Efrateu, de Sareda, servo de Sa­
Rebelião de Adad lomão, cuja mãe era uma mulher
“ Suscitou, pois, o Senhor por ini­ viúva, chamada Sarva, se sublevou
migo de Salomão a Adad, Idumeu, contra Salomão. 27E o motivo da re­
de sangue real, que vivia em Edom. belião contra êle foi porque Salomão
“ Porque, quando Davi estava na Idu- (à custa de pesados tributos) tinha
méia, e foi Joab, general do seu exér­ edificado Melo e terraplanado o pro­
cito, sepultar os que tinham sido fundo vale da cidade de Davi, seu
mortos, e matar na Iduméia todos os pai. “ Ora Jeroboão era um homem
varões, 16(pois seis meses se demo­ valente e poderoso; e Salomão, ven­
rou ali Joab e todo o Israel, até ma­ do que era um jovem de boa índole
tar todos os varões da Iduméia) 17ês- e atlvo, tinha-o feito intendente dos
te Adad fugiu de lá, e com êle os tributos de tôda a casa de José.
Idumeus, servos de seu pai, para se “ Aconteceu, pois, naquele tempo,
retirar ao Egito; e Adad era então que Jeroboão saiu de Jerusalém, e
de mui tenra idade. 18E, saindo de que A í as Silonita, profeta, coberto
Madian, foram a Faran, e levaram com uma capa nova, encontrou Jero-
consigo homens de Faran, e, entran­ boão no caminho; e estavam sós os
do no Egito, apresentaram-se a F a­ dois no campo. 3OE Aías, tomando
raó, rei ao Egito, o qual deu a Adad a sua capa nova, de que vinha co­
casa, e consignou-lhe alimentos, e berto, rasgou-a em doze partes. WE
adjudicou-lhe terras. 19E Adad caiu disse a Jeroboão: Toma para ti dez
tanto em graça a Faraó, que êste retalhos; porque isto é o que diz o
o casou com a própria irmã da rai­ Senhor Deus de Israel: Eis que eu
nha Tafnes, sua mulher. “ E desta rasgarei o reino das mãos de Salo­
irmã de Tafnes teve Adad um fi­ mão e dar-te-ei dez tribos. “ A êle,
lho, chamado Genubat, e Tafnes porém, ficará uma tribo, em aten­
criou-o na casa de Faraó; e Genu- ção a meu servo Davi e à cidade de
bat habitava no palácio de Faraó Jerusalém, que eu escolhi dentre tô-
com os filhos do rei. aE, tendo Adad das as tribos de Israel; 33porque Salo­
ouvido dizer no Egito que Davi ti­ mão abandonou-me, e adorou Astar­
nha adormecido com seús pais, e que te, deusa dos Sidônios, Camos, deus
Joab, general do seu exército, tinha de Moab, e Moloc, deus dos filhos
sido morto, disse a Faraó: Deixa-me de Amon; e não andou pelos meus
ir para a minha terra. 22E Faraó caminhos, para fazer o que era jus­
disse-lhe: Pois què é o que te fa l­ to diante de mim, e para observar
13 - B íb lia sagrada
386 TERCEIRO LIVRO DOS REIS 11 - 12

os meus preceitos e as minhas leis, nham mandado chamar; foi, pois, Je­
como Davi, seu pai. 34Eu não lhe roboão e todo o povo de Israel, e
tirarei todo o reino das suas mãos, falaram a Roboão, dizendo: ^ e u pai
mas deixá-lo-ei governar todos os impôs-nos um jugo duríssimo; tu,
dias da sua vida, por causa de D a ­ pois, agora, suaviza alguma coisa a
vi, meu servo, a quem escolhi, o dureza do govêrno de teu pai, e aquê-
qual guardou os meus mandamentos le pesadíssimo jugo que ele nos im­
e os meus preceitos. ^Tirarei, porém, pôs, e nós te serviremos. 5Roboão
o reino das mãos de seu filho, e te respondeu-lhes: Ide-vos, e daqui a
darei dez tribos; “ ao seu filho da­ três dias vinde ter comigo.
rei uma tribo, para gue fique sem­ E, tendo-se retirado o povo, 6teve
pre a meu servo Davi uma lâmpada o rei Roboão conselho com os an­
diante de mim na cidade de Jeru­ ciãos que Salomão, seu pai, tinha
salém, que eu escolhi, a fim de o meu junto de si, quando vivia, e disse-
nome ser nela reverenciado. 87E eu lhes: Que me aconselhais vós que eu
te tomarei, e tu reinarás sôbre tudo responda a êste povo? 7Êles disseram-
o que a tua alma deseja, e serás rei lhe: Se tu agora obedeceres a êste
em Israel. povo, e cederes, e condescenderes
38Se tu, pois, ouvires tudo o que com a sua petição, e lhe falares com
eu te ordenar, e se andares pelos brandura, êles serão teus servos pa­
meus caminhos, e se fizeres o que ra sempre.
é reto diante de mim, guardando as 8Êle, porém, abandonou o conse­
minhas leis e os meus preceitos, co­ lho que lhe tinham dado os anciãos,
mo fêz Davi, meu servo; eu serei con­ e consultou os jovens que tinham si­
tigo, e te edificarei uma casa, que do criados com êle, e que lhe assis­
seja estável, como a que edifiquei tiam, 9e disse-lhes: Que me acon­
a meu servo Davi, e te entregarei selhais vós que eu responda a êste
Israel; 39e afligirei neste ponto a des­ povo, que me disse: Suaviza um pou­
cendência de Davi, mas não para co o jugo que teu pai impôs sobre
sempre. 40Quis, pois, Salomão matar nós? 10*E disseram-lhe os jovens que
Jeroboão; mas êle retirou-se e fugiu tinham sido criados com êle: Assim
para o Egito, para junto de Sesac, dirás a êste povo que te falou, di­
rei do Egito; e ficou no Egito até zendo: Teu pai tornou o nosso jugo
à morte de Salomão. pesadíssimo, tu alivia-nos. Assim
lhes dirás: O meu dedo mínimo é
Morte de Salomão mais grosso do que o costado de
meu pai. 1XE, se meu pai pôs sôbre
410 resto, porém, dos feitos de Sa­ vós um jugo pesado, eu ainda au­
lomão, tudo o que êle fêz, e a sua mentarei o vosso jugo; meu pai
sabedoria, tudo está escrito no livro açoitou-vos com correias, e eu açoi-
dos anais do reinado de Salomão. tar-vos-ei com escorpiões.
420 tempo que Salomão reinou em
Jerusalém sôbre todo o Israel foram 12Voltou, pois, Jeroboão e todo o
quarenta anos. 43E Salomão adorme­ povo a Roboão, no terceiro dia, con­
ceu com seus pais, e foi enterrado forme o rei lhes tinha ordenado, di­
na cidade de seu pai Davi, e Ro- zendo: Tornai a vir ter comigo da­
boão, seu filho, reinou em seu lu­ qui a três dias. 13E o rei respondeu
gar. duramente ao povo, desprezando o
conselho que os anciãos lhe tinham
Roboão responde duramente ao povo, dado. 14E falou-lhes conforme o que
que pedia a diminuição dos tributos lhe tinham aconselhado os jovens, di­
zendo: Meu pai impôs-vos um jugo
1 0 'Foi, pois, Roboão a Siquém, esado, eu ainda aumentarei o pêso
porque todo o Israel se tinha o vosso jugo; meu pai açoitou-vos
juntado ali para o constituir rei. 2Po- com correias, e eu açoitar-vos-ei com.
rém Jeroboão, filho de Nabat, achan- escorpiões. 15E o rei não deu ouvi­
do-se ainda no Egito refugiado da dos ao povo; porque o Senhor tinha
face do rei Salomão, sabida a sua apartado dêle a sua face, para ve­
morte, voltou do Egito, 3porque o ti­ rificar a palavra que tinha dito a Je-
12 - 13 TERCEIRO LIVRO DOS REIS 38r

roboão, filho de Nabat, por meio do êles a palavra do Senhor, e volta­


profeta Aías, Silonita. ram, conforme o Senhor lhes tinha
Revolta das dez tribos mandado.

16Vendo, pois, o povo que o rei o Jeroboão para consolidar o trono íaz
não queria ouvir, respondeu-lhe, di­ bezerros de ouro
zendo:
Que parte temos nós com (a fam í­ - “ E Jeroboão reedificou Siquém sô-
lia de) Davi? ou que herança (ou pro­ bre o monte de Efraim, e residiu ali;
veito) com o filho de Isai? Vai, pois, e, tendo saído de lá, edificou Fanuel.
ara as tuas tendas, ó Israel; e tu, “ E Jeroboão disse em seu coração:
(descendente de) Davi, trata ago­ Agora o reino tornará para a casa
ra de tua casa. de Davi, "se êste povo fôr a Jerusa­
E Israel retirou-se para as suas ten­ lém para lá oferecer sacrifícios na
das (e sacudiu o jugo de Roboao). casa do Senhor, e o coração dêste
17Mas Roboão reinou sobre todos os povo voltar-se-á para o seu senhor,
filhos de Israel, que habitavam nas para Roboão, rei de Judá, e êles me
cidades de Judá. matarão, e se voltarão para êle.
180 rei Roboão enviou, pois, Adu- “ E, depois de ter considerado bem,
rão, que era o superintendente dos fêz dois bezerros de ouro, e disse ao
tributos (para apaziguar os ânim os); povo: Não torneis mais a Jerusalém.
e todo o Israel o apedrejou, e êle Eis aqui, ó Israel, os teus deuses, que
morreu. Então o rei Roboão tomou te tiraram da terra do Egito. “ E
a tôda a pressa o seu carro, e fugiu pôs um em Betel, e o outro em Dan;
para Jerusalém. 10E Israel separou- soe isto foi uma ocasião de pecado;
se da casa de Davi, até ao dia de porque o povo ia a Dan para adorar
hoje. 0 bezerro. 31E levantou templos nos
Jeroboão rei de Israel lugares altos, e pôs por sacerdotes
pessoas do povo, que não eram dos
20Ora aconteceu que, tendo ouvido filhos de Levi. 32Ordenou também
todo o Israel que Jeroboão tinha vol­ um dia de festa no oitavo mês, no
tado, reunidos em cortes, mandaram- dia décimo quinto do mês, à seme­
no chamar, e aclamaram-no rei so­ lhança da solenidade que se celebra­
bre todo o Israel; e não houve nin­ va em Judá. E, subindo ao altar,
guém que seguisse a casa de Davi, fêz o mesmo em Betei, oferecendo sa­
senão sòmente a tribo de Judã. crifícios aos bezerros que tinha fa ­
bricado; e estabeleceu em Betei sa­
Roboão é dissuadido de fazer guerra a cerdotes (para os templos) dos luga­
Israel 2
1 res altos, que tinha edificado. 33Ao
décimo quinto dia do oitavo mês, que
21Roboão, porém, chegou a Jerusa­ êle, por seu capricho, tinha feito so­
lém, e fêz juntar tôda a casa de Ju- lene, subiu Jeroboão ao altar que ti­
dá e a tribo de Benjamim, cento e nha construído em Betei, e fêz uma
oitenta m il homens de guerra, esco­ solene festa aos filhos de Israel, e
lhidos, a fim de pelejar contra a ca­ subiu ao altar para queimar incenso.
sa de Israel, e reduzir o reino à o-
bediência de Roboão, filho de Salo­ Maldição contra o altar de Betei
mão.
22Mas o Senhor dirigiu a sua pala­ 1 O ^ a s , enquanto Jeroboão esta-
vra a Seméias, homem de Deus, di­ va sôbre o altar, e lançava o
zendo: 23Fala a Roboão, filho de Sa­ incenso, eis que um homem de Deus
lomão, rei de Judá, e a tôda a casa foi de judá a Betei por ordem do
de Judá e de Benjamim, e a todo o Senhor. 2E exclamou contra o altar
resto do povo, dizendo: 24Eis o que diz da parte do Senhor e disse: Altar,
o Senhor: Não vos ponhais em cam­ altar, eis o que diz o Senhor: Na
panha, nem façais guerra contra os casa de Davi nascerá um filho, que
filhos de Israel, que são vossos ir­ se chamará Josias e êle degolará so­
mãos; cada um volte para sua casa, bre ti os sacerdotes dos lugares altos,
porque eu é que fiz isto. Ouviram que agora queimam incenso sôbre tir
388 TERCEIRO LIVRO DOS REIS 13

e queimará sobre ti ossos de homens. de Deus que vieste de Judá? Êle


*E, ao mesmo tempo, como prova da respondeu-lhe: Sou eu mesmo. “ E
verdade da sua predição, acrescentou: êle disse-lhe: Vem comigo à casa co­
Eis o sinal (que vos fará saber) que mer pão. 16E êle respondeu: Não pos­
o Senhor falou: 0 altar se partirá, so voltar, nem ir contigo, nem come­
e a cinza, que está por cima, se es­ rei pão, nem beberei água neste lu­
palhará. gar; 17porque o Senhor, com palavras
4E, tendo o rei ouvido as palavras de Senhor, me falou, dizendo: Não
do homem de Deus, que êle profe­ comerás pão, nem beberás água nes­
rira em alta voz contra o altar em se lugar, nem voltarás pelo caminho
Betel, estendeu a sua mão do altar, por onde tiveres ido. MÈ o outro dis­
dizendo: Prendei-o. E logo a mão, se-lhe: Eu também sou profeta co­
que êle estendera contra o homem mo tu; e um anjo falou-me da parte
de Deus, se secou; e êle não a pôde do Senhor, dizendo: Leva-o contigo
trazer a si. 50 altar também se par­ à tua casa, para que êle coma pão e
tiu, e espalhou-se a cinza do altar, beba água. Enganou-o, 19e levou-o
conforme o sinal que o homem de consigo. Comeu, pois, pão em sua
Deus tinha dado em nome do Senhor. casa e bebeu água.
6E o rei disse ao homem de Deus: ^E, estando à mesa, o Senhor fa ­
Faze oração ao Senhor, teu Deus, e lou ao profeta, que o tinha feito vol­
roga-lhe por mim, para que me se­ tar. 21E (este profeta) exclamou ao
ja restitulda a mão. E o homem de homem de Deus, que tinha vindo de
Deus fêz oração ao Senhor, e o rei Judá, dizendo: Eis o aue diz o Se­
trouxe a si a sua mão, e ela ficou nhor: Porque não obedeceste à pa­
como era antes. Thsse mais o rei lavra do Senhor, e não guardaste o
ao homem de Deus: Vem comigo à mandamento que o Senhor teu Deus
minha casa, e eu te darei presentes. te tinha imposto, 22e voltaste, e co­
6E o homem de Deus respondeu ao meste pão, e bebeste água no lugar
rei: Ainda que tu me desses meta­ em que te mandou que não comesses
de da tua casa, eu não iria contigo, pão, nem bebesses água, o teu cadá-
nem comeria pão, nem beberia água ver não será levado ao sepulcro de
neste lugar; °porque assim me foi teus pais.
mandado da parte ao Senhor, que me ME, logo que comeu e bebeu, o ve­
ordenou: Não comerás (lá ) pão, nem lho profeta aparelhou o seu jumento
beberás água, nem voltarás pelo ca­ para o profeta a quem tinha feito vol­
minho por onde fôste. 10Êle, pois, tar. 24E, indo no caminho, um leão
foi-se por outro caminho, e não vol­ saiu-lhe ao encontro e matou-o, e o
tou pelo mesmo por onde tinha ido seu cadáver ficou estendido no cami­
a Betel. nho; o jumento, porém, estava para­
do -junto dêle, e o leão ficou ao pé
Castigo da Infidelidade do do cadáver. “ E eis que, passando por
profeta ali uns homens, viram o cadáver es­
UOra em Betel morava um velho tendido no caminho, e o leão pôsto
ao pé do cadáver. E foram e divul­
Ílrofeta, com o qual foram ter seus fi-
hos, e lhe contaram tôdas as obras garam isto na cidade onde morava a-
que o homem de Deus tinha feito quêle velho profeta.
naquele dia em Betel; e referiram a ^ e n d o ouvido isto o profeta, que
seu pai as palavras que êle tinha di­ o tinha feito voltar do caminho, dis­
to ao rei. 12E seu pai disse-lhes: se: É o homem de Deus, que foi de­
Por que caminho foi ele? O s filhos sobediente à palavra do Senhor, e o
mostraram-lhe o caminho por onde Senhor o entregou a um leão, e o des­
voltara o homem de Deus, que vie­ pedaçou, e o matou, conforme a pa­
ra de Judá. 18E êle disse a seus fi­ lavra que o Senhor lhe tinha dito.
lhos: Aparelhai-me o jumento. E, "E disse a seus filhos: Aparelhai-
tendo-o eles aparelhado, montou nê- me o jumento. E, tendo-o aparelha­
le, 14e foi após o homem de Deus, e do, “ êle partiu, e encontrou o cadá-
encontrou-o sentado debaixo dum te- ver estendido no caminho, e o jumen­
rebinto, e disse-lhe: Tu és o homem to e o leão postos junto do cadáver;
13 - 14 TERCEIRO L Iv R o DOS REIS 389

o leão não tinha comido o cadáver, para que finges tu ser outra? Ora
nem feito mal ao jumento. “ Pegou, eu fui enviado para te dar uma triste
pois, o profeta no cadáver do homem nova.
de Deus, e pô-lo em cima do seu ju­ 7Vai, e dize a Jeroboão: Eis o que
mento, e, voltando, levou-o à sua ci­ diz o Senhor, Deus de Israel: Eu te
dade para o chorar. “ E pôs o cadá­ elevei do meio do povo, e te constitui
ver no seu sepulcro; e choraram-no chefe do meu povo de Israel; 8e di­
dizendo: Ai, ai, meu irmão! 81E, vidi o reino da casa de Davi e o dei
tendo-o pranteado, disse êle a seus fi­ a ti; mas tu não fôste como meu ser­
lhos: Quando eu morrer, sepultai-me vo Davi, que guardou os meus man­
no sepulcro em que foi enterrado o damentos, e que me seguiu de todo
homem de Deus; ponde os meus os­ o seu coração, fazendo o que me era
sos junto dos seus; 32pois com certeza, agradável; °mas fizeste maiores ma­
se verificará o que êle predisse da les do que todos quantos têm havido
parte do Senhor contra o altar que antes de ti, e fabricaste para ti deu­
está em Betel, e contra todos os tem­ ses estrangeiros e fundidos, para me
plos dos lugares altos, que existem provocares a ira, e a mim lançaste-
nas cidades da Samaria. me para trás das costas. 10P or isso eu
farei cair males sobre a casa de Je-
Jeroboão persevera no seu roboão, e farei m orrer da casa de Je­
endurecimento roboão todo o indivíduo do sexo mas-
“ Depois destas coisas, Jeroboão culino, o encarcerado, e o último em
não se converteu da sua péssima v i­ Israel; e varrerei os restos da casa
da, antes, ao contrário, dentre os ho­ de Jeroboão como se costuma varrer
mens do povo fêz sacerdotes dos lu­ o estêrco, até não ficar rasto. “ Os
gares altos; todo aquêle que queria que morrerem da casa de Jeroboão,
era consagrado e tornava-se sacerdo­ na cidade serão comidos pelas aves
te dos lugares altos. “ E por esta do céu; porque o Senhor o disse.
causa a casa de Jeroboão pecou, e 12Vai, pois, e torna para tua casa; e,
foi destruída, e extinta da face da ao mesmo tempo que puseres os pés
terra. na cidade, morrerá o menino. 13E
todo o Israel o chorará, e o sepulta­
Profecia contra a casa de Jeroboão rá; porque só êste da casa de Jero­
IA d a q u e le tempo adoeceu Abia, boão será posto no sepulcro, porque
o Senhor Deus de Israel, entre os da
** filho de Jeroboão. 2E Jero­ casa de Jeroboão, somente a êle
boão disse a sua mulher: Levanta-te, olhou com agrado.
e muda de traje, para que não co­
nheçam que és mulher de Jeroboão; 14Ora o Senhor constituiu para si
e vai a Silo, onde está o profeta um rei sôbre Israel, que arrumará a
Aías, o qual me predisse que eu rei­ casa de Jeroboão neste dia e neste
naria sobre êste povo. ^ e v a conti­ tempo; 15e o Senhor Deus ferirá Is­
go dez pães, uma torta e um vaso rael, como uma cana costuma ser agi­
de mel, e vai ter com êle; porque tada nas águas; e êle arrancará Is­
êle te dirá o que tem de acontecer a rael desta excelente terra, que deu
êste menino. 4A mulher de Jeroboão a seus pais, e os sacudirá para além
fêz como êle lhe tinha dito; e, levan- do rio; porque consagraram bosques
tando-se, partiu para Silo, e foi à ca­ (aos ídolos) para irritarem o Senhor.
sa de Aías. Ora êle não podia ver, 10E o Senhor abandonará Israel, por
porque os seus olhos se tinham es­ causa dos pecados de Jeroboão, que
curecido por causa da muita idade. pecou e fêz pecar Israel.
50 Senhor, porém, disse a Aías: Eis 17Levantou-se, pois, a mulher de Je­
aí vem a mulher de Jeroboão consul­ roboão, e pôs-se a caminho, e chegou
tar-te sôbre seu filho, que está doen­ a Tersa; e, quando ela entrava o li­
te; tu lhe dirás isto e isto. Tendo miar da porta, morreu o menino; 18e
entrado a mulher de Jeroboão, dissi­ sepultaram-no. E todo o Israel o
mulando quem era, 6Aías ouviu o ruí­ chorou, conforme a palavra do Se­
do dos seus pés ao entrar pela porta, nhor, que êle tinha proferido pela
e disse: Entra, mulher de Jeroboão; bôca do profeta Aías, seu servo.
390 TERCEIRO LIVRO DOS REIS 1 4 -1 5

M o rte de Jeroboão nita. E Abião, seu filho, reinou em


seu lugar.
10O mais, porém, das açoes de Je­
roboão, as guerras que teve, e o seu Abião, rei de Judâ
modo de reinar, esta escrito no livro
dos anais dos reis de Israel. ” E o 1C ^ r a , no décimo oitavo ano do
tempo que Jeroboão reinou, foram reinado de Jeroboão, filho de
vinte e dois anos; e adormeceu com Nabat, reinou Abião sôbre Judã.
seus pais; e em seu lugar reinou seu 2Reinou três anos em Jerusalém. Sua
filho Nadab. mãe chamava-se Maaca, filha de A b -
salão. 3E êle entregou-se a todos os
Roboão reina em Judã pecados que seu pai tinha cometido
antes dêle; e o seu coração não era
21Ora Roboão, filho de Salomão, rei­
nou em Judã. Tinha quarenta e um perfeito diante do Senhor seu Deus,
anos, quando começou a reinar; rei­ como fôra o coração de seu pai D a ­
nou dezessete anos na cidade de Je­ vi. 4Mas o Senhor seu Deus, em a-
rusalém, que o Senhor tinha escolhi- tenção a Davi, deu-lhe uma lâm pa­
da em Jerusalém, suscitando seu fi­
do dentre tôdas as tribos de Israel
lho depois dêle, para restabelecer Je­
para estabelecer nela o seu nome.
Sua mãe chamava-se Naam a, a A m a- rusalém; “porque D avi tinha feito o
que era reto aos olhos do Senhor, e
nita.
em nada se tinha afastado de tudo
22E (a tribo de) Judâ fêz o mal o que lhe mandara em todos os dias
diante do Senhor, e irritaram -no mais da sua vida, exceto o que se passou
do que tinham feito seus pais com os
crimes que tinham cometido. s P or- com Urias Heteu. °Todavia, entre
Roboão e Jeroboão, houve guerra
que também êles levantaram para si
durante todo o tempo da vida de Ro­
altares e estátuas e bosques sagrados
boão. 70 resto das ações de Abião,
em cima de todos os outeiros, e de­
e tudo o que êle fêz, está escrito no
baixo de tôdas as árvores frondo­
livro dos anais dos reis de Judá. H ou­
sas. 24E até houve também no país
ve também uma batalha entre Abião
efeminados, e cometeram tôdas as e Jeroboão. 8E Abião adormeceu
abominações daqueles povos que o com seus pais, e sepultaram-no na ci­
Senhor tinha destruído à vista dos dade de Davi. E seu filho Asa rei­
filhos de Israel. nou ^em seu lugar.
“Ora, no quinto ano do reinado de
Roboão, Sesac, rei do Egito, foi a Je­ Asa, rei de Judá
rusalém, “ e- levou os tesouros da ca­
sa do Senhor, e os tesouros do rei, 9N o ano, pois, vigésimo de Jero-
e roubou tudo, até os mesmos escudos boão, rei de Israel, reinou Asa, rei
de ouro, que Salomão tinha feito, de Judá, 10e reinou quarenta e um
“ em lugar dos quais o rei Roboão fêz anos em Jerusalém. Sua mãe cha­
escudos de bronze, e os entregou nas mava-se Maaca, filha de Absalão.
mãos dos capitães da guarda e dos nE Asa fêz o que era reto aos olhos
que faziam sentinela diante da por­ do Senhor, como seu pai Davi. 12E
ta do palácio do rei. “E, quando o tirou do país os efeminados, e lim­
rei entrava na casa do Senhor, os pou-o de tôdas as imundícies dos i-
que tinham o cargo de ir adiante, le­ dolos que seus pais tinham fabri­
vavam êstes escudos, e depois torna­ cado. 13E, além disto, tirou a digni­
vam-nos a pôr na casa das armas dos dade de rainha-mãe a Maaca, sua
guardas. mãe, para que não presidisse aos sa­
290 resto das ações de Roboão, e tu­ crifícios de Priapo, no bosque que ela
do o que êle fêz, encontra-se escrito lhe tinha consagrado; e destruiu a
no livro dos anais dos reis de Judã. sua gruta, e despedaçou o ídolo tor-
80E houve guerra continua entre Ro­ íssimo, e queimou-o no vale do Ce-
boão e Jeroboão. 31E Roboão ador­ ron; 14não tirou, porém, os lugares
meceu com seus pais, e foi sepultado altos. Ainda assim o coração de A sa
com êles na cidade de Davi. O no­ foi perfeito tôda a sua vida para com
me de sua mãe era Naam a, a A m a- o Senhor; 15e pôs na casa do Senhor
15 - 16 TERCEIRO LIVRO DOS REIS 391
o que seu pai tinha consagrado e ofe­ seu pai e os pecados que êle tinha
recido com voto, a prata, o ouro e feito cometer a Israel.
os vasos. “ Mas Baasa, filho de Aías, da casa
16E houve guerra entre Asa e B aa- de Issacar, armou-lhe uma traição, e
sa, rei de Israel, durante todo o tem­ matou-o em Gebeton, que é uma ci­
po da vida dêles. 17E Baasa, rei de dade dos Filisteus; porque Nadab e
Israel, foi a Judã, e edificou Rama, todo o Israel sitiavam Gebeton.
para que ninguém pudesse sair nem “ Baasa, pois, no terceiro ano de Asa,
entrar nos estados de Asa, rei de rei de Judá, matou Nadab, e reinou
Judá. em seu lugar. “ E, logo que foi rei,
18Tomando, pois, Asa tôda a prata exterminou tôda a casa de Jeroboão;
e o ouro, que tinha ficado nos tesou­ não deixou com vida nem sequer um
ros da casa do Senhor e nos tesouros da sua linhagem, até acabar inteira-
do palácio do rei, pô-los nas mãos dos mente com ela, conforme a palavra
seus servos; e enviou-os a Benadad, que o Senhor tinha dito pela bôca de
filho de Tabremon, filho de Hezion, seu servo Aías, de Silo, "p o r causa
rei da Síria, que habitava e m . D a ­ dos pecados cometidos por Jeroboão,
masco, dizendo: 19Entre mim e ti há e pelos que fizera cometer a Israel;
aliança, como houve entre meu pai e por causa do delito com que tinha
e teu pai; por isso mandei-te êsses irritado o Senhor Deus de Israel.
presentes de prata e ouro, e suplico- 310 resto das ações de Nadab, e
te qúe venhas e que quebres a alian­ tudo o que êle fêz, está escrito no
ça que tens com Baasa, rei de Israel, livro dos anais dos reis de Israel. 32E
para que êle se retire das minhas ter­ houve guerra entre Asa e Baasa, rei
ras. 20Benadad, condescendendo com de Israel, durante tôda a sua vida.
os rogos do rei Asa, mandou os ge­
Baasa, rei de Israel
nerais do seu exército contra as ci­
dades de Israel, e tomaram Aion, e " N o terceiro ano de Asa, rei de Ju-
Dan, e Abelcasa de Maaca, e todo o dá, reinou Baasa, filho de Aías, sô-
país de Cenerot, isto é, todo o terri­ bre todo o Israel em Tersa, durante
tório de Neftali. “ Baasa, tendo ou­ vinte e quatro anos. “ E fêz o mal
vido isto, deixou de edificar Rama, diante do Senhor, e andou no cami­
e voltou para Tersa. 22E o rei Asa nho de Jeroboão, e nos pecados que
enviou mensageiros por tôda a Ju- êle tinha feito cometer a Israel.
déia com esta ordem: Ninguém se
escuse (de acudir a Ram a). E to­ Profecia de Jeú contra a casa de
maram as pedras de Rama, e as m a­ Baasa
deiras que Baasa tinha empregado 1 £ ^ r a a palavra do Senhor foi
em a edificar, e com elas o rei Asa 1U dirigida a Jeú, filho de H ana-
edificou Gabaa de Benjamim, e Mas- ni, contra Baasa, dizendo: ^Visto que
fa. eu te levantei do pó, e te constituí
230 resto de todas as ações de Asa, chefe sôbre o meu povo de Israel, e
e tôdas as suas emprêsas de valor, e tu andaste no caminho de Jeroboão,
todos os seus feitos, e as cidades que e fizeste pecar o meu povo de Israel,
edificou, encontram-se escritas no li­ provocando-me à ira com os seus pe­
vro dos anais dos reis de Judá. T o­ cados; 3eis que eu segarei a posteri­
davia, no tempo da sua velhice, so­ dade de Baasa e a posteridade da
freu dos pés. 24E adormeceu com sua casa; e farei da tua casa o que
seus pais e foi sepultado com êles na fiz da casa de Jeroboão, filho de N a -
cidade de Davi. E Josafat, seu filho, bat. 4Aquêle da linhagem de Baasa
reinou em seu lugar.
que morrer na cidade, comê-lo-ão os
Nadab, rei de Israel cães; e o que morrer no campo, co-
mê-lo-ão as aves do céu.
“ Ora Nadab, filho de Jeroboão, rei­ Fim do reinado de Baasa
nou sôbre Israel no segundo ano de
Asa, rei de Judá; e reinou sôbre Is­ 50 resto, porém, das ações de B aa­
rael dois anos. 26E fêz o mal diante sa, e todos os seus feitos e batalhas,
do Senhor, e seguiu as pisadas de estão escritos no livro dos anais dos
392 TERCEIRO LIVRO DOS REIS 16

reis de Israel. 6Adormeceu, pois, bri que a cidade estava a ponto de


Baasa com seus pais; e foi enterrado ser tomada, entrou no palácio, e
em Tersa. E seu filho Ela reinou queimou-se a si mesmo juntamente
em seu lugar. com a casa real, e morreu “ nos seus
7Mas, tendo o profeta Jeú, filho de pecados, que tinha cometido, prati­
Hanani, declarado o que o Senhor cando o mal diante do Senhor, e an­
pronunciara contra Baasa e contra dando pelo caminho de Jeroboão, e
a sua casa, em castigo de todos os ma­ no seu pecado, com que fêz pecar Is­
les que êle tinha feito aos olhos do Se­ rael.
nhor, irritando-o com as obras das “ O resto das ações de Zambri, e
suas mãos, para o Senhor tratar a da sua conjuração, e da sua tirania,
sua casa como a de Jeroboão; por está escrito no livro dos anais dos
esta razão êle (Baasa) matou-o, is­ reis de Israel.
to é, a Jeú profeta, filho de Hana­ “ Então dividiu-se o povo de Israel
ni. em dois partidos: metade do povo
Ela, rei de Israel
seguia Tebni, filho de Ginet, para o
constituir rei; e a outra metaae (se-
8N o ano vigésimo sexto de Asa, rei guia) Amri. “ Mas o povo, que esta-
de Judá, reinou Ela, filho de Baasa *va com Amri, prevaleceu contra o po­
sôbre Israel, em Tersa, durante dois vo que seguia Tebni, filho de Ginet;
anos. °E rebelou-se contra êle seu e Tebni morreu, e reinou Amri.
servo Zambri, comandante de meta­
de da sua cavalaria. Ora Ela encon­ Amri, rei de Israel
trava-se em Tersa bebendo e embria­ “ N o ano trinta e um de Asa, rei de
gado em casa de Arsa, governador de Judá, reinou Am ri sôbre Israel, du­
Tersa. 10Caindo, pois, Zambri sôbre rante doze anos; em Tersa reinou seis
êle, feriu-o e matou-o no ano vigé­ anos. 24E comprou o monte da Sa-
simo sétimo de Asa, rei de Judá, e maria a Somer por dois talentos de
reinou em seu lugar. nE logo que ê- prata; e cobriu-o de edifícios, e deu
le foi rei e subiu ao trono, exterminou à cidade que tinha edificado o nome
tôda a casa de Baasa, e não deixou de Samaria, do nome de Somer, do­
dela resto algum, assim parentes co­ no do monte. “ Amri, porem, fêz o
mo amigos. 12E Zambri destruiu tô­ mal diante do Senhor, e cometeu mais
da a casa de Baasa, conforme a pa­ crimes do que todos os seus prede-
lavra que o Senhor tinha dito a Baa­ cessores. “ E andou em todo o ca­
sa pela bôca do profeta Jeú, “ por cau­ minho de Jeroboão, filho de Nabat,
sa de todos os pecados de Baasa, e, e nos seus pecados, com que êle ti-
dos pecados de seu filho Ela, que ti­ nha feito pecar a Israel, para irritar
nham pecado e fizeram pecar Israel, o Senhor Deus de Israel com as suas
irritando o Senhor Deus de Israel vaidades.
com as suas vaidades. 270 resto das ações de Amri, e as
140 resto das ações de Ela, e tudo guerras que teve, encontram-se escri­
o que êle fêz, está escrito no livro tas no livro dos anais dos reis de Is­
dos anais dos reis de Israel. rael. “ E Am ri dormiu com seus pais,
Zambri, rei de Israel
e foi sepultado em Samaria. E em
seu lugar reinou Acab seu filho.
15N o ano vinte e sete de Asa, rei Acab, rei de Israel
de Judá, reinou Zambri em Tersa
durante sete dias; e o exército sitia­ ^Acab, pois, filho de Amri, reinou
va Gebeton, cidade dos Filisteus. 16E, sôbre Israel no ano trinta e oito de
tendo ouvido dizer que Zambri se ti­ Asa, rei de Judá. E reinou Acab,
nha rebelado, e tinha morto o rei, to­ filho de Amri, sôbre ísrael em Sa-
do o Israel constituiu seu rei a Amri, maria, vinte e dois anos. “ E Acab,
o qual era general do exército de Is­ filho de Amri, fêz o mal diante do
rael, que estava então em campa- Senhor, mais que todos os que tinha
nha. 17Retirou-se, pois, Amri, e todo havido antes dele. "N em se conten­
o Israel com êle, de Gebeton, e fo ­ tou com andar nos pecados de Jero­
ram sitiar Tersa. 18E, vendo Zam­ boão, filho de Nabat; mas, além dis-
16 - 17 TERCEIRO LIVRO DOS REIS 393
so, tomou por mulher a Jezabel, fi­ Dá-me num vaso um pouco de água
lha de Etbaal, rei dos Sidônios. E para beber. UE, quando ela lha ia
foi, e serviu a Baal, e adorou-o. “ E buscar, Elias gritou atrás dela, dizen­
erigiu um altar a Baal no templo de do: Traze-me também, te peço, um
Baal, que tinha edificado em Sama- bocado de pão na tua mão.
ria, “ e plantou um bosque sagrado; 12Ela respondeu-lhe: Viva o Senhor
e Acab prosseguiu no seu mau pro­ teu Deus, que eu não tenho pão, se­
ceder, irritando o Senhor Deus de não somente um pouco de farinha na
Israel mais do que todos os reis de panela, e um pouco de azeite na al-
Israel, que o tinham precedido. “ Du­ motolia; eis que ando juntando uns
rante o seu reinado H iel de Betei pauzinhos, a fim de ir cozer para
fundou Jericó; quando lançou os seus mim e para meu filho, para comer­
alicerces, morreu-lhe Abirão, seu pri­ mos, e depois (de gastos êstes restos)
mogênito, e quando lhe pôs as portas, morreremos (de fom e). “ Elias disse-
morreu-lhe Segub, seu último filho; lhe: Não temas, mas vai, e faze co­
conforme o que o Senhor tinha pre­ mo disseste, mas faze primeiro pa­
dito pela boca de Josué filho de Nun. ra mim dêsse pouco de farinha um
pãozinho cozido debaixo do rescaldo,
Elias prediz a fome, e retira-se p ara a e traze-mo; para ti e para teu filho
torrente de Carit o farás depois. 14Porque o Senhor
I 7 2Mas Elias Tesbita, um dos ha- Deus de Israel diz assim: A farinha
que está na panela não faltará, nem
II bitantes de Galaad, disse a A- se diminuirá na almotolia o azeite, até
cab: V iva o Senhor Deus de Israel, ao dia em que o Senhor faça cair
em cuja presença estou, que nestes chuva sôbre a terra.
anos não cairá nem orvalho nem chu­ “ Foi, pois, a mulher, e fêz como
va, senão conforme as palavras, da Elias lhe tinha dito; e comeu êle e
minha bôca. ela, e tôda a sua casa. E desde a-
2E dirigiu o Senhor a sua palavra quêle dia “ não faltou a farinha na
a Elias, dizendo: 3Retira-te daqui, e panela, nem se diminuiu o azeite da
vai para a banda do oriente, e escon- almotolia, conforme o que o Senhor
de-te junto da torrente de Carit, que tinha predito por Elias.
está defronte do Jordão. 4E lá bebe-
rás da torrente; e eu mandei aos Elias ressuscita o filho da viúva
corvos que te sustentem ali mesmo.
*Partiu, pois, e procedeu segundo a 17Aconteceu depois adoecer o filho
ordem do Senhor; e, tendo-se retira­ desta mãe de família, e a doença era
do, alojou-se junto da torrente de Ca- tão grave, que já não respirava. 18Ela,
rit, que está defronte do Jordão. #E ortanto, disse a Elias: Que te fiz eu,
os corvos traziam-lhe pela manhã pão homem de Deus? porventura vieste
e carne, e de tarde também pão e à minha casa para excitares em mim
carne, e êle bebia da torrente. 7Mas, a memória dos meus pecados, e ma­
passados dias, secou-se a torrente; tares o meu filho? 19E Elias disse-
porque não tinha chovido sobre a lhe: Dá-me o teu filho. E tomou-o
terra. do seu regaço, e levou-o à câmara
Elias em casa da viúva de Sarepta onde êle estava alojado, e o pôs em
cima do seu leito. “ E clamou ao
8Falou-lhe, pois, o Senhor, dizen­ Senhor e disse: Senhor meu Deus,
do: 9Levanta-te, e vai para Sarepta até a uma viúva que me sustenta co­
dos Sidônios, e fixa lá tua morada, mo pode, afligiste, matando-lhe seu
porque eu ordenei a uma mulher filho? 21E estendeu-se depois, e incli­
viúva que te sustente. 10Levantou-se, nou-se três vêzes sôbre o menino, e
e foi para Sarepta. E, tendo êle gritou ao Senhor, e disse: Senhor,
chegado à porta da cidade, apareceu- meu Deus, faze, te rogo, que a alma
lhe uma mulher viúva, apanhando dêste menino volte às suas entranhas.
lenha, e êle chamou-a e disse-lhe: “ E o Senhor ouviu a voz de Elias;
Cap. X V II — 22. E a a lm a do m e n in o v o lto u a ê le . E s ta expressõ-o prova a irn o r-
talidade da alma.
394 TERCEIRO LIVRO DOS REIS 17 - 18

e a alma do menino voltou a êle; e lias está aqui. 12E, quando eu me a-


êle recuperou a vida. “ E Elias to­ partar de ti, o Espírito do Senhor te
mou o menino, e desceu-o da sua câ­ levará para um lugar que eu ignoro,
mara à casa de baixo, e entregou-o e indo ter com Acab lho direi, e,
a sua mãe, e disse-lhe: Aqui tens v i­ não te encontrando, êle me matará;
vo o teu filho. 24E a mulher res­ ora o te i servo teme o Senhor desde
pondeu a Elias: Agora conheço por a sua infância (não merecendo que
isto que és um homem de Deus, e o trates assim). 13Porventura não
que a palavra do Senhor na tua bôca foi dito a ti, meu Senhor, o que eu
é verdadeira. fiz, quando Jezabel matava os profe­
tas do Senhor, como escondi cem dês-
Elias é enviado a Acab tes profetas do Senhor em cavernas,
cinqüenta numa, e cinqüenta noutra,
1 Q ^ u i t o tempo depois dirigiu o e os sustentei de pão e água? 14E
1 ° Senhor a sua palavra a Elias, agora tu dizes: Vai, e dize a teu amo:
no terceiro ano dizendo: Vai e apre- Elias está aqui, para êle me matar.
senta-te diante de Acab, para eu fa ­ 15E Elias disse: Viva o Senhor dos
zer cair chuva sôbre a terra. 2Par- exércitos, em cuja presença estou, que
tiu, pois, Elias, para se mostrar a A- eu me apresentarei hoje diante dê-
cab. Entretanto a fome era extre­ le.
ma em Samaria.
Elias na presença de Acab
Encontro de Elias com Abdias 16Foi, pois, Abdias ter com Acab, e
3E Acab chamou Abdias, mordomo avisou-o; e Acab saiu a encontrar-se
de sua casa. Ora Abdias temia muito com Elias. 17E, vendo-o, disse: P or­
o Senhor, 4porque, quando Jezabel ventura és tu aquêle que trazes per­
matava os profetas do Senhor, êle turbado Israel? 18E Elias respon­
(Abdias) tomou cem profetas, e es- deu: Não sou eu que perturbei Is­
condeu-os em cavernas, cinqüenta rael, mas és tu e a casa de teu pai,
numa e cinqüenta noutra, e susten- por terdes deixado os mandamentos
tou-os com pão e água. 5Disse, pois, dò Senhor, e por terdes seguido Baal.
Acab a Abdias: Vai pelo país a tô- 19Mas não obstantç, manda agora, e
das as fontes de água, e a todos os faze juntar todo o povo de Israel no
vales, a ver se podemos achar erva, monte Carmelo, e os quatrocentos e
e salvar a vida aos cavalos e aos ma­ cinqüenta profetas de Baal, e os qua­
chos, e não pereçam de todo os ani­ trocentos profetas dos bosques, que
mais. °E repartiram entre si o país comem da mesa de Jezabel. “ Man­
para o percorrerem; Acab ia por um dou, pois, Acab chamar todos os fi­
caminho, e Abdias separadamente, ia lhos de Israel, e juntou os profetas
por outro. no monte Carmelo.
7E, quando Abdias ia a caminho, Elias vence os profetas de B aal
Elias encontrou-se com êle; e Abdias,
tendo-o conhecido, prostrou-se com 21E Elias, aproximando-se de todo
o rosto em terra, e disse: És tu E- o povo, disse: A té quando claudica-
lias, meu senhor? 8E êle respondeu- reis vós para dois lados ( inclinando-
lhe: Sou eu. Vai, e dize a teu amo: vos urnas vezes para o Senhor e ou­
Elias está aqui. tras para Baal) ? Se o Senhor é Deus,
°E êle disse: Que pecado cometi eu segui-o; se, porém, o é Baal, segui-o.
para me entregares nas mãos de A- E o povo não lhe respondeu palavra.
cab, a mim teu servo, para êle me 22E Elias tornou a dizer ao povo: Eu
matar? 10V iva o Senhor teu Deus, sou o único que fiquei dos profetas
que não há nação nem reino, onde do Senhor; mas os profetas de Baal
meu amo te não tenha mandado bus­ chegam a quatrocentos e cinqüenta
car; e respondendo-lhe todos: Não homens. "(C o n tu d o) dêem-nos dois
está aqui; fêz jurar um por um, a bois, e êles escolham para si um boi,
todos os reis e povos, que tu não ti­ e, fazendo-o em pedaços, ponham-
nhas sido encontrado. UE agora tu no sôbre a lenha, mas não lhe me­
dizes-me: Vai, e dize a teu amo: E ­ tam fogo por baixo; e eu tomarei o
18 - 19 TERCEIRO LIVRO DOS REIS 395
outro boi, e o porei sôbre a lenha, vez. “ E as águas corriam em volta
e também não lhe meterei fogo por do altar, e o regueiro encheu-se.
baixo. 24Invocai vós os nomes dos “ E, sendo já o tempo de se oferecer
vossos deuses, e eu invocarei o nome o holocausto, chegando-se o profeta
do meu Senhor; e o Deus que ouvir, Elias, disse: Senhor Deus de Abraão
mandando fogo, êsse seja considerado e de Isaac e de Israel, mostra hoje
o (verdadeiro) Deus. Todo o povo, que és o Deus de Israel, e que eu sou
respondendo, disse: Ótima proposta. teu servo, e que por tua ordem fiz tô-
“ Disse, pois, Elias aos profetas de das estas coisas. 37Ouve-me, Senhor,
Baal: Escolhei para vós um boi, e ouve-me, para que êste povo aprenda
começai vós primeiro, porque sois em que tu és o Senhor Deus, e que con­
maior número; e invocai os nomes verteste novamente o seu coração.
dos vossos deuses, e não ponhais fo ­ 38E o fogo do Senhor baixou do céu,
go por baixo. e devorou o holocausto, e a lenha, e
26Êles, pois, tomando o boi que lhes as pedras, consumindo o mesmo pó
foi dado, sacrificaram-no, e invoca­ e a água que estava no regueiro.
ram o nome de Baal, desde manhã “ Todo o povo, vendo isto, prostrou-
até ao meio-dia, dizendo: Baal, ou- se com o rosto em terra, e disse: O
ve-nos. Mas não se percebia voz, Senhor é o Deus, o Senhor é o Deus.
nem havia quem respondesse. E “ E Elias disse-lhes: Apanhai os pro­
saltavam diante do altar que tinham fetas de Baal, e não escape dêles nem
feito. “ E, sendo já meio-dia, Elias um só. E tendo-os o povo agarra­
escarnecia-os, dizendo: Gritai mais do, Elias levou-os à torrente de Cison,
alto, porque êle é um deus, e talvez e ali os matou.
esteja falando, ou em alguma estala- A chuva
gem ou em viagem, ou dorme, e ne­
cessita que o acordem. “ Êles, pois 41E Elias disse a Acab: Vai, come
gritavam em alta voz, e retalhavam- e bebe, porque já se ouve o ruído du­
se segundo o seu costume, com ca­ ma grande chuva. "Acab retirou-se
nivetes e lancetas, até se cobrirem a comer e beber; Elias, porém, subiu
de sangue. ao alto do Carmelo, e, inclinado por
terra, pôs o seu rosto entre os joe­
“ Mas, passado o meio-dia, e enquan­ lhos, 43e disse ao seu criado: Vai e
to êles profetizavam, chegou o tem­ olha para a banda do mar. Tendo
po em que era costume oferecer-se êste ido, e tendo olhado, disse: Não
o sacrifício e não se ouvia voz nem há nada. E Elias disse-lhe segunda
havia quem respondesse, nem ouvisse vez: Torna a ir sete vêzes. “ E, à
os seus rogos. “ Disse Elias a todo o sétima vez, eis que se levanta do
povo: Aproximai-vos de mim. E, a- mar uma pequena nuvem, como a pe­
proximando-se o povo dêle, Elias re­ gada dum homem. Disse-lhe Elias:
parou o altar do Senhor, que tinha Vai, e dize a Acab: Manda meter
sido destruído. 31E tomou doze pe­ os cavalos no teu carro, e corre
dras, segundo o número das tribos não te apanhe a chuva.
dos filhos de Jacó, a quem o Senhor 45E, quando êle se voltava para uma
dirigira a sua palavra, dizendo: Israel e para outra parte, eis que se cobriu
será o teu nome. 32E com estas pe­ o céu de trevas, e vieram nuvens e
dras edificou um altar em nome do vento, e caiu uma grande chuva. A-
Sènhor; e fêz um regueiro com dois cab, pois, entrando no seu carro, foi
pequenos sulcos, em volta do altar para Jezrael; 40e a mão (o u virtude)
“ e acomodou a lenha, e dividiu o boi do Senhor foi sôbre Elias, o qual, ten­
em quartos, e o pôs sôbre a lenha, do cingido os rins, corria diante de
34e disse: Enchei de água quatro ta­ Acab até chegar a Jezrael.
lhas, e entornai-as sôbre o holocaus­ Ira de Jezabel contra Elias,
to, e sôbre a lenha. E disse outra que se vê obrigado a fu gir
vez: Fazei isto ainda segunda vez.
E, tendo-o êles feito segunda vez, 1 Q 2Ora Acab referiu a Jezabel
disse: Fazei ainda terceira vez, isto tudo o que Elias tinha feito,
mesmo. E êles o fizeram terceira e como êle tinha matado à espada to­
396 TERCEIRO LIVRO DOS REIS 19 - 20

dos os profetas. 2E Jezabel enviou ma branda viração. 13Tendo Elias ou­


um mensageiro a Elias, dizendo: Os vido isto, cobriu o seu rosto com a
deuses me tratem com tôda a sua capa, e tendo saído, pôs-se à entra­
severidade, se eu amanhã, a esta mes­ da da caverna, e eis que vem uma
ma hora, te não fizer perder a vida, voz cue lhe diz: Que fazes, aqui,
como tu a fizeste perder a cada um Elias? E êle respondeu: C on su ­
dêles. mo-me de zêlo pelo Senhor Deus dos
3Elias, pois, teve mêdo, e, levan- exércitos, porque os filhos de Israel
tando-se, foi para onde o seu desejo o abandonaram a tua aliança, destruí­
levava; e chegou a Bersabéia de Ju- ram os teus altares, mataram os teus
dá, e ali despediu o seu criado. 4E profetas à espada e eu fiquei só e êles
andou pelo deserto um dia de cami­ procuram-me para me tirarem a vida.
nho. E, tendo ido sentar-se debai­ 15E o Senhor disse-lhe: Vai e tor­
xo dum junípero, desejou para si a na ao teu caminho pelo deserto para
morte, e disse: Basta-me de vida, Damasco; e, quando lá tiveres che­
Senhor, tira a minha alma; porque gado, ungirás Hazael como rei da
eu não sou melhor do que meus pais Síria, 16e a Jeú, filho de Nansi, un­
(que morreram na idade que tenho girás para rei sôbre Israel; e a E-
agora). 5E lançou-se por terra, e liseu, filho de Safat, que é de Abel-
adormeceu â sombra do junípero; e meula, o ungirás profeta em teu lu­
eis que um anjo do Senhor o tocou gar. 17E acontecerá que todo o que
e lhe disse: Levanta-te e come. "O- escapar à espada de Hazael, Jeú o
lhou, e viu junto à sua cabeça um matará; e todo o que escapar à es­
pão cozido debaixo da cinza, e um pada de Jeú, Eliseu o matará. 18E
vaso de água; comeu, pois, e bebeu, eu reservarei para mim em Israel
e tornou a adormecer. 7E voltou se­ sete mil homens, que não dobraram
gunda vez o anjo do Senhor, e o to­ os joelhos diante de Baal, e não o
cou, e lhe disse: Levanta-te e come, adoraram, beijando a sua mão.
porque te resta um longo caminho. Vocação de Eliseu
«Tendo-se êle levantado, comeu e be­
beu, e com o vigor daquela comida, 19Tendo, pois, Elias partido dali,
caminhou quarenta dias e quarenta encontrou Eliseu, filho de Safat, la­
noites, até ao monte de Deus, Horeb. vrando com doze juntas de bois; e, êle
mesmo conduzia um dos arados das
Deus aparece a Elias doze juntas de bois; e, chegando E-
°E, tendo chegado ali, habitou nu­ lias junto de Eliseu, pôs a sua capa
ma caverna; e eis que o Senhor lhe sôbre êle. "E êle, deixando imedla-
dirigiu a sua palavra, e lhe disse: tamente os bois correu após Elias, e
Que fazes aqui, Elias? 10E êle res- disse: Permite-me que eu vá beijar
pondeu: Eu me consumo de zêlo pe­ meu pai e minha mãe, e depois se-
lo Senhor Deus dos exércitos, porque guir-te-ei. E Elias respondeu-lhe:
os filhos de Israel abandonaram a Vai e volta, porque eu fiz por ti o
tua aliança, destruíram os teus al­ que me tocava. “ E, tendo Eliseu
tares, mataram os teus profetas à deixado Elias, tomou uma junta de
espada, e eu fiquei só, e procuram- bois, e matou-os, e com o arado dos
me para me tirarem a vida. ME (o bois cozeu as carnes, e deu-as ao po­
Senhor) disse-lhe: Sai e conserva-te vo, e comeram; e depois, levantan-
sôbre o monte diante do Senhor, por­ do-se, partiu e seguiu Elias, e o ser­
que eis que o Senhor vai passar, e via.
diante do Senhor correrá um vento Vitória de Acab sôbre Benadad
impetuoso e forte, que transtorna os
montes e quebra as pedras; e o Se­ 2 0 *Ora Benadad, rei da Síria, jun-
nhor não estará no vento; e depois tou todo o seu exército, e
do vento haverá um terremoto; e o com êle trinta e dois reis, e cavalos,
Senhor não estará no terremoto. 12E, e carroças, e, .subindo, pelejou contra
depois do terremoto, acender-se-á um Samaria} e sitiou-a. 2E, enviando
fogo; o Senhor não estará no fogo; e mensageiros à cidade, a Acab, rei de
depois do fogo ouvir-se-á o sôpro du­ Israel, 8disse: Eis o que diz Benadad:
20 TERCEIRO LIVRO DOS REIS 397

A tua prata e o teu ouro são meus, 15Acab, pois, contou os criados dos
e as tuas mulheres e os teus filhos príncipes das províncias, e achou que
mais gentis, são meus. 4E o rei de Is- eram duzentos e trinta e dois; e de-
rael respondeu: Como tu dizes, ó rei Pois dêles contou o povo de todos os
meu senhor, eu sou teu, e tôda'3 as filhos de Israel, e achou que (os ap­
minhas coisas. 5E, voltando os men­ tos para com bater) eram sete mil.
sageiros disseram: Eis o que diz Be- 16E saíram ao meio-dia. Benadad, po­
nadad, que nos enviou a ti: Tu me rém, já embriagado, estava bebendo
hás de dar a tua prata e o teu ouro, na sua tenda, e com êle os trinta
e as tuas mulheres e os teus filhos. e dois reis, que tinham ido em seu
•Amanhã, pois, a esta mesma hora, socorro. 17E os criados dos príncipes
te enviarei os meus servos, os quais das províncias marchavam na primei­
revistarão a tua casa e a casa dos ra linha. E Benadad mandou espias.
teus servos; e êles tomarão com as E êstes foram-lhe dizer: São homens
suas mãos tudo o que lhes aprou- que saíram de Samaria. ME êle dis­
ver, e o levarão. se: ou êles venham tratar de paz, ou
7Chamou, pois, o rei de Israel to­ venham para pelejar, prendei-os v i­
dos os anciãos do povo, e disse: Con­ vos.
siderai e vêde que êle nos arma al­ 19Avançaram, pois, os criados dos
gum laço, porque me mandou men­ príncipes das províncias, e o resto do
sageiros a pedir minhas mulheres e exército os seguia; “ e cada um dê­
filhos, e a prata e o ouro, e eu não les matou os que se lhe puseram
recusei. 8E todos os anciãos e todo diante; e logo os Sírios fugiram, e
o povo lhe responderam: Não lhe dês Israel perseguiu-os. Benadad, rei da
ouvidos, nem condescendas com êle. Síria, também fugiu a cavalo com os
9Acab, portanto, respondeu aos em­ seus cavaleiros. “ E o rei de Israel,
baixadores de Benadad: Dizei ao rei, tendo também saído, matou os cava­
meu senhor: Farei tôdas as coisas los, e destruiu as carroças, fazendo
que me mandaste pedir no princí­ um grande estrago nos Sírios.
pio a mim, teu servo, mas esta (u l­
tim a) coisa não a posso fazer. 10E, Outra vitória de Acab sóbre Benadad
voltando os mensageiros, referiram a “ Indo, pois, um profeta ter com o
resposta a Benadad. Então êle tor- rei de Israel, disse-lhe: Vai, e cobra
nou-os a enviar, e disse: Os deuses ânimo, e considera e vê o que tens
me tratem com a maior severidade, para fazer, porque no ano próximo o
se o pó de Samaria bastar para en­ rei da Síria voltará contra ti. “ Os
cher os punhados de todo o povo que servos, porém, do rei da Síria disse-
me segue. 11E o rei de Israel, respon­ ram-lhe: Os deuses dos montes são
dendo, disse: Dizei-lhe que não can­ seus deuses, e por isso êles nos ven­
te vitória antes da batalha. ceram; mas é melhor que pelejemos
12Ora sucedeu que, quando Benadad com êles em campo raso, e vencê-los-
ouviu esta resposta, estava bebendo -emos. 24Tu, pois, faze isto: Aparta do
nas suas tendas com os reis, e disse exército todos os reis, e põe em seu
aos seus servos: Cercai a cidade. E lugar os primeiros oficiais; “ e resta­
êles cercaram-na. belece o número dos soldados que
13E eis que, apresentando-se um morreram, e os cavalos conforme
profeta a Acab, rei de Israel, lhe dis­ eram antes, e as carroças segundo o
se: Eis o que diz o Senhor: Viste tô- número das que tinham antes; e nós
da esta inumerável multidão? Pois pelejaremos contra êles em campo ra-
eu te declaro que hoje ta entrega­ so, e tu verás que os desbaratare­
rei nas tuas mãos, para que tu sai­ mos. Êle creu no seu conselho, e as­
bas que eu sou o Senhor. 14E Acab sim fêz.
disse:. P or meio de quem? E êle res­ “ Portanto, tendo passado um ano,
pondeu-lhe: Eis o que diz o Senhor: fêz Benadad o recenseamento dos Si-
Por meio dos criados a pé dos prín­ rios, e foi a Afec, para combater con­
cipes das províncias. E Acab disse: tra Israel. ” E foi feito também o
Quem começará a pelejar? E o pro­ recenseamento dos filhos de Israel e,
feta disse-lhe: Tu. providos de víveres, marcharam con­
398 TERCEIRO LIVRO DOS REIS 20 - 21

tra os Sírios, e acamparam em fren­ logo que te afastares de mim um


te dêles, como dois pequenos reba­ leão te matará. E, tendo-se afastado
nhos de cabras; os Sírios, porém, co­ um pouco dêle, um leão o encontrou
briam o país. “ E, vindo um homem e o matou.
de Deus, disse ao rei de Israel: Eis o 37E, encontrando depois outro ho­
que diz o Senhor: Porque os Sírios mem, disse-lhe: Fere-me. Êste ho­
disseram: O Senhor é Deus dos mon­ mem lhe deu, e o feriu. “ Partiu,
tes, e não Deus dos vales, eu te en­ pois, o profeta, e encontrou o rei no
tregarei nas mãos tôda esta grande caminho, e disfarçou-se, cobrindo de
multidão, e sabereis que eu sou o Se­ po o seu rosto, e os seus olhos. “ E,
nhor. tendo passado o rei, gritou atrás dê­
29E estiveram os exércitos ordena­ le, e disse-lhe: O teu servo saiu a
dos em batalha sete dias, um em pelejar de perto, e, tendo fugido um
frente do outro, e ao sétimo dia deu- homem, um outro mo trouxe, e dis­
se a batalha; e os filhos de Israel ma­ se-me: Guarda-me êste homem: se
taram num dia cem mil homens de êle fugir, a tua vida responderá pe­
pé, dos Sírios. 30Os que escaparam la vida dêle, ou pagarás um talento
fugiram para a cidade de Afee; e de prata. "E , quando eu todo per­
caiu o muro sôbre vinte e sete mil turbado andava às voltas de uma
homens, que tinham restado. E Be- parte para outra, de repente desapa­
nadad, fugindo, entrou na cidade, e receu. E o rei de Israel disse-lhe:
retirou-se ao lugar mais secreto du­ Tal é a tua sentença, que tu mesmo
ma câmara. 81E os seus servos dis- pronunciaste.
seram-lhe: Nós temos ouvido dizer "Então êle limpou logo o pó do
que os reis da casa de Israel são seu rosto, e o rei de Israel conheceu
clementes; ponhamos, pois, sacos sô­ ue ' era um dos profetas. 42E êle
bre os nossos rins, e cordás ao nosso isse ao rei: Eis o que diz o Senhor:
pescoço, e vamos ter com o rei de
Israel; talvez êle nos salvará as v i­ Porque deixaste escapar das tuas
das. mãos um homem digno de morte, a
32Cingiram-se com sacos pelos rins,
tua vida responderá pela sua vida, e
e puseram cordas ao pescoço, *e fo ­ o teu povo, pelo seu povo.
ram ter com o rei de Israel, e dis­ 430 rei de Israel, porém, voltou pa­
seram-lhe: O teu servo Benadad diz: ra sua casa, não fazendo caso de o
Concede-me, eu te peço, a vida. E êle ouvir, e, enfurecido, foi para Samaria.
respondeu: Se ainda vive, êle é meu
irmão. 33Os Sírios tomaram isto por Acab deseja a vinha de N abot
bom presságio, e tomaram logo a pa­ 21 7Ora, depois destas coisas, na-
lavra da sua bôea, e disseram: Be­ quele tempo Nabot de Jezrael
nadad é teu irmão. E êle disse-lhes: possuia uma vinha que estava em
Ide, e trazei-mo. Veio, pois, Benadad Jezrael, junto do palácio de Acab,
à presença de Acab, e êste mandou-o rei de Samaria. 2E Acab falou a N a ­
subir para a sua carroça. 34E Bena­ bot, dizendo: Dá-me a tua vinha, a
dad disse-lhe: Eu te restituirei as ci­ fim de eu fazer uma horta para mim,
dades que meu pai tomou a teu pai; porque está vizinha e junto de mi­
e faze para ti praças em Damasco, nha casa, e dar-te-ei por ela uma v i­
como meu pai as fêz em Samaria, e nha melhor, ou, se te faz mais con­
eu me retirarei de ti, depois de feita ta, o seu justo preço em dinheiro.
a aliança. Fêz, pois, aliança, e dei­ 3Nabot respondeu-lhe: Deus me guar­
xou-o ir livre.
de que eu te dê a herança de meus
Acab é repreendido por ter pais.
poupado Benadad 4Foi, pois, Acab para sua casa in­
dignado e encolerizado, por causa da
35Então um dos filhos dos profetas resposta que Nabot Jezraelita lhe de­
disse da parte do Senhor a um seu ra, dizendo: Eu não te darei a he­
companheiro: Fere-me. Mas êle não rança de meus pais. E, deitando-se
o quis ferir. 3
56*E êle disse-lhe: Porque sôbre a sua cama, voltou o rosto pa­
não quiseste ouvir a voz do Senhor, ra a parede, e não quis comer nada.
21 TERCEIRO LIVRO DOS REIS 399

Jezabel manda apedrejar Nabot jado e morrera, foi dizer a Acab: Vai,
e torna-te senhor da vinha de Nabot
5Jezabel, sua mulher, foi ter com de Jezrael, que te não quis fazer a
êle e disse-lhe: Que é isto? Donde vontade, nem dar-ta, recebendo di­
te vem esta tristeza? E por que não nheiro; porque Nabot já não vive,
comes? °Êle respondeu-lhe: Falei a mas morreu. 10Acab, tendo ouvido di­
Nabot de Jezrael, e disse-lhe: Dá-m e zer que Nabot tinha morrido, levan­
a tua vinha, recebendo o dinheiro; tou-se e ia para a vinha de Nabot
ou, se te faz mais conta, dar-te-ei por de Jezrael, a fim de se apossar dela.
ela outra vinha melhor. E êle res- “ Mas o Senhor dirigiu a sua pala­
pondeu-me: Eu não te darei a mi­ vra a Elias Tesbita, dizendo: ^Le­
nha vinh a. vanta-te, e sai ao encontro de Acab,
7Disse-lhe então Jezabel, sua mu­ rei de Israel, que está em Samaria;
lher: Tens uma grande autoridade, e eis que êle vai à vinha de Nabot, pa­
governas bem o reino de Israel. L e ­ ra tomar posse dela. 19E tu lhe fa ­
vante-te, e come, e sossega o teu es­ larás, dizendo: Eis o que diz o Se­
pírito; eu te darei a vinha de Nabot nhor: Mataste-o e, além disso, tomas­
de Jezrael. 8Escreveu ela, pois, uma te posse ( da vinha do assassinado).
carta em nome de Acab, e selou-a E depois acrescentarás: Isto diz o
com o sêlo do rei, e enviou-a aos an­
Senhor: Neste lugar, em que os cães
ciãos e aos principais, que havia na
cidade de Nabot, e habitavam com lamberam o sangue de Nabot, lam­
êle. °E o assunto da carta era êste: berão êles também o teu sangue.
Promulgai um jejum, e fazei sentar 20E Acab disse a Elias: Porventu­
Nabot entrè os primeiros do povo, 10e ra tens-me por teu inimigo (para que
subornai contra êle dois homens, fi­ assim profetizes contra m im ) ? Elias
lhos de Belial, que profiram contra respondeu-lhe: Sim, tenho-te por tal,
êle êste falso testemunho: Nabot porque te vendeste, para fazeres o
blasfemou contra Deus e contra o mal aos olhos do Senhor. 21Eis, farei
rei; depois, levai-o fora da cidade, e eu cair o mal sobre ti, e arrancarei
apedrejai-o, e assim morra. a tua posteridade, e matarei todos os
“ Os seus concidadãos portanto, os indivíduos do sexo masculino da ca-
anciãos e os que viviam com êle na sa de Acab, o encarcerado e o úl­
cidade, fizeram como Jezabel lhes ti­ timo filho de Israel. 22E tornarei a
nha mandado e como estava escrito tua casa como a casa de Jeroboão,
na carta que ela lhes enviara. 12P ro- filho de Nabat, e como a casa de
mulgaram o jejum, e fizeram sentar Baasa, filho de Aia; porque procedes­
Nabot entre os primeiros do povo. te de modo que me provocaste à ira,
13E, tendo mandado vir dois, homens, e fizeste pecar Israel. 23E o Senhor
filhos do demônio, fizeram-nos sen­ falou também de Jezabel, dizendo:
tar defronte dêle; e êles, como ho­ Os cães comerão Jezabel no campo
mens diabólicos, deram testemunho de Jezrael. 24Se Acab morrer na ci­
ccnL.* Nabot, diante do povo, dizen­ dade, comê-lo-ão os cães, mas, se
do: Nabot blasfemou contra Deus e morrer no campo, comê-lo-ão as aves
contra o rei. Em virtude dêste tes­ do céu.
temunho (falso), conduziram-no fo­ “Não houve, pois, outro semelhan­
ra da cidade, e mataram-no a pe­ te a Acab, que se vendeu para fazer
dradas. 14E mandaram dizer a Je­ o mal aos olhos do Senhor, porque
zabel: Nabot foi apedrejado e mor­ Jezabel, sua mulher, o incitou. 26E
reu. êle tornou-se tão abominável, que se­
guia os ídolos dos Amorreus, que o
Profecia de Elias contra Acab Senhor tinha exterminado da face
e Jezabel dos filhos de Israel.
15Sucedeu, pois, que, tendo Jezabel Penitência de Acab
ouvido dizer que Nabot fôra apedre­ 27Mas, tendo Acab ouvido estas pa-
Cap. X X I — 9. Promulgai um jejum , em sinal de luto e de penitência, como para ex­
piar um grande delito cometido por um dos habitantes da cidade, e para obter as lu­
zes de Deus sôbre o que se deve fazer ao culpado.
400 TERCEIRO LIVRO DOS REIS 21 - 22

lavras, rasgou os seus vestidos, e co­ eunuco, e disse-lhe: Traze-me aqui


briu a sua carne de um cilício, e je- depressa a Miquéias, filho de Jemla.
juou, e dormiu envolto no saco, e an­ 10E o rei de Israel e Josafat, rei de
dou de cabeça baixa. Judá, estavam sentados cada um no
“ E o Senhor dirigiu a sua palavra seu trono, vestidos com magnificên­
a Elias Tesbita, dizendo: “ Não viste cia real, na praça, junto à porta de
Acab humilhado diante de mim? P or­ Samaria, e todos os (falsos) profetas
que êle, pois, se humilhou, em aten­ profetizavam diante dêles. "F ê z tam­
ção a mim. não farei vir aquele mal bém para si Sedecias, filho de Ca-
enquanto êle viver, mas nos dias de naana, uns chifres de ferro, e disse:
seu filho o farei vir sôbre a sua casa. Eis o que diz o Senhor: Com êstes
Aliança entre Acab e Josafat contra
chifres agitarás a Síria, até a destrui-
Ramot de G alaad
res de todo. 12E todos os profetas
profetizavam da mesma maneira, di­
0 9 "Passaram-se, pois, três anos zendo: Vai contra Ramot de Galaad,
“ “ sem haver guerra alguma en­ e marcha em boa hora, e o Senhor
tre a Síria e Israel. 2Mas, ao tercei­ a entregará nas mãos do rei.
ro ano, Josafat, rei de Judá, foi ter Profecia de Miquéias
com o rei de Israel. 8E o rei de Is­
rael disse aos seus servos: Ignorais ^Ora Eliseu estava sentado em sua
vós que Ramot de Galaad é nossa, e chamar Miquéias, falou-lhes, dizendo:
nós descuidamo-nos de a recobrar das Eis que todos os profetas, a uma
mãos do rei da Síria? 4E disse a Jo­ voz, predizem bom sucesso ao rei; se­
safat: Virás tu comigo à guerra con­ jam, pois, as tuas palavras semelhan­
tra Ramot de Galaad? 5E Josafat res­ tes às dêles, e anuncia novas favo­
pondeu ao rei de Israel: Podes dis­ ráveis. 14Miquéias respondeu-lhe: V i­
por de mim como de ti mesmo; o va o Senhor, que eu não direi se­
meu povo e o teu povo são um mes­ não o que o Senhor me disser.
mo; e a minha cavalaria é tua. 15Apresentou-se, pois, diante do rei,
e o rei disse-lhe: Miquéias, devemos
Os falsos profetas prometem a vitória
ir pelejar contra Ramot de Galaad,
E Josafat disse ao rei de Israel: ou ficar quietos? Miquéias respon­
Consulta hoje, te peço, a vontade do deu-lhe: Vai, e marcha em boa ho­
Senhor. 0O rei de Israel, pois, jun­ ra, e o Senhor a entregará nas mãos
tou os seus profetas, cêrca de qua­ do rei. 10Mas o rei disse-lhe: Eu te
trocentos homens, e disse-lhes: De­ conjuro uma e outra vez em nome
vo eu ir pelejar contra Ramot de do Senhor, que me não fales senão
Galaad ou deixar-me estar quieto? a verdade. 17E êle disse-lhe: Eu vi
Êles responderam-lhe: Vai e o Se­ todo o Israel disperso pelos montes,
nhor a entregará nas mãos do rei. como ovelhas que não têm pastor; e
7Mas Josafat disse: Não há aqui ne­ o Senhor disse: Êles não têm con­
nhum profeta do Senhor, para nós o dutor; torne cada um em paz para
consultarmos por meio dêle? 8E o rei sua casa. 18Disse, pois, o rei de Is­
de Israel respondeu a Josafat: Ficou rael para Josafat: Não te disse eu
um homem, por meio do qual pode­ que êste homem nunca me profeti­
mos consultar o Senhor; mas eu za o bem, mas sempre o mal?
aborreço-o, porque êle não me pro­ 19Miquéias, porém, acrescentando,
fetiza o bem, mas o mal; é Miquéias, disse: Por isso ouve a palavra do
filho de Jemla. E Josafat disse-lhe: Senhor: Eu vi o Senhor sentado sô­
ó rei, não fales assim. bre o seu trono, e todo o exército
°Chamou, pois, o rei de Israel um do céu ao redor dêle, à direita e à
Cap. X X I I — 11. Uns chifres de ferro, símbolo da fôrça, p ara indicar que A cab e
Josafat haviam de destruir o poder dos sírios.
15. Vai, e marcha em boa hora. . . Estas palavras do profeta s&o irônicas. Miquéias
quer dizer: Estando tu resolvido a n&o acreditar nas minhas palavras, por que me in­
terrogas? segue o conselho dos teus profetas: Vai, e marcha em boa h o r a ...
19-23. Deus é aqui representado como um rei entre seus ministros e conselheiros.
N esta passagem deve notar-se: Primeiro, que nem Deus, nem os seus ministros ou es-
22 TERCEIRO LlvR O DOS REIS 401

esquerda; “ e o Senhor disse: Quem êle era o rei de Israel, e com todo
enganará Acab, rei de Israel, para o ímpeto, pelejavam contra êle. E
ue êle marche e pereça em Ramot Josafat soltou um grito. “ E os ca­
e Galaad? E um disse uma coisa, pitães das carroças conheceram que
e outro outra. “ Mas o espírito ma­ não era o rei de Israel, e cessaram
ligno adiantou-se, e apresentou-se de o investir.
diante do Senhor, e disse: Eu o en­ 31Um homem, porém, entesou o seu
ganarei. E o Senhor disse-lhe: De arco, apontando a seta à ventura, e,
que modo? 22E êle respondeu: Irei por acaso, feriu o rei de Israel en­
e serei um espírito mentiroso na bo­ tre o pulmão e o estômago. E êle
ca de todos os seus profetas. E o Se­ disse ao seu cocheiro: Toma a volta,
nhor disse: Tu o enganarás e pre­ e tira-me do exército, porque estou
valecerás; sai e faze assim, (eu to gravemente ferido. “ Deu-se, pois, a
p e rm ito ). “ Eis, pois, agora o Se­ batalha naquele dia, e o rei de Israel
nhor pôs um espírito de mentira na estava na sua carroça voltado para
boca de todos os teus profetas que os Sírios, e morreu de tarde; e o
aqui estão, e o Senhor pronunciou sangue corria da ferida sôbre tôda
o mal contra ti. a carroça. ME, antes que o sol se
“ Aproximou-se, pois, Sedecias, fi­ usesse, tocou um pregoeiro a trom-
lho de Canaana, e deu uma bofetada eta por todo o exército, dizendo:
em Miquéias, e disse: Portanto, o Cada um volte para a sua cidade
espírito do Senhor deixou-me a mim, e para a sua terra. 37Morreu, pois,
e falou-te a ti? “ E Miquéias disse: o rei, e foi levado a Samaria; e en­
Tu o verás naquele dia, quando fores terraram o rei em Samaria; “ e la­
de câmara em câmara para te escon­ varam a sua .carroça na piscina de
deres. “ E o rei de Israel disse: T o­ Samaria; e os cães lamberam o seu
mai Miquéias, e fique em poder de sangue, e lavaram as rédeas, con­
Amon, governador da cidade, e de forme a palavra que o Senhor tinha
Joás, filho de Amelec; 27e dizei-lhes: pronunciado.
Eis o que o rei ordena: Metei êste “ O resto das ações de Acab, e tu­
homem na cadeia, e sustentai-o com do o que êle fêz, a casa de mar­
pão de tribulação, e água de angús­ fim que fabricou, e tôdas as cidades
tia, até que eu volte em paz. “ E M i­ que fundou, não estão escritas no li­
quéias disse: Se tu voltares em paz, vro dos anais dos reis de Israel?
não falou o Senhor por m im . E "Dormiu, pois, Acab com seus pais,
acrescentou: Ouvi, povos todos. e reinou em seu lugar Ocozias, seu
filho.
Vitória dos Sírios e morte de Acab Josafat, rei de Judá
29Com isto marchou o rei de Israel 41E Josafat, filho de Asa, tinha co­
e Josafat, rei de Judá, contra Ramot meçado a reinar sôbre Judá no quar­
de Galaad. "E o rei de Israel disse to ano de Acab, rei de Israel. " T i ­
a Josafat, rei de Judá: Toma as ar­ nha trinta e cinco anos quando co­
mas, e entra no combate, e veste os meçou a reinar, e reinou vinte e cin­
teus vestidos. Mas o rei de Israel co anos em Jerusalém; sua mãe cha-
mudou de trajo, e entrou (disfarça­ mava-se Azuba, filha de Salai. 43E
do) na batalha. andou em todos os caminhos de Asa,
slO rei da Síria, porém, tinha or­ seu pai, e não se desviou dêles; e
denado aos trinta e dois capitães das fêz o que era reto diante do Se­
suas carroças, dizendo: Não peleja­ nhor. 44Não destruiu contudo os lu­
reis contra algum pequeno ou gran­ gares altos; porque o povo ainda sa­
de, mas somente contra o rei de Is­ crificava e queimava incenso nos lu­
rael. 82Os capitães das carroças, pois, gares altos. 45E Josafat teve paz com
tendo visto Josafat, imaginaram que o rei de Israel.
piritos celestes podem servir para a falsidade ou engano, mas sòmente o espírito m au;
segundo, que Deus conhecia o engano de que o demônio se serviria, porém', permitia-o
para castigo de A c a b ; terceiro, que Deus, querendo castigar aquêle rei ímpio, permitiu
que êle consultasse os magos e lhes desse crédito.
402 TERCEIRO LIVRO DOS REIS 22
40O resto das ações de Josafat, e êles na cidade de Davi, seu pai; e
os seus feitos, e as suas guerras, não Jorão, seu filho, reinou em seu lu­
estão tôdas escritas no livro dos anais gar.
dos reis de Judâ? 47Exterminou tam ­
bém da terra os restos dos efemina­ Ocozias, rei de Israel
dos, que tinham ficado do tempo de
seu pai Asa. “ Ocozias, porém, filho*de Acab, co­
" E não havia então rei estabele­ meçou a reinar sobre Israel em Sa-
cido em Edom. 49E o rei Josafat ti­ maria, no ano dezessete de Josafat,
nha preparado frotas no mar, que rei de Judã, e reinou sôbre Israel
navegassem para Ofir, por causa do dois anos. “ E praticou o mal dian­
ouro; mas não puderam ir, porque te do Senhor, e andou no caminho
os navios naufragaram em Asionga- de seu pai e de sua mãe, e no ca­
ber. “ Então disse Ocozias, filho de minho de Jeroboão, filho de Nabat,
Acab, a Josafat: Vão os meus servos que tinha feito pecar Israel. “ Ser­
embarcados com os teus. Mas Jo­ viu também Baal, e o adorou, e ir­
safat não quis. 51E Josafat dormiu ritou o Senhor Deus de Israel, con­
com seus pais, e foi sepultado com forme tudo o que seu pai tinha feito.
QUARTO LIVRO DOS REIS
Ocozias manda consultar Belzebu O rei manda prender Elias

1 d ep o is da morte de Acab, Moab 9E mandou ter com êle um capitão


1 revoltou-se contra Israel. 2E de cinqüenta homens, e os cinqüenta
Ocozias caiu da janela do quarto al­ que estavam debaixo do seu mando.
to (do palácio), que tinha em Sarna- O qual foi ter com Elias; e, estando
ria, e adoeceu; e enviou mensagei­ êle sentado no cimo dum monte, dis­
ros, dizendo-lhes: Ide, consultai Bel- se-lhe: (Ó tu, que te tens por) ho­
zebu, deus de Acaron, se poderei con­ mem de Deus, o rei mandou que ve­
valescer desta minha doença. nhas. 10E, respondendo Elias, disse ao
capitão dos cinqüenta homens: Se eu
Elias prediz a morte do rei sou homem de Deus, desça fogo do
céu, e te devore a ti e aos teus cin­
30 anjo, porém, do Senhor falou a qüenta homens. Desceu, pois, fogo
Elias Tesbita, dizendo: Levanta-te, e do céu e o devorou e aos cinqüenta
vai ao encontro dos mensageiros do homens que estavam com êle. UE
rei de Samaria, e lhes dirás: Porven­ Ocozias enviou outra vez um outro
tura não há um Deus em Israel, pa­ capitão de cinqüenta homens, e os
ra vós virdes consultar Belzebu, deus seus cinqüenta com êle. O qual lhe
de Acaron? 4Por isso eis o que diz disse: Homem de Deus, o rei diz is­
o Senhor: Não te levantarás da ca­ to: Apressa-te, vem. 12Respondendo
ma em que jazes, mas certissimamen- Elias, disse: Se eu sou homem de
te morrerás. E (d ito isto) Elias par­ Deus, desça fogo do céu, e te devo­
tiu. re 'a ti e aos teus cinqüenta ho­
5E os mensageiros voltaram para mens. Desceu, pois, fogo do céu, e
Ocozias, o qual lhes disse: Por que o devorou com seus cinqüenta ho­
voltastes? 6E êles responderam-lhe: mens. 13Enviou outra vez Ocozias ter­
Um homem nos saiu ao encontro, e ceiro capitão de cinqüenta homens,
nos disse: Ide, e tornai para o vosso e os crnqüenta homens que estavam
rei, que vos mandou, e lhe direis: com êle. O qual, tendo chegado, se
Eis o que diz o Senhor: Porventura, pôs de joelhos diante de Elias e lhe
porque não há um Deus em Israel, suplicou, e disse: Homem de Deus
é que mandas consultar Belzebu, deus não desprezes a minha vida, nem
de Acaron? Pois por isso não te le­ as vidas dos teus servos que estão
vantarás da cama em que jazes, mas comigo. 14Eis que desceu fogo do céu
certlssimamente morrerás. 7E êle dis­ e devorou os dois primeiros capitães
se-lhes: Que figura e que trajo é o de cinqüenta homens, e os cinquen­
dêsse homem, que se encontrou con- ta que estavam com êles; mas ago­
vosco e vos disse estas palavras? 8E ra eu te suplico que te compadeças
da minha vida.
êles responderam: E ’ um homem pe­
ludo e que anda cingido sobre os rins Elias em presença de Ocozias
com uma cinta de couro. Êle disse:
E ’ Elias Tesbita. 15E o anjo do Senhor falou a Elias,
Cap. I — 8. U m homem peludo, isto é, com b arb a espessa e cabelos longos.
404 QUARTO LIVRO DOS REIS 1 - 2

dizendo: Desce com êle, não temas. tas os seguiram, e pararam defron­
Levantou-$e, pois, e desceu com ês- te dêles, ao longe, e êles ambos pu-
te capitão a ir ter com o rei, 16e dis­ seram-se à borda do Jordão. 8E E-
se-lhe: Eis o que diz o Senhor: P or­ lias tomou a sua capa, e dobrou-a, e
que enviaste mensageiros a consul­ feriu as águar, as quais se dividiram
tar Belzebu, deus de Acaron, como ara as duas bandas, e passaram am­
se não houvesse um Deus em Israel, os a pé enxuto.
que tu pudesses consultar, por isso tu °E, tendo passado, disse Elias a E-
não te levantarás da cama em que liseu: Pede-me o que queres que eu
jazes, mas certlssimamente m orre­ te alcance, antes que eu seja arreba­
rás. tado de ti. E Eliseu respondeu: P e ­
ço que seja duplicado em mim o teu
Morte de Ocozias espírito, 10Elias respondeu: D ifi­
17Morreu, pois, Ocozias, conforme cultosa coisa pediste; todavia, se tu
a palavra do Senhor, que Elias pro­ me vires quando me arrebatarem de
ti, (isto é sinal de que) terás o que
nunciou, e em seu lugar reinou Jo- pediste; mas, se não me vires, não o
rão, seu irmão, no segundo ano de terás.
Jorão, filho de Josafat, rei de Ju-
dá; porque Ocozias não tinha filhos. Elias é arrebatado ao céu
18Quanto ao resto das ações de Oco-
zias, não estão elas escritas no li- ” E, continuando o seu caminho, e
vro dos anais dos reis de Israel? caminhando a conversar entre si, eis
ue um carro de fogo e uns cavalos
E lias vai com Eliseu ao outro lado do e fogo os separaram um do outro;
Jordão e Elias subiu ao céu no meio dum re­
moinho. 12E Eliseu o via e clama­
2 7Ora aconteceu que, quando o va: Meu pai, meu pai, carro de Israel
** Senhor quis arrebatar Elias ao e seu condutor. E não o viu mais;
céu num remoinho (de fog o), Elias e tomou os seus vestidos, e rasgou-
e Eliseu partiram de Gálgala. 2E E- os em duas partes (e m sinal de dor) .
lias disse a Eliseu: Fica aqui, porque
o Senhor me mandou a BeteL Eli- Primeiros milagres de Eliseu
seu respondeu-lhe: V iva o Senhor e
viva a tua alma, eu não te deixarei. 13E levantou do chão a capa que
E, indo para Betel, 3saíram os filhos Elias lhe tinha deixado cair; e, vol­
dos profetas, çue estavam em Betel, tando, parou à borda do Jordão, 14e,
a receber Eliseu, e disseram-lhe: pegando na capa que Elias lhe ti­
Porventura sabes tu que o Senhor nha deixado cair, feriu as águas e
te há de levar hoje o teu amo? Êle elas não se dividiram; e disse: on­
respondeu: Eu também o sei; calai- de está agora o Deus de Elias? E
vos. feriu as águas (novam ente), e elas
4Disse, pois, Elias a Eliseu: Fica dividiram-se para uma e para outra
aqui, porque o Senhor me mandou parte, e Eliseu passou.
a Jericó. E êle respondeu: Viva o 15Vendo isto, os filhos dos profe­
Senhor, e viva a tua alma, eu não te tas, que estavam em Jericó, na mar­
deixarei. E, tendo chegado a Je- gem oposta, disseram: O espirito de
ricó, “foram os filhos dos profetas, Elias repousou sôbre Eliseu. E, in­
que estavam em Jericó, ter com Eli- do sair-lhe ao encontro, prostraram-
seu, e disseram-lhe: Porventura sa­ se por terra a seus pés com profun­
bes tu que o Senhor te há de tirar do respeito, 10e disseram-lhe: Sabe
hoje o teu amo? E êle disse-lhes: que entre os teus servos há cinqüen­
Eu também o sei; calai-vos. «Disse- ta homens fortes, que podem ir bus­
lhe novamente Elias: Fica aqui, por- car o teu amo, porque talvez o es­
ue o Senhor me mandou até o Jor­ pirito do Senhor o levasse e atirasse
ão. E êle respondeu: Viva o Se­ com êle para algum monte, ou paia
nhor, e viva a tua alma, eu não te algum vale. Eliseu respondeu: Não
deixarei. Foram, pois, ambos jun­ mandeis. 17Êles, porém constrange­
tos, 7e cinqüenta dos filhos dos profe­ ram-no, até que condescendeu, e dis­
2 - 3 QUARTO LIVRO DOS REIS 405.
se: Mandai. Mandaram, pois, cin- 7E mandou dizer a Josafat, rei de
qüenta homens, os quais, tendo-o bus­ Judá: O rei de Moab sublevou-se
cado durante três dias, não o encon­ contra mim; vem comigo pelejar
traram. 18E voltaram para Eliseu; contra êle. Josafat respondeu: Eu
e êle estava em Jericó, e disse-lhes: irei; o que é meu, é teu, o meu povo
Não vos disse eu: Não mandeis? é o teu povo, e os meus cavalos são
19Disserarn também a Eliseu os ha­ teus. 8E disse: P or que caminho ire­
bitantes desta cidade: A habitação mos? E Jorão respondeu: Pelo de­
desta cidade é muito boa como tu serto de Iduméia. 9Marcharam, pois,
mesmo, senhor, vês; mas as águas o rei de Israel, o rei de Judá e o
são péssimas, e a terra estéril. "E rei de Edom, e fizeram um giro de
êle respondeu: Trazei-me um vaso sete dias de marcha, e não havia
novo, e deitai-lhe sal. Tendo-lhe água para o exército, nem para os
trazido, “ saiu êle à fonte das águas, animais que os seguiam.
e deitou o sal nela, e disse: Eis o 10E o rei de Israel disse: Ai, ai, ai!
que diz o Senhor: Eu sarei estas â- O Senhor nos juntou, três reis para
guas, e elas não causarão mais nem nos entregar nas mãos de Moab. nE
morte, nem esterilidade, t o r n a ­ Josafat disse: Aqui não há nenhum
ram-se, pois, sadias aquelas águas profeta do Senhor, para implorarmos
até ao dia de hoje, conforme a pa­ por meio dêle o Senhor? E um dos
lavra que Eliseu disse. “ E dali foi servos do rei de Israel respondeu:
para Betel; e indo pelo caminho, uns Está aqui Eliseu, filho de SaIat, que
rapazes pequenos, saíram da cidade, lançava água sôbre as mãos de Elias
e zombavam dêle, dizendo: Sobe, ó (isto é, servia-o). 12E Josafat disse:
calvo, sobe, ó calvo. 24Eliseu, viran- A palavra do Senhor está nêle. E
do-se para êles, olhou-os e amaldi- foram ter com êle o rei de Israel e
çoou-os em nome do Senhor; e saí­ Josafat, rei de Judá, e o rei de Edom.
ram dois ursos do bosque e despeda­ 13E Eliseu disse ao rei de Israel: Que
çaram quarenta e dois daqueles rapa­ tenho eu contigo? Vai ter com os
zes. “ E dali retirou-se para o mon­ rofetas de teu pai e de tua mãe.
te Carmelo, e de lá voltou para Sa- Ê ! o rei de Israel disse-lhe: P or que
maria. juntou o Senhor êstes três reis para
os entregar nas mãos de Moab? 14E
Jorão, rei de Israel Eliseu respondeu-lhe: V iva o Senhor
dos exércitos, em cuja presença es­
O Jorão, filho de Acab, reinou tou, que se não fôsse por respeitar
sobre Israel em Sarnaria, no dé­ a pessoa de Josafat, rei de Juaá, eu
cimo oitavo ano de Josafat, rei de sem dúvida te não atendería nem
Judá. E reinou doze anos. 2E prati­ (sequer) poria em ti os olhos. “ Mas
cou o mal diante do Senhor, mas não agora trazei-me um tocador de harpa.
tanto como seu pai e sua mãe, por­
que tirou as estatuas de Baal, que E, enquanto êste cantava ao som
seu pai tinha feito. 8Perseverou to­ da harpa, foi a mão do Senhor sôbre
davia sempre nos pecados de Jero- Eliseu, e disse: 16Eis o que diz o Se­
boão, filho de Nabat, que fêz pecar nhor: Cavai várias fossas no leito
Israel, e não se apartou dêles. desta torrente; "porque eis o que
diz o Senhor: Vós não vereis vento
Expedição contra os Moabitas nem chuva, mas êste leito se encherá
de água, e bebereis vós e os vossos
4Ora Mesa, rei de Moab, sustenta­ servos, e os vossos animais. 18E isto
va muitos gados, e pagava ao rei de é pouco aos olhos do Senhor; além
Israel cem mil cordeiros e cem mil disso êle entregará também Moab nas
carneiros com os seus velos. “Po­ vossas mãos. 19E vós destruireis tô-
rém, depois da morte de Acab, que­ das as cidades fortes, e tôdas as pra­
brou a aliança que tinha feito com ças mais importantes, e cortareis
o rei de Israel. °Por isso o rei Jo­ pelo pé tôdas as árvores frutíferas,
rão saiu naquele dia de Samaria, e e tapareis tôdas as fontes de água,
fêz o recenseamento de todo o Is­ e cobrireis de pedras todos os cam­
rael. pos mais férteis.
406 OUARTO LIVRO DOS REIS 3 - 4

^Sucedeu, pois, pela manhã, guan­ deu: Eu, tua serva, não tenho em
do se costuma oferecer o sacrifício, minha casa outra coisa, senão um
ue as águas desceram pelo caminho pouco de azeite para me ungir.
e Edom, e a terra se encheu de â- 3Disse-lhe Eliseu: Vai, pede em­
gua. prestadas às tuas vizinhas bastantes
210 r a todos os Moabitas, sabendo vasilhas vazias. 4Depois entra, e fe­
que aquêles reis tinham ido para pe­ cha a tua porta, quando estiveres
lejar contra êles, convocaram todos dentro tu e teus filhos; e deita do
os que pegavam em armas, e espera­ azeite em tôdas estas vasilhas; e, es­
ram-nos nas fronteiras. 22E, levan- tando cheias, as porás à parte. “Foi,
tando-se ao romper da manhã, e pois, a mulher, e fechou a porta sô­
raiando já o sol sôbre as águas, os bre si e sôbre, seus filhos; os filhos
Moabitas viram diante de si as á- chegavam-lhe as vasilhas, e ela as
guas vermelhas como sangue, “e dis­ enchia. 6Cheias que foram as vasi­
seram: Ê sangue derramado pela lhas, disse ela a um de seus filhos:
espada; os reis pelejaram entre si, e Chega-me, cá ainda alguma outra va­
de parte a parte se mataram; m ar­ silha. E êle respondeu-lhe: N ão te­
cha agora, o Moab, à prêsa. nho mais. E o azeite cessou (de se
multiplicar). 7Foi, pois, ela, e refe­
Derrota dos Moabitas riu tudo ao homem de Deus. E êle
24E foram ao campo de Israel, mas disse: Vai, vende o azeite, e paga ao
os Israelitas, levantando-se, bateram teu credor; e tu e teus filhos, vivei
os Moabitas;* e êstes fugiram à sua do resto.
vista. Os vencedores foram em seu
alcance, e destroçaram os Moabitas, Anuncia o nascimento dum filho a um a
” e destruíram as cidades, e encheram Sunamites
todos os campos, os mais férteis, de 8Aconteceu também que Eliseu, um
pedras, que cada um lançou, e en­ dia, passava por Sunarn, e havia ali
tupiram tôdas as fontes de água, e urna mulher rica, a qual o deteve
cortaram tôdas as árvores frutíferas, para tomar alimento; e, como êle
de modo que ficaram só em pé os passava freqüentemente por ali, ia
muros feitos de barro; e a cidade foi pousar em sua casa, para tomar a
cercada pelos fundibulários, e em sua refeição. °E ela disse ao seu
grande parte ficou demolida. marido: Tenho observado que êste
26Vendo o rei de Moab que os ini- homem, que passa tantas vezes por
migos prevaleciam, tomou consigo se­ nossa casa, é um santo homem de
tecentos homens de guerra, que in­ Deus. 10Façamos-lhe, pois, um pe­
vestissem contra o rei de Edom, mas queno quarto, e ponhamos-lhe nêle u -
êles não puderam. 27E, pegando em ma cama, e uma mesa, e uma ca­
seu filho primogênito, que havia de deira, e um candeeiro, para que*
reinar depois dêle, ofereceu-o em uando vier à nossa casa, se acomo-
holocausto sôbre a muralha, e houve e ali.
uma grande indignação em Israel, e “Aconteceu pois que, um dia, foi
logo Tos Israelitas) se retiraram da­ e alojou-se no quarto, e descansou
li, e voltaram para o seu país. nêle. 12E disse a Giezi, seu criado:
M ilagres de Eliseu: multiplica o azeite Chama esta Sunamites. E, tendo-a
duma viúva êle chamado, e estando ela em pé
diante dêle, 13disse ao seu criado:
A 7Ora uma mulher dentre as mu­ Dize-lhe: T u tens-nos tratado com
lheres dos profetas gritou a E - todo o desvêlo, que queres que eu
liseu, dizendo: Meu marido, teu ser­ te faça? Porventura tens algum ne­
vo, morreu, e tu sabes que teu ser­ gócio, e queres que fale ao rei ou
vo era temente ao Senhor; e agora ao general dos seus exércitos? E la
eis que vem o credor levar-me os respondeu: E u habito (em paz) no
meus dois filhos para os fazer seus melo do meu povo (por isso nao te­
escravos. 2Eliseu disse-lhe: Que que­ nho necessidade de recomendações)*.
res que eu te faça? Dize-me, que 14E (Eliseu) disse: Que quer, pois,,
tens em tua casa? E ela respon­ que eu lhe faça? E Giezi respon­
4 QUARTo LIVRO DOS REIS 407

deu: É escusado perguntar-lho, por- lho, meu senhor? Não te disse eu:
ue ela não tem filhos, e seu marido Não me enganes?
já velho. 15Mandou, pois, que a “ E Eliseu disse a Giezi: Cinge os
chamasse; e, tendo sido chamada, e teus rins, e toma o meu bordão na
tendo-se pôsto diante da porta, mão, e parte. Se encontrares al-
19(Eliseu) disse-lhes: (N o próxim o a- guém, não o saúdes; e, se alguém
n o), neste tempo e nesta mesma ho­ te saudar, não lhe respondas, e porás
ra, se Deus te conservar com vida, o meu bordão sôbre o rosto do me­
terás um filho no teu ventre. E ela nino. 30Mas a mãe do menino disse:
respondeu: Não queiras, ó meu se­ Viva o Senhor, e viva a tua alma,
nhor, ó homem de Deus, não queiras, eu não irei sem ti. Partiu êle, pois,
peço-te, enganar a tua escrava. 17Mas e seguiu-a. 31Ora Giezi tinha ido
a mulher concebeu, e deu à luz um adiante dêles, e tinha posto o bordão
filho no mesmo tempo e à mesma de Eliseu sôbre o rosto do menino,
hora que Eliseu lhe dissera. mas êle não tinha nem fala, nem
sentidos; e voltou a encontrar-se com
O filho da Sunamites morre e êle êle, e lho noticiou dizendo: O menino
ressuscita-o não ressuscitou.
18E o menino cresceu. E, tendo 32Entrou, pois, Eliseu na casa, e o
ido um dia ter com seu pai, que es­ menino estava morto em cima da sua
tava com os ceifeiros, 19disse a seu cama; 33e, tendo entrado, cerrou a
orta sôbre si e sôbre o menino, e
pai: Dói-me a cabeça, dói-me a ca­
beça. E o pai disse a um servo: T o-
E?z oração ao Senhor. 34E subiu (à
ma-o, e leva-o a sua mãe. “ E, ten­ cama), e deitou-se sôbre o menino,
do o servo pegado nêle e levado a e pôs a sua bôca sôbre a boca dê-
sua mãe, ela po-lo sôbre os seus joe­ le e os seus olhos sôbre os olhos
lhos, até ao meio-dia, e êle morreu. dêle e as suas mãos sôbre as mãos
21É ela subiu, e pôs o menino em dêle; e encurvou-se sôbre êle, e a
cima da cama do homem de Deus, e carne do menino aqueceu-se. “ De­
fechou a porta, e, tendo saído, 22cha- pois, descendo (do le ito ), deu duas
mou o seu marido, e disse-lhe: Man­ voltas pela casa, e subiu (outra vez)
da comigo, te peço, um dos servos e estendeu-se sôbre êle; e o menino
e uma jumenta, para eu ir com pres­ bocejou sete vêzes, e abriu os olhos.
sa ter com o homem de Deus, e vol­ “ Então êle chamou Giezi, e disse-
tarei (sem demora). 23E êle disse- lhe: Chama essa Sunamites. E ela,
lhe: Por que vais ter com êle? H o­ sendo chamada, entrou no quarto
je não são Calendas, nem Sábado. onde êle estava. E (Eliseu) disse-
Ela respondeu: Deixa-me ir. 24E lhe: Toma o teu filho. 37E ela foi e
mandou aparelhar a jumenta, e orde­ lançou-se a seus pés e prostrou-se
nou ao servo: Conduze-me, e apres- por terra, e tomou seu filho, e saiu.
sa-te, não me demores no caminho;
e faze o que te ordeno. Tira o amarffor a ervas silvestres
“ Partiu, pois, e foi ter com o ho­ “ E Eliseu voltou para Gálgala. Ora
mem de Deus ao monte Carmelo; e neste país havia fome, e os filhos
o homem de Deus, tendo-a visto vir dos profetas habitavam com êle; e
para êle, disse para o seu criado disse a um dos seus criados: Pega
Giezi: Eis aí vem aquela Sunamites. numa panela grande, e faze de co­
26Vai, pois, recebê-la, e dize-lhe: Pas­ mer para os filhos dos profetas. 30E
sais bem tu, e o teu marido, e o teu um dêles saiu ao campo para apa­
filho? E ela respondeu: Muito bem. nhar umas ervas silvestres, e encon­
27E, tendo ido ter com o homem de trou uma como parra silvestre, e
Deus ao monte, abraçou os seus pés, colheu dela coloquíntidas do campo, e
e Giezi aproximou-se para a retirar. encheu a sua capa, e, tendo voltado,
Mas o homem de Deus disse-lhe: cortou-as em pedaços dentro da pa­
Deixa-a, porque a sua alma está em nela do caldo, porque não conhecia
amargura, e o Senhor rno encobriu, o que era. 40Deram, pois, delas aos
e não mo manifestou. “ Ela disse- companheiros para comerem; e, ten­
lhe: Porventura pedi-te eu algum fi­ do provado do cozido, gritaram, di­
408 LIVRO QUARTO DOS REIS 4 - 5

zendo: Homem de Deus, a panela se: Porventura sou eu Deus, que


tem coisa mortífera. E não pude­ possa tirar e dar a vida, para que
ram comer. “ Mas êle disse: Trazei- êste me mande dizer que cure eu
me farinha. E, tendo-lha trazido, um homem da lepra? Adverti e ve­
lançou-a na panela, e disse: Deita à reis que êle anda buscando pretex­
gente, para que coma. E não houve tos contra mim.
mais amargor algum na panela. 8Tendo ouvido isto Eliseu, homem
de Deus, isto é, que o rei de Israel
Multiplica vinte pães tinha rasgado os seus vestidos, man­
^Veio também um homem de Baal- dou-lhe dizer: Por que rasgaste os
salisa, que trazia ao homem de Deus teus vestidos? Venha ( êsse homem)
uns pães das primícias, vinte pães ter comigo, e saiba gue há um pro­
de cevada, e trigo novo no seu alfor- feta em Israel. 9Foi, pois, Naaman
ge. E Eliseu disse: Dá ao povo, pa­ com os seus cavalos e carroças, e pa­
ra que coma. "E o seu criado res­ rou à porta da casa de Eliseu; 10e
pondeu-lhe: Que é isto para eu o pôr Eliseu enviou-lhe um mensageiro, di­
diante de cem pessoas? Eliseu disse zendo: Vai, lava-te sete vêzes no Jor­
outra vez: Dá ao povo, para que co­ dão, e a tua carne será curada, e
ma; porque eis o que diz o Senhor: ficarás limpo.
Comerão, e sobejará. 44Pôs-lhos, pois, "Naaman, agastado, retirava-se, di­
diante, comeram, e ainda sobrou, zendo: Eu julgava que êle sairía a
conforme a palavra do Senhor. receber-me, e que, posto em pé, in­
vocaria o nome do Senhor, seu Deus,
Naarnan é curado da lepra e que me tocaria com a sua mão o
lugar da lepra, e que me curaria.
Ç ‘Naaman, general do exército do “ Porventura Abana e Farfar, rios de
u rei da Síria, era um homem po­ Damasco, não são melhores do que
deroso e de grande consideração jun­ tôdas as águas de Israel, para eu m e
to do seu amo, porque, por meio dê- lavar nelas e ficar limpo? Como ê-
le, o Senhor salvou a Síria; e era le, pois, voltasse e se retirasse enfa­
um homem valente e rico, mas lepro­ dado, 18aproximaram-se dêle os seus
so. servos, e disseram-lhe: Pai, ainda
2Ora uns guerrilheiros tinham saí­ que o profeta te tivesse ordenado u-
do da Síria, e tinham levado cativa ma coisa muito difícil, tu devias sem
do país de Israel uma pequena ra­ dúvida fazê-la; quanto mais agora
ue êle te disse: Lava-te e ficarás
pariga, que ficou ao serviço da mu­
lher de Naaman, 3a qual disse a sua S mpo. 14Foi êle, pois, e lavou-se se­
te vêzes no Jordão, conforme a pa­
ama: Prouvera a Deus que o meu
senhor tivesse ido ter com o profe­ lavra do homem de Deus, e a sua
ta que está em Samaria; sem dú­ carne tornou-se como a carne dum
vida êle o teria curado da lepra que menino muito tenro, e ficou limpo.
padece. 4Tendo ouvido isto, Naa- 15E, voltando para o homem de
man foi ter com o seu senhor, e con- Deus com tôda a sua comitiva, foi e
tou-lhe o acontecido, dizendo: Uma apresentou-se diante dêle, e disse:
rapariga do país de Israel disse isto Verdadeiramente conheço que não
e lsto. 5E o rei da Síria respondeu- há outro Deus em tôda a terra, se­
lhe: Vai, e eu enviarei uma carta ao não o que há em Israel. Rogo-te,,
rei de Israel. Partindo, pois, N aa­ pois, que recebas do teu servo algu­
man, e levando dez talentos de pra­ ma oferta. 16Mas êle respondeu: V i­
ta, e seis mil escudos de ouro, e dez va o Senhor, em cuja presença estou,
mudas de vestidos, 6levou ao rei de que não a aceitarei. E, por mais
Israel a carta concebida nestes têr- que (Naam an) instasse, de nenhum
mos: Quando receberes esta carta, modo condescendeu.
saberás que eu te enviei Naaman, 17E Naaman disse: Seja como tu
meu servo, para o curares da sua queres, mas peço-te que me permitas
lepra. levar dois machos carregados da ter­
7E o rei de Israel, tendo lido a ra dêste país; porque o teu servo não*
carta, rasgou os seus vestidos, e dis­ sacrificará mais holocaustos ou v íti­
5 -6 Q UA R T o LIVRO DOS REIS 409
mas aos deuses estrangeiros, mas só Machado que sobrenada
ao Senhor. 18Mas uma coisa há sô-
mente pela qual hás de rogar ao Se­ £ 2Ora os filhos dos profetas dis-
nhor pelo teu servo, e é que, quando u seram a Eliseu: Vê que o lugar,
o meu senhor entrar no templo de em que moramos contigo, é estreito
Remon, para adorar, apoiando-se na para nós. 2Vamos até ao Jordão, ca­
minha mão, se eu (prestando-lhe êste da um de nós corte madeiras do bos­
serviço, der aos outros a persuasão que, a fim de edificarmos aí um lu­
de) adorar no templo de Remon, en­ gar para habitarmos. E êle respon­
quanto êle adora no mesmo lugar, deu: Ide. 3E um dêles disse-lhe:
que o Senhor me perdoe esta coisa a Pois vem tu também com os teus ser­
mim. teu servo. 19Eliseu respondeu- vos. Êle respondeu: Eu irei. 4E foi
lhe: Vai em paz. Retirou-se, pois, com êles. E, tendo chegado êles ao
dêle na melhor estação do ano. Jordão, cortavam madeiras. “Acon­
teceu, porém, que um, ao cortar uma
Astúcia de Giezi p ara obter presentes árvore, deixou cair na água o ferro
de Naarnan do machado; e gritou e disse: Ai, ai,
“ E Giezi, criado do homem de Deus, ai, meu senhor! Êste mesmo o tinha
disse: Meu amo perdoou a êste N aa- pedido emprestado. °E o homem de
man, Siro, não querendo receber na­ Deus disse: Onde caiu? E êle mos­
da do que êle lhe trouxera. V iva o trou-lhe o lugar. Então Eliseu cor­
Senhor que eu correrei atrás dêle, e tou um pau, e lançou-o no mesmo
receberei dêle alguma coisa. lugar, e o ferro veio acima nadan­
21E Giezi foi ao alcance de Naa- do. 7E disse: Tira-o. E êle estendeu
man, o qual, vendo-o ir correndo pa­ a mão, e tirou-o.
ra êle, saltou do carro a recebê-lo,
e disse: Vai tudo bem? “ E êle res­ Eliseu inutiliza os projetos dos
pondeu: Muito bem; o meu senhor en­ Sírios contra Israel
viou-me a dizer-te: Nesta hora che­ 3Ora o rei da Síria combatia contra
garam do monte Efraim dois jovens Israel, e teve conselho com os seus
dos filhos dos profetas; dá para êles oficiais, dizendo: Armemos embosca­
um talento de prata e duas mudas de das em tal e em tal lugar. °Mandou,
vestidos. BE Naaman disse: Ê me­ pois, o homem de Deus dizer ao rei
lhor que aceites dois talentos. E o- de Israel: Acautela-te, não passes
brigou-o a isso e atou os dois talen­ por tal lugar, porque os Sírios estão
tos de prata e os dois vestidos em lá de emboscada. 10Mandou, pois, o
dois sacos e carregou com êles dois rei de Israel ao lugar que o homem
dos seus servos, que os levaram dian­ de Deus lhe indicara, e tomou-o de
te de Giezi. 24E, chegada a tarde, ante-mão, e ai se resguardou repe­
tomou-os êle das suas mãos, e guar­
dou-os em sua casa, e despediu os tidas vêzes.
homens, e êles retiraram-se. ” E o coração do rei da Síria turbou-
Giezi é ferido de lepra
se com êste acidente; e, convocados
os seus servos, disse: P or que me não
“ E, tendo entrado, apresentou-se descobris vós quem é o que me faz
diante do seu senhor. E Eliseu, dis­ traição junto do rei de Israel? 12E
se-lhe: Donde vens, Giezi? Êle res­ um dos seus servos respondeu: Não ê
pondeu-lhe: Teu servo não foi a par­ nada disso, ó rei meu senhor, mas o
te alguma. "M as Eliseu disse: N ão profeta Eliseu, que está em Israel,
estava eu presente em espírito, quan- faz saber ao rei de Israel tudo o
do aquêle homem desceu do carro ao que tu dizes no teu gabinete. “ E
teu encontro? Tu agora, pois, rece­ êle disse-lhes: Ide e vede onde êle
beste prata, e recebeste vestidos, pa­ está, para eu o mandar prender. E
ra comprares olivais, e vinhas, e ove­ avisaram-no, dizendo: Eliseu está em
lhas, e bois, e servos, e servas. "M as Dotan.
também a lepra de Naaman se pegará 14Mandou logo cavalaria e carros,
a ti e a toda a tua geração para e as suas melhores tropas; e, tendo
sempre. E Giezi saiu da sua presen­ êles chegado de noite, cercaram a ci­
ça com lepra semelhante à neve. dade. 15Porém, levantando-se ao ama­
410 QUARTO LIVRO DOS REIS 6 - 7

nhecer o criado do homem de Deus, arte dum cabo de estéreo de pom­


saindo fora, viu o exército em volta as por cinco moedas de prata. “ E,
da cidade, e a cavalaria e os carros, e passando o rei de Israel pelo muro,
avisou-o disso, dizendo: Ai, ai, ai, meu gritou-lhe uma mulher, dizendo: Sal­
senhor. Que havemos de fazer? 16Mas va-me, ó rei meu senhor. 27E êle dis­
Eliseu respondeu: Não temas; mui­ se: O Senhor não te salva, como posso
tos mais estão conosco do que com eu salvar-te? Tenho porventura tri­
êles. 17E Eliseu, fazendo oração, dis­ go na eira, ou vinho no lagar? E o
se: Senhor, abre os olhos dêste, para rei acrescentou: Que é que tu que­
ue veja. E o Senhor abriu os olhos res? Ela respondeu: “ Esta mulher
o criado, e viu, e o monte apareceu disse-me: Dá-me o teu filho, para o
cheio de cavalos e de carroças de fo ­ comermos hoje, e amanhã comeremos
go, ao redor de Eliseu. o meu filho. “ Cozemos, pois, o meu
,8Nisto os inimigos desceram para filho, e comemo-lo. E ao outro dia,
êle, e Eliseu fêz a sua oração ao Se- disse-lhe eu: Dá o teu filho para o
nhor, dizendo: Fere, te peço, de ce- comermos. E ela escondeu o seu fi­
:ueira a esta gente. E o Senhor os lho.
feriu de cegueira, conforme a pala- Jorão manda m atar Eliseu
vra de Eliseu. 19E Eliseu disse-lhes:
Não é êste o caminho, nem esta é a “ O rei tendo ouvido isto, rasgou os
cidade; seguí-me, e eu vos mostrarei seus vestidos, e ia passando pelo mu­
o homem que vós buscais. Êle, pois, ro. E todo o povo viu o cilício que
os levou à Samaria. "E , tendo êles êle levava vestido interiormente sô-
entrado em Samaria, disse Eliseu: Se­ bre a carne. 31E o rei disse: Deus
nhor, abre-lhes os olhos, para que me trate com todo o seu rigor, se a
vejam. E o Senhor abriu-lhes os o- cabeça de Eliseu, filho de Safat, lhe
lhos, e viram que estavapi no meio ficar hoje sôhre os ombros.
de Samaria. 21E o rei de Israel, ten- “ Ora Eliseu estava sentado em sua
do-os visto, disse a Eliseu: Matá-los- casa, e estavam sentados com êle os
-ei, meu pai? 22Mas êle respondeu: anciãos. Mandou, pois, (o re i) um
Não os matarás, porque, não os fizes­ homem; e antes due êste mensageiro
te prisioneiros com a tua espada nem chegasse, (E liseu ) disse aos anciãos:
com o teu arco, para os matar, mas Não sabeis que êste filho do homici­
manda-lhes por diante pão e água, da (Acab) mandou cortar-me a ca­
para que comam e bebam, e voltem beça? Tende, pois, cuidado; quando
para o seu senhor. 23E foi posta dian­ o mensageiro chegar, fechai a por­
te dêles uma grande quantidade de ta e não o deixeis entrar, porque eis
alimentos, e comeram e beberam, e que eu ouço o ruído dos passos do seu
despediu-os, e êles voltaram para o senhor, que vem após êle.
seu senhor, e os guerrilheiros da Sí­ “ Quando Eliseu ainda estava fa ­
ria não tornaram mais às terras de lando com êles, eis que apareceu o
Israel. mensageiro que vinha para êle. E
êle disse: Vêde que tão grande mal
Cêreo de Samaria nos vem do Senhor; que mais espe­
rarei eu do Senhor?
24E aconteceu depois que Benada,
rei da Síria, Juntou tôdas as suas tro­ Eliseu prediz a cessação da fome
pas, e foi sitiar Samaria. ^E hou-
ve uma grande fome em Samaria, e 7 2E Eliseu disse: Ouvi a palavra
o cêrco durou tanto que se chegou a • do Senhor: Eis o que diz o Se­
vender a cabeça de um jumento por nhor: Amanhã, a esta hora, dar-se-
oitenta moedas de prata, e a quarta -ã um módio de flor de farinha por
Cap. v i — 25. O cabo era uma medida de capacidade p ara os sólidos, equivalente a um
litro.
32-33. Ouço o ruído dos passos do seu senhor. Deus tinha manifestado a Eliseu que
Jorfto se arrependera da ordem dada, e corria atrás do mensageiro para o impedir de
a executar. — Apareceu o mensageiro. Numerosos críticos dizem que, segundo o hebrai­
co, deve ler-se: Apareceu o rei, pois que as palavras seguintes: Vêde que tão grande
mal, etc., foram pronunciadas por Jor&o.
7 QUARTO LIVRO DOS REIS 411

um estáter, e por um estáter se da­ mem algum, mas sômente cavalos, e


rão dois módios de cevada, à porta de jumentos presos, e as suas tendas ar­
Samaria. 2Respondendo um dos ca­ madas. “ Foram, pois, os guardas da
pitães, a cujo braço o rei estava en­ porta, e deram aviso aos de dentro do
costado, ao homem de Deus, disse: palácio do rei, 12o qual se levantou de
Ainda que o Senhor fizesse compor­ noite, e disse aos seus oficiais: Eu
tas no céu, (e chovesse trigo ) pode­ vos direi o que fizeram os Sírios con­
rá acaso ser o que tu dizes? E êle tra nós: Sabem que a fome nos a-
respondeu: Tu o verás com os teus perta, e por isso saíram do seu arraial,
olhos, mas não comerás dêle. e estão escondidos pelos campos, di­
zendo: Logo que saírem da cidade, nós
Sam aria é mi raeulosamente libertada os apanharemos vivos, e então pode­
remos entrar na cidade. 18Mas um
3Ora estavam quatro homens lepro­ dos servos do rei respondeu: Tom e­
sos à entrada da porta, os quais dis- mos os cinco cavalos que ficaram na
seram entre si: Para que estamos nós cidade, (porque s ó êstes restaram de
aqui até morrermos? 4Se quisermos tão grande número que havia em Is­
entrar na cidade, morreremos de fo- rael, porque os outros foram consu­
me; se ficarmos aqui, morreremos midos) e, mandando êstes, poderemos
também; vamo-nos, pois, e passemo- descobrir o que há. 14Tomaram, pois,
nos para o acampamento dos Sírios. dois cavalos, e o rei mandou ao a-
Se êles se compadecerem de nós, v i­ campamento dos Sírios, dizendo: Ide
veremos; e, se nos quiserem matar, e vêde.
sem dúvida morreremos.
5Partiram, pois, à tarde, para ir ao 18E êles foram em busca dos Sírios
acampamento dos Sírios. E, tendo até ao Jordão, e acharam que todo
chegado à entrada do acampamen­ o caminho estava cheio de vestidos e
to dos Sírios, não encontraram ali de armas que os Sírios tinham arroja­
ninguém. 6Porque o Senhor tinha do com a sua turbação; e os mensa­
feito ouvir no acampamento dos Sí­ geiros, voltando, deram conta ao rei.
rios um estrondo de carroças, e de 16E, tendo saído o povo, saqueou o a-
cavalos, e dum exército muito nu­ campamento dos Sírios; e um módio
meroso; e os Sírios disseram entre si: de flor de farinha foi vendido por
Sem dúvida que o rei de Israel man­ um estáter, e dois módios de cevada,
dou assoldadar contra nós os reis dos por um estáter, conforme a palavra
Heteus, e dos Egípcios, e ei-los ai do Senhor.
vêm sôbre nós. 7Levantaram-se, “ Ora o rei pôs à porta (da cidade)
pois, e fugiram de noite; e deixaram aquêle oficial, no braço do qual êle
no acampamento as suas tendas, e se apoiava, e a multidão atropelou-
os seus cavalos e jumentos e fugiram o à entrada da porta, e morreu, con­
cuidando sòmente em salvar as suas forme lhe tinha predito o homem de
vidas. Deus, quando o rei foi ter com êle.
8Tendo, pois, chegado aquêles le­ 18E aconteceu segundo a palavra que
prosos à entrada do acampamento, o homem de Deus tinha predito ao
entraram numa barraca, e comeram rei, quando lhe disse: Amanhã, a es­
e beberam, e levaram dali prata e ou­ ta mesma hora, à porta de Samaria
ro, e vestidos, e retiraram-se e es­ serão vendidos por um estáter dois
conderam-nos; e depois tornaram a módios de cevada, e por um estáter
outra barraca, e esconderam também um módio de flor de farinha; 10quan-
o que pilharam. do aquêle oficial tinha respondido ao
9È disseram um para o outro: Não homem de Deus, e tinha dito: Ainda
fazemos bem, porque êste é um dia que o Senhor fizesse comportas no
de boa nova. Se nos calarmos, e não céu (para chover trig o ), poderá aca­
quisermos avisar até amanhã, sere­ so ser o que tu dizes? E Eliseu dis­
mos argüidos de crime; vamos, e le­ se : Tu o verás com os teus olhos,
vemos a nova à côrte do rei. 10E, mas não comerás dêle. “ Como Eli-
tendo chegado à porta da cidade, con­ seu lhe tinha predito, assim lhe su­
taram, dizendo: Nós fomos ao campo cedeu, e o povo o atropelou à porta»
dós Sírios, e não encontramos lá ho­ e morreu.
412 QUARTO LIVRO DOS REIS 8
Os bens da Sunamites são-lhe lhe: Sararás; o Senhor, porém, inos-
restitufdos trou-me que êle morrerá certamente
(de m orte violenta), ME ficou para­
O ‘ Eliseu falou àquela mulher, cujo do com Hazael, e turbou-se de tal
° filho tinha ressuscitado, dizen- modo que o seu rosto corou; e o ho­
do: Levanta-te, vai tu e a tua fa ­ mem de Deus chorou. 12E Hazael
mília, e sai do teu país, e habita on­ disse-lhe: P or que chora o meu se­
de te parecer melhor, porque o Se­ nhor? E Eliseu respondeu-lhe: Por-
nhor chamou a fome, e ela virá sô- ue sei os males que farás aos filhos
bre a terra durante sete anoa 2E ela e Israel. Queimarás as suas cida­
levantou-se, e fêz conforme o que o des fortes, e passarás à espada os
homem de Deus lhe tinha dito; e, in­ seus jovens, e esmagarás as suas cri­
do com tôda a sua família, peregri- anças, e rasgarás pelo meio o ven­
nou durante muito tempo na terra tre das mulheres grávidas. 13E H a­
dos Filisteus. germ inados os sete zael disse-lhe: Quem sou èu, teu ser­
anos, a mulher voltou da terra dos vo, senão um cão, para (que possa)
Filisteus, e foi ter com o rei a recla­ fazer tão grandes coisas? E Eliseu
mar a sua casa e as suas fazendas, respondeu: O Senhor mostrou-me
4Ora o rei estava então a falar com que tu serás rei da Síria.
Giezi, criado do homem de Deus, di­ 14E Hazael, depois de deixar Eliseu,
zendo: Conta-me tôdas as maravilhas voltou para o seu senhor, o qual lhe
que Eliseu tem feito. 5E, enquanto perguntou: Que te disse Eliseu? E
ele contava ao rei como Eliseu tinha ele respondeu-lhe: Disse-me que re­
ressuscitado um morto, apareceu a cobraras a saúde. “ E, ao outro dia,
mulher, cujo filho tinha ressuscita- Hazael pegou numa coberta, e mo-
do, reclamando ante o rei a sua casa lhou-a em água, e estendeu-a sôbre
e as suas fazendas. E Giezi disse: o rosto do rei, o qual morreu (su­
ó rei meu senhor, é esta aquela mu­ focado), e Hazael reinou em seu lu­
lher, e êste é o seu filho, que Eliseu gar.
ressuscitou. 6E o rei interrogou a Jorão, rei de Judá
mulher, a qual lhe contou (tu d o ). E
o rei deu-lhe um eunuco (para ir 16N o ano quinto de Jorão, filho de
com ela ), dizendo: Faze-lhe restituir Acab, rei de Israel, e de Josafat, rei
tudo o que é seu, e todos os rendi­ de Judá, reinou Jorão, filho de Jo-
mentos de suas fazendas, desde o dia safat, rei de Judá. 17Tinha trinta e
em que ela deixou o pais até ao pre- dois anos quando começou a reinar,
sente. e reinou oito anos em Jenisalém.
18Andou pelos caminhos dos reis de
Eliseu prediz a H azael o trono da Israel, como tinha andado a casa de
Sirla Acab; porque uma filha de Acab era
7Eliseu foi também a Damasco. E sua mulher; e praticou o mal dian­
Benadad, rei da Síria, estava doen­ te do Senhor. 19Mas o Senhor não
te; e avisaram-no, dizendo: O homem quis exterminar Judá, por causa de
de Deus chegou aqui. 7 8E o rei dis­ Davi, seu servo, conforme a promes­
se a Hazael: Tom a contigo presen­ sa que lhe tinha feito de que daria
tes, e vai ao encontro do homem de uma lâmpada a êle e a seus filhos
Deus, e consulta o Senhor por meio para sempre.
dêle, perguntando se eu poderei es­ Rebelião de Edorn
capar desta minha doença. 91 F oi,
0
pols, Hazael ao encontro do homem "N o tempo do seu reinado rebelou-
de Deus, levando consigo presentes e se Edom para não estar debaixo do
tôdas as coisas mais preciosas de Da­ jugo de Judá, e constituiu para si
masco em quarenta camelos carrega­ um rei. “ E Jorão foi a Sela com
dos. E, tendo-se apresentado a Eli- tôdas as suas carroças, e saiu de noi-
seu, disse: Teu filho Benadad, rei da te, e bateu os Idumeus, que o ti­
Síria, enviou-me a ti para saber se nham cercado, e os comandantes das
poderá sarar da sua doença. carroças; mas o povo fugiu para as
10E Eliseu respondeu: Vai, e dize- suas tendas. "Edom, pois, sacudiu
8 - 9 QUARTO LIVRO DOS REIS 418
o jugo de Judá até o dia de hoje. trou lá; e eis que os principais o fi­
Naquele mesmo tempo revoltou-se ciais do exército estavam sentados, e
também Lobna. disse: ó príncipe, eu tenho uma pa­
Morte de Jorão lavra para te dizer. E Jeú disse: A
qual de nós queres tu falar? E êle
28Quanto ao resto das açôes de Jo- respondeu: A ti, ó príncipe.
rão, e tudo o que êle fêz, não se en­ •Jeú, pois, levantou-se, e entrou
contram tôdas estas coisas escritas num quarto, e o jovem derramou-lhe
no livro dos miais dos reis de Judá? o óleo sôbre a cabeça, e disse-lhe: Eis
**E Jorão adormeceu com seus pais, o que diz o Senhor Deus de Israel:
e foi sepultado com êles na cidade Eu te ungi rei sôbre o meu povo
de Davi, e em seu lugar reinou seu de Israel, 7e exterminarás a casa de
filho Ocozias. Acab, teu senhor, e vingarei o san­
Ocozias, rei de Judá gue dos profetas, meus servos, e o
“ N o ano duodécimo de Jorão, fi­ sangue de todos os servos do Senhor,
lho de Acab, rei de Israel, subiu ao derramado por Jezabel. 8E destrui-
trono Ocozias, filho de Jorão, rei de rei tôda a casa de Acab, e matarei
todo o indivíduo do sexo masculino
Judá. “ Tinha Ocozias vinte e dois da casa de Acab, desde o primeiro
anos quando começou a reinar, e rei­ até o último em Israel. °E tratarei
nou um ano em Jerusalém. Sua mãe a casa de Acab corno a casa de Je-
chamava-se Atália, filha de Amri, rei roboão, filho de Nabat, e corno a ca­
de Israel. “ E êle seguiu os mesmos sa de Baasa, filho de Aía. 10E quan­
passos que a casa de Acab, e prati- to a Jezabel, os cães a comerão no
cou o mal diante do Senhor, como campo de Jezrael, e não se achará
a casa de Acab, porque era genro quem a enterre. Dito isto, abriu a
da casa de Acab. porta e fugiu.
G uerra contra os Sírios
Conjuração de Jeú contra Jorfto
“ Êle foi também com Jorão, filho
de Acab, combater contra Hazael, rei 21E Jeú saiu para onde estavam os
da Síria, em Ramot de Galaad, e os oficiais do seu senhor, os quais lhe
Sírios feriram Jorão, “ o qual voltou disseram: Vai tudo bem? Para que
a Jezrael para se curar; porque os veio êsse louco ter contigo? Êle res­
Sírios tinham-no ferido em Ramot pondeu-lhes: Vós bem conheceis ês-
enquanto pelejava contra Hazael, rei se homem, e o (lue êle me diria.
da Síria. E Ocozias, filho de Jorão, 12Porém êles replicaram: Não ê as­
rei de Judá, foi a Jezrael para visi­ sim, mas antes conta-no-lo. Jeú dis­
tar Jorão, filho de Acab, porque es­ se-lhes: Êle me disse tal e tal coisa,
tava lá doente. e acrescentou: Eis o que diz o Se­
Jeú é ungido rei de Israel nhor: Eu ungi-te rei sôbre Israel.
13Levantaram-se então apressados, e,
O 2E o profeta Eliseu chamou um tomando cada um a sua capa, puse-
u dos filhos dos profetas, e disse- ram-na debaixo dos pés de Jeu, co­
lhe: Cinge os teus rins, e toma na mo uma espécie de tribunal, e toca­
mão esta redomazinha de óleo, e vai ram a trombeta, e disseram: Jeú ê
a Ramot de Galaad. 2E, quando lá (nosso) rei.
tiveres chegado, verás Jeú, filho de 14Jeú, pois, filho de Josafat, filho
Josafat, filho de Nansi; e, depois de de Nansl, fêz uma conjuração con­
entrares, o tirarás do meio de seus tra Jorão, porque Jorão, com todo
irmãos, e o levarás para um aposen­ o Israel, tinha cercado Ramot de Ga-
to retirado. 3E, tomando a redoma­ laad, contra Hazael, rei da Síria; 15e
zinha de óleo, lha derramarás sôbre tinha voltado para se curar em Jez-
a cabeça, e dirás: Eis o que diz o rael das feridas que lhe tinham fe i­
Senhor: Eu te ungi rei sôbre Is­ to os Sírios, quando pçlejava contra
rael. E abrirás a porta, e fugirás, e Hazael, rei da Síria. E Jeú disse:
não te demorarás ali. Se assim vos parece, ninguém saia
40 jovem criado do profeta partiu, nem fuja para fora da cidade, para
pois, para Ramot de Galaad, 5e en­ que não va dar a nova a Jezrael.
414 QUARTO LIVRO DOS REIS 9 - 10
Jorão é morto por Jeú derram ar ontem. Pega, pois, nêle, e
16E êle partiu, e marchou para Jez- lança-o no campo, conforme a pala­
rael, porque Jorão estava lâ doente, vra do Senhor.
e Ocozias, rei de Judá, tinha ido vi­ Ocozias é morto por Jeú
sitar Jorão. 17O ra a sentinela, que
estava no alto da torre de Jezrael, 27Ora, Ocozias, rei de Judá, ao ver
viu a tropa de Jeú que ia avançan­ isto, fugiu pelo caminho da casa do
do, e disse: Eu vejo um pelotão de jardim ; e Jeú foi atrás dêle, e dis­
gente. E Jorão disse: Toma um car­ se: Matai também êste no seu carro;
ro, e manda alguém ao seu encon­ e feriram-no na subida de Gaver, que
tro, e quem fôr pergunte: V aL tu­ está ao pé de Jeblaam; e êle fugiu
do bem? 18Q homem, pois, que tinha para Magedo, e lá morreu. “ E os
subido para o carro, foi ao encontro seus servos puseram-no sobre o seu
de Jeú, e disse: O rei diz isto: Es­ carro, e levaram-no para Jerusalém,
tá tudo em paz? E Jeú respondeu- e sepultaram-no no sepulcro de seus
lhe: Que tens tu com a paz? Passa pais, na cidade de Davi. “N o ano
para trás e segue-me. A sentinela undécimo de Jorão, filho de Acab,
deu também aviso, dizendo: O men­ Ocozias reinou sôbre Judá.
sageiro chegou a êles, e não volta. Morte de Jezabel
19Jorão mandou ainda segundo car­
ro de cavalos; e o mensageiro che­ 30E Jeú foi a Jezrael. Ora, Jeza­
gou a êles, e disse: O rei diz isto: bel, tendo sabido da sua chegada, pin­
Está tudo em paz? E Jeú respon­ tou os seus olhos com antimônio, e
deu: Que tens tu com a paz? Pas­ adornou a sua cabeça, e olhou pela
sa para trás e segue-me. " E a sen­ janela 31para Jeú, que entrava pela
tinela avisou, dizendo: (O mensagei­ porta, e disse: Que paz se pode espe­
ro) chegou a êles, e não volta, mas rar dêste que, como Zambri, matou
o andar parece-me com o andar de o seu senhor? 32E Jeú levantou o
Jeú, filho de Nansi, porque vem pre­ rosto para a janela, e disse: Quem
cipitadamente . é esta? E dois ou três eunucos fi­
21E Jorão disse: Metam os cavalos zeram a Jeú uma profunda reverên­
ao carro. E meteram os cavalos ao cia. 33E êle disse-lhes: Precipitai-a
seu carro, e saiu Jorão, rei de Israel, dai abaixo; e êles a precipitaram, e
e Ocozias, rei de Judá, cada um no a parede ficou salpicada de sangue,
seu carro, e saíram a encontrar-se e as patas dos cavalos a pisaram.
com Jeú, e encontraram-no no cam­ 34E, tendo Jeú entrado para comer e
po de Nabot Jezraelita. 22E Jorão, beber, disse: Ide ver aquela desgra­
logo que viu Jeú, disse: Temos paz, çada e sepultai-a, porque é filha do
Jeú? Mas êle respondeu-lhe: Que rei.
paz? A s idolatrias de Jezabel, tua 35E, tendo ido para a enterrar, não
mãe, e o s seus muitos malefícios es­ encontraram senão a caveira, e os
tão ainda em vigor. 23Jorão voltou pés, e as extremidades das mãos. “ E
logo as rédeas, e, fugindo, disse a foram-no dizer a Jeú. E êle disse:
Ocozias: Estamos traídos, Ocozias. Isto é o que o Senhor tinha pronun­
24Porém, Jeú retesou o arco com a ciado por Elias Tesbita, seu servo, di­
sua mão, e feriu Jorão entre as es- zendo: Os cães comerão a carne de
paduas, e a seta saiu-lhe pelo cora­ Jezabel no campo de Jezrael, 37e as
ção, e caiu logo morto no seu carro. carnes de Jezabel estarão no campo
26E Jeú disse ao capitão Badacer: P e­ de Jezrael como o estêrco sôbre a
g a nêle, e lança-o no campo de N a ­ face da terra, de sorte que os que
bot Jezraelita; porque eu lembro-me passarem, dirão: Esta é aquela Je­
que, quando eu e tu, sentados no car­ zabel?
ro, seguíamos Acab, pai dêste, o Se­ Extermínio das duas fam ílias reais
nhor pronunciou esta (terrível) sen­
tença contra êle, dizendo: “Eu ju ­ 1A 2Ora Acab tinha setenta fi-
ro, diz o Senhor, que neste campo lhos em Samaria; e Jeú escre­
vingarei em ti o sangue de Nabot veu uma carta, e a mandou a Sama­
e o sangue de seus filhos, que eu vi ria aos principais da cidade, e aos
10 QUARTO LIVRO DOS REIS 415
anciãos e aos aios dos filhos de Acab, 12E levantou-se, e foi para Sarna-
dizendo: 2Logo que receberdes esta ria; e, tendo chegado a uma cabana
carta, vós que tendes em vosso po­ de pastores, que está junto do cami­
der os filhos do vosso senhor, e os nho, “ encontrou os irmãos de Oco-
carros, e os cavalos, e as cidades fo r­ zias, rei de Judá, e disse-lhes: Quem
tes, e as armas, 3escolhei o melhor, sois vós? Êles responderam: Somos
e aquêle que mais vos agradar en­ os irmãos de Ocozias, e viemos sau­
tre os filhos do vosso senhor, colocai- dar os filhos do rei e os filhos da
o sôbre o trono de seu pai, e pele­ rainha. 14E Jeú disse: Tomai-os vi­
jai pela casa de vosso senhor. 4Êles vos. E, tendo-os tomado vivos, de­
atemorizaram-se muito, e disseram: golaram-nos numa cisterna perto da
Dois reis não puderam fazer-lhe fren­ cabana, em número de quarenta e
te, como poderemos nós resistir-lhe? dois homens, e não deixou nenhum
5Pelo que os mordomos do palácio do dêles. 16E, partindo dali, encontrou
rei, e os oficiais da cidade, e os an­ Jonadab, filho de Recab, que lhe v i­
ciãos, e os aios, mandaram dizer a nha ao encontro, e Jeú saudou-o. E
Jeú: Nós somos teus servos, faremos disse-lhe: Porventura tens tu o co­
tudo o que nos ordenares; nem ele­ ração reto, como o meu o é com o
geremos rei sôbre nós; faze tudo o teu coração? E Jonadab respondeu:
que te agradar. 6Então Jeú tornou- Tenho. Se assim é, disse Jeú, dá-
lhes a escrever segunda carta, dizen­ me a tua mão. E Jonadab deu-lhe
do: Se vós sois meus, e me obede­ a sua mão. E Jeú mandou-o subir
ceis, cortai as cabeças aos filhos do para o seu carro, 18e disse-lhe: Vem
vosso senhor, e vinde ter comigo comigo e verás o meu zêlo pelo Se­
amanhã, a esta mesma hora, a Jez- nhor. E, tendo-o feito sentar no seu
rael. Ora os filhos do rei, em nú­ carro, 17levou-o a Samaria. E man­
mero de setenta, criavam-se em ca­ dou matar todos os que restavam da
sa dos grandes da cidade. casa de Acab, em Samaria, sem per­
7E, logo que êles receberam a car­ doar a um só, conforme a palavra
ta, pegaram nos setenta filhos do rei, que o Senhor tinha pronunciado por
e mataram-nos, e meteram as suas meio de Elias.
cabecas em cêstos, e mandaram-nas
a Jeú, a Jezrael. 8Foi, pois, o men­ Morte dos adoradores de B a a l
sageiro, e avisou-o, dizendo: Trouxe­
ram as cabeças dos filhos do rei. “ Juntou também Jeú todo o povo,
Ele respondeu: Ponde-as em dois e disse-lhes: Acab tributou algum
montes à entrada da porta até pe­ culto a Baal, mas eu lhe tributarei
la manhã. maior culto. 10Chamai-me, pois, ago­
9E, quando amanheceu, saiu, e pôs- ra todos os profetas de Baal e todos
to em pé disse a todo o povo: Vós os seus ministros, e todos os seus
(que) sois justos (d izei-m e): Se eu sacerdotes; nenhum deixe de vir,
conspirei contra o meu senhor, e se porque quero fazer um grande sacri­
o matei, quem é que matou todos fício a Baal; todo o que faltar mor­
êstes? “ Considerai, pois, agora que rerá. Mas isto em Jeú era artifício,
não caiu por terra palavra alguma para exterminar os adoradores de
do Senhor, que o Senhor proferiu Baal. 20E disse: Fazei uma festa so­
contra a casa de Acab, e como o lene a Baal. E mandou 21chamá-los
Senhor cumpriu o que predisse pela por todos os limites de Israel, e vie­
bôca do seu servo Elias. “ Mandou, ram todos os servos de Baal; não fi­
pois, Jeú matar todos os que resta­ cou um só que não viesse. E entra­
vam da casa de Acab em Jezrael, e ram no templo de Baal, e encheu-se
todos os grandes de sua corte, e os a casa de Baal desde uma extremi-
seus familiares, e os sacerdotes, até dade até à outra. 22E (Jeú) disse aos
não ficar dêles resto algum. que guardavam as vestimentas: Tirai
Cap. X — 9-10. V ós (q u e) sois justos. Fingindo admiração, Jeú dirige-se ao povo, ao qual
constitui juiz do que aconteceu. Reconhece que mandou m atar Jorâo, mas pretende justifi­
car-se dos outros massacres, apresentando-os como uma realização do oráculo de Elias.
16. O meu zêlo. Êste zêlo era mais aparente que real, mais externo que interno.
416 QUARTO LIVRO DOS REIS 10 - 11
vestimentas para todos os ministros Israel, “ desde o Jordão, para a ban­
de Baal. E êles levaram-lhes as ves­ da do oriente, e (devastou) tôda a
timentas. 23E, tendo entrado Jeú e terra de Galaad, e de Gad, e de Ru-
Jonadab, filho de Recab, no templo ben, e de Manassés, desde Aroer, que
de Baal, disse aos adoradores de estava sôbre a torrente de Arnon, até
Baal: Examinai, e vêde bem, não es­ Galaad e Basan.
teja entre vós algum dos ministros
do Senhor, mas que estejam sômen- Fim do reinado de Jeú
te os servos de Baal.
24Entraram êles, pois, para oferece­ “ O resto das ações de Jeú, e todos
rem as suas vítimas e os seus holo- os seus feitos, e o seu valor, não es­
caustos. Ora Jeú tinha prontos da tão tôdas estas coisas escritas no li­
parte de fora oitenta homens, e ti­ vro dos anais dos reis de Israel? “ E
nha-lhes dito: Se escapar um só ho­ Jeú adormeceu com seus pais, e foi
mem dêstes que eu vos entregar às sepultado em Samaria, e em seu lu­
mãos, a vossa vida me será respon­ gar reinou seu filho Joacaz. “ E o
sável pela sua. “ E aconteceu que, tempo que Jeú reinou sôbre Israel
oferecido o holocausto, Jeú deu aos em Samaria, foram vinte e oito anos.
seus soldados e oficiais esta ordem: A tália usurpa o trono de Judã
Entrai e matai-os, não escape ne­
nhum. E os soldados e os capitães 11 sOra Atália, mãe de Ocozias,
passaram-nos ao fio da espada, e lan- 11 vendo morto seu filho, levan­
çaram-nos fora; e depois foram à ci­ tou-se e matou tôda a descendência
dade do templo de Baal, *e tiraram real. 2Porém Josabá, filha do rei Jo-
do templo a estátua de Baal, e quei- rão, irmã de Ocozias, pegando em
maram-na, 27e reduziram-na a pó. Joás, filho de Ocozias, tirou-o do
Destruíram também o templo de meio dos filhos do rei, que estavam
Baal, e, em lugar dêle, fizeram umas a ser mortos, furtando-o do leito com
latrinas que ainda hoje existem. a sua ama, e escondeu-o da presen-
ça de Atália, para que o não ma­
Bens a males no proceder de Jeú tasse. 3E êle esteve seis anos oculto
“ Assim exterminou Jeú a Baal de com a ama na casa do Senhor. En­
Israel, “ mas êle não se apartou dos tretanto Atália reinou sôbre o país
pecados de Jeroboão, filho de Nabat, (de Judá) .
que fêz pecar Israel, nem abandonou Jojada faz proclam ar rei Joás
os bezerros de ouro, que estavam em
Betel e em Dan. 30Disse, pois, o Se­ 4N o ano sétimo, porém, Jojada
nhor a Jeú: Visto que cumpriste cui- mandou chamar os centuriões e os
dadosamente o que era justo e agra­ soldados, e introduziu-os consigo no
dável aos meus olhos, e executaste templo do Senhor, e fêz com êles um
contra a casa de Acab tudo o que eu tratado; e, juramentando-os na casa
tinha no meu coração, teus filhos se do Senhor, mostrou-lhes o filho do
sentarão sobre o trono de Israel até rei; 5e ordenou-lhes, dizendo: Eis o
à quarta geração. 31Todavia, não te­ que haveis de fazer: °Uma têrça par­
ve o cuidado de andar de todo o seu te de vós entrará no sábado, e Iará
coração na lei do Senhor Deus de Is­ guarda à casa do rei. A outra têrça
rael, porque não se apartou dos pe­ parte ficará à porta de Sur; e a ter­
cados de Jeroboão, que tinha feito ceira têrça parte esteja à porta que
pecar Israel. está por detrás da habitação dos es­
Invasão dos Sfrios cudeiros; e fareis a guarda à casa de
Messa. 7E duas (têrças) partes de
"N aquele tempo o Senhor começou vós, todos os que saírem de sema­
a indignar-se contra Israel; e Hazael na, estarão de sentinela na casa do
derrotou-os em todas as fronteiras de Senhor, junto do rei. 8E o rodeareis,
30. Visto que cumpriste... Deus premia o bem feito por jeú , isto ô, a extirpação do
culto de B a a l e a punição da casa de Acab, m as com isto n&o aprova nem as suas men­
tiras nem os motivos menos retos por que se tinha deixado levar.
11 - 12 QUARTO LIVRO DOS REIS 417
tendo as armas nas mãos; e, se al­ Entronização de Joás
guém entrar no recinto do templo,
seja morto; e estareis com o rei 19E tomou consigo os centuriôes e
quando entrar e quando sair. as legiões de Ceret e de Felet, e to­
do o povo do país, e conduziram o
°E os centuriôes executaram tudo rei fora da casa do Senhor; e foram
o que o pontífice Jojada lhes tinha ao palácio pelo caminho da porta
oraenado; e, tomando cada um a sua dos escudeiros, e o rei sentou-se no
gente, que entrava de semana, com trono dos reis. “ E todo o povo da
os que saíam dela, foram ter com o terra se alegrou, e a cidade ficou em
pontífice Jojada, 10o qual lhes deu paz; Atália, porém, foi passada à es­
as lanças e as armas do rei Davi que pada na casa do rei. aE Joás ti­
estavam na casa do Senhor. “ Puse­ nha sete anos quando começou a
ram-se, pois, cada um com as armas reinar.
na mão em volta do rei, desde o la­
do direito do templo até ao lado es­ Duração e particularidades do
querdo do altar e do templo. 12E Jo­ reinado de Joás
jada apresentou-lhes o filho do rei, e
pôs-lhe sôbre a cabeça o diadema e 1 0 2N o sétimo ano de Jeú, Joás
o livro da lei; e êles o constituíram 1“ começou a reinar, e reinou
rei e o ungiram; e, dando palmas, quarenta anos em Jerusalém. Sua
disseram: V lva o rei. mãe chamava-se Sebia, de Bersabéia.
2E Joás procedeu retamente diante
M orte, de A tália do Senhor durante todo o tempo que
foi dirigido pelo pontífice Jojada.
13Ora Atália ouviu o clamor do po­ 3Todavia não tirou os lugares altos;
vo que concorria; e, entrando por porque o povo ainda sacrificava e
entre a multidão no templo do Se­ oferecia incenso nos lugares altos, (o
nhor, 14viu o rei sentado no trono, se­ que era contra as prescrições da le i).
gundo o costume, e junto dêle os can­ Restauração do templo
tores e trombetas, e todo o povo do
ais muito alegre e tocando trom- 4E Joás disse aos sacerdotes: To-
etas; e rasgou os seus vestidos e do o dinheiro das coisas consagra­
ritou: Traição, traição! 15Mas Joja- das, que for oferecido no templo do
a ordenou aos centuriôes que co­ Senhor pelos que passam, e o que se
mandavam as tropas, e disse-lhes: oferece pelo resgate da pessoa, e o
Levai-a para fora do recinto do ue espontâneamente e ao arbítrio
templo, e qualquer que a seguir, o seu coração trazem ao templo do
morra à espada. Porque o pontífice Senhor, 5os sacerdotes recebam-no se­
tinha dito: Não seja morta dentro gundo a sua ordem, e façam os repa­
do templo do Senhor. 16E lançaram- ros na casa do Senhor, se virem que
lhe as mãos, e levaram-na aos em­ alguma coisa necessita de repara­
purrões pelo caminho da entrada dos ção. °Mas, até o ano vigésimo ter­
cavalos, junto ao palácio, e ali foi ceiro do rei Joás, os sacerdotes não
morta. fizeram reparos alguns no templo.
7E o rei chamou o pontífice Jojada
A aliança é renovada e os sacerdotes e disse-lhes: Por que
não fazeis vós os reparos do tem­
“ Jojada, pois, fêz entre o Senhor plo? Não recebais logo mais o di­
e o rei e o povo a aliança pela qual nheiro segundo a ordem do vosso mi­
êle devia ser o povo do Senhor; e nistério, mas restituí-o para os re­
(fêz também aliança) entre o rei e paros do templo. 8E os sacerdotes
o povo. 18E todo o povo do país en­ foram proibidos de receber mais di­
trou no templo de Baal, e derriba- nheiro do povo, e de fazer os re­
ram os seus altares, e fizeram as paros da casa.
suas imagens em pedaços; e mata- 9E o pontífice Jojada pegou num
ram Matan, sacerdote de Baal, dian­ cofre, e mandou-lhe abrir um bura­
te do altar. E o príncipe pôs guar­ co por cima, e pô-lo junto do altar,
das na casa do Senhor. à mão direita dos que entravam na
14 - Biblia sagrada
418 QUARTO LIVRO DOS REIS 12 - 13
casa do Senhor, e os sacerdotes, que das estas coisas escritas no livro dos
guardavam as portas, deitavam nele anais dos reis de Judã? ^Ora os ser­
todo o dinheiro que era levado ao vos de Joás levantaram-se, e fizeram
templo do Senhor. 10E, quando viam uma conspiração entre si, e mata­
que havia muito dinheiro no cofre, ram Joás na casa de Melo, na des­
vinham o escrivão do rei e o pontí­ cida de Sela. 21Josacar, filho de Se-
fice, e despejavam e contavam o di­ maat, e Jozabad, filho de Somer,
nheiro que se encontrava na casa do seus servos, feriram-no, e êle mor­
Senhor. 11E depositavam-no por con­ reu; e sepultaram-no com seus pais
ta e por pêso nas mãos dos que pre­ na cidade de Davi, e Amasias, seu
sidiam aos que trabalhavam na fá­ filho, reinou em seu lugar.
brica da casa do Senhor; os quais
pagavam com êle aos carpinteiros e Joacaz, rei de Israel
aos pedreiros que trabalhavam na ca­
sa do Senhor, 12e faziam os reparos, 1 O 1N o ano vinte e três de Joás,
e aos que cortavam as pedras, e com 161 filho de Ocozias, rei de Judá,
êle compravam as madeiras e as pe­ reinou Joacaz, filho de Jeú, sôbre Is­
dras que se lavravam, de maneira rael em Samaria durante dezessete
que se completasse o reparo da casa anos. 2E fêz o mal diante do Se­
do Senhor, em tôdas as partes que nhor, e seguiu os pecados de Jero-
exigiam despesa para se consolidar boão, filho de Nabat, que tinha fei­
a casa. to pecar Israel, e não se apartou dê-
13Não se faziam, porém, dêste di­ les.
nheiro, que era trazido ao templo do
Senhor, nem as talhas do templo do Invasão dos Sírios
Senhor, nem os garfos, nem os turi- 3E acendeu-se o furor dó Senhor
bulos, nem as trombetas, nem vaso contra Israel, e entregou-os durante
algum de ouro ou prata; 14porque era todo êste tempo nas mãos de Hazael,
(tod o) dado aos que trabalhavam em rei da Síria, e nas mãos de Benadad,
restaurar o templo do Senhor; 15e não filho de Hazael. 4Mas Joacaz fêz a
se tomavam contas aos homens que sua oração diante da face do Senhor,
recebiam o dinheiro para os distri­ e o Senhor ouviu-o, pois viu a a fli­
buir pelos trabalhadores, mas êles o ção de Israel, porque o rei da Síria
empregavam com fidelidade. 16E ’ de tinha-os oprimido. 5E o Senhor deu
notar que não metiam no templo do um salvador a Israel, que foi livre
Senhor o dinheiro (oferecido) pelo da mão do rei da Síria; e os filhos
delito ou pelo pecado, porque era dos de Israel habitaram nas suas tendas
sacerdotes. como dantes.
H azael invade o reino de Judã °Todavia, não se apartaram dos pe­
17Naquele tempo Hazael, rei da Sí­ cados da casa de Jeroboão, que tinha
feito pecar Israel, mas caminharam
ria, subiu e combatia contra Get, e nêles; porque até o bosque (consa­
tomou-a, e voltou a face para mar­ grado aos ídolos por Acab) perma­
char contra Jerusalém. “ P or êste neceu em Samaria. 7Ora da gente
motivo Joás, rei de Judá, tomou tô­ (de guerra) não tinham ficado a
das as oferendas sagradas, que ti­ Joacaz senão cinqüenta cavaleiros, e
nham consagrado Josafat, e Jorão, e dez carros, e dez mil homens de pé;
Ocozias, reis de Judã, seus pais, e as porque o rei da Síria os tinha morto,
ue êle mesmo tinha oferecido, e to- e os tinha reduzido como o pó da
o o dinheiro que se pôde achar nos eira onde se debulha.
tesouros do templo do Senhor e no
palácio do rei, e mandou-o a Ha­ Morte de Joacaz
zael, rei da Síria, o qual desistiu de
ir a Jerusalém. 8Quanto ao resto das ações de Joa­
Assassínio de Joás caz, e todos os seus feitos, e o seu
valor, não estão estas coisas escritas
“ Quanto ao resto das ações de Joás, no livro dos anais dos reis de Israel?
c tudo o que êle fêz, não estão tô­ 9E Joacaz adormeceu com seus pais,
13 - 14 QUARTO LIVRO DOS REIS 419

e sepultaram-no em Samaria; e Joás, cro de Eliseu. E, logo que o cadá­


seu filho, reinou em seu lugar. ver tocou os ossos de Eliseu, o ho­
Joás, rei de Israel
mem ressuscitou, e levantou-se sô­
bre os seus pés.
10No ano trinta e sete de Joâs, rei vitórias de Joás
de Judá, reinou Joás, filho de Joa-
caz, sôbre Israel em Samaria duran­ 22Hazael, rei da Síria, tinha afligi­
te dezesseis anos, ne fêz o que é mau do Israel durante todo o reinado de
diante do Senhor; não se apartou de Joacaz; 23e o Senhor compadeceu-se
pecado nenhum de Jeroboão, filho de dêles, e tornou para êles por causa
Nabat, que tinha feito pecar Israel, do pacto que tinha feito com Abráão,
mas caminhou nêles. e Isaac, e Jacó, e não os quis perder
12Quanto ao resto das ações de nem rejeitar inteiramente até ao
Joás, e tudo o que êle fêz, e o seu tempo presente.
valor, e como çelejou contra Arna- 24E morreu Hazael, rei da Síria, e
sias, rei de Judá, não está tudo isto seu filho Benadad reinou em seu lu­
escrito no livro dos anais dos reis de gar. 25Mas Joás, filho de Joacaz, re­
Israel? 18E Joás adormeceu com cobrou de Benadad, filho de Hazael,
seus pais, e Jeroboão subiu ao seu as cidades que êste tinha tomado a
trono. E Joás foi sepultado em Sa­ Joacaz, seu pai, pelo direito da guer­
maria com os reis de Israel. ra. Joás derrotou-o três vêzes, e res-
Doença e morte de Eliseu tituiu a Israel aquelas cidades.
14E (antes aconteceu que) estando Am asias manda m atar os assassinos
Eliseu doente da enfermidade de que de Joás
morreu, Joás, rei de Israel, foi vlsi-
tá-lo, e chorava diante dêle, e dizia: 1 Â 2N o segundo ano de Joás, filho
Meu pai, meu paL tu és o carro de de Joacaz, rei de Israel, rei­
Israel e o seu condutor. nou Amasias, filho de Joás, rei de
15E Eliseu disse-lhe: Traze-me cá Judá. 2Tinha vinte e cinco anos
um arco e flechas. E, tendo-lhe levado quando começou a reinar; reinou
um arco e flechas, 16Eliseu disse ao vinte e nove anos em Jerusalém.
rei de Israel: Põe a tua mão sôbre Sua mãe chamava-se Joadan, de Je­
o arco. E tendo êle posto a sua rusalém .
mão, Eliseu pôs as suas mãos sôbre 3E êle fêz o que era justo dian­
as do rei, 17e disse: Abre a janela te do Senhor, mas não como Davi,
que olha para o oriente. E, tendo-a seu pai. Procedeu em tudo como
aberto, disse Eliseu: Atira com uma seu pai Joás tinha procedido, 4exce-
flecha. E atirou-a. E Eliseu disse: to que não tirou os lugares altos; por­
Flecha da salvação do Senhor, fle ­ que ainda o povo imolava e queima­
cha da salvação contra a Síria; tu va incenso nos lugares altos. 5E, lo­
ferirás a Síria em Afee, até a con­ go que teve o reino seguro, mandou
sumires. 18E disse mais: Pega nas matar os seus servos, que tinham
flechas. E, tendo o rei pegado ne­ morto o rei, seu pai, °mas não ma­
las, disse-lhe novamente: Fere a ter­ tou os filhos dêstes assassinos, segun­
ra com a flecha. E, tendo êle feri­ do o que está escrito no livro da lei
do três vêzes, e parando, 19o homem de Moisés, conforme o preceito do
de Deus irritou-se contra êle, e dis­ Senhor, que diz: Não morrerão os
se: Se tivesses ferido a terra cinco, pais pelos filhos, nem os filhos mor­
ou seis ou sete vêzes, terias derrota­ rerão pelos pais; mas cada um mor­
do a Síria até à sua total ruína, mas rerá pelo seu próprio pecado.
agora só a derrotarás três vêzes. Vitória sôbre os Idumeus
20Morreu, pois, Eliseu, e sepulta-
ram-no. Neste mesmo ano vieram 7Derrotou dez mil Idumeus no va­
uns guerrilheiros de Moab sôbre o le das Salinas, e tomou na batalha
ais. 21E uns que estavam sepultan- (a cidade) de Petra, à qual pôs o no­
o um homem, viram os guerrilhei­ me de Jecteel, nome que ainda ho­
ros, e lançaram o cadáver no sepul­ je conserva.
420 QUARTO LIVRO DOS REIS 14 - 15
Guerra entre Am as ias e Joás, rei giu para Laquis. E êles mandaram
de Israel após êle a Laquis, e ali o mataram.
8Então Amasias enviou mensagei- “ E transportaram-no em cima duns
ros a Joâs, filho de Joacaz, filho cavalos, e foi sepultado em Jerusa-
de Jeú, rei de Israel, dizendo: Vem lém com seus pais, na cidade de
e vejamo-nos. °E Joâs, rei de Is­ Davi.
rael, mandou a Amasias, rei de Ju- Azarias, rei de Judá
dá, esta resposta: O cardo do Líba-
no mandou dizer ao cedro, que está 21E todo o povo de Judá tomou
no Líbano: Dá tua filha por mulher Azarias, que tinha a idade de dezes-
a meu filho. E passaram as feras seis anos, e constituiram-no rei em
do bosque, que habitam no Libano, lugar de seu pai Amasias. ^ l e re-
e pisaram aos pés o cardo. 10Tu edlficou Elat, e restituiu-a a Judá,
venceste e derrotaste os Idumeus, e depois que o rei adormeceu com seus
por isso o teu coração te ensoberbe- pais.
ceu; contenta-te com essa glória, e
Jeroboão, rei de Israel
repousa em tua casa; por que pro­
vocas o mal para pereceres tu e Ju- “ N o décimo quinto ano de Am a­
dá contigo? sias, filho de Joás, rei de Judá, rei-
“ Porém Amasias não sossegou, e nou em Samaria Jeroboão, filho de
joás, rei de Israel, saiu â campa- Joás, rei de Israel, durante quaren-
nha, e encontraram-se êle e Am a­ ta e um anos; “ e fêz o mal diante
sias, rei de Judá, em Betsames, ci­ do Senhor. Não se apartou de ne­
dade de Judá. 12E Judá foi derro­ nhum pecado de Jeroboão, filho de
tado por Israel; e fugiram cada um Nabat, que tinha feito pecar Israel.
para as suas tendas. ^Restabeleceu os limites de Israel,
13E Joás, rei de Israel, tomou em (reconquistando) desde a entrada de
Betsames Amasias, rei de Judá, f i­ Emat até ao mar do deserto, confor­
lho de Joás, filho de Ocozias, e le­ me a palavra do Senhor Deus de Is­
vou-o a Jerusalém, e abriu uma bre­ rael, pronunciada por seu servo o
cha no muro de Jerusalém, com o profeta Jonas, filho de Amati, que
comprimento de quatrocentos côva- era natural de Get, (cidade) que es­
dos, desde a porta de Efraim até a tá em Ofer. “ Porque o Senhor viu
porta da esquina. 14E tomou todo o a amargosíssima aflição de Israel, e
ouro e prata, e todos os vasos, que que tinham sido consumidos até os
foram encontrados na casa do Se­ encarcerados e os últimos do povo,
nhor, e nos tesouros do rei, e os re­ e não havia quem socorresse Israel.
féns, e voltou para Samaria. 27Nem o Senhor tinha decretado que
apagaria o nome de Israel de sob
Fim dos reinados de Joás e de Am asias o céu.
“ Quanto ao resto das acoes de Je­
“ Quanto ao resto das ações de Joás, roboão, e tudo o que êle fêz, e o va­
e o valor com que pelejou contra lor com que pelejou, e como resti-
Amasias, rei de Judá, não está tudo tuiu a Israel (as cidades de) Damas-
isto escrito no livro dos anais dos co e Emat (que tinham sido) de Ju­
reis de Israel? 16E Joás. adormeceu dá, não está tudo isto escrito no li-
com seus pais, e foi sepultado em vro dos anais dos reis de Israel? “ E
Samaria com os reis de Israel, e em Jeroboão adormeceu com seus pais,
seu lugar reinou seu filho Jeroboão. reis de Israel, e Zacarias, seu filho,
“ Ora Amasias, filho de Joás, rei reinou em seu lugar.
de Judá, viveu quinze anos depois
da morte de Joás, filho de Joacaz, Azarias, rei de Judá
rei de Israel. “ Quanto ao resto das
açôes de Amasias, não está tudo 1 Ç 2N o ano vinte e sete de Jero-
escrito no livro dos anais dos reis de 1° boão, rei de Israel, reinou Aza­
Judá? rias filho de Amasias, rei de Judá.
19E foi urdida contra êle em Je­ ^in h a dezesseis anos quando come­
rusalém uma conjuração, mas êle fu­ çou a reinar, e reinou cinquenta e
15 QUARTO LIVRO DOS REIS 421
dois anos em Jerusalém. Sua mãe critas no livro dos anais dos reis
chamava-se Jequélia, natural de Je­ de Israel?
rusalém. 3E êle fêz o que era agra- “ Então Manaem destruiu Tapsa, e
dãvel diante do Senhor, conforme tu­ todos os que estavam nela, e os seus
do o que fêz Amasias, seu pai. t o ­ confins desde Tersa, porque lhe não
davia não demoliu os lugares altos; quiseram abrir a porta; e matou tô-
o povo ainda sacrificava, e queima­ das as mulheres grávidas, fazendo-
va incenso nos lugares altos. 5E o as rasgar pelo ventre.
Senhor castigou o rei, e ficou lepro­
so até o dia da sua morte, e vivia Manaem, rei de Israel
à parte numa casa retirada; e Joa- 17N o ano trinta e nove de Azarias,
tão, filho do rei, governava o palá­ rei de Judá, Manaem, filho de Ga­
cio, e julgava o povo daquela terra. di, reinou sôbre Israel em Samaria
°Quanto ao resto das ações de Aza­ durante dez anos. 18E fêz o que era
rias, e tudo o que êle fêz não está mau diante do Senhor; não se apar­
escrito no livro dos anais dos reis de tou dos pecados de Jeroboão, filho
Judá? 7E Azarias adormeceu com de Nabat, que tinha feito pecar Is­
seus pais, e sepultaram-no com os rael, durante todo o seu reinado.
seus maiores na cidade de Davi, e 19Ful, rei dos Assírios, foi então a
Joatão, seu filho, reinou em seu lu­ esta terra, e Manaem deu a Ful m il
gar. talentos de prata, para que êle o
Zacarias, rei de Israel socorresse e lhe firmasse o seu rei­
no. “ Manaem fêz pagar êste dinhei­
8N o ano trinta e oito de Azarias, ro a todas as pessoas poderosas e
rei de Judá, reinou Zacarias, filho ricas, para o dar ao rei dos Assírios,
de Jeroboão, sôbre Israel em Sama- cinqüenta siclos de prata por cabe­
ria durante seis meses. 9E fêz o que ça; e o rei dos Assírios retirou-se, e
era mau diante do Senhor, como ti­ não se demorou no paia
nham feito seus pais; não se apar­ “ Quanto ao resto das ações de Ma-
tou dos pecados de Jeroboão, filho naem, e tudo o que êle fez, não está
de Nabat, que tinha feito pecar Is­ isso escrito no livro dos anais dos
rael. 10E conjurou-se contra êle Se- reis de Israel? 22E Manaem ador­
lum, filho de Jabes, e atacou-o pú- meceu com seus pais, e Facéias, seu
blicamente e matou-o, e reinou em filho, reinou em seu lugar.
seu lugar.
“ Quanto ao resto das ações de Za­ Facéia, rei de Israel
carias, não estão elas escritas no li­
vro dos anais dos reis de Israel? “ As­ “ N o ano cinqüenta de Azarias, rei
sim se cumpriu o que o Senhor ti­ de Judá, Facéias, filho de Manaem,
nha dito a Jeú: Teus filhos estarão reinou sôbre Israel em Samaria du­
sentados sôbre o trono de Israel até rante dois anos; “ e fêz o que era
à quarta geração. E assim sucedeu. mau diante do Senhor; não se apar­
tou dos pecados de Jeroboão, filho
Selum, rei de Israel de Nabat, que tinha feito pecar Is­
rael. “ E Facéia, filho de Romélia,
18N o ano trinta e nove de Azarias, general das suas tropas, fêz uma
rei de Judá, reinou Selum, filho de conspiração contra êle, e feriu-o em
Jabes; e reinou somente durante um Samaria, na tôrre da casa real, jun­
mês em Samaria. 14E Manaem, f i­ to de Argob e de Arie, tendo com
lho de Gadi, subiu de Tersa e foi êle cinquenta homens dos filhos dos
a Samaria e feriu Selum, filho de Galaaditas, e matou-o, e reinou em
Jabes, em Samaria, e matou-o, e rei­ seu lugar.
nou em seu lugar. 15Quanto ao res­ 26Quanto ao resto das açôes de Fa-
to das açôes de Selum, e a conspi­ céias, e tudo o que êle fêz, não es­
ração que êle urdiu traiçoeiramente, tá isso escrito no livro,dos anais dos
porventura estas coisas não estão es­ reis de Israel?
Cap. X V — 5. E o S e n h o r c a s tig o u o re i, porque, no fim da sua vida, usurpou as funçôes
sacerdotais.
42 2 QUARTO LIVRO DOS REIS 15 - 16

Facéia, rei de Israel; invasão Acaz, filho de Joatão, rei de Judá.


dos Assírios 2Acaz tinha vinte anos, quando co­
27N o ano cinqüenta e dois de Aza­ meçou a reinar e reinou dezesseis
rias, rei de Judá, Facéia, filho de anos em Jerusalém. Não fêz o que
Romélia, reinou sôbre Israel em Sa- era agradável na presença do Senhor
maria durante vinte anos. 28E fêz seu Deus, como Davi, seu pai; 8mas
0 que era mau diante do Senhor; não andou pelo caminho dos reis de Is­
se apartou dos pecados de Jeroboão, rael; e até consagrou seu filho, fa ­
filho de Nabat, que tinha feito pe­ zendo-o passar pelo fogo, segundo a
car Israel. ^No tempo de Facéia, rei idolatria das nações que o Senhor ti­
de Israel, veio Teglatfalasar, rei dos nha destruído diante dos filhos de
Assírios, e tomou Aion, e Abel-casa Israel. “Imolava também vítimas, e
de Maaca, e Janoé, e Cedes, e Asor, oferecia incenso nos lugares altos e
e Galaad, e Galiléia, e todo o país de nos outeiros, e debaixo de tôda a
N eftali; e transportou todos os seus árvore frondosa.
habitantes para a Assíria. "M as O- Ê castigado por Deus
séias, filho de Ela, fêz uma conspi­
ração e armou emboscadas contra 5Então Rasin, rei da Síria, e F a­
Facéia, filho de Romélia, e feriu-o céia, filho de Romélia, rei de Israel,
e matou-o; e reinou em seu lugar no foram contra Jerusalém, para com­
vigésimo ano de Joatão, filho de O- bater; e, tendo cercado Acaz, não o
zias. puderam vencer. °Naquele tempo
310 resto das ações de Facéia, e tu­ Rasin, rei da Síria, incorporou nova-
do o que êle fêz, não está isso es­ mente A ila à Síria, e lançou fora de
crito no livro dos anais dos reis de Aila os Judeus; e os Idumeus foram
Israel ? para Aila, e habitaram lá até o dia
V Joatão, rei de Judá de hoje.
32N o ano segundo de Facéia, filho Consegue o auxílio de Teglatfalasar
de Romélia, rei de Israel, reinou Joa­
tão, filho de Ozias, rei de Judá. 7Então Acaz mandou mensageiros
33Tinha vinte e cinco anos quando a Teglatfalasar, rei dos Assírios, di­
começou a reinar, e reinou durante zendo: Eu sou teu servo e teu f i­
dezesseis anos em Jerusalém. Sua lho; vem, e salva-me da mão do rei
mãe chamava-se Jerusa, filha de Sa- da Síria, e das mãos do rei de Is­
doc. 34E fêz o que era agradável ao rael, que se aliaram contra mim. 8E,
Senhor, e procedeu em tudo como tendo juntado a prata e o ouro, que
tinha feito Ozias, seu pai. "T od a­ se pôde achar na casa do Senhor e
via não destruiu os lugares altos, por­ nos tesouros do rei, mandou presen­
que o povo ainda sacrificava, e quei­ tes ao rei dos Assírios. 9E êste con-
mava incenso nos lugares altos; êle descendeu com a sua vontade. O rei
edificou a porta mais alta da casa dos Assírios, pois, marchou contra
do Senhor. Damasco, e destruiu-a, e transportou
30O resto das ações de Joatão, e os seus moradores para dren e, e ma­
tudo o que êle fêz, não está isso es­ tou Rasin.
crito no livro dos anais dos reis de
Judá? A ltar sacrílego em Jerusalém
37Neste mesmo tempo começou o 10E o rei Acaz foi ao encontro
Senhor a enviar contra Judá a Ra- de Teglatfalasar, rei dos Assírios, em
sin, rei da Síria, e a Facéia, filho de Damasco; e, tendo visto o altar de
Romélia. ^E Joatão adormeceu com Damasco, o rei Acaz mandou ao pon­
seus pais, e foi sepultado com êles tífice Urias o seu modêlo e a repre­
na cidade de Davi, seu pai. E em sentação de todos os seus labores.
seu lugar reinou seu filho Acaz. ME o pontífice Urias fêz um altar
Acaz, rei de Judá segundo tudo o que o rei Acaz lhe
tinha ordenado de Damasco; e as­
1£ 7N o ano décimo sétimo de Fa- sim o fêz o pontífice Urias, até que
1u céia, filho de Romélia, reinou o rei Acaz viesse de Damasco.
16 - 17 QUARTO LIVRO DOS REIS 423

12E, tendo o rei vindo de Damas­ Tomada de Sam aria


co, viu o altar e venerou-o, e subiu
a êle e imolou holocaustos, e o seu 3Contra êle marchou Salmanasar,
sacrifício, 13e fêz libações e derramou rei dos Assírios, e Oséias ficou sendo
o sangue das hóstias pacíficas que seu vassalo, e pagava-lhe tributo.
tinha oferecido sôbre o altar. 4Mas, tendo o rei dos Assírios desco­
berto que Oséias, tentando rebelar-
14E o altar de bronze, que estava se, tinha mandado mensageiros a
na presença do Senhor, transportou- Sua, rei do Egito, para não pagar
o de diante do templo, e do lugar os tributos ao rei dos Assírios, como
(p róp rio) do altar, e do lugar do todos os anos costumava, cercou-o,
templo do Senhor, e pô-lo ao lado e, depois de prêso, meteu-o numa
do altar, ao sententrião. “ O rei prisão. 6E (Salmanasar) fêz corre­
Acaz ordenou também ao pontífice rías por todo o país; e, chegando a
Urias, dizendo: Oferece sôbre o al- Samaria, sitiou-a durante três anos.
tar-mor o holocausto da manhã, e o
sacrifício da tarde, e o holocausto 6E no ano nono de Oséias, o rei
do rei, e o seu sacrifício, e o holo­ dos Assírios tomou Samaria, e trans­
causto de todo o povo da terra, e portou os Israelitas para a Assíria,
os seus sacrifícios e as suas liba- e pô-los em Hala e em Abor, cida­
ções, e derramarás sôbre êle todo o des dos Medos, perto do rio Gozan.
sangue do holocausto, e todo o san­
gue da vítima; quanto ao altar de Reflexões sôbre a ruína
bronze estará pronto à minha dispo­ do reino de Israel
sição. 10O pontífice Urias fêz, pois, 7Sucedeu, pois, que tendo os filhos
tudo aquilo que o rei Acaz tinha or­ de Israel pecado contra o Senhor seu
denado. Deus, que os tinha tirado da terra
17Tirou também o rei Acaz as ba­ do Egito, do poder de Faraó, rei do
ses entalhadas e a bacia, que esta­ Egito, adoraram deuses estranhos.
va em cima; e tirou o mar de ci­ 8E caminharam segundo os costumes
ma dos bois de bronze, que o sus- das gentes que o Senhor tinha ex­
tinham, e pô-lo sôbre o pavimento terminado diante dos filhos de Is­
lageado de pedra. 18Tirou, além dis­ rael, e (segundo os costumes) dos
so, o Musac do sábado que tinha reis de Israel, çpie tinham feito o
mandado fazer no templo, e mudou mesmo. °E os filhos de Israel ofen­
a entrada exterior do rei para o in­ deram o Senhor seu Deus com ações
terior do templo do Senhor, por cau­ más; e edificaram para si (altares
sa do rei dos Assírios. nos) lugares altos em todas as suas
cidades, desde as torres dos guardas
Fim d,o reinado de Acaz até às cidades fortes. 10E fizeram
para si estátuas e bosques sagrados,
10O resto das ações de Acaz não sôbre todos os mais altos outeiros e
está escrito no livro dos anais dos debaixo de tôdas as árvores frondo­
reis de Judá? 20E Acaz adormeceu sas; “ e ali queimavam incenso sôbre
com seus pais, e foi sepultado com os altares, à maneira das gentes que
êles na cidade de Davi; e em seu o Senhor tinha levado para longe da
lugar reinou seu filho Ezequias. sua presença; e praticaram ações cri-
Oséias, rei de Israel minosíssimas, irritando o Senhor.
12E adoraram as imundícies ( ou ído­
17 xN o ano duodécimo de Acaz, rei los, coisa) que o Senhor expressa­
* 1 de Judá, Oséias, filho de Ela, mente lhes tinha proibido de fazer.
reinou em Samaria sôbre Israel du­ 13E o Senhor tinha protestado em
rante nove anos. 2E fêz o mal dian­ Israel e em Judá por meio de todos
te do Senhor, mas não tanto como os seus profetas e videntes, dizendo:
os reis de Israel que o tinham pre­ Voltai dos vossos caminhos corrom­
cedido. pidos, e guardai os meus preceitos
Cap. X V I — 18. O M u s a c era provàvelmente o pórtico da porta oriental donde o rei com
o seu séquito assistia aos ofícios religiosos d o s á b a d o .
424 QUARTO LIVRO DOS REIS 17

e cerimônias, conforme tôdas as leis gente de Babilônia, e de Cuta, e de


que eu prescrevi a vossos pais, e do Ava, e de Emat, e de Sefarvaim, e
mesmo modo que eu vô-lo tenho de­ >ô-los nas cidades da Samaria em
clarado pelos profetas, meus servos. f ugar dos filhos de Israel, e êles pos­
14Êles não o quiseram ouvir, mas suiram a Samaria, e habitaram nas
endureceram a sua cerviz, como a suas cidades. “ E, quando começa­
cerviz de seus pais, que não quise­ ram a habitar nelas, não temiam o
ram obedecer ao Senhor, seu Deus. Senhor; e o Senhor mandou contra
15E rejeitaram as suas leis e o pacto êles leões, que os matavam. "E avi­
que tinha feito com seus pais, e os saram o rei dos Assírios, dizendo: Os
testemunhos com que os tinha aju- povos que tu transferiste, e-que man­
ramentado; e correram atrás das daste habitar nas cidades da Sama-
suas vaidades, e procederam louca- ria, ignoram o culto do Deus do país,
mente, e seguiram as nações, de que e o Senhor mandou contra êles leões,
estavam rodeados, acêrca das quais que os matam, porque não sabem o
o Senhor lhes tinha ordenado que culto do Deus daquela terra.
não fizessem como elas faziam. “ E “ E o rei dos Assírios ordenou, di­
abandonaram todos os preceitos do zendo: Mandai para Samaria um dos
Senhor, seu Deus, e fizeram para si sacerdotes que vós de lá trouxestes
dois bezerros fundidos e bosques sa­ cativos, e vá e habite com êles, e lhes
grados, e adoraram todos os astros ensine o culto do Deus daquela ter­
do céu, e serviram a Baal, 17e con­ ra. 28Tendo, pois, ido um dos sa-
sagraram seus filhos e suas filhas por cerdotes que tinham sido levados ca­
meio do fogo, e entregaram-se a ad- tivos da Samaria, habitou em Betei,
vinhações e agouros, e abandonaram- e ensinava-lhes o modo como deviam
se a fazer o mal diante do Senhor, honrar o Senhor.
provocando a sua ira.
"Apesar disso, dada um dêstes po­
18E o Senhor indignou-se sobrema­ vos fabricou para si o seu deus, e co-
neira contra Israel, e rejeitou-os de locaram-nos nos templos dos lugares
diante da sua face, e não ficou se­ altos, que os Samaritanos tinham e-
não sòmente a tribo de Judâ. 10Mas dificado, cada povo na sua cidade
nem essa mesma tribo de Judâ guar­ em que habitava. "Porque os Ba­
dou os mandamentos do Senhor seu bilônios fizeram Socotbenot, e os Cu-
Deus, antes andou nos erros que Is­ teus fizeram Nergel, e os de Emat
rael tinha praticado. "E o Senhor fizeram Asima. 31Os Heveus fizeram
abandonou tôda a linhagem de Israel, Nebaaz e Tartac. E os que eram de
e afligiu-os, e deu-os em prêsa aos Sefarvaim queimavam os seus filhos
que os saqueavam, até que os rejei­ no fogo em honra de Adramelec e
tou (inteiram ente) da sua presença, de Anamelec, deuses de Sefarvaim.
“ já desde aquêle tempo, em que Is­ 32E todavia adoravam o Senhor. Cons­
rael se separou da casa de Davi, e tituíram os ínfimos do povo sacerdo­
êles constituíram por seu rei a Je- tes dos seus lugares altos, e coloca-
roboão, filho de Nabat, porque Je- vam-nos nos templos dos lugares al­
roboão separou Israel do Senhor, e tos.
fêz-lhe cometer o grande pecado (da 33E, embora adorassem o Senhor,
idolatria). serviam também aos seus deuses, se­
22E os filhos de Israel andaram em gundo o costume das nações, do meio
todos os pecados que Jeroboão tinha das quais tinham sido transferidos
cometido, e não se apartaram dêles, para Samaria. 34Ainda hoje seguem
23ató que por fim o Senhor repeliu o antigo costume; não temem o Se­
Israel de diante da sua face, como nhor, nem observam as suas cerimô­
tinha predito por meio de todos os nias, nem ordenações, nem leis, nem
profetas seus servos; e Israel foi os preceitos que o Senhor tinha in­
transportado do seu país para a As­ timado aos filhos de Jacó, a quem
síria, até ao dia de hoje. deu o sobrenome de Israel; *e com
Origem dos Samaritanos os quais tinha contratado aliança, e
lhes tinha mandado, dizendo: Não
ME o rei dos Assírios mandou vir temais os deuses estrangeiros, nem
17 - 18 QUARTO LIVRO DOS REIS 425

os adoreis, nem os sirvais, nem lhes as coisas que empreendia. Sacudiu


sacrifiqueis; 36mas temei ao Senhor também o jugo do rei dos Assírios, e
vosso Deus, que vos tirou da terra não lhe esteve sujeito. 8Destruiu os
do Egito com grande poder, e com Filisteus até Gaza, e (ta lou ) tôdas as
braço estendido; a êle adorai, e a suas terras, desde a tôrre dos guardas
êle oferecei sacrifícios. 37Observai até à cidade fortificada.
também as cerimônias, e as orde­ Fim do reino de Israel
nações, e as leis, e os preceitos, e
que êle vos deu por escrito, obser­ 9N o ano quarto do rei Ezequias, que
vando-os todos os dias; e não tenhais era o sétimo ano de Oséias, filho de
rnêdo dos deuses estrangeiros. “ E Ela, rei de Israel, veio Salmanasar,
não vos esqueçais da aliança que êle rei dos Assírios, à Samaria, e sitiou-
fêz convosco, nem presteis culto a a, 10e tomou-a. Ora Samaria foi to­
deuses estrangeiros, ^mas temei ao mada ao cabo de três anos, no sex­
Senhor vosso Deus, e êle vos livra­ to ano de Ezequias, isto é, no ano
rá do poder de todos os vossos ini­ nono de Oséias, rei de Israel. UE o
migos. rei dos Assírios transportou os Israe­
40Êles, porém, não deram ouvidos litas para a Assíria, e colocou-os em
(a isto), mas procederam segundo o Hala e em Habor, perto do rio Go-
seu antigo costume. " E assim êstes zan, e nas cidades dos Medos. 12Por-
povos perseveraram em temer ao Se­ que êles não tinham ouvido a voz do
nhor, mas todavia serviram também Senhor, seu Deus, mas tinham vio­
os seus ídolos, porque, tanto seus fi­ lado a sua aliança; e não tinham nem
lhos como seus netos ainda hoje fa­ ouvido nem praticado as ordenações
zem como fizeram seus pais. que Moisés, servo do Senhor, lhes
tinha prescrito.
Duração e caracteres do reinado
de Ezequias Senaquerib invade o reino de Judá
!Q 2N o terceiro ano de Oséias, fi- 13No ano décimo quarto do rei E-
40 lho de Ela, rei de Israel, rei­ zequias, veio Senaquerib, rei dos As-
nou Ezequias, filho de Acaz, rei de sírios, atacar tôdas as cidades for­
Judá. 2Tinha vinte e cinco anos tes de Judá, e tomou-as. 14Então E-
quando começou a reinar, e reinou zequias, rei de Judá, mandou mensa­
vinte e nove anos em Jerusalém. geiros ao rei dos Assírios, a Laquis,
Sua mãe chamava-se Abi, filha de dizendo: Eu cometi uma falta; reti-
Zacarias. ra-te das minhas terras, e eu sofrerei
3E êle fêz o que era bom na pre­ tudo o que tu me impuseres. O rei,
sença do Senhor, segundo tudo o que pois, dos Assírios impôs a Ezequias,
tinha feito Davi, seu pai. 4Destruiu rei de Judá, trezentos talentos de
Os lugares altos, e quebrou as está­ prata, e trinta talentos de ouro. 15E
tuas, e cortou os bosques, e fêz em Ezequias deu-lhe tôda a prata que
pedaços a serpente de metal que tinha sido encontrada na casa do
Moisés tinha fabricado, porque os Senhor e nos tesouros do rei. “ Nes­
filhos de Israel até então tinham-lhe ta ocasião Ezequias despedaçou as
queimado incenso; e chamou-a No- meias portas do templo do Senhor,
estan (isto é, um simples objeto de e as chapas de ouro, de que êle
bronze). 5Pôs a sua esperança no mesmo as tinha forrado, e deu-as ao
Senhor Deus de Israel; por isso, de« rei dos Assírios.
pois dêle, não houve, dentre todos 170 rei dos Assírios, porém, (faltan­
os reis de Judá, quem lhe fôsse se­ do ao seu compromisso) , enviou de
melhante, assim como o não tinha Laquis Tartan, e Rebsaris, e Rabsaces
havido entre aquêles que o precede­ ao rei Ezequias com um poderoso e-
ram. °E conservou-se unido ao Se­ xército contra Jerusalém; e êles pon-
nhor, e não se apartou dos seus ca- do-se em marcha, chegaram a Jeru­
minhos, e observou os mandamentos salém, e fizeram alto junto do aque-
que o Senhor tinha dado a Moisés. duto da piscina superior, que esta no
7E por isso o Senhor era com êle, caminho do campo do Pisoeiro. ME
e conduzia-se com sabedoria em tôdas chamaram o rei. Foi, pois, ter com
426 QUARTO LIVRO DOS REIS 18 - 19

êles Eliacim, filho de Helcias, rnordo- nha mão. “ Nem vos inspire confian­
mo-mor da casa do rei, e Sobna, o ça no Senhor, dizendo: O Senhor infa­
secretário e Joaé, filho de Asaf, o livelmente nos livrará, e esta cida­
arquivista. de não será entregue na-mão do rei
19E Rabsaces disse-lhes: Dizei a E- dos Assírios. 31Não queirais ouvir E-
zequias: Eis o que diz o grande rei, zequias, porque eis o que diz o rei
o rei dòs Assírios: Que confiança é dos Assírios: Tratai comigo o que
esta, em que tu te estribas? 20Por- vos é útil, e vinde para mim, e cada
ventura tomaste a resolução de te um de vós comerá da sua vinha e
preparares para a batalha? Em que da sua figueira, e bebereis as águas
confias, para ousares resistir-me? das vossas cisternas, 32até que eu vá,
21Esperas porventura no Egito, que e vos transfira para uma terra se­
é um bordão de cana rachada, sôbre melhante à vossa terra, para uma ter­
o qual se o homem se firmar, que- ra frutífera e fértil de vinho, terra
brando-se, se lhe meterá pela mão, de pão e de vinhas, terra de olivais
e a transpassará? Assim é Faraó, e de azeite e de mel, e vivereis (em
rei do Egito, para todos os que con­ paz) e não morrereis. Não queirais
fiam nêle. dar ouvidos a Ezequias, que vos en­
“ Se vós me disserdes: Nós temos a gana dizendo: O Senhor nos livrará.
nossa confiança no Senhor nosso ^Porventura os deuses das gentes li­
Deus; não é êle o mesmo cujos alta­ bertaram as suas terras da mão do
res e lugares altos Ezequias destruiu, rei dos Assírios? 34Que é feito do
dando a Judá e a Jerusalém esta or­ deus de Emat, e do deus de A rfat?
dem: Vós adorareis só diante dêste Que é feito do deus de Sefarvaim, e
altar em Jerusalém? 23Marchai, pois, de Ana, e de A va? Porventura livra­
agora, contra o rei dos Assírios, meu ram êles da minha mão a Samaria?
amo, e eu vos darei dois mil cavalos; 35Quais são, entre todos os deuses das
e vêde se podeis encontrar homens terras, os que livraram da minha
para montar nêles. 24E como pode­ mão o seu próprio país,Vpara que o
reis vós resistir diante dum só sátra- Senhor possa livrar Jesuralém da
pa dos últimos servos de meu se­ minha mão?
nhor? Porventura tens confiança 36E o povo calou-se, e não lhe res­
no Egito, por causa das carroças e pondeu uma só palavra; porque ti­
cavaleiros? “ Porventura foi sem a nham recebido ordem do rei para que
vontade de Deus que eu vim a êste não lhe respondessem. 37E Eliacim,
lugar para o destruir? O Senhor filho de Elcias, mordomo-mor, e
disse-me: Entra nessa terra, e arra- Sobna, o secretário, e Joaé, filho de
sa-a. Asaf, o arquivista, foram ter com E-
“ Mas Eliacim, filho de Helcias, e zequias, rasgados os seus vestidos, e
Sobna e Joaé disseram a Rabsaces: referiram-lhe as palavras de Rabsa­
Nós te suplicamos que fales a teus ces.
servos, em siríaco, porque entende­ Ezequias manda consultar Isaías
mos esta língua, e não nos fales em
hebraico, ouvindo o povo que está 1 Q aO rei Ezequias, tendo ouvido
sôbre o muro. ^ 27Mas Rabsaces res- 1u isto, rasgou os seus vestidos, e
pondeu-lhe, dizendo: O meu senhor cobriu-se de saco, e entrou na casa
mandou-me porventura dizer estas do Senhor. 2E mandou Eliacim, mor-
coisas ao teu senhor e a ti, e não an­ domo-mor da sua casa, e Sobna, se­
tes aos homens que estão sôbre o cretário e os mais velhos dos sacer­
muro para que comam os seus excre­ dotes, cobertos de sacos, ao profeta
mentos e bebam a sua própria urina Isaías, filho de Amós, 3os quais lhe
convosco? disseram: Eis o que diz Ezequias: Ês­
“ Rabsaces, pois, pôs-se em pé e te dia é um dia de tribulação, e de
ritou em alta voz, em hebraico, e ameaças, e de blasfêmias; os filhos
isse: Ouvi as palavras do grande rei, chegaram ao ponto de nascer, porém
do rei dos Assírios. “ Eis o que diz o a que está de parto não tem fôrças
rei: Não vos seduza Ezequlás, por­ (para os dar a luz). 40 Senhor teu
que êle não vos poderá livrar da mi­ Deus talvez terá ouvido as palavras
19 QUARTO LIVRO DOS REIS 42 7

de Rabsaces, a quem enviou o rei dos blasfemasse diante de nós contra o


Assírios, seu amo, para blasfemar do Deus vivo. 17É verdade, Senhor, que
Deus vivo, e para o insultar com pa­ os reis dos Assírios destruíram as
lavras, que o Senhor teu Deus ouviu; gentes e tôdas as suas terras, 18e lan­
faze, pois oração ao Senhor por êste çaram os seus deuses no fogo, porque
resto que ainda subsiste. êles não eram deuses, mas obras das
5Foram, pois, os servos do rei Eze- mãos dos homens, de pau e de pedra
quias ter com Isaías. °E Isaías dis­ e destruíram-nos. 19Salva-nos, pois,
se-lhes: Direis ao vosso senhor o se­ agora, Senhor nosso Deus, das suas
guinte: Não temas essas palavras mãos, para que todos os reinos da
que ouviste, com as quais os servos terra saibam que só tu és o Senhor
do rei dos Assírios blasfemaram con­ Deus.
tra mim. 7Eu vou enviar-lhe um es­ Oráculo de Isaías contra Senaquerib
pírito, e êle ouvirá uma nova, e vol­
tará para a sua terra, e eu o farei 20Então Isaías, filho de Amós, man­
perecer à espada na sua terra. dou dizer a Ezequias: Eis o que diz
o Senhor Deus de Israel: Eu ouvi a o-
N ova em baixada de Senaquerib ração que tu me fizeste relativamente
a Senaquerib, rei dos Assírios. 21Eis
8Voltou pois Rabsaces, e encontrou o que o Senhor disse dêle:
o rei dos Assírios sitiando Lobna; por­ Ela te desprezou e te escarneceu,
que tinha sabido que (o seu senhor) a virgem, filha de Sião; ela sacudiu
se havia retirado de Laquis. 9E (Se- a sua cabeça por detrás de ti, a filha
naquerib), tendo ouvido os que diziam
de Taraca, rei da Etiópia: Olha que de22AJerusalém.
quem insultaste, e de quem
êle saiu para pelejar contra ti,
e indo contra êle, enviou men­ blasfemaste? Contra quem levantas­
sageiros a Ezequias, dizendo: 10Di- olhos? voz,
te a tua e ergueste ao alto os teus
Contra o Santo de Israel.
reis a Ezequias, rei de Judá: 23Por meio dos teus servos ultrajas­
Vê, não te seduza o teu Deus, no te o Senhor, e disseste: Com a mul­
qual tens confiança; nem digas: Je­ tidão dos meus carros (armados) su­
rusalém não será entregue nas mãos bi ao alto dos montes, ao cimo do L í­
do rei dos Assírios. 71Porque tu
mesmo tens ouvido o que os reis bano, e deitei abaixo os seus altos
dos Assírios fizeram a todas as terras cedros, e as suas mais formosas faias.
E penetrei até aos seus limites, e os
e como as devastaram: tu só, pois, bosques do seu carmelo 24eu os cortei.
te poderás salvar? “ Porventura os E bebi águas
deuses das gentes livraram os povos com as plantas estrangeiras, e sequei
dos meus pés tôdas as
que meus pais devastaram, a saber: águas que estavam fechadas.
Gozan, e Haran, e Resef, e os filhos
de Eden, que estavam em Telassar? 25Tu não ouviste dizer o que eu fiz
13Que é feito do rei de Emat, e do desde o princípio? Desde os dias an­
rei de Arfad; e do rei da cidade de tigos eu formei êste projeto, e agora
Sefarvaim, de Ana, e de Ava? o executei; e as cidades fortes dos
combatentes serão como colinas ar­
Oração de Ezequias ruinadas. 26E os que nelas habitam,
ficando sem forças, se atemorizaram
14Ezequias, pois, tendo recebido a e ficaram confundidos, tornaram-se
carta da mão dos mensageiros, e ten­ como o feno dos campos e como a
do-a lido, foi para a casa do Senhor, erva verde dos telhados, que se seca
e estendeu-a diante do Senhor, 15e antes de amadurecer. 27Eu previ a
fêz a sua oração diante dêle, dizendo: tua habitação, e a tua saída, e a tua
Senhor Deus de Israel, que está sen­ entrada, e o teu caminho, e o teu
tado sôbre os querubins, só tu é que furor contra mim. 28Tu eníouqüeces-
és o Deus de todos os reis da terra; te contra mim, e a tua soberba subiu
tu fizeste o céu e a terra. 16Inclina até aos meus ouvidos. Eu te porei,
o teu ouvido, e ouve: abre, Senhor, os pois, um anel nos teus narizes, e urna
teus olhos, e vê; ouve tôdas as pala­ mordaça nos teus lábios, e te farei
vras de Senaquerib, que mandou se voltar pelo caminho por onde vieste.
428 QUARTO LIVRO DOS REIS 19 - 2 0

“Tu, jporém, ó Ezequias, terás êste dizendo: 5Volta e dize a Ezequias con­
sinal: Come neste ano o que encon­ dutor do meu povo: Eis o que diz o
trares, e no segundo ano o que nas­ Senhor Deus de Davi, teu pai: Eu ou­
cer por si mesmo; mas no terceiro vi a tua oração, e vi as tuas lágrimas:
semeai e recolhei; plantai vinhas, e eis que eu te curei; daqui a três
e comei os frutos delas. “ E tudo dias irás ao templo do Senhor. °E
o que ficar da casa de Judá, lan­ acrescentarei quinze anos aos dias da
çara raizes para baixo, e produzirá o tua vida; além disto eu te livrarei a
seu fruto para cima. 31Porque de ti e a esta cidade da mão do rei dos
Jerusalém sairão uns restos (de povo) Assírios, e protegerei esta cidade por
e do monte de Sião o que será salvo; amor de mim, e por amor de Davi,
o zêlo do Senhor dos exércitos fará meu servo. 7E Isaías disse: Trazei-
isto. me cã uma massa de figos. E, ten-
32Portanto, eis o que do rei dos As­ do-lha trazido, e tendo-a pôsto sôbre
sírios diz o Senhor: Êle não entrará a úlcera do rei, ficou curado.
nesta cidade, nem despedirá nenhuma 8Ora Ezequias tinha dito a Isaías:
seta contra ela, nem será cercada Qual será o sinal de que o Senhor me
de nenhuma trincheira. 33Êle vol­ curará, e de que dentro em três dias
tará pelo caminho por onde veio, e irei ao templo do Senhor? 9E Isaías
não entrará nesta cidade, diz o Se­ respondeu-lhe: Será êste o sinal da
nhor. 34E eu protegerei esta cidade parte do Senhor, de que o Senhor há
e a salvarei por amor de mim e por de cumprir a palavra que disse: Que­
amor do meu servo Davi. res que a sombra (nesse relógio solar)
se adiante dez linhas, ou que ela re­
Derrota e morte de Senaquerib troceda outros tantos graus?
“ Ezequias disse: É fácil que a som­
“ Aconteceu, pois, que naquela noi­ bra se adiante dez linhas, não quero
te veio o anjo do Senhor e matou no ue se faça isto, mas que volte atrás
campo dos Assírios cento e oitenta e ez graus. "O profeta Isaías invo­
cinco mil homens. E Senaquerib, cou, pois, o Senhor, e fêz que a som­
tendo-se levantado ao amanhecer, viu bra voltasse pelas linhas, pelas quais
todos os corpos dos mortos; e, reti- já tinha passado no relógio de Acaz,
rando-se, foi-se. “ E Senaquerib, rei dez graus atrás.
dos Assírios, retirou-se e ficou em
Nínive. OTE, enquanto adorava no Em baixada do rei da Babilônia
templo o seu deus Nesroque, Adrame- a Ezequias
leque e Sarasar, seus filhos mataram-
no com a espada, e fugiram para a 12Naquele tempo Berodac Baladan,
terra dos Armênios, e seu filho Asa- filhó de Baladan, rei dos Babilônios,
radon reinou em lugar dêle. enviou uma carta e presentes a Eze­
quias; porque tinha sabido que Eze­
Doença e cura de Ezequias quias tinha estado doente. 13E Eze­
quias alegrou-se com a sua vinda, e
O fl JPor aquêle tempo Ezequias a- mostrou-lhes a casa dos aromas, e o
doeceu de morte; e o profeta ouro e a prata, e vários bálsamos, e
Isaías, filho de Amós, foi ter com os ungüentos, e o seu arsenal, e tudo
êle, e disse-lhe: Eis o que diz o Se­ o que tinha em seus tesouros. Não
nhor Deus: PÕe em ordem a tua ca­ houve nada no seu palácio, nem coisa
sa, porque vais morrer, e não vive­ que fôsse sua, que Ezequias lhes não
rás (m ais). 2E êle virou o rosto para mostrasse.
a parede, e fêz oração ao Senhor, di­
zendo: 3Peço-te, Senhor, lembra-te, te Isaías visita Ezequias
suplico, de que eu andei diante de ti
em verdade e com um coração reto, “ Mas o profeta Isaías foi ter com
e que fiz o que era do teu agrado. o rei Ezequias, e disse-lhe: Que te
Depois Ezequias derramou abundan­ disseram êstes homens? ou donde vie­
tes lágrimas. ram êles para te falar? Ezequias
4E, antes que Isaías tivesse passado respondeu-lhe: Vieram ver-me dum
metade do átrio, o Senhor fálou-ihe, país muito remoto, de Babilônia. UE
20 - 21 QUARTO LIVRO DOS REIS 429
êle respondeu: Que viram êles em tua e entregou-se a adivinhações, e ob­
casa? Ezequias disse: Viram tudo servou agouros, e instituiu pitões
quanto há no meu palácio; não há (ou magos), e multiplicou os arús-
nada nos meus tesouros que eu lhes pices, de sorte que cometeu o mal
não mostrasse. diante do Senhor e irritou-o. 7Pos
também o ídolo do bosque que tinha
Isaías anuncia o cativeiro de plantado no templo do Senhor, do
Babilônia qual o Senhor tinha dito a Davi e a
Salomão, seu filho: Neste templo e
16Então Isaías disse a Ezequias: Ou­ em Jerusalém, que eu escolhi dentre
ve a palavra do Senhor: "E is virão todas as tribos de Israel, estabelecerei
dias em que será transportado para o meu nome para sempre. 8E eu
Babilônia tudo o que há em tua não mais permitirei que Israel ponha
casa, e tudo o que teus pais junta­ o pé fora da terra que eu dei a seus
ram até êste dia; não ficará coisa pais, contanto que eles guardem tu­
alguma, diz o Senhor. 18E até os teus do o que eu lhes mandei, e tôda a lei
mesmos filhos que sairão de ti, e que que meu servo Moisés lhes deu. ‘'fi­
tu terás gerado, serão levados, e se­ les, porém, não ouviram, mas foram
rão eunucos no palácio do rei de Ba­ seduzidos por Manassés, para fazer
bilônia. 19Ezequias respondeu a I- ainda pior do que tinham feito as
saías: É justa a palavra do Senhor gentes que o Senhor tinha extermina­
que tu me anuncias; haja paz e ver­ do à vista dos filhos de Israel.
dade (ao menos) durante os meus
dias. Profecia contra Judá e Jerusalém
Morte de Ezequias
10Falou, pois, o Senhor por meio dos
“ O resto das ações de Ezequias, o profetas, seus servos, dizendo: “ Por­
seu grande valor, e de que modo fêz que Manassés, rei de Judá, cometeu
a piscina, e o aqueduto, e como con­ estas abominaçoes, ainda mais detes­
duziu a água para a cidade, não es­ táveis do que tudo quanto os Amor-
tá tudo isto escrito no livro dos a- reus tinham feito antes dêle, e fêz
nais dos reis de Judá? “ E Ezequias pecar também Judá com as suas in­
adormeceu com seus pais; e em seu fâmias; “ portanto, diz o Senhor Deus
lugar reinou seu filho Manassés. de Israel: Eis que eu farei vir tais
pragas sôbre Jerusalém e Judá, que
Reinado e idolatria de Manassés todo o que ouvir falar delas, ficar-
lhe-ão retinindo (de te rro r) ambos
01 Manassés tinha doze anos quan- os ouvidos. 18E estendereis sôbre Je­
do começou a reinar, e reinou rusalém a (mesma) corda de Sarna-
cinqüenta e cinco anos em Jerusa­ ria, e o pêso da casa de Acab; e apa­
lém. Sua mãe chamava-se Hafsiba. garei Jerusalém, como se apaga o
2E êle fêz o mal diante do Senhor, que está escrito numa tábua (de es­
seguindo os ídolos das nações que o crever) ; e, apagando-a, virarei e farei
Senhor tinha expulsado diante dos passar muitas vêzes o ponteiro por
filhos de Israel. 3E perverteu-se, e cima da sua superfície. 14E abando­
reedificou os lugares altos que seu narei os restos da minha herança,
pai Ezequias tinha destruído; e le­ e os entregarei nas mãos de seus ini­
vantou os altares de Baal, e plantou migos, e servirão para serem assola­
bosques (em sua honra), como tinha dos e roubados por todos os seus ad­
feito Acab, rei de Israel, e adorou versários, 15porque cometeram o mal
todos os astros do céu, e prestou-lhes diante de mim, e continuaram a irri­
culto. tar-me, desde o dia em que seus pais
4E construiu altares (idólatras) na saíram do Egito, até hoje.
casa do Senhor, da qual o Senhor
tinha dito: Eu estabelecerei o meu Outros crimes de Manassés e fim
nome em Jerusalém. 5E edificou al­ do seu reinado
tares a todos os astros do céu nos dois
átrios do templo do Senhor. 6E fêz 16Além disto, Manassés derramou
passar seu (p róp rio) filho pelo fogo; arroios de sangue inocente, enche ado
430 QUARTO LIVRO DOS REIS 21 - 22

Jerusalém até à bôca, afora os seus lia, filho de Messulão, secretário do


pecados com que tinha feito pecar templo do Senhor, dizendo-lhe: 4Vai
Judá para fazer o mal diante do Se­ ter com o pontífice Helcias, para se
nhor. juntar o dinheiro que tem sido leva­
170 resto das ações de Manassés, e do ao templo do Senhor, o qual os
tudo o que êle fêz e o pecado que porteiros do templo têm recebido do
cometeu, não está tudo escrito no povo, 5e seja dado pelos prefeitos da
livro dos anais dos reis de Judá? casa do Senhor aos empreiteiros, a
18E Manassés adormeceu com seus fim de que o distribuam pelos que
pais, e foi sepultado no. jardim de sua trabalham no templo do Senhor, pa­
casa, no jardim de Oza. E em seu ra fazerem os reparos do templo, °is-
lugar reinou seu filho Arnon. to é, pelos carpinteiros e pedreiros, e
pelos que reparam as paredes que têm
Reinado de Amon brechas, e para que se comprem ma­
deiras e pedras das pedreiras para
19Tinha Amon vinte e dois anos se reparar o templo do Senhor. ''To­
uando começou a reinar; e reinou davia não se lhes dê por conta o
ois anos em Jerusalém. Sua mãe dinheiro que recebem, mas tenham1
chamava-se Messalemet, filha de Ha- no em seu poder e sob sua boa fé.
rus de Jeteba. 20E êle fêz o mal
diante do Senhor, como tinha feito É encontrado o livro da lei
Manassés, seu pai. 21E andou por
todos os caminhos por onde tinha an­ 8E o pontífice Helcias disse ao Sé-
dado seu pai, e serviu às abomina- cretário Safan: Eu achei o livro da
ções que tinha servido seu pai, e lei na casa do Senhor; e Helcias deu
adorou-as; 22e abandonou o Senhor a êste livro a Safan, que também o leu.
Deus de seus pais, e não andou no 90 secretário Safan, voltou ao rei, e
caminho do Senhor. deu-lhe conta do que lhe tinha man­
dado e disse: Os teus servos junta­
Morte de Amon ram o dinheiro que se achou na ca­
sa do Senhor, e entregaram-no aos
23E seus servos armaram-lhe trai­ superintendentes das obras do tem­
ções, e mataram o rei em sua casa. plo do Senhor, a fim de o distribuí­
24Mas o povo do pais matou todos a- rem pelos operários. 10O secretário
quêles que tinham conspirado contra Safan disse mais ao rei: O pontífice
o rei Amon, e constituíram rei a Jo- Helcias deu-me um livro. E Safan
sias, seu filho, em seu lugar. deu-o diante do rei, ue o rei, ao ou­
“ O resto das ações de Amon, não vir as palavras do livro da lei do Se­
está tudo escrito nos livros dos anais nhor, rasgou os seus vestidos.
dos reis de Judá? 26E sepultaram-
no no seu sepulcro, no jardim de O- A profetiza Holda prediz grandes males
za; e seu filho Josias reinou em seu 12E ordenou ao pontífice Helcias, e
lugar. a Aicão, filho de Safan, e a Acobor,
filho de Mica, e a Safan, secretário, e
Reinado de Josias; sua piedade a Asaías, oficial do rei, dizendo: 13Ide
2 9 ‘ Josias tinha oito anos quando e consultai o Senhor acêrca de mim,
“ “ começou a reinar, e reinou e do povo, e de todo o Judá, sôbre
trinta e um anos em Jerusalém. Sua as palavras dêste livro que se achou;
porque a ira do Senhor se acendeu
mãe chamava-se Idida, filha de Ha- grandemente
daia de Bezecat. 2E êle fêz o que era contra nós, porque os
agradável aos olhos do Senhor, e an­ nossos pais não ouviram as palavras
dou em todos os caminhos de Davi,, dêste livro, nem puseram em execu­
seu pai, úão declinou nem para a ção tudo o que nos fôra prescrito.
direita nem para a esquerda. 14Portanto, o pontífice Helcias, e A i­
cão, e Acobor, e Safan, e Asaías, fo ­
Trabalhos no templo ram ter com a profetiza Holda, mu­
lher de Selum, filho de Técua, filho
3No ano décimo oitavo do rei Jo­ de Araaz, guarda-roupa, a qual habi­
sias, o rei mandou Safan, filho de As- tava em Jerusalém no (bairro cha­
22 - 23 QUARTO LIVRO DOS REIS 431
mado) Segunda, e falaram com ela. J o s ia s e x p u lsa de J e ru s a lé m
15E ela respondeu-lhes: Eis o que a id o la tr ia
diz o Senhor Deus de Israel: Dizei ao 4E o rei mandou ao pontífice Hei-
homem que vos mandou ter comigo: cias, e aos sacerdotes da segunda or­
10Estas coisas diz o Senhor: Eis que dem, e aos porteiros, que lançassem
eu farei vir males sôbre êste lugar, e fora do templo do Senhor todos os va­
sôbre os seus habitantes, conforme to­ sos que tinham sido feitos para Baal,
das as palavras da lei que o rei de e para o bosque sagrado, e para tôda
Judá leu, 17porque êles abandonaram - a milícia (ou astros) do céu; e quei-
me, e ofereceram sacrifícios a deu­ mou-os fora de Jerusalém, no vale do
ses estrangeiros, irritando-me em to­ Cedron, e fêz levar as suas cinzas
das as obras das suas mãos; e a mi­ para Betei. 5E exterminou os agou-
nha indignação se acenderá contra ês­ reiros, que tinham sido constituídos
te lugar, e não se extinguirã. pelos reis de Judá para sacrificarem
18Ao rei, porém, de Judá, que vos nos lugares altos nas cidades de Judá
enviou a consultar o Senhor, direis e nos arredores de Jerusalém, e os
assim: Eis o que diz o Senhor, Deus que queimavam incenso a Baal, e ao
de Israel: Porque ouviste as palavras sol, e à lua, e aos doze signos, e a
do livro, 19e o teu coração se atemo­ tôda a milícia do céu. 6E mandou
rizou, e te humilhaste diante do Se­ que se levasse o bosque (ou ídolo de
nhor, depois de ouvidas as palavras Astarte) da casa do Senhor para fo ­
contra êste lugar e contra os seus ha­ ra de Jerusalém, para o vale do Ce­
bitantes, isto é, que virão a ser obje­ dron, e queimou-o aí, e reduziu-o a
to de espanto e de execração; e por­ cinzas, e mandou-as lançar sôbre os
que rasgaste os teus vestidos, e cho­ sepulcros do povo. 7Derrubou tam­
raste diante de mim, eu também te bém as casinhas dos efeminados, que
ouvi, diz o Senhor; 20por isso eu te fa­ havia na casa do Senhor, e nas quais
rei descansar còm teus pais, e serás as mulheres teciam uns como pavi­
sepultado em paz no teu sepulcro, lhões para o bosque (para a estátua
para que os teus olhos não vejam de Astarte).
todos os males que eu hei de fazer 8E juntou todos os sacerdotes das
cair sôbre êste lugar. cidades de Judá, e profanou os altos,
J o s ia s renova a a lia n ç a com D e u s onde os sacerdotes sacrificavam, des­
de Gabaa até Bersabéia; e destruiu
09 ^ les, pois, referiram ao rei o os altares das portas à entrada da
“ j que a profetiza tinha dito. E casa de Josué, príncipe da cidade,
o rei mandou juntar em sua presen­ que ficava à esquerda da porta da
ça todos os anciãos de Judá, e de Je­ cidade. “Nem os sacerdotes dos al­
rusalém. 2E foi ao templo do Se­ tos (dali em diante) subiam ao altar
nhor, e com êle todos os homens de do Senhor em Jerusalém, mas co­
Judá, e todos os que habitavam em miam sòmente do pão ázimo no meio
Jerusalém, os sacerdotes e os profe­ de seus irmãos.
tas, e todo o povo, desde o mais pe­ lüProfanou também o lugar de To-
queno ao maior; e leu, ouvindo to­ fet, que está no vale do filho de E-
dos êles, tôdas as palavras do livro nom, para que . ninguém sacrificasse
da aliança, que tinha sido achado na seu filho ou filha pelo fogo a Mo-
casa do Senhor. 3E o rei pôs-se em loc. “ Tirou também os cavalos que
pé sôbre a tribuna, e fêz a aliança os reis de Judá tinham consagrado ao
diante do Senhor, de que (todos) an­ sol, à entrada do templo do Senhor,
dariam pelo caminho do Senhor, ob­ perto da pousada do eunuco Natan-
servariam os seus preceitos, ordena­ melec, que estava em Farurim; e
ções e cerimônias, de todo o seu co­ queimou as carroças do sol. 120 rei
ração e com tôda a sua alma, e cum­ destruiu também os altares que esta­
priríam as palavras desta aliança, vam sôbre o terraço da câmara de
que estavam escritas naquele livro; Acaz, os quais os reis de Judá tinham
e o povo concordou com êste pacto. feito, e os altares que Manassés tinha
Cap. X X III — 8. Profanou, isto é, destinou a usos comuns.
432 QUARTO LIVRO DOS REIS 23

construído nos dois átrios do templo mais se celebrou Páscoa igual, desde
do Senhor; e correu daí e lançou as o tempo dos juizes que julgaram Is­
cinzas dêles na torrente do Cedron. rael, e em todo o tempo dos reis de
13Profanou também o rei os lugares Israel, e dos reis de Judá, “ como foi
altos que havia em Jerusalém, na esta Páscoa em honra do Senhor, fe i­
parte direita do monte (Olivete, cria- ta em Jerusalém no ano décimo oita­
mado) do Escândalo, os quais Salo­ vo do rei Josias.
mão, rei de Israel, tinha edificado a
Astarot, ídolo dos Sidônios, e a Ca- Fim do reinado de Josias; sua morte
mos, escândalo de Moab, e a Melcom, 24E Josias aboliu também os pitões,
abominação dos filhos de Amon. 14E e os adivinhos, e as figuras dos ído­
fêz em pedaços as estátuas e cortou los, e as imundícies, e as abomina-
os bosques sagrados, e encheu êstes ções que tinha havido no país de Ju­
lugares de ossadas de mortos. dá e de Jerusalém, para cumprir as
Josias destrói a idolatria em Betei palavras da lei, que estavam escritas
e na Samaria no livro que o pontífice Helcias achou
no templo do Senhor. “ Não houve
15E até também o altar que havia rei antes de Josias que lhe fôsse seme­
em Betei, e o lugar alto que tinha edi- lhante, que se convertesse ao Senhor
ficado Jeroboão, filho de Nabat, o de todo o coração e de tôda a sua al­
uai tinha feito pecar a Israel, êle os ma, e com tôda a sua fôrça, seguin­
estruiu e queimou e reduziu a cin­ do em tudo a lei de Moisés; nem de­
zas, e incendiou também o bosque sa­ pois dêle houve outro semelhante.
grado. 16E Josias, voltando, viu neste “ Contudo o Senhor não desistiu do
lugar os sepulcros que havia pelo seu extremo furor, com que se tinha
monte; e mandou tirar os ossos dos acendido a sua indignação contra Ju­
sepulcros, e queimou-os sobre o al­ dá, por causa dos crimes com que Ma-
tar, e profanou-o segundo a palavra nassés o tinha irritado (e porque o
do Senhor, que tinha pronunciado o povo, apesar do zêlo de Josias, conti­
homem de Deus que tinha predito nuava a ser prêsa da idolatria e da
estas coisas. 17E disse: De quem é imoralidade). 27Por isso o Senhor dis­
aquêle monumento que eu vejo? se: Eu arrojarei também Judá de
E os cidadãos daquela cidade res- diante da minha face, como* arrojei
ponderam-lhe: É o sepulcro do ho­ Israel; e abandonarei esta cidade de
mem de Deus, que veio de Judá, e que Jerusalém, que escolhi, e esta casa,
predisse estas coisas que tu fizeste da qual eu dlsse: O meu nome estará
sôbre o altar de Betei. 18E êle disse: ali.
Deixai-o, ninguém toque nos seus os­ ^O resto das ações de Josias, e tu­
sos. E os seus ossos ficaram intac­ do o que êle fêz, não está escrito no
tos com os ossos do profeta que tinha livro dos anais dos reis de Judá?
vindo da Samaria. 29No seu reinado, o Faraó Necao,
10Destruiu também Josias todos os rei do Egito, marchou contra o rei
templos dos lugares altos, que havia dos Assírios, para a banda do Eufra-
nas cidades da Samaria, os quais os tes; e o rei Josias foi-lhe ao encontro,
reis de Israel tinham edificado para e foi morto em Magedo, logo que
irritarem o Senhor, e fêz-lhes tudo o (N ecao) o viu. 80E seus servos leva­
que tinha feito em Betel. “ E matou ram-no morto de Magedo, e trans-
todos os sacerdotes dos lugares altos portaram-no a Jerusalém, e sepulta­
que nêles estavam encarregados dos ram-no no, seu sepulcro. E o povo
altares; e queimou sôbre êstes altares do país tomou Joacaz, filho de Josias,
ossos humanos; e voltou a Jerusa­ e ungiram-no, e constituíram-no rei
lém. em lugar de seu pai.
Josias celebra solenemente a Páscoa Joacaz sucede a Josias,
mas é levado prisioneiro
21E ordenou a todo o povo, dizen­ para o Egito
do: Celebrai a Páscoa em honra do
Senhor vosso Deus, do modo que está 31Tinha Joacaz vinte e três anos,
escrito no livro desta aliança. “ Ja­ quando começou a reinar; e reinou
23 - 24 QUARTO LIVRO DOS REIS 433

três meses em Jerusalém. Sua mãe tudo o que êle fêz, não está escrito
chamava-se Amital, filha de Jeremias, no livro dos anais dos reis de Judá?
de Lobna. “ E êle fêz o mal diante E Joaquim adormeceu com seus paia
do Senhor, segundo tudo o que tinham °E em seu lugar reinou seu filho Joa­
feito seus pals. quim. 7E o rei do Egito, daquele
“ E o Faraó Necao prendeu-o em tempo em diante não tentou mais sair
Rebla, que está no país de Emat, pa­ do seu reino; porque o rei de Babi­
ra que êle não reinasse em Jerusa­ lônia tinha levado tudo o que tinha
lém; e multou a terra em cem talen­ sido do rei do Egito desde a torrente
tos de prata e num talento de ouro. do Egito até ao rio Eufrates.
34E o Faraó Necao constituiu rei a
Eliacim, filho de Josias, para reinar Reinado de Joaquim
em lugar de Josias, seu pal, e mudou- 8Joaquim tinha dezoito anos quan­
lhe o nome em Joaquim. E levou do começou a reinar; e reinou três
Joacaz, e conduziu-o ao Egito, onde meses em Jerusalém. Sua mãe cha-
morreu. “ E Joaquim deu a Faraó a mava-se Noesta, filha de Elnatan, de
prata e o ouro do. imposto que tinha Jerusalém. 9E êle fêz o mal diante
estabelecido por cabeça sôbre o país, do Senhor, segundo tudo o que seu
para se pagar o tributo conforme a pai tinha feito.
ordem de Faraó; e exigiu de cada um
do povo do país, na proporção dos Cêrco e saque de Jerusalém
seus bens, tanto prata como ouro,
para dar ao Faraó Necao. “ Naquele tempo vieram os oficiais
de Nabucodonosor, rei de Babilônia,
Reinado de Joaquim contra Jerusalém, e a cidade foi blo­
queada com trincheiras. nE Nabu­
“ Tinha Joaquim vinte e cinco anos codonosor, rei de Babilônia, foi com
quando começou a reinar; e reinou a sua gente contra a cidade para a
onze anos em Jerusalém. Sua mãe expugnar.
chamava-se Zébida, filha de Fadaia 12E Joaquim, rei de Judá, foi ter
de Ruma. 37E êle fêz o mal diante do com o rei de Babilônia, êle e sua mãe,
Senhor, segundo tudo o que tinham e seus servos, e seus príncipes, e
feito seus pais. seus eunucos; e o rei de Babilônia
Invasão de Judã e fim do reinado recebeu-o no oitavo ano do seu rei­
de Joaquim nado. 13E levou dali todos os tesou­
ros da casa do Senhor e todos os
2A 1N o tempo de Joaquim mar- tesouros da casa real; e despedaçou
chou Nabucodonosor, rei de todos os vasos de ouro que Salomão,
Babilônia, e Joaquim ficou-lhe sujei­ rei de Israel, tinha feito no templo
to durante três anos; e depois revol- do Senhor, conforme a palavra do
tou-se contrr êle. Senhor.
2E o Senhor mandou contra êle Deportação dos seus habitantes
(por meio de Nabucodonosor) guer­
rilheiros dos Caldeus, e guerrilheiros 14E levou para o cativeiro tôda a
da Síria, e guerrilheiros de Moab, e Jerusalém, todos os príncipes e todos
errilheiros dos filhos de Amon, e os valentes do exército, ao todo dez
■los ir contra Judá para o extingui- mil, e todos os artistas e ferreiros; e,
rem, segundo a palavra do Senhor, não ficou nada, à exceção dos pobres,
que tinha dito pelos profetas, seus dentre o povo do país. “ Deportou
servos. 2 3E isto aconteceu em cum­ também para Babilônia Joaquim, e a
primento da palavra do Senhor con­ mãe do rei, e as mulheres do rei, e
tra Judá, de o tirar da sua presen­ os seus eunucos e levou cativos de
ça por causa de todos os crimes que Jerusalém para Babilônia todos os jui­
Manassés tinha cometido, 45 e por cau­ zes do país. 16E (deportou) todos os
sa do sangue que êle derramou, ten­ homens robustos, em número de sete
do enchido Jerusalém de sangue de mil, e os artistas e ferreiros, em nú­
inocentes; e por isso o Senhor não mero de mil, todos os homens fortes
quis mostrar-se propício. e guerreiros; e o rei de Babilônia le-
50 resto das ações de Joaquim, e vou-os cativos para Babilônia.
434 QUARTO LIVRO DOS REIS 24 - 25

Reinado de Sedecias Babilônia. 8 9E queimou a casa do Se­


nhor, e a casa do rei, e as casas de
17E em lugar de Joaquim constituiu Jerusalém; e entregou às chamas to­
rei a Matanias, seu tio paterno, e dos os edifícios. 10*E todo o exérci­
pôs-lhe o nome de Sedecias. 18Sede- to dos Caldeus, que estava com o che­
cias tinha vinte e um anos quando fe dos soldados, deitou abaixo por to­
começou a reinar; e reinou onze a- dos os lados os muros de Jerusalém.
nos em Jerusalém. Sua mãe chama­ nE Nabuzardan, general do exér­
va-se Amital, filha de Jeremias, de cito, transportou todo o resto do po­
Lobna. 19E êle fêz o mal diante do vo que tinha ficado na cidade, e os
Senhor, segundo tudo o que tinha fe i­ desertores que se tinham refugiado
to Joaquim. 20Porque a ira do Se­ junto do rei de Babilônia e o resto
nhor crescia contra Jerusalém e con­ da plebe. 12E dos pobres da terra dei­
tra Judá, até os rejeitar da sua pre­ xou os viticultores e os agricultores.
sença. E Sedecias revoltou-se con­ 13E os Caldeus despedaçaram as co­
tra o rei de Babilônia. lunas de bronze que estavam no tem­
Cêrco e tomada de Jerusalém. plo do Senhor, e as bases, e o mar
Sedecias prisioneiro
de bronze que estava na casa do Se­
nhor, e transportaram para Babilô­
9 Ç 1E aconteceu que, no ano no- nia todo o bronze. 14Levaram tam­
no do seu reinado, no décimo bém as panelas de bronze, e as jar­
dia do décimo mês, veio Nabucodo- ras, e os garfos, e as taças, e os
nosor, rei de Babilônia, êle e todo o grais, e todos os vasos de bronze
seu exército contra Jerusalém, e pôs- que se usavam no ministério. 15E
lhe cêrco e levantaram trincheiras o general do exército levou também
ao redor dela. os turíbulos, e os copos, o que era
2E a cidade ficou fechada e cireun- de ouro, e o que era de prata, 16jun-
valada até ao undécimo ano do rei tamente com as duas colunas, e com
Sedecias, ®aos nove do mês (q u a rto ); o mar, e as bases que Salomão tinha
e a cidade viu-se apertada da fome, e feito no templo do Senhor; o pêso
não havia pão para o povo da terra. de todos os vasos de bronze era i-
4E foi aberta uma brecha na cidade; menso. 17Cada coluna tinha dezoito
e todos os homens de guerra fugiram côvados de altura, e, em cima, um
de noite pelo caminho da porta que capitel de bronze de três côvados de
está entre os dois muros, perto do alto; e sôbre o capitel da coluna uma
jardim do rei. Entretanto os Caldeus (espécie de) rêde, e romãs, tudo de
apertavam o cêrco da cidade. Fu­ bronze; e a segunda coluna tinha os
giu, pois, Sedecias pela estrada que mesmos ornatos.
conduz às planícies do deserto. lsO general do exército levou tam­
5Mas o exército dos Caldeus foi em bém Saraias, primeiro sacerdote, e
seguimento do rei, e alcançou-o na Sofonias, segundo sacerdote, e três
planície de Jerico; e todos os guerrei­ porteiros. 19E levou um eunuco da
ros que estavam com êle foram dis­ cidade, que comandava a gente de
persos, e abandonaram-no. 6Tendo, guerra; e cinco homens dos que assis­
pois, prendido o rei, levaram-no a tiam ao rei, os quais encontrou na
Reblata, ao rei de Babilônia, o qual cidade; e Sofer, inspetor do exército,
pronunciou sentença contra êle. 7E que exercitava os soldados bisonhos
matou na presença de Sedecias os do povo do país; e sessenta homens
seus filhos, e vasou-lhe os olhos, e do povo que foram encontrados na ci­
prendeu-o com cadeias, e levou-o pa­ dade. 20E tomando-os Nabuzardan,
ra Babilônia. general do exército, levou-os ao rei
Destruição da cidade e do templo.
de Babilônia a Reblata. 21E o rei de
Deportação dos habitantes
Babilônia feriu-os, e matou-os em R e­
blata, no país de Emat; e Judá foi
8No dia sétimo do quinto mês, que deportado de seu país.
é o décimo nono ano do rei de Babi­ Assassinato de Godolias
lônia, foi a Jerusalém Nabuzardan,
general do exército e servo do rei de 22E o govêm o do povo, que tinha
25 QUARTO LIVRO DOS REIS 435
ficado na terra de Judá, que Nabuco- de o pequeno até ao grande, e os o-
donosor, rei de' Babilônia, tinha dei­ ficiais do exército, levantando-se, fu­
xado, entregou-o a Godolias, filho de giram para o Egito, com mêdo dos
Aicão, filho de Safan. “ Ora todos os Caldeus.
oficiais do exército, e aquêles que es­
tavam com êles, tendo sabido que o Benevolência de Evilmerodae
rei de Babilônia tinha nomeado go­ para com Joaquim
vernador a Godolias, foram ter com
Godolias a Masfa: Ismael, filho de 27Ora, aconteceu que, no ano trigé­
Natanias, e Joanan, filho de Ca- simo sétimo da transmigração de
rée, e Saraias, filho de Teneumet Joaquim, rei de Judá, no dia vinte
Netofatita, e Jezonias, filho de Ma- e sete do duodécimo mês, Evilrnero-
cati, êles e os seus companheiros. dac, rei de Babilônia, no ano em que
24E Godolias jurou a êles e aos seus começou a reinar, levantou a cabeça
companheiros, dizendo: Não temais humilhada de Joaquim, rei de Ju­
servir os Caldeus; ficai no país, e ser­ dá, tirando-o do cárcere. “ E falou-
vi ao rei de Babilônia e estareis lhe benignamente, e pôs o seu trono
bem. acima do trono dos (outros) reis (sub*-
25Mas, ao cabo de sete meses, a- jugados) que estavam com êle em
conteceu que veio Ismael, filho de Babilônia. 29E mudou-lhe os vestidos
Natanias, filho de Elisama, de san­ de que tinha usado no cárcere, e co­
gue real, e dez homens em sua com­ mia sempre à sua mesa todos os dias
panhia, e feriram Godolias, que mor­ de sua vida. 30Assinou-lhe também
reu; e (ferira m ) também os Judeus para sempre o seu alimento, que lhe
e os Caldeus que estavam com êle era dado todos os dias durante todo
em Masfa. “ Então todo o povo, des­ o tempo da sua vida.
LIVROS DOS PARALIPÔMENOS
Paralipômenos é uma palavra grega que significa coisas omitidas. Os
dois livros do Paralipômenos constituem uma espécie de suplemento aos
quatro livros dos Reis, dos quais repetem algumas passagens pelas mesmas
palavras. Antigamente formavam um único volume, mas na Tradução dos
Setenta já apareceu dividido em dois livros, talvez com a intenção de se
reduzir o tamanho do volume.
Os Paralipômenos podem ser divididos em duas partes:
I. — A primeira parte é inteiramente consagrada às genealogias (l° Pa-
ral. 1,1 - 9,34). Dá antes de tudo as genealogias desde Adão até Jacó (1,1-54)
e em seguida as dos doze filhos de Israel até Davi, chegando às vêzes até
Salomão (2,1 - 9,34).
II. — A segunda parte (l° Paral. 9,35 - ll* Paral. 36,23) abrange a his­
tória do povo de Deus no reino de Judá desde Davi até o edito de Ciro,
que põe termo ao cativeiro de Babilônia. Esta parte pode ser subdividida em
três secções: a) o reinado de Davi (I Paral. 10,1 - 29,30); b) o reinado de
Salomão (H 9 Paral. 1,1 - 9,31); c) o reinado de Judá, desde o cisma até ao
cativeiro e ao retôrno dêle ( I I 9 Paral. 10,1 - 36,23).

Confrontando-se o conteúdo dos Paralipômenos com o dos quatro livros


dos Reis, além de se notar várias lacunas, modificações ou acréscimos, releva-
se o cuidado do autor dos Paralipômenos em destacar particularmente as
emprêsas dos reis pios, e em passar quase despercebido sôbre as dos reis
prevaricadores. Em suma: o autor quis fazer de sua obra um livro de pro­
paganda religiosa para excitar no povo, mediante a fidelidade às leis e às
prescrições divinas, a esperança de ver realizadas as promessas celestes e a
confiança de receber copiosamente as bênçãos de Deus.

A obra termina com a publicação do edito de Ciro (538 a. C.) que dá li­
berdade aos Hebreus e lhes permite o retôrno da Caldéia. Êsse particular
corrobora a opinião que aponta o sacerdote Esdras como autor da obra e
quê sustenta tenha esta sido escrita nos últimos tempos do cativeiro.
PRIMEIRO LIVRO
DOS PARALIPÔMENOS
De Adão até aos filhos de Noé. Sale, “ Heber, Faleg, Ragau, “ Serug,
Filhos de Noé Nacor, Taré, 27Abrão, o mesmo que
1 'Adão, Set, Enós, 2Cainam, Mala- Abraão.
1 leel, Jared, 3Henoc, Matusalém, Posteridade de A braão
Lamec, 4Noé, Sem, Cam e Jafet.
5Filhos de Jafet: Gomer, e Magog, “ Filhos de Abraão: Isaac e Ismael.
e Madai, e Javan, Tubal, Mosoc, T i­ “ E estas são as suas gerações: Na-
ras. °Filhos de Gomer: Ascenez, e baiot, primogênito de Ismael, depois
R ifat e Togorma. 7Filhos de Javan: Cedar, e Adbeel, e Mabsão, “ Masma
Elisa e Tarsis, Cetim e Dodanim. e Duma, Massa, Hadad, e Tema, “ Je-
8Filhos de Cam: Cus, e Mesraim, e tur, Nafis, Cedma; êstes são os filhos
Fut, e Canaã. 9Filhos de Cus: Saba, de Ismael. 32Os filhos que Abraão
e Hevila, Sabata, e Regma, e Saba- teve de Cetura, sua mulher de segun­
taca. Filhos de Regma: Saba e Da- da ordem, foram : Zamran, Jecsan,
dan. 10Ora, Cus gerou Nemrod; o qual Madan, Madian, Jesboc, e Sué. F i­
começou a ser poderoso na terra. lhos de Jecsan: Saba e Dadan. F i­
“ E Mesraim gerou Ludim, e Ana- lhos de Dadan: Assurim, e Latussim,
mim, e Laabim, e Neftuim, 12e tam­ e Laomim. “ E filhos de Madian fo ­
bém Fetrusim e Casluim, dos quais ram: Efa, Efer, e Henoc, e Abida, e
procederam os Filisteus e os Cafto- Eldaa; todos êstes descenderam de
rins. Cetura. ME Abraão gerou Isaac, que
13E Canaã gerou Sidon, seu primo­ teve por filhos Esaú e Israel.
gênito, e também o Heteu, 14e o Je- Posteridade de Esaú
buseu, e o Amorreu, e o Gergeseu, 15e
o Heveu, e o Araceu, e o Sineu, 10e “ Filhos de Esaú: Elifaz, Rauel,
também o Aradio, e o Samareu, e o Jeús, Jelom, e Coré. “ Filhos de E li­
Ham ateu. faz: Teman, Omar, Sefi, Gatan, Ce-
17Filhos de Sem: Elão, e Assur, e nez, Tamna, Amalec. 37Filhos de
Arfaxad, e Lud, e Aram, e Hus, e Rauel: Naat, Zara, Sama, Mera.
Hul, e Geter, e Mosoc. 18Arfaxad ge­ “ Filhos de Seir: Lotan, Sobal, Se-
rou Sale, o qual depois gerou Heber. beon, Ana, Dison, Eser, Disan. “ F i­
19E Heber teve dois filhos, um dos lhos de Lotarí: Hori, e Homão. I r ­
quais foi chamado Faleg, porque em mã de Lotan, foi Tamna. ‘“'Filhas de
seu tempo se dividiu a terra; e o no­ Sobal: Alian, e Manaat, e Ebal, Sefi
m e de seu irmão foi Jectan. “ Jec- e Onam. Filhos de Sebeon: Aía e
tan gerou Elmodad, Salef, e Asarmot, Ana. Filhos de Ana: Dison. "Filhos
e Jaré, 21e também Adorão, e Huzal, de Dison: Hamrão, e Eseban, e Je-
e Decla, 22e Hebal, e Abimael, e Saba, tran, e Caran. "Filhos de Eser: Ba-
e também 23Ofir, e Hevila, e Jobab; laão, e Zavan, e Jacan. Filhos de
todos êstes eram filhos de Jectan. Disan: Hus e Aran.
2i(Descendentes de) Sem: Arfaxad, 48Os reis que reinaram na terra de
438 PRIMEIRO LIVRO DOS PARALIPOMENOS 1 - 2

Edom, antes que houvesse rei sôbre Descendentes de Hesron


os filhos de Israel, são êstes: Bale, 9E os filhos que nasceram de Hes­
filho de Beor; a sua cidade chama­ ron ( foram ) : Jerameel, e Ram, e Ca-
va-se Denaba. 44E morreu Bale, e lubi.
reinou em seu lugar Jobab, filho de 10E Ram gerou Aminadab, Amina-
Zaré, de Bosra. 45E, depois da mor­ dab gerou Naasson, principe dos fi­
te de Jobab, reinou em seu lugar lhos de Judá. “ Naasson gerou Sal-
Husão, do país dos Temanitas. 48E ma, do qual procedeu Booz. 12E Booz
também morreu Husão, e reinou em gerou Obed, o qual também gerou
seu lugar Adad, filho de Bodad, que Isaí. 13Isai teve por primogênito a
derrotou os Madianitas na terra de Eliab, o segundo Abinadab, o ter­
Moab; e a sua cidade chamava-se ceiro Simaa, 14o quarto Natanael, o
Avit. 47E depois da morte de Adad, quinto Radaí, 15o sexto Asom, o séti­
reinou em seu lugar Semla de Mas- mo Davi. 16Foram irmãs dêstes Sar-
reca. 48E também Semla morreu, e via e Abigail. Os filhos de Sarvia
reinou em seu lugar Saul de Roobot, (fora m ) três: Abisai, Joab, e Asael.
que está situada junto do rio (E u - “ Abigail gerou Amasa, cujo pai foi
frates). 49E, morto Saul, reinou em Jetel Ismaelita.
seu lugar Balanan, filho de Acobor. 18Ora Caleb, filho de Hesron, to­
50E êste também morreu, e reinou em mou uma mulher chamada Azuba,
seu lugar Adad, cuja cidade se cha­ da qual teve Jeriot; e foram seus
mava Fau, e sua mulher Meetabel, filhos: Jaser, e Sobab, e Ardon. 19E,
filha de Matred, que era filha de tendo morrido Azuba, Caleb tomou
Mezaab. por mulher uma Efrata, da qual te­
51E, morto Adad, começou a haver ve Hur. 20E Hur gerou Uri; e Uri
em Edom governadores (ou juizes) gerou Bezeleel.
em lugar de reis; o governador Tam- “ Depois Hesron tomou por mu­
na, o governador Alva, o governador lher a filha de Maquir, pai de Gala-
Jetet, 52o governador Oolibama, o go­ ad; e recebeu-a tendo sessenta anos;
vernador Ela, o governador Finon, 53o teve dela Segub. 22E Segub também
governador Cenez, o governador Te- gerou Jair, o qual foi senhor de vin­
man, o governador Mabsar, “ o gover­ te e três cidades da terra de Ga-
nador Magdiel, o governador Hirão. laad. 23Mas Gessur e Aram tomaram
Êstes foram os governadores de as cidades de Jair, e também Canat,
Edom. com as suas aldeias, sessenta cida­
des. Todos êstes eram filhos de Ma­
Filhos de Jacó quir, pai de Galaad. 24Depois da
O JOs filhos de Israel foram : Ru- morte de Hesron, Caleb casou com
" ben, Simeão, Levi, Judã, Issacar Efrata. Hesron teve também por
e Zabulão, 2Dan, José, Benjamim, mulher a Ábia, a qual lhe deu à luz
Neftali, Gad e Aser. Asur, pai de Técua.
“ E a Jerameel, primogênito de
Descendentes de Judá Hesron, nasceram os filhos: Ram,
primogênito, e Buna, e Aram, e Ason,
3Filhos de Judã: Her, Onan, e Se­ e Aquia. 26E Jerameel também ca­
la; êstes três nasceram da Cananéia, sou com outra mulher chamada A ta­
filha de Sué. Her, porém, primogê­ ra, que foi mãe de Onam. 27E Ram,
nito de Judá, foi mau diante do Se­ primogênito de Jerameel, teve por
nhor, e o Senhor fê-lo morrer. 4E filhos a Moos, a Jamim e a Acar.
Tamar, nora de Judá, deu-lhe à luz 28E Onam teve .por filhos a Semei e
Farés e Zara. Todos os filhos de Ju­ a Jada. E os filhos de Semei fo ­
dá foram, pois, cinco. 5Filhos de F a­ ram: Nadab e Abisur. “ E a mulher
rés: Esron e Hamul. 6Filhos de Za­ de Abisur chamou-se Abiail, a qual
ra: Zamri, e Etan, e Eman, e Cal­ lhe deu à luz Aoban e Molid. 30E os.
cai, e Dara, cinco ao todo. 7Filhos filhos de Nadab foram Saled e Afaim .
de Carmi: Acar, que turbou Israel e Saled morreu sem filhos. 31E A -
ecou num furto de anátema. 8Filho faim teve um filho chamado Jesi,
e Etan: Azarias. o qual Jesi gerou Sesan. E Sesan
2 - 3 PRIMEIRO LIVRO DOS PARALIPOMENoS 439

gerou Oolai.. 32E os filhos de Jada, neus, que descendem de Calor, pai
irmão de Semei, foram: Jeter e Jo- da casa de Recab.
natan. Mas Jeter morreu sém f i­
lhos. 33E Jonatan gerou Falet e Zi- Descendentes de D avi
za. Êstes foram os filhos de Jera- O 4Davi teve êstes filhos, que lhe
meel. 34E Sesan não teve filhos, mas
somente filhas; e (tom ou ) um escra­ nasceram em Hebron: o primo­
vo egípcio, chamado Jeraa, 35a quem gênito Amnon, de Aquinoão Jezrae-
deu por mulher uma sua filha, a lita; o segundo, Daniel, de Abigail
qual lhe deu à luz Etei. 36E Etei do Carmelo; 2o terceiro, Absalão, fi­
gerou Natan;* e Natan gerou Zabad. lho de Maaca, filha de Tolmai, rei
37E Zabad gerou Oflal e Oflal gerou de Gessur; o quarto, Adonias, filho
Obed; 38Obed gerou Jeú; Jeú gerou de A git; 3o quinto, Safatias, filho de
Azarias. 39Azarias gerou Heles; He- Abital; o sexto, Jetraão, filho de
les gerou Elasa; 40Elasa gerou Sisa- Egla, sua mulher. 4Nasceram-lhe,
moi; Sisamoi gerou Selum; 41Selum portanto, seis filhos em Hebron, on­
gerou Icamia, e Icamia gerou Eli- de êle reinou durante sete anos e
sarna. seis meses. E em Jerusalém reinou
durante trinta e três anos.
Descendentes de Caleb 5E em Jerusalém nasceram-lhe ês­
tes filhos: Simaa, e Sobab, e Natan,
42Ora os filhos de Caleb, irmão de e Salomão, todos quatro de Betsa-
Jerameel, foram Mesa, seu primogê­ béia, filha de Amiel. °Teve mais Je-
nito, que foi pai de Z if; e os descen­ baar, e Elisama, 7e Elifalet, e Noge,
dentes de Maresa, pai de Hebron. e Nefeg, e Jafia, 8e também Elisama,
43Filhos de Hebron: Coré, e Tafua, e e a Eliada, e a Elifelet, nove ao to­
Recem, e Sarna. 44E Sama gerou do. 9Todos êstes foram os filhos de
Raão, pai de Jercaão; e Recem ge­ Davi, sem contar os filhos das mu­
rou Sarnai. 45Samai teve um filho, lheres de segunda ordem; e tiveram
chamado Maon; e Maon foi pai de uma irmã chamada Tamar.
Betsur. 46E Efa, mulher de segun­ 10E o filho de Salomão foi Roboão,
da ordem de Caleb, deu à luz Haran, cujo filho Abia gerou Asa. E dêste
e Mosa, e Gezez. E Haran gerou nasceu Josafat, npai de Jorão; e Jo-
Gezez. 47Filhos de Jaadai: Regom, e rão gerou Ocozias, do qual nasceu
Joatan, e Gesan, e Falet, e Efa, e Joás; 12e Amasias, filho dêste, ge­
Saaf. 48Maaca, mulher de segunda rou Azarias. E Joatão, filho de Aza­
ordem de Caleb deu à luz Saber, e rias, 13gerou a Acaz, pai de Ezequias,
Tarana. 49E Saaf, pai de Madmena, de quem nasceu Manasses. 14E Ma-
gerou Sue, pai de Maquebena, e pai nassés gerou Amon, pai de Josias.
de Gabaa. E Acsa foi filha de Caleb. 15E os filhos de Josias foram Joanan,
50Filhos de Caleb, filho de Hur, pri­ o primogênito; o segundo Joaquim, o
mogênito de Efrata, foram também terceiro Sedecias, o quarto Selum.
êstes: Sobal, pai de Cariatiarim, 51Sal-. 16De Joaquim nasceu Jeconias e Se­
ma, pai de Belém, Harif, pai de Bet- decias.
gader. 52E Sobal, pai de Cariatiarim, "Filhos de Jeconias foram: Asir,
o qual possuía metade do território Salatiel, 18Melquirão. Fadaia, Seneser,
(chamado) do Descanso, teve filhos. e Jecemia, Sama e Nadabia. 19De
53E das famílias que êles fundaram Fadaia nasceram Zorobabel e Semei.
em Cariatiarim (descenderam) os Je- Zorobabel gerou Mosolão, Hananias,
treus, e os Afuteus, e os Semateus, e e Salomit, irmã dêles; 20e também ês­
os Masereus. Dêstes procederam os tes cinco: Hasaban, e Ool e Bara-
Saraítas, e os Estaolitas. 54Filhos de quias, e Hasadias, e Josabesed. 21E
Salma: Belém, e Netofati, coroas da Hananias teve por filho a Faltias, pai
casa de Joab, e metade do território de Jeséias, cujo filho foi Rafaia; e
do Descanso (fo i) dos descendentes o filho dêste foi Arnan, do qual nas­
de Sarai. 55E também as famílias ceu Obdia, cujo filho foi/ Sequenias.
dos escribas, que habitavam em Ja- 2aO filho de Sequenias foi Semeia, do
bes, e que se recolhem em tendas qual foram filhos Hatus, e Jegáal, e
cantando e tocando. Estes são os Ci- Baria, e Naaria, e Safat, em número
440 PRIMEIRO LIVRO DOS PARALIPôMENOS 3 -4
de seis (contando o pai). “ Os filhos daia deu à luz Jared, pai de Gedor,
de Naaria foram três: Elioenai, e e Heber, pai de Soco, e Icutiel, pai
Ezequias, e Ezricão. 24Os filhos de de Zanoé. Êstes são os filhos de Be-
Elioenai foram sete: Oduia, e Elia- tia, filha de Faraó, com a qual ca­
sub, e Faléia, e Acub, e Joanan, e sou Mered. 19E os filhos de (sua)
Dalaia e Anani. mulher Odaia, irmã de Naão, pai de
Ceila, foram: Garmi e Estamo, que
Outros descendentes de Judá era de Macati. “ E os filhos de Si-
 f i lh o s (ou descendentes) de Ju- mão foram: Amnon, e Rina, filho
de Hanan, e Tilon. E os filhos de
* dá foram: Farés, Hesron, e Car- Jesi foram: Zoet e Benzoet.
mi, e Hur, e Sobal. 2E Raias, filho 21Os filhos de Sela, (terceiro ) filho
de Sobal, gerou Jaat, de quem nas­ de judá, foram: Her, pai de Leca, e
ceram Aumai, e Laad. Estas são as Laada, pai de Maresa, e as famílias
famílias dos Saratitas. da casa dos fabricantes de linho fino
3Esta é também a posteridade de na casa do juramento. 22E ( Joaquim,
Etão: Jezrael, e Jesema, e Jedebos, cujo nome significa) o que fêz parar
que tiveram uma irmã chamada Asa- o sol, e (os habitantes de Cozeba, is­
lelfuni. 4E Fanuel foi pai (ou prín­ to é ) o s homens da Mentira, e (Joás
cipe) de Gedor, e Hezer, pai de Hosa; e Saraf, isto é ) o Afouto e o Ardente,
êstes são os filhos de Hur, primogêni­ que foram príncipes em Moab, e que
to de Efrata, pai de Belém. 5E As- voltaram para Laem. Estas memó­
sur, pai de Técua, teve duas mulhe­ rias são antigas. “ Êstes são os olei­
res: Halaa e Naara. °E de Naara ros que habitavam nas hortas e nos
teve Oosão, e Hefer, e Temanos, e cercados, nas casas do rei, trabalhan­
Aastaros; êstes são os filhos de N a­ do para êle, e ali moravam.
ara. 7E os filhos de Halaa foram:
Seret, Isaar e Etnan. 8E Cós gerou Descendentes de Sirneão
Anob, e Soboba, e a fam ília de Aa-
reel, filho de Arum. 24Os filhos de Simeão foram : N a-
°Mas Jabes foi mais ilustre do que muel e Jamim, Jarib, Zara, Saul.
seus irmãos, e sua mãe pôs-lhe o no­ “ Selum, seu filho, foi pai de Mapsão,
me de Jabes, dizendo: Porque o dei o qual teve por filho a Masma. ^Fi-
à luz com dor. 10Ora Jabes invocou lhos de Masma: Hamuel, do qual fo i
o Deus de Israel dizendo: Oh! Se tu filho Zacur, do qual foi filho Semei.
me cumulasses de bênçãos, e dilatas­ ^Semei teve dezesseis filhos e seis f i­
ses os meus limites, e a tua mão fôs- lhas; mas seus irmãos não tiveram
se comigo, e não permitisses que eu muitos filhos, e tôda a sua posteri­
fôsse oprimido pela malícia!... E dade não pode igualar o número dos
Deus concedeu-lhe o que êle pediu. filhos de Judá.
“ E Caleb, irmão de Sua, gerou Mair, 28E habitaram em Bersabéia, e em
que foi pai de Eston. 12E Eston ge­ Molada, e em Hasarsual, “ e em Bala
rou Betrafa e Fesse e Teína, pai dos e em Asom, e em Tolad, "e em Ba-
habitantes da cidade de Naas. Êstes tuel, e em Horma, e em Siceleg, we
são os povoadores de Reca. em Betmarcabot, e em Hãsarsusim, e
13Filhos de Cenez: Otoniel e Sa- em Betberai, e em Saarim. Estas fo ­
raia. Filhos de Otoniel: Hatat e ram as suas cidades até ao reinado
Maonati. 14Maonati gerou Ofra, e de Davi. 32E as suas povoaçôes fo ­
Saraia gerou Joab, pai dos habitan­ ram: Etão, e Aen, Remon, e Toquem,
tes do vale dos artífices; porque ali e Asan, cinco cidades. ME tôdas as.
habitavam os artífices. 15E os filhos suas aldeias nos arredores destas ci­
de Caleb, filho de Jefone, foram: Hir, dades até Baal. Esta é a sua habi­
e Ela, e Naão. Filho de Ela: Cenes. tação e a distribuição das suas vi-
16E os filhos de Jaleleel foram: Z if vendas.
e Zifa, T iria e Asrael. 1TE os filhos 34E Mosabab e Jemlec, e Josa, f i­
de Ezra foram : Jeter, e Mered, e lho de Amasias, “ e Joel, e Jeú, filh o
Efer, e Jalon; gerou também Maria, de Josabia, filho de Saraia, filho de
e Sammai, e Jesba, pai dos habitan­ Asiel, “ e Elioenai, e Jacoba, e Isuaia,
tes de Estamo. 18E sua mulher Ju- e Asaia, e Adiel, e Ismiel e Banaiav
4 -5 PRIMEIRO LIVRO DOS PARALIPÔMENOS 441

87e Ziza, filho de Sefei, filho de Alon, em Aroer até Nebo e Beelmeon.
filho de Idaia, filho de Semri, filho °Habitou também para o oriente até
de Samaia. 38Êstes são os príncipes à entrada do deserto, e até ao rio
ilustres nas suas famílias, e multipli- Eufrates; porque possuíam grande
caram-se em extremo nas casas de quantidade de gado na terra ae Ga-
suas alianças (m atrim oniais). laad. 10Mas no reinado de Saul, pe­
"E saíram a fim de ocupar Gador lejaram contra os Agareus, e mata-
até ao oriente do vale, em busca de ram-nos, e habitaram em lugar dê-
pastos para os seus gados. “ E en­ les nas suas tendas, em todo o ter­
contraram pastagens abundantes e ritório que olha para o oriente de
muito excelentes, e uma terra espa- Galaad.
çosíssima, tranqüila e fértil, onde an­
tes tinham habitado os descendentes Descendentes de Gad
de Cam. 41Êstes, pois, que acima no­
meamos, vieram no tempo de Eze- nOs filhos, porém, de Gad, esta-
quias, rei de Judã; deitaram abaixo beleceram-se defronte dêles, no país
as suas tendas, e mataram os habi­ de Basan até Selca; “ Joel era o che­
tantes que ali encontraram, e des- fe, e Safan o segundo, e em seguida
truíram-nos até ao dia de hoje, e ha­ Janai e Safat em Basan. 13E os seus
bitaram em lugar dêles. porque en­ irmãos, segundo as casas de suas pa-
contraram abundantíssimos pastos. rentelas, eram: Miguel, e Mosolão, e
42Igualmente quinhentos homens Sebe, e Jorai, e Jacan, e Zie, e He-
dos filhos de Simeão passaram ao ber, ao todo sete. 14Êstes foram fi­
monte de Seir, tendo por chefe a lhos de Abiail, filho de Uri, filho de
Faltias, e Naarias, e Rafaías, e Oziel, Jara, filho de Galaad, filho de M i­
filhos de Jezi; 43e acabaram com os guel, filho de Jesesi, filho de Jedo,
restos dos Amalecitas, que tinham filho de Buz.
podido salvar-se, e habitaram ali em 15Foram também seus irmãos os
seu lugar até ao dia de hoje. filhos de Abdiel, filho de Guni, che­
fe das suas casas patriarcais. 16E ha­
Descendentes de Ruben bitaram em Galaad, e em Basan, e
nas aldeias e em todos os subúrbios
C ‘ Eis os filhos de Ruben, primogê- de Saron, dum extremo ao outro.
nito de Israel (porque êste foi o "Todos êstes foram contados no tem­
seu primogênito; mas porque violou po de Joatão rei de Judâ, e no tem­
o tâlarno de seu pai, foi o seu di- po de Jeroboão, rei de Israel.
reito de primogenltura dado aos f i­ 18Os filhos de Ruben, e de Gad, e
lhos de José, filho de Israel, e Ru- da meia tribo de Manassés, foram ho-
ben não foi mais considerado pri- mens muito guerreiros, que traziam
mogênito. 2Quanto a Judã, que era escudos e espadas, e que manejavam
o mais valente de todos os seus ir­ o arco, e hábeis para a guerra, em
mãos, da sua estirpe saíram prínci­ número de quarenta e quatro mü,
pes; mas o direito de primogenitura setecentos e sessenta, que marcha­
Ioi adjudicado a José). vam a combater. 19Fizeram guerra
3Eis, pois, os filhos de Ruben, pri­ contra os Agareus; mas os Itureus, e
mogênito de Israel: Enoc e Falu, Es- os de N afis e de Nodab, “ prestaram-
ron e Carmi. 4Filho de Joel foi: Sa- lhes auxílio. Foram, porém, entre­
mia, pai de Gog, cujo filho foi Se- gues nas suas mãos os Agareus, e
mei. 5Mica foi filho de Semei; Reia, todos os que os tinham auxiliado,
filho de Mica: Baal, filho de Reia; porque invocaram a Deus quando
6Beera, filho de Baal, a quem Tel- pelejavam, e êle ouviu-os, porque ti­
gatfalnasar, rei dos Assírios, levou nham confiado nêle. 21E apodera-
cativo, e que foi príncipe na tribo ram-se de tudo o que possuíam, de
de Ruben. 7Os seus irmãos e tôda cinqüenta mil camelos, e duzentas e
a sua parentela, quando se fêz a lis­ cinqüenta mil ovelhas, e dois m il ju­
ta dêles por famílias, tiveram por mentos e cem mil pessoas. “ E mui­
príncipes a Jeiel e Zacarias. tos dos feridos morreram, porque foi
8E Bala, filho de Azas, filho de guerra (feita com o auxílio) do Se­
Sama, filho de Joel, estabeleceu-se nhor. E habitaram em seu lugar
442 PRIM EIRO LIVRO DOS PAR ALIPO M ENO S 5-6
até à transmigração (para Babilô­ Descendentes de Levi
nia).
Manassés 16Os filhos de Levi pois foram: Ger­
são, Caat e Merari. 17Êstes são os
nomes dos filhos de Gersão: Lobni e
Descendentes da meia tribo de Semei. 18Filhos de Caat: Amrão, e
23Também os filhos da meia tribo Isaar, e Hebron, e Oziel. 19Filhos de
de Manassés possuíram as terras des­ M erari: Mooli e Musi.. E êstes são
de os confins de Basan até Baal, Her- os descendentes de Levi segundo as
mon, e Sanir, e o monte de Her- suas famílias. 20De Gersão foi filho
mon, porque eram em grande nú­ Lobni, de Lobni Jaat, de Jaat Zama,
mero. 24E os chefes das casas das 21de Zama Joá, de Joá Ado, de Ado
suas linhagens foram Efer, e Jesi, e Zara, de Zara Jetrai. “ Filhos de
Eliel, e Ezriel, e Jeremias e Odoias, Caat: Aminadab, seu filho, Coré, f i­
e Jediel, homens fortíssimos e pos­ lho de Aminadab, Asir, de Coré, 23E1-
santes, e generais de grande repu­ cana de Asir, Abiasaf de Elcana, Asir
tação entre as suas famílias. “ Aban­ de Abiasaf, 24Taat de Asir, Uriel de
donaram, porém, o Deus de seus Taat, Ozias de Uriel, Saul de Ozias.
pais, e prostituíram-se seguindo os “ Filhos de Elcana: Amasai, e Aqui-
deuses dos povos da terra, que Deus mot, 26e Elcana. Filhos de Elcana:
exterminou diante dêles. “ Por isso Sofai, seu filho, Naat, filho de Sofai,
o Deus de Israel suscitou o espírito 27Eliab, filho de Naat, Jeroão, filho
de Fui, rei dos Assírios, e o espíri­ de Eliab, Elcana, filho de Jeroão.
to de Telgatfalnasar, rei de Assur; “ Filhos de Samuel: Vasseni, primo­
e transportou a tribo de Ruben, e a gênito, e Abia. “ Filhos de M erari:
tribo de Gad, e a meia tribo de Ma­ Mooli, Lobni, filho dêste, Semei, f i­
nassés, e levou-as para Laela, e para lho de Lobni, Oza, filho de Semei,
Habor, e para Ara, e para o rio Go- 30Samaa, filho de Oza, Hagia, filho de
zan, até ao dia de hoje. Samaa, Asaia, filho de Hagia.
Descendentes de Arão Cantores estabelecidos por D avi
ij f i lh o s de Levi: Gersão, Caat e 31Eis aquêles que Davi constituiu
u Merari. 2Filhos de Caat; Amrão, sôbre os cantores da casa do Senhor,
Isaar, Hebron, e Oziel. 3Filhos de depois que a arca foi colocada (em
A m rão: Arão, Moisés, e Maria. F i­ Jerusalém); 32e, cantando, ministra­
lhos de Arão: Nadad e Abiú, Elea- vam diante do tabernáculo do teste­
zar e Itamar. 4Eleazar gerou Fi- munho, até que Salomão edificou a
néias, e Finéias gerou Abisué, 5e Abi- casa do Senhor em Jerusalém; e
sué gerou Boci, e Boci gerou Ozi. exerciam o seu ministério segundo
6Ozi gerou Zaraias, e Zaraias gerou o seu turno. 33E eis os que serviam
Meraiot. 7E Meraiot gerou Amarias, juntamente com seus filhos: dos fi­
e Amarias gerou Aquitob. 8Aquitob lhos de Caat: Heman cantor, filho de
gerou Sadoc, e Sadoc gerou Aqui- Joel, filho de Samuel, 34filho de El-
maas. 9Aquimaas gerou Azarias, e cana, filho de Jeroão, filho de Eliel,
Azarias gerou Joanan. 10Joanan ge­ filho de Tou, 35filho de Suf, filho de
rou Azarias; êste é aquêlè que exer­ Elcana, filho de Maat, filho de Am a­
ceu o sacerdócio no templo que Sa­ sai, 30filho de Elcana, filho de Joel,
lomão tinha fundado em Jerusalém. filho de Azarias, filho de Sofonias,
“ Azarias gerou Amarias, e Amarias 37filho de Taat, filho de Asir, filho
gerou Aquitob. 12Aquitob gerou Sa­ de Abiasaf, filho de Coré, 38filho de
doc, e Sadoc gerou Selum. 13Selurn Isaar, filho de Caat, filho de Levi,
gerou Helcias, e Helcias gerou Aza­ filho de Israel.
rias. “ Azarias gerou Saraias, e Sa- 39E seu irmão Asaf, que estava à
raias gerou Josedec. 15Ora Josedec sua direita, e que era filho de Bara-
deixou a sua pátria, quando o Se­ quias, filho de Samaa, 40filho de M i­
nhor transferiu o povo de Judá e guel, filho de Basaia, filho de Mel-
de Jerusalém por meio de Nabuco- quia, "filh o de Atanai, filho de Za­
donosor. ra, filho de Adaia, "filh o de Etan,
6 PRIM EIRO LIVRO DOS PAR ALIPO M ENO S 443
filho de Zama, filho de Semei, Afi­ búrbios, e Alm at com os seus subúr­
lho de Jet, filho de Gersão, filho de bios, e Anatot com os seus subúr­
Levi. bios; ao todo treze cidades reparti­
44E seus irmãos, filhos de Merari, das entre as suas famílias.
estavam à esquerda: Etan, filho de 61E aos filhos de Caat, que resta­
Cusi, filho de Abdi, filho de Maloc, vam da sua família, foram dadas em
45filho de Hasabias, filho de Ama- possessão dez cidades da meia tribo
sias, filho de Helcias, 46filho de Ama- de Manassés. 02E aos filhos de Ger­
sai, filho de Boni, filho de Somer, são, segundo as suas famílias, foram
47filho de Mooli, filho de Musi, filho dadas treze cidades da tribo de Issa-
de Merari, filho de Levi. car, e da tribo de Aser, e da tribo
de Neftali, e da tribo de Manassés,
Outras funções dos Levitas em Basan. "E aos filhos de Merari,
segundo as suas famílias, foram da­
48E os Levitas seus irmãos foram das à sorte doze cidades da tribo de
destinados para todo o serviço do Ruben, e da tribo de Gad, e da tri­
tabernáculo da casa do Senhor. bo de Zabulão.
49Mas Arão e seus filhos queimavam
as vítimas sôbre o altar dos holo- 64Deram também os filhos de Israel
caustos e sôbre o altar dos perfumes, aos Levitas cidades com os seus su­
(ocupando-se) em tudo o que dizia búrbios; 65e deram-lhes por sorte es­
respeito ao Santo dos Santos; e ora­ tas cidades, da tribo dos filhos de Ju-
vam por Israel, seguindo tudo o que dá, e da tribo dos filhos de Simeão,
Moisés, servo do Senhor, tinha pres­ e da tribo dos filhos de Benjamim, as
crito. quais se chamaram com os seus pró­
prios nomes. 66E quanto aos que e-
Nota complementar sôbre a ram da parentela dos filhos de Caat,
descendência de Arão as cidades do seu domínio foram da
tribo de Efraim. 67Deram-lhes, pois,
50Ora os filhos de Arão são êstes: as cidades de refúgio: Siquém com
Eleazar seu filho, Finéias, filho de os seus subúrbios sôbre o monte de
Eleazar, Abisué, filho de Finéias, Efraim, e Gazer com os seus subúr­
51Boci, filho de Abisué, Ozi, filho de bios, 68Jecmaan com os seus subúr­
Boci, Zaraia, filho de Ozi, 52Meraiot, bios, e da mesma sorte Betoron, 69e
filho de Zaraia, Amarias, filho de Me- também Helon com os seus subúr­
raiot, Aquitob, filho de Amarias, bios, e Getremon da mesma maneira.
53Sadoc, filho de Aquitob, Aquimaas, 70E da meia tribo de Manassés, de­
filho de Sadoc. ram Aner com os seus subúrbios, e
Cidades habitadas pelos Levitas
Balaão com os seus subúrbios àque­
les que ainda restavam da linhagem
54E estas são as suas habitações pe­ dos filhos de Caat.
las povoações e arredores, isto é, as 71E aos filhos de Gersão deram da
habitações dos filhos de Arão, se­ meia tribo de Manassés: Gaulon em
gundo as famílias dos Caatitas: por­ Basan com os seus subúrbios e Asta-
que lhes tinham tocado por sorte. rot com os seus subúrbios. 72Da tri­
“ Foi-lhes, pois, dada Hebron na ter­ bo de Issacar (deram -lhes): Cedes
ra de Judã, e os subúrbios que a ro­ com os seus subúrbios, e Daberet
deiam; “ os campos, porém, da cida­ com os seus subúrbios, 73e também
de e as aldeias foram dadas a Caleb, Ramot com os seus subúrbios, e Anem
filho de Jefone. com os seus subúrbios.
57Foram, pois, dadas aos filhos de 74E da tribo de Aser: Masal com os
Arão: Hebron, a cidade de refúgio e seus subúrbios, e igualmente Abdon,
Lobna, com os seus subúrbios, Me 75e também Hucac com os seus subúr­
Jeter e Estemo, com os seus subúr­ bios, e Roob com os seus subúrbios.
bios. e também Helom e Dabir, com 76E da tribo de N eftali: Cedes na
os seus subúrbios, 59e igualmente* A- Galiléia com os seus subúrbios, Ha-
san e Betesemes, com os seus su­ mon com os seus subúrbios, e Caria-
búrbios; 60e da tribo de Benjamim taim com os seus subúrbios.
deram-lhes: Gabee com os seus su­ 77E aos filhos de Merari, que ain­
444 PRIM EIRO LIVRO DOS PARALIPO M ENO S 6-7
da restavam (deram ) da tribo de Za- muito valorosos, em número de dezes­
bulão: Remono com os seus subúr­ sete mil e duzentos, adestrados para
bios e Tabor com os seus subúrbios. a guerra. 12E Sefão e.H afão foram
78E da banda de além do Jordão, filhos de H ir; e Hasim foi filho de
defronte de Jericó, ao oriente do Jor­ Aer.
dão, deram da tribo de Ruben: Bo- Descendentes de N eftali
sor no deserto com os seus subúrbios,
e Jassa com os seus subúrbios, ,9e ME os filhos de N eftali foram: Ja-
também Cademot com os seus subúr­ siel, E Guni, e Jeser, e Selum, que
bios, e M efaat com os seus subúrbios. descendiam de Bala.
80E, além disso, (deram-lhes) aa
tribo de Gad: Ramot em Galaad com Descendentes de Manassés
os seus subúrbios, e Manaim com os
seus subúrbios, 81e também Hesebon 14E Esriel foi filho de Manassés; e
com os seus subúrbios, e Jezer com uma Siríaca, sua mulher de segunda
os seus subúrbios. ordem, deu à luz Maquir, pai de Ga-
laad. 15E Maquir tomou mulheres pa­
Descendentes de Issacar ra seus filhos Hafim e Safan; e teve
uma irmã chamada Maaca; e o nome
*7 *Os filhos de Issacar foram qua- do segundo foi Salfaad, e Salfaad te­
• tro: Tola e Fua, Jasub e Sime- ve só filhas. 16E Maaca, mulher de
ron. 2Os filhos de Tola foram: Ozi, Maquir, deu à luz um filho, ao qual
e Rafaia, e Jeriel, e Jemai, e Jebsem, pôs o nome de Farés; e seu irmão
e Samuel, que foram chefes das ca­ chamou-se Sares; e seus filhos fo ­
sas das suas linhagens. Da linhagem ram Ulão e Recén. 17E o filho de U-
de Tola foram contados, no tempo de lão foi Badan; êstes são os filhos de
Davi, vinte e dois mil e seiscentos Galaad, filho de Maquir, filho de Ma­
homens valorosíssimos. 3Filhos de nassés. ME sua irmã Regina deu â
Ozi: Izraía, do qual nasceram Miguel, luz (Isod que significa) varão fo r­
e Obadia, e Joel e Jesia, todos cin­ moso, e Abiezer, e Moola. 1UE/ os fi­
co príncipes. 4E com êles havia em lhos de Semida foram: Ain, e Se­
seus ramos e famílias trinta e seis quem, e Leci, e Anião.
mil homens fortíssimos e adestrados
para combater; porque tiveram mui­ Descendentes de Efraim ; suas moradas
tas mulheres e filhos; 5e dos seus ir­
mãos, em tôda a casa de Issacar, con- 20E os filhos de Efraim foram: Su-
taram-se oitenta e sete mil comba­ tala, Bared, seu filho Taat, seu filho,
tentes valorosíssimos. Elada, seu filho, Taat, seu filho, Za-
bad, filho dêste, 21e Sutala, filho dês-
Descendentes de Benjamin te, e Ezer, e Elad, filhos dêste; mas
6Os filhos de Benjamim foram três: os habitantes de Get mataram-nos,
Bela, e Becor, e Jadiel. 7Os filhos de por êles terem ido invadir as suas
Bela foram: Esbon, e Ozi, e Oziel, e possessões. “ Chorou-os Efraim, seu
Jerimot, e Urai, cinco chefes de fa ­ pai, durante muitos dias, e seus ir­
mílias, homens valentíssimos para o mãos foram para o consolar. “ De­
combate, cujo número foi de vinte e pois juntou-se com sua mulher, e ela
dois mil e trinta e quatro. 8Filhos concebeu e deu à luz um filho, e pôs-
de Becor: Zamira, e Joás, e Eliezer, lhe o nome de Béria, por ter nasci­
e Elioenai, e Amri, e Jerimot, e Abia, do no meio das aflições da sua fa ­
e Anatot, e Alm at; todos êstes foram mília. 24E a sua filha foi Sara, que
filhos de Becor. °E foram contados reedificou a alta e a baixa Betoron,
nas suas famílias pelos ramos das suas e Ozensara. “ Foram também seus
linhagens vinte mil e duzentos ho­ filhos Rafa, e Resef, e Tale, de. quem
mens valorosíssimos para a guerra. nasceu Taan, “ que foi pai de Laa-
10Filho de Jadiel: Balan. Filhos de dan, do qual foi filho Amiud, que ge­
Balan: Jeús e Benjamim, e Aod, e rou Elisama, 27do qual nasceu Nun,
Canana, e Zetan, e Tarsis, e Aisaar. que foi pai de Josué.
“ Todos êstes filhos de Jadiel foram 28E as suas possessões e a sua mo­
príncipes das suas famílias, homens rada foram: Betel com as suas de­
7-8 PRIM EIRO LIVRO DOS P A R ALIPôM E N O S 445

pendências, e Noran do lado do orien­ Meusim gerou Abitob e Elfaal. “ F i­


te, e Gazer com o que lhe pertence lhos de Elfaal: Heber, e Misaao, e Sa-
do lado do ocidente, e também Si- mad; êste fundou Ono e Lod, e as suas
quém com as suas dependências, a- dependências.
té Asa, com as suas dependências. “ E “ Baria e Sama foram chefes das
nos confins dos filhos de Manassés famílias que se estabeleceram em Aia-
tiveram: Betsan com as suas depen­ lon; êstes puseram em fuga os habi­
dências, Tanac com as suas dependên­ tantes de Get. 14Aío, e Sesac, e Jeri-
cias, Magedo com as suas dependên­ mot, 15e Zabadia, e Arod, e Heder,
cias, Dor com as suas dependências; 16e Miguel, e Jesfa, e Joâ foram des­
nestes lugares habitaram os filhos de cendentes de Baria. 17E Zabadia, e
José, filho de Israel. Mosolão, e Hezeci, e Heber, 18e Jesa-
rnari, e Jezlia, e Jobab foram filhos
Descendentes de Aser de Elfaal. 19E Jaclm, e Zecri, e Zab-
“ Os filhos de Aser foram: Jena, e di, “ e Elioenai, e Seletai, e Eliel, ae
Jesua, e Jessui, e Bariar, e Sara, sua Adaia, e Baraia, e Samarat foram fi­
irmã. 31Filhos de Baria: Heber e lhos de Semei. 22E Jesfão e Heber, e
Melquiel; êste é o pai de Barsait. “ E Eliel, “ e Abdon, e Zecri, e Hanan,
Heber gerou Jeflat, e Somer, e Ho- 24e Hanania, e Elão, e Anatotia, *e
tão, e Suaa, sua irmã. “ Filhos de Jefdaia, e Fanuel foram filhos de Se­
Jeflat: Fosec, e Camaal, e Asot; ês- sac. “ E Samsari, e Sooria, e Oto-
tes foram os filhos de Jeflat. “ F i­ lia, 27e Jersia, e Elia, e Zecri foram
lhos de Somer: Aí, e Roaga, e Haba e filhos de Jeroão. “ Estes são os pa­
Arão. “ Filhos de Helem, seu irmão: triarcas e os chefes das famílias que
Sufa, e Jena e Seles, e Amal. “ Filhos habitaram em Jerusalém.
de Sufa: Sué, Harnafer, e Sual, e Be-
ri, e Jamra, 37Bosor, e Hod, e Sama, Genealogia de Saul
e Salusa, e Jetran, e Bera. “ Filhos . “ Em Gabaão, porém, habitaram A -
de Jeter: Jefone e Fasfa, e Ara. “ F i­ bigabaão e sua mulher, chamada
lhos de Ola: Aree, e Haniel, e Resia. Maaca, “ e seu filho primogênito Ab­
^ o d o s êstes foram filhos de Aser, don, e Sur, e Cis, e Baal, e Nadab,
chefes de famílias, capitães distintos 31e também Gedor, e Aío, e Zaquer,
e valorosíssimos entre os generais; e Macelot. 32E macelot gerou Sa-
e o número dos que estavam em idade maa; e êstes habitaram em frente de
de tomar armas era de vinte e seis seus irmãos em Jerusalém juntamen­
mil. te com seus irmãos.
Outros descendentes de Benjamim 33N er gerou Cis, e Cis gerou Saul,
e Saul gerou Jônatas, e Melquisua,
Q benjam im gerou Bale, seu pri- e Abinadab, e Esbaal. 34E o filho de
° mogênito, Asbel o segundo, Aa- Jônatas foi Meribaal; e Meribaal ge­
ra, o terceiro, ^ o a a , o quarto, e rou Mica. “ Filhos de Mica: Fiton,
Rafa, o quinto. 3Os filhos de Bale e Meleque, e Taraa, e Aaz. “ E Aaz
foram: Adar, e Gera, e Abiud, 4e Abi- gerou Joada; e Joada gerol Almat,
sué, e Naaman, e Aoé, 5e também Azmot e Zamri; e Zamri gerou Mo-
Gera, e Sefufan, e Hurão. sa; 37e Mosa gerou Banaa, cujo fi­
6Estes são os filhos de Aod, chefes lho foi Rafa, do qual nasceu Elasa,
das famílias que habitaram em Ga- que gerou Asel. “ E . Asel teve seis
baa, e que foram transportados para filhos com êstes nomes: Ezricão, Bor-
Manaat; 7Naaman, e Áquia, e Gera, cru, Ismael, Saria, Obdia e Hanan;
o mesmo que os transportou e que todos êstes foram filhos de Asel. “ Os
gerou Oza e Aiud. filhos de Esec, seu irmão, foram : U-
8E Saaraim teve filhos no país de lão, primogênito e Jeús o segundo, e
Moab, depois que repudiou Husin e Elifalet o terceiro. “ E os filhos de
Bara, suas mulheres. °E de Hodes, Ulão foram homens robustíssimos e
sua mulher, teve Jobab, e Sébia, e hábeis no atirar do arco, e tiveram
Mosa, e Molcom, 10e também Jeús, e muitos filhos e netos, até cento e cin­
Sequia, e Marma; êstes foram os seus quenta. Todos êstes foram descen-
filhos, chefes em suas famílias. UE dentes de Benjamim.
446 PRIM EIRO LIVRO DOS P A R ALIPO M EN oS 9
Habitantes de Jerusalém 17E os (chefes dos) porteiros fo ­
ram: Selum, e Acub, e Telmon, e Ai-
O ^ o i, pois, contado todo o Israel: mão; e Selum seu irmão (era ) o
u e o seu número foi escrito no principal. 18Até àquele tempo esta­
livro dos reis de Israel e de Judá; e vam os filhos de Levi de guarda por
(os Israelitas) foram transportados seu turno à porta (do templo chama­
a Babilônia, por causa dos seus pe­ do) do rei, que ficava ao oriente. 19E
cados. 2E os que depois primeiro se Selum, filho de Coré, filho de Abiasaf,
restabeleceram nas suas possessões e filho de Coré, (estava ali) com seus
nas suas cidades, foram: os Israelitas, irmãos e a casa de seu pai, isto é,
e os sacerdotes, e os Levitas, e os Na- os Coritas, que têm a superintendên­
tineus. 3Estabeleceram-se em Jeru­ cia das obras do ministério, e guar­
salém parte dos filhos de Judá e de dam as portas do tabernáeulo; e as
Benjamim, e também de Efraim e de suas famílias guardavam por turno a
Manassés. 4(D a tribo de Judá) Otei, entrada do arraial do Senhor. 20Fi-
filho de Amiud, filho de Amri, filho néias, filho de Eleázaro, era o seu
de Omrai, filho de Boni, um dos filhos chefe diante do Senhor. 21E Zaca­
de Farés, filho de Judá. 5E de Silo- rias, filho de Mosolamia, era o por­
ni: Asaía, filho primogênito, e os seus teiro da porta do tabernáeulo do tes­
filhos. 6E dos filhos de Zara: Jeuel temunho.
e os seus irmãos, em número de seis­
centos e noventa. 7E da tribo de Ben­ 22Todos êstes escolhidos para guar­
jamim: Saio, filho de Mosolão, filho dar as portas, eram em número de
de Oduia, filho de Asana; 8e Joba- duzentos e doze, e estavam incluí­
nia, filho de Jeroão; e Ela, filho de dos no censo das suas cidades; e fo­
Ozi, filho de Mocori; e Mosolão, fi­ ram estabelecidos por Davi e Sa­
lho de Safatias, filho de Rauel, filho muel, o Vidente, por causa da sua
de Jebamas, 9e os irmãos dêstes, por fidelidade, 23tanto êstes, como os seus
suas famílias, em número de nove­ filhos, para guardarem por turno as
centos e cinqüenta e seis. Todos ês- portas da casa do Senhor e as do ta-
tes foram chefes de várias famílias bernáeulo. 24Os (chefes dos) portei­
nas casas de seus pais. 10E dos sa­ ros estavam alojados nos lugares cor­
cerdotes: Jedaia, Joiarib e Jaquim; respondentes aos quatro ventos, isto
lje também Azarias, filho de Helcias, é, ao oriente, ao ocidente, ao norte
filho de Mosolão, filho de Sadoc, filho e ao meio-dia. 25E seus irmãos (os ou­
de Maraiot, filho de Aquitob, pontí­ tros portevros) moravam nas suas al­
fice da casa do Senhor. 12E Adaias, deias e vinha cada um no seu sábado,
filho de Jeroão, filho de Fassur, fi­ de um tempo até outro tempo. 26A ês­
lho de Melquias; e Maasai, filho de tes quatro Levitas estava confiado
Adiei, filho de Jezra, filho de Mosolão, todo o número dos porteiros, e eram
filho de Mosolamit, filho de Emer; os encarregados das câmaras e dos
13e os irmãos dêstes, chefes de suas tesouros da casa do Senhor. 27A sua
famílias, em número de mil, setecen­ habitação era à roda do templo do
tos e sessenta, homens fortíssimos em Senhor, durante a sua guarda; e,
robustez para suportarem as fadigas chegada a hora, abriam as portas pe­
do ministério da casa do Senhor. la manhã.
14E dos Levitas foram (estabelecer- 28Da linhagem dêstes eram também
se em Jerusalém): Seméia, filho de os que tinham ao seu cuidado os va­
Assub, filho de Ezricão, filho de sos que serviam no ministério; porque
Hasebia, um dos filhos de Merari. 15E os vasos entravam e saíam por con­
Bacbacar carpinteiro, e Galai, e Ma- ta.
tanias, filho de Mica, filho de Zecri, 29Dêstes eram também os que ti­
filho de Asaf; 16e Obdias, filho de nham a seu cargo os utensílios do
Seméia, filho de Galai, filho de Idi- santuário, e que tinham cuidado da
tum; e Baraquias, filho de Asa, fi­ farinha, e do vinho, e do azeite, e
lho de Elcana, que morou nos arra­ do incenso, e dos aromas. ^Eram,
baldes de Netofati. porém, os filhos dos sacerdotes que
Cap. IX — 25. D e um tempo... isto é, desde o principio até ao fim da semana.
9 - 11 PRIM EIRO LIVRO DOS P AR ALIPO M EN oS 447
compunham os perfumes com os aro­ ro: Desembainha a tua espada e ma­
mas. 31E o Levlta Matatias, filho pri­ ta-me, não suceda virem êstes incir-
mogênito de Selum, Corita, tinha a cuncidados, e zombem de mim. Mas
seu cuidado tudo o que se frigia na 0 escudeiro, possuído de temor, não
sertã. 32E alguns dos filhos de Caat, quis fazer tal; então Saul pegou na
seus irmãos, tinham a seu cargo os sua espada e lançou-se sobre ela.
pães da proposição para os prepara­ 5Vendo isto o seu escudeiro, e que
rem sempre frescos todos os sába­ Saul certamente estava morto, êle
dos. “ Êstes eram os chefes dos can­ mesmo se lançou também sôbre a
tores entre as famílias dos Levitas, sua própria espada, e morreu. °Mor-
que moravam nas pousadas do tem­ reu, pois, Saul e três filhos seus e
plo, para de contínuo, de dia e de tôda a sua família pereceu juntamen-
noite, exercerem o seu ministério. te.
34Os chefes dos Levitas, príncipes das 7Ao ver isto, os Israelitas que ha­
suas famílias, habitaram ( sempre) bitavam nos campos, fugiram; e, es­
em Jerusalém. tando mortos Saul e seus filhos, a-
bandonaram as suas cidades, e espa-
Repetição da genealogia de Saul lharam-sè cada um para seu lado;
e foram os Filisteus, e estabelece­
35Em Gabaão habitaram Jeiel, pai ram-se nelas.
dos Gabaonitas, e sua mulher, que 8No dia seguinte, tirando os Filis-
se chamava Maaca; 36Abdon, seu f i­ teus os despojos dos mortos, encon­
lho primogênito, e Sur, e Cis, e Baal, traram Saul e os seus filhos estendi­
e Ner, e Nadab, 37e Gedor, e Aío, e dos no monte de Gelboé. 9E, tendo-o
Zacarias, e Macelot. 38E Macelot ge­ despojado e cortado a cabeça e tira­
rou Samaan; êstes habitaram em Je­ do as armas, levaram-no para a sua
rusalém com os seus irmãos, defron­ terra, para ser visto por tôdas as
te dos ( outros) seus irmãos. partes, e para que fôsse exposto nos
39E N er gerou Cis; e Cis gerou Saul; templos dos seus ídolos e aos olhos
e Saul gerou Jônatas, e Melquisua e do povo. 10E consagraram as suas
Abinadab, e Esbaal. 40E Jônatas te­ armas no templo do seu deus, e pre­
ve por filho a Meribaal; e Meribaal garam a cabeça no templo de Da-
gerou Mica. 41Os filhos de Mica fo ­ gon. nTendo os habitantes de Jabes
ram: Fiton, e Melec, e Taran, e Aaz. de Galaad ouvido tudo o que os Fi-
42E Aaaz gerou Jara, e Jara gerou listeus tinham feito a Saul, 12junta-
Alamat, e Azmot, e Zamri. E Zam- ram-se os mais fortes dêles, partiram
ri gerou Mosa. 43E Mosa gerou Ba- e tiraram os cadáveres de Saul e dos
naa, cujo filho Rafaia gerou Elasa, seus filhos, e trouxeram-nos para Ja­
do qual nasceu Asei. 44E Asei te­ bes, e enterraram os seus ossos de­
ve seis filhos com êstes nomes: Ez- baixo do carvalho que havia em Ja­
ricão, Bocru, Ismael, Saria, Obdia, bes. e jejuaram sete dias.
Hanan. Êstes são os filhos de Asel. 13Morreu, pois, Saul, por causa das
suas iniqüidades, porque tinha deso­
Morte de Saul e de seus filhos bedecido ao mandamento que o Se­
1 A 2Ora os Filisteus combatiam nhor lhe tinha imposto, e não o ti­
1u contra Israel, e os Israelitas nha observado; e, além disso, tinha
consultado a pitonisa, 14e não tinha
fugiram diante dos Palestinos, e pôsto a sua esperança no Senhor;
( muitos deles) caíram mortos no por isso êle o matou, e transferiu o
monte de Gelboé. 2E, avançando os seu reino para Davi, filho de Isaí.
Filisteus no alcance de Saul e de seus
filhos, mataram Jônatas, e Abinadab, D avi sagrado rei de Hebron
e Melquisua, filhos de Saul. 8E o com­
bate tornou-se mais violento contra 1 1 Congregou-se, pois, todo o Is-
Saul, e os seus frecheiros reconhece­ 1 * rael com Davi em Hebron,
ram-no, e transpassaram-no com suas dizendo: Nós somos teus ossos e tua
setas. 4E Saul disse ao seu escudei­ carne. 2E já antes, quando ainda rei-
Cap. X I — 1. Somos teus ossos... Expressão proverbial p ara indicar um a união intima.
448 PRIM EIRO LIVRO DOS PARALIPOM ENOS 11
nava Saul, eras tu que conduzias Is­ listeus, deu o Senhor uma grande v i­
rael; porque a ti disse o Senhor teu tória ao seu povo.
Deus: Tu apascentarás o meu povo “ Três dos trinta príncipes desce-
de Israel, e tu serás o seu príncipe. ram à rocha, onde estava Davi, jun­
3Todos os anciãos de Israel foram, to da caverna de Odolão, quando os
pois, ter com o rei a Hebron, e Da­ Filisteus tinham acampado no vale
v i fêz aliança com êles diante do de Rafaim. “ E Davi estava na for­
Senhor; e ungiram-no rei sôbre Is­ taleza e uma guarnição dos Filisteus
rael, em conformidade com a pala­ estava em Belém. 1TDavi teve en­
vra que o Senhor tinha proferido tão um desejo, e disse: Oh, quem me
por meio de Samuel. dera água da cisterna de Belém, que
está junto da porta (da cidade)!
Cêrco e tomada de Jerusalém “ Imediatamente êstes três homens
atravessaram pelo meio do acampa­
4E Davi marchou com todo o Is­ mento dos Filisteus, e tiraram água da
rael sôbre Jerusalém, que é Jebus, cisterna de Belém, que estava junto
onde estavam os Jebuseus, habitantes da porta, e levaram-na a Davi, para
do país. 5E os que habitavam em que bebesse; e êle não a quis beber,
Jebus, disseram & Davi: Tu não mas antes a ofereceu em libação ao
entrarás aqui. Mas Davi tomou a Senhor, “ dizendo: Longe de mim que
fortaleza de Sião, que é a cidade de eu tal faça na presença do meu Deus,
Davi; 6e disse: Aquêle que primeiro e que eu beba o sangue dêstes ho­
ferir um Jebuseu será príncipe e ge­ mens; porque me trouxeram água
neral. Subiu, pois, primeiro Joab, fi­ com perigo de suas vidas. E, por
lho de Sarvia, e foi feito príncipe. esta causa, não a quis beber. Isto
7E Davi habitou na fortaleza, e por fizeram aquêles três valentíssimos.
isso se chamou cidade de Davi. 8E
edificou a cidade em redor, desde “ E^Abisai, irmão de. Joab, era o
Melo até à outra extremidade; e Joab primeiro dos outros três. Também
reparou o resto da cidade. °E Davi ele levantou a sua lança contra tre­
fazia progressos, adiantando-se e for- zentos, que matou; e era o mais fa ­
talecendo-se, e o Senhor dos exérci­ moso entre os três, “ e o mais notável
tos era com êle. dentre os três do segundo terno, e
seu chefe; todavia nunca igualou os
três primeiros. “ Banaias, (natural)
lis t a dos heróis de D avi
de Cabseel, filho de Jojada, homem
10São êstes os principais entre os valentíssimo, que se assinalou em
homens fortes de Davi, que o ajuda­ grandes feitos; matou os dois Ariéis
ram a fazer-se rei sobre todo o Is­ (ou grandes leões) de Moab; e des­
rael, segundo a palavra que o Senhor ceu e matou um leão no meio duma
tinha dito a Israel. UE é êste o nú- cisterna em tempo de neve. “ Ma­
mero dos valentes de Davi: Jesbaão, tou também um Egípcio, cuja esta­
filho de Hacamoni, chefe dos trinta. tura era de cinco côvados, e tinha u-
Êste levantou a sua lança sôbre tre­ ma lança como órgão de tear dos te­
zentos, que feriu duma só vez. 12E, celões. Foi contra êle com um pau
depois dêste, Eleazar Aoita, filho de e tirou-lhe a lança que tinha na mão,
seu t.io paterno, que era um dos três e com esta mesma lança o matou.
valentes. 13Êste achou-se com Davi “ Estas coisas fêz Banaias, filho de
em Fesdomin, quando os Filisteus se Jojada, que era o mais afamado en­
juntaram ali para dar batalha. E os tre os três valentes, “ o principal en­
campos daquela região estavam cheios tre os trinta; todavia não igualava
de cevada; e o povo tinha fugido aos três primeiros. E Davi o admi­
diante dos Filisteus. 14Mas êstes tiu para seu conselheiro íntimo.
(Eleazar e Sema) conservaram-se “ Porém os mais valentes do exér­
firmes no meio do campo e defen- cito eram Asael, irmão de Joab, e
deram-no; e, tendo destroçado os F i- Elcanan de Belém, filho de seu tio pa-
12. Filho de seu tio paterno. Deve-se dizer com o hebraico: Filho de Dodo. O mesmo
no vero. 26.
11 - 12 PRIMEIRO LIVRO DOS PARALIPoM EN oS 449

terno, 27Samot de Arori, Heles de Fa- lentes, e soldados ótimos, armados de


lon, 28Ira de Técua, filho de Aces, A- escudo e lança; o seu rosto era co­
biezer de Anatote, 29Sobocai de Hu- mo o rosto de leão, e eram velozes
sate, Hai de Aó. 30Maaraí de Neto- como as cabras monteses. 90 primei­
fate, Heled, filho de Baana, de Neto- ro era Ezer, o segundo Obdias, o ter­
fate. 31Etai, filho de Ribai de Ga- ceiro Eliab, 10o quarto Masmana, o
baat da tribo de Benjamim, Banaia quinto Jeremias, “ o sexto foi Eti, o
de Faraton, 32Hurai da torrente de sétimo Eliel, 12o oitavo Joanan, o no­
Gaas, Abiel de Harbat, Azmot de no Elzebad, 13o décimo Jeremias, o
Baurami, Eliab de Salaboni. 33Os fi­ undécimo Macbanai. 14Êstes eram
lhos de Assen Gezonita, Jonatan, f i­ da tribo de Gad, tinham o comando
lho de Sage de Arari, 34Aião, filho do exército. O menor comandava
de Sacar, de Arari, 35Elifal, filho de cem soldados, e o maior, mil. 18Fo-
Ur, 36E fer de Mecerat, Aia, de Fe- ram êstes que passaram o Jordão no
lon, 37Hesro do Carmelo, Naaraí, fi­ primeiro mês, quando êle costuma
lho de Asbai, 38Joel, irmão de Natan, transbordar por cima de suas ribei­
Mibaar, filho de Agarai, 39Selec de ras; e puseram em fuga todos os que
Amoni, Naarai de Berot, escudeiro habitavam nos vales, assim ao orien­
de Joab, filho de Sarvia. 40Ira de te, como ao ocidente.
Jeter, Gareb de Jeter, 41Urias Heteu, 16E foram também vários da tribo
Zabad, filho de Ooli, 42Adina, filho de de Benjamim e da tribo de Judá, à
Siza, da tribo de Ruben, chefe dos fortaleza em que estava Davi. 17E
Rubenitas, e com êle outros trinta, Davi saiu-lhes ao encontro, e disse:
43Hanan, filho de Maca, e Josafat Ma­ Se vindes pacificamente a socorrer-
tam, 44Ozias Astarotita, Sarna e Je- me, o meu coração se unirá ao vos­
iel, filhos de Hotão de Arori, 45Je- so; mas, se me armais ciladas, se­
diel, filho de Samri e Joa, seu irmão, cundando os meus inimigos, embora
de Tosa, 46Eliel de Maumi, e Jeribai, eu tenha as minhas mãos limpas de
e Josaia, filhos de Elnaem, e Jetma de qualquer ini^üidade, o Deus de nossos
Moab, Eliel, Obed, e Jasiel de Ma- pais seja disto testemunha e juiz.
sobia. 18Amasi, porém, primeiro entre os
Heróis partidários de D avi
trinta, revestido do espírito (divino) ,
durante a vida de Saul
disse: Nós somos teus, ó Davi, e esta­
mos contigo, ó filho de Isaí. A paz,
1 0 1Êstes são os que foram jun- a paz seja contigo, e a paz seja com
tar-se com Davi em Siceleg, os teus defensores, porque o teu
quando ainda fugia de Saul, filho de Deus te protege. Davi, pois, recebeu-
Cis, e eram homens fortíssimos e ex­ os e constituiu-os comandantes das
celentes guerreiros 2que manejavam tropas.
o arco, e hábeis em arremessar com 19E também alguns da tribo de Ma-
ambas as mãos pedras com fundas, nassés se passaram para Davi, quan­
e em atirar setas; eram parentes de do êle marchava com os Filisteus
Saul, da tribo de Benjamin. 30 prin­ contra Saul, para pelejar; mas não
cipal era Aiezer, e depois Joás, fi­ pelejou com êles, porque os príncipes
lhos de Sarna, de Gabaat* e Jaziel, dos Filisteus, tendo feito conselho,
e Falet, filhos de Azmot, e Baraca, despediram-no, dizendo: Êle, com
e Jeú de Anatot. 4E Samaias de Ga- perigo das nossas vidas, voltará pa­
baão, o mais valente dos trinta, e co­ ra Saul, seu amo. 20Quando êle, pois,
mandante dos trinta; Jeremias, e voltou para Siceleg, fugiram para ê-
Jeeziel, e Joanan, e Jezabad de Ga- le, da tribo de Manasses, Ednas, e
derot; 5e Elusai, e Jerimut, e Baalia, Jozabad, e Jediel, e Miguel, e Ed­
e Samaria, e Safatia de Haruf; 6El- nas, e Jozabad, e Eliu, e Salati, co­
cana, e Jesias, e Azareel, e Joezer, e mandantes de mil homens na tribo
Jesbaão de Careim; 7e Joela, e Za- de Manassés. 21Êstes prestaram au­
badia, filhos de Jeraão de Gedor. xílio a Davi contra os guerrilheiros
8E, além dêstes, dos Gaditas pas- (dos Amalecitas) , porque todos eram
saram-se para Davi, quando estava o- homens fortíssimos; e foram feitos
culto no deserto, homens muito va­1 5 capitães do exército. 22E assim cada
15 - B íb lia Sagrada
450 PRIMEIRO LIVRO DOS PARALIPôMENOS 12 - 13

dia concorria gente a Davi para o au­ mas também todo o resto de Israel
xiliar, até que se fêz um grande nú­ tinha um mesmo coração para que
mero, como um exército de Deus. Davi fôsse feito rei. 39E demoraram-
se lã, junto a Davi, três dias, comen­
Guerreiros que foram a Hebron do e bebendo, porque seus irmãos lhes
p ara elegerem rei a D avi tinham preparado provisões. ^E, a-
lém dos vizinhos, até os de Issacar, e
23Êste é igualmente o número dos de Zabulão, e de Neftali, traziam em
capitães do exército, que foram ter jumentos, e camelos, e burros, e
com Davi, quando estava em Hebron, bois, víveres para se sustentarem;
a fim de transferirem para êle o rei­ traziam farinha, figos, passas de u-
no de Saul, conforme a palavra do va, vinho* azeite, bois e carneiros em
Senhor. 24Dos filhos de Judá, que grande abundância; porque havia re­
manejavam escudo e lança, seis mil gozijo em Israel.
e oitocentos homens, prontos para a
peleja. “ Dos filhos de Simeão, ho­ Transporte da arca p ara a casa
mens fortíssimos para a guerra, sete de Obededom
mil e cem.
26Dos filhos de Levi, quatro mil e 1 0 2Ora Davi teve conselho com
seiscentos. 27E Jojada, príncipe da 1° os tribunos e centuriôes, e com
linhagem de Arão, e com êle três mil todos os príncipes, 2e disse a todo
e setecentos. 28E Sadoc, jovem de o ajuntamento de Israel; Se vos pa­
excelente índole, e a casa de seu pai, rece bem e se o que vos vou propor
com vinte e dois chefes de família. vem do Senhor nosso Deus, mande­
29E dos filhos de Benjamim, irmãos de mos chamar todos os outros nossos ir­
Saul, três mil, porque uma grande mãos, por tôdas as províncias de Is­
parte dêstes seguia ainda a casa de rael, e os sacerdotes e Levitas, que
Saul. 30E dos filhos de Efraim, vin­ habitam nos arrabaldes das cidades,
te mil e oitocentos homens muito es­ para que se reunam junto de nós, 3e
forçados, e de grande reputação nas reconduzamos para nós a arca do
suas famílias. 31E da meia tribo de nosso Deus, já que nós a não busca­
Manassés, dezoito mil, cada um pelos mos no tempo de Saul. 4E todo o a-
seus nomes, foram para eleger rei a juntamento respondeu que assim se
Davi. fizesse, porque a todo o povo agra­
32E dos filhos de Issacar, homens dara a proposta.
eruditos, e que sabiam notar todos 5Reuniu, pois, Davi todo o Israel
os tempos para ordenarem o que Is­ desde o rio Sior do Egito até à entra­
rael devia fazer, duzentos chefes. E da de Emat, para conduzir a arca
todo o resto da tribo seguia o seu de Deus de Cariatiarim (a Jerusa­
conselho. 33E dos de Zabulão, que lém ). tiE Davi saiu com todos os ho­
iam à guerra e que se punham em mens de Israel para a colina de Ca-
campo providos de armas guerreiras, riatiarim, que está na tribo de Ju­
foram em auxílio cinqüenta mil com dá, para de lá trazer a arca do Se­
um coração sincero. 34E dos de N ef- nhor Deus, que está sentado sôbre os
tali, mil oficiais; e com êles trinta e querubins, onde é invocado o seu no­
sete mil homens, armados de escudos me. 7E puseram a arca de Deus em
e de lanças. “ E dos de Dan, vinte e cima dum carro novo, retirando-a da
oito mil e seiscentos, prontos para a casa de Abinadab; e Oza e seu irmão
guerra. 30E dos de Aser, quarenta guiavam o carro. 8Entretanto Davi
mil, que marchavam à guerra e pro­ e todo o Israel manifestavam a sua
vocavam a batalha. S7E da banda de alegria diante de Deus com tôda a
além do Jordão cento e vinte mil, sua fôrça em cânticos e tangendo
dos filhos de Ruben, e de Gad, e da citaras e saltérios, e tambores, e tím-
meia tribo de Manassés, providos de bales, e trombetas.
armas de guerra. °E, quando chegaram à eira de
“ Todos êstes homens guerreiros, Quidon, Oza estendeu a mão para
prontos para combater, foram com suster a arca, porque um boi, recal-
um coração sincero a Hebron, para citrando, a tinha feito inclinar um
constituir Davi sôbre todo o Israel; pouco. 10Irritou-se, pois, o Senhor
13 - 15 PRIMEIRO LIVRO DOS PARALIPÔMENOS 45 l

contra Oza, e feriu-o por ter tocado teus deixaram ali os seus deuses, aos
na arca (não sendo sacerdote), e quais Davi mandou queimar.
morreu ali diante do Senhor. UE 13Os Filisteus fizeram ainda outra
Davi afligiu-se, porque o Senhor ti­ erupção, e espalharam-se pelo vale.
nha separado Oza, e chamou àquele, 14E Davi consultou segunda vez a
lugar a Divisão de Oza, (nome que Deus, e Deus disse-lhe: Não vás atrás
conserva) até ao dia de hoje. dêles, e irás contra êles por diante
12E Davi temeu então a Deus, di­ das pereiras. 15E, quando ouvires o
zendo: Como poderei eu levar para ruído de quem anda pelo alto das pe­
minha casa a arca de Deus? 13E por reiras, então sairás à peleja; porque
esta razão não a conduziu para sua Deus saiu diante de ti, para desba­
casa, isto é, para a cidade de Davi, ratar o acampamento dos Filisteus.
mas mandou-a levar para casa de 16Fêz, pois, Davi como o Senhor lhe
Obededom de Get. 14Ficou, pois, a tinha mandado, e desbaratou o acam­
arca de Deus em casa de Obededom pamento dos Filisteus, desde Gabaão
durante três meses; e o Senhor aben­ até Gazera. 17E a fam a de Davi es­
çoou a sua casa e tudo o que lhe per­ palhou-se por todos os povos, e o Se­
tencia. nhor o fêz formidável a todas as
gentes.
'Palácio de D avi
1A ^ ir ã o , rei de Tiro enviou A arca é transportada a Jerusalém
também mensageiros a Davi, e 1 tj JE edificou também casa para
e madeiras de cedro, e pedreiros, e 1° si na cidade de Davi, e edifi­
carpinteiros, para lhe fazerem uma cou um lugar (próprio) para a arca
casa. 2E Davi reconheceu que o Se­ de Deus, e levantou-lhe um taberná-
nhor o tinha confirmado rei sôbre culo. 2Então disse Davi: N ão é per­
Israel, e que o seu reino se tinha ele­ mitido que a arca de Deus seja leva­
vado sôbre Israel, seu povo. da por alguém senão pelos Levitas,
F il h o s que D a v i te v e em J e ru s a lé m aos quais o Senhor escolheu para a
levarem e para serem seus ministros
3E Davi tomou também em Jerusa­ perpètuamente. 3E congregou todo o
lém outras mulheres, e teve filhos e Israel em Jerusalém, para trasladar
filhas. 4Êstes são os nomes dos que a arca de Deus ao seu lugar, que lhe
lhe nasceram em Jerusalém: Samua, tinha preparado. 4E convocou tam­
e Sobad, e Natan, e Salomão, 5Je- bém os filhos de Arão e os Levitas.
baar, e Elisua, e Elifalet, °e Noga, e 5Dos filhos de Caat o principal era
Nafeg, e Jafia, 7Elisama, e Baaliada, Uriel, com seus irmãos em número
e Elifalet. de cento e vinte. 6Dos filhos de Me-
Duas vitórias de D avi sôbre os Filisteus rari o principal era Asaia, com seus
irmãos em número de duzentos e
8Ora os Filisteus, tendo ouvido di­ vinte. 7Dos filhos de Gersão o prin­
zer que Davi tinha sido ungido rei cipal era Joel, com seus irmãos em
sôbre todo o Israel, juntaram-se to­ numero de cento e trinta. 8Dos f i ­
dos para o investirem. Davi, tendo lhos de Elisafan o principal era Se­
sabido isto, foi ao seu encontro. °Os meias, com seus irmãos em número
Filisteus, tendo chegado, espalharam- de duzentos. 9Dos filhos de Hebron
se pelo vale de Rafaim. 10E Davi o principal era Eliel, com seus ir­
consultou o Senhor, dizendo: Irei eu mãos em número de oitenta. 10Dos
contra os Filisteus, e entregar-mos- filhos de Oziel o principal era Am i-
-ás tu nas minhas mãos? E o Se­ nadab, *com seus irmãos em número
nhor respondeu-lhe: Vai, e eu tos de cento e doze. nE Davi chamou
entregarei nas tuas mãos. nTendo os sacerdotes Sadoc e Abiatar, e os
ôles, pois, chegado a Baalfarasim, D a ­ Levitas Uriel, Asaia, Joel, Semeias,
vi desbaratou-os aí, e disse: O Se­ Eliel, e Aminadab, 12e disse-lhes: Vós,
nhor dividiu, por meio da minha mão, que sois os chefes das famílias levi-
os meus inimigos assim como se di­ ticas, purificai-vos com vossos ir­
videm as águas; e por isso êste lugar mãos, e transportai a arca do Senhor
se chamou Baalfarasim. 12E os Filis­ Deus de Israel ao lugar que lhe foi
452 PRIMEIRO LIVRO DOS PARALIPOMENoS 15 - 16
preparado, 13a fim de que, como na Deus assistido aos Levitas, que leva­
primeira vez, porque não estáveis vam a arca da aliança do Senhor, fo ­
presentes, nos feriu o Senhor, não ram imolados sete touros e sete car­
nos aconteça agora o mesmo, fazen­ neiros. 27E Davi estava vestido duma
do alguma coisa ilícita. 14Os sacer­ túnica de linho fino, e todos os L e v i­
dotes, pois, e os Levitas purificaram- tas que levavam a arca, e os canto­
se, para transportar a arca do Senhor res e Conenias, regente do côro dos
Deus de Israel. 15E os filhos de Le- cantores; mas Davi estava também
vi tomaram a arca de Deus aos om­ vestido dum efod de linho. 28E to­
bros pelos varais, como Moisés tinha do o Israel acompanhava a arca da
ordenado conforme a palavra do Se­ aliança do Senhor com vozes de jú ­
nhor. bilo, e ao som de clarins, e trombe­
D avi institui cantores e tocadores
tas, e tímbales, e náblios, e citaras.
29E, quando a arca da aliança do Se­
16E Davi disse aos chefes dos L e v i­ nhor chegou à cidade de Davi, Micol,
tas que constituíssem dentre seus ir­ filha de Saul, olhando da janela, viu
mãos cantores com instrumentos mú­ que o rei Davi saltava e dançava
sicos, isto é, com náblios, e liras, e (diante da arca), e desprezou-o no
tímbales, a fim de que ressoasse até seu coração.
ao céu o som da alegria. 17Consti- Sacrifícios oferecidos e organização
tuíram, pois, dos Levitas: Heman, fi­ do culto
lho de Joel, e dentre os seus irmãos,
a Asaf, filho de Baraquias; e dos f i­ 1C ^Levaram, pois, a arca de Deus,
lhos de Merari, seus irmãos, (consti- e colocaram-na no meio do ta-
tuiram ) Etan, filho de Casaia. 18E bernáculo, que Davi lhe tinha levan­
com êles os seus irmãos. E na se­ tado, e ofereceram holocaustos e hós­
gunda ordem (ou coro) Zacarias, e tias pacíficas diante de Deus. 2E,
Ben, e Jaziel, e Semiramot, e Jaiel, tendo Davi acabado de oferecer os
e Ani, Eliab, e Banaias, e Maasias, e holocaustos e as hóstias pacíficas,
Matatias, e Elifalu, e Macenias, e abençoou o povo em nome do Senhor.
Obededom, e Jeiel, que eram portei­ 3E distribuiu a todos um por um, tan­
ros. to a homens como a mulheres, uma
18Ora os cantores Heman, Asaf e torta de pão e um pedaço de carne
Etan tocavam tímbales de metal. 20E de vaca assada, e flor de farinha fr i­
Zacarias, e Oziel, e Semiramot, e ta em azeite.
Jaiel, e Ani, e Eliab, e Maasias, e Ba­ 4E estabeleceu dentre os Levitas os
naias cantavam, ao som dos náblios, que haviam de servir diante da arca
hinos misteriosos. 21E Matatias, e do Senhor, e fazer comemoração das
Elifalu, e Macenias, e Obededom, e suas obras, e glorificar, e louvar o
Jeiel, e Ozaziu cantavam ao som das Senhor Deus de Israel. 5Nomeou
citaras na oitava (in fe rio r) cânticos Asaf o primeiro, e Zacarias o segun­
triunfais. 22E Conenias, chefe dos do, e depois Jaiel, e Semiramot, e
Levitas, presidia ao canto para dar o Jeiel, e Matatias, e Eliab, e Banai­
tom, porque era muito entendido. as, e Obededon; Jeiel para tocar o
“ E Baraquias e Elcana eram portei­ saltério e liras; e Asaf para tocar
ros da arca. 24E os sacerdotes Sebe- os tímbales; o sacerdote Ba­
nias, e Josafat, e Natanael, e Ama- naias e Jaziel para tocarem continua­
sai, e Zacarias, e Banaias, e Eliezer, mente a trombeta diante da arca da
tocavam trombetas diante da arca de aliança do Senhor. 7Naquele dia Da­
Deus, e Obededom e Jeías eram vi constituiu Asaf primeiro cantor,
(tam bém ) porteiros da arca. para cantar os louvores ao Senhor
Solenidade da transladação da arca com seus irmãos, (dizendo):
Cântico composto por D avi
“ Portanto Davi e todos os anciãos
de Israel e os tribunos foram com 8Louvai, o Senhor, e invocai o seu
alegria para trasladarem da casa de nome; tornai conhecidas as suas o-
Obededom (para Jerusalérn) a arca bras entre os povos. °Cantai em seu
-da aliança do Senhor. 26E, tendo louvor, e salmodiai para sua glória;
16 - 17 PRIMEIRO LIVRO DOS PARALIPOMENoS 45 3

e anunciai tôdas as suas maravilhas. terra. 34Dai glória ao Senhor, por­


10Louvai o seu santo nome; alegre-se que é bom, porque a sua misericór­
o coração dos que buscam o Senhor. dia é eterna. 35E dizei: Salva-nos, ó
“ Buscai o Senhor e a sua fortale­ Deus nosso Salvador, e junta-nos, e
za; buscai sempre a sua face. “Lem ­ tira-nos do meio das gentes, para que
brai-vos das maravilhas que êle fêz, demos glória ao teu santo nome, e
dos seus prodígios, e dos juízos da sua exultemos em teus cânticos.
bôca, 13vos que sois os descendentes “ Bendito seja o Senhor Deus de Is­
de Israel, seu servo, filhos de Jacó, rael, desde a eternidade até à eterni­
seu escolhido. “ Êle é o Senhor nos­ dade; e todo o povo diga: Amém,
so Deus; em tôda a terra se exercem e cante hinos ao Senhor.
os seus juízos. “Lembrai-vos eterna­
mente do seu pacto, da lei que pres­ Distribuição dos Levitas em
creveu para mil gerações (isto é> pa­ Jerusalém e em Gabaão
ra sempre) : 16(do pacto) que fêz com
Abraão, e do seu juramento com Isac, 37Davi, pois, deixou ali, diante da
17e que estabeleceu como lei para Ja­ arca da aliança do Senhor, A saf e os
có, e para Israel como um pacto eter­ seus irmãos, para servirem continua-
no, “dizendo: Eu hei de dar-te a ter­ mente na presença da arca todos os
ra de Canaã, como parte da vossa dias, e por seus turnos. 38E deixou
herança. 19(E dizia isto) quando êles também Obededom e os seus irmãos,
eram em pequeno número, pobres e que eram sessenta e oito; e estabe­
estrangeiros nela. 20E, quando pas­ leceu como porteiros a Obededom, fi­
savam de nação em nação, e dum rei­ lho de Iditun, e a Hosa. 39E pôs o
no para outro povo, “não permitiu sacerdote Sadoc e os seus irmãos sa­
que alguém lhes fizesse mal; antes cerdotes diante do tabernáculo do Se­
por causa dêles castigou reis. “Não nhor no lugar alto, que havia em Ga-
toqueis (disse) o s meus ungidos, e baão, 40para oferecerem continuamen-
não façais mal aos meus profetas. te holocaustos ao Senhor, de manhã
e de tarde, em cima do altar dos
“ Cantai ao Senhor, (o habitantes) holocaustos, conforme tudo o que es­
de tôda a terra; anunciai de dia em tá escrito na lei do Senhor, prescrita
dia a salvação que vos deu. “ Publi­ a Israel. 41E, depois dêle, estavam
cai a sua glória entre as gentes, e as Hem an e Iditun, e os outros que ti­
suas maravilhas entre todos os povos. nham sido escolhidos e designados ca­
“ Porque o Senhor é grande e digno da um por seu nome para louvar o
de louvores infinitos; e mais terrível Senhor, dizendo que a sua misericór­
que todos os deuses. “ Porque todos dia é eterna. 42Hem an e Iditun to­
os deuses das gentes são ídolos; mas cavam também a trombeta e os tím-
o Senhor (é o que) fêz os céus. 270 bales, e todos os instrumentos músi­
louvor e a magnificência estão dian­ cos, para cantarem louvores a Deus.
te dêle; a fortaleza e o gôzo na E destinou para porteiros os filhos
sua morada. “Tributai ao Senhor, ó de Iditun.
famílias dos povos, tributai ao Senhor 43E todo o povo voltou para sua ca­
glória e poder. “ Tributai ao Senhor sa, e também Davi para a sua, a fim
a glória devida ao seu nome; trazei de a abençoar.
hóstias, e vinde à sua presença, e
adorai o Senhor com os santos orna­ D avi não edificará um templo a Deus
mentos.
“Trem a tôda a terra diante da sua 1 7 h a b ita n d o já Davi no seu pa-
face, porque êle deu fundamentos es­ 11 lácio, disse ao profeta N atan:
táveis ao universo. 31Alegrem -se os Eis que eu habito numa casa de ce­
céus, e exulte a terra, e diga-se en­ dro, e a arca da aliança do Senhor
tre as nações: O Senhor é o rei. está sob uma tenda. 2E N atan res­
32Bram e o m ar e tudo o que nêle se pondeu a Davi: Faze tudo o que tens
contém; exultem os campos e tudo no teu coração, porque Deus é com
o que ha nêles. “ Então as árvores tigo.
do bosque cantarão louvores diante 3Mas naquela noite o Senhor falou
do Senhor, porque êle veio ju lgar a a Natan, dizendo: 4Vai, e dize a D a ­
454 PRIMEIRO LIVRO DOS PARALIPÔMENOS 17 - 18

vi, meu servo: Isto diz o Senhor: Tu co em tua presença, e por isso falas­
não me edificarás uma casa para te sôbre a casa de teu servo, ainda
eu habitar. 5Porque eu não tenho ti­ para o futuro, e me fizeste mais no­
do casa certa desde o tempo em que tável do que todos os homens, Se­
libertei Israel (do E g ito ) até ao pre­ nhor Deus. 18Que mais pode desejar
sente, mas tenho sempre mudado os Davi, tendo tu glorificado assim o teu
lugares do tabernáculo, e estive de­ servo, e conhecendo-o? 19Senhor, por
baixo duma tenda, °morando com to­ amor do teu servo, conforme o teu
do o Israel. Porventura dirigi eu al­ coração, procedestes com tanta mag­
guma palavra a algum dos juizes de nificência, e quiseste que êle conhe-
Israel, a quem tinha mandado que cesse tôdas as maravilhas. 20 Senhor,
apascentassem o meu povo, dizendo- não há outro semelhante a ti, e não
lhe: porque não me edificastes vos há outro Deus senão tu, entre todos
uma casa de cedro? 7Agora, pois, di­ aquêles de quem temos ouvido falar.
rás assim ao meu servo Davi: Eis o 21Que outro povo há, pois, como o teu
que diz o Senhor dos exércitos: povo de Israel, nação única na ter­
Quando tu conduzias os rebanhos a ra, para a qual se encaminhou Deus,
pastar, eu te escolhi para seres che­ para a livrar e para a fazer o seu po­
fe do meu povo de Israel, 8e fui con­ vo e para, pelo seu poder e pelos seus
tigo, por onde quer que andavas, e terrores, expulsar as nações de dian­
extingui, à tua vista, todos os teus te dêste povo, a quem tinha livrado
inimigos, e fiz o teu nome tão ilus­ do Egito? 2 12*E estabeleceste o teu po­
tre como o dum dos grandes que são vo de Israel por teu povo para sem­
famosos sôbre a terra. °E dei um pre, e tu, ó Senhor, te constituíste o
lugar fixo ao meu povo de Israel, no seu Deus.
qual será confirmado, e nêle habita­ 23Agora, pois, Senhor, confirme-se
rá, e nunca mais será removido dêle para sempre a promessa que fizeste
(se obedecer a minha le i) ; nem os f i­ a teu servo e sôbre a sua casa, e faze
lhos da iniqüidade os oprimirão, co­ 0 que disseste. 24E para sempre per­
mo antes, 10aesde o tempo em que dei maneça e seja glorificado o teu no­
juizes ao meu povo de Israel e humi­ me, e diga-se: O Senhor dos exérci­
lhei todos os teus inimigos. Eu, pois, tos, é o Deus de Israel, e a casa de
te declaro que o Senhor há de fun­ Davi, seu servo, permanece sempre
dar para ti uma casa (estável). estável diante dêle. “ Porque tu, Se­
Deus promete à casa de D avi
nhor meu Deus, revelaste ao ouvido
um reino eterno do teu servo que lhe edificarias uma
casa; e por isso o teu servo se en­
21E quando os teus dias estiverem cheu de confiança para orar em tua
completos para ires para teus pais, presença. 20Agora, pois, ó Senhor, tu
eu suscitarei depois um do teu san­ és Deus (in fa lível) , e tu prometeste
gue, que será dos teus filhos, e es­ tão grandes benefícios a teu servo,
tabelecerei o seu reino. 12Êsse me e- 27e começaste a abençoar a casa do
dificará uma casa, e firm arei o seu teu servo, para que subsista sempre
trono para sempre. 13Eu serei seu diante de ti; porque, abençoando-a
pai, e ele será meu filho; e eu não tu, ó Senhor, para sempre será aben­
tirarei dêle a minha misericórdia, co­ çoada.
mo a tirei de (Saul) teu predecessor. N ovas vitórias de D avi
14Mas eu o estabelecerei na minha ca­
sa e no meu reino para sempre; e o 1 0 d e p o is disto, aconteceu que
seu trono será imóvel perpètuamente. 1 ° Davi derrotou os Filisteus, e
15Natan falou a Davi segundo tôdas os humilhou, e tomou das mãos dos
estas palavras, e segundo tôda esta Filisteus Get e as cidades da sua de­
visão. pendência; 2derrotou também Moab,
16E, tendo ido o rei Davi diante do e os Moabitas ficaram sujeitos a Da­
Senhor, e tendo ali parado, disse: vi, pagando-lhe tributos.
Quem sou eu, Senhor Deus, e que ca­ 3Neste tempo Davi derrotou tam­
sa é a minha para que me faças tais bém Adarezer, rei de Soba, no país
coisas? 17Mas isto pareceu ainda pou­ de Hemat, quando partiu para esten­
18 - 19 PRIMEIRO LIVRO DOS P A RA LIPôM E N oS 455

der o seu império até ao rio Eufra- Os mensageiros de D avi são ultrajados
tes. “Davi tomou-lhe mil carroças ti­ por Hanon
radas a quatro cavalos, e sete mil ca­
valeiros, e cortou os jarretes a todos 1Q 2Ora aconteceu falecer Naas, rei
os cavalos das carroças, exceto a cem dos Amonitas, e seu filho rei­
tiros de quatro cavalos, que reservou nou em seu lugar. 2E Davi disse:
para si. Quero mostrar o meu afeto a Hanon,
5E, sobrevindo os Sírios de Damas­ filho de Naas, pois que recebi favores
co em socorro de Adarezer, rei de So­ de seu pai. E Davi mandou mensa­
ba, Davi matou-lhes vinte e dois mil geiros para o consolarem na morte
homens. °E pôs guarnição em Da­ ae seu pai. Mas, tendo êles chegado
masco, para que também tivesse su­ ao país dos Amonitas, para consola­
jeita a si a Síria, e lhe fôsse tribu­ rem Hanon, 3os grandes dos Amoni­
tária. E o Senhor ajudou-o em tu­ tas disseram a Hanon: Julgas talvez
do aquilo que empreendeu. Tom ou que Davi, por honrar a memória de
também Davi as aljavas de ouro que teu pai, te mandou homens que te
tinham sido dos soldados de Adare- consolassem; e não vês que os servos
zer, e levou-as para Jerusalém. vieram para explorar e examinar, e
Tom ou também de Tebat e de Cun, esquadrinhar o teu país. 4Hanon,
cidades do rei Adarezer, grande pois, mandou rapar a cabeça e a bar­
quantidade de bronze, com o qual Sa­ ba aos servos de Davi, e fêz-lhes reta­
lomão fêz o mar de bronze, e as co­ lhar as suas túnicas da cintura até
lunas, e os vasos de bronze. aos pés* e despediu-os. 5Tendo-se ê-
°Ora Tou, rei de Hemat, tendo ou­ les retirado, e, tendo sido avisado
vido dizer que Davi tinha desfeito to­ disto Davi, (êste) mandou ao seu en­
do o exército de Adarezer, rei de So­ contro (porque era grande o ultra­
ba, 10enviou Adorão, seu filho, ao rei je que tinham padecido), e ordenou-
para lhe pedir a sua aliança e lhes que ficassem em Jerico até lhes
para lhe dar os parabéns por ter des­ crescer a barba, e então voltassem.
feito e vencido Adarezer; porque Tou °Vendo, pois, os Amonitas, assim
era inimigo de Adarezer. Hanon com todo o povo, que tinham
“ Consagrou também o rei Davi ao feito injúria a Davi, mandaram mil
Senhor todos os vasos de ouro, e de talentos de prata, para tomarem a
prata, e de bronze, com a prata e seu sôldo carroças de guerra e cava­
ouro que tinha tomado a todos os po­ laria da Mesopotãmia, e da Síria de
vos, assim da Iduméia, e de Moab, e Maaca, e de Soba. 7E assoldadaram
de Amon, como também aos Filisteus trinta e duas mil carroças, e o rei de
e aos Amaíecitas. “ Por outro lado Maaca com seu povo. E, tendo
Abisai, filho de Sarvia, derrotou de­ êles marchado, acamparam defronte
zoito mil Idumeus no vale das Sali­ de Medaba. É os Amonitas, tendo-
nas, 13e pôs um presídio na Iduméia, se juntado das suas cidades, saíram
para que a Iduméia ficasse sujeita a para a guerra.
Davi; e o Senhor salvou Davi em tô- D avi derrota os Amonitas e os Sírios
das as expedições que fêz.
8Davi, informado disto, mandou
Oficiais de D avi Joab e todo o exército de homens va ­
lentes; °e, tendo saído os Amonitas,
14Davi reinou, pois, sôbre todo o Is­ formaram-se em batalha junto da
rael, e julgava e fazia justiça a todo porta da cidade; e os reis, que tinham
o seu povo. 15E Joab, filho de Sar­ ido em seu socorro, fizeram alto se­
via, era generalíssimo dos exércitos; paradamente na campina. l0Joab,
e Josafat, filho de Ailud, arquivista. pois, vendo que lhe queriam dar ba­
16E Sadoc, filho de Aquitob, e Aime- talha pela frente e pela retaguarda,
lec, filho de Abiatar, eram sacerdo­ escolheu os homens mais esforçados
tes; e Susa, secretário. 17E Banaias, de todo o Israel, e marchou contra
filho de Jojada, comandava as le­ os Sírios. 17E do resto do exército
giões dos Cereteus e dos Feleteus; e deu o comando a Abisai, seu irmão,
os filhos de Davi eram os primeiros os quais marcharam contra os Amo-
ao lado do rei. nitas; 12e disse: Se os Sírios preva­
456 PRIMEIRO LIVRO DOS PARALIPÔMENoS 19 - 2 1

lecerem contra mim, tu virás socor- Homens valentes de D avi


rer-me; e, se os Amonitas prevalece­
rem contra ti, eu te socorrerei. 13Es- 4Depois disto, fêz guerra em Gazer
força-te e pelejemos valorosamente contra os Filisteus, durante a qual
pelo nosso povo e pelas cidades do Sobocai de Husat matou Safai da ra­
nosso Deus; e o Senhor fará o que ça de Rafaim, e os humilhou.
bem lhe parecer. 14Marchou, pois, 5Houve ainda outra guerra contra
Joab e o povo que estava com êle à os Filisteus, na qual Adeodato, filho
batalha contra os Sírios, e pô-los em de Salto de Belém, matou um irmão
fuga. 15E os Amonitas, vendo que os de Golias, de Get, que tinha uma
Sírios tinham fugido, fugiram êles lança cuja haste era como um órgão
também de Abisai, irmão de Joab, e dos tecelões.
entraram na cidade; e Joab voltou °E ainda houve outra guerra em
para Jerusalém. Get, onde foi encontrado um homem
16Os Sírios, porém, vendo-se venci­ de grandíssima estatura, que tinha
dos por Israel, mandaram mensagei­ seis dedos nos pés e nas mãos, isto
ros, e fizeram vir os Sírios que v i­ é, vinte e quatro ao todo; o qual des­
viam da banda de além do rio (E u - cendia também da raça de Rafa.
fra te s ); e Sofac, general do exército 7Êste insultava Israel; mas Jonatan,
de Adarezer, era o seu comandante. filho de Saniaa, irmão de Davi, ma­
17Davi, avisado disto, juntou todo o tou-o. Êstes são os filhos de R afa
Israel, e passou o Jordão, e deu de em Get, que foram mortos pelas
repente sôbre êles, e acometeu-os pe­ mãos de Davi e das suas tropas.
la frente com o seu exército formado Recenseamento de Israel
em batalha, resistindo êles por seu
lado (com va lor). 18Mas os Sírios fu­ 2 1 Levantou-se, pois, Satanás con-
giram diante de Israel, e Davi matou U1 tra Israel e incitou Davi a fa ­
dos Sírios sete mil homens (que iam zer o recenseamento de Israel. 2E
nas) carroças, e quarenta mil de pé, Davi disse a Joab e aos principais do
e Sofac, general do exército. 19Ven- povo: Ide, e contai Israel desde Ber-
do, pois, os servos de Adarezer que sabéia até Dan, e trazei-me o núme­
eram vencidos pelos Israelitas, passa­ ro, para eu o saber. 3E Joab res­
ram para Davi, e ficaram-lhe sujei­ pondeu: O Senhor multiplique o seu
tos. E a Síria não quis mais dar so­ povo cem vêzes mais do que êle é.
corro aos Amonitas. Porventura, ó rei meu senhor, não
Cêrco e tomada de B a b a
são todos servos teus? Por que pro­
cura o meu senhor fazer uma coisa
OH *Ora aconteceu que, tendo de- que será imputada a pecado a Is­
corrido um ano, no tempo em rael?
que os reis costumam ir para a guer­ 4Contudo prevaleceu mais a ordem
ra, Joab juntou o exército e a flor do rei; e Joab partiu, e andou giran­
das tropas, e assolou o país dos Am o­ do por todo o Israel, e voltou para
nitas, e, avançando, pôs cêrco a Ra- Jerusalém. 5E deu a Davi a lista da­
ba. Davi, porém, ficou em Jerusa­ queles que tinha recenseado; encon-
lém, enquanto Joab bateu Raba, e trou-se que o número total de Israel
a destruiu. 2E Davi tirou a coroa de era de um milhão e cem mil homens
cima da cabeça de Melcom, e encon­ capazes de tomar armas; e de Judá
trou nela o pêso dum talento de our uatrocentos e setenta mil homens
ro, e pedras preciosíssimas, de que e guerra. °Joab não contou os da
fêz para si um diadema; levou tam­ tribo de Levi, nem os da tribo de
bém muitos despojos da cidade. Benjamim, porque executava de má
3Mandou sair o povo, que havia ne­ vontade a ordem do rei.
la, e fêz passar por cima dêle trilhos, Castigo da vaidade de Davi
e grades, e carros ferrados, até que
ficasse despedaçado, e esmigalhado. 7E esta ordem desagradou a Deus,
O mesmo fêz em todas as cidades o qual feriu Israel.
dos Amonitas; e voltou para Jerusa­ 8E Davi disse a Deus: Eu cometi
lém com todo o seu povo. um grande pecado em fazer isto, pe­
2 1 - 22 PRIMEIRO LIVRO DOS PARALIPoMENOS 45 7

ço-te que perdoes a culpa ao teu ser­ Deus na eira de Ornan Jebuseu.
vo, porque procedi nèsciamente, 9E 19Foi, pois, Davi conforme a ordem
o Senhor falou a Gad, vidente de que Gad lhe tinha intimado da par­
Davi, dizendo: 10Vai, e fala a Davi, te do Senhor. 1 *20Ornam, porém, e
8
e dize-lhe: Eis o que diz o Senhor: quatro filhos seus, que com êle esta­
Eu te dou três coisas à escolha: es­ vam, tendo levantado os olhos e vis­
colhe uma que quiseres, e eu ta fa ­ to o anjo, esconderam-se, porque na­
rei. quela ocasião estavam debulhando tri­
nE tendo ido Gad à presença de go na eira.
Davi, disse-lhe: Eis o que diz o Se­ 21Quando, pois, Davi se dirigia pa­
nhor: Escolhe o que quiseres: 12Ou ra Ornan, viu-o Ornan, e, saindo da
sofrer a fome durante três anos, ou sua eira ao seu encontro, fêz-lhe uma
fugir diante dos teus inimigos duran­ profunda reverência, prostrando-se
te três mêses, sem poderes escapar por terra. 22E Davi disse-lhe: Dá-me
da sua espada; ou estar debaixo da o sítio da tua eira, para eu edificar
espada do Senhor durante três dias, nêle um altar ao Senhor, de modo
grassando a peste pelo país, e fazen­ que recebas a quantia do seu va­
do estragos o anjo do Senhor em to­ lor, e cesse a praga de cima do po­
das as terras de Israel. Vê, pois, vo. 23E Ornan respondeu a D avi:
agora que hei de responder a quem Torna-a, e o rei meü senhor faça de­
me enviou. 13E Davi respondeu a la o que fôr do seu agrado; eu da­
Gad: De tôda a parte me vejo em rei também os bois para o holocaus­
grandes angústias; mas para mim é to, e os trilhos para lenha, e o trigo
melhor cair nas mãos do Senhor, por­ para o sacrifício; darei tudo de boa
que é de muita misericórdia, do que vontade. o rei Davi disse-lhe:
cair nas mãos dos homens. “ Man­ Não se fará assim, mas eu te hei
dou pois o Senhor a peste a Israel; de dar o dinheiro que ela vale, por­
e morreram de Israel setenta mil ho­ que eu não devo tirar-te o que é
mens. 15Mandou também um anjo teu, e oferecer assim ao Senhor ho-
a Jerusalém, para a assolar; porém, locaustos, que não me custem nada.
quando estava a ser assolada, o Se­ 25Deu, pois, Davi a Ornan, pelo ter­
nhor olhou, e compadeceu-se dum reno, seiscentos siclos de ouro de jus­
mal tão grande, e mandou ao anjo to pêso. 26E levantou ali um altar
exterminador: Basta, retira já a tua ao Senhor, e ofereceu holocaustos e
mão. Ora o anjo do Senhor estava hóstias pacíficas, e invocou o Senhor,
perto da eira de Ornan Jebuseu. 16E e êle o ouviu, mandando do céu fogo
Davi, levantando os olhos, viu o an­ sôbre o altar do holocausto. 27E o
jo do Senhor que estava entre o céu Senhor mandou ao anjo e êle meteu
e a terra, e uma espada desembai- a sua espada na bainha.
nhada na sua mão, e voltada contra 2sImediatamente Davi, vendo que o
Jerusalém; (à sua vista), tanto êle Senhor o tinha ouvido na eira de Or­
como os seus anciãos, cobertos de ci- nan Jebuseu, imolou ali vítimas. 29E
lícios, prostraram-se com os rostos o tabernáculo do Senhor, que Moisés
por terra. 17E Davi disse a Deus: tinha feito no deserto, e o altar dos
Porventura não sou eu quem man­ holocaustos, estavam então no alto
dou fazer o recenseamento do povo? de Gabaão. 30E Davi não teve fôrça
Fui eu que pequei, eu o que fiz o para ir até ao altar, para ali fazer
mal: mas êste rebanho, que mereceu oração a Deus; porque tinha ficado
êle? Volte-se, pois, té peço, Senhor em extremo aterrado de espanto, ao
meu Deus, a tua mão contra mim e ver a espada do anjo do Senhor.
contra a casa de meu pai; mas o Preparativos de D avi
teu povo não seja castigado. para a construção do templo
Deus é aplacado por Davi.
A ltar sôbre a eira de Ornan 09 Davi disse: Esta é a casa
de Deus, e êste é o altar para
18E o anjo do Senhor mandou a os holocaustos que Israel há de ofe­
Gad que dissesse a Davi que fôsse e recer. 2E mandou que se juntassem
que levantasse um altar ao Senhor todos os prosélitos da terra de Israel,
458 PRIMEIRO L lv R o DOS PARALIPOMENoS 22 - 2 3

e tomou dqles os cabouqueiros para todo o cálculo; tenho prontas madei­


cortarem e lavrarem as pedras, a fim ras e pedras para tôdas as necessi­
de se edificar a casa de Deus. 8Davi dades. “ Tens também muitíssimos o-
preparou também muitíssimo ferro perários, e canteiros e pedreiros, e
para os pregos das portas, e para carpinteiros, e de tôdas as artes os
travar aí* juntas, e uma quantidade mais apurados na execução de qual­
imensa de bronze. 4Eram igualmen­ quer trabalho, 16em ouro e em prata,
te inestimáveis as madeiras de cedro, e em cobre, em ferro, cujo núme­
que os Sidônios e os Tírios tinham le­ ro é incalculável. Levanta-te, pois,
vado a Davi. 5E Davi disse: Meu e mete mãos à obra, e o Senhor será
filho Salomão é um moço pequeno e contigo.
tenro; a casà, porém, que eu desejo “ Mandou também Davi a todos os
que se edifique ao Senhor, deve ser chefes de Israel que ajudassem seu
tal que seja nomeada em todos os filho Salomão. 18Vós vêdes, lhes dis­
países. Preparar-lhe-ei, pois, para se, que o Senhor vosso Deus está
êle o necessário. E, por esta razão, convosco, e que vos deu a paz por tô­
antes da sua morte, dispôs tôdas as das as partes, e que entregou todos
coisas precisas. os vossos inimigos nas vossas mãos,
6E chamou seu filho Salomão, e or­ e que a terra está sujeita diante do
denou-lhe que edificasse a casa do Senhor, e diante do seu povo. 10Dis-
Senhor Deus de Israel. 7E Davi dis­ ponde, pois, os vossos corações e as
se a Salomão: Meu filho, tive vontade vossas almas, para buscardes o Se­
de edificar uma casa ao nome do Se­ nhor vosso Deus; e levantai-vos, e e-
nhor meu Deus. sO Senhor, porém, dificai o santuário ao Senhor Deus,
falou-me, dizendo: Tu tens derrama­ para que a arca da aliança do Senhor
do muito sangue, e tens dado muitas e os vasos consagrados ao Senhor se­
batalhas; tu não poderás edificar u- jam trasladados para a casa que se
ma casa ao meu nome, depois de tan­ vai edificar ao nome do Senhor.
to sangue derramado na minha pre­ Recenseamentos e ministério
sença. °Nascer-te-á um filho, que se­ dos Levitas
rá um homem de paz; porque eu o po­
rei em paz com todos os seus inimigos OQ ^Achando-se, pois, Davi velho e
em roda; e por esta causa será cha­ cheio de dias, constituiu rei
mado o Pacífico; e eu darei paz e des­ sôbre Israel a seu filho Salomão.
canso a Israel durante todos os seus 2E reuniu todos os príncipes de Is­
dias. 10Êle edificará uma casa ao rael, e os sacerdotes e Levitas. 3E
meu nome; e êle será meu filho, e foram contados os Levitas de trinta a-
eu serei seu pai, e firmarei o trono nos para cima; e acharam-se trinta
do seu reino sôbre Israel eternamen­ e oito mil homens. 4Dêstes foram es­
te. colhidos e distribuídos vinte e quatro
“ Agora, pois, o Senhor seia conti­ mil para o ministério da casa do Se­
go, meu filho, sê feliz, e edifica uma nhor, e para magistrados e juizes seis
casa ao Senhor teu Deus, como êle mil. 6E quatro mil porteiros, e ou­
predisse de ti. 120 Senhor te dê tam­ tros tantos cantores, que cantavam
bém prudência e siso, para que possas os louvores do Senhor ao som dos ins­
governar Israel, e guardar a lei do trumento que Davi tinha mandado
Senhor teu Deus. “ Porque então po­ fazer para o canto.
derás prosperar, se guardares os man­
damentos e as leis que o Senhor man­ Classes dos Levitas
dou a Moisés que ensinasse a Israel; 6E Davi distribuiu-os segundo as
arma-te de fortaleza, e procede varo­ classes dos filhos de Levi, a saber: De
nilmente; não temas nada, nem te Gersão, de Caat e de Merari. 7Filhos
desalentes. “ Vês que, na minha po­ de Gersão foram: Leedan, e Semei.
breza, preparei para os gastos da ca­ 8Filhos de Leedan foram três: Jaiel o
sa do Senhor cem mil talentos de ou­ chefe, e Zetan, e Jòel. 9Filhos de
ro e um milhão de talentos de prata; Semei foram três: Salomit e Hosiel,
o bronze, porém, e o ferro não têm e Aran; êstes foram os chefes de. Lee­
pêso, porque a sua quantidade excede dan. 10Os filhos de Semei foram qua­
23 - 24 PRIMEIRO LIVRO DOS PARALIPÔMENOS 459

tro: Leet, e Ziza, e Jaus, e Baria; ês- Funções dos sacerdotes e dos Levitas
tes foram os filhos de Semei. “ En­
tre êles Leet era o primeiro, Ziza o “ Porém os sacerdotes terão a inten-
segundo; Jaus, porém, e Baria, não dência sôbre os pães da proposição,
tiveram muitos filhos, e por isso fo ­ e sôbre o sacrifício da flor de fari­
ram contados numa só família e nu­ nha, e sôbre os pães ázimos, e sôbre
ma só casa. o que se frita e se assa, e sôbre todos
12Os filhos de Caat foram quatro: os pesos e medidas. 30E os Levitas
Amrão e Isaar, Hebron e Oziel. “ F i­ assistam pela manhã a cantar os lou­
lhos de Amrão: Arão e Moisés. E A- vores do Senhor, e do mesmo modo
rão foi separado para servir no San­ à tarde, ^tanto na oferenda dos ho-
to dos Santos, êle e seus filhos perpè- locaustos oferecidos ao Senhor, co­
tuamente, e para oferecer incenso mo nos dias de sábado e nos primei­
ao Senhor segundo o seu rito, e para ros dos meses e nas outras solenida-
bendizer o seu nome para sempre. des, conforme o número e as ceri­
14Os filhos de Moisés, homem de Deus, mônias de cada coisa, contlnuamen-
também foram contados na tribo de te na presença do Senhor.
Levi. “ Filhos de Moisés: Gersão e 32E observarão cuidadosamente as
Eliezer. “ Filhos de Gersão: Subuel, disposições que dizem respeito ao ta­
o primeiro. 17E o filho de Eliezer foi bernáculo da aliança, e ao culto do
Roobia, o primeiro; e Eliezer não santuário, e à obediência dos filhos
teve outros filhos. Mas os filhos de de Arão, seus irmãos, para exerce­
Roobia multiplicaram-se muito. “ F i­ rem as suas funções na casa do Se­
lhos de Isaar: Salomit, o primeiro. nhor.
“ Filhos de Hebron: Jeriau, o pri­ Organização dos sacerdotes em vinte
meiro; Amarias, o segundo; Jaaziel, e quatro classes
o terceiro; Jecmaão, o quarto. “ F i­
lhos de Oziel: Mica, o primeiro; Jesia, OA *E os filhos de Arão foram re-
o segundo. partidos nestas classes. Os
“ Filhos de Merari: Mooli e Musi. filhos de Arão foram: Nadab e A-
Filhos de Mooli: Eleazar e Cis. 22E biú, e Eleazar, e Itamar. 2Mas, N a­
Eleazar morreu, e não teve filhos, dab e Abiú morreram antes de seu
mas filhas; e estas casaram com os Pai, sem deixar filhos; e Eleazar e
filhos de Cis, seus irmãos. 23Os fi­ Itam ar exerceram as funções do sa­
lhos de Musi foram três: Mooli, e cerdócio. 3E Davi repartiu-os, isto
Heder, e Jerimot. é, Sadoc dos filhos de Eleazar, Ai-
Disposições acêrca dos Levitas rnelec dos filhos de Itamar, fixando
24Èstes são os filhos de Levi, se­ os turnos do seu ministério. “P o­
gundo as suas parentelas e famílias, rém achou-se que entre os chefes de
contados um por um, os quais exer­ famílias eram muito mais os filhos
ciam por turnos as funções do minis- de Eleazar, dos que os de Itamar. E
tério da casa do Senhor desde os vin­ fêz esta divisão: Seis chefes de fam í­
te anos para cima. 25Porque Davi lia para os filhos de Eleazar, e oito
disse: O Senhor Deus de Israel deu chefes de família para os filhos de
paz ao seu povo, e habitação em Je­ Itamar.
rusalém para sempre. 26E, para o fu­ 5E repartiu por sorte ambas as fa ­
turo, não será mais do cargo dos Le- mílias entre si; porque havia prínci­
vitas levarem o tabernáculo e todos pes do santuário, e príncipes de Deus
os vasos do seu ministério. "T am ­ tanto dos filhos de Eleazar como dos
bém, segundo as últimas disposições filhos de Itamar. 6E Semeias, filho
de Davi, contar-se-á o número dos de Natanael, da tribo de Levi, secre­
filhos de Levi, desde os vinte anos tário, fêz o rol dêles na presença do
para cima. ^E estarão sujeitos aos rei, e dos príncipes, e do sacerdote
filhos de Arão para o culto da casa Sadoc, e de Aimelec, filho de Abiatar,
do Senhor, nos vestíbulos, e nas câ­ e diante dos chefes das famílias sa­
maras, e no lugar da purificação, e cerdotais e levíticas; tomando pri­
no santuário, e em tôdas as funções meiro a casa de Eleazar, que era sô­
do ministério do templo do Senhor. bre as outras; e depois a casa de Ita-
460 PRIMEIRO LIVRO DOS PARALIPOMENOS 24 - 25

mar, que tinha outras subordinadas man, e de Iditun, a fim de tocarem


a si. citaras, saltérios e tímbales, e servin­
7E a primeira sorte saiu a Joiarib, do segundo o seu número no emprê-
a segunda a Jedei, 8a terceira a Ha- go que lhes tinha sido destinado.
rim, a quarta a Seorim, °a quinta a 2Dos filhos de Asaf: Zacur, e José,
Melquia, a sexta a Maiman, 10a séti­ Natanias, e Asarela, filhos de Asaf,
ma a Acos, a oitava a Abia, “ a nona sob a direção de Asaf, que cántava
a Jesua, a décima a Sequenias, 12a junto do rei. 3Quanto a Iditun, os
undécima a Eliasib, a duodécima a filhos de Iditun eram: Godolias, So-
Jacim, 13a décima terceira a Hofa, a ri, Jeséias, e Hasabias, e Matatias,
décima quarta a Islaab, 14a décima seis sob a direção de seu pai Iditun,
quinta a Belga, a décima sexta a E- que cantava ao som da citara, presi­
mer, 15a décima sétima a Hezir, a dé­ dindo aos que cantavam e louvavam
cima oitava a Afses, 16a décima no­ ao Senhor. 4Quanto a Heman, os f i­
na a Fetéia, a vigésima a Hezequiel, lhos de Heman eram: Bociau, Mata-
17a vigésima primeira a Jaquim, a v i­ niau, Oziel, Subuel, e Jerimot, Hana-
gésima segunda a Gamul, 18a vigési­ nias, Hanani, Eliata, Gedelti e Ro-
ma terceira a Dalaiau, a vigésima mentiezer, e Jesbacassa, Meloti, Otir,
quárta a Maziau. 19Esta é a sua dis­ Maaziot. ‘Todos êstes eram filhos de
tribuição segundo os seus ministérios, Heman, vidente do rei, nos louvores
para servirem na casa do Senhor, e de Deus, para exaltar o seu poder; e
segundo o seu rito, sob as ordens de deu Deus a Heman catorze filhos e
Arão, seu pai, como tinha mandado o três filhas.
Senhor Deus de Israel. 6Todos estavam distribuídos sob a
Chefe dos Levitas restantes direção de seus pais, isto é, de Asaf
e de Iditun, e de Heman para canta­
20Os outros filhos de Levi eram Su- rem no templo do Senhor, ao som de
bael dos filhos de Amrão, e Jeedeia tímbales, e de saltérios, e de citaras,
dos filhos de Subael. 21E dos filhos para exercerem os ministérios da ca­
de Roobia, era chefe Jesias. 22De I- sa do Senhor junto do rei. 7E o nú­
saari era filho Salemot, e de Salemot mero dêstes com seus irmãos, todos
era filho Jaat; 23e de Jaat foi filho mestres, que ensinavam os cânticos
primogênito Jeriau, Amaria o segun­ do Senhor, era de duzentos e oitenta
do, Jaaziel o terceiro, Jacmaan o e oito.
quarto. 24Filho de Oziel foi Mica; f i­ 8E deitaram sortes pelas suas clas­
lho de Mica foi Samir. 25Irmão de ses, tanto o maior como o menor, tan­
Mica foi Jesia; e filho de Jesia foi to o douto como o indouto. 9E a
Zacarias. 20Filho de Merari: Mooli e primeira sorte saiu a José, que era da
Musi. Filhos de Oziau foi Beno. 27E casa de Asaf. A segunda a Godolias,
filhos de Merari foram : Oziau, e Soão, para êle, para seus filhos e irmãos,
e Zacur, e Hebri. 28Ora Mooli teve que eram doze. 10A terceira a Za­
um filho, isto é, Eleazar, o qual não cur, a seus filhos e irmãos que eram
teve filhos. ^Filho de Cis foram Je- doze. “ A quarta a Izari, a seus filhos
rameel. 30Filhos de Musi foram: Mo­ e irmãos, que eram doze. 12A quin­
oli, Eder e Jerimot. Êstes são os ta a Natanias, a seus filhos e irmãos,
filhos de Levi, segundo as casas de que eram doze. 13A sexta a Bociau, e
suas famílias. 31E êstes também lan­ seus filhos e irmãos, que eram doze.
çaram sortes com seus irmãos, filhos 14A sétima a Isreela, e seus filhos e
de Arão, em presença do rei Davi, irmãos, que eram doze. 15A oitava a
e de Sadoc, e de Aimelec, e dos chefes Jesaia, a seus filhos e irmãos, que e-
das famílias sacerdotais e levlticas, ram doze. 16A nona a Matanias, a
tanto os anciãos como os mais jo ­ seus filhos e irmãos, que eram doze.
vens, a todos igualmente tiravam a 17A décima a Semeias, e seus filhos
sorte. e irmãos, que eram doze. 18A undé­
Classes de cantores cima a Azareel, a seus filhos e ir­
25 ^ a v i, pois, e os príncipes do mãos, que eram doze. 19A duodéci­
exército escolheram para o ma a Hasabias, a seus filhos e irmãos,
ministério os filhos de Asaf e de He- que eram doze. ^A décima terceira
25 - 26 PRIMEIRO LIVRO DOS PARALIPoM ENOS 461

a Subael, a seus filhos e irmãos, que e- 12Êstes foram distribuídos para por­
ram doze. 21A décima quarta a Mata- teiros, de tal modo que os capitães
tias, a seus filhos e irmãos, que eram das guardas, como também os seus
doze. 22A décima quinta a Jerimot, a irmãos, serviam sempre na casa do
seus filhos e irmãos que eram doze. Senhor. 13Deitaram-se, pois, sortes
23A décima sexta a Hananias, a seus fi­ pelas suas famílias, sem distinção nem
lhos e irmãos, que eram doze. 24A dé­ de pequenos nem de grandes, para ca­
cima sétima a Jebacassa, a seus filhos da uma das portas. 14Ora a sorte da
e irmãos, que eram doze. 25A décima porta do oriente caiu a Selemias. E
oitava a Hanani, a seus filhos e irmãos, a Zacarias, seu filho, homem pruden­
que eram doze. 20A décima nona a tíssimo e habilíssimo, coube em sor­
Meloti, a seus filhos e irmãos, que e- te a (porta ) do setentrião. 15A do
ram doze. 27A vigésima, a Eliata, a meio-dia caiu a Abededom e seus fi­
seus filhos e irmãos, que eram doze. lhos; nesta parte da casa estava o
28A vigésima primeira a Otir, a seus conselho dos anciãos. 10A Sefim e Ho­
filhos e irmãos, que eram doze. 29A sa caiu a do ocidente, junto da por­
vigésima segunda a Gedeti, a seus ta que dá para a estrada da subida:
filhos e irmãos, que eram doze. 30A uma guarda defronte de outra guar­
vigésima terceira a Maaziot, a seus da. 17Ao oriente havia seis Levitas e
filhos e irmãos, que eram doze. 31A ao setentrião quatro por dia; e ao
vigésima quarta a Romentiezer, a seus meio-dia do mesmo modo quatro por
filhos e irmãos, que eram doze. dia; e onde estava o conselho, de dois
em dois.
Classes dos porteiros 18E nas celas dos porteiros, ao oci­
*Eis as classes dos porteiros: dente, estavam quatro no caminho, e
Dos Coritas: Meselemia, filho dois a cada cela. 19Foi esta a distri­
de Coré, dos filhos de Asaf. 2Os buição dos porteiros, filhos de Coré e
filhos de Meselemia foram: Zacarias de Merari.
o primogênito, Jadiel o segundo, Za- Guardas do tesouro do templo
badias, o terceiro, Jatanael o quarto,
3Elão o quinto, Joanan o sexto, Elioe- “ Aquias, porém, era o guarda dos
nai o sétimo. tesouros da casa de Deus, e dos vasos
4Os filhos de Obededom foram: Se­ sagrados. 21Filhos de Ledan, filho de
meias o primogênito, Jozabad o se­ Gersoni; de Ledan descendem êstes
gundo, Joaa o terceiro, Sacar o quar­ chefes de famílias: Ledan e Gersoni,
to, Natanael o quinto, 5Amiel o sex­ e Jeieli. 22Os filhos de Jeieli, e Za-
to, Issacar o sétimo, Folati o oitavo, tan e Joel, seus irmãos, eram guardas
porque o Senhor o abençoou. °Semei, dos tesouros da casa do Senhor,
seu filho, teve filhos chefes de suas (juntam ente) 23com os das famílias de
famílias, porque eram homens fortís­ Amrão, e de Isaar, e de Hebron, e de
simos. 7Os filhos de Semeias foram: Oziel. 24E Subael, filho de Gersão,
Otni, e Rafael, e Obed, Elzabad, e seus filho de Moisés, era o superintenden­
irmãos, homens fortíssimos; como te dos tesouros. 25E Eliezer, seu ir­
também Eliú e Samaquias. 8Todos mão, do qual foi filho Raabia, e f i­
êstes eram da fam ília de Obededom; lho dêste Isaías, e filho dêste Jorão,
êles e seus filhos e irmãos, robustís­ e filho dêste Zecri, e filho dêste Se-
simos para o seu ministério, eram lemit. 2eO mesmo Selemit e seus ir­
(ao todo) sessenta e dois da casa de mãos tinham a intendência dos tesou­
Obededom. °E os filhos de Mesele­ ros das coisas santas, que o rei Davi e
mia e seus irmãos, muito valentes, os príncipes das famílias, e os tribu­
eram dezoito. nos, e os centuriões, e . os chefes do
10De Hosa, isto é, dos filhos de Me- exército tinham consagrado, 27(isto é,
rari, foram: Semri, o chefe (porque tinham a intendência das coisas pro­
seu pai não tinha tido primogênito, venientes) das guerras e dos despo-
por isso o tinha constituído chefe). jos das batalhas, que êles tinham
nHelcias o segundo, Tabelias o tercei­ consagrado para a construção e al­
ro, Zacarias o quarto; todos êstes filhos faias do templo do Senhor. 2sE to­
de Hosa os seus irmãos eram treze. das estas coisas consagrou Samuel,
462 PRIMEIRO LIVRO DOS PARALIPOMENOS 26 - 27

o vidente, e Saul, filho de Cis, e Ab- te é aquêle Banaias o mais valente


ner, filho de Ner, e Joab, filho de dentre os trinta, e superior aos trin­
Sarvia; todos os que ofereciam êstes ta; e seu filho, Amizabad, comanda­
donativos, punham-nos nas mãos de va (com o seu subalterno) a divisão
Selemit e de seus irmãos. que lhe estava subordinada.
Levitas que superintendiam nas
70 quarto chefe, no quarto mês, era
obras exteriores
Asael, irmão de Joab, e depois dêle
Zabadias, seu filho; e na sua divisão
29E os descendentes de Isaar pre­ havia vinte e quatro mil homens.
sidia Conenias e seus filhos, e cuida­ sO quinto chefe, no quinto mês, era
vam dos negócios de fora, que diziam Samaot de Jezer; e na sua divisão
respeito a Israel, de instruir e julgar havia vinte e quatro mil homens.
(o povo). 0O sexto, no sexto mês, era Hira,
30E Hasabias, da família de Hebron, filho de Acés de Técua; e na sua di­
e seus irmãos, homens muito fortes, visão havia vinte e quatro mil ho­
em número de mil e setecentos, go­ mens.
vernavam os Israelitas além do Jor­ 10O sétimo, no sétimo mês, era He-
dão para o ocidente, em tôdas as coi­ les de Faloni, da tribo de Efraim ; e
sas pertencentes ao serviço do Senhor na sua divisão havia vinte e quatro
e do rei. 31Jerias foi chefe dos He- mil homens.
bronitas, segundo suas famílias e ra­ nO oitavo, no oitavo mês, era So-
mos. No ano quadragésimo do rei­ bocai de Husat, da estirpe de Zarai; e
nado de Davi fêz-se o recenseamento, na sua divisão havia vinte e quatro
e acharam-se em Jaser de Galaad ho­ mil homens,
mens fortíssimos, 32e dos seus irmãos, 120 nono, do nono mês, era Abie-
no vigor da idade, acharam-se dois zer de Anatot, dos filhos de Jemini;
mil e setecentos chefes de famílias. e na sua divisão havia vinte e quatro
E o rei Davi deu-lhes o mando sôbre mil homens.
os Rubenitas e os Gaditas e sôbre a 130 décimo, no décimo mês, era Ma-
meia tribo de Manasses, no que dizia rai de Netofat, descendente de Zarai;
respeito ao serviço de Deus e do rei. e na sua divisão havia vinte e quatro
Organização do exército mil homens.
140 undécimo, no undécimo mês,
0*7 7Ora os filhos de Israel que, era Banaias de Faraton, da tribo de
“ 1 segundo o seu número, com os Efraim ; e na sua divisão havia vinte
chefes de famílias, os tribunos, os e quatro mil homens.
centuriões e prefeitos, serviam ao 150' duodécimo, no duodécimo mês,
rei, distribuídos pelas suas turmas, en­ era Holdai de Netofat, descendente
trando e saindo todos os meses do de Gotoniel; e na sua divisão havia
ano, eram vinte e quatro mil homens vinte e quatro mil homens.
comandados pelos seus respectivos ca­ Príncipes das tribos
pitães.
2A primeira divisão para o primei­ 16E as tribos de Israel tinham seus
ro mês era comandada por Jesboão, chefes. Da de Ruben era chefe Elie-
filho de Zabdiel, e estavam às suas zer, filho de Zecri; e da de Simeão,
ordens vinte e quatro mil homens. Safatias, filho de Maaca. 17Da de Le-
3Era da casa de Farés, e o primeiro vi era chefe Hasabias, filho de Ca-
entre todos os comandantes do e- muel; da de Arão era chefe Sadoc;
xército durante o primeiro mês. 18da de Judá era chefe Eliu, irmão de
4Dudia Aoita comandava a divisão Davi; da de Issacar era chefe Amri,
do segundo mês, e tinha às suas or­ filho de Miguel; 19da de Zabulão era
dens outro, chamado Macelot, que co­ chefe Jesmaias, filho de Abdias; da
mandava uma parte dos vinte e qua­ de Neftali era chefe Jerimot, filho de
tro mil homens. Orziel; ^da meia tribo de Efraim era
5E o chefe da terceira divisão, no chefe Osee, filho de Ozazin, da meia
terceiro mês, era o sacerdote Banaias, tribo de Manassés era chefe Joel, f i­
filho de Jojada; e na sua divisão ha­ lho de Fadaia; 21da outra meia tribo
via vinte e quatro mil homens. 6Ês- de Manassés, em Galaad, era chefe
27 - 28 PRIMEIRO LIVRO DOS PARALIPOMENoS 463

Jado, filho de Zacarias; da de Ben­ possessões do rei, e seus filhos com


jamim era chefe Jasiel, filho de Ab- os eunucos, e os mais poderosos e va­
ner. 22E da de Dan era chefe Ez- lorosos do exército.
riel, filho de Jeroão. Êstes eram os 2E, tendo-se o rei levantado e pôs-
chefes dos filhos de Israel. to em pé, disse: Ouvi-me, irmãos
“ Não quis, porém, Davi contar os meus e povo meu: Eu tinha a inten­
que tinham menos de vinte anos, por­ ção de edificar uma casa onde fôsse
que o senhor tinha dito que multipli­ colocada a arca da aliança do Senhor,
caria Israel como as estréias do céu. e o escabêlo dos pés do nosso Deus;
24Joab, filho de Sarvia, tinha começa­ e tenho preparado todo o necessário
do a fazer o recenseamento, mas não para a construção do edifício. 3Deus,
o acabou, porque, por causa disto, a porém, disse-me: Tu não edificarás
ira de Deus tinha caído sôbre Israel; uma casa ao meu nome, porque és
e por isso o número dos que estavam um homem guerreiro e tens derra­
já contados não foi referido nos fas- mado sangue. 4Todavia, o senhor
tos do rei Davi. Deus de Israel escolheu-me dentre
Ministros da casa de D avi tôda a casa de meu pai, para me fa ­
zer rei de Israel para sempre; por-
250 tesoureiro-mór do rei era Az- ue de Judá escolheu os príncipes, e
mot, filho de Adiei; o intendente, po­ a casa de Judá escolheu a casa de
rém, dos tesouros que havia nas cida­ meu pai, e entre os filhos de meu pai,
des, e nas vilas, e nos castelos, era dignou-se escolher-me a mim, para
Jonatan, filho de Ozias. 26E Ezri, f i­ me constituir rei sôbre todo o Israel.
lho de Quelub, era o superintendente ®E até dentre os meus filhos (por­
da agricultura e dos lavradores que que o Senhor deu-me muitos filhos)
cultivavam as terras; 17e Semeias de escolheu o meu filho Salomão, para
Romati era o das vinhas; e Zabdias se sentar no trono do reino do Se­
de Afoni, era das adegas. 28E Bala- nhor sôbre Israel. °E disse-me: Teu
nan de Geder cuidava dos olivais e filho Salomão edificará a minha casa
figueirais que estavam nos campos; e os meus átrios, porque eu o esco-
e Joás, dos armazéns de azeite. lhi para meu filho, e eu serei seu
29E dos rebanhos que pastavam no pai. 7E firm arei para sempre o seu
campo de Saron, cuidava Setrai Saro- reino, se perseverar em cumprir os
nita; e dos bois, que se criavam nos meus preceitos e as minhas leis, co­
vales, Safat, filho de Adli; 30 e Ubli mo êle o faz ao presente. 8Agora,
Ismaelita cuidava dos camelos; e Ja- pois, na presença de todo o ajunta­
dias de Meronat, dos jumentos; 31e mento de Israel, ouvindo o nosso
Jaziz Agareu, das ovelhas; todos ês­ Deus (eu d igo ): Guardai e estudai
tes eram intendentes da fazenda do todos os mandamentos do Senhor,
rei Davi. 32Jonatan, porém, tio pa­ nosso Deus, a fim de possuirdes esta
terno de Davi, homem prudente e le­ terra cheia de bens, e de a deixar­
trado, era seu conselheiro; êle e Jaiel, des para sempre a vossos filhos, de­
filho de Hacamoni, estavam com os pois de vós. 9E tu, meu filho Salo­
filhos do rei. 33A(juitofel era também mão, conhece o Deus de teu pai, e
conselheiro do rei; e Cusai Araquita serve-o com um coração perfeito, e
era amigo do rei. 84Depois de Aqui- uma plena vontade, porque o Senhor
tofel, foram Jojada, filho de Banaias, sonda todos os corações, e penetra to­
e Abiatar. E Joab era o generalís- dos os pensamentos do espírito. Se
simo do exército do rei. tu o buscares, achá-lo-ás; mas, se o
Recomendações de D avi relativas deixares, êle te rejeitará para sem­
à construção do templo pre. 10Agora, pois, já que o Senhor
te escolheu para edificares a casa do
O fi Convocou, pois, Davi em Jeru- santuário, anima-te e completa a o-
40 salém todos os príncipes de Is­ bra.
rael, os chefes das tribos, e os coman­ 11E Davi deu a Salomão, seu filho,
dantes das divisões que serviam o rei, o desenho do pórtico e do templo, e
e também os tribunos, e centuriões, das suas oficinas, e das suas salas, e
e os administradores da fazenda e dos seus aposentos interiores, e da ca­
464 PRIMEIRO LIVRO DOS PARALIPoiviEN oS 28 - 29

sa da propiciação, t2e também o de Ofertas para o templo


todos os átrios que êle tinha delinea­
do, e o dos quartos que devia haver OQ XE o rei disse a toda a assem-
em roda para os tesouros da casa do bléia: Deus escolheu um só, o
Senhor, e para os depósitos das coi­ meu filho Salomão, que é jovem e
sas consagradas, 13e a distribuição dos tenro; a emprêsa é grande, porque
sacerdotes e dos Levitas, para tôdas não se prepara a morada para um
as funções da casa do Senhor, e para homem, mas para Deus. 2Eu, pois,
todos òs vasos consagrado^ ao servi­ com tôdas as minhas forças preparei
ço do templo do Senhor. u TlBeu-lhe) o que era necessário para as despe­
o ouro segundo o pêso que devia ter sas da casa do meu Deus: ouro para
cada um dos vasos do ministério. E os vasos de ouro, prata para os de
também especificou o pêso da prata, prata, bronze para as obras de bron­
segundo a diversidade dos vasos e dos ze; ferro para as de ferro, madeira
feitios. 15E para os candeeiros de ou­ para as de madeira; e preparei tam­
ro, e para as suas lâmpadas deu tam­ bém pedras de ônix, e pedras seme­
bém o ouro, segundo o tamanho de lhantes ao alabastro, e de diversas co­
cada candeeiro e das lâmpadas. E do res, e toda a casta de pedras pre­
mesmo modo, para os candeeiros de ciosas e mármores de Paros em
prata e para as suas lâmpadas, deu grandíssima quantidade. 3Além des­
o pêso de prata, segundo a diversi­ tas coisas, que ofereci para a casa do
dade dos tamanhos. meu Deus, dou do meu pecúlio o ou­
ro e a prata para o templo do meu
10Deu também o ouro para as me­ Deus, sem falar do que preparei pa­
sas da proposição, segundo a diversi­ ra o santuário, 4três mil talentos de
dade das mesas, e igualmente a prata ouro de Ofir, e sete mil talentos de
para outras mesas de prata. “ Tam ­ prata finíssima para se dourarem as
bém para os garfos, e copos, e turíbu- paredes do templo. 5De sorte que,
los de ouro puríssimo, e para os leõe- quando seja preciso ouro, façam-se
zinhos de ouro, segundo os seus ta­ de ouro as obras, e, quando fôr pre­
manhos, destinou o pêso de ouro pa­ ciso a prata, façam-se de prata as
ra cada um dos leõezinhos. E do obras pelas mãos dos artistas. Mas,
mesmo modo para os leões de prata se alguém por sua vontade oferecer
separou um outro pêso de prata. 18E alguma coisa ao Senhor, encha hoje
para o altar, em que se queima o in­ as suas mãos, e ofereça ao Senhor o
censo, deu do ouro mais fino, para que bem lhe parecer.
que dêle se fizesse a figura dum car­
ro de querubins, que estendessem as °Prometeram os chefes das famílias
suas asas, e cobrissem a arca da a- e os nobres das tribos de Israel, e os
liança do Senhor. tribunos, e os centuriões, e os inten­
dentes da fazenda do rei. 7E deram
10Tôdas estas coisas, disse o rei, me para as obras da casa de Deus cinco
foram dadas escritas pela mão de mil talentos de ouro, e dez mil soi­
Deus, para que eu compreendesse tô­ dos; dez mil talentos de prata, e de­
das as obras do desenho. 20Disse mais zoito mil talentos de cobre, e cem mil
Davi a seu filho Salomão: Procede talentos de ferro. 8E todos os que ti­
varonilmente, e anima-te, e mete nham pedras preciosas, deram-nas
mãos à obra; não temas nada, e não para os tesouros da casa do Senhor,
desanimes, porque o senhor meu por mão de Jaiel Gersonita.
Deus será contigo, e não te abando­
nará, nem te desamparará até que Alegria e oração de D avi
tenhas concluído tôda a obra para o °E o povo alegrou-se, ao fazer estas
serviço da casa do Senhor. 21Eis as oferendas voluntárias, porque as ofe­
classes dos sacerdotes e dos Levitas, reciam de todo o seu coração ao Se­
que estão diante de ti, e estão pron­ nhor; e o rei Davi da mesma sorte se
tos para todo o serviço da casa do alegrou em extremo. 10E louvou o
Senhor, e assim os chefes como o Senhor diante de'tôda esta multidão,
povo saberão executar tôdas as tuas e disse; Bendito és tu, ó Senhor Deus
ordens. de Israel, nosso pai, de eternidade
29 _ PRIMEIRO LIVRO DOS PARALIPOMENoS 465

em eternidade. 17Tua é, Senhor, a ajuntamento: Bendizei o Senhor nos­


grandeza, o poder, a glória, e a vitó­ so Deus. E todo o povo bendisse o
ria; e a ti é devido o louvor, porque senhor Deus de seus pais, e se pros­
tudo o que há no céu e na terra, é traram e adoraram a Deus, e em se­
teu; teu é, Senhor, o império, e tu guida (prestaram as suas homena-
estás acima de todos os príncipes. gens), ao rei. 21E imolaram vítimas
12Tuas são as riquezas, e tua é a gló­ ao Senhor e, no dia seguinte, ofere­
ria; tu és o dominador de tudo, na ceram em holocausto mil touros, mil
tua mão está a fortaleza e o poder; carneiros, mil cordeiros, com as suas
na tua mão, a grandeza e o império libações, e cumprindo todo o rito, e
de tôdas as coisas. em grande abundância para todo o
18Agora, pois, ó Deus nosso, nós te Israel. 22E comeram e beberam na­
engrandecemos, e louvamos o teu no­ quele dia diante do Senhor, com
me glorioso. 14Quem sou eu, e quem grande regozijo. E ungiram segun­
é o meu povo, para te podermos ofe­ da vez Salomão, filho de Davi. E un­
recer tôdas estas coisas? Tudo é teu giram-no pelo Senhor como rei e
e o que recebemos da tua mão, isso Sadoc como pontífice. 23E Salomão
mesmo te oferecemos. 15Porque nós sentou-se no trono do Senhor como
somos peregrinos e estrangeiros dian­ rei, em lugar de Davi, seu pai, e
te de ti, como todos os nossos pais. agradou a todos, e todo o Israel lhe
Os nossos dias são como a sombra rendeu obediência. ’4E todos os prín­
sôbre a terra, e não há consistência cipes, e os grandes, e todos os filhos
alguma. 16Senhor nosso Deus, tôda do rei Davi juraram fidelidade, e sub­
esta riqueza, que juntamos para se meteram-se ao rei Salomão. aE o
edificar uma casa ao teu santo no­ Senhor elevou Salomão sôbre todo o
me, veio da tua mão, e tôdas as coi­ Israel, e deu-lhe no seu reinado tal
sas são tuas. 17Eu sei, Deus meu, glória, qual antes dêle não teve ne­
que sondas os corações, e que amas nhum rei de Israel.
a simplicidade, é por isso eu também
Morte de D avi
te ofereci alegre tôdas estas coisas,
na simplicidade do meu coração, e vi 26Davi, pois, filho de Isaí, reinou
que o teu povo, que aqui está reu­ sôbre todo o Israel. **E o tempo que
nido, te ofereceu os seus presentes reinou sôbre Israel foi de quarenta
com grande alegria. 18Senhor Deus anos: em Hebron reinou sete anos, e
de nossos pais Abraão, Isac e Israel em Jerusalém trinta e três anos. “ E
conserva eternamente êste afeto do morreu numa ditosa velhice, cheio de
seu coração, e faze que dure sempre dias, de bens e de glória; e Salomão,
êste sentimento de \ eneração Para seu filho, reinou em lugar dêle.
contigo. 19Dá também a meu filho 29As primeiras e últimas ações do
Salomão um coração perfeito, para rei Davi estão escritas no livro de Sa­
que guarde os teus mandamentos, as muel, o vidente, e no livro do profe­
tuas leis e as tuas cerimônias, e cum­ ta Natan, e no volume de Gad, o v i­
pra tudo, e edifique a casa para a dente, 30com o que se passou em todo
qual preveni as despesas. o seu reinado, e a sua fortaleza, e os
Sacrifícios a Deus e unção de Salomão acontecimentos que se deram em seu
tempo, assim em Israel, como em to­
20Depois disto, Davi disse a todo o dos os reinos da terra.
SEGUNDO LIVRO
DOS PARALIPÔMENOS
Salomão em Gabaão duzir-me bem diante de teu povo,
porque quem poderá governar digna-
1 Salomão, filho de Davi, foi pois mente êste teu povo que .é tão
1 confirmado no seu reino; e o Se­ grande?
nhor seu Deus era com êle, e o exal­
tou em alto grau. 2E Salomão con­ “ E Deus disse a Salomão: Visto
vocou todo o Israel, os tribunos, e que isso agradou mais ao teu coração,
centuriões, e capitães, e os juizes de e não me pediste riquezas, nem bens,
todo Israel, e os chefes das famílias; nem glória, nem a morte dos que te
3e foi com tôda esta multidão ao al­ odeiam, e nem muitos dias de vida,
to de Gabaão, onde estava o taber- mas me pediste sabedoria e ciência
náculo da aliança de Deus, que Moi­ para poderes governar o meu povo,
sés, servo de Deus, tinha feito no de­ sôbre o qual eu te constitui rei, 12a
serto. 4Ora, quanto à arca de Deus, sabedoria e a ciência te são dadas;
Davi tinha-a trazido de Cariatiarim e, além disso, te darei riquezas e
ara o lugar que lhe tinha prepara- bens, e glória, de modo que nenhum
o, e onde lhe tinha erigido um ta- rei, nem antes de ti, nem depois de
bernáculo, isto é, para Jerusalém. ti, te seja semelhante. 13Salomão,
5E o altar de bronze, que tinha feito pois, voltou do alto de Gabaão de
Beseleel, filho de Uri, filho de Hur, diante do tabernáculo da aliança, pa­
estava lá (em Gabaão) diante do ta- ra Jerusalém, e reinou sôbre Israel.
bernãculo do Senhor; e Salomão e to­ Riqueza de Salomão
da a multidão foi em busca dêle.
°Subiu, pois, Salomão ao altar de 14E juntou um grande número de
bronze, que estava diante do taber- carroças e de cavaleiros, e teve mil
náculo da aliança do Senhor, e imo­ e quatrocentas carroças e doze mil
lou sobre êle mil vítimas. cavaleiros, e mandou-os estar nas ci­
Salomão pede e obtém a sabedoria dades destinadas às carroças e em
Jerusalém junto do rei. 15E o rei fêz
7Naquela mesma noite, apareceu- com que a prata e o ouro fôssem em
lhe Deus, dizendo: Pede-me o que Jerusalém tão comuns como as pe­
queres que eu te dê. 8E Salomão dras, e os cedros, como os sicômoros,
disse a Deus: Tu usaste com Davi, que nascem nos campos em grande
meu pai, de grande misericórdia, e quantidade. 10E eram-lhe trazidos
a mim, me constituíste rei em seu lu­ cavalos do Egito e de Coa pelos ne­
gar. 9Agora, pois, Senhor Deus, gociantes do rei, que iam e os com­
cumpra-se a tua palavra, que prome­ pravam por preço determinado; 17um
teste a meu pai Davi, pois que tu me tiro de quatro cavalos por seiscentos
estabeleceste rei sôbre o teu grande siclos de prata, e um cavalo por cen­
povo, que é tão inumerável como o to e cinqüenta; e assim se fazia a
pó da terra. 10Dá-me sabedoria e in- compra em todos os reinos dos He-
tiligência, a fim de que'eu saiba con­ teus e dos reis da Síria.
2 - 3 SEGUNDO LIVRO DOS PARALIPôMENOS 467
Recenseamento dos operários vinte mil metretas de vinho, e vin­
te mil satos de azeite.
O Resolveu, pois, Salomão edifi- UE Hirão, rei de Tiro, na carta que
“ car uma casa ao nome do Se­ enviou a Salomão, disse: Porque o
nhor, e um palácio para si. 2E, para Senhor amou o seu povo, por isso te
êste fim, destinou setenta mil ho­ constituiu a ti rei sôbre êle. 12E
mens, que, às costas, acarretassem os acrescentava: Bendito seja o Senhor
materiais, e oitenta mil para cortar Deus de Israel, que fêz o céu e a ter­
pedra nos montes, e três mil e seis­ ra, que deu ao rei Davi um filho sá­
centos para seus inspetores. bio e entendido e judicioso e pruden­
Aliança com Hirão, rei de Tiro te, para edificar um templo ao Se­
3Mandou também dizer a Hirão, rei nhor, e um palácio para si. 13Eu te
de Tiro: Do mesmo modo que fizeste envio, pois, um homem sábio e inte­
com Davi, meu pai, e lhe enviaste ligente, que é Hirão, (a quem honro
madeira de cedro, a fim de edificar com o) meu pai, 14filho duma mulher
para si o palácio em que êle habitou, das filhas de Dan, cujo pai foi Tírio,
4faze o mesmo comigo, para que eu que sabe trabalhar em ouro e em
edifique uma casa ao nome do Se­ prata, em bronze e em ferro, e em
mármore, em madeira, e também em
nhor meu Deus, e a consagre para púrpura, e em jacinto, e em linho
queimar o incenso na sua presença, fino, e em escarlate, e que sabe la­
e espalhar o fumo dos aromas, e ter vrar todo o gênero de escultura, e in­
sempre expostos os pães da propo­ ventar engenhosamente tudo o que é
sição, e para oferecer os holocaustos necessário para qualquer trabalho, e
da manhã e da tarde, e nos sábados, trabalhará com os teus artistas e com
e neomênias, e solenidades do Senhor os artistas de teu pai Davi, meu se­
nosso Deus perpètuamente, como foi nhor. 15Manda, pois, meu senhor, pa­
ordenado a Israel. 5Porque a casa ra os teus servos o trigo, e a cevada,
que eu pretendo edificar deve ser e o azeite, e o vinho, que prometeste.
grande, visto que o nosso Deus é 10E nós mandaremos cortar no Líba­
grande sôbre todos os deuses. 6Quem no as madeiras de que tiveres neces­
poderá, pois, ser capaz de lhe edifi­ sidade, e faremos pôr em jangadas
car uma casa digna dêle? Se o céu para irem por mar até Jope, e tu as
e os céus dos céus o não podem con­ mandarás transportar a Jerusalém.
ter, quem sou eu que possa edificar-
lhe uma casa? Mas (faço-o) sòmen- Outro recenseamento de operários
te para que se queime incenso na sua
presença. 7Envia-me, pois, um ho­ 17Salomão, pois, mandou tomar no­
mem hábil, que saiba trabalhar em ta de todos os homens prosélitos, que
ouro e em prata, em bronze e em havia na terra de Israel, depois do re­
ferro, em obras de púrpura, de es­ censeamento que tinha mandado fa ­
carlate e d? jacinto, e que saiba es­ zer Davi, seu pai, e achou-se que
culpir entalhes (a fim de que traba- eram cento e cinqüenta e três mil e
lhe) com os oficiais que eu tenho seiscentos. 18E dêstes escolheu seten­
junto de mim na Judéia e em Jeru­ ta mil, que levassem as cargas às cos­
salém, os quais Davi meu pai tinha tas, e oitenta mil que cortassem pe­
escolhido. 8E manda-me também ma­ dras nos montes, e três mil e seiscen­
deira de cedro, e de faia e, de pinho tos para inspetores dos trabalhos des­
do Líbano, porque sei que os teus ser­ ta gente.
vos são hábeis em cortar madeiras do Construção do templo
Líbano, e os meus servos trabalharão
com os teus, 9para que se aparelhem O Começou, pois, Salomão a edi-
madeiras em grande quantidade. ° ficar o templo do Senhor em
Porque a casa, que eu desejo edifi­ Jerusalém, sôbre o monte Mória, que
car, deve ser muito grandiosa e mag­ tinha sido mostrado a Davi, seu pai,
nífica. 10E darei para o sustento dos no lugar que Davi tinha preparado
operários teus servos, que hão de cor­ na eira de Ornan Jebuseu. 2E come­
tar as madeiras, vinte mil coros de çou a edificar no segundo mês do
trigo e outros tantos de cevada, e quarto ano do seu reinado.
468 SEGUNDO LIVRO DOS PARALIPôM EN oS
Suas dimensões pé, e os seus rostos virados para o
templo exterior.
3E êstes são os fundamentos que
Salomão lançou para edificar a ca­ O véu
sa de Deus: sessenta côvados de com­ “ Fêz também um véu de jacinto,
primento segundo a primeira me­ de púrpura, de escarlate, e de linho
dida, e de largura vinte côvados. 4E fino, e mandou bordar nêle querubins.
o pórtico da frontaria, o qual se es­
tendia em comprimento segundo a A s duas colunas
medida da largura da casa, era de 15E fêz diante da porta do templo
vinte covados; e a altura era de cen­ duas colunas, que tinham trinta e
to e vinte côvados; e Salomão man­ cinco covados de altura, e os seus ca­
dou-o dourar todo por dentro de ou­
ro puríssimo. 5Mandou também re­ pitéis eram de cinco côvados. 16E
vestir de madeira de faia a parte fêz também como umas cadeiazinhas
maior do templo, e mandou chapear no santuário, e pô-las sôbre os capi­
tudo de lâminas de ouro puríssimo, téis das colunas, e cem romãs, que
e mandou esculpir nela palmas e entrelaçou nas cadeiazinhas. 17E
umas como cadeiazmhas, enlaçadas pôs estas colunas no vestíbulo do tem­
umas nas outras. °Mandou pavimen­ plo, uma à direita, e outra à esquer­
tar o templo com mármore preciosís- da; à que estava à direita chamou-a
simo, com muitas decorações. 7E o Jaquim, e à que estava à esquerda
ouro das lâminas, de que mandou co­ chamou-a Booz.
brir o edifício, e as suas traves, e os A lta r de bronze
tilares, e as paredes, e as portas, era*
Íiníssimo; e mandou também esculpir A 'Fêz também Salomão um altar
uns querubins nas paredes. ^ de bronze com vinte côvados de
comprimento, vinte de largo e dez
O Santo dos Santos de alto.
M ar de bronze
8E fêz a casa do Santo dos Santos,
cujo comprimento, que correspondia 2E fêz também um mar fundido, que
à largura do templo, era de vinte cô- tinha dez côvados duma borda à ou­
vados, e cobriu-a de lâminas de ouro, tra, e era redondo em tôda a volta;
de quase seiscentos talentos de pêso. tinha cinco côvados de alto, e um cor­
9E fêz também os pregos de ouro, de dão de trinta côvados abraçava tôda
modo que cada um dèles pesava cin- a sua circunferência. 3E por baixo
qüenta sidos. E revestiu de ouro as dela havia figuras de bois, e, por dez
câmaras altas. côvados, no exterior havia algumas
esculturas que, divididas em duas or­
Os dois querubins dens, rodeavam a superfície do mar.
10Fêz também na casa do Santo dos E os bois eram fundidos (juntam en­
Santos duas estátuas de querubins, e te com o m a r). 4E o mesmo mar es­
tava assente sôbre doze bois, três
cobriu-as de ouro. uAs asas dos que­ dos quais olhavam para o setentrião,
rubins tinham vinte covados de ex­ e outros três para o ocidente, e ou­
tensão, de sorte que uma asa tinha tros três para o meio-dia, e os três
cinco covados, e tocava na parede do que restavam, para o oriente, tendo
templo, e a outra asa, que tinha tam­ o mar em cima de si; e as partes pos­
bém cinco covados, tocava a asa do teriores dos bois estavam para a par­
primeiro querubim. 12Da mesma sor­ te interior do mar. 5E a sua grossu-
te, uma asa do segundo querubim ti­ ra era a medida dum palmo, e a sua
nha cinco covados, e tocava na pare­ borda era como a dum copo, ou co­
de, e a outra asa dêste era de cinco mo a duma açucena aberta, e levava
covados, e tocava a ::sa do primeiro três mil metretas.
querubim. 13De maneira que as asas A s dez bacias
dêstes dois querubins estavam aber­
tas, e tinham vinte covados de ex­ °Fêz também dez bacias, e pôs cin­
tensão, E êles estavam postos em co à direita, e cinco à esquerda, para
4 - 5 SEGUNDO LIVRO DOS PARALIPOMENoS 469

lavarem nelas tudo o que se devia o- mandou abrir lavôres nas portas do
ferecer em holocausto; os sacerdotes, templo interior, isto é, do Santo dos
porém, lavavam-se no mar. Santos; e as portas do templo pela
parte de fora eram de ouro. E as­
Candeeiros de ouro e mesas sim se completaram tôdas as obras
7Fêz mais dez candeeiros de ouro, que Salomão fêz na casa do Senhor.
segundo a forma que tinha sido pres­
crita, e pô-los no templo, cinco Transporto da arca
à direita, e cinco à esquerda. 8E fêz Ç Salomão, pois, mandou trazer e
também dez mesas, e pô -las no tem­ ° colocar nos tesouros da casa de
plo, cinco à direita, e cinco à esquer­ Deus tudo o que Davi, seu pai, tinha
da; e igualmente cem fialas de ou­ oferecido: a prata e o ouro, e to­
ro. dos os vasos. 2Depois disto convocou
Os dois átrios
em Jerusalém todos os anciãos de Is­
9Fêz também o átrio dos sacerdo­ rael, e todos os príncipes das tribos,
tes, e o grande átrio, e portas no á- e os chefes de familias dos filhos de
trio, as quais revestiu de bronze. Israel, para transportarem a arca da
10E colocou o mar ao lado direito aliança do Senhor da cidade de Da­
contra o oriente, ao meio-dia. vi, que é Sião. 3E foram à presença
do rei todos os varões de Israel no
Recapitulação dos trabalhos em bronze dia solene do sétimo mês. 4E, tendo
uE Hirão fêz caldeiras, e garfos, e chegado todos os anciãos de Israel,
fialas, e acabou tôda a obra do rei na os Levitas levaram a arca, 5e intro-
casa de Deus, 12isto é, duas colunas duziram-na (no tem plo), com tudo o
com os seus epistílios e capitéis, e u- que pertencia ao tabernáculo. E os
ma espécie de rêdes, que cobriam os sacerdotes com os Levitas levaram os
capitéis por cima dos epistílios. 13E vasos do santuário, que havia no ta­
quatrocentas romãs, _e duas rêdes, bernáculo. 6Entretanto o rei Salo­
de sorte que se juntavam duas or­ mão e todo o povo de Israel, e todos
dens de romãs a cada uma das rêdes os que se tinham reunido diante da
que cobriam os epistílios e os capitéis arca, imolavam carneiros e bois sem
das colunas. 14Fêz também as ba­ número, tão grande era a quantida­
ses e as bacias, que pôs sobre as ba­ de das vítimas.
ses; 15o mar e os doze bois por bai­ A arca é colocada no Santo dos Santos
xo do mar; 10e as caldeiras, e os gar­
fos, e as fialas, Hirão, seu pai, fêz 7E os sacerdotes puseram a arca
a Salomão todos os vasos de bronze da aliança do Senhor no seu lugar, is­
muito puro para a casa do Senhor. to é, no oráculo do templo, no Santo
170 rei mandou-os fundir na região dos Santos, debaixo das asas dos que­
do Jordão, numa terra argilosa, en­ rubins, 8de modo que os querubins
tre Socot e Saredata. 18E a quanti­ estendiam as suas asas sôbre o lugar
dade dos vasos era inumerável, de mo­ em que a arca estava posta, e cobria
do que se não sabia o pêSo do bron­ a mesma arca e os seus varais. °E
ze. as extremidades dos varais, com que
Utensílios de ouro se levava a arca, porque eram um
pouco mais compridos, apareciam
19E Salomão fêz todos os vasos do diante do oráculo; mas, se alguém es­
templo de Deus, e o altar de ouro, e tava um tanto fora, já não os podia
as mesas, sobre as quais se punham ver. E ali tem estado a arca até ao
os pães da proposição. “ Fêz mais de dia de hoje. 10E na arca não havia
puríssimo ouro os candeeiros com as outra coisa além das duas tábuas
suas lâmpadas, para arderem diante que Moisés ali tinha pôsto em Ho-
do oráculo, segundo o rito; 1 *21e uns
9 reb, quando o Senhor deu a lei aos
florões; e os mecheiros, e as tenazes filhos de Israel, na sua saídq do Egito.
de ouro; tôdas estas coisas foram “ E, logo que os sacerdotes saíram
feitas de ouro puríssimo; 22e os brasei­ do santuário, (porque todos os sacer­
ros, e os turíbulos, e os copos, e os dotes que puderam achar-se ali, se
grais (eram ) de ouro puríssimo. E purificaram; e naquele tempo ainda
470 SEGUNDO LIVRO DOS PARALIPOMENOS 5 -6
não estavam distribuídos entre êles os se edificará uma casa ao meu nome.
turnos e ordem ios ministérios), lüO Senhor, pois, cumpriu a sua pa­
12tanto os Levitas como os cantores, lavra, que tinha dito; e eu sucedl a
isto é, os que estavam debaixo da Davi, meu pai, e me sentei sôbre o
direção de Asaf, e os que estavam trono de Israel, corno o Senhor o dis­
debaixo da direção de Eman e de Idi- se; e edifiquei uma casa ao nome do
tun, seus filhos e irmãos, revestidos Senhor Deus de Israel; Me coloquei ne­
de vestes de linho fino, tocavam tím- la a arca, na qual está o pacto que
bales e saltérios, e citaras, postos em o Senhor fêz com os filhos de Is­
pé, d ) lado oriental do altar, e com rael.
êles cento e vinte sacerdotes, que Oração de Salomão
tocavam trombetas. 13Assim, pois,
formando todos um concêrto com as 12Dito isto, Salomão pôs-se em pé
trombetas, e as vozes, e os tímbales, diante do altar do Senhor, na pre­
e os órgãos, e diversos outros ins­ sença de tôda a multidão de Israel,
trumentos músicos, e, levantando mui­ e estendeu as mãos. 18È de no­
to as vozes, ouvia-se ao longe o es­ tar que Salomão tinha leito um estra­
trondo, de modo que, quando come­ do de bronze de cinco côvados de com­
çaram a cantar e a dizer: Bendizei prido, e outros tantos de largo, e três
ao Senhor, porque é bom e porque a de alto, o qual tinha colocado no meio
sua misericórdia é eterna, encheu- do átrio, e pôs-se em pé sôbre êle, e
se a casa de Deus duma nuvem, 14e depois, pôsto de joelhos, com o rosto
os sacerdotes não podiam estar (a li), virado para tôda a multidão de Israel,
nem exercer as suas funções, por cau­ e as mãos levantadas ao céu, 14disse:
sa da escuridão. Porque a glória do Senhor Deus de Israel, não há Deus
Senhor tinha enchido a casa de Deus. semelhante a ti, nem no céu nem na
Salomão dã graças a Deus pela terra; a ti, que observas o pacto e
edificação do templo a misericórdia com os teus servos
que andam diante de ti de todo o seu
£ ^ n tã o disse Salomão: O Senhor coração; 15que cumpriste tôdas as pro­
u prometeu que habitaria na es­ messas que fizeste a teu servo Davi,
curidão; 2e eu edifiquei uma casa ao meu pai, e que puseste por obra o
seu nome, para que habite nela pa­ que prometeste com a bõca, como a-
ra sempre. 8E o rei v olto a o seu ros­ gora se verifica.
to e abençoou tôda a multidão de Is­ 10Cumpre, pois, agora, Senhor Deus
rael (porque tôda a gente estava de de Israel, a favor de Davi, meu pai e
pé atenta) e disse: teu servo, tudo o que lhe prometeste,
♦Bendito seja o Senhor, Deus de Is­ dizendo: Não faltará da tua descen­
rael, que cumpriu o que prometeu a dência um homem que se sente na.
Davi, meu pai, dizendo: 5Desde o dia minha presença sôbre o trono de Is­
em que eu fiz sair o meu povo da ter­ rael, contanto, porém, que teus filhos
ra do Egito, não escolhi cidade algu­ guardem os seus caminhos, e andem
ma entre tôdas as tribos de Israel, pa­ segundo a minha lei, como tu tam­
ra nela se levantar uma casa ao meu bém andaste na minha presença. 17E
nome; nem escolhi nenhum outro ho­ agora, Senhor Deus de Israel, confir-
mem, para ser chefe do meu povo de me-se a tua palavra, que deste a teu
Israel; 6mas escolhi Jerusalém, para servo Davi.
nela se honrar o meu nome, e escolhi 18É, pois, crível que Deus habite
Davi, para o constituir sôbre o meu com os homens sôbre a terra? Se o
povo de Israel. 7E, tendo meu pai céu e os céus dos céus te não podem
Davi desejado edificar uma casa ao conter, quanto menos esta casa, que
nome do Senhor Deus de Israel, 8o eu edifiquei! 10Mas ela foi sòmente
Senhor disse-lhe: Já que tu tiveste feita, a fim de atenderbs à oração e
vontade de edificar uma casa ao meu às súplicas do teu servo, Senhor meu
nome, certamente fizeste bem em ter Deus, e a fim de ouvires as preces,
tal vontade 9todavia não serás tu que o teu servo faz na tua presença;
ue hás de edificar a casa, porém teu 20a fim de que, de dia e de noite,
? ilho, que sairá de tuas entranhas, es­ tenhas os teus olhos abertos sôbre
6 SEGUNDO LIVRo DOS PA R A LIP 0M E N 0S 471

esta casa e sôbre o lugar, no qual não fôr do teu povo de Israel, vier
prometeste que o teu nome seria in­ dum país remoto, atraido pela fama
vocado, 21e que ouvirias a oração, que do teu grande nome, e da tua forta­
o teu servo, nêle faz, e ouvirias as leza, e do poder do teu braço esten­
súplicas do teu servo e as do teu povo dido, e te adorar neste lugar, 33tu o
de Israel. Ouve, Senhor, da tua mo­ ouvirás do céu, tua firmíssima habi­
rada, que é o céu, todo aquêle que tação; e concederás todas as coisas
nêste lugar orar, e sê-lhe propício. que aquêle peregrino te pedir, para
22Se alguém pecar contra o seu que todos os povos da terra conhe­
próximo, e se apresentar para dar ju­ çam o teu nome, e te temam, como
ramento contra êle, e se ligar com al­ o teu povo de Israel, e reconheçam
guma maldição diante do teu altar que o teu nome foi invocado nesta
nesta casa. -3Tu ouvirás do céu, e fa ­ casa que eu edifiquei.
rás justiça aos teus servos, de manei­ 34Se o teu povo sair à campanha
ra que faças recair a pex^fídia do cul­ contra os seus inimigos, seguindo pelo
pado sôbre a sua cabeça, e vingues o caminho pelo qual tu o tiveres man­
justo, retribuindo-lhe segundo a sua dado, e te adorar com a face virada
justiça. 24Se o teu povo de Israel fôr para o caminho, onde está situada es­
vencido pelos seus inimigos (porque ta cidade, que tu escolheste, e a casa
pecou contra ti) e, convertido, fizer que eu edifiquei ao teu nome, “ tu
penitência, e invocar o teu nome, e ouvirás do céu as suas orações e as
vier suplicar neste lugar, 25tu o ou­ suas súplicas, e os vingarás (dos seus
virás do céu, e perdoarás o pecado ao inimigos).
teu povo de Israel, e o restituirás à
terra que lhe deste a êle e a seus 36Se êles, porém, pecarem contra
pais. ti (porque não há homem que não
26Se, fechado o céu, a chuva não peque), e tu te irares contra êles, e
cair por causa dos pecados do povo, e os entregares aos inimigos, e êstes
te rogarem neste lugar, e, dando gló­ os levarem cativos para um país re­
ria ao teu nome, se converterem e moto ou vizinho, 37e êles, convertendo-
fizerem penitência dos seus pecados, se do seu coração na terra para onde
quando os afligires, 27ouve-os lá do foram levados cativos, fizerem peni­
céu, Senhor, e perdoa os pecados dos tência, e recorrerem a ti na terra do
teus servos e do teu povo de Israel, seu cativeiro, dizendo: Nós pecamos,
e ensina-lhes o bom caminho, por on­ nós cometemos a iniqüidade, nós pro­
de andem, e derrama a chuva sôbre cedemos injustamente; 3?e se voltarem
a terra que tu deste ao povo para para ti de todo o seu coração e de
possuir. tôda a sua alma, no país do seu cati­
28Se sobrevier à terra fome, ou pes­ veiro a que foram levados, e te ado­
te, mela, ou corrupção do ar, ou gafa­ rarem voltados para o caminho da
nhotos, ou pulgão; se os inimigos, sua terra que deste a seus país, e
depois de destruídos os campos, si­ da cidade que escolheste, e do tem­
tiarem as portas da cidade, ou qual­ plo que eu edifiquei ao teu nome, 39tu
quer outro flagelo ou doença a opri­ ouvirás do céu, isto é, da tua firme
mir, 29se alguém do teu povo de Is­ morada, as suas súplicas, e farás jus­
rael, considerando a sua praga e doen­ tiça, e perdoarás ao teu povo, ainda
ça, te suplicar e levantar as suas que pecador, 40porque tu és o meu
mãos para ti nesta casa, 30tu o ouvirás Deus. Abram-se, te peço, os teus o-
do céu desde a tua sublime morada, lhos, e estejam atentos os teus ouvi­
e serás propício, e darás a cada um dos à oração que se fizer neste lugar.
conforme as suas obras que conheces 41Agora, pois, levanta-te Senhor Deus,
que êle tem no seu coração, (pois que e vem para o teu descanso, tu e a ar­
só tu conheces os corações dos filhos ca (por meio da qual mostras a) tua
dos homens), 31a fim de que êles te te­ fortaleza. Os teus sacerdotes, Senhor
mam e andem pelos teus caminhos Deus, sejam revestidos da salvação, e
todos os dias que viverem sôbre a os teus santos se alegrem nos teus
face da terra, que deste a nossos pais. bens. 42Senhor Deus, não apartes o
32Se mesmo um estrangeiro, que rosto dêste teu ungido; lembra-te das
47 2 SEGUNDO LIVRO DOS PARALIPÔMENoS 6 - 7

misericórdias (ou piedade) do teu ser­ mo mês, despediu os povos para as


vo Davi. suas tendas, cheios de alegria e de
contentamento pelas graças que o Se­
A majestade de Deus enche o templo nhor tinha feito a Davi e a Salomão,
e ao povo de Israel.
n ‘Quando Salomão terminou a sua
■ oração, desceu fogo do céu, e Resposta de Deus à oração de Salomão
consumiu os holocaustos e as vítimas,
e a majestade do Senhor encheu a ca­ “ Terminou, pois, Salomão a casa
sa. 2E os sacerdotes não podiam en­ do Senhor, e o palácio real, e tudo
trar no templo do Senhor, porque a o que dentro em seu coração tinha
majestade do Senhor tinha enchido determinado fazer na casa do Senhor
o seu templo. 3E também todos os e no seu próprio palácio, e foi bem
filhos de Israel viram descer o fo ­ sucedido. 12E o Senhor apareceu-lhe
go e a glória do Senhor sôbre o tem­ do noite, e disse: Ouvi a tua oração,
plo; e, prostrados còm o rosto em e escolhí para mim êste lugar para
terra sôbre o pavimento lageado de casa de sacrifício. 13Se porventura
pedra, adoraram e louvaram o Se­ eu fechar o céu, e não cair chuva,
nhor, dizendo: Êle é bom, e a sua e mandar e ordenar aos gafanhotos
misericórdia é eterna. que devorem a terra, e mandar a pes­
te ao meu povo; 14e o meu povo, so­
Outras cerimônias da dedicação bre que foi invocado o meu nome,
convertendo-se, me rogar, e buscar a
4Entretanto o rei e todo o povo i- minha face e fizer penitência dos seus
molavam vítimas diante do Senhor. maus caminhos, eu também o ouvirei
5E o rei Salomão ofereceu em sacrifí­ do céu. e perdoarei os seus pecados,
cio vinte e dois mil bois e cento e vin­ e purificarei a sua terra. 16Ôs meus
te mil carneiros; e o rei com todo olhos também se abrirão, e os meus
o povo dedicou a casa do Deus. #Ao ouvidos atenderão à oração daquele
mesmo tempo os sacerdotes estavam que orar neste l u g a r : 16porque eu
aplicados às suas funções, e os Levi- escolhí e santifiquei êste lugar, a fim
tas, ao som dos instrumentos músicos, de nêle estar o meu nome para sem­
cantavam os hinos do Senhor que o pre, e os meus olhos e o meu cora­
rei Davi tinha comnosto para louvar ção estarem fixos nêle em todo o tem­
o Senhor, ( repetin do): porque a sua po. 17Tu também, se andares na mi­
misericórdia é eterna; e cantavam os nha presença como andou Davi, teu
hinos de Davi ao som dos instrumen­ pai, e se procederes em tudo confor­
tos que tocavam com as §uas mãos; me as ordens que te tenho dado, e
e os sacerdotes diante dêles tocavam guardares os meus preceitos e leis,
as trombetas, e todo o Israel estava 18eu conservarei o trono do teu reino,
em pé. 7Salomão consagrou tam­ como o prometi a Davi, teu pai, di­
bém o meio do átrio diante do tem­ zendo: Não faltará varão da tua li­
plo do Senhor; porque ali tinha êle nhagem. que seja príncioe em Israel.
oferecido os holocaustos e a gordura 19Mas, se vos desviardes (de m im ),
das vítimas pacíficas, porque o altar e deixardes as minhas leis e os man­
de bronze que êle tinha feito, não damentos que vos propus, e servirdes
podia bastar para os holocaustos e sa­ os deuses estranhos, e os adorardes,
crifícios e gordura. 8E Salomão ce­ 20eu vos arrancarei da minha terra,
lebrou então a festa solene (dos Ta- que vos dei, e lançarei para longe da
bernáculos) durante (outros) sete minha presença êste templo^que con­
dias, e todo o Israel com êle, sendo sagrei ao meu nome, e o entregarei
muito grande o ajuntamento, desde a para servir de fábula e de exemplo a
entrada de Emat afcé à torrente do todos os povos. 21E esta casa se con­
Egito. 9E, ao oitavo dia, fêz uma verterá em escárneo para todos os
reunião solene, porque tinha feito a que passarem, os quais, cheios de es­
dedicação do altar nos sete dias e ce­ panto, dirão: Por que motivo tratou
lebrado a solenidade dos Tabernãcu- o Senhor assim esta terra e esta casa?
los durante (outros) sete dias. 10Por 22E lhes responderão: Porque deixa­
fim, no dia vigésimo terceiro do séti­ ram o Senhor Deus de seus pais, que
7 - 9 SEGUNDO LIVRO DOS PAR ALIPO M EN oS 473
os tinha tirado da terra do Egito, e santificada, quando entrou nela a ar­
porque tomaram deuses estranhos, e ca do Senhor.
os adoraram e reverenciaram; por is­
so vieram sôbre êles todos êstes ma­ Organização do culto
les. 1::Então Salomão ofereceu holocaus-
Cidades reedificadas por Salomão tos ao Senhor sôbre o altar do Se­
nhor, que tinha levantado diante do
Q ’Ora, passados vinte anos, de- pórtico, "com o fim de se oferece­
® pois que Salomão edificou a ca­ rem nêle todos os dias sacrifícios,
sa do Senhor e o seu palácio, -re- conforme a ordenação de Moisés, e
edificou as cidades que Hirão tinha nos sábados, e nas neomênias, e nos
dado a Salomão, e fêz habitar nelas dias de festa, três vêzes no ano, a sa­
os filhos de Israel. ‘Foi também a ber: na festa dos ázimos, e na festa
Emat de Suba, e ocupou-a. 4E fun­ das semanas, e na festa dos taberná-
dou Palmira no deserto, e edificou culos. 3,E distribuiu, segundo as dis­
outras cidades fortíssimas em Emat. posições de Davi, seu pai, as funções
r,E restaurou Betorom tanto a alta dos sacerdotes nos seus ministérios, e
como a baixa, cidades muradas, que a ordem dos Levitas para cantarem
tinham portas, ferrolhos e fechadu­ os louvores, e para servirem diante
ras. “E restaurou também Balaat e dos sacerdotes, segundo o rito de ca­
tôdas as cidades fortes, que perten­ da dia, e a distribuição dos porteiros
ciam a Salomão, e tôdas as cidades por cada uma das portas, porque assim
das carroças, e as cidades da cavala­ o tinha mandado Davi, homem de
ria. Salomão edificou tudo o que Deus. ,r*E não transgrediram as or­
quis e ideou, assim em Jerusalém, dens do rei, tanto os sacerdotes como
como no Líbano, e em todo o país do os Levitas, em tudo o que lhes tinha
seu domínio. mandado, e f prhicipalmente) na guar­
Estrangeiros submetidos ao trabalho
da dos tesouros. '"Salomão teve pre­
paradas tôdas as coisas necessárias,
7Tôda a gente que tinha ficado dos desde o dia em que começou a lan­
Heteus e dos Amorreus, e dos Fere- çar os fundamentos da casa do Se­
seiis. e dos Heveus, e dos Jebuseus, nhor, até ao dia em que acabou.
que não eram da linhagem de Israel,
Visto é ), dos filhos e descendentes Frota de Salomão
daqueles que os filhos de Israel ti­ ,TEntão foi Salomão a Asiongaber,
nham deixado com vida, Salomão fê- e a Ailat, à praia do mar Vermelho,
-los seus tributários até ao dia de que está na terra de Edom. 1SE o rei
hoie. Hirão mandou-lhe, por meio dos seus
9Porém, dos filhos de Israel não lan­ servos, naus e marinheiros práticos
çou mão para trabalharem nas obras do mar, que foram com a gente de
do rei, porque eram homens de guer­ Salomão, a Ofir, e de lá trouxeram ao
ra, e os primeiros oficiais, e os co­ rei Salomão quatrocentos e cinqüen-
mandantes das suas carroças e cava­ ta talentos de ouro.
laria. 10E todos os chefes do exérci­
to do rei Salomão chegavam ao nu­ Visita da rainha de Sabá
mero de duzentos e einqüenta, os
quais instruíram ò povo. Q 1A rainha de Sabá, tendo também
Casa da filha de Faraó * ouvido falar da fama de Salo­
mão, foi a Jerusalém para o experi­
“ E mudou a filha do Faraó da ci­ mentar com enigmas, levando consigo
dade de Davi para a casa que lhe ti­ grandes riquezas e camelos, que iam
nha edifícado; porque, disse o rei: carregados de aromas e de grande
Não habitará minha mulher na casa quantidade de ouro e de pedras pre­
de Davi, rei de Israel, porquanto foi ciosas. Logo que ela se apresentou a
Cap. V I I I — 11. Não habitará. .. Salomão nâo quer que uma mulher estrangeira habite
na casa de Davi, já santificada pela presença da arca. Considera isto uma profanação. Ê
uma prova da sua piedade sincera, na qual infelizmente nâo perseverou.
474 SEGUNDO LIVRO DOS PARALIPOM ENOS 9

Salomão, expôs-lhe tudo o que tinha de ouro, 14sem contar aquela soma
no seu coração. 2E Salomão expli­ que lhe costumavam levar os depu­
cou-lhe tudo o que ela lhe propuse­ tados de várias nações, e os negocian­
ra; e não houve nada que êle não tes, e todos os reis da Arábia, e os
lhe pusesse claro. 3Logo que ela viu a governadores das províncias, que le­
sabedoria de Salomão, e a casa que vavam ouro e prata a Salomão.
êle tinha edificado, 4e os manjares da 15Fêz, pois, o rei Salomão duzentas
sua mesa, e os aposentos dos seus lanças de ouro. em cada uma das
servos, e os ofícios dos que o serviam quais eram empregados seiscentos si­
e os seus vestidos, e os copeiros com dos de ouro. 16E também trezentos
os seus trajes, e as vítimas que imo­ escudos de ouro, cada um dos quais
lava na casa do Senhor, ficou espan­ era coberto com trezentos siclos de
tada, e como fora de si. 5E disse ao ouro; e o rei pô-los no arsenal que
rei: É verdade o que ouvi dizer na estava situado no bosque.
minha terra das tuas virtudes e da 17Fêz também o rei um grande tro­
tua sabedoria. °Eu não acreditava na­ no de marfim, e revestiu-o de ouro
queles que me contavam, até que eu puríssimo. :8E os seis degraus, pelos
mesma vim, e vi com os meus olhos, e quais se subia ao trono, e um estrado
reconheci que apenas me tinha sido de ouro, e dois braços duma e outra
dito a metade da tua sabedoria. As parte, e dois leões ao pé dos dois bra­
tuas virtudes excedem a fama. 7Bem- ços, 19e mais outros doze leõezinhos
aventurados os teus povos, e bem- postos duma e outra parte sôbre os
aventurados os teus servos, que es­ seis degraus; não houve trono seme­
tão sempre diante de ti, e que ouvem lhante em nenhum outro reino. 20E
a tua sabedoria. 8Bendito seja o Se­ todos os vasos da mesa do rei eram
nhor teu Deus, que quis colocar-te de ouro e a baixela do palácio do
sôbre o seu trono como rei, fazendo bosque do Líbano era de ouro purís­
as vêzes do Senhor seu Deus. P or­ simo; porque naquele tempo a prata
que Deus ama Israel, e quer conser­ era reputada por nada, 21porque as
vá-lo para sempre, por isso te consti­ frotas do rei iam de três em três anos
tuiu seu rei, a fim de o julgares e a Tarsis com os servos de Hirão, e
lhe administrares justiça. traziam de lá ouro e prata, e mar­
9E presenteou o rei com cento e fim, e bugios, e pavões.
vinte talentos de ouro, e uma prodi­ Magnificência e glória de Salomão
giosa quantidade de aromas e pedras
preciosíssimas; nunca se tinham vis­ 22Por isso o rei Salomão ultrapas­
to perfumes tão excelentes, como os sou todos os reis do mundo em ri­
que a rainha de Sabá deu ao sei Sa­ quezas e em glória. 23E todos os reis
lomão. da terra desejavam ver o rosto de Sa­
l0E os servos de Hirão com os de lomão, para ouvirem a sabedoria de
Salomão trouxeram também ouro de que Deus tinha dotado o seu coração;
Ofir, e madeira de tino, e pedras de 24e presenteavam-no todos os anos
grande valor. “ Com,esta madeira de com vasos de prata e de ouro, e ves­
tino fêz o rei os degraus da casa do tidos, e armas, e aromas, e cavalos,
Senhor e do palácio real, e as citaras, e machos.
e os saltérios dos músicos; nunca se 25Teve também Salomão quarenta
viu na terra de Judá madeira como mil cavalos nas suas cavalariças, e
esta. 12E o rei Salomão deu à rainha doze mil coches, e doze mil cavalei­
de Sabá tudo o que ela desejou, e o ros, e colocou-os nas cidades destina­
que ela pediu, e muito mais do que das para as carroças, e em Jerusalém
lhe tinha trazido, e ela, retirando-se, onde estava o rei. 26E exerceu tam­
voltou para a sua terra com os seus bém o seu poder sôbre todos os reis
servos. que havia desde o rio Eufrates até
Riquezas de Salomão à terra dos Filisteus, e até às fron­
teiras do Egito'. 27E fêz que em
13E o pêso de ouro, que todos os Jerusalém fôsse tão comum a pra­
anos era levado a Salomão, era de ta como as pedras, e que houves­
seiscentos e, sessenta e seis talentos se tanta multidão de cedros como são
9 - 1 1 SEGUNDO LIVRO DOS P A R ALIPO M EN oS 475

os sicômoros «que nascem nos cam­ grosso do que as costas de meu pai;
pos. 28E eram-lhe trazidos cavalos “ meu pai pôs-vos um jugo pesado, e
do Egito, e de todos os países. eu lhe acrescentarei maior pêso; meu
pai açoitou-vos com correias, eu po­
Morte de Salomão rém açoitar-vos-ei com escorpiões.
290 resto das ações de Salomão, 12A o terceiro dia, pois, foi Jeroboão
e todo o povo ter com Roboão, se­
tanto as primeiras como as últimas, gundo êle lhes tinha ordenado. 13E
estão escritas nos livros do profeta o rei, não fazendo caso do conselho
Natan, e nos livros de Aías de Silo, dos anciãos, respondeu-lhes com du­
e na visão de Ado, que profetizou reza, 14e falou-lhes segundo o conse­
contra Jeroboão, filho de Nabat. lho dos jovens: Meu pai pôs-vos um
3uSalomão reinou em Jerusalém sobre jugo pesado, e eu o farei mais pe­
todo o Israel durante quarenta a- sado; meu pai açoitou-vos com cor­
nos. 81E adormeceu com seus pais, reias, eu porém açoitar-vos-ei com
e foi sepultado na cidade de Davi; e escorpiões. 15E não condescendeu
Roboão, seu filho, reinou em seu lu­ com as súplicas do povo, porque era
gar. da vontade de Deus que se cumpris­
O cisma
se a palavra que tinha dito a Jero­
1(1 p artiu , pois, Roboão para Si- boão, filho de Nabat, por meio de
quém; porque todo o Israel se Aías Silonita.
tinha juntado lã para o constituir rei. 0 povo, excetuando as tiibos de Judá
2Tendo ouvido isto Jeroboão, filho de e Benjamim, revolta-se contra Roboão
Nabat, que estava no Egito (pois ti­
nha fugido para lã da presença de MEntão todo o povo, ao ouvir tão
Salomão), voltou logo. 3E chama- dura resposta do rei, disse-lhe assim:
ram-no, e foi com todo o Israel, e fa ­ Não temos parte com Davi, nem he­
laram a Roboão, dizendo: 4Teu pai rança com o filho de Jsaí. Volta, Is­
oprimiu-nos com um jugo duríssimo, rael, para as tuas tendas, e tu, Da­
tu, porém, trata-nos com mais bran- vi, governa a tua casa.
dura do que teu pai, que nos impôs E assim se retirou Israel para as
uma grave servidão, e alivia-nos um suas tendas.
pouco a carga, e nós seremos teus 17E Roboão ficou reinando (sòmen-
servos. te) sôbre os filhos de Israel que ha­
5Êle disse-lhes: Tornai a vir daqui bitavam nas cidades de Judá. 18E o
a três dias. E, depois que o povo se rei Roboão enviou Adurão, que era
retirou, °teve Roboão conselho com superintendente dos tributos, mas os
os anciãos, que tinham sido minis­ filhos de Israel apedrejaram-no, e êle
tros de Salomão, seu pal, durante a morreu. Em vista disto o rei Ro­
sua vida, dizendo: Que me aconse­ boão montou apressadamente no seu
lhais que eu responda ao povo? 7Êles coche, e fugiu para Jerusalém. 19E
disseram-lhe: Se contentares êste po­ Israel separou-se da casa de Davi até
vo, e o aplacares com palavras doces, ao dia de hoje.
êles te servirão para sempre. 8Êle, Deus proíbe a Roboão fazer guerra
porém, abandonou o conselho dos an­ aos Israelitas
ciãos, e começou a consultar os jo ­
vens que tinham sido criados com 11 'Roboão voltou, portanto, para
êle e estavam na sua companhia. °E 1 * Jerusalém, e convocou tôda a
disse-lhes: Que vos parece? Que de­ tribo de Judá e de Benjamim, cento
vo eu responder a êste povo que me e oitenta mil homens escolhidos e
veio dizer: Alivia-nos o jugo que teu guerreiros, para pelejar contra Israel,
pai nos impôs? 10Mas êles responde­ e fazê-lo voltar para o seu domínio.
ram como jovens e como criados com 2Mas o Senhor dirigiu a sua palavra
êle nas delicias, e disseram: Assim a Seméias’ homem de Deus, dizendo:
responderás ao povo que te veio di- 3Vai dizer a Roboão, filho de Salo­
zer: Teu pai fêz pesadíssimo o nosso mão, rei de Judá, e a todo o Israel,
jugo, tu alivia-o; assim lhe responde­ que está na tribo de Judá e de Ben­
rás: O meu dedo mindinho é mais jamim: 4Eis o que diz o Senhor: Não
476 SEGUNDO LIVRO DOS PAR A LIP Ô M E N oS 11 - 12
marchareis, nem pelejareis contra lha de Jerimot, filho de Davi, e tam­
vossos irmãos; cada um volte para bém com Abiail, filha de Eliab, filho
sua casa, porque isto aconteceu por de Isaí, 189a qual deu à luz Jeús, e
minha vontade. Êles, tendo ouvido Somorias, e Zoom. 20*Depois desta to­
a palavra do Senhor, voltaram para mou também por mulher a Maaca,
trás, e não marcharam contra Je- filha do Absalão, da qual teve Abia,
roboão. e Etai, e Ziza, e Salomit. aE Roboão
Roboão fortifica o seu reino
amou Maaca, filha de Absalão, mais
ue tôdas as mulheres principais e
5E Roboão habitou em Jerusalém, e segunda ordem; poique êle teve
e edificou várias cidades muradas em dezoito esposas e sessenta mulheres
Judá. °E fortificou Belém, e Etão, e de segunda ordem, e teve vinte e oi­
Tecué, 7e também Becsur, e Soco, e to filhos e sessenta filhas.
Odolão, 8e Get, e Maresa, e Zif, °e 22E constituiu Abia, filho de Maa­
Adurão, e Laquis, e Azeca, 10e Saraa, ca, cabeça e príncipe sobre todos os
e Aialon, e Hebron, que estavam em seus irmãos, porque tinha o desígnio
Judá e Benjamim, tôdas cidades fo r­ de o fazer rei, 23porque era o mais avi­
tíssimas. nE, tendo-as cercado de sado e o mais poderoso de todos os
muros, pôs nelas governadores e ar­ seus filhos, e em todos os territórios
mazéns de viveres, isto é, de azeite e de Judá e de Benjamim, e em tôdas
de vinho. 12E estabeleceu também as cidades muradas, e deu-lhes ali­
em cada cidade um arsenal de es­ mentos em grande abundância, e pe­
cudos e de lanças, e fortificou-as com diu para êles muitas mulheres.
sumo cuidado, e reinou sòbre Judá e
Benjamim. Invasão de Sesac
Recebe os sacerdotes e X.evitas
expulsos por Jerohoão 12 porém, o reino de Ro-
boão estava bem estabelecido e
18E os sacerdotes e os Levitas, que consolidado, êle abandonou a lei do
havia em todo o Israel, foram para Senhor, e com êle todo o Israel.
êle de tôdas as suas residências, “ dei­ 2Ora, no quinto ano do reinado de
xando os seus subúrbios e as suas fa ­ Roboão, Sesac, rei do Egito, mar­
zendas, e passando para Judá e Jeru­ chou contra Jerusalém (porque (os
salém, porque Jeroboão, e seus filhos Israelitas) tinham pecado contra o
os tinham expulsado, a fim de não Senhor), 3com mil e duzentas carro­
exercerem o sacerdócio do Senhor. ças de guerra, e sessepta mil cavalei­
15E Jeroboão constituiu para si sacer­ ros, e era inumerável a gente que
dotes dos lugares altos, o dos demô­ com êle tinha vindo do Egito: os Lí-
nios, e dos novilhos que êle tinha bios, e os Trogloditas, e os Etíopes.
mandado fazer. 10E também de to­ 4E apoderou-se das praças mais fo r­
das as tribos de Israel, todos aquêles tes de Judá, e chegou até Jerusalém.
que tinham resolvido em seu coração 5E o profeta Seméias foi ter com
seguir o Senhor Deus de Israel, fo ­ Roboão e com os príncipes de Judá,
ram a Jerusalém, a fim de imolarem que se tinham juntado em Jerusa­
as suas vítimas na presença do Se­ lém, fugindo de Sesac, e disse-lhes:
nhor Deus de seus pais. 17E fo rtifi­ Eis o que diz o Senhor: Vós desam­
caram o reino de Judá, e consolida­ parastes-me, e eu vos desamparei
ram (no tron o) a Roboão, filho de também nas mãos de Sesac. 6E,
Salomão, durante três anos; porque consternados os príncipes de Israel e
somente três anos andaram nos ca­ o rei disseram: O Senhor é justo. 7E,
minhos de Davi e de Salomão. vendo o Senhor que se tinham hu­
Fam ília de Roboão milhado, falou a Seméias, dizendo:
Visto que êles se humilharam, não os
18E Roboão casou com Maalat, fi­ perderei, mas dar-lhes-ei algum au-
Cap. X I — 23. Porque era o mais avisado... Segundo o hebraico: Éle (Robo&o) procedeu
com prudência, dispersando os (outros) seus filhos pelas províncias de Judá e de Benjam im ,
por tôdas as cidades fortes... para que se n&o revoltassem contra o seu irmão.
12 - 13 SEGUNDO LIVRO DOS P AR ALIP O M EN oS 477

xílio, e não farei cair o meu furor trocentos mil homens escolhidos, e
sôbre Jerusalém por mão de Sesac. Jeroboão pôs também em batalha um
8Todavia ficar-lhe-ão sujeitos, para exército de oitocentos mil homens, os
conhecerem a diferença que há entre uais também eram soldados escolhi-
o servir-me a mim, e o servir aos reis os e valentíssimos para a guerra.
da terra. 4Abia fêz alto sôbre o monte Seme-
9Sesac, pois, rei do Egito, retirou- ron, que estava na tribo de Efraim,
se de Jerusalém, depois de ter tira­ e disse: Ouve, Jeroboão, e todo o Is­
do os tesouros da casa do Senhor e rael: 5Porventura ignorais vós que o
do palácio do rei, e levou tudo con­ Senhor Deus de Israel deu para sem­
sigo, e também os escudos de ouro pre a Davi e aos seus descendentes a
que Salomão tinha mandado fazer, soberania sôbre Israel por um pacto
10em lugar dos quais o rei mandou inviolável? °E Jeroboão, filho de Na-
fazer outros de bronze, e entregou-os bat, servo de Salomão, filho de Davi,
aos capitães dos escudeiros, que guar­ levantou-se e revoltou-se contra seu
davam o átrio do palácio. uE, quan­ Senhor. 7E uma multidão de homens
do o rei entrava na casa do Senhor, vãos, filhos de Belial, juntaram-se a
vinham os escudeiros, e tomavam- êle, e fizeram-se mais fortes do que
nos, e depois tornavam-nos a levar Roboão, filho de Salomão; porque
para o seu arsenal. l2Mos, porque se Roboão era um homem sem experi­
tinham humilhado, apartou-se dêles ência, e de coração cobarde, e não
a ira do Senhor, e não foram intei- lhes pôde resistir.
ramente destruídos, porque ainda se 8Agora, pois, vós dizeis que podeis
acharam obras boas em Judá. resistir ao reino do Senhor, que êle
Duração e fim do reinado de Boboão possui por meio dos descendentes de
130 rei Roboão fortificou-se, pois, Davi, e que tendes uma grande mul­
em Jerusalém, e reinou. E tinha tidão de povo, e os novilhos de ouro
quarenta e um anos quando começou que Jeroboão vos fêz para vossos deu­
ses. 9E vós expulsastes os sacerdotes
a reinar e reinou dezessete anos em do Senhor, filhos de Arão, e os Levi-
Jerusalém, cidade que o Senhor ti­ tas; e fizestes para vós (outros) sa­
nha escolhido entre tôdas as das tri­ cerdotes à maneira de todos os povos
bos de Israel, para nela estabelecer da terra; qualquer que se apresente
0 seu nome. E sua mãe chamava- e consagre a sua mão, imolando um
se Naama, Amonita. 14Êle, porém, novilho e sete carneiros, é feito sa­
fêz o mal, e não dispôs o seu cora­ cerdote daqueles que não são deuses
ção para buscar o Senhor. 10Mas o nosso Senhor é o Deus ( ver-
15As ações de Roboão, assim as pri­ dadeiro), a quem não deixamos, e ao
meiras como as últimas, estão escri­ Senhor servem os sacerdotes da li­
tas nos livros do profeta Seméias, e nhagem de Arão, e os Levitas o ser­
de Ado, o vidente, e expostas com vem em seus ministérios; ne cada
exatidão. E Roboão e Jeroboão tive­ dia de manhã e de tarde oferecem
ram guerra entre si durante todos holocaustos ao Senhor, e perfumes
os seus dias. 16E Roboão adorme­ compostos segundo os preceitos da
ceu com seus pais, e foi sepultado lei, e expôem-se os pães numa mesa
na cidade de Davi; e seu filho Abia limpíssima, e temos o candeeiro de
reinou em seu lugar. ouro e as suas lâmpadas, que sem­
Reinado de A bia pre se acendem de tarde porque nós
1O 2N o ano décimo oitavo do reina- guardamos os preceitos do Senhor
do de Jeroboão, reinou Abia so­ nosso Deus, a quem vós abandonas­
bre Judá. 2Reinou três anos em Je­ tes. 12Por isso o capitão do nosso
rusalém; sua mãe chamava-se Micaia, exército é Deus, e os seus sacerdotes
filha de' Uriel de Gabaa. E havia são os que tocam as trombetas, e as
guerra entre Abia e Jeroboão. fazem retinir contra vós. Filhos de
Israel, não queirais combater contra
Guerra de A bia com jeroboão o Senhor Deus de vossos pais, porque
3E Abia rompeu as hostilidades, isto não vos convém.
tendo consigo gente fortíssima e qua­ 13Enquanto assim falava, Jeroboão
478 SEGUNDO LIVRO DOS P AR ALIPO M EN oS 13 - 14

procurava surpreendê-lo. E, estando os preceitos; 5e tirou de tôdas as ci­


acampado defronte dos inimigos, ia dades de Judá os altares e os tem­
cercando com o seu exército Judá, plos, e reinou em paz.
sem êste o perceber. Cidades fortificadas
Derrota de Jeroboão
°Mandou também reparar as cida­
14Porém, tendo Judá voltado a ca­ des fortes de Judá, porque estavam
beça, reconheceu que vinham sobre em sossêgo, e não havia guerra algu­
êle por diante e por detrás, e clamou ma em seus dias, concedendo-lhe o
ao Senhor; e os sacerdotes começa­ Senhor a paz. 7Disse, pois, a Judá:
ram a tocar as trombetas. 15E todo o Reparemos estas cidades, e cinjamo-
exército de Judá levantou uma gran­ Ias de muros, e fortifiquemo-las com
de vozearia; e eis que, quando êles torres, portas e fechaduras, enquan­
as~im gritavam, infundiu Deus temor to tudo está livre de guerras, porque
em Jeroboão e em todo o Israel que buscamos o Senhor Deus de nossos
estava defronte de Abia e de Judá. pais, e êle nos deu paz com os po­
16E os filhos de Israel fugiram dian­ vos vizinhos. Repararam, pois, as
te de Judá, e Deus entregou-lhos nas praças e não apareceu nada que os
suas mãos. 17Abia, pois, e a sua gen­ estorvasse.
te desbarataram-nos com grande des­ Exército
troço; e caíram feridos do lado de
Israel quinhentos mil homens valen­ 8Asa teve no seu exército trezentos
tes. 18E foram humilhados os filhos mil homens de Judá, armados de es­
de Israel, naquele tempo, e os filhos cudos e lanças, e de Benjamim du­
de Judá cobraram grandíssimo alen­ zentos e oitenta mil homens, arma­
to, porque tinham esperado no Se­ dos de escudos e de flechas, todos êles
nhor Deus de seus pais.18E Abia foi homens fortíssimos.
perseguindo Jeroboão, que fugia, e
Derrota de Zara
tomou-lhe várias cidades, Betei com
as suas dependências, e Jesana com °E Zara Etíope foi contra êles com
as suas dependências, e Efron com o seu exército, composto dum milhão
as suas dependências. “ E. Jeroboão de homens e trezentas carroças, e
não pôde mais resistir durante o rei­ chegou até Maresa. 10Asa, porém,
nado de Abia; e o Senhor feriu Je­ marchou ao seu encontro, e formou
roboão, e êle morreu. o exército em batalha no vale de Se-
Fam ília de A b ia e fim do seu reinado fata, que está perto de Maresa; Me
invocou o Senhor Deus, e disse: Se­
21Abia, pois, firmado o seu reino, to­ nhor, não há diferença alguma para
mou catorze mulheres; e teve vinte e ti entre o socorrer com poucos ou
deis filhos e dezesseis filhas. 220 res­ com muitos; socorre-nos, pois, Se­
to das ações de Abia, e dos seus cos- nhor nosso Deus, porque, confiados
tumes e feitos, está escrito com tôda em ti e no teu nome, viemos contra
a exatidão no livro do profeta Ado. esta multidão. Senhor, tu és o nos­
Reinado de A sa so Deus, não prevaleça o homem con­
tra ti.
1 A *E Abia adormeceu com seus 120 Senhor aterrou, portanto, os
pais, e sepultaram-no na cidade Etíopes, à vista de Asa e de Judá; e
de Davi; e em seu lugar reirou Asa, os Etíopes fugiram. 13E Asa e o po­
seu filho, em cujo tempo esteve o pais vo, que com êle estava, foi perse-
em paz durante dez anos. 2E Asa fêz guindo-os até Gerara; e os Etíopes
o que era justo e agradável aos olhos foram derrotados sem ficar nenhum,
do seu Deus e destruiu os altares de porque foram destroçados pelo Se­
culto estranho, e os (altares dos) lu­ nhor que os feria, e pelo seu exérci­
gares altos (consagrados aos ídolos). to que pelejava. (Judá e Benja­
3E quebrou as estátuas, e cortou os m im ) levaram, pois, muitos despo-
bosques (sacrílegos) , 4e ordenou a Ju- jos, 14e destruíram tôdas as cidades
dá que buscasse o Senhor Deus de nos arredores de Gerara, porque um
seus pais, e observasse a lei e todos grande temor se tinha apossado de
14 - 16 SEGUNDO LIVRO DOS P AR ALIPO M EN oS 479

todos, e saquearam as cidades, e le­ prêsa que tinham levado. 12E o rei
varam grande prêsa. 15E, destruindo entrou, segundo o costume, para con­
também as malhadas de ovelhas, le­ firm ar a aliança (ou promessa) de
ve ram consigo uma infinidade de ga­ buscarem, de todo o seu coração e
do menor e de camelos, e voltaram de tôda a sua alma, o Senhor Deus
para Jerusalém. de seus pais. 13E se alguém, disse
êle, não buscar o Senhor Deus de
Exortação do profeta Azarias Israel, morra, desde o pequeno até
1C ^Azarias, filho de Obed, movi- ao maior, desde o homem até à mu­
do pelo espírito de Deus, 2foi lher. 14E prestaram juramento ao
ao encontro de Asa, e disse-lhe: Ou­ Senhor em altas vozes, com júbilo e
vi-me, Asa e todos vós, povo de Judá toque das trombetas, e ao som de
e de Benjamim: O Senhor foi con- buzinas, 15todos os que estavam em
vosco, porque vós fôstes com êle. Se Judá, acompanharam com execrações
o buscardes, achá-lo-eis; mas, se o êste juramento, porque juraram de
abandonardes, êle vos abandonara. todo o seu coração, e buscaram a
3Muito tempo passará Israel sem o Deus com tôda a sua vontade, e en-
contraram-no; e o Senhor deu-lheâ
verdadeiro Deus e sem sacerdote que paz com todos os seus vizinhos.
instrua, e sem lei. 4E, se êles na sua
angústia se converterem para o Se­ 16E Asa depôs também Maaca, sua
nhor Deus de Israel, e o buscarem, mãe, da augusta dignidade (de que
achá-lo-ão. 5Nesse tempo não have­ gozava), porque ela tinha levantado
rá paz para o que sai nem para o num bosque o ídolo de Príapo, o qual
que entra, mas de tôdas as partes ha­ êle quebrou, e, fazendo-o em pedaços,
verá terror em todos os habitantes queimou-o no vale de Cedron. 17Mas
da terra, °porque se levantará uma ficaram em Israel os lugares altos;
nação contra outra nação, e uma ci­ não obstante, o coração de Asa foi
dade contra outra cidade, porque o perfeito em todos os seus dias. 18E
Senhor os conturbará com tôda a sor­ levou para o templo do Senhor o
te de aflições. 7Vós, porém, ganhai que seu pai e êle tinham prometido
coragem, não se enfraqueçam as vos­ com voto, prata e ouro, e diversas es­
sas mãos, porque a vossa obra será pécies de vasos. 19E não houve guer­
recompensada. ra até ao ano trigésimo quinto do
reinado de Asa.
N ovas reformas religiosas de A sa
A s a faz aliança com o rei da Síria
8E Asa, ouvindo isto e a profecia contra Israel
de Azarias, filho de Obed, profeta, co­
brou ãnimo e exterminou os ídolos de 1 C 2N o ano trigésimo sexto do seu
tôdas as cidades da terra de Judá e reinado, Baasa, rei de Israel,
de Benjamim, e das cidades do monte foi contra Judá, e circundou Rama
de Efraim, que êle tinha tomado, e com um muro para que nenhum do
restaurou o altar do Senhor, que es- reino de. Asa pudesse com segurança
tav diante do átrio do Senhor. 9E sair ou entrar. 2Então Asa tirou o
congregou todo o povo de Judá e de ouro e a prata dos tesouros da casa
Benjamim, e com êles os estrangei­ do Senhor, e dos tesouros do rei, e
ros (vindos) de Efraim e de Manas- enviou-os a Benadad, rei da Síria,
sés, e de Simeão, porque tinham fu- que habitava em Damasco, dizendo:
ido para êle muitos Israelitas, ven- 3Há uma aliança entre mim e ti; tam­
fo que o Senhor seu Deus era com bém meu pai e o teu conservaram con­
êle. 10E, tendo chegado a Jerusalém córdia entre si; por esta razão te
no terceiro mês do ano décimo quinto mando prata e ouro, para que, rôta
do reinado de Asa, "im olaram ao Se­ a aliança que tens com Baasa, rei de
nhor naquele dia setecentos bois e se­ Israel, o obrigues a retirar-se do meu
te mil carneiros, dos despojos e da país.
Cap. X v — 17. o s lugares altos. N â o aquêles em que se prestava culto aos ídolos, os
quais já tinham sido destruídos (X I V , 2 ), m as aquêles em que se honrava o Deus verdadei­
ro, embora dum modo contrário à lei.
480 SEGUNDO LIVRO DOS P AR ALIPÔ M EN oS 16 - 17

4Sabido isto, Benadad mandou os e puseram-no sobre o seu leito cheio


generais dos seus exércitos contra as de aromas e de ungüentos delicadís­
cidades de Israel, os quais destruíram simos, que tinham sido compostos se­
Aion, e Dan, e Abelmaim, e tôdas as gundo a arte dos perfumadores, e
cidades muradas de Neftali. 5Baasa, queimaram-nos sobre êle com extra­
tendo ouvido isto, cessou de fo rtifi­ ordinária pompa.
car Rama, e não prosseguiu na sua
obra. °E o rei Asa tomou consigo Reinado e piedade de Josafat
toda a gente de Judá, e hiandou ti­ 1 7 ^ eu filho Josafat reinou em
rar de Rama as pedras e a madeira
que Baasa tinha preparado para a 19 seu lugar, e prevaleceu contra
fortificar, e com elas reparou Gabaa Israel. 2E estabeleceu companhias
e Masfa. de soldados por tôdas as cidades de
Judá, que estavam cercadas de mu­
A s a é repreendido pelo profeta Hanani ros. E pôs guarnições na terra de
Judá e nas cidades de Efraim, que
7Naquele tempo o profeta Hanani Asa, seu pai, tinha tomado.
foi ter com Asa, rei de Judá, e disse-
lhe: Porque confiaste no rei da Sí­ 3E o Senhor foi com Josafat, por-
ria, e não no Senhor teu Deus, por- ue andou pelos primeiros caminhos
isso o exército do rei da Síria esca­ e Davi, seu pai, e não pos a sua con­
pou das tuas mãos. “Porventura não fiança nos ídolos, 4mas sim no Deus
eram os Etíopes e os Líbios muito de seu pai, e porque caminhou nos
mais em número, em carroças e em seus mandamentos, e não seguiu os
cavalaria, e numa multidão imensa, pecados de Israel. 5E o Senhor fir ­
os quais, quando tu confiaste no Se­ mou o reino na sua mão, e todos os
nhor, êle tos entregou nas mãos? de Judá ofereceram dons a Josafat;
°Porque os olhos do Senhor contem­ e êle adquiriu imensas riquezas e
plam toda a terra, e inspiram força muita glória. 6E, tendo o seu cora­
aos que confiam nêle com um cora­ ção tomado coragem nos caminhos
ção perfeito. Tu, pois, procedeste do Senhor fêz também deitar abaixo
loucamente, e por isso desde agora se em Judá os (altares dos) lugares al­
levantarão guerras contra ti. tos e bosques sagrados.
10E Asa, irado contra o vidente, 7E, no terceiro ano do seu reinado,
mandou que o metessem no cepo; enviou alguns dos seus príncipes, a
porque se tinha irritado muito por Benail, e a Obdias, e a Zacarias, e a
isto (que o profeta lhe tinha d ito ); Natanael, e a Miquéias, para ensina-
e nesta ocasião mandou matar mui­ rem nas cidades de Judá. 8E com
tas pessoas do povo (que eram par­ êstes (enviou) os Levitas Seméias, e
tidárias do profeta). Natanias, e Zabadias, e Azael, e Se-
miramot, e Jonatan, e Adcnias, e To-
Morte de A sa bias, e Tobadonias, Levitas, e com
êles os sacerdotes Elisama e Jorão.
“ Quanto às ações de Asa, desde as °E êles instruíam o povo de Judá, le­
primeiras até às últimas, estão escri­ vando consigo o livro da lei do Se­
tas no livro dos reis de Judá e de nhor, e iam por tôdas as cidades de
Israel. Judá, e instruíam o povo.
12No ano trinta e nove do seu rei­
nado, Asa adoeceu duma veementís- Poder de Josafat
sima dor nos pés, e nem mesmo na
sua enfermidade recorreu ao Senhor, 10Com isto o terror do Senhor es-
mas confiou antes na ciência dos mé­ palhou-se por todos os reinos da ter­
dicos. 13E adormeceu com seus pais; ra que confinavam com o de Judá,
e morreu no ano quarenta e um do e não se atreviam a tomar as armas
seu reinado. 14E sepultaram-no no contra Josafat. 11E até os Filisteus
seu sepulcro, que êle tinha manda­ traziam a Josafat donativos e tributo
do fazer para si na cidade de Davi, de prata; e os Árabes traziam-lhe ga-
Cap. X V I — 12. M as confiou antes... A s a não é censurado por ter recorrido aos médicos,
m as por ter confiado mais nêles do que em Deus-
17 - 18 SEGUNDO LIVRO DOS PARALIPOMENoS 481
do, sete m il e setecentos carneiros e que consultes hoje a vontade do Se­
outros tantos bodes. 12Dêste modo nhor.
Josafat foi-se tornando poderoso, e PrediçÔes dos falsos profetas
engrandeceu-se até ao maior ponto
de grandeza, e edificou em Juda fo r­ 50 rei de Israel, pois, juntou qua­
talezas em form a de tôrres, e cida­ trocentos profetas (falsos), q disse-
des muradas. lhes: Devemos nós ir atacar Ramot
de Galaad, ou deixar-nos estar quie­
Exército de Josafat tos? E êles responderam: Vai, e Deus
13E empreendeu muitas obras nas a entregará nas mãos do rei. 6E Jo­
cidades de Judã; e tinha também em safat disse: Não há aqui algum pro­
Jerusalém homens guerreiros e va­ feta do Senhor, para também o con­
lentes, 14cujo número, segundo as ca­ sultarmos? 7*E o rei de Israel disse a
sas e famílias de cada um, é êste: Em Josafat: Aqui há um homem, por
Judã os primeiros oficiais do exér­ meio do qual podemos consultar a
cito eram o general Ednas, que ti­ vontade do Senhor; mas eu aborre-
nha às suas ordens trezentos mil ho­ ço-o, porque nunca me profetiza coi­
mens valentíssimos. “ Depois * dêste sa boa, mas sempre o mal; é Mi-
era Joanan príncipe, e com êle du­ quéias, filho de Jemla. E Josafat
zentos e oitenta mil homens. 16E, de­ disse-lhe: ó rei, não fales assim.
pois dêste, Amasias, filho de Zecri, sO rei de Israel mandou, pois, cha­
consagrado ao Senhor, e com êle du­ mar um dos seus eunucos, e disse-lhe:
zentos mil homens valentes. 17Se- Chama depressa Miquéias, filho de
guia-se a êste Eliada, valoroso na pe­ Jemla. °E o rei de Israel, e Josafat,
leja, e com êle duzentos mil homens rei de Judã, estavam sentados cada
armados de arcos e de escudos. 18E, um em seu trono, vestidos com mag­
depois dêste, Jozabad, e com êle cen­ nificência real; e estavam sentados
to e oitenta mil soldados armados na praça que está junto da porta de
para a guerra. 19Todos êstes estavam Samaria, e todos os (falsos) profetas
prontos às ordens do rei, sem falar profetizavam diante dêles. 10Então
dos outros que êle tinha pôsto (de Sedecias, filho de Canaana, fêz para
guarnição) nas cidades muradas, por si uns chifres 4e ferro, e disse: Eis
todo o país de Judã. o que diz o Senhor: Com êstes sa­
cudirás tu a Síria, até a destruíres.
Expedição de Acab e de Josafat
UE todos os profetas profetizavam
contra os Sfrios
do mesmo modo, e diziam: Marcha
para Ramot de Galaad, e serás bem
1 O 1Foi, pois, Josafat muito rico e sucedido, e o Senhor os entregará
1° muito ilustre, e contraiu a fi­ nas mãos do rei.
nidade com Acab (visto o seu filh o Profecia de Miquéias
Jorão ter casado com Atália, filha
dêste). 2E, passados anos, foi ter 12Ora o mensageiro que tinha ido
com êle à Samaria. Acab, à sua che­ chamar Miquéias, disse-lhe. Sabe que
gada, mandou matar muitos carnei­ todos os profetas profetizam a uma
ros e bois para êle e para o povo que voz ao rei bom sucesso; peço-te, pois,
com êle tinha ido, e persuadiu-o a ue as tuas palavras não discordem
que marchasse contra Ramot de Ga- 3 as dêles e que profetizes um sucesso
laad. 3Acab, pois, rei de Israel, dis­ favorável. 13Miquéias respondeu-lhe:
se a Josafat, rei de Judã: Vem co­ V iva o Senhor, eu não direi senão
migo contra Ramot de Gaiaad. E o que me disser o meu Deus.
Josafat respondeu-lhe: Eu e tu so­ 14Foi, pois, à presença do rei. E o
mos a mesma coisa; a mesma coisa rei disse-lhe: Miquéias, devemos ir
são o teu povo e o meu povo; as­ contra Ramot de Galaad para com­
sim iremos contigo à guerra. 4*E Jo­ bater ou deixarmo-nos estar quietos?
safat disse ao rei de Israel: Peço-te Êle respondeu-lhe: Ide, po/que tudo
Cap. Xvm — 10. Uns c h ifre s ... v e r nota In Reis, X X II, 1L
14. Ide, etc. v e r nota I I I Reis, X X II, 15.

16 - B íb lia sa g ra d a
482 SEGUNDO LIVRO DOS PARALIPôMENOS 18 - 19

vos correrá bem, e os inimigos serão rei de Judá, marcharam contra Ra­
entregues nas vossas mãos. 15E o rei mot de Galaad. ^E o rei de Israel
disse: Eu te conjuro uma e outra vez disse para Josafat: Eu mudarei de
que me não digas senão o que é ver­ trajo, e assim irei combater, mas tu
dade em nome do Senhor. 18Então vem com os teus vestidos. E o rei
Miquéias disse: Eu vi Israel disperso de Israel, mudado o trajo, foi para
pelos montes como ovelhas sem pas­ 0 combate.
tor; e o Senhor disse: Estas gentes
não têm chefes; cada um volte em Josafat é salvo e Acab é morto
paz para sua casa. 17E o rei de Is­ 30Ora o rei da Síria tinha dado or­
rael disse para Josafat: Não te dis­ dens aos comandantes da sua cavala­
se eu que êste homem nunca me pro­ ria, dizendo: Não pelejeis contra pe-
fetiza coisa alguma de bem, mas sem­ queno nem contra grande, mas sò-
pre o que é mau? mente contra o rei de Israel. 31Por
18Mas Miquéias prosseguiu: Ouvi, isso, quando os comandantes da ca-
ois, a palavra do Senhor: Eu vi o vaiaria viram Josafat, disseram: Ês-
enhor sentado no seu trono e todo te é o rei de Israel. E cercaram-no,
o exército do céu que o circundava à carregando sobre êle; porém êle gri­
direita e à esquerda. 19E o Senhor tou ao Senhor, que o socorreu e os
disse: Quem enganará Acab, rei de desviou da sua pessoa. “ Porque, ten-
Israel, para que ele marche e pereça do visto os capitães da cavalaria que
em Ramot de Galaad? E, dizendo um êste não era o rei de Israel, deixa-
dum modo, e outro doutro, 20aproxi- ram-no.
mou-se o espírito maligno, e apresen­ 33Entretanto aconteceu que um ho­
tou-se diante do Senhor, e disse-lhe: mem do povo atirou à toa uma fle ­
Eu o enganarei. " o Senhor disse- cha, e feriu com ela o rei de Israel
lhe: Como o enganarás tu? 21E êle entre o pescoço e as costas, pelo que
respondeu: Irei, e serei um espírito êle disse ao seu cocheiro: Volta de
mentiroso na boca de todos os seus rédea, e tira-me do combate, porque
profetas. E disse o Senhor: Tu o en­ estou ferido. ME acabou-se a bata­
ganarás e prevalecerás; vai, e faze-o lha naquele dia; e o rei de Israel
assim (eu to perm ito). 22Repara, ficou no seu coche até à tarde em
pois, que o Senhor pôs (ou perm itiu) frente dos Sírios, e morreu ao pôr
um espírito de mentira na bôca de do sol.
todos os teus profetas, e o Senhor
pronunciou contra ti desgraças. Jeú repreende Josafat
23Então Sedecias, filho de Canaama,
avançou e deu uma bofetada em Mi- 1Q 2E Josafat, rei de Judá, voltou
quéias, e disse: Por que caminho pas­ em paz para sua casa em Je­
sou de mim o espírito do Senhor, pa­ rusalém. 2E Jeú, o vidente, filho de
ra te falar a ti? 24E Miquéias respon­ Hanani, saiu-lhe ao encontro e dis­
deu: Tu mesmo o verás naquele dia se-lhe: Tu dás socorro a um ímpio
em que fôres fugindo de aposento em e estreitas os laços da amizade com
aposento para te esconderes. “ Mas os que odeiam o Senhor, e por isso
o rei de Israel ordenou, dizendo: P e­ eras digno da ira do Senhor. 3Mas
gai em Miquéias, e levai-o a Amon, foram encontradas em ti obras boas,
governador da cidade, e a Joás, filho porque exterminaste da terra de Ju­
de Amelec. “ E direis: Isto manda o dá os bosques sagrados, e dispuseste
r e i: Metei êste homem ho cárcere, e o teu coração a buscar o Senhor Deus
dai-lhe um pouco de pão e um pouco de teus, pais.
de água, até que eu volte em paz. Administração de Josafat
27E Miquéias respondeu: Se tu vol­
tares em paz, não falou o Senhor 4Josafat habitou, pois, em Jerusa­
pela minha bôca. E acrescentou: lém, e saiu outra vez a visitar o povo
Ouvi isto, povos todos. desde Bersabéia até ao monte de
Batalha contra os Sírios Efraim, e reconduziu-o ao culto do
Senhor Deus de seus pais. 5Estabe-
“ O rei de Israel, pois, e Josafat, leceu também juizes no país em tô-
19 - 20 SEGUNDO LIVRO Dos PARALIPôMENoS 483

das as cidades fortes de Judâ, em ca­ Josafat recorre a Deus


da um dos seus lugares. °E, dando “E Judá juntou-se para implorar
as suas ordens aos juizes, disse: Vêde o Senhor; e todos foram das suas
o que fazeis, porque não exerceis a cidades, para lhe dirigirem súplicas.
justiça dum homem, mas sim a do 5E Josafat, pondo-se em pé no meio
Senhor; e tudo o que julgardes, recai­ do concurso de povo de Judá e de
rá sôbre vós. 70 temor do Senhor Jerusalém, na casa do Senhor dian­
seja convosco, e fazei todas as coisas te do átrio novo, Misse: Senhor Deus
com diligência, porque no Senhor de nossos pais, tu és o Deus do céu,
nosso Deus não há iniqüidade, nem e dominas sôbre todos os reinos das
acepção de pessoas, nem cobiça de nações; nas tuas mãos está a fortale­
dádivas. za e o poder, e ninguém te pode re­
8Josafat estabeleceu também em sistir. 7Porventura tu, ó Deus nos­
Jerusalém Levitas e sacerdotes, e so, não deste cabo de todos os habi­
príncipes das famílias de Israel, para tantes desta terra na presença do teu
administrarem justiça aos seus habi­ povo de Israel, e não a deste para
tantes, e julgarem as causas do Se­ sempre aos descendentes de Abraão,
nhor. 9E ordenou-lhes, dizendo: P ro­ teu amigo? 8E êles habitaram nela,
cedereis no temor do Senhor, com fi­ e nela erigiram um santuário ao teu
delidade e com um coração perfeito. nome, dizendo: 9Se vierem sôbre nós
10Em tôda a causa, que vos vier de os males, a espada do juízo, a peste
vossos irmãos que habitam nas suas e a fome, nós nos apresentaremos
cidades, (para julgardes) entre fam í­ diante de ti nesta casa, onde o teu
lia e família, todas as vêzes que a nome foi invocado, e nós clamaremos
questão fôr sôbre a lei, sôbre os man­ para ti em nossas aflições, e tu nos
damentos, sôbre as cerimônias e sô­ ouvirás, e nos salvarás. 10Agora, pois,
bre os preceitos, instruí-os, para que eis que os filhos de Amon e de Moab,
não péquem contra o Senhor, e para e os da montanha de Seir, pelas ter­
que a sua ira não caia sôbre vós e ras dos quais não permitiste a Israel
sôbre vossos irmãos. Se vós, pois, as­ que passasse, quando saia do Egito,
sim procederdes, não pecareis. UE mas desviou-se dêles, e não os ma­
com êste fim Amarias, vosso sacerdo­ tou; neis que êles fazem o contrário,
te e pontifice, presidirá nas coisas e pretendem lançar-nos fora da pos­
ue dizem respeito a Deus; e Zaba- sessão que nos deste. 12Ó Deus nos­
ias, filho de Ismael, que é o chefe so, e não castigarás êstes povos? Em
da casa de Judá, presidirá nos ne­ nós certamente não há tantas forças
gócios que dizem respeito ao serviço que possamos resistir a esta multi­
do rei; e tendes convosco por mes­ dão que vem sôbre nós. Mas, como
tres os Levitas, confortai-vos e sêde não sabemos o que devemos fazer,
diligentes, e o Senhor será convosco, por isso não nos fica outro recurso
aumentando-vos os bens. que voltar para ti os nossos olhos.
Invasão dos Moabitas e dos Amonitas 13E todo o Judá estava em pé dian­
te do Senhor, com as suas crianças,
2 ft 'Depois disto coligaram-se os mulheres e filhos.
filhos de Moab, e cs filhos de 14Encontrava-se ali também Jaaziel,
Amon, e com êles alguns Amonitas, filho de Zacarias, filho de Banaias, f i­
contra Josafat, para lhe fazerem lho de Jeiel, filho de Matanias, Levi-
guerra. 2E foram mensageiros, e ta da família de Asaf, e sôbre êle des­
avisaram Josafat, dizendo: Vem con­ ceu o espírito do Senhor no meio da
tra ti uma grande multidão de gen­ multidão, 15e disse: Ouvi todos vós,
te dos países que estão da banda do povo de Judá, e vós os que habitais
além do mar, e da Síria, e estão em Jerusalém, e também tu, ó rei
acampados em Asasontamar, por ou­ Josafat: Eis o que vos diz o Senhor:
tro nome Engadi. Não vos assusteis, nem tenhais mêdo
3E Josafat, cheio de mêdo, aplicou- desta multidão, porque não é vossa
se inteiramente a rogar ao Senhor, a peleja, mas sim de Deus. “ Am a­
e fêz publicar um jejum em todo (o nhã ireis contra êles, porque hão de
pais de) Judá. subir pela encosta chamada Sis, e
484 SEGUNDO LIVRO DOS PARALIPÔMENoS 20

vós os encontrareis na extremidade ram, de modo que não puderam levar


da torrente que corre em frente do tudo, nem recolher em três dias os
deserto de Jeruel. 17Não sereis vós despoj os, de grande que foi a prêsa.
os que combatereis, mas sômente ten­ “ E, ao quarto dia, juntaram-se no
de confiança, e vereis o socorro do vale da Benção, porque, como ali ti­
Senhor sôbre vós, ó Judã, ó Jerusa­ nham louvado o Senhor, chamaram a
lém; não vos assusteis, nem tenhais êste lugar o vale da Bênção até o
mêdo; vós marchareis amanhã con­ presente dia. 27Depois todos os ho­
tra êles, e o Senhor será convosco. mens de Judá e os habitantes de Je­
18Então Josafat, o povo de Judã e rusalém, e Josafat à frente dêles, vol­
tódos os habitantes de Jerusalém taram para Jerusalém com grande
prostraram-se por terra diante do Se­ alegria, porque o Senhor os tinha fe i­
nhor, e o adoraram. 19E os Levitas to triunfar de seus inimigos. “ E en­
da família de Caat e da de Coré can­ traram em Jerusalém na casa do Se­
taram louvores ao Senhor Deus de nhor, ao som de saltérios, e de cita­
Israel em voz forte e alta. ras, e de trombetas.
Vitória de Josafat “ E o terror do Senhor caiu de re-
ente sôbre todos os reinos da terra,
"E , levantando-se pela manhã, S epois que ouviram que o Senhor ti­
marcharam pelo deserto de Tecué; e, nha pelejado contra os inimigos de
uando se puseram a caminho, Josa- Israel. “ E o reino de Josafat ficou
? at, estando em pé no meio dêles, dis­ sossegado, e Deus deu-lhe paz por to­
se: Ouvi-me, homens de Judâ e to­ dos os lados.
dos os habitantes de Jerusalém: Pon­
de a vossa confiança no Senhor vos­ Caráter do reinado de Josafat
so Deus, e nada tereis a temer; crê-
de nos seus profetas, e tudo vos cor­ “ Reinou, pois, Josafat sôbre Judá,
rerá bem. 21E fêz depois as suas ad­ e tinha trinta e cinco anos quando
vertências ao povo, e estabeleceu os começou a reinar, e reinou vinte e
cantores do Senhor, para o louvarem cinco anos em Jerusalém, e sua mãe
or suas turmas e para marcharem chamava-se Azuba, filha de Selai 32E
iante do exército, e dizerem a uma andou pelos caminhos de seu pai Asa,
voz: Louvai o Senhor, porque a sua e não se afastou dêles, fazendo o que
misericórdia é eterna. “ E, tendo êles era agradável aos olhos do Senhor.
começado a cantar os louvores, o Se­ “ Não destruiu contudo os lugares al­
nhor revirou as ciladas dos inimigos tos, e o povo não tinha ainda conver­
contra si mesmos, isto é, os desígnios tido bem o seu coração para o Senhor
dos filhos de Amon e de Moab, e dos Deus de seus pais.
da montanha de Seir, os quais tinham 340 resto das ações de Josafat, as­
ido para pelejar contra Judá, e fo ­ sim as primeiras como as últimas, es­
ram desbaratados. “ Porque os filhos tá escrito na história de Jeú, filho
de Amon e de Moab levantaram-se de Hanani, que as inseriu nos livros
contra os moradores do monte Seir, dos reis de Israel.
com o fim de os matar e destruir; e,
feito isto, voltando as armas contra Aliança de Josafat com Ocozias
si mesmos mataram-se uns aos outros
às cutiladas. “ Depois disto Josafat, rei de Judá,
24Tendo, pois, chegado o exército de contraiu amizade com Ocozias, rei de
Judá ao alto que olha para o deserto, Israel, cujas obras foram impiíssimas.
viu de longe que toda aquela dilatada “ E uniu-se com êle para construir
campina estava juncada de cadáve­ navios que fôssem a Tarsis; e cons­
res, e que não restava nenhum que truíram uma armada em Asiongaber.
tivesse podido escapar à morte. “ Foi, ^Eliezer, porém, filho de Dodau de
)is, Josafat e tôda a sua gente com Maresa, profetizou a Josafat, dizen­
S e para recolher os despojos dos do: Visto que fizeste aliança com
mortos; e encontraram entre os ca­ Ocozias, o Senhor destruiu a tua
dáveres muitas alfaias, e vestidos, e obra, e despedaçaram-se as tuas
vasos preciosíssimos, que êles toma­ naus, e não poderão ir a Tarsis.
21 - 22 SEGUNDO LIVRO DOS PARALIPOMENOS 485

Morte de Josafat e Judã a prevaricar. 12E foi-lhe le­


vada uma carta do profeta Elias, em
OI 1E Josafat adormeceu com seus que estava escrito: Eis o que diz o
pais, e foi sepultado com êles Senhor Deus de Davi, teu pai: P or­
na cidade de Davi; e seu filho Jorão que não andaste pelos caminhos de
reinou em seu lugar. teu pai Josafat nem pelos caminhos
Crueldade e impiedade de Jorão de Asa, rei de Judã, 13mas seguiste
o caminho dos reis de Israel, e fizes­
i ( Jorão) teve por irmãos os filhos te cair na idolatria Judã e os habitan­
de Josafat, Azarias, e Jaiel, e Zaca­ tes de Jerusalém, imitando a idola­
rias, e Azarias, e Miguel, e Safatias; tria da casa de Acab, e além disso
todos êstes eram filhos de Josafat, rei mataste teus irmãos, da casa de teu
de Judã. 3E seu pai deu-lhes muitos pai, e melhores do que tu; 14sabe que
dons em prata e ouro, e em pensões, também o Senhor te ferirá com um
e cidades muito fortes em Judã, mas grande flagelo a ti, e ao teu povo, e
entregou o reino a Jorão, por ser o aos teus filhos, e às tuas mulheres, e
primogênito. a tudo o que te pertence. “ Tu serás
4Jorão tomou portanto posse do rei­ ferido no teu ventre com uma doen­
no de seu pai; e, depois que se viu ça maligníssima, até que te saiam
bem seguro, mandou matar à espada pouco a pouco as entranhas todos os
todos os seus irmãos, e alguns dos dias.
grandes de Israel. Invasão dos Filisteus e dos Árabes
5Jorão tinha trinta e dois anos
quando começou a reinar; e reinou 10O Senhor suscitou, pois, contra
oito anos em Jerusalém. °E andou Jorão o espírito dos Filisteus e dos
nos caminhos dos reis de Israel* co­ Árabes, que confinam com os Etio-
mo tinha feito a casa de Acab; por­ pes; 17e entraram na terra de Judá, e
que sua mulher era filha de Acab, e assolaram-na, e saquearam tudo o
êle fêz o mal na presença do Senhor. que encontraram no palácio do rei, e,
70 Senhor, porém, não quis perder a além disso, os seus filhos e mulhe­
casa de Davi, em atenção ao pacto res; de sorte que não lhe ficou filho
que tinha feito com êle; e porque ti­ algum, senão Joacaz, que era o mais
nha prometido que lhe daria uma novo de todos.
lâmpada a êle e a seus filhos para Morte de Jorão
sempre.
Revolta dos Idunieus 18E, além disto, o Senhor feriu-o
com uma doença incurável nas en­
8Naquele tempo Edom revoltou-se, tranhas. 19E, sucedendo-se os dias
para não estar mais sujeito a Judã, e uns aos outros, e, volvendo-se o es­
constituiu para si um rei. 9E Jorão, paço dos tempos, completou-se o pe­
tendo ido (àquela província) com os ríodo de dois anos; e êle, consumido
seus generais e com tôda a cavalaria lentamente com a podridão, de modo
que tinha consigo, levantou-se de noi­ que até lançava fora as suas entra­
te e desbaratou Edom e todos os co- nhas, acabou juntamente de sofrer e
mandantes da sua cavalaria, que o de viver. E morreu desta horrível
tinham cercado. 10Todavia Edom enfermidade, e o povo não lhe fêz as
manteve-se rebelde até ao dia de ho­ exéquias queimando-lhe perfumes,
je, para não estar debaixo do poder segundo o costume, como tinham fe i­
de Judã. N o mesmo tempo revoltou- to a seus antecessores. “ Jorão ti­
se também Lobna, para não estar de­ nha trinta e dois anos quando come­
baixo da sua obediência. (Is to acon­ çou a reinar, e reinou oito anos em
teceu) porque êle tinha abandonado Jerusalém. E não andou com reti­
o Senhor Deus de seus paia dão. Sepultaram-no na cidade de
Elias censura Jorão Davi, mas não no sepulcro dos reis.
Reinado de Ocozias
nAlém disto erigiu lugares altos
nas cidades de Judã, e induziu os ha­ 22 1Ora os habitantes de Jerusalém
bitantes de Jerusalém e idolatrarem, “ “ constituiram rei em lugar dêle
486 SEGUNDO LIVRO DOS PARALIPoM ENos 22 - 23
a Ocozias, seu filho mais novo, por­ do; e escondeu-o (juntam ente) com a
que os guerrilheiros Árabes, que ha­ sua ama na câmara dos leitos (ou
viam feito uma irrupção no acam­ dorm itório) ; e Josabet, que o escon­
pamento, tinham matado todos os deu, era filha do rei Jorão, mulher
seus irmãos mais velhos; e por isso do pontífice Jojada, irmã de Ocozias,
reinou Ocozias, filho de Jorão, rei de e por isso Atália não o matou. 12E
Judã. esteve escondido com êles (sacerdo­
2Ocozias tinha quarenta e dois anos tes) na casa do Senhor durante os
quando começou a reinar, e reinou seis anos em que Atália reinou sôbre
um ano em Jerusalém, e sua mãe o país.
chamava-se Atália, filha de Amri.
3Êle, porém, seguiu também os cami­ Conjuração de Jojáda
nhos da casa de Acab, porque sua OO 1N o sétimo ano, Jojada, cheio
mãe o impeliu a proceder com im­ de intrepidez, tomou consigo os
piedade. 4Fêz, pois, o mal na pre­ centuriôes, a saber, Azarias, filho de
sença do Senhor, como a casa de Jeroão, e Ismael, filho de Joanão, e
Acab, da qual escolheu os seus con­ Azarias, filho de Obed, e Maasias, fi­
selheiros depois da morte de seu pai, lho de Adaia, e Elisafat, filho de Ze-
para a sua ruína. cri; e coligou-se com êles. 2E êles,
5E andou segundo os seus conse­ tendo percorrido Judá, congregaram
lhos. E foi a Ramot de Galaad com os Levitas de tôdas as cidades de Ju-
Jorão, filho de Acab, rei de Israel, dá, e os chefes das famílias de Israel,
fazer guerra contra Hazael, rei da e foram a Jerusalém.
Síria, e os Sírios feriram Jorão, °o
qual voltou para se curar em Jez- 3E tôda esta multidão fêz liga com
rael, porque tinha recebido muitas o rei na casa de Deus; e Jojada dis­
feridas nesta batalha. Ocozias, pois, se-lhes: Eis aqui o filho do rei, que
filho de Jorão, rei de Judâ, foi v i­ deve reinar, segundo aquilo que o
sitar Jorão, filho de Acab, que esta­ Senhor disse a favor dos descenden­
va doente em Jezraei. 7Porque foi tes de Davi. 4Eis, pois, o que deveis
vontade de Deus, (irrita d o) contra fazer: BA têrça parte de vós, sacer­
Ocozias, que êste fôsse visitar Jorão, dotes, e Levitas, e porteiros, que en­
e que, logo que chegasse, saísse com trais de semana no templo, estará
êle contra Jeú, filho de Namsi, a às portas; e a outra têrça parte co-
quem o Senhor tinha ungido para locar-se-á junto ao palácio do rei; e
extinguir a casa de Acab. 8Quan- a outra têrça à porta, que se chama
do, pois, Jeú ia para arruinar a ca­ do Fundamento; e todo o resto do
sa de Acab, encontrou os príncipes povo estará nos átrios da casa do Se­
de Judâ e os filhos dos irmãos de nhor. °Nenhum outro entre na casa
Ocozias, que o serviam, e matou-os. do Senhor, senão os sacerdotes e os
9E, buscando também o próprio Oco­ Levitas que estão de serviço; entrem
zias, que se tinha escondido em Sa- sômente estes, porque estão santifi­
maria, mandou-o prender; e, trazi­ cados; e todo o resto do povo esteja
do à sua presença, matou-o, e sepul- guardando a porta da casa do Se­
taram-no, porque era filho de Josa- nhor. 7Os Levitas rodearão o rei,
íat, que tinha buscado o Senhor de tendo cada um as suas armas; e, se
todo o seu coração; e não ficava es­ algum outro entrar no templo, seja
perança alguma de que pudesse rei­ morto; e acompanhem o rei, quando
nar alguém da linhagem de Ocozias. êle entrar ou quando sair.
8Os Levitas, pois, e todo o Judâ
Usurpação de A tãlia executaram tudo o que o pontífice
Jojada lhes tinha ordenado; e cada
10Atália, mãe de Ocozias, vendo que um tomou os que tinha às suag or­
tinha sido morto seu filho, levantou- dens, aquêles que entravam por tur­
se e matou tôda a estirpe real da ca­ no dé semana, e os que, cumprida a
sa de Jorão. ^Porém Josabet, filha sua semana, deviam sair: porque o
do rei, pegou em Joãs, filho de Oco­ pontífice Jojada não tinha permitido
zias, e furtou-o do meio dos (outros) que se retirassem as turmas, que cos­
filhos do rei, enquanto os iam matan­ tumavam suceder umas às outras tô-
23 - 24 SEGUNDO LIVRO DOS PARALIPôMENOS 487
das as semanas. °E o sacerdote Jo- Moisés, com alegria e com cânticos,
jada deu aos centuriões as lanças, e segundo a determinação de Davi.
os escudos, e broquéis do rei Davi, 19Pôs também porteiros às portas da
os quais êle tinha consagrado na ca­ casa do Senhor, para nela não entrar
sa do Senhor. 10E dispôs todo o po­ imundo algum, por qualquer motivo
vo armado de espadas na mão desde que fôsse.
o lado direito do templo até ao lado Joás no palácio
esquerdo do templo, diante do altar
e do templo, ao redor do rei. UE ®E tomou os centuriões, e os ho­
trouxeram o filho do rei, e puseram- mens mais valentes e os chefes do
lhe a coroa na cabeça e o testemu­ povo, e tôda a gente do país, e fize­
nho, e deram-lhe a lei, para que a ram descer o rei da casa do Senhor,
tivesse na mão, e proclamaram-no e fizeram-no entrar pela porta supe­
rei. E o pontífice Jojada, assistido rior para o palácio do rei, e puseram-
de seus filhos, o ungiu, e aclamaram- no sôbre o trono real. 21E todo o po­
no, e disseram: V iva o rei! vo do pais se alegrou, e a cidade fi­
Morte de A tália cou em paz; e Atália foi morta à es­
pada.
12Atália, tendo ouvido a voz dos que Reinado de Joás
corriam e aclamavam o rei, apresen­
tou-se ao povo no templo do Senhor. pA 2Joás tinha sete anos quando
18E, quando viu o rei pôsto de pé começou a reinar e reinou qua­
sôbre um estrado à entrada, e os renta anos em Jerusalém. Sua mãe
príncipes e as tropas ao redor dêle, chamava-se Sebia, de Bersabéia. 2E
e todo o povo do país muito alegre fêz o que era bom aos olhos do Se­
tocando as trombetas, e cantando ao nhor todo o tempo que viveu o pon­
som de vários instrumentos, e as vo­ tífice Jojada. 3E Jojada casou-o com
zes dos que o aclamavam, rasgou os duas mulheres, das quais teve filhos
seus vestidos, e disse: Traição! trai­ e filhas.
ção! 14Então o pontífice Jojada, apro- Reparação do templo
ximando-se dos centuriôes e dos che­
fes do exército, disse-lhes: Tirai-a 4Depois disto Joás quis reparar a
para fora do recinto do templo, e lâ casa do Senhor. 5E mandou juntar
fora matai-a. E o sumo sacerdote os sacerdotes e os Levitas, e disse-
ordenou que não fosse morta na ca­ lhes: Saí por tôdas as cidades de Ju-
sa do Senhor. 15E agarraram -na pe­ dá, e cobrai todos os anos de todo o
lo pescoço; e, quando ela tinha en­ (povo de) Israel o dinheiro para a
trado a porta dos cavalos da casa do reparação do templo do vosso Deus, e
rei, ali a mataram. fazei isto com tôda a diligência. Os
Renovação da aliança; ruína do culto Levitas, porém, procederam com ne­
de Baal gligência. 6Mandou, pois, o rei cha­
m ar o pontífice Jojada, e disse-lhe:
16E Jojada fêz aliança entre si e to­ P o r que não tiveste tu cuidado de
do o povo e o rei, de que seriam o obrigar os Levitas a trazerem de Ju-
povo do Senhor. 1 67E todo o povo en­ dá e de Jerusalém o dinheiro com
trou no templo de Baal, e destruí­ que Moisés, servo do Senhor, deter­
ram-no, e quebraram os seus altares minou que contribuisse todo o povo
e simulacros, e mataram também di­ de Israel para o tabernáculo do tes­
ante dos altares Matan, sacerdote de temunho? 7Porque a impiíssima A tá-
Baal. 18*E Jojada estabeleceu oficiais lia e seus filhos tinham destruído a
para a guarda do templo do Senhor casa de Deus, e com tudo o que ti­
subordinados aos sacerdotes e aos L e ­ nha sido consagrado no templo do Se­
vitas, segundo a distribuição que dê- nhor, ornaram o templo de Baal.
les tinha feito Davi na casa do Se­ 8Mandou, pois, o rei que fizessem um
nhor, para oferecerem holocaustos ao cofre. E colocaram-no junto da por­
Senhor, como está escrito na lei de ta da casa do Senhor, da parte de

Cap. X X III — 11. O testemunho, ou as insígnias reais.


488 SEGUNDO LIVRO DOS PARALIPOMENOS 24
fora. °E publicou-se em Judá e em estátuas, e êste pecado atraiu a ira
Jerusalém a contribuição que Moi­ do Senhor contra Judá e contra Je­
sés, servo de Deus, tinha impôsto a rusalém. 19E o Senhor enviava-lhes
todo o Israel no deserto. profetas para que se convertessem a
10E alegraram-se todos os príncipes ele, porém, por mais que êstes pro­
e todo o povo; e, concorrendo, lan­ testassem, não lhes queriam dar ou­
çaram no cofre do Senhor o dinhei­ vidos. “ O espírito de Deus, pois, re­
ro; e lançaram tanto que ficou cheio. vestiu o sumo sacerdote Zacarias, f i­
“ E, quando era tempo de levar êste lho de Jojada, e êle apresentou-se
cofre à presença do rei por mãos dos diante do povo, e disse-lhe: Eis o que
Levitas (porque êles viam que havia diz o Senhor Deus: P or que violais
muito dinheiro), o escrivão do rei en­ vós os preceitos do Senhor, o que vos
trava com aquêle que o sumo pon- não será de proveito, e por que aban­
tifice tinha designado, e despejavam donastes vos o Senhor, para êle tam­
o dinheiro que havia no cofre; depois bém vos abandonar?
tornavam a levar o cofre para o seu 21Êles, congregando-se contra êle,
lugar; e assim o faziam todos os dias. apedrejaram-no no átrio da casa do
E com isto se recolheu uma imen­ Senhor, conforme a ordem do rei.
sa quantia de dinheiro, 1?que o rei e “ E o rei Joás não se lembrou da mi­
Jojadá deram aos inspetores das sericórdia que Jojada, pai de Zaca­
obras da casa do Senhor, e êles pa­ rias, tinha usado com êle, mas ma­
gavam com êle aos canteiros e aos tou-lhe seu filho, o qual, quando ex­
artistas de cada uma das obras pa­ pirava, disse: O Senhor veja e faça
ra se reparar a casa do Senhor; e justiça.
aos oficiais que trabalhavam em ferro
e bronze para se segurar o que amea­ Invasão dos Sírios
çava ruína. 13E êstes operários tra­
balhavam com muito esmêro, e por 2SE, ao cabo dum ano, marchou o
suas mãos repararam as fendas das exército da Síria contra Joás; e foi
paredes e restituíram a casa do Se­ a Judá e a Jerusalém, e matou todos
nhor ao seu antigo estado, e fizeram os príncipes do povo, e enviou ao rei
com que ficasse firme. 14E, depois a Damasco toda a prêsa. 24E, na
que concluíram tôdas as obras, leva- verdade, tendo ido os Sírios em pe-
ram ao rei e a Jojada o remanescen­ queníssimo número, o Senhor entre-
te do dinheiro; e com êle foram fe i­ gou-lhes nas suas mãos uma multidão
tos os vasos para o ministério do infinita (de Israelitas) , porque êles ti­
templo, e para os holocaustos e co­ nham deixado o Senhor Deus de seus
pos e outros vasos de ouro e prata; pais; e ao próprio Joás trataram ig-
e foram oferecidos contlnuamente nominiosamente.
holocaustos na casa do Senhor du­ Assassínio de Joás
rante tôda a vida de Jojada.
Morte de Jojada “ E, retirando-se, deixaram-no em
grandes dores; e seus servos levan-
15Mas Jojada envelheceu e, cheio de taram-se contra êle para vingarem o
dias, morreu, tendo de idade cento e sangue do filho do pontífice Jojada,
trinta anos; 16e sepultaram-no com os e assassinaram-no no seu leito, e
reis na cidade de Davi, por êle ter morreu; e sepultaram-no na cidade
feito bem a Israel e à sua casa. de Davi, mas não no jazigo dos reis.
“ Os que conspiraram contra êle fo ­
Perversão do povo e morte de
ram: Zabad, filho de Samaat Am o-
Zacarias
nita, e Josabad, filho de Semarit
17Depois que Jojada morreu, entra­ Moabita. "Quanto a seus filhos e à
ram os príncipes de Judá, e presta­ soma de dinheiro que se juntou em
ram grandes obséquios ao rei, o qual, seu tempo, e ao restabelecimento da
atraído pelas suas lisonjas, se delxou casa de Deus tudo isto 'está escrito
levar por êles. 18E abandonaram o minuciosamente no livro dos Reis.
templo do Senhor Deus de seus pais, Amasias, seu filho, reinou em seu lu­
e prestaram culto aos bosques e às gar.
25 SEGUNDO LIVRO DOS PARALlPÔMENoS 489

Reinado de Am asias ao alto dum despenhadeiro, precipi­


taram-nos abaixo, e todos êles arre­
OÇ am asias tinha vinte e cinco a- bentaram. 13Porém aquêle exército
nos quando começou a reinar, que Amasias tinha despedido para
e reinou vinte e nove anos em Jeru­ não ir à guerra com êle, espalhou-
salém; sua mãe chamava-se Joaden, se pelas cidades de Judá, desde Sa-
de Jerusalém. 2E fêz o bem na pre­ maria até Betoron, e, depois de ter
sença do Senhor, mas não com um morto três mil homens, fêz uma
coração perfeito. 3E quando viu as­ grande prêsa.
segurado o seu império, mandou ma­
tar os servos que tinham assassinado Am asias cai na idolatria
o rei seu pai, 4mas não mandou ma­
tar os filhos dêles, conformando-se 14E Amasias, depois da matança
com o que está escrito no livro da dos Idumeus, e depois de ter trazi­
lei de Moisés, onde o Senhor pos êste do os deuses dos filhos de Seir, fêz
preceito, dizendo: Não serão mortos os dêles os seus próprios deuses, e a-
pais pelos filhos, nem os filhos por dorava-os e oferecia-lhes incenso.
seus pais, mas cada qual morrerá pe­ “ Portanto, irritado o Senhor contra
lo seu delito. Amasias, enviou-lhe um profeta que
lhe disse: P or que adoraste tu deu­
Derrota dos Idumeus ses que não livraram o seu povo das
tuas mãos? 10E, dizendo-lhe isto o
“Amasias, pois, congregou todo o profeta, êle respondeu: Porventura és
(povo de) Judá, e organizou-o por tu o conselheiro do rei? Cala-te, se
famílias, e por tribunos, e por cen- não queres gue eu te mate. E o pro­
turiões em toda o Judá e Benjamim feta, ao retirar-se, disse: Eu sei que
e fêz o recenseamento desde os vinte Deus decretou a tua morte, por teres
anos para cima, e achou trezentos feito êste mal, e além disso não des­
mil mancebos, que podiam ir à guer­ tes ouvido ao meu conselho.
ra e levar lança e escudo. 6Tomou
também a sôldo cem mil homens va­ Am asias é derrotado pelo rei de Israel
lentes do reino de Israel, por cem
talentos de prata. 7Mas um homem 17Amasias, pois, rei de Judá, toman­
de Deus foi ter com êle e disse-lhe: do uma péssima resolução, mandou
ó rei, não marche o exército de dizer a Joás, filho de Joacaz, filho
Israel contigo, porque o Senhor não de Jeú, rei de Israel: Vem, vejamo-
é com Israel nem com todos os fi­ nos um ao outro. 18Êste, porém, re-
lhos de Efraim. 8Se julgar que o enviou-lhe os mensageiros, dizendo:
sucesso da guerra depende da fôrça O cardo que está no Líbano mandou
do exército, Deus fará que sejas ven­ dizer ao Cedro do Líbano: Dá a tua
cido pelos inimigos, porque só Deus filha por mulher ao meu filho; mas
pode socorrer e pôr em fuga. 9E eis que as feras, que estavam no bos­
Amasias disse ao homem de Deus: que* do Líbano, passaram e pisaram
Que será, pois, dos cem talentos que o cardo. 19Tu disseste: Eu derrotei
dei aos soldados de Israel? E o ho­ Edom, e por isso o teu coração se en-
mem de Deus respondeu-lhe: Deus soberbeceu; deixa-te estar em tua ca­
tem por onde te pode dar muito mais sa; por que buscas a desgraça con­
do que isto. 10Amasias separou, pois, tra ti, para pereceres tu e Judá con­
o exército que lhe tinha vindo de tigo?
Efraim, para que voltasse para sua 20Amasias não o quis ouvir, porque
terra; e êles, em extremo irritados era vontade do Senhor entregá-lo nas
contra Judá, voltaram para o seu mãos dos inimigos, por causa1 dos
país. deuses de Edom (que ele adorava).
nE Amasias, cheio de confiança, 21Saiu, pois, Joás, rei de Israel, e pu­
mandou marchar o seu povo, e foi seram-se os exércitos h, vista um do
até ao vale das Salinas e derrotou outro. E Amasias, rei de Judá, esta­
dez mil filhos de Seir. 12E os filhos va acampado em Betsames de Judá;
de Judá fizeram prisioneiros outros 22e Judá foi batido diante de Israel,
dez mil homens, e, tendo-os levado e fugiu para as suas tendas. 28E Joás,
490 SEGUNDO LIVRO DOS PARALIPôMENOS 25 - 26

rei de Israel, aprisionou Amasias, rei e contra os Amonitas. 8E os Amoni-


de Judá, filho de Joás, filho de Joa- tas pagavam tributos a Ozias; e a sua
caz, em Betsames, e levou-o a Jeru­ reputação difundiu-se até à entrada
salém; e derribou o muro da cida­ do Egito, por causa das suas fre-
de desde a porta de Efraim, até à qüentes vitórias. 9E Ozias levantou
porta do ângulo, por espaço de qua­ torres em Jerusalém sôbre a porta
trocentos côvados. 24E levou para do ângulo, e sôbre a porta do vale
Samaria todo o ouro e a prata, e e outras no mesmo lado do muro, e
todos os vasos que encontrou na ca­ fortificou-as. “ Edificou também tor­
sa de Deus, e na de Obededom, e nos res no deserto, e mandou abrir mui­
tesouros da casa real, e também os tas cisternas, porque tinha muito ga­
filhos dos que estavam em reféns. do, assim nos campos, como pela vas­
tidão do deserto; tinha também vi­
Am asias é assassinado nhas e vinhateiros nos montes e no
Carmelo, porque era homem afeiçoa­
25E Amasias, filho do rei Joãs, rei do à agricultura. UE o exército dos
de Judá, viveu quinze anos, depois seus guerreiros, que saíam à campa­
da morte de Joás, filho de Joacaz, nha, estava sob o comando de Jeíel,
rei de Israel. “ E o resto das ações secretário, e de Maasias, doutor da
de Amasias, tanto as primeiras como lei, e sob o comando de Hananias,
as últimas, estão escritas no livro que era um dos generais do rei. 12E
dos reis de Judá e de Israel. 27E, de­ o número completo dos príncipes das
pois que êste príncipe abandonou o famílias dos homens de valor mon­
Senhor, armaram uma conjuração tava a dois mil e seiscentos. 13E êstes
contra êle em Jerusalém. E, tendo tinham sob as suas ordens o exérci­
fugido para Laquis, mandaram ho­ to, que era de trezentos e sete mil e
mens, e êstes o mataram lá. “ E, quinhentos soldados, todos gente
trazendo-o sôbre cavalos, enterra- guerreira e que combatiam pelo rei
ram-no com os seus maiores na ci­ contra os inimigos. 14E para todos
dade de Davi. êstes, isto é, para' todo o exército, O-
Vitória de Ozias
zias preparou escudos, e lanças, e ca­
pacetes, e couraças, e arcos, e fun­
O fi ^ o d o o povo de Judá consti- das para atirar pedras. 15E mandou
fazer em Jerusalém várias espécies
tuiu rei a seu filho Ozias, que de máquinas, as quais mandou pôr
tinha a idade de dezesseis anos, em nas torres e nos cantos das mura­
lugar de Amasias, seu pai. 2E êle re- lhas, para disparar flechas e grossas
edificou Ailat, e restituiu-a ao do­ pedras; e a fama do seu nome espa-
mínio de Judá, depois que o rei (A - lhou-se até muito longe, porque o
masias) adormeceu com seus pais. Senhor o auxiliava e o fortalecia.
8Tinha Ozias dezesseis anos quando
começou a reinar, e reinou cinqüen- Ozias é castigado por
ta e dois anos em Jerusalém; sua usurpar o sacerdócio
mãe chamava-se Jequélia, de Jeru­
salém. 4E fêz o que era reto aos 10Mas, ao ver-se poderoso, o seu
olhos do Senhor, conforme tudo o que coração elevou-se de soberba para sua
tinha feito Amasias, seu pai. 5E ruína; e desprezou o Senhor seu
buscou o Senhor enquanto viveu Za­ Deus, e, tendo entrado no templo do
carias, homem inteligente e profeta Senhor, quis oferecer incenso sôbre
de Deus; e, como êle buscava o Se­ o altar dos perfumes. 17E logo após
nhor, o Senhor o dirigiu em tudo. êle, entrou o pontífice Azarias, e
6Finalmente pôs-se em campanha, e com êle oitenta sacerdotes do Se­
combateu contra os Filisteus, e des­ nhor, homens corajosos, 18e opuse­
truiu os muros de Get, e os de Jab- ram-se ao rei, e disseram: Não per­
nia, e os de Azoto; e edificou tam­ tence a ti, Ozias, queimar incenso
bém praças fortes em Azoto e nas ao Senhor, mas aos sacerdotes, isto
terras dos Filisteus. 7E Deus aju- é, aos filhos de Arão, que foram
dou-o contra os Filisteus e contra os consagrados para êste ministério; sai
Árabes, que habitavam em Gurbaal, do santuário, não queiras fazer êste
26 - 28 SEGUNDO LIVRO DOS PARALIPÔMENOS 491
desprêzo, porque esta ação não será nha dirigido os seus caminhos na pre­
gloriosa para ti diante do Senhor sença do Senhor seu Deus.
Deus. 19Mas Ozias, irado, tendo na 70 resto das ações de Joatão, e tô-
mão o turíbulo para oferecer incen­ das as suas guerras e emprêsas, estão
so, ameaçou os sacerdotes. E imedia­ escritas no livro dos reis de Israel e
tamente apareceu-lhe a lepra na fron­ de Judá. 8Tinha vinte e cinco anos
te em presença dos sacerdotes, no quando começou a reinar, e reinou de­
templo do Senhor, junto ao altar dos zesseis anos em Jerusalém. °E Joatão
perfumes. “ E, tendo o pontífice A- adormeceu com seus pais, e sepulta-
zarias e todos os outros sacerdotes ram-no na cidade de Davi; e seu f i­
posto os olhos nêle, viram a lepra na lho Acaz reinou em lugar dêle.
sua fronte, e sem mais demora o lan­
çaram fora. E êle mesmo, cheio de Reinado de Acaz
mêdo, apressou-se a sair porque ti­
nha sentido logo a praga com que 2® xA cbztinha vinte anos quan-
o Senhor o tinha ferido. nO rei O- do começou a reinar; e rei­
zias foi, pois, leproso até ao dia da nou dezesseis anos em Jerusalém;
sua morte, e habitou numa casa se­ não fêz o que era reto na presença
parada, cheio de lepra, por causa da do Senhor, como Davi, seu pai; 2mas
qual tinha sido lançado fora da casa andou pelos caminhos dos reis de Is­
do Senhor. E Joatão, seu filho, go­ rael, e até mandou fundir estátuas
vernava a casa do rei, e administra­ a Baal. 3Êle foi o que ofereceu in­
va justiça ao povo. censo no vale de Benenom, e o que
fêz passar seus filhos pelo fogo, se­
Sua morte gundo o rito das nações que o Senhor
destruiu à chegada dos filhos de Is­
“ O resto das ações de Ozias, assim rael. 4E sacrificava e queimava per­
as primeiras como as últimas, foi es­ fumes nos lugares altos, e nos outei­
crito pelo profeta Isaías, filho de A- ros, e debaixo de tôdas as árvores
mós. “ E Ozias adormeceu com seus frondosas.
pais, e foi enterrado no campo dos se­
A c a z é d e rro ta d o pelos S írios
pulcros reais, porque era leproso; e
e p o r Is r a e l
seu filho Joatão reinou em seu lugar.
5E o Senhor seu Deus entregou-o
Reinado de Joatão nas mãos do rei da Síria, que o der­
9 7 'Joatão tinha vinte e cinco anos rotou, e que levou para Damasco u-
“ • quando começou a reinar; e ma grande prêsa do seu domínio; en-
reinou dezesseis anos em Jerusalém; tregou-o também nas mãos do rei de
sua mãe chamava-se Jerusa, filha Israel, o qual lhe infligiu uma gran­
de Sadoc. 2E êle fêz o que era reto de derrota. °E Facéia, filho de Ro-
diante do Senhor, conforme tudo o méria, matou, num só dia, cento e
que tinha feito Ozias, seu pai, exce­ vinte mil homens de Judá, todos ho­
to que não entrou no templo do Se­ mens guerreiros, porque êles tinham
nhor; mas o povo continuava a delin- abandonado o Senhor Deus de seus
qüir. pais.
7N o mesmo tempo Zecri, homem
3Edificou a porta superior da casa poderoso de Efraim, matou Maasias,
do Senhor e mandou fazer muitas o- filho do rei, e Ezrica, mordomo-rnór
bras sôbre o muro de Ofel. 4Mandou da sua casa e Elcana, o segundo de­
também fundar cidades nos montes pois do rei. 8E os filhos de Israel
de Judá e castelos e torres nos bos­ fizeram cativos duzentos m il de seus
ques. 5Fêz guerra ao rei dos Amo- irmãos, mulheres, meninos e meninas,
nitas e venceu-os, e por êsse tempo e recolheram imensos despojos, e le­
deram-lhe os filhos de Amon cem ta­ varam-nos para Samaria,
lentos de prata, e dez mil coros de
trigo e outros tantos de cevada; is­ Os prisioneiros são postos em liberdade
to mesmo lhe deram os filhos de A-
mon no segundo e terceiro ano. °E 9Achava-se então lá um profeta do
Joatão tornou-se poderoso, porque ti­ Senhor chamado Obed o qual, saindo
492 SEGUNDO LIVRO DOS PARALIPOMENOS 28 - 29
ao encontro do exército, que ia para suas aldeias, e estabeleceram-se ne­
Samaria, lhes disse: Vós vêdes que las. 10O Senhor, pois, tinha humi­
o Senhor Deus de vossos pais, irado lhado Judá, pôr causa de Acab, rei
contra Judá, vo-los entregou nas de Judá, porque tinha privado (Judá)
mãos, e vós os matastes ferozmente, de socorro, e tinha desprezado o Se­
de sorte que a vossa crueldade che­ nhor. “ Fêz o Senhor também ir con­
gou até ao céu. 10Além disto, que­ tra êle Teglatfalasar, rei dos Assí-
reis ainda sujeitar os filhós de Judá rios, que também o bateu e destruiu,
e de Jerusalém, para serem escra­ sem encontrar resistência alguma.
vos e escravas, coisa que não deveis 21Acaz, pois, despojada a casa do Se­
fazer, porque nisto pecais contra o nhor e o palácio dos reis e dos prín­
Senhor vosso Deus. nMas ouvi o cipes, presenteou o rei dos Assírios,
meu conselho, e reconduzi os cativos mas isto não lhes serviu de nada.
que trouxestes dentre os vossos ir­ Endurecimento de Acaz
mãos, porque um grande furor do Se­
nhor está eminente sôbre vós. 22Além disto, mesmo no tempo da
12Por isso alguns dos príncipes dos sua maior aflição, aumentou o des-
filhos de Efraim, a saber: Azarias, prêzo contra o Senhor; êle mesmo, o
filho de Joanan, Baraquias, filho de rei Açaz, 23imolou vítimas aos deuses
Mosolamot, Ezequias, filho de Se- de Damasco, que o tinham ferido, e
lum, e Amasa, filho de Adali, puse­ disse: Os deuses dos reis da Síria
ram-se diante dos que voltavam da dão socorro a êstes, e eu os aplaca­
batalha, 13e disseram-lhes: Não in- rei com sacrifícios e êles me assisti­
troduzais aqui os cativos, não suce­ rão; quando, pelo contrário êles fo ­
da que pequemos contra o Senhor. ram a sua ruína e de todo o Israel.
Por que quereis vós aumentar o nú­ 24Acaz, pois, tendo tomado e feito em
mero dos nossos pecados, e cumular pedaços todos os vasos da casa de
a medida dos antigos delitos? P or­ Deus, fechou as portas do templo de
que é um grande pecado, e a ira do Deus, e mandou levantar altares pa­
furor do Senhor está eminente sô- ra si em tôdas as praças de Jerusa­
bre Israel. 14Então aquêles homens lém. “ Levantou também altares em
guerreiros deixaram a prêsa e tu­ tôdas as cidades de Judá para quei­
do o que tinham tomado, diante dos mar incenso, e provocou a ira do Se­
príncipes e de tôda a multidão. 15E nhor Deus de seus pais.
os homens, de que falamos acima, pa­
raram, e, pegando nos cativos e em Morte de Acaz
todos os que estavam nus, vestiram- “ O resto de suas ações e de tôdas
nos com os despoj os, e, depois de os as suas obras, desde o princípio até
vestirem e calçarem, e de os refaze­ ao fim, está escrito no livro dos reis
rem com comida e bebida, e de os un­ de Judá e de Israel. 27E Acaz ador­
girem para os aliviarem do cansaço, meceu com seus pais e sepultaram-
e cuidarem dêles, a todos os que não no na cidade de Jerusalém; mas não
podiam andar e eram fracos do cor­ o puseram nos sepulcros dos reis de
po, puseram-nos sôbre jumentos, e Israel. E seu filho Ezequias reinou
levaram-nos a Jericó, cidade das P al­ em seu lugar.
meiras, a seus irmãos; e depois vol­
taram para Samaria. Reinado de Ezequias

Novos castigos de Deus OQ Ezequias, pois, começou a rei-


nar, tendo de idade vinte e
16Neste tempo o rei Acaz mandou cinco anos, e reinou vinte e nove a-
pedir socorro ao rei dos Assírios. 17E nos em Jerusalém; sua mãe chama­
vieram os Idumeus, e mataram muitos va-se Abia, filha de Zacarias. 2E ê-
de Judá e tomaram uma grande prê­ le fêz o que era agradável aos olhos
sa. 18Os Filisteus também se espa­ do Senhor, conforme tudo o que ti­
lharam pelas cidades da planície, e nha feito Davi, seu pai.
pela parte meridional de Judá; e to­ Purificação do templo
maram Betsames, e Aialon, e Gaderot,
e Soco, e Tarnnan, e Ganzo, com as 3No primeiro ano e mês do seu rei­
29 SEGUNDO LIVRO DOS PARALIPOMENOS 493
nado mandou abrir as portas da ca­ vestíbulo da Casa do Senhor, a qual
sa do Senhor, e restaurou-as. M a n ­ os Levitas tomaram e levaram fo ­
dou também vir os sacerdotes e os Le- ra à torrente do Cedron. 17E come­
vitas, e juntou-os na praça oriental. çaram a limpar no primeiro dia do
5E disse-lhes: Ouvi-me, Levitas, e pu­ primeiro mês, e ao oitavo dia do mes-
rificai-vos; limpai a casa do Senhor mo mês entraram no pórtico do tem­
Deus de vossos pais, e tirai do San­ plo do Senhor, e, por espaço de oito
tuário tôda a imundície. 6Nossos pais dias, estiveram a purificar o tem­
pecaram e cometeram o mal diante do plo; e, no décimo sexto dia do mes­
Senhor, nosso Deus, abandonando-o; mo mês, acabaram o que tinham co­
apartaram os seus rostos do taberná- meçado. 18E foram ao palácio do rei
culo do Senhor, e voltaram-lhe as Ezequias, e disseram-lhe: Santifica­
costas. 7Fecharam as portas que ha­ mos tôda a casa do Senhor, e o al­
via no pórtico, e apagaram as lâm­ tar dos holocaustos, e os seus vasos,
padas; e não queimaram incenso, e e também a mesa da proposição com
não ofereceram holocaustos no san­ todos os seus vasos, 19e tôdas as alfaias
tuário ao Deus de Israel. 8Dêste mo­ do templo que o rei Acaz tinha profa­
do a ira do Senhor inflamou-os con­ nado no seu reinado, depois que pre­
tra Judá e Jerusalém; e abandonou- varicou; e eis que está tudo exposto
os à turbação, e à ruína, e ao escâr- diante do altar do Senhor.
neo, como vós mesmos o estais vendo
com vossos olhos. 9Vêde como nossos Solenidades várias
pais pereceram à espada, e como nos­
sos filhos e nossas filhas, e nossas mu­ ^E o rei Ezequias, levantando-se
lheres foram levadas cativas em casti- de madrugada, convocou todos os
o de tão grande crime. 10Agora, pois, príncipes da cidade, e subiu à casa do
esejo que renovemos a aliança com Senhor; 21e todos juntos ofereceram
o Senhor Deus de Israel, e êle afas­ sete touros, e sete carneiros, e sete
tará de nós o furor da sua ira. “ F i­ cordeiros, e sete bodes pelo pecado,
lhos meus, não sejais negligentes; o pelo rei, pelo santuário, e por Judá;
Senhor escolheu-vos parA estardes em e êle disse aos sacerdotes, descen­
sua presença, e para o servirdes e dentes de Arão, que os oferecessem
para lhe prestardes culto, e para lhe sôbre o altar do Senhor. 22Os sa­
queimardes incenso. cerdotes, pois, imolaram os touros, e
tomaram o sangue, e derramaram-no
Os sacerdotes e os Levitas purificam o sôbre o altar; imolaram também os
templo carneiros e derramaram o seu san-
ue sôbre o altar; e imolaram os cor-
12Levantaram-se, pois, os Levitas: f
eiros e derramaram o sangue sôbre o
dentre a descendência de Caat: Maat, altar. 23E levaram diante do rei e de
filho de Amasai, e Joel, filho de A- tôda a multidão os bodes pelo peca­
zarias; e da descendência de Merari: do, e impuseram-lhes as suas mãos
Cis, filho de Abdi, e Azarias, filho de (confessando os seus pecados). 24E
Jalaleel; e da descendência de Ger- os sacerdotes imolaram-nos e derra­
são: Joá, filho de Zema, e Eden, f i­ maram o seu sangue diante do al­
lho de Joá; 1231
e da descendência de Eli- tar para expiação de todo o Israel;
4
safan: Samri e Jaiel; e da descendên­ porque o rei tinha mandado que se
cia de Asaf: Zacarias e Matanias; oferecesse o holocausto por todo o
14e da descendência de Heman: Jaiel Israel e pelo pecado.
e Semei; e da descedência de Iditum: 25Estabeleceu também os Levitas na
Seméias e Oziel. 151 E congregaram casa do Senhor com tímbales, e sal-
6
os seus irmãos, e purificaram-se, e térios, e citaras, segundo a disposição
entraram segundo a ordem do rei do rei Davi, e do vidente Gad, e do
e o mandamento do Senhor para pu­ profeta Natan; porque o Senhor as­
rificarem a casa de Deus. sim o tinha ordenado por meio dos
16E, tendo os sacerdotes entrado seus profetas. 26E os Levitas puse­
no templo do Senhor para o santi­ ram-se em pé, tendo os instrumentos
ficarem, tiraram para fora tôda a músicos de Davi e os sacerdotes as
imundície que acharam dentro do trombetas.
494 SEGUNDO LIVRO DOS PARALIPOMENOS 29 - 30
27E Ezequias mandou que ofereces­ lém, determinaram celebrar a Pás­
sem os holocaustos sôbre o altar; e coa no segundo mês. 3Porquanto não
enquanto se ofereciam os holocaus­ a tinham podido celebrar no seu tem­
tos, começaram a cantar louvores ao po porque não se tinham santifica­
Senhor e a tocar as trombetas e a do sacerdotes que pudessem bastar,
tanger os diversos instrumentos mú­ e porque não se tinha ainda junta­
sicos que Davi, rei de Israel, tinha do o povo em Jerusalém. 4E isto
preparado. “ E enquanto todo o po­ agradou ao rei e a todo o povo. 5E
vo adorava, os cantores e os que ti­ resolveram que fôssem mandados
nham as trombetas, cumpriam com mensageiros por todo o Israel, des­
o seu ministério, até que o holocausto de Bersabéia até Dan, para que vies­
terminou. “ E, terminada a oblação, sem e celebrassem a Páscoa do Se­
prostrou-se o rei e todos os que es­ nhor Deus de Israel em Jerusalém,
tavam com êle, e adoraram. “ E E- orque muitos não a tinham celebra-
zequias e os príncipes mandaram aos o, como está prescrito pela lei.
Levitas que cantassem os louvores °E os correios partiram com as car­
ao Senhor com os hinos de Davi e do tas por ordem do rei e dos seus prín­
profeta A sa f; e êles louvaram-no com cipes, para todo o Israel e Judã, pu­
grande alegria, e, postos de joelhos, o blicando o que o rei tinha ordenado:
adoraram. Filhos de Israel, voltai para o Senhor
31E Ezequias acrescentou ainda o Deus de Abraão, e de Isaac, e de ISj-
seguinte: Vós consagraste-vos ao Se­ rael, e êle acolherá os restos que en­
nhor, aproximai-vos, e oferecei víti­ caparam da mão do rei dos Assírios.
mas e louvores na casa do Senhor. 7Não façais como vossos pais e ir­
Tôda a multidão, pois, ofereceu hós­ mãos, que se afastaram do Senhor
tias e louvores, e holocaustos com es­ Deus de seus pais, que os entregou
pírito devoto. 32E o número dos holo­ à morte, como vós vêdes. 8Não en­
caustos que a multidão ofereceu, foi dureçais as vossas cervizes, como vos­
êste: Setenta touros, cem carneiros, sos pais; dai as mãos (obedecei) , ao
e duzentos cordeiros. “ Consagraram Senhor, e vinde ao seu santuário, que
também ao Senhor seiscentos bois e êle santificou para sempre; servi ao
três mil ovelhas. “ Os sacerdotes, po­ Senhor Deus de vossos pais, e a ira
rém, eram poucos e não pódiam bas­ do seu furor se afastará de vós. •Por­
tar para esfolar as vítimas dos ho- que, se vos voltardes para o Senhor,
locaustos; e por isso os Levitas seus vossos irmãos e filhos acharão mise­
irmãos ajudaram-nos, até se acabar ricórdia diante dos seus senhores, que
a função e purificaram-se (outros) os levaram cativos, e voltarão para
sacerdotes, porque os Levitas purifi- esta terra; porque o Senhor vosso
cavam-se com menos cerimônias do Deus é piedoso e clemente, e não
que os sacerdotes. “ Foram, pois, afastará de vós o seu rosto, se vol­
muitos os holocaustos, as gorduras das tardes para êle.
hóstias pacíficas, e as libações dos 10Iam, pois, os correios velozmente
holocaustos; e restabeleceu-se o cul­
to da casa do Senhor. “ E Ezequias de cidade em cidade, por tôda a ter­
e todo o povo se alegrou, por se ter ra de Efraim e de Manassés, até Za-
restabelecido o serviço do culto do bulão, mas êstes povos riam-se e es­
Senhor. Porque êle quis que isso carneciam dêles. “ Todavia alguns
fôsse feito de improviso. homens de Aser, e de Manassés, e de
Zabulão, estando pelo conselho, fo ­
Celebração solene da Páscoa ram a Jerusalém. “ Quanto, porém,
a Judá, a mão do Senhor operou dan­
E nviou também Ezequias por do-lhes um só coração para cumprir
todo o Israel e Judã, e escre­ a palavra do Senhor conforme a or­
veu cartas a Efraim e a Manassés, dem do rei e dos príncipes. 13E jun­
para que viessem à casp. do Senhor taram-se muitos povos em Jerusa­
em Jerusalém, e celebrassem a Pás­ lém para celebrar a solenidade dos
coa do Senhor Deus de Israel. T e n ­ ázimos, no segundo mês. 14E, levan-
do, pois, o rei conselho com os prín­ tando-se destruíram os altares que
cipes e com todo o povo de Jerusa­ havia em Jerusalém, e, derribando
30 - 31 SEGUNDO LIVRO DOS PARALIPOMENOS 495
tudo aquilo em que se queimava in­ Jerusalém, qual não tinha havido na­
censo aos ídolos, lançaram-no à tor­ quela cidade desde o tempo de Salo­
rente do Cedron. mão, filho de Davi, rei de Israel.
15E imolaram a Páscoa no dia ca- 27P or último os sacerdotes e os Levi­
terze do segundo mês. E os sacer­ tas levantaram-sé para abençoar o
dotes e os Levitas, que finalmente povo; e a sua voz foi ouvida; e a
se tinham santificado, ofereceram, sua oração chegou até â morada san­
holocaustos na casa do Senhor. 16E ta do céu.
puseram-se na sua ordem, conforme Destruição dos ídolos
as dispojições e lei de Moisés, homem
de Deus. E os sacerdotes recebiam Ol ^Feitas estas coisas segundo o
da mão dos Levitas o sangue que se rito, todos os Israelitas, que se
havia de derramar, 17porque um gran­ encontravam nas cidades de Judá,
de número não se tinha santificado, saíram e despedaçaram os ídolos, e
e por isso os Levitas imolaram a Pás­ talaram os bosques, e demoliram os
coa por aquêles que não tinham ido lugares altos, e destruíram os altares,
para se santificar ao Senhor. não só em tôda a terra de Judá e de
18E também uma grande parte do Benjamim, mas também na de
povo de Efraim , e de Manassés, e de Efraim e de Manassés, até os destruí­
Issacar, e de Zabulão, que se não ti­ rem de todo; e voltaram todos os fi­
nha santificado, comeu a Páscoa, não lhos de Israel para as suas possessões
segundo o que está escrito. Mas e para as suas cidades.
Ezequias fêz oração por êles dizen­ Regularização do culto
do: O Senhor, que é bom, será pro­
pício 19para com todos os que buscam 2E Ezequias restabeleceu as classes
de todo o seu coração o Senhor Deus dos sacerdotes e Levitas, segundo as
de seus pais, e êle não lhes imputa­ suas divisões, cada um no seu pró­
rá falta de não estarem bem purifi­ prio ofício, tanto dos sacerdotes como
cados. 20O Senhor ouviu-ò, e mos­ dos Levitas, para ps holocaustos e
trou-se favorável ao povo. hóstias pacíficas, pará servirem e lou­
21E os filhos de Israel, que se acha­ varem a Deus, e cantarem às portas
ram em Jerusalém, celebraram a so­ do acampamento (ou átrio dos sacer­
lenidade dos ázimos durante sete dias dotes da casa) do Senhor. 3E a par­
com grande júbilo, louvando todos os te com que o rei contribuía era que
dias o Senhor, e os Levitas também e da sua própria fazenda se oferecesse
os sacerdotes, tocando os instrumen­ o holocausto perpétuo da manhã e
tos correspondentes ao seu oficio. 22E da tarde, e também dos sábados, e
Ezequias falou ao coração de todos calendas, e outras solenidades, como
os Levitas, que tinham muitos conhe­ está escrito na lei de Moisés.
cimentos das coisas do Senhor; e co­ 4Mandou também ao povo que mo­
meram durante os sete dias da sole­ rava em Jerusalém que desse aos sa­
nidade, imolando vítimas pacíficas, e cerdotes e aos Levitas suas porções,
louvando o Senhor Deus de seus pais. para se poderem aplicar ao cumpri­
23E aprouve a tôda a multidão fazer mento da lei do Senhor. 5Tendo che-
festa ainda outros sete dias, como fi­ .gado isto aos ouvidos do povo, os fi­
zeram com grande contentamento. lhos de Israel ofereceram muitas pri-
“Porque Ezequias, rei de Judá, tinha mícias de trigo, de vinho e de azeite
dado à multidão mil touros e sete e de mel; e ofereceram o dízimo de
mil ovelhas; e os príncipes deram ao tudo o que a terra produz. °E os fi­
povo mil touros e dez mil ovelhas; lhos de Israel e de Judá, que mora­
e assim um grande número de sacer­ vam nas cidades de Judá, ofereceram
dotes se purificou. 23E todo o povo também o dízimo dos bois e das ove­
de Judá, tanto os sacerdotes e os L e ­ lhas, e o dízimo das coisas santifica­
vitas, como tôda a multidão que vie­ das, que tinham prometido em voto
ra de Israel, ficou cheia de alegria; ao Senhor seu Deus; e, levando tudo,
e também os prosélitos da terra de fizeram grandes montões. Com eça­
Israel, e os que habitavam em Judá. ram a form ar êstes montões no ter­
26E fê-se uma grande solenidade em ceiro mês, e acabaram-nos no sétimo
496 SEGUNDO LIVRO DOS PARALIPÔMENOS 31 - 32
mês. 8E, tendo entrado Ezequias e os e pelos arrabaldes de cada cida-
os seus príncipes, viram os montões, e, para distribuírem as porções a
e louvaram o Senhor e o povo de todos os varões da estirpe sacerdotal
Israel. e levítica.
°E Ezequias perguntou aos sacer­ “ Ezequias, pois, fêz tudo o que te­
dotes e aos Levitas, porque estavam mos dito em todo o reino de Judâ,
ali por terra aquêles montões. 10E e fêz o que era bom, reto e verda­
o sumo sacerdote Azarias, da linha­ deiro na presença do Senhor seu
gem de Sadoc, respondeu-lhe, dizen­ Deus, 21em tudo o que dizia respeito
do: Desde que começaram a oferecer ao serviço da casa do Senhor, segun­
primícias na casa do Senhor, temos do a lei e as cerimônias, desejoso de
comido e nos temos saciado, e tem buscar o seu Deus de todo o coração;
sobejado muito, porque o Senhor assim o fêz, e foi bem sucedido.
abençoou o seu povo; e esta abun­
dância que vês é das sobras. “ Man­ Invasão de Senaqucrib
dou, pois, Ezequias que se preparas­ 9 0 d e p o is destas coisas e (dêstes
sem celeiros na casa do Senhor. Ten- atos de) fidelidade de Ezequias,
do-se feito isto, “ recolheram dentro, sobreveio Senaquerib, rei dos Assí­
fielmente, tanto as primícias como rios; e, tendo entrado nas terras de
os dízimos, e tudo o que tinham ofe­ Judã, pôs cêrco às cidades fortifica­
recido em voto. E foi constituído su­ das, com o desígnio de se apoderar
perintendente disto o L evita Cone- delas. 2Ezequias vendo isto, isto é,
nias, e Semei, seu irmão, em segundo que Senaquerib tinha vindo, e. que
lugar. 13E, depois dêste, Jaiel, e Aza­ todo o ímpeto da guerra se dirigia
rias, e Naat, e Asael, e Jerimot, e contra Jerusalém, 3teve conselho com
Jozabad, e Eliel, e Jesmaquias, e .os príncipes e com os mais valentes
Maat, e Banaias, foram subordinados oficiais, a fim de se taparem os ma­
sob a dependência de Conenias e de nanciais das fontes que havia fora da
Semei, seu irmão, por ordem do rei cidade; e, sendo todos dêste parecer,
Ezequias e de Azarias, pontífice da 4juntou muita gente, e taparam tôdas
casa de Deus, aos quals competia as fontes e o regato que corria pe­
tudo. lo meio do território, dizendo: Não
14E Coré, filho de Jemna Levita, e aconteça que venham os reis dos As­
guarda da porta oriental, estava en­ sírios, e encontrem abundância de
carregado dos dons que voluntária- água. 5Reparou também com todo o
mente se ofereciam ao Senhor, e das cuidado todos os muros que estavam
rimícias e das coisas consagradas ao desmantelados e sôbre êles construiu
anto dos Santos. 15E sob a sua dire­ torres, e um outro muro por fora;
ção estavam Eden, e Benjamim, Je- e restaurou o forte de Melo, na ci­
sué, e Seméias, e Amarias, e Seque- dade de Davi, e mandou que se f i­
nias, nas cidades dos sacerdotes, pa­ zessem armas e escudos de todo o
ra distribuírem fielmente aos seus ir­ gênero; °e nomeou generais que co­
mãos as porções, tanto a pequenos mandassem o exército; e, juntando-
como a grandes, 16exceto aos varões , os todos na praça da porta da cida­
de três anos para cima, a todos que de, falou-lhes ao coração, dizendo:
entravam no templo do Senhor; e tu­ 7Sêde homens de valor e animai-vos;
do aquilo que era necessário diária- não temais nem tenhais receio do
mente para todos os ministérios e o fí­ rei dos Assírios, nem de tôda a mul­
cios, segundo as suas classes. 17E aos tidão que o acompanha; porque mui­
sacerdotes por famílias, e aos Levitas tos mais estão conosco do que os que
de vinte anos para cimaKpelas suas estão com êle. 8Porque com êle está
classes e turmas, 18e a tôda a multi­ um braço de carne; conosco está o
dão, tanto às mulheres como a seus Senhor nosso Deus, que é nosso au-
filhos, dum e outro sexo, se davam xiliador e que combate por nós. E
fielmente alimentos daquelas coisas o povo cobrou ânimo a estas pala­
que tinham sido oferecidas. 19E tam­ vras de Ezequias, rei de Judâ.
bém alguns homens dos filhos de °Depois que estas coisas sucederam
Arão estavam dispostos, pelos cam- Senaquerib, rei dos Assírios, enviou
32 SEGUNDO LIVRO DOS PARALIPOMENOS 497
os seus mensageiros a Jerusalém O seu exército é destruído
(porque êle com todo o exército es­
tava sitiando Laquis), dizendo a Eze- “ O rei Ezequias e o profeta Isaías,
quias, rei de Judá, e a todo o povo filho de Amós, fizeram oração con­
ue havia na cidade: 10Eis o que man- tra esta blasfêmia, e levantaram os
a dizer Senaquerib, rei dos Assírios: seus clamores até ao céu. 21E o Se­
Em quem estais vós confiados para nhor mandou um anjo que matou to­
vos deixardes estar cercados em Je­ dos os homens fortes e guerreiros, e
rusalém? "Porventura Ezequias en- os generais do exército do rei dos As­
gana-vos, para vos fazer morrer à fo­ sírios. E (Senaquerib) voltou com
me e à sêde, afirmando que o Senhor ignomínia para o seu país. E, ten­
vosso Deus vos livrará da mão do rei do entrado no templo do seu deus, os
dos Assírios? "N ão é pois êste aquê- seus filhos, que tinham saído das suas
le Ezequias que destruiu os seus lu­ entranhas, mataram-no â espada. WE
gares altos e os seus altares, e que o Senhor salvou assim Ezequias e os
ordenou em Judá e em Jerusalém, di­ habitantes de Jerusalém da mão de
zendo: Diante de um só altar vós Senaquerib, rei dos Assírios, e da mão
adorareis, e no mesmo queimareis in­ de todos (os seus inimigos), e deu-
censo? "Porventura ignorais o que lhes paz por todos os lados. “ E mui­
temos feito, eu e meus pais, a todos tos traziam a Jerusalém vítimas e
os povos da terra? Porventura tive­ oferendas ao Senhor, e presentes a
ram poder os deuses das nações e de Ezequias, rei de Judá, o qual, depois
tôdas as terras para livrar os seus disto, foi engrandecido entre todas
países da minha mão? 14Qual é o as naçôes.
deus entre todos os deuses das na­ Doença de Ezequias
ções, que meus antepassados devas­
taram, que tivesse fôrça para livrar “ Naquele tempo, Ezequias adoeceu
o seu povo das minhas mãos, de sor­ mortalmente e fêz a sua oração ao
te que possa também o vosso Deus Senhor; e êle o ouviu, e deu-lhe um
livrar-vos das minhas mãos? 15Não sinal. “ Mas Ezequias não correspon­
vos engane, pois, Ezequias, nem vos deu aos benefícios que tinha recebi­
iluda com vãs persuasões, nem lhe do, porque o seu coração ensoberbe-
deis crédito; porque, se nenhum dos ceu-se, e a ira (do Senhor) acendeu-
deuses de tôdas as nações e de todos se contra êle, e contra Judá, e con­
os reinos pôde livrar o seu povo da tra Jerusalém. “ Mas depois, (a rre­
minha mão nem da de meus pais, lo­ pendido) por se ter ensoberbecido
go consequentemente também o vos­ o seu coração, humilhou-se, tanto êle
so Deus vos não poderá livrar da como os habitantes de Jerusalém; e,
minha mão. por isso, não caiu sôbre êles a ira do
Senhor durante a vida de Ezequias
"Outras muitas coisas disseram
ainda os mensageiros de Senaquerib Riquezas de Ezequias; suas obras
contra o Senhor Deus, e contra o
seu servo Ezequias. 17Êle escreveu 27Ora Ezequias foi rico e de grande
também cartas cheias de blasfêmias fama; e juntou para si grandes te­
contra o Senhor Deus de Israel, e souros de prata, e de ouro, e de pe­
disse contra êle: Assim como os deu­ dras preciosas, e de aromas, e de tô-
ses das outras nacôes não puderam da a qualidade de armas, e de vasos
livrar o seu povo da minha mão, as­ de grande preço, ^ e v e também
sim também o Deus de Ezequias não grandes celeiros de trigo, de vinho e
poderá livrar o seu povo desta mão. de azeite, e estábulos para tôda a
18E, além disto, em alta voz, falava casta de animais, e currais para ga-
em língua hebraica ao povo que es­ dos. “ E edificou também cidades pa­
tava sobre as muralhas de Jerusa­ ra si; porque tinha inumeráveis re­
lém, para o atemorizar, e para tomar banhos de ovelhas e de gado grosso,
a cidade. 10E falou contra o Deus ae porque o Senhor lhe tinha dado uma
Jerusalém, bem como contra os deu­ extraordinária abundância de bens.
ses das outras nações da terra, o° 30Êste é o mesmo Ezequias que ta­
quais são obras das mãos dos homens. pou a fonte superior das águas de
498 SEGUNDO LIVRO DOS PARALIPOMENOS 32 - 33
Gion, e as desviou por baixo da ter­ Davi e a seu filho Salomão, dizen­
ra para o poente da cidade de Da­ do: Nesta casa e em Jerusalém, a
vi; em todas as obras que empreen­ qual eu escolhi entre tôdas as tribos
deu foi bem sucedido. 31Todavia na de Israel, eu estabelecerei o meu no­
embaixada dos príncipes de Babilô­ me para sempre. 8E não farei mais
nia, que lhe tinham sido enviados pa­ sair Israel da terra que dei a seus
ra se informarem do prodígio que pais, contanto que eles procurem
tinha acontecido na terra, Deus de- cumprir o que eu lhes tenho manda­
samparou-o para que fôsse tentado, do, e tôda a lei, e as cerimônias, e os
e para se tornar conhecido tudo o preceitos dados por meio de Moisés.
que êle tinha no seu coração. Manassés é levado acorrentado para
Sua morte Babilônia

320 resto das ações de Ezequias e °Manassés, pois, seduziu Judá e os


das suas misericórdias, estão escritas habitantes de Jerusalém, para fa ­
na visão do profeta Isaias, filho de zerem maiores males do que tôdas as
Amós, e no livro dos reis de Judá e nações que o Senhor tinha extermi­
de Israel. 33E Ezequias adormeceu nado da presença dos filhos de Is-
com seus pais* e sepultaram-no sobre rael. 10E o Senhor falou a êle e ao
os sepulcros dos filhos de Davi; e to­ seu povo, e não o (luiseram ouvir.
do o (povo de) Judá, e todos os mo­ “ Por isso Deus fêz vir sôbre êles os
radores de Jerusalém celebraram os príncipes do exército do rei dos Assí­
seus funerais; e em seu lugar reinou rios, os quais aprisionaram Manassés,
seu filho Manassés. e o levaram para Babilônia, prêso
com cadeias e grilhões.
Impiedade de Manassés Conversão de Manassés
OO Manassés tinha doze anos quan- 12E êle, quando se viu na angús-
do começou a reinar, e reinou tia, orou ao Senhor seu Deus, e fêz
cinqüenta e cinco anos em Jerusa­ grande penitência diante do Deus de
lém. 8Fêz, porém, o mal diante do seus pais. 13E suplicou-lhe, e rogou-
Senhor, seguindo as abominações dos lhe fervorosamente; e o Senhor ou­
povos que o Senhor tinha extermina­ viu a sua oração e o reconduziu a
do à vista dos filhos de Israel. 3E Jerusalém no seu reino, e Manassés
restaurou os lugares altos, que seu reconheceu que o Senhor é Deus.
pai Ezequias tinha demolido; e le­ Trabalhos e reformas religiosas
vantou altares a Baal, e plantou bos-
ques (em honra dêste falso deus), “ Depois disto mandou edificar o
e adorou tôda a milícia do céu, (isto muro que está fora da cidade de Da-
e, os astros), e prestou-lhe culto. 4E- vi, ao Ocidente de Gion, no vale, des­
dificou também altares na casa do de a entrada da porta dos peixes, em
Senhor da qual o Senhor tinha dito: roda até Ofel, e levantou-o muito; e
meu nome estará eternamente em pôs oficiais do exército em tôdas as
Jerusalém. 5Erigiu-os a todo o exér­ cidades fortes de Judá; 15e tirou da
cito (dos astros) do céu nos dois á- casa do Senhor os deuses estranhos,
trios da casa do Senhor. 6Fêz tam­ e o ídolo, e os altares, que tinha man­
bém passar os seus filhos pelo fogo dado levantar no monte da casa do
no vale de Benenom (em honra do Senhor em Jerusalém, e fêz lançar
ídolo de M oloc). Observava os so­ tudo fora da cidade. “ Restaurou
nhos, seguia os agouros, entregava- também o altar do Senhor, e imolou
se às artes mágicas, tinha consigo sôbre êle vítimas e hóstias pacíficas
magos e encantadores, e cometeu e de ação de graças, e ordenou a Ju­
muitos males diante do Senhor, pro­ dá que servisse o Senhor Deus de
vocando-o à ira. 7Pôs também um Israel. “ Contudo, o povo ainda i-
ídolo e uma estátua fundida na ca­ molava nos lugares altos do Senhor
sa do Senhor, da qual Deus falou a seu Deus.
Cap. X X X II — 31. D o prodígio, do retrocesso da som bra ( I v Reis, X X , 11).
33 - 34 SEGUNDO LIVRO DOS PARALIPOMENOS 499
Sua morte Baal, e quebrados os ídolos que ti­
nham sido colocados em cima; man­
180 resto dos feitos de Manassés, e dou cortar os bosques, e fazer em pe­
a oração que êle fêz ao seu Deus, daços os ídolos, e ordenou que os pe­
e as palavras dos profetas que lhe daços fôssem lançados sôbre as sepul­
falaram da parte do Senhor Deus de turas daqueles que tinham tido o
Israel, encerram-se nos livros dos costume de lhes oferecer vítimas.
reis de Israel. 19A oração também 5Além disso, queimou os o s s o s dos sa­
que êle fêz, e como foi ouvido, e cerdotes (dos idolos) sôbre os altares
todos os seus pecados, e o desprêzo dos (mesmos) idolos, e purificou Ju-
(de Deus), os lugares também em que dá e Jerusalém. 6E também nas
mandou edificar os lugares altos, e cidades de Manassés, e de Efraim, e
em que mandou plantar os bosques e de Simeão, até Neftali, destruiu tu­
as estátuas, antes de fazer penitên­ do isto. 7E, depois que destruiu os
cia, encontra-se tudo escrito no li­ altares e os bosques, e fêz em pedaços
vro de Hozai. ^Adormeceu, pois, Ma- os idolos, e arrazou todos os templos
nassés com seus pais, e foi sepultado por tôda a terra de Israel, voltou pa­
em sua casa; e em seu lugar reinou ra Jerusalém.
Amon, seu filho.
Restauração do templo
Reinado de Amon

“ Tinha Amon vinte e dois anos 8E, no ano décimo oitavo do seu
uando começou a reinar, e reinou- reinado, depois de já purificada a ter­
ois anos em Jerusalém. “ E fêz o ra e o templo do Senhor, mandou a
mal na presença do Senhor, como o Safan, filho de Eselias, e a Maasias,
tinha feito seu pai Manassés; e sacri­ overnador da cidade e Joá, filho de
ficou e prestou culto a todos os ído­ oacaz, seu cronista-mor, que repa­
los que Manassés tinha mandado fa - rassem a casa do Senhor seu Deus.
bricar. “ E não temeu a face do Se­ 9Foram êles ter com o sumo sacerdo­
nhor, como seu pai Manassés tinha te­ te Helcias; e, depois de recebido dê-
mido, antes cometeu muitos maiores le o dinheiro que tinha sido levado
delitos. 24E seus servos, tendo-se con- à casa do Senhor, e que os Levitas e
jurado contra êle, mataram-no em sua os porteiros tinham recolhido (das
casa. “ Mas o resto do povo, depois tribos) de Manassés e de Efraim, e
de ter dado a morte aos assassinos de todo o resto de Israel, e também de
de Amon, constituiu rei a Josias, seu todo o Judá e Benjamim, e dos habi­
filho, em lugar dêle. tantes de Jerusalém, 10entregaram-no
nas mãos dos que eram os superinten­
Piedade de Josias dentes dos oficiais que trabalhavam
na casa do Senhor, para restaura-
O A 1Josias tinha oito anos quando rem o templo e repararem todas as
começou a reinar, é reinou suas ruínas. 11E êstes deram-no aos
trinta e um anos em Jerusalém. 2E artistas e aos canteiros, para compra­
fêz o que era reto na presença do rem pedras de cantaria e madeiras
Senhor, e andou nos caminhos de Da­ para o madeiramento do edifício, e
vi, seu pai; não declinou nem para a para o vigamento das casas que os
direita nem para a esquerda. reis de Judá tinham destruído. “ E-
xecutaram tudo fielmente. E os su­
Primeiras reformas de Josias perintendentes dos operários eram
8Desde o oitavo ano do seu reina­ Jaat e Abdias, da linhagem de Me-
do, sendo ainda muito jovem, come­ rari, Zacarias e Mosolão, da linha­
çou a buscar o Deus de Davi, seu pai; gem de Caat, os quais apressavam a
e no duodécimo ano, depois que ti­ obra; todos êles eram Levitas que
nha começado a reinar, purificou Ju- sabiam tocar instrumentos. MMas,
dã e Jerusalém dos lugares altos, e sôbre os que acarreavam o preciso pa­
dos bosques, e das estátuas de fundi­ ra diversos usos, eram inspetores os
ção e de escultura. 4E na sua presen­ escrivães, juizes e porteiros do núme­
ça foram destruídos os altares de ro dos Levitas.
500 SEGUNDO LIVRO DOS PARALIPOMENOS 34 - 35
Descoberta do livro da lei o que diz o Senhor Deus de Israel:
Porque ouviste as palavras do livro,
140ra, quando se retirava o dinhei­ 27e se enterneceu o teu coração, e te
ro que tinha sido levado ao templo humilhaste diante de Deus, por cau­
do Senhor, o pontífice Helcias achou sa das coisas que foram ditas contra
um livro da lei do Senhor, dada por êste lugar e contra os habitantes de
mão de Moisés. “ E disse ao secre­ Jerusalém, e porque, temendo o meu
tário de Safan: Encontrei o livro da rosto, rasgaste os teus vestidos, e cho­
lei na casa do Senhor; e entregou-lho. raste diante de mim, eu também te
16E Safan levou o livro ao rei, e o u v í , diz o Senhor. “ Por isso em bre­
deu-lhe conta, dizendo: Tudo o que ve te juntarei a teus pais, e serás
mandastes a teus servos, executa-se pôsto em paz no teu sepulcro e os
fielmente. 17Êles recolheram a pra­ teus olhos não verão todos os males
ta que foi encontrada na casa do que eu estou para mandar sôbre êste
Senhor, e foi dada aos prefeitos lugar e sôbre os seus moradores, fi­
dos artistas e dos que fazem os diver­ les, pois, foram referir ao rei tudo o
sos trabalhos. 18Além disto o pontí­ que a profetisa lhes tinha dito.
fice Helcias entregou-me êste livro.
E, tendo-o êle lido diante do rei, 10e Josias renova a aliança com Deus
êste ouvido as palavras da lei, ras­ ME o rei, depois de convocados to- '
gou os seus vestidos, “ e ordenou a dos os anciãos de Judá e de Jerusa-
Helcias, e a Aicão, filho de Safan, lém, "subiu à casa do Senhor, e jun-
e a Abdon, filho de Mica, e ao se­ tamente com êle todos os homens de
cretário Safan, e a Asaas, servo do Judá e os cidadãos de Jerusalém, os
rei, dizendo: 21Ide, e rogai ao Senhor sacerdotes e os Levitas, e todo o po-
por mim e pelos restos de Israel e de vo, desde o mais pequeno até o maior.
Judá, acêrca de todas as palavras E, estando êles a ouvir na casa do
dêste livro que se achou; porque es­ Senhor, o rei leu tôdas as palavras
tá prestes a cair sobre nós a grande do livro; 81e, pôsto em pé no seu es­
ira do Senhor, porque nossos pais trado, fêz aliança com o Senhor, que
não guardaram as palavras do Se­ caminharia após êle, e que guardaria
nhor, cumprindo tudo o que está es­ os seus preceltos, e as suas leis, e as
crito neste livro. suas cerimônias, de todo o seu cora­
“ Helcias, pois, e os que tinham si­ ção e de tôda a sua alma, e que cum-
do enviados juntamente pelo rei, fo ­ priria tudo o que estava escrito na­
ram ter com a profetisa Olda, mulher quele livro que acabava de ler. 82E
de Selum, filho de Tecuat, filho de fêz jurar o mesmo a todos os que se
Hasra, guarda dos vestidos, a qual encontravam em Jerusalém e em
habitava em Jerusalém no segundo Benjamim; e os moradores de Jeru­
(b a irro ), e referiram-lhe as palavras salém o cumpriram, conforme o pac­
que mencionamos acima. “ E Olda to do Senhor Deus de seus pais. “T i-
respondeu-lhes: Eis o que diz o Se­ rou, pois, Josias tôdas as abomina-
nhor Deus de Israel: Dizei ao homem çoes de tôdas as terras dos filhos de
que cá vos mandou: 24Isto disse o Israel, e obrigou todos os que resta­
Senhor: Eu estou para fazer cair vam em Israel a servir o Senhor seu
sobre êste lugar e sôbre os seus habi­ Deus. E, enquanto êle viveu, não se
tantes, os males e tôdas as maldições separaram do Senhor Deus de seus
que estão escritas neste livro, que pais.
foi lido diante do rei de Judá. “ Por­
que êles me abandonaram, e ofere­ Celebração solene da Páscoa
ceram sacrifícios aos deuses estra­ OC d e p o is Josias celebrou em Je-
nhos, provocando-me à ira por tôdas rusalém a Páscoa do Senhor,
ás obras das suas mãos; por isso o a qual foi imolada no décimo quar­
meu furor se espalhará sôbre êste to dia do primeiro mês. 2E estabele­
lugar, e não se aplacará. ceu os sacerdotes nos seus ministérios,
“ E, quanto ao rei de Judá, que vos e exortou-os a servirem na casa do
enviou para implorardes a misericór­ Senhor. 8E aos Levitas, por cujas
dia do Senhor, assim lhe direis: Eis instruções todo o Israel estava santi­
35 SEGUNDO LIVRO DOS PARALIPôMENOS 501
ficado ao Senhor, disse: Ponde a ar­ todo o povo. 14E depois prepararam-
ca no santuário do templo que edifi- nas para si e para os sacerdotes; por-
cou Salomão, filho de Davi, rei de Is­ ue os sacerdotes estiveram ocupa-
rael, porque vós não tornareis mais os até à noite na oblação dos holo-
a transportá-la; agora, porém, servi caustos e das gorduras, por isso os
ao Senhor vosso Deus, e ao seu povo Levitas prepararam o comer para si
de Israel. 4Preparai-vos, pois, pelas e para os sacerdotes, filhos de Arão,
vossas casas e pelas vossas famílias, em último lugar. ME os cantores, fi­
segundo a distribuição de cada um lhos de Asaf, também estavam no seu
de vós, como o ordenou Davi, rei de pôsto, conforme o preceito de Da­
Israel, e como o escreveu Salomão, vi, e de Asaf, e de Heman, e de I-
seu filho. 5E servi no santuário, se­ ditun, profetas do rei; e os portei­
gundo a distribuição das famílias e ros guardavam cada uma das por­
das turmas levíticas. 6E, depois de tas, sem se apartarem um só mo­
santificados, imolai a Páscoa, e dis- mento do seu ministério; por isso
ponde também vossos irmãos para também os Levitas, seus irmãos, lhes
que a possam celebrar, segundo o que prepararam o comer.
o Senhor ordenou por meio de Moi­ 10Desta sorte todo o culto do Senhor
sés. foi cumprido segundo o rito, naquele
7Deu, além disso, Josias a todo o dia, celebrando-se a Páscoa e ofe-
povo, que se tinha juntado na soleni­ recendo-se os holocaustos sôbre o al­
dade da Páscoa, cordeiros e cabritos tar do Senhor, conforme a ordem do
dos rebanhos, e do resto do seu gado rei Josias. 17E os filhos de Israel,
trinta mil cabeças, e além disso, três que ali se acharam naquele tempo,
mil bois; tudo isto era da fazenda do celebraram a Páscoa e a solenidade
rei. 8Os seus oficiais também ofere­ dos ázimos durante sete dias. 18Não
ceram o que tinham prometido vo- houve Páscoa semelhante a esta em
luntàriamente, tanto ao povo, como Israel, desde o tempo do profeta Sa­
aos sacerdotes e aos Levitas. Mas muel; e, dentre todos os reis de Is­
Helcias e Zacarias, e Jaiel, príncipes rael, não houve nenhum que cele­
da casa do Senhor, deram aos sacer- brasse uma Páscoa como a que cele­
dotes, para celebrar a Páscoa, duas brou Josias com os sacerdotes, e com
mil e seiscentas reses de gado miú­ os Levitas, e com todo o povo de
do, e trezentos bois. °Conenias, e Judá, e com todos os que se acha-
Seméias, e Natanael, seus irmãos, co­ vam ali em Israel, e com os habitan­
mo também Hasabias, e Jeiel, e Jo- tes de Jerusalém. "F o i celebrada es­
sabad, chefes dos Levitas, deram aos ta Páscoa no ano décimo oitavo do
outros Levitas, para celebrarem a reinado de Josias.
Páscoa, cinco mil reses miúdas, e
uinhentos bois. 10E preparou-se tu- Morte de Josias
o para a função, e puseram-se os "Depois que Josias reparou o tem­
sacerdotes no seu pôsto; e também os plo, foi Necao, rei do Egito, fazer
Levitas, divididos por turmas, segun­ guerra em Carcames, junto ao Eu-
do a. ordem do rei. trates. E Josias marchou ao seu
nE foi imolada a Páscoa; e os sa­ encontro. 2,Aquêle príncipe, porém,
cerdotes com as suas mãos derrama­ mandando-lhe mensageiros, disse-lhe:
vam o sangue, e os Levitas esfolavam P or que te embaraças tu comigo, Ó
as vítimas. 12E separavam-nas para rei de Judá? Não venho contra ti
as distribuir pelas casas e famílias hoje, mas contra outra casa, contra
de cada um, e para as oferecer a qual me mandou Deus que mar­
ao Senhor, conforme o que está es­ chasse a toda a pressa; cessa, pois, de
crito no livro de Moisés; e fizeram te opores aos desígnios de Deus, o
o mesmo aos bois. 13Depois assaram qual é comigo, não suceda que êle te
os cordeiros pascais sôbre o lume, mate. “ Josias não quis tornar atrás,
como está escrito na lei; as hóstias mas preparou-se para lhé dar bata­
pacificas, porém, cozeram-nas em lha, e não esteve pelo que Necao lhe
marmitas, e caldeirões, e panelas, e disse da parte de Deus, mas avan­
distribuíram-nas, imediatamente por çou para lhe dar batalha no cam­
502 SEGUNDO LIVRO DOS PARALIPôMENOS 35 - 36
po de Magedo. ” E ali, sendo ferido reis de Judã, e de Israel. E em seu
pelos frecheiros, disse para os seus lugar reinou seu filho Joaquim.
criados: Tirai-me da peleja, porque
estou gravemente ferido. ^Êles pas- O novo rei Joaquim
saram-no dum carro para outro, que °Joaquim tinha oito anos quando
o seguia de reserva, segundo o cos­ começou a reinar, e reinou três me­
tume dos reis, e levaram-no para Je­ ses e dez dias em Jerusalém, e fêz o
rusalém; e morreu, e foi sepultado mal na presença do Senhor. 10E, ten­
no mausoléu de seus pais; e todo o do decorrido o espaço dum ano, o rei
Judã e Jerusalém o prantearam, Nabucodonosor mandou tropas que
“ sobretudo Jeremias, cujas lamenta- o conduziram a Babilônia, levando
çôes sôbre Josias são repetidas até juntamente os mais preciosos vasos
hoje por todos os cantores e canto- da casa do Senhor. E (em lugar de
ras, costume que ficou em Israel co­ Joaquim) constituiu rei sôbre Judá
mo lei: Encontram-se escritas estas e sôbre Jerusalém a Sedecias, seu tio
coisas nas lamentações. paterno.
“ O resto das ações de Josias e as
suas boas obras, segundo o que or­ Sedecias, e ruína de Judá
dena a lei do Senhor, “ e as suas fa ­
çanhas, tanto as primeiras como as “ Sedecias tinha vinte e um anos
ultimas, estão escritas no livro dos quando começou a reinar, e reinou
reis de Judã e de Israel. onze anos em Jerusalém. “ E fêz o
mal diante dos olhos do Senhor seu
Joacaz, rei de Judã Deus, e não respeitou a pessoa do
profeta Jeremias, que lhe falava da
1Então o povo da terra tomou parte do Senhor. 13Sublevou-se tam­
Joacaz, filho de Josias, e cons- bém contra o rei Nabucodonosor, a
tituiu-o rei em Jerusalém em lugar quem tinha dado juramento (de f i­
de seu pai. 2Joacaz tinha vinte e delidade) em nome de Deus; e en­
três anos quando começou a reinar, dureceu a sua cerviz e o seu coração
e reinou em Jerusalém três meses. para não se converter ao Senhor Deus
3Porque o rei do Egito, tendo ido a de Israel. 14E até também todos os
Jerusalém, o depôs, e condenou o príncipes dos sacerdotes e o povo se
país à contribuição de cem talentos entregaram a tôdas as abominações
de prata, e um talento de ouro. 4E dos gentios, e profanaram a casa do
em lugar de Joacaz constituiu Elia- Senhor, que êle tinha santificado pa­
quim, seu irmão, rei sôbre Judâ e ra si em Jerusalém.
sôbre Jerusalém, e mudou-lhe o no­ “ Ora o Senhor Deus de seus pais
me em Joaquim;» e tomou Joacaz, e dirigia-lhes freqüentemente a sua pa­
levou-o consigo para o Egito. lavra por meio dos seus enviados, le-
vantando-se de noite, e admoestando-
Reinado de Joaquim os todos os dias, porque queria per­
doar ao seu povo e à sua casa. “ Mas
5Joaquim tinha vinte e cinco anos êles zombavam dos enviados de Deus,
quando começou a reinar, e reinou e desprezavam as suas palavras, e es­
onze anos em Jerusalém; mas fêz o carneciam dos seus profetas, até que
mal diante do Senhor seu Deus. o furor do Senhor se levantou' con­
8Contra êle marchou Nabucodono- tra o seu povo, e não houve mais
sor, rei dos Caldeus; e, carregado de remédio.
cadeias, levou-o para Babilônia. 17Porque fêz vir contra êles o rei
7Transportou também para esta ci­ dos Caldeus, e degolou seus filhos na
dade os vasos do Senhor, e colocou- casa do seu santuário, não tendo pie­
os no seu templo. 8E o resto das dade nem do jovem, nem da donze­
ações de Joaquim e das abominações la, nem do velho, nem do decrépito.
ue cometeu e que foram encontra- Deus entregou-lhos todos nas suas
as nêle, estão contidas no livro dos mãos. “ Transportou também para
Cap. X X X V I — 9. Tinha oito anos, êrro dos copistas, em vez de dezoito anos, como se lê no
Quarto Livro dos Reis, X X IV , 8.
36 SEGUNDO LIVRO DOS PARALIPOMENOS 503
Babilônia todos os vasos da casa do Edito de Ciro
Senhor, tanto os grandes como os pe­
quenos, e os tesouros do templo, e “ Mas no primeiro ano de Ciro, rei
os do rei, e dos príncipes. 10Os ini­ dos Persas, para se cumprirem as pa­
migos incendiaram a casa de Deus, lavras que o Senhor tinha dito por
e arruinaram os muros de Jerusalém, bôca de Jeremias, o Senhor tocou o
e puseram fogo a tôdas as tôrres, e coração de Ciro, rei dos Persas, o
destruíram tudo o que havia de pre­ qual mandou publicar por todo o rei­
cioso. “ Se alguém tinha escapado da no, e também por escrito, dizendo:
espada, êsse, levado a Babilônia, tor­ “ Eis o que diz Ciro, rei dos Persas:
nou-se escravo do rei e de seus filhos, O Senhor Deus do céu pôs nas mi­
até que teve o império o rei dos P er­ nhas mãos todos os reinos da, terra,
sas, ae se cumpriu a palavra do Se­
nhor pronunciada por bôca de Jere­ e êle mandou-me também que lhe
mias, e a terra celebrou os seus sá­ fizesse uma casa em Jerusalém, que
bados; porque, durante todo o tempo está na Judéia. Quem dentre vós
da sua desolação, ela esteve num sá­ pertence ao seu povo? O Senhor seu
bado (o u descanso) contínuo, até que Deus seja com êle, e vá (para a sua
se completaram setenta anos. terra).

21. Celebrou os seus sábados, isto è, descansou, tendo ficado sem ser cultivada.
LIVROS DE ESDRAS
Os dois livros de Esdras formavam na antiguidade um só livro, atribuído
a Esdras. Tratam da restauração da comunidade de Israel na Palestina, de­
pois do cativeiro de Babilônia, e abrangem um período de tempo, que vai
desde o edito de Ciro (538 a. C.) até aos últimos anos de Esdras (398 a. C.),
e mais alguns acrescentamentos que chegam até ao tempo de Alexandre
Magno (330 a. C.).

O primeiro livro consta de duas partes, também cronològicamente dife­


rentes. A primeira (1,1 - 6,22) se refere aos anos decorridos entre 538 e 516
a. C. e descreve a volta da Caldéia de um primeiro núcleo de Hehreus, os quais,
em fôrça de um decreto de Ciro, tinham obtido a licença de repatriar e de
construir o templo de Jerusalém. A segunda parte (7,1 - 10,14) narra as
peripécias de um segundo núcleo de repatriados, que haviam obtido tal con­
cessão do rei Artaxerxes l, o Longímano (458 a. C.), e a obra de Esdras (que
os havia acompanhado), no sentido de fazer revigorar as prescrições mosai­
cas, particularmente aquelas que se referiam aos casamentos mistos.
O segundo livro de Esdras, chamado também de Neemias, descreve a
reconstrução dos muros de Jerusalém, e as dificuldades que foram vencidas;
trata da organização. política e religiosa da nova comunidade de Israel, e
refere-se à reforma dc alguns abusos. Tomando-se em consideração a forma
literária, o livro pod^-se dividir em três seções: à primeirá, atribui-se tudo
o que está narrado em primeira pessoa, como* se fôssem excertos das memó­
rias de Neemias (1,1 - 7,33); à segunda pertence tudo o que está narrado»
em terceira pessoa, sôhre a obra de Esdras (8,1 - 10,39); e à terceira, alguns
documentos de natureza e de «rigem diferente, que foram acrescentados co­
mo apêndice ao livro (11,1 - 15,31). Os críticos modernos atribuem a defi­
nitiva compilação do livro a um redator desconhecido, o qual, lá pelo ano
330 a. C., teria reunido às memórias de Neemias uma parte das de Esdras, e
continuado a série de documentos, ajuntando alguns novos e completando
os já colecionados.
LIVRO PRIMEIRO DE ESDRAS
Edito de Ciro Restituição dos vasos sagrados

1 2N o primeiro ano de Ciro, rei 70 rei Ciro entregou também os


1 dos Persas, a fim de se cum­ vasos do templo do Senhor, que Na-
prir a palavra do Senhor pronuncia­ bucodonosor tinha levado de Jerusa­
da pela boca de Jeremias, o Senhor lém e que tinha pôsto no templo do
seu deus. ■‘Ciro, rei dos Persas, man-
suscitou o espírito de Ciro, rei dos dou-os entregar por mão de Mitrida-
Persas, e êste mandou publicar em tes, filho de Gazabar, e deu-os por
todo o seu reino, de viva voz e por conta a Sassabasar, príncipe de Ju-
escrito, esta ordem, dizendo: 2Eis o dá. 9E eis o número dêles: Trinta
que diz Ciro, rei dos Persas: O Se­ copos de ouro, mil copos de prata,
nhor Deus do céu deu-me todos os vinte e nove facas, trinta taças de
reinos da terra, e êle mesmo me man­ ouro, 10quatrocentas e dez taças de
dou que lhe edificasse um templo em prata de segundo tamanho, e mil ou­
Jerusalém, que está na Judéia. 3Quem tros vasos. “ Todos os vasos de ouro
é dentre vós pertencente ao seu po­ e de prata, eram cinco mil e quatro­
vo? O seu Deus seja com êle. Vá centos. Todos levou Sassabasar, com
para Jerusalém, que está na Judéia, os que voltaram do cativeiro de Ba­
e edifique a casa do Senhor Deus de bilônia para Jerusalém.
Israel. O Deus (verdadeiro) é aquê-
Lista dos repatriados: chefes
le que está em Jerusalém. 4E todos
aquêles que ficarem em qualquer lu­ O ^ s te s são os filhos da provín-
gar onde habitem, ajudem-nos do lu­ “ cia (da Judéia) que, tendo sido
gar onde estão, com prata e com ou­ levados cativos para Babilônia, por
ro, e com (outros) bens, e com ga­ Nabucodonosor, rei de Babilônia, vol­
dos, além daquilo que oferecerem vo- taram para Jerusalém e para a Ju-
luntàriamente ao templo de Deus, que déia, cada um para a sua cidade. 2Os
está em Jerusalém. quais voltaram com Zorobabel, Josué,
Neemias, Saraias, Relaias, Mardocai,
Primeiros judeus que voltam p ara Belsã, Mesfar, Bequai, Reum, Baana.
Jerusalém
Gente do povo
5E os príncipes das famílias de Ju- Eis o número dos varões do povo
dá e de Benjamim, e os sacerdotes, e de Israel: 3Filhos de Haros, dois mil
os Levitas, e todos aquêles cujo cora­ cento e setenta e dois; 4filhos de Safa-
ção Deus tinha tocado, prepararam- tia, trezentos e setenta e dois; 5filhos
se para ir reedificar o templo do Se­ de Area, setecentos e setenta e cinco;
nhor, que estava em Jerusalém. 6E °filhos de Faat-Moab, filhos de Josué
todos os que moravam nos arredores e de Joab, dois mil e oitocentos e do­
ajudaram-nos, pondo em suas mãos ze; 7*filhos de Elão, mil, duzentos e
baixelas de prata e de ouro, e (ou ­ cinquenta e quatro; filh o s de Zetua,
tros) bens, gados, e alfaias, além da­ novecentos e quarenta e cinco; •filhos
quilo que tinham oferecido voluntà- de Zacai, setecentos e sessenta; “ fi­
riamente. lhos de Bani, seiscentos e quarenta e
506 PRIMEIRO LIVRO DE ESDRAS 2

dois; “ filhos de Bebai, seiscentos e de Acub, “ os filhos de Hagab, os f i ­


vinte e três; “ filhos de Azgad, mil lhos de Semlai, os filhos de Hanã, 47os
duzentos e vinte e dois; “ filhos de A- filhos de Gadel, os filhos de Gaer, os
donicão, seiscentos e sessenta e seis; filhos de Raaia, “ os filhos de Rasin,
14filhos de Beguai, dois mil e cinqüen- os filhos de Necoda, os filhos de Ga-
ta e seis; “ filhos de Adim, quatrocen­ são, 49os filhos de Asa, os filhos de
tos e cinqüenta e quatro; “ filhos de Faséia, os filhos de Besee, “ os filhos
Ater, que descendiam de Ezequias, de Asena, os filhos de Munim, os f i ­
noventa e oito; “ filhos de Besai, tre­ lhos de Nefusim, 51os filhos de Bac-
zentos e vinte e três; “ filhos de Jora, buc, os filhos de Hacufa, os filhos de
cento e doze; “ filhos de Hasum, du­ Harur, 52os filhos de Beslut, os filhos
zentos e vinte e três; “ filhos de Ge- de Maida, os filhos de Harsa, “ os f i­
bar, noventa e cinco; “ filhos de Be­ lhos de Berços, os filhos de Sisara, os
lém, cento e vinte e três; 22 homens de filhos de Tema, 54os filhos de Nasia,
Netufa, cinqüenta e seis; “ homens de os filhos de Hatifa.
Ananot, cento e vinte e oito; 24filhos Filhos dos servos de Salomão
de Azmavet, quarenta e dois; “ filhos
de Cariatiarim, de Cefira e de Berot, “ Filhos dos servos de Salomão: os
setecentos e quarenta e três; “ filhos filhos de Sotai, os filhos de Soferet,
de Rama e de Gabaa, seiscentos e os filhos de Faruda, “ os filhos de Ja-
vinte e um; “ homens de Macmas, la, os filhos de Dercão, os filhos de
cento e vinte e dois; “ homens de Be­ Gedel, 57os filhos de Safatias, os fi­
tei e de Hai, duzentos e vinte e três; lhos de Hatil, os filhos de Foqueret,
“ filhos de Nebo, cinquenta e dois; que eram de Asebaim, os filhos de
“ filhos de Megbis, cento e cinqüenta Ami. “ Todos os Natineus e os filhos
e seis; “ filhos de outro Elão, mil dos servos de Salomão eram trezen­
duzentos e cinqüenta e quatro; “ fi­ tos e noventa é dois.
lhos de Harim, trezentos e vinte; “ fi­ Incertos
lhos de Lod, de Hadid, e de Ono, se­ 59E êstes são os que partiram de
tecentos e vinte e cinco; “ filhos de Telmala, de Telharsa, de Querub, e
Jericó, trezentos e quarenta e cinco; de Adon, e de Emer, e que não pu­
“ filhos de Senaa, três m il seiscen­ deram indicar qual era a casa de seus
tos e trinta. pais e a sua linhagem, (para mostrar)
Sacerdotes se eram de Israel: “ Os filhos de Da-
“ Sacerdotes: Os filhos de Jadaia laia, os filhos de Tobias, os filhos de
da casa de Josué, novecentos e seten­ Necoda, seiscentos e cinqüenta e dois.
ta e três; “ filhos de Emer, mil e cin­ #1E dos filhos dos sacerdotes: Os fi­
qüenta e dois; “ filhos de Fesur, mil, lhos de Hobia, os filhos de Acos, os
duzentos e quarenta e sete; “ fi­ filhos de Berzelai, que tomou por mu­
lhos de Harim, mil e dezessete. lher uma das filhas de Berzelai de
Galaad, e que foi chamado do seu no­
Levitas me. 62Êstes procuraram o livro da
“ Levitas: Os filhos de Josué e de sua geneologia, e não o encontraram,
CedmieL dos filhos de Odovia, seten­ e foram excluídos do sacerdócio. “ E
ta e quatro. "Cantores: Os filhos de Atersata intimou-lhes que não comes­
Asaf, cento e vinte e oito. “ Filhos sem das coisas santíssimas, até que
dos porteiros: Os filhos de Selum, os se levantasse um pontífice douto e
filhos de Ater, os filhos de Telmão, perfeito (para consultar a Deus).
os filhos de Acub, os filhos de Atita, Total
os filhos de Sobai; todo cento e trin­
ta e nove. 64Tôda esta multidão era como um
Natineus só homem (e compreendia) quaren­
ta e duas mil, trezentas e sessenta
“ Natineus: Os filhos de Sia, os fi­ pessoas, “ sem contar os seus servos
lhos de Hasufa, os filhos de Tabaot, e as suas servas, que eram sete mil,
"os filhos de Ceros, os filhos de Siaa, trezentos e trinta e sete; e entre êles
os filhos de Fadão, ^os filhos de Le- havia duzentos cantores e cantoras.
bana, os filhos de Hagaba, os filhos “ Tinham setecentos e trinta e seis ca­
2 - 3 PRIM EIRO LIVRO DE ESDRAS 507
valos, duzentos e quarenta e cinco mês começaram a oferecer o holo­
machos, 67quatrocentos e trinta e cin­ causto ao Senhor; porém ainda não
co camelos, seis mil setecentos e vin­ tinham sido lançados os fundamen­
te jumentos. tos do templo de Deus. 7Deram, pois,
Ofertas p ara o templo
dinheiro aos canteiros e pedreiros; e
víveres e bebidas e azeite aos Sido-
68E alguns dos chefes das famílias, nios e aos Tírios, para que trans­
tendo entrado no templo do Senhor, portassem madeira de cedro do Líba­
que está em Jerusalém, fizeram ofe­ no ao mar de Jope, conforme o que
rendas espontâneas à casa de Deus, lhes tinha ordenado Ciro, rei dos per­
para se reedificar no seu lugar. “ De­ sas. 8E, no segundo ano da sua che­
ram conforme as suas posses, para a gada ao (lugar do) templo de Deus
despesa da obra, sessenta e um mil em Jerusalém, no segundo mês, Zo­
soidos de ouro, cinco mil minas de robabel, filho de Salatiel, e Josué, f i­
prata, e*cem vestimentas sacerdotais. lho de Josedec, e os outros seus ir­
70Os sacerdotes, pois, e os Levitas, mãos sacerdotes e Levitas, e todos os
e os do povo, e os cantores, e os por­ ue tinham vindo do cativeiro para
teiros, e os Natineus estabeleceram- erusalém, puseram mãos à obra e
se nas suas cidades, e todo o povo de constituíram Levitas de idade de vin­
Israel ( habitouy nas suas cidades. te anos para cima, para apressarem
a obra do Senhor. 9E Josué, e seus
Restauração do altar e filhos e seus irmãos, Cedmiel e seus
restabelecimento do culto filhos, e os filhos de Judá, como um
O VTinha já chegado o sétimo mês, só homem, estiveram presentes para
e os filhos de Israel estavam darem pressa aos que trabalhavam
nas suas cidades, quando o povo se no templo de Deus; e também os fi­
reuniu como um só homem em Je­ lhos de Henadad, e os filhos dêstes,
rusalém. 2E Josué, filho de Josedec, e seus irmãos Levitas.
levantou-se com seus irmãos sacerdo­ “ Lançados, pois, os fundamentos do
tes, e Zorobabel, filho de Salatiel, e templo do Senhor pelos pedreiros, a-
seus irmãos, e começaram a edificar presentaram-se os sacerdotes revesti­
o altar do Deus de Isi*ael, para ofe­ dos dos seus ornamentos e com as
recerem nêle holocaustos, conforme o trombetas, e os Levitas, filhos de A-
que está escrito na lei de Moisés, ho­ saf, com tímbales, para louvarem a
mem de Deus; 3e colocaram o altar Deus com os salmos de Davi, rei de
de Deus sobre as suas bases, apesar Israel. UE cantavam hinos, e davam
de os povos dos países circunvizinhos glória ao Senhor, (dizendo): Que êle
lhes incutirem terror, e ofereceram é bom, e é eterna a sua misericórdia
ao Senhor sôbre o altar o holocausto sôbre Israel, Todo o povo também
da manhã e da tarde; 4e celebraram levantava grandes clamores, louvan­
a solenidade dos tabernáculos, como do o Senhor, por terem sido lança­
está prescrito, e ofereceram o holo­ dos os fundamentos do templo do
causto todos os dias, segundo a sua Senhor.
ordem, conforme está mandado ob­
servar dia por dia. 5E, depois disto, 12E muitos dos sacerdotes e dos Le-
ofereceram o holocausto perpétuo, vitas, e dos chefes das famílias, e dos
tanto nas calendas, como em todas anciãos, que tinham visto o primeiro
as solenidades que estavam consa­ templo, vendo lançar diante dos seus
gradas ao Senhor, e em tôdas aque­ olhos os fundamentos dêste outro
las em que era feita uma oferta es­ templo, choravam em alta voz; e
pontânea ao Senhor. muitos levantaram a voz, gritando
São lançados os fundamentos
de contentamento. 13Ninguém podia
do novo templo
distinguir os gritos dos que se rego­
zijavam, nem a voz do choro do po­
°Desde o primeiro dia do sétimo vo, porque o povo gritava confusa-
Cap. I I — 69. O soldo de ouro era um a moeda equivalente a cêrca de Cr$ 25,00. — A
mina de prata equivalia a cêrca de Cr$ 145,00.
508 PRIM EIR O LIVRO DE ESDRAS 4
mente com grande clamor, e o ruído nios, os Susanequeus, os Dievos, e os
Ouvia-se ao longe. Elamitas, 10e todos os outros dentre
os povos, que o grande e glorioso
Os trabalhos são interrompidos Asenafar transportou, e que fêz mo­
rar em paz nas cidades da Samaria,
A 70 ra os inimigos de Judá e de e nas outras províncias da banda de
’ Benjamim souberam que os f i ­ além do rio. 11(T a l é o teor da car­
lhos do cativeiro edificavam o tem- ta que lhe mandaram): A o rei A r-
plo do Senhor Deus de Israel; 2e, in­ taxerxes, os teus servos, os homens
do ter com Zorobabel e com os che­ que habitam da banda de além do
fes das famílias, disseram-lhes: Dei- rio, saúdam-te.
xai-nos edificar convosco, porque nós 12Saiba o rei que os Judeus, que
buscamos o vosso Deus, do mesmo sairam de junto de ti para nós, fo ­
modo que vós; e nós temos-lhe sem­ ram para Jerusalém, cidade rebelde
pre imolado vítimas, desde o tempo e péssima, a qual reedificam, recons­
de Asor Hadan, rei da Assíria, que truindo os seus muros, e reparando
nos mandou para aqui. 3E Zoroba­ as paredes. 13Agora, pois, seja notó­
bel, e Josué, e os outros chefes das rio ao rei que, se esta cidade fôr re-
famílias de Israel responderam-lhes: edificada e os seus m uros' restaura­
N ão convém a vós e a nós edificar dos, não pagarão mais os tributos,
juntamente a casa ao nosso Deus, mas nem os impostos, nem os rendimen­
nós mesmos sós a edificaremos ao Se­ tos anuais, e esta perda chegará até
nhor nosso Deus, como Ciro, rei dos aos reis. 14E nós, lembrando-nos do
Persas, no-lo ordenou. 4Daqui resul­ sal que comemos em palácio, e ju l­
tou que o povo da terra impedia o gando como coisa injusta o ver os
trabalho do povo de Judá, e estorva­ prejuízos do rei, por isso mandamos
va-o na obra. 5Ganharam também avisar o rei, 15para que examines os
por dinheiro contra êles os conse­ livros das historias de teus predeces-
lheiros (do re i), para destruírem o sores, e acharás escrito nos seus a-
seu projeto durante todo o tempo de nais, e saberás que esta cidade é uma
Ciro, rei dos Persas, até ao remado cidade rebelde e inimiga dos reis e
de Dârio, rei dos Persas. das (outras) províncias, e que des­
de tempos antigos se têm nela exci­
N o reinado de Assuero tado guerras; pelo que também a
eMas no reinado de Assuero, quan- mesma cidade foi já destruída. 16Nós,
do êle começou a reinar, fizeram por pois, declaramos ao rei que, se esta
escrito uma acusação contra os ha­ cidade for reedificada e os seus mu-
bitantes de Judá e de Jerusalém. ros restaurados, não possuirás as ter­
ras da banda de além do rio.
N o reinado de Artaxerxes
1tO rei respondeu a Reum Beelteem
7E, no reinado de Artaxerxes, Be- e a Samsai, secretário, e aos outros
selão, Mitridates e Tabeel, e os ou­ habitantes da Samaria que eram do
tros, que eram do partido dêstes, es­ seu partido, e a todos os outros que
creveram a Artaxerxes, rei dos P er­ moravam da banda de além do rio,
sas; e a carta de acusação era escri­ dizendo: Saúde e paz. 18A acusação
ta em siriaco, e lia-se em língua si- que nos enviastes, foi lida dum modo
ríaca. claro na minha presença; 19e foi orde­
8Reum Beelteem, e Samsai, secre- nado por mim que se examinassem
os Afarseus, os Erqueus, os Babilô- os anais, e acharam que, desde tem-
târio, escreveram (sôbre as coisas) pos antigos, esta cidade tem-se revol­
de Jerusalém uma carta ao rei A r- tado contra os reis, e nela se têm ex­
taxerxes, do teor seguinte: 9Reum citado sediçôes e guerras; “ porque em
Beelteem, e Samsai, secretário, e os Jerusalém houve reis muito valen-
Outros seus conselheiros, os Díneus, tes, que também foram senhores de
e os Afarsataqueus, os Terfaleus, e tôdas as terras que estão da outra
Cap. I v — 14. Com er o sal d e alguém (locução ainda em uso no Oriente), é receber des­
s a pessoa dum modo geral, receber a subsistência própria.
4 - 6 PRIM EIRO LIVRO DE ESDRAS 509

banda do rio (E ufrates), os quais re­ víncia da Judéia, à casa do grande


cebiam também tributos, e impostos, Deus, que se está edificando de pedras
e rendas. 21Agora, pois, ouvi o que tôscas, e sôbre cujas paredes se estão
eu ordeno: Proibi a êsses homens que colocando as vigas; esta obra edifica-
reedifiquem esta cidade, até que eu se com tôda a diligência, e avança
mande o contrário. 22Vêde, não se­ nas suas mãos. 9Nós, pois, interroga­
jais negligentes em executar esta or­ mos aquêles anciãos, e dissemos-lhes
dem, não suceda crescer o mal pou­ assim: Quem vos deu autorização pa­
co a pouco contra os reis. ra edificar esta casa, e para restaurar
“ A cópia, pois, dêste edito do rei êstes muros? 10E perguntamos-lhes
Artaxerxes foi lida diante de Reum também pelos seus nomes, para tos
Beelteem, e de Samsai, secretário, e declararmos, e escrevemos os nomes
dos seus conselheiros; e, a tôda a daqueles homens, que são os princi­
pressa, foram-na levar a Jerusalém pais entre êles. 11Êles deram-nos es­
aos Judeus, e impediram-nos à mão ta resposta: Nós somos servos do
armada.' 24Então foi interrompida a Deus do céu e da terra, e reedifica-
obra da casa do Senhor em Jerusa­ mos um templo, que há muitos anos
lém, e não se trabalhou nela até ao tinha sido fundado, e que um grande
reinado de Dário, rei dos Persas. rei de Israel tinha edlficado e cons­
Continuam os trabalhos truído. 12Mas, depois que nossos pais
provocaram a ira do Deus do céu, êle
C 2E o profeta Ageu, e Zacarias, entregou-os nas mãos de Nabucodo-
filho de Ado, profetizaram em nosor, rei de Babilônia, na Caldéia, o
nome do Deus de Israel aos Judeus qual destruiu também esta casa, e
que estavam na Judéia e em Jerusa­ transportou o seu povo para Babilô-
lém. 2Então Zorobabel, filho de Sa- nia. 13N o primeiro ano, porém, de
latiel, e Josué, filho de Josedec, le­ Ciro, rei de Babilônia, o rei Ciro pu­
vantaram-se e começaram a edificar blicou um edito para que esta casa
o templo de Deus em Jerusalém, e de Deus fôsse reedificada. 14E tam­
com êíes os profetas de Deus que. os bém os vasos de ouro e de prata do
ajudavam. templo de Deus, que Nabucodonosor
Tatanai escreve a Dario tinha levado do templo, que estava
3E no mesmo tempo foi ter com em Jerusalém, e tinha transportado
êles Tatanai, que era governador da para o templo de Babilônia, o rei Ci­
banda de além do rio, e Starbuzanai, ro tirou-os do templo de Babilônia,
e os seus conselheiros, e disseram-lhes e foram dados a Sassabasar, a quem
assim: Quem vos aconselhou que edi- o rei também constituiu príncipe (ou
ficásseis êste templo, e que restabe­ governador dos Judeus). 15E disse-
lecésseis os seus muros? 4Ao que nós lhe: Toma êstes vasos, e vai e pôe-
lhes respondemos, nomeando os ho­ nos no templo, que está em Jerusa­
mens que eram autores daquela edi­ lém, e reedlfique-se a casa de Deus
ficação. 'Mas Deus olhou favorável- no mesmo lugar onde estava. “ En­
mente para os anciãos dos Judeus, tão, pois, Sassabasar foi e lançou os
e não puderam impedi-los. Entretan­ fundamentos do templo de Deus em
to, determinaram que se expusesse Jerusalém, e de então para cá vai-
êste assunto a Dario, e que então fos se edificando, e ainda não está aca­
Judeus) respondessem aquela acusa­ bado. 17Agora, pois, se parece bem
ção. ao rei, mande procurar na biblioteca
°Eis a cópia da carta que mandaram real, que <está em Babilônia, se é ver­
ao rei Dario, Tatanai, governador da dade que o rei Ciro ordenou que se
província de além do rio, e Starbu?a- reedificasse a casa de Deus em Je­
nai, e seus conselheiros, os Arfasa- rusalém, e sôbre isto nos faça saber
queus, que habitavam da banda de a sua real vontade.
além do rio. 7A carta, que êles lhe Resposta favorável de Dario
mandaram, estava escrita nestes têr-
mos: £ xEntão o rei Dario mandou, e
Ao rei Dario tôda a paz. w fizeram investigações na biblio­
8Saiba o rei que nós fomos à pro­ teca dos livros que estavam deposi­
510 PRIM EIRO LIVRO DE ESDRAS 6

tados em Babilônia. 2E foi encon­ cada. 12E Deus, que estabeleceu o seu
trado em Ecbatana, que é um cas­ nome naquele lugar, dissipe todos os
telo da província de Média, um li­ reinos e o povo que estender a sua
vro, onde estava registrada a seguin­ mão para o contradizer je para des­
te memória: 3N o primeiro ano do truir aquela casa de Deus, que está
rei Ciro: O rei Ciro ordenou que a em Jerusalém. Eu, Dario, fiz êste
casa de Deus, que está em Jerusa­ decreto, e quero que êle seja cumpri­
lém, seja reedificada num lugar on­ do pontualmente.
de se possam oferecer vítimas, e que
lhe sejam lançados uns fundamen­ Têrmo das obras e dedicação
tos que sustentem a altura de ses­ do novo templo
senta côvados, e a largura de ses-
senta côvados, 4com três ordens de 13Tatanai, pois, governador do ter­
pedras para polir, e do mesmo mo- ritório de além do rio, e Starbuzanai,
do ordens de madeira nova; e que e os seus conselheiros, conforme o* que
as despesas sejam feitas da casa do tinha ordenado o rei Dario, assim o
rei. 5E que também os vasos de executaram. 14E os anciãos dos Ju­
ouro e prata, que Nabucodonosor deus edificavam e eram bem sucedi­
tinha tirado do templo de Jerusa­ dos conforme a profecia do profeta
lém e transportado para Babilônia, Ageu e de Zacarias, filho de Ado; e
sejam restituídos e reconduzidos pa­ construíram o edifício por mandado
ra o templo de Jerusalém, para o do Deus de Israel, e por ordem de
seu lugar, e sejam colocados no tem­ Ciro, e de Dario, e de Artaxerxes,
plo de Deus. reis dos Persas; 15e completaram a ca­
6Agora, pois, vós, Tatanai, governa­ sa de Deus no dia tres do mês de
dor das terras, que estão da banda Adar, no sexto ano do reinado do
de além do rio Starbuzanai, e vossos rei Dario.
conselheiros, os Afarsaqueus, que v i­ 16E os filhos de Israel, os sacerdotes
veis da banda de além do rio, reti­ e os Levitas, e os outros filhos (que
rai-vos dos Judeus. 7E deixai que tinham voltado) do cativeiro, celebra­
aquele templo de Deus seja feito pe­ ram a dedicação da casa de Deus
lo chefe dos Judeus, e pelos seus an­ com regozijo. 17E ofereceram, para
ciãos, para que edifiquem aquela ca­ a dedicação da casa de Deus, cem
sa de Deus no seu lugar. 8E tam­ novilhos, duzentos carneiros, quatro­
bém ordenei como é que se deve pro­ centos cordeiros, doze bodes pelo pe­
ceder com aquêles anciãos dos Ju­ cado de todo o Israel, segundo o nú­
deus, para que seja reedificada a mero das tribos de Israel. 18E esta­
casa de Deus, e é que do erário do beleceram os sacerdotes nas suas or­
rei, isto é, dos tributos que pagam dens, e os Levitas nos seus turnos
as terras de além do rio, se dê com para o serviço de Deus em Jerusa­
pontualidade àqueles homens o que lém, como está escrito no livro de
fôr necessário para as despesas, para Moisés.
Festa da Páscoa
que não se embarace a obra. 9E que,
sendo necessário, se lhes dêem todos 19E os filhos de Israel, que tinham
os dias novilhos, e cordeiros, e cabri­ vindo do cativeiro, celebraram a
tos para se oferecerem em holocaus­ Páscoa no dia catorze do primeiro
to ao Deus do céu, e trigo, e sal, e mês. “ Porque os sacerdotes e os
Vinho, e azeite conforme o rito dos Levitas se tinham purificado como
sacerdotes que assistem em Jerusa­ se fôssem um só homem; todos esta­
lém, para que não haja em coisa al­ vam puros para imolar a Páscoa pa­
guma motivo de queixa. 10E ofere­ ra todos os Israelitas vindos do ca­
çam sacrifícios ao Deus do céu, e ro­ tiveiro, e para os sacerdotes seus ir­
guem pela vida do rei e de seus filhos. mãos e para si mesmos. 21E come-
“ Portanto, foi por mim decretado: ram-na os filhos de Israel, que ti­
Que a todo homem que contrariar ês- nham voltado do cativeiro, e todos
te edito, se arranque um pau de sua aquêles que, separando-se da cor­
casa, e se levante ao alto, e seja pre­ rupção dos povos do país, se tinham
gado nêle, e a sua casa seja confis­ unido a êles, para buscarem o Se­
6 -7 PRIM EIRO LIVRO DE ESDRAS 511

nhor Deus de Israel. 22E celebra­ “ Artaxerxes, rei dos reis, a Esdras
ram a solenidade dos âzimos duran­ sacerdote, escriba versado na lei do
te sete dias, com alegria, porque o Deus do céu, saúde. 13Foi decretado
Senhor os tinha enchido de conten­ por mim que no meu reino todo a-
tamento, e tinha mudado o coração quêle do povo de Israel, e dos seus
do rei da Assíria a seu favor, para sacerdotes, e dos Levitas, que quei­
êste os ajudar na obra da casa do ra ir para Jerusalém, vá contigo.
Senhor Deus de Israel. 14Porque tu és enviado pelo rei e pe­
Genealogia de Esdras
los seus sete conselheiros, para v i­
sitares a Judéia e Jerusalém, se­
97 d ep o is destas coisas, no reinado gundo a lei do teu Deus, a qual es­
1 de Artaxerxes, rei dos Persas, tá na tua mão; 15e para levares a
Esdras, filho de Saraias, filho de A- prata e o ouro, que o rei e os seus
zarias, filho de Helcias, 2filho de Se- conselheiros ofereceram espontânea-
lum, filho de Sadoc, filho de Aqui- mente ao Deus de Israel, cujo ta-
tob, 3filho de Amarias, filho de A- bernáculo está em Jerusalém. 1$E
zarias, filho de Maraiot, 4filho de Za- tôda a prata e ouro que encontrares
raias, filho de Ozi, filho de Bocci, em tôda a província de Babilônia, e
5filho de Abisué, filho de Finéias, que o povo quiser oferecer, e tudo o
filho de Eleazar, filho de Arão, que que os sacerdotes espontâneamente
foi o primeiro sacerdote. oferecerem à casa de seu Deus, que
está em Jerusalém, "recebe-o com li­
Sua viagem a Jerusalém berdade, e cuida de comprar com
6Êste Esdras veio de Babilônia, e êste dinheiro novilhos, carneiros,
era um escriba muito hábil na lei cordeiros e hóstias com suas libações,
de Moisés, que o Senhor Deus tinha e oferece-as sôbre o altar do templo
dado a Israel; e o rei concedeu-lhe do vosso Deus, que está em Jeru­
tudo o que êle pediu, porque a mão salém. 18Mas, se tu e teus irmãos
do Senhor seu Deus era com êle. 7E achardes bem dispor de outro modo
vários dos filhos de Israel, e dos fi­ do resto da prata e do ouro, proce­
lhos dos sacerdotes, e dos filhos dos dei conforme a vontade do vosso
Levitas, e dos cantores, e dos portei­ Deus. 19Os vasos também, que te fo ­
ros, e dos Natineus foram para Jeru­ ram dados para o serviço da casa
salém no sétimo ano do reinado de do teu Deus, coloca-os na presença
Artaxerxes. 8E chegaram a Jerusa­ de Deus em Jerusalém.
lém no quinto mês do sétimo ano 20E para as outras coisas, que fo ­
dêste rei, 9Porque êle partiu de Ba­ rem necessárias para a casa do teu
bilônia no primeiro dia do primeiro Deus, tudo quanto te fôr preciso gas­
mês, e chegou a Jerusalém no pri­ tar, ser-te-a dado do tesouro e do
meiro dia do quinto mês, porque a fisco real, 21e do que é meu. Eu, o
mão benéfica de seu Deus era com rei Artaxerxes, ordenei e mandei a
êle. 10Esdras tinha efetivamente pre- todos os tesoureiros do erário públi­
íarado o seu coração para buscar a co, que estão além do rio, que tudo
Íei do Senhor, e para cumprir e en­ o que vos pedir Esdras sacerdote, es­
sinar em Israel os seus preceitos e criba da lei do Deus do céu, lho deis
as suas ordenações. sem demora, 22até à quantia de Cem
Edito de Artaxerxes, dando a Esdras talentos de prata, e até cem coros
plenos poderes de trigo, e até cem batos de vinho,
e até cem batos de azeite, e o sal
nEsta é, pois, a cópia da carta em sem medida. “ Tudo o que pertence
forma de edito, que o rei Artaxer­ ao culto do Deus do céu, seja dado
xes deu a Esdras sacerdote, escriba pontualmente à casa do Deus do céu;
instruído nas palavras e nos precei­ não suceda irar-se êle contra o rei-
tos do Senhor e nas cerimônias que . no do rei e de seus filhos. 24Nós
êle prescreveu a Israel. vos notificamos também que, relativa-
Cap. V I I — 22. Cem batos. O bato era um a unidade de medida p ara líquidos equi-
valente a cêrca de 38 litros.
512 PRIM EIRO LIVRO DE ESDRAS 7 - 8

mente a todos os sacerdotes, e Levi- mens. "Dos filhos de Selomit, o fi­


tas, e cantores, e porteiros, e N ati- lho de Josfias, e com êle cento e ses­
neus, e ministros da casa dêste Deus, senta homens. “ Dos filhos de Be-
não tereis poder de lhes impor im- bai, Zacarias, filho de Bebai, e com
pôsto, nem tributo, nem outros en­ êle vinte e oito homens. “ Dos f i­
cargos. lhos de Azgad, Joanan, filho de Ece-
“ E tu, Esdras, segundo a sabedo­ tan, e com êle cento e dez homens.
ria que recebeste do teu Deus, esta­ 13Dos filhos de Adonicão, que eram os
belece juizes e presidentes, que jul­ últimos, são êstes os seus nomes: E-
guem todo o povo que está além do lifelet, e Jeiel, e Samaias, e com ê-
rio, isto é, todos aquêles que conhe­ les sessenta homens. 14Dos filhos de
cem a lei do teu Deus, e ensina tam­ Begui, Utai e Zacur, e com êles ses­
bém livremente aos que a ignoram. senta homens.
“ E todo o que não observar exa-
tamente a lei do teu Deus e a ordem Durante a viagem
do rei, será condenado ou à morte 15Reuni-os junto do rio, que corre
ou ao destêrro, ou a alguma multa para Aava, e ficamos ali três dias;
sôbre os seus bens, ou certamente e busquei entre o povo e entre os sa­
à prisão. cerdotes alguns dos filhos de Levi,
Ação de graças de Esdras e não encontrei ali nenhum.
“ Por isso enviei Eliezer, e Ariel, e
27Bendito seja o Senhor Deus de Semeias, e Elnatan, e Jarib, e um ou­
nossos pais, que pôs no coração do tro Elnatan, e Natã, e Zacarias, e
rei êste pensamento de glorificar a Masolão, pessoas principais, e Joia-
casa do Senhor, que esta em Jeru­ rib, e Elnatan, homens sábios. 1TE
salém, “ e que inclinou para mim a enviei-os a Edo, que era o chefe do
sua misericórdia diante do rei e dos lugar de Casfia, e pus-lhes na boca
seus conselheiros, e diante de todos as palavras que deviam dizer a Edo
os príncipes poderosos da côrte do e aos seus irmãos Natineus, no lu­
rei; portanto eu, confortado pela mão gar de Casfia, para nos trazerem mi­
do Senhor meu Deus, que estava sô- nistros dá casa do nosso Deus. 18E,
bre mim, juntei os principais de Is­ como a mão favorável do nosso Deus
rael para virem comigo. estava sobre nós, êles trouxeram-
Lista dos Judeus repatriados com nos um homem doutíssimo dos filhos
Esdras de Mooli, filho de Levi, filho de Is­
rael, e Sarabias com seus filhos e
Q ^ stes são, pois, os chefes das fa- seus irmãos que eram dezoito, 19e
° mílias, e a genealogia daqueles Hasabias, e com êles Isaías, dos fi­
que vieram comigo de Babilônia, no lhos de Merari, e seus irmãos e seus
reinado do rei Artaxerxes. 2Dos fi­ filhos, que eram vinte. “ Dos Na-
lhos de Finéias, Gersão. Dos filhos tineus, que Davi e os príncipes ti­
de Itamar, Daniel. Dos filhos de nham destinado ao serviço dos Levi-
Davi, Hato. 8Dos filhos de Seque- tas, duzentos e vinte Natineus; to-
nias, filhos de Faros, Zacarias, e con­ dos êstes eram designados pelos seus
taram-se com êle cento e cinquenta nomes.
homens. 4Dos filhos de Faat-Moab, 21E estando junto do rio Aava, pu-
Elioenai, filho de Zaree, e com êle du­ bliquei ali um jejum para nos humi­
zentos homens. 5Dos filhos de Se- lharmos diante do Senhor nosso
quenias, o filho de Ezequiel, e com Deus e para lhe pedirmos uma feliz
êle trezentos homens. 6Dos filhos de viagem para nós, e para nossos fi-
Adan, Abed, filho de Jonatan, e com lhos, e para tudo o que levávamos
êle cinqüenta homens. 7Dos filhos conosco. “ Porque tive vergonha de
de Alão, Isaías, filho de Atália, e com pedir ao rei uma escolta de soldados
êle setenta homens. 8Dos filhos de a cavalo, que nos defendesse de nos-
Safatias, Zebedia, filho de Miguel, e sos inimigos pelo caminho, porque
com êle oitenta homens. °Dos fi­ tínhamos dito ao rei: A mão ao nos-
lhos de Joab, Obedia, filho de Jaiel, so Deus está com todos os que o
e com êle duzentds e dezoito ho­ buscam com sinceridade, e o seu im-
8 - 9 PRIM EIRO LIVRO DE ESDRAS 513

pério, e o seu poder, e o seu furor do o povo de Israel, noventa e seis


está contra todos os que o abando­ carneiros, setenta e sete cordeiros,
nam. 23Nós, pois, com êste fim, je- e doze bodes pelo pecado; tudo em
juamos e fizemos oração ao nosso holocausto ao Senhor. 36E entrega­
Deus; e tudo nos sucedeu próspera- ram os editos do rei aos sátrapas,
mente. que eram da corte do rei, e aos go­
24E escolhi doze dentre os príncipes vernadores de além do rio, os quais
dos sacerdotes, Sarabias e Hasabias, exaltaram o povo e a casa de Deus.
e com êles dez de seus irmãos. 25E
pesei diante dêles a prata e o ou­ Casamentos irregulares dos Judeus
ro, e os vasos consagrados da casa Q term in adas estas coisas, vieram
do nosso Deus, que o rei e os conse­ ** à minha presença os príncipes,
lheiros, e os seus príncipes, e todos
os Israelitas que se encontraram dizendo: O povo de Israel, os sacer­
(lá ) tinham oferecido. “ E entre- dotes e os Levitas não se separaram
guei nas suas mãos o pêso de seis­ dos povos dêste país, nem das suas
centos e cinqüenta talentos de pra­ abom inações, isto é, dos Cananeus,
ta, e cem vasos de prata, e cem ta­ dos Heteus, dos Ferezeus, dos Je-
lentos de ouro; 27e vinte taças de ou­ buseus e dos Amonitas e dos Moa-
ro, que tinham o pêso de mil soidos, bitas, e dos Egípcios, e dos Amor-
e dois vasos dum bronze muito cla­ reus; 2porque tomaram das suas fi­
ro e brilhante, tão belos como ou­ lhas para si e para seus filhos, e
ro. 8E disse-lhes: Vós sois os san­ misturaram a linhagem santa com
tos do Senhor, e santos são os vasos, os povos dêste país; e a mão dos
e a prata, e o ouro que foi espontâ- príncipes e dos magistrados foi a
neamente oferecido ao Senhor Deus primeira nesta transgressão.
de nossos pais; “ vigiai e guardai-os, Tristeza e oração de Esdras
até que os peseis em Jerusalém na
presença dos príncipes dos sacerdo­ 3E, quando ouvi estas palavras
tes, e dos Levitas, e dos chefes das (cheio de dor) rasguei a minha ca­
famílias de Israel, para se conser­ pa e a minha túnica, e arranquei os
varem no tesouro da casa do Se­ cabelos da minha cabeça e da minha
nhor. barba, e sentei-me triste. 4E junta­
“ E os sacerdotes e os Levitas rece­ ram-se ao pé de mim todos os que
beram o pêso da prata, e do ouro, e temiam a palavra do Deus de Is­
dos vasos, para o levarem a Jerusa­ rael, por causa da transgressão da­
lém à casa do nosso Deus. queles que tinham voltado do cati­
3,Partimos, pois, do rio Aava no veiro, e eu permaneci sentado tris­
dia doze do primeiro mês, a fim de te até ao sacrifício da tarde. 5E,
irmos para Jerusalém; e a mão do ao sacrifício da tarde, levantei-me da
nosso Deus foi conosco e livrou- minha aflição, e, rasgada a minha
nos das mãos do inimigo e dos que capa e a minha túnica, pus-me de
nos armavam ciladas pelo caminho. joelhos, e estendi as minhas mãos
32E chegamos a Jerusalém, e fi­ para o Senhor meu Deus, 6e disse:
camos ali três dias. 33E no quarto Meu Deus, estou confundido e en­
dia pesou-se a prata e o ouro e os vergonho-me de levantar a minha
vasos, na casa do nosso Deus por face para ti, porque as nossas ini-
mão de Meremot, filho do sacer­ qüidades multiplicaram-se sobre as
dote Urias, e com êle Eleazar, fi­ nossas cabeças, e os nossos delitos
lho de Finéias, e com êles Jozabed, cresceram até ao céu, 7desde o tem­
filho de Josué, e Noadaia, filho do po de nossos pais; e nós mesmos
Levita Benoi, 34tudo conforme o seu também temos cometido graves pe­
número e pêso; e de tudo se fêz en­ cados até ao dia de hoje, e por nos­
tão inventário. sas iniqüidades temos sido abando*'
“ E também os filhos da transmi- nados nós, e os nossos reis, e os nos­
gração, que tinham voltado do cati­ sos sacerdotes nas mãos dos reis da
veiro, ofereceram holocaustos ao terra, e entregues à espada, e ao
Deus de Israel: doze novilhos por to­1 7 cativeiro, e à rapina, e à confusão
17 - B íb lia S agrada
514 PRIM EIR O LIVRO DE ESDRAS 9 - 1 0

dos nossos rostos, como (se v ê) ain­ cado (para que o perdoes), porque
da hoje. 8E agora por um pouco e depois disto, não se pode estar na tua
por um momento foram admitidos presença.
os nossos rogos pelo Senhor nosso Esdras manda repudiar as mulheres
Deus, para que nos ficassem algumas estrangeiras
relíquias, e se nos desse estabilida­
de no seu santo lugar, e nos alumias- 1n enquanto, pois, Esdras orava,
se os olhos o nosso Deus, e nos des­ e implorava, e chorava, pros­
se um pouco de vida (menos agita- trado diante do templo de Deus, u-
da) na nossa escravidão, °porque nós ma grande multidão de Israel, de
somos escravos, mas o nosso Deus homens e de mulheres e de meninos,
não nos desamparou no meio da nos­ juntou-se ao pé dêle, e o povo ir­
sa escravidão, antes nos fêz achar rompeu num pranto desfeito. 2En-
misericórdia diante do rei dos P er­ tão Sequenias, filho de Jeiel, dos
sas, para nos dar a vida, e exaltar filhos de Elão, respondeu e disse a
a casa do nosso Deus, e para reparar Esdras: Nós prevaricamos contra o
as suas ruínas,, e para nos dar um nosso Deus, e tomamos mulheres es­
refúgio em Judá e em Jerusalém. trangeiras dos povos desta terra;
10E agora, Deus nosso, que diremos mas, agora, se Israel se arrepende
depois disto? nós que abandonamos disto, 3façamos um pacto com o Se­
(novam ente) os teus mandamentos, nhor nosso Deus, de que lançaremos
nque nos tinhas intimado pelos pro­ fora tôdas as mulheres e os filhos
fetas, teus servos, dizendo: A ter­ nascidos delas, conformando-nos com
ra que vós ides possuir é uma terra a vontade do Senhor, e com a dos
imunda segundo a imundície dos po­ que respeitam os preceitos do Senhor
vos e das outras terras, por causa das nosso Deus; faça-se segundo a lei.
abominações daqueles que a enche­ 4Levanta-te, a ti pertence resolver, e
ram duma extremidade à outra, com nós seremos contigo; cobra alento e
a sua contaminação. 12Por isso não põe mãos à obra.
deis vossas filhas a seus filhos, e não
tomeis suas filhas para vossos f i­ 5Levantou-se, pois, Esdras, e obri­
lhos, e não procureis jamais nem a gou com juramento os príncipes dos
sua paz, nem a sua prosperidade, sacerdotes e dos Levitas, e todo o Is­
para que sejais poderosos, e para que rael, que fariam como se acabava
comais os bens desta terra, e para de dizer, e êles o juraram. °E Es­
que tenhais por herdeiros os vossos dras partiu de diante da casa de
filhos para sempre. 13E, depois de Deus, e foi à casa de Joanan, filho
tudo o que nos tem sucedido por de Eliasib, e, entrando ali, não co­
causa de nossas péssimas obras e dos meu pão nem bebeu água; porque
nossos grandes pecados, tu, ó nosso chorava o pecado daqueles que ti­
Deus, nos livraste da nossa iniqüi- nham voltado do cativeiro.
dade, e nos salvaste, como hoje se 7E deitou-se um pregão em Judá
vê, 14a fim de que não violássemos e em Jerusalém a todos os filhos que
mais os teus mandamentos, nem c e ­ tinham vindo do cativeiro, para que
lebrássemos matrimônios com os po­ se juntassem em Jerusalém; 8e que
vos dados a tais abominações. Por­ a todo o.que não comparecesse den­
ventura estarás tu irado contra nós tro de três dias, conforme a ordem
até (p e rm itir) o nosso (to ta l) exter­ dos príncipes e dos anciãos, lhe se­
mínio, sem nos deixares nenhum res­ riam confiscados todos os seus bens,
to do povo para que se salve? 15Se- e seria lançado fora do ajuntamen­
nhor Deus de Israel, tu és justo; nós to dos que tinham vindo do cativeiro.
fomos deixados, para sermos sal­ °Concorreram, portanto, todos os ho­
vos, como hoje o vemos. Aqui es­ mens de Judá e de Benjamim dentro
tamos diante de ti com o nosso pe­ de três dias a Jerusalém, no dia vin-
Cap. I X — 15. N ão se pode estar na tua presença, isto é, nfto se pode encontrar ne­
nhuma desculpa, nenhuma justificação.
Cap. X — 9. P o r causa das chuvas abundantes que estavam caindo, e que eram con­
sideradas como um castigo de Deus.
10 PRIM EIRO LIVRO DE ESDRAS 515

te do nono mês, e todo o povo com­ de Josué: os filhos àè Josedec, e seus


pareceu na praça do templo de Deus, irmãos Maasia, e Eliezer, e Jarib, e
tremendo por causa dos seus peca­ Godolia. 19E prometeram, estenden­
dos, e por causa das chuvas. do a sua mão, despedir suas mulhe­
10E o sacerdote Esdras levantou- res, e oferecer um carneiro do reba­
se, e disse-lhes: Vós prevaricastes, e nho pelo seu delito. ^E dos filhos de
casastes com mulheres estrangeiras, Emer: Hanani e Zebedia. 21E dos fi­
acrescentando êste aos outros deli­ lhos de Harim: Maasia, e Elia, e Se-
tos de Israel. “ Agora, pois, dai gló­ méia, e Jeiel, e Ozias. 22E dos filhos
ria ao Senhor Deus de vossos pais, de Fesur: Elioenai, Maasia, Ismael,
e fazei o que é do seu agrado, e se­ Natanael, Jozabed e Elasa.
parai-vos dos povos da terra, e das 23E dos filhos dos Levitns: Jozabed,
mulheres estrangeiras. 12E tôda a e Semei, e Celaia, chamado também
multidão respondeu, e disse em al­ Calita, Fataia, Judá, e Eliezer. 24E
ta voz: Faça-se como nos disseste. dos cantores: Eliasib. E dos portei­
13Todavia, como o povo é numeroso, ros: Selum, e Telém, e Uri.
e é tempo de chuva, e não podemos
estar de fora, e isto não é obra de 25E (do povo) de Israel, dos filhos
um dia nem dois (porque temos gra- de Faros: Reméia, e Jezia, e Mel-
vissimamente pecado nisto), 14esta- quia, e Miamim, e Eliezer, e Melquia,
beleçam-se alguns chefes dentre tô­ e Banéia. 26E dos filhos de Elão: Ma-
da a multidão, e todos os que em nos­ tania, Zacarias, e Jeiel, e Abdi, e Je-
sas cidades casaram com mulheres rimot, e Elia. 27E dos filhos de Ze-
estrangeiras, venham em tempos de­ tua: Elioenai, Eliasib, Matania, e Je-
terminados, e com êles os anciãos e rimut, e Zabad, e Aziza. “ E dos fi­
os magistrados de cada cidade, até lhos de Bebai: Joanan, Hanania, Za-
que se aparte de nós a ira de nosso bai, Atalai. “ E dos filhos de Bani:
Deus, por causa dêste pecado. 15Fo- Mosolão, e Meluc, e Adaia, Jasub, e
ram, pois, estabelecidos para isto Jo- Saal, e Ramot. 30E dos filhos de
natan, filho de Azael, e Jaasia, filho Faat-Moab: Edna, e Calai, Banaias,
de Tecué, e ajudaram-nos os Levi- e Maasias, Matanias, Beseleel, Benui,
tas Mosolão e Sebetai. 16E assim o e Manassés. 31E dos filhos de He-
cumpriram os filhos ( que tinham rem: Eliezer, Josué, Melquias, Se-
vindo) do cativeiro. méias, Simeão, 32Benjamim, Maloc,
E o sacerdote Esdras e os chefes Sarnarias. 33E dos filhos de Hasão:
das famílias foram às casas dos seus Matanai, Matata, Zabad, Elifelet, Jer-
pais, e, notando todos pelos seus no­ mai, Manassés, e Semei. 34Dos filhos
mes, sentaram-se (no seu tribunal) de Bani: Maad, Amrão, e Vel, “ Ba*
no primeiro dia do décimo mês pa­ néias, e Badaias, Queliau, 38Vania, Ma-
ra inquirir sôbre esta coisa. 17E a- rimut, e Eliasib, 37Matanias, Matanai,
cabaram de fazer a conta de todos e Jasi, “ e Bani, e Benui, Semei, “ e
os homens que tinham tomado mu­ Salmias, e Natan, e Adaias, "e Mee-
lheres estrangeiras, no primeiro dia nedebai, Sisai, Sarai, 41Ezrel, e Sele-
do primeiro mês. miau, Semeria, ^Selum, Amaria, Jo­
sé. 43Dos filhos de Nebo: Jeiel, Ma-
Lista dos casados com estrangeiras tatias, Zabad, Zabina, Jedu, e Joel,
e Banaia. 44Todos êstes tinham to­
18Dos filhos dos sacerdotes achou- mado mulheres estrangeiras, e des­
se que tinham casado com mulheres tas havia algumas que tinham tido
estrangeiras, os seguintes: Dos filhos filhos.
LIVRO SEGUNDO DE ESDRAS
OU DE N E E M I A S

Neem ias é informado da triste situação damentos, e as tuas cerimônias, e as


dos Judeus repatriados tuas ordenações, que prescreveste a
teu servo Moisés. 8Lembra-te da pa­
1 P alavras (ou histórias) de Nee- lavra que deste a Moisés, teu servo,
1 mias, filho de Helquias. dizendo: Quando vós prevaricardes,
Aconteceu no mês de Casleu, no eu vos espalharei entre os povos;
ano vigésimo (do rei Artaxerxes Lon - "mas, se vos converterdes a mim, e
gim ano) que eu estava no castelo de guardardes os meus preceitos, e os
Susa. 2E chegou Hanani, um de cumprirdes, ainda que tenhais sido
meus irmãos, com alguns homens de espalhados até às extremidades do
Judá, e perguntei-lhes pelos Judeus mundo, eu vos juntarei dêsses países,
que tinham ficado e sobreviviam ain­ e vos reconduzirei ao lugar que esco-
da depois do cativeiro, e acêrca de lhi para nêle habitar o meu nome.
Jerusalém. 3E êles responderam-me: 1ÜE êstes são teus servos e teu povo,
Os que ficaram depois do cativeiro, que tu resgataste com a tua grande
e foram deixados lá na província, es­ fôrça e com a tua mão poderosa.
tão numa grande aflição, e em igno­ uPeço-te, Senhor, que estejam aten­
mínia, e os muros de Jerusalém fo ­ tos os teus ouvidos à oração do teu
ram destruídos, e as suas portas con­ servo e às súplicas dos teus servos,
sumidas pelo fogo. que querem temer o teu nome; e
Sua dor e sua oração pelos conduze hoje o teu servo, e faze-o
Israelitas achar misericórdia diante dêste ho­
mem. Eu era copeiro do rei.
4Quando ouvi estas palavras, sen­
tei-me e chorei, e derramei lágrimas Neemias vai a Jerusalém
durante muitos dias, e jejuava e ora­ com cartas do rei
va na presença do Deus do céu. 4 5E
disse: Peço-te, Senhor Deus do céu, 2 ‘Ora sucedeu, no mês de Nisan,
forte, grande e terrível, que guardas “ (que é o prim eiro mês do ano),
o teu pacto e a tua misericórdia pa­ no ano vigésimo do reinado de A r ­
ra com aquêles que te amam e ob­ taxerxes, que o vinho estava pôsto
servam os teus mandamentos; 6aten- diante.dêle, e eu tomei o vinho e mi­
dam os teus ouvidos e os teus olhos nistrei-o ao rei; e eu estava como
se abram para ouvires a oração que abatido na sua presença. 2E o rei
eu, teu servo, estou fazendo na tua disse-me: Por que está triste o teu
presença, de noite e de dia, pelos rosto, não te vendo eu doente? Isto
filhos de Israel, teus servos; e con­ não é sem causa, e não sei que mal
fesso os pecados dos filhos de Israel, há no teu coração. Apoderou-se en­
com os quais têm pecado contra ti; tão de mim um grande temor. 3E
(porque) eu e a casa de meu pai pe­ disse ao rei: ó rei, vive eternamen­
camos. 7Fomos seduzidos pela vaida­ te; como não há de estar o meu ros­
de, e não guardamos os teus man­ to amargurado, quando a cidade, que
2 - 3 SEGUNDO LIVRO DE ESDRAS 517
é a casa dos sepulcros de meus pais, do, cheguei à porta do Vale, e reco-
está deserta, e as suas portas foram lhi-me.
queimadas pelo fogo? Exorta os Israelitas à reconstrução
4E o rei disse-me: Que queres tu
pedir? E eu, encomendando-rne ao 16E os magistrados não sabiam on­
Deus do céu, 5disse ao rei: Se é do de eu tinha ido, nem o que eu fazia;
agrado do rei, e se o teu servo te é e até então eu não tinha descoberto
agradável, peço-te que me mandes à nada, nem aos Judeus, nem aos sa­
Judéia, à cidade do sepulcro de meus cerdotes, nem aos grandes, nem aos
pais, e eu a reedificarei. °E disse-me magistrados, nem aos outros que ti­
o rei e a rainha, que estava senta­ nham a intendência das obras. 17E
da ao seu lado: Que tempo durará eu disse-lhes: Vós vêdes a aflição em
a sua jornada, e quando voltarás tu? que estamos; Jerusalém está deser­
Disse-lhe o tempo; e aprouve ao rei ta, e as suas portas foram consumi­
enviar-me. das pelo fogo; vinde, e restauremos
7E eu disse ao rei: Se é do agrado os muros de Jerusalém, não sejamos
do rei, dê-me cartas para os gover­ mais (um objeto de) opróbrio (para
nadores das províncias de além do os nossos inimigos). 18E reféri-lhes
rio, para que me dêem passagem, até como a mão do meu Deus era favo­
eu chegar à Judéia; 8e uma carta rável comigo, e as palavras que o rei
para Asaf, guarda do bosque do rei, me tinha dito, e acrescentei: Vamos
a fim de me dar madeiras com que e empreendamos a obra. E as suas
cubra as portas das torres da casa mãos se fortaleceram para o bem.
(de Deus) e os muros da cidade, e a
casa em que eu me alojar. E o rei Atitude dos inimigos
concedeu-me tudo, porque a mão fa ­ 10Mas Sanabalat Horonita, e To-
vorável do meu Deus era comigo. °E bias Amonita, e Gossem Árabe, sou­
fui ter com os governadores do país beram-no, e fizeram zombaria de nós,
de além do rio, e apresentei-lhes as e desprezaram-nos, e disseram: Que
cartas do rei. Ora o rei tinha en­ é isso que vós fazeis? Quereis por­
viado comigo oficiais de guerra, e ventura revoltar-vos contra o rei?
cavaleiros. 10E Sanabalat Horonita, “ Porém, eu respondi-lhes e disse: O
e Tobias Amonita, servo (do re i), sou­ Deus do céu é o que nos ajuda e nós
beram-no, e ficaram em extremo tris­ somos seus servos; levantemo-nos e
tes, por ter chegado um homem que reedifiquemos; porque vós não ten­
buscava o bem dos filhos de Israel. des partes, nem direito, nem sois
lembrados para nada em Jerusalém.
Neemias examina as muralhas
de Jerusalém Reconstrução das muralhas
UE cheguei a Jerusalém, e estive O 2E o sumo pontífice Eliasib e os
lá três dias, t2e levantei-me de noi­ sacerdotes seus irmãos puseram
te, eu e poucas pessoas comigo, e mãos à obra, e reedificaram a porta
não disse a ninguém o que Deus me do rebanho; êles mesmos a consa­
tinha inspirado no meu coração pa­ graram e assentaram os seus baten­
ra fazer em Jerusalém, e eu não ti­ tes, e a consagraram até à tôrre de
nha comigo outro cavalo, senão aquê- cem côvados, e até à tôrre de Hana-
le em que cavalgava. 13E saí de noi­ neel. 2E ao lado dêle edificaram os
te pela porta do Vale, e por diante homens de Jericó; e ao lado dêle edi-
da fonte do Dragão, e junto da por­ ficou Zacur, filho de Amri.
ta da Esterqueira, e contemplava os 3E os filhos de Asnaa edificaram
muros de Jerusalém deitados abaixo, a porta dos Peixes, e cobriram-na,
e as suas portas consumidas pelo fo ­ e puseram-lhe os seus batentes, e as
go. 14E dali passei à porta da fonte fechaduras, e as trancas. Ao lado dê-
(de Siloé), e ao aqueduto do rei, e les edificou Narimut, filho de Urias,
não havia lugar por onde pudesse filho de Acus. 4E ao lado dêste edi­
passar o cavalo em que eu ia mon­ ficou Mosolão, filho de Baraquias, fi­
tado. 15E subi de noite pela torren­ lho de Mesezebel; e ao lado dêles edi­
te, e considerava os muros, e, voltan­ ficou Sadoc, filho de Baana; 5e ao la­
518 SEGUNDO LIVRO DE ESDRAS 3
do dêste edificaram os de Técua; mas vitas, Reum, filho de Beni; e depois
os seus principais não se sujeitaram dêle edificou Hasebias, chefe de me­
a trabalhar na obra do seu Senhor. tade do distrito de Ceila, (edificou)
°E Jojada, filho de Faséia, e Moso- no seu distrito. 18Depois dêle edifi­
lão filho de Besodia, edificaram a caram seus irmãos Bavai, filho de
porta velha, cobriram-na, e puseram- Enadad, chefe da (ou tra ) metade de
lhe os seus batentes, e as fechadu­ Ceila. 19E do lado dêle edificou Azer,
ras, e as trancas. 7E ao lado dêles filho de Josué, chefe de Masfa, ou­
edificaram Meltias Gabaonita, e Ja- tro tanto espaço defronte da subida
dão Meronatita, homens de Gabaão e do ângulo fortificado.
de Masfa, em nóme do governador 20Depois dêle Baruc, filho de Za-
que estava no país de além do rio. 8E cai, edificou no monte outro tanto
ao lado dêle edificou Eziel, filho de espaço, desde o ângulo até à porta
Araia, ourives; e ao lado de Eziel da casa do sumo sacerdote Eliasib.
edificou Ananias, filho de um perfu- 21Depois dêle Merimut, filho de Urias,
mador; e deixaram (reparada aque- filho de Haco, edificou outro tanto
la parte de) Jerusalém (que vai) até espaço, desde a porta da casa de Elia-
ao muro da praça maior. 9E ao la­ sib até onde se estendia a casa de
do dêle edificou Rafaia, filho de Hur, Eliasib. “ Depois dêle edificaram os
chefe (de metade) do distrito de Je­ sacerdotes habitantes das planícies
rusalém. 10E ao lado dêle edificou do Jordão. “ Depois dêles edificaram
Jedaia, filho de Haromaf, defronte Benjamim e Hasub, defronte de suas
de sua casa; e ao lado dêle edificou casas; e depois dêles edificou Azarias,
Hato, filho de Hasebonias. filho de Maasias, filho de Ananias,
“ Melquias, filho de Herem, e Ha- defronte de sua casa.
sub, filho de Faat-Moab, edificaram 24Depois dêle edificou Benui, filho
metade dum bairro, e a tôrre dos for­ de Henadad, outro tanto espaço, des­
nos. 12E ao lado dêles edificou Se- de a casa de Azarias, até à volta e
lum, filho de Aloés, chefe de (ou tra ) até ao ângulo. “ Falei, filho de Ozi,
metade do distrito de Jerusalém, êle edificou defronte da volta e da tôr­
e suas filhas. re, que se levanta acima da casa al­
13E a porta do Vale edificaram-na ta do rei, isto é, no átrio do cárce­
Hanum e os habitantes de Zanoé; ês- re; e, depois dêle, Fadaias, filho de
tes a edificaram e lhe puseram os Faros. 20Ora os Natineus habitavam
seus batentes, as fechaduras e as no bairro de Ofel até defronte da
trancas, e refizeram mil côvados do orta das águas, para o oriente, e até
muro até à porta da Esterqueira. tôrre que estava sobranceira.
14E a porta da Esterqueira edifi- “ Depois de Fadaias edificaram os
cou-a Melquias, filho de Recab, che­ de Técua uma outra secção defronte,
fe do distrito de Betacarão; êle a edi- desde a tôrre grande, e eminente até
ficou e lhe pôs os seus batentes, as ao muro do templo. “ Os sacerdotes
fechaduras e as trancas. edificaram mais acima, desde a por­
ta dos cavalos, cada um defronte de
15E a porta da Fonte edificou-a sua casa. “ Depois dêles edificou Sa-
Selum, filho de Colhoza, chefe do dis­ doc, filho de Emer, defronte de sua
trito de Masfa; êle a edificou, e a co­ casa. E depois dêle edificou Semaia,
briu, e lhe pôs as fechaduras e as filho de Sequenias, guarda da porta
trancas, e refez os muros da piscina do oriente. “ Depois dêle Hanania,
de Siloé, ao longo do jardim do rei, filho de Selemias, e Hanum, sexto
até aos degraus que descem da cida­ filho de Selef, edificaram outro tan­
de de Davi. to espaço; e depois dêste edificou Mo-
16Depois dêle edificou Neemias, fi­ solão, filho de Baraquias, o muro de­
lho de Azboc, chefe de metade do dis­ fronte do seu erário. Depois dêle
trito de Betsur, até defronte do se­ Melquias, filho dum ourives, edificou
pulcro de Davi, e até à piscina que até à casa dos Natineus e dos mer-
tinha sido feita com grande traba­ cieiros, defronte da porta dos juizes
lho, e até à casa dos valentes (de Da- até à sala da esquina. 31E entre a
v i). “ Depois dêle edificaram os Le- sala da esquina e a porta do reba­
4 SEGUNDO LIVRO DE ESDRAS oiy

nho edificaram os ourives e os nego­ êles, e os matemos, e façamos cessar


ciantes. a obra.
Oposição de Sanabalat Providências tomadas por Neemias
A JOra sucedeu que, tendo Sana- 12E aconteceu que, vindo os Ju­
^ balat ouvido dizer que nós re- deus, que moravam junto dêles, e,
edificávamos os muros, irou-se em tendo-nos descoberto por dez vêzes
extremo; e, muito encolerizado, es­ todos os lugares donde vinham con­
carneceu dos Judeus, 2e disse diante tra nós, 13pus em ordem o povo, por
dos seus irmãos, e dum grande nú­ detrás dos muros, ao redor da cida­
mero de Samaritanos: Que fazem ês- de, com as suas espadas, e lanças, e
tes pobres Judeus? Porventura dei- arcos. “ Depois passei revista a tudo,
xá-los-ão os povos? Porventura sacri­ e fui, e disse aos magnatas e magis­
ficarão e acabarão (a sua obra) num trados, e ao resto do povo: Não te­
dia? Porventura poderão edificar, ex­ mais diante dêles. Lembrai-vos do
traindo dos montões de pó as pedras Senhor grande e terrível, e pelejai
consumidas pelo fogo? 3E até To- pelos vossos irmãos, pelos vossos fi­
bias Amonita, que estava próximo a lhos, e pelas vossas filhas, e pelas
êle, disse: Edifiquem embora; se vier vossas mulheres, e pelas vossas ca­
uma raposa, saltará por cima do seu sas.
muro de pedras. Boa vontade do povo
4Ouve, Deus nosso, como estamos 15Mas aconteceu que, tendo sabido
em desprêzo, faze recair os insultos os nossos inimigos que nós tínhamos
sôbre as suas cabeças, e torna-os ob­ sido avisados, Deus dissipou o seu
jeto de desprêzo numa terra de cati- desígnio. E nós nos recolhemos às
veiro. 5Não cubras (nao dissimules) muralhas, cada um para a sua obra.
a sua iniqüidade, e o seu pecado não ,0E desde aquêle dia em diante su-
se apague de diante dos teus olhos, cedeu que metade da gente moça
porque êles escarneceram dos que e- trabalhava na obra, e a outra meta­
dificavam. de estava pronta para a peleja, com
6Nós, pois, reedificarnos o muro, e lanças e escudos, e arcos e couraças,
reparamo-lo inteiramente até a me­ e os chefes estavam atrás dêles em
tade; e o ânimo do povo estimulou- tôda a casa de Judá. 17Os que edi-
se para trabalhar. ficavam os muros, e os que acarre­
tavam, e os que carregavam, com
Outras dificuldades uma das mãos faziam a obra, e com
7Ora sucedeu que, ouvindo Sana- a outra pegavam na espada; 18por-
balat, e Tobias, e os Árabes, e os que cada um dos que edificavam ti­
Amonitas, e os de Azoto, que esta­ nha a sua espada a cinta. E traba­
vam reparadas as brechas dos muros lhavam e tocavam a trombeta junto
de Jerusalém, e que se começavam a de mim.
fechar as suas aberturas, iraram-se Exortações de Neemias
sobremodo. 8E juntaram-se todos de
comum acordo para virem e ataca­ 19E eu disse aos magnatas e aos
rem Jerusalém, e armarem-nos em­ magistrados, e ao resto do povo: Es­
boscadas. 9Nós, pois, fizemos oração ta obra é grande e extensa, e nós
ao nosso Deus, e pusemos guardas de estamos separados sôbre o muro lon­
dia e de noite sôbre o muro con­ ge uns dos outros; “ em qualquer lu­
tra êles. 10E os de Judã disseram: gar que ouvirdes o som da trombe­
As forças dos que acarretam estão ta, correi ali a socorrer-nos; o nosso
enfraquecidas, e há ainda muita ter­ Deus pelejará por nós. nE nós mes­
ra que tirar, e nós não poderemos mos continuemos a obra, e a meta­
edificar o muro. nE os nossos ini­ de dos nossos conserve as lanças em­
migos disseram: Não saibam nada, punhadas desde o despontar da au­
nem percebam até que demos sôbre rora até que saiam as estréias. 22Na-
Cap. Iv — 3. Saltará. Segundo o hebreu: A b rirá uma brecha.
520 SEGUNDO LIVRO DE ESDRAS 4 - 5

quela mesma ocasião disse eu tam­ povos nossos inimigos? 10Ora eu, e
bém ao povo: Cada um fique com meus irmãos, e os meus criados te­
o seu servo no meio de Jerusalém, mos emprestado a muitos dinheiro
e revezemo-nos de noite e de dia pa­ e trigo; concordemos todos em não
ra trabalhar. “ Eu, porém, e meus lhes pedir nada, e em os dar por qui-
irmãos, e os meus servos, e os guar­ tes do que nos devem. “ Restituí-
das que me acompanhavam, não lar- lhes hoje os seus campos, e as suas
gávamos os nossos vestidos; cada um vinhas, e os seus olivais, e as suas
despia-se sòmente para se lavar. casas; dai, além disso, por êles a cen­
tésima parte do dinheiro, do trigo,
Queixas dos pobres contra os ricos do vinho e do azeite, que vós cos-
tumãveis cobrar dêles.
C 2E levantou-se um grande cla- 12E êles responderam: Nós lho res-
° mor do povo e de suas mulheres tituiremos, e não lhes pediremos na­
contra os Judeus seus irmãos. 2E da, e faremos como dizes. E cha­
havia quem dissesse: Nossos filhos e mei os sacerdotes, e fiz-lhes prestar
nossas filhas são em número exces­ juramento que fariam como eu ti­
sivo; vendamo-los e compremos tri­ nha dito. 13Depois disto sacudi os
go para comermos e bebermos. 3Ha- meus vestidos, e disse: Assim sacuda
via também outros que diziam: Em­ Deus da sua casa e dos seus bens, to­
penhemos os nossos campos, e as nos­ do aquêle homem que não cumprir
sas vinhas, e as nossas casas, para o que eu disse; assim seja êle sa­
termos trigo durante a fome. 4E ou­ cudido, e fique sem coisa alguma. E
tros diziam: Tomemos dinheiro em­ todo o povo respondeu: Amém. E
prestado para pagarmos os tributos êles louvaram a Deus. Fêz, pois, o
do rei, e empenhemos os nossos cam­ povo segundo tinha sido dito.
pos e vinhas. 5E agora a nossa car­
Desinterêsse de Neemias
ne é como a carne de nossos irmãos
(ricos), e os nossos filhos são como 14E, desde o dia em que o rei me
nossos filhos e as nossas filhas à tinha mandado que fôsse governa­
escravidão, e algumas das nossas fi­ dor da terra de Judá, desde o ano
lhas são (já ) escravas, e não temos vigésimo até o trigésimo segundo do
com que poder resgatá-las, e são es­ reinado de Artaxerxes, por espaço
tranhos que possuem os nossos cam­ de doze anos, nem eu nem meus ir­
pos e as nossas vinhas. mãos comemos das rendas que eram
devidas aos governadores. 15Mas os
Neemias reprime a usura primeiros governadores, que tinham
sido antes de mim, ■oprimiram o po­
°E eu irritei-me muito, ao ouvir os vo, cobrando dêles todos os dias qua­
seus clamores nestas palavras; 7e, de­ renta sidos em pão, e vinho, e di­
pois de ter refletido maduramente, nheiro; e sôbre isto sobrecarrega-
repreendi os grandes e os magistra­ vam-no ainda os seus oficiais. Eu,
dos, e disse-lhes: Porventura cada porém, não procedi assim, porque te­
um de vós pretende usura de seus mo a Deus; 16antes trabalhei nos re­
irmãos? E convoquei contra êles uma paros do muro, sem comprar cam­
grande assembléia, 8e disse-lhes: Nós, po algum, e os meus servos encon-
como sabeis, segundo as nossas pos­ traram-se sempre juntos no traba­
ses, resgatamos os Judeus nossos ir­ lho. 17Até os Judeus e os magistra­
mãos, que tinham sido vendidos aos dos, em número de cento e cinquen­
gentios; e vós vendereis agora vos­ ta pessoas, e os que, dentre os povos
sos irmãos, para que nós os tenha­ que estavam à roda de nós, vinham
mos de resgatar (novamente) ? E êles ter conosco, todos comiam à minha
ficaram em silêncio e não souberam mesa. 18Para isto todos os dias me
que me responder. era preparado um boi, e seis carnei­
9E eu disse-lhes: Não é bem o que ros escolhidos, além das aves, e de
fazeis; por que não andais vós no dez em dez dias eu distribuía vinhos
temor do nosso Deus, para que não diversos e muitas outras coisas, e,
cheguemos a ser escarnecidos pelos além disso, não cobrei as rendas do
5 - 7 SEGUNDO LIVRO DE ESDRAS 521

meu cargo de governador; porque o as portas do templo; porque êles


povo estava extremamente empobre­ hão de vir para te matarem, e hão
cido. 19Lembra-te de mim, Deus meu, de vir de noite para te darem a mor­
ara usares comigo de misericórdia, te. nE eu respondi-lhe: Porventu­
medida de todo o bem que eu fiz ra um homem como eu há de fugir?
a êste povo. E quem como eu entrará no templo
e viverá? Não entrarei. 12E conhe-
Prudência de Neernias ci que não era Deus quem o tinha
enviado, mas que êle me tinha fala­
£ 70 ra sucedeu que, sabendo Sa- do como se fôsse profeta, e que T o­
u nabalat, e Tobias, e Gossem Á- bias e Sanabalat o tinham suborna­
rabe, e os outros nossos inimigos, que do. 13Porque êle tinha recebido di­
eu tinha reedificado os muros, e que nheiro para me intimidar e fazer pe­
nêles já não havia brecha alguma car, e para que êles tivessem mal-
(pôsto que até então eu não tinha dades de que me argüir. 14Lembra-
ainda pôsto os batentes nas portas), te de mim, Senhor, relativamente
2Sanabalat e Gossem mandaram-me a estas obras de Tobias e Sanaba­
dizer: Vem, e façamos aliança entre lat, e lembra-te também do que fêz
nós, em qualquer das aldeias do cam­ o profeta Noadias, e os outros pro­
po de Ono. Êles, porém, intentavam fetas, que me atemorizavam.
fazer-me mal. 8Eu, pois, enviei-lhes
mensageiros a dizer: Tenho entre Acabamento das muralhas
mãos uma obra grande, e não posso
ir, para que não suceda que se pare 15E acabaram-se de reedificar os
com ela, enquanto eu fôr ter convos- muros no dia vinte e cinco do mês
co. 4E êles mandaram-me dizer a de Elul, em cinqüenta e dois dias.
mesma coisa quatro vêzes; e eu res- 16Aconteceu, pois, que, tendo ouvido
pondi-lhes como da primeira vez. isto os nossos inimigos, atemoriza­
5E Sanabalat enviou-me ainda pe­ ram-se todos os povos nossos circun-
la quinta vez, com o mesmo fim, um vizinhos, e consternaram-se dentro
dos seus criados, que trazia na mão de si mesmos, e reconheceram que
uma carta do teor seguinte: d iv u l­ esta obra era obra de Deus.
gou-se entre as gentes, e Gossem o 17E por aquêles dias, muitas car­
publicou, que tu e os Judeus inten­ tas dos magnatas dos Judeus eram
tais revoltar-vos, e que por isso re- enviadas a Tobias, e de Tobias a ê-
edificas os muros, e pretendes cons­ les. 18Porque havia muitos na Ju-
tituir-te rei sobre êles; por cuja cau­ déia, que lhe tinham jurado (am i­
sa 7dispuseste também profetas, que zade), por êle ser genro de Seque-
falem de ti com louvor em Jerusa­ nias, filho de Area, e porque Joanan,
lém, dizendo: Há rei na Judéia. O seu filho, tinha casado com a filha
rei há de ser informado destas coi­ de Mosolão, filho de Baraquias; 19e
sas, por isso vem agora, para de acor­ até o louvavam diante de mlm, e lhe
do deliberarmos. participavam as minhas palavras; e
8Mas eu mandei-lhes dizer: Não é Tobias mandava cartas para me a-
como dizes; porque tu inventas is­ terrar.
to da tua cabeça. 9Efetivamente to­ Guarda da cidade
dos êstes procuravam aterrar-nos, i-
maginando que nós cessaríamos a o- •7 2E, depois que os muros foram
bra, e largaríamos o trabalho; por- • edificados, e que pus os baten-
rém, eu por isso mesmo cobrei mais tentes (das portas) , e fiz o censo dos
ânimo; 10e entrei secretamente na porteiros, e dos cantores, e dos Le-
casa de Seméias, filho de Dalaias, vitas, 2ordenei a meu irmão Hanani,
filho de Metabeel. E êle disse-me: e a Hananias, príncipe da casa de
Consultemos entre nós na casa de Jerusalém (o qual me parecia ho­
Deus no meio do templo e fechemos mem sincero e temente a Deus mais
Cap. V I — 11. E quem como e u . . . Sentido: Quem como eu, não sendo sacerdote,
terá a ousadia de entrar no templo, sem incorrer na pena de morte imposta pela lei?
15. N o mês de Elul, o sexto mês do ano judaico, entre Agosto e Setembro.
522 SEGUNDO LIVRO DE ESDRAS 7

do que os outros), 3e disse-lhes: Não zentos e vinte e quatro; “ filhos de


se abram as portas de Jerusalém, a- Aréf, cento e doze; “ filhos de Ga-
té que o sol não esteja alto. E, baão, noventa e cinco; “ filhos de
quando êles ainda estavam presen­ Belém e de Netufa, cento e oiten­
tes, as portas foram fechadas e tran­ ta e oito. “ Homens de Anatot, cen­
cadas; e pus por guardas os habi­ to e vinte e oito; “ homens de Betaz-
tantes de Jerusalém, cada um por mot, quarenta e dois, “ homens de Ca-
seu turno, e cada um diante da sua riatiarim, de Cefira e de Berot, se­
casa. tecentos e quarenta e três; “ homens
Descoberta da lista dos repatriados
de Rama e Geba, seiscentos e vinte
com Zorobabel
e um; 81homens de Macmas, cento e
vinte e dois; “ homens de Betel e
4A cidade, porém, era muito lar­ de Hai, cento e vinte e três; “ ho­
ga e grande, e dentro dela era pouco mens da outra Nebo, cinqüenta e
o povo, e não estavam edificadas as dois; “ homens da outra Elão, mil e
casas. 5Deus, pois, inspirou no meu duzentos e cinqüenta e quatro; 35fi-
corapão o juntar os grandes, e os lhos de Harem, trezentos e vinte;
magistrados, e o povo, para fazer o 86filhos de Jerico, trezentos e qua­
seu recenseamento; e encontrei o li­ renta e cinco; 37filhos de Lod, de
vro do recenseamento daqueles que Hadid e de Ono, setecentos e vinte
tinham vindo primeiro, e nêle se a- e um; “ filhos de Senaa, três mil, no­
chou escrito o seguinte: vecentos e trinta.
Dista dos repatriados
3tlSacerdotes: Filhos de Idaia na
casa de Josué, novecentos e sessenta
6Êstes são os filhos da província e três; "filhos de Emer, mil e cin­
(da Judéia) que vieram do cativeiro qüenta e dois; 41filhos de Fasur, mil
os quais Nabucodonosor, rei de Ba­ e duzentos e quarenta e sete; " f i ­
bilônia, tinha deportado, e que vol­ lhos de Arem, mil e dezessete.
taram para Jerusalém e para a Ju­ Levitas: 43Os filhos de Josué e de
déia, cada um para a sua cidade. Cedmiel, filhos (ou descendentes)
7Os que vieram com Zorobabel, fo ­ 44de Oduia, setenta e quatro. Canto­
ram Josué, Neemias, Azarias, Raa- res: 450s filhos de Asaf, cento e
mias, Naamani, Mardoqueu, Belsão, quarenta e oito. 40Porteiros: Os fi­
Mesfarat, Begoai, Naum, Baana. O lhos de Selurn, Ater, os filhos de Tel-
número dos homens do povo de Israel mon, os filhos de Acub, os filhos de
é êste: Hatita, os filhos de Sobai, cento e
8Filhos de Faros, dois mil cento e trinta e oito.
setenta e dois; °filhos de Safatia, tre­ 47Natineus: Os filhos de Soa, os
zentos e setenta e dois; 10filhos de A- filhos de Hasufa, os filhos de Tebaot,
rea, seiscentos e cinqüenta e dois; 48os filhos de Ceros, os filhos de Siaa,
“ filhos de Faat-Moab dos descenden­ os filhos de Fadon, os filhos de Le-
tes de Josué e de Joab, dois mil oi­ bana, os filhos de Hagaba, os filhos
tocentos e dezoito; “ filhos de Elão, de Selmai, 40os filhos de Hanan, os
mil duzentos e cinqüenta e quatro; filhos de Gedel, os filhos de Gaer,
“ filhos de Zetua, oitocentos e qua­ ^os filhos de Raaia, os filhos de Ra-
renta e cinco; “ filhos de Zacai, se­ sim, os filhos de Necoda, 51os filhos
tecentos e sessenta; “ filhos de Ba- de Gesem, os filhos de Aza, os filhos
nui, seiscentos e quarenta e oito; de Faséia, 52os filhos de Besai, os
“ filhos de Bebai, seiscentos e vin­ filhos de Munim, os filhos de N e-
te e oito; “ filhos de Azgad, dois mil, fussim, S3os filhos de Bacbuc, os fi­
trezentos e vinte e dois; “ filhos de lhos de Hacufa, os filhos de Harur,
Adonicão, seiscentos e sessenta e se­ 54os filhos de Beslot, os filhos de
te; “ filhos de Beguai, dois mil e ses­ Maida, os filhos de Harsa, “ os filhos
senta e sete; “ filhos de Adim, seis­ de Bercos, os filhos de Sisara, os f i ­
centos e cinqüenta e cinco; “ filhos lhos de Tema, 56os filhos de Nasia, os
de Ater, filho de Hezequias, noventa filhos de Hatifa, 57os filhos dos ser­
e oito; “ filhos de Hasen, trezentos e vos de Salomão, os filhos de Sotai, os
vinte e oito; “ filhos de Besai, tre­ filhos de Soferet, os filhos de Farida,
7 - 8 SEGUNDO LIVRO DE ESDRAS 523
“ os filhos de Jaala, os filhos de Dar- 72E o que deu o resto do povo fo ­
can, os filhos de Jedel, “ os filhos de ram vinte mil dracmas de ouro, e
Safatia, os filhos de Hatil, os filhos duas mil minas de prata, e sessenta
de Foqueret, que tinham nascido de e sete túnicas sacerdotais. 73E os
Sabaim, filho de Amom. °°Todos os sacerdotes, e os Levitas, e os portei­
Natineus e os filhos dos servos de ros e os cantores, e o resto do po­
Salomão eram trezentos e noventa vo, e os Natineus, e todo o Israel
e dois. ficaram habitando nas suas cidades.
61E êstes são os que vieram de
Telmela, de Telharsa, de Querub, de Esdras lê a lei ao povo
Adon, e de Emer, e que não pude­ O *E chegou o sétimo mês; e os fi-
ram declarar a casa de seus pais,
nem a sua raça, nem se erám do ° lhos de Israel estavam nas suas
povo de Israel: 62Os filhos de Da- cidades. E congregou-se todo o po­
laia, os filhos de Tobias, os filhos vo como um só homem na praça
de Necoda, seiscentos e quarenta e que está diante da porta das Á-
dois. guas; e disseram a Esdras, o escriba,
63E dos sacerdotes, os filhos de Ha- que trouxesse o livro da lei de Moi­
bia, os filhos de Acos, os filhos de sés, que o Senhor tinha prescrito a
Berzelai, que tinha casado com uma Israel.
das filhas de Berzelai de Galaad, e 20 sacerdote Esdras levou, pois, a
foi chamado do seu nome. 64Estes lei para diante da multidão dos ho­
buscaram a sua genealogia no arrola- mens e das mulheres, e de todos os
mento, e não a encontraram, e fo ­ que a podiam entender, no primei­
ram excluídos do sacerdócio. “ E A- ro dia do sétimo mês. 3E leu na­
tersata intimou-lhes que não comes­ quele livro claramente, no meio da
sem das ofertas sagradas, até que praça que fica diante da porta das
houvesse um sacerdote douto e eru­ Águas, desde manhã até ao meio-
dito (que resolvesse o assunto). dia, na presença dos homens e das
66Tôda esta multidão, como se fôsse mulheres e dos sábios; e todo o povo
um só homem, era de quarenta e tinha os ouvidos atentos à leitura
duas mil, trezentas e sessenta pes­ do livro. 4E Esdras, o escriba, pôs-
soas, 07sem falar nos seus escravos se em pé sobre o estrado de ma­
e escravas, que eram sete mil, tre­ deira, que tinha mandado fazer pa­
zentos e trinta e sete, e entre êles ra falar; e estavam em pé junto dê-
duzentos e quarenta e cinco canto­ le, à sua direita, Matatias, e Seméia,
res e cantoras. “ Êles tinham se­ e Ania, e Uria, e Helcia, e Maa-
tecentos e trinta e seis cavalos, du­ sia; e à sua esquerda, Fadaia, Mi-
zentos e quarenta e cinco machos, sael, e Melquias, e Hasum e Hasba-
“ quatrocentos e trinta e cinco ca­ dana, Zacarias e Mosolão. 5Esdras
melos, seis mil, setecentos e vinte ju ­ abriu o livro diante de todo o povo,
mentos. porque êle estava mais alto que to­
do o povo; e, logo que o abriu, to­
A té aqui fo i referido o que se en­ do o povo se pôs em pé (em sinal de
contrava escrito no livro do censo; respeito pela palavra de Deus).
daqui por diante segue a história de °E Esdras bendisse o Senhor Deus
Neemias. grande; e todo o povo respondeu:
70Ora alguns dos chefes das fam í­ Amém, Amém, levantando as mãos;
lias contribuíram para a obra. Ater- e inclinaram-se, e prostrados por
sata deu para o tesouro mil drac­ terra, adoraram a Deus. 7E Josué,
mas de ouro, cinqüenta taças, e qui­ e Bani, e Serebia, Jamim, Acub, Sep-
nhentas e trinta túnicas sacerdotais. tai, Odia, Maasia, Celita, Azarias, Jo-
"E alguns dos chefes das famílias zabed, Hanan, Falaia e os Levitas,
deram para o tesouro da obra vinte faziam estar o povo em silêncio, para
mil dracmas de ouro, e duas mil e ouvir a lei; e o povo estava de pé
duzentas minas de prata. nos seus lugares. 8E êles leram no
Cap. V I I — 69. A té aqui. . . E sta nota escrita em itálico nâo pertence ao texto pri­
mitivo, e falta em tôdas as versões antigas, exceto na v u lg a ta latina.
524 SEGUNDO LIVRO DE ESDRAS 8 - 9

livro da lei de Deus distinta e cla­ Nun, até àquele dia. E a alegria foi
ramente para se entender; e o povo extraordinária. 18E (Esdras) leu no
entendia quando se estava lendo. livro da lei de Deus todos os dias,
°E Neemlas (que se chama também desde o primeiro até o último; e ce-
o Atersata) e Esdras, sacerdote e es- lebraram esta solenidade durante se­
criba, e os Levitas, que interpreta­ te dias, e no oitavo dia houve uma
vam a. lei a todo o povo, disseram: reunião segundo o rito.
Êste dia é consagrado ao Senhor nos­
so Deus, e não estejais tristes nem Confissão solene dos pecados
choreis. Porque todo o povo, ouvin­ Q 7E, no dia vinte e quatro do
do as palavras da lei, chorava. 10E " mesmo mês, juntaram-se os fi­
(Neemlas) disse-lhes: Ide, comei car­ lhos de Israel para um jejum, vesti­
nes gordas, e bebei vinho mistura­ dos de saco, e com pó sôbre (a ca­
do com mel e mandai quinhões aos beça). 2E os da linhagem dos filhos
que não têm nada preparado para de Israel foram separados de todos
s1 ; porque êste é um dia santo do os filhos estrangeiros; e apresenta­
Senhor, e não estejais tristes; por- ram-se, e confessavam os seus peca­
ue a alegria do Senhor é a nossa
? brtaleza. nE os Levitas faziam es­ dos e as iniqüidades de seus pais.
tar todo o povo em silêncio, dizen­ 3E levantaram-se para estar de pé;
do: Estai calados, e não vos aflijais, e leram no livro da lei do Senhor
porque êste dia é santo. 12E todo o seu Deus quatro vêzes ao dia, e qua­
ovo, pois, foi comer e beber, e man- tro vêzes bendiziam e adoravam o
ou quinhões, e entregou-se a gran­ Senhor seu Deus.
de regozijo; porque tinham entendi­ 4E subiram à tribuna dos Levitas
do as palavras que Esdras lhes ha­ Josué, e Bani, e Cedmiel, Sabania,
via ensinado. Boni, Sarebias, Bani e Canani; e le-
vantaram as suas vozes, e gritaram
Festa dos Tabernáculos ao Senhor seu Deus. 5E os Levi-
tas, Josué e Cedmiel, Boni, Haseb-
13E ao outro dia os chefes das fa ­ nia, Serebia, Odaia, Sebnia, Fataia,
mílias de todo o povo, os sacerdotes disseram: Levantai-vos, bendizei o
e os Levitas, congregaram-se na pre­ Senhor vosso Deus de eternidade em
sença de Esdras, o escriba, para que eternidade, e seja bendito, Senhor, o
lhes interpretasse as palavras da lei. sublime nome da tua glória, com tô-
14E acharam escrito na lei ter man­ da a sorte de bênção e de louvor.
dado o Senhor, por meio de Moi­ °Fôste tu, Senhor, tu só que fizes­
sés, que os filhos de Israel habitas­ te o céu, e o céu dos céus, e tôda
sem debaixo de tendas no dia solene a sua milícia, a terra, e tudo o que
do sétimo mês, 15e que apregoassem há nela, os mares, e tudo o que nê-
e divulgassem por todas as suas ci­ les se contém; e tu dás vida a to­
dades, e em Jerusalém, dizendo: Saí das estas coisas, e a milícia do céu
ao monte, e trazei ramos de olivei­ te adora.
ra, e ramos das árvores mais for­ 7Fôste tu, ó Senhor Deus, que es­
mosas, e ramos de murta, e ramos colheste Abraão, e que o tiraste do
de palmas, e ramos das árvores fron­ fogo dos Caldeus, e lhe deste o no­
dosas, para que se façam as tendas me de Abraão; 8e achaste o seu cora­
conforme está escrito. ção fiel aos teus olhos; e fizeste a-
16Saiu, pois, o povo, e trouxe (os liança com êle de que lhe darias a
ramos). E fizeram para si tendas, terra dos Cananeus, dos Heteus, e
cada um sobre o seu terraço, e nos dos Amorreus, e dos Ferezeus, e dos
seus átrios, e no átrio da casa de Jebuseus, e dos Gergeseus, para a
Deus, e na praça da porta das Á- dares à sua descendência; e cum­
guas, e na praça da porta de Efraim. priste as tuas palavras, porque és
17E toda a multidão dos que tinham justo.
vindo do cativeiro fêz tendas, e ha­ 9E viste, a aflição de nossos pais
bitaram nessas tendas; ora os fi­ no Egito, e ouviste os seus clamo­
lhos de Israel não tinham feito assim res sôbre o mar Vermelho, 10e ope­
desde o tempo de Josué, filho de raste maravilhas e prodígios sôbre
9 SEGUNDO LIVRO DE ESDRAS 525

Faraó, e sôbre todos os seus servos, rante quarenta anos no deserto, e


e sobre todo o povo daquele país; não lhes faltou nada; os seus vesti­
porque sabias que êles os tinham dos não se fizeram velhos, e os seus
tratado com soberba; e alcançaste pés não se magoaram. 22E deste­
para ti um nome que conservas ain­ lhes reinos e povos, e lhos repartiste
da hoje. UE dividiste o mar dian­ por sorte; e êles possuíram o país
te dêles, e êles passaram a pé enxu­ de Seon, e o país do rei de Hese-
to pelo meio do mar; e precipitaste bon, e o país de Og, rei de Basan.
os seus perseguidores no fundo, co­ aE multiplicaste os seus filhos co­
mo uma pedra que cai em águas pro­ mo as estrêlas do céu, e os condu­
fundas. 12E foste o seu condutor de ziste à terra, onde tinhas prometi­
dia numa coluna de nuvem, e de noi­ do a seus pais que êles entrariam
te numa coluna de fogo, para co­ e a possuiríam. 24E vieram seus fi­
nhecerem o caminho por onde iam. lhos e possuíram a terra, e tu hu­
13Desceste também ao monte Si­ milhaste diante dêles os Cananeus,
nai, e do céu falaste com êles, e lhes habitantes da terra, e lhos entregas­
deste ordenanças justas, e uma lei te nas suas mãos; e os seus reis e
de verdade, cerimônias e bons pre­ os povos do país, para fazerem dê-
ceitos 14e os ensinaste a santificar les o que quisessem.
o teu sábado, e lhes prescreveste por “ Êles, pois, tomaram cidades for­
meio de Moisés, teu servo, os man­ tes e um país fértil, e possuíram
damentos, e as cerimônias, e a lei. casas cheias de tôda a sorte de bens,
xTu lhes deste também o pão do cisternas feitas pelos outros, vinhas,
céu, quando tiveram fome, e lhes fi- e olivais, e muitas árvores fru tífe­
zeste brotar água dum rochedo, ras; e comeram, e fartaram-se, e en-
quando tinham sêde, e lhes disseste ordaram è abundaram em delícias,
que entrassem e possuíssem a terra, evido à tua grande bondade. “ Mas
sôbre a qual levantaste a tua mão, êles provocaram-te à ira, e retira­
jurando que lha darias. ram-se de ti, e rejeitaram com des-
16Mas êles e nossos pais procede­ prêzo a tua lei, e mataram os teus
ram com soberba, e endureceram as profetas, que os conjuravam a voltar
suas cervizes, e não ouviram os teus para ti, e cometeram grandes abo-
mandamentos. 17E não quiseram ou­ minações. 27E tu os entregaste nas
vir, e não se lembraram das tuas mãos dos seus inimigos, e êstes os
maravilhas, que tinhas operado em oprimiram. E, no tempo da sua
seu favor. E endureceram as suas tribulação, clamaram a ti, e tu os
cervizes, levados pela sua rebeldia, es­ ouviste do céu; e, segundo a multi­
colheram um chefe, a fim de volta­ dão das tuas misericórdias, deste­
rem para a sua escravidão. Mas tu, ó lhes salvadores, que os libertassem
Deus propício, clemente e misericor­ das mãos de seus inimigos.
dioso, sempre paciente, e de muita “ E, quando se viram em descan­
compaixão, tu não os desamparaste, so, tornaram a fazer o mal diante de
18ainda mesmo quando êles fizeram ti, e tu os deixaste nas mãos de seus
para si um bezerro fundido, e disse­ inimigos, que os dominaram. E no­
ram Êste é o teu Deus (6 Israel) vamente se converteram e clama­
que te tirou do Egito; e cometeram ram a ti, e tu os ouviste do céu, e os
grandes blasfêmias. livraste muitas vêzes pela tua mise­
19Mas tu, pela tua grande miseri­ ricórdia.
córdia, não os desamparaste no de­ 29E tu os exortaste a voltar para
serto; a coluna de nuvem não se a- a tua lei; porém êles procederam com
partou dêles de dia, para os guiar soberba, e não ouviram os teus man­
pelo caminho, nem a coluna de fo ­ damentos, e pecaram contra as tuas
go durante a noite, para lhes mos­ ordens, em cuja observância o ho­
trar o caminho por onde deviam ir. mem acha a vida; e voltaram-te as
“ E deste-lhes o teu bom espírito que costas, e endureceram a sua cerviz,
os ensinasse, e não retiraste o teu e não te deram ouvidos. "E tu, du­
maná da sua bôca, e lhes dêste água rante muitos anos, tiveste paciência
na sua sêde. 21Tu os sustentaste du­ com êles, e os exortaste por meio
526 SEGUNDO LIVRO DE ESDRAS 9-10
do teu espírito, pela boca dos teus Jeremias, 3Fesur, Amarias, Melquias,
profetas; e êles não deram ouvidos, 4Hato, Sebenias, Meluc, BHarém, Me-
e tu os entregaste nas mãos dos po­ rimut, Obdias, °Daniel, Gentão, Ba-
vos da terra. 81Mas, pela tua gran­ ruc, 7Mosolão, Abia, Miamin, 8Maa-
de misericórdia, não os confundiste zia, Belgai, Seméia; êstes eram sa­
de todo, nem mesmo os desamparas­ cerdotes.
te, porque és um Deus misericordio­ °Os Levitas foram: Josué, filho de
so e clemente. 32Agora, pois, ó Deus Azanias, Benui, dos filhos de Hena-
nosso, grande e terrível, que conser­ dad, Cedmiel, 10e seus irmãos: Se-
vas o teu pacto e a tua misericór­ benia, Odaia, Celita, Falaia, Hanan,
dia, não apartes da tua face todos os nMica, Roob, Hasebia, 12Zacur, Se-
males, que nos têm oprimido a nós, iebia, Sabania, 13Odaia, Bani, Bani-
aos nossos reis, e aos nossos prínci­ nu.
pes, e aos nossos sacerdotes, e aos 14Os chefes do povo foram: Fa-
nossos profetas, e aos nossos pais e ros, Faat-Moab, Elão, Zetu, Bani,
a todo o teu povo, desde o tempo 15Boni, Azgad, Bebai, 16Adonia, Be-
do rei da Assíria até hoje. 38Tu és goai, Adin, "Alter, Hezecia, Azur, 180 -
justo em tôdas as coisas que têm daia, Hasum, Besai, 19Haref, Anatot,
vindo sôbre nós, porque procedes­ Nebai, “ Megfias, Mosolão, Hazir,
te com fidelidade, nós porém proce­ 21Mesizabel, Sadoc, Jedua, 22Feltia,
demos impiamente. 34Os nossos reis, Hanan, Anaia, “ Oseé, Hanania, Ha-
os nossos príncipes, os nossos sacer­ sub, 24Aloés, Faléia, Sobec, “ Reum,
dotes, e nossos pais não guardaram Hasebna, Maasia, 28Ecaia, Hanan, A -
a tua lei, não obedeceram aos teus nan, 27Meluc. Haran, Baana; ^e o res-
mandamentos, nem às ordens que to do povo, os sacerdotes, os Levitas,
lhes intimaste. os porteiros, e os cantores, os N ati-
35(P e lo contrário) nos seus reinos neus, e todos os que se tinham se­
e na muita abundância de bens que parado dos povos das terras para
lhes tinhas dado, e na terra tão es­ abraçarem a lei de Deus, as suas mu­
paçosa e fértil que tinhas entregado lheres, os seus filhos, e as suas f i­
ao seu poder, não te serviram nem lhas.
se converteram das suas péssimas in­ Principais condições da aliança
clinações. 30Eis que nós mesmos ho­
je somos escravos, como também o é 20Todos os que tinham discernimen­
a terra que deste a nossos pais, pa­ to prometeram por meio de seus ir­
ra lhe comerem o pão e os frutos mãos, os principais entre êles iam
que ela produzisse, nós mesmos tam­ prometer e jurar que andariam na
bém somos escravos nela (do rei de lei de Deus, que o Senhor tinha da­
B abilônia). 37E os seus frutos multi- do por meio de Moisés, servo de
plicam-se para os reis que tu pu­ Deus, que guardariam e observariam
seste sôbre nós, por causa dos nos­ todos os mandamentos do Senhor
sos pecados, e êles dominam sôbre nosso Deus, e as suas ordens e as
nossos corpos e sôbre os nossos ani­ suas cerimônias, 30e que não daría­
mais, como bem lhes apraz, e nós mos as nossas filhas ao povo da ter­
estamos numa grande tribulação. ra, nem tomaríamos as suas filhas
para os nossos filhos.
Renovação da aliança 31Além disso, vindo os povos da ter­
38Em atenção a tôdas estas coisas, ra trazer coisas para vender e tu­
nós mesmos celebramos uma alian­ do o necessário para o uso da v i­
ça, e a escrevemos, e a assinam os da, no dia de sábado, nós não lho
nossos príncipes, os nossos Levitas e compraremos nem no sábado nem no
os nossos sacerdotes. dia santificado. E deixaremos (a
terra em descanso) no sétimo ano,
Nomes dos que assinaram a aliança e perdoaremos tôdas as dívidas.
82Nós nos imporemos a obrigação
1(1 'Os que assinaram foram: Nee- de dar cada ano a têrça parte dum
■ mias Atersata, filho de Ha- siclo para as obras da casa do nosso*
quelai, e Sedecias, 2Saraias, Azarias, Deus, 33para os pães da proposição,
10 - 11 SEGUNDO LIVRO DE ESDRAS 527

e para o sacrifício perpétuo, e para as outras nove partes (habitariam )


o holocausto eterno nos sábados, nas nas outras cidades. 2E o povo aben
calendas, nas festas solenes, e nos çoou todos os homens que se ofere­
sacrifícios pacíficos e nos sacrifícios ceram voluntàriamente para habitar
pelo pecado, a fim de que (Deus) em Jerusalém.
seja propicio com Israel, e para to­ Habitantes de Jerusalém
do o ministério da casa do nosso
Deus. 3Êstes, pois, são os príncipes da
34E deitamos sorte entre os sacer­ província que habitaram em Jerusa­
dotes, os Levitas e o povo, acêrca da lém e nas cidades de Judá. Cada um
lenha que se deve oferecer, para habitou na sua possessão e nas suas
que fôsse levada à casa do nosso cidades, o povo de Israel, os sacerdo­
Deus pelas casas de nossos pais, no tes, os Levitas, os Natineus e os fi­
tempo devido, de ano a ano, para se lhos dos servos de Salomão.
queimar sobre o altar do Senhor nos­ 4Em Jerusalém habitaram filhos de
so Deus, conforme está escrito na Judá, e filhos de Benjamim. Dos f i­
lei de Moisés. ^E prometemos le­ lhos de Judá: Ataias, filho de Azião,
var todos os anos à casa do Senhor filho de Zacarias, filho de Amarias,
as primícias da nossa terra, e as pri- filho de Safatias, filho de MalaleeL
mícias dos frutos de tôdas as árvo­ Doa filhos de Farés: 5Maasia, filho
res, “ e os primogênitos dos nossos de. Baruc, filho de Colhoza, filho de
filhos e dos nossos gados, como es­ Hazia, filho de Adaia, filho de Joia-
tá escrito na lei, e os primogênitos rib, filho de Zacarias, filho de um
dos nossos bois e das nossas ove­ Silonita. °Todos os filhos de Farés,
lhas, para serem oferecidos na ca­ que habitaram em Jerusalém, eram
sa do nosso Deus aos sacerdotes que quatrocentos e sessenta e oito homens
servem na casa do nosso Deus; 37e valentes. 7E os filhos de Benjamim
prometemos levar aos sacerdotes, pa­ (que habitaram em Jerusalém) fo ­
ra o tesouro (da casa) do nosso Deus, ram êstes: Selum, filho de Mosolão,
as primícias dos nossos alimentos, e filho de Joed, filho de Fadaia, filho
dos nossos licores, e dos frutos de de Colaia,, .filho de Masia, filho de
tôdas as árvores, e da vinha, e do Eteel, filho de Isaías; 8e depois dêle
azeite, e pagar o dízimo da nossa Gebai, Selai, novecentos e vinte e oi­
terra aos Levitas. Os mesmos Levi- to homens. 9E Joel, filho de Zecri,
tas receberão em tôdas as cidades os era seu chefe, e Judas, filho de Se-
dízimos dos nossos trabalhos. “ E o nua. ocupava o segundo posto na ci­
sacerdote da linhagem de Arão terá dade.
parte com os Levitas nos dízimos çiue 10E dos sacerdotes: Idaia, filho de
os Levitas receberem; e os Levitas Joarib, e Joaquim, “ Saraia, filho de
oferecerão na casa do nosso Deus Helcias, filho de Mosolão, filho de
o dízimo do dízimo, que tiverem re­ Sadoc, filho de Meraiot, filho de A -
cebido, para se guardar na casa do quitob, príncipe da casa de Deus, 12e
tesouro. 39Porque os filhos de Israel os seus irmãos, que serviam no tem­
e os filhos de L evi levarão as primi- plo, oitocentos e vinte e dois., E A -
cias do trigo, do vinho e do azeite, daia, filho de Jeroão, filho d * F elé-
à casa do tesouro; e ali estarão os lia, filho de Amsi, filho, de Zacarias,
vasos consagrados, e os sacerdotes e filho de Fesur, filho de Melquias; 13e
os cantores, e os porteiros e os mi­ seus irmãos príncipes das famílias,
nistros; e nós não abandonaremos a duzentos e quarenta e dois. E Amas­
casa do nosso Deus. sai, filho de Azreel, filho de Aazi, f i­
A décima parte dos Judeus deve habitar lho de Mosolamot, filho de Emer, ]4*e
em Jerusalém os seus irmãos, que eram poderosís­
simos, cento e vinte e oito, e o seu
11 2Ora os príncipes do povo habi- chefe Zabdiel, filho de um dos po­
* 1 taram em Jerusalém, mas o res­ derosos.
to do povo deitou sortes, para tira­ 15E dos Levitas: Seméia, filho de
rem uma parte de dez, a qual habi­ Hasub, filho de Azaricão, filho de
taria em Jerusalém, cidade santa, e Hazabia, filho de Bom, 16e Sabatai e
528 SEGUNDO LIV R o DE ESDRAS 11 - 12

Josabed, superintendentes de tôdas as artistas. ME os Levitas tinham as


obras que se faziam exteriormente suas porções em Judá e Benjamim.
na casa de Deus, ( e eram) dos prin­
cipais entre os Levitas. 17E Matania, Sacerdotes e Levitas que tinham
filho de Mica, filho de Zebedei, filho voltado com Zorobabel
de Asaf, chefe dos que louvavam e
publicavam a glória do Senhor na 1 0 ‘fistes são os sacerdotes e os
oração, e Becbecia, o segundo entre 1£t Levitas que voltaram com Zo­
seus irmãos, Abda, filho de Samua, robabel, filho de Salatiel, e com Jo­
filho de Galai, filho de Iditun. 18To- sué: Saraias, Jeremias, Esdras, A m a ­
dos os Levitas na cidade santa eram ria, Meluc, Hatus, 3Sebenias, Reum,
duzentos e oitenta e quatro. Merimut, 4Ado, Gentão, Abia, 5Mia-
,9E os porteiros, Acub, Telmão e mim, Madia, Belga, °Seméia e Joia-
os seus irmãos, que guardavam as rib, Idaia, Selum, Amoc, Helcias,
portas, eram cento e setenta e dois. 7Idaia. Êstes eram os principais den­
20E o resto dos sacerdotes e dos L e ­ tre os sacerdotes, e os seus irmãos
vitas de Israel (estavam espalhados) no tempo de Josué.
em tôdas as cidades de Judá, cada um 8Os Levitas eram: Jesua, Benui,
na sua possessão. 21E os Natineus, Cedmiel, Sarebia, Judá, Matanias, que
que habitavam em Ofel, e Siaa, e presidiam com seus irmãos aos hi­
Casfa, eram (chefes) dos Natineus. nos; 9e Becbecia, e Hani, e seus ir­
22E o chefe dos Levitas em Jerusa­ mãos, cada um no seu emprêgo.
lém era Azi, filho de Bani, filho de
Hasabia, filho de Matanias, filho de Pontífices desde Josué até Jedoa
Mioa. Os cantores no serviço da ca­ 10E Josué gerou Joacim, e Joacim
sa de Deus eram da estirpe de Asaf; gerou Eliasib, e Eliasib gerou Joja-
23porque o rei (D a vi) tinha pôsto um da, ne Jojada gerou Jonatan, e Jona-
regulamento sôbre êles, e a ordem tan gerou Jedoa.
que devia ser observadas todos os dias
entre os cantores. 24E Fataia, filho Chefes das fam ilias sacerdotais no
de Mesezebel, dos filhos de Zara, fi­ tempo de Joacim
lho de Judá, era comissário do rei
para todos os negócios do povo, “ e 12E no tempo de Joacim os sacer­
para as habitações por tôdas as suas dotes e os chefes das familias eram:
terras. Da de Saraias, Maraia; da de Jere­
mias, Hanania; 13da de Esdras, Mo-
Habitantes da província solão; da de Amaria, Joanan; 14da de
Alguns dos filhos de Judá habita­ Milico (ou de M elu c), Jonatã; da de
ram em Cariatarbe e nas suas al­ Sebenias, José; 15da de Haram, Edna;
deias, e em Dibon e nas suas aldeias, da de Maraiot, Helci; 16da de Adaia,
e em Cabseel e nas suas aldeias, 26e Zacarias; da de Gentão, Mosolão; 17da
em Jesué, e em Molada, e em Betfa- de Abia, Zecri; da de Miamim e de
let, 27e em Hasersual, e em Bersabée Moadia, Felti; 18da de Belga, Samua;
e nas suas aldeias, 28e em Siceleg, e da de Semaia, Jonatan; 19da de Joia-
em Mocona e nas suas aldeias, 29e em rib, Matanai; da de Jodaia, Azi; “ da
Rernon, e em Saraa, e em Jerimut, de Selai (ou Selum ), Celai; da de
*"em Zanoa, em Odolão e nas suas al­ Amoc, Heber; 21da de Helcias, Hase-
deias, em Laquis e no seu território, bia; da de Idaia, Natanael.
em Azeca e nas suas aldeias. E fica­ Chefe dos Levitas
ram em Bersabée até ao vale de E-
nom. 22No tempo de Eliasib, e de Jojada,
31E os filhos de Benjamim estabe­ e de Joanan, e de Jedoa, os Levitas,
leceram-se desde Geba, em Mecmas, chefes das famílias, e os sacerdotes
e em Hai, e em Betei e nas suas al­ foram inscritos sob o reinado de Dá-
deias; 32em Anatot, em Nob, em Ana- rio, rei dos Persas. 23Os filhos de
nia, Mem Asor, em Rama, e em Ge- Levi, chefes das famílias, foram ins­
taim, 34em Hadid, em Seboim, e em critos no livro dos anais, até ao tem­
Nebalat, em Lod, 35e em Ono, vale dos po de Jonatan, filho de Eliasib. ME
12 SEGUNDO LIVRO DE ESDRAS 529

os chefes dos Levitas eram: Hase- a casa de Davi, e até à porta das
bia, Serebia e Josué, filho de Ced- Águas para o Oriente.
miel, encarregados com seus irmãos, 87E o segundo côro dos que davam
pelas suas classes, de louvarem e da­ graças caminhava pelo lado oposto, e
rem glória (a Deus), segundo o pre­ eu seguia-o com (a outra) metade do
ceito de Davi, homem de Deus, e de povo sôbre os muros e sôbre a tor­
fazerem igualmente o seu serviço por re dos Fornos, até à parte mais lar­
ordem. “ Matania, e Becbecia, Obe- ga do muro, “ e sôbre a porta de
dia, Mosolão, Telmão, Acub, eram os Efraim, e sôbre a porta velha, e sô­
guardas das portas e dos vestíbulos bre a porta dos Peixes, e sôbre a tôr-
que estavam em frente das portas. re de Hananeel, e sôbre a torre de
“ Êstes viviam no tempo de Joacim, Hemat, e até à porta do Rebanho;
filho de Josué, filho de Josedec, e e êles pararam na porta da Prisão.
no tempo de Neemias, governador, e 89E os dois coros dos que cantavam
de Esdras, sacerdote e escriba. os louvores do Senhor pararam na
Dedicação das muralhas de Jerusalém casa de Deus, e eu e metade dos ma­
gistrados comigo, "e os sacerdotes
27Mas para a dedicação dos muros Eliaquim, Maasia, Miamim, Miquéia,
de Jerusalém buscaram-se os Levitas Elioenai, Zacarias, Hananias com as
de todos os seus lugares, para os tra­ trombetas, 41e Maasia, e Seméia, e
zerem a Jerusalém, e para fazerem a Eleazar, e Azi, r Joanan, e Melquia, e
dedicação com alegria e com ações de Elão, e Ezer. E os cantores canta­
graças, e cânticos, e ao toque de cím- vam em alta voz, e Jezraia era seu
balos, de saltérios, e de citaras. “ E chefe; 42e naquele dia imolaram gran­
juntaram-se os filhos dos cantores do des vítimas, e alegraram-se porque
campo dos arredores de Jerusalém, e Deus os tinha enchido de uma ale-'
das aldeias de Netufati, “ e da casa gria extraordinária; e também suas
de Galgai, e dos territórios de Geba mulheres e filhos se encheram de
e de Azmavet; porque os cantores gôzo, e a alegria de Jerusalém ou­
tinham edificado aldeias para si em viu-se de longe.
volta de Jerusalém. 30E, tendo-se pu­ Escolheram -se também naquele
rificado os sacerdotes e os Levitas, dia, entre os sacerdotes e os Levitas,
purificaram também o povo, as por­ homens que fôssem superintendentes
tas e os muros. das câmaras do tesouro, para as liba-
31E eu fiz subir aos muros os prín­ ções, e primícias, e dízimos, a fim de
cipes de Judá, e formei dois grandes que, pelas suas mãos, as apresentas­
coros dos que cantavam louvores. E sem os grandes da cidade em hono­
caminharam para a direita sôbre os rífica ação de graças; porque Judá
muros, para a banda da porta da Es- se alegrou, por causa dos sacerdotes
terqueira. 82E atrás dêles foi Osaias e dos Levitas que estavam presentes.
e metade dos príncipes de Judá, “ e 44E êles cumpriram a observância do
Azarias, Esdras, e Mosolão, Judas, e seu Deus, e a observância da expia-
Benjamim, e Seméia, e Jeremias. ção, e também os cantores e os por­
34E dos filhos dos sacerdotes (ia m ) teiros (procederam) conforme o pre­
com as trombetas, Zacarias, filho de ceito de Davi e de Salomão, seu f i­
Jonatan, filho de Seméia, filho de Ma- lho. 45Porque, desde o princípio, no
tanias, filho de Micaias, filho de Ze- tempo de Davi e de Asaf, se tinham
cur, filho de Asaf, “ e seus irmãos estabelecido chefes dos cantores, os
Seméia, e Azareel, Malalai, Galalai, quais cantavam hinos e louvores a
Maai, Natanael, e Judas, e Hanani, Deus. 46E todo o Israel, no tempo
com os instrumentos músicos de Da­ de Zorobabel e no tempo de Neemias,
vi, homem de Deus; e Esdras, o es­ dava aos cantores e aos porteiros as
criba, estava diante dêles à porta da suas porções diárias, e apresentavam
Fonte. ME defronte dêles subiram a oblação santa (dos dízimos) aos L e ­
(os outros) pelos degraus da cidade vitas, e os Levitas apresentavam-na
de Davi, onde se eleva o. muro sôbre (por sua vez) aos filhos de Arão.
Cap. X II. A observância do seu Deus, isto é, tudo .0 que diz respeito ao serviço de Deus.
530 SEGUNDO LIVRO DE ESDRAS 13

Separação dos estrangeiros go, do vinho e do azeite. 12E esta­


belecemos por superintendentes dos
d a q u e le dia leu-se no livro de
U Moisés na presença do povo,
celeiros a Selemia, sacerdote, e a Sa-
doe, escriba, e a Fadaia dos Levitas,
e achou-se escrito nêle que os Am o- e com êles a Hanan, filho de Zacur,
nitas e os Moabitas nunca deviam en­ filho de Matanias; porque tinham si­
trar na assembléia de Deus, 2porque do encontrados fiéis, e lhes tinham
não tinham ido ao encontro dos fi­ sido confiadas as porções dos seus
lhos de Israel, com pão e água, e por­ irmãos.
que subornaram contra êles Balaão, J4Lembra-te por isto de mim, ó meu
para os amaldiçoar; mas o nosso Deus Deus, e não apagues as boas obras
converteu a maldição em bênção. que fiz na casa dó meu Deus e nas
3Sucedeu, pois, que, quando ouviram suas cerimônias.
a lei, separaram de Israel todos os
estrangeiros. Procura-se evitar a violação do sábado
Expulsão de Tobias 15Naç[ueles dias vi em Judá homens,
que pisavam nos lagares ao sábado,
4E isto estava ao cuidado do sacer­ que acarretavam molhos, e que car­
dote Eliasib, que tinha sido intenden­ regavam sôbre jumentos vinho, e
te do tesouro da casa do nosso Deus, uvas, e figos, e tôda a casta de car­
e era parente de Tobias. “Êle, pois, gas, e que as levavam a Jerusalém
fêz para si uma câmara grande, no em dia de sábado. E ordenei-lhes
lugar onde antes se depositavam os expressamente que vendessem sòmen-
donativos, e o incenso, e os vasos, e te nos dias em que era lícito vender.
os dízimos do trigo, do vinho e do 1SE os Tírios, que moravam na ci­
azeite, as porções dos Levitas, e dos dade, traziam peixe e tôdas as coisas
cantores, e dos porteiros, e as primi- de venda; e vendiam-nas em Jeru­
cias sacerdotais. 6Enquanto se fazia salém, aos filhos de Judá, nos sába­
tudo isto, eu não estava em Jerusa­ dos. 17E repreendí os grandes de Ju­
lém, porque no ano trinta e dois de dá, e disse-lhes: Que maldade é es­
Artaxerxes, rei de Babilônia, fui ter ta que cometeis, profanando o dia
com o rei, e ao cabo dum certo tem­ de sabado? 18Não é isto o mesmo que
po pedi licença ao rei (para voltar a fizeram nossos pais, e o nosso Deus
Jerusalém). 7E voltei para Jerusa­ fêz cair tôda esta calamidade sôbre
lém, e soube do mal que Eliasib ti­ nós e sôbre esta* cidade ? E vós au­
nha cometido para servir a Tobias, mentais a sua ira sôbre Israel, vio­
fazendo-lhe um aposento nos átrios lando o sábado?
da casa de Deus. 8E o mal pareceu- 19Sucedeu, pois, que, quando come­
me muito grande. E deitei os mó­ çavam as portas de Jerusalém a es­
veis da casa de Tobias fora do apo­ tar em descanso no dia de sábado, eu
sento; °e, por minha ordem, foram disse que fechassem as portas e man­
purificados os aposentos, e recondu­ dei çiue as não abrissem até depois
zí para lá os vasos da casa de Deus, do sabado; pus alguns de meus cria­
as oferendas e o incenso. dos às portas, para que ninguém f i­
Medidas para assegurar as rendas zesse entrar carga alguma em dia
dos Levitas 1
0 de sábado.
20E os negociantes e os que traziam
10Soube . também que os quinhões para vender tôda a casta de merca­
dos Levitas não lhes tinham sido da­ dorias ficaram uma ou duas vêzes
dos, e que cada um dos Levitas, e fora de Jerusalém. 21E eu protestei-
dos cantores, e dos que serviam no lhes, e disse-lhes: Por que estais as­
templo, tinham fugido para o seu sim defronte dos muros? Se fizerdes
país; ne tratei a causa contra os ma­ isso outra vez, mandar-vos-ei casti­
gistrados, e disse: Por que abando­ gar. Portanto, daquele tempo em
namos nós a casa de Deus? E reuni diante, não tornaram mais no sába­
os Levitas, e obriguei-os a voltar às do. 22E ordenei também aos Levitas
suas funções. 12E todo o Judá tra­ que se purificassem, e que fossem
zia para os celeiros os dízimos do tri­ guardar as portas, e santificar o dia
13 SEGUNDO LIVRO DE ESDRAS 531

de sábado. Também por isso lem­ nha-o constituído rei sôbre todo o Is­
bra-te de mim, ó meu Deus, e per- rael; e contudo as mulheres estran­
doa-me segundo a multidão das tuas geiras fizeram-no cair no pecado.
misericódias. 27Porventura também, nós, desobede­
cendo, faremos êste tão grande mal
Repressão dos casamentos com de prevaricar contra o nosso Deus,
estrangeiros tomando mulheres estrangeiras?
ME, naqueles dias, vi Judeus que Outras reformas
se tinham casado com mulheres de
Azoto, de Amon e de Moab. 24E os 28E um dos filhos de Jojada, filho
seus filhos falavam meia língua Azó- de Eliasib, sumo sacerdote, era gen­
tica, e não sabinm falar judeu, e fa­ ro de Sanabalat, Horonita, a quem
lavam conforme a linguagem dêstes afastei de mim.
dois povos. 25E eu os repreendi, e “ Senhor Deus meu, lembra-te de
amaldiçoei. E castiguei alguns dêles castigar aquêles que mancham o sa­
e fiz-lhes rapar os cabelos, e jurar cerdócio, e o direito sacerdotal e le-
por Deus que não dariam suas filhas vitico.
aos filhos dos estrangeiros, e não to­ 30Eu, pois, os purifiquei (ou sepa­
mariam filhas estrangeiras para seus re i) de todos os estrangeiros, e res-
filhos nem para si mesmos. E dis­ tabeleci a ordem dos sacerdotes e dos
se: “ Porventura não foi nisto mesmo Levitas, cada um no seu ministério,
que pecou Salomão, rei de Israel? E ne no que diz respeito à oblação da
certamente não havia rei semelhan­ lenha e das primícias, nos tempos
te a êle entre todos os povos, e êle devidos. Lembra-te de mim, Deus
era amado do seu Deus, e Deus ti­ meu, para meu bem. Assim seja.
LIVRO DE TOBIAS
Essa jóia de arte e de delicadeza não pôde chegar até nós no texto
original, o qual parece ter sido escrito em caldaico (opinião de São Jerôni-
m o), embora outros críticos afirmem tenha sido compilado em hebraico.
A nossa Vulgata Latina, traduzida logo abaixo, é de São Jerônimo, que num
dia apenas, do texto caldaico traduzido verbalmente para o hebraico pior
um rabino, fez essa tradução com palavras e frases da antiga ítala. Êsse
livro histórico pode-se dividir em três partes:
Prim eira Parte: ( 1 - 3 ) — Duas virtuosas criaturas, Tobias e Sara, são
duramente provadas pelo sofrimento.
Segunda Parte: (4 - 12) — Deus por intermédio do arcanjo S. Rafael,
premia a fé de Tobias e Sara, concedendo ao primeiro o restabelecimento da
vista e livrando a segunda do poder do demônio.
Terceira Parte: (13 - 14) — Cântico de alegria pela felicidade com que
Deus lhes premiou a fidelidade à sua lei.
A tese demonstra que a Divina Providência, embora enviando provas aos
justos, jamais os abandona, e chega até a torná-los felizes em vida.
O enrêdo é muito simples: descreve as aventuras de Tobias (pobre e
cego) e de Sara (insultada por ter perdido sete maridos, mortos pelo demô­
nio) e, por fim narra a ação da Divina Providência que envia o arcanjo
Rafael como guia do filho de Tobias, que vai até ao país dos Medos, para co­
brar dez talentos que um tal Gabelo devia a seu pai, que se achava em ne­
cessidades. O arcanjo salva o filho de Tobias do peixe, livra Sara do demônio
e consegue casá-la com o filho de Tobias, e finalmente concede a vista ao
velho pai. Muitos intérpretes católicos dizem que os autores dêste livro são
o§ dois Tobias e que um terceiro autor inspirado acrescentou os dois últi­
mos versículos que se referem à morte de Tobias, o jovem.
LIVRO DE T O BI A S
Origem de Tobias nunca com as suas comidas. 13E, por­
que êle de todo o coração se lem­
1 fo b ia s , da tribo e cidade de brou do Senhor, Deus concedeu-lhe
1 N eftali (que está situada na Ga- graça diante do rei Salmanasar, 14o
liléia superior, acima de Naassão, por qual lhe deu permissão de ir aonde
detrás do caminho que vai para o quisesse, tendo liberdade para fazer
ocidente, e tem à esquerda a cidade tudo o que queria. 15Ia, pois, ter
de Sefet), 2tendo sido levado cativo com todos os que estavam cativos, e
no tempo de Salmanasar, rei dos As­ dava-lhes conselhos salutares.
sírios, não obstante encontrar-se no 16Mas, tendo ido a Ragés, cidade
cativeiro, não abandonou o caminho dos Medos, e levando dez talentos de
da verdade, 3de sorte que, de tudo prata, daquelas dádivas com que ti­
uanto podia ter, distribuía todos os nha sido presenteado pelo rei, 17e
ias pelos seus irmãos, que estavam vendo em necessidade, entre a mui­
cativos com êle e que eram da sua ta gente da sua nação, a Gabelo, que
linhagem. 4E, embora fôsse o mais era da sua tribo, deu-lhe a sobredi-
jovem de todos os da tribo de N efta- ta quantia de prata, mediante um
li, nada praticava de pueril em suas recibo de sua própria mão.
ações.
5Enfim, quando todos iam adorar Sua caridade
os bezerros de ouro que Jeroboão, rei 18Mas, muito tempo depois, morto
de Israel, tinha feito, só êle fugia o rei Salmanasar, reinando Senaque-
da companhia de todos, °e ia a Jeru­ rib, seu filho, em seu lugar, o qual
salém ao templo do Senhor; e aí ado­ não podia ver os filhos de Israel,
rava o Senhor Deus de Israel, ofere­ “ Tobias ia todos os dias visitar to­
cendo fielmente tôdas as suas primi- dos os da sua parentela, e consola-
cias e os seus dízimos, 7de sorte que va-os, e distribuía por cada um, dos
cada três anos distribuía aos prosé- seus bens, segundo as suas posses.
litos e aos estrangeiros tôda a dízima ^Alimentava os famintos, vestia os
(destinada a éles). 8Estas e outras nús, e dava com solicitude sepultu­
coisas semelhantes segundo a lei de ra aos que tinham falecido e aos
Deus observava desde menino. que tinham sido mortos. “ Final­
Casamento de Tobias mente, quando o rei Senaquerib se
retirou, fugindo da Judéia à praga
°Quando chegou à idade varonil, com que Deus o castigara pelas suas
casou-se com Ana, mulher da sua blasfêmias, e, na sua ira, mandou
tribo, e teve dela um filho, a quem matar muitos dos filhos de Israel, T o ­
pôs o seu nome, 10ao qual ensinou bias sepultava os seus cadáveres.
desde a infância a temer a Deus, e
a abster-se de todo o pecado. Tobias é perseguido

Virtudes e provas de Tobias 22Ora, guando o rei teve conheci­


no cativeiro mento disto, mandou que o matas­
sem, e confiscou todos os seus bens.
“ Portanto, quando foi levado cati­ 23Tobias, porém, despojado de tudo,
vo com sua mulher e filho, e tôda fugindo com seu filho e com sua mu-
a sua tribo para a cidade de Nínive, lher, escondeu-se, porque muitos lhe
“ (ainda que todos comessem das vian- queriam bem. “ Passados quarenta e
das dos Gentios) êle conservou (pu­ cinco dias, assassinaram o rei seus
ra ) a sua alma, e não se manchou próprios filhos, “ e Tobias voltou para
534 LIVRO DE ToBIAS 1 - 3

sua casa, e todos os seus bens lhe do graças a Deus todos os dias da
foram restituídos. sua vida.
15E, assim como os reis (ou pode-
Zêlo de Tobias em sepultar os mortos rosos) insultavam o bem-aventurado
Jó, assim os parentes e amigos de
O JOra, depois disto, tendo chega- Tobias escarneciam do seu modo de
“ do um dia de festa do Senhor, e vida, dizendo: 10Onde está a tua es­
estando preparado um grande ban­ perança, pela qual davas esmolas e
quete em casa de Tobias, 2disse êste sepultavas os mortos? 17Mas Tobias
a seu filho: Vai, e traze aaui alguns os repreendia, dizendo: Não faleis
da nossa tribo, que sejam tementes assim; 18porque nós somos filhos dos
a Deus, para comerem conosco. 8E, santos (patriarcas), e esperamos a-
tendo êle ido, na volta contou ao pai, quela vida que Deus há de dar aos
que um dos filhos de Israel jazia de­ que nunca afastam dêle a sua fé.
golado na rua. E, levantando-se lo­
go da mesa, e, deixando o jantar, Cólera da mulher de Tobias
chegou em jejum junto do cadáver; 10E Ana, sua mulher, ia todos os
4e, tornando-o, levou-o secretamente dias tecer, e do trabalho das suas
para sua casa, a fim de, depois do sol mãos trazia o que podia ganhar pa­
pôsto, o sepultar com precaução. 5E, ra viver. “ Sucedeu pois que, ten­
tendo escondido o cadáver, pôs-se a do recebido um cabrito, levou-o para
comer com pranto e tremor, °recor- casa; 21e seu marido, tendo-o ouvi­
dando-se do que o Senhor tinha dito do dar balidos, disse: Vêde, não se­
por meio do profeta Amós: Os vos­ ja furtado, restitui-o a seus donos,
sos dias de festa converter-se-ão em porque a nós não é lícito comer nem
lamentação e pranto. 7Depois que foi tocar coisa alguma furtada. 22A is­
sol pôsto, saiu, e sepultou-o. “Mas to respondéu-lhe sua mulher com
todos os seus parentes o argüíam, di­ ira: Bem se vê como as tuas espe­
zendo: Já por êste motivo te man­ ranças são vãs, e agora se fizeram
daram matar, e com custo escapas­ ver as tuas esmolas. 23E com estas
te da sentença de morte, e novamen­ e outras palavras semelhantes o in­
te sepultas os mortos? °Mas Tobias, sultava.
temendo mais a Deus do que ao rei,
levava os corpos dos que tinham si­ Oração de Tobias
do mortos, e escondia-os em sua ca­
sa, e sepultava-os pelo meio da noite. O ^ n tã o Tobias deu um suspiro,
** e começou a orar com lágri­
Cegueira e paciência de Tobias mas, 2dizendo: Tu és justo, Senhor,
e todos os teus juízos são justos, e
10Sucedeu um dia que, cansado de todos os teus caminhos são miseri­
enterrar mortos, indo para sua casa. córdia, e verdade e justiça. 3Agora,
deitou-se junto duma parede e ador­ pois, Senhor lembra-te de mim, e
meceu ne, enquanto dormia, caiu-lhe não tomes vingança dos meus peca­
dum ninho de andorinhas um pouco dos, nem te lembres dos meus deli­
de estéreo quente sôbre os olhos e tos, nem dos de meus pais. 4Por-
ficou cego. 12E o Senhor permitiu que não obedecemos aos teus precei­
que lhe acontecesse esta prova, para tos, por isso fomos entregues ao sa­
ue a sua paciência servisse assim que e ao cativeiro, e à morte, e pa­
e exemplo aos vindouros, como a ra servirmos de fábula e de escár­
do santo Jó. 13Porque, tendo sem­ nio a tôdas as nações, por entre as
pre temido a Deus desde a sua in­ quais nos espalhaste. 5E agora, Se­
fância, e tendo guardado os seus nhor, os teus juízos são grandes, por­
mandamentos, não se entristeceu con­ que nós não procedemos segundo os
tra Deus, por lhe ter acontecido a teus preceitos, nem andamos since­
desgraça da cegueira, “ mas perma­ ramente na tua presença. °E agora,
neceu firm e no temor de Deus, dan­ Senhor, trata-me segundo a tua von-
Cap. I I I — 6. E a g o ra ... Tobias, desejando a morte, para ir gozar as alegrias do céu,
mostra-se todavia inteiramente resignado com a vontade de Deus.
3 LIVRO DE ToBIAS 535

tade, e manda que o meu espírito se­ desígnios. 21Mas todo o que te ren­
ja recebido em paz; porque é melhor de cultos tem por certo que a sua
para mim morrer do que viver. vida, se fôr provada, será coroada;
e, se fôr atribulada, será livre; e, se
Infortúnio# e oração de Sara, fôr castigada, poderá acolher-se à
filha de Iiaguel tua misericórdia. 22Porque tu não te
7Naquele mesmo dia aconteceu que deleitas com a nossa perdição, visto
Sara, filha de Raguel, que estava em que, depois da tormenta, dás a bo­
Ragés, cidade dos Medos, ouviu-se nança, e, depois das lágrimas e sus­
ultrajar por uma das criadas de seu piros, infundes a alegria. 23Seja o teu
pai, 8porque tinha sido casada com nome, ó Deus de Israel, bendito pe­
sete maridos, e um demônio chama­ los séculos.
do Asmodeu os tinha morto, quando Deus ouve a oração de Tobias
êles se aproximavam dela. e de Sara
9Sara, pois, repreendendo a cria­
da por uma falta qualquer, ela res­ 24Naquele tempo foram ouvidas as
pondeu-lhe, dizendo: Não vejamos orações de ambos diante da majesta­
nós jamais sôbre a terra filho nem de do sumo Deus. 25E Rafael, san­
filha nascida de ti, ó matadora dos to anjo do Senhor, foi enviado, para
teus maridos. 10Porventura queres os curar a ambos, cujas orações ti­
tu também matar-me a mim, como nham sido apresentadas ao mesmo
já mataste sete maridos? A estas tempo na presença do Senhor.
palavras subiu Sara ao quarto mais Conselhos de Tobias a seu filho
alto da sua casa, e durante três dias
e três noites não comeu nem bebeu; A 1Julgando, pois, Tobias que se-
“ mas, perseverando em oração, pe­ ^ ria ouvida a oração que tinha
dia a Deus com lágrimas, que a li­ feito, e que ia morrer, chamou a
vrasse dêste opróbrio. si seu filho Tobias, 2e disse-lhe: Ou­
12E sucedeu que, ao terceiro dia, ve, meu filho, as palavras da minha
quando acabava a sua oração, ben­ bôca, e imprime-as no teu coração,
dizendo o Senhor, 13disse: Bendito é como um fundamento. 3Depois que
o teu nome, ó Deus de nossos pais, Deus tiver recebido a minha alma,
que depois de te irares, usas de mi­ sepulta o meu corpo; e honra tua
sericórdia, e no tempo da aflição per­ mãe durante todos os dias da sua
doas os pecados aos que te invo­ vida, “porque te deves lembrar de
cam. “ Para ti, Senhor, volto a mi­ quantos e quão grandes perigos pa­
nha face, para ti dirijo os meus olhos. deceu por amor de ti, trazendo-te
15Peço-te Senhor, que me livres do no seu ventre. 5E, quando ela tiver
laço desta ignomínia, ou que, ao me­ também acabado o tempo da sua
nos, me tires de cima da terra. vida, a sepultarás junto de mim, °Tem
16Tu sabes, Senhor, que eu nunca a Deus em teu espírito todos os dias
desejei (ilicitam ente) nenhum ho­ da tua vida, e guarda-te de consentir
mem, e que conservei a minha al­ jamais no pecado e de violar os pre­
ma pura de tôda a concupiscência. ceitos do Senhor nosso Deus. 7Dá es­
“ Nunca acompanhei com gente li- mola dos teus bens, e não voltes a
cenciosa, nem tive comércio com os tua cara a nenhum pobre; porque
que se portam com leviandade. 18E desta sorte sucederá que também não
consenti em tomar marido no teu te­ se aparte de ti a face do Senhor.
mor, e não por paixão. 19E, ou eu 8Da maneira que puderes, sê caritati-
fui indigna dêles, ou talvez êles não vo. °Se tiveres muito, dá muito; se
foram dignos de mim, porque tu a- tiveres pouco, procura dar de boa-
caso me tens reservado para outro mente também êsse pouco.
marido (da minha mesma tribo de 10Porque assim entesouras uma
NeftaU). 20Porque não está ao alcan­ grande recompensa para o dia da ne­
ce dos homens (perscrutar) os teus cessidade; “ porque a esmola livra
Cap. I V — 11. L ivra de todo o pecado, < lc. A esmola n&o produz êstes efeitos direta-
mente, mas dispõe a alm a a em pregar os me üs p ara conseguir a graça que perdoa os peca-
536 LIVRO DE TOBIAS 4 - 5

de todo o pecado e da morte ( eter- de que modo poderei cobrar êste di­
na) e não deixará cair a alma nas nheiro, porque nem êle me conhece
trevas (do inferno). 12A esmola se­ a mim, nem eu o conheço a êle;
rá motivo de grande confiança dian- que sinal lhe hei de dar? Eu nem
te do sumo Deus, para todos os que mesmo sei o caminho, por onde se vai
a dão. a tal terra. 3Então seu pai respon-
13Preserva-te, meu filho, de tôda a deu-lhe, e disse: Eu tenho em meu
fornicação (ou impureza), e, fora de poder o recibo do seu próprio pu­
tua mulher, nunca consintas em co­ nho; quando tu lho mostrares êle
nhecer o crime (de te unir a outra). te pagará logo. “Mas agora vai, e
“ Nunca permitas que a soberba do­ busca algum homem fiel, que vá con­
mine nos teus pensamentos ou nas tigo, pagando-se-lhe o seu trabalho,
tuas palavras; porque nela teve prin­ para que tu cobres o dinheiro en-
cípio tôda a perdição. quantou eu estou vivo.
15A todo o homem que te tiver fe i­
to algum trabalho, paga-lhe logo o Encontro do anjo R afael
salário, e nunca fique em teu poder 5Então, tendo Tobias saído (de ca­
a paga do mercenário. “ Acautela- sa), encontrou um jovem de belo as­
te, não faças nunca a outro o que pecto, que estava cingido e como
não quererias que outro te fizesse. prestes a caminhar. 6E, não saben­
17Come o teu pão (repartindo-o) com
os pobres e com os que têm fome, e do que era um anjo de Deus, saudou-
o, e disse: Donde és tu, ó bom jo ­
veste com os teus vestidos os que es­ vem? 7E êle respondeu: Eu sou dos
tão nus. “ Põe o teu pão e o teu v i­ filhos de Israel. E Tobias disse-lhe:
nho sôbre a sepultura do justo, e Conheces o caminho que conduz à
não comas e nem bebas com os peca­ terra dos Medos? sO anjo respon-
dores. 19Pede sempre o conselho ao deu-lhe: Conheço, e tenho percorri­
sábio. “ Bendize a Deus em todo o do muitas vêzes êstes caminhos, e
tempo, e pede-lhe que dirija os teus tenho estado em casa de Gabelo,
caminhos, e que todos os teus pro­ nosso irmão, que mora em Ragés,
jetos se firm em nêle. cidade dos Medos, que está situada
Tobias encarrega seu filho de receber sobre o monte de Ecbatana. “T o­
a quantia emprestada a Gabelo bias disse-lhe: Suplico-te que esperes
21Também te faço saber, meu fi­ por mim, até que eu avise meu pai
lho, que, quando ainda eras criança, disto mesmo.
emprestei dez talentos de prata a Ga­ O anjo oculta o seu nome
belo, em Ragés, cidade dos Medos, e
que tenho em meu poder o seu reci­ 10Então Tobias, tendo entrado, re­
bo; “ por isso busca o modo de o en­ feriu a seu pai tudo isto. E o pai,
contrar, e cobrar dêle a sobredita admirado com isto, rogou-lhe que en­
quantia de dinheiro, entregando-lhe trasse em sua casa. uTendo, pois,
o seu recibo. “ Não temas, meu filho; entrado, saudou a Tobias, e disse: A
é verdade que vivemos pobres, mas alegria seja contigo. 12E Tobias dis­
teremos muitos bens, se temermos a se: Que alegria poderei eu ter, eu que
Deus, e nos desviarmos de todo o pe­ sempre estou em trevas, e que não
cado, e procedermos bem. vejo a luz do céu? 130 jovem dis­
se-lhe: Tem ânimo, está perto o tem­
Inquietação do jovem Tobias po em que Deus te curará. 14Disse-
lhe, pois, Tobias: Porventura pode­
C ^ n tã o Tobias respondeu a seu rás tu conduzir meu filho à casa
° pai, e disse: Meu pai, farei tu­ de Gabelo, em Ragés, cidade dos Me­
do o que me mandaste. 2Mas não sei dos? Quando voltares, eu te paga­
dos e nos torna dignos do céu. N ão basta, Pois, para alcançar a salvação, dar esmolas:
é necessário, além disso, detestar o pecado, confessá-lo, e praticar outras virtudes.
18. Põe o teu pão . . . N ão p ara observar o supersticioso costume dos Gentios, mas
p ara usar de caridade com os pobres por alm a dos defuntos. Nisto Tobias ensina-nos que
as obras de caridade sâo de um grande alivio para as mesmas alm as dos defuntos.
5 - 6 LIVRO DE ToBIAS 537

rei o teu trabalho. 15E o anjo dis­ devorar. 3À sua vista, Tobias, espa-
se-lhe: Eu o conduzirei e to recon­ vorido, clamou em alta voz, dizendo:
duzirei. Senhor, êle lança-se a mim. 4E o
16Tobias respondeu: Peço-te que me anjo disse-lhe: Pega-lhe pelas guel­
digas de que família e de que tri­ ras, e puxa-o para ti. Tendo assim
bo és tu? 170 anjo Rafael disse-lhe: feito, puxou-o para terra, e o pei­
Procuras saber a família do merce­ xe começou a palpitar a seus pés.
nário, ou o mesmo mercenário que 5Então disse-lhe o anjo: T ira as en­
vá com teu filho? 18Mas para que te tranhas a êsse peixe, e guarda o
não ponhas em cuidados, eu sou A- coração, e o fel, e o fígado, porque
zarias, filho do grande Ananias. 19E estas coisas te serão necessárias pa­
Tobias respondeu-lhe: Tu és duma ra remédios úteis. eFeito isto, assou
ilustre família. Mas peço-te que te Tobias parte da sua carne, e leva-
não ofendas por eu desejar conhecer ram-na consigo para o caminho; sal­
a tua geração. ^E o anjo disse-lhe: garam o resto, para que lhes bas­
Eu conduzirei são o teu filho, e são tasse até chegarem a Ragés, cidade
to reconduzirei. 21E Tobias, respon­ dos Medos.
dendo, disse: Fazei boa jornada, e 7Então Tobias perguntou ao anjo,
Deus seja convosco no vosso cami­ e disse-lhe: Irm ão Azarias, suplico-
nho, e o seu anjo vos acompanhe. te que me digas de que remédio ser­
Partida do jovem Tobias
virão estas partes do peixe, que tu
me mandaste guardar: 8E o anjo, res­
22Então, preparando tudo o que de­ pondendo, disse-lhe: Se tu puseres um
viam levar na jornada, Tobias despe­ pedacinho do seu coração sobre bra­
diu-se de seu pai e de sua mãe, e sas acesas, o seu fumo afugenta tô-
partiram ambos de companhia. da a casta de demônios, tanto do ho­
23Logo que partiram, começou sua mem como da mulher, de sorte que
mãe a chorar e a dizer: Tu tiraste- não tornam mais a chegar a êles. °E
nos o bordão de nossa velhice e o o fel é bom para untar os olhos que
apartaste de nós. 24Oxalã que nun­ têm algumas névoas, e sararão.
ca tivesse havido êste dinheiro, por R afael declara ao jovem Tobias que êle
causa do qual tu o mandaste. XA deve pedir Sara em casamento
nossa pobreza bastava-nos, e era pa­
ra nós uma riqueza vermos o nosso 10E Tobias disse-lhe: Onde queres
filho. ME Tobias disse-lhe: Não cho­ que pousemos? UE o anjo, respon­
res, nosso filho chegará salvo, e vol­ dendo, disse: Há aqui um homem
tará salvo para a nossa companhia chamado Raguel, teu parente da tua
e tu o verás com os teus olhos. ^Por­ tribo, e êle tem uma filha chamada
que eu creio que o bom anjo de Deus Sara, e, além dela, não tem mais fi­
o acompanha e dispõe tudo o que lhe lho nem filha. 12Todos os seus bens
diz respeito, de modo que voltará pa­ te pertencem, e convém que a rece­
ra nós cheio de alegria. “ A estas bas por mulher. 18Pede-a, pois, a
palavras a mãe cessou de chorar, e seu pai, e êle ta dará em casamen­
calou-se. to.
O peixe do Tigre 14Então Tobias respondeu-lhe, e dis­
se: Eu sei que ela já foi casada com
£ partiu , pois, Tobias, e o cão o sete maridos,' e que morreram; e
V seguiu, e parou na primeira também soube que um demônio os
pousada junto do rio Tigre. 2E saiu matou. “ Temo, pois, que me suce­
a lavar os çés, e eis que saiu da da também o mesmo, e que, como
água um peixe monstruoso para o sou filho único de meus pais, faça
Cap. v i — 8-9. O coração e o fel do peixe n&o possuíam, por si próprios, a virtude
de expulsar os demônios e curar a cegueira, mas Deus deu-lhes esta dupla propriedade
para o caso presente, por um verdadeiro milagre.
12. Todos os seus bens te pertencem. Pela lei de Moisés, (N úm . X X V II, 8, e X X X v L
8 ), quando urna filha n&o tinha irm&o, devia casar com alguns dos seus parentes da mes­
m a tribo, para que os seus bens, que pertenciam a certas tribos e fam ílias n&o passassem
a outras.
538 LIVRO DE TOBIAS 6 - 8

descer a sua velhice com tristeza ao Tobias, o moço, obtém Sara para sua
sepulcro. mulher
16Então, o anjo Rafael disse-lhe: °E, depois que falaram, mandou
Ouve-me, e eu te mostrarei quais Raguel matar um carneiro, e pre­
são aquêles sôbre quem o demônio parar um banquete. E, quando êle
tem poder. 17São os que se casam os rogava que se pusessem à mesa,
com tais disposições que lançam a ,0Tobias disse: Eu não comerei nem
Deus fora de si e do seu espírito, e beberei aqui hoje, antes (jue tu me
se entregam à sua paixão, como o não despaches a minha petição, e pro­
cavalo, e o macho, que não têm en­ metas dar-me Sara, tua filha. "Ou­
tendimento; é sôbre êstes que o de­ vindo isto, Raguel assustou-se, sa­
mônio tem poder. “ Mas tu, quando a bendo o que tinha acontecido aos
tiveres recebido, tendo entrado na sete maridos que se tinham aproxi­
câmara, viverás com ela em conti­ mado dela; e começou a temer não
nência durante três dias, e não cui­ sucedesse também o mesmo a êste;
darás noutra coisa que em fazer o- e, como vacilasse e não desse respos­
ração com ela. 19E nesta mesma noi­ ta alguma à petição que lhe fazia,
te, queimando o fígado do peixe, se­ 12o anjo disse-lhe: Não têmas dar
rá pôsto em fuga o demônio. “ E na tua filha a êste jovem, porque a
segunda noite serás admitido na so­ êste que é temente a Deus, é devi­
ciedade dos santos patriarcas. 2
01E na da a tua filha por espôsa; e por isso
terceira noite conseguirás a bênção nenhum outro a pôde ter. 13Então
para que de vós nasçam filhos robus­ Raguel respondeu: Não duvido que
tos. 22E, passada a terceira noite, Deus aceitasse em sua presença as
tomarás a donzela no temor do Se­ minhas orações e as minhas lágrimas.
nhor, levado mais pelo desejo de ter UE creio que por isso êle fêz que viés­
filhos, do que por sensualidade, a seis ter comigo, para que esta filha
fim de conseguires nos filhos a bên­ se desposasse com um da sua pa-
ção reservada à descendência de A - rentela, segundo a lei de Moisés; por
braão. isso não duvides que eu ta darel.
Em casa de Ba^uel
Casamento
n en traram , pois, em casa de Ra-
• guel, e Raguel, recebeu-os com 15E, pegando na mão direita de sua
alegria. 2E, pondo Raguel os olhos filha, a pôs na mão direita de To-
em Tobias, disse para Ana, sua mu­ bias, dizendo: O. Deus de Abraão, e
lher: Como êste jovem é parecido o Deus de Isac,' e o Deus de Jacó
com meu primo (irm ão Tobias). 8E> seja convosco, e êle mesmo vos ajun-
dito isto, perguntou: Donde sois vós, te e cumpra em vós a sua bênção.
ó jovens nossos irmãos? E êles res­ 10E, tomando papel, fizeram a escri­
ponderam: Somos da tribo de N efta- tura de casamento.
li, dos cativos de Nínive. 4E Ra- 17E depois fizeram um banquete,
guel disse-lhes: Vós conheceis meu ir­ bendizendo a Deus. 18E Raguel cha­
mão Tobias? Êles responderam: Co­ mou Ana, sua mulher e ordenou lhe
nhecemos. 5E, dizendo muito bem de que preparasse outro aposento. 19E
Tobias, o anjo disse a Raguel: Tobias, (A na) introduziu lá Sara, sua filha,
por quem perguntas, é o pai dêste jo ­ e pôs-se a chorar. “ E ela disse-lhe:
vem. 6E Raguel lançou-se a êle, bei- Tem ânimo, minha filha; o Senhor
jou-o com lágrimas, e, chorando sôbre do céu te encha de alegria pelos des­
o seu pescoço, 7disse: Abençoado se­ gostos que tens sofrido.
jas, meu filho, porque és filho dum Sara é livre do demônio
homem de bem e virtuosíssimo. 8E
Ana, sua mulher, e Sara, sua filha, O *E, depois de terem ceado, intro-
derramaram lágrimas. ° duziram o jovem no aposento
20. Serás ad m itid o... Serás feito participante da santidade dos santos patriarcas, p a­
ra poderes viver castamente com Sara, corno êles viveram com suas mulheres.
Cap. V I I — 18. Outro aposento diferente daquele em que os primeiros sete maridos de
S ara tinham sido mortos.
8 - 9 LIVRO DE TOBIAS 539

da espôsa. 2E Tobias, lembrando-se os sãos e salvos, dormindo juntamen-


do que lhe tinha dito o anjo, tirou te. 18E, voltando, deu esta boa no­
da sua bolsa um pedaço de fígado va; então, tanto Raguel como Ana,
do peixe e colocou-o sôbre uns car­ sua mulher, louvaram o Senhor.
vões acesos. 3Então o anjo Rafael
pegou no demônio, e ligou-o no de­ Ação de graças de R aguel e de sua
serto do alto Egito. mulher
Exortação de Tobias a Sara 17E disseram: Nós te bendizemos,
Senhor Deus de Israel, por não ter
4Então Tobias exortou a donzela, sucedido o que julgávamos. 18Por-
e disse-lhe: Sara, levanta-te, e fa­ ue usaste conosco da tua misericór-
çamos oração a Deus hoje e amanhã, ia, e lançaste para longe de nós o
e no outro dia, porque estas três noi­ inimigo que nos perseguia; 19e tives­
tes nos uniremos a Deus, e, depois da te compaixão de dois filhos únicos.
terceira noite, viveremos no nosso Faze, Senhor, que êles te bendigam
matrimônio; 5porque nós somos filhos mais e mais, e te ofereçam um sa­
de santos, e não podemos juntar-nos crifício de louvor pela sua saúde, a
à maneira dos Gentios, que não co­ fim de que tôdas as nações conhe­
nhecem a Deus. çam que só tu és o Deus em tôda a
Oração de ambos terra. ^E Raguel mandou logo aos
seus criados que enchessem a cova
6E, levantando-se ambos, oravam que tinham feito, antes que fôsse
juntos com fervor para que lhes fos­ dia.
se conservada a vida. 7E Tobias dis­ Banquete nupcial
se: Senhor Deus de nossos pais, ben­
digam-te o céu e a terra, e o mar 21E disse a sua mulher que dispu­
e as fontes, e os rios e tôdas as tuas sesse um banquete, e preparasse tudo
criaturas que nêles se encerram. ®Tu o que era necessário aos viajantes
fizeste Adão do limo da terra, e des­ (que queriam ir ter com Gabelo pa­
te-lhe Eva para auxiliar. 9Ora tu ra receber o dinheiro). 22E mandou
sabes, Senhor, que não é por motivo matar duas vacas gordas, e quatro
de paixão que eu tomo esta minha carneiros, e que se preparasse o ban­
irmã por espôsa, mas só pelo dese­ quete para todos os seus vizinhos, e
jo de ter filhos, pelos quais o teu para todos os amigos. 23E Raguel es-
nome seja bendito pelos séculos dos conjurou Tobias a que ficasse com
séculos. 10E Sara disse: Compadece- êle duas semanas. “ E, de tudo o
te de nós, Senhor, compadece-te de que possuía, Raguel deu metade a
nós, e faze que vivamos juntos até Tobias, e declarou por escrito que a
à velhice em perfeita saúde. outra metade que restava, passaria
a Tobias depois da sua morte e da
Inquietações de R aguel de sua mulher.
nE sucedeu que, ao cantar do ga- R afael vai ter com Gabelo p ara
lo, Raguel mandou chamar os seus receber o dinheiro
criados, e foram com êle abrir uma
sepultura. 12Porque, dizia, talvez te­ ú ^ n tã o Tobias chamou a si o an-
nha acontecido a êste o mesmo que jo, que êle julgava ser homem,
aos outros sete homens que estiveram e disse-lhe: Irmão Azarias, peço-te
com ela. 13E, depois que prepararam que ouças as minhas palavras. 2Ain-
a cova, voltando Raguel à sua mu­ da que eu me entregasse a ti por es­
lher, disse-lhe: 14Manda uma das tuas cravo, não poderia corresponder dig-
criadas ver se êle morreu, para o se­ namente aos teus cuidados. 3Supli-
pultar antes que amanheça. 15E ela cò-te, não obstante, que tomes con­
mandou uma das suas criadas. E es­ tigo cavalgaduras e servos, e que vás
ta, tendo entrado na câmara, achou- ter com Gabelo, a Ragés, cidade dos
Cap. V I I I — 3- E ligou -o. . . L ig a r o demônio significa impedi-lo de fazer mal a cer­
tas pessoas em certo» tempos e lugares.
23. Esconjurou, isto é, pediu instantemente em nome de Deus.
540 LIVRO DE TOBIAS 8 - 1 1

Medos, e lhe entregues o seu recibo, ção da nossa vida, e a esperança da


e recebas dêle o dinheiro, e lhe ro­ nossa posteridade? “Nós, que em ti
gues que venha à minha boda. 4Por- só tínhamos juntas todas as coisas
que tu bem sabes que meu pai con­ não deviamos afastar-te da nossa
ta os dias, e que, se eu tardar um companhia. 6Tobias dizia-lhe: Ca-
dia mais, a sua alma se contristará. la-te, e não te perturbes, o nosso f i­
5Tu vês também como Raguel me lho está são; aquêle homem, com
esconjurou, e eu não posso desprezar quem nós o mandamos, é muito fiel.-
as suas instâncias tão fortes. 7Ela, porém, não se podia consolar
°Então Rafael, tomando quatro de modo algum, mas, saindo todos os
criados ae Raguel e dois camelos, foi dias fora, andava olhando para to­
à cidade de Ragés, na Média, e, en­ das as partes, e corria por todos os
contrando Gabelo, entregou-lhe o seu caminhos, por onde esperava que o
recibo, e recebeu dêle todo o dinhei­ filho podería voltar, para o ver vir
ro. 7E contou-lhe tudo o que tinha ao longe, se lhe fôsse possivel.
sucedido a Tobias, filho de Tobias;
e fê-lo ir consigo à boda. O jovem Tobias parte com sua espôsa
da casa de Raguel
Oabelo vai assistir a festa das núpcias
8Entretanto Raguel dizia a seu gen­
8E, tendo Gabelo entrado em casa ro: Fica-te aqui, e eu mandarei a
de Raguel, encontrou Tobias à mesa; Tobias, teu pai, um mensageiro com
e, levantando-se êste, beijaram-se novas da tua saúde. ‘Tobias res-
mütuamente; e Gabelo chorou e lou­ pondeu-lhe: Eu sei que meu pai e mi­
vou a Deus, °e disse: O Deus de Is­ nha mãe estão agora contando os
rael te abençoe, porque és filho dum dias, e que o seu espírito está num
homem ótimo, e justo, e temente a contínuo tormento.
Deus, e esmoler; l0estenda-se também 10E Raguel, depois de ter feito
a bênção à tua mulher e a vossos muitas instâncias a Tobias, e, não
pais; ue vejais os vossos filhos, e os querendo êste de modo algum con-
filhos de vossos filhos, até à terceira descender com êle, entregou-lhe sua
e quarta geração; e a tua descen­ filha Sara e metade de tudo o que
dência seja bendita do Deus de Is­ possuía em servos, em servas, em re­
rael, que reina pelos séculos dos sé­ banhos, em camelos, e em vacas, e
culos. ,2E, tendo todos respondido A- em grande quantidade de dinheiro;
mém, puseram-se à mesa, e também e deixou-o partir são e alegre, udi-
com o temor do Senhor celebraram zendo: O santo anjo do Senhor seja
o banquete nupcial. convosco na viagem, e vos conduza
sem perigo algum, e que os meus o-
Inquietação dos pais de Tobias lhos vejam os vossos filhos antes de
eu morrer. 12E os pais, abraçando a
1A ^ a s , enquanto Tobias se de- sua filha, beijaram-na, e deixaram
morava, por causa das núp­ na partir, 13recomendando-lhe que
cias, seu pai Tobias estava em cui­ honrasse os seus sogros, que amasse
dados, dizendo: Quem sabe por que o seu marido, que regesse a sua fa
motivo tarda meu filho, e por que mília, que governasse a sua casa, e
se tem lá detido? 2Porventura mor­ que ela mesma se conservasse irre­
rería Gabelo, e não há ninguém que preensível.
lhe restitua o dinheiro? 3Começou
êle, pois, a entristecer-se em extre­ O jovem Tobias volta para seus pais
mo, e Ana, sua mulher, com êle; e
ambos juntos começaram a chorar, 11 lE, voltando, chegaram no un-
porque seu filho não voltava no tem­ * 1 décimo dia a Caran, que está
po marcado. 4Sobretudo sua mãe no meio do caminho indo para N i-
derramava lágrimas inconsoláveis, e nive. 2E o anjo disse: Irmão Tobias,
dizia: Ai, ai de mim, meu filho, para tu sabes o estado em que deixaste
que te mandamos nós tão longe, a teu pai. 3Se assim, pois, te parece
ti que eras a luz dos nossos olhos, o bem. vamos nós adiante, e os teus
bordão da nossa velhice, a consola­ domésticos sigam-nos devagar com
l l - 12 LIVRO DE ToBIAS 541

tua mulher e com os gados, ^endo, banhos, e os camelos, e grande quan­


pois, concordado em que fôssem, R a­ tidade de dinheiro de sua mulher, e
fael disse a Tobias: Traze contigo também aquêle dinheiro que tinha
do fel do peixe, porque será neces­ cobrado de Gabelo. 10E Tobias con­
sário. Tomou, portanto, Tobias o fel, tou a seus pais todos os benefícios
e partiram. que Deus lhe tinha feito, por meio
5Ora Ana todos os dias se ia assen­ dêsse homem que o conduzira.
tar junto da estrada, no alto duma Aquior e Nabat, primos de Tobias,
colina, donde podia ver ao longe. foram regozijar-se com Tobias, e con-
°E, enquanto do mesmo lugar esprei­ gratular-se com êle por todos os fa ­
tava a sua vinda, viu ao longe; e lo­ vores que Deus lhe tinha feito. aE
go reconheceu seu filho que vinha; banqueteando-se durante sete dias,
e correu a dar a nova a seu mari­ todos se regozijaram com a maior
do, dizendo: Eis ai vem teu filho. alegria.
7E ao mesmo tempo, Rafael disse
a Tobias: Apenas tiveres entrado em Os dois Tobias querem dar uma
tua casa, adora logo ao Senhor teu recompensa a R afael
Deus; e, dando-lhe graças, aproxima- 1 0 'Então Tobias chamou seu fi-
te de teu pai, e dá-lhe um beijo. 8E
unta-lhe imediatamente os seus o- l“ lho, e disse-lhe: Que pode­
lhos com êste fel do peixe, que trazes mos nós dar a êste santo homem que
contigo, porque está certo que logo te acompanhou? 2Tobias, responden­
os seus olhos se abrirão, e teu pai do, disse a seu pai: Meu pai, que ga­
verá a luz do céu, e se alegrará em lardão lhe daremos nós? ou que coi­
te ver. °Então o cão, que os tinha se­ sa poderá haver proporcionada aos
guido pelo caminho, correu adian­ seus benefícios? 3Êle levou-me e trou­
te; e, como que trazendo a nova, xe-me salvo, recebeu de Gabelo o di­
mostrava o seu contentamento e fa­ nheiro, fêz-me ter mulher, e afugen­
zia festa, abanando a cauda. 10E o tou dela o demônio, encheu de ale­
pai, levantando-se, começou a correr gria os seus pais, livrou-me a mim
cego, tropeçando com os pés; e dan­ mesmo de ser tragado pelo peixe, e
do a mão a um criado, fol ao encon­ a ti fêz-te ver a luz do céu, e por êle
tro de seu filho. llE, acolhendo-o, o nós fomos cheios de todos os bens.
beijou êle e sua mulher, e ambos co­ Que lhe poderemos nós dar que igua­
meçaram a chorar de alegria. 12E, le tais benefícios? 4mas rogo-te, meu
depois que adoraram a Deus e lhe pai, que lhe peças se digne ao menos
deram graças, assentaram-se. tomar para si metade de tudo o que
trouxemos. 5Com isto, o pai e o fi­
O velho Tobias recupera a vista lho chamaram-no à parte, e começa­
ram a rogar-lhe que se dignasse acei­
láEntão Tobias, tomando do fel do tar metade de tudo o que tinham
peixe, untou os olhos de seu pai. 14E trazido.
esperou quase meia hora; e começou °Então êle falou-lhes assim em se-
a sair de seus olhos uma belida, co­ grêdo: Bendizei o Deus do céu, e dai-
mo a película dum ovo. 15E Tobias, lhe glória diante de todos os viven-
pegando nela, tirou-a dos seus olhos, tes, por ter usado convosco da sua
e imediatamente recobrou a vista. misericórdia. 7Porque é bom conser­
16E glorificaram a Deus, êle e a sua var escondido o segrêdo do rei, mas
mulher, e todos os que o conheciam. é coisa louvável manifestar e publi­
,7E Tobias dizia: Eu te bendigo, Se­ car as obras de Deus. 8É boa a ora­
nhor Deus de Israel, por me teres ção acompanhada do jejum, e dar es­
castigado, e por me teres curado; eis mola vale mais do que juntar tesou­
que vejo o meu filho Tobias. ros de ouro; °porque a esmola livra
Chegada de Sara
da morte (eterna), e é a que apaga
os pecados, e faz encontrar a mise­
18Passados sete dias, chegou tam­ ricórdia e a vida eterna. 10Mas os
bém Sara, mulher de seu filho, e tô- que cometem pecado e iniqüidade, são
da a sua família, com saúde, e os re­ inimigos das suas almas. “ Eu, pois,
542 LIVRO DE ToBIAS 12 - 13

vou descobrir-vos a verdade, e não pela sua misericórdia. 6Considerai,


vos ocultarei o que está em segrêdo. pois, o que êle fêz conosco, e bendi­
^Quando tu oravas com lágrimas, e zei-o com temor e tremor; e exaltai
enterravas os mortos, e deixavas o o rei dos séculos com as vossas obras.
teu jantar, e escondias os mortos em 7E eu lhe darei louvor na terra do
tua casa de dia, e os enterravas de meu cativeiro, porque manifestou a
noite, eu apresentei as tuas orações sua majestade sôbre uma nação pe-
ao Senhor. 13E, porque tu eras acei­ cadora. 8Convertei-vos, pois, ó peca-
to a Deus, por isso foi necessário que dores, e sêde justos diante de Deus,
a tentação te provasse. WE agora o e crêde que êle usará convosco da sua
Senhor enviou-me a curar-te, e a li­ misericórdia. 9Quanto a mim, eu me
vrar do demônio a Sara, mulher de regozijarei nêle com toda a minha al­
teu filho. 15Porque eu sou o Anjo ma. 10Bendizei ao Senhor, vós todos
Rafael, um dos sete (espíritos prin­ os seus escolhidos; celebrai dias de
cipais) que assistimos diante do Se­ alegria, e rendei-lhe louvores. “ Je­
nhor. rusalém, cidade de Deus, o Senhor
16E, ao ouvir estas palavras, tur- te castigou por causa das obras das
baram-se, e tremendo caíram com o tuas mãos.
rosto em terra. 17E o anjo disse-
lhes: A paz seja convosco, não te­ Profecia sôbre a salvação de Jerusalém
mais. 18Porque, quando eu estava
convosco, eu o estava por vontade de 12Dá graças ao Senhor pelos teus
Deus; bendizei-o, e cantai-lhe louvo­ bens, e bendize o Deus dos séculos,
res. 19Parecia que eu comia e bebia para que restabeleça em ti o seu ta-
convosco; mas eu sustento-me dum bernáculo, e reconduza a ti todos os
manjar invisível, duma bebida (que cativos e tu te alegres por todos os
consiste na visão de Deus) a qual séculos dos séculos. 13Tu brilharás
não pode ser vista pelos homens. “ Éj com uma refulgente luz; e tôdas as
pois, tempo qúe eu volte para aquêle extremidades da terra se prostrarão
que me enviou; vós, porém, bendizei diante de ti. 14As nações virão a ti
a Deus, e cantai todas as suas mara­ de longe, e, trazendo-te dádivas, ado­
vilhas. 21E, tendo dito estas pala­ rarão em ti o Senhor, e terão a tua
vras, desapareceu de diante dêles, e terra por santa. 15Porque invocaram
êles não o puderam ver mais. “ En­ o grande nome (do Senhor) dentro
tão, prostrando-se com o rosto por de ti. 16Serão malditos os que te des­
terra durante três horas, bendisse­ prezarem, e serão condenados todos
ram a Deus; e, erguendo-se, publi­ os que blasfemarem contra ti; e se­
caram tôdas as suas maravilhas. rão benditos os que te edificarem.
17E tu alegrar-te-ás nos teus filhos,
Cântico de Tobias em ação de graças porque serão todos benditos, e se reu­
nirão ao Senhor. 18Bem-aventurados
1 0 JE o velho Tobias, abrindo a todos os que te amam, e se alegram
sua bôca, bendisse ao Senhor, na tua paz. 19ó minha alma, bendize
dizendo: Tu, Senhor, és grande na ao Senhor, porque livrou a sua ci­
eternidade, e o teu reino existe por dade de Jerusalém de tôdas as suas
todos os séculos; 2porque castigas e tribulações, êle o Senhor nosso Deus.
salvas; conduzes até ao sepulcro, e “ Ditoso de mim, se restar ainda al­
ressuscitas; e ninguém há que possa guém da minha descendência para
subtrair-se à tua mão. 3Dai graças ver o esplendor de Jerusalém. MAs
ao Senhor, filhos de Israel, e louvai-o portas de Jerusalém serão construí­
diante das nações; 4porque êle por is­ das de safiras e de esmeraldas, e de
so vos espalhou por entre os povos pedras preciosas todo o circuito dos
que o não conhecem, a fim de que seus muros. “ Tôdas as suas praças
vós publiçiueis as suas maravilhas, e serão calçadas de pedras brancas;
lhes façais saber que não há outro em todos os seus bairros se canta­
Deus onipotente senão êle. 5Êle cas- rá aleluia. 2''Bendito o Senhor, que
tigou-nos por causa das nossas ini- a exaltou, e o seu reinado seja sôbre
qüidades; e êle mesmo nos salvará ela pelos séculos dos séculos. Amém.
14 LIVRO DE TOBIAS 543

Ültimos anos de Tobias pai filhos que façam obras de justiça e


dêem esmolas, que se lembrem de
1 A ^ssim terminaram as palavras Deus, e que o bendigam em todo o
1* de Tobias. E Tobias, depois tempo em verdade, e com tôdas as
que recobrou a vista, viveu quaren­ suas forças.
ta e dois anos, e viu os filhos de seus
netos. 2E, tendo completado cento e Cltimos anos de Tobias filho
dois anos, foi sepultado honorifica- 12Ouvi-me, pois, agora, meus filhos,
mente em Nínive. 3Porque, tendo e não fiqueis aqui; mas no dia em
cinquenta e seis anos, perdeu a vista que tiverdes sepultado vossa mãe jun­
dos seus olhos, e recobrou-a aos ses­ to a mim em um mesmo sepulcro,
senta. 4E o restante da sua vida desde logo dirigi vossos passos para
passou-a na alegria, e com grande sairdes daqui (desta cidade); “ por­
aproveitamento no temor de Deus, que eu vejo que a sua iniqüidaae a
foi-se em paz. levará à ruína.
Suas últimas palavras ,4E sucedeu que Tobias, depois da
morte de sua mãe, saiu de Nínive
BE, à hora da sua morte, chamou com sua mulher e filhos, e os filhos
à sua presença Tobias, seu filho, e se­ de seus filhos, e voltou para casa de
te jovens filhos dêste, seus netos, e seus sogros; 15e encontrou-os ainda
disse-lhes: °A ruína de Nínive está com saúde numa ditosa velhice; e
próxima; porque a palavra do Senhor tomou cuidado dêles, e êle mesmo
não falta; e os nossos irmãos, que lhes fechou seus olhos, e tomou pos­
foram dispersos fora da terra de Is­ se de toda a herança da casa de Ra-
rael, voltarão para ela. 7E todo o guel; e viu os filhos de seus filhos
seu país deserto será repovoado, e a até à quinta geração.
casa de Deus, que ali foi queimada, Morte de Tobias filho; seus
será reedificada de novo; e para ela descendentes
voltarão todos os que temem a Deus,
8e os gentios abandonarão os seus ído­ 16E, tendo vivido noventa e nove
los, e virão a Jerusalém, e habitarão anos no temor do Senhor, sepulta­
nela, 9e nela se alegrarão todos os ram-no com alegria. 17E tôda a sua
reis da terra, adorando o (Messias) parentela, e tôda a sua geração per-
rei de Israel. severou no bem viver, e no santo
.10Ouvi, pois, meus filhos, o vosso procedimento, de modo que foram
pai; servi ao Senhor em verdade, e amados tanto por Deus como pelos
trabalhai por fazerdes o que for do homens, e por todos os habitantes
seu agrado; ue recomendai a vossos do país.

Cap. X l v —* 16. Com alegria, pela certeza em que estavam de que tinha morrido na
paz do senhor.
LIVRO DE JUDITE
O Livro de Judite foi escrito em hebraico (ou caldaico?), mas não nos
chegou senão nas versões grega e latina. Descreve um fato histórico acon­
tecido no tempo em que Manassés, rei de Judá, se achava em Babilônia pri­
sioneiro do rei assírio Assurbanipal (668-626), mais conhecido como Nabuco-
donosor, rei de Babilônia. Pode-se dividir em duas partes:
Prim eira Parte: (1 - 7) — Nabucodonosor, depois de ter vencido o rei
dos Medos, conquista também a Ásia Menor, a Mesopotâmia e a Arábia:
todos se rendem incondicionalmente. O povo de Israel, porém, tenta resistir
ao invasor assiro. O Pontífice Eliaquim prepara a defesa. Holofernes, ge­
neral do exército dos Assírios, levanta o assédio à cidade de Betúlia e a reduz
em extrema penúria, a ponto de se decidirem os habitantes da cidade asse-
diada a se entregar ao invasor.
Segunda Parte: (8 - 16) — Uma piedosa viúva, Judite, vai com uma
serva ao acampamento dos assírios; conduzida à presença de Holofernes, fi­
ca no campo alguns dias, até que consegue corajosamente cortar a cabeça
de Holofernes, e conduzí-la a Betúlia. Os assediados atacam então de sur­
presa o inimigo que foge em debandada espetacular. O pontífice Eliaquim
e o povo homenageiam Judite, e instituem uma festa como perpétua recor­
dação da grande vitória.
O autor sagrado, contando a história de Judite, teve por fim animar os
Hebreus no meio de suas tribulações, mostrando-lhes que Deus não aban­
dona o seu povo, quando é fiel em observar a lei e recorre a Êle com fé
viva. É desconhecido o autor desse livro, supondo-se tenha sido um judeu
da Palestina, visto que escreve com tôda a precisão as coisas e os lugares
deste país.

Grandeza e orgulho de A rfa x ad dradas, e cada lado estendia-se por


espaço de vinte pés, e fêz as suas por­
1 a rfa x a d , pois, rei dos Medos, tas proporcionadas à altura das tôr­
1 tinha sujeitado ao seu império res; 4e gloriava-se como poderoso pe­
muitas nações, e edificou uma cida­ la fôrça do seu exército, e pela mag­
de poderosíssima, a que chamou Ec- nificência dos seus carros (de guerra).
hatana, 2de pedras cortadas à esqua­
dria; fêz os seus muros de setenta A rfa x ad é vencido por Nabucodonosor
côvados de largo, e de trinta côvados
de alto, e pôs-lhes tôrres de cem cô­ “Porém, no ano duodédmo do seu
vados de altura. 3E estas eram qua­ reinado, Nabucodonosor, rei dos Assi-
1 - 2 LIVRO DE J U D IT E 545

rios, que reinava na grande cidade de P artida de Holofernes


Nínive, fêz guerra a A rfaxad, e ven-
ceu-o °na grande planície, que se cha­ 7Então Holofernes convocou os ca­
ma de Ragau, junto do Eurrates e do pitães e oficiais do exército dos Assí­
Tigre, e do Jadasão, no campo de rios, e contou para se pôr em cam­
panha, segundo a ordem que lhe deu
Erioc, rei dos Êlicos.
o rei, cento e vinte mil combatentes
Orgulho de Nabucodonosor de pé, e doze mil frecheiros a cavalo.
8E mandou ir adiante de todo o seu
7Então elevou-se o reino de N a ­ exército uma multidão inumerável de
bucodonosor, e o seu coração enso- camelos, com abundância de provi­
berbeceu-se, e enviou mensageiros a sões para o exército, e também ma­
todos os que habitavam na Cilícia, e nadas de bois e rebanhos de ovelhas
em Damasco, e no Líbano, 8e aos po­ sem número. °Mandou que em tôda
vos que habitavam no Carmelo e em a Síria se aprontasse trigo para quan­
Cédar, e aos habitantes da Galiléia, do êle passasse. 10E levou da casa
na vasta campina de Esdrelon, 9e a do rei ouro e prata em grandissima
todos os que viviam na Sam aria e da quantidade. UE partiu êle, e todo o
banda de além do rio Jordão, até Je­ exército com as carroças, e cavala­
rusalém, e em tôda a terra de Jessé, ria, e frecheiros, que cobriam a face
até aos confins da Etiópia. da terra, como gafanhotos.
Os povos recusam obedecer-lhe; sua ira N a Cilícia
10A todos êstes enviou Nabucodo­ 12E, tendo passado os confins da
nosor, rei dos Assírios, mensageiros. Assíria, chegou aos grandes montes
uMas todos, de comum acordo, os de Ange, que ficam à esquerda da
contradisseram, e os despediram va­ Cilícia, e penetrou em todos os seus
zios, e os lançaram fora com des- castelos, e apoderou-se de tôdas as
prêzo. 12Então o rei Nabucodonosor, praças fortes. 13E destruiu a fam o­
indignado contra tôdas aquelas na­ síssima cidade de Meloti, e saqueou
ções, jurou pelo seu trono e pelo seu todos os filhos de Tarsis, e os filhos
reino, que se havia de vingar de tô­ de Ismael, que habitavam em fren­
das elas. te do deserto, e ao meio-dia da ter­
ra de Celon.
Nabucodonosor encarrega Holofernes de
Na Mesopotârnia
submeter tôda a terra
14Em seguida passou o Eufrates, e
O 1N o ano décimo terceiro do rei
foi à Mesopotãmia, e forçou tôdas as
“ Nabucodonosor, aos vinte e dois cidades fortes que ali havia, desde a
dias do primeiro mês, foi resolvido ribeira de Mam bré até ao mar.
no palácio de Nabucodonosor, rei dos
Assírios, que êle se vingaria. Em Damasco
2E convocou todos os anciãos, e to­
dos os seus generais e guerreiros, e 15E fêz-se senhor dos seus territó­
teve com êles um conselho secreto. rios, desde a Cilícia até aos confins
8E declarou que era sua intenção su­ de Jafet, que estão ao meio-dia. 16E
jeitar ao seu império tôda a terra. levou consigo todos os filhos de M a-
4Tendo sido esta proposta aprovada diã, e saqueou todas as suas rique­
por todos, o rei Nabucodonosor cha­ zas, e passou ao fio da espada todos
mou Holofernes, general das suas os que lhe resistiam.
tropas, 5e disse-lhe: V ai atacar os 17E depois desceu aos campos de
reinos do Ocidente, e principalmente Damasco, no tempo da ceifa e quei­
aquêles que desprezaram as minhas mou todas as searas, e mandou cor­
ordens. °0 teu ôlho não perdoará a tar todas as árvores e as vinhas; 18e
nenhum reino, e tu me sujeitarás tô­ o terror (do seu exército) invadiu to­
das as cidades fortes. dos os habitantes da terra.

Cap. II — 14. A té ao mar, isto é, até ac>> golfo Pérsico.

18 - B íb lia S agrad a
546 LIVRO DE JU D IT E 3 - 4

Muitos povos oferecem a Holofem es 14E êste, atravessando a Síria de So­


sua submissão bal, e tôda a Apaméia, e tôda a Me-
sopotãmia, chegou aos Idumeus na
O 1Então os reis e os príncipes de terra de Gabaa, 15e conquistou as suas
de tôdas as cidades e províncias, cidades, e demorou-se lá trinta dias,
a saber, da Síria, da Mesopotãmia, e durante os quais mandou que se jun­
da Síria de Sobal, e da Líbia, e da Ci- tassem tôdas as tropas do seu exér­
lícia, enviaram os seus embaixadores, cito.
os quais, apresentando-se a Holofer-
nes, disseram: 2Cesse a tua indigna­ Terror dos Israelitas. Prepara a sua
ção contra nós; porque é melhor que defesa
vivamos sendo vassalos do grande rei  ^ n tão, ouvindo estas coisas os
Nabucodonosor, e que nos sujeitemos
a ti, do que morrer, e com a nossa ^ filhos de Israel, que habitavam
ruína p*adecer os males da escravidão. na terra de Judá, tiveram muito mê­
*Tôdas as nossas cidades, tôdas as do da aproximação (de H olofem es).
nossas possessões, todos os nossos 20 susto e o pavor apoderou-se dos
montes e outeiros, e campos, e as ma­ seus corações, temendo que êle fizes­
nadas de bois, e os rebanhos de ove­ se a Jerusalém e ao templo do Se­
lhas e de cabras, e os cavalos e os nhor, o que tinha feito às outras ci­
camelos e tôdas as nossas riquezas dades e aos seus templos. 3E envia­
e famílias estão diante de ti (a tua ram (gente) a tôda a fronteira da
disposição) ; 4tudo está debaixo da tua Samaria até Jerico, e ocuparam todos
lei. 5Nós e nossos filhos somos teus os cumes dos montes; 4e cercaram as
escravos. °Vem a nós como um se­ suas aldeias de muros, e fizeram pro­
nhor pacífico, e emprega os nossos visão de trigos, preparando-se para
serviços como bem te aprouver. a guerra.
50 pontífice Eliaquim também es­
Holofemes devasta tudo, sem atender creveu a todos os que habitavam em
a nada frente de Esdrelon, que está frontei­
ra à grande planície junto a Dotain,
7Então êle (sem fazer caso destas e a todos os lugares por onde (H olo-
propostas) desceu dos montes com a fernes) podia passar, 6que ocupassem
cavalaria e com um grande exército, as vertentes dos montes, por onde se
e apoderou-se de tôdas as cidades e podia ir a Jerusalém, e que puses­
de todos os habitantes daquela ter­ sem guarnições nos desfiladeiros que
ra. 8E tomou de tôdas as cidades podiam proporcionar um caminho en­
para suas tropas auxiliares os ho­ tre as montanhas. 7E os filhos de Is­
mens robustos e aptos para a guer­ rael fizeram como lhes tinha man­
ra. 9E foi tão grande o mêdo que dado Eliaquim, pontífice do Senhor.
se apoderou daquelas províncias, que Oração e penitência do povo
os habitantes principais de tôdas as
cidades, e as pessoas mais distintas, 8E todo o povo clamou ao Senhor
à sua chegada, saíam-lhe ao encon­ com grande instância, e humilharam
tro juntamente com os povos, 10rece- as suas almas com jejuns e orações,
bendo-o com coroas e com archotes, êles e suas mulheres. °E os sacer­
dançando ao som de tambores e de dotes vestiram-se de cilício, e os me­
flautas. “ Todavia, nem mesmo fa ­ ninos prostraram-se diante do tem­
zendo isto, puderam abrandar a fe ­ plo do Senhor, e cobriram de cilício
rocidade daquele coração; “ porque o altar do Senhor; 10e clamaram unã-
não só lhes destruiu as suas cida­ nimemente ao Senhor Deus de Israel,
des, mas também lhes cortou os seus que não fôssem dados em prêsa seus
bosques sagrados. “ Efetivamente o filhos, nem roubadas suas mulheres,
rei Nabucodonosor tinha-lhe manda­ nem destruídas as suas cidades, nem
do que exterminasse todos os deuses profanado o seu santuário, nem êles
da terra, e isto a fim de que só êle se tornassem o opróbrio das nações.
fôsse chamado Deus por aquelas na­ Exortação de Eliaquim
ções que pudessem ser subjugadas pe­
lo poder de Holofemes. “ Então Eliaquim, sumo sacerdote
4 - 5 LIVRO DE J U D IT E 547

do Senhor, percorreu todo o Israel, ses de seus pais, que moravam na


e falou-lhes, 12dizendo: Sabei que o terra dos Caldeus. 8Tendo, pois, dei­
Senhor ouvirá as vossas súplicas, se xado as cerimônias de seus pais, que
permanecerdes constantes nos jejuns prestavam culto a muitos deuses, 9a-
e nas orações diante do Senhor. doraram um só Deus do céu, o qual
13Lernbrai-vos de Moisés, servo do Se­ lhes mandou que saíssem dali, e que
nhor, o qual, não combatendo com fôssem habitar em Carã (ou Ca-
ferro, mas suplicando com santas ora­ naa). Mas, como sobreviesse em to­
ções, destroçou Amalec, que confiava do o país uma grande fome, desce­
na sua fôrça, e no seu poder, e no ram ao Egito, e ali, durante quatro­
seu exército, e nos seus escudos, e centos anos, multiplicaram-se de tal
nas suas carroças, e na sua cavala­ sorte, que o seu exército era inume­
ria. 14Assim sucederá a todos os ini­ rável.
migos de Israel, se vós perseverardes 10E, como o rei do Egito os tratas­
nesta obra que começastes. se duramente, e os sujeitasse a tra­
15E, com estas exortações que lhes balhar em barro e ladrilhos para e-
fazia, permaneciam na presença do dificar as . suas cidades, clamaram ao
Senhor, orando ao Senhor, 10 de sor­ seu Senhor, e êste feriu tôda a ter­
te que, mesmo aquêles que ofereciam ra do Egito com várias pragas. UE
os holocaustos ao Senhor, ofereceram os Egípcios, depois que os expulsa­
os sacrifícios ao Senhor vestidos de ram de si, e a praga os deixou, qui­
cilícios, e com as suas cabeças cober­ seram outra vez sujeitá-los, e redu-
tas de cinza. 17E todos rogavam a zí-los à sua escravidão. 12Enquanto
Deus de todo o seu coração, que v i­ fugiam, o Deus do céu abriu-lhes o
sitasse o seu povo de Israel. mar, de modo que duma e outra par­
Holofem es pede informações te as águas tornaram-se sólidas como
sobre os Judeus um muro, e êles passaram a pé en­
xuto, atravessando o fundo do mar.
C ^Avisaram, pois, Holofernes, ge- 13Na ocasião em que o inumerável e-
neral do exército dos Assírios, xército dos Egípcios ia em alcance
de que os filhos de Israel se prepa- dêles neste lugar, foi de tal modo sub­
vam para resistir, e que tinham mergido pelas águas, que não escapou
fechado as passagens dos montes. nem sequer um, que contasse à sua
2Cheio de furor e inflamado de gran­ posteridade o acontecimento. 14De-
de cólera, chamou todos os príncipes pois de saírem do mar Vermelho, a-
de Moab e os chefes dos Amonitas, 8e camparam nos desertos do monte Si­
disse-lhes: Dizei-me que povo é ês- nai, onde nunca homem algum pô­
te que ocupa os montes; e quais, e de habitar, e onde ninguém descan­
quantas são as suas cidades; qual é sou. 15A li as fontes amargosas tor­
também a sua fôrça e o seu núme­ naram-se doces para êles beberem, e
ro, e quèxft è o general do seu exér­ por espaço de quarenta anos recebe­
cito, 4e porque motivo, dentre todos ram do céu o alimento. 16Em tôda
os que habitam no Oriente, êstes nos a parte onde entraram sem arco e
desprezaram, e não vieram ao nosso sem flecha, e sem escudo, e sem es­
encontro, para nos receberem em pada, o seu Deus pelejou a favor dê­
paz? les, e venceu. 17E não houve nin­
guém que insultasse êste povo, se­
Aquior conta a história dos Judeus
não quando êle se apartou do culto
5Então Aquior, chefe de todos os do Senhor seu Deus. lsMas, tôdas as
filhos de Amon, respondendo, disse: vêzes que êles adoraram outro deus,
Meu senhor, se te dignas ouvir-me, que não fôsse o seu, foram entre­
eu te direi a verdade na tua presen­ gues ao roubo, à espada e ao opró-
ça, relativamente a êste povo, que brio. 19E tôdas as vêzes que se ar­
habita nos montes, e da minha bo­ rependeram de ter abandonado o cul­
ca não sairá palavra falsa. °Êste to do seu Deus, o Deus do céu lhes
povo é da raça dos Caldeus; 7habi- deu fôrças para resistirem.
tou primeiramente na Mesopotâmia, 20Por último derrotaram os reis
porque não quiseram seguir os deu­ Cananeüs, e Jebuseus, e Ferezeus, e
548 LIVRO DE J U D IT E 5 - 6

Heteus, e Heveus, e Amorreus, e to­ to indignado, disse a Aquior: 2Já que


dos os poderosos de Hesebon, e to­ tu profetizaste, dizendo-nos que o
maram posse das suas terras e das povo de Israel há de ser defendido
suas cidades; 21e, enquanto não pe­ pelo seu Deus, para eu te mostrar
caram contra o seu Deus, eram fe li­ que não há outro Deus, senão N a-
zes, porque o seu Deus aborrece a i- bucodonosor, 3quando nós os tiver­
niqüidade. 22E, ainda há poucos anos mos matado a todos como a um só
tendo-se desviado do caminho que homem, então tu mesmo cairás tam­
Deus lhes tinha mostrado, para an­ bém com êles debaixo do ferro dos
darem nêle, foram dispersos em ba­ Assírios; e todo o povo de Israel pe­
talhas por muitas nações, e muitos recerá contigo; 4e tu conhecerás que
dêles foram levados cativos para u- Nabucodonosor é o senhor de tôda a
ma terra estranha. “ Mas agora há terra; e então a espada dos meus sol­
pouco, tendo-se voltado para o Se­ dados traspassará o teu corpo, e tu
nhor seu Deus, tornaram-se a ajun- cairás atravessado entre os feridos
tar dos lugares, por onde tinham si­ de Israel; e não respirarás mais, mas
do dispersos, e subiram a todos ês- serás exterminado com êles. 5Mas,
tes montes, e estão outra vez de pos­ se tu crês que a tua profecia é ver­
se de Jerusalém, onde têm o seu san­ dadeira, não se abata o teu rosto,
tuário. deixe-te a palidez de que está co­
Os Judeus somente serão vencidos, se berto o teu semblante, se imaginas
Deus estiver irritado contra êles ue estas minhas palavras se não po-
“ Agora, pois, meu senhor, informa- em cumprir. °E, para que saibas
te se êste povo cometeu algum pe­ que tens de experimentar com êles
cado na presença do seu Deus; e (se esta infelicidade, serás desde já as­
cometeu) marchemos contra êles, por­ sociado a êste povo, a fim de que,
que o seu Deus, sem dúvida, os en­ quando receberem os justos castigos
tregará nas tuas mãos, e ficarão su­ da minha espada, fiques tu também
jeitos debaixo do teu poder. 25Mas, sujeito à vingança juntamente.
se êste povo não ofendeu o seu Deus, 7Então Holofernes mandou aos seus
nós não lhe poderemos resistir, por­ servos que prendessem Aquior, e que
que o seu Deus os defenderá, e nós o levassem a Betúlia, e o entregas­
seremos o opróbrio de tôda a terra. sem nas mãos dos filhos de Israel.
8E, tendo pegado em Aquior, os servos
Cólera dos m agnatas de Holofernes de Holofernes partiram pelas campi­
26E sucedeu que, tendo Aquior aca­ nas; e, quando estavam perto dos
bado de falar assim, todos os mag­ montes, saíram contra êles os atirado­
natas de Holofernes se encoleriza- res de funda. 9Mas êles, desviando-se
ram, e pensavam em o matar, dizen­ para um lado do monte, ataram A-
do uns para os outros: 27Quem é ês- quior de mãos, e pés a uma árvore,
te que ousa dizer çue os filhos de Is­ e assim prêso com cordas o deixaram
rael podem resistir ao rei Nabuco- e voltaram para o seu senhor.
donosor e aos seus exércitos, sendo Aquior recolhido pelos Hebreus
êles homens sem armas, e sem for­
ças, e sem ciência na arte da guer­ 10Ora os filhos de Israel, descendo
ra? 28Ora, para que Aquior conheça de Betúlia, foram ter com êle; e, de-
que nos engana, subamos aos montes; satando-o levaram-no para Betúlia,
e depois que forem tomados os va­ e, tendo-o pôsto no meio do povo,
lentes dentre êles, então o passare­ perguntaram-lhe por que motivo os
mos com êles ao fio da espada, ^a Assirios o deixaram atado.
fim de que tôda a gente saiba que “ Por êste tempo eram ali chefes
Nabucodonosor é o deus da terra, e Ozias, filho de Micas, da tribo de Si-
que, fora êle, não há outro. meão, e Carmi, chamado também
Holofernes manda entregar Aquior Gotoniel. 12E Aquior, pôsto no meio
aos Hebreus dos anciãos, e em presença de todos,
contou tudo o que tinha dito quan­
á{ 2Ora aconteceu que, tendo dei- do foi interrogado por Holofernes,
v xado de falar, Holofernes, mui­ e como a gente de Holofernes o qui­
6- 7 LIVRO DE J U D IT E 549
sera matar por ter falado assim, 13e ra combater contra os filhos de Is­
como o mesmo Holofernes, cheio de rael, e avançaram pela encosta do
cólera, tinha mandado que o entre­ monte até ao cume que olha para
gassem aos Israelitas por esta causa, Dotain, desde o lugar chamado Bel-
a fim de que depois que êle tivesse ma até Quelmão, que está defronte
vencido os filhos de Israel, fizesse de Esdrelon. 4Ora os filhos de Is­
então m orrer também o mesmo A - rael, quando viram aquela multidão,
quior com diversos suplicios, por êle lançaram-se por terra, cobrindo as
ter dito: O Deus do céu é o seu de­ suas cabeças de cinza, pedindo unâ­
fensor. nimemente ao Deus de Israel que f i­
14E, tendo Aquior referido todas es­ zesse brilhar sobre o seu povo a
tas coisas, todo o povo se prostrou sua misericórdia. 5E, tomando as
com o rosto por terra, adorando o suas armas de guerra, postaram-se
Senhor, e todos juntamente, com ge­ nos lugares que davam acesso a um
midos e prantos, ofereceram as suas atalho entre os montes; e estavam-
orações ao Senhor, “ dizendo: Senhor nos ali guarnecendo de dia e de noi­
Deus do céu e da terra, lança os o- te.
lhos para a soberba dêstes (homens) °Mas Holofernes, ao percorrer os
e considera o nosso abatimento, e arredores, achou que a fonte que cor­
atende ao voto dos que tu santifi- ria para dentro (da cidade), era con­
caste, e mostra que não desamparas duzida por meio dum aqueduto que
os que confiam em ti, e que humi­ estava da parte do melo-dia, fora
lhas os que presumem de sl mesmos, da cidade; e ordenou que lhes fôsse
e se gloriam do seu poder. “ Acaba­ cortado o aqueduto. 7Havia, contu­
do, pois, o chôro, e terminada a ora­ do, fontes não longe dos muros, don­
ção do povo, a qual durou todo o de se via que os sitiados iam às fur-
dia, consolaram Aquior, “ dizendo: O tadelas tirar (u m pouco de) água,
Deus de nossos pais, cujo poder tu mais para aliviar a sêde do que pa­
publicaste, êle te dará por isso a re­ ra beber. 8Ora os Amonitas e os
compensa, para que tu vejas antes Moabitas foran ter com Holofernes,
a ruína dêles. 18E, quando o Senhor e disseram-lhe: Os filhos de Israel
nosso Deus tiver dado esta liberda­ não confiam nem nas lanças nem nas
de aos seus servos, Deus seja tam­ flechas, mas os montes defendem-
bém contigo, no meio de nós, para nos, e os outeiros escarpados fortifi-
que, segundo fôr do teu agrado, v i­ cam-nos. °Porém, para que tu os
vas conosco, tu e todos os teus. possas vencer sem combate, põe guar­
“ Então Ozias, despedida a assem­ das às fontes, para não tirarem delas
bléia, recebeu-o em sua casa, e deu- água, e, sem desembainhares a espa­
lhe uma grande ceia. “ E, convida­ da, os matarás, ou pelo menos, fa ti­
dos todos os anciãos, depois de ter­ gados da sêde, entregarão a sua ci­
minado o jejum, tomaram juntos dade, a qual, por estar colocada sô-
sua refeição. 21Depois foi convocado bre montes, julgam ser inexpugná­
todo o povo, e fizeram durante tôda vel. “ Estas palavras agradaram a
a noite oração no lugar onde esta­ Holofernes, e aos seus oficiais; e pôs
vam reunidos, pedindo socorro ao cem homens de guarda ao redor de
Deus de Israel. cada fonte.
Holofernes aperta o cêreo de Betúlia Sêde e desânimo do povo
37 xN o dia seguinte Holofernes man- UE, tendo sido feita esta guarda
1 dou marchar as suas tropas durante vinte dias, esgotaram-se as
contra Betúlia. 2E os combatentes cisternas e depósitos de água a todos
a pé eram cento e vinte mil, e vinte os moradores de Betúlia, de manei­
e dois mil homens de cavalaria, a- ra que não havia dentro da cidade
lém dos homens aptos para a guer­ com que matar a sêde nem um só
ra, que tinha aprisionado, e de tôda dia, pelo que todos os dias se repar­
a juventude que tinha levado, à fô r- tia ao povo a água por medida.
ça, das províncias e das cidades. 8To- 12Então todos os homens e mulhe­
dos se prepararam a um tempo pa­ res, jovens, e meninos, foram juntos
550 LIVRO DE JU D IT E 7 - 8

ter com Ozias, e todos a uma voz Origem e fam a de Judite


13lhe disseram: Deus seja juiz entre
nós e ti, porque tu nos trouxeste ês- O 2Ora aconteceu que estas pala-
tes males, não querendo tratar a paz ° vras foram ouvidas por Judite,
com os Assírios, e por isso nos entre­ viúva, a- qual era filha de Merari,
gou Deus nas suas mãos. 14E por filho de Idox, filho de José, filho de
isso não hã quem nos socorra, quan­ Ozias, filho de Elai, filho de Jamnor,
do aos seus olhos nos achamos aba­ filho de Gedeão, filho de Rafaim, fi­
tidos pela sêde e por grande mi- lho de Aquitob, filho de Melquias,
séria. 15Agora, pois, manda ajun- filho de Enan, filho de Natanias, filho
tar todos os que há na cidade, para de Salatiel, filho de Simeão, filho de
que todos nós nos rendamos volun- Ruben. 2Seu marido foi Manassés,
tàriamente ao exército de Holofer- que morreu no tempo da ceifa das
nes. 16Pois é melhor que, cativos, cevadas (isto éy pela Páscoa) ; f o r ­
bendigamos ao Senhor, vivendo, do que, enquanto êle apressava os que
que morramos e sejamos o opróbrio atavam os feixes no campo, deu-lhe
de todos os homens, vendo morrer o ardor do sol na cabeça, e morreu
aos nossos olhos as nossas mulheres em Betúlia, sua cidade, e foi ali se­
e os nossos meninos. 17Nós tomamos pultado com seus pais. 4H avia já três
hoje por testemunhas o céu, e a ter­ anos e seis meses que Judite tinha fi­
ra, e o Deus de nossos pais, o qual cado viúva dêle. 5E no andar supe­
nos castiga segundo os nossos peca­ rior da sua casa tinha feito para si
dos, (e pedimos) que entregueis já um quarto retirado, no qual se con­
a cidade nas mãos do exército de H o- servava recolhida com as suas cria­
lofernes, e abrevie-se o nosso fim ao das, 6e, trazendo um cilício sobre os
fio da espada, o qual se torna mais seus rins, jejuava todos os dias de
dilatado pelo ardor da sêde. sua vida, exceto nos sábados, e nas
neomênias, e nas festas da casa de
O povo recorre a Deus Israel. 7E era de belíssimo aspecto,
e seu marido tinha-lhe deixado mui­
18Tendo êles assim falado, levantou- tas riquezas, e uma família nume­
se um grande pranto, e alarido, em rosa, e fazendas cheias de manadas
todo o ajuntamento, e durante mui­ de bois e de rebanhos e de ovelhas.
tas horas clamaram, a uma voz, a 8E ela era estimadíssima de todos
Deus, dizendo: 19Pecamos nós e os porque tinha muito temor de Deus,
nossos pais, procedemos injustamen- e não havia ninguém que dissesse
te, cometemos a iniqüidade. 20Tu, dela uma palavra em desfavor.
que és piedoso, compadece-te de nós,
ou (ao menos) castiga tu mesmo as Judite repreende os anciãos
nossas iniqüidades, e não entregues
os que te bendizem a um povo que 9Tendo, pois, ela sabido que Ozias
te não conhece, 21para que não se di­ tinha prometido entregar a cidade,
ga entre as nações: Onde está o seu passados cinco dias, mandou chamar
Deus? os anciãos Cabri, e Carmi. 10E êles
Ozias obtém que se espere cinco dias foram ter com ela, e disse-lhes: Que
palavra é esta, com a qual concordou
22E quando, depois de cansados com Ozias, de entregar a cidade aos Assí­
êstes clamores e com êstes prantos, rios, se dentro de cinco dias vos não
ficaram em silêncio, 23levantando-se viesse socorro? nE quem sois vós,
Ozias banhado em lágrimas, disse: que tentais o Senhor? 12N ão é esta u-
Tende bom ânimo, irmãos, e por ês­ ma palavra que excite a sua miseri­
tes cinco dias esperemos a misericór­ córdia, mas antes provoca a ira, e
dia do Senhor. 24Talvez se aplaque acende o furor. 13Vós fixastes um
a sua ira, e dê glória ao seu nome. prazo à misericórdia do Senhor, e ao
25Mas se, passados êstes cinco dias, vosso arbítrio lhe assinastes o diai
não nos vier socorro, faremos o que “ Mas, porque o Senhor é paciente,
vós dissestes. arrependamo-nos disto mesmo, e, der-

Cap. V I I I — 6. Neomênias, isto é, os primeiros dias de cada mês.


8 - 9 LIVRO DE J U D IT E 551

ramando lágrimas, imploremos a sua dor, e pereceram mordidos pelas ser­


misericórdia; 15porque Deus não a- pentes. “ Nós, pois, não nos impa­
meaça como os homens, nem êle se cientemos por causa do que sofre­
inflama em ira como os filhos dos mos, 27mas, considerando que êstes
homens. mesmos castigos são menores do que
Humildade diante de Deus
os nossos pecados, creiamos que ês­
tes flagelos do Senhor, com que, co­
16E por isso humilhemos diante dê- mo seus servos, somos castigados, nos
le as nossas almas, e postos num es­ vieram para nossa emenda, e não pa­
pírito de humildade, como seus ser­ ra nossa perdição.
vos, 17digamos ao Senhor com lágri­ Qs anciãos aprovam as palavras de
mas, que use conosco da sua mise­ Judite
ricórdia segundo a sua vontade; pa­
ra que, assim como se perturbou o 28Então Ozias e os anciãos respon­
nosso coração por causa da soberba deram-lhe: Tudo o que nos tens di­
dos nossos inimigos, assim também to é verdade, e nada há repreensí­
nos gloriemos pela nossa humildade; vel nas tuas palavras. “ Agora, pois,
18porque nós não imitamos os peca­ ora por nós, porque tu és uma mu­
dos de nossos pais, que deixaram o lher santa e temente a Deus.
seu Deus e adoraram os deuses es­ Judite manifesta o seu desígnio de
tranhos, 19e por êste pecado foram libertar a cidade
entregues à espada e ao roubo, e à
confusão entre os seus inimigos; mas 30E Judite disse-lhes: Assim como
nós não conhecemos outro Deus se­ reconheceis que o que eu vos disse é
não o nosso. 20Esperemos com hu­ de Deus, 31assim também sabereis por
mildade as suas consolações, e êle experiência que vem de Deus o que
vingará o nosso sangue das aflições resolvi fazer; e (entretanto) orai pa­
que nos causam os nossos inimigos, ra que Deus torne eficaz a minha
e humilhará tôdas as nações que se resolução. 32Vós esta noite pôr-vos-
levantam contra nós, e as cobrirá de eis à porta (da cidade) , e eu sairei
ignomínia o Senhor nosso Deus. com a minha criada; e fazei oração,
O povo deve ser animado
para que, como vós dissestes, o Se­
nhor, dentro de cinco dias, olhe pa­
21E agora, irmãos, como vós sois os ra o seu povo de Israel; “ Mas não
anciãos do povo de Deus, e de vós de­ quero que pretendais indagar o que
pende a sua vida, com as vossas tenciono fazer; e enquanto eu mes­
palavras animai os seus corações, pa­ ma não vos avisar, não se faça ou­
ra que se lembrem que nossos pais tra coisa, senão rogar por mim ao
foram tentados a fim de que se vis­ Senhor nosso Deus.
se se verdadeiramente serviam ao seu a4E Ozias, príncipe de Judá, disse-
Deus. lhe: Vai em paz, e o Senhor seja
2-Devem recordar-se como nosso pai contigo, para tirar vingança dos nos­
Abraão foi tentado, e, depois que sos inimigos. E, tendo-a deixado,
foi provado por meio de muitas tri- retiraram-se
bulações, chegou a ser o amigo de Oração de Judite
Deus. “ Assim Isaac, assim Jacó, as­
sim Moisés e todos os que agrada­ Q ^Depois que êles se retiraram, en-
ram a Deus, passaram por muitas u trou Judite no seu oratório, e,
tribulações, permanecendo fiéis. 24A- vestindo-se de cilício, pôs cinza so­
quêles, porém, que não aceitaram as bre a sua cabeça, e, prostrando-se
provas com o temor do Senhor, e que diante do Senhor, clamava ao Ser
mostraram a sua impaciência e ir- nhor, dizendo:
romperam em injuriosas murmu- 2Senhor Deus de meu pai Simeão,
rações contra o Senhor, “ foram que lhe deste a espada para se vin­
exterminados pelo (A n jo ) extermina- gar dos estrangeiros que, por uma
Cap. IX — 2. Para se vingar dos estrangeiros... Juaite refere-se à m atança que Si-
rneâo e Levi fizeram nos Siquemitas, por terem ultrajado sua irm ã Dina.
552 LIVRO DE J U D IT F 9-10
paixão infame, violaram e ultrajaram desde o princípio te agradaram os
com afronta o pudor de uma v ir­ soberbos; mas sempre te agradou a
gem, 3e que abandonaste suas mulhe­ súplica dos humildes e dos mansos.
res à presa, e suas filhas ao cativei­ 17Deus dos céus, Criador das á-
ro, e todos os seus despojos em par­ guas, e Senhor de tôdas as criaturas,
tilha aos teus servos que se abrasa- ouve esta miserável que te suplica, e
ram em teu zêlo, socorre, te rogo, que espera tudo da tua misericórdia.
ó Senhor meu Deus, esta viúva. 4Por- 18Lembra-te, Senhor, da tua aliança,
que tu operaste as maravilhas dos e põe tu as palavras na minha bô-
tempos antigos, e determinaste que ca, e fortifica a resolução do meu
umas sucedessem a outras, e fêz-se coração, para que a tua casa perma­
(sem pre) o que quiseste. BPorque neça sempre santificada, 19e todas as
todos os teus caminhos estão prepa­ nações conheçam que tu és Deus, e
rados, e fundaste os teus juízos na que não há outro senão tu.
tua providência.
Judite enfeita-se e sai de Betúlia
6Lança agora os olhos sôbre o a-
campamento dos Assírios, como nou­ 1H *Quando acabou de clamar ao
tro tempo te dignaste lançâ-los sôbre Senhor, (Jud ite) levantou-se
o acampamento dos Egípcios, quan­ do lugar onde se tinha prostrado di­
do, armados, corriam atrás dos teus ante do Senhor. 2E chamou a sua
servos, fiando-se nas suas carroças, criada, e, descendo à sua habitação,
e na sua cavalaria, e na multidão tirou o seu cilicio, e despiu-se dos
dos soldados. 7Tu, porém, lançaste hábitos da sua viuvez, 3e lavou o seu
os olhos sôbre o seu acampamento corpo, e ungiu-se de preciosos chei­
e as trevas lhes tiraram as fôrças. ros, e entrançou os cabelos da sua
sO abismo reteve os seus passos, e as cabeça, e pôs uma coifa sobre a ca­
águas os cobriram. 9Assim pereçam beça, e vestiu-se com os vestidos de
também, Senhor, êstes que confiam gala, e calçou as suas sandálias, e
na sua multidão, e se gloriam das pôs braceletes e jóias do feitio de
suas carroças, e dos dardos, e dos es­ açucenas, e arrecadas, e anéis, (numa
cudos, e das suas flechas e lanças, palavra) ornou-se com todos os seus
10e que não sabem que tu és c nosso enfeites. 40 Senhor aumentou-lhe
Deus, que desde os tempos antigos ainda a gentileza, porque todo êste
desbaratas os exércitos, e que o teu adorno procedia, não de algum mau
nome é o Senhor. ^Levanta o teu desejo, mas de virtude; e por isso o
braço como oulrora fizeste e, com a Senhor aumentou-lhe a formosura, a
tua fôrça, quebra a sua fortaleza; fim de que parecesse aos olhos de
diante da tua ira caia a fôrça dês- todos de incomparável beleza. “Man­
tes que se prometem violar o teu san­ dou à sua criada que levasse uma
tuário e profanar o tabernáculo do garrafa de vinho, e uma almotolia
teu nome, e derrubar com a espada de azeite, e farinha, e passas, e pão,
a majestade do teu altar. e queijo, e partiu.
12Faze, Senhor, que a sua sobêrba 6E, ao chegar à porta da cidade,
seja cortada com a própria espa­ encontraram Ozias e os anciãos da
da; 18seja êle prêso ao laço dos seus cidade, que a estavam esperando.
olhos, fixos sôbre mim, e fere-os 7Êles, ao vê-la, ficaram estupefatos e
com as doces palavras dos meus maravilhados da sua beleza. 8Não
lábios. 14Dá constância ao meu co­ lhe perguntando, contudo, coisa al­
ração para eu o desprezar, e fortale­ guma, deixaram-na passar, dizendo:
za para o perder. 15Êste será por O Deus de nossos pais te dê graça, e
certo um monumento do teu nome, corrobore com a tua fortaleza tôdas
quando a mão duma mulher o der­ as resoluções do teu coração, para
rubar. 16Porque o teu poder, Senhor, que Jerusalém se glorie em ti, e o
não está na multidão, nem tu te com­ teu nome seja colocado no número
prazes na fôrça dos cavalos, nem dos santos e justos. 9E os que esta-
Cap. X — 5. Mandou à sua criada. . . Judite mandou levar estas provisões p a ra se
não m anchar com os comeres dos gentios.
1 0 - 11 LIVRO DE J U D IT E 553

vam ali disseram todos a uma voz: Holofernes levantaram-na, por ordem
Assim seja, assim seja. 10E Judite, do seu senhor.
Orando ao Senhor, passou as portas
com a sua escrava. Holofernes interroga Judite
11 2Então Holofernes disse-lhe:
Judite é prêsa pelos Assírios e levada
à presença de Holofernes
11 Tem ânimo, e não te assustes
em teu coração; porque eu nunca fiz
12E aconteceu que, quando ela des­ mal a homem algum que quisesse
cia do monte, ao amanhecer do dia, servir ao rei Nabucodonosor. 2E, se
lhe saíram ao encontro as guardas o teu povo me não tivesse despreza­
avançadas dos Assírios, e prenderam- do, não teria eu levantado contra êle
na, dizendo: Donde vens tu? e para a minha lança. 3Mas, dize-me ago­
onde vais? 12Ela respondeu: Eu sou ra, por que motivo os deixaste, e te
uma das filhas dos Hebreus, e por is­ resolveste a vir para nós?
so fugi da presença dêles, porque Judite anuncia a vitória
previ que êles vos hão de ser entre­ sôbre os Judeus
gues ao saque, porque, desprezando-
vos, não quiseram render-se a vós 4E Judite respondeu-lhe: Ouve as
voluntàriamente, para encontrarem palavras de tua serva, porque, se se­
misericórdia em vossa presença. 13*E guires as palavras de tua serva, o
por esta causa pensei comigo, dizen­ Senhor completará a tua emprêsa.
do: Irei à presença do príncipe H o­ 5Viva Nabucodonosor, rei da terra, e
lofernes, para lhe descobrir os seus viva o seu poder, que está nas tuas
segredos, e para lhe mostrar por que mãos para castigo de tôdas as almas
entrada os possa tomar, sem que pe­ desencaminhadas; porque não sòmen-
reça um só homem do seu exército. te os homens por ti o servem, mas
14Ora, tendo aquêles homens ouvido até os animais do campo lhe obede­
as suas palavras, contemplavam o cem. 6Porque a sabedoria do teu es­
seu rosto, e nos seus olhos estava o pírito é celebrada em todas as na­
pasmo, porquanto admiravam-se mui­ ções, e por todo o mundo se sabe
to da sua formosura. 15E disseram- que tu és o único bom e poderoso
lhe: Tu salvaste a tua vida, porque em todo o seu reino, e por todas as
tomaste tal resolução de vir ter com províncias é exaltada a tua perícia
o nosso príncipe; 16e podes estar cer­ militar.
ta de que, quando te apresentares 7Não se ignora o que disse Aquior,
diante dêle, êle te há de tratar bem, nem o que tu ordenaste que lhe fos­
e tu lhe hás de ganhar o coração. se feito. 8Ê manifesto que o nosso
Levaram-na, pois, à tenda de Holo­ Deus está de tal sorte irritado pelos
fernes, declarando quem era. pecados, que mandou dizer ao povo,
17E, tendo entrado à sua presença, por meio dos seus profetas, que o
logo Holofernes ficou cativo de seus entregaria por causa das suas ofen­
olhos. 18E os seus oficiais disseram- sas. °E porque os filhos de Israel
lhe: Quem poderá desprezar o povo ofenderam o seu Deus, o tem or de
dos Hebreus, que tem mulheres tão ti está sôbre êles. 10Além disso, a
belas? N ão temos nós razão de com­ fome aperta-os, e pela falta de água
bater contra êles para as adquirir? estão já como mortos. "Ê les final­
19E Judite, vendo Holofernes assen­ mente resolveram matar os seus ani­
tado debaixo de um doce! feito de mais e beber o seu sangue; 12e as
púrpura, tecido de ouro, e de esme­ coisas consagradas ao Senhor seu
raldas, e de pedras preciosas, ^depois Deus, que Deus mandou que se não
de ter olhado para o seu rosto, fêz- tocassem, no pão, no vinho e no azei­
lhe uma profunda reverência, pros- te, resolveram gastá-las, e querem
trando-se por terra. E os criados de consumir o que não deveriam nem
12. Fugi, etc. N estas e noutras p alavras Judite faltou evidentemente à verdade, ju l­
gando talvez, por um êrro invencível, que lhe era licito mentir naquelas circunstâncias.
A Sagrada Escritura louva-a, não por ter enganado os Assírios com falsas palavras, m as
ponjue, levada por um a grande caridade, procurou a salvação do seu povo.
554 LIVRO DE JU D IT E 11 - 12

tocar com as mãos; por isso, proce­ vemos de fazer? 4E Judite disse-lhe:
dendo. assim, é certo que serão aban­ Juro pela tua vida, meu senhor, que
donados (p or Deus) à perdição. a tua serva não gastará tôdas estas
13E eu, tua serva, tendo sabido is­ coisas, sem que Deus faça pela mi­
to, fugi dêles, e o Senhor enviou-me nha mão o que tenho na mente. E
a descobrir-te estas coisas. 14Porque os criados de Holofernes conduziram-
eu, tua serva, adoro a Deus, ainda na à tenda que êle tinha indicado.
mesmo agora, estando diante de ti; 5E, ao entrar, Judite pediu que lhe
e a tua serva sairá, e orará a Deus, fôsse dada licença de sair fora à noi­
lse êle me dirá quando os hás de cas­ te e antes de amanhecer, para fazer
tigar pelo seu pecado, e eu to virei oração e invocar o Senhor. 6E H o­
dizer, de modo que eu te levarei pe­ lofernes ordenou aos seus camarei­
lo meio de Jerusalém, e terás todo ros que a deixassem sair e entrar
o povo de Israel, como ovelhas que conforme lhe agradasse, para adorar
não têm pastor, e nem um só cão o seu Deus, durante três dias. 7E
ladrará contra ti; 16porque isto me saía de noite ao vale de Betúlia, e
foi revelado pela providência de lavava-se numa fonte de água. 8E,
Deus. 17E porque Deus está irado ao voltar, orava ao Senhor Deus de
contra êles, eu fui enviada para te Israel que a guiasse no seu caminho,
anunciar estas mesmas coisas. a fim de conseguir o libertamento
do seu povo. °E. entrando, perma­
A legria de Holofernes necia pura na sua tenda, até que to­
18Ora tôdas estas palavras agrada- mava a sua refeição pela tarde.
ram a Holofernes e aos seus servos, Toma parte numa ceia com Holofernes
e admiravam a sua sabedoria, e di­
ziam uns para os outros: 19Não há 10E sucedeu que, ao quarto dia, H o­
sôbre a terra mulher semelhante a lofernes deu uma ceia aos seus do­
esta no aspecto, e na formosura, e mésticos, e disse a Vagão, seu eunu-
na prudência das palavras. 20E H o­ co: Vai, e persuade a esta Hebréia
lofernes disse-lhe: Bem fêz Deus, que que consinta espontâneamente em
te enviou adiante do teu povo, para habitar comigo. “ Porque é coisa ver­
o entregares nas nossas mãos; 21e, gonhosa entre os Assírios, que uma
visto que a tua promessa é boa, se mulher zombe dum homem, proce­
0 teu Deus me fizer isto, será êle dendo de modo a retirar-se dêle isen­
também o meu Deus, e tu serás gran­ ta. 12Então Vagão foi ter com Ju­
de na casa de Nabucodonosor, e o dite, e disse-lhe: Não tema a boa jo ­
teu nome será célebre em tôda a vem entrar à presença de meu se­
terra. nhor, para ser honrada diante dêle,
Judite demora-se quatro dias para comer com êle e beber vinho
no acampamento dos Assirios com alegria. 13E Judite respondeu-
lhe: Quem sou eu para contradizer
1 O *Então mandou que ela entras- o meu senhor? 14Eu farei tudo o que
1^ se onde estavam os seus te­ fôr bom e melhor diante dos seus
souros, e mandou que ficasse ali, e olhos, e tudo o que fôr do seu agra­
estabeleceu o que lhe havia de ser do, isso será também para mim o me­
dado da sua mesa. 1 Judite respon­ lhor em todos os dias da minha v i­
23
deu-lhe, e disse: Eu não posso agora da. 15E levantou-se, e adomou-se
comer dessas coisas que mandaste com os seus vestidos, e, entrando,
dar-me, para não vir sôbre mim a pôs-se em sua presença. 16E o co­
indignação (de D eu s ); mas comerei ração de Holofernes abalou-se, por­
daquelas coisas que trouxe comigo. que ardia de paixão por ela. 17E Ho­
3Holofernes disse-lhe: E quando aca­ lofernes disse-lhe: Bebe agora, e sen­
bar o que trouxeste contigo, que ha­ ta-te a comer alegremente, porque
Cap. X I I — 14. Tudo o que fôr do seu a gra d o... A resposta de Judite é simplesmente
um cumprimento respeitoso, no qual aparentou que nada suspeitava de mal, considerando
o convite como um meio que Deus lhe preparava p ara pôr em prática o seu arriscado
desígnio.
12 - 13 LIVRO DE J U D IT E 555

achaste graça diante de mim. 18E as portas, porque Deus é conosco, êle
Judite disse-lhe: Eu beberei, senhor, fêz uma coisa maravilhosa em Israel.
porque a minha alma recebeu hoje 14E sucedeu que, tendo os homens
maior gloria que em todos os meus ouvido a sua voz, chamaram os an­
dias. 19E tomou, e comeu e bebeu ciãos da cidade. 15E todos correram
diante dêle daquilo que sua serva a ela, desde o mais pequeno até ao
lhe tinha preparado. 20E Holofernes maior, porque já não esperavam que
alegrou-se diante dela, e bebeu vinho ela voltasse. 10E, acendendo luminá­
em demasia, tanto quanto nunca ti­ rias, juntaram-se todos ao redor de­
nha bebido em sua vida. la; e Judite, subindo a um lugar mais
alto, ordenou que se fizesse silêncio.
Judite corta a cabeça de Holofernes E, estando todos calados, "Judite dis­
se: Louvai o Senhor nosso Deus, que
1 9 7Ora, quando se fêz tarde, os não desamparou os que esperavam
1° criados de Holofernes retira­ nêle; 18e cumpriu por meio de mim,
ram-se apressadamente para os seus sua serva, a misericódia que tinha
uartos, e Vagão fechou as portas prometido à casa de Israel; e matou
a câmara, e foi-se. 2E estavam to­ esta noite pela minha mão o inimi­
dos tomados do vinho; 3e Judite es­ go do seu povo.
tava só na câmara. 4E Holofernes
estava deitado no leito, profunda- 19E, tirando do saco a cabeça de
mente adormecido por causa da ex­ Holofernes, mostrou-lha, dizendo: Eis
traordinária embriaguez. 5Então Ju- aqui a cabeça de Holofernes, gene­
dite disse à sua criada que estivesse ral do exército dos Assírios, e eis aqui
de fora à porta da câmara, e vigiasse. o seu cortinado, debaixo do qual ele
estava deitado na sua embriaguez,
6E Judite estava em pé diante do onde o Senhor nosso Deus o degolou
leito, orando com lágrimas, e, mo­ pela mão duma mulher. 20E juro-
vendo os lábios em silêncio, 7disse: vos pelo mesmo senhor que o seu An­
Senhor Deus de Israel, dá-me fôrça, jo me guardou, tanto ao sair desta
e favorece neste momento a emprê- cidade, como ao demorar-me lá, e
sa das minhas mãos, a fim de que, como ao voltar para aqui, e o Senhor
como prometestes, levante a tua ci­ não permitiu que eu, sua serva, fôs-
dade de Jerusalém, e eu acabe o. que se manchada, mas fêz-me voltar pa­
julguei que se podia fazer com o teu ra vós sem nenhuma mácula de pe­
auxilio. 8E, dito isto, encostou-se à cado, cheia de alegria por sua vitó­
coluna, que estava à cabeceira do lei­ ria, pela minha salvação, e pela vos­
to de Holofernes, e desprendeu o seu sa libertação. ^Louvai-o todos, por-
alfange, que estava pendurado e prê- ue é bom, porque a sua misericór-
so nela. 9E, tendo-o desembainhado, ia é eterna. 22Então todos, adoran­
agarrou nos cabelos da cabeça de do o Senhor, disserarn-lhe: O Senhor
Holofernes, e disse: Senhor Deus, dá- te abençoou com a sua fortaleza,
me fôrça neste momento; 10e feriu-o porque êle por ti aniquilou os nos­
no pescoço por duas vêzes, e cortou- sos inimigos.
lhe a cabeça, e desprendeu das colu­
nas o cortinado (para o levar como 2SE Ozias, príncipe do povo de Is­
troféu ), e deitou por terra o seu cor­ rael, disse-lhe: ó filha, tu és bendita
po decapitado. do Senhor Deus Altíssimo, sôbre tô-
das as mulheres que há na terra.
• Entra triunfante em Betúlia “ Bendito seja o Senhor, que criou
o céu e a terra, que te dirigiu para
11E, pouco tempo depois, saiu e en­ cortares a cabeça ao chefe dos nos­
tregou à sua escrava a cabeça de H o­ sos inimigos. "Porque hoje engran­
lofernes, e mandou que a metesse no deceu o teu nome tanto, que nunca
seu saco. 12E saíram ambas, confor­ o teu louvor se apartará da bôca
me o seu costume, como se fôssem dos que se lembrarem eternamente
para a oração, e passaram além do do poder do Senhor, por amor dos
campo, e, rodeando o vale, chegaram quais tu não poupaste a tua vida,
à porta da cidade. 13E Judite disse ao ver as angústias e a tribulação do
de longe aos guardas dos muros: Abri teu povo, mas impediste a sua ruína
556 LIVRO DE JU D IT E 13 - 15

na presença do nosso Deus. 26E to­ incorporado no povo de Israel, e toda


do o povo respondeu: Assim seja, as­ a sua descendência até ao dia de hoje.
sim seja. Terror dos Assfrios ao saberem da
Encontro com Aquior morte de Holofem es
27E Aquior, sendo chamado, veio, e 7Logo que apareceu o dia, pendu­
Judite disse-lhe: O Deus de Israel, raram sobre os muros a cabeça de
de quem tu testemunhaste que tira Holofernes, e cada um tomou as suas
vingança dos seus inimigos, êsse mes­ armas, e saíram com muito estrondo
mo cortou esta noite pela minha e alarido. 8Vendo isto as sentinelas
mão a cabeça (do chefe) de todos avançadas, correram à tenda de H o­
os incrédulos. 28E, para que tu f i­ lofernes. °Ora os que estavam na
ques persuadido que é assim, eis a tenda, indo, e fazendo ruído à en­
cabeça de Holofernes, que, na inso­ trada da câmara, a fim de o desper­
lência da sua soberba, desprezou o tar, procuravam com arte que Holo-
Deus de Israel, e te ameaçou de mor­ fernes acordasse sem ser despertado,
te, dizendo: Logo que o povo de Is­ mas sim pelo rúído que faziam.
rael fôr feito cativo, eu mandarei 10Porque nenhum ousava abrir ou ba­
que te transpassem as ilhargas com ter à porta da câmara do general
a espada. dos Assírios. “ Mas, tendo vindo os
29E Aquior, vendo a cabeça de Ho­ seus capitães e tribunos, e todos os
lofernes, aterrado de pavor, caiu com oficiais maiores do exército do rei
o rosto por terra, e perdeu os senti­ dos Assírios, disseram aos camarei­
dos. ^Mas, depois que, recobrados ros: 12Entrai, e acordai-o, porque saí­
os sentidos, voltou a si, lançou-se aos ram os ratos das suas cavernas, e ti­
seus pés, e a adorou, e disse: 31Tu veram o atrevimento de nos desa­
és bendita do teu Senhor em tôdas fiar para o combate.
as tendas de Jacó, porque, entre to­ 18Então Vagão, tendo entrado na
dos os povos que ouvirem o teu no­ câmara de Holofernes, pôs-se diante
me, o Deus de Israel será glorifica- da cortina, e bateu com as mãos;
do em ti. porque imaginava que êle dormia
Judite aconselha os Israelitas com Judite. 14Porém, aplicando o ou­
a m archar contra os Assírios vido e não percebendo nenhum mo­
vimento de quem dormia, aproxi­
1 A 1Disse, pois, Judite a todo o mou-se mais da cortina, e levantan­
povo: Ouvi-me, irmãos, pendu­ do-a, e vendo o cadáver de H olofer­
rai esta cabeça no alto dos nossos nes sem cabeça, que jazia estendido
muros; 2e, quando tiver saído o sol, sôbre a terra, banhado no seu pró­
tome cada um as suas armas, e sai prio sangue, gritou em alta voz com
com ímpeto, não para descerdes até lágrimas, e rasgou os seus vestidos.
aos inimigos, mas como querendo a- 15E, tendo entrado na tenda de Ju­
cometê-los. 3Então -será necessário dite, não a encontrou, e correu fora
que as guardas avançadas corram a para o povo, 10e disse: Uma mulher
despertar o seu general para a ba­ Hebréia pôs a confusão na casa do
talha. 4E, quando os seus capitães rei Nabucodonosor, porque eis ai H o­
tiverem corrido para a tenda de H o­ lofernes estendido por terra, e sem
lofernes, e o acharem decapitado, en­ cabeça o seu corpo. 17E, tendo ou­
volvido no seu próprio sangue, cairá vido isto os chefes do exército dos
sôbre êles o temor. 5E, quando os Assírios, rasgaram todos os seus ves­
virdes fugir, ide afoutos atrás dê- tidos, e um insuportável temor e
les, porque o Senhor os pisará de­ susto os surpreendeu, e os seus âni­
baixo dos vossos pés. mos perturbaram-se em extremo.
18E levantou-se um clamor espanto­
Conversão de Aquior so no meio do seu acampamento.
•Então Aquior, vendo a maravilha F u ga dos Assírios
que o Deus de Israel tinha feito, dei­
xadas as superstições da gentilidade, 1C guando, pois, todo o exército
creu em Deus, e circuncidou-se, e foi soube que Holofernes tinha si­
15 - 16 LIVRO DE J U D IT E 557

do decapitado, perderam a razão e o leceu, mas também serás bendita e-


conselho, e, agitados unicamente pe­ ternamente. 12E todo o povo respon­
lo temor e pelo mêdo, buscaram a deu: Assim seja, assim seja. 13E, du­
salvação na fuga, 2de sorte que ne­ rante trinta dias, apenas pôde o po­
nhum falava ao seu companheiro, vo de Israel recolher os despojos dos
mas de cabeça baixa, tendo abando­ Assírios. 14Mas tudo aquilo que se
nado tudo, apressavam-se a escapar soube ter pertencido a Holofernes,
dos Hebreus, os quais ouviam vir ar­ deram-no a Judite em ouro, e em
mados sobre êles, e fugiam pelos ca­ prata, e em vestidos, e em pedras
minhos dos campos e pelas veredas preciosas, e em tôda a sorte de mó­
dos outeiros. veis, e tudo lhe foi dado pelo povo.
3Os Israelitas, pois, vendo-os fugir, 16E todos os homens se alegravam
seguiram-nos. E desceram (o m on­ com as mulheres, e com as donze­
te ), tocando trombetas e gritando las, e com os jovens, tocando órgãos
atrás dêles. 4E, como os Assírios de­ e citaras.
sordenados iam fugindo precipitada­
Canto de Judite
mente, os filhos de Israel, que os
perseguiam juntos em um só bata­ 1 £ 3Então cantou Judite ao Se-
lhão, destroçavam todos os que po­ 1U nhor êste cântico, dizendo:
diam encontrar. 2Louvai o Senhor ao som dos tam­
5E Ozias mandou mensageiros a bores, cantai ao Senhor ao som de
tôdas as cidades e províncias de Is­ címbalos, entoai-lhe um novo salmo,
rael. 6E assim cada província e ca­ exaltai e invocai o seu nome. sO
da cidade mandou em seu alcance Senhor derrotou os exércitos, o seu
uma juventude escolhida e armada, nome é o Senhor. 4Êle pôs o seu
e perseguiram-nos ao fio da espada acampamento no meio do seu povo,
até à extremidade dos seus confins. para nos livrar da mão de todos os
nossos inimigos 50 Assírio veio dos
Despojos montes, da parte do aquilão, com a
7E os que tinham ficado em Betú- multidão de sua fôrça, a sua multi­
lia, entraram no acampamento dos dão esgotou as torrentes, e os seus
Assírios e levaram os despojos que cavalos cobriram os vales. 6Êle ju­
os Assírios na sua fuga tinham dei­ rou que havia de queimar o meu
xado, e voltaram muito carregados. país, e que havia de passar ao fio da
8E aquêles que tornaram vitoriosos espada os meus jovens, que havia
para Betúlia, trouxeram consigo tu­ de dar em prêsa as minhas crian­
do o que era dos Assírios, de modo ças, e que havia de levar cativas as
que eram inumeráveis os gados, e os donzelas. 7Porém o Senhor todo-po-
animais, e tôdas as suas bagagens, deroso o feriu, e o entregou nas mãos
de sorte que todos, desde o mais pe­ duma mulher, que lhe tirou a vida.
queno ate ao maior, ficaram ricos 8Porque o seu poderoso não foi pros­
com os seus despojos. trado às mãos de jovens (guerrei­
ros), nem o feriram os filhos de T i­
Triunfo de Judite tã, nem se lhe opuseram corpulen­
tos gigantes, mas Judite, filha de
9E o sumo pontífice Joacim foi de Merari, o derrubou com a formosu­
Jerusalém a Betúlia com todos os ra do seu rosto. °Pois se despiu do
seus anciãos, para ver Judite. 10Ten- traje de viúva, e se ataviou com os
do ela saído a recebê-los, abençoa- vestidos de alegria para o triunfo
rarn-na todos a uma voz, dizendo: dos filhos de Israel. 10Ela ungiu o
Tu és a glória de Jerusalém, tu a seu rosto com perfumes, e enastrou
alegria de Israel, tu a honra do nos­ os seus cabelos com uma coifa, e
so povo; “ porque procedeste varo- revestiu-se dum vestido novo para
nilmeiite, e o teu coração foi cheio o seduzir. MAs suas sandálias arre­
de fôrça; porque amaste a castida­ bataram-lhe os olhos, a sua beleza
de, e, depois do teu marido, não cativou-lhe a alma, e ela cortou-lhe
conheceste outro homem; por isso a cabeça com o alfange. 12Os P er­
não só a mão do Senhor te forta­ sas foram perturbados na sua cons­
558 LIVRO DE JU D IT E 16

tância, e os Medos, na sua ousadia. dite ofereceu, em anátema de esque­


13Então o acampamento dos Assírios cimento, todos os instrumentos de
ressoou em alaridos, quando apare­ guerra de Holofernes, que o povo lhe
ceram os meus pobres (concidadãos) tinha dado, e o cortinado que ela
abrasados de sêde. 14Os filhos das mesma tinha tirado do leito dêle.
jovens esposas transpassaram-nos, e 24E o povo esteve em grande rego­
mataram-nos (sem resistência) como zijo diante do santuário, e a alegria
a meninos que fogem; pereceram no desta vitória foi celebrada com Ju-
combate diante da face do Senhor dite por espaço de três meses.
meu Deus. i5Cantemos um hino ao
Senhor, cantemos um novo hino ao últimos dias de Judite
nosso Deus. 16Adonai, Senhor, tu és 25E, passados aquêles diás, cada um
grahde, magnífico no teu poder, e voltou para sua casa, e Judite ficou
ninguém pode superar-te. 17Todas as sendo célebre em Betúlia, e era a
tuas criaturas te obedeçam, porque pessoa mais ilustre de tôda a terra
tu falaste, e foram feitas; enviaste de Israel. 28Porque à coragem jun­
o teu espírito, e foram criadas, e nin­ tava a castidade, de tal sorte que
guém resiste à tua voz. 18Os mon­ nunca em todos os dias da sua vida
tes e as águas serão abalados desde conheceu outro homem, desde que
os fundamentos; as pedras, qual ce­ morreu Manassés,' seu marido. ^E
ra, se dèrreterão diante da tua face. nos dias de festa aparecia em pú­
^Porém aquêles que te temem, se­ blico com grande glória. ME morou
rão grandes diante de ti em tôdas na casa de seu marido até a idade
as coisas. 20A i da nação que se le­ de cento e cinco anos, e deu a liber­
vantar contra o meu povo! porque o dade à sua escrava, e morreu, e foi
Senhor onipotente se vingará dela, sepultada em Betúlia com seu mari­
e a visitara no dia do juízo. "È le do. 20E todo o povo a chorou duran­
enviará fogo e vermes sôbre as suas te sete dias. "E em todo o tempo da
carnes, para arderem e para senti­ sua vida, e muitos anos depois da
rem (êsie suplício) etemamente. sua morte, não houve quem pertur­
Ação da graçstó km Jerusalém basse Israel.
Festa comemorativa
aE sucedeu então que todo o po­
vo, depois da vitória; foi a Jerusalém 31E o dia da festividade desta v i­
adorar o Senhor; e, logo que se pu­ tória foi çôsto pe*üs Hebreus na clas­
rificaram, todos ofereceram os seus se dos dias santos, e desde aquêle
holocaustos, e cumpriram os seus vo­ tempo até hoje é festejado pelos Ju­
tos e as suas promessas. 23Mas Ju- deus.

Gap. X V I — 14. o s filh os. . . isto ê, guerreiros jovens e inexperientes.


16. Adonai é um des nomes hebráicoa de Deus, © que significa onipotente, senhor, oíc;
23. E m anátema de esquecimento , isto ê, como um padrão contra o esquecimento, quo
lem braria constantemente aos Israelitas a vitória sôbre Holofernes.
LIVRO DE ESTER
Êste livro, por alguns considerado como romance, bem demonstra o seu
cunho histórico, pela sua escrupulosa referência aos anais persas. A maioria
dos intérpretes católicos concorda em atribuir a Mardoqueu a autoria do
livro. Foi escrito em hebráico e traduzido para o grego, pelos anos 178-176
a. C.. Era lido na festa do Purim, instituída mesmo para recordar a liber­
tação do povo eleito por obra de Ester, filha adotiva de Mardoqueu e esposa
de Assuero. Mais tarde, a festa de Purim transformou-se em verdadeira ba-
canal, e então algum autor desconhecido abreviou o livro, privando-o de seu
tom colorido e sagrado, que possuia no texto hebraico, de que se serviu
São Jerônimo para sua tradução.

Festim de Assuero avilhões de côr celeste e branca e


e jacinto, grinaldas de cordões de
1 2N o tempo de Assuero, que rei- finíssimo linho e de púrpura, que
1 nou desde a Índia até a Etió­ passavam por anéis de marfim, e se
pia sobre cento e vinte e* sete pro­ sustinham em colunas de mármo­
víncias, 2quando êle se sentou no tro­ re. Havia também dispostos leitos
no do seu reino, era a cidade de de ouro e de prata sobre o pavi­
Susa a capital do seu império. 3Ora, mento semeado de esmeraldas e de
no ano terceiro do seu império ofe­ mármore de Paros, decorado com
receu um grande festim, que honrou admirável variedade de figuras (em
com a sua presença, a todos os prín­ mosaico). 7E os convidados bebiam
cipes, aos seus oficiais, aos mais va­ por vasos de ouro e os manjares e-
lorosos dos Persas, e aos mais ilus­ ram servidos em baixela sempre di­
tres dos Medos, e aos governadores ferente. O vinho era também ser­
das províncias, 4para ostentar as ri­ vido em abundância, e excelente, co­
quezas da glória do seu reino, e a mo correspondia à magnificência
grandeza e o fausto do seu poder, dum rei. 8Ninguém constrangia a
(festim que durou) por muito tem­ beber os que não queriam, antes ti­
po, a saber, por cento e oitenta dias. nha ordenado o rei que um dos gran­
5E, estando a terminar os dias dês- des da sua corte presidisse a cada
te festim, convidou todo o povo, mesa, para que cada um tomasse o
que se encontrava em Susa, desde o que queria.
maior até o menor; e ordenou que, A rainha Vasti recusa comparecer
durante sete dias, se preparasse um
banquete no átrio do jardim e do °A rainha Vasti, também deu um
bosque, que tinha sido plantado por banquete às mulheres, no palácio em
mão real e com magnificência ré­ que o rei Assuero costumava residir.
gia. 8E pendiam de todas as partes 10E, ao sétimo dia, o rei, quando es­
560 LIVRO DE ESTER 1 - 2

tava mais alegre e no calor do v i­ torne a entrar jamais à presença do


nho, que tinha bebido com excesso, rei, mas a sua dignidade de rainha
ordenou a Mauman, e Bazata, e H ar- seja recebida por outra mais digna
bona, e Bagata, e Abgata, e Zetar, e do que ela. ME isto seja publicado
Carcas, sete eunucos, que assistiam por tôdas as províncias do teu impé­
ao seu serviço, Uque introduzissem à rio (que é vastíssimo), e tôdas as
presença do rei a rainha Vasti, com mulheres, tanto dos grandes como
o seu diadema na cabeça, para que dos pequenos, honrarão seus m ari­
todos os seus povos e grandes da dos.
côrte vissem a sua beleza; porque 21Pareceu bem êste conselho ao rei
era em extremo formosa. 12Ela, po­ e aos grandes; e o rei procedeu se­
rém, recusou obedecer, e dedignou- gundo o conselho de Mamucan. “ E
se de ir, conforme o rei lhe tinha enviou cartas a tôdas as províncias
mandado intimar pelos eunucos. do seu reino em diversas línguas e
caracteres, conforme cada nação o
Ê por isso repudiada por Assuero pudesse compreender e ler, dizendo
O rei, irado com isto, e todo trans- que os maridos são os senhores e os
ortado em furor, 13consultou os sá- superiores em suas casas; e que is­
ios, que andavam sempre junto dê- to se publicasse por todos os povos.
le, conforme o uso de todos os reis, Assuero resolve substituir a rainha
e por cujo conselho fazia tôdas as Vasti
coisas, pois conheciam as leis e cos­
tumes dos maiores. 14(Ora, os pri­ O lassad as assim estas coisas,
meiros e os mais próximos eram “ quando a ira do rei estava já
Carsena, e Setar, e Admata, e Tar- aplacada, lembrou-se êle de Vasti,
sis, e Mares, e Marsana, e Mamucan, e do que ela tinha feito, e do que
que eram os sete principais dos P er- tinha sofrido. 2Então os servos do
sas e dos Medos, que nunca perdiam rei e os seus ministros disseram:
o rei de vista, e que costumavam ser Busquem-se para o rei donzelas vir­
os primeiros que se sentavam junto gens e formosas, 3e enviem-se por
dêle. 15(Perguntou-lhes, pois, o re i) tôdas as províncias pessoas, que es­
a que pena estava sujeita a rainha colham donzelas formosas e virgens,
Vasti, por não ter obedecido à ordem e tragam-nas à cidade de Susa, e po­
que o rei Assuero lhe tinha intimado nham-se na casa das mulheres, sob o
por meio dos eunucos. cuidado do eunuco Egeu, que está en­
16E Mamucan respondeu em presen­ carregado de guardar as mulheres
ça do rei e dos grandes: A rainha do rei, e aprontem-se-lhes todos os
Vasti não sòmente ofendeu o rei, mas seus atavios e tudo o necessário pa­
também todos os povos e todos os ra o seu uso. 4E aquela que entre
príncipes, gue há por tôdas as provín­ tôdas mais agradar aos olhos do rei,
cias do rei Assuero. 17Porque o que essa será a rainha em lugar de Vas­
a rainha fêz chegará ao conheci­ ti. Agradou êste parecer ao rei,
mento de tôdas as mulheres, as quais e mandou-lhes que fizessem confor­
serão assim levadas a desprezar seus me tinham aconselhado.
maridos, e dirão: O rei Assuero man­ Ester, a filha adotiva de Mardoqueu
dou ir a rainha Vasti à sua presença
e ela não quis. 18E à sua imitação, 5Havia na cidade de Susa um ho­
as mulheres de todos os Persas e Me­ mem Judeu, chamado Mardoqueu,
dos desprezarão as ordens de seus filho de Jair, filho de Semei, filho
maridos; por isso $ ira do rei é jus­ de Cis, da linhagem de Jernini, 6o
tíssima. 19Se é, pois, do teu agrado, qual tinha sido deportado de Jerusa­
publique-se por tua ordem um edi­ lém naquele tempo em que Nabuco-
to, e escreva-se conforme a lei dos donosor, rei de Babilônia, tinha fe i­
Persas e Medos, (a qual não é per­ to levar para esta cidade a Jeconias,
mitido violar) que a rainha Vasti não rei de Judá. 7Tinha êle criado E-
Gap. I I — 2, Busquem-se . . . Êstes fatos mostram o alto grau de corrupção a que o
paganism o tinha chegado, e a b a ix a condição da mulher antes do cristianismo.
2 •LIVRO DE ESTER 561
dissa, filha de seu irmão, chamada se o rei o não quisesse, e por seu
por outro nome Ester, órfã de pai nome a mandasse vir.
e mãe; era em extremo formosa e
de aspecto gracioso. E, tendo fa ­ Ester é escolhida para o lugar de
lecido seu pai e sua mãe, Mardo- Vasti
queu tinha-a adotado por filha.
“ Passado, pois, um certo tempo, es­
Ester entre as mulheres destinadas ao tava já próximo o dia em que devia
rei ser .apresentada ao rei Ester, filha
de Abiail, irmão de Mardoqueu, à
8Tendo-se, pois. nublicado por tô- qual êste tinha adotado por filha.
da a parte o mandato do rei, e le- Ela não pediu nada para se ataviar,
vando-se a Susa, segundo a sua or­ mas o eunuco Egeu, que tinha a
dem, muitas donzelas formosíssimas, guarda das donzelas, deu-lhe o que
que eram entregues ao eunuco Egeu, ela quis para que se enfeitasse. P or­
levaram-lhe também Ester entre as que era formosíssima e de incrível
outras donzelas, para ser guardada beleza e parecia aos olhos de todos
com as mulheres. °E ela agradou- engraçada e amável. 16Foi, pois, le­
lhe, e achou graça aos seus olhos. vada à câmara do rei Assuero no
E êle ordenou a um (o u tro ) eunu- décimo mês, chamado Tebet, no sé­
co que se desse pressa aos enfeites, timo ano do seu reinado. 170 rei
e lhe desse o que lhe pertencia, e amou-a mais do que a tôdas as ou­
sete donzelas das de melhor pare­ tras mulheres, e ela achou graça e
cer da casa do rei (para a servirem ), favor diante dêle, mais que tôdas as
que cuidasse do adôrno e bom trata­ mulheres, e pôs sobre a sua cabe­
mento tanto dela como das suas cria­ ça a coroa real, e constituiu-a rai­
das. 10Ester não lhe quis descobrir nha no lugar de Vasti. “ E ordenou
de que terra, nem de que nação que se preparasse um banquete mag-
era; porque Mardoqueu tinha-lhe or­ nificentíssimo para todos os grandes
denado que guardasse nisso um gran­ e para os seus servos, por motivo do
de segrêdo. “ Ora, êle todos os dias casamento e bodas com Ester. E
passava diante do vestíbulo da ca­ concedeu alívio (de alguns tributos)
sa onde estavam guardadas as vir­ a todas .as províncias, e fêz donati­
gens escolhidas, cuidadoso do esta- vos dignos da magnificência dum tão
do em que se encontrava Ester, e grande príncipe.
desejoso de saber o que lhe aconte­
ceria. Ester descobre ao rei urna conjuração
12E quando chegou o tempo em que Mardoqueu lhe tinha revelado
que cada uma das donzelas, pela sua
ordem, devia ser apresentada ao rei 10E, enquanto pela segunda vez se
e concluídas tôdas as coisas que cor­ buscavam e reuniam virgens, Mardo-
respondiam ao seu adôrno, ia já cor­ ueu estava ( conÜnuamente) junto
rendo o mês duodécimo; porquanto a porta do rei. 20Ester, seguindo
durante seis meses se ungiam com ó- a ordem de Mardoqueu, não tinha
leo de mirra, e durante outros seis ainda manifestado a sua pátria e
usavam de certos ungüentos e aro­ nação. Porque Ester observava tu­
mas. do o que êle mandava, e fazia tudo
13E, quando se tinham apresen­ como costumava fazer, quando, sen­
tar ao rei, davam-lhes tudo quan­ do menina, êle a criava.
to pediam concernente ao seu adôr­ “ Naquele tempo, pois, em que M ar­
no, e, ataviando-se a seu gôsto, pas­ doqueu estava a porta do rei, mos­
savam da habitação das mulheres à traram-se mal contentes Bagatan e
câmara do rei. 14E a que tinha en­ Tares, dois eunucos do rei, que e-
trado à noite saía pela manhã, e da­ ram porteiros, e guardavam a pri­
li era levada à outra habitação, que meira entrada do palácio, e intenta­
estava ao cuidado do eunuco Susa- ram levantar-se contra o rei, e ma-
gazi, que tinha a guarda das mulhe­ tá-lo. 22Isto foi sabido por Mardo-
res secundárias do rei; e não tinha queu, o qual imediatamente deu par­
permissão de voltar de novo ao rei, te à rainha Ester, e ela ao rei em
562 LIVRO DE ESTER 2 - 4

nome de Mardoqueu, que lha tinha rêsse do teu reino não tolerar a sua
referido. 23Fizeram-se as investiga­ insolência. 9Se te apraz, ordena que
ções, e averiguou-se ser verdade; e êle pereça, e eu pesarei aos tesourei­
ambos foram pendurados numa for­ ros do teu erário dez mil talentos
ca. E tudo foi registrado nas histó­ (provenientes da confiscagao dos bens
rias, e pôsto nos anais na presença dos Judeus). 10Então o rei tirou do
do rei. seu dedo o anel que costumava tra­
Aman odeia os Judeus zer, e deu-o a Aman, filho de Am a­
dati, da linhagem de Agag, inimigo
9 d e p o is disto o rei Assuero exal- dos Judeus, 11*e disse-lhe: O dinheiro
** tou Aman, filho de Amadati, que prometeste seja teu, e relativa­
que era da linhagem de Agag, e pôs mente ao povo faze o que quiseres.
o seu assento sôbre todos os prín­
cipes que tinha. 2E todos os servos Promulgação do decreto
do rei, que estavam à porta do pa­ 12E foram chamados os secretários
lácio, dobravam os joelhos diante do rei no mês primeiro de Nisan, no
de Aman, e o adoravam, porque as­ dia treze do mesmo mês, e foi es­
sim lhes tinha mandado o imperador; crito em nome do rei Assuero co­
só Mardoqueu não dobrava os joe­ mo tinha ordenado Aman, a todos os
lhos diante dêle nem o adorava (por sátrapas do rei, e aos juizes das pro­
considerar isto um ato de idolatria). víncias e das diversas nações, em
3E os servos do rei, que guardavam tal variedade de línguas que cada
as portas do palácio, disseram-lhe: uma delas podia ler e entender, e as
Por que não cumpres as ordens do cartas foram seladas com o anel do
rei como os outros? 4E, depois de rei.
lhe dizerem isto muitas vêzes, ven­ 18Foram enviadas pelos correios do
do que não os queria ouvir, disse- rei a tôdas as províncias, para que
ram-no a Aman, querendo saber se matassem e exterminassem todos os
êle persistiria nesta resolução, por­ Judeus, desde o jovem até ao velho,
que lhes tinha dito que era Judeu. meninos e mulheres, num mesmo
5Aman, tendo ouvido isto, e tendo dia, isto é, a treze do mês duodéci-
conhecido por experiência que M ar­ mo, que se chama Adar, e saqueas­
doqueu não dobrava os joelhos dian­ sem os seus bens. 14E era esta a
te dêle, e não o adorava, concebeu substância das cartas, para que tô­
grande ira, 6porém parecia-lhe nada das as províncias fossem informa­
vingar-se só em Mardoqueu, porque das, e se preparassem para o re­
tinha ouvido dizer que era Judeu de ferido dia. 15Os correios, que tinham
nação; e quis antes acabar com tô- sido enviados, apressavam-se a cum­
da a nação dos Judeus, que viviam prir a ordem do rei. E logo se a fi­
no reino de .Assuero. xou em Susa o edito, enquanto o rei
Aman obtém u iu decreto de destruição e Aman celebravam um banquete, e
contra os Judeus todos os Judeus, que havia na cida­
de, se debulhavam em lágrimas.
7N o ano duodécimo do reinado de
Assuero, no primeiro mês, chamado Desolação de Mardoqueii e dos Judeus
Nisan, foi diante de Aman lançada na
urna a sorte, que em hebreu se cha­ A Mardoqueu, tendo sabido disto,
ma Fur, para se saber em que dia e ^ rasgou os seus vestidos e vestiu-
em que mês devia ser trucidada a se de saco, cobrindo a cabeça de
nação dos Judeus, e caiu a sorte no cinza; e clamava em altas vozes no
duodécimó mês, chamado Adar. 7 8En- meio da praça da cidade, dando a
tão Aman disse ao rei Assuero: Há conhecer a amargura do seu cora­
um povo disperso por tôdas as pro­ ção, 2e com êste pranto ia até à
víncias do teu reino, e separado entre porta do palácio; porque não era
si mütuamente, que pratica no­ permitido entrar vestido de saco no
vas leis e cerimônias, e que, além palácio do rei. 3Em tôdas as pro­
disso, despreza as ordens* do rei. E víncias, cidades e lugares, onde êste
tu sabes muito bem que é do inte- cruel edito do rei tinha chegado, e­
4 - 5 LIVRO DE ESTER 563

ra grande a consternação entre os Determinação de Ester


Judeus com jejuns, lamentos e pran­
tos, usando muitos de cilícios e de 15E de novo mandou Ester dizer
cinza em lugar de leito. a Mardoqueu, estas palavras: 18Vai
e junta todos os Judeus, que acha­
Mardoqueu manda pedir a Ester que res em Susa, e orai todos por mim.
intervenha em favor dos Judeus Não comais nem bebais durante três
dias e três noites, e eu jejuarei
4E as criadas de Ester e os eunu- da mesma sorte com as minhas ser­
cos entraram a dar-lhe & notícia vas, e depois disto irei ter com o
(do que Mardoqueu fazia). E, quan­ rei, procedendo contra a lei, sem
do ouviu isto, ficou consternada, e ser chamada, e expondo-me à morte
mandou a Mardoqueu um vestido e ao perigo. 17Foi, pois, Mardoqueu,
para que, despindo o saco lho vestis­ e executou tudo o que Ester lhe ti­
sem; ele porém não o quis receber. nha ordenado.
5E Ester, chamando o eunuco Atac,
que o rei lhe tinha dado para a Ester diante de Assuero
servir, mandou-lhe que fôsse ter com
Mardoqueu, e soubesse dêle porque C 2Ao terceiro dia Ester tomou os
fazia isto. °E, saindo Atac, foi ter ^ vestidos reais, e apresentou-se
com Mardoqueu, que estava na pra­ no átrio interior do palácio real, de­
ça da cidade, diante da porta do pa­ fronte da câmara do rei; e êle esta­
lácio; 7e êste informou-o de tudo o va sentado sôbre o seu trono na sa­
que se tinha passado, como Áman la do conselho do palácio, defronte
tinha prometido pôr uma soma de da porta da casa. 2E, tendo visto a
dinheiro nos tesouros do rei pelo rainha Ester de pé, olhou-a com a-
massacre dos Judeus. 8Deu-lhe, tam­ grado, e estendeu para ela o cetro
bém uma cópia do edito, que estava de ouro, que tinha na mão. Ester,
afixado em Susa, para a mostrar à aproximando-se, beijou a ponta do
rainha, e para a exortar a que fos­ cetro. 3E o rei disse-lhe: Que que­
se apresentar-se ao rei, e intercedes­ res tu, rainha Ester? Que petição
se pelo seu povo. é a tua? Ainda que me peças a me­
°Tendo voltado Atac, referiu a Es­ tade do reino, te será dada.
ter tudo o que Mardoqueu lhe tinha
dito. 10E ela respondeu-lhe, e orde­ Assuero e Aman no banquete de Ester
nou que dissesse a Mardoqueu: " T o ­ 4E ela respondeu: Se agrada ao rei,
dos os servos do rei e tôdas as pro­ suplico que venhas hoje aos meus a-
víncias que estão debaixo do seu do­ posentos juntamente com Aman, a
mínio sabem que, se um homem ou um banquete que tenho preparado.
uma mulher entrar, sem ser chama­ 5E o rei, sem mais demora disse:
da, na câmara do rei, no mesmo Chamai depressa Aman para que o-
ponto, sem remissão alguma, é mor­
to, exceto se o rei estender para êle bedeça a vontade de Ester. O rei
o seu cetro de ouro em sinal de cle­ e Aman foram, pois, ao banquete
mência, e lhe salvar assim a vida. que a rainha lhes tinha preparado.
Como poderei eu, pois, ir ter com 6E o rei disse-lhe, depois de ter be­
o rei, quando há já trinta dias que bido vinho com abundância: Que de­
êle me mandou chamar? "M ardo­ sejas tu que eu te dê? E que é o que
queu, tendo ouvido isto, "mandou me pedes? Ainda que me peças me­
novamente dizer a Ester: Não te tade do meu reino, a alcançarás.
persuadas que, por estares na casa 7Ester respondeu-lhe: A minha pe­
do rei, salvarás tu só a vida entre tição e os meus rogos são êstes: *Se
todos os Judeus; 14porque, se tu ago­ alcancei graça diante do rei e se
ra te calares, por outro caminho se ao rei lhe apaz conceder-me o que
salvarão os Judeus; mas tu e a ca­ peço, e cumprir a minha petição, ve­
sa de teu pai perecereis. E quem nha o rei e Aman a (o u tro ) banque­
sabe se porventura fôste elevada a te que lhes tenho preparado e ama­
rainha, para que estivesses pronta nhã declararei ao rei a minha von­
em tal conjuntura? tade.
564 LIVRO DE ESTER 5 - 7

Aleg-ria de Aman; seu ódio contra do. 5Os criados responderam: Aman
Mardoqueu está na ante-câmara. E o rei disse:
Que entre. °E, tendo entrado, dis­
9Saiu, pois, Aman naquêle dia a- se-lhe: Que deve fazer-se àquele,
legre e contente. Mas, tendo visto homem, a quem o rei deseja honrar?
Mardoqueu sentado diante da porta E Aman, pensando no seu coração
do palácio que não só não se tinha e julgando que o rei a nenhum ou­
levantado para o cortejar, senão que tro queria honrar senão a êle, Res­
nem sequer se tinha movido do seu pondeu: O homem, a quem o rei
assento, irritou-se em extremo; 10e, deseja honrar, 8deve tomar vestidos
dissimulando a ira, voltou para sua reais, e montar sôbre um cavalo, dos
casa, e convocou os seus amigos, e que o rei monta, e levar sôbre a
Zarés, sua mulher, 11e declarou-lhes sua cabeça um diadema real, 9e o
a grandeza das suas riquezas, e o rimeiro dos príncipes e dos gran­
grande número dos seus filhos, e a es do rei leve pelas rédeas o
alta glória, a que o rei o tinha ele­ seu cavalo, e, indo pela praça da
vado sôbre todos os grandes e os cidade, diga em alta voz: Assim
seus cortesãos. 12E depois disse: A é que será honrado todo aquê-
rainha Ester a nenhum outro cha­ le a quem o rei quiser honrar.
mou para o banquete com o rei, se­ 10E o rei disse-lhe: Vai depres­
não a mim, e amanhã tenho de co­ sa e, tomando o manto real e o ca­
mer também nos seus aposentos com valo, faze tudo o que disseste ao ju ­
o rei. 13Mas embora tenha tudo is­ deu Mardoqueu, que está sentado
to, nada me parece ter, enquanto diante da porta do palácio. Vê, não
v ir o judeu Mardoqueu sentado dian­ omitas coisa alguma das que disses-
te das portas do palácio. 14E Zarés te. “ Tomou, pois, Aman o manto
sua mulher, e os outros responderam- real e o cavalo e, tendo revestido
lhe: Manda levantar uma grande v i­ Mardoqueu na praça da cidade, e,
ga de cinqüenta côvados de altura, e depois de o montar a cavalo, ia a-
dize pela manhã ao rei que mande diante, e clamava: É digno desta
pendurar nela Mardoqueu, e assim honra aquêle a quem o rei quiser
irás alegre para o banquete com o honrar.
rei. Agradou-lhe o conselho, e man­ 12E Mardoqueu voltou para a por­
dou que se preparasse um madeiro ta do palácio; e Aman retirou-se a
bem alto. toda a pressa para sua casa, choran­
Aman é obrigado a prestar honras a do e com a cabeça coberta (em si­
Mardoqueu nal de d or). 13E contou a Zarés, sua
mulher, e aos amigos tudo o que lhe
/J 20 rei passou aquela noite sem tinha acontecido. E os sábios, com
w dormir e mandou que lhe trou­ quem êle se aconselhava, e sua mu­
xessem as histórias e os anais dos lher responderam-lhe: Se êste M ar­
tempos passados. E, quando êles se doqueu, diante do qual tu começas
liam diante dêle, 2chegou-se àquele a cair, é da linhagem dos Judeus,
lugar onde estava escrito como M ar­ tu não lhe poderás resistir, mas cai­
doqueu tinha descoberto a conjura­ rás diante dêle. “ Enquanto êles
ção dos eunucos Bagatan e Tares, que ainda falavam, chegaram os eunu-
tinham querido assassinar o rei As- cos do rei, e obrigaram-no a ir à
suero. 3Tendo ouvido isto o rei, dis­ pressa ao banquete que a rainha ti­
se: Que honra e que recompensa re­ nha preparado.
cebeu Mardoqueu por tanta fidelida­ Ester obtém a salvação do seu povo:
de? Os seus servos e ministros dis- morte de Aman
seram-lhe: Não recebeu nenhuma
recompensa. 4E o rei imediatamen- 7 1Entraram, pois, o rei e Aman,
te disse: Quem está na ante-câmara? 1 para beber com a rainha. 2E
Ora Aman tinha entrado no átrio também neste segundo dia o rei, de­
interior da casa real, para sugerir pois de estar quente com o vinho,
ao rei que mandasse pôr Mardoqueu disse-lhe: Que petição é a tua, ó Es­
no patíbulo que lhe tinha prepara­ ter, para que te seja concedida? E
7 - 8 LIVRO DE ESTER 565

que queres que se faça? Ainda que man, inimigo dos Judeus, e Mar-
peças metade do meu reino, a terás. doqueu foi apresentado ao rei, por­
3Ester respondeu-lhe: ó rei, se eu a- que Ester lhe tinha confessado que
chei graça aos teus olhos, e se as­ êle era seu tio paterno. 2E o rei
sim te apraz, concede-me a minha tomou o anel, que tinha mandado
vida, pela qual te rogo, e a do meu tirar a Aman, e deu-o a Mardoqueu.
povo, pela qual intercedo. 4Porque E Ester constituiu Mardoqueu inten­
eu e o meu povo estamos condena­ dente da sua casa.
dos a ser destroçados, degolados e N ovo edito em f a v o r dos Judeus
exterminados. E , oxalá fôssemos ao
menos vendidos como escravos, e co­ 3E não contente com isto, ela lan-
mo escravas: êste mal seria suportá­ çou-se aos pés do rei, e com lá­
vel, e gemendo me calaria; mas a- grimas falou-lhe e suplicou-lhe que
gora temos um inimigo cuja cruel­ dessem ordem para que não ti­
dade recai sôbre o mesmo rei. 5E, vesse efeito o mau desígnio de A -
respondendo o rei Assuero, disse: man, filho de Agag, nem as suas i-
Quem é êsse, e qual é o seu poder, níquas maquinações, que tinha ur­
para que tenha a ousadia de fazer dido contra os Judeus. 4E o rei, se­
isso? °Então Ester disse: O nosso i- gundo o costume, estendeu para ela
nimigo e perseguidor é êste perver­ com a sua mão o cetro de ouro, o
so Aman. Aman, ouvindo isto, f i­ que era sinal de clemência; e, le-
cou logo aturdido, não podendo su­ vantando-se ela, pôs-se em pé dian­
portar os olhares do rei nem da rai­ te do rei, 5e disse: Se assim apraz
nha. ao rei, e se encontrei graça aos seus
7E o rei levantou-se irado, e do olhos, e não lhe parece ser injusto o
lugar do banquete passou a um ja r­ meu pedido, suplico que, com novas
dim plantado de árvores. Aman le- cartas, sejam revogadas as prim ei­
vantou-se também para rogar à rai­ ras de Aman, perseguidor e inimigo
nha Ester pela própria vida, porque dos Judeus, com as quais mandava
reconheceu que o rei tinha resolvi­ que fôssem êstes exterminados em
do a sua ruína. 8Tendo Assuero vol­ tôdas as províncias do rei. 6Porque
tado do jardim plantado de árvores, como poderei eu suportar a matan­
e tendo entrado no lugar do ban­ ça e o extermínio do meu povo?
quete, encontrou Aman que se tinha 7E o rei Assuero respondeu à rai­
lançado no leito (ou sofá), em que nha Ester e ao judeu Mardoqueu: Eu
estava Ester (durante o banquete), doei a Ester a casa de Aman, e a êle
e disse: Até, estando eu presente, mandei-o crucificar, porque se atre­
quer na minha própria casa fa ­ veu a estender a sua mão contra os
zer violência à rainha? Ainda não Judeus. 8Escrevei, pois, aos Judeus
tinha saído da bôca do rei esta pa- em nome ’do rei, como bem vos pa­
lavra quando logo lhe cobriram a recer, e selai as cartas com o meu
cara (com o condenado à m o rte ). 9E anel. Porque segundo o costume,
Harbona, um dos eunucos que esta­ ninguém se atrevia a opôr-se às car­
va ao serviço ordinário do rei, dis­ tas que eram enviadas em nome do
se: Sabei, (6 r e i), que em casa de rei e seladas com ò seu anel.
Aman está levantado um madeiro, 9E, chamados os secretários e es­
que tem cinqüenta côvados de altu­ crivães do rei, correndo o terceiro
ra, o qual êle tinha preparado para mês, chamado Siban, aos vinte e três
Mardoqueu, que falou em defesa do do mesmo mês, foram escritas as
rei. E o rei disse-lhe: Pendurai-o cartas, da maneira que quis Mardo-
nêle. 10Foi, pois, Aman pendurado queu, e dirigidas aos Judeus, e aos
no pátibulo que êle tinha prepara­ príncipes, e aos governadores, e aòs
do para Mardoqueu; e a ira do rei juizes, que presidiam às cento e vin­
aplacou-se. te e sete provências do reino, desde a
Exaltação de Mardoqueu Índia, até à Etiópia, província por
província, e povo por povo, conforme
o xN o mesmo dia doou o rei Assue- as suas línguas e caracteres, e aos
° ro à rainha Ester a casa de A- Judeus, para que pudessem lê-las e
566 LIVRO DE ESTER 8 - 9

compreendê-las. 10E estas cartas, que Vingança dos Judeus


eram enviadas em nome do rei, fo ­
ram seladas com o seu anel, e leva­ Q ^ássim no dia treze do duodéci-
das pelos seus correios, os quais, per­ mo mês, que, como já dissemos,
correndo com diligência tôdas as pro­ se chama Adar, quando estava des­
víncias, evitaram por meio destas no­ tinada a matança de todos os Ju­
vas ordens (o efeito) das primeiras deus, e quando os seus inimigos es­
cartas. tavam ansiosos do seu sangue, os Ju­
uO rei mandou-lhes também que deus, pelo contrário, começaram a
em cada cidade buscassem os Ju­ ser mais fortes e a vingar-se dos
deus, e lhes ordenassem o unir-se to­ seus adversários. 2E juntaram-se em
dos, para defenderem as suas vidas, cada uma das cidades, aldeias e lu­
e para matarem e exterminarem os gares, para atacarem os seus inimi­
seus inimigos, com as mulheres e gos e perseguidores. E ninguém ou­
filhos e tôdas as casas, e que saqueas­ sava resistir-lhes, porque o mêdo do
sem os seus bens. 12E foi estabele­ seu poder tinha-se apoderado de to­
cido para tôdas as províncias um dos os povos. 3N a verdade os juizes
(m esm o) dia de vingança, a saber, das províncias, os governadores, e os
o dia treze do duodécimo mês (cha­ intendentes e todos os constituídos
mado) Adar. 18E a substância da em dignidade, que em cada lugar
carta era que se notificasse em tô­ presidiam às obras, exaltavam os Ju­
das as terras e povos sujeitos ao do­ deus, por causa do temor que tinham
mínio do rei Assuero, que os Judeus de Mardoqueu, 4o qual êles sabiam
estavam prontos a vingar-se dos seus ser o principal do palácio, e que ti­
inimigos. nha grande poder; e a fama do seu
14E os correios partiram imediata- nome crescia de dia para dia, e voa­
mente, levando os avisos, e o edito va pelas bocas de todos.
do rei foi afixado em Susa. fiz e ra m , pois, os Judeus um gran­
de estrago nos seus inimigos, e ma-
Glória de Mardoqueu e alegria dos taram-nos, retribuindo-lhes o mal que
Judeus êles lhes tinham intentado fazer; 8a
15Ora Mardoqueu, saindo do palácio tal ponto que até em Susa mataram
e da presença do rei, resplandecia uinhentos homens, sem contar os
com os vestidos reais côr de jacinto e ez filhos de Aman Agagita, inimigo
de azul celeste, levando uma coroa de dos Judeus, cujos nomes são êstes:
ouro na cabeça, e coberto com um 7Farsandata, e Delfão, e Esfata, 8e
manto de sêda e de púrpura. E tô- Forata, e Adália, e Andata, 9e Fer-
da a cidade se encheu de festa e de mesta, e Arisai, e Aridai, e Jesata,
alegria. 10Tendo-os matado, não quiseram os
10E aos Judeus parecia-lhes ter-lhes Judeus tocar no despôjo de seus bens.
nascido uma nova luz, *a alegria, a nE foi logo referido ao rei o núme­
honra e o júbilo. 1 *7Em todos os po­
5 ro dos que tinham sido mortos em
vos, cidades e províncias, onde che­ Susa. 12Ê êle disse à rainha: N a ci­
garam as ordens do rei, havia uma dade de Susa mataram os Judeus
alegria extraordinária, banquetes, e quinhentos homens, fora os dez f i ­
convites, e festas; de tal sorte que lhos de Aman; quão grande cuidas
muitos das outras nações e seitas a- tu que seja a mortandade que êles
braçavarn a sua religião e as suas terão feito em tôdas as províncias?
cerimônias; porque o nome do povo Que mais pedes, e que queres tu que
Judaico tinha enchido todos de gran- eu mande que se faça? 13E ela res­
de terror. pondeu-lhe: Se assim apraz ao rei,
Cap. I X — 10. N ã o q u i s e r a m o s J u d e u s . . . Isto prova que os Judeus nS.o tiveram em v ista
enriquecer-se com os bens dos inimigos, mas sòmente defender a sua vida ameaçada.
13. S e a s s im a p r a z a o r e i .. . E m Susa restavam ainda certamente muitos inimigos dos
Judeus e partidários de Aman, que tinham jurado o extermínio do povo de Deus. F o r
isso E s te r deseja precaver tôda nova tentativa contra o seu povo, conseguindo que se
execute contra êles a lei de talião com o consentimento da autoridade, o que era conforme
o espírito daquele tempo.
9 LIVRO DE ESTER 567

seja dado poder aos Judeus de faze­ e alegria; e assim êstes dias eram
rem ainda amanhã em Susa, o que de banquete e de regozijo, e nêles
fizeram hoje, e os dez filhos de Aman deviam mandar uns aos outros por­
sejam pendurados em patíbulos. 14E ções das suas iguarias, e fazer seus
o rei ordenou que assim fôsse feito. presentmhos aos pobres.
E logo foi afixado em Susa o edi­ 23E os Judeus admitiram entre os
to, e os dez filhos de Aman foram seus ritos solenes tudo o que come­
pendurados. 15E, reunidos os Judeus çaram a fazer, naquele tempo, e que
no dia catorze do mês de Adar, fo ­ Mardoqueu na sua carta lhes orde­
ram mortos trezentos homens em Su­ nou que fizessem. 24Porque Aman,
sa; porém não saquearam os seus filho de Amadati, da linhagem de
bens. Agag, inimigo e adversário dos Ju­
18E da mesma sorte por tôdas as deus, formou contra êles o mau pro­
províncias que estavam sujeitas ao jeto de os matar e de os extinguir;
império do rei, puseram-se os Judeus e lançou sôbre isto o Fur, que na
em defesa das suas vidas, matando nossa língua significa sorte. 25Mas
os seus inimigos e perseguidores, em depois disto, Ester foi ter com o rei,
tão grande número que chegaram suplicando-lhe que frustrasse os de­
os mortos a setenta e cinco mil ho­ sígnios de Aman com uma carta do
mens; e nenhum (Judeu) pôs a mão rei, e que fizesse cair sôbre a sua
em coisa alguma dos seus bens. cabeça o mal que êle tinha projeta­
17E no dia treze do mês de Adar, do contra os Judeus. E por fim pu­
começou a matança em tôda a par­ seram numa cruz a êle e a seus f i­
te, e cessou no dia catorze. E orde­ lhos.
naram que êste dia fôsse solene, e 20E, desde aquêle tempo, êstes dias
que se celebrasse por todos os séculos foram chamados Furim, isto é, das
seguintes com banquetes, regozijos sortes, porque o Fur, ou a sorte, foi
e festins. 18E os que tinham exe­ lançada na urna. E tôdas as coisas
cutado a mortandade na cidade de que aconteceram estão contidas no
Susa, empregaram nela os dias treze volume desta carta, isto é, dêste li­
e catorze do mesmo mês; e cessaram vro. 27E em memória do que sofre­
de matar no dia quinze. E por es­ ram e da (feliz) mudança que de­
ta razão estabeleceram que se sole- pois houve, os Judeus obrigaram-se
nizasse o mesmo dia com banquetes por si e pelos seus descendentes, e
e regozijos. por todos os que quiseram agregar-
19Os Judeus, porém, que habitavam se à sua religião, que a nenhum fôs­
nas cidades sem muros, e nas aldeias, se lícito passar sem solenidade êstes
destinaram o dia catorze do mês de dois dias, que são indicados neste es­
Adar para banquetes e regozijos, de crito, e se observam, em tempos de­
modo que neste dia fazem grandes terminados, pelos anos sucessivos.
divertimentos, e mandam uns aos ou­ 28Êstes são dias que nunca serão es­
tros alguma coisa dos seus banque­ quecidos, e os quais tôdas as provín­
tes e iguarias. cias de geração em geração celebra­
Instituição da festa de Furim rão por toda a terra; e não há cida­
de alguma onde os dias de Fúrim,
20Mardoqueu, pois, escreveu tôdas isto é, das sortes, não sejam soleni-
estas coisas, e, resumindo-as numa zados pelos Judeus e pela sua des­
carta, mandou-a aos Judeus que ha­ cendência, que está obrigada a estas
bitavam ' em tôdas as províncias do cerimônias.
rei, tanto nas mais próximas, como -^E a rainha Ester, filha de Abiail,
nas mais remotas, 21a fim de que o e Mardoqueu, Judeu, escreveram tam­
dia catorze e o dia quinze do mês de bém uma segunda carta, para que
Adar fôssem para êles dias de festa, com o maior cuidado ficasse estabe­
e os celebrassem todos os anos pa­ lecido êste dia solene para o futuro;
ra sempre com honras solenes; “ por­ ^e enviaram-na a todos os Judeus,
que nestes dias se . vingaram os Ju­ que moravam nas cento e vinte e se­
deus dos seus inimigos, e o seu luto te províncias do rei Assuero, para
e tristeza converteram-se em festa que tivessem paz e recebessem a ver­
568 LIVRO DE ESTER 9-11
dade, “ observando os dias das sortes, nhor salvou o seu povo, e nos livrou
e celebrando-os a seu tempo com de todos os males, e fêz grandes mi­
grande alegria, como Mardoqueu e lagres e prodígios no meio das na-
Ester tinham estabelecido, e eles se çoes; 10e ordenou que houvesse duas
obrigaram, por si e pela sua descen­ sortes, uma para o povo de Deus, e
dência, a guardar os jejuns, e cla­ outra para todas as gentes. UE uma
mores (a Detis), e os dias das sor­ e outra sorte saiu para tôdas as gen­
tes, 32e tudo o que se contém na his­ tes diante do Senhor no dia assina-
tória dêste livro, que se intitula Ester. lado desde aquêle tempo; 12e o Se-
nhor lembrou-se do seu povo, e teve
Grandeza de Assuero compaixão da sua herança.
13E êstes dias serão celebrados no
1A 2Ora o rei Assuero tinha feito mês de Adar, a catorze e quinze dês-
tributária tôda a terra e todas te mês, com tôda a devoção e júbilo
as ilhas do mar; 2e nos livros dos do povo, que se congregará em um
Medos e dos Persas se acha escrito ajuntamento perpètuamente em tô­
qual foi o seu poder e o seu domínio, das as gerações do povo de Israel.
e a dignidade e a grandeza a que
êle exaltou Mardoqueu, 3e de que Sonho de Mardoqueu
modo Mardoqueu, Judeu de nação,
chegou a ser o segundo depois do rei 11 2N o ano quarto, reinando Ptolo-
Assuero, e como foi grande entre os 11 meu e Cleópatra, Dositeu, que
Judeus, e amado pela multidão dos se dizia sacerdote e da linhagem de
seus irmãos, procurando o bem do Levi, e Ptolomeu, seu filho, trouxe­
seu povo, e interessando-se por aqui­ ram esta carta de Furim, que disse-
lo que se referia à tranqüilidade da ram ter sido traduzida em Jerusalém
sua nação. por Lisímaco, filho de Ptolomeu.
Apêndices deuterocanônicos Êste princípio estava ,também na
edição Vulgata, o qual não se encon­
Traduzi com tôda a fidelidade o que tra nem no Hebreu, nem tão pouco
se encontrava no Hebreu. Mas o que em algum dos intérpretes.
se segue, achei-o escrito na edição 2N o ano segundo, reinando o mui
Vulgata, como se contém nos exem­ grande Artaxerxes (o u Assuero), no
plares gregos. Todavia no fim do primeiro dia do mês de Nisan, Mar-
liv ro estava pôsto êste capitulo, o doqueu, filho de Jair, filho de Semei,
qual, segundo o nosso costume, no­ filho de Cis, da tribo de Benjamim,
tamos com um óbelo. teve um sonho. 3Êle era um homem
4E Mardoqueu disse: Deus é quem Judeu, que morava na cidade de Su-
fêz isto. 5Lembro-me de um sonho sa, varao grande, e dos primeiros
que tive, o qual significava isto mes­ da côrte do rei. 4E era do número
mo; e nada (do que sonhei) ficou por dos cativos, que Nabucodonosor, rei
cumprir. 6Á pequena fonte, que cres­ de Babilônia, tinha levado de Jeru­
ceu até se tornar um rio, e que se salém, com Jeconias, rei de Judá.
transformou em luz e em sol, e der­ 5E o seu sonho foi êste: Pareceu-
ramou águas em grandíssima abun­ lhe ouvir vozes, e estrondos, e tro­
dância, é Ester, a qual o rei tomou vões, e terremotos, e perturbações
por mulher, e quis que fôsse rainha. sôbre a terra; °e eis que apareceram
7Os dois dragões sou eu e Aman. 8As dois grandes dragões, prontos para
gentes, que se juntaram, são aquêles combater um contra o outro. 7Ao
ue intentaram apagar o nome dos ruído dêles alvoroçaram-se tôdas as
udeus. 9E a minha gente é Israel, nações para combater contra a na­
o qual clamou ao Senhor, e o Se­ ção dos justos. 8E foi aquêle um dia
Traduzí com tôda a fidelidade . . . E s ta nota e as seguintes que são em itálico por
entre o têxto, são de S. Jerõnimo. — N a edição Vulgata. A edição que S. Jerônimo
chama Vulgata é a antiga tradução latina, de que a Igreja ocidental usava no seu tempo,
fe ita sôbre os setenta, óbelo era um sinal pelo qual os críticos Alexandrinos indicavam
as passagens interpeladas ou duvidosas.
Cap. X I — 1. Trouxeram esta carta ãe Furim , isto é, todo o liv ro de E s te r.
11 - 13 LIVRO DE ESTER 569

de trevas e de perigo, de tribulação res das cento e vinte e sete provín-


e de angústia, e houve grande temor cias, que estão sujeitas ao seu im-
sôbre a terra. 9E conturbou-se a na­ ério, saúde. 2Tendo eu o império
ção dos justos, temendo os seus ma­ e muitíssimas naçôes, e tendo sub­
les, e preparou-se para a morte. 10E metido ao meu domínio tôda a ter­
clamaram a Deus; e, quando levan­ ra, jamais quis de modo algum abu-
taram o grito, uma pequena fonte sar da grandeza do meu poder, mas
tornou-se um rio multo grande, e overnar com clemência e com bon-
derramou águas em grandíssima a- ade os meus vassalos, para que, pas­
bundância. UA luz e o sol brilha­ sando a vida com sossêgo, sem mêdo
ram, e os humildes foram exaltados, algum, gozassem a paz desejada por
e devoraram os grandes. 12Quando todos os mortais. 8E, perguntando
Mardoqueu viu isto, levantou-se do eu aos do meu conselho como pode­
leito, e pôs-se a pensar no que Deus ría isto conseguir-se, um, que exce­
quereria fazer; tinha o sonho fixo em dia aos outros em sabedoria e fide­
seu espírito, desejando saber o que lidade, e era o segundo depois do rei,
significaria. chamado Aman, 4fêz-m e saber que
Conspiração contra o rei
havia um povo disperso por toda a
terra, que seguia umas novas leis e
1 0 M ardoqueu estava então na que, opondo-se ao costume de todas
côrte do rei de Bagatan e T a­ as gentes, desprezava as ordens dos
res, eunucos do rei, os quais eram reis, e alterava com as suas discór­
porteiros do palácio. 2E, tendo en­ dias a paz de tôdas as naçôes.
tendido os seus pensamentos^ e re­ 5Tendo-nos nós inteirado disto, e,
conhecido exatamente os seus desíg­ vendo que uma so nação se opôe a
nios, averiguou que intentavam por todo o gênero humano, segue leis
a mão na pessoa do rei Artaxerxes, perversas, e desobedece aos nossos
e avisou-se disso o rei, 3o qual, feito decretos, e perturba a paz e concór­
0 processo de ambos, e tendo êles dia das províncias que nos estão su­
confessado, ordenou que fôssem con­ jeitas, °decretamos que todos os que
duzidos à morte. 4E o rei mandou forem indicados por Aman, que tem
escrever nos anais o que se tinha a superintendência de todas as pro­
passado; e Mardoqueu também o pôs víncias, e é o segundo depois do rei,
por escrito para conservar a sua me­ e a quem honramos como pai, sejam
mória. 5E o rei ordenou que moras­ exterminados por seus inimigos jun-
se no palácio, dando-lhe presentes tamente com suas mulheres e filhos,
pelo aviso. no dia catorze do mês duodécimo de
°Mas Aman. filho de Amadati, Bu- Adar dêste ano, e ninguém se com­
geu, gozava de grande crédito jun­ padeça dêles; 7para que êstes homens
to do rei, e quis perder Mardoqueu malvados, perecendo no mesmo dia,
e o seu povo, por causa dos dois eu- restituam ao nosso império a paz que
nucos do rei, que tinham sido mortos. tinham perturbado.
A té aqui o proêmio. A té aqui a cópia da carta. O que
O que se segue eslava põsto naque­ se segue, encontrei-o escrito depois
le lugar do livro, onde se acha es­ daquele lugar, onde se lê:
crito: Ê foi Mardoqueu, e fêz tudo o que
E saquearam os seus bens e as suas Ester lhe tinha mandado.
riquezas. Mas isto nao se encontrava no tex­
O que sÕmente encontramos na edi- to Hebraico, nem é referido por in­
çao Vulgata. teiro por nenhum dos intérpretes.
Eis a cópia da carta (de Aman con­ Oração de Mardoqueu
tra os Judeus) :
8E Mardoqueu fêz oração ao Se­
Cópia do edito contra os Judeus nhor, recordando todas as suas obras,
9e disse: Senhor, Senhor, rei onipo­
1 O jO mui grande rei Artaxerxes tente, no teu poder estão postas tô­
1° (que reina) desde a índia até das as coisas, e não há quem possa
à Etiópia, aos príncipes e governado­ resistir à tua vontade, se determinas­
570 LIVRO DE ESTER 13 - 14

te salvar Israel. 10Tu fizeste o céu metido. °Nós pecamos na tua pre­
e a terra, e tudo quanto se contém sença, e por isso entregaste-nos nas
no âmbito do céu. “ Tu és o Senhor mãos dos nossos inimigos, 7porque
de tôdas as coisas, e não há quem adoramos os seus deuses. Justo és,
resista à tua majestade. ó Senhor. 8Mas agora não se con­
12Tu conheces tudo, e sabes que tentam com oprimir-nos com uma
foi não por soberba, nem por des- duríssima escravidão, senão que, atri­
prêzo, nem por alguma cobiça de gló­ buindo ao poder dos seus ídolos a
ria que fiz isto de não adorar o alti­ força das suas mãos, 9pretendern
vo Aman. “ (Porque, para salvar Is­ transtornar as tuas promessas, e des­
rael, pronto estaria a beijar com gôs- truir a tua herança, e fechar as bo­
to os vestígios dos seus pés), 14mas cas dos que te louvam, e extinguir
temi trasladar para um homem a a glória do teu templo e do teu al­
honra devida ao meu Deus, e adorar tar, 10a fim de abrir as bôcas dos
algum outro que não fôsse o meu gentios, e louvar o poder dos seus
Deus. idolos, e ceíebrar perpètuamente um
15E agora tu, ó Senhor Rei, Deus rei de carne. “ Não entregues, Se­
de Abraão, tem misericórdia do teu nhor, o teu cetro àqueles que não
povo, porque os nossos inimigos que­ são nada, para que não escarneçam
rem acabar e destruir a tua herança. da nossa ruína; mas volta contra
“ Não desprezes a tua porção, que êles os teus desígnios, e destrói aquê-
para ti resgataste do Egito. 17Ouve le que começou a ser cruel contra
os meus rogos, e mostra-te propício nós. 12Lembra-te de nós, Senhor, e
à tua parte e herança, e muda o mostra-nos a tua face no tempo da
nosso pranto em gôzo para que, v i­ nossa tribulação, e dá-me fôrça, Se­
vendo, louvemos, Senhor, o teu no­ nhor, rei dos deuses e de tôdas as
me, e não feches a bôca dos que te potestades; 13põe na minha bôca pa­
louvam. 18E todo o Israel clamou do lavras próprias na presença do leão
mesmo modo ao Senhor, orando com (Assuero), e muda o seu coração de
um mesmo coração, porque uma ine­ modo que aborreça o nosso inimigo,
vitável morte os ameaçava. a fim de que pereça êle e os outros
Oração e penitência de Ester que estão de acordo com êle. 14E
livra-nos com a tua mão, e socorre-
1A *A rainha Ester, aterrada com me, que não tenho outro auxílio, se­
o perigo que estava iminente, não a ti, Senhor, que conheces tô­
recorreu também ao Senhor. 2E, ten­ das as coisas, 15e sabes que aborre­
do deposto os vestidos reais, tomou ço a glória dos iníquos, e detesto o
traje próprio de pranto e luto, e, em leito aos incircuncisos e de qualquer
lugar de variedade de ungüentos, co­ estrangeiro. 16Tu sabes a minha ne­
briu a sua cabeça com cinza e pó, e cessidade, e que abomino o distinti­
humilhou o seu corpo com jejuns, e vo da soberba e da minha glória, que
por todos os lugares em que antes trago sôbre a minha cabeça, nos dias
costumava alegrar-se, espalhou os ca­ em que devo comparecer em públi­
belos que se arrancava. co, e que o detesto como um pano
3E orava ao Senhor Deus de Israel, asqueroso, e que não os trago nos dias
dizendo: Meu Senhor, tu que és o do.meu silêncio (da vida particular) ,
único rei, socorre-me a mim aban­ 17e que não tenho comido na mesa
donada, e que não tenho outro auxí­ de Aman, nem me têm deleitado os
lio fora de ti. 40 meu perigo está convites do rei, nem tenho bebido
iminente. 5Ouvi contar a meu pai vinho das libações ( oferecidas aos ído­
que tu, ó Senhor, tomaste Israel den­ lo s ); 18e que a tua serva, desde o dia
tre tôdas as nações, e nossos pais em que, foi transladada para aqui
dentre todos os seus maiores, para até ao presente, nunca teve conten­
os possuíres por herança eterna, e tamento, senão em ti, Senhor Deus
procedeste com êles como tinhas pro­ de Abraão.
Cap. X I V — 13. Na presença do leão, isto é, de Assuero, cuja cólera era temível como
a dum leão.
14 - 15 LIVRO DE ESTER 571

19Deus forte sôbre todos, ouve a e temeroso, saltou do trono, e, sus-


voz daqueles que não têm outra es­ tendo-a com seus braços até que vol­
perança (senão em t i), e livra-nos tou a si, a animava com estas pala­
da mão dos iníquos, e livra-me a mim vras. 12Que tens, Ester? Eu sou teu
do meu temor. irmão, não temas. 13Não morrerás,
Também encontrei estas edições na porque esta lei não foi feita para
edição Vulgata. ti, mas só para todos os outros.
14Aproxima-te, pois, e toca o cetro.
Exortação de Mardoqueu a Ester 15E, como ela não falasse, tomou o
1 £J 2E mandou dizer-lhe (sem dú- cetro de ouro, e pôs-lho sôbre o seu
A ** vida que foi Mardoqueu a Es­ colo, e beijou-a, e disse: Por que não
ter) que se apresentasse ao rei, e lhe me falas? 16E ela respondeu-lhe: Eu
rogasse pelo seu povo e pela sua pá­ te vi, senhor, como um anjo de Deus,
tria. 2Lembra-te (lhe disse) dos dias e o meu coração turbou-se com o
da tua humilhação, e de como fôste temor da tua majestade. 17Porque
criada pela minha mão? porque tu, senhor, és em extremo admirá­
Arnan, que é o segundo depois do vel, e o teu rosto cheio de graças.
rei, tem falado contra nós para nos 18E, estando ainda a falar, desmaiou
fazer morrer; 3tu, pois, invoca o Se­ de novo e ficou quase sem sentidos.
nhor, e fala por nos ao rei, e livra- 19E o rei perturbava-se, e todos os
nos da morte. seus ministros a consolavam.
E também encontrei o que se segue. Cópia da carta que o re i A rta x e r-
xes enviou a tôdas as províncias do
Ester apresenta-se ao rei seu reino a favor dos Judeus; a qual
4E, no dia terceiro, (E s ter) depôs também se não encontra no texto
os vestidos que trazia, e adornou-se Hebreu.
com os da sua glória. 5E, brilhan­ Edito de Assuero em favor dos Judeus
do neste traje real, e invocando a
Deus, que é governador e salvador 1£ 30 grande Artaxerxes, rei des-
de todos, tomou duas das suas cria­ de a índia até à Etiópia, aos
das, 6e ia-se apoiando sôbre uma de­ governadores e príncipes das cento
las, como se por delicadeza e dema­ e vinte e sete províncias, que estão
siada debilidade não pudesse suster sujeitas ao nosso império, saúde.
o seu corpo. 2Muitos têm abusado da bondade
7E a outra criada ia atrás da sua dos príncipes, e das honras que dê-
senhora, lévando-lhe a cauda que ia les têm recebido, para se ensoberbe-
arrastando pela terra. 8E ela, com cerem, 3e não só procuram oprimir
a côr de rosa em seu rosto e com os vassalos dos reis, senão que, não
os olhos graciosos e brilhantes, ocul­ moderando a glória que receberam,
tava a tristeza do seu coração, pene­ armam traições contra os mesmos
trado de um vivo temor. que lha deram. 4E não se contentam
9E, tendo passado uma por uma com ser ingratos aos benefícios, e
tôdas as portas, pôs-se diante do rei, com violar em si mesmos os direi­
que estava sentado sôbJe o sólio real, tos da humanidade, mas presumem
vestido de manto real, e resplande­ também poder escapar do juízo de
cendo com o ouro e pedras precio­ Deus, que tudo vê. 5E chegam a tal
sas, e o seu aspecto era terrível. 10E, grau de loucura, que, com os artifí­
tendo êle levantado o rosto, e mani­ cios da mentira, procuram arruinar
festado em seus olhos cintilantes o aquêles que cumprem com exatidão
furor do seu peito, a rainha des­ os cargos que lhe foram confiados,
maiou, e, trocando-se a sua côr em e procedem em tudo de sorte que se
palidez, deixou cair a sua cabeça va­ tornam dignos do aplauso comum,
cilante sôbre a criada. 6enganando com cautelosa sagacida­
uMas Deus trocou em clemência de os ouvidos sinceros dos príncipes,
o coração do rei, o qual, apressado que julgam dos outros como de si
Cap. X V — 12. E u sou teu irmão. P a la v ra s de que usa a s a g ra d a Escritura para sig­
nificar um am or terno-
572 LIVRO DE ESTER 15

mesmos. 7Isto comprova-se com as 16e são filhos do Deus Altíssimo, oni­
histórias antigas, e com o que acon­ potente, e que vive para sempre,
tece todos os dias, de modo que as por cujo benefício foi dado o reino
boas inclinações dos reis pervertem- a nossos pais e a nós mesmos, e até
se pelas más sugestões de alguns. ao dia de hoje nos é conservado.
8P or isso é preciso providenciar à “ Portanto, sabei que são de nenhum
paz de tôdas as províncias. 9Mas valor as cartas que êle expediu em
não penseis que, se variamos as or­ nosso nome. “ Em castigo da sua
dens, nasça isto da ligeireza ou in­ maldade, êle, que a maquinou, e tô­
constância do nosso ânimo, senão que da a sua parentela foram postos em
acomodamos as nossas determina­ patíbulos às portas desta cidade de
ções à condição e necessidade dos Susa, dando-lhe Deus, e não nós, o
tempos, como exige o bem da repú­ castigo que merecia. 19E êste edi­
blica. to, que agora enviamos, será afixa­
10E, para que entendais melhor o do em tôdas as cidades, para que
que dizemos, (sabei que) Aman, f i­ seja permitido aos Judeus guardar
lho de Amadati, Macedônio de cora­ as suas leis. 20E vós deveis prestar-
ção e origem, e alheio do sangue dos lhes auxílio, para que no dia treze
Persas, o qual com a sua crueldade do mês duodécimo que se chama A -
tem desacreditado a nossa piedade, dar, possam dar a morte àqueles
sendo estrangeiro, foi acolhido por ue estavam preparados para lha
nós, Ue encontrou em nós tão gran­ ar a êles; 21pols, o Deus Onipotente
de humanidade, que era chamado trocou-lhes em dia de alegria êste,
nosso pai, e venerado por todos co­ que o devia ser de tristeza e pranto.
mo o segundo depois do rei; 12mas 22Por isso vós contai também êste
chegou a tal extremo de arrogância dia entre os outros dias festivos, e
que intentou privar-nos do reino celebrai-o com tôda a alegria, para
e da vida. 13Porque, com novos e i- que se saiba também para o futuro
nauditos artifícios, maquinou a mor­ 28que todos os que obedecem fiel-
te de Mardoqueu, a cuja lealdade e mente aos Persas, recebem a recom­
benefício devemos a vida, e também pensa digna da sua fidelidade, e os
a de Ester, minha companheira no que conspiram contra o seu reino,
reino, com tôda a sua nação, “ ten­ perecem pela sua culpa. 24E tôda a
do em vista, depois de os matar, ar­ província ou cidade, que não quiser
mar ciladas ao nosso isolamento, e ter parte nesta solenidade, pereça
trasladar o reino dos Persas para os à espada e a fogo, e seja de tal ma­
Macedônios. neira exterminada, que fique para
15Ora nós não encontramos a me­ sempre despovoada não só de homens,
nor culpa nos Judeus, destinados â mas também de feras, para exemplo
morte pelo pior dos homens, antes dos desprezadores e desobedientes
pelo contrário seguem leis justas, (as ordem do rei).
OS LIVROS SAPIENCIAIS
Aos livros Históricos (últim o dos quais é o livro de Ester, por serem
os Macabeus colocados no fim do antigo Testamento) seguem-se os livros
Sapienciais, também chamados Didáticos ou Morais (porque têm como mira
o ensino da Sabedoria), e também Poéticos (pela forma com que são apre­
sentados).
Os livros Sapienciais são sete, a saber: Jô, Salmos, Provérbios, Eclesias-
tes, Cântico dos Cânticos, Sabedoria e Eclesiástico.
Jô pode-se considerar livro Sapiencial enquanto instrue sobre as causas
do sofrimento, mas poderia também ser classificado como uma espécie de
passagem entre os livros históricos e poéticos.
Os Salmos são livros Sapienciais pelas sublimes sentenças nêles encer­
radas, mas poder-se-ia com acêrto considerá-los como compêndios de hinos
e orações.
O nome de Sapienciais é reservado particularmente aos últimos cinco
livros, porquanto,' excetuado o Cântico dos Cânticos, todos êles têm o fim
principal de ensinar a Sabedoria.
Não é fácil, porém, explicar o que realmente entendiam os Israelitas por
Sabedoria. Talvez entendiâm-na como uma virtude moral e intelectual, que
nos faz conhecer e cumprir a vontade de Deus. Mas a Sabedoria, objeto dês-
tes livros, é uma outra, bem mais sublime: a Sabedoria eterna. Com efei­
to, os livros Sapienciais, elevando-se paulatinamente no conceito da sabedo­
ria, passam da humana à divina, e a personificam, preparando em tal mo­
do dogma cristão da Sabedoria encarnada.
Falando sôbre livros Poéticos convém lembrar que a poesia hebraica é
essencialmente religiosa, ao menos aquela que chegou até nós. O seu estilo
é elevado, imaginoso, elegante e musical.
LIVRO DE JÓ
Êste livro pode justamente considerar-se um dos poemas mais belos do
mundo. A sua ação é simples: Um homem, chamado Jó, de proceder irre­
preensível, é afligido por muitas desgraças, chegando suas carnes a corrompe­
rem-se quase por completo sôbre os ossos. Alguns amigos seus, tendo ido pa­
ra o consolar, viram em tantos e tão grandes sofrimentos uma prova clara
de pecados gravíssimos que os mereceram. O paciente Jó protesta sua ino­
cência, mas não consegue convencer os amigos. O próprio Deus parece sur­
do aos lamentos do infeliz, que sofre com isso as maiores torturas. A sua
confiança na justiça de Deus não diminui, apesar de tudo; até que, vencida
a prova, o próprio Deus aparece a defendê-lo e a restituir-lhe a felicidade
primitiva.
A conclusão moral é que, por uma misteriosa e sábia disposição de
Deus, os justos sofrem algumas vêzes sem nenhuma culpa e recebem por
fim a recompensa não só das virtudes que já praticaram, mas também dos
sofrimentos que suportaram com resignação.
O livro se divide em três partes: prólogo, poema e epílogo.
PRÓLOGO (1 - 2) — Jó, um piissimo patriarca de Hus, é atribulado
pelo demônio (com a permissão de Deus) com males terríveis, os quais, po­
rém, êle suporta com notável resignação. Três amigos vêm para consolá-lo.
A narração é em prosa e descreve a verdadeira causa dos males de Jó e oca­
sião da discussão.
POEMA (3 - 42,6), que pode ser dividido em três seções: As três
disputas — Os quatro discursos de Eliú — Os dois discursos de Deus.
1. As três disputas de Jó com os amigos, sôbre o sofrimento. Monólo­
gos: Jó lamenta-se da vida e pergunta-se porque deve sofrer. — Prim eira
disputa (5 - 14): Elifaz afirma que só o ímpio é castigado; Jó então lhe res­
ponde que o seu castigo é bem maior que seus pecados. Baldad diz que Deus
é justo; Jó lhe contesta que Deus é justo mas não aflige somente os maus.
Sofar esclarece que Deus é um sábio descobridor da iniqüidade; Jó torna
a repetir que não há proporção entre seus pecados e o castigo que está re­
cebendo. — Segunda disputa (15 - 21): Elifaz acusa Jó de arrogância e de mui­
tos pecados, mas êste apela para o testemunho de Deus e se diz inocente;
Baldad faz uma longa descrição da sorte infeliz do ímpio, mas Jó novamen­
te afirma sua inocência; Sofar toma a palavra e revela que a felicidade do
ímpio é de breve e incerta duração. Jó, entretanto, invoca a atenção dos ami­
gos sôbre as prosperidades dos ímpios. — Terceira disputa (22 - 26): Jó res­
ponde às novas acusações de Elifaz e de Baldad, enquanto Sofar cala-se. —
1 LIVRO DE J o 575
Monólogos (27 - 31): Então Jó relembra a felicidade passada e a compara
à miséria atual. Por fim, apela a Deus, juiz supremo.
2. Os discursos de Eliú (31 - 37). — Eliú, um dos presentes, entra em
cena, expondo os motivos que o obrigam a falar. Reprova algumas palavras
de Jó explica porque Deus manda tribulações. O sofrimento purifica e
instrui o justo, releva a pequenez do homem e a grandeza de Deus.
3. Os discursos de Deus (38 - 42,6). — Deus intervém e interroga Jó
sobre os mistérios da criação, exigindo dêle uma resposta. Jó confessa
a sua ignorância, retrata suas palavras e pede perdão a Deus.
EPtLOGO (42). — Deus repreende os amigos de Jó, proclama a ino­
cência dêste e restitui-lhe em duplicado a sua primitiva felicidade. Como
o prólogo, o epílogo é em prosa.
Êste maravilhoso poema, pelo seu estilo e perfeição, demonstra ter sido
escrito no período áureo da literatura hebráica, e alguns críticos afirmam
tenha vindo à luz no tempo de Salomão. A pessoa de Jó, porém, tem to­
das as características da época patriarcal, e parece ter vivido entre o tempo
de Esaú e o de Moisés.
Jó é uma personagem histórica. ( Ezequ. 14, 14; Tobias 2. 15; S. Tiago.
5,11) e a Igreja celebra a sua festa no dia 10 de Maio. Entretanto, nem tudo
aquilo que o livro trata pode ser histórico. O prólogo e o epílogo são real­
mente históricos, mas o poema é uma história poeticamente ampliada e ador­
nada.
Nem tudo o que está escrito no livro de Jó deve ser considerado como
verdadeiro. Ê preciso reputar-se como tal somente aquilo que o autor dá a
entender: isto é, os discursos de Eliú e o de Deus. Porque há muitas
coisas, nos diálogos entre Jó e seus amigos, que o próprio autor explicou
não serem verdadeiras. (P or exemplo: quando os amigos de Jó afirmam
que o sofrimento é sempre castigo de pecados pessoais).
Com tais precauções devemos ponderar algumas palavras do grande so­
fredor, que no mais é notável modelo de virtudes e viva figura de Jesus
Cristo.

Jó, suas riquezas e sua piedade no dos dias de banauete, Jó man­


dava chamar seus filhos, e purifica-
1 ^ a v ia na terra de Hus um ho- va-os, e, levantando-se de madruga­
A mem, chamado Jó, e êste ho­ da, oferecia holocaustos por cada
mem era sincero e reto, e temia a um dêles, porque dizia: Talvez meus
Deus, e fugia do mal. 2E nasceram- filhos tenham pecado, e tenham ofen­
lhe sete filhos e três filhas; 3e pos- dido a Deus nos seus corações. As­
suia sete mil ovelhas, três mil came­ sim fazia Jó todos os dias.
los, e quinhentas juntas de bois, e
quinhentas jumentas, e um grande Satanás obtém a permissão de
número de servos; e êste homem e- afligir Jó
ra grande entre todos os Orientais.
4E os seus filhos iam e banquetea- °Porém um certo dia, tendo-se os
vam-se em suas casas, cada um em filhos de Deus (isto é, os anjos) apre­
seu dia. E mandavam convidar suas sentado diante do Senhor, encon­
três irmãs para irem comer e beber trou-se também Satanás entre êles.
com êles. 5E, tendo decorrido o tur­ 7E o Senhor disse-lhe: Donde vens
576 LIVRO DE JO 1 - 2
tu? Êle respondeu, dizendo: Dei vento muito forte da banda do de­
volta pela terra, e percorri-a. 8E serto, e abalou os quatro cantos da
o Senhor disse-lhe: Porventura con­ casa, a qual, caindo, esmagou os teus
sideraste o meu servo Jó, que não há filhos, e morreram, e só eu escapei
semelhante a êle na terra, homem para te trazer a nova.
sincero e reto, que teme a Deus, e Resignação de Jó
que foge do mal? °Satanás, respon­
dendo, disse: Porventura Jó teme “ Então levantou-se Jó, e rasgou os
(ou serve) debaide a Deus? 10Não o seus vestidos, e, rapada a cabeça,
circunvalaste tu a êle e à sua casa, prostrou-se por terra, e adorou (o
e a todos os seus bens? Não aben­ Senhor) 21e disse:
çoaste as obras de suas mãos, e os Nu saí do ventre de minha mãe, e
seus bens não se têm multiplicado nu me tornarei para lá (para o seio
sôbre a terra? “ Mas estende tu um da mae te rra ); o Senhor o deu, o
pouco a tua mão, e toca em tudo Senhor o tirou, como foi do agrado
o que êle possui, e verás se êle não do Senhor, assim sucedeu; bendito
te amaldiçoa na tua cara. 12Disse, seja o nome do Senhor.
pois, o Senhor a Satanás: Pois bem, 22Em todas estas coisas Jó não pe­
tudo o que êle tem está em teu po­ cou com os seus lábios, nem disse
der; somente não estendas a tua coisa alguma insensata contra Deus.
mão contra êle. E Satanás saiu da
presença do Senhor. Satanás obtém a permissão de ferir Jó
em seu corpo
Primeiras tribulaçóes
O ^ r a , sucedeu que em certo dia
ME um dia, enquanto os filhos e “ foram os filhos de Deus, e a*
as filhas de Jó estavam comendo e presentando-se diante do Senhor, foi
bebendo vinho em casa do seu irmão também Satanás entre êles, e pôs-
primogênito, 14foi ter com Jó um se na sua presença. 2E o Senhor dis­
mensageiro, que lhe disse: Os bois se a Satanás: Donde vens tu? Êle
lavravam e as jumentas pastavam respondeu, dizendo: Dei volta pela
junto dêles, 15e de repente vieram terra, e percorri-a. 3E o Senhor dis­
sôbre êles os Sabeus, e levaram tu­ se a Satanás: Não consideraste o
do, e passaram à espada os criados, meu servo Jó, que não há outro se­
e só eu escapei para te trazer a nova. melhante a êle na terra, homem sin­
10E, estando ainda êste a falar, veio cero e reto, e que teme a Deus, e
outro e disse: O fogo de Deus caiu que foge do mal, e que ainda con­
do céu, e ferindo as ovelhas e os serva a inocência? E tu me incitas­
pastores, consumiu-os, e escapei eu te contra êle, para o afligir em vão.
só para te trazer a nova. 4E Satanás respondeu, dizendo: O
17Ainda êste falava, e eis que che­ homem dará pele por pele, e deixa­
gou outro, e disse: Os Caldeus divi­ rá tudo o que possui pela sua vida;
diram-se em três esquadrões, e lan- Be se não estende a tua mão, e toca-
çaram-se sôbre os camelos, e leva­ lhe nos ossos e na carne, e então
ram-nos, e passaram à espada os verás se êle te não amaldiçoa cara a
criados, e só eu escapei para te tra­ cara. 6Disse, pois, o Senhor a Sa­
zer a nova. tanás: Eis que êle está na tua mão,
18Ainda êste estava falando, e eis conserva, porém, a sua vida.
que entrou outro, e disse: Estando
teus filhos e filhas comendo e beben­ Lepra e resignação de Jó
do vinho em casa de seu irmão mais 7Satanás, pois, tendo saído da pre­
velho, 19de repente levantou-se um sença do Senhor, feriu Jó com uma
Cap. I — 6. Encontrou-se também Satanás. A cena, aqui narrada, não deve tom ar-se &
letra, m as como um meio de apresentar às nossas inteligências m ateriais um fato de ordem
espiritual, isto é, que Deus governa o mundo e que permite, algum as vêzes, aos poderes
maléficos atribular os justos.
Cap. I I — 3. E tu me in cita ste... Antropomorfismo enérgico para dizer, dum modo
figurado, que aprouve a Deus servir-se do pedido de Satanás para fortificar e fazer b rilh ar
a virtude de Jó.
2 - 3 LivR O DE J ó 577
chaga horrível, desde a planta do pé solitária aquela noite, nem seja dig­
até ao alto da cabeça; 8e (J ó ), sen­ na de louvor; 8amaldiçoem-na aque­
tado num monturo, raspava a po­ les que amaldiçoam o dia, e os que
dridão com um pedaço de telha. °E estão prontos para suscitar leviatã.
sua mulher disse-lhe: Ainda perse- °Escureçam-se as estréias com as suas
veras na tua simplicidade? Bendi­ trevas; espere a luz, mas não a veja,
ze a Deus e morre. 10Jó respondeu- nem veja o despontar da aurora nas­
lhe: Falaste como uma das mulhe­ cente; 10porque não fechou o ventre
res insensatas; se nós recebemos os que me trouxe, nem apartou de
bens da mão de Deus, por que não meus olhos os males.
havemos de receber também os ma­
les? Em tôdas estas coisas Jó não Suspira pelo repouso da outra vida
pecou com seus lábios. nPor que não morrí eu dentro do
Chegada dos três amigos ventre materno? por que não pere-
ci logo que sai dêle? 12P or que fui
nOra três amigos de Jó, tendo ou­ acolhido entre os joelhos (de meu
vido todo o mal que lhe tinha suce­ p a i)? por que me amamentaram aos
dido, foram (te r com êle) cada um seios? 13Porque agora, dormindo, es­
do seu lugar: Elifaz de Ternan, e Bal- taria em silencio, e descansaria no
dad de Suas, e Sofar de Naamat. P or­ meu sono, 14juntamente com os reis
que tinham combinado irem juntos e com os árbitros da terra, que fa­
visitá-lo e consolá-lo. 12Tendo, pois, bricam para si solidões; 15ou com os
de longe levantado os olhos, não o príncipes que possuem ouro, e que
conheceram, e exclamando, choraram, enchem as suas casas de prata; 16ou
e rasgados os seus vestidos, lança­ como um aborto escondido, eu não
ram pó ao ar sôbre as suas cabeças. existiría, ou como os que, depois
18E sentaram-se com êle por terra de concebidos, não viram a luz. 17A-
durante sete dias e sete noites e li (no sepulcro) os ímpios cessam
nenhum lhe dizia palavra, porque de tumultos, e ali repousam os can­
viam que a dor era veemente. sados de fôrças. 18E os que outro-
ra estavam encadeados juntamente,
Jó amaldiçoa o dia do seu nascimento estão ali sem moléstia e sem ouvir
O d ep o is disto Jó abriu a sua bô- a voz (do cru el) cornitre.
ca e amaldiçoou o dia do seu 10O pequeno e o grande ali estão,
e o escravo está livre do seu senhor.
nascimento, 2e falou assim:
3Pereça o dia em que nasci, e a Lamenta-se novamente
noite em que se disse: Foi concebido
um homem. 4Converta-se aquêlê dia 20Por que foi concedida a luz a um
em trevas, Deus não olhe para êle miserável e a vida aos que estão
do alto do céu, nem seja iluminado em amargura de ânimo? “ Os quais
pela luz. 5Escureçam-no as trevas e esperam a morte que não vem, co­
a sombra da morte, cerque-o uma mo os que cavam em busca dum
negra escuridão, e seja envôlto em tesouro; 22e ficam transportados de
amargura. 6Um tenebroso redemoi­ alegria quando encontram o sepulcro.
nho ocupe aquela noite, não seja con­ 23(P o r que fo i dada a vida) a um
tado entre os dias do ano, nem seja homem (com o eu) qúe não sabe o
enumerado entre os meses. 7Seja caminho, e a quem Deus cercou de
Cap. I I I — 1-26. Tantas desventuras levam Jó a lamentar-se da sua sorte. Querería nâo
ter nascido para não sofrer tanto. A s suas imprecações são um desabafo no meio da
Imensa dor que o torturava, e não uma revolta contra o próprio destino.
8. Leviatã é a serpente em geral. Os magos serviam -se da serpente no exercício da
magia.
14. Que fabricam . . . Segundo o hebreu: Que fabricaram para si mausoléus, enquan­
to viviam.
16. Se eu tivesse sido morto logo que fui concebido, teria sido como um a b ô r to ... ou
como os qu e. . .
23. Que não sabe o caminho. No meio de tantas dores Jó, ignorando os desígnios da
Providência, como que se encontra perplexo.

10 - B íb lia Sagrada
578 LIVRO DE JÓ 3 - 5

trevas? 24Suspiro em vez de comer, passar diante de mim um espírito,


e os meus gemidos são como águas os cabelos de toda a minha pessoa
que inundam; “ porquanto o mal que se arrepiaram. “ Parou alguém dian­
eu temia, me veio, e aconteceu-me te (de m im ), cujo rosto eu não co­
o que eu receiava. “ Porventura não nhecia, um vulto diante dos meus
dissimulei? Não me calei? Não es­ olhos, e ouvi uma voz como de bran­
tive sossegado? E (todavia) veio sô- da viração (que d izia): “ Porventu­
bre mim a indignação. ra o homem, em confronto com Deus,
Discurso de Elifaz: JÓ é acusado de será tido por justo, ou será mais
impaciência
puro que o seu Criador? “ Ainda
os mesmos que o servem, não são
A ^ n tão, tomando a palavra E lifaz estáveis, e até nos seus anjos encon­
^ de Temã, disse: trou defeito. “ Quanto mais aquê-
2Se começarmos a falar-te, talvez les que habitam casas de barro, os
tu o leves a mal, 3mas, quem poderá quais têm a terra por fundamento,
conter a palavra concebida? Eis serão consumidos como pela traça?
que ensinaste a muitos, e deste vigor 20De manhã até à tarde serão des­
as mãos cansadas. 4As tuas palavras troçados; e, porque nenhum tem in­
firmaram os que vacilavam, e fortale­ teligência, perecerão para sempre.
ceste os joelhos trêmulos; 8porém a- “ E aquêles que dêles restarem, serão
gora veio sôbre ti o açoite, e desfale­ arrebatados; morrerão, mas não em
ceste; feriu-te e tu te perturbaste. sabedoria (isto é, como insensatos).
6Onde está a tua piedade, a tua
fortaleza, a tua paciência, e a per­ Jó, em vez de se lastimar, deve
feição dos teus caminhos? le m b r a - voltar-se p ara Deus
te, te peço, que inocente pereceu ja ­ £ ^ham a, pois, (algum defensor),
mais? ou quando foram os justos
destruídos? 8Antes tenho visto que ° se é que há alguém que te res­
os que praticam a iniqüidade, e se­ ponda, e volta-te para algum dos
meiam dores, e as segam, °pereceram santos. 2Verdadeiramente a ira ma­
a um sopro de Deus, e foram con­ ta o insensato, e a inveja mata o
sumidos por um sôpro da sua ira. pequeno. 3Eu vi o (pecador) insen­
"YAssira pereceu) o rugido do leão sato com profundas raízes, e logo a-
e o grito da leoa; e os dentes dos maldiçoei a sua (aparente) prospe­
cachorros dos leões foram quebra­ ridade. 4Longe estarão os seus filhos
dos. nO tigre morreu por falta de da salvação (ou felicidade), e serão
rêsa, e os cachorros dos leôes foram pisados à porta (da cidade), e não
ispersos. haverá quem os livre. 5A sua messe
Urna aparição comê-la-á o faminto, e o armado o
arrebatará, e os sequiosos beberão
12Ora a mim foi dita uma palavra as suas riquezas. 6Nada se faz na
em segrêdo, e os meus ouvidos, co­ terra sem causa, e a dor não bro­
mo às furtadelas, perceberam o seu ta da terra. 70 homem nasce para
débil som. 123N o horror de uma v i­ o trabalho (ou sofrim ento) como a
são noturna, quando o sono costuma ave para o vôo. 8P or isso eu rogarei
apoderar-se dos homens, 14assaltou- ao Senhor, e dirigirei a minha ora­
me o mêdo e o tremor, e todos os ção a Deus, °que faz coisas grandes
meus ossos estremeceram. 152 E, ao
6 e impenetráveis e maravilhas sem
26. N ã o d i s s i m u l e i . .. s o fri com resignação a perda dos meus bens e dos meus filhos, e,
apesar disso, o Senhor feriu-m e com esta terrivel doença.
Cap. I V — 10-11. o leão é a imagem do homem poderoso e violento, o poder humano
nada vale contra Deus quando castiga o crime.
12-16. E lifa z apresenta como vinda do céu a sua doutrina, expressa nos versículos 17-21,
que são postos na bôca dum ser celestial.
18. N ã o s ã o e s t á v e i s n o bem.
Cap. v — 2. o p e q u e n o , o l o u c o o u i n f e l i z .
3. A m a l d i ç o e i , isto é, declarei infeliz.
7. O h o m e m . . . A causa de todo o sofrimento ê o próprio homem, que com o seu m au
proceder, atrai sôbre si o castigo.
5 - 6 LivR O DE JO 579

número; 10que derrama a chuva sô- los quais mereci a ira, e a calami­
bre a face da terra, e tudo rega com dade que padeço, se pesassem numa
as águas; “ que exalta os humildes, e balança; 3esta aparecería mais pesa­
aos tristes alenta com prosperida- da que a areia do mar; por isso as
des; “ que dissipa os pensamentos dos minhas palavras são também cheias
malignos, para que as suas mãos não de dor; 4porque as setas do Senhor
possam acabar o que tinham come­ estão cravadas em mim, e o veneno
çado; 13que apanha os sábios na sua delas devora o meu espírito, e os ter­
própria astúcia, e que dissipa o de­ rores do Senhor combatem contra
sígnio dos maus. 14De dia se verão mim. 8Porventura orneja o asno mon-
em trevas, e ao meio-dia andarão às tês, quando tem erva? ou muge o
apalpadelas como de noite. “ Porém, boi, quando tem diante a manjedou­
êle salvará o desvalido da espada da ra bem cheia? 6ou pode comer-se u-
sua bôca, e o pobre, da mão do (h o­ ma coisa insípida que não fo i tem­
m em ) violento. perada de sal? ou pode alguém gos­
tar daquilo que mata quem o come?
E em Deus que está a felicidade 7As coisas, que antes a minha alma
16E haverá esperança para o indi­ não queria tocar, agora pela aflição
gente, e a iniqüidade fechará a sua são o meu sustento. 8Quem dera que
boca. 17Bem-aventurado o homem, a se cumprisse a minha petição, e que
quem Deus corrige. Não desprezes, Deus me concedesse o que espero!
pois, a correção do Senhor, “ por­ 9E que o que começou (a fe rir-m e ),
que êle fere e sara; dá o golpe, e êsse mesmo me fizesse em pó, e
as suas mãos curam. 10De seis tri- estendesse a mão, e me cortasse
bulaçoes êle te livrará, e à sétima a vida! 10E a minha consolação se­
o mal não te tocará. “ N o tempo da ria que, afligindo-me com dor, não
fome êle te salvará da morte, e no me perdoasse, nem eu me opusesse
tempo da guerra, do poder da es­ às palavras do Santo. “ Pois, que
pada. fortaleza é a minha para poder so­
21Estarás a coberto do açoite da frer? ou qual o meu fim para me
(m á ) língua, e não temerás a cala­ portar com paciência? 13A minha for­
midade quando chegar. 1 *22*N a deso­ taleza não é como a das pedras, nem
9
lação e na fome te rirás, e não te­ a minha carne é de bronze. 13Bem
merás as feras da terra. “ Até farás vêdes que eu não encontro socorro
aliança com as pedras dos campos, e em mim, e que até os meus mais
as feras da terra te serão pacificas. íntimos me abandonaram.
24E verás reinar a paz na tua casa, “ Aquêle que não tem compaixão
e, visitando a tua bela casa, não pe­ do seu amigo, abandona o tem or do
carás. 25Verás também multiplicar- Senhor.
se a tua descendência, e a tua poste­ Amigos infiéis
ridade (crescerá) como a erva dos
campos. “ Entrarás com abundância 15Meus irmãos passaram ao lon­
no sepulcro, como se recolhe um ge de mim, como a torrente, que
monte de trigo a seu tempo. 27Olha atravessa ràpidamente os vales. 16Os
que assim é o que acabamos de te que temem a geada, cairá sôbre êles
expor; o que tens ouvido, medita-o a neve. 17Quando começarem a dis­
na tua mente.. sipar-se, perecerão, e, logo que vier
Intensidade do sofrimento calor, desaparecerão do seu lugar.
“ Tortuosas são as veredas dos seus
£ 1Jó, porém, respondendo, disse: passos: andarão sôbre o vácuo, e
w 2Oxalá que os meus pecados, pe­ perecerão. "Considerai as veredas
19. D e s e i s . . . à s é t i m a . . . Graduaç&o usada para indicar um grande número.
Cap. V I — 3. E s t a a p a r e c e r í a m a i s p e s a d a . . . e dêste modo se veria que as minhas
queixas n ? ) s&o excessivas.
11. Q u a l o m e u f i m , isto é, quanto d urará a minha vida.
16. O s q u e t e m e m a g e a d a . . . A fastando-se de mim, julgam fu gir das minhas dores,
mas, em castigo da sua dureza, Deus fa r á cair sôbre êles males muito maiores.
580 LIVRO DE JÓ 6 - 8

de Tema, e os caminhos de Saba, felicidade (perdida). 8Nern me verá


e esperai um pouco. 20Ficaram con­ mais o olhar humano; os teus olhos
fusos, porque esperei (no Senhor) estão sôbre mim, e não subsistirei.
vieram até junto de mim e ficaram "Assim como a nuvem se dissipa e
cobertos de confusão. 21(Tais sois passa, assim aquêle que descer ao
vós que) viestes agora; e, ao ver sepulcro não subirá, 10nem voltará
os meus males, tivestes mêdo. “ P or­ mais à sua casa, nem o lugar on-
ventura disse-vos eu: Socorrei-me, de estava o conhecerá jamais.
e dai-me dos vossos bens?
23Ou, livrai-me da mão do inimi­ j ó pede a Deus que o poupe
go, e tirai-me do poder dos podero­ UE por isso eu não reprimirei a
sos? 24Ensinai-me e eu me calarei, minha língua, falarei na angústia do
e, se eu porventura ignoro alguma meu espírito, conversarei na amar­
coisa, instruí-rne. “ Por que contra­ gura da minha alma. 12(E direi ao
dissestes vós as palavras de verda­ S enhor): Porventura sou eu o mar
de (que eu disse), não havendo ne­ ou um monstro marinho, para me te-
nhum de vos que me possa argüir res encerrado como num cárcere?
(de pecado) ? 26Fazeis discursos com 13Se eu disser: Consolar-me-á o
o fim de increpar, e proferis palavras meu leito, e terei alívio falando co­
ao vento. 27Arremeteis contra um migo mesmo na minha cama, 14tu me
órfão e esforçai-vos por arruinar o aterrarás com sonhos, e me horrori­
vosso amigo. “ Todavia acabai o que zarás com horríveis visões. 15P or is­
começastes, aplicai o ouvido e vêde so a minha alma prefere um fim vio­
se eu minto. “ Respondei, vos peço, lento, e os meus ossos, a morte.
sem contenda, e, dizendo o que é jus­ 16Perdi as esperanças, não viverei
to, julgai. 30E não encontrareis ini- mais; tem piedade de mim, porque os
qüidade na minha língua, nem na mi­ meus dias são nada.
nha bôca soará estultícia alguma. 17Que coisa é o homem para o en­
grandeceres? e por que se ocupa dêle
A vida é triste o teu coração? 18Tu o visitas pela
*7 1A vida do homem sôbre a ter- manhã e de repente o pões à prova.
• ra é uma guerra; e os seus dias 19A té quando não terás piedade de
são como os dias dum mercenário. mim, sem permitir que eu (respire
2Assim como um escravo (fatigado) ou) engula a minha saliva? “ Pe-
suspira pela sombra, e o mercenário quei, que te farei eu, ó guarda dos
espera o fim do seu trabalho, 3as- homens (para te aplacar) ? por que
sim também eu tive meses vasios nei me puseste contrário a ti, e me tor­
(de consolação), e contei noites tra­ que não pesado a mim mesmo? aP or
balhosas. 4Se durmo, digo: Quando por que não me tiras o meu pecado, e
me levantarei eu? e (depois de le­ dade? eis queapagas a minha iniqui­
vantado) de novo esperarei a tarde, pó, e, se tu me vou agora dormir no
buscares pela manhã,
e fartar-me-ei de dores até à noite. já não existirei.
BA minha carne está coberta de po­
dridão e imundície do pó, a mi­ Discurso de Baldad: Deus é justo
nha pele está sêca e enrugada. flOs
meus dias passaram mais depressa O 2Mas Baldad Suítes tornou a pa-
do que a teia é cortada pelo tece­ ° lavra e disse:
lão, e consumiram-se sem esperan­ 2A té quando dirás tu semelhantes
ça (de volta r). 7Lembra-te que a coisas, e as palavras da tua bôca se­
minha vida é um sôpro, e que os rão um vento impetuoso? P orven tu ­
meus olhos não tornarão a ver a1 9 ra Deus perverte os seus juízos, ou
19. T e m a . . . S a b a , dois centros comerciais da A rábia. — E e sp e ra i u m p o u c o p a ra ver
os consoladores que me chegam.
Cap. V I I — 12. Jó com para-se ao m ar sempre agitado ou a um grande cetáceo que,
segundo se ju lgava, nunca descansa.
31. S e t u m e b u s c a r e s . . . para usar comigo de misericórdia, j á n ã o e x i s t i r e i no mundo.
Gap. V I U — 2. E a s p a l a v r a s . . . serão desordenadas c o m o u m v e n t o i m p e t u o s o f
8 - 9 LIVRO DE J ó 581

o Onipotente subverte a justiça? “ Deus não rejeita o homem since­


4Ainda que teus filhos tenham pe­ ro, nem dará a mão aos malvados.
cado contra êle, e os tenha abando­ 21Um dia a tua bôca se encherá de
nado ao poder da sua iniqüidade, riso, e os teus lábios, de júbilo. “ Os
5contudo, se tu recorreres prontamen- que te aborrecem, serão cobertos de
te a Deus, e humilde rogares ao Oni­ confusão; e a casa dos ímpios não
potente, 6se caminhares com pureza subsistirá.
e retidão, logo despertará para te
acudir, e tornará pacífica a morada Resposta de Jó: Justiça e
da tua justiça; 7de tal sorte que, se poder de Deus
os teus primeiros bens foram pe­
quenos, os últimos serão extraordi- Q 2E, respondendo Jó, disse: 2Eu
nàriamente aumentados. u sei verdadeiramente que é as­
sim, e que o homem comparado com
O ensinamento dos antepassados Deus não é justo. 3E, se quiser dis­
putar com Deus, não lhe poderá res­
8Interroga, pois, as gerações passa­ ponder por mil coisas uma só. 4Êle
das, e examina com cuidado as me­ é sábio de coração, e forte em po­
mórias de nossos pais. 9(Porque nós der; quem lhe resistiu, e ficou em
somos de ontem, e somos uns igno­ paz? 5Êle transferiu os montes, e
rantes, porquanto os nossos dias so­ aquêles (ím pios) que subverteu no
bre a terra passam como a sombra). seu furor, não o reconheceram. 6Êle
10E êles te instruirão, te falarão, e move a terra do seu lugar, e as suas
do seu coração tirarão as suas sen­ colunas são abaladas. 7Êle manda ao
tenças. “ Porventura um junco pode sol, e o sol não nasce; e (quando
conservar-se verde sem umidade? ou quer) encerra as estréias como sob
crescer um canavial sem água? um sêlo. 8Êle só, formou a extensão
“ Quando está ainda em flor, sem que dos céus, e caminha sôbre as on­
mão alguma lhe toque, seca antes das do mar. °Êle criou a Arcturo,
que as outras ervas. “ Assim são os e o Orião, e as Hiadas, e os astros
caminhos de todos os que se esque­ (que estao) no fundo do austro. 101
Ê le
cem de Deus, assim perecerá a es­ faz coisas grandes e incompreensí­
perança do hipócrita, 14a êle mesmo veis, e maravilhosas, as quais não
lhe não agradará a sua loucura, e têm número. “ Se êle vem a mim
a sua confiança será como a teia de eu não o verei, se se retira, não o
aranha. 15Êle se apoiará sôbre a sua perceberei. 12Se êle interrogar de re­
casa, e esta não permanecerá; por- pente, quem lhe responderá? ou quem
lhe-á espeques, e não se conservará lhe pode dizer: P or que fazes lsto?
direita. xt(Ò ímpio é com o) uma 13Deus, ninguém pode resistir à sua
planta que se mostra fresca antes de ira, e sob êle curvam-se os que sus­
vir o sol, e, quando êle nasce, bro­ tentam o mundo.
tará o seu pimpolho (da terra ). 17As
suas raízes se multiplicarão entre um Quem pode discutir com Deus?
montão de pedras, e ficará entre pe­
nhascos. 18Se alguém a arrancar do 14Quem sou eu, pois, para lhe res­
seu lugar, a desconhecerá, e dirá: ponder,. e para lhe falar com as mi­
Não te conheço. 19Tal é a alegria da nhas próprias palavras? 15Ainda que
sua vida, que de novo brotem da eu tivesse alguma razão, não res-
terra outros pimpolhos. ponderia, mas imploraria a clemên­
6. A morada da tua justiça, isto é, a tua casa, na qual viveste sempre corno um justo.
11-19. P a la v ra s postas por Baldad na bôca dos antepassados. Sentido: Assim como a
planta não vive sem ãgua, assim não há felicidade verdadeira e duradoura sem virtude e
aem religião.
19. Tal é a a leg ria ... P a la v ra s irônicas que significam : Êste é o resultado final do
impio sôbre a terra. Secará, deixando o lugar a outros que, como êle, crescerão e secarão.
Cap. IX — 9. o Arcturo é a estréia polar. — N o fundo do austro, isto é, no hemis­
fério austral.
11. Se êle v e m . . . O homem, nesta vida, é tão ignorante que não pode saber com
certeza quando é que Deus está com êle, nem quando se afasta.
582 LivR O DE JO 9-10
cia do meu juiz. 16*E ainda que te­ balhei eu em vão? “ Ainda que me
nha ouvido as minhas súplicas, não lavasse com água de neve, e as mi­
acreditarei que tenha feito caso da nhas mãos brilhassem como as mais
minha voz. “ Porque me desfará com limpas, 31contudo me submergirás na
um redemoinho, e multiplicará as imundície, e os meus próprios vesti­
minhas feridas, mesmo sem (m ani­ dos terão horror de mim. “ Porque
festar o ) motivo. 18Não deixa que eu não terei de responder a um ho­
o meu espírito repouse, e enche-me mem semelhante a mim, nem con­
de amarguras. 19Se se busca forta­ testar com êle como com um meu
leza, êle é robustíssimo; se eqüidade igual. ^Não há quem possa ser ár­
de juízo, ninguém ousa dar testemu­ bitro entre ambos, nem meter a sua
nho em meu favor. 20Se eu. preten­ mão Ycomo mediador) entre os dois.
der justificar-me, a minha boca me 34Retire êle a sua vara de mim, e
condenará (de presunçoso); se me não me amedronte o seu terror; v (en­
mostrar inocente, êle me convencerá tão) falarei, e não o temerei, por­
de culpado. 21*A inda que eu seja ino­ que, no temor em que estão não
cente, a minha alma o ignorará, e posso responder.
me será (sempre) fastidiosa a minha Por que é que Deus, justo, m anda
vida. tantas tribulações a um inocente?
Fena dos inocentes
1 A lA minha alma tem tédio à
“ Uma só coisa disse: (Deus) afli- 1u minha vida; soltarei a minha
e o inocente como o impio. “ Se
tle fere, mate por uma vez, e não língua contra mim, falarei na amar­
se ria das penas dos inocentes. “ A gura da minha alma. 2Direi a Deus:
terra foi entregue nas mãos do ím­ Não me condenes; mostra-me por­
que me julgas assim. 3Porventura
pio, o qual cobre com um véu os parece-te bem entregares-me à ca­
olhos dos seus juizes; se não é Deus lúnia, e oprimires-me a mim, que sou
(que o perm ite), quem é, pois? obra das tuas mãos, e favoreceres o
Se a majestade divina o não desígnio dos ímpios? Porventura tens
aterrorizasse, Jó poderia provar tu olhos de carne, ou vês as coisas
a Deus a sua inocência como as vê o homem? 5Porventura
os teus dias são como os dias do
“ Os dias da minha vida foram homem, ou os teus anos são como
mais velozes do que um correio; fugi­ os anos do homem, °para te informa­
ram e não viram a felicidade. “ Pas­ res da minha iniqüidade, e averigua­
saram como navios que levam fru­ res o meu pecado, 7sabendo tu que
ta, como a águia que voa para a eu não cometi impiedade alguma, e
prêsa. 27*Se eu disser: Não falarei não havendo ninguém que possa ar-
mais assim; altera-se o meu rosto, rancar-me da tua mão? 8As tuas mãos
e a dor me atormenta. “ Eu temia fizeram-me e formaram-me todo em
de tôdas as minhas obras, sabendo roda; e' assim de repente me despe-
que não perdoas ao culpado. “ Mas, nhas? 9Lembra-te, te peço, que me
se ainda procedendo assim, sou (tra ­ formaste como barro, e que me hás
tado com o) um ímpio, por que tra­ de reduzir a pó. 10Porventura não
16. E ainda que Deus me tivesse ouvido, eu não atribuo isto ao mérito das minhas sú­
plicas, mas sòmente à sua infinita bondade e clemência.
19. Quer pela fôrça, quer pelo raciocínio, ninguém ousa medir-se com Deus.
23. Se êle f e r e . . . Jó, com linguagem hiperbólica, quer dizer que os golpes de Deus
são tão terríveis, e o perigo de cair na impaciência é tão grande, que o justo pode preferir
a morte a estar exposto à tentação, na qual pode sucumbir. Quer, além disso, dizer que
Deus, rios seus desígnios insondâveis, trata às vêzes com tanto rigor os seus mais caros
amigos, que poderia parecer que é indiferente e que se ri dos seus sofrimentos.
28. N ão perdoas, isto é, n&o deixas sem castigo.
30-31. Ainda que eu julgasse a minha consciência branca como a neve e as minhas obras
puras (lim p a s), tu as m ostrarás manchadas (m e submergirás. . . ) .
Cap. X — 10. Os antigos julgavam que o feto se form a no seio materno, como um
leite que coagula. Jó serve-se desta imagem para descrever a form ação do homem no
seio materno.
10 - 11 LivR O DE J ó 583
me mungiste como leite, e coagulaste te há de confundir? 4E ’ certo que tu
como queijo? UDe pele e de carne disseste : As minhas palavras são pu­
me vestiste; de ossos e de nervos me ras, e eu estou limpo na tua pre­
organizaste. 12Concedeste-me a vida sença. BMas, oxalá que Deus falas­
e a misericórdia, a tua proteção con­ se contigo, e abrisse contigo os seus
servou o meu espírito. “ Ainda que lábios, °para te descobrir os segredos
escondas estas coisas em teu coração, da sua sabedoria, e a multiplicidade
eu sei todavia que te lembras de da sua lei, com o que conhecerías
tudo. que te castiga muito menos do que
Desilusões e angústias merece a tua maldade.
14Se eu pequei, e me perdoaste na Sofar fa z o elogio da sabedoria
mesma hora, por que não permites de Deus
que eu esteja limpo da minha ini­
quidade? 15Se fôr mau, desgraçado 7Porventura alcançarás os caminhos
de mim; mas, se fôr justo, não le­ de Deus, e conhecerás perfeitamen-
vantarei a cabeça, farto como estou te o Onipotente? 8Êle é mais alto do
[ue o céu, e que farás tu? Mais pro-
de aflição e de miséria. 16E por cau­
sa da minha soberba, tu me apanha­
?undo do que o inferno, e como o
rás como a uma leoa, e me torna­ conhecerás? °A sua medida é mais
rás a atormentar dum modo terrí­ comprida que a terra, e mais larga
vel. 17Tu renovas contra mim os teus que o mar. 10Se êle destruir tôdas
testemunhos, e multiplicas contra as coisas, ou as confundir numa*
mim a tua ira, e as penas combatem quem poderá impedí-lo? “ Porque êle
contra mim. 18Por que me tiraste tu conhece a vaidade dos homens, e,
do ventre de minha mãe? Oxalá eu vendo a iniquidade dêles, porventu­
tivesse perecido, sem que nenhum ra não a considera (para a castigar) t
ôlho (m o rta l) me visse. 19*T eria si­ Soíar exorta Jó a voltar p a ra Deus
do como se não existisse, translada­
do do ventre materno para a sepul­ 120 homem néscio eleva-se em so­
tura. “ Porventura o pequeno nú­ berba, e julga ter nascido livre, co­
mero dos meus dias não se acabará mo a cria do asno montês.
em breve? Deixa-me, pois, que eu 13Mas tu endureceste o teu coração,
chore um pouco a minha dor, “ antes e levantaste a tua mão para Deus.
que vá para não mais tornar (a esta 14Se lançares fora de ti a iniquidade,
vida terrena) , para aquela terra te­ que esta na tua mão, e se a injus­
nebrosa e coberta da escuridão da tiça não tiver aceitação na tua casa,
morte; 22tèrra de miséria e de trevas, “ então poderás levantar o teu rosto
onde habita a sombra da morte, e sem mácula, e serás estável (na v ir­
onde não há nenhuma ordem, mas tude) e não temerás. 10E também
um sempiterno horror. te esquecerás da tua miséria, e lem-
Soíar reprova as palavras de Jó brar-te-ás dela como de águas que
assaram. 1TE se levantará pela tar-
11 depois, respondendo Sofar de e sobre ti uma luz como a do meio-
14 Naamat, disse: 2Porventura o dia; e, quando te julgares destruído,
que fala muito, não terá também de surgirás como a estréia da manhã.
ouvir? Ou bastará a um homem ser 18E terás confiança pela esperança
grande falador para se justificar? (da vida etern a), que te será pro­
8Tu só farás calar os homens? E, de­ posta, e, sepultado, dormirás tranqui­
pois de zombares dos outros, ninguém lo. “ Repousarás, e não haverá quem
18. E , por ca u s a ... Jó quer dizer: Se eu levantar a cabeça, tu castigarás a minha
soberba e me perseguirás como um caçador persegue o leão.
Cap. X I — 1. so far, partindo do mesmo principio que E lifa z e B aldad, isto é, que os
males desta vida são sempre castigo dos pecados atuais, e concordando que não lhe é
possivel acusar Jó dos pecados manifestos, sustenta todavia que êle deve ter cometido
grandes culpas secretas, sòmente conhecidas por Deus, culpas que lhe atraem justamente
os males que esta sofrendo.
19. E muitos suplicarão. . . isto é, solicitarão os teus favores, recorrerão a ti nas suas
necessidades.
584 LivR O DE JO 11 - 13

te amedronte e muitos suplicarão a homem, ninguém há que o solte. 15Se


tua face. “ Mas os olhos dos ímpios retiver as águas, tudo secará e, se a
desfalecerão (de inveja), e não lhes soltar, submergirão a terra. 16Nêles
ficará refúgio (que os livre do cas­ residem a fortaleza e a sabedoria;
tigo m erecido), e a sua esperança se­ êle conhece o enganador e o que e
rá a abominação da sua alma. enganado. 17Êle conduz os conselhei­
ros a um fim insensato, e conduz os
Jó responde que conhece, corno os seus juizes à estultícia. 18Êle desata o
amigos, a sabedoria de Deus cinturão dos reis, e cinge os seus
rins com uma corda. 19Deixa ir os
1 0 1Mas Jó, respondendo, disse: sacerdotes sem glória, e abate os
1“ 2Logo, só vós sois homens (sá­ grandes. 20Troca as palavras dos ho­
bios), e convosco morrerá a sabedo­ mens verdadeiros, e tira o saber dos
ria? 3Eu também tenho entendimen­ velhos. 21Faz cair o desprêzo sobre
to como vos, e não vos sou inferior; os príncipes, elevando outra vez os
pois, quem ignora isso que vós sa­ que foram oprimidos. 22T.ira das tre­
beis? 4Aquêle que é escarnecido co­ vas as coisas mais ocultas, e traz à
mo eu pelo seu amigo, invoque a luz a ( própria) sombra da morte.
Deus, e êle o ouvirá; porque se zom­ 23Multiplica as nações e as destrói,
ba da simplicidade do justo. 5É uma e, depois de destruídas, as restitui ao
lâmpada desprezada no conceito dos seu primeiro estado. 24Êle muda o
ricos, mas preparada para (brilha r coração dos príncipes do povo da
n o) tempo determinado (p or Deus). terra, e os engana, para os fazer an­
6As casas dos ladrões estão na abun­ dar inutilmente por caminhos des­
dância, e atrevidamente provocam a viados; 25andarão às apalpadelas co­
Deus, embora êle tenha posto tudo mo em trevas, e não em luz, e os
nas suas mãos. faz andar errantes como embria­
7Pergunta, pois, aos animais, e êles gados.
te ensinarão, e às aves do céu, e elas
to indicarão. 8Fala com a terra, e Jó confia em Deus e não nos amigos
ela te responderá, e os peixes do mar que são injustos
te instruirão. 9Quem ignora que a
mão de Deus fêz tôdas estas coisas? 1 0 ^ i s que os meus olhos viram
10N a sua mão está a alma de todo o tôdas estas coisas, e o meu
vivente, e o espírito de tôda a carne ouvido as ouviu, e as compreendi tô­
humana. “ Porventura o ouvido não das. 2Aquilo que vós sabeis, também
distingue as palavras, e o paladar de eu o sei, e não vos sou inferior.
quem come não distingue o sabor? 3Contudo, falarei ao Onipotente, e
12A sabedoria acha-se nos velhos e a com Deus desejo conversar; m os­
prudência, na vida dilatada. trando antes que vós sois uns for-
Adm irável descrição da sabedoria e do jadores de mentiras, e sequazes de
poder de Deus 13 máximas perversas. 5E oxalá que vós
vos calásseis, para poderdes passar
13A sabedoria e a fortaleza estão em por sábios. °Ouvi, pois, a minha re­
Deus; êle possui o conselho e a inte­ futação, e atendei ao juízo dos meus
ligência. 14Se êle destruir, ninguém lábios. 7Porventura necessita Deus
há que edifique, se aprisionar um das vossas mentiras, para que em sua
Cap. X I I — N a conclusão desta prim eira disputa Jó responde a todos os três am igos
mostrando como foram pouco sábios os seus discursos, o versículo 2 é irônico.
3. F ora de ironia: Quem ignora que Deus é justo, santíssimo e sapientissimo? N&o
é sôbre isso, porém, que versa a discussão.
7-8. P e rg u n ta ... A s próprias criaturas irracionais ensinam que tudo depende de Deus,
e que êle pode dispor de tôdas as coisas como lhe aprover.
11-12. P o rve n tu ra .. . espécie de provérbio que serve de transição. Depois de termos
considerado a sabedoria e o poder de Deus nas coisas, consideremo-lo também na trad i-
ção dos homens.
17-25. Jó faz uma longa enumeração dos males que, por permissão de Deus, sobrevêm
a tôda a classe de pessoas e de povos, p ara m ostrar não tanto o seu poder como a inde­
pendência em que está, a sua ação dos méritos dessas pessoas e povos.
13 - 14 LIVRO DE JÓ 585

defesa faleis com fraude? p o r v e n ­ uma fôlha que é arrebatada do ven­


tura quereis fazer favor a Deus, e to, ostentas o teu poder, e persegues
vos esforçais a patrocinar a sua cau­ uma palha sêca. “ Pois escreves con­
sa? °Serã isto do agrado daquele a tra mim Amarguras, e queres-me con­
quem nada se pode ocultar? ou será sumir pelos pecados da minha moci­
êle surpreendido, como um homem, dade. 27Tu puseste os meus pés no
pelos vossos artifícios? 10Êle mesmo cepo, e observaste tôdas as minhas
vos condenará, porque dissimulada- veredas (o u ações), e consideraste
mente vos pondes do seu lado. uLo- os vestígios de meus pés; “ sendo cer­
go que se mover, vos perturbará, e to que eu hei de ser consumido co­
o seu terror cairá sobre vós. 12A mo a podridão, e como um vestido
vossa memória será como a cinza, e que é comido pela traça.
as vossas cabeças (altivas) serão re­
duzidas a lôdo. Brevidade e misérias da vida humana

Jó espera poder defender a sua 1 A *0 homem, nascido da mulher,


inocência diante de Deus vive pouco tempo, e é cheio
de muitas misérias. 2Como uma flor
13Calai-vos por um pouco para que nasce, e (lo g o ) é cortada, e foge co­
eu diga tudo o que o meu espírito mo, a sombra, e jamais permanece
me sugerir. 14Por que lacero eu as num mesmo estado. 3E tu dignas­
minhas carnes com os meus dentes, te abrir os teus olhos sôbre tal ser,
e por que trago eu a minha vida nas e chamá-lo a juízo contigo? 4Quem
minhas mãos? 16Ainda que êle me pode fazer puro aquêle que foi con­
matasse, nêle esperarei; mas defen­ cebido de imunda semente? Quem
derei na sua presença o meu proce­ senão tu, que és só (p u ro )? BOs dias
der. 16E êle será o meu Salvador, do homem são breves, em teu poder
porque nenhum hipócrita ousará apa­ está o número dos seus meses; tu
recer diante dos seus olhos. 17Ôu- lhe fixaste os limites que não podem
vi as minhas palavras, e dai ouvido ser ultrapassados. °Retira-te um
aos meus enigmas. 18Se eu fôr jul­ pouco dêle (deixa de o a flig ir) para
gado, sei que hei de ser encontra­ ue descanse, até que chegue o seu
do justo. 10Quem há que queira en­ ia desejado como o dum jornaleiro.
trar comigo em juízo? Venha, por 7Uma árvore tem esperança (de
que me consumo eu calando? “ Duas re v iv e rj; se fôr cortada, torna a re­
coisas sòmente te peço (6 Senhor) verdecer, e brotam os seus ramos.
que me faças, e então não me es­ 8Se a sua raiz envelhecer na terra,
conderei da tua face: “ Afasta de mim e morrer o seu tronco no pó, 9ao
a tua mão, e não me consterne o cheiro da água reverdecerá, e fará
teu terror. “ Chama por mim, e eu copa, como no princípio quando foi
te responderei; ou então falarei eu, plantada. 10Porém o homem, quan­
e tu responde-me. do morrer e fôr despojado e consu­
Im plora a misericórdia divina mido, dize-me, que é dêle? “ Como
se do mar se retirassem as águas, e
“ Quantas iniqüidades e pecados te­ se se esgotasse um rio ficariam se­
nho eu? Mostra-me as minhas mal- cos, “ assim o homem, quando dor­
dades e delitos. 24Por que escondes mir, não ressuscitará; até que o céu
tu de mim o teu rosto, e por que seja consumido, não despertará, nem
me consideras teu inimigo? “ Contra se levantará do seu sono.
Cap. X I I I — 14. P or que lacero e u . . . e por que t r a g o ... São dois modos de dizer
proverbiais que têm ambos a seguinte significação: P o r que motivo estou eu em perigo de
morte? Sentido dêste versículo: Quero defender-me, quero protestar a minha inocência,
mesmo com risco da vida.
17. A os meus enigmas ou, segundo o hebraico, às minhas palavras, as quais, embora
claras, vos parecerão sempre um enigma. Efetivamente os amigos não compreendiam co­
mo é que Jó atribulado podia ser inocente.
19. Quem h á . .. E stá tão seguro da sua inocência e absolvição, que desafia todos a cons-
tituírem-se parte contra êle no tribunal de Deus.
20-28. P a la v ra s dirigidas diretamente a Deus.
586 LIvR O DE J ó 14 - 15

Do sepulcro não se volta a viver bios te responderão. 7Porventura és


sôbre a terra tu o primeiro homem que nasceu, e
fôste tu formado antes dos outeiros?
13Quem me dera que tu me enco­ 8Porventura entraste tu no conselho
brisses no sepulcro, e me escondes­ de Deus, e a sua sabedoria será in­
ses nêle até ter passado o teu furor, ferior à tua? °Que sabes tu que nos
e me assinalasses o tempo em que ignoremos? Que entendes tu que nós
te lembrarás de mim. 14Pensas por­ não saibamos? 10Também há entre
ventura que um homem já morto nós velhos e anciãos, muito mais a-
tornará a viver? Todos os dias em vançados em idade que teus paia
que agora combato, espero que che­ “ Será porventura dificultoso a Deus
gue a minha mudança (o u renova­ consolar-te? Porém as tuas perversas
ção gloriosa). 15Tu me chamarás, e palavras o impedem. 12P or que te
eu te responderei; estenderás a tua ensoberbece o teu coração, e tens os
dextra para a obra das tuas mãos. olhos imóveis, como um homem que
“ Em verdade tu contaste todos os está a pensar em coisas grandes?
meus passos, mas perdoa os meus 13P or que se incha o teu espirito
pecados. 17Tu selaste como num sa­ contra Deus, para proferires com a
co os meus delitos, mas curaste tua bôca tão estranhas palavras?
a minha iniquidade. “ Um monte des- 14Que é o homem, para ser imacula-
trói-se caindo, e um rochedo é tras­ do (aos olhos de Deus), e para pa­
ladado do seu lugar. 19As águas es­ recer justo, tendo nascido duma mu­
cavam as pedras, e a terra pouco a lher? 16Eis que entre os seus mes­
pouco se consome com as aluviôes, mos santos nenhum há imutável, e
assim mesmo, pois, acabarás com o nem os céus são puros na sua pre­
homem. “ Tu o fortaleceste por al­ sença. 16Quanto mais um homem
gum tempo, a fim de que acabasse abominável e inútil, que bebe a ini­
para sempre. ^Estejam os seus fi­ qüidade como a água?
lhos exaltados, ou estejam abatidos,
êle não o saberá. 22Contudo a sua Tormento do ímpio
carne, enquanto êle viver, padecerá
dores, e a sua alma chorará sôbre 17Eu to mostrarei, ouve-me; eu te
si mesmo. contarei o que tenho visto. 18Os sá­
bios falam e não ocultam (os ensi­
E lifaz acusa Jó de ignorante namentos) de seus pais, 19sômente
aos quais foi dada esta terra, e não
1 C ^ a s , respondendo E lifaz de Te- passou nenhum estranho por meio
10 man, disse: dêles. “ Em todos os seus dias o ím­
2Porventura o sábio responderá co­ pio se ensoberbece, e o número dos
mo se falasse ao vento, e encherá de anos da sua tirania é incerto. 21Um
ardor o seu peito (com o tu acabas estrondo de terror está sempre em
de fazer) ? 3Argúes com as tuas pala­ seus ouvidos, e, mesmo quando há
vras aquêle (Senhor) que não é teu paz, receia sempre traições. “ Não
igual, e dizes o que te não convém. crê que se possa voltar das trevas
“Quanto é em ti, desterraste o temor à luz, vendo a espada de todos os
(de Deus), e as orações (que devem lados. “ Quando se move para bus­
fazer-se) diante de Deus. 'Porque a car pão, julga que o dia das trevas
tua iniqüidade ensinou a tua língua está preparado na sua mão. 24A tri-
e tu imitas a linguagem dos blasfe- bulação o aterra, e a angústia o cer­
madores. flNão eu, mas a tua pró­ ca, como a um rei que se prepara
pria bôca te condenará, e os teus lá­ para a batalha. ^Porque estendeu
Cap. X I v — 18. Se os m ais sólidos corpos da natureza não resistem à ação destruido-
ra dos agentes físicos, quanto menos poderá, o homem, um débil, subtrair-se à morte!
Cap. X v — N a segunda discussão os am igos de Jó atacam -no diretamente, pretendendo
demonstrar que êle é culpado.
20-24. o ímpio, o m au encontra o seu castigo na própria consciência. A sua im agina­
ção perturbada leva-o a esperar os piorfes males.
25-26. R azão m oral dos terrores íntimos que acabam de ser descritos: a oposição a
Deus.
15 - 16 LIVRO DE J o 587

a sua mão contra Deus, e se fêz for­ por isso se aplacará a minha dor; e
te contra o Onipotente. ^Correu se me calar, nem por isso ela se a-
contra êle com o pescoço levantado, fastará de mim. 8Mas agora a mi­
e armou-se duma soberba inflexível. nha dor me oprime, e todos os meus
^A gordura cobriu o seu rosto, e a membros estão reduzidos a nada. °As
enxúndia pende-lhe das ilhargas. minhas rugas dão testemunho con­
“ Habitará em cidades assoladas, e em tra mim, um falso raciocinador levan-
casas desertas, que estão reduzidas ta-se diante da minha face para me
a montões de ruínas. contradizer. 10Juntou o seu furor
O irnpio caminha para a ruína contra mim e com olhos terríveis me
olhou o meu inimigo, e, ameaçan-
“ Não se enriquecerá, nem os seus do-me, rangeu seus dentes contra
bens persistirão, nem lançarão as mim. u (Os meus amigos) abriram
suas raízes pela terra. 30Não sairá as suas bôcas contra mim, e, ultra­
das trevas; uma chama secará os jando-me, feriram a minha face, far­
seus ramos, e com o sôpro da sua bô- taram-se das minhas penas. 12Deus
ca será arrebatado. “ Enganado por encerrou-me debaixo do poder do
êrro não acreditará que possa ser injusto, e entregou-me nas mãos dos
resgatado por algum preço. “ Antes ímpios. 13Eu, aquêle em outro tem­
dos seus dias se completarem perece­ po tão opulento, de repente fui redu­
rá, e as suas mãos se secarão.^O seu zido a pó; tomou-me pelo pescoço,
cacho será cortado como a vinha na quebrantou-me, e pôs-me como alvo
primeira flor, e como a oliveira que ( dos sem tiro s ). 14Cercou-me com
deixa cair a Sua flor. “ Porque a suas lanças, atravessou-me os rins,
fam ília do hipócrita será estéril, e não me perdoou, e espalhou pela ter­
0 fogo devorará as casas dos que gos­ ra as minhas entranhas. "Despeda-
tam de receber presentes. "E le con­ çou-me com feridas sôbre feridas,
cebeu dor, e deu à luz a iniqüidade, lançou-se a mim como um gigante.
e o seu coração prepara enganos. "L e v o um cilício cosido sôbre a mi­
Pretendidos consoladores nha pele, e cobri de cinza a minha
carne. 17O meu rosto inchou à fôr-
2Mas Jó, respondendo, disse: ça de chorar, e as minhas pálpebras
1u 2Tenho ouvido muitas vêzes escureceram-se. 18Sofri isto sem que
êsses discursos; todos vós sois uns houvesse maldade nas minhas mãos,
consoladores importunos. 3Quando quando eu oferecia a Deus orações
terão fim êsses discursos de vento? ou puras.
que coisa te constrange a falar as­
sim? 4Eu também podia falar co­ Deus é testemunha da inocência de jó
mo vós; e oxalá que vós estivésseis
no meu lugar. 5Eu também vos con­ 19õ terra, não cubras o meu san­
solaria com discursos, e (compassivo)gue, nem o meu clamor ache em ti
moveria a minha cabeça sôbre vós; lugar no qual seja sufocado. “ Porque
6eu vos fortalecería com as minhas a minha testemunha está no céu, e
palavras, e moveria os meus lábios, está nas alturas o que me conhece
como compadecendo-me de vós. intimamente. “ Os meus amigos são
Deus e os homens atormentam Jó
verbosos; mas os meus olhos recor­
rem a Deus desfeitos em lágrimas.
7Mas que farei? Se eu falar, nem 7
2 22E oxalá se fizesse o juízo entre
27. O ímpio só pensa em nutrir a sua carne.
28-32. Prediz o castigo que o ímpio sofrerá, depois da breve prosperidade, am argura
da pelos remorsos.
33. o s e u c a c h o , isto é, a sua descendência. — N a p r i m e i r a f l o r , isto é, antes de dai
frutos, e de os conservar à maturaçáo. Com estas duas comparações da vinha e da oli­
veira, é descrito o fim infeliz da posteridade do ímpio.
34. D o s q u e g o s t a m d e r e c e b e r p r e s e n t e s , isto é, dos que vendem a justiça.
Cap. X v l — 19. N ã o c u b r a s o m e u s a n g u e . . . Jó exprime aqui o seu desejo de que se con­
serve sempre viva a lem brança dos seus sofrimentos até que será reconhecida a sua ino­
cência.
20. A m i n h a t e s t e m u n h a , isto é, a testemunha da minha inocência.
588 LIVRO DE JÓ 16 - 18

Deus e o homem (tão publicamente) perança, e quem considera a minha


como se faz o de um filho do homem paciência? “ Tôdas as minhas coisas
com o seu semelhante! 23Vê pois, descerão ao mais profundo sepulcro;
que os meus breves anos passam, e e julgas tu que eu, ao menos neste
eu caminho por uma vereda, pela lugar, terei descanso?
qual não voltarei.
Baldad afirm a novamente que o
Novos gemidos de Jó fmpio deve perecer
1 *7 lO meu espírito vai-se consu- 10 ^ respondendo Baldad Suíta,
1• mindo, e os meus dias abre- 10 disse:
viam-se, e só me resta o sepulcro. 2A té quando direis palavras vãs?
2Não pequei, e (contudo) os meus o- entendei primeiro, e depois falaremos.
lhos vivem nas amarguras. 3Livra- *Por que nos considerastes como ani­
me, Senhor, e põe-me junto de ti, mais, e por que passamos por sór­
e (então) combata contra mim a mão didos aos vossos olhos? 4ó tu, que
de quem quer que fôr. 4Tu afastas­ no teu furor perdes a tua alma, por­
te da inteligência o seu coração, e ventura, por causa de ti, será des­
porisso não serão exaltados. BÊle povoada a terra, e serão transferidos
promete a prêsa aos companheiros e os rochedos do seu lugar?
os olhos dos seus filhos desfalecerão. 5Porventura não é certo que a luz
°Êle me reduziu a ser como a fábu­ (ou prosperidade) do ímpio se apaga­
la do povo, e sou um ludibrio diante rá, e que não resplandecerá a chama
dêles. 7Os meus olhos escureceram- do seu fogo? 6A luz se obscurecerá
se de indignação e os meus membros na sua casa, e a lâmpada (ou gló­
foram como reduzidos a nada. 8Os ria ) que está sôbre êle, se apagará.
justos pasmarão disto (que me acon­
tece), e o inocente se levantará con­ Males que esperam o impio até à sua
tra o hipócrita. °Mas o justo persis­ morte
tirá no seu caminho, e aquêle que
tem as mãos puras crescera em fo r­ 7Os seus passos firmes serão corta­
taleza. dos, e o seu próprio conselho o pre­
Jó desespera da vida cipitará. 8Porque meteu os seus pés
na rêde, e anda entre as suas malhas.
10Voltai portanto vós todos, e vin­ 0O seu pé ficará prêso pelo laço, e
de, e não acharei entre vós nenhum uma sêde ardente o atormentará.
sábio. ” Os meus dias passaram, os 10Está-lhe escondido debaixo da terra
meus pensamentos desvaneceram-se, o laço, e ao longo da vereda, a arma­
atormentando o meu coração. “ Con­ dilha. uDe tôdas as partes o ame­
verteram (para m im ) a noite em dia, drontarão temores, e lhe enredarão
e de novo, depois das trevas espero os pés. 12Com a fome se enfraquece­
a luz. 13Ainda que eu espere com rá a sua robustez, e a falta de ali­
paciência, o sepulcro será a minha mento acometerá o seu estôm ago.. 13A
casa, e tenho preparado o meu leito morte mais terrível devorará a beleza
nas trevas. 14Eu disse à podridão: da sua pele e consumirá os seus bra­
Tu és meu pai; e aos bichos: Vós ços. 140 objeto das suas esperanças
sois a minha mãe, e a minha irmã. será arrancado da sua casa; e a mor­
“ Onde está, pois, agora, a minha es­ te, como um rei, o calcará.
Cap. X V I I — 4. Êstes meus am igos não tiveram a felicidade de entender a verdade,
por isso perderam a causa.
5. São semelhantes àquele que quer dar a outro, não tendo o suficiente p ara seus filhos.
8-9. Jó alude irônicamente aos seus amigos, que viam nas suas penas um castigo dos
seus pecados, e por isso um a lição também p ara os justos.
10. vin d e novamente discutir comigo, e eu vos mostrarei que não tendes razão.
16. Julgas t u . . . Segundo o hebreu: L á ao menos, no pó, terei descanso.
Cap. X V I I I — 1. Baldad, indo em auxílio do seu companheiro contra Jó, depois de
ter censurado com aspereza o paciente (2 -4 ), não fa z m ais do que um a longa descrição
da sorte infeliz do ímpio.
8. N a rêde que p reparava aos outros.
18-19 LivR O DE J ó 589

M ales que o esperam depois da morte cada, tirou-me a minha esperança.


mO seu furor acendeu-se contra mim.
150s companheiros de quem jâ não e tratou-me como seu inimigo. 12De
existe habitarão na sua casa; a sua tropel vieram as suas milícias, e fi­
tenda será defumada com enxôfre zeram para si caminho sobre mim,
(antes de ser habitada). 16Por baixo e cercaram em roda a minha casa.
as suas raízes secarão, e por cima se­
rão cortados os seus ramos. 17A sua Larnenta-se por todos o abandonarem
memória perecerá da terra, e não
será celebrado o seu nome nas pra­ 13Pôs longe de mim os meus irmãos,
ças. 18Será arrojado da luz para as e os meus conhecidos como estranhos
trevas, e será desterrado do mundo. se apartaram de mim. 14Os meus v i­
19Não terá nem descendência nem fa ­ zinhos abandonaram-me, e os que me
mília no seu povo, nem relíquia algu­ conheciam esqueceram-se de mim.
ma no seu país. 20Os que virem de­ 15Os que moravam em minha casa, e
pois pasmarão do seu dia (de ru í­ as (próprias) minhas servas olha­
na), e os primeiros serão invadidos ram-me como um estranho, e fui co­
pelo horror. 21Tais serão as moradas mo um peregrino aos seus olhos.
do ímpio, e tal é a condição daque­ i6Chamei o meu servo, e êle não me
le que não conhece (nem tem e) a respondeu, e todavia eu suplicava-
Deus. lhe por minha própria bôca. 17Mi-
Jó afirm a novamente a sua inocência
nha mulher teve horror do meu há­
lito, e tive que suplicar (a u xílio ) aos
1 Q 1E Jó, respondendo, disse: filhos das minhas entranhas. 18Atê
1U 2A té quando afligireis a minha os loucos me desprezavam, e, retiran-
alma e me atormentareis com os vos­ do-rne eu dêles, detraíam de mim.
sos discursos? 3Eis que já por dez 19Os que noutro tempo eram meus
vêzes me injuriais, e não vas enver­ conselheiros tiveram-me em execra­
gonhais de me oprimir. 4Embora eu ção, e aquêle a quem eu mais ama­
tenha errado, o meu êrro ficará co­ va, voltou-se contra mim. mi­
migo. 5Porém, vós levantai-vos con­ nha pele, consumidas as carnes, pe­
tra mim, e me argüis por causa dos garam-se os meus ossos, e só me res­
meus opróbrios. °Entendei sequer a- tam os lábios ao redor dos meus den­
gora que não foi por efeito dum jus­ tes.
to juízo que Deus me afligiu, e me Im plora a piedade dos amigos, e m a­
feriu com os seus açoites. nifesta a sua confiança em Deus

Grandeza de suas dores 21Compadecei-vos de mim, compa-


decei-vos de mim, ao menos v ó s , que
7Eis que eu clamo padecendo vio­ sois meus amigos, porque a mão do
lência, e ninguém me ouve, levanto Senhor me feriu. 22Por que me per­
a minha voz, e não há quem me fa ­ seguis vós como Deus, e vos fartais
ça justiça. * (0 Senhor) por tôdas as das minhas carnes? “ Quem me de­
partes fechou o meu caminho, e não ra que as minhas palavras fôssem
posso passar, e pôs trevas no meu escritas! Quem me dera que sê im­
caminho. 9Despojou-me da minha primissem num livro 24com um pon­
glória, e tirou-me a corôa da cabe­ teiro de ferro, e sôbre uma lâmina
ça. 10Destruiu-me por todos os lados, de chumbo, ou que com cinzel se gra­
e pereço, e, como uma árvore arran­ vassem em pederneira! ^Porque eu
Cap. X I X — 6. N ão foi por e fe it o ... Deus não me aflige em virtude dum juizo ou
dum a sentença que provém daquela justiça que castiga o vício e recompensa a virtude,
porque eu nao sou culpado, mas inocente. Deus faz-m e sofrer, porque, sendo criador
sábio e poderoso, trata as suas criaturas segundo os seus desígnios insondâveis, sempre
para m aior bem delas.
12. .As suas milícias, isto é, as várias tribulaçôes.
22. E vos fa r ta is ... Comer a carne de alguém é urna expressão oriental que signi­
fica caluniar, acusar.
23-24. Com estas solenes palavras j ó indica que vai descobrir um grande mistério,
que é o da ressurreição. Como profeta fa la v a de Jesus Cristo, considerando-o presente.
590 LIVRO DE JO 19 - 21

sei que o meu Redentor vive, e que -lo-á e não o deixará, e o rete­
no último dia ressurgirei da terra, “ e rá no seu paladar. wO seu pão (da
serei novamente revestido da minha iniquidade) nas suas entranhas se
pele, e na minha própria carne ve­ converterá interiormente em fe l de
rei o meu Deus. 27Eu mesmo o ve­ áspides. “ Vomitará as riquezas, que
rei, e os meus olhos o hão de con­ devorou, e Deus lhas fará sair aas
templar, e não outro; esta é a espe­ entranhas. “ Chupará a cabeça de
rança que está depositada no meu áspides, e a língua da víbora o mata­
eito. &Por que dizeis, pois, agora: rá. 17Jamais veja êle as correntes de
g ersigamo-lo, e achemos a raiz das um rio, e as torrentes de mel e de
palavras contra êle? “ Fugi, pois, de manteiga.
diante da espada (de Deus), porque O ímpio oprimido por muitos males
a espada é vingadora das iniqüiaa-
des; e sabei que há um juízo. “ Pagará tudo o que fêz, mas nem
por isso será consumido; segundo a
A felicidade do ímpio é de breve multidão de seus embustes, assim se­
e incerta duração rá a sua pena. 10Porque oprimiu e
despojou os pobres, roubou casas, e
2 (| 2E, respondendo Sofar de Na- não as edificou. “ O seu apetite foi
amat, disse: insaciável; e quando tiver o que co­
2P or isso me vêm pensamentos sô- biçava, não o poderá gozar. “ Nada
bre pensamentos, e o meu espírito é sobrou da sua comida (para os po­
arrebatado para diversas reflexões. bres), e por isso nada permanecerá
30uvirei a doutrina com que me ar- dos seus bens. “ Depois que estiver
gües, e o espírito da minha inteli­ saciado, padecerá ânsias, e se abra-
gência responderá por mim. 4Uma sará, e tôda a sorte de dores virá sô­
coisa sei, e é que desde o princípio, bre êle. “ Oxalá se encha o seu ven­
desde que o homem foi pôsto sôbre tre, para que Deus envie contra êle
a terra, 5é breve a glória dos ím­ a ira do seu furor, e faça chover sô­
pios, e a alegria do hipócrita dura bre êle a sua vingança. “ Fugirá
um momento. (p o r um lado) das armas de ferro, e
O ímpio caminhará p ara a ruína cairá (p o r o u tro ) no arco de bronze.
“ A espada é tirada e sai da sua bai­
°Se a sua soberba subir até ao céu, nha, e rutila (contra ele) como o re­
e a sua cabeça tocar nas nuvens, lâmpago em sua amargura. Irão e
7por fim perecerá como o estéreo; e virão sôbre êle os terrores. ^Tôdas
aquêles que o tinham visto dirão: as trevas estão escondidas nos seus
Onde esta êle? 8Como um sonho que segredos, devorá-lo-á um fogo, que
voa não será achado, desaparecerá não se acende, e, deixado só na sua
como uma visão noturna. tenda, estará na aflição. "Os céus re­
BOs olhos, que o tinham visto, não velarão a sua iniquidade, e a terra se
o verão mais, nem o verá mais a levantará contra êle. “ Os rebentos
sua morada. 10Os seus filhos serão da sua casa ficarão ao desamparo,
consumidos pela miséria, e as suas serão arrancados no dia do furor de
mãos lhe darão a dor merecida. Deus. “ Esta é a sorte reservada por
A culpa e o castigo intimamente unidos
Deus ao homem ímpio, e esta é a he­
rança fixada pelo Senhor às suas pa­
11Os seus ossos se encherão dos vícios lavras.
da sua mocidade, os quais com êle jó invoca a atenção dos amigos
dormirão no pó.
12Porque, quando o mal fôr do­ 21 JE Jó, respondendo, disse:
ce na sua bôca, escondê-lo-á de­ 2Ouvi, vos peço, as minhas pa­
baixo da sua língua. 13Conservá- lavras, e fazei penitência. *Sofrei-
Cap. X X — 10. E as suas mãos, isto é, as ações m ás que praticou.
12-16. O pecado (o m a l), à semelhança dum bocado doce m as envenenado, deleita os
sentidos na ocasião em que se comete, m as depois produz as m ais funestas consequências.
26. Tôdas as trevas, isto é, males de todo o gênero estão escondidos nos seus segre­
dos, nos seus pecados ocultos.
21 - 22 LIVRO )E J ó 591

me e eu falarei, e depois, se vos pa­ o pago, então êle escarmentará. “ Os


recer, zombai das minhas palavras. seus próprios olhos verão a sua ruí­
4Porventura é com algum homem a na, e beberá do furor do Onipoten­
minha disputa, para que não tenha te. 21Pois, que se lhe dá a ele do
motivo de me entristecer? 50lhai que será feito da sua casa depois
para mim, e pasmai, e ponde o de­ da sua morte, ainda que Deus cor­
do sôbre a vossa bôca; 6e eu mesmo, te pela metade o número dos seus
quando me recordo, me assombro, e meses? “ Porventura pretenderá al­
estremece tôda a minha carne. guém ensinar alguma coisa a Deus,
Muitas vêzes os irnpios têm
que julga os grandes? “ Um morre
prosperidade
robusto e são, rico e feliz; 24as suas
entranhas estão cobertas de gordu­
7P or que razão vivem os ímpios, e ra, e os seus ossos estão regados de
são exaltados e cumulados de rique­ tutanos; “ outro, porém, morre na
zas? 8Seus filhos conservam-se dian­ amargura da sua alma, sem nenhuns
te dêles, uma multidão de parentes bens. 20E todavia ambos êles dormi­
e de netos está na sua presença. 9As rão igualmente no pó, e os bichos
suas casas estão seguras e em paz, os comerão.
e a vara de Deus não está sôbre ê- Também eom freqiiência são honrados
les. 10As suas vacas concebem e não depois da morte, pôsto que condenados
abortam, as suas vacas dão à luz e por Deus
não se lhes malogram as suas crias.
11Os seus filhos saem (de casa) co­ 27Eu conheço bem os vossos pensa­
mo manadas, e os seus pequenos sal­ mentos, e os vossos injustos juízos
tam e brincam. 12Levam pandeiro e contra mim. “ Porque vós dizeis:
citara, e alegram-se ao som dos ins­ Onde está a casa deste (Jó que era
trumentos músicos. 13Passam os seus como u m ) príncipe? E onde estão
dias em delícias, e num momento des­ as tendas dos ímpios? ^Perguntai a
cem ao sepulcro. 14Êstes são os que qualquer dos viandantes, e sabereis
disseram a Deus: Retira-te de nós, que êle entende isto mesmo: “ Que
pois não queremos saber nada dos o ímpio é reservado para o dia da
teus caminhos. vingança, e será conduzido ao dia
M as são castigados inesperadamente do furor. S1Quem (até então) re­
provará diante dêle o seu proceder?
15Quem é o Onipotente para que o e quem lhe dará a paga do mal que
sirvamos? e que nos aproveita que fêz? “ Mas (p or fim ) será levado ao
lhe façamos orações? 16Mas, porque sepulcro e estará vigilante en­
não estão na sua mão os seus bens, tre a multidão dos mortos. 38Foi a-
longe esteja de mim o modo- d e pen­ gradável às areias do Cocito, e arras­
sar dos ímpios. 17Quantas vêzes se tará atrás de si todos os homens, e,
apagará a lucerna dos ímpios, e lhes diante de si, uma inumerável mul­
sobrevirá uma inundação (de males) tidão. 34Como pois me consolais em
e (Deus) na sua ira lhes repartirá vão, tendo-se visto que as vossas res­
as dores. 18Serão como as palhas ao postas se opõem à verdade?
soprar do vento, e como a cinza es­ Deus trata os homens como merecem
palhada pelo redemoinho. 19(Vós di­
zeis que) Deus reservará para os fi­ 99 1Elifaz de Temã, tomando a pa-
lhos a pena do pai; e quando lhe der lavra, disse:
Cap. X X I — 19-21. Jó responde à afirm ação de S ofar (X X , 10) e de E lifa z ( v . 44)
que os filhos são punidos pelos delitos do pai malvado. Que m al sente êle com aquilo
que os seus filhos sofrem depois da morte? o castigo deveria cair diretamente sôbre
o culpado, i— E q u a n d o l h e d e r . . . O hebtáico, que é m ais claro: M a s 6 o í m p i o que
D e u s d e ve rá c a s tig a rj a fim de que o s in ta .
32. E s t a r á v i g i l a n t e . . . Alusão provável ao uso que os Egípcios tinham de colocar
sôbre a tam pa do sarcófago a fig u ra do defunto, cercada muitas vêzes de inscricôes
ameaçando os violadores dos túmulos.
33. C o c i t o é um rio que, segundo a fábula, corre no inferno. S. Jeronimo empregou
êste nome p ara indicar o lu gar em que o ímpio é precipitado depois da morte.
592 LIVRO DE JÓ 22 - 23
2Porventura pode o homem ser com­ se-ão, e o inocente escarnecerá dê-
parado com Deus ainda que tivesse les (e da sua falsa doutrina). "P o r ­
uma ciência consumada? 8De que ventura não foi lançada por terra
serve a Deus que tu sejas justo? Ou a sua soberba, e o fogo não devorou
ue lhe acrescentas, se for imacula- as suas relíquias?
o o teu proceder? 4É porventura
por temor que êle te acusará, ou en­ Jó é convidado ao arrependimento
trará contigo em juízo, 5e não antes
or causa da tua grande malícia, e 21Submete-te, pois, a Deus, e terás
as tuas inumeráveis maldades? paz, e assim colherás ótimos frutos.
22Recebe a lei da sua bôca, e grava
Vários pecados que Elifaz julga as suas palavras no teu coração. 28Se
cometidos por Jó voltares para o Onipotente, serás re­
abilitado e afugentarás de tua casa a
°Porque tu sem causa tiraste os pe­ iniqüidade. 24Êle te dará, em vez de
nhores a teus irmãos, e aos nus des­ terra, o rochedo e, em vez de ro­
pojaste dos teus vestidos. 7Negaste chedo, torrentes de ouro. "O Oni­
agua ao fatigado, e negaste pão ao fa ­ potente será contra os teus inimigos,
minto. 8Com a fôrça do teu braço e terás prata a montes. "E ntão
possuías a terra (do teu vizinho) , e, abundarás em delícias no Onipotente,
como mais poderoso, a retinhas. “Des­ e levantarás o teu rosto para Deus.
pediste as viúvas (com as mãos) va­ 27Tu lhe rogarás, e êle te ouvirá, e
zias, e quebrantaste os braços dos ór­ cumprirás os teus votos. "Form arás
fãos. 10Por isso estás cercado de la­ os teus projetos, e terão feliz êxi­
ços, e um súbito temor te perturba. to, e a luz brilhará em teus cami­
UE julgavas que nunca verias as tre­ nhos. "Porque quem se humilha, se­
vas, nem serias oprimido pela impe­ rá glorificado, e quem (arrependido)
tuosa inundação das águas? tiver abaixado os olhos, será salvo.
a0O inocente será salvo, e será salvo
Exemplo dos antigos punidos por Deus pela pureza das suas mãos.
12Não ponderas tu que Deus é mais JÓ deseja defender-se diante de Deus
alto que o céu, e que sobrepuja a
maior altura das estrêlas? 13E di­ OQ respondendo Jó, disse:
zes: Que sabe Deus? Êle julga co­ 2Ainda agora são cheias de
mo entre trevas. 14Nas nuvens está amargura as minhas palavras, e a
escondido, e não tem cuidado das violência da minha chaga é mais gra­
nossas coisas, e passeia pelos polos ve que os meus gemidos. 3Quem me
do céu. “ Porventura queres tu se­ dera saber encontrar Deus, e chegar
guir o caminho antigo, que foi se­ até ao seu trono! 4Exporia ante êle
guido pelos homens iníquos? 16Êles a minha causa, e encheria a minha
foram arrebatados (pela m orte) an­ boca de (amorosas) queixas, 5para
tes do seu tempo, e um rio destruiu saber o que êle me respondería, e
os seus fundamentos; 17êles diziam para compreender o que êle me di­
a Deus: Retira-te de nós, e julgavam zia. 6Não quero que com muita fo r­
o Onipotente como se não pudesse taleza contenda comigo, nem que me
fazer nada; 18sendo êle que cumulou oprima com o pêso da sua grande-
de bens as suas casas. Esteja longe za. 7Proponha contra mim a eqüida-
de mim o seu modo de pensar. 19Os de, e a minha causa obterá a vitó­
justos verão (a sua ruína) e alegrar- ria. 8Se eu fôr ao Oriente, não a-
Cap. X X II — 6. Quando teus irmãos te pediam algum a coisa, exigias-lhes um pe­
nhor, e isto sem causa, porque eras rico.
12-14. Contra o êrro, falsamente atribuido a jó , de que Deus n&o fa ç a caso do mun­
do, e n&o se digna ab aixar-se a esta regi&o t&o desprezível.
19. E alegrar-se-ão pelo triunfo da justiça divina.
24. E m vez de te r r a ... E lifa z promete que a casa de Jó, a qual antes estava edificada
sôbre a terra, será reediflcada sôbre rochedo, ficando por isso m ais firme.
Cap. X X I I I — 8-10. Deus n&o se digna satisfazer o desejo de Jó, e n&o desce a
proclam ar diante dos amigos a sua inocência.
23 - 24 LIVRO DE JÓ 593
parece; se ao Ocidente, não o en­ têm com que se cobrir durante o
contrarei. 9Se à esquerda, que hei de frio, 8e que são banhados pelas chu­
fazer? não poderei alcançá-lo; se vas dos montes, e que, não tendo
me voltar à direita, não o verei. 10Mas com que se cobrir, se refugiam sob
êle conhece o meu caminho, e me os rochedos. 9Fizeram violência, rou­
provou como o ouro, que passa pelo bando os órfãos, e despojaram o po­
fogo. vo pobre. 10Aos nus e que iam sem
Confiança e temor vestidos, e aos famintos tiraram as
espigas. nÊles repousam ao meio-dia
nO meu pé seguiu as suas pisadas, entre os montões (de frutos) daque­
eu guardei o seu caminho, e não me les que, depois de terem pisado a
desviei dêle. l2Não me apartei dos uva nos lagares, padecem sêde. ^Fi­
preceitos de seus lábios, escondi no zeram gemer os homens nas cidades,
meu seio as palavras da sua bôca. e a alma dos feridos gritou, e Deus
13Porque êle é o único (que subsiste não deixa tais coisas sem castigo.
por si), e ninguém pode frustrar os 13Êles foram rebeldes à luz, não co­
seus desígnios, e a sua vontade fêz nheceram os caminhos (de Deus)
tudo o que quis. “ Quando tiver nem voltaram pelas suas veredas.
cumprido em mim a sua vontade, “ O homicida levanta-se ao ama­
ainda tem à mão outras muitas coi­ nhecer, mata o mendigo e o pobre,
sas semelhantes. 15Por isso eu estou e de noite será ladrão. lsO ôlho do
turbado na sua presença, e, quando adúltero observa a escuridão, e diz:
o considero, sou agitado de temor. Ninguém me verá, e cobrirá o seu
“ Deus amolgou o meu coração, e o rosto. 16Arromba nas trevas as ca­
Onipotente me turbou. 17Porque não sas, como de dia tinham combinado,
pereci, não obstante as trevas que e não conheceram a luz (mas odeiam-
estão sôbre mim, nem a escuridão na) 17Se a aurora aparece de sú­
(das tribulaçoes) cobriu o meu ros­ bito, julgam que é uma sombra da
to. morte; e assim andam pelas trevas
Por que sofrem tantos inocentes como pela luz. 18*(O ím pio) é mais
enquanto os Ímpios não são inconstante que a superfície da água;
punidos? maldita seja a sua herança sôbre a
24. *Ao Onipotente os tempos não terra, e não ande pelo caminho das
são ocultos; mas aquêles que vinhas (nem goze os seus frutos).
o conhecem ignoram os seus dias. 19Passe das águas da neve para um
2Uns passaram além dos seus lim i­ excessivo calor e o seu pecado vá
tes, roubaram rebanhos, e os apas­ (com ele) até aos infernos. " A mi­
centaram. 3Levaram o jumento dos sericórdia se esqueça dêle; os vermes
órfãos, e tomaram em penhor o boi sejam a sua delícia; não haja dêle
da viúva, transtornaram o cami­ memória, mas seja feito em pedaços
nho dos pobres, e oprimiram junta- como árvore que não dá fruto. ^Por-
mente os mansos da terra. 5Outros, que devorou (ou roubou) a estéril
como asnos monteses no deserto, saem que não dá filhos, e não fêz bem
ao seu trabalho (do ro u b o ); madru­ à viúva. “ Destroçou os valentes com
gando para roubar, aprontam o pão a sua fortaleza, mas quando estiver
para seus filhos. °Ceifam o campo em pé, não terá segura a sua vida.
que não é seu, e vindimam a vinha 23Deus deu-lhe tempo de penitência,
daquele a quem oprimiram com vio­ e êle abusa disto para se ensoberbe-
lência. 7Deixam nus os homens, ti­ cer, mas os olhos de Deus estão fi­
rando os vestidos àqueles que não xos nos seus caminhos. 24Elevar-se-
17. A s trevas ou calamidades.
Cap. X X IV — 1. Deus conhece todos os tempos, o tempo da vingança e o da con­
solação; m as os am igos de Deus, que o conhecem e lhe são fiéis, ignoram em que dia
exercerá a vingança, e náo vêem o castigo dos ímpios, nem a hora em que dá a cada
um o que lhe 6 devido.
2. Passaram além dos seus limites, entrando nas propriedades dos vizinhos.
11. Repousam . . . Os ricos, durante os calores do meio-dia, dormem à sua vontade no
meio dos frutos amontoados pelo pobre, que passa necessidade enquanto os vai colhendo.
594 LivR O DE J ó 24 - 27

-ão por um pouco de tempo, mas não e espalha sôbre êle as suas nuvens.
subsistirão, e serão humilhados e ar­ 10Pôs em roda limites às águas, até
rebatados como todos os outros, e co­ que se acabem a luz e as trevas.
mo cabeças de espigas serão corta­ uAs colunas do céu estremecem, e
dos. “ Se isto não é assim, quem me tremem ao seu aceno. “ Com a sua
poderá convencer de mentira, e acusar fortaleza de repente se congregaram
as minhas palavras diante de Deus? os mares, e sua sabedoria feriu o
soberbo. lsO seu espírito adornou os
Majestade e poder de Deus céus, e a habilidade da sua mão pro­
duziu a cobra tortuosa. 14Eis que
OC 2E, respondendo Baldad Suíta, tudo isto não é senão uma (pequena)
disse: parte das suas obras, e, se apenas
20 poder e o terror estão naqueletemos ouvido uma pequena gôta do
que mantém a concórdia (e a har­ que dêle se pode dizer, quem pode­
monia) nos seus altos (céus). '‘Por­ rá compreender o trovão da sua
ventura têm número as suas (celes­ grandeza?
tiais) milicias? E sobre quem é que
não se levanta a sua luz? 4Porventura JÓ proclama novamente a sua
pode justificar-se o homem, compa­ inocência
rado com Deus, ou aparecer puro 0 7 1Em seguida Jó, continuando a
o que nasceu da mulher? 5Eis que “ 1 sua parábola, acrescentou e
a mesma lua não tem resplendor, e disse: 2V iva Deus, (o qual parece)
as mesmas estréias não são puras que abandonou a minha causa (ao
na sua presença; 6quanto menos o juízo dos homens), e o Onipotente,
homem, que é podridão, e o filho do que submergiu a minha alma na a-
homem, que é um verm e! margura. 8Forque, enquanto em mim
houver alento, e Deus me conservar
Jó escarnece do seu interlocutor a respiração, 4os meus lábios não di­
2 f i *E, respondendo Jó, disse: rão nada de injusto, nem a minha
2A quem queres tu auxiliar? língua proferirá mentira. *Longe de
Porventura a um fraco? Sustentas mim o eu ter-vos por justos; enquan­
tu o braço de quem não tem for­ to eu viver, não me. apartarei da
ça? 8A quem deste tu conselho? T a l­ minha inocência. 6Não abandonarei
vez àquele que não tem sabedoria? a justificação que comecei a fazer,
E fizeste alarde da tua grande pru­ porque o meu coração nada me re­
dência. 4A quem quiseste tu ensi­ prova em tôda a minha vida. ''Se­
nar? Não fol àquele (Deus) que fêz ja como ímpio o meu inimigo, e o
a respiração? meu adversário seja como o inícjuo.
8Pois, qual é a esperança do hipó­
Jó descreve por sua vez o poder de Deus crita, se rouba por avareza, e Deus
não livra a sua alma? “Porventura
5Eis que os gigantes gemem de­ ouvirá Deus o seu clamor, quando
baixo das águas, e os que habitam lhe sobrevier a tribulação? 10Ou po­
com êles. 6Aberto está o inferno di­ derá êle deleitar-se no Onipotente, e
ante dêle, e o abismo da perdição invocar a Deus em todo o tempo?
não tem nenhum véu. 7Êle é que MEu vos ensinarei, com o auxílio de
estende o setentrião sôbre o vácuo Deus, o que faz o Onipotente, não vo-
e o que suspende a terra sôbre o na­ lo esconderei. 12Mas todos vós já o
da. 8Êle é o que prende as águas sabeis, e por que proferis inütilmen-
nas suas nuvens, para que tôdas à te palavras vãs? 13Esta é a sorte do
uma se não precipitem para baixo. homem ímpio diante de Deus, e a
9Êle esconde a vista do seu trono, herança que os violentos receberão
Cap. X X V I — 6. 0 inferno, isto é, a habitação dos mortos.
9. Éle esconde com a brilhante cortina do firmamento.
10. A s leis postas por Deus às águas durarão enquanto d urar o giro do dia e da noite.
13, A cobra tortuosa. Segundo os modernos comentadores, trata-se aqui da constelaç&o
do dragão.
Cap. X X V I I — 5. o eu ter-vos por justos, isto é, o eu pensar que dizeis a verdade.
27 - 28 LivR O DE J ó 595

do Onipotente. 14Se os seus filhos •Estendeu a sua mão contra os ro­


se multiplicarem, serão para a espa­ chedos, transtornou os montes desde
da, e os seus netos não serão fartos as suas raízes. “ Cortando os penhas­
de pão. “ Os que ficarem da sua li­ cos, fêz arrebentar arroios e os seus
nhagem serão sepultados na sua ruí­ olhos viram tudo o que há de pre­
na, e as suas viúvas não chorarão. cioso. “ Investigou também a profun­
16Se êle amontoar prata como terra, didade dos rios, e pôs a descoberto
e se juntar vestidos como lama, 17*ê le o que estava escondido.
sim os juntará, mas o justo se ves­ Mas a verdadeira sabedoria só
tirá com êles, e o inocente reparti­
rá a sua prata. “ Fabricou como a Deus a conhece
traça a sua casa, e como o guarda 12Mas a sabedoria, onde se encon­
fêz a sua choupana. 10O rico, quan­ tra ela? e qual é o lugar da inteli­
do dormir, nada levará consigo; a- gência? lsO homem não conhece o
brirá os olhos, e nada achará. “ A seu valor, nem ela se encontra na
miséria o surpreenderá como uma terra dos que vivem em delícias. 140
inundação, de noite o oprimirá a abismo diz: Ela não está em mim;
tempestade. 21Um vento abrasador o e o mar publica: Ela não está comi­
tirará e levará, e como um redemoi­ go. 15*N ão será dada pelo mais puro
nho o arrebatará do seu lugar. ouro, nem será comprada a pêso de
22Deus mandará sôbre êle (estas coi­ prata. 10Não será comparada com as
sas), e não o poupará, e êle se es­ côres mais vivas da índia, nem com
forçará por fugir da sua mão. a pedra sardônica mais preciosa, nem
“ Quem vlr o seu lugar, baterá so­ com a safira. ?7Não se lhe igualará
bre êle as suas mãos, e assobiará o ouro nem o cristal, e não será da­
sôbre êle (escarnecendo). da em troca por vasos de ouro;
O homem conhece muitas coisas 18quanto há grande e elevado, não
da natureza será nomeado em comparação dela,
mas a sabedoria extrai-se de uma
O fi 2A prata tem um princípio das fonte oculta. 19*N ão se lhe igualará
suas veias, e o ouro tem um o topázio da Etiópia, nem será com­
lugar próprio, onde se forma. 20 parada com as tintas mais brilhantes.
ferro tira-se da terra, e a pedra, der­ “ Donde vem, pois, a sabedoria? e on­
retida no fogo, torna-se em metal. de é que se encontra a inteligência?
z(0 hom em ) fixa quanto durarão as “ Está escondida aos olhos de todos
trevas, e êle mesmo investiga o fim os viventes, até às aves do céu está
de tôdas as coisas, e também a pe­ oculta. 22A perdição e a morte dis­
dra escondida na escuridão e na som- seram: Aos nossos ouvidos chegou
bra da morte. 4Uma torrente sepa- a sua fama.
ra do povo viandante aquêles de “ Deus conhece o caminho para a
quem o pé do homem pobre se es- encontrar, e êle mesmo sabe onde se
queoeu, e que estão fora do cami­ encontra. 24Porque êle vê até aos
nho. 6Uma terra, em cujo solo nas­ confins do mundo, e vê tudo o que
cia o pão, foi destruída pelo fogo. há debaixo do céu. “ Êle é o que
6Há lugares cujas pedras são (quase deu o pêso aos ventos, e pesou as
tôdas) safiras, e cujos torrões são águas com medida, g u a n d o pres­
grãos de ouro. 7A ave ignorou a sua crevia uma lei às chuvas, e um ca­
rota, e o ôlho do abutre não a viu. minho às tempestades ruidosas, ^en­
8Os filhos dos negociantes não a tri­ tão êle a viu, e a manifestou, e a
lharam, nem a leoa passou por ela. estabeleceu, e a investigou. “ E dis­
15. N ã o chorarão, t&o ignominiosa será a sua morte.
18. Como a traça, a qual, quanto mais aumenta a sua habitaç&o roendo, m ais a apro­
xim a da ruína.
Cap. X X v l I I — 4. Urna torrente, isto é, uma galeria, separa do povo viandante, que
caminha sôbre a superfície da terra, os operários das minas, isto ê, aquêles que o pé
dos que vivem à superfície da terra n&o sabe que existem, os quais estão fora do cami­
nho, pois trabalham nas entranhas da terra.
7. A sua rota, isto é, a senda seguida pelos mineiros.
596 LIVRO DE JÓ 28 - 30
se ao homem: Eis, o temor do Se­ e o orvalho descansará sôbre os meus
nhor é a (verdadeira) sabedoria, e ramos. 20A minha glória sempre se
apartar-se do mal, é a inteligência. renovará, e o meu arco fortificar-se-
-á na minha mão.
Felicidade passada de Jó
Seu interesse pelo bem de todos
OQ Mó, continuando a sua parábo-
la, acrescentou e disse: 21Os que me ouviam esperavam a
2Quem me dera ser como fui nos minha opinião, e em silêncio estavam
meses antigos, como nos dias em que atentos ao meu conselho. 22Não ou­
Deus me guardava? 3Quando a sua savam juntar nada às minhas pala­
lâmpada luzia sôbre a minha cabe­ vras, e as minhas razões caíam sô­
ça, e quando eu, guiado pela sua luz, bre êles como orvalho. ^Esperavam-
caminhava (seguro) entre as trevas? me como a chuva, e abriam a sua
4Como fui nos dias da minha moci­ bôca como ( faz a terra sêca) às
dade, quando Deus habitava secreta- águas tardias. “ Se alguma vez me
mente em minha casa? 5Quando o ria com êles, não o acreditavam, e a
Onipotente estava comigo, e os meus luz do meu rosto não caia por terra.
filhos em volta de mim? °Quando eu ^Se eu queria ir ter com êles, senta-
( por assim dizer) lavava os meus pés va-me no primeiro lugar, quando
em manteiga, e quando a pedra der­ eu estava sentado como um rei, ro­
ramava para mim arroios de azeite? deado de guardas, era todavia o con­
7Quando eu saía até à porta da ci­ solador dos aflitos.
dade, e me preparavam uma cadeira
na praça pública? 8Viam-me os jo ­ Sua infelicidade presente
vens e retlravam-se (reverentes); e OA 1Porém, agora zombam de mim
os velhos, levantando-se, punham-se os mais novos que eu, cujos
de pé. °Os príncipes cessavam de fa ­ pais noutro tempo não me dignaria
lar, e punham o dedo sôbre a sua eu pôr com os cães do meu reba­
bôca. 10Os grandes continham a sua nho; 2aquêles, cuja fôrça de mãos
voz, e a sua língua ficava pegada reputava eu em nada, e eram consi­
ao paladar. UA orelha que me ou­ derados como indignos de viver. E s ­
via, chamava-me bem-aventurado, e téreis pela pobreza e pela fome, que
o ôlho que me via, dava (bom ) tes­ andavam roendo (erva ) pelo deserto,
temunho de mim. esquálidos pela calamidade e pela m i­
Seu zêlo em defender os oprimidos séria. 4E comiam ervas e cascas de
árvores, e sustentavam-se das raízes
12Porque eu tinha livrado o pobre, dos juníperos. 5E andavam arreba­
que gritava, e o órfão, que não tinha tando dos vales estas coisas, e, logo
quem o socorresse. 13A bênção do que as achavam, corriam a elas g ri­
que estava a perecer vinha sôbre tando. °Habitavam nas concavidades
mim, e consolei o coração da viúva. das torrentes, e nas cavernas da ter­
14Revesti-me de justiça, e a eqüida- ra, ou sôbre os penhascos. A c h a ­
de serviu-me como de vestido e de vam a sua alegria entre tais coisas,
diadema. 15Fui o ôlho do cego, e o e tinham por delícia estar debaixo
pé do côxo. 10Eu era o pai dos po­ dos espinhos. 8Filhos de insensatos
bres, e as causas (dos pobres) de que e desprezíveis, os quais não se
eu não tinha conhecimento, informa­ atrevem a aparecer na terra. “Ago­
va-me delas com tôda a diligência. ra cheguei a ser o assunto das suas
17Eu quebrava os queixos do iníquo, canções, e o objeto dos seus escár-
e tirava-lhe a prêsa dentre os den­ nios. 10Êles abominam-me, e fogem
tes. 18E eu dizia: M orrerei no meu para longe de mim, e não receiam
ninhozinho, e multiplicarei os meus cuspir-me no rosto. “ Porque (Deus)
dias como a palmeira. 19A minha abriu a sua aljava, e afligiu-me, e
raiz estende-se ao longo das águas, pôs um freio na minha bôca. 12Logo
Cap. X X X — 1. P6r com os cães, para guardar o meu rebanho. N áo se dignava tom á-
los ao seu serviço, visto serem infiéis. \
8. Os quais não se a tre v e m ... E ram táo vis que nem sequer ousavam mostrar-se.
30 - 31 LIVRO DE JÓ 597

que comecei a aparecer (mais feliz), J6 não se entregou às paixões


levantaram-se à minha dextra as ca­
lamidades, transtornaram os meus pés O l T i z pacto com os meus olhos
(para me fazer ca ir), e oprimiram- de nem sequer pensar (com
me com as suas veredas, como com mau fim ) numa virgem. 2Porque
ondas. “ Desbarataram os meus ca­ (doutra sorte), que comunicação te-
minhos, armaram-me traições, e pre­ ria comigo Deus lá de cima, ou que
valeceram, e não houve quem me so­ parte me daria o Onipotente da sua
corresse. “ Como por uma brecha na celestial herança? 3Porventura não
muralha, e como por uma porta aber­ está estabelecida a perdição para o
ta, irromperam sobre mim, e lança- malvado, e a deserdação para os que
ram-se sobre as minhas misérias. praticam a injustiça? 4Porventura não
“ Fui reduzido a nada, arrebataste considera êle os meus caminhos, e
os meus desejos como vento; e a não conta todos os meus passos? 5Se
minha felicidade passou como a nu­ caminhei na vaidade, e se o meu pé
vem. 16E agora dentro de mim mes­ se apressou para o engano, 6pese-me
mo se murcha a minha alma, e os Deus em sua balança justa, e conhe­
dias de aflição apoderaram-se de ça a minha simplicidade. 7Se os meus
mim. 17De noite os meus ossos são pés se desviaram do (b om ) caminho,
transpassados de dores, e os (v er- e se o meu coração seguiu os meus
rnes) que me devoram, não dormem. olhos, e se às minhas mãos se pegou
“ Com a multidão dêstes se consome qualquer mácula, 8semeie eu, e outro
o meu vestido, e cercam-me como o coma, e seja a minha descendência
um cabeção de túnica. 19Sou com­ arrancada até à raiz. 9Se o meu co­
parado ao lôdo, e sou semelhante ao ração foi seduzido por causa de mu­
pó e à cinza. 20Clamo a ti, e não lher, e se armei traições à porta do
me ouves, ponho-me diante de ti, e meu amigo, 10seja minha mulher de­
não olhas para mim. 21Trocaste-te sonrada por outro, e prostitua-se à
em severo para comigo, e com a paixão de outros. "Porque êste é um
dureza da tua mão me combates. crime enorme, e uma grandíssima
22Elevaste-me e, pondo-me como so­ maldade. 12É um fogo que consome
bre o vento, me arrojaste com vio­ até ao extermínio, e que desarraiga
lência. “ Sei que me entregarás à todos os rebentos.
morte, onde há casa estabelecida pa­
ra todo o vivente. “ Todavia não es­ Não abusou da fôrça
tendes a tua mão para os consumir 13Se eu me dedignei de entrar em
inteiramente; e, se caírem, tu mes­ juízo com o meu servo, ou com a
mo os salvarás. 25Eu chorava outro- minha serva, quando êles disputavam
ra com aquêle que estava aflito, e a contra mim, 14que será de mim
minha alma compadecia-se do pobre. quando Deus se levantar para me
“ Esperava bens, e vieram-me males; julgar? E, quando me interrogar, que
esperava a luz, e saíram trevas. 27As lhe responderei? “ Porventura o que
minhas entranhas estão se abrasan- me formou no ventre materno não
do sem descanso algum; os dias da o criou também a êle, e não foi o
aflição surpreenderam-me. “ Caminho mesmo Deus que nos formou no ven­
triste, mas sem furor; levantando- tre materno? 16Se neguei aos pobres
me, grito no meio da multidão. o que me pediam, e se fiz esperar os
20Sou (com o) irmão dos dragões, e olhos da viúva; 17se comi sozinho o
companheiro dos avestruzes. 2 30A m i­
9 meu bocado, e se o órfão não comeu
nha pele está denegrida sôbre mim, dêle, “ (porque desde a minha infân­
e os meus ossos secaram-se pelo ar­ cia cresceu comigo a comiseração, e
dor. 31A minha citara trocou-se em do ventre de minha mãe saiu comi­
pranto, e o meu órgão, em vozes dos go) ; 19se desprezei o que perecia, por­
que choram. que não tinha de que vestir-se, e o
29. Sou (com o) irmão dos dragões, porque os seus gritos lúgubres parecem com os
meus lamentos.
Cap. X X X I — 12. E que desarraiga. . . acabando inteiramente com as descendências.
598 LIVRO DE J ó 3 1 - 3 2

pobre que não tinha com que cobrir- silêncio, sem sair da minha porta,
se, "se os seus membros me não (Deus me castigue).
abençoaram; e não se aqueceu com "Quem me dera um que ( desapai-
a lã das minhas ovelhas; 21se levan­ xonadamente) me ouvisse, e que o
tei a minha mão contra o órfão, ain­ Onipotente escutasse os meus dese­
da quando me via superior, (adm i­ jos, e que descrevesse o processo
nistrando justiça) à porta (da cida­ aquêle mesmo que julga, ,6para o le­
d e ); "caia o meu ombro da sua jun­ var sôbre os meus ombros e cingir-
tura, e quebre-se o meu braço com me com êle qual diadema! " A cada
os seus ossos. "Porque eu sempre um dos meus passos o publicaria, e
temi a Deus como a ondas suspensas o apresentaria (a Deus) como a um
sôbre mim, e nunca pude suportar príncipe. 98( Finalm ente) se a terra
o pêso da sua majestade. que eu possuo clama contra mim, e
se os seus sulcos choram com ela;
Não foi arrogante nem para com Deus "se comi seus frutos sem pagamento,
nem para com o próximo e se afligi o coração dos que a cul­
tivaram; "e la me produza abrolhos
24Se eu julguei que o ouro era a em lugar de trigo, e espinhos em
minha fôrça, e se eu disse ao ouro lugar de cevada.
mais puro: Tu és minha confiança; TPindaram as palavras de Jô.
"se me alegrei com as minhas gran­
des riquezas, e com os grandes bens Intervenção de Eliú
que juntei pela minha mão; "se olhei
para o sol quando brilhava, e para OO 'P o r fim êstes três homens ces-
a lua quando caminhava na sua cla­ saram de responder a Jó, por­
ridade (considerando-os como deu­ que se tinha por justo. 2Mas Eliú,
ses), 27e o meu coração sentiu algum filho de Baraquel de Buz, da fam í­
oculto contentamento, e beijei a mi­ lia de Ram, irou-se e encheu-se de
nha mão com a minha bôca (em si­ indignação, e irritou-se contra Jó,
nal de adoração), "o que é uma gran­ porque êste dizia que era justo dian­
díssima iniqüidade, e um renunciar te de Deus. 3Irritou-se também con­
ao Deus altíssimo; "se me alegrei tra os seus amigos, por não terem
com a ruína daquele que me odiava, achado resposta conveniente, senão
e se exultei com o mal que lhe so­ que sòmente tinham condenado Jó.
breveio (castigue-me Deus). 30( Mas 4Eliú, pois, esperou que Jó falasse;
não fo i assim), pois não permiti que porquanto eram mais velhos os que
a minha língua pecasse, demandan­ tinham falado antes. 5Mas quando
do com imprecações a sua morte. viu que os três não lhe puderam res­
31E as pessoas da minha casa não ponder, indignou-se fortemente. 6E,
disseram: Quem nos dera da sua car­ tomando a palavra Eliú, filho de Ba­
ne para nos fartarmos dela? 3 12*3
0 pe­
4 raquel de Buz, disse:
regrino não ficou de fora, a minha
porta esteve sempre aberta para o Diz os motivos que o levam a
tomar a palavra
viandante. "S e encobri como homem
o meu pecado, e ocultei no meu co­ Sou o mais novo em idade, e vós,
ração a minha iniqüidade; "se a gran­ mais velhos; portanto, abaixando a
de multidão me aterrou, ou se fiquei minha cabeça, não me atrevi a ex-
atemorizado pelo desprêzo que de por-vos o meu parecer. 7Porque eu
mim faziam os meus parentes; e se, esperava que falasse (com argumen­
pelo contrário, não me conservei em tos sólidos) a idade mais madura, e
31. Quem nos d e r a ... Com estas palavras j ó mostra o am or que os seus domésticos
lhe consagravam , os quais desejariam escondê-lo nas suas entranhas. A Ig re ja serve-se
destas palavras de Jó para exprim ir o desejo ardente que sentem seus verdadeiros
filhos de se alimentarem da carne do salvad o r na sa g ra d a Eucaristia.
34. ...m e aterrou, impedindo-me de fazer justiça.
36. Sôbre os meus ombros, como um triunfo.
38. Se os seus sulcos choram, porque oprimi os trabalhadores, ou não lhes pague!
o devido salário.
32 - 33 LIVRO DE J o 599

que os muitos anos ensinassem a sa­ e do mesmo lôdo também eu fui


bedoria. 8Mas, pelo que vejo, o es­ formado. 7Pelo que nada há de ma­
pírito está nos homens, e a inspira­ ravilhoso em mim que te espante,
ção do Onipotente é que dâ inteli­ e a minha eloqüência não te será pe­
gência. °Não são os sábios os de mui­ sada.
ta idade, nem os anciãos os que jul­ 8Disseste, pois, aos meus ouvidos,
gam o que é justo. “ Portanto, fala­ e ouvi o som destas tuas palavras:
rei: Ouvi-me, eu vos mostrarei tam­ °Eu estou limpo e sem pecado; estou
bém a minha sabedoria. “ Esperei sem mácula, e em mim não há ini-
(que terminassem) os vossos discur­ qüidade. “ Porque Deus achou quei­
sos, ouvi as vossas razões, enquanto xas contra mim, por isso me consi­
duraram as vossas disputas; 12e, en­ derou como seu inimigo. “ Pôs os
quanto julguei que poderieis dizer al­ meus pés no cêpo, e observou tôdas
guma coisa, atendí; mas, pelo que as minhas veredas. 12Nisto pois (6
vejo, não há entre vós quem possa Jó ) mostraste que não és justo; res-
convencer Jó, nem responder às suas ponder-te-ei que Deus é maior do
razões. 13Não digais porventura: Nós que o homem.
encontramos a sabedoria, Deus é que 13Disputas contra êle, porque não
o rejeitou, e não um homem. 14Ele respondeu a tôdas as tuas palavras?
não disse nada a mim, nem eu lhe 14Deus fala uma vez, e não repete
responderei também segundo os vos­ segunda vez a mesma coisa. “ Em
sos arrazoados. 16(Eis aqui três ho­ sonho, em visão noturna, quando o
mens que) estão intimidados, e não sono cai sôbre os homens, e estão
deram mais resposta, e a si mesmos dormindo no seu leito, 16então (Deus)
taparam a bôca. 16Visto, pois, que es­ abre os ouvidos dos homens, e, ad­
perei, e êles não falaram, visto que moestando-os, lhes adverte o que de­
estão aí sem nada mais responder, vem fazer, 17para apartar o homem
“ responderei eu também pela minha daquilo que faz (de m au), e para
parte, e mostrarei a minha ciência: o livrar da soberba, “ salvando a stia
“ porque estou cheio de razões, e me alma da corrupção, e a sua vida de
aperta o espírito no meu peito. “ Eis cair sôbre a espada.
que o meu peito é como o mosto sem 10Corrige-o também por meio das
respiradouro, o qual faz estourar as dores no seu leito, e faz que todos
vasilhas novas. “ Falarei, e respira­ os seus ossos se mirrem. “ Nêste es­
rei um pouco; abrirei os meus lábios, tado se lhe torna aborrecido o pão,
e responderei. “ Não farei aceitação e o manjar que noutro tempo a sua
de pessoa, e não igualarei Deus com alma apetecia. 21Vai-se consumindo
o homem. “ Porque não sei quanto a sua carne, e os ossos, que tinham
tempo durarei ainda, e se daqui a estado cobertos, se descobrirão. “ A
pouco me levará o meu Criador. sua alma aproximou-se da corrupção,
Eliú nega que Jó seja justo e a sua vida, do que traz a morte.
23Se houver algum anjo, um entre
OO ^ u v e , pois, Jó, as minhas pa- milhares, que fale a seu favor, e ins­
lavras, e escuta todos os meus trua o homem no seu dever, 24(Deus)
discursos. 2Eis que abri a minha compadecer-se-á dêle e dirá: Livra-o,
bôca, fale a minha língua sob o meu para que não desça à corrupção; eu
palato. 3Os meus discursos sairão da achei motivo para lhe ser propício.
simplicidade do meu coração, e os 25A sua carne está consumida com as
meus lábios proferirão a pura verda­ penas, volte aos dias da sua moci­
de. 40 espírito de Deus me fêz, e dade.
o sôpro do Onipotente me deu a “ Êle suplicará a Deus, e Deus se
vida. 5Se podes, responde-me, e o- lhe aplacará; e êle verá com júbi­
põe as tuas razões às minhas. 6Eis lo a sua face, e Deus justificará de
que Deus me fêz a mim, como a ti, novo êste homem. 27Êle se voltará
cap. X X X II — 8. sentido deste versículo: Deus deu aos homens um a alm a racional
capaz de compreender a verdade, mas a verdadeira sabedoria provém de um a inspiraç&o
particular do mesmo Deus.
600 LIVRO DE JÓ 33 - 34

para os (outros) homens, e dirá: Pe- vi-me: A impiedade está longe de


quei, e deveras delinqüi, e não fui Deus, e a injustiça, longe do Onipo­
castigado como merecia. “ Deus li­ tente. "Porque êle dará ao homem
vrou a sua alma de cair na morte, segundo as suas obras, e recompen­
e viverá e gozará a luz. “ Ora, Deus sará cada um segundo o seu proce­
faz tôdas estas coisas três vêzes (e der. 12De certo Deus não condena
mais) em cada um, “ para retirar as sem razão, nem o Onipotente atrope­
suas almas da corrupção, e para as la a justiça. 13A qual outro estabe­
esclarecer com a luz dos viventes. leceu sôbre a terra? ou a quem con­
31Atende, Jó, e ouve-me, e cala-te, en­ fiou o mundo, que criou? 14Se vol­
quanto eu falo. 32Se contudo tens al­ tasse para êle o seu coração, atrairia
guma coisa a dizer, responde-me, fa ­ a si o espírito e o alento dêle. 18Tô-
la, porque eu quero que te manifes­ da a carne perecería ao mesmo tem­
tes justo. 83Mas, se nada tens (que po, e o homem se tornaria em cin­
responder) , ouve-me; cala-te, e eu te za. 16Portanto, se tens entendimen­
ensinarei a sabedoria. to, ouve o que se diz, e escuta a
voz do meu discurso. 17Porventura
Eliú chama a atenção pode ser curado aquêle que não ama
a justiça? Como condenas tu, pois,
Continuando, pois, Eliú o seu tão afoitamente aquêle que é justo?
discurso, disse também o que lsO que diz a um rei: Apóstata, e
se segue: chama ímpios aos grandes; 19aquê-
2Ouvi, sábios, as minhas palavras, le que não faz aceitação da pessoa
eruditos, prestai-me atenção; 3por- dos príncipes, e que não fêz caso do
que o ouvido julga as palavras, as­ tirano (ou poderoso) quando dispu­
sim como o paladar distingue os man­ tava contra o pobre, porque todos
jares pelo gôsto. 4Examlnemos en­ são obra de suas mãos. ^Eles m or­
tre nós a causa, e vejamos de co­ rerão de improviso, e no meio da
mum acordo o que seja melhor. noite os povos se sublevarão e pas­
Prova que Deus não é injusto, porque sarão, e o violento será arrebatado
preside ao govêrno do mundo físico sem a mão (do hom em ). ^Porque
e moral os olhos de Deus estão sobre os ca­
minhos dos homens, e êle considera
5Porque Jó disse: Eu sou justo, e todos os seus passos. 22Não há tre­
Deus abandonou a minha causa. 5 67
P or-
8 vas, e não há sombra de morte, on­
quanto, no juízo que se faz de mim, de possam esconder-se os que pra­
há êrro; violenta é a seta que me a- ticam a iniqüidade. ^Porque já não
travessou sem eu ter pecado algum. está mais no poder do homem, o dei­
7Que homem há (pois) semelhante a xar de comparecer em juízo diante
Jó, que bebe o escárnio como água, de Deus. 24Êle destruirá uma inu­
8que anda com os que cometem a i- merável multidão, e porá outras em
niqüidade, e caminha com os homens seu lugar. 26Po'rque conhece as suas
ímpios? 91 P orque êle disse: O homem
0 obras, e por isso enviará a noite, e
não agradará a Deus, ainda que vá êles serão aniquilados. “ Feriu-os co­
correndo com êle. mo ímpios à vista de todos. 27Êsses
10Vós, pois, ó homens sensatos, ou­ que, como de propósito, se apartaram
Cap. X X X I v — 5. Deus abandonou... (X X V II, 2). Eliú exagera, dando às expres­
sões que Jó tinha proferido um sentido mais amplo do que elas tinham na realidade,
sem atender ao estado de espírito com que foram proferidas.
7. O escárnio, isto é, a blasfêm ia.
9. 0 homem não agradará a D e u s . . . isto é, o homem que pratica o bem não re­
ceberá ordinàriamente neste mundo a recompensa temporal, enquanto que os ímpios mui­
tas vêzes triunfam. Daqui porém não se pode concluir que o homem bom não seja
agradável a Deus, porque, além da vida presente, hã a vida futura, na qual
será recompensado e o m al punido.
14-15. Se voltasse para êle (p a ra o homem ou p ara o m u n d o ). . . Se Deus se arre­
pendesse de ter criado, podia extinguir o espírito e o alento de todo o ser vivo com
a mesma facilidade com que lhe deu a criação.
18-20. Deus não teme os grandes.
34 - 36 LIVRO DE JO 601

dêle, e que não quiseram compreen­ impiedade só poderá fazer mal a um


der todos os seus caminhos, Mde sor­ homem que é teu semelhante; e a
te que fizeram chegar até êle o cla­ tua justiça poderá ser útil ao filho
mor do indigente, e lhe fizeram ou­ do homem.
v ir a voz dos pobres. 29Porque, se Motivos porque algumas preces não são
êle concede a paz, quem há que o ouvidas por Deus
condene? E, se esconde o seu ros­
to, quem o poderá contemplar, quer 9Êles (os oprimidos) clamarão por
se trate das nações, quer de um causa da multidão dos caluniadores,
particular? 30Êle é o que faz rei­ e se lamentarão por causa da vio­
nar o homem hipócrita por causa dos lência do braço dos tiranos. 10Mas
pecados do povo. nenhum disse: Onde está o Deus que
Eliú acusa Jó de presunçoso me criou, çiue inspira cânticos du­
rante a noite (da tribulaçao) “ que
” E, já que falei de Deus, também nos instrui mais que aos animais
te não estorvarei a ti de falar. 32Se da terra, e nos ilustra mais que às
eu errei, corrigi-me, se falei com aves do céu? 12Êles clamarão en­
iniqüidade, não direi mais nada. tão, e Deus não os ouvirá, por cau­
«Porventura pedir-te-á Deus conta sa da soberba dos maus. 13(Contu­
do que eu falei, que te desagradou? do) não em vão os ouvirá Deus, e
mas tu fôste o primeiro a falar, e o Onipotente verá as causas de ca­
não eu; e se sabes coisa melhor, di­ da um. 14Ainda quando tenhas dito:
ze-a. 34Falem-me homens inteligen­ (D eus) não atende, examina-te a ti
tes, e ouça-me um homem sábia mesmo na sua presença, e espera
“ Mas JÓ falou nèsciamente, e as suas (em sua misericórdia). 15Porque não
palavras não soam boa doutrina. é agora que êle exerce o seu furor,
36Pai meu, seja provado Jó até ao fim ; nem castiga os delitos com severida­
não retires a tua mão dêste homem de. 16Logo, Jó em vão abriu a sua
iníquo. 37Porque junta a blasfêmia bôca, e sem ciência multiplicou pala-
aos seus outros pecados; entretanto vras.
nós o apertemos, e depois apele para Quarto discurso de Eliú
o juízo de Deus nos seus discursos.
9C 1Eliú, continuando, disse: 2Su-
A piedade ou a impiedade não é a Deus porta-me um pouco e eu me ex­
que aproveita ou prejudica, mas ao plicarei contigo, porque ainda tenho
homem que falar em defesa de Deus. t o r ­
narei a pegar no discurso desde o
OC 1Eliú, falando de novo, disse: princípio, e provarei que o meu cria­
° ° 2Parece-te porventura justo o dor é justo. 4Porque verdadeiramen­
teu pensamento, quando disseste: Eu te os meus discursos são sem menti­
sou mais justo que Deus? 3Porque ra, e far-te-ei ver que a (m inha)
tu disseste: O que é justo, não te doutrina é sólida.
agrada, ou que vantagens tiras tu, Deus instrui os homens por meio das
se eu pecar? tribulações
4Eu, portanto, responderei aos teus
discursos e aos teus amigos contigo. 5Deus não rejeita os poderosos, vis­
5Levanta os olhos ao céu e vê, e con­ to que também êle é poderoso. 6Mas
templa como o firmamento é mais não salva (nao deixa brilhar) os ím­
alto que tu. 6Se pecares, que dano pios, e faz justiça aos pobres. 7Não
farás tu a Deus? Se as tuas iniqüi- tirará (nunca) os seus olhos do jus­
dades se multiplicarem, que farás tu to, e é êle que coloca os reis sôbre
contra êle? 7Além disso, se obrares o trono para sempre, e êles são exal­
com justiça, que lhe darás ou que tados. 8E, se estiverem em cadeias
receberá ele da tua mão? IA. tua e atados com os laços da pobreza,
Cap. X X X V — 2. Eu sou mais justo que Deus. JÓ não disse tais palavras, m as talvez
Eliú pretendesse tirar esta conclusão dos repetidos e fortes protestos que Jó tinha feito
da sua inocência.
15. N ão é agora, nesta vida. '
602 LivR O DE JO 36 - 37
9êle lhes fará ver as suas obras e os homens o vêem, mas cada um o
as suas maldades, porque foram vio­ vê de longe.
lentos. 10E lhes abrirá também os “ Com efeito, Deus é grande e ul­
ouvidos para os corrigir, e lhes fala­ trapassa toda a nossa ciência, o nú­
rá, para que se convertam da sua mero dos seus anos é incalculável.
iniqüidade. uSe ouvirem e obede­ 27file detém as gôtas da chuva, e der­
cerem, acabarão os seus dias na fe li­ rama as águas do céu como torren­
cidade, e os seus anos na glória. “ P o­ tes “ que caem nas nuvens, as quais
rém, se não ouvirem, serão passados cobrem tudo por cima. “ Quando
à espada, e perecerão na sua loucura. quer, estende as nuvens como pavi­
130s dissimulados e dobres do cora­ lhão seu, “ e faz fuzilar relâmpagos
ção provocam contra si a ira de Deus, com a sua luz desde o alto, e co­
nem clamarão para êle, quando se bre as extremidades do mar. “ P or
virem aprisionados. 14A sua alma meio destas coisas (castiga) exerce
morrerá na tempestade e a sua v i­ os seus juízos sôbre os povos, e ali­
da acabará entre os efeminados, “ fi­ menta muitos mortais (fecundando
le livrará o pobre da sua angústia, e a terra ). “ Nas suas mãos esconde a
lhe abrirá o ouvido na tribulação. luz, e manda-lhe que torne de novo.
“ Faz. conhecer a quem ama, que ela
Por isso devem-se suportar os males é possessão sua, e que pode subir até
com paciência ela.
“ file te salvará (6 J6) do abismo O poder de Deus nos fenômenos
estreito e sem fundo, e te porá ao atmosféricos
largo (se te converteres) , e tu re­ 0 7 3P or isto se espantou o meu
pousarás à tua mesa cheia de gordas 09 coração, e (com o quem ) Se
viandas. .17A tua causa foi julgada moveu do seu lugar. 2Ouvi, ouvi
como a de um ímpio, hás de rece­ a sua voz terrível, e o som que sai
ber a execução da sentença. 18Não da sua bôca. 3file observa tudo o
te vença, pois, a ira, para oprimi­ que há debaixo dos céus, e difunde
res alguém, nem te dobre a multi­
dão de dádivas. “ Reprime o teu or­ a sua luz sobre as extremidades da
gulho sem (que seja preciso a ) tri- terra. 4Depois (do relâmpago, se-
bulação, e (rep rim e) todos os fortes guir-se-á) um estrondo como de um
e poderosos. “ Não suspires pela noi­ rugido, trovejará com a voz da sua
te (da m o rte ), na qual entram os grandeza, e não será compreendida,
povos um após outro. “ Guarda-te de quando fôr ouvida a sua voz. 5Deus
declinares para a iniqüidade, porque trovejará maravilhosamente com a
tu começaste a seguí-la depois que sua voz, êle faz coisas grandes e im­
caíste na miséria. penetráveis. °file manda à neve que
caia sôbre a terra, e às chuvas do
O poder de Deus manifestado nas suas inverno e às impetuosas águas das
obras grandes tormentas. 7Kle põe um sê-
10 sôbre a mão de todos os homens,
“ Olha como Deus é excelso na sua para que cada um conheça as suas
fortaleza, e nenhum dos legislado- obras. *A fera mete-se no seu es­
res é semelhante a êle. “ Quem po­ conderijo, e- fica na sua cova. °De
derá perscrutar os seus caminhos? lugares ocultos sai a tempestade, e
Ou quem poderá dizer-lhe: Tu me o frio sai do setentrião. 10O gêlo for-
fizeste uma injustiça? 24Lembra-te ma-se ao sôpro de Deus, e depois der­
que não compreendes a sua obra, a ramam-se as águas em abundância.
qual os homens cantaram. «Todos nO trigo deseja as (águas das) nu-
Cap. X X X V I — 33. Deus faz conhecer aos seus amigos que a luz será a sua possessão,
e que, depois das trevas da adversidade, gozarão a luz da felicidade eterna, à qual
todos devem esforçar-se por chegar.
Cap. X X X v l I — 7. Põe um s ê lo . . . isto é, fecha, como sob um sêlo, as mãos do ho­
mem para que não possa trabalhar. D e fato, a neve, a chuva, etc., impedem muitas
vêzes o homem de trabalhar. .
10. A o sõpro de D eus, sob a ação do vento frio do norte.
37 - 38 L iv R o DE J ó 603

vens, e as nuvens (com relâmpagos) 2Quem é êste, que mistura senten­


espalham a sua luz. 12Elas vão gi­ ças (preciosas) com discursos igno­
rando por onde quer que as conduz rantes? 8Cinge os teus ombros co­
a vontade daquele que as governa, mo um homem; ijiterrogar-te-ei e
(prontas a executar) tudo quanto ê- responde. 4Onde estavas tu, quan­
le lhes manda sobre a face de toda do eu lançava os fundamentos da
a terra; 13quer seja uma tribo (es­ terra? 5Sabes quem deu as medidas
trangeira) quer na sua terra, ou em para ela? e quem estendeu sôbre ela
qualquer lugar onde a sua bondade a régua? °Sôbre que foram firm a­
lhes mandar que se achem. das as suas bases? ou quem assen­
tou a sua pedra angular, 7quando os
Grandeza de Deus e pequenez do homem astros da manhã me louvaram jun­
14Ouve, Jó, estas coisas: pára, e tos, e quando todos os filhos de
considera as maravilhas de Deus. Deus (os anjos) estavam transpor­
15Sabes tu porventura quando man­ tados de júbilo? 8Quem pôs diques
dou Deus às chuvas que fizessem a- ao mar, quando êle transbordava, co-
parecer a luz das suas nuvens? mo que saindo do seio materno?
“ Porventura conheces os grandes ca­ 9Quando é que eu pus as nuvens por
minhos das nuvens, e a ciência per­ sua vestidura, e o envolvi em obs-
feita (de quem as g o v ern a )f 17Não curidade, como a um menino entre
é assim que os teus vestidos estão faixas? 10Eu o encerrei nos limites
uentes, quando o vento do meio- que lhe prescrevi, e pus-lhe ferro-
ia sopra sôbre a terra? “ Formaste lhos e portas, e “ disse-lhe: Chega­
tu porventura juntamente com êle rás até aqui, e não passarás mais
os céus, que são tão sólidos como longe, e aqui quebrarás as tuas em-
se fossem de bronze? 19(Se é as­ poladas ondas.
sim ) mostra-nos o que lhe podere­ “ Porventura foste tu que, depois
mos dizer, porque nós estamos en­ do teu nascimento, deste lei à luz
volvidos em trevas. “ Quem lhe re­ da manhã, e marcaste à aurora o
ferirá o que eu digo? Se um homem seu lugar? “ Tomaste a terra pelas
se atrever a falar, ficará oprimido. suas extremidades, fazendo-a estre­
21Agora (os homens) não vêem a luz, mecer, e sacudiste dela os ímpios?
(porque) o ar repentinamente se con­ 14Ela se transfomará como a argila
densará em nuvens, mas um vento sob o sêlo, e se mostrará como co­
que passa as dissipará. wDo seten- berta com um vestido. “ Será tirada
trião vem o ouro, e o louvor de Deus aos ímpios a sua luz e quebrar-se-á
seja dado com temor. “ Não somos o seu excelso braço.
dignos de o alcançar, êle é grande
em fortaleza, em seus juízos e em Pergunta se conhece os segredos dos
sua justiça, e é inefável. “ Por isso mistérios da natureza
os homens o temerão, e não ousa­ “ Porventura entraste tu até ao fun-
rá contemplá-lo nenhum daqueles do do mar, e andaste passeando no
que se julgam sábios. mais profundo do abismo? “ Porven­
Deus intervém e pergunta a JÓ se esteve tura foram-te abertas as portas da
presente à criação dõ mundo morte, e viste essas portas tenebrosas?
“ Consideraste tôda a extensão da ter­
O O ^ n tã o o Senhor falou a Jó, do ra? Declara-me, se sabes, tôdas estas
4,0 meio dum redemoinho, e dis­ coisas. 19Em que caminho habita a
se: luz, e qual é o lugar das trevas; "p a­
17. N ão é assim Que, sem que saibas o motivo desta e de muitas outras coisas, os
teus vestidos. . .
Cap. X X X V I I I — 3. Cinge os teus ombros, isto é, prepara-te para a discussão.
14. A terra, logo que o dia desponta, toma relevos (m ontanhas, vales, etc.) e cô*
res, como a argila, sôbre a qual se imprime um sêlo, toma os relevos e os contornos do
sêlo impresso. E então os vários objetos, que se encontram à superfície da terra, como
que a cobrem com um vestido real.
17. F ora m -te abertas. . . isto é, sabes porventura, come Deus, o que se passa na h a­
bitação dos mortos?
604 LIVRO DE JO 38 - 30

ra que leves cada coisa aos seus lu­ Depois interroga-o acêrca da leoa e do
gares, e saibas as veredas da sua ca­ corvo
sa. 21Sabias tu então que havias de “ Porventura caçarás tu prêsa para
nascer? Conhecias o número dos a leoa, e saciarás a fome dos seus
teus dias? 22Entraste porventura
nos depósitos da neve, ou viste os de­ cachorros, 40quando êstes estão dei­
pósitos da saraiva, 23*que eu preparei tados nos seus covis, e à espreita nas
para usar contra o inimigo, no dia suas cavernas? "Quem prepara ao
da guerra e da batalha? “ P or que corvo o seu sustento, quando os seus
caminho se difunde a luz, e se espa­ filhinhos gritam para Deus, indo dum
lha o calor sobre a terra? 25Quem lado para o outro (do ninho) por
marcou o curso à tempestade impe­ não terem que comer?
tuosa, e a passagem ao estampido do Deus interroga Jó sôbre as cabras
trovão, 26*p ara fazer chover sobre u- monteses, os veados, o asno montês, o
ma terra sem habitantes, sôbre um rinoceronte e o avestruz
deserto, onde nenhum mortal mora,
27para inundar uma terra inacessí­ 9 0 P orven tu ra conheces o tempo
vel e desolada, e fazer germinar a **U em que as cabras monteses
erva verde? “ Quem é o pai da chu­ dão à luz nos rochedos, ou observas­
va, e quem produziu as gotas do or­ te o parto das corças? 2Contaste os
valho? 29De que seio saiu a gea­ meses da sua gravidez, e sabes o tem­
da, e quem gerou o gêlo do céu? po do seu parto? 3Encurvam-se pa­
30As águas endurecem-se como pedra, ra darem a luz a sua cria, e dão à
e a superfície do abismo (do m a r) luz soltando gemidos. 4Apartam-se
torna-se sólida. delas os seus filhos, e vão pastar,
Pergunta se conhece as leis dos astros
saem, e não voltam a elas. 5Quem
pôs o asno montês em liberdade, e
“ Porventura poderás tu juntar as quem soltou as suas prisões? ‘D ei-
brilhantes estréias Plêiades, ou im­ lhe uma casa no deserto, e lugar on­
pedir a revolução do Arcturo? 32Es de albergar-se em terra estéril. 7Ê-
tu porventura que fazes aparecer a le despreza a multidão da cidade, e
seu tempo a estréia da manhã, e não ouve os gritos de um patrão du­
fazes nascer o Véspero sôbre os f i­ ro. 8Estende a vista ao redor pelos
lhos da terra? “ Conheces porven­ montes onde pasta, e anda buscando
tura a ordem do céu, e darás a ra­ tudo o que está verde.
zão (da sua influência) sôbre a ter­ 9Porventura quererá o rinoceronte
ra? “ Levantarás porventura a tua servir-te, ou ficará êle na tua cava­
voz até às nuvens, e virá sôbre ti lariça? 10Prenderás tu porventura o
um dilúvio de água? rinoceronte ao teu arado para lavrar
“ Porventura mandarás os relâmpa­ ou será êle que atrás de ti quebra
gos e êles irão, e te dirão, quando os torrões dos teus vales? “ Porven­
voltarem : Aqui estamos? 80Quem pôs tura terás confiança na sua grande
a sabedoria no coração do homem, fôrça, e lhe deixarás o cuidado da
ou quem deu o instinto ao galo? tua lavoura? 12Porventura fiarás
“ Quem poderá explicar a disposição dêle que te^ torne o que semeaste,
dos céus, e fará cessar a sua harmo­ e que te encha a tua eira? 13A pe­
nia? “ Quando se funde o pó em na do avestruz é semelhante às pe­
massa de terra e se endurecem os nas da cegonha e do falcão. 14Quan-
seus torrões? do êle abandona por terra os seus
21. Sabias tu e n tã o ... Ironia destinada a reprimir tôda a presunção de Jó.
26. SÕbre urna terra sem h a bita n tes... Nisto se m anifesta um a providência e
bondade especial de Deus, o qual não pensa só no homem, m as também na erva mais
humilde que cresce ignorada no deserto.
36. o instinto para, com seus cantos, anunciar o d ia a horas certas.
38. Quando se funde o p ó . . . Alusão ao efeito das ch uvas: o pó sêco une-se e torna-
Be como um metal fundido.
41. Gritam para Deus, não porque o conheçam, m as porque desejam um bem, que
vem de Deus, como todos os outros bens.
39 - 40 L iv R o DE J o 605

ovos, és tu porventura que os aque­ “ Jó, porém, respondendo ao Se­


ces no pó? 15Êle não pensa que al­ nhor, disse: 34Eu, que falei inconsi-
gum pé lhos pisará, ou que algum a- deradamente, que coisa posso respon­
nimal do campo lhos quebrará. 16É der? Porei a minha mão sôbre a
cruel com seus filhos, como se não minha bôca. “ Uma coisa disse, a
foram seus, trabalhou debalde sem qual oxalá não tivesse dito, e uma
que algum temor o obrigasse. 17Por- outra também, às quais nada mais
que Deus o privou da sabedoria, e acrescentarei.
não lhe deu discernimento. 18Mas,
quando chega a ocasião, levanta ao Deus convida irônicamente Jó a
alto as asas, e faz zombaria do ca­ governar o mundo
valo e do cavaleiro. 4A 2E, respondendo o Senhor a JÓ
O cavalo, o falcão e a águia do meio do redemoinho disse:
2Cinge os teus ombros como homem,
«Porventura darás fortaleza ao ca­ eu te interrogarei, e me responde­
valo, ou circundarás de rincho o seu rás. 3Porventura tornarás tu vão o
pescoço? “ Porventura o farás saltar meu juízo, e me condenarás a mim,
como os gafanhotos? O fogoso res­ para te justificares a ti? 4E, se tu
pirar das suas ventas faz terror. 21Es- tens um braço (fo rte ) como Deus,
cava a terra com a sua unha, salta e trovejas com voz semelhante, “re­
com brio, corre ao encontro dos (in i­ veste-te de resplendor e levanta-te
migos) armados. “ Despreza o mê- ao alto, e faze alarde da tua gloria,
do, não cede à espada. “ Sobre êle e adorna-te de magníficos vestidos.
fará ruído a aljava, cintilará a lan­ 6Dissipa os soDerbos no teu furor, e
ça e o escudo. “ Espumando e relin- humilha os arrogantes com um sô
chando (com o que) devora a terra, olhar. 7Poe os olhos em todos os so­
e não faz caso do som da trombe- berbos, e confunde-os, e aniquila os
ta. “ Ouvindo o clarim, (com o que) ímpios no seu lugar. 8Sepulta-os to­
diz (com seus relinchos) : Eia (va­ dos juntos no po, e mergulha no se­
mos lá ). Cheira de longe a batalha, pulcro as suas cabeças; °então eu con­
a exortação dos capitães, e o alarido fessarei que a tua dextra poderá sal­
do exército. “ Porventura cobre-se o var-te.
falcão de penas pela tua sabedoria, Discrição do Beernot
estendendo as suas asas para o meio-
dia? “ Porventura ao teu mandado “ Considera o Beemot, que eu criei
se remontará a águia, e porá o seu contigo, êle comerá feno como o boi.
ninho em lugares altos? “ Mora nas nA sua fortaleza está nos seus lom­
brenhas, e habita nos penhascos es­ bos, e o seu vigor no umbigo (ou nos
carpados e nas rochas inacessíveis. músculos) do seu ventre. 12Levanta
“ Dali contempla a sua prêsa, e os a sua cauda como um cedro, e os
seus olhos descobrem muito ao lon­ nervos dos seus músculos estão en­
ge. “ Os seus filhinhos chupam o trelaçados uns nos outros. 13Os seus
sangue, e ela onde houver carne mor- ossos são como cana de bronze, e as
ta logo se encontra. suas cartilagens como lâminas de
ferro. 14É o principal (dos animais)
Deus exige uma resposta e Jó entre as obras de Deus; aquêle que
confessa a sua ignorância o fêz, aplicará a sua espada. 15Os
31E o Senhor acrescentou, e disse a montes produzem-lhe ervas; e todos
Jó: “ Porventura o que disputa com o s animais de campo virão retouçar
Deus, tão fàcilmente o deixa? Por ali ( junto dêle). 10Dorme à sombra
certo que quem argúi a Deus, deve no esconderijo dos canaviais, e em
responder-lhe. lugares úmidos. «A s árvores som-
Cap. X X X IX — 16. Trabalhou debalde, abandonando frequentemente os seus ovos e os
seus filhos.
Cap. X L — 10. Beemot, segundo alguns, é o hipopótamo do Nilo.
14. Aquêle que o f ê z . . . Segundo o hebreu: Aquêle que o fêz, dotou-o duma espada.
P o r espada entende-se aqui os dentes compridos e agudos, que cortam a erva como
urna foice, e com os quais se defende doa agressores.
606 LIVRO DE JO 40 - 41
brias cobrem a . sua morada, os sal­ da sua boca? °Quem abrirá as por­
gueiros da torrente o circundam. tas do seu rosto? Em volta dos seus
18Êle absorverá um rio e não o terá dentes está o terror. °0 seu corpo
por excesso; e julga poder engulir o é como escudos de bronze fundido,
Jordão (in te iro ). 19Quem poderá ven­ apinhoados de escamas que se aper­
cê-lo com os seus olhares, ou atra­ tam. 7Uma está unida à outra, de
vessar-lhe os narizes com um gancho? sorte que nem o vento passa por en­
tre elas; 'uma adere à outra, e, jun­
Descrição do Leviatã tas entre si, de maneira nenhuma se
“ Porventura poderás tirar com an­ separarão. 0O seu espirito é (com o
zol o Leviatã, e ligar á sua língua o ) resplendor de fogo, e os seus olhos,
com uma corda? “ Porventura porás como as pálpebras da aurora. 102 Da
1
uma argola nos seus narizes, ou fura- sua bôca saem umas lâmpadas, co­
rás a sua queixada com um anel? mo tochas de fogo aceso. UDos seus
“ Porventura multiplicarás os rogos narizes sai fumo, como duma pane-
diante de ti, ou te dirá palavras ter­ la que ferve entre chamas. 120 seu
nas? “ Porventura fará êle concêrto hálito faz incendiar os carvões, *e da
contigo, e recebê-lo-ás tu por escravo sua bôca sai uma chama. 13N o seu
para sempre? “ Porventura brincarás pescoço está a força, e diante dêle
com êle como com um pássaro, ou o vai a fom e (ou a devastação). 14Os
atarás para as tuas servas? “ Par- membros do seu corpo estão bem uni­
tí-lo-ão em pedaços os teus amigos, dos entre si; cairão raios sôbre êle,
dividí-lo-ão os negociantes? “ Porven­ e não o farão mover para outro lu­
tura encherás rêdes com a sua pele, gar. 150 seu coração é duro como a
e nassa.de peixes com a sua cabeça? pedra, e apertado como a bigorna do
27Põe a tua mão sobre êle, lembra-te ferreiro. “ Quando se elevar (sôbre
da guerra e não continues mais a fa ­ as águas) temem os anjos, e espan­
lar. “ Eis que (quem quiser captu­ tados se purificam (para aplacar o
ra r tal m onstro) se enganará nas céu) . ” Se alguém o assalta, não va­
suas esperanças, e será precipitado lem contra êle, nem espada, nem lan­
(nas águas) à vista de todos. ça, nem couraça; 18pois o ferro é pa­
ra êle como palhas, e o bronze, como
Conclusão prática um pau podre. "N ã o o fará fu gir
o frecheiro, as pedras da funda se
A\ ‘Não o despertarei como cruel; tornarão para êle em palhas. "R e ­
porque quem pode resistir ao putará o martelo como uma aresta,
meu semblante? 2Quem me deu a e rir-se-á do brandir da lança. aOs
mim alguma coisa antes, para que raios do sol estarão debaixo dêle, e
eu tenha de retribuir-lhe? Tudo o andará por cima do ouro como por
que há debaixo do céu, é meu. *(Se cima do lodo. 222 F ará ferver o fundo
3
alguém me quiser resistir) não o do mar como uma panela, e o torna­
pouparei, sem embargo das suas pa­ rá como um vaso de perfumes em
lavras eficazes e dispostas para rogar. ebulição. "D eixa atrás de si um ras­
Deus continua a descrever o Leviatã to rutilante, e faz aparecer o abismo
(das águas) como um velho. 24Não
4Quem descobrirá a superfície do há poder sôbre a terra que se lhe
seu vestido? E quem entrará no meio compare, pois foi feito para não ter
20. L evia tã : é o crocodilo.
27. Põe a tua m ã o . . . Se quiseres atacá-lo hás de recordar-te da luta que tiveste
com êle, ficarás ferido, e não ousarás fa la r m ais em tal coisa.
Cap. X L I — 1. N âo tenho necessidade de o provocar contra os homens corno cruel
que é; porque quem pode resistir sòmente ao meu semblante irado?
16. o s anjos, isto é, os homens fortes.
21. Estarão debaixo dêle. A s escamas inferiores do crocodilo, quando s&o iluminadas
pelo sol, brilham como raios do mesmo sol.
23. Como um velho. Alusão à espuma branca que o crocodilo produz, quando se
a g ita impetuosamente na água.
41 - 42 LIVRO DE JO 607

mêdo de nada. “ Vê (com desprêzo) de Teman, Baldad de Su, e Sofar de


tudo o que é elevado, êle é o rei de Naamat, e fizeram como o Senhor
todos os filhos da soberba. lhes tinha dito, e o Senhor atendeu
a Jó.
jó se retrata de suas palavras
Deus restitui a Jó em duplicado a sua
AO ‘E, respondendo Jó ao Senhor, primitiva felicidade
disse: 10O Senhor também se deixou mo­
2Sei que podes tudo, e que nenhum ver à vista da penitência de Jó, quan­
pensamento te é oculto. 3Quem é êá- do orava pelos seus amigos. E o Se­
te que, falto de ciência, encobre o nhor deu-lhe o duplo de tudo o que
conselho (de D eus)? Por isso (con­ êle antes possuía. nE foram ter com
fesso que) falei nèsciamente, e sobre êle todos os seus irmãos, e tôdas as
coisas que ultrapassam sobremanei­ suas irmãs, e todos os que antes o
ra a minha ciência. 4Ouve, e eu fa ­ tinham conhecido, e comeram com
larei, interrogar-te-ei, e responde-me. êle em sua casa, e moveram sobre
5Eu já te ouvi com os meus ouvidos, êle a cabeça ( em sinal de terna com­
mas agora os meus próprios olhos te paixão), e consolaram-no de tôdas as
vêem. °Por isso acuso-me a mim tribulações que o Senhor lhe tinha
mesmo, e faço penitência no pó e na enviado; e cada um dêles deu-lhe
cinza. uma ovelha e umas arrecadas de ou­
Deus proclama a inocência de Jó ro. 12E o Senhor abençoou Jó no
seu último estado muito mais do que
7E o Senhor, depois que falou da­ no primeiro. E chegou a ter cator­
quela sorte a Jó, disse a Elifaz de ze mil ovelhas, e seis m il camelos,
Teman: O meu furor se acendeu con­ e mil juntas de bois, e mil jumen­
tra ti, e contra os teus dois amigos, tas. 13Teve também sete filhos e três
porque v ó s não falastes diante d e filhas. 14E à primeira pôs o nome
mim o que era reto, como falou o de Dia, e à segunda Cássia, e à ter­
meu servo Jó. 8Tomai, pois, sete tou­ ceira Cornustíbia. 15E não houve em
ros e sete carneiros, e ide ao meu tôda a terra mulheres tão formosas
servo Jó, e oferecei um holocausto como as filhas de Jó; e seu pai deu-
por vós, e o meu servo Jó orará por lhes herança entre seus irmãos.
vós; admitirei propício a sua inter- 16Depois disto viveu Jó cento e
cessão para que se vos não impute quarenta anos, e viu seus filhos e
esta estultícia, porque vós não falas- os filhos de seus filhos até à quar­
tes de mim o que era reto como o ta geração, e morreu velho e cheio
meu servo Jó. °Foram, pois, E lifaz 5 2 de dias.

25. Tudo o que é elevado, todos os outros animais, ainda os m ais fortes. — D e todos
os filhos da soberba, isto é, de todos os animais ferozes.
Cap. X L I I — 5. M as agora conheço-te muito m ais perfeitamente, como se te visse
com os meus próprios olhos.
S A L MO S
O povo de Israel superou na lírica todos os outros povos. Cantou desde
Moisés até Cristo. Os salmos são hinos sagrados por meio dos quais o povo
de Deus costumava louvar o Altíssimo, implorar a Sua misericórdia, agra­
decer os benefícios recebidos e recordar os prodígios de Sua paternal pro­
vidência em favor de Israel. Foram compostos por vários escritores sa­
grados, sendo Davi o autor de sua maior parte.
Os hebreus denominavam êstes cantos Thehillim (hinos). Na versão dos
Setenta, passaram a denominar-se Salmos, por serem cantados ao som de
um instrumento que os gregos chamavam Saltério. Em tal modo, a cole­
ção dos 150 hinos que formavam o livro de orações da Sinagoga, que os
legou à Igreja, chamou-se Saltério.
Divide-se em cinco livros. O primeiro, parece dos tempos de Davi, de
1 a 40; o segundo, de 41 a 71; o terceiro, de 72 a 88; o quarto, de 89 a 105;
o quinto, de 106 a 150. O segundo e o terceiro parece que foram coordenados
nos tempos de Ezequias, o quarto e o quinto depois do exílio.
Atualmente, acham-se reunidos num único livro, mas fàcilmente se re­
conhece a antiga divisão dos cinco livros graças à doxologia: “ Seja bendito
o Senhor Deus de Isra el.. . ” que se lê no fim dos Salmos 40, 71, 88 e 105.
A colecão dos salmos não teiú uma ordem especial; tôdas as cinco foram
indiscriminadamente organizadas por cada colecionador com os salmos que
lhe vinham às mãos. Pertencem êsses hinos a todos os gêneros da lírica
hebraica: são hinos, ações de graças, orações, pias meditações, poemas his­
tóricos, didáticos, penitênciais. Tornaram-se célebres os salmos messiânicos,
isto é, aquêles que tratam da vinda de Cristo; realmente, são considerados
como grandiosas profecias.
Quem ler os salmos, freqüentemente encontrará longos títulos. Embo­
ra já se encontrem insertos desde tempos imemoriais, todavia não gozam da
mesma autoridade do texto, e é necessário distinguí-los bem dos salmos.
Unidas aos títulos, encontram-se muitas informações sôbre o modo de can­
tar e acompanhar os salmos. Hoje em dia, tais informações tornam-se in­
compreensíveis para nós, e servem para indicar o uso coral dos salmos no
templo.
LIVRO PRIMEIRO DOS SALMOS
Felicidade dos justos e desgraça 7Promulgarei o decreto do Senhor:
dos fmpios O Senhor disse-me: “Tu és meu fi­
lho, eu gerei-te hoje.
1 1Bem-aventurado o homem que 8Pede-me, e eu te darei as nações
1 não se deixa levar pelo conse­ em herança, e em teu domínio as
lho dos ímpios e não anda pelo ca­ extremidades da terra.
minho dos pecadores, e não se sen­ 9Tu as governarás com vara de
ta na reunião (dos m aus); ferro, e quebrá-las-ás qual vaso do
2antes põe as suas complacências oleiro” .
na lei do Senhor, e na sua lei medita 10E agora, ó reis, atendei; instruí-
de dia e de noite. vos, vós que governais a terra.
3Êle é como a árvore, que está “ Servi ao Senhor com temor, e
plantada junto às correntes das á- louvai-o com alegria; com tremor
guas, que a seu tempo dá fruto, e 12prestai-lhe vassalagem para que
cujas folhas não murcham e todas as não se ire e não apareçais fora do
coisas que faz têm bom êxito. caminho (da justiça.) ,
4Não assim os ímpios, não assim; 13quando daqui a pouco se incen­
mas são como a palheira que o ven­ diar a sua indignação. Bem-aventu­
to leva. rados todos os que se acolhem a êle.
5Por isso os ímpios não se susten­
tarão no (dia do) juízo, nem os pe­ Oração de quem confia em Deus no
cadores (estarão) na congregação dos meio dos seus inimigos
justos; O 1Salmo. De Davi, quando fugia
°porque o Senhor cuida do cami­
nho dos justos, e o caminho dos ím­ ° diante de Absalão, seu filho.
pios perecerá. 2Senhor,quão numerosos são os
que me atormentam, muitos se le­
O Messias rei de Sião e de tôda a terra vantam contra mim!
3Muitos dizem a meu respeito:
O 2Por que razão se amotinam as “ Não há salvação para êle em Deus” .
“ nações, e os povos maquinam 4Porém tu, Senhor, és o meu es­
planos vãos? cudo, a minha glória, e o que exalta
2Os reis da terra sublevam-se, e os a minha cabeça.
príncipes coligam-se contra o Senhor 5Com a minha voz clamei ao Se­
e contra o seu Messias. nhor, êle ouviu-me (benigno) do seu
3“ Quebremos (disseram) as suas santo monte.
cadeias, e sacudamos de nós os seus 6Deitei-me, e estive sepultado no
laços!” sono; levantei-me, porque o Senhor
4Aquêle que habita nos céus ri-se, me ampara.
o Senhor zomba dêles. 7Não temerei êsse povo que, aos
6Êle lhes fala então na sua ira, e milhares, acampa em cêrco contra
os aterroriza no seu furor. mim.
6“ Eu, porém, constitui o meu rei 8Levanta-te Senhor! Salva-me, Deus
sôbre Sião, meu monte santo!” meu! Porque tu feriste na cara to-
salm o I — 5. N o (d ia do) juízo, quando Deus cham ar cada um a d ar conta de
si, os Ímpios n&o ressuscitarão para a glória celeste, nem far&o parte da congregação
dos justos.
salm o I I — 9. Com vara de ferro. O cetro do Messias, doce p ara os bons, será uma
arm a terrivel contra os maus.
salm o I I I — 6. E u dormi, apesar de ter tantos inimigos.2
0

20 - B ib lia s a g ra d a
610 OS SALMOS 3 - 6

dos os meus inimigos, quebraste os °nem os ímpios podem permanecer


dentes dos pecadores. diante dos teus olhos. Aborreces to­
°Do Senhor (nos) vem a salvação; dos os que praticam a iniqüidade;
e sobre o teu povo, (6 Deus) venha 7perdes todos os que dizem a men-
a tua bênção! tira. O homem sanguinário e frau­
Oração de quem confia do meio de
dulento, o Senhor o abomina.
pecadores incrédulos 8Eu, porém, confiado na abundân­
cia da tua graça, entrarei na tua ca­
A *Ao mestre do côro. Para instru- sa, prostrar-me-ei no teu santo tem­
* mentos de corda. Salmo. De plo com a reverência que te é devida,
Davi. 9ó Senhor, Senhor, guia-me na tua
2Quando eu te invocar, ouve-me, justiça, por causa dos meus inimigos;
ó Deus da minha justiça, tu que na aplana o teu caminho diante de mim.
angústia me levantaste; tem compai­ 10Porque na bôca dêles não há sin­
xão de mim, e ouve a minha oração. ceridade; o seu coração maquina ci­
3Até qúando, ó poderosos, sereis du­ ladas; a sua garganta é um sepulcro
ros de coração? por que amais a vai­ aberto, com as suas línguas lison-
dade e buscais a mentira? geiam.
4Ficai sabendo: o Senhor faz ma­ uCastiga-os, ó Deus, frustrem-se os
ravilhoso o seu santo; o Senhor me seus desígnios, expulsa-os (da tua
ouvirá, quando eu o invocar. presença) por causa dos seus muitos
“Trem ei; e não queirais pecar; re- crimes, pois são rebeldes contra ti.
flecti nos vossos corações, nos vos­ 12Alegrem-se porém todos os que
sos aposentos, e emudecei. se acolhem a ti; exultem eternamen­
°Oferecei sacrifícios justos, e espe­ te. Protege, e regozigem-se em ti os
rai no Senhor. que amam o teu nome.
7Muitos' dizem: Quem nos fará ver 13Porque tu, ó Senhor, abençoarás
o bem? Levanta sobre nós a luz do o justo, envolvê-lo-ás com a tua be­
teu rosto, ó Senhor. nevolência, como com um escudo.
8Infundiste no meu coração uma
alegria maior do que (tem os agri­ Súplica de um homem castigado
cultores) quando abundam em trigo por Deus
e vinho.
°Logo que me deito, em paz ador­ £ xAO mestre do côro. Para inStru-
meço, porque só tu, ó Senhor, me u mentos de corda. Salmo de
pões em segurança. Davi.
Preces matutinas do justo cercado 2Senhór, não me argúas na tua ira,
de inimigos nem me castigues no teu furor.
8Tem piedade de mim, Senhor, por­
e \áo mestre do côro. para fiau- que sou enfêrmo; sara-me, Senhor,
* tas. Salmo de Davi. porque (a té) os meus ossos estreme?
2Senhor, dá ouvidos às minhas pa­ ceram;
lavras, atende os meus gemidos, 4E a minha alma turbou-se em ex­
8ouve a voz da minha súplica, rei tremo, mas tu, Senhor, até quando?...
meu e Deus meu! Porque é a ti que 5Volta-te, Senhor, e livra a minha
suplico, alma; salva-me pela tua misericór­
4ó Senhor; de manhã ouves a mi­ dia,
nha voz; de manhã te apresento as °porque na morte não há quem
minhas preces, e espero. se lembre de ti; e na habitação dos
5Porque tu não és um Deus que mortos, quem canta os teus louvores?
ame a iniqüidade; nem habita junto 7Estou esgotado à força de tanto
de ti o pérfido, gemer, rego o meu leito com lágri-
Salmo I V — 4. o seu santo, isto ó, o seu amigo íntimo.
5. Ira i-vos contra vós mesmos.
6. Sacrifícios justos, isto é, boas obras.
Salmo v . — 9. Aplana o teu caminho, p ara que eu possa andar com facilidade por ôle.
Salmo V I — 4. A té quando fa rá s durar a minha tribulação?
6 - 8 OS SALMOS 611

mas todas as noites, umedeço com “ O meu escudo é Deus, que sal­
elas o lugar do meu descanso. va os retos de coração.
8Os meus olhos anuviam-se de tris­ 12Deus é um juiz justo, e um Deus
teza, envelhecem por causa de todos que ameaça todos os dias.
os meus inimigos. 13Se não se converterem, afiará a
9Afastai-vos de mim todos os que sua espada, retesará o seu arco e
praticais a iniqüidade, porque o Se­ apontará;
nhor ouviu a voz do meu pranto; 14e preparará para êles dardos de
10o Senhor ouviu a minha súplica, morte, abrasadoras tornará as suas
o Senhor acolheu a minha oração. setas.
“ Sejam confundidos, e em extre­ 15Eis que o (ím p io) concebeu ini-
mo conturbados todos os meus ini­ qüidade e está grávido de malícia, e
migos; retirem-se, e sejam num mo­ dá à luz a fraude.
mento cobertos de ignomínia. 10Abriu e cavou uma cova, e caiu
nessa (mesma) cova, que fêz.
Apêlo à justiça de Deus de um “ Sobre a sua própria cabeça recai­
homem oprimido de calúnias rá a sua maldade, e sôbre a sua fron­
7 1Lamentação de Davi, cantada por te voltará a sua violência.
• êle ao Senhor, a propósito das 18Eu glorificarei o Senhor pela sua
palavras de Chus, Benjaminita. justiça, e cantarei salmos ao nome
do Senhor altíssimo.
2Senhor, Deus meu, a ti recorro;
salva-me de todos os que me perse­ Majestade de Deus e dignidade
guem, e livra-me, do homem
3para que ninguém, como um leão,
arrebate a minha alma, me despeda­ Q *Ao mestre do côro. Segundo a
ce, sem que haja quem me livre. ° melodia do cântico “ Os Laga-
“Senhor Deus meu, se eu fiz isso, res” ... Salmo. De Davi.
se há iniqüidade nas minhas mãos, 2Senhor, nosso Dominador sobera­
5se fiz algum mal ao meu amigo, no, quão admirável é o teu nome em
eu, que salvei os meus injustos ad­ tôda a terra, porque elevaste a tua
versários: majestade acima dos céus.
°Persiga o inimigo a minha alma e 3Da bôca das crianças e meninos
apodere-se dela, e calque contra a de peito fizeste sair um louvor per­
terra a minha vida, e arraste pelo feito contra os teus adversários, para
pó a minha honra. reprimir o inimigo e o agressor.
7Levanta-te, Senhor, na tua ira (pa­ 4Quando contemplo os teus céus,
ra me socorrer), ergue-te contra o obra dos teus dedos, a lua e as estré­
furor dos meus opressores, e toma a ias, que tu criaste,
minha defesa no juízo que me inti­ S(excla m o): Que é o homem, para
maste. te lembrares dêle? ou que é o Iilho
8A multidão dos povos esteja ao do homem, para cuidares dêle?
redor de ti, e senta-te nò alto so­ *Tu o fizeste pouco inferior aos an­
branceiro a ela. jos, de glória e de honra o coroaste,
90 juiz dos povos é o Senhor. Jul­ 7e lhe deste o mando sôbre as obras
ga-me, Senhor, segundo a minha jus­ das tuas mãos,
tiça, e segundo a inocência que há 8sujeitaste tôdas as coisas debai­
em mim. xo de seus pés; tôdas as ovelhas e
10Cesse a maldade dos ímpios, e sus­ todos os bois e, além dêstes, os ou­
tenta os justos, tu, ó Deus justo, que tros animais do campo,
sondas os corações e as entranhas. 9as aves do céu, e os peixes do mar:
Salmo v i l — 4. Se eu fiz isso, se cometi os crimes de que me acusa Chus.
8. A multidão. . . O Salm ista quer que a sua causa seja ju lgad a püblicamente. e que
a sua inocência seja reconhecida ante numerosas testemunhas.
Salmo V I I I — 3. O nome do Senhor tem um brilho t&o intenso que até as próprias
crianças o glorificam : e suas vozes fracas, mas eloqUentes, reduzem ao silêncio os
maiores inimigos de Deus.
612 oS SALMOS 8-10
tudo o que percorre as veredas dos “ para aue publique todos os teus
oceanos. louvores as portas da filha de Sião,
“ Senhor, nosso Dominador sobera­ e exulte com o teu auxílio.
no, quão admirável é o teu nome em l6As gentes (que me perseguiam)
toda a terra! caíram na fossa que cavaram, no mes­
mo laço, que esconderam (para me
Ação do graças pelos triunfos sôbre prenderem) ficou prêso o seu pé.
os pagãos l1(Déste modo) o Senhor manifes-
tí 1Ao mestre do côro. Segundo a tou-se, fêz justiça; nas obras das suas
(próprias) mãos ficou enredado o pe­
" melodia do cântico “ M u t lab- cador.
òen” . Salmo. De Davi.
2Eu te louvarei, Senhor, com todo “ Retirem-se para o túmulo os peca­
o meu coração, contarei todas as tuas dores, tôdas as gentes que se esque­
maravilhas; ceram de Deus.
3alegrar-me-ei e regozijar-me-ei em “ Porque não estará para sempre
ti, cantarei salmos ao teu nome, ó esquecido o pobre, nem a confiança
(Deus) Altíssimo, dos infelizes será para sempre frus­
4porque os meus inimigos retroce­ trada.
deram, à tua vista caíram e perece­ “ Levanta-te, Senhor, não prevale­
ram. ça o homem (malvado), sejam jul­
5Porque defendeste o meu direito gadas as gentes em tua presença.
e a minha causa, sentaste-te sôbre o 21ó Senhor, incute-lhes terror, para
trono, como justo juiz. que as gentes saibam que são ho­
8Repreendeste as nações, e exter­ mens (miseráveis).
minaste o ímpio; apagaste o seu no­
me para sempre. Petição de auxilio contra os
7Os inimigos desfaleceram, arrui­ opressores iníquos
nados para sempre, e destruíste as S I n \ R orque te conservas afasta­
suas cidades; a memória dêles pere­ v a ''' do, ó Senhor, e te escondes
ceu. nas horas de angústia,
8Mas o Senhor permanece eterna- 2enquanto o ímpio se ensoberbece,
mente; preparou o seu trono para o miserável é maltratado e colhido
exercer o juízo; nos embustes que aquêle lhe armou?
9êle mesmo julgará o mundo com
justiça, e dará leis aos povos com 3Porque o pecador gloria-se da sua
eqüidade. cobiça, e, salteador, blasfema, des­
10E o Senhor será refúgio do opri­ preza o Senhor.
mido, refúgio oportuno nas. horas de 4Diz o ímpio na arrogância do seu
angústia. espírito: “Não castigará; Deus não
llE em ti esperarão os que conhe­ existe” : eis todos os seus pensamen­
cem o teu nome, porque tu, Senhor, tos.
não desamparaste os que te buscam. 5Prósperos são os seus caminhos a
12Cantai ao Senhor, que habita em tôda a hora; muito afastados estão
Sião, divulgai entre os povos as suas os teus juízos do seu pensamento; es­
obras, carnece de todos os seus contrários.
“ porque, vingando o sangue (dos •Diz no seu coração: “ Não serei
seus servos, mostrou que) se lembrou abalado, de geração em geração, não
dêles, não se esqueceu do clamor dos serei infeliz” .
pobres. 7A sua boca está cheia de maldi­
14Tem compaixão de mim, Senhor; ção, de fraude e de dolo; debaixo da
vê a aflição que sofro da parte dos sua língua estão a opressão e o ve­
meus inimigos; arranca-me das por­ xame (para o próxim o).
tas da morte. 8Poe-se de emboscada junto dos po-

Salmo I X — 6. A s nações que se levantaram contra mim.


15. D a filha de Sido, isto é, de Jerusalém.
(Salm o X ) Êste primeiro “Salmo X ” seria pròpriamente a segunda parte do Salmo IX ,
que tem numeraç&o própria no texto hebraico.
10 - 12 OS SALMOS 613
voados, e, às escondidos, mata o ino­ Os seus olhos observam, as suas pál­
cente; os seus olhos espiam o pobre. pebras examinam os filhos dos ho­
•Arma ciladas nos esconderijos, co­ mens.
mo o leão na sua cova; arma ciladas 60 Senhor sonda o justo e o ímpio;
para arrebatar o mísero; e arrebata o seu espírito odeia aquêle que ama
o mísero e o arrasta para a sua rêde. a iniqüidade.
10Inclina-se, debruça-se por terra, 7F ará chover sôbre os pecadores
e com a sua violência caem os infe­ carvões ardentes e enxofre; um ven­
lizes. to abrasador será a porção do seu
11Diz no seu coração: “ Deus esque­ cálice.
ceu-se, apartou o seu rosto, não vê 8Porque o Senhor é justo e ama a
jamais” . justiça; os homens retos verão a
12Levanta-te, Senhor Deus, ergue a sua lace.
tua mão! não te esqueças dos aflitos!
13P or que razão despreza o ímpio Contra os inimigos enganadores
a Deus e diz no seu coração: “Não e soberbos
castigará” ?
14Porém tu vês, consideras o traba­ 11 2A o mestre do côro. Para a
lho e a dor (do oprimido) , para os 4 4 oitava. Salmo. D e Davi.
tomar nas tuas mãos. A ti se aban­ 2Salva-nos, Senhor, porque não há
dona o infeliz, tu és o amparo do pessoas de piedade, desapareceu a
Órfão. fidelidade entre os filhos dos homens.
“ Quebra o braço do pecador e do 3Cada um sòmente diz falsidades
mau; castiga a sua malícia, e não ao seu próximo; fala com lábios do­
subsistirá. losos e com coração dúplice.
10O Senhor é rei pelos séculos dos 4Extirpe o Senhor todos os lábios
dolosos, e a língua qíle fala com ar-
séculos, as gentes serão extermina- rogância,
das da sua terra. 5e aquêles que dizem: “ Somos fo r­
“ Ouviste, Senhor, o desejo dos in­ tes com a nossa língua, estão por
felizes, confortaste o seu coração, e nós os nossos lábios; quem é o se­
deste-lhes ouvidos, nhor de nós?”
“ para fazeres justiça ao órfão e ao «“ P or causa da aflição dos humil­
oprimido, e para que o homem ter­ des e do gemido dos pobres, agora
reno não volte a incutir terror. me levantarei (para os defender) , diz
Inabalável confiança do justo em Deus
o Senhor, darei salvação a quem a
deseja” .
1 A 2A o mestre do côro. Salmo. D e 7As palavras do Senhor são pala­
Davi. vras sinceras, são prata acrisolada,
2Ao Senhor me acolho; porque di­ limpa da terra, refinada sete vêzes.
zeis (pois) à minha alma: 8Tu, Senhor, nos guardarás, nos pre­
“ Foge para o monte como a ave?” servarás para sempre desta raça.
3Eis que os ímpios retesam o seu 9Os ímpios passeiam ao redor, en­
arco, ajustam a sua flecha sôbre a quanto se pavoneiam os homens mais
corda, para as dispararem às ocultas vis.
contra os que são de coração reto. Lamento do justo que confia em Deus
4Quando se desmoronam os fun­
damentos, que pode fazer o justo? 1 0 xA o mestre do côro. Salmo.
50 Senhor habita no seu santo tem­ 4 46 de Davi.
plo, o trono do Senhor está no céu.1 2A té quando, Senhor, me esquece-
11. Deus esqueceu-se, nfto fa z caso do que se passa sôbre a terra. Ê esta a lingua­
gem dos Ímpios.
salm o X — 7. Fará ch over. . . Linguagem figu rad a que recorda o castigo de Pen-
tápole. A porção do seu cálice. N os banquetes orientais, o pai da fam ília servia no co­
po dos seus comensais a porç&o de vinho que lhe aprazia. A porção servida por Deus
aos pecadores será um duro castigo.
salm o X I — 9. A tradução dêste versículo é difícil e obscura. Parece significar que
quando os ímpios avançam com arrogância, fic a aberto o caminho aos homens vis.
614 OS SALMOS 12 - 15

rãs totalmente? Até quando escon­ Quem & digno de comparecer diante
derás de mim a tua face? de Deus
3A té quando revolverei ansiedades 1 Ã xSalmo. D e Davi:
em minha alma, e todos os dias tris­ Senhor, quem terá a sua mo­
tezas em meu coração? rada no teu tabernáculo? Quem ha­
4A té quando prevalecerá o meu i- bitará no teu santo monte?
nimigo contra mim? Olha para mim, 20 que anda sem mancha e prati­
ouve-me, Senhor Deus meu! ca a justiça,
5Alumia os meus olhos para que eu 3e pensa o que é reto no seu co­
nunca durma na morte; para que ração, e não calunia com a sua lín­
nunca o meu inimigo possa dizer: gua; o que ao seu próximo não faz
“ Venci-o” ; não exultem os meus ini­ mal, nem dirige opróbrio ao seu v i­
migos por eu ter caído, zinho;
6depois de ter confiado na tua mi­ 4o que tem o malvado por despre­
sericórdia! Antes exulte o meu co­ zível, e honra os que temem o Se­
ração com o teu auxilio; e eu can­ nhor,
te ao Senhor que me cumulou de 6o que, embora tenha um juramen­
bens. to com dano próprio, não o muda,
não empresta o seu dinheiro com u-
Corrupção geral e o seu castigo sura, nem aceita dádivas (para pro­
1 O xA o mestre do côro. D e Davi, ceder) contra o inocente. Quem faz
O insensato diz no seu cora­ estas coisas não será jamais como­
ção: “ Não há Deus” . (Os homens) vido.
corromperam-se, praticaram açôes a- Deus, sumo bem, fonte de ressurreição
bomináveis; não há quem faça o bem. e de vida eterna
20 Senhor olha do céu para os
filhos dos homens, para ver se há 1 Ç lMiktãm. D e Davi. Guarda-
quem tenha prudência e busque a me, ó Deus, porque a ti re­
Deus. corro;
3Todos à uma se extraviaram, e se 3Eu digo ao Senhor: “ Tu és o meu
perverteram; não há quem faça o Senhor, fora de ti não tenho ne­
bem, não há sequer um. nhum bem” .
3Para com os santos, que estão na
4Não se emendarão todos os que sua terra, quão admirável tornou to­
praticam a iniqüidade, os que devo­ do o meu afeto!
ram o meu povo, como quem come 4Multiplicam as suas dores, os que
pão? Não invocaram o Senhor; - seguem deuses estranhos. Não liba-
5tempo virá em que tremerão de te­ rel o sangue das suas libaçôes nem
mor, porque Deus está com a estir­ pronunciarei os seus nomes com os
pe dos justos. meus lábios.
6Quereis confundir o intento do “O Senhor é a porção da minha
desvalido: mas o Senhor é o seu re­ herança e do meu cálice; és tu que
fúgio. tens na mão a minha parte.
7Oh, venha de Sião a salvação (ou 6As cordas caírãm-me em lugares
o Salvador de) Israel! Quando o Se­ amenos; e comprazo-me plenamen-
nhor mudar a sorte do seu povo, e- te com a minha herança.
Xultará Jacó, alegrar-se-á Israel. 7Bendigo o Senhor porque me a-
salm o X I I I — 1. A Escritura cham a insensato àquele que com a sua m á vida, rene­
g a pràticamente a Deus.
Salmo X v — 3. Quão adrnirdvel. . . D a v i designa com estas palavras todo o am or
de que Deus inflamou o seu coração p ara com os santos3 isto ê, as pessoas virtuosas, da
sua pátria.
5. Que tens na mão . . . solene renúncia de tudo o que n&o é Deus.
6. A s cordas . . . o s Hebreus serviam -se de cordas para medir as terras que deviam
ser repartidas entre vários. A m etáfora significa: “A herança que me tocou é a mais
form osa” .
7. Aconselhou-me a desprezar os bens da terra e a escolher sòmente Deus por herança.
15 - 17 OS SALMOS 615

conselhou; porque mesmo durante “ Os seus passos já me assediam,


a noite, o meu' coração me adverte. fixam em mim os seus olhos para me
8Ponho sempre Deus diante de derribarem por terra,
mim; pois êle está à minha direita, 12semelhantes ao leão, ávidos da
nao vacilarei. prêsa, e ao cachorro do leão, que se
9Portanto, alegra-se o meu cora­ agacha nos esconderijos.
ção e exulta de alegria a minha al­ 13Levanta-te, Senhor, sai ao seu
ma, e também o meu corpo descan­ encontro, arrebata a minha alma ao
sará seguro, pecador com a tua espada,
10porque não abandonarás a mi- 14e aos homens, ó Senhor, com a
ilha alma na morada dos mortos, tua mão: aos homens, cuja porção
nem permitirás que o teu santo ex­ é esta vida, e cujo ventre enches
perimente corrupção, dos teus bens; cujos filhos andam
“ Indicar-me-ás as sendas da vida fartos, e deixam as sobras aos seus
(im o rta l), a plenitude dos gozos jun­ pequeninos.
to de ti, as delícias à tua direita eter­ "Eu, porém, com justiça verei a
namente. tua face, saciar-me-ei, ao desper­
tar, com o teu semblante.
O justo inocente implora o auxilio de Ação de graças do rei D av i pela
Deus contra os inimigos prepotentes salvação e vitória alcançada
1 £ duplica. D e D avi. Ouve, Se- 1 7 xA o mestre do côro. D e Davi,
nhor, uma causa justa, aten­ 19 servo do Senhor, o qual diri­
de o meu clamor, dá ouvidos à mi­ giu ao Senhor as palavras dêste cân­
nha oração, que sai dos lábios não tico, no dia em que o Senhor o li­
enganosos. vrou do poder de todos os seus in i­
2Proceda de ti a minha sentença; migos, e da mão de Saul.
os teus olhos vêem o que é reto. *Disse portanto: Eu te amo, Se­
3Se sondas o meu coração, o visi­ nhor, fortaleza minha,
tas de noite e no fogo me provas, 3Senhor, meu firm e apoio, meu ba­
não encontrarás em mim a iniqüi- luarte, meu libertador, Ó meu Deus,
dade, minha rocha de refúgio, meu escudo,
4A minha bôca não transgrediu, co­ força da minha salvação, meu asi­
mo é costume dos homens; segundo lo!
as palavras dos teus lábios, guardei 4Invocarei o Senhor, digno de lou-
os caminhos da lei. vor, e serei salvo dos meus inimi­
5Firmaram-se os meus passos nas gos.
tuas veredas, os meus pés não vaci­ 5Cercaram-me as vagas da morte,
larão. e torrentes devastadoras me ater­
6Eu te invoco, ó Deus, porque me rorizaram:
ouvirás; inclina para mim os teus flRêdes do inferno me envolveram,
ouvidos, e ouve a minha palavra. surpreenderam-me os laços da mor­
7Faze brilhar a tua admirável mi- te;
sericórdia, tu, que salvas dos adver­ 7na minha tribulação invoquei o
sários aquêles £ue se acolhem à tua Senhor, e clamei ao meu Deus; e
direita. êle ouviu a minha voz desde o seu
8Guarda-me como a menina dos templo; e o meu clamor penetrou
olhos, sob a sombra das tuas asas nos seus ouvidos.
esconde-me 8Foi sacudida e tremeu a terra,
°dos pecadores que me fazem vio­ os fundamentos dos montes vacila­
lência. Os meus inimigos cercam- ram, e abalaram-se, porque ardia em
me com furor, ira.
“ cerram o seu coração insensível, °Subiu fumo das suas narinas, e
com a sua bôca falam arrogante- fogo devorador da sua bôca, car­
mente. vões por êle acesos.
10-11. Nestes dois versículos hâ. um a referência profética & ressurreição de Jesus Cristo,
salm o X v l — 14-15. Cujo v e n tr e . . . Deus concede indiferentemente aos bons e aos,
maus o gôzo dos bens dêste mundo. — B d e ix a m . . . o s Ímpios prosperam muitas vêzes
6 l6 OS SALMOS 17

10Inclinou os céus, e desceu, e uma te piedoso, com o reto usas de reti-


nuvem obscura estava sob os seus dão,
pés. ^com o puro mostras-te puro, com
1JE subiu sôbre um Querubim, e o astuto tornas-te prudente,
voou; e era levado sôbre as asas do “ Porque tu salvas o povo humil-
vento. de, mas* humilhas os olhos soberbos.
12Vestiu-se de trevas, como de um “ Porque tu, Ó Senhor, fazes brilhar
véu, como de um manto, de água a minha lucerna; tu, ó meu Deus, i-
tenebrosa e densas nuvens. luminas as minhas trevas.
13Diante do resplendor da sua pre- “ Porque por ti acometo os esqua-
sença inflamaram-se carvões em bra- . drões inimigos, e com o meu Deus
sa. assalto a muralha.
14E o Senhor trovejou do céu, e "Sem mácula é o caminho do meu
o Altíssimo fêz ouvir a sua voz; Deus, a sua palavra é provada no
“ desferiu as suas setas, e deshara- fogo, é escudo para todos os que se
tou muitos relâmpagos, e aterrou- acolhem a êle.
os. “ Quem é Deus fora do Senhor?
16E apareceram os fundos do mar, Ou que rocha (fo rte ) há fora do nos-
e ficaram a descoberto os funda- so Deus?
mentos da terra, às ameaças do Se- m(Ê le é o ) Deus que me revestiu
nhor, ao sôpro impetuoso da sua ira. de fôrça, e fêz que o meu caminho
“ Estendeu do alto a sua mão, to- fôsse imaculado,
mou-me, e tirou-me das muitas á- “ que tornou os meus pés ( velozes)
guas. como os dos veados, e me estabeleceu
18Livrou-me do meu fortíssimo ini- sôbre as alturas,
migo, e dos que me aborreciam, que “ que adestrou as minhas mãos pa-
eram mais poderosos do que eu. ra a peleja, e os meus braços para
19Êles atacaram-me no dia dami- retesar o arco de bronze,
nha aflição, mas o Senhor fêz-se meu 3OE deste-me o teu escudo salva-
protetor, dor e a tua direita me susteve, e a
“ retirou-me para um lugar espaço- tua solicitude me fêz grande,
so, salvou-me porque me ama. “ Abriste caminho largo aos meus
“ O Senhor me recompensou se- passos, e não vacilaram os meus pés.
gunuo a minha justiça, e segundo a “ Perseguia os meus inimigos, e al-
pureza das minhas mãos ine retri- cançava-os e não regressava sem os
buiu, ter aniquilado.
“ porque guardei os caminhos do “ Eu lhes quebrei as fôrças, e não
Senhor, e não me afastei, pelo pe- poderão levantar-se, cairão debaixo
cado, do meu Deus, dos meus pés.
“ porque todos os seus mandamen- 4OE me revestiste de fôrça para o
tos estão diante dos meus olhos, e não combate, e abateste debaixo de mim
repeli de mim os seus preceitos, os meus adversários,
“ antes, fui íntegro em sua presen- " e puseste em fuga os meus inirni-
ça, e guardar-me-ei da culpa. gos, e aniquilaste os que me aborre-
“ E o Senhor me retribuiu segun- ciam.
do a minha justiça, e segundo a pu- “ Gritaram, e não havia quem os
reza das minhas mãos (que está pre- salvasse; (clam aram) ao Senhor, e
sente) aos seus olhos. não os ouviu.
“ Com o homem piedoso mostras- 43Eu os dissipei como o pó que o
até à morte, deixando aos descendentes um a herança rica. — E u p o r é m ... A esta feli­
cidade grosseira D a v i opôe as alegrias que o esperam no céu.
Salmo X V I I — IO. In clin o u . . . Deus desce da sua m orada do céu p a ra executar os
seus desígnios.
11. Sôbre um Q u eru bim . . . o s querubins transportam o trono de D eus; por isso se
diz que Deus “esta sentado sôbre os querubins” (L X X IX , 2 ).
17. D as muitas águas . . . isto ê, de perigos extremos.
34. Sôbre as alturas, para me defender melhor.
17 - 19 OS SALMOS 617

vento espalha, eu os calquei como a outra extremidade, e nada se pode


lama das praças. subtrair do seu calor.
44Livraste-me das contendas do po­ 8A lei do Senhor é perfeita, res­
vo, estabeleceste-me chefe das na­ taura a alma; a prescrição do Se­
ções. Um povo, que eu não conhe­ nhor é firme, instrui o rude;
cia, me serviu. 9Os preceitos do Senhor são retos,
" e me obedeceu, logo que me ou­ deleitam o coração; o preceito do Se­
viu. Os estrangeiros me llsonjearam, nhor é límpido, esclarece os olhos;
"os estrangeiros empalideceram, 10o temor do Senhor é puro, per­
saíram tremendo das suas fortalezas. manece eternamente, os juízos do Se­
47V iva o Senhor, e seja bendita a nhor são verdadeiros, são todos jus­
minha Rocha! Seja exaltado Deus, tos,
meu salvador! “ são mais para desejar do que o
“ Deus, que me concedeu (tira r) ouro, do que o muito ouro refinado,
vingança e me submete os povos. são mais doces do que o m el e o
49Tu, que me livraste dos meus ini­ néctar do favo.
migos, e me exaltaste sôbre os que 12P or mais que o teu servo ponha
me resistiram, arrancaste-me do ho­ nêles a sua atenção, e seja muito
mem violento. solícito, em os guardar,
“ Por isso eu, Senhor, te louvarei 13quem é que adverte, não obstante,
entre as naçôes, e cantarei um sal­ os seus deslizes? Purifica-me dos
mo ao teu nome: que me são ocultos.
“ tu, que concedeste grandes vitó­ “ Preserva também o teu servo do
rias ao teu rei, e que usaste de mise- orgulho, para que não tenha domí­
ricórdia com o teu ungido, com Davi nio sôbre mim. Então serei integro
e sua posteridade para sempre. e limpo de grave delito.
lo u v o r a Deus, criador, legislador
15Sejam aceites as palavras da mi­
nha bôca e os* pensamentos do meu
coração diante de ti, Ó Senhor, mi­
nha Rocha e meu Redentor.
#2Os céus publicam a glória de Deus, Oração (do povo) pelo rei antes da
e o firmamento anuncia a obra das batalha
suas mãos.
'Um dia transmite esta mensagem 1 Q xA o mestre do côro. Salmo. De
ao outro dia. e uma noite comunica- 1 u Davi.
a a outra noite. 20 Senhor te ouça no dia da tri­
4Não é uma palavra nem uma lin­ butação; o nome ao Deus de Jacó
guagem, cuja voz não possa perceber- te proteja.
se: “Envie-te socorro do santuário, e
50 seu som estende-se por tôda a de Sião te proteja.
terra, e as suas palavras até às ex­ 4Tenha presentes todos os teus sa­
tremidades do mundo. A li pôs uma crifícios, e o teu holocausto lhe se­
tenda para o sol, ja agradável.
6que sai como um espôso do seu tá- 5Êle te dê o que o teu coração de-
lamo, dá saltos como gigante a per­ seja e cumpra todos os teus desíg­
correr o seu caminho. nios.
7A sua saída é desde uma extremi­ •Possamos regosijar-nos com a tua
dade do céu, e o seu giro (v a i) até à4 vitória, e içar bandeiras em nome do
44. U m povo, que eu não conhecia, isto ê, povos muito distantes que sômente eram co­
nhecidos de nome na Palestina.
46: Os estrangeiros, vencidos por mim, lisonjearam -m e, prestaram -m e homenagens, m as
sem sinceridade.
salm o X V I I I — 3. Êstes cantos de louvor, entoados pelos céus & glória de Deus, s&o
incessantes.
5. A li (isto 6, nos céus) pôs uma tenda. Concepção poética, vulgar na literatura de
Babilônia e da Grécia. Assim como um príncipe ou chefe de tribo tem o seu palácio ou tenda
própria donde sai e aonde volta para repousar, assim (im aginavam êles) o têm, nas re­
giões do firmamento, o sol, a lua, e as estréias.
618 OS SALMOS 19 - 2 1

nosso Deus; satisfaça o Senhor to­ ti, se maquinarem algum engano não
das as tuas petições. prevalecerão.
7Agora conheci que o Senhor con­ “ Porque os porás em fuga, apon­
cedeu a vitória ao seu ungido, e o tarás o teu arco contra o seu ros­
ouviu do seu santo céu, com o poder to.
da sua dextra vitoriosa. t4Levanta-te, Senhor, com o teu
8Êstes (confiam ) nas suas carro­ poder! nós cantaremos e celebrare­
ças, e aquêles nos seus cavalos; nós, mos a tua fortaleza.
porém, somos fortes no nome do Se­
nhor, nosso Deus. Sofrimentos extremos do Messias e seus
°Êles vacilaram e caíram, mas nós frutos
conservamo-nos de pé, e permanece­
mos firmes. 21 xAo mestre do côro. Segundo
10Senhor, concedei a vitória ao rei, a melodia do cântico: “ A cor­
e ouve-nos no dia em que te invoca­ ça ao rom per da aurora...” Salmo.
mos. De Davi.
2ó Deus, Deus meu, por que me
Ação de graças, e preces pelo rei desamparaste? Estás longe das pre­
ces e das palavras do meu clamor.
O II 1A o mestre do côro. Salmo. D e 3Meu Deus, clamo durante o dia, e
Davi. não me ouves; de noite, e não me
2ó Senhor, o rei alegra-se com o prestas atenção.
teu poder, e quanto se regozija com 4Mas tu moras no lugar santo, 6
o teu auxílio! louvor de Israel.
8Tu lhe satisfizeste o desejo do seu 5Em ti esperaram nossos pais, es­
coração, e não lhe recusaste o pedido peraram, e tu os livraste;
dos seus lábios. 6a ti clamaram, foram salvos, em
4Porque o preveniste com bênçãos ti esperaram, e não foram confundi­
de felicidade, e puseste sôbre a sua dos.
cabeça uma coroa de ouro puro. 7Eu, porém, sou um verme e não
5Pediu-te vida, e concedeste-lhe lar­ um homem, o opróbrio dos homens
gos dias, pelos séculos dos séculos. e a abjeção da plebe.
°Grande é a sua glória, devido ao “Todos os que me vêem, escarne­
teu auxilio, glória e esplendor puses­ cem de mim, franzem os lábios, e me-
te sôbre êle. neam a cabeça (dizendo):
7Abençoaste-o com uma bênção e- °“ Esperou no Senhor: livre-o, sal­
terna, de alegria o inebriaste na tua ve-o, se é que o ama” .
presença. 10Sim, tu tens sido o meu guia des­
8Porque o rei confia no Senhor, e de o ventrè ( m a tern o), tornaste-me
pela graça do Altíssimo será inabalá- seguro aos peitos de minha mãe.
vel. “ Fui-te consagrado, logo desde o
9Caia a tua mão sobre todos os nascimento, tu és o meu Deus desde
seus inimigos, alcance a tua direita o ventre de minha mãe.
aquêles que te aborrecem. 12Não estejas longe de mim, porque
10Tu os pões como um forno ace­ estou atribulado; aproxima-te, por­
so, ao mostrar-lhes teu rosto (irrita ­ que não há quem me ajude.
do). O Senhor os consuma com a 13Numerosos novilhos (indôm itos)
sua ira, e o fogo os devore. me cercam; estou sitiado de touros
“ Extermina de sobre a terra a sua (ferozes) de Basan.
prole, e a sua descendência de entre 14Abrem contra mim a sua bôca,
os filhos dos homens. como um leão arrebatador e que dâ
12Se projetarem algum mal contra rugidos.
Salm o X X — 5. Pelos séculos dos séculos, graças ao Messias, Último descendente di­
reto de D avi.
salm o X X I — 7. E u , p o r é m . . . E stas palavras, que tam bém se encontram em Isa ía s,
referem-se aos Messias sofredor.
10-11. o Messias 6 verdadeiramente filbo de Deus.
21 - 23 OS SALMOS 6 l9

15Derramo-me como a água, e to­ "porque o reino pertence ao Senhor,


dos os meus ossos se desconjunta- e êle impera sôbre as nações.
ram. O meu coração tornou-se co­ 30Só a êle adorarão todos os que
mo cêra, derrete-se dentro das mi­ dormem na sepultura, ante êle se in­
nhas entranhas. clinarão todos os que descem ao pó.
16A minha garganta secou-se como E a minha alma viverá para êle,
barro cozido, e a minha língua pegou- 31e a minha descendência o servi­
se ao meu paladar; e me reduziste rá, falará do Senhor à geração
ao pó da morte. "vindoura, e anunciarão a sua jus­
"Porque me rodeam muitos cães tiça ao povo que há de nascer: ‘T u ­
(raivosos); uma turba de malfeitores do isto fêz o Senhor” .
me cerca. Transpassaram as minhas O Senhor, meu pastor e meu hospedeiro
mãos e os ineus pés,
18posso contar todos os meus ossos. 9 9 ^a lm o. De Davi. O Senhor me
Êles olham, e ao ver-me, se alegram: “ “ apascenta: nada me falta;
"repartem entre si os meus vesti­ 2em verdes pastos me faz recostar.
dos, e lançam -sortes sôbre a minha Conduz-me junto das águas para des­
túnica. cansar;
"M as tu, Senhor, não estejas lon­ 3reconforta a minha alma, guia-
ge de mim: meu amparo, apressa-te me por veredas retas, por causa do
a ajudar-me. seu nome.
"L iv ra da espada a minha alma 4Ainda que eu ande por um vale te­
e das garras dos cães a minha vida; nebroso, não temerei males, porque tu
22salva-me da bôca do leão, e das estás comigo. A tua vara e o teu
hastes dos búfalos a mim, mísero. báculo, são êstes que me consolam.
"Anunciarei o teu nome aos meus 5Preparaste uma mesa para mim,
irmãos; no meio da assembléia te à vista dos meus adversários; unges
louvarei. com óleo a minha cabeça, o meu cá­
" “Vós que temeis ao Senhor, lou- lice transborda.
vai-o; vós todos, que sois a descen­ °Benignidade e graça me acompa­
dência de Jacó, glorificai-o; tema-o nharão todos os dias da minha vida,
tôda a posteridade de Israel. e habitarei na casa do Senhor, du­
“ Porque êle não desprezou nem rante longérrimos tempos.
desdenhou a miséria do mísero. N em Entrada solene do Senhor no Santuário
apartou a sua face dêle, mas ouviu-o
quando lhe clamava” . 2Q 18almo. De Davi. Do Senhor
26De ti procede o meu louvor na é a terra e tudo o que ela en­
grande assembléia; cumprirei os meus cerra; e a redondeza da terra e os
votos em presença dos que o temem. que a habitam.
27Os pobres comerão, e serão sa­ 2Porque êle a fundou sôbre os ma­
ciados, louvarão o Senhor os que o res, e a consolidou sôbre os rios.
buscam: 44Vivam para sempre os vos­ 3Quem subirá ao monte do Senhor,
sos corações!” ou quem estará no seu lugar santo?
"Lembrar-se-ão e converter-se-ão *0 inocente de mãos e limpo de
ao Senhor todos os limites da terra; coração, o que não entrega às vai-
e prostrar-se-ão diante dêle tôdas dades a sua alma, nem fêz juramen­
as famílias das nações,15 tos dolosos ao seu próximo.
15. D e r r a m o - m e . . . A minha vida foi desaparecendo pouco a pouco, como desapare­
ce, como se evapora a águ a derram ada por terra. — o m e u c o r a ç ã o . . . o sofrimento
como que funde o coração, tirando-lhe tôda a fôrça e consistência.
24. V ó s q u e t e m e i s . . . O M essias convida tôda a nação santa a que se associe à
sua gratidão.
27. V i v a m p a r a s e m p r e . . . E ’ um voto que o anfitrião fa z a fa v o r dos seus convida­
dos: Alcance-nos êste festim a vida eterna.
32. T u d o i s t o . . . Deus realizou plenamente os seus desígnios de salvação, por meio
do seu Cristo.
salm o X X I I — 5. o m e u c á l i c e . O cálice 6 o símbolo de generosidade com que Deus
espalha os seus benefícios
620 OS SALMOS 23 - 25
'Êste receberá bênçãos do Senhor, rne hás de perdoar o meu pecado,
e recompensa de Deus, seu Salvador. pois é granae.
flTal é a geração dos que o bus­ “ Quem é o homem que teme ao
cam, dos que buscam a face do Deus Senhor? (O Senhor) ensma-lhe o ca­
de Jacó. minho que deve escolher.
7Levantai, ó portas, os vossos din- “ Entre bens terá a sua morada, e
téis: levantai-vos, ó pórticos antigos, a sua descendência possuirá a terra.
para que entre o Rei da glória! “ O Senhor é fam iliar aos que o
8“ Quem é êste Rei da glória?” “ É temem, e manifesta-lhes a sua ali­
o Senhor forte e poderoso, o Senhor ança.
poderoso nas batalhas” . 15Os meus olhos estão sempre vol­
°Levantai, ó príncipes, os vossos tados para o Senhor, pois êle há de
dintéis, e levantai-vos, ó pórticos an­ tirar do laço os meus pés.
tigos, para que entre o Rei da gló­ 10Olha para mim, e tem piedade
ria! de mim, porque eu vejo-me só e
10“ Quem é esse Rei da glória?” “ O aflito.
Senhor dos exércitos; êsse é o Rei “ A livia as angústias do meu cora-
da glória” . ção, livra-me das minhas aflições.
“ Olha para a minha miséria e pa­
Pedido de perdão e de libertação de ra o meu trabalho, e perdoa todos
todas as angústias os meus pecados.
“ Olha para os meus inimigos; pois
OA 'D e Davi. A ti elevo a minha são muitos, e odeiam-me com ódio
alma, Senhor, violento.
2Deus meu. E em ti confio: não ^Guarda a minha alma, e livra-me,
seja eu confundido! Não se gozem não seja eu confundido por ter re­
de mim os meus inimigos! corrido a ti.
3Porque todos os que esperam em “ Protejam-me a inocência e a re­
ti, não serão confundidos; confundi­ tidão, porque espero em ti, Senhor.
dos serão os que temeràriamente que­ 22Livra, o Deus, a Israel de tôdas
bram a lealdade. as suas angústias.
4Mostra-me, Senhor, os teus cami­
nhos, e ensina-me as tuas veredas. O inocente, injustamente acusado,
5Dirige-me na tua verdade, e ensi­ invoca a Deus como juiz
na-me, porque tu és o Deus meu Sal­
vador, e em ti espero sempre. 2 C 'D e Davi. Faze-me justiça, Se-
6Lembra-te, Senhor, das tuas bon- nhor, pois tenho andado na
dades e das tuas misericórdias, que inocência, e, confiando no Senhor, não
datam dos séculos passados. vacilei.
7Não te recordes dos pecados da 2Sonda-me, Senhor, e põe-me à pro­
minha mocidade e dos meus delitos; va; acrisola os meus rins e o meu
mas lembra-te de mim segundo a tua coração.
misericórdia, por causa da tua bon­ 3Porque a tua bondade está diante
dade, Senhor. dos meus olhos, e caminho na tua
8Bom e reto é o Senhor, por isso verdade.
êle ensina aos pecadores o caminho 4Não me sento entre os homens
(que devem seguir). .perversos, nem me associo com os hi­
°Dirige os humildes pela justiça, pócritas.
ensina aos humildes o seu caminho. *Aborreço a sociedade dos m alfei­
10Todas as veredas do Senhor são tores, e não me sento corn os ímpios.
graça e fidelidade para os que guar­ °Lavo ás minhas mãos em inocên-
dam a sua aliança e os seus manda­ cia, e ando ao redor do teu altar,
mentos. Senhor,
“ P or causa do teu nome, Senhor, 7para fazer ressoar a voz do (te u )
salm o X X I I I — 7-9. L e v a n ta i... Personificação poética. A s portas de sião são
dem asiado pequenas p a ra que por elas possa passar um rei tão grande. P o r isso devem
levantar os -seus dintéis, ou portas superiores, devem por assim dizer, crescer. — P ó rtic o »
antigos são provàvelmente as portas antigas dos jebuseus.
25 - 27 OS SALMOS 621

louvor, e narrar tôdas as tuas ma­ °Não escondas de mim a tua face,
ravilhas. não repilas com ira o teu servo. T u
8Senhor, eu amo o acolhimento da és a minha ajuda; não me deixes,
tua casa, e o lugar do tabernáculo nem me abandones, ó Deus, meu sal­
da tua glória. vador.
°Não arrebates a minha alma jun­ 10Se meu pai e minha mãe me a-
tamente com os pecadores, nem a bandonaram, o Senhor me acolherá.
minha vida com os homens sangui­ “ Ensina-me, Senhor, o teu cami­
nários. nho, e guia-me pela vereda direita,
10em cujas mãos está o crime, e por causa dos meus adversários.
cuja dextra está cheia de subornos. “ Não me entregues à mercê dos
11Eu, porém, ando na minha ino­ meus inimigos, porque se levantaram
cência: salva-me, e tem compaixão contra mim testemunhas falsas, e ho­
de mim. mens que respiram violência.
120 meu pé está no caminho reto; “ Espero que hei de ver os bens do
nas reuniões bendirei o Senhor. Senhor na terra dos vivéntes.
Confiança inabalável em Deus
“ Espera no Senhor, sê forte, forti­
fique-se o teu coração, e espera no
*De Davi. O Senhor é a mi- Senhor.
nha luz e a minha salvação: Súplica e ação de graças
a quem temerei? O Senhor é o ba­
luarte da minha vida, diante de quem 9 7 1De Davi. A ti clamo, Senhor;
tremerei ? “ 9 minha rocha, não sejas surdo
2Quando os malvados me assaltam para mim, não suceda que, não me
para devorar a minha carne, os meus ouvindo tu, eu seja semelhante àque­
adversários e os meus inimigos res­ les que descem à sepultura.
valam e caem. 2Ouve, Senhor, a voz da minha sú-
3Ainda que acampem exércitos con­ dica, quando chamo por ti, quando
tra mim, o meu coração não teme­ {evanto as minhas mãos para o teu
rá; ainda que se levante uma guerra santo templo.
contra mim, mesmo então confiarei. 3Não me arrebates juntamente com
4Uma só coisa peço ao Senhor, es­ os pecadores, e com os que praticam
ta solicito: é que eu habite na casa a iniqüidade, os quais falam de paz
do Senhor todos os dias da minha com o seu próximo, mas no seu co­
vida, para gozar da suavidade do Se­ ração têm a maldade.
nhor, e contemplar o seu templo. 4Dá-lhes segundo as suas obras, e
5Pois êle há de esconder-me na sua segundo a malícia dos seus delitos.
tenda no dia mau, há-de ocultar-me Dá-lhes segundo as obras das suas
no retiro do seu pavilhão, há de le­ mãos; dá-lhe a recompensa que me­
var-me para cima duma rocha. recem.
°E agora a minha cabeça ergue-se 5Porque não atendem aos feitos do
por cima dos inimigos que me cer­ Senhor, nem à obra das suas mãos,
cam, e imolarei em seu tabernáculo êle os destrua, e não os restabeleça.
vítimas de júbilo. Dei voltas (ao al­ 6Bendito seja o Senhor, porque ou­
tar), e sacrifiquei no seu tabernáculo viu a voz da minha súplica,
uma hóstia com clamores de júbilo; 7o Senhor, minha fôrça e meu es­
cantarei e entoarei salmos ao Senhor. cudo! nêle confiou o meu coração, e
7Ouve, Senhor, a minha voz com fui ajudado; por isso o meu coração
que clamo (a t i ) : tem compaixão de exulta, e o louvo com o meu cântico.
mim, e ouve-me. 80 Senhor é a fôrça do seu povo,
80 meu coração fala-te, a minha e uma fortaleza de salvação para o
face busca-te; procuro, Senhor, a tua seu ungido.
face. 9Salva, Senhor, o teu povo, e aben-

salm o X X V I — 5. T e n d a . . . pavilhão, são figuras da Igreja. Deus concede os seus


favores especiais a quem vive no seio da Igreja.
10. Se meu pai e minha mãe me abandonarem. Modo de dizer p ara indicar o mais
completo isolamento na dor; é semelhante a um órf&o ou a um filho abandonado por
seus pais.
622 OS SALMOS 27 - 30

çoa a tua herança; e apascenta-os e 4Senhor, tiraste dos infernos a m i­


sustenta-os eternamente. nha alma, puseste-me a salvo dos que
descem à cova.
Majestade de Deus manifestada na 6Santos do Senhor, cantai-lhe sal­
tempestade mos, e dai graças ao seu santo nome.
°Porque a sua indignação dura um
2® 1Salmo. De Davi. Rendei ao Se- instante, e a sua benevolência dura
nhor, ó filhos de Deus, rendei tôda a vida. De tarde estaremos em
ao Senhor glória e poder. lágrimas, e de manhã em alegria.
2Rendei ao Senhor a glória do seu 7Eu porém disse seguro de mim:
nome, adorai o Senhor com orna­ “ Não terei jamais mudança” .
mentos sagrados. 8Senhor, foi por teu favor que me
3A voz do Senhor está sôbre as concedeste honra e poderio; mas ape­
águas; o Deus da majestade trove- nas escondeste de mim o teu rosto,
jou; o Senhor está sôbre muitas á- fiquei conturbado.
guas! 9A ti, Senhor, clamo, e imploro a
4A voz do Senhor com poder! A misericórdia do meu Deus:
voz do Senhor com magnificência! 10“ Que vantagem virá do meu san­
5A voz do Senhor quebra os cedros, gue, da minha descida à cova? P or­
o Senhor quebra os cedros do L í­ ventura o pó cantará os teus louvo­
bano, res, ou anunciará a tua fidelidade?”
8faz saltar o Líbano como um vi­ nOuve-me, Senhor, e compadece-te
telo, e o Sarião como um novilho de mim; Senhor, sê o meu protetor.
dos búfalos. 12Para mim, converteste o meu
7A voz do Senhor despede chamas pranto.em dança, tu desataste o meu
de fogo, saco ( de penitência) e cingiste-me de
8a voz do Senhor abala o deserto, alegria.
o Senhor faz tremer o deserto de 13Para que a minha alma te can­
Cades, te e não se cale. Senhor, Deus meu.
9a voz do Senhor contorce os car­ eu te louvarei eternamente.
valhos, destroça as florestas: e no
seu templo todos dizem: Glória! Súplica e ação de graças do aflito
10O Senhor está sentado por cima
do dilúvio, o Senhor sentar-se-á co­ lAo mestre do côro. Salmo. De
mo rei para sempre. Davi.
nO Senhor dará fortaleza ao seu 2A ti recorro, ó Senhor: não per­
povo, o Senhor abençoará o seu povo, mitas que eu seja confundido para
dando-lhe a paz. sempre; livra-me, segundo a tua jus­
Ação de graças por ser livre da morte tiça!
3Inclina para mim o teu ouvido,
20 1Salmo.Cântico, para a dedi- acode prontamente a livrar-me. Sê
cação ão Templo. D e Davi. para mim uma rocha de refúgio, uma
2Eu te exaltarei, Senhor, porque cidadela fortificada, para me pores a
me libertaste e não permitiste que os salvo.
meus inimigos se alegrassem à minha 4Porque tu és a minha rocha e a
custa. minha cidadela, e por causa do teu
*Senhor, meu Deus, clamei a ti, e nome me conduzirás e me guiarás.
tu me saraste; *Tu me tirarás do laço, que me
Salm o X X V I I I — 3. A voz do Senhor, isto é, o trovão, cujo ribom bar majestoso repre­
sentava à im aginação dos hebreus a voz do próprio Deus.
10. D ilúvio, isto é, a chuva torrencial que acompanha a tormenta.
Salmo X X IX — 4. Tiraste dos infernos, isto é, do sepulcro. A doença de D a v i ti­
nha sido t&o grave, que êle considera a sua cura como um a ressurreição.
7. N ã o te re i.. . Pensamento arrogante e presunçoso, como se a sua prosperidade ti­
vesse dependido apenas dêle. A g o ra porém reconhece que a estabilidade da sua dita pro­
vinha ünicamente de Deus.
10. Que va n ta g e m ... M otivo que tinha’ alegado, na fam iliaridade da sua fé, p a ra
alcançar a sua cura. Deus nada teria ganho com a morte do rei, antes teria perdido
os seus belos cânticos e hinos de louvor. (S. VI, 6: X X X V III, 18).
30 - 31 OS SALMOS 623

armaram escondidamente, porque tu que te temem, que concedes aos que


és o meu refúgio. se refugiam em ti, à vista dos ho­
8Nas tuas mãos encomendo o meu mens!
espírito; vós me libertareis, ó Se­ 21Sob a proteção do teu rosto os de­
nhor, Deus fiel. fendes das conjuras dos homens. O-
7Aborreces os que adoram ídolos culta-os no tabernáculo contra as al-
vãos; eu, porém, é no Senhor que tercações das línguas.
confio. 22Bendito seja o Senhor, porque
8Regozijar-me-ei, e alegrar-me-ei maravilhosamente me mostrou a sua
da tua misericórdia. Porque olhaste misericórdia numa cidade fortificada.
para a minha miséria, socorreste a 23Eu disse na minha ansiedade:
minha alma nas angústias, “ Fui expulso de diante dos teus
°e não me entregaste nas mãos do olhos” . Mas tu ouviste a voz da mi­
inimigo, antes puseste os meus pés nha oração, quando a ti clamava.
em lugar espaçoso. 24Amai o Senhor, vós todos os seus
10Tem piedade de mim, Senhor, por­ santos! o Senhor guarda os que são
que estou em angústias: definham fiéis, mas castiga severamente os que
de tristeza os meus olhos, a minha procedem com soberba.
alma e o meu corpo. 25Esforçai-vos, e fortaleça-se o vos­
“ Sim, a minha vida vai-se consu­ so coração, vós todos que esperais
mindo na dor, e os meus anos entre no Senhor.
os gemidos. Debilitou-se a minha
fôrça na aflição, os meus ossos con­ Felicidade do homem a quem foi
sumiram-se. perdoado o pecado
12Para todos os meus inimigos tor-
nei-me um objeto de opróbrio, de lu­ O I 1D e Davi. Maskil. Bem-aven-
dibrio para os meus vizinhos, de ter­ 6 ,1 turado aquêle cuja iniqüidade
ror para os meus conhecidos; os que foi perdoada, e cujos pecados sao apa­
me vêem fora, fogem de mim; gados.
18cai no esquecimento dos corações, 2Bem-aventurado o homem, a quem
como um morto, reduzido à condição o Senhor não argúe de culpa, e em
dum vaso quebrado, cujo espírito não há engano.
14porque ouvi os assobios de muitos, 8Porque calei, os meus ossos defi­
o terror me rodeia! contra mim, re­ nharam, entre os meus gemidos con­
solveram tirar-me a vida. tínuos.
15Mas eu confio em ti, Senhor; eu 4Porque a tua mão pesava sôbre
digo: Tu és meu Deus. mim de dia e de noite, consumia-se
10Nas tuas mãos esta o meu des­ o meu vigor como pelos ardores do
tino: livra-me das mãos dos meus estio.
inimigos e dos que me perseguem. 5Eu te confessei o meu pecado, e
l7Mostra sereno o teu rosto ao teu não ocultei a minha culpa. Eu dis­
servo, salva-me pela tua misericórdia. se: “ Confessarei ao Senhor a minha
x8Senhor, não seja eu confundido, iniqüidade” , e tu perdoaste a malícia
pois que te invoquei; sejam confun­ do meu pecado.
didos os impios, sejam reduzidos ao °Por isto orará a ti todo o (hom em )
silêncio, lançados no abismo. piedoso no tempo da necessidade.
*19Tornem-se mudos os lábios men­ Quando transbordarem as muitas
tirosos, que falam insolentemente con­ águas não chegarão até êle.
tra o justo, com soberba e com des- 7Tu és o meu refúgio, tu me pre­
prêzo. . servarás das angústias, me rodearás
“ Quão grande é, Senhor, a tua do gôzo da minha salvação.
bondade, que tens reservada para os 8Eu te instruirei (disseste) , e en-
salm o X X X I — 1. Maskil, piedosa meditação.
3. Porque calei, recusando, por orgulho, reconhecer os meus crimes diante de Deus,
os meus o s s o s ... isto é, as minhas fôrças físicas diminuiram, por causa da; violência
dos sofrimentos morais.
6. Quando transbordarem. .. E sta inundaç&o representa os castigos de Deus, aos
quais escapam os santos por um a g ra ç a especial.
624 OS SALMOS 31 - 33
8inar-te-ei O caminho que deves se­ 12Bem-aventurada a nação que tem
gui ; eu te instruirei, tendo fixos sô- o Senhor por seu Deus; o povo que
bre ti os meus olhos. êle escolheu para sua herança.
•Não queirais ser como o cavalo e lsO Senhor olha dos céus; vê to­
o mulo sem entendimento, cujo ím­ dos os filhos dos homens.
peto se domina com o cabresto e o 14Do lugar da sua morada observa
freio; doutro modo não se aproxi­ todos os que habitam a terra;
mam de ti. 18êle que formou o coração de to-
10São muitas as dores do ímpio; mas dos êles, êle está atento a tôdas as
O que espera no Senhor é cercado suas obras.
de misericórdia. 16Não é por seu poderoso exército
“ Alegrai-vos no Senhor e regozijai- que o rei vence, nem se salva o guer­
vos, ó justos, exultai vós todos os reiro pela sua grande fôrça.
que sois de coração reto. 17Falaz é o cavalo para a vitória,
e na sua grande fôrça não o salva.
Louvor ao poder e à providência “ Eis os olhos do Senhor postos sô-
de Deus bre os que o temem: e sôbre aquê-
3 2 ‘Exultai, 6 justos, no Senhor: les que esperam a sua graça,
é aos retos (de coração) que 19para livrar da morte as suas al­
fica bem o louvá-lo. mas, e para os sustentar no tempo
*Celebrai o Senhor com a citara, da fome.
cantai-lhe hinos com o saltério de “ A nossa alma espera no Senhor:
dez cordas. êle é nosso amparo e nosso escudo.
3Cantai-lhe um cântico novo, can­ “ Nêle, pois, se alegra o nosso cora­
ção, e no seu santo nome confiamos.
tai-lhe com entusiasmo ao som das "Exerça-se, Senhor, sôbre nós a
trom betas. tua misericórdia, segundo esperamos
4Porque a palavra do Senhor é re­ em ti.
ta, e toda a sua obra é fiel.
Temor de Deus e a sua recompensa
5Êle ama a justiça e o direito: a
terra está cheia da graça do Senhor. OO 1Salmo. D e Davi, quando se
•Pela palavra do Senhor foram fe i­ fin giu louco diante de Ahim e-
tos os céus, e pelo sôpro da sua bôca lec, e se escapou despedido por êle.
(form aram -se) todos os seus exér­ 2Bendirei o Senhor em todo o tem­
citos. po; o seu louvor estará sempre na
7Êle junta como num odre as águas minha bôca.
do mar; êle põe as ondas como em 3N o Senhor se gloriará a minha
reservatórios. alma: ouçam-no os humildes, e ale-
•Tôda a terra tema o Senhor, « grem-se.
todos os que habitam o universo pres­ •Engrandecei comigo o Senhor, e
tem-lhe reverência. exaltemos o seu nome todos à uma.
•Porque êle disse, e (tu d o) foi fe i­ 5Busquei o Senhor, e êle ouviu-me,
to; mandou, e (tu do) existiu. e livrou-me de tôdas as minhas tri-
“ O Senhor dissipa os projetos das bulaçôes.
nações, e frustra os intentos dos po­ •Olhai para êle, a fim de vos ale­
voa grardes e os vossos rostos não serem
“ O desígnio do Senhor permanece cobertos de confusão.
eternamente: os pensamentos do seu TEis que o aflito clamou, e o Se­
coração (subsistem) de geração em nhor o ouviu, e o salvou de tôdas
geração. as suas angústias.
9. N ã o q u e i r a i s s e r . . . O homem, dotado d e raz&o, n&o deve proceder levado sô-
mente pelos sentidos.
salm o X X X I I — 6. Todos os seus exércitos, isto é, os astros inumeráveis que avan ­
çam corno um exército em ordem.
16 e sega O fu g ir dos perigos e a vitória não se devem atribuir aos meios hu­
manos, que nada valem sem o querer de Deus, m as ao socorro divino.
salm o X X X I I I — 1. A b i m e l e q u e , isto é, o rei Aquis. Houve êrro do copista, que dá
ao rei o nome de Abirneleqüe em vez de Aquis. Sôbre o fato a que êste titulo se
refere ver I Reg. X X I, 11 e segs.
33 - 34 OS SALMOS 625

80 anjo do Senhor assenta os seus ‘Tom a o broquel e o escudo, e le­


arraiais em volta dos que o temem, vanta-te em meu socorro.
e os liberta. 3Vibra a lança e corta a passagem
°Gostai e vêde como o Senhor é àqueles que me perseguem; dize à
bom; ditoso o homem que a êle se minha alma: “ Eu sou a tua salva­
acolhe. ção” .
10Temei o Senhor, vós os seus san­ 4Sejam confundidos e envergonha­
tos, porque não há indigência para dos os que buscam a minha vida;
os que o temem. retrocedam e sejam cobertos de ver­
UOs poderosos tornaram-se pobres gonha os que maquinam males con­
e passaram fome, mas os que bus­ tra mim.
cam o Senhor, não terão falta, de 5Sejam como a palheira levada pe­
bem algum. lo vento, quando o anjo do Senhor
12Vinde, filhos, ouvi-me, eu vos en­ os acossar.
sinarei o temor do Senhor. *Seja o seu caminho tenebroso e
13Quem é o homem que ama a v i­ escorregadio, quando o anjo do Se­
da, e deseja largos dias para gozar nhor os perseguir.
bens? 7Porquanto sem razão me estende­
u (Pa ra isso) guarda a tua língua ram a sua rêde, sem razão abriram
do mal, e os teus lábios, de palavras uma cova para a minha vida.
dolosas. 8Venha sôbre êles de improviso a
15Desvia-te do mal, e faze o bem; ruína, apanhe-os a rêde que esten­
busca a paz, e vai em seu seguimento. deram, êles próprios caiam na cova
,0Os olhos do Senhor estão volta­ que abriram.
dos para os justos, e os seus ouvidos °A minha alma, porém, regozijar-
festao atentos) ao seu clamor. -se-á no Senhor, e alegrar-se-á do
nO rosto do Senhor desvia-se dos seu socorro.
que fazem o mal, para apagar da 10Tôdas as minhas forças dirão:
terra a sua memória. “ Senhor, quem é semelhante a ti, que
l8Os justos clamaram, e o Senhor livras o desvalido das mãos do mais
os ouviu, e os livrou de tôdas as suas forte, o mísero e o pobre, do la­
angústias. drão” ?
10O Senhor está perto dos contri­ “ Levantaram-se testemunhas vio­
tos de coração, e anima os abatidos lentas: interrogavam-me sôbre o que
de espírito. eu ignorava.
"Muitas são as calamidades dos jus­ ’ 2Tornavam-me males por bens:
tos, mas de tôdas elas os livra o (era a) desolação para a minha alma.
Senhor. “ Porém eu, quando êles estavam
n (0 Senhor) guarda todos os seus doentes, vestia-me de cilício, afligia
ossos; nem um só se quebrará. a minha alma com o jejum, e a mi­
22A malícia impele o ímpio para a nha prece dava voltas no meu seio.
morte, e os que aborrecem o justo 14Como por um amigo, por meu
serão castigados. irmão, andava triste; como quem
230 Senhor livra as almas dos seus chora sua mãe, vergava sob a dor.
servos, e não será castigado quem t5Porém, quando eu vacilei, alegra­
nêle se refugiar. ram-se e juntaram-se, juntaram-se
Pedido de auxilio contra os contra mim, ferindo-me de surprêsa.
perseguidores injustos e ingratos E não cessavam de me lacerar,
16punham-me à prova, escarneciam
OA xDe Davi. Combate, Senhor de mim rangendo contra mim os seus
contra os que me combatem, dentes.
ataca os que me atacam. 17Até quando, Senhor, estarás a ver
8. o anjo, ministro do Senhor na salvação do homem.
12. o temor. Os hebreus resumiam nesta palavra todos os deveres duma religião sincera.
Salmo X X X I v — 11. In terrogavam -m e. . . isto é, acusavam-me de. crimes de que nfto
tinha conhecimento, estando por isso inocente.
13. Porém e u . . . A sua caridade compassiva manifestava-se então nas form as mais
vivas.
626 OS SALMOS 34 - 36
(estas injustiças)? Livra a minha al­ lisonjeia de que não há de ser des­
ma dos que rugem, (lim a ) a minha coberta a sua culpa, nem aborrecida.
vida dos leões. 4As palavras da sua bôca são ini­
18Dar-te-ei graças na grande as­ quidade e engano; renunciou a ser
sembléia, louvar-te-ei no meio dum sensato e fazer o bem.
povo numeroso. 5Medita a iniqüidade no seu leito;
19Não se regozijem à minha custa obstina-se num caminho que não é
os meus injustos inimigos, os que bom, não rejeita o mal.
me aborrecem sem causa não ace­ °Senhor, a tua misericórdia che­
nem com os olhos. ga até ao céu; e a tua fidelidade, até
20Pois não é de paz que êles falam, às nuvens.
e contra os pacíficos da terra ma­ 7A tua justiça é (grande) como os
quinaram enganos. montes de Deus; os teus juízos são
21E abrem contra mim a sua bôca, como o mar profundo. Tu, Senhor,
e dizem: “Ah! Ah! Vimos com os salvas os homens e os animais.
nossos olhos” ! 8Quão preciosa é a tua graça, ó
22Tu o viste, Senhor, não te cales, Deus! os filhos dos homens refu-
Senhor, não te apartes de mim! giam-se à sombra das tuas asas;
“ Desperta e vela em minha defe­ 9saciam-se com a abundância da tua
sa, Deus meu, e Senhor meu, (vela) casa, e tu os fazes beber na torren­
pela minha causa! te das tuas delícias.
24Julga-me segundo a tua justiça 10Porque em ti está a fonte da v i­
Senhor, não se alegrem de mim, Ó da, e na tua luz vemos a luz.
meu Deus! “ Conserva a tua graça aos que te
25Não pensem em seu coração: “Ah! adoram, e a tua eqüidade aos que
conseguimos o que desejavamos!” têm o coração reto.
Nem digam: “ Nós o devoramos!” 12Não venha sobre mim o pé do
“ Fiquem envergonhados e confun­ soberbo, e a mão do pecador não me
didos todos os que se congratulam comova.
dos meus males. Vestidos sejam de 13Eis que caíram os que cometem
confusão e de ignomínia os que se a iniquidade: foram derribados e não
exaltam contra mim. se puderam levantar mais.
27Regozijem-se e alegrem-se os que
são favoráveis à minha causa; e di­ Sorte dos bons e dos maus
gam sempre: “ Glorificado seja o Se­ O íj
W e Davi. Não te irrites por
nhor, que se interessa pela salvação
do seu servo” . causa dos malfeitores, nem
2SE a minha língua proclamará a tenhas inveja dos que praticam a
tua justiça e o teu louvor sem cessar.iniqüidade;
2Pois como feno depressa cairão, e,
Malícia humana e providência de Deus como a erva verde, logo murcharão.
3Espera no Senhor, e pratica o bem,
OÇ *AO mestre do côro. De Davi, para que habites a terra, e gozes de
servo do Senhor. segurança.
2A iniqüidade fala ao ímpio den­ 4Põe as tuas delícias no Senhor, e
tro do seu coração; não há temor te concederá o que o teu coração
de Deus diante dos seus olhos. deseja.
3Porque êle na sua imaginação se1 2 5Encomenda ao Senhor o teu cami­
21. Vimos com os nossos olhos a ruína dêste homem, a qual era por nós muito
desejada.
Salmo X X X V — 2. Assim como Deus fa la aos profetas, assim o Salrnista representa
aqui a iniqüidade, o pecado personificado (Rom . V I I , 23), pronunciando o seu oráculo
dentro do coração do ímpio.
6. Chega até ao céu pela sua grandeza e sublimidade.
9. D a tua casa, isto é, do universo, cheio de muitos bens, que são gozados pelos
homens, especialmente pelos fiéis a Deus.
10. N a tua l u z ... com o teu favor viveremos felizes.
Salmo X X X V I — 1-11. E xorta a que se evite toda a murmuraç&o da Providência
e a que nos abandonemos nas mãos de Deus.
36 OS SALMOS 627

nho, espera nêle, e êle procederá. 22Porque os que (o Senhor) aben­


flE fará brilhar como lume a tua çoar possuirão a terrà, e os que a-
justiça, e o teu direito como o (sol maldiçoar, serão exterminados.
do) meio-dia. 23Os passos do homem (ju s to ) são
7Descansa no Senhor, e espera nê- firmados pelo Senhor, e é-lhe grato
le. Não te exasperes por causa do o seu caminho.
que prospera no seu caminho, por 24Ainda que caia, não ficará pros­
causa do homem que maquina males. trado, porque o Senhor o toma pela
8Guarda-te da ira, e deixa o furor: mão.
não te exasperes, para não fazer o “ Fui menino, e já sou velho, e
mal. nunca vi o justo desamparado, nem
°Porque os que cometem o mal se­ a sua descendência mendigando pão.
rão exterminados, mas os que espe­ “ Sempre é compassivo e empresta, e
ram no Senhor, êsses possuirão a a sua descendência será abençoada.
terra. 27Desvia-te do mal, e faze o bem a
10Ainda um pouco, e não mais exis­ fim de que permaneças para sempre.
tirá o ímpio; e se buscares o seu lu­ “ Porque o Senhor ama a justiça,
gar, não o acharás. e não desampara os seus santos; os
UMas os mansos possuirão a terra, perversos serão exterminados, e a
e deleitar-se-ão na abundância da descendência dos ímpios será exter­
paz. minada.
120 ímpio maquina males contra o “ Ois justos possuirão a terra, e ha­
justo e range os dentes contra êle. bitarão sobre ela para sempre.
13Mas o Senhor zomba dêle, por­ " A bôca dos justos anuncia a sa­
que vê que há de chegar o seu dia. bedoria e a sua língua proclama o
14Os ímpios desembainham a espa­ direito.
da e retesam o seu arco, para aba­ 31A lei do seu Deus está no seu co­
terem o desgraçado e o pobre, para ração, e não vacilam os seus passos
trucidarem os que seguem caminho (no caminho do Senhor).
reto. 320 pecador observa o justo, e pro­
15A sua espada trespassará o seu cura como há de dar-lhe a morte.
próprio coração, e serão quebrados 33Mas o Senhor não o abandonará
os seus arcos. nas suas mãos, nem o condenará,
16Mais vale o pouco ao justo, que quando for julgado.
as muitas riquezas aos ímpios; 84Confia no Senhor, e guarda o seu
17porque os braços dos pecadores caminho, e êle te exaltará para que
serão quebrados; aos justos, porém, possuas a terra; verás com satisfa­
sustenta-os o Senhor. ção o extermínio dos ímpios.
“ O Senhor cuida da vida'tios bons, “ V i o ímpio arrogante, e elevando-
e a herança dêles será eterna. se como cedro frondoso.
19Não serão Confundidos no tempo “ E passei (daí a pouco), e já não
do infortúnio, e serão fartos nos dias existia; e busquei-o, e não foi acha­
de fome. do.
20Os ímpios, porém, perecerão e os “ Guarda a integridade e conside­
inimigos do Senhor murcharão como ra o que é justo, porque há um futu­
o adôrno dos prados, e se desvanece­ ro (fe liz ) para o homem pacífico.
rão como o fumo. “ Os pecadores porém serão todos
“ O pecador pede emprestado e não aniquilados, a posteridade dos ímpios
paga; o justo, porém, é compassivo será arrancada.
e dá (ao necessitado).1 7 39A salvação dos justos vem do Se­
17. o s braços, isto é, o seu poder, deque abusaram p ara enriquecer a custa dos
justos.
27. Permaneças para sempre na terra prometida, com a participação dos bens
de ordem não só temporal, mas também espiritual, anexos a ela.
34. Guarda o seu caminho, observa os seus preceitos. . . E verás, o s bons serão
testemunhas da ruina dos pecadores, e louvarão a Deus pela sua justiça.
36. Eloqilente expressão da rapidez com que desaparece a imerecida prosperidade dos
maus.
628 OS SALMOS 36 " 38

nhor e êle é o seu refúgio no tempo desditas, e todo o dia maquinam en­
da tribulação. ganos.
40E o Senhor os ajuda, e os livra; 14Mas eu, corno um surdo, não ou­
livra-os dos ímpios e os protege, por­ ço, e sou corno um mudo que não
que recorrem a êle. abre a boca.
18E tornei-me como um homem
Súplica do pecador castigado por Deus que não ouve, e que não tem ré­
plica na sua bôca.
97 1Salmo. De Davi. Para rnemó- 18Porque em ti, Senhor, confio, tu
** * ria. me ouvirás, Senhor Deus meu.
2Senhor, não rne repreendas na tua 17Porque digo: “ Não se gozem de
ira, nem me castigues no teu furor. mim; não se ensoberbeçam .contra
sPorque as tuas setas se me crava­ mim quando o meu pé resvalar” .
ram, e descarregou sobre mim a tua 18Porque eu estou prestes a cair, e
mão. a minha dor está sempre diante de
4Nada há são na minha carne por mim.
causa da tua indignação, nada há 19Porque eu confesso a minha cul­
intato nos meus ossos, por causa do pa, e estou aflito por causa do meu
meu pecado. pecado.
5Porque as minhas culpas se eleva­ ^Entretanto os que sem razão me
ram acima da minha cabeça, e co­ atacam são poderosos e os que me o-
mo uma carga pesada, me oprimem deiam injustamente são muitos.
demasiadamente. 21E os que tornam mal por bem
°As minhas chagas estão infectas e hostilizam-me, porque eu sigo o hem.
purulentas, por causa da minha lou­ “ Não me desampares, Senhor! Deus
cura. meu, não te apartes de mim!
7Deprimido, extremamente encur- “ Acode prontamente em meu so­
vado, todo o dia ando oprimido de corro, Senhor, salvação minha!
tristeza.
8Porque as minhas entranhas estão Lamentos e súplicas dum homem
cheias de inflamação, e não há parte gravemente enfêrmo
alguma sã na minha carne. OG *Ao mestre do côro. Idithun.
9Estou esgotado e grandemente a- 0 ,0 Salmo. D e Davi.
batido, o gemido do meu coração ar- 2Eu disse: “ Velarei sôbre o meu
ranca-me rugidos. proceder, para não pecar com a mi­
10ó Senhor, bem vês todos os meus nha língua; porei um freio à minha
desejos, e o meu gemido não te é bôca enquanto o ímpio estiver diante
oculto. de mim” .
170 meu coração palpita, a minha 3Fiquei mudo, em silêncio, privado
íôrça abandona-me, e a própria luz da felicidade, mas (com isto) a mi­
dos meus olhos me falta. nha dor exacerbou-se.
12Os meus amigos e os meus com­ 40 meu coração inflamou-se den­
panheiros conservam-se afastados das tro de mim; no decorrer da minha re­
minhas chagas, e os meus parentes flexão, um fogo se ateou:
põem-se ao longe. 5falei com a minha língua. Faze-
13E armam laços os que atentam me conhecer, Senhor, o meu fim, e
contra a minha vida, e os que pro­ qual é o número dos meus dias, pa­
curam a minha desgraça ameaçam ra que eu saiba quanto sou caduco.
Salmo X X X V II — 6. O pecado é um a loucura, porque um breve e doentio prazer,
atrai tantos castigos da justiça divina.
11. A própria lu z ... Quase ceguei de tanto «chorar.
18. Estou prestes. . . E sta perdido, se Deus não se apressa a socorrê-lo.
Salmo X X X V III — 1. Idithun era um dos três grandes mestres de música no tempo
de D avi, com A s a f e Heman.
4. U m fogo se ateou. Foi abrasado pelo fogo da cólera quando refletia sôbre a
sorte próspera dos maus. Êste incêndio interior acabou por se exteriorizar em p ala­
vras. A s palavras que então pronuncia são a expressão, dolorida primeiro, resignada
a seguir, de um coração ferido.
38 - 39 OS SALMOS 629
°Eis que fixastes aos meus dias a Muitos (o ) verão e temerão, e espe­
medida de poucos palmos, e a mi­ rarão no Senhor.
nha vida é como nada diante de ti; 5Bem-aventurado o homem que pôs
sim, todo o homem não é mais que a sua esperança no Senhor e que
um sôpro. não anda após os que adoram ídolos
70 homem passa como uma simples e se desviam para a mentira.
sombra, é em vão que se afadiga; en- ^Senhor, Deus meu, tens feito mui­
tesoura, e não sabe quem desfruta­ tas obras maravilhosas, e não há
rá. uem te seja semelhante nos teus
8E agora, Senhor, posso eu espe­ esígnios para conosco. Eu querería
rar? A minha confiança está em narrá-los e proclamá-los, mas são de­
ti. masiadamente numerosos para que se
9Livra-m e de todas as minhas ini- possam contar.
qüidades, não me entregues ao opró- 7Não quiseste sacrifício nem oferen­
brio do insensato. da, mas abriste-me os ouvidos. (Ta m ­
10Emudeci e não abri a minha bô- bém) não pediste holocausto e víti­
ca, porque tu assim determinaste. ma pelo pecado:
“ Afasta de mim o teu flagelo; de­ 8então eu disse: “ Eis que venho;
baixo da fôrça da tua mão eu desfa- no rôlo do livro está escrito de mim:
leço. 9em fazer a tua vontade, ó meu
12Em punição da culpa castigas o Deus, me deleito, e a tua lei está no
homem, desfazes, como faz a traça, íntimo do meu coração.
os seus bens mais apreciados; todo “ Anunciei a (tu a ) justiça na gran­
o homem é apenas um sôpro. de assembléia; não contive os meus
13Ouve, Senhor, a minha oração e lábios; Senhor, tu o sabes.
atende ao meu clamor; diante das “ Não escondi a tua justiça no meu
minhas lágrimas não sejas surdo. P or­ coração; publiquei a tua fidelidade
que eu sou diante de ti um hóspede, e o teu socorro. Não ocultei a tua
um peregrino, como todos os meus graça e a tua fidelidade à grande as­
Pais. sembléia.
“ Afasta de mim o olhar, para que 12Tu, Senhor, não afastes de mim
respire, antes que parta e deixe de as tuas misericórdias; a tua graça e
existir. a tua fidelidade sempre me ampara­
Ação de graças e pedido de novo ram.
auxilio “ Porquanto me cercaram males
sem conta, surpreenderam-me as mi­
OQ 1Ao mestre do côro. Salmo. nhas culpas, e já não pude ver. São
D e Davi. mais do que os cabelos da minha
2Esperei, esperei no Senhor, e êle cabeça, e o meu ânimo desfaleceu.
inclinou-se para mim, e ouviu o meu “ Seja do teu agrado, Senhor, o li-
clamor. . vrar-me; Senhor, apressa-te em me
3E tirou-me da fossa da perdição, socorrer.
do pântano lodoso, e assentou os “ Sejam confundidos e envergonha­
meus pés sôbre a pedra, deu firmeza dos todos aquêles que buscam a mi­
aos meus passos. nha vida para ma tirar. Retrocedam
4E pôs um novo cântico na mi­ e sejam cobertos de opróbrio, os que
nha bôca, um hino ao nosso Deus. se comprazem com os meus males.
10. Em udecí. . . Resignei-rne a sofrer e a caiar, porque assim ordenaste que eu so­
fresse {tu o fizeste).
Salmo X X X I X * — 3. F o s s a ... pântano são símbolos de perigo gravíssim o de que
e difícil sair. Pelo contrário pedra firm e simboliza o bem estar, sem perigo.
4. U m novo cântico é o bino contido nos versículos 6-11 — Muitos levados pelas
minhas palavras, temerão a Deus e esperarão nêle.
7. N ã o quiseste. . . Deus tinha exigido êsse sacrifício, porém, neste texto e noutros
análogos, encontra-se um modo enérgico de a firm ar que as ofertas m ateriais nao têm
nenhum valor por si mesmas, e que Deus as rejeita com horror, se sáo apresentadas
•com disposições imperfeitas. — M as a briste-m e. .. deste-me a g raça de te obedecer
Prontamente.
630 OS SALMOS 39 - 41
16Fiquem atônitos, cheios de vergo­ °Os meus inimigos dizem mal de
nha, aquêles que me dizem: “ Bem! mim: “ Quando morrerá e perecerá o
bem !” seu nome?”
17Regozijem-se e alegrem-se em ti 7E o que vem visitar-me fala de
todos os que te buscam, e os que coisas vãs, o seu coração acumula ini-
desejam o teu auxílio digam sem­ qüidades, e, saindo fala (contra m im ).
pre: “ Seja glorificado o Senhor” . 8Todos os meus inimigos à uma co­
18Quanto a mim sou desvalido e po­ chicham contra mim, têm contra mim
bre; o Senhor, porém tem cuidado funestos pensamentos.
de mim. Tu és (6 Senhor) o meu
auxílio e o meu libertador; Deus °“ Uma peste maligna penetrou nê-
meu, não tardes! le” e “ caiu de cama e nunca mais se
levantará” .
Confiança e súplica dum enfêrmo
10Até o meu amigo, em quem eu
 ft M.0 mestre do côro. Salmo. confiava, e que comia o meu pão,
De Davi. levantou contra mim o seu calcanhar.
2Bem-aventurado o que cuida do nTu pois, Senhor, tem compaixão
necessitado e do pobre; o Senhor o de mim e levanta-me, e eu lhes darei
salvará no dia mau. (o que merecem ).
30 Senhor o guardará e lhe con­ 12Nisto conhecerei eu que tu me fa ­
servará a vida, e o fará feliz na ter­ voreces, se o meu inimigo se não ale­
ra, e não o entregará ao desejo dos grar à minha custa.
seus inimigos.
40 Senhor lhe dará auxílio no lei­ 13Antes, ao contrário, me conserva­
to da dor; na sua enfermidade, ali- rás incólume, e me porás na tua pre­
viá-lo-á de todo o incômodo. sença para sempre.
5Eu disse: Senhor, compadece-te de USeja bendito o Senhor, Deus de
mim; sara-me, porque pequei contra Israel pelos séculos dos séculos. As­
ti. sim seja! Assim seja!

LIVRO SEGUNDO
Desejo de Deus e do seu santo templo de dia e de noite, enquanto me di­
zem todos os dias: “ Onde está o teu
A1 xA o mestre do Côro. D e Maskil, Deus?”
dos filhos de Coré. 5Lembro-me destas coisas, e der-
2Assim corno o cervo suspira pelas ramo a minha alma dentro de mim
fontes das águas, Assim a minha al­ mesmo: como avançava entre a mul­
ma suspira por ti, ó Deus. tidão, como os precedia para a casa
*A minha alma tem sêde de Deus, de Deus, entre cânticos de alegria e
de Deus vjvo: Quando irei e contem­ de louvor, em côro festivo.
plarei a face de Deus? *Por que te deprimes, minha alma
4As minhas lágrimas são o meu pão e por que te conturbas dentro de
salm o X L — 7-8. Descrição viva da piedade hipócrita dos inimigos.
14. Doxologia distinta do salm o, e que serve de conclusão ao primeiro livro.
salm o X L I — 1. Êste titulo indica a natureza e o autor do salmo. Ê um c&ntico
didático composto pelos filhos ou membros da fam ília de Coré, que também compu­
seram os salmos X L III, X L V I I I , L X X X III, L X X X Iv , L X X X V I e L X X X v II.
5. Lem bro-m e do tempo passado, em que ia ao templo tom ar parte nas cerimônias
públicas do culto divino. Derram o a minha a lm a ... penso tristemente no meu interior.
6. O hei de louvar no templo de Jerusalém, como outrora.
41 - 43 OS SALMOS 631
m im t Espera em Deus, porque no- de m im ? Espera em Deus, porque
vam ente o hei de louvar, (a ele que novamente o hei de louvar, (a ele que
é a) salvação do meu rosto 7e o meu é) a salvação do meu rosto, e o meu
Deus. Dentro de mim mesmo se de­ Deus.
prime a minha alma: pelo que me O povo, outrora protegido por Deus e
lembro de ti, desde a terra do Jor­ agora repudiado, pede auxilio
dão e do Hermon, desde o monte Mi-
sar. 40 *Ao mestre do côro. Dos filhos
8Um abismo chama outro abismo, de Coré. Maskil.
ao ruído das tuas cataratas: todas 2Nós, ó Deus, ouvimos com os nos­
as tuas vagas e as tuas torrentes pas­ sos próprios ouvidos, nossos pais con­
saram sobre mim. taram-nos a obra que fizeste nos seus
°Durante o dia o Senhor me con­ dias, nos tempos antigos.
ceda a sua graça, e de noite eu can­ 3Tu, com a tua mão, expulsas as
tarei, louvarei ao Deus da minha gentes, os estabeleceste a êles (em
vida. seu lu g a r); destruídas as nações, os
10Digo a Deus: “ Meu Rochedo, por dilataste.
ue te esqueces de mim? E por que 4Porque não foi com a sua espada
ei de andar triste, sob a opressão de que conquistaram êste país, nem foi
inim igos?” o seu braço que os salvou, mas a tua
"Fraturam-se os meus ossos, quan­ dextra e o teu braço, e a serenidade
do os meus adversários me ultrajam, do teu rosto, porque os amaste.
uando todos os dias me dizem “ on- ®Tu és o meu rei e o meu Deus,
e está o teu Deus?” tu que deste as vitórias a Jacó.
12P o r que te deprimes, minha al­ °Por ti rechaçamos os nossos ad­
ma f e por que te conturbas dentro versários, e em teu nome calcamos
de mim ? Espera em Deus, porque os nossos agressores.
novamente o hei de louvar, (a êle 7Porque não foi no meu arco que
que é) a salvação do meu rosto, e puz confiança, nem foi a minha es­
D meu Deus. pada que me salvou.
8Mas fôste tu que nos salvaste dos
Desejo de habitar na casa de Deus nossos adversários, e confundiste os
que nos tinham ódio.
A O ‘Faze-me justiça, ó Deus, e de- °Ern Deus nos gloriávamos sem
fende a minha causa contra cessar, e o teu nome celebrávamos
uma gente não santa, livra-me do sempre.
homem enganador e iníquo. 10Mas tu agora repeliste-nos e co­
2Porque tu és, ó Deus, a minha briste-nos de confusão, já não sais,
fortaleza; por que me repeliste? P o r ó Deus, à frente dos nossos exérci­
■que hei de eu andar triste sob a o- tos.
pressão do meu inimigo? “ Fizeste-nos ceder diante dos nos­
3Envia a tua luz e a tua fidelida­ sos adversários, encheram-se de des-
de: elas me guiem, me conduzam ao pojos.
teu monte e aos teus tabernáculos. 12Entregaste-nos como ovelhas para
4E subirei ao altar de Deus, ao o matadouro, e dispersaste-nos entre
Deus do meu júbilo e da minha ale- as nações.
gria, e te louvarei ao som da cita­ 13Vendeste o teu povo por preço vil
ra, ó Deus, Deus meu! e pouco lucraste em o ter vendido.
SP o r que te deprimes, minha al­ 14Tornaste-nos o opróbrio dos nos­
ma? e por que te conturbas dentro *1 8 sos vizinhos, e um objeto de escárnio
8. XJm abismo. A s vagas do oceano e as ondas das correntes de águ a sucedem-se
regularmente, como que chamando-se umas às outras; assim acontecia com as desventu­
ras, precipitando-se sôbre D avi.
11. F raturam -se. . . M etáfora que designa um a dor suprema. Encontra-se várias vê-
:zes no saltério.
Salmo X L I I — 2. P o r que me repeliste. Tendo a certeza de que am a a Deus e de
que é am ado por êle, o poeta estranha que o trate como um inimigo.
Salmo X L I I I — 1. v e r nota, Salmo X L I, 1.
632 OS SALMOS 43 - 44
e zombaria para aquêles que estão 2Saiu do meu coração uma palavra
ao redor de nós. sublime: é que eu dedico ao rei êste
15Fizeste de nós a fábula das na­ meu poema: a minha língua é (co ­
ções, os povos abanam a cabeça, es­ m o) pena de ágil escriba.
carnecendo de nós. 3Ultrapassas em formosura os filhos
10A minha ignomínia está todo o dos homens, e graça derramou-se
dia diante de mim,, e o meu rosto nos teus lábios; por isso te abençoou
cobre-se de confusão, Deus para sempre.
17à voz do que me afronta e vitu- 4Cinge a tua espada ao teu lado,
pera, por causa do inimigo e do o- ó (re i) poderosíssimo! (ela é) tua
pressor. formosura e teu ornato!
18Tôdas estas coisas vieram sôbre “Avança triunfante em prol da fé
nós, e, ainda assim, não nos temos e da justiça, e a tua dextra te ensi­
esquecido de ti, nem violamos o teu ne gloriosas façanhas.
pacto. °As tuas setas são agudas; os po-
“ nem o nosso coração tornou atrás vos submetem-se a ti, os inimigos do
(para seguir os falsos deuses), nem rei perdem o ânimo.
se desviaram os nossos passos do teu 70 teu trono, ó Deus, subsistirá
caminho. por todos os séculos; o cetro do teu
“ quando nos humilhaste no lugar reino é um cetro de eqüidade.
da aflição, e nos cobriste de trevas. 8Amas a justiça, e aborreces a ini-
21Se tivéssemos esquecido o nome qüidade: por isso te ungiu Deus, o
do nosso Deus, e tivéssemos estendi­ teu Deus, com óleo de alegria, de pre­
do as mãos para algum deus estra­ ferência aos teus companheiros.
nho, 9 (P erfu m e de) mirra, de aloés
“ porventura Deus não teria averi­ de cássia (exalam ) os teus vestidos;
guado tudo isto? êle que conhece os desde os palácios de m arfim o som das
segredos do coração. citaras te alegra.
23Mas, por amor de ti, somos entre­ “ Filhas de reis saem ao teu en­
gues à morte todos os dias, somos contro, a rainha está à tua dex-
considerados como ovelhas para o tra, ataviada com ouro de Ofir.
matadouro. “ Escuta, ó filha, e vê, e inclina
“ Desperta! Por que dormes, Se­ o teu ouvido, e esquece-te do teu
nhor? Acorda! Não nos rejeites para povo e da casa de teu pai.
sempre! 12E o rei cobiçará a tua beleza: êle
“ Porque escondes o teu rosto? é o teu Senhor, presta-lhe homena­
(p or que) te esqueces da nossa m i­ gem.
séria e da nossa opressão? lsO povo de T iro vem com presen­
“ Porquanto a nossa alma está hu­ tes; o teu favor imploram os grandes
milhada até ao pó, e o nosso peito do povo.
está como que pegado à terra. 14A filha do rei entra tôda formo­
27Levanta-te, Senhor, em nosso au­ sa; tecidos de ouro são os seus ves-
xílio, e livra-nos pela tua miseri­ tidos.
córdia. 15Ê apresentada ao rei coberta de
Epitalârnio ao Rei Messias
recamadas telas; as virgens que for­
mam o seu séquito, suas companhei­
AA mestre do côro. Segundo ras, são-te conduzidas (6 re i).
’ ’ a melodia de “ Os lírios” . Dos 16São conduzidas com alegria e com
filhos de Coré. Maskil. Canção de regozijo, e entram no palácio do rei.
amor.32 17Aos teus pais sucederão os teus
23. P o r amor de ti, p a ra defender, a tua causa sagrada, ó Senhor, sujeitamo-nos,
todos os dias, a perigos de morte.
Salmo X L I v — 2. A o rei; ao Messias, rei do céu e da terra.
8. o teu D eus, isto é, Deus, Pai, 6 Deus, ó Messias. Nestas palavras encontra-se um
argumento para demonstrar a pluralidade das pessoas divinas.
10. Filhas de reis simbolizam, segundo os santos Padres, as nações pag&s que se
converteram a Jesus Cristo. — A rainha é a Igreja.
17. Teus filhos dignos de ti, nos quais reavivem as virtudes dos antepassados. Êstes
44 - 47 OS SALMOS 633
filhos: estabelecê-los-ás príncipes sô- sporque o Senhor é excelso e terrí­
bre toda a terra. vel, rei supremo sobre tôda a terra.
18Recordarão o teu nome por tôdas 4Submeteu os povos a nós, e (pôs)
as gerações; por isso os povos te lou­ as nações debaixo dos nossos pés.
varão pelos séculos dos séculos. 5Escolhe para nós a nossa herança,
a glória de Jacó seu predileto.
Deus nossa defesa e nossa fôrça 6Sobe Deus entre (vozes de) júbi­
lo, o Senhor ao som da trombeta.
4 ÍÍ *Ao mestre do côro. Dos fi- 7Cantai salmos a Deus, cantai; can­
lhos de Coré. Segundo a me­ tai salmos ao nosso rei, cantai.
lodia “ As Virgens...” Cântico. 8Porque Deus é o rei de tôda a
2Deus é nosso refúgio e nossa fôr- terra, cantai um hino.
ça; em extremo se tem mostrado 9Deus reina sôbre as nações, Deus
(nosso) auxílio nas angústias. está sentado sôbre o seu santo tro­
3P or isso não tememos, ainda que no.
a terra se subverta, e caiam os mon­ 10Os príncipes dos povos reuniram-
tes para o meio do mar. se com o povo do Deus de Abraão.
4Bramem e increspem-se as suas Porque de Deus são os grandes da
águas; estremeçam os montes ao seu terra, êle imensamente excelso.
embate: O Senhor dos exércitos está
conosco, é uma cidadela para nós o A glória de Deus manifestada na
Deus de Jacó. libertação da cidade (de Jerusalém)
*As correntes dum rio (de graças) A l 1Cântico. Dos filhos de Coré.
alegram a cidade de Deus, o taber- ’ • Salmo.
nâculo mais santo do Altíssimo. 2Grande é o Senhor e muito digno
°Deus está no meio dela, não será de louvor, na cidade do nosso Deus.
comovido; Deus a ajudará desde o Seu monte santo, 3colina insigne, é
raiar da manhã. a alegria de toda a terra; o monte
7As nações se amotinaram, os rei­ de Sião, nos confins do aquilão, é a
nos se agitaram; (D eus) fêz ouvir a cidade do grande rei.
sua voz e a terra estremeceu. 4Deus nas suas cidadelas mostrou-
80 Senhor dos exércitos está conos­ se seguro baluarte.
co; o Deus de Jacó é a nossa cidadela. "Porque eis que os reis se coliga­
9Vinde, e vêde as obras do Senhor, ram, acometeram juntos (contra ela).
as maravilhas que operou sôbre a 6Logo que a viram ficaram atôni­
terra. tos, ficaram conturbados, fugiram.
10É êle quem reprime as guerras 70 terror apoderou-se dêles ali mes­
até à extremidade do mundo, que­ mo, (sentiram ) dores como da mu­
bra os arcos e faz em pedaços as lher que está de parto.
lanças, e queima ao fogo os escudos. 8como quando o vento do levante
“ ^Desisti e reconhecei que eu sou destroça as naus de Tarsis.
Deus, excelso entre as gentes, e excel- 9Como o ouvimos (de nossos pais),
so sôbre (tôda) a terra. assim o vimos, na cidade do Senhor
120 Senhor dos exércitos está co­ dos exércitos, na cidade do nosso
nosco; o Deus de Jacó é a nossa ci­ Deus: Deus a consolida para sem­
dadela. pre.
Deus, rei vitorioso, sobe ao trono 10Comemoramos, ó Deus, a tua mi­
sericórdia, dentro do teu templo.
4U 2A o mestre do côro. Dos filhos “ Como o teu nome, ó D^us, assim
de Coré. Salmo. também o teu louvor se estende até
2Povos, dai todos palmas em aplau­ aos confins da terra. A tua dextra
so; aclamai Deus com vozes de rego­ está cheia de justiça:
zijo, 12alegre-se o monte de Sião, rego-

filbos do M essias s&o os Apóstolos, encarregados de levar o Evangelho a tôdas as na­


ções. ( Príncipes sôbre tôda a terra).
salm o X L v I — 6. Sobe D e u s ... Deus como que tinha descido à terra p ara defen­
der o seu povo, e em seguida subiu ao céu entre (vozes) de júbilo. Ê um a linguagem
simbólica.
634 OS SALMOS 47 - 49
zijem-se as cidades de Judâ, por “ Como (u m rebanho de) ovelhas
cauua dos teus juízos. são postos nos infernos; a morte os
13Visitai Sião, e andai à sua volta, apascenta, e os justos os dominam.
contai as suas torres. Depressa desaparecerá a sua figura,
“ Contemplai as suas defesas, per­ os infernos serão a sua morada.
correi as suas fortalezas, para que 10Deus, porém, resgatará a minha
narreis às gerações vindouras alma dos infernos, pois me tomará
15quão grande é Deus. É o nosso consigo.
Deus, eternamente e para sempre: 17Não te dê cuidado quando alguém
êle nos guiará. enriquecer, e quando crescer a opu­
lência da sua casa:
Problema da prosperidade dos iniquos “ porque, em morrendo, nada leva­
rá consigo, nem a sua opulência des­
jfi *Ao mestre do côro. Dos filhos cerá com êle.
de Coré. Salmo. 19Ainda que em vida se tenha fe ­
2Ouvi, tôdas, isto, ó nações; estai licitado (dizendo) : “ Hão de celebrar-
atentos, vos todos que povoais a ter­ te, porque te trataste bem” ,
ra, “ irá para a morada de seus pais,
3tanto os nascidos de plebeus, co­ que jamais verão a luz.
mo os nobres, à uma juntamente o 210 homem que vive na opulência
rico e o pobre. e nao reflete, é semelhante às alimá-
4A minha bôca vai proferir sabe­ rias que perecem.
doria, e a meditação do meu cora­
ção (manifestará) a clareza. Verdadeiro culto de Deus
“Inclinarei o meu ouvido ao pro­
vérbio, resolverei o meu enigma ao 4Q %&almo. De Asaf. O Deus, o
som da lira. Senhor falou, e convocou a
°Por que hei de temer eu nos dias terra desde o oriente até ao ociden­
maus, quando me circunda a iniqüi- te.
dade dos insidiadores, 2Desde Sião, a cheia de beleza, Deus
7que confiam na sua opulência, e se resplandeceu;
gloriam na multidão das suas ri­ 8ele, o nosso Deus, vem, e não fi­
quezas? cará em silêncio. Um fogo devora-
8N a verdade, ninguém pode livrar- dor o precede, e ruge a tempestade
se a si próprio, nem dar a Deus o em tôrno dêle.
preço do seu resgate; 4Chama do alto os céus e a terra,
°o livrar a própria vida é coisa para julgar o seu povo:
muitíssimo cara e nunca bastará, ' “ Congregai diante de mim os meus
10para que possa viver, sempre, sem santos, que firm aram a minha alian-
ver a morte. ça com o sacrifício” .
uPois verá que morrem os sábios, 6E os céus anunciam a sua justiça,
o insensato e o néscio perecem i- porquanto o próprio Deus é o juiz.
gualmente, e deixam a outros as suas 7“ Ouve meu povo, e eu falarei; ou­
riquezas. ve Israel, e eu darei testemunho con­
12Os sepulcros serão as suas habi­ tra ti: Deus, o teu Deus sou eu.
tações para sempre, suas moradas de 8Não te repreendo por causa dos
geração em geração, posto que te­ teus sacrifícios, porque os teus holo-
nham dado os seus nomes a regiões caustos estão sempre diante de mim.
inteiras. °Não receberei de tua casa bezerro,
13Pois o homem não permanecerá nem cabritos, dos teus rebanhos:
na opulência: é semelhante às alimá- 10porque são minhas tôdas as fe ­
rias que perecem. ras das selvas, milhares de animais
14Êste ê o caminho dos que presu­ há nos meus montes.
mem nèsciamente, e êste é o fim .dos “ Conheço (com o s e u dono q u e s o u )
que se deleitam na sua sorte. tôdas as aves do céu, e tudo o que
Salm o X L v I I I — 20. A m o ra d a ..'. isto é, o sepulcro.
Salm o XLIX — 3. N ã o ficará em silêncio. A aparição divina será acompanhada,
como do costume, do ruidoso fulgor do raio.
49 - 50 OS SALMOS 635
se move nos campos me é conhecido, 4Lava-me inteiramente da minha
12Se tiver fome, não to direi a ti, culpa, e purifica-me do meu pecado.
porque meu é o universo e aquilo 5Porque eu reconheço a minha mal­
que o enche. dade, e o meu pecado está sempre
«porventura comerei a carne dos diante de mim.
touros, ou beberei o sangue dos ca­ °Pequei contra ti só, e fiz o que é
britos? mau diante dos teus olhos, para
140ferece a Deus um sacrifício de que te manifestes justo na tua sen­
louvor; e paga ao Altíssimo os teus tença, reto no teu juízo.
votos. 7Eis que nascí na culpa, e minha
15E invoca-me no dia da angústia: mãe concebeu-me no pecado.
livrar-te-ei, e tu me honrarás” . 8Eis que te comprazes na sinceri­
16Mas, ao pecador diz Deus: “ Por dade do coração, e no meu íntimo
que relatas tu os meus preceitos, e me ensinas a sabedoria.
tens (constantemente) a minha a- 9Asperge-me com o hissope, e serei
liança na tua bôca? purificado; lavar-me-ás, e me torna­
17Tu que aborreces a disciplina, e rei mais branco que a neve.
rejeitaste as minhas palavras! 10Faze-me sentir gozo e alegria, e-
18Se vias um ladrão, corrias com xultem os ossos que quebrantaste.
êle, e fazias sociedade com os adúl- ^Aparta o teu rosto dos meus pe­
teros. cados, e apaga tôdas as minhas cul-
19Soltavas a tua bôca para o mal, pas.
e a tua língua urdia enganos. 12Cria em mim, ó Deus, um cora­
“ Estando sentado, falavas contra ção puro, e renova em mim um es­
teu irmão e difamavas o filho da tua pírito firme.
mãe. 13Não me arremesses da tua pre-
“ Isto fizeste, e eu hei de calar- senpa, e não retires de mim o teu
me? julgaste que eu sou semelhan­ espirito santo.
te a ti? argüir-te-ei, e porei (tu do) 14Dá»me a alegria da tua salvação,
diante dos teus olhos. e conforta-me com um espírito ge­
“ Entendei, isto, vós que vos esque­ neroso.
ceis de Deus, não suceda que vos
arrebate, e não haja quem vos sal­ . “ Ensinarei aos iníquos os teus ca­
ve. minhos, e os pecadores se converterão
“ O que oferece sacrifício de louvor a ti.
(é o que) me honra, e ao que cami­ 16Livra-m e da pena do sangue, 6
nha com retidão, m ostrarei'a salva­ Deus, Deus meu salvador: a minha
ção de Deus” . língua exulte com a tua justiça.
17Senhor, abrirás os meus lábios,
Confissão, promessa e súplica do
pecador penitente
e a minha bôca anunciará os teus lou­
vores.
CA zA o mestre do côro. Salmo. 18Porque não te apraz o sacrifício,
D e Davi. 2Quando o profeta e se te oferecesse um holocausto,
Natan fo i ter com ele depois de ha­ não o aceitarias.
v er pecado com Betsabéia. 190 meu sacrifício, Ó Deus, é um
aTem piedade de mim, ó Deus, se­ espírito contrito, não desprezarás 6
gundo a tua misericórdia; segundo Deus, um coração contrito e humi­
a multidão das tuas clemências, apa­ lhado.
ga a minha iniqüidade. 20Senhor, sê benigno com Sião por

Salmo L — 6. P e q u e i... Os pecados cometidos contra o próximo, corno foram os


de D avi, ofendem mais a Deus do que o homem, porque tôda a lei m oral e todo o
direito do homem vem de Deus. P o r isso o perdão dado por Deus, mesmo sem o per­
dão do homem ofendido, não pode ser considerado um a injustiça.
16. L ivra -m e do castigo, que mereço por causa do sangue de U rias, que fiz derram ar.
18. P a r a o homicídio e adultério não estavam prescritos nem era costume oferecer
sacrifícios propiciatórios, visto que êstes crimes eram castigados com a morte, que não
podia ser inflingida a D a v i por ser rei.
20-21. Quando o povo, no tempo de Neemias, pedia a Deus perdão das próprias
culpas, com o canto dôste salmo, acrescentou esta últim a súplica.
636 OS SALMOS 50 - 54
tua bondade, reconstruindo os muros 5Porventura não cairão em si os
de Jerusalém. que praticam a iniquidade, os que
«Então aceitarás os sacrifícios legí­ devoram o meu povo como quem co­
timos, as oferendas e os holocaustos; me pão, que não invocam a Deus?
então oferecerão bezerros sobre o teu 6Tremeram de rnêdo onde não ha­
altar. via que temer, porque Deus disper­
sou os ossos dos que te assediavam,
Contra um caluniador prepotente foram confundidos, porque Deus os
C1 M.0 mestre do côro. Maskü. regeitou.
8 ,1 De Davi, Sdepois que Doeg I - 7Oh! venha de Sião a salvação de
dumeu fo i inform ar Saul, dizendo: Israel! Quando Deus mudar a sor­
Davi entrou em casa de Aquimelec. te do seu povo, regozijar-se-á Jacó,
8P or que te glorias da tua malícia, alegrar-se-á Israel.
ó infame prepotente? A tôda a hora Implorando o auxilio de Heus contra
4maquinas a perdição, a tua lín­ os inimigos
gua é como navalha afiada, Ó tra fi­
cante de enganos. ÇO lA o mestre do côro. Para ins-
5Amas mals o mal que o bem, a trumentos de corda. Maskil. «
mentira mais do que dizer o que é D e Davi, depois que os Zifeus foram
justo, ter com Saul e lhe disseram:
6Amas tôdas as palavras pernicio­ *“ Eis que D avi está escondido entre
sas, Ó língua enganadora! nos” .
7P or isso Deus te destruirá, te a- 3Salva-me, ó Deus, por teu nome,
fastará para sempre, te arrancará da e com o teu poder defende a minha
tua tenda, e te aesarraigará da ter­ causa.
ra dos vivos. 4Ouve, Ó Deus, a minha oração;
8Ve-lo-ão os justos, e temerão, e atende às palavras da minha bôea.
dêle se rirão dizendo: “Porque os soberbos levantaram-se
9“ Eis o homem que não tomou a contra mim, e homens violentos bus­
Deus por sua fortaleza, mas que es­ caram a minha vida; não puseram
perou na multidão das suas riquezas, a Deus diante dos seus olhos.
e prevaleceu por seus crimes” . °Mas eis que Deus vem em meu
10Eu, porém, sou como a oliveira auxílio, e o Senhor sustenta a minha
verdejante na casa de Deus, confio vida.
na misericórdia de Deus para sem­ 7Faze recair os males sôbre os meus
pre. inimigos, e extermina-os por tua fide­
«Louvar-te-ei (Senhor) cternamen- lidade.
te, porque atuaste, e pregarei o teu 8Eu te oferecerei um sacrifício vo
nome diante dos teus santos, porque lutário, celebrarei o teu nome, Se­
é bom. nhor, porque é bom.
Corrupção geral e respectivo castigo •Porquanto tem-me livrado de tô-
da a tribulação, e os meus olhos v i­
CO 'A o mestre do côro. Segundo a ram confundidos os meus inimigos.
melodia de “ Mahalat” , Mae- Contra inimigos e falsos amigos
kil. De Davi.
D iz o néscio no seu coração: “ Não CA 'A o mestre do coro. Para ins-
há Deus” . trumentos de corda. Maskil.
2Perverteram -se (os homens), co­ D e Davi.
meteram ações abomináveis; não há 2Ouve, ó Deus, a minha oração, e
quem faça o bem. não te subtraias à minha súplica,
3Deus olhou do céu sôbre os filhos 3atende-me, e ouve-me. Ando agi­
dos homens, para ver se há quem tado na minha angústia, c estou con-
tenha senso e busque a Deus. turbado 4por causa da voz do inimi­
4Todos juntamente se transviaram, go, (p o r causa) da vozearia do peca­
se perverteram; não há quem faça dor. Porque fazem cair a desgraça
o bem, n ã o h á sequer um s ó . sôbre mim, e acometem-me com ira.
salmo L I — 4. Como navalha afiada, que corta quando se pensa.
54 - 55 OS SALMOS 637
50 meu coração estâ perturbado 22Mais brando que a manteiga se
dentro de mim, e um pavor de mor­ manifesta o seu semblante, porém o
te cai sôbre mim. seu coração quer a guerra. As suas
0O temor e o tremor vêm sôbre palavras são mais suaves que o a-
mim, e o espanto me envolve. zeite, porém, (na realidade), são es­
7E digo: Oh! se eu tivesse asas co­ padas desembainhadas.
mo a pomba, levantaria vôo e encon­ “ Descarrega sôbre o Senhor os teus
traria descanso! cuidados, e êle te sustentará: não
8Sim, fugiria para longe, permane- permitirá jamais que o justo vacile.
ceria no deserto. 24E tu, ó Deus, os conduzirás ao
9Apressar-me-ia a buscar um refú­ poço da perdição: os homens sangui­
gio, contra o furacão e a tempestade. nários e enganadores não chegarão
10Dispersa, Senhor, divide as suas à metade dos seus dias, eu, porém,
línguas; porque vejo a violência e a espero em ti, Senhor.
discórdia na cidade:
nDia e noite a rondam sôbre seus Confiança em Deus do homem oprimido
muros, e a iniqüidade e a opressão ÇÇ M.0 mestre do côro. Segundo a
estão no meio dela. melodia de UYônafelem reho-
12No meio dela armam-se ciladas, quim” . De Davi. Mitkãm. Quando
e não deixam as suas praças a injú­ os Filisteus o prenderam em Gat.
ria e a fraude. T e m piedade de mim, ó Deus, por­
13Se me tivesse ultrajado um ini­ que um homem me calcou aos pés;
migo, eu o teria suportado por cer­ combatendo sempre me oprime.
to, se se tivesse levantado contra 3Os meus inimigos atropelam-me
mim, aquêle que me tem ódio, eu continuamente, porque são muitos os
me teria escondido dêle. que pelejam contra mim, ó Altís­
14Mas eras tu, meu companheiro, simo,
meu amigo e meu familiar. 4quando o temor me invadir, eu po­
l5com quem vivia em doce intimi­ rei a minha confiança em ti.
dade, e andava na casa de Deus, 6Ern Deits, cuja promessa exalto,
entre a multidão em festa. em Deus confio, nao tem erei: que
10Venha a morte sôbre êles, e des­ poderá contra m im um homem m or­
çam vivos aos infernos, porque a tal?
malícia está nas suas moradas, no 6Todo o dia me difamam, todos os
meio deles! seus pensamentos são contra mim,
17Eu porém clamarei a Deus, e o para me fazerem mal.
Senhor me salvará. 7Juntam-se, armam ciladas, espiam
18De tarde, de manhã e ao meio- os meus passos, procurando tirar-me
dia me lamentarei e gemerei, e êle a vida.
ouvirá a minha voz. 8Dá-lhes o pago da sua iniqüidade,
19Restituirá a paz à minha alma, em tua indignação derriba êsses po­
livrando-a dos que me assaltam, por­ vos, ó Deus.
que são muitos contra mim. °Tu anotaste os caminhos do meu
20Deus me ouvirá, e humilhá-los-á destêrro; recolheste as minhas lágri
aquêle que reina desde sempre; por- mas no teu odre; não estão elas con­
ue não há mudança nêles (para o signadas no teu livro?
em ), nem temem a Deus. 10Hão de retroceder os meus inimi­
21Estende cada qual as suas mãos gos, sempre que eu te invocar; eu o
contra os seus familiares, viola o seu sei muito bem, porque Deus está por
Pacto. mim.
Salmo L I v — 13-15. Entre tantos males o que mais aflige o coraç&o é ‘ a am izade
pèrfidamente atraiçoado.
16. Desçam viv o s . .. isto ê, m orram sübitamente estando de saúde.
21. A infidelidade dos am igos contrista-o m ais que as ciladas dos inimigos.
23. s&o palavras que o pérfido diz ao seu adversário p ara o adormecer numa fa ls a
segurança.
salm o L v — 5. Espécie de estribilbo, que se repete no vers. 11. Ê um grito de
confiança e de esperança.
638 OS SALMOS 55 - 57

nE m Deus, cuja promessa exalto, nhor; entoar-te-ei salmos entre as


em Deus confio, nao tem erei: que nações;
poderá fazer contra mim um homem “ porque a tua misericórdia é gran­
mortal? de até ao céu, e a tua fidelidade, até
12Estou obrigado, 6 Deus, aos votos às nuvens.
que te fiz, oferecer-te-oi sacrifícios i2Manifesta-te excelso, Ô Deus, a-
de louvor, cima dos céus, e brilhe a tua glória
13porque livraste a minha alma da sobre tôda a terra.
morte, e os meus pés, da queda, para
que eu ande na presença de Deus à Contra os juizes injustos
luz dos viventes.
Ç7 *Ao mestre do côro. Segundo
Cheio de confiança no meio da o melodia de “Nao destruas...”
perseguição De Davi. Miktam.
2Porventura, ó poderosos, fazeis
££{ lAo mestre do côro. Segundo justiça? porventura, ó filhos dos ho­
a melodia de “ Nao destruas...” mens, é com retidão que julgais?
De Davi. Miktam. Quando, fugindo 3Ao contrário, vós cometeis iniqüi-
de Saul, se escondeu numa caverna. dades no coração, e as vossas mãos es­
2Tem piedade de mim, ó Deus, tem palham injustiças na terra.
piedade de mim, porque a minha al­ 4Extraviaram-se os ímpios desde o
ma se refugia ein ti. E à sombra seio materno, erraram, desde o seu
das tuas asas me acolho, até que pas­ nascimento, os que falam mentira.
se a calamidade. 5Têm um veneno semelhante ao
' 3Clamo ao Deus Altíssimo, ao Deus veneno das serpentes, ao veneno da
que tanto bem me tem feito. áspide (que se faz) surdo, que fecha
4Envie do céu (o seu a u xilio), e os seus ouvidos,
salve-me, cubra de opróbrio os que °para não ouvir a voz dos encanta­
me perseguem; envie Deus a sua dores, do encantador que encanta
graça e a sua fidelidade. com mestria.
5Estou jazendo no meio dos leões, 7Ó Deus, quebra-lhes os dentes na
que devoram com avidez os filhos sua própria bôca; ó Senhor, quebra
dos homens. São lanças e setas os as queixadas desses leões.
seus dentes, e espada afiada é a sua 8Desapareçam, como as águas que
língua. correm; se atirarem as suas setas,
*Manifesta-te excelso, 6 Deus, sô- que fiquem embotadas.
bre os céus, e brilhe a tua gloria por 9Passem como a. lesma que se vai
tôda a terra. dissolvendo, como aborto de mulher,
7Armaram laços aos meus pés, e que não viu o sol.
deprimiram a minha alma. Cava­ 10Mais depressa do que as vossas
ram diante de mim uma cova: (eles panelas sintam o fogo do esjpinheiro
mesmos) caiam nela. verde, sejam êies arrebatados pelo
80 meu coração, ó Deus, esta fir ­ vendaval.
me, o meu coração está firm e; can­ “ Alegrar-se-á o justo ao ver a vin­
tarei e entoarei salmos. gança; lavará os seus pés no sangue
9Desperta minha alma; despertai do lmpio.
saltério e citara; eu despertarei a au­ 12E os homens dirão: ‘'Deveras há
rora. recompensa para o justo, deveras há
10Louvar-te-ei entre os povos, Se­3 1 um Deus que julga sôbre a terra".
13. Ã luz dos viventes ê a vida presente, a existência terrena.
Salmo L v l — 1. Não destruas. Estas palavras, que também se encontram no prin­
cipio dos salmos L v I I , L V I I I , e L X X IV , sâo, segundo alguns comentadores, as pri­
meiras palavras dum canto cuja melodia se devia aplicar a êstes quatro poemas.
9. Despertarei a aurora, levantar-m e-ei tâo cedo que pareça despertar a aurora, para
que também ela louve a Deus.
Salmo L v I I — 5-6. o seu coração está como que envenenado, j á nâo quer ouvir
conselhos nem repreensões.
7-10. Im agens muito expressivas.
58 - 59 OS SALMOS 639

Contra os inimigos rapaces e 1‘Extermina-os na tua indignação,


sanguinários extermina-os, para que não mais exis­
tam, a fim de que se saiba que Deus
CQ 1Ao mestre do côro. Segundo reina sôbre Jacó e até aos confins
00 a melodia de “ Não destruas...^ da terra.
De Davi. Miktãrn. Quando Saul 15Voltam à tarde, ladram como cães
mandou vigiar a sua casa para o ma­ e percorrem a cidade;
tar. 16Vagueiam à busca de comer; se
2Livra-me, meu Deus, dos meus não se fartarem, soltam uivos.
inimigos, defende-me dos que se le­ 17Eu, porém, cantarei a tua forta­
vantam contra mim. leza, e de manhã exultarei em tua
3Livra-me dos que praticam a ini- misericórdia, porque fôste um ampa­
qüidade, e salva-me dos homens san­ ro para mim, e um refúgio no dia
guinários. da minha angústia.
4Porque eis que armam ciladas à 1SEu te cantarei salmos, fôrça m i­
minha vida, conspiram contra mim nha, porque tu, ó Deus, és a minha
os poderosos. Não há crime em mim, defesa, o meu Deus, a minha mise­
nem pecado, ó Senhor: ricórdia.
5sem que eu tenha culpa, irrom­
pem e agridem-me. Desperta, vem Lamentação, confiança e preces depoi»
ao meu encontro, e considera (a m i­ da derrota do povo
nha inocência),
6pois tu, Senhor dos exércitos, és CQ *Ao mestre do côro. Segundo
o Deus de Israel. Desperta, castiga a melodia de “ O lírio da lei...” :
todos êsses povos, não lenhas pieda­ Miktãm. De Davi. Didático. Quan­
de de nenhum dêsses péríidos. do
7Voltam à tarde, ladram como cães Ssaiu a pelejar contra Aram Naha-
e percorrem a cidade; rim, e contra Aram de Sobá, e quan­
8Eis que se lisongeiam com a sua do Joab no regresso, derrotou os Idu-
bôca, há injúrias nos seus lábios: meus, 12.000 homens, no vale do sal.
“ Pois quem é que nos ouve?" 3ó Deus, repeliste-nos, e destruíste
°Mas tu, Senhor, estás a rir-te dê- os nossos esquadrões, tu te iraste:
les, zombas de todas essas gentes. restaura-nos.
10Fôrça minha, para ti me volto, 4Abalaste a terra (de Israel) e a
porque tu, 6 Deus, és a minha cida­ fendeste; repara as suas feridas, pois
dela, vacila.
nDeus meu, misericórdia minha. 5Impuseste ao teu povo duras pro­
Venha Deus em meu auxílio, faça vas; deste-nos a beber o vinho da
que eu me deleite com a derrota dos vertigem.
meus inimigos. °Deste aos que te temem um es­
12Mata-os, ó Deus, para que não tandarte, para que fugissem do arco;
sirvam de escândalo ao meu povo, 7para que sejam livres os teus ama-
desbarata-os e derriba-os com a tua dos, socorre-nos com a tua dextra
fôrça, ó Senhor, nosso escudo. e ouve-nos.
13Um pecado da sua bôca, é cada 8Deus falou no seu santuário: “ E-
palavra dos seus lábios; e fiquem pre­ xultarei e repartirei (à minha von­
sos na sua mesma soberba; e nas tade) Siquém, e medirei o vale de
execrações e mentiras que dizem. Sucot.
Salmo L v l l l — 6. Não tenhas piedade, isto é, castiga-os p ara que se convertam.
7. Voltam aos seus atentados iníquos todas as tardes, como os cães vadios das ci­
dades orientais, que, principalmente a essa hora, invadem as ruas à procura de alimento.
8. Quem é que nos ouve? Reflexão que fazem os inimigos, os quais negam que
Deus se ocupa do seu proceder.
Salmo L IX — 3. Repeliste-nos. . . D a v i esquecendo as suas brilhantes vitórias s ó
pensa nas humilhações que o povo de Deus sofria d a parte dos Idumeus.
.6. D e s t e ... H á esperança de reparar a honra nacional. Deus deu aos Israelitas um
estandarte p ara que, juntando-se em volta dele evitem o perigo próximo e marchem
em seguida vitoriosamente contra a Iduméa. Êste estandarte moral é a proteç&o do
senhor.
640 OS SALMOS 59 - 62
9Minha é a terra de Galaad, m i­ 4A té quando arremetereis contra
nha a terra de Manassés, e Efraim um homem, tentareis todos dèrribá-
é o elmo da minha cabeça, Judâ o lo, como a uma parede desnivelada,
meu cetro, como um muro em ruína?
10Moab é como que a bacia para 5Sim, projetam precipitar-me do
me lavar, pousarei o meu calçado meu pôsto elevado, comprazem-se na
sobre Edom, triunfarei da Filisteia” . mentira; com a sua bôca me bendi­
“ Quem me conduzirá à cidade for­ zem, mas em seu coração maldizem.
tificada? Quem me levará até à *Sòmente em Deus repousa, 6 m i­
Edom? nha alma, porque dêle vem o que es •
12Quem, senão tu, ó Deus, que nos pero.
repeliste, já não sais, ó Deus, à fren­ 7Só êle é o meu rochedo e a minha
te dos nossos exércitos? salvação, é o meu baluarte: não va­
13Dá-nos auxílio contra o inimigo, cilarei.
porque é vão o socorro dos homens. 8Em Deus está a minha salvação
14Com Deus faremos proezas, e êle e a minha glória, o rochedo da mi­
calcará aos pés os nossos inimigos. nha fôrça: o meu refúgio está em
Deus.
O rei exilado pede e é ouvido °Espera nêle, ó povo, em todo o
tempo, expandi diante dêle os vossos
£A 1AO mestre do côro. Para ins- corações: Deus é o nosso refúgio!
trumentos de corda. De Davi. 10Um sôpro apenas são os filhos dos
2Ouve, ó Deus, o meu clamor, aten­ homens, uma mentira os filhos dos
de à minha oração. homens postos na balança, vão aci­
3Dos confins da terra clamo a ti, ma, todos êles juntos são mais le­
quando o meu coração desfalece. Sô- ves que um sôpro.
bre um rochedo me elevarás, o sos- “ Não confieis na opressão, nem vos
sêgo me darás, vanglorieis da rapina se as riquezas
“porque és a minha defesa, uma aumentarem, não prendais a elas o
torre sólida contra o inimigo. vosso coração.
5Oxalá eu possa habitar sempre no 12Deus disse uma coisa; estas duas
tabernáculo; acolher-me-ei à sombra eu ouvi: O poder é de Deus, io .*13e tua,
das tuas asas! ó Senhor, é a graça; porque retri­
6Porque tu, ó Deus, ouviste os meus buirás a cada um segundo as suas
votos; deste-me a herança dos que obras” .
temem o teu nome.
7Acrescenta dias aos dias do rei, Desejo de Deus, nossa vida e salvação
os seus anos sejam iguais a muitas
gerações; £2 1Salmo. D e Davi, quando m o-
8Reine eternamente na presença de rava no deserto de Iduméia.
Deus, manda-lhe graça e fidelidade, 2ó Deus, tu és o meu Deus: Bus-
Para que o guardem. co-te com solicitude; de ti está se­
°Assim cantarei sempre o teu no­ denta a minha alma, deseja-te a mi­
me, e cumprirei os meus votos cada nha carne, como terra árida e seden­
dia. ta, sem água.
Sòmente se deve esperar em Deus 3Desta maneira te contemplo no
santuário, para ver o teu poder e a
g l M.o mestre do côro. Segundo tua glória.
v 1 Iduthum. 4Porque a tua graça é melhor que
2Só em Deus repousa a minha al­ a vida, os meus lábios te louvarão.
ma, dele vem a minha salvação. 5Assim te bendirei em minha vida,
3SÓ ele é o meu rochedo e a m i­ e, invocando o teu nome, levantarei
nha salvação, é o meu baluarte: por as minhas mãos.
nada vacilarei. 6Como de banha e de gordura se­
io. M oab, Edon e os Filisteus, três nações muito belicosas, cuja submissão é indi­
cada com frases humilhantes.
Salmo L X I I — O. Como de b a n h a ... Im agem para sim bolizar as graças particula­
res que D a v i espera alcançar de Deus por meio da sua oraç&o.
62 - 64 OS SALMOS 641
rá saciada a minha alma, e com lá­ ^Alegra-se o justo no Senhor e re­
bios de júbilo te louvará a minha fugia-se nele, e gloriam-se todos os
bôca, de coração reto.
7quando me lem brar de ti sôbre o
meu leito e sôbre ti me deitar du­ Solene ação de graças pelos benefícios
rante as minhas vigílias. de Deus
8Porque te tornaste o meu auXilia-
dor, e à sombra das tuas asas me £4 1A o mestre do côro. Salmo.
regozijo. D e Davi. Cântico.
°A minha alma está intimamente 2A ti, ó Deus, é devido um hino
unida a ti, a tua dextra me sustenta. em Sião, cumpra-se o voto a ti,
10Mas os que procuram tirar-m e a 3que ouves as preces. A ti vem
vida, entrarão nas profundidades da todo o mortal,
terra, 4por causa das iniqüidades. Opri­
Userão entregues ao poder da espa­ mem-nos os nossos delitos: tu os per­
da, e virão a ser prêsa das raposas. doas.
12Entretanto o rei alegrar-se-á em 5Bem-aventurado o que escolhes e
Deus, gloriar-se-á todo o que ju ra tomas para ti: êle habita nos teus
por êle, pois será fechada a bôca aos átrios. Sejamos saciados dos bens da
que proferiam coisas iníquas. tua casa, da santidade do teu templo.
Ju I zo de Deus acêrea dos perseguidores °tu nos ouves com justiça, entre
pérfidos prodígios estupendos, Ó Deus, Salva­
dor nosso, esperança de todos os con­
CO tA o mestre do côro. Salmo fins da terra, e dos mais longínquos
De Davi. mares,
2Ouve, ó Deus, a minha voz, quan­ 7que dás firm eza aos montes com
do me lamento; livra a minha alm a a tua força, cingindo de poder,
do temor do inimigo. 8que aplacas o bramido do mar, o
8Defende-me da conspiração dos bramido das ondas e o tumulto dos
malignos, do tumulto dos que prati­ povos:
cam a iniqüidade,
9e os que habitam os confins da
4que afiam como espada as suas terra temem pelos teus prodígios: en­
línguas, soltam como setas palavras
envenenadas, ches de gôzo os limites do oriente
e do ocidente.
“para ferirem, desde o esconderijo,
o inocente, para o ferirem de improvi­ 10Visitaste a terra, e a regaste, en-
so, nada temendo. cheste-a de tôda a sorte de riquezas.
6Propôem-se obstinadamente uma O rio de Deus está cheio de água;
obra má, conspiram para arm ar la­ preparaste-lhes o trigo, porque as­
ços às ocultas, dizem: “Quem nos sim preparaste a terra:
verá?” “ regaste os seus sulcos, desfizeste
7Projetam infâmias, ocultam os as suas glebas, amoleceste-a com as
planos arquitetados, o espírito e o chuvas, abençoaste as suas sementes.
coração de cada um são insondáveis.
12Coroaste o ano com a tua bonda­
8Mas Deus fere-os com setas, de im ­ de, e os teus caminhos ressumam
proviso são feridos, fertilidade.
9e a sua própria língua lhes prepa­
ra a ruína: todos os que os vêem 13Ressumam os pastos do deserto,
abanam a cabeça e as colinas cingem-se de alegria.
10e todos temem e proclamam es­ ‘ 14Os prados revestem-se de reba­
ta obra de Deus e ponderam o que nhos, e os vales cobrem-se de tri-
êle fêz. gais: aclamam e cantam.

11. E virão a ser presa. . . o s seus corpos ficar&o insepultos como pasto de feras.
12. Que jura por êle, isto é, que lhe guarda fidelidade.
salm o L X I I I — 9. Abanam a cabeça, em sinal de espanto e de desprezo,
salm o L X I V — 10. o rio de D e u s . . . Expressão poética para dizer que caiu muita
chuva, trazendo à terra a fertilidade. 2
1

21 - B íb lia Sagrada
642 OS SALMOS 65 - 67

Hino p ara um sacrifício <te Ação de no meu coração, o Senhor não me


graças teria ouvido.
19Mas Deus ouviu-rne, atendeu à voz
IJEJ % A o mestre do côro. Cântico. da minha súplica.
Salmo. Aclamai Deus, habi- 20Bendito seja Deus, que não rejei­
tantes todos da terra, tou a minha oração, nem retirou de
2cantai a glória do seu nome, tri­ mim a sua misericórdia.
butai-lhe glorioso louvor.
3Dizei a Deus: Quão assombrosas Pedido da bênção de Deus para
são, Senhor, as tuas obras! P or cau­ anunciar a fé às gentes
sa da grandeza do teu poder os teus
inimigos lisonjeiam-te. C C 1Ao mestre do côro. Para ins-
4Tôda a terra te adore, e te cante, u u trumentos de corda. Salmo.
cante o teu nome. Cântico.
5Vinde, e vêde as obras de Deus: 2Deus, tenha piedade de nós e nos
operou coisas assombrosas entre os abençoe; sereno nos mostre o seu
filhos dos homens! rosto,
cConverteu o mar em terra firm e; 3para que conheçam na terra o teu
passaram o rio a pé enxuto; alegre- caminho, e entre tôdas as nações, a
mo-nos, pois, nêle! tua salvação.
7Domina com o seu poder para glorifiquem 4G lorifiquem -te, ó Deus,, os povos;
sempre, os seus olhos contemplam as -te todos os povos.
nações: não se ensoberbeçam os re­ 5Alegrem-se e exultem as nações,
beldes. porquanto reges os povos com eqüi-
dade, e governas as ações sôbre a
8Bendizei, nações, o nosso Deus, e terra.
propagai o seu louvor, 6Glorifiquem -te, 6 Deus, os povos;
9 (pois fo i êle) que deu vida à nos­
glorifiqu em -te todos os povos.
sa alma, e não permitiu que os nos­ 7A terra deu o seu fruto: abenço­
sos pés vascilassem. ou-nos Deus, o nosso Deus.
10Porquanto nos provaste, ó Deus; 8Abençoe-nos Deus, e temam-no to­
com fogo nos acnsolaste, como se dos os confins da terra!
acrisola a prata;
nfizeste-nos cair no laço; pesada Viagem triunfal de Deus do Egito ao
carga puseste às nossas costas; monte Sião
12fizeste passar homens sôbre as
nossas cabeças; passamos pelo fogo £ 7 lAo mestre do côro. D e Davi.
e pela água; mas por fim deste-nos Salmo. Cântico.
refrigério. 2Levanta-se Deus, e são dispersos
13Entrarei na tua casa com holo- os seus inimigos, e fogem da sua pre­
caustos, pagar-te-ei os meus votos, sença os que o aborrecem.
14que os meus lábios pronunciaram, sComo se desvanece o fumo, assim
que a minha bôca prometeu na mi­ êles se desvanecem; como se derrete
nha tribulação. a cêra diante do fogo, assim perecem
15Oferecer-te-ei holocaustos de ove­ os pecadores diante de Deus.
lhas pingues com gordura de carnei­ 4Os justos, porém, regozijam-se e
ros: imolarei bois com cabritos. exultam na presença de Deus e go-
16Vinde, ouvi todos os que temeis zam com alegria.
a Deus, e eu vos narrarei quão gran­ 5Cantai a Deus, entoai salmos ao
des coisas êle fêz à minha alma! seu nome; aplanai o caminho àquele
17A minha bôca clamou por êle, e que avança pelo deserto, cujo nome
louvei-o com a minha língua. é “ Senhor” , e regozijai-vos diante
18Se eu tivesse visto a iniqüidade dêle:
Salmo L X V — 10-12. V á ria s m etáforas p ara indicar a gravidade do perigo de que
foi livre.
12. Fizeste p a ssa r... Os monumentos egípcios, assírios e babilônicos representam
os vencedores esmagando sob as rodas dos seus carros de guerra e sob as patas dos
seus cavalos ò inimigos estendidos no solo.
67 os SALMOS 643

°Êle é o pai dos órfãos, e o tutor anjos) que se alegram; o Senhor vem
das viúvas. É Deus em sua santa do Sinai ao Santuário.
morada. 19Subiste (6 Senhor) ao alto, levas­
7Deus prepara a casa para os de­ te contigo cativos, recebeste homens
samparados, leva os cativos à pros­ em tributo, mesmo aqueles que não
peridade: só os rebeldes ficam na querem habitar com o Senhor Deus.
terra ardente. 20Bendito seja o Senhor em tôda a
8Ó Deus, quando saíste à frente do série dos dias; Deus, nossa salvação,
teu povo, quando avançaste pelo de­ leva as nossas cargas!
serto, 210 nosso Deus é um Deus que sal-
9a terra tremeu e até os céus va; e o Senhor Deus concede esca­
dissolveram perante Deus, tremeu o par da morte.
Sinai diante de Deus, o Deus de Is­ 22Sim, Deus quebra a cabeça dos
rael. seus inimigos, e o crãneo cabeludo
10ó Deus, tu enviaste uma chuva do que caminha nos seus delitos.
abundante sôbre a tua herança; e, 230 Senhor diz: “ De Basan os fa­
estando ela extenuada, a reanimaste. rei voltar, eu os reconduzirei do fun­
uN ela habitou a tua gr ei, na tua do do mar,
bondade, ó Deus, preparaste-a para 24para que possas banhar o teu pé
o pobre. no sangue (dos teus inim igos), e a
120 Senhor pronuncia uma palavra língua dos cães tenha também a sua
(de grande eficácia), é grande a mul­ parte dos inimigos” .
tidão dos mensageiros de novas ale­ 25Êles contemplam a tua entrada
gres: (triu n fa l), o Deus, a entrada do meu
13“ Os reis dos exércitos fogem, fo ­ Deus, do meu rei, no santuário.
gem; e as (mulheres) que estão em 20Vão adiante os cantores, atrás os
casa repartem os despojos. tocadores de citara, no meio as don­
14Quando descansáveis nos apriscos, zelas tocam tímbales.
as asas da pomba brilhavam como 27“ Bendizei Deus nas assembléias
prata, e como um amarelo de ouro festivas, bendizei o Senhor, (os que
as suas penas. sois da) estirpe de Israel” .
15Enquanto o Onipotente dispersa­ “ Ah está (a tribo de) Benjamim,
va os reis da terra, caiam as neves o mais novo, que as precede, os prín­
sôbre o Salmon” . cipes de Judá, com numeroso séqui­
10Os montes de Basan são elevados, to, os príncipes de Zabulon, os prín­
os montes de Basan são escarpados: cipes de Neftali.
17ó montes escarpados, por que o- “ ó Deus, mostra o teu poder, o teu
lhais com inveja o monte, no qual poder, Ó Deus, que operas por nós!
aprouve a Deus morar e no qual o 30Por causa do teu templo que es­
Senhor habitará perpètuamente. tá em Jerusalém, te ofereçam dons
18Os carros de Deus são miríades, os reis.
milhares e milhares; são milhares (de “ Reprime a fera do canavial, a ma-
Salmo L X v l I — 13. Repartem os despojos. Depois da vitória os soldados reentra-
ram no la r .carregados de despojos. E então as mães de fam ília repartem ésses despojos
entre todos os seus.
14. Êste versículo é muito obscuro, e tem sido explicado de vários modos. — P a ­
rece tratar-se das tribos que tinham tomado parte na guerra ( quando descansáveis),
ocupados em apascentar os rebanhos, enquanto Israel (p o m b a ) brilhava com a prata
e o ouro que, como vencedor, tinha arrebatado ao inimigo, enquanto combatiam com
arm as reluzentes. Outros explicam que a pom ba significa a arca coberta de ouro.
15. Caíam as n e v e s ... os soldados inimigos caiam táo numerosos como flocos de neve.
16-17. A s montanhas de Basan, situadas a nordeste da Palestina, form am um a
cordilheira considerável. O Salm ista im agina-as a contemplar invejosas a pequena co­
lina de Siáo, na qual Deus estabeleceu a sua residência.
29. M o stra . . . D a v i pede a Deus que redobre de vigor para consolidar a obra do seu
triunfo.
31. A fera do canavial, isto ê, o crocodilo ou o hipopótamo, emblemas célebres do
Egito, que era uma das nações m ais perigosas p ara Israel.
Touros, os fortes, os chefes, os quais os povos seguem como novilhos.
644 OS SALMOS 67 - 68

nada dos touros com os novilhos dos 8Pois por ti sofri afronta, foi co­
povos, prostrem-se com lingotes de berto de confusão o meu rosto.
prata (com o trib u to ): disssipa as na­ •Tornei-me um estranho para os
ções que querem guerras. meus irmãos, e um desconhecido pa­
“ Venham os magnatas do Egito, ra os filhos de minha mãe.
estenda a Etiópia as suas mãos pa­ 10Porque o zêlo da tua casa me de­
ra Deus. vorou, e os opróbrios dos que te in­
“ Reinos da terra, cantai a Deus, sultavam, recaíram sôbre mim.
entoai salmos ao Senhor, llMortifiquei pelo jejum a minha al­
84que sobe pelos céus, pelos céus ma, e isto tornou-se-me em opróbrio.
antigos! Eis que faz ressoar a sua 12Tomei por vestido um saco, e fui
voz potente: para êles objeto de escárnio.
“ “ Reconhecei o poder de Deus” . 13Falam contra mim os que se sen­
Sôbre Israel está a sua majestade, e tam à porta (da cidade) , e escarne­
sôbre as nuvens, o seu poder. cem-me os que bebem vinho.
“ Tem ível é Deus desde o seu san­ 14Porém, ó Senhor, a minha oração
tuário, o Deus de Israel; êle mesmo eleva-se a ti, no tempo da graça, ó
dá ao seu povo poder e fôrça. Ben­ Deus; ouve-me segundo a tua grande
dito seja Deus! bondade, segundo o teu auxilio fiel.
“ Tira-me do lôdo, para que não se­
Prece dum homem muito aflito pela ja submergido, livra-me daqueles que
causa de .Deus me odeiam, e da profundidade aas
águas (da tribulaçao).
£ Q 'A o mestre do côro. Segundo “ Não me afoguem as ondas das
wo a melodia de “ Os lírios” . D e águas nem me absorva o abismo, nem
Davi. a bôca do poço (de tantas misérias)
2Salva-me, ó Deus, porque as águas se feche sôbre mim.
(da tribulaçao) chegaram-me ao pes­ 17Ouve-me, Senhor, porque é benig­
coço. na a tua graça; segundo a multidão
3Estou atolado num lôdo profundo, das tuas comiserações olha para mim,
e não encontro onde pôr pé; cheguei 18e não escondas o teu rosto do teu
a um sítio de águas profundas, e já servo; ouve-me prontamente, porque
as ondas me cobrem. estou angustiado.
4Estou cansado de gritar, enrouque- 19Aproxlma-te da minha alma, res-
ceram as minhas fauces; desfalece­ gata-a; por causa dos meus inimi-
ram os meus olhos à espera do meu gos, livra-me.
Deus. “ Tu conheces o meu opróbrio e a
5São mais que os cabelos da m i­ minha confusão e a minha vergo­
nha cabeça, aquêles que me aborre­ nha; à tua vista estão todos os que
cem sem razão, são mais fortes que me afligem.
os meus ossos, os que me perseguem aO opróbrio despedaçou o meu co­
injustamente: porventura hei de res­ ração e desfaleci, esperei que alguém
tituir o que não roubei? se condoesse de mim, e não houve,
•Ó Deus, tu conheces a minha insi- ninguém; esperei que alguém me con­
piência, e os meus delitos não te são solasse, e não achei.
ocultos. 22E misturaram fel na minha co­
7Não sejam confundidos por minha mida e na minha sêde apresentaram-
causa os que esperam em ti, Senhor, me vinagre.
Senhor dos exércitos. Não se enver- 23 (E m castigo) torne-se a sua me
onhem por minha causa, os que te um laço para êles, e uma rêde para
f uscam, ó Deus de Israel.3 2 os seus amigos.
32. A estender as suas mãos em atitude de adoração.
salm o L X v I I I — salm o messiânico em que D a v i prediz os sofrimentos de Jesus na
sua paixão.
5. H ei de restituir, expiar fa lta s que não cometi?
6. Tu conheces.. Jesus não tinha pecados pessoais, m as tomou sôbre si os pecados
d e todos os homens.
23-29. o paciente pede que os seus perseguidores sejam punidos com a lei de talião,
68 - 70 OS SALMOS 645

“ Obscureçam-se os seus olhos pa­ que (insultando) me dizem: “ Bem


ra que não vejam; e faze que os feito, bem fe ito !”
seus rins vacilem sempre. 5Regozijem-se e alegrem-se em ti
“ Derrama sobre êles a tua indig­ todos os que te buscam; e os que
nação e o furor da tua cólera os desejam o teu caminho digam sem­
alcance. pre: “ Glorificado seja o Senhor!”
“ Devastada seja a sua morada; e •Mas eu sou miserável e pobre, ó
não haja quem habite nas suas ten­ Deus, .socorre-me. Tu és o meu pro­
das. tetor e o meu libertador: Senhor,
“ Porquanto perseguiram aquêle não te demores.
ue tu feriste, e agravaram a dor
S aquele que tu feriste. N ão me rejeites na minha velhice
“ Acrescenta culpas às suas culpas,
e não sejam proclamados justos dlan- 7 ( ) 2A ti, Senhor, me acolho: não
te de ti. 1U permitas que eu seja para
“ Sejam riscados do livro dos viven- sempre confundido;
tes, e não sejam inscritos com os 2segundo a tua justiça, pôe-me a
justos. salvo e livra-me; inclina para mim
“ Quanto a mim, sou miserável e o teu ouvido, e salva-me.
cheio de dores; protege-me, o Deus, 8Sê para mim rochedo de refúgio,
com teu auxílio. cidadela fortificada, para me salva­
31Glorificarei o nome de Deus com res: porque tu és o meu rochedo e a
cânticos, e proclamá-lo-ei com uma minha cidadela.
ação de graças. 4Deus meu, livra-me da mão do
82E isto agradará a Deus mais do iníquo, do punho do malvado e do
que um touro, mais do que um no­ opressor:
vilho com pontas e unhas. 5porque tu és a minha esperança,
“ Vêde, ó humildes, e alegrai-vos Ó meu Deus, Senhor, (tu és a) m i­
e reanimai o vosso coração, vós que nha esperança, desde a minha moci­
buscais a Deus. dade.
“ Porque o Senhor ouve os pobres °Em ti me firm ei desde o meu nas­
e não despreza os que por amor dêle cimento, tu és o meu protetor desde
estão em cadeias. o ventre de minha mãe: em ti espe­
“ Louvem-no os céus e a terra, os rei sempre.
mares e tudo o que nêles se move. 7Fui considerado por muitos como
“ Porque Deus salvará Sião, e edi- um prodígio; mas tu fôste o meu po­
ficará as cidades de Judá: e mora­ deroso protetor.
rão ali, e a possuirão. 8A minha boca estava cheia do teu
37E a descendência de seus (fié is) louvor, da tua glória todo o dia.
servos a receberá em herança; e os 9Não me desampares no tempo da
que amam o seu nome habitarão velhice; quando faltarem as minhas
nela. fôrças, não me abandones.
Pedido do auxílio divino “ Porque os meus inimigos falam
contra mim, e os que me espiam man-
£Q 1Ao mestre do côro. D e Davt comunam-se em conselho,
Para memória. ^dizendo: “ Deus desamparou-o; per«
2Apraza-te, ó Déus, libertar-me. segui-o, e prendei-o, porque não
Senhor, apressa-te para me socorrer. há quem o livre” .
8Sejam confundidos e envergonha­ 12Ó Deus, não te afastes de mim,
dos os que procuram tirar-me a v i­ Deus meu, acode em meu socorro.
da. Voltem atrás, e sejam envergo­ 13Sejam confundidos, pereçam os
nhados os que se comprazem nos adversários da minha vida; sejam co­
meus males. bertos de confusão e de vergonha, os
4Retirem-se cheios de confusão, os que me procuram males.
comum entre os antigos, m as que depois o Evangelho (M at. v , 38-45) substituiu por
outra mais suave, que é a lei da caridade.
Salmo L X X — 7. Corno um prodígio, como um objeto de adm iração, por causa
dos. meus extraordinários sofrimentos.
646 OS SALMOS 70 - 71

14Eu porém, esperarei sempre (em 4Protegerá os humildes do povo, sal­


t i), e cada dia contribuirei mais pa­ vará os filhos dos pobres, e esmaga­
ra teu louvor. rá o opressor.
15A minha bôca anunciará a tua 6E viverá tanto como o sol e como
justiça, todo o dia os teus auxílios; a lua por todas as gerações.
porque nem sequer conheço a medi­ °Descerá como a chuva sobre a
da dêles. relva, como o aguaceiro que rega
16Hei de narrar o poder de Deus, a terra.
Senhor, hei de proclamar a justiça 7Nos seus dias florescerá a justi­
própria só de ti. ça e a abundância da paz, até que
17Ensinaste-me, ó Deus, desde a mi­ a lua deixe de existir.
nha juventude, e eu publico as tuas 8E dominará de mar a mar, e des­
maravilhas (que tenho experimenta­ de o rio (E u fra te s); até às extremi­
do) até agora. dades da terra.
18E também na velhice e na decre- 9Diante dêle se prostrarão os seus
pitude, ó Deus, não me desampares, inimigos, e os seus adversários lam­
enquanto eu anunciar a fôrça do teu berão o pó.
braço a toda esta geração, e o teu 10Os reis de Tarsis, e as ilhas ofe­
poder a tôdas as (gerações) vindou­ recerão dons; os reis da Arábia e de
ras, Sabá trarão presentes;
19e a tua justiça, ó Deus, que che­ ne adorá-lo-ão todos os reis, tôdas
ga até aos céus, com a qual tão gran­ as nações o servirão.
des coisas tens operado: ó Deus, quem 12Porque livrará o pobre que o in­
é semelhante a ti? voca, e o miserável que não tem quem
20Impuseste-me tribulações numero­ lhe valha.
sas e amargas: novo me farás revi­ 13Usará de clemência com o desva-
ver, e dos abismos da terra outra lido e o pobre, e salvará a vida dos
vez me tirarás. pobres:
21Aumenta o meu préstígio, e con­ 14da injúria e da opressão os livra­
sola-me de novo. rá, e o seú sangue será precioso à
22Eu também celebrarei ao som do sua vista.
saltério a tua fidelidade, ó Deus, eu 15Por isso viverá e lhe darão ouro
te cantarei salmos ao som da cita­ da Arábia, e orarão sempre por êle,
ra, ó santo de Israel. e sem cessar o bendirão.
23Ao cantar os teus louvores, rego- 16Haverá abundância de trigo na
zijar-se-ão os meus lábios e a mi­ terra, no alto dos montes os seus fru ­
nha alma, que resgataste. tos murmurejarão como o Líbano, e
24Também a minha língua anun­ florescerão os habitantes das cidades
ciará todo o dia a tua justiça, por­ como a erva dos campos.
que foram confundidos e envergo­ 170 seu nome será bendito pelos sé­
nhados os que procuram fazer-m e mal. culos; enquanto o sol resplandecer,
O reino do Messias subsistirá o seu nome. E serão bendi­
tas nêle tôdas as tribos da terra; tô­
71 W e Salomão, ó Deus dá a tua das as nações o proclamarão bendito.
11 eqüidade ao rei, e a tua justi­ 18Bendito seja o Senhor Deus de
ça ao filho do rei: Israel, único que faz maravilhas.
2governe o teu povo com justiça, e 19E bendito seja para sempre o seu
os teus humildes, com eqüidade. nome glorioso, e encha-se da sua gló­
3Levem os montes paz ao povo, e ria tôda a terra. Assim seja, assim
os outeiros justiça.1 6
5 seja.
15. N em sequer c o n h eço ... Os auxílios que Deus prestou ao Salmista são inume­
ráveis.
Salmo L X X I — 3. Os benéficos efeitos da paz e da justiça fa r-se-ão sentir nos
lugares ordinàriamente menos acessíveis a tais bens.
7. A té que a lu a ... isto é, enquanto durar o mundo.
16. E ’ predita uma grande abundância de trigo e um a grande multidão de homens.
19. O texto hebreu acrescenta a êste versículo: F im das preces de D a vi, filho de
Jessé. A maior parte dos salmos deste segundo livro é atribuída a Davi.
LIVRO TE RC EI RO
Enigm a da felicidade dos ímpios e sua servei puro o meu coração, e lavei na
solução inocência as minhas mãos?
14Pois sou flagelado a tôda a hora
7 0 'Salmo de Asaf. Quão bom é e castigado todo o dia.
■“ Deus para com os retos, o Se­ 16Se eu pensasse: “ Hei de falar com
nhor para com os puros de coração! êles” , seria um desertor da raça dos
2Os meus pés por pouco não vaci­ teus filhos.
laram; por pouco se não transvia- “ R efletia pois para compreender is­
ram os meus passos, to; pareceu-me porém coisa bastante
3porque tive inveja dos ímpios, ao difícil,
observar a prosperidade dos pecado­
res. 17até que entrei no santuário (ín ­
4Porque êles não têm sofrimentos, tim o ) de Deus, e atendí ao fim de
todos êles.
são e gordo anda o seu corpo. 18N a verdade, é sôbre caminhos es­
5Não participam (pelo menos apa­ corregadios que os colocas, precipita-
rentem ente) dos trabalhos dos m or­ os na ruína.
tais, nem com os outros homens se­ 19Oh! como tombaram num mo­
rão flagelados. mento, acabaram, foram consumidos
°Pelo que os cinge a soberba como de espantoso terror!
um colar, e envolve-os a violência co­ “ Como um sonho ao despertar, Se­
mo um vestido. nhor, assim, quando te levantas, des­
7Brota a iniqüidade do seu crasso prezarás a sua imagem.
coração, transbordam as ficçoes da 21Quando se exasperava o meu espi­
sua fantasia. rito, e o meu coração se sentia agui-
8Zombam e falam com maldade, al­ lhoado,
tivos ameaçam opressões. 22eu era um insensato e não compre­
9Abrem a sua bôca contra o céu, endia, fui diante de ti como um ju ­
e a sua língua desmanda-se pela ter­ mento.
ra. 23Eu, porém, estarei sempre conti­
10Por isto o meu povo se voltará go: tornaste-me pela minha mão di­
ara êles, e sorve das suas águas a- reita,
undantes. 24hás de guiar-me com o teu con­
UE chegam a dizer: “ Porventura selho, e por fim hás de receber-me
Deus sabe isto, e tem disto notícia o na tua glória.
Altíssimo?” 25Quem tenho eu, lá no céu, fora
12Eis que tais são os pecadores, e, de ti? e, se estou contigo, a terra
sempre tranqüilos, aumentam a sua não me deleita.
fortuna. 20Desfalece a minha carne e o meu
13Foi portanto inütilmente que con­ coração, e o rochedo do meu cora-
Salmo L X X I I — 2-3. D a v i esteve quase a ser vencido por um a grande tentação,
que a vista da felicidade temporal dos ímpios tinha excitado na sua alma. Pouco fa l­
tou para que êle duvidasse da Providência, e se revoltasse contra ela.
10. P o r isto muitos do meu povo se voltarão para o lado dos ímpios, seduzidos pela
sua falsa felicidade. E êstes miseráveis apóstatas ju lgarão encontrar dias felizes e nu­
merosos (e sorve das suas abundántes águas. . . *
11. E chegam a dizer. . . Os homens da plebe, seduzidos pela vida feliz dos ímpios
procurando justificar o seu próprio proceder.
18-24. Com a morte desaparecerá p a ra sempre, como um sonho, a felicidade dos
maus.
648 OS SALMOS 72 - 74

ção e a minha herança é Deus para ra, êle que opera a salvação no meio
sempre. da terra.
27Pois os que se apartam de ti pe­ 13Tu com o teu poder abriste o mar
recerão, aniquilas todos os que te são (V erm elh o), pisaste as cabeças dos
infiéis. dragões nas águas.
“ Mas para mim é bom estar junto 14Tu quebraste as cabeças do Levia-
de Deus, e pôr no Senhor Deus o meu tã, deste-o por comida aos monstros
refúgio. Publicarei todas as tuas o» marinhos.
bras às portas das filhas de Sião. 16Tu fizeste brotar fontes e torren­
tes; tu secaste os rios caudalosos.
Lamentação ao ver o santuário 16Teu é o dia; e tua é a noite; tu fi­
destruído, e preces xaste a lua e o sol.
7 9 xMasJcil. D e Asaf. Por que ra- 17Tu estabeleceste todos os limites
•° zão, ó Deus, nos desamparaste da terra, o estio e o inverno, tu os
para sempre? (P o r que razão) se a- formaste.
cende a tua ira contra as ovelhas do 18Lembra-te disto: o inimigo ultra-
teu pasto? jou-te, Senhor, e um povo insensato
2Lembra-te da tua família, que fun­ blasfemou o teu nome.
daste desde a antigüidade, da tribo 19Não abandones ao abutre a vida
que para propriedade tua resgataste, da tua rola, e não esqueças para sem-
do monte de Sião, em que estabele­ pre as vidas dos teus pobres.
ceste a tua morada. “ Olha para a tua aliança, porque
3Dirige os teus passos para essas todos os escondèrijos do pais e os
ruínas irreparáveis: o inimigo tudo campos estão cheios de violência.
devastou no santuário. 21Não se volte confundido o hu­
4Rugiram os teus adversários no milde: o pobre e o desvalido louvam
lugar da tua assembléia, arvoraram teu nome.
os seus estandartes como troféu. 22Levanta-te, ó Deus, defende a tua
5Pareciam-se com os que no bosque causa; lembra-te do ultraje que o nés­
vibram o machado, cio te dirige contlnuamente.
6e com o machado e o martelo des­ 23Não te esqueças dos gritos dos
pedaçam as suas portas. teus adversários: o tumulto dos que
7Puseram fogo ao teu santuário; na se insurgem contra ti aumenta con-
terra profanaram o tabernáculo do tinuamente.
teu nome.
8Disseram no seu coração: “ Des­ O Senhor é justo juiz dos povos
truamo-los todos juntamente: incen-
diai todos os santuários de Deus na 7 4 xAo mestre do côro. Segundo
terra” . 1^ a melodia de “Não destruas...”
°Não vemos mais os nossos estan- Salmo. De Asaf. Cântico.
dartes, já não há um profeta (que 2Nós te exaltamos, Senhor, nós te
nos g u ie ); nem há entre nós quem exaltamos, e louvamos o teu nome,
saiba até quando. narramos as tuas maravilhas.
10A té guando, ó Deus, nos insulta­ 3“ Quando eu tiver fixado o tempo,
rá o inimigo? O adversário há de julgarei com justiça (tôdas as coisas).
blasfemar sempre o teu nome? 4Embora a terra trema, e todos os
“ P or que retrais a tua mão? por que a habitam, fui eu quem deu fir ­
que reténs a tua direita no teu seio? meza às suas colunas.
12Mas Deus é meu rei desde outro- 5Digo aos insolentes: “ Não sejais in-

Salmo L X X I I I — 4. Bugiram . . ., impedindo assim o culto sagrado.


5-6. Heferência & violenta destruição do templo.
9. o s Judeus lastirnavam-se de já não verem os seus estandartes sagrados substituídos
por tôda a parte pelos do inimigo. A té quando durará esta calamidade.
13. A s cabeças dos dragões, isto ê, os Egípcios, que iam no encalço do povo de Deus.
18. P o vo insensato são aqui chamados os Caldeus, apelidados de abutre no versí­
culo seguinte.
19. D a tua rôla, do povo de Israel.
74 - 76 OS SALMOS 649

solentes” , e aos ímpios: “ Não levan­ e cumpri-os, todos os que o rodeiam


teis a vossa fronte soberba” . tragam oferendas a êste (Deus) T er­
°Não levanteis com insolência a vos­ rível,
sa fronte contra o Altíssimo, não di­ “ àquele que tira respiração aos
gais protérvias contra Deus. príncipes, que é terrível para os reis
7Porque nem do oriente nem do o- da terra.
cidente, nem do deserto nem dos
montes (vos virá o auxílio). Lamentação e conforto do povo aflito
8Mas Deus é que é o juiz: a êste
humilha, e àquele exalta. 7 C xA o mestre do côro. Segundo
°Porque na mão do Senhor há um 1Ü Idithum. De Asaf. Salmo.
cálice, que espuma com vinho, cheio 2A minha voz sobe até Deus, e cla­
de (amarga) mistura; dá a beber, dê- mo, a minha voz sobe até Deus para
le sorverão até às fezes, beberão to­ que me ouça;
dos os ímpios da terra” . 3no dia da minha angústia busco
10E eu exultarei sempre, cantarei a Deus. Estende-se a minha mão de
salmos ao Deus de Jacó. noite (para ele) sem se cansar, a
nE quebrarei tôdas as fôrças dos minha alma recusa tôda a consola­
ímpios; e será exaltada a fronte dos ção.
justos. 4A o recordar-me de Deus, gemo;
quando repenso (nos meus sofrimen­
BOlno triunfal depois duma grande tos), o meu espírito desfalece.
vitória 5Conservasem vigília, os meus olhos,
estou perturbado, e não posso falar.
*7C lAo mestre do côro. Para ins- 6Penso nos dias antigos, os anos
1j trumentos de corda. Salmo. afastados 7eu recordo: medito (nisto)
D e Asaf. Cântico. de noite em meu coração, reflito, e
2Deus deu-se a conhecer em Judá, O meu espírito esquadrinha.
grande é o seu nome em Israel.
3O seu tabernáculo está em Salém, ««Porventura Deus há de abando­
e a sua morada em Sião. nar-nos para sempre? e não voltará
4A li quebrou os raios do arco, o a ser-nos propicio?
escudo, a espada e as armas. 9Porventura terá acabado para sem­
5Resplandecente de luz, tu vieste, pre a sua graça, ficará anulada a
ó Poderoso, do alto dos montes eter­ sua promessa por tôdas as gerações?
nos. “ Porventura esqueceu-se Deus de
•Os de coração esforçado foram des­ usar de clemência? ou deteve, na sua
pojados, dormem o seu sono, e des­ ira, a sua misericórdia?”
faleceram as mãos de todos os va­ “ Então eu digo: “ Esta é a minha
lentes. dor: está mudada a dextra do A l-
7Só com a tua ameaça, ó Deus tissimo” .
de Jacó, ficaram inertes carros e 12Lembro-me das obras do Senhor,
cavalos. sim, recordo-me das tuas maravilhas
•Tu és terrível, e quem te resistirá, de outrora.
perante o ímpeto da tua ira? 13E medito em tôdas as tuas obras,
°Do céu fizeste ouvir o teu juízo e vou refletindo sôbre as tuas proe-
(contra os Assírios), a terra iicou sas.
espavorida e em silêncio, 14O teu caminho, ó Deus, é santo:
10quando Deus se levantou para fa ­ que Deus há, grande como o nosso
zer justiça, para salvar todos os hu­ Deus?
mildes da terra. “ Tu és o Deus que opera mara­
UO furor de Edom te glorificará, e vilhas, fizeste conhecer entre os po­
os sobreviventes de Emat te festeja­ vos o teu poder.
rão. 16Redimiste com o teu braço o teu
“ Fazei votos ao Senhor vosso Deus povo, os filhos de Jacó e de José.
salm o L X X v I — 6. D ias antigos e anos afastados têm a mesma significação de
tempo passado, em <*ue D a v i e o seu povo eram felizes. N o meio da desgraça, o s a l-
mista gostava de recordar a sua passada felicidade.
650 OS SALMOS 76 - 77

17Viram-te as águas (do m ar V er- com o arco, voltaram as costas no dia


m elh o), ó Deus, viram-te as águas: da batalha.
temeram, e agitaram-se as ondas. 10Não guardaram a aliança feita
18As nuvens descarregaram águas com Deus, e recusaram andar na
a torrentes, as nuvens fizeram soar sua lei,
a sua voz, e voaram as tuas setas. ne esqueceram-se das suas obras
10O teu trovão ribombou no ciclo­ e das maravilhas que fêz à vista dê-
ne, os relâmpagos iluminaram o mun­ les.
do, estremeceu e tremeu a terra. 12Diante de seus pais fêz maravilhas
20N o mar abriu-se o teu caminho, na terra do Egito, no campo de Ta-
e o teu atalho pelo meio das muitas nis.
águas, e não apareceram os teus ves- 13Dividiu o mar, e por êle os fêz
tigios. passar, e conteve as águas como um
21Conduziste o teu povo como um dique.
rebanho, pela mão de Moisés e de A- 14Guiou-os de dia por meio duma
rão. nuvem, e tôda a noite com resplendor
Benefício de Deus, ingratidão do povo de fogo.
de Israel “ Fendeu as pedras no deserto, e
deu-lhes a beber água, como às on­
•77 1Maskil. D e Asaf. Escuta, po- das em abundância.
11 vo meu, o meu ensinamento: “ Fêz brotar arroios da pedra, e cor­
inclina os teus ouvidos às palavras da rer as águas como rios.
minha bôca. 1TE (apesar disto) continuaram a
2Abrirei em parábolas a minha bô- pecar contra êle, a ofender o Altíssi­
ca; publicarei os enigmas dos tempos mo no deserto.
antigos. 18E tentaram a Deus nos seus cora­
aO que ouvimos e aprendemos, e ções, pedindo iguarias que fôssem do
o que nossos pais nos contaram, seu gôsto.
4não o ocultaremos aos seus filhos, 19E falaram contra Deus; disseram:
narraremos à geração vindoura os “ Porventura poderá Deus preparar
louvores do Senhor, e o seu poder, uma mesa no deserto?
e as maravilhas que fêz. “ Sem dúvida êle feriu a pedra, e
“Êle fixou uma regra em Jacó, e correram águas, e manaram torren­
estabeleceu uma lei em Israel, de que tes: porventura poderá também dar
tudo o que ordenou aos nossos pais, pão, ou preparar carne para o seu
êles o fizessem conhecer a seus fi­ povo?”
lhos, 21P or isso o Senhor, ao ouvir isto,
°para que o saiba a geração vin- ardeu em ira, e um fogo se acendeu
doura, os filhos que hão de nascer, e contra Jacó, e cresceu a ira contra
êstes se levantem e contem também Israel,
a seus filhos, “ porque não creram em Deus, nem
7para que ponham em Deus a sua esperaram no seu auxílio.
esperança, e não se esqueçam das o- “ E do alto mandou às nuvens e
bras de Deus, mas observem os seus abriu as portas do céu,
mandamentos; 24e fêz chover sôbre êles maná pa­
8e não sejam como seus pais, uma ra comerem e deu-lhes um pão do
geração rebelde e contumaz; uma ge­ céu.
ração, que não teve coração reto, nem “ O homem comeu o pão dos fortes:
espírito fiel a Deus. enviou-lhes viveres até à saciedade.
°Os filhos de Efraim , que lutavam 1*2
8 2°Levantou no céu o vento leste, e
18. A s tuas s eta s, isto é, os raios.
20. E não a p a r e c e r a m . . . Depois da passagem do m ar verm elho, as águas recaí­
ram sôbre si mesmas, apagando todos os vestígios do povo de Deus.
salm o L X X v I I — 9. o s filh o s d e E f r a im . o s profetas dâo muitas vêzes o nome de
E fra im às dez tribos separadas da tribo de Judá.
21.c E u m f o g o ... A lusão ao incidente terrível contado em Núm. XI, 1-3
24-25. P ã o do céu, porque descia do céu. A S agrad a Eucaristia, de que o maná. é
Símbolo, é um pão muito m ais celeste e forte (João V I, 30 e segs.).
77 OS SALMOS 651

enviou com o seu poder o vento sul. “ e entregou as suas colheitas ao


27E fêz chover sôbre êles carnes pulgão e o fruto do seu trabalho ao
(tao abundantes) como pó, e aves de gafanhoto.
penas como areia do mar. “ Destruiu com saraiva as suas v i­
28E caíram no meio dos seus acam­ nhas e os seus sicômoros com geada.
pamentos, em redor das suas tendas. 48E entregou à saraiva os seus ani­
29E comeram e fartaram-se plena­ mais, e os seus rebanhos aos raios.
mente, e satisfez a sua avidez. “ Descarregou sobre êles o furor da
30Todavia, ainda não tinham aca­ sua ira, a indignação, o furor e a tri-
bado de saciar o seu apetite, ainda bulação, um tropel de mensageiros
estavam as iguarias na sua bôca, da desgraça.
31quando a ira de Deus se inflamou “ Abriu caminho à sua ira, não os
contra êles, e matou os mais robus­ preservou da morte, e entregou os
tos dentre êles, e derribou os jovens seus animais à peste.
de Israel. 51E feriu todo o primogênito no
32Depois de tudo isto, voltaram a Egito, as primícias dos seus partos,
pecar, e não creram nas suas mara­ nas tendas de Cam.
vilhas. 52E fêz sair o seu povo como ove­
33E consumiu ràpidamente os seus lhas, e guiou-os como um rebanho no
dias, e os seus anos com extermínio deserto.
repentino. 53E conduziu-os seguros e não te­
34Quando os feria de morte, busca­ meram, e o mar cobriu os seus inimi­
vam-no, e, convertendo-se, buscavam gos.
a Deus; ME fêz que chegassem à sua terra
35e lembravam-se que Deus era a santa, aos montes que êle 'adquiriu
sua rocha (de defesa), e que o Deus com a sua dextra.
altíssimo era seu redentor. “ E expulsou de diante dêles as gen­
“ Porém enganavam-no com a sua tes, e repartiu-lhas por sorte em he­
bôca; e com a sua língua lhe men­ rança, e fêz habitar em suas tendas
tiam. as tribos de Israel.
87E o seu coração não era reto com 56Êles, porém, tentaram e provoca­
êle, nem eram fiéis à sua aliança. ram de novo ao Deus Altissimo, e não
“ Mas êle é misericordioso, e perdoa­ guardaram os seus preceitos.
va a sua culpa, e não os destruía, 57E retiraram-se e prevaricaram
conteve muitas vêzes a sua ira, e não como seus pais, e desviaram-se como
descarregou (contra êles) todo o seu um arco que falha.
furor. “ Excitaram-no à ira nas suas co­
39E lembrou-se que eram carne (frá ­ linas, e com os ídolos que esculpiram
g il), um sôpro que passa e não vol­ inflamaram-lhe o zêlo.
ta. 59Ouviu-os Deus, e ardeu em furor,
“ Quantas vêzes o provocaram no e repudiou àsperamente Israel.
deserto, o contristaram na solidão! “ Abandonaram a morada de Silo,
41E voltavam a tentar a Deus, e a tabernáculo, onde habitava entre os
exacerbar o santo de Israel. homens.
“ Não se lembraram do que êle ti­ 01E entregou ao cativeiro (a Arca
nha feito no dia em que os libertou que era) a sua fôrça, e (colocou) a
da mão do opressor, sua glória nas mãos do inimigo.
“ quando fêz resplandecer no Egito 82E entregou o seu povo à espada,
os seus prodígios, e as suas maravilhas e indignou-se contra a sua herança.
no campo de Tanis, “ O fogo devorou os seus jovens,
44e converteu em sangue os seus e as suas virgens não celebraram des-
rios e os seus arroios, para que não posórios.
pudessem beber dêles. 64Os seus sacerdotes pereceram à
“ Enviou contra êles môscas, que os espada, e as suas viúvas não se la­
devoraram, e rãs, que os infestaram; mentaram.
55. R e p a r t iu - lh a s , isto é, o território dessas gentes expulsas.
58. N a s s u a s c o lin a s , onde prestavam culto aos ídolos.
652 OS SALMOS 77 - 79

“ E o Senhor despertou como de tua misericórdia, porque estamos re­


um sono, como um guerreiro domi­ duzidos a grande miséria.
nado pelo vinho. 9Ajuda-nos, ó Deus da nossa sal­
“ E feriu os seus inimigos pelas vação, para glória do teu nome, e li-
costas: infligiu-lhes uma eterna ig­ vra-nos, e perdoa os nossos pecados,
nomínia. por amor do teu nome.
67E rejeitou o tabernãculo de José, 10Para que hão de dizer as gentes:
e não escolheu a tribo de Efraim. “ Onde está o Deus dêles?” Seja no­
MMas escolheu a tribo de Judâ, o tória entre as gentes, diante dos nos­
monte de Sião que amou. sos olhos, a vingança do sangue dos
69E edificou o seu santuário, como teus servos, que tem sido derramado.
o céu, na terra que furidou para “ Chegue à tua presença o gemido
sempre. do cativo; com o poder do teu braço
70E escolheu Davi, seu servo, e to- livra os condenados à morte.
mou-o do meio dos apriscos das ove­ 12E retribui aos nossos vizinhos, se­
lhas; te vêzes no seu seio, o opróbrio que
71chamou-o, quando ia atrás das êles te fizeram, Senhor.
que amamentavam, para que apas­ 13Nós, porém, teu povo e ovelhas
centasse Jacó, seu povo, e Israel, sua de teu pasto, nós te glorificaremos
herança. para sempre; de geração em geração
72E apascentou-os segundo a inte­ publicaremos os teus louvores.
gridade do seu coração, e com a pru­ Prece em favo r da vinha mfstica do
dência das suas mãos os conduziu. Senhor, assolada e devastada
Lamentos sôbre a destruição de
Jerusalém 7 Q 1Ao mestre do côro. Segundo
1U a melodia de “ O lírio da lei...”
■70 'Salmo. D e Asaf. Ó Deus, vie- D e Asaf. Salmo.
ram as nações à tua herança, 2Tu que apascentas Israel, atende,
contaminaram o teu santo templo, re­ tu que conduzes José como um reba­
duziram Jerusalém a um montão de nho, tu que estás sentado sôbre os
ruínas. uerubins, manifesta-te com esplen-
2Deram os cadáveres dos teus ser­ or
vos em pasto às aves do céu, as car­ 3diante'de Efraim, Benjamim e Ma-
nes dos teus santos aos animais da nassés. Desperta o teu poder, e vem
terra. para nos salvar.
3Derramaram o seu sangue como 4ó Deus, restaura-nos e mostra-nos
água à roda de Jerusalém, e não ha­ sempre o teu rosto, para que seja­
via quem lhes desse sepultura. mos salvos.
4Tornamo-nos o opróbrio dos nos- 5Senhor Deus dos exércitos, até
Sos vizinhos, o escárnio e a m ofa da­ quando estarás irado, não obstante o
queles que nos rodeiam. teU povo orar?
5A té quando, Senhor, permanece­ °Alimentaste-o com pão de lágri­
reis irado sempre? O teu zêlo arderá mas, e deste-lhe a beber lágrimas
sempre como o fogo? com abundância.
6Derrama a tua ira sôbre as nações 7Fizeste de nós um objeto de dis­
que não te conhecem, e sôbre os rei­ puta para os nossos vizinhos, e os
nos que não invocam o teu nome, nossos inimigos fazem escárnio de
7porque êles devoraram Jacó, e de­ nós. Deus dos exércitos, restaura-
vastaram a sua morada. nos, e mostra sereno o teu rosto, pa­
8Não recordes contra nós as cul­ ra que sejamos salvos.
pas dos nossos antepassados, venha 9Uma videira arrancaste do Egito,
quanto antes, ao nosso encontro a6 9 expulsaste as gentes e a plantaste.
69, Corno o céu. Hipérbole para exprimir a altura do templo.
Salmo L X X IX — 2. A tribo de José representa aqui as dez tribos separadas de Judâ.,
das quais era cabeça, o direito de primogenitura de Rúben passou p ara José ( I P a ra -
lip. v . 1).
9. José é comparado a um a videira frondosa. A alegoria da vinha ou da videira é
muito freqüente na S agrada Escritura.
79 - 81 OS SALMOS 658

10Preparaste-lhe o terreno, e lan­ do saiu da terra do Egito. Ouvi uma


çou raizes, e encheu a terra. língua que não entendia:
“ A sua sombra cobriu os montes, 7“Libertei os seus ombros do far­
e os seus sarmentos, os cedros de do; as suas mãos deixaram o cêsto
Deus. (com que serviam nas obras).
“ Estendeu a sua ramagem até ao 8N a tribulação clamaste, e eu te
mar, e até ao rio os seus rebentos. livrei; do interior duma nuvem tro­
13Para que destruíste a sua cêrca, vejante te respondi, provei-te junto
de modo que a vindimem todos os das águas de Meriba.
que passam pelo caminho, 9Ouve, povo meu, e eu te adverti­
14e a devaste o javali da selva, e rei: ó Israel, se me ouvisses!...
se apascentem nela as bestas do “ Não haverá em ti deus alheio,
campo? nem adorarás deus estranho:
15ó Deus dos exércitos, volta-te, “ eu sou o Senhor teu Deus, que
olha do alto do céu, e vê, e visita es­ te tirei da terra do Egito; abre a
ta videira. tua boca, e eu a encherei.
16E protege aquela que a tua dex- “ Mas o meu povo não ouviu a mi­
tra plantou, e o rebento que para ti nha voz, e Israel não me obedeceu.
fortaleceste. “ P or isso abandonei-os à dureza
17Os que a incendiaram e talaram do seu coração, andem segundo os
pereçam ante a, ameaça do teu rosto, seus devaneios.
“ Esteja a tua mão sôbre o homem 14Se o meu povo me tivesse ouvido,
da tua dextra, e sôbre o filho do se Israel tivesse andado nos meus
homem que para ti fortaleceste. caminhos,
“ Não nos afastaremos mais de ti; 15eu depressa humilharia os seus
tu nos conservarás a vida, e procla­ inimigos, e voltaria a minha mão
maremos o teu nome. contra os seus adversários;
20Senhor, Deus dos exércitos, res- 16os que odeiam o Senhor, o adu­
taura-nos, e mostra-nos sereno o teu lariam, e a sua sorte duraria para
rosto, para que sejamos salvos. sempre.
17Eu o alimentaria com a flor do
Hino e advertência num dia solene trigo, e o saciaria de mel saído da
de festa rocha” .
Q(| 1A o mestre do côro. Segundo Condenação dos juizes iníquos
ou a melodia de “ Os lagares..”
De Asaf. CM 1Salmo. D e Asaf. Deus levan-
2Regozijai-vos em Deus nosso pro­ 0 1 ta-se no conselho divino; jul­
tetor, aclamai o Deus de Jacó. ga no meio dos deuses (ou juizes da
3Tocai o saltério, e pulsai o tímba- terra).
le, a citara melodiosa e a lira. 2“A té quando julgareis injustamen-
4Tocai a trombeta na neomênia. te, e favorecereis a causa dos ímpios?
no plenilúnio, nosso dia solene, 3Defendei o oprimido e o órfão, fa ­
“porque é um preceito para Israel, zei justiça ao humilde e ao pobre.
e uma ordem do Deus de Jacó. 4Libertai o oprimido e o indigente,
°Prescreveu esta lei a José, quan­1 8 arrancai-o das mãos dos ímpios” .
18. Esteja a tua mão . . ., protege o povo de Israel.
Salmo L X X X — 4. A Neomênia (novilúnio) era celebrada com sacrifícios especiais, du­
rante os quais se deviam tocar as trombetas sagradas..,
6. Um a língua . . ., isto é, a voz de Deus.
8. Meriba. Estação do deserto tristemente célebre por uma revolta dos hebreus.
11. E eu a encherei, isto é, dar-te-ei uma grande recompensa.
17. E u o alimentaria com a flor do trigo, e o saciaria de mel saídodo roc
é, dum alimento miraculosamente dado por Deus, como outrora no deserto.
Salmo L X X X I — 1. São aqui chamados deuses o s juizes do povo, os quais, como
representantes de Deus, e com a sua autoridade, julgavam e governavam . Deus citou-
os para comparecer ante o tribunal divino ( conselho divino).
654 OS SALMOS 81 - 83

5Não sabem nem entendem (os seus 14ó meu Deus, torna-os semelhantes
deveres), andam nas trevas; são aba­ às folhas levadas pelo torvelinho, se­
lados todos os fundamentos da terra. melhantes à pequena palha diante
°Eu disse: “ Sois deuses, e todos f i­ do vento.
lhos do Altíssimo. 15Como fogo que queima uma sel­
7Mas vós como homens morrereis, va, e como chama que incendeia os
e caireis como um príncipe qualquer” . montes,
8Levanta-te, ó Deus, julga a ter­ 16assim os persegue com a tua tem­
ra, pois de direito são tuas tôdas as pestade, e com a tua procela os aterra.
gentes. 17Cobre os seus rostos de ignomí­
Oração contra os inimigos coligados nia, para que busquem o teu nome,
contra o povo Senhor.
18Sejarn envergonhados e perturba­
O O 1Cântico. Salmo. De Asaf. dos para sempre, sejam confundidos
Oi* «Não emudeças Senhor; não e pereçam.
estejas calado, ó Deus, nem inativo! 19E saibam que tu, cujo nome é
3Pois que os teus inimigos se amo­ “ Senhor” , és o único excelso sôbre tô-
tinam, e os que te odeiam levantam da a terra.
a cabeça.
4Formam desígnios maus contra o Desejo do templo do Senhor
teu povo, e conspiraram contra os
teus protegidos. O O xAo mestre do côro. Segundo
'Dizem: <TVinde, e exterminemo-los, 0 0 a melodia de “ Os lagares...”
para que não formem um povo, e Dos filhos de Coré. Salmo.
não haja mais memória do nome de 2Quão amável é a tua morada, Se­
Israel” . nhor dos exércitos!
‘Sim, tomam decisões unânimes, e 3A minha alma suspira, desfalece
fazem aliança contra ti: desejando os átrios do Senhor; o meu
7as tendas de Edom e os Ismaeli- coração e a minha carne exultam
tas, Moab e os Agarenos, em Deus vivo.
8Gebal e Amon e Amalec, a Filis- 4Até o pássaro encontra uma ca­
téia e os habitantes de Tiro; sa, e a andorinha, um ninho onde
•também os Assírios se coligaram possa pôr os seus filhinhos: (sejam
com êles; prestaram o auxílio dos minha casa) os teus altares, Senhor
seus braços aos filhos de Lot. dos exércitos, rei meu, e Deus meu!
10Faze-lhes como a Madiah, como ®Bem-aventurados, Senhor, os que
a Sisara e a Jabin, na torrente de moram na tua casa: êles te louvam
Cisson. sem cessar.
uForam exterminados em Endor, e °Bem-aventurado o homem que de
se tornaram como o estéreo da terra. ti recebe auxílio, quando decide em­
12Trata os seus príncipes como (tra ­ preender viagens santas:
taste) Oreb e Zeb, com Zebee, e Sal- 7ao passar por um árido vale, con-
mana, todos seus capitães, vertê-lo-ão em manancial, e o reves­
18os quais tinham dito: “Apodere- tirá de bênção a primeira chuva.
mo-nos das terras de Deus” . 8Avançarão com vigor sempre cres-
5. Todos os fundam entos... Sendo a justiça o fundamento da ordem entre os povos,
quando ela desaparece, tudo cai em ruínas.
Salmos L X X X II — 17. Para que busquem o teu nome. Resultado final da derrota,
o s inimigos que sobreviveram, impressionados com a vitória miraculosa do Senhor, sub-
meter-se-ao humildemente a êle. E sta consoladora profecia explica o verdadeiro caráter
das imprecaçôes contidas em alguns salmos, as quais, à prim eira vista, parecem pedi­
dos de vingança, mas são na realidade um a eloqliente manifestação do desejo que o
Salmista tinha de ver os seus inimigos encontrar a salvação eterna no meio da ruína
temporal.
Salmo L X X X I I I — 6. Viagens santas, v ê -s e pelo contexto, que se trata de pere­
grinações santas.
7. Os peregrinos, movidos por uma alegre expectativa, atravessavam áridos vales,
como se êles abundassem em água e verdura, de que se revestem depois das primei­
ras chuvas.
83 - 85 OS SALMOS 655

cente, verão o Deus dos deuses em a nossa terra produzirá o seu fruto.
Sião. 14A justiça irá adiante dêle, e a
9Senhor, Deus dos exércitos, ouve salvação (irá ) pelo caminho dos seus
a minha oração; presta ouvidos, ó passos.
Deus de Jacó.
10ó Deus, nosso escudo, olha para Súplica dum piedoso servo de Deus
nós, e põe os olhos no rosto do teu nas adversidades
ungido (D a vi).
“ Em verdade, é melhor um só dia QC 1Súplica. De Davi. Inclina, Se-
nos teus átrios, que milhares fora nhor, o teu ouvido, e ouve-me,
dêles; prefiro deter-me no limiar da porque eu sou desvalido e pobre.
casa de Deus a morar nas tendas 2Guarda a minha alma, porque te
dos pecadores. sou dedicado; salva o teu servo, que
12Porque sol e escudo é o Senhor espera em ti. Tu és o meu Deus:
Deus: graça e glória dá o Senhor, 3tem misericórdia de mim, porque
não nega bens aos que andam na a ti clamo sem cessar.
inocência. 4Alegra a alma do teu servo, por­
13Senhor dos exércitos, bem-aven­ que a ti, Senhor, elevo a minha alma.
turado o homem que em ti confia. 5Porque tu, Senhor, és bom e cle­
mente, cheio de misericórdia para to­
A nossa salvação está perto dos os que te invocam.
°Presta ouvidos, Senhor, à minha
Q4 M.0 mestre do côro. Dos filhos oração, e atende à voz da minha
de Coré. Salmo. súplica.
2Fôste propício, Senhor, à tua ter­ 7N o dia da minha tribulação cla­
ra; mudaste em bem a sorte de Jacó. mo a ti, porque me ouvirás.
3Perdoaste a culpa do teu povo; 8Não há semelhante a ti entre os
cobriste todos os seus pecados. deuses, ó Senhor; nem há obra que
4Reprimiste tôda a tua ira; desis­ à tua obra se compare.
tiste do furor da tua indignação. 9Tôdas as nações que fizeste, virão
5Restaura-nos, ó Deus, salvador e te adorarão, Senhor, e glorificarão
nosso, e depôe a tua indignação con­ o teu nome.
tra nós. 10P'orque tu és grande e operas ma­
°Porventura estarás sempre irado ravilhas: só tu és Deus.
contra nós, ou estenderás a tua ira ^Ensina-me, Senhor, o teu cami­
a todas as gerações? nho, para que eu ande na tua verda­
7Porventura não nos tornarás a dar de; dirige o meu coração para que
a vida, e o teu povo não se alegrará tema o teu nome.
em ti? 12Louvar-te-ei, Senhor Deus meu,
8Mostra-nos, Senhor, a tua miseri­ com todo o meu coração, e glorifica-
córdia, e dá-nos a tua salvação. rei o teu nome eternamente,
9Ouvirei o que o Senhor diz: sem 13porque a tua misericórdia foi gran­
dúvida fala de paz ao seu povo e de para comigo, e livraste a minha
aos seus santos, e àqueles que de co­ alma do profundo dos infernos.
ração se voltam. 14ó Deus, levantaram-se contra mim
10Sim, a sua salvação está perto homens soberbos, e um tropel de po­
dos que o temem, a fim de que a derosos atenta contra a minha vida,
glória habite na nossa terra. sem que te tenham presente diante
" A misericórdia e a fidelidade se dos seus olhos.
encontraram juntas, a justiça e a 15Mas tu és, Senhor, Deus miseri­
paz Re oscularam. cordioso e benigno, lento para a ira,
12A fidelidade germinará da terra, cheio de clemência e de fidelidade.
e a justiça olhará do alto do céu. 16Põe os olhos em mim, e tem pie­
13Também o Senhor dará o bem, e dade de mim, dá o teu poder ao teu
Salmo L X X X I v — 12. Harm onia completa entre o céu e a terra, entre as virtudes
morais e os bens materiais.
Salmo L X X X v — Esta súplica parece ter sido composta por Davi por ocasião da
revolta de seu filho Absalão.
656 OS SALMOS 85 - 87

servo, e salva o filho da tua escrava. °Entre os defuntos está o meu gra-
17Dá-me um sinal do teu favor, pa­ bato, como os dos que foram mortos,
ra que vejam aquêles que me odeiam, e jazem no sepulcro, de quem já te
para sua confusão, que tu, Senhor, não lembras, e que estão excluídos
tens-me socorrido e consolado. do teu cuidado.
7Puseste-me num fôsso profundo,
Sião, mãe de todos os povos em lugares tenebrosos, em obscuro
O g 'Dos filhos de Coré. Salmo. abismo.
OÜ Cântico. O Senhor ama a sua 8Sôbre mim pesa a tua indignação,
fundação sôbre os montes santos; e com tôdas as tuas ondas me su­
%(am a) as portas de Sião mais que focas.
todos os tabernâculos de Jacó. °Afastaste de mim os meus conhe­
3Coisas gloriosas se dizem de ti, ó cidos, tornaste-me abominável para
cidade de Deus! êles, estou prisioneiro, sem poder sair.
4Incluirei Raab e Babel entre os 10Os meus olhos desfalecem de mi­
que me veneram; eis a Filistéia e séria; a ti, Senhor, clamo todo o dia;
T iro e o povo da Etiópia, todos êstes para ti estendo as minhas mãos.
nasceram lá. “ Porventura fazes milagres em fa ­
5E de Sião se dirá: “ Um por um vor dos mortos? Porventura os de­
todos nasceram nela, e foi o próprio funtos levantar-se-ão para te louva­
Altíssimo que a consolidou” . rem ?
“ Acaso publicam na sepultura a
•O Senhor escreverá no livro dos tua bondade, e a tua fidelidade nos
povos: “ Êstes nasceram lá” . infernos?
7E, formando um côro, cantarão: “ Porventura manifestam-se nas tre­
“ Todas as minhas fontes estão em ti” . vas as tuas maravilhas, e a tua graça
na terra do esquecimento?
Pranto e súplica dum homem santo
14Mas eu, Senhor, a ti clamo, e
1Cântico. Salmo. Dos filhos de logo de manhã vai diante de ti a
° * Coré. A o mestre do côro. minha oração.
Segundo a melodia de "M ahalat” . “ P or que repeles, Senhor, a minha
Para canto. Maskil. D e Hema E z- oração, e escondes de mim a tua
rahita. face?
2Senhor, Deus meu, clamo durante “ Sou miserável e moribundo desde
o dia, de nbite lamento-me na tua menino, suportei os teus terrores, e
presença. fiquei extenuado.
*Chegue a ti a minha oração, in­ “ Por cima de mim passaram as
clina o teu ouvido ao meu clamor, tuas iras, e os teus terrores me con-
4porque a minha alma está satura­ sumiram.
da de males, e a minha vida apro­ 18Cercam-me sem cessar como água,
xima-se dos infernos. envolvem-me todos à uma.
5Sou contado entre os que descem “ Afastaste de mim o amigo e o
à cova, tornei-me como um homem cohipanheiro; os meus familiares são
sem vigor. as trevas.
salm o L X X X v l — 2. Portas de Sião. F igu ra em pregada pelo Salm ista para repre­
sentar tôda a cidade.
4. In clu irei... Ê o próprio Deus que toma a p alavra para anunciar a conversão dos
povos pagãos — Raab é um nome simbólico que significa o Egito. — Nasceram lá.
Jerusalém é considerada como o lugar em que os povos pagãos nascerão p ara a g ra ­
ça, visto ser o centro e o bêrço religioso de todo o mundo.
5. U m por u m . . . Jerusalém tornar-se-á mãe de muitos filhos, à medida que os
pagãos se forem convertendo.
7. o s próprios povos reconhecerão, cheios de gôzo, com cânticos e danças, que a fon­
te, donde m anam todos os bens, éstá em Jerusalém.
salm o L X X X v l I — 8. A s tuas ondas . . . Im agem de grandes desgraças.
11. P o rv e n tu ra . . . E r a em fa v o r dos vivos e não dos mortos que Deus operava m a -
ravilhas.
88 OS SALMOS 657

Promessas de Deus a D avi postas em fôrça, e por teu favor eleva-se o


confronto com a ruína de Jerusalém nosso poder.
“ Porque do Senhor é o nosso es­
OO 1Maskil. D e Etan Ezrahita. cudo, e do santo de Israel o nosso
00 2Eu cantarei eternamente as rei.
graças do Senhor; anunciarei a tua 20Outrora falaste numa visão aos
fidelidade pela minha boca por tôdas teus santos, e disseste: “ Irnpus a co­
as gerações. roa a um poderoso; exaltei um es­
8Porquanto disseste: “ A graça es­ colhido do meio do povo.
tá estabelecida para sempre” ; no céu 21Encontrei Davi, meu servo, com
estabeleceste a tua fidelidade. o meu santo óleo o ungi,
4“ Fiz aliança (disseste) com o meu 22para que a minha mão esteja
escolhido; jurei a Davi meu servo sempre com êle, e o meu braço o
( dizendo): fortifique.
5Conservarei eternamente a tua “ Não o enganará o inimigo, nem
descendência, tornarei firm e o teu o malvado o abaterá.
trono por tôdas as gerações” . 24Antes exterminarei de diante dê-
°Os céus celebram, Senhor, as tuas le os seus contrários, e ferirei os que
maravilhas, e a tua fidelidade na as­ o odeiam.
sembléia dos santos. “ A minha fidelidade e a minha
7Porque quem, nas nuvens será graça estarão com êle; e no meu no­
igual ao Senhor? E quem, entre os me será exaltado o seu poder.
filhos de Deus, será semelhante ao “ E estenderei a sua mão sôbre o
Senhor? mar, e a sua dextra sôbre os rios.
8Deus é terrível na assembléia dos "Ê le me invocará dizendo: “ Tu és
santos, grande e tremendo sobre to­ meu Pai, meu Deus, e a rocha da
dos os que estão em roda dêle. minha salvação.
°Senhor, Deus dos exércitos, quem ^E eu o constituirei meu primo-
é igual a ti? És poderoso, Senhor, e ênito, o mais elevado entre os reis
a tua fidelidade está sempre em ro­ a terra.
da de ti. ^Eternamente lhe conservarei a
10Tu dominas o orgulho do mar, e minha graça, e a minha aliança com
amansas as suas ondas entumecidas. êle será estável.
nTu calcaste a Raab, ferido de ^E farei eterna a sua descendên­
morte, com a fôrça do teu braço, cia, e o seu trono (durará tanto) co­
dispersaste os teus inimigos. mo os dias do céu.
12Teus são os céus, e tua é a ter­ 31Mas, se seus filhos abandonarem
ra; tu fundaste o mundo e tudo o a minha lei, e não andarem nos meus
que êle contém; preceitos,
13tu criaste o aquilão e o austro; 32se violarem os meus decretos, e
o Tabor e o Hermon exultarão em não guardarem os meus mandamen­
teu nome. tos,
140 teu braço é poderoso, firm e a “ castigarei com vara o seu delito,
tua mão, levantada a tua dextra. e com açoites a sua culpa;
15Justiça e direito são a base do 34mas não retirarei ( dêle) a minha
teu trono, graça e fidelidade pre- graça, nem faltarei à minha fide­
cedem-te. lidade.
“ Bem-aventurado o povo que sabe ^Não violarei a minha alianpa, nem
alegrar-se (em t i ) ; êles caminham â mudarei o que os meus lábios dis­
luz do teu rosto, Senhor, seram.
17em teu nome se regozijam sem­ “ Jurei uma vez (para sempre) pe­
pre, e pela tua justiça se exaltam. la minha santidade, de nenhum mo­
“ Porque tu és o esplendor da sua do faltarei a Davi:
Salmo L X X X v l I I — 2. A tua fidelidade em cumprir tudo o que prometeste.
6. D os santos, dos anjos, dos quais se fa la v árias vêzes nôste salmo.
19. o nosso escu d o. . . e o nosso rei são do senhor, isto é, estão em suas m ãos e
sob os seus cuidados.
20. A um poderoso, isto é, a D avi.
658 OS SALMOS 88 - 89

” a sua descendência permanecerá "Abreviaste os dias da sua juven­


eternamente, e o seu trono serâ dian­ tude, cobriste-o de ignomínia.
te de mim como o sol, "A té quando, Senhor? Ficarás pa­
Me como a lua que subsiste para ra sempre escondido? Arderá como
sempre, testemunha fiel no céu” . fogo a tua indignação?
39Apesar disso (Senhor), tu repelis-
te e rejeitaste, e gravemente te iras- "Lem bra-te de quão breve é a mi­
te contra o teu ungido, nha vida, de quão caducos criaste
"desprezaste a aliança do teu ser­ todos os homens.
vo, profanaste a sua coroa (lançan­ "Quem há que viva sem ver a
do-a) por terra. morte, que possa subtrair a sua al­
41Destruíste todas as suas mura­ ma do poder dos infernos?
lhas; entregaste à destruição as suas “ Onde estão as tuas antigas gra­
fortalezas. ças, Senhor, as quais juraste a Davi
42Saquearam-no todos os que pas­ por tua fidelidade?
savam pelo caminho; tornou-se o 51Lembra-te, Senhor, do opróbrio
opróbrio dos seus vizinhos. dos teus servos; eu trago no meu
"Exaltaste a dextra dos seus ini­ peito tôdas as inimizades das gentes,
migos; encheste de gôzo todos os seus
contrários. 52com as quais os teus adversários
"Embotaste o fio da sua espada, e insultam, Ó Senhor, com as quais
não o sustiveste no combate. insultam os passos do teu ungido.
"Fizeste cessar o seu esplendor, e “ Bendito seja o Senhor para sem­
derribaste por terra o seu trono. pre! Assim seja, assim seja!

LIVRO QUARTO
Deus eterno, refúgio do homem nho ao amanhecer, como a erva ver-
durante a sua breve vida dejante:
QQ 1Oração. De Moisés, homem de °de manhã floresce e verdeja, à
Deus. Senhor, tu tens sido tarde é cortada e seca.
o nosso refúgio, de geração em ge­ 7N a verdade, somos consumidos pe­
ração. la tua ira, e perturbados pela tua
2Antes que os montes fôssem for­ indignação.
mados e nascesse a terra e o mundo, 8Puseste as nossas culpas à tua vis­
e desde a eternidade e para sempre, ta, os nossos pecados ocultos a luz
tu exististe, ó Deus. do teu rosto.
3Mandas que ao pó voltem os mor­ “Todos os nossos dias transcorreram
tais, e dizes: “ Regressai, filhos dos na tua ira; acabamos os nossos anos
homens” . como um suspiro.
“Porque mil anos, aos teus olhos, 10A soma dos nossos anos é setenta
são como o dia de ontem, que passou anos, e, se somos robustos, oitenta;
e como uma vigília da noite (que e a maior parte dêles são trabalho e
sòmente dura três horas). vaidade: pois passam depressa e voa­
5Tu os arrebatas: são como um so-9 4 mos.
49. Infernos. E sta p a la v ra tem aqui, como na m aior parte dos casos, em que è
empregada, o significado de habitação dos mortos.
Salmo L X X X IX — Êste salmo pode dividir-se em três partes: 1* (1 -6 ) lamenta
a brevidade da vida; 2» (7-12 a morte, causa de tanto mal, é a ira de Deus excitada
pelo pecado; 3* (13-17) oração a Deus pedindo os seus favores. — H á algum as analo­
gias de pensamento e de linguagem com o Deuteronômio X X X III, 1, e isto explica
a atribuição a Moisés, homem de Deus, no título.
89 - 91 OS SALMOS 659
nQuem compreende o poder da tua teu favor, que te guardem em todos
ira, e a tua indignação, conforme o os teus caminhos.
temor que te é devido? 12Êles te levarão nas suas mãos, pa­
12Ensina-nos a contar os nossos dias, ra que o teu pé não tropece em algu­
para que alcancemos a sabedoria do ma pedra.
coração. 13Sobre o áspide e o basilisco anda­
13Volta (para nós), Senhor, — até rás, e calcarás aos pés o leão e o
quando (te mostrarás irado) ? Sê pro­ dragão.
pício para com os teus servos. “ Porque se agarrou a mim, livrá-lo-
14Sacia-nos depressa com a tua m i­ -ei; protegê-lo-ei, porque conheceu o
sericórdia, para que exultemos e nos meu nome.
alegremos durante todos os nossos 15Invocar-me-á, e eu o ouvirei; com
dias. êle estarei na tribulação, livrá-lo-ei e
15Alegra-nos pelos dias em que nos o honrarei.
afligiste, pelos anos em que vimos 16Saciá-lo-ei de dilatados dias, e
males. mostrar-lhe-ei a minha salvação.
10Manifeste-se aos teus servos a
tua obra, e a tua glória aos seus f i­ Douvor a Deus, que governa o destino
lhos, dos homens com sabedoria e justiça
17e a bondade do Senhor, nosso
Deus, esteja sobre nós; favorece a o- Q l 1Salmo. Cântico. Para o dia de
bra das nossas mãos, sim, a obra das * 1 sábado.
nossas mãos favorece. 2Bom é louvar o Senhor, e cantar
salmos ao teu nome, ó Altíssimo:
Deus Altíssimo protetor dos justos 3anunciar pela manhã a tua mise­
ricórdia, e a tua fidelidade durante
QA xTu que vives sob a proteção do a noite,
Altíssimo, que moras à som­ 4com o saltério de dez cordas e a
bra do Onipotente, lira, com cântico ao som da citara.
2dize ao Senhor: “ Meu refúgio e 5Porque me alegras, Senhor, com as
meu baluarte, meu Deus, em quem tuas obras, e eu exulto com as obras
confio” . das tuas mãos.
3Porque êle me livrará do laço dos ®Quão magníficas são, Senhor, as
caçadores, e da peste perniciosa. tuas obras! Quão profundos são os
4Proteger-te-á com as suas penas, teus pensamentos!
e te acolherá debaixo das suas asas, 70 homem insensato não conhece,
escudo e broquel é a sua fidelidade. e o néscio não compreende estas coi­
6Não terás mêdo do terror noturno, sas.
nem da seta que voa de dia, 8Embora os ímpios floresçam como
°nem da peste que vagueia nas tre­ a erva, e brilhem todos os que fa ­
vas, nem da calamidade que devasta zem o mal, estão destinados a eter­
em pleno meio-dia. no extermínio;
7Caiam mil ao teu lado, e dez m il 9mas tu, Senhor, és eternamente
à tua direita, mas (a calamidade) não excelso.
se aproximará de ti. “ Pois eis que os teus inimigos, Se­
8E tu com os teus olhos contempla­ nhor, eis que os teus inimigos pere­
rás e verás a paga dos pecadores. cerão, e serão dispersados todos os
°Porque o teu refúgio é o Senhor, que praticam o mal.
puseste o Altíssimo por tua defesa. “ Exaltaste a minha fôrça como a
10O mal não virá sôbre ti, e o fla­ de um búfalo; ungiste-me com azeite
gelo não se aproximará da tua ten­ puríssimo.
da. 12E os meus olhos olharam com des-
“ Porque mandou aos seus anjos em prêzo para os meus inimigos, e os
Salmo X C — 3. D o laço dos caçadores. Im agem usada muitas vêzes na B íb lia para
significar um perigo oculto.
11-12. Aos seus anjos . . . Texto clássico para demonstrar a existência dos anjos
da guarda, é célebre também por ter sido utilizado por Satanás para tentar Jesus
(M at. IV , 6).
660 OS SALMOS 91 - 93

meus ouvidos ouviram alegres novas 4 (A té quando) proferirão necedade


dos malignos que se levantam contra falarão com arrogância, se jactarão
mim. os que praticam a iniqüidade?
130 justo florescerá como a palma, 5Calcam, Senhor, o teu povo, e o-
e como o cedro do Líbano crescerá. primem a tua herança;
“ Plantados (os justos) na casa do °trucidam a viúva e o peregrino, e
Senhor, florescerão nos átrios do nos­ tiram a vida aos órfãos.
so Deus. 7E dizem: “ N ão o vê o Senhor, nem
15Darão frutos mesmo na velhice, o nota o Deus de Jacó” .
estarão cheios de seiva e de vigor, 8Refleti, insensatos do povo, e vós.
“ para anunciar quão reto é o Se­ néscios, quando sereis prudentes?
nhor, minha Rocha, e que não há nê- •Porventura aquêle (Senhor) que
le iniqüidade. plantou o ouvido, não ouvirá? Ou o
que formou os olhos, não verá?
O Senhor, rei poderoso do universo 10O que educa as gentes, não cas­
410 *0 Senhor reina, vestiu-se de tigará? êle que ensina ao homem a
ciência...
majestade, vestiu-se O Senhor nO Senhor conhece os pensamentos
de poder e cingiu-se, e firmou a re­ dos homens, (ele sabe) que são vãos.
dondeza da terra, que não será aba- 12Bem-aventurado o homem a quem
lada. tu educas, Senhor, e instruís na tua
20 teu trono é firm e desde sem­ lei,
pre, tu és desde a eternidade. 13para lhe dar descanso a seguir
30s rios, Senhor, levantam, os rios aos dias infaustos, até que se abra
levantam a sua voz, os rios levantam a cova para o impio.
o seu fragor. 14Porque o Senhor não rejeitará o
4Mais poderoso que o estrondo de seu povo, nem abandonará a sua he-
muitas águas, mais poderoso que as rança;
vagas do mar, é poderoso o Senhor 15antes o julgamento voltará à jus­
nas alturas.
50s teus testemunhos são muito tiça, e a seguirão todos os retos de
dignos de fé; a santidade convém à coração.
tua casa, Senhor, em tôda a duração “ Quem se levantará por mim con­
dos dias. tra os malfeitores? Quem estará por
mim contra os que praticam a ini-
Invocação a Deus, justo juiz, contra qüidade?
os opressores iníquos 17Se o Senhor me não socorresse,
em breve a minha alma habitaria na
ÔÓ 1ó Deus das vinganças, ó Senhor, região do silêncio.
67° ó Deus das vinganças, mostra 18Quando penso: "O meu pé está
o teu esplendor. vacilante” , a tua graça, Senhor, me
le v a n ta - te (6 Deus), que julgas sustenta.
a terra; dá aos soberbos o que me­ “ Quando se multiplicam as angús-
recem. tias no meu coração, as tuas conso­
3A té quando é que os ímpios, Se­ lações deleitam a minha alma.
nhor, até quando é que os ímpios se “ Porventura tem alguma coisa de
hão de gloriar? comum contigo o tribunal iníquo, que
salm o X C I — 14-10. Os justos, entregues ao serviço de Deus no templo, com a sua
longa e frutuosa vida, são urna demonstração viva da justiça de Deus.
Salmo X C II — 3-4. O Salrnista refere-se aos obstáculos que o paganismo opôs ao
estabelecimento do reino de Deus. Representa-os sob a figu ra do m ar encapelado, e de
rios transbordando e ameaçando subm ergir tudo à sua passagem.
Salmo X C III — 12-13. O homem instruído por Deus, sabe que a justiça não dei­
x a rá de se fazer a seu tempo, e por isso consola-se no tempo da adversidade, até que
chega o castigo dos seus perseguidores ( até que se abra a c o v a . . .).
15. v o lta rá a justiça. Todo o julgamento se am oldará à justiça quando os ímpios ti­
verem desaparecido.
20. P o rv e n tu ra . . . Deus, justo e bom, nfto pode deixar de auxiliar os seus amigos.
Nunca fa r á aliança com os ímpios, êle que exige a obediência à sua lei à custa de
grandes sacrifícios.
n - 96 OS SALMOS 661

forja vexames sob o pretexto da lei? Louvai o Senhor, rei de tôda a terra
21Atentem, muito embora, contra a
vida do justo, e condenem o sangue QC C antai ao Senhor um cântico
inocente: novo; cantai ao Senhor, todas
22o Senhor há de ser a minha de­ as terras.
fesa, e o meu Deus, a rocha do meu 2Cantai ao Senhor, bendizei o seu
refúgio. nome. anunciai todos os dias a sua
23Devolver-lhes-á em paga a sua salvação.
própria iniqüidade, e por sua própria 3Anunciai entre as gentes a sua
maldade os exterminará, destruí-los- glória, entre todos os povos as suas
-á o Senhor nosso Deus. maravilhas.
4Porque o Senhor é grande e muito
Convite a louvar a Deus e a obedecer digno de louvor, é mais tem ível que
aos seus mandamentos todos os deuses.
5Porque todos os deuses das gen­
<)4 ^ in d e, regozijemo-nos no Se- tes são ficções; porém o Senhor é que
nhor, aclamemos a Rocha da fêz os céus.
nossa salvação: °Majestade e magnificência prece­
2apresentemo-rios diante dêle com dem-no; poder e esplendor estão na
louvores, com cânticos regozijemo-nos sua morada santa.
diante dêle. 7Tributai ao Senhor, ó famílias dos
3Porque o Senhor é Deus grande, e povos, tributai ao Senhor glória e po­
rei grande sôbre todos os deuses: der;
4na sua mão estão tôdas as pro­ 8tributai ao Senhor a glória devi­
fundezas da terra, e as alturas dos da ao seu nome. Oferecei um sacri­
montes são suas. fício e entrai nos seus átrios;
5Seu é o mar, pois êle o fêz, e a °adorai o Senhor em ornamentos
terra firme, que as suas mãos forma­ sagrados. Trem a tôda a terra na sua
ram. presença;
10dizei entre as gentes: Reina o Se­
°Vinde, adoremos e prostremo-nos, nhor. Consolidou o orbe para que
e dobremos os joelhos diante do Se­ não vacile; rege os povos com eqüi-
nhor, que nos criou. dade.
7Porque êle é o nosso Deus, e nós “ Alegrem-se os céus, e regozije-se
somos o povo do seu pasto, e as ove­ a terra, ressoe o mar e $ /que êle
lhas da sua manada. Oxalá que ou­ contém;
ças hoje a sua voz: “ rejubile o campo e tôdas as coi­
8<<não endureçais os vossos corações, sas que nêle há. Então se regozija­
como em Meriba, como no dia de rão tôdas as árvores da selva,
Massa no deserto, 13à vista do Senhor, porque vem, .
9onde vossos pais me tentaram, me porque vem governar a terra. Go­
provaram, embora tivessem visto as vernará o mundo com justiça, e os
minhas obras. povos com fidelidade.
10Quarenta anos tive tédio dessa
geração, e disse: São um povo de co­ O Senhor, rei que confunde os falsos
ração desencaminhado, e não conhe­ deuses e exalta os homens justos
ceram os meus caminhos. Q£ jO Senhor reina: regozije-se a
“ Por isso jurei na minha ira: Não terra, alegrem-se as numero­
entrarão no meu repouso” . sas ilhas.
Salmo X C IV — 8. Não endureçais . . . O Salmista recomenda-nos a necessidade que
temos de não perder a graça no momento em que Deus a oferece, pois pode ser que
não volte a oferecê-la.
Salmo X C V — 11-13. A s criaturas inanimadas são também convidadas a louvar o
Senhor, quando chegar o Messias, que vem governar, a fim de restabelecer a justiça
e iniciar a feliz era messiânica.
Salmo X C V I — Neste salmo é descrito o grandioso aparato com que será iniciado o
julgam ento a que se referem os últimos versículos do salmo anterior.
2-5. Aparição de Deus com um cortejo conveniente à sua majestade. Todo 0 uni­
verso se comoveu.
662 OS SALMOS 96 - 99
2Nuvens e escuridão estão ao re­ 7Ressoe o mar e tudo o que há nê-
dor dêle, a justiça e o direito são a le, o mundo e os que habitam nêle.
base do seu trono. 8Dêem palmas os rios, ao mesmo
30 fogo avança diante dêle, e a- tempo os montes se alegrem
brasa ao redor os seus inimigos. 9à vista do Senhor, porque, vem,
40s seus relâmpagos iluminam o porque vem governar a terra. Gover­
mundo; a terra vê e treme. nara o mundo com justiça e os povos
50s montes fundem-se como cêra com eqüidade.
diante do Senhor, diante do domina­
dor de tôda a terra. O Senhor, rei santo
°Os céus proclamam a sua justi­ QQ 70 Senhor reina: tremem os po-
ça, e todos os povos vêem a sua gló­ vos; está sentado sôbre queru­
ria. bins: agita-se a terra.
7Confundidos sejam todos os que a- 20 Senhor é grande em Sião, e ex-
doram estátuas, e os que se gloriam celso sôbre todos os povos.
nos ídolos; perante êle se prostram 3Celebram o teu nome grande e
todos os deuses. tremendo: êle é santo.
8Sião ouve e alegra-se, e as cida­ 4Reina o poderoso que ama a jus­
des de Judá regozijam-se, por cau­ tiça: tu estabeleceste as normas da
sa dos teus juízos, Senhor. retidão, tu exerces em Jacó a jus­
9Poraue tu, Senhor, és excelso sô- tiça e o direito.
bre tôda a terra, sumamente elevado 5Exaltai o Senhor, nosso Deus, e
acima de todos os deuses. prostrai-vos ante o escabelo de seus
10O Senhor ama os que odeiam o pés: êle é santo.
mal, guarda as almas dos seus san­ °Moisés e Arão contam-se entre os
tos, livra-os da mão dos ímpios. seus sacerdotes, e Samuel, entre aquê-
“ Nasce a luz para os justos, e a ale­ les que invocavam o seu nome: in­
gria para os retos de coração. vocavam o Senhor e êle os atendia.
12Alegrai-vos, justos, no Senhor, e 7Falava-lhes na coluna de nuvem:
celebrai o seu santo nome. ouviam os seus mandamentos, e o pre­
Deus vencedor, rei e juiz justo ceito que lhes tinha dado.
8Senhor, Deus nosso, tu os ouviste,
Q 7 lSalmo. Cantai ao Senhor um ó Deus, tu lhes foste propício, porém,
j 1 cântico novo, porque operou castigaste os seus delitos.
maravilhas. Vitoria lhe preparou a 9Exaltai o Senhor, nosso Deus, e
sua direita, e o seu santo braço. prostrai-vos ante o escabelo dos seus
20 Senhor manifestou a sua sal­ pés: porque é santo, o Senhor, nosso
vação; revelou a sua justiça aos olhos Deus.
das gentes. Hino para a entrada no templo
3Lembrou-se da sua bondade e da
sua fidelidade em favor da casa de QQ 1Salmo. Para ação de graças.
Israel. Todos os confins da terra v i­ Aclamai o Senhor, povos de
ram a salvação do nosso Deus. tôda a terra;
4Aclamai o Senhor, povos de tôda 2servi o Senhor^com alegria; vin­
a terra, alegrai-vos, gozai e cantai de à sua presença, com alvorôço.
salmos. 3Sabei que o Senhor é Deus: êle
BCantai salmos ao Senhor com cita­ nos fêz, e somos seus, seu povo e ove­
ra, com citara e ao som do saltério, lhas do seu pasto.
6com trombetas e ao som de corne­ 4Transponde as suas portas com
ta: regozijai-vos na presença do ( vos- louvor, os seus átrios com hinos; exal­
so) rei, (que é o) Senhor. tai-o, bendizei o seu nome.
7. o triunfo de Deus m ostrará que os deuses sâo nada.
Salmo X C v I I I — A o aplauso pela inauguração do reino de Deus, reino em que im­
peram o direito e a justiça (1-5, o poeta junta a m em ória dos tempos heróicos do po­
vo hebreu (6 -8 ). Em tudo resplandece como soberana a santidade de Deus, aclam a­
da três vêzes (3, 5, 9).
1. T re m e m . . . O Salm ista refere-se à impressão causada entre os pagãos pela inau­
guração do reino de Deus.
9 9 - 101 OS SALMOS 663

5Porque o Senhor é bom, a sua m i­ BRessequido, como a erva, o meu


sericórdia é eterna, e a sua fidelidade coração esmorece, esqueço-me até de
permanece de geração em geração. comer o meu pão.
6À força de soltar gemidos, os meus
Propósitos dum príncipe egrégio ossos estão pegados à pele.
7Sou semelhante ao pelicano do de­
1 ftft 1^ a Salmo. Eu cantarei serto; tornei-me como uma coruja
a graça e a justiça; a ti, entre ruínas.
Senhor, entoarei salmos. 8Não durmo, e suspiro como um
2Andarei por caminho imaculado: pássaro solitário no telhado.
quando virás a mim? Caminharei 9Contlnuamente me insultam os
na inocência do meu coração, no meio meus inimigos; enfurecidos contra
da minha casa. mim, proferem imprecaçôes em meu
3Eu não porei diante dos meus olhos nome.
coisa injusta; odeio o que comete pre­ “ Porque como cinza, como se fôs-
varicações: não se unirá a mim. se pão, e misturo a minha bebida
40 coração depravado estará longe com lágrimas,
de mim; não conhecerei o que é mau. “ por causa da tua indignação e do
5Ao que secretamente dlz mal do teu furor, porque me levantaste e
seu próximo, eu o exterminarei. O me arrojaste.
que tem olhos altivos e coração in­ “ Os meus dias são semelhantes a
chado, não o tolerarei. uma sombra prolongada, e eu vou-
°Os meus olhos fixam-se nos fiéis da me secando como erva.
terra, para que habitem comigo. O “ Mas tu, Senhor, permaneces pa­
que andava por caminho imaculado, ra sempre, e o teu nome, por tôdas
esse me servirá.
7Não habitará na minha casa o que as gerações.
comete fraude; o que diz mentiras não 14Levanta-te, e tem piedade de Sião,
subsistirá diante dos meus olhos. porque é tempo de teres piedade de-
8Cada dia exterminarei todos os pe­ la, porque a hora já chegou.
«Porqu e os teus servos amam as
cadores da terra, suprimindo da ci­
dade do Senhor todos os que come­ suas pedras, e sentem compaixão das
tem a iniqüidade. suas ruinas.
10E as gentes reverenciarão o teu
Lamentos e súplicas dum homem nome, Senhor, e todos os reis da ter­
gravemente aflito1
0 ra a tua gloria:
“ Quando o Senhor tiver recons­
101 1suplicas dum aflito que, desa- truído Sião, se tiver manifestado na
1U* lentado, derrama sua an­ ra, a tua glória:
gustia diante do Senhor. 18se tiver voltado para a súplica
2Senhor, ouve a minha oração, e dos indigentes, nem tiver rejeitado
chegue a ti o meu clamor. a sua oração.
3Não me escondas o teu rosto no 19Sejam escritas estas coisas para a
dia da minha angústia. Inclina pa­ geração futura, e o povo, que há de
ra mim o teu ouvido; quando eu te ser criado, louve o Senhor.
invocar, ouve-me prontamente. ^Porque olhou do seu santuário ex-
4Porque os meus dias dissipam-se celso, o Senhor do céu olhou sôbre a
como fumo, e os meus o s s o s ardem terra,
como fogo. 21para ouvir os gemidos dos encar-
Salmo C — E ' o hino dum bom monarca, que promete a Deus um sábio e virtuoso
govêrno, quer no modo de proceder próprio (1 -4 ), quer na escolha e vigilância dos
que o cercam (5 -8 ).
Salmo C l — H á neste salmo três partes: 1» Urna pessoa aflita lastim a-se dos seus
males e pede a Deus socorro (2 -3 ). 2.» Pensando na desolação de Jerusalém e no exílio
do povo, pede o seu restabelecimento, para glória de Deus (14-23). 3* O infeliz volta
a lamentar-se dos seus males, e pede a Deus mais longa vida (24-29).
10. Como cinza... Alusão à cinza que era costume espalhar, sôbre a cabeça em
sin al de dor e de penitência, e da qual cairia algum a sô b re . o prato em que comiam.
21. Encarcerados e como condenados à morte eram os Israelitas no cativeiro de
Babilônia.
664 OS SALMOS 101 - 102

cerados, para libertar os condenados passivo, lento para a ira e muito


a morte, clemente.
22a fim de que em Sião seja pro­ 9Não está sempre a contender, nem
clamado o nome do Senhor, e o seu guarda ressentimento para sempre.
louvor em Jerusalém, 10Não nos trata segundo os nossos
Mquando os povos se juntarem todos pecados, nem nos retribui segundo as
e os reinos, para servirem ao Senhor. nossas culpas.
24Consumiu as minhas fôrças no ca­ “ Porque, quanto o céu está eleva­
minho, encurtou os meus dias. do acima da terra, tanto preva­
“ Eu digo: Meu Deus, não me leves lece a sua misericórdia sobre os que
na metade dos meus dias; os teus a- o temem.
nos duram por tôdas as gerações. 12Quanto o oriente dista do ocidente,
“ Nos princípios fundaste a ■terra, tanto êle afasta de nós os nossos de­
e o céu é obra das tuas mãos. litos.
27Estas coisas perecerão, mas tu 13Como um pai se compadece dos
permanecerás, e tôdas envelhecerão seus filhos, assim se compadece o Se­
corno um vestido. E corno urna ves- nhor dos que o temem,
tidura as mudas, e ficam mudadas; “ porque êle sabe bem de que so­
“ tu porém és sempre o mesmo, e os mos formados: lembra-se que somos
teus anos não têm fim. pó.
“ Os filhos dos teus servos habita­ 15Os dias do homem são semelhan­
rão seguros (em Jerusalém), e a sua tes ao feno; como a flor do campo,
posteridade subsistirá diante de ti. assim floresce;
“ apenas é tocada pelo vento, já
Iiouvor à misericórdia de Deus não existe; nem o seu lugar o co­
nhece mais.
11 )2 l^ e Dav** Bendize Ó minha 17Mas a misericórdia do Senhor es­
alma, o Senhor, e tôdas as tende-se desde a eternidade e para
coisas que há dentro de mim (bendi­ sempre sôbre os que o temem, e a sua
gam ) o seu santo nome. justiça ( exerce-se) com os filhos dos
2Bendize, ó minha alma, o Senhor, filhos,
e não esqueças nenhum dos seus be­ “ com aquêles que guardam a sua
nefícios. aliança, e se lembram dos seus man­
3É êle quem perdoa tôdas as tuas damentos, para os observar.
culpas, e que sara tôdas as tuas en­ lôO Senhor estabeleceu o seu tro­
fermidades. no no céu, e o seu reino domina tô­
*É êle quem resgata da morte a tua das as coisas.
vida, e que te coroa de misericórdia "Bendizei o Senhor, vós todos os
e de graça. seus anjos, que sois poderosos em fôr-
5É êle quem sacia de bens a tua ça, que executais as suas ordens,
vida: renova-se, como a da águia, prontos para obedecer à sua pala­
a tua juventude. vra.
•O Senhor faz obras de justiça, e 21Bendizei o Senhor, vós todos os
defende o direito de todos os oprimi­ seus exércitos, vós, seus ministros, que
dos. fazeis a sua vontade.
7Fêz conhecer a Moisés os seus ca­ 22Bendizei o Senhor, vós tôdas as
minhos, aos filhos de Israel as suas suas obras, em todos os lugares do
obras. seu domínio. Bendize, ó mlnha a l ­
®0 Senhor é misericordioso e com­ ma, o Senhor.
25-28. A eternidade de Deus, que excede infinitamente a duração da vida humana,
é invocada como motivo para que Deus conceda vida mais longa.
salm o C II — Ê um hino de louvor e ação de graças a Deus pela indulgência com
que condena as culpas e distribui os benefícios, nâo sòmente aos indivíduos (1 -5 ),
m as também a tôda a nação (6-12), e tem compaixão da fraqueza humana (13-18).
Convite a tôdas as criaturas para louvarem o seu Criador (20-22).
16. Tocada pelo vento... N a Palestina o vento, principalmente o leste, pode trasfo r-
m ar em pouco tempo um belo jardim num árido deserto, e as flôres não deixar&o
traços da süa rápida passagem pela terra. .Assim é o homem (nem o seu lugar o co­
nhece m ais).
103 OS SALMOS 66&

Hino ao Criador 17A li fazem seus ninhos as aves, a


casa da cegonha são os abetos.
10Í ‘Bendize, ó minha alma, o Se- 18Os montes altos às cabras mon-
nhor! Senhor, Deus meu, teses, os penhascos aos ouriços dão
tu és sumamente grande'. Estás re­ refúgio.
vestido de majestade e de esplendor, 19Fêz a lua para marcar os tempos;
2envolvido em luz como num manto. o sol observa pontualmente o seu o-
Tu estendeste o céu como um pavi­ caso.
lhão; “ Quando formas as trevas e se faz
3construíste sobre as águas os teus noite, então vagueiam todos os ani­
aposentos. Fazes das nuvens o teu mais da selva.
carro, andas sobre as asas do vento. 21Os leõezinhos rugem em busca da
4Dos ventos fazes os teus mensa­ prêsa, e pedem a Deus o seu susten­
geiros, e do fogó ardente os teüs mi­ to.
nistros. 22Quando o sol desponta, retiram-
5Fundaste a terra sôbre as suas ba­ se, e vão recolher-se nos seus covis.
ses, e não vacilará pelos séculos dos “ Sai então o homem para o seu tra­
séculos. balho e para os seus labores até à
6Com o oceano a cobriste como com noite.
um manto, e as águas mantiveram- 24Quão numerosas são as tuas obras,
se sôbre as montanhas. Senhor! Fizeste com sabedoria tôdas
7Mas, à tua ameaça, (essas águas) as coisas: a terra está cheia das tuas
fugiram, à voz do teu trovão treme­ criaturas.
ram. “ Eis o ma>, grande e espaçoso, nêle
8As montanhas elevaram-se, os va­ existem peixes sem número, animais
les desceram aos lugares que lhes pequenos e grandes.
marcaste. “ Por êle transitam os navios, o Le-
9Estabeleceste-lhes limites, que não viatã, que formaste para nêle brin­
podem ultrapassar, para que não vol­ car (entre as suas ondas).
tem a cobrir a terra. 27Todos esperam de ti, que lhes dês
10Mandas que das fontes nasçam os de comer a seu tempo.
arrolos que correm entre as monta- “ Dando-lho tu, êles o recolhem; a-
nhas, brindo a tua mão, enchem-se de bens.
“ a todos os animais do campo dão 29Se escondes o teu rosto, pertur­
de beber: os asnos silvestres apagam bam-se; se lhes tiras o espírito, pe­
a sua sêde; recem e voltam ao seu pó (de que
12junto dêles habitam as aves do saíram).
céu, (as quais) fazem ouvir as suas ^ e envias o teu espírito, são cria­
vozes por entre os ramos. dos, e renovas a face da terra.
18Regas os montes desde as tuas 31Seja eterna pL glória do Senhor:
moradas; com o fruto das tuas obras alegre-se o Senhor nas suas obras,
é saciada a terra. 32aquêle (Senhór) que olha para
“ Produzes erva para os animais, e a terra, e ela treme, que toca os mon­
plantas para uso dos homens, para tes, e êles fumegdm.
tirar o pão do seio da terra, 33Cantarei ao Senhor durante tô-
15e o vinho que alegra o coração do da a minha vida; cantarei salmos ao
homem; para fazer brilhar o seu ros­ meu Deus enquanto éxistir.
to com azeite, e o pão robusteça o 3Sejam-lhe agradáveis as minhas
coração do homem. palavras; quanto a mim, deleitar-me-
18São saciadas as árvores do Senhor, -ei no Senhor.
e os cedros do Líbano, que êle plantou. ^Desapareçam da terra os pecado-
Salmo C III — Arrebatado pelas belezas grandiosas do universo, o poeta canta um
bino de adm iração ao Criador. Em quadros de ^ivas pinceladas fa z passar por dian­
te do leitor a luz e os meteoros (2 -4 ), a form ação do orbe terráqueo (5 -9 ), a distri­
buição das águas terrestres e a vegetação (10-18),a vida anim al e a indústria hum a­
na (19-24), a vida aquática e a conservação dos sêres vivos (25-30).
6. Com o o cea n o ... Alusão aos primeiros tempos da criação, em que a terra estava
completamente cercada pelo imenso abism o das ãguas.
666 os SALMOS 103 - 104

res, e os ímpios não existam mais; e fêz desaparecer tôda a reserva de


bendize, Ó minha alma, o Senhor! pão.
"Tinha mandado adiante dêles um
Deus cumpre as promessas feitas a homem, José tinha sido vendido co­
Abraão mo escravo.
18Apertaram-lhe os pés com grilhões,
104 lo u v a i 0 Senhor, aclamai o o seu pescoço foi ligado com ferros,
seu nome; tornai conhecidas o ferro (da calunia) traspassou a
as suas obras entre as gentes. sua alma.
2Cantai-lhe e entoai salmos em sua 19até que se cumpriu o seu vaticí-
honra; narrai tôdas as suas mara­ nio, a palavra do Senhor o compro-
vilhas. vou.
3Gloriai-vos do seu santo nome; a- 20O rei mandou que o soltassem, o
legre-se o coração dos que buscam grincipe dos povos deu-lhe a libeida-
o Senhor.
4Meditai no Senhor e no seu poder,
buscai sempre a sua face. 21Constituiu-o senhor da sua casa,
5Lembrai-vos das maravilhas que e soberano de tôdas as suas posses-
fêz, dos seus prodígios e das senten­ soes,
ças que saíram da sua bôca. 22a fim de que instruísse os seus
•Vós, ó descendentes de Abraão, seu grandes à sua vontade, e ensinasse
servo, vós, ó filhos de Jacó seus es­ a sabedoria aos seus anciãos.
colhidos! “ Então Israel entrou no Efeito, e
70 próprio Senhor é o nosso Deus; Jacó foi hóspede na terra de Cam.
os seus juízos exercem-se em tôda 24E (Deus) multiplicou extraordi-
a terra. nàriamente o seu povo, e tornou-o
®Êle lembra-se para sempre da sua mais forte que os seus inimigos.
aliança, da promessa que fêz para m il “ Mudou o coração dêstes para que
gerações, odiassem o seu povo, e usassem de
°da aliança que firmou com Abraão, enganos com os seus servos.
e do juramento que fêz a Isaac, “ Então enviou Moisés, seu servo,
™(juram ento) qu e. estabeleceu pa­ e Arão, a quem tinha escolhido.
ra Jacó como um decreto firme, e ^Operaram no meio dêles as suas
para Israel, como uma aliança eter­ maravilhas, e os seus prodígios na ter­
na, ra de Cam.
“ dizendo: “ Dar-te-ei a terra de Ca- ^Enviou trevas, e fez-se escuridão,
naã, como porção da vossa herança” . resistiram porém às suas palavras.
“ Quando eram poucos em número, “ Converteu-lhes as águas em san­
pouquíssimos, e estrangeiros naquele gue, e matou os seus peixes.
país, "Encheu-lhes a terra de rãs, até
13e emigravam duma gente para (penetrarem ) nas câmaras dos pró­
outra, e dum reino para outro povo, prios reis.
“ não permitiu que alguém os opri­ 31Falou, e veio uma nuvem de mÔs-
misse, e castigou reis por causa dê- cas, e (vieram ) mosquitos por todo
les. o seu território.
15“Não toqueis os meus ungidos, “ Em vez de água fez-lhe chover
e não façais nenhum mal aos meus granizo, lançou um fogo abrasador
profetas” . pela terra dêles.
10E chamou a fome sôbre a terra; 3 2 33E assolou-lhes as videiras e figuei­
32. Os terremotos e as erupções vulcânicas nâo custam a Deus mais que um aceno.
Salmo C IV — Recorda os fatos mais importantes da história dos Patriarcas, desde
A b raão até à entrada na terra da promissão, para convidar o povo a dar por isso ação
de graças a Deus, e a observar os seus mandamentos. A primeira parte dêste salmo (1 -5 )
é citada no I Paral, X V I, 8-22.
16. E chamou a fome terrível que houve no tempo de Jacó (Gên. X L I, 53-57).
17. Mas, para que não morressem de fome, permitiu que José fosse vendido como es­
cravo, indo assim diante dêles para o Egito, onde fêz com que lhes nãofaltasse o pã
19. A té que se cumpriu, até que se verificou a interpretação que José tinha dado aos
aonhos de F a ra ó (Gen. X L , 5 e se g s.: L X I, 9, e segs. 3.
104 - 105 OS SALMOS 667

ras, e quebrou as árvores que havia goze com o gôzo do teu povo, para
nos seus limites. que me glorie com a tua herança.
34Falou, e vieram gafanhotos e la­ 6Pecamos com os nossos pais, co­
gartos sem número; metemos a iniqüidade, procedemos
35e devoraram toda a erva na sua impiamente.
terra, e devoraram os frutos dos seus 7Nossos pais no Egito não conside­
campos. raram as tuas maravilhas, não se
ME feriu todos os primogênitos lembraram da multidão das tuas gra­
da sua terra, as primícias de todo ças, antes se revoltaram contra o
o seu vigor. Altíssimo junto do Mar Vermelho.
37E fê-los sair (os Israelitas) com 8Mas (o Senhor) salvou-os, por a-
prata e com ouro, e não houve um mor do seu nome, para mostrar o
enfêrmo nas suas tribos. seu poder.
“ Alegraram-se os egípcios com a °E ameaçou o mar Vermelho, e êle
sua saída, porque o temor de Israel secou-se; e condjuziu-os por entre
tinha-se apoderado dêles. as ondas, como por um deserto.
“ Estendeu uma nuvem que os co­ 10E salvou-os da mão do que os o-
brisse, e um fogo para que os alu- diava, e livrou-os da mão do inimi­
miasse de noite. go.
“ Pediram, e mandou codornizes, e “ E as águas cobriram os seus ad­
de pão do céu os saciou. versários, não escapou um só dêles.
"Fendeu a rocha e brotou água, 12E deram crédito às suas palavras,
correu pelo deserto como um rio. e cantaram os seus louvores.
"Porque se lembrou da sua santa 13Porém, depressa esqueceram as
palavra, que tinha dado a Abraão, suas obras, não esperaram a realiza­
seu servo. ção do seu desígnio.
43E tirou o seu povo com regozijo, 14E no deserto, entregaram-se à
os seus escolhidos com alvoroço. concuspicência, e tentaram a Deus na
44E deu-lhes as terras das nações, solidão.
e apoderaram-se das riquezas dos po­ 15E concedeu-lhes o que pediam,
vos, mas mandou-lhes o esgotamento.
“ para que guardem os seus pre­ 16E tiveram inveja de Moisés nos
ceitos, e observem as suas leis. A le­ acampamentos, e de Arão, o santo do
luia. Senhor.
Culpas © castigos do povo ingrato 17Abriu-se a terra e tragou Datan,
e sepultou o bando de Abiron.
1 A C 1Aleluia. Louvai o Senhor, 18E ateou-se fogo contra o bando
1 porque é bom, porque a sua de ambos: a chama consumiu os iní­
misericórdia é eterna. quos.
2Quem poderá referir as obras do “ Fizeram um bezerro em Horeb, e
poder do Senhor, contar todos os seus adoraram um ídolo de ouro fundido.
louvores? “ E trocaram a sua glória pelo si-
3Bem-aventurados os que obser­ mulacro dum touro que como feno.
vam os seus preceitos, que praticam 21Esqueceram-se de Deus, que os ti­
a justiça em todo o tempo. nha salvado, que tinha operado pro­
4Lembra-te de nós, Senhor, segun­ dígios no Egito,
do a tua benevolência para com o “ maravilhas na terra de Cam, coi­
teu povo; visita-me com o teu auxílio, sas terríveis no mar Vermelho.
5para que me deleite com a felici­ 23E pensava exterminá-los, se M oi­
dade dos teus escolhidos, para que eu sés, seu escolhido, não tivesse inter-
Salmo C v — Retoma a história de Israel quase no ponto em que a deixou no salmo
anterior, mas com um fim diferente, que é fazer sobressair, especialmente nas vicissitu-
des dos quarenta anos do deserto (13-33), dum lado a infidelidade do povo escolhido, do
outro a inesgotável bondade de Deus, que o castigava para imediatamente lhe perdoar e
conceder benefícios. O vers. 6 dá a êste salmo o valor duma confissão pública.
13. N âo esperaram que Deus os provesse de comida e bebida no momento oportuno, m as
começaram a murmurar.
16-18. Revolta de D atan e Abiron, que queriam ser iguais a IVJoisés e A rão (N um . X V I ).
668 OS SALMOS 10 5 - 10 6 '

cedido junto dêle, a fim de afastar 42E os seus inimigos angustiaram-


a sua ira, para que não os extermi­ nos, e foram oprimidos sob a sua
nasse. mão.
24E desprezaram uma terra desejá­ 43Muitas vêzes Deus os livrou; êles,
vel, não deram crédito à sua pala­ porém, irritaram-no com os seus (ím ­
vra. pios) desígnios, e foram prostrados
25E murmuraram nas suas tendas, pelas suas próprias iniqüidades.
não obedeceram ao Senhor. 44Porém volveu os olhos para a sua
20E jurou-lhes com a mão levanta­ angústia, quando ouviu a sua súpli­
da que os prostraria no deserto, ca.
27que dispersaria a sua posteridade 45E lembrou-se, em favor dêles, da
entre as nações, e os disseminaria por sua aliança, e teve piedade dêles se­
diversos palses. gundo a sua grande misericórdia.
28E aderiram a Beelfegor, e come­ 46E conciliou-lhes a misericórdia de
ram os sacrifícios de deuses mor­ todos aquêles que os tinham levado
tos. cativos.
29E provocaram-no com os seus cri­ 47Salva-nos, Senhor, nosso Deus, e
mes, e caiu sôbre êles um flagelo. recolhe-nos dentre as nações, para
30Mas Finéias apresentou-se e fêz que celebremos o teu santo nome, e
justiça, e cessou o flagelo. nos gloriemos em louvar-te.
81E (êste zelo) foi-lhe imputado em 48Bendito seja o Senhor, Deus de
mérito por tôdas as gerações para Israel, de século em século: e todo o
sempre. povo diga: Assim seja! Aleluia!
32E irritaram-no junto das Águas da Ação de graças por terem sido livres
contradição, e aconteceu mal a Moi- dos perigos
sés por causa dêles,
33porque exacerbaram o seu espíri­ 1 í l f i ‘Louvai ° Senhor, porque é
to, e falou inconsideradamente com os 1v u bom, porque a sua misericór­
seus lábios. dia é eterna.
34N ão exterminaram os povos, que 2Assim digam os que foram resga­
o Senhor lhes tinha mandado. tados pelo Senhor, os que êle resga­
^E misturaram-se com os gentios, tou da mão do inimigo,
e aprenderam as suas ações, 3e os que congregou de várias ter­
36e adoraram as suas estátuas, que ras: do oriente e do ocidente, do
se tornaram um/ laço para êles. aquilãp e do austro.
87E imolaram os seus filhos e as 4Andàram errantes pelo deserto,
suas filhas aos demônios. pela solidão, não encontraram cami­
“ E derramaram o sangue inocente, nho para uma cidade habitável.
o sangue de seus filhos e de suas 5Tinham fome e sêde, a sua vida
filhas, que imolaram aos ídolos de desfalecia nêles.
Canaã. E a terra ficou profanada 6E clamaram ao Senhor no meio
com sangue, das suas angústias, e êle os livrou das
39e contaminaram-se com as suas suas tribulaçoes.
obras, e prostituiram-se com os seus 7E conduziu-os por caminho direi­
crimes. to, para que chegassem a uma cida­
40E incendiou-se o furor do Senhor de habitável.
contra o seu povo, e abominou a sua *Dêem graças ao Senhor pela sita
herança. misericórdia, e pelas suas maravilhas
41E entregou-os ao poder dos gen­ em favor dos filhos dos homens,
tios, e dominaram-nos aquêles que °porque saciou a alma faminta, e
os odiavam. encheu de bens a alma esfomeada.
Salmo C V I — E m quatro quadros simbólicos (4-9: 10-16: 17-22: 23-32) de uma elegante
disposição simétrica, o salm ista traça os grandes males de que Deus livrou o povo de
Israel, o qual lhe deve por isso um a eterna gratidão. Em seguida descreve o feliz estado
dos Israelitas, depois de terem voltado do exílio (33-41), outro motivo de dar graças a
Deus.
2-3. Expressões que indicam a volta do cativeiro à pátria recoqstituída.
4-5. Prim eiro quadro simbólico: a fome no deserto, tal era o exílio.
106 OS SALMOS 660

“ Estiveram sentados no meio de "Andavam à roda e cambaleavam


trevas e na escuridão, prisioneiros na c o m o é b r io s ; e t ô d a a s u a p e r íc i a se
miséria e nos ferros. desvaneceu.
11Porque tinham sido rebeldes às “E Clamaram ao Senhor no m eio
alavras de Deus, e tinham despreza- das suas angústias, e êle os livrou das
o o conselho do Altíssimo. suas tribulaçoes.
“ Humilhou com trabalhos o seu “ E a tempestade serenou em doce
coração, ficaram sem fôrças, e não brisa, e ficaram silenciosas as ondas
houve quem os socorresse. do mar.
isE clamaram ao Senhor no meio *°E êles alegraram-se por as v e r
das suas angústias, e êle os livrou das silenciosas, e (o Senhor) conduziu-os
suas tribulaçoes. ao pôrto que desejavam.
14E tirou-os das trevas (do cárcere) nD êem graças ao Senhor pela sua
e da escuridão, e quebrou as suas ca­ misericórdia, e pelas suas maravilhas
deias. em favor dos filhos dos hom ens)
16D êem graças ao Senhor pela sua 32EXaltem-no na assembléia do po-
misericórdia, e velas suas maravilhas vo, e louvem-no no conselho dos an­
em favor dos filhos dos homens, ciãos.
“ porque arrombou as portas de “ Converteu os rios em deserto, e
bronze, e quebrou os ferrolhos de fer- os mananciais das águas em terra
ro. sedenta,
“ Estavam enfermos, por causa da 34a terra fé rtil em salsugem, por
sua iniqüidade, e eram atormentados causa da malícia dos seus habitantes.
por causa dos seus delitos.
18A sua alma aborrecia toda a comi­ “ Converteu o deserto em lago de
da, e chegaram às portas da morte. águas, e a terra árida em manan­
19E clamaram ao Senhor no meio ciais de águas.
das suas angústias, e êle os livrou das “ E estabeleceu ali os famintos, e
suas tribulaçoes. êles fundaram uma cidade habitá­
“ Enviou a sua palavra para os vel.
curar, e para os livrar da ruína. "E semearam os campos, e plan­
nD êem graças ao Senhor pela sua taram vinhas, e colheram frutos a-
misericórdia, e pelas suas maravi­ bundantes.
lhas em favor dos filhos dos homens. “ E abençoou-os, e multiplicaram-
22E ofereçam sacrifícios de louvor, se em extremo, e deu-lhes gado em
e anunciem as suas obras com ale­ número não escasso.
gria. “ Deçois foram reduzidos a poucos,
“ Os que tinham descido ao mar em e abatidos, sob o pêso dos infortúnios
naus, para fazerem comércio sôbre as e da aflição;
grandes águas, to d a v ia lança o desprêzo sôbre os
^viram as obras do Senhor e as suas p r ín c ip e s , e o s f a z e r r a r p o r ín v io s
maravilhas no meio do mar. desertos,
“ Falou, e excitou um vento proce- "levantou o pobre da sua miséria,
loso, que levantou para o alto as suas e fêz as famílias numerosas como re­
ondas. banhos.
“ Subiam até os céus e desciam até 42Os justos vêem (estas coisas) e
aos abismos; a sua alma desfalecia no alegram-se, e tôda a maldade fecha­
meio dêstes males. rá a bôca.
10. Segundo sim b o lo : a prisão.
17-18. Te rc e iro sim b olo: a perda de fô rç a s, causada por uma náusea continua.
23. Q uarto sím b olo: os náufragos. A tempestade que os surpreende é um perigo ta nto
m ais grave, quanto m ais ra ra s eram para os antigos Hebreus as viagens por m ar.
33-34. A Pa le stin a , a p rinc ip io fé rtil, fo i convertida em deserto durante o ca tiveiro de
Ba b ilônia .
35. M as, depois da vo lta dos Isra e lita s, tornou-se, com o a u x ilio de Deus, uma te rra
fé rtil.
42. Os j u s t o s contemplarão o triu n fo de Isra e l.
670 oS SALMOS 106 - 108

43Quem é sábio para considerar es­ 14Em Deus faremos proezas, e êle
tas coisas, e ponderar bem as mise­ calcará os nossos inimigos.
ricórdias do Senhor? Contra inimigos injustos e pérfidos
Xouvor a Deus e pedido de auxilio na
guerra
108
1u o
*A o mestre do Côro- D e Davi.
Salmo, ó Deus, meu lou­
1A? 1Cântico. Salmo. D e Davi. vor, não cales,
20 meu coração, ó Deus, es­ 2porque a boca ímpia e a engana-
tá firme, o meu coração está firm e; dora abriram-se contra mim. Fala-
vou cantar e entoar salmos. ram-me com língua aleivosa,
3e com palavras de ódio me cerca-
3Desperta, Ó minha alma, despertai ram e sem causa me fizeram guerra.
saltério e citara! eu despertarei ao 4Em paga do meu amor, acusa-
romper de alva. vam-me, eu porém orava.
4Louvar-te-ei no meio dos povos, 8Deram-me males em troca de bens,
Senhor, e entoar-te-ei salmos entre e Ódio em troca do amor que eu lhes
as nações, tinha.
5porque a tua misericórdia é grande 6Suscita um ímpio contra êle, e
até ao céu, e a tua fidelidade até às esteja um acusador à sua direita.
nuvens. 7Quando for julgado, seja condena­
6Mostra-te excelso, Ó Deus, sobre os do, e seja vã a sua súplica.
céus, brilhe sôbre a terra a tua gló­ 8Sejam abreviados os seus dias, e
ria. receba outro o seu ministério.
7Para que sejam livres os teus di­ 9Fiquem seus filhos órfãos, e sua
letos, socorre-nos com a tua direita, esposa viúva.
e ouve-nos. 10Andem vagabundos dum lugar pa­
8Deus falou no seu santuário: “E - ra outro os seus filhos, e mendiguem,
xultarei e repartirei (à minha vonta­ e sejam lançados fora das suas ha-
d e ) Siquém, e medirei o vale de Su- bitaçôes devastadas.
cot; “ O usurário dê caça a todos os seus
9minha é a terra de Galaad, e mi- bens, e os estranhos roubem o fruto
nha a terra de Manassés, e Efraim do seu trabalho.
é o elmo da minha cabeça, Judá o “ Ninguém tenha compaixão dêle,
meu cetro. nem haja quem se compadeça dos
10Moah é bacia para me lavar; pou­ seus Órfãos.
sarei o ’ meu calçado sôbre Edom, 13Seja exterminada tôda a sua pos­
triunfarei da Filistéia” . teridade; e na segunda geração fique
nQuem me conduzirá à cidade for­ apagado o seu nome.
tificada? Quem me conduzirá até “ R eviva a lembrança da culpa de
Edom? seus pais na presença do Senhor, e o
“ Porventura não és tu, Ó Deus, que pecado de sua mãe não seja apaga-
nos repeliste, e que já não sais, 6
Deus, à frente dos nossos exércitos? “ estejam sempre (os seus crimes)
,3Dá-nos auxilio contra o inimigo, diante do Senhor e extirpe da terra
porque é vão o socorro do homem.4 3 a sua memória,
43. Quem 6 sábio. . . Qual é o homem sábio, que não conservará na m em ória estas
coisas, e não procurará, por isso, orientar bem a sua vida?
Cap. C v l l — Êste cântico é composto de dois fragmentos, tirados de dois outros salmos,
o s versículos 2-6 provêm do salm o L v l , 8-12; os versículos 7-14, do salm o L IX , 7-14.
Salmo C v l l l — Cruelmente afligido por negras calúnias, o Salm ista pede o castigo do
pérfido acusador (1 -2 0 ); e, depois de fazer um a breve descrição dos seus sofrimentos, pede
a Deus que o auxilie (21-31).
1. Não ca le s ... N áo deixes de m anifestar a minha inocência contra as calúnias de que
sou vitima.
6. Depois de ter empregado o plural para designar os seus inimigos, D a v i em prega agora
o singular, porque tinha particularmente em vista o chefe dêsses inimigos, verdadeiro ins­
tigador de todos os seus males, a Pedro, aplicando o salmo, vê neste chefe ju d a s traidor
(A t. I, 20). — Suscita. .. Deve notar-se que, neste salmo, D a v i fa la como profeta, e,
em nome de Deus, anuncia o que havia de acontecer aos inimigos obstinados do Senhor.
108 - 110 OS SALMOS 671

“ porque não pensou em usar de levantam contra mim, entretanto o


misercórdia, mas perseguiu o homem teu servo se alegrará.
miserável e mendigo, o homem aflito “ Sejam cobertos de ignorância os
do coração, para lhe dar a morte. meus acusadores e envolvidos na sua
17E amou a maldição: venha ela so­ confusão como num manto.
bre êle; não quis a bênção: afaste-se “ Exaltarei altamente o Senhor com
ela dêle. a minha bôca e no meio de muitos
18E vestiu-se de maldição como de cantarei os seus louvores;
um vestido: penetre como água nas 31porque se pôs à direita do pobre,
suas entranhas, e como azeite nos seus para o pôr a salvo dos juizes (in í­
ossos. quos).
19Seja para êle como o vestido com O Messias, rei, sacerdote, vencedor
que se cobre, e como a cinta com
que sempre se cinge. 1 AQ lDe Davi. Salmo. Disse o Se-
“ Seja esta a paga do Senhor àque­ nhor ao meu Senhor: “ Sen-
les que me acusam, e aos que dizem ta-te à minha direita, até que ponhas
males contra a minha alma. os teus inimigos por escabelo de teus
21E tu, Senhor, Deus, sê comigo pés” .
or amor do teu nome; porque é 20 Senhor estenderá o cetro do teu
E enigna a tua misericórdia, salva- poder desde Sião: “ Impera no meio
me, dos teus inimigos!
23porque sou miserável e pobre, e o 8Contigo está o principado, no dia
meu coração está ferido dentro de do teu nascimento, entre os resplen-
mim. dores da santidade: antes da aurora,
“ Desapareço como a sombra que como orvalho, eu te gerei” .
vai caindo, e sou sacudido (para lon­ 4Jurou o Senhor, e não se arrepen­
ge) como um gafanhoto. derá: “ Tu és sacerdote eternamente,
24Os meus Joelhos, vacilam com o segundo a ordem de Melquisedec” .
jejum, e a minha carne definha com 50 Senhor está à tua direita; es­
a magreza. magará os reis no dia da sua ira.
°Julgará as nações, amontoará cadá­
to r n e i- m e para êles um objeto de veres; esmagara cabeças sôbre um
opróprio; ao verem-me, abanam a ca­ vasto campo.
beça (insultando-m e). 7Beberá da torrente no caminho, por
26Socorre-me, Senhor Deus meu; isso levantará a sua cabeça.
salva-me segundo a tua misericór­
dia. Obras m agníficas de Deus em Israel
27E saibam que isto é obra da tua
mão, e que fôste tu, Senhor, que f i ­ 1 1 0 a le lu ia . Louvarei o Senhor
zeste isto. 11V com todo o meu coração, na
“ Êles amaldiçoam, porém tu aben­ reunião dos justos e na assembléia.
çoas; confundidos sejam os que se 2Grandes são as obras do Senhor,
salm o C IX — Ê o mais célebre dos salmos, e um dos mais difíceis de interpretar.
Ê inteiramente profético, tendo por assunto as principais grandezas de Cristo, que sâo
o seu reino eterno e o seu sacerdócio eterno. E ’ citado várias vêzes no N ovo Testamento
(M a t . X X II, 41: Marc. X II, 35; Luc. X X , 41-44; Act. II, 34, etc.).
1. Disse o S en h or... Sentido: Deus P a i disse ao seu Filho Unigênito, meu Senhor, e
Deus como êle, e feito homem por am or de nôs: Senta-te à minha direita, isto é, gover­
na e reina comigo sôbre todo o ser criado, com poder igual ao meu, como Deus que és.
— A té q u e ... estas palavras não estabelecem um limite à suprema realeza do Messias,
porque êle está sentado para sempre à direita de Deus (H ebr. X, 1 2 ): indicam apenas que
a completa submissão dos inimigos do Salvador, no fim do mundo, serã o prelúdio dum a
era nova em que o império de Cristo será mais glorioso e absoluto.
3. Antes da aurora, antes que nenhuma aurora, que nenhum astro existisse, isto ê,
desde tôda a eternidade.
4. O Messias tem em si o sacerdócio, que não descende da instituição levítica (E x .
X X V I I I ), mas vem diretamente de Deus, como o de Melquisedec, sacerdote do Deus a l-
tissimo (Gen. X IV , 18).
5. o Senhor está à tua direita, êle te assiste, te auxilia a triunfar dos teus inimigos.
7. Beberá da to rren te... im agem dum guerreiro que, fatigado do combate, se contenta
672 OS SALMOS 110 - 113

dignas de estudo para todos os que •Jamais vacilará; a memória do jus­


as amam. to será eterna.
3A sua obra é majestade e magni­ 7Não temerás ouvir notícias funes­
ficência; e a sua justiça permanece tas; o seu coração está firme, espe­
para sempre. rando no Senhor.
4Instituiu um memorial das suas 8Inalterável está o seu coração, não
maravilhas, o Senhor é misericordio­ temerá, até que veja os seus adversá­
so e compassivo. rios confundidos.
5Deu alimento aos que o temem; 9Distribui, dá aos pobres, a sua mu-
lembrar-se-ã eternamente da sua a- nificência durará sempre; o seu po­
liança. der será exaltado com glória.
6Manifestou ao seu povo o poder 10Vê-lo-á o pecador, e se indignará,
das suas obras, dando-lhe a herança rangerá os dentes, e se consumirá;
das nações. porém o desejo dos pecadores perece-
7As obras das suas mãos são retas
e justas; todos os seus preceitos são Louvor a Deus, excelso e benigno
imutáveis, 112 1Aleluia. Louvai, ó servos do
8estãveis pelos séculos para sempre, 1 1 senhor, louvai o nome do
dados com firmeza e eqüidade. Senhor.
9Enviou a redenção ao seu povo; 2Seja bendito o nome do Senhor,
estabeleceu para sempre a sua alian­ desde agora e para sempre.
ça; santo e venerável é o seu nome. 3Desde o nascer do sol até ao seu
10O temor do Senhor é o princípio ocaso, seja louvado o nome do Senhor.
da sabedoria: procedem com prudên­ 4Excelso é o Senhor, sôbre tôdas
cia todos os que o adoram: o seu as gentes, e a sua glória está acima
louvor permanece para sempre. dos céus.
5Quem há como o Senhor nosso
Felicidade do justo Deus, que está sentado nas alturas,
6e bai&a os olhos sôbre o céu e sô-
111 'Aleluia. Bem-aventurado o bre a terra?
111 homem que teme o Senhor, 7Levanta o pó o desvalido, e tira da
e que pôe as suas delicias nos seus imundície o pobre,
mandamentos. 8para o colocar com os príncipes,
2Poderosa será a sua posteridade com os príncipes do seu povo.
sôbre a terra; bendita será a ge­ °E a que era (antes) estéril, íá-
ração dos justos. la viver em sua casa, como mãe ale­
3Haverá abundância e riquezas na gre dos seus filhos.
sua casa, e a sua munificência dura­
rá sempre. M ilagres de Deus na saída do Egito
4Nas trevas (do in fortú nio) surge 11 O 1Aleluia. Quando Israel saiu
como que uma luz para os retos; 11 do Egito, a casa de Jacó do
( éle é ) clemente, misericordioso e meio dum povo bárbaro,
justo. 2Judá tornou-se o seu santuário, Is­
5Ditoso o homem que se compade­ rael o seu reino.
ce e empresta (aos pobres), que dis­ sO mar o viu, e fugiu, o Jordão re­
põe as suas coisas com justiça. cuou para trás.
com beber da torrente que encontra no caminho, para em seguida recomeçar a luta com
novo vigor, até à vitória definitiva.
Salmo C X e C X I — H á muitos traços de semelhança entre êstes dois salmos, sendo por
isso chamados "irm ãos gêmeos”, o primeiro canta as grandezas de Deus, especialmen-
te a sua bondade e generosidade para com os seus am igos fiéis, o segundo louva a
virtude do homem justo, temente a Deus, e a felicidade que receberá em paga.
4. M e m o ria l... A lusão ás festas de Israel, instituídas por ordem de Deus p a ra co­
m em orar os seus benefícios.
salm o C X I I I — Êste salmo reúne os dois que no texto hebreu têm os números C X I v
o C X v . A prim eira parte (1 -8 ) é um poema histórico que recorda em poucas p alavras
os prodígios operados à saíd a do Egito, e à entrada da Palestina. A segunda parte
ó um ato de fé na verdade e na bondade do Deus de Israel, s ó éle é o verdadeiro Deus
<2-8), éle que auxilia e abençoa quem o reconhece e adora (9-18).
113 - 115 OS SALMOS 673

40s montes saltaram de alegria 19 ( u) Abençoará os que temem o


como carneiros, as colinas como cor­ Senhor, os pequenos e os grandes.
deiros. 14 ( " ) O Senhor há de multiplicar-
5Que tens tu, 6 mar, para fugir? E vos, a vós e aos vossos filhos.
tu, Jordão, para retroceder? 15 (**) Sede benditos do Senhor, que
6Vós, ó montes, porque saltais de fêz o céu e a terra.
alegria como carneiros? E vós, co­ 16 ( u) O céu é céu do Senhor, mas
linas, como cordeiros? a terra deu-a aos filhos dos homens.
7Treme, ó terra, diante da face do 17 ( u) Não são os mortos que lou­
Senhor, diante da face de Jacó, vam o Senhor, nem homem algum que
8que converte a rocha em um lago desce ao sepulcro.
de águas, a penha (árida) em fontes 18 ( " ) Mas nós (que vivemos) é
de águas. que bendizemos o Senhor, desde a-
Grandeza e bondade do verdadeiro Deus gora e eternamente.
113 * W Não a nós, Senhor, não Ação de graças de um homem salvo
11 ° a nós, mas ao teu nome dá da morte
(tôda) a glória, para fazeres resplan­ 1 1 A 'Aleluia. Am o o Senhor por-
decer a tua misericórdia e a tua fide­ 1 que êle ouviu a voz da mi­
lidade. nha oração,
2 ( l0) Porque hão de dizer as gen­ 2porque inclinou para mim o seu
tes: “ Onde está o seu Deus?” ouvido, no dia em que o invoquei.
8 ( ll) O nosso Deus está no céu; 3Cordas de morte me envolveram, e
tudo quanto quis, êle o fêz. os laços dos infernos vieram sôbre
4 ( U) Os seus ídolos são prata e ou­ mim, cai em angústia e em pesares.
ro, obra das mãos dos homens. 4E invoquei o nome do Senhor:
5 í 13) Têm bôca, e não falam; têm “Ah ! Senhor, salva a minha vida!”
olhos e não vêem. 5O Senhor é benigno e justo, e o
6 ( V Têm ouvidos, e não ouvem; nosso Deus é misericordioso.
têm narizes, e não cheiram. 6O Senhor guarda os simples: fui
7 ( U) Têm mãos, e não apalpam; um desventurado e êle salvou-me.
têm pés, e não andam; não emitem 7Volta, ó minha alma, ao teu re­
som com a sua garganta. pouso, porque o Senhor te cumulou de
8 ( U) Serão semelhantes a êles os bens.
que os fazem, todos os que confiam 8Porque livrou da morte a minha
nêles. alma, os meus olhos das lágrimas, os
9 ( ” ) A casa de Israel confia no Se­ meus pés da queda.
nhor: êle é o seu auxilio e o seu es- °Andarei na presença do Senhor,
cudo. na região dos vivos.
10 ( U) A casa de Arão confia no (Continuação do anterior)
Senhor: êle é o seu auxilio e o seu
escudo. 1 1 C 1 ( 10) T ive confiança, mesmo
11 ( U) Os que temem o Senhor, con­ quando disse: "Estou muito
fiam no Senhor: êle é o seu auxílio aflito”;
e o seu escudo. 2 ( U) eu disse no meu pavor: “ T o­
12 ( ” ) O Senhor lembra-se de nós, do o homem é mentiroso!”
e há de abençoar-nos: abençoará a * ( V Que darei eu em retribuição
casa de Israel, abençoará a casa de ao Senhor, por todos os benefícios
Arão. que me tem feito?
4. Os montes sa lta ra m ... Alusão ao fenômeno que se deu no Sinai, quando foi feita
a aliança. Todo o monte tremia, diz o Êxodo X IX , 18 (segundo o hebreu).
Salmo C X I v e C X v — A v u lg a ta , depois de ter reunido no salmo C X III dois cânti­
cos, que estão separados no hebreu, divide aqui em dois cânticos distintos o salmo C X v l
do mesmo texto hebreu. Assunto: o Salm ista sabe que é ouvido por Deus (1 -2 ), o qual
o livrou dum grande perigo, e lhe conservou a vida (3 -9 ). P o r isso confia nêle (10-11,
15-16), e lhe d ará muitas ações de graças (12-14, 17-19).
6. A baixeza do beneficiado fa z brilh ar melhor a bondade do divino benfeitor.
11. Todo o h om em . . . Sòmente em Deus se deve confiar, e não no homem, que fru stra
contlnuamente as mais legitim as esperanças. 2

22 - B íb lia Sagrada
674 OS SALMOS 115 - 117

4 ( u) Tomarei o câlice da salvação, mas eu esmaguei-as em nome do


e invocarei o nome do Senhor. Senhor.
5 ( u) Cumprirei os meus votos ao “ Cercaram-me por todos os lados,
Senhor, diante de todo o seu povo. mas eu esmaguei-os em nome do Se­
6 ( u) É preciosa aos olhos do Se­ nhor.
nhor a morte dos seus santos. 12Cercaram-me como abelhas; a-
7 ( Is) ó Senhor, eu sou teu servo, brasaram-me como o fogo abrasa
eu sou teu servo e filho da tua es­ os espinheiros, mas eu esmaguei-as
crava: quebraste as minhas cadeias. em nome dó Senhor.
8 ( " ) Èu te oferecerei um sacrifício 13Fui empurrado violentamente, pa­
de louvor, e invocarei o nome do Se­ ra cair, mas o Senhor susteve-me.
nhor. 140 Senhor é a minha fôrça e a
9 ( 1S) Cumprirei os meus votos ao minha fortaleza; e tornou-se o meu
Senhor, diante de todo o seu povo, salvador.
10 ( u) nos átrios da casa do Senhor, 15Grito de júbilo e de salvação,
no meio de ti, ó Jerusalém. (ouve-se) nas tendas dos justos: A
dextra do Senhor atuou com fir ­
Hino de louvor e de ação de graças meza,
1 1C 1Aleluia. Nações, louvai todas 16A dextra do Senhor levantou-me,
1xw o Senhor; povos, glorificai-o a dextra do Senhor atuou com fir ­
todos, meza.
2porque sobre nós foi confirmada 17Não morrerei, mas viverei, e nar­
a sua misericórdia, e a fidelidade do rarei as obras do Senhor.
Senhor permanece eternamente. 18Castigou-me, castigou-me o Se­
nhor, mas não me entregou à morte.
Ação de graças pela salvação 10Abri-me (o sacerdotes) as portas
alcançada 1
*2
6
7 (do tem plo) da justiça; depois de
entrar por elas, darei graças ao Se­
1 1 7 xAlelum. Dai graças ao Se- nhor.
* 1• nhor, porque é bom, porque “ Esta é a porta do Senhor, os jus­
a sua misericórdia é eterna. tos entrarão por ela.
2Diga a casa de Israel: “ A sua mi­ 21Dar-te-ei graças (Senhor), por­
sericórdia é eterna” . que me ouviste, e te tornaste o meu
3Diga a casa de Arão: “A sua mi­ salvador.
sericórdia é eterna” . 22A pedra que os edificadores re­
4Digam os que temem o Senhor: jeitaram, esta foi posta por pedra
“ A sua misericórdia é eterna” . angular.
5N o meio da tribulação invoquei “ Foi o Senhor que fêz isto, e é
o Senhor, o Senhor ouviu-me e li­ uma coisa admirável aos nossos
vrou-me (do perigo). olhos.
0O Senhor está comigo: não temo; 24Êste é o dia que fêz o Senhor;
o que pode fazer-me o homem? regozijemo-nos e alegremo-nos por
70 Senhor, o meu auxilio, está co­ êle.
migo, e confundidos verei os meus 25ó Senhor, salva; ó Senhor, dá
inimigos. prosperidade!
8É melhor confiar no Senhor, que “ Bendito o que vem em nome d
esperar no homem. Senhor; nós vos bendizemos desde a
9É melhor buscar refúgio no Se­ casa do Senhor.
nhor, que confiar nos príncipes. 270 Senhor é Deus, e faz brilhar
10Tôdas as gentes me cercaram, sobre nós a sua luz. Ordenai o cor­
16. Q u ebra ste... M etáfora p ara designar o perigo de que Deus acabava de libertar o
Salrnista.
Salmo C X v I — S. Paulo, na sua Epístola aos Romanos, X v , 11, cita êste salmo, para
demonstrar que os pagãos também são chamados a participar da salvação trazida ao
mundo pelo Messias.
Salmo C X v l I — 19. A procissão chega à porta do templo e pede para entrar.
22. A ped ra .. . Locução proverbial p ara dizer que aquilo se ju lgava não servir para nada,
viu-se depois que era o melhor, mais importante, como a pedra angular nos edifícios. T a l
117 - 118 OS SALMOS 675

tejo com frondosas ramagens, até 15Meditarei nos teus preceitos, e


aos ângulos do altar. considerarei os teus caminhos.
“ Tu és o meu Deus, e eu te dou 10Hei de deliciar-me com os teus
graças; 6 meu Deus, eu te exalto estatutos; não me esquecerei das
com louvores. tuas palavras.
^Dai graças ao Senhor, porque é
bom, porque a sua misericórdia é GEQMEL
eterna. O Salmista observa a lei divina mesmo
Elogio da lei divina entre os escámios dos maus, e a
AUEF oposição dos poderosos
Felizes os que observam a Lei de Deus "Beneficia o teu servo, para que
1 1 8 ^em-aventurados aquêles, cu- eu viva e guarde as tuas palavras.
110 jo caminho é imaculado, que 18Abre os meus olhos, para que
andam na lei do Senhor. considere as maravilhas da tua lei.
2Bem-aventurados os que guardam 19Eu sou peregrino na terra; não
as suas prescrições, e de todo o co­ escondas de mim os teus mandamen­
ração o buscam; tos.
amas os que não praticam a ini­ ^Desfalece a minha alma, desejan­
quidade andam nos seus caminhos. do sempre os teus decretos.
4Tu promulgaste os teus preceitos, “ Ameaçaste os soberbos; malditos
para que sejam guardados a risca. os que se afastam dos teus manda­
5Oxalã que os meus passos sejam mentos.
firmes para guardar os teus esta­ 22Livra-m e do opróbrio e do des-
tutos! prêzo, porque observo as tuas pres­
°Então não serei confundido, quan­ crições.
do eu atender a todos os teus man­ 23Até os príncipes se sentam e fa­
damentos. lam contra mim, o teu servo todavia
7Eu te louvarei com retidão de medita nas tuas determinações.
coração, quando tiver aprendido os 24Pois as tuas prescrições são as
decretos da tua justiça. minhas delicias, e os teus estatutos
“Guardarei os teus estatutos: não os meus conselheiros.
me desampares inteiramente. DALETH
N a desventura e n a dor tem m ais
BETH cuidado que nunca em praticar a lei
Propósitos de observar a lei divina
“ A minha alma está prostrada sô-
°Como conservara puro o seu ca- bre o pó: dá-me a vida, segundo a
minho o adolescente? Guardando as tua palavra.
tuas palavras. 26Eu te expus os meus caminhos,
10De todo o meu coração te busco: e tu me atendeste: ensina-me os teus
não me deixes transviar dos teus estatutos.
mandamentos. 27Instrlie-me no caminho dos teus
“ Guardo no meu coração a tua preceitos, e meditarei nas tuas ma­
palavra, para não pecar contra ti. ravilhas.
12Bendito és, Senhor; ensina-me os ^A minha alma derrama lágrimas
teus estatutos. de tristeza: fortifica-me segundo a
13Com os meus lábios enuncio to­ tua palavra.
dos os decretos da tua boca. ^Afasta-me do caminho do êrro,
14Deleito-me no caminho das tuas e concede-me o favor da tua lei.
prescrições, tanto como em todas as “ Eu escolhi o caminho da verda­
riquezas. de, propus-me os teus decretos.
era Israel relativamente aos gentios, seus inimigos. T a l foi Jesus Cristo relativamente
aos chefes da nação judaica (M at. X X I, 42, e Sega.).
Salmo C X V III — Êste salmo é alfabético, porque contém vinte e duas estrofes, segundo
o núm ero. de letras do alfabeto hebreu, tendo cada um oito versículos, que começam pela
mesma letra. E sta disposição tinha por fim principal auxiliar a memória. A lei de Deus
é cham ada com nomes diferentes, m as que têm o mesmo sentido.
676 OS SALMOS 118

31Estou estreitamente abraçado às 47E deleitar-me-ei nos teus manda­


tuas prescrições: Senhor, não per­ mentos, que amo.
mitas que eu seja confundido. 48E levantarei as minhas mãos pa­
32Correrei pelo caminho dos teus ra os teus mandamentos, e medita­
mandamentos, quando dilatares o meu rei os teus estatutos.
coração.
HE Z A IN
Oração p ara obter a graça de observar A lei divina 6 urna ocupação suave e
a lei divina um confôrto no meio da dor
"Mostra-me, Senhor, o caminho dos 49Lembra-te da palavra dada ao
teus estatutos, e segui-lo-ei com f i­ teu servo, com a qual me deste es­
delidade. perança.
34Instrue-me para que eu observe ®°Isto me consola na minha aflição,
a tua lei, e a guarde de todo o meu porque a tua palavra me dá vida.
coração. 51Os soberbos escarnecem-me com
"Guia-me pela senda dos teus man­ veemência, mas eu não me afasto da
damentos, porque nela me deleito. tua lei.
"Inclina o meu coração para os 52Lembro-me, Senhor, dos teus juí­
teus preceitos, e não para a avareza. zos antigos, e fico consolado.
"D esvia os meus olhos, para que “ Apodera-se de mim a indignação
não vejam a vaidade; faze-me viver por causa dos pecadores, que aban-
no teu caminho. donam a tua lei.
"Cumpre para com o teu servo a
tua promessa, que foi feita aos que “ Os teus estatutos são objeto dos
o temem. meus cantares, no lugar da minha
"Afasta de mim o opróbrio, que peregrinação.
receio, porque os teus decretos são “ Lembro-me do teu nome, Senhor,
agradáveis. durante a noite, e guardarei a tua lei.
40Vê como eu suspiro pelos teus 56Isto me aconteceu, porque lenho
preceitos: dá-me vida segundo a tua observado os teus preceitos.
eqüidade.
VAU HETH
Pede auxilio para professar a lei sem A fasta-se de qualquer m au passo, para
respeitos humanos 4
*6
3
2
1 se entregar por completo à
observância da lei de Deus
41E venham sôbre mim as tuas mi­
sericórdias, Senhor, o teu auxílio, se­ 57Eu disse: Senhor, a minha porção
gundo a tua promessa. (de herança) é guardar a tua lei.
42E poderei responder uma palavra “ Suplico o favor do teu rosto de
aos que me insultam, porque ponho todo o meu coração; compadece-te
a minha esperança nas tuas pala­ de mim, segundo a tua promessa.
vras. “ Considerei os meus caminhos, e
43Não tires da minha bôca a pala­ voltei os meus passos para os teus
vra da verdade, porque confio nos preceitos.
teus decretos. “ Apressei-me e não demorei a
44E guardarei sempre a tua lei, pe­ guardar os teus mandamentos.
los séculos e para sempre. “ Os laços dos pecadores me cingi-
43E andarei por um caminho espa­ ram por tôdas as partes, mas eu não
çoso, porque busco os teus manda­ me esqueci da tua lei.
mentos. 62À meia-noite levantei-me para te
46E falarei dos teus preceitos dian­ louvar por teus justos decretos.
te dos reis, sem me envergonhar. “ Sou amigo de todos os que te te-
32. Dilatares o meu coração, livrando-o do temor e das angústias.
39. O oprãbrio que o Salrnista receiava era chegar a ser infiel aos preceitos divinos.
45. Caminho espaçoso, isto é, livre de perigos.
55. L e m b ro -m e . . . durante a noite, o Salrnista pensava noite e dia em Deus e na
s u a lei.
118 oS SALMOS 677

mem, e dos que guardam os teus 80Seja perfeito o meu coração na


mandamentos. prática das tuas prescrições, para que
MA terra está cheia, Senhor, da eu não seja confundido.
tua graça: ensina-me os teus precei­
tos. C A PH
TBTH Persevera na prática do bem, mesmo
N a escola do sofrimento aprende-se a no meio das perseguições, esperando
observar com mais fidelidade a lei de com fé o auxilio divino
Deus
81A minha alma desfalece ansian­
‘“'Tens usado de bondade com o teu do o teu auxílio; espero na tua pa­
servo, segundo a tua palavra, ó Se­ lavra.
nhor. 82Os meus olhos desfalecem, ansian­
66Ensina-me o sentido reto e a ciên­ do a tua palavra: quando me con­
cia, porque confio nos teus manda­ solarás?
mentos. “ Porque, embora sendo como um
07Antes de ser afligido, errei, mas odre exposto ao fumo, não me es-
agora guardo a tua palavra. queci das tuas prescrições.
“ Tu és bom e benfeitor, ensina-me 84Quantos são os dias do teu servo?
as tuas prescrições. Quando farás justiça aos que me per­
69Os soberbos maquinam fraudes seguem?
contra mim, mas eu de todo o meu “ Os soberbos abriram covas para
coração guardo os teus preceitos. mim, aquêles que não procedem se­
70O meu coração é insensível co­ gundo a tua lei.
mo a gordura: eu porém delicio-me 86Todos os teus mandamentos são
na tua lei. fidelidade; injustamente me perse­
71Para mim foi bom ter sido afli­ guem: socorre-me.
gido, para aprender as tuas prescri­ 87Por pouco me não reduziram a
ções. pó; eu porém não abandonei os teus
72Para mim vale mais a lei que saiu preceitos. ’
da tua bôca, do que m il lingotes de “ Conserva-me com vida segundo
ouro e de prata. a tua misericórdia, e guardarei as
JOD prescrições saídas da tua bôca.
A consciência de ter praticado os LA M E D
mandamentos divinos é origem de
consolação e de confôrto Eternidade da lei de Deus; ela
consolará incessantemente os justos
73As tuas mãos fizeram-me e fo r­
maram-me; instrue-me para apren­ “ Para sempre, Senhor, permanece
der os teus mandamentos. a tua palavra, ela é estavel como
74Os que te temem me verão e se o céu.
alegrarão, porque pus a minha espe­ °°A tua fidelidade permanece de
rança na tua palavra. geração eiíi geração; tu fundaste a
75Sei, ó Senhor, que os teus decre­ terra, e ela perdura;
tos são justos, e que pie afligiste 91é segundo os teus deccetos que
com razão. êles perduram sempre, pois^tôdas as
70Venha a tua misericórdia conso­ coisas estão ao teu serviço.
lar-me, segundo a promessa que f i­ 92Se a tua lei não fôsse a minha
zeste ao teu servo. delícia, já eu teria perecido na m i­
77Venham a mim as tuas misericór­ nha aflição.
dias, para que eu viva, porque a tua 03Nunca jamais me esquecerei dos
lei é a minha delícia. teus preceitos, porque por êles me
78Sejam confundidos os soberbos, deste a vida.
pois injustamente me afligem : eu me­ MEu sou teu: salva-me, porque bus-
ditarei sôbre os teus preceitos. quei os teus preceitos.
70Voltem-se para mim, os que te 95Os pecadores esperam-me para me
temem, e os que conhecem os teus perder; eu porém estou atento às tuas
testemunhos. prescrições.
678 OS SALMOS 118

^Vi que tôda a prescrição tem um minha herança para sempre, porque
lim ite; o teu mandamento porém é são a alegria do meu coração.
ilimitado. 112Inclinei o meu coração a prati­
M EM car sempre os teus estatutos: per-
A lei divina é fonte de sabedoria; dã pètuamente e com perfeição.
melhor instrução que os mestres do
mundo SAM ECH
Faz repousar a sua esperança na lei,
97Quanto eu amo a tua lei, Senhor! da qual não será afastado pelos
Ela é (o objeto da) minha meditação pecadores
todo o dia.
98Mais sábio que os meus inimigos n3Aborreço os dúplices de coração,
me tornou o teu mandamento, por­ e amo a tua lei.
que êle está sempre comigo. n4Tu és o meu protetor e o meu
"Sou mais prudente que todos os escudo: espero na tua palavra.
meus mestres, porque os teus man­ 115Retirai-vos de mim, malignos, e
damentos são a minha meditação. eu observarei os mandamentos do
100Sou mais sensato que os anciãos, meu Deus.
porque observo os teus preceitos. 116Ampara-me (Senhor) segundo a
101Retiro os meus pés de todo o tua promessa, e viverei, e não per­
mau caminho pãra agradar as tuas mitas que eu seja confundido no que
palavras. espero.
102Não me desviei dos teus decre­ 117Ajuda-me, e serei salvo, e aten­
tos, porque tu me instruíste. derei sempre aos teus estatutos.
103Quão doces são as tuas palavras
ao meu paladar! São-no mais que o 118Desprezas todos os qUe se des­
mel à minha boca. viam dos teus estatutos, porque são
104Com os teus mandamentos tor­ mentira os seus pensamentos.
no-me inteligente, por isso odeio to­ 119Consideras como escória todos os
do o caminho da miqüidade. pecadores da terra, por isso amo as
tuas prescrições.
NUN 120Estremece a minha carne com
temor de ti, e temo os teus decretos.
A palavra, isto é, a lei de Deus, é um
farol, pelo qual a Salmista se quer A IN
guiar sempre
Oração, pedindo a Deus que o ajude
105Lãmpada para os meus passos a observar a sua lei, que é abandonada
é a tua palavra, e luz para, os meus por muitos
caminhos.
100Juro e determino guardar os teus 121Tenho praticado o direito e a jus­
justos decretos. tiça: Não me entregues aos meus
lü7Tenho sido afligidor Senhor, em opressores.
extremo: conserva-me a vida segun­ 122Sê fiador do teu servo para o
do a tua palavra. bem, para que não me oprimam os
108Aceita, ó Senhor, as oferendas da soberbos.
minha boca, e ensina-me os teus de­ 1230s meus olhos desfalecem an­
cretos. siando o teu auxílio e as promessas
109A minha vida está sempre em da tua justiça.
perigo, porém não me esqueço da 124Trata o teu servo segundo a tua
tua lei. bondade, e ensina-me os teus esta­
110Os pecadores armaram-me um la­ tutos.
ço; não me afástei, porém, dos teus 125Eu sou teu servo, instrue-me, pa­
preceitos. ra que eu conheça os preceitos.
niAs tuas prescrições constituem a9 *
6 126E ’ tempo, Senhor, de procederes
96. Tudo o que o Salm ista viu de perfeito sôbre a terra teve fim, somente a lei de
Deus possui uma duração interminável, visto que nada limita a süa perfeição.
108. oferendas. . . Os louvores, as orações e promessas que oferece ao Senhor, como
quem oferece um sacrifício.
118 OS SALMOS 679

(com rig o r); (os soberbos) violaram COPH


a tua lei. Súplica para obter a graça de ser
127Por isso amo os teus mandamen­ sempre fiel à lei
tos, mais do que o ouro, do que o
ouro finíssimo. 145Clamo de todo o meu coração:
128Por isso escolhi para mim os teus ouve-me, Senhor; eu observo os teus
preceitos; odeio todo o caminho falso. estatutos.
146Clamo a ti: salva-me, e guarda­
THE rei os teus estatutos.
Pede a graça de vencer as dificuldades 147Venho logo de manhã e imploro
que se opõem à prática da lei auxílio; espero nas tuas palavras.
148Os meus olhos antecedem as vi­
129As tuas prescrições são admirá­ gílias noturnas, para meditar as tuas
veis, por isso as observa a minha palavras.
alma. 149Ouve a minha voz segundo a tua
130A explicação das tuas palavras misericórdia, Senhor, e dá-me vida
ilumina, ensina os inexperientes. segundo o teu decreto.
131Abro a minha boca e aspiro, por­ isoAproximam-se os que iniquamen-
que desejo os teus mandamentos. te me perseguem; estão muito afas­
132Olha para mim e compadece-te tados da tua lei.
de mim, como costumas fazer com 151Perto estás (de m im ), Senhor, e
os que amam o teu nome. todos os teus mandamentos são fiéis.
133Encaminha os meus passos se­ 152H á muito tempo eu reconhecí as
gundo a tua palavra, e não me do­ tuas prescrições, que tu estabeleces­
mine iniqüidade alguma. te para sempre.
134Livra-me da opressão dos homens,
e« guardarei os teus mandamentos. RES
135Mostra sereno o teu rosto ao teu Oração para obter o auxílio divino
servo, e ensina-me os teus estatutos. contra a hostilidade dos maus
136Rios de lágrimas têm brotado dos
meus olhos, por não terem guardado 15301ha para a minha aflição e li­
a tua lei. vra-me, porque não me tenho esque-
SABE cido da tua lei.
154Defende a minha causa e resga-
Justiça e verdade da lei divina ta-m e; dá-me a vida segundo a tua
137Tu és justo, Senhor, e o teu ju í­ palavra.
zo é reto. 155A salvação está longe dos peca­
138Impuseste as tuas prescrições com dores, porque não buscam os teus es­
justiça e com grande firmeza. tatutos.
1390 meu zêlo me consome, porque 156Muitas são, Senhor, as tuas mi­
os meus adversários se esqueceram sericórdias; dá-me a vida segundo
:.as tuas palavras. os teus decretos.
140A tua palavra está sobremaneira 157Muitos são os que me perseguem
provada, e o teu servo a ama. e me atribulam: eu, porém, não me
141Eu sou pequeno e desprezado, mas desvio das tuas prescrições.
não esqueço os teus preceitos. 158Vi os prevaricadores, e senti des-
142A tua justiça é justiça eterna, e gôsto, porque êles não guardaram a
a tua lei é firme. tua palavra.
143A angústia e a tribulação sur­ 159Vê, Senhor, que amo os teus pre­
preenderam-me, os teus mandamen­ ceitos; conserva-me a vida pela tua
tos são as minhas delícias. misericórdia.
144A justiça das tuas prescrições é 100A excelência capital da tua pa­
eterna, dá-me a inteligência delas, e lavra é a constância, e é eterno todo
viverei.1*
3 o decreto da tua justiça.
131. A bro a minha b ô e a ... Modo de dizer para indicar um desejo ardente.
140. Provada, purificada pelo fogo, corno os metais, isto é, puríssima.
151. Perto estás de mim, e, por isso, não temo os meus inimigos.
680 OS SALMOS 118 - 121

SIN 170Ando errante, como ovelha que


Faz e alegria de quem observa a lei se desgarrou; busca o teu servo, por­
divina que não me esqueci dos teus man­
damentos.
101Os príncipes perseguem-me sem
causa, porém o meu coração teme Contra as línguas iníquas
reverente as tuas palavras. 1 1 Q 1Cântico das subidas. N a rni-
162Alegro-me com as tuas palavras, 11U nha tribulação, clamei ao
como quem encontra muitos despojos. Senhor, e êle ouviu-me.
103Odeio e detesto a iniqüidade, mas 2Senhor, livra a minha alma do lá­
amo a tua lei. bio iníquo, da língua enganadora.
164Sete vêzes ao dia te dirijo lou­ 3Que te dará ou que te acrescen­
vores por teus justos juízos. tará (D eus), 6 língua enganadora?
165Gozam muita paz os que amam 4Setas agudas dum guerreiro, e bra­
a tua lei, e não há para êles nenhu­ sas de giesta.
ma ocasião de queda. 6A i de mim, que vivo em Mosoc,
166Espero o teu auxílio, ó Senhor, habito nas tendas de Cedar.
e ponho em prática os teus manda­ •Demasiado habitou a minha alma
mentos. com os que odeiam a paz.
167A minha alma guarda as tuas 7Quando lhes falo de paz, êles exci­
prescrições, e ardentemente as amo. tam à guerra.
168Guardo os teus preceitos e os
O Senhor, guarda e protetor do seu
teus testemunhos, porque todos os
meus caminhos estão presentes aos povo
teus olhos. 1 OH Kfântico das subidas. Levan-
TAU to os meus olhos para os
últim a súplica pelas necessidades montes: donde me virá o socorro?
espirituais e temporais já expostas 1
5
4
3
2
*7
9
6 20 meu socorro vem do Senhdr,
que fêz o céu e a terra.
169Chegue, Senhor, a minha súplica 3Não permitirá êle que vacile o teu
à tua presença: instrue-me segundo pé, nem adormecerá aquêle que te
a tua palavra. guarda.
17UChegue a minha petição à tua 4Não, por certo, não adormecerá,
jresença: livra-me segundo a tua pa-
favra.
nem dormirá o que guarda Israel.
60 Senhor te guarda, o Senhor é
171Os meus lábios rompam num hi­ a tua proteção, ao teu lado direito.
no (em teu louvor)y quando me en­ Durante o dia o sol não te quei­
sinares os teus estatutos. mará, nem à luz (te danificara) de
172Cante a minha língua a tua pa­ noite.
lavra, porque todos os teus manda­ 70 Senhor te guardará de todo o
mentos são justos. mal: guardará a tua alma.
173Assista-me a tua mão para me sO Senhor guarde a tua entrada
socorrer, porque escolhi os teus pre­ e a tua saída, desde agora e para
ceitos. sempre.
174Desejo, ó Senhor, a tua salva­ Saudação a Jerusalém cidade santa
ção, e a tua lei é a minha delicia.
175Viva a minha alma e te louve, e 1Cântico das subidas. De Da­
os teus decretos me socorram. 121 vi. Eu me alegrei, porque
Salmo C X IX — 1. C â n t i c o d a s s u b i d a s . Assim são chamados os salmos, C X IX a
C X X X III provàvelmente por serem cantados pelos Israelitas, quando subiam ao templo por
ocasião das três grandes festas, segundo outros, porque eram cantados pelos lcvitas,
ao subirem os quinze degraus, que do átrio das mulheres levavam ao átrio dos Israelitas.
4. Conclue o sentido do verso anterior. Q u e t e d a r á . . . ? O ser transpassada com
s e ta s agudas, vibradas por mâo robusta ( d u m g u e r r e ir o ), e o ser atormentada com
b ra sa s ...
5. M o r a d o r e s d e C e d a r eram um povo nômade e cruel, que sim bolizava aqui tôda a
sorte de inimigos sem piedade.
salm o C X X I — Exprim e a alegria de ir a Jerusalém, e a afetuosa saudação que
os peregrinos dirigiam à cidade santa, ao chegarem.
121 - 125 OS SALMOS 681

me disseram: “ Iremos à casa do Se­ 2se o Senhor não tivesse estado por
nhor” . nós, quando os homens se levantaram
2Já os nossos pés param às tuas contra nós,
portas, ó Jerusalém. 8de certo nos teriam engulido v i­
3Jerusalém que está edificada co­ vos. Quando se acendia o seu furor
mo uma cidade, tôda em si compacta. contra nós,
4L a sobem as tribos, as tribos do 4então a água (da desgraçaJ nos
Senhor, segundo a lei de Israel, pa­ teria submergido; a torrente teria
ra louvar o nome do Senhor. passado sobre nós;
5Lá se estabeleceram os tribunais 5então teriam passado sôbre nós as
da justiça, os tribunais da casa de águas entumecidas.
Davi. 6Bendito o Senhor, que não nos
•Pedi (a Deus) graças de paz pa­ deu aos seus dentes por prêsa.
ra Jerusaléiq, aqueles que te amam 7A nossa alma (ou vida), como o
(o .cidade santa) vivam em seguran­ pássaro, escapou do laço dos caçado­
ça! res: o laço foi quebrado, e nós fica­
7Reine a paz dentro dos teus mu­ mos livres.
ros, segurança nos teus palácios! sO nosso socorro está no nome do
8Por causa dos meus irmãos e dos Senhor, que fêz o céu e a terra.
meus companheiros, direi: H aja paz
em ti! O Senhor auxilia o povo contra os
9Por amor da casa do Senhor, nos­ inimigos iníquos
so Deus, pedirei todo o bem para ti.
Confiança em Deus do povo desprezado
124 1t7dníico das subidas. O s que
3 confiam no Senhor são (f ir ­
1 2 2 1Cântico das subidas. -Levanto mes) como o monte de Sião, que não
os meus olhos para ti (6 é abalado, que permanece para sem­
Deus) que habitas nos céus. pre.
2Montes circundam Jerusalém: As­
2Vêde que, assim como os olhos dos sim o Senhor circunda o seu povo, a-
servos estão fixos nas mãos dos seus gora e para sempre.
senhores, como os olhos da escrava
nas mãos de sua senhora, assim os SPorque não permanecerá o cetro
nossos olhos estão fixos no Senhor dos ímpios sôbre a herança dos jus­
nosso Deus, até que tenha misericór­ tos, para que os justos não estendam
dia de nós. à iniqüidade as suas mãos.
3Tem misericórdia de nós, Senhor, 4Faze bem, Senhor, aos bons e aos
tem misericórdia de nós, porque retos de coração.
estamos, em extremo, fartos de des- 5Mas aos que se desviam para ca­
prêzo; minhos tortuosos, expulse-os o Senhor
4a nossa alma está muito farta de com os malfeitores. A paz seja sô­
ser o objeto de escárnio dos ricos, bre Israel!
de desprêzo dos soberbos.
Oração por um completo restabeleci­
O Senhor livra dum perigo gravíssimo mento do povo
1Cântico das subidas. Quan­
1 1Cântico das subidas. De Da-
vi. Se o Senhor não tives­ 125 do o Senhor fêz voltar os
se estado por nós, diga-o agora Is­ cativos de Sião, nós ficamos como que
rael, a sonhar.
3. A s casas e os palácios de Jerusalém, coroados pelo templo, e encerrados num
espaço limitado pelas suas muralhas, form ava um a massa compacta, cujo aspecto m a­
ravilhava os peregrinos.
Salmo C X X III — 8. O nosso s o co rro ... estas palavras são um ato de fé, repetido
muitas vêzes pela Ig re ja nas suas orações.
Salmo C X X IV — 3. O domínio dos pagãos (o c e t r o . . . ) exercia-se então sôbre a
Palestina, que era a herança de Israel ( a herança dos ju stos). M as o Salmista tem
esperança de que Deus n&o perm itirá por muito tempo êste domínio, para que os
justos não percam a coragem, que os a fasta da iniqüidade.
682 OS SALMOS 124 - 129

2Então a nossa boca encheu-se de 2porque comerás do trabalho das


riso, e a nossa língua de alegria. En­ tuas mãos, bem-aventurado serás, e
tão disse entre as gentes: “ Coisas te irá bem.
magníficas fêz o Senhor em favor 3Tua esposa será como uma vide
dêles” . fecunda, no interior da tua casa; teus
3(S im ), coisas magníficas fêz o Se­ filhos como pimpolhos de oliveiras,
nhor por nós: fomos cheios de júbi­ ao redor de tua mesa.
lo. 4Eis como será abençoado o homem
4Muda, Senhor, a nossa sorte, como que teme o Senhor.
as torrentes na terra austral. 5Abençoe-te o Senhor desde Sião,
5Os que semeiam entre lágrimas, para que vejas a prosperidade de Je­
com alegria ceifarão. rusalém todos os dias da tua vida;
°Vão andando e choram, levando °para que vejas os filhos dos teus
as sementes para espalhar: quando filhos: a paz seja sobre Israel.
voltarem, virão com alegria, trazendo
os seus feixes. Israel, oprimido desde a juventude,
implora o auxílio de Deus
Tôda a prosperidade provém da
bênção de Deus 128 'Cântico das subidas. Muito
me têm combatido desde a
1 2(J C â n tico das subidas. D e Sa- minha juventude, diga agora Israel:
lomão. Se o Senhor não e- 2Muito me têm perseguido desde a
dificar a casa, é em vão que traba­ minha juventude, mas não prevalece­
lham os que a edificam. Se o Se­ ram contra mim.
nhor não guardar a cidade, inutil­ 3Sôbre o meu dorso lavraram os
mente vigia a sentinela. lavradores, abriram longos os seus
2Em vão vos levantais antes de a- sulcos.
manhecer, e fazeis serão até alta noi­ 40 Senhor, porém, que é justo, cor­
te, vós que comeis o pão de traba­ tou as cordas dos ímpios.
lho duro: porque êle o dá aos seus 5Fiquem confundidos, e retrocedam,
amados até durante o sono. todos os que odeiam Sião.
8Eis que os filhos, são um dom do 6Sejam como a erva dos telhados,
Senhor, o fruto das entranhas é uma a qual seca antes de ser arrancada;
recompensa. 7da qual o que a sega não enche
4Como setas na mão do guerreiro, a sua mão, nem (enche) seus braços
assim são os filhos da juventude. o que apanha seus feixes.
5Ditoso o homem que delas encheu 8Nem os que passam dizem: "A bên­
a sua aljava: não serão confundidos ção do Senhor seja sôbre vós! Nós
quando contenderem com os seus i- vos abençoamos em nome do Senhor” .
nimigos à porta.
A culpa do homem e a
Felicidade da fam ília piedosa misericórdia de Deus
1Cântico das subidas. Desde
1 2 7 i;Cântico das subidas. Bem-
A“ 1 aventurado és tu, quem quer 129 o mais profundo clamo a ti.
que sejas, que temes o Senhor, que Senhor;
andas nos seus caminhos! 2Senhor, ouve a minha voz! Ksíe-
5. Junto das portas da cidade se realizavam os Julgamentos. Nestes os filhos defendiam
os pais injustamente acusados.
Salmo C X X V III — 3. Sobre o meu d o rs o ... Im agem para indicar as perseguições
sofridas por Israel.
4. A s cordas com que estavam atados os escravos judeus.
Salmo C X X V I — 2. E m v ã o . . . Muitos levantam-se antes da aurora, cansam-se, e,
apesar disso, comem um alimento penosamente ganhado {p ã o ). E isto porque despre­
zam o auxílio de Deus, ficando assim estéreis os seus trabalhos.
3. A fam ília numerosa é uma graça de Deus.
4. Os filhos em volta dos seus pais p ara os defenderem, são como as setas com
que um guerreiro resiste ao inimigo.
129 - 132 OS SALMOS 633
jam atentos aos teus ouvidos à voz °Nós ouvimos dizer que a arca es­
da minha súplica. tava em Efrata, e a encontramos
3Se conservares a lembrança dos (depois) nos campos de Iaar.
delitos, ó Senhor, quem, Senhor, po­ 7Entremos na sua morada, prostre-
derá subsistir ( em tua presença) ? mo-nos ante o escabelo de seus pés.
4Porém, junto de ti está o perdão 8Levanta-te, Senhor, para o lugar
dos pecados, para que com reverên­ do teu repouso, tu e a arca da tua
cia seja servido. majestade.
5Espero no Senhor, na sua palavra 9Revistam-se os teus sacerdotes de
espera a minha alma; à espera do justiça (ou santidade), e regozijem-
Senhor está se jubilosos os teus santos.
6a minha alma, mais do que a sen­ 10Por amor de Davi, teu servo, não
tinela ( a espera) da aurora. Mais rejeites o rosto do teu ungido.
do que a sentinela (à espera) da au­ “ Jurou o Senhor a Davi, uma pro­
rora, messa firme, que jamais retratará:
7Israel está à espera do Senhor, “ Um descendente da tua linhagem po­
porque no Senhor está a misericór­ rei sôbre o teu trono.
dia, e nêle é abundante a redenção: 12Se os teus filhos guardarem a mi­
8e êle mesmo redimirá Israel de nha aliança e os preceitos que eu lhes
todas as suas iniqüidades. ensinarei, também os seus filhos para
sempre se sentarão sôbre o teu tro­
Humilde e filial abandono em Deus no".
13Porque o Senhor escolheu Sião,
1 OA C â n tico das subidas. De Da- desejou-a para sua habitação:
vi. Senhor, o meu coração 14“ Êste é o meu repouso para sem­
não se ensoberbece, nem os meus o- pre, aqui habitarei, porque a dese­
lhos se mostram altivos, nem ando jei;
atrás de coisas grandes ou demasia­ 15abençoarei copiosamente o seu ali­
do altas para mim. mento, saciarei de pão os seus po­
2Pelo contrário, acalmei e apaziguei bres.
a minha alma, como um menino no 16Vestirei os seus sacerdotes de sal­
regaço de sua mãe: como um menino, vação, e os seus santos exultarão de
assim está a minha alma em mim. júbilo.
*Espera, Israel, no Senhor, desde ” A li dilatarei o poder de Davi, pre­
agora e para sempre. pararei uma lâmpada para o meu un­
Promessas de D avi ao Senhor e gido.
promessas do Senhor a D avi 18Cobrirei de confusão os seus ini­
migos; mas sôbre êle brilhará o meu
1^1 lCântico das subidas. Lem- diadema.
bra-te, Senhor, em favor de A le gria da concórdia fratern a
Davi, de toda a sua solicitude:
2(Lem bra -te) como fêz êste jura­ 1 OO 1Cântico das subidas. De Da-
mento ao Senhor, esta promessa ao vi. Oh! quão bom e. quão
Poderoso de Jacó. suave é viverem os irmãos em união!
3“Não entrarei na tenda da minha 2É como um azeite precioso derra­
casa, não subirei ao estrado do meu mado na cabeça, que desce sôbre a
leito, barba, a barba de Arão, que desce
4não darei sono aos meus olhos, nem sôbre a orla do seu vestido;
repouso às minhas pálpebras, 3é como o orvalho do Hermon, que
5até que encontre um lugar para desce sôbre o monte Sião: porque o
o Senhor, uma morada para o Pode­ Senhor derrama ali a sua bênção, a
roso de Jacó” . vida para sempre.
Salmo C X X X I — Depois de recordar o que D a v i fêz pelo Senhor, o poeta pede a
Deus que cubra com a sua proteção a realeza e o sacerdócio, que tinham o seu
centro em Sião, e todo o povo de Israel.
8. Lugar do teu repouso, o templo construído em Jerusalém.
17. A lâmpada é o símbolo dum futuro próspero.
Salmo C X X X II — 2-3. A s duas comparações,, tiradas dos costumes e clima do
684 OS SALMOS 133 - 135

Louvores noturnos no templo vo, e tem compaixão dos seus ser­


vos.
1 9 0 1Cântico das subidas. Eia! 15Os ídolos dos gentios não são mais
1099 Agora, pois, bendizei ao Se­ que prata e ouro, obras das mãos dos
nhor, vós todos os servos do Senhor, homens:
vós que assistis na casa do Senhor, 16têm bôca, e não falam ; têm olhos
durante as horas noturnas. e não vêem;
2Levantai as vossas mãos para o 17têm ouvidos, e não ouvem; e não
santuário, e bendizei ao Senhor. há alento de vida na sua bôca.
3Abençoe-te de Sião o Senhor, que 18Com êles se parecem os que os
fêz o céu e a terra. fazem, e todo o que confia nêles.
19Casa de Israel, bendizei o Senhor;
Louvores a Deus, senhor de tôdas as casa de Arão, bendizei o Senhor;
coisas e benfeitor do povo de 20casa de Levi, bendizei o Senhor;
Israel vós os que adorais o Senhor, bendizei
1 9 4 1Aleluia. Louvai o nome do o Senhor.
1 Senhor, louvai o Senhor, vós, 21Desde Sião seja bendito o Senhor,
seus servos, que habita em Jerusalém.
2vós, que assistis na casa do Se­ Ação de graças pelos muitos benefícios
nhor, nos átrios da casa do nosso de Deus
Deus.
3Louvai o Senhor, porque o Se­ 1 OC 1A leluia. Louvai ao Senhor,
nhor é bom; cantai salmos ao seu no­ porque é bom, porque a sua
me, por que é suave. misericórdia é eterna.
4Porque o Senhor escolheu para si 2Louvai ao Deus dos deuses, por­
Jacó, e Israel para sua possessão. que a sua misericórdia é eterna.
5Sim, eu sei que o Senhor é gran­ 3Louvai ao Senhor dos senhores,
de, e que o nosso Dominador é mais porque a sua misericórdia é eterna.
que todos os deuses. 40 único que faz grandes maravi­
°Tudo o que quer o faz o Senhor, no lhas, porque a sua misericórdia é e-
céu, na terra, no mar e em todos terna.
os abismos das águas.. s O que fêz os céus com sabedoria,
7Êle faz subir as nuvens das extre­ porque a sua misericórdia é eterna.
midades da terra, converte os relâm­ 60 que estendeu a terra sobre as
pagos em chuva, faz sair os ventos dos águas, porque a sua misericórdia é
seus reservatórios. eterna.
70 que fêz os grandes luminares,
8Feriu os primogênitos do Egito, porque a sua misericórdia é eterna;
desde os homens até aos animais. 8o sol para presidir ao dia, porque
9Operou sinais e prodígios no meio a sua misericórdia é eterna,
de tl, ó Egito, contra Faraó e con­ 9a lua e as estréias para presidirem
tra todos os seus servos. à noite, porque a sua misericórdia é
10Feriu nações numerosas, e matou eterna.
reis poderosos: 10O que feriu os egípcios nos seus
“ Seon, rei dos Amorreus, e Og, rei primogênitos, porque a sua miseri­
de Basan, e todos os reis de Canaã. córdia é eterna.
12E deu as terras dêles em posses­ nE tirou Israel do meio dêles, por­
são, em possessão a Israel, seu povo. que a sua misericórdia é eterna,
13Senhor, o teu nome permanece e- 12com mão poderosa e braço levan­
ternamente; Senhor, a tua memória tado, porque a sua misericórdia é
passa de geração em geração. eterna.
“ Porque o Senhor proteje o seu po­ 130 que dividiu em duas partes o
oriente, exprimem a abundância e os agradáveis efeitos dos bens que Deus destinava
a quem de bom grado habitasse em Jerusalém.
Salmo C X X X IV — E x a lta a grandeza de Deus na natureza (6 -7 ) e na história
dos Hebreus (8-14) e descreve os ídolos ou falsos deuses (15-18). Começa e termina
convidando o povo a louvar o verdadeiro Deus.
135 - 138 OS SALMOS 685

M ar Vermelho, porque a sua miseri­ de ti, se não puser Jerusalém acima


córdia é eterna. de tôda a minha alegria!
14E fêz passar Israel pelo meio dê- 7Lembra-te, Senhor, para mal dos
les, porque a sua misericórdia é e- filhos de Edom, do dia (da ruína)
terna. de Jerusalém, os quais disseram:
15E precipitou Faraó e o seu exér­ “ Destruí, destruí nela até os funda­
cito no Mar Vermelho, porque a sua mentos".
misericórdia é eterna. 8Filha exterminadora (população)
10O que conduziu o seu povo pe­ de Babilônia, ditoso aquêle que te
lo deserto, porque a sua misericór­ devolver os males que ifos fizeste!
dia é eterna. 9Bem-aventurado o que apanhar às
170 que feriu grandes reis, porque mãos e fizer em pedaços contra uma
a sua misericórdia é eterna. pedra os teus filhinhos!
18E matou reis poderosos, porque
a sua misericórdia é eterna: Ação de graças por um beneficio
19Seon, rei dos Amorreús, porque 1 0 7 lDe Davi. Eu te glorificarei,
a sua misericórdia é eterna, 1,8,1 Senhor, de todo o meu co­
20e Og, rei de Basan, porque a sua ração, porque ouviste as palavras da
misericórdia é eterna. minha bôca; em presença dos anjos
21E deu a terra dêles em possessão, te cantarei salmos,
porque a sua misericórdia é eterna, 2prostrar-me-ei no teu santo tem­
22em possessão a Israel, seu servo, plo, e glorificarei o teu nome, por
porque a siia misericórdia é eterna. tua bondade e fidelidade, porque fi­
23Em nosso abatimento lembrou-se zeste grande sobre todas as coisas o
de nós, porque a sua misericórdia é teu nome e a tua promessa.
eterna; 3Quando te invoquei, ouviste-me,
24e livrou-nos dos nossos inimigos, aumentaste a fortaleza na minha al­
porque a sua misericórdia é eterna. ma.
"O que dá alimento a tôda a car­ 4Celebrar-te-ão, Senhor, todos os
ne, porque a sua misericórdia é eter­ reis da terra, quando ouvirem as pa­
na. lavras da tua bôca:
26Louvai a Deus do céu, porque a 5e cantarão os caminhos (o pro­
sua misericórdia é eterna. ceder) do Senhor: “ verdadeiramente
é grande a glória do Senhor” .
Tristeza» e saudades dos exilados °Na verdade o Senhor é excelso,
1 «Junto dos rios de Babilônia, mas olha para o humilde, o soberbo,
ali nos assentamos a chorar, porém, olha-o de longe.
lembrando-nos de Sião. 7Se eu ando no meio da tribulação
2Nos salgueiros daquela terra pen­ (6 Senhor), tu me conservas a vida,
duramos as nossas citaras. estendes a tua mão contra a ira dos
3Pois ali os que nos tinham depor­ meus inimigos, a tua direita me sal­
tado nos pediam cânticos, e os nossos va.
opressores (nos pediam) alegria: 8As obras começadas, o Senhor as
■“ Cantai-nos algum dos cânticos de acabará por mim. Senhor, a tua bon­
Sião!” dade é eterna, não abandones a o-
bra das tuas mãos.
4Como cantaremos o cântico do Se­
nhor em terra estranha (lhes res­ Deus, presente em tôda a parte, vê
pondemos) . tudo
5Se me esquecer de ti, Jerusalém,
ao esquecimento seja entregue a mi­ 1 X^ ° m€Sire d ° côro. D e D a-
nha direita! vi. Salmo. Senhor, tu me
°Fique pegada a minha língua às sondas e me conheces,
minhas fauces, se eu não me lembrar 2tu me conheces, quando me sen-
Salmo C X X X V I — 9. E fizer em pedaços. .. Êste proceder cruel estava então em
uso durante as guerras. o que o poeta pede aqui, acim a de tudo, é ruína do im­
pério do mal.
686 OS SALMOS 138 - 13»

to e quando me levanto. De longe 19Oxalá dês a morte ao ímpio, ó


penetras os meus pensamentos; Deus, e se afastem de mim os homens
3vês claramente quando ando e sanguinários!
quando repouso, e observas todos os 20Porque, com astúcia, se rebelam
meus caminhos. contra ti, pèrfidamente se vanglo­
4Antes mesmo que uma palavra es­ riam os teus inimigos.
teja sôbre a minha língua, eis, Se­ 21Porventura não odeio eu, Senhor,
nhor, que já a conheces tôda. os que te odeiam, e não me causam
5Pelas costas e pela frente me a- tédio os que se levantam contra ti?
branges, e pões sôbre mim a tua mão. 22Com ódio implacável eu os odeio;
°Muito admirável é para mim essa tornaram-se meus inimigos.
ciência, é sublime: não posso atingí- 23Sonda-me, ó Deus, e conhece o
la. meu coração; põe-me à prova, e co­
7Para onde irei, a fim de ficar lon­ nhece os meus sentimentos,
ge do teu espírito? E para onde fu­ 24e vê se ando pelo mau caminho,
girei da tua presença? e reconduze-me pelo caminho antigo.
8Se subo ao céu, tu lá estás; se me
prostrar nos infernos, nêles te encon­ Contra os inimigos violentos e pérfidos
tras presente. 1 9Q 1Ao mestre do côro. Salmo,
9Se eu tomar as asas da aurora, e l ü U De Davi.
habitar nas extremidades do mar: 2Livra-me, Senhor, do homem mal­
10ainda lá me guiará a tua mão, vado, preserva-me do homem violen­
e me tomará a tua direita. to;
“ Se eu disser: “ Ao menos me en­ 3dos que maquinam maldades no
cobrirão, em vez da luz, me envolve­ coração, que todo o dia provocam li­
rá a noite” : tígios.
12as mesmas trevas não serão obs­ 4Aguçam as suas línguas como a
curas para ti, e a noite brilhará co­ serpente: têm veneno de áspides de­
mo o dia: a densa escuridão é para baixo de seus lábios.
ti como a luz. 5Salva-me, Senhor, das mãos do
“ Porque fôste tu que formaste os iníquo, protege-me do homem vio­
meus rins, me entreteceste no seio lento: os que procuram desviar os
de minha mãe. meus passos,
14Louvo-te, porque tão admirável- °os orgulhosos armam-me oculta-
mente fui tomado, porque são mara­ mente um laço, e estendem as suas
vilhosas as tuas obras. E perfeita- cordas à maneira de rêde, junto do
mente conheces a minha alma; caminho põem-me tropeços.
15a minha estrutura não te foi des­ * xEu digo ao Senhor: Tu és ò meu
conhecida, quando me ia formando Deus; atende, Senhor, à voz da mi­
em segrêdo, quando ia sendo entrete- nha súplica.
cido nas entranhas da terra. 8Ó Senhor Deus, meu poderoso au­
16Os teus olhos viram os meus atos, xílio! Tu pões a coberto a minha ca­
e no teu livro todos estão inscritos; beça no dia da batalha.
são fixados os seus dias, antes que 9Não cedas, Senhor,'aos desejos do
um só dêles existisse. iníquo, não secundes os seus planos.
17Quão difíceis são para mim os 10Erguem a cabeça os que me ro­
teus desígnios, ó Deus, quão imenso deiam: oprima-os a malícia dos seus
o seu número! lábios.
18Se me ponho a contá-los, vejo que “ Chovam sôbre êles carvões arden­
o seu número ultrapassa o da areia tes; sejam precipitados numa cova,
(do m a r); se chegar ao fim, ainda para que não mais se levantem.
estou contigo. 120 homem de má língua não du-
Salmo C X X X v lI I — 7-10. N ão há lugar onde possamos fu gir aos olhos de Deus.
15. Entranhas da terra, isto é, seio materno.
21-22. Os inimigos de Deus são também os inimigos de Davi.
24. Caminho antigo, isto é, aquêle que foi seguido pelos devotos da antiguidade, co­
mo Noé, A braão e outros.
1 3 9 r- 142 OS SALMOS 687

rará sôbre a terra; o homem violento prias rêdes os ímpios, enquanto eu


será colhido de improviso pela des­ escapo incólume.
dita.
13Sei que o Senhor dá razão ao in­ S ú p lic a de u m h om em abandonado
digente, e justiça aos pobres. p o r todos
14Sim, os justos celebrarão o teu
nome, os homens retos habitarão na \A \ 1Maskil. D e Davi, quando es-
tua presença. 1 ,1 tava na caverna. Súplica.
2Em alta voz clamo ao Senhor; em
O ração do ju s t o co n tra a s in s íd ia s do alta voz suplico ao Senhor.
in íq u o 3Exponho diante dêle a minha preo­
140 D e Davi. Senhor, a cupação, manifesto-lhe a minha an­
gústia.
1 ti clamo; socorre-me de­
pressa; atende à minha voz, quando 4Quando está em ânsia em mim o
clamo a ti. meu espírito, tu conheces o meu ca­
2Suba direita a ti a minha oração, minho. N o caminho por onde ando,
como incenso, seja a elevação das armaram-me laços ocultos.
minhas mãos (tao agradável) como 5Volto-me para a direita, e olho, e
o sacrifício da tarde. não há quem se importe de mim. Não
3Põe, Senhor, uma guarda à mi­ tenho para onde fugir, não há quem
nha bôca, sentinela à porta dos meus olhe pela minha vida.
lábios. °A ti clamo, Senhor; digo: Tu és
4Não deixes inclinar o meu coração o meu refúgio, a minha porção na ter­
para coisa má, para cometer crimes; ra dos viventes.
nem com os homens que cometem a 7Atende ao meu clamor, porque sou
iniqüidade, coma eu jamais dos seus sumamente miserável. Livra-me dos
lautos manjares. que me perseguem, porque são mais
5Bata-me o justo: isso é piedade; fortes do que eu.
repreenda-me: é perfume para a ca­ 8Tira-me desta prisão, para que dê
beça, o qual a minha cabeça não re­ graças ao teu nome. Os justos me
cusará, antes hei de orar sempre sô­ rodearão, quando me fizeres êste be­
bre os seus males. nefício.
6Os seus príncipes caíram junto do O ra ç ã o dum p e n it e n t e a n g u s t ia d o
rochedo, e ouviram quão suaves eram
as minhas palavras. 142 1Saímo* D e Davi. Senhor, ou-
7Assim como a terra quando é sul­ I**4i ve a minha oração, presta
cada e fendida, assim foram disper­ ouvidos à minha súplica por tua f i­
sos os nossos ossos junto da sepultu­ delidade, atende-me por tua justiça.
ra. 2Não chames a juízo o teu servo,
8Para ti pois, Senhor, se volvem os porque nenhum vivente é justo na
meus olhos; a ti me acolho: não per­ tua presença.
mitas que se perca a minha alma. 3Porque o inimigo persegue a mi­
9Guarda-me do laço, que armaram nha alma: prostrou por terra a mi­
contra mim, e das emboscadas dos nha vida, colocou-me nas trevas, co­
que praticam a iniqüidade. mo os mortos de muito tempo.
10Caiam todos juntos em suas pró­ 40 meu espírito desfalece em mim;
Salmo C X L — 6-7. O sentido e o nexo dêstes versículos, cujo texto parece que foi
bastante corrompido, são completamente obscuros. Refere-se talvez o salmista (D a ­
v i) ao que é narrado no I Reis X X IV , 1-16; X X V I, 8-20, quando o perseguidor Saul
foi tratado por êle com benignidade junto do rochedo. outros dizem que nestes dois
versículos se trata do futuro castigo dos inimigos. Porém nenhuma explicagão sa ­
tisfaz por completo.
Salmo C X L I — 4. Quando o seu espirito estava abatido, o Salmista encontrava
consolação não só em orar, mas também em pensar que Deus conhecia o seu estado
( o meu caminho) .
6. N a terra dos viventes, isto é, enquanto viver.
8. Desta prisão, dêste perigo. — os justos me rodearão isto é, os justos espe­
ravam que fôsse livre do perigo, para tomarem parte na sua felicidade e louvar com
«êle o Senhor.
688 OS SALMOS 142 - 144

dentro de mim se gelou o meu cora­ #ó Deus, eu te cantarei um cântico


ção. novo, com o saltério de dez cordas
5(M as) lembro-me (lo go ) dos dias te entoarei salmos,
antigos, medito em tôdas as tuas o- 10a ti, que aos reis concedes vitó­
bras; considero as obras das tuas ria, que livraste Davi, teu servo,
mãos. 11 (da espada maligna), tira-me e
°Estendo as minhas mãos para ti; livra-me da mão dos estranhos, cuja
a minha alma tem sêde de tif como boca fala mentira, e cuja direita jura
terra sequiosa. falso.
7Atende-me, Senhor, com presteza, 12Sejam os nossos filhos como plan­
porque o meu espírito desfalece. Não tas, que crescem na sua juventude;
escondas de mim a tua face, para as nossas filhas sejam como colunas
que não me torne como os (m ortos) angulares, esculpidas como as colu­
que descem à cova. nas dum templo.
8Faze-me sentir desde manhã a tua 1SEstejam cheios os nossos celeiros,
bondade, porque em ti confio. Fa- abundantes em todos os frutos; as
ze-me conhecer o caminho em que nossas ovelhas, m il vêzes fecundas,
devo andar, porque a ti elevo a minha multipliquem-se por miriades em nos­
alma. sos campos;
°Livra-me dos meus inimigos, Se­ 14os nossos jumentos andem car­
nhor: em ti espero. regados. Não haja brecha nas mu­
10Ensina-me a fazer a tua vontade, ralhas, nem exílio, nem pranto nas
porque tu és o meu Deus. O teu es­ suas praças.
pírito é bom: conduza-me por terra 15Ditoso o povo que goza tais coi­
plana. sas; ditoso o povo, cujo Deus é o Se­
UPor causa do teu nome, Senhor, nhor.
conserva-me vivo: por tua clemência Grandeza e bondade de Deus
tira a minha alma da angústia.
12E,\ em tua bondade, destrói os 14 4. 1Louvores. D e Davi. Eu te
meus inimigos, e extermina todos os exaltarei, meu Deus, ó rei, e
que atribulam a minha alma, por­ bendirei o teu nome pelos séculos
que eu sou teu servo. dos séculos;
Oração do rei p ara alcançar vitória e 2cada dia te bendirei, e louvarei o
prosperidade teu nome pelos séculos dos séculos.
8Grande é o Senhor, e muito dig­
1 4 0 1D e Davi. Bendito seja o Se- no de louvor, e a sua grandeza é
nhor, minha rocha, que ades- insondãvel.
tra as minhas mãos para a batalha, 4Uma geração apregoa a outra as
e os meus dedos para a guerra; tuas obras, e anunciam o teu poder.
2minha misericórdia e minha cida- 5Falam da esplêndida glória da tua
dela, meu presidio e meu libertador, majestade, e divulgam as tuas mara­
meu escudo e meu refúgio, que me vilhas.
submete os povos. 6Falam do poder das tuas obras ter­
3Senhor, que é o homem, para que ríveis, e contam a tua grandeza.
cuides dêle, o filho do homem, para • 7Proclamam o louvor da tua gran­
que penses nêle? de bondade, e exultam com a tua
40 homem é sem elhante a um sô- justiça.
pro da brisa, os seus dias à sombra 8Clemente e misericordioso é o Se­
que passa. nhor; tardo para a ira, e de muita
"Senhor, inclina os teus céus, e des­ benignidade. *
ce, toca os montes, e fumegarão; °Bom é o Senhor para com to­
#despede um raio, e dispersa-os, dos, e compassivo com tôdas as suas
lança as tuas setas, e conturba-os; obras.
7estende-me a tua mão lá do alto, 1ODêem-te glória, Senhor, tôdas as
tira-me e livra-me das muitas águas tuas obras, e os teus santos te ben­
(da tributação) , da mão dos estranhos, digam.
8cuja bôca fala mentira, o cuja di­ “ Publiquem a glória do teu reino,
reita jura falso. e falem do teu poder,
144 - 147 OS SALMOS 68$

12para fazerem conhecer aos filhos 7faz justiça aos oprimidos, dá pão
dos homens o teu poder e a glória do aos famintos. O (m esm o) Senhor
teu reino esplendoroso. dá liberdade aos cativos,
130 teu remo é um reino que se 8o Senhor abre os olhos aos cegos.
estende a todos os séculos, e o teu O Senhor endireita os encurvados, o
império subsiste por tôdas as gera­ Senhor ama os justos.
ções. O Senhor e fiel em tôdas as 90 Senhor protege os peregrinos,
suas palavras, e santo em tôdas as ampara o órfão e a viúva, mas em­
suas obras. baraça os caminhos do pecador.
,40 Senhor sustém todos os que 10O Senhor reinará para sempre, o
caem, e levanta todos os prostrados. teu Deus, ó Sião, (reinará) de gera­
15Os olhos de todos esperam em ção em geração. Aleluia.
ti, Senhor, e tu lhes dás o sustento
em tempo oportuno. Louvores a Deus, protetor e sábio,
16Tu abres a tua mão, e sacias com restaurador de Israel
benevolência todos os viventes.
17Justo é o Senhor em todos os seus 1 4 f í 'Aleluia. Louvai o Senhor,
caminhos, e santo em tôdas as suas porque é bom, cantai salmos
obras. ao nosso Deus, porque é suave; êle
tóO Senhor está perto de todos os é digno de louvor.
que o invocam, de todos os que o in­ 20 Senhor edifica Jerusalém, con­
vocam com sinceridade. grega os dispersos de Israel;
19Êle fará a vontade dos que o 3êle sara os atribulados de coração,
temem, e ouvirá o seu clamor, e os e liga as suas chagas.
salvará. 4F ixa o número das estréias, e cha­
20O Senhor guarda todos os que ma cada uma pelo seu nome.
o amam, e exterminará todos os ím­ 5Grande é o nosso Senhor, e fo r­
pios. te o seu poder; a sua sabedoria não
“ Cante a minha bôca o louvor tem limites.
do Senhor, e tôda a carne bendiga 60 Senhor eleva os humildes, abate
o seu santo nome, pelos séculos dos os ímpios até à terra.
séculos. 7Cantai ao Senhor um cântico de
ação de graças, cantai salmos ao som
Louvor a Deus criador, auxilio de todos, da citara ao nosso Deus,
rei eterno 8que cobre o céu de nuvens, que
prepara (assim) chuva para a terra;
14C 1Aleluia. Louva, ó minha al- que produz erva nos montes, e plan­
ma, o Senhor; tas para uso dos homens;
2eu louvarei o Senhor, durante a °que dá o seu alimento próprio aos
minha vida; cantarei salmos ao meu animais e aos filhinhos dos côrvos,
Deus enquanto existir. que clamam a êle.
3Não confieis nos príncipes, nem 10Não se deleita com a fôrça do ca­
no homem que não pode salvar. valo, nem se compraz nos pés (v e ­
4Quando se fôr o seu espírito vol­ lozes) do homem.
tará ao seu pó; então se desvanece­ “ Agradam ao Senhor os que o te­
rão (com o fu m o) todos os seus pro­ mem, os que confiam na sua bonda­
jetos. de.
8Ditoso aquêle de quem é protetor (Continuação do anterior)
o Deus de Jacó, cuja esperança está
no Senhor, seu Deus, 147 12Louva, ó Jerusalém, o Se-
eque fêz o céu e a terra, o már, e nhor, ó Sião, o teu Deus.
tôdas as coisas que nêles há, que 13porque reforçou os ferrolhos das
conserva eternamente a fidelidade tuas portas, abençoou os teus filhos
(das suas promessas), (que habitam) dentro de ti;
salm o C X L v I e C X L V I I — Êstes dois salmos, no hebreu, constituem um só cân­
tico. Nêles se convida o povo a louvar a Deus pelos seus infinitos atributos (1 -6 ),
pela sua providência (7-11), e pelos benefícios especiais feitos a Jerusalém (12-20).
10. Deus não atende à fô rç a física, m as sim & bondade moral.
690 OS SALMOS 147 150

14pôs em paz as tuas fronteiras, jestade está acima do céu e da terra,


da flor da farinha te sacia. 14e deu ao seu povo um poder su­
15Ê êle que envia as suas ordens blime. É objeto de louvor para todos
à terra, a sua palavra corre veloz- os seus santos, e para os filhos de
mente. Israel, povo que está perto dêle. A le­
16É êle que faz cair a neve como luia.
lã; espalha a geada como cinza. Louve Israel o Senhor com a bôca e
17A tira o seu gêlo como pedaços com a espada
de pão; ante o seu fr io congelam as
águas. 1 4 9 1Aleluia. Cantai ao Senhor
18Envia a sua palavra, e as derre­ um cântico novo; (ressoe) o
te; faz soprar o seu vento, e as águas seu louvor na assembléia dos santos.
correm. 2Alegre-se Israel no seu criador, os
19É êle que anunciou a sua pala­ filhos de Sião regozijem-se em seu
vra a Jacó, os seus estatutos e os rei.
seus preceitos a Israel. 3Louvem o seu nome entre danças,
20Não fêz assim a qualquer outra cantem-lhe salmos com o tímpano e a
nação, e não lhes manifestou os seus citara.
preceitos. Aleluia. 4Porçiue o Senhor ama o seu povo,
Louvem a Deus o céu e a terra e glorifica os humildes com a vitó­
ria.
148 1Aleluia. Louvai o Senhor, vós 5Exultem os santos de glória, ale-
que estais nos céus, louvai-o grem-se em seus leitos.
nas alturas. 6Os louvores de Deus estejam na sua
2Louvai-o, vós todos os seus anjos, bôca, e espadas de dois fios nas suas
louvai-o, vós todos os seus exércitos. mãos,
3Louvai-o, sol e lua, louvai-o, tô- 7para exercer (a divina) vingan­
das as estréias luzentes. ça entre as gentes, e castigos entre
4Louvai-o, céus dos céus, e as águas os povos;
que estão sôbre os céus: 8para prender os seus reis com g ri­
3louvem o nome do Senhor, por­ lhões, os seus nobres com algemas de
que êle ordenou e foram criadas, ferro;
6e estabeleceu-as para sempre, e 9para executar contra êles a sen­
pelos séculos: fixou-lhes uma lei que tença determinada: tal é a glória
não passará. reservada a todos os seus santos. A -
7Louvai o Senhor, (vós, criaturas) leluia.
da terra, vós os cetáceos e todos os
abismos do mar, Concêrto solene de louvor a Deus
8o fogo, o granizo, a neve e o ne­
voeiro, o vento tempestuoso, que 1 CA 1Aleluia. Louvai o Senhor no
cumpre a sua palavra, seu santuário, louvai-o no
°os montes, e todos os outeiros, as seu augusto firmamento.
árvores frutíferas, e todos os cedros, 2Louvai-o por suas obras grandio­
10as feras e todos os animais do­ sas (em vosso fa v o r), louvai-o por
mésticos, os répteis e as aves ala­ sua excelsa majestade.
das, 3Louvai-o ao som da trombeta, lou­
1Jos reis da terra e todos os povos, vai-o com o saltério e a citara.
os príncipes e todos os juizes da ter­ 4Louvai-o com tímbale e com dan­
ra, ça, louvai-o com instrumentos de cor­
12os jovens e também as donzelas, das e com órgão.
os velhos, juntamente com os meni­ 5Louvai-o com címbalos sonoros,
nos: louvai-o com címbalos ressonantes:
13louvem o nome do Senhor, porque 6tudo o que respira louve o Se­
só o seu nome é excelso; a sua ma- nhor ! Aleluia.
Salmo C X L v I I I — 4. Céus dos céus, isto é, as regiões superiores dos espaços,
Salmo C X L IX — Enquanto Israel louva o Senhor no templo com música litúrgica
(1 -5 ), deve estar preparado com arm as c< ntra os assaltos dos inimigos, e pronto a
infligir-lhes o castigo merecido (6 -9 ).
LIVRO DOS PROVÉRBIOS
Êste livro é o primeiro dos cinco livros sagrados, que se chamam Sa-
pienciais, porquanto nos instruem sôbre a mais importante ciência, que é
a dos bons costumes. Foi escrito por Salomão (510). É uma coleção de
belíssimas sentenças morais, dispostas sem uma ordem lógica, as quais consti­
tuem a mais segura regra de vida para tôda classe de pessoas.
Pode dividir-se em oito seções:
1. Exortação para que se siga a Sabedoria (1 - 9).
2. Prim eira série de máximas de Salomão (10 - 22,16).
3. Primeira coleção (22,17 - 24,22) e segunda coleção (24,23 - 34) de
conselhos dos sábios.
4. Segunda série de máximas de Salomão (25 - 29).
5. Sentenças de Agur (30, 1-14).
6. Sentenças numeradas (30, 15-33).
7. Sentenças do Rei Lamuel (31, 1-9).
8. Elogio da mulher forte (31, 10-31).
O autor que coligiu estas sentenças é desconhecido; mas é certamente
posterior a Ezequias (depois do ano 70 a.C.) e não fêz outra coisa senão
reunir as coleções já existentes, sem tirar as repetições. Talvez o último
retoque aos Provérbios foi dado por Esdras. O texto da Vulgata é muito
diferente do da edição hebraica, porque os Setenta e São Jerônimo traduzi­
ram de um texto que era bem diferente daquele que existe hoje em hebraico.

Prólogo habilidade, e o jovem, conhecimen­


to e reflexão. 50 sábio, ouvindo (es­
1 parábolas (ou sentenças) de Sa- tas sentenças), ficará mais sábio, e o
1 lomão, filho de Davi, rei de Is­ que as entender possuirá o leme.
rael, 2para aprender a sabecfbria e 6Penetrará as parábolas e a sua in­
a disciplina; 3para compreender as terpretação, as palavras dos sábios,
palavras da prudência, e receber a e os seus enigmas.
instrução da (boa) doutrina, a justi­ 70 temor do Senhor é o principio
ça, a retidão, e a eqüidade; 4a fim da sabedoria. Os insensatos despre­
de que os inexperientes adquiram zam a sabedoria e a doutrina.
cfap. I — 2. A sabedoria de que fa la a S agrada Escritura consiste em saber regular a nos­
sa vida segundo as normas da honestidade e da virtude. — Disciplina, ou correção dos cos­
tumes.
5. Possuirá o leme p ara se orientar no meio das tempestades da vida.
692 LivR O DOS PROVÉRBIOS 1 - 2

24Mas, visto que eu vos chamei, e vós


~E’ p r e c is o f u g i r d a c o m p a n h ia d o s m a u s
não quisestes ouvir-me; visto que es-
80uve, meu filho, as instruções de tendi a minha mão, e não houve quem
teu pai, e não abandones a lei de tua olhasse para mim; 25visto que des­
mãe. °Isso será um ornato para a prezastes todos os meus conselhos,
tua cabeça, e um colar ao teu pesco­ e não fizestes caso das minhas re­
ço. preensões, 20também eu me rirei da
10Meu filho, se os pecadores te a- vossa ruína, e zombarei de vós, quan­
traírem com os seus afagos, não con- do vos suceder o que temíeis. ^Quan­
descendas com êles. 13Se te disserem: do vos assaltar a calamidade repen­
Vem conosco, façamos emboscadas tina, e colhêr a morte como um tem­
para derramar sangue, armemos la­ or al; quando vier sôbre vós a tri-
ços ocultos ao inocente, que nos não ulação e a angústia, 28então me in­
fêz mal algum; 12devoremo-lo vivo co­ vocarão (os ímpios) e eu não os ou­
mo o sepulcro (devora os cadáveres) y virei; levantar-se-ão de madrugada e
e inteiro como aquêle que desce à co­ não me encontrarão; "porque eles a-
va; 13nisto acharemos tôda a sorte de borreceram as instruções, e não abra­
bens preciosos, encheremos as nossas çaram o temor do Senhor, 30nem se
casas de despojos; 14une a tua sorte submeteram ao meu conselho, e des­
à nossa, seja uma só a bôlsa de nós prezaram todas as minhas repreen­
todos: 15meu filho, não vás com êles, sões. 31Comerão, pois, os frutos do
guarda-te de andares pelas suas ve­ seu (m a u ) proceder, e fartar-se-ão
redas; 16porque os seus pés correm dos seus conselhos. 32A indocilidade
para o mal,, e apressam-se a derramar dos ignorantes os matará, e a (fa l­
sangue. 17Mas debalde se lança a sa) prosperidade dos insensatos os
rêde diante dos olhos dos que têm perderá. “ Mas aquêle que me ouvir,
asas. 18Êles mesmos (com isto) ar­ viverá tranqüilo, e gozará da abun­
mam traições contra o seu próprio dância de bens, sem receio de mal
sangue, e tramam enganos contra as algum.
suas almas. 19Tais são os caminhos
de todos os avarentos; (estes cami­ Felicidade do sábio
nhos) perdem as almas daqueles que 2 JMeu filho, se receberes as mi-
os seguem. “ nhas palavras, e tiveres os meus
C o n v it e s d a s a b e d o r i a
mandamentos escondidos dentro do
teu coração, 2de sorte que o teu ou­
20A sabedoria ensina em público, vido esteja atento à voz da sabedoria,
nas praças levanta a sua voz. 21Ela inclina o teu coração para conhecer
grita à frente das multidões; faz ou­ a prudência. 3Porque, se tu invoca­
vir as suas palavras à entrada das res a sabedoria, e inclinares o teu
ortas da cidade, dizendo: “ A té quan- coração para a prudência; 4se a bus­
o amareis, (à maneira de) crianças, cares como o dinheiro, e procurares
a infância? (A té quando é que) os desenterrá-la, como se faz com os te­
insensatos cobiçarão as coisás que souros, 5então compreenderás o temor
lhes são nocivas, e os imprudentes o- do Senhor, e acharás a ciência de
diarão a sabedoria? 23Convertei-vos Deus; 6porque o Senhor é quem dá
com a minha correção; eu vou es­ a sabedoria, e da sua bôca sai a
palhar sôbre vós o meu espírito, eu prudência e a ciência. 7Êle reserva
vou ensinar-vos a minha doutrina. a salvação para os retos, e protege os
8. M eu filho. N esta prim eira parte o Sábio dirige-se ao jovem inexperiente com afeto
de pai.
17.. M as d eba ld e... Ê um provérbio popular: A v e prevenida n&o se deixa cair no laço.
22. A infância, a ignorância, a loucura.
26. Tam bém eu me r ir e i... P o r sentimento de justiça terei satisfação em que seja
punida a vossa obstinada malvadez.
28. NOs iníquos, vendo iminente a desgraça, quererão ab ra ç a r a sabedoria, que sempre
desprezaram, sòmente com o fim de evitar o castigo; m as serã demasiado tarde.
Cap. I I — 5. Só o virtuoso pode compreender e apreciar a religião; o vicio obscurece a
razão.
2 - 3 LIVRO Dos PROVÉRBIOS 693

que caminham em simplicidade, 8sen- va-as sôbre as tábuas do teu cora­


do êle mesmo que defende o cami­ ção; 4acharás graça e boa opinião
nho da justiça e dirige os passos dos diante de Deus e dos homens. 5Tem
santos (durante esta vida). °Então confiança no Senhor de todo o teu co­
conhecerás a justiça, e a retidão, e ração, e não te estribes na tua pru­
e eqüidade, e todos os bons cami­ dência. °Pensa nêle em todos os teus
nhos. caminhos, e êle mesmo dirigirá os
A sabedoria preserva das más
teus passos. 7N ão sejas sábio a teus
próprios olhos; teme a Deus, e afas­
companhias ta-te do mal; 8porque isto será saú­
10Se a sabedoria entrar no teu co­ de para a tua carne, e suco para os
ração, e a ciência agradar à tua al­ teus ossos. °Honra o Senhor com
ma, “ a reflexão te guardará, e a pru­ os teus haveres, e dá-lhe das primi-
dência te conservará, 12a fim de sêres cias de todos os teus frutos; 10e se
livre do caminho mau e do homem encherão os teus celeiros de fartu­
que fala coisas perversas; 13dos que a- ra, e transbordarão de vinho os teus
bandonam o caminho reto, e andam lagares.
por caminhos tenebrosos; 14que se a- Valor da sabedoria
legram por terem feito o mal, e fa ­
zem gala da sua maldade; 15cujos ca­ uNão rejeites, meu filho, a corre­
minhos são corrompidos, e cujos pas­ ção do Senhor, nem caias no desâni­
sos são infames. 10A fim de sêres li­ mo quando êle te castiga, 12porque
v re da mulher alheia (o u dissolu- o Senhor castiga aquêle a quem ama,
ta ), da estranha que usa de pala­ e acha nêle a sua complacência, co­
vras lúbricas, 17e que abandona o mo um pai em seu filho. “ Bem -a­
(esposo) guia da sua juventude, 181 e
9 venturado o homem que adquiriu a
que esquece a aliança do seu Deus. sabedoria, e que está rico de prudên­
A sua casa declina para a morte, e cia. 14V ale mais a sua aquisição que
as suas veredas para os infernos. a da prata, e os seus frutos são me­
19Todos os que têm trato com ela, lhores que o ouro mais fino e mais
não voltarão atrás, nem retomarão puro. 15Ê mais preciosa que tôdas
as veredas da vida. 20Segue (m eu as riquezas, e tudo o mais que se
filho) o bom caminho, e não deixes deseja não se pode comparar com e-
as veredas dos justos. 21Porque os la. 10N a sua direita está uma lar­
que são retos habitarão na terra, e ga vida, e as riquezas e a glória na
nela permanecerão os simples. “ P o ­ sua esquerda. 17Os seus caminhos
rém os ímpios serão exterminados da são caminhos formosos, e são de paz
terra, e os que procedem iniquamen- tôdas as suas veredas. 18É árvore da
te serão arrancados dela. vida para aquêles que lançarem mão
dela; e bem-aventurado o que a não
Frutos da vida virtuosa largar. 10O Senhor fundou á terra
pela sabedoria, estabeleceu os céus
9 7Meu filho, não te esqueças da pela prudência. 20P ela sabedoria é
° minha lei, e guarda no teu co­ que os abismos se romperam, e as nu­
ração os meus preceitos, 2porque éles vens se condensam em orvalho.
te acrescentarão longos dias, e a- Felicidade do virtuoso
nos de vida, e paz. 3Não se afastem
de ti a misericórdia e a verdade; 21Meu filho, nunca percas de vista
põe-nas à roda do teu pescoço, e gra­ estas coisas; guarda a lei e o conse­

18. Faltando ao dever conjugal, a mulher esquece, transgride a aliança, a lei do seu
Deus, .que a obriga a ser fiel ao seu marido. — A sua casa conduz quem a freqüenta à ruína
e & morte.
19. O sábio refere-se & dificuldade que h á de cortar os laços infames.
Cap. I I I — 7-8. A prática da religião e da moral contribui muito para a saúde do corpo.
16. A sabedoria, isto é, a virtude traz, a quem a possui, uma vida longa e honrada.
18. N a prática da sabedoria o homem encontrará vantagens análogas às da árvore da
v id a (G ên., II, 9).
19-20. A sabedoria tem a sua origem em Deus, que a manifestou na criação do mundo,
e ainda agora a m anifesta na ordem física do universo.
694 LIVRO DOS PROVÉRBIOS 3 - 4

lho; 22êles serão a vida da tua al­ °Não abandones a sabedoria, e ela te
ma, e (com o que) um belo adorno guardará; ama-a, e ela te conserva­
para o teu pescoço. 23Então andarás rá. 70 princípio da sabedoria é (tra ­
com confiança pelo teu caminho, e o balhar por) adquirí-la, e adquire a
teu pé não tropeçará. 24Quando dor­ prudência, custe o que custar. “A r ­
mires, não temerás; descansarás, e o rebata-a, e ela te exaltará; glorifi-
teu sono será tranqüilo. 23Não re­ cado serás por ela, se a abraçares.
ceies nenhum susto imprevisto, nem 9Ela fará sôbre a tua cabeça ador­
os assaltos da tirania dos ímpios. nos graciosos, e te cobrirá com uma
26Por que o Senhor estará ao teu la­ corôa brilhante.
do, e guardará o teu pé para não se­ Caminho do justo e caminho do ímpio
res apanhado (no laço).
10Ouve, filho meu, e recebe as mi­
Máxim as relativas à caridade e à nhas palavras, para que se multipli­
Justiça para com o próximo quem os anos da tua vida. “ Eu te
27Não impeças que faça bem aquê- mostrarei o caminho da sabedoria,
le que pode; se podes, faze-o tu tam­ guiar-te-ei pelas veredas da eqüida-
bém. 28Não digas ao teu amigo: Vai de. ‘-Depois que tiveres entrado ne­
e volta, amanhã te darei (o que pe­ las, os teus passos não serão dificul­
des), quando tu lhes podes dar logo. tados, e, correndo, não encontrarás
29Não maquines nenhum mal contra tropêço. 13Pega-te bem à disciplina,
o teu amigo, tendo êle confiança em não a largues; guarda-a, porque ela é
ti. 30Não litigues contra um homem a tua vida. 14Não tenhas afeição às
sem motivo, quando êle te não fêz veredas dos ímpios, nem te agrade o
mal nenhum. 31Não tenhas inveja a caminho dos maus. 15Foge dêle, e
homem injusto, nem imites os seus não passes por êle; desvia-te, e dei­
caminhos, 3-porque o Senhor abomi­ xa-o. 16Porque (os maus) não dor­
na todo o enganador, e a sua intimi­ mem, sem terem feito mal; e não
dade é com os simples. 33Haverá in- podem conciliar o sono, se não tive­
digência na casa do ímpio enviada pe­ rem feito cair alguém (nos seus la­
lo Senhor, porém as habitações dos ços). 17Êles comem o pão da impie­
justos serão abençoadas. 34Êle escar­ dade, e bebem o vinho da iniqüida-
necerá dos escarnecedores, e dará a de. 18Mas a vereda dos justos, como
sua graça aos humildes. 35Os sábios luz que resplandece, vai adiante, e
possuirão a glória; a exaltação dos cresce até ao dia pleno. 10O cami­
insensatos converter-se-á em ignomí­ nho dos ímpios é tenebroso; não sa­
nia. bem aonde vão cair.
M áxim as relativas à caridade e à Guarda do coração, da bôca, dos olho»
justiça p ara com o próximo e dos passos
A ^ u v i, filhos, as instruções de um 20Filho meu, ouve os meus discur­
^ pai, e estai atentos para conhe­ sos, e inclina o teu ouvido às minhas
cerdes a prudência. 2Quero dar-vos palavras. 21Nunca as percas de vis­
um belo dom, não abandoneis a mi­ ta; conserva-as no íntimo do teu co­
nha lei. 3Porque eu fui também f i­ ração, 22porque são vida para os que
lho (querido) de meu pai, e amado as acham, e saúde para tôda a car­
ternamente como filho único de m i­ ne. 23Aplica-te com todo o cuidado
nha mãe; 4e êle me ensinava e di­ possível à guarda do teu coração, por­
zia: O teu coração receba as minhas que dêle é que procede a vida. 24A-
palavras, guarda os meus preceitos, e fasta de ti a malignidade da bôca, e
viverás. 5Possui a sabedoria, possui estejam longe de ti os lábios que
a prudência; não te esqueças nem te detraem. 25Os teus olhos olhem di­
desvies das palavras da minha boca. reitos, e a tua vista preceda os teus
Cap. I v — 9. A virtude é p a ra o homem como um diadem a de grande valor e beleza.
12. Com a virtude vencem-se sem custo as dificuldades da vida, e quase não se sentem.
20-27. Tôdas as potências do homem devem concorrer para a vida moral, auxilian­
do assim a prosperidade material.
4 - 6 LIVRO DOS PROVÉRBIOS 695

passos. 20Examina a Vereda em que Ser fiel à espôsa legítima


pões os teus pés, e todos os teus
caminhos serão firmes. 27Não decli­ 15Bebe da água da tua cisterna, e
nes nem para a direita nem para a das correntes do teu poço. 16Corram
esquerda; retira o teu pé do mal, fora os regatos da tua fonte, e espa­
porque o Senhor conhece os cami­ lha as tuas águas nas praças públi­
nhos que estão à direita; porém os cas. 17Possui-as tu só, não tenham
que estão à esquerda, são caminhos parte nelas os estranhos. 18A tua veia
de perdição. Mas êle mesmo endi­ seja bendita, e vive alegre com a
reitará as tuas carreiras, e te condu­ mulher que tomaste na tua juven­
zirá em paz na tua Viagem. tude. 19(Seja ela para ti com o) uma
corça que muito amas e (com o) um
Evitar a mulher imoral veado cheio de graça; os seus encan­
tos sejam o teu recreio em todo o
C 7Meu filho, atende à minha sa- tempo; no seu amor busca sempre
** bedoria, e inclina o teu ouvido as tuas delícias.
à minha prudência, 2a fim de obser­ Castigo do prevaricador
vares os (meus) conselhos, para que
os teus lábios conservem a (m inha) 20Por que te deixas, meu filho, en­
instrução. Não te deixes ir atrás dos ganar pela mulher alheia, e repou­
artifícios da mulher, 3porque os lá­ sas no seio duma estranha? mO Se­
bios da prostituta são como o favo nhor olha atentamente para os cami­
que destila o mel, e as suas palavras nhos do homem, e considera todos
são mais suaves do que o azeite; 4po- os seus passos. 220 ímpio é prêsa das
rém o seu fim é amargo como o ab­ suas próprias iniqüidades, e é ligado
sinto, e cortante como uma espada com as cadeias dos seus pecados.
de dois gumes. 5Os seus pés encami­ 23Êle morrerá (in feliz), porque não
nham-se para a morte, e os seus pas­ recebeu a correção, e se achará en­
sos penetram até aos infernos. °Êles ganado pelo excesso da sua loucura.
não andam pela vereda da vida. Os
seus passos são vagabundos e impe­ Perigo de ficar imprudentemente fiador
netráveis. de alguém
7Agora, pois, meu filho, ouve-me, C *Meu filho, se ficares por fiador
e não te apartes das palavras da u do teu amigo, deste por êle a
minha bôca. 8Afasta dela o teu ca­ tua mão a um estranho; 2com as pa­
minho, e não te aproximes das por­ lavras da tua bôca te meteste no la­
tas de sua casa. 9Não dês a tua hon­ ço, e ficaste prêso pela tua própria
ra às alheias, nem os teus anos a linguagem. 3Faze, pois, meu filho, o
um cruel, 10para que não suceda que que te digo, e livra-te a ti mesmo,
os estranhos enriqueçam com os teus pois que caíste nas mãos do teu pró­
bens, e que (os frutos dos) teus tra­ ximo. Corre duma para outra parte,
balhos não passem para a casa dou- apressa-te, solicita o teu amigo. 4Não
trem, ue que tu gemas no fim, quan­ deixes entregarem-se ao sono os teus
do tiveres consumido as tuas carnes olhos, nem se fechem as tuas pál­
e o teu corpo, e digas: 12Por que de­ pebras. 5Salva-te como uma gazela
testei a disciplina, e por que o meu que escapa da mão (do caçador), e
coração não cedeu às repreensões, como um pássaro que foge das mãos
13nem ouvi a voz dos que ensinavam, do armador.
nem dei ouvidos aos mestres? 14Qua- Contra a preguiça
se cheguei ao cúmulo da desgraça,
no meio da assembléia do povo e dos °Vai, ó preguiçoso, ter com a fo r­
anciãos. miga, e considera o seu proceder, e
Cap. V — 9. A tua honra, a frescura da tua juventude, que as devassidões fazem. de«
saparecer. — U m cruel, o espôso da adúltera, o qual, vendo-se ultrajado, pode tirar a vida
ao culpado.
10. A s mulheres infames, com exigências insaciáveis, arruinam as suas vitim as, cujos
bens passam ràpidamente para mãos estranhas.
16. Que seja vista sair da tua casa urna bela e numerosa fam ília.
696 LIVRO DOS PROVÉRBIOS 6 - 7

aprende dela a sabedoria. 7Não ten­ disciplina é o caminho da vida; “ pa­


do ela guia, nem mestre, nem prínci­ ra que te guardem da má mulher, e
pe, 8faz o seu provimento no estio, e da língua lisonjeira da estranha.
ajunta no tempo da ceifa com que “ Não cobice o teu coração a sua for­
se sustentar. °Até quando dormirás mosura, nem te deixes prender dos
tu, ó preguiçoso? Quando te levan­ seus olhares. “ Porque o preço da
tarás do teu sono? 10Um pouco dor­ meretriz é apenas de um pão, mas
mirás, outro pouco dormltarás, ou­ a mulher (adultera) cativa a alma
tro pouco cruzarás as mãos para dor­ preciosa do homem. 27Porventura po­
mires, ” e virá sobre ti a indigência, de um homem esconder o fogo no
como um caminheiro, e a pobreza, seu seio, sem que ardam os seus ves­
como um homem armado. Se tu, tidos? ^Ou pode andar por cima das
porém, fôres diligente, a tua messe brasas, sem que se queime a plan­
será como uma fonte, e a indigência ta de seus pés? “ Assim o que chega
fugirá para longe de ti. à mulher do seu próximo não ficará
limpo, depois de a tocar. “ Não é
O apóstata grande a culpa, quando alguém fur­
ta, se furta para matar a fome. 31E,
120 homem apóstata é um homem (apesar disso) se é apanhado, pagara
inútil, caminha com bôea perversa. sete vêzes, e entregará todos os bens
13Faz sinais com os olhos, bate com da sua casa. 82Porém o que é adúl­
o pé, fala com os dedos; 14com depra­ tero, perderá a sua alma, por causa
vado coração maquina o mal, e em da loucura do seu coração. 33Acumu-
todo o tempo semeia distúrbios. 15A la para si a infâmia e a ignomínia,
êste virá inesperadamente a sua per­ e o seu opróbrio não se apagará;
dição, e de improviso será quebran- 34porque o ciúme e o furor do mari­
tado, e não terá mais remédio. do não lhe perdoará, quando tiver
Coisas que desagradam a Deus ocasião de vingança, ®nem se apla­
cará aos rogos de ninguém, nem re­
16Seis são as coisas que o Senhor ceberá em satisfação presentes, por
abomina, e a sua alma detesta uma muitos que sejam.
sétima: 6 17Olhos altivos, lingua men­
tirosa, mãos que derramam sangue Atender aos avisos da sabedoria
inocente, 18coração que maquina per­
versos projetos, pés velozes para cor­ 97 2Meu filho, guarda as minhas pa-
rer ao mal, 19*testemunha falsa que • lavras, e esconde no teu cora­
profere mentiras, e o que semeia dis­ ção os meus preceitos. 2Filho, ob­
córdias entre seus irmãos. serva os meus mandamentos, e v i­
verás; (guarda) a minha lei como a
Avisos paternais: fugir da devassidão menina dos teus olhos, ^ ra ze -a li­
gada aos teus dedos, escreve-a nas
“ Observa, meu filho, os preceitos tábuas do teu coração. 4Dize à sa­
de teu pai, e não abandones a lei de bedoria: Tu és minha irmã; e chama
tua mãe. 21*T raze-os incessantemente à prudência a tua amiga, 5para que
presos ao teu coração, e põe-nos à te guarde da mulher estranha, e da
roda do teu pescoço. “ Quando an­ alheia que tem palavras lúbricas.
dares, êles te acompanhem; quando
dormires, êles te guardem; e, ao acor­ Juventude insensata
dar, fala com êles. “ Porque o man­
damento é uma candeia, e a lei uma 6Porque da janela de minha casa
luz, e a correção que conserva na eu olhava por entre as grades, 7e v i
16. Seis são as coisa s... Modo de exprim ir um número aproximado.
23. E ’ uma candeia . . . Os mandamentos de Deus iluminam o caminho perigoso da vida.
26. O sentido dêste versículo não é claro. Provàvelrnente quer dizer que comete um a
fa lta mais grave e causa m aior dano a si próprio quem peca com um a mulher casada, do
que quem peca com um a mulher pública.
27-28. D u as comparações para m ostrar os perigos a que o adúltero se expõe.
Cap. V I I — 6. N os versículos seguintes o sábio descreve um a cena a que assistiu com
tristeza, e tira um a liç&o oportuna.
7 - 8 LIVRO Dos PROVÉRBIOS 697
uns incautos, e (entre êles) notei um “ Porque a muitos feriu e derribou,
jovem insensato, 8que passava pela e os mais fortes foram mortos por
praça junto da esquina, e se dirigia ela. 27A sua casa é o caminho do
para a rua que conduz à casa daque­ inferno que penetra até às entranhas
la mulher, 9sendo já escuro, ao de­ da morte.
clinar do dia, nas trevas e obscuri­
dade da noite. A sabedoria faz o seu próprio elogio
para ganhar os corações
Propostas artificiosas da mulher mâ
O Porven tura a sabedoria não es-
10E eis que essa mulher lhe sai ao ° tá repetidas vêzes clamando, e
encontro, ornada como uma prosti­ a prudência não faz ouvir a sua voz?
tuta, prevenida para caçar as almas; 2No mais alto e elevado das eminên­
faladora e andeja, “ inquieta e impa­ cias, ao longo do caminho, no meio
ciente, cujos pés não podem parar das veredas ela está de pé, 3junto
dentro de casa; “ umas vêzes na rua, às portas da cidade, na mesma en­
outras na praça, outras às esqui­ trada ela fala, dizendo: 4A vós, ó
nas, ela está de emboscada. 13(Esta homens, é que eu estou continuamen-
m ulher) apanha o (incauto) jovem, te clamando, e aos filhos dos ho­
beija-o, e com uma cara sem-vergo­ mens é que se dirige a minha voz.
nha faz-lhe carícias, dizendo: “ Ofe­ 5Aprendei, ó inexperientes, a prudên­
recí vitimas pela tua saude, hoje cum­ cia, e vós, insensatos, prestai-me a-
pri os meus votos; 15por isso te saí tenção. °Óuvi, porque tenho de vos
ao encontro, desejando ver-te, e eis falar acêrca de grandes coisas, e os
que te achei. 16*F iz a minha cama meus lábios se abrirão, para anuncia­
sôbre cordões, cobrí-a com colchas rem o que é reto. 7A minha bôca
bordadas do Egito; “ perfumei a mi­ publicará a verdade, e os meus lá­
nha câmara de mirra de aloés e de bios detestarão o ímpio. 8Todos os
cinamomo. 18Vem, embriaguemo-nos meus discursos são justos, nêles não
de delícias, e gozemos dos abraços há coisa má nem perversa. 9Retos
desejados, até que amanheça o dla; são para os inteligentes, e de eqüi-
19porque o meu marido não está em dade para os que encontram a ciên­
casa; foi fazer uma jornada muito cia. 10Recebei as minhas instruções
longa; 20levou consigo um saquitel de com maior gôsto do que se recebés­
dinheiro; lá para o dia da lua cheia seis dinheiro, preferi a ciência ao ou­
é que voltará à sua casa. ro; “ porque vale mais a sabedoria
Triste sorte da vitima
do que tôdas as riquezas do mais
subido valor, e tudo quanto é ape­
21Meteu-o assim na rêde com os tecível não se pode comparar com
seus longos discursos, e arrastou-o ela.
com as lisonjas dos seus lábios. 22Se- Natureza e dotes da sabedoria.
ue-a logo como um boi que é leva-
fo para o açougue, e comò um cor­ 12Eu, a sabedoria, habito no (b o m )
deiro que vai (para a m orte) saltan­ conselho, e acho-me presente entre
do, e o néscio não conhece que é os pensamentos judiciosos. 130 temor
arrastado para uma prisão, 23até que do Senhor odeia o mal. Eu detesto
uma seta lhe traspassa o coração, a arrogância e a soberba, o caminho
como a ave que, apressada, corre pa­ corrompido e a língua dupla. 14Meu
ra o laço, sem saber que se trata do é o conselho e a eqüidade, minha é
perigo da sua vida. a prudência, minha é a fortaleza.
-"Ouve-me pois agora, meu iilho, e 15Por mim reinam os reis, e por mim
está atento às palavras da minha decretam os legisladores o que é jus­
bôca. 25Não se deixe arrastar o teu to. 16Por mim imperam os príncipes,
espírito pelos caminhos desta mulher, e os poderosos decretam a justiça.
nem sigas, seduzido, as suas veredas. 17Eu amo os que me amam, e os que
16. Sôbre cordões. Alusão ao estilo oriental das camas de regalo, que tinham cordôea
em vez de tábuas, p ara serem mais brandas.
26. Os mais fortes, como D av i e Sans&o.
698 LIVRO DOS PROVÉRBIOS 8 - 9

vigiam desde manhã para me bus­ cando contmuamente diante dêle,


carem, achar-me-ao. 18Comigo estarão "brincando sôbre o globo da terra, e
as riquezas e a glória, a opulência achando as minhas delícias em estar
e a justiça. 19Porque melhor é o meu com os filhos dos homens.
fruto que o ouro e que a pedra pre­
ciosa, e as minhas produções, melho­ Felicidade daquele que possui
res que a prata mais pura. MEu an­ a sabedoria
do nos caminhos da justiça, no meio
das yeredas da prudencia, 21para en- 32Agora, pois, filhos, ouvi-me: Bem-
riqueber os que me amam, e para aventurados os que guardam os meus
encher os seus tesouros. caminhos. 33Ouvi as minhas instru­
ções, e sêde sábios, e não queirais
Origem eterna da sabedoria
rejeitá-las. 34Bem-aventurado o ho­
mem que me ouve, e que vela todos
220 Senhor me possuiu no princí­ os dias à entrada da minha casa, e
pio de seus caminhos, desde o prin­ que se conserva à porta da minha
cípio, antes que criasse coisa alguma. casa. 35Aquêle que me achar, achará
23Desde a eternidade fui constituída a vida, e alcançará do Senhor a sal­
e desde o princípio, antes que a terra vação. "Aquêle, porém, que pecar
fôsse criada. 24Ainda não havia os contra mim, fará mal à sua alma.
abismos, e eu já estava concebida; Todos os que me odeiam amam a
ainda as fontes das águas não tinham morte.
brotado; 25ainda não se tinham as­ O banquete da sabedoria
sentado os montes sôbre a sua pesa­
da massa; antes de haver outeiros, Q JA sabedoria edificou para si
eu tinha já nascido. 26Ainda êle não J uma casa, levantou sete colu­
tinha criado a terra nem os rios, nem nas. 2Imolou as suas vitimas, prepa­
os eixos do mundo. 27Quando êle pre­ rou o vinho, e dispôs a sua mesa.
parava os céus, eu estava presente; aEnviou as suas criadas a convidar
quando, por uma lei inviolável, en­ à fortaleza e às muralhas da cidade:
cerrava os abismos dentro dos seus 4Todo o que é simples venha a mim.
limites; 28quando firmava lá no alto E aos insensatos disse: 5Vinde, comei
a região etérea, e quando equilibra­ o pão que eu vos dou, e bebei o v i­
va as fontes das águas; 29quando cir­ nho que vos preparei. 6Deixai as ni­
cunscrevia ao mar o seu têrmo* e pu- nharias, e vivei (felizes), e andai pe­
nha lei às águas, para que não pas­ los caminhos da prudência.
sassem os seus limites; quando as­ Avisos
sentava os fundamentos da terra, 30eu
estava com êle, regulando tôdas as 7Aquêle que instrui o mofador, a
coisas; e cada dia me deleitava, brin­ si mesmo se faz injúria; e aquêle
22-31. o elogio da sabedoria atinge aqui o sublime, o próprio Deus serviu-se da sa­
bedoria p ara arquitetar êste maravilhoso universo, o sábio, nesta passagem, am plifica
e aprofunda o pensamento brevemente anunciado no cap. III, 19-20, mas apresenta-nos a
sabedoria sob um conceito novo. E sta não 6 para êle urna abstração, é um ser concreto,
vivo e que opera ao lado de Deus. N ã o ê, porém, um a criatura, é um ser divino, porque
existia antes que Deus criasse qualquer coisa (22-26), e concorreu p ara a criação de tudo
(27-21). E* a sabedoria eterna, a segunda pessoa da Santíssim a Trindade, que encarnou em
Jesus Cristo.
30-31. Brincando. . . Estas palavras mostram a satisfação da sabedoria, do Criador, ao
contemplar as obras que produzia. M as, entre essas obras é no homem que a Sabedoria
criadora mais se compraz (e achando as minhas d e líc ia s ...).
Cap. I X — 1-6. A sabedoria 6 aqui com parada a uma rica matrona que, numa am pla
a a la do seu palácio, preparou um a lauta mesa, e mandou convidar todos os que quisessem
tom ar parte do banquete. A alegoria é clara. Os m anjares exquisitos são a doutrina, e as
virtudes que a lei de Deus ensina. A s criadas são os ministros da pregação divina, os
profetas da antiga lei, os apóstolos da nova. Jesus Cristo comparou o reino dos céus, a
salvação evangélica, a um banquete (M a t., X X II, 2-20).
7-8. Devem -se evitar as relações com os maus, com os ímpios obstinados que escarne­
cem publicamente da correção, pondo assim os tímidos em perigo de titubear na virtude.
N a B íb lia a p alavra mofador aplica-se aos ímpios endurecidos.
9 - 10 LIVRO DOS PROVÉRBIOS 699
que repreende o ímpio, a si mesmo colhe no tempo da messe, é um fi­
se desonra. 8Não repreendas o mo- lho sábio, mas o que (dorm e ej ron­
fador, para que êle te não odeie. Re­ ca no estio, é um insensato. °A bên­
preende o sábio, e êle te amará. 9Dá ção do Senhor repousa sôbre a ca­
ao sábio ocasião (de aprender) , e se beça do justo, mas a iniqüidade dos
lhe acrescentará sabedoria; ensina ao ímpios, cobre-lhes o rosto. 7 A me­
justo e êle se apressará em aprender. mória do justo será acompanhada de
10O princípio da sabedoria é o temor louvores, porém o nome dos ímpios
do Senhor; e a ciência dos santos é apodrecerá. 80 que é sábio de co­
a prudência. "Porque por mim se ração recebe bem os avisos; mas o
multiplicarão os teus dias, e serão insensato é castigado pelos seus lá­
acrescentados anos de vida. 12Se fo ­ bios. 9Aquêle que anda em simpli­
res sábio, para tèu proveito o serás; cidade, anda afoitamente; aquêle, po­
mas, se fôres mofador, só tu experi­ rém, que perverte os seus caminhos,
mentarás o mal. será descoberto. 10O que faz sinais
O banquete da loucura
com os olhos, causará dor; e o in­
sensato de lábios será ferido. “ A bô-
13A mulher insensata e irrequieta, ca do justo é uma fonte de vida, po­
cheia de atrativos, e que nada sabe rém a bôca dos ímpios esconde a
(senão seduzir), "assentou-se à por­ iniqüidade. 120 ódio excita rixas, po­
ta de sua casa, sôbre uma cadeira, rém, a caridade cobre tôdas as faltas.
num lugar alto da cidade, 15para cha­ 13A sabedoria encontra-se nos lábios
mar os que passavam pela estrada, do sábio, e a vara nas costas daque­
e que iam andando o seu caminho, le que não tem senso. 14Os sábios
fdizendo): 160 que é simples dirija-se escondem a sua ciência, mas a bôca
ara mim. E ao insensato disse: 17As do insensato está próxima da sua
guas furtivas são mais doces, e o confusão. 15A riqueza do rico é a sua
pão tomado às escondidas é mais cidade forte; a indigência dos pobres
gostoso. 18Mas êle ignora que os gi­ enche-os de pavor. 16A obra do justo
gantes (ou demônios) estão com ela, conduz à vida, o fruto dos ímpios
e que os seus convidados (caem ) nas tende ao pecado. 170 gue guarda a
profundezas do inferno. disciplina, está no caminho da vida;
o que porém não faz caso das re­
Provérbios vários preensões, anda errado. 18Os lábios
mentirosos escondem o ódio; aquêle
1 A *0 filho sábio dá alegria a seu que profere ultrajes é um insensato.
1v pai, porém o filho insensato é 19No muito falar não faltará pecado,
a tristeza de sua mãe. 2Os tesouros mas o que modera os seus lábios é
da impiedade de nada servirão, mas prudentíssimo. 20A língua do justo é
a justiça livrará da morte. 30 Se­ prata finíssima; mas o coração dos
nhor não afligirá com fome a alma ímpios nada vale. 21Os lábios do jus­
do justo, e desfará as traições dos to ensinam muitíssimo; mas os que
ímpios. 4A mão preguiçosa produz a não querem receber a instrução mor­
indigência, mas a mão ativa adquire rerão na sua ignorância.
riquezas. O que se apoia em men­
tiras, sustenta-se de ventos, e êle mes­ Felicidade da virtude, e infelicidade
mo corre ( nèsciamente) atrás dos dos maus
pássaros que voam. 5Aquêle que re­ 22A bênção do Senhor faz os ( ho­
17. A s águas fu r tiv a s ... o p ã o ... isto é, os deleites proibidos.
Cap. X — o s nove capítulos anteriores s&o como que um prefácio desta obra. S a­
lomão, diz Calmet, exorta o seu discípulo ao estudo da sabedoria, mostrando-lhe a sua
beleza, utilidade e necessidade. M ostra-lhe os perigos que corre quem a despreza; e pre-
vine-o sobretudo contra a devassidão. Depois disso para às sentenças morais, que são
o seu fim principal.
4. E m mentiras, isto é, nos bens passageiros e enganadores dêste mundo.
8. Pelos seus lábios. A sua própria lingua, a sua linguagem néscia se encarrega de
o castigar.
10. O que faz sinais. . . Êste gesto é citado na sa g ra d a E scritura como um a indicaç&o
de maldade.
700 LIVRO DOS PROVÉRBIOS 10 - 11

mens) ricos, e não se achará com ê- lugar dêle. ®0 hipócrita ao seu a-


les a aflição. 23É um divertimento migo com a bôca engana, mas os
para o louco fazer o mal, e para o justos serão livres pela sua ciência.
homem sensato ser sábio. 240 que 10N a prosperidade dos justos exul­
o ímpio teme isso virá sôbre êle; aos tará a cidade, e na perdição dos ím­
justos se lhes concederá o que de­ pios haverá ação de graças. nA ci­
sejam. “ O ímpio desaparecerá co­ dade será exaltada pela bênção dos
mo um turbilhão que passa; mas o justos, e destruída pela bôca dos ím­
justo será como um fundamento e- pios. 12Despreza o seu amigo quem
terno. 26Qual o vinagre para os den­ tem pouco senso, mas o homem pru­
tes, e o fumo para os olhos, tal é o dente calar-se-á. 130 que procede
preguiçoso para aquêles que o man­ com deslealdade descobre os segre­
daram. 270 temor do Senhor prolon­ dos, mas o que é de coração leal ca­
ga os dias, porém os anos dos ímpios la o que o seu amigo lhe confiou.
serão abreviados. “ A expectação dos 14Onde não há quem governe perece­
justos será satisfeita, mas a esperan­ rá o povo; onde porém há muitos
ça dos ímpios perecerá. ^O cami­ conselhos, ali haverá salvação. 16A-
nho do Senhor é a fortaleza do ino­ quêle que (incautam ente) fica por
cente, mas o terror dos malfeitores. fiador dum estranho, cairá na des­
"O justo não será nunca abalado, ventura; mas o que evita os laços
porém os ímpios não habitarão sôbre viverá tranqüilo. 16A mulher gentil
a terra (prom etida). 31Sôbre a bôca (pela sua virtude) alcançará glória,
do justo floresce a sabedoria; po­ e os robustos obterão riquezas. 170
rém a língua dos depravados pere­ homem caritativo faz bem à sua alma,
cerá. 32Os lábios do justo conside­ mas o que é cruel repele até os seus
ram o que pode agradar (a D eu s ); próprios vizinhos. 18A obra do ím­
porém a bôca dos ímpios (somente pio não subsiste, mas para o que se­
diz) coisas perversas. meia (obras de) justiça há recompen­
Prêmios do justo e castigo do mau sa certa. 19A clemência abre o ca­
minho para a vida, e a afeição ao
11 lA balança falsa é abominação mal conduz à morte. abominá­
11 diante do Senhor; mas o pê- vel para o Senhor o coração corrom­
so justo é-lhe agradável. 2Onde hou­ pido, e êle compraz-se naqueles que
ver soberba, ai haverá também igno­ andam em simplicidade. 21Cedo ou
mínia; onde, porém, há humildade, tarde o mau não ficará impune, po­
aí há igualmente sabedoria. 3A sim­ rém, a linhagem dos justos será salva.
plicidade dos justos conduzí-los-á fe- 22Um anel de ouro na tromba duma
lizmente; porém, os enganos dos per­ porca, tal é a mulher formosa e in­
versos serão a sua ruína. 4As rique­ sensata. 23Todo o desejo dos justos
zas não servirão de nada mo t dia da se dirige ao bem; a expectativa dos
vingança, mas a justiça livrará da ímpios é o furor (d ivino). 24Uns
morte. 5A justiça do simples apla­ repartem o que é seu, e ficam mais
na-lhe o caminho, o ímpio porém cai­ ricos, outros arrebatam o que não é
rá pela sua impiedade. °A justiça dos seu, e estão sempre na pobreza. 25A
retos livrá-los-á, os iníquos, porém, alma beneficente será acumulada de
serão apanhados em seus próprios bens, e o que embriaga êle mesmo
laços. 7Morto o homem ímpio, desa­ será embriagado. 20O que esconde o
parece toda a esperança; e a expec­ trigo será amaldiçoado entre os povos,
tativa dos ambiciosos perecerá (com e a bênção virá sôbre a cabeça dos
a m orte). sO justo foi livre da an­ ue o vendem. !7Em boa hora ma-
gústia,. e o ímpio será entregue em ruga aquêle que busca como fazer
Cap. X I — 17. O homem virtuoso faz. bem a si e aos outros, pelas bênçãos celestes que
obtém.
22. U m a n e l... Alusão ao costume que tinham as mulheres orientais de trazer por
vaidade um anel suspenso nas narículas.
25. o que em bria g a ... Segundo o hebreu: o que r e g a ... Ê um a figura, pela qual
o s benefícios de Deus e dos homens são comparados a um a chuva fecundante.
26. D os que o vendem por preço moderado.
11 - 12 LIVRO DOS PROVÉRBIOS 701

O bem, aquêle porém que anda bus­ nho, deixa a vergonha nas suas for­
cando como fazer o mal, será por ê- tificações. 120 desejo do ímpio é a-
le oprimido. ^O que confia nas suas poiar-se na fôrça dos piores de to­
riquezas, cairá; mas os justos germ i­ dos, mas a raiz dos justos há de pros­
narão como uma folhagem verde. ^O perar.
que perturba a sua casa não possuirá Uso da língua
senão ventos; e o que é insensato ser­
virá o sábio. "O fruto do justo é 13Pelos pecados da sua língua o
árvore de vida; e o que ganha as mau atrai a ruína sôbre sf, porém o
almas (para Deus) é sábio. "S e o justo escapará da angústia. 14Cada
justo é punido sobre a terra, quanto um será cheio de bens, conforme fô r
mais será o ímpio e o pecador? o fruto da sua bôca, e ser-lhe-á da­
da a retribuição, conforme forem as
Os bons e os maus caracteres obras de suas mãos. 15Ao insensato
parece reto o seu proceder; o que po­
1 0 *Aquêle que ama a correção, rém é sábio ouve os conselhos. 16Ò
ama a ciência, mas o que O- louco mostra logo a sua ira; porém
deia a repreensão é um insensato. o homem circunspecto dissimula a in­
2Aquêle que é bom terá do Senhor júria. “ Aquêle que (sé) afirm a o que
graça; mas o que põe a confiança nos sabe, é uma testemunha fiel, mas o
seus próprios pensamentos, procede que mente é uma testemunha enga­
como ímpio. 3Õ homem não se fir ­ nadora. l8Há quem promete, e (logo
mará pela impiedade, mas a raiz dos em seguida), como ferido por uma
justos não será abalada. 4A mulher espada, é estimulado pela consciên­
diligente é a coroa do seu marido, cia; porém, a língua dos sábios é
porém a que faz coisas dignas de (um a fonte de saúde). 19A bôca ver­
confusão é (com o) a cárie nos seus dadeira será sempre constante, mas
ossos. 5Os pensamentos dos justos são a testemunha que é inconsiderada ur­
cheios de justiça, mas os conselhos de uma linguagem de mentira. “ N o
dos ímpios, são cheios de fraude. 6As coração dos que pensam males há en­
palavras dos ímpios são ciladas à v i­ gano, porém aquêles que têm conse­
da do próximo; a bôca dos justos lhos de paz estarão na alegria. " N e ­
será a que o salva. V Deus) transtor­ nhum acontecimento pode contristar
na os ímpios, e não subsistirão; mas o justo, mas os ímpios estarão cheios
a casa dos justos permanecerá fir-, de mal. 22Os lábios mentirosos são
me. sO homem será conhecido pela abominação para o Senhor, mas os
sua doutrina, mas o que é vão e não que procedem fielmente agradam-lhe.
tem senso estará exposto ao desprê- 230 homem hábil encobre a ciência,
zo. 9Mais vale o pobre que tem o porém, o coração dos insensatos pro­
preciso para viver, do que o jactan- clama a sua loucura.
cioso que não tem pão. 10O justo Operosidade
olha (a té) pela vida dos seus ani­
mais, porém as entranhas dos ímpios 24A mão dos fortes dominará, po­
são cruéis. “ Aquêle que lavra a sua rém, a que é preguiçosa será sujeita
terra será saciado de pão, porém o a pagar tributos. “ A melancolia no
que se entrega ao ócio é muito insen­ coração do homem abate-o,- porém,
sato. Aquêle que põe as suas deli­ uma boa palavra o alegrará- 26Aquêle
cias nas reuniões em que se bebe v i­31 que por amor do seu amigo não repa­
31. Se o justo 6 punido por suas fa lta s le v e s ...
Cap. X I I — 9. D o que o jactancioso.. .Ê o que vemos naqueles que, caídos d a sua.
nobreza, vivem na ociosidade e na miséria, e por consequência, cheios de vícios.
10. o virtuoso usa de caridade até com os anim ais; pelo contrário o perverso é cruel
mesmo com os seus semelhantes.
11. Deixa a verg o n h a ... Modo figurado de dizer que perderá tudo.
14. 0 homem colhe do que semeia; e, por isso, assim como tratar os outros, assim será
tratado.
18. Há quem p ro m e te ... H á pessoas que falam inconsideradamente, ferindo muitas
vêzes os corações. P a r a chagas assim abertas ê suave bálsam o a p alavra dum sábio,
dum virtuoso (p orém a língua dos s á b i o s ...).
702 LIVRO DOS PROVÉRBIOS 12 - 14
ra em sofrer alguma perda, é justo; doutrina produz a graça; porém no
porém o caminho dos ímpios os des­ caminho dos desprezadores há preci­
viará. 270 fraudulento não achará pício. 10O homem prudente tudo faz
proveito; porém o cabedal do homem com conselho; mas o insensato des­
(de bem) será ouro precioso. 28A v i­ cobre a sua loucura. 170 mensagei­
da está na vereda da justiça, porém o ro do ímpio cairá na desgraça; mas
caminho extraviado conduz à morte. o embaixador fiel é saúde. 18Aquê-
le que abandona a disciplina, experi­
P o b r e z a e r iq u e z a
mentará indigência e ignomínia; mas
1 O 70 filho sábio é (atento à) dou- o que se sujeita a quem o repreende,
ÃO trina do seu pai; o que porém será glorifiçado. 10O desejo (b o m ),
é mofador, não faz caso, quando é quando se cumpre, deleita a alma;
repreendido. 20 homem (ju sto) se­ os insensatos detestam os que fogem
rá saciado de bens pelo fruto da sua do mal. 20Aquêle que anda com os
bôca; porém a alma dos prevarica­ sábios, será sábio; o amigo dos insen­
dores é (cheia de) iniqüidade. 3A- satos tornar-se-á semelhante a êles.
quêle que guarda a sua bôca guarda P r ê m io d o s ju s t o s
a sua alma, porém o que é inconside­
rado no falar sentirá males. 21A desgraça persegue os pecado­
40 preguiçoso quer e não quer; mas res; e os bens serão a recompensa dos
a alma dos que trabalham engordará. justos. 220 homem virtuoso deixa por
50 justo detestará a palavra menti­ herdeiro os seus filhos e netos; po­
rosa, porém o ímpio confunde, e se­ rém a riqueza do pecador está reser­
rá confundido. °A justiça guarda o vada para o justo. 23Há muito ali­
caminho do inocente; porém, a impie­ mento nos campos paternos; mas os
dade causa a ruína do pecador. 7Há bens (amontoados) sem justiça são
quem pareça rico, não tendo nada, para outros. 24Aquêle que poupa a
e há quem pareça pobre, achando-se vara quer mal ao seu filho; mas o
no melo de muitas riquezas. sO res­ que o -ama corrige-o contlnuamente.
gate da vida do homem são as suas “ O justo come e sacia a sua alma;
riquezas; porém o que é jlobre está mas o ventre dos maus é insaciável.
livre de ameaças. 9A luz (ou prospe­ A s a b e d o r i a e a in s e n s a t e z e
ridade) dos justos alegra; porém, a s e u s e fe it o s
candeia dos ímpios apagar-se-á. “ En­
tre os soberbos há sempre contendas; 1 A JA mulher prudente edifica a
porém aquêles que fazem tudo com sua casa; a insensata destrui­
conselho regem-se pela sabedoria. “ Os rá com as suas próprias mãos a que
bens que se ajuntam muito depressa está já feita. 2Aquele que anda pe­
diminuirão, mas os que se colhem à lo caminho direito, e que teme a Deus,
mão, pouco a pouco, multiplicar-se-ão. é desprezado por aquele que anda
12A esperança, que se retarda, afli­ pelo caminho infame. 3N a bôca do
ge a alma; porém (o bom) desejo insensato está a vara (ou castigo) da
que se cumpre, é uma árvore da v i­ sua soberba; mas os lábios dos sá­
da. 13Aquêle que vitupera uma coi­ bios são a sua guarda. 4Onde não
sa (que a lei manda) torna-se réu há bois, a manjedoura está vazia; mas
para o futuro; porém o que teme o onde há muitíssimas searas, aí se ma­
preceito, andara em paz. As almas nifesta a força do boi. 5A testemu­
dolosas andam perdidas de pecado em nha fiel não mente; mas a testemu­
pecado: mas os justos são compassi­ nha dolosa profere a mentira. ®0
vos e usam de misericórdia. 14A lei mofador busca a sabedoria, e não a
do sábio é uma fonte de vida, para encontra; para os hòmens pruden­
evitar a ruína da morte. 15A boa tes a sabedoria é (coisa) fácil. 7Ca-
Cap. X I I I — 8. O resgate... Ê certo que o rico, com seu dinheiro, consegue vencer gran ­
des dificuldades, todavia o pobre tem a vantagem de estar livre de ameaças, que tiram
muitas vêzes o sossêgo ao rico.
15. Produz a graça, isto é, o favo r de Deus e dos homens.
Cap. X I V — 4. Onde não há bois, n&o h á cuidados com encher a m anjedoura de pasto
p a ra êles, m as é impossível cultivar os campos.
1 4 - 15 LIVRO DOS PROVÉRBIOS 70J

minha ao contrário do homem insen­ zas; a fatuidade dos insensatos é im­


sato pois êle não conhece os ditames prudência. 25A testemunha fiel sal­
da prudência. 8A sabedoria do ho­ va a vida (dos caluniados); a que
mem hábil é compreender o seu ca­ porém é falsa profere mentiras. 26N o
minho; a imprudência dos insensatos temor do Senhor há uma confiança
é errante. 90 insensato brincará com cheia de fortaleza; e seus filhos te­
o pecado, e entre os justos morará rão esperança. 270 temor do Senhor
a graça. 10*T odo o coração conhece é uma fonte de vida, para fazer evi­
as suas amarguras; o estranho não tar a ruína da morte. 28A multidão
se misturará na sua alegria. UA ca­ do povo é a glória do rei, e o pe­
sa dos ímpios será destruída; mas as queno número dos súditos, a ignomí­
tendas dos justos florescerão. 12*H á nia do príncipe. ^O que é paciente
um caminho que parece direito ao governa-se com muita prudência; o
homem, e no cabo conduz à morte. que porém é impaciente manifesta a
130 riso será misturado com a dor, sua loucura. “ A saúde do coração
e a tristeza toma o lugar da alegria. é a vida da carne; a inveja é a cárie
140 insensato será farto dos seus dos ossos. 31Quem maltrata o indi­
(maus) caminhos, e o homem virtuo­ gente injuria o seu Criador, mas hon­
so ficará superior a êle. ra-o aquêle que se compadece do po­
bre. 320 ímpio será derribado pela
Prudência sua malícia; o justo, porém, (mesmo)
na sua morte, conserva a esperança.
150 imprudente dá crédito a tudo33A sabedoria descansa no coração do
o que se lhe diz; o cauteloso considera prudente, e êle instruirá todos os ig­
os seus passos. Ao filho que não é norantes. 34A justiça exalta as na­
sincero, nada lhe sairá bem; porém ções; mas o pecado torna miseráveis
o servo prudente prosperará nas suas os povos. ^O ministro inteligente é
emprêsas, e caminhará felizmente. agradável ao rei, o inútil sentirá a
10O sábio teme e desvia-se do mal; o sua ira.
insensato passa adiante, e dá-se por Doçura
seguro. 17Ò impaciente fará ações de
loucura, e o homem dissimulado tor- 1 C JA resposta branda aquieta a
na-se odioso. 18Os imprudentes pos­ 1 J ira; e a palavra dura excita
suirão a loucura, e os prudentes es­ o furor. 2A língua dos sábios orna
perarão a ciência. 19Os maus estarão a ciência; a bôca dos insensatos fe r­
deitados por terra diante dos bons, e ve em loucuras. 3Em todo o lugar
os ímpios diante das portas dos jus­ estão os olhos do Senhor, contemplan­
tos. 20O pobre é odioso até aos seus do os bons e os maus. 4A língua pa­
parentes; porém os amigos dos ricos cífica é uma árvore de vida; hias a
serão muitos. 21Aquêle que despreza que é imoderada quebranta o espíri­
o seu próximo peca; mas o que se to. sO insensato faz escárnio da cor­
compadece do pobre será bem-aven­ reção de seu pai; mas o que faz caso
turado. Aquêle que crê no' Senhor das repreensões tornar-se-á mais avi­
ama a misericórdia. 22Os que prati­ sado. N a justiça abundante há uma
cam o mal erram; a misericórdia e a grandíssima força; porém os desíg­
verdade são as que nos adquirem os nios dos ímpios serão desarraigados,
bens. 23Em tôda a parte onde se °A casa do justo é uma grandíssima
trabalha há abundância; mas onde fôrça, e nos frutos do ímpio não há
(sòm ente) se fala muito, ai frequen­ senão turbação. 7Os lábios dos sá­
temente se encontra a indigência. 24A bios difundirão a ciência; não assim
coroa dos sábios são as suas rique­ o coração dos insensatos. 8As v iti­
9. Brincará com o pecado, cometendo-o com a m aior facilidade.
12. H á um caminho. . . Ê o caminho dos insensatos que julgam ser bem tudo o que
fazem.
28. P a ra tira r algum resultado das em prêsas querem-se obras e nâo palavras.
Cap. X V — 6. Fôrça tem aqui a significação de riqueza. Segundo o hebreu: N a casa
do justo há grande abundância de bens.
8. o s atos do culto externo, sem a santidade de vida e a pureza de coração, n ão
agradam a Deus.
704 . LIVRO DOS PROVÉRBIOS 15 - 16
mas dos ímpios são abomináveis ao conselho, mas onde há muitos conse­
Senhor; os votos dos justos o apla­ lheiros (bons) confirmam-se. "Cada
cam. 0O caminho do impio é abo- um compraz-se na opinião que emi­
minação para o Senhor; o que se­ te; mas a palavra oportuna é a me­
gue a justiça é amado dêle. 10*A dou­ lhor. 24*A vereda da vida conduz ao
trina é mâ para o que abandona o alto o homem instruído, para se des­
caminho da vida; aquêle que odeia as viar do abismo do inferno.
repreensões morrerá. nO inferno e O s odiosos e os queridos de Deus
a perdição estão (patentes) diante
do Senhor; quanto mais o estarão os “ O Senhor demolirá a casa' dos so­
corações dos filhos dos homens! 12*0 berbos, e firm ará os limites da viúva.
homem corrompido não ama quem o “ As intenções más são a abomina-
repreende, nem vai em busca dos ção do Senhor; e a palavra pura ser-
sábios. lhe-á muito agradável. "Aquêle que
Felicidade do coração vai atrás da avareza perturba a sua
casa; o que porém aborrece os subor­
lsO coração contente alegra o sem­ nos viverá (fe liz ). “ Os pecados puri­
blante! A tristeza da alma abate o ficam-se pela misericórdia e pela fé;
espírito. 140 coração do sábio busca e todo o homem evita o mal por
a instrução, e a boca dos insensatos meio do temor do Senhor. A alma
apascenta-se de loucura. 15Todos os do justo medita a obediência; porém a
dias do pobre são tristes; (mas) a bôca dos impios transborda em mal-
alma tranqüila é como um banque- dades.
te contínuo. 10*O pouco, com o te­ 290 Senhor está longe dos ímpios,
mor do Senhor, vale mais que os gran­ e atenderá às orações dos justos. 30A
des tesouros, os quais nunca saciam. luz dos olhos é a alegria da alma;
17Mais vale ser convidado com afe­ e a boa notícia engorda os ossos.
to a comer umas ervas, do que co­ 310 ouvido que ouve as repreensões
m er um gordo novilho (oferecid o) salutares, terá o seu pôsto entre os
com ódio. 180 homem iracundo pro­ sábios. 32Aquêle que rejeita a cor­
voca rixas; o que é paciente aplaca reção despreza a sua alma; mas o que
as que estão já excitadas. 10*O cami­ se submete às repreensões, é possui­
nho dos preguiçosos é como uma se­ dor do seu coração. "O temor do
be de espinhos; o caminho dos justos Senhor ensina a sabedoria, e a hu­
é sem tropêço. ^O filho sábio ale­ mildade precede a honra.
gra seu pai; e o homem insensato des­
A Providência
preza a sua mãe. 21*A loucura é gôs-
to para o insensato; porém o varão 1 £ 7É ao homem que pertence pre-
prudente mede os seus passos. “ Os 1W parar a sua alma, e ao Se­
projetos malogram-se onde não há nhor o governar-lhe a língua. T o -
io. A doutrina, a virtude parece rnd aos que abandonam o caminho reto.
15. A felicidade verdadeira n&o consiste pròpriamente no gôzo de bens externos, m as na
tranqüilidade e alegria da alma.
17. M áxim a que tem por fim recomendar a caridade p a ra com o próximo, e m ostrar
quanto o ódio é detestável.
24. A o alto, a um a perfeição cada vez maior.
25. Deus não perm itirá que a viú va seja prejudicada com m udarem os marcos das
su as propriedades, a fim de as tornar m ais pequenas.
27. o desejo desordenado de enriquecer leva a praticar injustiças que ocasionam a ruína
d a s empresas. Aquêles, porém, que não se deixam subornar, nem mesmo por donativos ri­
ços, terão um a vida feliz, como prêmio de sua retidão.
30. Engorda os ossos, isto é, contribui p a ra a saúde do corpo. Ê um a linguagem
m etafórica.
32. E ’ possuidor . . . domina as suas paixôes.
33. O temor do S en h o r. . . A religião, levando o coração à virtude, e corrigindo os
costumes, leva igualmente a viver bem e a proceder sàbiamente. A humilde submissão
a Deus, base da religião ê o caminho da honra.
Cap. X V I — 1. É ao h o m e m ... Segundo o hebreu: D o homem (v ê m ) os projetos do
coração, m as é Deus que pôe sôbre os lábios as p alavras oportunas, que fazem ir por diante
•êsses projetos.
16 - 17 LIVRO DOS PROVÉRBIOS 705

dos os caminhos do homem estão pa­ minho. “ A soberba precede a ruína,


tentes aos seus olhos; mas o Senhor e o espirito eleva-se antes da queda.
pesa os espíritos. 3Confia ao Senhor 10Mais vale ser humilhado com os
as tuas obras, e terão bom êxito os mansos, do que repartir despoj os com
teus projetos. 4Tudo fêz o Senhor os soberbos. 20O que é hábil nas coi­
para (gloria de) si mesmo; até o ím­ sas encontrará a felicidade; e o que
pio para o dia mau (do castigo). espera no Senhor é ditoso. 210 que
5Todo o arrogante é a abominação é sábio de coração, será chamado
do Senhor; ainda que pareça que na­ prudente; e o que é doce no falar re­
da faz, não é inocente. °A iniqüida- ceberá coisas maiores. 22A sabedoria
de expia-se pela misericórdia e pela é uma fonte de vida para quem a
verdade; e o mal evita-se pelo temor possui; a ciência dos insensatos é fa-
do Senhor. 7Quando os caminhos do tuidade.
homem agradarem ao Senhor, êle re­ Dom da p alavra
duzirá à paz os seus próprios inimi­
gos. 8Vale mais o pouco com justi­ 230 coração do sábio instruirá a
ça, do que muitos bens com iniqüi- sua bôca, e acrescentará graça aos
dade. 0O coração do homem dispõe seus lábios. 24As palavras elegantes
o seu caminho; mas ao Senhor per­ são um favo de mel; a doçura da
tence dirigir os seus passos. alma é a saúde dos ossos (ou do cor­
po). “ Há um caminho que parece
Os reis são representantes direito ao homem, e contudo o seu
da Providência têrmo é a morte. “ O homem que
10As palavras do rei são (com o) trabalha, para si trabalha, porque a
oráculos; a sua bôca não errará nos sua bôca o constrange a isso. 2íO
julgamentos. “ Os juízos do Senhor homem ímpio cava o mal, e nos seus
são pêso e balança; e as suas obras lábios se vai ateando o fogo. “ O
são tôdas como as pedras do saco. homem perverso suscita pleitos, e o
12Os que procedem impiamente são verboso semeia a discórdia entre os
abomináveis ao rei, porque o trono príncipes. “ O homem iníquo seduz
firma-se com a justiça. 13São agra­ 0 seu amigo, e o conduz por um ca­
dáveis ao rei os lábios justos; o que minho que não é bom. 30Aquêle que
fala coisas retas será amado. 14A in­ pensa em malvados projetos com olhos
dignação do rei é prenúncio de mor­ espantados, executa o mal, morden­
te; porém o varão sábio saberá apla- do os lábios (de raiva). 31A velhice
cá-la. 15Na serenidade do semblante é uma coroa de glória, a qual se en­
do rei está a vida, e a sua clemên­ contra nos caminhos da justiça. 320
cia é como a (desejada) chuva serô- homem paciente vale mais do que o
dia. valente; e o que domina o seu âni­
Sabedoria e modéstia mo, mais do que o conquistador de
cidades. 83As sortes lançam-sé no
16Procura adquirir a sabedoria, pois regaço; mas o Senhor é quem as
ela é melhor do que o ouro, e adqui­ dispõe.
re a prudência, porque ela é mais Bondade com o próximo
preciosa do que a prata. 17A vereda
dos justos afasta-se dos males; o que 1 H JVale mais um bocado de pão
guarda a sua alma conserva o seu ca­ 1 1 sêco com alegria, do que uma
2. O homem muitas vêzes sõrnente vê o exterior das suas obras, mas Deus penetra-
lhe o interior.
9. O homem propôe e Deus dispôe.
11. A s suas obras são justas corno as pedras que se usavam dentro dum pequeno saco
para servir de pêso exato.
18. O orgulho atrai sôbre si a própria ruína. “Quem se exalta será humilhado” (Lucas,
X IV , 11; X V III, 14).
28. Entre os príncipes. Segundo o hebreu: Entre os amigos.
31. A velhice é veneranda quando está ligada a uma vida virtuosa.
32. vencer as próprias paixôes é mais glorioso que vencer uma batalha.
33. De Deus depende o êxito favorável ou náo, das sortes, o s Hebreus recorriam muitas
vêzes às sortes p ara resolver os seus litígios ou dúvidas.

23 - B íblia Sagrada
706 LIVRO DOS PROVÉRBIOS 17 - 1$

casa cheia de vítimas com discórdia. e o que recusa aprender cairá nos
20 servo prudente dominará os filhos males. 17Aquêle que é amigo (v e r-
insensatos (do seu am o), e reparti­ dadeiro) é-o em todo o tempo; e o
rá a herança entre os irmãos. 3As- irmão conhece-se nas aflições. 180
sim como a prata se prova no fogo, homem insensato baterá com as mãos
e o ouro no crisol, assim o Senhor (fazendo gala) de ter ficado por fia-
rova os corações. 40 mau obedece dor do seu amigo. 19Aquêle que me­
língua iníqua, e o enganador dá dita discórdias ama as rixas, e o que
ouvidos aos lábios mentirosos. 5A- levanta a sua porta busca a sua ruí­
quêle que despreza o pobre, insulta na. 20O que é de coração perverso
o seu Criador, e o que se alegra com não achará o bem; e o que tem a
a ruína de outrem, não ficará im­ língua dôbre cairá no mal. mO in­
pune. 6Os filhos dos filhos são a sensato nasceu para sua ignomínia,
coroa dos velhos; e a glória dos fi­ pois nem mesmo o pai se alegrará
lhos são os seus pais (virtuosos). 7As com um filho louco. 220 espírito ale­
palavras graves não convêm ao insen­ gre torna a idade florida; o espírito
sato; nem a um príncipe o lábio men­ triste seca os ossos. 230 ímpio re­
tiroso. 8A expectação de quem espe­ cebe presentes ocultamente, para
ra é uma pérola belíssima; para qual­ perverter as veredas da justiça. 24A
quer parte que êle se volta procederá sabedoria reluz no rosto do pruden­
com prudência. 9Aquêle que encobre te; os olhos dos insensatos (andam
as faltas (alheias) busca amizades; vagueando) pelas extremidades da
o que as conta e repete, separa os que terra. “ O filho insensato é a indig­
estão unidos. 10Ao homem prudente nação do pai, e a dor da mãe que
é mais util uma repreensão, do que 0 gerou. 26Não é bom fazer mal ao
ao insensato um cento de golpes. “ O justo, nem ferir o príncipe que jul­
mau anda sempre armando pendên­ ga segundo a justiça.
cias, mas um anjo cruel será enviado 27Aquêle que é moderado nas suas
contra êle. 12É melhor encontrar u- palavras é douto e prudente; e o ho­
ma ursa à qual foram roubados os mem erudito é de espírito calmo.
seus filhinhos, do que um insensa­ ^Até o insensato passará por sábio,
to que se fia na sua loucura. 13Quem se estiver calado, e por inteligente,
dá mal por bem jamais verá a des­ se conservar os seus lábios fechados.
ventura sair da sua casa. 140 que
começa contendas é como o que abre O verdadeiro amigo
(um dique de) águas, e (se é pru­
dente) retira-se do litígio antes de ser 18 (l ue Q1101* separar-se do seu
apontado. 1° amigo busca ocasiões (para is-
s o ); será coberto de opróbrio em to­
Justiça e tino prático do o tempo. 20 insensato não rece­
be as palavras da prudência, a não
15Aquêle que absolve o réu, e o que ser que se lhe fale segundo o gosto
condena o justo, ambos são abominá­ do seu coração. sO ímpio, depois de
veis diante de Deus. 16De que serve ter caído no abismo dos pecados, tu­
ao insensato ter grandes riquezas, do despreza; porém a ignomínia e o
não podendo comprar com elas a sa­ opróbrio o vão seguindo. 4As palavras
bedoria? Aquêle que levanta muito que saem da bôca do homem são co­
alto a sua casa busca a sua ruína, mo uma água profunda; e a fonte
Cap. X V I I — 8. A expectação... Segundo o hebreu: Urna dádiva é urna pedra
preciosa aos olhos de quem a receoe.
11. A s revoltas contra a autoridade são perigosas, porque ela, com todos os poderes
na mão, m anda castigar os revoltosos por meio de mensageiros cruéis (a n jos cruéis).
14. Assim como a á gu a represada, abrindo-se-lhe um a pequena passagem, irrompe, sem
ser possível detê-la, assim também, provocada a contenda, as paixões irrompem b ru tal­
mente.
19. O que levanta a sua porta. M etáfora p ara indicar um a ostentação arrogante, que
leva a gastar m ais do que se tem.
Cap. X V I I I — 4. A s pdlavras do homem virtuoso saem do íntimo do seu coração e
transfundem -se no espírito dos ouvintes como águas benéficas.
1 8 - 19 LIVRO DOS PROVÉRBIOS 707

da sabedoria é como a torrente que quêle que achou a uma mulher boa
transborda. 5Não é bom ter consi­ achou o bem, e receberá do Senhor
derações com a pessoa do ímpio, pa­ um manancial de alegria. Aquêle
ra te desviares da verdade do julga­ que expulsa (da casa) uma mulher
mento. virtuosa, expulsa o bem; mas o que
O fa la r insensato retém a adúltera, é um insensato e
6Os lábios do insensato metem-se um ímpio. ^O pobre fala suplican­
em disputas, e a sua boca provoca do, e o rico responde com aspereza.
contendas. 7A boca do insensato fe- 240 homem amável no trato será mais
re-o a êle próprio, e os seus lábios estimado do que um irmão.
são a ruína da sua alma. 8As pala­ Elogio da humildade, da mansidão
vras do homem de língua dôbre pa­ e da paciência
recem simples, mas penetram até ao
intimo das entranhas. 90 tem or a- 1 Q ^ a i s vale o pobre que anda na
bate o preguiçoso; e as almas dos 1J sua simplicidade, do que o ri­
efeminados terão fome. 10*O nome do co de lábios perversos e insensato.
Senhor é uma tôrre fortíssima; a êle 2Onde não há (prudência que é a)
se acolhe o justo, e encontra um re­ sabedoria da alma, não há bem; e
fúgio elevado. nA riqueza do rico é quem anda precipitado, tropeçará.
a sua cidade forte, e como que uma 3A estulticia do homem perverte os
forte muralha que o cerca. 120 co­ seus passos, e ferve no seu coração
ração do homem exalta-se antes de (de cólera) contra Deus. 4As rique­
ser abatido, e humilha-se antes de zas multiplicam muito os amigos; mas
ser glorificado. 13Aquêle que respon­ do pobre separam-se mesmo aquêles
de antes de ouvir, mostra ser um in­ que teve. 5A testemunha falsa não
sensato e digno de confusão. 140 es­ ficará impune; e o que diz mentiras,
pirito (ou v ig o r) do homem sustenta não escapará. °São muitos os que
a sua fraqueza, mas quem poderá honram a pessoa do poderoso, e os
suster um espírito que iàcilmente se que são amigos do que reparte dá­
deixa levar aa ira? 15*0 coração pru­ divas. 7Os irmãos do homem pobre
dente possuirá a ciência; e o ouvido aborreceram-no; e, além disso, os seus
dos sábios busca a doutrina. próprios amigos se retiraram para
Tribunais e litígios
longe dêle.
Aquêle que só busca palavras, não
16Os presentes que um homem dá, terá nada; 8mas o que é possuidor
abrem-lhe um dilatado caminho, e do seu coração ama a sua alma; e
dão-lhe lugar diante dos príncipes. o conservador da prudência encon­
170 justo é o primeiro que a si mes­ trará bens. 9A testemunha falsa não
mo se acusa; vem depois o seu ami­ ficará impune, e o que diz mentiras,
go que o sondará. 18A sorte apazigua perecerá. 10Ao insensato não estão
as contendas, e decide entre os pró­ bem as delícias, nem ao escravo o
prios poderosos. 190 irmão, que é dominar os príncipes. “ A doutrina
ajudado por seu irmão, é como uma do homem conhece-se pela paciência,
cidade forte, e os seus juízos são co­ e a sua glória é passar por cima das
mo os ferrolhos das cidades. “ Do injúrias a êle feitas. 12Assim como
fruto da bôca do homem se encherá é terrível o bram ido. do leão, assim
o seu ventre, e o produto dos seus também o é a ira do rei, e do mes­
lábios o saciará. 21A morte e a vida mo modo que o orvalho cai sobre a
estão em poder da língua; os que a erva, assim anima igualmente o seu
amam comerão dos seus frutos. 22A- ar prasenteiro. 130 filho insensato é
10. U m refúgio elevado, onde os inimigos n&o podem chegar.
16. U m dilatado caminho p ara conseguir o que quer. — E dão-lhe lu g a r ... Alusão
ao costume dos orientais de levar presentes, principalmente quando visitavam os príncipes.
19. Os seus ju iz e s ... isto é, as demandas, as discórdias, principalmente entre irmãos»
fecham tanto os corações como os ferrolhos fecham as portas das cidades.
20. C ada um sofre as consequências das suas palavras.
21. A língua influi poderosamente tanto para o bem como p ara o mal.
Cap. X IX . — 8 . Possuidor do seu coração, isto é, sensato.
708 LIVRO DOS PROVÉRBIOS 19 - 2 0

a dor do pai, e a mulher amiga de Contra a embriaguez, os litígios


litígios é como o telhado, que está e o ócio
gotejando contlnuamente. 140s pais
dão casas e riquezas, porém o Senhor 20 Vinho é uma fonte de luxú-
dá pròpriamente uma mulher de pru­ “ U ria, e a embriaguez é cheia de
dência. 15A preguiça dá de si sono; desordens; todo aquêle que pôe nisto
e a alma frouxa terá fome. 16Aquê- o seu gôsto, não será sábio. 2Como
le que observa o mandamento (de o rugido do leão, assim é o terror
Deus) guarda a sua vida; o que po­ que o rei infunde; aquêle que o ir­
rém não faz caso da sua obrigação rita peca contra a sua vida. 3É uma
padecerá a morte. 1tO que se com­ glória para o homem afastar-se de
padece do pobre empresta ao Senhor, contendas; porém todos os impru­
e êste lhe tornará o que lhe tiver dentes se envolvem em brigas. 40
emprestado. “ Castiga o teu filho, reguiçoso não quis lavrar por causa
não percas a esperanÇa (da emenda) , o frio; mendigará pois no verão, e
mas não chegue a tua severidade ao não se lhe dará coisa alguma. 50
excesso de lhe dares a morte. 10O conselho é no coração do homem co­
que é impaciente sofrerá dano, e, se mo uma ãgua profunda; mas o ho­
usa de violências, acrescentará novos mem sábio ai o beberá. °Muitos ho­
danos. “ Ouve o conselho, e recebe mens se chamam compassivos, mas
a correção, para que sejas sábio no quem achará um homem (in teira ­
fim da tua vlda. “ No coração do ho­ m ente) fiel?
mem (agitam-se) muitos pensamen­
tos; a vontade do Senhor, Dorém, é Retidão
sempre a que permanece. 22Ò homem
necessitado é compassivo; e melhor tO justo, que anda na sua simpli­
é o pobre do que o homem menti­ cidade, deixará depois de si filhos
roso. “ O temor do Senhor conduz ditosos. ®0 rei, que está sentado no
à vida, e (quem o possui) habitará seu trono de justiça, dissipa todo o
na abundância sem a visita da des­ mal, só com o seu olhar. 9Quem po­
graça. de dizer: O meu coração está puro,
Correção e preguiça estou isento de pecado? 10Um peso e
medida (para d ar), e outro pêso e
24G preguiçoso esconde a sua mão medida (para receber), são duas coi­
debaixo do sovaco, e não quer ter sas abomináveis diante de Deus. “ P e­
o trabalho de a levar à boca. “ Cas­ las inclinações do menino se deduz
tigado o corrompido, tornar-se-á mais se as suas obras serão (n o fu tu ro)
sábio o insensato; mas, se repreen- puras e retas. 120 ouvido que ouve
deres o sábio, êle compreenderá a e o ôlho que vê, ambas estas coisas
repreensão. “ Aquêle que aflige o seu fêz o Senhor. 2 78*N ão queiras ser ami­
1
4
go do sono, para que a pobreza te
Í)ai, e que faz fugir sua mãe, é in-
ame e desgraçado. “ Não cesses, f i­ não oprima; abre os teus olhos (sê
lho, de ouvir as advertências, nem diligente), e terás pão em abundân­
ignores os ditames da ciência. “ A cia. 14Isto não vale nada, isto não va­
testemunha falsa ri-se da justiça; e le nada, diz todo o comprador, e, de­
a boca dos ímpios devora a iniqui­ pois de se retirar, então se gloriará.
dade. “ Estão preparados os juízos 15Ê (coisa apreciável) o ouro e a gran-
(de Deus) para (castigar) os mofa- de abundância de pedras preciosas;
dores, e os martelos para fe rir os mas um vaso precioso são os lábios
corpos dos insensatos. do sábio.
17. Quem da ao pobre empresta a Deus.
Cap. XX — 5. O con selh o... v e r nota x v i n , 4.
8. U m rei justo e poderoso v ê rapidamente o m al, e da-lhe remédio.
11. O menino mostra o que sera o homem.
12. A m bas estas coisas fê z o Senhor, o qual pedira contas do uso que fizemos delas.
14. Quem compra, para obter a mercadoria por baixo preço, mostra n&o lhe d ar v a lo r;
mas, depois que a obteve pelo preço que quis, gloria-se d a boa compra que fêz.
20 - 21 LIVRO Dos PROVÉRBIOS 709

Boas e más aquisições quer parte que quiser, ^ o d o o ca­


minho do homem lhe parece a êle
16Tira O Vestido àquele que (im p ru ­ próprio direito; o Senhor, porém, pesa
dentemente) ficou por fiador dum os corações. 3Fazer misericórdia e
desconhecido, e leva-lhe de casa o justiça, é mais agradável ao Senhor
penhor, pois êle obrigou-se por es­ do que as vítimas (m ateriais). 4A
tranhos. 170 pão da mentira é gos­ soberba do coração torna altivos os
toso ao homem; porém depois a sua olhos; a candeia dos ímpios é o pe­
boca serã cheia de areia. 180s pro­ cado. 5Os pensamentos do homem
jetos corroboram-se pelos conselhos; ativo produzem sempre abundância;
e as guerras devem ser dirigidas com todo o preguiçoso porém está sempre
prudência. 19*Se um homem revela na pobreza.
os segredos, e procede falsamente, e °Aquêle que ajunta tesouros com
tem os seus lábios sempre abertos uma língua de mentira, é vão e sem
(para fa la r), não te familiarizes com juízo, e dará consigo nos laços da
êle. “ Aquêle que amaldiçoa o seu morte. .7As rapinas dos ímpios levá-
pai e a sua mãe, apagar-se-ã a sua los-ão à sua ruína, porque não qui­
candeia no meio das trevas. aA he­ seram proceder segundo a justiça.
rança que alguém se apressa a ad­ 80 caminho perverso do homem é um
quirir (ilicitam en te) no princípio, ca­ caminho desviado, mas, quando o ho­
recerá de bênção no fim. “ Não di­ mem é puro, são retas as suas obras.
gas: Darei mal por mal; espera no •Melhor é estar assentado a um can­
Senhor, e êle te livrará. “ T er dois to do eirado, do que habitar com uma
pesos é abominação diante de Deus; mulher litigiosa na mesma casa. 10A
a balança falsa não é boa. 24*Os pas­ alma do ímpio deseja o mal; não se
sos do homem são dirigidos pelo Se­ compadecera do seu próximo. 1JCom
nhor; mas que homem pode compre­ o castigo do escandaloso ficará mais
ender O seu próprio destino? “ È uma sábio o inexperiente; e, se aderir ao
ruína para O homem devorar os san­ homem .sábio, adquirirá a ciência. 120
tos, e retratar-se depois de ter feito justo reflete maduramente sôbre a
votos. casa do ímpio, para (v e r como pode­
20O rei sábio dissipa os ímpios, e r á ) retrair os ímpios do mal.
curva sobre êles a roda. 270 sôpro
vital do homem é uma lâmpada di­ Caridade e justiça
vina, a qual penetra todos os segre­ 13Aquêle que fecha os ouvidos ao
dos do coração. “ A misericórdia e clam or do pobre, êsse mesmo também
a verdade guardam o rei e o seu clamará e não será ouvido. 14Um
trono firma-se com a clemência. ^A presente secreto extingue as iras; e
gala dos jovens é a sua fôrça, e a a dádiva que se mete no seio de ou­
glória dos velhos são as suas cãs. trem, aplaca a maior indignação. 150
"Purgam-se os males pelas feridas justo encontra a sua alegria na prá­
lívidas, e pelas chagas mais profun­ tica da justiça; porém os que come­
das. tem a iniqüidade, estão em (con tínu o)
Contra a arrogância, a avareza, susto. 10O homem que se extraviar
a indolência e a impiedade do caminho da doutrina, terá por
morada a assembléia dos gigantes.
2 1 jO coração do rei está na mão 17Aquêle que ama os banquetes, pa­
** do Senhor como a água cor­ rará na indigência; o que ama o v i­
rente; êle o inclinará para qual­ nho e a mesa lauta, não enriquecerá.
17. A prim eira vista o pão da mentira, isto ê, o p&o m al a d q u irid o ...
18. Ê preciso tom ar conselho nos empreendimentos importantes.
20. A pagar-se-ã a sua candeia, a sua vida, no meio das trevas da desgraça..
25. É uma ruína perseguir os servos de Deus, e nfto cumprir as promessas feitas.
26. Curva sôbre ê le s ... faz-lhes sofrer o suplício d a roda.
27. Ê Deus que comunica a vida ao homem, a qual ilumina todo o seu sen
30. Deus costuma utilizar as doenças e outros castigos p a ra corrigir os pecadores
obstinados.
Cap. X X I — 1. Como a água corrente, que o agricultor dirige p ara onde quer.
16. A assembléia dos gigantes, ou dos condenados, se n&o se converter.
710 LIVRO DOS PROVÉRBIOS 21 - 22

180 ímpio é entregue (à expiação) em sou adiante, e recebeu o dano. 40


lugar do justo, e o iníquo em lugar prêmio da modéstia é o temor do
dos retos. 19Melhor é habitar numa Senhor, as riquezas, a glória e a v i­
terra deserta, do que com uma mu­ da. 5Armas e espadas estão sôbre o
lher litigiosa e colérica. “ N a casa caminho do perverso; aquêle porém
do justo há um tesouro precioso e que guarda a sua alma, retira-se pa­
há azeite; porém o homem impru­ ra longe delas. 6Diz o provérbio: O
dente dissipará tudo. 21Aguêle que homem, segundo o caminho que to­
exerce a justiça e a misericórdia, a- mou sendo jovem, não se afastará
chará vida, justiça e gloria. 220 sá­ dêle, mesmo quando fôr velho. 70
bio tornou-se senhor da cidade dos rico manda os pobres, e o que toma
valentes, e destruiu a força em que emprestado torna-se escravo do que
ela confiava. 23Aquêle que guarda a lhe empresta. 8Aquêle que semeia
sua bôca e a sua língua, preserva a a iniqüidade, colherá males, e será
sua alma de angústias. 240 soberbo ferido pela (própria) vara da sua
e o presumido é chamado ignoran­ ira. °Aquêle que é propenso à mise­
te, porque, estando irado, comete in­ ricórdia, será abençoado, porque deu
solências. 25Os desejos matam o pre­ dos seus pães ao pobre. Aquêle que
guiçoso, porque as suas mãos não dá presentes alcançará vitória e hon­
quiseram fazer nada. 26Passa todo ra; mas arrebata o coração dos que
o dia a cobiçar e a desejar; mas o o recebem. 10Lança fora o mofador,
que é justo dá (aos outros) sem ces­ e com êle se irá a discórdia, e ces­
sar. 27As vítimas dos ímpios são abo­ sarão os litígios e os ultrajes. “ Aquê-
mináveis, porque o que oferecem é le que ama a pureza do coração, terá
dos seus crimes. “ A testemunha men­ o rei por amigo, por causa da graça
tirosa perecerá; o homem obediente do seu falar. 12Os olhos do Senhor
cantará vitórias. “ O ímpio mostra guardam a ciência; mas as palavras
no seu rosto uma segurança desaver­ do pérfido são confundidas. 130 pre­
gonhada; porém, o que é reto corrige guiçoso diz: está um leão lá fora;
o seu caminho. (se saio) serei morto no meio das
ruas. 14A bôca da mulher alheia é
Poder de Deus
uma cova profunda; aquêle contra
"N ã o há sabedoria, não há prudên­ quem o Senhor está irado, cairá ne­
cia, não há conselho (que prevaleça) la. 15A loucura está ligada ao cora­
contra o Senhor. 31Prepara-se o ca­ ção do menino, mas a vara da dis­
valo para o dia da batalha; mas o ciplina a afugentará. 16Aquêle que
Senhor é quem dá a vitória. calunia o pobre para acrescentar as
suas riquezas, êle mesmo dará a ou­
Vantagens e desvantagens tro mais rico, e virá a ser necessi­
tado.
2 9 JMais vale o bom nome do que P a lavra s dos sábios
“ “ muitas riquezas; a boa repu­
tação é mais estimável do que a pra­ 17Inclina o teu ouvido, e ouve as
ta e o ouro. 20 rico e o pobre en­ palavras dos sábios, e aplica o teu
contram-se; o Senhor criou-os a coração à minha doutrina, 18a qual
ambos. 30 homem hábil viu o mal, terás por formosa, quando a guar­
e furtou-se a êle; o imprudente pas­ dares dentro do teu coração, e ela
18. Os castigos devidos à s cidades e nações inteiras cairão principalmente sôbre os
maus, sendo assim poupados os justos.
Cap. X X I I — 6. o homem conservará, sendo velho, a boa ou m á orientação que rece­
beu um menino. Procedem m al os pais que descuidam educar os seus filhos, enquanto
crianças, esperando fazê-lo quando j á tiverem entrado na idade das paixões.
13. O preguiçoso exagera a s dificuldades, a fim de ter pretextos para não fazer nada.
14. Aquêle contra q u e m .. . O Senhor, irritado pelas faltas dos pecadores, abando-
na-os algum as vêzes às suas paixões, eêles caem então em tôdas as ignomínias da
impureza.
15. o s vícios (lo u cu ra ), que parece estarem pegados ao coração do menino, podem
arrancar-se com um a boa disciplina.
18. E ela transbordará.. . A bôca fa la da abundância do coração.
22 - 23 L Iv R o DOS PROVÉRBIOS 711
transbordará nos teus lábios, "para 7porque, à semelhança do advinho e
que ponhas no Senhor a tua confian­ do que interpreta sonhos, conjectura
ça. É por isso que eu ta- mostrei o que ignora. Come e bebe, te dirá
hoje. ^Eu ta expus de três manei­ êle; mas o seu coração não está con­
ras, com conselhos e instruções, “ pa­ tigo. 8Vomitarás os manjares que ti­
ra te mostrar a firmeza das palavras veres comido, e desperdiçarás a tua
verdadeiras, com as quais possas res­ amena conversação.
ponder àqueles que te enviaram. °Não fales aos ouvidos dos insensa­
22Não faças violência ao pobre, por­ tos, porque êles desprezarão os en­
que é pobre; nem oprimas em juízo sinamentos das tuas palavras.
o que não tem nada; “ porque o Se­ 10Não toques nos limites dos pe­
nhor defenderá a sua causa, e há de queninos, e não entres no campo dos
transpassar os que transpassaram a órfãos; "porque o seu curador é (T o ­
sua alma. “ Não tenhas amizade com d o-) poderoso, e êle mesmo se fará
o homem colérico, nem andes com o contra ti o defensor da sua causa.
furioso, “ para não suceder que a- "P enetre o teu coração na doutri­
prendas as suas veredas, e dês à tua na, e os teus ouvidos nas palavras
alma ocasião de ruína. “ Não te as­ da ciência. "N ã o poupes a correção
socies com aquêles que (im prudente­ ao menino, porque, se lhe bateres com
m ente) se obrigam apertando as a vara, não morrerá. 14Tu lhe ba­
mãos, e que se oferecem por fiado- terás com a vara, e livrarás a sua
res para responder pelas dívidas de alma do inferno.
outrem; “ porque, se não tens com "M eu filho, se o teu espirito fôr
que pagar, quem impedirá que te le­ sábio, alegrar-se-á contigo o meu co­
vem a coberta da tua cama? “ Não ração; 16e as minhas entranhas exul­
passes além dos antigos marcos que tarão de prazer, quando os teus lá­
puseram teus pais. “ Viste um ho­ bios proferirem palavras retas. 170
mem (pontual e) expedito nos seus teu coração não tenha inveja aos pe­
negócios? Êste terá cabimento com cadores, mas conserva-te sempre fir ­
os reis, e não ficará entre gente obs­ me no temor do Senhor; "porque
cura. terás esperança, quando chegar o teu
Regra para ter vida tranqiiila último dia, e não será frustrada a
tua expectação.
09 gu an d o te assentares a comer "Ouve, meu filho, e sê sábio; e
com o príncipe, considera com dirige a tua alma pelo caminho di­
atenção o que põem diante de ti, 2e reito. “ Não te queiras achar nos
põe uma faca na tua garganta, se banquetes dos bêbados, nem nas co-
é todavia que estás senhor da tua mezainas daqueles que fazem v ir os
alma. 3Não desejes comer dos seus manjares, para comerem de compa­
manjares, porque são manjares en­ nhia, "porque, passando o tempo a
ganosos. beber e a pagar escotes, se arruinam
4Não te afadigues por ser rico; mas e o seu entorpecimento será reves­
põe limites à tua indústria. ®Não po­ tido de andrajos.
nhas os teus olhos em riquezas que "Ouve o teu pai, que te gerou, e
não podes ter, porque elas tomarão não desprezes tua mãe, quando fôr
asas como de águia, e voarão para velha. "Adquire (a todo custo) a
o céu. verdade, e não vendas nem a sabe-
°Não comas com o homem invejo­ doria, nem a doutrina, nem a inte­
so, e não desejes os seus manjares, ligência. 2 *40 pai do justo salta de
0
20. D e três maneiras, de várias maneiras.
Cap. X X I I I — 2. P õe uma faca, isto é, refreia o apetite.
3. São manjares enganosos, porque são oferecidos pelo teu senhor p a ra te experimen­
tar, e não há nêles um a hospitalidade franca.
4. P õe lim ite s... n&o apliques demasiadamente a tua habilidade em adquirir bens ter­
renos.
5. A riqueza é extremamente instável, pode desaparecer num momento.
s. Vomitarás com desgôsto e indignação, ao reconhecer os verdadeiros sentimentos do
teu hospedeiro.
712 LIVRO DOS PROVÉRBIOS 23 - 24

prazer; o que gerou um filho sábio edificada, e consolidar-se-á com a


terá nêle a sua alegria, r e n h a m prudência. 4Pela ciência encher-se-
esta alegria o teu pai e a tua mãe, -ão as despensas de tudo o que há
e exulte a que te deu à luz. de precioso e belo. 50 homem sábio
“ Dá-me, filho meu, o teu coração, é forte, e o douto, robusto e valen­
e os teus olhos guardem os meus te, 6porque é pela prudência que se
caminhos; 27porque a mulher pros­ empreende a guerra, e a salvação
tituta é uma cova profunda, e a estará onde houver muitos (e sá­
alheia é um poço estreito. “ Ela es­ bios) conselhos. 7Para o insensato ê
tá de emboscada no caminho como árdua a sabedoria; êle não abrirá a
um salteador, e mata os que vir de- bôca à porta.
sapercebidos. 8Aquêle que pensa em fazer ma­
Embriaguez e suas conseqüências les, será chamado insensato.
90 pensamento do insensato é o
“ A quem se dirá: Desgraçado de pecado; e o detrator é a abominação
ti? A o pai, de quem se dirá: Desgra­ dos homens.
çado de ti? Para quem serão as bu- 10Se descoroçoado, perderes a espe­
Lias? i^ara quem os precipícios? Pa­ rança, no tempo da adversidade, des-
ra quem as feridas sem motivo? P a­ cairá a tua fortaleza.
ra quem o vermelho dos olhos? “ Pa­ “ Procura salvar os ( justos) que
ra quem, senão para aquêles que pas­ são condenados à morte, e não cesses
sam o tempo a beber vinho, e fazem de livrar os que são arrastados ao su­
consistir as suas delícias em despejar plício. 12Se disseres: As forças não
Copos? 31Não olhes para o vinho quan­ me ajudam, (lem bra-te que) aquê-
do te começa a parecer louro, quan­ le que vê o íntimo do coração, o co-
do a sua côr brilhar no copo; êle nhece (b e m ), e ao guardador da tua
entra suavemente, “ mas no fim mor­ alma nada se esconde, e êle retribui­
de como uma serpente, e espalha o rá ao homem segundo as suas obras.
seu veneno como um basilisco. 33Os 13Come, meu filho, do mel, porque
teus olhos olharão para as (m ulhe­ é bom, e do favo dulcíssimo à tua
res) alheias, e o teu coração dirá garganta. 14T al é para a tua alma
palavras desregradas. 34E tu serás a doutrina da sabedoria; quando tu
como um homem adormecido no meio a achares, terás esperança na tua
do mar, e como um piloto sonolen­ última hora, e a tua esperança não
to que perdeu o leme. “ E dirás: es­ perecerá.
pancaram-me, mas não me doeu; ar­ 15Não armes traições ao justo, e
rastaram-me, mas eu não senti. Quan­ não andes buscando a impiedade na
do despertarei eu, e quando acharei sua casa, nem perturbes o seu re­
mais vinho para beber? pouso. 16Porque o justo cairá sete
N o v a série de conselhos sôbre vêzes, e tornar-se-á a levantar; po­
a sabedoria e a fu g a do m al 2
4 rém os ímpios serão precipitados no
mal.
24 ^ ã o tenhas inveja aos homens 17Não te alegres quando cair o teu
“ “ maus, nem desejes estar com inimigo, nem o teu coração se regozi­
êles; 2porque o seu espírito me­ je com a sua ruína; 18para não suce­
dita rapinas, e os seus lábios profe­ der que o Senhor o veja, e que isto,
rem enganos. lhe desagrade, e lhe tire de cima dê-
3É com sabedoria que a casa será le a sua ira.
26. Ê a sabedoria personificada que fa la aos seus discípulos, dizendo: Dd-rne a mim, e
não às mulheres infames, o teu coração.
35. S ão Np alavras do em briagado, o vinho embruteceu-o e tornou-o insensível aos golpes
quer físicos quer morais. E , apesar disso, sòmente deseja que passe um a em briaguez
p ara tom ar outra.
Cap. X X I V — 7. N ão abrirá a bôca em público ã porta da cidade, nos julgamentos.
16. Cairá sete vêzes, isto é, muitas vêzes. A queda de que aqui se fala, não ê a
queda no pecado, m as na desventura. Ê em sentido acomodatício que se costuma aplicar
esta passagem à impossibilidade m oral em que estão os próprios justos de evitar o pecado
venial.
18. T ire . . . a sua ira e a dirija contra ti, que desejaste vingar-te.
24 - 25 LIVRO DOS PROVÉRBIOS 713
"N ã o porfies com os homens pés­ rei de Judá. 2A glória de Deus é en­
simos, nem invejes os ímpios; "p or­ cobrir a palavra, e a glória dos reis
que os maus não têm esperança al­ é investigar o discurso. 3(C om o) o
guma para o futuro, e a candeia (ou céu na sua altura, e a terra na sua
esplendor) dos ímpios apagar-se-á. profundidade, assim o coração dos
^Teme, meu filho, o Senhor e o reis é impenetrável. 4T ira a ferru­
rei, e não te mistures com os detra­ gem da prata, e sairá um vaso pu­
tores; "porque de repente se levanta- ríssimo; 5tira a impiedade da presen­
rã a sua perdição; e quem poderá ça do rei, e o seu trono se firm ará
saber a ruma de ambos? na justiça. 6Não apareças ufano
Outras palavras dos sábios diante do rei, e não te ponhas no lu­
gar dos grandes; 7porque é melhor
"O que vou dizer é também para que te digam: Sobe para cá, do que
Os (que querem ser) sábios: Não ê seres humilhado diante do príncipe.
bom fazer acepção de pessoas nos 80 que teus olhos viram, não o des­
julgamentos. "Aquêles que dizem ao cubras com precipitação numa con­
ímpio: Tu és justo, serão amaldiçoa­ tenda, não aconteça que depois não
dos pelos povos, e detestados pelas possas reparar (o m a l) depois de teres
nações. “ Aquêles que o repreendem, difamado o teu amigo. ‘T ra ta o teu
serão louvados, e virá sobre êles a negócio com o teu amigo e não des­
bênção. cubras o teu segrêdo a um estranho;.
"D á um beijo nos lábios aquêle que 10não suceda que te insulte, logo que
dá uma resposta reta. 2 67Prepara os o ouvir, e não cesse de to lançar em
teus trabalhos de fora, e lavra cui­ rosto. A graça e a amizade livram ;
dadosamente o teu campo, para que conserva-as para ti, para que não
depois edifiques a tua casa. “ Não caias em desprêzo. “ Como maçãs
sejas testemunha sem motivo con­ de ouro em cestinhos de prata, as­
tra o teu próximo, nem seduzas a sim é a palavra dita no seu devido
ninguém com os teus lábios. “ Não tempo. 12Como uma arrecada de ou­
digas: Como êle me fêz a mim, as­ ro com uma brilhante pérola, assim
sim farei eu a qle; pagarei a cada é a repreensão dada por um sábio
um segundo as suas obras. a um ouvido dócil. 13Como a fres­
"Passei pelo campo do homem pre­ cura da neve no tempo da ceifa, as­
guiçoso, e pela vinha do homem in­ sim é o embaixador fiel para quem
sensato; 81e vi que tudo estava cheio o enviou; êle dá descanso à alma de
de urtigas, e que os espinhos co­ seu amo. 14Como o vento e as nu­
briam a sua superfície, e que o mu­ vens que não trazem chuva, assim ,ê
ro de pedra estava caído. “ Ao ver ò homem que se gloria e não cumpre
isto, refleti, e êste exemplo foi para as promessas.
mim uma lição. “ Um pouco, aisse
eu comigo, dormirás, outro breve es­ Moderação
paço dormitarás, outro poucochinho 150 príncipe aplacar-se-á pela pa­
cruzarás as mãos para descansares; ciência, e a língua doce quebrantará
" e a indigência virá sobre ti como um a dureza. “ Achaste mel, come o que
caminheiro, e a mendicidade como te basta, para que não suceda que,
um homem armado. depois de farto, o vomites. 17Retira
Discrição o teu pé da casa do teu próximo,
para que não suceda que êle, enfas­
OÇ 2Estas são também parábolas de tiado, te venha aborrecer. “ Como
**** Salomão, as quais foram reco­ um dardo, e uma espada, e uma fle-
lhidas pelos homens de Ezequias, cha penetrante, assim é o homem
26. Quem dá um a resposta a propósito adquire tanta sim patia, como se desse os
testemunhos m ais íntimos de afeto.
27. Antes de estabelecer casa e fa m ília é preciso assegurar o futuro com rendas
certas; e, entre estas, figuram em primeiro lu gar os produtos agrícolas.
Cap. X X v — 2. o s desígnios de Deus no govêrno do mundo s&o insondáveis, e isto 6
u m a prova e um a glória da sua soberania sôbre as criaturas. Os reis dêste' mundo, pelo
contrário, devem investigar cuidadosamente antes de resolver qualquer coisa.
714 LIVRO DOS PROVÉRBIOS 25 - 26
que diz um falso testemunho contra o o asno, e a vara para as costas dos
seu próximo. 10Como um dente po­ insensatos. 4Não respondas ao louco
dre e um pé cansado, assim é o apôio segundo a sua loucura, para não v i­
do desleal no dia da desventura; é res a ser semelhante a êle. 5Res-
perder a capa num dia de frio. ^Co­ ponde ao louco segundo a sua loucura,
mo o vinagre que se lança sôbre o para que êle não imagine que é sá­
nitro, assim são os cânticos cantados bio. °Torna-se manco e bebe a ini­
diante do coração entristecido. As­ quidade, aquêle que envia mensagens
sim como a polilha come o vestido, por intermédio dum insensato. 7As-
e o caruncho a madeira, assim a sim como ao coxo não serve de nada
tristeza prejudica o coração do ho­ ter as pernas bem feitas, assim não
mem. “ Se o teu inimigo tiver fome, ficam bem as parábolas sentenciosas
dá-lhe de comer, se tiver sêde, dá-lhe na boca dos insensatos. 8Como aquê­
água para beber, “porque assim a- le que lança uma pedra no montão
montoarás brasas vlvas sobre a sua de Mercúrio, assim é o que dá honra
cabeça, e o Senhor te dará a paga. ao insensato. 9Como um espinheiro
“ O vento do aquilão dissipa as chu­ ue nascesse na mão dum embriaga-
vas, e o rosto triste a língua maldi- o, assim é a parábola (ou sentença)
zente. 24É melhor habitar a um can­ na boca dos insensatos. 10A sentença
to do terraço, do que viver com uma do juiz decide as causas; e aquêle
mulher litigiosa na mesma casa. “ Co- que impoe silêncio a um insensato,
mo a água fresca para a pessoa que apazigua as contendas. “ Como o cão
tem sêde, assim é uma boa nova que que volta ao que vomitou assim é o
vem dum país remoto. “ Como uma imprudente que recai na sua loucura.
fonte turbada com o pé, e como uma 12Tens visto um homem que se julga
veia de água corrompida, assim é o sábio? Há mais a esperar do igno­
justo que cai diante do ímpio. “ As­ rante do que dêle.
sim como não faz bem o mel àquele O preguiçoso
que o come em demasia, assim o que
quer sondar a majestade (divina) será 130 preguiçoso diz: Está um leão
oprimido pela sua gloria. “ Como no caminho, e uma leoa nas passa­
uma cidade aberta e sem muros, as­ gens. “ Como a porta rola sôbre a
sim é aquêle que, quando fala, não sua couceira, assim o preguiçoso no
pode conter o seu espírito. seu leito. 150 preguiçoso esconde a
O insensato mão debaixo do seu sovaco, e dá-lhe
muito trabalho, quando a tiver de
2fJ 1Assim como a neve é impró- levar à bôca. 160 preguiçoso julga-
pria no estio, e as chuvas no se mais sábio do que sete homens
tempo da ceifa, assim a glória está que não dizem coisa que não seja
mal a um insensato. 2Como um pás­ acertada.
saro que voa duma parte para outra, Contra a ira e a murmuração
e um pardal que vai para onde quer,
assim a maldição proferida sem mo­ “ Assim como corre perigo aquêle
tivo cairá sôbre o que a profere. sO que toma um cão pelas orelhas, do
açoite é para o cavalo, e o freio para2
0 mesmo modo o que, passando, se me­
20. Com o o v in a g r e ... C antar diante dos que estão tristes é entristecê-los mais.
21-22. o adversário, assim beneficiado contra a sua espectativa, será excitado a um
arrependimento sincero da sua falta.
Cap. X X V I — 4-5. N ã o respondas ao louco, discutindo com êle e empregando a sua lin­
guagem. Responde, m anifestando-lbe abertamente a sua loucura, de modo que êle se
convença que não é sábio.
6. Torna-se manco, impossibilita-se de atingir o seu fim. Bebe a iníqilidade. sentido
segundo o bebreu: ExpÕe-se a tôda a sorte de afrontas.
8. N o montão de Mercúrio. Alusão ao costume ridiculo que tinham os pagãos de le­
van tar montes de pedras, nos caminhos, em honra de Mercúrio, deus dos viajantes.
9. Como um espinheiro, que seria, na mão dum embriagado, um a a rm a perigosa p a ra
êle próprio e p a ra os outros.
12. A presunção é pior que a ignorância ou a imperícia.
13. v e r nota X X II, 13.
26 - 27 LIVRO DOS PROVÉRBIOS 715

te com impaciência numa bulha que ama, do que os ósculos fraudulentos


é com outrem. do que quer mal. 70 que está sacia­
“ Assim como é culpado o que (pa­ do calcará aos pés o favo de mel; e
ra se d ivertir) atira setas e dardos o faminto até o amargo tomará por
que matam (alguém ), 19assim o é a- doce. 8Assim como (periga ) a ave
quêle homem que, usando de fraude, que sai do seu ninho, assim o homem
prejudica o seu amigo, e, depois de que abandona o seu lugar. °Com o
ter sido apanhado, diz: Eu fazia isto perfume e a variedade de cheiros se
por brincadeira. deleita o coração; e com os bons con­
20Quando não houver mais lenha, selhos do amigo se banha a alma em
apagar-se-ã o fogo; assim, desterra­ doçura. 10Não deixes o teu amigo,
do que seja o mexeriqueiro, apazi- nem o amigo de teu pai; e não en­
guar-se-ão as contendas. 21Assim co­ tres na casa de teu irmão no dia em
mo o carvão produz um braseiro, e que estiveres aflito. Vale mais o v i­
a lenha o fogo, assim o homem ira- zinho que está perto, do que o irmão
cundo excita disputas. “ As palavras que está longe. 11Trabalha, meu f i­
do mexeriqueiro parecem singelas, lho, por adquirir a sabedoria, e ale­
mas penetram até ao íntimo das en­ gra o meu coração, a fim de poderes
tranhas. responder (com acêrto) ao que te
“ Como prata impura com que se impropera. 120 prudente, vendo o
quisesse adornar um vaso de barro, mal, escondeu-se; os imprudentes pas­
tais são os lábios soberbos juntos a saram adiante e sofreram os danos.
um coração péssimo. 24*P elos seus lá­ 18T ira o vestido àquele que ficou por
bios se dá a conhecer o inimigo, quan­ fiador de um estranho, e leva-lhe de
do no coração está maquinando en­ casa os penhores que êle deu pelos
ganos. “ Quando êle te falar num tom outros.
humilde, não te fies nêle, porque tem 14Aquêle que louva o seu vizinho
sete malícias no seu coração. “ Aquê- em alta voz, levantando-se de noite,
le que oculta o seu ódio debaixo du­ será semelhante ao que diz mal dê-
ma aparência fingida, verá a sua ma­ le. 15Os telhados que gotejam em
lícia descoberta na assembléia públi­ tempo de inverno, e a mulher liti-
ca. 27Quem abre a cova cairá nela; giosa parecem-se. lflAquêle que a
e a pedra cairá sôbre aquêle que a pretende reter é como se quisesse fa­
rolou. “ A língua enganadora não zer parar o vento, e trabalhar para
ama a verdade; e a bôca aduladora que o azeite não escorra da sua mão.
é causa de ruína. 170 ferro aguça-se com o ferro, e o
homem aguça o engenho do seu ami­
Contra a vaidade, a inveja, a fraude e go. 18Aquêle que guarda a figueira
o egoísmo comerá do seu fruto; e o que guarda
o seu senhor será glorificado. "A s ­
9 7 *Não te glories pelo dia de ama- sim como na água resplandece o ros­
L 1 nhã, pois não sabes o que da­ to dos que se estão vendo nela, as­
rá de si o dia seguinte. 2Seja outro sim os corações dos homens são des­
quem te louve, e não a tua própria cobertos aos prudentes. “ O inferno
bôca; seja um estranho, e não os teus e o abismo nunca se enchem; assim
próprios lábios. 3A pedra é pesada, também os olhos dos homens são in­
e pesada a areia, mas a ira do in­ saciáveis. 21Assim como a prata é
sensato pesa mais do que uma e ou­ provada no cadinho e o ouro na for­
tra. 4A ira e o furor exaltado não nalha, assim o homem é provado pe­
têm misericórdia; e quem poderá su­ la bôca do que o louva. O coração
portar a violência dum homem arre­ do iníquo busca o mal; e o coração
batado? 5Melhor é a correção mani­ reto busca a ciência. 22Ainda que pi­
festa, do que o amor escondido. °Me- sasses o néscio num gral, como se
lhores são as feridas feitas pelo que pisam os grãos de cevada com o pi-
24. Pelos seus lábios, pelo seu modo de falar.
Cap. X X V I I — 5. O verdadeiro am igo n iOstra-nos os nossos defeitos,
10. Os verdadeiros am igos valem m ais q le irm&os.
14. A s demonstrações excessivas de afeto s&o suspeitas.
716 LIVRO DOS PROVÉRBIOS 27 - 28

lão, não separarias dêle a sua estul- caminho, cairá no fôsso que êle mes­
tícia. mo abriu; e os inocentes possuirão os
Felicidade dos que trabalham na seus bens. “ O homem rico julga que
agricultura é sábio; mas o pobre que é prudente
sondá-lo-á. 12N a prosperidade dos
23Conhece diligentemente o aspecto justos há muita gloria; mas, quan­
do teu gado, e considera os teus re­ do reinam os ímpios, acontecem as
banhos, 24porque nem sempre terás ruínas dos homens. 13Aquêle que es­
poder sôbre êles; mas a tua coroa conde as suas maldades não será bem
passará de geração em geração. 25*A - sucedido; aquêle porém que as con­
briram-se os prados, e brotaram as fessar e se retirar delas, alcançará
verdes ervas, e recolheu-se o feno misericórdia. 14Bem-aventurado o ho­
dos montes. ^Os cordeiros são para mem que está sempre com temor;
te vestires, e os cabritos são para mas o que é de coração duro cairá
comprar um campo. 27Basta-te o lei­ no mal. “ Como um leão que ruge,
te das cabras para o teu sustento, e e um urso faminto, assim é um prín­
para o sustento da tua fam ília e pa­ cipe ímpio sôbre um povo pobre.
ra manter as tuas escravas.
16Um príncipe falto de prudência
Contra os ricos injustos, os tiranos, oprimirá muitos pelas suas calúnias;
os avaros e os violentos porém os dias do que aborrece a ava­
2J2 ímpio foge, sem que nin- reza serão prolongados. 17Um homem
guém o persiga; o justo, po­ que derramou sangue inocente, se fu­
rém, como leão afouto, estará sem gir para uma fossa, ninguém acudirá
terror, 2P or causa dos pecados dum a detê-lo. 18Aquêle que anda em sim­
país são muitos os seus príncipes; plicidade será salvo; porém o que an­
mas, se o homem possui a sabedoria da por caminhos perversos cairá por
e a ciência do que se diz, será mais uma vez. 19Aquêle que lavra a sua
dilatada a vida do príncipe. 30 ho­ terra, terá fartura de pão; mas o que
mem perverso, que oprime os pobres, ama a ociosidade estará cheio de m i­
é semelhante a uma chuva impetuo­ séria. “ O homem fie l será muito lou­
sa que prepara a fome. 4Aquêles que vado; porém o que tem pressa de se
abandonam a lei louvam o ímpio; os enriquecer não será inocente. “ Aquê­
que a guardam irritam-se contra êle. le que, quando julga, faz distinção
5Os homens maus não cuidam do que de pessoas, não procede bem; um tal
é justo; mas os que buscam o Senhor homem abandona a verdade por um
atendem a tudo. 6Melhor é o pobre simples bocado de pão. 220 homem
que anda na sua simplicidade, do que gue se apressa por enriquecer, e tem
o rico que anda por caminhos per­ inveja aos outros, não sabe que há
versos. 7Aquêle que guarda a lei é de vir sôbre êle a pobreza.
filho sábio; mas o que sustenta co­ “ Quem corrige uma pessoa, por fim
milões envergonha seu pai. 8Aquêle ser-lhe-á agradável, mais do que a-’
que amontoa riquezas por meio de uêle que a engana com as lisonjas
usuras e interêsses injustos, ajunta- a língua. 24Aquêle que tira alguma
as para o que há de ser liberal com coisa a seu pai e â sua mãe, e diz
os pobres. 9Quem desvia os seus ou­ que isto não é pecado, é semelhante
vidos para não ouvir a lei, até a sua no crime ao homicida. 25Aquêle que
oração será execrável. 10Aquêle que se vangloria e se incha de soberba,
seduz os justos, levando-os a um mau1 excita contendas; mas o que espera
24. M as a tua coroa. . . Coroa sim boliza aqui a prosperidade agrícola, o hebreu, com
m ais propriedade, diz negativam ente: N e m a tua coroa. . .
Cap. X X V I I I — 1. Agitado pelos remorsos, o perverso treme com o mover duma fôlha.
Feio contrário, a boa consciência nada teme.
2. o s crimes dum país são muitas vêzes castigados com revoluções, que dão origem
a multiplicidade dos governantes. A sabedoria, porém, dos cidadãos dâ a paz ao pais,
permitindo aos reis estar muito tempo sôbre o trono.
9. A oração, feita com afeto ao pecado, não é agradável a Deus.
14. Com temor de ofender a Deus.
17. D o homem sanguinário ninguém tem compaixão.
28 - 30 LIVRO DOS PROvERBIOS 717
no Senhor, será curado. “ Aquêle que contraram-se; o Senhor é que alumia
confia no seu coração, é um insensa­ um e outro. “ Quando o rei julga
to; porém o que anda sàbiamente os pobres conforme a verdade, o seu
será salvo. 27Aquêle que dá ao po­ trono se firm ará para sempre. 15A
bre, não terá necessidade; aquêle que vara e a correção dão -sabedoria; o
o despreza quando lhe pede, cairá menino, porém, que é abandonado à
na penúria. “ Quando os ímpios fo ­ sua vontade, é a vergonha de sua
rem elevados, enconder-se-ão os ho­ mãe. 16Com a multiplicação dos ím­
mens (de bem ); quando êles perece­ pios se multiplicarão as maldades; e
rem, multiplicar-se-ão os justos. os justos verão a sua ruína.
17Educa bem o teu filho, e êle con-
R egras de bom govêmo, de educação solar-te-á, e será as delícias da tua
e de virtude alma. “ Quando faltar a profecia, dis-
7 0 *0 homem que despreza com sipar-se-á o povo; aquêle porém que
cerviz dura a quem o repreen­ guarda a lei é bem-aventurado. “ Não
de, cairá de repente em total ruína, bastam as palavras para corrigir um
e não terá mais remédio. 2Sob o go- escravo, porque êle compreende o que
vêrno dos justos está alegre o povo; tu dizes, mas despreza obedecer.
quando os ímpios tomam o govêrno, “ Viste um homem precipitado no fa­
o povo geme. aO homem que ama lar? Mais se devem dêle esperar lou­
a sabedoria alegra seu pai; o que po­ curas do que a emenda. “ Aquêle que
rém sustenta prostitutas perderá os cria delicadamente o seu criado desde
seus bens. 40 rei justo faz florescer a infância, depois experimentá-lo-á
o seu país; o homem avarento des­ contumaz. 220 homem colérico exci­
truí-lo-á. ta rixas; e o que fàcilmente se indig­
na será mais propenso a pecar. “ A
50 homem que, quando fala ao seu humilhação segue o soberbo; porém
amigo, usa de uma linguagem lison- o humilde de espírito será glorifica-
jeira e fingida, arma uma rêde aos do. 24Aquêle que se associa com o
seus passos. 6Ô homem pecador e ladrão, aborrece a sua própria alma;
iníquo cairá no (seu mesmo) laço; e ouve o juramento, e nada denuncia.
o justo louvará (a Deus) e regozijar- “ Aquêle que teme o homem, depres­
se-á. 70 justo informa-se da causa sa cairá; o que espera no Senhor se­
dos pobres; porém o ímpio ignora a rá levantado. “ São muitos os que
ciência. *Os homens corrompidos des- buscam a face (o favor) do príncipe;
troem a cidade; os sábios porém acal­ orém do Senhor depende a verda-
mam o furor. °Se o homem sábio eira sentença de cada um. “ Os jus­
disputar com o insensato, quer êle se tos abominam o homem ímpio, e os
agaste, quer se ria, não achará des­ ímpios, abominam aquêles que estão
canso. 10Os homens sanguinários a- no caminho reto. O filho que guar­
borrecem o simples; mas os justos da a palavra (de Derts) será isento
procuram conservar-lhe a vida. uO da perdição.
insensato diz logo tudo o que tem no
espírito; o sábio não se apressa, mas Sentenças de A g u r
reserva-se para depois. 120 príncipe
que ouve de bom grado as palavras OA ‘ Palavras (ou sentenças) do que
da mentira, só os ímpios tem por congrega, filho do que espalha
ministros. 130 pobre e o credor en­ as verdades. Visão, que expôs um
Cap. X X IX — 4. O homem avarento, o rei que se deixa vendèr por presentes.
7. A ciência que se refere aos direitos dos pobres.
9. N ão achará descanso, isto é, em bora se canse, nenhum resultado tira rá d a sua
discussão com o insensato.
13. o rico e o pobre são iguais diante de Deus, que lhes concede os mesmos favores.
18. Sem a doutrina e as ações dos homens enviados e inspirados por Deus, a cor­
rupção invade a sociedade. A salvação dos povos e dos indivíduos está na observância
d a lei divina. , ,
25. Quem teme os homens como que está prêso por um laço, que na prim eira ocasião
o fa z cair no pecado ou na desventura.
Cap. X X X __ 1. Sentenças do que con g reg a ... Segundo o hebreu: Sentenças de A gur,
718 LIVRO DOS PROVÉRBIOS 30

homem, com quem Deus está, e que, tre os homens. 15A sanguessuga tem
tendo sido confortado pela assistên­ duas filhas que dizem: Traze, traze.
cia de Deus que reside nêle, disse: Há três coisas que são insaciáveis; e
2Eu sou o mais insensato dos ho­ uma quarta que nunca diz: Basta.
mens, e a sabedoria dos homens não 10O inferno, a mulher (e sté ril), a ter­
está em mim. 3Eu não aprendi a ra que nunca se farta de água, e
sabedoria, e não conheci (p or m im o fogo que nunca diz: Basta.
p róprio) a ciência dos santos. 4Quem "Quanto ao ôlho do que escarnece
subiu ao céu, e desceu dêle? Quem de seu pai, e do que despreza a mãe
reteve o vento nas suas mãos? Quem que o deu à luz, arranquem-no os
envolveu as águas como num vesti­ corvos que andam à borda das tor­
do? Quem firmou tôda a extensão da rentes, e comam-no os filhos da á-
terra? Qual é o seu nome, e qual é guia. 18Três coisas me são dificul­
o nome de seu filho, se é que o sabes? tosas (de entender), e uma quarta
“Tôda a palavra de Deus é purifi­ eu a ignoro inteiramente: 10O cami­
cada pelo fogo; êle é um escudo pa­ nho da águia, pelo ar, o caminho da
ra os que esperam nêle. 6Não acres­ cobra sôbre a pedra, o caminho da
centes nada às suas palavras, para nau no meio do mar, e o caminho
não sêres por isso repreendido e fi­ do homem na sua mocidade. 20T al
chado mentiroso. é também o caminho da mulher adúl­
7Duas coisas (6 Senhor) são as que tera, a qual come, e, limpando a bô-
te pedi; não mas negues antes que ca, diz: Eu não fiz mal nenhum.
morra: 8Afasta de mim a vaidade e Pessoas insuportáveis
as palavras mentirosas; nào me dês
nem a pobreza, nem as riquezas; dá- 21A terra estremece com três coi­
me somente o que for necessário pa­ sas e uma quarta não a pode supor­
ra viver; °para que não suceda que, tar: “ Com um escravo que chega a
estando eu saciado, seja tentado a reinar; com um insensato que chega
renunciar-te, e a dizer (com arrogân­ à abundância; “ com uma mulher odio­
cia ): Quem é o Senhor? ou que, cons­ sa, que um homem desposou, e com
trangido pela indigência, me ponha uma escrava que ficou a herdeira da
a furtar, e perjure o nome do meu sua senhora. “ Quatro coisas há sô­
Deus. 10Não calunies o servo diante bre a terra, que são muito pequenas,
do seu senhor, para que não suceda e que são mais sábias do que os mes­
êle amaldiçoar-te, e caíres. mos sábios: 25As formigas, êsse fraco
"H á uma casta de gente que amal­ povo, que faz o seu provimento du­
diçoa o seu pai, e que não abençoa rante a messe; 26os coelhos, êsse povo
a sua mãe. 12Há uma casta de gente tímido, que faz a sua habitação nos
que se julga pura, e contudo não es­ rochedos; ^os gafanhotos, que não
tá limpa das suas manchas. 13Há têm rei, e que todavia saem todos
uma casta de gente cujos olhos são ordenados em seus esquadrões; “ a sa-
altivos, e as suas pálpebras levanta­ ramantiga, que trepa com suas mãos,
das para cima. 14Há uma casta de e que habita no palácio dos reis. £9H á
gente que, em lugar de dentes, tem três coisas que andam com muito
espadas, e mastiga com os seus quei­ garbo, e uma quarta que anda mag-
xais, para devorar os que não têm nificamente: 30O leão, o mais forte
nada na terra, e que são pobres en­ dos animais, de nada que encontre
filho de Jake, de Massa. S. Jerônimo, na vu lg a ta , deu a êstes nomes próprios u m a
significação simbólica.
4. A natureza divina excede as fôrças d a inteligência humana. Provam -no as m aravi­
lhas da criaç&o. •
5. Tôda a palavra de Deus é sincera e perfeita como o metal passado pelo cadinho.
9. P e r ju r e ... isto é, blasfem e dêle, considerando-o causador do meu roubo.
11-14. Quatro espécies de vícios: Ingratidão dos filhos, hipocrisia, orgulho, rapacidade.
16. A mulher (estéril), no sentido de mulher entregue aos prazeres sensuais.
19. o sábio adm ira como a á gu a se pode sustentar a tão grande altura, como a ser­
pente sem pés pode subir a um rochedo, corno um a pesada nau se sustenta sôbre a s
águas, e o caminho do jovem tão inconstante nas suas coisas.
30 - 31 LIVRO DOS PROVÉRBIOS 719

terá mêdo; 31o galo, que anda muito lhe dará o bem, e não o mal, em
senhor de si; o carneiro; e um rei, todos os dias da sua vida. 13Buscou
a quem nada resiste. 32T al homem lã e linho, e fêz labores com a in­
que foi elevado a um alto pôsto; por­ dústria de suas mãos. 14Ela é como
que, se tivesse tido inteligência, teria a nau do negociante, que traz de lon­
posto a mão sôbre a sua bôca. 33Quem ge o seu pão. 15Ela levanta-se ainda
aperta muito o úbere para tirar leite de noite, e distribui alimento pelos
faz sair dêle um suco espêsso; quem seus domésticos, e o sustento pelas
se assoa violentamente tira sangue; suas criadas. 16Pôs a mira em um
assim aquêle que excita a ira produz campo, e comprou-o; plantou uma
discórdias. vinha com o ganho das suas mãos.
Sentenças do rei Lam uel 17Cingiu os seus rins de fortaleza, e
fortaleceu o seu braço. 18Tomou-íhe
J1 p ala vra s do rei Lamuel. Visão o gosto, e viu que o seu trabalho for­
(ou doutrina inspirada) com tifica; a sua candeia não se apagará
que o instruiu sua mãe. 2Que te de noite. 19Aplicou a sua mão a coi­
direi eu), meu amado filho? (Que te sas fortes, e os seus dedos pegaram
direi eu), amado fruto das minhas no fuso. “ Abriu a sua mão para o
entranhas? Que (te direi eu), terno necessitado, e estendeu os seus bra­
objeto dos meus desejos? 8Não dês ços para o pobre. “ Não temerá que
os teus bens a mulheres, nem empre­ venham sôbre a sua fam ília os rigo­
gues as tuas riquezas em destruir res da neve, porque todos os seus
reis. domésticos trazem vestidos forrados.
4Não dês aos reis, ó Lamuel, não “ Ela fêz para si um vestido acolchoa­
dês vinho aos reis, porque não há do; vestiu-se de linho finíssimo e de
segrêdo onde reina a embriaguez. 5E púrpura. ^Seu marido será ilustre
para que não suceda que êles bebam na assembléia dos juizes, quando es­
e se esqueçam da justiça, e atrai- tiver assentado com os anciãos da
çoem a causa dos filhos do pobre. terra. 24Fêz uma túnica de linho e
°Dâ aos que estão aflitos um licor vendeu-a, e entregou um cinto ao
forte, e vinho aos que estão em amar­ (negociante) Cananeu. 25A fortaleza
gura de coração; 7para que êles be- e o decôro são os seus atavios; e ela
bam e se esqueçam da sua pobreza, rirá no último dia. 26Abriu a sua
e não se lembrem mais da sua dor. boca com sabedoria, e a lei da cle­
8Abre a tua boca a favor do mudo, mência está na sua língua. 27Consi-
e para defenderes as causas de todos derou as veredas da sua casa, e não
os filhos abandonados. 9Abre a tua comeu o pão ociosa. “ Levantaram-
boca, ordena o que é justo, e faze se seus filhos, e aclamaram-na dito-
justiça ao necessitado e ao pobre. síssima; (levantou-se) seu marido, e
louvou-a. 29Muitas filhas ajuntaram
A mulher forte
riquezas; tu excedeste a tôdas. 30A
10Quem achará uma mulher forte? graça é enganadora, e a formosura
O seu valor excede tudo o que vem é vã; a mulher que teme ao Senhor,
de longe, e dos últimos confins da manifestou-se um insensato, depois
terra. nO coração de seu marido põé essa é a que será louvada. 31Dai-lhe o
nela a sua confiança, e êle não neces­ fruto das suas mãos; e as suas obras
sitará de despojos (para v ive r). 12Ela a louvem na assembléia dos juizes.
Cap. X X X I — 3. N e m em pregu es... segundo o hebreu, que é mais conforme com o
contexto: N e m dês os teus caminhos às (m ulheres) que corrompem os reis.
17. Cingiu os seus rins. Alusão ao costume de levantar um pouco os vestidos, atando-os
à cintura, a fim de ficarem mais desembaraçados para o trabalho.
18. A candeia acesa de noite é indício de trabalho incessante, é símbolo de prosperidade.
25. E ela rirá . . . segundo o hebreu: Ela ri-se do futuro, não se preocupa com êle,
porque tem tudo prevenido.
27. Considerou.. . atendeu às menores particularidades d a vida doméstica.
29. Muitas filhas, isto é, muitas m ulheres. . . s ã o estas as p alavras com que o m arido
■e filhos fazem o elogio da mulher forte.
31. D ai-lhe do fruto . . ., isto é, dai-lhe o elogio que ela merece pelos seus trabalhos.
LIVRO DO ECLESIASTES
Eclesiastes (hebr. Cohelet) significa: aquêle que fala à Assembléia, o
pregador. Ê pois uma coleção de pensamentos filosóficos, colocados em or­
dem (nem sempre perceptível) e expostos ao povo, ora em prosa, ora em
poesia.
Nêste livro a Sabedoria Divina prega, mostrando a vaidade .e fragilidade
das coisas humanas, para que os homens aprendam a orientar-se sàbiamen-
te, enquanto vivem nêste mundo, dirigindo sempre seus passos para a eterna
bem-aventurança.
Abatidos os ídolos da ciência, do prazer e da riqueza, demonstra que
tudo depende de Deus (1 - 3,15). Em seguida, examina as misérias da
vida e mostra o homem impotente para se livrar do sofrimento e alcançar a
felicidade (3,16 - 5,19). Examinadas outras misérias, dá algumas regras
práticas para a felicidade (6 - 8). Sempre examinando misérias, coloca a
filosofia da vida no comer, beber e viver alegremente no santo temor de
Deus e no cumprimento dos deveres religiosos, pensando que Deus pedirá
razão de tudo aquilo que tivermos feito em vida (9 - 12,7).
O autor sagrado, para demonstrar as vaidades das coisas terrenas, toma
como exemplo Salomão, que de vez em quando fala diretamente. O livro
parece ter sido escrito entre o século III e ll antes de Cristo.

Introdução nece sempre estável. 50 sol nasce e


põe-se, e torna ao lugar donde par­
1 Palavras do Eclesiastes, filho de tiu, e, renascendo aí, °dirige o seu g i­
* Davi, rei de Jerusalém. V a i­ ro para o meio-dia, e depois declina
dade de vaidades, disse o Eclesias­ para o norte; o vento corre, visitan­
tes; vaidade de vaidades, tudo é vai­ do tudo em roda, e volta a começar
dade. 3Que proveito tira o homem (depois) os seus circuitos. 7Todos os
de todo o trabalho com que se afadi- rios entram no mar, e o mar nem
ga debaixo do sol? por isso transborda; os rios voltam
ao mesmo lugar donde saíram, para
N ad a há novo
tornarem, a correr.
4Uma geração passa, e outra gera­ 8Tôdas as coisas são difíceis; o ho­
ção lhe sucede; mas a terra perma­ mem não as pode explicar com pala-
Cap. I — 2-3 Tem a do livro: Vaidade das coisas terrenas, e inutilidade dos esforços
humanos p ara conseguir a felicidade.
5-7. Os agentes naturais voltam sempre a fazer o mesmo.
1 - 2 LIVRO DO ECLESIASTES 721

vras. O ôlho não se farta de ver, 3 (E m seguida) resolvi dentro no


nem o ouvido se cansa de ouvir (sem­ meu coração apartar do vinho a mi­
pre as mesmas coisas). nha carne, a fim de dedicar o meu
°Que é que foi? É o mesmo que ânimo à sabedoria, e evitar a loucu­
há de ser. Que é o que se fêz? O ra, até ver que coisa seria útil aos
mesmo que se há de fazer. 10Não filhos dos homens; em que ocupação
há nada novo debaixo do sol, e devem êles empregar-se debaixo do
ninguém pode dizer: Eis aqui está sol, durante os dias da sua vida. 4E-
uma coisa nova, porque ela já exis­ xecutei grandes obras, e edifiquei pa­
tiu nos séculos que passaram antes ra m im casas, e plantei vinhas; 5fiz
de nós. "N ã o há memória das coi­ jardins e pomares, e pus nêles árvo­
sas antigas, mas também não have­ res de tôda a espécie; °e construi pa­
rá memória das coisas que hão de ra minha utilidade depósitos de águas
suceder depois de nos entre aquêles para regar o bosque em que cresciam
que viverão mais tarde. as árvores; 7comprei escravos e escra­
V a id a d e d a ciência
vas, e tive muitas famílias, e gado
maior, e grandes rebanhos de ovelhas,
12Eu, o Eclesiastes, fui rei de Israel mais do que todos os que houve an­
em Jerusalém, 18e propus no meu co­ tes de mim em Jerusalém. 'Am on­
ração inquirir e investigar sàbiamen- toei para meu uso prata e ouro, e as
te todas as coisas que se fazem de­ riquezas dos reis e das províncias.
baixo do sol. Deus deu esta penosa (Pa ra me deleitarem os ouvidos) es­
ocupação aos filhos dos homens, pa­ colhí cantores e cantoras, e tudo o
ra que se ocupassem nela. 14V i tudo que faz as delícias dos filhos dos ho­
o que se faz debaixo do sol, e achei mens, taças e jarros (preciosos) pa­
que tudo era vaidade e aflição de es­ ra o serviço do vinho; 9e ultrapassei
pirito. 15*Os perversos dificultosamen­ em riqueza todos os que viveram an­
te se corrigem, e o número dos in­ tes de mim em Jerusalém; perseve-
sensatos é infinito. rou também comigo a sabedoria.
16Eu disse no meu coração: Eis que 10E não recusei aos meus olhos coi­
cheguei a ser grande, e excedi em sa alguma de tudo o que êles dese­
sabedoria a todos os que antes de jaram; nem proibi ao meu coração
mim houve em Jerusalém, e o meu que gozasse de todo o prazer, e se
espirito contemplou muitas coisas deleitasse nas coisas que eu lhe ti­
com grande atenção, e aprendi mui­ nha preparado; e julguei que seria
to. 17E apliquei o meu coração a co­ esta a minha sorte, o desfrutar do
nhecer a prudência e a doutrina, os meu trabalho. “ Depois, refletindo
erros e a loucura, e reconheci que em tôdas as obras que as minhas mãos
ainda nisto havia trabalho e a fli­ tinham feito, e nos trabalhos em que
ção do espírito, “ porque na muita sa- eu debalde tinha suado, vi em tudo
bedoria há muita indignação, e o que vaidade e aflição de espírito, e (r e ­
aumenta a sua ciência, também au­ conheci) que nada havia estável de­
menta o seu trabalho. baixo do sol.
V a id a d e dos p ra ze re s F im do sá b io e do insensato

O ^ n tã o eu disse no meu coração: 12Passei à contemplação da sabedo­


“ Irei, e engolfar-me-ei em delí­ ria, e dos erros, e da loucura. Que
cias, e gozarei de todos os bens (pre­ é o homem, disse eu, para poder se­
sentes). Mas vi que também isto e- guir (as obras do) rei, seu Criador?
ra vaidade. 2Por isso considerei o ri- 13Eu reconheci que a sabedoria leva­
so como um desvario; e disse ao gô- va tanta vantagem à loucura, quanto
zo: P or que te enganas assim vãmen­ a luz difere das trevas. 14Ós olhos
te? do sábio estão na sua cabeça; o insen­
15. o motivo principal da vaidade das criaturas é a sua imperfeição.
18. M u i t a i n d i g n a ç ã o . Segundo o hebreu: M u i t a a m a r g u r a , porque quanto mais se sabe,
mais problemas insolúveis se encontram.
Cap. I I — 14. O s o l h o s d o s á b i o . . . Locução proverbial, significando que o sábio sabe
722 LIVRO Do ECLESIASTES 2 - 3

sato anda nas trevas; todavia reco- seus trabalhos? Mas isto vem da
nheci que ambos êles morrem igual­ mão de Deus. “ Quem poderá rega­
mente. 15E disse dentro no meu co­ lar-se e abundar em delícias tanto
ração: Se eu e o insensato devemos como eu? (E todavia sou infeliz).
morrer igualmente, de que me serve 26Deus, ao homem que lhe é agradá­
ter-me eu aplicado com maior des- vel, dá sabedoria, e ciência, e alegria;
vêlo à sabedoria? E, tendo discor­ mas ao pecador dá aflição e cuidado
rido sôbre isto comigo mesmo, adver­ supérfluo para que ajunte e acumu­
ti que também isto era vaidade. 16Por- le bens e os deixe a quem Deus qui­
que a memória do sábio, do mesmo ser. E também isto é vaidade, e um
modo que a do insensato, não será e- inútil tormento do espírito.
terna, e os tempos futuros sepultarão
tudo igualmente no esquecimento; Tudo tem o seu tempo
tanto morre o sábio como o ignoran­
te. 17E por isso a minha vida se me O 7Tôdas as coisas têm o seu tem-
tornou fastidiosa, vendo que tudo é ** po. e tôdas elas passam debai­
mau debaixo do sol, e que tudo é vai­ xo do céu segundo o tempo que a
dade de espírito. cada uma foi prescrito. 2Há tempo
de nascer, e tempo de morrer. Há
Todos hão de deixar a outros o fruto tempo de plantar, e tempo de arran­
do seu trabalho car o que se plantou. • 3Há tempo
de matar, e tempo de sarar. Há tem­
16Em conseqüência disto detestei po de destruir, e tempo de edificar.
tôda aquela aplicação, com que eu ti­ 4Há tempo de chorar, e tempo de rir.
nha trabalhado tanto debaixo do sol, Há tempo de se afligir, e tempo de
tendo de deixar depois de mim um dançar. °Há tempo de espalhar pe­
herdeiro, 19que ignoro se será sábio dras, e tempo de as ajuntar. Há
ou insensato, mas que será senhor dos tempo de dar abraços, e tempo de
meus trabalhos, em que eu suei e me se afastar dêles. °Há tempo de ad­
afadiguei; é há coisa que seja tão quirir, e tempo de perder. Hã tem­
vã? 20Por êste motivo dei de mão po de guardar, e tempo de lançar
a tôdas estas coisas e o meu cora­ fora. 7Há tempo de rasgar, e tem­
ção renunciou a afadigar-se mais por po de coser. Há tempo de calar, e
nada dêste mundo. 21Porque, depois tempo de falar. 8Há tempo de a-
de um homem ter trabalhado com sa­ mor, e tempo de ódio. Há tempo
bedoria, e doutrina, e diligência, vem de guerra, e tempo de paz.
a deixar tudo o que adquiriu a um
homem ocioso. E isto é também vai­ Incerteza do futuro
dade e um grande mal. “ Porquanto,
que proveito tirará o homem de to­ 9Que proveito tira o homem de to­
do o seu trabalho, e da aflição de do o seu trabalho (realizado sem
espírito, com que é atormentado de­ Deus) ? 10Eu vi o trabalho penoso
que Deus deu aos filhos dos homens
baixo do sol? “ Todos os seus dias são
cheios de dores e de amarguras, nem e para que sejam atormentados por
de noite descansa com o pensamen­ êle. “ Tudo êle fêz bem a seu tem­
to. E náo é isto uma vaidade (ou po, e entregou o mundo às suas
miséria) ? disputas, sem que o homem possa co­
C o n c lu s ã o 2
4
nhecer as obras que Deus fêz des­
de o princípio até ao fim. 12E eu re­
24Não é melhor comer e beber e fa ­ conhecí qúe não havia nada melhor,
zer bem à sua alma, com o fruto dos do que alegrar-se o homem, e fazer
usar dos olhos para ver o que se passa em volta dêle, e orientar dêste modo a sua vida.
O insensato não procede assim, e por isso a n d a n a s t r e v a s .
17. E p o r i s s o a m i n h a v i d a neste mundo s e t o r n o u f a s t i d i o s a , e desejei o céu, onde
há recompensa para tôdas as ações.
24-25. Para ser fe liz nâo basta gozar de todo o prazer honesto. A felicidade ê um dom
que só Deus pode comunicar.
Cap. I I I — 7. R a s g a r os vestidos em sinal de dor.
11. T u d o ê l e f ê z b e m . Alusão à h istó ria da criação.
3 - 4 LIVRO DO ECLESIASTES 723

o bem, enquanto lhe dura a vida. Opressão dos fracos


13Porque todo o homem que come e à ^ o ltei-m e para outras coisas, e
bebe, e que tira o bem do seu traba­ ^ vi as opressões que se fazem de­
lho, recebe isto por um dom de Deus. baixo do sol, e as lágrimas dos ino­
14Eu aprendi que tôdas as obras que centes, e que ninguém os consola,
Deus fêz duram perpètuamente; nós nem êles podem resistir à violência
não podemos acrescentar nem tirar (dos que os vexam ), visto estarem
nada ao çjue Deus fêz a fim de que abandonados de todo o socorro. 2E
seja temido. 1 45*0 que foi feito, é o (à vista disto) felicitei mais os mor­
que permanece; as coisas que hão tos do que os vivos; 3e considerei mais
de ser, já foram; e Deus renova a- feliz do que uns e outros, aquêle que
quilo que passou. ainda não nasceu, e que não viu os
Tirania dos chefes males que se fazem debaixo do sol.
16Eu vi debaixo do sol a impiedade Trabalho inspirado pela inveja
no lugar estabelecido para o julga­
mento, e a iniqüidade no lugar da 4Contemplei de novo todos os tra­
justiça (nos tribunais). 17E disse no balhos dos homens, e reconheci que
meu coração: Deus (u m dia) julga­ as suas habilidades estão expostas à
rá o justo e o ímpio; e então será inveja do próximo; e nisto há tam­
o tempo de (ordenar) tôdas as coi­ bém vaidade e cuidados inúteis. 50
sas. 18Eu disse no meu coração a- insensato cruza as mãos, e consome-
cêrca dos filhos dos homens, que se a si mesmo, dizendo: °Mais vale
Deus os prova, e lhes mostra que são um punhadinho com descanso, do
semelhantes aos brutos. 19*P or isso os que ambas as mãos cheias com tra­
homens morrem como os brutos, e balho e aflição de espírito.
(e m ter que m orrer) é igual a condi­ Trabalho sem um fim
ção de uns e outros; como morre
o homem, assim morrem também 7Tornando a refletir, encontrei ou­
os brutos; todos respiram da mesma tra vaidade debaixo do sol: 8H á um
sorte, e o homem não tem nada de homem que é só, e que não tem nin­
mais do que o bruto; tudo está sujei­ guém consigo, nem filho nem irmão
to à vaidade (à miséria do sepulcro). e que todavia não cessa de trabalhar,
“ E todos vão parar a um mesmo lu­ nem os seus olhos se fartam de ri­
gar. De terra foram feitos, e à ter­ quezas, nem faz esta reflexão, di­
ra voltam. 21Quem sabe se o espi­ zendo: Para quem trabalho eu, e me
rito dos filhos de Adão subirá para privo dêstes bens? Nisto há também
cima, e se o espírito dos brutos des­ vaidade e aflição miserabilíssima.
cerá para baixo? 22E reconheci que Vantagens da sociedade
nada havia melhor do que alegrar-se
o homem nas suas obras, e que esta 9Melhor é, pois, estarem dois juntos,
era a parte que lhe cabia. Porque, do que estar um só, porque têm a
quem o poderá pôr em estado de co­ vantagem da sua sociedade. 10Se um
nhecer o que há de acontecer depois vai cair, o outro o sustentará; ai do
dêle? que está só, porque, quando cair, não
14. Não nos podemos opor à vontade de Deus, mas devemos submeter-nos com respeito.
18. E l h e s m o s t r a que, por sua natureza, são formados do mesmo barro que os ani­
mais, restituindo, como êles, à te rra o corpo quedela receberam.
19. o h o m e m n ã o te m ... O homem, quanto ao corpo, morre e desfaz-se como os
brutos; e nesta semelhança a alma do sábio encontra um poderoso motivo para não fix a r
o seu coração nos bens terrenos, e para su sp ira r pelos bens próprios dos espíritos im or­
ta is, como é a ' alma humana.
21. Quem s a b e . .. E s ta dúvida não se refere à imortalidade da alma, mas sim ao
modo corno ela sobrevive, depois de separada do corpo, o que então era desconhecido. Ê
fora de dúvida, atendendo ao vera. 17 e ao cap. X I I , 7, que Salomão admitia a im o rta li­
dade da alma.
Cap. I V — 5-6. Ê próprio do insensato passar fome antes que trabalhar. Mas é me­
lh o r que nos contentemos com o pouco, se o muito não se pode conseguir sem contendas e
demasiada a f l i ç ã o d e e s p í r i t o .
724 LIVRO Do ECLESIASTES 4 - 5

tem quem o levante. ME, se dormi­ pois de os fazer, não os cumprir.


rem dois juntos aquecer-se-ão mú- “Não permitas à tua língua fazer pe­
tuamente, mas um só como se há de car a tua carne (a tua pessoa), nem
aquecer? 12E, se alguém fôr mais digas diante do anjo: Não há provi­
forte que um só, dois resistem-lhe; dência; para que não suceda que Deus
o cordel triplicado dificultosamente irado contra as tuas palavras, dissi­
se quebra. pe tôdas as obras das tuas mãos. °On-
Mobilidade da sorte
de há muitos sonhos, há muitas vai-
dades e palavras sem número; mas
13Vale mais um jovem pobre, mas tu, teme a Deus.
sábio, do que um rei velho e insensa­ Subversão da justiça
to, que não sabe prever nada para o
futuro. 14Porque às vêzes sai um do 7Se vires a opressão dos pobres e
cárcere e dos ferros para ser rei, e a violência que reina nos julgamen­
o outro que nasceu rei acaba na mi­ tos, e que se atropela inteiramente a
séria. 15Eu vi todos os viventes que justiça nalgum a província, não te ad­
andam debaixo do sol com o jovem mires dêste procedimento, porque o
(prín cipe) que tem o segundo lugar, que está alto tem acima de si outro
e que depois há de ter o primeiro. mais alto, e sôbre êstes há ainda ou­
16Todos os que o precederam (e en­ tros mais elevados; 8e há, além dis­
cheram de aplausos) são um povo in­ so, um rei que impera sôbre tôda a
finito em número; e os que depois terra que lhe está sujeita.
virão, não se hão de regozijar nele: Parasitas
até isto é vaidade e aflição de espí­
rito. 90 avarento jamais se fartará de
Sentenças relativas ao culto dinheiro; e o que ama (cegamente)
as riquezas, não tirará delas fruto.
17Vê onde pões o pé, quando en­ Logo também isto é vaidade. 10Onde
tras na casa de Deus, e aproxima- há muitos bens, há também muitos
te para ouvir. Porque é muito me­ que os comam. E de que servem êles
lhor a obediência do que as vítimas a quem os possui senão para ver com
dos insensatos, que não sabem o mal seus olhos as suas riquezas? uO so­
que fazem. no é doce para o trabalhador, quer
N ão devemos criticar as obras de Deus êle coma pouco quer muito; porém a
fartura do rico não o deixa dormir.
Ç 2Não digas nada inconsiderada- Perda dos bens
■ mente, nem o teu coração se a-
presse a proferir palavras diante de 12Ainda há outra dolorosíssima mi­
Deus. Porque Deus está no céu, e tu séria, que eu vi debaixo do sol: as
sôbre a terra; portanto sejam poucas riquezas conservadas para ruína do
as tuas palavras. 2Os muitos cui­ seu dono. 13Porque elas acabam com
dados produzem sonhos (molestos), suma aflição; êle gerou um filho, que
e no muito falar achar-se-á a lou­ se há de ver reduzido à última indi-
cura. 3Se fizeste algum voto a Deus, gência. 14Do modo que êle saiu nu do
trata de o cumprir sem demora, por­ ventre de sua mãe, assim mesmo sai­
que lhe desagrada a promessa infiel rá desta vida, e não levará nada con­
e- imprudente; mas cumpre tudo o sigo do seu trabalho. 1BIsto é uma
que tiveres prometido. 4E é muito desdita inteiramente lamentável; do
melhor não fazer votos do que, de­1 modo que veio, assim voltará. De
11 8 e d o r m i r e m d o i s amigos j u n t o s debaixo da mesma coberta ao relento, numa noite
fria , ou dentro duma casa desabrigada, aqüecer-se-ão m u t u a m ,e n t e . Se, porém, fô r um só a
repousar nestas conjjiçôes, há de t ir it a r de frio miseràvelmente.
14. Parece urna alusão a José, que saiu do cárcere para governar o Eg ito .
15-16. o povo aplaude o jovem príncipe que, com o seu valor, soube ganhar o trono;
mas , quão pouco dura a aura popular! A nova geração já não será assim entusiasta
(o s que d e p o is v ir ã o .
Cap. v — 1. o que é agradável a Deus e o move a ouvir-nos não são as m uitas pala­
vras, as fórm ula s longas, quando rezamos, m as sim a nossa boa diposição espiritual.
5 - 7 LIVRO Do ECLESIASTES 725

que lhe serve logo ter trabalhado é im orta l) não ficará saciada com is­
para o vento? 18Todos os dias de so. 8Qual é a vantagem do sábio sô-
sua vida comeu nas trevas (do in for­ bre o insensato? Qual é a do pobre,
tú n io ), no meio de muitos cuidados, senão que caminha para o lugar on­
e em miséria e tristeza. de está (aquilo de que precisa para
sustentar) a vida? °Melhor é ver o
O b e m -e sta r que se deseja, do que desejar o que
17Pareceu-me, pois, bem que o ho­ se ignora. Mas também isto é vai­
mem coma e beba (sobriam ente), e dade e presunção do espírito. 10Aquê-
colha com alegria o fruto do seu tra­ le que há de ser, é já chamado pe­
balho com que se afadigou debaixo lo seu nome; e sabe-se que êle é ho­
do sol durante o número dos dias mem, e que não pode disputar em
da sua vida, os quais Deus lhe deu; juízo contra quem é mais forte do
e esta é a sua parte. 18E quando que êle. 11Fala-se muito nas dis­
Deus deu a um homem riquezas e cussões, e em tôdas elas há muita
bens, e a possibilidade de comer de­ vaidade.
las e desfrutar a sua parte, e viver O q u e é m e lh or
alegre do seu trabalho, isto é um dom •7 *Que necessidade tem o homem
de Deus. 19Porque não se lembrara
muito dos dias da sua vida, visto que 9 de inquirir coisas superiores à
Deus ocupa de delícias o seu coração. sua capacidade, quando ignora o que
lhe é vantajoso na sua vida, enquan­
In fe lic id a d e do qu e m orre sem ter to dura o (pequeno) número dos dias
go z ad o dos seu s ben s da sua peregrinação, e o tempo dêle
que passa como sombra? Ou quem
£ 2Há ainda outro mal, que eu te- lhe poderá mostrar o que está para
v nho visto debaixo do sol, e que suceder depois dêle debaixo do sol?
é freqüente entre os homens: 2Úm 2É melhor o bom nome do que os
homem, a quem Deus deu riquezas, bálsamos preciosos, e o dia da morte
e bens, e honra, e nada falta à sua (do justo) do que o dia do nasci­
alma de quantas coisas deseja; e Deus mento. 3É melhor ir a uma casa que
não lhe concedeu faculdade para co­ está de luto, do que a uma casa de
mer delas, mas virá um estranho que banquete, porque naquela recorda-se
há de devorar tudo; isto é uma vai­ (com proveito) o fim de todos os ho­
dade e uma grande miséria. 3Se um mens, e o que está vivo considera
homem tiver um cento de filhos, e (indo lá) no que (u m dia) lhe há
viver muitos anos, e contar nume­ de acontecer. 4É melhor a ira do
rosos dias de vida, e a sua alma se que o riso, porque, pela tristeza que
não utilizar dos bens que possui, e aparece no rosto, se.corrige o cora­
se vier a ser privado ae sepultura, ção do delinquente/ *(E assim) o
dêste homem não duvido afirmar que coração dos sábios está onde se en­
um aborto vale mais do que êle. contra a tristeza (salutar), e o co­
4Porque êste veio ao mundo debalde, ração dos insensatos onde se encon­
e vai para as trevas (do sepulcro), e tra a alegria (frív o la ). melhor
o seu nome ficará sepultado no es­ ser repreendido pelo sábio do que
quecimento, 5sem ter visto o sol, nem ser enganado pela adulação dos in­
ter conhecido a diferença entre o sensatos; 7porque, como o ruído dos
bem e o mal. 6(P orém , o avarento) espinhos ardendo debaixo de uma
ainda que tivesse vivido dois mil anos, panela, assim é o riso do insensato;
se não gozou dos seus bens, porven­ mas também isto é vaidade. 8A ca­
tura não vai tudo (com e le) para o lúnia turba o sábio, e ela abaterá a
mesmo lugar (que é o túm ulo) ? firmeza do seu coração.
7Todo o trabalho do homem é pa­ 9É melhor o fim dum discurso (ou
ra a sua bôca; mas a sua alma (que negócio), do que o princípio. É me-
Cap. V I — 10. Êste versículo, bastante obscuro, parece sig n ifica r que o homem é obri­
gado a submeter-se ao seu destino, v isto não lhe poder re sistir.
Cap. V I I — 4. É m e lh o r a ira , a austeridade que repreende Um culpado, do que o riso
que aprova.
726 LIVRO DO ECLESIASTES 7
lhor o homem paciente, do que o ar­ te do que dez príncipes de uma ci­
rogante. 10Não sejas fãcil em te ira­ dade. 21Porque não há homem justo
res, porque a ira repousa no coração sôbre a terra, que faça o bem, e que
do insensato. não peque. 22*N ão inclines o teu co­
Sentenças relativas à sabedoria
ração a ouvir tôdas as palavras que
se dizem, para que não ouças talvez
nNão digas: Donde vem que os o teu servo dizer mal de ti; ^porque
tempos passados foram melhores que a tua consciência sabe que também
os de agora? porque semelhante per­ tu muitas vêzes tens dito mal dos
gunta é indiscreta. 12A sabedoria com outros.
riquezas é mais útil, e aproveita mais 24Tudo tentei por adquirir a sabe­
aos que vêem o sol. 131 P orque, as­
4 doria. Eu disse: Far-me-ei sábio, e
sim como a sabedoria protege, assim a sabedoria retirou-se para longe de
também protege o dinheiro; mas a mim, “ muito mais do que dantes es­
erudição e a sabedoria têm a vanta­ tava. A sua profundidade é grande,
gem de darem a vida (sobrenatural) quem a poderá sondar?
ao seu possuidor.
A mulher
A sabedoria consiste em ocupar o têrmo
médio, evitando todos os excessos “ Eu discorrí no meu espírito por
tôdas as coisas, para saber e consi­
14Considera as obras de Deus, e que derar e buscar a sabedoria e a razão
ninguém pode corrigir a quem êle de tudo, e para conhecer a impiedade
desprezou. 151 Goza dos bens no dia do insensato, e o êrro dos impruden­
7
6
bom, e prepara-te para o mau dia, tes; " e achei que é mais amargosa
porque Deus, assim como fêz êste, do que a morte a mulher (co rro m ­
assim também fêz aguêle, sem que pida), a qual é um laço de caçado­
o homem tenha motivo justo de se res, e o seu coração uma rêde, e as
(jueixar contra êle. 18Eu também vi suas mãos umas cadeias. Aquêle que
isto nos dias da minha vaidade: O agrada a Deus fugirá dela; o que
justo perece na sua justiça, e o ím­ porém é pecador, será apanhado por
pio vive muito tempo na sua malí­
cia. 17*N ão sejas muito justo, nem se­ ela. ^Eis o que eu achei, diz o Ecle-
jas mais sábio do que é necessário, siastes, depois de ter conferido uma
para que não percas a razão. 18Não coisa com outra, para encontrar a
te obstines nas ações criminosas, e razão, ^que a minha alma ainda bus­
não sejas insensato, para que não ca sem a ter encontrado. Entre m il
venhas a morrer antes do tempo. homens achei um (digno dêste no­
19Bom é que sustentes o justo, mas m e), e entre tôdas as mulheres nem
também não retires a tua mão da­ uma só achei. 30O que eu únicamen­
quele que o não é, porque o que te­ te achei foi que Deus criou o homem
me a Deus nada despreza. reto, e que êle mesmo se meteu em
V alor da sabedoria
infinitas questões (e perigos). Quem
é como o sábio? e quem conhece a
*°A sabedoria fêz o sábio mais fo r­ explicação das coisas?
11. N ã o d i g a s . . . A ssim procedem os espíritos melancólicos, que olham para o passado
como para um tempo heróico, que ficam indolentes e triste s a respeito do presente, e
desesperam do futuro.
14. A sabedoria consiste principalmente na conformidade com a vontade de Deus, em­
bora n&o conheçamos o motivo - do seu proceder.
16. o j u s t o p e r e c e . . . Os desígnios de Deus são insondáveis. M uita s vêzes permite
que os justos sofram neste mundo, e que os ímpios prosperem. A sua justiça porém há.
de exercer-se.
17. N ã o s e j a s m u i t o j u s t o . . . nfto te consideres demasiado justo, paia. que o teu amor
próprio n&o te leve a considerar como ju sto sômente o que estiver conforme com a tu a
severidade. O mesmo se diz do saber.
22. Seriamos constantemente infelizes se ligássemos demasiada importância ao que se
diíi a favor ou contra nós.
29. N e m u m a s ó . . . Hipérbole evidente, empregada para dar relêvo à idéia que Salom&o
quer exprim ir.
8 - 9 LIVRO DO ECLESIASTES 727

ís preciso submeter-se em tudo a Deus, longados os dias da sua vida, e pas­


que a seu tempo fa rá justiça sem como sombra os que não temem
O 2A sabedoria do homem reluz no o Senhor.
14Ainda há uma outra vaidade sô­
° seu rosto, e o Todo-Poderoso bre a terra: H á justos que sofrem
m udará a sua face. 2Quanto a mim males, como se êles tivessem feito
observo a bôca (o u ordens) do rei, obras de ímpios; e há ímpios que
e os preceitos de Deus confirmados vivem tão seguros, como se tivessem
com juramento. 3N ão te apresses a feito ações de justos. Mas eu creio
sair de diante da sua face, e não que também isto é uma coisa muito
persistas numa obra má, porque êle vã. “ Portanto louvei a alegria (do
fa rá tudo o que quiser, 4e a sua pa­ fusto), visto não ter o homem de­
lavra é cheia de poder, e ninguém baixo do sol outro bem, senão co­
lhe pode dizer: P or que fazes isto mer, e beber, e alegrar-se, e poder
assim? 5Aquêle que guarda o pre­ levar consigo só isto do seu traba­
ceito, não experimentará mal algum. lho a que se sujeitou nos dias da
O coração do sábio conhece o que sua vida, os quais Deus lhe deu de-
deve responder, e em que tempo. baixo do sol.
°Tôdas as coisas têm o seu tempo 16E apliquei o meu coração a co­
e a sua oportunidade, e é grande a nhecer a sabedoria, e a considerar
aflição do homem 7em ignorar as coi­ as preocupações que há sobre a ter­
sas passadas, e estar na impossibili­ ra. H á homens que, nem de dia nem
dade, de receber qualquer nova do de noite, conciliam o sono em seus
futuro. 8N ão está na mão do homem olhos.
reter o seu espírito (vita l), nem tem
poder sôbre o dia da morte, nem se Incerteza do nosso destino
lhe dão tréguas na guerra que o 0 ‘Revolvi tôdas estas coisas no
ameaça, nem ao ímpio salvará a sua ** meu coração para diligentemen­
impiedade. ‘Tôdas estas coisas con­ te as entender: H á justos e sábios,
siderei, e apliquei o meu coração a e as suas obras estão na mão de
meditar tôdas as obras que se fazem Deus, e contudo o homem não sabe
debaixo do sol. Algum as vêzes um se é digno.de amor, se de ódio; 2mas
homem domina outro homem para tudo se reserva incerto para o futu­
desgraça própria. 10Eu vi os (p om ­ ro, visto acontecerem tôdas as coisas
posos) enterros dos ímpios, os quais, igualmente ao justo e ao ímpio, ao
quando ainda viviam, estavam no lu­ bom e ao mau, ao puro e ao impuro,
ga r santo, e eram louvados na ci­ ao que sacrifica vítimas e ao que des­
dade, como se as suas obras tives­ preza os sacrifícios. O bom é tra­
sem sido justas; mas também isto é tado como o pecador; o perjuro co­
vaidade. “ Porquanto o não ser pro­ mo aquêle que ju ra verdade.
ferida logo sentença contra os maus,
é causa de cometerem os filhos dos Antes e depdis da morte
homens crimes sem temor algum.
“ Todavia, posto que o pecador come­ 3Isto é o que há de pior entre tu­
ta cem vêzes o mal, e seja tolerado do o que se passa debaixo do sol:
com paciência, eu tenho conhecido sucederem a todos as mesmas coi­
que serão felizes os que temem a sas: daqui vem que não só os cora­
Deus e que respeitam a sua face. ções dos filhos dos homens se enchem
“ M al haja o ímpio, nem sejam pro­ de malícia e de desprêzo durante a

Cap. V I I I — 1. E o T o d o - P o d e r o s o . . . O próprio Deus dá ao sábio êsse aspecto de dis­


tinção, que contribui para que êle seja respeitado pelos outros homens.
8. N e m s e l h e d ã o t r é g u a s . . . Q homem não pode evitar a luta fin a l da morte.
15. A alegria inte rio r do justo, motivada pela sua retidáo, é o úftico bem que pode
fazer-nos começar a gozar na terra da eterna felicidade que nos espera no céu.
Cap. I X — 1-2. A sorte do homem está n a m ã o d e D e u s , é um segrêdo impenetrável:
e da boa ou má sorte duma pessoa neste mundo náo se pode concluir que Deus é ou náo
seu amigo. — T u d o , os bens e os males desta vida acontecem indiferentemente a todos,
aos bons e aos maus.
3. D a q u q i v e m . . . Os maus encontram uma ocasiáo de ru ín a naquilo mesmo que
728 LIVRO Do ECLESIASTES 9 - 1Q

sua vida, mas também, depois disto, será o seu, mas, como os peixes são
serão conduzidos à habitação dos mor­ apanhados no anzol, e as aves caem
tos. 4Não há ninguém que viva sem­ no laço, assim os homens são sur­
pre, nem que tenha a esperança dis­ preendidos pela adversidade, quando
to. Mais vale um cão vivo, do que ela der sobre êles de improviso.
um leão morto. 5Porque os que es­ 13Um outro fato observei sob o sol,
tão vivos sabem que hão de morrer, e foi para mim uma grande lição:
porém os mortos não sabem mais 14Havia uma pequena cidade, e nela
nada; nem dali por diante êles têm se achavam poucos homens; foi con­
alguma recompensa, porque a sua tra ela um grande rei, e bloqueou-a
memória ficou entregue ao esqueci­ e levantou ao redor fortificações, e
mento. °Também o amor, e o ódio, ficou assim completo o cêrco. 15Ora
e a inveja pereceram juntamente encontrava-se nela um homem pobre
com êles, e não têm mais parte nes­ e sábio, e livrou a cidade pela sua
te século, nem tão pouco em obra sabedoria, e ninguém depois disto se
alguma que se faz debaixo do sol. lembrou mais daquele homem pobre.
^ a i, pois, e come o teu pão com 16E dizia eu que a sabedoria vale mais
alegria, e bebe com gôsto o teu v i­ do que a fortaleza; como foi, pois,
nho, porque a Deus agradam as tuas (n o fu tu ro ) desprezada a sabedoria
obras. do pobre, e como não foram ouvidas
8Os teus vestidos sejam em todo as suas palavras?
o tempo brancos, e não falte o óleo 17As palavras dos sábios são ouvi­
que unja a tua cabeça. °Goza da v i­ das em silêncio (p o r ocasião das di­
da em companhia da tua amada es­ ficuldades), mais do que o clamor
posa durante todos os dias da tua do príncipe entre os insensatos. “ Va­
vida passageira, os quais te foram le mais a sabedoria do que as ar­
dados debaixo do sol durante todo o mas da guerra; e aquêle que peca
tempo da tua vaidade (vida frá g il), numa só coisa, perderá muitos bens.
porque esta é a tua parte da vida A sabedoria e a loucura
e do trabalho com que te afadigas
debaixo do sol. 10Faze com pres­ 1 A 1As moscas que morrem no bál-
teza tudo quanto pode fazer a tua samo fazem-lhe perder a sua­
mão, porque na sepultura, para onde vidade do cheiro. Uma imprudência
te precipitas, não haverá nem obra, ainda que pequena e de pouca dura,
nem razão, nem sabedoria, nem ciên­ diminui a sabedoria e a glória (mais
cia. brilhante). 20 coração do sábio está
O trabalho e o seu bom resultado na sua mão direita, e o coração do
insensato na sua esquerda. 30 in­
uVoltei-me para outra coisa, e vi sensato que Vai seguindo seu (m a u )
que debaixo do sol não é o prêmio caminho, julga que todos os outros
para os que melhor correm, nem a são insensatos como êle. 4Se o espí­
guerra para os que são mais fortes, rito daquele que tem o poder se ele­
nem o pão para os que são mais sá­ var contra ti, não abandones o teu
bios, nem as riquezas para os que posto, porque esta precaução evita­
são mais hábeis, nem o crédito para rá grandes pecados.
os melhores artistas; mas que tudo 5Há um mal, que eu vi debaixo do
depende do tempo e das circunstân­ sol, e que parece derivar do engano
cias. 120 homem não sabe que fim do príncipe: 0O insensato elevado a
Deus dispôs p a ra santificação dos justos e conversão dos pecadores. Dos castigos com
que Deus purifica nesta vida os seus servos das suas faltas leves, se deduz claramente
a severidade dos castigos eternos reservados aos pecadores impenitentes.
8. O branco dos vestidos era a côr da alegria, das festas, como o negro era a côr
do luto.
16. Como /oi desprezada. .. A inconseqüência dos homens leva-os muitas v êze»
a utilizarem os bons conselhos para vantagem própria, e a desprezá-los noutros casos.
18. Aquêle que p e c a ... Segundo o hebreu: Um só pecador pode destruir muito bem.
M uitas vêzes um só homem, por uma só falta, pode causar um a grande ruína.
Cap. X — 2. Está na sua mão direita, é reto. — N a sua esquerda, é injusto.
10 - 11 LIVRO DO ECLESIASTES 72£

uma sublime dignidade, e os ricos to, e pela incúria das mãos virá a
(em prudência) postos em baixo. 7Eu chover em toda a casa. 19Os homens
v i escravos a cavalo, e príncipes an­ empregam o pão e o vinho para se
dando a pé sôbre a terra, como es­ divertirem e banquetearem, pois tu­
cravos. do obedece ao dinheiro. ^Não digas
8Aquêle que abriu uma cova (para mal do rei, ainda no teu pensamen­
outro lá ca ir) cairá nela; e o que to, e não fales mal do rico, ainda
desfaz (p o r maldade) a sebe, mor­ no retiro da tua câmara; porque até
dê-lo-á a cobra. as aves do céu levarão a tua voz,
9Aquêle que transporta pedras será e os pássaros publicarão as tuas pa­
maltratado por elas, e o que racha lavras.
lenha será ferido pelas lascas. 10Se Atividade prudente
o ferro estiver embotado, e não fôr
a amolar para ficar como dantes, só 11 JLança o teu pão sôbre as águas
com muito trabalho se afiará; assim 11 que passam, porque depois de
a sabedoria só à custa de muito tra­ muito tempo o acharás. 2Reparte
balho se adquire. “ Aquêle que de- dêle com sete e mesmo com oito (ou
trai ocultamente doutrem, é seme­ mais pessoas), porque não sabes os
lhante à serpente que morde pela males que te podem v ir sôbre a ter­
calada. ra. 3Quando as nuvens estiverem
l2As palavras que sáem da boca do carregadas, derramarão chuva sôbre
sábio são cheias de graça; os lábios, a terra. Se a árvore cair para a
porém, do insensato prepicita-lo-ão. parte do meio-dia, ou para a do nor­
13As suas primeiras palavras são uma te, em qualquer lugar onde cair, ai
loucura, e as últimas que lhe saem ficará. 4Q que observa o vento não
da boca, são um êrro péssimo. 140 semeia, e o que considera as nuvens
insensato multiplica as palavras. O nunca segará. 5Do modo que tu ig­
homem ignora o que houve antes dê- noras qual é o caminho do espírito, e
le; e quem lhe poderá indicar o que de que sorte se ligam os ossos no ven­
será depois? 15*0 trabalho dos insen­ tre da mulher grávida, assim tam­
satos os afligirá a êles, que nem se­ bém não conheces as obras de Deus,
quer sabem (o caminho para ir ) à que é o Criador de todas as coisas.
cidade. °Semeia de manhã a tua semente, e
16Desgraçada de ti, terra, cujo rei de tarde não cesse a tua mão de fa ­
é um menino (que nao sabe gover­ zer o mesmo, porque não sabes qual
nar), e cujos príncipes comem desde das duas nascerá primeiro, se esta,
manhã (em orgias). 17*D itosa a ter­ se aquela; e, se ambas nascerem a
ra, cujo rei é de uma fam ília ilus­ um tempo, melhor será.
tre, e cujos príncipes comem a seu Uso da vidá
tempo para se nutrirem, e não para
se entregarem 'à devassidão. 7A luz é doce, e é coisa deleitável
18Pela preguiça ( em retelhar) se aos olhos o ver o sol. 8Se um ho­
irá abatendo o madeiramento do te­ mem viver muitos anos, e em todos
15. O insensato gosta m ais de fa la r do que de trabalhar, e é incapaz de resolver a
mais pequena dificuldade.
20. Porque até as a ves. . . Hipérbole que equivale ao nosso provérbio: Até as pare­
des têm ouvidos.
Cap. I X — 1. Lança o teu pão. . . sê generoso e hospitaleiro, ainda que te pareça que
não lucras com isso.
2. Porque não s a b e s ... Praticando atos de generosidade, adquirem -se am igos que nos
poderão socorrer, se sobreviverem os revezes.
3. o mal, quando já aconteceu ou está iminente, é quase sempre irreparável. Deve-se
preveni-lo.
4. Quem pesar cuidadosamente os resultados bons ou m aus dos seus atos, nunca
chega a proceder.
5. O caminho do espírito vital, que anim a o feto. A geração anim al é um dos segredos
m ais maravilhosos da natureza.
6. A proveitar tôdas as ocasiões de praticar o bem, porque náo sabemos em qu al
delas v irá a recompensa.
730 LIVRO DO ECLESIASTES 11 - 12

êles se alegrar, deve lembrar-se do to engordará, e a alcaparra se ex-


tempo tenebroso (da velhice), e dos tinguirá, porque o homem irá para
dias numerosos (da eternidade), pois a casa da sua eternidade, e, carpindo,
quando êles chegarem, serão conven­ (u m dia) o irão acompanhando pe­
cidas de vaidade as coisas passadas. las ruas. 6(Lem bra-te do teu Cria­
°Regozija-te, pois, ó jovem, na tua dor) antes que se quebre o cordão
mocidade, e viva em alegria o teu de prata, e se retire a fita de ouro,
coração na flor dos teus anos; segue e se quebre o cântaro sôbre a fonte,
as inclinações do teu coração e o que e se desfaça a roda sôbre a cisterna,
agrada aos teus olhos, mas sabe que 7e o pó volte à terra donde saiu, e
Deus te chamará a dar contas de to­ o espírito volte para Deus que o deu.
das estas coisas. 9 10Lança fora do teu 8Vaidade de vaidades, disse o E-
coração a ira, e afasta da tua carne clesiastes, e tudo é vaidade.
a malícia, porque a mocidade e o
deleite são um sopro. Epílogo

N ão devemos esperar a velhice para 0O Eclesiastes, como era muito sá­


nos entregarmos a Deus bio, ensinou o povo, e contou o que
tmha feito, e, depois de um madu­
12 le m b r a -te do teu Criador nos ro exame, compôs muitas parábolas.
dias da tua juventude, antes “ Procurou palavras úteis, e escreveu
que venha o tempo da aflição, e che­ discursos retíssimos e cheios de ver­
guem os anos, de que tu dirás: Esta dade. nAs palavras dos sábios são
idade não me agrada; 2antes que se como aguilhões e como cravos pro-
escureça o sol, e a luz, e a lua, e as fundamente pregados, que por meio
estréias, e voltem as nuvens depois do conselho dos mestres nos foram
da chuva; 3quando os guardas de tua comunicados pelo único pastor (que
casa começarem a tremer, e. os ho­ é Deus).
mens fortes a vergar, e estiverem 12Não busques, pois, meu filho, mais
ociosos e em número reduzido os que coisa alguma além destas (verdades),
moem, e os que vêem pelas janelas N ão se põe têrmo em multiplicar
principiarem a cobrir-se de trevas; livros e a meditação freqüente é
4e q .ando se fecharem as portas so­ aflição da carne. 13Ouçamos todos
bre a rua, quando enfraquecer a voz juntos o fim dêste discurso: Teme a
do que mói, e se levantarem com o Deus e observa os seus mandamen­
cantar do pássaro, e todas as filhas tos, porque nisto está o homem to­
da harmonia ensurdecerem. 51 Ê les te­ do. 14E (lembremo-nos que) Deus
2
rão mêdo também (de subir) aos lu­ fará dar contas no juízo de tôdas
gares altos, e temerão no caminho. as faltas e de todo o bem e mal que
A amendoeira florescerá, o gafanho­ se tiver feito.
9. Os gozos devem ser contidos dentro dos limites d a lei de Deus, ao qual um dia
teremos de dar contas.
Cap. X I I — 2. Neste versículo e nos seguintes o escritor sagrado fa z um retrato d a
velhice e das suas enfermidades, misturando a realidade e as m etáforas com adm irável
harmonia.
3. Os guardas, as m&os que defendem o corpo. — Os homens fortes, a s pernas, sim bolo
do vigor no homem. — Os que moem, os dentes. — Os que vêem pelas janelas (d a por­
t a ) se fecharem sôbre a rua. A porta representa a bôca, e os dois batentes são os
lábios, que penetram no interior da bôca, quando os dentes caem. — Quando enfraque-
c er. .. A fa lta dos dentes torna a voz m ais surda. — Com o ca n ta r... Os velhos, que
têm o sono muito leve, acordam e levantam -se logo de manhã, ao primeiro cantar dos
pássaros. — E tôdas as filhas. .. Os ouvidos dos velhos endurecem, e a voz das cantoras
(filhos da harmonia) são fracamente ouvidas por êles.
5. A am endoeira... A cabeça encher-se-á de c&s. — O ga fa n h oto... Alusão à
dificuldade dos membros que substitui a flexibilidade dos jovens, ágeis como gafanhotos.
— A alcaparra, que excita o apetite, de nada valerá aos velhos.
6. Comparações p ara descrever a separaç&o violenta entre o corpo e a alma.
12. Contentemo-no3 com o que foi dito ou escrito pelos sábios.
13. Está o homem todo, nisto consiste a sua natureza inteira e verdadeira; tudo o
m ais é vaidade.
CÂNTICO DOS CÂNTICOS
DE SALOMÃO
Os hebreus chamaram a êste livro Cântico dos Cânticos para manifestar
a sua excelência. Foi composto por Salomão, e é uma verdadeira maravi-
lha literária e religiosa, um dos mais sublimes produtos da arte poética.
Todavia, para nós, ocidentais modernos, as suas imagens são algumas
vêzes fortes, e as côres tão vivas, que um leitor pouco experiente em coisas
orientais bíblicas, podería julgar, à primeira vista, que neste livro
a narração duma paixão terrena. Ê porisso que, entre os Judeus, havia
uma lei que proibia a sua leitura a todas as pessoas que não tivessem com­
pletado trinta anos de idade.
O Cântico dos Cânticos, que não foi escrito para almas sensuais, respira
uma pureza imaculada, uma santa gravidade. As mais castas e mais santas
almas utilizam-no, em todos os tempos, afim de aumentarem o seu amor
para com Deus.
Segundo os autorizados comentadores, o casamento de Salomão com a
Sulamites, descrito neste livro, não é um fato histórico, mas uma figura
destinada a representar uma verdade moral de ordem superior.
Tomando por base de suas descrições as ternuras dos dois esposos,
o poeta sagrado canta o casamento místico de Jesus Cristo com a sua
Igreja.

A esposa suspira pelo espôso me é como o óleo derramado, por


isso as donzelinhas te amaram. 3Le-
1 r e c e b a eu um ósculo (santo) va-me após de ti; nós corremos a-
* da tua boca, porque os teus a- trás do cheiro dos teus perfumes. O
mores (m eu espôso) são melhores rei introduziu-me nos seus aposentos
do que o vinho, 2fragrantes como os interiores; nós nos regozijaremos e
mais preciosos bálsamos. O teu no­ nos alegraremos em ti, lembradas de
Cap. X — 1-6. Desejos que tem a Ig re ja de se unir a Cristo. Delicias que acha nesta
união; favores que recebe. E la confessa as suas imperfeições. E stas sfto efeitos da
m alícia do demônio. Tem or que tem de se extraviar, quando busca a Jesus na terra.
Desejos de o possuir no céu.
2. A s donzelinhas, isto é, as alm as boas.
3. o rei in trod u ziu -m e... Jesus Cristo, o espôso real da Igreja, introduziu-a na intimi­
dade do seu amor.
732 CÂ NTICO DOS CÂNTICOS 1 - 2

que os teus amores são melhores do beleza da rôla; o teu pescoço, a dos
que o vinho, os (corações) retos a- mais ricos colares. 102
N
1 ós te faremos
mam-te. umas cadeias de ouro, marchetadas
de prata.
A espôsa às jovens de Jerusalém 11— Estando o rei no seu divã, o
4Eu sou trigueira, mas formosa, ó meu nardo exalou o seu perfume.
filhas de Jerusalém, sou (trigu e ira ) 120 meu amado é para mim como um
como as tendas de Cedar, (mas fo r­ ramalhete de mirra, colocado sôbre o
mosa) como os pavilhões de Salomão. meu peito. 13*0 meu amado é para
5N ão repareis em eu ser morena, por­ mim como um cacho de cipre, (colh i­
que o sol me mudou a côr; os filhos do) nas vinhas de Engadi.
de minha mãe levantaram-se contra 14— Como és formosa, amiga m i­
mim, puseram-me de guarda às v i­ nha! Como és bela! Os teus olhos
nhas; e não guardei a minha (p ró ­ são (vivos como os) das pombas.
pria ) vinha. 15— Como és formoso, amado meu!
Como és gentil! O nosso leito é de
Colóquio entre os esposos flôres; 16as traves das nossas casas
são de cedro, os nossos tetos, de ci­
°Dize-me, ó amado da minha al­ preste.
ma, onde é que apascentas o teu ga­
do, onde repousas ao meio-dia, para Outro diálogo dos esposos
que eu não ande vagueando atrás dos O 1— Eu sou a flor do campo e a
rebanhos dos teus companheiros. “ açucena dos vales.
7— Se tu não te conheces, ó form o­ 2— Como a açucena entre os espi­
síssima entre as mulheres, sai, e vai nhos, assim é a minha amiga entre
seguindo as pisadas dos rebanhos, e as donzelas.
apascenta os teus cabritos junto das 6— Como a macieira entre as ár­
cabanas dos pastôres. vores (estéreis) dos bosques, assim é
D iálogo entre o espôso e a espôsa o meu amado entre os jovens. Sen-
tei-me à sombra daquele a quem
8 — À minha cavalaria atrelada aostanto tinha desejado; e o seu fruto ê
carros de Faraó eu te comparei, a- doce a minha bôca. 4Êle introdu-
m iga minha. 4 *9As tuas faces têm a ziu-me na dispensa do vinho, orde-
6
5
4. E u sou trig u eira ... Retrato d a Ig re ja nascente enegrecida pelo fogo da persegui­
ção e dos sofrimentos. Tendas de Cedar. Os Cedarenos, povo nômade, tinham &a suas
tendas cobertas de peles, enegrecidas pela intempérie e pelo uso.
5. o s filhos de minha m ã e ... Confiss&o d a Sinagoga,' convertida na Ig re ja de Cr
O s seus irm&os, os homens da mesma naçfto, tinham -na muitas vêzes afastado do seu
Principal dever, e a sua beleza, os seus méritos tinham sofrido com isso.
6. A Ig re ja anseia unir-se só a Cristo, e o m ais breve possível.
8. Ã. minha cavalaria. . . Com paração própria do Oriente, onde os cavalos eram ordi­
nariamente adornados com magnificência.
8-10. Jesus Cristo aum enta constantemente a beleza d a Ig re ja por meio de graças
especiais.
11. O meu nardo. Êste nardo, cheio de suavidade, sim boliza as virtudes da espôsa,
que é a Igreja.
12. A mirra sim boliza os sofrimentos de Cristo e da Igreja, sua espôsa.
13. O nosso leito. .. Nfto se fa la aqui de um leito ordinário, mas dum a cam ada de
v a verde sôbre a qual os esposos estavam sentados em pleno campo.
16. A s traves. . . Os ramos dos cedros e dos ciprestes, que cresciam no campo junto
•do lu gar em que os esposos se encontravam, serviam-lhes de teto. O universo inteiro
ó a m orada m agnífica de Jesus Cristo e da Igreja.
Cap. I I — 1. Am abilidade de Cristo e d a Igreja, su a espôsa. Louvores que ela lhe
dá. Favores que êle lhe faz. Cuidado que tem para que nada perturbe a alegria e sossôgo,
■que ela tem nele.
2. santo Agostinho aplica êste texto â. Igreja, que é como a açucena entre os es*
pinhos da perseguição.
3. Sentei-me ã som bra . . . M aneira de dizer que se tornou sua espôsa, e que goza
d o seu am or celeste.
4. N a dispensa do vinho. O vinho é tomado aqui como símbolo do am or divino e
d a veemência com que êste am or arrebata as alm as, elevando-as à contemplação dos
2 -3 CÂ NTICO DOS CÂNTICOS 733
nou em mim o amor. 5Confortai-me as raposas pequenas que destroem as
com flôres, fortalecei-me com fru­ vinhas, porque a nossa vinha está já
tos, porque desfaleço de amor. 6A em flor.
sua mão esquerda está debaixo da 16— O meu amado é para mim e
minha cabeça, e a sua direita abra- eu para êle, apascenta (o seu reba­
ça-me. nho) entre os lírios, 17até que chegue
7— Eu vos conjuro, filhas de Je­ o fresco do dia e declinem as som­
rusalém, pelas gazelas e veados do bras. Volta; sê semelhante, amado
campo, que não perturbeis nem acor­ meu, à gazela e ao veadinho, (q u e
deis a minha amada, até que ela corre) sobre os montes de Beter.
queira.
A espôsa, de noite, vai à procura
A espôsa espera o esposo do espôso
que vai visitá-la
O d u ra n te a noite no meu leito
8— °
Ouço a voz do meu amado, ei-lo busquei aquêle a quem ama a
aí vem, saltando sobre os montes, a- minha alma; busquei-o e não o achei.
travessando os outeiros. 0O meu a- 2Levantar-me-ei, e rodearei a cidade;
mado é semelhante a uma gazela e buscarei pelas ruas e praças públicas
a um veadinho. Ei-lo que está por aquêle a quem ama a minha alma;
detrás da nossa parede, olhando pe­ busquei-o, e não o achei. 3Os guar­
las janelas, espreitando através das das que rondam a cidade encontra­
gelosias. 10Eis o meu amado, que ram-me, e eu disse-lhes: Vistes por­
rne diz: Levanta-te, apressa-te, a- ventura aquêle a quem ama minha
miga minha, pomba minha, form o­ alma?
sa minha, e vem (ao campo). «P o r ­ 4 (Mas eis que) tendo-os ultrapas­
que já passou o inverno, já se fo ­ sado um pouco, encontrei aquêle a
ram e cessaram de todo as chuvas. quem ama a minha alma, agarrei-
«Apareceram as flores na nossa ter­ me a êle, e não o largarei mais, até
ra, chegou o tempo da poda; ouviu- o introduzir em casa de minha mãe,
se na nossa terra a voz da rôla; 18a e levar à câmara daquela que me ge­
figueira começou a dar os seus (p ri- rou.
m eiros) figos; as vinhas em flor es­ 5— Eu vos conjuro, filhas de Je­
palharam o seu perfume. Levanta- rusalém, pelas gazelas e veados do
te, amiga minha, formosa minha, e campo, que não perturbeis nem fa ­
vem; «pomba minha, tu (que te re­ çais a minha amada despertar até
colhes) nas aberturas da pedra, na que ela o queira
concavidade do muro, mostra-me a Esponsais de Salomão
tua face, ressoe a tua voz aos meus
ouvidos, porque a tua voz é doce, e 6— Quem é esta que sobe do deserto
a tua face graciosa. 15Apanhai-nos como uma leve coluna de fumo, com-
mais divinos mistérios. — Ordenou em m im o amor, fazendo-o progredir. Cristo faz.
m archar a Ig re ja sob a bandeira do amor.
5. A espôsa, sentindo-se desfalecer de am or divino, suplica fts suas companheiras qua
a auxiliem a voltar a si, fazendo-lhe aspirar o perfume estimulante das flôres e dos frutos.
6. A s mãos de Jesus Cristo sustentam a Igreja.
7. Pede que a espôsa, a Igreja, nfto seja perturbada no seu êxtase de am or divino.
8. O uço. . . A Ig re ja m anifesta a sua alegria pela chegada de Cristo, impacientemen­
te esperado. — Saltando pelos m ontes. . . São muitos os obstáculos que se opôem A
vinda do Salvador, mas a sua caridade vence-os.
9. É semelhante, é gracioso e ágil como uma gazela. . .
14. N as aberturas da p e d ra ... Alusfto ao costume freqüente que têm as pombas do
fazer os seus ninhos nas fendas dos rochedos.
15. A s raposas simbolizam aqui os herejes, que sfto astutos como elas. Ê preciso
detê-los, logo no principio, quando ainda são pequenos ( raposas pequenas), do contrário,
serão mais tarde a desolação da Igreja.
Cap. I I I — 2. Desassossêgo da alm a que busca Jesus Cristo. E sforços que ela deve
fazer p ara o achar. Cuidado que deve ter em conservá-lo. Atenção de Cristo em im pedir
que ninguém a perturbe.
6. Quem é e s t a ... A Igreja, diz sfto B eda venerável, saiu d a gentilidade como dum
734 CÂ N T IC O DOS CÂNTICOS 3-4
posta de aromas de m irra e de incen­ que está escondido dentro. 40 teu
so, e de tôda a sorte de aromas? pescoço é (d ire ito ) como a tôrre de
7Eis o palanquim de Salomão, ao qual Davi, que foi edificada com seus ba­
rodeiam sessenta valentes dos mais luartes; dela estão pendentes m il es­
fortes de Israel, 8todos armados de cudos, tôda a armadura dos heróis.
espadas, e mui peritos para a guer­ 5Os teus dois peitos são como dois fi-
ra; cada um dêles leva a espada ao lhinhos gêmeos duma gazela, que pas­
lado; por causa dos temores notur­ tam entre os lírios. °Até que chegue
nos. 0O rei Salomão fêz uma liteira o fresco do dia, e declinem as som­
de madeira do Líbano. 10Fêz-lhe as bras, eu irei ao monte da mirra, e
colunas de prata, o reclinatório de ao outeiro do incenso. 7Tôda és fo r­
ouro, os degraus de púrpura; no meio mosa, amiga minha, e em ti não há
estendeu tapetes preciosos, em aten­ mácula. 8Vem do Líbano, espôsa m i­
ção às filhas de Jerusalém. "Saí, f i­ nha, vem do Líbano, vem, e serás co­
lhas de Sião, e vêde o rei Salomão roada; (vem ) do alto do monte A -
com o diadema de que sua mãe o co­ maná, do cume do Sanir e de H er-
roou no dia do seu casamento e no mon, das cavernas dos leões, dos mon­
dia do júbilo do seu coração. tes dos leopardos. 9Tú feriste o meu
O esposo descreve a beleza da espôsa
coração, irmã minha espôsa, tu fe ­
riste o meu coração com um só dos
A 5Oh, como és formosa, amiga m i- teus olhares, e com um cabelo do teu
^ nha, como és formosa! Os teus pescoço. 10Que deliciosas são as tuas
olhos são como os das pombas, sem carícias, irmã minha espôsa! As tuas
falar no que está escondido dentro. carícias são mais suaves do que o v i­
Os teus cabelos são como os reba­ nho e o odor dos teus bálsamos exce­
nhos das cabras, que subiram do mon­ de o de todos os aromas. “ Os teus
te de Galaad. 2Os teus dentes são lábios, ó espôsa, são como um favo,
como os rebanhos das ovelhas tosquia- que distila mel; o mel e o leite estão
das, ao subir do lavatório, tôdas com debaixo da tua língua, e o odor dos
dois cordeirinhos gêmeos, e nenhu­ teus vestidos é como o odor (suave)
ma há estéril entre elas. 3Os teus do incenso. 12Jardim fechado, és, ir­
lábios são como uma fita de escar­ mã minha espôsa, jardim fechado,
late; e o teu falar é doce. Assim fonte selada. 13As tuas plantas fo r­
como é o vermelho da romã partida, mam um jardim de delícias (ch eio)
assim são as tuas faces, sem falar no de tôda a qualidade de romãs, de fru-
deserto; e assim como os perfumes, quando s&o queimados, se transform am numa nuvem
de fum o odorífero, assim a Ig re ja é form ada, na sua unidade, de tôdas as virtudes, de
tôda a santidade e de todos os méritos de cada um dos seus membros.
7. Eis o palanquim. . . o côro continua a descrever as coisas belas que contempla. —
Sessenta v a len tes... sím bolo dos santos doutores que defendem a Igreja, que é objeto
dum a constante e terna solicitude de Cristo.
11. Com o diadema. . . N o oriente os esposos levavam um a corôa no dia do seu ca­
samento.
Cap. I V — 1-16. Cristo louva e adm ira as belezas que Sle mesmo depositou na sua Ig re ­
j a e nas alm as santas, que êle escolheu p ara si, louva e adm ira as virtudes exteriores que
nela aparecem, mas dá a prim azia à caridade, que está escondida no coração.
1. Bem f a la r ... o s atrativos exteriores da Ig re ja são incomparàvelmente ultrapassados
pelas suas graças interiores. — Os teus cabelos. . . o s pelos negros e finos das cabras que
.pastavam nas encostas das colinas, são um a bela imagem da abundante e fin a cabeleira
d a espôsa.
2. Série de comparaçôes para dizer que os dentes da espôsa são brancos e dum a per­
feita regularidade.
5. Os teus dois p eito s .:, E sta im agem simboliza o am or m aternal da Ig re ja p a ra
com os seus filhos, a quem ela nutre com o leite m ais puro da doutrina e da moraL
6. A o monte da m irra .. A qualquer lu gar embalsam ado por estas substâncias.
10. o odor dos teus bálsamos. O odor moral das virtudes da Igreja.
12. A Ig re ja tem o coração fechado a todo o am or profano; é impenetrável a outro afeto
que não seja o de Jesus Cristo.
13. o s frutos significam as virtudes e as boas obras da espôsa, que constituem a
felicidade doméstica.
4-5 CÂNTICO DOS CÂNTICOS 735
tos de cipre e de nardo. 140 nar- bri a minha porta ao meu amado, ti­
do e a açafrão, a cana (aromática) rando-lhe o ferrôlho; mas êle já se
e o cinamomo, e tôdas as árvores do tinha ido, e tinha passado a outra
Líbano, (a li se encontram com ) a parte. A minha alma tinha ficado
mirra e os aloés, e todos os perfu­ fora de si ao som da sua voz; bus-
mes mais exquisitos. 1S(T u ) a fonte quei-o, mas não o achei; chamei-o, e
dos jardins, o poço das águas vivas, êle não me respondeu. E ncontra­
que com ímpeto correm do Líbano. ram-me os guardas que rondam a ci­
16Levanta-te, aquilão, e vem tu, dade, deram-me, e feriram-me. T i­
vento do Meio-dia, assopra de todos raram-me o meu manto os guardas
os lados no meu jardim, e espalhem- das muralhas.
se os seus aromas. 8Eu vos conjuro, filhas de Jerusa­
lém, que, se encontrardes o meu a-
No jardim mado, lhe façais saber que desfaleço
de amor.
C 1Venha o meu amado para o seu 9— Que tem o teu amado a mais
** jardim, e coma o fruto das suas que os outros amados, ó formosíssima
macieiras. — Eu vim para o meu jar­ entre tôdas as mulheres? Que tem o
dim, irmã minha esposa; colhi a mi­ teu amado a mais çiue os outros, para
nha mirra com os meus perfumes; que assim nos conjure (a que o pro­
comi o favo com o meu mel; bebi curem os)?
o meu vinho com o meu leite. Co­ 10— O meu amado é cândido e rubi-
mei, amigos, e bebei, e embriagai- cundo, escolhido entre milhares. 11A
vos, caríssimos. sua cabeça é o ouro mais puro; os
A esposa à procura do esposo seus cabelos são como os ramos no­
vos das palmeiras, negros como um
2Eu durmo, mas o meu coração ve­ corvo. 12Os seus olhos são como as
la; eis a voz do meu amado, que ba­ pombas (que repousam) junto dos re­
te, dizendo: Abre-me, irmã minha, gatos, que foram lavadas em leite,
amiga minha, pomba minha, imacu­ e que se conservam junto das gran­
lada minha, porque a minha cabeça des correntes de água. 13As suas fa ­
está cheia de orvalho, e os meus a- ces são como uns canteiros de plan­
néis do cabelo (estão cheios) de gô- tações aromáticas, plantadas pelos
tas da noite. 6(E u respondi-lhe): des­ que confeccionam os perfumes. Os
pojei-me da minha túnica, e hei de seus lábios são lírios, que distilam a
vestí-la novamente? Lavei os meus mirra mais preciosa. 14As suas mãos
pés, e hei de tornar a sujá-los? 40 são de ouro, feitas ao tôrno, cheias
meu amado meteu a sua mão pela a- de jacintos. O seu ventre é de mar­
bertura (da porta ), e as minhas en­ fim, guarnecido de safiras. 15As suas
tranhas estremeceram com o ruído pernas são colunas de mármore, que
que êle fêz. estão sustentadas sôbre bases de ou­
5Levantei-me para abrir ao meu ro. O seu aspecto (majestoso) é co­
amado; as minhas mãos distilaram mo o do Líbano, é elegante como os
mirra, e os meus dedos estavam cedros. 16A sua garganta é suavís­
cheios da mirra mais preciosa. °A­ sima, e todo êle é para se desejar;
Cap. v — 1-17. Â nsia que a Ig re ja tem de receber a Cristo, e de o ver recolher os fru ­
tos que êle produziu nela. Bcndade com que Cristo responde aos desejos d a Ig re ja e cham a
as almas. Infelicidade dos que recusam abrir-lhe a porta do seu coração, quando êle
bate. Perfeiçôes de Cristo.
1. Para o seu ja r d im ... A Ig re ja é inteiramente de Cristo, que encontra nela sem
cessar as suas delicias. — C om ei. . . o espôso insta com os seus amigos para tomarem
parte no festim nupcial, que póe termo às núpcias místicas de Cristo com a Ig re ja . H A
nestas palavras um símbolo manifesto da divina Eucaristia.
2-4. v is ita noturna. Deus bate a tôdas as horas & porta dos nossos corações, e ê
preciso responder prontamente à sua chamada.
6-8. Se não respondermos a Deus quando nos chama, êle retira-se de nós, e. temos de
vencer obstáculos para o encontrar.
10-16. Segundo os Santos Padres, êstes versículos descrevem o retrato do v e rb o E ncar­
nado, depois da sua ressurreição gloriosa.
736 CÂ NT ICO DOS CÂNTICOS 6-7
tal é o meu amado, tal é o meu a- bem-aventurada; viram-na as rainhas
migo, ó filhas de Jerusalém. e as esposas de segunda ordem, e de­
17— Para onde foi o teu amado, ó ram-lhe muitos louvores. 9Quem é
tu
que és a mais formosa de tôdas as esta, que vai caminhando como a au­
mulheres? Para onde se retirou o rora quando se levanta formosa co­
teu amado? e nós o buscaremos con­ mo a lua, brilhante como o sol, terrí­
tigo. vel como um exército formado em
batalha?
A espôsa entrega-se ao espôso 10— Eu desci ao jardim das noguei­
£ 1— O meu amado desceu ao seu ras, para ver os frutos dos vales, e pa­
U jardim, ao canteiro das plantas a- ra examinar se a vinha tinha lançado
romáticas, para se apascentar nos jar­ flor, e se as romãs tinham brotado.
dins, e para colher lírios. 2Eu sou do “ Eu não soube (onde estava); a mi­
meu amado, e o meu amado é todo nha alma ficou tôda perturbada, por
meu, êle, que se apascenta entre os causa dos carros de Aminadab.
lírios. 12— Volta, volta, ó Sulamites; volta,
volta, para que nós te contemplemos.
O espôso exalta a espôsa
O espôso tom a a exaltar a espôsa
3— Formosa és, amiga minha, suave,
e engraçada como Jerusalém; terrível ■7 1— Que verás tu na Sulamites se-
como um exército em ordem de ba­ 1 não coros de dança dum acam-
talha. 4Aparta os teus olhos de mim, pamento? — Quão belos são os teus
porque êles me fizeram sair fora de pés, no calçado que trazes, ó filha
mim. Os teus cabelos são como o re­ do príncipe! As juntas dos teus mús­
banho das cabras, que apareceram de culos são como colares, fabricados por
Galaad. 5Os teus dentes são como mão de mestre. 20 teu umbigo é u-
rebanho de ovelhas, ao subir do la­ ma taça feita ao tôrno, que nunca
vatório, tôdas com dois cordeirinhos está desprovida de licores. O teu
gêmeos, e nenhuma entre elas é es­ ventre é como um monte de trigo
téril. °Como a casca da romã, assim cercado de lírios. 3Os teus dois seios
são as tuas faces, não falando no que são como dois cabritinhos, filhos gê­
está escondido dentro de ti. 7São meos duma gazela. 40 teu pesco­
sessenta as rainhas, e oitenta as es­ ço é como uma torre de marfim. Os
posas de segunda ordem, e inumerá­ teus olhos são como as piscinas de
veis as donzelas. 8Porém uma só Hesebon, que estão situadas junto da
é a minha pomba, a minha perfeita, porta onde se reune a multidão. O
ela é a única para sua mãe, escolhi- teu nariz é como a torre do Líbano,
da pela que lhe deu o ser. As don­ que olha para Damasco. 5A tua ca­
zelas viram-na, e proclamaram-na beça é como o monte Carmelo; e os
Cap. V I — 1-12. A Ig re ja 6 como o jardim de Cristo, e o objeto das suas delicias.
Belezas d a Igreja. A sua felicidade fa z a adm iração dos anjos. E la é a alegria do
céu e o terror do inferno.
5-6. Repetição de parte dos versículos 2 e 3 do capitulo I v .
7. A s numerosas espôsas representam as naçôes pagãs, que um dia se deveríam con­
verter a Cristo, entrando na Igreja, sua única espôsa.
12. Segundo a opinião m ais seguida, Sulamites é o feminino do nome bebreu de sa io -
mão, sendo por isso um a denominação alegórica, que exprime a união intim a entre os
dois esposos.
Cap. V I I — 1-13. A Ig re ja sôbre a terra compôe-se de bons e maus, experimenta urnas
vêzes alegria, outras, tristeza, outras, esperanças, e outras temor. N o céu é tôda pura
e tôda formosa. A sua alegria e a sua felicidade são ali perfeitas, e ela é as delicias
<lo Rei Celestial. Todo o desejo da Ig re ja neste mundo ô unir-se com Cristo, seu espôso, e
d ar-lh e as provas m ais sensíveis da sua gratidão e do seu amor.
1-8. Dança dum acampamento, segundo o hebreu: Dança a dois campos, a dois co-
ros. A lusão provável & qualquer uso da côrte. — Quão belos. . . o espôso contemplando
em espirito a sua espôsa unida aos coros dos anjos, descreve, por meio de símbolos,
a sua beleza. Tôdas as comparações que se seguem são segundo o estilo dos orientais, e
a ó nos parecerão inconvenientes se atendermos apenas aos nossos usos e modo de falar.
2. U m monte de trigo cercado de lirios. sím bolo da fecundidade unida à castidade.
7 - 8 CÂ NTICO DOS CÂNTICOS 737
cabelos da tua cabeça são como a deis a minha amada até que ela
púrpura do rei atada (e tingida) nos queira.
canais (dos tintureiros). 6Quão fo r­ 5— Quem é esta, que sobe do deserto
mosa e encantadora és, ó caríssima enebriada de delícias, apoiada sôbre
entre as delicias! 7A tua (nobre) o seu amado?
estatura é semelhante a uma pal­ Promessa de perpétuo amor
meira, e os teus seios, a dois cachos
de uvas. 8Eu disse: Subirei à pal­ — Eu te despertei debaixo da ma­
meira, e colherei os seus frutos, e os cieira; foi ali que tua mãe te conce­
teus seios serão como dois cachos beu, foi ali que te concebeu, te deu
de uvas, e o perfume da tua bôca, à luz. 6— Põe-me como um sêlo sô­
como o das maçãs. bre o teu coração, como um sêlo sô­
bre o teu braço, porque o amor é for­
A espôsa exalta o esposo te como a morte; o zêlo do amor é
9— A tua garganta é como um vi­ tenaz como o inferno; as suas lâm­
nho excelente, digno de ser bebido padas são lâmpadas de fogo e de
pelo meu amado, e saboreado entre chamas. 7As muitas águas não pu­
os seus lábios e os seus dentes. 10Eu deram extinguir o amor, nem os rios
sou para o meu amado, e o seu co­ terão fôrça para o submergir. A in­
ração volta-se para mim. da que um homem dê tôdas as rique­
“Vem, amado meu, saiamos ao zas de sua casa pelo amor, êle as des­
campo, moremos nas quintas. 12L e - prezará como um nada.
vantemo-nos de manhã para ir às vi­ Conclusão
nhas, vejamos se a vinha lançou flor, 8— A nossa irmã é pequena, e não
se as flores produzem frutos, se as tem seios. Que faremos nós à nossa
romãs estão já em flor; ali te abri­ irmã no dia que se lhe tenha de fa ­
rei (com mais liberdade) o meu co­ lar? 9Se ela é um muro, edifiquemos
ração. 13As mandrágoras espalham o sôbre ela baluartes de prata; se é u-
seu cheiro. Nós temos às nossas por­ ma porta, guarneçamo-la com tábuas
tas tôda a qualidade de frutos; eu de cedro.
guardei para ti, amado meu, os no­ 10— E u sou um muro, e os meus
vos e os velhos. seios são como uma tôrre, desde que
trnpeto de amor da espôsa apareci diante dêle como quem en­
controu a paz.
O JQuem me dera ter-te por irmão, “ O pacífico teve uma vinha em
° amamentado aos seios de minha Baal-Aam on; entregou-a aos guar­
mãe, para que, encontrando-te fora, das; cada homem dá mil siclos de
eu te pudesse beijar, sem que ninguém prata pelo fruto que dela tira. 12A
me desprezasse! 2Eu te tomaria, e minha vinha está diante de mim. Tu,
te levaria à casa de minha mãe; tu ó pacífico, terás da tua vinha mil si-
lá me ensinarias, e eu te daria um clos, e os que a guardam e lhe co­
copo de vinho perfumado, e um li­ lhem os frutos, duzentos. 13— ó tu,
cor novo das minhas romãs. 3A sua que habitas nos jardins, os nossos ami­
mão esquerda está debaixo da minha gos estão atentos; faze-m e ouvir a
cabeça, e a sua mão direita abraça- tua voz. 14— Foge (com igo), amado
me. meu, e sê semelhante a uma gazela
4— Eu vos conjuro, filhas de Jeru­e ao veadinho sôbre os montes dos
salém, que não perturbeis nem acor­ aromas.

Cap. V I I I — 1-14. A m or da Ig re ja por Cristo, e de Cristo pela Igreja. F ôrça e exce­


lência dêste amor.
2. A casa m aterna representa o céu, onde a Espôsa se deixará, instruir pelo Espôso. ao
qual dará. as maiores provas de am or santo ( e e u t e d a r i a . . . ) .
8. A n o ssa i r m ã ... segundo alguns comentadores s&o os anjos que falam da Igreja,
ignorando a extensão das qualidades e méritos desta Espôsa de Cristo. — N ã o te m s e io s .
Modo de dizer que ainda não está m adura p ara a urnão eterna com o v e rb o encarnado.
— N o d i a e m q u e l h e f a l a r no seu casamento, na sua união com o v e rb o encarnado.
10. A Espôsa diz aos seus irrn&os que jâ atingiu a perfeição suficiente para se unir
a Cristo ( e o s m e u s s e i o s . . . ) . A p a z , isto é, a felicidade.2
4

24 - B íb lia Sagrada
LIVRO DA SABEDORIA
O fim principal deste livro foi expor aos Judeus e pagãos contemporâ­
neos a perfeição da fé e da vida que é recomendada pela verdadeira sabedo­
ria, em contraste com os falsos princípios e maus costumes, que a sabedoria
humana sugere.
Em belíssimo grego, com um estilo variado, mas quase sempre sublime,
o autor sagrado pinta dois grandes quadros: no primeiro apresenta a sabedo­
ria, sob o ponto de vista intelectual e moral; no segundo, no-la apresenta
pelo lado histórico.
O livro, pois, pode dividir-se em duas partes:
Prim eira parte ( l - 9). — Exorta à prática da justiça e da religião,
fontes de felicidade e de imortalidade, e mostra a diferente sorte do justo
e do ímpio, nesta vida e na outra (1 - 5). — Termina, concitando a to­
mar-se a sabedoria como norma de vida (6 - 9).
Segunda parte (10 - 19). — Antes, trata das maravilhas operadas pela
sabedoria nos patriarcas desde Adão até Moisés (10 - 12). — Em seguida
passa a falar da origem e estúpida imoralidade da idolatria nos seus diferen­
tes aspectos (13 - 15). — Finalmente estabelece o contraste entre o justo e
o ímpio, pondo em paralelo Judeus e Egípcios, particularmente nas pragas
do Egito (1 6 - 1 9 ).
O livro da Sabedoria, embora faça algumas vêzes falar Salomão, para
dar ao trecho vivacidade e eficácia, todavia foi escrito no Egito (talvez em
Alexandria) entre os anos 150 e 50 a. C.

Exortação à justiça afastam de Deus, e o seu poder con­


vence de loucura os que o põem à
1 lAmai a justiça, vós os gover- prova. *E assim na alma maligna
1 nantes. Que os vossos pensa­ não entrará a sabedoria, nem ha­
mentos sobre o Senhor sejam dignos
dêle, e buscai-o com simplicidade de bitará no corpo sujeito ao pecado,
coração; 2porque êle é encontrado 5porque o Espírito Santo, que a en­
pelos que o não tentam, e manifes­ sina, foge das ficções, e afasta-se dos
ta-se aos que têm confiança nêle. pensamentos desatinados, e é expul­
8Porque os pensamentos perversos so pela iniqüidade superveniente.
Cap. I — 2. Tenta a Deus quem fa z ou pede algum a coisa não com um a intenção pura
de lhe agradar, m as como que p a ra explorar o seu poder e a sua bondade.
5. O Espírito de Deus, que ensina a sabedoria, a virtude, retira-se para longe das
alm as que dâo lugar às ficções e à iniquidade.
l - 2 LIVRO DA SABEDORIA 739

O pecador não pode escapar A s máximas dos ímpios e o


ao castigo seu ódio contratos justos
O disseram , pois, os (ím pios) no
6De fato o espírito da sabedoria é “ desvairamento dos seus pensa­
cheio de bondade, todavia não deixa­ mentos: O tempo da nossa vida é
rá sem castigo os lábios do maldizen- curto e cheio de tédio, e não há ne­
te, porque Deus sonda os rins, e pe­ nhum bem a esperar depois da mor­
netra até ao fundo do seu coração, e te, e também não se conhece nin­
ouve (as palavras) da sua língua. guém que tenha voltado dos infer­
7Porque o Espírito do Senhor encheu nos. 2Porque do nada somos nasci­
o ' universo; e, como abrange tudo, dos, e depois desta vida seremos co­
tem conhecimento de tudo o que se mo se nunca tivêramos sido. A res­
diz. 8P or isso aquêle que profere piração nos nossos narizes é um fu-
palavras ímpias, não se lhe pode mo; e a razão, uma faísca para mo­
ocultar, nem escapará ao juízo que ver o nosso coração. 3Apagada ela,
castiga. 9Porque o ímpio será inter­ será o nosso corpo reduzido a cin­
rogado sôbre os seus pensamentos, e za, e o espírito se dissipará como um
os seus discursos chegarão aos ou­ ar sútil, e a riossa vida se desvane­
vidos de Deus, para castigo das suas cerá como uma nuvem que passa, e
iniqüidades. 10Porque o ouvido cioso se dissipará como um nevoeiro, que
ouve todas as coisas, e o ruído das é afugentado pelos raios do sol, e
murmurações não se lhe esconderá. oprimido pelo seu calor. 4E o nosso
“ Abstende-vos, pois, da murmuração, nome com o tempo ficará sepultado
que nada aproveita, e refreai a lín­ no esquecimento, e ninguém se lem­
gua da detração; porque a palavra brará das nossas obras. 5Porque a
(mais) secreta não passará em cla­ nossa vida é a passagem duma som­
ro, e a boca que mente mata a alma. bra, e não há regresso depois da
A morte não vem de Deus,
morte; porque é posto o sêlo e nin­
guém torna.
mas do pecado 6Vinde, pois, e gozemos dos bens
12Não procureis ansiosos a morte resentes, e apressemo-nos a usar
com os descaminhos da vossa vida, as criaturas como na mocidade.
nem adquirais a perdição com as o- 7Enchamo-nos de vinho precioso e de
bras das vossas mãos. 1 23*1
P orque Deus
7
6
8 perfumes, e não deixemos passar a
não fêz a morte, nem se alegra com flor da primavera. 8Coroemo-nos
a perdição dos vivos. “ Porquanto de rosas, antes que murchem; não
haja prado algum em que a nossa
êle criou tôdas as coisas, para que intemperança se não manifeste. 9N e-
subsistissem; e fêz saudáveis tôdas nhum de nós falte às nossas orgias.
as criaturas do mundo na sua ori­ Deixemos em tôda a parte sinais de
gem; e não havia nelas nenhum ve­ alegria, porque esta é » a parte que
neno mortífero, nem o domínio da nos toca, e esta é a nossa sor­
morte existia sôbre a terra. “ P or­ te.
que a justiça é estável e imortal. 10Oprimamos o justo que é pobre, e
18Os ímpios, porém, chamaram a mor­ não poupemos a viúva, nem respei­
te com as suas obras e palavras; e, temos as cãs do velho de muitos
julgando-a amiga, desvaneceram-se, dias. “ E seja a nossa força a lei da
e fizeram aliança com ela, porque justiça; porque aquilo que é fraco,
eram dignos de tal sociedade. para nada serve. “ Armemos, pois, la­
6- 11. A sabedoria aborrece as palavras más.
12-15, A morte nfto entrava no desígnio original do Criador, m as foi introduzida no
universo pelo pecado, isto é, pela revolta contra a vontade de Deus.
Cap. I I — 1. D os infernos, isto é, do outro mundo.
2. E a razão ou a a lm a . . . o s ímpios nâo admitem um a alm a distinta do corpo, cria­
d a por Deus, e imortal.
5. É põsto o s ê lo ... O nosso fim é selado. E ' um a coisa irrevogável.
7- 8. Flôres, rosas e prados são símbolos do prazer.
10-15. A luxúria juntam a crueldade, perseguindo os bons, porque a virtude dèstea
ê um a reprbvaçâo contínua das suas devassidões.
740 LIVRO DA SABEDORIA 2 - 3

ços ao justo, porque nos é molesto, cará o tormento da morte. 2Pare-


e é contrário às nossas obras, e nos ceu aos olhos dos insensatos que mor­
lança em rosto as transgressões da riam; e a sua saída dêste mundo foi
lei, e desonra-nos, publicando as fa l­ considerada como uma aflição, 3e a
tas do nosso procedimento. 18Êle sua separação de nós como um ex­
afirm a que tem a ciência de Deus, e termínio; mas êles estão em paz (no
chama-se a si filho de Deus. 14Fêz- céu). 4E, se êles sofreram tormen­
se o censor dos nossos próprios pen­ tos diante dos homens, a sua espe­
samentos. 15Só o vê-lo nos ê insu­ rança está cheia de imortalidade.
portável; porque a sua vida não é 5Depois duma leve tribulação, rece­
semelhante a aos outros, e o seu pro­ berão uma grande recompensa, por­
ceder é muito diferente. 1 *6Somos
3 que Deus os provou, e achou-os dig­
considerados por êle como pessoas nos de si. 6Êle os provou como ou­
vãs, e abstém-se do nosso modo de ro na fornalha, e recebeu-os como
viver como duma coisa imunda, e uma hóstia de holocausto, e a seu
prefere o fim dos justos, e gloria-se tempo êle os olhará ( favoràvelmen-
de que tem a Deus por pai. 17Veja- te ). 7Os justos resplandecerão, e
mos, pois, se os seus discursos são brilharão como centelhas que cor­
verdadeiros, e experimentemos o que rem por um canavial. 8Êles julga­
lhe acontecerá, e veremos qual será rão as nações, e dominarão os povos,
o seu fim. “ Porque, se é verdadeiro e o seu Senhor reinará para sempre.
Filho de Deus, (Deus) o amparará, e °Aquêles que confiam nele terão in-
o livrará das mãos dos seus inimigos. tehgência da verdade, e os que são
10Ponhamo-lo à prova por meio de fiéis ao seu amor, descansarão uni­
ultrajes e tormentos, para que co­ dos a êle; porque a graça e a paz
nheçamos a sua mansidão, e prove­ são para os seus escolhidos.
mos a sua paciência. “ Condenemo-
Os ímpios serão castigados
lo à morte mais infame, e ver-se-á
o resultado das suas palavras. 10Mas os ímpios terão o castigo
21Assim pensaram, mas engana- segundo (a iniquidade) dos seus pen­
ram-se, porque a sua malícia os ce­ samentos, êles que não fizeram caso
gou. “ Ignoraram os desígnios secre­ do justo, e se afastaram do Senhor.
tos de Deus, e não esperaram a re­ “ Porque é desgraçado aquêle que re­
tribuição da justiça, nem fizeram ca­ jeita a sabedoria e a instrução; e a
so da glória reservada às almas san­ esperança dêstes maus é vã, os seus
tas, “ Porque Deus criou o homem trabalhos sem fruto, e inúteis as suas
imortal, e o fêz à sua imagem e se­ obras.
melhança. 24Mas, por inveja do de­
mônio, entrou no mundo a morte; “ e £ melhor não ter filhos do que
imitam-no aquêles que são do seu tê-los ímpios
partido.
A paz dos justos . 12As suas mulheres são insensatas,
e malvados os seus filhos. “ Maldita
O 3Mas as almas dos justos estão a sua posteridade, e feliz a estéril, e
° na mão de Deus, e não os to­ a incontaminada, que não conheceu
13. Todo o justo é f i l h o d e D e u s por adoç&o. Porém, esta passagem (12-20) de nin­
guém se pode dizer com tanta verdade como de Jesus Cristo, filho verdadeiro, por natureza,
de Deus.
16. E p re fe re . Segundo o hebreu: C o n s i d e r a f e l i z .
22. o s d e s í g n i o s s e c r e t o s d e D e u s , pelos quais deixa que os justos sofram neste mundo,
p ara os recompensar mais generosamente na eternidade.
24-25. A prim eira causa da morte foi o pecado de Adão, provocado pela tentação do
demônio, v itim a s da morte, porém, são pròpriarnente só os maus, os partidários
do demônio, porque os bons desta vida passam para um a ditosa imortalidade.
Cap. I I I — 1. N ã o o s t o c a r á . . . A alm a do justo conserva-se sempre alegre, mesmo no
meio do sofrimento
3. C o r n o u m e x t e r m í n i o , como se tudo tivesse terminado para êles.
7. N o dia do juízo final os justos r e s p l a n d e c e r ã o como chamas.
8. Os justos terão parte ativa no juízo final, e reinarão com Deus p a r a s e m p r e .
13. F e U z aquela que prefere ficar estéril (o que era humilhação para um a hebréia) a
3 - 4 LIVRO DA SABEDORIA 741

um tálamo ilegítim o; ela terá o seu As razões da morte prem atura do


fruto, quando Deus visitar as almas justo e da vida longa do fmpio
santas. 14(F e liz ) também o eunuco
cujas mãos não cometeram a iniqüi- 7Mas o justo, ainda que seja aco­
dade, e que não teve pensamentos metido pela morte repentina, estará
criminosos contra Deus, porque rece­ em descanso. 8Porque a velhice ve­
berá um dom precioso devido à sua nerável não é a longa vida, nem se
fidelidade, e uma sorte mui feliz no mede pelo número dos anos, mas a
templo de Deus. 15Porque o fruto prudência do homem é que supre as
dos bons trabalhos é glorioso, e a suas cãs, °e a idade da velhice é uma
raiz da sabedoria é tal que não seca. vida imaculada. 10Tendo-se (o jus­
“ Porém os filhos dos adúlteros fica­ to ) tornado agradável a Deus, foi
rão por acabar, e a descendência dum por êle amado, e foi transferido do
tálamo iníquo será exterminada. 17E meio dos pecadores, entre os quais
ainda que tenham larga vida, serão vivia. “ F oi arrebatado para que a
reputados por nada, e a sua mais malícia lhe não mudasse o modo de
avançada velhice será sem honra. pensar, ou para que as aparências
18E, se morrerem mais depressa, não enganadoras não seduzissem a sua
terão esperança, nem quem os con­ alma. “ Porque a fascinação das fr i­
sole no dia do juízo. 19Porque os volidades escurece o bem, e a incons­
fins da descendência iníqua são fu­ tância da paixão transtorna o espíri­
nestos. to inocente. “ Tendo vivido pouco,
encheu a carreira duma larga vida;
Comparação entre a geração do justo “ porque a sua alma era agradável a
e a dos ímpios Deus; por isso êle se apressou a tirá-
A 2Oh, quão formosa é a geração lo do meio das iniqüidades. E os po­
^ casta com o seu brilho! A sua vos estão vendo isto, e não entendem
memória é imortal, e é louvada di­ nem refletem nos seus corações 15que
ante de Deus e diante dos homens. a graça de Deus e a sua misericórdia
2Quando ela está presente, imitam- está sôbre os seus santos, e que os
na; e quando se retira, desejam-na, seus olhares (favoráveis) estão sô­
e, coroada para sempre, triunfa, ga­ bre os seus escolhidos. 16Mas o jus­
nhando o prêmio nos combates pela to morto condena os ímpios vivos, e
castidade. 3Porém a numerosa prole a mocidade acabada prontamente
dos ímpios de nada servirá, e os re­ (condena) a larga vida do injusto.
novos bastardos não lançarão pro­ “ Porque êles verão o fim do sábio, e
fundas raizes, nem assentarão sobre não compreenderão o desígnio de
uma base estável. 4E, se com o tem ­ Deus sôbre êle, nem porque o Senhor
po brotarem em ramos, como se não o pôs a salvo. “ Vê-lo-ão e o despre­
acham firmes serão abalados pelo zarão, mas o Senhor zombará dêles;
vento, e desarraigados pela impetuo­ 19e depois disto morrerão sem honra,
sidade dos furacões. 5Pelo que serão e ficarão corn infâmia para sempre
quebrados os seus ramos, antes de entre os mortos, porque (D eus) os
terem atingido o seu crescimento, e quebrará, reduzirá êstes orgulhosos ao
os seus frutos serão inúteis e áspe­ silêncio, e os abalará desde os funda­
ros para comer, e para nada bons. mentos, e serão reduzidos à última
6Porque os filhos, que nascem de desolação, e estarão gemendo, e a
uniões ilícitas, quando se interro­ sua memória perecerá. “ Compare­
gam, são testemunhas (que depõem) cerão medrosos com a lembrança dos
contra seus pais. seus pecados, e as suas iniqüidades
contrair urna união proibida pela lei. E m vez do fruto do seu seio, terá um outro fruto,
um prêmio eterno, quando Deus visitar as almas para lhes dar a recompensa.
16. Ficarão por acabar, nunca chegaráo ao complemento da virtude.
Cap. I V — 7. Estará em descanso dos sofrimentos desta vida, com um a felicidade
completa no céu.
10. F o i transferido dêste mundo para um mundo melhor.
14-15. N ão entendem que o modo como Deus trata o justo é o efeito dum fa v o r e dum a
misericórdia que concede aos seus escolhidos.
16. Acabada prontamente na prática do bem.
742 LIVRO DA SABEDORIA 5 -6
se levantarão contra eles para os sa malícia. 14Eis o que os pecadores
acusar. dirão no inferno; 15porque a espe­
rança do ímpio é como a lanugem,
Os justo.1' e os ímpios no juízo que é levada pelo vento; e como a
universal espuma tênue, que é espalhada pela
tempestade; e como o fumo, que é
£ 1Então os justos se levantarão dissipado pelo vento; e como a lem­
** com grande afoiteza, contra a- brança do hóspede, que partiu depois
quêles que os atribularam, e que lhes de um dia.
roubaram o fruto dos seus trabalhos. 16Mas os justos viverão para sem­
2Vendo-os assim, os maus pertürbar- pre, e a sua recompensa está no Se­
-se-ão com temor horrível, e ficarão nhor, e o Altíssimo tem cuidado dê-
assombrados, ao ver a repentina sal­ les. 17Portanto receberão da mão do
vação dos justos, a qual êles não es­ Senhor um reino de honra, e um
peravam; 3e dirão dentro de si, to­ diadema brilhante; porque os prote­
cados de (in ú til) arrependimento, e gerá com a sua dextra, e com o seu
gemendo com angústia do espírito: santo braço os defenderá. lsO seu
Êstes são aqueles de quem nós nou­ zêlo se vestirá duma armadura, e
tro tempo fazíamos zombaria, e a armará ( também) as suas criaturas
quem tínhamos por objeto de opró- para se vingar dos seus inimigos.
brio. 4Nós, insensatos, consideráva- 19Tomará por couraça a justiça, e por
mos a sua vida uma loucura e a sua capacete o seu juízo infalível. “ Em-
morte uma ignomínia. 5E ei-los que braçará a eqüidade como escudo im­
são contados entre os filhos de Deus, penetrável; 21afiará a sua ira infle­
e entre os santos está a sua sorte. xível, como uma lança; e todo o uni­
°Logo nós nos extraviamos do cami­ verso combaterá com êle contra os
nho da verdade, e a luz da justiça insensatos. 22Irão direitos (a êles)
não raiou para nós, e o sol da inteli­ os tiros dos raios, os quais serão lan­
gência não nasceu para nós. 7Can- çados das nuvens como dum arco
samo-nos no caminho da iniqüidade bem encurvado, e descarregarão so­
e da perdição, e andamos por cami­ bre um ponto fixo; 23e da ira de Deus,
nhos ásperos, e ignoramos o caminho semelhante a uma máquina de lan­
do Senhor. 8De que nos aproveitou çar pedras, choverá uma grossa sa­
a soberba? De que nos serviu a vã raiva; embravecer-se-á contra êles a
ostentação das riquezas? °Tôdas a- água do mar, e os rios transborda­
quelas coisas passaram como som­ rão com fúria. 24Um vento furioso
bra, e como um mensageiro que vai se levantará contra êles, e como um
depressa, 10e como uma nau que vai redemoinho os espalhará; e a sua
cortando as ondas agitadas, da qual iniqüidade reduzirá a um deserto to­
se não pode achar o rasto depois que da a terra, e a sua malícia deitará
passou, nem a esteira da sua quilha abaixo os tronos dos poderosos.
nas ondas; nou como a ave que voa,
atravessando pelo ar, de cujo cami­ A autoridade vem de Deus, e quem a
nho se não acha indício algum, se­ exerce deverá prestar contas rigorosas
não só o ruído das asas, que cortam
o leve vento, e, fendendo o ar com a £ lA sabedoria é mais estimável do
fôrça do seu vôo, passou batendo as u que a força; e o homem pru­
asas, e, depois disto, não se encon­ dente vale mais do que o valoroso.
tra sinal algum no seu caminho; 12ou 2Ouvi, pois, ó reis, e entendei, apren­
como seta despedida contra o alvo; dei, ó juizes de toda a terra. 3Dai
o ar que ela fendeu logo se junta, de ouvidos (às minhas palavras), vós
maneira que se ignora por onde ela que governais os povos, e que vos
passou. 13Assim também nós, ape­ gloriais de terdes debaixo de vós
nas nascidos, deixamos de ser; e ne­ muitas nações. “Porque o poder foi-
nhum traço de virtude podemos mos­ vos dado pelo Senhor, e a fôrça, pe­
trar, mas fomos consumidos por nos- lo Altíssimo, o qual examinará as vos­
Cap. v — 6. N âo raiou para nós, porque fechamos obstinadamepte os olhos aos seus
esplendores.
e - 7 LIVRO DA SABEDORIA 743

sas obras, e esquadrinhará os vossos os que são dignos de a encontrar, e


pensamentos; 5porque, sendo minis­ alegremente se lhes mostra nos ca­
tros do reino, não julgastes com e- minhos, e com todo o cuidado se faz
qüidade, nem guardastes a lei da jus­ ençontradiça com êles.
tiça, nem andastes conforme a von­ 180 princípio da sabedoria é um de­
tade de Deus. °Êle vos aparecerá de sejo sincero da instrução. 19*M as o
um modo temeroso, e repentinamen- cuidado da instrução é o amor; e o
te, porque aquêles que governam se­ amor é a observância das suas leis;
rão julgados com um extremo rigor. e a observância destas leis é a consu­
7Porque com os pequenos se usará mação da imortalidade (com D e u s);
de comiseração; mas os poderosos 20e a imortalidade aproxima (o ho­
serão poderosamente atormentados. m em ) de Deus. 21E assim é que o
8Porque Deus não excetuará pessoa desejo da sabedoria conduz ao reino
alguma, nem respeitará a grandeza eterno. 22*S e vós, pois, ó reis dos po­
de quem quer que fôr; porque êle vos, vos comprazeis nos tronos e nos
fêz tanto o pequeno como o grande, cetros, amai a sabedoria, para rei­
e tem igualmente cuidado de todos. nardes eternamente.
°Mas aos mais fortes maior suplício 23Am ai a luz da sabedoria todos vós
ameaça. que presidis os povos. 24E u vos direi
10A vós, pois, ó reis, é que são diri­ o que é a sabedoria, e qual foi a sua
gidos êstes meus discursos, para que origem; e não vos encobrirei os se­
aprendais a sabedoria, e não caiais. gredos de Deus, mas investigá-los-ei
09 benefícios da sabedoria desde o princípio do seu nascimento,
e porei às claras a sua ciência, e não
“ Porque aquêles que tiveram feito passarei por alto a verdade. .
justamente as coisas justas, serão tra­ O que é a sabedoria
tados como justos; e os que tiverem
aprendido o que eu ensino, acharão 25Não acompanharei com o que se
com que responder. 12Desejai pois desfaz de inveja, porque um tal ho­
ardentemente as minhas palavras, a- mem não será participante da sabe­
mai-as, e tereis instrução. doria. 26A multidão dos sábios é a
salvação do mundo, e um rei sábio é
A sabedoria é fácil de adquirir,
0 sustentáculo do seu povo. 27Rece-
e torna feliz quem a possui
bei, pois, a instrução por meio das mi­
13Brilhante é a sabedoria, e nunca nhas palavras, e ela vos será provei­
se murcha, e fàcilmente é vista por tosa.
aquêles que a amam, e encontrada Modo por que Salomão adquiriu
pelos que a buscam. 1 34*1
E la antecipa-
6 a sabedoria
se aos que a desejam, de tal sorte
que se lhes patenteia primeiro. 7 t a m b é m eu, por certo, sou um
16Aquêle que yela desde manhã para 1 homem mbrtal, semelhante a
a possuir, não terá trabalho, porque todos os outros, e da descendência
a encontrará sentada à sua porta. daquele que primeiro foi formado de
16Por isso, pensar na sabedoria, é terra, e no ventre da minha mãe fui
prudência consumada; e aquêle que formado carne, 2e no espaço de dez
velar por adquirí-la, depressa estará meses fui formado de sangue coagu­
em repouso. 17*P orque ela mesma lado, do sêmen do homem, no repou­
anda por todas as partes, buscando so propício do sono. 3E eu.,, tendo

Cap. V I — 15. S en ta d a ... Deus está sempre à porta do nosso coração, esperando ser
recebido.
18-21. H á nestes versículos um incitamento a desejar a sabedoria, por pieip dum a a rgu ­
mentação cham ada sorites, que é composta dum a série de proposições, das quais a segunda
deve explicar o atributo da primeira, a terceira o atributo da segunda, e assim por dian­
te até chegar ã. conclusão que se procura.
Cap. V I I — 2. N o espaço de dez meses. Os meses, entre os Hebreus, contavam 29 a
30 dias. O nascimento da criança dava-se no décimo mês, contando o mês começado como
ainda hoje contam os povos orientais.
3. C a í. . . Locução que designa o nascimento, aludido à. completa impossibilidade do
recém-nascido.
744 LIVRO DA SABEDORIA 7
nascido, respirei o ar comum (a to- disciplina. 17Foi êle que me deu a
dos), e caí sôbre a mesma terra (que verdadeira ciência das coisas que
os outros), e soltei a primeira Voz, existem, para que eu conheça a cons­
como todos, chorando. 4Envôlto em tituição do universo, e as proprieda­
faixas fui criado, e com grandes cui­ des dos elementos, 18o princípio, o fim
dados. 5Nenhum rei teve outro gê­ e o meio dos tempos, as mudanças
nero de nascimento. 6Logo, não há dos solstícios e as vicissitudes das
para todos senão um modo de en­ estações, 19*os cursos do ano, e as dis­
trar na Vida e de sair dela. posições das estrelas, "a natureza dos
7Por isso desejei a inteligência, e animais, e os instintos dos brutos, a
ela me foi dada; invoquei o Senhor, fôrça dos ventos, e os pensamentos
e veio a mim o espírito da sabedo­ dos homens, a Variedade das plantas,
ria; 78e preferi-a aos reinos e aos tro­ e as Virtudes das raizes. 21(E m su­
nos, e julguei que as riquezas nada m a) aprendi tudo que há escondido
Valiam em sua comparação. 9Nem e não descoberto, porque a sabedoria
pus em paralelo com elas as pedras que tudo criou mo ensinou.
preciosas, porque todo o ouro em sua Natureza e dotes da sabedoria
comparação é um pouco de areia, e
a prata será considerada como lôdo “ Efetivamente há nela um espiri­
à sua Vista. 10*Eu amei-a mais do to de inteligência, santo,'único, mul-
que a saúde e que a formosura, e re- típlice, sutil, discreto, ágil, imacula­
solvi-me tê-la por luz, porque a do, claro, suave, amigo do bem, pe­
sua claridade é inextinguível. “ T o ­ netrante, a quem nada pode impe­
dos os bens me vieram juntamente dir, benéfico, “ amante dos homens,
com ela, e inumeráveis riquezas por benigno, estável, constante, seguro,
suas mãos; 12e regozijei-me em tôdas que tudo pode, tudo Vê, e que en­
as coisas, porque ia adiante de mim cerra em si todos os espíritos, inte­
esta sabedoria, e eu ignorava que ela ligente, puro, sutil. 24Porque a sa­
é a mãe de todos êstes bens. 13*E u a bedoria é mais ativa do que tôdas as
aprendi sem intenções reservadas, e coisas ágeis, e atinge tudo por cau­
a reparto com os outros sem inveja, sa da sua pureza. “ Ela é uma exa­
e não escondo as suas riquezas; “ por­ lação do poder de Deus, e uma co-
que ela é um tesouro infinito para os mo pura emanação da claridade de
homens; os que usaram dela foram Deus onipotente, e por isso não se
feitos participantes da amizade de pode encontrar nela a menor impu­
Deus, e recomendáveis pelos dons da reza, ^porque ela é o clarão da luz
doutrina. 15*Deus concedeu-me a gra- eterna, e o espêlho sem mácula da
a de falar segundo o que sinto, e majestade de Deus, e a imagem da
S e ter pensamentos dignos dos dons sua bondade. ” E, sendo uma só,
que recebi, porque êle é o guia da pode tudo; e, permanecendo em si
sabedoria; e o que corrige os sábios; mesma, renova tôdas as coisas, e, a-
“ porque estamos nas mãos dêle, nós través das gerações, transfunde-se
e os nossos discursos, e tôda a sabe­ nas almas santas, e forma os amigos
doria, e a ciência de proceder, e a de Deus e os profetas. “ Porque Deus
7. P o r i s s o , sabendo eu que, apesar de rei, era semelhante aos outros, d e s e j e i . . .
8-11. A s a b e d o r i a , isto ê, a virtude ê o bem m ais precioso do homem.
12-13. E u i g n o r a v a , quando pedia a Deus a sabedoria, que ela é mfte nfto só dos bens
espirituais, mas também dos temporais. A sua oração tinha, pois, sido feita sem egoísmo
(s e m in te n ç õ e s re s e rv a d a s ),
14. D a d o u t r i n a que ensinaram.
15. Sem o auxilio de Deus o homem nem sequer pode exprimir o seu conceito.
18. o p r i n c i p i o . . . o modo de organizar o calendário por meio d a astronomia, que
era urna ciência muito importante na antiguidade.
23. Q u e e n c e r r a e m s i , que penetra.
25-30. .A sabedoria é descrita nestes versículos como procedendo de Deus, e irradian­
do desta fonte infinita de luz. A a expressões empregadas dão-nos a idéia da procedência
duma pessoa divina, da fonte mesma da divindade. P o r isso São Pau lo (H ebr., I, 3)
definiu a pessoa do v e rb o quase com as mesmas expressôes.
7 - 8 LIVRO DA SABEDORIA 745
sòmente am a aquêle que habita com confôrto nos meus cuidados e dissa­
a sabedoria. ^E la é mais formosa bores. “ Graças a ela, terei glória
do que o sol, e do que tôdàs as cons­ entre os povos, e, pôsto que jo­
telações das estréias: comparada com vem, (te re i) honra entre os velhos;
a luz, ela vence. “ Porque à luz su­ ne reconhecer-se-á a minha penetra­
cede a noite, mas a malícia nada po­ ção nos julgamentos, e aparecerei ad­
de contra a sabedoria. mirável na presença dos poderosos,
e os príncipes manifestarão em seus
Bens e vantagens da sabedoria semblantes a admiração que lhes cau­
so.
Q X(A sabedoria) atinge, pois, fo r- 12Quando eu estiver calado, espera­
° temente desde uma extremida­ rão que eu fale, e, quando falar, o-
de à outra, e dispõe tôdas as coisas lharão para mim com atenção, e,
com suavidade. 2Eu a amei e bus- quando me alargar nos discursos, po­
quei desde a minha juventude, e pro­ rão a mão sôbre a bôca. 13P or ela
curei tomá-la para mim como espô- terei, além disto, a imortalidade e
sa, e fiquei enamorado da sua form o­ deixarei eterna memória de mim aos
sura. 3E la realça a sua nobreza na vindouros. 14Governarei os povos, e
convivência que tem com Deus, e no as nações que me serão sujeitas. 10Os
amor que lhe tem o Senhor de tôdas reis ferozes temerão, quando ouvi­
as coisas. 4Porque é ela que ensina rem fa lar de mim; com o povo me
a ciência de Deus, e que é a diretriz mostrarei benigno, e na guerra, for­
das Ruas obras. 5E, se as riquezas te. 10Entrando em minha casa, en­
se apetecem na vida, que coisa há contrarei nela o meu descanso; por-
mais rica, do que a sabedoria, que faz ue a sua conversação não tem na-
tôdas as coisas? a de desagradável, nem a sua com­
6E, se é a perícia que obra, quem panhia nada de fastidioso, mas tudo
é melhor artífice que a sabedoria em nela é satisfação e alegria.
tudo o que se faz? 7E se alguém a-
m a a justiça, são obra sua as gran­ A sabedoria é um dom de Deus
des virtudes, porque ela ensina a
temperança e a prudência, a justi­ 17Considerando estas coisas comigo
ça e a fortaleza, que é o mais útil mesmo, e meditando sôbre elas den­
que há na vida para os homens. 8E, tro do meu coração, (refletindo) que
se alguém deseja a profundidade da a imortalidade (feliz) se acha na sa­
ciência, ela é que sabe o passado, e bedoria, 18e na sua amizade um san­
que ju lga do futuro; penetra as sub­ to prazer, e nas obras das suas mãos
tilezas dos discursos, e as soluções riquezas inexauríveis, e no exercício
dos argumentos; conhece os sinais e da sua conversação, inteligência, e u-
os prodígios, antes que êles apare­ m a grande glória na comunicação
çam, e o que tem de acontecer no dos seus discursos, eu procurava-a
decurso dos tempos e dos séculos. por todos os lados para a tomar por
•Eu, pois, resolvi-me tomá-la co­ minha companheira. 19Eu, porém, e-
migo por companheira da minha vi­ ra um menino de bom natural, e cou­
da, sabendo que ela repartirá comi­ be-me por sorte uma boa alma. "O u
go dos seus bens, e que será o meu antes, como eu era bom, entrei num

Cap. V I I I — 1. A t in g e ... fa z sentir a sua eficácia em todo o mundo, dum modo ao


mesmo tempo forte e suave.
7. A Justiça, isto é, a bondade moral, compõe-se das quatro virtudes fundamentais
ou cardiais: temperança, que modera o uso dos prazeres; prudência, que indica o que
se deve fazer e o que se deve evitar; justiça, em sentido estrito, que leva a respeitar os
direitos alheios; fortaleza, que vence as dificuldades que se opõem & prática do bem .
A sabedoria é a grande m estra de todos.
12. Atos de grande respeito e estim a p a ra quem fala.
19-21. salom áo tinha na alm a e no corpo ótimas disposições para receber a sabedoria;
isto porém nfto bastava p ara o tornar digno dela; pediu-a por isso a Deus, como sendo
um dom a que nfto tinha direito. — N o v e ra 20 o sujeito lógico do discurso é a alma.
Corrigido propositalmente a linguagem (o u a n t e s ...) o autor quer pôr em relêvo que
a parte principal do homem ê a alm a, e o corpo está subordinado a ela.
746 LIVRO DA SABEDORIA 8 - 1 0

corpo incontaminado, e como eu para que esteja comigo, e comigo tra­


sabia que não podia obter a sabedo­ balhe, para que eu saiba o que te é
ria, se Deus não ma desse, e isto era agradável. “ Porque ela sabe tôdas as
já um efeito da sabedoria, o saber coisas, e entende-as e me guiará nas
de quem vinha êste dom, dirigi-me ao minhas obras com prudência, e me
Senhor, e fiz-lhe a minha súplica, e protegerá com o seu poder. 12E se­
disse-lhe de todo o meu coração: rão agradáveis as minhas obras, e go­
vernarei o teu povo com justi­
Prece de Salomão a pedir a sabedoria ça, e serei digno do trono de meu
Q ^ e u s de meus pais, e Senhor de pai. 13Porque, qual é o homem que
** minha misericórdia, que fizeste pode conhecer os desígnios de Deus?
tudo pela tua palavra, 2e que for­ ou quem poderá penetrar o querer
maste o homem pela tua sabedoria, de Deus? 14Porque os pensamentos
a fim de que tivesse o domínio sôbre dos mortais são tímidos, e incertas as
as criaturas, que por ti foram fei­ nossas providências; 15porque o cor­
tas, 3a fim de que governassem o mun­ po, que se corrompe, torna pesada a
do com equidade e justiça, e seten- alma, e esta morada terrestre abate
o espírito que pensa muitas coisas.
ciasse em juízo com retidão do cora­ 16E com dificuldade compreendemos
ção; 4dá-me aquela sabedoria, que 0 que há na terra, e com trabalho
está sentada contigo no teu trono, e descobrimos o que temos diante dos
não me queiras excluir do número olhos. Quem pode, pois, investigar as
dos teus servos, 5porque eu sou ser­ coisas do céu? 17E quem poderá co­
vo teu, e filho da tua escrava, sou nhecer os teus desígnios, se tu lhe
um homem fraco e de pouca dura, não deres a sabedoria, e do mais al­
e pouco capaz de compreender a jus­ to dos céus não enviares o teu santo
tiça e as leis. °Porque, ainda que Espírito, 18a fim de que sejam corri­
alguém seja perfeito entre os filhos gidas as veredas daqueles que estão
dos homéns, se estiver ausente dêle na terra, e aprendam os homens as
a tua sabedoria, será considerado co­ coisas que te agradam? 19Porque pe­
mo nada. 7Escolheste-me para rêi la sabedoria é que foram salvos to­
do teu povo, e para juiz dos teus f i­ dos os que te agradal*am, Senhor,
lhos e filhas, 8e mandaste-me edificar desde o princípio.
um templo sôbre o teu santo monte,
e um altar na cidade da tua habita­ A sabedoria e os patriarcas: Adão,
ção, conforme o modêlo do teu san­ Noé, Abraão, L.ot, Jacó e José
to tabernáculo, que preparaste desde
o princípio; 9e contigo está a tua sa­ 1 n JFoi ela que guardou o primei-
bedoria, que conhece as tuas obras, ■V ro homem formado por Deus,
e que se achou também presente, para ser o pai do gênero humano,
quando formavas o universo; ela sa­ tendo sido criado só, 2e o tirou do
bia o que era agradável aos teus o- seu pecado, e lhe deu forças para go­
lhos, e o que era reto segundo os teus vernar tôdas as coisas. 3Logo que
preceitos. 10Envia-a dos teus santos desta (sabedoria) se afastou o injus­
céus, e do trono da tua majestade, to na sua ira, pereceu entre os re-
Cap. IX —- 4. Que está sentada. . . Outra passagem em que a sabedoria ê personifica­
da, como estando sentada sôbre o mesmo trono de Deus. Ê fácil passar daqui ao conceito
duma pessoa distinta.
8. O templo de Salomão foi construído sôbre o monte de Si&o (santo m onte), à seme­
lhança do tabernáculo de Moisés, cuja planta íoi dada pelo próprio Deus ao santo L e ­
gislador.
9. Deus, ao criar o mundo, tinha, por assim dizer, ao seu lado a sabedoria qual con­
fidente e conselheira de todos os seus designios.
13- 19. Outros motivos gerais: Sem a sabedoria o homem, ser miserável, ignorante, não
pode a grad ar a Deus.
14- 16. N ã o sabemos determinar o que mais convém fazer, porque o corpo,, habitação
da alm a, com o pêso da matéria, pôe grandes obstáculos ao livre e reto exercício do pen­
samento, dos atos espirituais.
Cap. X — 1-2. A sabedoria guardou A dao antes de êle ter E v a por companheira, e de­
pois, com a penitência, tirou-o do pecado em que tinha caldo.
10 - 11 LIVRO DA SABEDORIA 747
morsos do fratricídio. 45 E quando, A sabedoria na libertação de Israel
por causa dêle, a água inundou a ter­ 15Foi ela que livrou o povo justo
ra, a salvação veio ainda da sabe­ e a linhagem irrepreensível das na­
doria, conduzindo o justo num lenho ções que o oprimiam. 18Entrou na
desprezível. alma do servo de Deus (M oisés), e
“Também ela, depois que as nações êle manteve-se com prodígios e sinais
conspiraram à uma para praticar o
mal, reconheceu o justo e conservou- contra reis formidáveis. 1TEla deu
o irrepreensível, diante de Deus, e aos justos o galardão dos seus tra­
rnanteve-o forte, apesar da sua ternu­ balhos, e conduziu-os por um cami­
ra por seu filho. nho admirável, e serviu-lhes de som­
°Foi ela que livrou o justo, que fu­ bra durante o dia, e de brilhantes
gia dos ímpios que pereciam, quan­ estrêlas durante a noite. 18Gondu-
do desceu fogo sobre a Pentápole; ziu-os através do mar Vermelho, e
7em testemunho da maldade dos quais fê-los passar pelo meio das profun­
permanece deserta a sua terra, que das águas. 19Sepultou no mar os seus
ainda fumega, e as árvores dão fru ­ inimigos, e tirou-os depois do pro­
tos que não amadurecem, e vê-se a fundo dos abismos. P or isso os jus­
estátua de sal ainda de pé, padrão tos levaram os despojos dos ímpios,
duma alma incrédula. 8*P orque des­ 20e com os seus cânticos engrandece­
prezando êles a sabedoria, não só ram, Senhor, o teu santo nome, e
caíram na ignorância do bem, mas todos unânimes louvaram a tua mão
deixaram ainda aos homens uma lem­ vitoriosa; 21porque a sabedoria abriu
brança da sua loucura, de tal sorte a bôca dos mudos, e tornou eloqüen-
que não puderam ocultar os pecados tes as línguas das crianças.
que cometeram. °Mas a sabedoria li­ A sabedoria e Israel no deserto
vrou de dores os que a respeitaram.
10Foi ela cpie conduziu o justo por 11 2Foi ela que dirigiu as suas o-
caminhos direitos, quando fugia da 11 bras por mãos dum santo pro­
ira do seu irmão, e lhe mostrou o feta. 2Atravessaram um deserto de­
reino de Deus, e lhe deu a ciência sabitado, e em lugares ermos fixa­
dos santos, e o enriqueceu nos tra­ ram as suas tendas. 3Fizeram fren­
balhos, e recompensou as suas fadi­ te aos seus inimigos, e vingaram-se
gas. nEla auxiliou-o contra avaren­ dos seus contrários. 4Tiveram sêde,
tos opressores, e fêz-lhe adquirir ri- e invocaram-te, e foi-lhes dada água
uezas. 12Guardou-os dos inimigos, e duma rocha elevada, e refrigério de
efendeu-o dos enganadores, e meteu- sêde duma dura pedra.
o num duro combate, para que ven­ Castigo dos Egípcios e a divina
cesse, e soubesse que de tôdas as coi­ clemência
sas a mais poderosa é a sabedoria.
13Esta não desamparou o justo ven­ 5Pois, por aquilo mesmo com que os
dido, mas livrou-o dos pecadores,. e seus inimigos tinham sido castiga­
desceu com êle ao fôsso, 14e não o de­ dos, que foi pela falta de água com
samparou nas cadeias, até lhe deposi­ que matar a sêde, com essa os filhos
tar nas mãos o cetro do reino, e o de Israel se alegravam, tendo-a em a-
poder sobre os seus opressores; e bundância. 6P or isso, quando àqueles
convenceu de mentirosos os que o ti­ faltou, tiveram-na êles em abundân­
nham difamado, e deu-lhe uma glória cia. 7Porque, na verdade, em lugar
eterna. das águas dum rio perene, deste aos
4. P o r c a u s a d ê l e , por causa da corrupção da descendência do i n j u s t o Caim, o dilúvio
inundou a terra, e sòmente o j u s t o N oê foi salvo dentro duma arca.
5. M a n t e v e - o f o r t e , fiel em obedecer a Deus, a p e s a r d a s u a t e r n u r a p o r s e u f i l h o I s a a c .
10-12. Referência a alguns fatos da vida de Jacó, narrados no Gênesis: F u ga p ara a
Mesopotârnia, visão de Betei, encontro com Esaú, astúcia de Lab&o, luta com o anjo.
17. D e u a o s j u s t o s , compensou os hebreus das fadigas que tinham suportado sem paga,
dando-lhes os despojos dos Egípcios.
21. Os Hebreus no Egito estavam m u d o s , por causa do seu aviltamento, não podiam
levantar a .voz. A sabedoria a b r i u - T h e s a b ô c a para cantarem o hino do triunfo.
Gap. X I — 1. S a n t o p r o f e t a , isto é, Moisés, que d i r i g i u o povo no deserto.
748 LIVRO DA SABEDORIA ll - 12

injustos sangue humano. 8E, en­ fogo, ou que exalassem um fumo in-
quanto o seu número diminuía em feto, ou despedissem dos olhos hor­
castigo de terem feito m orrer os me­ rendas faíscas, “ capazes não só de
ninos, deste ao teu povo água abun­ os exterminar com as suas mordedu­
dante sem êle o esperar, 9*m ostran- ras, mas até de os fazer morrer de
do por esta sêde, que então houve, pavor com o seu aspecto. 21Mas, ain­
de que modo exaltavas os teus, e da sem nada disto, podiam ser mor­
fazias perecer os seus adversários. tos só com um assôpro, perseguidos
10Porque, quando foram provados, e pelos seus próprios crimes, e dissi­
recebendo ainda assim um castigo pados por um assôpro do teu poder;
com misericórdia, reconheceram ae mas tôdas as coisas dispuseste com
que maneira padeciam tormentos os medida, conta e pêso. 22Porque só
ímpios, quando vós os julgais còrn i- tu tens sempre à mão o supremo
ra. “ A uns provaste como pai que poder; e quem poderá resistir a for-
admoesta; porém, aos outros conde­ a do teu braço? “ Todo o mundo
naste, pedindo-lhes contas como rei §iante de ti é como um pequeno grão
duro. 12Quer ausentes quer presentes, na balança, e como uma gôta de or­
eram igualmente atormentados. 13Por- valho que cai sôbre a terra antes da
que se tinha apoderado dêles uma du­ aurora. 24Tu tens compaixão de to­
pla mágua e pranto, com a lembrança dos, porque tudo podes, e dissimulas
das coisas passadas. 14P * ois, quando os pecados dos homens para que fa ­
ouviam dizer que fôra um bem para çam penitência. “ Porque tu amas
os outros o que para êles tinha sido tudo o que existe, e não aborreces
tormento, logo se lembraram do Se­ nada do que fizeste; porque, se tives­
nhor, admirando o êxito do sucesso. ses odiado alguma coisa, não a terias
15Porque aquêle de quem tinham es­ estabelecido nem criado. 26E como
carnecido, abandonado na cruel ex­ podería subsistir uma coisa, se tu o
posição (dos meninos), foi no fim não quisesses? Ou de que modo se
do sucesso m otivo da sua admiração, conservaria o que por ti não fôsse
uando a sua sêde foi tão diferente chamado? “ Porém tu perdoas a tô­
a sêde dos justos. 16Mas em casti­ das as criaturas, porque são tuas, ó
go dos pensamentos loucos da sua Senhor, que amas as almas.
lniqüidade, em virtude dos quais al­ Os Cananeus, como os Egípcios, são
guns, errando, adoravam serpentes castigados com clemência
mudas e animais despreziveis, envias­
tes contra êles em vingança uma mul­ 12 JOh, quão bom e suave é, Se-
tidão de animais mudos, 17para que nhor, em tudo, o teu espírito!
soubessem que cada um é punido com 2E por isso é que castigas pouco a
o instrumento do seu próprio pe­ pouco os que se desencaminham, e
cado. 18Porque não era difícil à tua os advertes das faltas que cometem,
mão onipotente, que criou o mundo e os exortas, para gue, deixada a ma­
de uma matéria informe, mandar lícia, creiam em ti, Senhor. 3Tinhas
contra êles uma multidão de ursos, horror aos antigos habitantes da tua
ou ferozes leões, 19*ou animais duma terra santa, 4porque praticavam o-
nova e desconhecida espécie, cheios bras, que te eram abomináveis por
de furor, que respirassem chamas de malefícios e sacrifícios ímpios, 5ma­
8. Os meninos hebreus.
11. A uns, os Hebreus. — A os outros, os Egípcios.
12. Os Egípcios tiveram muito que sofrer, quer quando os Israelitas estavam (presentes)
no Egito, quer quando se ausentaram de lá.
13. A s p ragas do Egito e os acontecimentos do m ar verm elho redundaram sempre em
vantagens p ara os Hebreus.
15. Porque a q u ê le ... Moisés, antes exposto sôbre as águas do Nilo, triunfou mais ta r­
de de tôdas as oposições dos Egípcios. — Diferente da sêde dos justos, que foi logo
saciada, o s justos, isto é, os Hebreus.
18. M atéria informe, qual era o orbe terráqueo na ocasião em que foi criado Dor Deus.
21. M as tôdas as c o is a s ... Deus n&o recorre a meios extraordinários quando os o r­
dinários são suficientes p a ra a execução dos seus desígnios.
27. P e r d o a s ... A m isericórdia de Deus estende-se a tôdas as suas obras.
12 LIVRO DA SABEDORIA 749

tando sem piedade os seus próprios de tudo, te fazes indulgente com to­
filhos, chegando a comer entranhas dos. “ Todavia mostras o teu poder,
humanas, e a beber o sangue, ape­ quando te não crêem soberanamente
sar da tua ordem sagrada. 6A êsses, poderoso, e confundes a audácia dos
que eram (ao mesmo tem po) pais e que te não reconhecem.
parricidas de almas indefesas, tu qui­ “ Dominador da tua fôrça, tu ju l­
seste destruir pelas mãos dos nossos gas com calma, e nos governas com
pais, 7a fim de que esta terra, que é indulgência, tendo sempre em tua mão
de ti a mais querida de tôdas, rece­ o usar do poder quando quiseres.
besse uma digna colônia de filhos “ Ensinaste ao teu povo por meio dês-
de Deus. 8Mas ainda a êsses (p e r­ te teu proceder, que importa ser jus­
versos) perdoaste como a homens, to e humano, e deste a teus filhos
e lhes enviaste as vespas como guar- boas esperanças, porque, quando ju l­
cias avançadas do teu exército, para gas, dás tempo de fazer penitência,
que elas os exterminassem pouco a depois do pecado. “ Porque, se os i-
pouco. °Não porque não pudesses su­ nimigos dos teus servos, e dignos de
jeita r pela guerra os ímpios aos jus­ morte, puniste com tanta circunspec­
tos, ou destruí-los duma vez pelos ção, dando-lhes tempo e ocasião de
animais cruéis, ou com uma (só) pa­ se poderem converter da sua malí­
lavra severa; 10mas, castigando-os cia, 21com quanto resguardo não jul­
pouco a pouco, davas-lhes lugar de gaste tu os teus filhos, a cujos pais
fazer penitência, embora não igno­ fizeste boas promessas com juramen­
rasses que a sua raça é má, e que a tos e alianças? “ Quando, pois, nos
malícia lhes é natural, e que os seus infliges algum castigo, açoitas os nos­
sentimentos (perversos) jamais mu­ sos inimigos de mil maneiras, para
dariam. “ Porque a sua raça era ue atentos pensemos na tua bon-
maldita desde o princípio; nem era ade, e, quando nos mesmos somos
por temor de alguém que te mostra­ julgados, esperemos na tua miseri­
vas indulgente com os seus pecados. córdia. 23É por isso que àqueles que
“ Porquanto quem te dirá a ti: Que na sua vida se portaram como insen­
fizeste tu? Ou quem ousará opor- satos e injustos, fizeste sofrer horrí­
se às tuas sentenças? Ou quem se veis tormentos por meio daquelas
apresentará diante de ti para defen­ mesmas coisas que adoraram. 24Por-
der homens iníquos? Ou quem te a- ue andaram largo tempo vagabun-
cusará de ter feito perecer as nações os, no caminho do êrro, tendo por
que criaste? “ Porque não há outro deuses os mais vis dentre os animais,
Deus senão tu, que de tôdas as coi­ vivendo à maneira de meninos sem
sas tens cuidado, para mostrares que razão. 25Por isso como a crianças in­
não há injustiça nos teus juízos. sensatas lhes deste um castigo que
“ Não há rei nem tirano que possa era uma zombaria. 26Mas os que se
levantar-se contra ti e pedir contas não emendaram com êstes ludíbrios
daqueles que destruíste. “ Entretan­ e repreensões, experimentaram um
to, como és justo, tôdas as coisas go­ castigo digno de Deus. 27Porque, ir­
vernas justamente, e condenar quem ritados pelo que sofriam, vendo-se
não merece castigo é uma coisa que atormentados pelas mesmas coisas que
consideras indigna do teu poder. “ P or­ julgavam deuses, reconheceram co­
que o teu poder é o princípio da jus­ mo verdadeiro Deus aquêle que an­
tiça, e, por isso mesmo que és Senhor tes recusavam reconhecer; por isso
Cap. X I I — 8. Como a homens frágçis, inclinados ao mal.
11. Era maldita. A raça dos Cananeus tinha sido am aldiçoada por Noé no seu primei­
ro progenitor (G êm , IX , 25).
16. o supremo domínio de Deus, sendo a raiz de todo o direito, é por isso mesmo o
princípio e o fundamento da justiça, que tem por missão defender os direitos.
23. Os Egípcios, que viviam na loucura da idolatria, foram punidos por meio daqueles
anim ais que adoravam como deuses.
25. A s prim eiras nove pragas foram como que um a zombaria.
27. Reconheceram o verdadeiro Deus, enquanto antes o negavam, m as não se submeteram
A sua divina vontade.
750 LIVRO DA SABEDORIA 13 - 1 4

caiu sobre êles o extremo da conde­ para uso da vida, 12e os restos da­
nação. quela obra emprega-os para cozi­
É urna grande loucura a idolatria
nhar a comida, 13e, quanto ao resto
de tudo isto, que para nenhum uso
1 O 7São vaidades todos os homens é útil, por ser um madeiro torto e
em que se não acha a ciên­ cheio de nós, vai-o esculpindo cuida­
cia de Deus, e que pelos bens visíveis dosamente nas horas livres, e pela
não chegaram a conhecer Aquêle que perícia da sua arte dá-lhe uma figu­
é, nem, considerando as suas obras, ra, e configura-o à semelhança dum
reconheceram quem era o A rtífice; homem, 14ou faz dêle a imagem de
2mas o fogo, o vento, o ar sutil, ou algum animal, dando-lhe vermelhão,
o giro das estréias', ou a imensidade e pintando-o de uma côr encarnada,
das águas, ou o sol e a lua, toma­ e encobrindo tôdas as manchas que
ram por deuses governadores do nêle há; “ depois prepara-lhe um ni­
mundo. 3Se êles, encantados com a cho conveniente, pondo-o numa pare­
beleza de tais coisas, as julgaram deu­ de, e segurando-o com algum ferro,
ses, reconheçam quanto é mais fo r­ 10usando com êle desta precaução, pa­
moso do que elas o que é seu Senhor; ra que não caia, reconhecendo que
porque foi o autor da formosura que ( o deus) se não pode ajudar a si mes­
criou tôdas estas coisas. 4Ou, se êles mo, porque é uma estátua e tem ne­
se maravilharam do seu poder e in­ cessidade de auxílio. 17E, fazendo-lhe
fluências, entendam por elas, que o votos, consulta-o a respeito dos seus
que as fêz é mais forte do que elas; bens, e dos seus filhos, ou dum casa­
Bporque pela grandeza e formosura da mento. Não se envergonha de falar
criatura se pode visivelmente chegar com aquêle madeiro, que está sem al­
ao conhecimento do seu criador. 6To- ma; 18e roga pela saúde a um inváli­
davia êstes homens são menos repre­ do, e pede a vida a um morto, e in­
ensíveis, porque, se caem no êrro, é voca em seu socorro um inútil; 10e,
talvez buscando a Deus e desejando para o bom sucesso duma jornada,
encontrá-lo. 7Porquanto êles buscam- recorre àquele que não pode andar;
no pelo exame das suas obras e não e para as suas compras, suas empré-
seduzidos pela beleza das coisas que sas, e para o bom êxito de tôdas as
vêem. 8Mas, por outra parte, nem suas coisas, implora a quem é inca­
êstes merecem perdão. 9Porque. se paz de tudo.
chegaram a ter luz bastante para po­ Loucura dos navegantes que se reco­
derem fazer uma idéia do universo, mendam aos ídolos de seus navios
como não descobriram mais fácil-
mente o Senhor dêle? 1 A ^ m outro ainda, fazendo ten-
Loucura de quem adora os ídolos ção de se fazer ao mar, e, co­
meçando a viajar sôbre as impetuo­
10Porém são desgraçados, e fundam sas ondas, invoca um madeiro mais
em coisa morta as suas esperanças, frágil do que o lenho que o leva.
aquêles que chamaram deuses às o- 2Com efeito a cobiça de ganhar inven­
bras das mãos dos homens, ao ouro tou o navio, e o artista pela sua ha­
e à prata, às invenções da arte, às bilidade o fabricou. 8Mas, a tua pro­
figuras de animais, ou á uma pedra vidência, ó Pai, é que governa; por­
inútil, obra de mão antiga. UEis que que tu até no mar abriste caminho,
um artista hábil corta do bosque um e uma derrota seguríssima por entre
tronco direito, e dextramente lhe ti­ as ondas, 4mostrando que és poderoso
ra tôda a casca, e, valendo-se da sua para salvai* de todos (os perigos),
arte, faz com esmêro uma peça útil ainda que alguém se meta no m ar
Gap. X I I I — 6. São menos repreensíveis em com paração dos outros que, em assunto do
tanta importância, nem ao menos investigam.
9. Apresenta-se mais fàcilmente ao espírito a idéia de Deus do que o conhecimento-
das leis naturais.
16-19. N a idolatria o homem auxilia mais o deus do que êste auxilia o homem.
Cap. X l v — 2. Êstes versículos são um a espécie de digressão sôbre a providência do
Deus para com os marinheiros, e contribuem p ara provar a inutilidade dos ídolos.
14 LIVRO DA SABEDORIA 751

sem arte. 5Mas, para que as obras ordem dos príncipes eram adorados
da tua sabedoria não fôssem vãs, os os simulacros. 17E, quando os ho­
homens confiam a um pequeno le­ mens não podiam honrar em presen­
nho as suas vidas, e, atravessando o ça aqueles que estavam distantes,
mar sôbre uma embarcação, chegam mandavam trazer de longe o seu re­
a salvamento. 6*Desta sorte nos pri­ trato, ou então mandavam fazer a
meiros tempos, quando pereceram os imagem visível do Rei, a quem que­
soberbos gigantes, refugiando-se a riam honrar, a fim de prestar àque­
esperança de toda a terra numa bar­ le que estava ausente um culto tão
ca, esta conservou para o mundo a zeloso como se estivesse presente.
semente das novas gerações, graças 1SA habilidade admirável do artista
à tua mão que a governava. excitou êste culto no espírito dos pró­
Maldição de Déus contra os ídolos
prios ignorantes. 19Porque, desejan­
do o artista agradar àquele que lhe
70 madeiro, do qual se faz bom dava que fazer, esmerou-se com a
uso, é bendito; 8*mas o ídolo, obra das sua arte para dar à semelhança do
mãos (do hom em ), é maldito, êle e retrato a maior beleza, 20e o vulgo
o seu autor; êste porque de fato o fa ­ dos homens, seduzido pela beleza da
bricou, e aquêle porque, sendo uma obra, tomou por um Deus aquêle que
coisa frágil, foi chamado deus. ‘•Por­ até ali tinha sido honrado como ho­
que Deus aborrece igualmente o ím­ mem.
pio e a sua impiedade. 10*E a obra 21Tal foi a ilusão da vida humana,
será castigada juntamente com o seu (proveniente) de que os homens, ou
autor. “ Por esta causa não serão para satisfazer um seu particular a-
poupados os ídolos das nações, porque feto, ou para obsequiar os reis, deram
as criaturas de Deus tornaram-se um às pedras e ao pau o nome incomu­
objeto de abominação, e um motivo nicável.
de tentação para as almas dos ho­ Efeitos deploráveis da idolatria
mens, e um laço para os pés dos in­
sensatos. “ Porgue a idéia de fazer 22E não bastou aos homens terem
ídolos foi o principio da fornicação, errado acêrca do conhecimento de
e a sua invenção foi a corrupção da Deus, mas 'ainda, vivendo em grande
vida; 13porque êles não existiam no guerra de ignorância, dão o nome de
princípio, nem durarão sempre. “ Foi paz a tantos e tão grandes males.
a vaidade dos homens que os intro­ ^Porque, ou sacrificando os seus pró­
duziu no mundo; e por isso em bre­ prios filhos, ou fazendo sacrifícios o-
v e se verá o seu fim. cultos, ou celebrando vigílias cheias
de loucura, 24não conservam puros
Origens da idolatria nem o seu proceder, nem os seus ma­
15Penetrado um pai de dor amarga, trimônios, mas um mata o outro por
fêz a imagem de seu filho, que pre­ inveja ou o ultraja com o adultério.
maturamente lhe tinha sido arreba­ 25E todos os crimes se acham’ de mis­
tado; e àquele, que tinha falecido co­ tura, o sangue, o homicídio, o furto
mo um homem, começou a adorar e o engano, a corrupção e a infide­
como deus, e estabelece-lhe entre os lidade, a turbação e o perjúrio, a per­
seus servos cerimônias e sacrifícios. seguição dos bons, 26o esquecimento
16Depois, com o andar do tempo, fir ­ de Deus, a contaminação das almas,
mando-se o mau costume, foi obser­ os crimes contra a natureza, a in­
vado êste êrro como uma lei, e por constância dos matrimônios, as desor­
5. N ão fôssem vãs. A navegação serve p ara fazer conhecer melhor as obras divinas,
isto é, os vários produtos de cada região, e para os espalhar por tôda a parte por meio
do comércio.
6. A esperança de tôda a terra. Noé com sua fam ília, depois do dilúvio, foram os
únicos que ficaram para repovoar a terra.
11. D e abominação, de culto execrando.
12. D a fornicação, isto é, da idolatria.
21. O nome de Deus incomunicável a qualquer outro ser.
22. E m grande guerra interior, em grande corrupção de costumes, causada pela igno-
rância de Deus.
75 2 LIvR O DA SABEDORIA 14 - lã

dens do adultério e da impudicícia. le, form a com o seu trabalho tôda


"Porque o culto dos ídolos abomi­ a sorte de vasos destinados aos nos­
náveis é a causa, o princípio e o sos usos, e do mesmo barro faz va­
fim de todo o mal. “ Porque ou sos, que servem para coisas limpas,
praticam loucuras, enquanto se di­ e outros igualmente para coisas que
vertem, ou fazem vatlcínios cheios o não são; e o oleiro é o árbitro do
de mentira, ou vivem na injusti­ uso que devem ter êstes vasos. 8E
ça, ou juram falso sem escrúpu­ depois com inútil trabalho forma um
lo. “ Porque tendo posto a sua con­ deus do mesmo barro, êle que pou­
fiança nos ídolos, que não têm alma, co antes fora feito de terra, e que
esperam não receber detrimentos de dentro em breve voltará a ser redu­
tais perjúrios. “ Porém, sôbre êles zido a ela, quando se lhe pedir a al­
virá o merecido castigo por ambos ma que tinha recebido em depósito.
êstes crimes: porque pensaram mal °Todavia êle não se preocupa com
de Deus, reverenciando os ídolos, e esta desgraça futura, nem com a bre­
com fraude juraram injustamente, vidade da sua vida, mas sômente em
desprezando a justiça. “ Porque não fazer concorrência aos artífices de
é o poder daqueles, por quem ju ­ ouro e de prata; e imita também os
raram, mas a pena devida aos peca­ que trabalham em bronze, e poe a
dores é que anda sempre no alcance sua glória em executar obras inúteis.
da prevaricação doe injustos. 10Porque o seu coração é cinza, e a
sua esperança uma terra vil, e a sua
Agradecimento a Deus por haver
vida é mais desprezível que o barro,
salvado Israel da idolatria “ porque não conhece aquêle que o
15 1Mas tu, ó Deus nosso, és be- formou, aquêle que lhe inspirou uma
nigno, verdadeiro e paciente, e alma ativa, e lhe insuflou o espírito
tudo governas com misericórdia. 2P or- de vida. 12Mas até julgaram que a
que, se pecarmos, não deixamos de nossa vida era um divertimento e a
ser teus, conhecendo a tua grande­ nossa existência um mercado lucrati­
za; e, se não pecarmos, sabemos que vo, que importava ganhar por quais­
somos contados no número daqueles quer meios, mesmo ilícitos. 13Sabe
que te pertencem. 3Porque o conhe- bem que peca mais do que todos os
cer-te é a consumada justiça; e O outros, aquêle que forma da mesma
reconhecer a tua justiça e o teu po­ matéria terrena vasos quebradiços e
der é a raiz da imortalidade. 4Pelo ídolos. 14São, pois, todos insensatos e
que não nos têm feito cair no êrro infelizes em extremo êsses orgulho­
a invenção da arte má dos homens, sos, que são os inimigos do teu po­
nem o sombreado duma pintura, tra­ vo, e que o dominam; “ porque toma­
balho sem fruto, nem uma figura en­ ram por deuses a todos os ídolos das.
talhada (e pintada) com várias cô- nações, os quais nem podem usar dos
res, 5cuja vista excita a paixão dum olhos para ver, nem dos narizes pa­
insensato, e lhe faz amar o fantasma ra respirar, nem dos ouvidos para
sem vida duma imagem morta. *A- ouvir, nem dos dedos das mãos para
ueles que amam o mal, são dignos palpar, nem os seus pés são capazes
e pôr a sua esperança em tais deu­ de andar; “ porque foi um homem
ses, tanto os que os fazem, como os quem os fêz; e recebeu o espírito
os que os amam, e os que os adoram. emprestado quem os formou. Com
Extravagâncias da idolatria efeito nenhum homem poderá fazer
um deus semelhante a si. “ Porque,
7Um oleiro, manejando a terra mo­ sendo mortal, form a com as suas
Cap. X V — 4-6. Os Israelitas eram queridos de Deus, porque se não tinham deixado
corromper pela idolatria; os pagãos desagradavam -lhe pelo motivo contrário.
8. A alm a, que d á a vida ao homem, é como um sôpro da vida divina que lhe fo i
comunicada. P o r isso, quando alguém morre, costuma dizer-se que rendeu, que restituiu
a alm a ao Criador, como se restitui um a coisa emprestada ao seu dono.
13. M ais do que todos os outros, pois sabe por experiência com que m atéria vil fabricou
os ídolos, do mesmo modo que um frá g il vaso.
16. Semelhante a s , , vivo e dotado de sentidos.
15 - 16 LIVRO DA SABEDORIA 753

mãos iníquas uma obra morta: e ê- o referido sinal, não era curado, por­
le mesmo vale mais do que aquêles a que o via, mas sim por ti, que és
quem adora, porque êle vive, pôsto o Salvador de todos os homens.
que seja mortal, mas aquêles nunca Lição para os Egípcios
viveram. “ Adoram até os mais vis
animais, que comparados com os ou­ 8E com isto mostraste aos nossos
tros irracionais, são de pior condi­ inimigos, que és tu o que livras de
ção do que êles. 19A própria vista todo o mal. °Porquanto aquêles fo ­
dêstes animais não mostra nada de ram mortos pelas mordeauras dos
bom nêles, porque foram excluídos gafanhotos e das môscas, e não se
da aprovação e bênção de Deus. encontrou remédio para a sua vida,
Os Egípcios castigados com os animais porque eram dignos de ser assim ex­
e os Israelitas beneficiados por êles terminados. 10Porém, quanto aos
teus filhos, nem os dentes envenena­
1 £ 2P or isso foram justamente a- dos dos dragões os puderam vencer,
tormentados porsêres (v is ) se­ porque, sobrevindo a tua miseri­
melhantes àqueles, e foram exter­ córdia, os curou. nPois (sòm ente)
minados por uma multidão de ani­ eram provados a fim de que se lem­
mais. 2Em lugar destas penas, fizes­ brassem dos teus preceitos, e logo
te favores ao teu povo, e deste-lhe o ficavam salvos, para que não suce­
alimento delicioso que êle desejava, desse que, caindo êles num profun­
proporcionando-lhe como iguaria ex- do esquecimento, não pudessem uti-
uisita gordas cordonizes. 8De mo- lizar-se do teu auxílio. “ Porquanto
o que, estando aquêles com vontade nem foi erva que os sarou, nem le-
de comer, por causa das pragas que nitivo algum, mas sim a tua pala­
lhes mostraste e enviaste, viram vra, Senhor, que sara todas as coi­
transformar-se em aversão o apetite sas. 13Porque tu, Senhor, és o que
do necessário, enquanto que êstes, tens o poder da vida e da morte, e
postos em necessidade por pouco tem­ o que nos levas às portas da mor­
po, saborearam depois um delicioso te, e o que de lá nos tiras. 14Um
manjar. 4Porque importava que so­ homem pode bem matar outro por
breviesse uma ruína inevitável aos malícia, porém, tendo saído o espí­
opressores, e que a êstes sòmente se rito, não o poderá fazer voltar, nem
mostrasse de que modo eram exter­ fará voltar a alma que já foi rece­
minados os seus inimigos. 5Com e- bida.
feito, quando veio sôbre êles o furor Outro paralelo entre os Israelitas e
dos anlmais cruéis, eram mortos pe­ Egípcios: saraivadas e manás
las mordeduras de cobras astuciosas.
°Porém a tua ira não durou sempre, 15À tua mão é impossível escapar.
êles só por pouco tempo estiveram 16Por isso os ímpios que negavam co­
nesta turbação, para ela lhes ser­ nhecer-te, pela fortaleza do teu bra­
vir de advertência, e tiveram logo ço foram açoitados, sendo atormen­
um sinal de salvação para os fazeres tados por chuvas extraordinárias, e
lembrar dos mandamentos da tua lei. saraivas, e tempestades, e consumi­
7Porque aquêle que se voltava para dos pelo fogo. 17E o que nisto havia
18-19. Os mais (v is ) animais, como crocodilos, serpentes, répteis em geral, amaldiçoados
por Deus na serpente que seduziu E v a (G ên., III, 14).
Gap. X v l — 1. Semelhantes àqueles que adoravam .
3. Aquêles, os Egípcios, estando famintos, perdiam o apetite de comer, por causa do
nojo que lhes causavam os anim ais vis que se lhes punham diante dos olhos, durante
as p ragas; enquanto que êstes, os H e b re u s ...
4. E que a êstes, aos Hebreus, se fizesse compreender melhor, por meio duma fome mo­
mentânea, quanto tinham sofrido os inimigos.
5. De cobras m andadas no deserto contra os Hebreus que m urm uravam (Núm eros,
X X L 4-9).
6. Um sinal de salvação, que era a serpente de bronze.
11. Esquecimento da tua lei, que os tornaria indignos dos teus benefícios.
14. Que jd foi recebida na habitação dos mortos.
17. É o vingador.. . A natureza combatia a favo r dos justos contra os maus.
754 LIVRO DA SABEDORIA 16 - 17

de mais admirável era que, na água que conserva aquêles que crêem em
que tudo extingue, o fogo se ateava ti. 27*P orque o que pelo fogo não po­
ainda mais, porque o universo é o dia ser devorado, aquecido por um
vingador dos justos. 18Umas vêzes escasso raio do sol, imediatamente
amansava-se o fogo, para não quei­ se desfazia, “ para que a todos fôsse
mar os animais, que tinham sido en­ notório que importa prevenir o nas­
viados contra os ímpios; e isto para cer do sol para te bendizer, e adorar-
que, vendo êles uma tal maravilha, te desde o raiar da manhã. 29Porque
reconhecessem que, por um juízo de a esperança do ingrato fundirá co­
Deus, é que padeciam êstes males. mo o gêlo do inverno, e se perderá
19Outras vêzes o fogo, contra a sua como água inútil.
virtude natural, ardia na água, para N ova comparação entre Israelitas e
consumir as produções daquela ter­ Egípcios: a praga das trevas e a
ra iníqua. 20*E m contraposição de coluna de fogo
tudo isto alimentaste o teu povo com
o alimento dos anjos, e deste-lhe o 1 7 brandes são, pois, Senhor, os
pão, vindo do céu, preparado sem 1 • teus juízos, e inefáveis as
trabalho, que tinha em si tôda a de­ tuas palavras; por isso as almas in­
lícia e a suavidade de todo o sabor. dóceis se desgarraram. 2Porque os
“ Porque êste alimento mostrava a maus, julgando poder dominar um
doçura que tens para com teus f i­ povo santo, ligados com as prisões
lhos, porque, acomodando-se à von­ das trevas e duma longa noite, en­
tade de cada um, transformava-se cerrados em suas casas, jaziam ex­
no que cada um queria. 22*A neve e cluídos da perpétua providência. 3E,
o gêlo aturavam a violência do fogo quando êles julgavam estar escondi­
sem se fundirem, para que soubes­ dos na escuridão dos seus pecados,
sem que destruía os frutos dos ini­ foram dispersos sob o véu tenebroso
migos um fogo, que ardia no meio do esquecimento, horrendamente es-
da saraiva, e que cintilava por entre pavoridos, e com assombro excessivo
a chuva. perturbados. 4Pois nem a caverna
23Mas êste fogo, para que fôssem em que se tinham metido os guarda­
sustentados os justos, como que es­ va sem temor; porquanto, baixando
queceu a sua própria força. “ P or­ sôbre êles um (h o rríve l) estrondo, os
que a criatura, servindo-te a ti, seu perturbava, e viam aparecer espec­
Criador, torna-se violenta para ator­ tros medonhos gue os enchiam de pa­
mentar os injustos, e torna-se mais vor. 5Não havia fogo, por mais ar­
benigna para fazer bem àqueles que dente que fôsse, capaz de lhes dar
em ti confiam. 25Por isto ela, trans­ luz, nem as brilhantes chamas das
formando-se em tôda a sorte de gos­ estréias, podiam iluminar aquela hor­
tos, obedecia à tua generosidade que rorosa noite. 6Mas só lhes aparecia
tudo sustenta, acomodando-se ao de­ um clarão repentino, que infundia
sejo daqueles que a ti recorriam; 26a temor; e, sobressaltados com o mêdo
fim de que soubessem os teus filhos, daqueles fantasmas que viam con­
a quem amaste, Senhor, que não são fusamente, julgavam ser mais fo r­
os frutos naturais que sustentam os midáveis (do que eram) as coisas que
homens, mas que é a tua palavra viam. 7Então ficaram impotentes as
20. Com o alimento dos anjos. Assim chama o sábio ao maná, tanto por ser um man­
timento em certo modo celestial, caido do céu como orvalho, como pelo seu delicioso sabor,
que bem se podia dizer que era feito por ministério dos anjos.
22-23. A neve e o gêlo, isto é, o m aná que é comparado a esta substância. O maná,
que fundia com os primeiros raios solares, resiçtia miraculosamente ao fogo ordinário
(esqueceu a sua fô rç a ), o qual não poupava os frutos dos inimigos.
25. P o r isto o maná, tua c ria tu ra ...
Cap. X V I I — 1. Almas indóceis, os Egípcios que, depois de tantos avisos e prodígios,
não creram em Deus nem lhe obedeceram.
2. A s trevas, nona p raga do Egito.
3. A escuridão, de que os Egípcios tinham abusado para o crime (X IV , 23) serviu-
lhes de justo castigo.
7. Ficaram impotentes p ara frustrar as pragas infligidas por Deus contra os Egípcios.
17 - 18 LIVRO DA SABEDORIA 755

charlatanarias mágicas, e a vangló- ruído que faziam as pedras, quando


ria da sua sabedoria caiu em vergo­ se precipitavam, ou a carreira de
nhoso descrédito. 8Porque os que animais que retouçavam juntos, sem
prometiam banir os temores e as êles os poderem ver, ou a forte voz
perturbações das almas desfalecidas, das feras que bramavam, ou o eco
esses mesmos estavam ridiculamente que reboava na concavidade dos
lânguidos, cheios de terror. 9P
* orque, montes, tudo os fazia desfalecer de
ainda que nada de terrível os per­ terror. 19Entretanto todo o resto do
turbasse, assustados com a passagem mundo estava alumiado com uma luz
dos animais, e com os silvos das ser­ clara, e ocupava-se nos seus traba­
pentes, morriam tremendo de mêdo, lhos sem obstáculos algum. ^Sòr*
e recusavam ver o ar, que ninguém mente sôbre êles pesava uma pro­
de modo algum poderia evitar. funda noite, imagem das trevas que
10Porque, sendo medrosa a maldade, lhes estavam reservadas, e êles eram
ela condena-se por seu próprio tes­ a si mesmos mais insuportáveis do
temunho, pois uma consciência per­ que as próprias trevas.
turbada presume sempre coisas cru­ A coluna de fogo
éis. ^Pelo que o temor não é outra
coisa mais do que a (perturbação) 1 © 'Entretanto (Senhor) os teus
da alma (que se ju lga) privada de 10 santos tinham uma luz gran­
todo o socorro. 12E quanto menos díssima, e (os Egípcios) ouviam a
ela tem dentro de si esperança de sua voz, porém não viam o seu ros­
auxílio, tanto maior lhe parece a to. E, porque não tinham padecido
causa desconhecida que a atormen­ as mesmas coisas, te glorificavam;
ta. 13*A quêles pois, que numa noite 2e, depois de terem sido maltratados,
verdadeiramente irresistível, e saída te davam graças, porque já o não
do mais baixo e profundo dos infer­ eram, e pediam-te que continuasse
nos, dormiam um mesmo sono, esta diferença. 3Por isso tiveram
14umas vêzes eram agitados pelo te­ uma coluna ardente de fogo como
mor dos monstros, outras desmaia­ guia num caminho desconhecido, e
vam pelo desfalecimento do seu es­ um sol inofensivo na sua gloriosa
pírito, porque os sobressaltava um peregrinação. 4Os outros mereciam
repentino e não esperado temor. bem serem privados da luz, e sofrer
15Depois disto, se algum dêles tinha um cárcere de trevas, êles que tinham
caído, ficava como prêso e encerra­ encerrado em prisões os teus filhos,
do num cárcere sem (necessidade de) por meio dos quais começavam -a ser
cadeias. 16Porque, se o que era cam­ dada ao mundo a luz incorruptível
ponês ou pastor, ou o que se ocupa­ da tua lei.
va nos trabalhos do campo, era as­ A morte dos primogênitos
sim surpreendido, sofria uma neces­
sidade inevitável; 17porque todos es­ 5E, quando êles resolveram matar
tavam ligados com uma mesma ca- os meninos dos justos, e foi salvo um
deia de trevas. Ou fôsse o vento dêstes meninos que tinha sido ex­
uando assoprava, ou o suave canto posto, tu lhes tiraste grande multi­
os pássaros entre os espessos ramos dão de filhos, e juntos os destruíste
das árvores ou a violência da água no abismo das águas. 6Aquela noite
correndo com ímpeto, 18ou o grande tinha sido antes Conhecida por nos-
9. R ecu sa va m ... Os Egípcios, no meio do seu terror, nem sequer queriam lançar os
olhos para o a r tenebroso que os cercava.
13. Num a noite irresistíveh que tornava impossível a vida, e que parecia ter saído do
inferno.
16. Sofria uma necessidade. . . A s pessoas assim surpreendidas tiveram de ficar no
meio do campo sem se poderem mover, até que o flagelo terminou.
20. E êles eram a si m e s m o s ... N â o h á m aior tormento para a alm a do que o re­
morso causado pelas maldades próprias.
Cap. X V I I I — 2. Que continuasse esta diferença entre êles e os seus inimigos.
5. Matar os meninos (Ê x ., I, 15-22). — U m dêstes, Moisés.
6. A noite da morte dos primogênitos e da saída do E gito tinha sido predita por
Moisés aos Hebreus (Ê x ., X I, 4-11-; X U , 21-28).
756 LIVRO DA SABEDORIA 18 - 19

sos pais, para que, sabendo êles com vertiam isto antes, para não suceder
verdade a que promessas deram cré­ morrerem sem saber a causa dos ma­
dito, ficassem os seus ânimos mais les que sofriam.
tranqüilos. 7E assim o teu povo
contemplou a conservação dos justos Flagelo passageiro para os Israelitas
e o extermínio dos injustos. 8Por-
que, assim como tu castigaste os nos­ verdade que também feriu os
sos adversários, assim também, unin­ justos uma prova de morte, e no de­
do-nos a ti, nos engrandeceste. °Por- serto houve um levantamento da
que os justos, filhos dos bons, te ofe­ multidão; mas a tua ira não durou
reciam em segrêdo o sacrifício, e es­ muito tempo, ^porque, apressando-se
tabeleceram de comum acôrdo esta um homem irrepreensível a interce­
lei de justiça: Que (no mundo) re­ der pelo povo, opôs-te o escudo do
ceberíam igualmente assim os bens seu ministério, e, dirigindo-te a sua
como os males, cantando já os hinos oração e a sua súplica com o incen­
de seus pais. 9 10Mas (ao mesmo tem ­ so, atalhou os progressos da tua ira,
po) ouviam-se as vozes confusas dos e pôs fim ao flagelo, mostrando que
seus inimigos, e os lamentáveis pran­ era teu servo. 22Não dominou a per­
tos dos que choravam a morte dos turbação com a fôrça do corpo, nem
meninos. 11E com a mesma pena com o poder das armas, mas sim com
foi afligido o servo e o senhor, e o a sua palavra deteve o (a n jo) exter-
homem plebeu padeceu o mesmo que minador, recordando os juramentos
o rei. 12Todos, pois, com o mesmo feitos aos patriarcas e a aliança.
gênero de morte, tinham inumerá­ ^Quando já os mortos jaziam uns sô-
veis mortos. Nem já os vivos bas­ bre os outros, êle meteu-se de per­
tavam para os enterrar, porque, num meio, e deteve a cólera, e cortou-lhe
instante, foi exterminada a parte 0 caminho qiUe ia ter aos vivos. “ Por-
mais nobre da nação. 13Então os que na vestldura talar que trazia es­
que tinham sido incrédulos por cau­ tava simbolizado todo o mundo, e os
sa dos encantos, logo Que sucedeu o nomes gloriosos dos antepassados es­
extermínio dos primogênitos, confes­ tavam gravados nas quatro ordens
saram que aquêle era o povo de de pedras, e a tua soberania estava
Deus. 14Porque, quando tudo repou­ gravada no diadema da sua cabeça,
sava num profundo silêncio, e a noi­ d ia n t e destas coisas, pois, cedeu o
te estava no meio do seu curso, 15a exterminador, e respeitou-as; porque
tua palavra onipotente, (baixando) bastava esta simples amostra da ira
do céu do teu trono real, saltou de divina.
improviso no meio da terra conde­ A passagem do m ar Vermelho
nada ao extermínio, como um infle­
xível guerreiro; “ como uma aguda 1 Q 1Mas sôbre os ímpios desceu até
espada, ela levava o teu irrevogável 1 ** ao fim a ira de Deus sem mi­
decreto, e, chegando lá, tudo encheu sericórdia, porque Deus previa o seu
de morte, e, estando em pé sobre a futuro modo de proceder, 2isto é, que
terra, chegava até ao céu. 17Então êles, depois de terem permitido (aos
foram imediatamente perturbados Israelitas) que se fôssem, tendo-os já
por visões horríveis, e temores ines­ despedido com grande pressa, arre­
perados os assaltaram. 18E, arroja­ pendidos disto, iriam em seu alcance.
dos para um lado e para outro meio 3Tendo êles ainda o luto (por assim
mortos, mostravam a causa da mor­ dizer) entre as mãos, e chorando ain­
te de que morriam. 19Porque as v i­ da junto dos sepulcros dos seus mor­
sões, que os perturbavam, lhes ad­ tos, tomaram loucamente outra re­
9. os justos, os Israelitas im olavam o cordeiro pascal no segrêdo das suas casas (Ê x .,
X II, 1-28), e em seguida cantavam hinos sagrados.
16. A té ao céu. Hipérbole para descrever o aspecto terrível do anjo exterminador.
18. Por meio de tôdas as circunstâncias que acompanhavam êste flagelo, Deus quis mos­
tra r que era o seu autor.
20-21. A mortandade infligida por causa da sediç&o de Coré (N ú m ., X V I, 46-50) termi­
nou depressa, devido à intercessâo de Arfto.
19 LIVRO DA SABEDORIA 757

solução; e aos que tinham mandado gundo as suas maldades; 13porque


embora com rogos, perseguiam de­ tinham usado de uma inospitalidade
pois como a fugitivos. 4Levava-os a mais detestável; pois, se estes não
este (tris te ) fim uma fatalidade de tinham acolhido estrangeiros desco­
que eram dignos; e perdiam a lem­ nhecidos, os Egípcios tinham reduzi­
brança do que lhes tinha acontecido, do à escravidão hóspedes benfeito­
para que o castigo enchesse o que res. 14E não é tudo; aquêles têm
faltava aos seus tormentos, 5e para uma desculpa, porque receberam
que o teu povo passasse miraculosa- (desde o princípio) como inimigos a
mente (o m a r), e êles achassem um estrangeiros, 15enquanto que estes,
novo gênero de morte. 6Porque to­ depois de terem recebido com ale­
das as tuas criaturas tomavam como gria a homens que gozavam dos mes­
no princípio, cada uma no seu gêne­ mos direitos que êles, os atormenta­
ro, uma nova forma, obedecendo aos ram com sofrimentos cruéis. 16Por
teus mandados, a fim de que os teus isso foram feridos de cegueira, como
servos fôssem conservados ilesos. 7E aquêles o tinham sido à porta do
assim uma nuvem fazia sombra ao justo (L o t ), quando, tendo sido re-
seu acampamento, e, onde antes ha­ pentinamente cobertos de trevas,
via ãgua, apareceu terra sêca, e no buscava cada um a entrada da sua
mar Vermelho uma passagem sem porta.
embaraço, e um campo viçoso no seu
profundo abismo, 8pelo qual passou Deus de tudo se serve a favo r dos
todo o povo que era protegido pela eleitos
tua mão, expectador das tuas mara­
vilhas e dos teus prodígios. ‘A leg ra ­ 17
Quando os elementos trocam en­
ram-se como cavalos que têm bom tre si suas próprias funções (aconte­
pasto, e como cordeiros saltaram de ce) como num instrumento músico,
prazer, glorificando a ti, Senhor, que em que a qualidade dos sons é trans­
os tinhas livrado. 10Êles recorda- formada sem perder nada a harmo­
vam-se ainda do que tinha acon­ nia que lhe é própria, como se pode
tecido no lugar do seu exílio, como ver claramente pela experiência.
a terra, em vez de outros animais, l8Porque os animais terrestres torna-
tinha produzido moscas, e, em lugar vam-se aquáticos, e os que nadam
de peixes o rio tinha lançado fora passavam para a terra. 10O fogo, ex­
multidão de rãs. 17E ainda depois cedendo a sua virtude, ateava-se no
viram uma nova casta de aves, quan­ meio da água, e esta esquecia-se da
do, levados pela gula, pediram man­ natureza que tem de o apagar. ™As
jares exquisltos. 12Porque, para sa­ chamas, pelo contrário, não ofendi­
tisfazer o seu desejo, vieram-lhes da am as carnes dos frágeis animais
banda do mar codornizes. que andavam entre elas, nem dissol­
viam aquêle delicioso manjar, que
Motivo do castigo dos Egípcios se desfazia tão fácilmente como o
Porém sobre os (Egípcios) pecado­ gêlo. Porque em tôdas as coisas, Se­
res caíram castigos, não sem aquêles nhor, tu glorificaste o teu povo, e o
avisos, que antecipadamente lhes ti­ honraste, e não o desprezaste, assis­
nham sldo feitos pela violência dos tindo-lhe em todo o tempo e em to­
raios; pois sofriam justamente se­ do o lugar.
Cap. X IX — 4. Urna fatalidade, isto é, o endurecimento voluntário de F a ra ó e dos seus
súditos.
6. Em lugar das suas propriedades e eficiências naturais, tôda a criatura tom ava outras
diversas, por uma ordem particular de Deus, que pode derrogar, em casos e para fins
especiais, as leis universais estabelecidas por ôle no mundo. Ê êste o conceito de milagre.
9. Com paração poética para indicar a alegria dos Hebreus, ao serem libertados da
escravidão do Egito.
13. Mais detestável que a dos Sodomitas (G ên., X IX , 1 e segs.).
IS. O m ilagre não perturba o concêrto harmonioso produzido pelas leis físicas do uni-
ootepra um ouioo uiissv •■etuouuuti up a^uutavA -euin ouiod sauadu ra?AJdlui sara ‘osj8a
hábil, sem mudar as cordas do seu instrumento, sabe produzir harmonias diversas, assim
Deus, sem m udar a natureza das coisas criadas por êle, sabe tirar delas efeitos diversos.
ECLESIÁSTICO
Desde os primeiros tempos, os Santos Padres da Igreja denominaram
Eclesiástico êste livro sapienciah que no texto grego tem o nome de “ Sa­
bedoria de Sirac” , e no hebraico “ Sabedoria de Jesus, filho de Sirac” . Foi
chamado Eclesiástico, porque era mais usado nas igrejas para instruir os
catecúmenos e os fiéis.
Autor do livro (veja Cap. 50,29) é Jesus, filho de Sirac, natural de
Jerusalém. Foi escrito em língua hebráica (como testemunha S. Jerônimo,
que viu o original — que se perdeu em seguida, e do qual foram encontrados
cêrca de dois têrços entre os anos de 1896 e 1900, numa velha sinagoga do
Cairo) e foi traduzido para o grego pelo próprio neto do autor, nos últimos
anos do reinado de Ptolomeu V II (171-117). Jesus, filho de Sirac, fala de
Simão II, filho de Onias, em tal modo, que deixa claro ter êle visto Simão
exercitar o pontificado, no período que vai de 219 a 199. Daí se conclúi
que o livro foi escrito pouco depois do ano 200 a.C..
O Eclesiástico divide-se em duas partes (além do prólogo e do epílogo).
O prólogo é do neto do autor, e não faz parte das Escrituras inspi­
radas. Tem grande importância, porém, não só porque nos indica a data
da composição e da tradução do Eclesiástico, mas também porque nos mostra
que no século l l antes de Cristo os livros sagrados do Antigo Testamento se
dividiam em três classes: a lei, os profetas e outros escritores.
Prim eira parte (1 - 42,14): está dividida em oito secções (1 - 4; 4 - 6 ;
<> - 14; 14 - 16; 16 - 23; 24 - 33; 39; 39 - 42) que começam tôdas ou com
convites à sabedoria ou com hinos à sabedoria ou a Deus. Traça normas
para o bem viver, como os Provérbios.
Segunda parte (42,14 - 50,23): depois do hino a Deus Criador (42 43),
canta o bino aos patriarcas (aos santos do Antigo Testamento) desde Henoc
e Noé até Simão II (44 - 50).
Epílogo (50,24 - 51): contém a conclusão, e a oraçãd do Eclesiástico.

P R Ó LO G O D E JESUS, F IL H O D E S IR AC , SÔBRE O E C L E S IÁ S T IC O
Muitos e excelentes ensinamentos tiveram de ser instruídos, mas tam ­
nos foram transmitidos pela le i, pe­ bém os próprios estrangeiros se po­
los profetas, e por outros escritores dem tornar (por meio dêles) m uito
que vieram depois deles, o que torna hábeis tanto para falar como para
Israel digno de louvor por sua dou­ escrever.
trina e sua sabedoria,, visto que não P o r isso, Jesus, meu avô, depois
sòmente os autores déstes discursos de se te r aplicado com grande cui­
1 ECLESIÁSTICO 759

dado à leitura da lei, e dos profetas, só êste livro, mas a própria lei e os
e dos outros livros que nossos pais profetas, e o contexto dos outros li­
nos legaram, quis também escrever vros são m uito diferentes, quando se
alguma coisa acerca da doutrina e compara a versão com o original.
da sabedoria a fim de que aquêles Tendo eu chegado ao E g ito no ano
que desejam aprender, tendo-se ins­ trigésimo oitavo do reinado de P to -
truído por meio dêste livro, façam lomeu Evergetes, e tendo-me lá con­
reflexões cada vez mais sérias, e servado durante m uito tempo, encon­
se conservem constantes em viver se­ trei êste livro que lá tinha sido dei­
gundo a lei. xado, e cuja doutrina não era pouca,
nem, para desprezar. P o r isso ju l-
E u vos exorto, pois, a v ir com bene­ guei u til e necessário empregar al­
volência, e a empreender esta leitu­ gum cuidado e trabalho em traduzir
ra com uma atenção particular e a este liv ro ; e assim, com muitas v ig í­
perdoar-nos, se algumas vezes pare­ lias, durante um cu rto tempo, em-
ce r que, ao reproduzir êste retrato preguei o meu estudo em concluir
da sabedoria, somos incapazes de dar e oferecer êste livro aos que querem
o sentido (claro) das expressões; aplicar o seu espírito, e aprender co­
porque as palavras hebraicas perdem mo se devem regular os costumes,
m uito da sua fôrça quando trasla­ quando se tomou a resolução de v i­
dadas para outra língua. E não é ver segundo a lei do Senhor.

A sabedoria vem de Deus criou no Espírito Santo e que a viu,


1 7Tôda a sabedoria vem do Senhor e que a contou, e que a mediu. 10Êle
a difundiu por tôdas as suas obras,
* Deus, e com êle esteve sem­ e por tôda a carne, segundo a sua
pre e existe antes de todos os sécu­ liberalidade, e a comunicou aos que
los. 2A areia do mar e as gôtas da o amam.
chuva, e os dias dos séculos, quem
os pôde contar? A altura do céu, A sabedoria e o temor de Deus
e a extensão da terra, e a profun­
didade do abismo, quem os pôde me­ 170 temor do Senhor é glória e hon­
dir? 3Quem penetrou a sabedoria de ra, e alegria, e uma coroa de regozi­
Deus, a qual precede tôdas as coi­ jo. 120 temor do Senhor deleitará o
sas? 4A Sabedoria foi criada an­ coração, e dará alegria, e gôzo, e
tes de tudo, e a luz da inteligência larga vida. 13Aquêle que teme ao Se­
existe desde tôda a eternidade. 5A nhor será feliz no fim, e será aben­
fonte da sabedoria é o verbo de çoado no fim da sua morte. 140
Deus nos céus, e os seus caminhos amor de Deus é uma gloriosa sabe­
são os mandamentos eternos. 6A doria. 15E aquêles a quem ela se ma­
quem foi descoberta a raiz da sabe­ nifesta, amam-na logo que a vêm,
doria, e quem conheceu os seus de­ e que reconhecem as suas maravi­
sígnios? 7A quem foi revelada e ma­ lhas. ieO princípio da sabedoria é o
nifestada a habilidade da sabedoria? temor do Senhor, o qual é criado
E quem compreendeu a multiplici­ com os homens fiéis no ventre de
dade dos seus passos? 8Um só, que sua mãe, e anda com as mulheres
é o Altíssimo Criador Onipotente, e (santas e) escolhidas, e dá-se a co­
rei poderoso, sumamente terrível, que nhecer nos justos e nos fiéis. 170
está assentado sôbre o seu trono, o temor do Senhor é a piedade da
Deus dominador. 9Foi êle quem a ciência. 18Esta piedade guarda e jus-
Cap. I — 2. Coisas que o homem m ais hábil náo pode enumerar, mas que a sabedoria
divina conta com facilidade. — o s dias dos séculos, isto é, os dias da eternidade.
5; o s seus caminhos, as suas obrás.
9. Que a v iu . . . Tendo-a criado, conhece-a profundamente.
10. P o r tôda a carne, por todos os mortais.
16. O temor do Senhor pode dizer-se que nasceu: o qual ê criado com os homens fiéis.
760 ECLESIÁSTICO 1 - 2

tifica o coração, dá-lhe gôzo e ale­ "T em cuidado com êles para que não
gria. 19Quem teme o Senhor, será caias, e não desonres a tua alma,
ditoso, e no dia da sua morte será " e Deus não descubra os teus se­
abençoado. temor de Deus é a gredos, e não te humilhe no meio
plenitude da sabedoria, e os seus da assembléia, "p or te teres apro­
frutos saciam (os que a possuem). ximado do Senhor com disposição
“ Êle encherá tôda a casa do sábio maligna, e por teres tido o teu co­
com os seus produtos, e os celeiros ração cheio de dolo e de engano.
com os seus tesouros. “ O temor do Paciência na tribulação
Senhor é a coroa da sabedoria: êle
dá a plenitude da paz, e frutos de O 2Meu filho, quando entrares no
salvação. “ Êle vê a sabedoria, e a “ serviço de Deus, persevera fir ­
conta; e uma e outra coisa é um me na justiça e no temor, e prepa­
dom de Deus. “ A sabedoria espalha ra a tua alma para a tentação, h u ­
a ciência e a luz da prudência, e milha o teu coração, e tem paciên­
exalta a glória dos que a possuem. cia: inclina o teu ouvido, e recebe as
“ A raiz da sabedoria é ò temor palavras da sabedoria, e não te apres­
do Senhor, e os seus ramos são de ses no tempo da prova. 3Sofre as de­
muita dura. “ Nos tesouros da sa­ moras de Deus; conserva-te unido a
bedoria acham-se a inteligência e a Deus, e espera pacientemente, para
piedade da ciência; mas para os pe­ teres vantagem na tua sorte final.
cadores a sabedoria é uma coisa exe­ 4Aceita (de boamente) tudo o que te
crável. “ O temor do Senhor expul­ suceder, e permanece em paz na tua
sa o pecado; “ quem não tem êste te­ dor, e no tempo da humilhação tem
mor não poderá ser justo, porque a paciência; 5porque no fogo se prova
sua cólera exaltada será a sua rui- o ouro e a prata, e os homens ama­
na. “ O homem paciente sofrerá até dos (de Deus provam-se) no cadi­
ao tempo marcado, e depois ser-lhe- nho da humilhação. °Confia em Deus,
-á dada a alegria. "O homem de e êle te protegerá; endireita o teu
bom senso reterá em si mesmo as caminho e espera nêle; conserva o
suas palavras até um certo tempo, seu temor, e envelhece nêle.
e os lábios de muitos publicarão a
Os frutos do temor de Deus
sua prudência. "A s regras do bom
proceder estão encerradas nos tesou­ 'Vós os que temeis o Senhor, espe­
ros da sabedoria; 32o pecador, porém, rai a sua misericórdia, e não vos des­
detesta o culto de Deus. "Filho, se vieis dêle, para que vos não suceda
desejas a sabedoria, observa os man­ cairdes. 8Vós, os que temeis o Se­
damentos, e Deus ta dará. "Porque nhor, tende fé nêle, e não perdereis
o temor do Senhor é a sabedoria e a vossa recompensa. °Vós os que te ­
a disciplina, *5e o que lhe agrada meis o Senhor, esperai nêle, e para
é a fé e a mansidão, e êle enche­ vossa consolação virá sôbre vós a sua
rá os tesouros daquele que as pos­ misericórdia. 10Vós os que temeis o
sui. Senhor, amai-o, e os vossos coracôes
Aproxirnerno-nos de Deus com simpli­ serão alumiados. “ Considerai, filhos,
cidade de coração as gerações humanas, e sabei que
ninguém esperou no Senhor, e fos­
"N ã o sejas rebelde ao temor do Se­ se confundido. 12Quem permaneceu
nhor, e não te aproximes dêle com firm e nos seus mandamentos, e foi
um coração dobre. "N ã o sejas hipó­ desamparado? ou quem o invocou, e
crita diante dos homens, e não te foi dêle desprezado? 13Porque Deus
sejam os teus lábios motivo de queda.52 é bom e misericordioso, e perdoará
25. D o temor de Deus nasce a ciência prática que traz consigo a virtude e a santidade;
e os ramos, que são as boas obras, produzem um a recompensa eterna.
28. A cólera, não sendo dominada pelo temor de Deus, levará prontamente ao pecado.
39-40. Deus costuma castigar nesta vida os hipócritas, permitindo que se tornem públi­
cas as suas iniqüidades, e que fiquem cobertos de ignomínia.
Cap. I I — 2. N ão te apresses a tom ar ou a m udar as tuas resoluções, porque, no tem­
po da tribulação, o abatimento pode levar-nos a dar um passo falso ou prejudicial.
2 - 3 ECLESIÁSTICO 761

os pecados no dia da tribulação; êle sua oração. 70 que honra seu pai
ê o protetor de todos os que o bus­ viverá uma vida larga; e consola
cam em verdade. l4A i do coração sua mãe quem obedece a seu pai.
dobre, e dos lábios criminosos, e das 60 que teme o Senhor honra seus pais;
mãos que fazem o mal, e do pecador e servirá, como a seus senhores, aos
que anda sôbre a terra por dois que o geraram.
caminhos! 15A i dos fracos de cora­ •Honra teu pai por ações, por pa­
ção, que não confiam em Deus, e lavras e com tôda a paciência, “ pa­
que por isso não serão protegidos por ra que venha sôbre ti a sua bênção,
êle! lflA i dos que perderam a pa­ e esta bênção permaneça contigo
ciência, e que deixaram os caminhos até ao fim. MA bênção do pai forti-
retos, e se extraviaram por veredas fica as casas dos filhos, e a maldi­
corrompidas! 17Que farão êles, quan­ ção da mãe as destrói pelos alicerces.
do o Senhor começar a examinar •12Não te glories com aquilo ^ue de-
tudo? 18Os que temem o Senhor sonra teu pai, porque a sua ignomí­
não serão desobedientes à sua pala­ nia não é glória para ti; 13pois a
vra, e os que o amam seguirão o seu lória do homem provém da honra
caminho. 10*Os que temem o Senhor f
o seu pai, e um pai sem honra ê
inquirirão o que lhe é agradável, a vergonha de seu filho.
e os que o amam serão cheios da 14Filho, ampara a velhice de teu
sua lei. ^Os que temem o Senhor pai, e não o entristeças durante a sua
prepararão os seus corações, e santi- vida. ,5Se a inteligência lhe for fa l­
Iicarão as suas almas na sua presen­ tando, suporta-o, e não o desprezes,
ça. 21Os que temem o Senhor guar­ por teres mais vigor do que êle; por­
darão os seus mandamentos, e terão que a caridade exercida com teu pai,
aciência até à sua visita, “ dizen- não ficará no esquecimento. 16Porque
o: Se não fizermos penitência, cai­ serás recompensado por teres supor­
remos nas mãos do Senhor, e não tado os defeitos da tua mãe; 17e a
nas mãos dos homens. “ Porque, se­ justiça será o fundamento da tua ca­
gundo é elevada a sua grandeza, as­ sa, e no dia da tribulação (D eus) se
sim também é grande a sua miseri­ lembrará de ti; e os teus pecados se
córdia. desfarão como o gêlo num dia sereno.
Deveres dos filhos para com os pais 18Como é infame aquêle que desam­
para o seu pai! E como é amaldi­
O 2Os filhos da sabedoria formam çoado de Deus o que exaspera sua
J uma congregação de justos, e a mãe!
sua índole é tôda obediência e amor Mansidão e humildade
(de Deus). 2Ouvi, filhos, os precei­ 19Filho, leva a cabo as tuas obras
tos do vosso pai, e procedei de sor­ com mansidão, e atrairás não só a
te que sejais salvos. 3Porque Deus estima, mas também o amor dos ho­
quer honrar o pai nos filhos, e fir ­ mens. £0Quanto maior és, mais te
mou cuidadosamente a autoridade da deves humilhar em todas as coisas,
mãe sobre os filhos. 40 que ama a e acharás graça diante de Deus;
Deus implorará o perdão dos seus 21porque só o poder de Deus é que
pecados, e se absterá de tornar a é grande, e é pelos humildes que êle
cair nêles, e será ouvido na sua o- é honrado.
ração de todos os dias. 5Como quem Contra a v ã curiosidade
acumula tesouros, assim é aquêle
que honra sua mãe. eO que honra 22Não procures saber o que excede
seu pai encontrará alegria nos seus a tua capacidade, e não especules o
filhos, e será atendido no dia da que ultrapassa as tuas fôrças (in te-
14. Ninguém pode servir a dois senhores, a Deus e ao mundo. Deus quer possuir só e
por completo o nosso coração.
20. Prepararão os seus corações para se tornarem dignos das graças divinas.
Cap. I I I — 9. Com tôda a paciência, ainda que tenham gênio irascível.
22-25. Ê um dever imposto à nossa lim itada inteligência não ter a pretençâo de com­
preender tudo, principalmente em assuntos religiosos. Ê grande ventura termos conheci­
mento dêles, ainda que os não saibam os explicar.
762 ECLESIÁSTICO 3 4

lectuais), mas pensa sempre no que tribulado, nem voltes a tua cara ao
Deus te mandou, e nas muitas obras obre. 5Não afastes os teus olhos
suas não sejas curioso. ^Porque não o indigente, irritando-o, nem dês
te é necessário ver com os teus olhos ocasião aos que te pedem de te amal­
o que está escondido. 24Não te apli­ diçoar por trás; °porque aquêle que
ques a esquadrinhar com ânsia as te amaldiçoa na amargura da sua
coisas supérfluas, e não indagues com alma, será ouvido na impreca-
curiosidade as diversas coisas de Deus. ção, e o seu Criador o ouvirá, ^ o r ­
25Porque muitas coisas te foram re­ na-te afável ao ajuntamento dos po­
veladas, que excedem a inteligência bres, e humilha a tua alma diante
humana. 28A muitos enganou a falsa dos anciãos, e abaixa a tua cabeça
opinião que formavam delas, e as diante dos grandes. 8Aplica o teu
suas conjecturas sobre tais coisas ouvido ao pobre sem desdém, e pa­
conservaram-nos no êrro. ga-lhe a tua dívida (de caridade),
Coração m au e coração bom
e responde-lhe pacificamente e com
doçura. °Livra da mão do soberbo
270 coração duro será oprimido de o que padece injúria, e não te seja
males no fim ( da vida) ; e aquêle que isto penoso. 10No julgar sê misericor­
ama o perigo perecerá nêle. “ O co­ dioso com os órfãos como um pai,
ração que anda por dois caminhos, e sê como um marido para com a
não sera bem sucedido, e o depravado sua (pobre) mãe; X1e serás como um
de coração achará nêles a sua ruí­ filho obediente do Altíssimo, e êle
na. 290 coração rebelde será oprimi­ se compadecerá de ti, mais do que
do de dores, e o pecador amontoará uma mãe.
pecados sôbre pecados. 30A assem­ Vantagens da sabedoria
bléia dos soberbos é incorrigível, por­
que o tronco do pecado se arraiga­ 12A sabedoria infunde vida a seus
rá nêles, sem que o notem. slO co­ filhos, e toma debaixo da sua prote­
ração do sábio manifesta-se pela sa­ ção os que a buscam, e irá adiante
bedoria, e o ouvido virtuoso ouvirá dêles no caminho da justiça. lsO que
a sabedoria com grande ardor. “ O a ama, ama a vida, e os que solíci­
coração sábio e inteligente abs- tos, a buscarem, gozarão da sua doçu­
ter-se-á do pecado, e será bem su­ ra. 14Aquêles que a possuírem, te­
cedido nas obras de justiça. rão a vida (eterna) por herança,
33A água apaga o fogo ardente, e e onde ela entrar, Deus abençoará
a esmola resiste aos pecados. 34Deus tudo. 15Os que a servem, serão o-
contempla aquêle que exerce a cari­ bedientes ao Santo, e Deus ama os
dade, e lembra-se dêle para o futu­ que a amam. 16Aquêle que a ouve,
ro, e no tempo da desgraça encon­ julgará as nações, e o que tem os o-
trará um apoio. lhos fixos nela permanecerá seguro.
Exortação às obras de misericórdia 17Se tiver confiança nela, herdá-la-
-á, e a sua posse será confirmada
A ^ ilh o , não prives o pobre da em seus filhos. 18Porque ela anda
^ sua esmola, e não apartes dê- com êle na prova, e o escolhe en­
le os teus olhos. 2Não desprezes a- tre os primeiros. 19Ela fará v ir sô-
quêle que tem fome, nem exaspe­ bre êle o temor, o mêdo e a prova; e o
res o pobre na sua necessidade. 8Não exercitará nas penas que acompa­
aflijas o coração do pobre, e não nham as suas instruções, até que o
difiras dar ao que está em angús­ sonde em seus pensamentos, e se
tia. 4Não rejeites a petição do a­ fie da sua alma. “ E ela o porá fir -
Cap. I V — 6. Se o pobre é virtuoso e sofre com paciência, isto mesmo é uma tácita
im precação contra o rico que o despreza. Se o pobre é mau, apesar de Deus condenar a
su a impaciência, ouve todavia as suas imprecaçôes contra o rico desumano.
15. A o Santo por essência.
18-22. Proceder habitual d a Sabedoria divina para com aquêles que se entregam a ela.
Sofrem v árias tribulaçôes p ara se purificarem , tornando-se assim cada vez mais dignos de
Deus.
20. o porá firm e na virtude.
4 - 5 ECLESIÁSTICO 763

me, e se encaminhará direitamente, N ão devemos abusar da misericórdia


a êle, e o encherá de alegria, Me lhe de Deus
descobrirá os seus segredos, e o en­
riquecerá com um tesouro de ciên­ C ^ ã o te fies nas riquezas iníquas,
cia e de inteligência da justiça. 22Po- ° e não digas: Eu tenho bastan­
rém, se êle se extraviara ela o aban­ te com que viver; porque de nada
donará e o entregará nas mãos do te aproveitará isto no dia da vingan-
seu inimigo. ^Filho, aproveita o tem­ ça e da escuridão. 2Não te abando­
po, e foge do mal. nes, na tua fortaleza, aos maus de­
sejos do teu coração; 3e não digas:
Franqueza no fa la r Como sou poderoso! Quem poderá
obrigar-me a dar-lhe contas das mi­
24Não te envergonhes de dizer a nhas ações? Porque Deus certamen-
verdade, para bem da tua alma; ^por­ te se vingará delas. 4Não digas: Eu
que há vergonha que faz cair no pe­ pequei, e gue mal me veio daí? Por-
cado, e há vergonha que traz con­ ue o Altíssimo, ainda que paciente,
sigo glória e graça. 26Não faças a- justiceiro. 5Não estejas sem te­
cepção de pessoas com prejuízo teu, mor da ofensa que te foi perdoada,
nem mintas à custa da tua alma. e não amontoes pecados sôbre peca­
"N ão respeites o teu próximo na sua dos. 6E não, digas: A misericórdia
queda. ^Não retenhas a palavra do Senhor é grande, êle se compade­
quando ela pode ser salutar. Não es­ cerá da multidão dos meus pecados.
condas a tua sabedoria na sua be­ ^Porque a sua misericórdia e a sua
leza; ^porque a sabedoria dá-se a ira estão perto uma da outra, e êle
conhecer pela língua; e o bom sen­ olha para os pecadores na sua ira.
so, a ciência e a doutrina mostram- 8Não tardes em te converter ao Se­
se na palavra do homem cordato, nhor, e não o difiras de dia para
e a sua firmeza consiste nas, obras dia; 9porque virá de improviso a sua
dê justiça. 2 *30Não contradigas de
8
7 ira, e no dia do castigo te perderá.
modo algum a palavra da verdade, 10Não te embaraces com riquezas in­
mas confunde-te da mentira em que justas, porque elas não te aprovei­
tenhas caído por ignorância. 31*N ao tarão no dia da obscuridade e da
te envergonhes de confessar os teus vingança.
pecados, mas não te submetas a nin­ “ Não te voltes a todo o vento, e
guém para pecar. não andes por todos os caminhos,
32Não resistas cara a cara ao ho­ porque é assim que todo o pecador
mem poderoso, e não te oponhas à se dá a conhecer pela duplicidade da
corrente do rio. 33Toma a defesa sua língua.
da justiça para (salvares) a tua al­
ma, e peleja até à morte pela justi­ Sabedoria no fa la r
ça, e Deus, pondo-se do teu lado,
derrotará os teus inimigos. 34*N ão 12Sê firm e no caminho do Senhor, e
sejas precipitado em falar, e (ao na verdade dos teus sentimentos, e
mesmo tem po) remisso e negligente na tua ciência; e a palavra de paz
nas tuas obras. ^Não sejas eomo o e de justiça te acompanhe sempre.
leão na tua casa, aterrando os teus 13Sê manso para ouvir a palavrá, a
domésticos, e oprimindo os teus sú­ fim de que a entendas, e dês com
ditos. 36A tua mão não esteja aber­ sabedoria uma resposta verdadeira.
ta para receber, e fechada para dar. 14Se tens inteligência, responde ao teu
27. N a sua queda, ou antes, segundo o grego: N a tua queda. N ão respeitar os supe­
riores até ao ponto de pecar para. lnes agradar.
28. N a sua beleza, isto é, quando a glória de Deus e a salvação do próximo estão pe­
dindo que ela se manifeste.
32. N ão te op on h a s... M etáfora para dizer: N âo queiras fazer o impossível.
Cap. v — 4-7. Ê um grande abuso pecar, confiando no perdão, fazendo da bondade de
Deus um motivo para pecar m ais seguramente. Deus é misericordioso, m as também é justo,
e por isso castiga o pecado.
11-12. N&o devemos proceder segundo a oportunidade do momento, m as segundo os nos­
sos sentimentos retos, segundo normas fixas de vida virtuosa.
764 ECLESIÁSTICO 5 - 6

róximo; se não, poe a tua mão s ô - tribulação. MSe o teu amigo perse-
re a tua bôca, para que te não su­ verar firme, será para ti como um
ceda sêres surpreendido numa pala­ igual, e nas tuas coisas domésticas
vra indiscreta, e caíres em confusão. intervirá com confiança. 12Se êle se
15A honra e a glória acompanham o humilhar diante de ti, e se esconder
discurso do homem sensato, mas a da tua presença, terás uma amizade
língua do imprudente é a sua ruína. boa e sincera. 18Separa-te dos teus
16Foge de passares por mexeriqueiro, inimigos, e está alerta com os teus
e não te venha a tua língua a ser amigos.
um laço e um motivo de confusão.
17Porque sobre o ladrão está a con­ O verdadeiro amigo é um tesouro
fusão e o arrependimento, mas so­ 140 amigo fiel é uma forte prote­
bre a língua dobre cai uma nota pés­ ção; quem o encontrou, encontrou um
sima de infâmia, e o mexeriqueiro ad­ tesouro. 15Nada se pode comparar
quire o ódio, a inimizade e afron­ com um amigo fiel, e o ouro e a
ta. 18Faze igualmente justiça aos pe­ prata não merecem ser postos em
quenos e aos grandes. balança com a sinceridade da sua
fé. 10O amigo fie l é um bálsamo
Perigos do orgulho de vida e de imortalidade, e os que
£ 2De amigo não te tornes o ini- temem o Senhor acharão um tal a-
u migo do teu próximo; porque o migo. 170 que teme a Deus terá i-
mau terá por sorte a vergonha e a gualmente bons amigos, porque êstes
ignomínia, como todo o pecador in­ serão semelhantes a êle.
vejoso e de duas línguas. 2Não te Exortação para adquirir a sabedoria
eleves como um touro no pensamen­
to do teu coração, para não suceder 18Filho, desde a tua mocidade rece­
que a tua loucura quebre a tua for­ be a instrução, e adquirirás uma sa­
ça, 3e consuma as tuas folhas, e per­ bedoria que te dure até à velhice.
ca os teus frutos, e tu venhas a ficar 10Aproxima-te da sabedoria, corno o
como uma árvore sêca no deserto. que lavra e semeia, e espera os seus
4Porque a alma maligna perderá a- bons frutos. ^Trabalharás um pou­
quêle que a tem, e torná-lo-á a ale­ co na sua cultura, mas depressa co­
gria dos seus inimigos, e o conduzirá merás dos seus frutos. "Quão exces-
à sorte dos ímpios. sivamente áspera é a sabedoria para
A verdadeira amizade os néscios! Não permanecerá nela
o insensato. “ Será para êles como
5A palavra doce multiplica os ami­ uma pedra pesada que serve para
gos, e mitiga os inimigos; ,e a lín­ provar, e não tardarão em se descar­
gua amável no homem bom produz regarem dela. "Porque a sabedoria
abundantes frutos. °Vive em ami­ que instrui é (coisa oculta) segundo
zade com muitos, mas seja teu con­ (indica) o nome que tem, e não se
selheiro um entre mil. 7Se queres manifesta a muitos; mas, naqueles
ter um amigo, toma-o depois de o que a conhecem, permanece até (os
teres provado, e não te fies fàcilmen- levar) à presença de Deus. 24Ouve,
te nêle. 8Porque há amigo que sô- filho, e recebe uma sábia advertên­
mente o é quando nisso acha a sua cia, e não rejeites o meu conselho.
conveniência, e deixará de o ser no 25Mete os teus pés nos seus grilhões,
dia da tribulação. 9E há amigo que e o teu pescoço nas suas cadeias.
se muda em inimigo; e há amigo que “ Baixa o teu ombro, e leva-a às
descobrirá o seu ódio e as suas rixas costas, e não te desgostes com as
e injúrias. suas prisões. 27Aproxim a-te dela de
10E há amigo que só o é para a todo o teu coração, e guarda os seus
mesa, e que o não será no dia da caminhos com todas as tuas forças.
Cap. V I — 12. O verdadeiro am igo desaparece na ocasião oportuna para deixar o pri­
meiro lugar aquele a que consagra mais am or que a si próprio.
22. Para provar as fôrças do homem.
25. M ete os teus pés. . . Faze-te escravo submisso da sabedoria.
6 - 7 ECLESIÁSTICO 765

“ Busca-a, e ela se te manifestará, e, exponhas a proceder contra a eqüi-


quando já a possuires, não a deixes, dade. TNão ofendas a multidão du­
“ porque nela encontrarás no fim o ma cidade, nem te metas entre o tu­
teu descanso, e ela se converterá pa­ multo do povo, 8nem apertes duas
ra ti em gosto. “ E os seus grilhões vêzes o nó do pecado, porque, nem
serão para ti uma forte proteção e ainda por um só que cometas, fica­
um firm e apôio, e as suas cadeias rás impune. °Não sejas pusilânime
um vestido de glória; “ porque nela no teu coração, 10nem te descuides de
está a beleza da vida, e os seus vín­ fazer oração e dar esmola. 11Não di­
culos são uma ligadura salutar. 32Tu gas: Deus atenderá à multidão das
te revestirás dela como duma es- minhas dádivas, e, oferecendo eu os
tola de glória, e a porás sôbre ti co­ meus dons ao Deus altíssimo, êle os
mo uma coroa de regozijo. “ Filho, receberá. 12Não escarneças do homem
se me deres atenção, aprenderás, e, cuja alma está em amargura; por­
se aplicares o teu espírito, serás sá­ que Deus, que tudo vê, é quem
bio. “ Se me ouvires, receberás a ins­ humilha e exalta. 13Não inventes
trução, e, se fôres amigo de ouvir, mentiras contra o teu irmão, nem
serás sábio. tão pouco o faças contra o teu a-
“ Freqüenta a reunião dos velhos migo. 14Não queiras proferir men­
prudentes, e une-te de coração â sua tira alguma; porque o acostumar-se
sabedoria, a fim de poderes ouvir tu­ a isso é mau. 15Não sejas verboso
do o que te disserem de Deus, e não na assembléia dos anciãos, e não re­
te escapem os seus excelentes provér­ pitas a palavra nas tuas orações.
bios. S6Se vires um homem sensa­ 10Não aborreças as obras laboriosas,
to, madruga para ir ter com êle, e nem o trabalho do campo, criado
gastem os teus pés os degraus da sua pelo Altíssimo. 17Não te alistes en­
porta. 87F ixa a tua atenção nos pre­ tre a turba das pessoas indiscipli­
ceitos de Deus, e medita continua- nadas. 18Lembra-te da ira (de Deus)
mente os seus mandamentos, e êle que não tardará. “ Humilha profun­
mesmo te dará um coração (firm e damente o teu espírito, porque a
no bem ), e te será dado o desejo carne do ímpio será castigada com o
da sabedoria. fogo e com o verme. “ Não rompas
com o teu amigo, porque difere dar-
Contra a ambição e a mentira te o dinheiro, nem desprezes por
7 2Não faças mal, e o mal não cai- um rido.
pouco de ouro o teu irmão que­
1 rá sôbre ti. 2Retira-te do iní­ Deveres do pai de fam ília
quo, e os males se afastarão de ti.
*Filho, não semeies males nos sulcos “ Não te separes da mulher sensata
da injustiça, e não os segarás sete e virtuosa, que recebeste no tem or
vêzes mais. 4Não peças ao Senhor o do Senhor, porque a graça da sua
cargo de conduzir outros, nem ao modéstia é mais preciosa que o ou­
rei um pôsto de honra. 5Não te te­ ro. “ Não trates mal o servo que tra­
nhas por justo diante de Deus porque balha com fidelidade, nem o merce­
êle é quem conhece o (fundo do) nário que todo se dá a servir-te. “ O
coração; e não afetes parecer sábio servo sensato seja querido de ti co­
diante do rei. °Não pretendas ser mo a tua alma, não lhe negues a li­
juiz, se não tens coragem para fa ­ berdade (que ele m erece), e não o
zer frente às injustiças, para que não deixes cair na pobreza. 24Tens ga­
temas à vista do poderoso, e não te dos? Cuida dêles; e, se te são úteis,
Cap. v i l — 4-11. N ão nos deixemos dominar nem pela am bição nem pela presunção.
11. O vicio oposto à pusilanirnidade, de que se fa la no vers. 9, é a presunção orgulhosa
de muitos pecadores que continuam os seus pecados, confiando na misericórdia de Deus,
esquecidos de que, sem um coração contrito e resolvido a não pecar, os nossos sacrifícios
não são agradáveis a Deus.
15. A brevidade e concisão em tratar com os superiores 6 sinal de respeito. Tam bém
Jesus Cristo recomendou o não usar muitas palavras na oração (M a t., V I, 7).
19. O orgulhoso será castigado no inferno com o fogo real e eterno, e com o verm e
roedor do remorso.
766 ECLESIÁSTICO 7 - 8

conserva-os. “ Tens filhos? Ensina- te dos teus novíssimos, e nunca ja ­


os bem, e acostuma-os à sujeição mais pecarás.
desde a sua infância. “ Tens filhas?
Conserva a pureza dos seus corpos, Regras de prudência relativas às
e não lhes mostres o teu rosto riso­ relações sociais
nho. 27Casa a tua filha, e terás fe i­
to um grande negócio, e dã-a a um O 2Não litigues com um homem po-
homem de bom senso. "S e tens mu­ ° deroso, para que não suceda
lher segundo o teu coração, não a cair-lhe nas mãos. 2Não contendas
deixes; e não te entregues à que com o homem rico, para que não su­
é odiosa. 29De todo o teu coração ceda êle mover-te algum processo;
honra teu pai, e não te esqueças *porque o ouro e a prata têm perdido
dos gemidos de tua mãe. “ Lembra- muitos, e até ao coração dos reis se
te que não terias nascido sem êles, estende e perverte. 4Não disputes
e faze por êles o que êles fizeram por com o grande falador, e não meterás
ti. mais lenha no seu fogo. 5Não te­
nhas trato cóm o homem mal edu­
Deveres p ara com Deus, para com os cado, para que não suceda falar mal
sacerdotes e p ara com o próximo da tua geração. 6Não desprezes o
31Teme o Senhor com tôda a tua homem que se retira do pecado, e
alma, e venera os seus sacerdotes. não todos
lho improperes; lémbra-te que
nós somos dignos de castigo.
32Ama com todas as tuas forças aquê- 7Não desprezes nenhum homem na
le que te criou, e não desampãres os sua velhice, porque
seus ministros. “ Honra a Deus de cem foram como nós.os 8Não que envelhe­
te rego­
toda a tua alma e reverenc a os zijes com a morte do teu inimigo;
sacerdotes, e purifica-te, oferecendo considera que todos nós morremos, e
as espãduas. 34Dá-lhes a sua parte não queremos v ir a ser motivo de
das primícias e das vítimas de expia-
ção, como te é mandado; e puriflca- gôsto.os °Não desprezes o que conta­
te das tuas negligências com peque­ rem velhos sábios, mas faze com
que te sejam familiares os seus pro­
nas ofertas. “ Oferece ao Senhor as vérbios; 10porque dêles aprenderás a
espãduas das vítimas e o sacrifício sabedoria e a doutrina da prudência,
da santificação, e as primícias das e a arte de servir os grandes de um
coisas santas. modo irrepreensível. nNão deixes de
“ Estende a tua mão para o pobre, ouvir o que contam os velhos, porque
a fim de que o teu sacrifício de ex- êles o aprenderam de seus pais, 12e
piação e a tua oferta sejam perfei­ porque deles aprenderás tu a discri-
tos. 87A beneficência é agradável a Ção, e a dar resposta no tempo em
todos os vivos, e não impeças que que é necessária. 13Não acendas os
ela se estenda aos mortos. 88Não dei­ carvões dos pecadores, argüindo-os,
xes de consolar os que choram, e para que não sejas abrasado na cha­
anda com os aflitos. 39Não sejas pre­ ma do fogo dos seus pecados. 14Não
guiçoso em visitar os enfermos, por­ resistas cara a cara com um homem
que é assim que tu te fortificarás na insolente, para que não suceda, que
caridade. êle se ponha a armar laços às tuas
40Em tôdas as tuas obras lembra-6 2 palavras. 15Não emprestes a um ho­
26. Sem a vigilância dos pais pode correr perigo a honestidade das filhas, p ara a con­
servação da qual nâo convém usar com elas de indulgência demasiada.
33. As espãduas das vítimas.
Cap. V I I I — 2-3. o homem rico pode converter em seu favor até os magistrados, pa­
gando-lhes mais do que tu, e dêste modo pode fazer-te perder a causa.
5. Não tenhas trato, não tenhas relações demasiado familiares.
6. Sejamos caridosos com os pecadores arrependidos, não lhes lancemos em rosto as suas
faltas passadas, lembrando-nos de que também somos pecadores dignos de castigo.
13. Não acendas os carvões dos pecadores. N ã o exasperes com as tuas repreensões in­
discretas o pecador obstinado e rebelde no seu pecado, porque será o mesmo que atiçares
o fogo p ara levantar maior labareda, expondo-te aos insultos da sua furiosa paixão e de­
senfreado atrevimento contra ti.
8 - 9 ECLESIÁSTICO 767

mem mais poderoso do que tu; por­ mosura alheia. °Por causa da for­
que, se lhe emprestares, faze de con­ mosura da mulher pereceram muitos,
ta que o perdeste. 10Não fiques por e por ela se acende a concupiscência
fiador em mais do que podem as tuas como o fogo. 10Tôda a mulher que
forças; porque, se ficares, pensa que é prostituta, será pisada como ester­
é necessário restituir. 17Não há ra­ co no caminho. “ Muitos, por terem
zões contra um juiz, porque êle julga admirado a formosura da mulher a-
o que supõe ser justo. 18Não te me­ lheia, se tornaram réprobos; porque
tas a uma viagem com homem atre­ a sua conversação queima como o
vido, para que não suceda que êle fogo. “ Não te assentes jamais com
faça recair sôbre ti os seus males; a mulher alheia, nem te recostes com
porque êle anda segundo a sua (ca­ ela à mesa sôbre o cotovêlo; 13e não
prichosa) vontade, e tu perecerás disputes com ela, bebendo vinho, pa­
com êle pela sua loucura. 19Não te­ ra que não suceda que o teu coração
nhas rixas com o homem colérico, se converta para ela, e que a tua
e com o atrevido não vás a um lugar paixão te faça cair na perdição.
solitário, porque para êle nada vale
o sangue, e, longe de todo o socorro, Corno comportar-se com os amigos, com
te esmagará. “ Não te aconselhes os pecadores, com os poderosos e com
com loucos, porque êles não poderão os sábios
amar senão o que lhes apraz. 21Não
consultes diante dum estranho, por­ 14Não deixes o amigo antigo; por­
que não sabes o que êle maquina que o novo não será semelhante a
dentro de si. “ Não descubras o teu êle. lsO amigo novo é um vinho no­
coração a qualquer homem, para que vo; êle se fará velho, e tu (então)
não suceda que te mostre uma falsa o beberás com gôsto. 16Não invejes
amizade, e que depois diga mal de a gloria nem as riquezas do pecador;
ti. porque não sabes qual será a sua
ruína. 17Não aproves a violência dos
Prudência nas relações com as injustos, sabendo que até à sepultu­
mulheres ra não agradará o ímpio (a Deus).
18Conserva-te longe daquele homem
Q 1Não sejas cioso da tua espôsa, que tem poder de mandar matar, e
u para que não empregue con­ assim não saberás o que é temer a
tra ti a malícia que lhe ensinaste. morte. 19E, se te aproximares dêle,
2Não dês à mulher poder sôbre a tua vê, não cometas algum mal, donde
alma, para que se não levante con­ possa resultar tirar-te a vida. “ Sa­
tra a tua autoridade, e fiques enver^ be que comunicas com a morte; por­
gonhado. 8Não olhes para a mulher que caminhas no meio de laços, e an­
volúvel, para que não suceda caíres das sôbre as armas de homens res­
nos seus laços. 4Não freqüentes o sentidos. "Segundo as tuas fôrças a-
trato com a bailarina, nem a ouças, cautela-te do teu próximo, e trata
para que não suceda pereceres à com os sábios e prudentes. 22Os teus
fôrça dos seus atrativos. 5Não dete­ convivas sejam os homens justos,, e
nhas os teus olhos sôbre uma don­ no temor de Deus esteja pôsto o mo­
zela, para que a sua beleza não te tivo da tua glória, “ e ocupe o teu
seja ocasião de queda. °Nunca entre­ espirito o pensamento de Deus, e
gues a tua alma às prostitutas, para tôda a tua conversação verse sôbre
que te não percas a ti e aos teus os preceitos do Altíssimo. 24Os artis­
bens. 7Não deixes errar os olhos pe­ tas são louvados pelas obras das suas
las ruas da cidade, nem andes va­ mãos, e o príncipe do povo pela sa­
gueando pelas suas praças. 8Afasta bedoria dos seus discursos, e os ve­
os teus olhos da mulher enfeitada, e lhos pela prudência das suas pala­
não olhes com curiosidade para a for­ vras. 25É terrível na sua cidade o
Cap. IX — 1. E v itar os ciúmes conjugais, desde que não sejam completamente Justifi­
cados. A s censuras injustas desgostam a espôsa fiel, e podem excitá-la a cometer faltas
de que é injustamente acusada.
20. Com unicas. . . Com tal compannia estas em perigo contínuo de perder a vid&
768 ECLESIÁSTICO 10
homem linguareiro, e o temerário nas trega a ela, será cheio de maldições,
suas palavras será aborrecido. e ela por fim será a sua ruína. 16P or
isso é que o Senhor cobriu de oprú-
Deus g u ia as nações e detesta os brios as assembléias dos maus, e os
soberbos destruiu para sempre. 17Deus des­
truiu os tronos dos príncipes sober­
1 41 20 juiz sábio fará justiça ao seu bos, e em seu lugar colocou os hu­
povo, e o govêrno do homem mildes. 18Deus fêz secar as raizes das
sensato será estável. 2Qual é o juiz naçôes soberbas, e plantou os que e-
do povo, tais são os seus ministros; ram humildes dentre as mesmas na-
e qual é o governador da cidade, tais ôes. 10O Senhor destruiu as terras
são os seus habitantes. *0 rei pou­ S as naçôes, e as arruinou atéao sali-
co sensato perderá o seu povo, e cerces. "Desolou muitas delas, e
as cidades povoar-se-ão pelo bom destruiu-as, e fêz apagar a sua memó­
senso dos poderosos. 40 domínio sô- ria de cima da terra. “ Deus aboliu
bre um pais está na mão de Deus, a memória dos soberbos, e conservou
e é êle que, a seu tempo, suscitará a dos humildes de coração. “ A so­
um governador útil. 5A prosperida­ berba não foi criada com o homem,
de do homem está na mão de Deus, nem a ira com a posteridade das mu­
e é êle que pôe o sinal da sua ma­ lheres.
jestade sobre a fronte do escriba.
A verdadeira glória está no temor
M ales e danos da soberba de Deus
6Esquece-te de tôdas as injúrias ^A descendência do homem, que
?ue recebeste do teu próximo, e não
aças nada por via de violência. 7A
teme a Deus, será honrada; porém
aquela que transgride os mandamen­
soberba é aborrecida por Deus e pe­ tos do Senhor, será desonrada. “ En­
los homens, e toda a iniqüidade das tre os irmãos a honra é pára o que
nações é execrável. 8Um reino é governa, assim sucederá na presen­
transferido duma nação para outra, ça do Senhor aqueles que o temem.
por causa das injustiças, e das violên­ “ A glória dos ricos, dos nobres e dos
cias, e dos ultrajes, e de toda a sor­ pobres, é o temor de Deus. "N ã o
te de enganos. °Não há coisa mais desprezes o homem justo, ainda que
detestável do que o avarento. Por pobre, e não glorifiques o pecador
que se ensoberbece a terra e a cinza? porque é rico. wO grande, o juiz e
10Não há coisa mais injusta do que o poderoso gozam de honra; porém
acjjêle que ama o dinheiro, porque nenhum há tão grande como aquê-
venderia até a sua mesma alma, visto le que teme a Deus.
que se despojou em sua vida das
próprias entranhas. MA vida de to­ Sóbre a glória do pobre e do rico
do o potentado é breve. A doença
prolongada fatiga o médico. 120 mé­ “ Os homens livres sujeitar-se-ão a
dico atalha a doença de pouca dura; um servo prudente; e o homem pru­
assim o que hoje é rei, amanhã mor­ dente e educado não murmurará
rerá. 13Quando morrer o homem, te­ quando fôr repreendido, e o ignoran­
rá por herança as serpentes, e as te não será honrado. “ Não te orgu­
sevandijas, e os vermes. lhes quando te sair bem a tua obra,
140 princípio da soberba do homem e não te abandones à preguiça no
é afastar-se de Deus; “ porque o seu tempo da aflição. 30Vale mais o que
coração afasta-se daquele que o criou; trabalha e que tudo tem em abundân­
assim pois o principio de todo o pe­ cia, do que o jactancioso que não tem
cado é a soberba. Aquêle que se en­ pão. 31Filho, conserva a tua alma na
Cap. X — 3. Dos poderosos que as governam.
9. Porque se ensoberbece. .. o orgulho é um contra-senso no homem, o qual não é m ais
que pó e cinza.
10. . ..s e d esp ojou ..., isto é, não sente compaixão por ninguém, dominado como está por
um feroz egoismo.
22. N ão foi c r ia d a ... N ã o foi Deus, m as sim o homem que criou o vicio da soberba.
10 - 11 ECLESIÁSTICO 769
mansidão, e dá-lhe a honra que ela “ Há homem, que trabalha, e se dá
merece. 32Quem justificará o que pe­ pressa, e se atormenta, mas, como
ca contra a sua alma? E quem hon­ é ímpio, quanto mais faz, menos en­
rará o que desonra a sua alma? 330 riquece. 12Há outro sem vigor, que
pobre encontra a sua glória na sua necessita de amparo, falta de fôrças
instrução e no seu temor (de D eu s); e vivendo na miséria; 13mas Deus pôs
e o rico é respeitado por causa das a sua vista benignamente sôbre ele,
suas riquezas. 840 ra o que é glorifi- e levantou-o da sua humilhação, e
cado na pobreza, quanto mais o se­ exaltou a sua cabeça; e maravilham-
ria nas riquezas? Mas o que baseia se dêle muitos, e glorificam a Deus.
a sua glória nas riquezas, tema a po­
breza. A pobreza e a riqueza vêm de Deus

N ão nos fiemos nas aparências 14Os bens e os males, a vida e a


morte, a pobreza e as riquezas, tudo
11 1A sabedoria do humilde o subli- isso vem de Deus. “ Ê em Deus que
11 mará em honras, e o fará se encontram a sabedoria, e a disci­
assentar no meio dos grandes. 2Não plina, e a ciência da lei. A caridade
louves o homem pela sua beleza, nem e as boas obras têm nêle a sua ori­
o desprezes pelo seu exterior. 3Pe- gem. 10O êrro e as trevas foram cria­
quena é a abelha entre os animais dos com os pecadores; e os que se
voláteis, e contudo o seu fruto é o comprazem no mal, no mal envelhe­
primeiro na doçura. 4Não te vanglo­ cem. 170 dom de Deus permanece
ries jamais do teu vestido, nem te firm e nos justos, e o progresso que
desvaneças no dia da tua honra; êle faz terá sucesso eterno. 18Há
porque só as obras do Altíssimo são quem enriqueça, vivendo com par­
admiráveis, e gloriosas, e escondidas, cimônia, e tôda a parte da sua re­
e incógnitas. 5Muitos príncipes as­ compensa 19consiste em dizer: En­
sentaram-se sôbre o trono, e outro, contrei repouso, e agora comerei só
de quem se não pensava levou o dia­ dos meus bens. “ E não considera
dema. 6Muitos poderosos foram pro- que o tempo passa, e que a morte
fundamente humilhados; e homens se avizinha, e que deixará tudo aos
gloriosos foram entregues nas mãos outros, e morrerá. 21Persiste no teu
de outros. pacto, e nêle te ocupa, e envelhece
na prática do que te foi manda­
Prudência nas palavras do. 22Não te detenhas nas obras dos
pecadores; mas confia em Deus, e
7Não vituperes ninguém, antes de conserva-te firm e no teu posto. ^Por­
te informar, e, quando te tiveres in­ que a Deus é fácil o enriquecer de
formado, repreende com eqüidade. repente o pobre. 24A bênção de Deus
8Antes de ter ouvido não respondas apressa-se a recompensar o justo, e
nada, e enquanto outro fala não o em pouco tempo o faz crescer e fru­
interrompas. 9Não disputes sôbre coi­ tificar. “ Não digas: Que tenho eu
sas que não te dizem respeito, e não que fazer? E que bens poderei es­
te assentes para julgar os pecado­ perar daqui em diante? 26Não digas:
res. Basta-me o que tenho, e que mal
Ordem na atividade
tenho eu a temer para o futuro?
10Filho, não empreendas muitos ne­ 27N o dia da felicidade não esqueças
gócios, porque, se fôres rico, não es­ a desgraça, e no dia da desgraça não
tarás isento de culpa. Se empreende- esqueças a felicidade. ^Porque é fá ­
res muitas coisas, não poderás abran- cil a Deus, no dia da morte, dar a
gê-las, e, por mais diligência que fa ­ cada um segundo as suas obras. 20O
ças, não poderás dar saída a tôdas. mal presente faz esquecer grandes
Cap. X I — 11*13. P a r a o bom resultado dum a emprêsa vale m ais o auxilio de Deus,
atraído com uma vida virtuosa, do que a indústria humana.
12. Sem vigor, m as virtuoso.
19. L e r a parábola de Jesus (Lu cas, X II, 16-20).
25-30. E v itar igualmente o desprêzo e a presunção.25

25 - B íb lia Sagrada
770 ECLESIÁSTICO 11 - 13

delícias, e no fim do homem serão fizeres, porque o Altíssimo aborrece


descobertas as suas obras. “ Não lou­ também os pecadores, e pagará aos
ves nenhum homem antes da morte, ímpios com o castigo.
porque um homem conhece-se pelos
filhos que deixa. Desconfiar dos inimigos

Prudência na hospitalidade 8Não é na prosperidade que o ami­


go se conhece, e o inimigo não ficará
“ Não introduzas na tua casa toda encoberto nas adversidades. 9Quan-
a sorte de pessoas, porque são muitas do um homem é feliz, estão tristes
as traições do doloso. “ Porquanto, as­ os seus inimigos; e, quando êle é des­
sim como sai um hálito fétido dum graçado, conhece-se quem é o seu a-
estômago estragado, e assim como a migo. 10Não te fies jamais do teu
perdiz é metida na gaiola, e a corça inimigo, porque, como vaso de co­
no laço, assim é também o coração bre, cria azêbre a sua malícia. UE,
do soberbo, daquele que está espian­ se êle todo humilhado vier cabisbai­
do para ver a queda do seu próximo. xo, poe-te alerta, e guarda-te dê­
“ Porque êle arma ciladas, converten­ le. 12Não o ponhas junto de ti, nem
do o bem em mal; e porá mácula nas êle se assente à tua direita, para que
coisas mais puras. 34Uma só faísca não suceda que êle tome o teu lugar
produz um incêndio, e um só doloso e ocupe a tua cadeira, e que reco­
derrama muito sangue, e o homem nheças por fim as minhas palavras,
pecador arma traições para o derra­ e não tenhas pena ao lembrar-te dos
mar. 85Evita o homem corrompido, meus avisos. 13Quem se compadece­
pois está forjando males, para que rá do encantador ferido pela ser­
não faça cair sôbre ti uma perpétua pente, e de todos os que se aproxi­
infâmia. 36Dá entrada em tua ca­ mam das feras? Assim será daquele
sa ao estrangeiro, e te derrubará co­ que acompanha com o homem imquo,
mo um torvelinho, e te tornará es­ e que se encontra envolvido em seus
tranho aos teus. pecados. 14Permanecerá contigo uma
hora, mas, se caíres em decadência,
R egras sôbre a beneficência não te suportará. 150 inimigo tem
sôbre os lábios a doçura, mas no seu
1 O *Se fizeres bem, sabe a quem o coração arma laços para te fazer
fazes, e terás muito mérito cair na cova. 18Õ inimigo tem as
nêle. 2Faze bem ao justo, e recebe­ lágrimas nos olhos, mas, se encontrar
rás uma grande recompensa, se não ocasião, não se fartará de sangue.
dêle, pelo menos do Senhor. 8Não há 17E, se vierem sôbre ti os males, ve­
nada de bom para aquêle que sempre rás que êle é a sua primeira origem.
faz o mal, e que não dá esmolas, por­ 180 inimigo tem as lágrimas nos o-
que o Altíssimo aborrece os pecado­ lhos, e, fingindo socorrer-te, procura­
res, e usa de misericórdia com os rá fazer-te cair. “ Abanará a cabe­
penitentes. 4Dá ao compassivo, e não ça, e baterá com as mãos, e, falan­
protejas o pecador, porque (Deus) do muito entre dentes, mudará de
dará o castigo aos ímpios e aos pe­ semblante.
cadores, guardando-os para o dia da
vingança. 5Dá ao que é bom, e não Ê necessário evitar as companhias
remedeies o pecador. dFaze bem ao perigosas
humilde, e não dês ao ímpio; impe­
de que se lhe dê pão, a fim de se 1 O jO que tocar o pez, ficará man-
não tornar dêste modo mais podero­ chado dêle; e o que trata com
so do que tu; 7porque acharás do­ o soberbo, pegar-se-lhe-á a soberba.
brado mal por todos os bens que lhe 2Impõe-se uma pesada carga o que
36. A o estrangeiro idólatra e vicioso.
Gap. X I I — 4-6. N ão protejas o pecador, quando tiveres a certeza de que êle abu sará
dos teus benefícios, o mesmo se deve acrescentar nos dois versículos seguintes.
10. Cria azêbre, isto é, produz atos maus.
14. U m a h o ra ... Muito pouco tempo estará contigo, quando aa coisas te correm bem.
M as, se caíres na desgraça, abandona-te imediatamente.
13 ECLESIÁSTICO 771

trata com outro mais poderoso que tu as suas palavras, toma-as por
êle; e (p o r isso) não te associes com um sonho, e vigiarás. “ Am a a Deus
o que é mais rico do que tu. 3Que durante toda a tua vida, e invoca-o
resultado tirará uma panela de estar para tua salvação.
junto do caldeirão? Quando êstes
vasos derem um no outro, ela se que­ Simpatias e antipatias
brará. 40 rico fêz uma injustiça, e 19Todo o animal ama o seu seme­
bramará; o pobre, porém, maltrata­ lhante; assim também todo o homem
do, terá que se calar. 5Se lhe deres ama o seu próximo. 20Tôda a carne
com largueza, êle te admitirá (a sua se une à que se lhe assemelha, e todo
amizade), mas, se não tiveres nada, o homem se une com o seu semelhan­
abandonar-te-á. °Se tens, fará con­ te. 21Quando o lôbò tiver amizade
vivência contigo, e te esgotará sem
nenhuma pena ter de ti. 7Se lhe fo ­ com o cordeiro, então a terá o pe­
res necessário, êle te enganará, e, sor­ cador com o justo. 22Que relações
rindo-se, te dará boas esperanças, fa- tem um homem santo com um cão?
lando-te com boas palavras, e te di­ Ou que sociedade tem um homem
rá: De que necessitas tu? 8Seduzir- rico com um pobre ? 2sO asno mon-
-te-á com os seus banquetes, até que tês é a prêsa do leão no deserto;
te esgote em duas ou três vêzes (que assim também os pobres são a prê-
o convides); e por último zombará sa dos ricos. 24E, assim como a hu­
de ti; e depois, vendo-te te abando­ mildade é a abominação do soberbo,
nará, e abanará a cabeça, escarne­ assim também o pobre é a execra­
cendo de ti. 9Humilha-te diante de ção do rico. 250 rico se for abalado,
Deus, e espera (que) a sua mão é sustido pelos seus amigos; mas
(obre). 10Vê, não te humilhes indis- o pobre, quando cai, será empurra­
cretamente (ante o ric o ), deixando- do até pelos seus amigos. 26Se o
te seduzir. nNão te humilhes na tua rico se engana, tem muitos defenso­
sabedoria, não suceda que, sendo hu­ res; falou com arrogância, e justi­
milhado, te deixes seduzir para a lou­ ficam-no. 27Enganou-se o pobre, e
cura. 12Se fores chamado por algum ainda em cima é repreendido; falou
grande, retira-te; porque isso o ex­ avisadamente, e não lhe dão ouvi­
citará mais a chamar-te. 13Não lhe dos. ^Fala o rico, e todos se calam,
sejas importuno, para que êle se não e exaltam até às nuvens as suas pa­
desgoste de ti; e não te afastes (m u i­ lavras. ^Fala o pobre, e dizem: Quem
to ) dêle, para que te não esqueça. é êste? E, se puser um pó em
14Não o detenhas em conversação, falso, acabá-lo-ão de, derrubar.
como se fôsses seu igual, nem te fies Bom uso das riquezas
nas suas muitas palavras; porque êle
te experimentará, fazendo-te falar 30As riquezas são boas para o que
muito, e, sorrindo, te interrogará so­ não tem pecado na sua consciência;
bre os teus segredos. 150 seu coração e a pobreza é péssima no dizer do
desapiedado conservará todas as tuas ímpio. 310 coração do homem mu­
palavras, e não te poupará nem aos da-lhe o rosto quer para o bem, quer
maus tratos, nem às prisões. 16Tem para o mal. 320 sinal dum bom
cuidado contigo, e ouve com atenção coração, que é um rosto sereno, en­
o que êle te disser, pois, andas em contra-se dificilmente e com traba­
risco de te perder. 17Mas, ouvindo lho.
Cap. X I I I — 3. Urna panela de barro.
4. E bramará, e ainda se indignará, corno se fôsse o ofendido.
8. Excitado pelos banquetes do seu am igo rico, o pobre procura im itar a sua prodiga­
lidade; mas, depois que se arruinou, sòmente encontra sarcasmos no meio d a sua dor.
12. Regeitar os convites perigosos. Dêste modo ganha-se a estima daquele que os faz
(porque isso o e x c it a r á ...).
17. Tom a-as . . . N ã o lhes dês mais crédito que a um sonho, e continua a ter cuidado.
22. Que rela çõ es... Segundo o grego: Como pode haver amizade entre a hiena e o
cão?
772 ECLESIÁSTICO 14 - 15

Loucura de quem se apega o repartirem entre si? 16Dá, e rece­


às coisas mundanas be, e santifica a tua alma. “ P rati­
ca a justiça antes da tua morte, por­
1 Â ^em -aventurado o homem que que na sepultura não se encontram
1^ não deslisou pelas palavras alimentos. 18Tôda a carne envelhece
da sua bôca, e que não foi torturado como o feno, e como as folhas que
pelos remorsos do pecado. 2Ditoso a- crescem sôbre as árvores verdes.
quêle que não teve tristeza na sua 19Umas folhas nascem, e outras caem;
alma, e que não descaiu da sua es­ assim é a geração da carne e de san­
perança. gue: uma fenece, e outra nasce. ^To­
3A riqueza é inútil ao homem co­ da a obra corruptível virá enfim a
biçoso e avaro; e de que serve o ouro perecer, e aquêle que a íêz irá com
ao homem invejoso? “O que amon­ ela. 21Tôda a obra excelente será lou­
toa riquezas, defraudando-se do ne­ vada, e o que a executa, nela será
cessário com injustiça, ajunta-as para honrado.
outros, e outrem se regalará com os
seus bens. 5Para quem será bom a- Constância na sabedoria
quêle que é mau para si? Êle mes­ 22Bem-aventurado o homem que
mo não goza dos seus bens. °Nada permanece constante na sabedoria, e
há pior do que aquêle que é avaro que medita na sua justiça, e que pen­
contra si mesmo, e nisto mesmo está sa com madureza em Deus que vê tu­
o castigo da sua malícia. 7Se fizer do; 23que repassa no seu coração os
bem, é só por inadvertência e sem caminhos da sabedoria, e que penetra
querer; e por último descobre a sua com inteligência os seus segredos, in­
malícia. 8Ò olho do invejoso é mau; do atrás dela como quem lhe segue
êle volta o seu rosto, e despreza a 0 rasto, e se detém sôbre os seus ca­
sua alma. 0O olho do avaro não se minhos; 24que olha pelas suas janelas,
sacia com uma porção injusta; não se e que está escutando à sua porta;
fartará, enquanto não tiver consumi­ 25que repousa junto da sua casa, e
do e secado a sua vida. 10O ôlho que, pregando uma estaca nas suas
mau tende para o mal, e não se sa­ paredes, assenta ao lado dela a sua
tisfará de pão, mas estará faminto pequena cabana, dentro da qual terão
e melancólico à mesa. perpétua morada (todos) os bens
“ Filho, se tens posses, faze com ^Êle porá seus filhos debaixo da sua
elas bem a ti mesmo, e oferece a sombra, e êle mesmo morará debai­
Deus dignas oblações. 12Lembra-te xo dos seus ramos. 27À sombra de­
gue a morte não tarda, e que te foi la será defendido do calor, e repou­
intimado o ir para o sepulcro; por- sará na sua glória.
ue é decreto deste mundo o ter infa-
â velmente de morrer. 13Faze bem Quem teme a Deus é feliz;
ao teu amigo antes da morte, e, es­ o insensato é infeliz
tendendo a mão, dá esmola ao po­
bre, segundo as tuas posses. 14Não te 1 C 70 que teme a Deus fará boas
prives dum bom dia, e não deixes per­ 1J obras, e o que está firmado
der nenhuma parcela do bem que na justiça possuirá a sabedoria; 2e
te é concedido. 15Não vês que hás ela lhe sairá ao encontro qual mãe
de deixar a outros o fruto das tuas respeitável, e o acolherá como uma
penas e dos teus trabalhos, para êles espôsa virgem. 8Ela o sustentará do
Gap. X I V — 2. Que não teve tristeza produzida pelo pecado.
7. O avarento às vêzes exerce a caridade como por inadvertência, mas, passado pouco
tempo, m anifesta-se tal qual é (descobre a sua m alícia).
8. Volta o seu rosto para nâo ver as necessidades dos outros e socorrê-las. M as, com
Isto prejudica os interêsses eternos da sua alma.
10. o avarento nem ao menos à sua mesa come o pão suficiente p ara se satisfazer.
14, D um bom dia em que te é proporcionada a ocasião de fazer bem ao próximo.
17. P ratica a justiça, faze obras de misericórdia, porque, no sepulcro, já não podes dar,
nem os pobres precisam.
Cap. X V — 2. A sabedoria personificada numa afetuosa mãe e numa dedicada espôsa,
prodigaliza todos os seus cuidados a quem lhe consagra amor.
15 - 16 ECLESIÁSTICO 773

pão de vida e de inteligência, e lhe a morte, o bem e o mal; o que lhe


dará a beber da água da sabedoria agradar, isso lhe será dado; "porque
salutar; e se fixará nêle, e êle será a sabedoria de Deus é grande, e êle
constante. 4E será o seu sustentá- é forte no seu poder, e está vendo
culo, e não será confundido, e o exal­ todos sem cessar. "Os olhos do Se­
tará entre os seus irmãos, 1
5e lhe abri­
8
7
*4
2 nhor estão sobre os que o temem,
rá a boca no meio da assembléia, e e êle mesmo conhece tôdas as obras
o encherá do espírito de sabedoria e do homem. 21Êle a ninguém man­
de inteligência, e o vestirá dum há­ dou obrar impiamente, e a ninguém
bito de glória. °Ela entesourará sô- deu permissão de pecar; “ porque ê-
bre êle regozijo e alegria, e lhe da­ le não deseja ter uma multidão de
rá por herança um nome eterno. 7Os filhos infiéis e inúteis.
homens insensatos não a alcançarão,
mas os homens de bom senso encon- A justiça de Deus
trar-se-ão com ela. Os insensatos não
a verão, porque ela está longe da lg ^ ã o te regozijes com os filhos
soberba e do engano. 8*Os homens ímpios, se se multiplicam; nem
mentirosos não se lembrarão dela; ponhas nêles a tua complacência, se
mas os homens verdadeiros achar- não têm temor de Deus. 2Não te fies
-se-ão com ela, e caminharão feliz­ na sua vida, nem contes com os seus
mente até chegarem à vista de Deus. trabalhos. 3Porque mais vale um
0O louvor não tem beleza na bôca do (filh o ) temente a Deus, do que mil
pecador, 101
porque a sabedoria saiu de filhos ímpios. 4E é mais útil mor­
Deus, e o louvor de Deus acompanha­ rer sem filhos, do que deixar filhos
rá a sabedoria, e abundará na boca ímpios. 5Por um só homem de juí­
fiel, e lhe será inspirado pelo (sobe­ zo será povoado um país, uma tribo
rano) Dominador. de ímpios virá a ficar deserta. 6Eu
vi com os meus olhos muitos exem­
Os pecados devem ser atribuídos plos dêstes, e com os meus ouvidos
ao homem e não a Deus ouvi outros ainda maiores.
70 fogo acender-se-á na reunião
11Não digas: Deus é causa de estar dos pecadores, e a ira (de Deus) in-
longe de mim (a sabedoria) ; não fa ­ flam ar-se-á contra a nação incrédu­
ças tu o que êle aborrece (e a terás). la. 8Não obtiveram perdão dos seus
12Não digas: Êle é o que me induziu pecados os antigos gigantes que fo ­
a êrro, porque não lhe são necessá­ ram destruídos por confiarem na sua
rios os ímpios. 130 Senhor aborrece fortaleza. “E Deus não perdoou a
todas as abominaçoes do êrro, e ês- cidade, em que Lot morava como
te não será amável aos que o temem. estrangeiro, e detestou os seus habi­
14Deus criou o homem desde o prin­ tantes, por causa da insolência das
cípio, e deixou-o na mão do seu con­ suas palavras. 10Não teve compai­
selho. 15Deu-lhe mais os seus manda­ xão dêles, e exterminou tôda esta
mentos e os seus preceitos. 16Se qui­ nação, que fazia gala dos seus pe­
seres observar os mandamentos, eles cados. UÊle da mesma sorte (p er­
te guardarão, e tu conservarás sem­ deu) os seiscentos mil homens de
pre a fidelidade que agrada (a Deus). pé, que conspiraram entre si na du­
17Êle pôs diante de ti a água e o fo ­ reza do seu coração; e, ainda que um
go; lança a tua mão ao que quiseres. so fora contumaz, seria grande mara­
18Diante do homem estão a vida e vilha, se tivesse ficado sem castigo.
5. Lhe abrirá a bôca . . . N a s assembléias públicas d ar-lh e-á autoridade para falar, e
eloqUência no dizer.
9-10. O homem perverso, como não dá valor à sabedoria, não a pode louvar, e por isso
vale muito pouco ser louvado por tal bôca. O contrário se deve dizer do sábio.
17. A água e o fogo, isto é, o bem e o mal, entre os quais o homem pode escolher.
18-19 Deus, por sua sabedoria infinita, deu ao homem tudo o que lhe é necessário para
ser feliz, se êle quiser; e, por sua onipotência, pode torná-lo eternamente infeliz, se êle
resistir à sua vontade.
Can. X V I — 7. O fogo dos castigos de Deus.
11. Alusão aos que no deserto m urm uraram contra Deus.
774 ECLESIÁSTICO 16 - 17

12Porque a misericórdia e a ira estão lar bem o teu espírito, e está atento
sempre com êle; é poderoso para per­ em teu coração às minhas palavras;
doar, e também o é para derramar a 25e eu te darei instruções muito acer­
sua ira. 130s seus castigos igualam tadas, e te manifestarei os arcanos
a sua misericórdia; julga o homem da sabedoria. Está atento em teu
segundo as suas obras. 14Não esca­ coração às minhas palavras, e te di­
pará (ao castigo) o pecador com as rei com retidão de espírito as ma­
suas rapinas, e a paciência do que ravilhas que desde o princípio Deus
usa de misericórdia não tardará em fêz brilhar nas suas obras, e te mos­
ser recompensada. 15Tôda a obra de trarei com verdade a sua ciência.
misericórdia preparará a cada um 26Deus formou com sabedoria des­
o seu lugar, segundo o merecimento de o princípio as suas obras e des­
das suas obras, e segundo a prudên­ de a sua mesma criação as distinguiu
cia (com que tiver vivido) neste lu­ em partes, e (colocou) as principais
gar de exilio. delas segundo a sua natureza. 27A-
Ninguém se pode esconder de Deus . domou para sempre as suas opera-
ões; elas não sentiram fome, nem
16Não digas: Esconder-me-ei de adiga, e nunca interromperam o seu
Deus, e quem pensará em mim lá trabalho. “ Nunca nenhuma delas
nos altos céus? 17Eu não serei co­ embaraçará a outra. ^Não sejas de­
nhecido entre um tão grande povo; sobediente à sua palavra. "Depois
pois, que coisa é a minha alma en­ disto, olhou Deus para a terra, e a
tre tanta infinidade de criaturas? encheu dos seus bens. 81Mostrou à
18Eis que o céu, e o céu dos céus, o sua superfície animais de todas as
abismo, e tôda a extensão da terra, espécies, e é a ela que êles voltam.
e tudo o que nêles se contém, tre­
merão à sua vista. 19Os montes i- Criação do homem
gualmente, e os outeiros, e os funda­ e dons que lhe foram concedidos
mentos da terra, quando Deus lhes
puser os olhos, todos serão abalados I 7 ^ e u s criou o homem de terra,
de terror. 20E no meio de tudo isto, II e formou-o à sua imagem. 2E
ainda permanece insensato o cora­ êle o fêz de novo voltar à terra, e
ção (do h om em ); porém, todo o co­ o revestiu de fôrça segundo a sua
ração é visto por Deus. 21E quem natureza. 3Assinalou-lhe determina­
é o que compreende os seus cami­ do tempo e número de dias, e deu-lhe
nhos, e aquela tempestade que a vis­ poder sôbre tudo o que há na terra.
ta do homem nunca verá? 22Porque 4Êle o fêz ser temido de tôda a car­
a maior parte das suas obras são o- ne, e deu-lhe o império sôbre os ani­
cultas; mas quem poderá explicar as mais e sôbre as aves. 5Criou da sua
obras da sua justiça? Ou quem as mesma substância uma auxiliar seme­
poderá suportar? Porquanto os seus lhante a êle; deu-lhes discernimento,
decretos estão longe de alguns, e o e língua, e olhos, e ouvidos, e espíri­
exame de todas as coisas é no últi­ to para pensar, e encheu-os das lu­
mo dia. 23*0 imprudente pensa em coi­ zes da inteligência. 6Criou nêles a
sas vãs, e o homem indiscreto e extra­ ciência do espírito, encheu de censo
viado pensa (sòm ente) em loucuras. os seus corações, e mostrou-lhes os
Criação e disposição do universo males e os bens. 7Pôs o seu olhar
sôbre os seus corações para lhes fazer
240uve-me, filho, e aprende a regu­ ver as maravilhas das suas obras; 8a
21. E aquela tem pestade... M etáfora p a ra exprimir o que h á de grandioso e terrivel
no proceder de Deus.
22. Estão longe de alguns . . . M uitas vêzes os ímpios pensam que o julgamento divino
está longe dêles.
26. A s d istin g u iu . .. M arcou o lugar e o papel próprio a cada criatura individual.
31. Que êles voltam pela morte.
Cap. X V I I — 4. De tôda a carne, de todos os animais.
27. A dornou . . . Ê provável que se fale aqui dos astros, ornamentos do céu.
30. Depois de ter organizado os céus, Deus olhou p ara a terra, que ia aperfeiçoar.
17 - 18 ECLESIÁSTICO 775

fim de que louvassem a santidade do 23Volta para o Senhor, afasta-te da


seu nome, e glorificassem as suas ma­ tua injustiça, e tem grande horror à-
ravilhas, e publicassem a m agnifi­ quilo que é abominável; 24e reconhe­
cência das suas obras. °Deu-lhes, a- ce a justiça e os juízos de Deus, e
lém disso, a instrução, e deu-lhes em persevera no estado em que te colo­
herança a lei da vida. 10Fêz com ê- cou, e na invocação do Deus Altíssi­
les uma aliança eterna, mostrou-lhes mo. 25Vai incorporar-te no século
a sua justiça e os seus preceitos. santo, com aquêles que vivem e que
11E com os seus próprios olhos v i­ dão glória a Deus. 26Não te demores
ram as grandezas da sua glória, e os no êrro dos ímpios, e louva (a Deus)
seus ouvidos ouviram a majestade da antes da morte. O louvor do morto
sua voz, e êle disse-lhes: Guardai-vos terminou, porque êle é como se não
de tôda a iniqüidade. 12E impôs a existisse. 27Louva-o enquanto vives,
cada um deveres para com o próxi­ louva-o enquanto tens vida e saúde,
mo. louva a Deus e glorifica-te nas suas
Deus vê tudo misericórdias. 28Quão grande é a mi­
lsO proceder dêles está-lhe sempre sericórdia do Senhor, e a sua compai­
presente: não podem esconder-se aos xão para com todos os que se con­
seus olhos. 14A cada nação constituiu vertem a êle! “ Porque os homens
quem a governasse; “ mas Israel foi nem tudo possuem, visto que os filhos
visivelmente a porção (privilegiada) dos homens, não são imortais, e visto
de Deus. 16E tôdas as suas obras es­ que se comprazem na vaidade da ma­
tão diante de Deus como o sol, e os lícia. “ Que coisa há mais luminosa
seus olhos estão sempre fixos no seu do que o sol? E contudo êle eclipsa-
proceder. 17A sua aliança não ficou se. Ou que coisa há pior do que os
escurecida pela maldade dêles, e tô­ pensamentos da carne e do sangue?
das as suas iniqüidades estão diante E ainda assim isto será punido. 310
de Deus. 18A esmola do homem é sol contempla a majestade das altu­
diante de Deus como um sêlo, e êle ras do céu, mas todos os homens não
conserva a beneficência do homem são mais do que terra e cinza.
como a menina dos olhos. 19E levan- Deus é grande e misericordioso
tar-se-á depois (para ju ízo), e lhes
dará a sua retribuição, conforme o Ig ^ q u ê le que vive eternamente,
merecimento de cada um, e os fará en­ 10 criou tôdas as coisas juntas.
trar nas partes interiores da terra. Só o Senhor será reconhecido jus­
20Aos penitentes porém concede o ca­ to, e êle é o rei invencível que subsis­
minho da justiça, e conforta os pu­ te para sempre. .2Quem é capaz de
silânimes para vencerem a tentação, contar as suas obras4? 3Quem poderá
e destina-lhes a verdade por heran­ penetrar as suas maravilhas? 4Quern
ça. poderá explicar o poder da sua gran­
Convite p ara a virtude deza? Ou quem empreenderá contar
as suas misericórdias? 5Nada se po­
21Converte-te ao Senhor, e deixa os de diminuir ou acrescentar, nem é
teus pecados; “ suplica ante a face possível compreender as maravilhas
do Senhor, e diminui as tuas ofensas. de Deus. 6Quando o homem tiver a-
9. A lei da vida, a lei de Moisés, que proporcionava aos Hebreus a verdadeira vida.
18. Como um sêlo se conserva cuidadosamente intacto, assim Deus conserva as boas
obras, especialmente a beneficência p ara com o próximo, a fim de as premiar.
19. N o s partes interiores, na habitação dos mortos, que a crença popular colocou sempre
nas regiões subterrâneas.
25. N o século santo, entre o povo santo.
26-27. Os mortos não podem louvar o senhor do mesmo modo que é louvado sôbre a
terra, nem com tanta glória p ara êle.
29. Po rq u e. . . Ê precisamente esta fraqueza natural do homem que excita a compaixão
de Deus.
30. os pensamentos, isto é, as sugestões para o mal.
Cap. X V I I I — 6. Quando o homem ju lg a r ter chegado ao fim das suas investigações
sôbre os atributos de Deus, deverá reconhecer com humildade que sòmente começou e, quando
deixar êste trabalho, ficará perplexo, desanimado, por pouco ou nada ter conseguido.
776 ECLESIÁSTICO 18 - 19

cabado, então estarã no comêço, e, teu bom proceder no tempo da en­


quando cessar, ficará perplexo. fermidade. “ Nada te embarace de o-
7Que é o homem, e para que presta rar sempre, e não te envergonhes de
êle? E que bem ou que mal pode praticar boas obras até à morte, por­
êle fazer? 80 número dos dias do ho­ que a recompensa de Deus dura pa­
mem, quando muito, são cem anos, ra sempre. “ Prepara a tua alma an­
mas, qual gôta de água do mar, ou tes da oração, e não sejas como um
grão de areia, assim são êstes poucos homem que tenta a Deus. “ Lembra-
anos comparados com a eternidade. te da ira do último dia, e do tempo
°Por isso é que o Senhor é paciente em que Deus castigará, desviando o
com os homens, e derrama sobre êles seu rosto. “ Lembra-te da pobreza no
a sua misericórdia. 10Êle vê que a tempo da abundância, e das necessida­
presunção do seu coração é má, e des da indigência no dia das riquezas.
conhece que a sua perversão é doloro« 26Desde manhã até à tarde se mudará
sa. 11P or isso é que os trata com a •o tempo, e tudo isto se faz num mo­
lenitude da sua doçura, e mostra- mento aos olhos de Deus. “ O ho­
B les o caminho da eqúidade. 12A m i­ mem sábio andará com temor em tu­
sericórdia do homem tem por objeto do, e nos dias do pecado se guardará
o seu próximo, porém a misericórdia da preguiça, ^ o d o o homem astuto
de Deus estende-se a tôda a carne. conhece a sabedoria, e dará louvor
“ Cheio de compaixão, ensina e casti­ ao que a encontrou. “ Os homens sá­
ga (os homens), como um pastor faz bios nas palavras também obram
ao seu rebanho. 14Compadece-se da­ com sabedoria; compreendem a ver­
quele que recebe a doutrina da sua dade e a justiça, e espalham como
misericórdia, e do que se apressa a chuva provérbios e sentenças.
cumprir os seus mandamentos. 30Não te deixes ir atrás das tuas
paixões e refreia os teus apetites.
R egras sôbre a beneficência,
“ Se condescenderes com a tua alma
a prudência e a temperança
no que deseja, ela fará de ti a ale­
15Filho, não mistures a repreensão gria dos teus inimigos. 32Não te com-
com o benefício, nem juntes às tuas razes em ir às assembléias, mesmo
dádivas a tristeza duma palavra má. s mais pequenas, porque nelas co­
“ Porventura o orvalho não refresca mete-se incessantemente o mal. 33Não
o calor ardente? Assim também vale te empobreças, pedindo dinheiro a
mais a palavra (doce) do que a dá­ juro para rivalizares com os outros
diva. 5 *17Não vês que a palavra (doce) em despesas, não tendo tu nada no
vale mais que o dom excelente? Mas bôlso; isto equivaleria a ser injusto
uma e outra coisa se encontram no contra a tua própria vida.
homem justo. 18*0 insensato imprope- Os vícios da embriaguêz, luxúria e
ra àsperamente, e o dom do malcria­ loquacidade
do faz m irrar os olhos.
“ Antes de julgar (os outros) ad­ 1 Q *0 operário dado ao vinho não
mira a justiça, e aprende antes de 1 U enriquecerá; e aquêle que des­
falar. “ Antes da enfermidade aplica preza as coisas pequenas, pouco a
o preservativo, e interroga-te a ti pouco cairá. 20 vinho e as mulheres
mesmo antes do juízo, e encontrarás fazem apostatar os próprios sábios, e
misericórdia diante de Deus. 21Humi- causam o opróbrio dos homens sensa-
lha-te antes da doença, e mostra o tos. 3Aquêle que se junta com pros-
7. Que proveito ou que dano pode tira r Deus do homem?
12. A tôda a carne, a todo o ser vivo.
15. L a n ç a r a outro em rosto a sua miséria na ocasião em que se socorre, tira o valor
à obra boa. A caridade quer n&o sómente que se dê, m as que se dê com boas maneiras.
21. Hurnilha-te diante de Deus p a ia obteres m ais facilmente o auxilio do céu.
23. Tenta a D eus quem se põe a o rar sem a reverência devida à majestade divina.
24. Castigará os pecadores desviando dêles o seu rosto.
26. Desde manhã. .. A desgraça cai rapidamente sôbre o homem.
27. N os dias do pecado. . . N o s dias nefastos, em que se sente m ais inclinado p a ra o
mal, redobra de vigilância p a ra n&o cair.
19 - 20 ECLESIÁSTICO 777

titutas tornar-se-á corrompido; che­ Verdadeira e fa ls a sabedoria


gará a ser o pasto da podridão e dos “ Dá lugar ao temor do Altíssimo;
vermes, e ficará sendo um grande es­ porque toda a sabedoria consiste no
carmento, e a sua alma será tirada
do número (dos vivos). temor de Deus, e ela é que ensina a
“Aquêle que crê de leve é leviano temer a Deus, e em tôda a sabedoria
de coração, e ficará menoscabado; e está a obediência à lei. 19E não é sa­
o que peca contra a sua alma será bedoria a habilidade de fazer mal,
tratado com desprezo. 5Aquêle que nem o pensar dos pecadores é prudên­
se deleita com a iniqüidade será de­ cia. “ Há uma malícia que é execrá­
sonrado; e o que aborrece a correção vel; e é um néscio o que está falto
verá abreviada a sua vida; e o que de sabedoria. 21Vale mais um homem
aborrece a loquacidade extingue a que tem pouca sabedoria, e que é
malícia. 60 que peca contra a sua falto de senso, mas que tem o temor
alma arrepender-se-á de o ter feito, de Deus, do que o que tem muito sen­
e o que se deleita na malícia será de­ so, mas que viola a lei do Altíssimo.
sonrado. 7Não repitas uma palavra 22Há uma sagacidade que é segura,
má e ofensiva, e não perderás nada. mas que é injusta. “ E há quem fa ­
8Não contes os teus pensamentos nem la francamente, expondo a verdade.
ao amigo nem ao inimigo, e, se come­ Há quem se humilha maliciosamen­
teste algum pecado, não o descubras; te, mas o seu coração está cheio de
°porque te ouvirá, e se guardará de dolo; Me quem se submete excessi-
ti, e, aparentando desculpar o teu pe­ vamente com uma profunda humi­
cado, te aborrecerá, e estará sempre lhação; e quem abaixa o seu rosto,
(h ostil) a teu lado. 10Ouviste alguma e finge não ver o que é segrêdo;
palavra contra o teu próximo? M or­ “ mas, se a fraqueza das suas forças
ra dentro de ti, ficando seguro de o impede de pecar, se encontra oca­
que ela te não fará arrebentar. uO sião de fazer mal, fá-lo-á. ^Peio
insensato está como com dores de par­ semblante se conhece o homem, e pe­
to, por causa duma palavra, como los traços do rosto se conhece o ho­
a mulher que geme, para dar à luz mem sensato. 270 vestido do corpo,
um menino. 12Como seta cravada no o riso dos dentes, e o andar do ho­
músculo carnoso, assim é a palavra mem, dão a conhecer o que êle é.
no coração do insensato. 2SHá uma correção falsa, que nasce
da ira dum insolente, e há um juízo,
Correção fraterna que se prova não ser justo; e há quem
se cala, e êste é prudente.
13Corrige o teu amigo, porque tal­ Discernimento no fa la r
vez não procedeu com ( má) intenção,
e te dirá: Eu não fiz tal; ou, se o 20 JQuant° melhor é repreender do
fêz, para que o não torne a fazer. que irritar, e não impedir
“ Repreenda o teu próximo, que talvez de falar aquêle que confessa a sua
não terá dito tal coisa; e, se o disse, falta! 2A concupiscência do eunu-
para que o não torne a dizer. 16Re- co desonra a donzelinha, 3assim é
preende o teu amigo, porque muitas o que viola a justiça por um ju l­
vêzes se diz o que não é assim; 16e gamento injusto. 4Como é bom que
não acredites em tudo o que se diz. o corrigido manifeste o seu arrependi­
Homem há que peca pela língua, mas mento! Porque assim evitarás o pe­
não do coração; 17pois quem há que cado voluntário. 5Há quem, estando
não tenha pecado com a língua? R e­ calado, é tido por sábio; e quem se tor­
preende o teu próximo antes de o a- na odioso por ser descomedido no
meaçar. falar. 6Há tal que se cala por não
Cap. X IX — 5. A malícia da murmuração.
11-12. Ironia para m ostrar a dificuldade que tem o insensato de guard ar um segrêdo.
22. M as que é injusta. O resultado prático desta sagacidade não é a verdade e a justi­
ça (m as a iniqüidade e a injustiça).
Cap. X X — 2-3. A concupiscência. . . Assim como é grande crime que os eunucos, a
quem está confiada a guarda das donzelas, intentem desonrá-las, do mesmo modo é gravís-
778 ECLESIÁSTICO 20 - 21

saber falar; e há tal que se cala M áxim as diversas


porque sabe qual é a ocasião opor­ 23Há quem se abstém de pecar por
tuna. 70 homem sábio estará em falta de meios, e sofre por ter de es­
silêncio até um certo tempo mas o tar na inação. 24Há quem perde a sua
leviano e o imprudente não es­ alma por causa do respeito humano,
peram a ocasião. 8Aquêle que fala e perdê-la-á, cedendo a uma pessoa
muito prejudicará a sua alma, e a- imprudente, e a si mesmo se perderá
quêle que se atribui um poder injus­ por atender demasiadamente a tal
to sera detestado. pessoa. “ Tal há que, por vergonha,
90 homem sem consciência é bem promete ao seu amigo, e vem-no
sucedido no mal, porém, aquilo que gratuitamente a lucrar por inimigo.
êle inventa converte-se em sua pró­ 26A mentira é no homem uma vergo­
pria ruína. 10Há dom que não é ú- nhosa manha, e ela encontra-se ha-
til, e há dom que é duplamente re­ bitualmente na bôca da gente sem
compensado. 11Há glória que abate, educação. ^Melhor é um ladrão do
e há humilhação que faz levantar que um homem que mente de con­
a cabeça. 12Há quem compre muitas tínuo, mas ambos terão por heran­
coisas por baixo preço, mas que tor­ ça a perdição. “ Os costumes dos ho­
na depois a dar por elas sete vêzes mens mentirosos são sem honra, e a
mais. 180 sábio torna-se amável pelas sua confusão acompanha-os sempre.
suas palavras; mas as graças dos “ O sábio atrai a si estima com as
insensatos perder-se-ão. 140 donativo suas palavras, e o homem pruden­
do insensato não te será útil; por­ te agradará aos grandes. 30Aquêle
que êle tem sete olhos para te con­ que cultiva a sua terra tornará mais
siderar. alto o monte dos seus frutos, e o
15Êle dará pouco, e lança-lo-á mui­ que pratica obras de justiça será e-
tas vêzes em rosto; e, quando sua xaltado, e o que agrada aos grandes
bôca se abre, é um incêndio. 16Um fugirá da iniqüidade. “ Os presentes
empresta hoje, e torna-o a pedir e as dádivas cegam os olhos dos jui­
amanhã; um homem assim torna-se zes, e fecham-lhes a bôca para não
odioso. 170 insensato não terá ami­ castigar (os culpados).
go, e o bem que êle faz não será a- “ Sabedoria escondida, e tesouro in­
gradecido; 18porque os que comem o visível que utilidade haverá em am­
seu pão têm língua falsa. Quantas bas estas coisas? 33Melhor é o homem
vêzes, e quantos homens escarnece­ que encobre a sua insipiência, do
rão dêle? “ Porque dá sem discerni­ que aquêle que esconde a sua sa­
mento o que devia reservar, e tam­ bedoria.
bém aquilo que não devia guardar. F ugir do pecado
20A falta duma língua enganadora 2 1 T ilh o , pecaste? Não tornes a
é como uma queda sôbre o pavimen­ “ 1 pecar; mas faze oração pelas
to; assim a ruína dos maus virá de tuas faltas passadas, para que te se­
súbito. “ O homem desagradável é jam perdoadas. 2Foge dos pecados co­
como um conto vão, que anda sem­ mo da vista de uma cobra; porque,
pre na bôca de gente mal educada. se te chegares para êles, apoderar-se-
22Será mal recebida a parábola vinda -ão de ti. 3Os seus dentes são den­
da bôca do insensato, porque não tes de leão, que matam as almas
a diz a seu tempo. dos homens. 4Todo o pecado é como
simo o pecado dos juizes que, sendo os depositários d a justiça, que devem conservar ilesa,
chegam a violá-la.
12. Ê um a verdadeira perda comprar, mesmo por baixos preços, muitos objetos inúteis.
14. Tem sete olhos p a ra ver a recompensa que espera de ti, recompensa de sete por um.
20. A fa lt a ... Segundo o grego: Um a queda sôbre o solo 6 preferível a uma queda
da língua.
25. A lucrar por inimigos, porque náo pode cumprir o que lhe prometeu indiscreta­
mente.
Cap. X X I — 4. A ferida do pecado grave é por sua natureza mortal, e nenhuma fô rça
criada a pode curar. Sòmente Deus é qiie pode dar a vida da gra ç a a um a alm a infeliz,
que a perdeu.
21 - 22 ECLESIÁSTICO 779

uma espada de dois fios; a sua fe ri­ te a viagem, mas nos lábios do sábio
da não tem cura. 50 ultraje e as achar-se-á a graça. “ A bôca do ho­
violências aniquilarão a riqueza; e a mem prudente é buscada na assem­
mais opulenta casa será destruída pela bléia e os outros pensarão nas suas
soberba; do mesmo modo os bens do palavras dentro dos seus corações. 21A
soberbo serão arrancados pela raiz. sabedoria é para o insensato como u-
6A súplica do pobre chegará desde ma casa arruinada; e a ciência do
a sua bôca até aos ouvidos de Deus, insensato reduz-se a palavras mal
e prontamente lhe será feita justi­ digeridas.
ça. 7Aquêle que aborrece a repreen­ 22A doutrina é para o insensato co­
são caminha por cima das pegadas mo grilhões aos pés, e como cadeias
do pecador; e aquêle que teme a que lhe carregam a mão direita. “ O
Deus converter-se-á do íntimo do seu insensato, quando se ri, levanta a sua
coração. sO homem poderoso dá-se voz; mas o varão sãbio apenas se sor­
a conhecer ao longe pela sua língua rirá em silêncio. 24A ciência é para
atrevida; e o sábio sabe escapar-se o homem prudente um ornamento de
dêle. °Aquêle que edifica a sua ca­ ouro, e como um bracelete no seu bra­
sa à custa alheia, é como o que a- ço direito. “ O pé do insensato é fá ­
junta as suas pedras no inverno. 9 10*A cil em se meter em casa do vizinho;
assembléia dos pecadores é como um mas o homem que sabe viver é re­
montão de estopa, e o seu fim será servado diante duma pessoa podero­
o serem consumidos pelo fogo. "O sa. 20O insensato olhará pela janela
caminho dos pecadores é calcetado para dentro duma casa; mas o homem
de pedras unidas entre si, mas vai educado conserva-se à porta. 27É má
dar ao inferno, às trevas e aos tor­ educação escutar a uma porta; e ao
mentos. prudente será insuportável esta bai­
xeza. “ Os lábios dos imprudentes di­
O sábio e o insensato rão fatuidades; mas as palavras dos
12Aquêle que guarda a justiça pe­ homens prudentes serão pesadas na
netrará o espírito dela. 13A sabedo­ balança. “ O coração dos insensatos
ria e o bom senso são o fruto do per­ está na sua bôca, e a bôca dos sábios
feito temor de Deus. 14*A quêle que está no seu coração. “ Quando o ím­
não é sábio no bem, nunca será pio amaldiçoa o demônio, amaldiçoa-
(bem ) instruído. “ Há uma sabedo­ se a si mesmo. "O mexeriqueiro
ria que é fecunda no mal, e não contaminará a sua alma, e será abor­
há bom senso onde há amargura. recido de todos; e o que mora com
18A ciência do sábio transbordará co­ êle será odioso; o homem calado, po­
mo uma inundação, e o seu conselho rém, e prudente, será honrado.
permanece como uma fonte de vida. Corno proceder com o insensato
170 coração do insensato é como um
vaso quebrado; nada pode reter da 0 9 jO preguiçoso foi apedrejado
sabedoria. “ “ com lodo, e todos falarão dê­
180 sábio, ouvindo qualquer pala­ le com desprêzo. 20 preguiçoso foi
vra judiciosa, louvá-la-á e aplicá-la-á apedrejado com excremento de bois,
a si; se, porém, a ouve o voluptuoso, e todo o que £> tocar sacudirá as
não lhe agradará, e a deitará para mãos. 30 filho ínal educado é a ver­
trás das costas. 19A conversação do gonha do pai; e a filha ( imodesta)
insensato é corno urna carga duran­ será pouco estimada. 4A filha pru­
9. N o inverno, em que não é ocasião própria p ara construir.
15. Am argura do pecado.
19. Ê aborrecida como uma carga.
2L Como uma casa arruinada, que nenhuma utilidade tem.
22. A doutrina, a instrução sôbre a virtude é p ara o insensato um a coisa desagradável,
que lhe tira a liberdade dos movimentos.
30. Quem peca não acuse o demônio, m as sim a sua própria malícia.
Cap. X X I I — 1-2. Com lô d o ... M ostra o sábio que, no conceito do povo, é tão vil o
homem preguiçoso, que todos o insultam, atirando-lhe lôdo, ou mancheias de estéreo, e ou­
tras imundícies.
780 ECLESIÁSTICO 22

dente será uma herança para seu ma­ uma paliçada posta em lugares eleva­
rido, mas aquela cujo procedimento dos, e uma parede de pedra sêca não
envergonha, será a desonra de seu pai. podem resistir à violência do vento,
5A mulher atrevida cobre de confusão 22assim também o coração do insen­
seu pai e seu marido, e não será infe­ sato, tímido nos seus pensamentos,
rior aos ímpios, e dum e doutro an­ não resistirá à violência do temor.
dará desestimada. 6*U m discurso fo ­ 23Assim como o coração do insensato,
ra de propósito é como a música no medroso nos seus pensamentos, não
luto; mas o castigo e a doutrina em temerá em tempo algum, assim tam­
todo o tempo são sabedoria. bém o que está sempre firm e nos
7Aquêle que ensina o insensato, é preceitos de Deus.
como o que quer tornar a unir os Como proceder com os amigos
cacos de um vaso quebrado. 80 ho­
mem que se põe a contar alguma coi­ 24Aquêle que pica o olho, faz sair
sa ao que o não ouve, é como o que dêle lágrimas; e o que pica o coração
desperta um dorminhoco dum pesado excita o sentimento. “ Aquêle que
sono. 9Aquêle que fala da sabedoria atira com uma pedra aos pássaros,
a um insensato, é como o p ie fala fá-los fugir; assim também aquêle
com um homem adormecido, o qual, que diz injúrias ao seu amigo, des­
ao fim do discurso, dirá: Quem é ês- faz a amizade. 26Ainda que tenhas
te? 10*C hora sôbre o morto, porque arrancado a espada contra o teu a-
lhe faltou a luz, e chora sôbre o in­ migo, não desesperes; porque o re­
sensato, porque lhe falta o siso. “ Cho­ gresso é possível. 27Ainda que tenhas
ra pouco sôbre o morto, porque êle dito ao teu amigo palavras duras, não
entrou no descanso; 12*mas a vida cri­ temas, porque a reconciliação é possí­
minosa do insensato é pior do que a vel, exceto quando se chegou a rom­
morte. lsO pranto sôbre o morto du­ per em afrontas e impropérios, e or­
ra sete dias, mas sôbre o insensato e gulhoso desdém, e revelação de segrê-
o ímpio dura tôda a sua vida. 14Não do, e golpes à traição; em todos ês-
fales muito com o imprudente, e não tes casos fugirá de ti o amigo. ^Per­
acompanhes com o insensato. 15Guar- manece fiel ao teu amigo na sua po­
da-te dêle, para que não tenhas in­ breza, para que também te alegres
quietações e para que não sejas con­ com êle nas suas prosperidades.
taminado com o seu pecado. 18Des- 29Conserva-te sempre fiel a êle no
via-te dêle, e acharás descanso, e tempo da sua tribulação, para que
não te enfastiarás com a sua estultí- tenhas parte com êle na sua herança.
cia. “ Que coisa haverá mais pe­ 30O vapor e o fumo elevam-se da for­
sada do que o chumbo? E que ou­ nalha antes do fogo; assim também
tro nome pode quadrar melhor do que as injúrias, e ultrajes, e ameaças
êste ao insensato? 18A areia, o sal precedem a efusão de sangue. 31Eu
e qualquer massa de ferro, são mais não me envergonharei de saudar o
fáceis de levar do que o imprudente, meu amigo e nem me esconderei da
o insensato e o ímpio. 19A travação sua presença; e, se me vierem ma­
de madeira bem ligada e disposta no les por causa dêle, sofrê-los-ei. 32Mas
alicerce do edifício, não se desunirá; toda a pessoa que souber isto se acau-
assim também o coração firmado so­ telará dêle.
bre um sólido conselho. “ A resolu­ 33Quem porá uma guarda à minha
ção do homem sensato nunca enfra­ bôca, e um sêlo inviolável sôbre os
quecerá com o mêdo. “ Assim como meus lábios, para que eu não caia
6. A quem está de luto aborrece a música mais bela; assim aborrece a mais curios%
conversa, sendo fora do tempo oportuno.
10-13. Ê mais digno de compaixão o que está privado da gra ç a de Deus, do que um
morto para a vida do corpo.
23. N ã o te m e rá ... N em o pecado, nem o castigo futuro causa horror ou espanto a o
insensato.
26. Porque o regresso, isto é, a reconciliação.
31-32. Se me vierem m a le s ... Se êle íô r ingrato comigo, sofrerei com paciência, m a s
todos os que souberem que êle foi ingrato acautel&r-se-ão dêle.
23 ECLESIÁSTICO 781

por sua causa, e para que a minha to, o seu pecado será sôbre êle; e, se
língua não me perca? não fizer caso, peca duplamente. 14E,
Oração contra os pecados da língua se jurar em vão, não terá nenhuma
e da concupiscência desculpa, e a sua casa será cheia de
castigos. 15Há uma outra palavra que
OQ Penhor, que és meu pai e dono merece a morte, e nunca ela se ouça
da minha vida, não me aban­ entre os descendentes de Jacó. “ Por­
dones à indiscrição dos meus lábios, que tudo isso será retirado dos homens
nem permitas que eu caia por causa pios, e êles não serão envoltos em
dêles. 2Quem porá sôbre o meu pen­ tais pecados. 17Não se acostume a
samento o freio das correções, e no tua bôca a palavras indiscretas; por­
meu coração a doutrina da sabedo­ que nelas há sempre pecado. “ Lem ­
ria, para que não me poupem nas suas bra-te do teu pai e da tua mãe, quan­
faltas, a fim de que dêles não brotem do te sentares no meio dos grandes;
pecados, 3e a fim de que não suceda 10para que Deus se não esqueça de ti
que aumentem as minhas ignorâncias, diante dêsses mesmos grandes, e pa­
e se multipliquem os meus delitos, e ra que, enfatuado com a sua fam ilia­
abundem os meus pecados, e eu caia ridade, não sofras algum impropério,
diante dos meus adversários 4e fol­ e não chegues a desejar antes não ter
gue de me ver arruinado o meu ini­ nascido, e amaldiçoes o dia do teu
migo? Senhor, que és meu pai, e nascimento. 20O homem acostumado
Deus da minha vida, não me abando­ a dizer impropérios nunca se corri­
nes às suas sugestões. 5Não permi­ girá em tôda a sua vida.
tas a imodéstia dos meus olhares, e Contra a fornicação e o adultério
afasta de mim tôda a cobiça. 6Afasta
de mim a intemperança da carne, e 21Duas sortes de pessoas pecam
não se apodere de mim a paixão da muitas vêzes, e a terceira provoca a
impureza, e não me entregues a uma ira e a perdição. 22A alma ardente
alma sem vergonha e sem recato. como um fogo aceso não se acalma
7Ouvi, filhos, as regras que vos dou sem ter devorado alguma coisa, 23e
sôbre a moderação da língua: aquê- o homem que abusa do seu corpo
le que as guardar, não perecerá pe­ não terá sossêgo enquanto não acen­
los lábios, nem cairá em ações crimi­ der o fogo. 24Tôdo o pão é doce pa­
nosas. sO pecador será colhido na sua ra o homem formcário; não se can­
vaidade, e o soberbo e o maldizen- sará de pecar até ao fim da vida.
te encontrarão nela motivos de que­ 25Todo o homem que desonra o seu
da. 9A tua boca não se acostume tálamo conjugal, despreza a sua alma,
ao juramento, porque isto é causa dizendo: Quem me vê? 20As trevas
de muitas quedas. 10O nome de Deus cercam-me, e as paredes cobrem-me,
não esteja sempre na tua bôca (para e ninguém de parte alguma olha pa­
ju ra r), e não mistures nas tuas con­ ra mim; de quem tenho eu receio? O
versas os nomes dos santos, porque Altíssimo não se lembrará, dos meus
nisto não serás isento de falta. “ Pois, pecados. 27E não considera que a vis­
assim como o escravo, posto conti- ta do Senhor vê tôdas as coisas, por­
nuamente ã tortura, nunca está sem que um semelhante temor humano
pisaduras, assim todo o homem que expele de si o temor de Deus, e os
jura e que repete a cada passo o no­ olhos dos homens são unicamente os
me de Deus, não será de todo isen­ que o fazem temer. 28E não sabe
to de pecado. 120 homem que jura que os olhos do Senhor são mais lu­
muito será cheio de iniquidade, e a minosos do que o sol, e que em tôrno
desgraça não se apartara de sua ca­ estão vendo todos os caminhos dos ho­
sa. 13E, se não cumprir o juramen­ mens, e que penetram o profundo do
Cap. X X I I I — 15. Um a outra palavra, que é a blasfêm ia.
18. Quanto te sentares.. Quando suceda estares sentado entre os grandes, tendo sido
sublimado às dignidades, não faças que não conheces teu pai ou tua mãe, ainda que
sejam pobres.
21. Três espécies de pecados contra o pudor, de gravidade crescente: Pecado solitário,
com mulher livre, com mulher casada.
782 ECLESIÁSTICO 20 - 21

abismo e os corações dos mesmos ho­ te dos seus exércitos, 3e será exaltada
mens, até aos mais ocultos esconderi­ no meio do seu povo, e admirada
jos. ^Porque o Senhor Deus, assim na assembléia dos santos. 4E, entre a
como conhecia todas as coisas antes multidão dos escolhidos, receberá lou­
de as ter criado, assim também agora, vores, e entre os benditos será ben­
depois que as criou, as vê tôdas. 30Ês- dita e dirá:
te tal será punido nas praças da ci­ 5Eu saí da bôca do Altíssimo, a
dade, e fugirá como um potro de é- primogênita antes de tôdas as criatu­
gua; e, onde êle menos o espera, se­ ras. °Eu fiz com que nascesse nos
rá apanhado. 31*E será desonrado céus uma luz inextlnguível, e como
diante de todos, por isso mesmo que uma névoa cobri tôda a terra. 7Eu
não compreendeu o temor do Senhor. habitei nos lugares mais altos, e o
32Assim (perecerá) também tôda a meu trono é sôbre uma coluna de
mulher que deixa o seu marido, e nuvem. 8Eu só fiz todo o giro do
que lhe dá por herdeiro o fruto du­ céu, e penetrei a profundidade do a-
ma aliança adúltera. ^Porque pri- bismo, andei sôbre as ondas do mar,
meiramente ela foi desobediente à 9e percorri tôda a terra; e em todos
lei do* Altíssimo; em segundo lugar os povos, 10e entre tôdas as nações ti­
pecou contra o seu marido; em ter­ ve a primazia. 21E sujeitei com o
ceiro lugar cometeu um adultério, e meu poder os corações de todos os
deu-se a si filhos doutro, que não grandes e pequenos; e entre todos ês-
era seu esposo. 34Esta mulher será tes povos busquei um lugar de repou­
levada à assembléia pública, e ali se so, e uma morada na herança do Se­
fará uma exata inquirição sobre seus nhor. 12Então o Criador de tudo deu-
filhos. 35Os seus filhos não lançarão me os seus preceitos, e falou-me; e
raízes, e os ramos dela não darão aquêle que me criou descansou no
fruto. 36Deixará uma memória mal­ meu tabernáculo, 13e disse-me: Habi­
dita, e nunca mais se apagará a sua ta em Jaco, e possui a tua herança em
infâmia. 37E os que vierem depois Israel, e lança raízes entre os meus
dela conhecerão que não há coisa escolhidos.
melhor do que o temor de Deus e 14Eu fui criada desde o princípio,
que nada há mais doce do que ob­ e antes dos séculos, e não deixarei
servar os mandamentos do Senhor. de existir em tôda a sucessão das
38Ê uma grande glória seguir o Se­ idades, e exerci diante dêle o meu
nhor; porque é dele que se receberá ministério na morada santa. 16Eu fui
larga. vida. assim firmada em Sião, e repousei
Origem e importância da sabedoria
na cidade santa, e em Jerusalém
está o meu poder. 16Tomei raízes
24 *A sabedoria fará o seu pró- no meio dum povo glorioso, e nes-
prio elogio, e se honrará em ta porção do meu Deus, que é a sua
Deus, e se gloriará no meio do seu herança, e na assembléia dos santos,
povo, 2e abrirá a sua boca na assem­ estabeleci a minha assistência.
bléia do Altíssimo, e se gloriará dian­ 17Elevei-me como o cedro do Líba­
30. N as praças da cidade, para exemplo de todos.
Cap. X X I V — 1. A sabedoria. . . P o r meio dum a prosopopéia introduz aqui o sábio a
mesma Sabedoria, tecendo-se o digno elogio da própria excelência. Pinta e descreve a sua
origem,- e a m agnificência das suas obras. Representa-se como um a rainha form osíssim a
e dotada de todo o gênero de virtudes, convidando os homens, e principalmente os Israelitas,
a que a busquem.
3-4. Assembléia dos santos, multidão dos escolhidos e benditos são expressões que se
referem aos Israelitas.
6. E como uma névoa. A lusão à m assa de vapor que envolveu a princípio todo o
mundo.
8. E u s ó . . . O mundo era um a vasta solidão, mas a sabedoria enchia tudo com a sua
presença.
11. N a herança do Senhor, isto é, entre os Israelitas.
14. Antes dos séculos, desde tôda a eternidade.
17-23. P a ra significar a sua intensa vida e m aravilhosa fecundidade, a sabedoria com­
para-se ao que há de mais viçoso no reino vegetal.
24 ECLESIÁSTICO 783

no. e como o cipreste do monte Sião. Jacó, com as promessas feitas a Is­
18Cresci como a palmeira de Cades, rael. 9i(0 Senhor) prometeu a Da­
e como as plantas das rosas de Jeri- vi, seu servo, que faria sair dêle um
có. 19Elevel-me como uma formosa rei fortíssimo, o qual se sentaria so­
oliveira nos campos, e como o pláta­ bre um trono de glória para sempre.
no nas praças junto da água. ^Di­ 35É êle que espalha a sabedoria co­
fundi um perfume como o cinamomo mo o Fison (as suas águas), e como
e o bálsamo aromático, e como mir- o Tigre no tempo dos frutos novos.
ra escolhida exalei suave cheiro. 36É êle que faz transbordar a inteli­
21Perfumei a minha habitação, como gência como o Eufrates, e que a mul­
tiplica como o Jordão no tempo da
de estoraque, e gálbano, e ônix, e mir-
ra, e como de gôta de incenso caída ceifa. 37É êle que derrama a ciên­
or si própria, e a minha fragrãncia cia como a luz, e que aumenta as
como a dum bálsamo sem mistura. suas águas como o Geão na estação
22Estendi os meus ramos como o tere- da vindima. “ Foi êle que primeiro
binto, e os meus ramos são ramos de conheceu perfeitamente a sabedoria,
honra e de graça. 23Como a vide lan­ a qual é impenetrável às almas fra ­
cei flores dum agradável cheiro; e as cas. “ Porque os seus pensamentos
minhas flores dão frutos de honra e são mais vastos do que o mar, e os
de honestidade. seus conselhos mais profundos do que
o grande abismo. “ Eu sou a sabe­
Frutos e dons da sabedoria doria que fiz correr os rios. “ Eu sou
como o canal de água imensa deriva­
24Eu sou a mãe do amor formoso, da dum rio, como o canal duma ri­
e do temor, e da ciência, e da santa beira, e como um aqueduto saí do pa­
esperança. “ Em mim há tôda a gra­ raíso. “ Eu disse: Regarei as plantas
ça do caminho e da verdade, em mim do meu jardim, saciarei de água os
tôda a esperança da vida e da virtu- frutos do meu prado. 43E eis que o
de. “ Vinde a mim todos os que me meu regato se tornou um caudaloso
desejais, e enchei-vos dos meus fru­ rio, e o meu rio tornou-se como um
tos; 4*7porque o meu espírito é mais grande mar; “ porque a luz da dou­
5
2
doce do que o mel, e a minha he­ trina com que a todos ilustro é co­
rança mais suave que o favo de mel. mo a luz da aurora, e eu a manifes­
“ A minha memória durará por tôda tarei por tôda a sucessão dos sé­
a série dos séculos. 20*A quêles que culos. “ Penetrarei tôdas as partes
me comem terão mais fome; e os que inferiores da terra, lançarei os olhos
me bebem terão mais sêde. 30Aquê- por todos os que dormem, e ilumina­
le que me ouve não será confundido; rei todos os que esperam no Se­
e os que se guiam por mim não peca­ nhor. 46Eu continuarei a espalhar a
rão. 31*A quêles que me tornam co­ minha doutrina como uma profecia,
nhecida terão a vida eterna. e deixá-la-ei aos que andam em bus­
32Tudo isto é o livro da vida, e a ca de sabedoria, e não cessarei de a
aliança do Altíssimo, e o conheci­ anunciar a tôda a sua descendência
mento da verdade. 33*Moisés deu a até o século santo. 47Vêde que eu
lei com os preceitos da justiça, e não trabalhei só para mim, mas pa­
( deixou-a) em herança à casa de ra todos os que buscam a verdade.
24. D o amor formoso, da caridade.
25. Caminho, modo prático de proceder. Verdade, teoria da virtude.
29. A sabedoria, isto é, a prática da virtude é tão gostosa que nunca aborrece.
32. Tudo is t o ... Tudo o que a sabedoria acaba de dizer está contido na lei de Moisés.
35-39. Fison, Tigre, os maiores rios da terra então conhecidos. Deus fa z correr a sa ­
bedoria em abundância, como as águas dos grandes rios.
37. Geão, isto é, o Nilo.
40-47. A sabedoria anuncia soienemente que n&o cessará de espalhar a s suas graças
sôbre o mundo.
46- Como uma profecia, como um a p alavra inspirada. — E não cessarei, segundo o
grego: E a legarei às gerações dos séculos.
784 ECLESIÁSTICO 25 - 26

Três coisas agradáveis chaga, e a maldade da mulher é uma


e três detestáveis consumada malícia. 18Tôda a chaga
é suportável, não porém a chaga do
y C 2De três coisas se compraz o coração; 19e tôda a malícia, não po­
meu espírito, as quais têm a rém a malícia da mulher; ^e tôda a
aprovação de Deus e dos homens; aflição, não porém a proveniente dos
2A concórdia entre os irmãos, e o a- que nos têm ódio; 21e tôda a vingan­
mor dos próximos, e um marido e ça, não porém a vingança que vem
mulher que se dão bem entre si dos inimigos. 22Não há cabeça pior
3Três sortes (há de pessoas) que a do que a cabeça (venenosa) da co­
minha alma aborrece, e cuja vida me bra; 23e não há ira pior do que a
é insuportável: 4Um pobre soberbo, ira da mulher. Será melhor viver
um rico mentiroso, um velho fátuo e com um leão e com um dragão, do
insensato. 50 que não ajuntaste na que habitar com uma mulher má.
tua mocidade, como o acharás na 24A maldade da mulher faz-lhe mudar
tua velhice? 6Quão belo é para os de rosto, e reveste-a dum aspecto
cabelos brancos o saber julgar, e para sombrio como um urso, e apresen-
os anciãos o saber dar um conselho! ta-a como um saco. N o meio de seus
7Quão bem parece a sabedoria nos vizinhos, 25geme o seu marido, e, ou­
velhos, e a inteligência e o conselho vindo-os, suspira. 26Tôda a malícia
nas pessoas de alta jerarquia! 8A ex­ é leve comparada com a malícia da
periência consumada é a coroa dos mulher; caia ela em sorte aos peca­
velhos, e o temor de Deus é a sua dores. 270 que é para os pés dum
gloria. velho o subir um monte de areia, is ­
°Nove pessoas se apresentam ao so é para um homem sossegado uma
meu espírito como muito felizes, e mulher desbocada. “ Não olhes para
exporei uma décima aos homens por a formosura da mulher, e não cobi­
minhas palavras. 10Um homem que ces uma mulher pela sua formosu­
encontra a sua alegria em seus fi­ ra. 29Da mulher (m á) provém a có­
lhos; o que vive e chega a ver a lera, a audácia e uma grande con­
ruína de seus inimigos. “ Ditoso a- fusão. ^Se a mulher tem o mando,
quêle que vive com uma mulher de ela se levanta contra o seu marido.
bom senso, e que não caiu pela sua slO abatimento do espírito, a triste­
língua, e que não serviu pessoas in­ za do rosto e a chaga do coração,
dignas dêle. “ Ditoso o que encontra são os efeitos duma mulher má. 32Mãos
um amigo verdadeiro, e o que fala fracas e joelhos vacilantes, tal é a
da justiça a um ouvido que lhe dá mulher que não faz ditoso o seu ma­
atenção. 13Como é grande aquêle que rido. ^Da mulher nasceu o princi­
encontra a sabedoria e a ciência! pio do pecado, e por causa dela é
Porém nenhum dêstes ultrapassa a- que todos morremos. 34Não dês à
quêle que teme o Senhor. 140 te­ tua água a mais ligeira abertura, nem
mor de Deus eleva-se sobre tudo. à mulher má liberdade de sair a pú­
15Bem-aventurado o homem que re ­ blico. 35Se não andar sempre debai­
cebeu o dom do temor de Deus; com xo da tua mão, ela te cobrirá de
quem se comparará aquêle que o pos­ confusão diante dos teus inimigos.
sui? iaO temor de Deus é o prin­ 36Separa-a da tua pessoa, a fim de que
cipio do seu amor, mas inseparàvel- não abuse sempre de ti.
mente se lhe deve ajuntar um prin­ A mulher m á e a mulher virtuosa
cípio de fé.
A mulher má oc d ito s o o homem que tem uma
17A tristeza do coração é a maior virtuosa mulher, porque será

Cap. X X V — 24. Como um saco, ou vestido de luto.


25. Ouvindo-os fa la r sôbre as faltas da sua mulher.
26. Caia e l a ..., p ara castigo dos seus pecados.
33. Alusão à queda do primeiro homem.
36. O repúdio era permitido aos Judeus, quando suas mulheres eram contumazes e in­
corrigíveis. Jesus Cristo restituiu ao matrimônio a sua prim itiva indissolubilidade, tendo-o
elevado a sacramento.
26 - 27 ECLESIÁSTICO 785
dobrado o número dos seus anos. que é o sol para o mundo, quando
2A mulher forte é a alegria de seu nasce nas alturas de Deus, assim é
marido, e lhe fará passar em paz os a bondade duma mulher virtuosa
anos da sua vida. 3A mulher vir­ para ornamente da sua casa. “ Co­
tuosa é uma sorte excelente, é o mo a lâmpada que brilha sôbre o
prêmio dos que temem a Deus, e se­ candelabro sagrado, assim é a gracio­
rá dada ao homem pelas suas boas sidade do rosto numa idade madura.
obras. 4Terá satisfeito o coração, se­ “ Como colunas de ouro sôbre bases
ja rico ou pobre, e o seu rosto ver- de prata, assim estão firm es sôbre
-se-á sempre alegre. as suas plantas os pés da mulher
5De três coisas receiou. o meu co­ constante. 24Como fundamentos e-
ração, e com a quarta esmoreceu o ternos sôbre a pedra sólida, assim são
meu semblante; G Do ódio de uma ci­ os mandamentos de Deus no coração
dade (in te ira ); da sedição dum po­ da mulher santa.
vo; 7da calúnia mentirosa, coisas tô- “ Com duas coisas se entristeceu o
das mais insuportáveis do que a mor­ meu coração, e a terceira provocou-
te; 8mas a mulher ciosa é a dor e me a cólera: “ Um homem de guerra
o pranto do coração. 9Na mulher que perece à ruíngua, um homem sá­
ciosa a língua é um flagelo, que a bio que é desprezado, 27e aquêle que
todos atinge. 10Como o jugo dos passa da justiça ao pecado; a êste
bois, que está largo, assim é a mu­ último reservou Deus para a espada.
lher má; o que a toma, é como quem “ Duas profissees me pareceram di­
toma um escorpião. UA mulher da­ fíceis e perigosas: Dificultosamente
da ao vinho é motivo de grande có­ evitará as faltas o que negocia, e
lera e vergonha, e a sua infâmia o taberneiro nao estará isento dos
não será oculta. 12A impudicícia da pecados da língua.
mulher reconhece-se na altivez do o-
lhar, e na imodéstia dos seus olhos. Regras de prudência, no comércio e na
13Redobra de vigilância sobre a f i­ estima das pessoas
lha que não refreia os olhos, para
que não abuse de si própria, se en­ 0 7 JP or causa da pobreza muitos
contrar a ocasião. 14Vigia sobre to­ “ • delinqíiiram; e aquêle que pro­
do o desavergonhamento dos seus o- cura enriquecer-se, afasta os olhos.
lhos, e não estranhes se ela te des­ 2Como se finca um pau no meio da
prezar. 15Ela, como um viajante se­ juntura de duas pedras, assim tam­
quioso, abrirá a bôca a tôda a fonte, bém se introduzirá o pecado entre
e beberá de tôda a água que tiver a venda e a compra. 3Mas o de­
à mão, e junto de tôda a estação se lito será destruído com o delinqüen-
assentará, e a tôda a seta abrirá a te. 4Se te não mantiveres firm e­
aljava até mais não poder. mente no temor do Senhor, depres­
sa a tua casa será arruinada. •‘Co­
Encantos da mulher virtuosa mo quando se abana o crivo açenas
16A graça duma mulher cuidadosa fica o rasquido, assim a perplexidade
deleitará o seu marido, e lhe infun­ do homem fica no seu pensamento.
dirá vigor até aos ossos. 170 seu bom 0O fôrno prova os vasos do oleiro, e
proceder é um dom de Deus. 18Sen- a prova da tribulação, os homens jus­
do uma mulher sensata, é amiga do tos. lAssim como o cuidado que se
silêncio; nada é comparável a uma tem da árvore se dá a conhecer no
alma bem educada. 19Graça sôbre fruto, assim a palavra manifesta
graça é a mulher santa e cheia de o pensamento do homem. 8Não lou­
pudor. “ Todo o preço é nada em ves um homem antes de êle falar;
comparação duma alma casta. 210 porque esta é a prova dos homens.
Cap. X X V I — 10. o jugo, nao estando bem firm e e seguro, prejudica os bois e impede
que trabalhem ; assim a mulher m á transtorna e prejudica os interêsses da casa.
26. U m homem de guerra, um valente que, depois de se ter sacrificado pela sua pátria,
morre na miséria.
27. E aquêle que p a s s a ..., um justo que se torna pecador.
Cap. X X V I I — 1. Afasta os olhos de Deus, da justiça e da virtude.
786 ECLESIÁSTICO 27 - 28

Contra o insensato e a indiscrição e armará laços às tuas palavras.


“ Muitas coisas aborreço, mas nenhu­
°Se fores atrás da justiça, apanhá- ma como um tal homem; e o Senhor
-la-ás, e dela te revestirás como du­ o aborrecerá também. ^“ Quando al­
ma vestidura talar de glória, e com guém lança uma pedra ao alto, ela
ela habitarás, e ela te protegerá pa­ cairá sobre a sua cabeça; assim a fe ­
ra sempre, e no dia do juízo acha­ rida à traição abrirá as feridas do
rás nela apôio. 10As aves chegam- traidor. 29E o que abre a cova, cai­
se para os seus semelhantes; assim rá nela; e o que põe uma pedra no
a verdade volta para aquêles que a caminho para tropêço do próximo,
praticam. nO leão está sempre à tropeçará nela; e o que arma um la­
espreita da prêsa; assim os pecados ço a outrem, nêle perecerá. 30O de­
armam laços aos que praticam a sígnio perverso recairá sobre o que
iniqüidade. 120 homem santo perse- o forja, e não saberá donde lhe vem
vera na sabedoria como o sol; o in­ o mal. 310 escárnio e o ultraje são
sensato porém muda como a lua. 13No próprios dos soberbos, e a vingança,
meio dos insensatos guarda a pala­ como um leão, colhê-los-á de surprê-
vra para outro tempo; mas perma­ sa. 32Aquêles que se alegram com a
nece de contínuo entre os que pen­ queda dos justos, perecerão no laço,
sam (bem ). 14A conversação dos e a dor os consumirá antes de mor­
pecadores é odiosa, e o seu riso é so­ rerem.
bre as delícias do pecado. lsO dis­ " A ira e o furor são duas coisas
curso do que muito jura fará arre­ execráveis, e o pecador as terá em
piar os cabelos da cabeça, e a sua ir­ si mesmo.
reverência fará tapar os ouvidos.
16N a bulha dos soberbos há efusão Perdoar ao próximo p ara obter
de sangue; e é penoso ouvir as suas o perdão de Deus
maldições. 17Aquêle que descobre os
segredos do amigo, perde o crédi­ 9 fi ^ q u ê le que quer vingar-se, en-
to, e não encontrará um amigo a contrará a vingança do Se­
seu gôsto. “ Am a o teu próximo, e nhor, o qual tirará exata conta dos
une-te a êle com lealdade. 19Mas, se seus pecados. 2Perdoa ao teu próxi­
descobrires os seus segredos, não o mo que te ofendeu, e então, quando
voltarás a ganhar. ^Porque, como pedires, ser-te-ão perdoados os peca­
um homem que arruina o seu amigo, dos. 3Um homem conserva a sua i-
assim é o que destrói a amizade do ra contra outro homem, e pede a
seu próximo. 21E, assim como aquê- Deus remédio? 4Não tem compaixão
le que deixa ir da sua mão o pássa­ dum homem seu semelhante, e pede
ro, assim tu deixaste ir o teu ami­ perdão dos seus pecados? 5Êle, sen­
go, e não o conciliarás mais. “ Não do carne, conserva rancor, e pede
o sigas, porque já está muito distan­ propiciação a Deus? Quem lha al­
te; fugiu pois do laço como uma cançará pelos seus delitos? le m b r a -
corça, porque foi ferida (p o r t i) a sua te dos teus novíssimos, e deixa de
alma. “ Não poderás mais atraí-lo a nutrir inimizades; 7porque a corrup­
ti. Depois duma injúria há reconci­ ção e a morte ameaçam-te por de­
liação; 24mas o revelar os segredos trás dos mandamentos do Senhor.
do amigo, tira toda a esperança a 8Lembra-te do temor de Deus, e não
uma alma infeliz. te ires contra o teu próximo, l e m ­
Contra a hipocrisia e a inveja
bra-te da aliança do Altíssimo, e não
faças caso da ignorância (ou falta)
“ O gue frisa os olhos forja maus do próximo.
desígnios, e ninguém o pode afastar
de si. “ N a tua presença falará com E vitar a ira e os litígios
doçura, e admirará os teus discursos; 10Abstém-te de litígios, e diminui­
mas por último mudará de linguagem, rás os pecados; “ porque o homem i-
25. Ninguém o pode. . . E ninguém poderá evitar as suas perfídias.
Cap. X X V I I I — 9. Ignorância, modo delicado de designar as faltas do próximo, que
muitas vêzes nos ofende sem querer.
28 - 29 ECLESIÁSTICO 787
racundo acende pendências, e o ho­ não será de longa duração, mas asse-
mem pecador suscita discórdias entre nhorear-se-á dos caminhos dos in­
os amigos, e lança a inimizade no justos, e a sua chama não (jueima-
meio dos que vivem em paz. lzO fo- rá os justos. 27Os que deixam a
o ateia-se na proporção da madeira Deus, cairão no poder dela, e arderá
o bosque, e a cólera do homem (a- nêles, e não se apagará, e lançar-se-á
teia-se) segundo o seu poder, e se­ sôbre êles como um leão, e como um
gundo a sua riqueza aumentará a sua leopardo os despedaçará. “ Cerca os
irá. 13A prontidão em discutir a- teus ouvidos com espinhos, não quei­
cende o fogo, e a demanda temerá­ ras ouvir a língua má, e põe na tua
ria derrama sangue, e a língua que boca uma porta e fechaduras. “ Fun­
testifica (falsamente) traz a morte. de o teu ouro e a tua prata, e faze
14Se assoprares a uma faísca, ela se uma balança para pesares as tuas
inflamará, se cuspires sôbre ela, se palavras, e um freio bem ajustado
apagará; e uma e outra coisa sai da para a tua boca; 3Oe olha, não escor­
boca. regues no teu falar e não caias dian­
A má lfngua te dos teus inimigos, que te armam
ciladas, e não venha a tua queda
150 mexeriqueiro e o homem de a ser incurável e mortal.
duas línguas é maldito, porque per­
turba muitos que viviam em paz. Mérito « perigo dos empréstimos
16A (m á ) língua dum terceiro inquie­
tou a muitos, e dispersou-ós de povo OQ a q u ê le que usa de misericór-
em povo. 17Ela destruiu as cidades dia, empresta a juro ao seu
muradas dos ricos, e fêz cair as .ca­ próximo; e aquêle que tem a mão
sas dos grandes. 18Desbaratou as generosa, guarda os mandamentos.
forças dos povos, e desfêz as nações 2Empresta ao teu próximo no tempo
fortes. da sua necessidade, mas tu também
19A (m á ) língua de um terceiro paga ao teu próximo no devido tem­
lançou fora de casa as mulheres va­ po. 3Cumpre a tua palavra, e tra­
ronis, e privou-as (do fru to ) de seus ta lealmente com êle, e em todo o
trabalhos. 20Aquêle que a atende não tempo acharás o que te é necessário.
terá descanso, nem tèrá amigo com 4Muitos consideram o que se lhes em­
quem se console. 21O golpe duma prestou como um achado, e causa­
vara faz uma pisadura; mas o golpe ram desgosto àqueles que os ajuda­
da língua esmigalha os ossos. “ Mui­ ram. 5Beijam as mãos do que lhes
tos morreram passados ao fio da es­ empresta até que tenham recebido,
pada, porém não tantos como os que e com voz humilde fazem (grandes)
morreram por culpa da sua língua. promessas; 6mas, chegando o prazo
“ Bem-aventurado aquêle que está a de pagar a dívida, pedem espera, e
coberto da má língua, que não pas­ dizem palávras de enfado e de mur-
sou pela ira dela, e que não atraiu muração, e desculpam-se com o tem­
para cima de si o seu jugo, e que po. 7E, ainda que possam pagar, po­
não foi ligado com as suas cadeias; rão dificuldades, depois darão apenas
24porque o seu jugo é um jugo de metade do capital e a consideração
ferro, e as suas cadeias são cadeias como uma coisa achada. 8E, se não
de bronze. “ A morte que ela cau­ defraudam o credor do seu dinheiro,
sa é uma morte desgraçadissima, e sem causa alguma o ficarão tendo
a sepultura é-lhe preferível. “ Ela 1 2 por inimigo, 9e lhe pagarão com in-
12. o homem poderoso e o rico iram -se com grande facilidade, por julgarem que tudo
deve ceder aos seus caprichos.
16. A m á língua dum terceiro , isto é, o caluniador.
26-27. o s justos serão poupados pela língua pérfida, a qual dirigirá os seus golpes prin­
cipalmente contra os maus.
Cap. X X IX — 1. Guarda os mandamentos , que prescrevem as obras de beneficência.
2, Paga ao teu próxim o o que êle te tiver emprestado.
7. Corno uma coisa achada. Insinuará ao credor que esta metade que lhe paga, êle
a pode contar como se, depois de perdida, ? tivesse achado.
788 ECLESIÁSTICO 29 - 30

júrias e maldições, e, à honra e A hospitalidade


benefício recebidos corresponderão
com ultrajes. 10Muitos deixam de “ O essencial da vida do homem é a
emprestar não por desumanidade, água e o pão, e vestido e casa que
mas porque temem ser defraudados cubra o que o pejo quer que esteja
sem o merecerem. “ Apesar de tudo escondido. ^Aquilo que o pobre co­
isto, sê magnânimo com o miserável, me debaixo de qualquer coberta de
não o faças esperar pela esmola. “ Por paus, é melhor do que um festim
causa do mandamento acode ao po­ magnífico numa casa estranha, quan­
bre, e não o deixes ir com as mãos do se não tem domicílio próprio. ^Con­
vazias na sua indigência. “ Perde o tenta-te com o pouco ou muito que
teu dinheiro por amor do teu irmão tiveres, e não ouvirás os impropé­
e do teu amigo, e não o escondas rios que sofre um forasteiro. 31Ê
debaixo duma pedra para ficar per­ uma vida desgraçada a daquele que
dido. “ Emprega o teu tesouro se­ se anda hospedando de casa em ca­
gundo os preceitos do Altíssimo, e is­ sa; em lôda a parte em que fôr hós­
to te aproveitará mais do que o ou­ pede, não procederá com confiança,
ro. “ Encerra a esmola no seio do nem ousará abrir a boca. 32Êle
pobre, e ela rogará por ti para te noutras ocasiões terá hospedado ou­
livrar de todo o mal. 16-17-18Mais do tros, e terá dado de comer e de be­
que o escudo e do que a lança do ber a ingratos, e depois disto ouvi­
esforçado, ela pelejará contra o teu rá palavras amargas. 33Anda, hós­
inimigo. pede, vai pôr a mesa, e dá de comer
Fianças
aos outros do que tens à mão. 34Re-
tira-te por causa da honra que de­
10O homem de bem dá fiança pelo vo aos meus amigos; necessito da mi­
seu próximo; e o que tiver perdido a nha casa para receber o meu irmão.
vergonha o abandonará à sua sorte. 35São duras estas (duas) coisas para
20Não te esqueças do benefício que te um homem sensato: os impropérios
fêz o que ficou por teu fiador, por­ do senhor da casa, e os insultos dum
que êle expôs a sua vida por ti. 210 credor.
pecador e o impuro fogem do seu Educação dos filhos
fiador. 220 pecador faz de conta que
são seus os bens do seu fiador, e com 0(1 1Aquêle que ama o seu filho,
coração ingrato abandona o seu li­ castiga-o com freqüência, pa­
bertador. 23Um homem fica por fia­ ra que se alegre com isso mais tar­
dor do seu próximo, e, quando êste de, e não vá mendigar às portas dos
tiver perdido a vergonha, será por outros. 2Aquêle que instrui o seu
êle desamparado. “ Fianças impru­ filho será louvado nêle, e nêle mes­
dentes têm perdido a muitos que iam mo se gloriará entre os seus conhe­
bem nos seus negócios, e agitaram- cidos. 3Aquêle que instrui o seu f i­
nos como ondas do mar. “ Fizeram e- lho causa inveja ao seu inimigo, e
m igrar para diversos lugares homens entre os seus amigos se gloriará dê-
poderosos, que andaram errantes en­ le. “Morreu o seu pai, e foi como
tre nações estranhas. “ O pecador se não morresse, porque deixou de­
que viola o mandamento do Senhor, pois de si um seu semelhante. 5Em
meter-se-á em fianças ruinosas; e sua vida viu (o seu filh o ), e nêle
aquêle que empreende muitos negó­ se alegrou; em sua morte não se
cios, cairá sob a justiça. “ Assiste ao entristeceu, nem se envergonhou
teu próximo conforme as tuas posses, diante dos seus inimigos; 6porque
mas olha por ti, não caias tu tam­ deixou um defensor da sua casa con­
bém. tra os inimigos, e quem fosse agrade­
ti. Que a ingratidão de muitos te nao desvie de fazer bem.
26. o pecador. .. M uitas vezes Deus permite que as iniqüidades dos pecadores sejam
castigadas dêste modo.
33. Anda, hóspede. . . U m exemplo das palavras amargas a que se refere o versículo
anterior.
Cap. X X X — 1. E não vá mendigar, por ter sido abandonado por um filho ingrato.
30 - 31 ECLESIÁSTICO 789
cido aos amigos. 7Por amor da al­ qual vê com os seus olhos, e geme,
ma dos filhos atará as suas feridas, como um eunuco que abraça uma
e a qualquer palavra se turbarão as donzela, e suspira.
suas entranhas. 8Um cavalo indômi- 22Não abandones a tua alma à tris­
to torna-se intratável, e um filho dei­ teza, e não te aflijas a ti mesmo nos
xado à sua vontade torna-se insolen­ teus pensamentos. “ O júbilo do co­
te. 9Lisonjeia o teu filho, e êle te cau­ ração é a vida do homem, é um te­
sará susto, brinca com êle, e êle te souro inexaurível de santidade; e a
entristecerá. 10*N ão te ponhas a rir alegria do homem prolonga a sua v i­
com êle, para que não venhas a so­ da. 24Tem piedade da tua alma, pro­
fre r por isso, e não te desbotem no curando agradar a Deus, e contém-
fim os dentes. “ Não lhes dês largas te; fixa o teu coração na santidade
na sua mocidade, e não dissimules do mesmo Deus, e afugenta para lon­
as suas travessuras. 12*E ncurva-lhe a ge de ti a tristeza. 25Porque a tris­
cerviz na mocidade, e bate-lhe nas teza tem matado a muitos, e não há
ilhargas enquanto é menino, para utilidade nela. 26A inveja e a ira
que não suceda endurecer-se e não te abreviam os dias, e os afãs fazem
obedeça, e venha a ser a dor da tua chegar a velhice antes do tempo.
alma. 18Instrui o teu filho, e traba­ 27Um coração alegre e bom está num
lha por formá-lo, para que te não contínuo festim, porque lhe preparam
«desonre com a sua vida vergonhosa. com diligência o seu alimento.
A saúde e a alegria Amor desordenado das riquezas
14Um pobre são e cheio de fôrças 01 *As vigílias para enriquecer
vale mais do que um rico fraco e consomem as carnes, e a apli­
atormentado de doenças. 15A saúde cação a isto tira o sono. 20 pensa­
da alma, que consiste na santidade mento inquieto sôbre o que poderá
da justiça, vale mais do que todo o suceder perturba o sossêgo, e a en­
ouro e prata; e um corpo robusto fermidade grave torna a alma só­
vale mais do que imensos bens. 16*N ão bria. 30 rico afadiga-se por juntar
há riquezas maiores do que a da riquezas, e, quando se entrega ao re­
saúde do corpo; nem contentamento pouso, tem muitos bens. 4Trabalha
que seja igual à alegria do coração. o pobre para ter que comer, e no
17Melhor é a morte do que a vida a- fim acha-se (ainda) necessitado. 8A-
margurada, e o descanso eterno do quêle que ama o ouro não será ino­
que um achaque perseverante. 18Os cente, e aquêle que vai atrás da cor­
bens escondidos numa bôca cerrada rupção, será cheio dela. 6Muitos caí­
são como manjares exquisitos pos­ ram por causa do ouro, cuja beleza
tos em volta de um sepulcro. 19De foi a sua perdição. 70 ouro é um
•que servirá ao ídolo a oblação? Pois madeiro de escândalo para os que
•que êle nem a comerá, nem lhe toma­ lhe sacrificam; ai daqueles que vão
rá o cheiro. 20Assim acontece ao atrás dêle, porque todo o impruden­
que é perseguido pelo Senhor, e que te perecerá por causa dêle!
leva o pago da sua miqüidade; 21o 8Bem-aventurado o rico que foi a­
7. P o r a m o r ... Segundo o grego: Aquêle que acaricia o seu filho, isto é, que nâo o
castiga, levado por um a ternura m al orientada — atará as suas feridas. Modo de dizer
■que êste pai, mais tarde, terá muito que sofrer dos seus filhos. — A qualquer palavra,
.-a qualquer grito do menino caprichoso. Educação sem vigor.
10. Os pais devem evitar a dem asiada fam iliaridade com os seus filhos.
16. Alegria do coração produzida pela santidade de vida.
21. o qual v ê com os seus olhos m anjares delicados, e geme por nâo poder comer dêles.
22. N os teus pensamentos, refletindo demasiadamente sôbre a causa dos sofrimentos pre­
sentes e futuros.
27. O seu alimento, que é a paz e a alegria da boa consciência.
Cap. X X X I — 2. Torna a alma sóbria, diminuindo a violência das paixões.
3. Quando se entrega ao repouso, quando se retira dos negócios.
790 ECLESIÁSTICO 31 - 32
chado sem mancha, e que não correu ta-te e vomita, e achar-te-ás alivia­
atraído pelo ouro, nem pôs a sua es­ do, e não atrairás ao teu corpo uma
perança no dinheiro nem nos tesou­ doença. “ Ouve-me, filho, e não me
ros. 9Quem é êste, e nós o louvare­ desprezes, e no fim reconhecerás a
mos? Porque fêz coisas maravilho­ verdade das minhas palavras. 27Sê
sas em sua vida. 10*F oi provado pelo pronto em tôdas as tuas ações, e não
ouro e encontrado perfeito, terá u- te virá nenhuma enfermidade. 28Os
ma glória eterna; pôde transgredir lábios de muitos bendirão aquêle que
a lei de Deus, e não a transgrediu; dá de comer liberalmente, e dar-
pôde fazer o mal, e não o fêz. nP or -se-á um testemunho, fiel da sua ge­
isso os seus bens foram assegurados nerosidade. 29Tôda a cidade murmu­
no Senhor, e tôda a assembléia dos rará contra o que é mesquinho em
santos celebrará as suas esmolas. dar pão, e o testemunho que dá da
sua mesquinhez é verdadeiro.
Regras de temperança 30Não provoques (a beber) aquêles
12Sentaste-te a uma grande mesa? que são amigos do vinho, porque o
Não sejas tu o primeiro a abrir a tua vinho tem perdido muitos. slO fogo
garganta. 13*N ão digas: Que abundân­ prova a dureza do ferro; assim o v i­
cia de iguarias há sôbre ela! “ Lem ­ nho bebido até embriagar dará a co­
bra-te que é má coisa um ôlho .in­ nhecer os corações dos soberbos. 320
vejoso. 15Que coisa há de pior do vinho bebido com sobriedade é uma
que semelhante ôlho? P or isso êle segunda vida para os homens; se o
banhará de lágrimas todo o seu ros­ beberes moderadamente, serás só­
to, quando olhar. 16Não sejas o pri­ brio. 35Que vida é a daquele a quem
meiro a estender a mão, para que a falta o vinho? 34Que coisa é a que
inveja não te manche, e não fiques nos priva da vida? A morte. “ O
envergonhado. 17Não te apresses' du­ vinho desde o princípio foi criado pa­
rante o banquete. 18*Julga das dispo­ ra regozijo, e não para embriaguez.
sições do teu próximo pelas tuas. 80O vinho bebido moderadamente é O
19Usa como um homem sóbrio do que júbilo da alma e do coração. 37A
se te puser diante, não suceda que, por temperança no beber é a saúde da
comeres muito, te tornes odioso. alma e do corpo. “ O vinho bebido
20Sê o primeiro a acabar em sinal com excesso produz a irritação, e
da tua boa educação, e não te des­ a ira e muita ruínas. 30O vinho
mandes, para que não desgostes bebido com excesso é a amargura da
ninguém. 21Se estás sentado entre alma. 40A embriaguez inspira audá­
muitas pessoas, não estendas a mão cia, faz cair o insensato, diminui as
antes delas, nem sejas o primeiro a fôrças, e ocasiona feridas. "E m um
pedir de beber. 22Quão pouco vinho festim de vinho não argúas o pró­
é suficiente para um homem regra­ ximo, e não o desprezes no calor da
do! E assim, quando dormires, não sua alegria; 42não lhe digas palavras
te causará desassossêgo, nem senti­ de impropério, e não o apertes com
rás dor. 23Vigília, cólica, e ânsias te­ qualquer reclamação.
rá o homem intemperante. 240 ho­ Deveres do chefe do banquete;
mem sóbrio terá um sono salutar, discussão dos velhos e dos jovens
dormirá até pela manhã, e a sua al­
ma se deleitará com êle. 25E se fo ­ OO 1Puseram-te como chefe? não
res obrigado a comer muito, levan­ ° u te ensoberbeças por isso; sê
10. F oi provado pelo ouro, porque, possuindo-o, náo abusou dôle.
12. A abrir a tua garganta para engulir.
25. Se fôres obriga d o... T rata-se aqui de qualquer excesso involuntário. — Vomita.
A antiga medicina recomendava provocar o vômito, quando se sentia o estômago sobrecar­
regado.
27. E não te virá nenhuma enfermidade. N áo só pela intemperanea, mas também pela
ociosidade, se originam muitos achaques do corpo. D aqui vem que todo aquêle que fô r
ativo e amante do trabalho se liv ra rá de inumeráveis doenças.
Cap. X X X II — 1. Como chefe do banquete, a quem pertencia providenciar para que
tudo corresse bem.
32 - 33 ECLESIÁSTICO 791
entre êles como um dêles mesmos. çará a sua doutrina, e os que vela­
2Tem cuidado dêles, e depois disso rem para o buscar receberão a sua
assenta-te, e, cumpridas tôdas as tuas bênção. 19Aquêle que busca a lei se-
obrigações, põe-te a comer, 3*a fim de rá cheio dela, e o que procede com
que te causem alegria, e recebas a hipocrisia tropeçará nela. “ Aquêles
coroa, como um ornamento gracioso, que temem o Senhor reconhecerão o
e mostres que eras digno de ser es­ que é justo, e as suas boas obras bri­
colhido. lharão como uma luz. 210 bomem pe­
4Fala, tu que és o mais velho, pois cador evitará a repreensão, e encon­
é a ti que pertence falar primeiro, trará interpretações (da le i) segun-
5(mas fala) com sabedoria e com gundo o seu desejo. 220 homem pru­
prudência, e não impeças a música. dente não desprezará o instruir-se, o
‘6Não desperdices palavras, onde não que o não é e o soberbo não tem nç-
há quem as ouça, e não ostentes fo ­ nhum temor; 23mas. depois de terem
ra de tempo o teu saber. 7Correm procedido por si sem conselho, as
igual paralelo uma pedrinha de car­ suas próprias emprêsas os condena­
búnculo em engaste de ouro, e um rão. 24Filho, não faças coisa algu-
concerto de músicos em festim de ma sem conselho, e não te arrepende­
vinho. 8Assim como brilha mais um rás depois dela feita. “ Não vás pe­
sinete de esmeralda encastoado em lo caminho da ruína, e não tropeça­
ouro, assim a harmonia da música rás nas pedras; nem te metas num
melhor se logra entre um alegre e caminho escabroso, para que não dês
moderado vinho. 9Ouve em silêncio, à tua alma ocasião de queda. 20Guar-
e a tua modéstia conciliar-te-ã a sim­ da-te dos teus próprios filhos, e a-
patia (de todos). cautela-te dos teus domésticos. 27Em
10Tu, jovem, fala com dificuldade tôdas as tuas obras segue o ditame
no que te diz respeito. “ Se fôres in­ fie l da tua consciência; porque é as­
terrogado duas vêzes, tenha concisão sim que se guardam os mandamen­
a tua resposta. 12Porta-te em mui­ tos. “ Aquêle que é fie l a Deus, a-
tas coisas como se as ignorasses, e tende aos seus mandamentos, e o
ouve, já calando, já também pergun­ que confia nêle não será danificado.
tando. 13N o meio dos grandes não
te iguales com êles, e onde estão os E lo g io a o tem o r de D e u s
Velhos não fales muito. 14Antes da 9 0 a q u ele que teme o Senhor não
saraiVa aparece o relâmpago, e dian­ ° ° sobrevirão males; antes Deus
te da modéstia Vai a graça, e pela o guardará na tentação, e o livrará
tua circunspecção seras benqulsto. dos males. sO sábio não aborrece
15E, chegada a hora de te levantares, os mandamentos nem as leis, e não
não te detenhas; sê o primeiro a re­ se fará em pedaços como o navio na
tirar-te para tua casa, e lá diverte- tempestade. 30 homem sensato crê
te e recreia o teu espirito, 10e faze na lei de Deus, e a lei lhe será fiel.
o que te aprouver, contanto que se­ 40 que tem de satisfazer a uma per­
ja sem pecar e sem palavras sober- gunta deVe premeditar a resposta, e
bas. 17E por tôdas estas coisas bên- assim a sua prece será atendida, e
dize ao Senhor que te criou, e que te conservará a disciplina, e então res­
cumula de todos os seus bens. ponderá. 50 coração do insensato é
E x o r t a ç ã o a a g ir com o san to tem or como as rodas de um carro, e o seu
de D e u s pensamento é como um eixo que an­
da à roda. #0 amigo zombador é co­
18Aquêle que teme o Senhor abra­ mo um cavalo de lançamento, que
3. E r a costume dar um a coroa de flôres ao chefe do banquete, quando Ôle tinha desem­
penhado bem as suas funções.
5. E não impeças ouvir a música com os teus longos discursos.
22-23. N ã o têm nenhum temor de se enganar, e por isso n&o recorrem aos conselhos,
mas, em castigo, sômente encontrarão insucessos nas suas emprêsas.
Cap. X X X I I I — 4. segundo o grego: Prepara o teu discurso, e deste modo serás ouvi-
d o ; junta (como num feixe) o teu saber, e depois responde.
5. Os afetos e os pensamentos das pessoas viciosas são volúveis.
792 ECLESIÁSTICO 33
relincha debaixo de qualquer que o trução. 19Ouvi-me, ó grandes e to­
monta. 7Por que é que um dia é dos os povos, e vós, os que presidis
preferido a outro dia, uma luz/ a ou­ às assembléias, e aplicai os ouvidos.
tra luz, e um ano a outro ano, pro­ R egras sô b re o go v ê rn o d a fa m ília
vindo todos do mesmo sol? e o tra to dos serv o s
A divina providência 20Ao teu filho, à tua mulher, ao teu
irmão, ao teu amigo não dês em
8Foi a ciência do Senhor que os di­ tua vida poder sôbre ti, e não dês a
ferenciou, depois que criou o sol, o viveres e respirares, ninguém te faça
qual obedece às suas ordens. °E va­ outro os bens que possuis, para que
riou as estações e os seus dias de não suceda te arrependeres disso, e
festa, e nelas se celebraram as sole- tornares a pedir-lhos. 21Enquanto
nidades a hora determinada. 10Dês- mudar sôbre êste ponto; 22porque me­
tes mesmos dias fêz Deus a uns lhor é que teus filhos te peçam, do
grandes e sagrados, e a outros pôs que estares tu olhando para as mães
no número de dias comuns. E as­ de teus filhos. 23Em tôdas as tuas
sim é que também todos os homens obras conserva a tua superioridade.
são feitos do pó e da terra, de que 24Não manches a tua glória. N o dia
Adão foi formado. uO Senhor, po­ em que terminar o curso da tua v i­
rém, pela grandeza da sua sabedoria, da, e no tempo da tua morte, repar­
distinguiu-os, e diversificou os seus te a tua herança.
caminhos. 12A uns abençoou e exal­ 25Ao asno, penso, vara e carga; ao
tou; a outros santificou e tomou pa­ escravo, pão, correção e trabalho.
ra si; e a outros amaldiçoou e hu­ 20Êle trabalha quando o castigam,
milhou, e expulsou-os, depois de os
ter separado. 13Como o barro está doutra sorte não cuida senão em des­
nas mãos do oleiro, para lhe dar a cansar; afrouxa-lhe as mãos, e bus­
forma e disposição que deseja, 14e cará a liberdade. 270 jugo e as cor­
para o empregar nos usos que lhe reias fazem curvar o pescoço duro,
aprouver, assim o homem se encon­ assim as tarefas contínuas amansam
tra na mão daquele que o criou, e o escravo. MAo escravo malévolo,
que lhe dará o destino segundo o seu tortura e ferros; manda-o para o
juízo. 15*C ontra o mal está o bem, e trabalho a fim de que não esteja
contra a morte a v id a a s s im também ocioso; “ porque a ociosidade ensina
contra o homem justo está o peca­ muita malícia. ^Põe-no ao trabalho,
dor. Considera assim tôdas as obras porque assim lhe convém. Mas, se
do Altíssimo. Achá-las-ás duas a êle te não obedecer, aperreia-o com
duas, e uma oposta à outra. grilhões, porém não cometas excessos
seja com quem fôr, e não faças coi­
O autor explica o fim do seu livro sa. alguma grave sem ter refletido.
31Se tens um escravo fiel, estima-o
16E eu fui o último que despertei, como a tua alma; trata-o como um
e fui como o que ajunta os bagos irmão, porque o adquiriste à custa
atrás dos vindimadores. 17Eu também do teu sangue. 32Se o tratares mal
esperei na bênção de Deus, e enchi sem razão, fugir-te-á; 23e, se êle se
o lagar como o que vindima. 18Olhai afasta de ti e se retira, não saberás
que eu não trabalhei só para mim, a quem perguntar, nem por que ca­
mas para todos os que buscam a ins­ minho o hás de buscar.
12. Deus abençoou os descendentes de Sem (G ên., IX , 26 e segs.), santificou e tomou
para si o povo de Israel (Êxodo, X IX , 5 e 6 ), amaldiçoou e expulsou das suas terras os
Cananeus, dando-as aos Israelitas.
14. Segundo o seu juízo, isto é, segundo o que ju lgar conveniente.
16. E u fui o último daqueles que colecionaram sentenças sagradas.
24. Não manches a tua glória, vendo-te obrigado a pedir ao teu próximo um a parte
dos bens que prematuramente lhe distribuíste.
31. O escritor sagrado refere-se aos escravos que eram aprisionados durante a guerra,
e que se podiam considerar adquiridos à custa do próprio sangue.
34 ECLESIÁSTICO 793
Loucura de quem atende aos sonhos estão sôbre os que o amam. “ Aquê­
le que teme o Senhor de nada tre­
o próprio do homem insensa- merá, e não terá pavor algum, por­
to sustentar-se de vãs espe­ que êle mesmo é a sua esperança.
ranças e de mentira; os sonhos dão 17Bem-aventurada a alma daquele
asas à fantasia dos imprudentes. que teme o Senhor. “ Para quem o-
2Como o que se abraça com uma lha ela, e quem é a sua fortaleza?
sombra e vai atrás do vento, assim 10Os olhos do Senhor estão sôbre os
é o que atende a enganosas visões. que o temem; êle é um protetor po­
*As visões dos sonhos são a seme­ deroso, um esteio forte, um abrigo
lhança duma coisa; são como a i- contra o calor, uma sombra con­
magem dum homem diante do seu tra o ardor do meio-dia; “ êle é um
próprio rosto. “Que coisa será lim ­ sustentáculo contra a queda, um
pa por um imundo? E por um men­ auxílio quando se caiu; êle levan­
tiroso, que verdade será dita? 5A ta a alma e alumia os olhos; dá saú­
adivinhação errônea, os agouros fal­ de, vida e bênção.
sos, os sonhos dos malfeitores são
vaidade. 6E o teu coração, como Sacrifícios falsos
o da mulher que está de parto, 21A oblação daquele que sacrifi­
padecerá imaginações. Se pelo A l­ ca dos bens havidos com injustiça,
tíssimo te não foi enviada alguma é imunda, porque não são agradá­
destas visões não ponhas nelas o veis a Deus os escárnios dos injus­
teu coração. 7Porque os sonhos têm tos. 220 Senhor é só para aquêles que
feito extraviar muitos, e caíram, por o esperam no caminho da verdade
terem posto nêles a sua confiança. e da justiça. “ O Altíssimo não apro­
8A palavra da lei será cumprida va os dons dos iníquos, nem olha
sem mentira, e a sabedoria será para as oblações dos maus, nem pe­
clara na bôca do homem fiel. la multidão dos seus sacrifícios lhes
Utilidade da experiência e do temor perdoará os seus pecados. 24Aquêle
de Deus que oferece um sacrifício com os
haveres dos pobres, é como o que
°Que sabe aquêle que não foi pro­ degola um filho na presença de seu
vado? O homem experimentado em pai. 25A vida dos pobres é o pão de
muitas coisas tem muitos pensa­ que necessitam; aquêle que ího ti­
mentos; e o que aprendeu muito fa­ ra é um homem sanguinário. “ Quem
lará com sabedoria. “ Aquêle que tira a alguém o pão que ganhou
não tem experiência, pouco sabe, com o seu suor, é como aquêle que
mas o que se ocupou em muitos ne­ mata o seu próximo. “ Aquêle que
gócios adquire muita sagacidade. derrama sangue, e o que defrauda
nQue sabe aquêle que não foi ten­ o jornaleiro, são irmãos. “ Se um e-
tado? O que foi enganado tornar-se-á difica, e outro destrói, que provei­
muito cauteloso. “ Muitas coisas tenho to lhes resulta daqui senão traba­
visto viajando, e muitos costumes lho? “ Se um ora, e outro amaldi­
diferentes. “ Algumas vêzes tenho che­ çoa, de qual ouvirá Deus a voz? 30Se
gado a perigo de morrer por causa alguém se lava depois de ter toca­
destas coisas, mas fui livre pela gra­ do um morto, e o toca outra vez,
ça de Deus. de que lhe serve o ter-se lavado?
14Deus terá cuidado da alma da- “ Assim se porta o homem que je-
quêles que o temem, e com o seu jua pelos seus pecados, e que de no­
olhar serão abençoados. “ Porque a vo os comete, que proveito tira da
sua esperança está posta naquele sua mortificação? Quem ouvirá a
que os salva, e os olhos de Deus sua oração?
Cap. X X X IV — 3. Assim como no espêlho aparece um a simples imagem sem realidade,
assim também no sonho.
8. N ã o sfto precisos os sonhos. A lei basta habitualmente p ara mostrar, sem mistura de
êrro, a vontade divina.
13. o escritor sagrado correu muitos perigos em suas viagens.
24. Como o que degola um filh o. . . Os pobres são os filhos prediletos de Deus.
794 ECLESIÁSTICO 35 - 36
Os sacrifícios que agradam a Deus das faces (da viuva) sobem até ao
céu, e o Senhor, que a ouve, não gos­
OÇ ‘ Aquêle que observa a lei mul- tará de a ver chorar. 20Aquêle que
tiplica as oblações. 2É um adora a Deus com alegria, será por
sacrifício salutar estar atento aos êle amparado, e a sua prece chega­
mandamentos, e apartar-se de toda rá até às nuvens. 21A oração do
a iniqüidade. 8É oferecer um sacri­ que se humilha penetrará as nuvens,
fício de propiciação pelas injustiças, e não se consolará enquanto ela se
e orar pelos pecados, o afastarmo-nos não aproximar (de Deus), e não se
da injustiça. 4Aquêle que oferece a retirará até que o Altíssimo ponha
flor da farinha dá graças a Deus; e nêle os olhos. 22E o Senhor não di­
o que exerce a misericórdia oferece ferirá por muito tempo, mas toma­
um sacrifício. 5É muito agradável rá a defesa dos justos, e lhes fará
ao Senhor o fugir da iniqüidade; e justiça; e o Fortíssimo não usárá
é uma deprecação pelos pecados o re­ mais de paciência (com os opresso­
tirar-se da injustiça. res), mas quebrantará o seu espinha­
6Não apareças com as mãos vazias ço; 23e vingar-se-á das nações, até
diante do Senhor, 7porque tôdas es­ desfazer a multidão dos soberbos, e
tas coisas se fazem por causa do quebrar os cetros dos iníquos; 24até
mandamento de Deus. 8A oblação retribuir aos homens segundo as suas
do justo torna pingue o altar, e é- ações, e segundo as obras e presun­
um suave perfume diante do Altís­ ção de (qualquer descendente de)
simo. 0O sacrifício do justo é acei­ Adão; 25até fazer justiça ao seu po­
to, e o Senhor não se esquecerá dê- vo, e alegrar os justos com a sua mi­
le. 10De bom ânimo tributa glória a sericórdia. 28A misericórdia de Deus,
Deus; e não diminuas as primícias no tempo da tribulação, é agradável,
das tuas mãos. “ Tudo o que dás como a nuvem que se desfaz em
dá-o com semblante alegre, e santi­ chuva no tempo da sêca.
fica os teus dízimos com regozijo.
12Dá ao Altíssimo segundo o que êle Prece pela salvação de Israel
tem dado, e oferece-lhe com ânimo OIJ 2Tem piedade de nós, ó Deus
generoso, segundo as tuas posses;
13porque o Senhor é remunerador e ° w de tôdas as coisas, volta pa­
te recompensará tudo sete vêzes mais. ra nós os teus olhos, e mostra-nos a
luz das tuas misericórdias; 2e espa­
Deus é justo juiz e não faz distinção lha o teu temor sôbre as nações, que
de pessoas1
4 te não buscaram, para que elas re­
conheçam que não há outro Deus
14Não lhe ofereças donativos defei­ senão tu, e publiquem as tuas mara­
tuosos, porque os não receberá. 15Não vilhas. 8Levanta a tua mão contra
esperes nada dum sacrifício injusto, as nações estranhas, para que reco­
porque o Senhor é juiz, e não há pa­ nheçam o teu poder. 4Porque, assim
ra êle distinção de pessoas. 160 Se­ como diante dos seus olhos mostras­
nhor não fará acepção de pessoas con­ te em nós a tua santidade, assim
tra o pobre, e ouvirá a oração do o- também à nossa vista mostra nelas
primido. 17Não desprezará os rogos a tua grandeza, 5para que reconhe­
do órfão, nem a viúva que lhe fala çam, como também nós reconhece­
com os seus gemidos. 18Não correm mos, que fora de ti, Senhor, não há
as lágrimas à viúva pelas suas faces, outro Deus. 6Renova os teus prodí­
e não clama ela contra aquêle que gios, e faze novas maravilhas, g l o ­
lhas faz derramar? “ Porque elas rifica a tua mão e o teu braço direi-
Cap. X X X V — 1-8. O sacrifício mais agradável a Deus consiste em observar a lei,
evitar o pecado e exercer a misericórdia para com o próximo.
Cap. X X X V I — 3. Nações estranhas ou infiéis. Para que recon h eça m ..., isto é, p ara
que se convertam.
4. Assim como Deus mostrou a sua santidade nos Israelitas, castigando os seus pecados
oom a sujeição ao dominio dos Gentios, assim também m ostrará a sua grandeza entre os
Gentios, tirando-lhes o dominio sôbre os Israelitas, e castigando-os pelo rn?’ lhes fi-
zeram.
36 - 37 ECLESIÁSTICO 795
to. 8Excita o teu furor, e derrama que outra. 24A formosura da mu­
a tua ira. °Destrói o adversário, e lher alegra o rosto do seu marido, e
aflige o inimigo. produz nêle um afeto superior a to­
10Apressa o tempo, lembra-te do dos os desejos do homem. 25Se a sua
fim, para que publiquem as tuas ma­ língua sabe curar, e possui também
ravilhas. “ Na voracidade das cha­ a doçura e a bondade, o seu marido
mas consumido seja o que escapar; terá uma vantagem não vulgar en­
e os que tiranizam o teu povo caiam tre os (outros) filhos dos homens.
na perdição. 12Abate a cabeça aos 260 que possui uma mulher boa co­
chefes dos inimigos, que dizem: Não meça a formar a sua fortuna; tem
há outro (Senhor) fora de nós. 13*A - um auxílio que lhe é semelhante, e
junta tôdas as tribos de Jacó, para uma coluna de apôio. 27Onde não
que elas conheçam que não há outro há sebe, será roubada a fazenda; e,
Deus senão tu, e publiquem as tuas onde não há mulher o homem suspi­
grandezas, e sejam herança tua co­ ra na indigência. 28Quem é que se
mo o foram desde o principio. “ Tem fia daquele que não tem ninhò, e
misericórdia do teu povo, que foi que passa a noite onde quer que
chamado do teu nome, e de Israel, a ela o surpreende, como salteador,
quem tu tens tratado como teu pri­ pronto para tudo, que vagueia de ci­
mogênito. “ Tem piedade da cidade dade em cidade?
que santificaste, de Jerusalém, cidade
do teu repouso. “ Enche Sião das Verdadeiro e falso amigo
tuas palavras inefáveis, e o teu povo 9 7 ^ o d o o amigo dirá: Eu tam-
da tua glória. 17Dá testemunho em ° 9 bém contraí amizade contigo,
favor daqueles que desde o princí­ mas há amigos que o são somente
pio são tuas criaturas, e verifica as de nome. Não causa isto uma dor
predições que em teu nome profe­ que se avizinha da morte, 2que o
riram os primeiros profetas. 18*D á companheiro e o amigo se convertam
a recompensa aos que esperam em em inimigos? 3ó perversíssima in­
ti, para que os teus profetas sejam clinação, onde tiveste tu a tua ori­
achados fiéis, e @uve as orações dos gem, para cobrir a terra com a tua
teus servos, “ segundo a bênção de malícia e com a tua perfídia? 4Um
Arão ao teu povo, e encaminha-nos amigo alegra-se com o seu amigo na
pela estrada da justiça, a fim de que prosperidade, e no tempo da tribu-
todos os que habitam a terra sai­ lação será seu adversário. 5Um ami­
bam que tu és o Deus que contem­ go condói-se do seu amigo, por cau­
pla os séculos. sa do seu ventre, e contra o inimigo
Escolha duma virtuosa mulher embraçará o escudo. °Não te es­
queças em teu coração do teu amigo,
20O estômago recebe tôda a casta e não percas a lembrança dêle no
de viandas, mas entre os alimentos meio da tua riqueza.
um é melhor do que outro. 210 pa­ Bons e maus conselheiros
ladar discerne pelo gôsto o prato de
caça, e o coração sensato as pala­ 7Não te aconselhes com aquêle que
vras mentirosas. 220 coração depra­ te arma traições, e esconde os teus
vado causará tristeza, e o homem há­ desígnios dos que te têm inveja. T o ­
bil lhe resistirá. 23A mulher toma­ do o que é consultado dá o seu con­
rá por espôso a qualquer homem, selho, mas há conselheiros que só a-
mas entre as filhas uma é melhor tendem a si próprios. 9Vê bem com
13. A junta tôdas as tribos de Jacó que se encontram exiladas em regiões diferentes.
24. A formosura da mulher, acompanhada de boas qualidades morais.
25. Sabe curar as feridas recebidas diàriamente pelo marido no meio das contrarie­
dades.
27-28. o sábio aconselha o matrimônio como remédio de muitos males da alm a, e como
útil ao bem público e particular. A inda não tinha chegado o tempo de aconselhar a
virgindade, essa angélica virtude, de que Jesus Cristo fa z os mais rasgados elogios.
Cap. X X X v n — 3. Ô perversíssima inclinação da natureza corrompida, que chega a ab u -
sa r do sagrado sentimento da amizade.
796 ECLESIÁSTICO 37 - 38
quem te aconselhas, informa-te pri­ inútil. 22Outro é prudente e instrui
meiro quais são os seus interêsses, a muitos, e é suave para a sua al­
porque êle pensa nêles dentro de si ma. 23Aquêle que usa duma lingua­
próprio. 10Não suceda talvez que fin ­ gem sofistica é odioso; será privado
que na terra uma estaca, Ue te di­ de tudo. 24Não lhe foi dada a graça
ga: O teu caminho é bom; e ao pelo Senhor; porque carece de tô­
mesmo tempo se ponha de parte pa­ da a sabedoria. 25É sábio (verdadei­
ra ver o que te acontecerá. “ Con­ ro ) o que é sábio para a sua alma;
sulta sôbre santidade com um homem e o fruto da sua sabedoria é lou­
sem religião, e com o injusto sôbre vável. 20O homem sábio instrui o
justiça, e com uma mulher sôbre seu povo, e os frutos dá sua sabe­
outra de quem ela tem ciúme; com doria são estáveis. 270 homem sá­
um covarde a respeito de guerra, bio será cheio de bênçãos, e louvá-
com um negociante acêrca do tráfico -lo-ão os que o virem. “ A vida do
de mercadorias, com o comprador homem reduz-se a um certo número
sôbre a venda, com um invejoso so­ de dias; porém os dias de Israel são
bre o reconhecimento, “ com o ímpio inumeráveis. 20O sábio adquirirá pa­
sôbre a piedade, com o desonesto sô- ra si honra entre o povo, e o seu
bre a honestidade, com o operário nome viverá eternamente.
do campo sôbre qualquer trabalho,
14com o jornaleiro por ano sôbre o Temperança
que êle deve fazer durante um ano, 30Filho, examina a tua alma duran­
com o servo preguiçoso a respeito te a tua vida; e, se uma coisa lhe é
do muito trabalho. Nunca te acon­ prejudicial, não lha concedas; “ por­
selhes com êstes sôbre tais coisas; que nem tôdas as coisas convêm a
15mas comunica contlnuamente com todos, nem tôdas as pessoas se com-
um homem santo, que tu reconhece­ prazem nas mesmas coisas. 32Não se­
res fiel ao temor de Deus, 10cuja jas glutão em banquete algum, nem
alma é segundo a tua alma, e que se te lances a todos os pratos; 33porque
condoerá de ti, quando andares titu­ no excesso de alimento está a doen­
beando nas trevas. “ Forma dentro ça, e a intemperança conduz à có­
de ti um coração de bom conselho, lica. 34Por causa da intemperança
porque não tens outra coisa de maior morreram muitos; porém, o homem
preço do que êle. 18A alma dum ho­ sóbrio prolonga a sua vida.
mem santo descobre algumas vêzes
melhor a verdade, do que sete sen­ Como comportar-se em face da
tinelas postados num lugar elevado enfermidade e da morte
para atalaiar. 19Mas sôbre tudo pede
ao Altíssimo que dirija o teu cami­ 9Q 2Honra o médico, porque êle é
nho em verdade. necessário; porque o Altíssi­
Verdadeira e falsa sabedoria
mo é quem o criou. . 2Porque tôda
a medicina vem de Deus, e receberá
20Preceda tôdas as tuas obras a pa­ donativos do rei. 3A ciência do mé­
lavra verídica, e antes de tôda a a- dico exaltará, a sua cabeça, e será
ção, um conselho estável. 21Uma pa­ louvado na presença dos grandes.
lavra má transtornará o coração; 40 Altíssimo é quem produziu da
dêle nascem quatro coisas: o bem terra os medicamentos, e o homem
e o mal, a vida e a morte, e sôbre prudente não terá repugnância por
elas quem domina de contínuo é a eles. 5Porventura não foi por meio
língua, Há homem sagaz que en­ dum lenho que se tornou doce a água
sina a muitos, e para a sua alma é amargosa? °Ao conhecimento dos
1o. Finque na te r r a ..., isto é, te arm e um laço p ara caíres.
12-14. Consulta. .. U m a série de ironias p ara advertir que nunca devemos tornar con-
selhos de certas pessoas.
17. Um coração. . . uma boa consciência.
21. A língua pode fazer muito bem e multo mal, salvar a vida ou causar a morte.
23. Será p riv a d o ... Nenhum resultado tirará dos seus sofismas.
Cap. X X X V I I — 5. P o r meio dum lenho. . . — Com alusáo ao m ilagre que se refere no
38 ECLESIÁSTICO 797
homens pertence a virtude dos me­ mesmo farás um grave dano. ^Lem­
dicamentos, e o Altíssimo deu aos bra-te da minha sorte (te dirá o
homens a ciência, para ser por ê- m o rto ), porque a tua será semelhan­
les honrado nas suas maravilhas. te; ontem por mim, e hoje por ti.
7Com êles cura e mitiga a dor, e o 24Como repousa o morto, assim re-
farmacêutico faz composições agra­ ousa a sua memória, e consola-o
dáveis, e compõe ungüentos saudá­ partida da sua alma.
veis, e diversifica o seu trabalho de
mil maneiras. 8Porque a paz de Nem todos podem possuir a sabedoria
Deus estende-se sobre a face da ter­
ra. 9Filho, não te descuides de ti 250 letrado adquire sabedoria no
mesmo na tua enfermidade, mas fa- tempo do ócio, e o que tem pou­
ze oração ao Senhor, e êle te cura­ cas ocupações alcançará a sabedo­
rá. 10Aparta-te do pecado, e endi­ ria. De que sabedoria será cheio
reita as tuas ações, e purifica o teu 26o que pega no arado, e o que faz
coração de todo o delito. “ Oferece timbre de saber picar os bois com o
um (incenso de) cheiro suave, e flor aguilhão, e se ocupa constantemen­
de farinha em memória, e seja ge­ te em seus trabalhos, e cuja con­
neroso o teu sacrifício; e (depois dis­ versação é somente sôbre novilhos
to ) dá lugar ao médico; pois, para e touros? 27Êle aplicará o seu co­
isso é que o Senhor o estabeleceu. ração em tirar (bem ) os sulcos, e
12E não se aparte de ti, porque te é os seus desvelos em engordar as va­
necessária a sua assistência. 13Vi- cas. “ Assim todo o carpinteiro e ar­
rá tempo ém que cairás nas mãos quiteto, que passa trabalhando a
dêles. 14E êles mesmos rogarão ao Se­ noite e o dia, assim o que grava as
nhor que envie por meio dêles o ali­ figuras dos sinetes, e que todo se
vio e a saúde, em atenção à sua cansa em as variar, aplica o seu co­
vida santa. 15Aquêle que peca na ração em reproduzir o debuxo, e, à
presença de quem o criou, virá a fôrça de vigílias, completará a obra.
cair nas mãos do médico. ^Assim o ferreiro, assentado ao pé
16Filho, derrama lágrimas sôbre o da bigorna, está atento ao ferro que
morto, e põe-te a chorar como quem está trabalhando; o vapor do fogo
recebeu um rude golpe, e enterra o cresta as suas carnes, e ali está lu­
seu corpo segundo o costume, e não tando com o calor da frágua; ^O
desprezes a sua sepultura. 17Chora- estrondo do martelo fere sem cessar
o amargamente durante um dia, pa­ os seus ouvidos, e os seus olhos es­
ra evitar a maledicência, e depois tão fixos no modêlo da sua obra.
consoia-te da tua tristeza, 18e toma 31Aplica o seu coração a completar
êste nojo segundo o merecimento as suas obras, e com o seu desvê-
da pessoa, um dia ou dois, para não lo as aformoseia, dando-lhes a últi­
dares lugar à detração. 19Porque a ma demão. 32Assim o oleiro, as­
tristeza faz apressar a morte, e tira sentado junto da sua obra, dá vol­
o vigor, e a melancolia do coração tas à roda com os seus pés, sempre
faz dobrar a cerviz. “ A tristeza cuidadoso pela sua obra, e levan­
conserva-se na solidão, e a vida do do por conta tudo o que faz. “ Com
pobre é segundo o seu coração. 21Não seu braço dá forma ao barro, e com
entregues o teu coração à tristeza, os seus pés torna-o flexível. 34Êle
mas lança-a fora de ti, e lembra- aplicará o seu coração a vidrar a
te dos novíssimos. 22Não te esqueças obra perfeitamente, e madrugará
dêles, porque de lá não se volta; em para limpar o fôrno. 35Todos êstes
nada aproveitarás ao morto, e a ti têm confiança na indústria das suas
Êxodo, X V , 25, prova-se aqui ter o A utor da natureza dado às ervas e plantas diversas
virtudes.
9-14. A ciência e a piedade, os meios humanos e o auxilio divino devem, tanto no
doente como no médico, estar Intímamente relacionados.
20. E a vida do pobre ou aflito ê triste como o é seu coração.
24. C o n so la -o ... Segundo o grego: Consola-te, porque a sua alma o d eixo., isto é,
porque entrou numa vida melhor.
798 ECLESIÁSTICO 38 - 39
mãos, e cada um é sábio na sua ar­ ria na lei da aliança do Senhor.
te. 36Sem todos êstes não se edi- 12Muitos louvarão a sua sabedoria, e
ficaria uma cidade; 37não se habita­ jamais ficará no esquecimento. 13Não
ria nela, nem se passearia; mas êles perecerá a sua memória, e o seu no­
não entrarão nas assembléias. Afi­ me será repetido de geração em ge­
les não se assentarão na cadeira do ração. 14As nações publicarão a sua
juiz; e não entenderão as leis da sabedoria, e a assembléia publicará o
justiça; não ensinarão as regras da seu louvor. 15Enquanto viver, terá
moral, nem do direito, e não se acha­ maior reputação do que mil outros;
rão ocupados na inteligência das pa­ e, quando repousar, a sua fama au­
rábolas; 39mas só restauram as coi­ mentará com isso.
sas que passam com o tempo, e os
seus votos são para fazerem bem as Tôdas as obras de D eus são boas
obras da sua arte; êles aplicam nis­
to a sua alma, e procuram viver se­ 10Quero ainda continuar a expor as
gundo a lei do Altíssimo. minhas reflexões, porque estou cheio
como dum sagrado entusiasmo. 17U-
O s á b io le t r a d o ma voz me diz: Ouvi-me vós, que
sois uma prosápia divina, e, como
9 0 70 sábio investigará a sabedo- rosai plantado sobre as correntes das
** ria de todos os antigos, e fa ­ águas, frutificai. 18Difundi um chei­
rá o seu estudo nos profetas. C o n ­ ro suave como o Líbano. 19Dai v i­
servará no seu coração as instruções çosas flôres como o lírio, e exalai
dos homens célebres, e penetrará fragrante cheiro, e lançai graciosos
também nas subtilezas das parábolas. ramos, e entoai cantos de louvor e
3Indagará o sentido oculto dos pro­ bendizei o Senhor nas suas obras.
vérbios, e ocupar-se-á dos enigmas 20Proclamai a magnificência do seu
das parábolas. 4Assistirá no meio dos nome, e glorificai-o com a voz dos
grandes, e aparecerá diante do que vossos lábios, e com os cânticos da
governa. 5Percorrerá a terra de na­ vossa boca, e ao som das citaras, e
ções estranhas, para reconhecer o direis assim em seu louvor: 21Tôda
que há de bom e mau entre os ho­ as obras do Senhor são muito boas.
mens. °Aplicará o seu coração a Ve­ 22À sua voz conteve-se a água como
lar de madrugada ante o Senhor que um montão, e, a uma palavra da
o criou, e na presença do Altíssimo sua bôca, como que houve reserva­
fará a sua oração. 7Abrirá a sua tórios para as águas; 23porque à sua
boca para orar, e pedirá perdão dos ordem tudo se torna favorável, e a
seus pecados. 8Porque, se o sobera­ salvação que êle dá é inviolável. 24Es-
no Senhor assim o quiser, enchê-lo-á tão à sua vista as ações de todos
do espírito de inteligência, 9e então os homens, e não há nada escondi­
êle derramará as palavras da sua do a seus olhos. 250 seu olhar es­
sabedoria como chuva, e na oração tende-se de século em século, e na­
louvará o Senhor. 10E regulará os da é maravilhoso para êle. 26Não
seus conselhos e instruções, e medi­ se pode dizer: Que é isto, ou que é
tará nos segredos de Deus. 17Ex- aquilo? Porque tôdas as coisas se­
porá püblicamente a doutrina que a- rão chamadas a seu tempo. 27A sua
prendeu, e fará consistir a sua gló­ bênção é como um rio que inunda.
36-37. Sem êstes artigos os homens nâo teriarn casas para habitar, nem meios cômodos
de passear, e, apesar disso, não lhes 6 concedida a honra de serem escolhidos para con­
selheiros públicos ou para membros de assembléias notáveis.
38-39. Sòmente sabem fazer trabalhos materiais, não tendo aptidão para a vida inte­
lectual e .moral.
Cap. X X X IX — 17-19. Como rosai. . . como o L íb a n o . . . como o lírio. . . M etáforas
para indicar as flôres e os frutos espirituais que d ará todo aquêle que fôr dócil ao convite
do filho de Sirac.
23. E a salvação. . . Quando Deus quer salvar, ninguém o pode impedir disso.
26. Porque tôdas as coisas serão chamadas a seu tempo. — Segundo o grego: Porque
tôdas as coisas foram criadas para seus usos. Sendo êstes usos bem conhecidos do Autor
d a natureza, nenhuma necessidade temos de perguntar quais êles sejam.
39 - 40 ECLESIÁSTICO 799
28Como o dilúvio inundou a terra, as­ Misérias da vida humana
sim a ira do Senhor será a sorte das
gentes que o não buscaram. “ As­ 41) 'Uma grande preocupação foi
sim como êle converteu as águas em imposta a todos os homens, e
secura, e a terra ficou enxuta, e a- um pesado jugo carrega sôbre os
briu um caminho cômodo para que filhos de Adão, desde o dia em que
passassem os seus, assim os pecado­ êles saem do ventre de sua mãe, a-
res encontram motivos de queda na té ao dia da sua sepultura (em que
sua ira. 30Os bens, desde o princi­ eles entram ) no seio da mãe comum
pio, foram criados para os bons; os de todos. 2Os seus cuidados, os so­
bens e os males (foram criados) pa­ bressaltos do coração, a apreensão
ra os maus. 31As coisas mais neces­ do que esperam, e o dia em que tu­
sárias à vida do homem são a água, do acaba (perturbam-nos a todos),
o fogo, o ferro, o sal, o leite, e o 8desde o que está sentado sôbre um
pão da flor da farinha, e o mel, os trono de glória, até àquele que jaz
cachos de uvas, o azeite e o vestido. abatido na terra e na cinza; 4desde
32Assim como tôdas estas coisas são aquêle que está vestido de púrpura
um bem para os bons, assim para e traz coroa, até ao que se cobre de
os ímpios e pecadores se converte­ linho cru. (Tudo é) furor, inveja,
rão em mal. 33H á espíritos que fo ­ inquietação, perplexidade, temor da
ram criados para a vingança, e no morte, rancor obstinado e conten­
seu furor fazem com que os maus das. 5Até no tempo em que re­
sofram contlnuamente os seus casti­ pousa na cama, o sono da noite lhe
gos. 34No tempo do extermínio êles faz perturbar a imaginação. 6Bre-
empregarão a sua fôrça, aplacarão o ve ou quase nenhum é o seu repou­
furor daquele que os criou. 3sO fo­ so, e, ainda no seu mesmo sono, es­
go, a saraiva, a fome e a morte, tá como uma sentinela de dia. *E*
tôdas estas coisas foram criadas pa­ perturbado pelas visões de sua fan­
ra castigo; 36(corno também) os den­ tasia, como quem foge no dia da
tes das feras e os escorpiões, e as batalha; quando se imagina salvo,
serpentes, e a espada que pune os desperta, e admira-se do seu vão
ímpios até ao extermínio. 37(Tôdas temor. 8Isto acontece a todos os
estas coisas) executarão com alegria viventes, desde os homens até aos
as ordens do Senhor, e estarão pres­ animais, mas para os pecadores é se­
tes sôbre a terra no momento neces­ te vêzes pior. °Além disto, a mor­
sário, e, chegando o tempo, executa­ te, o sangue, as contendas, a espa­
rão pontualmente as suas ordens. da, as opressões, a fome, a ruína dos
“ Por isso, desde o princípio estou países, e os outros flagelos; 10tôdas
convencido disto, e meditei, e consi­ estas coisas foram criadas para os
derei, e deixei-o por escrito: 39Tôdas maus, e por causa dêles veio o di­
as obras do Senhor são boas, e cada lúvio. 1JTudo o que é da terra, tor-
uma delas, chegada a sua hora, fa ­ nar-se-á em terra, como tôdas as
rá o seu serviço. 40Não se pode di­ águas voltam ao mar. 12Tôda a dá­
zer: Isto é pior do que aquilo; por­ diva para corromper, e tôda a ini-
que tôdas as coisas serão achadas qüidade perecerá, porém, a retidão
boas a seu tempo. "E agora, de to­ subsistirá eternamente. 13As rique­
do o coração e com a boca, louvai zas dos injustos secar-se-ão como uma
todos juntos, e bendizei o nome do torrente, e farão muito estrondo co­
Senhor.29 mo um grande trovão quando cho­

29. Assim corno êle converteu. . . O sentido é o seguinte: Assim como a passagem, ou
caminho, que Deus franqueou aos Israelitas pelo m ar vermelho, foi p a ra êles uma estrada
de salvação, e para os Egipcios a sua sepultura, do mesmo modo a lei do Senhor p ara os
justos ê fonte de vida e de justiça, m as p ara os impios ê motivo de queda, de ruín a e
de perdição.
40. A ignorância e a soberba do homem são a causa de que não pareçam boas certas
coisas que a infinita sabedoria de Deus ordena para grandes fins.
Cap. X L — 14. o impio, o injusto tem um momento de alegria ao abrir as suas mãos
para receber presentes. A sua alegria, porém, é passageira.
800 ECLESIÁSTICO 40 - 41
ve. 14Alegrar-se-á, ao abrir as suas dará disto. 32N a boca do insensato se­
mãos; mas por fim os prevarica­ rá doce a mendicidade, mas em seu
dores perecerão. 150s netos dos ím­ ventre arderá o fogo (da fom e).
pios não multiplicarão os ramos;
serão como as raízes viciadas que A morte
se agitam no alto dum rochedo.
16A verdura que cresce sobre as ã- 2ó morte, quão amarga é tua
guas, e à borda dum rio, será ar­ ’ 1 memória 2para um homem
rancada antes que tôda a outra erva. que tem paz no meio das suas ri­
17Mas a bondade é como um paraíso quezas; para um homem tranqüi-
de bênçãos, e a misericórdia per­ lo e afortunado em tudo, e que ain­
manece para sempre. da se encontra em estado de tomar
Fm busca do melhor o alimento! 3ó morte, que doce
é a tua sentença para um homem
18A vida do operário que se basta necessitado, e que se acha falto de
a si próprio será doce, e tu acharás
nela um tesouro. 19Os filhos e a forças, 4para o de idade já decrépi­
fundação duma cidade dão fam a du­ ta, e para o que está cheio de cui­
radoura; mas será preferida a tudo dados, e para o que se vê sem es­
isto uma mulher irrepreensível. ^O perança (de melhoras), e a quem fa l­
vinho e a música alegram o coração; ta a paciência! 5Não temas o de­
mas o amor da sabedoria excede am­ creto da morte. Lembra-te do que
bas estas coisas. 21A flauta e a har­ existiu.antes de ti, e do que virá de­
pa produzem uma suave melodia; pois de ti: é um decreto que o Se­
mas a língua doce sobrepuja ambas nhor pronunciou para todos os mor­
estas coisas. 22A graça e a beleza de­ tais. 6E que coisa te sobrevirá, se­
leitam a tua vista; mas a verdura dos não o que fô r do beneplácito do A l­
campos leva vantagem a ambas estas tíssimo? V iva um homem dez, cem
coisas. 230 amigo e o companheiro ou mil anos; 7no outro mundo não
auxiliam-se mütuamente na ocasião; se pedem contas do tempo que al­
mas, mais do que êstes dois, a mu­ guém viveu.
lher e o marido. 24Os irmãos são Castigo dos ímpios
um auxílio no tempo da tribulação;
porém a misericórdia livrará mais 8Os filhos dos pecadores tornam-se
do que êles. 250 ouro e a prata são (ordinariam ente) filhos de abomina-
a firm eza dos pés; mas um bom ção, assim como os que frequentam
conselho excede ambas estas coisas. as casas dos ímpios. 9A herança dos
28As riquezas e a força exaltam o co­ filhos dos pecadores perecerá, e com
ração; mas o temor do Senhor a- a sua linhagem andará continuamen­
vantaja-se a estas duas coisas. ^Na­ te o opróbrio. 10Os filhos dum pai
da falta ao que tem o temor do Se­ ímpio queixam-se dêle, pois se acham
nhor, e com êle não há necessida­ por causa dêle vivendo no opróbrio.
de de outro auxílio. 280 temor do “ Desgraçados de vós, homens ímpios,
Senhor é como um paraíso bendito, que deixastes a lei do Senhor Altís­
e acha-se revestido duma glória su­ simo! 12Quando nascestes, na maldi­
perior a tôda a glória. ção nascestes; e, quando morrerdes, a
2£>Filho, não leves vida de mendi- maldição será a vossa herança. 13Tu-
cante, porque é melhor morrer do do o que é da terra tornar-se-á em
que mendigar. “ A vida do homem, terra; assim os ímpios (cairão) da
que se atém à mesa alheia não é maldição na perdição. 140 pranto dos
realmente vida, porque se alimenta homens é sôbre o seu cadáver, mas
com manjares alheios. 31Mas o va­ o nome dos ímpios será apagado do
rão bem educado e instruído se guar­ mundo.
31. Se guardará dêste estado humilhante.
Cap. X L I — 7. N ão se pedem contas dos anos que vivemos, m as do modo corno os vi-
vemos.
14. H á certas homenagens, que a ninguén
í se negam. A s lágrim as derram am -se até
sôbre os ímpios quando morrem, mas a sua mem ória logo acaba.
41 - 42 ECLESIÁSTICO 801
Bom nome ■— Verdadeira Do que não nos devemos envergonhar
e fa lsa versronha
A O "Não repitas o que tiveres ouvi-
15Tem cuidado da tua boa reputa­ do da revelação dum segrêdo, e
ção; porque esta será para ti um serás verdadeiramente isento de con­
bem mais estável do que mil tesou­ fusão, e acharás graça diante de to­
ros grandes e preciosos. 16A boa v i­ dos os homens. Não te envergonhes
da tem sòmente um certo número de de coisa alguma das que te vou di­
dias; mas o bom nome permanecerá zer, e não faltes a elas levado pelo
para sempre. respeito humano: 2Da lei do Altís­
17Conservai, filhos, em paz a mi­ simo e da sua aliança, da senten­
nha instrução; porque, se a sabedoria ça que absolve o ímpio, 3de falar
está escondida e o tesouro invisível, com companheiros e peregrinos, de
que utilidade pode haver em ambas legar os bens aos amigos, 4da fide­
estas coisas? 18Melhor é o homem lidade da balança e dos pesos, da
que esconde a sua ignorância, do que aquisição do muito e do pouco, 5de
o homem que esconde a sua sabedo­ impedir a fraude da compra e dos
ria. 19Tende, pois, vergonha do que negociantes, da correção freqüente
vos vou indicar; 20porque não é bom dos filhos, nem de açoitar o escra­
ter vergonha de tudo, e nem todas vo péssimo até que salte o sangue.
as coisas bem feitas agradam a todos. °Sôbre a mulher má, bom é pôr-se
21Envergonhai-vos da fornicação dian­ o sêlo. 7Onde há muitas mãos, guar­
te do vosso pai e da vossa mãe, e da (tu do) fechado, e tudo quanto
da mentira diante do que governa e entregares, dá-o por conta e por pê-
do poderoso; 22de um delito diante so; e aponta tudo o que deres e
do príncipe e do juiz; da iniqüidade receberes. 8(N ão te envergonhes) de
diante da assembléia e do povo; 23da corrigir o insensato e o néscio, nem
injustiça diante do companheiro e do (de defender) os velhos, que são con­
amigo; e, no lugar em que habitas, denados pelos jovens; e assim te
24de cometer algum furto, por causa mostrarás sábio em tudo, e serás
da verdade de Deus e da sua alian­ bem visto diante de todos os vivos.
ça; de fincar o cotovêlo sobre os pães,
e da sonegação do que se dá e rece­ Solicitude do pai por sua filha
be; 25de não responder aos que te
saúdam; de fixar os olhos na mulher 9Uma filha 'é para seu pai um
prostituta; e de voltar o rosto a um tesouro a vigiar, e o cuidado dela
parente. 26Não voltes o rosto paia tira-lhe o sono, para que não suce­
não veres o teu próximo, e envergo- da que passe a flor da sua idade
nha-te de lhe tirar a parte que lhe sem se casar, e, quando enfim es­
toca, e de lha não restituir es. 27Não tiver com seu marido, lhe não seja
olhes para a mulher de outro, e não odiosa; 10não aconteça que na sua
te entretenhas com a sua criada, nem virgindade seja corrompida e se
te ponhas junto do seu leito. 2%(E n ­ ache pejada na casa de seu pai;
vergonha-te) de dizer palavras inju­ ou que, habitando com seu marido,
riosas aos teus amigos; e, quando ti­ falte à fé conjugal, ou pelo menos
veres dado alguma coisa não a lan­ saia estéril. “ Sôbre a filha desen­
ces em rosto. volta vigia com dobrado resguardo,
20. Porque não ô b o m ... F a la aqui da vergonha repreensível, como é a que muitos
têm de praticar mesmo o que é bom, honesto e virtuoso, por um a covardia nada des­
culpável. A vergonha, que muito se recomenda, é a de nao fazer coisa algum a que seja
pecado.
26. N ão voltes o rosto, como fazendo pouco caso dêle, ou dissimulando o parentesco
que tens com êle, e isto por ser humilde ou pobre.
Cap. X L I I — 2. D a sentença. .. Eqüidade absoluta nas sentenças judiciais, ainda mes­
mo que se trate de ímpios.
4. D a a qu isiçã o... Aproveitar tôdas as ocasiões de adquirir um a honesta abastan ça.
6. Se a mulher fô r leviana, ou pouco honesta, deve estar fechada em casa, p ara nao
se pôr em perigo de desonra; e ê bom ter tudo debaixo de chave, quando ela, sôbre não
ser fiel, é estragada.

26 - B ib lia Sagrada
802 ECLESIÁSTICO 42 - 43

para que não faça de ti o opróbrio das lhe obedecem. ^Tôdas as coi­
dos teus inimigos, e o objeto de sas se acham aos pares, e uma opos­
detração da cidade, e do ludibrio ta à outra, e nada fêz que fôsse in­
da plebe, e te envergonhe diante da completo. 20Confirmou os bens (ou
multidão do povo. as propriedades) de cada uma. E
Cuidado com as mulheres quem se saciará de contemplar a
sua glória?
12Não fixes os olhos sobre a bele­ As grandezas de Deus nos céus,
za de ninguém; e não faças assen­ nos fenômenos atmosféricos e no m ar
to no meio de mulheres; 13porque
dos vestidos sai a polilha, e da mu­ AO
*0 firmamento é a formosura
lher a maldade do homem. 14É do céu, e a abóbada celeste
melhor a malvadez do homem que é um espetáculo de majestade. *0
a bondade da mulher, quando es­ sol, ao sair, difunde o calor; é um va­
ta é um motivo de confusão e de so admirável, uma obra do Excelso.
vergonha. 3Ao meio-dia queima a terra, e quem
Hino aos atributos e obras do Deus
pode suportar o seu ardor? Como
quem conserva o calor da fornalha
15Lembrar-me-ei, pois, das obras para as obras que requerem um fo ­
do Senhor, e anunciarei o que tenho go intenso, 4o sol abrasa três vêzes
visto. Pelas palavras do Senhor exis­ mais os montes, despedindo raios de
tem as suas obras. 16Assim como fogo, com cujo resplendor deslumbra
o sol resplandescente ilumina tôdas os olhos. 5Grande é o Senhor que
as coisas, assim da glória do Senhor o criou, e êle apressa a sua carreira
estão cheias as suas obras. 17Por- para lhe obedecer.
ventura não fêz o Senhor que os san­ °A lua, em tôdas as suas revolu­
tos publicassem tôdas as suas mara­ ções, é a marca dos tempos e o si­
vilhas, as quais o mesmo Senhor nal das épocas. 7Os dias de festa são
onipotente perpetuou para monu­ determinados pela lua, êste corpo
mento estável da sua glória? 18Êle luminoso que diminui até desapare­
sonda o abismo e o coração dos ho­ cer. 80 mês toma dela o nome, ela
mens, e penetra os seus pensamen­ cresce dum modo admirável, até f i­
tos mais subtis. 19Porque o Senhor car cheia. °Ê o farol das milícias ce­
conhece toda a ciência, e contempla lestes; brilha gloriosamente no fir ­
o mais remoto futuro; manifesta o- mamento dos céus. 10O brilho das
passado e o futuro, descobre os estréias é a beleza do céu, (p or elas)
rastos das coisas ocultas. 20Não lhe o Senhor ilumina o mundo nas al­
escapa nenhum pensamento, e não turas. 11À (uma só) palavra do San­
se esconde dêle palavra alguma. to estão prontas a executar as suas
21Adornou de beleza as maravilhas ordens, e nunca se cansam de fa ­
da sua sabedoria. Existe antes dos zer sentinela.
séculos e para sempre, e nada lhe 12Contempla o arco-íris, e bendizes
pode acrescentar 22nem diminuir, aquêle que o fêz; é muito formoso
nem necesita do conselho de nin­ no seu resplendor. 13Êle cerca o céu
guém. com um circulo de glória, são as
23Quão amáveis são todas as suas mãos do Excelso que o estenderam.
obras! E todavia não podemos ver 140 Senhor com o seu império faz
delas mais que uma faísca. 24Todas acelerar a neve, e despede os raios
estas coisas vivem e permanecem pa­ (para a execução) dos seus juízos.
ra sempre, e em tôda a ocasião tô­ 15Por esta causa se abrem os seus te-
Cap. X L I I I — 2. Vaso adrniravel, isto é, obra-prim a de beleza.
9. É o farol que parece iluminar os outros astros ( milícias celestes).
11. E nunca se cansam. . . C ada estréia é corno urna sentinela que se conserva fielmen­
te no seu pôsto.
14. Despede os raios, que sao muitas vêzes instrumentos dos castigos de Deus (dos seus
Juízos).
15. Os seus tesouros, nos quais, segundo a linguagem figu rad a dos poetas bíblicos, se
encontram acumulados os ventos, a neve, etc.
44 - 45 ECLESIÁSTICO 803

souros, e voam as nuvens como aves. seu poder. 82Glorificai o Senhor


16Pela grandeza do seu poder conden­ quanto puderdes, êle ficará sempre
sa as nuvens, e a saraiva cai como acima (dos vossos louvores), porque
pedras que se quebram. 17Com o seu é admirável a sua magnificência.
olhar abalam-se os montes, e, ao seu “ Bendizei o Senhor, exaltai-o quan­
querer, sopra o vento do meio-dia. to puderdes, porque êle está acima
18A voz do seu trovão fere a terra a de todo o louvor. 34Para o exaltar,
tempestade do norte e o redemoinho revesti-vos de tôda a fortaleza e
dos ventos 'causam destruição). não vos canseis, porque jamais che­
10Espalha a neve como aves que gareis ao fim. 35Quem o poderá ver
pousam sôbre a terra, e ela cai na e descrever? E quem explicará a
terra como um chuveiro de gafanho­ sua grandeza tal qual ela é desde
tos. 20Os olhos admiram a beleza da o princípio? “ Muitas obras suas
sua brancura, e o coração admira-se maiores do que estas nos são escon­
de seu chuveiro. 21Êle derrama sôbre didas, pois nós somente vemos um
a terra a geada como sal, e, quando pequeno número delas. 87Mas o Se­
esta se congela, torna-se como em nhor fêz tôdas as coisas, e deu sabe­
pontas de abrolhos. 22Sopra o vento doria aos que vivem piamente.
frio do norte, e a água congela como
um cristal, que repousa sôbre todos Elogio dos antepassados: Henoc e Noé
os depósitos de águas, e as reveste
como de uma couraça; 23e devora os AA houvemos os varões ilustres,
montes, e queima os desertos, e seca os nossos maiores, a cuja ge­
a verdura como o fogo. 240 remédio ração pertencemos. 20 Senhor ope­
de todos êstes males é uma nuvem rou (neles) muitas maravilhas, (ma­
que venha depressa, e um orvalho, nifestou) a sua magnificência desde o
que sobrevenha temperado, a fará princípio. 3Êles governaram os seus
abater. estados, foram homens grandes em
25A uma palavra sua acalma-se o poder e dotados de prudência; as
vento; só com o seu querer aplaca o predições que anunciaram adquiri-
mar profundo, no meio do qual o Se­ ram-lhes a dignidade de profetas;
nhor plantou as ilhas. “ Os que na­ 4governaram o povo do seu tempo,
vegam sôbre o mar contem os seus e com a virtude da prudência deram
perigos; e nós, escutando-os com os instruções muito santas aos povos.
nossos ouvidos, nos admiraremos. 5Com a sua habilidade inventaram
27A li se encontram obras preclaras consonâncias harmoniosas e compu­
e maravilhosas, vários gêneros de seram os cânticos das escrituras.
anima s, seres de tôdas as espécies, °Eram homens ricos e dotados de
e criaturas monstruosas. “ Graças a fôrça, solícitos do decoro (do santuá­
êle, tudo tende para o seu fim por rio ), pacíficos em suas casas. 7Todos
uma ordem estável, e a sua palavra êles alcançaram glória entre as ge­
regula todas as coisas. rações do seu povo, e foram lou­
vados no seu tempo. 8Os que dê-
Conclusão les nasceram deixaram um nome que
faz recordar os seus louvores. 9E
29Por muito que digamos, muito há outros, cuja memória já não exis­
nos ficará por dizer, mas o resumo te; pereceram, como se não tivessem
de tudo o que se pode dizer é: Que existido, e nasceram, como se não
o mesmo Deus está em todas as coi­ tivessem nascido, êles e os seus filhos.
sas. 8 *3
20*Que podemos nos para o glo­ 10Porém aquêles foram varões de
rificar? Porque, sendo Todo-Pode- misericórdia, cujas obras de piedade
roso, é superior a todas as suas o- não foram esquecidas. nN a sua des­
bras. slO Senhor é terrível e sobe- cendência permanecem os seus bens;
ranamente grande, e maravilhoso o 12os seus netos são uma santa heran­
28. Êste versículo é um a conclusão do quadro que acaba de ser descrito, o plano divino
é realizado em tôda a criação.
34. P o r mais que se diga na glorificação de Deus, ficará sempre muito que dizer; é um
assunto inexaurivel.
804 ECLESIÁSTICO 44 - 45

ça e a sua posteridade manteve-se Moisés


( fie l) na aliança (de Deus). 13E por 4C 1Moisés foi amado de Deus e
causa dêles que os seus filhos per­ dos homens; a sua memória
manecem para sempre; e nem a sua está em bênçãos. 2(O Senhor) fç-lo
raça nem a sua glória terão fim. semelhante em glória aos santos; e
140s seus corpos foram sepultados engrandeceu-o, e tornou-o terrível
em paz, e o seu nome vive por to­ aos seus inimigos, e êle com as suas
dos os séculos. 15Celebrem os povos palavras fêz. cessar os prodígios.
a sua sabedoria, e publiquem-se os 3Glorificou-o diante dos reis, e pres­
seus louvores nas assembléias. creveu-lhe preceitos diante do seu
16Henoc agradou a Deus, e foi povo, e fêz-lhe ver a sua glória. “P e ­
transportado ao paraíso, para exor­ la sua fé e mansidão o santificou, e
tar ( no fim do mundo) as nações o escolheu dentre todos os homens.
à penitência. 17N oé foi encontrado *(Moisés) ouviu-o a êle e à sua voz,
perfeito e justo, e no tempo da ira e (Deus) fê-lo entrar na nuvem. °E
tornou-se a reconciliação (dos ho­ deu-lhe os seus preceitos cara a ca­
mens). 18Por isso foram deixados uns ra, e a lei da vida e da ciência para
restos (de seres vivos) sôbre a ter­ ensinar a sua aliança a Jacó, e as
ra, quando veio o dilúvio. 19Com suas ordens a Israel.
êle foi feita uma aliança eterna, pa­
ra que não pudesse ser destruída por Arão
outro dilúvio tôda a carne.
7Exaltou seu irmão Arão, seme­
Abraão, Isaae e Jacó lhante a êle, da tribo de Levi. E s ­
"Abraão foi o glorioso pai duma tabeleceu com êle um pacto eterno,
multidão de nações; e não foi encon­ e deu-lhe o sacerdócio do seu povo,
trado outro semelhante a êle em gló­ e encheu-o de felicidade e de gló­
ria; guardou a lei do Excelso, e ria, 9e cingiu-o dum cinto precioso,
com êle entrou em aliança. 21Em sua e revestiu-o duma vestidura de gló­
carne ratificou esta aliança, e na ria e coroou-o com as insígnias do
prova foi achado fiel. 22Por isso ju­ poder. 10Pôs-lhe a vestidura talar e
rou o Senhor que o havia de glorifi­ a túnica interior, e o efod, e cer-
car na sua descendência, e que êle cou-o dum grande número de cam­
se multiplicaria como o pó da ter­ painhas de ouro, ” a fim de que elas
ra, 23e que exaltaria a sua posteri­ tocassem quando êle andasse, e se
dade como as estréias, e que lhes ouvisse o seu som no templo para
daria por herança (o continente) de advertir os filhos do seu povo. 12(D eu -
mar a mar, e desde o rio (Eufrates) lhe) uma vestidura santa, tecida de
até às extremidades da terra. ouro, de jacinto e de púrpura, obra
24E com Isaae procedeu do mesmo dum varão sábio, dotado de juízo
modo, por amor de Abraão, seu pai. e de verdade; 13era uma obra de ar­
250 Senhor prometeu abençoar nêle tista, de fio de escarlate tecido, com
todas as nações, e confirmou a sua pedras preciosas gravadas encastoadas
aliança sôbre a cabeça de Jacó. 26Dis- em ouro, e esculpidas por indústria
tinguiu-o com suas bênçãos, e deu- do lapidário para memória das doze
lhe a herança, e repartlu-lha entre tribos de Israel. 14Sôbre a sua mi­
as doze tribos. tra ( colocou) uma coroa de ouro,
27E conservou-lhe homens de mise­ onde estava esculpido o sêlo da san­
ricórdia, que fossem amados por tô- tidade e a glória soberana; era uma
das as gentes. obra primorosa e um adorno que ar-
Cap. X L I v — 21. E m s u a c a r n e , isto é, por meio da circuncisão, que era o sinal ex­
terior da aliança. — N a p r o v a do sacrifício de Isaae.
Cap. X L v — 2, F ê z c e s s a r o s p r o d í g i o s . .. Moisés n&o só por ordem de Deus enviava p ra ­
gas sôbre o Egito, m as tam bém as fa zia cessar.
5. F ê - l o e n t r a r n a n u v e m no alto do Sinai.
12. D u m v a r ã o s á b i o , que era Beseleel (Ê x ., X X X I, 2 e segs.).
14. O s ê l o d a s a n t i d a d e . — E r a a lâm ina de ouro, de que fa la o Êxodo, X X X v I , 36,
em que estavam gravad as a s p alavras S a n c t u m D o m i n o .
45 - 46 ECLESIÁSTICO 805

rebatava os olhos. 15Não houve nun­ ceiro na glória, imitador de Arão no


ca antes dêste (adôrno sacerdotal) temor do Senhor. 29Permaneceu fir ­
coisas tão preciosas, desde o princípio me no meio da queda vergonhosa do
do mundo. 10Dêle se não vestiu pes­ povo; pela bondade e zêlo da sua
soa alguma doutra família, mas só alma aplacou Deus em favor de Is­
unicamente os seus filhos e os seus rael. “ Por isso é que Deus fêz com
netos por todo o ^decurso das idades. êle uma aliança de paz, constituindo-
17Os seus sacrifícios eram diàriamente o príncipe do santuário e do seu po­
consumidos pelo fogo. 18Moisés lhe vo, a fim de que a dignidade sacer­
ungiu e sagrou as mãos com óleo dotal pertencesse sempre a êle e à
santo. 10Foi-lhe concedido por um sua descendência. 31(Deus) também
pacto eterno, e aos seus descenden­ fêz uma aliança (semelhante) com
tes, enquanto durar o céu, o exer­ o rei Davi, filho de Jessé, da tribo
cer as funções do sacerdócio, e can­ de Judã, fazendo-o herdeiro (do re i­
tar os louvores (de Deus), e aben­ n o) a êle e à sua linhagem, a fim
çoar o seu povo em seu nome, 20Êle de dar sabedoria ao nosso coração,
o escolheu dentre os viventes para e julgar o seu povo com justiça,
oferecer a Deus o sacrifício, o incen­ para que não perdesse a sua felici­
so e o bom cheiro, a fim de se lem­ dade; e tornou eterna a glória dês-
brar do seu povo e lhe ser propício. des (varões) em sua nação.
21E deu-lhe poder relativamente aos Elogio de Josué e Caleb
seus preceitos, e leis judiciais, para
ensinar os seus mandamentos a Ja- 4C 1Jesus (isto é, Josué), filho de
có, e para dar a Israel a inteligên­ Nave, foi valente na guerra,
cia da sua lei. 22Sublevaram-se con­ sucedeu a Moisés na missão de pro­
tra êle uns estranhos (ao sacerdócio), feta, foi grande como denota o seu
e por inveja o cercaram no deserto nome, 2foi um grande salvador dos
homens, que eram do partido de Da- escolhidos de Deus, para derrotar os
tan e Abiron, e a facção de Coré tô- inimigos que contra êle se levanta­
da acesa em ira. 23Viu isto o Se­ vam, a fim de conseguir para Israel
nhor Deus, e não lhe agradou, e fo ­ a sua herança. 3Que glória não al­
ram consumidos pela impetuosidade cançou êle em levantar as suas mãos,
da sua cólera. 24Operou contra êles e em brandir a lança contra as ci­
monstruosos prodígios, e consumiu- dades (dos Amorreus)\ 4Quem an­
os com chamas de fogo. ME acres­ tes dêle combateu assim? Porque o
centou a glória a Arão, e deu-lhe u- mesmo Senhor lhe trouxe às mãos os
ma herança, e concedeu-lhe as primi- seus inimigos. 5Não é assim que, por
cias dos frutos da terra. 20*N as pri- impulso do seu zêlo o sol parou,
mícias preparou-lhe alimento em a- e que um só dia se tornou tão lon­
bundância; e, além disso, (os sacer­ go como dois? °Êle invocou o A l­
dotes) comeram parte dos sacrifí­ tíssimo Poderoso, quando atacava os
cios do Senhor, os quais lhe deu a inimigos por todas as partes, e o
êle e à sua descendência. 27*Mas não grande e santo Deus o ouviu, e fêz
têm herança na terra das nações, cair saraiva de grandes pedras. 7In-
nem porção entre os do seu povo, vestiu impetuosamente contra as
porque o mesmo Deus é a sua por­ hostes inimigas, e derrotou os con­
ção e herança. trários na descida (do vale), 8para
Finéias que as nações conhecessem o seu po­
der, pois, não é fácil pelejar contra
28Finéias, filho de Eleazar, é o ter­ Deus. Êle seguiu sempre o Todo-Po-
25. Urna herança, as quarenta e oito cidades destinadas à habitação dos sacerdotes.
28. N a glória do sumo sacerdócio.
31. Tam bém fêz. — Assim como Deus prometeu a D a v i um reino perpétuo, do mesmo
modo a Finéias um sacerdócio eterno, um sacerdócio hereditário, que havia de passar a
seus filhos e a seus netos, assim como também o reino aos de D a v i; para que Finéias e
os mais sacerdotes ensinassem aos Israelitas a sabedoria, e para que D a v i e os outros
reis igualmente os governassem com justiça, tornou eterna a sua glória, isto é, a sua dig­
nidade, o seu poder, não acabando com êles, m as passando a seus descendentes.
806 ECLESIÁSTICO 46 - 47

deroso, 9e nos dias de Moisés fêz voz, “ e destroçou os príncipes de T i­


uma ação de misericórdia, êle e Ca- ro, e de todos os chefes dos Filis-
leb, filho de Jefone, resolvendo fa ­ teus; 22e, antes do fim da sua vida
zer frente ao inimigo, e impedindo o e da sua carreira, deu testemunho,
povo de pecar, e apaziguando a rnur- na presença do Senhor e do seu Un­
muração que a malícia tinha excita­ gido, de que não tinha recebido de
do. 10E, sendo escolhidos êstes dois, pessoa alguma dinheiro, nem siquer
foram livres do perigo, dentre o nú­ umas sandálias, e ninguém o pôde
mero de seiscentos mil homens de acusar. 23Depois disto Samuel mor­
pé, para introduzir o povo na sua reu e apareceu ao rei (Saul), e pre­
herança, na terra que mana leite e disse-lhe o fim da sua vida, e le­
mel. UE o Senhor deu fortaleza ao vantou a sua voz de debaixo da ter­
mesmo Caleb, e o seu vigor durou até ra, profetizando, para destruir a im­
a velhice, para subir a um lugar e- piedade do povo.
levado do país, que a sua descendên­
cia possuiu por herança, 12para que N atan e D avi
todos os filhos de Israel vissem que
é bom obedecer ao Deus santo. AH d e p o is disto, levantou-se Natan,
^ 1 profeta no tempo de Davi.
Os juizes e Samuel 2E, assim como a gordura da v í­
tima se separa da carne, assim Davi
“ Em seguida vieram os juizes, a- foi separado (ou escolhido) dentre os
pontados cada um por seu nome, cujo filhos de Israel. 3Brincou com os
coração não foi pervertido, e que leões como com cordeiros, e tratou
não se apartaram do Senhor, 14para os ursos como cordeirinhos, na sua
que a sua memória seja abençoada, mocidade. 4Não foi êle quem matou
e os seus ossos reverdeçam nos seus o gigante, e quem tirou o opróbrio
sepulcros, 16e dure perpètuamente o da sua nação? 5Levantando a mão
seu nome, passando os seus filhos com a pedra da funda fêz cair por
com a glória daqueles santos va­ terra o orgulho de Golias; °porque
rões. êle invocou o Senhor Todo-Podero-
16Samuel, profeta do Senhor, foi a- so, o qual deu à sua dextra fôrça
mado do Senhor seu Deus; instituiu para derrubar um homem valente
um govêrno novo, e ungiu os prín­ na guerra, e para exaltar o poder
cipes da sua nação. "Julgou o po­ do seu povo. 70 Senhor também lhe
vo segundo a lei do Senhor, e Deus deu a glória de matar dez mil ho­
olhou com olhos propícios para Jacó; mens, e tornou-o ilustre com as suas
a sua fidelidade manifestou-se co­ bênçãos, e ofereceu-lhe uma coroa
mo profeta, 18e foi reconhecido fiel de glória; 8porque desbaratou os ini­
nas suas palavras, porque viu o Deus migos por todas as partes, e extermi­
de luz. 19E êle invocou o Senhor o- nou os Filisteus, seus adversários até
nipotente, quando os inimigos o cer­ ao dia de hoje, e abateu o seu poder
cavam de todos os lados, e ofereceu para sempre. °Em todas as suas o-
um cordeiro sem mancha. 20E o Se­ bras deu graças ao Santo e ao Ex-
nhor jxo v ejo u do céu, e com um celso com palavras anunciadoras da
grande estrondo fêz ouvir a sua sua glória. 10L o u v o u o Senhor de
Cap. X L v l — 9. Referência aos pontos contados no livro dos Números, X II, 25 —
X IV , 38.
11. A u m l u g a r e l e v a d o , a Hebron, cidade edificada no centro das montanhas de Judá.
14. R e v e r d e ç a m . E ra esta um a fórm ula de desejar bom sucesso aos cadáveres dos que
tinham morrido em piedade, na qual se indica e recomenda a esperança da futura ressur­
reição.
16. U m g o v ê r n o n o v o , dando rei aos Israelitas contra a sua vontade, I Reis, V I I I , 7-22.
19. É l e i n v o c o u . . . v e r I Reis, V II, 5 e sega
20. E o S e n h o r t r o v e í o u . . . ver I Reis, v i l , 10.
23. P r o f e t i z a n d o , p a r a d e s t r u i r . .. Os castigos que Samuel predisse a Saul serviram para
afa sta r do povo a impiedade.
Cap. X L V I I — 2. A g o r d u r a d a v í t i m a era a parte reservada p a ra ser oferecida a
Deus.
47 - 4 8 ECLESIÁSTICO 807

todo o seu coração, e amou a Deus, pela raiz a posteridade de (D a vi)


que o criou; o qual lhe tinha dado seu escolhido, e não destruirá a li­
fôrça contra os inimigos. UE estabe­ nhagem daquele varão amante do
leceu cantores para estarem diante Senhor. “ Por isso deixou um resto
do altar, e compôs suaves harmonias a Jacó, e a Davi (u m ga rfo) da sua
para os seus cânticos. 12E deu es­ linhagem.
plendor às festividades, e brilho aos 26E morreu Salomão com seus pais.
dias solenes até o fim de sua vida, 27E deixou depois de si um filho,
para que louvassem o santo nome ( que fo i causa da) loucura do povo,
do Senhor, e engrandecessem desde “ um homem falto de prudência, cha­
manhã a santidade de Deus. 13G Se­ mado Roboão, que afastou de si o po­
nhor o purificou dos seus pecados, vo com o seu (m au) conselho; 29e Je-
e exaltou para sempre o seu poder, roboão, filho de Nabat, que fêz pecar
e assegurou-lhe a realeza, e um tro­ Israel, e abriu a Efraim o caminho
no de glória em Israel. do pecado, sendo motivo da gran­
Salomão
díssima inundação dos seus crimes,
"p or causa dos quais foram muitas
14Sucedeu-lhe seu filho sábio, e o vêzes lançados fora da sua terra. 31E
Senhor por amor dêle destruiu todo ( Israel) entregou-se a todo' o gênero
o poder dos seus inimigos. 15Salomão de maldades, até que veio sôbre êles
reinou em dias de paz; Deus subme- a vingança, e esta os livrou de todos
teú-lhe todos os seus inimigos, para os pecados.
que fundasse uma casa ao seu nome, Elogio de Elias e Eliseu
e lhe preparasse um santuário eter­
no. Quão bem instruído foste na tua 4 C 2Surgiu depois o profeta Elias,
mocidade, 18e quão cheio te achaste como um fogo, e as suas pa­
de sabedoria como um rio! A tua lavras ardiam como um facho. 2F êz
alma cobriu a terra. nEm tuas pa­ vir sôbre êles a fome, e os que o
rábolas reuniste (a explicação de) irritavam pela sua inveja foram re­
muitos enigmas. O teu nome tor- duzidos a um pequeno número, por­
nou-se célebre até às ilhas mais re­ que não podiam suportar os precei­
motas e fôste amado na tua paz. 18Os tos do Senhor. 3Com a palavra do
teus cânticos, provérbios, parábolas Senhor fechou o céu, e fez cair fo ­
e interpretações foram admirados go do mesmo céu por três vêzes. 4As-
por tôda a terra, 19(que glorificou por sim Elias tornou-se célebre por seus
isso) o nome do Senhor Deus, que é milagres. E quem pode pois (6 E -
chamado o Deus de Israel. “ Ajun­ lias) gloriar-se como tu? 5Tu que
taste ouro como se fôsse cobre, e a- fizeste sair um morto do sepulcro,
montoaste a prata como chumbo; arrancando-o à morte, em virtude
21(mas) depois te prostituíste às mu­ da palavra do Senhor Deus; °que pre­
lheres, e deixaste dominar o teu cor­ cipitaste os reis na desgraça, e des­
po, “ puseste mácula na tua glória, e fizeste sem trabalho o seu poder, e,
profanaste a tua geração, fazendo no meio da sua glória, os fizeste cair
com que viesse a ira sôbre os teus do leito (na sepultura); 7que ouviste
filhos, e com que se excitasse a tua sôbre o Sinai o juízo do Senhor, e
loucura, “ causando com isso um cis­ sôbre o Horeb os decretos da sua vin­
ma no reino, e fazendo sair de E- gança; 8que sagraste reis para vin­
fraim, uma dominação cruel. “ Mas gar crimes, e fizeste profetas para
Deus não abandonará a sua mise­ teus sucessores; 9que fôste arrebatado
ricórdia, e não destruirá nem ani­ ao céu num redemoinho de fogo, nu­
quilará as suas obras, nem arrancará ma carroça tirada por cavalos arden­
31. E esta os liv r o u ... A vingança pôs tênno aos seus pecados, fazendo-os emendar da
culpa.
Cap. X L v I I I — 1-12. O escritor sagrado refere-se aqui aos principais episódios do m i­
nistério de E lias ( I I I Reis, X V II, 1 e sega — X V III, 30-40, etcJ.
6. Que os fizeste c a ir ... Estas palavras referem-se aos oráculos, pelos quais E lias
profetizou a morte de A cab ( I I I Reis, X X I, 21-23), e de Ocosias ( I V Reis, I, 16-17).
7. Que ouviste sôbre o S in a i... ( I I I Reis, X IX , 8-18).
808 ECLESIÁSTICO 48 - 49

tes; 10*tu, de quem está escrito que os entregou aos seus inimigos, mas
no tempo dos julgamentos (virás) purificou-os por mão do santo pro­
para abrandar a ira do Senhor, pa­ feta Isaías. “ Dissipou o acampa­
ra reconciliar o coração dos pais com mento dos Assírios, e o anjo do Se­
os filhos, e para restabelecer as tri­ nhor os exterminou; 25porque Eze­
bos de Jaco. “ Bem-aventurados os quias fêz o que era do agrado de
que te viram, e que foram honrados Deus, e andou com fortaleza pelo ca­
com a tua amizade. “ Porque nós minho de Davi, seu pai, como lhe
vivemos só durante esta vida, mas de­ tinha recomendado Isaías, profeta
pois da morte não teremos um nome grande, e fiel diante de Deus. 28Em
como o teu. seus dias o sol voltou para trás, e
13Elias foi envolto num redemoi­ êle prolongou a vida do rei. 27Com
nho, mas o seu espírito ficou todo em o seu grande espírito (p rofético)
Eliseu; o qual não temeu príncipe al­ viu os últimos tempos, e consolou os
gum em seus dias, e, em poder, nin­ ue choravam em Sião. A té ao fim
guém o venceu. 14*N ada houve que os séculos “ mostrou o que devia a-
o pudesse dominar, e, ainda depois contecer, .e as coisas ocultas antes
de morto, o seu corpo profetizou. que acontecessem.
“ Em sua vida fêz prodígios, e na m or­ Josias e Jeremias
te operou maravilhas.
4 0 2A memória de Josias é como
Ezequias e Isaías uma composição de aromas,
16Com todas estas maravilhas o po­ feita por um perito perfumista. 2Em
vo não fêz penitência, nem se afas­ tôda a bôca será doce a sua lem­
taram dos seus pecados, até que fo ­ brança como o mel, e como um con-
ram expulsos da sua terra, e espa­ cêrto de música em banquete de v i­
lhados por tôda a terra. 17E ficou nhos. 3Foi destinado por Deus para
muito pouca gente (na Palestina), excitar a nação à penitência, e exter­
e (som ente) um príncipe da casa de minou as abominações da impiedade.
Davi. 18Alguns dêles fizeram o que 4Dirigiu o seu coração para o Senhor,
era do agrado de Deus, outros co­ e nos dias dos pecadores fortificou a
meteram muitos pecados. piedade. “Exceto Davi, Ezequias e
Josias, todos cometeram o pecado;
“ Ezequias fortificou a sua cidade, e °porque os reis de Judá deixaram a
conduziu água para o centro dela, e lei do Altíssimo, e desprezaram o te­
abriu com ferro um rochedo, e fêz mor de Deus. 7Por isso tiveram de
nêle uma cisterna para conservar á- entregar a outros o seu reino, e a
gua. “ Durante o seu reinado veio sua glória a uma nação estrangeira.
Senaquerib, e enviou Rabsaces, o qual 8Incendiaram a cidade escolhida, a ci­
levantou a sua mão contra êles, e dade santa, e reduziram a um deser­
estendeu a sua mão contra Sião, e to as suas ruas, conforme a predi-
tornou-se soberbo com o seu poder. ção de Jeremias. 9Porque maltrata-
“ Então (os Israelitas) ficaram so- ram aquêle que foi consagrado pro­
bressaltados nos seus corações, e nas feta desde o ventre de sua mãe, pa­
suas mãos, e sentiram dores como ra transtornar, arrancar e destruir,
as mulheres que estão de parto. 22E e depois reedificar e renovar.
invocaram o Senhor misericordioso,
e, estendendo as mãos, levantaram- Ezequiel e os profetas menores
nas ao céu, e o Santo, o Senhor Deus,
ouviu logo a sua voz. “ Não mais 10Ezequiel teve uma visão de glória,
se lembrou dos seus pecados, nem que o Senhor lhe mostrou na carro­
10. T u , d e q u e m e s t á e s c r i t o n o profeta M alaquias, IV , 5-6.
14. P r o f e t i z o u , ou fêz milagres. Referencia & ressurreição que se deu no sepulcro de
Eliseu ( I V Reis, X IV , 20-21).
26. o sol v o l t o u p a r a t r á s . v e r I V Reis, X X , 8-11.
Cap. X L I X — 9. P o r q u e m a l t r a t a r a m , .. Todo êste versículo é alusivo aos lugares de
J e r e m i a s , X X X V III, 4 e segs.; T r e n ., I, 5,10.
10. T e v e u m a v i s ã o . . . E sta visão foi descrita pelo próprio Ezequiel, caps. I, V I I I e X.
49 - 50 ECLESIÁSTICO 809

ça dos querubins. "Porque êle a- ria, e alargou a entrada do templo


nunciou a chuva para os inimigos de e do átrio. C om o a estrêla da ma­
Deus, e os bens reservados para a- nhã no meio da névoa, e como a lua
quêles qúe seguem o caminho reto. cheia, assim brilhou durante a sua
"Reverdeçam também os ossos dos vida. 7E como um sol brilhante as­
doze profetas, nos seus túmulos; por­ sim resplandeceu no templo de Deus.
que êles fortificaram Jacó, e salva­ $(Ê le era) como o arco-iris que reluz
ram-no por uma fé corajosa. entre as nuvens transparentes, e co­
mo a flor de rosa nos dias da pri­
Zorobabel e os antigos patriarcas mavera, e como os lírios que estão
13Como engrandeceremos nos a Zo- junto da corrente de água, e como
robabel? Porque êle foi como um um incenso que exala fragrãncia na
anel na mão direita (de Deus). 14E estação do estio, *como a chama re-
do mesmo modo a Jesus, filho de Jo- fulgente, e o incenso que arde no fo ­
sedec? Êles em seus dias edificaram go, “ corno um vaso de ouro maciço,
a casa (de Deus), e levantaram ao ornado de tôda a casta de pedras pre­
Senhor o seu santo templo, destinado ciosas, "como a oliveira que brota,
para uma glória sempiterna. "T am ­ e como o cipreste que se eleva ao
bém Neemias viverá na memória por alto, quando tomava a sua vestidu-
largo tempo, êle que levantou os nos­ ra de glória, e quando se revestia de
sos muros derribados, e fêz as por­ todos os ornamentos da sua digni­
tas e as fechaduras, e reedificou as dade. “ Quando subia ao altar san­
nossas casas. to, fazia brilhar as suas vestiduras
"Nenhum nasceu sôbre a terra co­ sagradas. 13Recebia as porções (das
mo Henoc, o qual foi arrebatado da vitimas) da mão dos sacerdotes, e con­
terra; "nem como José, que nasceu servava-se em pé junto do altar, e
para ser o príncipe de seus irmãos, em volta dêle os seus irmãos for­
o esteio da nação, o guia dos seus mavam uma corôa, como rebentos
irmãos, o firm e arrimo do povo. 18Os dos cedros do Líbano; 14estavam em
seus ossos foram visitados, e depois tôrno dêle como os ramos duma pal­
da sua morte profetizaram. 10Set e meira, e todos os filhos de Arão es­
Sem alcançaram glória entre os ho­ tavam na sua glória. ^A oblação
mens, e sôbre todos, Adão em virtude destinada ao Senhor estava nas mãos
da sua origem (imediata de Deus). dêles, na presença de tôda a assem­
bléia de Israel; e para consumar
O sumo sacerdote Simão o sacrifício sôbre o altar, e para tor­
nar mais solene a oblação ao Rei ex-
CA 1Simão, filho de Onias, sumo celso, “ estendia a sua mão para fa ­
sacerdote, em sua vida repa­ zer a libação, e derramava o san­
rou a casa (do Senhor), e em seus gue da uva. 17Derramava-o ao pé
dias fortificou o templo. 2Foi êle do altar, como um perfume divino
que construiu os fundamentos do ao Príncipe excelso. 18Então os f i­
templo, o edifício duplo e as mura­ lhos de Arão levantavam as suas vo­
lhas do santuário. 3Em seus dias zes, e tocavam as suas trombetas
foram renovados os mananciais das feitas a martelo, e faziam ressoar
águas nos poços, e encheram-se ex- um grande concêrto para renovarem
traordinàriamente, como um mar. diante do Senhor a memória (da
4Teve um particular cuidado do seu sua aliança). 19Então todo o povo
povo, e livrou-o da perdição. Conse­ se apressava, e prostrava-se com o
guiu engrandecer a cidade; nas suas rosto por terra, para adorar o Se­
relações com o povo alcançou gló­ nhor seu Deus, e oferecer votos ao
11. Anunciou a c h u v a ... Ezequiel am eaçou muitas vêzes com chuvas violentas aos
inimigos do Senhor (E z ., X III, 11; X X X v lI I , 9, 16, 22).
12. R everd eça m ... V e r nota, cap. X L V I, 14.
13. F o i corno um a n e l,.., isto é, foi muito querido de Deus.
Cap. L — 1. Encontram-se na história do povo hebreu dois sumos sacerdotes com o
nome de Simão, cujos pais tinham o nome de Onias. Aqui parece que se fa ia de Simão II,
que viveu no século I I antes de Cristo.
810 ECLESIÁSTICO 5 0 - 51

Deus onipotente e excelso. “ E os me, porque te fizeste o meu auxílio


cantores levantavam as suas vozes, e protetor, 3e livraste o meu corpo
e naquela grande casa retinia um da perdição, do laço da língua iní­
som cheio de suavidade. 2,E o povo qua, e dos lábios dos forjadores da
fazia as suas preces ao Senhor ex- mentira, e, à vista dos que estavam
celso, até que ficava de todo com­ contra mim, te declaraste meu de­
pleto o culto do Senhor, e termina­ fensor. 4E livraste-me, segundo a
das as funções sagradas. “ Então (o grandeza da tua misericórdia, dos
sumo sacerdote), descendo (do al­ que rugiam, preparados para me de­
ta r), levantava as suas mãos sôbre vorarem, 5das mãos dos que procura­
todo o congresso dos filhos de Is­ vam tirar-m e a vida, do poder das
rael, para dar glória a Deus com tribulações que me cercavam; °da
s lah ns e >ara se g1or;f ;rar no seu violência da chama que me envol­
nome; 23e repetia a sua oração, que­ via, e, no meio do fogo (da perse­
rendo manifestar o poder de Deus. guição), não senti o calor; 7das
24E agora rogai ao Deus de tôdas profundas entranhas do inferno, e
as criaturas, que fêz grandes coisas da língua impura, e da palavra de
em tôda a terra, que conservou a mentira, dum rei iníquo, e da lín­
nossa vida desde o ventre de nossa gua injusta. 8A minha alma louva­
mãe, e que nos tratou sempre se­ rá o Senhor até à morte, °pois a
gundo a sua miresicórdia; 25(rogai- minha vida estava prestes a cair
lhe) que nos dê a alegria do cora­ nas profundezas do inferno. 10Cer-
ção, e que reine a paz em Israel em caram-me de tôdas as partes, e não
nossos dias e para sempre; 26*a fim havia quem me ajudasse. Volvia os
de que Israel creia que está conos­ olhos em busca do socorro dos ho­
co a misericórdia de Deus, e que êle mens, e não apareciam. “ Lembrei-
nos livra em seu dia. me da tua misericórdia, Senhor, e
“ Dois povos aborrece a minha al­ do que tens feito desde o princípio
ma, e o terceiro, que eu aborreço, do mundo; 12porque livras os que
não é um povo: 28Os que habitam no esperam em ti, Senhor, e os salvas
monte Seir, e os Eilisteus, e o povo das mãos das nações. 13Tu exaltas­
insensato que habita em Siquém. te a minha habitação sôbre a terra, e
Fim do autoír dêste livro eu roguei-te que me livrasses de ser
arrebatado pela torrente de morte.
“ Estas são as instruções de sabe­ “ Invoquei o Senhor, pai do meu Se­
doria é de moralidade que deixou nhor, para que me não abandonasse
escritas neste livro Jesus, filho de no dia da minha tribulação e durante
Sirac, natural de Jerusalém, o qual o domínio dos soberbos. 15Louvarei
restaurou (em seu povo) a sabedo­ incessantemente o teu nome, e cele­
ria, derramando-a do seu coração. brá-lo-ei nas minhas ações de gra­
30Bem-aventurado o que aplica a si ças pois foi atendida a minha oração,
êstes bens; ò que os conserva em 16e livraste-me da perdição, e salvas­
seu coração será sempre sábio. “ P or­ te-me no tempo calamitoso. “ Por is­
que, se praticar estas coisas, será so eu te glorificarei e cantarei os teus
capaz de tudo, porque a luz de Deus louvores, e bendirei o nome do Se­
guiará os seus passos. nhor.
Oração de Jesus, filho de Sirac
Zêlo em adquirir a sabedoria
Ç1 f r a ç ã o de Jesus, filho de Si-
9,1 rac: Glorificar-te-ei, ó Se­ 18Quando eu ainda era jovem, an­
nhor meu rei, louvar-te-ei, Deus, tes de andar errante, busquei aber­
salvador meu. 2Glorificarei o teu no­ tamente a sabedoria com a minha
26. E m seu dia, isto é, no tempo determinado pela sua divina vontade.
30. Éstes bens, que são os santos pensamentos contidos neste livro.
Cap. L I — 7. Livraste-m e das p ro fu n d a s..., isto é, do seio profundo da habitação
dos mortos. Refere-se a perigos de morte de que Deus o livrou.
9. D o inferno, do sepulcro.
18. Antes de andar errante, ou antes de andar correndo vários países.
51 ECLESIÁSTICO 811

oração. “ Diante do templo eu a pe­ em busca dela; por isso que eu pos­
dia e buscá-la-ei até o fim de minha suirei êste bem excelente. 30O Se­
vida. E ela floresceu (em m im ) co­ nhor deu-me em recompensa uma
mo uva temporã; 20o meu coração língua (eloquente) e com ela o lou­
alegrou-se nela; os meus pés anda­ varei. 31Aproximai-vos de mim, ó
ram por caminho direito, desde a ignorantes, e reuni-vos na casa da
minha mocidade tenho ido em segui­ instrução. “ P or que tardais vós ain­
mento dela. 21Apliquei um pouco o da? E que dizeis a isto? As vossas
meu ouvido, e logo a percebi. “ En­ almas estão sequiosas em extremo.
contrei muita sabedoria em mim mes­ 33Eu abri a minha boca, e disse: Vin­
mo, e fiz nela grandes progressos. de comprá-la sem dinheiro, 34e sub­
23Ao que me dá a sabedoria dar-lhe- metei o vosso pescoço ao seu jugo, e
-ei glória. 24Resolvi-me pois, a pô-la receba a vossa alma a instrução, por­
em prática; tive zêlo do bem, e não que vos é fácil encontrá-la. 85Vê de
me envergonharei. 25Lutou a minha com os vossos olhos o pouco que tra­
alma por ela, e conservei-me cons­ balhei, e como adquiri muito descan­
tante em a praticar. “ Levantei as so. “ Recebei a instrução, como uma
minhas mãos ao alto, e chorei a lou­ grande soma de dinheiro, e possui­
cura (e as trevas) da minha alma. reis com ela grande abundância de
27Dirigi para ela a minha alma, e no ouro. 37Alegre-se a vossa alma na
conhecimento de mim mesmo a a- misericórdia do Senhor, e nunca fi­
chei. “ Possuí, graças a ela, o meu careis confundidos, quando o louvar­
coração desde o princípio; e por isso des. “ Fazei o que deveis antes que
não serei desamparado (p or Deus). passe o tempo, e êle vos dará a seu
29As minhas entranhas comoveram-se tempo a ‘ vossa recompensa.

26. E chorei as trevas, isto é, a ignorância da minha alm a, póy não ter nela ainda
em intensidade suficiente a luz da sabedoria.
OS P R O F E T A S
Profeta, conforme a etimologia do vocábulo, chamava-se aquêle que fa­
lava em nome de outro, como seu intérprete. Foram denominados profetas os
homens extraordinários que falavam em nome de Deus como intérpretes de
Deus, bôca de Deus. O que mais impressionava, na atitude dos profetas,
era o dom de predizer o futuro que lhes era revelado por especial iluminação
divina. Eis porque na linguagem popular passou a ser chamado profeta aquêle
que predizia o futuro.
A missão dos profetas era bem mais vasta: mensageiros extraordinários
de Deus, elevados a mestres supremos, como guias religiosos de Israel,
clamavam contra a idolatria e imoralidade, conservavam e explicavam as
antigas leis, defendendo-as estrênuamente, anunciavam e preparavam a nova
lei, consolando o povo com a esperança do Messias. O centro da pregação e
dos vatícinios dos profetas é Cristo Redentor.
Recebido de Deus, por meio dos anjos, ou imediatamente no êxtase, em
sonho ou em arroubo profético, aquilo que devem revelar, manifestam-no
como se lhes apresenta, sem prospetiva, isto é, sem distinguir claramente
os acontecimentos recentes daqueles remotos, passando bruscamente do
presente para o futuro, por vêzes apresentando fatos futuros como já real­
mente acontecidos. Tudo isso porque presenciavam os acontecimentos em
visão, sem a relação do tempo, que distigue uns dos outros.
Todos os profetas falaram a Israel em nome de Deus mas nem todos
escreveram as próprias profecias. Aliás, até o oitavo século, não deixaram
nenhum escritor, porquanto tinham sido enviados somente para os seus con­
temporâneos. Dessa época em diante começaram a escrever, para que se
testemunhasse aos pósteros a veracidade de seus vaticínios. Mas também êstes
profetas não deixaram escrito tudo aquilo que expuseram ao povo de Israel
inúmeras vêzes fizeram apenas o resumo de seus discursos, acrescentando
algumas notas históricas e documentárias.
Aquêles que deixaram escritos foram divididos em maiores e menores,
conforme a quantidade de documentos que nos legaram. Os maiores são qua­
tro: Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel; os menores são doze: Oséias, Joel,
Amós, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias, Ma-
laquias.
Pertencem todos ao reino de Judá, exceto Jonas, Amós e Oséias que
pertencem ao reino de Israel. /
A maior parte dêles viveu nos últimos séculos /dos Reis; Ezequiel e Da­
niel viveram na época do exilio de Babilônia; Ageu, Zacarias e Malaquias
viveram depois do exilio.
PROFECIA DE ISAÍAS 813
Embora tenham vivido em tempo e lugar diferentes, os profetas apre­
sentam todos uma certa semelhança no ciclo de suas profecias. Com efeito,
desenvolvem mais ou menos amplamente e com a mesma ordem os seguintes
temas; o pecado de Israel; o castigo de Israel; a conversão de Israel; o castigo
dos inimigos de Israel; a restauração de Israel; o reino messiânico.
Geralmente, as profecias são obscuras. Isso depende da própria natureza
das profecias, que são altíssimos mistérios. Se a dificuldade não está no
conceito, está no modo com o qual são expostas, de tal sorte que se percebe
a sua veracidade só depois do fato realizado. Além disso, as profecias são
expostas com símbolos audazes e com alta poesia, o que exige uma profunda
preparação para serem bem compreendidas. Quem lograr, porém, compreender
os profetas, sentirá nêles a mais potente e magnífica arte que jamais o gê­
nero humano chegou a produzir.

ISAÍAS
Isaías é o maior dos profetas. Embora não seja o primeiro em ordem
de tempo, foi assim colocado nas Escrituras, porque é digno de tal distinção
pela sublimidade de suas revelações e de seu estilo.
Nascido e educado em Jerusalém, talvez de fam ília aristocrática e ligada
por parentesco à casa real, Isaías começou a profetizar muito jovem ainda,
provàvelmente entre os vinte e trinta anos. O seu ministério profético durou
cêrca de 50 anos. Começou com a morte de Ozias e continuou no reinado
de Joatan, contra a corrução de Israel. No reinado do ímpio Acaz, a in­
fluência de Isaías toma vulto, particularmente quando o reino da Síria e
de Israel ameaçam a existência do reino de Judá, e o rei Acaz conclue aliança
com o potente rei da Assíria, Teglat-Falasar. No reinado do santo rei Eze-
quias a influência de Isaías tem importância capital. Amigo e conselheiro
do rei, profetizou na sua doença, na embaixada babilônica e na invasão de
Senaquerib, rei da Assíria. Depois da invasão, Isaías desaparece do cenário
político, passando a viver na obscuridade. Segundo a tradição dos judeus,
admitida por muitos Padres da Igreja, foi morto pelo ímpio rei Manassés,
que o mandou serrar pelo meio do corpo com uma serra de madeira, quando
o profeta já tinha cem anos.
Reza a tradição que êle tenha sido sepultado em Paneas de onde, no ano
442 d. C., seus restos mortais tenham sido transladados para Constantinopla.
Isaías viveu em tempos dificílim os: o reino do Norte caíra em poder
dos Assírios; o reino de Judá por um triz não acabou sendo destruído,
política e religiosamente, sob o reinado de Acaz, que o fizera satélite da
Assíria. No reinado de Ezequias houve uma recuperação religiosa, mas apenas
exterior e superficial do povo, enquanto a Assíria completava sua conquista
em Judá. Ezequias, constrangido pela nobreza, aliou-se com o Egito, mas
logo foi punido com a terrível invasão assíria, que cessou com a milagrosa
destruição do exército do soberano Senaquerib.
Foi nesse período, tão calamitoso para o reino de Judá, que Isaías
cumpriu o seu ministério profético.
814 PROFECIA DE ISAÍAS

A sua atividade profética foi bem mais vasta do que contém a obra
escrita por êle, porquanto lsaías somente em casos particulares escreveu
aquilo que pregou ao povo. A segunda parte de seu livro, escrita para os
exilados de Babilônia e para a posteridade, não foi pregada ao povo, e mui
provavelmente foi escrita depois que o profeta abandonou a vida política.
lsaías é o mais eloqüente de todos os profetas. A sua linguagem é nobre,
as suas expressões fortes e vivas. E’ o profeta mais citado no Novo Tes­
tamento.
O fim principal de suas profecias é lançar em rosto aos Israelitas as
suas infidelidades e anunciar-lhes os castigos de Deus, com a final redenção,
consumada pelo Messias. Fala com tanta clareza de Jesus Cristo e da sua
Igreja, que, conforme diz São Jerônimo, mais parece Evangelista que Profeta.
O próprio Salvador aplicou a si muitas profecias de lsaías, e os Evangelistas
e os Apóstolos citam várias vezes o cumprimento delas em Jesus Cristo.
O livro pode ser dividido em duas partes:
Primeira parte (1 - 37): abrange os oráculos feitos sob o reinado de
Ozias, Joatan, Acaz e Ezequias, com uma certa ordem cronológica, e pode-se
subdividir em quatro seções:
I* (1 - 6 ): é uma espécie de introdução.
II* (7 - 12): livro do Emanuel. Contém as profecias do tempo de Acaz
e de Ezequias, sobre o Messias (chamado Emanuel), e seu reino.
III» (13 - 27): contém os oráculos contra as nações inimigas: Babilônia,
Assíria, Filisteus, Moabitas, Damasco, Israel, Etiópia, Egito, Arábia, Tiro e
outras. Êsses vaticlnios se realizaram todos literalmente.
IV* (28 - 37): contém as profecias feitas no reinado de Ezequias, rela­
tivamente a Sião, castigada e salva. Anuncia antes a invasão assíria, a
inutilidade da aliança com o Egito, a libertação obtida somente por obra
de Deus, e finalmente, num epílogo histórico, mostra a realização dos
vaticlnios, relatando a invasão assíria e a libertação milagrosa.
Segunda parte (38 - 66); pode também ser subdividida em quatro seções:
I» (38 - 40): introdução. Tendo falado sôbre a doença de Ezequias, e
a embaixada babilônica, profetiza o exílio de Babilônia. Logo em seguida
começa a enumerar as consolações dos exilados, profetizando que seriam
libertados da escravidão de Babilônia e do pecado, anunciando os libertadores.
II* (40 - 48): anuncia o fim da escravidão temporal e espiritual, pro­
fetizando que Ciro os libertará da primeira e o Messias da segunda.
III» (49 - 57): anuncia que os pecados serão expiados pelo “ servo do
Senhor” , o Messias sofredor, que pela sua paixão e morte há de remir o povo.
IV* (58 - 66): canta as glórias do reino messiânico, a glória da nova
Jerusalém e a condenação dos ímpios.
Esta segunda parte descreve o exílio de Babilônia, e sucessiva libertação,
com tantos pormenores, que os racionalistas aventaram a idéia da existência
de um outro lsaías vivido entre os desterrados. Para quem admite que os
profetas são a bôca de Deus, não é preciso recorrer a êsse mesquinho artifício
que não só repugna à tradição hebráica e cristã, mas até à própria história,
porquanto as profecias de lsaías foram mostradas a Ciro, que reconheceu
nelas a antevisão de suas façanhas e foi porisso induzido a libertar o povo
Judeu,
PROFECIA DE ISAÍAS
A ingratidão do povo escolhido tivesse conservado alguns da nossa
linhagem, teríamos sido como Sodo-
1 7Visão de Isaias, filho de Amós, ma, e ter-nos-íamos tornado seme­
1 a qual êle teve acêrca de Judá lhantes a Gomorra.
e de Jerusalém nos dias de Ozias,
de Joatan, de Acaz e de Ezequias, Ê vão o culto externo se não estiver
reis de Judá. acompanhado do culto Interno
-Ouvi, céus, e tu, ó terra, escuta,
porque o Senhor é quem falou. Criei I0Ouvi a palavra do Senhor, ó prín­
filhos (diz ele), e engrandeci-os, po­ cipes (que imitais os reis) de Sodo-
rém êles desprezaram-me. aO boi co­ ma, escuta a lei do nosso Deus, ó
nhece o seu possuidor, e o jumento povo (semelhante ao) de Gomorra.
o presépio do seu dono, mas Israel nDe que me serve a mim a mul­
não me conheceu, e o meu povo não tidão das vossas vítimas? diz o Se­
teve inteligência. 4A i da nação pe- nhor. Já estou farto delas. Não
cadora, do povo carregado de ini- quero mais holocaustos de carnei­
qüidades, da raça corrompida, dos ros, nem gordura de animais nédios,
filhos malvados! Abandonaram o nem sangue de bezerros, nem de cor­
Senhor, blasfemaram o Santo de Is­ deiros, nem de bodes. 12Quando vi-
rael, voltaram para trás. nheis à minha presença, quem pediu
5De que servirá que eu vos fira de tais ofertas às vossas mãos, para
novo se vós (obstinados) acumulais ue andásseis a passear nos meus
prevaricações sôbre prevaricações? trios (tão ufanos)? 13Não ofereçais
Toda a cabeça está enfêrma, e todo mais sacrifícios em vão; o incenso é
o coração abatido. °Desde a plan­ para mim abominação. A neomênia
ta do pé até ao alto da cabeça, não e os sábados, e as outras festivida­
há nêle nada são; tudo é uma feri­ des não as posso já sofrer; os vossos
da, e uma confusão, e uma chaga ajuntamentos são iníquos. 14A mi­
entumecida, que não está ligada, nem nha alma aborrece as vossas calen-
se lhe aplicou remédio para a sua das e as vossas solenidades; elas tor-
cura, nem foi suavizada com óleo. naram-se-me molestas, estou cansa­
7A vossa terra está deserta, as vos­ do de as suportar. 15E, quando es­
sas cidades abrasadas pelo fogo; os tenderdes as vossas mãos, apartarei
estranhos devoram à vossa vista o de vós os meus olhos; e, quando mul­
vosso país, e êle será devastado co­ tiplicardes as vossas orações, não as
mo numa assolação de inimigos. 8E atenderei, porque as vossas mãos es­
a filha de Sião (ou Jerusalém) fica­ tão cheias de sangue.
rá desamparada como a cabana du­ 16Lavai-vos, purificai-vos, tirai de
ma vinha, e como a choça dum pe- diante dos meus olhos a malícia dos
pinai, e como uma cidade entregue vossos pensamentos, cessai de fazer
à pilhagem. o mal, 17aprendei a fazer o bem, pro­
°Se o Senhor dos exércitos nos não curai o que é justo, socorrei o opri-
Cap. I — 1. Visão. E sta palavra, num sentido lato, designa tôdas as comunicações di­
vinas feitas ao homem, ainda que não sejam acompanhadas de imagens sensíveis.
4. Voltaram para trás, a fim de se entregarem novamente à idolatria abominável.
9. Senhor dos exércitos. Locução em pregada muitas vêzes p ara significar o poder e a
majestade de Deus.
13. o incenso oferecido com um coração corrompido. Neom ênia io primeiro dia do mês
em que se ofereciam sacrifícios.
816 PROFECIA DE ISAIAS 1 - 2

mido, fazei justiça ao órfão, defen­ tornardes como um carvalho, ao qual


dei a viúva. caem as folhas, e como uma horta
18E então vinde, e argüí-me (se eu sem água. 31E a vossa fortaleza se­
vos não tratar com misericórdia), diz rá como uma torcida de estôpa, e a
o Senhor; se os vossos pecados fo ­ vossa obra como uma faísca; e uma
rem como o escarlate, êles se torna­ e outra se queimarão ao mesmo tem­
rão brancos como a neve; e se forem po, e não haverá quem as apague.
roxos como o carmesim, ficarão bran­
cos com a (mais) branca lã. Jerusalém, centro futuro das nações
19Se quiserdes, e me ouvirdes, co­
mereis os bens da terra. 20Mas, se O ^ is ã o que teve Isaías, filho de
não quiserdes e me provocardes à ira, “ Amós, sôbre Judá e Jerusalém.
devorar-vos-á a espada, porque foi a 2E acontecerá nos últimos dias que
bôca do Senhor que falou. o monte da casa do Senhor terá os
seus fundamentos no cume dos mon­
Am eaças e promessas tes, e se elevará sôbre os outeiros, e
concorrerão a êle tôdas as gentes. 3E
21Como se tornou uma prostituta a irão muitos povos, e dirão: Vinde,
cidade fiel, cheia de retidão? Outrora e subamos ao monte do Senhor, e à
habitou nela a justiça, mas agora ha­ casa do Deus de Jacó, e êle nos ensi­
bitam os homicidas. 2 12*A tua prata nará os seus caminhos, e nós andare­
converteu-se em escória; o teu v i­ mos pelas suas veredas, porque de
nho misturou-se com água. ^Os teus Sião sairá a lei, e de Jerusalém a
príncipes são infiéis, companheiros palavra do Senhor. 4E julgará as
de ladrões; todos êles amam as dá­ nações, e convencerá de êrro a mui­
divas, andam atrás das recompensas. tos povos; os quais das suas espadas
Não fazem justiça ao órfão, e a cau­ forjarão relhas de arados, e das suas
sa da viúva não tem acesso a êles. lanças foices; uma nação não levan­
24Por êste motivo, diz o Senhor tará a espada contra outra nação,
Deus, rei dos exércitos, o forte de Is­ nem daí por diante se adestrarão
rael: Ai, que eu me consolarei sôbre mais para a guerra.
(o castigo aplicado contra) os meus
adversários, e me vingarei dos meus Humilhação dos orgulhosos e idólatras
inimigos! “ Voltarei a minha mão no dia do juízo
sôbre ti, e aerisolarei a tua escória
até à última depuração, e separei de 5Casa de Jacó, vinde e caminhemos
ti todo o teu estanho. 26E restabele­ à luz do Senhor. °Pois tu (6 Senhor)
cerei os teus juizes (fazendo com que rejeitaste o teu povo, a casa de Jacó,
eles sejam) como eram dantes, e os porque êles se encheram (de supers­
teus conselheiros como antigamente; tições) como noutro tempo, e tive­
depois disto, serás chamada a cida­ ram agoureiros como os Filisteus, e
de do justo, a cidade fiel. 27*Sião se­ se uniram aos filhos dos estranhos.
rá resgatada em juízo, e será resta­ 7A (sua) terra está cheia de prata e
belecida pela justiça. de ouro, e não têm fim os seus tesou­
“ Mas (Deus) destruirá os malva­ ros (e, apesar disso, ainda não está
dos e os pecadores; os que desampa­ satisfeita a sua avareza). 8A sua
raram o Senhor serão consumidos. terra está cheia de cavalos, e são
“ Porque êles serão confundidos pe­ inumeráveis as suas quadrigas. E es­
los ídolos, aos quais sacrificaram; e tá cheio de ídolos o seu país; ado­
vós vos envergonhareis dos jardins, raram a obra das suas mãos, a qual
que tínheis escolhido, “ quando vos tinham feito com os seus dedos. °E
21. Um a prostituta abandonando a Deus, e prostituindo-se aos ídolos.
27. sentido: Israel será salvo, voltando à justiça e à verdadeira piedade.
29. Que tínheis escolhido p a ra oferecèr os vossos ímpios sacrifícios.
Cap. I I — 2. O m o n te ... Referência ao monte M ória, sôbre o qual estava edificado o
templo.
4. Form osa idéia do novo reino de Cristo, que será um reino de paz e de caridade.
A s suas espadas. . . , isto ê, as arm as de guerra ser&o utilizadas para fins pacíficos, visto
n&o serem precisas p a ra as batalhas.
2 -3 PROFECIA DE ISAIAS 817

(diante desta obra) o homem cur­ Anarquia em Jerusalém


vou-se, e os grandes humilharam-se; O 7Eis que o dominador, o Senhor
portanto (6 Senhor) não lhes per­ ** dos exércitos está para tirar de
does. Jerusalém e de Judá o homem va­
10Mete-te entre as rochas (6 povo lente e o forte, todo o recurso do
in fie l), e nas aberturas da terra es- pão, e todo o recurso da água; 2o
conde-te da espantosa presença do homem forte e o guerreiro, o juiz e
Senhor, e da glória de sua majes­ o profeta, o adivinho e o ancião; *o
tade. nOs olhos altivos do homem capitão de cinqüenta homens, e o va­
serão humilhados, e a altivez dos rão de aspecto venerando, e o conse­
grandes será abatida, e só o Senhor lheiro, e o perito entre os arquite­
será exaltado naquele dia. 12Porque tos, e o conhecedor das palavras mís­
o dia do Senhor dos exércitos será ticas.
contra todos os soberbos e altivos, e 4E eu lhes darei meninos para
contra todo o arrogante; e serão ríncipes, e dominá-los-ão efemina-
humilhados; 13*e contra todos os ce­ os. 5E o povo investirá, homem
dros do Líbano, altos e levantados, e contra homem, e cada um contra o
contra todos os carvalhos de Basan, seu próximo; levantar-se-á o jovem
14e contra todos os montes altos, e contra o velho, e o plebeu contra o
contra todos os outeiros elevados, 15e nobre. 6Tomará um o seu próprio
contra tôda a tôrre eminente, e con­ irmão, criado na casa de seu pai, (e
tra todo o muro fortificado, 16e con­ lhe d irá ): Tu tens ( m elhor) vestido,
tra todas as naus de Tarsis, e con­ sê nosso príncipe, e ampara-nos nes­
tra tudo o que é belo (e agradável) ta ruína. 7Êle responderá naquele
à vista. 17E será abatida a arrogân­ dia, dizendo: Não sou médico, e em
cia dos homens e humilhada a al­ minha casa não há pão nem vestido;
tivez dos grandes, e só o Senhor se­ não queiram construir-me príncipe
rá sublimado naquele dia; 18*e os ído­ do povo.
los serão de todo esmigalhados. 10E 8Pois, Jerusalém vai-se arruinando,
(os homens) entrarão nas cavernas e Judá caindo, porque as suas pala­
dos rochedos, e nos antros da terra, vras e as suas obras são contra o
or causa da presença formidável do Senhor, para provocarem os olhos da
enhor, e da glória de sua majesta­ sua majestade. 90 próprio aspecto
de, quando se levantar para ferir a do seu semblante depõe contra êles,
terra. 20Naquele dia o homem lan­ pois, fizeram, como os de Sodoma,
çará fora os seus ídolos de prata, e pública ostentação do seu pecado, e
as suas estátuas de ouro, que para não o encobriram. A i da sua alma! e
si tinha feito a fim de os adorar, porque lhes será dado o castigo me­
não sendo mais que toupeiras e mor­ recido. 10Dizei ao justo que êle será
cegos; 21e entrará nas aberturas das bem sucedido, pois comerá o fruto
pedras, e nas cavernas dos rochedos, das suas obras. uA i do ímpio malé­
por causa da presença formidável do fico! Porque lhe será dado segundo
Senhor, e da glória da sua majesta­ merecem as suas ações. 120 meu po­
de, quando se levantar para ferir a vo foi despojado pelos seus opresso­
terra. res, e é governado por mulheres.
22Cessai, pois, de confiar no homem Povo meu, os que te chamam bem-
em cujas narinas (não) há (senão) aventurado, êsses mesmos te enganam
um sôpro, porque sòmente Deus é e destroem o caminho que deves se­
que é o Excelso. guir. iaO Senhor está para julgar,
12. O dia do Senhor, o dia em que o Senhor resolve castigar.
16. Tudo o que é belo. . . os objetos de luxo, que os Judeus tinham em grande estima.
Gap. I I I — 2. O adivinho. E sta p alavra é tornada aqui em bom sentido, com a signifi­
cação de profeta ou homem de autoridade.
4. Meninos, homens sem energia e experiência.
6. Locução figu rad a para indicar a fa lta completa de homens capazes de governar. Um
vestuário decente já era recomendação p ara governar.
7. N ão sou médico apto para curar a doença da nação.
818 PROFECIA DE ISAIAS 3 - 5

está para julgar os povos. 140 Se­ briremos; basta que nos comuniques
nhor entrará em juízo com os an­ o teu nome (ou sejas o nosso espô-
ciãos do seu povo, e com os seus soJ, tira o nosso opróbrio.
príncipes; porque vós devorastes a Promessas messiânicas
minha vinha, e as rapinas feitas ao
pobre encontram-se em vossa ca­ 2Naquele dia se achará o germe do
sa. 15Por que razão calcais aos pés Senhor em magnificência e glória, e
0 meu povo, e moeis à pancadas os o fruto da terra será exaltado, e se­
rostos dos pobres? diz o Senhor Deus rá uma f causa de) alegria para a-
dos exércitos. quêles de Israel que forem salvos.
Contra o luxo das mulheres de Judá 3E acontecerá que todos aquêles que
forem deixados em Sião, e ficarem
16Ainda disse mais o Senhor: Pois em Jerusalém, serão chamados san­
que as filhas de Sião se elevaram, e tos, todos os que tiverem sido ins­
andaram com o pescoço emproado, critos para a vida em Jerusalém.
fazendo acenos com os olhos, e ges­ 4(Isto acontecerá) quando o Senhor
tos com as mãos, e ruídos com os pés, tiver limpado as manchas das filhas
e caminham com passo afetado, 17o de Sião, e lavado o sangue do meio
Senhor tornará calva a cabeça das de Jerusalém com espírito de justi­
filhas de Sião, e despojá-las-á o mes­ ça, e com espírito de ardor. 5E o Se­
mo Senhor do seu cabelo. nhor estabelecerá sôbre tôda a exten­
18Naquele dia lhes tirará o Senhor são do monte de Sião, e no lugar
o adorno dos calçados, e as lúnulas, em que êle tiver sido invocado, uma
19e os colares, e as gargantilhas, e nuvem obscura durante o dia, e o
os braceletes, e os gavarins, 20e as resplendor duma chama ardente du­
barrieras, e as ligas dos pés, e as ca­ rante a noite, porque tudo o que
deias de ouro, e as caixas de perfu­ é glorioso será protegido. 6E have­
me, e as arrecadas, 21e os anéis, e os rá um tabernáculo para fazer som­
pinjentes de pedras preciosas que bra de dia contra a calma, e para
lhes pendem sôbre a fronte, 22e os segurança e guarida contra a tempes­
vestidos de festa, e os mantos, e as tade e a chuva.
gazes (ou véus), e os (ricos) alfine­
tes, 23e os espelhos, e os lenços de­ Apólogo da vinha
licados, e os listões, e as roupas de C 7Cantarei ao meu amado o cãn-
verão. 24E, em lugar de cheiro sua­ ^ tico do meu parente sôbre a sua
ve, terão a hediondez, e por cinta u- vinha. O meu amado adquiriu uma
ma corda, e por cabelo encrespado a vinha, plantada numa coiina fertilís-
calva, e por faixa do peito um cilício. sima.
23Também os teus mais belos ho­ 2E cercou-a duma sebe, e tirou de­
mens cairão mortos à espada, e os la as pedras, e plantou-a de bacelo
teus valentes (cairão) no combate. escolhido, e edificou uma torre no
26As portas de Jerusalém estarão na meio, e construiu na mesma torre
tristeza e no luto, è ela, desolada, um lagar; e esperava que desse boas
sentar-se-á por terra. uvas, mas produziu labruscas.
Os castigos reduzirão o número Aplicação e explicação do apólogo
de homens
3Agora, pois, habitantes de Jerusa­
A 1E naquele dia lançarão mão lém, e homens de Judá, sêde vós os
“ dum só homem sete mulheres, juizes entre mim e a minha vinha.
dizendo: Nós comeremos o nosso 4Que coisa há que eu devesse fazer
pão, e dos nossos vestidos nos co­ mais à minha vinha, que lhe não te-
Cap. I V — 1. Êste versículo pinta a miséria m oral e a despovoação do país.
2. Germe do Senhor. . . . fruto da terra. Nomes que se referem ao Messias, referindo-se
o primeiro à sua natureza divina, e o segundo à sua natureza humana.
5-6. A proteção dada pelo M essias será tâo maravilhosa, que há de fazer lem brar o que
o Senhor tinha feito em favo r dos Israelitas quando saíram do Egito.
Cap. V — 1-7. - Êste canto, atribuído ao próprio Deus, m anifesta as süas intenções acêr-
ca do seu povo, o qual é a vinha que êle plantou.
5 PROFECIA DE ISAIAS 819

nha feito? Far-lhe-ia acaso injúria róis, e o seu çovo, e os seus homens
em esperar que ela desse boas uvas, ilustres e gloriosos. 1BE o plebeu te­
em lugar das labruscas que produziu? rá de se curvar, e os grandes serão
5Pois agora vos mostrarei o que hei humilhados, e os olhos dos altivos se­
de fazer à minha vinha: arrancar-lhe- rão abatidos. l6E o Senhor dos e-
-ei a sebe, e ficará exposta ao rou­ xércitos será exaltado (pela retidão
bo; derrubar-lhe-ei o muro, e ficará do) seu juízo, e o santo Deus será
sujeita a ser pisada. °E farei com santificado pela (administração da
que fique deserta; não será podada sua) justiça. ,7E serão apascentados
nem cavada; e crescerão nela os es­ os cordeiros segundo o seu costume, e
pinhos e os abrolhos; e mandarei às dos campos desertos, convertidos em
nuvens que não derramem sôbre ela fertilidade, comerão os estranhos.
chuva. 7A vinha do Senhor dos exér­ ,8Ai de vos os que arrastais a ini­
citos é a casa de Israel, e os ho­ qüidade com cordas de vaidade, e o
mens de Judá, a planta na qual êle pecado com os tirantes dum carro (à
tinha as suas delícias; e esperei que semelhança de anim ais)! 1 89*Vós que
7
raticassem a retidão, e eis que só dizeis: A vie já com isso, e sem de­
ã iniqüidade, e que praticassem a mora venha a sua obra, para que a
justiça, e eis que sòmente se ouvem vejamos; e aproxime-se, e cumpra-
clamores (dos oprimidos). se o decreto do santo de Israel, a
Aplicação particularizada do apólogo fim de que nós o conheçamos.
" A i de vos os que ao mal chamais
8A i de vós que ajuntais casa com bem, e ao bem mal, que tomais as
casa, e ides acrescentando campo a trevas por luz, e a luz por trevas, que
campo, até chegar ao fim de todo o tendes o amargo por doce, e o doce
terreno! Porventura haveis de ha­ por amargo!
bitar sós no meio da terra? °Aos 21Ai de vos, os que sois sábios a
meus ouvidos chegam estas coisas, diz vossos olhos, e, segundo vós mesmos,
o Senhor dos exércitos. Verdadeira­ prudentes!
mente muitas casas grandes e belas 22Ai de vós os que sois poderosos
virão a ficar desertas, sem habitan­ para beber vinho, e fortes para fazer
te. 10Porque dez jeiras de vinhas misturas inebriantes (e não o sois
produzirão apenas um pequeno fras­ para administrar a ju s tiça )! 23Vós
co (de vinho), e trinta alqueires de os que justificais o ímpio pelas dádi-
semente não darão mais que três. vas, e ao justo tirais o seu direito!
«A i de vós os que vos levantais Castigo de Deus
pela manhã para vos entregardes à
embriaguez, e para beberdes até à tar­ 24P or esta causa, assim como a lín­
de com tal excesso, que venhais a gua do fogo devora a palha, e a
ficar de todo esquentados pelo v i­ brasa, o ardor da chama, assim a raiz
nho! 12A citara, e a lira, e o pan­ dêles será como a faísca, e o seu re­
deiro, e a flauta, e o vinho encon- novo se dissipará como o pó; porque
tram-se nos vossos banquetes; e vós rejeitaram a lei do Senhor dos e-
não olhais para a obra do Senhor, xércitos, e blasfemaram da palavra
nem considerais as obras das suas do santo de Israel. "P o r isso o fu­
mãos. «P o r isso é que o meu povo ror do Senhor se acendeu contra o
foi levado cativo, porque não teve seu povo, e estendeu a sua mão sô-
ciência, e os seus nobres morreram bre êle, e o feriu; e os montes se
de fome, e a sua multidão mirrou- abalaram, e os seus cadáveres fo­
se de sêde. 14Por isso é que a habi­ ram lançados como estéreo ao meio
tação dos mortos alargou o seu seio, das praças. Com todos êstes castigos
e desmesuradamente abriu a sua bô- não se aplacou o seu furor, mas ain­
ca; e desceram a ela os seus he­ da está levantada a sua mão. “ E
17. E serão apascentados. . . o país, quase sem habitantes, será convertido num grande
campo de pastagens.
18. H á neste versículo um a referência & escravidão que o pecado causa.
26. M etáfora expressiva, o Senhor utilizou duas espécies de sinais para cham ar os povos
pag&os que, de longe, viriam castigar Isra e l: Vrn estandarte levantado e um assobio.
820 PROFECIA DE ISAÍAS 5 -7

arvorará um estandarte para servir bios, e será tirada a tua iniqüida-


de sinal aos povos de longe, e cha- de, e expiado o teu pecado.
má-los-ã com um assobio desde os Mensagem de castigo
confins da terra; e acorrerão com
uma velocidade prodigiosa. 27Não 8E ouvi a voz do Senhor que di­
haverá nêles quem sinta cansaço ou zia: Quem enviarei eu? e quem irá
fadiga; não dormitarão, nem dormi­ por nós? Então disse eu: Aqui me
rão; ninguém desatará o cinto dos tens, envia-me. 9E o Senhor disse-
seus rins, nem desatará a correia do me: Vai, e dirás a êsse povo: Ouvi
seu calçado. “ As suas setas são agu­ o que eu vos digo, e não o enten­
das, e todos os seus arcos estão ente- dais, e vêde a visão, e não a conhe­
zados. As unhas dos seus cavalos são çais. 10Obceca o coração dêste povo,
como pederneira, e as rodas dos seus e ensurdece-lhe os ouvidos, e fecha-
carros têm a rapidez da tempestade. lhe os olhos, para que não suceda que
20O seu rugido será como o do leão, veja com seus olhos, e ouça com seus
rugirão como os leõezinhos, e solta­ ouvidos, e entenda com seu coração,
rão bramidos, e se arrojarão à prêsa, e se converta, e eu o sare. ME eu
e a levarão, e não haverá ,quem lha disse: Até quando, Senhor? E êle
tire. "E soará sobre Israel naque­ disse: A té que as cidades fiquem
le dia um como bramido do mar; o- desoladas e sem habitantes, e as ca­
lharemos para a terra, e eis que tudo sas sem gente, e a terra deserta. 12E
será trevas de tribulação, e a luz de­ 0 Senhor lançará os homens para
saparecerá nesta profunda escuridão. longe do seu país, e multiplicar-se-ão
os que ficaram no meio da terra. 13E
Vocação de Isaias ainda êstes serão dizimados, e se
converterão (ao Senhor) , e denota­
£ 2N o ano em que morreu o rei rão a sua (passada) grandeza como
^ Ozias, vi o Senhor sentado so­ um terebinto, e como um (velho)
bre um alto e elevado trono, e as carvalho, que estende os seus ramos;
franjas do seu vestido enchiam o a linhagem que ficar dêles, será san­
templo. 2Os serafins estavam por ta.
cima do trono; cada um dêles tinha Profecia contra os reinos da Síria e de
seis asas; com duas cobriam a sua fa­ Efrairn
ce, e com duas cobriam os pés, e com
duas voavam. 3E Clamavam um para n 1E aconteceu no reinado de A -
o outro, e diziam: 12Santo, Santo, San­ 1 caz, filho de Joatan, filho de
to é o Senhor Deus dos exércitos, Ozias, rei de Judá, que Rasin, rei da
tôda a terra está cheia da sua gló­ Síria, e Facéia, filho de Romélia,
ria. 4E estremeceram os umbrais das rei de Israel, marcharam contra Je­
portas à voz do que clamava, e a ca­ rusalém, para a combater, e não a
sa encheu-se de fumo. puderam conquistar. 2E deram avi­
5Então disse eu: A i de mim que so à casa de Davi dizendo: A Síria
me calei, porque sou um homem de coligou-se com Efraim. Ao ouvir is­
lábios impuros, e habito no meio dum to, ficou agitado o coração de Acaz
povo que tem os seus também im ­ e o coração do seu povo, como se agi­
puros, e vi com os meus olhos o rei, tam as arvores das selvas com o ím­
o Senhor dos exércitos. 6E voou pa­ peto do vento. 3Então disse o Se­
ra mim um dos serafins, o qual tra­ nhor a Isaias: Sai ao encontro de
zia na mão uma brasa viva, que ti­ Acaz, tu e o teu filho Jasub, que fi­
nha tomado do altar com uma te­ cou na extremidade do aqueduto da
naz. 7E tocou a minha bôca, e disse: piscina superior, no caminho que
Eis que esta brasa tocou os teus lá- conduz ao campo do pisoeiro.

cap. V I — s. P o i nós. S. Jerônimo v ê indicada neste plural a Trindade das pessoas em


Deus.
9-10. A pregaç&o de Isa ia s será. inútil p ara a m aior parte dos Israelitas, por causa do
seu endurecimento voluntário, Para que não suceda.. . Deus nfto é & causa positiva da
cegueira ou do endurecimento, m as permite-os, subtraindo as suas graças àqueles que ab u -
sam delas.
7 -8 PROFECIA DE ISAÍAS 821
4E dir-lhe-ás: Trata de sossegar; o teu povo, e sôbre a casa de teu pai
não temas, nem se desanime o teu dias tais, quais não foram vistos des­
coração, à vista dêstes dois troços de os dias em que Efraim se separou
de tições fumegantes em ira de fu­ de Judá. ME acontecerá naquele dia
ror, de Rasin, rei da Síria, e do fi­ que o Senhor assobiará à mosca que
lho de Romélia; *(não temas) pelo está no extremo dos rios do Egito,
fato de se terem confederado contra e à abelha que está na terra de As-
ti a Síria, Efraim e o filho de R o­ sur, 19e elas virão, pousarão tôdas
mélia, dizendo: °Vamos contra Ju- nas torrentes dos vales, e nas caver­
dã, e provoquemo-lo, e arranquemo- nas dos rochedos, e em todos os ma­
lo para nós, e ponhamos como rei no tos, e em todos os buracos. ^Naquele
meio déle ao filho de Tabeel. 7Es- dia o Senhor, por meio duma navalha
tas coisas diz o Senhor Deus: Não alugada, (isto é ) por meio dos que
subsistirá, nem terá efeito êste desíg­ estão da banda de além do rio (E u -
nio; 8antes serão destruídos Damas­ frates), por intervenção do rei dos
co, metrópole da Síria, e Rasin, so­ Assírios, rapará a cabeça, o pêlo dos
berano de Damasco, e, dentro de ses­ pés e a barba tôda.
senta e cinco anos, até Efraim dei­ 21E acontecerá também naquele dia
xará de ser povo: 9e nem Samaria ue um homem criará uma vaca e
será capital de Efraim, nem o filho uas ovelhas, 22e, pela abundância
de Romélia soberano de Samaria. do leite, sustentar-se-á de manteiga,
Se o não crerdes, não subsistireis. porque todo aquêle que tiver ficado
no meio da terra, comerá manteiga
A grande profecia da Virgem Mãe e mel. “ E acontecerá naquele dia
10E o Senhor continuou a falar com que todo o lugar onde houver mil
Acaz, dizendo: 11Pede para ti ao Se­ vides no valor de mil moedas de pra­
nhor teu Deus um sinal, quer no ta, se cobrirá de espinhos e abrolhos.
fundo da terra,' quer no mais alto do 24Com setas e arcos entrarão ali, por­
céu. 12E disse Acaz: Não pedirei tal, que os abrolhos e os espinhos cobri­
nem tentarei ao Senhor. 13E Isaías rão tôda aquela terra. 25E todos os
disse: Ouvi, pois, casa de Davi: P or­ montes que eram sachadós, não terão
ventura não vos basta ser molestos para resguardo o terror dos espinhos
aos homens, senão que também ou­ e dos abrolhos (que os cercavam),
sais sê-lo ao meu Deus? 14Pois por mas servirão para pasto dos bois e
isso o mesmo Senhor vos dará êste para serem pisados dos gados.
sinal: Uma virgem conceberá e dará Dois sinais da ruína de Damasco e da
à luz um filho, e o seu nome será Samaria
Emanuel. 15Êle comerá manteiga e
mel, até que saiba rejeitar o mal e O JE o Senhor disse-me: Toma um
escolher o bem. 16Porque, antes que ° livro grande, e escreve nêle em
o menino saiba rejeitar o mal e es­ caracteres legíveis: Toma depressa
colher o bem, a terra que tu detestas, os despojos, faze velozmeiite a prê-
será desamparada por causa dos seus sa. 2E eu tomei (p o r) testemunhas
dois reis. fiéis (do que escrevia) o sacerdote
Os horrores da invasão dos Assírios Urias, e Zacarias, filho de Baraquias;
3e coabitei com a profetisa (minha
170 Senhor, por intervenção do rei espôsa), e ela concebeu, e deu à luz
dos Assírios, fará vir sobre ti e sobre um filho. Então disse-me o Senhor:
Cap. v i l — 12. A caz sim ula respeito pela lei, a fim de encobrir a sua m á vontade e a
.sua incredulidade.
14. U rna v i r g e m . .. segundo sâo Mateus (I, 23) e tôda a tradição católica, a v ir g e m é
M aria Santíssima e E m a n u e l é o verbo Encarnado.
15. É le c o m e r á . . . Estas palavras referem-se & futura devastação da Palestina, em que
âòmente haverá para comer o m e l silvestre e a manteiga dos poucos rebanhos que ficarem.
18. os Egipcios sfto comparados às moscas, e os Assírios, mais poderosos, a um enxame
de abelhas.
20. R a p a r á . . . No Oriente, rapar o cabelo a alguém é tratá-lo com o último desprêzo.
822 PROFECIA DE ISAÍAS 8 - 9

Põe-lhe um nome ( que sign ifiqu e): lhe êste oráculo, sela esta revelação
Toma depressa os despojos, faze ve­ para os meus discípulos.
lozmente a prêsa. 4Porque, antes Deve-se observar a lei e
que o menino saiba chamar por seu evitar a superstição
pai e por sua mãe, já o rei dos Assí­
rios terá destruído o poder de Da­ 17Eu (apesar de tudo) esperarei no
masco, e saqueado a Samaria. Senhor, que esconde a sua face à ca­
5E continuou o Senhor a falar-me sa de Jacó, e aguardá-lo-ei. 18Eis a-
ainda, dizendo: °Porque êste povo re­ qui estou eu e os meus filhos, que
jeitou as águas de Siloé, que correm o Senhor me deu para servirem de
docemente, e preferiu apoiar-se em sinal e de portento a Israel, da par­
Rasin, e no filho de Romélia, 7por te do Senhor dos exércitos, que ha­
êste motivo eis que o Senhor fará bita no monte Sião.
vir sôbre êle as águas impetuosas e 19E, quando vos disserem: Consul­
abundantes do rio (E ufrates), o rei tai os magos e os adivinhos, que mur­
dos Assírios com todo o seu poder; muram em segrêdo nos seus encanta­
e subirá sôbre todos os seus ribeiros, mentos, (respondei): Porventura o
e correrá por cima de tôdas as suas povo não há de consultar o seu Deus?
margens, 8e se espraiará por Judá, i- Há de ir falar com os mortos acêroa
nundando-a, e indo assim passando, dos vivos? "Antes à lei e ao teste­
lhe chegará até ao pescoço. E a munho (é que se deve recorrer). P o­
extensão de suas asas encherá todo rém, se êles não falarem segundo esta
o espaço da tua ferra, ó Emanuel. linguagem, não raiará para êles a luz
da manhã. 21E andarão errantes,
O Emanuel será libertador e cairão e terão fome; e, quando pa­
escândalo de Israel decerem esta fome, se agastarão, e
9Ajuntai-vos, povos, e sereis ven­ amaldiçoarão o seu rei e o seu Deus,
cidos, e vós, tôdas as terras de lon­ e levantarão os olhos para o alto,
ge, ouvi, reuni as vossas forças, e se­ 22e olharão para a terra, e eis que
reis vencidas, tomai as vossas armas, tudo será tribulação e trevas, abati­
e sereis vencidas; 10formai planos, e mento e angústia, e nuvem sombria
êles sairão frustrados; proferi algu­ que os persiga, e não poderão esca­
ma palavra de mando, e ela não será par do apêrto em que se encon­
executada, porque Deus é conosco. tram.
“ Porque o Senhor me falou assim, Profecia acêrca do nascimento e
(tom ando-m e) com a sua mão pode­ império do Messias
rosa, e avisando-me para não seguir
pelo caminho dêste povo, dizendo: Q 2N o tempo passado foi levemen-
12Não digais: Conspiração; porque te combatida a terra de Zabu-
tudo o que êste povo diz é*uma cons­ lão, e a terra de Neftali, e no tem­
piração; e não temais o que êle teme, po futuro serão cobertas de glória a
nem vos assusteis. 13Dai glória ao costa do mar, além do Jordão, a Ga-
Senhor dós exércitos; seja êle (só) liléia das nações. 2Êste povo, que
o vosso temor e o vosso terror, 14e andava nas trevas, viu uma grande
será para vós um motivo de santi­ luz; aos que habitavam na região
ficação, ao passo que servirá de pe­ da sombra da morte nasceu-lhes o
dra de tropêço, e de pedra de escân­ dia. 3Multiplicaste a gente, e não au­
dalo às duas casas de Israel; de laço mentaste a alegria. Êles se alegra­
e de ruína aos habitantes de Jerusa­ rão quando tu lhes apareceres, como
lém. 15E tropeçarão muitos de entre ê- os que se alegram no tempo da mes-
les, e cairão, e serão feitos em peda­ se, e como exultam os vencedores
ços, e enredados, e presos. 10Recó- com a prêsa que tomaram, quando
Cap. V I I I — 6. A s águas de Siloé. Êste ribeiro, que corre docemente, junto do tem-
pio, simboliza a proteção divina.
8. Õ Emanuel. O profeta dirigi-se ao Redentor prometido, p ara obter, sem demora, o
seu auxílio. Considera-o senhor do pais (a tua terra).
Cap, I X — 3. Segundo o hebreu: Multiplicaste o povo e deste-lhe urna grande alegria.
9 - 1 0 PROFECIA DE ISAÍAS 823

repartem os despojos. “Porque tu nhor não porá a sua alegria nos jo­
quebraste o pesado jugo que o opri­ vens de Israel; e não se compadece­
mia, e a vara que lhe rasgava as es- rá dos seus órfãos, nem das suas
páduas, e o cetro do seu exactor. co­ viúvas, porque todos êles são uns
mo o fizeste-na jornada de Madian. hipócritas e uns maus, e tôdas as
5Porque todo o despojo feito com suas bôcas só proferem loucuras.
violência e tumulto, e a vestidura Apesar de tudo isto, não se aplacou
manchada de sangue serão queima­ 0 seu furor, mas ainda está levanta­
dos, e ficarão sendo o pasto do fo ­ da a sua mão.
go. 18Porque a impiedade se acendeu
6Porquanto um menino nasceu pa­ como um fogo, ela devorará os abro­
ra nós, e um filho nos foi dado e lhos e os espinhos, e se ateará na
foi pôsto o principado sôbre o seu espessura do bosque, e subirão ao
ombro; e será chamado Admirável, alto turbilhões de fumo. 19Turbou-
Conselheiro, Deus Forte, Pai do século se a terra pela ira do Senhor dos
futuro, Príncipe da paz. 70 seu império exércitos, e virá a ser o povo como
se estenderá cada vez mais, e a paz pasto do fogo; o irmão não perdoa­
não terá fim; sentar-se-á sôbre o rá ao seu irmão. 20E voltar-se-á pa­
trono de Davi e sôbre o seu reino, ra a direita, e terá fome; e comerá
para o firm ar e fortalecer pelo di­ (tudo o que encontrar) à esquerda,
reito e pela justiça, desde agora e e não se fartará; cada um devorará
para sempre; fará isto o zêlo do Se­ a carne do seu braço: Manassés a
nhor dos exércitos. Efraim, e Efraim a Manassés, os
mesmos juntos se levantarão contra
O c a stigo da S a m a ria e do reino de Judá. 21Apesar de tudo isto, não se
Is r a e l
aplacou o seu furor, mas ainda está
sO Senhor dirigiu a sua palavra a levantada a sya mão.
Jacó, e ela caiu em Israel. 9E sabê- O s bon s se rão p u rific a d o s e os
-lo-á todo o povo de Efraim e os ha­ m a u s c a stig a d o s
bitantes da Samaria, os quais, cheios
de soberba e arrogância de coração, 1 Q 7A i dos que decretam leis iní-
dizem: 10Os ladrilhos (isto é, os edifí­ 1 u quas, e escrevem continua­
cios) caíram, mas nós edificaremes mente (sentenças de) injustiça, 2pa-
com pedras de silharia; cortaram os ra oprimirem os pobres em juízo, e
sicômoros, porém, nós poremos ce­ fazerem violência à causa dos fra ­
dros em seu lugar. nE o Senhor sus­ cos do meu povo, para as viúvas se­
citará contra êles os adversários de rem a sua prêsa, e roubarem os bens
Rasin, e fará entrar em tumulto os dos órfãos! 3Que fareis vós no dia
seus inimigos, 12os Sírios da parte do da visita (divina) e da calamidade
oriente, e os Filisteus da banda do que vem de longe? Para quem fu­
ocidente; e êles devorarão Israel com gireis, a fim de ter auxílio, e onde
tôda a bôca. Apesar de tudo isto, deixareis (ou de que vos servirá)
não se aplacou o seu furor, mas ain­ a vossa grandeza, 4para não ficar­
da está levantada a sua mão. des encurvados debaixo do pêso das
130 povo não se voltou para quem cadeias, e para não cairdes entre os
o feria, e não buscaram o Senhor dos mortos? Apesar de tudo isto, não
exércitos. 14E o Senhor destruirá se aplacou o seu furor, mas ainda
num só dia a cabeça e a cauda a está levantada a sua mão.
Israel, os que obedecem e os que go­ 5A i de Assur! Èle é a vara e o
vernam. 150 ancião e o homem res­ bastão do meu furor, na sua mão
peitável são a cabeça, e o profeta que está a minha indignação. °Eu o en­
ensina a mentira é a cauda. 16E os viarei a uma nação pérfida, e lhe
que chamam ditoso a êste novo, en­ ordenarei que marche contra ym
ganando-o, como os próprios que são povo que eu olho com furor, para
chamados ditosos, serão pricipitadcs que leve dêle os despojos, o ponha
(na ruma). 17P or esta causa o Se­ a saque, e o calque aos pés como a
4. N a jornada de Madian, em que Gedeão derrotou os M adianitas dum modo miraculoso.
824 PROFECIA DE ISAÍAS 10

lama das ruas. 7Mas êle não o jul­ ria. 17E a luz de Israel estará na­
gará desta maneira, nem o seu co­ quele fogo, e o seu Santo na cha­
ração pensará assim; o seu coração ma, que abrasará e devorará os
somente pensará em destruir e ex­ seus espinhos, e os seus abrolhos em
terminar numerosas nações. 8Por- um só dia. 18E a glória do seu bos­
que dirá: Não é assim que os meus que e dos seus campos deliciosos se­
príncipes são simultâneamente reis? rá consumida desde a alma até o
°Acaso não me está do mesmo mo­ corpo, e ela fugirá de puro mêdo.
do sujeita Calano como Carcames, 19E as árvores que ficaram do seu
Emat como Arfad, Samaria como bosque poderão ser contadas em con-
Damasco? 10Assim como a minha seqüência do seu pequeno número, e
mão atingiu os reinos dos ídolos, as­ um menino poderá escrever a lista
sim também destruirei os simula­ delas.
cros dos de Jerusalém e de Sama­ Conversão dos restos de Israel
ria. “ Porventura o que eu fiz à
Samaria e aos seus ídolos, não o 20E acontecerá isto naquele dia:
farei também a Jerusalém e aos seus Os que tiverem ficado de Israel, e
simulacros? os da casa de Jacó, que se tiverem
salvado, não se apoiarão mais sôbre
Castigo do orgulho dos Assírios aquêle que os fere, mas apoiar-se-ão
sinceramente sôbre o Senhor, o San­
12Mas, quando o Senhor tiver cum­ to de Israel. “ Converter-se-ão as re­
prido tôdas as suas obras no mon­ líquias, as relíquias digo, de Jacó, ao
te Sião e em Jerusalém: Eu visita­ Deus forte. 22Porque, ainda que o
rei (diz êle) o fruto do orgulhoso teu povo, ó Israel, fôsse tão numero­
coração do rei Assur, e a arro­ so como a areia do mar, só algumas
gância dos seus olhos altivos. “ Por­ relíquias dêle se converterão; a des­
quanto êle disse: Pelo esfôrço da truição que está resolvida fará trans­
minha mão fiz isto, e com a minha bordar a justiça. “ Porque esta des­
sabedoria o entendi; e mudei os li­ truição que fol decretada, o Senhor,
mites dos povos, e despojei os seus o Deus dos exércitos, a cumprirá no
príncipes, e como poderoso derru­ meio de tôda a terra.
bei os qu e. residiam em altos pos­ ^Portanto, isto diz o Senhor Deus
tos. UE a minha mão tomou co­ dos exércitos: Povo meu que ha­
mo a um ninho a riqueza dos po­ bitas em Sião, não temas Assur;
vos; e, assim como se recolhem os êle te ferirá com a sua vara, e le­
ovos, que foram deixados, assim vantará o seu bastão para o descar­
juntei eu tôda a terra, e não hou­ regar sôbre ti, como (ou trora ) o
ve quem movesse a asa, nem abris­ Egito. “ Porém, espera um pouco,
se a bôca, nem soltasse o menor gri­ em breve espaço, e eu punirei o seu
to. “ Acaso gloriar-se-á o macha­ crime com tôda a minha indigna­
do contra o que corta com êle? Ou ção e furor. 26E o Senhor dos exér­
levantar-se-ã a serra contra aquêle citos levantará o flagelo contra êle,
por quem é posta em movimento? e o ferirá como (fe riu ) Madian no
( T udo isto é) como se a vara se le­ penhasco de Oreb, e, como levantou
vantasse contra o que a maneja, e a sua vara sôbre o mar (Verm elho) ,
como se o bastão se orgulhasse, êle, levantá-la-á, (de novo) como no E-
que não é mais que um pau. “ Por gito.
isso o Dominador, o Senhor dos e-
O exército Assírio derrotado
xércitos, enviará a fraqueza sôbre
os (guerreiros) robustos dos Assí­ diante de Jerusalém
rios; e ela arderá como o fogo dum 27Também acontecerá isto naquele
incêndio, ateado debaixo da sua gló­ dia: Será tirado o seu pêso do teu
Cap. X — 12. Quando o Senhor tiver castigado Judâ por meio dos Assírios, êstes mesmos
serão aniquilados, por causa do seu orgulho.
27. D o azeite, isto é, d a misericórdia divina, segundo o entendeu S. Jerônimo. A liber­
tação do jugo dos Assírios sim bolizava a nossa libertação do jugo do demônio pelos méritos
de Jesus Cristo.
10 - 11 PROFECIA DE ISAIAS 825

ombro, e o seu jugo do teu pescoço, brito; o novilho e o leão e a ovelha


e apodrecerá o jugo por causa (da viverão juntos, e um menino peque­
abundância) do azeite. 28(O rei da no os conduzirá. tO novilho e o
Assíria) chegará até Aiat, passará urso irão comer às mesmas pasta­
0 Magron, em Macmas deixará de­ gens; as suas crias descansarão u-
positada a sua bagagem. 29Passa- mas com as outras; e o leão come­
rão a marchas forçadas (dizendo): rá palha como o boi; 8e a criança
em Gaba plantaremos os nossos ar­ de peito brincará sôbre a toca da
raiais; Rama ficou cheia de espan­ áspide; e na caverna do basilisco
to, Gabaat de Saul tomou a fuga. meterá a sua mão a que estiver já
30Levanta a tua voz, ó filha de Ga- desquitada. 9Êles não farão dano
iim; toma cuidado, Laisa: (e tu algum, nem matarão em todo o meu
também) pobrezinha Anatot. 31Mede- santo monte, porque a terra estará
mena emigrou; vós, habitantes de cheia da ciência do Senhor, assim
Gabim, cobrai alento. 32Mais um dia, como as águas do mar que a co­
e êle fará alto em Nobe; e (Senaque- brem.
rib ) moverá a sua mão contra o
monte da filha de Sião, contra a C o n v ersão dos p a g ã o s : v o lta de Is r a e l
colina de Jerusalém. 33Eis que o Do­ disperso
minador, o Senhor dos exércitos que­ “ Naquele dia o (Messias) reben­
brará o vaso de terra com ímpeto, to da raiz de Jessé, que está pos­
e os de estatura agigantada serão to por estandarte dos povos, será
cortados, e os grandes serão abati­ invocado pelas nações, e será glo­
dos. 34E as espessuras do bosque se­ rioso o seu sepulcro. “ Também a-
rão derribadas pelo ferro; e o Líba­ contecerá isto naquele dia: Esten­
no cairá com os seus altos (cedros). derá segunda vez o Senhor a sua
mão para possuir os restos do seu
R ein o u n iv e rs a l e pacífico do M e ssia s povo, que tiverem escapado ao fu­
ror dos Assírios, e do Egito, e de
11 XE sairá uma vara do tronco Fetros, e da Etiópia, e de Elão, e de
1* de Jessé, e uma flor brota­ Senaar, e de Emat, e das ilhas do mar.
rá da sua raiz. 2E repousará sobre 12E levantará o seu estandarte entre as
êle o Espírito do Senhor, espirito nações, e juntará os fugitivos de Is­
de sabedoria e de entendimento, es­ rael, e reunirá os dispersos de Judá,
pírito de conselho e de fortaleza; es­ dos quatro cantos da terra. 13E se­
pírito de ciência e de piedade; 3e rá destruído o cisma de Efraim, e
será cheio do espírito de temor do perecerão os inimigos de Judá; E-
Senhor. Não julgará pelo que se fraim não terá inveja a Judá, e
manifesta exteriormente à vista, Judá não pelejará contra Efraim.
nem condenará somente pelo que 14E voarão (juntos) pelo lado do
ouve dizer; 4mas julgará os pobres mar a pôr-se em cima dos ombros
com justiça, e tomará com eqüidade dos Filisteus, e saquearão os filhos
a defesa dos humildes da terra, e do Oriente; a Iduméia e Moab se­
ferirá a terra com a vara da sua rão ràpidamente prêsa das silas
boca, e matará o ímpio com o sô- mãos, e os filhos de Amon lhes pres­
pro dos seus lábios. 5E a justiça se­ tarão obediência. 15E o Senhor se­
rá o cinto dos seus lombos, e a fé, cará a língua do mar do Egito, e le­
o talabarte dos seus rins. vantará a sua mão sôbre o rio (o
0O lobo habitará com o cordeiro; qual agitará) com o seu sôpro po­
e o leopardo se deitará ao pé do ca­ deroso; e ferí-lo-á (dividindo-o) em
28-32. Descrição profética e ideal da marcha dos Assírios sôbre Judá, terminando pela
sua ruína (33-34).
34. A s espessuras, a multidão dos soldados Assírios, o exército de Senaquerib é compa­
rado a um grande bosque, e os seus capitães às árvores maiores.
Cap. X I — 6-9. U m a form osa pintura do que havia de acontecer, ao reunir-se na mes­
m a Ig re ja tanta diversidade de povos e nações, e homens tão diferentes: uns fortes e beli­
cosos como leões, outros pacíficos como cordeiros, etc.
10. E será glorioso. . . o sepulcro de Cristo tem sido e será sempre glorioso.
826 PROFECIA DE ISAIAS 11 - 13
sete canais, de sorte que por êle O g ra n d e d ia do Senhor
se possa passar com calçado, e
haverá um caminho para o resto 6Soltai gritos, porque o dia do
do meu povo, que escapar dos As­ Senhor está perto; virá do mesmo
sírios, como o houve para Israel Senhor uma como total assolação.
naquele dia em que saiu da terra 7Por esta causa, todas as mãos per­
do Egito. derão o seu vigor, e todo o cora­
ção do homem desanimará 8e fica­
Cân tico dos res g a ta d o s rá quebrantado. Apoderar-se-ão dê-
les convulsões e dores e gemerão
1 2 2E dirás naquele dia: Eu te como a mulher que está de parto;
rendo graças, Senhor, porque cada um ficará atônito, olhando pa­
te iraste contra mim, (mas) o teu ra o seu vizinho, os seus rostos tor-
furor aplacou-se, e tu me consolaste. nar-se-ão inflamados.
2Eis que Deus é o meu Salvador; 9Eis que virá o dia do Senhor, o
viverei cheio de confiança, e não dia cruel e cheio de indignação, e de
temerei, porque o Senhor é a mi­ ira, e de furor, para transformar
nha fortaleza e a minha glória, e a terra numa solidão, e para exter­
êle se tornou a minha salvação. minar dela os pecadores. 10Porquan-
3Vós tirareis com gôsto águas das to as estréias do céu, e o seu res-
fontes do Salvador; plendor não espalharão a sua luz;
4e direis naquêle dia: Louvai o cobrir-se-á de trevas o sol no seu
Senhor, e invocai o seu nome; publi­ nascimento, e a lua não resplande­
cai entre os povos as suas obras; cerá com a sua luz. nE castigarei
lembrai-vos de que o seu nome é a terra por suas maldades, e os ím­
excelso. pios por sua iniqüidade, e porei
5Cantai ao Senhor, porque êle fêz fim à soberba dos infiéis, e humilha­
coisas magníficas; anunciai isto em rei a arrogância dos fortes. 120 ho­
tôda a terra. mem será mais raro que o ouro, e
6Exulta e louva, casa de Sião, por­ mais precioso que o ouro mais pu­
que se mostra grande no meio de ro. 13Além disto turbarei o céu, e
ti o Santo de Israel. mover-se-á a terra do seu lugar, por
causa da indignação do Senhor dos
D e u s con voca os m en sageiro s exércitos, e porque é o dia da sua
dos seus castigos 10 ira e do seu furor.
A q u e d a è a ru ín a de B a b ilô n ia
1 0 7Profecia contra Babilônia, re-
181 velada a Isaías, filho dè A- 14Então (Babilônia) será como a
mós. gazela que foge, e como a ovelha que
2Levantai o estandarte sobre (B a ­ ninguém recolhe. Cada um (deixará
bilônia) êsse monte coberto de tre­ Babilônia, e) voltará para o seu po­
vas; levantai a voz, agitai a mão, vo, e fugirá para a sua terra. 15Todo
e entrem os capitães pelas suas por­ o que fôr encontrado (na cidade) se­
tas. 3Eu dei ordens aos que consa­ rá morto, e todo o que sobreviver
grei (para esta obra), e chamei aos cairá passado à espada. 10Seus filhl-
meus valentes na minha ira, êles nhos serão massacrados diante dos
exultam com a minha glória. 4Vo- seus olhos; suas casas serão saquea­
zearia de muita gente sôbre os mon­ das, e suas mulheres violadas. 17E:s
tes, como se fôra de numerosos po­ que eu suscitarei contra êles os Me­
vos; ruido confuso de reis, de na­ dos, que não buscarão prata, nem
ções reunidas. O Senhor dos exér­ cobiçarão ouro, ,8mas matarão as
citos deu ás suas ordens à belicosa crianças com as suas setas, e não se
milícia 5que vem de longínqüo país, compadecerão das mulheres grávidas,
da extremidade do mundo; o Senhor nem pouparão os seus filhos. 10E es­
e os instrumentos do seu furor apres­ sa Babilônia, gloriosa entre os rei­
sam-se para destruir tôda a terra. nos, o orgulho dos Caldeus, ficará
Cap. X I I — 3. Bela m etáfora para indicar as graças abundantes que se poder&o obter
do Salvador.
13 - 14 PROFECIA DE ISAÍAS 827

destruída, como o Senhor destruiu se à tua chegada, enviou gigantes


Sodoma e Gomorra. 20Nunca mais ao teu encontro. Todos os príncipes
será habitada, nem reedificada de ge­ da terra se levantaram dos seus tro­
ração em geração; nem ali porá as nos. todos os príncipes das nações.
suas tendas o Árabe, nem repousa­ "Todos, dirigindo-te a palavra, te
rão nela os pastores. 21Mas as feras dirão: Também tu fôste ferido igual­
farão ali o seu covil, e encher-se-ão mente como nós, vieste a ser seme­
as suas casas de dragões; e habita­ lhante a nós! “ A tua soberba foi
rão ali os avestruzes, e os sátiros ali abatida até aos infernos, caiu por
dançarão; 22entre (as ruínas dos) terra o teu cadáver; debaixo de ti
seus palácios ressoarão os pios dos se estenderá por cama a podridão, e
mochos, e as sereias cantarão nas a tua coberta serão os vermes.
suas casas de prazer. 12Como caíste do céu, ó astro bri­
L ib e rta ç ã o de Is r a e l e canto t riu n fa l lhante, que, ao nascer do dia, (ta nto)
dos Judeus brilhavas? Como caíste por terra, tu
que ferias as nações? 13Qae dizias
1 A ^ s te seu tempo está próximo no teu coração: Subirei ao céu, es-
a vir, e os seus diar não se tabelecerei o meu trono acima dos
prolongarão; porque o Sennor terá astros de Deus, sentar-me-ei sobre o
compaixão de Jacó, e reservará ain­ monte da aliança, (situado) aos lados
da para si alguns escolhidos de Israel, do aquilão. “ Sobrepujarei a altura
e fá-los-á descansar na sua terra; das nuvens, serei semelhante ao A l­
agregar-se-á a êles o estrangeiro, e tíssimo. 15E contudo fôste precipi­
se incorporará com a casa de Jacó. tado no inferno, até ao mais pro­
2E tomá-los-ão ( amigàvelmente) os fundo dos abismos. 16Os que te v i­
povos, e os conduzirão para o seu rem, inclinar-se-ão para ti, e te con­
país; e possuí-los-á a casa de Israel templarão, dizendo: Porventura é ês-
na terra do Senhor como servos e co­ te aquêle homem, que pôs a terra em
mo servas; e ficarão cativos aquêles confusão, que fêz estremecer os rei­
que os tinham cativado, e sujeitarão nos, 17que fêz do mundo um deser­
os seus opressores. 3E naquele tem- to, e destruiu as suas cidades, e que
o. em que o Senhor te tiver dadonão abriu (nunca) a prisão aos seus
escanso, depois do teu trabalho e cativos?
da tua opressão, e dura servidão, a 18Todos os reis das nações, todos
que estiveste sujeito, 4usarás desta morreram (e foram sepultados) com
parábola (ou modo figurado de falar) glória; cada um foi depositado no
contra o rei de Babilônia, e dirás: seu sepulcro. 19Mas tu fôste atirado
Como terminou o tirano, como se para longe do teu sepulcro, como um
acabou o tributo? 50 Senhor despe­ tronco inútil e manchado, e confun­
daçou o bastão dos ímpios, a vara dido com aquêles que foram mortos
dos dominadores, °o que na sua in­ à espada, e desceram ao fundo da
dignação feria os povos com uma cova, como um pobre cadáver. “ Não
chaga incurável, o que sujeitava as terás consórcio com êles, nem ainda
nações no seu furor, o que cruel­ na sepultura, porque arruinaste a ,tua
mente as perseguia. terra, fizeste perecer o teu povo.
7Tôda a terra está em descanso e Nunca jamais se falará da raça dos
em paz, ela se encheu de prazer e celerados.
regozijo. 8Até as faias e os cedros 21Preparai seus filhos para o mas­
do Líbano se alegraram com a tua sacre, por causa da iniqíiidade de
perda. Desde que tu morreste (d i­ seus pais; êles não se levantarão, nem
zem êles), não subirá quem nos cor­ herdarão a terra, nem encherão de
te. cidades a face do mundo. 22E levan-
A descida do rei de B a b ilô n ia tar-me-ei contra êles, diz o Senhor
ao in fe rn o
dos exércitos, e destruirei o nome de
90 inferno lá em baixo comoveu- Babilônia, e as suas relíquias, e o
Cap. X IV — 13. S Ô b re o m o n te d a a lia n ç a , no monte de Sifto.
18. C o m g ló r ia , com pompa fúnebre.
828 PROFECIA DE ISAIAS 14 - 16

renovo, e tôda a sua raça., diz o Se­ ta l) de Moab, emudeceu; em uma


nhor. “ E reduzí-la-ei a um ninho noite foi demolida a muralha de
de ouriços, e a lagoas de água, e var- Moab, emudeceu. 2A casa (real e íó-
rê-la-ei com a vassoura da destrui­ da a cidade de) Dibon subiram aos
ção, diz o Senhor dos exércitos. altos para chorar sôbre Nabo, e sô­
O rác u lo con tra os A ssírio s
bre Medaba. Moab lamentou-se, tô­
das as suas cabeças estão rapadas, e
24Jurou o Senhor dos exércitos, di­ tôda a barba está cortada. 3Andam
zendo: Por certo que assim como eu pelas suas ruas vestidos de saco; sô­
pensei, assim será; e do modo que bre os seus telhados, e nas suas pra­
o tracei na mente, 25assim acontece­ ças somente se ouvem lamentos acom­
rá: Destruirei na minha terra o As­ panhados de lágrimas. 4Gritará He-
sírio, e sôbre os meus montes o cal­ sebon e Eleale, até Jasa foi ouvida
carei aos pés; e será tirado a Israel a sua voz. À vista disto lamentar-
0 seu jugo, e o pêso dêle se descar­ -se-ão os próprios guerreiros de
regará dos seus ombros. 20Êste é o Moab; a alma de cada um dêles la­
desígnio que eu formei acêrca de tô­ mentará a sua própria sorte.
da a terra (referida) , e eis a mão
que está levantada sôbre tôdas as Todo o p a is se rá de v a sta d o
nações. 27Porque o Senhor dos exér­ pelo inim igo
citos o decretou, e quem poderá opor-
se? A sua mão está levantada, e sO meu coração clamará à vista de
quem a fará apartar? Moab; os seus defensores irão fugin­
do até Segor (cidade forte, qual) no­
O rác u lo c on tra os F iliste u s vilha de três anos. Pela colina de
“ No ano em que morreu o rei Luit subirá cada um chorando, e
Acaz, foi anunciado êste oráculo. pelo caminho de Oronaim irão dando
29Não te alegres tu, ó terra dos Filis­ gritos de aflição. 6As águas de Nem-
teus, por se ter despedaçado a vara rim serão desamparadas, por isso se­
do que te feria; porque da estirpe cou-se a erva, não vingaram as plan­
da cobra sairá o basilisco, e o que tas, pereceu tôda a verdura. 7Serão
dêle nascer devorará as aves. "E n ­ visitados (ou castigados) na propor­
tão os mais pobres (de Israel) serão ção da gravidade das suas maldades;
nutridos, e os indigentes repousarão levá-los-ão (os inimigos) para a tor­
com segurança; e farei morrer de rente dos Salgueiros. 8Os gritos ou-
fome a tua raiz (6 F ilisteu ), e aca­ viram-se à volta pelos confins de
barei com tudo o que restar de ti. Moab; chegaram até Galim os seus
31Dá uivos, ó porta; grita, cidade; to­ lamentos, e até ao poço de Elim os
do o país dos Filisteus está por ter­ seus clamores. 9Porque ficaram
ra; porque do aquilão virá um fu­ cheias de sangue (de Moabitas) as
mo, e não há quem possa escapar águas de Dibon; pois enviarei sôbre
aos seus batalhões. 32E que se res­ Dibon uns acréscimos (de desgraças:
ponderá então aos mensageiros das enviarei) leões contra aquêles de
nações? Que o Senhor fundou Sião, Moab que escaparem, e contra os
e que nêle esperarão os humildes do restos da terra.
seu povo.
M eio de M o a b im pedir su a ru ín a
O rác u lo con tra os M o ah ita s
1 íj xEnvia, Senhor, o cordeiro do-
1C Oráculo contra Moab. Em uma 1u minador da terra, (mandado)
ÁO noite foi assolada A r (capi­ da pedra do deserto ao monte da fi-
28-32. Os Filisteus tinham-se revoltado contra Acaz, tirando-lhe muitas cidades, o pro­
feta prediz-lhes que serão derrotados por um filho de Acaz, e que um inimigo m ais terrível
ainda os am eaça do lado do norte.
31. D á u iv o s ... Apóstrofe dirigida às cidades dos Filisteus. — Porta ; portas das ci­
dades orientais, junto das quais os habitantes tinham as suas reuniões.
32. A os mensageiros que os Filisteus enviarão apressadamente a Jerusalém, para con­
cluir com Judá. um a aliança contra os Assírios.
Cap. X V I — 1. E n v i a ... segundo o hebreu: Enviai cordeiros ao soberano do p a ís ...
16 - 17 PROFECIA DE ISAIAS 829

lha de Sião. 2E então (se os Moabi- com grandes gritos sôbre as tuas v i­
tas assim não fizerem ) acontecerá nhas e sôbre as tuas messes, e cal­
que, como uma ave que foge, e co­ cou-as aos pés. 10A alegria e o rego­
mo os passarinhos que voam do seu zijo desaparecerão dos campos, e nas
ninho, assim, serão as filhas de Moab vinhas ninguém exultará, nem mos­
na passagem do Arnon. “Toma con­ trará júbilo. Não mais pisarão v i­
selho, convoca uma assembléia; pôe nho no lagar os que tinham costume
como noite a tua sombra ao meio- de o pisar; fiz calar a voz dos pisa-
-dia; esconde os fugitivos, e não en­ dores. nPor isto o meu coração es­
tregues os que andam errantes, h a ­ tremece acêrca de Moab como uma
bitarão junto de ti os meus fugiti­ harpa, e as minhas entranhas (ge­
vos; para, Moab, sê um refúgio con­ m em ) acêrca da muralha de ladri­
tra o devastador; porquanto feneceu lho cozido. 12E acontecerá que Moab,
o pó, consumido ficou êste miserá­ depois de se ter cansado de recorrer
vel, desapareceu já o que calcava o aos seus lugares altos, entrará nos
país. seus santuários para orar, e nada
alcançará.
C onsum ação da ru ín a de M o a b 13Esta é a palavra que o Senhor
pronunciou sôbre Moab desde há
5E sei*á estabelecido um trono so­ muito tempo. 14E agora eis que o
bre a misericórdia, e sôbre êle se Senhor diz: Em três anos, como os
sentará em verdade no tabernáculo anos dum mercenário, será tirada a
de Davi um juiz reto e zeloso da jus­ glória de Moab com todo o seu nu­
tiça, o qual dará prontamente a cada meroso povo e o que ficar será pe-
um o que é justo. °Temos ouvido ueno e diminuído, de nenhum mo-
falar da soberba de Moab, êle é so­ o grande.
berbo em extremo; a sua soberba, a
sua arrogância e o seu furor são O rác u lo s c on tra D a m as co e S a m a ria
maiores que a sua fortaleza. 7Por
isso Moab gritará para Moab, todo 1 7 Oráculo contra Damasco. Eis
êle universalmente dará gritos; àque­ 1• que Damasco deixará de ser
les que se vangloriam das suas mu­ cidade, e será como um montão de
ralhas de ladrilho cozido, anunciai pedras numa ruína. 2As cidades de
as calamidades que os ameaçam. Aroer serão abandonadas aos reba­
8Porque os arrabaldes de Hesebon nhos, e êstes repousarão alí, e não
estão desertos, e os príncipes das na­ haverá quem os espante. 3Será tira­
ções talaram a vinha (ou região) de do todo o auxílio a Efraim, e o rei­
Sabama, cujas varas tinham chega­ no a Damasco; e os restos da Síria
do até Jazer; elas andaram vagabun­ serão como a glória dos filhos de
das pelo deserto, os seus rebentos, Israel, diz o Senhor dos exércitos.
que foram deixados, passaram à ou­ 4E acontecerá naquele dia que fi­
tra banda do mar. 9Por esta causa cará atenuada a glória de Jacó; e a
chorarei com o pranto de Jazer a gordura da sua carne desaparecerá.
vinha de Sabama; banhar-vos-ei com ®E será como o que na ceifa junta o
as minhas lágrimas. Hesebon e Elea- que ficou por segar, e a sua mão co­
le; porque (o inim igo) lançou-se lherá as espigas; e será como o que
O profeta excita os M oabitas a conciliarem as boas graças do rei de Jerusalém, enviando-lhe
espontâneamente um tributo de cordeiros, como prova de sua submissão.
3. Toma conselho. . . E sta linguagem é posta pelo profeta na bôca dos embaixadores
Moabitas, que êle supôe terem sido enviados ao rei de Judã, em virtude do seu conselho.
— PÕe como noite.. . o s em baixadores suplicam ao monarca que torne a sua som bra
protetora tão espêssa como as som bras da noite, a fim de que êles se possam esconder nela.
4. Porquanto fe n eceu ... Segundo o hebreu: Porque, se tu nos auxiliares, o opressor
deixará de existir, a devastação cessará, os que nos esmagam desaparecerão do país.
6. Temos ouvido fa la r . .. O profeta prevê que o seu conselho será inútil, porque os
M oabitas orgulhosos não quererão aceitá-lo.
9. Com o pranto de Jazer, isto é, corno chora esta cidade, privada de tôda a grandeza.
Gap. X V I I — 3. E os restos da Síria . . . P alav ras irônicas, pois duma e outra parte
ficarão sômente fracos restos da prim itiva glória.
830 PROFECIA DE ISAÍAS 17 - 19

busca as mesmas espigas no vale de dos rios da Etiópia, 2a qual envia em­
Rafaim. 60 que ficar de Israel será baixadores por mar e em barcos de
como um raclmo de rabisco, e como junco sôbre as águas. Ide. mensa­
uma oliveira quando se vareja e da geiros velozes, a uma nação dividida
qual somente ficam na ponta dum e despedaçada; a um povo terrível, o
ramo duas ou três azeitonas, ou qua­ mais terrível de todos; a uma nação
tro ou cinco no alto da árvore, diz que está esperando, e que é calcada
o Senhor Deus de Israel. 7Naquele aos pés, cuja terra é cortada pelos
dia se humilhará o homem ao seu rios. 3Vós todos, habitantes do mun­
Criador, e os seus olhos olharão pa­ do. que morais sôbre a terra, quan­
ra o santo de Israel; 8e não se incli­ do for levantado o estandarte sôbre
nará diante dos altares que tinham os montes, vós todos o vereis, e ou­
feito as suas mãos, nem tornará a v ir e i o som da trombeta.
olhar para os bosques e templos (dos ’Porque o Senhor me diz isto: R e­
ídolos), obras que os seus dedos fa­ pousarei e o contemplarei do meu
bricaram. “Naquele dia as suas ci­ lugar, como (se vê) a clara luz do
dades fortes serão desamparadas, co­ meio-dia e como uma nuvem de or­
mo os arados e as searas que foram valho no tempo da messe. 5Porque
abandonadas à chegada dos filhos de fa vinha) florescerá tôda antes da
Israel; do mesmo modo serás tu (Ó messe. e tudo brotará antes do tem­
Samaria) desamparada. 9 10*P orque te po. e os seus talos serão cortados
esqueceste de Deus, teu Salvador, e com a foice; e o que fôr deixado se­
não te lembraste do teu poderoso rá cortado e lançando fora. 6E (os ca­
defensor, por isso plantarás uma boa dáveres dos Assírios) serão abando­
planta, e semearás grão estrangeiro; nados às aves dos montes, e aos ani­
“ e o que tiveres plantado somente mais da terra; e estarão sôbre êles
produzirá labruscas; de manhã flo ­ os pássaros durante todo o est< j, e
rescerá a tua semente, porém a mes- sôbre êles invernarão todos os ani­
se foi-te arrebatada quando devia ser mais da terra.
colhida, o que te causará uma gran­ 7Naquele tempo serão levadas ofe­
de pena. rendas ao Senhor dos exércitos por
12A i desta multidão de povos nu­ um povo dividido e despedaçado, por
merosos, que ressoa como o ruído do um povo terrível, o mais terrível de
mar; tumulto de muita gente, seme­ todos, por uma nação que está espe­
lhante ao barulho de impetuosas rando, e que é calcada aos pés cuja
águas. 13Os povos farão um ruído terra é cortada pelos rios; (essas ofe­
como as águas duma inundação, po­ rendas serão levadas) ao lugar do
rém (Deus) os ameaçará, e fugirão nome do Senhor dos exércitos, ao
para longe; e serão dispersos como monte de Sião.
o pó dos montes pelo impulso do
Oráculo contra o Egito
vento, e como um turbilhão diante
da tempestade. 14À tarde eis a cons­ 1 Q o rá cu lo contra o Egito. Eis
ternação, e de manhã já não existi­ 1U que o Senhor subirá sôbre
rão. Esta é a paga daqueles que uma nuvem leve, e entrará no E gi­
nos destruíram, e a sorte dos que to, e os ídolos do Egito se comove­
nos saqueiam. rão diante da sua face, e o coração
Oráculo contra a Etiópia do Egito se mirrará em seu peito.
2E farei com que os Egípcios se le­
1Q 2A i da terra em que ressoa o vantem contra os Egípcios; e pele­
10 ruído de asas, que está além jará cada um contra o seu irmão, e
9. Corno os arados. . . Alusão ao que tinha acontecido quando os Israelitas se apoderaram
d a Palestina: o s antigos habitantes tinham desaparecido, as suas fortalezas foram arrui­
nadas, etc.
14. Ã tarde. . . o s Assírios serão exterminados em uma só noite.
Cap. X V I I I — 1. o ruído de asas dos insetos que abundam na Etiópia.
4-5. Deus deixará crescer Assur, figurado por uma vinha, a fim de melhor m anifestar
a sua glória, quando, na ocasião em que a vinha apresentar os seus frutos já maduros,
êle lhe cortar os ramos a golpes de loice
19 - 20 PROFECIA DE ISAÍAS 831

cada um contra o seu amigo, uma rão, e temerão diante do movimento


cidade contra outra cidade, um rei­ da mão do Senhor dos exércitos, a
no contra outro reino. 3E o espírito qual descarregará contra êles. 17E
do Egito dissipar-se-á nas suas en­ tornar-se-á o terror do Egito a ter­
tranhas, e aniquilarei o seu conse­ ra de Judá; todo o que se lembrar
lho; e êles consultarão os seus ídolos dela, encher-se-á de pavor à vista dos
e os seus adivinhos, e os seus pitões desígnios do Senhor dos exércitos
e magos. ‘E entregarei o Egito na formados contra o Egito.
mão de senhores cruéis, e urn rei for­ 18Naquele dia haverá cinco cidades
te os dominará, diz o Senhor Deus na terra do Egito, que falarão a lín­
dos exércitos. 5E o mar secará, e o gua de Canaã, e que jurarão pelo
rio tornar-se-á sêco e árido. °E as Senhor dos exércitos: Umas delas se­
ribeiras se esgotarão, as levadas que rá chamada a cidade do sol.
vão por entre marachões diminui­ 19Naquele dia haverá um altar do
rão e secarão. As canas e os juncos Senhor no meio da terra do Egito, e
murcharão. 70 leito dos regatos f i­ um monumento ao Senhor junto da
cará sêco desde a sua origem, e to­ sua fronteira, 20o qual servirá de si­
da a sementeira de regadio secará, nal e de testemunho ao Senhor dos
ir-se-á murchando, e não vingará. exércitos na terra do Egito; porém
8E ficarão desolados os pescadores, e clamarão ao Senhor à vista daque­
chorarão todos os que lançam anzol le que os atribula, e êle lhes énvia->
ao rio, e desmaiarão os que esten­ rá um salvador e um defensor que
dem rêdes sôbre a superfície das os livre. 21E o Senhor será conheci­
águas. 9Ficarão confundidos os que do pelo Egito e os Egípcios conhece­
trabalhavam em linho, frisando e te­ rão o Senhor naquele dia, e honrá-
cendo teias delicadas. 10E ficarão as -lo-ão com hóstias e ofertas; e farão
suas terras de regadio fracas; e to­ ao Senhor votos, e os cumprirão. 22E
dos os que faziam lagoas para apa­ o Senhor ferirá o Egito com uma
nhar peixes (serão confundidos) . “ Os chaga, e a sarará, e voltar-se-ão pa­
príncipes de Tanis mostraram ser ra o Senhor, e êle se lhes mostrará
loucos, os sábios conselheiros de F a­ aplacado, e os sarará.
raó deram um conselho insensato; “ Naquele dia haverá um caminho
como sugeris vós a Faraó ( que diga do Egito para a Assíria, e os Assírios
u fa n o): Eu sou filho de sábios, fi­ entrarão no Egito, e os Egípcios na
lho de reis antigos? “ Onde estão Assíria, e os Egípcios com os Assí­
agora os teus sábios? Êles te anun­ rios servirão (ao Senhor).
ciem e apontem o que o Senhor dos “ Naquele dia Israel será o tercei­
exércitos tem resolvido sôbre o E gi­ ro (o medianeiro) entre o Egípcio e
to. “ Loucos se tornaram os prínci­ o .Assírio; a bênção estará no meio
pes de Tanis, desanimados ficaram da terra, 25a qual o Senhor dos e-
os príncipes de Menfis; enganaram xércitos abençoou, dizendo: Bem-a­
o Egito, baluarte dos seus povos. 140 venturado é o meu povo do Egito, e
Senhor difundiu no meio dêle um o Assírio é obra de minhas mãos;
espírito de vertigem; e êles fize­ porém a minha herança é Israel.
ram errar o Egito em tôdas as suas
obras, como erra o homem embriaga­ Ação simbólica e profecia contra
do e que vomita. 18E o Egito esta­ a aliança egípcia e etíope
rá na incerteza do que deve fazer: a
cabeça e a cauda, o que manda e o O A 7No ano em que Tartan, enviado
que obedece. **u por Sargão, rei dos Assírios,
foi contra Azot, e a combateu e to­
Bons resultados dêste castigo mou; 2nesse tempo o Senhor falou a
Isaías, filho de Amós, dizendo: Vai,
10Naquele dia ficarão os Egípcios e desata de teus lombos o saco, e
como (tímidas) mulheres, e pasma­ tira o calçado dos teus pés. E fê-lo
Cap. X IX — 11. Tanis era uma das principais cidades do D elta do Nilo.
18. Cinco cidades. Modo de dizer p ara significar um pequeno número. — Que falarão...
Modo de dizer simbólico para indicar que estas cidades se converterão à religião judáica.
832 PROFECIA DE ISAIAS 20 - 21

assim, indo nu (isto é, so com a rou­ rita os que comem e bebem. Le-
pa in terio r) e descalço. vantai-vos, príncipes, tomai o escudo.
3E o Senhor disse: Assim como o 6Porque o Senhor me disse estas coi­
meu servo Isaías andou nu e descal­ sas: Vai, e põe uma sentinela, que
ço, para ser um sinal e um prognós­ te anuncie tudo o que vir. 7E ela
tico de três anos (de guerra) contra viu um carro de guerra guiado por
o Egito e contra a Etiópia, 4assim o dois cavaleiros, viu homens monta­
rei dos Assírios levará do Egito e dos sobre asnos, e homens montados
da Etiópia moços e velhos, nus e des­ sôbre camelos; e pôs-se a contemplar
calços, com os dorsos descobertos, pa­ cuidadosamente isto com grande a-
ra ignomínia do Egito. 5E os Israe­ tenção. 8Depois gritou (corno) um
litas temerão e se envergonharão leão: Eu estou no pôsto em que o
de ter pôsto a sua esperança na Etió­ Senhor me colocou, e nêle permaneço
pia, e a sua glória no Egito. 6E os todo o dia, estou passando na minha
habitantes desta ilha dirão naquele guarda noites inteiras. 9Eis que che­
dia: Eis qual era a nossa esperan­ gou o homem que conduzia o carro,
ça; a que homens recorremos nós, e tomou a palavra, e disse: Caiu,
implorando socorro, para nos livra­ caiu Babilônia, e todos os simulacros
rem do rei dos Assírios! E como dos seus deuses se fizeram em peda­
poderemos nós escapar? ços, arremessados contra a terra.
10ó vós, debulha minha, e filhos
Oráculo contra Babilônia da minha eira, o que eu ouvi do Se­
21 Oráculo contra o deserto do nhor dos exércitos, do Deus de Is­
“ 1 mar. Como vêm os tufões da rael, isso vos anunciei.
parte do meio-dia, assim vem (o in i­ Oráculo contra a Iduméia
m igo) do deserto, de uma terra hor­
rível. 2Anunciada me foi uma terrí­ “ Oráculo sôbre Duma. Clamam pa­
vel visão: O pérfido obra com per­ ra mim de Seir: Sentinela, que hou­
fídia, e o assolador devasta. M ar­ ve esta noite? Sentinela, que hou­
cha, ó Elam, sitia, ó Medo; eu vou ve esta noite? 12A sentinela respon­
dar descanso a todos os que ela faz deu: Chegou a manhã e a noite; se
gemer. 3Por esta causa se encheram buscais, buscai; convertei-vos, vin­
de dor as minhas entranhas, a angús­ de.
tia apoderou-se de mim, como a an­ Oráculo contra as tribos árabes
gústia duma mulher na hora do par­
to; fiquei atemorizado quando tal 13Oráculo sôbre a Arábia. Vós pas­
ouvi, fiquei de todo perturbado quan­ sareis a noite no bosque, sôbre o ca­
do o vi. 40 meu coração desfale­ minho de Dedanim. “ Vós os que ha­
ceu, as trevas fizeram-me pasmar; a bitais a terra do meio-dia, saindo ao
minha amada Babilônia tornou-se pa­ encontro do sequioso, trazei-lhe água,
ra mim um motivo de assombro. socorrei com pão o que foge; 15porque
5Põe a mesa, contempla de uma gua­ êles fugiram diante das espadas,
Cap. X X — 6. Desta ilha. A Palestina é assim cham ada pelo fato de ser um a costa
m arítim a.
1. oráculo contra o deserto do mar. Titulo misterioso. N a s inscrições A ssíria, B a b i­
lônia é cham ada muitas vêzes o pais do m ar, quer porque estava próxim a do golfo Pérsico,
quer porque o E ufrates, com as suas freqüentes inundações, apresentava o aspecto dum mar.
Cap. X X I — 2. Elam. Província da Pérsia, tom ada aqui por tôda a Pérsia.
5. A descrição da noite em que Babilônia foi tomada. Os seus habitantes sitiados, en-
tregarn-se à orgia, julgando-se suficientemente defendidos pelas sentinelas. A orgia, po­
rém, é bruscamente interrompida por gritos de alarm e: Levantai-vos.
10. P a la v ra s consoladoras dirigidas a Israel. S airá de B abilônia batido, é certo, m as pu­
rificado, como o bom grâo separado da palha.
12. Se bu sca is... O s Idum eus têm um meio de salvação: B uscar a verdade, o verda­
deiro Deus, e converter-se a êle.
13-15. V ó s passareis a noite. .. A tribo árabe dos Dedanitas é representada num dia
de derrota, fugindo diante do inimigo, e acampando nos áridos desertos, longe dos caminhos
seguidos ordinàriamente pelas caravanas.
21 - 22 PROFECIA DE ISAIAS 833

diante da espada iminente, diante do (Deus) que fêz isto, nem olhareis
arco armado, diante do rude comba­ para aquele que o preparou de lon­
te. ge. 12E o Senhor Deus dos exérci­
16Porque o Senhor me diz estas coi­ tos convidar-vos-á naquele dia ao ge­
sas: Ainda um ano (contado) como mido e ao pranto, e a rapar a cabe­
os anos do mercenário, e depois de­ ça, e a vestir-vos de saco; 13mas (em
saparecerá tôda a glória de Cedar. vez disso, sòmente pensareis) em
17E o número que ficar dos fortes ire- prazer e alegria, em matar novilhos
cheiros dos filhos de Cedar será pe­ e degolar carneiros, em comer carne
queno, porque o Senhor Deus de Is­ e beber vinho, (dizendo): Comamos
rael (assim) o disse. e bebamos, porque amanhã morrere­
Oráculo contra Jerusalém
mos. 14E foi revelada esta voz do
Senhor dos exércitos aos meus ou­
0 9 ^Oráculo acêrca do vale da Vi- vidos: Não, não vos será perdoada
“ “ são (ou Jerusalém). Que é o esta iniqüidade até que morrais, diz
que tu também tens, pois tôda a tua o Senhor Deus dos exércitos.
gente sobe aos telhados, 2cidade tu­ Oráculo contra Sobna,
multuosa, cheia de povo, cidade de prefeito do templo
prazer? Os teus mortos não foram
mortos à espada, nem mortos em 15Estas coisas diz o Senhor Deus
guerra. 3Os teus príncipes fugiram dos exércitos: Vai ter com aquêle
todos juntos, e foram duramente en­ que habita no tabernáculo, com Sob-
cadeados; todos os que (o inim igo) na prefeito do templo, e dir-lhe-ás:
encontrou foram presos juntamen­ 10Que fazes tu aqui? ou quem repre­
te, sem embargo de terem fugido sentas tu aqui ? tu que te preparas­
para longe. 4Por isso eu disse: A- te aqui um sepulcro, que mandaste
fastai-vos de mim, eu amargamente lavrar com grande esmêro em lugar
chorarei; não insistais em me conso­ elevado um monumento, um domicí­
lar sôbre a ruína da filha do meu lio para ti na rocha. 17Eis que o Se­
povo; 5porque êste é um dia de mor­ nhor te fará transportar (tão fácil-
tandade, e esmagamento, e de pran­ m ente) como se transporta um galo,
tos, enviado ao vale da Visão pe­ e como um vestido assim te levará.
lo Senhor Deus dos exércitos; êle a- 18Êle te coroará com uma coroa de
bre a muralha, e manifesta a sua tribulação, atirará contigo como péla
glória sobre o monte. °E o Elami- a um campo largo e espaçoso; ali
ta tomou a aljava, o carro para o morrerás, e a isto se reduzirá o carro
soldado de cavalo e desprendeu o da tua glória, ó desonra da casa do
escudo da parede. 7E ficarão os teus teu Senhor. 19Eu te deitarei fora do
mais belos vales cheios de carros de teu pôsto, e te deporei do teu minis­
guerra, e a cavalaria acampará às tério. “ E naquele dia chamarei o
tuas portas. 8E será tirado o véu meu servo Eliacim, filho de Helcias,
de JUdá, e recorrerás naquele dia ao (para te substituir); 21vestí-lo-ei com
arsenal do palácio do bosque. °E exa­ a tua túnica, e cingí-lo-ei com o teu
minareis as numerosas brechas da ci­ cinto, e porei na sua mão o teu poder;
dade de Davi, e recolhereis as águas e será como pai para os habitantes
da piscina inferior; ,ücontareis as de Jerusalém, e para a casa de Ju-
casas de Jerusalém e demolireis as dá. 22E porei a chave da casa de
casas para fortificar a muralha. UE Davi sôbre os seus ombros; e êle
fareis um reservatório entre dols mu­ abrirá, e não haverá quem feche; e
ros para a água da piscina velha; e fechará, e não haverá quem abra.
não levantareis os olhos para aquêle 23E fincá-lo-ei como estaca em lugar
Cap. X X I I — 1-3. Que 4 o que tu também te n s ... Isaías interpela a população de Je­
rusalém, que se entrega loucamente ao prazer, devendo antes estar triste. — os teus mortos
não cairão no campo da honra, mas m orrerão de fome e outras calamidades dentro da ci­
dade sitiada.
11. Que o preparou de Tange. H á aqui um a alusão ao plano divino, form ado desde tôda
a eternidade.
22. A chave é o sinal do poder. 27

27 - B ib lia Sagrada
834 PROFECIA DE ISAIAS 22 - 24
firme, e êle será como um trono de 10Percorre a tua terra como um
glória para a casa de seu pai. 24E rio, filha do mar, já daqui por dian­
estará pendente dêle tôda a glória te não tens cintura (ou amparo).
da casa de seu pai, diversos gêneros uO Senhor estendeu a sua mão so­
de vasos, tôda a sorte de pequenos bre o mar, abalou os reinos; o Se­
instrumentos, desde os vasos de beber nhor deu as suas ordens contra Ca-
até aos instrumentos de música. 75Na- naã, para destruir os seus valentes;
quele dia, diz o Senhor dos exércitos, 12e disse: Não continuarás a gloriar-
será arrancada a estaca que tinha si­ te daqui por diante, virgem desonra­
do fincada num lugar firm e; e será da, filha de Sidônia; levanta-te, pas­
quebrada, e cairá, e perecerá o que sa a Cetim, mesmo aí não terás des­
estava pendurado nela, porque o S e ­ canso. “ Considera a terra dos Cal-
nhor assim o disse. deus; nunca houve povo assim. Os
Oráculo contra Tiro Assírios fundaram-no (apesar disso
agora) foram levados para o cativei­
OQ Oráculo sobre Tiro. Uivai, naus ro os seus robustos, derrubadas as
do mar; porque foi devastada suas casas; fizeram dela uma ruína.
a casa (ou cidade) donde tinham “ Uivai, naus do mar, porque foi des­
por costume vir; da terra de Cetim truída a vossa fortaleza.
lhes chegou a nova. 2Calai-vos, ha­
bitantes da ilha; os negociantes de Restauração e conversão de Tiro
Sidônia, passando o mar, te enchiam. 15E acontecerá isto naquele dia:
8A sementeira, que cresce pelas abun­ Ficarás em esquecimento, ó Tiro, du­
dantes águas do Nilo e as messes rante setenta anos, que costumam
dêste rio eram para ela; e tinha che­ ser os dias de um rei; mas, depois
gado a ser o empório das nações. dêstes setenta anos, Tiro será como
4Envergonha-te, Sidônia, porque o uma meretriz que canta (para sedu­
mar, a fortaleza do mar assim está z ir). 16Toma a citara, percorre a ci­
dizendo: Não concebi, nem dei à luz, dade, ó meretriz entregue ao esque­
nem criei jovens, nem eduquei donze­ cimento; canta bem, repete a tua á-
las até à idade adulta. 5Quando se ria, para que se pense em ti. 17E,
ouvir esta notícia no Egito, doer-se- depois dos setenta anos, o Senhor v i­
-ão (os homens), ao ter conhecimen­ sitará Tiro, e a reconduzirá ao seu
to (da ruína) de Tiro. tráfico, e de novo terá comércio com
•Atravessai os mares, soltai gritos, todos os reinos da terra, sôbre a fa ­
habitantes da ilha. Porventura não ce do globo. 18Mas (agora) os seus
é esta açtuela vossa cidade que des­ negócios e os seus lucros serão con­
de os primeiros dias se gloriava da sagrados ao Senhor; não serão guar­
sua antiguidade? Os seus moradores dados, nem entesourados, porque o
andarão peregrinando por cerras re­ seu negócio será para aquêles que as­
motas. 8Quem formou êste desígnio sistirem diante do Senhor, a fim de
contra Tiro, outrora coroada, cujos que tenham alimentos em abundân­
comerciantes eram príncipes, cujos cia, e se vistam até à velhice.
negociantes eram os nobres da terra?
9Foi o Senhor dos exércitos que for­ Profecias relativas ao fim do mundo
mou êste desígnio, para derribar a
soberba de tôda a glória, e para re­ O A *Eis que o Senhor devastará a
duzir à ignomínia todos os nobres terra, e a despojará, e afli­
do país. girá a sua face, e dispersará os seus
24. Os diversos gêneros de vasos representam os membros da fam ília de Eliacim, os quais
lhe deverão as suas riquezas, honras, etc.
Cap. X X I I I — 1. Cetim era a ilha de Chipre, onde a frota ideal, à qual se dirige
o profeta, teve conhecimento da desgraça de Tiro.
2. Habitantes da ilha. Tiro foi fundada primeiro numa ilha.
4. o mar e rochedos do mar, no meio dos quais Tiro estava edificada, falam aqui em
nome da cidade destruída.
15-16. Tiro s e r á ... A cidade humilhada será semelhante a essas infelizes criaturas que,
quando se vêem esquecidas, procuram cham ar a atenção por meio dos seus artifícios.
24 - 25 PROFECIA d e is a ía s 635

habitantes. 2E, assim como for (tra ­ tremidades da terra nós ouvimos os
tado) o povo, assim será o sacerdo­ louvores, a glória do justo.
te; e como o criado, assim o seu amo; E eu disse: O meu segrêdo para
como a serva, assim a sua senhora; mim, o meu segrêdo para mim. Ai
como o que compra, assim aquêle de mim! Os prevaricadores prevari­
que vende; como o que dá a juro, caram e prevaricaram com prevari­
assim o que toma emprestado; como cação própria de contumazes. "P a ­
o credor, assim o devedor. 3A ter­ ra ti, que és habitante da terra, está
ra será inteiramente devastada e en­ reservado o susto, e a cova, e o la­
tregue ao saque; porque o Senhor ço. 18E acontecerá que o que fugir
assim o decretou. 4A terra desfaz- da voz espantosa cairá na cova; e o
se em lágrimas, consome-se e desfa­ que se desembaraçar da cova ficará
lece; perece o mundo, e é abatida a prêso no laço, porque as cataratas do
grandeza do povo da terra. 5A ter­ alto serão abertas, e serão abalados
ra ficou infeccionada pelos seus ha­ os fundamentos da terra. 19A terra
bitantes, porque transgrediram as será despedaçada com grandes aber­
leis, mudaram o direito, romperam a turas, com o seu abalo será descon-
aliança eterna. juntada; 20será agitada e cambaleará
6Por esta causa a maldição devora­ como um embriagado, e será tirada
rá a terra, e pecarão os seus habi­ como a tenda que sòmente se arma
tantes, e por isso serão insensatos os para passar a noite; e carregará
que a cultivam, e serão deixados sôbre ela a sua própria iniqüidade,
poucos homens. 7Chora a vindima, e cairá, e não tornará a levantar-se.
enfraquece a vida, gemem todos os 21E acontecerá que naquele dia o Se­
que se alegram de coração. 8Ces- nhor visitará a milícia do céu lá no
sou o regozijo dos tambores, acaba­ alto, e os reis do mundo que estão
ram os gritos de alegria, calou-se a sôbre a terra. 22E serão atados to­
doçura da citara. °Não beberão vi­ dos juntos como num feixe, ( e lan­
nho cantando árias; a bebida será a- çados) no lago, e ficarão ali encerra­
marga para os que a beberem. 10A dos no cárcere, e depois de muitos
cidade da confusão está demolida, dias (continuarão a sofrer, e eterna­
fechadas se encontram tôdas as suas mente) serão visitados (ou castiga­
casas, não entrando nelas pessoa al­ dos). ME a lua se tornará vermelha,
guma. J1Nas ruas haverá clamor e o sol se obscurecerá, quando o Se­
por causa (da falta) do vinho; tôda nhor dos exércitos reinar no monte
a alegria cessou; o prazer da terra Sião e em Jerusalém, e quando fôr
foi banido. 12Ficou na cidade a so­ glorificado na presença dos seus an­
lidão, e a calamidade oprimirá as ciãos.
suas portas. C&ntico dos justos
13E estas coisas verificar-se-ão no
meio da terra, no meio dos povos, 9Ç Penhor, tu és o meu Deus; eu
como quando, varejada a oliveira, fi­ te exaltarei, e apregoarei teu
cam umas poucas azeitonas na ár­ nome; porque fizeste maravilhas rea­
vore e alguns rabiscos, depois de a- lizando os teus antigos e fiéis desíg­
cabada a vindima. 14Êstes (poucos nios. Amém.
que ficarem ) levantarão a sua voz, e 2Porque tu reduziste a cidade (do
cantarão louvores; soltarão gritos de mal) a um montão, a cidade forte
alegria do lado do mar, quando o Se­ a uma ruína, a casa dos estranhos,
nhor fôr glorificado. 18Por esta cau­ para que deixe de ser cidade, e nun­
sa, com as verdadeiras máximas de ca jamais seja reedificada.
doutrina, glorificai ao Senhor; nas 3Por isso te louvará um povo for­
ilhas do mar (celebrai) o nome do Se­ te, a cidade das nações robustas te
nhor Deus de Israel. 16Desde as ex­ temerá; 4porque te tornaste fortale-
Cap. X X IV — 2. Tôdas as classes da sociedade serão atingidas pelos castigos de Deus.
18. A s desgraças suceder-se-So umas às outras.
21. Visitará no sentido de castigará. M ilícia do céu significa aqui os anjos maus, que,
apesar de já estarem condenados, serào püblicamente julgados por Cristo, no fim do mundo.
836 PROFECIA DE ISAÍAS 25 - 26

za para o pobre, fortaleza para o ne­ Sião é a cidade da nossa fortaleza,


cessitado na sua tribulação, refúgio o Salvador será para ela o muro e
contra a tempestade, sombra contra o antemuro.
o calor; porque o orgulho dos podero­ 2Abri as portas, e entre o justo,
sos é como um furacão que investe que observa a verdade.
contra uma parede. 3Desapareceu o antigo êrro; tu (6
5Como o ardor (do sol) sôbre uma Senhor) conservarás a paz, a paz,
terra árida, humilharás a insolência porque em ti esperamos.
dos estranhos; e como o calor arden­ 4Vós pusestes para sempre a vossa
te (é abafado) por uma nuvem, as­ esperança nô Senhor, no Senhor
sim farás secar a descendência dos Deus, que é a nossa fortaleza eterna.
fortes. 5Porque êle abaterá os que habitam
Festim dos bem-aventurados no céü no alto, e humilhará a cidade altiva;
6E o Senhor dos exércitos fará neste humilhá-la-á até à terra, fa-la-á des­
monte para todos os povos (fiéis) um cer até se tornar em pó. 6Pisá-la-ão
banquete de manjares deliciosos, de os pés, os pés do pobre, os passos dos
vinho, de carnes gordas e cheias de indigentes.
medula, e com um vinho sem mistu­ 7A senda do justo é direita, direito
ra. 7E neste monte quebrará a ca­ é o atalho do justo para por êles se
deia que tinha ligados todos os po­ andar. 8E nós te esperamos, Senhor,
vos, e as rêdes estendidas contra to­ (andando) na vereda dos teus juizos
das as nações. 8Aniquilará a morte ( ou leis) ; o teu nome e a tua memó­
Para sempre; e o Senhor Deus enxu­ ria são o desejo da nossa alma. 9A
gará as lágrimas de tôdas as faces, minha alma te desejou de noite; e
e tirará de cima de tôda a terra o despertarei de manhã para te buscar
opróbrio do seu povo, porque o Se­ com o meu espirito e com o meu
nhor falou. coração. Quando exerceres sôbre a
°E (cada predestinado) dirá naque­ terra os teus juízos, os habitantes do
le dia: Eis que êste é o nosso Deus, mundo aprenderão a justiça.
nêle esperamos, e êle nos salvará; 10Compadeçamo-nos do ímpio, e êle
êste é que é o Senhor, nós temo- não aprenderá a justiça; na terra dos
lo esperado, nós exultaremos, e ale- santos êle praticou a iniqüidade, e
grar-nos-emos com a salvação que (p or isso) não verá a glória do Se­
vem dêle. nhor. “ Levanta, Senhor, a tua mão,
10Porque neste monte, repousará a e êles não vejam (a tua g ló ria ); ve­
mão do Senhor; e Moab será pisado jam e sejam confundidos os que têm
debaixo dêle, assim como se pisam inveja do teu povo, e devore o fogo
as palhas debaixo kdum carro. nE os teus inimigos.
estenderá as suas maos por baixo dê­ 12Senhor, tu hás de dar-nos a paz,
le, como as estende o nadador para porque és tu que fizeste para nós
nadar; (porém Deus) abaterá o seu tôdas as nossas obras.
orgulho, quebrando-lhe as mãos. 12E 18Senhor, Deus nosso, outros amos
as fortificações das tuas altas mura­ diferentes de ti nos possuíram, faze
lhas (6 Moab) cairão, e serão abati­ que nos recordemos sòmente do teu
das, e virão à terra, e serão reduzi­ nome.
das a pó. I4Não revivam os mortos, não res­
Cântico de ação de graças a suscitem (para a glória) os gigantes;
Deus salvador por isso é que tu os visitaste e exter­
minaste, e apagaste tôda a sua me­
2 fi d a q u e le dia será cantado ês- mória.
te cântico na terra de Judá: l5Tu favoreceste esta nação, Se-
Cap. X X V — 6. Um banquete. Im agem bíblica para indicar grandes delícias, espe-
cialrnente as delícias da céu.
Y. A cadeia. . . as rêdes. . . D uas m etáforas que exprimem a tristeza.
10. M oab, isto é, todos os réprobos.
Cap. X X V I — 1. N a terra de Judá, isto . é, no céu.
14. Os gigantes, os tiranos soberbos.
26 - 27 PROFECIA DE ISAÍAS 837

nhor, tu a favoreceste; porventura sou o Senhor que a conservo; eu a


fôste tu glorificado? Tu a dilataste regarei continuamente; para que não
até às mais remotas partes da ter­ receba nenhum dano, eu a guardo de
ra. l6Senhor, êles te buscaram na noite e de dia. “Não tenho indigna­
angústia, tu os instrues por meio da ção (contra ela). Quem me dará
tribulação que os faz gemer (ju n to silvas e espinhos para combater? Mar­
de ti). "Assim como a que conce­ charei contra êles, queimá-los-ei to­
beu, quando está próxima ao parto, dos juntos. 5Porventura poderão ê-
confrangendo-se, dá gritos no meio les deter a minha fortaleza? Que
das suas dores, assim somos nós, Se­ façam paz comigo, que façam paz
nhor, diante da tua face. 18Nós con­ comigo.
cebemos, e como que estivemos com 6Apesar dos que investem com ím­
dores de parto, e o que demos à luz peto contra Jacó, Israel florescerá e
foi vento; não produzimos na terra lançará germes, e encherão de fruto
frutos de salvação, por isso é que a face da terra. 7Porventura feriu-
não foram extinguidos os habitantes o (Deus) como feriu os seus opresso­
da terra (nossos inimigos). res? Ou o massacre daquele que êle
10Os teus mortos (ó Senhor) vive­ matou foi porventura igual ao dos
rão, os meus a quem tiraram a vida perseguidores? 8Quando mesmo Is­
ressuscitarão; despertai e cantai lou­ rael fôr rejeitado, tu o julgarás com
vores, vós os que habitais no pó (do moderação e com medida; meditou no
sepulcro), porque o teu orvalho (Se­ seu espirito irritado, no dia da sua
nhor) será um orvalho de luz, e tu cólera ardente.
reduzirás à última ruína a terra dos 9Por isso a iniqüidade será perdoa­
gigantes. da à casa de Jacó; e todo o fruto se­
Consolação de Israel rá a expiação do seu pecado, quan­
do Israel tiver quebrado tôdas as pe­
20Vai, povo meu, entra nos teus dras do altar, como pedras reduzidas
quartos, fecha as tuas portas sobre a cinzas do altar, e quando já não
ti, deixa-te eçtar escondido por um tiver bosques sagrados nem templos
momento, até que passe a indignação (dos falsos deuses). 10Porque a ci­
(do Senhor contra os maus). «P o r- dade forte será assolada, (Jesuralém)
que eis que o Senhor sairá da sua a formosa será despovoada, e será
morada para castigar a iniqüidade abandonada como um deserto; ali se­
que os habitantes da terra comete­ rá apascentado o novilho, e ali se
ram contra êle; e a terra descobrirá recostará, e consumirá as pontas da
o sangue de que está alagada, e não sua verdura. "A s suas searas sê-
ocultará mais os (justos) que nela cas serão calcadas aos pés. Virão
foram violentamente mortos. mulheres ensiná-la, porque não é po­
Triunfo final do povo de Deus vo ajuizado; por cuja causa (o Se­
nhor) não se compadecerá dêle, e
0 7 d a q u e le dia o Senhor, armado não lhe perdoará, êle que o formou.
com a sua espada dura, gran­ 12E acontecerá que naquele dia o
de e forte, visitará Leviatã, essa ser­ Senhor ferirá desde o leito do rio
pente robusta, Leviatã, essa serpen­ (Eufrates) até à torrente do Egito;
te tortuosa, e matará a baleia, que e vós, filhos de Israel, sereis congre­
está no mar. gados um a um (e incorporados na
2Naquele tempo a vinha que dá v i­ Ig re ja ). 13Também acontécerá que
nho puro lhe cantará louvores. 3Eu naquele dia soará uma grande trom-
18. Os nossos esforços pessoais para atingir a salvação eram vãos; o pais, despovoado
pelo vosso castigo, permanecia deserto; só vós nos salvastes.
Cap. X X V I I — 1. L e v ia t ã ... baleia. . . monstros simbólicos, que representam os ini­
migos de Deus.
4. S ilv a s ... espinhos... símbolos dos inimigos do povo de Deus.
9. Quando Israel tiver quebrado. . . o m aior pecado dos Israelitas tinha sido a idolatria,
por isso, para obterem o perdão, deviam antes destruir todos os sinais dêste culto infam e:
os altares, os bosques, os templos idolátricos.
11. Ensiná-la, isto é, ensinar os seus habitantes a chorar as suas desditas.
838 PROFECIA DE ISAIAS 28
beta, e virão os que tinham ficado justiça. 78*T ôdas as mesas se enche­
perdidos na terra dos Assírios, e os ram de vômito e de asquerosidades, de
que se achavam desterrados na ter­ modo que não havia já lugar que
ra do Egito, e adorarão o Senhor no estivesse limpo.
monte santo de Jerusalém. 9A quem ensinará (o Senhor) a
ciência? A quem dará a inteligên­
A S a m a ria se rá d e s tru íd a cia da sua palavra? Aos meninos
acabados de desquitar, aos que aca­
OO 2A i da coroa da soberba, dos bam de ser desmamados. 10*P orque
embriagados de Efraim, da (dizem, por escárnio): Manda, torna
flor caduca da sua glória e alegria, a mandar; manda, torna a mandar;
dos que habitam no cume do vale espera, torna a esperar; espera, tor­
fertilíssimo, cambaleantes por causa na a esperar; um pouco aqui, um
do vinho! 2Eis que o Senhor podero­ pouco aí. “ Porém (o Senhor) fala­
so e forte será como uma saraiva rá com outros lábios e outra lingua­
impetuosa, como torvelinho destrui­ gem (estranha) a êste povo (insen­
dor, como o ímpeto de muitas águas sato), 12ao qual disse: Aqui é o meu
que inundam e se precipitam sôbre descanso, reparai as forças do que
uma espaçosa campina. 3Será pisada está fatigado, e êste é o meu refri-
aos pés a coroa de soberba dos em­ gério; e êles não quiseram ouvir-
briagados de Efraim. 4E a flor ca­ me. 13*E ser-lhes-á repetida esta pa­
duca da glória e da alegria (dos que lavra do Senhor: Manda, torna a
habitam) sôbre o cume do vale fer­ mandar; manda, torna a mandar;
tilíssimo, será como um fruto tempo­ espera, torna a esperar; espera, tor­
rão, que amadurece antes do outono, na a esperar; um pouco aqui, um
o qual, o primeiro que o vê, logo o pouco aí; para que vão, e caiam
colhe e devora. “Naquele dia o Se­ para trás, e fiquem esmigalhados, e
nhor dos exércitos será a coroa de metidos no laço, e presos.
glória, e a grinalda de alegria pa­ 14Por esta causa ouvi a palavra
ra o resto do seu povo, °e o espíri­ do Senhor, homens escarnecedores,
to de justiça para o que está senta­ que dominais sôbre o meu povo, que
do para (administrar) a justiça, e a está em Jerusalém. 15Porque vós dis­
fortaleza para os que voltarem da sestes: Nós fizemos um concêrto com
batalha para a porta (da cidade). a morte, e fizemos um pacto com o
A i de J u d â que c o n fia n a s a lia n ç a s inferno. Quando passar o flagelo da
e não em D e u s inundação, não virá sôbre nós, por­
que pusemos a nossa confiança na
7Mas também êstes, por causa do mentira, e pela mentira fomos pro­
vinho ( demasiado) , perderam o en­ tegidos.
tendimento, e, por causa da embria­ 16Portanto estas coisas diz o Se­
guez, andaram sem se poderem ter; nhor Deus: Eis que colocarei nos
o sacerdote e o profeta perderam o fundamentos da (nova) Sião uma
juízo por causa da embriaguez, fo ­ pedra, uma pedra escolhida, angu­
ram absorvidos pelo vinho, andaram lar, preciosa, assentada em (solidís-
cambaleando na embriaguez, não re­ sirno) fundamento; aquêle que crer,
conheceram o vidente, ignoraram a não se apresse. 17E farei juízo com
Cap. X X V I I I — 10. P alav ras irônicas que aquêles Ímpios proferiam entre os copos de
vinho. Isaías nota o escárnio que êles faziam das palavras dos profetas de Deus, os quais
costumavam dizer: O Senhor m a n d a ... Esperai um pouco, e vereis, etc.
11-13. Resposta do profeta aos escárnios.
11. Falará com outros lábios. . . C astigará os habitantes do reino de Judá, enviando
contra êles os Assírios, que lhes darão as ordens mais desencontradas numa linguagem es­
tranha, que êles não compreenderão.
12. Judâ, se tivesse observado os mandamentos divinos, teria fàcilmente obtido o des­
canso para si e p ara os atribulados (reparai as fõrças. . . ).
13. Deus responderá aos seus lamentos, repetindo as mesmas palavras com que êles
escarneciam.
16. Um a p e d r a ..., que é o Messias. — Aquêle que crer, isto é, aquêle que se apoiar sô-
bre esta pedra, nâo precisará de fugir diante do inimigo.
28 - 29 PROFECIA DE ISAÍAS 839

pêso, e justiça com medida, e a sa­ da a nigela com trilho armado de


raiva derribará a esperança posta dente de ferro, nem rodará a roda
na mentira, e as águas levarão o vos­ do carro por cima dos cominhos, mas
so abrigo. 18E sera cancelado o vos­ a nigela será sacudida com uma va­
so concêrto com a morte, e o vosso ra, e os cominhos com um pau. ^E
pacto com o inferno não subsistirá; o trigo será debulhado, mas não o
quando passar o flagelo da inunda­ debulhará interminàvelmente o que
ção, êle vos arrastará consigo. 19No o debulha, nem o apertará sempre
momento em que êle for passando, debaixo de si a roda do carro, nem
vos arrebatará, porque passará de sempre o calcarão os pés (dos ca­
manhã cedo, e continuará de dia, e valos) .
de noite; e só a aflição vos fará en­ 20E isto veio do Senhor Deus dos
tender o que se ouviu. 202 P orque o
1 exércitos, para tornar admiráveis os
leito é tão estreito que um dos dois seus conselhos, e engrandecer a sua
há de cair, e o cobertor tão curto justiça.
que não pode cobrir um e outro.
21Porque o Senhor se levantará, co­ Cêrco e libertação de Jerusalém
mo no monte das Divisões; êle se
mostrará irado, como fêz no vale de OQ JA i de Ariel, da cidade de Ariel,
Gabaão, para executar a sua obra, que Davi conquistou! Jun-
uma obra singular; para fazer a sua tar-se-á um ano a outro ano, passa­
obra, uma obra estranha. 22*Cessai, rão as solenidades. 2Depois cercarei
pois, já de fazer zombaria, para que Ariel de trincheiras, e ela estará tris­
não suceda que se apertem mais as te e desconsolada, e será para mim
vossas cadeias, porque eu ouvi ao Se­ como Ariel. 3E estabelecerei ao re­
nhor Deus dos exércitos que vai ope­ dor de ti um como círculo fechado,
rar uma destruição completa sôbre e levantarei contra ti trincheiras, e
tôda a terra (que habitais). porei baluartes para te sitiar. “Se­
rás humilhada, falarás desde a terra
Sabedoria com que Deus conduz (em que estarás abatida), e desde
os homens o chão será ouvida a tua voz, e será
como duma pitonisa a tua voz sain­
“ Aplicai os ouvidos, e ouvi a mi­ do da terra, e do pó murmurarás
nha voz; atendei e ouvi as minhas os teus discursos. 5E será como o
palavras. 24Porventura o lavrador pó miúdo a multidão dos teus opres­
lavrará sempre a fim de semear? Es­ sores, e como a palha arrebatada
tará êle incessantemente rompen­ pelo vento a multidão daqueles que
do e sachando a sua terra? 25*P orven- te subjugarão. 6E isto acontecerá
tura, depois de ter aplanado a su­ de repente, num instante. É do Se­
perfície dela, não semeará a nigela, nhor dos exércitos que virá o casti­
e espalhará os cominhos, e lançará go no meio de trovões, e tremores
o trigo a eito, e a cevada, e o milho, de terra, e com grande estrondo de
e a alfarroba nos seus respectivos torvelinhos e de tempestades, e de
lugares? 20O (Senhor) seu Deus lhe chamas dum fogo devorador. 7E será
dá conhecimento (nas coisas da a- como o sonho duma visão noturna a
gricu ltu ra ), e o instrui (sôbre o multidão de todas as nações que to­
que deve fazer). 27Não será debulha­ marão armas contra Ariel, e todos
19. D e m a n h ã ... de dia e de noite. Alusão às diferentes invasões doa Assírios.
20. Locução proverbial p ara exprimir a impotência dos meios humanos, com os quais os
Judeus contavam repelir o inimigo e encontrar o repouso.
21. Alusão à vitória alcançada por D av i ( I I Reis, v , 20), e à vitória de Josué (J o ­
sué, X, 10).
23-29. H ã ligação entre ôstes versículos e os precedentes. Se Deus dirige assim o homem
nas ocupações mais ordinãrias, por muito maior razão dirigirá o seu povo nas circunstâncias
críticas.
Cap. X X IX — 1. Ariel é um nome simbólico que designa Jerusalém.
2. Será para m im ... Jerusalém (A r i e l ), mesmo no meio da sua desgraça, será sempre
a cidade querida de Deus, que a não deixará perecer.
7-8. o s inimigos de Israel desaparecerão sem deixar vestigios.
840 PROFECIA DE ISAÍAS 29 - 30
os que a combaterão, e a sitiarão, O povo eleito voltar-se-á para Deus
e prevalecerão contra ela. 8E, assim
como o faminto sonha que come, e, “ Porventura dentro de pouco tem­
quando desperta, tem o estômago po e em breve espaço não se conver­
vazio; e, assim como o sequioso so­ terá o Líbano em Carmelo, e o Car-
nha que bebe, e, depois de acordar- melo não se converterá em um bos­
se sente ainda fatigado, e com sêde, que? 18E nesse dia os surdos ouvi­
e tem o estômago vazio, assim será rão as palavras do livro (da le i), e
a multidão de tôdas as nações que dentre as trevas e a escuridão verão
tiverem pelejado contra o monte os olhos dos cegos. 19E os mansos
Sião. alegrar-se-ão cada vez mais no Se­
nhor, exultarão os homens pobres no
Cegueira do povo eleito Santo de Israel; 20pòrque desapareceu
9Pasmai (ó filhos de Israel) e ad- o opressor, acabou o escarnecedor, e
mirai-vos, flutuai e vacilai, embria­ foram destruídos todos os que madru­
gai-vos, mas não de vinho, camba­ gavam para fazer mal, 21aquêles que
leai, mas não de embriaguez ^Por­ com as suas palavras faziam pecar
que o Senhor espalhou sôbre vós um os homens, e armavam laços ao
espírito de adormecimento, êle fe ­ ue os repreendia à porta (da cida~
chará os vossos olhos, cobrirá (com e, nos julgam entos), e sem causa
um véu) os vossos profetas e prínci­ se apartaram do justo.
pes, que têm visões. nE a visão de 22Por esta causa, o Senhor, que
todos êles será para vós como as pa­ resgatou Abraão, diz isto à casa de
lavras dum livro selado, que, quando Jaco: Agora não será confundido
o derem a um homem que sabe ler, e Jaco, nem agora se envergonhará o
lhe digam: L ê êsse livro; êle respon­ seu rosto; 23mas, quando vir no meio
derá: Não posso, porque está selado. dêle os seus filhos, obra das mi­
12E dar-se-á o livro a um homem que nhas mãos, dar glória ao seu nome,
não sabe ler, e se lhe dirá: Lê, e êle também êles santificarão o Santo de
responderá: Não sei ler. Jacó, e glorificarão o Deus de Is­
rael. 24Então aquêles, cujo espírito
13E o Senhor disse: Visto que ês- vivia no êrro, terão a ciência (da
te povo se aproxima de mim (só) salvação); e aprenderão a lei (do
com sua bôca, e (só) com os seus Senhor) os que murmuravam (de-
lábios me glorifica, enquanto que o la).
seu coração está longe de mim e me Contra a aliança com o Egito
presta culto segundo ritos e ensi­
namentos humanos, “ eu acrescenta­ O A JA i de vós, filhos rebeldes, diz
rei uma coisa para excitar a admira­ o Senhor, que formais proje­
ção dêste povo, um prodígio estra­ tos sem contar comigo, e urdis uma
nho, estupendo; porque perecerá a teia que não vem do meu espírito,
sabedoria dos seus sábios, desapare­ para assim acumulardes pecados sô­
cerá o entendimento dos seus pru­ bre pecados; 2que estais postos a ca­
dentes. minho para descer ao Egito, e não
l5Ai dos que sois profundos de co­ consultastes a minha vontade, espe­
ração, para ocultardes ao Senhor os rando encontrar o auxílio na fôrça
vossos desígnios! Ai dos que fazem de Faraó, e pondo a vossa confian­
as suas obras no meio das trevas, e ça na sombra (ou proteção) do Egi­
dizem: Quem nos vê, e quem nos to ! 3Porém a fortaleza de Faraó
conhece? “ Perverso é êste vosso pen­ será a vossa vergonha, e a confian­
samento! Como se o barro se levan­ ça na sombra do Egito a vossa igno­
tasse contra o oleiro, e a obra dis­ mínia. 4Os teus príncipes foram até
sesse ao seu artífice: Tu não é que Tanis, e os teus embaixadores che­
me fizeste; e o vaso dissesse ao que garam até Hanes. 5Todos ficaram
o fêz: Tu não entendes nada disso. confundidos à vista dum povo, que
13-14. Motivo da cegueira do povo: N ã o honra a Deus com sinceridade.
17. Espécie de provérbio p a ra indicar que os Judeus, a fim de se regenerarem, ter&o
de passar por um a radical mudança.
30 PROFECIA DE IS A I AS 841

lhes não pôde ser útil, e que, longe entre os seus fragmentos um caco,
de os socorrer, e de lhes prestar qual­ em que se leve uma brasinha de um
quer serviço, se tornou a sua vergo­ fogão, ou se tire um pouco de água
nha e o seu opróbrio. de uma poça.
6Orãculo contra os jumentos do
meio-dia. Ei-los aí vão por uma ter­ Deus perdoará ao povo arrependido
ra de tribulação e angústia, donde 15Porque o Senhor Deus, o Santo
saem a leoa e o leão, a víbora e o de Israel diz assim: Se vos voltardes
basilisco voador, levando sôbre os e vos deixardes estar em paz, sereis
ombros de jumentos as suas rique­ salvos; a vossa fortaleza estará no
zas, e sôbre o dorso dós camelos os silêncio e na esperança. E vós não
seus tesouros, a um povo que lhes quisestes; 16antes dissestes: De ne­
não poderá prestar para coisa algu­ nhuma sorte, mas fugiremos sôbre
ma. 7Porque o Egito debalde e em cavalos; por isso mesmo (digo eu) é
vão dará socorro; por isso eu cla­ que vós fugireis (dos vossos in im i­
mei sôbre isto, (dizendo): Ali só há gos). E montaremos em cavalos li­
soberba; descansa. geiros; por isso mesmo serão mais
ligeiros aquêles que vos hão de per­
Obstinação do povo em recusar a luz seguir. 17Mil (dos vossos) homens
8Agora pois vai gravar isto (esta fugirão da vista do terror de um só;
profecia) sôbre o buxo em sua pre­ e, à vista do terror de cinco, deita­
sença, e regista-o com cuidado num reis a fugir, até que fiqueis como o
livro, para que seja no futuro um mastro dum navio no cume de um
testemunho eterno. 9Porque êste monte, e como um estandarte sôbre
povo está provocando a minha ira, um outeiro.
e são filhos mentirosos, filhos que 18P or isso o Senhor espera o mo­
não querem ouvir a lei de Deus; mento em que terá misericórdia de
,0que dizem aos que vêem: Não ve- vós, e êle exaltará a sua glória, per­
jals; e aos que olham: Não olheis doando-vos, porque o Senhor é um
(não vaticineis) para nós coisas re­ Deus de eqüidade; ditosos todos os
tas; falai-nos de coisas agradáveis, que esperam nêle. 10O povo de Sião
profetizai-nos coisas alegres, posto habitará em Jerusalém; tu (6 povo
que sejam erros. "Afastai de nós o fie l) deixarás de chorar; o Senhor,
caminho (da le i); afastai de nós tal compadecendo-se de ti, usará conti­
vereda; desapareça de diante da nos­ go de misericórdia; logo que ouvir a
sa face o Santo de Israel. 12Por ês- voz do teu clamcr, te responderá (be­
se motivo diz o Santo de Israel: Vis­ nignamente). 20E (antes désse tempo
to que vós rejeitastes esta palavra, e feliz) o Senhor vos dará o pão da
pusestes a vossa confiança na calúnia angústia e a água da tribulação; po­
e na perversidade, e nestas coisas rém, (depois) fará com que nunca se
vos apoiastes, 13por isso esta iniqüida- afaste de ti o teu doutor; e os teus
de será para vós como uma abertu­ olhos estarão vendo sempre o teu
ra, ameaçando ruína, que se torna mestre. 21E os teus ouvidos ouvirão
saliente sobre uma elevada muralha, a sua palavra, quando clamar atrás
e que subitamente se desmorona de ti (dizendo): Êste é o caminho,
uando menos se espera. 14E será andai por êle; e não declineis nem
? eita em pedaços, como se quebra para a direita nem para a esquerda.
com uma fortíssima pancada uma 22Então considerarás como coisas pro­
vasilha de barro; e não se achará fanas essas lâminas de prata que co-
Cap. X X X — 6. O titulo dêste vaticinio ê um a alusão aos animais m alfazejos que in­
festam o deserto, situado entre a Palestina e o Egito. Segundo alguns comentadores, po­
rém, refere-se aos anim ais de carga, que levavam os presentes destinados a Faraó.
8. Para que seja. .. para que, depois do acontecimento que estava profetizado, fôsse
bem constatado que o profeta fa la v a em nome de Deus.
13. Im agem para m ostrar os terríveis efeitos desta revolta contra Deus.
17. Corno o m a s tr o ... como um estandarte. Dois símbolos para indicarem o aniquila­
mento quase completo.
842 PROFECIA DE ISAIAS 30 - 31

brem os teus ídolos, e os vestidos das bores e citaras; e num assinalado com­
tuas estátuas de ouro; e os arrojarás bate o vencerá. 33Porque há muito
para longe de ti como um pano su­ tempo está preparado o lugar de To-
jo. Fora daqui, lhes dirás tu. 23E fet, preparado pelo (grande) rei, pro­
será dada chuva para o teu grão, on­ fundo e espaçoso. As suas acenda-
de quer que o semeares na terra; e lhas são o fogo e muita lenha; e o
o fruto que a terra produzir será sôpro do Senhor, como uma torrente
abundantíssimo e excelente; naquele de enxofre, é o que o acende.
dia será o cordeiro apascentado em
espaçosa extensão na tua herdade; Novamente contra a aliança
24e os teus touros e jumentinhos, que com o Egito
lavram a terra, comerão uma mistu­ 0 “í JA i dos que descem ao Egito a
ra de grãos, tais como foram pade-
jados na eira. “ E sôbre todo o mon­ 8,4 buscar socorro, esperando nos
te alto, sôbre todo o outeiro elevado (seus) cavalos, e tendo confiança nos
haverá arroios de águas correntes no seus carros de guerra, porque são
dia da mortandade d e ‘ muitos (de muitos, e nos cavaleiros, porque são
teus inimigos) , quando caírem as tor­ muito valentes, e que não confiaram
res (que os defendiam). 26E a luz da no Santo de Israel, nem buscaram o
lua será como a luz do sol, e a luz do Senhor! ‘ (Infelizes!) pois o mesmo
sol será sete vêzes maior, como seria (Senhor), o sábio (por excelência),
a luz de sete dias juntos, no dia em enviou-lhes calamidades, e não dei­
que o Senhor atar a ferida do seu xou de cumprir as suas palavras; e
povo, e curar o golpe da sua chaga. levantar-se-á contra a casa dos maus,
e contra o auxílio dos que cometem
Castigo da Assíria a iniqüidade. sO Egito é um homem,
e não um Deus: e os seus cavalos são
27Eis que o nome do Senhor vem carne, e não espírito; e o Senhor es­
de longe, o seu furor é ardente e in­ tenderá a sua mão, e precipitará o
suportável; os seus lábios estão cheios auxiliador, e cairá o auxiliado, e to­
de indignação, e a sua língua é como dos juntamente perecerão.
um fogo devorador. 280 seu sopro é A salvação de Israel vem sòmente
como uma torrente que, inundando, de Deus
chega até ao meio do pescoço, para
erder e aniquilar as nações, e (que- 4Porque isto me diz o Senhor: As­
ra r) o freio do êrro, que estava nos sim como o leão e o cachorro do leão
queixos dos povos. 29Vós (porém ) en­ ruge sôbre a sua prêsa, e, ainda que
toareis um cântico, como na noite da se apresente diante um tropel de pas­
santa solenidade (da Páscoa); e a tores, não se aterrará ao seu alarido,
alegria do vosso coração será como a nem se espantará da sua multidão,
do que vai caminhando ao som da assim descerá o Senhor dos exércitos
flauta, para entrar no monte do Se­ para pelejar sôbre o monte Sião, e
nhor, do forte de Israel. 30E o Senhor sôbre a sua colina. 5Como as aves
fará ouvir a sua voz majestosa, e que voam (em volta do seu ninho),
mostrará o terror do seu braço nas assim protegerá Jerusalém o Senhor
ameaças do seu furor, e com as cha­ dos exércitos; protegerá e livrará,
mas de um fogo devorador; quebrará passará e salvará. 6Convertei-vos (ao
tudo com tempestade e pedras de sa­ Senhor), filhos de Israel tanto quan­
raiva. to vos tínheis. profundamente afasta­
31Porque à voz do Senhor, ficará do (dêle). 7Porque naquele dia cada
cheio de pavor Assur, ferido com um lançará fora os seus ídolos de
sua vara. 32E será perdurável a pas­ prata, e os seus ídolos de ouro, que
sagem desta vara, que o Senhor des­ vós fabricastes corri as vossas mãos
carregará sôbre êle ao som de tam­ para pecardes. 8E Assur cairá ao fio
33. O lugar, em que os cadáveres do rei dos Assírios e dos seus guerreiros devem ser
queimados, está preparado de antemão. Cham a-se Tofet, e está situado no vale de H i-
non, no mesmo lu gar em que, sob o reinado de Acaz, tinham sido oferecidos sacrifícios
humanos a Moloc ( I V Reis, X X III, 10).
3 1 - 32 PROFECIA DE ISAÍAS 843

da espada, mas não da espada dum Judá há de sofrer muito antes


homem; pois a espada que o há de dêste reinado
transpassar será espada (de Deus),
e não de nenhum homem; êle fugirá, 9Mulheres opulentas, levantai-vos, e
mas não porque o persiga a espada ouvi a minha voz; filhas que confiais
(dos seus inim igos); e serão tributá­ (nas riquezas), prestai ouvidos às
rios (ou subjugados) os seus jovens minhas palavras; 10porque, depois de
(guerreiros). 9E desfalecerão de ter­ alguns dias e de um ano, vós, as que
ror as suas forças, e os seus prínci­ viveis tão confiadas, sereis postas em
pes fugirão espavoridos; (assim) disse turbação, porque a vindima está con­
o Senhor, que tem o seu fogo em sumada, não virá mais a colheita.
Sião, e a sua fornalha em Jerusalém. “ Pasmai, ó opulentas, ficai cheias de
turbação, vós que estais tão confia­
Reinado do Messias das; despi-vos (das vossas galas), e
envergonhai-vos, cingi os vossos rins
OO "Eis que um rei (de Judá) rei- (de saco). 12Batei nos vossos peitos,
nará com justiça, e os seus (ch ora i) sôbre a vossa amada pátria,
príncipes governarão com retidão. 2E sôbre as vossas vinhas férteis. 13Os
cada um dêles será como um refúgio espinhos e os abrolhos virão sôbre
contra o vento, e um abrigo contra a a terra do meu povo; quanto mais
tempestade; como arroios de águas sôbre tôdas as casas de prazer da ci-»
na sêde, e como a sombra duma alta dade alegre! “ Porque a casa será
rocha em terra árida. 3Não se ofus­ abandonada, e essa tão populosa ci­
carão os olhos dos que vêem, e os dade será desamparada, as suas casas,
ouvidos dos que ouvem escutarão a- transformadas em cavernas, serão pa­
tentamente. 40 coração dos insensa­ ra sempre cobertas de espêssas tre­
tos entenderá a ciência, e a língua vas; ali retouçarão os asnos monte-
dos tartamudos se exprimirá com ses, e pastarão os rebanhos, 15até que
prontidão e clareza. 5Não mais se sôbre nós se derrame o espírito (de
dará ao insensato o nome de prínci­ Deus) lá do alto, e o deserto se con­
pe, nem ao fraudulento o de grande; verta em um Carmelo (fé r til), e o
6porque o insensato dirá loucuras, e Carmelo em bosque. 16E (então) ha­
o seu coração praticará a iniqüidade, bitará no deserto a caridade, e a jus­
para completar a sua simulação, e tiça terá o seu assento no (novo)
Carmelo. 17E a paz será a obra da
falar ao Senhor com fraude, e dei­ justiça, e o efeito da justiça o sossêgo
xar vasia a alma do faminto, e tirar e a segurança para sempre. ME o
a bebida ao que tem sêde. 7As ar­ meu povo repousará na formosura da
mas do fraudulento são péssimas; paz e nos tabernáculos da confiança, e
porque está sempre maquinando pla­ num descanso opulento. 19Mas a sa­
nos para perder os mansos com dis­ raiva cairá sôbre a floresta, e a cida­
cursos mentirosos, enquanto o pobre de (mundana) será profundamente
fala conforme a justiça. 8Porém, o humilhada. “ Bem-aventurados vós,
príncipe (que vos vaticino) terá pen­ os que semeais sôbre tôdas as águas,
samentos dignos dum príncipe, e êle e que deixais em liberdade o pé do
mesmo estará vigilante sôbre os che­ boi e do asno (para que pastem d
fes (do seu povo). vontade).
Cap. X X X I — 9. O seu fo g o . . . a sua fornalha. O altar dos sacrifícios e o seu b r a ­
seiro.
Cap. X X X II — 3. Cessará a cegueira espiritual com que Deus os tinha castigado, e
receberão o conhecimento dos caminhos do senhor.
5. Neste reinado feliz não será o nascimento nem a riqueza, m as a virtude e a gene­
rosidade de sentimentos que constituirão a nobreza dos cidadãos.
10. Está consumada. .. Tudo será assolado pelo inimigo, e por conseqüência não haverá
colheitas.
13. D a cidade alegre. Ê um coletivo que se refere ás principais cidades de Judá.
19. Os maus, porém, serão castigados com a tempestade da cólera divina.
20. O profeta refere-se novamente à felicidade dos bons, simbolizada numa grande pros­
peridade material.
844 PROFECIA DE ISAÍAS 33

Derrota dos Assírios e libertação 13Vós os que estais longe, ouvi o


de Jerusalém que eu fiz, e os que estais vizinhos,
conhecei o meu poder. 14Os pecado­
09 »Ai de ti, que devastas! Porven- res foram aterrados em Sião, o mê-
tura não serás também tu do açoderou-se dos hipócritas; qual
devastado? E tu, que desprezas, não de vós poderá habitar em um fogo
serás também desprezado? Quando devorador? Qual de vós poderá ha­
acabares de devastar, serás devasta­ bitar entre as chamas eternas? 15A-
do; quando, já cansado, deixares de quêle que anda na justiça e fala ver­
desprezar, serás desprezado. dade, o que rejeita as riquezas ad­
2Senhor, tem misericórdia de nós, quiridas com a exortação, e que sa­
porque (sempre) esperamos em ti; sê code as suas mãos de todo o presen­
o nosso braço desde a manhã, e a te, o que tapa os seus ouvidos para
nossa salvação no tempo da tribula? não ouvir conversas sanguinárias, e
ção. 3À voz do anjo fugiram os po­ fecha os seus olhos para não ver o
vos, e diante da tua grandeza foram mal. 16Êste habitará nas alturas
dispersas as nações (inim igas). ‘ Se­ (inacessíveis aos seus inim igos), as
rão juntados os vossos despojos (6 altas rochas fortificadas serão o seu
Assírios), como se juntam os brugos, abrigo; ser-lhe-á dado pão (em abun­
com os quais se enchem covas. bO dância), e a água nunca lhe faltará.
Senhor foi engrandecido, porque ha­
bita no alto; êle encheu Sião de reti­ O reinado do Senhor em Sião
dão e de justiça. 6E a fé reinará nos
teus tempos (6 Judá); a sabedoria e 17Os seus olhos verão o rei (dos
a ciência serão as tuas riquezas de céus) no seu esplendor, verão a terra
salvação; o temor do Senhor será o de longe. 1S(E n tã o) o teu coração re-
teu tesouro. cordar-se-á do (seu passado) temor.
Onde está (dirá êle) o letrado? On­
7Eis que os que estiverem vendo de está o quê pesava as palavras da
clamarão de fora; os anjos (ou em­ lei? Onde está o mestre dos meni­
baixadores) da paz chorarão amar- nos? 19Tu não mais verás o povo in­
gamente. 8Estão desertos os cami­ solente, o povo de falar obscuro, cuja
nhos, cessou o que passava pela vere­ linguagem estudada não podias com­
da; (o inim igo) rompeu a aliança, preender, e que não tem nenhuma
desprezou as cidades, não teve em sabedoria. “ Olha para Sião, cidade
conta os homens. 9A terra chora e das nossas festas; os teus olhos verão
desfalece; o Líbano está em confu­ Jerusalém, aquela habitação opulen­
são e num estado de vilipêndio; e Sa- ta, aquêle tabernáculo, que não pode­
ron converteu-se num deserto; e Ba- rá de modo algum ser transportado;
san e o Carmelo foram talados. nem serão jamais arrancadas as suas
10Mas agora me levantarei eu (con ­ estacas, nem corda alguma das suas
tra os Assírios), diz o Senhor; agora se quebrará. 21Porque sòmente ali é
serei exaltado, agora serei glorifica- que nosso Senhor ostenta a sua mag­
do. nVós (6 Assírios) concebereis nificência; lugar de rios, canais lar-
chamas (ou projetos orgulhosos con­ guíssimos e caudalosos, por onde não
tra o meu p o v o ); mas dareis à luz passará baixei (in im igo) a remo, nem
(sòmente simples) palhas; o vosso es­ galé grande de três ordens de remos
pírito como fogo vos devorará. 12E o atravessará, 22porque o Senhor é
êstes povos serão como a cinza (que o nosso juiz, o Senhor é nosso legis­
fica ) dum incêndio, e Como um feixe lador, o Senhor é o nosso rei; é êle
de espinhos que arderão no fogo. que nos há de salvar. 230 teu cor-
Cap. X X X III — 7. Descreve-se a consternação de Jerusalém, cercada pelo exército de
Senaquerib. — Os embaixadores chorarão, ao ouvir as duras condições impostas pelo con­
quistador.
21. M uitas das grandes cidades são atravessadas ou cercadas por rios que as defendem
contra os inimigos. Em Jerusalém a presença de Deus é como um rio protetor, em que
nenhum barco inimigo ousará, penetrar.
23. O teu cord a m e... O profeta refere-se novamente aos Assírios; compara-os a um
navio abandonado.
33 - 35 PROFECIA DE ISAIAS 845

dame afrouxou, e não resistirá; esta­ os seus inim igos). °E converter-se-


rá em tal estado o teu mastro, que -ão em paz as torrentes (da Id u m éia ).
não poderás estender as tuas velas. e o seu chão em enxofre; e a sua
Então se repartirão os despojos de terra tornar-se-á um pez ardente.
muitas prêsas (que tinhas f e it o ); os 10 (O incêndio) não se apagará nem
(próprios) coxos tomarão parte na de noite nem de dia, o seu fumo
pilhagem. 2íO vizinho não dirá: Es­ subirá para sempre; de geração em
tou doente; o povo que quis aí habi­ geração será assolada, pelos séculos
tar receberá o perdão dos seus pe­ dos séculos não haverá quem por ela
cados. passe. “ Possuí-la-ão o pelicano e o
ouriço; a íbis e o corvo habitarão ne­
Castigo das nações, simbolizadas na la; (D eus) estenderá sôbre ela a cor­
Iduméia da de medir, para a reduzir a nada, e
04 ^ in d e cá, ó nações, e ouvi; po- o nível para a arrasar inteiramente.
vos, estai atentos; ouça a ter­ 12Os seus nobres não ficarão mais alí;
ra, e o que ela contém; o~ mundo, mas antes invocarão o rei (para os
e tudo o que êle produz. 2Porque a socorrer), e todos os seus príncipes
indignação do Senhor vai cair sobre serão aniquilados. “ Nascerão nas suas
tôdas as nações, e o seu furor sôbre casas espinhos e urtigas, e cardos nas
todo o seu exército; êle os matará suas fortalezas; e ela virá a ser covil
e entregará ao massacre. 3Os seus de dragões, e pastagem de avestruzes.
mortos serão atirados (sem sepultu­ 14E nela se encontrarão os demônios
ra ), e os seus cadáveres exalarão um com os onocentauros, e os sátiros gri­
fedor (insuportável); os montes serão tarão uns para os outros; ali se dei­
infeccionados com o seu sangue. 4E tará a lâmia, e encontrará o seu re­
desfalecerá toda a milícia (ou as­ pouso. 15A li terá o ouriço a sua cova,
tros) dos céus, e os céus se enrolarão ali criará os seus filhinhos, e cavará
como um livro; e tôda a sua milícia em roda, e à sombra dela os abri­
cairá como cai a fôlha da vinha e da gará; ali se juntarão os milhanos, uns
figueira. ao pé dos outros.
5Porque a minha espada se embria­ “ Buscai diligentemente no livro do
gou nos céus; eis que ela vai agora Senhor, e lêae; nada do que vos
descarregar sôbre a Iduméia, sobre anuncio deixará de acontecer, nem u-
um povo, que eu destinei ao extermí­ ma só destas coisas faltará, porque o
nio, para fazer justiça. 6A espada que sai da minha bôca, Deus o man­
do Senhor está cheia de sangue; está dou, e o seu mesmo espírito juntou
toda coberta de gordura, de sangue estas coisas. 17Ê êle mesmo que fará
dos cordeiros e dos bodes, de sangue a distribuição (da Iduméia pelos ani­
dos carneiros gordos; porque há víti­ mais selvagens); a sua mão a repar­
mas do Senhor em Bosra e grande tirá entre êles por medida; desde en­
matança na terra de Edom. 7E com tão para sempre a possuirão; de ge­
êles cairão os unicórnios e os touros ração em geração habitarão nela.
com os poderosos; a terra se embria­
gará com o seu sangue, e o chão Libertação e glória de Israel, símbolo
com a sua gordura. da idade de ouro messiânica
8Porque é o dia da vingança do Se­ OÇ *(Então) a terra deserta e sem
nhor, o ano (o tem po) das represálias ° ** caminho se alegrará, e a so­
para fazer justiça a Sião (castigando 2 4 lidão exultará; e florescerá como
24. N o reino messiânico, no seu m áximo esplendor n&o haverá doenças nem pecados.
Cap. X X X I v — 5. A minha espada se embriagou nos céus, provocando lá a desordem
que acaba de ser descrita, e agora ela vai cair, com o fu ror dum homem ébrio, sôbre
Edom, um dos tipos dos inimigos de Israel.
6. Cordeiros. . . bodes, etc. M etáforas que designam os habitantes da Iduméia. — Bosra
era uma das principais cidades da Iduméia.
7. Os unicórnios... isto é, os príncipes idumeus cairão também, feridos pela mfto de Deus.
16. Buscai. . examinai diligentemente o livro das profecias que ago ra vos faço, quando
elas se realizarem, e vereis que serão rigorosamente cumpridas.
Cap. X X X V — 1. A terra deserta é a Palestina devastada pelos Inimigos de Israel.
846 PROFECIA DE ISAÍAS 35 - 36

um lírio. 2Lançando germes, ela Ezequias, com um formidável exér­


brotará copiosamente, e exultará de cito, e fêz alto ao pé do aqueduto
alegria e de louvores; a glória do L í­ da piscina superior, no caminho do
bano lhe será dada, a formosura do campo do Pisoeiro. 3E saiu para ir
Carmelo e de Saron; os seus habi­ ter com êle Eliacim, filho de Helcias,
tantes verão a glória do Senhor, e a que era mordomo-mor da casa do
magnificência do nosso Deus. C on ­ rei, e Sobna, secretário de estado e
fortai as mãos frouxas, e robustecei os Joaé, filho de Asaf, cronista-mor.
joelhos débeis. 4Dizei aos pusilâni­
mes: Tomai ânimo, e não temais; eis 4E Rabsaces disse-lhes: Dizei a E-
que o vosso Deus trará a vingança e zequias: Eis o que diz o grande rei,
as represálias. Deus mesmo vira, e o rei dos Assírios: Que confiança é
vos salvará. essa em que te apoias? 5Ou com
5Então se abrirão os olhos dos ce­ que desígnio ou forças pretendes tu
gos, e se desimpedirão os ouvidos dos fazer-me guerra? Sobre quem fun­
surdos. °Então saltará o coxo como das tu a confiança para recusar o-
um veado, e desatar-se-á a língua bedecer-me? 6Vejo que te apoias no
dos mudos; porque rebentarão ma­ Egito, êsse bordão de cana rachada,
nanciais de águas no deserto, e tor­ na qual, se se firm ar um homem, ela
rentes na solidão. 7E a terra, que se lhe meterá pela mão, e a trans-
estava árida, se converterá em um passará; assim é Faraó, rei do E-
lago, e a terra, que ardia de sêde, gito, para todos os que confiam nê-
se converterá em fontes de águas. le. 7E, se me responderes: Nós con­
Nas cavernas, em que antes habita­ fiamos no Senhor nosso Deus; por­
vam os dragões, nascerá a verdura ventura não é êste aquêle mesmo,
da cana e do junco. 8E haverá ali cujos altos e altares destruiu Eze­
uma vereda e um caminho, que se quias, dizendo a Judá e a Jerusa­
chamará santo; não passará por êle lém: (Som ente) diante dêste altar
o impuro, e êste (caminho) será pa­ adorareis? 8Agora, pois, rende-te ao
ra vós um caminho direito, de sor­ rei dos Assírios, meu amo, e eu te
te que andem por êle os próprios darei dois mil cavalos, e não pode­
loucos sem se perderem. 9Não ha­ rás entre os teus achar homens pa­
verá ali leão, nem animal (algum ) ra montar nêles. °Pois, como pode­
feroz transitará por ali, nem ali se rás fazer frente a um só governa­
achará; por êste caminho andarão dor, tomado entre os menores ser­
os que tiverem sido salvos (do pe­ vos do meu amo? E, se confias no
cado). 10E os remidos pelo Senhor Egito, nos seus carros de guerra e
voltarão e virão a Sião, cantando nos seus cavaleiros, “ porventura vim
os seus louvores; e uma alegria e- eu a esta terra sem ordem do Se­
terna coroará a sua cabeça; possui­ nhor para a perder? O Senhor é
rão gôzo e alegria, e dêles fugirá a quem me disse: Entra nessa ter­
dor e o gemido. ra, e a destrói.
“ Então Eliacim, Sobna e Joaé dis­
A ímpia e orgulhosa embaixada seram a Rabsaces: Fala aos teus ser­
de Senaquerib vos em língua siríaca, porque nós
a entendemos; não nos fales em he-
OC XE aconteceu, no ano décimo breu, estando-nos a ouvir o povo,
quarto do rei Ezequias, que que está sobre a muralha. 12E Rab­
Senaquerib, rei dos Assírios, pôs cêr- saces disse-lhes: Porvèntura é ao teu
co a tôdas as cidades fortificadas de senhor e a ti que meu amo me man­
Judá, e tomou-as. dou, para dizer tôdas estas pala­
*E o rei dos Assírios enviou Ráb- vras, e não antes aos homens que es­
saces de Laquis a Jerusalém, ao rei tão sentados sobre a muralha, para
3. V ó s os que no exílio nunca perdestes a esperança, confortai as mãos f r o u x o s ..., an i­
m ai os vossos irmãos desanimados.
Cap. X X X V I — 7. Rabsaces ignorava que Ezeqúias tinha feito um a obra de religião,
proibindo sacrificar a Deus fo ra de Jerusalém, lugar único destinado para isto pelo
próprio Deus.
36 - 37 PROFECIA DE ISAÍAS 847

que comam os seus excrementos, e dou Eliacim, mordomo-mor da sua


convosco bebam a sua urina (se não casa, e Sobna, secretário de estado,
se renderem)? e aos mais anciãos dentre os sacer­
18E Rabsaces pôs-se em pé, e gri­ dotes, cobertos de saco, ao profeta I-
tou em alta voz, na língua judaica, saias, filho de Amos, 3e disseram-lhe:
e disse: Ouvi as palavras do gran­ Eis o que diz Ezequias: Êste dia
de rei, do rei dos Assírios. 14Eis o é um dia de tribulação e de castigo,
que diz o rei: Não vos seduza E- e de blasfêmia; porque os filhos es­
zequias, porque êle não vos poderá tão prestes a nascer, porém, não há
livrar. 15E não vos infunda Ezequias fôrça na mãe para os dar à luz. *0
confiança no Senhor, dizendo: O Senhor teu Deus talvez terá ouvido
Senhor indubitàvelmente nos há de as palavras de Rabsaces, que foi en­
livrar; esta cidade não há de ser viado pelo rei dos Assírios, seu amo,
entregue na mão do rei dos Assírios. para blasfemar do Deus vivo, e in-
16Não queirais ouvir Ezequias, por­ sultá-lo com os discursos que o Se­
que eis o que diz o rei dos Assírios: nhor teu Deus ouviu. Eleva, pois, a
Fazei comigo aliança, e rendei-vos a tua oração pelos restos (do povo)
mim, e comerá cada um do fruto da que ainda subsistem. 5Os servos do
sua vinha, e cada um do fruto da rei Ezequias foram, pois, ter com
sua figueira, e beberá cada um da Isaías.
água da sua cisterna, 17até que eu Resposta de Isaías
venha, e vos leve para uma terra
que é, como a vossa terra, de grão 6E Isaías disse-lhes: Direis ao vos­
e de vinho, terra de pães e de vi­ so amo o seguinte: Eis o que diz o
nhas. 18Nem vos perturbe Ezequias, Senhor: Não temas as palavras que
dizendo: O Senhor nos livrará. Por­ ouviste, com as quais os servos do
ventura os deuses das gentes livra­ rei dos Assírios blasfemaram de mim.
ram cada um a sua terra da mão do 7Vou dar-lhe um espírito tal que, a
rei dos Assírios? 18Onde está o deus uma nova que êle há de ouvir, vol­
de Emat, e de Arfad? Onde está o tará para a sua terra, e fá-lo-ei cair
deus de Sefarvaim? Porventura livra­ morto à espada na sua terra.
ram êles da minha mão a Samaria?
20Qual é dentre todos os deuses dessas N ova em baixada de Senaquerib
terras, o que pôde livrar o seu país e oração de Ezequias
da minha mão, para que (espereis 8Ora, Rabsaces voltou, e encontrou
que) o Senhor possa livrar Jerusalém o rei dos Assírios pôsto em campànha
da minha mão? contra Lobna; porque tinha ouvido
21E êles puseram-se em silêncio, e dizer que êle se tinha retirado de
não lhe responderam uma só palavra, Laquis. 9Então ( o rei da Assíria)
pois assim lho tinha mandado o rei, recebeu uma nova a respeito de Ta-
dizendo: Não lhe respondais. 22E raca, rei da Etiópia; disseram-lhe:
(em seguida) Eliacim, filho de Hel- Êle pôs-se em marcha, a fim de pe­
cias, que era mordomo-mor da casa lejar contra ti. Tendo êle ouvido is­
do rei, e Sobna, secretário de estado, to, enviou mensageiros a Ezequias,
e Joaé, filho de Asaf, cronista-mor, dizendo: 10Isto direis a Ezequias, rei
foram ter com Ezequias, levando os de Judá, quando lhe falardes: Não
vestidos rasgados (em sinal de dor) te engane o teu Deus, em quem tu
e relataram-lhe as palavras de Rab­ confias, dizendo: Não será entregue
saces. Jerusalém na mão do rei dos Assí­
Ezequias manda consultar Isafas rios. nTu tens ouvido tôdas as coi­
sas que os reis dos Assírios fizeram
O y 7E aconteceu que, tendo ouvi- a tôdas as terras que destruiram;
**1 do isto o rei Ezequias, rasgou e tu (julgas que) poderás livrar-te?
seus vestidos, e cobriu-se de saco, e “ Porventura os deuses das gentes li­
entrou na casa do Senhor. 2E man- vraram aquêles povos que meus pais
Cap. X X X V II — 3. Porque os filh o s ... Expressão proverbial para significar que, se
Deus nâo os a u x ilia . não poderão defender , cidade santa.
848 PROFECIA DE ISAIAS 37

destruíram, Gozam, e Haram, e Re- que do seu Carmelo. “ Eu cavei, e


sef, e os filhos de Eden, que esta­ bebi as suas águas, e sequei com a
vam em Talassar? 13Onde está o planta dos meus pés todos os arroios
rei de Emat, e o rei de Arfad, e o detidos por diques. “ Porventura não
rei da cidade de Sefarvaim, de Ana ouviste dizer o que outrora eu fiz?
e de Ava? 14E Ezequias tomou a Desde os dias antigos eu formei ês-
carta da mão dos embaixadores, e te projeto, e agora o executei; e as­
leu-a, e subiu à casa do Senhor, e sim se fêz para ruína dos outeiros
estendeu-a diante do Senhor; 15e E- que pelejam todos juntos, e das ci­
zequias orou ao Senhor, dizendo: “ Se­ dades fortificadas. 2 67Os seus habi­
nhor dos exércitos. Deus de Israel, tantes, tendo as mãos débeis, treme­
que estás sentado sôbre os querubins; ram e ficaram confundidos; torna­
tu só és o Deus de todos os reinos ram-se como a erva dos campos, e
da terra, tu o que fizeste o céu e a relva do pasto, e a erva dos te­
a terra. “ Inclina, Senhor, o teu ou­ lhados, que seca antes de amadure­
vido. e ouve; abre, Senhor, os teus cer. “ Eu conheço (bem ) a tua ha­
olhos, e vê, e ouve todas as pala- bitação, *e a tua saida, e a tua en­
vras de Senaquerib, as quais êle man­ trada, e o teu furor insensato con­
dou dizer para blasfemar do Deus tra mim. "Quando tu te enfurecias
vivo. 18Ê verdade, Senhor, que os contra mim, a tua soberba subiu a-
reis dos Assírios assolaram aquelas té aos meus ouvidos; eu te porei
nações e os seus territórios, 10e entre­ pois uma argola nos narizes, e um
garam ao fogo os seus deuses; por­ freio nos lábios, e te farei voltar pelo
que êles não eram deuses, mas o- caminho por onde vieste.
bras das mãos dos homens, pau e 30Tu, porém, (6 Ezequias) terás is­
pedra, e (p or isso) os despedaçaram. to por sinal: Come êste ano do que
“ Agora, pois, Senhor nosso Deus, sal­ nasce espontâneamente, e no segundo
va-nos da sua mão, e conheçam to­ ano sustenta-te de frutas; mas no
dos os reinos da terra que só tu és terceiro ano semeai, e segai, e plan­
o Senhor (e Deus verdadeiro). tai vinhas, e comei o fruto delas.
31E o que ficar salvo da casa de Ju-
Oráculo de Isafas contra os Assírios dá, e o que dela restar, lançará raí­
21E Isaías, filho de Amós, mandou zes para baixo, e produzirá frutos
dizer a Ezequias: Eis o que diz o Se­ para cima; 32porque de Jerusalém
nhor Deus de Israel: Pelo que diz sairão os restos (do meu povo), e do
respeito ao que me pediste acerca de monte Sião os que se hão de salvar.
Senaquerib, rei dos Assírios, 22eis a pa­ Isto fará o zêlo do Senhor dos exér­
lavra que contra êle pronunciou o citos.
Senhor: «P o r isso eis o que diz o Senhor a
Êle te desprezou, e te insultou, ó respeito do rei dos Assírios: Êle não
virgem, filha de Sião; êle por detrás entrárá nesta cidade, nem atirará
de ti abanou a cabeça,’ ó filha de Je­ contra ela setas, nem o seu escudo
rusalém, (em sinal de escárnio). a investirá, nem levantará trinchei­
“ A quem insultaste (Ó rei orgulho­ ras ao redor delas. “ Pelo caminho
so), de quem blasfemaste, e contra por onde veio, por êsse voltará, e
quem levantaste a voz, e elevaste os não entrará nesta cidade, diz o Se­
teus olhos insolentes? Contra o nhor. “ Eu protegerei esta cidade,
Santo de Israel. 24Pòr meio dos teus para a salvar por causa de mim, e
servos ultrajaste o Senhor, e disses­ por causa de Davi, meu servo.
te: Eu, com a multidão dos meus “ Saiu, pois, o anjo do Senhor, e fe ­
carros de guerra subi ao alto dos riu cento e oitenta e cinco mil ho­
montes, aos cabeços do Líbano; e cor­ mens no campo dos Assírios. E, quan­
tarei os seus elevados cedros, e as do. surgiu a manhã, eis que todos
suas faias escolhidas, e subirei até estavam reduzidos a cadáveres. "R e ­
ao seu ponto mais elevado, no bos­ tirou-se então dali Senaquerib, rei
26. Para ruína dos outeiros. . . Segundo o hebreu: Para que reduzas a montões de ru i-
nas as cidades fortes.
37 - 38 PROFECIA DE i s a í a s 849

dos Assírios» e partiu, e voltou, e ha­ Não verei mais homem algum, nem
bitou em Nínive. “ E aconteceu que, habitante do repouso.
enquanto êle adorava no templo o seu 12Foi-me tirado o tempo da minha
deus Nesroc, Adramelec e Sarasar, vida; e ela se me enrolou como uma
seus filhos, feriram-no com as suas tenda de pastores. A minha vida foi
espadas, e fugiram para a terra de cortada como por um tecelão; quan­
Ararat; e reinou seu filho Asara- do eu ainda a estava urdindo, êle
don em seu lugar. ma cortou; desde manhã até à tar­
Doença e cura miraculosa de
de tu acabarás comigo (6 D e m ).
Ezequias 13Eu esperava até à manhã; êle, co­
mo um leão, quebrou todos os meus
OQ ‘Naqueles dias adoeceu Ezequias ossos. Desde manhã até à tarde tu
4,0 de uma enfermidade mortal; acabarás comigo.
e Isaías, profeta, filho de Amós, foi 14Eu gritava como o filho da an­
ter com ele, e disse-lhe: Eis o que dorinha, gemia como a pomba. Os
diz o Senhor: Pôe em ordem as coi­ meus olhos cansaram-se a olhar para
sas da tua casa, porque vais mor­ o alto. Senhor, eu sofro violência,
rer, e não viverás. 2E Ezequias vol­ responde tu por mim.
tou o seu rosto para a parede, e orou 15Que direi eu, ou que me respon­
ao Senhor, 3e disse: Peço-te, Senhor, derá êle, quando êle mesmo é que
ue te lembres de como tenho anda- fêz isto? Repassarei diante de ti pe­
o diante de ti em verdade e com la memória todos os meus anos na
um coração perfeito, e tenho feito o amargura da mi lha alma.
que é bom aos teus olhos. E Eze­
quias derramou lágrimas abundantes. 16Senhor, se é assim que se vive,
‘ Então o Senhor falou a Isaías di­ e se a vida do meu espírito consiste
zendo: 'Vai, e dize a Ezequias: Eis em tais coisas, tu me castigarás, e
o que diz o Senhor Deus de Davi, me darás a vida.
teu pai: Ouvi a tua oração, e vi as "Encontrarei paz na minha amar-
tuas lágrimas; acrescentarei aos teus gosíssima aflição. E tu livraste a
dias quinze anos, °e livrar-te-ei da minha alma para ela não perecer,
mão ao rei dos Assírios, a ti, e a lançaste para trás das tuas costas to­
esta cidade, e a protegerei. 7E eis dos os meus pecados.
o sinal que o Senhor te dará, para “ Porque o sepulcro não te bendi­
te assegurar que cumprirá o que rá, nem a morte te louvará; os que
disse: 8Eu farei com que a sombra descem à cova não esperarão mais
das linhas, pelas quais ela tinha pas­ a tua verdade-
sado no relógio de Acaz, em razão 1#0 que vive, o que vive, êsse é o
do giro do sol, volte dez linhas para que te louvará, como eu o faço hoje;
trás. E o sol retrocedeu dez linhas o pai fará conhecer aos filhos a tua
elos graus, por onde tinha desci- verdade.
o. "Senhor, salva-me, e nós cantare­
Cântico de Ezequias
mos os nossos salmos, todos os dias
•Cântico de Ezequias, rei de Judá, da nossa vida, na casa do Senhor.
quando, depois de ter estado doente, 21Ora, Isaías mandou que tomassem
foi curado da sua enfermidade. uma massa de figos, e que, feita com
10Eu disse: N a metade de meus ela uma cataplasma, a pusessem so­
dias irei às portas do sepulcro. Bus­ bre a chaga (de Ezequias), e sararia.
quei o resto de meus anos. 22E Ezequias disse: Que sinal terei
uEu disse: Não verei mais o meu eu de que ainda hei de subir à casa
Senhor Deus na terra dos viventes. do Senhor?
Cap. xxxvni — 10. Busquei... Ezequias, no momento em que a vida lhe fugia, teria
querido retê-la.
12. Como urna tenda de pastôres, quando est&o p a ra partir.
14. A olhar para o dito, invocando a Deus.
10. Tu me castigarás. A s am arguras que me envias terão como resultado o meu aper­
feiçoamento (e me darás a vida).
850 PROFECIA DE ISAIAS 39 - 40

Em baixada de M erodac-Baladan 2Falai ao coração de Jerusalém, e


dizei-lhe que os seus males termi­
0 0 d a q u e le tempo Merodac-Bala- naram, que está perdoada a sua ini-
dan, filho de Baladan, rei de qüidade, e que ela recebeu da mão
Babilônia, enviou cartas e presen­ do Senhor o duplo por todos os seus
tes a Ezequias, por ter ouvido dizer pecados.
que tinha estado doente, e que já O Precursor
tinha convalescido. 2E Ezequias ale­
grou-se com isto, e mostrou aos en­ 3Voz do que clama no deserto: P re­
viados o repositório dos aromas, e parai o caminho do Senhor, endirei­
da prata, e do ouro, e dos perfumes, tai na solidão as veredas do nosso
e dos ungüentos preciosos, e todos os Deus. 4Todo o vale será alteado, e
gabinetes das suas alfaias, e em ge­ todo o monte e outeiro será rebai­
ral tudo o que se encontrava nos xado, e os caminhos tortuosos serão
seus tesouros. Não houve nada no endireitados, e os escabrosos aplana-
seu palácio, nem do que estava de­ dos. BEntão a glória do Senhor se
baixo de seu poder, que Ezequias manifestará, e todos os homens ve­
lhes não mostrasse. rão ao mesmo tempo o que a bôca
3Então o profeta Isaías foi ter com do Senhor falou.
o rei Ezequias, e disse-lhe: Que te 6(O uvi) uma voz que me dizia:
disseram êstes homens? E donde Clama. E eu disse: Que hei de cla­
vieram êles para te falar? E Eze­ mar? (Clama que) tôda a carne é
quias respondeu: Vieram ver-me de feno, e que tôda a sua glória é co­
um país muito remoto, de Babilônia. mo a flor do campo. 7Secou-se o
4E Isaías disse: Que viram êles em feno, e caiu a flor, porque o sopro
tua casa? E Ezequias respondeu: do Senhor passou sôbre êle. Verda­
Viram tudo o que há em minha casa; deiramente o povo é feno; 8secou-se
não houve nos meus tesouros coisa o feno, e caiu a flor; mas a pala­
que eu deixasse de lhes mostrar. °E vra de nosso Senhor permanece pa­
Isaías disse a Ezequias: Ouve a pa­ ra sempre.
lavra do Senhor dos exércitos: °Eis °Sobe a um alto monte tu, que a-
que virão dias em que tôdas as coi­ nuncias a boa nova a Sião: levan­
sas, que há na tua casa, e que teus ta com fôrça a tua voz, tu, que a-
nuncias a boa nova a Jerusalém; le-
pais entesouraram até ao dia de ho­ vanta-a,
je serão levados a Babilônia; não fi­ não temas. Dize às cidades
cará coisa alguma, diz o Senhor. 7E de Judá: Eis aí o vosso Deus; 10eis
tomarão dos teus filhos, que saírem que o Senhor Deus vem com forta­
de ti e que tiveres gerado, para ser­ leza, e o seu braço dominará; a sua
virem de eunucos no palácio do rei recompensa está com êle, e a sua o-
de Babilônia. 8E Ezequias disse a bra está diante dêle. “ Êle apas­
Isaías: Justa é a palavra que o Se­ centará como um pastor o seu reba­
nhor proferiu. E acrescentou: Ha­ nho; nos seus braços recolherá os
ja paz e verdade ao menos durante cordeiros, e os tomará no seu seio;
êle mesmo levará sôbre si as ovelhas
os meus dias. que estiverem para ter seus filhos.
Promessa de salvação Esta salvação será certa porque Deus
é poderoso para a realizar
Consolai-vos, consolai-vos, po­
40 vo meu, diz o vosso Deus. í2Quem é que mediu as águas com
Cap. X L — 1. Deus dá aos profetas ordem de anunciarem a Israel cativo a boa nova
da salvação.
3. P re p a ra i... P a ra que Israel volte do exílio, tem que atravessar o deserto da Síria;
seja, pois, preparado nesse deserto um caminho real p ara Deus, que m archará à. frente do
seu povo.
4. Todo o v a le ... todo o monte, etc. Obstáculos a destruir, para tornar o caminho
transitável, os quais sâo um símbolo dos obstáculos morais, que se poderíam opôr a que a3
graças do Messias chegassem às almas.
5. Todos os homens conhecerão as . grandes m aravilhas operadas pelo Messias.
11. Deus era o bom pastor de Israel, e Jesus Cristo é o bom pastor da Igreja.
40 - 41 PROFECIA DE ISAIAS 851
a concavidade da sua mão, e pesou a nada os juizes da terra. ^Êles são
os céus com o seu palmo? Quem sus­ (para Deus) como um tronco que
tentou em três dedos tôda a massa não foi plantado, nem semeado, nem
da terra, e pesou os montes com um arraigado na terra; êle repentina­
pêso, e os outeiros na balança? mente soprou sôbre êles, e secaram,
13Quem ajudou o espírito do Senhor? e um torvelinho os levou como pa­
Quem foi o seu conselheiro, e lhe lha.
mostrou (o que devia fazer)? 14Com ^A quem me comparastes vós, e
quem tomou êle conselho, quem o igualastes? diz o Santo. “ Levantai
instruiu, e lhe ensinou a vereda da os vossos olhos para o alto, e consi­
justiça, e o aperfeiçoou na ciência, e derai quem criou êsses corpos celes­
lhe mostrou o caminho da prudên­ tes; quem faz marchar em ordem o
cia? 15Eis que (tôdas) as nações são exército das estréias, e as chama a
(diante dêle), como uma gota de tôdas pelos seus nomes; e é tal a
água que cai dum balde, e como um grandeza da sua fortaleza e fôrça, e
grão na balança; as ilhas são tam­ poder, que nem uma só falta.
bém (diante dele) como o pó miúdo. Tenha Israel confiança no seu protetor
16E não bastará o Líbano para quei­
mar, e não bastarão os seus animais 27Por que dizes, pois, ó Jacó, e a-
para um holocausto (digno dele). firmas, ó Israel: O meu caminho
17Todos os povos na sua presença está escondido ao Senhor, e o meu
são como se não existissem, e êle os direito passa despercebido ao meu
considera como um nada, uma coisa Deus? ^Porventura não o sabes, ou
que não existe. não o ouviste? Deus é o Senhor eter­
Os ídolos nada valem; só Deus é
no, que criou os limites da terra; êle
grande e é nossa esperança
não se cansa, nem se fatiga, e a sua
sabedoria é impenetrável. ^Êle é o
18A quem, pois, comparareis vós que dá fôrça ao fatigado, e o que
Deus, ou que imagem fareis dêle? multiplica a fortaleza e o vigor da­
^Porventura não foi um artífice que queles que não são fortes. 30Os ado­
fundiu a estátua? O ourives do ouro lescentes cansam-se e fatigam-se, e
não a formou de ouro, e o que tra­ os jovens caem de fraqueza; 31porém,
balha em prata não a cobriu com os que esperam no Senhor, adquiri­
lâminas de prata? ^O artista hábil rão sempre novas forças, tomarão
escolhe uma madeira forte e incor­ asas como de águia, correrão e não
ruptível; procura ver como há de as­ se fatigarão, andarão e não desfale-
sentar a estátua, de modo que não cerão.
dê de si. 21Porventura não o sabeis Só Deus suscitará o libertador
vós (que é Deus)? Não o ouvistes? de Israel
Não vos foi isto anunciado desde o
princípio? Porventura não chegou ao A1 1Calem-se diante de mim as
nosso conhecimento ( que fo i êle) ’ 1 ilhas, e tornem as gentes no­
que estabeleceu os fundamentos da vas forças; aproximem-se, e então
terra? 22Êle é o que está sentado so­ falem; vamos juntos a juízo. 2Quem
bre a redondeza da terra, e os ha­ suscitou do oriente o justo, e o cha­
bitantes dela são (diante dêle) como mou para que o seguisse? Êle lhe en­
gafanhotos; foi êle que estendeu os tregará as nações, e lhe submeterá
céus como um véu, e os desenrolou os reis; entregá-los-á à sua espada
como uma tenda para habitar. 23È como pó, e ao seu arco como palha
êle que aniquila (e confunde) os es- arrebatada pelo vento. 3Êle os per­
quadrinhadores dos segredos, e reduz seguirá, passará em paz (tão veloz-
12-14. Série de perguntas, que têm por fim pôr em relêvo o poder infinito de Deus.
16. Deus é tão grande que tôdas as árvores e todos os anim ais do L ibano n&o seriam su­
ficientes p ara um holocausto digno dêle.
18-26. o s ídolos, postos em confronto com a onipotência de Deus, são nada,
28. Criou os limites da terra com tudo o que está. compreendido dentro dêles.
Cap. X L I — 2. O justo, isto é, o ministro da justiça divina. Ciro, rei dos Persas, o qual
virá p ara cumprir os juízos de Deus contra os opressores de Israel.
852 PROFECIA DE ISAÍAS 41
mente que) não aparecerá o rasto ferro que cortam à maneira de ser­
dos seus pés. 4*Quem fêz e levou a ra; tu calcarás e quebrarás os mon­
cabo estas coisas? Quem chamou as tes, e reduzirás a pó os outeiros. 10Tu
gerações desde o princípio? Eu que os joeirarás, e levá-los-á o vento, e
sou o Senhor, eu que sou o primeiro a tempestade os espalhará; e tu exul­
e o último. tarás no Senhor, alegrar-te-ás no San­
5As ilhas viram, e temeram; as ex­ to de Israel.
tremidades da terra pasmaram; (e 17Os necessitados e os pobres bus­
apesar disso), elas aproximaram-se, cam água, e não há; a sua língua
e vieram (combater pelos seus ído­ secou-se de sêde. *Eu, o Senhor, os
los). 6Auxiliar-se-ão mútuamente atenderei, eu, o Deus de Israel, não
(nesta louca emprésa), e cada um di­ os desampararei. 18Eu farei brotar
rá ao seu irmão: Tem coragem. 7*0 rios no mais alto das colinas, e fon­
oficial de bronze, batendo com o tes no meio dos campos; transforma­
martelo, animou o que batia na bi­ rei o deserto em tanques, e a terra
gorna, dizendo: Isto é bom para sol­ sem caminhos em arroios de água.
dar; e segurou ( o ídolo) com pregos, 19Farei nascer na solidão o cedro, e
para que não se movesse. o espinheiro, e a murta, e a olivei­
ra; porei no deserto juntamente a
Deus anima o seu povo faia, o olmeiro, e o buxo; “ para que
todos vejam, e saibam, e considerem,
8Porém, tu, Israel, servo meu, tu, e compreendam que a mão do Se­
Jacó, a quem eu escolhi, tu, linha­ nhor é que fêz esta maravilha, e que
gem do meu amigo Abraão; °tu, a o Santo de Israel é o seu autor.
quem eu tomei das extremidades da Uma das provas de que os falsos deu­
terra, e chamei dos seus países re­ ses nada valem é a sua impossibilidade
motos, e te disse: Tu és meu servo, de profetizar
eu te escolhi, e não te rejeitei; 10não
temas, porque eu sou contigo; não te 21Vinde (6 deuses falsos) defender
desencaminhes, porque eu sou o teu a vossa causa, diz o Senhor; alegai
Deus; eu te confortei, e te auxiliei, as vossas razoes, se porventura ten­
e a dextra do meu justo te ampa­ des alguma, diz o rei de Jacó. “ Ve­
rou. UEis que serão confundidos, e nham, e anunciem-nos tôdas as coi­
ficarão cobertos de vergonha, todos sas que estão para acontecer; rela­
aquêles que pelejam contra ti; serão tai as antigas que já passaram, e
como se não fôssem, e perecerão a- pôr-nos-emos a escutá-las de todo o
quêles que te contradizem. 12Tu bus­ nosso coração, e saberemos qual deve­
carás êsses homens que se levantam rá ser o seu fim ; anunciai-nos o que
contra ti, e não os acharás; serão há de acontecer. 23Anunciai (6 ídolos)
como se não fôssem, e ficarão redu­ o que há de acontecer para o futu­
zidos a nada os homens qqe te fa ­ ro, e (enteio) ficaremos sabendo que
zem guerra. 13Porque eu sou o Se­ vós sois deuses; fazei bem ou mal,
nhor teu Deus, que te tomo pela mão, se podeis, a fim de que o digamos,
e te digo: Não temas, eu sou o que e vejamos ao mesmo tempo. 24Mas
te ajudo. vós vindes do nada, e a vossa obra,
14Não temas, ó vermezinho de Ja­ daquilo que nada é; a abominação
có, nem vós os que sois (com o uns) é quem vos escolheu (para vos ado­
mortos de Israel; eu sou o teu au­ rar como deuses) .
xilio, diz o Senhor; e o teu Reden­ “ Eu o suscitei do aquilão e êle
tor é o Santo de Israel. 15Eu farei virá donde nasce o sol; êle invocará
com que sejas um carro novo de de­ o meu nome, e tratará os grandes
bulhar trigo, armado de dentes de como lôdo, e como o barro que o
4. O prim eiro. . . o princípio e o fim de tôdas as coisas.
10. O meu justo, ou o ministro da minha justiça, 6 ainda Ciro, que mais tarde havia
de libertar e proteger os Judeus.
14. Israel, sem o auxilio de Deus, era t&o fraco corno um vermezinho.
15. M o n t e s ... outeiros: símbolos dos inimigos poderosos de Israel.
17. Os necessitados e os pobres, isto é, os Israelitas infelizes no exílio.
41 - 42 PROFECIA DE ISAI AS 853

oleiro pisa. 262


Quem (além de m im )
7 nem consentirei que se tribute aos í-
anunciou isto desde o princípio, pa­ dolos o louvor que só a mim per­
ra que nós o saibamos; e desde o tence. °As primeiras coisas (que vos
princípio, para que digamos: É ver­ predisse) cumpriram-se; agora anun­
dade? Não há quem anuncie, nem cio outras de novo; far-vos-ei ouví-
quem prediga, nem quem ouça os -las, antes que sucedam.
vossos discursos. " (O Senhor) será
o primeiro a dizer a Sião: Ei-los a- Celebre toda a terra a glória de Deus
qui. e eu darei a Jerusalém um men­ 10Cantai ao Senhor um cântico no­
sageiro da boa nova. 28E olhei, e vo, (cantai) o seu louvor até às extre­
não havia ali nenhum dêstes (ído­ midades da terra, vós os que nave­
los) que entrasse em conselho, e gais sôbre o mar, e que o povoais,
que interrogado, respondesse palavra. vós, ilhas, e os vossos habitantes. nE-
^Todos êles são injustos, e vãs as suaslevem a sua voz o deserto e as suas
obras; vento e vaidade os seus si­ cidades; Cedar habitará em casas;
mulacros. louvai-o, habitantes de Petra, levan­
Caracteres e missão do servo do tai a voz desde o alto dos montes.
Senhor 12Darão glória ao Senhor, e anuncia­
rão nas ilhas (ou nações remotas)
AO lEis o meu servo, eu o ampa- o seu louvor.
rarei; o meu escolhido, no 130 Senhor, como um valente, sai­
qual a minha alma pôs a sua compla­ rá a campo, como um guerreiro sus­
cência; sôbre êle derramei o meu es­ citará o seu ardor; elevará a sua
pírito; êle espalhará a justiça entre voz e gritará; triunfará dos seus ini­
as nações. ‘ (Sendo manso) não cla­ migos. ll,(A té agora, dirá êle) tenho-
mará, nem fará acepção de pessoas, me sempre calado, guardei silêncio,
nem a sua voz se ouvirá nas ruas. fui sofrido, (mas agora) falarei (tris ­
3Não quebrará a cana rachada, nem te) como a que está com dores de
apagará a torcida que ainda fume­ parto; destruirei, aniquilarei túdo.
ga; fará justiça conforme a verda­ 15Tornarei desertos os montes e os
de. 4Não será triste, nem turbulento, outeiros, e secarei tôda a sua verdu­
até que estabeleça a justiça sôbre a ra; converterei os rios em ilhas, e es­
terra; e as ilhas esperarão a sua lei. gotarei os tanques. 10E guiarei os
5Eis o que diz o Senhor Deus, que cegos por um caminho que êles não
criou os céus, e que os estendeu, que conhecem, e fá-los-ei andar por vere­
firmou a terra e o que dela brota; das que ignoram; mudarei diante dê-
que dá a respiração ao povo que ha­ les as trevas em luz, e os caminhos
bita sôbre ela, e o espírito aos que tortuosos em direitos; farei isto em
a pisam: °Eu sou o Senhor, que te favor dêles, e não os desampararei.
chamei na justiça, e te tomei pela "Voltarão para trás, serão cobertos
mão, e te conservei, e te pus para de confusão os que põem a sua con­
seres a reconciliação do povo, e a fiança em imagens de escultura, os
luz das nações; 7para abrires os o- que dizem às estátuas de fundição:
lhos dos cegos, e para tirares da ca­ Vós sois os nossos deuses.
deia o prêso, e do cárcere os que Cegueira de Israel mesmo em face do
estão sentados nas trevas. 8Eu sou castigo
o Senhor, êste é o meu nome; eu
não darei a outro a minha glória, 18Surdos, ouvi, e vós, cegos, abri os
26. Não há quem a n u n cie... Enquanto que os falsos deuses nada disseram sôbre a vinda
de Ciro p ara libertar Israel, o verdadeiro Deus predisse-o com muita antecedência.
27. Ei-los aqui, eis os teus habitantes que voltam da Caldéia.
Cap. X L I I — 3. Não quebrará... Alusão à suavidade com que o Messias trataria os
fracos e os aflitos.
11. Elevem a sua voz para cantar também as glórias do Senhor. -— Cedar ou o Arabe, que
vivia em tendas de campanha, habitará em casas fixas.
15. o s montes, os outeiros, isto é, os inimigos orgulhosos dos Israelitas.
16. os cegos, isto é, os Israelitas culpados e infelizes ser&o, apesar disso, guiados e pro­
tegidos por Deus.
854 PROFECIA DE ISAIAS 42 - 43

olhos para ver. 19Quem é cego, se­ bá. 4Depois que tu te tornaste pre­
não o meu servo ( Israel) f E quem cioso e glorioso a meus olhos, eu te
é surdo, senão aquêle a quem enviei amei, e entregarei homens por ti,
os meus profetas? Quem é cego, se­ e povos pela tua vida. 5*N ão temas,
não o que foi vendido (ao in im igo)? porque eu sou contigo; eu trarei do
E quem é cego, senão (Israel) o ser­ oriente a tua posteridade, e te con­
vo do Senhor? 20Tu que vês tantas gregarei do ocidente. °Eu direi ao
coisas (que foram reveladas para tua aquilão: Dá-mos cá; e ao meio-dia:
santificação), não as observarás? Tu Não os retenhas; traze os meus filhos
que tens os ouvidos abertos, não ou­ de países remotos, e as minhas fi­
virás? lhas das extremidades da terra, 7por-
21E o Senhor tinha querido santi­ que todos aqueles que invocam o
ficar o seu povo, engrandecer e exal­ meu nome, eu os criei, os formei e
tar a sua lei. 22E êste mesmo povo os fiz para minha glória. 8*T ira
foi saqueado e devastado; foram pre­ (todavia) para fora o povo cego, a-
sos todos os seus jovens, e encerra­ pesar de ter olhos; (o povo) surdo,
dos nos cárceres; foram entregues à apesar de ter ouvidos.
pilhagem sem haver ninguém que os 9Juntem-se tôdas as nações, e reu­
livre; expostos ao saque, sem que nin­ nam-se as tribos. Quem dentre vós
guém diga: Restitui. 23Quem há en­ anunciará isto, e nos contará o que
tre vós que ouça isto, que atenda e aconteceu outrora? Apresentem as
escute as coisas futuras? 24Quem en­ suas testemunhas, justifiquem-se de
tregou Jacó à pilhagem, e Israel aos modo que os ouvintes possam dizer:
devastadores? Porventura não foi o É verdade. 10*Vós sois as minhas tes­
mesmo Senhor, contra o qual peca­ temunhas, diz o Senhor, (vos) e o
mos, não querendo seguir os seus ca­ meu servo a quem escolhi; para que
minhos, nem obedecer à sua lei? saibais, e me acrediteis, e entendais
25Por isso (o Senhor descarregou sô- ue eu sou o mesmo (Deus). Antes
bre êste pavo) a indignação do seu e mim não foi formado nenhum
furor, e uma guerra atroz, e lan­ Deus, nem o será depois de mim.
çou o fogo em volta dêle, sem que nSou eu, sou eu o Senhor, e fora de
êle o compreendesse, e queimou-o, mim não há salvador. 12*Eu é que vos
sem que êle notasse ( que era um anunciei (o futu ro) e que vos sal­
castigo). vei; eu vos fiz ouvir (o fu tu ro), e
Todavia Deus promete auxiliar não houve entre vós ( deus) estra­
o seu povo nho; vós sois as minhas testemu­
nhas, diz o Senhor, e eu sou o Deus
40 Entretanto eis o que diz o Se- (único e verdadeiro). 18E eu sou o
nhor que te criou, ó Jacó, e mesmo desde o princípio, e não há
que te formou, ó Israel: Não temas, nada que possa subtrair-se à minha
porque eu te remi, e te chamei pelo mão. Procederei, e quem mo impe­
teu nome; tu és meu. 2Quando tu dirá?
passares por entre as águas (dos pe­ Babilônia será castigada
rigos), eu serei contigo, e os rios não
te submergirão; quando andares por “ Eis o que diz o Senhor, vosso Re­
entre o fogo, não serás queimado, e dentor, o Santo de Israel: Por a-
a chama não arderá em ti. 3Porque mor de vós mandei contra Babilônia,
eu sou o Senhor teu Deus, o Santo e deitei por terra tôdas as suas de­
de Israel, teu Salvador; eu dei por fesas, e destruí os Caldeus, que se
teu resgate o Egito, a Etiópia e Sa­ gloriavam das suas naus. 15*2 Eu sou
5
25. Sem que êle compreendesse... sem que êle nota sse... O castigo resultou inútil.
Cap. X L I I I — 3. Por teu resgate. . . Por ter dado a liberdade a Israel, Deus dará a
Ciro, como compensação, o Egito e a Etiópia.
8. Tira para fo ra . . . Deus recusará reconhecer como membros do seu povo os Israelitas
voluntàriamente endurecidos no mal.
9-10. Escolham os falsos deuses as suas testemunhas entre os povos, p ara pleitear com
o Senhor, cuja testemunha ê Israel. Êste povo, apesar de cego e surdo, atestará a reali­
zação das prediçôes.
43 - 44 PROFECIA DE ISAIAS 855

o Senhor, o vosso Santo, o criador por isso eu degradei os príncipes do


de Israel, o v o s s o rei. 16Eis o que santuário, entreguei Jacó ao exter­
diz o Senhor, o qual (quando saístes mínio, e Israel ao opróbrio.
do E g ito ) vos abriu um caminho pe­
lo meio do mar, e uma vereda por E f u s ã o do e s p ír it o d e D e u s ,
entre as torrentes das águas; 17que e co n versão dos p a g ã o s
pôs em campanha carros e cavalos, AA 7E agora ouve-me tu, ó Jacó,
tropas e esforçados combatentes; e meu servo, e tu, ó Israel, a
todos êles juntos dormiram (o sono quem escolhi. 2Eis o que diz o Se­
da m orte), e nunca mais desperta­ nhor que te criou e te formou, e
rão; foram abafados e apagados co­ que desde o ventre de tua mãe foi
mo uma torcida de linho. 18(M as) teu auxiliador: Não temas, servo
não vos lembreis das coisas passadas, meu Jacó, meu retíssimo, a quem es­
nem olheis para as antigas. lüEis colhi. 3Porque eu derramarei águas
que vou fazer coisas novas (e mais sôbre a terra sequiosa, e rios sôbre
maravilhosas) , e elas vão aparecer, o solo sêco; derramarei o meu espi­
e vós as conhecereis; abrirei no de­ rito sôbre a tua posteridade, e a mi­
serto um caminho, e farei brotar nha bênção sôbre a tua descendência.
rios numa terra inacessível. 20Os a- 4E êles crescerão entre a verdura,
nimais selvagens, os dragões e os a- como os salgueiros plantados junto
vestruzes me glorificarão, porque fiz das águas correntes. 5Êste dirá: Eu
brotar águas no deserto, rios numa sou do Senhor; e aquêle se gloriará
terra inacessível, para dar de beber de ter o nome de Jacó; e outro es­
ao meu povo, ao meu escolhido. 21Eu creverá com o seu punho: Sou do
formei êste povo para mim, êle pu­ Senhor; e assemelhar-se-á no nome
blicará o meu louvor. a Israel.
Is ra e l será g r a t u it a m e n t e s a lv o S ò m e n te o Senhor é o D eus
v e r d a d e ir o
22Tu, Jacó, não me invocaste, nem
tu, Israel, fizeste caso de mim. 23Não °Eis o que diz o Senhor, rei de Is­
me ofereceste carneiros em holocaus­ rael, e seu Redentor, o Senhor dos
to, nem me glorificaste com as tuas exércitos: Eu sou o primeiro, e sou
vítimas; não te fiz render serviços o último, e fora de mim não há Deus.
com oblações, nem te dei trabalho 7Quem há que seja semelhante a
de queimar o incenso. 24*T u não mim? Que se declare e se explique,
compraste para mim com dinheiro a e exponha-me por ordem (o que eu
cana aromática, nem me satisfizeste fiz ) desde que formei o antigo povo;
com a gordura das tuas vítimas. An­ anunciei o que há de vir e as coisas
tes, me tornaste como que um escra­ que hão de suceder. 8Não temais,
vo com os teus pecados, e me cau­ nem vos perturbeis; eu te fiz saber
saste pena com as tuas iniqüidades. (o Israel) há muito tempo, e to a-
15(Apesar disso) sou eu, sou eu mes­ nunciei; vós sois as minhas testemu­
mo que apago as tuas iniqüidades por nhas. Porventura há outro Deus fo­
amor de mim, e não me lembrarei ra de mim, e outro criador que eu
mais dos teus pecados. 26Aviva-me a não conheça?
memória, e juntos advoguemos em O s íd o lo s n a d a v a le m
juízo a nossa causa; expõe, se tens
alguma coisa para te justificar. 27Teu °Todos os fabricantes de ídolos são
pai pecou primeiro, e os teus intér­ nada, e as suas imagens tão presa-
pretes prevaricaram contra mim. ME das não lhes aproveitarão; êles mes­
24. Corno que um escravo. Os Israelitas como que impuseram a Deus o jugo de escra­
vo, p ara suportar os seus crimes.
26. Deus convida os Israelitas a apresentarem os seus méritos, se entendem que são in­
justas as suas acusações.
27. Intérpretes são os sacerdotes e os levitas, depositários oficiais da lei.
Cap. X L I V — 5. É s t e ... a q u ê le ... o u tr o ... Os pagãos, que tanto tinham humilhado
Israel, ao vê-lo glorioso e próspero, considerarão como uma honra ter o seu nome, juntar-se
a êle, e pertencer também ao verdadeiro Deus.
856 PROFECIA DE ISAIAS 44 - 45

mos são testemunhas, para sua con­ prostrar-me diante de uma árvore?
fusão, de que os seus ídolos não vêem, “ Uma parte dêste pau está já fe i­
nem entendem. l0Quem (a não ser um ta em cinza; sem embargo disso, o
insensato) forma um deus, e funde seu coração insensato adorou a ou­
uma estátua que para nada serve? tra (p a rte), e êle não salvará a sua
“ O certo é que todos os que têm alma, dizendo: É sem dúvida uma
parte nesta obra, serão confundidos, mentira o que está na minha mão.
porque êstes artistas não são mais Deus perdoará Israel e salvá-lo-á
ue homens; que êles se juntem to-
os e se apresentem (para defender 21Lembra-te destas coisas, Jacó e Is­
os seus ídolos), e ficarão todos espa- rael, porque tu és meu servo; eu
voridos, e serão confundidos. 12*0 o- formel-te; tu és meu servo, Israel,
ficial de ferreiro trabalha (no ídolo) não te esqueças de mim. 22Eu apa-
com a lima; com brasas, e a gol­ guei as tuas iniqüidades como uma
pes de martelo o forma; e lavra-o nuvem, e os teus pecados como uma
com a fôrça do seu braço; êle terá névoa; volta para mim, porque eu
fome e desfalecerá, não beberá água te resgatei. “ Louvai o Senhor, ó
e enfraquecerá. ,30 escultor esten­ céus, porque êle usou de miseri­
de a sua régua sobre o pau, alisa-o córdia; exultai de júbilo ó extremi­
com a plaina, põe-no com esquadria, dades da terra; fazei ressoar os seus
e dá-lhe com o compasso as devidas louvores, vós, montes, bosques e tô-
proporções; e faz dêle a imagem dum das as suas árvores, porque o Se-
homem como um homem bem pareci­ nhor resgatou Jacó, e Israel ficará
do que habita numa casa. U(U m ho­ sendo um povo glorioso.
m em ) corta cedros, toma uma azi- Ciro cumpre a vontade do Senhor
nheira e um carvalho que estava de
pé entre as árvores da floresta; plan­ 24Eis o que te diz o Senhor, que te
ta um pinheiro que a chuva faz cres­ remiu e que te formou no ventre da
cer. ,5E estas árvores servem ao ho­ tua mãe: Eu sou o Senhor, que fa ­
mem para queimar; toma parte de­ ço tôdas as coisas, que só por mim
las, e aquece-se, e queima-as tam­ estendi os céus, e firm ei a terra, sem
bém para cozer pão; e do resto faz que ninguém me ajudasse. “ Eu fa­
um deus, e adora-o; faz urna está­ ço baldar os prognósticos dos adivi­
tua e prostra-se diante dela. 10Quei- nhos, e torno furiosos os agoureiros.
ma no fogo metade dêste pau, e com Eu faço recuar os sábios, e converto
a outra metade cozinha a carne pa­ a sua ciência em loucura. “ Eu con­
ra comer; prepara os alimentos e sa­ firm o a palavra do meu servo i l -
cia-se, aquece-se, e diz: Bom! estou saias), e cumpro os oráculos dos meus
quênte, sinto a chama. 17E do resto profetas; eu digo a Jerusalém: Tu
(do mesmo pau) fêz para si um serás habitada; e às cidades de Ju-
deus e um ídolo, diante do qual se dá: Vós sereis edificadas, e levanta­
prostra, e o adora, e lhe roga, di­ rei as suas ruínas. ^Eu digo ao a-
zendo: Livra-me, porque tu és o bismo: Esgota-te, e secarei os teus
meu deus. 18Não sabem nem com­ rios. “ Eu digo a Ciro: Tu és o
preendem, porque os seus olhos estão pastor do meu rebanho, e tu cum­
cobertos para não verem, e os seus prirás em tudo a minha vontade.
corações não compreendem. 19Não Eu digo a Jerusalém: Tu. serás ree-
refletem nem consideram, nem têm dificada; e ao templo: Tu serás
o bom senso de dizer: Eu queimei fundado.
no fogo metade desta madeira, e co- Deus promete a vitória a Ciro
zi pães sôbre as suas brasas; cozi car­
nes e as comi e então do seu res­ 4C JEis o que diz o Senhor a Ci-
to hei de fazer um ídolo? Hei de ro, meu ungido, a quem eu
12. Terá fo m e . . . A intenção do profeta, ao pintar a necessidade e angústias do ferrei-
ro, é pôr em contraste a impotência do ídolo para o socorrer com a grandeza do senhor,
que fêz chover o maná, brotar águas das rochas, etc.
Cap. X L V — 1. M eu ungido. A sua missão é libertar Israel, e por isso tem necessidade
duma fôrça divina p ara a cumprir.
45 PROFECIA DE ISAIAS 857

tomei pela mão, para lhe sujeitar e da obra de minhas mãos. 12Eu é
ante a sua face as nações, e fazer que fiz a terra, e quem sobre ela
voltar costas aos reis, e abrir diante criou o homem fui eu; as minhas
dêle as portas, sem que nenhuma lhe mãos estenderam os céus, e a tôda
seja fechada. 2Eu irei diante de ti, a sua milícia dei as minhas ordens.
e humilharei os grandes da terra; ar­ 13Fui eu que o suscitei (a ele C iro)
rombarei as portas de bronze, e que­ para fazer justiça, e aplanarei todos
brarei as trancas de ferro. 3E dar- os seus caminhos; êle reedificará a
-te-ei tesouros escondidos, e rique­ minha cidade, e libertará os meus
zas aferrolhadas a fim de que sai­ cativos, sem resgate nem presentes,
bas que eu sou o Senhor, o Deus de diz o Senhor Deus dos exércitos.
Israel, que te chamo pelo teu no­ “ Eis o que diz o Senhor: O tra­
me. 4Por amor de meu servo Jacó, balho do Egito, e o tráfico da Etió­
e de Israel meu escolhido, te chamei pia, e ós de Sabaim, homens de gran­
pelo teu nome; tracei o teu retrato, de estatura, passarão para ti, e se­
e tu não me conheceste. 5*Eu sou o rão teus. Caminharão atrás de ti,
Senhor, e não há outro; fora de irão com algemas nas mãos, e te a-
mim não ha Deus. Eu te cingi a dorarão, e far-te-ão as suas súplicas
espada, e tu não me conheceste; dizendo: Só em ti está Deus, e fo ­
9(a rm ei-te) para que saibam (todos), ra de ti não há Deus.
desde o oriente ao poente, que não 15Tu verdadeiramente és um Deus
ha (Detts) fora de mim. Eu sou o escondido, ó Deus de Israel, ó Sal­
Senhor, e não há outro. 7*Eu formo vador. 16Todos ficaram confundidos
a luz, e crio as trevas, faço a paz, e envergonhados, todos cobertos de
e mando o castigo (aos povos) eu opróbrio. os fabricantes de erros (ou
sou o Senhor que faço todas estas ídolos). "Israel recebeu do Senhor
coisas. uma salvação eterna: Vós (6 filhos
Exclamação de Isaías de Jaco) não sereis confundidos nem
coráreis de vergonha pelos séculos
8Derramai, ô céus, lá dessas altu­ dos séculos.
ras o vosso orvalho, e as nuvens fa ­ 18Ponjue eis o que diz o Senhor,
çam chover o justo; abra-se a terra, que criou os céus, o mesmo Deus
e brote o Salvador, e ao mesmo tem­ que formou a terra, e a fêz, que
po nasça a justiça. Eu sou o Senhor a dispôs e que não a criou em vão,
que o criei. mas que a formou para que fôsse
habitada: Eu sou o Senhor, e não
For meio de Ciro salvará Deus Israel há outro. 19Não tenho falado às o-
9A i daquele que disputa contra o cultas nalgum lugar tenebroso da
seu criador (não sendo mais que u- terra; não disse em vão à linhagem
m a) vasilha de terra de Samos. Por­ de Jacó: Buscai-me. Eu sou o Se­
ventura dirá o barro ao oficial que nhor, que falo a justiça, que anun­
o maneja: Que fazes? A tua obra cio o que é reto.
não é duma (h á bil) mão. 10*A i do que Os pagãos são convidados
diz ao seu pai: Por que me geraste? a converterem-se ao verdadeiro Deus
e a sua mãe: Por que me deste à
luz? nEis o que diz o Senhor, o “ Congregai-vos, e vinde, aproxi­
Santo de Israel, aquêle que o fo r­ mai-vos todos juntos, vós os que
mou: perguntai-me as coisas futuras, fôstes salvos dentre as nações; in­
demandai-me acêrca dos meus filhos sensatos se têm mostrado os que
4. Tracei o teu retrato. Segundo o hebreu: Designei-te p ara esta a lta missão, antes
de tu me conheceres.
9-10. A i de Israel incrédulo, que levanta objeçôes contra Deus, quer por causa do seu
longo cativeiro e da sua libertação por um rei estrangeiro, quer por causa do designio que
Deus formou de adotar as naçôes pagâs, a fim de form ar com o seu povo um novo Israel.
11-13. Tende confiança naquele que impera sôbre o universo, e que, neste momento, dispôe
tudo para a salvação de Israel.
19. Não tenho falado às ocultas. . . como faziam os oráculos do paganismo, que davam
as suas respostas em sombrias cavernas.
858 PROFECIA DE ISAÍAS 45 - 47

levam um lenho esculpido por êles tes parecido? °Vós que tirais o ou­
próprios, e dirigem a suas preces ro do vosso saquitel, e pesais a pra­
a um deus que não salva. 21Falai ta na balança, que justais com um
(com todos eles) e vinde, e tomai ourives para que faça um deus,
conselho todos juntos. Quem anun­ diante do qual se prostre o povo e
ciou estas coisas desde o principio? o adore. 7Levam-no às costas, e co-
Quem as predisse, há muito tem­ locam-no no seu nicho, e êle ali fi­
po? Porventura não fui eu o Se­ ca sem se mover do seu lugar; e,
nhor? E há outro Deus além de ainda quando clamarem para êle,
mim? Deus justo e salvador não não ouvirá, nem os salvará da tri-
o há fora de mim. 22Convertei-vos bulação.
a mim, e sereis salvos, vós todos 8Lembrai-vos disto, e envergonhai-
os povos da terra, porque eu sou vos, e entrai em vós mesmos, ó pre­
Deus, e não há outro. 23Eu jurei varicadores. 9Lembrai-vos do tempo
por mim mesmo; da minha bôca passado, porque eu sou Deus, e não
sairá uma palavra de justiça, e ela há outro Deus, nem há nenhum se­
não será revogada: 24Todo o joe­ melhante a mim. 10Eu anuncio des­
lho se dobrará diante de mim, e to­ de o princípio o que há de acontecer
da a língua jurará (pelo meu no- no fim, e muito tempò antes as coi­
rne). 25Dir-se-á: A minha justiça e sas que ainda não existem, e digo:
a minha fôrça residem no Senhor. A minha resolução será imutável, e
A êle virão e serão confundidos to­ tôda a minha vontade se executará.
dos os que se lhe opõem. 26No Se­ nEu chamo do oriente uma ave, e
nhor será justificada e louvada tô- de uma afastada terra o varão da
da a descendência de Israel. minha vontade. Eu disse-o, e cum­
pri-lo-ei; decidi-o, e executá-lo-ei.
C o n traste e n t r e os f a l s o s d euses 12Ouvi-me, homens de coração du­
e o v e r d a d e ir o ro, que estais longe da justiça. “ A-
celerei a vinda da minha justiça, ela
AC JBel foi quebrado, Nabo foi fei- não tardará, e a minha salvação não
to pedaços; os seus simula­ se demorará. Eu estabelecerei em
cros foram postos sôbre animais de Sião a salvação, e em Israel a minha
carga e jumentos, carga que os fati- glória.
gavam por causa do seu grande pê-
so. 2Apodreceram, e todos se fize­ Q ueda da soberba e c ru el B a b ilô n ia
ram em pedaços; não puderam sal­
var o que os levava; antes êles pró­ 4 7 ^esce, senta-te no pó, virgem
prios foram para o cativeiro. ’ 1 filha de Babilônia, senta-te
3Ouvi-me, casa de Jacó, e vós to­ na terra; não há mais trono para a
dos, restos da casa de Israel, vós, filha dos Caldeus, porque daqui em
com quem ando no meu seio, a quem diante não serás chamada mimosa e
trago nas minhas entranhas. 4Eu delicada. 2Anda (como a escrava)
mesmo vos trarei até à velhice, e com a mó, e moi a farinha, põe à
até vos virem as cãs; eu vos criei, vista a tua vergonha, descobre o om­
e vos susterei; eu vos trarei, e vos bro, levanta os vestidos para passar
salvarei. os rios (a fim de ires para o cati-
5A quem me assemelhastes vós, e veiro). 3A tua ignomínia será des­
igualastes, e comparastes, e fizes­ coberta, e ver-se-á o teu opróbrio;
23-24. O versículo 23 serve de introdução ao oráculo do versículo 24, segundo o qual Deus
receberá um dia homenagens universais. H á aqui uma alusão à catolicídade da Igreja de
Cristo, pela qual sòmente se realizarão as profecias dêste gênero.
Cap. X L V I — 1. Bel era o deus supremo dos Caldeus.
5. Série de interrogações para pôr em relêvo a afronta feita pelos Israelitas ao seu Deus,
abandonando-o para adorar os ídolos.
13. A. vinda da minha justiça, isto é, o cumprimento das minhas promessas.
Cap. X L V I I — 1. Deus dirige-se a Babilônia, representada sob a imagem duma r a i­
nha destronada e cativa.
2. Põe à v is ta ... Segundo o hebreu: Tira o véu. Ê uma grande ignomínia para as
mulheres orientais serem obrigadas a tirar em público o véu que lhes cobre o rosto.
47 - 4 8 PROFECIA DE ISAIAS 859

tomarei vingança, e não haverá ho­ tavam os meses para te anunciarem


mem que me resista. 40 nosso re­ por êles o que te devia acontecer.
dentor (o Israel) é aquêle que tem 14Êles tornaram-se como a palha, o
por nome Senhor dos exércitos, o fogo os devorou; não livrarão a sua
Santo de Israel. 5Senta-te, ficando vida da chama; não serão brasas
em silêncio, e entra nas trevas, ó fi­ para aquecer, nem um fogo para se
lha dos Caldeus, porque não serás estar sentado diante dêle. 15Tal se­
daqui em diante chamada a senho­ rá o resultado de todas aquelas coi­
ra dos reinos. sas pelas quais tanto te tinhas afadi-
6Eu irritei-me contra o meu povo, gado; os comerciantes com os quais
arrojei de mim como profana a mi­ negociaste desde a tua juventude,
nha herança, e entreguei-os nas tuas fugirão cada um para o seu lado; não
mãos; e tu não usaste com êles de haverá ninguém que te salve.
misericórdia, mas tornaste muito pe­
sado o teu jugo sobre o velho. 7E Admoestações dirigidas a Israel
disseste: Eu serei soberana çara sem­
pre; não pensaste nestas coisas, nem 4 Q 7Ouvi estas coisas, casa de Ja-
te lembraste do teu fim. 8Agora, có, vós os que tendes o no­
ois, ouve estas coisas tu, ó delica- me de Israel, e saístes da fonte (ou
a, que vives entre delícias, que di­ estirpe) de Judá, que jurais em no­
zes no teu coração: Eu sou (a do- me do Senhor, e vos lembrais do
minadora) e fora de mim não há Deus de Israel, mas não com verda­
mais ninguém; nunca ficarei viúva de, nem com justiça. 2Porque êles
(ou só), nem tão pouco experimenta­ tomam o nome da cidade santa, e a-
rei a esterilidade. 9Num só dia vi­ poiam-se sôbre o Deus de Israel,
rão subitamente sôbre ti êstes dois cujo nome é Senhor do exércitos.
males, a esterilidade e a viuvez; to­ 3Eu vos anunciei muito antes as coi­
das estas desgraças virão sôbre ti, sas passadas; elas saíram da minha
por causa da multidão dos teus ma­ bôca, e eu as publiquei; de repente
lefícios, e por causa da extrema du­ as pus por obra, e elas efetuaram-
reza dos teus encantadores. 10*E ti­ se. 4Porque eu sabia que tu és (um
veste confiança na tua malícia, e dis­ povo) duro, e que a tua cerviz é u-
seste: Não há quem me veja; esta ma barra de ferro, e a tua fronte de
tua sabedoria e esta tua ciência (va) bronze. 5Eu predisse-te estas coisas
seduziram-te. E disseste dentro no com muita antecedência; antes que
teu coração: Eu sou (a soberana), elas acontecessem eu tas apontei,
e fora de mim não há outra. para que não dissesses: Os meus í-
“ Virá sôbre ti o mal, e não sabe­ dolos é que fizeram estas coisas, e as
rás donde êle vem; e lançar-se-á com minhas estátuas de escultura e de
ímpeto sôbre ti uma calamidade, que fundição é que ordenaram isto. °Vê
tu não poderás evitar; virá sôbre ti (com o estão cumpridas) tôdas as coi­
repentinamente uma miséria que tu sas que ouviste; mas vós também as
não terás previsto. 12Deixa-te estar anunciastes? Agora eu revelo-te coi­
com os teus encantadores, e com a sas novas, que tenho reservadas, e
multidão dos teus malefícios, em que que tu desconheces. 7É agora que
tens trabalhado desde a tua moci­ estas prediçóes te foram feitas e não
dade, para ver se acaso te aprovei­ outrora, e antes dêste dia tu não
ta isso alguma coisa, ou se podes ouviste falar delas, para que não
tornar-te mais forte. 13Tu te fati- digas: Eu já sabia isso. 8Nem as ou­
gaste à fôrça de consultas (aos teus viste, nem as soubeste, e nunca os
adivinhos). Apresentem-se agora, e teus ouvidos perceberam (nada dis­
salvem-te êsses agoureiros do céu, t o ); porque bem sei que tu serás com
que contemplavam as estréias e con­ certeza um prevaricador, e te cha­
8. A esterilidade, isto ô, a fa lta de moradores.
14. Não serão brasas. . . Estas p alavras caracterizam o terrível ardor doa castigos celes­
tes: não terão nada de comum com o suave calor do la r doméstico.
Cap. X L V I I I — 6. Coisas novas, a queda de Babilônia e a libertação de Israel.
8. Desde o ven tre. . . Israel foi efetivamente infiel a Deus desde a sua origem.
860 PROFECIA DE ISAIAS 48 - 49

mei transgressor desde o ventre de esta nova, e publicai-a até às extre­


tua mãe. Y Todavia) , por amor do midades da terra. Dizei: O Senhor
meu nome afastarei o meu furor; e, resgatou o seu servo Jacó. 21Não pa­
para minha glória, te enfrearei, a deceram sêde no deserto, quando o
fim de que não pereças. 10*Eis que Senhor os guiou; êle lhes fêz reben­
te acrisolei (no fogo da tribulaçao), tar água duma penha; fendeu a pe­
mas não (com tanta intensidade) nha, e as águas correram.
como a prata; pus-te à prova na for­ 22Para os ímpios não há paz, diz
nalha da pobreza. nPor amor de o Senhor.
mim, por amor de mim o farei, pa­ Profecia acêrca da redenção por meio
ra que eu não seja blasfemado (pe­ do Messias, liiz e salvação dos
los teus inimigos), e não darei a ou­ povos
trem a minha glória.
Enviar-lhe-á um libertador
£ 0 MDuvi ilhas, e atendei povos
de longe; o Senhor chamou-
12Ouve-me, Jacó, e tu, Israel, a me desde o ventre de minha mãe;
quem eu chamo; sou eu, eu mesmo, quando eu ainda estava no seio ma­
que sou o primeiro e o último. 13A terno, lembrou-se do seu nome.
minha mão foi a que fundou a terra, 2Tornou a minha bôca como uma es­
e a minha dextra a que mediu os pada aguda; protegeu-me à sombra
céus; eu os chamarei, e êles se apre­ da sua mão, e fêz de mim como que
sentarão todos juntos. 14Juntai-vos uma seta escolhida, escondeu-me na
todos, e ouvi: Qual dêsses (ídolos) a- sua aljava. 3E disse-me: Israel, tu
nunciou estas coisas? O Senhor o és meu servo, eu serei glorificado em
amou, êle fará a sua vontade em ti. 4E eu disse: Em vão tenho tra­
Babilônia, e moverá o seu braço con­ balhado (pregando ao p o v o ); sem
tra os Caldeus. 15Eu, eu é que falei, fruto e inutilmente consumi as mi­
e o chamei; eu o guiei, e lhe aplanei nhas forças; portanto (espero que) o
o caminho. l6Aproximai-vos de mim, Senhor rne fará justiça, e no meu
e ouvi isto: Eu desde o princípio Deus está depositada a recompensa
nunca falei às escondidas; já no tem­ da minha obra.
po que decorreu antes que isto acon­ 5E agora o Senhor, que me formou
tecesse, estava eu ali; e agora o Se­ desde o ventre materno para (ser)
nhor Deus me enviou com o seu es­ seu servo, diz-me que lhe reconduza
pirito. Jacó, mas Israel não se congregará;
17Eis o que diz o Senhor teu re­ eu, porém, serei glorificado aos olhos
dentor, o Santo de Israel: Eu sou o do Senhor, e o meu Deus fêz-se a
Senhor teu Deus, que te ensino o que minha fortaleza. ®Êle disse-me: É
é útil, que te dirijo pelo caminho que pouco que tu sejas meu servo para
segues. 18Oxalá que tu tivesses a- restaurar as tribos de Jacó, e con­
tendido os meus mandamentos! A tua verter os restos depreciados de Is­
paz teria sido como um rio, e a tua rael; eis que eu te restabelecí para
justiça (tão copiosa) como os abismos luz das gentes, a fim de seres a sal­
do mar; l9e a tua posteridade teria vação que eu envio até à última ex­
sido como a areia do mar, e os fi­ tremidade da terra.
lhos do teu ventre como as pequeni­ 7Eis o que diz o Senhor, o reden­
nas pedras das suas praias; não te­ tor, o Santo de Israel, ao homem des­
ria sido abolido nem apagado o teu prezível, à nação abominada, ao es­
nome de diante da minha face. cravo dos poderosos: Os reis te ve­
20Saí de Babilônia, fugi dos Cal­ rão, e os príncipes se levantarão, e
deus, anunciai com vozes de júbilo êles te adorarão por causa do Se­
io. N a fornalha da pobreza. Segundo o hebreu: N o crisol da aflição.
14. o amou. Refere-se a Ciro.
Cap. X L I X — 2. Tornou a minha b ô c a ... Deu & minha palavra um poder penetrante,
irresistível. — N a sua aljava, sím bolo da proteção dispensada por Deus ao seu Filho muito
amado.
7. A o homem desprezível... Estas palavras referem-se ao Messias, considerado entre as
suas humilhações e sofrimentos.
49 PROFECIA DE ISAIAS 861

nhor que foi fiel (em cum prir as vida, diz o Senhor, que de todos
suas promessas) , e do Santo de Is­ êstes serás revestida, como dum or­
rael que te escolheu. namento, e pô-los-ás por enfeite à
8Eis o que diz o Senhor: Eu te roda de ti como esposa; “ porque os
ouvi no tempo favorável, e auxiliei-te teus desertos, as tuas solidões, e o
no dia da salvação; e conservei-te, e teu pais arruinado, tudo isto será
te constituí por aliança do povo, pa­ agora estreito para os teus muitos
ra restaurares a terra, e possuíres as habitantes, e serão afugentados para
heranças devastadas; 9para dizeres longe os que te devoravam. ^Então
aos que estão em cadeias: Sai; e aos hão de dizer aos teus ouvidos os fi­
que estão nas trevas: Vêde a luz. lhos de que estavas privada: É a-
Ao longo dos caminhos encontrarão pertado para mim êste lugar, dá-me
com que se alimentar, e em todas espaço para que eu habite. 21E tu
as planícies haverá que comer pa­ dirás no teu coração: Quem me gerou
ra êles. l0Não padecerão fome, nem êstes filhos? Porque eu era estéril
terão sêde, e não os molestará o ca­ e não dava à luz, estava exilada e
lor nem o sol, porque o que tem com­ cativa. Quem os criou, estando eu
paixão dêles os governará, e os leva­ desamparada e só? E êstes onde es­
rá a beber às fontes das águas. UE tavam?
reduzirei a caminho todos os meus Sião será honrada e redimida
montes, e as minhas veredas serão
alteadas. “ Eis, êstes virão de longe, 22Isto diz o Senhor Deus: Eis que
e aquêles do setentrião e do mar levantarei para as nações a minha
(ou poente) , e aquêles outros da ter­mão, e arvorarei entre os povos o
ra do meio-dia. meu estandarte. E trarão os teus
13Louvm, céus e regozija-te, terra;filhos nos braços, e levarão as tuas
fazei retinir, ó montes, louvores fes­filhas sôbre os ombros. “ E os reis
tivos, porque o Senhor consolou o seu serão os que te alimentam, e as rai­
povo, e êle se compadecerá dos seus nhas as tuas amas; com o rosto in­
pobres. clinado até à terra te adorarão, e
lamberão o pó dos teus pés. E sa­
Sião será reedificada e habitada berás (então) que eu sou o Senhor,
e que não serão confundidos os que
“ Entretanto disse Sião: O Senhor esperam em mim. 24Acaso tirar-se-
desamparou-me, e o Senhor esque­ -á a prêsa ao forte? Ou o que fô r
ceu-se de mim. “ Porventura (res­ tomado por um homem valente pode­
pondeu o Senhor) pode uma mulher rá ser-lhe tirado?
esquecer-se do seu menino de pei­ w(S im ), porque o Senhor diz isto:
to, de sorte que não tenha compai­ Certamente que serão tirados ao ho­
xão do filho das suas entranhas? P o­ mem forte os que êle tiver feito ca­
rém, ainda que ela se esquecesse tivos, e serão tirados ao valente os
dêle, eu não me esquecerei de ti. que êle tiver tomado. Quanto àque­
10Eis que eu te gravei nas minhas les que te julgaram (6 SiãD), eu os
mãos; as tuas muralhas estão sem­ julgarei, e pelo que toca aos teus fi­
pre diante dos meus olhos. “ Che­ lhos, eu os salvarei. *E farei comer
garam os que te hão de reedificar; aos teus inimigos as suas próprias
os que te destruíram e devastaram, carnes; e êles se embriagarão, como
sairão para fora de ti. um rnosto, do seu próprio sangue; e
“ Levanta os teus olhos em volta, toda a carne saberá que eu sou o
e vê como todos êstes se reuniram Senhor que te salva, e que o teu re­
e vieram a ti; eu juro pela minha8 dentor é o forte de Jacó.
8. Para p ossuíres... Segundo o hebreu: Para distribuíres entre as fam ílias de Israel o®
bens que tinham perdido, por causa do cativeiro.
11. Serão alteadas como os bons caminhos, que se elevam um pouco acim a do solo.
16. E u te g r a v e i... F igu ra p ara indicar que Deus contempla sempre a sua cidade que­
rida, como se ela estivesse gravada nas suas rn&os.
26. TÔda a carne. isto é, todos os mortais.
862 PROFECIA DE ISAÍAS 50 - 51

Sião abandonada será recebida dene? Eis que serão todos consumi­
dos como um vestido; a polilha os
CA ^ i s o que diz o Senhor: Que comerá.
libelo de divórcio é êste de 10Qual de vós teme o Senhor, qual
vossa mãe, pelo qual eu a repudiei? ouve a voz do seu servo? O que an­
Ou quem é êste meu credor, a quem dou nas trevas (do exílio), e não tem
eu vos vendi? Foi por causa das vos­ luz, espere no nome do Senhor, e
sas iniqüidades que fôstes vendidos, firme-se sôbre o seu Deus. nMas vós
e por causa dos vossos crimes repu­ todos, que estais acendendo o fogo,
diei a vossa mãe. 2Porque eu vim, que vos achais rodeados de chamas,
e não havia ninguém; chamei, e não caminhai à luz do vosso fogo, e por
havia quem ouvisse. Encurtou-se por­ entre as labaredas que ateastes; da
ventura, e tornou-se pequenina a mi­ minha mão é que vos veio isto; vós
nha mão, para que vos não possa dormireis nas dores.
resgatar? Ou não tenho eu poder
bastante para vos livrar? Eis que, à O Senhor salvará com certeza Israel
minha ameaça, tornarei deserto o
mar, porei em sêco os rios, apodrece­ IJ1 ^uvi-m e, vós todos os que se-
rão os peixes sem água, e morrerão guis a justiça, e buscais o Se­
à sêde. 3Envolverei os céus de tre­ nhor; considerai a rocha donde fôs­
vas, pôr-lhe-ei um saco (de lu to) tes cortados, e o manancial donde
por cobertura. saístes. 2Lançai os olhos para A -
braão, vosso pai, e para Sara, que
O Messias não será vencido pelos seus vos deu à luz; porque eu o chamei
sofrimentos quando êle estava só (sem esperança
de ter filhos), e o abençoei, e o rnul-
40 Senhor deu-me uma língua eru­ tipliquei. *0 Senhor consolará, pois,
dita, para eu saber sustentar com a Sião, e consolará todas as suas ruí­
palavra o que está cansado; êle me nas; e transformará o seu deserto
chama pela manhã, pela manhã cha­ num lugar de delícias, e a sua soli­
ma aos meus ouvidos, para que eu dão num jardim do Senhor. Nela
o ouça como a um mestre. 50 Se­ se achará o gôzo e a alegria, a ação
nhor Deus abriu-me o ouvido, e eu de graças e a voz do louvor, a t e n ­
não o contradigo; não me retirei pa­ de-me, povo meu, e ouve-me, nação
ra trás. minha; porque de mim sairá a lei, e
°Eu entreguei o meu corpo aos que a minha justiça estabelecer-se-â en­
me feriam, e a minha face aos que tre os povos, a fim de os iluminar.
m e'arrancavam a barba; não desviei 50 meu justo está perto, o Salvador
a minha face dos que me injuria­ vai aparecer, e os meus braços jul­
vam e cuspiam. garão os povos; as ilhas estarão à es­
70 Senhor Deus é o meu protetor, pera de mim, e elas esperarão o meu
por isso não fui confundido; por is­ braço. °Levantai os vossos olhos ao
so ofereci a minha face como uma céu, e olhai (depois) para baixo, para
pedra duríssima, e sei que não fica­ a terra; porque os céus se desfarão
rei envergonhado. 8Ao pé de mim como o fumo, e a terra se gastará
está quem me justifica; quem me como um vestido, e os seus habitantes
contradirá? Apresentemo-nos juntos, como estas coisas, perecerão. Mas a
quem é o meu adversário? Aproxi- salvação (ou o Salvador) que envio
me-se de mim. 0O Senhor Deus é o durará para sempre, e a minha jus­
meu protetor; quem há que me con­ tiça não faltará. 7Ouvi-me, vós os que
Cap. L — 1. Condenando Sião, sua espôsa mística, ao exílio, Deus sòmente se separou
dela por algum tempo; nâo lhe deu sentença de divórcio que anulasse o casamento. Do mes­
mo modo, se êle entregou os seus filhos aos pagãos, nfto foi porque tivesse necessidade de os
vender p ara p agar aos credores.
2. E u vim ter convosco por meio dos meus profetas, e ninguém me recebeu, nem ouviu
com docilidade os meus oráculos.
11. Vda todos, impios e rebeldes, que acendeis o fogo da perseguição contra o senhor,
contra o Messias e os seus fiéis.
Cap. L I — 5. o meu ju s t o ... o meu S a lva d or... isto é, o Messias.
51 - 52 PROFECIA DE ISAIAS 863

sabeis o que é justo, povo meu, em plantes os céus, e fundes a terra, e


cujo coração está a minha lei; não digas a Sião: Tu és o meu povo.
temais o opróbrio dos homens, nem Sião será exaltada da sua humilhação
receeis as suas blasfêmias. 8Por-
que, assim como o bicho destrói um 17Eleva-te, eleva-te, levanta-te, Je­
vestido, assim os comerá a êles; e as­ rusalém, que bebeste da mão do Se­
sim como a polilha desfaz a lã, as­ nhor o cálice da sua ira; tu bebeste
sim os devorará a êles. Mas a sal­ até ao fundo êste cálice de adorme-
vação que envio durará para sem­ cimento, e esgotaste-o até às fezes.
pre, e a minha justiça, de geração em 18De todos os filhos que ela gerou,
geração. não há nenhum que a sustenha; e
9Levanta-te, ó braço do Senhor, le­ de todos os filhos que ela criou, não
vanta-te, arma-te de fortaleza; le­ há também nenhum que a tome pe­
vanta-te como nos dias antigos, nos la mão, 19*Dois males são os que te
séculos passados. Porventura, não sobrevieram; quem se condoerá de
fôste tu que açoitaste o soberbo, e ti? A desolação e o extermínio, a
feriste o dragão (do E g ito ) ? “ P or­ fome e a espada; quem te consolará?
ventura, não secaste tu o mar, a água 20Os teus filhos foram lançados por
do impetuoso abismo; não abriste um terra; dormiram ao canto de tôdas
caminho pelo fundo do mar, para que as ruas, como o búfalo tomado no
passassem os libertados? “ Agora, laço, cheios da indignação do Se­
pois, os que foram resgatados pelo nhor, do castigo do teu Deus. “ Por­
Senhor, voltarão e virão para Sião, tanto, ouve isto, pobrezinha ( Jerusa-
cantando louvores, e uma alegria sem- lérn), e embriagada sem ser de vi­
piterna coroará as suas cabeças; te­ nho (mas de aflições). 22Isto diz o
rão gôzo e alegria; fugirá (dêles) a dominador, teu Senhor e teu Deus,
dor e o gemido. que pelejará pelo seu povo: Eis que
eu vou tirar da tua mão êsse cá­
Israel não deve temer os mortais lice de adormecimento, as fezes do
cálice da minha indignação; tu não
12Eu, eu mesmo vos consolarei. o tornarás mais a beber para o fu­
Quem és tu, para teres mêdo de um turo. 23E pô-lo-ei na mão daqueles
homem mortal, e do filho do homem, que te humilharam e disseram à tua
que secará como a erva? 13E tu es­ alma: Curva-te para nós passarmos;
queceste o Senhor teu Criador, que e puseste o teu corpo como terra
estendeu os céus, e fundou a terra, e (que se calca), e como caminho pa­
todo o dia tremeste continuamente ra os viandantes.
diante do furor daquele (in im igo)
Sião será cercada de glória, gozará da
que te atribulava, e se tinha dis­ salvação anunciada
posto para te perder! Onde está ago­
ra o furor que te atribulava? “ O que CO le v a n ta -te , ó Sião, levanta-te
vem abrir chegará depressa; e (o reveste-te da tua fortaleza;
inim igo) não matará até ao exter­ reveste-te com os vestidos da tua
mínio, nem faltará (de todo) o seu glória, Jerusalém, cidade do Santo;
pão. 4 15*Eu sou o Senhor teu Deus, porque não tornará daqui em dian­
que revolto o mar, e encrespo as te a passar pelo meio de ti o incir-
suas ondas; Senhor dos exércitos é o cuncidado nem o imundo. 2Sacode-te
meu nome. do pó, levanta-te, assenta-te, Je­
16Eu pus as minhas palavras na rusalém; desata as cadeias do teu
tua bôca, e te protegi com a som­ pescoço, cativa, filha de Sião, 3por-
bra da minha mão, a fim de que tu que^eis o que diz o Senhor: Vós fôs-
14. O que vem abrir, o Messias, que vem dar a liberdade.
16. E u p u s ... P alav ras dirigidas pelo Eterno P a i ao Messias, seu Filho.
19. Dois males: O pais devastado (a desolação e o exterm ínio), os habitantes entregues
à morte ( a fom e e a espada).
23. Para nós passarmos, pondo o pé sôbre o teu pescoço, tratando-te corno inimigo ven­
cido.
Cap. L I I — 1. Incircuncidado. .. im u n d o ... isto é, as nações idólatras.
864 PROFECIA DE ISAIAS 52 - 53

tes vendidos por nada, e sereis res­ 14Assirn como pasmaram muitos à vis­
gatados sem dinheiro. 4Porque eis ta de ti, assim será sem glória o seu
o que diz o Senhor Deus: O meu po­ aspecto entre os homens, e a sua fi­
vo desceu outrora ao Egito, para ha­ gura desprezível entre os filhos dos
bitar ali como estrangeiro; depois As- homens. 1SÊle borrifará (ou purifica­
sur o oprimiu sem causa alguma. 5E rá com o seu sangue) muitas nações,
agora, que tenho eu que fazer aqui, diante dêle os reis taparão a bôca;
diz o Senhor, visto o meu povo ter porque o viram naquêles a quem nada
sido levado (como escravo) sem ne­ tinha sido anunciado a seu respei­
nhuma razão? Os seus dominadores to; e os que não tinham ouvido falar
procedem iniquamente, diz o Senhor, dêle o contemplarão.
e o meu nome é blasfemado incessan-
temente todo o dia. 6Por esta cau­ Profecias sôbre a Paixão de Cristo
sa o meu povo conhecerá o meu no­
me nesse dia, porque eu mesmo que CO 7Quem deu crédito ao que nós
lhe falava (p or meio dos profetas>, ouvimos? E a quem foi reve­
eis que estou já presente. lado o braço do Senhor? 2E êle su­
birá como arbusto diante dêle, e co­
7Que formosos são sôbre os mon­ mo raiz que sai de urna terra sequio­
tes os pés do que anuncia e prega a sa; êle não tem beleza, nem formo­
paz, do que anuncia o bem, do que sura, e vimo-lo, e não tinha aparên­
prega a salvação, do que diz a Sião: cia do que era, e por isso não fi­
O teu Deus está para reinar! 8*Ou- zemos caso dêle. 3Êle era despreza­
vir-se-á a voz das tuas sentinelas; do, e o último dos homens, um ho­
elas levantarão a voz, e juntamente mem de dores; e experimentado nos
cantarão louvores, porque verão com sofrimentos; e o seu rosto estava en­
os seus próprios olhos como o Se­ coberto; era desprezado, e por isso
nhor faz voltar Sião (do cativeiro). nenhum caso fizeram dêle.
9Alegrai-vos, e louvai à uma, desertos
de Jerusalém, porque o Senhor con­ “Verdadeiramente êle foi o que to­
solou o seu povo, resgatou Jerusalém. mou sôbre si as nossas fraquezas (e
10O Senhor fêz ver o seu santo braço pecados) , e êle mesmo carregou com
aos olhos de tôdas as nações, e to­ as nossas dores; e nós o reputamos
dos os confins da terra verão o Sal­ como um leproso, e como um homem
vador que o nosso Deus nos há de ferido por Deus e humilhado. “Mas
enviar. “ Retirai-vos, retirai-vos, saí foi ferido por causa das nossas iniqüi-
daí, não toqueis coisa impura; saí do dades, foi despedaçado por causa dos
meio dela, purificai-vos, vós os que nossos crimes; o castigo que nos de­
levais os vasos do Senhor. 12*P orque via trazer a paz, caiu sobre êle, e
vós não saireis tumultuàriamente, nós fomos sarados com as suas pisa-
nem em fuga precipitada; porque o duras.
Senhor irá adiante de vós, e o Deus “Todos nós andamos desgarrados
de Israel vos juntará. como ovelhas, cada um se extra­
viou por seu caminho; e o Senhor
Sofrimentos e glória de Cristo carregou sôbre êle a iniqüidade de
todos nós.
13Eis que o meu servo procederá 7Foi oferecido (em sacrifício) por­
com inteligência, será exaltado e ele­ que êle mesmo quis, e não abriu a
vado, e chegará ao cúmulo da glória. sua bôca; como uma ovelha que é le-
5. Que tenho eu que fazer aqui em Babilônia, onde tenho estado com o meu povo cativo,
v o u deixar esta terra idólatra, e levar comigo o meu povo p a ra Sião.
11. D o meio dela, de Babilônia, da Caldéia.
12. Não saíreis tumultuàriamente, a vossa volta será um a viagem triunfal.
Cap. L I I I — 1. Quem deu crédito. .. Isaías pôe estas palavras na bôca doa Israelitas do
futuro, os quais, insensíveis a principio aos sofrimentos de Cristo, por causa da sua incredu­
lidade, confessarão mais tarde amargamente a sua cegueira, arrependidos de não terem re­
cebido nem reconhecido o seu Salvador. — A quem foi revelado. .. Quem é que reconheceu
entre nós a ação onipotente do Senhor, em tudo o que êle fêz sofrer, ao Messias?
2. Motivo da incredulidade dos Judeus: Esperavam que o Messias fôsse um rei cheio
de glórias humanas, e êle apareceu na terra cercado da m aior hunftldade.
53 - 54 PROFECIA DE ISAÍAS 865

vada ao matadouro, e como um cor­ do opróbrio da tua viuvez. 5Porque


deiro diante do que o tosquia, guar­ dominará em ti o que te criou; o seu
dou silêncio e não abriu sequer a nome é o Senhor dos exércitos; e o
sua bôca. 8Êle foi tirado pela an­ teu redentor, o Santo de Israel, se­
gústia e pelo juízo. Quem contara a rá chamado o Deus de tôda a terra.
sua geração? Porque êle foi corta­ °Porque o Senhor te chamou, corno
do da terra dos viventes; eu o feri uma mulher desamparada e angus­
por causa da maldade do meu povo. tiada de espírito, e como uma mulher
9E (o Senhor) lhe dará os ímpios repudiada desde a mocidade, disse o
(convertidos) em recompensa na sua teu Deus.
sepultura, e o rico em recompensa Jerusalém será eternamente amada
de sua morte; porque êle não come­ e livre de todos os males
teu iniqüidade, nem nunca se achou
dolo na sua bôca. 7Por um momento, por um breve
10E o Senhor quis consumí-lo com espaço te abandonei, mas (agora) te
sofrimentos, mas quando tiver ofe­ congregarei com grandes misericór­
recido a sua vida pelo pecado, verá dias. 8No momento da minha indig­
uma descendência perdurável, e a nação escondi de ti, por um pouco, a
vontade do Senhor prosperará nas minha face, porém, compadeci-me de
suas mãos. 11Verá o fruto do que a ti, com uma eterna misericórdia, dis­
sua alma trabalhou, e ficará satisfei­ se o Senhor teu redentor. °Eu faço
to. Êste mesmo justo, meu servo, por ti como fiz nos dias de Noé, a
(diz o Senhor) justificará muitos com quem jurei que não mais derrama­
a sua ciência, e tomará sôbre si as ria as águas (do dilúvio) sôbre a ter­
suas iniqüidades. 12Por isso eu lhe ra; eu jurei não mais me irritar con­
darei por sorte uma grande multi­ tra ti, nem te repreender. 10Ainda
dão (de nações), e êle distribuirá os que os montes sejam abalados, e tre­
despojos dos fortes, porque entregou mam as colinas, a minha misericór­
a sua vida à morte, e foi pôsto no dia não se apartará de ti, e a alian­
número dos malfeitores, e tomou sô- ça da minha paz não se mudará, diz
bre si os pecados de muitos, e inter­ o Senhor, compadecido de ti. uPo-
cedeu pelos pecadores. brezinha, combatida da tempestade,
A nova Jerusalém ou a Igreja de Cristo sem consolação alguma, eis que eu
mesmo porei por ordem as tuas pe­
C 4 A legra-te, estéril, que não dás dras, e te fundarei sôbre safiras;
à luz; entoa cânticos de lou­ 12farei os teus baluartes de jaspe, e
vor e de júbilo, tu que não tinhas f i­ as tuas portas de pedras lavradas, e
lhos, porque os filhos da desampa­ todos os teus recintos de pedras pre­
rada são muito mais do que os daque­ ciosas. 13Todos os teus filhos serão
la que tem marido, diz o Senhor. instruídos pelo Senhor, e gozarão du­
2Alarga o espaço da tua tenda, e es­ ma grande paz.
tende quando puderes as peles dos 14E serás fundada sôbre a justiça;
teus pavilhões; alonga as tuas cor­ estarás livre da opressão, e não a te­
das, e segura as tuas estacas. 3Por- merás; e do pavor, o qual não che­
que tu te estenderás para a direi­ gará a ti. 15Virá o morador, que não
ta e para a esquerda; e a tua posteri­ estava comigo, e o que para ti nou­
dade tomará posse das nações, e po­ tro tempo era estrangeiro, juntar-
voará as cidades desertas. -se-á a ti. 16Sou eu que criei o o-
4Não temas, porque não serás con­ perário que sopra as brasas no fo­
fundida nem envergonhada; porquan­ go, e que prepara o instrumento pa­
to não terás de que te envergonhar, ra o seu trabalho; sou eu também
pois te esquecerás da confusão da tua que criei o matador (que só traba­
mocidade, e não te lembrarás mais lha) para destruir. 17Tôda a arma
8. Foi tirado, foi posto à morte, pela angústia e pelo juíao, por um a condenação injusta.
Cap. L I V — 3. A tua posteridade. . . A Ig re ja Católica irá conquistando as nações pa­
cifica e irresistivelmente.
16. A nova Jerusalém será invencível por ter como protetor o Deus onipotente, do qual
dependem tôdas as criaturas. 28

28 > B íb lia Sagrada


866 PROFECIA DE ISAIAS 54 - 56

fabricada contra ti, não terá prés- ra, assim se acham elevados os meus
timo; e tu condenarás tôda a lín­ caminhos acima dos vossos cami­
gua que se apresente em juízo con­ nhos, e os meus pensamentos acima
tra ti. Esta é a herança dos ser­ dos vossos pensamentos. 10E, assim
vos do Senhor, e a justiça dêles es­ como desce do céu a chuva e a neve,
tá em mim, diz o Senhor. e não voltam mais para lá, mas em­
bebem a terra, e fecundam-na e fa-
A salvação é oferecida gratuitamente zem-na germinar, a fim de que dê
a todos semente ao que semeia, e pão ao que
come; “ assim será a minha palavra,
tj C ^odos vós os que tendes sê- que sair da minha bôca; não torna­
de, vinde às águas; e os que rá para mim vazia, mas fará tudo o
não tendes dinheiro, apressai-vos, que eu quero, e produzirá os efei­
comprai e comei; vinde, comprai sem tos para os quais a enviei.
dinheiro e sem nenhuma troca, v i­ 13Portanto, vós saireis com alegria,
nho e leite. 2Por que motivo empre­ e sereis conduzidos em paz; os mon­
gais o dinheiro em coisas que não tes e os outeiros cantarão diante de
são (bom ) alimento, e o vosso traba­ vós cânticos de louvor, e tôdas as ár­
lho no que não pode saciar-vos? vores do país baterão palmas. 13Em
Ouvi-me com atenção, e comei do lugar do espigue subirá a faia, e em
bom alimento (que eu vos apresen­ vez da urtiga crescerá a murta; e
to) , e a vossa alma se deleitará com o Senhor será nomeado como um si­
manjares substanciosos. 3Inclinai o nal eterno, que não será tirado.
vosso ouvido, e vinde a mim; ouvi,
e a vossa alma viverá, e farei con- O reino de Deus aberto aos que fazem
vosco um pacto eterno (concedendo- a sua vontade
vos) as misericórdias que prometi a
Davi. 4Eis que o dei por testemu­ CC *Eis o que diz o Senhor: Guar-
nha aos povos, por capitão e por dai a eqüidade, e praticai a
mestre às nações. 5Tu chamarás um justiça, porque a salvação que eu en­
povo, que não conhecias, e as gen­ vio não tardará a vir, e a minha jus­
tes, que te não conheciam, corre­ tiça, a . manifestar-se. 2Bem-aventu-
rão a ti por amor do Senhor teu rado o homem que assim procede,
Deus, e do Santo de Israel, que te e o filho do homem que a isto se
glorificou. aplicar, que guarda o sábado para
não o profanar, que guarda as suas
Aproveitar a ocasião de se converter mãos para não fazer nenhum mal.
3E não diga o filho do estrangeiro
°Buscai o Senhor, enquanto se pode (ou pagão) que está unido (pela fé )
encontrar; invocai-o, enquanto está ao Senhor: O Senhor com uma divi­
perto. 7Deixe o ímpio o seu cami­ são me separará do seu povo. E não
nho, e o homem iníquo os seus pen­ diga o eunuco: Eis que eu sou um
samentos, e volte-se para o Senhor, lenho sêco ( e estéril) .
o qual terá piedade dêle; e para o
nosso Deus, porque êle é muito ge­ Também aos eunucos e aos
neroso para perdoar. estrangeiros

Firmeza da palavra divina 4Porque eis o que diz o Senhor aos


eunucos: Aos que guardarem os meus
8Porque os meus pensamentos não sábados, e praticarem o que eu que­
são os vossos pensamentos; nem os ro, e abraçarem a minha aliança,
vossos caminhos são os meus cami­ 5darei um lugar na minha casa, e
nhos, diz o Senhor. 9Porque, quanto das minhas muralhas a dentro, e um
os céus estão elevados acima da ter- nome ainda melhor do que o que da-
Cap. L V — 2. P or que motivo empregais o dinheiro em falsos bens que nâo podem sa-
tisfa ze r a vossa alma?
4. Eis que o dei, o Messias.
13. U m sinal eterno. Segundo o hebreu: Isto será para o Senhor um monumento eterno
do seu amor.
56 - 57 PROFECIA DE ISAIAS 867

riam os filhos e as filhas; dar-lhes-ei (pela m orte), porque não há quem


um nome sempiterno, que não pere­ compreenda; porque é para ser livre
cerá jamais. dos males que o justo foi arrebatado.
°E aos filhos do estrangeiro, que 2Venha a paz, descanse no seu leito
se unem ao Senhor para o honra­ aquêle que andou na retidão.
rem, e amarem o seu nome, para 3Vós, porém, vinde cá, filhos da a-
serem seus servos; e a todo o que goureira, linhagem de um adúltero
guardar o sábado para o não pro­ e de uma prostituta.
fanar, e ao que abraçar a minha a-
liança, 7conduzí-los-ei ao meu santo 4De quem fizestes vós escárnio?
monte, e os alegrarei na minha ca­ Contra quem abristes a bôca, e dei­
sa de oração; os seus holocaustos e tastes a língua de fora? Porventu­
as suas vítimas ser-me-ão agradáveis ra não sois vós uns filhos malvados,
sôbre o meu altar; porque a minha uma geração bastarda? 5Vós, que
casa será chamada casa de oração buscais a vossa consolação nos deu­
para todos os povos. ses, debaixo de todo o arvoredo fron­
sO Senhor Deus que congrega os doso, sacrificando-lhes os vossos ten­
dispersos de Israel, diz: Ainda lhe ros filhinhos nas torrentes, e debai­
reunirei aquêles que se hão de jun­ xo dos rochedos sobranceiros?
tar a êle. nas pedras da torrente que está a tua
parte, eis a tua sorte; e em honra
Pecados dos chefes e do povo dêsses mesmos ídolos derramaste li-
baçôes, ofereceste sacrifícios. Não
9Animais todos do campo, feras do me hei de eu indignar à vista des­
bosque, vinde para devorar. 10As suas tas coisas? 7Tu puseste o teu leito
sentinelas estão tôdas cegas, tôdas sôbre um alto e elevado monte, e lá
se mostraram ignorantes; são cães subiste para imolares hóstias. 8E
mudos, que não podem ladrar, que detrás da porta, e atrás da ombrei­
vêem coisas vãs, que dormem, e que ra, puseste o teu memorial; junto
amam os sonhos. UE êstes cães tão de mim pecaste, recebendo o adúlte­
sem vergonha não podem saciar-se; ro (ou adorando o íd o lo ); alargas­
os mesmos pastores não têm nenhuma te o teu leito, e com êles fizeste con-
inteligência; todos declinaram para cêrto, amaste descaradamente a sua
o seu caminho, cada um para a sua companhia. °Tu te perfumaste para
avareza, desde, o mais alto até o agradar ao rei, e multiplicaste os teus
mais baixo. 12Vinde (dizem êles), be-
bamos vinho, e enchamo-nos até à aromas. Enviaste os teus embaixa­
embriaguez; e, como hoje, assim fa­ dores longe, e fôste abatida até aos
remos também amanhã, e ainda mui­ infernos. 10Tu te fatigaste na mul­
to mais. tidão dos teus caminhos, e nunca
disseste: Descansarei. Achaste de quê
Os adoradores dos ídolos serão viver com tuas mãos, por isso não me
confundidos fizeste rogativas. “ Quem temeste tu,
de quem tiveste receio, para (assim)
C 7 l (Entretanto) o justo perece, e me sêres infiel, para me apagares da
° 1 não há quem considere (sô­ tua memória, para não refletires nò
bre isto) no seu coração; e os ho­ teu coração? Porque eu estava ca­
mens compassivos são arrebatados lado, e parecia não ver, e por isso te
Cap. L v l — 8, Ainda lhe reunirei . . . Aumento constante do povo de Deus, da Igreja
Católica, produzido por adesões vindas do paganismo.
9. Anim ais . . . Os pagãos sâo convidados a exterminar Israel, que se encontra sem de­
fensores.
Cap. L V I I — 3. Agoureira é Jerusalém entregue à idolatria.
6. Nas ped ras... Alusão ao culto das pedras, usado entre muitos povos antigos do
oriente.
7. Sião idólatra é com parada a uma espôsa adúltera; os seus amantes sâo os falsos
deuses.
8. o teu memorial, os teus amuletos ou pequenas estátuas de ídolos.
10. Achaste de que v iv e r . .. encontraste vigor nas tuas mãos para continuar a proceder
assim.
868 PROFECIA DE ISAÍAS 57 - 58

esqueceste de mim. 12Eu publicarei nuncia ao meu povo as suas malda-


a tua justiça, e não te aproveitarão des, e à casa de Jacó os seus pe­
as tuas obras. 13Quando tu clama­ cados. 2Porque êles cada dia me bus­
res, salvem-te os (ídolos) que tu tens cam, e querem saber os meus cami­
juntado; a todos êles levará o vento, nhos, como um povo que tivesse pra­
arrebatá-los-á um sôpro. ticado a justiça, e não tivesse aban­
donado a lei do seu Deus. Fazem-
Os arrependidos e os humildes me perguntas sôbre os juízos da mi­
receberão paz e alegria nha justiça; querem aproximar-se de
Deus.
Mas o que tem confiança em mim, 3Por que jejuamos nós (dizem eles),
herdará a terra, e possuirá o meu e tu não olhaste para nós ? Humilha­
santo monte. 14*E direi: Abri cami­ mos as nossas almas, e tu não te des­
nho, dai lugar, desviai-vos da vereda, te por achado disso? É porque (res­
tirai os tropeços do caminho do meu pondeu Deus) no dia do vosso jejum
povo. se acha a vossa vontade (p rópria ), e
13Porque isto diz o excelso, e o su­ porque oprimis todos os vossos de­
blime (Deus) que habita na eternida­ vedores. 4Vós jejuais para prosse­
de, cujo nome é Santo, êle que habi­ guirdes demandas e contendas, e fe­
ta nas alturas e no santuário, e no ris com o punho sem piedade. Não
coração contrito e humilde, para rea­ jejueis daqui por diante, como o ten­
nimar o espírito dos humildes, e vi- des feito até hoje, para que seja ou­
vificar o coração dos contritos. 16Por- vido no alto o vosso clamor, ^ c a ­
que eu não pleitearei eternamente, so o jejum, que eu aprecio, consiste
nem a minha cólera durará sempre; em afligir um homem a sua alma
porque o espírito saiu de mim, e eu por um dia, ou em retorcer a sua ca­
criei as almas. 17Eu irritei-me por beça, como um círculo, ou em se
causa da iniqüidade da avareza do deitar sôbre o saco e a cinza? P or­
meu povo, e feri-o; escondi dêle a ventura chamarás tu a isto jejum e
minha face, e indignei-me, e êle foi- dia agradável ao Senhor?
se andando vagabundo pelo caminho °Porventura o jejum, que eu apre­
do seu coração. 18Eu vi os seus ca­ cio, não consiste nisto: em desatar
minhos, e o sarei, e o reconduzí (ao as ligaduras da impiedade, em des­
bom cam inho), e dei-lhe consolações carregar os fardos que oprimem, em
a êle mesmo, e aos que choravam deixar ir livres aquêles que estão
com êle (arrependidos). 10Criei a quebrantados, e em quebrar tôda a
paz, fruto dos lábios, a paz para espécie de jugo? 7Reparte o teu pão
aquêle que está longe, e para o que com o que tem fome, e introduze em
está perto, diz o . Senhor, eu o sarei. tua casa os pobres e os peregrinos;
Os maus serão excluídos
quando vires um nu, cobre-o, e não
desprezes a tua (própria) carne (ou,
20Os ímpios, porém, são como um a do teu próxim o). 8Então rompe­
mar agitado, que não pode acal­ rá a tua luz como a aurora, e a tua
mar, e cujas ondas se elevam, para saúde mais depressa nascerá, e a tua
produzir lodo e lama. 21Não há paz justiça irá adiante de tua face, e a
para os ímpios, diz o Senhor Deus. glória do Senhor te protegerá. ‘E n ­
tão invocarás o Senhor, e êle te a-
A. piedade não consiste em exteriori- tenderá; clamarás a êle, e êle te di­
dades, mas em boas obras rá: Eis-me aqui. Se tirares do meio
de ti a cadeia (com que oprimes o
CO ^lam a, não cesses, levanta co- próxim o), e deixares de estender o
00 mo trombeta a tua voz, e a­ dedo (em sinal de desprezo), e de
12. Publicarei a tua justiça. Ironia.
16. Porque o espirito. .. Segundo o hebreu: Porque desfaleeeriam diante de mim os es-
piritos e as almas que Criei.
19. Para aquêle que está longe. . . isto é, para os pagãos e para os Judeus.
Cap. L V I I I — 2. Querem aproximar-se de Deus, como que para discutir com êle.
8. A tua luz, a tua felicidade verdadeira.
58 - 59 PROFECIA DE ISAÍAS 869

falar o que não aproveita; 10se abri­ daquele que se chocar, sairá um ba-
res a tua alma para (socorrer) o fa ­ silisco. 6As suas teias não servirão
minto, e saciares a sua alma aflita, para vestido, nem êles se cobrirão
nascerá nas trevas a tua luz, e as das suas obras; as suas obras são o-
tuas trevas tornar-se-ão como o bras inúteis, e nas suas mãos está
meio-dia. “ E o Senhor te dará sem­ sempre uma obra de iniqüidade. 7Os
pre descanso, e encherá a tua alma seus pés correm para fazer o mal, e
de resplendores, e livrará os teus os­ apressam-se para derramar o san­
sos, e serás como um jardim bem re­ gue inocente; os seus pensamentos
gado, e como uma fonte cujas águas são pensamentos inúteis; e a desola­
nunca faltarão. 12E serão por ti e- ção e a ruína encontram-se nos seus
difiçados os desertos de muitos sé­ caminhos. 8Não conhecem o caminho
culos; tu levantarás os fundamentos da paz, nem há justiça nos seus pas­
das gerações antigas, e serás chama­ sos; as suas veredas são tortuosas,
do reparador de muros, e o que tor­ todo o que anda por elas ignora a paz.
na seguros os caminhos. 13Se afas­ 9Por esta causa se afastou de nós
tares o teu pé do sábado, para não o juízo (re to ), e não nos abraçará a
íazeres a tua vontade no meu san­ justiça; esperávamos a luz, e eis que
to dia, e chamares ao sábado as tuas não houve mais do que trevas, esperá­
delícias, e o dia santo e glorioso do vamos a claridade, e andamos às escu­
Senhor, e o solenizares, não seguindo ras. 10Andamos como cegos apalpando
os teus caminhos, não fazendo a tua as paredes, e como se não tivéssemos o-
vontade, não dizendo palavras (vãs), ihos, fomos pelo tacto; tropeçamos
14então te deleitarás no Senhor, e eu em pleno meio-dia como (se esti-
te elevarei acima das alturas da ter­ véssemos) nas trevas; estamos na es­
ra, e alimentar-te-ei com a herança curidão corno os mortos. “ Todos nós
de Jacó, teu pai; porque a bôca do rugimos como ursos, e, meditando
Senhor falou. (em nossos pecados), gememos como
pombas; esperamos a justiça, e não
O arrependimento de Israel obterá a aparece; a salvação, e ela afastou-
sua salvação se de nós. 12Porque as nossas ini­
qüidades (6 Senhor) multiplicaram-
ÇQ *Eis que a mão do Senhor não se diante de ti, e os* nossos pecados
** se encolheu para não poder dão testemunho contra nós, porque
salvar; nem o seu ouvido ensurdeceu os nossos crimes nos são presentes,
Para não poder ouvir (as nossas su­ e conhecemos bem as nossas ini­
plicas). 2Mas são as vossas iniqüida- qüidades. 13Pecamos e mentimos con­
des que puseram uma separação en­ tra o Senhor; voltamos as costas
tre vós e o vosso Deus, e os vossos para não irmos após o nosso Deus,
pecados são os que lhe fizeram es­ para proferirmos a calúnia e a vio­
conder de vós a sua face, para não lência; concebemos e fizemos sair do
vos ouvir. sPorque as vossas mãos nosso coração palavras de mentira.
estão manchadas de sangue, e os vos­ 14E retirou-se o juízo (re to ), e pos­
sos dedos, de iniqüidades; os vossos lá­ se longe a justiça, porque a verda­
bios falaram a mentira, e a vossa lín­ de caiu por terra sobre a praça pú­
gua profere a iniqüidade. 4Não há blica, e não pode ali entrar a eqüi-
quem invoque a justiça, nem há quem dade. “ E a verdade foi posta no es­
julgue segundo a verdade; mas con­ quecimento; e o que se retirou do
fiam no nada, e dizem vaidades; ê- mal, ficou exposto à prêsa (dos
les conceberam o trabalho (ou dano maus).
do próxim o), e deram à luz a inl- Os ímpios serão castigados e os
qüidade. 5Fizeram abrir ovos de ás- arrependidos serão salvos
pide, e teceram teias de aranha; o
que comer dêstes ovos morrerá; e O Senhor viu isto e desagradou aos
Cap. LIX — 5. F iz e r a m a b r i r . . . Segundo o hebreu: É le s c h oca m o v o s d e basilisco,
Isto é, form am projetos pérfidos e maus. — T e c e ra m teias d e aranha. A obra doa maus
será completamente estéril.
11. R u g im o s c o m o u rso s , ao vermo-nos abandonados por Deus.
870 PROFECIA DE ISAIAS 59 - 60

seus olhos que já não houvesse jus­ riquezas do mar, e a fortaleza, das
tiça. 16E viu que não havia homem nações vier ter contigo. 6Ver-te-ás
(de bem ), e ficou admirado de não inundada duma multidão de camelos,
haver quem intervisse (em favor de de dromedários de Madian e de Efa;
Is ra e l); então o seu braço o salvou, todos virão de Sabá, trazendo-te ou­
e a sua própria justiça o susteve. ro e incenso, e publicando os louvo­
,7Vestiu-se da justiça como de uma res do Senhor. 7Todo o gado de Ce-
couraça, e pôs sôbre a cabeça o ca­ dar se juntará em ti, os carneiros de
pacete da salvação; revestiu-se da Nabaiot estarão ao teu serviço; ê-
vingança como dum vestido, e co­ les me serão oferecidos sôbre o meu
briu-se de zêlo como dum manto. altar de propiciação, e eu encherei
lsÊle vingará e punirá na sua cólera de glória a casa da minha majestade.
os seus inimigos, e dará aos seus ad­ 8Quem são êstes, que voam como nu­
versários o que eles merecem; êle vens, e como pombas para os seus
pagará às ilhas ( ou nações) na mes­ pombais? 9Porque as ilhas (ou na-
ma moeda.* ,9E os (povos) que estão çoes) me estão esperando, e as naus
da parte do ocidente temerão o no­ do mar estão há muito tempo prepa­
me do Senhor; e os que ficam da radas para trazer de longe os teus
banda do oriente (reverenciarão) a filhos, e com êles a sua prata e o
sua glória, quando êle vier como um seu ouro, para ser consagrado ao no­
rio impetuoso, impelido pelo espí­ me do, Senhor teu Deus, e ao Santo
rito do Senhor; “ e quando vier um de Israel, que te glorificou.
redentor a Sião, e àqueles (filh os) de
Jacó que se converterem do pecado, Jerusalém será magnlficamente
diz o Senhor. 21Eis a (nova) aliança reedificada pelos estrangeiros
que eu farei com êles, diz o Senhor: 10E os filhos dos estrangeiros edi-
O meu espírito, que está em ti, e as fiearão os teus muros, e os seus reis
minhas palavras, que pus na tua bô- te servirão; porque eu te feri na m i­
ca. não se apartarão da sua bôca, nha indignação, porém, na minha be­
nem da bôca de teus filhos, nem da nevolência, tive misericórdia de ti. nE
bôca dos filhos de teus filhos, diz o estarão sempre abertas as tuas por­
Senhor, desde agora e para sempre. tas; elas não se fecharão nem de dia
Glória da nova Jerusalém, a Ig reja nem de noite, a fim de que te seja
trazida a riqueza das nações, e te se­
le v a n ta -te , recebe a luz, Je- jam conduzidos os seus reis. 12Porque
rusalém, porque chegou a tua a nação e o reino que te não servir,
luz, e a glória do Senhor nasceu sôbre perecerá, e tais nações serão devasta­
ti. “Porque eis que as trevas cobri­ das até ficarem numa solidão. 18A
rão a terra, e a escuridão os povos; glória do Líbano virá a ti, a faia e
mas sôbre ti nascerá o Senhor, e a o buxo, e juntamente o pinheiro ser­
sua glória se verá em ti. virão para adornar o lugar do meu
3E as nações caminharão à tua luz, santuário, e eu glorificarei o lugar
e os reis ao resplendor da tua auro­ onde repousam os meus pés (ou arca
ra. “Levanta em roda os olhos, e vê; da aliança).
todos êsses se congregaram, vieram 14E virão a ti com a fronte curva­
a ti; teus filhos virão de longe, e da os filhos daqueles que te humi­
tuas filhas surgirão de todos os la­ lharam, e beijarão os vestígios dos
dos. 6Então tu verás, e estarás na teus passos todos os que detraíam de
abundância, e o teu coração se es­ ti, e chamar-te-ão a cidade do Se­
pantará, e se dilatará fora de si mes­ nhor, a Sião do Santo de Israel. 15Por-
mo, quando se voltarem para ti as que tu fôste abandonada e aborreci-
16. o seu braço o salvou, ou lhe bastou, Deus encarregou-se de realizar só por si a
obra que tinha em vista.
19. Feliz efeito do castigo: D e tôdas as partes os pagãos se converterão ao verdadeiro
Deus.
Cap. L X — 6. o s camelos representam as caravanas, que eram sempre acompanhadas
por êstes animais. — Madian e E fa eram dois povos descendentes de Abraão. — Sabá,
capital da A rá b ia Petréia, onde h avia muito ouro e perfumes.
60 - 61 PROFECIA DE ISAIAS 871

da, e não havia quem por ti passas­ solar todos os que choram; 8para
se, eu te elevarei a ser a glória imor­ conceder e dar aos de Sião, que cho­
tal dos séculos, e a alegria de todas ram, uma coroa em vez de cinza, óleo
as gerações; 16e tu te alimentarás de gôzo em vez de pranto, um vesti­
com o leite das nações e serás cria­ do de glória em troca do seu espíri­
da ao peito dos reis; e saberás que to de aflição; e os que habitarem ne­
eu sou o Senhor que te salvo, e o la serão chamados fortes na justiça,
teu redentor, o forte de Jacó. 17*E m
lugar de cobre trarei ouro, e em vez plantas do Senhor para lhe darem
de ferro trarei prata; e em vez de glória.
madeira, cobre, e em lugar de pedras 4E repovoarão os lugares há mui­
ferro; e porei no teu govêrno a paz, to tempo desertos, e levantarão as an­
e nos teus magistrados a justiça. tigas ruínas, e restaurarão as cidades
abandonadas, devastadas há muitos
A Jerusalém celeste
séculos. 6Os estrangeiros estarão lá
18Não se ouvirá mais falar de ini- para apascentar os vossos gados; e os
qüidade na tua terra, nem haverá filhos dos estrangeiros serão vossos
assolação nem ruína dentro das tuas lavradores e vinheiros. 6Vós, porém,
ironteiras; e a salvação reinará den­ sereis chamados sacerdotes do Se­
tro dos teus muros, e o louvor den­ nhor; ser-vos-á dado o nome de mi­
tro das tuas portas. 19Tu não terás nistros do nosso Deus; comereis as
mais (necessidade do) sol para lu­ riquezas das nações, e sereis glorifi-
zir de dia, nem do resplendor da cados com a glória delas. 7Em lugar
lua para te alumiar; mas o Senhor da vossa dupla confusão e vergonha,
te servirá de luz eterna, e o teu Deus dareis graças pela parte que vos to­
será a tua glória. 20Não mais se po- cará, e por isso possuireis na nossa
rá o teu sol, e a tua lua não mingua­
rá: porque o Senhor te servirá de terra dupla porção, e tereis uma ale­
luz eterna, e terão acabado os dias gria eterna.
do teu pranto. 21Todo o teu povo se­ 8Porque eu sou o Senhor que amo
rá um povo de justos; êles possuirão a justiça, e que aborreço ,os holo-
a terra para sempre, como vergôn- caustos que vêem de rapinas; e re­
teas que eu plantei, é como obras compensarei fielmente as suas obras,
que a minha mão fêz para me glori­ e farei com êles uma aliança perpé-
ficarem. 220 menor dêles valerá por tua. °E a sua posteridade será conhe­
mil, e o mais pequeno, por uma nação cida entre as nações, e a sua descen­
poderosa. Eu o Senhor, a seu tem­ dência no meio dos povos; todos os
po farei (tudo) isto subitamente. que os virem, os conhecerão (lo g o ),
A missão de Cristo e a glória da por serem a linhagem que o Senhor
Igreja abençoou.
Ação de graças
£1 70 espírito do Senhor repou-
sou sôbre mim, porque o Se­ 10Eu me regozijarei sobremaneira
nhor me ungiu; êle me enviou para no Senhor, e a minha alma exultará
evangelizar os mansos, para curar os no meu Deus; porque êle me reves­
contritos de coração, e pregar a re­ tiu com a roupagem da salvação, e
denção aos cativos, e a liberdade aos me cobriu com o manto da justiça,
encarcerados; 2para publicar o ano como o espôso aformoseado com uma
da reconciliação do Senhor, e o dia coroa, e como a esposa ornada com
da vingança do nosso Deus, para con­ as suas jóias.
16. Os povos e os seus reis porão ao serviço da nova Jerusalém o que tiverem de melhor.
Cap. L X I — 1. M e ungiu, me encheu de graças para cumprir a minha missão. Esta
passagem foi aplicada por Jesus a si próprio (L u c., I v , 16 e segs.).
5. o s estrangeiros, isto é, os pagãos. H ão de converter-se e form ar com Israel um só
Povo.
6. Israel, no meio dos pagãos convertidos, será um a ra ç a sacerdotal, mais santa e mais
honrada.
872 PROFECIA DE ISAÍAS 61 - 63
“ Porque, assim como a terra lan­ o caminho, escolhei as pedras, e ar­
ça o seu germe, e assim como o vorai o estandarte aos povos. nEis
jardim faz brotar a semente que lhe o que o Senhor fêz ouvir nas extre­
lançaram, assim o Senhor Deus fa­ midades da terra: Dizei à filha de
rá brotar a justiça e o louvor dian­ Sião: Eis aí vem o teu Salvador; eis
te de tôdas as nações. que a sua recompensa vem com êle,
e as suas retribuições o precedem.
A redenção tornará Jerusalém 12Então (os teus filhos) serão chama­
gloriosa dos povo santo, resgatados do Senhor;
e tu serás chamada cidade buscada
g o 7Por amor de Sião eu não me (de todos), e não a desamparada.
calarei, e por amor de Jerusa­ O Messias dominará os inimigos
lém não descansarei, até que apa­ do seu reino
reça o seu justo como uma luz (b ri­
lhante). e resplandeça o seu salvador CO 5Quem é êste, que vem de E-
como uma lâmpada. 2E as nações (ó dom, de Bosra, com as ves-
Jerusalém) verão o teu justo, e to­ tiduras tingidas? Èle é formoso em
dos os reis, o teu glorioso (salvador); seu trajo, e avança com muita forta­
e chamar-te-ão por um nome novo, leza. Eu sou (responderá éle) o que
que o Senhor designará pela sua (p ró­ falo a justiça, e venho para defender
pria) boca. 3E serás uma coroa de e salvar (os homens). 2P or que é,
glória na mão do Senhor, e um dia­ pois, vermelho o teu vestido, e as
dema real na mão do teu Deus. 4Não tuas roupas como as dos que pisam
serás chamada dali em diante a De­ num lagar? 3Eu pisei sozinho no la-
samparada, e a tua terra não será gar, e nenhum homem dentre os po­
mais chamadà a Deserta, mas serás vos estava comigo; eu os pisei no
chamada Querida minha, e a tua meu furor, e os pisei aos pés da mi­
terra a Habitada. 5Porquanto, as­ nha ira; e o seu sangue salpicou os
sim como o jovem habita com a don­ meus vestidos, e manchei tôdas as mi­
zela (que escolheu para espôsa), as­ nhas roupas. 4Porque o dia da vin­
sim habitarão em ti os teus filhos; gança está no meu coração, é chega­
e, assim como a espôsa é a alegria do o ano da minha redenção. 5Eu o-
do esposo, assim tu serás a alegria lhei em roda, e não houve quem me
do teu Deus. acudisse; busquei, e não houve quem
,!Sôbre os teus muros, ó Jerusalém, me ajudasse; mas o meu braço sal-
pus guardas, êles não se calarão ja­ vou-me, e a minha mesma indigna­
mais, nem de dia nem de noite. Vós, ção me auxiliou. 6E pisei aos pés os
os que vos lembrais do Senhor, não povos no meu furor, e os embria-
vos caleis, 7e não estejais em silên­ guei na minha indignação, e derri-
cio diante dêle, (pedi-lhe) até que bei por terra as suas forças.
restabeleça Jerusalém, e a ponha por Prece do profeta em favor e
objeto de louvor na terra. sO Senhor em nome de Israel
jurou pela sua dextra, e pelo seu bra-
ç'o forte, (dizendo): Eu não darei 7Eu me lembrarei das misericór­
mais o teu trigo por comida aos teus dias do Senhor, cantarei o louvor do
inimigos, nem os filhos alheios be- Senhor por todos os bens que o mes­
berão o teu vinho, fruto do teu tra­ mo Senhor nos deu, e pela multidão
balho; ymas os que recolherem o tri­ dos seus benefícios para com a casa
go, o comerão, e louvarão o Senhor; de Israel, benefícios que êle lhe fêz
e os que acarretarem o vinho, bebê- segundo a sua clemência, e segundo
-lo-ão nos átrios do meu santuário. a multidão das suas misericórdias.
A salvação aproxima-se 8Porque êle disse: Êste é verdadeira­
mente o meu povo, são filhos que não
,0Passai, passai pelas portas, pre­ me tornarão a negar; e tornou-se seu
parai a estrada ao povo, fazei plano salvador. 9Em tôdas as suas tribu-
Cap. L X I I I — 1-6. Quem é êste. . . O profeta representa aqui Cristo triunfante cer­
cado de pagãos que conquistou para a fé, os quais introduz na Igreja, a nova Si&o.
63 - 66 PROFECIA DE ISAÍAS 873
lações não se cansou (de os socorrer) , derreteríam diante da tua face; 2des-
e o anjo (que está diante) da sua fa­ fazer-se-iam como queimados pelo
ce os salvou; com o seu amor e com fogo, as águas arderiam em fogo,
a sua clemência êle mesmo os remiu para que o teu nome se tornasse co­
e os levou sôbre si, e os sustentou nhecido dos teus inimigos, e ficassem
em todos os dias do tempo passado. turbadas as nações diante da tua face.
10Mas êles o provocaram a ira, e 3Quando tu fizeres (estas) tuas ma­
afligiram o espírito do seu Santo; e ravilhas, não poderemos suportá-las;
converteu-se para êles em inimigo, e tu desceste (do céu) e os montes
êle mesmo os combateu. “ Porém, derreteram-se diante da tua face.
lembrou-se dos antigos dias de Moi­ 4Nunca ninguém ouviu, nem nenhum
sés e do seu povo. Onde está o que ouvido percebeu, nem nenhum olho
os tirou do mar (verm elho) com os viu, exceto tu, ó Deus, o que tens
pastores do seu rebanho? Onde está preparado para os que te esperam.
o que pôs no meio dêles o espírito 5Saíste ao encontro daqueles que
do seu Santo? 12Quem tomou Moisés se alegram (em ti), e praticam a jus­
pela direita (e o susteve) com o bra­ tiça; êles se lembrarão de ti nos teus
ço da sua majestade; quem dividiu caminhos; agora, porém, tu te iraste,
as águas (do m ar) diante dêles, para porque nós pecamos; em pecados es­
adquirir para si um nome eterno; tivemos sempre, mas seremos salvos
“ quem os conduziu pelos abismos, ( pela tua misericórdia). *E todos nós
como a um cavalo por um descam­ nos tornamos como um homem imun­
pado, sem tropeçar? 14Como a um do, e tôdas as nossas justiças são co­
animal, que vai descendo por uma mo um pano sujo; e caímos todos
campina, assim o espirito do Senhor como a folha, e as nossas iniqüida-
os conduziu. Foi assim (o Senhor) des, como um vento, nos arrebata­
que guiaste o teu povo, para gran- ram. 7Não há quem invoque o teu no­
geares para ti um noipe glorioso. 15A- me, quem se levante para se unir a
tende-nos lá do céu, e põe os olhos ti; escondeste de nós a tua face, e
em nós lá da tua santa morada e do esmagaste-nos sob o pêso da nossa
(tron o ) da tua glória. Onde está (a* iniqüidade. 8Agora, Senhor, tu és o
gora) o teu zêlo e a tua fortaleza, nosso pai, e nós não somos senão
a ternura das tuas entranhas e das barro; fôste tu que nos formaste, e
tuas misericórdias? Estancaram pa­ todos nós somos obra das tuas mãos.
ra mim. 9Não te irrites muito, Senhor, e não
Humilde pedido da misericórdia divina
te lembres mais da nossa iniqüidade;
eis-nos aqui, olha para nós, todos nós
16Porque tu é que és o nosso pai, e somos o teu povo. 10A cidade do teu
Abraão não nos conheceu, e Israel não Santo tornou-se deserta. Sião ficou
soube de nós; tu, Senhor, és o nosso erma, Jerusalém está desolada. 11A
pai, o nosso redentor, o teu nome é casa da nossa santificação e da nossa
eterno. "P o r que nos deixaste, Se­ glória, onde nossos pais te louvaram,
nhor, extraviar dos teus caminhos? está reduzida a um montão de cin­
Por que permitiste que se endureces­ zas, e tôdas as nossas grandezas con-
se o nosso coração, para te não te­ verteram-se em ruínas. ,2Porventura
mermos? Volta-te para nós por amor conter-te-ás ainda, Senhor, à vista
dos teus servos e das tribos da tua destas desgraças? Ficarás calado, e
herança. 18Os nossos inimigos torna­ afligir-nos-ás até às últimas?
ram-se senhores do teu povo santo, R e s p o s ta do S e n h o r à oração de
como se êle não fôsse nada; pisaram
Is r a e l
aos pés o teu santuário. luNós fica­
mos como no princípio, quando ain­ g C buscaram-me os que. antes
da não nos dominavas, nem o teu não perguntavam por mim, a-
nome era invocado sôbre nós. charam-me os que não me buscaram.
Prece a Deus para o resgate do povo Eu disse a uma nação que não invo­
cava o meu nome: Eis-me aqui, eis-
sOxalá romperas tu os céus e -me aqui! 2Estendi as minhas mãos
desceras de lá! Os montes se todo o dia para ( Israel) um povo
874 PROFECIA DE ISAIAS 65

incrédulo, que anda por um caminho destes; falei, e não ouvistes; fizestes
que não é bom, após os seus pensa­ o mal diante de meus olhos, e esco­
mentos. 3É um povo que, cara a ca­ lhestes o que eu não queria. “ Por es­
ra, sempre me está provocando à ira, ta causa o Senhor Deus diz isto: Eis
que imola vítimas nos jardins, e sa­ que os meus servos comerão, e vós
crifica sôbre ladrilhos; 4que habita tereis fome; eis que os meus servos
nos sepulcros, e dorme nos templos beberão, e vós tereis sêde; 141*eis que
5
dos ídolos; que come carne de porco, os meus servos se alegrarão, e vós
e pôs um caldo profano em suas ta­ sereis confundidos; eis que os meus
ças; Bque diz: Afasta-te de mim, não servos cantarão louvores na alegria
te aproximes de mim, porque estás do seu coração, e vós dareis gritos
imundo; todos êstes serão um fumo na dor do vosso mesmo coração, e
no meu furor, um fogo que arderá uiváreis na aflição do vosso espírito;
sempre. °Eis que isto está escrito 15e deixareis o vosso nome para ju­
diante de mim; Eu não me calarei, ramento aos meus escolhidas; e o
mas hei de dar-lhes a paga, e a me­ Senhor Deus vos matará, e aos seus
terei no seu seio. 7(E u castigarei) as servos chamará por outro nome, 10no
vossas iniqüidades, e dos vossos pais, qual o que é abençoado sôbre a ter­
diz o Senhor, os quais sacrificaram ra, será abençoado pelo Deus da ver­
sobre os montes, e sôbre os outeiros dade; e o que jura sôbre a terra (p o r
me ultrajaram; eu lançarei no seu este nom e) jurará pelo Deus da ver­
seio um castigo proporcionado às dade; porque foram postas em esque­
suas obras. cimento as antigas angústias, e desa­
pareceram dos meus olhos.
Recompensa dos bons
e castigo dos ímpios Descrição da idade de ouro
messiânica
8Eis o que diz o Senhor: Como
quando se acha um formoso bago "Porque eu vou criar céus novos,
num cacho de uvas, e se diz: Não o e uma terra nova, e não persistirão
desperdices, porque é uma bênção; na memória as antigas calamidades,
assim farei eu por amor de meus nem voltarão mais ao espírito. 18Mas
servos, de sorte que não destrua de vós folgareis e exultareis para sem­
todo (Israel). 9E farei sair de Jacó pre naquelas coisas que vou criar,
uma posteridade, e de Judá um des­ porque vou fazer de Jerusalém uma
cendente, que possua os meus mon­ cidade de júbilo, e do seu povo, um
tes; e os meus escolhidos herdarão povo de alegria. 19E terei as minhas
esta terra, e os meus servos habita­ delícias em Jerusalém, e a minha a-
rão nela. 10*E as campinas servirão legria no meu povo; e não se ouvi­
de tapada de rebanhos, e o vale de A- rá mais nêle a voz de chôro, nem a
cor, de redil aos gados, para aquêles voz de lamento. 20Não haverá ali mais
do meu povo que me buscaram. menino que viva poucos dias, nem ve­
nE, quanto a vós, que abandonas­ lho que não encha os seus dias; por­
tes o Senhor, que vos esquecestes do que o menino morrerá de cem anos,
meu santo monte, que pondes uma e o pecador somente aos cem anos
mesa à (deusa) Fortuna, e derramais será amaldiçoado. 21E edificarão ca­
libações sôbre elâ; 12*eu vos farei pas­ sas, e habitarão nelas; e plantarão v i­
sar um por um ao fio da espada, e nhas, e comerão o seu fruto. 22Não
todos perecereis nesta mortandade; lhes sucederá edificarem êles casas, e
porque eu chamei, e vós não respon­ ser outro quem as habite; nem plan­
10. D o seu Santo. Segundo o hebreu: Da sua santidade.
16. Abraão e Israel (J a c ó ), mortos há muito tempo, não podem salvar.
Cap. L X V — 3-5. Alusão a diversas práticas idolátricaa e supersticiosas.
4. Caldo profano de animais impuros.
8. Uma bênção ou dom de Deus.
15. P o r outro nome, por um nome mais glorioso ainda que o de Israel.
17. Vou criar céus novos . . . A natureza será transform ada e regenerada.
20. Sòmente. aos cem a n o s ... Se, por impossível, houvesse na Jerusalém nova algu m
pecador, êle também viveria cem anos, antes que a maldição divina cortasse os seus dias.
65 - 66 PROFECIA DE ISAÍAS 875

tarem para que outro coma (o fr u to ); desse; falei, e não me deram ouvidos,
porque os dias do meu povo serão co­ e fizeram o mal diante dos meus
mo os dias das árvores (que duram olhos, e escolheram o que eu não
m u ito), e as obras das suas mãos queria. 5Ouvi a palavra do Senhor,
envelhecerão. 23Os meus escolhidos vós que a ouvis com (respeitoso) ter
não trabalharão debalde, nem gera­ mor: Os vossos irmãos, que vos a-
rão filhos para a turbação; porque borrecem, e que vos rejeitam por
serão uma estirpe de benditos do causa do meu nome, disseram: Mos­
Senhor, êles e os seus netos com êles. tre o Senhor a sua glória, e nós o re­
24E acontecerá que, antes que êles conheceremos na vossa alegria; mas
clamem, eu os ouvirei; estando êles (não temais) êles serão confundidos.
ainda a falar, eu os atenderei. 250 6(Já ouço a) voz do povo vinda da
lôbo e o cordeiro pastarão juntos cidade, a voz vinda do templo, a voz
o leão e o boi comerão palha; e o do Senhor, que dá o pago aos seus
pó será para a serpente o seu ali­ inimigos.
mento. Não haverá quem faça mal,
nem cause mortes em todo o meu Nascimento duma nova Jerusalém
santo monte, diz o Senhor.
7Antes que tivesse dor de parto,
Natureza do reino messiânico; deu à luz; antes que chegasse o tem­
os ímpios excluídos da salvação po do parto, deu à luz um filho va­
gg ‘Eis o que diz o Senhor: O céu rão. 8Quem jamais ouviu tal? Quem
viu coisa semelhante a esta? Produ­
é o meu trono, e a terra é zirá, porventura, a terra o seu fruto
o escabêlo de meus pés. Que casa, num só dia? Ou nasce ao mesmo
pois, é essa que vós edificareis para tempo uma nação inteira? Porque
mim, e que lugar é êsse do meu des­ Sião, logo que esteve no parto, deu
canso? 2Tôdas estas coisas fêz a mi­ à luz (todos) os seus filhos. 9Eu, pois,
nha mão, e tôdas elas foram criadas, que faço dar à luz (ou torno fecun­
diz o Senhor. Para quem olharei eu, dos) os outros, não darei à luz eu
pòis, senão para o pobrezinho e con­ mesmo? diz o Senhor. Eu que dou
trito do coração, e que teme as mi­ aos outros sucessão, ficarei acaso
nhas palavras? 30 que imola um boi, estéril? diz o Senhor teu Deus.
é como o que mata um homem; o que
sacrifica um cordeiro, é como o que 10Alegrai-vos com (a nova) Jeru­
degola um cão; o que faz uma ofe­ salém, e exaltai nela todos vós que a
renda, é como o que oferece sangue amais; regozijai-vos com ela todos os
de porco; o que se lembra de queimar que chorais por ela; na fim de que
incenso, é como o que bendiz um í- sugueis dos seus peitos, até ficar­
dolo. Tôdas estas coisas (proibidas des saciados, (o leite) das suas con­
pela lei) gostaram êles de fazer, an­ solações (celestiais), e saboreeis com
dando nos seus caminhos, e a sua delícias a plenitude da sua glória.
alma se deleitou nas suas abomina- 12Porque o Senhor diz isto: Eis
ções. 4Por isso também eu terei gos­ que eu farei correr sôbre ela co­
to de zombar dêles, e farei vir sôbre mo que um rio de paz, e a glória das
êles o que temiam; porque eu cha­ nações (contidas) como uma tor­
mei, e não houve quem me respon­ rente que inunda; sugareis o seu lei­
25. M etáforas para indicar que homens, de costumes e climas diferentes, viverão como
irmãos, depois de transformados pela graça do Evangelho.
Cap. L X V I — 1. Deus, que criou o céu e a terra, não tem necessidade de morada, e não
é habitação digna dêle o templo material em que os Judeus tinham uma confiança excessi­
va, fazendo pouco caso de cumprir os mandamentos.
3. Os sacrifícios dos Judeus, sendo puramente externos, não eram agradáveis a Deus.
O profeta compara-os a homicídios e a ofertas proibidas pela lei.
7. Enquanto que os ímpios são castigados, a nova Sião verá multiplicar-se a sua popu­
lação com uma rapidez maravilhosa. — O filho varão simboliza o novo povo, os pagãos
convertidos, que se juntarão a Israel.
9. Esta obra foi preparada por Deus. N ão poderá ou não quererá êle concluir a sua
realização?
876 PROFECIA DE ISAIAS 66
te, aos seus peitos sereis levados, e enviarei às nações dalém mar, à Â-
acariciados sôbre o seu regaço. frica, e à Lídia, cujos povos atiram
“ Como uma mãe acaricia o seu com setas, à Itália e à Grécia, às
filhinho, assim eu vos consolarei, e ilhas longínquas, àqueles que nunca
em Jerusalém sereis consolados. 14Vós ouviram falar de mim, nem viram a
o vereis, e folgará o vosso coração, minha glória. E êles anunciarão a
e os vossos ossos retomarão vigor co­ minha glória às gentes; 20e farão vir
mo a erva; e conhecer-se-á a mão todos os vossos irmãos convocados
do Senhor a favor dos seus servos, de tôdas as nações, como um pre­
e êle se indignará contra os seus sente para o Senhor, (conduzindo-os)
inimigos. em cavalos, e em carros, e em litei-
O fim dos ímpios ras, e em machos, e em carrêtas, ao
meu santo monte de Jerusalém, diz
15Porque o Senhor virá no meio o Senhor, como quando os filhos de
de fogo, o seu carro será como um Israel levam uma oferta num vaso
torvelinho, para espalhar a sua in­ puro à casa do Senhor. 21E eu es­
dignação, o seu furor e as suas amea­ colherei dentre êles para sacerdotes
ças, em labaredas de fogo; 16porque o e levitas, diz o Senhor. 22*2 Porque,
4
Senhor, rodeado de fogo e armado como os novos céus, e a nova terra
da sua espada, julgará todos os mor­ que vou criar, subsistirão sempre
tais, e serão muitos os que o Se­ diante de mim, diz o Senhor, assim
nhor matará. 17Aquêles que se san­ subsistirá a vossa posteridade e o
tificavam, e que julgavam purificar- vosso nome.
se nos jardins, à porta fechada, que
comiam carne de porco, e coisas a- G ló ria e ign om ín ia eternas
bomináveis, e ratos, serão consumi­
dos todos juntos, diz o Senhor. 18Mas ME de mês em mês, e de sábado
eu virei recolher as suas obras e os em sábado, tôda a carne (toda a hu­
seus pensamentos, e reuni-los com manidade) virá prostrar-se diante
tôdas as gentes e línguas; e êles de mim, e me adorará, diz o Senhor.
comparecerão todos, e verão a mi­ 24E êles sairão, e verão os cadáveres
nha glória. dos homens que prevaricaram con­
União dos gentios e dos Judeus tra mim; o seu bicho não morrerá, e
o seu fogo não se extinguirá; e a
i0E porei entre êles um sinal, e os sua vista será um objeto de horror
que dentre êles forem salvos, eu os para tôda a carne.

21. N o Antigo Testamento as cerimônias do culto eram sòmente celebradas por membros
da tribo de Levi. Mas, depois da vinda do Messias, também oa Gentios convertidos serão
chamados ao sacerdócio.
24. E êles, oa adoradores do verdadeiro Deus, sairão da nova Jerusalém, e verão o cas­
tigo dos inimigos de Deus.
PROFECIA DE JEREMIAS
Jeremias é o profeta que melhor nos dá a conhecer, através de seus
escritos, sua personalidade e sua época.
Viveu em tempos calamitosos. Nascido em Anatot, cidade sacerdotal
situada ao norte de Jerusalém, nos fins do reinado de Manassés, desde
criança Jeremias sentiu horror pelas abominações de Amon (643-642). Em­
bora santificado no seio materno para ser profeta, começou o seu minis­
tério somente aos vinte anos, décimo terceino do reinado do pio Josias (628).
Deixando Anatot para ir a Jerusalém exercitar seu ministério profético e
sacerdotal (era sacerdote da família de Itamar), viveu na obscuridade por
quase 18 anos, até à morte de Josias, ocasião em que fêz um esplêndido
canto fúnebre (2 Par. 35, 25). Jeremias então adquire importância no ce­
nário político op.ondo-se à aliança com o Egito, cujo Faraó Necao II dis­
putava com os Babilônios o império da Ásia, como já antes o havia dis­
putado com os Assírios. Necao derrotara Josias em Magedo e fizera pri­
sioneiro o filho dêste, Joacaz, depondo-o do trono e colocando em seu
lugar Joaquim, outro filho de Josias, mas favorável à política egípcia.
Durante o reinado de Joaquim, o ministério profético de Jeremias ad­
quire importância capital. Na corte, naturalmente, dominava o partido egíp­
cio, mas Jeremias, no primeiro ano do novo rei, vaticinou ó triunfo dos
Caldeus e a destruição de Jerusalém. Por milagre, escapou de ser assassinado.
Quatro anos depois, o rei Necao foi derrotado em Carcamis e fugiu
para o Egito, perseguido por Nabucodonosor, filho de Nabopolassar, rei de
Babilônia. Nabucodonosor, marchando sobre seu rival ocupou Jerusalém
e fêz a primeira deportação de Judeus (609), entre os quais se achava Da­
niel. Dêsse modo se realizavam os vaticínios de Jeremias, o qual novamen­
te foi ameaçado de morte por ter mandado publicar, pelo seu discípulo
Baruc, as suas profecias recolhidas num volume que Joaquim mandou quei­
mar. Jeremias ditou novamente a Baruc as suas profecias, e acrescentou
o grande vaticínio dos setenta anos de exílio, exatamente quando (em 609)
Nabucodonosor tomava de assalto Jerusalém e iniciava a primeira depor­
tação em massa.
Nabucodonosor não pôde, então, conquistar o Egito, porque em Pelusio
teve notícia do falecimento do pai, o que o obrigou a voltar apressada­
mente a Babilônia para ocupar o trono.
Longe Nabucodonosor, Joaquim teve a ousadia de se rebelar, três anos
depois. O novo rei de Babilônia, para sufocar a rebelião, enviou tropas de
Amonitas, Moabitas e Caldeus, e por fim desceu êle mesmo para comandar
o cêrco de Jerusalém. Joaquim já havia falecido. Reinava seu filho, Jc-
878 PROFECIA DE JEREMIAS

conias, o qual após três meses de assédio rendeu-se e acabou sendo depor­
tado para Babilônia com cerca de dez mil Judeus, pertencentes às fam í­
lias mais distintas. Entre êstes se achava também Ezequiel (segunda de­
portação, 601 ou 599). Nabucodonosor colocou no trono de Judá o último
filho de Josias, Sedecias, tio de Jeconias e irmão de Joaquim.
Sedecias estimava muito Jeremias e chegava até a pedir-lhe conselhos,
mas não podia pô-los em prática, porquanto dependia da nobreza, cujos
representantes eram favoráveis ao Egito. Instigado por êstes, Sedecias re-
belou-se contra o rei de Babilônia, na esperança de encontrar um forte
aliado no Faraó Apries. Jeremias, que havia escrito uma carta aos de­
gredados de Babilônia exortando-os a suportar o cativeiro por setenta anos
pois que depois Babilônia seria destruída, aconselhou submissão aos Cal­
deus também aos que estavam em Jerusalém, e por isso foi perseguido pelo
partido egípcio. Entretanto, os Caldeus assediaram Jerusalém, e embora afas­
tados temporâneamente pelo exército de Faraó, voltaram com tropas fres­
cas e aguerridas. '
Durante o assédio, Jeremias foi lançado num calabouço e depois ati­
rado num poço de areia movediça, mas um eunuco salvou-o de morte hor­
rível por ordem secreta de Sedecias, que desejava ardentemente libertá-lo
e não o fazia por mêdo dos nobres da côrte, os quais almejavam a morte
do profeta. Jeremias, entretanto, não cessava de pregar a submissão aos
Caldeus e anunciar a destruição da cidade, o exílio, a libertação e o advento
do reino messiânico.
Depois de 18 meses de assédio, em julho de (589-586), Jerusalém foi to­
mada de assalto e inteiramente destruída pelo fogo. O rei e o povo fo ­
ram deportados para Babilônia (terceira deportação). Jeremias foi tra­
tado benèvolamente pelos vencedores. Saindo do cárcere, teve permissão
para ficar em Jerusalém, se não quisesse ir para Babilônia. Depois de
haver chorado amàrgamente sôbre as ruínas da cidade e do templo, voltou
para Masfa, onde foi bem acolhido pelo seu amigo Godolias, nomeado go­
vernador da Judéia pelos Babilônios. Tombando Godolias, vítima de uma
conjuração, Jeremias dissuadia os Judeus de fugir para o Egito por mêdo
que os Caldeus se vingassem, mas por fim também êle foi constrangido a
escapar com seu discípulo Baruc, por ter sido acusado de alta traição.
Segundo a tradição judaica, seguida pelos Padres da Igreja, Jeremias
morreu em Táfnis, cidade do Egito, apedrejado pelos próprios Judeus, ten­
do sempre dado provas da mais terna caridade para com o seu próximo.
Assim desapareceu aquêle que foi uma profecia vivente dos sofrimen­
tos de Jesus Cristo e de sua Igreja; aquêle que chorou sôbre as ruínas do
povo eleito e acendeu nêle as esperanças com a profecia do fim do exílio
e dos triunfos do Messias; aquêle que deu o verdadeiro nome ao Cristia­
nismo, chamando-o “ a nova aliança” , Novo Testamento; aquêle que se tor­
nou para o povo eleito o maior dos profetas, chegando a eclipsar a fama
de lsaias ( Mat.} 16, 14).
O livro das profecias de Jbremias alterna os vaticínios de seus quaren­
ta anos de ministério com numerosas noticias históricas que ilustram e
confirmam os vaticínios. Não segue uma ordem cronológica, mas lógica,
que vai gradualmente explanando as ameaças e a execuções da justiça divi­
na contra o povo eleito e contra os Gentios.
l PROFECIA DE JEREM IAS 879

Além do prólogo (c. 1) no qual é narrada a vocação de Jeremias ao mi­


nistério profético, e o epílogo (c. 52), que é a conclusão histórica de todo
o volume, o livro pode se dividir em quatro partes;
l. — Reprovação e condenação do povo judeu (2-17).
IL — Confirmação da condenação (18-19).
III. — Execução da sentença (20-45).
IV. — Profecias contra os povos estrangeiros (46-51).
Qual a ordem seguida pelo profeta ao formar o seu violume é bem di­
fícil saber. Certamente êle deu uma ordem a muitos de seus vaticínios que
Baruc reuniu num único volume, queimado em seguida pelo rei Joaquim.
Pode ser que o novo volume ditado a Baruc tenha servido de base para a
coleção de profecias que temos agora, coleção essa que não tem a mesma
ordem nos Setenta e no Hebraico, do qual depende a Vulgata.
Jeremias não possui a sublimidade e pureza de estilo de lsaías, mas
é simples, espontâneo, natural: um perfeito modelo do narrador. E’ o pro­
feta do coração, e tendo sidio uma das figuras mais vivas de Cristo, assim
êle representa em si mesmo tôdas as dores e as esperanças dto povo eleito.

PROFECIA DE J E R E M I A S
Vocação profética de Jeremias falar, porque sou um menino. 7E o
Senhor disse: Não digas: Sou um me­
1 P alavras de Jeremias, filho de nino; porquanto a tudo o que eu te
1 Helcias, (u m ) dos sacerdotes enviar irás; e dirás tudo o que eu te
que viviam em Anatot, na terra de mandar. 8Não os temas, porque eu
Benjamim. 2A palavra do Senhor foi- sou contigo para te livrar, diz o Se­
lhe dirigida no tempo de Josias, f i ­ nhor. 9Em seguida o Senhor esten­
lho de Amon, rei de Judá, no déci­ deu a sua mão, e toeou-me na boca,
mo terceiro ano do seu reinado, t a m ­ e disse-me o Senhor: Eis que eu pus
bém lhe foi dirigida nos dias de Joa­ as minhas palavras na tua boca; 10eis
quim, filho de Josias, rei de Judá, que te constituí hoje sôbre as na­
continuando até ao fim do ano un- ções, e sôbre os reinos, para arran­
dédmo de Sedecias, filho de Josias, cares e destruíres, e para arruina­
rei de Judá, (isto é) atè ao tempo da res e dissipares, e para edificares e
transmigração de Jerusalém, no quin­ plantares.
to mês.
Jeremias é instruído por meio
Jeremias é delegado por Deus de duas visões

4E foi-me dirigida a palavra do Se­ nE foi-me dirigida a palavra do


nhor nestes têrmos: 5Antes que eu te Senhor a qual dizia: Que vês tu, Je­
formasse no ventre de tua mãe, te remias? E eu respondi: Vejo uma
conheci; e, antes que tu saísses do vara vigilante. 12E o Senhor disse-
seu seio, te santifiquei, e te estabe­ me: Viste bem, porque eu vigiarei sô­
lecí profeta entre as nações. 6E eu bre a minha palavra para a cum­
disse-lhe: Ah, ah, ah, Senhor Deus! prir.
Tu bem vês que eu (quase) não sei 13E segunda vez me foi dirigida a
Cap. I — 10. Para arrancares... e edificares... A missão de Jeremias será um minis­
tério não só de castigo e destruição, mas também de restauração e de graça. D o cativeiro
de Babilônia sairá um novo povo de Deus, mais santo e mais numeroso que o primeiro.
11. Urna vara vigilante. Segundo o hebreu: Urna vara de amendoeira, árvore que ê a
Primeira a florir na primavera, e como que a despertar do sono do inverno.
880 PROFECIA DE JEREMIAS 1 - 2

palavra do Senhor, a qual dizia: Que de Israel. “Isto diz o Senhor: Que
vês tu? E respondi: Vejo uma pa­ injustiça encontraram em mim v o s ­
nela a ferver, que vem da banda do sos pais, quando se afastaram de
aquilão. 14E o Senhor disse-me: Do mim, e foram após a vaidade (dos
aquilão se espalhará o mal sobre to­ ídolos), e se tornaram vãos? 6E não
dos os habitantes desta terra. 15Porque disseram: Onde está o Senhor, que
eis que eu convocarei todos os povos nos fêz sair da terra do Egito, que
dos reinos do aquilão, diz o Senhor; nos conduziu pelo deserto, por uma
e virão, e porá cada um a sua ca­ terra despovoada e sem caminho, por
deira à entrada das portas de Jeru­ uma terra de sêde, e imagem da mor­
salém, e sôbre todos os seus muros te, por uma terra por onde não pas­
em roda, e sôbre tôdas as cidades de sou nenhum homem, nem habitou
Judá. 16E eu pronunciarei contra ê- homem algum? 7E eu vos introdu-
les os meus juízos, por causa de tô- zi numa terra fértil para que co­
da a malícia daqueles, que me dei­ mésseis os seus frutos, e o melhor
xaram, e que ofereceram libações aos dela; e, depois de terdes lá entrado
deuses estranhos, e adoraram a obra profanastes a minha terra (entre-
das suas mãos. gando-vos à idolatria), e fizestes da
Jeremias recebe forças para cumprir
minha herança um objeto de abomi-
nação. 8Os sacerdotes não disseram:
a sua missão Onde está o Senhor? Os depositá­
17Tu, pois, cinge os teus rins, e le­ rios da lei não me conheceram, e
vanta-te, e dize-lhes tudo o que eu os pastores prevaricaram contra mim,
te mando. Não temas diante dêles, e os profetas profetizaram em nome
porque eu farei que tu não temas a de Baal, e seguiram os ídolos.
sua presença. 18Porque eu te estabele- 9Portanto eu entrarei em juízo con­
ci hoje como uma cidade fo rtifi­ tra vós, diz o Senhor, e argumenta­
cada, e como uma coluna de ferro, rei com vossos filhos. 10Passai às i-
e como um muro de bronze, sôbre lhas de Cetim, e vêde; e mandai a
tôda esta terra, a respeito dos reis Cedar, e considerai bem (o que lá se
de Judá, dos seus príncipes, dos seus passa); e vêde se aconteceu coisa se­
sacerdotes e do seu povo. 19E pele­ melhante. nSe trocou algum povo
jarão contra ti, mas não prevalece­ os seus deuses, apesar de não serem
rão, porque eu sou contigo para te deuses; mas o meu povo trocou a
livrar, diz o Senhor. sua glória por um ídolo. 12Pasmai,
céus, sôbre isto; e vós, ó portas ce­
Fidelidade de Deus; infidelidade e lestes, ficai inconsoláveis, diz o Se­
ingratidão dos Judeus nhor. “ Porque o meu povo fêz dois
O *E foi-me dirigida a mim a pa- males: abandonaram-me a mim, que
sou fonte de água viva, e cavaram
“ lavra do Senhor, nos têrmos se­ para si cisternas, cisternas rôtas, que
guintes : não podem reter as águas.
2Vai, e grita aos ouvidos de Jeru­
salém, dizendo: Isto diz o Senhor: Eu Males que se seguiram
lembrei-me de ti, compadecendo-me
da tua mocidade, e lembrei-me do “ Porventura é Israel algum escra­
amor dos teus desposórios, quando tu vo, ou filho de escrava? Por que
me seguiste no deserto, naquela ter­ razão; pois, se tornou uma prêsa (dos
ra, que não se semeia. 3Israel con­ in im ig o s)! 15Contra êle rugiram os
sagrado ao Senhor, é como as pri- leões, e levantaram a sua voz; redu­
mícias dos seus frutos; todos os que ziram a sua terra a um deserto; as
o devoram são culpados; sôbre êles suas cidades foram queimadas, e não
virão males, diz o Senhor. há quem habite nelas. 16Também os
“Ouvi a palavra do Senhor, casa filhos de Mênfis e dje Tafnis te a-
de Jacó, e tôdas as famílias da casa frontaram (desde os pés) até ao alto
Cap. I I — 2. A mocidade da nação Israelita ê o tempo da sua estada no Egito, donde
ela saiu como a espôsa do Senhor, que a separou dos outros povos.
11. A sua glória, que era o senhor.
2 PROFECIA DE JEREM IAS 88 1

da cabeça. 17E porventura não te a- os seus reis, os príncipes e sacerdo­


conteceu (tudo) isto, porque aban­ tes, e os seus profetas, 27os quais di­
donaste o Senhor teu Deus, no tempo zem a um pau: Tu és o meu pai; e
em que te conduzia pelo teu cami­ a uma pedra: Tu me geraste. Vol-
nho? 18E agora, que vais tu buscar taram-me as costas, e não a cara, e,
no caminho do Egito, para beberes no tempo da sua aflição, dirão: Le­
a água turva (do N ilo )? E que tens vanta-te (Senhor), e livra-nos. “ On­
tu com o caminho dos Assírios, para de estão os teus deuses (direi então
beberes a água do rio (E u fra tes)? eu), que fabricaste para ti? Levan­
19A tua malícia te argüirá, e a tua tem-se e livrem-te no tempo da tua
apostasia te castigará. Sabe e vê que aflição, porque os teus deuses, ó Ju-
má e amarga coisa é o haveres aban­ dá, eram tantos em número como as
donado o Senhor teu Deus, e o não tuas cidades.
teres temor de mim, diz o Senhor 29Por que quereis vós entrar comi­
Deus dos exércitos. go em juízo (para vos desculpar)?
20Tu, desde o princípio, quebraste Todos vós me abandonastes, diz o Se­
o meu jugo, rompeste os meus laços, nhor. 30Em vão castiguei os vossos
e disseste: Não servirei (o Senhor). filhos, êles não receberam a corre­
Porque, semelhante a uma mulher ção; a vossa espada devorou os vos­
impudica, te prostituías em todo o sos profetas; como um. leão dèstrui-
outeiro elevado, e debaixo de tôda dor, 3,assim é a vossa geração. A-
a árvore frondosa (adorando os fal­ tendei à palavra do Senhor: Por­
sos deuses). 21E eu tinha-te planta­ ventura tenho eu sido para Israel um
do como uma vinha escolhida com deserto, ou uma terra de trevas? Por
sarmentos de boa qualidade. Como, que disse, pois, e meu povo: Nós nos
pois degeneraste para mim, conver- retiramos, não tornaremos mais para
tendo-te em vinha bastarda? 22Ain- ti ? 32Porventura esquecer-se-á a don­
da que tu te laves com nitro, e a- zela do seu ornato, ou a esposa da
montoes erva de borite sobre ti, ma­ faixa que lhe adorna o peito? Mas
culada estarás diante de mim, na tua o meu povo esqueceu-se de mim du­
iniqüidade, diz o Senhor Deus. rante dias sem número.
23Como dizes tu: Eu não estou man­
chada, eu não andei após os Baales Desculpas vãs
(ou ídolos)? Vê os vestígios de teus
pés no vale, considera o que ali fi­ 33Por que procuras tu justificar o
zeste. Ês como dromedária desati­ teu procedimento, a fim de eu me pôr
nada, que percorre os seus caminhos; de bem contigo, se em cima de faze-
24como asna silvestre acostumada ao res o mal, o ensinaste também aos
deserto, que, abrasada no seu apeti­ outros, 34e nas orlas dos teus vesti­
te, vai buscando com o faro aquilo dos se achou o sangue dos pobres, e
que deseja; ninguém a poderá deter; inocentes (que sacrificastes aos ído­
todos os que a buscam não se fati- los) ? Eu os achei não em covas,
garão; achá-la-ão nos seus mêns- mas em todos os lugares de que a-
truos. ^Guarda o teu pé da desnu- cima falei. 35E disseste: Eu estou
dez (dos ídolos), e a tua garganta sem pecado e inocente; e por esta cau­
da sêde. Mas tu disseste: Perdi a sa aparte-se de mim o teu furor.
esperança, de nenhuma maneira o fa ­ Eis que eu vou entrar em juízo con­
rei, porque amei os estranhos, e atrás tigo por teres dito: Eu não pequei.
dêles andarei. 36Que desprezível te fizeste com tan­
to excesso, recaindo nos. teus pri­
A ingratidão de Israel será punida meiros extravios! Tu hás de ser con­
fundida pelo Egito, como o fôste já
26Como o ladrão fica confundido por Assur. 37Porque sairás de lá
quando o apanham, assim foram con­ (envergonhada), com as tuas mãos
fundidos os da casa de Israel, êles e sôbre a cabeça, porque o Senhor frus-
23. N o vale de Hinom, onde im olavam os filhos ao ídolo de Moloc.
24. Todos os que a buscam . . . Os falsos deuses n&o têm necessidade de se f atigar para
atrair o povo de Israel, que é o próprio a ir ao seu encontro.
882 PROFECIA DE JEREMIAS 2 -3
tra a tua confiança, e nada favorá­ sua prostituição contaminou tôda a
vel acharás nêle. terra, e adulterou com a pedra e com
o pau (adorando-os como deuses).
Esperança do perdão ,ÜE depois de tôdas estas coisas, não
se voltou para mim sua irmã, a pre­
O 1Vulgarmente diz-se: Se um es- varicadora Judá, de todo o seu co­
pôso repudiar a sua esposa, e, ração, mas só fingimento, diz o Se­
separando-se ela dêle, tomar outro nhor.
marido, porventura tornará mais o
seu marido a recebê-la? Porventu­ Israel é convidado à conversão
ra não será considerada aquela mu­
lher por êle como contaminada e im­ ” E o Senhor disse-me: A pérfida
pura? Tu porém tens-te prostituído Israel pareceu uma santa em com­
a muitos amantes; apesar disso, vol­ paração de Judá, a prevaricadora.
ta para mim, diz o Senhor, e eu te 12Vai, e profere em alta voz estas pa­
receberei. 2Levanta os teus olhos ao lavras para o aquilão, e dirás: V ol­
alto, e vê onde te prostituíste. Tu es­ ta, pérfida Israel, diz o Senhor, e
tavas sentada nos caminhos, esperan­ não apartarei a minha face de vós;
do os passageiros, como um ladrão porque eu sou santo, diz o Senhor,
em lugar solitário, e manchaste a ter­ e a minha ira não durará eterna­
ra com as tuas fornicações e com as mente. 13Reconhece, todavia, a tua
tuas maldades. 3Foi por isso que as maldade, porque prevaricaste contra
águas do céu foram retidas, e que o Senhor teu Deus, e dirigiste os
as chuvas da primavera não caíram; teus passos para os estranhos, de­
o descaramento de uma mulher me- baixo de tôdas as árvores frondo­
retriz apoderou-se de ti, não quises­ sas, e não ouviste a minha voz, diz
te ter vergonha. 4Ao menos agora o Senhor. 14*C onvertei-vos a mim, fi­
chama-me, dizendo: Tu és meu pai, lhos rebeldes, diz o Senhor, porque
tu o guia da minha virgindade. P o r ­ eu sou vosso esposo, e vos tomarei,
ventura hás de estar sempre irrita­ um de cada cidade, e dois de cada
da ou perseverarás até ao fim na tua família, e vos introduzirei em Sião.
indignação? Eis aí está como falas­ 15E vos darei pastores segundo o
te e fizeste males até não poder meu coração, os quais vos apascen­
mais. tarão com a ciência e com a doutri­
na. 16*E, depois que vos multiplicar­
Judá não aproveitou com o castigo des e crescerdes na terra, naqueles
de Israel dias, diz o Senhor, não se falará mais
da arca da aliança do Senhor; nem
6E o Senhor disse-me nos dias do lhes virá ao pensamento, nem se lem­
rei Josias: Não viste tu o que fêz a brarão dela, nem será visitada, nem
rebelde Israel? E la foi-se (adorar) se fará outra. ,7Naquele tempo, cha­
sôbre todos os altos montes, e de­ marão a Jerusalém tronò do‘Senhor;
baixo de tôdas as árvores frondosas, e se reunirão tôdas as nações em Je­
e ali se prostituiu (à idolatria). 6
7E rusalém em nome do Senhor, e não
eu, depois que ela fêz tôdas estas andarão após a maldade do seu pés­
coisas, disse-lhe: Volta para mim; e simo coração.
não voltou. E a prevaricadora Judá,
sua irmã, viu 8que, por ter adultera­ Israel converter-se-á ao Senhor
do a pérfida Israel, eu a tinha de­
samparado, e lhe tinha dado libelo 18Naqueles dias a casa de Judá irá
de repúdio; e não teve temor a pre­ à casa de Israel, e virão juntamente
varicadora Judá, sua irmã, mas foi- da terra do aquilão para a terra que
se, e também ela se prostituiu (ou eu dei a vossos pais. 19E eu disse:
idolatrou) , 9*e com a freqüência da Como te contarei entre os meus fi-

Cap. I I I — 14. Um de cada cidade... Ainda mesmo que as doze tribos se não convertessem
em massa, todos aquêles que implorassem isoladamente o perdão, obtê-lo-iam, gozando dos
favores de Deus, mencionados a seguir.
16. N ão se falará m ais. . . porque o novo povo terá Jesus Cristo residindo pessoalmente
no meio da sua Igreja, e cessarão as figuras da antiga lei, que o representavam.
3-4 PROFECIA DÊ JEREMIAS 883
lhos, e te darei a terra desejável, a por causa da maldade dos vossos pen­
excelente herança dos exércitos das samentos.
nações? E acrescentei: Chamar- 5Anunciai em Judá, e fazei ouvir
-me-ás pai, e não cessarás de andar em Jerusalém; falai e publicai ao som
após mim. “ Mas, do modo que uma de trombeta por (todo) o país; gritai
mulher despreza o seu amante, as­ em alta voz, e dizei: Juntai-vos todos,
sim me desprezou a mim a casa de e entremos nas cidades fortificadas;
Israel, diz o Senhor. 21Uma voz se 6levantai o estandarte em Sião; esfor­
ouviu nos caminhos, um pranto e ala­ çai-vos, não estejais parados, porque
rido dos filhos de Israel; porque fi­ eu farei vir do aquilão uma desgra­
zeram mau o seu caminho, esquece­ ça e uma grande desolação.
ram-se do Senhor, seu Deus. ^Con­ 7Saiu o leão do seu covil, e le-
vertei-vos, filhos rebeldes, e eu sara­ vantou-se o destruidor das gentes;
rei os vossos extravios. Aqui esta­ saiu do seu país, para reduzir a tua
mos (ó Senhor), que vimos a ti, por­ terra a um deserto; as tuas cidades
que tu és o Senhor nosso Deus. 23Na serão destruídas, sem que nelas fi­
verdade eram mentira os (ídolos dos) que habitante algum. 8Por isso co­
outeiros e a multidão dos montes; brí-vos de cilício, chorai e pranteai,
em verdade no Senhor nosso Deus é porqúe não se apartou de nós a ira
que está a salvação de Israel. 24Os do furor do Senhor. °E acontecerá
ídolos devoraram o trabalho de nos­ isto naquele dia, diz o Senhor: Des­
sos pais desde a nossa mocidade, os falecerá o coração do rei, e o cora­
seus rebanhos e as suas vacadas, os ção dos príncipes; e pasmarão os sa­
seus filhos e as suas filhas. “ Dormi­ cerdotes, e os profetas serão cons­
remos na nossa confusão, e vivere­ ternados. 10E eu disse (ao ouvir is­
mos cobertos da nossa ignomínia, toJ: Ai, ai, ai, Senhor Deus! É pos­
porque pecamos contra o Senhor nos­ sível que tenhas permitido que (os
so Deus, nós e nossos pais, desde a falsos profetas) enganem êste povo
nossa mocidade até êste dia; e por­ e Jerusalém, dizendo-lhes: Vós tereis
que não ouvimos a voz do Senhor paz; e eis agora que chega a espa­
nosso Deus. da (do inimigo) até ao coração.
“ Naquele tempo dir-se-á a êste po­
Se Jerusalém não se voltar a Deus, vo e a Jerusalém: Um vento abra­
será invadida pelos Caldeus sador sopra nos caminhos que do
deserto conduzem à filha do meu
A *Se tu, Israel, voltares, diz o Se- povo, não para aventar ou limpar
^ nhor, converter-te-ás a mim; se (o grao, mas para queimar as plan­
tu tirares de diante da minha face tas). 12Daquele lado me virá um
os teus tropeços (ou ídolos), não vento impetuoso; e então pronuncia­
experimentarás abalo. 2E jurarás: rei os meus juízos contra êles. 13Eis
Viva o Senhor em verdade, e em que (o exército inim igo) virá como
juízo, e em justiça; e o bendirão as uma nuvem, e como tempestade os
nações, e lhe darão louvor. seus carros; mais velozes eple águias
3Porque isto diz o Senhor aos ho­ os seus cavalos. A i de nós (dirao),
mens de Judá e de Jerusalém: Prepa­ porque somos destruídos.
rai o vosso pousio, e não semeeis so­ 14Lava, ó Jerusalém, o teu coração
bre espinhos. 4Circuncidai-vos para o de tôda a maldade, para que sejas
Senhor, e tirai os prepúcios de vos­ salva. Até quando permanecerão em
sos corações, varões de Judá, e ha­ ti pensamentos pecaminosos? 15(A ten ­
bitantes de Jerusalém, para que não de) que já se ouve uma voz vinda
suceda que, de repente, saia como fo ­ de Dan, a qual nos anuncia e faz sa­
go a minha indignação, e se acen­ ber que é chegado o ídolo, que vem
da, e não haja quem a apague, tudo do monte de Efraim. 16Dizei às na-
Cap. I v — 4. os prepúcios, isto é, as disposições más, os sentimentos carnais, tudo o que
a fasta de Deus e da sua lei.
7. o destruidor, Nabucodonosor.
15. D an estava na fronteira norte da Palestina, pela qual o exército inimigo devia a tra­
vessar as montanhas de E fraim , para chegar a Jerusalém.
884 PROFECIA DE JEREMIAS 4 -5

ções: Eis que se ouviu dizer em Je­ escarpados, e subiram pelos roche­
rusalém que vem gente de guerra dos; tôdas as cidades foram desam­
de uma terra remota, que fará ouvir paradas sem que ficasse nelas um
os seus gritos contra as cidades de só habitante.
Judá. 17Estarão (dia e noite) ao re­ 30E tu, devastada, que farás (ó
dor dela, como guardas de campos, Jerusalém) ? Por mais que te vistas
porque ela me provocou à ira, diz o de púrpura, te adornes de colares de
Senhor. 18Os teus caminhos e os teus ouro, e pintes os teus olhos com an-
pensamentos te trouxeram (6 Jerusa­ timônio, em vão te enfeitarás; os
lém ) estas coisas: eis (o fruto da) teus amantes desprezam-te, querem
tua malícia, porque é amarga, e che­ acabar contigo. 3ÍPorque ouvi uma
gou até ao teu coração. como voz de mulher que está de par­
to, angústias como de puérpera; é a
O profeta lamenta a ruina de
voz da filha de Sião, que está mo­
sua pátria
ribunda, estendendo as suas mãos (e
19Em minhas entranhas, em minhas dizendo): A i de mim que desmaiou
entranhas sinto dor; os afetos do a minha alma ao ver a mortanda­
meu coração perturbaram-se dentro de (dos meus filhos).
de mim; não me calarei, porque a
minha alma ouviu a voz da trombe- Corrupção universal de Judá
ta, um alarido de batalha. ^Anuncia- C P ercorrei as ruas de Jerusa-
se desastre sôbre desastre, e foi asso­ lém, vêde e considerai, e pro­
lada tôda a terra; de improviso fo ­ curai nas suas praças a ver se a-
ram derrubadas as minhas tendas, e chais um homem que faça justiça, e
os meus pavilhões abatidos. 21Até busque a verdade; e eu perdoarei a
quando verei fugitivos (os do meu po­ cidade. 2Mesmo quando dizem: Vive
v o ), e ouvirei a voz da trombeta (in i­ o Senhor, ainda assim juram falso.
m iga )? 220 meu povo néscio (diz o 3Senhor, os teus olhos olham para a
Senhor) não me conheceu; filhos fidelidade; tu os feriste, e êles não o
insensatos são, e sem prudência; sentiram; moeste-os a golpes, e êles
são sábios para fazer o mal, mas recusaram aceitar a correção; endu­
não souberam fazer o bem. co ­ receram as suas frontes mais que
lhei para a terra, e eis que estava uma pedra, e não quiseram voltar (a
vazia e sem nada; e para os céus, t i). “Então eu disse: Talvez sejam
e não havia nêles luz. 24Vi os mon­ sòmente os pobres e insensatos que
tes, e eis que tremiam, e todos os ignoram o caminho do Senhor, a
outeiros estremeciam. 2501hei, e não lei do seu Deus. 5Irei, pois, ter com
havia homens, e tôdas as aves do céu os grandes, e falar-lhes-ei: porque
se tinham retirado. 20Olhei, e eis êstes conhecem o caminho do Se­
que estava deserto o Carmelo; e tô­ nhor e a lei do seu Deus. V i po­
das as suas cidades foram destruí­ rém que êstes, ainda mais que os
das na presença do Senhor, e ao sô- outros, quebraram a uma o jugo (do
pro da sua cólera. Senhor), romperam os laços (da lei
divina). °Por isso o leão do bosque
F uga dos Judeus os feriu, o lôbo à noite os destruiu, o
27Porque eis o que diz o Senhor: leopardo andou vigilante sôbre as
Deserta ficará toda a terra (de Judá), suas cidades; todo aquêle que dêles
porém não a destruirei de todo. sair será prêso, porque se multipli­
28Chorará a terra e entristecer-se-ão caram as suas prevaricações, e se
os céus lá em cima; porque decretei, acumularam as suas desobediências.
resolvi e não me arrependi, nem de­ 7Por que título poderei eu ser-te
sisti. voz do cavaleiro, e do que propício (6 povo de Israel) ? Teus f i­
despede a seta fugiu tôda a cidade; lhos abandonaram-me, e juram por
correram a esconder-se nos lugares aquêles que não são deuses; cumu-
Cap. V — 2. M esm o quando dizem, para assegurar ou dar fé de algum a coisa.
6. Leão, lôbo, leopardo são símbolos de Nabucodonosor.
5 PROFECIA DE JEREM IAS 885

lei-os de bens, e adulteraram, e en­ tes a um deus estranho na vossa ter­


tregaram-se às suas paixões em ca­ ra, assim servireis (agora) os estran­
sa da meretriz. 8Tornaram-se como' geiros em terra não vossa.
cavalos de lançamento, quando estão
no maior ardor. Cada um rincha- Impiedade do povo e também
va à mulher do seu próximo. 9Pois dos profetas e sacerdotes
não hei de eu castigar estas coisas,
diz o Senhor, e não me hei de vin­ ^Anunciai isto à casa de Jacó, e
gar duma tal gente? fazei-o ouvir em Judá, dizendo: 21Ou-
ve, povo insensato, que não tens co­
Cólera de Deus contra o povo ração; vós, que, tendo olhos, não vê-
que o negou des, e, tendo ouvido, não ouvis. “ Não
me temereis a mim, diz o Senhor, e
10Escalai os seus muros (6 povos na minha presença não vos arre­
da Caldéia), e derribai-os, mas não pendereis? Fui eu que pus a areia
acabeis de todo (com e la ); extinguí- por limite do mar, lei perdurável,
lhes os troncos das suas famílias, que não acabará; levantar-se-ão as
porque não são do Senhor. “ Porque suas ondas, e não poderão (ir mais
tem prevaricado gravemente contra adiante); e empolar-se-ão, e não ul­
mim a casa de Israel e a casa de trapassarão êstes limites. 23Mas o
Judá, diz o Senhor. “ Negaram o coração dêste povo tornou-se incré­
Senhor, e disseram: Não é êle (o dulo e rebelde; apartaram-se (de
verdadeiro Deus), nem virá mal so­ m im ) e foram (atrás dos ídolos). 24E
bre nós; não veremos a espada nem não disseram no seu coração: Tema­
a fome (com o vaticinaram os profe­ mos o Senhor nosso Deus, que nos
tas). 13Os profetas falaram ao ven­ dá a seu tempo a çhuva temporã e
to, e não lhes foi dada resposta (de serôdia, e que nos conserva a abun­
Deus). Estas coisas, pois, virão so­ dância da colheita anual.
bre êles (e não sobre nos). 25As vossas iniqüidades desviaram
“ Isto diz o Senhor Deus dos exér­ estas coisas, e os vossos pecados a-
citos: Porque haveis proferido tais partaram de vós o bem; 26porque no
palavras, eu farei (ô Jeremias) com meu povo acharam-se ímpios, que
que as minhas palavras sejam fogo armavam ciladas, como os caçadores
na tua boca, e êste povo será lenha, de aves, pondo laços e rêdes, para
e o fogo os devorará. apanhar os homens. 27Como gaiola
“ Eis que eu farei vir sôbre vós u- cheia de aves, assim são as suas ca­
ma gente de longe, ô casa de Israel, sas cheias de dolo; por isso se en­
diz o Senhor; uma gente robusta, u- grandeceram e enriqueceram. 28En-
ma gente antiga, uma gente, cuja gordaram e engrossaram, e trans­
língua não saberás, nem entenderás grediram perverslssimamente os meus
o que ela fala. 16A sua aljava será preceitos. Não defenderam a causa
como um sepulcro aberto, todos êles da viúva, não encaminharam a cau­
são fortes (soldados). 17Essa gente sa do órfão, nem fizeram justiça aos
comerá as tuas searas e o teu pão; pobres. ^Porventura não hei eu de
nutrir-se-á dos teus rebanhos; devo­ punir êstes excessos, diz o Senhor, e
rará as tuas vinhas e as tuas figueiras, não me hei de vingar duma tal gen­
e destruirá com a espada as tuas cida­ te?
des fortificadas, nas quais tens posta a 30Coisas espantosas e estranhas se
confiança. 18Contudo isso, naqueles têm feito nesta terra: 31Os profetas
dias, diz o Senhor, não acabarei de profetizavam a mentira, e os sacer­
todo convosco. 19E, se disserdes: Por dotes aplaudiam-nos com as suas
que nos fêz o Senhor nosso Deus tôdas mãos; e o meu povo amou essas coi­
estas coisas? tu lhes responderás: As­ sas. Que castigo não virá, pois, sô­
sim como me abandonastes e servis­ bre esta gente no fim de tudo isto?
16. Como um sepulcro aberto, quantas setas caírem dela, outras tantas mortes causam.
22-23. Contraste doloroso: Enquanto o m ar obedece a Deus, sendo contido na sua fú ria
por alguns grãos de areia, o povo de Deus revolta-se.
886 PROFECIA DE JEREMIAS 6

Jerusalém, por seus pecados, Derrama a indignação sôbre o me­


será sitiada e devastada nino que anda pela rua, e juntamen­
te sôbre a assembléia dos jovens;
C ‘Armai-vos de fortaleza, filhos porque o marido será prêso com a
u de Benjamim, no meio de Jeru­ mulher, o velho com o decrépito. 12As
salém, e fazei soar a trombeta em suas casas passarão a estranhos, os
Técua, e levantai o estandarte sôbre seus campos, e igualmente as suas
Betacarem; porque da banda do A- mulheres; porque eu estenderei a
quilão apareceu um mal e uma gran­ minha mão sôbre os habitantes do
de ruína. 2A uma formosa e deli­ país, diz o Senhor. “ Porquanto, des­
cada donzela comparei a filha de Sião. de o mais pequeno até ao maior, to­
3A ela virão os pastores e os seus re­ dos se entregam à avareza; e, desde
banhos; levantarão ao redor dela as o profeta até ao sacerdote, todos
suas tendas; cada um apascentará procedem com dolo. 14E curavam as
aqueles que estiverem debaixo da sua chagas da filha do meu povo com
mão. 4Preparai-vos para lhe decla­ ignomínia, dizendo: Paz, paz, quan­
rar guerra; levantai-vos, e subamos do não havia paz. 15Foram confun­
ao meio-dia; (mas) ai de nós, que didos, porque fizeram coisas abomi­
declina o dia, e as sombras da noi­ náveis; ou, por melhor dizer, nem
te alongam-se. 5Levantai-vos, e su­ a mesma confusão os pôde confun­
bamos de noite, e deitemos abaixo dir, nem souberam que coisa era en­
tôdas as suas casas. °Porque isto diz vergonhar-se. Por isso cairão entre
o Senhor dos exércitos: Cortai as os mortos; no tempo do seu castigo
suas árvores e abri trincheiras à ro­ cairão, diz o Senhor.
da de Jerusalém; esta é a cidade des­
tinada à minha vingança, porque to­ Ilusões do culto
do o gênero de calúnia reina no meio
dela. 7Como a cisterna refresca a 16Eis o que (também ) diz o Se­
água que em si recebeu, assim esta nhor: Parai sôbre os caminhos, e
cidade conservou fresca a sua ma­ vêde, e perguntai quais são as anti­
lícia. Somente se ouve falar nela de gas veredas, para conhecerdes o bom
injustiças e de ruínas; diante de mim caminho, e andai por êle, e acha­
estão sem cessar a miséria e o açoi­ reis refrigério para as vossas almas.
te. 8Emenda-te, Jerusalém, para que E êles responderam: Não andaremos
não suceda que a minha alma se a- por êle. 17Eu estabeleci sentinelas
parte de ti, e que eu te reduza a um sôbre vós. Ouvi a voz da sua trom­
deserto, a uma terra inabitada. 9Eis beta. E êles responderam: não ou­
o que diz o Senhor dos exércitos: Até viremos. 18Portanto ouvi, ó nações,
ao último cacho, como na vindima, e tu, ó congregação dos povos, vê com
se rabiscarão os restos de Israel. quanto rigor os tratei. 19Ouve, ter­
Leva lá novamente a tua mão ( o Cal- ra: Eu farei vir calamidades sôbre
deu), como o vindimador ao cêsto. êste povo, fruto dos seus (deprava­
10A quem falarei eu? A quem con- dos) desígnios, porque não ouviram
jurarei que me ouça? Os seus ou­ as minhas palavras, e rejeitaram a
vidos estão incircuncidados, e não minha lei. “ Para que me trazeis
podem ouvir; a palavra do Senhor vós incenso de Sabá, e cana de suave
tornou-se para êles um motivo de cheiro de terra longínqua? Os vos­
opróbrio, e não a receberão. nPor sos holocaustos não me são agradá­
isso é que eu estou cheio de furor veis, nem as vossas vítimas me a-
do Senhor; estou cansado de sofrer. gradaram.
Cap. V I — 2. Jerusalém é comparada a uma donzela, que não poderá resistir aos seus
inimigos.
3. Cada um apascentará, ou antes, destruirá o que estiver ao seu alcance.
11. Estou cheio, diz o profeta, da terrível revelação que me fêz o Senhor acêrca dos cas­
tigos reservados ao seu povo.
16. A s antigas veredas, que foram seguidas pelos vossos antepassados, especialmente pelos
patriarcas.
17. Sentinelas, isto é, profetas destinados a avisar-vos.
6 - 7 PROFECIA DE JEREM IAS 887

Invasão; consternação do povo nhor dos exércitos, o Deus de Is­


rael: Tornai bons os vossos caminhos
21Portanto eis o que diz o Senhor: e os vossos afetos, e eu habitarei
Eu porei diante dêste povo (pedras convosco neste lugar. 4Não ponhais
de) ruínas; cairão entre êles junta­ a vossa confiança em palavras de
mente os pais e os filhos, o vizinho mentira, dizendo: É êste o templo
e o amigo perecerão. 22Isto diz o do Senhor, o templo do Senhor, o
Senhor: Eis que vem um povo da templo do Senhor! 5Porque, se diri­
terra do aquilão, e uma nação gran­ girdes bem os vossos caminhos e
de se levantará das extremidades da os vossos afetos, se fizerdes justiça
terra. 23Tomará a seta e o escudo; aos que pleiteiam entre si, °se não
ela é cruel, e não terá piedade; a oprimirdes o estrangeiro, o órfão, e
sua voz soará como o mar; e mon­ a viúva, nem derramardes o sangue
tarão em cavalos, dispostos como um inocente neste lugar, e se não an­
(só) homem valente a pelejar con­ dardes após os deuses alheios para
tra ti, filha de Sião. 24Ouvimos a sua vossa própria desgraça, 7*eu habita­
fama (dizem os Judeus), e as nossas rei convosco neste lugar, nesta terra
mãos perderam a fôrça; surpreendeu- que dei a vossos pais, pelos séculos
nos a tribulação e as dores como à dos séculos.
que está de parto. “ Não saiais aos
campos, nem andeis pelos caminhos, 8Mas, eis que vós confiais para vos­
porque a espada do inimigo e o es­ so mal em palavras de mentira, que
panto cercam-nos por todos os la­ não vos servirão para nada. •Fur­
dos. 28(Ó Jerusalém) filha do meu tais, matais, adulterais, jurais falso,
povo, veste-te de cilício, e cobre-te sacrificais aos ídolos, e ides após os
<de cinza; toma luto como por um deuses estranhos, que não conheceis;
filho único, chora amargamente, por­ 10e (depois disto) vindes apresentar-
que de repente virá sôbre nós o des­ vos diante de mim nesta casa, onde
truidor. o meu nome foi invocado, e dizeis:
27A ti (Jeremias) te constituí en- Estamos livres (de todo o m al), ainda
saiador hábil entre o meu povo; tu que tenhamos cometido tôdas estas
conhecerás e sondarás o seu proce­ abominações. “ Logo esta minha ca­
der. “ Todos êstes príncipes, que es­ sa, onde foi invocado o meu nome
tão fora do caminho (re to ), que an­ diante de vossos olhos, está conver­
dam com engano, são cobre e ferro; tida num covil de ladrões? Eu, eu
todos se corromperam. “ Faltou o que sou, eu vi (as vossas ábomina-
fole, o chumbo foi consumido no fo ­ çoes), diz o Senhor. 12Ide ao meu
go; debalde o meteu o fundidor na santuário, a Silo, onde habitou o meu
forja; as suas malícias não se con­ nome desde o principio, e vêde o que
sumiram. 30Chamai-os uma prata eu lhe fiz por causa da malícia do
falsa, porque ò Senhor os rejeitou. méu povo de Israel. 13*E agora, por­
Os pecados do povo ocasionarão
que tendes feito tôdas estas obras,
a destruição do templo
diz o Senhor, e porque eu vos falei
e avisei com tempo, e não me ouvis­
7 P a la v ra que o Senhor dirigiu a tes; e vos chamei, e não me res­
1 Jeremias nos têrmos seguintes: pondestes; “ farei a esta casa onde o
2Põe-te em pé à porta da casa do meu nome foi invocado, e na qual
Senhor, e prega aí estas palavras vós pondes a vossa confiança; e a
e dize: Ouvi a palavra do Senhor, êste lugar, que vos dei a vós e a
vós, todos, ó filhos de Judá, que en­ vossos pais, (farei, digo) o mesmo
trais por estas portas para adorar­ que fiz a Silo; 15e vos lançarei para
des o Senhor. 3Eis o que diz o Se­ longe da minha face, como lancei to-
27-30. O povo de Deus é semelhante a um metal grosseiro, do qual nada de bom se pode
extrair.
27. Deus compara Jeremias a um operário ensaiador, encarregado de exam inar os metais
preciosos, e ver o seu valor.
Cap. V I I — 4. O templo do S en h or... Estas palavras s&o repetidas três vêzes para
mostrar o caráter írivolo da confiança que tinham no templo.
888 PROFECIA DE JEREMIAS 7 - 8
dos os vossos irmãos, tôda a linha­ fetas, cada dia me apressava a en­
gem de Efrairn. viá-los; 26*e (os filhos de Israel) não
me ouviram, nem me prestaram a-
Que o profeta não interceda tenção, mas endureceram a sua cer-
pelo povo endurecido viz, e obraram pior que seus pais.
tu lhes dirás tôdas estas pala­
16Tu, pois, (Jeremias) não rogues vras, e não te ouvirão; e chamá-los-
por êste povo, nem empreendas por -ás, e não te responderão. 28*E lhes
êles louvor nem oração, e não te o- dirás: Esta é aquela nação que não
ponhas a mim, porque não te ouvi­ ouviu a voz do Senhor seu Deus,
rei. 17Não vês tu o que êles fa­ nem recebeu as suas instruções. A-
zem nas cidades de Juda, e nas pra­ cabou-se a sua fé, e está banida da
ças de Jerusalém? 18Os filhos jun­ sua bôca.
tam a lenha, e os pais acendem o fo­
go, e as mulheres misturam a man­ Castigo iminente da idolatria
teiga com os mais adjuntos necessá­
rios, a. fim de fazerem tortas para 29Corta os teus cabelos (em sinal
a (lua, que adoram como) rainha do de luto), e lança-os fora, e levanta o
céu, e para sacrificarem a deuses teu pranto ao alto, porque o Senhor
estranhos, e para me provocarem à arrojou de si e abandonou esta ge­
ira. “ Porventura é a mim que êles ração que excitou 0 seu furor; ^por­
irritam (e prefudicam) ? diz o Se­ que os filhos de Judá cometeram o
nhor. Não é antes a si mesmos que mal diante de meus olhos, diz o Se­
fazem mal para confusão do seu ros­ nhor. Puseram ps seus escândalos
to? “ Portanto isto diz o Senhor (ou ídolos) na casa em que foi in­
Deus: Eis que o meu furor e a mi­ vocado o meu nome, para a profana­
nha indignação estão para cair sô- rem; 31e edificaram os (altares ou)
bre êste lugar, sôbre os homens, e altos de Tofet, que está no vale do
sôbre os animais, e sôbre as árvores filho de Enom, para queimarem no
dos campos, e sôbre os frutos da ter­ fogo os seus filhos e as suas filhas,
ra; e se acenderá, e não se apagará. coisa que eu não mandei, nem me
passou pelo pensamento. 32Portanto
Deus repele os sacrifícios eis que virão dias, diz o Senhor, e
manchados pelo pecado não se chamará mais Tofet, nem
21Isto diz o Senhor dos exércitos, o vale do filho de Enom, mas vale da
Deus de Israel: Juntai os vossos ho- matança; e enterrarão em Tofet, por­
locaustos às vossas vítimas, e co­ que não haverá mais lugar. 33E os
mei as suas carnes. 2 12Porque eu não cadáveres dêste povo servirão de
falei com vossos pais,* nem lhes man­ pasto às aves do céu e aos animais
dei, no dia em que os tirei da terra da terra, e não haverá quem as en­
do Egito, coisa alguma acêrca dos xote. 34E farei que não se ouça nas
holocaustos e das vítimas; 23mas eis cidades de Judá e nas praças de Je­
o que eu lhes mandei: Ouvi a mi­ rusalém voz de regozijo e de alegria,
nha voz, e eu serei o vosso Deus, e voz de esposo e voz de esposa; por­
vós sereis o meu povo; e andai por que a terra será desolada.
todo o caminho, que eu vos pres­ A incrível obstinação de Judá
creví, para serdes felizes. 24E não torna inevitável sua ruína
me ouviram, nem prestaram atenção,
mas foram após os seus apetites e a O d a q u ele tempo, diz o Senhor,
depravação do seu malvado coração; ° (os Caldeus) lançarão fora das
e voltaram para trás, em vez de i- suas sepulturas os ossos dos reis de
rem para diante, 25desde o dia em Judá, e os ossos dos seus príncipes, e
que seus pais saíram da terra do os ossos dos sacerdotes, e os ossos
Egito até ao dia de hoje. E eu vos dos profetas, e os ossos daqueles que
enviei todos os méus servos, os pro­ habitaram em Jerusalém; 2e expô-los-
21. Cornei as suas carnes, julgando santificar-vos, mas nada lucrareis com isso.
Cap. V I I I — 1. Com a esperança de encontrarem riquezas violavam os sepulcros, deixan­
do os ossos espalhados por fora.
8-9 PROFECIA DE JEREM IAS 889

-ão ao sol e à lua, e a tôda a milícia lhes tinha dado escapou-se-lhes das
(ou astros) do céu, que êles ama­ mãos.
ram, e a que serviram, e após de “ Por que estamos nós quietos? (d i­
quem andaram, e a quem buscaram rão os Judeus). Juntai-vos, e entre­
e adoraram; não serão recolhidos nem mos na cidade fortificada, e guarde­
sepultados; ficarão sôbre a face da mos aí silêncio, porque o Senhor nos­
terra como estéreo. 3E escolherão an­ so Deus nos fêz calar, e nos deu a
tes a morte que a vida todos os que beber água de fel, porque pecamos
ficarem desta raça depravadíssima em contra o Senhor. 15Esperávamos a
todos os lugares, que foram desam­ paz, e êste bem não chegou; o re­
parados, para onde eu os arrojei, diz médio, e eis que só há terror. 10O es-
o Senhor dos exércitos. trépito da cavalaria inimiga ouve-se
já desde Dan, à voz dos relinchos
4E tu lhes dirás: Isto diz o Senhor: dos
Porventura o que cai não se levan­ ceu seus cavalos guerreiros estreme­
tará? E o que se desviou não vol­ ram todo o pais; chegaram e devora­
a terra, e quanto havia nela, a
tará? 3Pois por que se desviou (de cidade e os seus habitantes. ,7Por-
m im ) êste povo em Jerusalém com
uma obstinada apostasia? Abraçaram que enviarei contra vós (os Cal-
a mentira e não quiseram voltar. deus, corno) serpentes e basiliscos,
°Atendi e escutei; ninguém fala o contra os quais nada podem os en­
cantamentos; e êles vos morderão,
que é bom; não há quem faça peni­
tência do seu pecado, dizendo: Que diz o Senhor.
fiz eu? (P e lo contrário) todos se vol­ Dor de Jeremias
tam para onde a sua paixão os leva,
como um cavalo que corre a tôda 18A minha dor é sôbre tôda a dor,
a brida para o combate. 70 milhafre o meu coração está angustiado dentro
conhece no céu a sua estação; a rô- de mim. 19Eis a voz fd e Jerusalém)
la, e a andorinha, e a cegonha obser­ da filha do meu povo, que clama
vam o tempo da sua arribação; mas desde uma terra longínqua: Porven­
o meu povo não conheceu o juízo tura não está o Senhor em Sião, ou
(ou a le i) do Senhor. 8Como dizeis não está o seu rei no meio dela? Por
vós: Somos sábios, e a lei do Senhor que razão (responde o Senhor) me ir­
está conosco? (Enganai-vos); verda- ritaram os seus habitantes com os
deiramente o ponteiro mentiroso dos seus ídolos, e com os seus deuses?
escribas gravou a mentira. 9Os (vos- ^O tempo da ceifa passou (dizem os
sos) sábios estão confundidos, ater­ Israelitas) , e o estio findou, e nós
rados e presos, porque rejeitaram a não fomos salvos. 21Estou desfalecido
alavra do Senhor, e nenhuma sa- e entristecido (continua Jeremias) por
edoria há nêles. 10Pelo que darei causa da aflição da filha do meu po­
as suas mulheres a estranhos, os seus vo; o espanto apoderou-se de mim.
campos a outros herdeiros; porque, “ Porventura não há bálsamo em Ga-
desde o mais pequeno até ao maior, laad? Ou não se acha lá nenhum
todos seguem a avareza; desde o pro­ médico? Por que não foi, pois, pen­
feta até ao sacerdote, todos forjam sada a ferida da filha do meu povo?
a mentira. nE pretendiam curar as
chagas da filha do meu povo, para Lamentos do profeta sobre a triste
sua ignomínia, dizendo: Paz, paz, sorte de Judã
quando não havia paz. 12Estão con­
fundidos, porque cometeram coisas Q 7Quem dará água à minha ca-
abomináveis, ou antes, nem a pró­ * beça, e uma fonte de lágrimas
pria confusão os pôde confundir, nem aos meus olhos? E eu chorarei de
souberam o que era envergonhar-se; dia e de noite os mortos da filha
portanto cairão entre os mortos, no do meu povo?
tempo do seu castigo cairão, diz o 2Quem me dará no deserto um al­
Senhor. 13Eu os juntarei todos (para bergue de passageiros, e eu deixarei
os perder) diz o Senhor; não há uva o meu povo, e me apartarei dêles?
nas vides, nem há figos na figueira, Pois todos são adúlteros, um ban­
(até) as folhas cairam, e o que eu do de prevaricadores. 3Servem-se
890 PROFECIA DE JEREMIAS 9

da sua língua como dum arco para como tinham aprendido de seus pais.
atirar mentiras e não verdades; tor­ 15Portanto isto diz o Senhor dos e-
naram-se fortes na terra, porque pas­ xércitos, o Deus de Israel: Eis que
saram dum crime a outro, e não me alimentarei êste povo com absinto,
conheceram, diz o Senhor. 4Cada um e dar-lhe-ei por bebida água de fel.
guarde-se do seu próximo, e não se 16Eu os dispersarei entre nações
fie de nenhum de seus irmãos, por­ que nem êle nem seus pais conhece­
que o irmão só pensa em perder o ram; e enviarei atrás dêles a espada,
seu irmão, e todo o amigo anda com até serem exterminados.
falsidade. 5Cada um dêles ri-se do 17Isto diz o Senhor dos exércitos, o
seu irmão, e não dizem a verdade; Deus de Israel: Procurai e chamai
porque habituaram a sua língua a carpideiras, e que venham; e mandai
dizer a mentira; estudaram como ha­ procurar aquelas que são hábeis e
viam de fazer o mal. °A tua habi­ que se apressem; 18apressem-se e
tação (6 Jeremias) é no meio do en­ principiem o lamento sôbre nós; der­
gano; por amor do engano recusa­ ramem lágrimas os nossos olhos, e
ram conhecer-me, diz o Senhor. P o r ­ as nossas pálpebras desfaçam-se em
tanto, isto diz o Senhor dos exérci­ água; 19porque de Sião já se ouvem
tos: Eis que os fundirei e provarei gritos lúgubres ( que dizem) : Como
ao fogo; porque, que outra coisa fomos destruídos e cobertos de con­
posso fazer a respeito da filha do fusão? Abandonamos a nossa terra,
meu povo (senão castigá-la)? 8A lin- e foram derribadas as nossas casas.
gua dêles é uma seta que fere, fala 20Ouvi, pois, mulheres, a palavra do
(sempre) para enganar, com os seus Senhor, e recebam os vossos ouvidos
lábios anunciam a paz ao seu ami­ os discursos da sua bôca, e ensinai
go, e ocultamente armam-lhe cila­ à vossas filhas cantos lúgubres, e ca­
das. Porven tura não hei de punir da uma à sua vizinha, lamentações,
eu êstes excessos? diz o Senhor. Ou 21porque a morte subiu pelas nossas
hei de deixar de me vingar duma janelas, e entrou nas nossas casas,
tal gente? para exterminar as nossas crianças
l0Sôbre os montes romperei em nas ruas, e os nossos jovens nas
chôro e lamento, e sôbre os lugares praças.
amenos do deserto desafogarei em A verdadeira glória
pranto, porque foram incendiados, de
maneira que não há homem que pas­ 22Dize: Assim fala o Senhor: Cairão
se por ali, e não se ouve já aí a voz os cadáveres dos homens como estér­
de quem os possuía; desde a ave do eo sôbre um campo, e como feno pa­
céu até aos animais, tudo emigrou ra trás do segador, e não haverá
e se retirou. nEu reduzirei Jerusa­ quem os recolha. 23Isto diz o Senhor:
lém a montões de areia (diz o Se­ Não se glorie o sábio no seu saber,
nhor), e a covis de dragões; e en­ nem se glorie o forte na sua fôrça,
tregarei as cidades de Judá à desola­ nem se glorie o rico nas suas ri­
ção, sem que fique nelas um só mo­ quezas; 24porém aquêle que se glo­
rador. 12Quem é o homem sábio que ria, glorie-se em me conhecer e em
entenda isto, e a quem se dirija a saber que eu sou o Senhor que exerço
palavra da bôca do Senhor, a fim a misericórdia e a eqüidade e a jus­
de que anuncie por que causa foi tiça sôbre a terra; porque são estas
destruído êste país, e foi abrasado coisas que me agradam, diz o Senhor.
como um deserto, de maneira que 25Eis que vêm dias, diz o Senhor,
não há quem passe por êle? 13E o em que visitarei (para os castigar),
Senhor disse: É porque êles aban­ todos os que são circuncidados (e os
donaram a lei que lhes dei, e não que não são), Egito, e Judá, e
ouviram a minha voz, nem a segui­ Edom, e os filhos de Amom, e Moab,
ram, 14mas foram atrás do seu de­ e todos os que trazem o cabelo cor­
pravado coração, e atrás dos ídolos, tado (em redondo), e que habitam
Cap. IX — 26. Trazem o cabelo. . . Êste costume, seguido por diversos povos gentios,
era proibido aos Hebreus.
9 - 1 0 PROFECIA DE JEREM IAS 891

no deserto; porque, se tôdas as na­ o mundo com a sua sabedoria, e es­


ções são incircuncisas (segundo a tendeu os céus com a sua inteligên­
carne) tôda a casa de Israel é incir- cia. 13(S o) com a sua voz reune no
cuncisa do coração. céu uma grande multidão de águas,
e eleva as nuvens das extremidades
Israel não se deve confiar nos ídolos da terra; resolve em chuva os re­
lâmpagos e faz sair o vento dos seus
1Q 2Ouvi a palavra que o Senhor reservatórios. 14Todo o homem se
pronunciou acêrca de vós, ca­ torna néscio com a sua ciência (dos
sa de Israel. 2Isto diz o Senhor: Não ídolos); a própria estátua (do ído­
imiteis (os maus) costumes das na­ lo ) é a vergonha de todo o seu
ções; e não temais os sinais do céu, artista, porque fundiu uma falsida­
como temem os gentios; 3porque as de e um corpo sem alma. 15São coisas
leis dos povos são vãs. A mão dum vãs, e obras dignas de riso; quando
artista corta um madeiro do bosque, chegar o seu castigo, perecerão. 10Não
trabalhando-o com o machado; 4ador- é semelhante a êstes (ídolos) aquê-
na-o com prata e com ouro; com le (Senhor) que é a porção de Jacó,
pregos e a marteladas une-o para não pois foi êle que formou tôdas as coi­
se desconjuntar. 5Estas estátuas são sas; e Israel é a porção da sua he­
feitas (dum tronco) de palmeira, e rança; o seu nome é Senhor dos
não falam; e tomam-nas, e levam- exércitos.
nas duma parte para outra, porque
não podem andar. Não as temais, Jerusalém, aterrada pelos castigos,
pois, porque não podem fazer mal implora clemência a Deus
nem bem. 17Junta da terra (os teus ídolos) >
Contraste entre Deus e os ídolos a tua confusão, tu (o Jerusalém), que
te encontras sitiada: 18porque isto
‘Ninguém hã semelhante a ti, Se­ diz o Senhor: Eis que atirarei desta
nhor; és grande, e é grande o teu vez para longe os habitantes desta
nome em fortaleza. 7Quem te não terra, e os atribularei de tal modo
temerá, ó rei das nações? porque a que nenhum me escapará. 16(Entao
glória pertence-te; entre todos os sá­ exclamarás) ai de mim, por causa
bios das nações, e em todos os seus da minha ruína e da minha chaga
reinos nenhum há semelhante a ti. maligna. Mas eu disse: Fui eu que
8Todos êles ficarão convencidos de procurei esta desgraça; é justo que
néscios e insensatos; a sua doutrina a sofra. 20A minha tenda foi destruí­
de vaidade é um pedaço de madeira. da, tôdas as minhas cordas se que­
9A prata batida traz-se de Tarsis, e braram, os meus filhos saíram de
o ouro de Ofaz; o operário e a mão mim, e não existem; daqui em dian­
do artista trabalham-nos; de jacin­ te não há quem estenda o meu pavi­
to e de púrpura é a sua vestidura; lhão, nem levante as minhas tendas.
tudo isto é obra de artistas. 21Porque os pastores (que me de­
10Mas o Senhor é o Deus verda­ viam guiar) obraram loucamente, e
deiro, o Deus vivo e o rei eterno. À não buscaram o Senhor; por isso não
sua indignação se abalará a terra, e entenderam, e todo o seu rebanho
as nações não suportarão as suas se dispersou. 22Eis que já se ouve
ameaças. nVós, pois, lhes direis as­ uma voz e um grande tumulto que
sim: Os deuses que não fizeram os vem da terra do, aquilão para redu­
céus e a terra, pereçam da terra e do zir as cidades de Judá a um deserto
número das coisas que estão debaixo e à morada de dragões. 23Eu sei, Se­
do céu. 120 (Senhor é) que fêz a nhor, que o caminho do homem não
terra com o seu poder, pôs em ordem está no seu poder, e que o homem
Cap. X — 3. A s leis dos povos, isto é, as crenças das nações idólatras.
8. A sua doutrina. . . Tudo o que se diz dos ídolos é pura vaidade e frivolidade, visto
que êles não são mais do que um pedaço de madeira sem vida.
11. Lhes direis, aos Caldeus, quando vos incitarem a adorar os seus ídolos.
23. Sem o auxílio e a vontade de Deus, o homem não pode levar nada a um resultado
feliz. Israel tentou proceder sem Deus, daí as suas desgraças.
892 PROFECIA DE JEREMIAS 10 - 11

não pode andar nem dirigir os seus salérn. 10Tornararn às antigas mal-
passos. 24Castiga-me, Senhor, porém dades de seus pais, que não quiseram
seja isto segundo a justiça, e não no ouvir as minhas palavras; e êstes
teu furor, para que não suceda que também foram após deuses estranhos
me reduzas a nada. 25Derrama a tua para os servir; a casa de Israel e a
indignação sôbre as nações que te casa de Judá romperam a aliança,
não conhecem, e sôbre as províncias que eu fiz com seus pais. “ Por isso,
que não invocam o teu nome, por­ isto diz o Senhor: Eis que farei vir
que devoraram Jacó, e consumiram- sôbre êles calamidades, das quais
no inteiramente, e dissiparam a não poderão sair, e clamarão a mim,
sua glória. e eu não os ouvirei. 12E as cidades
de Judá e os moradores de Jerusa­
Os violadores da aliança lém irão e clamarão aos deuses, a
serão irrevogàvelmente punidos quem oferecem libações, e êstes não
os salvarão no tempo da sua aflição.
I 1 P a la v ra que foi dirigida pelo 13Porque os teus deuses, ó Judá, eram
II Senhor a Jeremias nos têrmos tantos como as tuas cidades; e em
seguintes: 2Ouvi as palavras desta cada uma das tuas ruas, ó Jerusa­
aliança, e falai aos homens de Ju- lém, puseste altares de ignomínia, al­
dá e aos habitantes de Jerusalém; tares para ofereceres libações a Baal.
3e (tu, 6 Jeremias) lhes dirás: Isto 14Tu, pois, não intercedas por êste
diz o Senhor Deus de Israel: Maldi­ povo, e não empreendas por êle lou­
to o homem que não ouvir as pala­ vor algum nem oração; porque eu
vras desta aliança, 4a qual eu fiz não os ouvirei no tempo em que êles
com vossos pais no dia em que os ti­ clamarem a mim, no tempo da sua
rei da terra do Egito, uaquela fo r­ aflição. 15Como é que êsse (p ovo)
nalha de ferro, dizendo: Ouvi a mi­ ue eu amo, cometeu tantas malda-
nha voz, e fazei tôdas as coisas que es na minha casa? Porventura as
vos mando, e sereis o meu povo, e carnes sacrificadas (das vítimas, 6
eu serei o vosso Deus; 6para que eu povo insensato) apartarão de ti as
renove (e cumpra) o juramento que tuas malícias, em que te gloriaste?
fiz a vossos pais, de que lhes daria 10O Senhor pôs-te o nome de oliveira
uma terra que manasse leite e mel, fecunda, formosa, fértil, vistosa; (mas
como se vê (cum prido) no dia de depois), à voz da sua palavra, acen-
hoje. E respondi e disse: assim se­ deu-se nela um grande fogo, e quei­
ja, Senhor. 6E o Senhor me disse: maram-se as suas ramas. 17E o Se­
Prega em alta voz tôdas estas pala­ nhor dos exércitos, que te plantou,
vras nas cidades de Judá e fora de pronunciou calamidades contra ti,
Jerusalém, dizendo: Ouvi as palavras por causa das maldades da casa de
desta aliança, e observai-as, 7porque Israel e da casa de Judá, que come­
eu conjurei com instância os vossos teram para me irritar, oferecendo
pais desde o dia em que os tirei da libações a Baal.
terra do Egito até hoje, admoestan-
do-os e dizendo-lhes continuàmente: Conspiração contra Jeremias
Ouvi a minha voz. 8E não a ouvi­
ram, nem prestaram ouvidos, mas 18Mas tu, Senhor, assim mo mos­
cada um seguiu a depravação do seu traste, e eu o conheci; tu então me
coração maligno; e descarreguei sô­ descobriste os seus (depravados) in-
bre êles todo o castigo que estava tentos. lbE eu era como um manso
escrito naquela aliança, que lhes cordeiro, que é levado a ser vítima;
mandei observar, e que não obser­ e não soube que êles formavam de­
varam. sígnios contra mim, dizendo: Ponha­
°E o Senhor disse-me: Uma conju­ mos pau no seu pão, e extermine­
ração se descobriu entre os varões de mo-lo da terra dos vivos, e não haja
Judá, e entre os moradores de Jeru- mais memória no seu nome.
Cap. X I — 9. Urna conjuração, isto é, um abandono premeditado d a lei do Senhor.
19. Ponhamos pau. . . Segundo o hebreu: Destruamos a árvore com o seu pão, isto 6,
com o seu fruto. Locução proverbial para significar uma destruição completa.
11 - 12 PROFECIA DE JEREMIAS 893
Deus o vingará mãos e os da casa de teu pai com­
batem contra ti, e clamam após de
20Mas tu, Senhor dos exércitos, que ti a grandes vozes: Não te fies nêles,
julgas segundo a eqüidade, e que (mesmo) quando te falarem com
sondas os afetos e os corações, faze doçura.
que eu veja as vinganças que toma­
rás dêles, pois a ti confiei a minha Israel será entregue aos seus
causa. “ Portanto assim fala o Se­ inimigos
nhor aos habitantes de Anatot, que 7(Para os castigar, diz o Senhor)
atentam contra a minha vida e di­ deixei a minha casa (ou tem plo), a-
zem: Não profetizarás em nome do bandonei a minha herança; entreguei
Senhor, se não queres morrer às a que era as delícias da minha alma
nossas mãos. 22Portanto isto diz o nas mãos dos seus inimigos. 8A mi­
Senhor dos exércitos: Eis que os nha herança (o meu povo) tornou-
castigarei; os jovens morrerão à es­ se para mim como um leão entre
pada, os seus filhos e as suas filhas selvas; levantou a voz (blasfeman­
morrerão de fome. 23E não ficarão do) contra mim; por isso eu a abor-
relíquias dêles, porque enviarei des­ reci. “Porventura é para mim a mi­
ditas sôbre os habitantes de Anatot, nha herança como uma ave de vá­
guando chegar o tempo do seu cas­ rias cores? Porventura é como a ave
tigo. pintada por todo o corpo? Vinde,
Por que os ímpios prosperam? congregai-vos todos vos animais da
terra, apressai-vos a devorá-la. “ Nu­
10 lTu és muito justo, ó Senhor, merosos pastores destruíram a mi­
para que eu dispute contigo; nha vinha, pisaram a minha proprie­
todavia eu te direi coisas justas. Por dade, trocaram a minha deliciosa he­
que motivo é próspero o caminho rança em deserto de, solidão. “ Devas-
dos ímpios, e sucede bem a todos os taram-na, e ela está de luto diante
que prevaricam e fazem mal? P la n ­ de mim; foi inteiramente desolada
taste-os (no mundo), e lançaram raí­ toda a terra (de Judá), porque não
zes; medram e dão fruto; estás per­ há ninguém que considere no seu
to dos seus lábios, porém longe do coração. 12Por todos os caminhos do
seu coração. 3E tu, Senhor, me co­ deserto chegam devastadores, porque
nheces, e me viste, e tens experi­ a espada do Senhor devorará o país,
mentado que o meu coração está desde um extremo ao outro, não há
contigo. Junta-os como rebanho pa­ paz para nenhum vivente. “ Semea­
ra o degoladouro, e destina-os para ram trigo, e colheram espinhos; re­
o dia da matança. 4A té quando há ceberam a herança, mas não lhes
de chorar a terra, e secar-se a erva aproveitará; envergonhados sereis de
de todo o campo por causa da mal­ vossos frutos, por causa da grande
dade dos seus habitantes? Pereceram cólera do Senhor.
(para êles) os animais e as aves, Sorte futura dos vizinhos de Israel
porque disseram: Êle não verá o
nosso fim. 14Mas isto diz o Senhor contra to­
5Se te fatigaste em seguir, corren­ dos os meus vizinhos péssimos, que
do, os que iam a pé, como poderás tocam (ou usurpam) a herança que
competir com os que vão a cavalo? reparti pelo meu povo de Israel: Eis
E, se (nao) estiveste em sossêgo nu­ que os arrancarei da sua terra, e ar­
ma terra de paz, que farás no meio rancarei a casa de Judá do meio dê­
da soberba do Jordão (povoado de les. 15E, quando os tiver arrancado,
feras)? °Porque os teus próprios ir­ voltar-me-ei, e terei piedade dêles;
Cap. X I I — 4. N ão v e r á ... Os pecadores, aos quais tudo corria bem, diziam irônica-
mente que Jeremias não havia de ver o fim, a ruína dêles, porque as suas am eaças não se
realizariam.
5. Frases proverbiais: se não podes suportar males de pouca importância, como poderás
suportar males grandes,
10. Numerosos pastores, isto é, os reis pagãos.
15. Ê aqui anunciada a conversão futura dos pagãos, por meio de Cristo e da sua Igreja.
894 PROFECIA DE JEREMIAS 12 - 13

e os farei voltar cada um à sua he­ casa de Israel, e tôda a casa de Judá,
rança, e cada um à sua terra. 16E diz o Senhor, para que fossem o meu
se eles, escarmentados, aprenderem povo, e o meu nome, e o meu louvor,
os caminhos do meu povo, de manei­ e a minha glória; e (apesar disso)
ra que jurem em meu nome (dizen­ não me ouviram.
d o): Vive o Senhor, assim como en­ Os Judeus serão quebrados
sinaram o meu povo a jurar por como vasilhas
Baal, (então) serão estabelecidos no
meio do meu povo. 17Porém, se não 12Por isso lhes dirás estas pala­
ouvirem, arrancarei pela raiz e ex­ vras: Isto diz o Senhor Deus de Is­
terminarei aquela gente, diz o Senhor. rael: Tôdas as vasilhas se encherão
Ação simbólica relativa ao cinto
de vinho. E êles te dirão: Acaso
de Jeremias
ignoramos que (em anos abundan­
tes) tôdas as vasilhas se encherão
13 2Eis o que o Senhor me disse: de vinho? 13E tu lhes dirás: Isto
Vai, e compra para ti um cin­ diz o Senhor: Eis que encherei de
to de linho, e cinge-te com êle, e embriaguez todos os habitantes des­
não o metas na água. 2E comprei um ta terra, e os reis da estirpe de Da­
cinto conforme a palavra do Senhor, vi, que se sentam sôbre o seu tro­
e o pus à roda dos meus rins. 3E no, e os sacerdotes, e os profetas, e
foi-m e dirigida segunda vez a pala­ todos os habitantes de Jerusalém;
vra do Senhor, a qual dizia: 4Toma 14e dispersá-los-ei (separando) o ir­
o cinto que compraste, que tens à mão do seu irmão, e igualmente os
roda dos teus rins, e, levantando-te, pais dos filhos, diz o Senhor. Não
vai ao Eufrates, e esconde-o ali no perdoarei, e não me aplacarei, nem
buraco duma pedra. 5Fui, e escondi-o usarei de clemência para deixar de
no Eufrates, como o Senhor mo ha­ os destruir.
via mandado. °E sucedeu que, pas­ Exortação à penitência
sados muitos dias, me disse o Se­
nhor: Levanta-te, vai ao Eufrates, 15Ouvi e escutai com atenção:
e toma dali o cinto, que te mandei Não vos ensoberbeçais, porque o
esconder lã. 7E fui ao Eufrates, e Senhor falou. 16Dai glória ao Se­
cavei, e tomei o cinto do lugar onde nhor vosso Deus, ( arrependei-vos)
o tinha escondido; e vi que o cinto antes que sobrevenham as trevas
já tinha apodrecido, de tal sorte que ida tribulaçao), e antes que trope­
não servia para uso algum. 8E foi- cem vossos pés nos montes tenebro­
me dirigida a palavra do Senhor, sos; (então) esperareis luz, e (o Se­
nos têrmos seguintes: nhor) mudá-la-á em sombra de
9Eis o que diz o Senhor: Assim morte e em escuridão. 17Se não ou­
farei apodrecer a soberba de Judá, virdes isto, chorará a minha alma
e o grande orgulho de Jerusalém. em segrêdo, ao ver a vossa sober­
10Êste povo perversíssimo, que não ba; chorará amargamente, e os
quer ouvir as minhas palavras, e an­ meus olhos derramarão rios de lá­
da na maldade do seu coração, e vai grimas, porque foi cativo o rebanho
após os deuses estranhos, para os do Senhor.
servir e os adorar, virá a ser como Fredição dos castigos de’ Deus
êsse cinto, que para nenhum uso é
bom. “ Porque, assim como um cin­ 18Dize ao rei e à rainha: Humi-
to se une aos rins do homem, assim lhai-vos, sentai-vos no chão, porque
eu uni estreitamente comigo tôda a a coroa da vossa glória caiu da vos-
Cap. X I I I — 1. O cinto de linho, da mesma matéria que os vestidos sacerdotais, repre­
senta Israel, reino santo e sacerdotal. — Cinge-te com êle. E sta ação simboliza a aliança
íntima que existia entre Deus e o seu povo. — N ão o metas na água, a fim de que permane­
ça fresco e novo.
4. A o Eufrates. Anúncio do exilio de Judá em Babilônia.
7. o cinto apodrecido simboliza a m assa impia dos Judeus deportados, ou a corrupção
m oral produzida em Israel pela invasão da idolatria.
13. Encherei de embriaguez com o vinho de minha cólera.
13 - 14 PROFECIA DE JEREMIAS 895

sa cabeça. 19As cidades do meio- e voltaram com os seus vasos va­


-dia estão fechadas, e não há quem zios; confundiram-se e afligiram-se,
as abra. Todo (o povo de) Judá e cobriram as suas cabeças (em si­
foi transferido; a deportação foi ge­ nal de dor ). 4Por causa da esteri­
ral. 20Levantai os vossos olhos, e lidade da terra, porque não veio chu­
vêde, vós que vindes do aauilão: va sôbre o país, os lavradores, aba­
Onde está (direis a Jerusalém) o tidos, cobriram as suas cabeças. 5A-
rebanho que te foi confiado, êsse té a cerva, depois de ter dado à luz
teu gado famoso? 21Que dirás, quan­ no campo, abandonou a cria, por
do Deus te visitar? Porque fôste falta de erva. °E os asnos selvagens
tu mesmo que os ensinaste contra puseram-se sôbre os rochedos, aspi­
ti, e os instruíste para a tua ruína. raram como os dragões, desfaleceram
Acaso não te assaltarão dores como os seus olhos, por falta de erva.
as duma mulher que está de parto?
O ração de J e r e m ia s e re sp o sta
22E se disseres no teu coração: Por
de D eu s
que me aconteceram êstes males?
(F ica sabendo que) por causa da 7Ainda que as nossas iniqüidades
multidão das tuas iniqüidades foi dão testemunho contra nós, tu, Se­
descoberto o mais vergonhoso que nhor, usa conosco de clemência, por
em ti há, e contaminadas as tuas amor do teu nome; porque muitas
plantas. são as nossas rebeldias, temos pe­
23Sé um (n egro) Etíope pode mu­ cado contra ti. 8ó esperança de Is­
dar a sua pele, ou um leopardo as rael, seu salvador no tempo da tri-
suas malhas, podereis vós também bulação, por que hás de ser nesta
fazer o bem, vós que não aprendes­ (tua terra ) como um estranho, e
tes senão a fazer o mal. 24E (por como um viandante que somente pá­
isso, diz o Senhor) : Eu os espalha­ ra a fim de passar a noite? 9Por
rei como a moínha, que pelo vento que hás de ser (para êste povo) co­
é arrebatada para o deserto. “ Tal mo um homem que vai divagando,
é a sorte que te espera (6 Jerusa­ ou como um homem forte que não
lém ), e a porção (ou paga) que re­ pode salvar? Mas tu, Senhor, estás
ceberás de mim, diz o Senhor, por­ entre nós, e o teu nome tem sido
que te esqueceste de mim, e con­ invocado sôbre nós; não nos desam­
fiaste na mentira. 26Por isso eu pares.
também descobri as tuas desonesti- 10Assim fala o Senhor a êste povo,
dades diante da tua face, e apare­ que (ta nto) gosta de mover os seus
ceu a tua ignomínia, 27os teus adul­ pés, e não repousa, nem agrada ao
térios, e os teus desregramentos, a Senhor: Agora se lembrará (o Se­
maldade da tua fornicação. Eu vi nhor) das suas maldades, e visitará
as tuas aborninações sôbre os outei­ os seus pecados. nE o Senhor disse-
ros e no meio do campo. A i de ti, me: Não me peças em favor dêste
Jerusalém! Não quererás ainda pu­ povo. 12Quando êles jejuarem, eu
rificar-te, resolvendo-te seguir-me? não ouvirei as suas preces, e, se êles
Para quando deixas o fazer isso? me oferecerem holocaustos e víti­
U m a g ra n d e sêca
mas, não as aceitarei; porque os hei
de consumir pela espada, pela fome
1 A P a la v ra do Senhor, que foi di- e pela peste.
rigida a Jeremias, sôbre o a- D e s c u lp a s q u e n ã o s ã o a c e it a s
contecimento da sêca. 2A Judéia es­ e n o v a p r e c e d e J e r e m ia s
tá coberta de luto, e caíram as suas
portas, e ficaram por terra nas tre­ 13Então eu disse: Ah! Ah! Ah!
vas, e levantou-se o clamor de Jeru­ Senhor Deus, os profetas dizem-lhes:
salém. 3Os grandes mandaram os Não vereis espada, e não haverá fo ­
seus inferiores procurar água; fo ­ me entre vós, mas (o Senhor) vos
ram a tirá-la, e não a encontraram, dará paz verdadeira neste lugar.
Cap. X I V — 2. A s suas portas, isto é, as suas cidades*
10. D e m over os seus pés p ara ir de um ídolo p ara outro.
896 PROFECIA DE JEREM IAS 14 - 15

14E o Senhor disse-me: Êsses profe­ és tu que as envias, tu, o Senhor


tas falsamente vaticinam em meu nosso Deus, em quem esperamos?
nome; não os enviei, nem lhos man­ é s tu que tens feito tôdas estas coi­
dei, e não lhes falei; tudo o que vos sas.
profetizam é uma visão mentirosa, A prece do profeta, Deus responde
e uma adivinhação, e impostura, que mandará castigo
e engano do seu coração. 15Portan-
to isto diz o Senhor: Acêrca dos 1Ç 2E o Senhor disse-me: Ainda
profetas, que profetizam em meu que Moisés e Samuel se pu­
nome, sem terem sido enviados por sessem diante de mim, a minha al­
mim, dizendo: A espada e a fome ma não se inclinaria para êste povo;
não afligirão esta terra; êstes pro­ tira-os de diante da minha face, e
fetas hão de perecer à espada e à retirem-se. 2E, se te disserem: Para
fome, 16E os povos, a quem profe­ onde iremos? tu lhes dirás: Isto diz
tizam, serão lançados nas ruas de o Senhor: para a morte, os que são
Jerusalém, vítimas da fome e da es­ para a morte; e para a espada, os
pada, e não haverá quem os sepul­ que são para a espada; e para a fo ­
te, a êles e suas mulheres, a seus me, os que são para a fome; e pa­
filhos e filhas; e derramarei (o cas­ ra o cativeiro, os que são para o
tigo da) sua maldade sôbre êles. 17E cativeiro. 3E eu enviarei sôbre êles
tu lhes dirás esta palavra: Derra­ quatro sortes de castigos, diz o Se­
mem os meus olhos lágrimas de noi­ nhor: a espada para os matar, e os
te e de dia, e não cessem, porque cães para os despedaçarem, e as aves
(Jerusalém) , a virgem filha do meu do céu e os animais da terra para os
povo, com uma grande ruína ficou devorarem e fazerem em pedaços.
maltratada, com uma chaga maligna 4E os exporei à furiosa perseguição
em extremo. de todos os reinos da terra, por cau­
lsSe saio aos campos, eis que vejo sa de Manassés, filho de Ezequias,
homens mortos à espada; se entro rei de Judá, por tudo o que fêz em
na cidade, eis que vejo outros que Jerusalém.
a fome consome. Até os profetas e 5Quem se compadecerá de ti, ó Je­
os sacerdotes foram ( conduzidos ca­ rusalém? Ou quem se entristecerá
tivos) a uma terra que não conhe­ por ti? Ou quem irá rogar pela tua
ciam. 19Porventura (d Senhor) re­ paz? °Tu me abandonaste, diz o Se­
jeitaste inteiramente Judá? Ou a nhor, tu voltaste para trás; por is­
tua alma aborreceu Sião? Por que so eu estenderei a minha mão sô­
nos tens ferido, pois, sem que nos bre ti, e te destruirei, porque estou
reste melhora alguma? Esperamos cansado de te rogar. 7E (aos teus
a paz e não temos nenhum bem; e habitantes) espalhá-los-ei com a pá
o tempo da cura, e eis-nos todos em até às portas (ou extrem o) da terra;
perturbação. ^Nós reconhecemos, Se­ matei e destruí o meu povo, e, ape­
nhor, as nossas impiedades, as ini- sar disso, não retrocederam dos seus
qüidades de nossos pais, porque pe­ (maus) caminhos. 8Multipliquei as
camos contra ti. 21Não nos entre­ suas viúvas mais que as areias do
gues ao opróbrio por amor do teu mar; enviei contra êles um extermi-
nome, nem permitas que seja ul­ nador que ao meio-dia matasse o
trajado por causa de nos (o templo menino nos braços da mãe; espalhei
que é) o trono da tua glória; lem­ pelas cidades um repentino terror.
bra-te, não anules a tua aliança co­ 9A que deu à luz sete filhos, enfra­
nosco. “ Porventura há entre os si­ queceu, a sua alma caiu em desfaleci-
mulacros ( ou ídolos) das gentes al­ mento; o sol pôs-se para ela, quando
guns que façam chover? Ou que ainda era dia; ficou coberta de con­
possam dar as chuvas do céu? Não fusão e de vergonha, e os que fi-
Cap. X v — 2. Para a m orte. .. C ada um terá a sorte que lhe está destinada, que é a
morte para todos, embora de form as diferentes.
4. Manassés, por sua impiedade, tinha enchido a medida dos pecados de Judá.
8. Mais que as areias. . . Expressáo hiperbólica para indicar urna grande mortandade.
15 - 16 PROFECIA DE JEREM IAS 897

carem dela, dá-los-ei à espada, à vis­ como um muro de bronze, como um


ta de seus inimigos, diz o Senhor. muro forte; e pelejarão contra ti, e
Queixa am arga de Jeremias não poderão mais do que tu, porque
eu sou contigo pára te salvar e te
10A i de mim, minha mãe! P or que livrar, diz o Senhor. 21E livrar-te-ei
me geraste para ser um homem de da mão dos malvados, e salvar-te-ei
contradição, um homem de discór­ da mão dos fortes.
dia em tôda esta terra? Nunca dei
dinheiro a usura, nem a mim me deu Razão por que Deus impõe a Jeremias
ninguém; (não obstante) todos me o celibato
amaldiçoam. “ O Senhor diz: Juro
que o teu fim será bom, que eu te lg JE foi-me dirigida a palavra do
assistirei no tempo da aflição, e no 1U Senhor nos têrmos seguintes:
tempo da tribulação contra o teu i- 2Tu não tomarás mulher, nem terás
nimigo. 12Porventura ligar-se-á o filhos, nem filhas neste lugar. 8Por-
ferro (comum) com o ferro do aqui- que isto diz o Senhor acêrca dos fi­
lão e o bronze? 13Eu entregarei gra- lhos e das filhas, que nascerem nes­
tuitamente (6 Jerusalém) ao saque as te lugar, e acêrca das suas mães
tuas riquezas e os teus tesouros, por que os conceberem, e acêrca dos seus
causa de todos os teus pecados, sôbre pais que os gerarem nesta terra:
todo o teu território. 14E trarei os 4Morrerão de várias enfermidades;
teus inimigos duma terra que não não serão chorados, nem enterrados,
conheces, porque o fogo do meu fu ­ jazerão como estéreo sôbre a face da
ror se acendeu, e arderá sôbre vós. terra e serão consumidos à espa­
15Tu o sabes (tudo), Senhor, lem­ da e à fome; e os seus cadáveres
bra-te de mim, e visita-me, e defen- servirão de pasto às aves do céu, e
de-me dos que me perseguem; não aos animais da terra. 5Porque isto
tardes em am parar-m e; sabe que por diz o Senhor: N ão entres na casa de
amor de ti tenho sofrido afrontas. luto, nem vás à casa onde se chora,
10Achei a tua palavra, e alimentei- nem os consoles; porque eu retirei
me com ela; e a tua palavra foi pa­ dêste povo a minha paz, diz o Se­
ra mim o prazer e a alegria do meu nhor, a minha misericórdia, e as mi­
coração, porque o teu nome foi in­ nhas comiserações. aE morrerão
vocado sôbre mim, Senhor Deus dos grandes e pequenos nesta terra; não
exércitos. 17Não me sentei no con­ serão sepultados, nem chorados, e
gresso dos escarnecedores ( ou ím­ não se farão por êles incisões (em
pios), nem me gloriei senão por cau­ sinal de luto), nem por êles se rapa­
sa da tua mão; eu estava só, porque rão os cabelos. 7E não repartirão
me encheste de ameaças. 18Por que entre si pão para consolar o que
se tornou perpétua a minha dor, e a chora sôbre um morto; e não darão
minha chaga maligna recusou ser a beber um vaso de água para conso­
curada? Tornou-se para mim como lar os que choram a perda de seu
o engano de águas que não são fiéis. pai e de sua mãe. 8E não entres
numa casa de banquete, para te sen­
Resposta de Deus
tares tanto a comer como a beber
19Por esta causa o Senhor diz isto: com êles; 9porque isto diz o Senhor
Se te converteres, eu te converterei, dos exércitos, o Deus de Israel: Eis
e estarás diante da minha1 face; e, que desterrarei dêste lugar, a vos­
se apartares o precioso do vil, serás sos olhos e em vossos dias, a voz de
como a minha bôca; e voltar-se-ão júbilo, e a voz de alegria, a voz (ou
êles para ti, e tu não te voltarás cântico) do espôso, e a voz da espo­
para êles. 20E dar-te-ei a êste povo92 sa.

12. Os Judeus ligar-se-ão com os Caldeus?


18. Tornou-se para mim . .. Segundo o hebreu: Serás tu para mim como um ribeiro en­
ganador, com águas com que se não pode contar, porque, sendo abundantes no inverno, de­
saparecem por completo na primavera?
19. Se te converteres, se abandonares as tuas dúvidas a meu respeito, e as tuas inquieta­
ções exageradas.

29 - B íblia Sagrada
898 PROFECIA DE JEREMIAS 16 - 17
P r o f e t iz a o c a tiv e iro p o r c a usa dos não aproveitou. 20É possível que um
fa ls o s deuses homem faça deuses para si, quando
êles não são deuses? 21Pelo que eu
1C'E, quando anunciares a êste povo lhes mostrarei, esta vez, mostrar-
tôdas estas coisas, e te disserem: Por -lhes-ei a minha mão e o meu poder,
que pronunciou o Senhor contra nós e saberão que o meu nome é Senhor.
todo êste grande mal? Que iniqüi-
dade é a nossa? E que pecado é o O s o b stin a d o s J u d e u s se rã o p u n id o s.
que nós cometemos contra o Senhor B ênç ão s e m a ld iç õe s
nosso Deus? nTu lhes dirás: É por
que vossos pais me abandonaram, diz 1 7 xO pecado de Judá está escri-
o Senhor, e foram após os deuses es­ * 6 to com um ponteiro de fe r­
tranhos, e os serviram, e os adora­ ro numa ponta de diamante; está
ram; e a mim abandonaram-me, e gravado sôbre a tábua do seu cora­
não guardaram a minha lei. 12E vós ção, e sôbre ângulos (sacrílegos) das
mesmos ainda fizestes pior do que suas aras. 2Visto que os seus fi­
vossos pais; porque cada um vai atrás lhos se lembram das suas armas, e
da corrupção do seu mau coração, dos seus bosques, e das árvores fron­
para me nãò dar ouvidos. 13Eu vos dosas nos montes altos (dedicados
expulsarei desta terra para uma ter­ aos ídolos), 3e dos sacrifícios que o-
ra que não conheceis, nem vós, nem ferecem nos campos, entregarei ao
v o s s o s pais; e servireis ali a deuses saque a tua fortaleza, e todos os teus
estranhos de dia e de noite, os quais tesouros, os teus lugares altos (em
vos não darão descanso. “ Portan­ que adoras os ídolos), por causa dos
to virão dias, diz o Senhor, em que pecados cometidos por ti em tôdas
não se dirá mais: Vive o Senhor, que as tuas terras. 4E ficarás só, despo­
tirou os filhos de Israel da terra do jada da herança que te dei; e te farei
Egito, 15mas sim: Vive o Senhoç, que servir aos teus inimigos na terra, que
tirou os filhos de Israel do aqui- não conheces, porquanto ateaste o
lão, e de tôdas as terras, para on­ fogo da minha cólera, que arderá
de os expulsei, e fá-los-ei voltar a sempre.
esta sua terra, que dei a seus pais. M á x im a s d iv e rs a s
16Eis que mandarei muitos pesca­
dores, diz o Senhor, e êles os pesca­ Tsto diz o Senhor: Maldito o ho­
rão; e, depois disto, lhes enviarei mem que confia no homem (e não
muitos caçadores, e caçá-los-ão de to­ em Deus), e se apoia num braço de
do o monte, e de todo o outeiro, e carne, e cujo coração se retira do
das cavernas dos penhascos. 17P or- Senhor. 6Porque será (infruUioso)
que os meus olhos estão postos so­ como as tamargueiras no deserto, e
bre todos os seus caminhos; não se não verá chegar o bem, mas habita­
me esconde da minha presença, e rá em secura no deserto, numa ter­
não se encobriu aos meus olhos a sua ra salobra e inabitável. 7Bern-aven-
iniquidade. 18E primeiramente pa­ turado o homem que confia no Se­
garei em dôbro as suas maldades e nhor, e de quem o Senhor é a es­
pecados; porque contaminaram a perança. 8Será como a árvore, que
minha terra com os corpos mortos é transplantada sôbre as águas, a qual
sacrificados aos seus ídolos e enche­ estende as suas raízes para a umi­
ram a minha herança com as suas dade, e não temerá (a secura), quan­
abominações. do vier o calor. Será (sempre) ver­
10Senhor, fortaleza minha, e meu de a sua fôlha, e em tempo de se­
amparo, e meu refúgio no dia da tri- ca não terá míngua, nem jamais dei­
bulação, a ti virão as gentes desde xará de dar fruto.
as extremidades da terra, e dirão: 9Depravado é o coração de todos
Verdadeiramente nossos pais possuí­ (os homens), e impenetrável; quem
ram a mentira, a vaidade, que lhes o poderá conhecer? 10Eu sou o Se-
Cap. X V I — 14-15. Depois das ameaças anteriores, Deus promete que voltarão do cati­
veiro de Babilônia, fato que será mais maravilhoso do que a saída do Egito.
16. Pescadores, caçadores, isto é, os Caldeus.
17 - 18 PROFECIA DE JEREMIAS 899
nhor que esquadrinho o coração, e ordenei a vossos pais. J3Porém não
que sondo os afetos; eu dou a cada ouviram, nem inclinaram o seu ouvi­
um segundo o seu proceder, e se­ do, mas endureceram a sua cerviz,
gundo o mérito das suas obras. “ Co­ para não me ouvirem nem recebe­
mo a perdiz que choca os ovos que rem a instrução.
não pôs, assim o que junta riquezas ■’4Apesar disso, se me ouvirdes, diz
por meios injustos, no meio de seus o Senhor, de sorte que não metais
dias terá que as deixar, e no seu cargas pelas portas desta cidade no
fim será um insensato. dia do sábado, e, se santificardes o
dia do sábado, sem fazer nêle obra
O ração de J e re m ia s
alguma servil, 23entrarão pelas portas
120 trono da glória do altíssimo é desta cidade reis e príncipes, que se
desde o princípio o lugar da nossa sentarão sôbre o trono de Davi, e su­
santificação. i:iSenhor, tu és a es­ birão sôbre coches e cavalos, êles e
perança de Israel; todos os que te os seus príncipes, os varões de Judá,
abandonam serão confundidos; os que e os moradores de Jerusalém, e se­
se afastam de ti, serão inscritos so­ rá para sempre povoada esta cidade.
bre a terra, porque deixaram o Se­ -6E virão das cidades de Judá, e dos
nhor, que é a fonte das águas vivas. contornos de Jerusalém, e da terra
14Cura-me, Senhor, e eu serei cura­ de Benjamim, e das planícies, e dois
do; salva-me, e serei salvo; porque montes, e do meio-dia. trazendo ho-
tu és a minha glória. 15Eis me es­ locaustos, e vítimas, e sacrifícios, e
tão êles dizendo (ironicamente): incenso, e os oferecerão na casa do
Onde está a palavra do Senhor? Que Senhor. -7Mas, se não me ouvirdes
se cumpra. lfiMas eu não me turbei, em santificar o dia do sábado, e em
seguindo-te como meu pastor; nem não transportar cargas, nem em não
desejei dia (ou favor) de homem as meter pelas portas de Jerusalém
(algum)\ tu bem o sabes. O que saiu no dia do sábado, pegarei fogo às
dos meus lábios foi reto na tua pre­ portas, e êle devorará as casas de
sença. nNão me sejas motivo de Jerusalém, e não se apagará.
mêdo, tu, (o Senhor) esperança mi­
J u d á n a m ão de D e u s é como u m va­
nha no dia da aflição. lsSejam con­ so n a mão do o le iro
fundidos os que me perseguem, e não
seja eu confundido; temam êles, e 10 'P alavra que foi dirigida pelo
não tema eu; faze vir sôbre êles o Senhor a Jeremias, nos ter­
dia da aflição, e castiga-os com du­ mos seguintes:
plo açoite. 2Levanta-te, e vai à casa do oleiro,
S a n tific a ç ã o do sábado e lá ouvirás as minhas palavras. 3É
fui à casa do oleiro, e eis que êle es­
19Isto me disse o Senhor: Vai, e tava trabalhando sôbre a roda. 4E
põe-te à porta dos filhos do povo, pe­ quebrou-se a vasilha, que êle esta­
la qual entram e saem os reis de va fazendo de barro com as suas
Judá, e vai a tôdas as portas de Je­ mãos; e, tornando de novo fêz dêle
rusalém; 10e dir-lhes-ás: Ouvi a pa­ outra vasilha, como bqm lhe aprou-
lavra do Senhor, reis de Judá, e tu, ve fazê-la.
(povo) todo Judá, e todos os mora­ 5E foi-me dirigida a palavra do Se­
dores de Jerusalém, que entrais por nhor, nos têrmos seguintes: 'Porven­
estas portas. 21Isto diz o Senhor: Cui­ tura não poderei eu fazer de vós, ca­
dai das vossas almas, e não queirais sa de Israel, como êste oleiro? diz
transportar cargas no dia do sába­ o Senhor. Vêde que, como o bar­
do, nem as introduzais pelas portas ro está na mão do oleiro, assim vós
de Jerusalém; 22e não façais tirar estais na minha mão, casa de Israel.
cargas de vossas casas no dia do sá­ 7De repente falarei contra um povo
bado, nem façais obra servil alguma; e contra um reino, para o desarrai-
santifieai o dia do sábado, como eu gar, e destruir, e arruinar. 8(Porém )

Cap. X V I I I — 8. Também eu me arrependerei... Modo de dizer para significar que


Deus retirará o seu decreto de ruína.
900 PROFECIA DE JEREM IAS 18 - 19

se tal povo se arrepender do seu nem o conselho por falta de sábio,


mal, de que eu o tenho condenado, nem a palavra por falta de profeta;
também eu me arrependerei do mal, vinde, e firam o-lo com a língua (ca­
que tinha pensado fazer contra êle. luniando-o) e não atendamos a ne­
®E subitamente falarei em favor do nhum dos seus discursos.
povo e do reino, para o estabelecer 19Põe, Senhor, os teus olhos em
e plantar. 10Se fizer o mal ante os mim, e ouve a voz dos meus adversá­
meus olhos, de maneira que não ou­ rios. -'Acaso assim se torna mal por
ça a minha voz, arrepender-me-ei do bem, pois êles (que tanto me devem)
bem, que disse lhe faria. abriram uma cova para me tirarem
a vida? Lem bra-te que me apresen­
Judá h á de p erecer p o r c a u sa da tei na tua presença para falar em
su a ob stin a ç ã o no m a l favor dêles, e para apartar dêles a
nAgora, pois, fala aos homens de tua indignação. 21Por isso entrega os
Judá, e aos moradores de Jerusalém, seus filhos à fome, e faze-os passar
dizendo: Isto diz o Senhor: Eis que pelo fio da espada; as suas mulhe­
estou preparando a desgraça contra res fiquem sem filhos e viúvas; e os
vós, e formando contra vós projetos maridos delas sejam postos à mor­
de castigo; volte cada um do seu mau te; os seus jovens sejam atravessa­
caminho, e tornai retos os vossos ca­ dos com a espada no combate. “ Se­
minhos, e as vossas intenções. 12E ja ouvido o clamor vindo das suas
êles disseram: Já perdemos a espe­ casas, porque tu farás vir de repen­
rança, e assim seguiremos os nossos te sôbre êles o ladrão; porque abri­
pensamentos, e cada um de nós pro­ ram uma cova para me prenderem, e
cederá segundo a perversidade do armaram laços ocultos aos meus pés.
seu mr.u coração. “ Portanto isto diz 23Mas tu, Senhor, conheces todos os
o Senhor: Perguntai às (outras) na­ seus desígnios de morte contra mim;
ções: Quem ouviu coisas tão horrí­ não lhes perdoes a sua maldade, e o
veis, como as que cometeu a vir­ seu pecado não se apague de dian­
gem de Israel? “ Porventura pode te da tua face; caiam de repente na
faltar neve nos penhascos das es­ tua presença; trata-os com severida­
paçosas serras do Líbano? Ou po­ de no tempo do teu furor.
dem ser esgotadas as águas que saem
A b ilh a q u e b ra d a s im b o liz a a
frias, e que correm? 1 45*P orque o
d e stru iç ã o de J u d á
meu povo esqueceu-se de mim, ofe­
recendo vãs libações e tropeçando nos 1 ú Tsto diz o Senhor: Vai, e le-
seus caminhos, e nas veredas do jé- 1u va contigo uma bilha de bar­
culo, para andarem por elas em ca­ ro feita por um oleiro, e alguns dos
minho não trilhado (pelos meus ser­ anciãos do povo, e dos anciãos dos
vos fiéis), lfireduzindo assim a sua sacerdotes; 2e sai ao vale do filho
terra à desolação e a ser sempre um de Enom, que está junto à entrada
objeto de escárnio; todo o que pas­ da porta das olarias, e publicarás a-
sar por ela ficará espantado, e a- li as palavras que te vou dizer. 3E
banará a sua cabeça (escarnecendo). dirás: Ouvi a palavra do Senhor, ó
17Porque eu os espalharei diante do reis de Judá, e habitantes de Jeru­
seu inimigo como um vento abrasa­ salém; isto diz o Senhor dos exér­
dor; voltar-lhes-ei as costas, e não a citos, o Deus de Israel: Eis que en­
face no dia da sua perdição. viarei tal aflição sôbre êste lugar, que
N ova co nsp ira çã o c o n tra J e re m ia s todo aquêle que a ouvir contar lhe
ficarão retinindo os ouvidos; f o r ­
18E disseram: Vinde, e formemos que me abandonaram, e profanaram
projetos contra Jeremias, porque (a- êste lugar, e nêle ofereceram liba-
pesar do que Jeremias prediz) não ções a deuses estranhos, que não co­
perecerá a lei por falta de sacerdote, nheceram, nem êles, nem seus pais,
14. D uas comparações que pôem em contraste a natureza, constante noa seus fenôrne-
nos, e os Judeus, infiéis ao seu Deus.
22. O ladrão, Nabucodonosor.
19 - 20 PROFECIA DE JEREM IAS 901

nem os reis de Judá, e encheram ês- da casa do Senhor, e disse a todo o


te lugar de sangue de inocentes (sa­ povo: “Isto diz o Senhor dos exérci­
crificados a Moloc); 5e edificaram al­ tos, o Deus de Israel: Eis que farei
tares a Baal, para queimárem os vir sôbre esta cidade, e sôbre tôdas
seus filhos no fogo em holocausto a as cidades que dela dependem, to­
Baal, o que eu não mandei jamais, dos os males que predisse contra e-
nem disse, nem me veio ao pensa­ la, porque endureceram a sua cer-
mento.- °Por isso eis que vêm os dias, viz, para não ouvir as minhas pala­
diz o Senhor, em que êste lugar não vras.
será mais chamado Tofet, nem va­ J e re m ia s , p rê so p o r F a s s u r , p ro fe tiz a
le do filho de Enom, mas vale da c o n tra êle e c o n tra a J u d é ia
matança. 7E dissiparei os desígnios
(dos habitantes) de Judá e de Jeru­ OH JE Fassur, filho de Emer, sa-
salém neste lugar, e os exterminarei cerdote, que tinha sido no­
com a espada, à vista dos seus ini­ meado prefeito da casa do Senhor,
migos, e pela mão dos que procu­ ouviu Jeremias profetizar estas coi­
ram a sua vida, e darei os seus cadá­ sas. 2E -F assu r feriu o profeta Jere­
veres como pasto às aves do céu e aos mias, e o pôs no cepo, que estava
animais da terra. 8E farei desta ci­ na porta superior de Benjamim, na
dade um objeto de pasmo e de ludi­ casa do Senhor. 3E ao outro dia,
brio; todo o que passar por ela, fi­ logo que amanheceu, Fassur tirou Je­
cará pasmado, e se rirá de todos os remias do cepo; e Jeremias disse-
seus castigos. 9E dar-lhes-ei a comer lhe: O Senhor não te chama jamais
as carnes de seus filhos, e as car­ Fassur, mas pavor de tôda a parte.
nes de suas filhas; e cada um co­ 4Porque isto diz o Senhor: Eis que te
merá a carne do seu amigo duran­ encherei de espanto, a ti e a todos
te o cêrco e o apêrto a que serão os teus amigos, e cairão à espada
reduzidos pelos seus inimigos, e pe­ de seus inimigos, e os teus olhos o
los que buscam a sua vida. verão; e porei todo Judá na mão do
10E quebrarás então a bilha de bar­ rei de Babilônia, e os transportará
ro aos olhos dos varões, que tiverem à Babilônia, e matá-los-á à espada.
ido contigo. nE lhes dirás: Isto diz 5E entregarei tôdas as riquezas des­
o Senhor dos exércitos: Assim que­ ta cidade, e todo o seu trabalho, e
brarei eu êste povo e esta cidade, tudo o que tem de precioso, e to­
como se quebra uma bilha de barro, dos os tesouros dos reis de Judá, tu­
que não pode mais refazer-se, e os do porei nas mãos dos seus inimi­
mortos serão enterrados em Tofet, gos, os quais os saquearão, e toma­
porque não haverá outro lugar para rão, e levá-los-ão à Babilônia. 6E tu,
os enterrar. 12Assim farei a êste lu­ Fassur, e todos os moradores da tua
gar e aos seus habitantes, diz o Se­ casa ireis para o cativeiro, e irás à
nhor, e tornarei esta cidade seme­ Babilônia, e ali morrerás, e ali se­
lhante a Tofet. 13E as casas de Je­ rás enterrado, tu e todos os teus
rusalém, e as casas dos reis de Judá amigos, a quem profetizaste a men­
serão imundas, como o lugar de To­ tira.
fet; tôdas as casas, em cujos ter­ N o v a q u e ix a de J e re m ia s
raços sacrificaram a tôda a milícia e c o n fia n ç a em D e u s
(ou astros) do céu, e ofereceram li-
bações aos deuses estranhos. 7Tu me seduziste, Senhor, e eu fui
seduzido; fôste mais forte do que
J e re m ia s no te m p lo eu, e pudeste mais; tornei-me um
objeto de escárnio todo o dia, todos
14Voltou, pois, Jeremias de Tofet, me insultam. 8Porque há já muito
aonde o tinha enviado o Senhor a tempo que falo, gritando contra a
profetizar, e pôs-se em pé no átrio iniqüidade, e anunciando com repeti-

Cap. X IX — 12. Tornarei esta cidade. .. Tôda a cidade será m anchada pelos cadáve­
res, como Tofet o foi pelas práticas idolátricas.
Cap. X X — 7. Tu me seduziste, oferecendo-me o ministério profético, e náo me anun­
ciando claramente as perseguições que me esperavam.
902 PROFECIA DE JEREMIAS 20 - 21

dos clamores a ruína; e a palavra do de Maasias, sacerdote, a dizer-lhe:


Senhor tornou-se-me em opróbrio e 2Consulta o Senhor por nós, porque
em ludibrio todo o dia. 9E eu disse Nabucodonosor, rei de Babilônia, faz
(comigo); Não me lembrarei mais dê- -guerra contra nós; (sabe) se por­
le, nem falarei mais em seu nome; ventura obrará o Senhor conosco se­
porém, ateou-se no meu coração um gundo tôdas as suas maravilhas, e se
como fogo abrasador, concentrado aquêle inimigo se retirará de nós.
nos meus ossos; e desfalecí, não o :,E Jeremias respondeu-lhes: Assim
podendo suportar. 10Porque ouvi as direis a Sedecias: Tsto diz o Senhor,
afrontas de muitos, e o terror de to­ o Deus de Israel: Eis que voltarei
das as partes: Persegui-o, e persi­ (contra vos) os instrumentos de guer­
gamo-lo. Todos os homens que vi- ra, que tendes nas vossas mãos, e
viviam em paz comigo, e que esta­ com os quais combateis contra o rei
vam ao meu lado, (diziam): V eja­ de Babilônia, e contra os Caldeus,
mos se comete alguma falta, e pre­ que vos têm cercado ao redor dos
valeçamos contra êle, e vinguemo- muros, e juntá-los-ei no meio desta
nos dêle. “ Mas o Senhor está co­ cidade. 5E depois eu mesmo vos com­
migo como um forte guerreiro; por baterei com mão alçada, e com bra­
isso os que me perseguem, cairão e ço forte, e com furor, e com indig­
ficarão desfalecidos; serão cobertos nação, e com grande ira. °E feri­
de confusão, porque não compreen­ rei os habitantes desta cidade; os
deram o opróbrio eterno, que nunca homens e os animais morrerão du­
se apagará. 12E tu, Senhor dos exér­ ma grande peste. 7E, além disto,
citos, que provas o justo, que pene­ diz o Senhor: Eu entregarei Sedecias,
tras os afetos e o coração, rogo-te rei de Judá, e os seus servos, e o
que me faças ver a tua justa vin­ seu povo, e quantos nesta cidade es­
gança contra êles; pois eu confiei-te caparem da peste e da espada e da
a minha causa. 13Cantai ao Senhor, fome, na mão de Nabucodonosor, rei
louvai o Senhor, porque livrou a al­ de Babilônia, e na mão dos seus ini­
ma do pobre da mão dos malvados. migos, e na mão dos que procuram a
J e re m ia s m a ld iz o d ia . do sua vida, e passá-los-á ao fio da es­
se u n a sc im e n to » pada, e não se aplacará, nem perdoa­
rá, nem terá compaixão.
“ Maldito seja o dia em que nasci; 8E dirás a êste povo: Isto diz o
não seja bendito o dia em que minha Senhor: Eis que ponho diante de vós
mãe me deu à luz. 15Maldito seja o o caminho da vida, e o caminho da
homem que levou a nova a meu pai, morte. 90 que ficar nesta cidade
dizendo: Nasceu-te um filho varão, m orrerá à espada, e de fome, e de
e que julgou que com isto lhe dava peste, e o que sair dela e fôr para
motivo de se alegrar. lcSeja êste ho­ os Caldeus, que vos cercam, viverá,
mem como são as cidades que o Se­ e a sua vida será para êles como um
nhor destruiu sem compaixão; ou­ despojo. 10Porque fixei meus olhos
ça gritos de manhã, e uivos ao meio- sôbre esta cidade para lhe fa ­
dia; “ porque êle não me matou an­ zer mal, e não bem, diz o Senhor;
tes de sair do ventre materno, de ela será entregue nas mãos do rei
sorte que minha mãe fôsse o meu de Babilônia, e êste a consumirá pe­
sepulcro, e nunca houvesse saído do lo fogo.
seu ventre. 18Por que saí eu do seio "D irás também à casa do rei de
materno, para ver o trabalho e a dor, Judá: Ouvi a palavra do Senhor,
e consumiram-se os meus dias na (vos que pertenceis à) 12casa de D a ­
confusão? vi: Eis o que diz o Senhor: Fazei
R e s p o s ta de J e re m ia s aos e n v ia d o s justiça desde manhã, e livrai das mãos
de Sedecias 2 1 do caluniador aquêle que está opri­
mido pela violência, para que não
21 7P alavra que foi dirigida pelo suceda sair a minha indignação co­
Senhor a Jeremias, quando mo um fogo, e acender-se, e não
o rei Sedecias lhe enviou Fassur fi­ haja quem o apague, por causa da
lho de Melquias, e Sofonias, filho malícia das vossas inclinações.
21 - 22 PROFECIA DE JEREMIAS 903

13Eis-me aqui contra ti (6 Jenísa P ro fe c ia c o n tra S c lu m


lém), moradora do vale forte e cam-
pestre, diz o Senhor, contra vós que 10Não choreis o morto (rei Josias),
dizeis: Quem será capaz de nos fe­ nem tomeis dó por êle; chorai antes
rir e de entrar em nossas casas? aquêle que sai (o rei Joacaz) porque
14Eu vos castigarei segundo o fruto não voltará mais (do cativeiro) , nem
das vossas obras, diz o Senhor; e verá mais a terra onde nasceu. "P o r ­
lançarei fogo no seu bosque, o qual que isto diz o Senhor a Selum, filho
devorará tudo em roda dela. de Josias, rei de Judá, que reinou
em lugar de seu pai Josias, e que
D u a s ameaças g e ra is c o n tra a re a le za saiu dêste lugar: Não tornará cá
de J u d á mais, 12mas morrerá no lugar, para
onde o transferi, e não verá jamais
22 *Isto diz o Senhor: Vai à ca- esta terra.
“ “ sa do rei de Judá, e lhe fala­ P ro fe c ia c o n tra Jo a q u im
rás aí por êstes têrmos, 2e dirás:
Ouve a palavra do Senhor, ó rei de 13Ai daquele que edifica a sua ca­
Judá, que te sentas sôbre o trono de sa sôbre a injustiça, e os seus salões
Davi, tu e os teus servos, e o teu sôbre a iniqüidade; que oprime o seu
povo, que entrais por estas portas. próximo sem causa, e não lhe paga
3Isto diz o Senhor: Julgai com reti­ o seu salário; 14que diz: Edificarei pa­
dão e justiça, e livrai da mão do ca­ ra mim uma casa espaçosa, e magní­
luniador o oprimido violentamente, e ficos salões; que abre as suas ja ­
não contristeis o estrangeiro, nem o nelas, e faz tetos de cedro, e os pin­
órfão, nem a viúva, nem os oprimais ta de vermelho! lTPensas (o rei Joa­
injustamente, nem derrameis sangue quim) que reinarás (muito temjjo) ,
inocente neste lugar. 4Porque, se pois que te comparas ao cedro? P or­
verdadeiramente procederdes confor­ ventura teu pai (o piedoso Josias)
me o que vos digo, entrarão pelas por­ não comeu e bebeu e foi feliz, prati­
tas desta casa reis da linhagem de cando a eqüidade e a justiça? ^Jul­
Davi, que se sentarão sôbre o seu gou a causa do pobre e do indigen­
trono, e montarão em carros e em te para bem seu, e não foi isto por­
cavalos, êles e os seus servos, e o seu que êle me conheceu? diz o Senhor.
povo. 5Mas, se não ouvirdes estas pa­ 17Mas os teus olhos e coração so­
lavras, juro por mim mesmo, diz o mente buscam a avareza e o derra­
Senhor, que esta casa será conver­ mar sangue inocente, e a calúnia, e
tida num deserto (ou ruína). o correr atrás do mal. lsPortanto,
°Porque isto diz o Senhor acêrca isto diz o Senhor a Joaquim, filho
da casa do rei de Judá: (o casa céle­ de Josias, rei de Judá: Não o la­
bre e rica corno) Galaad, que és para mentarão (dizendo): Ai irmão! Ai
mim como que o cimo do Líbano, ju ­ irmão! Não chorarão clamando: Ai
ro que te reduzirei a um deserto, e Senhor! Ai ínclito (rei}\ 19A sua se­
as tuas cidades serão inabitáveis. ^7E pultura será como a do asno; apodre­
destinarei contra ti o homem mata­ cerá e será lançado fora das portas
dor, e as suas armas, e cortarão os de Jerusalém.
teus cedros escolhidos, e os arroja­
P ro fe c ia c o n tra Je c o n ia s
rão ao fogo. 8E passarão muitas
gentes por esta cidade, e dirá cada 20Sobe ao Líbano, e clama: e em
um ao seu vizinho: Por que tratou Basan levanta a tua voz, e grita aos
Deus assim esta grande cidade? 9E que passam, porque todos, os teus a-
ser-lhe-á respondido: É porque a- migos foram despedaçados. ^Falei-
bandonaram a aliança do Senhor seu te no tempo da tua abundância, e
Deus, e adoraram deuses estranhos, disseste: Não ouvirei; tem sido es­
e os serviram. te o teu proceder desde a tua mo­

Cap. X X II — 6. Galaad era uma região situada a este do Jordão, célebre pelas suas
belas florestas, Alusão ao grandioso palácio real edificado sôbre o monte Sião, e cercado de
bosques magníficos.
904 PROFECIA DE JEREM IAS 22 - 23

cidade, porque não ouviste a minha rei para castigar a malícia dos vos­
voz. 22Todos os téus pastores (ó po­ sos desígnios, diz o Senhor.
v o ) se alimentarão de vento, e os 3E juntarei o resto das minhas o-
teus amigos irão para o cativeiro, e velhas, de tôdas as terras, para on­
então serás confundido, e te envergo­ de eu as tiver lançado, e as farei
nharás de toda a tua malícia. 23*T u voltar aos seus campos, e elas cres­
que tens o teu assento no Líbano, e cerão e se multiplicarão. 4E estabe­
fazes o teu ninho nos seus cedros, lecerei sôbre elas pastores, que as a-
como gemerás quando te vierem as pascentarão; não terão mais mêdo
dores, como dores da mulher que es­ nem se atemorizarão, e do seu nú­
tá de parto! mero não faltará nenhuma, diz o Se­
H(J u ro ) pela minha vida, diz o Se­ nhor.
nhor, que, ainda que Jeconias, filho Rei Messiânico
de Joaquim, rei de Judá, fôsse um a- 5Eis vêm os dias, diz o Senhor, em
nel na minha mão direita, eu o ar­ que eu suscitarei a Davi um germe
rancaria dela. 25Eu te entregarei na justo, e reinará um rei, que será sá­
mão dos que procuram a tua vida, bio, e praticará a eqiiidade e a justi­
e na mão daqueles, cuja vista te cau­ ça na terra. “Nesses dias Judá será
sa espanto, e na mão de Nabucodo- salvo, e Israel habitará sem temor,
nosor, rei de Babilônia, e na mão e eis o nome por que o chamarão:
dos Caldeus. 26E enviar-te-ei a ti, Senhor nosso justo. 7Por esta causa
e a tua máe ( Noesta), que te deu à eis que vêm os dias, diz o Senhor,
luz, a uma terra estranha, em que em que já não dirão: Vive o Senhor,
não nascestes, e ali morrereis. 27E â que tirou os filhos de Israel da ter­
terra (da Judéia), para a qual êles ra do Egito; 8mas sim: Vive o Senhor,
levantam o seu coração, desejosos ,de que tirou e trouxe a linhagem da ca­
lá voltarem, não tornarão. 28Acaso sa de Israel da terra do aquilão, e
Jeconias, êste homem tão distinto, é de tôdas as terras, para onde eu os
algum vaso de terra já quebrado? tinha lançado, e habitarão na sua
Acaso é êle um vaso que a ninguém terra.
agrada? Por gue foram rejeitados, Contra os falsos profetas
êle e a sua linhagem, e arrojados
para uma terra, que não conheciam? 9Quanto aos (falsos) profetas, o
^Terra, terra, terra, ouve as pala­ meu coração (diz Jeremias) está fe i­
vras. do Senhor! 30Eis o que aiz o to em pedaços dentro de mim mes­
Senhor: Escreve que êste homem se­ mo, todos os meus ossos se abala­
rá estéril, e que nos seus dias nada ram, tornei-me como um homem é-
lhe sucederá bem, pois não sairá da brio, e como um homem cheio de vi­
sua linhagem, varão que se sente so­ nho, contemplando a face do Senhor,
bre o trono de Davi, e que daqui em e à vista das suas santas palavras
diante tenha poder soberano em Ju- (tão desprezadas pelo seu povo).
dá. 10Porque a terra esta cheia de adúlte­
Promessa de bons pastores ros, porque a terra chora à vista da
maldição; secaram-se os campos do
JO 'A i dos pastores, que perdem e deserto; a sua carreira tornou-se má,
que despedaçam o rebanho e a sua fortaleza ja não é à mes­
da minha pastagem! diz o Senhor. ma. “ Porque o profeta e o sacer­
2Portanto, eis o que diz o Senhor Deus dote se corromperam, e na minha
de Israel aos pastores, que apascen­ casa encontrei os males que eles lá
tam o meu povo: Vós dispersastes as cometeram, diz o Senhor. 12Por is­
minhas ovelhas e as afugentastes, e so o seu caminho será como um ca­
não as visitastes; eis que vos visita­ minho escorregadio nas trevas; se­
22. os teus pastôres, isto é, os teus príncipes e sacerdotes se alimentarão de vas espe­
ranças (d e ven to).
28. Sentimento de dor e de sim patia por um descendente real de Davi.
30. Éste homem, Jeconias, s erá e stéril, isto é, teve filhos, mas será como se os nao ti­
vesse, porque nenhum dôles reinará, sôbre Judá.
23 PROFECIA DE JEREM IAS 905

rão impelidos, e cairão nêle; porque viado do seu mau caminho e dos
farei vir sôbre êles males no tem­ seus tão depravados pensamentos.
po em que eu os visitar, diz o Se­
nhor. Os falsos profetas atribuem um
Suas faltas e castigos falso valor aos seus sonhos

13E nos profetas da Samaria vi ex­ ^Porventura cuidas que eu sou (sò-
travagância; profetizavam em nome mente) Deus de perto, diz o Senhor,
de Baal, e seduziam o meu povo de e não Deus de longe? 24Poderá a l­
Israel. 14E aos profetas de Jerusa­ guém ocultar-se em lugares ocul­
lém vi imitar os adúlteros (ou idó­ tos, sem que eu o veja? diz o Se­
latras), e ir após a mentira; e forti­ nhor. Porventura não encho eu o
ficaram as mãos dos malvados, para céu e a terra? diz o Senhor. “ Eu.
que nenhum se convertesse da sua ouvi o que disseram os profetas, que
malícia; tornaram-se todos fcara mim em meu nome profetizam a menti­
como Sodoma, e os moradores de ra, e dizem: Tive Um sonho, tive um
Jerusalém como Gomorra. 15Portan- sonho. “Até quando há de durar
to, isto diz o Senhor dos exércitos esta ( imaginação) no coração dos
aos profetas: Eis que os alimenta­ profetas que vaticinam a mentira, e
rei com absinto, e lhes darei a be­ que profetizam as ilusões do seu co­
ber fel; porque dos profetas de Je­ ração? ^Os quais querem fazer que
rusalém é que se derramou a cor­ o meu povo se esqueça do meu no­
rupção sôbre tôda a terra. me pelos sonhos que cada um con­
18Isto diz o Senhor dos exércitos: ta ao seu vizinho, assim como os
N ão queirais ouvir as palavras dos seus pais se esqueceram do meu
profetas, que vos profetizam e vos nome, por causa de Baal. ^O pro­
enganam: contam as visões do seu feta que tem um sonho, conte o seu
coração, e não (o que sai) da bôca sonho; e o que tem a minha pala­
do Senhor. 17Dizem àqueles que me vra anuncie a minha palavra com
blasfemam: O Senhor disse: Vós te­ tôda a verdade (e ver-se-á) a dife­
reis a paz; e a todos aquêles que se­ rença). Que comparação há entre
guem a perversidade ao seu c o ra ­ a palha e o trigo? diz o Senhor.
ção disseram: Não virá sôbre vós raN ão são as minhas palavras como
mal algum. 18Mas qual dêles assis­ um fogo, diz o Senhor, e como um
tiu ao conselho do Senhor, e viu e martelo que quebra a pedra?
ouviu a sua palavra? Quem consi­ “ P or esta causa eis que venho con­
derou a sua palavra e a ouviu? 19Eis tra êsses profetas, diz o Senhor, que
que se levantará o redemoinho da roubam as minhas palavras cada um
indignação do Senhor, e a tempes­ ao seu vizinho. 31Eis que venho con­
tade desencadeada cairá sôbre a ca­ tra êsses profetas, diz o Senhor, que
beça dos ímpios. “ O furor do Se­ tomam em suas línguas estas pala­
nhor não retrocederá até que efetue, vras: Diz o Senhor (não lhes tendo
e cumpra o desígnio do seu coração; ele dito nada). 32Eis que venho con­
nos últimos dias entendereis o seu tra os profetas que sonham mentiras,
desígnio (sôbre vós). 21Eu não en­ diz o Senhor, que as contam e en­
viava êstes (falsos) profetas e êles ganam o meu povo com as suas men­
corriam; não lhes dizia nada, e êles tiras e os seus milagres, não os ten­
profetizavam. 22Se tivessem assisti­ do eu enviado, nem dado ordem al­
do ao meu conselho, e tivessem fei­ guma a êsses (homens) que nenhum
to saber as minhas palavras ao meu bem têm feito a êsse povo, diz o Se­
povo, eu os teria certamente des­ nhor.

Cap. X X I I I — 23. A ciência de Deus n&o é lim itada como a dos homens, v ê ao longe,
conhecendo tudo o que faziam os falsos profetas.
29. Enquanto que a palavra dos falsos profetas é va, a palavra de Deus é eficaz e oni­
potente para cumprir a sua obra.
30. Que roubam. Cometiam um verdadeiro roubo sacrílego, imitando a linguagem dos
profetas verdadeiros.
906 PROFECIA DE JEREMIAS 23 - 25

Os fa ls o s p ro fe ta s p e rv e rte m a s p a la ­ e (figos) maus, muito maus, que não


v ra s do S e n h o r se podem comer, porque são maus.
3!Se te perguntar, pois, êste povo, Ex p lic a ç ã o da v isã o
ou um profeta, ou um sacerdote, di­
zendo: Qual é o pêso do Senhor? tu 4E foi-me dirigida a palavra do
lhe dirás: Vós sois o pêso, porque eu Senhor nos têrmos seguintes: 5Isto
diz o Senhor Deus de Israel: Assim
vos hei de arrojar para longe de
mim, diz o Senhor. a‘E o profeta, e como êstes figos são bons, assim co­
nhecerei eu para seu bem os dester­
o sacerdote, e o povo que diz: Qual é rados de Judá, que mandei para fo­
o pêso do Senhor? eu castigarei tal ra dêste lugar para a terra dos Cal-
homem e a sua casa. a5Isto direis,
cada um ao seu vizinho, e a seu ir­ deus; °e volverei para êles os meus
olhos propícios, e restitui-los-ei a ês­
mão: Que respondeu o Senhor? e que te país; e os edificarei, e não os des­
falou o Senhor? 3,,E não se mencio­ truirei, e plantá-los-ei, e não os ar­
nará mais (por irrisão) o pêso do Se­ rancarei. 7E dar-lhes-ei um coração
nhor; porque (do contrário) a cada (dócil), para que me conheçam, sa­
um será pêso o seu modo de falar, bendo que eu sou o Senhor, e serão
porque transtornastes as palavras do
para mim o meu povo, e eu serei pa­
Deus vivo, do Senhor dos exércitos,
ra êles o seu Deus; porque se con­
nosso Deus. 37Isto dirás ao profe­
verterão a mim de todo o seu cora­
ta: Que te respondeu o Senhor? e ção.
que disse o Senhor? 3HE se disserdes
SE assim como se rejeitam os fi­
(escarnecendo): (Qual é o) pêso do gos muito maus, que se não podem
Senhor? neste caso eis o que diz o
Senhor: Porque disseste esta pala­ comer, porque são maus, assim eu,
vra (irrisória): Pêso do Senhor, ten­ diz o Senhor, desprezarei Sedecias,
rei de Judá, e os seus príncipes, e
do-vos eu mandado dizer: Não di­
gais (por escárnio essa expressão): os restantes de Jerusalém, que fi­
caram nesta cidade, e os que moram
Pêso do Senhor, 39por causa disso eis
que eu mesmo vos toniarei para vos na terra do Egito. 9E entregá-los-ei
levar, e vos abandonarei longe da às vexações e à aflição em todos os
reinos da terra; e sérão um objeto
minha presença, a vós e à cidade
que vos dei, e a vossos pais; 40e en- de opróbrio, e de fábula, e de escár­
tregar-vos-ei a um opróbrio sempi- nio, e de maldição em todos os lu­
terno, e a uma eterna ignomínia, gares, para onde eu os tiver arro­
que nunca se apagará da memória. jado. 1ÜE enviarei contra êles a es­
pada, e a fome, e a pestè, até que
A v isã o dos d o is eabazes de fig o s sejam exterminados da terra que lhes
dei, a êles e a seus pais.
OJ, ^íostrou-m e o Senhor uma vi- O s im p e n ite n te s s e rv irã o os B a b ilô n io s
são, e vi dois eabazes cheios d u ra n te -se te n ta a n o s
de figos postos diante do templo
do Senhor, depoiç que Nabucodono- O Ç *Palavra que foi dirigida a Je-
sor, rei de Babilônia, transportou Je- remias acêrca de todo o povo
conias, filho de Joaquim, rei de Ju- de Judá, no quarto ano de Joa­
dá. e os arquitetos e os engenheiros quim, filho de Josias, rei de Judá
e os levou de Jerusalém a Babilônia. (que é o primeiro ano de Nabucodo-
'-'Um dos eabazes tinha figos exce­ nosor, rei de Babilônia), -a qual o
lentes em extremo, quais são de or­ profeta Jeremias anunciou a todo o
dinário os figos da primeira sazão; povo de Judá, e a todos os habitan­
e o outro cabaz tinha figos muito tes de Jerusalém, dizendo:
maus, que se não podiam comer, de 3Desde o ano treze de Josias, filho
fracos que eram. ;!E o Senhor dis­ de Amon, ^ei de Judá, até ao dia de
se-me: Que vês, Jeremias? E eu res- hoje, que é o ano vinte e três, foi-
pondi: Figos, figos bons, muito bons;3 me dirigida a palavra do Senhor, e
33. O pêso, ou vatlcinio de desgraça.
35. Isto direis, quando quiserdes saber a vontade do Senhor.
25 PROFECIA DE JEREM IAS 907

eu vo-la anunciei, levantando-me de que estas os serviram a êles, não


noite, e falando-vos, e não ouvistes. obstante serem muitas nações e reis
4E o Senhor enviou-vos muito a tem­ poderosos; e eu lhes darei segundo
po todos os seus servos profetas; e as suas obras, e segundo as ações
vós não ouvistes nem inclinastes os das suas mãos.
vossos ouvidos para ouvirdes, 5quan- T ô d a s a s nações o p re sso ra s de Is r a e l
do dizia: Retirai-vos cada um do se rã o c a stig a d a s
seu mau caminho, e dos vossos pés­
simos desígnios, e habitareis por to­ 13Porque o Senhor dos exércitos, o
dos os séculos na terra que vos deu Deus de Israel diz assim: Toma da
o Senhor, a vós e a vossos pais; 6e 'minha mão o cálice do vinho dêste
não queirais ir após deuses estrangei­ furor, e darás a beber dêle a tôdas
ros para os servirdes e adorardes; as nações, às quais eu te enviar. 16E
nem me provoqueis à ira com as o- elas beberão, e ficarão turbadas, e
bras das vossas mãos, e eu não vos sairão fora de si, à vista da espada,
afligirei. 7E não me ouvistes, diz que eu enviarei contra elas.
o Senhor; de modo que me haveis 17E tomei o cálice da mão do Se­
provocado à ira com as obras das nhor, e dei a beber a tôdas as nações,
vossas mãos, para o vosso mal. às quais o Senhor me enviou: 1SA Je­
rusalém e às cidades de Judá, e aos
8Pelo que, isto diz o Senhor dos e- seus reis, e aos seus príncipes, para
xércitos: Porque não ouvistes as mi­ os reduzir à solidão e ao espanto, e
nhas palavras, 9eis que enviarei e to­ ao desprêzo, à maldição, como hoje
marei todos os povos do aquilão, diz se vê; 19a Faraó, o rei do Egito, e
o Senhor, e o meu servo Nabucodo- aos seus servos, e aos seus príncipes,
nosor, rei de Babilônia; e os trarei e a todo o seu povo; r'°e geralmente a
contra esta terra, e contra os seus todos; a todos os reis da terra de
moradores, e contra* tôdas as nações Ausite, e a todos os reis da terra dos
que a cercam, e os matarei, e farei Filisteus, e a Ascalon, e a Gaza, e a
dêles um objeto de espanto e de Acaron, e ao que resta de Azot, 21e à
ludibrio, e reduzirei (as suas cida­ Iduméia, e a Moab, e aos filhos de
des) a solidões perduráveis. 10E fa ­ Amon; 22e a todos os reis de Tiro, e
rei cessar entre êles os gritos de jú ­ a todos os reis de Sidônia, e aos reis
bilo e os gritos de alegria, os can­ do país das ilhas que estão da banda
tos do esposo e os cantos da esposa, de além do mar; 23e a Dedan, e a
o ruído da mó e a luz da candeia. Tema, e a Buz, e a todos os que se
nE tôda esta terra se tornará um me­ fazem cortar os cabelos em redondo;
donho deserto, e um objeto de espan­ 24e a todos os reis da Arábia, e a to­
to, e tôdas estás nações servirão o dos os reis do Ocidente, que habitam
rei de Babilônia durante setenta a- no deserto; 25e a todos os reis de
nos. Zambri, e a todos os reis de Elam, e
Os B a b ilô n io s ta m b é m se rã o p u n id o s a todos os reis dos Medos; 26também
a todos os reis do aquilão, aos de
12E, completos que forem os seten­ perto e aos de longe, a cada um para
ta anos, irei com a minha visita con­ o excitar contra seu irmão e a todos
tra o rei de Babilônia, e contra a- os reinos que estão sôbre a face da
quela gente, diz o Senhor, para cas­ terra; e o rei de Sesac, (ou Babilô­
tigar a sua iniqüidade, e contra a nia) beberá depois dêles.
terra dos Caldeus; e reduzi-la-ei a 27E lhes dirás: Isto diz o Senhor
uma eterna solidão. 13E> verificarei dos exércitos, o Deus de Israel: Be-
sôbre aquela terra tôdas as minhas bei, e embriagai-vos, e vomitai, e caí,
palavras, que tenho pronunciado con­ e não vos levanteis à vista da espa­
tra ela, tudo o que está escrito nes­ da que eu enviarei contra vós. 28E,
te livro, tudo quanto profetizou Je­ se não quiserem receber o cálice da
remias contra tôdas as nações; “ por­ tua mão para beberem dêle, lhes di-

Cáp. X X V — 9. M eu servo, meu instrumento para vos castigar.


13. Contra tôdas as nações coligadas com os Caldeus.
17. Tomei o cálice. . . Jeremias continua a descrever a visão que teve.
908 PROFECIA DE JEREMIAS 25 - 26

rás: Isto diz O Senhor dos exércitos: Judá, falou-me o Senhor nos têrmos
Certamente o bebereis; 29porque eis seguintes:
que na cidade, onde o meu nome tem 2Isto diz o Senhor: Põe-te no átrio
sido invocado, vou começar a casti­ da casa do Senhor, e falarás a tôdas
gar; à vista disso ficareis vós sem as cidades de Judá, donde vem gente
castigo, como se fôsseis inocentes? para adorar na casa do Senhor, a -
N ão escapareis, porque eu desembai- nunciarás tôdas as palavras que eu
nho já a minha espada contra todos te tenho mandado que lhes anuncies;
os habitantes da terra, diz o Senhor não omitas uma só palavra; 3para ver
dos exércitos. se acaso êles te ouvem e se conver­
30E tu lhes profetizarás tôdas estas tem cada um do seu mau caminho, e
coisas, e lhes dirás: O Senhor rugi- a fim de que eu me arrependa (ou
rá (como um leão) do alto, e da sua desista) do mal que tenho tenção de
santa morada fará ouvir a sua voz, lhes fazer, por causa da malícia das
rugirá fortemente contra o lugar da suas paixões. 4E lhes dirás: Isto diz
sua glória; um canto semelhante ao o Senhor: Se não me ouvirdes, e se
dos pisadores de uvas será cantado não andardes segundo a lei que eu
contra todos os habitantes da terra. vos dei, 5ouvindo as palavras dos
31Chegou o estrondo até às extremida­ meus profetas, os servos que eu com
des da terra, porque o Senhor entra tanta solicitude vos enviei e dirigi a
em juízo com as gentes, êle mesmo vós, e os quais não ouvistes, °eu farei
é o que julga toda a carne. Entre- a esta casa o que fiz a Silo, e farei
güei os ímpios à espada, diz o Senhor. que esta cidade seja objeto da m al­
82Isto diz ( também) o Senhor dos dição de tôdas as nações da terra.
exércitos: Eis que passará a aflição Os sacerdotes e os profetas
dum povo a outro, e uma grande tem­ querem que êle morra
pestade sairá das extremidades da ter­
ra. 33E aquêles que o Senhor entre­ 7E os sacerdotes, e os profetas, e
ga r à morte naquele dia ficarão es-' todo o povo ouviram Jeremias profe­
tendidos desde um polo da terra até rindo estas palavras na casa do Se­
ao outro polo, não serão chorados, nhor. 8E, tendo Jeremias acabado de
nem recolhidos, nem enterrados; como dizer tudo o que o Senhor lhe tinha
estéreo jazerão sôbre a face da terra. ordenado que dissesse a todo o povo,
34Uivai, pastores, e gritai, e cobri- os sacerdotes, os (falsos) profetas e
vos de cinza, vós que sois os chefes todo o povo pegaram nêle, dizendo:
do rebanho; porque estão cumpridos É necessário que morra. 9Por que pro­
os vossos dias, em que haveis de ser fetizou êle em nome do Senhor, di­
mortos, e ficareis dispersos, e caireis zendo: Esta casa será tratada como
como vasos preciosos. 3 45E os pasto­ Silo, e esta cidade será destruida, sem
res não poderão escapar nem salvar- que fique ninguém que a habite? E
se os chefes do rebanho. 36Ouvir-se-ão todo o povo se juntou contra Jere­
gritos dos pastores e os alaridos dos mias na casa do Senhor.
chefes do rebanho, porque o Senhor
destruiu os seus pastos. 37E nas a- £ absolvido pelos príncipes
menas campinas reinará um triste si­ e pelo povo
lêncio, à vista da ira do furor do Se­ 10E os príncipes de Judá ouviram
nhor. 38(O Senhor) deixou como leão estas palavras, e subiram da casa do
o seu retiro; em êrmo foi convertida rei, à casa do Senhor, e sentaram-se
a terra dêles, diante da ira da pom­ à entrada da porta nova da casa do
ba, e diante da indignação do Senhor. Senhor. “ Então falaram os sacerdo­
Jeremias profetiza a ruína de tes e os profetas aos príncipes e a
Jerusalém todo o povo, dizendo: Este homem é
réu de morte, porque profetizou con­
2(5 JN o princípio do reinado de Joa- tra esta cidade, como vós ouvistes
quim, filho de Josias, rei de com os vossos ouvidos. 12E Jeremias
34. Palavras dirigidas aos príncipes, sacerdotes e a todos os que mandavam.
38. D a p o m b a , isto é, dos Babilônios, que tinham a pomba como insfgnia.
26 - 27 PROFECIA DE JEREM IAS 90b

falou a todos os príncipes e a todo meu, e fugiu, e foi para o Egito. “ E


o povo, dizendo: O Senhor enviou- o rei Joaquim enviou ao Egito El-
me para que profetizasse contra es­ natan, filho de Acobor, e outros ho­
ta casa e contra esta cidade todas as mens com êle. 23E tiraram Urias do
palavras que me ouvistes. 13Agora, Egito, e levaram-no ao rei Joaquim,
pois, emendai a vossa vida e os vossos que o mandou m atar à espada, e lan­
afetos, e ouvi a palavra do Senhor çou o seu cadáver nas sepulturas da
vosso Deus, e o Senhor se arrepende­ mfima plebe.
rá (ou desistirá) do mal que resol­ 24A mão, pois, de Aicam, filho de Sa-
veu fazer contra vós. 14Quanto a mim, fai\, foi com Jeremias, para que não
eis que estou nas vossas mãos; fazei fosse entregue nas mãos do povo e
de mim o que tiverdes por bom e o matassem.
reto aos vossos olhos; 15porém, sabei
e tende por certo que, se me m atar­ C ad eias m a n d a d a s a v á rio s re is , como
des, derramareis um sangue ino­ sím b o lo de e sc ra v id ã o
cente contra vós mesmos e contra es­ 0 7 1N o princípio do reinado de Joa-
ta cidade e seus moradores, porque “ • quim, filho de Josias, rei de
na verdade o Senhor me enviou a vós, Judá, o Senhor falou a Jeremias nos
para que dissesse aos vossos ouvidos têrrnos seguintes:
tôdas estas palavras. 2Isto me diz o Senhor: Faze-te
10Então disseram os príncipes e todo umas prisões e umas cadeias, e pô-
o povo aos sacerdotes e aos profetas: -las-ás ao pescoço. 3E as mandarás ao
Êste homem não merece a morte, rei de Edom, e ao rei de Moab, e ao
porque nos falou em nome do Senhor rei dos filhos de Amon, e ao rei de
nosso Deus. 17Ao mesmo tempo le- Tiro, e ao rei de Sidonia, por mão dos
vantaram-se alguns dos mais anciãos embaixadores que vieram a Jerusa­
da terra, e disseram a todo o ajunta­ lém tratar com Sedecias, rei de Judá.
mento do povo as seguintes palavras: 4E ordenar-lhes-ás que falem assim a
18Miquéias de Morasti foi profeta nos seus amos: Isto diz o Senhor,dos exér­
dias de Esequias, rei de Judá, e fa ­ citos, o Deus de Israel: Direis isto
lou a todo o povo de Judá desta ma­ aos vossos amos: 5Eu fiz a terra, os
neira: Isto diz o Senhor dos exérci­ homens e os animais, que estão sôbre
tos: Sião será lavrada como um cam­ a face da terra, com o meu grande
po, e Jerusalém será reduzida a um poder, e com o meu braço estendido,
montão de pedras, e o monte (M ôria), e dei o seu domínio àquele a quem
em que está situado o templo, será me aprouve dá-lo. °Agora, pois, en-
um espêsso bosque. 19Porventura con­ treguei tôdas estas terras nas mãos
denou-o à morte Ezequias, rei de Ju­ de Nabucodonosor, rei de Babilônia,
dá, e todo o Judá? Porventura (pe­ meu servo; além disto, dei-lhe tam­
lo contrário) não temeram êles ao bém os animais do campo para. que o
Senhor, e não fizeram as suas de- sirvam. 7E todos êstes povos o servi­
precações na presença do Senhor, e rão a êle, a seu filho, e ao filho de
o Senhor não se arrependeu do mal seu filho, e até que venha o tempo
que tinha anunciado contra êles? L o ­ (da ruína), da sua terra, e dêle mes­
go nós fazemos um grande mal con­ mo; e servi-lo-ão (entretanto) muitas
tra as nossas almas. nações e grandes reis. 8Mas, quanto
M o rte do p ro fe ta t l r i a s à nação e ao reino, que não se sub­
meter a Nabucodonosor, rei de Babi­
20Houve também um homem cha­ lônia, e qualquer que não encurvar
mado Urias, filho de Semei de Caria- o seu pescoço debaixo do jugo do rei
tiarim, que profetizava em nome do de Babilônia, eu castigarei essa nação
Senhor, e que tinha predito contra com a espada, e com a fome, e com
esta cidade e contra esta terra tôdas a peste, diz o Senhor, até que eu os
as mesmas palavras que Jeremias. consuma pela sua mão. 9Vós, pois, não
21E o rei Joaquim e todos os grandes deis ouvidos aos vossos profetas, nem
(da sua côrte) e os seus príncipes aos adivinhos, nem aos sonhadores, e
ouviram estas palavras; e o rei pro­ agoureiros, e mágicos, que vos dizem:
curou-o matar. E Urias soube-o, e te­ N ão servireis ao rei de Babilônia.
910 PROFECIA DE JEREMIAS 2 7 - 28

10Porque êles vos profetizam a men­ dá, e todos os grandes de Judá e de


tira, para vos mandarem para longe Jerusalém. 21Eis o que diz o Senhor
da vossa terra, e vos lançarem dela, dos exércitos, o Deus de Israel, acêr­
e para que assim venhais a perecer. ca dos vasos, que foram deixados na
"M as a nação que submeter a sua casa do Senhor, e na casa do rei de
cerviz ao jugo do rei de Babilônia, e Judá, e em Jerusalém: 22À Babilô­
o servir, eu a deixarei na sua terra, nia serão transportados, e ali estarão
diz o Senhor, e a cultivará, e habitará até ao dia em que eu os visitar, diz
nela. o Senhor, e os fizer trazer e restituir
M ensag em a Sedeeias a êste lugar.
,2E a Sedeeias, rei de Judá, anun­ C o n flito e n tre J e re m ia s e o fa ls o
ciei tôdas estas mesmas coisas, dizen­ p ro fe ta H a n a n ia s
do: Submetei os vossos pescoços ao Ofi *E naquele mesmo ano, no
jugo do rei de Babilônia, e servi-o a princípio do reinado de Sede-
êlè e ao seu povo, e vivereis. l3Por cias, rei de Judá, no quinto mês do
que causa quereis morrer, tu e o teu seu quarto ano, sucedeu que H ana­
povo, à espada, e de fome, e de peste, nias, filho de Azur, profeta (falso) de
como o Senhor predisse à nação que Gabaão, me disse, na casa do Senhor,
não quiser submeter-se ao rei de B a ­ em presença dos sacerdotes e de todo
bilônia? 14Não queirais dar ouvidos o povo, as seguintes palavras: 2Isto
às palavras dos profetas que vos di­ diz o Senhor dos exércitos, o Deus
zem: Não servireis ao rei de Babilô­ de Israel: Eu quebrei o jugo do rei
nia; porque êles vos falam a menti­ de Babilônia. 3Depois de passados
ra. ,3Eu não os enviei, diz o Senhor; ainda dois anos completos, eu farei
e êles profetizam falsamente em meu restituir a êste lugar todos os vasos
nome, para que sejais desterrados, e da casa do Senhor, que Nabucodono­
para que venhais a perecer, tanto vós sor, rei de Babilônia, levou dêste lu­
como os profetas que (falsamente) gar, e os transferiu à Babilônia. 4E
vos predizem o futuro. farei que voltem para êste mesmo
M ensag em aos sa ce rd otes e ao povo
lugar Jeconias, filho de Joaquim, rei
de Judá, e todos os de Judá, que fo­
16Também falei aos sacerdotes e a ram levados cativos para Babilônia,
êste povo, dizendo-lhes: Isto diz o diz o Senhor ; porque hei de quebrar
Senhor: Não queirais dar ouvidos às o jugo do rei de Babilônia.
palavras dos vossos profetas, que vos r,E o profeta Jeremias respondeu ao
profetizam, 'dizendo: Eis que os va­ profeta Hananias, diante dos sacer­
sos do Senhor voltarão brevemente dotes, e «diante de todo o povo que
de Babilônia; porque vos profetizam estava na casa do Senhor; ce o pro­
a mentira. 17Não queirais, pois, dar- feta Jeremias disse: Amém, oxalá que
lhes ouvidos, mas sujeitai-vos ao rei assim o faça o Senhor; realize o Se­
de Babilônia, para que vivais; por que nhor as palavras que profetizaste, e
há de ficar esta cidade reduzida a sejam restituídos os vasos à casa do
uma solidão? lsSe são profetas (ver- Senhor, e todos os cativos voltem de
dadeiros) e está nêles a palavra do Babilônia a êste lugar. 7Porém, ou­
Senhor, intercedam junto do Senhor ve esta palavra que eu digo aos teus
dos exércitos para que os Vasos que ouvidos e aos ouvidos de todo o povo:
ficaram na casa do Senhor, e na ca­ 8Os profetas que existiram antes de
sa do rei de Judá, e em Jerusalém, mim, e antes de ti, desde o princípio
não sejam ( também) levados para profetizaram também a muitas terras
Babilônia. ll'Porque isto diz o Senhor e a grandes reinos, a desolação e a
dos exércitos acêrca das colunas e do fome. sO profeta que (agora) profe­
mar (de bronze) , e das bases, e dos tiza a paz, quando se cumprir a sua
outros vasos, que ficaram nesta cida­ palavra, (então) se saberá que é pro­
de, 20os quais Nabucodonosor, rei de feta verdadeiramente enviado pelo
Babilônia, não levou de Jerusalém Senhor. ‘"Então o (falso) profeta
para Babilônia, quando transportou Hananias tirou a cadeia do pescoço
Jeconias, filho de Joaquim, rei de Ju­ do profeta Jeremias, e quebrou-a. nE
28 - 29 PROFECIA DE JEREMIAS 911
Hananias falou em presença de todo fiz transportar cativos de Jerusalém a
o povo, dizendo: Isto diz o Senhor: Babilônia: 5Edificai casas e habitai-
Assim quebrarei eu o jugo de Nabu- .as; e plantai hortas, e comei os seus
codonosor, rei de Babilônia, daqui a frutos (porque haveis de estar aqui
dois anos, tirando-o de cima da cer- muito tempo). 6Tomai mulheres, e
viz de tôdas as nações. gerai filhos e filhas, e dai a vossos fi­
lhos mulheres, e dai maridos a vos­
J e re m ia s p re d iz a m o rte de H a n a n ia s sas filhas, e criem filhos e filhas; e
multiplicai-vos, aí, e não deixe s di­
12E o profeta Jeremias foi-se pelo minuir o vosso número. 7E buscai
seu caminho. E, depois que Hananias a paz da cidade, para a qual vos fiz
profeta quebrou a cadeia do pescoço deportar, e orai por ela ao Senhor,
do profeta Jeremias foi dirigida a porque na sua paz tereis vós a vossa.
palavra do Senhor a Jeremias, nos
têrmos seguintes: “Vai e dize a H a ­ N ã o se fie m n o s fa ls o s p ro fe ta s .
nanias: Isto diz o Senhor: Quebraste O e x ílio d u ra rá se te n ta a n o s
umas cadeias de madeira; mas, em
vez delas, farás cadeias de ferro. 8Porque isto diz o Senhor dos exér­
14Porque isto diz o Senhor dos exér­ citos, o Deus de Israel: Não vos se-
citos, o Deus de Israel: Eu pus um duzam os vossos profetas, que estão
jugo de ferro sôbre o pescoço de tô­ no meio de vós, nem os vossos adivi­
das estas nações, para que sirvam a nhos; e não façais caso dos sonhos
Nabucodonosor, rei de Babilônia, e que tendes; 9porque êles vos profeti­
na realidade, o servirão; além disto, zam falsamente em meu nome, e eu
dei-lhe até os animais do campo. 15E não os enviei, diz o Senhor.
o profeta Jeremias disse ao profeta 10Porque isto diz o Senhor: Quan­
Hananias: Ouve, Hananias: O Senhor do se começarem a cumprir os seten­
não te enviou, e tu és a causa de que ta anos (da vossa estada) em Babilô­
êste povo tenha pôsto a sua confian­ nia, eu vos visitarei, e darei cumpri­
ça numa mentira. 10Portanto isto diz mento à minha agradável promessa
o Senhor: Eis que te exterminarei da de vos fazer voltar a êste lugar. nPor-
face da terra; morrerás êste ano, por­ que eu sei os desígnios que tenho a-
que falaste contra o Senhor. cêrca de vós, diz o Senhor, desígnios
17E o profeta Hananias morreu na­ de paz, e não de aflição, para vos dar
quele ano, no sétimo mês. o fim (dos vossos males) e a paciên­
cia. 12Vós me invocareis, e partireis
C a rta de J e re m ia s aos e x ila d o s (para a vossa pátria) ; suplicar-me-eis
e eu vos atenderei. “Vós me busca­
7 0 'Eis as palavras da carta que reis, e me achareis, quando me bus­
o profeta Jeremias enviou de cardes de todo o vosso coração. “ E n­
Jerusalém aos anciãos que ficaram tão serei achado por vós, diz o Senhor,
no cativeiro, e aos sacerdotes, e aos e farei voltar os vossos cativos, e re-
profetas, e a todo o povo, que N ab u ­ colher-vos-ei do meio de todos os po­
codonosor tinha deportado de Jerusa­ vos e de todos os lugares, para onde
lém para Babilônia, 2depois que o rei vos lancei, diz o Senhor; e far-vos-ei
Jeeonias e a rainha, e os eunucos, e voltar do lugar, para onde vos fiz de­
os príncipes de Judá e os de Jerusa­ portar.
lém, os artífices e os joalheiros saí­ 15Porém vós dissestes: O Senhor
ram de Jerusalém; 3(a qual carta Je­ suscitou-nos profetas em Babilônia.
remias mandou) por mão de Elasa, 1,!Eis o que diz o Senhor ao rei, que
filho de Safan, e de Gamarias, filho está sentado sôbre o trono de Davi,
de Helcias, os quais enviou Sedecias,- e a todo o povo que habita nesta ci­
rei de Judá, à Babilônia, a Nabucodo­ dade, (isto é), aos vossos irmãos, que
nosor, rei de Babilônia. Esta carta não saíram convosco para o cativeiro.
dizia: Tsto diz o Senhor dos exérci­ 17Isto diz o Senhor dos exércitos: Eis
tos, o Deus de Israel, a todos os que que enviarei contra êles a espada, e

Cap. X X IX — 15. Suscitou-nos profetas que nos fazem esperar o contrário do que dizes.
Jeremias, no vers. 16 e seguintes, vai d ar um sinal próximo da verdade dos seus oráculos.
912 PROFECIA DE JEREM IAS. 29 - 30

a fome, e a peste; e os tratarei como Ananot, que vos profetiza? 28Graças


figos maus, que se não podem comer, a isso, êle pôde mandar-nos dizer a
porque são muito maus. 18E perse­ Babilônia: Será longo (o vosso cati­
gui-los-ei com a espada, e com a fo­ veiro); edificai casas, e habitai-as; e
me e com a peste; e os entregarei plantai hortas, e comei os seus frutos.
à tirania de todos os reinos da terra, 29Leu, pois, o sacerdote Sofonias esta
à maldição, ao espanto, ao escárnio e carta aos ouvidos do profeta Jere­
ao opróbrio, de tôdas as nações para mias.
onde eu os tiver lançado; 19porque 30E foi dirigida a palavra do Se­
não deram ouvidos, às minhas pala­ nhor a Jeremias, nos têrmos seguin­
vras, diz o Senhor, as quais eu lhes tes: 31Manda dizer a todos os depor­
dirigi por meio dos meus servos, os tados: Isto diz o Senhor a Seméias,
profetas, enviando-lhos oportunamen­ Neelam ita: Porque vos profetizou Se­
te e com antecipação; e vós não ou­ méias, e eu não o enviei; e êle fêz
vistes, diz o Senhor. com que vós confiásseis na mentira;
C o n tra os fa ls o s p ro fe ta s da C a ld é ia 32portanto isto diz o Senhor: Eis que
castigarei Seméias, Neelamita, e a sua
“Vós, pois, ouvi a palavra do Se­ geração; não haverá dele descenden­
nhor, vós todos os cativos, que enviei te que viva no meio dêste povo, e
de Jerusalém à Babilônia. 21Isto diz não verá o bem (ou a liberdade) que
o Senhor dos exércitos, o Deus de Is­ eu (hei de dar) ao meu povo, diz
rael, a Acab, filho de Colias, e a Se- o Senhor, porque proferiu a revolta
decias, filho de Maasias, que vos pro­ contra o Senhor
fetizam falsamente em meu nome:
Eis que os entregarei nas mãos de R e s ta u ra ç ã o de I s r a e l
Nabucodonosor, rei de Babilônia, e
êle os mandará matar diante dos vos­ 9 fl P a la v r a que foi dirigida pelo
sos olhos. 22E todo o cativo de Judá, Senhor a Jeremias, nos têr­
que está em Babilônia, se .servirá mos seguintes: 2Isto manda o Senhor
dêles para maldizer, dizendo: *O Se­ Deus de Israel: Escreve num livro
nhor te trate como tratou Sedecias tôdas as palavras que eu te tenho
e Acab, que o rei de Babilônia man­ dito. 3Porque eis que chegará o tem­
dou frigir no fogo; 23por causa de te­ po, diz o Senhor, em que farei vol­
rem feito loucuras, em Israel, e adul­ tar os cativos do meu povo de Is­
terado com as mulheres de seus ami­ rael e de Judá, diz o Senhor; e fá-
gos, e pronunciado falsamente em -los-ei voltar à terra que dei a seus
meu nome palavras çiue eu lhes não pais, e êles a possuirão.
tinha mandado dizer; eu mesmo sou 4Eis as palavras que o Senhor di­
o juiz e a testemunha (de tudo isso), rigiu a Israel e a Judá: 5Isto diz o
diz o Senhor. Senhor: (U m dia direis): Nós ouvi­
C o n tra Se m é ia s mos uma voz de terror; tudo é espan­
to, e não há paz. . 6Perguntai, e vêde
24E a Seméias, Neelamita, dirás: se os homens dão à luz; pois, por que
“Isto diz o Senhor dos exércitos, o vejo eu todos os homens com a mão
Deus de Israel: Porque enviaste car­ sôbre o seu lombo, como uma mulher
tas em teu nome a todo o povo que que está de parto, e por que é que
está em Jerusalém, e a Sofonias, fi­ todos os seus rostos se tornaram pá­
lho de Maasias, sacerdote, e a todos lidos? 7A i! porque é grande (e terrí­
os sacerdotes, dizendo: 20O Senhor te vel) aquêle dia, nem êle tem seme­
constituiu sacerdote, em lugar de Jo- lhante; tempo de tribulação para Ja-
jada, sacerdote, a fim de que sejas có, mas do qual (por fim) será livre.
chefe da casa do Senhor, para repri­ 8E acontecerá naquele dia, diz o Se­
mir todo o homem fanático e que nhor dos exércitos, que quebrarei o
profetiza, para que o metas num ce­ jugo que Nabucodonosor pôs sôbre o
po e no cárcere. 27Por que não repre­ teu pescoço, e romperei as suas pri­
endeste tu, pois, agora a Jeremias, de sões, e não te dominarão mais os es-
Cap. XXX — 6. Com paração enérgica para m ostrar a grandeza dos sofrimentos.
30 - 31 PROFECIA DE JEREM IAS 913

tranhos 9*m as servirão o senhor seu nas tendas de Jacó, e terei compaixão
Deus, e (o filho de) Davi, seu rei, das suas casas, e a cidade será edifi-
que eu lhes suscitarei. cada na sua colina, e o templo será
fundado segundo o seu estado (ante­
Israel antes de ser restaurado será rior). 19E sairão dêles louvores e g ri­
castigado por causa de seus tos de júbilo, e os multiplicarei, e
pecados não serão mais humilhados. “E os
seus filhos serão como eram no prin­
10Tu, pois, servo meu Jacó, não te­ cipio, e a sua congregação permane-
mas, diz o Senhor, nem te espantes, cerá diante de mim; e castigarei to­
Israel, porque eu hei de tirar-te des­ dos os seus opressores. 21E dêles nas­
ta terra longínqua, e hei de tirar os cerá o seu capitão, e o seu príncipe
teus descendentes da terra do seu ca­ sairá do meio dêle; e o aplicarei e
tiveiro; e Jacó voltará (a terra que êle se aproximará de mim. Quem
lhe dei), e repousará e abundará em é, pois, aquêle que aplicará o seu co­
todos os bens, e não terá ninguém a ração a aproximar-se de mim? diz o
temer; Uporque eu sou contigo pa­ Senhor. 22E vós sereis o meu povo,
ra te salvar, diz o Senhor. Eu destrui­ e eu serei o vosso Deus. i3(Porém ) eis
rei tôdas as nações, entre as quais que o redemoinho do Senhor, o seu
te dispersei; a ti, porém, não te des­ furor impetuoso, a sua tempestade
truirei inteiramente, mas castigar-te- iminente, tudo vai cair sôbre a cabe­
-ei com eqüidade, para que te não te­ ça dos ímpios. 240 Senhor não apar­
nhas por inocente. tará o furor da sua indignação, sem
.. 12Assim fala o Senhor: Incurável ter executado e cumprido os desígnios
é a tua fratura, maligníssima a tua de seu coração; no último dia enten­
chàga. 13Não há quem forme um ju í­ dereis estas coisas.
zo 7exato) do teu mal para o curar;
os remédios que aplicam são inúteis. Fim do exílio para as dez tribos
,4Todos os que te amavam, esquece­
ram-se de ti, e não te buscam, por­ ^1 7Naquele tempo, diz o Senhor,
que eu te feri "como inimigo, e casti- ■* eu serei o Deus de tôdas as
guei-te cruelmente, por causa da mul­ famílias de Israel, e êles serão o meu
tidão das tuas maldades, e do teu povo. 2Isto diz o Senhor: O povo,
endurecimento no pecado. 15Por que que tinha escapado da espada, achou
gritas sôbre o teu tormento? Incurá­
graça no deserto; Israel irá para o
vel é a tua dor; por causa da mul­
tidão das tuas maldades e do teu en­ seu descanso. 3De longe (responde
durecimento no pecado, é que eu te Israel) se me deixou ver o Senhor.
tratei assim. 16Mas todos os que te Eu amei-te (continua o Senhor) com
devoram serão devorados; e todos os amor eterno, por isso, compadecido
teus inimigos serão levados para o de ti, te atraí a mim. 4E de movo te
cativeiro; e os que te destroem, serão edificarei e serás edificada, ó virgem
destruídos, e entregarei ao saque to­ de Israel: ainda hás de ser adornada
dos os que te saqueiam. 17Porque eu dos teus atabales, e hás de sair no
fecharei a cicatriz da tua chaga, e meio de danças alegres. 5Ainda hás
curar-te-ei das tuas feridas, diz o Se­ de plantar vinhas nos montes da Sa-
nhor. Êles chamaram-te, ó Sião, a maria; plantarão os plantadores, e,
repudiada. Esta é (dizem) a que não enquanto não chegar o tempo não
tinha quem a buscasse. vindimarão. 6Porque há de vir um
dia em que os guardas (ou chefes do
Depois da volta do exílio virá o
Cristo
meu povo) gritarão sôbre o monte de
Efraim : Levantai-vos, e subamos a
ls(Por isso) diz o Senhor: Eis que Sião, ao (templo do) Senhor nosso
farei voltar os cativos que habitam Deus.

9. O filho de D a vi, isto é, o Messias.


11. Com eqüidade, com moderação.
21. E o aplicarei, entrarei em relações intimas com êste príncipe, que será o Messias.
914 PROFECIA DE JEREMIAS 31

7Porque isto diz o Senhor: Rego- tua bôca de se lamentar, e os teus


zijai-vos, e fazei festa por amor de olhos de verterem lágrimas; porque
Jacó, e soltai gritos de júbilo à fren­ as tuas obras terão a sua recompensa,
te das nações; fazei ruído, cantai e diz o Senhor, e êles voltarão da terra
dizei: Salva, Senhor, o teu povo, as do inimigo. 17E para os teus últimos
dias te fica a esperança, diz o Senhor,
relíquias de Israel. 8Eis que eu (diz
de que os teus filhos voltarão para o
o Senhor) os trarei da terra do aqui- seu território. 18Eu ouvi atentamen­
lão, e os congregarei das extremida­ te Efraim, quando ia para o cativeiro,
des da terra; o cego e o coxo, a mu­ dizendo: Castigaste-me, e fui corrigi­
lher grávida e a de parto virão entre do, qual um novilho ainda não doma­
êles juntamente, será grande a mul­ do; converte-me, e converter-me-ei,
tidão das que hão de voltar para porque tu és o Senhor, meu Deus.
aqui. 9Virão chorando (de alegria) e 19Porque, depois que me converteste,
eu com misericórdia os tornarei a fiz penitência; e, depois que me a-
trazer; e os trarei através de arroios briste os olhos, bati sôbre a minha
de água. por caminho direito, em que coxa, (em sinal de dor). Fiquei con­
não tropeçarão, porque me tornei o fuso, e envergonhei-me, porque sofri
pai de Israel, e Efraim é o meu o opróbrio da minha mocidade.
20Efraim não é para mim um filho
primogênito. honrado, um filho da minha ternura?
O jú b ilo da v o lta se rá com pletado Por isso, embora eu tenha falado
p ela V irg e m -M ã e contra êle, ainda me lembrei dêle. Por
isso se comoveram as minhas entra­
10Ouvi, nações, a palavra do Senhor, nhas por êle; e, compadecido, terei
e anunciai-a às ilhas longínquas, e misericórdia dêle, diz o Senhor.
dizei: O que dispersou Israel o con­ 21Faze-te uma atalaia, entrega-te às
gregará e guardá-lo-á como um pas­ amarguras (da penitência) ; dirige o
tor guarda o seu rebanho. nPorque teu coração para o caminho direito,
o Senhor resgatou Jacó, e livrou-o da em que andaste; volta, virgem de Is­
mão do mais poderoso. 12E virão e rael, volta a essas tuas cidades. 22Até
darão louvores (a Deus) no monte quando te debilitarão as delícias, fi­
de Sião, e correrão aos bens do Se­ lha vagabunda? Porque eis que o Se­
nhor, ao trigo, e ao vinho, e ao azei­ nhor criou (ou fêz) uma coisa nova
te, e às crias das ovelhas e das vacas; sôbre a terra: Um a mulher cercará
e a sua alma será como um jardim um homem.
de regadio, e não terão mais fome.
A le g re -se I s r a e l p o rq u e se rá h a b ita d o
iaEntão se alegrará a virgem na dan­
e cada u m receberá c o n fo rm e s u a s o b ra s
ça, e também os jovens e os velhos
juntamente; e converterei o seu pran­ 23Isto diz o Senhor dos exércitos, o
to em gôzo. e os consolarei, e, passa­ Deus de Israel: Ainda dirão estas pa­
da a sua dor, os encherei de alegria. lavras na terra de Judá e nas suas ci­
14E embriagarei de gordura a alma dos dades, quando eu tiver feito voltar os
sacerdotes, e o meu povo será cheio seus cativos: O Senhor te abençoe, ó
dos meus bens, diz o Senhor. mansão formosa da justiça, ó monte
15Isto diz o Senhor; Foram ouvi­ santo; 24e habitarão nêle Judá e tôdas
das, no alto, vozes de lamentação, de as suas cidades juntamente, os lavra­
pranto e de chôro; são de Raquel, que dores e os que pastoreiam os reba­
chora os seus filhos, e não quer ser nhos. 25Porque eu embriaguei (em
consolada acêrca dêles, porque já não Sião) a alma sequiosa, e fartei tôda
existem. 16Isto diz o Senhor: Cesse a a alma faminta. 20Por isso eu desper-

Cap. X X X I — 14. Em briagarei. .. Modo prático de dizer que o povo oferecerá uma tal
quantidade de sacrifícios, que a parte reservada aos sacerdotes será abundantíssima.
15. Raquel, mãe de José, representa aqui tôdas as ma.es Israelitas, chorando os seus f i ­
lhos exilados, que elas consideram como se tivessem morrido.
22. Uma mulher virgem conceberá no seu seio (cerca rá ), por obra do Espírito Santo,
um homem e Deus ao mesmo tempo, que será o Messias.
26. P or is s o ... São palavras de Jeremias.
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tei como dum sono, e olhei, e o meu ra sempre. 37Isto diz o Senhor: Se
sono foi doce para mim. puderem ser medidos os céus para ci­
27Eis vêm os dias, diz o Senhor, ma e sondados os fundamentos da
em que eu semearei a casa de Israel terra para baixo, então eu abando­
e a casa de Judá de semente de ho­ narei tôda a linhagem de Israel por
mens e de semente de animais. 28E, tôdas as coisas que fizeram, diz o
assim como vigiei sôbre êles para de- Senhor.
sarraigar, e demolir, e dissipar, e ar­ N ova J e ru s a lé m
ruinar, e afligir, do mesmo modo vi­
giarei sôbre êles para edificar e plan­ 38Eis que vêm os dias, diz o Se­
tar, diz o Senhor. nhor, em que será edificada pelo Se­
•“Naqueles dias não se ouvirá mais nhor esta cidade, desde a tôrre de
dizer: Os pais comeram uvas verdes, Hanameel até à porta do ângulo. 39E
e os dentes dos filhos são os que fi­ estender-se-á mais adiante o cordel
caram botos. 3üMas cada um morrerá de medir em frente dessa (porta) sô­
na sua iniqüidade; todo o homem bre o outeiro de Gareb, e dará volta
que comer uvas verdes, a êste é que por Goata, 40e por todo o vale dos
ficarão botos os dentes. cadáveres e da cinza, e por tôda a re­
gião da morte, até à torrente do Ce-
A v e lh a a lia n ç a suced erá a nova dron, e até ao ângulo da porta dos
cavalos, que está ao oriente; (êste lu­
^Eis virão dias, diz o Senhor, em gar) será consagrado ao Senhor; não
que eu farei nova aliança com a ca­ será jamais devastado nem destruído.
sa de Israel e com a casa de Judá;
32não como a aliança que eu fiz com J e re m ia s co m p ra u m campo por
seus pais no dia em que os tomei pe­ o rd e m do S e n h o r
la mão, para os tirar da terra do E -
gito, aliança que êles violaram; e ->2 *Palavra que foi dirigida a Je-
(por isso) fiz sentir sôbre êles o meu remias pelo Senhor, no déci­
poder, diz o Senhor. 33Mas eis a alian­ mo ano de Sedecias, rei de Judá, que
ça que farei com a casa de Israel, de­ corresponde ao ano décimo oitavo de
pois daqueles dias, diz o Senhor: Im ­ Nabucodonosor. 2Cercava então o e-
primirei a minha lei nas suas entra­ xército do rei de Jerusalém, Babilô­
nhas, e a escreverei nos seus cora­ nia, e o profeta Jeremias estava re­
ções, e serei o seu Deus, e êles serão cluso no átrio do cárcere que havia
o meu povo. 34E ninguém ensinará na casa do rei de Judá. 3Porque Se­
mais ao seu próximo, nem ao seu ir­ decias, rei de Judá, tinha-o mandado
mão, dizendo: Conhece o Senhor; por­ prender, dizendo: Por que vaticinas
que todos me conhecerão, desde o dizendo: Isto diz o Senhor: Eis que
mais pequeno até ao maior, diz o Se­ entregarei esta cidade nas mãos do
nhor; porque perdoarei a sua maldade, rei de Babilônia, e êle a tomará; 4e
e não me lembrarei mais do seu pe­ Sedecias, rei de Judá, não escapará
cado. da mão dos Caldeus, mas será entre­
A n o v a a lia n ç a se rá e te rn a
gue nas mãos do rei de Babilônia,
e falará com êle bôca a bôca, e os
35Isto diz o Senhor, que dá o sol seus olhos verão os olhos dêle; 6e
para a luz do dia, e o curso da lua Sedecias será levado por êle para B a ­
e das estréias para a luz da noite; bilônia, e ali estará até que eu o vi­
que agita o mar, e logo soam as suas site, diz o Senhor, e, se pelejardes
ondas; Senhor dos exércitos é o seu contra os Caldeus, não tereis bom su­
nome. S6Se faltarem estas leis diante cesso?
de mim, diz o Senhor, então poderá 6Jeremias, pois, (estando preso) dis­
também a linhagem de Israel deixar se: Foi-me dirigida a palavra do Se­
de ser diante de mim uma nação pa­7 2 nhor, a qual dizia: 7Eis que teu pri­

27. Semearei, isto é, multiplicarei prodigiosamente os homens e os animais.


29-30. Os p a is ... Locução proverbial que significa: Os filhos sofreram o castigo dos pe­
cados dos pais. P a ra o futuro, porém, cada um sofrerá o castigo das suas faltas pessoais.
34. N a nova aliança o conhecimento de Deus será mais perfeito e mais íntimo.
35-36. A nova aliança é tão estável como as próprias leis da natureza.
916 PROFECIA DE JEREM IAS 32

mo Hanameel, filho de Selum, virá o teu nome. 19*G rande em teus conse­
ter contigo, dizendo: Compra o meu lhos, e incompreensível nos teus de­
campo que está em Anatot, porque sígnios; os teus olhos estão abertos
te compete a ti comprá-lo por sêres sôbre todas as obras dos filhos de
o parente mais próximo. 8E veio ter Adão, para retribuíres a cada um se­
comigo Hanameel, filho de meu tio gundo as suas obras, e segundo o
paterno, conforme a palavra do Se­ mérito do seu proceder, ^ u fizes­
nhor, ao pátio do cárcere, e disse-me: te milagres e prodígios na terra do
Compra-me o campo que tenho em A - Egito até o dia de hoje, e em Is­
natot, na terra de Benjamim, porque rael, e entre os homens, e te fizeste
compete-te a ti por direito de heran­ um nome qual o que tens hoje. 21Tu
ça possuí-lo, visto sêres o parente tiraste o teu povo de Israel da terra
mais próximo. E eu reconheci que fi­ do Egito com milagres e com prodí­
ra palavra do Senhor. 9E comprei o gios, e com u’a mão forte e um bra­
campo a Hanameel, filho de meu tio ço estendido, e com grande terror. 22E
laterno, que está em Anatot, e pesei- lhes deste esta terra, como o tinhas
Í he por êle em dinheiro dezessete si­ jurado a seus pais que lhes darias
d o s de prata. 10*E fiz uma escritura uma terra, que mana leite e mel. 23ê-
de contrato, e assinei-a e chamei tes­ les entraram, e tomaram posse dela;
temunhas, e pesei o dinheiro numa mas não obedeceram à tua voz, nem
balança. UE tomei a escritura de com­ andaram na tua lei; não cumpriram
pra firmada, e as estipulaçoes do con­ nada do que lhes mandaste que fizes­
trato, as cláusulas, e os selos exte­ sem; e aconteceram-lhes todos êstes
riores, 12e dei esta escritura de com­ males. 24Eis que estão levantadas as
pra a Baruc, filho de Neri, filho de máquinas de guerra contra a cidade
Maasias, em presença de Hanameel, para ser tomada e entregue nas mãos
meu primo, em presença das teste­ dos Caldeus, que combatem contra
munhas que tinham assinado a escri­ ela com espada, com a fome e com
tura de compra, e . em presença de a peste; e tôdas as coisas que dis­
todos os Judeus, que estavam sen­ seste (6 Senhor) , tudo aconteceu, co­
tados no átrio do cárcere. 13E dei mo tu mesmo o estás vendo. 25E tu,
ordem a Baruc diante dêles, di­ Senhor Deus, (não obstante) dizes-
zendo: 14Isto diz o Senhor dos exérci­ me: Compra um campo por dinhei­
tos, o Deus de Israel: Toma estas es­ ro, e toma testemunhas, tendo sido
crituras, esta escritura de compra cer­ a cidade entregue nas mãos dos Cal-
rada e esta outra escritura que deus?
está aberta, e mete-as numa vasilha
de barro, para que se possam con­ D e u s re sp o n d e p ro fe tiz a n d o a
servar muito tempo. 15*P orque eis o d e stru iç ã o de J e ru s a lé m
que diz o Senhor dos exércitos, o Deus 28E foi dirigida a palavra do Se­
de Israel: Ainda se hão de comprar nhor a Jeremias, nos têrmos seguin­
casas, e campos, e vinhas nesta terra. tes: 27Eis que eu sou o Senhor Deus
J e re m ia s in te rro g a o S e n h o r de tôda a carne; haverá, pois, coisa
sô b re o m o tiv o d essa o rd e m alguma que seja difícil para mim?
28Portanto, isto diz o Senhor: eis que
10E roguei ao Senhor, depois que entregarei esta cidade nas mãos dos
entreguei a escritura de compra a Ba­ Caldeus, e nas mãos do rei da B abi­
ruc, filho de Neri, dizendo: 17Ah, lônia, e êles a tomarão. 29E virão os
ah, ah, Senhor Deus! Foste tu que fi­ Caldeus pelejar contra esta cidade, e
zeste o céu e a terra com o teu gran­ lhe porão fogo, e a queimarão, com
de poder e com o teu braço estendi­ as casas em cujos terraços sacrifica­
do; nada te é difícil, 18tu usas de mi­ vam a Baal, e ofereciam a deuses
sericórdia com milhares, e a iniqüi- estranhos libações, para me irritarem.
dade dos pais a castigas em seus fi­ 30Porque os filhos de Israel e os fi­
lhos depois dêles; o fortíssimo, gran­ lhos de Judá têm feito incessante­
de e poderoso, Senhor dos exércitos é mente o mal diante dos meus olhos

14-15. Longa duraçfto do exílio, e certeza da volta.


32 - 33 PROFECIA DE JEREM IAS 917

desde a sua mocidade; êstes filhos êste grande mal, assim farei vir sô­
de Israel, que até agora me irritam bre êles todo o bem que lhes anuncio.
com as obras das suas mãos, diz o ^E de novo serão possuídos (por seus
Senhor. donos) os campos nesta terra, da
31Porque, esta cidade tornou-se ob­ qual vós dizeis que está tôda deser­
jeto do meu furor e da minha indig­ ta, por não ter ficado nela nem ho­
nação, desde o dia em que a edifica- mem, nem animal, e porque foi entre­
ram até êste dia, em que será tirada gue nas mãos dos Caldeus. 44Os cam­
de diante da minha presença, 32por pos serão comprados por dinheiro,
causa da maldade que os filhos de e registrados em escritura, e pôr-se-
Israel e os filhos de Judá comete­ -lhes-á o sêlo, tomar-se-ão teste­
ram, provocando-me à ira, êles e os munhas, na terra de Benjamim, e
seus reis, os seus príncipes, e os seus nos arredores de Jerusalém, nas cida­
sacerdotes, e os seus profetas, os va­ des de Judá, e nas cidades das mon­
rões de Judá, e os habitantes de Je­ tanhas, e nas cidades das planícies,
rusalém. 33E voltararmme as costas e nas cidades que estão ao meio-dia;
e não o rosto, quando os ensinava de porque farei voltar os seus cativos,
madrugada e os corrigia, e não qui­ diz o Senhor.
seram ouvir nem receber a correção.
C o n firm a ç ã o d a s p ro m e ss a s de
34E puseram os seus ídolos na casa,
sa lv a ç ã o
em que o meu nome foi invocado, pa­
ra a profanarem. 35E edificaram a 99 JE foi dirigida a palavra do
Baal os altares que estão no vale do Senhor a Jeremias segunda
filho de Enom, para fazerem sacrifí­ vez, quando ainda estava recluso
cios de seus filhos e de suas filhas no átrio do cárcere, a qual dizia:
a Moloc, coisa que eu nunca lhes 2Isto diz o Senhor, o qual há de fa­
mandei, nem me passou pelo pensa­ zer, e efetivar, e dispor aquilo que
mento que fizessem esta abominação disse; Senhor é o seu nome: in v o c a -
e induzissem Judá a (um tão gran­ me, e eu te atenderei, e te anuncia­
de) pecado. rei coisas grandes e certas quê tu ig­
F u tu ra re sta u ra ç ã o dos Judeus
noras.
4Porque isto diz o Senhor Deus de
36E agora, por causà disto, assim Israel às casas do rei de Judá, que
diz o Senhor Deus de Israel a esta foram destruídas, e às fortificações, e
cidade, da qual vós dizeis que será à espada 5dos que vêm pelejar con­
entregue nas mãos do rei de Babilô­ tra os Caldeus, e encher estas casas
nia pela espada, pela fome e pela pes­ de cadáveres de homens, que eu feri
te : 37Eis que os congregarei de tôdas no meu furor e na minha indigna­
as terras, para onde os lancei no ção, escondendo a minha face desta
meu furor, e na minha ira, e na mi­ cidade, por causa de tôda a sua mal­
nha grande indignação; e os trarei dade. 6Eis que fecharei a sua chaga,
a êste lugar, e farei que habitem nê- e lhes darei saúde, e os curarei e lhes
le sem temor. 38E serão o meu povo mostrarei a paz e a verdade que ê-
e eu serei o seu Deus. 39E dar-lhes-ei les me pedem. 7E farei voltar os cati­
um mesmo coração e um só caminho, vos de Judá e os cativos de Jerusa­
para que me temam todos os dias, lém, e os restabelecerei como (eram)
e lhes vá bem a êles e a seus filhos no princípio. 8E os purificarei d e tô­
depois dêles. 40E farei com êles uma das as suas iniqüidades, com que
aliança eterna, e não deixarei de lhes pecaram contra mim; e perdoarei tô­
fazer bem; e infundirei o meu temor das as suas maldades, com que me
no seu coração, para que se não a- ofenderam e desprezaram. 9E isto me
partem de mim. 41E a minha alegria servirá de crédito do meu nome, e
será fazer-lhes bem, e os estabelece­ de gôzo, e de* louvor, e de regozijo
rei nesta terra, em verdade, com to­ entre tôdas as nações da terra, que
do o meu coração, e com tôda a mi­ ouvirem falar de todos os bens que
nha alma. lhes hei de fazer; e ficarão pasma­
42Porque isto diz o Senhor: Assim dos, e se assombrarão de todos os bens
como fiz vir sôbre êste povo todo e dè tôda a paz que lhes concederei.
918 PROFECIA DE JEREMIAS 33 - 34

A le g ria e paz na te r r a sa n ta nhor a Jeremias, a qual dizia: 20Isto


diz o Senhor: Se pode ser invalidada
10Isto diz o Senhor: Neste lugar a minha aliança com o dia e a minha
(que vós dizeis ser um deserto, por aliança com a noite de sorte que não
que não há nêle nem homem, nem haja dia nem noite a seu tempo,
animal), nas cidades de Judá, e nas -hambém poderá ser invalidada a mi­
praças de Jerusalém, que estão de­ nha aliança com Davi, meu servo, de
samparadas, sem homens, e sem ha­ sorte que não haja dêle um filho que
bitantes, e sem gado, se hão de ou­ reine no seu trono, e levitas, e sacer­
vir ainda “gritos de gôzo e de ale­ dotes, ministros meus. 22Assim como
gria, cantos do esposo e da esposa, as estréias do céu não podem ser con­
vozes dos que dirão: Louvai o Se­ tadas, nem ser medida a areia do
nhor dos exércitos, porque é o Se­ mar, assim multiplicarei a linhagem
nhor bom, porque a sua misericórdia de Davi, meu £ervo, e os levitas,
é eterna; e a voz dos que trarão suas meus ministros.
oferendas à casa do Senhor; pois eu 23E foi dirigida a palavra do Se­
farei voltar os cativos desta terra nhor a Jeremias, a qual dizia: 24N ão
(e os restabelecerei) como no prin­ tens visto o que êste povo tem falado,
cípio, diz o Senhor. “ Isto diz o Se­ dizendo: Duas famílias, que o Senhor
nhor dos exércitos: Neste lugar que tinha escolhido, foram rejeitadas? E '
está deserto, sem homens e sem ani­ assim que êles desprezam o meu po­
mais, e em tôdas as suas cidades, há vo, e já não o consideram como uma
de haver ainda cabanas de pastôres nação.
que façam repousar os seus reba­ 25Isto diz o Senhor: Se não fiz a
nhos. 13Nas cidades das montanhas, minha aliança com o dia e com a noi­
e nas cidades das planícies, e nas ci­ te, e não dei leis ao céu e à terra,
dades, que estão ao meio-dia, e na 26então também eu rejeitarei a linha­
terra de Benjamim, e nos arrabaldes gem de Jacó e de Davi, meu servo,
de Jerusalém, e nas cidades de Ju­ para não tomar da sua geração prín­
dá ainda hão de passar os rebanhos cipes da estirpe de Abraão, de Isaac
pela mão do (pastor) que os conte e de Jacó. Mas eu farei voltar os que
(ao entrar no redil), diz o Senhor. foram levados cativos, e compadecer-
-me-ei dêles.
O re i m e ssiâ n ic o e a d uração da
n o v a a lia n ç a J e re m ia s p re d iz a s o rte de Sedecias

14Eis vêm os dias, diz o Senhor, 04 7Palavra que foi dirigida pelo
em que eu cumprirei a palavra fa­ Senhor a Jeremias, quando
vorável que dei à casa de Israel e à Nabucodonosor, rei de Babilônia, e
casa de Judá. 35Naqueles dias e na­ todo o seu exército e todos os rei­
quele tempo farei que saia de Davi nos da terra que estavam debaixo do
um germe de justiça (o Messias), domínio da sua mão, e todos os po­
o qual praticará a igualdade e a justi­ vos, combatiam contra Jerusalém, e
ça na terra. 10Naqueles dias Judá se­ contra tôdas as suas cidades: 2Isto
rá salvo, e Jerusalém habitará sem diz o Senhor Deus de Israel: Vai e
temor; e eis o nome que lhe será fala a Sedecias, rei de Judá, e lhe
dado: Senhor nosso justo. 1 *7Porque
4 dirás: Isto diz o Senhor: Eis que en­
isto diz o Senhor: Não faltará jamais tregarei esta cidade nas mãos do rei
um homem da linhagem de Davi que de Babilônia, e êle lhe lançará o fo­
se sente sôbre o trono da casa de Is­ go. 3E tu não escaparás da sua mão.
rael. 181E da linhagem dos sacerdotes
9 mas serás infalivelmente prêso e en­
e dos levitas não faltará jamais um tregue na sua mão, e os teus olhos
homem que ofereça holocaustos em verão os olhos do rei de Babilônia,
minha presença, e acenda o fogo pa­ e lhe falarás bôca a bôca, e entrarás
ra o sacrifício, e que imole vítimas em Babilônia. 4Não obstante isto, ou­
todos os dias. ve a palavra do Senhor, ó Sedecias,
19E foi dirigida a palavra do Se­ rei de Judá: Isto te diz a ti o Se-

Cap. X X X III — 24. Duas fam ílias: os reinos de Judá. e de Israel.


34 PROFECIA DE JEREMIAS 919

nhor: Não morrerás à espada, 5mas sos pais não me ouviram, nem incli­
morrerás em paz, e, assim como fo­ naram o seu ouvido. ,5E vós hoje vos
ram queimados <perfumes) aos anti­ haveis convertido (a mim), e fizestes
gos reis, teus predecessores assim (os) o que é reto aos meus olhos, procla­
queimarão a ti, e te chorarão, dizen­ mando a liberdade cada um para o
do: Ai, Senhor! Porque assim o de­ seu próximo; e fizestes êste pacto em
terminei, diz o Senhor. fiE o profeta minha presença, na casa sôbre a qual
Jeremias disse tôdas estas palavras é invocado o meu nome.
a Sedecias, rei de Judá, em Jeru­ 16Mas depois voltastes atrás e ma­
salém. 7Entretanto o exército do rei culastes o meu nome, e tornastes a
de Babilônia combatia contra Jeru­ tomar cada um o seu escravo e a sua
salém, e contra tôdas as cidades de escrava, que tínheis deixado ir, para
Judá, que restavam, contra Laquis que fôssem livres e senhores de si; e
Azeca; porque estas eram as cida­ os obrigastes novamente a ser vossos
des fortificadas que tinham ficado escravos e vossas escravas.
entre as cidades de Judá. 17Por isso, isto diz o Senhor: Vós
In ju s tiç a p ra tic a d a com os e sc ra v o s não me ouvistes, publicando a liber­
dade cada um para o seu irmão e pa­
*Palavra que foi dirigida pelo Se­ ra o seu amigo; eis que vos intimo
nhor a Jeremias, depois que o rei eu a liberdade (para vos separar de
Sedecias fêz um pacto com todo o po­ mim), diz o Senhor, para ir à espa­
vo em Jerusalém, ;’fazendo publicar da, à peste e à fome; e vos farei an­
que cada um deixasse livres o seu dar errantes por todos os reinos da
escravo e a sua escrava que eram terra. lsEntregarei os homens que vio­
do povo hebreu, e que de nenhum laram a minha aliança, e não guar­
modo exercessem domínio sôbre êles, daram as palavras do pacto que fi­
visto serem Judeus e seus irmãos. zeram na minha presença, cortando
10Todos os príncipes e todo o povo um bezerro em duas partes, e pas­
ouviram, pois, (o rei), e obrigaram-se sando depois pelo meio das suas por­
a deixar livres cada um o seu es­ ções. 19(Entregarei) os príncipes de
cravo e a sua escrava, e não mais Judá e os príncipes de Jerusalém, os
exercerem domínio sôbre êles. Obede­ eunucos, e os sacerdotes, e todo o po­
ceram e deram-lhes liberdade. nMas vo da terra que passaram pelo meio
depois arrependeram-se e de novo das porções do bezerro, 20eu os entre-,
(pela força) tomaram os seus escra­ garei nas mãos de seus inimiges, e
vos e as suas escravas, que tinham nas mãos dos que procuram tirar-lhes
deixado livres, e obrigaram-nos a a vida; e os seus cadáveres servirão
tornar-se escravos e escravas. de pasto às aves do céu e aos animais
C a stig o d e sta in ju s tiç a da terra. 21E entregarei Sedecias, rei
de Judá, e os seus príncipes nas mãos
12E foi dirigida a palavra do Senhor de seus inimigos, e nas mãos dos que
a Jeremias, a qual dizia: 13Isto diz o procuram tirar-lhes a vida, e nas
Senhor Deus de Israel: Eu fiz um mãos dos exércitos do rei de Babilô­
pacto com vossos pais no dia em que nia, que se retiraram de vós. 22Sou
os tirei da terra do Egito, da casa da eu que o ordeno, diz o Senhor, e os
escravidão, dizendo: 14Ao cabo de se­ farei voltar a esta cidade, e a comba­
te anos, deixe cada um em liberdade terão, e a tomarão, e lhe lançarão o
o seu irmão hebreu, que se lhe ven­ fogo; e converterei num deserto as
deu; êle te servirá durante seis anos, cidades de Judá, de maneira que não
e ( depois) o enviarás livre, e os vos­ fique nelas nenhum habitante.

Cap. X X X IV — 14. A o cabo de sete anos. Modo de dizer que significa seis anos passa­
dos, e o comêço do sétimo. (Conf. Êxodo, X X I, 2; Deut., X V , 12).
1T. Eis que vos intimo e u . . . Palavras irônicas. Sereis deixados em liberdade, sem a
minha proteção, para serdes entregues à espada.
18. Cortando um bezerro. . . Quando se fazia um pacto, imolava-se um bezerro, que era
•cortado em duas partes, e os contratantes passavam entre estas duas partes, colocadas em
.frente uma da outra.
920 PROFECIA DE JEREM IAS 35 - 36

C o n tra s te e n tre a obediência dos R e - tação, de modo que obedeçais às mi­


c a b ita s e a obediência de I s r a e l nhas palavras? diz o Senhor. 14As pa­
lavras de Jonadab, filho de Recab,
oc P a la v r a que foi dirigida pe- pelas quais mandou a seus filhos que
■ ° lo Senhor a Jeremias, no tem­ não bebessem vinho, têm sido obser­
po de Joaquim, filho de Josias, rei vadas; não o têm bebido até ao dia
de Judá, a qual dizia: 2Vai à casa de hoje, porque obedeceram ao pre­
dos Recabitas, e fala-lhes, e introdu- ceito de seu pai; mas eu tenho-vos
zi-los-ás na casa do Senhor, num dos falado, madrugando muito para vos
quartos do tesouro, e lá lhes darás falar, e não me obedecestes. 15E en-
vinho a beber. viei-vos todos os meus servos, os pro­
3Então eu tomei Jezonias, filho de fetas, levantando-me de madrugada
Jeremias, filho de Habsanias, e seus para os enviar a dizer-vos (por meio
irmãos, e todos os seus filhos,, e tôda deles) : Converta-se cada um de vós
a casa dos Recabitas; 4e introduzi-os do seu caminho péssimo, e emende o
na casa do Senhor, no aposento dos seu proceder; e não ande após os
filhos de Hanan, filho de Jegedelias, deuses estranhos, nem os adore; e
homem de Deus, que estava junto à habitareis na terra que vos dei a vós
câmara dos príncipes, por cima do e a v o s s o s pais; porém não inclinas­
quarto de Maasias, filho de Selum, tes o vosso ouvido, nem me ouvistes.
que era o guarda do vestíbulo. 5E pus 10Assim os filhos de Jonadab, filho de
diante dos filhos da casa dos Recabi­ Recab, guardaram com firmeza o
tas taças cheias de vinho e copos, e preceito que seu pai lhes tinha da­
disse-lhes: Bebei vinho. 6Êles, porém,
responderam: Não beberemos vinho, do; mas êste povo não me tem obe­
porque Jonadab, filho de Recab, nosso decido.
pai, deu-nos êste preceito: N ão bebe-
O s J u d e u s se rã o c a stig a d o s
reis jamais vinho, nem vós, nem vos­
sos filhos, 7e não edificareis casa, e o s R e c a b ita s p re m ia d o s
nem semeareis sementeiras, nem 17Pelo que, isto diz o Senhor dos
plantareis vinhas, nem as possuireis, exércitos, o Deus de Israel: Eis que
mas habitareis em cabanas todos os farei vir sôbre Judá e sôbre todos os
dias da vossa vida; para que vivais
muitos dias sôbre a face da terra, na habitantes de Jerusalém, tôdas as ca­
qual viveis peregrinando. 8Temos, pois, lamidades, com que os tenho ameaça­
obedecido à voz de Jonadab, filho de do, porque lhes tenho falado, e não
Recab, nosso pai, em tôdas as coisas ouviram, tenho-os chamado, e não me
que nos mandou, de não beber vinho responderam.
em todos os nossos dias, nós e nos­ !8E Jeremias disse à família dos
sas mulheres, nossos filhos e filhas, Recabitas: Isto diz o Senhor dos exér­
9e de não edificarmos casa para nos­ citos, o Deus de Israel: Porque tendes
sa morada, e não termos tido vinhas, obedecido ao preceito de Jonadab, vos­
nem campos, nem sementeiras; 10mas so pai, e tendes guardado tôdas as
temos habitado sob tendas, e temos suas ordens, e tendes feito tôdas as
obedecido em tudo conforme o que coisas que vos mandou, 19portanto,
nos mandou Jonadab, nosso pai. 71E, isto diz o Senhor dos exércitos, o Deus
quando Nabucodonosor, rei de Babi­ de Israel: N ão faltará varão da estir­
lônia, entrou em nossà terra, disse­ pe de Jonadab, filho de Recab, que
mos: Vinde e entfemos em Jerusalém, esteja sempre na minha presença to­
para fugir do exército dos Caldeus, e dos os dias.
para escapar do exército da Síria;
e ficamos em Jerusalém. J e re m ia s d ita a B a r u c as su a s
12E foi dirigida a palavra do Se­ p ro fe c ia s
nhor a Jeremias, a qual dizia: ,3Isto
diz o Senhor dos exércitos, o Deus de OC JEaconteceu que, no quarto
Israel: V ai e dize aos homens de Ju­ ano de Joaquim, filho de Jo­
dá, e aos habitantes de Jerusalém: sias, rei de Judá, foi dirigida a pa­
Não recebereis vós a minha admoes- lavra do Senhor a Jeremias, a qual
36 PROFECIA DE JEREM IAS 921

dizia: T o m a o rôlo dum livro, e nêle as palavras do Senhor, lidas pelo


escreverás tôdas as palavras que te livro, 12*foi ao palácio do rei, à câma­
tenha dito contra Israel e Judá e ra do secretário, onde estavam senta­
contra tôdas as nações, desde o dia dos todos os príncipes: Elisama, se­
em que eu te falei, no tempo de Jo- cretário, e Dalaias, filho de Seméias,
sias, até ao dia de hoje; 3a ver se, e Enatan, filho de Acobor, e Gama­
ouvindo os da casa de Judá todos os rias, filho de Safan, e Sedecias, filho
males que eu estou resolvido a fazer- de Hananias, e todos os príncipes.
lhes, volta cada um do seu péssimo 13E Miquéias referiu-lhes tôdas as pa­
caminho, de sorte que eu lhes possa lavras que tinha ouvido, quando B a-
perdoar as suas maldades ,e pecados. ruc as lia pelo livro aos ouvidos do
4Chamou, pois, Jeremias a Baruc, fi­ povo.
lho de Nérias, e Baruc escreveu, di­ 14Com isto todos aquêles príncipes
tando Jeremias, no rôlo do livro tôdas enviaram a Baruc Judi, filho de N a -
as palavras que o Senhor lhe tinha di­ tanias, filho de Selemias, filho de
to. aE Jeremias deu em seguida esta Cusi, a dizer-lhe: Toma na tua mão
ordem a Baruc: Eu estou prêso, e não o livro, pelo qual lêste diante do po­
posso entrar na casa do Senhor. °En- vo, e vem cá. Tomou, pois, Baruc, fi­
tra, pois, tu, e lê pelo livro em que lho de Nérias, o livro na sua mão, e
escrevestes, ditando eu, as palavras do foi ter com êles. 15E disseram-lhe:
Senhor, de modo que as ouça o po­ Senta-te, e lê essas coisas, de modo
vo da casa do Senhor no dia de je­ que as ouçamos. E Baruc leu, ouvin-
jum ; além disto, também as lerás de do-o êles. 16E, quando ouviram tôdas
modo que as ouçam todos os de Judá as palavras, voltaram-se espantados'
que vêm das suas cidades; 7a ver se cada um para o que tinha ao seu la­
êles se prostram, orando diante do do, e disseram a Baruc: É preciso que
Senhor, e se converte cada um do seu façamos saber ao rei tôdas essas coi­
caminho péssimo; porque é grande o sas. 17E interrogaram-no dizendo: D e­
furor e a indignação que o, Senhor clara-nos como escreveste tu todos
tem manifestado contra êste povo. êsses discursos da sua bôca. 18E B a ­
ruc disse-lhes: Pela sua bôca me di­
Baruc lê ao povo as profecias tava tôdas estas palavras, como se
de Jeremias as fôsse lendo; e eu as escrevia nes­
8E Baruc, filho de Nérias, procedeu te livro com tinta. 19*E ntão disseram
conforme tudo o que o profeta Jere­ os principes a Baruc: Vai e escon-
mias lhe tinha mandado, lendo no li­ de-te tu e Jeremias, e ninguém sai­
vro as palavras do Senhor na casa do ba onde estais.
Senhor. 89N o quinto ano de Joaquim,
Joaquim manda ler o livro e queima-o
filho de Josias, rei de Judá, no nono
mês, publicaram um jejum diante do 20E foram em seguida ter com o rei,
Senhor a todo o povo de Jerusalém, ao átrio do seu palácio, mas deixa­
e a tòda a multidão que havia con­ ram guardado o livro na câmara de
corrido das cidades de Judá a Je­ Elisama, secretário, e participaram ao
rusalém. 10*E Baruc leu no livro as rei, em sua audiência, tudo o que ti­
palavras de Jeremias, na casa do Se­ nha acontecido. 21E o rei mandou Ju-
nhor, na câmara de Gamarias, filho di buscar o livro; e Judi tomando-o
de Safan, secretário, no vestibulo su­ da câmara de Elisama, secretário,
perior à entrada da porta nova da leu-o diante do rei, e de todos os
casa do Senhor, ouvindo-o todo o príncipes que estavam em volta do
povo. rei. 22E o rei estava sentado no seu
UE quando Miquéias, filho de G a­ aposento de inverno, no nono mês;
marias, filho de Safan, ouviu tôdas e diante dêle estava pôsto um bra-
Cap. X X X V I — 2. T o m a o r ô l o . Naquele tempo, escrevia-se sôbre longas tira s de per­
gaminho, que eram enroladas em volta dum cilindro, o texto, disposto em colunas paralelas,
podia ler-se, à medida que o cilindro se ia desenrolando.
19. V a i. . . o s principes tinham receio de que o rei fizesse algum mal a Jeremias e ao
seu secretário.
922 PROFECIA DE JEREMIAS 36 - 3 7

seiro cheio de brasas. 23E, tendo Judi Sedecias m a n d a c o n s u lta r J e re m ia s


lido três ou quatro páginas, o rei
cortou o livro com o canivete do se­ 0 7 7E o rei Sedecias, filho de Jo-
cretário. e lançou-o no fogo do b ra­ 1 sias, reinou em lugar de Je-
seiro, até que se queimou todo o li­ conias, filho de Joaquim, a quem Na-
vro no fogo do braseiro. 24E não te­ bucodonosor, rei de Babilônia, esta­
meram nem rasgaram os seus vesti­ beleceu rei no país de Judá. 2Mas
dos o rei e todos os seus servos, que nem êle, nem os seus servos, nem o
ouviram tôdas estas palavras (ou a- povo da terra, obedeceram às pala­
meaças). 2r,Todavia Elnatan, e Dalai- vras que o Senhor tinha dito pela
as, e Gamarias tinham pedido ao rei bôca do profeta Jeremias. 3E o rei
que não queimasse o livro; mas êle Sedecias mandou Jucal, filho de Se­
não lhes deu ouvidos. 2fiE o rei man­ lemias, e Sofonias, filho de Maasias,
dou a Jeremiel, filho de Amelec, e a sacerdote, dizer ao prpfeta Jeremias:
Saraias, filho de Ezriel, e a Selemias, Pede por nós ao Senhor nosso Deus.
filho de Abdeel, que prendessem B a- 4E Jeremias andava livremente por
ruc, o secretário, e o profeta Jere­ entre o povo, porque ainda o não ti­
mias; mas o Senhor escondeu-os. nham metido no cárcere. Entretanto
o exército de Faraó saiu do Egito; e,
D e u s m a nd a e sc re ve r n o v a m e n te ouvindo esta nova, os Caldeus, que
e a n u n c ia o c a stig o do re i
tinham cercado Jerusalém, retiraram-
se de Jerusalém.
27E foi dirigida a palavra do Se­
nhor ao profeta Jeremias, depois que R e s p o s ta do p ro fe ta
o rei queimou o livro e as palavras 5Então a palavra do Senhor foi di­
que Baruc escrevera, recolhendo-as rigida ao profeta Jeremias nos têrmos
da bôca de Jeremias, a qual dizia: seguintes: 6Isto diz o Senhor Deus
28Toma de novo outro livro, e escreve de Israel: Assim direis ao rei de Ju­
nêle tôdas as palavras que havia no dá, que vos enviou a consultar-me:
primeiro livro, que Joaquim, rei de Eis o exército de Faraó, que saiu pa­
Judá, queimou. ra vos dar socorro, voltará para a
29E dirás a Joaquim, rei de Judá: sua terra no Egito, 7e os Caldeus vol­
Isto diz o Senhor: Tu queimaste a- tarão e combaterão contra esta cida­
quêle livro, dizendo: Por que escre­ de, e tomá-la-ão, e lhe lançarão o fo­
veste nêle. e anunciaste que o rei de go. 8Isto diz o Senhor: Não queirais
Babilônia virá a tôda a pressa, e des­ enganar-vos a vós mesmos dizendo:
truirá esta terra, e fará que não fi­ De certo se irão os Caldeus, e se re­
quem nela homens, nem animais? tirarão de nós, porque (ficai certos
30Portanto, isto diz o Senhor contra de que) êles não se irão. 9Mas, ainda
Joaquim, rei de Judá: não sairá dê- que derrotásseis todos os exércitos
le quem se sente sôbre o trono de dos Caldeus que pelejam contra vós, e
Davi; e o seu cadáver será exposto ficassem dêles somente alguns feri­
ao ardor do dia e à geada da noite. dos, êles se levantariam cada um da
31E castigá-lo-ei a êle, e à sua linha­ sua tenda, e queimariam esta cidade
gem, e aos seus servos pelas suas pelo fogo.
maldades, e farei cair sôbre êles, e
sôbre os habitantes de Jerusalém, e J e re m ia s é p rêso p elo s p rín c ip e s
sôbre os varões de Judá todo o mal 10Tendo-se, pois, retirado o exército
com que os tenho ameaçado, sem que dos Caldeus de Jerusalém, por causa
êles me tenham ouvido. do exército do Faraó, 71saiu Jeremias
32Tomou, pois, Jeremias outro livro, de Jerusalém para ir à terra de Ben­
e deu-o a Baruc, filho de Nérias, o jamim, e repartir ali uma possessão
secretário, o qual escreveu nêle, di­ na presença dos cidadãos. 12E, quan­
tando Jeremias, tôdas as palavras do do chegou à porta de Benjamim, es­
livro que Joaquim, rei de Judá, tinha tava ali um dos que por turno guar­
lançado no fogo, e ainda foram a- davam a porta, o qual se chamava
crescentadas muitas mais palavras, Jerias, filho de Selemias, filho de H a-
que as que tinha havido no primeiro. nanias, e prendeu o profeta Jeremias,
37 - 38 PROFECIA DE JEREM IAS 923

dizendo: Tu foges para os Caldeus. que mandes matar êste homem, por­
13E Jeremias respondeu: Isso é falso, que de propósito enerva as forças aos
eu não fujo para os Caldeus. Porém homens de guerra, que ficarám nesta
Jerias não lhe deu ouvidos, mas pren­ cidade, e as mãos de todo o povo, di­
deu Jeremias, e levou-o aos prínci­ rigindo-lhes estas palavras; porquan­
pes. 14Pelo que, irados os príncipes to êste homem não busca a paz para
contra Jeremias, depois de o açoita­ êste povo, mas o mal. 5E o rei Sede­
rem, meteram-no no cárcere que ha­ cias disse: Aí o tendes nas vossas
via na casa de Jonatan, o secretário, mãos; pois não é possível que o rei
porque êle era o prefeito do cárce­ vos negue coisa alguma. Tom aram ,
re. 15E assim entrou Jeremias na pois, Jeremias e lançaram-no na cis­
casa do fôsso, e num calabouço, on­ terna de Melquias, filho de Amelec,
de esteve durante muitos dias. que estava no vestíbulo do cárcere,
Sedecia s m a nd a s o lt a r o p ro fe ta
e desceram Jeremias com cordas à
cisterna onde não havia água, senão
16Mas o rei Sedecias mandou tirá-lo, lôdo; e assim se atolou Jeremias no
e interrogou-o em sua casa secreta­ lôdo.
mente, e disse: Crês porventura que J e re m ia s é tira d o da c is te rn a por
tens alguma palavra da parte do Se­ in te rv e n ç ã o de Abdem elee
nhor? E Jeremias disse: Sim, tenho.
E acrescentou: serás entregue nas 7E Abdemelee, eunuco etíope, que
mãos do rei de Babilônia. 17E Jere­ estava na casa do rei, ouviu dizer
mias disse ao rei Sedecias: Em que que tinham metido Jeremias na cis­
tenho eu pecado contra ti, e contra terna. O rei estava então sentado à
os teus servos, e contra o teu povo, porta de Benjamim. 8E Abdemelee
para me mandares meter no cárcere? saiu da casa do rei, e foi falar ao rei,
18Onde estão os vossos profetas, que dizendo. 9ó rei, meu senhor, êstes ho­
vos profetizavam, e diziam: Não virá mens procederam mal em tudo quan­
o rei de Babilônia sôbre vós e sôbre to fizeram contra o profeta Jeremias,
esta terra? 19Agora, pois, oUve, eu te metendo-o na cisterna, para que ali
rogo, senhor, rei meu; ouve favorà- morra de fome, porque já não há
velmente a minha súplica, e não me mais pão na cidade. 10Mandou, pois,
remetas à casa de Jonatan, o secre­ o rei ao etíope Abdemelee, dizendo:
tário, para que eu não morra lá. “ O r­ Toma aqui contigo trinta homens, e
denou, pois, o rei Sedecias que Jere­ tira da cisterna o profeta Jeremias,
mias fôsse posto no vestíbulo do cár­ antes que morra. “Adbemelec, pois,
cere, e que se lhe desse uma torta de tomando consigo os homens, entrou
pão cada dia, além dos alimentos or­ numa dependência do palácio do rei,
dinários, até que todo o pão da cida­ que estava por debaixo do tesouro, e
de se consumisse; e Jeremias ficou tomou dali uns panos velhos, e rou­
no vestíbulo do cárcere. pas antigas que tinham apodrecido,
J e re m ia s é lança d o n u m a c is te rn a
e por umas cordas os deitou abaixo à
cisterna a Jeremias. 12E o etíope A b ­
90 7Ora Safatias, filho de Matan, demelee disse a Jeremias: Mete êsses
e Gedelias, filho de Fassur, pedaços de pano velho, e êsses re­
e Jucal, filho de Selemias, e Fas­ talhos rasgados e podres debaixo dos
sur, filho de Melquias, tinham ouvi­ teus sovacos, entre os braços e as
do as palavras que Jeremias dirigia cordas; e Jeremias o fêz assim, 13e
a todo o povo, dizendo: Tsto diz o puxaram Jeremias com as cordas, e
Senhor: Todo aquele que fiòar nes­ tiraram-no da cisterna; e Jeremias
ta cidade morrerá à espada, e de fo­ ficou no vestibulo do cárcere.
me, e de peste; mas ò que passar C o n v e rsa de J e re m ia s com Sedecias
aos Caldeus, viverá e ficará salva a
sua alma, e com vida. Tsto diz o Se­ 14E o rei Sedecias mandou procu­
nhor: Certamente será entregue esta rar o profeta Jeremias, à terceira por­
cidade na mão do exército do rei de ta, que estava na casa do Senhor; e
Babilônia, e êle a tomará. 4E os prín­ o rei disse a Jeremias: Eu tenho uma
cipes disseram ao rei: Suplicamos-te coisa a perguntar-te, não me encu­
924 PROFECIA DE JEREM IAS 38 - 39

bras nada. 15E Jeremias disse a Se- ram-no; e êle respondeu-lhes confor­
decias: Se eu ta anunciar, acaso tu me tudo o que o rei lhe tinha man­
não me matarás? E se eu te der um dado, e não o inquietaram mais, por-
conselho, não me ouvirás. 16Jurou, pois, ue não se tinha divulgado nada. “ E
o rei Sedecias a Jeremias em segrê- eremias permaneceu no vestíbulo do
do, dizendo: Viva o Senhor, que nos cárcere até o dia em que Jerusalém
deu esta alma, que não te matarei, foi tomada; e de fato Jerusalém foi
nem te entregarei nas mãos dêsses tomada.
homens que buscam a tua vida.
17E Jeremias disse a Sedecias: Isto To m a d a de J e ru s a lé m
diz o Senhor dos exércitos, o Deus de ÔQ JN o ano nono de Sedecias, rei
Israel: Se, saindo (de Jerusalém), te **U de Judá, no décimo mês, veio
entregares aos príncipes do rei de Ba­ Nabucodonosor, rei de Babilônia, e
bilônia, viverá a tua alma, e nào ar­ todo o seu exército a Jerusalém, e
derá em fogo esta cidade, e serás sal­ sitiaram-na. 2E no ano undécimo de
vo, tu e a tua casa. 18Mas, se não te Sedecias, ao quinto dia do quarto
entregares aos príncipes do rei de Ba­ mês, fêz-se a brecha na cidade; 3e
bilônia, será entregue esta cidade nas todos os príncipes do rei de Babilônia
mãos dos Caldeus, e a farão arder entraram, e fizeram alto junto à por­
no fogo, e tu não escaparás das suas ta do meio; a saber: Neregel, Sereser,
mãos. 19E o rei Sedecias disse a Jere­ Semegarnabu, Sarsaquim, Rabsares,
mias: Receio-me dos Judeus, que se Neregel, Sereser, Rebmag e todos os
passaram aos Caldeus; não suceda outros príncipes do rei de Babilônia.
que eu seja entregue nas suas mãos,
e me ultrajem. “ E Jeremias respon­ 4E Sedecias, rei de Judá, e tôda a
deu: Não te entregarão; rogo-te que gente de guerra, tendo-os visto, fugi­
ouças a v o z do Senhor, que eu te a- ram; e saíram de noite da cidade pe­
nuncio, e será bem para ti, e viverá lo caminho do jardim do rei, e pela
a tua alma. 21Mas, se não quiseres porta que estava entre os dois muros,
sair, eis a palavra que o Senhor me e tomaram o caminho do deserto.
revelou: 22Tôdas as mulheres que fi­ 5Mas o exército dos Caldeus foi em
caram no palácio do rei de Judá, se­ seu alcance e apanharam Sedecias
rão conduzidas aos príncipes do rei no campo do deserto de Jericó, e le-
de Babilônia; e elas dirão: Engana­ varam-no prêso a Nabucodonosor rei
ram-te, e puderam mais do que tu de Babilônia, a Reblata, que está na
os homens (que se diziam) teus ami­ terra de Emat; e êste pronunciou-lhe
gos; atolaram-te num lamaçal, e me­ a sua sentença. aE o rei de Babilônia
teram os teus pés num escorregadou­ matou em Reblata os filhos de Sede­
ro, e depois apartaram-se de ti. 23E cias diante dos seus olhos; e o rei
tôdas as tuas mulheres e teus filhos de Babilônia mandou também matar
serão levados aos Caldeus; e tu não todos os nobres de Judá. 7Depois man­
escaparás das suas mãos, mas serás dou arrancar os olhos a Sedecias, e
prêso pela mão do rei' de Babilônia, fê-lo carregar de ferros, para ser le­
e êle fará arder em fogo esta cidade. vado a Babilônia. *Além disso os Cal­
24Disse, pois, Sedecias a Jeremias: N in­ deus queimaram o palácio do rei, e
guém saiba estas palavras, e não as casas do povo, lançando-lhes fogo,
morrerás. “ E se os príncipes soube­ e derribaram o muro de Jerusalém.
rem que falei contigo, e vierem a ti, 9E os restos do povo que tinha ficado
e te disserem: Manifesta-nos o que na cidade, e os desertores que se ti­
disseste ao rei, e o que o rei te disse nham ido entregar a êle, e o resto
a ti; não nos encubras nada, e nós do povo que tinha ficado, levou-os
não te mataremos; “ tu lhes respon­ à Babilônia Nabuzardan, general do
derás: Eu fiz ao rei as minhas súpli­ exército. 10E aos mais pobres da ple­
cas para que não me mandasse nova- be que não tinham absolutamente coi­
mente levar à casa de Jonatan, onde sa alguma, Nabuzardan, general do
eu seria morto. exército, deixou-os ficar na terra de
27Efetivamente todos os príncipes Judá, e deu-lhes vinhas e cisternas
foram ter com Jeremias, e interroga­ naquele dia.
39 - 40 PROFECIA DE JEREM IAS 925

Jeremias fica em liberdade as cadeias que tinhas nas tuas mãos;


so queres vir comigo à Babilônia,
nÉ de notar que Nabucodonosor, vem, e porei os meus olhos em ti;
rei de Babilônia, tinha dado esta or­ mas, se te desagrada vir comigo à Ba­
dem a Nabuzardan, general do exér­ bilônia, fica; eis aí está tôda a terra
cito, acêrca de Jeremias, dizendo: à tua vista; para o lugar que esco­
12Toma-o, e pôe sôbre êle os teus olhos, lheres, e para o qual quiseres ir, pa­
e não lhe faças mal nenhum, mas ra êsse vai. 5Não venhas, pois, comi­
concede-lhe tudo o que êle quiser. go (se não queres), mas podes viver
13Por êste motivo Nabuzardan, gene­ com Godolias, filho de Aicão, filho
ral do exército, e Nabusezban, e Rab- de Safan, a quem o rei de Babilônia
sares, e Neregel, e Sereser e Reb- constituiu governador das cidades de
mag, e todos os grandes do rei de Judá; vive, pois, com êle no meio do
Babilônia, “ mandaram tirar Jeremias povo, ou vai para qualquer parte que
do vestibulo do cárcere, e entrega­ mais te agradar ir. Deu-lhe também
ram-no a Godolias, filho de Aicão, fi­ o general do exército mantimentos e
lho de Safan, para que êle habitasse presentes, e o deixou ir. °Jeremias
em sua casa, e vivesse entre o povo. foi, pois, para a casa de Godolias, f i­
Oráculo relativo a Abdemelec lho de Aicão, a Masfat, e habitou
com êle no meio do povo que tinha
15Mas a palavra do Senhor tinha ficado no país.
sido dirigida a Jeremias, quando ês­
te estava prêso no vestibulo do cár­ Muitos Judeus sujeitam-se ao
cere, a qual dizia: 16Vai, e dize a govêrno de Godolias
Abdemelec etíope: Isto diz o Senhor
dos exércitos, o Deus de Israel: Eis 7E, quando todos os principais do
que farei cumprir as minhas palavras exército, que estavam dispersos pelas
sôbre esta cidade em dano seu, e não províncias, souberam, êles e os seus
em bem; e verificar-se-ão naquele dia companheiros, que o rei de Babilônia
à tua vista. 17Eu te livrarei nesse tinha pôsto por governador do país a
dia, diz o Senhor, e não serás entre­ Godolias, filho de Aicão, e que lhe
gue nas mãos dos homens que temes; tinha confiado os homens, e as mu­
18mas eu, tirando-te delas, te livrarei, lheres, e os meninos, e os pobres da
e não cairás morto à espada; e salva­ terra, que não tinham sido levados a
rás a tua vida, porque tiveste con­ Babilônia, 8foram ter com Godolias
fiança em mim, diz o Senhor. a Masfat, a saber: Ismael, filho de
Natanias, e Joanan e Jonatan, filhos
Jeremias em casa de Godolias de Carée, e Saréias, filho de Taneu-
met, e os filhos de Ofi, naturais de
*Palavra que foi dirigida pelo Netofati, e Jezonias, filho de Maaca-
Senhor a Jeremias, depois que ti, êles e as suas gentes, 9E Godolias,
Nabuzardan, general do exército, o filho de Aicão, filho de Safan, ju-
mandou livre de Rama, depois de o rou-lhes a êles e aos seus companhei­
ter retirado, carregado de cadeias, ros, dizendo: Não temais servir os
do meio de todos os que fazia sair Caldeus, habitai na terra, e servi o
de Jerusalém, e de Judá, para serem rei de Babilônia, e passareis bem.
levados a Babilônia. 10Vêde que eu habito em Masfat para
•O general do exército, tomando, executar as ordens dos Caldeus que
pois, de parte a Jeremias, disse-lhe: nos são enviadas; e assim vós reco­
O Senhor teu Deus pronunciou esta lhei a vindima e a seara, e o azeite,
calamidade contra êste lugar, se trou- e envasilhai-o nos vossos vasos, e con-
xe-lha; e o Senhor executou o que servai-vos nas vossas cidades, que
tinha dito, porque vós pecastes con­ ocupais. UE do mesmo modo todos
tra o Senhor, e não ouvistes a sua os judeus que estavam em Moab, e
voz, e cumpriu-se em vós esta pala­ entre os filhos de Amon, e na Idu-
vra. 4E agora, eis que te tirei hoje méia, e em tôdas as demais regiões,
Cap. X L — 1. R am a ficava a duas léguas e meia ao norte de Jerusalém, Foi nesta po-
voação que os Caldeus juntaram os prisioneiros que deviam ser levados à Babilônia.
926 PROFECIA DE JEREMIAS 40 - 41
quando ouviram que o rei de Babi­ número de oitenta, com barba ra­
lônia tinha deixado os restantes na pada e os vestidos rasgados e o rosto
Judéia, e tinha constituído por go­ todo desfigurado, e traziam nas mãos
vernador a Godolias, filho de Aicão, incenso e ofertas para os apresentar
filho de Safan; 12todos êstes judeus, na casa do Senhor. liSaindo, pois, de
digo, voltaram de todos os lugares on­ Masfat a recebê-los Ismael, filho de
de se tinham refugiado, e vieram à Natanias, ia andando e chorando; e,
terra de Judá ter com Godolias, à quando chegou junto dêles, disse-
Masfat, e recolheram vinho e trigo lhes: Vinde a Godolias, filho de A i­
em grandíssima quantidade. cão. 7Porém, quando êles chegaram
Godolias é avisado de que o querem ao meio da cidade, Ismael, filho de
matar Natanias, e os homens que estavam
com êle, mataram-nos no meio da
13E Joanan, filho de Careé, e todos cisterna. 8Mas entre êles houve dez
os príncipes do exército, que tinham homens que disseram a Ismael: Não
sido dispersos pelas províncias, foram nos mates, porque temos no campo
ter com Godolias a Masfat, ue dis­ tesouros de trigo, e de cevada, e de
seram-lhe: Sabe que Baalis, rei dos azeite, e de mel. E deixou-os, e não
filhos de Amon, mandou Ismael, fi­ os matou com os seus irmãos. 9A cis­
lho de Natanias, para te tirar a vida. terna, em que Ismael lançou todos
E Godolias, filho de Aicão, não lhes os cadáveres dos homens que matou
deu crédito. 15E Joanan, filho de Ca- por causa de Godolias, é a mesma
rée falou em segrêdo com Godolias que fêz o rei Asa por causa de Baa-
em Masfat, dizendo: Irei e matarei sa, rei de Israel; Ismael, filho de N a­
Ismael, filho de Natanias, sem que tanias, encheu-a dos corpos daqueles
ninguém o saiba, para que êle te não que tinha matado. 10E Ismael levou
tire a vida, e não sejam dispersos presos todos os que do povo tinham
todos os Judeus que se acolheram a ficado em Masfat, as filhas do rei, e
ti, e não pereçam os restos de Judá. todo o povo que tinha ficado em Mas­
5HPorém, Godolias, filho de Aicão, dis­ fat, e que Nabuzardan, general do
se a Joanan, filho de Carée: Não fa ­ exército, tinha confiado a Godolias,
ças tal coisa, porque o que tu dizes filho de Aicão. E tomou-os Ismael,
de Ismael é falso. filho de Natanias, e partiu para pas­
sar aos filhos de Amon..
Morte de Godolias
Tentativa de vingança
7E aconteceu, no mês sétimo,
que Ismael, filho de Natanias, nMas Joanan, filho de Carée, e to­
filho de Elisama, de linhagem real, dos os oficiais de guerra que estavam
e os grandes do rei, e dez homens, com êle, souberam de todo o mal
com êle, foram ter com Godolias, que tinha feito Ismael, filho de N a­
filho de Aicão, a Masfat, e comeram tanias. 12E, tomando consigo tôda a
ali juntos em Masfat. *E levantou-se sua gente, partiram a pelejar contra
Ismael, filho de Natanias, e os dez Ismael, filho de Natanias, e encon­
homens que com êle estavam, e fe ­ traram-no perto da grande piscina
riram Godolias, filho de Aicão, filho de Gabaão. 13E, quando todo o povo
de Safan, à cutiladas, e mataram a- que estava com Ismael viu Joanan,
quêle que o rei de Babilônia tinha filho de Carée, e todos os oficiais de
constituído governador do país. 3Ma- guerra que estavam com êle, ale­
tou também Ismael todos os Judeus graram-se. 14E todo o povo que Is­
que estavam com Godolias em Mas­ mael tinha feito prisioneiro, voltou
fat, e os Caldeus que lá foram en­ a Masfat; e, tendo voltado, foi para
contrados, e os homens de guerra. Joanan, filho de Carée.
Os peregrinos da Samaria Projeto de fu ga para o Egito
4E ao outro dia, depois que matou 15Mas Ismael, filho de Natanias, fu­
Godolias, sem ninguém ainda o sa­ giu de Joanan, com oito homens, e
ber, 5chegaram uns homens de Si- passou-se aos filhos de Amon. 16Joa-
quém, e de Silo, e da Samaria, em nan, filho de Carée, e todos os ofi­
41 - 42 PROFECIA DE JEREMIAS 927
ciais de guerra que estavam com êle, de Israel, a quem me enviastes, pa­
tomaram em Masfat todos os que res­ ra que expusesse os vossos humil­
tavam da plebe, que êle tinha reco­ des rogos na sua presença: 10Se per­
brado de Ismael, filho de Natanias, manecerdes em repouso nesta ter­
depois que êste matou Godolias, fi­ ra, eu vos edificarei, e não vos des­
lho de Aicão; os homens de valor truirei; plantar-vos-ei, e não vos ar­
para a guerra, e as mulheres, e os rancarei, porque já estou aplacado
meninos, e os eunucos que tinha fe i­ com o castigo que vos enviei. nNão
to voltar de Gabaão. ” E foram-se temais a presença do rei de Babi­
dali e estiveram de passagem em Ca- lônia, de quem tendes tanto mêdo;
maão, que está ao pé de Belém, com não o temais, diz o Senhor, porque
o fim de passarem depois adiante, e eu sou convosco, para vos pôr a sal­
entrar no Egito, 18com mêdo dos vo, e livrar da sua mão. 12E vos en­
Caldeus, porque os temiam por cau­ cherei de misericórdias, e terei pie­
sa de Ismael, filho de Natanias, ter dade de vós, e far-vos-ei habitar na
assassinado Godolias, filho de Aicão, vossa terra.
que o rei de Babilônia tinha consti­ 13Mas se vós disserdes: Não habi­
tuído governador da terra de Judá. taremos nesta terra, nem ouviremos
Jeremias tenta dissuadir os Judeus da a voz do Senhor nosso Deus; 14se dis­
fu ga para o Egito e ameaça-os serdes: De nenhum modo, mais ire­
mos para a terra do Egito, onde não
 O 7Então foram todos os oficiais veremos guerra, nem ouviremos es­
de guerra, e Joanan, filho de trondo de trombeta, nem padecere­
Carée, e Jezònias, filho de Osaías, e mos fome, e ali habitaremos.
o resto do povo, desde o pequeno até 15Neste caso ouvi agora a palavra
ao grande, 2e disseram ao profeta Je­ do Senhor, ó restos de Judá: Isto
remias: Seja aceita a nossa súplica diz o Senhor dos exércitos, o Deus
na tua presença, e pede ao Senhor de Israel: Se vos obstinais em que­
teu Deus por nós, e por todo êste rer ir para o Egito, e se lá entrar­
resto do povo, porque de muitos fi­ des com o fim de lá habitar, 16a es­
camos poucos, como vêem os teus pada que vós temeis, lá vos alcan­
olhos; 3e para que o Senhor teu Deus çará na terra do Egito; e a fome que
nos mostre o caminho que devemos vós receais, no Egito se vos pega­
seguir, e o que devemos fazer. 40 rá, e morrereis lá. 17E todos os que
profeta Jeremias disse-lhes: Tenho se obstinarem em entrar no Egito,
ouvido. Eis que vou fazer oração ao com o fim de lá habitar, morrerão
Senhor vosso Deus, conforme dizeis; à espada, e de fome, e de peste;
qualquer palavra que rne responder, não ficará nenhum dêles, nem es­
eu vo-la referirei, e não vos encobri­ capará do castigo que eu farei vir
rei coisa alguma. sôbre êles. l8Porque isto diz o Se­
5E êles disseram a Jeremias: Se­ nhor dos exércitos, o Deus de Is­
ja o Senhor entre nós a testemunha rael: Assim como o meu furor e
da nossa verdade e sinceridade, se a minha indignação se acendeu con­
não fizermos tudo o cpie o Senhor tra os habitantes de Jerusalém, as­
teu Deus te mandar dizer-nos. 6Seja sim se acenderá a minha indignação
a coisa favorável ou adversa, obede­ contra vós, quando tiverdes entra­
ceremos à voz do Senhor nosso Deus, do no Egito; e vireis a ser objeto de
ao qual te enviamos para que seja­ execração, e de espanto, e de maldi­
mos bem sucedidos, depois que ti­ ção, e de opróbrio, e não tornareis
vermos ouvido a voz do Senhor nos­ mais a ver êste lugar. 19Esta é a
so Deus. palavra do Senhor acêrca de vós,
7E, passados dez dias, foi dirigida ó restos de Judá: Não entreis no
a palavra do Senhor a Jeremias, 8o Egito; tende bem presente que eu
qual chamou Joanan, filho de Carée, vos protestei hoje 20que enganastes
e todos os oficiais de guerra que es­ as vossas almas, porque me envias­
tavam còm êle, e todo o povo, desde tes ao Senhor nosso Deus, dizendo:
o mais pequeno até ao maior; 9e Roga por nós ao Senhor nosso Deus,
disse-lhes: Isto diz o Senhor Deus e tudo o que te disser o Senhor nos-
928 PROFECIA DE JEREMIAS 42 - 44
so Deus no-lo anuncia e nós o fa ­ Judeus; 8 *10*e lhes dirás: Isto diz o,
remos. 2,E eu hoje vo-lo anunciei, Senhor dos exércitos, o Deus de Is­
e não ouvistes a voz do Senhor vos­ rael: Eis que mandarei chamar e
so Deus acêrca de tôdas as coisas tomarei Nabucodonosor, rei de Ba­
pelas, quais me enviou a vós. “ A go­ bilônia, meu servo; e porei o seu tro­
ra, pois. ficai sabendo que morrereis no sôbre estas pedras que escondi,
à espada, e de fome, e de peste, nes­ e êle estabelecerá o seu sólio sôbre
se lugar para onde quisestes ir a elas; “ e, vindo, ferirá a terra do E-
fim de lá viver. gito; os que eu destinei à morte,
morrerão; e os que destinei ao ca­
Os Judeus fogem para o Egito levando
tiveiro, irão para o cativeiro; e os
também Jeremias e Baruc
que destinei para a espada, morrerão
4O *Ora, aconteceu que, tendo Je- à éspada. 12E fará pegar fogo aos
remias acabado de dizer ao templos dos deuses do Egito, e quei­
povo tôdas as palavras do Senhor má-los-á, e levará cativos os seus
seu Deus, tôdas as palavras que o ídolos; e revestir-se-á dos despojos
Senhor seu Deus lhe tinha mandado do Egito, como um pastor que se
dizer-lhes, 2Azarias, filho de Osaías, cobre com a sua roupa, e sairá da­
e Joanan, filho de Carée, e todos li em paz; Kie quebrará as estátuas
os homens soberbos disseram a Je­ da casa do sol, que há na terra do
remias: Tu dizes mentiras; o Se­ Egito, e incendiará os templos dos
nhor nosso Deus não te enviou a di- deuses do Egito.
zer-nos: Não entreis no Egito pa­ Os que prestarem culto aos fdolos
ra habitardes lá. aMas é Baruc, fi­ serão consumidos pela espada
lho de Nérias, que te incita contra e pela fome
nós, para nos entregar nas mãos dos
Caldeus, para nos matar e nos fa ­ A A 7Palavra que foi dirigida por Je-
zer levar a Babilônia. 4E Joanan, remias a todos os Judeus que
filho de Carée, e todos os oficiais habitavam na terra do Egito, os que
de guerra, e todo o povo não ouvi­ moravam em Mágdalo, e em Táfnis,
ram a voz do Senhor, (que lhes da- e em Mênfis, e na terra de Fatu­
va a ordem) de ficarem na terra de res, a qual dizia: 2Isto diz o Senhor
Judá. 5Mas Joanan, filho de Carée, dos exércitos, o Deus de Israel: Vós
e todos os oficiais de guerra toma­ vistes todos os males que fiz vir so­
ram todos os restos de Judá, que bre Jerusalém e sôbre tôdas as ci­
tinham voltado de tôdas as nações dades de Judá, e vêde que estão ho­
para onde antes tinham sido disper­ je desertas e despovoadas, 3por cau­
sos, para habitarem na terra de Ju­ sa da maldade que cometeram para
dá, 4iomens, mulheres e crianças, e provocar a minha indignação, indo
as filhas do rei, e tôdas as pessoas sacrificar e adorar deuses estranhos,
que Nabuzardan, general do exérci­ que não conheciam nem êles, nem
to, dos Caldeus, tinha deixado com vós, nem vossos pais. 4E, com gran­
Godolias, filho de Aicão, filho de de solicitude, enviei-vos todos os
Safan, e o profeta Jeremias, e Ba­ meus servos, os profetas, enviei-os
ruc, filho de Nérias; 7e entraram na para vos dizer: Não cometais esta
terra do Egito, porque não obede­ abominação, que eu detesto. “E não
ceram à voz do Senhor; e foram a- ouviram, nem inclinaram o seu ou­
té Táfnis. vido para se converterem das suas
A s pedras escondidas maldades, e para não sacrificarem a
e o seu significado deuses estranhos. 6E acendeu-se a
minha indignação e o meu furor,
8E foi dirigida a palavra do Se­ e ateou-se nas cidades de Judá e nas
nhor a Jeremias, em Táfnis, nos têr- praças de Jerusalém, e foram con­
mos seguintes: "Toma na tua mão vertidas em deserto e desolação, co­
pedras grandes, e esconde-as na mo hoje se está vendo.
cripta que está debaixo do muro de 7E agora isto diz o Senhor dos e-
ladrilho, à porta da casa de Faraó, xércitos, o Deus de Israel: Por que
em Táfnis, em presença de alguns cometeis vós êste grande mal con-
44 PROFECIA DE JEREMIAS 929
tra vós mesmos, para que do meio terra do Egito, em Fatures, respon­
de Judá pereça dentre vós o homem deram a Jeremias: 1,:Não recebere­
e a mulher, o pequenino e o meni­ mos de ti a palavra que nos disses­
no de peito, e para que não fique te em nome do Senhor; ” mas pon-
resto algum de vós? sPor que me tualmente cumpriremos tôda a pa­
provocais com as obras de vossas lavra que sair da nossa bôca, de sa­
mãos, sacrificando a deuses estra­ crificarmos à rainha do céu, e de
nhos na terra do Egito, na qual en­ lhe oferecermos libações, como te­
traste para nela habitar para pere­ mos feito, nós e nossos pais, nos­
cerdes e sêres um objeto de maldi­ sos reis e nossos príncipes, nas ci­
ção e opróbrio de tôdas as nações dades de Judá, e nas praças de Je­
da terra? “Porventura estais esque­ rusalém; e tínhamos fartura de pão,
cidos das maldades de vossos pais, e éramos felizes, e não vimos mal al­
das maldades dos reis de Judá, e das gum. 3SPorém, desde aquêle tempo
maldades de suas mulheres, e de vos­ em que cessamos de sacrificar à rai­
sas próprias maldades e das malda­ nha do céu, e de lhe oferecer liba­
des de vossas mulheres cometidas ções, estamos necessitados de tudo,
na terra de Judá, e nos bairros de e temos sido consumidos pela espa­
Jerusalém? da e pela fome. 1!,Se sacrificamos
J"Não se purificaram até hoje, e à rainha do céu, e lhe oferecemos
não tiveram temor, nem andaram libações, porventura fizemos-lhe nós
na lei do Senhor, nem nos manda­ as tortas para a honrar, e oferece­
mentos que dei na vossa presença e mos-lhe as libações sem os nossos
na de vossos pais. "Portanto isto diz maridos (o terem consentido)?
o Senhor dos exércitos, o Deus de
K é p lic a de J e re m ia s
Israel: Eis que voltarei o meu ros­
to para vós, para vosso mal, e des­ 20Então Jeremias falou a todo o
truirei todo o Judá. 12E tomarei os povo contra os maridos, e contra as
restos de ju d á que se obstinaram em mulheres, e contra tôda a plebe, que
entrar na terra do Egito e habitar lhe tinham dado esta resposta, di­
nela; e serão todos consumidos na zendo: 21Não se lembrou o Senhor
terra do Egito; cairão mortos à es­ dos {infames) sacrifícios que ofere­
pada e de fome, e serão consumidos, cestes nas cidades de Judá e nas
desde o mais pequeno até ao maior; praças de Jerusalém, vós e vossos
morrerão à espada e à fome, e fica­ pais, vossos reis, e vossos príncipes,
rão sendo um objeto de execração, e o povo da terra, e não chegou is­
de espanto, de maldição e de opró­ to ao seu coração? --E o Senhor
brio. 13E castigarei os ( Judeus) que não podia já sofrer mais, por cau­
habitam na terra do Egito, como sa da malícia dos vossos desígnios,
castiguei Jerusalém com a espada, e por causa das abominações que
a fome e a peste. 14E das relíquias cometestes; a vossa terra se con­
dos Judeus, que foram habitar na verteu num deserto e num obje­
terra do Egito, não haverá quem to de espanto e de maldição, até não
escape e seja reservado, e volte à haver morador, como hoje se vê.
terra de Judá, à qual êles tanto sus­ -'Porque sacrificastes aos ídolos, e
piram voltar para lá morrerem; não pecastes contra o Senhor, e não ou­
voltarão, senão os que fugiram (do vistes a voz do Senhor, e não andastes
Egito). na sua lei, e nos seus mandamentos
R e s p o s ta in s o le n te d os Judeus e instruções, por isso vos vieram ês-
tes males, como hoje se vê.
15E todos os homens que sabiam
que suas mulheres sacrificavam a N o v a s ameaças c o n tra os J u d e u s
deuses estranhos, e tôdas as mulhe­ id ó la tr a s
res, de que havia ali grande multi­ 24E Jeremias disse a todo o povo e
dão, e ' todo o povo que morava na a tôdas as mulheres: Ouvi a pala-
Cap. X L I V — 17. Tôda a palavra, todo o voto. — Rainha do céu, Astarte ou a lua.
19. P a ra se desculparem, as mulheres afirm avam que tinham o consentimento dos seus
maridos, o qual era preciso para que os seus votos fôssem válidos (N ú m ., X X X , 7-9). 3
0

30 - B íb lia Sagrada
930 PROFECIA DE JEREMIAS 44 - 46

vra do Senhor, vós todos os de Ju- Senhor acrescentou dor à minha dor;
dá, que estais na terra do Egito: estou cansado de gemer, e não a-
2Tsto diz o Senhor dos exércitos, o chei repouso. Tsto diz o Senhor:
Deus de Israel: Vós e vossas mu­ Assim lhe dirás a êle: Os que eu e-
lheres falastes por vossa bôca, e difiquei, vou destruí-los; e os que
cumpristes com vossas mãos o que plantei, vou arrancá-los com tôda esta
dizeis: Cumpramos os votos que fi­ terra; 5e tu buscas para ti coisas
zemos de sacrificar à rainha do céu, grandes? Não as busques, porque eu
e de lhe oferecer libações; cumpris­ vou enviar desastres sôbre todos os
tes os vossos votos, e os pusestes mortais, diz o Senhor; e te salvarei
por obra. 26Portanto ouvi a palavra a vida em qualquer lugar para on­
do Senhor, vós todos os de Judá, de fôres.
que habitais na terra do Egito: Eis
que jurei pelo meu grande nome, O rá c u lo c o n tra a s nações p ag ãs
diz o Senhor, que de nenhum modo J fí 1P alavra do Senhor que foi di-
será pronunciado mais o meu nome rigida ao profeta Jeremias
pela bôca de nenhum homem ju ­ contra as nações pagãs:
deu em tôda a terra do Egito, di­
zendo: Vive o Senhor Deus. 27Eis P rim e ir o o rá c u lo c o n tra o E g it o
que vigiarei sôbre vós para mal, e
não para bem; e todos os varões de 2Contra o Egito, contra o exército
Judá, que há na terra do Egito, pe­ do Faraó Necao, rei do Egito, que es­
recerão à espada e à fome, até que tava junto ao rio Eufrates, em Car-
de todo sejam consumidos. 2SE os camis, .a quem derrotou Nabucodono­
homens que escaparem da espada, sor, rei de Babilônia, no ano quar­
saindo da terra do Egito, voltarão à to de Joaquim, filho- de Josias, rei
terra de Judá em pequeno número, e de Judá.
todos os restos de Judá, que entra­ 3Preparai o escudo e o pavês, e
ram na terra do Egito, para morarem saí ao combate. 4Jungi os cavalos, e
nela, saberão qual é a palavra que montai, cavaleiros; ponde os elmos, a -
será cumprida, se a minha ou a dêles. çacalai as lanças, revesti-vos das vos­
^E isto vos servirá de sinal, diz o sas couraças. 5Mas que aconteceu? Eu
Senhor, de que vos hei de castigar vi-os medrosos, e voltar as costas os
neste lugar, para que saibais que seus valentes derrotados; fogem pre­
verdadeiramente se cumprirão con­ cipitados, nem para trás olham; o
tra vós as minhas palavras para vos­ terror cerca-os de tôdas as partes, diz
so castigo. 30Isto diz o Senhor: Eis o Senhor. 6Não fu ja o ágil nem es­
que entregarei o Faraó Efrée, rei pere salvar-se o valente; para a
do Egito, nas mãos dos seus inimi­ parte do Aquilão, junto ao rio E u-
gos, e nas mãos dos que buscam a frates, foram vencidos, e caíram por
sua vida, assim como entreguei Se- terra.
decias, rei de Judá, nas mãos de 7Quem é êste (exército) que sobe
Nabucodonosor, rei da Babilônia, seu como um rio, e cujas ondas se en-
inimigo, e que procurava a sua vi­ capelam como as dos rios? sO E gi­
da. to sobe à maneira de rio, e as suas
M e nsa g e m de J e re m ia s a B a ru c ondas encapelam-se como as dos
grandes rios, e diz: Subindo, cobri­
JÇ P a la v r a que o profeta Je- rei a terra; destruirei a cidade e os
remias dirigiu a Baruc, filho seus habitantes. °Montai em cava­
de Nérias, quando escreveu no li­ los, e correi precipitadamente nos
vro estas palavras que lhe ditou Je­ carros; e vão adiante os valentes, os
remias no ano quarto de Joaquim, da Etiópia, e os da Líbia, armados
filho de Josias, rei de Judá, a qual de escudos, e os Lídios lançando mão
dizia: 2Isto te diz o Senhor Deus das setas, e despedindo-as. 10Será o
de Israel, a ti, ó Baruc: 3Tu excla­ dia do Senhor Deus dos exércitos, dia
mastes: Ai de mim infeliz! porque o de vingança, em que se vingará dos

26. D e nenhum m odo. . . o nome do Senho não será m ais invocado no Egito pelos Judeus,
porque morrerão quase todos, e os poucos qi restarem voltarão p ara a Palestina.
46 - 47 PROFECIA DE JEREMIAS 931
seus inimigos; a espada devorará e sa com o exército, e virão sôbre ela
fartar-se-á, e embriagar-se-á com o com o machado, como os que cortam
sangue dêles; porque esta é a -víti­ lenha. 23Cortaram as árvores do seu
ma do Senhor Deus dos exércitos na bosque, diz o Senhor, as quais não
terra do aquilão, junto ao rio E u- podem contar-se; multiplicaram-se
frates. nSobe a Galaad, e toma bál­ como gafanhotos; são inumeráveis.
samo, ó virgem filha do Egito; é em “Confundida está a filha do Egito,
vão que multiplicas os remédios; não e entregue nas mãos do povo do A-
haverá cura para ti. 12As gentes ti­ quilão. 250 Senhor dos exércitos, o
veram conhecimento da tua ignomí­ Deus de Israel, disse: Eis que casti­
nia, e o teu alarido encheu a terra, garei a multidão tumultuosa de Ale­
porque o forte chocou com o for­ xandria, e Faraó, e o Egito, e os seus
te, e ambos caíram juntos. deuses, e os seus reis, e Faraó, e a-
Segundo oráculo contra o Egito quêles que confiam nêle. 26E os en­
tregarei nas mãos dos que procuram
13P alavra que o Senhor dirigiu ao a sua vida, e nas mãos de Nabuco­
profeta Jeremias sôbre a futura che­ donosor, rei de Babilônia, e nas mãos
gada de Nabucodonosor, rei de Babi­ dos seus servos; e, depois disto, será
lônia, para assolar a terra do Egito: povoada, como nos dias antigos, diz
“Anunciai no Egito, e çublicai em o Senhor.
Mágdalo, e ressoe em Mênfis, e em Consolação para Israel
Táfnis; dizei: Levanta-te, e prepa­
ra-te, porque a espada vai devorar 27E tu não temas/servo meu Jacó,
o que está em volta de ti. “ Por e não te enchas de pavor, Israel, por­
que apodreceu o teu valente? Não que eu te livrarei daqueles países
se pôde ter de pé, porque o Senhor remotos, tirarei os teus descenden­
o derribou. “ Multiplicou os que tes da terra onde estão cativos, e Ja­
caíam, e caíram uns sôbre os ou­ có voltará, e repousará, e será fe­
tros, e disseram: Levantemo-nos, e liz, e não haverá quem o amedron­
voltemos para o nosso povo e para te. 28Não temas, pois, servo meu Jacó,
a terra onde nascemos, fugindo da diz o Senhor, porque eu sou conti­
espada da pomba. ,7A Faraó, rei do go, e hei de consumir tôdas as na­
Egito, ponde êste nome: O tempo ções, para as quais te desterrei; a
trouxe o tumulto. 18Juro pela mi­ ti, porém, não te consumirei, mas cas-
nha vida, disse aquêle rei, cujo no­ tigar-te-ei com medida, sem te dei­
me é Senhor dos exércitos, que, as­ xar impune como se fôsses inocente.
sim como o Tabor (se eleva) entre Oráculo contra os Filisteus
os montes, e o Carmelo sôbre o mar,
assim virá (sôbre o E gito o instru­ AH P a la v r a do Senhor que foi di-
mento do meu castigo). “ Prepara ^ 1 rigida ao profeta Jeremias
o que é preciso para transmigrar, ó contra os filisteus, antes que Faraó
moradora filha do Egito; porque tomasse Gaza.
Mênfis será convertida num deserto, 2Isto diz o Senhor: Eis que se le­
e ficará deserta e despovoada. vantam as águas (os exércitos) do
20O Egito é uma novilha louçã e Aquilão, e serão como uma torrente
formosa; do Aquilão virá quem a a- que inunda, e cobrirão a terra e quan­
grilhoe. 21Também os seus mercená­ to há nela, a cidade e os seus mora­
rios que moravam no meio dela co­ dores; soltarão gritos os homens, e
mo bezerros cevados, voltaram as uivarão todos os habitantes da ter­
costas, e deitaram a fugir, e não pu­ ra, 3por causa do estrondo pasmo-
deram fazer frente (ao inim igo), so das armas e dos seus combatentes,
porque chegou para êles o dia da por causa do movimento dos seus
sua ruína, o dia do seu castigo. 22A carros, e da multidão das suas ro­
sua voz ressoará como bronze; por­ das. . Os pais não atendem aos fi­
que (os Caldeus) avançarão depres­ lhos, perdido o vigor das mãos, 4por-

Cap. X L V I — 16. Espada da pomba, v e r nota X X V\, 38.


Cap. X L v I I — 4. Capadócia. Segundo o hebreu: Caphtor, provàvelmente a ilha de
Creta, donde os Filisteus eram oriundos.
932 PROFECIA DE JEREM IAS 47 - 48

que chega o dia em que serão des­ (mesmo) florescente será transporta­
truídos todos os Filisteus, e será ar­ do (para o cativeiro), e as suas ci­
ruinada Tiro e. Sidônia com todos os dades ficarão desçrtas e despovoadas.
seus outros auxiliares; porque o Se­ l0Maldito o que faz a obra do Senhor
nhor entregou ao saque os Filisteus, com má fé; e maldito o que impede
restos da ilha de Capadócia. a sua espada de derram ar sangue.
5Gaza tornou-se calva (em sinal
C o n tra s te s e n tre a a n tig a p ro sp e rid a d e
de luto); Ascalon calou-se com o res­ de M oab e a m is é ria p re se n te
to dos seus vales. Até quando te fa ­
rás incisões? 56ó espada do Senhor, nMoab esteve em abundância des­
não repousarás jamais? Entra na de a sua mocidade, e repousou sobre
tua bainha, mitiga êsse ardor em as suas fezes; nem foi trasfegado
silêncio. 7Mas como descansará ela duma vasilha para outra, nem foi
se o Senhor lhe deu as suas ordens para o cativeiro; por isso permane­
contra Ascalon, e contra as suas re­ ceu o seu sabor nêle, e o seu cheiro
giões marítimas, e lhe prescreveu o não se mudou. 12Mas eis que chega
que lá deve fazer? o tempo, diz o Senhor, em que eu
O rá c u lo c o n tra M oab lhe enviarei homens práticos em dis­
por tinas, e em trasfegar o vi­
40 Tsto diz contra Moab o Senhor nho, e farão o trasfêgo, e esvazia­
dos exércitos, o Deus de Is­ rão as tinas, e as quebrarão. 13E
rael: Ai de Nabo! porque foi devas­ Moab será envergonhado, por causa
tada e confundida; Cariataim foi to­ de Camos, como foi envergonhada a
mada; a (cidade) forte confundiu-se casa de Israel por causa (dos ídolos)
e tremeu. 2Moab não se gloriará mais de Betei, na qual tinha a sua con­
de Hesebon; meditaram a sua perda: fiança.
Vinde, e exterminemo-la dentre as 14Como dizeis: Somos valentes e
nações. E tu fd Madmen) serás re­ homens fortes para pelejar? 15Des-
duzida ao silêncio, e a espada te irá truído ficou Moab, e talaram as suas
seguindo. 3Um a voz de tumulto se cidades; e os seus jovens escolhidos
levantou de Oronaim; é um estra­ foram degolados, diz o rei, cujo no­
go e uma grande ruína. 4Moab foi me é Senhor dos exércitos. 16Está
abatida; anunciai esta nova aos seus iminente a ruína de Moab, e o seu
pequeninos. 5Pela encosta de Luit mal virá correndo com grandíssima
sobe-se chorando; e na descida de velocidade. nConsolai-o. todos os que
Oronaim ouviram os inimigos gritos estais em volta dêle, e todos os que
de angústia. sabeis o seu nome, dizei: Como se
°Fugi, salvai as vossas vidas, e sê- fêz em pedaços o cetro forte (de
de como tamargueiras no deserto; Moab), o báçulo glorioso?
7porque, por teres pôsto (6 Moab) 18Desce da tua glória, e senta-te
a confiança nas tuas fortificações e num lugar árido, ó filha moradora
nos teus tesouros, também tu serás de Dibon, porque o devastador de
tomada; e Camos irá para o cativei­ Moab subiu contra ti, destruiu as
ro, com seus sacerdotes e seus prín­ tuas fortificações. 19P ára no cami­
cipes. 8*E o ladrão (Nabucodonosor) nho, e olha, ó habitante de Aroer;
virá a tôdas as cidades (de Moab), pergunta ao que foge, e dize ao que
e nenhuma cidade escapará; e serão escapou: Que aconteceu? ^Confun­
assolados os vales, e serão taladas dido foi Moab, porque ficou vencido,
as campinas, porque o Senhor o dis­ uivai e gritai, e publicai em Arnon
se. r,Dai flores a Moab, porque que Moab foi destruído. 2)E o cas­

5. A s incisões na carne eram feitas muitas vêzes como sinal de luto e de tristeza.
Cap. X L V I I I — 2. Madm en era um a cidade de Moab.
7. Camos era o deus nacional de Moab. — Irá para o cativeiro. Os A ssírios e os B a b i­
lônios costumavam levai como troféus das suas vitórias os ídolos dos povos vencidos.
10. D e derramar sangue, quando Deus o m anda derram ar.
11. .E repousou. .. A tranqliilidade de M oab é com parada ao vinho que se deixa repousar
sôbre as suas fezes, no vaso que o contém, sem que ninguém o agite.
18. D ibon era um a cidade célebre pela abundância e boa qualidade das suas Aguas.
48 PROFECIA DE JEREM IAS 933
tigo (de Deus) veio sôbre a terra 34Os clamores (dos Moabitas) ouvi-
campestre; sôbre Helon, e sôbre Ja- ram-se desde Hesebon até Eleale e
sa, e sôbre Mefaat, 22e sôbre Dibon, Jasa; desde Segor até Oronaim, no­
e sôbre Nabo, e sôbre a casa de vilha de três anos; as mesmas águas
Deblataim, 23e sôbre Cariataim, e de Nemrim, serão muito nocivas. 35E
sôbre Betgamul, e sôbre Betmaon, tirarei de Moab, diz o Senhor, o que
24e sôbre Cariot, e sôbre Bosra, e sô­ faz oferendas nos altos, e sacrifica
bre tôdas as cidades da terra de aos seus deuses.
Moab, as que estão longe e as que 3«p0r (tudo) isto o meu coração
estão perto. 23Cortado foi o poder por causa de Moab ressoará ( triste-
de Moab, e o seu braço foi quebran- mente) como flauta; e o meu coração
tado, diz o Senhor. imitará o som da flauta sôbre os
habitantes (da cidade) do muro de
O rg u lh o h u m ilh a d o ladrilhos; porque empreenderam mais
26Em briagai-o (com o cálice da ira do que podiam, por isso pereceram.
do Senhor), porque se levantou con­ 37Porque tôda a cabeça ficará calva
tra o Senhor; Moab quebrará a mão e tôda a barba será rapada (em si­
(caindo) sôbre o que vomitou, e se­ nal de tristeza); em tôdas as mãos
rá também um objeto de escárnio. se acharão algemas, e sôbre todos
27Porque tu (o Moab) escarneceste os dorsos, um cilício. 3sSôbre tôdas
de Israel, como se o tivesse surpreen­ as casas de Moab e nas suas praças
dido entre ladrões; e assim tu serás somente se ouvirão lamentos, por­
levado cativo, por causa das palavras quanto fiz Moab em pedaços, como
que proferiste contra êle. ^Desam­ o vaso inútil, diz o Senhor. 39Co-
parai as cidades, moradores de Moab, mo foi vencido, e deram uivos? Co­
e vivei nos penhascos, sêde como a mo baixou Moab a cerviz, e ficou en­
pomba que faz o ninho no mais alto vergonhado? E Moab será objeto
da abertura da gruta. ^Ouvimos fa ­ de ludibrio e de escarmento a todos
lar da soberba de Moab, que é so­ os que o cercam.
berbo em extremo; da sua inchação, D e s a s tre u n iv e r s a l com p ro m e ssa de
da sua arrogância, da sua soberba, e re sta u ra ç ã o
da altivez, do seu coração. 30Eu co­
nheço, diz o Senhor, a sua presunção, 40Isto diz o Senhor: Eis que (o
à qual não corresponde o seu valor, Caldeu) como águia voará, e esten­
e sei que as suas tentativas ultra­ derá as suas asas sôbre Moab. ‘“Ca­
passaram o seu poder. riot foi tomada, e as suas fortifica­
La m e n ta ç ã o do p ro fe ta ções foram arrebatadas; e o cora­
ção dos fortes de Moab será naque­
31Portanto gemerei sôbre Moab, e le dia como o coração da mulher que
darei gritos por tôda Moab, aos ha­ está com dores de parto. 42E Moab
bitantes (da cidade) do muro de la­ deixará de ser uma nação, porque
drilhos, que se estão lamentando. se ensoberbeceu contra o Senhor.
32Como chorei por Jazer, assim cho­ 430 espanto, o fôsso e o laço está sô­
rarei por ti, vinha de Sabama; as tuas bre ti, ó habitante de Moab, diz o
vides passaram o mar, chegaram até Senhor. 4íO que fugir do espanto,
ao mar de Jazer; o roubador lançou- cairá no fôsso, e o que sair do fôsso,
se sôbre as tuas searas e sôbre a será apanhado no laço, porque tra­
tua vindima. 3 *3*A alegria e o regozijo
1 rei sôbre Moab o tempo do seu cas­
desapareceram do Carmelo e da ter­ tigo, diz o Senhor. 45À sombra de
ra de Moab, e eu tirei o vinho dos Hesebon fizeram alto os que fugiam
lagares, o pisador da uva não can­ do laço; porque o fogo saiu de H e­
tará já as suas costumadas canções. sebon, e uma chama, do meio de

31. M uro de ladrilhos. Segundo o hebreu: Qir-Heres, um a das cidades dos Moabitas.
34. Novilha de três anos. E sta imagem verdadeiramente orientai indica que Oronaim
era uma cidade muito forte.
36. A flauta era empregada, principalmente nas cerimônias fúnebres.
4õ. Filhas do tumulto sâo os M oabitas turbulentos e orgulhosos.
934 PROFECIA DE JEREMIAS 48 - 49

Seon, a qual devorará parte de Moab o conselho de seus filhos, tornou-se i-


e o alto (da cabeça) dos filhos do nútil a sua sabedoria. 8Fugi e vol­
tumulto. 4,!Ai de ti, Moab! Pereces­ tai as costas, descei às mais profun­
te, povo de Camos, porque os teus das cavernas da terra, habitantes de
filhos foram presos, e as tuas filhas Dedan; porque eu fiz vir a ruína sô­
foram levadas para o cativeiro. 47E bre Esaú, o tempo do seu castigo.
farei voltar os cativos de Moab nos !,Se tivessem vindo sôbre ti Vindima-
últimos dias, diz o Senhor. (Che­ ctores, não teriam deixado cachos, se
gam) até aqui os juízos (do Senhor) ladrões, de noite, teriam roubado so­
contra Moab. mente quanto lhes bastasse. 10Eu
porém, descobri Esaú, pus às claras
O rá c u lo c o n tra os A m o n ita s os seus esconderijos, e não poderá o-
cultar-se; destruída foi a sua linha­
AQ '(Profecia) contra os filhos de gem, os seus irmãos e os seus vizi­
Amon. Isto diz o Senhor: nhos, e não subsistirá mais. “Dei­
Porventura não tem filhos Israel, ou xa (todavia) os teus órfãos, eu lhes
não tem herdeiro? Por que razão salvarei a vida; e as tuas viúvas es­
pois se apoderou Melcom de Gad, co­ perarão em mim. 12Porque isto diz
mo uma herança e o seu povo mo­ o Senhor: Eis que aquêles que não
rou nas cidades desta tribo? estavam condenados a beber o cálice
-Portanto eis vem o tempo, diz o (da ira do Senhor) decerto o be-
Senhor, em que farei ouvir em Ra- berão; e tu serás deixada (impune)
bat, (capital) dos filhos de Amon, o como inocente? Não serás (tratada
estrondo da batalha, e será reduzida corno) inocente e com certeza o be-
a um montão de ruínas, e as suas fi­ berás. “ Porque por mim mesmo o
lhas arderão no fogo, e Israel se jurei, diz o Senhor, que Bosra será
tornará senhòr dos que o tinham si­ devastada, será um opróbrio, um de­
do dêle, diz o Senhor. 3Lamenta-te, serto, e um objeto de maldição; e
Hesebon, porque Hai foi assolada; tôdas as suas cidades ficarão des­
gritai, filhas de Rabat, cingi-vos de povoadas para sempre.
cilícios, chorai e dai voltas pelos va­
iados; porque Melcom será levado 14Estas coisas ouvi eu do Senhor,
ao cativeiro, juntamente com os seus e um embaixador foi enviado às na­
sacerdotes e os seus príncipes. 4Por- ções para lhes dizer: Juntai-vos e
que te glorias tu de teus tamenos) vinde contra ela, e marchemos ao
vales? Dissipou-se o teu vale, filha combate, 33porque eis que te fiz pe­
delicada, que confiavas nos teus te­ quenino (6 Idurneu) entre as nações,
souros, e dizias: Quem virá contra desprezível entre os homens. 16A tua
mim? 5Eis que farei vir sôbre ti o arrogância enganou-te, assim como
espanto, diz o Senhor Deus dos exér­ a soberba do teu coração; tu, que
citos, por meio de todos os que estão habitas nas concavidades dos roche­
à roda de ti; e sereis dispersos cada dos; e te esforças por subir até ao
um da vista do outro, e não haverá cume do outeiro; ainda que tenhas
quem vos recolha na vossa fuga. °E, pôsto no alto, como águia, o teu ni­
depois disto, farei voltar os cativos nho, eu te arrancarei de lá, diz o
dos filhos de Amon, diz o Senhor. Senhor. 17E a Iduméia ficará de­
serta; todo o que atravessar pelas
O rá c u lo c o n tra a Id u m é ia suas terras, pasmará e fará mofa
de tôdas as suas desgraças. 18As-
7Contra a Iduméia. Isto diz o Se­ sim como foi destruída Sodoma e Go-
nhor dos exércitos: Pois que, já não morra, e as suas vizinhas, diz o Se­
há sabedoria em Temã? Perdeu-se nhor, também ela ficará sem nin-
Cap. X L IX — 1. Os Amonitas tinham sido sempre inimigos de Israel. Quando Teglat-
falasar deportou as dez tribos do norte, êles apoderaram -se do território da tribo de Gad. Ê
êste fato que constitui o ponto de partida desta profecia.
2. A s suas filhas, isto é, as cidades menos importantes.
7. Temã era um a província do pais de Edom, cujos habitantes eram célebres pela sua
sabedoria.
8. Sôbre Esaú, ou sôbre os Idumeus, que descendiam de Esaú.
49 - 50 PROFECIA DE JEREMIAS 935
guém que a habite, nem a povoará riente. 20Tomarão as suas tendas e os
filho de homem. seus rebanhos; tomarão para si as
Ê o S e n h o r que s u s c ita rá e s ta s
suas peles, todos os seus móveis, e os
d esg ra ça s
seus. camelos; e chamarão sôbre êles
o terror de tôdas as partes.
19Eis que (Nabucodonosor) , como 30Fugi, ide-vos a tôda pressa, es-
leão, subirá da soberba do Jordão à condei-vos nas grutas da terra, vós
grande formosura (da Iduméia), por­ que morais em Asor, diz o Senhor;
que eu o farei correr sübitamente a porque Nabucodonosor, rei de Babi­
ela. E quem será o escolhido, que lônia, tomou conselho contra vós, e
porei sôbre ela? Porque, quem há formou os seus desígnios contrários
semelhante a mim? E quem me po­ a vós. 31Levantai-vos, e marchai con­
derá suster? E qual é o pastor (ou tra uma nação tranqüila e que vive
capitão) que ousará resistir à minha sem receio, diz o Senhor (aos Cal-
face? “ Portanto ouvi o desígnio que deus); êles não têm portas nem fer-
o Senhor formou contra Edom, e os rolhos; habitam sós. 32E os seus ca­
desígnios que êle formou contra os melos serão postos a saque, e a mul­
moradores de Temã: Juro que os tidão dos seus animais será prêsa
mais pequenos do rebanho os derri- vossa; e espalharei a todo o vento os
barão, e destruirão com êles as suas que cortam o cabelo em redondo; e
moradas. 21Ao estrondo da sua ruí­ de todos os seus confins trarei mor­
na se comoveu a terra; no mar V er­ tandade sôbre êles, diz o Senhor. 33E
melho foi ouvido o clamor da sua Asor ficará sendo guarida de dra­
voz. 22Eis que (Nabucodonosor) su­ gões, deserta para sempre; não per­
birá como águia e voará e estende­ manecerá aii homem algum, nem a
rá as suas asas sôbre Bosra; e o povoará filho de homem.
coração dos valentes da Iduméia se­
O rá c u lo c o n tra E lã o
rá naquele dia como o coração du­
ma mulher que está com dores de 34Palavra do Senhor que foi diri­
parto. gida ao profeta Jeremias contra Elão,
O rá c u lo c o n tra D a m a sco no princípio do reinado de Sedecias,
rei de Judá, a qual dizia: 35Isto diz
23Contra Damasco: Foram confun­ o Senhor dos exércitos: Eis que que­
didos Emat e Arfad, porque ouviram brarei o arco de Elão, e o seu gran­
uma nova muito má; perturbados fo­ díssimo poder. B0E farei vir sôbre
ram no mar; por causa da inquieta­ Elão os quatro ventos das quatro par­
ção não pôde haver repouso. ^D a­ tes do céu, e os espalharei para to­
masco perdeu a coragem, lançou-se a dos êstes ventos e não haverá nação
fugir, o tremor apoderou-se dela; a aonde não cheguem os fugitivos de
angústia e as dores tomaram-na, co­ Elão. 37E farei tremer Elão dian­
mo à mulher que está com dores de te dos seus inimigos, e na presença
parto. 25Como desampararam a ci­ dos que procuram a sua ruína; e fa ­
dade formosa, a cidade da alegria? rei cair sôbre êles o mal, a ira do
26Por isso cairão os seus jovens nas meu furor, diz o Senhor; e enviarei
suas ruas; e todos os homens de ar­ a espada após êles até os extermi­
mas emudecerão naquele dia, diz o nar. 88E estabelecerei o meu trono
Senhor dos exércitos. 27E porei fogo em Elão, e exterminarei de lá os
aos muros de Damasco, e êle devorará reis e os príncipes, diz o Senhor.
as muralhas de Benadad. 39Nos últimos dias, porém, farei voltar
O rá c u lo c o n tra os Á ra b e s os cativos de Elão, diz o Senhor.
28Contra Cedar, e contra os reinos P ro fe c ia sô b re a d e stru iç ã o de
de Asor, que destruiu Nabucodonosor, B a b ilô n ia
rei de Babilônia. Isto diz o Senhor:
Levantai-vos, e marchai contra Ce­ CA P a la v r a que o Senhor pronun-
dar, e exterminarei os filhos do. O­ ciou acêrca de Babilônia e da

20. os mais pequenos. os soldados mais débeis de Nabucodonosor.


32. os que cortam .. . ver nota IX, 26.
936 PROFECIA DE JEREMIAS 50
terra dos Caldeus, por intermédio do os que a saquearem, se fartarão, diz
profeta Jeremias: o Senhor. “ Porquanto vos ensoberbe-
2Anunciai entre as nações, e fazei- ceis e falais com insolência, saquean­
lho ouvir, levantai a bandeira, e pu­ do a minha herança; porque retou-
blicai-o, e não lho encubrais, dizei: çais corno bezerros sôbre a erva, e
Babilônia foi tomada, Bel ficou con­ bramais como touros. 12(Babilônia)
fundido; Merodac foi destroçado, vossa mãe, foi em extremo confun­
confundidos foram os seus simula­ dida, e igualada ao pó aquela que
cros, derrotados ficaram os seus ído- vos gerou; eis que será a última
los. 3Porque subiu contra ela um entre as nações, despovoada, sem ca­
povo do Aquilão, que reduzirá o seu minho e sem água. 13P ela ira do
país a uma solidão; e não haverá Senhor ficará despovoada, e será to­
quem o povoe, desde o homem até ao da convertida numa solidão; todo o
animal; (todos) se puseram em movi­ que passar por Babilônia, se espan­
mento e se foram. tará e dará uma vaia sôbre todas
as suas ruínas. ^Atacai Babilônia de
Is r a e l e J u d á c o n ve rte r-se -ã o ao . tôdas as partes, vós todos os que sa­
Senhor beis manejar o arco; combatei-a, não
poupeis as flechas, porque ela pecou
4Naqueles dias e naquele tempo, contra o Senhor. “ Gritai contra e-
diz o Senhor,' virão os filhos de Is­ la; (ja ) estende as mãos para tôdas
rael e juntamente com êles os filhos as partes; caíram os seus fundamen­
de Judá; marchando e chorando, se tos, destruídos ficaram os seus mu­
apressarão e buscarão o Senhor seu ros, porque é vingança do Senhor;
Deus. 5Perguntarão qual é o cami­ tomai vingança dela, fazei-lhe o mes­
nho que leva a Sião, para onde vol­ mo que ela fêz. 1GExterminai de B a­
tarão o seu rosto. Virão e se uni­ bilônia o que semeia e o que tem
rão ao Senhor com uma eterna a- a foice no tempo da ceifa; ante o
liança, a qual jamais se apagará da fio da espada da pomba cada um
sua memória. 0O meu povo tornou- voltará para o seu povo, e cada um
se um rebanho perdido; os seus pas­ fugirá para a sua terra.
tores enganaram-nos e fizeram-nos
andar desgarrados pelos montes; dos I s r a e l e J u d á se rã o re c o n d u zid o s à
montes passaram aos outeiros, e es­ s u a p á tria
queceram-se do lugar do seu repouso.
7Todos os que os encontraram devo­ 17Israel é um- rebanho desgarrado,
raram-nos; e os seus inimigos disse­ os leões o lançaram fora; o rei de
ram: Não somos culpados, porque ê- Assur foi o primeiro a devorá-lo, ês-
les pecaram contra o Senhor, que é te último, Nabucodonosor, rei de B a ­
formosura de justiça, contra o Se­ bilônia, quebrou-lhe os ossos. 18P or
nhor, que foi a esperança de seus cuja causa, isto diz o Senhor dos e-
pais. xércitos, o Deus de Israel: Eis que
B a b ilô n ia s e rá d e v a sta d a castigarei o rei de Babilônia e a sua
terra, assim como castiguei o rei A s­
8Fugi (o Judeus exilados) do meio sur. 19E farei voltar Israel para o
de Babilônia, e saí da terra dos Cal­ lugar da sua habitação; e êle entra­
deus; e sêde como os cabritos que rá outra vez nas pastagens do C ar-
vão adiante do rebanho. 9Porque vou melo e de Basan, e a sua alma se
suscitar e trazer contra Babilônia fartará nos montes de Efraim e de
grandes exércitos das nações da ter­ Galaad. 20Naqueles dias e naquele
ra do Aquilão; e armar-se-ão contra tempo, diz o Senhor, buscar-se-á a
ela, e depois será tomada; as suas iniquidade (ou idolatria) de Israel,
setas, como fortes e mortíferos guer­ e não se achará; porque eu me mos­
reiros, não serão disparadas em vão. trarei propício para com os que tiver
10E a Caldéia servirá de prêsa; todos reservado.

Cap. L — 2. B el e Merodac eram as principais divindades de Babilônia.


16. • Espada da pomba, v e r notá, X X V , 38.
17. o s leões, isto é, os reis Assírios.
50 PROFECIA DE JEREM IAS 937
Babilônia serã pisada Israel e Judá serão tirados de
Babilônia vencida
21Sobe (o C iro) contra o país dos
dominadores (Calãeus), e visita os 33Isto diz o Senhor dos exércitos:
seus moradores; destrói e mata os Os filhos de Israel e juntamente os
que vão atrás dêles, diz o Senhor; e dos os de
filhos Judá sofrem opressão; to­
que os cativaram, os retêm,
faze conforme tudo o que te mandei. não o querem deixar ir. 34Porém o
22Ouviu-se uma voz de guerra na ter­ redentor dêles é forte, Senhor dos
ra, e um grande destroço. 23Como se exércitos é o seu nome; êle defende­
quebrou e se fêz em pedaços (Babi­ rá em juízo a causa dêle, para as­
lônia que era) o martelo de toda sombrar a terra, e fazer tremer os
a terra? Como se transformou num moradores de Babilônia. 35A espa­
deserto esta Babilônia tão famosa da está desembainhada contra os Cal­
entre as nações? 24Eu te enredei, ó deus, diz o Senhor, e contra os mo­
Babilônia, e tu fôste tomada sem o radores de Babilônia, e contra os
saberes; fôste surpreendida e apa- seus príncipes e sábios. ^A espada
nhada, porque provocaste o Senhor. está desembainhada contra os seus
250 Senhor abriu o seu tesouro, e dê- adivinhos que ficarão insensatos; a
le tirou as armas da sua ira, por­ espada está desembainhada contra
que o Senhor Deus dos exércitos tem os seus valentes, que temerão.
uma obra (a cu m prir) contra o país 37A espada está desembainhada
dos Caldeus. 26Vinde contra ela dos contra os seus cavalos, e contra os
últimos confins, dai lugar para que seus carros, e contra todo o seu po­
saiam os que hão de pisar; tirai do vo, que está nó meio dela; e serão
caminho as pedras, e ponde-as em (tím idos) como mulheres; a espada
montes, fazei nela uma carnificina, está contra os seus tesouros, que se­
e não fique resto algum. 27Extermi- rão saqueados. 38Virá a sêca sobre
nai todos os seus valentes, sejam Rs suas águas, e elas secarão, por­
conduzidos ao * degoladouro; ai dê­ que é um país de ídolos, e que se glo­
les porque chegou o seu dia, o tem ­ ria dos seus monstros. 39Por isso
po do seu castigo! 28Ouviu-se uma os dragões virão morar nela com
voz dos fugitivos e daqueles que es­ os faunos, que vivem de figos silves­
caparam da terra de Babilônia, pa­ tres, e morarão nela os avestruzes, e
ra publicar em Sião a vingança do não será jamais reedificada. ^As­
Senhor nosso Deus, a vingança do sim como o Senhor destruiu Sodoma
seu templo. e Gomorra e as outras cidades suas
vizinhas, diz o Senhor, não morará
^Anunciai a todos os que esten­ ali pessoa alguma, nem a povoará
dem o arco, que venham em bandos filho de homem.
contra Babilônia; cercai-a de tôdas
as partes, e não escape nenhum; dai- Executores da vingança divina
lhe o pago das suas obras; segundo "E is que vem um povo do Aquilão:
tôdas as coisas que fêz, assim lhe uma nação grande e muitos reis se
fazei a ela; porque se levantou con­ levantarão dos confins da terra. 42A r-
tra o Senhor, contra o Santo de Is­ mar-se-ão de arco e de escudo; são
rael. "P o r isso os seus jovens cai­ cruéis e desapiedados; a sua voz soa­
rão nas suas praças, e todos os seus rá como o mar, e montarão em ca­
homens de guerra emudecerão na­ valos, como um homem preparado
quele dia, diz o Senhor. 31Aqui es­ ara combater contra ti, filha de Ba-
tou contra ti, ó soberbo, diz o Se­ ilônia. 43Ouviu o rei de Babilônia a
nhor Deus dos exércitos, porque é fama dêles, e desfaleceram as suas
chegado o teu dia, o tempo do teu mãos; ficou possuído de angústia e
castigo. 32E cairá o soberbo, e da­ de dor, como uma mulher que está
rá consigo em terra, e não haverá com dores de parto. 44Eis que (u m
quem o levante; e acenderei fogo re i) subirá do orgulho do Jordão, co­
nas suas cidades, e devorará tudo o mo um leão contra a formosura for­
que estiver nos seus arrabaldes. te (de Babilônia), porque súbita­
938 PROFECIA DE JEREMIAS 50 - 51
mente o farei correr a ela; e qual ra a sua terra; porque a condena­
será (senão Ciro) o escolhido que ção que ela merece chegou até aos
eu hei de pôr à sua frente? Pois céus, e elevou-se até às nuvens. 10O
quem há semelhante a mim ? E Senhor manifestou a justiça da nos­
quem me susterá? E quem é o pas­ sa causa; vinde, e contemos em Sião,
tor (o capitão) que se atreva a re­ a obra do Senhor nosso Deus.
sistir à minha face? 45Portanto ou­
vi o desígnio que o Senhor formou Os r e is da M é d ia m a nd ad os c o n tra
na sua mente contra Babilônia, e B a b ilô n ia
os pensamentos que concebeu contra
a terra dos Caldeus: Eu juro (diz “Aguçai as setas, enchei as alja­
o Senhor) que os zagais das mana­ vas; o Senhor despertou o espírito
das os arrastarão; juro que será der- dos reis dos Medos; e o seu desígnio,
ribada com êles a sua morada. 46À é contra Babilônia, para a destruir,
voz da tomada de Babilônia, a terra porque é vingança do Senhor, vin­
foi abalada, e os seus gritos foram gança do seu templo. “Sôbre os mu­
ouvidos entre as nações. ros de Babilônia levantai bandeiras,
multiplicai sentinelas; colocai guar­
B a b ilô n ia , v ítim a dos se u s c rim e s das, disponde emboscadas; porque o
Senhor decretou e vai executar tu­
JJ1 Tsto diz o Senhor: Eis que le- do quanto disse contra os morado­
9,1 vantarei um como vento pes- res de Babilônia. 13Tu, que habitas
tilento contra Babilônia e contra os sôbre as grandes águas, que abun­
seus habitantes, que elevaram o seu das em tesouros, está chegado o
coração contra mim. 2E enviarei teu fim, a tua inteira destruição. “ O
contra Babilônia padejadores, que a Senhor dos exércitos jurou por si
padejarão, e assolarão o seu país, próprio (dizendo): Eu te encherei
porque virão sôbre ela de tôdas as de homens como de bruços; e será
partes, no dia da sua aflição. sO cantada sôbre ti a canção da vindi-
que estende o seu arco (pouco im ­ ma.
porta que) não o estenda nem (que) 15Foi êle que fêz a terra com o seu
suba armado de couraça (porque a poder, ordenou o mundo com a sua
vitoria será certa). Não poupeis os sabedoria, e estendeu os céus com a
seus jovens, exterminai tôda a sua sua prudência. 10A uma voz sua,
gente de guerra. 4E cairão mortos multiplicam-se as águas no céu; le­
na terra dos Caldeus, e feridos nas vanta as nuvens da extremidade da
suas regiões. 5Porque Israel e Judá terra, e revolve os relâmpagos em
não foram abandonados pelo seu chuva, e tira o vento dos seus tesou­
Deus, o Senhor dos exércitos e o país ros. 17Todo o homem se tornou nés­
dos Caldeus está cheio de delitos cio com o seu saber; todo o fundi-
contra o Santo de Israel. dor se confundiu nos seus simula­
GFugi (o Judeus) do meio de B a­ cros; porque é coisa enganosa a sua
bilônia, e salve cada um a sua vi­ obra, e não tem vida. 18Vãs são es­
da; não caleis a sua iniqüidade, por­ sas obras, e dignas de riso; elas pe­
que é o tempo da vingança do Se­ recerão no tempo do castigo. 19N ão
nhor, e êle mesmo lhe dará o pago. é como isto aquêle que é a porção
7Babilônia é na mão do Senhor um de Jacó, porque êle mesmo é o que
copo de ouro que embriaga tôda a fêz tudo, e Israel é o reino da sua
terra; betreram as nações do seu vi­ herança; Senhor dos exércitos é o seu
nho, e ficaram por isso agitadas. nome.
8Babilônia caiu num momento, e fi­ 20Tu me estragas os que são para
cou arruinada; uivai sôbre ela, to­ mim instrumentos de guerra, e eu por
mai bálsamo para aplicardes à sua meio de ti arruinarei nações, e por
dor, a ver se porventura sara. d e ­ ti destruirei reinos; 21e quebranta-
dicamos Babilônia, e ela não sarou; rei por meio de ti o cavalo e o ca­
deixemo-la, e vamos cada qual pa­ valeiro; e quebrantarei por meio de
45. os zagais, os mais débeis soldados.
Cap. L I — 13. SÕore as grandes águas do E ufrates e seus canais.
51 PROFECIA DE JEREMIAS 939
ti o carro e o que vai nêle; 22eu gou o tempo em que será calcada;
quebrantarei por meio de ti o homem ainda um pouco, e virá o tempo da
e a mulher; eu quebrantarei por sua ceifa. 31Nabucodonosor, rei de
meio de ti o velho e o jovem; eu Babilônia,1 tragou-me, devorou-me;
quebrantarei por meio de ti o man- deixou-me como um vaso despejado,
cebo e a virgem; 23eu quebrantarei enguliu-me como um dragão, en­
por meio de ti o pastor e o seu re­ cheu o seu ventre de tudo o que eu
banho; eu quebrantarei por meio de tinha de mais delicioso, e deitou-me
ti o lavrador e as suas juntas; eu que­ fora. 35A violência que cometeu con­
brantarei por meio de ti os capitães tra mim e a minha carne está ( cla-
e os magistrados. 24E depois paga­ mando) contra Babilônia, diz a mora­
rei a Babilônia e a todos os habi­ da de Sião; e o meu sangue está
tantes da Caldéia todo o mal que fi­ (clamando) contra os moradores da
zeram em Sião, ante os vossos olhos, Caldéia, diz Jerusalém. 3GPortanto
diz o Senhor. 25Eis-me aqui contra isto diz o Senhor: Eis que julgarei
ti, diz o Senhor, ó (Babilônia) mon­ a tua causa, e te vingarei, e deixa­
te pestífero, que infeccionas tôda a rei sem água o seu mar, e secarei
terra; eu estenderei a minha mão so­ os seus mananciais. 37E Babilônia
bre ti, e te arrancarei dentre as ro­ será reduzida a um montão de escom­
chas, e te transformarei num monte bros, virá a ser a habitação de dra­
abrasado. 26E de ti não tomarão pe­ gões, objeto de espanto e de escár­
dra útil para uma esquina, nem pe­ nio, porque não terá habitantes.
dra para fundamentos, mas destruí­
do ficarás para sempre, diz o Se­ C a stig o da id o la t r ia e d as c ru e ld a d e s
nhor. 27Levantai o estandarte na 38(Os Caldeus) rugirão como leões,
terra; tocai a trombeta entre as na­ sacudirão as suas guedelhas como ca­
ções; convocai contra ela os reis de chorros de leões. 39N o seu calor lhes
Ârarat, de Meni e Ascenez; alistai darei de beber, e os embriagarei,
contra ela (os soldados de) Tafsar, para que adormeçam e durmam um
trazei cavalos como gafanhotos ar­ sono sem fim, e não se levantem, diz
mados de aguilhões. 2sPreparai con­ o Senhor. 40E os conduzirei como
tra ela as nações, os reis da Média, cordeiros, que vão a degolar, e co­
os seus capitães, e todos os seus ma­ mo carneiros, que são levados com os
gistrados, e tôda a terra dos seus do­ cabritos.
mínios. 29E comover-se-á a terra, e
se turbará, porque despertará contra "Como foi tomada Sesac, e venci­
da a (cidade mais) ilustre de tôda
Babilônia o pensamento do Senhor,
para deixar deserta e sem habitan­ a terra? Como é que Babilônia se
tornou um objeto de espanto entre
te a terra de Babilônia.
as nações? 42Um m ar (de inimigos)
30Deixaram de pelejar os fortes de subiu sôbre Babilônia, que foi cober­
Babilônia, habitaram nos presídios; ta pela multidão das suas ondas. 43As
consumida foi a sua fôrça, e torna­ suas cidades tornaram-se um objeto
ram-se como mulheres; incendiadas de espanto, terra despovoada e de­
foram as tendas dela, quebrados fo­ serta, terra em que ninguém habita,
ram os seus ferrolhos. 3lO correio e por onde não passa filho algum
se encontrará com o correio, e o de homem. 44E castigarei Bel em B a­
mensageiro alcançará o mensageiro bilônia, e lhe farei lançar da sua
para anunciar ao rei de Babilônia bôca o que tinha absorvido, e dali
que a sua cidade está tomada desde em diante não concorrerão a êle as
uma extremidade à outra; 32e que nações pois que até o muro de B a­
os vaus estão tomados, e os juncais bilônia cairá. 45Saí do meio dela, po­
ardendo em fogo, e que os homens vo meu, para que salve cada um a
de guerra ficaram amedrontados. sua vida da ira do furor do Senhor.
Is ra e l v in g a d o pelo Senhor 46Não desfaleça o vosso coração, nem
temais o rumor que se há de ouvir
33Porque isto diz o Senhor dos e- na terra; virá num ano um boato,
xércitos, o Deus de Israel: A filha e depois dêste ano outro boato, e
de Babilônia é como uma eira, che­ ver-se-á a maldade na terra, e domi-
940 PROFECIA DE JEREMIAS 51 - 52
nador sôbre dominador. 47Por cuja serão reduzidos a nada e entregues
causa eis que chegam os dias, em ao fogo, e assim perecerão.
que visitarei (com a destruição) os
ídolos de Babilônia; e todo o seu M is s ã o c o n fia d a a S a ra ia s por
país será confundido e todos os seus J e re m ia s
mortos cairão no meio dela. 48En-
tão os céus e a terra, e todas as 59Ordem dada pelo profeta Jeremias
coisas que nêles há, darão louvor (a a Saraias, filho de Nérias, filho de
Deus) pelo acontecido a Babilônia, Maasias, quando ia com o rei Sede-
porque do Aquilão lhe virão os rou- cias para Babilônia, no quarto ano
badores, diz o Senhor. 49E, assim co­ do seu reinado; Saraias era o chefe
mo Babilônia fêz que caíssem mor­ da embaixada. °°Jeremias escreveu
tos em Israel, assim cairão de B abi­ num livro todo o mal que estava pa­
lônia mortos em tôda a terra. ra vir sôbre Babilônia, tôdas as pala­
vras que foram escritas contra Babi­
“Vós, que fugistes da espada, vin­ lônia. 61E Jeremias disse a Saraias:
de, não fiqueis parados; de longe Quando chegares a Babilônia, e vi­
lembrai-vos do Senhor, e seja Jeru­ res e leres tôdas estas palavras, “ di­
salém objeto dos vossos pensamen­ rás: Senhor, tu disseste que destrui-
tos. 51Estamos confundidos (ó Se­ rias êste lugar, de modo que não
nhor), porque ouvimos a afronta; co­ haja quem nêle habite desde o ho­
briram-se de vergonha os nossos ros­ mem até ao gado, e que fique sendo
tos, porque vieram os estranhos con­ uma perpétua solidão. 63E, quando
tra o santuário da casa do Senhor. acabares de ler êste livro, atar-lhe-
52Por cuja causa eis que vêm os dias, -ás uma pedra e o lançarás no meio
diz o Senhor, em que eu destruirei do Eufrates; 64e dirás: Assim será
os seus simulacros, e em que os fe­ submergida Babilônia, e não se le­
ridos gemerão em todo o seu terri­ vantará mais da aflição que eu vou
tório. “Ainda que Babilônia suba a- descarregar sôbre ela, e ficará des­
té ao céu, e firme no alto a sua truída.
fôrça, eu lhe enviarei destruidores, Até aqui as palavras de Jeremias.
diz o Senhor.
A P Ê N D IC E
54Um ruído de gritos vem de B a­
bilônia, e uma grande ruína da ter­ D u ra ç ã o do re in a d o de Se de cia s
ra dos Caldeus; “ porque o Senhor CO 1Vinte e um anos tinha Sede-
assolou Babilônia, e fêz cessar o seu cias, quando começou a rei­
grande ruído; e soarão as suas ondas nar, e reinou onze anos em Jerusa­
como o estrondo de muitas águas; a lém. Sua mãe chamava-se Amital,
sua voz fêz-se ouvir; “ porque o ex- filha de Jeremias, de Lobna.
terminador veio sôbre ela, isto é, sô­ 2E fêz o mal aos olhos do Senhor,
bre Babilônia, e foram presos os seus conforme tudo o que tinha feito Joa­
valentes e ficou sem fôrça o seu ar­ quim; :iporque o furor do Senhor es­
co, porque o Senhor, vingador for­ tava sôbre Jerusalém e sôbre Judá,
te lhes dará a paga merecida. 57E até que os rejeitou da sua face. E
embriagarei (com o cálice da minha Sedecias revoltou-se contra o rei de
ira) os seus príncipes, e os seus sá­ Babilônia.
bios, e os seus capitães, e, os seus ma-'
gistrados, e os seus valentes; e dormi­ P ris ã o e deportação de Sedecias
rão um sono, eterno, e não desperta­ 4No ano nono, porém, do seu reina­
rão jamais, diz o rei, cujo nome é do, no décimo dia do décimo mês, a-
Senhor dos exércitos. “ Isto diz o Se­ conteceu isto: Marchou Nabucodono-
nhor dos exércitos: Aquêle muro lar- sor, rei de Babilônia, com todo o seu
guíssimo de Babilônia será arruinado exército, contra Jerusalém, e puse­
de alto a baixo; e as suas portas ex- ram-lhe sitio, e levantaram contra
celsas serão abrasadas pelo fogo, e ela fortificações em seu circuito. ®E
os trabalhos dos povos e das nações a cidade esteve cercada até ao ano

50. Vós... Palavras dirigidas aos Judeus na Caldéia.


52 PROFECIA DE JEREM IAS 941
undécimo do reinado de Sedecias. do exército, deixou ficar alguns co­
■°Mas, no mês quarto aos nove do mo vinhateiros e lavradores.
mês, apoderou-se a fome da cidade, 17Os Caldeus quebraram também as
e não havia víveres para o povo da colunas de bronze, que estavam na
terra. 7Então abriu-se brecha na ci­ casa do Senhor, juntamente com os
dade, e todos os seus homens de ar­ seus pedéstais, e o m ar de bronze,
mas fugiram, e saíram da cidade de que estava na casa do Senhor, e le­
noite, pelo caminho da porta que varam para Babilônia todo o seu co­
está entre os dois muros e vai ter bre. 18Levaram também os caldei­
ao jardim do rei, enquanto que os rões e os garfos, e os saltérios, e as
Caldeus cercavam a cidade por to­ redomas, e os grais, e todos os vasos
dos os lados e foram-se pelo cami­ de cobre que estavam ao serviço (do
nho que vai ter ao deserto. 8Mas templo). 19Os cântaros, e os incen-
o exército dos Caldeus foi em alcan­ sadores, e os jarros, e as bacias, e os
ce do rei, e aprisionaram Sedecias candeeiros e os grais, e as taças e
no deserto que está perto de Jericó; o que havia de ouro e de prata tudo
e todos os que o acompanhavam fu ­ levou o general do exército. 20(L e ­
giram dêle. 9E, logo que prende­ vou também) as duas colunas, e o
ram o rei, levaram-no ao rei de B a­ mar, e os doze bezerros de bronze,
bilônia, a Reblata, que está na terra que estavam debaixo das bases, que
de Emat, o qual pronunciou sentença o rei Salomão tinha feito na casa do
contra êle. Senhor. E ra imenso o pêso do metal
10E o rei de Babilônia mandou de­ de todos êstes vasos. 21Quanto às co­
golar os filhos de Sedecias diante dos lunas, cada uma delas tinha dezoito
seus olhos; e mandou matar também covados de alto, e cercava-a um cor­
todos os príncipes de Judá em Re­ dão de doze côvados, a sua grossura
blata. “ Depois tirou os olhos a Se­ era de quatro dedos, e era ôca por
decias, e carregou-o de ferros, e o rei dentro. 22E os capitéis sôbre uma e
de Babilônia conduziu-o a Babilônia, outra coluna eram de bronze; a
e pô-lo n a casa do cárcere, até ao altura de cada capitel era de cin­
dia da sua morte. co côvados; e as rê.des e as romãs
sôbre a coroa ao redor, tudo era de
D e s tru iç ã o de J e ru s a lé m bronze. O mesmo era a segunda co­
luna, com as romãs. 23E as romãs
12E no mês quinto, aos dez do mês, que se viam pendentes eram noven­
isto é, no ano décimo nono de Nabu- ta e seis; e eram ao todo cem romãs
•codonosor, rei de Babilônia, veio a Je­ cercadas de rêdes.
rusalém Nabuzardan, general do exér­
240 general do exército levou a-
cito que era ministro do rei de B a­ lém disso, Saraias, que era o primei­
bilônia. 13E pôs fogo à casa do Se­
ro sacerdote, e Sofonias, que era o se­
nhor, à casa do rei, e a tôdas as ca­
sas de Jerusalém, e queimou tôdas gundo, e os três guardas do vestíbu-
lo. 1>5Levou mais da cidade um eu-
as casas grandes. 14*E todo o exér­
nuco, que era o inspetor dos homens
cito dos Caldeus, que estava com
de armas, *e sete pessoas das que es­
o general, deitou abaixo tôdas as mu­
tavam sempre diante do rei, as quais
ralhas que cercavam a cidade de Je­
se achavam na cidade, e o secretário
rusalém. intendente do exército, que tinha à
D ep orta ç ã o dos J u d e u s e saque
sua conta instruir os soldados biso­
do te m p lo nhos, e sessenta homens do povo do
país que se encontraram no meio da
13E aos pobres do povo, e à demais cidade. 2GE Nabuzardan, general do
plebe que tinha ficado na cidade, e exército, tomou-os, e levou-os a Re­
aos desertores que se tinham passa­ blata, ao rei de Babilônia. i7E o rei
do para* o rei de Babilônia, e ao resto de Babilônia feriu-os, e mandou-os
da multidão, a todos fêz transportar matar a todos em Reblata, no país
(para Babilônia) Nabuzardan, gene­ de Emat; e (o resto de) Judá foi
ral do exército. 16E dentre os po­ transferido para fora da sua terra
bres da terra, Nabuzardan, general (para a Calâéia).
942 PROFECIA DE JEREMIAS 52
Número dos deportados rei de Judá, no dia vinte e cinco do
duodécimo mês, de Elvimerodac, rei
28Eis o povo que Nabucodonosor de­ de Babilônia, no mesmo ano do seu
portou: N o sétimo ano do seu rei­ reinado, levantou a cabeça de Joa­
nado, três mil e vinte e três Judeus;
29no ano décimo oitavo do seu reina­ quim, rei de Judá, e tirou-o da pri­
do, deportou de Jerusalém, oitocen- são. 3 12E falou-lhe com muita afabi­
tas e trinta e duas pessoas; 30no ano lidade, e mandou pôr o trono do mes­
vigésimo terceiro do reinado de N a ­ mo Joaquim acima dos tronos dos
bucodonosor, deportou Nabuzardan, outros reis vencidos que estavam com
general do seu exército, setecentos e êle em Babilônia. 33Fêz-lhe também
quarenta e cinco Judeus. Ao todo mudar os vestidos que tinha no cár­
quatro'm il e seiscentas pessoas. cere, e admitiu-o a comer à sua me­
sa durante todos os dias da sua vi­
Joaquim é bem tratado pelo rei de da. 34E foi-lhe dada a ração pelo
Babilônia
rei de Babilônia, ração perpétua, m ar­
31E aconteceu no ano trigésimo sé­ cada para cada dia, até ao dia da sua
timo da transmigração de Joaquim, morte, todos os dias da sua vida.
LAMENTAÇÕES DE JEREMIAS
Êste pequenino livro composto de cinco elegias tomou
de o nome
Lamentações pelo título que tem no latim, e que é tradução do grego. No
hebraico, toma o titulo da primeira palavra “Como assim”. A tradição da
Sinagoga e da Igreja sempre reconheceram Jeremias como autor das La­
mentações, e os esforços inauditos dos racionalistas jamais lograram de­
monstrar o contrário.
As Lamentações são cinco poemas elegíacos hem distintos; os primei­
ros quatro são alfabéticos em hebráico, isto é: cada versículo começa com
uma letra diferente em ordem alfabética. O terceiro poema repete três ve­
zes a mesma letra e portanto, em vez de 22 versículos, quantas são as
letras do alfabeto, conta com 66. Também o quinto poema tem 23 versí­
culos, mas não é alfabético.
A Primeira Lamentação descreve o fato: Jerusalém desolada, compara­
da à esposa abandonada, se lamenta.
A Segunda Lamentação descreve a causa da ruína de Jerusalém: Deus
justamente irado contra seus pecados.
A Terceira Lamentação exprime o pranto inconsolável de Jerusalém
que confia na misericórdia de Deus.
, A Quarta Lamentação tece um dramático contraste entre o presente e
o passado de Jerusalém, enumera os pecados que foram a causa de tantas
desventuras e termina apostrofando a Iduméia.
A Quinta Lamentação é . a oração do povo eleito que expõe suas des­
venturas e implora que a ira de Deus não seja eterna.
As lamentações, verdadeiro canto fúnebre sôbre a morte de Jerusalém,
do templo e da própria nação judaica, são lidas todos os anos nas sinagogas.

E aconteceu que, depois que Israel J e ru s a lé m h u m ilh a d a e desolada


foi levado para o cativeiro, e Jerusa­ ALEF
lém ficou despovoada, sentou-se o
profeta Jeremias a chorar, e rompeu 1 ’Como assim está sentada solitá-
endechas sôbre Jerusalém com as 1 ria, esta cidade (antes) cheia de
lamentações seguintes, e, suspirando povo? Tornou-se como uma viúva a
e gemendo com amargura do seu es­ senhora das nações; a princesa das
pírito, disse: províncias ficou sujeita ao tributo.

E aconteceu.. .Êste pequeno prólogo não se encontra no hebreu. Ê considerado n&o ca­
nônico pelos melhores teólogos.
944 LAM ENTAÇÕ ES DE JEREMIAS l

BET e ela, gemendo, voltou o rosto para


2Chorou sem cessar durante a noi­ trás.
te, e as suas lágrimas correm pelas TET
suas faces; não há quem a console en­ °As suas impurezas chegam até aos
tre todos os seus amados; todos os seus pés, e (entre os seus pecados)
seus amigos a desprezaram, e torna­ não se recordou do seu fim; foi pas-
ram-se seus inimigos. mosamente abatida, sem ter consola­
G U IM E L dor. Vê, Senhor, a minha aflição,
porque o inimigo elevou-se.
Mudá emigrou por causa da afli­
ção e grandeza da escravidão; habi­ IO D
tou entre as nações, e não achou re­ 10O inimigo lançou mão a tudo
pouso; todos os seus perseguidores se o que ela tinha de mais precioso; ela
apoderaram dela no meio das suas viu os gentios entrarem no seu san­
angústias. tuário, fos gentios) acerca dos quais
DALET tu tinhas mandado que não entrassem
4Os caminhos de Sião choram, por- na tua assembléia.
ue não há quem venha às solenida- CAF
es; tôdas as suas portas se acham nTodo o seu povo está gemendo,
destruídas; os seus sacerdotes gemen­ e mendigando pão; deram tudo o que
do; as suas virgens esquálidas, e ela tinham de precioso a trôco de alimen­
oprimida de amargura. to, para sustentar a vida. Vê, Se­
HE nhor, e considera o vilipêndio a que
estou reduzida.
5Os seus adversários assenhorea-
ram-se dela, enriqueceram-se os seus LAM ED
inimigos, porque o Senhor falou con­ ,2ó vós todos os que passais pelo
tra ela, por causa da multidão das caminho, atendei e vêde se há dor
suas iniqüidades; os seus filhinhos semelhante à minha dor; porque o
foram levados para o cativeiro ante Senhor me vindimou, como tinha di­
a face do que os atribulava. to, no dia da ira do seu furor.
VAU MEM
t3Êle enviou do alto fogo sôbre os
6E desterrou-se da filha de Sião meus ossos, e me castigou; estendeu
tôda a sua formosura; os seus prín­ uma rêde aos meus pés, fêz-me cair
cipes ficaram sendo como carneiros, para trás; lançou-me na desolação,
que não acham pastagens; e foram consumida em tristeza todo o dia.
caminhando desfalecidos adiante do
opressor. NUN
Z A IN uO jugo (ou castigo) das minhas
maldades veio depressa sôbre mim;
7Jerusalém recordou-se dos dias da com a sua mão foram elas enfeixadas,
sua aflição, e da sua prevaricação, e postas sôbre o meu pescoço; enfra­
e de tôdas as suas coisas apetecíveis, queceu-se a minha fôrça; o Senhor
que tinha tido desde os dias antigos, entregou-me às mãos de quem eu não
quando o seu povo caía debaixo da poderei jamais libertar-me.
mão inimiga, e não havia quem lhe
acudisse. Os seus inimigos viram-no, S AM EC
e fizeram escárnio dos seus sábados. lsO Senhor tirou todos os meus
príncipes do meio de mim; chamou
HET contra mim o tempo, em que devia
Merusalém cometeu um grande pe­ destruir os meus soldados escolhidos.
cado, por isso se tornou instável; to­ O Senhor (os) pisou como em um la-
dos os que a honravam a despreza­ gar, para (castigo da) virgem, filha
ram, porque viram a sua ignomínia; de Judá.
Cap I — 9. A s suas im purezas... M etáfora para indicar as iniqüidades de Jerusalém.
10. Que não entrassem. .. N ão era permitido aos pagãos tornar parte nas assembléias re­
ligiosas dos Judeus, e êles tinham levado a sua ousadia até penetrar no santuário.
12. M e vindimou, isto é, me despojou de tudo.
LAM ENTAÇÕES DE JEREMIAS 94f>

A IN são os meus gemidos, e o meu cora­


16P or isso eu choro, e os meus ção está magoado.
olhos derramam rios de lágrimas, por­
que se afastou de mim o consolador A s c a u s a s d a r u í n a de J e r u s a lé m
que podia tornar-me a vida. Os meus ALEF
filhos pereceram, porque o inimigo
prevaleceu. O 'Como cobriu o Senhor de escu-
FE “ ridão, no seu furor, a filha de
Sião? (Corno) precipitou do céu so­
"Estendeu Sião as suas mãos; não bre a terra a ínclita de Israel, e não
há quem a console. O Senhor enviou se lembrou do estrado dos seus pés,
contra Jacó os seus inimigos que o no dia do seu furor?
cercam; Jerusalém tornou-se entre
êles como uma mulher manchada BET
com as purgações mênstruas. 20 Senhor precipitou, sem nada
SAD E poupar, tudo o que havia de belo em
Jacó; destruiu no seu furor as forti­
18Justo é o Senhor, porque, eu, re­ ficações da virgem de Judá, e lançou-
belde aos seus preceitos, o provoquei as por terra; profanou o reino e os
à ira. Ouvi, eu vos rogo, todos os seus príncipes.
povos, e vêde a minha dor; as mi­
nhas virgens e os meus jovens foram G H IM E L
para o cativeiro. 3Quebrou no transporte do seu fu ­
COF ror, todo o poderio de Israel; retirou
para trás a sua direita da face do
,9Chamei os meus amigos, e êles inimigo, e acendeu em Jacó um co­
me enganaram; os meus sacerdotes e mo fogo, cuja chama devora tudo em
os meus anciãos pereceram dentro da volta.
cidade, quando buscavam algum ali­ DALET
mento com que sustentassem a vida.
4Estendeu o seu arco como inimigo,
RES firmou a sua direita como adversá­
20Vê, Senhor, que estou atribulada; rio, e matou tudo o que era formo­
turbadas estão as minhas entranhas; so à vista na tenda da filha de Sião;
conturbado está o meu coração den­ derramou como fogo a sua indigna-
tro de mim mesma, porque estou
cheia de amargura. De fora me mata
a espada, e dentro há (fome que é) 50 Senhor tomou-se como um ini­
uma morte semelhante. migo; derribou Israel, derribou tôdas
S IN as suas muralhas, destruiu as suas
21Ouviram os meus gemidos, e não fortificações, e encheu a filha de Ju­
há quem me console; todos os meus dá de homens e de mulheres humi­
inimigos souberam da minha desven­ lhados.
tura, e alegraram-se porque tu a fi­ VAU
zeste. Tu me enviarás o dia da con­ °E destruiu como um jardim a sua
solação, e (então) êles tornar-se-ão tenda, demoliu o seu tabernáculo;. o
semelhantes a mim. Senhor entregou ao esquecimento em
TAU Sião as festas e o sábado; e ( entre-
gou) ao opróbrio e à indignação do
22Põe diante de ti tôda a sua m a­ seu furor o rei e o sacerdote.
lícia; e vindima-os, como a mim me
vindimaste, por causa de tôdas as Z A IN
minhas iniqüidades; porque muitos 70 Senhor rejeitou o seu altar, a-

Cap. I — 21 Tornar-se-ão... Assim aconteceu ao cabo de setenta anos, quando os C al-


deus foram destruídos no tempo de Baltazar,- último rei de Babilônia.
Cap. I I — 1. Estrado de seus p és.. . isto é, o seu santuário.
2. P r o fa n o u ... Tirou-lhes o caráter sagrado.
3. Retirou para tr á s ... Deixou de proteger l3rael.
6. Como um jardim que deixou de agradar ao seu dono.
t)46 LAM ENTAÇÕES DE JEREMIAS *

maldiçoou o seu santo lugar; entre­ fetizaram-te falsamente sucessos e a


gou nas mãos dos inimigos os muros expulsão (dos teus inimigos).
das suas torres; êles deram gritos SAM EC
(de júbilo) na casa do Senhor, como
em dia de solenidade. 15Batiam com as mãos, vendo-te,
todos os que passavam pelo caminho;
HET assobiavam e abanavam a cabeça
sO Senhor resolveu destruir o mu­ contra a filha de Jerusalém. Esta é
ro da filha de Sião; estendeu o seu a cidade, diziam êles, de extrema fo r­
cordel, e não retirou a sua mão, sem mosura, as delícias de tôda a terra?
que ficasse tudo arruinado; e o ante- FE
muro gemeu, e o muro foi também
destruído. 10Abriram contra ti a sua bôca to­
dos os teus inimigos, assobiaram e
TET rangeram com os dentes, e disseram:
9As suas portas estão encravadas na Devora-la-emos; eis o dia que nós
terra; (o Senhor) quebrou e fêz em esperáva.nos; nós o achamos, nós o
pedaços as suas trancas; baniu o seu vemos.
rei e os seus príncipes para entre as A IN
nações; já não há lei, e os seus profe­ 170 Senhor fêz o que tinha deter­
tas já não recebem visões do Senhor. minado, cumpriu a palavra, que ti­
JOD nha pronunciado desde os tempos an­
10Sentaram-se em terra em silên­ tigos; destruiu e não perdoou, e ale­
cio os velhos, da filha de Sião; cobri­ grou o inimigo a teu respeito, e exal­
ram as suas cabeças de cinza, vesti­ tou o poder dos teus adversários.
ram-se de cilícios, inclinaram as suas SAD E
cabeças até à terra, as virgens de Je­ lsO seu coração clamou ao Senhor
rusalém. sôbre os muros da filha de Sião; F a -
CAF ze correr uma como torrente de lá­
nOs meus olhos enfraqueceram-se grimas de dia e de noite; não te dês
de tanto chorar, as minhas entranhas descanso algum, nem a menina do teu
turbaram-se; o meu fígado derramou- ôlho tenha repouso.
se por terra, vendo a ruína da filha COF
do meu povo, quando caíam mortos
os meninos e as crianças de peito nas 19Levanta-te, louva (o Senhor) de
praças da cidade. noite, no princípio das vigílias; der­
rama o teu coração como água diante
LAM ED do Senhor; levanta as tuas mãos pa­
12Èles diziam a suas mães: Onde ra êle (chorando) pela vida dos teus
está o trigo e o vinho? quando, como filhinhos que caíram mortos de fo­
se fôssem feridos, iam desfalecendo me a todos os cantos das ruas.
nas praças da cidade, quando exala­ RES
vam as suas almas no regaço de suas 20Vê, Senhor, e considera a quem
mães. assim desolaste. É possível que as
MEM
mulheres hão de comer os frutos das
13A quem te compararei, ou a quem suas entranhas, crianças do tamanho
te assemelharei, ó filha de Jerusa­ da palma da mão? H á de ser morto
lém? A quem te igualarei, e como no santuário do Senhor o sacerdote
te consolarei, ó virgem, filha de Sião? e o profeta?
É grande como o mar a tua tribula- S IN
ção; quem poderá curar-te?
‘^ Ficaram nas ruas estendidos por
NUN terra o moço e o velho; as minhas
14Os teus profetas vaticinaram-te virgens e os meus jovens caíram mor­
coisas falsas e insensatas, e não te tos à espada; tu os mataste no dia
manifestavam a tua iniqüidade para do teu furor; feriste-os sem compai­
te excitarem à penitência; mas pro-1 8 xão alguma.

18. O seu coração. O coração dos Judeus que tinham sobrevivido aos horrores da guerra.
2 - 3 LAM ENTAÇÕES DE JEREMIAS 947
TAU HE
“ Chamaste como a um dia de so­ 13Cravou nos meus rins as setas da
lenidade os que deviam aterrar-me sua aljava.
de todas as partes, e não houve no HE
dia do furor do Senhor, quem esca­ 14Tornei-me o escárnio de todo o
passe nem ficasse com vida; aquêles meu povo o assunto das suas canti­
que criei e alimentei, o meu inimigo lenas diárias.
os exterminou. HE
15Encheu-me de amargura, embria-
Q u e ix a s, e spe ra nça s, consolação gou-me de absinto.
VAU
ALEF 16Quebrou todos os meus dentes,
O *Eu sou o homem que vejo a deu-me a comer cinza.
minha miséria, debaixo da vara VAU
da indignação do Senhor. 17Está desterrada da minha alma
ALEF a paz; já não sei o que é felicidade.
2Conduziu-me e levou-me às tre­ VAU
vas, e não à luz. 18E eu disse: Pereceu para mim o
fim (dos males), e a esperança que
ALEF eu tinha no Senhor.
3Não fêz senão virar e revirar con­ Z A IN
tra mim a sua mão durante todo o 19Lem bra-te da minha pobreza e
perseguição, do absinto e do fel (que
me fazem beber).
4Fêz envelhecer a minha pele e a Z A IN
minha carne, quebrantou os meus os­ “ Eu me lembrarei sem cessar dis­
sos. to, e a minha alma definhará dentro
BET de mim.
5Edificou ao redor de mim, e me Z A IN
cercou de fel e de trabalho. 21Eu repassarei estas coisas no meu
BET coração, por isso esperarei.
°Pôs-me em lugares tenebrosos, co­ HET
mo os que estão mortos para sem­ “ Graças à misericórdia do Senhor
pre. é que não fomos consumidos ( intei-
G H IM E L ramente), porque as suas comisera­
ções nunca faltaram.
7Cercou-me dum muro para que
não possa sair; tornou pesados os HET
“ Elas renovam-se tôdas as ma­
meus grilhões.
nhãs; grande é (6 Senhor) a tua fi­
G H IM E L delidade.
8E, ainda que eu clame e rogue, HET
êle rejeita a minha oração. 24A minha herança é o Senhor, dis­
G H IM E L se a minha alma, portanto, eu espe­
9Fechou os meus caminhos com pe­ rarei nêle.
TET
dras de silharia, subverteu as minhas
veredas. “O Senhor é bom para os que nêle
DALET esperam, para a alma que o busca.
TET
10Tornou-se para mim como um ur­
so de emboscada, como um leão em “ É bom esperar em silêncio a sal­
esconderijos. vação (que vem de) Deus:
DALET TET
27É bom para o homem ter levado
“ Subverteu as minhas veredas, e o jugo desde a sua mocidade.
quebrantou-me; pôs-me na desolação. JOD
DALET “Sentar-se-á solitário e ficará (re­
12Armou o seu arco, e pôs-me co­ signado) em silêncio, porque tomou
mo alvo à seta. êste jugo sobre si.
948 LAM ENTAÇÕES DE JEREMIAS 3
JOD FE
29Porá a sua bôca no pó, a ver se "Abriram contra nós a sua bôca
há alguma esperança. todos os nossos inimigos.
JOD FE
30Oferecerá a face ao que o fere. 47A profecia converteu-se para nós
fartar-se-á de opróbrios. em terror, e em laço e ruína.
CA F FE
31Porque o Senhor não nos rejeitará 48Os meus olhos derramaram rios
para sempre. de lágrimas, vendo a ruína da filha
CA F do meu povo.
32Porque, se (nos) rejeitou, tam­ A IN
bém se compadecerá (de nos) segun­ 49Os meus olhos afligiram-se em
do a multidão das suas misericórdias. pranto contínuo, porque não há des­
CAF canso,
33Porque êle não humilhou, nem A IN
rejeitou por seu gôsto os filhos dos "até que olhe e veja o Senhor des­
homens. de os céus.
LAM ED A IN
34Pisar aos seus pés todos os cati­ 51Os meus olhos quase me rouba­
vos da terra, ram a vida, chorando sôbre todas as
LAM ED filhas da minha cidade.
35recusar a justiça a um homem SADE
ante a presença do Altíssimo, 52Como a uma ave me deram ca­
ça os meus inimigos sem causa.
LAM ED SADE
“ prejudicar um homem na sua cau­ 83A minha alma caiu na cova, e
sa; o Senhor nunca tal soube fazer. êles puseram sôbre mim uma pedra.
MEM
SADE
37Quem é que disse que se fizesse
uma coisa, sem que o Senhor o man­ S4Um dilúvio de águas (da tribu-
dasse? lctção) veio sôbre a minha cabeça; eu
disse então: Estou perdido.
MEM
COF
“ Não saem da bôca do Altíssimo “ Invoquei, Senhor, o teu nome des­
os males e os bens?
de o profundo da cova.
MEM COF
39Por que se queixa (pois) o ho­ 56Tu ouviste a minha voz: não a-
mem vivente, o homem (que sofre) partes o teu ouvido dos meus solu­
pelos seus pecados? ços e clamores.
NUN COF
40Examinemos e investiguemos os
nossos passos, e voltemos ao Senhor. 57Tu te aproximaste no dia em que
NUN te invoquei, e disseste: Não temas.
41Levantemos os corações e as mãos RE S
para o Senhor, nos céus. S8Tu, Senhor, julgaste a causa da
NUN minha alma, tu, que és o redentor da
"Procedemos injustamente, e pro­ minha vida.
vocamos a ira; por isso tu te mostras RES
inexorável. 59Viste, Senhor, a iniqüidade dêles
S AM EC contra mim; faze-me justiça.
43Tu te encobriste no teu furor e RES
nos feriste; mataste sem perdoar a 60Viste todo o seu furor, todos os
ninguém. seus pensamentos contra mim.
S AM EC S IN
"Puseste uma nuvem diante de ti, "Ouviste Senhor, os seus vitupé-
para que a nossa oração não passe. rios, todos os desígnios que formam
SAM EC contra mim.
"Como planta desarraigada e ab- S IN
jecta me puseste no meio dos povos. 62E as palavras dos que me fazem
:$ - 4 LAM ENTAÇÕES DE JEREM IAS 949
guerra e que maquinam contra mim Z A IN
todo o dia. 7Os seus Nazareus eram mais bran­
S IN cos que a neve, mais puros que o lei­
03Observa-os quando sentados, e te, mais vermelhos que o marfim a n ­
quando de pé; eu sou o objeto das tigo, mais formosos que a safira.
suas canções (burlescas). HET
TAU 8 (Porém agora) o seu rosto está
04Tu, Senhor, lhes darás o pago, mais negro que os carvões; e não são
como merecem as obras das suas conhecidos nas praças; a sua pele pe­
mãos. gou-se aos ossos, secou-se e tornou-
TAU se como um pau.
63Dar-lhes-ás por escudo do seu co­ TET
ração o trabalho que lhes hás de 9Foram mais felizes os mortos à
enviar. espada, que os mortos de fome, pois
TAU êstes padeceram uma morte lenta pe­
6CTu os perseguirás com furor e la esterilidade da terra.
os exterminarás de debaixo dos céus, JOD
ó Senhor. 10As mãos das mulheres compassi­
vas cozeram seus filhos, os quais lhes
A g ra n d e za de a n te s e a h u m ilh a ç ã o serviram de mantimento na ruína da
p re se n te filha do meu povo.
ALEF CAF
nDeu o Senhor cumprimento ao
A 'Como se escureceu o ouro? (C o- seu furor, derramou a ira da sua in­
~ mo) se mudou á sua bela côr? dignação, e ateou fogo em Sião, o
(Com o) foram espalhadas as pedras qual devorou os seus fundamentos.
do santuário pelos ângulos de tôdas LAM ED
as praças? 12Nunca acreditaram os reis da ter­
BET4 *
5 ra, nem todos os moradores do mun­
2Os ilustres filhos de Sião, vesti­ do, que entraria o inimigo e o adver­
dos de fino ouro, como foram consi­ sário pelas portas de Jerusalém,
derados quais vasos de terra, obra MEM
de mãos de oleiro? "(M a s entrou) por causa dos pe­
G H IM E L cados dos seus profetas, e por causa
3Até as lâmias descobriram os seus das iniqüidades dos seus sacerdotes,
peitos, deram leite às suas crias; po­ que derramaram no meio dela o san­
rém a filha do meu povo tornou-se gue dos justos.
cruel, como a avestruz no deserto. NUN
DALET 14Erraram como cegos nas praças,
4A língua do menino de peito, por mancharam-se de sangue, e, não po­
causa da sêde ficou pegada ao seu dendo (proceder doutro modo), levan­
paladar; os pequeninos pediram pão, tavam as extremidades dos seus ves­
e não havia quem lho desse. tidos.
HE SAM EC
5Os que comiam delicadamente, 13Apartai-vos, imundos, lhes grita­
morreram (de fome) nos caminhos; vam; retirai-vos, ide-vos, não nos to­
os que se nutriam entre púrpuras, queis; porque altercaram, e os que
abraçaram o estéreo. foram dispersos disseram entre as
VAU gentes: Não voltará to Senhor) a ha­
°E a iniqüidade da filha do meu bitar entre êles.
povo foi maior que o pecado de So- FE
doma, a qual foi subvertida num mo­ 1GA face (irritada) do Senhor os
mento, sem que mãos algumas se le­ dispersou, não tornará a olhar para
vantassem contra ela. êles; não respeitaram a pessoa dos

Cap. I V — 14. E não pod en d o... Segundo o hebreu: D e sorte que não se podia tocar
nos seus vestidos.
950 LAM ENTAÇÕES DE JEREMIAS 4 -5
sacerdotes, nem se compadeceram dos 5Somos levados presos pelo pescoço,
anciãos. aos cansados não se dá descanso.
A IN °Estendemos a mão ao Egito e aos
17Quando nós ainda subsistíamos, Assírios para sermos fartos de pão.
cansaram-se os nossos olhos de es­ 7Nossos pais pecaram, e já não e-
perar para nós um vão socorro, o- xistem; e nós temos levado o castigo
lhando atentos para uma nação, que das suas iniqüidades.
não nos podia salvar. 8Os nossos escravos dominaram-
SADE nos; não hoúve quem nos resgatas­
18Os nossos pés escorregaram, ao se da sua mão.
andar pelas nossas ruas; está chegado °Com perigo das nossas vidas ía­
o nosso fim, os nossos dias estão cum­ mos buscar pão, diante da espada do
pridos, porque chegou o nosso têrmo. deserto.
COF 10A nossa pele queimou-se ( tornou-
1!'Os nossos perseguidores foram se negra) como um forno, por cau­
mais velozes que as águias do céu; sa dos ardores da fome.
êles nos perseguiram sôbre os mon­ “ Desonraram as mulheres em Sião,
tes, armaram-nos ciladas no deserto. e as virgens nas cidades de Judá.
RES
20O sôpro da nossa bôca, o ungido, 12Foram pendurados pelas mãos os
o senhor, foi prêso, por causa dos príncipes; não respeitaram a pessoa
nossos pecados, êle a quem tinham dos velhos.
dito: À tua sombra viveremos entre 13Abusaram dos jovens com impu-
as nações. dicícia nefanda; e os meninos caíram
SIN sob (fardos de) lenha.
21Alegra-te e regozija-te, ó filha de 14Os anciãos retiraram-se das por­
Edom, que habitas na terra de Hus! tas, os jovens dos coros de música.
a ti também chegará o cálice (da tri- 15Extinguiu-se a alegria do nosso
bulaçao), serás dêle embriagada e coração; converteu-se em luto o nos­
serás despida (de todos os bens). so canto.
TAU 16Caiu a coroa da nossa cabeça; ai
22Chegou ao seu têrmo o castigo da de nós, porque pecamos!
tua maldade, ó filha de Sião; (o Se- 17Por isso o nosso coração tornou-se
n h or), não te tornará mais a desper­ triste, por isso se escureceram os
tar. Êle visitou a tua maldade, ó fi­ nossos olhos.
lha de Edom, descobriu os teus peca­ 18Porque o monte de Sião foi asso­
dos. lado, as raposas passeiam por êle.
Oração de Jeremias profeta 19Mas tu, Senhor, permanecerás e-
ternamente; o teu trono subsistirá de
CJ le m b ra-te, Senhor, do que nos geração em geração.
** aconteceu; considera e olha pa­ 20Por que razão te hás de esquecer
ra o nosso opróbrio. de nós para sempre? Hás de nos de­
2A nossa herança passou a estran­ samparar por (tã o) longos dias?
geiros; as nossas casas a estranhos. 21Converte-nos, Senhor, a ti, e nós
3Somos órfãos sem pai; nossas nos converteremos; renova os nossos
mães estão como viúvas. dias (felizes), como no princípio.
4A nossa água por dinhebro a temos 22Mas tu rejeitaste-nos inteiramen­
bebido, a nossa lenha por preço a te; tu te iraste violentamente contra
temos comprado.1 *2
7 nós.
17. U m vão socorro do Egito, o qual foi assolado pelos Caldeus.
20. O s ô p r o ..., o rei Sedecias, descendente de D avi, do qual dependia a própria existên-.
cia da nação, sendo como que o sôpro da sua vida.
21. A le g r a -te .. . Ironia contra os Idumeus, então aliados dos Caldeus contra Jerusalém.
Passados uns cinco anos, foram destruídos pelos próprios Caldeus.
Cap. v — 9. Espada do deserto, os salteadores Ãrabes, os Beduinos, sempre prontos a
fazer incursões.
22. segundo o hebreu: P o r quê ter-nos-ias tu porventura rejeitado inteiramente, estarias
excessivamente irritado contra nôst
PROFECIA DE BARUC
Baruc, filho de Nérias, discípulo e secretário de Jeremias, pertencia à
nobre família da tribo de Judá ( Jerem., 51, 59). No quarto ano do reinado
de Joaquim escreveu os oráculos ditados por Jeremias e os tornou a es­
crever depois que o rei os queimou. Sedecias lançou-o no cárcere, junto com
jeremias, onde permaneceram até à queda de Jerusalém. Seguiu Jeremias
até Masfa e mais tarde até o Egito. Cinco anos depois da destruição de
Jerusalém, encontramo-lo novamente em Babilônia, onde provàvelmente
residiu por mais oito anos, até a sua morte. De Baruc restou-nos um pe­
queno livro, cujo original hebraico se perdeu, e que aparece na tradução
dos Setenta. A tradução latina do livro de Baruc foi feita muito antes de
S. Jerônimo, e assim mesmo foi introduzida na Vulgata.
O livro de Baruc pode-se dividir em duas partes e um apêndice.
A primeira parte, depois do prólogo (1, 1-14), faz a confissão dos pe­
cados de Israel e pede misericórdia (1, 15-3, 8).
A segunda parte, (3, 9-5, 9), é uma advertência sobre as causas da
ruína nacional, e promete grandes consolações.
O apêndice transcreve uma carta de Jeremias aos exilados de Babilônia.
O livro de Baruc se integrou com o de Jeremias em modo tal que os
Padres da Igreja fizeram deles um único livro, e na Vulgata, ficou unido
com as lamentações, ao livro de Jeremias.

In t r o d u ç ã o h is t ó r ic a êste livro, 4e aos ouvidos do povo,


desde o mais pequeno até ao maior de
1 7Eis as palavras do livro que todos aquêles que habitavam em Ba­
4 escreveu Baruc, filho de Maa- bilônia, junto do rio Sodi; 5os quais,
sias, filho de Sedecias, filho de Hel- ouvindo-o, choravam, e jejuavam, e
cias, em Babilônia, 2no ano quinto, a oravam na presença do Senhor.
sete do mês, no tempo em que os
Caldeus tomaram Jerusalém, e a 6E juntaram dinheiro, conforme pô­
incendiaram. de a mão de cada um, 7e enviaram-
3E Baruc leu as palavras dêste li­ no a Jerusalém, a Joaquim, filho de
vro aos ouvidos de Jeconias, filho de Helcias, filho de Salon, sacerdote,
Joaquim, rei de Judá, e aos ouvidos aos sacerdotes, e a todo o povo, que
de todo o povo, que vinha ouvir ler se acharam com êle em Jerusalém,
Cap. I — 4. O rio Sodi era talvez um dos canais que punham o Eufrates em comuni­
cação com o Tigre.
952 PROFECIA DE BARUC 1 - 2‘
8depois que (B aruc) recebeu os vasos partamos dêle, para não ouvir a sua
do templo do Senhor, que tinham si­ voz. 20*E (por isso) se nos têm pegado
do levados do templo, para os resti­ muitos males e maldições, que o Se­
tuir à terra de Judá, a dez do mês nhor predisse a Moisés, seu servo, o
de Sivan; vasos de prata, que Sede- qual tirou nossos pais da terra do E gi­
cias, filho de Josias, rei de Judá, ti­ to, para nos dar a terra que mana lei­
nha mandado fazer, 9depois gue Na- te e mel, como se vê no dia de hoje.
bucodonosor, rei de Babilônia, apri­ 21E não ouvimos a voz do Senhor
sionou Jeconias, e os príncipes, e to­ nosso Deus, segundo tôdas as palavras
dos os grandes, e o povo da terra, e dos profetas, que êle nos enviou, 22e
os levou presos de Jerusalém para cada um de nós andou segundo o
Babilônia. sentido e a inclinação do seu coração
10E disseram: A í vos mandamos di­ corrompido, para servir deuses estra­
nheiro; comprai com êle holocaustos nhos, praticando más obras diante
e incenso, e fazei oferendas e hós­ dos olhos do Senhor nosso Deus.
tias pelo pecado, no altar do Senhor
nosso Deus; ne rogai-lhe pela vida Terrível e justo castigo de Deus
de Nabucodonosor, rei da Babilônia, e O *Por isso o Senhor nosso Deus
pela vida de Baltasar, seu filho, para “ cumpriu a sua palavra, que ti­
que os seus dias sejam como os dias nha pronunciado contra nós e con­
do céu, sôbre a terra; 12e para que a- tra os nossos juízès, que julgaram
lumie os nossos olhos, a fim de que Israel, e contra os nossos reis, e con­
vivamos debaixo da sombra de Nabu­ tra os nossos príncipes, e contra to-
codonosor, rei de Babilônia, e de­
baixo da sombra de Baltasar, seu fi­ .do Israel e Judá, 2de que traria o Se­
lho, e sirvamos muitos dias, e a- nhor sôbre nós grandes males, quais
chemos graça na sua presença. 13Orai nunca se tinham visto debaixo do céu,
também ao Senhor nosso Deus por como os que vieram sôbre Jerusalém,
nós mesmos; porque pecamos contra segundo o que está escrito na lei de
o Senhor nosso Deus, e o seu furor Moisés, 3(isto é) que o homem come­
não se apartou de nós até êste dia. ría as carnes de seu próprio filho, e
14E lêde êste livro, que vos manda­ as carnes de sua própria filha, 4E o
mos, para ser lido em alta voz no Senhor entregou-os sob a mão de to­
templo do Senhor, em dia solene, e dos os reis que nos cercam para se­
em dia oportuno. rem o ludibrio e (u m exemplo de)
desolação em todos os povos, por en­
Confissão dos pecados e oração do tre os quais o Senhor nos dispersou.
povo
5E ficamos escravos, e não senhores,
porque pecamos contra o Senhor nos­
15E direis: Ao Senhor nosso Deus so Deus, não obedecendo à sua voz.
pertence a justiça, mas a nós, a con­ °Ao Senhor nosso Deus pertence a
fusão do nosso rosto, como estã acon­ justiça, mas a nós e a nossos pais, a
tecendo neste dia a todo Judá, e aos confusão de rosto, como se está ven­
que habitam em Jerusalém, 1 56*aos nos­ do neste dia. 7Porque o Senhor pre­
sos reis, e aos nossos príncipes, e disse contra nós todos êstes males
aos sacerdotes, e aos profetas, e aos que vieram sôbre nós, 8e não fize­
nossos pais. nNós pecamos diante do mos súplicas diante da face do Se­
Senhor nosso Deus, e não cremos, des­ nhor nosso Deus, para nos retirarmos
confiando dêle, 18e não lhe quisemos cada um de nós dos nossos péssimos
estar sujeitos, e não ouvimos a voz caminhos. 9e o Senhor velou sôbre os
do Senhor nosso Deus, para andar­ males, e fê-los vir sôbre nós, porque
mos segundo os preceitos que êle o Senhor é justo em tôdas as suas
nos deu. 19Desde o dia em que êle ti­ obras que nos mandou. 10E não ouvi­
rou nossos pais da terra do Egito, até mos a sua voz para caminharmos nos
êste dia, temos sido rebeldes ao Se­ mandamentos do Senhor, que êle nos
nhor nosso Deus; e, dissipados, nos a- tinha posto diante dos olhos.
8. o mês de Sivan começava com a lua de junho.
19. Dissipados, entregues a nossos vícios.
2 PROFECIA DE BARUC 953
Os Judeus imploram a misericórdia legria, e a voz do esposo, e a voz da
divina esposa, e ficará tôda a terra sem ves­
tígios, de quem a habitasse. 24Mas não
17E agora, ó Senhor Deus de Israel, ouviram a tua voz. servindo o rei
que tiraste o teu povo da terra do de Babilônia; e (então) cumpriste as
Egito com mão forte, e com sinais, palavras que pronunciaste pela bôca
e com prodígios, e com o teu grande de teus servos, os profetas, para que
poder, e com braço levantado, e ad­ fôssem trasladados do seu lugar os
quiriste para ti um nome, como se ossos dos nossos reis, e os ossos de
está vendo neste dia, 12nós pecamos, nossos pais; ^e eis que foram lan­
temos procedido com impiedade, te­ çados ao calor do sol, e à geada da
mos vivido mal, ó Senhor nosso Deus, noite, e morreram entre crudelissimas
contra todos os teus mandamentos. dores, pela fome e pela espada, e por
13Aparte-se de nós a tua ira, porque um (penoso) exílio. 26Reduziste êste
ficamos poucos entre as nações onde templo, em que tem sido invocado o
nos dispersaste. 14Ouve, Senhor, as teu nome, ao estado em que se en­
nossas preces e as nossas orações e contra hoje, por causa da maldade da
livra-nos por amor de ti mesmo, e fa- casa de Israel e da casa de Judá.
ze que achemos graça diante da face
daqueles que nos deportaram, 15para Oráculo de Moisés
que tôda a terra saiba que tu és o
Senhor nosso Deus, e que o teu nome 27E procedeste conosco, ó Senhor
tem sido invocado sôbre Israel e so­ nosso Deus, segundo tôda a tua bon­
bre a sua geração. 10Olha, Senhor, pa­ dade, e conforme tôda a tua grande
ra nós da tua santa casa, e inclina o misericórdia, 28como o tinhas predi­
teu ouvido, e ouve-nos. 17Abre os teus to por meio do teu servo Moisés, no
olhos, e vê; porque os mortos que dia em que lhe mandaste escrever a
estão no sepulcro, cujo espírito foi tua lei diante dos filhos de Israel,
separado das suas entranhas, não da­ -“dizendo: Se não ouvirdes a minha
rão honra nem justiça ao Senhor; voz, esta grande multidão de gente
18mas a alma, que está triste por cau­ será reduzida a um pequeno número
sa da grandeza do mal, e anda en- entre as nações para onde eu os dis­
curvada e abatida, e tem os olhos persarei; 3üporç[ue eu sei que êste po­
enfraquecidos, a alma faminta, é que vo me não há de ouvir, pois é um
te dá, o Senhor, glória e justiça. povo de dura cerviz.
Oráculos ameaçadores dos profetas Fredição da futura penitência e
libertação
,9Porque não é apoiados na justi­
ça de nossos pais, que nós derrama­ Mas êle se converterá de coração
mos os nossos rogos e imploramos (quando estiver) na terra do seu cati-
misericórdia diante da tua face, ó Se­ veiro; 31e saberão que eu sou o Se­
nhor nosso Deus, 20mas porque en­ nhor seu Deus; e dar-lhes-ei um (n o­
viaste a tua ira e o teu furor sôbre v o ) coração, e entenderão; ouvidos, e
nós, como o predisseste pela bôca dos ouvirão; 32e me louvarão na terra do
teus servos, os profetas, dizendo: ^As­ seu cativeiro, e lembrar-se-ão do meu
sim diz o Senhor: Abaixai o vosso nome, 33e deixarão a dureza da sua
ombro e o vosso pescoço, e servi ao cerviz e as suas maldades, porque se
rei da Babilônia, e assim vivereis lembrarão do caminho de seus pais
tranqüilos na terra que eu dei a vos­ que pecaram contra mim. 34E os con­
sos pais. 2-Se porém não ouvirdes a duzirei outra vez para a terra que
voz do Senhor vosso Deus, de vos su­ prometi com juramento a seus pais,
jeitardes ao rei de Babilônia, eu vos Abraão, Isaac e Jacó; e serão senho­
farei sair das cidades de Judá, e para res dela, e multiplicá-los-ei e não
fora de Jerusalém, 23e tirarei do meio diminuirão. farei com êles outra
de vós tôda a voz de regozijo e de a-3 5 aliança eterna, para que eu seja o seu
35. E farei com êles outra aliança. E sta é a nova aliança, que Jesus Cristo fêz co­
nosco e com a sua Igreja, que durará até ao fim do mundo, e de que foi figu ra a que
954 PROFECIA DE BARUC 2 - 3
Deus, e êles sejam o meu povo; e não mortos, estás confundido com os que
removerei jamais o meu povo, os f i­ descem ao sepulcro. 12E ’ que tu a-
lhos de Israel, da terra que lhes dei. bandonaste a fonte da sabedoria.
i;tPorque, se tivesses andado pelo ca­
Nova c o n fis s ã o e n o v a ’ s ú p lic a
minho de Deus, seguramente perseve-
9 *E agora, Senhor todo-poderoso, rarias numa paz eterna. “ Aprende
Deus de Israel, uma alma an­ onde está a prudência, onde está a
fôrça, onde está a inteligência, para
gustiada e um espírito aflito clama saberes ao mesmo tempo onde está
a ti. 2Ouve, Senhor, tem compaixão, a diuturnidade da vida e o sustento,
porque és um Deus misericordioso; onde está a luz dos olhos e a paz.
compadece-te de nós, porque peca­
mos na tua presença. 3Porque tu per­ 15Quem achou o lugar em que ela
maneces eternamerite, nós, então, ha­ reside? E quem penetrou nos seus te­
vemos de perecer para sempre? P e ­ souros? 16Onde estão os príncipes das
nhor todo-poderoso, Deus de Israel, nações, e os que dominam sobre as
ouve agora a oração dos mortos de alimárias da terra? 17Os que brincam
Israel, e a dos filhos daqueles que com as aves do céu? 18Os que entesou-
pecaram diante de ti, e não ouviram ram prata e ouro, em que confiam
a voz do Senhor seu Deus, por cujo os homens, e não têm fim os seus
motivo se nos pegaram (todos) êstes esforços do adquirir? Os que lavram
males. 3Não te lembres das iniqüida- a prata e andam afatigados, sem
des dos nossos pais; lembra-te sim, pôr têrmo às suas empresas? 19Exter-
nesta ocasião, do teu poder e do teu minados foram, e desceram aos infer­
nome, °porque tu és o Senhor nosso nos, e outros levantaram-se em seu
Deus, e nós, Senhor, te louvaremos; lugar. 20Èstes jovens viram a luz, e
7porque é por isso que puseste o teu habitaram sôbre a terra; mas ignora­
temor em nossos corações a fim de ram o caminho da sabedoria, 21nem
que invoquemos o teu nome, e te lou­ entenderam as suas veredas, nem seus
vemos no nosso cativeiro, afastando- filhos a receberam; ela se retirou pa­
nos da maldade de nossos pais, que ra longe dêles. 22Não foi ouvida na
pecaram diante de ti. 8E eis aqui es­ terra de Canaã, nem foi vista em Te-
tamos nós hoje no nosso cativeiro, em mã. 23Também os filhos de Agar, que
que nos puseste dispersos, para ser­ buscam uma prudência, que vem da
mos um objeto de afronta e de maldi­ terra, os negociantes de Merra e de
ção, e para sentirmos a pena do pe­ Temã, e os fabulistas, e os esquadri-
cado, segundo tôdas as maldades de nhadores da prudência e da inteli­
nossos pais, que se apartaram de ti, gência, não conheceram o caminho da
Senhor nosso Deus. sabedoria, nem fizeram menção das
A v e rd a d e ira s a b e d o ria
suas veredas. 24ó Israel, tão grande é
a casa de Deus, e espaçoso o lugar
9Ouve, ó Israel, os mandamentos da sua possessão! 25Êle é vasto e não
da vida; aplica os teus ouvidos, para tem limites; é elevado e imenso. 20A li
aprenderes a prudência. 10Donde vem, estiveram aquêles gigantes famosos,
ó Israel, estares tu na terra dos teus que houve desde o princípio (do mun-
inimigos? “ Tens envelhecido em ter­ do) de grande estatura, dextros na
ra estranha te contaminaste com os guerra. 27Não escolheu o Senhor a ês-
Neem ias renovou, depois que o povo voltou a Jerusalém, I I E sd r., IX , 38, X, 1: Jer.,
X X X I, 31-32.
Cap. I I I — 4. M ortos de Israel. Filhos de Israel, tâo m altratados no cativeiro, que p a­
recem pjortos em seus túmulos.
11. Contaminaste-te com os mortos. O sentido é êste: Tu, porque vives no meio dos
Caldeus, que são um povo idólatra, estás num estado de impureza semelhante ao daquele
que habita numa casa em que há um morto.
22. Temã, parte oriental da Iduméia, célebre pelos, seus sábios.
23. E de Temã. Esta Temã parece ser diversa da que se nomeou no versículo preceden­
te. Os intérpretes notam que a primeira era um a cidade da Iduméia, à segunda uma
cidade da A rá b ia . — M erra. Tam bém cidade da A rá b ia .
24. Por casa de Deus neste lugar entende-se a redondeza de tôda a terra.
3 - 4 PROFECIA DE BARUC 955
tes nem êles acharam o caminho da às nações, não para perdição mas
sabedoria; por isso pereceram; 28e, •por ter provocado a indignação de
porque não tiveram a sabedoria, pe­ Deus; por isso fôstes entregues aos
receram pela sua imprudência. adversários. 7Porqüe irritastes aquêle
2£’Quem subiu ao céu, e a tomou, e que vos criou, o Deus eterno, sacrifi­
a tirou das nuvens? 30Quem atraves­ cando aos demônios e não a Deus.
sou o mar, e a achou, e a trouxe de 8Porque vos esquecestes de Deus que
preferência ao ouro escolhido? 31Não vos sustentou, e contristastes Jerusa­
há ninguém que possa conhecer os lém, vossa nútrice. 9Porque ela viu
seus caminhos, nem que descubra as que vinha a ira de Deus sôbre vós, e
suas veredas. disse: Ouvi, confinantes de Sião: Deus
enviou-me uma grande aflição; ^por­
A e n c a r n a ç ã o d a d iv in a s a b e d o r ia que vi o cativeiro do meu povo, de
meus. filhos e filhas, que o Eterno
32Mas aquêle (Senhor) que sabe to­ fêz vir sôbre êles. nEu os sustentei
das as coisas, conhece-a, e descobriu- com alegria, e os despedi com dor
a pela sua prudência; aquêle que e mágoa. 1L’Ninguém se alegre, ao ver­
criou a terra para sempre, e que a me viúva e desolada; por muitos
encheu de gados e de quadrúpedes; fui desamparada, por causa dos pe­
33aquêle que envia a luz, e ela vai; que cados de meus filhos, porque se des­
a chama, e ela, lhe obedece tremendo. viaram da lei de Deus, 13e desconhece­
34As estréias deram luz nas suas es­ ram os seus preceitos e não anda­
tâncias, e alegraram-se; 35foram cha­ ram pelos caminhos dos mandamen­
madas, e disseram: Aqui estamos e tos de Deus, nem entraram com jus­
deram luz com alegria àquele que as tiça pelas veredas da sua verdade.
fêz. 3tiÊste é o nosso Deus, e nenhum 14Venham os confinantes de Sião, e
outro lhe é comparável. 37Êle achou considerem (e lamentem)> consigo o
todo o caminho da ciência e a deu a cativeiro de meus filhos e filhas, que
Jacó, seu servo, e a Israel, seu ama­ o Eterno fêz vir sôbre êles. 15Porque
do. 3sDepois de tais coisas, foi visto (o Senhor) fêz vir sôbre êles uma
sôbre a terra, e conversou com os ho­ gente de longe, uma gente perversa
mens. e de . língua desconhecida, 10a qual
A s a b e d o r ia e s t á e m o b s e r v a r a le i d e não respeitou o ancião, nem teve pie­
D eus dade dos pequeninos, e arrancou os
queridos (filhos) à viúva, e, tirando^
A VA sabedoria) é o livro dos man- lhe os filhos, a deixaram desolada.
^ damentos de Deus, e a lei que 17E agora em que vos posso eu a-
subsiste eternamente; todos os que a judar? 18Porque aquêle que fêz vir
guardam, chegarão à vida; e os que a sôbre vós os males, êsse mesmo vos
deixam cairão na morte. 2Converte-te, livrará das mãos de vossos inimigos.
ó Jacó, e abraça esta lei, anda pelo 19Andai, filhos, andai, e eu fico só.
caminho ao esplendor da sua luz. 20Tirei o manto da paz, e vesti-me
3Não entregues a outro a tua glória, com o saco da oração, e clamarei ao
nem a uma nação estranha a tua dig­ Altíssimo todos os dias da minha vi­
nidade. “Ditosos somos, ó Israel, por­ da. 21Tende bom ânimo, filhos, clamai
que as coisas que agradam a Deus, ao Senhor, e livrar-nos-á da mão dos
nos são manifestas. príncipes inimigos. "Porque eu espe­
J e r u s a lé m e x o r t a e c o n s o la o s rei sempre a vossa salvação, e a a-
s e u s f ilh o s legria me vem de Deus santo, por
causa da misericórdia que vos virá
5Tem bom ânimo, ó povo de Deus, do Eterno, nosso Salvador. 23Com cho­
memória de Israel. üFôstes vendidos3 8 ro e pranto vos vi partir; mas o Se­
38. Depois de tais coisas, foi visto sôbre a terra. E sta passagem é um testemunho ex-
presslssimo da Incarnação do Divino Verbo, da qual Baruc fa la como de uma coisa passa­
da, por ser estilo dos profetas explicar pelo pretérito o que anunciam p ara o futuro.
Cap. I V — 1. V i d a ... morte são palavras empregadas aqui no sentido moral.
5. Memórias de Israel: que ficaste para conservares a m emória de Israel. Assim fa la
p ara consolação.
956 PROFECIA DE BARUC 4 - 6

nhor vos fará voltar a mim com gô- segundo a promessa do Santo, lou­
zo e alegria para sempre. 24Porque vando a Deus com alegria.
assim como as (cidades) vizinhas de Jerusalém depõe o luto, porque
Sião viram vir de Deus o vosso ca­ voltam os filhos
tiveiro, assim verão também pronta­
mente baixar da parte de Deus a vos­ C lTira, ó Jerusalém, os vestidos
sa salvação, que vos sobrevirá, com do teu luto e da tua aflição,
grande honra e eterno esplendor. “ F i­ e enfeita-te de gala e da magnificên­
lhos, suportai com paciência o casti­ cia daquela glória sempiterna, que te
go que veio sôbre vós; porque o teu vem de Deus. 2Deus revestir-te-á do
inimigo te perseguiu (6 Israel) mas manto duplo da justiça, e porá sôbre
em breve verás a sua perdição, e po­ a tua cabeça um diadema de eterna
rás o pé sôbre as suas cervizes. 26Os honra. 3Porque Deus mostrará em ti
meus delicados filhos andaram por o seu resplendor a todo aquêle que
ásperos caminhos, porque foram le­ está debaixo do céu. 4Porque o nome,
vados como um rebanho roubado por que Deus te imporá para sempre, se­
inimigos. 27Tende bom ânimo, ó f i­ rá: Paz da justiça, e glória da pie­
lhos, e clamai ao Senhor; porque se dade.
lembrará de vós aquêle que vos con­ 5Levanta-te, ó Jerusalém, e pôe-te
duziu. 28Porque, assim como a vos­ no alto e olha para o oriente, e vê
sa vontade vos levou a que vos des­ teus filhos congregados, desde o sol
viásseis de Deus, assim também com levante até o poente em virtude da
um ardor dez vêzes maior o busca­ palavra do Santo, cheios de alegria,
reis, quando de novo vos converter­ porque Deus se lembrou dêles. 'Saí­
des; 2yporque aquêle que vos enviou ram de ti a pé levados pelos inimi­
os males, êsse mesmo vos trará de no­ gos; mas o Senhor os trará a ti con­
vo uma alegria eterna junto com a duzidos com honra, como filhos (ou
vossa salvação. príncipes) do reino. 7Porque Deus de­
terminou aplanar todos os montes al­
O profeta consola Jerusalém tos, e os rochedos eternos, e encher
30Tem bom ânimo, ó Jerusalém, por­ os vales para igualarem com a terra,
que te encoraja o que te deu o (seu) a fim de que Israel ande com diligên­
nome. 31Os malvados que te vexaram cia para a glória de Deus. 8Assim os
perecerão; e os que se congratularam bosques, como tôdas as árvores de
na tua ruína, serão punidos. 32As ci­ suave fragrância, farão uma sombra
dades em que foram escravos os teus agradável a Israel por ordem de Deus.
filhos serão castigadas; e será casti­ "Porque Deus conduzirá Israel com
gada a que os deteve. 83Porque, assim júbilo à luz da sua majestade, com
como ela se regozijou na tua ruína, a misericórdia e a justiça que dêle
e se alegrou na tua queda, assim se vêm. A P Ê N D IC E
contristará na sua desolação. 34E se­
rá cortada a algazarra da sua mul­ Carta de Jeremias aos exilados
tidão, e a sua jactância se conver­ £ Cópia da carta que Jeremias man-
terá em pranto. 35*P orque o fogo lhès u dou aos cativos, que pelo rei dos
sobrevirá -da parte do Eterno por lar­ Babilônios, iam ser deportados para
gos dias, e pelos demônios será habi­ Babilônia, a fim de lhes anunciar o
tada durante muito tempo. que Deus lhe tinha mandado (dizer-
3,!01ha, ó Jerusalém, para o orien­ lhes) .
te, e vê o regozijo que te vem de *Por causa dos pecados que come­
Deus. 37Pois eis aí vem os teus filhos, testes diante de Deus, vós sereis leva­
os que enviaste dispersos; vêm con­ dos cativos a Babilônia, por Nabuco-
gregados do oriente, até ao ocidente, donosor, rei dos Babilônios. 2Tendo
35. E pelos d em ôn ios... Alude ao qye d a mesma Babilônia tinham predito Isaías,
X X X IV , 14, e Jeremias, L, 39.
Cap. V I — 2. A té sete gerações. Como o cativeiro havia de durar setenta anos, segun­
do o tinha predito o mesmo Jeremias, no capítulo X X V , vers. 11 e 12, parece que cada dez
anos considera aqui o profeta uma geração.
6 PROFECIA DE BARUC 957

pois entrado em Babilônia, estareis ali São como as vigas nas casas e
muitos anos e largo tempo, até se­ são tratados como mortos
te gerações e, depois disto, vos ti­
rarei de lá em paz. 3Mas agora vereis 10Colocados numa casa, os seus o-
em Babilônia que são levados aos lhos enchem-se de pó levantado pe­
ombros deuses de ouro, e de prata, los pés dos que entram. 17E, assim
e de pedra, e de madeira, metendo como se fecham as portas àquele que
mêdo às gentes. “Vêde, pois, não suce­ ofendeu o rei, ou a um morto que foi
da que vos torneis semelhantes no levado ao sepulcro, do mesmo modo
procedimento aos estrangeiros, de mo­ seguram os sacerdotes as portas com
do que temais êstes deuses, e vos fechaduras e ferrolhos, para que (os
deixeis possuir do seu temor. "Quan­ seus deuses) não sejam despojados
do virdes, pois, detrás e diante dêles pelos ladrões. 18Acendem-lhes as lâm­
a multidão que os adora, dizei em padas, e, em grande número; mas não
vossos corações: Tu, Senhor, é que podem ver nenhuma, porque são co­
deves ser adorado. 6Porque o meu an­ mo as vigas duma casa. 19E dizem
jo está convosco, e eu mesmo terei que as serpentes que saem da terra
cuidado das vossas almas. lhes lambem os corações, quando os
roem a êles e aos seus vestidos, sem
Vários argumentos para demonstrar a que o sintam. 20Negras se tornam as
vaidade dos fdolos: são imagens suas caras com o fumo que se eleva
mentirosas na sua casa. 21Sôbre o seu corpo e
7Porque a língua dêsses ídolos foi sôbre. a sua cabeca voam os mochos
polida pelo escultor; e êles, apesar de e as andorinhas, e outras aves, e
dourados e prateados, são um puro também os gatos andam sôbre êles.
engano, e não podem falar. 8E, assim 22Por isso sabei que não são deuses;
como se fazem adornos para uma e portanto não os temais.
donzela apaixonada por enfeites, as­ 23Também o ouro que êles têm, é
sim êles, depois de fabricados, se re­ (somente) para adômo. Se alguém
vestem com o ouro que recebem. 9Os lhes não limpar a ferrugem não re-
deuses dêles têm coroas de ouro so­ luzirão; pois, nem ainda quando os
bre as cabeças, mas os sacerdotes des­ fundiam, o sentiam. -4Por alto preço
pojam-nos de ouro e de prata, e gas­ são comprados, e não há nêles espíri­
tam-no em seus próprios usos. 10E to de vida. ^Não tendo pés (capazes
ainda dão dêste ouro às prostitutas, de andar) , são levados sôbre os om-s
e enfeitam as meretrizes, e, depois bros, mostrando aos homens a sua vi-
de o terem tomado outra vez das leza. Sejam também confundidos
meretrizes, adornam com êles os seus os que os adoram. “ Por isso, se êles
deuses. “ Êstes não se defendem da caírem em terra, não se levantam
ferrugem, nem da traça. 12E, depois por si mesmos; mas pôr-lhes-ão dian­
de os terem revestido de púrpura, te, como a mortos, as oferendas. 27Os
limpam-lhes o rosto por causa do seus sacerdotes vendem estas oferen­
muitíssimo pó que se levanta no lu­ das, e fazem delas um mau uso; as
gar onde estão. 13(Eis um que) tem suas mulheres tomam também delas,
um cetro na mão como um homem, e não dão coisa alguma nem aos en­
à maneira de juiz de província; mas fermos nem aos mendigos. 28As mu­
não mata a quem o ofende. li(E is ou- lheres grávidas e no seu estado de
tro que) tem na mão uma espada e impureza tocam os sacrifícios dêles.
um cutelo, mas não se pode livrar a Sabendo vós, pois, por estas coisas,
si mesmo da guerra nem dos ladrões. que não são deuses, não os temais.
Ficai sabendo por isso que não são Os idolos recebem um culto louco
deuses; 15portanto não os temais. e torpe
Porque, assim como uma vasilha,
se se quebra, fica inútil para o ho­ 29Por que lhes chamam, pois, deu­
mem, tais são também os seus deuses.2 9 ses? Porque as mulheres fazem ofe-
8
28. A lei judaica proibia a entrada no templo &s mulheres que se encontravam num dês-
ies dois estados.
29. Entre os Judeus as mulheres não tomavam parte no serviço do culto.
958 PROFECIA DE BARUC 6

rendas a êstes deuses de prata, e de São obra das mãos dos homens
ouro, e de madeira; 30e nas suas ca­ e nada podem fazer
sas (ou templos) estão assentados os
sacerdotes, tendo as túnicas rasgadas 45Por estatuários e ourives foram
e as cabeças e a barba rapada, e as feitos. Nenhuma outra coisa serão,
suas cabeças descobertas. 31E rugem, senão aquilo que querem que sejam
fazendo alaridos diante dos seus deu­ os sacerdotes. 46Os mesmos artífices
ses, como no festim dum morto. 32Os que os fazem, não são de muita dura­
sacerdotes tiram-lhes os seus vesti­ ção. Como podem, pois, ser deuses a-
dos, e com êles vestem as suas mulhe­ quelas coisas que por êles mesmos
res e os seus filhos. 33E, ainda que foram fabricados? 47E não deixam
(aos ídolos) se lhes faça algum mal senão engano e opróbrio aos que
ou algum bem, não podem dar o pa­ hão de vir depois. ^Porque, quando
go. Nem podem pôr um rei, nem ti­ sobrevêm alguma guerra ou desastre,
rá-lo. 34Nem tão pouco podem dar consultam os sacerdotes entre si, on­
riquezas, nem retribuir o mal. Se al­ de se hão de esconder com os seus
guém lhes fizer um voto, e não o deuses. 49Como se pode, pois, crer que
cumprir, nem disto se queixam. 35Não são deuses os que nem se podem li­
livram ninguém da morte, nem de­ vrar da guerra, nem defender-se das
fendem o fraco do mais poderoso. calamidades? “ Porque, como êles são
36Não restituem a vista a um cego, de madeira, dourados e prateados,
nem livram o homem da sua necessi­ vir-se-á a saber um dia, por tôdas as
dade. 37Não se compadecerão da viú­ nações e reis, que são falsos; ver-se-
va, nem farão bem aos órfãos. 38Ês- -á claramente que não são deuses,
ses seus deuses são semelhantes às mas obra da mão dos homens, e não
pedras do monte, sendo feitos de ma­ há nêles operação alguma divina.
deira, e de pedra, e de ouro, e de 51Por onde se pode saber, pois, que não
prata; os que os adoram serão con­ são deuses; mas obras das mãos dos
fundidos. 39Como se pode, pois, pensar homens, e que não há nêles operação
ou dizer que êles são deuses? alguma divina?
40Porque os próprios Caldeus os de­ “ Não põem rei em país algum, ném
sonram; quando sabem que alguém dão chuva aos homens. “ Não decidi­
não pode falar, porque é mudo, a- rão as contendas, nem livrarão as
presentam-no a Bel pedindo-lhe que províncias da opressão, porque nada
lhe dê fala; "como se os que não podem, como as gralhas que voam
têm movimento pudessem sentir; e entre o céu e a terra. “ Pois, se o fo ­
êles mesmos, quando se desenganam, go se atear na casa dêsses deuses de
os abandonam; porque os seus deu­ madeira, de prata e de ouro, os seus
ses são insensíveis. 42Mulheres, cin- sacerdotes fugirão e se livrarão; mas
gidas de corda, estão assentadas nos êles, como as vigas no meio das cha­
caminhos queimando caroços de a- mas, serão queimados. “ Não resisti­
zeitonas. 43E, quando alguma delas, rão a um rei em tempo de guerra. Co­
atraída por algum passageiro, dor­ mo se pode, pois, pensar ou admitir
que são deuses?
miu com êle, lança em rosto à sua
vizinha que ela não fôra julgada dig­ São inúteis a si e aos homens
na de honra como ela, nem a sua cor­
da se quebrara. 44E tôdas as coisas “ Não se poderão defender dos la­
que se fazem em honra dêstes deuses drões, nem dos salteadores êstes deu­
são falsas. Como se pode, pois, pen­ ses de madeira e de pedra dourados
sar ou dizer que êles são deuses? e prateados, porque aquêles podem
30. Manifestações de luto proibidas aos sacerdotes judeus.
31. Festim, dum morto. São conhecidos êstes fúnebres banquetes, preparados nas sepul-
turas dos povos da mais alta antiguidade.
40. os desonram, pedindo-lhes coisas que nào podem fazer, o que mostra a sua impo-
tência.
42-43. Alusão às prostituições em honra dos falsos deuses.
<) PROFECIA DE BARUC 959
mais do que êles; 57e os despojarão aos homens, 64Por isso, sabendo vós
do ouro, e da prata, e dos vestidos que não são deuses, não os temais.
de que estão cobertos, e se irão com 65Porque êles não amaldiçoarão,
êles; e êstes deuses não se poderão nem abençoarão os reis; 66nem tão
valer a si mesmos. 58Vale, pois, mais pouco mostram no céu aos povos os
ser um rei que ostenta as suas fôr- sinais dos tempos, nem brilham co­
ças, ou uma vasilha útil em uma ca­ mo o sol, nem alumiam com a lua.
sa, com a qual se contente o que a 67Mais do que êles valem os animais,
possui, ou uma porta em qualquer que podem refugiar-se debaixo dum
casa, que guarda o que há dentro de­ coberto, e ser úteis a si próprios.
la, do que ser um dêstes falsos deu­ 68É-nos, pois, manifesto que de nenhu­
ses. 5S,0 sol por certo, a lua e as estré­ ma maneira são deuses; portanto não
ias, sendo resplandescentes, e destina­ os temais.
das por vários usos, obedecem a Deus. 69Porque, assim como um espanta­
“ P a mesma sorte o relâmpago, lho em um meloal o não guarda, as­
quando fuzila, deixa-se ver, e o vento sim são os seus deuses de madeira,
sopra por tôdas as regiões. 61E as de prata e de ouro. 70São como o es-
nuvens, quando por Deus lhes fôr pinheiro branco em um jardim, so­
mandado que corram todo o mundo, bre o qual vêm pousar tôdas as aves;
cumprem o que lhes é mandado. 02O assemelham-se até a um morto lan­
fogo, também enviado de cima para çado nas trevas os seüs deuses de
que consuma os montes e os bosques, madeira, de ouro e de prata. 71Pela
faz o que lhe foi ordenado. Mas êstes púrpura e escarlate, que a traça rói
(deuses) não se assemelham a ne­ em cima dêles, sabereis claramente
nhuma coisa destas, nem em beleza, que não são deuses. Êles mesmos por
nem em poder. 63Por onde não se de­ fim serão comidos, e tornar-se-ão o
ve pensar em dizer que êles são deu­ opróbrio dum país. 720 homem justo
ses, visto que não podem nem fazer que não tem ídolos vale mais do que
justiça, nem valer em coisa alguma êles, porque estará longe de opróbrios.
PROFECIA DE EZEQUIEL
Ezequiel é o terceiro dos quatro profetas chamados “ maiores*4. Era f i ­
lho de Buzi e pertencia à estirpe sacerdotal. F'oi levado cativo para Ba­
bilônia, onde profetizou durante vinte anos, ao mesmo tempo que Jeremias
profetizava em Jerusalém. Teve a glória de morrer mártir da justiça, co­
mo se lê no Martirologio Romano, a 10 de abril.
Durante todo o seu exílio, o profeta foi o guia moral do seu povo,
que fora levado para o desterro. Os anciãos reuniam-se com frequência
na casa de Ezequiel que, como sacerdote e profeta, especialmente pelo
seu grande espírito, gozava da máxima autoridade entre eles. O profeta
sempre se ocupou em lembrar, aos judeus deportados, como Deus é fiel
em cumprir não só as promessas, mas também os castigos.
Parece ter sido êle mesmo quem coordenou, em forma de livrò, as
profecias; é por isso que, as profecias de Ezequial se nos apresentam em
ordem lógica e cronológica.
Depois de se ter referido à sua vocação, o profeta descreve a tomada
de Jerusalém pelos Caldeus, com tôdas as circunstâncias horrorosas que a
acompanharam, o cativeiro das dez tribos e da tribo de Judá, e todos os
ritíxjres da justiça de Deus contra o seu povo infiel. Em seguida, apresen­
ta aos judeus motivos de consolação, prometendo-lhes que Deus os havia
de tirar d»o cativeiro, e havia de restabelecer Jerusalém, o seu templo e o
Keino de Israel, figura do Reino do Messias. Prediz a vocação dos gentios
e o estabelecimento da Igreja e o reino do supremo pastor, Jesus Cristo
de cujo batismo e ressurreição fala de um modo misterioso.
Pelo argumento, o livro pode ser dividido em duas partes:
Na primeira parte (1-32) io profeta anuncia tremendos castigos de
Deus contra o povo eleito (3-24), contra as nações idólatras (25-32).
Depois no prólogo (1-3), no qual o profeta narra a sua vocação, anuncia
com símbolos e com palavras a queda irreparável de Jerusalém e suas con-
seqüências. Finalmente, prediz a destruição de outras nações pagãs (Am o-
nitas, Moabitas, Idumeus, Filisteus e Egícios).
Na segunda parte (33-48) há também um prólogo (33), no qual se
narra como foi renovada a consagração do profeta, e publicada a noticia
da queda de Jerusalém. Passa, depois, imediatamente às profecias de con­
solação para lsrael. Aparecem antes as profecias da restauração e da futu­
ra glória de lsrael (34-39); finalmente é feita a descrição do reino mes­
siânico, o novo reino de lsrael (40-48).
PROFECIA DE E Z E Q U I E L
Vocação do profeta todos os quatro, e rosto de boi à es­
querda em todos os quatro, e rosto de
1 7No ano trigésimo, no quarto águia no alto nos mesmos quatro.
1 mês, a cinco do mês, aconteceu nOs seus rostos e as suas asas esten­
que, estando no meio dos cativos, jun­ diam-se para o alto; duas asas de ca­
to ao rio Cobar, abriram-se os céus, e da um juntavam-se, e duas cobriam
tive visões divinas. 2A cinco do mês, os seus corpos. 12E cada um dêles ca­
no quinto ano da deportação do rei minhava segundo a direção do seu
Joaquim, 3foi dirigida a palavra do rosto para onde os impelia o ímpeto
Senhor a Ezequiel, filho de Buzi, sa­ do espírito, para ali caminhavam
cerdote, na terra dos Caldeus, junto nem se voltavam quando iam an­
ao rio Cobar, e lá a mão do Senhor dando.
fêz-se sentir sôbre êle. K!E o aspecto dêstes animais pare-
cia-se com carvões ardentes, e com
A visão dos quatro animais. lâmpadas (acesas). Via-se discorrer
A teoíania pelo meio dos animais um resplen­
4E vi, e eis que vinha da banda do dor de fogo, e sair relâmpagos de fo­
aquilão um torvelinho de vento, e go. 14E os animais iam e voltavam,
uma grande nuvem, e um globo de à semelhança de relâmpagos corus-
fogo, e à roda dela um resplendor; e cantes.
A s quatro rodas
no meio dêle, isto é, no meio do fo­
go, (via-se) uma espécie de metal bri­ 15E, enquanto eu estava olhando
lhante. para êstes animais, apareceu junto
5E, no meio dêste mesmo fogo, apa­ de cada um dêles uma roda sôbre a
recia uma semelhança de quatro ani­ terra, a qual tinha quatro faces. 10O
mais, cujo aspecto tinha a semelhan­ aspecto das rodas e a sua estrutura
ça do homem. 6Cada um tinha quatro era como a côr do mar; e tôdas qua­
rostos, e cada um quatro asas. 7Os tro eram semelhantes; e o seu aspec­
seus pés eram pés direitos, e a planta to e estrutura eram como de uma ro­
dos (seus) pés era como a planta do da que está no meio doutra roda. 17A -
pé dum novilho, e cintilavam como vançando, iam pelos seus quatro la­
cobre incandescente. 8E tinham mãos dos e não se voltavam quando iam
de homem debaixo das suas asas aos rodando. 18Tinham também estas ro­
quatro lados; e também tinham ros­ das uma grandeza, uma altura e um
tos e asas pelos quatro lados. 8E as a- aspecto horrível; e todo o corpo das
sas dum estavam juntas às do outro; quatro rodas estava cheio de olhos ao
não se voltavam quando iam cami­ redor. 19E, quando os animais an­
nhando, mas cada um caminhava se­ davam, andavam também as rodas
gundo a direção do seu rosto. 10e a se­ junto dêles; e, quando os animais
melhança do seu rosto era rosto de se elevavam da terra, também as
homem, e rosto de leão à direita em rodas se elevavam juntamente.

Cap. I — 1. N o ano trigésimo. Ê difícil determinar qual é a data a que o profeta se


refere. Segundo a opinião m ais comum, diz a idade que tinha. — o quarto mês dos Judeus
corresponde em parte ao mês de julho.
5. O profeta diz uma semelhança, porque nâo eram realmente animais, mas sim quatro
espíritos nobilíssimos; e é sòmente para pôr em destaque algum as das suas qualidades que
se comparam, em certo modo, com alguns animais conhecidos pela sua fôrça, ligeireza, etc.
12. Para onde os im p elia ... Em bora fôssem quatro, um só e mesmo espírito, isto é, a
vontade de Deus, dirigia os seus movimentos, de modo que procediam com perfeita harmonia.31

31 - B íblia Sagrada
962 PROFECIA DE EZEQ UIEL l - 3

20P ara onde o espírito ia, e para on­ uma voz de alguém que falava. E
de o espírito se elevava, as rodas, disse-me: Filho do homem, põe-te de
seguindo-o, também igualmente se pé e eu falarei contigo. 2E entrou
elevavam. Porque o espírito de vi­ em mim o espírito, depois que me
da estava nas rodas. 21Andando os falou e me firmou sôbre os meus pés;
animais andavam as rodas, e paran­ e ouvi o que me falava, 3e que me
do êles paravam elas; e, quando êles dizia: Filho do homem, eu te envio
se elevavam da terra, também as aos filhos de Israel, aos povos, após­
rodas, seguindo-os, juntamente se tatas, que se apartaram de mim; ê-
elevavam, porque o espírito de vi­ les e seus pais têm violado o meu
da estava nas rodas. pacto até ao dia de hoje. 4E aquê-
21’E por cima das cabeças dos ani­ les a quem eu te envio são filhos
mais via-se uma semelhança de fir­ de semblante duro e de coração indo­
mamento, como um aspecto de cris­ mável; e tu lhes dirás: Isto diz o Se­
tal estupendo, estendido pela parte nhor Deus. 6A ver se porventura êles
superior por cima de suas cabeças. 28E ouvem e cessam (de pecar), porque é
debaixo dêste firmamento (viam-se) uma casa rebelde; e (ao menos) sa­
as suas asas estendidas, tocando a berão que esteve no meio dêles um
asa dum na do outro; cada um cobria profeta.
o seu corpo com duas asas, e todos °Tu, pois, filho do homem, não te­
do mesmo modo o cobriam. 24E eu nhas rnêdo dêles, nem temas as suas
ouvia o ruído das suas asas, comc o palavras, porque estás com incrédulos
ruído de muitas águas, como a voz e pervertedores, e habitas com escor­
do Deus altíssimo. Quando andavam, piões. Não temas as suas palavras,
o ruído era como o de uma multidão, nem te assustes com os seus semblan­
como o ruído dum exército; e, quan­ tes, porque é uma casa rebelde. 7Tu,
do paravam, baixavam as suas asas. pois, lhes intimarás as minhas pala­
“ Porque, quando sala uma voz de vras, a ver se porventura êles ouvem
sobre o firmamento que ficava por e cessam (de pecar), porque são re­
cima das suas cabeças, paravam e beldes.
baixavam as suas asas. 8Mas tu, filho do homem, ouve tu­
O trono e a glória de Deus do o que te digo, e não sejas rebelde
como esta casa; abre a tua bôca, e
26E sobre êste firmamento, que fi­ come tudo o que eu te dou. °E olhei,
cava iminente às suas cabeças, havia e eis que uma mão estava estendida
uma semelhança de trono de safira, e para mim, na qual se achava um li­
sôbre esta semelhança do trono havia vro enrolado; e o abriu diante de mim,
uma semelhança de homem assentado. e estava escrito por dentro e por fo­
27E vi (o seu aspecto) como uma es­ ra, e viam-se escritas nêle lamenta­
pécie dum metal brilhante, como o as­ ções e canções lúgubres e maldições.
pecto do fogo, no interior e em volta
dêie. D a sua cintura para cima, e da Ezequiel é fortificado para cumprir
sua cintura para baixo vi como um a sua missão
fogo que resplandecia ao redor, 28qual
arco-iris que aparece numa nuvem 7E (o Senhor) disse-me: Filho
em dia de chuva, tal era o aspecto J do homem, come tudo o que a-
do reLplendor em roda. chares; come êsse livro, e vai fa lar
aos filhos de Israel. 2Então abri a mi­
Missão de Ezequiel nha bôca, e êle deu-me a comer a-
quêle livro; 3e disse-me: Filho do ho­
O ^ s t a foi a visão da semelhança mem, o teu ventre se alimentará, e
“ da glória do Senhor. E vi, e caí encher-se-ão as tuas entranhas dês-
com o meu rosto em terra, e ouvi te livro que te dou. E eu comi-o, e

Gap, I I — 1. Filho do homem. E sta expressão, muito usada por Ezequiel, tem por fim
fazer sobressair a fraqueza do profeta em presença de Deus.
Cap I I I — 1. Come esse livro, isto é, abre o teu coração à palavra de Deus, medita r e la
continuamente, para poderes anunciá-la ao povo com mais fruto.
3. Tornou-se doce. A s revelações celestes s5o sempre doces, porque vêm de Deus.
3 PROFECIA DE EZEQ UIEL 963

êle na minha bôca tornou-se doce to do rio Cobar; e sentei-me onde


como mel. êles estavam; e permaneci desolado
4E disse-me: Filho do homem, vai durante sete dias no meio dêles.
à casa de Israel, e lhe anunciarás as Responsabilidade do ministro de Deus
minhas palavras. 5Porque tu não és
enviado a nenhum povo de linguagem 16E, passados os sete dias, foi-me
obscura, nem de língua desconhecida, dirigida a palavra do Senhor, a qual
(mas) à casa de Israel; 6nem a povos dizia: 17*F ilho do homem, eu dei-te
numerosos de linguagem obscura, e por sentinela à casa de Israel; e tu
de língua desconhecida, cujas pala­ ouvirás da minha bôca a palavra, e
vras não possas entender; se a êsses anunciá-la-ás a êles da minha parte.
fôsses enviado, êles te ouviriam. 7Mas lsSe, dizendo eu ao ímpio: Infalivel­
os da casa de Israel não te querem mente morrerás, tu lho não anun­
ouvir a ti, porque não me querem ciares, e não lhe falares, para que ê-
ouvir a mim; pois a casa de Israel le se retire do seu caminho ímpio e
tem uma fronte desavergonhada e um viva, êste ímpio m orrerá na sua ini­
coração endurecido. 8Mas eis que eu quidade, mas eu requererei da tua
te dei um rosto mais firme que os mão o seu sangue (ou perdição). 19Se,
seus rostos, e uma fronte mais dura porém, avisares o ímpio, e êle se não
que as suas frontes. 9Eu te dei um converter da sua impiedade e do seu
rosto (tão duro) como o diamante mau caminho, m orrerá êle por certo
e como a pederneira; não os temas, na sua iniqüidade, mas tu livraste a
nem tenhas rnêdo diante dêles, por­ tua alma. 20Do mesmo modo, se o
que é uma casa rebelde. justo deixar a sua justiça, e cometer
Ezequiel é transportado até junto dos a iniqüidade, eu porei diante dêle
cativos uma pedra de tropêço; êle morrerá,
porque tu lho não advertiste; mor­
10E disse-me: Filho do homem, re­ rerá no seu pecado, e apagar-se-á a
cebe no teu coração tôdas as pala­ lembrança de tôdas as ações de jus­
vras que eu te digo, e ouve-as com tiça que praticou, mas eu requererei
os teus ouvidos; ne vai, penetra até da tua mão o seu sangue. 2JSe, po­
junto dos deportados, até junto dos rém, avisares o justo, para que não
filhos do teu povo, e falar-lhes-ás, é peque, e êle não pecar, viverá a ver­
lhes dirás: Eis o que diz o Senhor dadeira vida, porque tu o advertiste,
Deus; a ver se porventura êles ouvem e assim livraste a tua alma.
e cessam (de pecar).
A ação simbólica do profeta mudo e
12Então o espírito me tomou, e ou­
cativo em casa
vi atrás de mim uma voz muito es-
trepitosa (que dizia): Bendita seja a 22Então fêz-se sentir sobre mim a
glória do Senhor, que se vai do seu mão do Senhor, e disse-me: Levanta-
lugar. 13E ouvi também o ruído das te, sai ao campo, e lá falarei contigo.
asas dos animais, que batiam uma 23Eu, pois, levantando-me, saí ao cam­
contra a outra, e o ruído das rodas po; e eis que estava lá a glória do
que seguiam os animais, e o ruído Senhor, como a glória que vi junto
dum grande estrondo. do rio Cobar; e prostrei-me com o
UE o espírito levantou-me e levou- rosto por terra. 24E o espírito ehtrou
me consigo, e eu me fui cheio de a- em mim, e firmou-me sôbre os meus
m argura na indignação do meu espí­ pés, e falou-me, e disse-me: Vai, en­
rito; porém a mão do Senhor estava cerra-te dentro de tua casa. “ E tu,
comigo, confortando-me 1 45*E fui ter ó filho do homem, sabe que êles lan­
com os deportados, ao (lugar cha­ çarão cadeias sôbre ti, e te ligarão
mado) Montão dos trigos novos, on­ com elas, e tu não sairás do meio dê­
de estavam aquêles que moravam jun­ les. 26E eu farei que a tua língua se

14. Cheio de am argura. . . causada pela lem brança do povo ingrato e endurecido, ao qual
va i levar a p alavra de Deus.
18. Requererei. .. Pedir-te-ei contas da sua perdição.
26. Deus exigirá de Ezequiel o silêncio durante todo êste tempo, não lhe permitindo que
d irija mesmo repreensões ao povo culpado.
964 PROFECIA DE EZEQ UIEL 3 - ô

pegue ao teu paladar, de sorte que vas, e lentilhas, e milho, e aveia; e


estejas mudo, e não sejas como üm põe tudo isto dentro dum vaso, e fa-
homem que repreende, porque é uma ze para ti pães conforme o número
casa rebelde. 2IMas, depois que eu te dos dias que hás de dormir sô­
tiver falado, abrirei a tua bôea, e tu bre o teu lado; tu comerás dêles du­
lhes dirás: Isto diz o Senhor Deus: rante trezentos e noventa dias.
O que ouve, ouça; e o que descansa, 10E a comida de que te hás de sus­
descanse, porque é uma casa rebelde. tentar, será do pêso de vinte siclos
por dia; dum tempo a outro tempo
O desenho do eêreo de Jerusalém, a comerás. 17Hás de beber também
c símbolos a significar a água por medida, e a sexta parte
a sua destruição dum hin; tu a beberás dum tempo
A 2E tu, filho do homem, pega num a outro tempo. 13E o pão o come­
^ ladrilho, e coloca-o diante de rás cozido debaixo da cinza, como
ti, e desenha nêle a cidade de Jeru­ uma torta de cevada; debaixo (da
salém. 2E delinearas com ordem um cinza) de excremento humano o co­
assédio contra ela, e levantarás forti­ zerás, à vista dêles. 13E o Senhor dis­
ficações, e farás trincheiras, e aloja­ se: Assim comerão os filhos de Israel
rás um exército contra ela, e coloca­ o seu pão imundo entre as gentes,
rás aríetes ao redor. 3Toma também para onde eu os lançarei. 14Então eu
uma frigideira de ferro, e põem-na disse: Ah, ah, ah, Senhor Deus, vê
como um muro de ferro entre ti e a ue a minha alma não está mancha-
cidade; depois olha para ela com um a, nem eu, desde a minha infância
semblante carregado, e ela será sitia­ até agora, comi coisa morta, nem
da, e tu a sitiarás. Isto é um sinal despedaçada pelas feras, nem na mi­
para a casa de Israel. nha bôca entrou carne alguma imun­
da. 15E êle disse-me: Eis aí te dou
4Em seguida dormirás sôbre o teu estéreo de bois em lugar de excre­
lado esquerdo, e porás sôbre êle as mento humano, e farás cozer com
iniqüidades da casa de Israel; duran­ êle o teu pão.
te os dias em que dormires sôbre ê-
le, tomarás sôbre ti as suas iniqüi­ “Depois disse-me: Filho do homem:
dades. 5Eu te dei trezentos e noventa Eis que eu quebrarei o báculo do pão
dias, pelos anos da iniqüidade dêles, em Jerusalém; e comerão o pão por
e trarás sôbre ti a iniqüidade da ca­ pêso e com sobressalto, e beberão a
sa de Israel. °E, depois que tiveres água por medida, e com angústia; 17de
cumprido isto, dormirás segunda vez modo que, faltando-lhe o pão e a
sôbre o teu lado direito, e tomarás água, cairão (mortos) uns sôbre os
sôbre ti a iniqüidade da casa de Judá outros, e perecerão nas suas iniqüi­
durante guarenta dias; é um dia que dades.
eu te dei por cada ano, um dia, di­ Ação diabólica a significar a sorte
go, por cada ano. 7E voltarás o teu reservada aos Judeus no cêrco
rosto para Jerusalém sitiada, e o teu de Jerusalém
braço estará estendido; e assim pro­
fetizarás contra ela. 8Eis que eu te C 7E tu, filho do homem, toma uma
rodeei de cadeias, e não te poderás ** navalha afiada, que corte os ca­
voltar de um lado para outro, en­ belos; toma-a e passa-a por cima da
quanto não cumprires os dias do teu tua cabeça e da tua barba; em se­
cerco. guida toma um pêso e uma balança,
T o m a também trigo, e cevada, e fa ­ e divide-os. 2Um a têrça parte lan-
Cap. I V — 4. SÔbre o teu lado esquerdo. Êste lado refere-se a Israel, enquanto que o
lado direito, duma dignidade superior, é atribuído a Judá.
10. Vinte siclos, cêrca de trezentas gram as. — D u m tempo a outro tempo, isto é, a in­
tervalos indeterminados.
12. N o oriente bíblico, em que a m adeira é pouco abundante, empregam-se muitas vêzes,
corno combustível, excrementos secos.
16. Quebrarei o báculo do pão. H ebraísm o para significar: Enviarei a fome.
Cap. V — 2-4. U m têrço dos habitantes de Jerusalém morrerá, na cidade durante o
cêrco. Tom ada a cidade, será um outro têrço massacrado, surpreendido na fuga. F in a l-
5 -6 PROFECIA DE E ZEQ UIEL 965

çá-la-ás ao fogo no meio da cidade, 12Um têrço dos teus m orrerá de pes­
à medida que os dias do cêrco se te, e será consumido de fome no meio
forem cumprindo; tomarás a outra de ti; e outro têrço dos teus cairá
têrea parte, e cortá-las-ás com a na­ morto ao fio da espada ao redor de
valha ao redor da cidade; deitarás ti; quanto, porém, ao outro têrço que
ao vento a outra têrça parte, e em te restar, eu o espalharei a todo o
seguida eu irei atrás dêles com a vento, e irei atrás dêles com a espa­
espada nua. 3Desta têrça parte, po­ da nua. 13E satisfarei assim o meu
rém, tirarás um pequeno número, que furor, e nêles farei descansar a mi­
atarás numa ponta da tua capa. 4E nha indignação, e ficarei satisfeito; e
ainda dêstes tirarás alguns, e lança- saberão que eu, o Senhor, falei no
-los-ás no meio do fogo, e queimá- meu zêlo (pela minha glória) depois
lo-ás; e daqui sairá um fogo contra que eu tiver satisfeito sôbre êles a mi­
tôda a casa de Israel. nha indignação. 14Eu te reduzirei (6
Jerusalém) a um deserto, e a ser o
Explicação dos símbolos opróbrio das nações que estão ao re­
dor de ti, à vista de todos os que
5Isto diz o Senhor Deus: Esta é a- forem passando. 15E serás o opróbrio
quela Jerusalém que eu fundei no e a maldição, o escarmento e o as­
meio das nações, e que está cercada sombro entre os povos que te cercam,
das suas terras. °Ela desprezou os quando eu tiver exercido contra ti
meus juízos, até ao ponto de se tor­ os meus juízos com furor, e com in­
nar mais ímpia que as gentes; e (vio- dignação, e com a minha ira vinga­
lou) os meus preceitos ainda mais dora. 16E (saberão que) eu, o Senhor,
que todos os países que estão ao re­ falei, quando despedir as perniciosas
dor dela; porque (os Israelitas) des­ setas da fome contra êles, gue serão
prezaram as minhas leis e não an­ mortais, e que eu despedirei para
daram nos meus preceitos, p o r ta n ­ vos perder; e juntarei fome contra
to isto diz o Senhor Deus: Porque vós, e quebrarei entre vós o báculo
excedestes (em impiedade) as nações do pão. ,7E enviarei contra vós a fo ­
que estão ao redor de vós, e não an­ me e as mais cruéis feras até vos
dastes nos meus preceitos, e não ob­ exterminarem; a peste e o sangue
servastes as minhas leis, e nem se­ passarão por meio de ti (ó povo in­
quer procedestes segundo as leis das fiel), e farei vir a espada sôbre ti.
gentes que vivem à roda de vós; 8por Fui eu, o Senhor, que o disse.
isso, isto diz o Senhor Deus: Aqui
estou eu (6 Jerusalém) contra ti, e Israel será castigado por sua idolatria
eu mesmo exercerei no meio de ti os
meus castigos à vista das nações. 9E C 4E foi-me dirigida a palavra do
farei contra ti o que nunca fiz, e que u Senhor, a qual dizia: 2Filho do
nunca mais farei, por causa de tôdas homem, vira o teu rosto para os
as tuas abominações. 10Por isso, os montes de Israel, e profetiza con­
pais comerão os seus filhos no meio tra êles, 8e dize: Montes de Israel,
de ti, e os filhos comerão os seus ouvi a palavra do Senhor Deus: Isto
pais, e eu exercerei contra ti os meus diz o Senhor Deus aos montes e aos
juízos, e dispersarei a todo o vento outeiros, aos rochedos e aos vales:
tudo o que restar de ti. Eis que mandarei sôbre vós a espa­
“ Portanto, (juro) por minha vida, da, e destruirei os vossos (santuários
diz o Senhor Deus, que, assim como construídos nos) lugares altos: 4e de­
violaste o meu santuário com tôdas molirei os vossos altares, e serão que­
as tuas infâmias e com tôdas as tuas brados os vossos simulacros; e farei
abominações, eu também te extermi­ cair os vossos (homens) mortos diam
narei, e não te olharei com olhos be­ te dos vossos ídolos; 5e estenderei os
nignos, nem terei compaixão (de ti). cadáveres dos filhos de Israel diante

mente o último têrço, disperso no exílio, perecerá em parte, exposto a muitos perigos figu ­
rados pela espada nua, U m pequeno número sòmente, um resto fiel, será conservado e re­
conduzido a Canaã (vers. 3 ); e ainda êste pequeno número será sujeito a uma última puri-
ficaçâo (v e ra 4).
966 PROFECIA DE EZEQ UIEL 6 - 7

dos vossos simulacros, e espalharei bitam, e saberão que eu sou o Se­


os vossos ossos ao redor dos vossos nhor.
altares; eem todos os lugares, em Está próxima a ruína e o fim de Israel
que habitais, as cidades '*ficarão de­
sertas, e os altos serão demolidos e 7 )E foi-me dirigida a palavra do
arrasados; e os vossos altares cairão 1 Senhor, a qual dizia: 2E tu,
e serão quebrados, e acabarão os filho do homem, ( atende) assim fa­
vossos ídolos, e os vossos templos la o Senhor, o Deus da terra de Is­
serão derribados, e ficarão desfeitas rael: O fim vem, já vem o fim sôbre
as vossas obras; 7e os mortos cairão os quatro lados desta terra. 3Agora
no meio de vós, e sabereis que eu chega o fim para ti, e. eu desafogarei
sou o Senhor. o meu furor contra ti, e te julgarei
8E deixarei entre as nações alguns segundo os teus caminhos, e te porei
de vós que tiverem escapado da es­ diante dos olhos tôdas as tuas abomi­
pada, quando vos tiver dispersado por nações. 4E o meu ôlho não te poupa­
vários países. 9E aquêles ?dentre vós rá, nem me compadecerei de ti; mas
ue tiverem sido livres, lembrar-se-ão porei sôbre ti as tuas obras, e as
e mim entre as nações, para onde tuas abominações estarão no meio
foram levados cativos, porque eu que- de ti, e vós sabereis que eu sou o
brantarei o seu coração adúltero e Senhor. 5Isto diz o Senhor Deus:
apóstata, e os seus olhos prostituídos Um a aflição, única, eis uma aflição
pela fornicação após dos seus ídolos; ( singularissima) chega. 60 fim vem,
e êles se desgostarão de si mesmos, vem o fim; êle despertou contra ti;
por causa dos males que fizeram em ei-lõ ai vem. 7ó tu, que habitas nesta
tôdas as suas abominações; 10e saberão terra, uma total ruína vem sôbre ti;
que eu, o Senhor, não disse, debalde é chegado o tempo, está perto o dia
que lhes havia de fazer êste mal. da mortandade, e não da glória dos
nIsto diz o Senhor Deus: Bate na montes.
tua mão, e dá uma pancada no teu O castigo está em proporção
pé, e dize: Ai! sôbre tôdas as abo­ cóm as faltas
minações iníquas da casa de Israel;
porque êles hão de perecer pela espa­ 8É agora que eu derramarei de
da, pela fome e pela peste. 12Aquêle perto a minha ira sôbre ti, e satis­
que está longe, morrerá de peste; e farei em ti o meu furor, e te ju lga­
o que está perto, cairá aos golpes rei segundo os teus caminhos, e po­
da espada; e o que fôr deixado e si­ rei sôbre ti tôdas as tuas malda-
tiado, morrerá de fome; e fartarei des. 9E o meu ôlho não perdoará
nêles a minha indignação. nem me compadecerei de ti, mas
por-te-ei As costas as tuas obras, e
O castigo manifestará a grandeza as tuas abominações estarão no meio
de Deus de ti; e vós sabereis que sou eu, o
Senhor, que castigo.
13E sabereis que eu sou o Senhor, 10Eis o dia, ei-lo, ai vem; chegou
quando os vossos mortos estiverem a total destruição, floresceu a vara
estendidos no meio dos vossos ído­ ( do castigo), brotou a soberba. “A
los, à roda dos vossos altares, em iniqüidade levantou-se com a vara
todos os outeiros elevados, e em to­ da impiedade; não escapará nada dê-
dos os cumes dos montes, e debai­ les, nem do povo, nem do seu ruí­
xo de tôda a árvore dos bosques, e de­ do; e não haverá nêles descanso.
baixo de todo o carvalho frondoso, lu­ 12Chegou o tempo, está próximo o
gares onde queimaram fragrantes dia; o que compra, não se alegre;
incensos a todos os seus ídolos. 14E e o que vende, não chore, porque
estenderei a minha mão sôbre êles, a ira ( do Senhor) está sôbre todo
e deixarei desolada e desamparada o seu povo. “ Porque o que vende,
a terra, desde o deserto de Debla- não tornará a possuir o que vendeu,
ta, em todos os lugares em que ha- ainda que a sua vida esteja entre
Cap. V I I — 7. E não da glória dos montes. Alusão às festas pagãs celebradas só-
bre os lugares altos.
7 -8 PROFECIA DE EZEQ UIEL 967

os viventes; porque a visão (que ti­ casas; e farei cessar a soberba dos
ve) relativa a tôda a sua multidão poderosos, e outros possuirão os seus
não ficará sem efeito, e ninguém santuários. 25Ao sobrevir-lhes de re­
encontrará apôio na iniqüidade da pente a angústia, êles buscarão a
sua vida. paz, e não a haverá. 26A um susto
sucederá outro susto, e a um es­
Será inútil resistir trondo, outro estrondo; e buscarão
visões junto dos profetas, e a lei
14Tocai a trombeta, preparem-se não existirá na bôea do sacerdote,
todos; mas não há ninguém que vá e o conselho na bôea dos anciãos.
à batalha, porque a minha ira está 270 rei chorará, e o príncipe cobrir-
sôbre todo o povo. 1 45*F ora a espa­ -se-á de tristeza, e as mãos do po­
da, e dentro a peste e a fome; o vo da terra tremerão de mêdo. Eu
ue está no campo, morrerá à espa- os tratarei segundo as suas obras, e
a; e os que estão na cidade, serão os julgarei conforme êles julgaram
devorados pela peste e pela fome. os outros; e saberão que eu sou o
16E os que dentre êles fugirem, sal- Senhor.
var-se-ão, mas estarão sôbre os mon­
tes como pombas dos vales, todos Deus mostra a Ezequiel, por meio de
tremendo, cada um por causa da visões, os crimes e os castigos
sua iniqüidade. 17Tôdas as mãos se de Jerusalém
enfraquecerão, e todos os joelhos
se fundirão em água. ^E cingir-se-ão O 2E aconteceu no ano sexto, no
de cilícios, e o mêdo os cobrirá, e ° sexto mês, aos cinco do mês.
em todo o rosto haverá confusão e quando eu estava sentado em minha
tôdas as suas cabeças aparecerão ra ­ casa, e estavam sentados diante de
padas (em sinal de dor). 19A sua mim os anciãos de Judá, que caiu
prata será lançada fora, e o seu sôbre mim a mão do Senhor Deus.
ouro será reputado como estéreo. 2E tive uma visão; era uma figura
A sua prata e o seu ouro não os que tinha o aspecto de fogo; dos
poderão livrar no dia do furor do seus rins para baixo era de fogo;
Senhor; não saciarão a sua alma, e dos rins para cima era como uma
e os seus ventres não se encherão, luz resplandecente, como um metal
porque a sua iniqüidade fêz disso um brilhante. 8E estendeu uma seme­
motivo de queda. 20E converteram lhança de mão, tomou-me por uma
em soberba o adorno de seus cola­ guedelha da minha cabeça; e o es­
res, e dêle fizeram imagens das suas pírito levantou-me entre a terra e
abominações e simulacros; e por is­ o céu; e levou-me a Jerusalém numa
so farei que seja para êles uma i- visão divina, pondo-me junto da por­
mundície; 21pô-lo-ei nas mãos dos ta interior que olhava para a ban­
estranhos para ser* saqueado, e ser­ da do aquilão, onde tinha sido colo­
virá de prêsa aos ímpios da terra, cado o idolo do ciúme, para provo­
e êles o contaminarão. 22E aparta­ car a emulação (ou cólera de D em ),
rei dêles o meu rosto, e violarão o 4E eis que aparecia ali a glória do
meu santuário; e entrarão nêle sa­ Deus de Israel, conforme a visão
queadores, e o profanarão. que eu tinha tido no campo.
Consumação da calamidade 5E êle disse-me: Filho do homem,
levanta os teus olhos para o cami­
2,,Faze a conclusão (desta dura nho do aquilão; e eis que vi ao nor­
profecia), porque a terra está cheia te da porta do altar aquêle ídolo
de delitos sangüinários, e a cidade do ciúme, pôsto bem à entrada. °E
está cheia de iniqüidade. 24Eu fa­ êle disse-me: Filho do homem, vês
rei vir os mais perversos dentre as o que fazem êstes, as grandes a-
gentes, e êles se apoderarão das suas bominações que a casa de Israel co­

14. Tocai a trombeta em Jerusalém para cham ar os guerreiros, preparem-se todos p ara
a defesa; os habitantes, porém, daquela cidade estão na impossibilidade de opôr uma séria
resistência ao inimigo.
17. Se fundirão em água. Símbolo de fraqueza extrema e de decomposição.
968 PROFECIA DE EZEQ UIEL 8 - 9

mete aqui, para que me retire pa­ uns vinte e cinco homens, que ti­
ra longe do meu santuário? Pois, nham as costas voltadas para o tem­
quando te voltares, verás abomina- plo do Senhor, e as caras viradas
ções ainda maiores. para o oriente, e adoravam o sol
7E conduziu-me à entrada do á- que nascia.
trio, e olhei, e eis que havia ali um Êstes crimes serão vingados
buraco na parede. 8E disse-me: F i­
lho do homem, escava a parede. E, 17E êle disse-me: P or certo, filho
tendo eu escavado a parede, apare­ do homem, tu viste; porventura é
ceu uma porta. 9E êle disse-me: isto coisa de pouca importância pa­
Entra, e vê as péssimas abomina- ra a casa de Judá, o fazerem êles estas
çõeg que êstes aqui cometem. 10E, abominações que têm feito aqui, o te­
tendo entrado, olhei, e eis que ha­ rem enchido a terra de iniqüidade,
via ali imagens de tôda a sorte de o terem-se empenhado em me irri­
répteis e de animais, a abominação tar? E eis que chegam aos seus na­
e todos os ídolos da casa de Israel rizes um ramo. 18Logo também eu
estavam pintados na parede por tô­ os tratarei com rigor, o meu ôlho
da a roda. nE setenta homens dos não os poupará, nem me compade­
anciãos da casa de Israel estavam cerei dêles; e, quando me gritarem
em pé diante destas pinturas, e Je- aos ouvidos em alta voz, não os a-
zonias, filho de Safan, também em tenderei.
pé no meio dêles; e cada um tinha
na sua mão um turíbulo; e o fumo Serão mortos todos os que não esti­
do incenso, que dêle saía como uma verem marcados com o sinal Tau
névoa, elevava-se para o alto. 12E Q 7E com uma grande voz gritou
êle disse-me: Vês bem, filho do ho­ aos meus ouvidos, dizendo: Os
mem, o que os anciãos da casa de visitadores da cidade estão a che­
Israel fazem nas trevas, o que cada gar, e cada um tem na sua mão um
um dêles pratica no segrêdo da sua instrumento de morte. 2E eis que
câmara; porque êles dizem: O Se­ vinham seis homens pelo caminho
nhor não nos vê, o Senhor desampa­ da porta superior que olha para o
rou a terra. aquilão, e cada um trazia na sua mão
13Então disse-me êle: Quando te um instrumento de morte; via-se
voltares para outra parte, verás abo- também no meio dêles um homem
minações ainda maiores que as que vestido de roupas de linho e um tin­
êstes fazem. 14E levou-me à entra­ teiro de escriba à cinta; e entraram,
da da porta da casa do Senhor que e puseram-se junto do altar de bron­
olhava para a banda do aquilão; e ze.
eis que estavam ali umas mulheres 3E a glória do Senhor de Israel e-
sentadas, chorando Adonis. levou-se de cima do querubim, sô-
15E êle disse-me: Por certo, filho bre o qual estava, indo-se pôr à en­
do homem, tu o viste; e, quando te trada da casa (do Senhor); e cha­
voltares para outra parte, verás mou o homem que estava vestido de
maiores abominações do que estas. roupas de linho e que tinha o tin­
16E introduziu-me no átrio interior teiro de escriba à cinta. 4E o Senhor
da casa do Senhor; e eis que se a- disse-lhe: Passa pelo meio da cida­
chavam à porta do templo do Se­ de, pelo meio de Jerusalém, e com
nhor, entre o vestíbulo e o altar, um tau marca a fronte dos homens
Cap. v l l l — 14. Chorando o deus Adonis. U m dos principais ritos do culto dêste
deus consistia em lamentações, p ara celebrar a sua morte.
16. Os Judeus adoravam a Deus, olhando para o ocidente, a fim de fugirem de adorar
o sol como os Gentios. O lugar em que estavam indica que eram sacerdotes.
17. Chegam aos seus narizes. . . Segundo S. Jerônimo, êste modo de proceder era um rito
idolátrico.
Cap. IX — 2. Seis hornens, seis espíritos celestes, que o profeta via revestidos de form a
humana.
4. D os homens que gemem, dos Israelitas fiéis que gemem por causa destas abominaçôes.
M arcados com êste sinal, ficavam sob a proteção especial de Deus.
9 - 10 PROFECIA DE EZEQ UIEL 969

ue gemem e que se doem de tô- quando lá entrou aquêle homem, e


as as abominações que se fazem no uma nuvem encheu o átrio interior.
meio dela. 5E aos outros disse, ou­ 4E a glória do Senhor elevou-se de
vindo-o eu: Passai pelo meio da ci­ cima dos querubins, indo-se pôr à en­
dade, seguindo-o, e feri; não sejam trada da casa; e a casa ficou cober­
compassivos os vossos olhos, nem te­ ta com a nuvem, e o átrio encheu-
nhais compaixão alguma. 6Ó velho, o se do esplendor da glória do Se­
jovem e a donzela, o menino e as nhor. 5E o ruído das asas dos queru­
mulheres, matai todos, sem que ne­ bins ouvia-se até ao átrio exterior,
nhum escape; mas não mateis ne­ parecendo-se com a voz de Deus
nhum daqueles sôbre quem virdes o todo-poderoso quando fala (ou tro-
tau; e começai pelo meu santuário. veja). 6Tendo, pois, o Senhor dado
Começaram, pois, (a matança) pelos esta ordem ao homem que estava
anciãos que estavam diante da casa vestido de roupas de linho, dizendo:
(do Senhor). 7E disse-lhes: Profanai Toma do fogo do meio das rodas
a casa, e enchei os seus átrios de que estão entre os querubins, êle foi,
mortos; depois saí. E êles saíram, e e pôs-se junto das rodas. 7Então um
iam matando os que estavam na ci­ uerubim estendeu a mão do meio
dade. 8E, acabada a matança, fiquei os querubins para o fogo que es­
eu ali; e lancei-me prostrado com tava entre os querubins; e tomou-o,
o rosto çor terra, e disse gritando: e pô-lo nas mãos daquele que esta­
Ai, ai, ai, Senhor Deus, porventura va vestido de roupas de linho, o
destruirás tu tudo o que resta de qual, tomando-o, saiu.
Israel, derramando o teu furor sô­
bre Jerusalém? 9E êle disse-me: A N ova descrição da aparição divina
iniqüidade da casa de Israel e da ca­
sa de Judá é excessivamente grande, 8E apareceu nos querubins uma se­
e a terra está tôda coberta de sangue, melhança de mão de homem debai­
e a cidade está cheia de aposta­ xo das suas asas. °E olhei, e eis que
sia; porque êles disseram: O Senhor estavam quatro rodas junto dos que­
abandonou a terra, o Senhor não vê. rubins; uma roda junto dum queru
10Pois também o meu ôlho não pou­ bim, e outra junto doutro querubim;
pará, nem terei compaixão alguma; e o aspecto destas rodas era como
sôbre a sua cabeça farei recair as o duma pedra de crisólito; 10e tôdas
suas obras. nE eis que o homem, que as quatro pareciam semelhantes, co­
estava vestido de roupas de linho, mo se Uma roda estivesse no meio
que tinha o tinteiro ’ à cinta, deu de outra roda. nE, quando elas an­
esta resposta, dizendo: Fiz o que davam, moviam-se pelos quatro la­
mandaste. dos; e não tornavam para trás quan­
do andavam; mas, para onde a que
Jerusalém será destruída pelo fogo estava primeiro dirigia o seu ca­
minho, para lá também as outras a
1 A JE olhei, e eis que no firm a- seguiam, e não se voltavam para ne­
1V mento, que estava sôbre a nhum outro lado. 12E todo o corpo
cabeça dos querubins, apareceu u- ( dos querubins) e os seus colos e
ma como pedra de safira à seme­ mãos e asas, bem como as rodas,
lhança dum trono sôbre êles. 2E (o estavam cheios de olhos em tôda a
Senhor) falou ao homem que estava volta. 13E a estas rodas, ouvindo-o
vestido de roupas de linho, e disse: eu, (o Senhor) chamou ágeis. 14E
Vai ao meio das rodas que estão cada um (dêstes querubins) tinha
debaixo dos querubins, e enche a quatro faces; a primeira face era fa ­
tua mão de carvões ardentes, que ce de querubim; a segunda face era
estão entre os querubins, e espalha- de homem; e a terceira era face
os sôbre a cidade. E êle entrou à de leão; e a quarta era face de
minha vista. 3Os querubins estavam águia. ir,E os querubins eleva-
ao lado direito da casa (do Senhor) ram-se ao alto; êles eram os mes­

5. E feri todos os que náo estiverem marcados.


7. Profanai a 'casa, o templo, enchendo-o de cadáveres.
970 PROFECIA DE EZEQ UIEL 10 - 11

mos (quatro) animais que eu tinha príncipes do povo. 2E (o Senhor)


visto junto do rio Cobar. 16E, quan­ disse-me: Filho do homem, são es­
do os querubins andavam, também tes os varões que pensam na iniqüi-
as rodas andavam igualmente jun­ dade e formam desígnios péssimos
to dêles; e, quando os querubins es­ nesta cidade, 3dizendo: Porventura
tendiam as suas asas para se eleva­ não estão as nossas casas edificadas
rem da terra, não ficavam as rodas, há muito tempo? Esta (cidade) é
mas também seguiam junto dê* a caldeira, e nós somos a carne
les. 17Quando êles paravam, paravam 4Por isso profetiza contra êles, pro­
elas, e elevavam-se quando êles se fetiza, filho do homem. 5Então veio
elevavam, porque o espírito da vi­ sôbre mim o espírito do Senhor, e
da estava nelas. disse-me: Fala: Isto diz o Senhor:
Assim é que discorrestes, ó casa de
O Senhor abandona o seu santuário
Israel, e eu conheço os pensamen­
18Depois saiu a glória do Senhor da tos do vosso coração. 6Vós matas­
entrada do templo, e pôs-se sôbre os tes muitas pessoas nesta cidade, e
querubins. 19E os querubins, esten­ enchestes as suas ruas de cadáve­
dendo as suas asas, elevaram-se da res. 7Portanto isto diz o Senhor
terra diante de mim; e, quando êles Deus: Os que vós matastes, os que
partiram, seguiram-nos também as estendestes mortos no meio da ci­
rodas; e os querubins pararam à en­ dade, êstes são a carne, e ela é a
trada da porta da casa do Senhor, caldeira; mas eu vos tirarei do meio
da banda do oriente; e a glória do dela. 8Vós temeis a espada, e eu
Deus de Israel estava sôbre êles. “Ês- farei cair sôbre vós a espada, diz o
tes são os mesmos animais que eu Senhor Deus. 9E lançar-vos-ei fora
vi debaixo do Deus de Israel, jun­ do meio desta cidade, e entregar-
to ao rio Cobar; e conheci que e- -vos-ei nas mãos dos vossos inimi­
ram querubins. 21Cada um dêles ti­ gos, e exercerei sôbre vós os meus
nha quatro caras, e cada um qua­ juízos. 10Vós perecereis aos golpes da
tro asas; e debaixo das suas asas espada; eu vos julgarei nos confins de
aparecia uma semelhança de mão de Israel e vós sabereis que eu sou o
homem. 22E a aparência das suas Senhor. "E sta cidade não será a
caras era a que eu tinha visto jun­ vosso respeito uma caldeira, nem vós
to do rio Cobar, e o seu olhar e o sereis a carne no meio dela; eu vos
ímpeto com que cada um caminhava julgarei nos confins de Israel. 12E
na direção do seu rosto. sabereis que eu sou o Senhor; por­
que vós não andastes nos meus pre­
Castigo dos chefes do povo ceitos, nem observastes as minhas
11 V Depois disto) o espírito arre- leis, mas procedestes segundo os cos­
tumes das gentes que vivem à roda
11 batou-me, e conduziu-me à de vós.
porta oriental da casa do Senhor,
que olha para o nascente; e eis que 13E aconteceu que, enquanto eu
se achavam à entrada da porta vin­ profetizava, morreu Feltias, filho de
te e cinco homens; e conheci no Banaias; e prostrei-me com o rosto
meio dêles a Jezonias, filho de A - em terra, gritando em alta voz, e
zur, e a Feltias, filho de Banaias, dizendo: Ai, ai, ai, Senhor Deus!

Cap. X I — 3. Não estão as nossas ca sa s... Defendidos por sólidas fortificações, nada
temos a temer dos exércitos de Babilônia. — É a caldeira... Dito popular: assim corno a
caldeira em que se coze a carne, a conserva e impede de arder, pôsto que esteja cercada de
chamas, assim Jerusalém conservará, os seus habitantes ao abrigo de todo o mal.
7. O dito popular volta-se contra os que o invocaram (vers. 3). A carne, isto ê, os ino­
centes que vós massacrastes repousarão em paz nos seus sepulcros; vós, porém, nâo sereis
guardados por Jerusalém, mas levados para o exílio.
10. Nos co n fin s... Foi no país de Em at, na fronteira norte da Palestina, que Nabuco-
donosor condenou e mandou m atar os .principais de Judá.
13. Ê sòrnente em espirito, em visão, que Ezequiel se encontrava em Jerusalém; é igual­
mente em espírito que Deus lhe fêz ver a morte súbita de Feltias, prognóstico da realização
de outras ameaças.
11 - 12 PROFECIA DE EZEQ UIEL 971

Queres acabar com os restos de Is­ 24Depois disto, o espírito tomou-


rael? me e conduziu-me outía vez, em vi­
são, no espírito de Deus, à Caldéia on­
ÉJ p r o m e t id a a s a lv a ç ã o aos c a t iv o s
de estava o povo cativo; e dissipou-se
14E foi-me dirigida a palavra do a visão que eu tinha tido. 25E contei
Senhor, a qual dizia: 15Filho do ho­ ao povo cativo tudo o que o Senhoi
mem, os teus irmãos, os teus irmãos, me tinha mostrado.
digo, as pessoas do teu parentesco, Vaticlnios contra o rei e o povo
ç toda a casa dê Israel, são todos a-
quêles a quem os moradores de Je­ 12 foi-me dirigida a palavra do
rusalém disseram: Apartai-vos para Senhor, a qual dizia: 2Filho
longe do Senhor, a nós é que a ter­ do homem, tu moras no meio dum
ra foi dada para a possuirmos. 16Por povo rebelde; no meio de homens
isso, isto diz o Senhor Deus: P or­ que têm olhos para ver, e não vêem;
que os pus longe entre as nações, e e ouvidos para ouvir, e não ouvem;
porque os lancei dispersos por vários porque é um povo rebelde. 3Tu, pois,
países, eu mesmo lhes servirei de filho do homem, vai preparando pa­
santuário durante êsse breve tempo ra ti a bagagem ( necessária) para
nos países para ondè foram. 17Dize- mudar de país; e emigrarás em ple­
lhes, pois: Isto diz o Senhor Deus: no dia diante dêles; e passarás do
Eu vos juntarei do meio dos povos, lugar em que estás a outro lugar à
e vos reunirei dos países pelos quais vista dêles, a ver se porventura re­
fôstes dispersados, e vos darei a ter­ param nisso; porque é uma casa de
ra de Israel. 18E êles entrarão nela, rebeldes. 4E à vista dêles tirarás pa­
e tirarão do meio dela todos os es­ ra fora de dia os teus trastes, como
cândalos e tôdas as abominações. 19E trastes de quem emigra; e sairás de
eu lhes darei um mesmo coração, e tarde diante dêles, como faz quem
derramarei nas suas entranhas um vai emigrar. 5Faze à vista dêles u-
novo espírito; e tirarei da sua car­ ma abertura na muralha, e sairás
ne o coração de pedra, e dar-lhes-ei por ela. 6(E m seguida) à vista dê­
um coração de carne, 20para que les, faze-te transportar aos ombros
andem nos meus preceitos e guar­ (de alguns homens); e serás condu­
dem as minhas leis, e as cumpram; zido na escuridão; cobrirás com um
e para que sejam o meu povo, e véu o teu rosto, e não verás a ter­
eu seja o seu Deus. 21*Q uanto àque­ ra; porque eu te dei (como) pres­
les, cujo coração anda após os es­ ságio à casa de Israel. 7Eu fiz, pois,
cândalos e as suas abominações, eu como o Senhor me tinha ordenado;
farei cair sôbre as suas cabeças as tirei para fora os meus trastes, em
suas obras, diz o Senhor Deus. pleno dia, como quem vai emigrar;
Ezequiel é conduzido para o meio e à tarde fiz pela minha mão uma
dos cativos abertura na muralha, e saí na es­
curidão, levado aos ombros na pre­
22Então os querubins elevaram as sença dêles.
suas asas, e com êles se elevaram as 8E pela manhã foi-me dirigida a
rodas; e a glória do Deus de Israel es­ palavra do Senhor, a qual dizia: 9F i-
tava sôbre êles. 23E a glória do Se­ lho do homem, porventura os da ca­
nhor retirou-se da cidade, e foi-se pôr sa de Israel, casa de rebeldes, não te
sôbre o monte que está ao oriente da disseram: Que fazes tu? 10Dize-lhes:
cidade. Isto diz o Senhor Deus: Êste duro

15. Os habitantes de Jerusalém n&o exilados consideravam-se como privilegiados, e des­


prezavam os seus irmãos levados para o cativeiro, julgando que Deus os tinha abando­
nado e separado p ara sempre do seu povo. O contrário é que ê verdade: os verdadeiros
Israelitas sao os exilados, e sôbre êles repousa a esperança do restabelecimento da naç&o.
19. Coração de pedra, insensível aos benefícios de Deus. — Coração de carne, reconhe­
cido, que am a a Deus.
23. Sôbre o m onte. . . O monte das oliveiras.
Cap. X I I — 5. Um a abertura na muralha, símbolo da fu g a furtiva de Sedecias.
6. Presságio, símbolo do futuro reservado a Israel.
972 PROFECIA DE EZEQ UIEL 12 - 13

vaticínio há de cair sôbre o chefe que Próxima realização das ameaças


está em Jerusalém, e sôbre tôda a
casa de Israel que está no meio dê- 21E foi-me dirigida a palavra do
les. Senhor, a qual dizia: 22Filho do ho­
mem, que provérbio é êsse que vós
“Dize-lhes mais: Eu sou para vós tendes na terra de Israel: Os dias i-
um presságio; assim como eu fiz, as­ rão correndo, e em nada hão de pa­
sim lhes sucederá a êles; passarão rar tôdas/ as visões? 23Por isso dize-
dum pais a outro, e irão para o ca­ lhes: Isto diz o Senhor Deus: Eu
tiveiro. 12E o chefe, que está no farei cessar êste provérbio, e êle se
meio dêles, será levado às costas, não tornará mais a dizer pelo vul­
sairá na escuridão; escavarão a mu­ go em Israel, e assegura-lhes que
ralha para o fazerem sair; o seu estão para chegar os dias e o cum­
rosto será coberto com um véu, pa­ primento de tôdas as visões. 24Por-
ra com os seus olhos não ver a ter­ que não será vã daqui em diante
ra. 13E estenderei sôbre êle a minha visão alguma, nem haverá predição
rêde, e êle será tomado na minha ambígua entre os filhos de Israel.
nassa; e levá-lo-ei a Babilônia, à ter­ 25Porque eu mesmo, que sou o Se­
ra dos Caldeus; e êle não a verá, e nhor, falarei; e tôda a palavra que eu
lá morrerá. proferir será cumprida sem demora;
14E espalharei a todos os ventos e em vossos dias, ó casa rebelde, eu
todos aquêles que estão em redor dê- falarei, e executarei a minha pala­
le, a sua guarda e as suas tropas; vra, diz o Senhor Deus.
e irei com a espada desembainhada 26E foi-me dirigida a palavra do
atrás dêles. 15E saberão que eu sou Senhor, a qual dizia: 27Filho do ho­
o Senhor, quando eu os tiver dis­ mem, eis o que dizem os da casa
persado entre as nações, e os disse­ de Israel: A visão que êste vê é
minar por vários países. 18E reser­ para daqui a muitos dias; e êle pro­
varei dentre êles um pequeno nú­ fetiza para tempos remotos. 28P or
mero de homens que escaparão da isso dize-lhes: Isto diz o Senhor
espada, da fome e da peste, para Deus: P ara o futuro não será dife­
que contem tôdas as suas maldades rida palavra algum a minha; a pa­
entre as nações para onde forem; lavra que eu proferir cumprir-se-á.
e saberão que eu sou o Senhor. diz o Senhor.
Outro simbolo da ruína próxima Vaticínios contra os falsos profetas

17E foi-me dirigida a pafãvra do 1O JE foi-me dirigida a palavra do


Senhor, a qual dizia: 18Filho do ho­ Senhor, a qual dizia: 2Filho
mem, come o teu pão com susto; e do homem, profetiza contra os (fal­
bebe também a tua água à pressa e sos) profetas de Israel, que se m e­
com tristeza. 19E dirás ao povo des­ tem a profetizar; e dirás a êsses
ta terra: Isto diz o Senhor Deus homens que profetizam de sua ca­
aos que habitam em Jerusalém, na beça: Ouvi a palavra do Senhor:
terra de Israel: Êles comerão o seu 3Assim fala o Senhor Deus: Ai dos
pão com susto, e beberão a sua á- profetas insensatos, que seguem o
gua na desolação; porque esta ter­ seu próprio espírito, e não vêem na­
ra, privada da multidão da sua gen­ da! 4Os teus profetas, ó Israel, eram
te, será desolada por causa da ini- como raposas nos desertos. 5Vós não
qüidade de todos os que habitam ne­ subistes contra (o inimigo), nem vos
la. 20E as cidades que agora estão opusestes como um muro em defesa
povoadas, ficarão desoladas, e a ter­ da casa de Israel, para que vos ti­
ra deserta, e vós sabereis que eu sou vésseis firmes no combate no dia
o Senhor. do Senhor. °Êles vêem coisas vãs.

13. N ão a verá, porque lhe será tirada a vista.


22. Linguagem irônica dos espíritos fortes, aos quais o povo dava ouvidos. Corno as
ameaças dos profetas anteriores tardavam em realizar-se, êstes espíritos fortes escarneciam,
dizendo que nada valiam as visões dos profetas.
13 PROFECIA DE KZEQUIEL 973

e profetizam a mentira, dizendo: O que eu sou o Senhor. 13E satisfarei


Senhor assim o disse, sendo que o a minha indignação contra a mura­
Senhor não os enviou; e persistem lha e contra aqueles que a reboca­
em afirm ar o que uma vez disse­ ram sem lhe misturar o que a te-
ram. 7Porventura não é vã a visão ria firmado, e vos direi então: Já
que tivestes, e mentirosos os orácu­ não existe a muralha, nem existem
los que proferistes? E depois dizeis: os que a rebocaram, "esses profetas
Assim falou o Senhor, sendo que eu de Israel que profetizavam sôbre Je­
tal não falei. rusalém, e que tinham acerca dela
visões de paz, quando tal paz não
8Por cuja causa assim fala o Se­ havia, diz o Senhor Deus.
nhor Deus: Porque tendes dito coi­
sas vãs, e tendes tido visões menti­ Contra as falsas proíetisas
rosas, por isso eis que venho con­ ,7E tu, filho do homem, volta o teu
tra vós, diz o Senhor Deus. “A mi­ rosto contra as filhas do teu povo,
nha mão descarregará sôbre os pro­ que se põem a profetizar do seu pró­
fetas que têm visões vãs, e que pro­ prio capricho, e profetiza contra elas,
fetizam a mentira; êles não serão 18e dize-lhe: Isto diz o Senhor Deus:
admitidos na assembléia do meu po­ Ai daquelas que cosem almofadinhas
vo, e não serão inscritos no censo da para todos os cotovelos, e que fazem
casa de Israel, nem entrarão na ter­ travesseiros para as cabeças de pes­
ra de Israel; e vós sabereis que eu soas de tôda a idade, a fim de lhes
sou o Senhor Deus. 10Porque êles apanharem as almas! E, quando elas
enganaram o meu povo, dizendo: surpreenderam as almas do meu po­
Paz, e tal paz não havia; e, quando vo, prometem-lhes a vida. 19E elas de-
o meu povo levantava uma parede, sonravam-me diante do meu povo por
êles rebocavam-na de barro sem pa­ um punhado de cevada e por um pe­
lha. 71Dize (pois) a êsses que rebo­ daço de pão, matando as almas que
cam a parede sem misturar nada, não deviam morrer, e prometendo a
que ela cairá; porque virá uma chu­ vida às que não deviam viver, men­
va de inundação, e farei cair do tindo ao meu povo, que acredita nes­
céu pedras grandes, e (enviarei) um tas mentiras.
vento tempestuoso que tudo destrui­ '°Por cuja causa isto diz o Senhor
rá. 12E, quando a muralha tiver caí­ Deus: Eis que eu vou contra as vossas
do, não vos será dito (por zomba­ almofadinhas, com que apanhais as
ria) : Onde está o reboco que fizes­ almas como a pássaros no seu vôo;
tes? 13Por cuja causa isto diz o Se­ e as rasgarei entre os vossos (pró­
nhor Deus: Farei sair impetuosa- prios) braços; e deixarei fugir as al­
mente um vento de tempestades na mas que vós apanhastes, para que
minha indignação, e sobrevirá uma voem. 21E romperei os vossos traves­
chuva, que tudo inunde no meu fu ­ seiros, e livrarei o meu povo do vos­
ror, e que arrojarei pedras enormes so poder, e êles não serão mais expos­
com ira para total destruição. 14E tos à prêsa entre as vossas mãos; e
destruirei a muralha que vós rebo­ vós sabereis que eu sou o Senhor.
castes sem misturar nada com o bar­ -P orque contristastes o coração do
ro, e a nivelarei com a terra, e se justo com as vossas mentiras, quan­
descobrirão os seus fundamentos, e do eu mesmo o não contristei, e por­
ela cairá; e o que a rebocou será que fortificastes as mãos do ímpio,
destruído com ela; e vós sabereis para que êle se não convertesse do
Cap. X I I I — 10. E , quando. . . M etáfora para mostrar como os falsos profetas engana­
vam os Israelitas, os quais são comparados a um arquiteto que quer construir um a forte
m uralha para se defender, o s falsos profetas, porém, encarregam-se da construção, e em­
pregam materiais de pouca resistência (ba rro sem palha). A palha, cortada e misturada
com barro, dava-lhe consistência.
18. Que cosem almofadinhas. . . Muitos comentadores dizem que h á nestas palavras um a
referência a objetos mágicos, de que aquelas mulheres se serviam para d ar m ais crédito aos
seus oráculos. Outros, porém, supõem que há uma referência aos artifícios com que tais
mulheres m ergulhavam numa espécie de adormecimento m oral aa pessoas que as iam
consultar.
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seu mau caminho, e vivesse, 23por is­ proferir um (falso) oráculo, fui eu, o
to não tornareis mais a ter visões Senhor, que permiti que se enganasse
vãs, nem a vender adivinhações, por­ êsse profeta; eu estenderei à minha
que eu livrarei o meu povo das vos­ mão sôbre êle, e o exterminarei do
sas mãos, e vós sabereis que eu sou meio do meu povo de Israel. 10E le­
o Senhor. varão sôbre si (o castigo da) sua ini­
O s q u e se entregam à iniquidade, é qüidade; à proporção (do castigo) da
em vão que consultam o Senhor iniqüidade do que consultar, assim
será ( o castigo da) iniqüidade do pro­
14 *E vieram ter comigo alguns dos feta que responder; na fim de que a
1' anciãos de Israel, e sentaram- casa de Israel não se torne mais a
se diante de mim. 2E foi-me diri­ extraviar para longe de mim, e a fim
gida a palavra do Senhor, a qual di­ de que ela não se corrompa por tô­
zia: 3Filho do homem, êsses varões das as suas prevaricações, mas sejam
colocaram as suas imundícies nos seus êles o meu povo, e seja eu o seu
corações, e puseram (os ídolos) o Deus, diz o Senhor Deus dos exércitos.
escândalo da sua iniqüidade diante
As preces das almas justas já não
da sua face; porventura responder-
conseguirão salvar o povo culpado
-lhes-ei quando me interrogarem?
4P or isso fala-lhes e dize-lhes: Isto 12E foi-me dirigida a palavra do
diz o Senhor Deus: Qualquer homem Senhor, a qual dizia: 13Filho do ho­
da casa de Israel que tiver pôsto as mem, se algum país pecar contra
suas imundícies no seu coração, e mim, cometendo grandes prevarica­
tiver colocado o escândalo da sua ini­ ções, eu estenderei a minha mão sô­
qüidade diante de seus olhos, e fôr bre êle, e quebrarei a vara do seu
ter com algum profeta, para me in­ pão, e enviarei contra êle a fome, e
terrogar por meio dêle, eu, o Senhor, matar-lhe-ei os homens e os animais.
lhe responderei segundo a multidão 14E, ainda que no meio dêle se achem
das suas imundícies, 5a fim de que êstes três homens, Noé, Daniel e Jó,
a casa de Israel seja apanhada pelo ( somente) êles livrarão as suas. al­
seu próprio coração, pelo qual se re­ mas pela sua própria justiça, diz o
tiraram de mim para seguirem todos Senhor dos exércitos. 15E, se eu enviar
os seus ídolos. °Por isso dize à casa a essa terra animais ferocíssimos pa­
de Israel: Isto diz o Senhor Deus: ra a destruírem, e ela se tornar ina­
Convertei-vos, e retirai-vos dos vos­ cessível, sem que ninguém possa pas­
sos ídolos, e afastai os vossos rostos sar por ela por causa das feras, ^ain­
de tôdas as vossas contaminações. da que êstes três homens estejam
7Porque, se um homem da casa de Is­ nela, juro, diz o Senhor Deus, que
rael. e um estrangeiro dentre os pro- êles não livrarão nem os seus filhos,
sélitos que estiver em Israel, se afas­ nem as suas filhas, mas só êles serão
tar de mim, e puser os seus ídolos livres, e a terra será destruída. 17Ou
no seu coração, e colocar o escândalo se eu fizer vir a espada sôbre esta
da suá iniqüidade diante dos seus terra, e disser à espada: Passa pelo
olhos, e fôr ter com algum profeta meio desta terra, e lhe matar os ho­
para me interrogar por meio dêle, eu mens e os animais, 18e êstes três ho­
o Senhor, lhe responderei por mim mens se acharem no meio dela, juro,
mesmo (castigando-oj; 8voltarei o diz o Senhor Deus, que êles não li­
meu rosto contra tal homem, e farei vrarão nem os seus filhos, nem as
dêle um exemplo e um provérbio, e o suas filhas, mas só êles serão livres.
exterminarei do meio do meu povo; e 19E se eu enviar a peste contra essa
vós sabereis que eu sou o Senhor, terra, e derram ar a minha indignação
‘E, quando algum profeta errar e sôbre ela por um decreto de sangue,

Cap. X I V — 3. A s suas imundícies, os seus desejos idolátricos.


8. U m provérbio. O seu castigo será tfio grande e t&o conhecido, que o seu nome ficará
proverbial. D ir-se -á : Tomai cuidado» pois pode acontecer-vos como a tal homem.
13. Quebrarei. . . privá-lo-ei de alimento.
14. Êstes três homens salvar-se-âo por sua santidade pessoal, m ás a sua intercess&o reu­
nida n&o conseguirá o castigo do povo endurecido, cujas iniqüidades atingiram o seu limite.
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para exterminar dela os homens è Assim como, entre as árvores das sel­
os animais, 20e Noé, Daniel e Jó se vas, é o pau da vide aq^êle que eu
acharem no meio dela, juro, diz o particularmente destinei para ser con­
Senhor Deus, que não livrarão nem sumido pelo fogo, assim entregarei
os seus filhos, nem as suas filhas, (ao fogo) os habitantes de Jerusalém.
mas só êles livrarão as sua almas 7E voltarei o meu rosto (irado) con­
pela sua própria justiça. tra êles; sairão dum fogo, e outro
I s r a e l se rá ca stig a d o,
fogo os consumirá; e vós sabereis
m a s não se rá d e stru íd o
que eu sou o Senhor, depois que eu
tiver voltado o meu rosto contra êles,
21Porquanto isto diz o Senhor Deus: 8e tiver tornado a sua terra inaces­
Se eu enviar contra Jerusalém os sível e deserta, por êles terem sido
meus quatro flagelos perniciosíssimos, prevaricadores, diz o Senhor Deus.
a espada e a fome, os animais ferozes
e a peste, para lhe matar os homens O s b e n e fíc io s que D e u s fê z
e o gado, 22ficarão nela todavia al­ a J e ru s a lé m
guns que se salvarão, e que farãó sair
os seus filhos e filhas; eis que êstes 1 íjlE foi-me dirigida a palavra do
virão ter eonvosco (aqui à Babilônia) Senhor, a qual dizia: 1
2Filho do
e vós vereis o seu (m au) proceder homem, faze conhecer a Jerusalém
e as suas obras, e consolar-vos-eis do as suas abominações; 3e dir-lhe-ás:
mal que fiz vir sôbre Jerusalém, e Isto diz o Senhor Deus a Jerusalém:
de tôdas as calamidades que sôbre A tua origem e a tua raça vêm da
ela descarreguei. 23E êles vos conso­ terra de Canaã; teu pai era Amorreu,
larão, quando virdes o seu (m au) e tua mãe Cetéia. 4E, quando tu
proceder e as suas obras, e vós conhe­ viestè ao mundo no dia do teu nas­
cereis que não foi sem um justo cimento, não te foi cortado o umbi­
motivo que eu fiz nela tudo o que go, nem fôste lavada em água sau­
fiz, diz o Senhor Deus. dável, nem usaram contigo de sal,
J e ru s a lé m , como u m p au de vid e , nem fôste envolta em mantilhas. 5Não
se rá la nça d a ao fog o houve ôlho que olhasse para ti com
piedade, com o intúito de te prestar
1 C 7E foi-me dirigida a palavra do algum dêstes serviços, compadecido
*** Senhor, a qual dizia: 2Filho de ti; mas fôste arrojada sôbre a fa ­
do homem, que se há de fazer do ce da terra, com desprêzo da tua v i­
pau da vide, com preferência a tôdas da, no dia em que nasceste.
as árvores dos bosques e das selvas? 6E, passando junto de ti, eu te vi
3Porventura tomar-se-á dela um pau debatendo-te no teu sangue, e disse-
que sirva para se fazer alguma obra, te, estando tu coberta do teu sangue:
ou fabricar-se-á dela uma estaca pa­ Vive; sim, eu te disse: Ainda que co­
ra que se lhe pendure algum objeto? berta do teu sangue, vive. 7Fiz-te
4Eis que se lança ao fogo para lhe crescer como a erva do campo; e cres­
servir de pasto; ambas as suas ex­ ceste, e te tornaste grande, e te de­
tremidades consome a chama, e o senvolveste, e atingiste uma beleza
meio dêle reduz-se a cinza; acaso se ­ perfeita no tempo da puberdade; po­
rá útil para alguma obra? 5Mesmo rém estavas nua e cheia de confusão
quando estava inteiro, não servia pa­ (na terra do E g ito ). 8E passei junto
ra obra alguma; quanto menós, de­ de ti, e te vi e-eis que o tempo em
pois que o fogo o devorar e queimar, que estavas, era o tempo dos amores
poderá fazer-se dêle alguma obra? (ou da puberdade); e estendi sôbre ti
°Portanto isto diz o Senhor Deus: o meu manto, e cobri a tua ignomí­
23. Éles vos consolarão, pois vereis, pelo seu mau proceder, que foi com razão que os
castiguei.
Cap X V I — 3-5. Êstes versículos recordam a origem humilde e miserável de Israel, para
fazerem realçar a bondade de Deus, que o escolheu para seu povo.
8. E sten d i... A çâo simbólica, significando que um homem toma um a mulher p ara sua
•espôsa. — Fiz aliança contigo, a aliança do Sinai, considerada muitas vêzes como um casa­
mento entre Deus e o seu povo.
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nia; jurei-te ( fidelidade), e fiz alian­ tinhas gerado, e sacrificaste-os a êsses


ça contigo, diz o Senhor Deus; e tu ídolos, para serem devorados pelas
ficaste sendo minha. °E lavei-te com chamas. Porventura é pequena a tua
água, e limpei-te do teu sangue, te fornicação? 21Imolaste os meus fi­
ungi com óleo. 10E te vesti de roupas lhos, e, consagrando-os aos ídolos,
bordadas de diversas côres, e dei-te lhos deste. 22E, depois de tôdas as
calçado côr de jacinto; e te cingi de tuas abominações e prostituições, não
linho puro, e te compus com finas te lembraste dos dias da tua mocida­
telas. UE ornei-te com preciosos en­ de, quando estavas nua e cheia de
feites, e te pus braceletes nas mãos. e confusão, debatendo-te no teu sangue.
um colar à roda do teu pescoço. 12E 23E aconteceu que, depois de tanta
adornei a tua fronte com jóias, e as malícia tua (ai, ai de ti! diz o Senhor
tuas orelhas com arrecadas, e a tua Deus), 24edificaste para ti um lupa-
cabeça com um formoso diadema. 13E nar, e fizeste para ti em tôdas as
fôste enfeitada de ouro e prata, e ves­ praças públicas uma casa de prosti­
tida de linho fino e de roupas borda­ tuição. 25Puseste à entrada de tôdas
das de diversas côres; nutriste-te da as ruas o sinal da tua prostituição; e
flor da farinha, e de mel, e de azei­ tornaste abominável a tua formosu­
te; tornaste-te extremamente bela, e ra, e te entregaste a todos os que
chegaste a ser rainha (do mundo). passavam, e multiplicaste as tuas for-
14E o teu renome espalhou-se entre as nicações. 2rtE te prostituíste aos filhos
nações, por causa da tua formosura; do Egito, teus vizinhos muito corpu­
porque tu eras perfeita, graças à be­ lentos; e multiplicaste a tua fornica-
leza que eu tinha posto em ti, diz ção para me irritares. 27Eis que vou
o Senhor Deus. estender a minha mão sôbre ti, e te
tirarei o que tinha costume de te dar;
In g ra tid ã o de J e ru s a lé m e te abandonarei ao arbítrio das f i­
15Mas, pondo a tua confiança na lhas da Palestina, que te aborrecem,
tua beleza, te entregaste à fornicação, que se envergonham do teu infame
como se fôsses dona de ti; e te pros­ procedimento. 28E, não te dando ain­
tituíste a todos os que passavam, en- da por satisfeita, te prostituíste aos
tregando-te a êles. 16*E, tomando dos filhos dos Assírios; e, depois desta
teus vestidos, te fizeste altos, cosendo- prostituição, nem ainda assim ficaste
os uns aos outros, e ali fornicaste, satisfeita; 29e multiplicaste a tua
como nunca sucedeu, nem sucederá. fornicação (ou idolatria) na terra de
17E pegaste nos teus belos adornos, Canaã com os Caldeus; e nem ainda
que eram feitos do meu ouro e da assim ficaste saciada.
minha prata, que eu te tinha dado, "Com que poderei eu purificar o
e fizeste dêles figuras humanas, e ido­ teu coração, diz o Senhor Deus, fa ­
latraste com elas. 18E pegaste nos teus zendo tu tôdas estas obras próprias
vestidos bordados de diversas côres, duma mulher meretriz e descarada?
e cobriste com êles os teus ídolos, 31Porque tu edificaste a casa da tua
diante dos quais puseste o meu azeite prostituição à entrada de tôdas as
e os meus perfumes. 19E puseste dian­ ruas, e fizeste o teu alto em tôdas
te dêles, como um sacrifício de agra­ as praças públicas; nem fôste como
dável odor, o pão que eu te dei, a uma meretriz que com o seu desdém
flor da farinha, e o azeite, e o mel, aumenta o preço, 32mas como uma
com que te nutri; eis o que foi feito, mulher adúltera, que em vez de seu
diz o Senhor Deus. 20E pegaste nos marido, recebe os estranhos. 33A tô­
teus filhos e nas tuas filhas que me das as prostitutas se dá a sua paga:
16. F iz e s te altos , isto é, tendas sagradas sôbre qualquer altura em honra de algum a fa ls a
divindade. — F o r n ic a s te , exerceste a idolatria.
24. U m lu p a n a r ... u m a casa de p r o s titu iç ã o . . . isto ê, altares e santuários idolátricos.
26. P r o s t i t u í s t e -t e . , . por meio de alianças que te expunham às seduções do culto aos
Ídolos.
27. F ilh a s da P a le s tin a , cidades dos Filisteus.
31. O teu a lto, o teu altar profano.
16 PROFECIA DE EZEQ UIEL 977

mas tu és a que pagaste a todos os 43Porque te não lembraste dos dias


teus amantes, e lhes davas presentes, da tua mocidade, e me irritaste com
para de tôdas as partes virem à tua todos êstes excessos; por isso também
casa fornicarem contigo. 34Assim, nas eu fiz que recaíssem sôbre a tua ca­
tuas prostituições^ te sucedeu tudo ao beça as desordens da tua vida, diz o
contrário do costume das mulheres Senhor Deus; e eu (ainda) te não tra­
de má vida, e não haverá fornicação tei segundo (m ereciam ) as maldades
semelhante à tua; porque, sendo tu que cometeste em tôdas as abomina-
que deste a paga, em vez de a rece­ ções que fizeste. 44Eis que todos os
ber, fizeste tudo ao contrário do que que proferem provérbios te aplicarão
as outras fazem. êste: Tal mãe, tal filha. 45Tu és bem
a filha de tua mãe, a qual abandonou
J e ru s a lé m se rá d u ra m e n te ca stig a d a o seu esposo (místico, que é Deus) e
p o is é p io r que So do m a e S a m a ria os seus filhos fscwrificando-os aos ido-
lo s ); e tu és a irmã de tuas irmãs,
35Por isso, ó meretriz, ouve a pala­ que abandonaram os seus esposos e
vra do Senhor. 36Isto diz o Senhor os seus filhos; vossa mãe é Cetéia, e
Deus: Porque gastaste mal o teu di­ vosso pai é Ámorreu. 4"E tua irmã
nheiro, e tornaste pública a tua igno­ mais velha é a Samaria com suas fi­
mínia nas tuas idolatrias com teus lhas (ou cidades) que habitam à tua
amantes e com os teus ídolos abomi­ mão esquerda; e tua irmã mais nova,
náveis, aos quais deste o sangue de que habita à tua mão direita, é So­
teus filhos, 37eis que vou juntar to ­ doma com suas filhas (ou cidades).
dos os teus amantes, com quem te 47Porém, tu não somente não ficaste
misturaste e todos os que amaste, atrás em seguir os seus caminhos,
e todos os que aborrecias; e junta-los- e em obrar segundo as suas malda­
-ei de tôdas as partes contra ti, e des, mas quase fôste mais perversa
descobrirei a tua ignomínia diante que elas em teu proceder. 4SPor mi­
dêles, e verão tôda a tua torpeza. “ E nha vida, diz o Senhor Deus, (ju ro )
julgar-te-ei segundo as leis que há que, o que fêz Sodoma, tua irmã, ela
sôbre as adúlteras, e sôbre as que e suas filhas, não é tão mal como
derramam sangue; e farei de ti uma o que tu e tuas filhas fizestes. 4BEis
vítima sangrenta de furor e de zêlo. qual foi a (causa da) iniqüidade de
39E entregar-te-ei nas mãos dos teus Sodoma, tua irmã: a soberba, a fa r­
inimigos, e êles destruirão o lugar tura de pão e a abundância, e a ocio­
da tua prostituição, e demolirão a sidade dela e de suas filhas, e o não
tua estância de impudicícia, e te des­ estender a mão para o pobre indi­
pirão os teus vestidos, e roubarão a- gente. 50E elevaram-se, e cometeram
quilo que te embelezava, e deixar- abominações diante de mim; e eu as
-te-ão nua e cheia de ignomínia; 40e destrui, como tu viste. 51A Samaria
conduzirão contra ti uma multidão também não cometeu metade dos teus
de gente, e com pedras te apedreja­ pecados; mas tu as ultrapassaste a
rão, e te atravessarão com as suas ambas com as tuas maldades, e jus­
espadas; 41e queimarão as tuas casas, tificaste as tuas irmãs com tôdas as
pondo-lhes fogo, e exercitarão contra abominações que cometeste. 52Leva,
ti severos juízos aos olhos dum gran­ pois. também a tua ignomínia, tu. que
de número de mulheres; e tu cessa­ em pecar ultrapassaste as tuas irmãs,
rás de fornicar, e não tornarás mais procedendo mais culpàvelmente que
a dar recompensas. 42E cessará a mi­ elas, porque tu assim as fizeste pare­
nha indignação contra ti; e o meu cer boas; por isso confunde-te tu tam­
zêlo se retirará de ti, e me apazigua­ bém, e leva a tua ignomínia, tu que
rei, e não me tornarei mais a irar.3 justificaste as tuas irmãs.
33. Pecaste só por am or ao pecado, e empregaste os meus dons para prestar culto aos
Ídolos, dos quais nada podes receber.
41. Mulheres, isto é, nações pag&s.
44. Jerusalém, a filha, tomou todos os vícios de sua mãe, a população cananéia (vers. 3).
46. Mais v e lh a ... mais n o v a ... Êstes dois epítetos referem-se à extensão do território.
51. Justificaste, isto é, fizeste com que parecessem muito menos culpadas.
978 PROFECIA DE EZEQ UIEL 16 - 17

J e ru s a lé m se f i z e r p e n itê n c ia tu, com tuas irmãs mais novas; e eu


s e rá perdoada tas darei por filhas, mas isto não em
virtude da tua aliança. 62E renovarei
53Todavia eu as restabelecerei, fa ­ a minha aliança contigo, e saberás
zendo que voltem os cativos de Sodo- que eu sou o Senhor, 63a fim de que
ma e de suas filhas, como também os te recordes e te confundas, e não te
cativos da Samaria e de suas filhas; atrevas a abrir mais a bôca por cau­
e juntamente farei voltar os teus fi­ sa da tua confusão, quando me tiver
lhos levados para o cativeiro, 54*5
a fim
6 aplacado contigo, depois de todas as
de que isto te sirva de ignomínia, e coisas que fizeste, diz o Senhor Deus.
te confundas de tudo o que tens feito
para as consolar. reE tua irmã Sodo- A v in h a p la n ta d a e a rra n c a d a
ma e suas filhas tornarão ao seu an­
tigo estado; e a Samaria e suas fi­ 1 H 7E foi-me dirigida a palavra do
lhas tornarão também ao seu estado 1* Senhor, dizendo: 2Filho do ho­
antigo; e tu e tuas filhas tornareis mem, propõe um enigma, e conta u-
também ao vosso primitivo estado. ma parábola à casa de Israel. 3Dir-
ME o nome da tua irmã Sodoma não -lhes-ás: Isto diz o Senhor Deus: Uma
foi ouvido na tua bôca, no tempo da grande águia, de grandes asas. de
tua soberba, 57*antes que a tua ma­ longa extensão de membros, cheia de
lícia estivesse descoberta, como ago­ penas, e de variedade de côres, veio
ra está, e antes que tu fôsses o opró- ao Líbano, e levou o cimo do cedro.
brio para as filhas da Síria, e para 4Arrancou as últimas poetas dos seus
todas as filhas da Palestina, que de ramos, e levou-as para a terra de Ca-
todos os lados te cercam. “ Levaste naã, e pô-las numa cidade de nego­
sôbre ti as tuas maldades e a tua ciantes (que é Babilônia). 5E tomou
ignomínia, diz o Senhor Deus. da semente daquele país, e pô-la na
59Porque isto diz o Senhor Deus: terra como uma semente, para que
tratar-te-ei (dêste modo) porque des­ lançasse raízes junto de águas abun­
prezaste o juramento, rompendo a a- dantes; e pô-la à superfície ( da te r­
liança (que eu tinha feito contigo). ra ). °E, depois de ter brotado, cres­
60Apesar disso, lembrar-me-ei da mi­ ceu e tornou-se uma vinha extensa,
nha aliança que tinha feito contigo porém de pouca altura, cujos ramos
nos dias da tua mocidade, e estabele­ olhavam para a tal águia, e as suas
cerei contigo uma aliança eterna. raízes estavam debaixo dela. T or­
61Então te recordarás do teu (mau) nou-se, pois, uma vinha, e lançou
proceder, e te confundirás, quando re­ sarmentos, e produziu renovos. 7E
ceberes tuas irmãs mais velhas que veio outra grande águia de grandes
54. P a ra as consolar, porque seria castigada como elas, e porque obteriam um perdão
semelhante.
56. N o tempo do seu esplendor, antes de ter sido humilhada por causa dos seus pecados,
Jerusalém desprezava de tal modo Sodoma, que nem sequer pronunciava o seu nome.
61. Jerusalém, cumulada de benefícios, lem brar-se-á das suas faltas passadas, sentindo
com isso uma grande confusão, sobretudo quando lhe forem associadas as nações pagâs
(quando receberes tuas ir m ã s ...) sôbre as quais possuirá o predomínio (eu tas darei por
filhas). E isto acontecerá, não devido a qualquer aliança, mas sòmente por causa da bon­
dade do Senhor p ara com ela.
Cap. X V I I — 3. Uma grande águia , isto é, Nabucodonosor. — Ao Líbano, símbolo do
palácio dos reis de Judâ. — o cimo do cedro . O cedro representa a casa de Davi, e o cimo
o rei Joaquim, o último rei independente de Judá, levado cativo para Babilônia,
e o cimo o rei Joaquim, o último rei independente de Judá, levado cativo p ara Babilônia.
4. A palavra Canaã é tomada aqui no seu sentido etimológico, um pais de comércio:
a Caldéla.
5. E tom ou. . . Nabucodonosor escolheu Sedeclas (semente daquele país) para ocupar o
trono em vez de Joaquim.
6. Cujos ram os . .. Sedecias tinha sempre os olhos voltados p ara Nabucodonosor, de quem
era vassalo, e do qual lhe vinha o poder.
7. ou tra grande águia, o rei do Egito, a quem Sedecias pediu muitas vôzes auxilio con-
tra Babilônia. — A fim de ser regada, a fim de receber o seu socorro para sacudir o ju go
de Babilônia.
17 - 18 PROFECIA DE EZEQ UIEL 919

asas e de muitas penas; e eis que es­ 17E o Faraó com seu grande exérci­
ta vinha como que voltou as suas to, e com o seu muito povo, não com­
raízes, e estendeu os seus sarmentos baterá contra êle, quando levantar
para ela, a fim de ser regada com terraplenos, e abrir trincheiras, para
os seus fecundos canais. matar muitas pessoas* 18Porque des­
8Foi esta vinha plantada numa boa prezou o juramento, e violou a alian­
terra, junto de copiosas águas, a fim ça, apesar de ter dado a sua mão;
de lançar folhas, e dar fruto, e tor- tendo feito tôdas estas coisas, não es­
nar-se uma grande vinha. uDize: Isto, capará. 19Portanto isto diz o Senhor
diz o Senhor Deus: Será possível que Deus: Juro que farei recair sôbre a
ela venha a ser bem sucedida? CA sua cabeça o juramento que despre­
primeira águia) não lhe arrancará as zou, e a aliança que violou. “ Esten-
suas raízes, e não deitará abaixo os derei a minha rêde sôbre êle, e será
seus frutos, e não secará todos os sar­ apanhado na minha rêde varredoura;
mentos que tiver brotado, e não f i­ e levá-lo-ei a Babilônia, e lá o julga­
cará ela árida, e isto sem necessidade rei pela prevaricação com que me
de grande fôrça, nem de muita gente desprezou. 21E todos os seus deserto­
para a arrancar pela raiz? 10Ei-la, aí res com todos os seus esquadrões
está plantada; mas prosperará ela? cairão mortos à espada; e os que fi­
Ou, quando a tocar um vento abrasa­ carem serão espalhados a todo o ven­
dor, não se secará, e não ficará ári­ to; e sabereis que eu, o Senhor, é
da, apesar dos canais que a fecundam? que falei.
P ro m e s s a m e ssiâ n ic a
Aplicação da parábola a Sedecias
” E foi-me dirigida a palavra do Se­ 22Isto diz o Senhor Deus: Tomarei
nhor, a qual dizia: 12Dize a esta casa do mais escolhido do elevado cedro,
que me irrita: Não sabeis o que sig­ e o plantarei, cortarei do mais alto
nificam estas coisas? Dize: Eis que de seus ramos um tenro garfo, e
vem o rei de Babilônia sôbre Jerusa­ plantá-lo-ei sôbre um alto e eleva­
lém, e tomará o rei e os seus prínci­ do monte. “ Eu o plantarei no alto
pes, e os levará para o seu reino, pa­ monte de Israel, e êle deitará reben­
ra Babilônia. 13E tomará um (m em - tos, e dará fruto, e tornar-se-á um
b ro) da estirpe real, e fará aliança grande cedro; e tôdas as aves habi­
com êle, e receberá dêle juramento: tarão debaixo dêle, e tôdas as espé­
e até os fortes do país êle tirará, ^pa­ cies de voláteis farão o seu ninho à
ra que o reino fique abatido, e não sombra das suas folhas. 24E saberão
se levante, mas guarde a sua aliança, tôdas as árvores desta região que eu.
e a observe. 15Porém êste (príncipe), o Senhor, é que humilhei a árvore
apartando-se dêle, enviou mansagei- alta, e exaltei a árvore humilde, e
ros ao Egito, para que lhe desse ca­ sequei a árvore verde, e fiz rever­
valos e muita gente. Porventura pros­ decer a árvore sêca. Eu, o Senhor,
perará, ou encontrará salvação quem 0 disse e o fiz.
isto fêz? E o que violou a aliança J u s tiç a dos ju iz o s d iv in o s
escapará? 16Juro, diz o Senhor Deus,
que no país do monarca que o fêz rei, 1 Q *E foi-m e dirigida a palavra do
cujo juramento quebràntou, e cuja a- 10 Senhor, a qual dizia: 2Por que
liança, que tinha com êle, violou, é que convertestes em provérbio es­
(lá ) no meio de Babilônia, morrerá. ta parábola na terra de Israel, di-
8. A pesar de tudo, Judá podia prosperar sob o domínio de Babilônia, voltando-se para
o Egito, Sedeclas era imprudente, e la contra a vontade de Deus. Com tal proceder a traía
sôbre si a vingança dos Caldeus.
17. Contra €le. Contra Nabucodonosor.
18. D e ter dado a sua mão. Gesto que acompanhava os juramentos.
22-23. Profecia relativa ao Messias e ao seu reino universal.
24. Tôdas as árvores, isto é, os pag&os que mais tarde deviam reconhecer o Messias. —
Arvore dita, a orgulhosa casa real de Judá. — Árvore humilde, Jesus Cristo.
Gap. X v l I I — 2. os p a is ... Modo de dizer que os filhos sofríarn as conseqüencias dos
pecados dos pais que tinham ficado impunes.
980 PROFECIA DE EZEQ UIEL 18

zendo: Os pais comeram as uvas em vendo todos os pecados que seu pai
agraço, e os dentes dos filhos é que cometeu, temer e não fizer coisa se­
se acham botos? 3Juro, diz o Senhor melhante às que êle fêz; 35que não
Deus, que esta parábola não passará comer sôbre os montes, e não levan­
mais entre vós por um provérbio tar os seus olhos para os ídolos da
em Israel. 4*6
Eis que todas as almas casa de Israel, e não violar a mulher
são minhas; como é minha a alma do seu próximo; 36que não entristecer
do pai, assim o é também a alma pessoa alguma, que não retiver o pe­
do filho; a alma que pecar, essa mor­ nhor, nem tirar nada por violência,
rerá. que der do seu pão ao faminto, e ao
O ju s t o v i v e r á nu cobrir com vestido; 17que apartar
r>Se um homem fôr justo e proce­ a sua mão de tôda a injustiça contra
der conforme a eqüidade e a justiça; o pobre, que não receber usura, nem
6se não comer nos montes, e não le­ mais do que emprestou, que observar
vantar os seus olhos para os ídolos as minhas leis, que andar nos meus
da casa de Israel; se não ofender a preceitos; êste não morrerá por cau­
mulher do seu próximo, e não se jun­ sa da iniqüidade de seu pai, mas cer­
tar com a menstruada; 7se não en­ tissimamente viverá. 18Seu pai, porque
tristecer ninguém, se der o penhor ao caluniou e fêz violência a seu irmão,
seu devedor, se não tirar nada do e praticou o mal no meio do seu po­
alheio por violência, se der do seu vo, morreu em castigo da sua ini­
pão ao que tem fome, e ao nu cobrir qüidade.
com vestido; 8se não emprestar com
Cada u m se rá julgrado se gundo
usura, e não receber mais do que o a s s u a s o b ra s
que emprestou; se afastar a sua mão
da iniqüidade, e sentenciar com jus­ 19E vós dizeis: Por que razão não
tiça entre homem e homem; 9se an­ levou o filho a iniqüidade de seu pai?
dar nos meus preceitos, e guardar os É porque o filho procedeu conforme
meus mandamentos, para proceder a eqüidade e conforme a justiça, por­
segundo a verdade; êste tal é justo, que guardou todos os meus preceitos
viverá certissimamente, diz o Senhor e os praticou, por isso viverá (feliz)
Deus. certissimamente. 20A alma que pecar,
O f ilh o m a u d um p ai bom m o rre rá essa morrerá; o filho não levará a
iniqüidade do pai, e o pai não levará
“ Porém se. gerar filho ladrão, que a iniqüidade do filho; á justiça do
derrame sangue, e que cometa qual­ justo será sôbre êle, e a impiedade
quer destas faltas, 13ainda quando do ímpio será sôbre êle.
não as cometa tôdas, que coma so­
bre os montes e que manche a mu­ 21Mas, se o ímpio fizer penitência
lher do seu próximo, 12que entristeça de todos os pecados que cometeu, e
o necessitado e o pobre, que tire por se guardar todos os meus preceitos,
violência os bens de outro, que não e proceder conforme a eqüidade e
dê o penhor ao seu devedor, e que a justiça, certissimamente viverá, e
levante os seus olhos para os ídolos, não morrerá. 22Eu não me lembra­
que cometa abominações, 13que em­ rei mais de nenhuma das iniqüida-
preste com usura, e receba mais do des que praticou; êle viverá por cau­
que o que emprestou; porventura v i­ sa da justiça que praticou. 23Por-
verá (ta l fillw )? Não viverá; porque ventura é da minha vontade a m or­
praticou tôdas estas ações detestáveis te do ímpio, diz o Senhor Deus, e
infalivelmente morrerá, e o seu san­ não quero eu antes que êle se reti­
gue será contra êle mesmo. re dos seus (maus) caminhos e v i­
va?
O f ilh o bom d um p a i m a u v iv e rá
24Mas, se o justo se apartar da sua
1JPorém, se êle tiver um filho que, justiça e vier a cometer a iniqüida-
4. Deus castigará cada um por suas próprias faltas, sem levar em conta o que fizeram
os seus antepassados.
6. Se não comer carne das vitim as imoladas aos ídolos, nos montes que lhes são consa­
grados.
18 - 19 PROFECIA DE E Z EQ U IEL 981
de, segundo tôdas as abominações 3E criou um dos seus leõezinhos,
que o ímpio costuma praticar, por­ e êle se fêz leão, e aprendeu a apa*
ventura viverá êle? Serão esqueci­ nhar a prêsa e a devorar os homens
das tôdas as obras de justiça que ti­ 4E as gentes ouviram falar dêle, e
ver feito; por causa da prevarica­ o tomaram, não sem receber dêle
ção em que caiu e do pecado que muitas feridas; e levaram-no prêso
cometeu, por causa disto morrerá. com cadeias para a terra do Egito.
Ê s t e modo de ju lg a r é ju s t o 5Porém a mãe, vendo que estava
sem fôrça, e que as suas esperanças
25E vós dissestes: O caminho do se tinham malogrado, pegou noutro
Senhor não é justo! Ouvi, pois, casa dos seus leõezinhos, e fêz dêle um
de Israel: Porventura o meu cami­ (n ovo) leão. °Andava entre os leões,
nho não é justo, e não são antes os e tornou-se leão; e aprendeu a a-
vossos que são corrompidos? 26Por- panhar a prêsa e a devorar os ho­
que, quando o justo se apartar da mens; 7aprendeu a fazer viúvas e a
sua justiça, e cometer a iniqüidade, converter em deserto as cidades; e
morrerá nesse estado; morrerá nas todo o país ficou desolado com tu­
obras injustas que cometeu. 27E, do o que nêle havia, ao ouvir os
quando o ímpio se apartar da impie­ seus rugidos. 8E juntaram-se con­
dade que cometeu, e proceder se­ tra êle as gentes de tôdas as pro­
gundo a eqüidade e a justiça, fará víncias, e estenderam sôbre êle a sua
viver a sua alma; 28porque, conside­ rêde, e foi apanhado, não sem elas
rando o estado em que se acha, e receberem feridas. °E meteram-no
apartando-se de tôdas as iniqüida- numa jaula, e levaram-no ao rei de
des que praticou, viverá certamen­ Babilônia carregado de cadeias, e fe ­
te, e não morrerá. 29E dizem ainda charam-no num cárcere, para que
os filhos de Israel: O caminho do se não tornasse mais a ouvir o seu
Senhor não é justo. Porventura os rugido sôbre os montes de Israel.
meus caminhos não são justos, ca­
sa de Israel, e hão são antes os vos­ S ím b o lo da v in h a : Sedecia s
sos que são corrompidos? ^Por is­
so, casa de Israel, eu julgarei cada 10Tua mãe, sendo como uma vinha,
um conforme os seus caminhos, diz foi plantada no teu sangue junto das
0 Senhor Deus. águas; os seus frutos e as suas fo ­
Convertei-vos e fazei penitência de lhas cresceram por causa das mui­
tôdas as vossas iniqüidades; e a ini­ tas águas.
qüidade não causará a vossa ruína. 17E os seus ramos vigorosos vieram
31Lançai para longe de vós tôdas as a ser cetros de soberanos, e o seu
prevaricações de que vos tornastes tronco elevou-se no meio dos seus
culpados, e fazei-vos um coração no­ ramos; e viu-se a sua altura na mul­
vo e um espírito novo. E por que tidão dos seus sarmentos. 12Mas de­
hás de morrer, ó casa de Israel? pois foi arrancada com ira, e lança­
32Porque eu não quero a morte do da por terra, e um vento abrasador
que morre, diz o Senhor Deus; con­ secou o seu fruto; murcharam-se e
vertei-vos e vivei. secaram-se as suas robustas varas; o
La m e n ta ç ã o sô b re os ú ltim o s r e is
fogo a devorou. 13E agora ela foi
de I s r a e l: Joacaz e J o a q u im 1
transplantada para um deserto, pa­
ra uma terra sem caminho e sem
1 Q VE tu pronuncia uma lainenta- água. 14E da vara dos seus ramos
ção sôbre os príncipes de Is­ saiu uma chama que devorou o seu
rael, 2e dirás: Por que é que tua fruto; e não mais houve nela vara
mãe, como uma leoa, repousou entre vigorosa, cetro de soberanos. Cânti­
os leões, e criou os seus cachorros co lúgubre é êste, para pranto servi­
no meio dos leõezinhos? rá.
Cap. X IX — 2. Tua mãe, a nação Israelita. — Um a leoa, símbolo da violência. —
Entre os leões, entre as nações pagãs. — Leõezinhos, os filhos dos soberanos. Judá, rnistu-
rando-se com as nações pagãs, tornou-se semelhante a elas.
982 PROFECIA DE EZEQ UIEL 20

O p ro fe ta re sp ond e à c o n s u lta e êles, e para que soubessem que eu


dos anciãos sou o Senhor que os santifico. 18Mas
depois de tudo isto, os filhos da casa
2(f) 1E aconteceu no ano sétimo, de Israel irritaram-me no deserto,
no quinto mês, aos dez dias não andaram nos meus preceitos, e
do mês, que vieram alguns dos anciãos rejeitaram as minhas leis, que dão
de Israel consultar o Senhor, e se vida aos que as observa, e violaram
sentaram diante de mim. 2E foi-me inteiramente os meus sábados. Resol-
dirigida a palavra do Senhor, nos vi, pois, derramar o meu furor sô­
termos seguintes: 3Filho do homem, bre êles no deserto, e exterminá-los.
fala aos anciãos de Israel, e lhes di­ 14Mas, por amor do meu nome, pro­
rás: Isto diz o Senhor Deus: P o r­ cedi de modo que êle não ficasse de­
ventura viestes vós a consultar-me? sacreditado diante das gentes, do
Juro que não vos responderei, diz meio e aos olhos das quais eu os ti­
o- Senhor Deus. 4Se tu os julgas, fi­ nha feito sair. 15Também levantei a
lho do homem, se tu os julgas, põe* minha mão contra êles no deserto, pa­
lhes diante dos olhos as abomina- ra os não introduzir, na terra que lhes
çóes de seus pais. dei, a qual mana leite e mel, a me­
5E lhes dirás: Isto diz o Senhor lhor de tôdas as terras; 16porque
Déus: No dia em que escolhi Israel, êles rejeitaram as minhas leis, e não
e levantei a minha mão em favor da andaram nos meus preceitos, e viola­
estirpe da casa de Jacó, e lhes apa- ram os meús sábados, pois o seu cora­
réci na terra do Egito, e levantei a ção ia após os ídolos. 17Todavia olhei
minha mão a favor dêles, dizendo: para êles com olhos de misericórdia,
Eu sou o Senhor vosso Deus; °nes- para os não matar, nem os extermi­
se dia levantei a minha mão para nei no deserto.
os tirar da terra do Egito para a 18Depois disse a seus filhos no de­
terra que eu lhes tinha preparado, serto: Não sigais os exemplos dos
que mana leite e mel, terra a mais vossos pais, nem imiteis os seus cos­
excelente de tôdas. 7Eu disse-lhes tumes, nem vos mancheis com o cul­
então: Cada um afaste de si os es­ to dos seus ídolos. 19Eu sou o Senhor
cândalos dos seus olhos, e não vos vosso Deus; andai nos meus preceitos,
mancheis com os ídolos do Egito; guardai as minhas leis, e praticai-as.
eu sou o Senhor vosso Deus. “Eles, “ Santifica! os meus sábados, para
porém, irritaram-se e não me quise­ que êles sejam um sinal entre mim
ram ouvir; nenhum lançou fora as e vós, e para que saibais que eu sou
abominações dos seus olhos, nem a- o Senhor vosso Deus. 21Porém os seus
bandonaram os ídolos do Egito. E filhos exasperaram-me, não anda­
eu tinha dito que derramaria a mi­ ram segundo os meus preceitos e não
nha indignação sôbre êles, e que sa­ guardaram nem puseram em prática
ciaria nêles a minha ira no meio da as minhas leis, que o homem deve
terra do Egito; 9porém procedi por cumprir para viver; e violaram os
glória do meu nome para que êle meus sábados. Eu ameacei-os de que
não ficasse desacreditado diante das derramaria o meu furor sôbre êles,
gentes, no meio das quais estavam, e de que satisfaria a minha ira con­
e entre as quais eu lhes apareci pa­ tra êles no deserto. 22Mas desviei a
ra os tirar da terra do Egito. minha mão, e o fiz por causa do meu
In fid e lid a d e dos I s r a e lit a s no d e se rto nome, para que êle não fôsse profa­
nado diante das gentes, do meio e
10Tirei-os, pois, da terra do Egito, e aos olhos das quais eu os tinha feito
conduzi-os ao deserto, ne dei-lhes os sair. 23Tornei outra vez a levantar a
meus preceitos, e ensinei-lhes as m i­ minha mão, contra êles no deserto,
nhas feis, em cuja observância o ho­ para os espalhar por entre as nações,
mem encontrará a vida. 12Além dis­ e disseminá-los por diversos países,
to, prescrevi-lhes os meus sábados, pa­ 24visto não terem observado as m i­
ra que fôssem um sinal entre mim nhas leis e terem rejeitado os meus
Cap. xx 7. os escândalos, os ídolos.
■20 PROFECIA DE EZEQ UIEL 983

preceitos, e, violado os meus sábados, a efusão do meu furor. 35E vos le­
e terem-se-lhes ido os olhos após os varei para um deserto despovoado, e
ídolos de seus pais. “ Por isso (em lá entrarei em juízo convosco cara
•castigo) dei-lhes preceitos não bons, a cara. 30Assim corno entrei em juí­
e leis nas quais não acharão a vida. zo com vossos pais no deserto da ter­
26E permiti que se manchassem as ra do Egito, assim vos julgarei a vós,
suas oblações, quando, para expiação diz o Senhor Deus. 37E vos submete­
dos seus pecados ofereciam os seus rei ao meu cetro, e vos farei entrar
primogênitos (a M o lo c); e êles sabe­ nos laços da minha aliança. S8E se­
rão que eu sou o Senhor. pararei dentre vós os transgresso­
res da minha lei e os ímpios, e os
In fid e lid a d e n a te r r a da p ro m iss ã o farei sair da terra em que habitam;
e se u c a stig o porém não entrarão na terra de Is­
rael; e vós sabereis que eu é que
27Portanto fala à casa de Israel, fi­ sou o Senhor.
lho do homem, e dize-lhes: Isto diz
o Senhor Deus: Ainda depois disto R e s ta u ra ç ã o e a rre p e n d im e n to
me blasfemaram os vossos pais, de Is r a e l
desonrando-me e vilipendiando-me, 39A vós, casa de Israel, isto diz o
28quando os introduzi na terra, que eu Senhor Deus: Cada um de vós vá a-
com juramento tinha prometido dar- pós os vossos ídolos, e servi-os. Po­
lhes; olharam para todos os outeiros rém, se ainda nisto não me ouvirdes,
elevados e para tôdas as árvores fron­ e profanardes mais o meu santo no­
dosas, e ali imolaram as suas vítimas, me com as vossas oferendas e com
e ali queimaram suaves perfumes, e os vossos ídolos, 1,0(eu sei que) so­
ofereceram as suas libações. 29Eu bre o meu santo monte, sôbre o
disse-lhes então: Que alto é êste aon­ alto monte de Israel, diz o Senhor
de vós ides? E até ao dia de hoje lhe Deus, ali me servirá tôda a casa de
ficou o nome de Alto. Israel; todos, digo, me servirão na
30Portanto dize à casa de Israel: terra em que me serão agradáveis;
Isto diz o Senhor Deus: Vós certa- e ali requererei as vossas primícias
mente vos contaminais, seguindo os e a oferenda dos vossos dízimos, em
caminhos de vossos pais, e vos entre­ tudo o que me consagrardes. "E n ­
gais à mesma fornicação (ou ido­ tão vos receberei como um perfume
latria) que êles. 31E na oblação dos de agradável cheiro, quando vos ti­
vossos dons (a M oloc) , quando fazeis ver tirado do meio dos povos, e vos
passar os vossos filhos pelo fogo, vós tiver juntado dos países por onde tí-
vos contaminais em todos os vossos nheis sido espalhados; e tornar-se-
ídolos até hoje. E (depois disto) res- -á manifesta entre vós a minha santi­
ponder-vos-ei ainda, casa de Israel? dade aos olhos das nações. 42E sabe­
Juro, diz o Senhor Deus, que não reis que eu é que sou o Senhor,
vos responderei. quando eu vos tiver introduzido
32Nem se efetuará o que pensais no na terra de Israel, na terra que ju­
vosso coração, quando dizeis: Sere­ rei dar a vossos pais. ^E ali vos
mos (felizes) como as nações e co­ lembrareis dos vossos caminhos e de
mo os povos da terra, adorando os todas as vossas maldades, com as
paus e as pedras. 33Juro, diz o Senhor quais vos manchastes; e vos desa­
Deus, que reinarei sôbre vós com mão gradareis de vós mesmos, à vista
forte e com braço estendido, e na de tôdas as maldades que cometes­
efusão do meu furor. 34E vos tirarei tes. 44E sabereis, casa de Israel, que
do meio dos povos, e vos juntarei dos eu é que sou o Senhor, quando eu
países, para onde tínheis sido disper­ vos tiver enchido de bens por amor
sos, e reinarei sôbre vós com m ã u for­ do meu nome, em vez de vos tratar
te e com braço estendido, e com tôda2 5 conforme os vossos maus caminhos,
25. Dei-lhes preceitos não bons. . abandonei-os a files próprios, deixando-os entregar-se
à idolatria, que havia de ser para files origem de muitos males.
39. Cada um de v ó s . . . Recomendação irônica para fazer notar o fim desgraçado da­
queles que não fizeram caso dos avisos dados acima.
984 PROFECIA DE EZEQ UIEL 20 - 21

e conforme os vossos tão detestáveis presença dêles com amargura do teu


pecados, diz o Senhor Deus. coração. 7E, quando êles te disserem:
Por que gemes tu? tu lhes dirás:
P ro fe c ia c o n tra a f lo r e s t a vem, e todos os corações se mirrarão
do m e io -d ia de mêdo e tôdas as mãos ficarão
45E' foi-me dirigida a palavra do sem forças, e todos os espíritos se
Senhor, a qual dizia: 4fiFilho do ho­ abaterão, e as águas correrão por
mem, volta o rosto para o caminho todos os joelhos. Ei-lo aí vem, e as­
do meio-dia, e fala para a banda sim sucederá, diz o Senhor Deus.
do áfrico, e profetiza contra o bos­ 8E foi-me dirigida a palavra do
que do campo do meio-dia. 4ÍE di­ Senhor, a qual dizia: 9Filho do ho­
rás ao bosque do meio-dia: Ouve mem, profetiza, e dize: Isto diz o
a palavra do senhor: Isto diz o Se­ Senhor Deus: Fala: A espada, sim, a
nhor Deus: Eis que vou acender em espada está aguçada e polida. 10Ela
ti um fogo, e queimarei em ti todo está aguçada para matar as vítimas;
o lenho verde e todo o lenho sêco; está polida para reluzir; tu, espada,
não se apagará a chama dêste in­ que abates o cetro de meu filho
cêndio; e queimar-se-á nela todo o (Judá), cortaste tôdas as árvores
rosto, desde o meio-dia até ao aqui- (desta floresta humana). nDei-a a
lão; 48e tôda a carne verá que eu, polir para a ter na mão; esta espa­
o Senhor, lancei o fogo a êste bos­ da está aguçada, e está polida, para
que, o qual não se apagará. estar na mão do (re i de Babilônia)
40Então eu disse: Ah, ah, ah, S e­ que deve fazer a matança.
nhor Deus! Êles dizem isto de mim:
Não é assim que êste não nos fala, 12Grita e uiva, filho do homem,
senão por parábolas (obscuras)*! porque esta (espada) está desembai-
nhada contra o meu povo, contra to­
A s v ítim a s da espada do S e n h o r dos os príncipes de Israel que tinham
fugido; êles foram entregues à espa­
21 *E foi-me dirigida a palavra da com o meu povo. Tu, pois, dá
do Senhor, a qual dizia: 2Fi- pancadas na tua coxa, l3porque esta
lho do homem, volta o teu rosto espada foi aprovada por mim; e (v e r-
para Jerusalém, e fala ao santuá­ -se-á isto) quando ela destruir o ce­
rio, e profetiza contra a terra de tro (de Judá), para mais não sub­
Israel. 3Dirás à terra de Israel: Isto sistir, diz o Senhor Deus. 14Tu, pois,
diz o Senhor Deus: Eis que venho filho do homem, profetiza e bate
contra ti, e tirarei a minha espada com as mãos uma na outra, e do­
da sua bainha, e matarei no meio de brem-se e tripliquem-se os golpes
ti o justo e o ímpio. 4E porque eu desta espada m ortífera; esta é a es­
devo exterminar no meio de ti o pada da grande matança que os faz
justo e o ímpio, por isso a minha es­ pasmar, 15e que lhes faz mirrar os co­
pada sairá da sua bainha contra tô­ rações, e que multiplica as ruínas.
da a carne, desde o meio-dia até ao Eu levei a tôdas as portas o terror
aquilão, 5a fim de que toda a carne desta espada penetrante e polida pa­
saiba que eu, o Senhor, tirei a mi­ ra reluzir, afiada para matar. ^Agu­
nha espada da sua bainha para a não ça, ó espada, a tua ponta, vai para
tornar a meter nela. a direita ou para a esquerda, para
R a p id e z da execução onde os teus desejos te chamarem.
nE eu mesmo te aplaudirei, batendo
6Tu, pois, filho do horhem, geme as palmas, e satisfarei a minha in­
até te rebentarem os rins, e geme na4 6 dignação. Eu, o Senhor, é que falei.

46. Caminho do meio-dia, áfrico, bosque do c a m p o ... Três locuções que representam a
Palestina meridional.
Cap. X X I — 3. O justo e o ímpio. Deus envia muitas vêzes os males temporais sem dis­
tinção a justos e a pecadores. A os primeiros p ara os purificar mais, e dar-lhes ocasião de
merecer; e aos segundoa para os castigar e cham ar à penitência.
12. D á pancadas... Gesto que exprime urna grande tristeza.
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A espada do S e n h o r, n a s m ã os dos T ira a tiara, depõe a coroa; não é


C a ld e u s, h á de m a s s a c ra r os J u d e u s esta a que levantou o humilde e hu­
milhou o soberbo? 27*Eu farei ver a
18E foi-me dirigida a palavra do iniqüidade, a iniqüidade, a iniqüida­
Senhor, a qual dizia: 19*E tu, filho do de dela; mas isto não acontecerá se­
homem, traça dois caminhos por on­ não quando tiver vindo aquêle a
de a espada" do rei de Babilônia po­ quem pertence o juízo (ou rein o), e
de vir; ambos sairão da mesma ter­ eu lhe entregarei essa (coroa).
ra; e no princípio do (duplo) cami­ C a stig o dos A m o n ita s
nho o rei com a sua própria rnão ti­
rará por sorte uma cidade, t r a ç a ­ 28E tu, filho do homem, profetiza
rás um caminho, por onde esta es­ e dize: Isto diz o Senhor Deus aos
pada vá atacar Rabat (capital) dos filhos de Amon, relativamente aos
filhos de Amon, e outro por onde seus insultos (contra Isra e l); tu lhes
vá para Judá atacar a fortíssima ci­ dirás: Espada, espada, desembainha-
dade de Jerusalém. 21*Porque o rei te para matares, pula-te para mas­
de Babilônia parará na encruzilha­ sacrares e para luzires. -“'Enquanto se
da, no princípio dos dois caminhos, vêem para ti coisas vãs, e se adivi­
procurando adivinhar por meio da nham mentiras, tu cairás sôbre os
mistura das setas; (além disso) per­ pescoços dos ímpios (Amonitas) fe ­
guntará aos ídolos, consultará as en­ ridos, cujo dia marcado chegou pa­
tranhas. ra o castigo da sua iniqüidade. ^'Tor­
22Caiu a sorte sôbre Jerusalém, fa ­ na a recolher-te à tua bainha, ao lu­
zendo-o tomar à direita, para dispor gar em que fôste criada, eu te jul­
os aríetes, para intimar a mortanda­ garei na terra do teu nascimento,
de, para levantar a voz com alarido, :,'e derramarei sôbre ti a minha in­
para pôr os aríetes contra as portas, dignação; soprarei contra ti no fogo
para levantar trincheiras e edificar do meu furor, e te entregarei as
fortes. 23E parecerá aos olhos dêles mãos de homens insensatos e que
como se aquêle rei tivesse consulta­ fabricam a morte. 32Servirás de pas­
do em vão os oráculos, e como se ce­ to ao fogo, derramado será o teu
lebrasse o descanso dos sábados; mas sangue no meio da terra, ficarás en­
êle se lembrará da iniqüidade, e os tregue ao esquecimento; porque eu,
cativará. 24*P ortanto isto diz o Senhor o Senhor, é que falei.
Deus: Porque tendes feito alarde da J e ru s a lé m se rá in e x o ra v e lm e n te c a s ti­
vossa iniqüidade, e tendes tornado gada p elo s se u s c rim e s
públicas as vossas prevaricações, e se
patentearam os vossos pecados em 99 foi-me dirigida a palavra
todos os vossos pensamentos; já que, " " do Senhor, a qual dizia: 2E
digo, vos tendes jactado disso, fica­ tu, filho do homem, não julgas, não
reis prisioneiro à força de armas. julgas (Jerusalém) a cidade do san­
25Tu, porém, ó profano, tu, ó ímpio gue? 3Mostrar-lhe-ás tôdas as suas
príncipe de Israel, a quem chegou o abominações, e dirás: Isto diz o Se­
dia marcado para a punição da tua nhor Deus: Esta é a cidade que der­
iniqüidade, 26isto diz o Senhor Deus: rama o sangue no meio dela para
19. Da mesma terra , de Babilônia.
19-21. Deus ordena ao profeta que represente, por meio de urna figura, o caminho que
Nabucodonosor deve seguir. Êste caminho parte de Babilônia, e, num certo ponto, bifurca-se
em dois ramos, um dos quais se dirige para a capital dos Amonitas, R abat, e outro p ara
Jerusalém. Tendo chegado a esta bifurcação, Nabucodonosor consulta os seus presságios, pa­
ra saber qual das duas cidades deve atacar primeiro. — M istura das setas. Punham-se nu­
ma a lja v a duas setas, tendo cada uma um nome ou sinal diferente. A gitava-se em seguida
a aljava, e tirava-se uma seta. O nome ou sinal que ela tinha, dava a resposta desejada.
23. E parecerá aos olhos dos Judeus. Os Judeus sòmente viam um oráculo váo, quer na
consulta de Nabucodonosor, quer na própria profecia de Ezequiel, e assim estavam sossegados.
27. Aquêle a q u e m ... isto é, o Messias.
39. Volta, ó Amonita, ao teu pais. L á castigarei as tuas atrocidades, e, depois de teres
sido com elas instrumento para castigar outros povos, Ciro acabará, com o teu império, e
ficarás sujeito aos Persas.
986 PROFECIA DE EZEQ UIEL 22

que depressa chegue o dia (da sua Jerusalém será abrasada como escória
destruição) , e a que fêz ídolos con­
tra si mesma, para se manchar. 4Tu 17E foi-me dirigida a palavra do Se­
pecaste pelo sangue que por ti foi nhor, a qual dizia: 18Filho do homem,
derramado; e te manchaste pelos ído­ a casa de Israel tornou-se para mim
los que fabricaste; e fizeste avançar em escória; todos êles são como o co­
os teus dias (de castigo) , e fizeste bre, e o estanho, e o ferro, e o chum­
chegar o têrmo dos teus anos; por bo no meio da fornalha; êles se tor­
isso eu fiz de ti o opróbrio das na­ naram como a escória da prata. 19P o r
ções e o ludibrio de tôda a terra. 5Os cuja causa isto diz o Senhor Deus:
povos vizinhos e os povos distantes Porque vos tornastes todos em escó­
triunfarão de ti; manchada, famosa ria, por isso eis que vou juntar-vos
e grande pela tua ruína. no meio de Jerusalém, “ como quando
se juntam a prata, e. o cobre, e o es­
°Eis que os príncipes de Israel se tanho, e o ferro, e o chumbo, no
firmaram cada um na fôrça do seu meio da fornalha, e se acende nela o
braço, para derramarem o sangue no fogo para os fundir. Assim é que eu
meio de ti. 7Encheram de afrontas vos juntarei no meu furor e na mi­
no meio de ti o seu pai e a sua mãe, nha ira; e eu me satisfarei, e vos
caluniaram o estrangeiro no meio de fundirei. 21Juntar-vos-ei, e vos abra-
ti, e entristeceram no teu recinto o sarei nas chamas do meu furor, e
órfão e a viúva. 8Desprezaste o meu vós sereis fundidos no meio de Jeru­
santuário, e profanaste os meus sá­ salém. “ Assim como a prata se fun­
bados. 9No meio de ti houve homens de no meio da fornalha, assim o se­
caluniadores para derramarem san­ reis vós no meio desta cidade; e sa­
gue, e entre ti celebraram banquetes bereis que eu sou o Senhor, quando
(idolátricos) sôbre os montes, come­ eu tiver derramado a minha indigna­
teram a maldade no meio de ti. ção sôbre vós.
10Dentro de ti cometeram-se inces­
tos com a mulher de seu próprio pai; Crimes dos chefes e dos guias
dentro de ti ultrajou-se a mulher na que arrastam o povo
ocasião do seu mênstruo; "cada um
cometeu abominações com a mulher 23E foi-me dirigida a palavra do Se­
do seu próximo, e o sogro corrompeu nhor, a qual dizia: 24Filho do homem,
com um horrível incesto a sua nora; dize a Jerusalém: Tu és uma terra
dentro de ti o irmão fêz violência à imunda, que não foi r e g r ia pelas
própria irmã, à filha de seu pai. ^Re­ chuvas no dia do furor. 25Os (falsos)
ceberam presentes no meio de ti pa­ profetas conjuraram no meio dela,
ra derramarem o sangue; recebeste devoraram as almas, como um leão
uma usura exorbitante, e, levado da que ruge e que arrebata a sua prê-
avareza, caluniavas os teus próximos sa, receberam grandes bens e gran­
e te esqueceste de mim, diz o Senhor des recompensas, multiplicaram as
Deus. viúvas no meio dela. 26Os seus sacer­
13Por isso bati as mãos (em sinal dotes desprezaram a minha lei, e
de horror), ao ver a tua avareza e o mancharam o meu santuário; não
sangue derramado no meio de ti. distinguiram entre o santo e o pro­
“ Porventura estará firm e o teu co­ fano; e não distinguiram entre o que
ração, ou prevalecerão as tuas mãos é puro e o que é impuro; e aparta­
contra mim, nos calamitosos dias que ram os seus olhos dos meus sábados,
eu farei vir sôbre ti? Eu, o Senhor, e eu era profanado no meio dêles.
o disse e o farei. 15E te espalharei 27Os seus príncipes, no meio dela, eram
por entre as nações, e te deitarei como lobos que arrebatam a sua
ao vento para diversas terras, e farei prêsa, para derramar o sangue, .e
cessar em ti a tua impureza. 16E te para perder as almas, e para correr
possuirei à vista das gentes; e tu sa­ atrás do ganho, a fim de satisfazer
berás que eu sou o Senhor. a sua avareza. 28E os seus profetas
Cap. X X I I — 18. A casa de Israel. .. Êste povo, tão ilustre por sua origem e por mi­
nha predileção, perdeu todo o seu brilho, por causa da sua idolatria e maus costumes.
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punham o reboco nas paredes, sem suas fornicações (ou modos de ido­
lhe misturar nada que o segurasse, latrar) .
quando tinham visões falsas, e lhes 9Por isso entreguei-a nas mãos dos
profetizavam a mentira, dizendo: Isto seus amantes, nas mãos dos filhos de
diz o Senhor Deus, sendo que o Se­ Assur, de cuja paixão ela ficou lou­
nhor lhes não tinha falado. “ Os po­ camente possuída. 10Êles descobriram
vos do país entregavam-se à calúnia, a sua ignomínia, levaram seus filhos
e roubavam por violência; afligiam e filhas, e mataram-na a ela própria
o pobre e o necessitado, e oprimiam com a espada; e tornaram-se mulhe­
o estrangeiro com calúnias e injus­ res famosas pelo castigo que exerci
tiças. “ Busquei entre êles um ho­ contra elas.
mem (ju sto) que se interpusesse (en­ “ Tendo visto isto, sua irmã Ooli­
tre mim e eles) como uma sebe, e ba enlouqueceu de paixão ainda
que pugnasse contra mim em favor mais do que ela; e, aumentando a
desta terra, para eu a não destruir; sua fornicação sôbre a fornicação de
e não o encontrei. 31Por isso derra­ sua irmã, “ descaradamente se pros­
mei a minha indignação sôbre êles, tituiu aos filhos dos Assírios, aos ca­
consumi-os no fogo da minha ira, fiz pitães e magistrados que concorriam
que o seu ( mau) proceder recaísse sô­ a ela, trajados com vestidos de vá­
bre as suas cabeças, diz o Senhor rias côres, aos cavaleiros que vinham
Deus. montados nos seus. cavalos, e a to­
dos os jovens de lindo parecer. 13E
Infidelidade das duas Irmãs crimino­ vi que o caminho de ambas estava
sas: Samaria e Jerusalém igualmente manchado.
23 JE foi-me dirigida a palavra “ Mas Ooliba foi aumentando sem­
do Senhor, a qual dizia: 2Fi- pre a sua fornicação; porque tendo
lho do homem, houve duas mulhe­ visto uns homens pintados na pare­
res, filhas de uma mesma mãe, 3as de, umas imagens dos Caldeus deli­
quais se prostituíram no Egito; pros­ neadas com côres, 15os quais tinham
tituíram-se na sua mocidade (como os rins cingidos de talabartes, e tia­
p ovo); lá perderam a sua honra, e ras de várias côres em suas cabeças,
foram desfio radas ao entrar na pu­ parecendo todos oficiais de guerra,
berdade. 4A mais velha chamava-se dando ares de filhos de Babilônia e
Oola, e a sua irmã mais nova Ooliba. do país dos Caldeus, onde tinham
Desposei-me com elas, e deram à luz nascido, 16pela concupiscência dos
filhos ;e filhas. No tocante a seus no­ seus olhos concebeu por êles uma
mes, Oola é a Samaria, e Ooliba é paixão louca, e mandou-lhes embai­
Jerusalém. xadores à Caldeia. 17E, tendo vindo
5Oola, pois, foi-me infiel, e apaixo­ ter com ela os filhos de Babilônia,
nou-se loucamente pelos seus aman­ e, tendo sido admitidos no camarim
tes, os Assírios, seus vizinhos, Vesti­ das suas prostituições, mancharam-
dos de jacinto, príncipes e magistra­ na com as suas infâmias, e ela foi
dos, jovens amáveis, todos cavaleiros, por êles corrompida, e a sua alma
montados a cavalo. 7Ela entregou-se ficou farta dêles. 18Ela patenteou as.
na sua fornicação a êstes homens es­ suas fornicações, e descobriu a sua
colhidos, filhos todos dos Assírios; e ignomínia; e a minha alma retirou-
manchou-se pelas suas infâmias com se dela, assim como se tinha reti­
todos aquêles de quem loucamente rado de sua irmã.
estava enamorada. 8Além disto, não 19Porque multiplicou as suas fo r­
abandonou as prostituições que ti­ nicações, lembrando-se dos dias da
nha tido no Egito; pois também os sua mocidade, durante os quais se ti­
Egípcios dormiram com ela na sua nha prostituído na terra do Egito.
adolescência, e desonraram a sua pu­ 20E ardeu em amor infame para com
berdade, e comunicaram-lhe todas as3 0 aquêles, cujas carnes são como as
30. Pugnasse contra mim com as suas craçôes.
Cap. X X I I I — 2. D uas mulheres, os reinos de Judâ e de Israel, depois da separação das
dez tribos.
988 PROFECIA DE EZEQ UIEL 23

carnes dos jumentos e cujo furor, co­ insultos e de irrisões, porque êsse
mo o furor dos cavalos. 21E renovas­ cálice é duma Vastíssima capacidade.
te as maldades da tua mocidade, 33Serás cheia de embriaguez e de dor,
quando no Egito perdeste a tua hon­ com êste cálice de aflição e de tris­
ra, e foi violada a tua puberdade. teza, com êste cálice de tua irmã Sa-
maria. 34E tu o beberás e o esgota­
Castigo de Jerusalém rás até às fezes, e lhe dovorarás os
“ Por isso, ó Ooliba, isto diz o Se­ seus mesmos pedaços, e te rasgarás
nhor Deus: Eis que vou suscitar con­ os próprios peitos, porque eu sou o
tra ti todos os teus amantes, de cuie que falei, diz o Senhor Deus. ^Por­
a tua alma se fartou; e os congrega­ tanto isto diz o Senhor Deus: Visto
rei contra ti de tôdas as partes, “ os que te esqueceste de mim, e me lan­
filhos de Babilônia, e todos os Cal- çaste para trás das costas, carrega
deus, nobres, e soberanos, e prínci­ tu também com a tua maldade e com
pes, todos os filhos dos Assírios, os as tuas fornicações.
jovens de lindo parecer, todos os ca­ N ova descrição dos crimes das
pitães e magistrados, os príncipes dos duas irmãs
príncipes, e os ginetes de grande no­
meada. 24E virão contra ti petrecha- 30E o Senhor me falou, dizendo: F i­
dos de carros e de rodas, com uma lho do homem, não julgarás tu Oola
multidão de povos; êles se armarão e Ooliba, e não lhes declararás as
de tôdas as partes contra ti de coura­ suas maldades? 37Porque adultera­
ças, e de escudos, e de capacetes; e ram, e se acha sangue nas. suas mãos
lhes darei o poder de te julgar, e êles e se prostituiram aos seus ídolos; a-
te julgarão segundo as suas leis. 25E lém disto, ofereceram-lhes para se­
desafogarei contra ti o meu zêlo, que rem devorados (pelo fogo em honra
êles exercerão em ti com furor; cor- de M oloc) até os filhos que para mim
tar-te-ão (ignominiosamente) o nariz geraram. 38E ainda fizeram mais
e as orelhas; e o que restar, o reta­ contra mim: Mancharam o meu san­
lharão à espada; cativarão os teus tuário naquele dia, e profanaram os
filhos e as tuas filhas, e o que restar meus sábados. 39E quando sacrifica­
de ti será devorado pelo fogo. 26Êles vam os seus filhos aos seus ídolos, e
te despojarão dos teus vestidos, e te entravam no meu santuário nesse
roubarão os adornos da tua vaidade. mesmo dia para o profanarem; eis o
“ Farei cessar as tuas maldades e as que fizeram no meio de minha ( pró-
fornicações que tinhas aprendido na pria) casa. 40Mandaram buscar homens
terra do Egito; não levantarás os o- que vinham de longe, a quem tinham
lhos para êles, nem te lembrarás mais mandado embaixadores; e eis que
do Egito. chegaram; para os receber te lavas­
28Porque isto diz o Senhor Deus: te, e untaste à roda os teus olhos
Eis que vou entregar-te nas mãos da­ com antimônio, e te adornaste com
queles que tu aborreces, nas mãos as tuas galas. 41Tu te recostaste so­
daqueles de que a tua alma ficou bre um leito magnífico, e diante de
farta. 29Êlès‘ te. tratarão com ódio, e ti se preparou uma mesa magnifica-
te levarão todos os teus trabalhos e mente ornada; puseste em cima dela
te deixarão nua, e cheia de ignomí­ o meu incenso e o meu perfume; 42e
nia, e descobrir-se-á a ignomínia das à roda dela se ouvia a voz de muita
tuas fornicações, a tua maldade e os gente que folgava; e àqueles varões
teus adultérios. 30Êles te tratarão as­ que dentre a multidão dos homens
sim, porque te prostituíste às nações, eram conduzidos e vinham do deser­
entre as quais te mânchaste pelo to, puseram elas nas mãos dêles os
culto dos. seus ídolos. 31Tu andaste seus braceletes, e formosas coroas
pelo mesmo caminho de tua irmã, e sôbre as suas cabeças. 43Então disse
eu te meterei na mão o cálice (de eu àquela que envelheceu no adul­
amargura) que ela bebeu. tério : Continuará agora esta ( pros-
32Isto diz o Senhor Deus: Beberás tituta) a entregar-se às suas forni­
o cálice que tua irmã bebeu, cálice cações? 44E êles entraram em sua
profundo e largo; serás objeto de casa, como em casa duma mulher
23 - 24 PROFECIA DE EZEQ UIEL 989

pública; assim é que êles entravam Deus: A i da cidade do sangue, que é


em casa destas mulheres perdidas, como uma caldeira cheia de ferrugem,
Oola e Ooliba. 45*Êstes homens, pois, e a sua ferrugem não saiu dela 1 T ira
são justos; êles as julgaram como se os bocados que tem dentro, uns após
julgam as adúlteras, e como se ju l­ outros; não caia a sorte sôbre ela.
gam as que derramam o sangue; 7Porque o sangue (inocente) que der­
porque elas são adúlteras, e nas suas ramou está no meio dela; sôbre pe­
mãos há sangue. dras limpidíssimas o derramou; não'
4SPorque isto diz o Senhor Deus: o derramou sôbre a terra, de sorte
Faze vir contra estas duas prostitu­ que se possa cobrir com o pó. 8Para
tas uma multidão de homens, e en­ fazer cair sôbre ela a minha indig­
trega-as ao tumulto e ao saque. '"Se­ nação, e para me vingar como ela
jam apedrejadas pelos povos, e tres­ merece, espalhei também o seu san­
passadas com as suas espadas; êles gue sôbre pedras limpidíssimas para
matarão os seus filhos e as suas f i ­ que não fôsse coberto.
lhas, e porão fogo às suas casas. 48As- 9Portanto, isto diz o Senhor Deus:
sim é que eu tirarei da terra a m al­ A i da cidade do sangue, da qual eu
dade, e tôdas as mulheres aprende­ farei uma grande fogueira! 10Põe os
rão a não imitar a maldade, destas ossos uns sôbre os outros, para que
(duas). 40O castigo de vossas mal- eu os faça queimar no fogo; as car­
dades cairá sôbre as vossas cabeças, nes consumir-se-ão, e tudo isto fica­
e pagareis os pecados das vossas ido­ rá cozido, e os ossos serão queimados.
latrias; e sabereis que eu sou o Se­ uPõe também a caldeira vazia sôbre
nhor Deus. as brasas para que ela aqueça e o
seu cobre se derreta e. se funda den­
A caldeira posta ao fogo e a sua tro dela a sua imundície e se consu­
aplicação a Jerusalém ma a sua ferrugem. 12Trabalhou-se
OA *E no ano nono, no décimo muito, suou-se, mas não saiu dela a
sua demasiada ferrugem, nem por
mês, aos dez dias do mês, foi- meio do fogo. 13A tua imundície é
me dirigida a palavra do Senhor, a execrável, porque eu quis limpar-te
qual dizia: 2Filho do homem, escre­ e não te limpastes das tuas impure­
ve a data dêste dia, porque é hoje zas; mas tu não mais serás limpa,
que o rei de Babilônia assentou ar­ nté que eu satisfaça contra ti a m i­
raiais contra Jerusalém. nha indignação. 14Eu, o Senhor, fa ­
3E dirás por modo de provérbio à lei: Virá fo tem po), e eu o farei; não
casa (de Israel), que me irrita, esta passarei (sem punir), nem perdoa­
parábola, e assim lhes falarás: Isto rei, nem me aplacarei; segundo os
diz o Senhor Deus: Põe uma caldeira teus caminhos e segundo as tuas o-
ao lume; põe-na, digo, e deita-lhe á- bras eu te julgarei, diz o Senhor.
gua dentro. 4Mete nela pedaços de
carne, todos escolhidos, coxa e espá- Atitude que Ezequiel deve tomar
dua, as partes melhores, e onde estão à morte de sua esposa
os ossos. 5Pega na carne das reses
mais gordas, põe-lhe por baixo um 15E foi-me dirigida a palavra do
montão de ossos; faze que ferva em Senhor, a qual dizia: 16Filho do ho­
borbulhões, e que se cozam também mem, eis que vou tirar-te dum golpe
os ossos que estão dentro dela. aquilo que é mais agradável aos teus
°Por cuja causa isto diz o Senhor olhos (a tua esposa); mas tu não te
45. Éstes homens, os Caldeus, são iustos, por serem os ministros dos castigos de Deus.
48. Tôdas as mulheres, todos os povos.
Cap. X X I v — 3. A caldeira é a im agem do cap. X I, 3, voltada contra os Judeus. Êles
consideravarn-se seguros dentro da caldeira, isto é, em Jerusalém, e, todavia, é lá que vão
perecer.
4. Pedaços de carne. . . os habitantes da cidade e do país, que nela se tinham refugiado,
ao aproxirnarern-se os Caldeus. — A s partes melhores, os grandes e os ricos, e onde estão
os ossos, o exército.
6. Não caia a sorte .. . Jerusalém ficará, vazia de todos os seus habitantes, sem ser pre­
ciso tirar a sorte, porque nenhum será poupado.
990 PROFECIA DE EZEQ UIEL 24 - 25

lamentarás, nem chorarás, nem te aquele que escapou fugindo; e tu


correrão as lágrimas pelo rosto. 17Ge- falarás e não ficarás mais em si­
me em silêncio, não tomarás luto co­ lêncio; e serás para êles um sinal
mo se faz pelos mortos; não tirarás (ou v a ticín io ), e vós sabereis que eu
da cabeça o teu turbante, nem o cal­ sou o Senhor.
çado dos teus pés; não cobrirás o
rosto com um véu, nem comerás dos Vatícínios contra as nações pagãs.
manjares que se dão aos que estão — Contra os Amonitas
de luto.
lsEu, pois, falei de manhã ao povo, OC 7E foi-me dirigida a palavra do
e à tarde morreu minha mulher; e **** Senhor a qual dizia: . 4Filho
ao outro dia pela manhã fiz o que do homem, volta o teu rosto contra
o Senhor me tinha ordenado. os filhos de Amon, e profetiza con­
wEntão me disse o povo: Por que tra êles. aDirás, pois, aos filhos de A-
não nos explicas o que significam es­ mon: Ouvi a palavra do Senhor
tas coisas que fazes? 20E eu lhes Deus: Isto diz o Senhor Deus: Por­
disse: Foi-me dirigida a palavra do que disseste: É bem feito, é bem
Senhor, a qual dizia: 2IFala à casa feito sôbre o meu santuário, por ter
de Israel: Isto diz o Senhor Deus: sido profanado; e sôbre a terra de
Eis que vou profanar o meu san­ Israel, porque foi desolada; e sôbre
tuário, orgulho do vosso império, de­ a casa de Judá, porque foi levada
lícias dos vossos olhos, e sôbre cuja para o cativeiro; 4por isso eu te en­
ruína está em susto a vossa alma; tregarei como herança aos filhos do
os vossos filhos e as vossas filhas, oriente, e êles estabelecerão em ti
que deixastes, cairão aos golpes da os seus apriscos, e levantarão em ti
espada. 22E vós fareis como eu fiz; as suas tendas; comerão os teus fru­
não vos cobrireis o rosto com véu, tos, e beberão o teu leite. 5E redu­
nem comereis dos manjares que se zirei Rabat a ser habitação de jame-
dão aos que estão de luto; ’3tereis los, e (o paísj dos filhos de Amon a
os vossos turbantes nas vossas cabe­ ser redil de gados; e vós sabereis
ças, e calçados nos pés; não vos la­ que eu sou o Senhor. 6Porque, isto diz
mentareis nem chorareis, mas de- o Senhor Deus: Porque aplaudiste
finhar-vos-eis nas vossas iniqüida- com palmas, e saltaste de gôzo, e te
des, e cada um gemerá junto do alegraste sobremaneira à vista dos
seu irmão. 24E Ezequiel será para males da terra de Israel, 7eis que vou
vós um modêlo; tudo o que êle fêz estender sôbre ti a minha mão, e te
(na m orte de sua esposa), fareis vós entregarei ao saque das gentes, e
igualmente quando estas coisas a- apagar-te-ei do número dos povos, e
contecerem; e vós sabereis que eu exterminar-te-ei da face da terra, e
sou o Senhor Deus. reduzir-te-ei a pó; e tu saberás que
eu sou o Senhor.
Um foragido anunciará a Ezequiel Contra os Idumeus
a queda de Jerusalém
8Isto diz o Senhor Deus: Porque
-’E tu, filho do homem, nota que, Moab e Seir . disseram: Eis a casa
no dia em que eu tirar deles a sua de Judá, ela é como tôdas as outras
fortaleza, aquilo que é a sua consola­ nações (nenhum privilégio te m );
ção, a sua glória e as delícias de 9por isso eis que vou abrir o flanco
seus olhos, e sôbre que descansam de Moab, pela parte das cidades, das
as suas almas, a saber, seus filhos e suas fronteiras, as mais famosas do
suas filhas; -Hnesse dia, quando vier país, Betiesimot, e Beelmeon, e Ca-
ter contigo algum que escapar, para riatain; wfeu o abrirei) aos filhos do
te dar novas; -7nesse dia, digo, abrir- oriente, tratando os filhos de Moab
-se-á a tua bôca para falares com como tratei os filhos de Amon, e eu
22-23. N o meio dêste castigo excepcionei, nâo era ocasião de o povo se entregar a m a­
nifestações ruidosas de luto, mas de se recolher e fazer penitência dos seus pecados.
Cap. X X V — 4. Aos filhos do oriente, aos Árabes.
9. O flanco, a fronteira.
25 - 26 PROFECIA DE EZEQ UIEL 991

lhes entregarei Moab em herança, to diz o Senhor Deus: Eis que vou
a fim de que não haja mais memória contra ti, ó Tiro, e farei subir con­
dos filhos de Amon entre as nações. tra ti muitas nações, como o mar
"E sôbre Moab exercerei os meus faz subir as suas ondas, quando se
juízos; e êles saberão que eu sou o encrespa. 4E elas destruirão os mu­
Senhor. ros de Tiro, e deitarão abaixo as
Contra os Moabitas suas tórres; e lhe rasparei até o pó,
e a tornarei como uma pedra mui­
12Isto diz o Senhor Deus: Porque to lisa. 5Ela virá a ser no meio do
a Iduméia exerceu sempre o seu ó mar como um enxugadouro das rê-
dio inveterado para se vingar dos des, porque eu sou o que falei, diz
filhos de Judá, e pecou, desafogando o Senhor Deus; e ela será prêsa das
sem medida o seu desejo de se vin­ nações. 6As suas filhas (ou aldeias),
gar dêles, 13por causa disso, isto diz que estão no campo, serão também
o Senhor Deus: Estenderei a m i­ passadas ao fio da espada; e saberão
nha mao sobre a Iduméia, e tirarei que eu sou o Senhor.
dela os homens e os animais, e farei
dela um deserto do lado do meio-dia, Tiro será destruída pelo exército
e os que estão em Dedan cairão mor­ de Nabucodonosor
tos à espada. 14E exercerei a minha
vingança sôbre a Iduméia, pela mão 7Porque isto diz o Senhor Deus:
do meu povo de Israel; e êles tra­ Eis que vou fazer vir das partes do
tarão Edom segundo a minha ira e setentrião para Tiro a Nabucodono­
o meu furor; e os Idumeus reconhe­ sor, rei de Babilônia, êsse rei dos
cerão a minha vingança, diz o Se­ reis, com cavalos, e carroças de guer­
nhor Deus. ra, e cavalaria, e grande multidão
de tropa. 8Êle fará cair a golpes da
Contra os Filisteus espada as tuas filhas, que estão no
campo, e te cercará de fortes, e fará
15Isto diz o Senhor Deus: Porque trincheiras ao redor, e levantará o
os Filisteus se entregaram à vingan­ escudo contra ti. 9E disporá contra
ça, e se vingaram de todo o seu co­ os teus muros as suas mantas de
ração, matando e satisfazendo às guerra e os seus aríetes, e destruirá
suas antigas inimizades, 16por êsse as tuas torres com as suas máqui­
motivo, isto diz o Senhor Deus: Eis nas de guerra. 10A multidão dos seus
que vou estender a minha mão sô­ cavalos te cobrirá de pó; ao estron­
bre os Filisteus, e matarei êstes ma­ do da sua cavalaria e das rodas e
tadores, e exterminarei o que res­ das carroças, tremerão as tuas mu­
ta na costa do mar; 17e tomarei dê­ ralhas, quando êle entrar pelas tuas
les grandes vinganças, castigando-os portas, como quem entra pela bre­
no meu furor; e êles saberão que cha duma cidade destruída. “ Com
eu sou o Senhor, quando eu tiver as unhas dos seus cavalos calcará
exercido a minha vingança sôbre ê- tôdas as tuas praças; passará o teu
les. povo à espada, e cairão por terra as
Primeiro vaticínio contra Tiro tuas famosas estátuas. “ Saquearão,
tôdas as tuas riquezas, pilharão
2 fi *E aconteceu que, no ano undé- as tuas mercadorias, e destruirão
cimo (do cativeiro), no pri­ as tuas magníficas casas, e lan­
meiro mês, me foi dirigida a pala­ çarão ao meio das águas as tuas ma­
vra do Senhor, a qual dizia: 2Filho deiras e o teu pó. 13E farei cessar a
do homem, porque Tiro disse de Je­ variedade dos teus concertos músicos,
rusalém : É bem feito, foram que­ e não se ouvirá mais em ti o som
bradas as portas dos povos; os seus das tuas citaras. 14E te deixarei tão
povos vieram a mim; eu me engran­ arrasada como uma pedra muito li­
decerei (com o que ela perdeu/, pois sa, e virás a ser um enxugadouro de
Jerusalém está deserta; 3portanto, is­ rêdes, e não tornarás a ser edifica-
Cap. X X V I — 2. • Portas dos povos, portas de Jerusalém, por onde passavam muitos po­
vos, vistb esta cidade ser um grande centro comercial.
1192 PROFECIA DE EZEQ UIEL 26 - 27

da, porque eu sou o que falei, diz o pois, filho do homem, faze uma la­
Senhor Deus. mentação sôbre Tiro; 3e dirás a T i­
Terror produzido por esta calamidade ro, que habita à entrada do mar, a
êste empório do comércio dos povos
15Isto diz o Senhor Deus a Tiro. de numerosas ilhas: Isto diz o Se­
Porventura não tremerão as "ilhas ao nhor Deus: ó Tiro, tu disseste: Eu
estrondo da tua ruína, e ao gemido sou duma formosura extrema, 4e es­
dos teus mortos, quando no meio de tou situada no coração do mar. Os
ti forem massacrados? 16E todos os teus vizinhos que te edificaram, tor­
príncipes do mar descerão dos seus naram-te perfeita em formosura; ®de
tronos, e deporão as insígnias da sua faia de Sanir te construíram com to­
grandeza, e arrojarão de si os seus das as cobertas dos teus vasos do
vestidos bordados, e ficarão cheios de mar; tomaram um cedro do Líbano
espanto; êles se sentarão na terra e, para te fazer um mastro. ‘Aplaina­
atônitos com a tua repentina queda, ram os carvalhos de Basan para os
pasmarão. 17E, fazendo uma lamen­ teus remos; e de marfim da índia
tação sôbre ti, te dirão: Como pere­ te fizeram os teus bancos e de ma­
ceste, tu que habitas no mar, ó ci­ deiras das ilhas de Itália as tuas câ­
dade célebre, que tens sido poderosa maras de popa. 7Do fino linho do E-
no mar com os teus habitantes, a gito, tecido em bordadura, foi teci­
quem todos temiam? 18Agora pasma­ da a vela para se pôr no teu mastro;
rão as naus no dia da tua espantosa o jacinto e a púrpura das ilhas de
ruína, e ficarão turbadas as ilhas no Elisa formaram o teu pavilhão. 8Os
mar, vendo que ninguém sai dos teus habitantes de Sidônia e de Arada f o ­
portos. ram os teus remadores; os tens sá­
bios, ó Tiro, foram os teus pilotos.
Tiro será destruída para sempre 9Os velhos de Gebal, e os mais hábeis
19Porque isto diz o Senhor Deus: dentre êles, deram os seus mari­
quando eu te tiver reduzido a uma nheiros para o serviço de todo o teu
cidade deserta, como as cidades que material; todos os navios do mar e
nãc são habitadas; e, quando tiver os seus marinheiros foram emprega­
feito vir sôbre ti o abismo (as on­ dos no teu comércio. 10Os Persas, os
das do m ar), e te tiver coberto um Lídios e os Líbios eram os teus guer­
dilúvio de águas; 20quando te tiver reiros no teu exército; êles suspen­
precipitado com aquêles que descem deram em ti os seus escudos 3 capa­
cetes, para te servirem de ornamen­
ao sepulcro, para te juntar à multi­ to. 1JOs filhos de Arada com o teu
dão dos mortos eternos, e te tiver co­ exército estavam sôbre as tuas mu­
locado no fundo da terra com os ralhas em circuito; e até os Pigmeus,
que foram conduzidos ao túmulo, pa­ que estavam nas tuas torres, pendu­
ra ficares sempre desabitada, como raram as suas aljavas à roda dos teu^
as solidões antigas; quando eu tiver muros; êles completaram a tua fo r­
estabelecido a minha glória na ter­ mosura.
ra dos viventes, 21eu te reduz>rei a
nada e tu não existirás mais, e, ain­ 12Os Cartagineses, que traficavam
da que te busquem, não te acharão contigo, trazendo-te tôda a casta de
jamais, diz o Senhor Deus. riquezas, encheram os teus mercados
de prata, de ferro, de estanho e de
Lamentações sôbre Tiro chumbo. J3A Grécia, Tubal e Mosoc
também negociavam contigo, trazen­
97 ’E foi-m e dirigida a palavra do do ao teu povo escravos e artefatos
^ 6 Senhor, a qual dizia: 2Tu, de cobre. 14Da terra de Togorma trou-
15. A s ilhas, as colônias de Tiro, e as terras da costa do Mediterrâneo, que faziam co-
mércio com ela.
16. Os príncipes do mar, os m agistrados e os ricos negociantes das ilhas tornarão luto.
Cap. X X V I I — 3. Numerosas ilhas, tôdaa as costas do Mediterrâneo.
5-9. F a la de Tiro com a m etáfora dum navio.
11. A palavra Pigm eus, segundo São Jerônimo, tem aqui a significação de homens guer-
reiros.
27 - 28 PROFECIA DE EZEQUIEL 993

xeram ao teu mercado cavalos, cava­ tesouros e a tua equipagem tão gran­
leiros e machos. 15Os filhos de De- de, os teus marinheiros e os teus pi­
dan negociavam contigo; o comércio lotos, que dispunham de tudo c que
das tuas manufaturas estendeu-se a servia à tua grandeza, e que gover­
muitas ilhas; em troca das tuas mer­ nam a tua tripulação; também os
cadorias davam-te dentes de marfim teus guerreiros que estavam contigo,
e ébano. 10O Siro negociava contigo, tôda a multidão do povo que estava
por causa da multidão dos teus pro­ no meio de ti, caíram todos no fundo
dutos; expunha à venda nos teus do mar, no dia da tua ruína. ™Ao
mercados pérolas, e púrpura, e esto­ estrondo da gritaria dos teus pilo­
fos bordados, e linho fino, e seda, e tos se turbarão as frotas; ^e todos
tôda a casta de mercadorias precio­ os remadores descerão dos seus na­
sas. 17Judá e a terra de Israel nego­ vios; os marinheiros e todos os pilo­
ciavam contigo, levando aos teus tos do mar ficarão em terra; 30e fa ­
mercados o melhor trigo, o bálsamo, rão sôbre ti um grande pranto em a l­
o mel, o azeite e a resina. 18merca- tas vozes, e gritarão com amargura,
dor de Damasco traficava contigo pe­ e deitarão pó sôbre as suas cabeças
la abundante variedade dos teus gê­ e se cobrirão de cinzas, 33e raparão
neros, pela multidão de riquezas vá­ por tua causa os cabelos, e se vesti­
rias, trazendo-te vinho excelente e rão de cilícios; e, na amargura do seu
lãs da mais alva côr. 19Os da tribo de coração, derramarão lágrimas sôbre
Dan, os da Grécia, e os de Mosel ex­ ti, com um pranto amargosíssimo. 32E
puseram à venda nos teus mercados entoarão sôbre ti cânticos lúgubres,
obras de ferro polido; a mirra destila­ e chorarão a tua desgraça, dizendo:
da e a cana aromática entravam no Que cidade há como Tiro, que emu­
teu comércio. “ Os de Dedan trafica­ deceu no meio do mar? 33Tu, ó Tiro,
vam contigo em tapetes para assen­ que com o teu grande comércio ma­
tos. 21A Arábia e todos os príncipes rítimo enriqueceste muitos povos; tu,
de Cedar compravam as tuas merca­ que, pela multidão das tuas riquezas
dorias, dando-te em troca os cordei­ e da tua gente, enriqueceste os reis
ros, carneiros e cabritos que te tra­ da terra, 34agora fôste quebrada pelo
ziam. 22Os mercadores de Sabá e de mar; as tuas riquezas estão no fundo
Reema comerciavam também conti­ das suas águas, e essa tua multidão
go; expunham nos teus mercados to­ de gente, que vivia no meio de ti,
dos os seus melhores aromas, e pe­ pereceu tôda. 35Todos os habitantes
dras preciosas, e ouro. 23Haran, Que- das ilhas estão cheios de espanto com
ne e Eden negociavam igualmente a tua ruína; e todos os seus reis, fe ­
contigo; Sabá, Assur e Quelmad v i­ ridos com esta tempestade, mudaram
nham vender-te as suas mercadorias. de rosto. 36Os negociantes dos povos
24Faziam comércio contigo de diversos assobiaram-te ( escarnecendo); tu
gêneros, trazendo-te fardos (de roupa fôste reduzida a nada, e não serás
côr) de jacinto, e de bordados de vá­ jamais restabelecida.
rias côres, e de várias preciosidades,
que vinham embrulhadas e atadas Soberba do rei de Tiro
com cordas; também juntavam a is­ 9Q 7E foi-me dirigida a palavra do
to madeira de cedro para negociar £â° Senhor, a qual dizia: 2Filho
contigo. 25Os navios ocupavam o pri­ do homem, dize ao príncipe de Tiro:
meiro lugar no teu comércio; fôste Isto diz o Senhor Deus: Porque o
cheia de bens e elevada à mais su­ teu coração se elevou, e tu disseste:
blime glória no coração do mar. Eu sou Deus, e estou sentado sôbre
26Os teus remadores conduziram-te a cadeira de Deus no meio d ^ mar,
sobre grandes águas, (porém ) o v e n ­ sendo homem e não Deus, e c side­
to do meio-dia quebrou-te no coração raste o teu coração como o cc ação
do mar. 27As tuas riquezas, os teus de um Deus; 3porque és mais sábio
26. O vento do meio-dia, Nabucodonosor.
Cap. X X V I I I — 3. É s mais s á b io .. . P a la v ra s irônicas, pois Daniel era então célebre
pela sua sabedoria.

32 - B íb lia sa g ra d a
994 PROFECIA DE EZEQUIEL 2£

que Daniel, nenhum segrêdo há ocul­ dia da tua criação, até que a iniqüi-
to para ti; 4pela tua sabedoria e pela dade se achou em t i : 16Com a multipli­
tua prudência, adquiriste fôrça, e cação do teu comércio encheram-se
juntaste ouro e prata nos teus te­ as tuas entranhas de iniqüidade e caís­
souros; 5pela extensão da tua sabedo­ te no pecado; e eu lancei-te fora do
ria e pela multiplicação do teu co­ monte de Deus, e te exterminei, ó
mércio, aumentaste o teu podei; e o querubim, que cobrias (o trono) do
teu coração se elevou na tua forta­ meio das pedras (brilhantes) como
leza. o fogo. 170 teu coração se elevou no
Seu castigo teu esplendor; perdeste a tua sabe­
doria por causa do teu brilho; por
6Portanto isto diz o Senhor Deus: isso te lancei por terra, e te expus
Porque o teu coração se elevou, como diante da face dos reis, para que êles
se fosse, o coração de um Deus, 7por te contemplassem. 18Profanaste os
isso, eis que vou fazer vir contra ti teus santuários com a multidão das
estrangeiros, os mais poderosos den­ tuas iniqüidades, e com as injustiças
tre os povos; e desembainharão as do teu comércio; farei, pois, sair do
suas espadas contra o brilho da tua meio de ti um fogo que te devore, e
sabedoria, e afeiarão a tua beleza. te reduzirei a cinzas sôbre a terra,
8Êles te matarão e te precipitarão do aos olhos de todos os que te virem.
trono; e tu morrerás com a morte 10Todos os que te virem entre as na­
daqueles que morrem no seio dos ma­ ções ficarão espantados de ti; tu fôs­
res. 9Porventura falarás tu diante te aniquilado, e não tornarás mais a
dos tens matadores, dizendo: Eu sou existir.
Deus, sendo tu um homem sujeito Vaticínio contra Sidon
ao poder dos que te matam, o não
um Deus? 10*T u morrerás da morte 20E foi-me dirigida a palavra do
dos incircuncidados, à mão de es­ Senhor, a qual dizia: 21Filho do ho­
trangeiros; porque sou eu que falei, mem, volta o teu rosto para Sidônia,
diz o Senhor Deus. e profetiza sôbre ela, 22e dirás: Isto
diz o Senhor Deus: Eis que venho
Lamentações sôbre o rei de Tiro contra ti, ó Sidônia, e serei glorifi-
cado no meio de ti; e saber-se-á que
” E foi-me dirigida a palavra do eu sou o Senhor, quando eu tiver
Senhor, a qual dizia: Filho do ho­ exercido os meus juízos contra ela, e
mem, entoa uma lamentação sôbre o nela tiver feito resplandecer a mi­
rei de Tiro, 12e dir-lhe-ás: Isto diz nha santidade. 23Enviarei contra ela
o Senhor Deus: Tu, (considerado) o a peste, e inundarei de sangue as
sêlo da semelhança (de Deus), cheio suas ruas, e por todos os lados cairão
de sabedoria e perfeito na beleza, 13tu no meio dela mortos à espada; e sa­
vivias nas delícias do paraíso de berão que eu s o u o Senhor. 24E (S i­
Deus; o teu vestido estava ornado de dônia) não será mais para a casa
tôda a casta de pedras preciosas: o de Israel um amargo motivo de que­
sárdio, o topázio, o jaspe, a orisólita, da, nem uma espinha que cause dor
a cornelina, o berilo, a safira, o de todas as partes àqueles que lhe
carbúnculo, a esmeralda e o ouro, tu­ são contrários; e saberão que eu sou
do foi empregado em realçar a tua o Senhor Deus.
formosura; e os teus instrumentos
músicos foram preparados no dia em Promessas de restauração a Israel
que fôste criado. 14Tu eras um que­
rubim que estendia as suas asas e 25Isto diz o Senhor Deus: Quando
cobria (o trono de Deus), eu colo- eu tiver juntado a casa de Israel de
quei-te sôbre o monte santo de Deus; entre os povos, entre os quais têm
tu caminhavas no meio das pedras andado dispersos, eu serei santificado
(brilhantes) como o fogo. 15Tu eras entre êles aos olhos das gentes, e
perfeito nos teus caminhos desde o êles habitarão na sua terra, que eu
10. M orte dos incircuncidados, isto é, morte ignominiosa. P a r a os Judeus os incircun­
cidados eram homens vis.
28 - 29 PROFECIA DE EZEQUIEL 995

dei a meu servo Jacó. 26E habitarão meu, e eu é que o fiz. ,0Por isso eis-
nela sem temor algum, e edificarão me aqui contra ti e contra os teus
casas, e plantarão vinhas, e viverão rios; e transformarei a terra do Egi­
numa inteira segurança, quando eu to em solidão, depois que a guerra a
tiver exercido os meus juízos sôbre tiver assolado, desde a tôrre de Sie-
todos os que são seus adversários em ne até aos confins da Etiópia. “ Não
contorno; e saberão que eu sou o Se­ passará por ela pé de homem, nem
nhor seu Deus. andará nela pé de animal; e não se­
rá habitada durante quarenta anos.
Primeiro oráculo contra o Egito: 12Eu farei do pais do Egito um
o crocodilo deserto no meio de outros países
desertos, e as suas cidades ficarão
2 Q 2No ano décimo, no décimo mês, destruídas no meio de outras cida­
aos onze dias do mês, foi-m e des destruídas, e elas estarão deso­
dirigida a palavra do Senhor, a qual ladas durante quarenta anos; e es­
dizia: 2Filho do homem, volta o teu palharei para diversas nações os e-
rosto contra Faraó, rei do Egito, e gípcios, e os disseminarei por várias
profetiza tudo o que está para acon­ terras.
tecer contra êle e contra o Egito. 13Porque isto diz o Senhor Deus:
3Fala e dize: Isto diz o Senhor Deus: Ao fim de quarenta anos, juntarei
Eis que venho contra ti, ó Faraó, os Egípcios do meio dos povos, entre
rei do Egito, dra,;ão enorme, que te os quais tinham sido espalhados;
deitas no meio dos teus rios, e que “ tornarei a trazer os cativos do Egi­
dizes: O rio (Nilo) é meu, e eu sou to, e os estabelecerei na terra de
o que a mim mesmo me criei. 4Eu Faturés, na terra da sua nascença;
te porei um freio nos queixos, e pren­ e êles formarão ali um reino humil­
derei os peixes dos teus rios às tuas de. 15(O E g ito ) será o mais humil­
escamas, e te tirarei do meio des teus de de todos os reinos, e não se tor­
rios, e todos os teus peixes estarão nará mais a levantar sôbre as ou­
pegados às tuas escamas. 5Eu te lan­ tras nações, e os diminuirei, para
çarei para o deserto com todos os que não dominem sôbre elas. 16E não
eixes do teu rio; cairás sôbre a face serão mais motivo de confiança da
a terra; não te levantarão, nem te casa de Israel, ensinando-lhes a ini-
sepultarão; eu te darei por pasto aos qüidade, para que fujam de mim, e
animais da terra e às aves do céu; os sigam; e saberão que eu sou o
°e todos os habitantes do Egito sabe­ Senhor Deus.
rão que eu sou o Senhor, porque tu
fôste para a casa de Israel um bor­ Segundo oráculo contra o Egito:
dão de cana. 7Quando êles te toma­ recompensa de Nabucodonosor
ram na mão, tu te quebraste e lhes
rasgaste todo o ombro; e, quando êles 17E no ano vinte e sete, no primei­
se apoiaram sôbre ti, tu te fizeste em ro dia do primeiro mês, foi-me diri­
pedaços, e quebraste todos os seus gida a palavra do Senhor, a qual di­
rins. zia: 18Filho do homem, Nabucodo­
O Egito ficará deserto durante qua­ nosor, rei de Babilônia, fatigou mui­
renta anos e depois será restaurado to o seu exército na guerra contra
Tiro; tôdas as cabeças ficaram cal­
8Portanto isto diz o Senhor Deus: vas, e todos os ombros ficaram pe­
Eis que vou fazer cair a espada sô­ lados; e contudo, nem a êles, nem ao
bre ti; e matarei dentre vós os ho­ seu exército foi dada recompensa al­
mens e os animais. 8 9*E a terra do guma pelo serviço que me presta­
Egito será reduzida a um deserto e ram contra Tiro. 19Portanto isto diz
a uma solidão; e saberão que eu sou o Senhor Deus: Eis que vou dar
o Senhor; porque tu disseste: O rio é a Nabucodonosor, rei de Babilônia,
Cap. X X IX — 1. N o ano décimo da deportação de Jeconias.
6-7. O profeta censura o Egito por ter excitado Israel à revolta contra os Assírios, Pro-
metendo-lhe auxílio, e por o ter abandonado na ocasi&o do perigo.
14. Terra de Faturés, O alto Egito, ou Tebaida, que tinha sido o bÔrÇo do povo Egípcio.
996 PROFECIA DE EZEQUIEL 29 - 30

o país do Egito; e lhe tomará todo o Egito; e encherão o país de mor­


o povo, e fará dêle a sua prêsa, e tos. 12E secarei o leito dós rios, e en­
repartirá seus despojos; e esta será tregarei o pais nas mãos dos péssi­
a recompensa do seu exército, “ e do mos; e destruirei esta terra, e tudo
serviço que me prestou contra Tiro. o que ela contém pela mão dos es­
Eu lhe dei o país do Egito, porque trangeiros. Eu, o Senhor, é que falei.
êle trabalhou para mim, diz o Se­
nhor Deus. 21Nesse dia reflorescerá o A s suas cidades serão destruídas
poder da casa de Israel, e eu te abri­ 13Isto diz o Senhor Deus: Destrui­
rei a bôca no meio dêles; e saberão rei as estátuas, e aniquilarei os ído­
que eu sou o Senhor. los de Mênfis e não tornará mais
Terceiro oráculo contra o Egito: a haver príncipe da terra do Egito;
a ruína e espalharei o terror pela terra do E -
gito. 14E arruinarei o país de Fatu-
OA 3E foi-m e dirigida a palavra do rés, e porei fogo em Táfnis, e exer­
Senhor, a qual dizia: 2Filho cerei os meus juízos em Alexandria.
dò homem, profetiza e dize: Isto diz 15Derramarei a minha indignação so­
o Senhor Deus: Soltai lamentos (ó bre Pelúsio, baluarte do Egito, e fa ­
Egípcios, dizendo): ai, ai daquele rei morrer a multidão de Alexandria;
dia! 3Porque o dia está perto, e 16e porei fogo ao Egito. Pelúsio sen­
aproxima-se o dia do Senhor; dia de tirá dôres como a mulher que está
trevas, que será a hora (do castigo) para dar à luz, e Alexandria será
das nações. 4A espada (inim iga) v i­ destruída, e Mênfis estará todos os
rá contra o Egito; e o pavor se dias em aflição. 17Os jovens de He-
apossará da Etiópia, quando caírem liópolis e de Bubasto cairão mortos
feridos os Egípcios, e o povo fôr le­ ao fio da espada, e as mulheres serão
vado cativo, e forem destruídos os levadas cativas. lsO dia se fará noite
seus fundamentos. 5A Etiópia, e a em Táfnis, quando eu quebrar ali os
Líbia, e os Lídios, e todos os outros cetros do Egito e acabar nêle a ar­
povos, e Cub, e os filhos da terra rogância do seu poder; uma nuvem
da minha aliança cairão com êles ao o cobrirá, e as suas filhas serão le­
fio da espada. vadas para o cativeiro. 19E exercerei
6Isto diz o Senhor Deus: E os que contra o Egito os meus juízos; e êles
sustinham o Egito cairão, e a sober­ saberão que eu sou o Senhor.
ba do seu império será destruída; Quarto oráculo contra o Egito:
cairão aos golpes da espada no E gi­ os braços de Faraó serão quebrados
to desde Siene, diz o Senhor dos
exércitos. 7E (aquelas regiões) serão 20E aconteceu, no ano undécimo,
assoladas, ficando como outras ter­ no primeiro mês, aos sete do mês,
ras desertas; e as suas cidades de­ que me foi dirigida a palavra do
vastadas. 8E saberão que eu sou o Senhor, a qual dizia: 21Filho do ho­
Senhor, quando eu tiver pôsto fogo mem, eu quebrei o braço de Faraó,
ao Egito, e forem derrotados todos rei do Egito, e eis que não foi pen­
os seus auxiliares. °Naquele dia par­ sado para se lhe restituir a saúde,
tirão em navios mensageiros despa­ nem ligado com panos, nem embru­
chados por mim para abater a arro­ lhado com toalhas, para que, tendo
gância da Etiópia, e haverá terror en­ recobrado a fôrça, pudesse manejar
tre êles no dia (do castigo) do Egito, a espada. “ Portanto isto diz o Senhor
dia que chegará sem dúvida. Deus: Eis-me aqui contra Faraó,
10Isto diz o Senhor Deus: Eu des­ rei do Egito, e esmigalharei o seu
truirei a multidão do Egito pela mul­ braço forte, mas quebrado, e farei
tidão de Nabueodonosor, rei de Ba­ cair a espada da sua mão; 23e dis­
bilônia. “ Êle e o seu povo com êle, persarei os egípcios entre as na­
os mais fortes entre as nações, serão ções e os disseminarei por diversas
levados para assolarem a terra; e de- terras. th(A o mesmo tempo) fo rtifi­
sembainharão as suas espadas contra carei os braços do rei de Babilô-
Gap. XXX — 5. D errota dos principais aliados do Egito.
30 - 31 PROFECIA DE EZEQUIEL 997

nia, e meter-lhe-ei a minha espada altura, nem os plátanos lhe eram


na mão; e quebrarei os braços de Fa­ iguais na sua ramagem; nenhuma
raó, e darão grandes gemidos os que árvore do jardim de Deus se asseme­
forem mortos diante dos seus olhos. lhou a êle, nem à sua formosura.
“ Fortificarei os braços do rei de Ba­°Porque eu tinha-o feito belo pela
bilônia, e os braços de Faraó fica­ quantidade e espessura da sua folha­
rão sem fôrça alguma; e saberão que gem, e tiveram dêle emulação tôdas
eu sou o Senhor, quando eu meter as árvores deliciosas que havia no
a minha espada na mão do rei de jardim de Deus.
Babilônia, e êle a voltar contra a 10Por essa causa isto diz o Senhor
terra do Egito. “ Dispersarei os Egíp­Deus: Porque êste cedro se elevou
cios entre as nações, e disseminá- em altura, e lançou tão alta a ponta
-los-ei por diversas terras, e êles sa­
dos seus verdes e copados ramos, e
berão que eu sou o Senhor. porque o seu coração se elevou por
causa da sua grandeza, neu o entre-
Quinto oráculo contra o Egito: guei nas mãos do mais forte das gen­
o cedro abatido tes, êle o tratará como quiser; eu o
rejeitei, como a sua impiedade o
*E aconteceu, no ano undécimo, merecia. 12E uns estrangeiros, e os
° 1 no terceiro mês, no primei­ mais cruéis de todos os povos o cor­
ro do mês, que me foi dirigida a tarão pelo pé, e o lançarão sobre os
palavra do Senhor a qual dizia: montes, e os seus ramos cairão por
2Filho do homem, dize a Faraó, rei todos os vales e os seus braços serão
do Egito, e ao seu povo: A quem uebrados sôbre todos os rochedos
te comparaste na tua grandeza? 3(D e­ a terra; e todos os povos do mundo
põe êsse orgulho), olha que Assur se retirarão de debaixo da sua som­
era como um cedro sôbre o Líba­ ves dobra, e o abandonarão. 13Tôdas as a-
no, de formosos ramos e frondosas nas, céu habitaram nas suas ruí­
fôlhas, e de sublime altura, e en­ acolheram e todos os animais da terra se
tre a sua densa ramada elevava a 14Por isso debaixo dos seus ramos.
nenhuma das árvores
sua copa. 4As chuvas nutriram-no, plantadas junto das águas se elevará
um grande conjunto de águas fê-lo mais na sua altura, nem elevará
levantar-se muito alto; os seus rios a sua copa entre os espessos arvo­
corriam em tôrno das suas raízes, redos, nem tôdas essas árvores de re-
e faziam passar os seus regatos por gadio se sustentarão na sua eleva­
tôdas as árvores da região. 5Por is­ ção; porque todos foram entregues
so ultrapassou em altura tôdas as à morte, lançados no fundo da ter­
árvores do país; e multiplicaram-se ra, no meio dos filhos dos homens,
os seus braços, e elevaram-se os seus entre aquêles que descem à cova.
ramos por causa das águas abundan­
tes. 6E, como êle estendia a sua som­ 16Isto diz o Senhor Deus: N o dia
bra muito ao longe, tôdas as aves do em que êle desceu aos infernos (ou
céu fizeram os ninhos sôbre os seus ao sepulcro), causei um grande luto,
ramos, e todos os animais dos bos­ eu o cobri do abismo; e detive os
ques criaram debaixo da sua copa, rios que o regavam, e coibi as águas
e um grande número de nações ha­ abundantes; o Líbano se entristeceu
bitava debaixo da sua sombra. 7Era com a sua queda, e tôdas as árvores
formosíssimo pela sua grandeza e do campo estremeceram. 16Eu fiz es­
pela extensão de seus braços; por­ tremecer as nações com o estrondo
que a sua raiz estava perto de á- da sua ruína, quando eu o conduzia
guas abundantes. 8No jardim de Deus à habitação dos mortos com os que
não havia cedros mais altos do que desciam à cova; e consolaram-se no
êle; as faias não igualavam a sua fundo da terra tôdas as árvores de
Cap. X X X I — 8. N o jardim de Deus, isto é, no próprio Eden.
14. Nenhuma das árvores. . . Nenhum dos outros povos ousará orgulhar-se loucamente,
depois de ter visto o castigo de Ninive.
16. Consolaram -se. . . Os reis e os príncipes alegraram -se ao ver a queda do seu vencedor.
998 PROFECIA DE EZEQUIEL 31 - 32

delícias, as mais belas e as melhores 8Farei que todos os luzeiros do céu


do Líbano, todas as que eram rega­ se vistam de luto por ti; e. espalha­
das com as águas. 17Porque também rei as trevas sôbre a tua terra, diz
êsses mesmos desceram com êle à o Senhor Deus, quando os teus fe ri­
habitação dos mortos com os que pe­ dos caírem no meio da terra, diz
receram ao fio da espada; os quais, o Senhor Deus. °Encherei de terror
sendo como que o braço (do re i), es­ o coração de muitos povos, quando
tavam debaixo da sua sombra entre tiver espalhado a nova da tua ruína
as pações. 18A quem te tornaste seme­ entre as nações, em países que tu
lhante (o Faraó), ó árvore ilustre e não conheces. 9 10*Eu farei com que
sublime entre as árvores (do jardim ) muitos povos fiquem atônitos à vis­
de delícias? Eis que, com as árvores ta da tua desgraça, e com que os
seus reis tremam por causa de ti,
(do jardim ) de delícias, fôste precipi­
tado no fundo da terra; dormirás no possuídos dum formidável horror,
meio dos incircuncidados, com os que quando a minha espada começar a
foram mortos à espada. Assim suce­ voar diante da sua face, e, repenti­
derá a Faraó e a tôda a sua gente, namente, cada um tremerá pela sua
diz o Senhor Deus. própria vida, no dia da tua ruína.
“ Porque isto diz o Senhor Deus:
Lamentações sobre Faraó A espada do rei de Babilônia virá
sôbre ti. 12Com as espadas dos fortes
OO aconteceu que, no ano duo- (Caldeus) desfarei as tuas numero­
décimo, no primeiro dia do sas tropas; todos êstes povos são
mês duodécimo foi-me dirigida a pa­ invencíveis: êles destruirão a sober­
lavra do Senhor, a qual dizia: 2Filho ba do Egito, e tôda a sua multidão
do homem, entoa uma lamentação será dissipada. 13E farei perecer to­
sôbre Faraó, rei do Egito, e dir-lhe- dos os seus animais que pascem na
-ás: Tu te assemelhaste ao leão das margem das suas abundantes águas,
gentes, e ao dragão que está no mar, e não as turvará jamais pé de ho­
tu ferias com as pontas tudo o que mem, nem unha de animais as enlo-
estava nos teus rios, e turbavas as dará. 14Então tornarei puríssimas as
águas com os teus pés, e agitavas suas águas, e farei correr os seus
as suas correntes. 3Por cuja causa rios como o azeite, diz o Senhor
isto diz o Senhor Deus: Eu estende­ Deus, 15quando eu tiver desolado a
rei sôbre ti a minha rêde por meio terra do Egito, quando todo o país
duma multidão imensa de povos, e estiver despojado dos bens que con­
eu te tirarei para fora na minha rê­ têm, quando eu tiver ferido todos os
de. 4Eu te arrojarei em terra, lançar- seus habitantes; e êles saberão que
-te-ei sôbre a face do campo, e fa­ eu sou o Senhor. 16Esta é a lamen­
rei pousar sôbre ti tôdas as aves tação com que se hão de lamentar;
do céu, e fartarei em ti todos os entoá-la-ão as filhas das nações; en­
animais da terra. 6Espalharei as toá-la-ão sôbre o Egito e sôbre a
tuas carnes sôbre os montes, e enche­ sua multidão, diz o Senhor Deus.
rei os outeiros do teu sangue podre.
6Regarei a terra das montanhas com Lamentações sôbre o povo egípcio
o teu fétido sangue, e os vales fica­ 17E aconteceu que, no ano duodé­
rão cheios (do que tiver saído) de ti. cimo, aos quinze do mês, me foi di­
7Eu escurecerei o céu quando fo ­ rigida a palavra do Senhor a qual
res morto, e farei enegrecer as suas dizia: 18Filho do homem, canta um
estréias; encobrirei o sol com uma cântico lúgubre sôbre todo o povo do
nuvem, e a lua não dará a sua luz. Egito; e (vaticinando) precipita-o, a
9. Muitos povos, vendo 6ste desastre dum povo mais poderoso do que êles, tremerão por
si próprios.
14. Estando o Egito reduzido a um a solidão, nem homem nem anim al tu rbará as suas
águas, que correrão calm as e límpidas.
16. A s filhas das nações, sus outras naçôes pagãs.
18. A queda do poder egípcio é apresentada sob a im agem dum a descida do Egito ‘à
habitação dos mortos.
32 - 33 PROFECIA DE EZEQUIEL 999

ôlo e às filhas das nações fortes, no te ( gloriosa) dos valentes incircun­


fundo da terra com aquêles que des­ cidados, que pereceram e baixaram
cem à cova. 19Em que és tu (ô povo à habitação dos mortos (adornados)
Egípcio) mais respeitável (que os ou- com suas armas, e debaixo de cujas
tro s f). Desce, e dorme com os cabeças foram colocadas as suas es­
Incircuncidados. “ Êles cairão no meio padas, jazendo dêste modo com os
daqueles que foram mortos à espa­ seus ossos os instrumentos das suas
da; foi dada a espada (p or Deus aos iniqüidades, com que foram o ter­
Caldeus); levaram após de si o Egi­ ror dos fortes na terra dos vivos.
to e todos os seus povos. 21Do meio 28Tu, pois, (Ô E g ito ) serás também
da habitação dos mortos lhe falarão esmagado no meio dos incircuncida­
os mais poderosos dentre os fortes, dos, e dormirás com os que foram
que lá desceram com os que tinham passados ao fio da espada.
vindo em seu socorro, e que, tendo 29Ali está a Iduméia, e os seus reis,
sido passados ao fio da espada, mor­ e todos os seus capitães, que, com o
reram incircuncidados. seu exército foram postos entre a-
22A li está Assur e tôda a sua mul­ quêles que foram mortos à espada,
tidão de povo; os seus sepulcros es­ e que dormiram com os incircunci­
tão ao redor dêle; todos êles foram dados e com os que descem à cova.
mortos, caíram a golpes de espada. 30Ali estão todos os príncipes do
2aOs seus sepulcros foram postos no aquilão, e todos os caçadores, que
mais profundo da cova, e todo o seu foram conduzidos com os que tinham
povo jaz ao redor do seu sepulcro; sido mortos; estão tremendo e con­
morreram todos à espada, êstes que fusos, apesar da sua valentia; mor­
noutro tempo tinham espalhado o reram incircuncidados com os que
terror na terra dos vivos. tinham perecido a golpes da espada,
24Ali está Elam e todo o seu povo também êles levaram sôbre -si a sua
ao redor do seu sepulcro; todos estes confusão com os que descem à cova.
foram mortos e passados ao fio da 31Faraó os viu. e consolou-se acêr-
espada, e desceram incircuncidados ca de tôda a sua multidão que foi
ao mais profundo da terra, êstes morta ao fio» da espada; Faraó (os
que (antes) loram o terror de to­ v iu ) e todo o seu exército, diz o
dos na terra dos vivos, e levaram so­ Senhor DeuS. 32Porque eu espalhei
bre si a ignomínia com os que des­ o terror sôbre a terra dos vivos; e
cem à cova. 25No meio dos que foram no meio dos incircuncidados, com os
mortos foi colocado o leito para êle ue tinham sido mortos pela espada,
e para todos os seus povos, que es­ ormiu Faraó e todo o seu povo,
tão sepultados ao redor dêle: os seus diz o Senhor Deus.
sepulcros estão ao redor dêle; to­
dos êstes são incircuncidados, e fo ­ N ova missão de Ezequiel, sentinela na
ram passados ao fio da espada, por­ casa de Israel
que espalharam o terror na terra dos
vivos, e levaram sôbre si a ignomí­ 9 0 7E foi-me dirigida a palavra do
nia com os que descem à cova; (por Senhor, a qual dizia: 2Fiího
isso) foram postos no meio dos que do homem, fala aos filhos do teu
tinham sido mortos. povo, e lhes dirás: Quando eu ti­
26Ali se acham Mosoc e Tubal, e ver feito vir a espada sôbre um pais
todo o seu povo; os seus sepulcros e o povo dêsse país tomar um ho­
estão ao redor dêle; todos êstes são mem dos ínfimos dentre êles, e o
incircuncidados, e foram mortos, e constituir sentinela para vigiar sô­
caíram debaixo da espada, porque es­ bre êles, 3e esta sentinela, vendo vir
palharam o ’ terror na terra dos v i­ a espada sôbre o país, tocar a trom-
vos. 270 M
1
3
* as não morrerão com a mor­ beta e avisar disto o povo; 4se aquêle,
27. Com suas arm as. . . Alusão ao costume de colocar junto dos cadáveres dos heróis
as arm as de que se tinham servido com tanta g ló ria; honra vá, que náo chegaram a ter
os ossos de Elm an, Mosoc, etc.
30. Todos os caçadores. Segundo o hebreu: Todos os sidônios.
31. E consolou-se. v e r nota X X X I, 16.
1000 PROFECIA DE EZEQUIEL 33

quem quer que fôr, que ouvir o som justiça, cometer a iniqüidade, tôdas
da trombeta não se puser a salvo, e as suas obras de justiça serão pos­
sobrevier a espada e o matar, o seu tas no esquecimento, e êle morre­
sangue cairá sôbre a sua cabeça. 5Ou- rá na iniqüidade que cometer. 14Se,
viu o som da trombeta, e não se porém, eu tiver dito ao ímpio: Tu
pôs a salvo, somente êle é que tem certissimamente morrerás, e êle fi­
a culpa; mas, se se puser em lugar zer penitência do seu pecado, e pra­
seguro, salvará a sua vida. 6Mas, se ticar obras boas e justas, 15se êsse
a sentinela vir que vem a espada ímpio restituir o penhor que lhe foi
e não tocar a trombeta, e o pòvo confiado, e se tornar ao dono o que
se não puser a salvo, e vier a espa­ roubou, se andar nos mandamentos
da, e tirar a vida a um deles; êste da vida e não fizer nada de injus­
tal foi por certo surpreendido na sua to; êle viverá certissimamente, e
miqüidade, mas eu pedirei contas do não morrerá; 16nenhum dos pecados
seu sangue à sentinela. que cometeu lhe será imputado; pra­
7Ora tu, filho do homem, és aquê- ticou o que era reto e justo, e assim
le a quem eu constituí por senti­ certissimamente viverá.
nela na casa de Israel; tu, pois, ou­ 17Mas os filhos do teu povo repli­
vindo as palavras da minha bôca, caram: O caminho do Senhor não é
lhas anunciarás a êles da minha par­ justo; e o proceder dêles é que é
te. sSe, dizendo eu ao ímpio: fmpio, injusto. 18Porque, quando o justo se
tu infalivelmente morrerás, se tu não apartar da sua justiça e cometer
falares ao ímpio, para êle se afas­ obras de iniqüidade, encontrará ne­
tar do seu (m au) caminho, morrerá la a morte. 19Pelo contrário, quan­
êsse ímpio na sua iniqüidade, mas eu do o ímpio deixar a sua impieda­
pedir-te-ei contas do seu sangue. de, e praticar obras de retidão e
9Mas se, admoestando tu o ímpio justiça, encontrará nelas a vida. “ Ain­
para que se converta dos seus cami­ da assim vós dizeis: O caminho do
nhos, êle não se converter, morrerá Senhor não é reto. O’ casa de Is­
na sua iniqüidade, e tu livraste a rael, eu hei de julgar cada um de
tua alma. vós segundo as suas obras.
Convida o povo à penitência Notícia da tomada de Jerusalém

10Tu, pois, filho do homem, dize à 21E aconteceu que, no ano duodé-
casa de Israel: Assim falastes vós, cimo da nossa transmigração, no dé­
dizendo: As nossas iniqüidades e os cimo mês, aos cinco do mês, um ho­
nossos pecados estão sôbre nós, e mem, que tinha fugido de Jerusa­
por causa dêles nos vamos consu­ lém, veio ter comigo, e me disse: A
mindo; como poderemos nós, pois, cidade foi devastada. 22Ora a mão do
(ainda) viver? “ Dize-lhes: Juro, diz Senhor tinha-se-me dado a sentir
o Senhor Deus, que não quero a mor­ na tarde anterior à chegada do fu­
te do ímpio, mas sim que se con­ gitivo; e o Senhor tinha-me aber­
verta do seu mau proceder, e viva; to a bôca antes que êsse homem
Convertei-vos, convertei-vos, deixan­ viesse ter comigo pela manhã, e, ten-
do os vossos péssimos caminhos; e do-me sido aberta a bôca, não fi-
por que haveis de morrer, ó vós quei em silêncio.
da casa de Israel? N ão serão salvos os que ficaram
12Tu, pois, filho do homem, dize na Palestina
aos filhos do teu povo: Em qual­
quer dia em que o justo pecar, a 23E foi-me dirigida a palavra do
sua justiça não o livrará; e em qual­ Senhor, a qual dizia: 24Filho do ho­
quer dia em que o ímpio se conver­ mem, os que habitam entre essas
ter da sua impiedade, a impiedade ruínas da terra de Israel, falam dês-
não lhe fará mal; e em qualquer te modo: Abraão era um só homem,
dia em que o justo venha a pecar, e êle possuiu esta terra por herança;
êle não poderá viver na sua justiça. nós, porém, somos muitos, a nós é
13Ainda quando eu disser ao justo que foi dada esta terra para a pos-‘
que terá vida, se êle, confiado na sua suirmos. 25Dir-lhes-ás portanto: Isto
33 - 34 PROFECIA DE EZEQUIEL 1001

diz o Senhor Deus: Vós que comeis de acontecer), então saberão que hou­
(carnes) com sangue, e levantais os ve um profeta entre êles.
olhos para os vossos ídolos, e que
derramais o sangue (humano), por­ O m a u s p a s to re s de I s r a e l
ventura haveis de possuir esta ter­
ra como herança vossa? 26Vós esti­ 2E foi-me dirigida a palavra
vestes sempre apoiados sôbre as vos­ **’ do Senhor, a qual dizia: 2Fi-
sas espadas, cometestes abominações, lho do homem, profetiza acêrca dos
e cada um de vós violou a mulher do pastores de Israel; profetiza, e dize
seu próximo; e então haveis de pos­ aos pastôres: Isto diz o Senhor Deus:
suir esta terra como herança? 27Tu A i dos pastôres de Israel, que se
lhes dirás: Assim diz o Senhor Deus: apascentam a si próprios! Porventu­
Juro que aquêles que habitam entre ra não são os rebanhos os que de­
as ruínas (de Jerusalém), perecerão vem ser apascentados pelos pastôres?
à espada; e os que estão nos cam­ 3Vós lhes comeis o leite, e vos ves­
pos, serão entregues às feras para tis das suas lãs, e matais as reses
que os devorem; e os que se aco­ mais gordas, mas não apascentais o
lheram aos lugares fortes e às caver­ meu rebanho. “Não fortalecestes as
nas, morrerão de peste. ^E redu­ ovelhas débeis, e não curastes as
zirei esta terra a uma solidão e enfêrmas, não ligastes os membros
a um deserto, e terminará a sua al­ às que tinham algum quebrado, e
tiva fortaleza; e os montes de Is­ não fizestes voltar- as desgarradas,
rael serão desolados, sem que haja nem buscastes as que se tinham per­
pessoa alguma que passe por êles. dido; mas domináveis sôbre elas com
^E saberão que eu sou o Senhor, aspereza e com prepotência. 5Assim
quando eu tiver reduzido o seu país as minhas ovelhas se dispersaram,
a uma solidão e a um deserto, em por não terem pastor, e tornaram-se
castigo de tôdas as abominações que a prêsa de tôdas as feras do campo,
cometeram. e desgarraram-se. °Õs meus rebanhos
erraram por todos os montes e por
Atitude dos ouvintes do profeta todos os outeiros elevados; os meus
rebanhos dispersaram-se por tôda
30Quanto a ti, filho do homem, os a face da terra, e sem haver nin­
filhos do teu povo, que falam de ti guém que as buscasse; sem haver
junto dos muros e às portas de suas ninguém, digo, que as buscasse.
casas, dizem uns para os outros, ca­ Deus os destituirá
da um falando com o seu vizinho:
Vinde, e ouçamos qual é a palavra 7Por isso, ó pastôres, ouvi a pala­
que sai da boca do Senhor ( por vra do Senhor: 8Juro, diz o Senhor
meio do profeta). 31Vêm ter conti­ Deus, que, porque os meus rebanhos
go, como um povo que se junta em foram entregues à rapina, e as mi­
bandos, e sentam-se diante de ti os nhas ovelhas expostas a serem de­
do meu povo; ouvem as tuas pala­ voradas por tôdas as feras do cam­
vras, mas não as põem em prática, po, por falta de pastor; porque os
porque as convertem em assunto das meus pastôres não buscaram o meu
suas canções, enquanto que o seu rebanho, mas só cuidavam em se
coração segue a sua avareza. 32E tu apascentar a si mesmos, e não em
para êles és como uma ária de mú­ apascentar os meus rebanhos; 9ou-
sica, que se canta por um modo doce vi portanto, ó pastôres, a palavra
e agradável; ouvem as tuas palavras do Senhor: 10Isto diz o Senhor Deus:
(com gôsto), mas não as põem em Eis eu mesmo vou pedir contas a
prática. 33Mas, quando suceder o que êsses pastôres do meu rebanho, e a-
foi predito, (e eis que está a ponto cabarei com êles para que nunca
Cap. X X X I v — 2. Pastôres de Is ra e l os depositários da autoridade civil e religiosa,
reis, magistrados, sacerdotes e profetas. — Que se apascentam. .. que usam do poder em seu
próprio interêsse, que exploram para si as riquezas do próximo.
5. Se dispersaram. Alusão às diversas deportações que Israel sofreu, por fa lta dos seus
chefes.
1002 PROFECIA DE EZEQUIEL 34

mais apascentem o rebanho, nem se os vossos pés; e tinham de beber do


apascentem jamais a si próprios; e que os vossos pés tinham turvado.
livrarei o meu rebanho da sua boca, 20Portanto, isto vos diz o Senhor Deus:
e êle não lhes servirá mais de co­ Eis que eu mesmo julgarei entre ove­
mida. lhas gordas e ovelhas magras. 21Visto
O Messias é o bom pastor que vós atropeláveis com os vossos
costados e ombros' tôdas as ovelhas
“ Porque isto diz o Senhor Deus: fracas, e (com o touros) com as vos­
Eis que eu mesmo irei buscar as m i­ sas pontas as lançáveis pelos ares, até
nhas ovelhas, e as visitarei. 12Assim ao dispersar por fora, 22*eu salvarei
como um pastor visita o seu rebanho o meu rebanho, e êle não ficará ex­
no dia em que se acha no meio das posto à pilhagem, e julgarei entre
suas ovelhas (depois que andaram) ovelhas e ovelhas.
desgarradas, assim eu visitarei as 23E suscitarei sôbre elas um único
minhas ovelhas, e as livrarei de to­ pastor que as apascente, o (descen­
dos os lugares por onde tinham an­ dente do) meu servo Davi; êle mes­
dado dispersas no dia de neblina mo as apascentará e será o seu pas­
e de escuridão. 13Eu as tirarei den­ tor. 24E eu, o Senhor, serei o seu
tre os povos, e as juntarei de diver­ Deus; e o meu servo Davi será prín­
sos países, e as introduzirei na sua cipe no meio delas; eu, o Senhor, o
terra; e apascentá-las-ei sôbre os disse.
montes de Israel, ao longo das ribei­ 23E farei com elas uma aliança de
ras, e em todos os lugares habitáveis paz, e exterminarei do país os ani­
do país. 14Eu as levarei a pastar mais ferozes; e os que habitam no
nas pastagens mais férteis; e os altos deserto dormirão seguros no meio
montes de Israel serão lugar da dos bosques. 26E pô-los-ei ao redor
sua pastagem; lá repousarão sôbre da minha colina para os abençoar,
as verdes relvas, e pastarão sôbre e farei cair as chuvas a seu tempo,
os montes de Israel em abundantes e serão chuvas de bênção. 27E as ár­
pastagens. 15Apascentarei ( eu mes­ vores do campo darão o seu fruto, e
m o) as minhas ovelhas, e as farei a terra dará o seu germe, e as mi­
repousar, diz o Senhor Deus. 16Irei nhas ovelhas habitarão sem tem or
procurar as que se tinham perdido, no seu pais; e elas saberão que eu
e farei voltar as que andavam des­ sou o Senhor, quando eu tiver que­
garradas, e ligarei os membros às brado as cadeias do seu jugo, e as
que tinham algum quebrado e for­ tiver arrancado das mãos daqueles
talecerei as que estavam fracas, e que as dominavam; 28e não serão
conservarei as que estavam gordas mais a prêsa das nações, nem os
e fortes, e as apascentarei com jus­ animais da terra as devorarão; mas
tiça. habitarão com tôda a segurança, sem
“ Mas vós, rebanhos meus, isto diz terem nada que temer. 29E farei bro­
o Senhor Deus: Eis que julgarei en­ tar para elas uma vegetação de
tre rebanho e rebanho, entre carnei­ grande nomeada; e não tornarão a
ros e bodes. 1 78Porventura não vos ser consumidas pela fome sôbre a
bastava ter pastagens excelentes? terra, nem trarão mais sôbre si o
Porém vós calcastes aos pés o resto opróbrio das nações. 30E saberão que
dos vossos pastos; e, depois de terdes eu, o Senhor seu Deus, estarei com
bedido água limpíssima, turvastes o êles, e êles, os da casa de Israel, se­
resto com os vossos pés. 19*Assim as rão o meu povo, diz o Senhor Deus.
minhas ovelhas tinham de se apas­ 31Vós, porém, rebanhos meus, vós, os
centar do que tinha sido pisado com rebanhos da minha pastagem, sois
17. Julgarei, farei um a seleção.
18. Quando o rebanho é conduzido ao pasto ou à água, as ovelhas mais fortes não avan ­
çam em primeiro lugar, afastando as mais fracas, m as também danificam o pasto ou a
águ a que devia ficar para elas; imagem dos grandes, que não se contentavam com gozar os
bens do país, mas que privavam dêles os que não se podiam defender.
23, U m único ^pastor, o Messias.
26. Minha colina, o monte de Si&o.
34 - 36 PROFECIA DE EZEQUIEL 1003

homens e eu sou o Senhor vosso ra, eu te reduzirei a uma solidão.


Deus, diz o Senhor Deus. 15Assim como te regozijaste acêrca da
herança da casa de Israel, porque foi
A Iduméia será desolada pelo mal destruída, assim eu te tratarei a ti;
<rue fêz a Israel serás arruinado, monte de Seir, e
O C 2E foi-me dirigida a palavra tôda a Iduméia, e saberão que eu
do Senhor, a qual dizia: 2Fi- sou o Senhor.
lho do homem, volta o teu rosto
para o monte de Seir e profetiza con­ A terra de Israel será limpa
dos pagãos
tra êle, e dize-lhe: 3Isto diz o Se­
nhor Deus: Eis que venho ter conti­ 0£J JTu, porém, filho do homem,
go, ó monte de Seir, e estenderei a ° u profetiza acêrca dos montes de
minha mão sobre ti, e tornar-te-ei de­ Israel, e dize-lhes: Montes de Israel,
solado e deserto. 4Destruirei as tuas ouvi a palavra do Senhor: 2Isto diz
cidades, e ficarás deserto, e saberás o Senhor Deus: Porque o inimigo
que eu sou o Senhor. disse de vós: Bem feito, estas altu­
5Porque fôste um inimigo eterno ras eternas (de Israel) foram-nos da­
dos filhos de Israel, e os entregaste das como herança; 3por isso profe­
à espada do tempo da sua aflição, tiza, e dize: Isto diz o Senhor Deus:
quando a sua iniqüidade tinha che­ Porque tendes sido desolados e pisa­
gado ao extremo. °Por isso juro, diz dos aos pés por tôdas as partes, e vos
o Senhor Deus, que te entregarei ao tornastes a herança das outras na­
sangue, e o sangue te perseguirá, e ções, e andastes na bôca de todos,
porque tu aborreceste o sangue, o feitos o escárnio da plebe; 4por causa
sangue te perseguirá. 7Tornarei o disso, ouvi, montes de Israel, a pala­
monte de Seir desolado e deserto, e vra da Senhor Deus: Isto diz o Se­
desviarei dêle todos os que vão e nhor Deus aos montes e aos outeiros,
vêm. 8E encherei os seus montes dos às torrentes e aos vales, e aos deser­
seüs mortos; cairão passados à espa­ tos, às casas arruinadas e às cidades
da sôbre os teus outeiros e nos teus desamparadas, que foram despovoa­
vales e nas tuas torrentes. 9Reduzir- das e insultadas pelos outros povos ao
-te-ei a solidões eternas, e as tuas redor*. 5Por isso, isto diz o Senhor
cidades não serão mais habitadas; e Deus: Sim, foi no ardor do meu
vós sabereis que eu sou o Senhor zêlo que falei contra as outras na­
Deus. ções e contra tôda a Iduméia, as
10Porquanto tu disseste: Duas na­ quais se apropriaram da minha terra,
ções e dois países serão meus, e eu com gôzo e de todo o coração e von­
os possuirei como minha herança, tade, e lançaram fora dela os habi­
sendo que o Senhor estava lá presen­ tantes para a saquearem; °portanto,
te; upor essa razão, juro, diz o Se­ profetiza sôbre a terra de Israel, e
nhor Deus, que te hei de tratar con­ dirás aos montes e aos outeiros, aos
forme a ira e o ciúme que sempre cabeços e aos vales: Isto diz o Senhor
mostraste no teu ódio contra os Is­ Deus: Eis que falei no meu zêlo e
raelitas, e que rne farei conhecer por no meu furor, pelo motivo de terdes
meio dêles, quando eu tiver julgado. sofrido os insultos das nações. 7Por
12E saberás então que eu, o Senhor, isso, isto diz o Senhor Deus: Levantei
ouvi todos os insultos que proferiste a minha mão, (jurando) que as na­
contra os montes de Israel, dizendo: ções que estão em tôrno de vós, essas
São uns montes desertos, que nos fo ­ mesmas levem sôbre si a sua confu­
ram dados para nós os devorarmos são.
(como uma prêsa). 13E os levantastes Depois de restaurada, habitá-la-ão
contra mim com a vossa bôca, e pro­ os Israelitas
nunciastes contra mim as vossas pa­
lavras; eu as ouvi. 14Isto diz o Se­ 8E vós, montes de Israel, estendei
nhor Deus: Com júbilo de tôda a ter­ os vossos ramos, e dai o vosso fruto
Cap. X XXV — 2. M o n te de S e i r , ou Iduméia.
10. D u a s n a ç õ e s e d o is p a ís e s , os reinos de Judá e de Israel.
1004 PROFECIA DE EZEQUIEL 36
ao meu povo de Israel, porque está santo nome, o qual a casa de Israel
para voltar (do cativeiro). 9Eis que tinha desonrado entre as nações, pa­
venho a vós, e me voltarei para vós, ra onde tinha ido.
e sereis lavrados, e recebereis a se­
mente. 10E multiplicarei em vós os Israel será repatriado e renovado
homens e tôda a casa de Israel; e as 22Por isso tu dirás à casa de Israel:
cidades serão habitadas, e os lugares Isto diz o Senhor Deus: Não é por
arruinados serão restabelecidos. nE amor de vós, casa de Israel, que eu
vos encherei de homens e de animais; farei o que estou para fazer, mas é
e êles se multiplicarão e crescerão; e por atenção ao meu santo nome* que
farei que sejais habitados como dan­ vós tendes desonrado entre as nações
tes, e vos darei bens ainda maiores para onde fôstes. “ E eu santificarei
que, os que tivestes no vosso princí­ o meu grande nome, que foi profa­
pio; e sabereis que eu sou o Senhor. nado entre as nações, o qual vós de­
12E farei vir sôbre vós homens, o sonrastes no meio delas, a fim de que
meu povo de Israel, e êles vos pos­ as nações saibam que eu sou o Se­
suirão como sua herança; e sereis a nhor, diz o Senhor dos exércitos,
sua herança, e não estareis jamais quando eu tiver sido santificado a
sem êles. 13Isto diz o Senhor Deus: seus olhos no meio de vós. 24Porque
Já que dizem de vós que sois uma eu vos tirarei dentre as nações, e
terra que devora homens, e que. su­ vos congregarei de todos os países,
foca a sua gente; 14por isso (6 Is­ e vos trarei para a vossa terra. “ E
rael) tu não devorarás mais os ho­ derramarei sôbre vós uma água pura,
mens, nem matarás mais a tua gen­ e vós sereis purificados de todas as
te, diz o Senhor Deus. 15Eu farei vossas imundícies, e eu vos purifi­
que não se ouçam mais em ti os in­ carei de todos os vossos ídolos. 26E
sultos das nações, e não levarás mais dar-vos-ei um coração novo, e porei
sôbre ti o opróbrio dos povos, nem um novo espírito no meio de vós;
perderás mais a tua gente, diz o Se­ e tirarei da vossa carne o coração de
nhor Deus. pedra, e dar-vos-ei um coração de
Israel foi disperso pelos seus pecados carne. 27E porei o meu espírito no
meio de vós, e farei que andeis nos
#16E foi-me dirigida a palavra do meus preceitos, e que guardeis as mi­
Senhor, a qual dizia: 17Filho do ho­ nhas leis, e que as pratiqueis. 28E ha­
mem, os da casa de Israel habitaram bitareis na terra que eu dei a vos­
na sua terra, e contaminaram-na com sos pais; e vós sereis o meu povo,
as suas obras e com os seus afetos; e eu serei o vosso Deus.
o seu caminho tornou-se diante de Deus será conhecido pelas nações
mim como a imundície da mulher e por Israel
menstruada. 18E eu então derramei a
minha indignação sôbre êles, por 29E eu vos purificarei de tôdas as
causa do sangue que derramaram sô­ vossas imundícies; e farei vir o trigo
bre a terra, e dos seus ídolos com e o multiplicarei, e não trarei a fome
que a contaminaram. 19E eu os dis­ sôbre vós. 30E multiplicarei o fruto
persei entre as nações, e foram dis­ das árvores, e as produções dos cam­
seminados para várias terras; eu os pos, para que não tragais mais sôbre
julguei segundo os seus caminhos, e vós o opróbrio da fome entre as na­
segundo as suas obras. ções. 31E então vos recordareis dos
ME, tendo chegado às nações para vossos péssimos caminhos e dos vos­
onde foram (dispersos), desonraram sos afetos depravados; e as vossas
o meu santo nome, quando se dizia iniqüidades e os vossos crimes vos de­
dêles: Êste é o povo do Senhor, e sagradarão. 32Não é por amor de
êstes são os que saíram da sua terra. vós que eu farei isto, diz o Senhor
21E eu perdoei-lhes por amor do meu Deus, sabei-o; confundi-vos e enver-
Cap. X X X V I — 25-27. Os que forem admitidos no reino de Deus serão purificados, não
só por ritos externos, mas também no mais intimo do seu coração; Deus, por meio do
seu Espirito, os transform ará, e lhes comunicará um a perfeita docilidade &s suas leis.
36 - 37 PROFECIA DE EZEQUIEL 1005

gonhai-vos dos excessos da vossa v i­ nhor Deus a êstes ossos: Eis $ue vou
da, casa de Israel. infundir em vós espírito, e vos vive­
3iTsto diz o Senhor Deus; N o dia reis. 6Porei sôbre vós nervos, e fa ­
em que eu vos tiver purificado de rei crescer carnes sôbre vós, e sôbre
tôdas as vossas iniqüidades e tiver vós estenderei pele, e dar-vos-ei espí­
feito povoar as vossas cidades, e res­ rito, e vós vivereis, e sabereis que
tabelecer os lugares arruinados, 34e eu sou o Senhor.
quando a terra deserta, que outrora 7Eu, pois, profetizei como o Senhor
estava desolada aos olhos do vian- me tinha mandado, e, enquanto eu
dante, fôr cultivada, 35dir-se-á: Esta profetizava, ouviu-se um ruído, e de­
terra, que estava inculta, tornou-se pois fêz-se um reboliço; e os ossos
um como jardim de delícias; e as ci­ aproximaram-se uns dos outros, pon­
dades que estavam desertas e aban­ do-se cada um na sua juntura. 8E
donadas e arruinadas, encontram-se olhei, e eis que se formaram sôbre
já restauradas e fortificadas. 3eE tô­ êles nervos e carnes para os revestir,
das as nações que tiverem ficado à e a pele se estendeu por cima; mas
roda de vós saberão que eu, o Senhor, êles não tinham o espírito (ou vida).
restabeleci os lugares arruinados, e 9Então disse-me o Senhor: Profetiza
cultivei os incultos, e que eu, o Se­ ao espírito; profetiza, filho do ho­
nhor, o disse e o executei. mem, e dize ao espírito: Isto diz o
Senhor Deus: Espírito, vem dos qua­
Os Israelitas serão multiplicados tro ventos, e sopra sôbre êstes mor­
37Isto diz o Senhor Deus: Ainda tos, e revivam. 10Profetizei, pois, co­
nisto me acharão favorável os da ca­ mo o Senhor me tinha ordenado, e
sa de Israel, e eu lhes farei esta mer­ o espírito entrou nêles, e viveram; e
cê: Multiplicá-los-ei como um reba­ levantaram-se sôbre seus pés; era
nho de homens, 38como um rebanho um exército numeroso em extremo.
santo, como o rebanho de Jerusa­ 11E disse-me o Senhor: Filho do ho­
lém nas suas festas; assim é que as mem, todos êstes ossos são a casa de
cidades que estavam desertas serão Israel. Êles dizem: Os nossos ossos
cheias de rebanhos de homens, e êles tornaram-se secos, e a nossa espe­
saberão que eu sou o Senhor. rança perdeu-se, e nós somos (já ra­
mos) cortados. “ Profetiza, pois, e di­
Visão dos ossos ressequidos, ze-lhes: Isto diz o Senhor Deus: P o­
símbolo da ressurreição vo meu, eis que vou abrir os vossos
túmulos, e tirar-vos-ei dos vossos se­
0*7 7A mão do Senhor veio sobre pulcros, e vos introduzirei na terra
j 1 mim, e me tirou para fora de Israel. 13E vós sabereis, povo meu,
em espírito do Senhor, e deixou-me que eu sou o Senhor, quando eu tiver
no meio dum campo que estava cheio aberto os vossos sepulcros, e vos tiver
de ossos, 2e fêz-me dar uma volta em tirado dos vossos túmulos, 14e tiver
roda dêies; eram muito numerosos, infundido o meu espírito em vós, e
estendidos sobre a superfície do cam­ vós tiverdes recobrado a vida, e vos
po, e todos extremamente secos. 3En- fizer repousar sobre a vossa terra; e
tão disse-me (o Senhor): Filho do vós sabereis que eu, o Senhor, é que
homem, porventura julgas que êstes falei e o executei, diz o Senhor
ossos possam reviver? E eu respon- Deus.
di-lhe: Senhor Deus, tu o sabes. 4E Reunião das tribos
êle me disse: Profetiza acêrca dêstes Promessas messiânicas
ossos, e dir-lhes-ás: Ossos secos, ouvi a
palavra do Senhor. 5Isto diz o Se­ 15E foi-me dirigida a palavra do
Gap. X X X V I I — 1-14. v is ã o destinada a reconfortar muitos Judeus que, estando con­
vencidos de que Israel tinha terminado p ara sempre, punham em dúvida a veracidade das
palavras do profeta.
1. A m ã o , . . Fórm ula solene, que indica a influência irresistível exercida por Deus sô­
bre o profeta. — E m espirito. . . em êxtase.
7. U m ruído. . . que os ossos fizeram , quando se agitaram para se aproxim ar uns doa
outros.
1006 PROFECIA DE EZEQUIEL 37 - 3 »

Senhor, a qual dizia: 16E tu, ó filho farei com êles uma aliança de paz;
do homem, toma um pedaço de tá- a minha aliança com êles será eter-
bua, e escreve sobre ela: A favor de na; e os estabelecerei solidamente, e
Judá e a favor dos filhos de Israel, os multiplicarei, e porei para sempre
seus companheiros; e toma outro pe- o meu santuário no meio dêles. 27E
daço de tábua, e escreve nela: Por o meu tabernáculo estará entre êles;
José, lenho de Efraim, e por tôda a e eu serei o seu Deus, e êles serão o
casa de Israel e dos seus companhei- meu povo. 28E as nações saberão que
ros. 17Depois junta êstes dois peda- eu sou o Senhor, o santificador de
ços de tábua um ao outro para os Israel, quando o meu santuário esti-
unir; e êles ficarão sendo na tua ver para sempre no meio dêles.
mão um só pedaço de tábua.
18E, quando os filhos do teu povo Gog: prepara-se para a guerra
te falarem, dizendo: Não nos expli- contra Israel
carás tu o que queres dizer com isto?
19tu lhes responderás: Isto diz o Se- foi-m e dirigida a palavra do
nhor Deus: Eis que vou tomar a vara Senhor, a qual dizia: 2Filho
de José, que esta na mão de Efraim, do homem, volta o teu rosto para
e as tribos de Israel, que lhe estão Gog, para a terra de Magog, para o
unidas, e pô-las-ei juntas com a vara príncipe e chefe de Mosoc e de Tu-
de Judá, e fá-las-ei juntar numa só bal; e profetiza acêrca dêle; 3e lhe
vara (ou c e tr o ); e serão uma só vara dirás: Isto diz o Senhor Deus: Eis
na sua mão. "E terás na tua mão <lue venho contra ti, Gog, príncipe e
diante de seus olhos êstes dois peda- chefe de Mosoc e de Tubal; 4eu te
ços de tábua, sôbre que escreveres, levarei para onde quiser, e te porei
21E lhes dirás: Isto diz o Senhor um freio nos queixos, e te tirarei
Deus: Eis que vou tomar os filhos Para fora, a ti e a todo o teu exér-
de Israel do meio das nações, para cito, aos cavalos e aos cavaleiros, to-
onde foram, e os juntarei de tôdas dos cobertos de couraças, uma gran­
as partes, e os tornarei a trazer para de multidão de homens, brandindo
a sua terra; 22e formarei dêles uma lanças, e embraçando escudos, e em-
só nação na terra, sôbre os montes punhando espadas. 5Os Persas, os
de Israel, e será um só o rei que os Etíopes e os Líbios estarão com êles,
comande a todos, e nunca mais for- todos cobertos de escudos e de ca­
marão duas nações, nem se dividirão pacetes. °Gomer e tôdas as suas tro-
para o futuro em dois reinos. pas, a casa de Togorma, os habitan-
“ Não se mancharão mais com os f esdo lado do aquilão com tôdas as
seus ídolos, nem com as suas abomi- suas forças, e muitos (outros) povos
nações, nem com tôdas as suas ini- estarão contigo. 7Prepara-te e dis-
qüidades; tirá-los-ei salvos de todos» põe-te com toda essa numerosa mul­
os lugares em que pecaram, e os pu- tidão que se juntou ao redor de ti,
rificarei; e serão o meu povo, e eu € da-lhes as tuas ordens,
serei o seu Deus. 24E o meu servo 8Depois, ao cabo de muitos dias,
Davi reinará sôbre êles, e será um só serás visitado (e castigado); no fim
o pastor de todos êles, observarão as dos anos irás a uma terra que foi
minhas leis, e guardarão os meus pre- salva da espada, e que, sendo tirada
ceitos, e praticá-los-ão. 25E habitarão (a sua população) dentre muitos po-
sôbre a terra que eu dei ao meu ser- vos, foi congregada nos montes de
vo Jacó, na qual vossos pais habi- Israel, que estiveram muito tempo
taram; e habitarão nela, êles e os desertos; terra, cujos habitantes fo-
seus filhos, e os filhos de seus filhos, ram tirados dentre os povos, e todos
para sempre; e o.meu servo Davi se- habitarão nela sem receio. °E, avan-
rá para sempre o seu príncipe. 26E çando, irás a ela como uma tempes-
Cap. X X X v i n — 2. Gog, terra de Magog. N o Gênesis (X , 2) o nome de M agog é cita­
do como sendo um dos sete filhos de Jafet; aqui ê o nome de um a região setentrional, h a ­
bitada pelos Citas, os quais, na sua crueldade, s&g tomados como símbolo da violência con­
tra o povo de Deus, e» na total derrota que spfreram , s&o um sinal profético da derrota d a
iodos os inimigos do nome do Senhor.
3 8 - 39 PROFECIA DE EZEQUIEL 1007

tade e como uma nuvem, para co­ és aquele de quem eu falei nos sécu­
brir a terra, tu e todos os teus es­ los passados, por meio de meus ser­
quadrões e muitos povos contigo. vos, os profetas de Israel, que profe­
10Isto diz o Senhor Deus: Naquele tizaram naqueles tempos que eu te
dia formarás em teu coração altivos faria vir contra êles. 18E naquele
projetos, e maquinarás péssimos de­ dia, no dia da chegada de Gog à ter­
sígnios. ra de Israel, diz o Senhor Deus, a
Orffulho de Goff minha indignação e o meu furor su­
birão. 19E falei no meu zêlo e no
nE dirás: Eu irei contra uma terra fogo da minha ira. Porque naquele
que está sem muros; atacarei homens dia haverá uma grande comoção sô­
em paz e que habitam com seguran­ bre a terra de Israel; 20e os peixes
ça; todos êles têm habitações sem do mar, e as aves do céu, e os ani­
muros, sem ferrolhos nem portas. mais do campo, e todos os répteis que
12(T u irás) para saquear os despojos se movem sôbre a terra, e todos os
e te lançares sôbre a prêsa, para des­ homens que há sôbre a face da ter­
carregares a tua mão sôbre aquêles ra tremerão diante da minha face;
ue tinham sido abandonados, e que e os montes serão deitados abaixo,
epois foram restabelecidos, sôbre e cairão os vaiados (ou baluartes),
um povo que foi congregado do meio e tôdas as muralhas cairão por terra.
das nações, o qual começou a possuir 21E chamarei contra êle a espada
e a habitar (o pais que era conside­ em todos os meus montes, diz o Se­
rado com o) o centro (das nações) da nhor Deus; a espada de cada um se
terra. 13Sabá,. Dedan, os negocian­ voltará contra seu irmão. 22E exer­
tes de Tarsis, e todos os seus leões cerei os meus juízos contra êle pela
(ou príncipes) te dirão: Porventura peste, pelo sangue, pelas chuvas ve­
vens tu tomar os despojos? Eis que ementes e pelas pedras enormes; der­
juntaste essa tua multidão para ar­ ramarei chuvas de fogo e de enxofre
rebatar a prêsa, para levares a pra­ sôbre êle, e sôbre o seu exército, e
ta e o ouro, e para tirares os mó­ sôbre os numerosos povos que estão
veis e fazenda, e para saqueares ri­ com êle. 23Com isto manifestarei a
quezas sem número. minha grandeza e a minha santida­
Invasão de Goff de, e far-me-ei conhecer aos olhos
de muitas nações, e saberão que eu
14Por isso tu, filho do homem, pro­ sou o Senhor.
fetiza e dize a Gog: Isto diz o Se­
nhor Deus: Porventura não saberás O Senhor aniquilará o exército de Gog
tu bem o dia em que o meu povo de
Israel viverá com tôda a segurança? OQ 7Tu, pois, filho do homem, pro-
15Virás então do teu país, lá dos con­ ***' fetiza contra Gog, e dize: Isto
fins do aquilão, tu e muitos povos diz o Senhor Deus: Eis-me aqui
contigo, montados todos á cavalo, contra ti, ó Gog, príncipe e chefe de
multidão imensa, exército poderoso. Mosoc e de Tubal; 2eu te levarei
16E dirigir-te-ás contra o meu povo para onde quiser, e te tirarei para
de Israel, corno uma nuvem, de sorte fora, e te farei vir das bandas do
que cubras a terra. Tu serás sôbre aquilão, e te conduzirei sôbre os mon­
êles nos últimos dias, e eu te farei tes de Israel.
v ir sôbre a minha terra, para que 3E quebrarei o teu arco na tua
as nações me conheçam quando eu mão esquerda, e farei que te caiam
fôr santificado em ti a seus olhos, ó da mão direita as tuas flechas. “Cai­
Gog. rás sôbre os montes de Israel, tu e
Cólera divina e castigo de Goff1
7 todos os teus esquadrões, e os povos
que estão contigo; eu te entregarei
17Isto diz o Senhor Deus: Tu, pois, às feras, às aves, e a todo o animal
12. o centro. . . A Palestina era antigamente considerada como o centro do mundo.
16. Quando eu fôr santificado. . . o s pagãos reconhecerão a santidade e a divindade do
Senhor, quando êle tiver manifestado os seus atributos infinitos, destruindo Gog e o seu
■exército.
1008 PROFECIA DE EZEQUIEL 39*

volátil, e aos animais da terra, para sinal, até que os enterradores dos
que te devorem. 6Cairás sôbre a su­ mortos o sepultem no vale da mul­
perfície do campo, porque eu o decre­ tidão de Gog. 16E o nome da cidade
tei, diz o Senhor Deus. 6E enviarei será Amona, e êles purificarão a
fogo sobre Magog e sôbre os que ha­ terra.
bitam confiadamente nas ilhas; e Os animais na carnificina
saberão que eu sou o Senhor. 7E
tornarei conhecido o meu santo no­ 17A ti, pois, filho do homem, isto diz:
me no meio do meu povo de Israel, o Senhor Deus: Dize a todo o animal
e não deixarei profanar mais o meu volátil, e a tôdas as aves, e a todos os
santo nome; e as nações saberão que animais do campo: Juntai-vos, apres­
eu sou o Senhor, o santo de Israel. sai-vos, concorrei de tôdas as partes
8Eis que chegou o tempo, e assim à minha vítima que eu vos sacrifico,
sucedeu, diz o Senhor Deus; êste é a esta grande vítima degolada sôbre
o dia de que falei. os montes de Israel, para que lhe
9E os habitantes das cidades de Is­ comais a carne e bebais o sangue.
rael sairão delas, e queimarão e re­ 18Comereis as carnes dos fortes, e be-
duzirão a cinzas as armas, os escu­ bereis o sangue dos príncipes da ter­
dos e as lanças, e os arcos, e as ra, dos carneiros, dos cordeiros, dos
flechas, e os bastões que traziam nas bodes, dos touros, das aves domésti­
mãos, e os piques, e tudo isto consu­ cas, e de tudo o que é gordo. 19E
mirão no fogo durante sete (duran­ comereis da gordura da vítima que
te muitos) anos. l0E não trarão le­ eu vos sacrificarei, até vos fartar­
nha dos campos, nem a cortarão das des, e bebereis do seu sangue até que
matas, porque farão fogo com estas fiqueis embriagados; 20e fartar-vos-eis
armas, e despojarão aquêles que os à minha mesa da carne dos cavalos,
tinham despojado, e pilharão aquê- e da carne dos cavaleiros valentes, e
les que os tinham pilhado, diz o Se­ de todos os homens de guerra, diz o
nhor Deus. Senhor Deus.
nE acontecerá naquele dia que eu Destino final de Israel
darei a Gog em Israel um lugar céle­
bre por sepulcro, o vale dos passa­ 21E eu estabelecerei a minha glória
geiros, ao oriente do mar, que fará entre as nações; e tôdas as nações ve­
asmar os que por êle passarem; e rão o juízo que eu tiver exercido, e
Ê i sepultarão Gog com tôda a sua como descarreguei sôbre êles a minha
multidão de tropas, e êste vale se mão. 22E os da casa de Israel saberão
chamará o vale da multidão (ou dos que eu sou o Senhor seu Deus desde
exércitos) de Gog. 12E os da casa de aquêle dia, e dali em diante. 23E as
Israel os sepultarão durante sete me­ nações saberão que a casa de Israel
ses, para purificarem a terra. 13E todo foi levada cativa por causa da sua
o povo da terra os sepultará; e será iniqüidade, porque me abandonaram,
para êles célebre o dia em que eu fui e eu escondi dêles a minha face, e os
glorificado, diz o Senhor Deus. 14E entreguei nas mãos de seus inimi­
constituirão homens que incessante­ gos, e todos caíram mortos ao fio
mente percorram o país, para sepul­ da espada. 24Tratei-os segundo a sua
tarem e buscarem aquêles que tinham impureza e maldade, e escondi dê­
ficado sôbre a face da terra, a fim de les a minha face.
a purificarem; êles, porém, começa­ 25Por isso, isto diz o Senhor Deus:
rão a fazer esta busca depois de sete Agora tornarei a trazer os cativos de
meses. 15E, girando, percorrerão todo Jacó, e compadecer-me-ei de tôda, a
o país; e, quando tiverem achado um casa de Israel, e me revestirei de zê-
osso humano, pôr-lhe-ão ao pé um lo pela honra do meu santo nome.
Cap. X X X IX — 9. Durante sete anos. Hipêrbole para d a r a entender o grandíssim o nú­
mero de guerreiros Ímpios que serão mortos com o seu chefe, o Anti-Cristo. A s suas arm as,
escudos, etc. chegariam p ara alim entar o fogo em todo o Israel durante sete, durante mui­
tos anos.
16. o nome da cidade que se deverá construir em m em ória dêste triunfo, será Am ona+
isto é, multidão.
39 - 40 PROFECIA DE EZEQUIEL 1009

“ E trarão sobre si a sua confusão por tôdas as partes cercava a casa;


e tôdas as prevaricações que come­ e aquêle homem tinha na mão uma
teram contra mim, quando habita­ cana de medir, de seis côvados e um
rem tranqüilamente na sua terra, palmo, e mediu a largura do muro,
sem ter mêdo de ninguém; 27e quan­ que era duma cana, e a altura, que
do eu os tiver trazido dentre os po­ era também duma cana.
vos, e os tiver juntado das terras °Depois foi à porta que olhava pa­
de seus inimigos, e tiver sido san­ ra o caminho oriental, e subiu pelos
tificado no meio dêles aos olhos de seus degraus, e mediu o limiar da
muitíssimas nações. 28E saberão que porta, que tinha uma cana de largo,
eu sou o Senhor seu Deus, vendo que isto é, que o limiar tinha uma cana
os transportei para entre as nações, de largura; 7depois mediu as câma­
e os fiz voltar todos juntos para a ras, as quais tinham uma cana de
sua terra, sem lã deixar nenhum comprido e uma cana de largo; e
dêles. “ Não lhes esconderei mais a entre as câmaras havia cinco cô­
minha face, porque derramei o meu vados. 8E o limiar da porta, junto
espírito sôbre tôda a casa de Israel, do vestíbulo da porta, no interior,
diz o Senhor Deus. tinha uma cana. 9E mediu o vestí­
Visão do novo templo bulo da porta o qual tinha oito cô­
vados, e a sua fachada, que tinha
4 A 2N o ano vinte e cinco do nosso dois; o vestíbulo da porta estava da
cativeiro, no princípio do ano, parte de dentro (do edifício) . 10As
no décimo dia do mês, no ano ca­ câmaras da porta do oriente eram
torze depois que a cidade foi des­ três dum lado e três do outro; e as
truída, neste mesmo dia veio a mão três câmaras tinham a mesma me­
do Senhor sôbre mim e conduziu- dida, e a mesma medida tinham
me lá (a Jerusalém). 2Em visões as fachadas de ambas as partes. UE
divinas levou-me à terra de Israel, mediu a largura do limiar da porta,
e deixou-me sôbre um monte muito que era de dez côvados, e o com­
alto, sôbre o qual estava um como primento da porta, que era de treze
edifício duma cidade voltada çara côvados. 12E havia diante das câma­
o meio-dia. 3E introduziu-me lá, e ras o espaço dum côvado; e era
eis um homem, cujo aspecto era co­ dum côvado de cada lado; e as câ­
mo de (litcidíssimo) bronze, e tinha maras de uma parte e de outra ti­
numa das mãos um cordel de linho, nham seis côvados. 13E mediu a por­
e na outra uma cana de medir; e ta, desde o teto duma câmara até
estava à porta. 4E êste homem dis­ ao teto da outra, e a largura era de
se-me: Filho do homem, vê com os vinte e cinco côvados, de porta a
teus olhos, e ouve com os teus ou­ porta. 14E contou para as fachadas
vidos, e põe no teu coração tôdas sessenta côvados; e juntou à facha­
as coisas que eu vou mostrar por­ da o átrio da porta que a cercava
que para elas te serem mostradas por todos os lados. 15E, desde a face
é que tu fôste aqui trazido; anuncia da porta, até à face do vestíbulo da
à casa de Israel tôdas as coisas que porta inteira, havia cinqüenta côva­
vais ver. dos. 16Havia janelas oblíquas nas
M uro exterior e porta oriental exterior câmaras e nos seus frontispícios, que
estavam dentro da porta ao redor,
5Eis que vi um muro exterior que6 2 dum e doutro lado; e havia também
26. Trarão sôbre s i . . . Os Judeus, ao verem t&o grandes manifestações da bondade de
Deus para com êles, envergonhar-se-âo dos seus antigos crimes.
Cap. X L — 1. Os nove capítulos restantes de Ezequiel estão cheios de dificuldades, que
S. Jerônimo resolveu nada dizer sôbre êles; e protesta que é um a simples conjetura tudo o
que escreveu a pedido de Santo Eustóquio. Ezequiel, nesta última visão, traça um quadro
ideal do que será o novo Israel, quando se tiverem realizado tôdas as promessas precedentes.
2. U m corno e d ifíc io ... 6 o novo templo.
6. E mediu. .. N o cimo das escadas h avia um primeiro limiar, oposto ao qual havia
outro de iguais dimensões, na extremidade do pórtico. A descrição da v u lg a ta n&o é
exata.
1010 PROFECIA DE EZEQUIEL 40

nos vestíbulos janelas à roda, dando dia, e mediu a porta, a qual tinha
ara o interior, e diante das facha- as medidas precedentes. 29A sua câ­
as, pinturas de palmas. mara, e a sua fachada, e o seu ves­
Átrio exterior e suas portas tíbulo tinham as mesmas medidas;
as suas janelas, e o seu vestíbulo ao
17E conduziu-me ao átrio exterior, redor, cinqüenta côvados de compri­
e vi ali câmaras, e o pavimento do mento e vinte e cinco côvados de
átrio estava calcetado de pedra por largura. 30O vestíbulo que a cercava
todos os lados; e ao redor do pavi­ tinha vinte e cinco côvados de com­
mento havia trinta câmaras. 18E o primento, e cinco côvados de largo;
pavimento do frontispício das portas 31e o seu vestíbulo chegava ao átrio
era mais baixo, segundo o compri­ exterior; e havia palmas no fron­
mento das portas. 19E mediu a lar­ tispício, e oito degraus por onde se
gura desde a fachada da porta in­ subia a esta porta. 32Depois introdu­
terior até ao frontispício do átrio ziu-me no (mesmo) átrio interior,
interior pelo lado de fora, e tinha pelo lado do oriente, e mediu a por­
cem côvados ao oriente e (outros ta, que tinha as medidas preceden­
tantos) ao norte. tes. 33(Mediu também) a sua câmara
20Mediu também a porta do átrio e o seu frontispício e o seu vestíbu­
exterior, que olhava para o aquilão, lo como acima; as suas janelas e
tanto no comprimento como na lar­ os seus vestíbulos em roda, cinqüen­
gura, 21e as suas câmaras, que eram ta côvados de comprido e vinte e
três dum lado e três do outro, e o cinco côvados de largo. 34E (m ediu)
seu frontispício e o seu vestíbulo, o seu vestíbulo, isto é, o do átrio
que eram, segundo a medida da pri­ exterior, e no seu frontispício havia
meira porta, de cingüenta côvados palmas entalhadas dum lado e do
de comprimento, e vinte e cinco de outro, e subia-se a esta porta por
largura. 22E as suas janelas, o ves­ oito degraus. 35E conduziu-me em
tíbulo e as esculturas tinham a mes­ seguida à porta que olhava para o
ma medida que a porta que olhava aquilão, e mediu-a segundo as me­
para o oriente; e subia-se a ela por didas precedentes. 36(Mediu também)
sete degraus, e diante dela havia a sua câmara, e o seu fron­
um vestíbulo. 23E a porta do átrio tispício, e o seu vestíbulo, e as suas
interior estava defronte da porta do janelas em roda, cinqüenta côvados
aquilão e da oriental; e duma por­ de comprido e vinte e cinco côvados
ta à outra mediu cem côvados. 24E de largo. 37E o seu vestíbulo olhava
levou-me em seguida na direção do para o átrio exterior, e no seu fron­
meio-dia, onde havia uma porta que tispício havia palmas entalhadas dum
olhava para o meio-dia; e mediu o lado e do outro, e subia-se a esta
seu frontispício e o seu vestíbulo, porta por oito degraus.
que tinham as medidas anteceden­ Seus lavatórios, mesas para os sacri-
tes. 25As suas janelas e os vestíbulos fícios e câmaras para os ministros
ao redor eram, como as outras ja ­ 38E em cada câmara havia uma
nelas, de cinqüenta côvados de com­ entrada em frente das portas; era lá
prido e vinte e cinco côvados de que lavavam o holocausto. 39E no ves­
largo. 26E subia-se a esta porta por tíbulo da porta havia duas mesas
sete degraus, e diante dela estava dum lado, e duas mesas'do outro, pa­
um vestíbulo, e no seu frontispício ra nelas se imolarem (as vítimas pa-
havia palmas entalhadas, uma dum va) os holocaustos pelo pecado e
lado e outra do outro. 27E a porta pelo delito. 40E no lado de fora, que
do átrio interior estava do lado do sobe à entrada da porta que olha
meio-dia; e mediu duma porta até para o aquilão, havia duas mesas,
à outra porta, do lado do meio-dia, e do outro lado, diante do vestíbu­
cem côvados. lo da porta, havia também duas me­
Átrio interior. — Suas portas sas; 41quatro mesas dum lado e qua­
tro mesas do outro; aos lados da
28E introduziu-me no átrio interior porta havia oito mesas, sôbre as
que estava junto da porta do meio- quais imolavam (as vítimas). 42As
4 0 - 41 PROFECIA DE E ZEQ UIEL 1011

quatro mesas para o holocausto eram tinha cinco côvados dum lado e cin­
feitas de pedras de silharia, de cô- co côvados do outro. Mediu também
vado e melo de comprido, e de côva- o comprimento (do Santo), que era
do e meio de largo, e dum côvado de quarenta côvados, e sua largura
de altura, para porem sôbre elas os de vinte côvados.
instrumentos que se empregavam na 3Depois, tendo entrado no mais in­
imolaçâo do holocausto e da vítima. terior, mediu os pilares da porta,
43E tinham umas bordas dum pal­ que tinham dois côvados, e a porta
mo, reviradas para dentro em tôda (no seu com prim ento) , que tinha seis
a roda; e sôbre as mesas punham-se côvados, e a largura da porta, que
as carnes dos sacrifícios. 44E fora era de sete côvados. 4Depois mediu
da porta interior estavam as câma­ (no in terior do santuário) diante da
ras dos cantores, no átrio interior, face do templo um comprimento de
que estava ao lado da porta que o- vinte côvados e uma largura também
lhava para o aquilão; e as suas fa ­ de vinte côvados; e disse-me: Êste
chadas estavam voltadas para o é o Santo dos Santos.
meio-dia; uma delas estava ao lado
da porta oriental que olhava para o Câmaras laterais
aquilão. 45E o homem disse-me: Esta
é a câmara que olha para o meio-dia, 5Depois mediu a parede do templo,
ela será para os sacerdotes que vigiam que tinha seis côvados, e a largura
na guarda do templo. 46E a câmara das câmaras postas de tôdas as partes
que olha para o aquilão será para os à roda do templo, a qual era de qua­
sacerdotes que vigiam sôbre o minis­ tro côvados. 6E estas câmaras late­
tério do altar; êstes são os filhos de rais estavam uma junto da outra, for­
Sadoc, os quais dentre os filhos de mando duas séries de trinta e frês;
Levi se aproximam do Senhor para e havia uns cachorros que sobres­
ministrarem diante dêle. saíam e que entravam na parede da
casa pelos lados ao redor, para sus-
47Mediu também o átrio, que tinha terem (as câmaras) sem que estas to­
cem côvados de comprimento e cem cassem na parede do templo. 7Havia
côvados de largo em quadro, e o al­ também um espaço feito em redon­
tar que estava diante da fachada do do, com uma escada de caracol por
templo. onde se subia ao alto, e que levava
Vestibulo do templo à câmara mais alta do templo, indo
48E introduziu-me no vestibulo do sempre rodeando; por isso o templo
templo, e mediu o vestibulo, que ti­ era mais largo em cima; e assim do
nha cinco côvados dum lado e cinco andar mais baixo se subia pêlo do
côvados do outro; e a largura da meio até ao mais alto. 8E observei
porta, que tinha três côvados dum neste edifício a altura ao redor dê­
lado e três côvados do outro. 49E o le, e as câmaras laterais tinham a
comprimento do vestibulo era de vin­ medida duma cana de seis. côvados;
te côvados, e a largura era de onze 9e a espessura da parede do lado de
côvados, e subia-se a êle por oito fora (era ) de cinco côvados; e a casa
degraus. E no frontispício havia duas interior estava encerrada nestas câ­
colunas, uma dum lado e outra do maras laterais. 10E entre as câmaras
outro. havia um espaço de vinte côvados ao
redor do edifício, por todos os lados.
Visão do Santo e do Santo dos Santos nE as portas de tôdas estas câmaras
estavam voltadas para o lugar da
4Depois introduziu-me no tem- oração; uma porta para o aquilão, e
plô, e mediu os pilares (da en­ outra porta para o meio-dia; e a lar­
trada), (que tinham ) seis côvados gura do lugar destinado à oração era
de largura dum lado, e seis côvados de cinco côvados em circuito. 12E o
do outro, largura do tabernáculo. 2A edifício que estava separado e volta­
largura da porta era de dez côva­ do para o caminho que olha para
dos; e as paredes laterais da porta o mar, tinha setenta côvados de lar-
Cap. XLI 3. No m a is in te r io r , ao Santo dos Santos.
1012 PROFECIA DE EZEQUIEL 41 - 42

gura; e a muralha do edifício tinha via outras duas pequenas portas, que
cinco côvados de espessura ao redor, se fechavam uma sôbre a outra, por­
e um comprimento de noventa cô­ que eram duas as folhas duma e ou­
vados. tra parte das portas. “ E sôbre as
referidas portas do templo havia uns
Medida externa do santuário e os querubins e palmas entalhadasT as­
principais ornatos sim como se viam também em relêvo
13E mediu o comprimento da casa, sôbre as paredes; pela qual razão
que era de cem côvados; e o edifício eram mais grossas as vigas no fron-
que estava dela separado, e as suas tispício do vestíbulo por fora, 26sôbre
paredes tinham também cem côvados as quais estavam janelas oblíquas, e
de comprido. 14E a praça que estava figuras de palmas dum e outro lado
diante da face do templo, e diante sôbre os capitéis do vestíbulo, sôbre
do edifício que estava separado dêle, as câmaras laterais, e em tôda a ex­
para o oriente, era de cem côvados. tensão das paredes.
15Mediu também o comprimento do
edifício que se achava defronte da­ Câmaras dos sacerdotes
quele, que estava separado por de­ Â2 JDepois fêz-me sair para o átrio
trás, e as galerias dos dois lados, que exterior, pelo caminho que
tinham cem côvados. conduz ao aquilão, e introduziu-me
(M ediu também) o templo interior nas câmaras, que estavam em frente
e os vestíbulos do átrio. 16(M ediu) do edifício separado, e em frente da
as portas, e as janelas oblíquas, e os casa que olhava para o norte. *(Êste
pórticos que estavam ao redor (do edifício) tinha na fachada cem côva­
tem plo) por três lados, defronte do dos de comprimento desde a porta
lim iar de cada porta, e o lambril de setentrional, e cinqüenta côvados de
madeira que cercava tudo; a terra largura. 3Tinha vista para o átrio
chegava até às janelas, e as janelas interior, que era de vinte côvados, e
estavam fechadas por cima das por­ para o pavimento calçado de pedra
tas. 17E (m ediu) até à casa (ou tem­ do átrio exterior, onde estava a ga­
p lo) interior, e pela parte de fora to­ leria unida a três outras. 4E diante
da a parede em roda, por dentro e das câmaras havia um passeio de dez
por fora, tudo em proporção. 18E ha­ côvados de largo, e çara ir ao interior
via uns querubins feitos de escultu­ um caminho dum côvado. E as suas
ra, e umas palmeiras; e entre queru­ portas estavam ao norte. 5Estas câ­
bim e querubim estava uma palmei­ maras eram mais baixas no plano su­
ra, e cada querubim tinha duas faces; perior, porque estavam sustentadas
19a face do homem junto duma pal­ pelas galerias que saíam mais fora
meira dum lado, e a face de leão na parte ínfima e média do edifício.
junto de outra palmeira do outro °Porque havia três andares, e as colu­
lado, esculpidas em relêvo em tôda a nas que tinham não eram como as
volta do templo. 20Estas esculturas colunas do átrio; porque se eleva­
dos querubins e das palmeiras esta­ vam desde a terra cinqüenta côvados,
vam na parede do templo, desde o passando pelo andar inferior e pelo
pavimento até ao cimo da porta. 21A do meio do edifício. 7E o recinto ex­
porta do templo era quadrada, e a terior ao longo das câmaras, as quais
fachada do santuário correspondia à ficavam no caminho do átrio exterior
do templo, olhando uma para a ou­ por diante das outras câmaras, tinha
tra. 22A altura do altar de madeira cinqüenta côvados de comprido. 8Por-
era de três côvados, e o seu compri­ que o comprimento das câmaras do
mento de dois côvados, e os seus can­ átrio exterior era de cinqüenta côva­
tos, e a sua superfície, e os seus lar dos, e a largura, defronte da face do
dos eram de madeira. E o homem templo, era de cem côvados. 9E por
disse-me: Esta é a mesa que está baixo destas câmaras havia uma en­
diante do Senhor. trada ao oriente, para os que entra­
23Tanto o templo como o santuá­ vam nelas do átrio exterior.
rio tinham duas portas. 24E nestas 10Na largura do recinto do átrio,
duas portas, duma e doutra parte, ha­ que estava defronte da parte orien­
42 - 43 PROFECIA DE EZEQUIEL 1013
tal da fachada do edifício separado, eis que entrava a glória do Deus de
havia também câmaras defronte dês- Israel pelo lado do oriente, e o ruí­
te edifício. “ Havia também um pas- do que ela fazia era semelhante ao
sadiço ao longo destas câmaras, co­ ruído das grandes águas, e a terra
mo havia um ao longo das câmaras estava resplandecente pela presença
que estavam ao norte; o seu compri­ da sua majestade. 3E a visão que
mento e a sua largura eram os mes­ eu tive era semelhante à que eu ti­
mos, assim como a entrada, a sua fi­ nha tido, quando (o Senhor) veio pa­
gura e as suas portas, 12as quais eram ra destruir a cidade; e o seu aspecto
como as portas das câmaras, que es­ era o mesmo que eu tinha visto jun­
tavam ao meio-dia; havia também to do rio Cobar; e prostrei-me sobre
uma porta no topo do passadiço, o o meu rosto. 4E a majestade do Se­
qual estava diante do vestíbulo se­ nhor entrou no templo pela porta
parado, para servir aos que entravam que olhava para o oriente. 5E o es­
pela parte do oriente. pírito arrebatou-me e introduziu-me
13E disse-me: As câmaras que fi­ no átrio interior; e eis que a casa
cam ao setentrião e as que ficam ao estava cheia da gloria do Senhor.
meio-dia, que estão diante do edifí­ °Então ouvi alguém que me falava
cio separado, são câmaras santas; de dentro da casa, e o homem que
aqui é onde comem os sacerdotes estava junto de mim 7disse-me: F i­
que se aproximam do Senhor no san­ lho do homem, êste é o lugar do meu
tuário; aqui é que êles porão as coisas trono, e o lugar onde assentarei os
sacrossantas e a oblação que se faz meus pés, e onde habitarei para sem­
pelo pecado e pelo delito; porque pre entre os filhos de Israel; e os da
êste lugar é santo. “ Quando os sa­ casa de Israel não profanarão mais
cerdotes tiverem entrado, não sairão para o futuro o meu santo nome, nem
do lugar santo para o átrio exterior, êles, nem os seus reis, com as suas
mas deixarão ali as vestimentas com fornicações (ou idolatrias), e com os
que exercem o seu ministério, por­ cadáveres dos seus reis, e com os seus
que são santas; e tomarão outros (oratórios idolátricos nos lugares) al­
vestidos, e assim irão ter com o povo. tos. 8Êles edificaram a sua porta
Dimensões de todo o templo junto da minha porta (ou tem plo), e
os postes da entrada da sua casa ao
15E, tendo (o anjo) acabado de to­ pé dos meus postes; e havia um mu­
mar as medidas da casa interior, fêz- ro entre mim e êles; e profanaram
me sair pela porta que olhava para o meu santo nome pelas abominações
o oriente; e mediu a casa por todos que cometeram; por isso eu os consu­
os lados em circuito. 16Mediu pelo la­ mi na minha ira. 9Agora, pois, deitem
do do oriente com a cana de medir, êles para longe de si a sua fornica-
e tinha quinhentas medidas de cana ção, e para longe de mim os cadáve­
ao redor. 17E mediu pelo lado do se­ res dos seus reis; e eu habitarei sem­
tentrião quinhentas medidas da mes­ pre no meio dêles. 10Tu, porém, filho
ma cana ao redor. 18E mediu pelo do homem, mostra o templo à casa
lado do meio-dia quinhentas medidas de Israel, para que êles se confundam
da mesma cana ao redor. 10E mediu das suas iniqüidades, e meçam tôda a
pela banda do ocidente quinhentas sua fábrica, ue se envergonhem de
medidas da mesma cana (ao redor). tudo o que fizeram. Mostra-lhes a
20Mediu a sua parede por tôdas as figura da casa (ou do tem plo), e da
partes, segundo os quatro ventos, an­ sua fábrica, e as saídas e entradas do
dando à roda, achando ter o com­ edifício, e tôda a sua traça, e todos
primento de quinhentos côvados, e a os preceitos acêrca dela, e tôda a
largura de quinhentos côvados, que sua ordem e tôdas as suas leis, e tu­
era o espaço que havia entre o san­ do isto escreverás diante dos seus o-
tuário e o lugar ( ou á trio) do povo. lhos, a fim de que observem a descri­
O Senhor entra no templo novo ção que fizeste, e os seus preceitos, e
os cumpram. 12Tal é a lei (ou norm a)
d ep o is conduziu-me à porta que se deve guardar na edificação
que olhava para o oriente. 2E da casa sôbre o cume do monte: T o­
1014 PROFECIA DE EZEQUIEL 43 - 4 4

do o seu recinto em roda é santís­ gundo dia oferecerás pelo pecado um


simo; tal é, pois, a lei que se deve bode novo que não tenha mancha, e
observar na edificação desta casa. purificarão o altar, como já o purifi­
A l t a r dos h o lo c a u sto s
caram com o novilho. 23E, depois que
tiveres acabado de o purificar, ofe­
13Ora, estas são as medidas do al­ recerás um novilho da manada que
tar, feitas com um côvado exato, o não tenha mancha, e um carneiro do
qual tinha um côvado (vu lga r) e um rebanho que também não tenha man­
palmo; o seu seio era dum côvado, e cha. .24E ofereeê-los-ás ná presença
dum côvado era também a sua largu­ do Senhor; e os sacerdotes deitarão
ra, e o seu remate até à sua borda, sal sobre êles, e os oferecerão em ho­
e por todo o circuito, era de um pal­ locausto ao Senhor. “ Durante sete
mo; tal era também a fossa do al­ dias oferecerás cada dia um bode pe­
tar. 14E do seio da terra até ao pri­ lo pecado, e da mesma sorte será
meiro rebordo havia dois côvados (de oferecido um novilho da manada, e
a ltura), e um côvado de largura; e um carneiro do rebanho, que não te­
desde o rebordo mais pequeno até ao nham mancha. 20Durante sete dias
maior havia quatro côvados, e a sua expiarão o altar, e o purificarão, e o
largura era dum côvado. 150 mesmo consagrarão. 27E, passados os sete
( altar chamado) Ariel, porém, tinha dias, ao oitavo dia e nos seguintes,
quatro côvados (de a lto ); e do Ariel os sacerdotes oferecerão os vossos ho­
até em cima levantavam-se quatro locaustos sôbre o altar, e as vítimas
hastes. 18E o Ariel tinha dozé côvados pacificas; e eu me reconciliarei con-
de comprido e doze côvados de largo; vosco, diz o Senhor Deus.
era quadrangular, de lados iguais. L u g ar do príncipe
17E o seu rebordo era de catorze cô­
vados de comprido e de catorze cô­ AA 2E (o anjo) fêz-m e voltar de-
vados de largo, medindo os seus qua­ pois para o caminho da por­
tro lados dum ângulo ao outro; e a ta do santuário exterior, que olhava
coroa, que dominava tudo em roda para o oriente, e que estava fechada.
dêle, saia fora meio côvado, e o seu 2E o Senhor disse-me: Esta porta es­
seio era dum côvado em roda; e os tará fechada; não se abrirá, e nin­
seus degraus estavam voltados para guém passará por ela; porque o Se­
o oriente. nhor Deus de Israel entrou por esta
Sagração do altar
porta, e ela estará fechada 3(mesmo)
para o príncipe. O príncipe sentar-
18E (o anjo) disse-me: Filho do ho­ se-á nela para comer o pão diante do
mem, isto diz o Senhor Deus: Estas Senhor; mas entrará pelo caminho da
são as cerimônias que se devem ob­ orta do vestíbulo, e pelo caminho
servar a respeito do altar, quando êle a mesma sairá.
fôr edifiçado, para que sôbre êle se Os incircuncisos serão excluídos
ofereça o holocausto e se derrame o do Santuário
sangue. 10E tu as ensinarás aos sa­
cerdotes e aos levitas que são da li­ 4E levou-me pelo caminho da por­
nhagem de Sadoe, que se aproximam ta do setentrião, diante do templo;
de mim, diz o Senhor Deus, para que e olhei, e eis que a glória do Senhor
me sacrifiquem um novilho da mana­ tinha enchido a casa do Senhor, e
da pelo pecado. 20Tomarás do seu prostrei-me sôbre o meu rosto. 5E o
sangue, e pô-lo-ás sôbre os quatro re­ Senhor disse-me: Filho do homem,
mates do altar, e sôbre os quatro can­ considera no teu coração, e olha com
tos do seu rebordo, e sôbre a cornija os teus olhos, e ouve com os teus ou­
ao redor; e purificá-lo-ás, e expiarás. vidos tôdas as coisas que eu te digo
21Depois tomarás o novilho que tiver acêrca de tôdas as cerimônias da casa
sido oferecido pelo pecado, e quei- do Senhor, e de todos os seus diversos
má-lo-ás num lugar separado da regulamentos; e aplicarás o teu cora­
casa, fora do santuário. 22E no se­ ção a observar os ritos do templo em
Cap. X L I I I — 13. o seu seio. O seio do altar era a base que lhe servia de fundamento.
44 PROFECIA DE EZEQUIEL 1015
todas as coisas que se praticam no 14E constituí-los-ei (simples) porteiros
santuário. 61E dirás à casa de Israel, da casa, e seus serventes, para tudo o
que me exaspera: Isto diz o Senhor que nela fôr preciso fazer.
Deus: Bastem-vos já, casa de Israel, 15Porérn aquêles sacerdotes e levi­
tôdas as vossas maldades; 7pois que tas, filhos de Sadoc, que observaram
ainda introduzis filhos estrangeiros as cerimônias do meu santuário,
incircuncidados de coração, e incir- quando os filhos de Israel se desenca­
cuncidados na carne para que este­ minharam de mim, êles se aproxi­
jam no meu santuário, e profanem a marão de mim para me servirem de
minha casa, e me ofereceis os meus ministros, e estarão na minha pre­
pães, a gordura e o sangue, e (deste sença para me oferecerem a gordura
modo) quebrais o meu pacto com to­ e o sangue, diz o Senhor Deus. 16São
dos os vossos crimes. 8E não obser­ êles que entrarão no meu santuário,
vastes as leis do meu santuário, vós e que se aproximarão da minha me­
mesmos estabelecestes ( êstes incircun- sa, para me servirem e observarem as
cidados) para fazer o meu serviço no minhas cerimônias. 17E, quando êles
meu santuário (violando deste modo entrarem nas portas do átrio interior,
os preceitos divinos). 9Isto diz o Se­ estarão vestidos de roupas de linho,
nhor Deus: Todo o estrangeiro, incir- e não terão nada sôbre si que seja
cuncidado de coração, e incircuncida- de lã, quando exercerem as funções
do na carne, não entrará no meu san­ do seu ministério às portas do átrio
tuário, nem todo o filho de estran­ interior e dentro. 18Terão tiaras de
geiro, que vive no meio dos filhos de linho na cabeça, e calções de linho
Israel. sôbre os rins, e não se cingirão de mo­
Disposições relativas aos levitas do a excitar o suor. 19E, quando
saírem ao átrio exterior (para irem )
10Mas até os levitas, que se apar­ ao povo, tirarão os hábitos com que
taram de mim, entregando-se ao êrro tiverem exercido o seu ministério, e
dos filhos de Israel, e que se desenca­ depô-los-ão na câmara do Santuário,
minharam, deixando-me a mim para e se vestirão doutros hábitos, para
irem atrás dos seus ídolos, e que já não santificarem o povo com os seus
levaram (o castigo das) suas iniqüi- vestidos (sagrados). 20Não raparão a
dades, “ serão no meu santuário sim­ cabeça, nem deixarão crescer o cabe­
ples porteiros e guardas das portas da lo, mas terão cuidado de o cortar.
casa, e seus serventes; matarão os 21E nenhum sacerdote beberá vinho,
(animais destinados aos) holocaustos quando tiver de entrar no átrio inte­
e as vítimas do povo, e estarão na rior. 22Não se casarão nem com viú­
sua presença para o servir; “ visto va, nem com repudiada, mas com
que lhe prestaram o seu ministério donzelas da linhagem da casa de Is­
na presença dos seus ídolos, e foram rael; poderão todavia casar também
para a casa de Israel uma ocasião com uma viúva que tenha ficado dou­
de escândalo e de iniqüidade; por isso tro sacerdote. “ Ensinarão ao meu
é que eu levantei a minha mão con­ povo a diferença que há entre o san­
tra êles, diz o Senhor Deus, e êles to e o profano, entre o que é puro
levarão (o castigo da) sua iniqüida­ e o que é impuro. 24E, quando se le­
de. 13E não se aproximarão de mim, vantar alguma controvérsia, prestar-
para exercerem as funções do sacer­ -se-ão decidi-las, atidos aos meus juí­
dócio na minha presença, nem se a- zos, e (segundo eles) a julgarão; ob­
proxirnarão do meu santuário, que servarão as minhas leis e os meus
está perto do Santo dos Santos; mas preceitos em tôdas as minhas soleni-
levarão sôbre si a sua confusão e o dades, e santi ficarão os meus sába­
castigo das maldades que cometeram. dos. 25Não entrarão onde estiver um
Cap. X L I V — 17. Roupas de Unho. Os sacerdotes usavam vestidos de linho, sím bolo
d a pureza de alma.
19. Para não santificarem. . . Quem tocasse os ornamentos ou coisas sagradas recebia
um a espécie de consagração, que o brigava a muitas e penosas atenções, p a ra nao incorrer
em impureza legal.
1016 PROFECIA DE EZEQUIEL 44 - 45

cadáver, para que se não manchem, destinado para suas casas e para o
exceto se fôr pai ou mãe, filho ou fi­ santuário da santidade. 5Haverá
lha, irmão ou irmã, que não tivesse também outros vinte e cinco mil cô­
tido segundo marido; porque doutra vados de comprimento e dez mil de
sorte ficarão manchados. 26E, de­ largura para os levitas que servem no
pois que qualquer dêles tiver sido templo, os quais terão vinte câmaras
purificado, contar-se-lhe-ão ainda se­ (destinadas aos que estiverem de ser-
te dias. viço).
27E, no dia em que entrar no san­ 6E dareis cinco mil medidas de lar­
tuário, no átrio interior, para exer­ gura e vinte e cinco mil de compri­
cer o meu ministério no santuário, mento, paralelamente ao que está se­
fará uma oblação pelo seu pecado, parado para o santuário, para domí­
diz o Senhor Deus. nio da cidade; isto pertencerá à casa
“ (Os sacerdotes) não terão heran­ de Israel.
ça, porque eu é que sou a sua heran­ 7Também ao príncipe (dareis a sua
ça; e vós não lhes dareis quinhão em porção) duma e outra parte junto ao
Israel, porque eu é que sou o seu qui­ que foi separado para o santuário, e
nhão. 29Êles comerão as vitimas que junto à possessão da cidade, em fren­
forem oferecidas tanto pelo pecado te do que foi apartado para o san­
como pelo delito; e todo o voto que tuário, e em frente da possessão da
Israel oferecer será dêles. 30E as pri- cidade, desde um lado do mar (ou do
mícias de todos os primogênitos, e to­ ocidente) até ao outro, e desde um
das as libações de tudo quanto se lado do oriente até ao outro. O com­
oferece, pertencerão aos sacerdotes; primento das porções será igual em
dareis também ao sacerdote as primi- cada um dos dois lados, desde o ex­
cias dos vossos alimentos, para que tremo ocidental até ao oriental. 8(O
êle atraia a bênção sôbre a vossa ca­ príncipe) terá uma porção de terra
sa. 81Os sacerdotes não comerão na­ em Israel; e os príncipes não tornarão
da de ave, nem de rês que de si mes­ mais a roubar o meu povo, mas dis­
ma tenha morrido, ou que tenha sido tribuirão a terra pela casa de Israel,
apanhada por outro animal. segundo as suas tribos.
9Isto diz o Senhor Deus: Baste-vos,
D iv isã o d a te rra e das prim icias ó príncipes de Israel, (o que tendes
7E, quando começardes a divi- fe ito ), cessai de cometer a inigüi-
dir a terra por sortes (entre dade e as rapinas, praticai a eqüida-
as famílias) , separai as primicias pa­ de e a justiça, e separai os vossos
ra o Senhor, escolhendo um lugar têrmos dos do meu povo, diz o Se­
santificado da terra, que tenha vinte nhor Deus. 10Seja justa a vossa ba­
e cinco mil medidas (ou côvados) de lança, e justo o efi, e justo o bato.
comprimento, e dez mil de largura; uO efi e o bato serão iguais, e du­
êle será santificado em tôda a sua ma mesma medida; de sorte que o
extensão ao redor. 2De todo êste es­ bato (para os líquidos) tenha a dé­
paço separareis, para ser consagrado cima parte do côro, e o efi (para os
ao Senhor, um lugar quadrado de sólidos) tenha a mesma décima parte
quinhentas medidas de cada lado ao do côro; o seu pêso será igual, con-
redor, e cinqüenta côvados de espaço parado com a medida do côro. 120
vazio em roda. SE com esta medida si cio tem vinte óbulos; e vinte si­
medireis um comprimento de vinte dos, com vinte e cinco siclos e ou­
e cinco mil (côvados), e uma largura tros quinze ciclos fazem uma mina.
de dez mil; e neste espaço estará o 13Eis as primicias que vós ofere­
templo e o Santo dos Santos. 4Esta cereis: a sexta parte dum efi de cada
porção de terra consagrada (a Deus) côro de trigo, e a sexta parte dum efi
será para os sacerdotes, ministros do de cada côro de cevada. 14Quanto à
santuário, que se aproximam para medida do azeite, um bato de azeite
servir o Senhor; e êste lugar será é a décima parte do côro; dez batos
Cap. X L v — 9. os vossos têrmos, os limites das vossas possessôes.
12. O siclo tinha o pêso de catorze a dezesseis gram as.
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fazem um côro, porque dez batos en­ S a c r ifíc io s dos sábados e das c a le n d a s
chem um côro. 16(Oferecerèis) um car­
neiro de cada rebanho de duzentas JIsto diz o Senhor Deus: A
cabeças que se criam em Israel, para porta do átrio interior, que
os sacrifícios, para os holocaustos e olha para o oriente, estará fechada
para as oblações pacíficas, a fim de durante os seis dias que são de tra­
fazer expiação por meio dêles, diz o balho; mas abrir-se-á no dia de sá­
Senhor Deus. 16Todo o povo da terra bado, e também se abrirá no primeiro
será obrigado a pagar estas primí- dia de cada mês. 2E o príncipe entra­
cias ao que fôr príncipe em Israel. rá pelo caminho do vestibulo da
17E estarão a cargo do príncipe os porta exterior, e parará no limiar
holocaustos, os sacrifícios e as liba- da porta, e os sacerdotes oferecerão
ções nos dias solenes, e nos primei­ por êle o holocausto e as hóstias pa­
ros dias de cada mês, e nos dias cíficas; e êle fará adoração sôbre o
de sábado, e em tôdas as solenidades limiar desta porta, e depois sairá;
da casa de Israel; êle oferecerá pelo e a porta não se fechará até à tar­
pecado o sacrifício, e o holocausto, e de. 3E o povo do país fará sua ado­
as vítimas pacíficas para a expiação ração à entrada daquela porta nos
da casa de Israel. dias de sábado e nos primeiros dias
de cada mês, diante do Senhor.
R itu a l das fe sta s 4Ora o príncipe oferecerá ao Se­
18Isto diz o Senhor Deus: No pri­ nhor êste holocausto: no dia de sá­
meiro mês, no primeiro dia do mês, bado seis cordeiros sem mancha, e
tomarás um novilho da manada, que um carneiro também sem mancha; 5e
não tenha mancha, e purificarás o a oblação dum efi (de farinha) com
santuário. 19E o sacerdote tomará do o carneiro; e com os cordeiros o que
sangue da vítima oferecida pelo pe­ a sua mão oferecer (voluntariamen­
cado, e aspergirá com êle os postos te) em sacrifício; e um hin de azei­
do templo, e os quatro cantos do re­ te por cada efi. 6E no primeiro dia
bordo do altar, e os postes da porta de cada mês (oferecerá) um novilho
do átrio interior. 20E o mesmo farás sem mancha da manada, e seis cor­
no sétimo dia do mês, por cada um deiros, e seis carneiros igualmente
que pecou por ignorância e foi enga­ sem mancha. 7E oferecerá em sa­
nado por algum êrro, e (assim) puri­ crifício um efi )d e farinha) com ca­
ficarás o templo. da novilho, e outro efi com cada car­
21No primero mês, a catorze do neiro; e dará por cada cordeiro a
mês, celebrareis a solenidade da pás­ quantidade que quiser; e um hin de
coa, e comer-se-ão pães ázImos du­ azeite por cada efi.
rante sete dias. 22E o príncipe ofe- 8Quando o príncipe houver de en­
cerá nesse dia por si e por todo o trar, entre pelo caminho do vestíbulo
povo da terra um novilho pelo peca­ da porta oriental, e saia pelo mesmo
do. 23E oferecerá em holocausto ao caminho. 9E, quando o povo da ter­
Senhor, durante a solenidade dos se­ ra entrar, para se pôr na presença
te dias sete novilhos e sete carnei­ do Senhor nos dias solenes, aquêle
ros sem mancha, cada dia, durante que entra pela porta do Aquilão pa­
os sete dias; e oferecerá também ca­ ra adorar, sai pela porta do meio-
da dia um bode novo pelo pecado. dia; e aquêle que entrar pela porta
24E juntará no seu sacrifício um efi do meio-dia, saia pela porta do Aqui­
(de farinha) a cada novilho, e um lão. Ninguém voltará pela porta por
efi a cada carneiro e juntará um hin ue entrou, mas sairá pela que lhe
de azeite a cada efi. oposta. 10O príncipe, porém, estan­
®No sétimo mês, aos quinze do mês, do no meio dêles, entrará com os que
em que se celebra a solenidade dos entram e sairá com os que saem,
(tabernáculos) fará durante sete dias ” e nos dias de festa e nas solenida­
contínuos as mesmas coisas que se des, oferecer-se-á em sacrifício um
disseram acima, tanto pela expiação efi (de farinha) com cada novilho,
do pecado como pelo holocausto, e a e um efi com cada carneiro; com
oblação (da farinha) e do azeite. os cordeiros, porém, oferecerá cada
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um o que quiser; e juntará um hin de que as não levem ao átrio exte­
de azeite a cada efi. rior, e fique o povo consagrado. 21E
12E, quando o príncipe oferecer ao fêz-me sair para o átrio exterior, e
Senhor um holocausto voluntário, ou levou-me à roda pelos quatro cantos
alguns sacrifícios pacíficos voluntá­ do átrio; e eis que em cada um dos
rios, abrir-se-lhe-á a porta que olha quatro cantos dêste átrio havia um
para o oriente, e êle oferecerá o seu pequeno terreiro. 22Êstes pequenos
holocausto e as suas vítimas pacífi­ terreiros, assim dispostos pelos qua­
cas, como se costuma fazer no dia de tro cantos do átrio, tinham quaren­
sábado; em seguida, sairá, e fechar- ta côvados de comprido e trinta de
-se-á a porta, depois que tiver saído. largo; todos os quatro tinham a mes­
13E oferecerá todos os dias em ho­ ma medida. 23E uma parede ao redor
locausto ao Senhor um cordeiro do cercava êstes quatro pequenos terrei­
mesmo ano, sem mancha; oferecê-lo- ros; e viam-se também as cozinhas
-á sempre de manhã. 14E oferecerá edificadas por baixo dos pórticos à
.tôdas as manhãs em sacrifício com roda. 24E (o anjo) disse-me: Esta é
êste cordeiro a sexta parte dum efi a casa das cozinhas, na qual os mi­
( de farinh a ), e a têrça parte dum efi nistros da casa do Senhor cozerão
de azeite, para ser misturado com as vítimas destinadas para o povo.
a farinha; êste é o sacrifício que
A s á g u a s m a ra v ilh o sa s qu e b ro ta m de
êle está obrigado, segundo a lei, a
sob a p o rta do tem plo
oferecer ao Senhor, o qual deve sèr
perpétuo e diário. 15Oferecerá o cor­ AH 7Depois fêz-me voltar para a
deiro, e a oblação (da farinha), e o porta da casa (do Senhor), e
azeite tôdas as manhãs; êste holo­ eis que brotavam águas debaixo do
causto será perpétuo. limiar da porta, do lado do oriente
16Isto diz o Senhor Deus: Se o prín­ porque a face da casa olhava para o
cipe fizer qualquer doação a algum oriente; e as águas desciam ao lado
de seus filhos, a herança dêste pas­ direito do templo, ao meio-dia do al­
sará para seus filhos, os quais a pos­ tar. 2E fêz-me sair pela porta do se-
suirão por direito de sucessão. 17Po- tentrião, e fêz-me dar a volta por
rém, se êle fizer um legado da sua fora até à porta exterior, que olha­
própria fazenda a um dos seus ser­ va para o oriente; e vi que as águas
vos, êle lhe pertencerá até o ano do jorravam do lado direito. 3Saindo pa­
jubileu, e então voltar para o prín­ ra a banda do oriente, o homem
cipe; e a sua herança pertencerá a que tinha um cordel na mão, me­
seus filhos. 180 príncipe não tomará diu mil côvados, e fêz-me atravessar
nada por violência da herança do po­ a água, que me dava pelos tornoze­
vo, nem dos seus bens; mas dará da los. 4Mediu outros mil côvados, e
sua fazenda própria uma herança a ( ali) fêz-me atravessar a água que me
seus filhos, a fim de que ninguém dava pelos joelhos; 5mediu outros
do meu povo seja esbulhado da sua mil côvados, e fêz-me atravessar a
propriedade. água que me dava pelos rins; e me­
19Depois (o anjo) introduziu-me por diu outros mil côvados, e era já uma
um entrada, que estava ao lado da torrente que eu não pude atravessar,
porta, nas câmaras do santuário, des­ porque se tinham empolado as águas
tinadas aos sacerdotes, as quais o- daquela profunda torrente, de modo
lhavam para o norte; e ali havia um que não se podia passar a vau. 6En-
lugar voltado para o ocidente. “ En­ tão disse-me: Bem o viste, filho do
tão disse-me êle: Êste é o lugar em homem. E fêz-me sair, e recondu-
que os sacerdotes cozerão as vítimas ziu-me à borda da torrente.
pelo pecado e pelo delito; onde coze­ 7Tendo eu, pois, tornado para trás,
rão as oblações do sacrifício, a fim eis que se viam sôbre a borda da tor-
Cap. X L V I — 20. E f iq u e ... v e r nota, X L I v , 19.
Gap. X L v I I — 1. Brotavam águas, símbolo das bênçãos divinas. E stas águas saíam
debaixo do limiar da porta do santuário, em que Deus residia, como um a em anação da sua
vida.
47 - 48 PROFECIA DE EZEQUIEL 1019

rente muitíssimas árvores de um e masco, e desde um lado do setentrião


outro lado. 8E disse-me: Estas águas, ao outro lado. Emat será a sua fron­
que saem para os montões de saibro teira pelo lado setentsional. 180 seu
do oriente, e que descem para a pla­ limite oriental tomar-se-á do meio
nície do deserto, entrarão no mar de Auran, e do meio de Damasco, e
(M o rto ), e sairão dêle, e as águas do meio de Galaad, e do meio da ter­
(do m ar) ficarão saudáveis. 9E todo ra de Israel, limitando-a o Jordão a-
o animal vivo que anda a rasto, v i­ té ao mar oriental. Medireis também
verá por tôda a parte, onde chegar a êste limite oriental. 19E o limite me­
torrente, e haverá ali peixes em a- ridional irá desde Tamar até as á-
bundãncia, depois que lá chegarem guas da contradição em Cades; e des­
estas águas, e terá saúde e vida tudo de a torrente (do E g ito ) até ao mar
aonde chegar esta torrente. 10*E os grande (ou Mediterrâneo) ; êste é o
pescadores estarão sôbre estas águas; limite do meio-dia. 20E o limite (o ci­
desde Engadi até Engalim será o dental), do lado do mar, será o mar
enxugadouro das suas rêdes; serão grande, em linha reta, desde o seu
muitíssimas as espécies de seus pei­ extremo até Emat; êste será o li­
xes, e em grandíssima abundância mite pelo lado do mar.
como os peixes do mar grande. uNas
suas praias, porém, e nos seus char­ A divisão d a T e rr a S an ta
cos, não serão salutíferas as águas, 21E dividireis esta terra entre vós,
porque serão destinadas para as ma­ segundo as tribos de Israel; 22e a
rinhas de sal. 12*E ao longo da tor­ sorteareis por herança vossa e da­
rente nascerá nas suas ribanceiras, queles estrangeiros que vierem jun­
dum e outro lado, tôda a espécie de tar-se convosco, e que tiverem filhos
árvores frutíferas; não lhes cairá a no meio de vós; e vós os considerareis
folha, nem faltará o seu fruto; dá- como naturais entre os filhos de Is­
-los-ão novos todos os meses, porque rael; tomarão parte convosco na he­
as suas águas sairão do santuário, rança, no meio das tribos de Israel.
e os seus frutos servirão de sustento, 23E em qualquer tribo em que se
e as suas folhas de remédio. achar um estrangeiro, vós lhe da­
reis ali o seu quinhão (de terra ), diz
F ro n te ira s da T e rr a S an ta
o Senhor Deus.
13Isto diz o Senhor Deus: Êstes são D iv isã o d a T e rr a S an ta entre a s trib os
os limites dentro dos quais passui-
reis a terra, que se há de repartir 40 7E eis os nomes das tribos des-
elas doze tribos de Israel; porque de a fronteira do norte, ao
osé tem um quinhão dobrado. 14Vós longo do caminho de Hetalon, quan­
a possuireis todos igualmente, cada do se vai a Emat; o átrio de Enan
um tanto como seu irmão, esta terra será o limite da banda de Damas­
prometida por mim com juramento a co ao norte, ao longo do caminho de
vossos pais; e será esta terra a vos­ Emat; e o lado oriental e o mar de­
sa herança. 15Ora eis os limites da terminam a porção (da trib o) de Dan.
terra: Pelo lado setentrional, desde 2E junto dos confins de Dan, pelo
o mar grande, pelo caminho de He- lado do oriente até ao mar, será
talon, vindo a Sedada, 16a Emat, a a porção de Aser. 3E junto dos con­
Berota, a Sabarim, que está entre os fins de Aser, da região oriental até
confins de Damasco e os confins de à do mar, a porção de Neftali. 4Jun-
Emat, à casa de Ticon, que está nos to dos confins de N eftali desde
confins de Auran. a região oriental até à do mar,
17Os seus limites serão desde o mar a porção de Manassés. 5E junto dos
até ao átrio de Enon, têrmo de Da­ confins de Manassés, desde a região
10. Êstes pescadores são figu ra dos Apóstolos. Engadi estã num extremo do m ar de
Sodorna, e Engalim no outro extremo oposto, o que significa que os Apóstolos, pregadores do
Evangelho, estenderão a sua pregação por todo o mundo, a fim de pescar alm as p ara Deus.
22. Que vierem juntar-se convosco p a ra adorar a Deus. A lusão à Ig re ja Católica, em que
ê igual a condição de todos os homens.
1020 PROFECIA DE EZEQUIEL 48
oriental até à região do mar, a por­ tro mil e quinhentas; do lado ociden­
ção de Efraim. 6E junto dos confins tal quatro mil e quinhentas. 17E os
de Efraim, desde a região oriental arrabaldes da cidade terão do lado
até à do mar, a porção de Ruben. do Aquilão duzentas e cinqüenta me­
7E junto dos confins de Ruben, des­ didas, e do lado do meio-dia duzen­
de a região oriental até à do mar, tas e cinqüenta, e do lado do orien­
a porção de Judá. te duzentas e cinqüenta, e do lado do
8E junto dos confins de Judá, des­ mar duzentas e cinqüenta. 18Quanto
de a região oriental até à do mar, ao que ficar do comprimento, jun­
serão as primícias que vós separa­ to às primícias do santuário, (isto é ),
reis, as quais terão vinte e cinco dez mil medidas para o oriente, e
mil medidas (ou côvados) de largura dez mil para o ocidente, elas serão
e de. comprimento, conforme tem ca­ como as primícias do santuário; e os
da um dos outros quinhões, desde frutos daquele terreno serão destina­
a região oriental até à do mar; e o dos para dar pão àqueles que servem
santuário ficará no meio. a cidade. 19E os que- trabalharem
9Quanto às primícias (ou porções) em serviço da cidade, serão de tôdas
que vós separareis para o Senhor, te­ as tribos de Israel. “ Tôdas as pri­
rão vinte e cinco mil medidas de com­ mícias de vinte e cinco mil medidas
prido e dez mil de largo. 10Estas pri- em quadrado serão separadas para se­
micias serão do santuário e dos sa­ rem as primícias do santuário, e para
cerdotes; elas terão vinte e cinco mil possessão da cidade.
medidas de comprimento para o Aqui- 21E o que restar ao redor das pri­
lão, e dez mil medidas também de mícias do santuário e do quinhão da
largura para o oriente, e vinte e cin­ cidade, defronte das vinte e cinco m il
co mil medidas de comprimento para medidas, até ao limite do mar, será
o meio-dia; e o santuário do Senhor também quinhão do príncipe; e as
ficará no meio ( desta porção). nTô- primícias do santuário e o lugar san­
da esta porção será lugar santo, des­ to do templo ficarão no meio (dêste
tinado aos sacerdotes, que são filhos espaço). 220 que restar da possessão
de Sadoc, os quais observaram as dos Levitas e da possessão da cidade,
minhas cerimônias e não se desenca­ estará no meio das outras porções do
minharam, quando os filhos de Israel príncipe; pertencerá ao príncipe o
andavam desencaminhados, e se de­ que estiver entre os confins de Judá
sencaminharam os próprios Levitas. e os confins de Benjamim.
12E êles terão, no meio das primícias 23Quanto às outras tribos: A por­
(ou porções) . da terra, a primícia san­ ção de Benjamim será desde a região
tíssima, junto aos limites dos Le- oriental até à região ocidental. 24E
vitas. 13E os Levitas terão também, junto dos confins de Benjamim, desde
junto aos limites dos sacerdotes, vin­ a região oriental até à região ociden­
te e cinco mil medidas de compri­ tal, a porção de Simeão. 25E junto
mento, e dez mil de largura. T o­ dos confins de Simeão, desde a re­
do o comprimento (da sua porção) gião oriental até à região ocidental,
será de vinte e cinco mil me­ a porção de Issacar. “ E junto dos
didas, e a largura de dez mil. 14E confins de Issacar, desde a região o-
não poderão vender nem trocar na­ riental até à região ocidental, a por­
da disto, nem transferir a outros as ção de Zabulão. 27E junto dos con­
primícias da terra, porque são con­ fins de Zabulão, desde a região o-
sagradas ao Senhor. riental até à região do mar, a por­
15E as cinco mil medidas que res­ ção de Gad. “ E para a banda dos
tam da largura dos vinte e cinco mil, confins de Gad, ficará a região aus­
serão consideradas como profanas, fi­ tral ao meio-dia; e seus confins se­
cando destinadas para edifícios da rão desde Tamar até às águas da
cidade e para arrabaldes; e a cida­ contradição, junto a Cades; a sua
de ficará no meio (dêste espaço). herança se estenderá até ao mar
16E eis as suas medidas: do lado se­ grande.
tentrional terá quatro mil e quinhen­ 29Esta é a terra que vós distribui­
tas medidas; do lado meridional qua­ reis por sorte entre as tribos de Is­
48 PROFECIA DE EZEQUIEL 1021

rael, e tais serão as suas partilhas, Benjamim, e uma porta de Dan.


diz o Senhor Deus. 33Medirás quatro mil e quinhentas
30E estas são as saídas da cidade: medidas para o lado do meio-dia; e
Medirás pelo lado do setentrião qua­ (da mesma sorte) haverá aqui três
tro mil e quinhentas medidas. 31E as portas; uma porta de Simeão, uma
portas da cidade tomarão os nomes porta de Issacar, e uma porta de
das tribos de Israel; haverá três por­ Zabulão. 34Medirás quatro mil e qui­
tas ao setentrião: uma porta de Ru- nhentas medidas para o lado do oci­
ben, uma porta de Judá, e uma por­ dente; e haverá aqui (tam bém ) três
ta de Levi. 32E medirás da mesma portas: uma porta de Gad, uma porta
sorte para o lado do oriente quatro de Aser, e uma porta de Neftali. “ O
mil e quinhentas medidas; e desta seu circuito será de dezoito mil me­
banda haverá (tam bém ) três portas; didas; e, desde aquêle dia o nome da
uma porta de José, uma porta de cidade será: O Senhor está com ela.
PROFECIA DE DANIEL
Daniel é o quarto e último dos profetas maiores. Era da tribo de
Judá e descendente de Davi. Jovem ainda, foi levado cativo para Babilô­
nia por Nabucodonosrar, que o escolheu — junto com outros jovens ju ­
deus — para o seu serviço. Gozou sempre de um prestígio extraordinário
perante os reis de Babilônia, graças ao seu talento, às suas profecias e aos
milagres que Deus operou por seu intermédio. É célebre a profecia messiâ­
nica de Daniel das setenta semanas de anos (cap IX ). Morreu êste profe­
ta com 88 anos de idade, no fim do reinado de Ciro, depois de ter con­
seguido dêle um edito que permitia aos judeus voltarem a Jerusalém, e
reedificarem a cidade e o templo.

O livro de Daniel divide-se em duas partes bem distintas, seguidas de


um apêndice.

A primeira parte é histórica (1-6), e eram. cinco episódios mostra a


potência de Deus. Os episódios são: o sonho da estátua (2 ); os três jo ­
vens na fornalha (3 ); o sonho da árvore e a doença de Nabucodonosor (4 );
o convite de Baltasar (5 ); Daniel é livrado da cova dos leões (6).

A segunda parte é profética (7-12) e com quatro visões mostra a po­


tência de Deus nos reinos pagãos, e anuncia o reino messiânico. A pri­
meira visão dos quatro animais — que mostram a instauração do reino
messiânico sôbre as ruínas dos impérios pagãos — êle a teve no primei­
ro ano do reinado de Baltasar. A segunda visão do carneiro e do bode que
significa a destruição do império persa por obra de Alexandre Magno e
dos gregos — êle a teve no terceiro ano de Baltasar. A terceira visão, a
mais famosa, sobre as setenta semanas de anos — que deveríam transcor­
rer desde a promulgação do decreto que concedia licença para reedificar
Jerusalém, até à vinda do Messias, — êle a teve no primeiro ano do rei­
nado de Dário (9 ). A quarta visão, — que fala das lutas entre a Síria e
o Egito, e de Antioco como tipo do Anticristo, — êle a teve no terceiro ano
do reinado de Ciro (10-12).

O Apêndice (13-14) narra a história de Susana (13), a destruição de


Bel e do dragão (14), e é deuterocanônica.

O livro de Daniel foi escrito em hebraico e mesmo as partes deutero-


canônicas demonstram ser tradução de língua semítica, cujo original devia
existir no tempo de Orígenes, que o classificou no Exaples.
PROFECIA DE DANIEL
D a n ie l n a corte de N a b u c o d o n o so r, que não o obrigasse a contaminar-se.
re i de B a b ilô n ia 9E Deus fêz que Daniel achasse
graça e benevolência diante do eu­
1 7No ano terceiro do reinado de nuco-mor. 10Então o eunuco-mor dis­
* Joaquim, rei de Judá, veio se a Daniel: Tenho mêdo do rei, meu
Nabucodonosor, rei de Babilônia, con­ amo, o qual determinou o que vós
tra Jerusalém, e sitiou-a. 2E o Senhor deveis comer e beber; se êle vir os
entregou nas suas mãos Joaquim, rei vossos rostos mais macilentos que os
de Judá, e uma parte dos vasos da dos outros jovens da vossa idade,
casa de Deus; e levou-os para a ter­ sereis a causa de que o rei me man­
ra de Senaar, para a casa do seu de cortar a cabeça. nE Daniel res­
deus, e pôs os vasos na casa do te­ pondeu a Malasar, a quem o eunu­
souro do seu deus. co-mor tinha ordenado que tivesse
3Então disse o rei a Asfenez, seu cuidado de Daniel, de Ananias, de
eunuco-mor, que lhe destinasse, den­ Misael e de Azarias: 12Peço-te que
tre os filhos de Israel e da linhagem nos experimentes a nós, teus ser­
dos reis e dos príncipes, 4alguns me­ vos, durante dez dias, e que nos se­
ninos em que não houvesse defeito jam dados só legumes a comer e á-
algum, de gentil presença, e instruí­ gua a beber; “ depois disto, olha pa­
dos em tudo o que diz respeito à sa­ ra os nossos rostos e para os rostos
bedoria, hábeis nas ciências, e bem dos meninos que comem da mesa do
disciplinados, e que pudessem estar rei, e, conforme vires assim proce­
no palácio do fei, para que lhes fos­ derás com os teus servos. 14Tendo
sem ensinadas as letras (ou ciências) ouvido estas palavras, experimentou-
e a língua dos Caldeus. 5E o rei or­ os durante dez dias. 1BE, depois dos
denou que se lhes desse cada dia dez dias, apareceram os seus rostos
de comer das suas iguarias, e de be­ melhores e mais gordos do que os de
ber do vinho que êle mesmo bebia, todos os meninos que comiam da me­
a fim de que, mantidos dêste modo sa do rei. 16Malasar, pois, tomava
durante três anos, servissem depois para si os manjares e o vinho que
na presença do rei. lhes era servido, e dava-lhes legumes.
D a n ie l e seu s c o m p a n h e ir o s s ã o f ié is D a n ie l recebe um a s a b e d o ria e s p e c ia l
em o b s e r v a r a le i
17Ora Deus deu a êstes jovens a
°E entre êstes encontraram-se, dos ciência e o conhecimento de todos os
filhos de Judá, Daniel, Ananias, Mi- livros e de tôda a sabedoria; e a Da­
sael e Azarias. 7E o eunuco-mor pôs- niel (deu) a inteligência de tôdas as
lhes os seguintes nomes: a Daniel visões e sonhos. 18Terminando, pois, o
o de Baltasar, a Ananias o de Sidrac, tempo, depois do qual o rei tinha
a Misael o de Misac, e a Azarias o ordenado que lhe fôssem apresenta­
de Adbênago. 8Ora Daniel resolveu dos, o eunuco-mor introduziu-os à
no seu coração não se contaminar presença de Nabucodonosor. 19E, ten­
com as iguarias que lhe viessem da do-se o rei entretido em conversa­
mesa do rei, nem com o vinho que ção com êles, não encontrou entre
êle bebesse; e pediu ao eunuco-mor todos quem igualasse Daniel, Ana-
Cap. I — 8. A contaminar-se. Os pagãos costumavam dar às suas refeições um cará­
ter religioso, oferecendo aos deuses um a parte das iguarias e do vinho que se servia &
mesa. Além disso, entre estas iguarias, podiam encontrar-se algum as proibidas pela leL
(L e v ., X I ; X X , 25) ou preparadas de um modo contrário à mesma lei (L e v ., V II, 27).
1024 PROFECIA DE DANIEL 1 - 2

nias, Misael e Azarias; e ficaram a seram: Não há homem, ó rei, sôbre


serviço da pessoa real. 20E em todas a terra, que possa executar a tua
as questões que o rei lhes propôs ordem; e nenhum rei há, por gran­
em matéria de sabedoria e de inte­ de e poderoso que seja, que per­
ligência, achou que excediam dez ve­ gunte semelhante coisa a um adi­
zes todos os adivinhos e magos que vinho, a um mago, ou a um Caldeu.
havia em todo o seu reino. "Porque o que tu perguntas, ó rei, é
21E Daniel permaneceu (ao serviço difícil; nem se achará pessoa alguma
do r e i) até ao primeiro ano do rei que declare isso diante do rei, exce­
Ciro. to os deuses, os quais não têm co­
mércio com os homens.
Os sá bios n ão podem in terp retar o 12Ao ouvir isto, o rei, todo enfureci­
sonho de N a bu c od on osor
do e cheio de uma grande ira, orde­
O *No segundo ano do seu reina- nou que fôssem mortos todos os sá­
•“ do teve Nabucodonosor um so­ bios de Babilônia. 13E, publicada que
nho, e o seu espírito ficou em extre­ foi esta sentença, ia-se já fazendo ma­
mo atemorizado; depois esqueceu-se tança nos sábios, e andava-se em
inteiramente dêste sonho. busca de Daniel e dos seus compa­
2Mandou, pois, o rei convocar os adi­ nheiros para também perecerem.
vinhos e os magos e os encantado­ D a n ie l pede um a dem ora ao rei
res e os Caldeus (ou astrólogos) , para
que lhe fizessem conhecer qual ti­ 14Então Daniel Jnformou-se de A -
nha sido o seu sonho. Êles, tendo rioc, general dos exércitos do rei, que
chegado, apresentaram-se diante do tinha saído para fazer matar os sá­
rei. 3E o rei disse-lhes: T ive um bios de Babilônia, sôbre que lei e
sonho, mas o meu espírito está per­ sentença era esta. 15E perguntou ao
turbado, e já não sel o que vi. 4A (referido A rio c), que tinha recebido
isto os Caldeus responderam ao rei a ordem do rei, por que causa havia
em siríaco: ó rei, vlve eternamente! pronunciado o rei uma sentença tão
dize a teus servos o sonho que tives­ cruel. E, tendo Arioc declarado a Da­
te, e nós to interpretaremos. 5E, res­ niel o que havia sôbre isso, 16apre-
pondendo o rei, disse aos Caldeus: O sentou-se Daniel ao rei, e suplicou-
meu sonho fugiu-me da memória; e, lhe que lhe concedesse algum tempo
se vós me não declarardes o sonho e para dar solução ao que o rei dese­
e a sua significação, todos perecereis, java.
e as vossas casas serão confiscadas. 17E (D aniel) foi para sua casa, e
°Mas, se expuserdes o sonho e o que contou o que se passava aos seus com­
êle significa, recebereis de mim prê­ panheiros Ananias, Misael e Azarias,
mios e dons e grandes honras. E x­ 18afim de que êles implorassem a mi­
ponde-me, pois, o sonho e a sua in­ sericórdia do Deus do céu acêrca dês­
terpretação. 7Êles segunda vez res­ te segrêdo, e para que Daniel e seus
ponderam, e disseram: Diga o rei a companheiros não perecessem com os
seus servos o sonho que teve, e nós outros sábios da Babilônia. 19Então
lhe daremos a sua interpretação. foi descoberto êste segrêdo a Daniel
8Respondeu o rei, e disse: Conheço numa visão durante a noite; e Da­
bem que procurais ganhar tempo, niel bendisse o Deus do céu, 20e dis­
pois sabeis que me esqueci do sonho. se: Seja bendito o nome do Senhor
9Se vós, pois, me não disserdes de século em século, porque dêle são
o que sonhei, o conceito único que a sabedoria e a fortaleza. 21É êle que
formarei de vós, é que também for­ muda os tempos e as idades, que
jareis uma interpretação falsa e cheia transfere e estabelece os reinos, que
de ilusão, para me entreterdes com dá a sabedoria aos sábios, e a ciên­
palavras, até que tenha passado o cia aos inteligentes. 22É êle que reve­
tempo. Dizei, pois, qual foi o meu so­ la as coisas profundas e escondidas,
nho, para que eu também saiba que e que conhece o que está nas tre­
a interpretação que lhe derdes é ver­ vas; e a luz está com êle. ^A ti,
dadeira. 10Dando, pois, a sua respos­ ó Deus de nossos pais, eu dou gra­
ta os Caldeus na presença do rei, dis­ ças e te louvo, porque me deste a
2 PROFECIA DE DANIEL 1025

sabedoria e a fortaleza, e agora me vias como que uma grande estátua;


mostraste o que te tínhamos pedido, e esta estátua grana 2 e de altura
orque nos descobriste o que o rei extraordinária, estava de pé diante
esejava saber. de ti, e o seu aspecto era espanto­
24Depois disto, Daniel foi ter com so. 32A cabeça desta estátua era de
Arioc, a quem o rei tinha ordenado ouro finíssimo; porém o peito e os
que fizesse matar os sábios de Babi­ braços eram de prata; o ventre e as
lônia, e falou-lhe desta maneira: Não coxas eram de cobre; 33as pernas e-
mates os sábios de Babilônia; acom­ ram de ferro; uma parte dos pés era
panha-me à presença do rei, e eu lhe de ferro e a outra de barro. 34 Es­
darei a solução que deseja. 25Então tavas a olhá-la, quando uma pedra se
Arioc apresentou logo Daniel ao rei, desprendeu dum monte sem intervi­
e disse-lhe: Encontrei um homem rem mãos (de nenhum hom em ), a
dentre os cativos dos filhos de Judá, qual feriu a estátua nos seus pés
que dará ao rei a solução que deseja. ae ferro e de barro, e os fêz em pe­
280 rei respondeu e disse a Daniel, daços. 35Então se quebraram a um
que tinha por nome Baltasar: Jul­ tempo o ferro, o barro, o cobre, a
gas tu que me poderás dizer verda­ prata e o ouro, e ficaram reduzidos
deiramente o que eu vi em sonho, como a miúda palha que o vento le­
e dar-me a sua interpretação? 27E, va para fora da eira no tempo do
respondendo Daniel perante o rei, dis­ estio; e não ficou nada dêles; porém
se: Os sábios, os magos, os adivinhos a pedra que tinha dado na estátua
e os agoureiros não podem descobrir tornou-se um grande monte que en­
ao rei o mistério que o rei deseja cheu tôda a terra.
descobrir. “ Mas no céu há um Deus 36Êste é o sonho. Diremos também
que revela os mistérios, o qual mos­ na tua presença, ó rei, a sua inter­
trou, ó rei Nabucodonosor, as coisas pretação. 37Tu és o rei dos reis; e o
que hão de acontecer nos últimos Deus do céu deu-te o reino, a fôrça,
tempos. o império e a glória; 38e (sujeitou ao
teu poder) todos os lugares em que
Daniel descreve e interpreta o sohho habitam os filhos dos homens e os ani­
de Nabucodonosor mais do campo; entregou também
nas tuas mãos as aves do céu, e to­
O teu sonho e as visões que a tua das as coisas submeteu ao teu domí­
cabeça teve no teu leito, são as se­ nio; tu, pois, és a cabeça de ouro. "E ,
guintes: 29Tu, ó rei, começaste a depois de ti, se levantará outro reino,
pensar, estando na tua cama, no que menor que o teu, que será de prata;
havia de acontecer depois dêstes tem­ e outro terceiro reino, que será de
pos,; e aquêle que revela os mistérios cobre, o qual mandará em tôda a
fe descobriu as coisas que hão de vir. terra. 40E o quarto reino será co­
30A mim também me foi revelado ês- mo ferro; assim como o ferro qúebra
te segrêdo, não porque a sabedoria, e doma codas as coisas, assim êle que­
que há em mim, seja maior que a brará e fará todos os outros em mi­
que se acha em todos os outros vi- galhas. 41E quanto ao que viste dos
ventes, mas para que ficasse manifes­ pés e dos dedos serem uma parte dè
ta ao rei a interpretação do seu so­ barro de oleiro, e outra parte de fe r­
nho, e para que soubesses os pensa­ ro, êsse reino, que terá com tudo is­
mentos do teu espírito. 31Tu, ó rei, so a sua origem da veia do ferro,
estavas olhando, e parecia-te que será dividido, segundo tu viste que o
Cap. I I — 38. O império dos Caldeus, por sua grandeza e riquezas, fica bem comparado
com o mais nobre dos metais.
39. outro reino, o império dos Persas, menor em extensão e duração que o dos Caldeus.
— outro terceiro, 0 império de Alexandre Magno, que submeteu quase tôda a terra então
conhecida.
40. o quarto reino, 0 império dos Romanos, que dominarão com jugo de ferro todos os
reinos. Êste império porém, depois de tantas conquistas, debilitado pelos vícios e pelo luxo,
chegará a ser, no tempo dos tiranos, um misto de ferro e barro, e ir-se -â destruindo por si
Próprio.

33 - B íblia Sagrada
1026 PROFECIA DE DANIEL 2 - $

ferro estava misturado com a terra Nabucodonosor manda fazer uma.


e com o barro. 42E os dedos dos pés, estátua
em parte de ferro e em parte de bar­
ro, dão a entender que êsse mesmo O xFêz o rei Nabucodonosor uma
reino será em parte firm e e em par­ ° estátua de ouro, de sessenta cô-
te frágil. 43E como tu viste que o fer­ vados de alto e seis de largo, e pô-
ro estava misturado com a terra e la no campo de Dura, que estava
com o barro, também êles se mistura­ na província de Babilônia. 2Em se­
rão por meio de parentescos contraí­ guida o rei Nabucodonosor mandou
dos, mas não formarão um corpo ú- juntar os sátrapas, os magistrados,
nico entre si, assim como o ferro se os juizes, os capitães, os grandes se­
não pode ligar com o barro. 44No nhores, os prefeitos e todos os go­
tempo, porém, daqueles reinos suscita­ vernadores das províncias, para que
rá o Deus do céu um reino que não assistissem à dedicação da estátua,
será jamais destruído, e êste seu rei­ que o rei Nabucodonosor tinha levan­
no não passará a outro povo; antes tado. 3Juntaram-se, pois, os sátrapas,
esmigalhará e aniquilará todos ês- os magistrados, os juizes, os capi­
tães, os grandes senhores, os pre­
tes reinos, e êle subsistirá para sem­ sidentes dos tribunais e todos os go­
pre. 45Segundo o que viste que uma vernadores das províncias, para assis­
pedra foi arrancada do monte sem in­ tirem à dedicação da estátua que O
tervir mão (de nenhum hom em ), e rei Nabucodonosor tinha levantado.
esmigalhou o barro, e o ferro, e o Estavam em pé diante da estátua
cobre, e a prata, e o ouro, com isto que o rei Nabucodonosor tinha le­
mostroü o grande Deus ao rei o que vantado; 4e um pregoeiro clamava
está para vir nos tempos futuros. E em alta voz: A vós, povos, tribos e
é verdadeiro o sonho, e fiel esta sua (gentes de tôdas as) línguas, se vos
interpretação. ordena: “No momento em que ou­
virdes o som da trombeta, da flau­
Daniel e seus companheiros cumula­ ta, da citara, da harpa, do saltério,
dos de honras da sinfonia e de todo o gênero de
instrumentos músicos, prostrando-vos
46Então o rei Nabucodonosor pros- por terra, adoreis a estátua de ouro
trou-se com o rosto em terra e ado­ que o rei Nabucodonosor levantou.
rou Daniel, e mandou que lhe fizes­ °Se alguém não a adorar prostrado,
sem sacrifícios de vítimas e lhe quei­ será no mesmo instante lançado nu­
massem incenso. 4 670 rei, pois, falando ma fornalha de fogo ardente. 7E,
a Daniel, disse-lhe: Verdadeiramente depois disto, logo que os povos to­
o vosso Deus é o Deus dos deuses, dos ouviram o som da trom beta
e o Senhor dos reis, e o que revela da flauta, da citara, da harpa, do
os mistérios, pois que pudeste des­ saltério, da sinfonia e de todo gêne­
cobrir êste segrêdo. 489 E
4 ntão o rei ro.de instrumentos músicos, prostran-
elevou Daniel às maiores honras, e do-se em terra todos os povos, tribos
deu-lhe muitos e magníficos presen­ e . (gentes de tôdas as) línguas, ado­
tes, e constituiu-o governador de tô- raram a estátua de ouro, que o rei
das as províncias de Babilônia, e Nabucodonosor tinha levantado.
presidente dos magistrados e de to­ Os companheiros de Daniel são
dos os sábios de Babilônia. denunciados
49E Daniel pediu e obteve do rei 8E logo no mesmo momento, apro­
que fossem constituídos superinten­ ximando-se uns homens Caldeus, a-
dentes dos negócios da província de cusaram os Judeus, 9e disseram ao
Babilônia Sidrac, Misac e Abdênago; rei Nabucodonosor: ó rei, vive eter­
Daniel, porém, estava na corte do rei. namente! 10Tu, ó rei, publicaste um
44-45. Alusão ao império do Messias, que será fundado sôbre as ruínas dos impérios ter­
restres.
46. Que lhe fizessem sacrifícios. . . E sta adoração é feita não à pessoa de Daniel, m as a
Deus, em nome do qual acabava de falar.
3 PROFECIA DE DANIEL 1027

-decreto para que todo o homem que raremos os teus deuses, nem adora­
ouvisse o soul da trombeta, da flau­ remos a estátua de ouro que erigiste.
ta, da citara, da harpa, do saltério, 10Então encheu-se Nabucodonosor
da sinfonia, e de todo o gênero de de furor, e mudou-se o aspecto do
instrumentos músicos, se prostrasse seu semblante contra Sidrac, Misac
em terra e adorasse a estátua de e Abdênago, e mandou que se acen­
ouro; ne que, se alguém não a ado­ desse a fornalha com um fogo sete
rasse prostrado, seria lançado numa vêzes mais ardente do que se cos­
fornalha de fogo ardente. 12Não obs­ tumava acender. 20E deu ordem aos
tante isto, há (três) homens Judeus, mais valentes soldados do seu exér­
que tu constituíste superintendentes cito para que, ligados os pés a Si-
dos negócios da província de Babi­ drac, Misac e Abdênago, os lançassem
lônia, que são Sidrac, Misac e Ab­ na fornalha de fogo ardente. 21E
dênago; êstes homens desprezaram, imediatamente foram aquêles (três)
ô rei, o teu decreto; não honram homens ligados e lançados no meio
os teus deuses, nem adoram a es­ da fornalha de fogo ardente, com
tátua de ouro que levantaste. as suas roupas, tiaras, sapatos e ves­
tidos, 22porque o mandado do rei era
E por recusarem adorar a estátua urgente, e a fornalha estava extraor-
são lançados numa fornalha dinàriamente aquecida. E as chamas
13Então Nabucodonosor, cheio de do fogo mataram aquêles homens
furor e de ira, ordenou que trouxes-, que tinham lançado nelas a Sidrac,
sem à sua presença Sidrac, Misac e Misac e Abdênago. 23Entretanto ês­
Abdênago, os quais foram logo con­ tes três homens, Sidrac, Misac e Ab­
duzidos à presença do rei. 14E o rei dênago, caíram ligados no meio da
Nabucodonosor, tomando a palavra, fornalha de fogo ardente.
disse-lhes: É verdade, Sidrac, Misac (O que se segue não se encontra
e Abdênago, que vós não honrais nos livros hebreus). (* ).
os meus deuses, e não adorais á es­ 24E êles passeavam pelo meio das
tátua de ouro que eu erigi? 15Ago- chamas, louvando a Deus, e bendi­
ra, pois, se estais prontos a obede- zendo ao Senhor.
cer-me, no momento em que ouvir­ Oração de Azarias
des o som da trombeta, da flauta,
da citara, da harpa, do saltério, da 25E Azarias, pondo-se de pé, fêz es­
smfonia e de todo o gênero de ins- ta oração, e, abrindo a sua bôca no
1: .cntos músicos, prostrai-vos em meio do fogo, disse: 26Bendito és, Se­
terra e adorai a estátua que eu fiz; nhor Deus de nossos pais, e o teu
se, porém, a não adorardes, no mes­ nome seja louvado e glorifiçado por
mo instante sereis lançados numa todos os séculos; 27porque tu és jus­
fornalha de fogo ardente. E qual é to em tôdas as côisas que nos fizeste'
o Deus que vos poderá livrar da mi­ e tôdas as tuas obras são verdadeiras,
nha mão? “ Respondendo Sidrac, M i­ e os teus caminhos retos, e todos os
sac e Abdênago, disseram ao rei N a­ teus juízos verdadeiros. 28Porque e-
bucodonosor: Não há necessidade al­ xerceste justos juízos em todos os
guma que nós te respondamos sôbre males que fizeste vir sôbre nós e
isto; 17porque deves saber que o nos­ sôbre Jerusalém, cidade santa de nos­
so Deus, a quem adoramos, pode ti­ sos pais; porque nos mandaste todos
rar-nos da fornalha de fogo ardente, êstes castigos em verdade e justiça,
e livrar-nos, ó rei, das tuas mãos. por causa dos nossos pecados. ^Por­
18E, se êle o não quiser fazer assim, que pecamos e procedemos iniqua-
fica sabendo, ó rei, que nós não hon­ mente, retirando-nos de ti, e em tô-
Cap. I I I — 12. Daniel não é acusado, talvez por causa da grande estima que o rei lhe
consagrava, ou por estar ausente na ocasião.
(* ) E sta nota é de São Jerônirno, na sua versão de Daniel. Refere-se até ao versículo
90 inclusive. São Jerônirno não encontrou êste fragm ento no texto original, que é Caldeu,
e traduziu sôbre a versão grega de Teodocião, corno êle próprio diz (v. 9 0 ). Êste fra g ­
mento inserto na v u lgata, foi reconhecido pela Ig re ja como fazendo parte das Sagradas E s­
crituras.
1028 PROFECIA DE DANIEL

das as coisas temos delinqüido; servos, sejam confundidos pela tua


não atendemos aos teus preceitos, onipotência, e seja aniquilada a sua
nem os observamos, nem guarda­ fôrça; 45e saibam que só tu és o
mos, como nos tinhas ordenado, pa­ Senhor Deus, e glorioso sôbre tôda a
ra que fôssemos felizes. 31Todos os ca- terra.
tigos, pois, que fizeste vir sôbre nós Deus protege os «eus servos
e todos os males que nos tens feito
padecer, tudo com verdadeira justi­ "Entretanto os servos do rei, que
ça o tens feito; 82e nos entregaste os tinham lahçado no fogo, não cessa­
nas mãos dos nossos inimigos iní­ vam de acender a fornalha com be­
quos, e malvadíssimos, e prevaricado­ tume, e estopa, e pez, e sarmentos;
res, e a um rei injusto, e o pior que 47e a labareda levantava-se quarenta
há em tôda a terra. 33E agora não e nove côvados acima da fornalha;
podemos abrir a bôca; tornamo-nos "e estendeu-se e abrasou os Caldeus
um motivo de confusão e de opróbrio que encontrou próximos da fornalha
para os teus servos e para os que te "Ora o anjo do Senhor desceu para
adoram. 34Não nos abandones para junto de Azarias e seus companheiros
sempre, assim to pedimos, por amor à fornalha, e desviou da fornalha a
do teu nome, e não destruas a tua chama de fogo. “ E fêz que soprasse
aliança ( com Israel), “ nem retires no meio da fornalha uma como fres­
de nós a tua misericórdia, por amor ca viração acompanhada de orvalho;
de Abraão, teu amado, de Isaac, teu e o fogo não os tocou de modo al­
servo, e de Israel, teu santo, “ aos gum, nem incomodou, nem lhes cau­
quais falaste, prometendo que mul­ sou a menor moléstia.
tiplicarias a sua descendência como
as estréias do céu, e como a areia Cântico dos três jovens
que está nas praias do mar. 37Porque 51Então aquêles três (jovens) como
nós, Senhor, estamos reduzidos a um se tivessem uma só bôca, louvavam
número menor que tôdas as outras a Deus na fornalha, e o glorificavam
nações, e estamos hoje humilhados e bendiziam, dizendo:
em tôda a terra, por causa dos 52Tu és bendito, Senhor Deus de
nossos pecados. 38E já entre nós nossos pais; e digno de ser louvado,
não há príncipe, nem capitão, nem
profeta, nem holocausto, nem sa­ glorifiçado e exaltado para sempre;
crifício, nem oblação, nem incen­ bendito é o teu nome santo e glorio­
so, nem lugar em que te ofereçamos so, e digno de todo o louvor e exal­
as nossas primicias, 39para podermos tação para sempre.
achar a tua misericórdia. Porém, 53Tu és bendito no templo santo da
recebe-nos neste coração contrito, tua glória, e levantado acima de todo
e neste espírito humilhado em o louvor e de tôda a glória, por to­
que estamos. 40Assim se consuma ho­ dos os séculos.
je na tua presença o nosso sacrifí­ 54Tu és bendito sôbre o trono do
cio, e que te seja agradável, como teu reino, e elevado acima de todo
se fôsse um holocausto de carneiros, o louvor e de tôda a glória, por to­
e de touros, e como se te oferecés­ dos os séculos.
semos mil cordeiros gordos, porque 55Tu és bendito, tu que penetras o
jamais são confundidos aquêles que fundo dos abismos, e estás assentado
em ti confiam. sobre os querubins; tu és digno de
louvor e de glória por todos os sé­
41E agora nós te seguimos de todo culos.
o coração, e te tememos, e buscamos 56Tu és bendito no firmamento do
a tua face. 4 12Não nos confundas, céu, e digno de louvor e de glória
mas trata-nos segundo a tua man­ por todos os séculos.
sidão, e segundo a multidão das tuas O «Benedicite»
misericórdias. 43Livra-nos por meio
das maravilhas do teu poder, e glo­ 57Obras do Senhor, bendizei tôdas o
rifica, Senhor, o teu nome; 44e se­ Senhor; louvai-o e exaltai-o por to­
jam confundidos todos aquêles que dos os séculos.
fazem sofrer tribulações aos teus “ Anjos do Senhor, bendizei o Se­
3 PROFECIA DE DANIEL 1029

nhor; louvai-o e exaltai-o por todos 77Fontes, bendizei o Senhor^ louvai-o


os séculos. e exaltai-o por todos os séculos.
“ Céus, bendizei o Senhor; louvai-o 78Mares e rios, bendizei o Senhor;
e exaltai-o por todos os séculos. louvai-o e exaltai-o por todos os sé­
"‘Águas que estais por. cima dos culos.
céus, bendizei tôdas o Senhor; lou­ 79Monstros e tudo o que se move
vai-o e exaltai-o por todos os séculos. nas águas, bendizei o Senhor; lou-
“ Exércitos do Senhor, bendizei to­ vai-o e exaltai-o por todos os séculos.
dos o Senhor; louvai-o e exaltai-o por 80Aves do céu, bendizei tôdas o Se­
todos os séculos. nhor; louvai-o e exaltai-o por todos
62Sol e lua, bendizei o Senhor; lou- os séculos.
vai-o e exaltai-o por todos os séculos. “ Animais selvagens e rebanhos, ben­
63Estrêlas do céu, bendizei o Senhor; dizei o Senhor; louvai-o e exaltai-o
louvai-o e exaltai-o por todos os sé­ por todos os séculos.
culos. 82Filhos dos homens, bendizei o Se­
“ Chuvas e orvalhos, bendizei todos nhor; louvai-o e exaltai-o por todos
o Senhor; louvai-o e exaltai-o por os séculos.
todos os séculos. “ Bendiga Israel o Senhor; louve-o
"‘Espíritos de Deus, bendizei todos e exalte-o por todos os séculos.
o Senhor; louvai-o e exaltai-o por “ Sacerdotes do Senhor, bendizei o
todos os séculos. Senhor; louvai-o e exaltai-o por to­
6GFogo e calores, bendizei o Senhor; dos os séculos.
louvai-o e exaltai-o por todos os sé­ 85Servos do Senhor, bendizei o Se­
culos. nhor; louvai-o e exaltai-o por todos
“ Frios e calor, bendizei o Senhor; os séculos.
louvai-o e exaltai-o por todos os sé­ “ Espíritos e almas dos justos, ben­
culos. dizei o Senhor; louvai-o e exaltai-o
^Orvalhos e geadas, bendizei o Se­ por todos os séculos.
nhor; louvai-o e exaltai-o por todos “ Santos e humildes de coração, ben­
os séculos. dizei o Senhor; louvai-o e exaltai-o
^Gelos e frios, bendizei o Senhor; por todos os séculos.
louvai-o e exaltai-o por todos os sé­ “ Ananias, Azarias e Misael, bendi­
culos. zei o Senhor; louvai-o e exaltai-o
70Gelos e neves, bendizei o Senhor; por todos os séculos. Porque êle nos
louvai-o e exaltai-o por todos os sé­ tirou do inferno, e nos salvou das
culos. mãos da morte, e nos livrou do meio
71Noites e dias, bendizei o Senhor; das chamas ardentes, e nos tirou do
louvai-o e exaltai-o por todos os sé­ meio do fogo.
culos. “ Dai graças ao Senhor, porque Êle
72Luz e trevas, bendizei o Senhor; é bom, porque a sua misericórdia é
louvai-o e exaltai-o por todos os sé­ eterna.
culos. °°Vós, homens religiosos, bendizei
73Relãmpagos e nuvens, bendizei o todos o Senhor, o Deus dos deuses;
Senhor; louvai-o e exaltai-o por to­ louvai-o e rendei-lhe ações de gra­
dos os séculos. ças; porque a sua misericórdia per­
manece por todos os séculos.
74A terra bendiga o Senhor; ela o
louve e exalte por todos os séculos. no (Ohebreu;que se disse até aqui não está
e o que pusemos foi to­
75Montes e outeiros, bendizei o Se­ mado da edição de Teodocião). *
nhor; louvai-o e exaltai-o por todos
os séculos. O rei glorifica o verdadeiro Deus
76Plantas que brotais da terra, ben­ e cumula os jovens de honras
dizei tôdas o Senhor; louvai-o e exal­
tai-o por todos os séculos.6 1 91Então o rei Nabucodonosor ficou
61. Exércitos do céu, isto ô, o conjunto dos astros com todos os seus fenômenos.
88. D o inferno, isto é, do sepulcro, ou também das gargantas da morte.
(* ) Ê outra nota de São Jerônimo. Teodoci&o ê um dos antigos tradutores Gregos da
sa g ra d a Escritura, que só neste livro de Daniel foi preferido pela Ig re ja aos Setenta.
l030 PROFECIA DE DANIEL 3 -4

todo espantado, e levantou-se de re­ Daniel é chamado para interpretar


pente, e disse para os grandes da sua o sonho da árvore
côrte: Não lançamos nós no meio do
fogo três homens atados? E êles, res­ A 2Eu, Nabucodonosor, estava tran-
pondendo ao rei, disseram: Assim é, ^ qüilo em minha casa, e feliz
ó rei. 02Ao que êle respondeu, e dis­ no meu palácio. 2Tive um sonho que
se: Contudo eu vejo quatro homens me atemorizou; e, estando na minha
soltos, e passeando no meio do fogo, cama, os meus pensamentos e as v i­
e nenhuma lesão há nêles, e o aspecto sões da minha imaginação perturba­
do quarto é semelhante ao do filho ram-me. 3Por esta causa publiquei
de Deus. um decreto para que viessem à minha
93Então Nabucodonosor aproximou- presença todos os sábios de Babilônia,
se da porta da fornalha de fogo ar­ a fim de me darem a explicação do
dente, e disse: Sidrac, Misac e Abdê- meu sonho. 4Então vieram k minha
nago, servos de Deus exeelso, saí e presença os adivinhos, os magos, os
vinde. E logo Sidrac, Misac e Abdéna- Caldeus e os agoureiros, e eu contei
go saíram do meio do fogo. ME, ten­ o meu sonho na sua presença; mas
do-se juntado os sátrapas, e os ma­ êles não me deram a sua interpreta­
gistrados, e os juizes, e os grandes da ção; 5até que se apresentou diante de
côrte do rei, olhavam atentamente mim o seu colega Daniel, que tem por
para aquêles homens, vendo que o fo ­ nome Baltasar, segundo o nome do
go não tinha tido poder algum sôbre meu deus o qual tem em si mesmo
os seus corpos, e que nem um só ca­ o espírito dos deuses santos; e ex-
belo da sua cabeça se tinha queimado, pus diante dêle assim o meu sonho:
e que não aparècia sinal algum nas 6Baltasar, príncipe dos adivinhos, co­
suas roupas, e que nem o cheiro do mo eu sei que tens em ti o espírito
fogo tinha passado por êles. dos deuses santos, e que nenhum se-
"Então Nabucodonosor, rompendo grêdo te é impenetrável, expõe-me as
nesta exclamação, disse: Bendito seja visões dos sonhos que tive, e dá-me
o Deus dêles, o Deus de Sidrac, Misac a sua interpretação.
e Abdênago, que enviou o seu anjo, e
livrou os seus servos, que creram nê- Narração do sonho
le, e que resistiram ao mandamento 7A visão da minha imaginação, es­
do rei, e que entregaram os seus cor­ tando eu na minha cama, foi esta:
pos, para não servirem e para não Parecia-me ver no meio da terra uma
adorarem a nenhum outro deus, além árvore, e a sua altura era desmarca­
do seu Deus. 9GEis, pois, o decreto que da. 8Era uma árvore grande e forte,
eu promulgo: Todo o homem de qual­ e a sua altura chegava até ao céu;
quer povo, tribo e língua, que tiver via-se das extremidades de tôda a ter­
proferido alguma blasfêmia contra o ra. 9As suas folhas eram formosíssi­
Deus de Sidrac, de Misac e de Abdê­ mas e os seus frutos copiosíssimos;
nago, pereça, e a sua casa seja des­ e dela todos se podiam sustentar.
truída; porque não há outro Deus, Os animais domésticos e selvagens ha­
que assim possa salvar, senão êste. bitavam debaixo dela, e as aves do
97Então o rei elevou em dignidade a céq pousavam sôbre os seus ramos,
Sidrac, Misac e Abdênago, na provín­ e aela se sustentava tôda a carne.
cia de Babilônia. 10Eu estava vendo isto na visão da
"O rei Nabucodonosor a todos os minha imaginação sôbre o meu lei­
povos, nações e linguas que habitam to, e eis que um dos (anjos), que
sôbre tôda a terra, a paz seja em vós velam e que são santos, desceu do
multiplicada. "O Deus exeelso fêz pro­ céu. nChamou com voz forte, e disse:
dígios e maravilhas na minha pre­ Deitai abaixo esta árvore, e cortai-lhe
sença . A mim, pois, aprouve publicar os ramos, fazei-lhe cair as folhas, e
100os seus prodígios, porque são gran­ dispersar os seus frutos; fujam os
des, e as suas maravilhas, porque são animais que estão debaixo dela, e as
estupendas; o seu reino é um reino aves que estão sôbre os seus ramos.
eterno, e o seu poder estende-se de 1JDeixai, todavia, na terra o tronco
geração em geração. com as suas raízes; seja êle atado
4 PROFECIA DE DANIEL 1031

com cadeias de ferro e de bronze en­ os ramos, deixai, todavia, na terra


tre as ervas dos campos, e seja mo­ o tronco com as suas raízes, e seja
lhado com o orvalho do céu, e a sua êle atado com cadeias de ferro e
sorte seja com as feras entre a erva de bronze entre as ervas dos cam­
da terra. 13Mude-se-lhe o seu coração pos, e seja molhado com o orva­
de homem, e dê-se-lhe um coração lho do céu, e o seu pasto seja (co­
de fera e passem (permanecendo ele m um ) com as feras, até se terem
neste estado) sete tempos (ou anos) passado sete tempos por cima dê­
por cima dêle. “ Por sentença dos le; 21eis a interpretação da senten­
(anjos) que velam, assim foi decre­ ça do Altíssimo, que foi pronuncia­
tado, e esta é a palavra e a petição da contra o rei, meu senhor: 22Lan-
dos santos, até que conheçam os vi- çar-te-ão fora da companhia .dos
ventes que o Altíssimo é que tem o homens, e a tua habitação será com
domínio sobre os reinos dos homens, os animais e feras, e comerás feno
e dá-los-ã a quem quiser, e porá nê- como boi, e serás molhado com o
le (se quiser) o mais humilde dos orvalho do céu; passar-se-ão assim
homens. 15Eis o sonho que eu, rei N a - sete tempos por cima de ti, até que
bucodonosor, tive. Tu, pois, Baltasar, reconheças que o Altíssimo domina
apressa-te a interpretar-mo, porque sôbre o reino dos homens, e o dá
nenhum dos sábios do meu reino me a quem lhe apraz. 23Quanto à or­
pode dizer o que significa; tu, porém, dem de deixar o germe das raízes
podes, porque o espírito dos deuses da árvore, (isso significa que) o teu
santos está em ti. reino se ficará conservando para
se te tornar a dar, depois que ti­
Sua interpretação veres reconhecido que todo o poder
vem do céu. 24Portanto segue, ó
16Então Daniel, por outro nome B al­ rei, o conselho que te dou, e res­
tasar, começou a pensar consigo mes­ gata os teus pecados com esmolas,
mo em silêncio durante quase uma e as tuas iniqüidades com obras de
hora, e os seus pensamentos perturba­ misericórdia para com os pobres;
vam-no. Mas o rei, tomando a pala­ talvez que o Senhor te perdoe os
vra, disse-lhe: Baltasar, não te turbe teus delitos.
o sonho, nem a sua interpretação.
Baltasar respondeu-lhe, e disse: Meu A realização do sonho
senhor (oxalá que) o sonho seja con­
tra os que te têm ódio, e a sua inter­ 25Tôdas estas coisas aconteceram ao
pretação seja contra os teus inimigos. rei Nabucodonosor. “Ao cabo de do­
17A árvore que tu viste alta e robusta ze meses passeava êle no palácio de
cuja altura chega até ao céu, e Babilônia, 27e começou a falar dêste
que se via de tôda a terra, 1S(essa ár­ modo: Não é esta aquela grande
vore) cujos ramos eram formosíssi­ Babilônia, que eu edifiquei para ca­
mos e cujos frutos muito abundan­ pital do meu reino, com a força
tes, na qual todos achavam com que do meu poder e com a glória da
se sustentar, sob a qual os animais minha majestade? 28E, não tendo
do campo habitavam, e em cujos ra­ ainda o rei acabado de proferir estas
mos as aves do céu pousavam, 10(essa palavras, veio do céu esta voz: Eis
árvore) és tu, ó rei, que tens sido o que te é anunciado, ó rei N a b u ­
engrandecido, e que te fizeste po­ codonosor: O teu reino ser-te-á ti­
deroso; e cresceu a tua grandeza e rado, ^expulsar-te-ão do meio dos
chegou até ao céu, e o teu poder homens, e a tua habitação será com
estendeu-se até as extremidades de os animais e as feras, comerás fe­
tôda a terra. “ E quanto ao ter o rei no como boi, e sete tempos passa­
visto o (a n jo ) que vela e que é rão por cima de ti, até que reco­
santo baixar do céu e dizer: Dei­ nheças que o Altíssimo domina sô­
tai abaixo esta árvore e cortai-lhe bre o reino dos homens, e o dá a

Cap. IV — 22. A doença, com que Nab ucodonosor foi castigado, era um a espécie de
demência, em virtude da qual êle se Julgava transform ado em boi, procurando im itá-lo em
tudo. mesmo no modo de se alimentar.
1032 PROFECIA DE DANIEL 4 - 5

quem lhe apraz. S0N a mesma hora biam o vinho, e louvavam os seus
foi cumprida esta palavra na pes­ deuses de ouro e de prata, de me­
soa de Nabucodonosor, e foi expul­ tal, de ferro, de pau e de pedra.
so do meio dos homens, e comeu 5Na mesma hora apareceram uns
feno como boi, e o seu corpo foi dedos, como de mão de homem, que
molhado com o orvalho do céu; de escrevia defronte do candelabro, na
sorte que lhe cresceram os cabelos superfície da parede da sala real, e
como as (plumas das) águias, e as o rei via os dedos da mão que es­
suas unhas tornaram-se como as crevia. °Então o semblante do rei
das aves. mudou-se, e os seus pensamentos
31Mas, depois que se passou o tem­ perturbavam-no; e as juntas dos
po, eu, Nabucodonosor, levantei os seus rins se relaxaram e os seus
meus olhos ao céu, e voltou o uso joelhos batiam um no outro.
da razão, e eu bendisse o Altíssimo, 70 rei, pois, clamou em alta voz
e louvei e glorifiquei o que vive e- ue fizessem vir os magos, os Cal-
ternamente, porque o seu poder é um eus e os agoureiros.' E o rei, to­
poder eterno, e o seu reino estende-se mando a palavra, disse aos sábios
de geração em geração. 32E todos os de Babilônia: Todo o que ler esta
habitantes da terra são diante dêle escritura, e me der a sua interpre­
como um nada; porque êle faz tu­ tação, será vestido de púrpura, e
do o que quer, tanto das potestades trará um colar de ouro ao pescoço,
do céu como dos habitantes da ter­ e será o terceiro no meu reino. ‘ En­
ra; e não há quem resista à sua tão, tendo entrado todos os sábios
mão, e lhe diga: Por que fizeste do rei à sua presença, não pude­
tu assim? 33Ao mesmo tempo vol- ram nem ler esta escritura, nem
tou-me o uso da minha razão, e re­ dar ao rei a sua interpretação. °Por
cobrei o esplendor e tôda a glória cujo motivo ficou o rei Baltasar
do meu reino, e foi-me restituído o muito perturbado, e o seu rosto mu­
meu primeiro aspecto; e os grandes dou-se, e os grandes da sua côrte
da minha côrte e os meus magis­ ficaram também sobressaltados.
trados vieram buscar-me, e eu fui
restabelecido no meu reino, e fiquei Daniel é chamado para interpretar
sendo maior do que nunca. a inscrição
34Agora, pois, eu, Nabucodonosor, 10Mas a rainha (m ãe), movida do
louvo, exalto e glorifico o rei do céu, que tinha acontecido ao rei e aos
porque tôdas as suas obras são ver­ grandes que estavam junto dêle, en­
dadeiras, e os seus caminhos cheios trou na sala do banquete, e, falan­
de justiça, e êle pode humilhar os do, disse: ó rei, vive eternamente!
que andam na soberba. Não te. turbem os teus pensamen­
O festim de Baltasar tos, nem se altere o teu rosto. nN o
teu reino há um homem que tem
Ç 70 rei Baltasar deu um gran- em si o espírito dos deuses santos;
. de banquete a (mais de) mil e no tempo de teu pai manifesta­
grandes da sua côrte, e cada um ram-se nêle a ciência e a sabedo­
bebia conforme a sua idade. E s ­ ria; por isso até o rei Nabucodo­
tando, pois, já cheio de vinho, man­ nosor, teu pai, o constituiu chefe
dou que lhe trouxessem os vasos dos magos, e dos encantadores, dos
de ouro e de prata que Nabucodo­ Caldeus e dos agoureiros; teu pai,
nosor, seu pai, tinha transportado digo, ó rei; 12porque um espírito
do templo de Jerusalém, para be- superior ao dos outros, e prudên­
berem por êles, o rei, e os seus cia, e inteligência, e interpretação
grandes, e as suas mulheres e con­ de sonhos, e declaração de segre­
cubinas. 3Foram, pois, trazidos os dos, e solução de dificuldades, tudo
vasos de ouro e de prata, que ti­ se achou nêle, isto é, em Daniel, a
nham sido transportados do templo quem o rei pôs o nome de Balta­
de Jerusalém; e por êles beberam sar. Agora, pois, chame-se Daniel,
o rei, os grandes da sua côrte, as e êle interpretará esta escritura.
suas mulheres e concubinas. 4Be- “ Daniel, pois, foi apresentado dian­
5 - 6 PROFECIA DE DANIEL 1033

te do rei; e o rei disse-lhe: Ès tu minador do céu; e fizeste vir para


Daniel, um dos cativos dos filhos diante de ti os vasos da sua casa, e
de Judá, que o rei meu pai trouxe bebeste por êles vinho, tu e os gran­
da Judéia? 14OuVi dizer de ti que des da tua côrte, e as tuas mulheres
tens o espírito dos deuses, e que e as tuas concubinas; e ao mesmo
em ti se achou em grau superior tempo louvaste os teus deuses de
a ciência, a inteligência e a sabe­ prata e de ouro e de metal, de ferro,
doria. 15Àinda agora vieram à mi­ de pau e pedra, e que não vêem, nem
nha presença os sábios e os magos ouvem, nem sentem; e não deste gló­
para lerem esta escritura e me da­ ria ao Deus, que tem na sua mão
rem a interpretação dela, e não pu­ o teu alento e todos os teus cami­
deram decifrar o sentido daquelas nhos. 24Por isso é que êle mandou os
palavras. 16Porém de ti ouvi dizer dedos daquela mão, que escreveu o
que podes interpretar as coisas obs­ que está traçado (na parede).
curas e resolver as intrincadas; se 25Isto é, pois, o que ali está escrito:
tu, pois, podes ler esta escritura, e Mané, Técel, Farés. 26E esta é a in­
dar-me a sua interpretação, serás terpretação das palavras: Mané:
vestido de púrpura, e trarás um Deus contou (os dias do) teu reina­
colar de ouro à roda do teu pesco­ do, e pôs-lhe têrmo. 27Técel: tu fos­
ço, e serás o terceiro dentre os prín­ te pesado na balança, e achou-se que
cipes no meu reino. estavas falto de pêso. “ Farés: o teu
reino foi dividido e dado aos Medos
Daniel censura o rei soberbo e e aos Persas.
interpreta a inscrição 29Então, por ordem do rei, foi Da­
niel vestido de púrpura, e cingiu-se-
17Daniel, respondendo a isto, dis­ -lhe ao pescoço um colar de ouro, e
se em presença do rei: As tuas dá­ publicou-se que êle teria o terceiro
divas sejam para ti, e dá honras da pôsto de autoridade no reino.
tua casa a outro; eu todavia te lerei, 30Naquela mesma noite foi morto
ó rei, esta escritura, e te darei a sua Baltasar, rei dos Caldeus. 81E Dario
significação. 180 Deus altíssimo, ó Medo sucedeu-lhe no reino, tendo
rei, deu a Nabucodonosor, teu pai, o sessenta e dois anos de idade.
reino e a grandeza, a glória e a hon­
ra; 19e, por causa do grande poder Inveja dos sátrapas contra Daniel
que lhe tinha dado, todos os povos,
tôdas as tribos e tôdas as nações de C ^p rou ve a Dario estabelecer pa-
qualquer língua o respeitavam, e tre­ w ra o govêrno do reino cento e
miam diante dêle; aos que queria, vinte sátrapas (ou governadores) , re­
matava; e aos que queria, feria, com partidos por tôdas as províncias do
o castigo; e aos que queria, exaltava; reino. 2E sôbre êles constituiu três
e aos que queria, humilhava. 20Po- príncipes, dos quais Daniel era um,
rém, depois que o seu coração se ele­ a fim de que êstes sátrapas lhes des­
vou, e o seu espírito se confirmou na sem conta dos negócios, e o rei não
soberba, foi deposto do trono do seu tivesse nenhum cuidado. 3Ora Da­
reino, e foi-lhe tirada a sua glória, niel avantajava-se a todos os prínci­
21e foi expulso do meio dos filhos dos pes e sátrapas, porque era nêle mais
homens, e até o seu coração ficou abundante o espírito de Deus. 40 rei
sendo como o dos brutos, e a sua ha­ pensava, pois, em o estabelecer sôbre
bitação era com os asnos selvagens; todo o reino; motivo por que os prín­
comia feno como um boi, e o seu cor­ cipes e os sátrapas buscavam ocasião
po foi molhado com o orvalho do céu, de o acusar em coisas que tocasse
até que reconheceu que o Altíssimo com (interesse do) rei; mas não pu­
tem um poder soberano sôbre os rei­ deram achar pretexto algum, ou ra­
nos dos homens, e que exalta sôbre zão por onde o tornassem suspeito,
o trono a quem lhe apraz. 22E tur porque êle era fiel, e não se achava
Baltasar, que és seu filho, não hu­ nêle culpa alguma, nem suspeita de­
milhaste o teu coração, apesar de sa- la. 5Disseram, pois, aquêles homens
oeres tôdas estas coisas; 23antes, pe­ entre si: Nós não acharemos ocasião
lo contrário, te elevaste contra o do­ alguma de acusar êste Daniel, senão
1034 PROFECIA DE DANIEL 6
talvez pelo que diz respeito à lei' do até ao pôr do sol esforçou-se por sal­
seu Deus. vá-lo.
6Então os príncipes e os sãtrapas 15Mas aquêles homens, reconhecen­
surpreenderam o rei, e falaram-lhe do a intenção do rei, disseram-lhe:
assim: ó rei Dario, vive eternamen­ Sabe, ó rei, que é uma lei dos Medos
te; 7todos os príncipes do teu reino, e dos Persas, que seja imutável todo
os magistrados e os sãtrapas, os se­ o decreto que o rei passar. 16Então,
nadores e os juizes, são de parecer o rei deu a ordem, e levaram Da­
que se promulgue um decreto impe­ niel, e deitaram-no na cova dos leões.
rial e um edito, ordenando que to­ E o rei disse a Daniel: O teu Deus,
do aquêle que por espaço de trinta que incessantemente adoras, êle te
dias pedir alguma coisa a qualquer livrará. J7Ao mesmo tempo levaram
deus ou a qualquer homem, que não uma pedra e puseram-na sôbre a bô-
fôres tu, ó rei, seja lançado na cova ca da cova, a qual o rei selou com
dos leões. 8Agora, pois, ó rei, con­ o seu anel e com o anel dos grandes
firm a esta sentença e passa êste de­ da sua côrte, para que não se fizesse
creto, para que não se altere o que coisa alguma contra Daniel. lsO rei
se acha estabelecido pelos Medos e voltou para o seu palácio e deitou-
pelos Persas, sem que seja permitido se sem ter ceado, e não se lhe pu­
a ninguém violá-lo. 90 rei Dario, pois, seram diante manjares alguns, e,
fêz publicar êste edito, e assim o além disso, não pôde conciliar o sono.
mandou. Um anjo salva Daniel
10Tendo-o sabido Daniel, isto é,
que tinha sido publicada esta lei, 19Ao outro dia, levantando^se o rei
entrou em casa, e, abrindo as jane­ logo ao romper da manhã, foi a tôda
las da sua câmara, que ficavam no a pressa à cova dos leões; * 20e, apro­
lado de Jerusalém, cada dia, a três ximando-se da cova, chamou por Da­
horas diferentes, punha-se de joe­ niel com voz lacrimosa, e disse-lhe:
lhos e adorava o seu Deus, e rendia- Daniel, servo do Deus vivo, o teu
lhe ações de graças, corno também Deus, a quem tu incessantemente ser­
antes costumava fazer. ves, pôde porventura livrar-te dos
leões? 21E Daniel, respondendo ao
Daniel na cova dos leões rei, disse: ó rei, vive eternamenteí
220 meu Deus enviou o seu anjo, e
“ Então aquêles homens, espiando- fechou as bôcas dos leões, e êles não
o com o maior cuidado, encontraram me fizeram mal algum, porque foi
Daniel orando e fazendo súplicas ao achada em mim justiça diante dêle;
seu Deus. 12E, indo ter com o rei, e também eu diante de ti, ó rei, não
falaram-lhe acêrca do edito, dizendo: cometi delito algum. 23Então o rei
ó rei, não ordenaste tu que, durante ficou sobremaneira cheio de alegria
o espaço de trinta dias, todo o homem a seu respeito, e mandou que Daniel
ue fizesse oração a qualquer dos fôsse tirado da cova; e Daniel foi ti­
euses ou dos homens, que não fôsse rado da cova, e não se encontrou nêle
tu, ó rei, fôsse lançado na cova dos lesão alguma, porque creu no seu
leões? O rei, respondendo-lhes, disse: Deus.
O que vós dizeis é verdade, segundo O s sãtrapas na cova dos leões
a lei dos Medos e dos Persas, que
não é permitido violar. 13Então, res­ -‘E, por ordem do rei, foram trazi­
pondendo êles, disseram ao rei: Pois dos aquêles homens que tinham acu­
Daniel, um dos cativos dos filhos sado Daniel, e foram lançados na co­
de Judá, não fêz caso da tua lei nem va dos leões, êles e os seus filhos e
do edito que promulgaste, antes faz as suas mulheres; e não tinham bem
a sua oração três vêzes ao dia. chegado ao pavimento da cova, quan­
“ Tendo ouvido o rei estas palavras, do os leões os apanharam entre os
ficou bastante entristecido; e resol­ dentes, e lhes despedaçaram todos os
veu em seu coração salvar Daniel, e OSSOS.

Cap. v i — 17. Para que se não fizesse. . . O rei tinha esperança de que o Deus de
Daniel o havia de livrar, e, além disso, receava qualquer ardil dos cortesãos.
6 - 7 PROFECIA DE DANIEL 1035

“ Então o rei Dârio escreveu a to­ ordens de dentes na sua bôca, e di-
dos os povos, a tôdas as tribos e na­ ziam-lhe assim: Levanta-te, come
ções e línguas, que habitavam sobre carne em abundância. 6Depois disto
tôda terra: A paz se multiplique en­ estava eu olhando, e vi outro (ani­
tre vós. 2cFoi decretado por mim m a l), que era como um leopardo, e
que em todo o meu império e reino tinha em cima de si quatro asas, co­
se respeite e tema o Deus de Daniel; mo asas dum pássaro; e êste animal
porque êle é o Deus vivo e eterno tinha quatro cabeças, e foi-lhe dado
por todos os séculos; e o seu reino o poder. 7Depois disto, eu contem­
não será destruído, e o seu poder é plava esta visão noturna, e eis qué
eterno. 27Êle é o libertador e o sal­ vi um quarto animal, terrível e espan­
vador, que faz prodígios e maravi­ toso e extraordinàriamente forte; ti­
lhas no céu e na terra; êle é o que nha uns grandes dentes de ferro; de­
livrou Daniel da cova dos leões. vorava e despedaçava, e calcava aos
28E Daniel permaneceu sempre (em pés o que sobejava; era diferente dos
dignidade) durante o reinado de Da- outros animais que eu tinha visto an­
rio, e o reinado de Ciro Persa. tes dêle, e tinha dez hastes. 8Estava
eu contemplando as hastes, e eis que
A visão dos quatro animais e do reino vi uma outra haste pequena, que nas­
do Filho do Homem cia do meio delas; e três das primei­
ras hastes foram arrancadas de dian­
7 aN o primeiro ano de Baltasar, rei te dela; e reparei que nesta haste ha­
1 de Babilônia, teve Daniel uma via uns olhos como olhos de homem, e
visão em sonhos, e esta visão teve-a uma bota que falava com insolência.
o seu espírito, estando na sua cama; 9Estava eu atento ao que via, até
e, escrevendo o seu sonho, resumiu-o que foram postos uns tronos, e o
em poucas palavras, e, apontando-o Ancião dos (m uitos) dias sentou-se;
em suma, disse: 2Eu estava vendo o seu vestido era branco como a ne­
na minha visão noturna, e eis que ve, e os cabelos da sua cabeça como
os quatro ventos do céu pelejavam a pura lã; o seu trono era de chamas
uns* contra os outros no mar grande. de fogo, e as rodas dêste trono um
3E quatro grandes animais, diferen­ fogo ardente. 10De diante dêle saía
tes uns dos outros, saíam do mar. um impetuoso rio de fogo; eram mi­
40 primeiro era como uma leoa, e lhares de milhares os que o serviam,
tinha asas de águia; quando eu esta­ e mil milhões (ou inumeráveis) os
va olhando para ela, foram-lhe ar­ que assistiam diante dêle. Assentou-
rancadas as asas, e foi levantada da se para julgar, e fo ra m . abertos os
terra, e pôs-se sôbre os seus pés, co­ livros. ” Eu olhava atentamente por
rno um homem, e foi-lhe dado um causa do ruído das palavras arrogan­
coração de homem. ‘5E vi outro ani­ tes que esta haste proferia; e vi que
mal semelhante a um urso, que se o animal tinha sido morto, e que o
pôs ao seu lado, o qual tinha três seu corpo perecera e fora entregue
Cap. v i l — 2. O s q u a t r o v e n t o s . . . símbolo das paixôes humanas em luta constante
umas com as outras. — o m a r g r a n d e simboliza aqui o mundo pagão.
3. Q u a t r o a n i m a i s . . . A s nações são muitas vêzes representadas pelos profetas sob o em­
blema de animais.
4. U m a l e o a , que simboliza, com a sua fôrça, o império de Babilônia. — F o r a m - l h e a r -
r a n ç a d a s ... Alusão aos últimos anos do império de Babilônia, enfraquecido pelos Persas em
que já. náo era um a leoa forte nem uma águia agil, mas u m h o m e m fraco, incapaz de se
defender.
5. U m u r s o , que simboliza o império Medo-Persa. — T r ê s o r d e n s . . . emblema das três
principais conquistas de Ciro: Babilônia, L íd ia e Egito.
6. U m l e o p a r d o , o império da Macedônia e as rápidas conquistas de Alexandre Magno. —
A s q u a t r o c a b e ç a s são as quatro monarquias em que se dividiu êste império.
7. U m q u a r t o a n i m a l , que representa o império Romano. — A s d e z h a s t e s significam os
numerosos estados a que deu origem a dissolução dêste império.
8. H a s t e p e q u e n a , o Anti-Cristo.
9. o A n c i ã o . . . O Deus eterno.
10. os l i v r o s em que estáo escritas tôdas as açôes dos homens. Modo figurado de dizer.
1036 PROFECIA DE DANIEL 7 -8

ao fogo para ser queimado; " (v i ) tava eu observando, e eis que aquela
também que tinha sido tirado o po­ haste fazia guerra contra os santos,
der aos outros animais, e que a du­ e prevalecia sôbre êles, 22até que veio
ração da sua vida lhes tinha sido o Ancião dos (m uitos) dias, e sen­
assinalada até um tempo e um tempo. tenciou a favor dos santos do Ex-
13Eu estava, pois, observando estas celso, e chegou o tempo, e os santos
coisas durante a visão noturna, e eis obtiveram o reino. 23E êle falou as­
que vi um (personagem) que pare­ sim: O quarto animal será na terra
cia o Filho do homem, que vinha còm o quarto reino, que será maior do
as nuvens do céu, e que chegou até que todos os outros reinos, e devora­
ao Ancião dos (m uitos) dias; e o a- rá tôda a terra, e a calcará aos pés,
presentaram diante dêle. 14E êle deu- e a despedaçará. 24As dez hastes dês-
lhe o poder, a honra e o reino; e te reino serão dez reis; e depois dê-
todos os povos, tribos e línguas o ser­ les se levantará outro, e será mais
viram; o seu poder é um poder eter­ poderoso do que os primeiros, e hu­
no que lhe não será tirado; e o seu milhará três reis. “ E falará insolen­
reino não será jamais destruído. temente contra o Excelso, e atrope­
lará os santos do Altissimo, e ima­
Interpretação da visão ginará que pode mudar os tempos e
as leis; e os santos serão entregues
150 meu espírito encheu-se de hor­ nas suas mãos até um (ano ou) tem­
ror; eu, Daniel, fiquei atemorizado po, e dois (anos o u )- tempos, e meta­
com estas coisas, e as visões da m i­ de dum (ano ou) tempo. 26E (d e­
nha cabeça perturbaram-me. 16Apro- pois) se realizará o juízo, a fim de
ximei-me dum dos assistentes, e per­ que lhe seja tirado o poder, e _êle
guntei-lhe a verdadeira significação seja destruído e pereça para sempre,
de tôdas estas coisas. Êle deu-me a 27e seja dado o reino, o poder e a
interpretação destas visões, e ensi­ grandeza do reino, que está debaixo
nou-me: 17Êstes quatro grandes ani­ de todo o céu, ao povo dos santos
mais são quatro reinos, que se levan­ do Altíssimo, cujo reino é um reino
tarão da terra. lsMas os santos do eterno, e ao qual servirão e obedece­
Deus altíssimo receberão o reino, e rão todos os reis.
entrarão na posse do mesmo reino
até ao fim dos séculos, e por todos 28Aqui terminou o que me foi dito.
os séculos dos séculos. Eu, Daniel, fiquei muito perturbado
com êstes meus pensamentos, e todo
19Depois disto, quis eu diligente­ o meu semblante se mudou; mas con­
mente informar-me do quarto ani­ servei no meu coração esta visão
mai, que era muito diferente úe to­ (admirável).
dos os outros, e sobremaneira teme­
roso, cujos dentes e unhas eram de Visão do carneiro, do bode
ferro, e que devorava, despedaçava e e do rei profanador
calcava aos pés o que sobejava. ME
(quis também informar-rne) das dez O *No terceiro ano do reinado do
hastes que tinha na cabeça, e da ou­ ° rei Baltasar, tive uma visão.
tra que lhe viera de novo, na pre­ Eu, Daniel, depois do que tinha visto
sença da qual tinham caído três das no princípio, 2vi numa visão que ti­
outras hastes, e desta haste, que ti­ ve, encontrando-me no castelo de Su-
nha olhos e tinha uma bôca que fa­ sa, que está no país de Elam; vi,
lava com insolência, e que se tinha pois, nesta visão que eu estava à por­
tornado maior do que as outras. 21Es­ ta de Ulai.
12. A té um te m p o ... A té ao prazo m arcado por Deus a cada um a delas.
13. Filho do homem, o Messias.
18. os santos, isto é, o povo teocrático.
25. A té um te m p o ... Segundo a opinião, incerta m as plausível, de muitos comentadores,
o profeta quer significar que o domínio do Anti-Cristo durará três anos e meio.
28. o que me foi dito, a explicação do anjo.
V I I I — A visão contada neste capítulo está intimamente ligada com a do capítulo ante­
rior, a qual desenvolve e esclarece.
PROFECIA DE DANIEL 1037

3E levantei os meus olhos, e olhei; tuo, por causa dos pecados (do po­
c eis que estava em pé diante duma vo) ; e a verdade será abatida sôbre
lagoa um carneiro, que tinha umas a terra, e êle compreenderá tudo e,
hastes elevadas, e uma era mais alta tudo lhe sucederá conforme o seu de­
do que a outra, e crescia pouco a sejo.
pouco. Depois 4vi que o carneiro 13Então ouvi um dos santos que fa­
dava marradas contra o ocidente, lava; e um santo perguntou a outro,
contra o aquilão e contra o meio-dia, não sei qual, que lhe falava: Até
e nenhuma besta lhe podia resistir, quando durará (o que) a visão (anun­
nem livrar-se do seu poder; e fêz cia) quanto ao sacrifício perpétuo e
«juanto quis, e tornou-se poderoso. ao pecado (causa) da desolação que
5Estava eu considerando isto, e eis foi feita; e até quando será calcado
que um bode vinha do ocidente sôbre aos pés o santuário e a fortaleza (de
a face de tôda a terra, e (tão rápida- Israel) f 14E êle respondeu-lhe: Até
mente que) não tocava na terra; e dois mil e trezentos dias ( completos,
êste bode tinha uma grande haste en­ isto é) compostos da tarde e ma­
tre os seus olhos. 6E dirigiu-se con­ nhã; e (depois) o santuário será pu­
tr a aquêle carneiro que tinha hastes, rificado.
-o qual eu tinha visto em pé diante Gabriel aparece a Daniel e interpreta
da porta; e correu para êle com todo a visão
o ímpeto da sua fôrça. 7E, tendo
chegado perto do carneiro, atacou-o 15Ora, enquanto eu, Daniel, tinha
com fúria, e feriu-o, e quebrou-lhe esta visão, e procurava a sua inteli­
as duas hastes, sem que o carneiro gência, eis que se apresentou diante
lhe pudesse resistir; e, tendo-o lan­ de mim uma como figura de homem.
çado por terra, pisou-o aos pés, e não 16E ouvi a voz dum homem no meio
houve quem pudesse livrar o carnei­ de Ulai, o qual gritou e disse: Ga­
ro do seu poder. briel, explica-lhe esta visão. 17E veio,
8E o bode tornou-se extraordinària- e parou junto do lugar onde eu esta­
mente grande; e, tendo crescido, va; e, quando êle chegou, cai espa-
quebrou-se a sua grande haste, e for­ vorido com o rosto por terra, e êle
maram-se por baixo dela quatro has­ disse-me: Entende, filho do homem,
tes para os quatro ventos do céu. porque esta visão se cumprirá no
*Porém duma destas saiu uma haste tempo fixado. 18E, enquanto me es­
pequena, que se tornou grande con­ tava falando, tornei a cair com o
tra o meio-dia, contra o oriente e rosto por terra; êle, porém, tocou-
contra a terra forte (de Israel). 10E me e fêz-me pôr em pé, 19e depois
elevou-se até contra a fortaleza do disse-me: Eu te mostrarei o que há
céu; e deitou abaixo (muitos dos) de suceder no fim da maldição (ou
fortes e (muitas das) estréias, e pi- castigo de Israel), porque o tempo
sou-as aos pés. ME elevou-se até tem o seu fim. 20O carneiro que tu
contra o príncipe da fôrça, e tirou- viste, e que tinha hastes, é o rei dos
lhe o sacrifício perpétuo, e destruiu Medos e dos Persas. 210 bode é o
o lugar do seu santuário. 12E foi-lhe ‘ rei dos Gregos; e a grande haste, que
•dado poder contra o sacrifício perpé­ êle tinha entre os seus dois olhos, é
Cap. v l l l — 3. 17m c a r n e i r o , o poder Medo-Persa.
5. Ü m b o d e , o poder grego representado por Alexandre Magno.
8. Alusão à morte de Alexandre, e à divisão do seu império em quatro estados.
9. U m a h a s t e p e q u e n a , isto é, Àntíoco Epifanes, o primeiro rei pagão que empreendeu
conquistar a Palestina e abolir o culto do verdadeiro Deus.
10. E d e i t o u a b a i x o . . . Parece haver aqui um a alusão aos personagens ilustres do povo
judaico que, para não sofrer tormentos, violaram a lei do senhor, a fim de obedecerem ao
tirano.
11. C o n t r a o p r í n c i p e d a f ô r ç a , contra Deus.
13. U m d o s s a n t o s , um anjo.
14. A t é se completarem d o i s m i l . . . isto é, seis anos e meio lunares, que são seis anos
solares, três meses e dezoito dias.
16. N o m e i o de U l a i , entre as duas margens do rio.
2 1. o p r im e iro . . . Alexandre Magno.
1038 PROFECIA DE DANIEL 8-9-

o primeiro dos seus reis. 22E, quan­ te ouvir-rne, ó Senhor Deus grande
to às quatro hastes, que, depois de e terrível, que guardas a tua aliança
quebrado aquêle primeiro, se levan­ e a tua misericórdia para com os
taram em seu lugar, são os quatro que te amam e que observam os teus
reis, que se levantarão da sua na­ mandamentos. 5Nós pecamos, come­
ção, mas sem terem a sua fôrça. 23E, temos a iniqüidade, procedemos im-
depois do seu reinado, quando tive­ piamente, apostatamos e afastamo-
rem crescido as iniqüidades, levan- nos dos teus preceitos e das tuas leis.
tar-se-á um rei descarado e compre- 6Não temos obedecido aos profetas,
endedor de enigmas; 24e o seu poder teus servos, que falaram em teu no­
se firmará, mas não pelas suas pró­ me aos nossos reis, aos nossos prín­
prias forças; e devastará tudo, além cipes, aos nossos pais e a todo o povo
de quanto se pode imaginar, e tudo do país. 7Tua é, ó Senhor, (da tua
lhe correrá bem, e fará tudo o que parte está) a justiça; a nós, porém,
quiser; e matará os robustos e o po­ não nos resta senão a confusão de
vo dos santos, “ segundo a sua von­ nosso rosto, como sucede hoje a todo
tade, e terão bom êxito os dolos que o homem de Judá, e aos habitantes
urdir, e (com isto) tornar-se-á ar­ de Jerusalém, e à todo o Israel, aos
rogante o seu coração, e, vendo-se que estão perto e aos que estão lon­
na abundância de tôdas as coisas, ge em todos os países, para onde tu
matará muitíssimos, e levantar-se-á os lançaste, por causa das iniqüida-
contra (Deus) o príncipe dos prínci­ des que cometeram contra ti. 8Pa-
pes, porém será aniquilado sem in­ ra nós, Senhor, a confusão do rosto,
tervir mão de homem. 20E aquela para os nossos reis, para os nossos
visão da tarde e da manhã, que te príncipes, e para os nossos pais, que
foi representada, é verdadeira. Sela pecaram. 9Mas de ti, ó Senhor nosso
esta visão porque ela não sucederá Deus, é própria a misericórdia e a pro-
senão depois de muitos dias. piciação; porquê nos retiramos de ti,
27Depois disto, eu, Daniel, perdi as 10e não ouvimos a voz do Senhor
forças, e fiquei doente alguns dias; e nosso Deus, para andarmos segundo
tendo-me levantado, trabalhava nos a sua lei, que nos prescreveu por
negócios do réi, e estava pasmado meio dos seus servos, os profetas. ME
da visão, sem haver ninguém que a todos os de Israel violaram a tua lei,
pudesse interpretar (dum modo cla­ e desviaram-se para não ouvirem a
ro ). tua voz, e choveu sôbre nós a maldi­
Profecia das setenta semanas ção e a execração que está escrita
no livro de Moisés, servo de Deus,
Q 7No primeiro ano de Dario, filho porque pecamos contra Deus. 12E
" de Assuero, da estirpe dos Me­ cumpriu a sentença que proferiu con­
dos, que reinou no império dos Cal- tra nós e contra os nossos príncipes
deus; 2no primeiro ano do seu reina­ que nos julgaram, para fazer vir sô­
do, eu, Daniel, pela lição dos livros bre nós esta calamidade grande, qual
(santos), compreendi, segundo o nú­ nunca se viu debaixo de todo o céu,
mero dos anos de que o Senhor tinha como o que aconteceu a Jerusalém.
falado ao profeta Jeremias, que a de­ 13Todo êste mal caiu sôbre nós, se­
solação de Jerusalém devia durar se­ gundo está escrito na lei de Moisés,
tenta anos. 3E voltei o meu rosto e nós não recorremos a ti, ó Senhor
para o Senhor meu Deus, para lhe nosso Deus, de maneira a nos afas­
rogar e suplicar com jejuns, saco e tarmos das nossas iniqüidades e a
cinza. nos aplicarmos ao conhecimento da
4E orei ao Senhor meu Deus, e fiz tua verdade. 14Assim o Senhor vi­
confissão das faltas, e disse: Digna- giou sôbre a malícia, e fêz cair sô-
23. Urnr rei descarado . . . Antíoco.
24. Não pelas suas próprias Jôrças, mas por permissão de Deus, a fim de realizar os
seus desígnios.
Gap. IX — 3. Com jejuns. .. A penitên< :ia faz com que a oração tenha grande fôrça
junto de Deus.
11. Que está escrita ... Lev., X X V I L 14 e sega D eut., X X v I I I , 15 e sega
PROFECIA DE DANIEL 1039

bre nós o castigo dela; o Senhor nos­ quando prostrado apresentava as mi­
so Deus é justo em tôdas as obras nhas súplicas na presença do meu
que fêz, porque nós não ouvimos a Deus* a favor do santo monte do meu
sua voz. Deus; 21quando eu, digo, ainda não
Prece pelo perdão tinha bem acabado as palavras da
minha súplica, eis que Gabriel, aquê-
15E agora, Senhor nosso Deus, que le varão que eu tinha visto no prin­
tiraste o teu povo da terra do Egito cípio da visão, voando ràpidamente,
com mão poderosa, e que adquiriste me tocou no tempo do sacrifício da
então um nome que dura até ao dia tarde; 22e instruiu-me e falou-me e
de hoje, (confessamos que) temos pe­ disse: Daniel, eu vim agora para te
cado, que temos cometido a iniqui­ ensinar e para que tu entendas (os
dade. 16Senhor, por tôda a tua jus­ desígnios de Deus). 23Desde o prin­
tiça (ou misericórdia), suplico-te que cípio das tuas preces, foi dada esta
aplaques a tua ira e o teu furor con­ ordem, e eu vim para ta descobrir,
tra a cidade de Jerusalém e contra porque tu és um varão de (ardentes)
o teu santo monte (de Sido); porque desejos; toma, pois, bem sentido no
Jerusalém e o teu povo são hoje o que vou dizer-te, e compreende a v i­
escárnio de todos os que nos cercam, são.
por causa dos nossos pecados e das 2‘Setenta semanas (de anos) foram
iniqüidades de nossos pais. 17Atende, decretadas sôbre o teu povo e sôbre
pois, agora, Deus nosso, à oração do a tua cidade santa, a fim de que a
teu servo, e às suas preces; e sôbre prevaricação se consuma, e o pecado
o teu santuário, que está deserto, fa- tenha o seu fim, e a iniqüidade se
ze brilhar a tua face, por amor de apague, e a justiça eterna seja tra­
ti mesmo. 18Inclina, Deus meu, o teu zida, e as visões e profecias se cum­
ouvido, e ouve; abre os teus olhos e pram, e o Santo dos santos seja un­
vê a nossa desolação, e a da cidade, gido. 25Sabe, pois, isto, e adverte-o
na qual se invocava o teu nome; bem: Desde a saída da ordem (ou edi­
porque nós, prostrando-nos em ter­ to) para Jerusalém ser reedifiçada
ra diante da tua face, não fazemos até ao Cristo chefe, passarão sete se­
estas súplicas (humildes) fundados manas e sessenta e duas semanas; e
em alguns merecimentos da nossa serão reedificadas as praças e os mu­
justiça, mas sim na multidão das ros nos tempos de angústia. 26E, de­
tuas misericórdias. 19Ouve, Senhor, pois das sessenta e duas semanas, se­
aplaca-te, Senhor; atende-nos e põe rá morto o Cristo, e o povo que o há
mãos à obra; não dilates mais, Deus de negar, não será mais seu. E um
meu, por amor de ti mesmo, porque povo com o seu capitão, que há de
esta cidade e êste teu povo têm a vir, destruirá a cidade e o santuário;
glória de se chamarem do teu nome. e o seu fim será uma ruina total, e,
“ E, quando eu ainda falava, e.ora­ depois do fim da guerra, virá a deso­
va, e confessava os meus pecados e lação decretada. 27E (o Cristo) con­
os pecados do meu povo de Israel, e, firmará com muitos a sua ( nova)
24-27. Todos os comentadores antigos e modernos concordam em que se fa la aqui de
semanas de anos. o anjo divide em três partes estas setenta semanas; uma de sete sema­
nas, outra de sessenta e duas, e outra de um a semana sòmente, no meio da qual será morto
o Messias. A cidade será reedificada durante as sete semanas, ou quarenta e nove anos,
que começarão quando sair o edito do rei da Pérsia, no qual dará a permissão de reedificar
Jerusalém. Passarão depois sessenta e duas semanas (ou quatrocentos e trinta e quatro
anos), até que o M essias será ungido pelo Espírito de Deus (L u c., I v , 18). O edito foi pu­
blicado por Artaxerxes Longimano no vigésimo ano do seu reinado. Depois da reedificação
de Jerusalém, segue-se o período das sessenta e duas semanas, que vai até ao ano quinze
do império de Tibério, no qual Jesus Cristo foi batizado; e, depois de ter pregado três anos
e meio, foi morto no meio da última semana.
26. U m p o v o . . . o exército romano comandado por Tito.
27. Com m uitos. . . Com todos os homens em geral o Messias estabelecerá a nova alian­
ça, o reino messiânico. — E no meio da última semana, isto é, depois de três anos e meio
de pregação, fará cessar, tornará inúteis todos os sacrifícios da antiga aliança, oferecendo-
se êle próprio como sacrifício sôbre o Calvário.
1040 PROFECIA DE DANIEL 9 - 10

aliança durante uma semana; e no das suas palavras, e, ouvindo-o, ja ­


meio da semana fará cessar a hóstia zia deitado sôbre o meu rosto, todo
e o sacrifício; e estará no templo da espavorido, e o meu rosto estava co­
abominação da desolação; e a deso­ lado à terra.
lação durará até à consumação e até 10E eis que uma mão me tocou, e
ao fim (do mundo). fez-me levantar sôbre os meus joe­
Introdução às profecias da época lhos e sôbre as palmas das minhas
dos Seleucidas
mãos. “Depois disse-me: Daniel, ho­
mem de desejos, entende as pala­
1 A *No terceiro ano de Ciro, rei vras que te venho dizer, e põe-te de
dos Persas, foi revelada a D a ­ Pé, porque eu fui agora enviado a ti.
niel, chamado Baltasar, uma palavra E, depois que me disse isto, pus-me
verdadeira e uma grande fortaleza; de pé, tremendo. 12E disse-me: Não
e êle entendeu a palavra, porque é tenhas mêdo, Daniel, porque desde
necessário haver inteligência das vi­ o primeiro dia, em que aplicaste o
sões. 2Naqueles dias, eu, Daniel, teu coração a compreender e a mor-
chorei todos os dias durante três se­ tificar-te na presença do teu Deus,
manas; 3não comi pão agradável ao foram ouvidas as tuas palavras, e eu
gôsto, nem carne nem vinho entra­ vim por causa dos teus rogos. ,3Po-
ram na minha bôca, nem me ungi rém o príncipe do reino dos Persas
com perfume algum, até que se com­ resistiu-me durante vinte e um dias;
pletassem os dias destas três sema­ mas eis que veio em meu socorro
nas. 4N o dia vinte e quatro, porém, Miguel, um dos primeiros príncipes,
do primeiro mês, estava eu junto do e eu fiquei lá junto do rei dos P er­
grande rio, que é o Tigre. sas. 14E vim para te ensinar as coi­
sas que estão para suceder ao teu
Aparição do anjo povo nos últimos dias, porque o cum­
6E levantei os olhos e olhei; e eis primento desta visão ainda está pa­
que vi um homem vestido de roupas ra dias (longínquos).
de linho, e cingido pelos rins com 15E, enquanto êle me dizia estas
um cinto de puríssimo ouro; °o seu palavras, baixei o rosto para a ter­
corpo era (brilhante) como o crisóli- ra, e fiquei em silêncio. ,<!E eis que
to, e o seu rosto como o relâmpago, aquêle que tinha a semelhança de
e os seus olhos pareciam uma lâm­ um filho do homem, me tocou os
pada ardente; os seus braços e todo lábios; e eu, abrindo a minha bôca,
o resto do corpo até aos pés eram falei e disse ao que estava de pé
semelhantes ao bronze reluzente, e diante de mim: Meu Senhor, com a
o som das suas palavras era como tua vista relaxaram-se as minhas
o ruído dúma multidão. 7E somente juntas, e não me ficou fôrça algu­
eu, Daniel, tive esta visão; e os ho­ ma. 17E como poderá o servo do meu
mens que estavam comigo não a vi­ Senhor falar com meu Senhor? P or­
ram, mas caiu sôbre êles um extraor­ que em mim não ficou fôrça algu­
dinário terror, e fugiram para luga­ ma, e até me falta a respiração.
res ocultos. 8Tendo eu, pois, ficado 18Aquêle, pois, que eu via sob a apa­
sòzinho, vi esta grande visão; e não rência de um homem, tornou-me a
ficou vigor em mim, e mudou-se o tocar, e confortou-me, 19e disse: N ão
meu semblante, e caí desfalecido, e temas, homem de desejos; a paz se­
perdi tôdas as forças. °E ouvi o som ja contigo; tem vigor, e sê robus-

Cap. X — 13. Príncipe do reino. . . são Jerônimo e outros comentadores concordam


em que se fa la aqui do A n jo custódio, a quem Deus tinha confiado o reino da Pérsia. Êste
anjo teria desejado que ficassem na Pérsia alguns Judeus, para mais dilatarem o conhecimento
de Deus: porém Sâo Gabriel e São Miguel teriam pedido a Deus, e desejado que todos os
Judeus voltassem para a Palestina, a fim de que o templo do Senhor fôsse reedifieado mais
depressa. E sta luta espiritual durou vinte e um dias, e impediu o anjo de v ir mais cedo tra­
zer a Daniel a revelação divina. Deve notar-se que os anjos bons, e mesmo os homens, em­
bora estejam unidos entre si por um a perfeita caridade, podem ter opinião e vontade diferen­
tes, e mesmo contrária, naquelas coisas em que a vontade de Deus se nâo m anifesta clara-
mente, desejando o bem por meios diferentes e opostos.
10 - 11 PROFECIA DE DANIEL 1041

to. E, quando êle ainda me falava, subsistirá; e será entregue (à m orte)


recobrei as forças,.e disse: Fala, meu ela mesma e os jovens que a condu­
Senhor, porque me fortaleceste. ziram, e que a tinham sustentado
“ Então disse-me êle: Sabes tu por­ durante algum tempo.
que é que eu vim ter contigo? A go­ 7Mas do seu mesmo tronco sairá
ra volto a pelejar contra o prínci­ um rebento, que virá com um exér­
pe dos Persas. Quando eu saía, apa­ cito, e entrará nos estados do rei do
receu o príncipe (ou Anjo custódio) aquilão, e os assolará, e tornar-se-á
dos Gregos, que vinha. 21Mas eu te senhor dêles. 8E, além disso, levará
anunciarei o que está expresso na cativos para o Egito os seus deuses,
escritura da verdade; e em tôdas e as suas estátuas, e os seus vasos
estas coisas ninguém me ajuda senão preciosos de prata e ouro, e prevale­
Miguel, que é o vosso príncipe. cerá contra o rei do Aquilão. 9E o
rei dó meio-dia entrará no seu reino
Profecia sôbre as guerras entre a e voltará depois para a sua terra.
Pérsia e a Grécia, a Síria e o Egito 10Seus filhos, porém, se estimularão
com isto, e reunirão grandes exér­
11 7E eu (G abriel), desde o pri- citos; e um dêles marchará com
11 meiro ano de Dario Medo, es­ grande presteza e à maneira de inun­
tava junto dêle para o sustentar e dação; e voltará (no ano seguinte) ,
fortificar. e encher-se-á de ardor, e pelejará
2E agora eu te anunciarei a ver­ contra as forças do Egito. “ Mas o
dade. Eis que haverá ainda três reis rei do meio-dia, vendo-se assim ata­
na Pérsia, e o quarto se elevará pe­ cado, sairá e pelejará contra o rei
la grandeza das suas riquezas aci­ do aquilão, e preparará um exérci­
ma de todos; e, depois que se ti­ to imenso, e lhe será entregue en­
ver tornado poderoso com as suas tre as mãos uma grande multi­
riquezas, excitará todos (os povos) dão de inimigos. 12E fará um gran­
contra o reino da Grécia. de número de prisioneiros, e o seu
8Levantar-se-á, porém, um rei fo r­ coração se elevará, e matará muitos
te, que dominará com grande poder, milhares, e contudo não prevalecerá.
e que fará o que lhe aprouver. 4E, 13Porque o rei do aquilão tornará
quando chegar ao auge (da glória) a vir, e juntará uma multidão de
o seu reino será destruído e dividi­ tropas muito maior do que antes;
do pelos quatro ventos do céu; mas e, depois de certo tempo e anos, v i­
isto não será entre os seus descen­ rá com muita pressa com um nume­
dentes, nem com o mesmo poder roso exército e grandes forças. 14E
com que êle dominou; porque o seu naqueles tempos se levantarão mui­
reino será dilacerado, e passará a es­ tos contra o rei do meio-dia; os fi­
tranhos, com exceção daqueles (qua­ lhos dos prevaricadores do teu povo
tro ditos reinos). se elevarão também para cumprir-
5E o rei do meio-dia se fortificará, rem a profecia, e cairão. 15E virá o
mas um dos príncipes daquele pri­ rei do aquilão, e fará terraplana­
meiro rei será mais poderoso do que gens, e tomará cidades fortificadíssi-
êle, e dominará sôbre muitos países, mas, e os braços (ou as fôrças do
porque o seu domínio será grande. re i) do meio-dia não poderão sus­
°E, alguns anos depois, êles se a- ter b seu esforço, e os mais valen­
liarão um com o outro, e a filha do tes dentre êles se levantarão pa­
rei do meio-dia passará a ser (es- ra lhe resistir, porém achar-se-ão sem
pôsa) do rei do aquilão, para tra­ fôrças. 16E (Antíoco I I I ) , vindo so­
varem ambos amizade, mas esta prin­ bre êle (Ptolom eu I V ), fará o que
cesa não se estabelecerá por um bra­ bem lhe aprouver, e não haverá
ço forte, nem a sua descendência quem possa subsistir diante dêle, e
Cap, X I — 6. E a filh a .. . Ptolomeu I I deu sua filh a Berenice em casamento a A n -
tíoco II, que repudiou Laodice, sua prim eira mulher. — N ão se estabelecerá. . . hebraísm o
para significar que Berenice nfto conseguiu obter um a influência sólida. Laodice conseguiu
voltar para a companhia de Antíoco II, e fazer m assacrar Berenice e os Egípcios que a
tinham acompanhado à Síria.
1042 PROFECIA DE DANIEL 11
êle entrará na terra ilustre (da Ju- contra êle. 26E aqueles mesmos que
déia), a qual será assolada sob a sua comiam o pão com êle, o arruina­
mão. 17E êle se confirmará no desíg­ rão, e o seu exército será oprimi­
nio de vir apoderar-se de todo o rei­ do, e um grande número dos seus
no daquele, e tratará com êle como cairão mortos. 27Também êstes dois
de boa fé; e dar-lhe-á em casamen­ reis somente pensarão em fazer o
to sua filha (Cleópatra), princesa de mal um ao outro, e, sentados à mes­
grande formosura em comparação ma mesa, dirão palavras de mentira,
das outras mulheres, a fim de o mas nenhum conseguirá os seus in-
perder; mas não lhe sairá a coisa tentos porque o prazo (marcado por
conforme o seu intento, e ela não Deus) é para outro tempo.
será por êle. 18E dirigir-se-á contra “ E voltará para o seu país com
as ilhas, e tomará muitas delas; e muitas riquezas; e o seu coração se­
fará deter (por algum tempo) o au­ rá hostil à santa aliança (do Senhor),
tor do seu opróbrio, mas (por fim ) e fará ( muitos males), e voltará pa­
ficará coberto de confusão. ra o seu pais. "N o tempo determina­
19E voltará para as terras do seu do, voltará e tornará a vir para o
império, tropeçará, e cairá, e não meio-dia, mas esta última expedi­
será mais achado. ção não será semelhante à primeira.
“ E um homem, vilíssimo e indig­ “ Porque os navios e os Romanos v i­
no da honra de rei, ocupará o seu rão contra êle; e ficará consternado,
lugar, e perecerá em poucos dias, e voltará, e conceberá uma grande
não no furor de alguma briga, nem indignação contra a aliança do san­
em alguma batalha. tuário, e conforme ela assim fará;
depois tornará a vir, e empreenderá
Antíoco Epifanes, seu reinado, sua muitas coisas contra aquêles que ti­
perseguição contra Israel, sua ruína nham abandonado a aliança do san­
tuário. 31*E estarão do seu lado os
21E ocupará o seu lugar um ho­ braços (de liomens poderosos) que
mem desprezível, e não lhe será da­ violarão o santuário da fortaleza, e
da a honra de rei; e virá secreta­ farão cessar o sacrifício perpétuo, e
mente, e se apoderará do reino com porão no templo a abominação da
engano. 22E os braços do comba­ desolação. 82E os prevaricadores da
tente serão vencidos diante dêle e aliança usarão de disfarces e de frau­
quebrados, e também o chefe da de; mas o povo, que conhece o seu
confederação. 23E, depois de feita es­ Deus, perseverará constante, e proce­
ta amizade, usará com êle de enga­ derá (segundo a lei). 33E os que fo ­
no, e subirá (ao E g ito ), e vencê-lo-á rem doutos entre o povo, ensinarão
com pouca gente. 24E entrará nas a muitos, e cairão vítimas da espa­
cidades grandes e ricas, e lhes fa­ da, e da chama, e do cativeiro, e das
rá o que nunca fizeram seus pais, rapinas prolongadas. 34E, quando caí­
nem os pais de seus pais; ajuntará rem arruinados serão sustidos por
as rapinas, a prêsa e as riquezas dê- um fraco auxílio, e muitos se junta­
les, e formará projetos contra as rão a êles fingidamente. 35E dos sá­
mais fortes cidades, e isto durante bios cairão alguns para que sejam
certo tempo (determinado por Deus). acrisolados, e purificados, e bran-
25E será instigado pelo seu pró­
prio poder e pelo seu coração a sair queados até ao tempo marcado; por­
contra o rei do meio-dia com um que ainda haverá outro tempo.
grande exército; e o rei do meio- 36E o rei fará o que quiser, e se
dia animar-se-á a sair à batalha elevará e engrandecerá contra todo o
com muitas e fortes tropas auxilia­ deus; e falará insolentemente contra
res; mas elas não perseverarão fir ­ o Deus dos deuses, e sair-lhe-ão bem
mes, porque maquinarão desígnios as coisas até que a ira seja cumprida,
31. Santuário da fortaleza, isto é, o templo que era como que a cidadela espiritual de
Israel.
36. A té que a ira de Deus contra o seu povo seja cumprida, e o castigo tenha purificado
Israel.
11 - 12 PROFECIA DE DANIEL 1043

porque assim é que foi decretado. 37E e virá um tempo, qual não houve
não terá respeito algum ao Deus de desde que os povos começaram a e-
seus pais, e mostrar-se-á apaixonado xistir até àquele tempo. E naquele
por mulheres; e nenhum caso fará tempo o teu povo será salvo; (sê-lo-
dos deuses, pois se julgará superior a -á) todo aquêle que estiver inscrito
tudo. 38Mas venerará o deus Maozim no livro (da vida). 2E a multidão
no seu templo, e enfeitará com ouro, dos que dormem no pó da terra, a-
e prata, e pedras preciosas, e com cordarão uns para a vida eterna, e
tudo o que há de custo a êste deus, outros para o opróbrio, que terão
que seus pais desconheceram. 39*E sempre diante dos olhos. 3Mas aquê-
fortificará as suas praças com um les que tiverem sido doutos resplan­
deus estranho, pondo nelas Maozim, decerão como a luz do firmamento;
que êle reconheceu, e levará a uma e os que tiverem ensinado a muitos
grande glória os seus adoradores, e o caminho da justiça (ou da virtude,
lhes repartirá a terra gratuitamente. luzirão) como as estrelas por tôda
40E o rei do meio-dia pelejará con­ a eternidade. 4Tu, porém, Daniel, con­
tra êle no tempo assinalado, e o rei serva guardadas estas palavras, e se­
do aquilão marchará também contra la o livro até ao tempo determinado;
êle no tempo assinalado, e o rei do muitos o passarão pelos olhos, e ti­
aquilão marchará contra êle como rarão dêle muita ciência.
uma tempestade, com grande multi­ 5Então, eu, Daniel, olhei, e eis que
dão de carroças e de gente a cava­ estava em pé contra outros dos ho­
lo, e com uma grande armada, e en­ mens; um duma parte sôbre a mar­
trará nas suas terras, e assolá-las-á, gem do rio, e outro da outra parte
e passará adiante. 41*Depois entrará sôbre a outra margem do mesmo rio.
na terra gloriosa (ou da Judéia), e °E eu disse ao homem que estava
serão taladas muitas províncias; e vestido de roupas de linho, o qual se
somente se salvarão das suas mãos sustinha em pé sôbre as águas do rio:
estas: Edom e Moab, e as frontei­ Quando se cumprirão estas maravi­
ras dos filhos de Edom e Moab, lhas? 7E ouvi o homem que estava
e as fronteiras dos filhos de Amon. vestido de roupas de linho, o qual se
42E estenderá a sua mão contra as sustinha em pé sôbre as águas do rio:
outras províncias, e a terra do Egito tendo levantado ao céu a sua mão
não escapará. 43E tornar-se-á senhor direita e a mão esquerda, jurou por
dos tesouros de ouro e de prata, e de aquêle (senhor) que vive eternamen­
tudo o que há de precioso no E gi­ te, que isso seria depois dum tempo
to, e passará também pela Líbia (ou ano), e dois tempos, e metade
e pela Etiópia. 44E turbá-lo-ão no­ dum tempo, e que tôdas estas coi­
tícias vindas do oriente e do aqui­ sas se cumpririam quando acabasse
lão, e partirá com grandes tropas a dispersão do ajuntamento do po­
para destruir e matar muitos. 45E vo santo. 8E eu ouvi (o que êle di-
fixará a sua tenda entre os mares, zia), mas não o entendi. E disse: Meu
sobre o ínclito e santo monte; e subirá Senhor, que sucederá depois disto?
até ao cimo dêste monte, e ninguém 9E êle disse-me: Vai, Daniel, porque
lhe dará auxílio. estas palavras estão fechadas e sela­
Os últimos dias do mundo das até ao tempo determinado. 10Mui-
tos serão escolhidos, e branqueados,
12 xNaquele tempo se levantará o e provados como pelo fogo; os ím­
grande príncipe Miguel, que pios procederão impiamente, e ne­
é o protetor dos filhos do teu povo; nhum ímpio compreenderá, mas os
38. O deus M aozim ou da fortaleza, Júpiter Capitolino, cujo culto Antíoco quis impor na
Siria e na Judéia.
45. Entre os mares Morto e Mediterrâneo. -
Cap. X I I — 1-4. Êstes versículos anunciam a libertação de Israel, e, ao mesmo tempo,
a ressurreição e glória dos santos.
7. Depois dum tem po. . . três anos e meio, que foi quanto durou a perseguição de Antioco.
10. Serão escolhidos. . . o tempo do fim será um tempo de prova. Nenhum ímpio com­
preenderá os desígnios de Deus; esta compreensão é reservada aos justos, aos sábios.
1044 PROFECIA DE DANIEL 12 - 13

sábios compreenderão. UE desde o pois, estavam ambos feridos do amor


tempo em que o sacrifício perpétuo de Susana, mas não declararam um
fôr abolido, e a abominação da de­ ao outro a sua paixão; “ porque se
solação fôr estabelecida (no templo), envergonhavam de descobrir um ao
passarão mil e duzentos e noventa outro a sua concupiscência, tendo
dias. 12Bem-aventurado o que espera cada um tenção de corromper Susa­
e que chega até mil e trezentos e na. 12Assim êles observavam todos os
trinta e cinco dias! 13Tu, porém, vai dias com grande cuidado o tempo em
até ao tempo determinado e (de­ que a poderiam ver. (U m dia), pois,
pois) descansarás e ficarás na tua disse um ao outro: 13Vamos para ca­
sorte até ao fim dos dias. sa, porque são horas de jantar; e,
(A té aqui (diz S. Jerônimo) lemos tendo saído, separaram-se um do ou­
Daniel no texto liebreu. O que segue, tro. 14Mas, tornando logo (cada u m )
até ao fim do livro, foi traduzido se­ a vir, encontraram-se de novo no
gundo a edição de Teodocião) . mesmo lugar; e, depois de se terem
perguntado mütuamente a causa,
Susana e os dois velhos confessaram a sua paixão, e então,
10 'Havia úm homem, que habi- de comum acordo, fixaram o tempo,
em que a podiam encontrar só.
tava em Babilônia, cujo nome
era Joaquim; 2o qual casou com u- Atentado dos velhos, que acusam
ma mulher chamada Susana, filha Susana
de Helcias, formosíssima e temente
a Deus; 3porque seus pais,- como e- “ Aconteceu, pois, que, aguardando
ram justos, tinham instruído a sua êles uma ocasião oportuna, entrou
filha segundo a lei de Moisés. 4Ora ela, como tinha costume, acompanha-
Joaquim era muito rico, e tinha uma nhada somente de duas donzelas, e
horta ajardinada junto de sua casa; quis banhar-se no jardim, porque fa­
e os Judeus concorriam a êle, porque zia (m u ito) calor; 10e
* não se encon­
era o mais respeitável de todos. trava então ali ninguém, senão os
5Naquele ano tinham sido consti­ dois velhos, que estavam escondidos,
tuídos juizes dois velhos dentre o e a contemplavam. 17Disse, pois, Su­
povo, daqueles de quem o Senhor fa­ sana às donzelas: Trazei-me os óleos
lou, quando disse: A iniqüidade saiu e os perfumes, e fechai as portas
de Babilônia por meio dos velhos que do jardim, pois quero banhar-me. 18*E
eram juizes, os quais pareciam gover­ elas fizeram o que lhes tinha manda­
nar o povo. 6Freqüentavam êstes a do; fecharam as portas do jardim,
casa de Joaquim, e iam ter com êles e saíram por uma porta escusa, para
os que tinham pleitos para julgar. 7E trazerem o que lhes tinha manda­
ao meio-dia, quando o povo se ti­ do; e não sabiam que os velhos es­
nha retirado, Susana entrava e pas­ tavam dentro escondidos.
seava no jardim de seu marido. 8E 19E, logo que as donzelas saíram,
êstes velhos viam-na entrar e passear levantaram-se os dois velhos, e cor­
todos os dias; e conceberam uma ar­ reram para ela, e disseram: “ Eis,
dente paixão por ela; 9e perverteram estão fechadas as portas do jardim,
o seu sentido, e voltaram os seus e ninguém nos vê, e nós ardemos em
olhos para não verem o céu, nem paixão por ti; rende-te, pois, ao nosso
se lembrarem dos justos juízos. 10Êles, desejo, e entrega-te a nós; 21porque,
13. Ficarás na tua sorte. .. Alusão & ressurreição final e à vida eterna.
Cap. X I I I — 1. Havia um homem, que habitava em B a bilôn ia ... A história de Susana,
referida neste capitulo, vem no grego no principio do Livro de Daniel. Pelo seu contexto se
vê que o caso sucede no tempo do cativeiro de Babilônia. Daniel era então muito jovem,
começando com êste acontecimento a tornar-se célebre entre o povo. Donde se conclui que
isto foi no intervalo dos três primeiros anos do seu cativeiro, de sorte que, segundo a or­
dem dos tempos, o lugar desta história devia ser depois do cap. I.
2. Susana quer dizer lirio.
5. Daqueles de quem o Senhor falou, quando d isse... Êste dito não se acha nos livros
d a s a g ra d a Escritura, ou porque êle se não escreveu, ou porque se perdeu o livro em que
estava escrito. Encontrava-se na tradição./
13 PROFECIA DE DANIEL 1045

se recusas, daremos testemunho con­ esta mulher com duas donzelas; fe ­


tra ti, dizendo que estava contigo chou as portas do jardim, e despediu
um jovem, e que foi por isso que as donzelas. 37Então um jovem, que
despediste as donzelas. estava escondido, foi ao seu encon­
**(Ao ouvir isto) Susana gemeu, e tro, e pecou com ela. WE nós, que es­
•disse: De tôdas as partes me vejo távamos a um canto do jardim, ven­
cercada de angústias; porque, se eu do esta maldade, corremos para êles,
fizer o que vós desejais, incorro na e os vimos estar ambos neste ato.. “ E
morte; e, se o não fizer, não esca­ a êle não o pudemos apanhar, por­
parei das vossas mãos. 23Porém me­ que era mais forte do que .nós, e, ten­
lhor é para mim cair entre as vos­ do aberto a porta, escapou-se corren­
sas mãos sem cometer o mal, do que do. "Mas, tendo nós apanhado a esta,
pecar na presença do Senhor. perguntamos-lhe que jovem era aquê-
24E imediatamente deu Susana um le, e ela não no-lo quis dizer. Dêste
grande grito; e os velhos também gri­ sucesso somos nós testemunhas.
taram contra ela. 25E um dêles cor­ 41Todo o ajuntamento lhes deu cré­
reu à porta do jardim e abriu-a. 26Os dito, como a velhos e a juizes do
criados da casa, tendo ouvido gritar povo, e êles a condenaram à morte.
no jardim, correram lã pela porta 42Então, Susana exclamou em alta
escusa, para verem o que era. 27E, de­ voz e disse: Deus eterno, que pe­
pois que os velhos falaram, ficaram netras as coisas escondidas, que co­
os criados sumamente envergonha­ nheces tôdas as coisas ainda antes
dos, porque nunca tal coisa se tinha que elas aconteçam, ^tu sabes que
dito de Susana. êles levantaram contra mim um fa l­
so testemunho; e eis que morro, sem
Julgamento e condenação de Susana ter feito nada do que êles inventa­
E amanheceu o dia seguinte, 28e, ram maliciosamente contra mim. 44E
tendo vindo o povo à casa de Joa­ o Senhor ouviu a sua oração.
quim, seu marido, vieram também os O profeta Daniel livra Susana da morto
dois velhos, cheios de iníquos pen­
samentos contra Susana, para lhe fa ­ 45E, quando a conduziam à morte,
zerem perder a vida. 29E disseram suscitou o Senhor o santo espirito
diante do povo: Mandai buscar Susa­ ( da profecia) num jovem menino
na, filha de Helcias, mulher de Joa­ chamado Daniel, ^o qual gritou em
quim. E logo a mandaram buscar. 30E alta voz, dizendo: Eu estou inocen­
ela veio, acompanhada de seus pais, te do sangue desta mulher. 47E, ten­
seus filhos e de todos os seus paren­ do-se voltado para êle todo o povo,
tes. 31Ora Susana era por extremo disse-lhe: Que quer dizer essa pala­
delicada, e de uma formosura ex­ vra que tu acabas de proferir? 48E
traordinária. 32Então aquêles malva­ êle, pondo-se em pé no meio de to­
dos mandaram-lhe descobrir o rosto dos, disse: É possível, filhos de Is­
(porque estava velada) para se far­ rael, que sejais vós tão insensatos
tarem ao menos assim com a vista que, sem forma de juízo, e sem mais
da sua beleza. 83Entretanto chora­ informação da verdade, tenhais con­
vam os seus e todos os que a conhe­ denado uma filha de Israel? 40Julgai-
ciam. a de novo, porque êles disseram um
34Então aquêles dois velhos, levan­ falso testemunho contra ela.
tando-se no meio do povo, puseram “ Voltou-se, pois, o povo apressada­
as suas mãos sôbre a cabeça de Su­ mente, e os velhos disseram a Da­
sana. 35Ela, chorando, levantou os o- niel: Vem, e assenta-te no meio de
lhos ao céu, porque o seu coração ti­ nós, e instrui-nos, visto que Deus te
nha uma firme confiança no Senhor. deu a honra da velhice. 51E Daniel
3(ÍE os velhos disseram: Quando nós disse ao povo: Separai-os longe um
passeávamos sós no jardim, entrou2 do outro, e eu os julgarei.
22. Incorro na morte moral, que é o pecado.
50. E os velhos disseram a Daniel, por ironia e ludibrio, como quem insultava a meninice
e confiança de Daniel.
1046 PROFECIA DE DANIEL 13 - 14

52Tendo sido, pois, separados um do pais (no sepulcro); e Ciro Persa su­
outro, chamou Daniel um dêles, e cedeu-lhe no reino.
disse-lhe: Homem inveterado no mal, Daniel recusa adorar o ídolo de Bel, o
os pecados que eometias noutro tem­ escarnece dêle
po caíram agora sôbre ti, 53que pro­
nunciavas juízos injustos, que opri- 1 A -'Ora Daniel comia à mesa do
mias os inocentes, e que absolvias os rei, que o tinha elevado em
culpados, apesar de o Senhor ter di­ honra acima de todos os seus amigos.
to: _Não farás morrer o inocente e o 2Entre os Babilônios havia um ídolo
jlisto. 54Agora, pois, se tu a viste (pe­ chamado Bel; e gastavam-se com êle
ca r), dize debaixo de que árvore os todos os dias doze artabes de flor de
viste falar um com o outro. Êle res­ farinha, e quarenta ovelhas, e seis
pondeu: Debaixo dum lentisco. “ E ãnforas de vinho. 30 rei também hon­
Daniel disse-lhe: Verdadeiramente rava êste ídolo, e todos os dias o ia
mentiste contra a tua cabeça; porque adorar. Daniel, porém, adorava o seu
eis que o anjo de Deus, tendo rece­ Deus. E o rei disse-lhe: Por que não
bido dêle (o poder de executar) a adoras Bel? “Daniel respondeu-lhe,
sentença (proferida contra ti), te par­ dizendo: Porque eu não adoro os
tirá pelo meio. ídolos, que são feitos por mãos de
56E, tendo feito retirar êste, man­ homens, mas sim o Deus vivo, que
dou que viesse outro, e disse-lhe: criou o céu e a terra, e que tem de­
Raça de Canaã, e não de Judá, a for­ baixo do seu poder todo o ser vivo.
mosura seduziu-te, e a concupiscên- 5E o rei disse-lhe: Não te parece a
cia perverteu-te o coração. 57Era as­ ti que Bel é um deus vivo? Tu não
sim que tu fazias às filhas de Is­ vês como êle come e bebe todos os
rael, e elas, com mêdo, condescen- dias? °E Daniel respondeu-lhe, sor­
diam convosco; porém esta filha de rindo: ó rei, não te enganes; êsse
Judá não sofreu a vossa iniqüidade. ídolo é de lôdo por dentro e de me­
58Dize-me, pois, agora, debaixo de que tal por fora, e nunca comeu.
árvore os surpreendeste quando esta­ 7Então o rei, todo irado, chamou
vam falando? Êle respondeu: Debai­ os sacerdotes de Bel, e disse-lhes: Se
xo dum carvalho. 59E Daniel disse- vós me não disserdes quem é que co­
lhe: Verdadeiramente que também me tudo o que se gasta (com Bel)>
tu mentiste contra a tua cabeça; por­ morrereis. 8Mas, se mostrardes que
que o anjo do Senhor está esperando Bel é quem come tudo isso, morrerá
com a espada na mão, para te cortar Daniel, porque blasfemou contra Bel.
pelo meio, e para te matar. E Daniel disse ao rei: Faça-se se­
°°Então tôda a assembléia gritou gundo a tua palavra.
em alta voz, e bendisseram a Deus, 9Ora os sacerdotes de Bel eram se­
que salva os que esperam nêle. 61E tenta, sem contar as suas mulheres,
levantaram-se contra os dois velhos, as suas crianças, e os seus filhos. O
os quais Daniel tinha convencido por rei, pois, foi com Daniel ao templo
sua própria bôca de terem dado um de Bel; 10e os sacerdotes de Bel dis-
testemunho falso, e fizeram-lhes so­ seram-lhe: Eis que nós vamos sair; e
frer o mesmo mal que êles tinham tu, ó rei, manda, pôr as viandas e dar
intentado contra o seu próximo, ^pa­ o vinho, e fecha a porta do templo,
ra cumprirem com a lei de Moisés; e sela-o com o teu anel; Me, quando
e mataram-nos, sendo salvo o sangue entrares pela manhã, se não achares
inocente naquele dia. que Bel comeu tudo, sem recurso
(13Então Heleias e sua mulher lou­ morreremos, ou morrerá Daniel que
varam a Deus por (te r salvado) Su- mentiu contra nós. “ Falavam assim
sana, sua filha, com Joaquim, seu com desprêzo, porque tinham feito
marido, e com todos os parentes, por da debaixo da mesa do altar uma entra­
se não ter achado nela coisa que o- secreta, e entravam, sempre por
fendesse a honestidade. G4E Daniel, ali, e comiam tudo.
desde aquêle dia em diante, tornou- O s s a c e r d o t e s d e B e l s ã o d e s m a s c a ­
se grande diante do povo. r a d o s p o r D a n ie l
03O rei Asliages foi juntar-se a seus 13Logo, pois, quê os sacerdotes saí­
14 •PROFECIA DE DANIEL 1047
ram, mandou o rei pôr as viandas juntado contra o rei, disseram: O rei
diante de Bel; Daniel, porém, mandou tornou-se Judeu; destruiu Bel, matou
aos seus criados que lhe trouxessem o dragão, e mandou matar os sacer­
cinza, e espalhou-a por todo o tem­ dotes. 28Êles, pois, indo ter com o rei,
plo na presença do rei, fazendo-a disseram-lhe: Entrega-nos Daniel, se­
passar por um crivo; e, ao sair, fe ­ não nós te mataremos a ti e a tôda a
charam a porta do templo; e, tendo- tua casa.
a selado com © anel do rei, retira- “ Viu, pois, o rei que apertavam
ram-se. 14Os sacerdotes entraram du­ com êle fortemente; e, constrangido
rante a noite, segundo o seu costu­ da necessidade, entregou-lhes Daniel.
me com suas mulheres e filhos, e 30Êles lançaram-no na cova dos leões,
comeram e beberam tudo. 13E o rei onde esteve seis dias. 31Havia no la­
levantou-se ao romper da manhã, e go sete leões, e todos os dias lhes
Daniel com êle. lfiE o rei disse: Está davam dois cadáveres e duas ovelhas;
intacto o sêlo? Êle respondeu: Está mas por então não lhos deram, a
intacto, ó rei. 1TImediatamente o rei, fim de que devorassem Daniel.
tendo aberto a porta e vendo a me­
sa sem nada, exclamou em alta voz, D e u s p ro te g e D a n ie l
dizendo: Tu és grande, ó Bel, e não 32Estava então o Profeta Habacuc
há em ti engano algum. 18E Daniel na Judeia, e tinha cozido um caldo,
começou a rir, e deteve o rei para e migado uns pães dentro duma vasi­
não passar mais adiante, e disse: O- lha, e ia levá-los ao campo aos cei­
Iha para êste pavimento, e considera feiros que lá trazia. 3aE o anjo do
de quem são estas pegadas. iaE o rei Senhor disse a Habacuc: Leva a Ba­
disse: Vejo pegadas de homens, e de bilônia essa refeição, que tens, para
mulheres, e de crianças. E o rei ir- a dares a Daniel, que está na cova
ritou-se. dos leões. 34E Habacuc respondeu:
20Então mandou prender os sacerdo­ Senhor, eu nunca vi Babilônia, e
tes, suas mulheres e filhos; e êles não sei onde é a cova. 35Então o an­
mostraram-lhe as portinhas secre­ jo do Senhor tomou-o pelo alto da
tas, por onde entravam para comer cabeça, e, tendo-o pelos cabelos, le-
tudo o que estava sôbre a mesa. 210 vou-o com a impetuosidade do seu
rei, pois, mandou-os matar, e entregou espírito até Babilônia, sôbre a cova.
o ídolo de Bel ao arbítrio de Daniel, 3,iE Habacuc levantou a voz, dizen­
que o destruiu, a êle e ao seu tem- do: Servo de Deus, toma a refeição
pio. que Deus te mandou. 37E Daniel dis­
D a n ie l m a ta o d ra g ã o se: Tu, ó Deus, té lembraste de mim,
"H avia também naquele lugar um e não desamparaste os que te amam.
grande dragão, e os Babilônios adora- 3SE, levantando-se, Daniel comeu. E
vam-no. 2:,E o rei disse a Daniel: Eis o anjo do Senhor reconduziu logo
que agora não podes dizer que êste Habacuc ao seu lugar.
não seja um deus vivo; adora-o, pois. mAo sétimo dia veio o rei para
2,E Daniel respondeu-lhe: Eu adoro chorar Daniel; aproximou-se da co­
o Senhor meu Deus; porque êle é va, e olhou para dentro, e eis, que
que é o Deus vivo; êste não é um viu Daniel assentado no meio dos
Deus vivo. -r,E tu, ó rei, dá-me licen­ leões. 40Então o rei deu um grande
ça, e eu matarei êste dragão, sem grito, dizendo: Tu és grande, ó Se­
espada, nem vara. E o rei disse-lhe: nhor Deus de Daniel. E mandou-o
Eu ta dou. ^Daniel, pois, tomou pez, tirar da cova dos leões. 41Depois man­
gordura e pelos; cozeu tudo junto, e dou lançar na mesma cova os que
hêz umas bolas, e meteu-as pela bô- tinham maquinado a sua perdição, e
cá do dragão, e o dragão arrebentou. foram devorados diante dêle num mo­
E Daniel disse: Eis o que adoráveis. mento. 4-Então o rei disse: Todos os
que habitam em tôda a terra temam
D a n ie l na cova dos le õ e s o Deus de Daniel, porque êle é o Sal­
vador, que faz prodígios e maravilhas
^Os Babilônios, tendo sabido isto, sôbre a terra, e que livrou Daniel
indignaram-se fortemente, e, tendo-se da cova dos leões.
OS PROFETAS MENORES
São apelidados de “ menores” os autores de doze livros proféticos que
seguem ao livro de Daniel, por serem seus livros de tamanho bem redu­
zido, em comparação dos quatro precedentes cujos autores têm o nome
de “ profetas maiores” .
A fim de que o conteúdo dêsses doze livros proféticos não sofressem
algum prejuízo, — perdendo-se ou caindo no esquecimento — foram reu­
nidos num único volume, ainda no tempo de Neemias (I I Mac. ll, 13).
Quanto ao número, é fora de dúvida que são doze os autores dessas pro­
fecias mebores; quanto à ordem cronológica dos primeiros seis profetas»
não é incontestável; Joel e Abdias parecem mais antigos; Oséias, Amós e
Jonas são contemporâneos; Miquéias é o último dos primeiros seis cro­
nologicamente.

Oséias era filho de Beeri, — segundo a opinião mais comum — per­


tencia ao reino de Israel, à tribo de Efraim. Começou a profetizar cerca
do ano 810 a. C., e cumpriu a sua missão profética durante o reinado de
Osias, Joatan, Acaz, Ezequias e Jeroboão. Foi escolhido por Deus para
anunciar os seus castigos aos reinos de Judá e de Israel, e a felicidade
que mais tarde lograriam, reunidos em todas as nações do mundo, no
reino do Messias.
Oséias escreveu seu livro no fim de seu ministério profético. Divi­
de-se a sua profecia em duas partes:
Na primeira parte (1 -3 )) o profeta lamenta a infidelidade de Israel
e o convida, em nome de Deus, à conversão.
Na segunda parte (4-14) o profeta lànça em rosto do povo, espe­
cialmente dos chefes, os mais horríveis crimes, a idolatria e a aliança
com os povos pagãos. Anuncia, como castigo, o cativeiro entre os Assírios.
Deus, porém, acolherá misericordioso, seu povo que, arrependido, procu­
rará o caminho da salvação.
P R O F E C I A DE O S É I A S
Feia figu ra da adúltera, Deus meio do Senhor, seu Deus, e não pelo
recrimina as infidelidades de Israel arco, nem pela espada, nem pela
guerra, nem pelos cavalos, nem pelos
1 p a la v ra do Senhor, que foi di- cavaleiros.
1 rigida a Oséias, filho de Beeri, 8E (G om er) desquitou a sua filha,
nos dias de Osias, de Joatan, de Acaz, chamada Sem-misericórdia. E conce­
de Ezequias, reis de Judá, e nos dias beu outra vez, e deu à luz um filho.
de Jeroboão, filho de Joãs, rei de !,E o Senhor disse a Oséias: Põe-lhe
Israel. o nome de Não-meu-povo, porque vós
2Começou o Senhor a falar a O- já não sois meu povo, e eu não serei
séias, e disse: Vai, toma por mulher mais vosso (Deus).
uma prostituta e tem filhos que te lüPorém (um dia) o número dos
nasçam duma mulher que foi pros­ filhos de Israel será como a areia 'do
tituta, porque a terra (de Israel) não mar, que não se pode medir nem
cessa de se prostituir (ou idolatrar), contar. E acontecerá que no lugar
abandonando o Senhor. 3E (Oséias) onde se lhes disse: Vós não sois já
foi, e tomou por sua mulher a Gomer, meu povo, se lhes dirá: Vós sois f i­
filha de Deblaim, e ela concebeu e lhos de Deus vivo. “ Então os fi­
deu-lhe à luz um filho. 4E o Senhor lhos de Judá e os filhos de Israel se
disse a Oséias: Põe-lhe o nome de juntarão num corpo; e constituirão so­
Jezrael, porque dentro de pouco tem­ bre si um só chefe, e sairão da terra
po eu tirarei vingança da casa de (do seu ca tive iro ); porque grande
Jeú pelo sangue (que derramou na será o dia de Jezrael.
cidade) de Jezrael, e porei fim ao rei­
no da casa de Israel. 5E naquele dia Israel castigado por sua infidelidade
uebrarei o arco (ou poder m ilita r) O *Dizei a vossos irmãos: Vós sois
e Israel no vale de Jezrael. “ o meu povo; e à vossa irmã;
6E concebeu outra vez (G om er), Tu alcançaste misericórdia.
e deu à luz uma filha. E o Senhor 2Julgai a vossa mãe, julgai-a, por­
disse a Oséias: Põe-lhe o nome de que ela não é mais minha esposa,
Sem-misericórdia, porque eu não me nem eu seu esposo. Tire ela as suas
tornarei mais a compadecer da casa fornicações da sua face, e os seus a-
de Israel, antes os esquecerei intei­ dultérios do meio de seus seios; 3pa-
ramente. 7Compadeeer-me-ei, porém, ra que não suceda que eu a despoje,
da casa de Judá, e salvá-los-ei por ficando ela nua, e a ponha no esta-
Cap. I — 2. Toma por mulher uma prostituta. Deve notar-se que os profetas quase
sempre usavam os termos prostituição, fornicaç&o, etc., p ara indicar a idolatria, v isto que
no estilo oriental se fa la quase mais com ações simbólicas do que com palavras, quando se
quer exprimir algum a coisa muito importante, havia de causar no povo grandíssim a impres­
são o ver que oséias, jovem virtuoso, p ara anunciar a Israel o que Deus lhe mandava, se
servia, por ordem do senhor, dum sinal extraordinário, q u a l'e ra o de tomar por espôsa uma
mulher idólatra ou, seguindo o sentido literal, prostituta. A o passo que o senhor provou
a obediência e a humildade de oséias, tirou a mulher do seu mau estado, e apresentou ao
povo de Israel um a imagem vivíssim a do seu adultério espiritual e prostituiç&o ao culto
dos ídolos, indicando-lhe ao mesmo tempo o castigo que recebería pelos nomes que mandou
Pôr ao segundo e terceiro filho.
11. Grande será o dia da libertação de Jezrael, ou Israel, causada pelo arrependimento
e penitência dos seus pecados.
Cap. I I — 2. Julgai a vossa mãe, condenai os excessos da vossa naç&o. — Suas fornica-
ções. .. seus adultérios, isto é, a sua idolatria.
1050 PROFECIA DE oSEIAS 2 - 3

do em que se encontrava no dia do recadas e com os seus colares, e ia


seu nascimento, e a torne semelhante após os seus amantes, e se esquecia
a um deserto, e a transforme numa de mim, diz o Senhor.
terra sem caminho, e a mate à sêde. Felicidade de Israel quando se
4Não me compadecerei dos seus fi­ converter ao Senhor
lhos, porque são filhos da prostitui­
ção; 5porque sua mãe se prostituiu 14Por isso eu a atrairei docemente
(idolatrando) , aquela que os conce­ a mim, e a conduzirei à soledade, e
beu foi desonrada, porque disse: Eu lhe falarei ao coração. 15Eu lhe da­
irei após os meus amantes (ou ido- rei vinhateiros do mesmo lugar, e o
los) , que me dão o meu pão e a mi­ vale de Acor, para entrar em espe­
nha água, e a minha lã e o meu li­ rança; e ali cantará (hinos a Deus)
nho, o meu azeite e a minha bebida. como nos dias da sua juventude, e
°Por isso eis que vou fechar-te o como nos dias em cjue fêz a sua saí­
caminho com uma sebe de espinhos; da da terra do Egito. 10E nesse dia,
fechá-lo-ei com um muro, e ela não diz o Senhor, ela me chamará seu
encontrará as Suas veredas. 7E irá esposo, e não me chamará mais Ba-
em seguimento dos (ídolos) seus a- ali (com o aos seus ídolos). 17E eu
mantes, e não lhes poderá chegar; tirarei da sua bôca os nomes de Baal,
buscá-los-á, e não os encontrará, e e ela não se lembrará mais do no­
dirá: Irei, e voltarei para o (Senhor) me dos ídolos. ,8E farei aliança para
meu primeiro (e legítim o) esposo, êles naquele dia com os animais do
porque então eu era mais feliz' do campo, e com as aves do céu, e com
que agora. 8E ela não reconheceu que os répteis da terra; e tirarei do país o
fui eu (e não os ídolos) que lhe dei arco, e a espada, e a guerra, e os
o trigo, e o vinho, e o azeite, e que farei dormir com tôçla a segurança.
lhe multipliquei a prata e o ouro, 19Então me desposarei contigo pa­
que ofereceram a Baal. 9Por isso ra sempre, e me desposarei contigo
mudarei agora de proceder (a seu em justiça e juízo, e em misericórdia e
respeito), e tomarei o meu trigo a clemência. “ Eu me desposarei conti­
seu tempo, e o meu vinho a seu go com uma inviolável fidelidade; e
tempo e tirarei (das suas mãos) a saberás que eu sou o Senhor.
minha lã e o meu linho, que co­ 21E eis que, nesse dia, eu ouvirei,
briam a sua ignomínia. 10E agora des­ diz o Senhor, eu ouvirei os céus, e ê-
cobrirei a sua loucura aos olhos dos les ouvirão a terra; 22e a terra ouvi­
seus amantes (que em nada lhe po­ rá o trigo, o vinho e o azeite, e es­
dem valer), e ninguém a livrará das tas coisas ouvirão Jezrael. ^E semeá-
minhas mãos; “ e farei cessar todos -la-ei para mim na terra, e eu me
os seus cânticos de alegria, as suas compadecerei daquela (nação) que se
solenidades, as suas luas novas, o chamava Sem-misericórdia. 24E di­
seu sábado, e tôdas as suas festas. rei ao que se chamava Não-meu-po-
12Destruirei as suas vinhas e as suas vo: Tu és o meu povo; e êle me di­
figueiras, de que ela disse: Estas são rá: Tu és o meu Deus.
as recompensas que me deram os Resgate da mulher infiel, símbolo da
meus amantes; e reduzí-las-ei a um misericórdia divina p ara com Israel
matagal, e devorá-la-ão as feras do
campo. ,3Castigá-la-ei pelos dias em O *E o Senhor me disse: Vai ain-
que prestou culto a Baalim (ou aos í- ° da, e ama uma mulher (que
dolos), nos quais lhe queimava in­ fo i) amada dum amante, e adúltera,
censo, e se enfeitava com as suas ar­ assim como o Senhor ama os filhos de
4. São filhos da prostituição, ou im itam a idolatria da sua mS.e, adorando os sim ula­
cros dos deuses dos pagãos.
14. P or isso, por causa desta miséria extrema, a misericórdia de Deus comoveu-se.
15. Eu lhe darei vinhateiros. . . eu lhe darei os seus antigos chefes.
21-22. Harm onia entre o mundo moral e o mundo físico. Jezrael, isto é, Israel, pede às
plantas que germinem, estas pedem à terra a seiva, a terra pede chuva aos céus, os céus
pedem-na por sua vez a Deus, que de bom grado a concede.
Cap. I I I - - 1. Urna mulher, a mesma de que o profeta fa la no cap. I. Resgatando esta
3 -4 PROFECIA DE OSEIAS 1051

Israel, ainda quando êles põem os 5Por isso (6 Israel), tu perecerás


olhos em deuses estranhos, e gostam hoje, e também perecerá contigo o
do bagaço das uvas. 2Eu, pois, com­ (falso) profeta. Numa noite reduzi­
prei esta mulher por quinze siclos rei tua mãe ao silêncio. eO meu povo
de prata, e por coro e meio de ce­ calou-se, porque não teve ciência.
vada. 3E disse-lhe: Tu me espera­ Porque tu (ó sacerdote) rejeitaste a
rás largos dias, durante os quais não ciência (que por dever de estado, de-
fornicarás, nem te entregarás a ho­ vias possuir), também eu te rejeita­
mem algum, e também eu esperarei rei a ti, para não exerceres as fun­
por ti. ções do meu sacerdócio; e, visto que
4Porque os filhos de Israel estarão te esqueceste da lei do teu Deus, tam­
durante muitos dias sem rei e sem bém eu me esquecerei de teus fi­
príncipe, sem sacrifício e sem altar, lhos. 7Quanto mais se multiplica­
sem efod e sem terafins; 5e, depois ram, mais pecaram contra mim; eu
disto, os filhos de Israel voltarão, e mudarei a sua glória em ignomí­
buscarão o Senhor seu Deus, e (o nia. 8Êles nutrem-se dos pecados do
descendente de) Davi, seu rei; e, no meu povo, e desejam ardentemente
fim dos tempos, olharão com respei­ a sua iniqüidade. 9Portanto o sacer­
toso temor para o Senhor e para os dote será (tratado) como o povo; eu
bens (que ele lhes terá feito). o castigarei segundo os seus (maus)
Oséias recrimina a corrupção de
caminhos, dar-lhe-ei ( o que mere-
cem ) o s seus pensamentos. “ Come­
Israel
rão, e não ficarão saciados; entrega­
A *Ouvi a palavra do Senhor, fi- ram-se à fornicação e não cuidaram
■ Ihos de Israel, porque o Se­ de se retirar dela, porque abandona­
nhor vai entrar em juízo com os ha­ ram o Senhor, e não guardaram (a
bitantes desta terra; porque não há sua lei).
verdade, nem há misericórdia, nem ” A fornicação, o vinho e a embria­
há conhecimento de Deus nesta ter­ guez fazem-lhe perder o sentido. 120
ra. 2A maldição, e a mentira^ e o ho­ meu povo consultou um pedaço de
micídio, e o furto, e o adultério inun­ pau, e o seu bordão lhe predisse (o
daram tudo, e têm derramado san­ futu ro) ; porque o espírito da forni­
gue sôbre sangue. 3Por isso a ter­ cação (ou idolatria) os enganou, e
ra cobrir-se-á de luto, e todo o que êles prostituíram-se deixando o seu
nela habita cairá em desfalecimen- Deus. 13Ofereciam sacrifícios sôbre os
to, com os animais do campo e as cumes dos montes, e queimavam per­
aves do céu; e até os peixes do mar fumes sôbre os outeiros, debaixo dos
perecerão. 4Todavia ninguém se . po­ carvalhos, dos choupòs e dos tere-
nha a corrigir ou a repreender pes­ bintos, porque lhes era agradável a
soa alguma (pois não vale a pena), sua sombra; por isso as vossas filhas
porque o teu povo (o Senhor) é (a r- se prostituirão, e as vossas esposas se­
rogante) como aquêles que contra­ rão adúlteras. 14Eu não castigarei as
dizem o sacerdote (quando fala em vossas filhas', quando se prostituírem,
teu nome). nem as vossas esposas, quando adul-
mulher do meio das suas infidelidades, o profeta ê o símbolo vivo do proceder de Deus para
com Israel. — 0 bagaço das uvas, donde já saiu todo o vinho, é, segundo Sâo Jerônirno, o
símbolo da inutilidade dos ídolos.
3. Tu me esperarás. . . pois quero ver se te arrependes, e te afastas das tuas faltas, para
depois te tomar por espôsa.
4. Porque os filhos de Is r a e l.. . Os largos dias da penitência de Gomer sâo um a figu ra
dos muitos anos, durante os quais Israel devia esperar o seu perdão, exilado em terra estra­
nha, e privado de rei e de culto, quer legítimo, quer idolátrico (sem sacrifício. . . e sem tera­
fins, ou estátuas dos deuses).
Cap. I V — 5. Tua mãe, a nação judaica.
g. N u tr e m -s e ... N utrir-se duma coisa é viver dela, e nela encontrar vantagens. Muitos
sacerdotes de Israel viviam dos pecados do povo, os quais procuravam m ultiplicar em pro­
veito pessoal.
12. O seu bordão. . . O profeta alude a um modo de adivinhação, que consistia em lan­
çar bordões ao chão, e da sua posição respectiva tiravam indícios do futuro.
1052 PROFECIA DE OSÉIAS 4 - s

terarem, porque êles mesmos (os pais precipitar-se-ão por causa da sua ini-
e esposos) tinham trato com as me- qüidade, e Judá também cairá com
retrizes, e sacrificavam com os efe­ êles. °Irão buscar o Senhor com os
minados. E o povo (insensato e) sem sacrifícios dos seus rebanhos e das
entendimento será castigado. suas manadas, e não o encontrarão;
retirou-se dêles. 7Prevaricaram con­
N ão imite Judá os exemplos de tra o Senhor, porque geraram filhos
Israel bastardos; agora serão consumidos
dentro dum mês, êles e tudo o que
15Se tu, ó Israel, te entregas à pros­ possuem.
tituição (à idolatria), ao menos não Derrota e ruina
peque Judá; e não vades a Gálgala,
nem subais a Betavém (para idola­ 8Tocai a buzina em Gabaá, (to ca i)
tra r), nem jureis dizendo: Vive o Se­ a trombeta em Ramá; levantai gri­
nhor. 16Porque Israel desencaminhou- tos em Betavém; acautela-te, Benja­
se como uma vaca indomável; ago­ mim. 9Efraim será desolado no dia do
ra o apascentará o Senhor como a castigo; eu mostrei nas tribos de Is­
um cordeiro numa espaçosa campina. rael a fidelidade da minha palavra.
17Efraim (ou Israel) está ligada aos 10Os príncipes de Judá procederam
ídolos; afasta-te dêle (ó Judá). 18Os como aquêles que mudam os marcos
seus banquetes (idolátricos) são se­ (e roubam a terra dos vizinhos); der­
parados dos vossos, êles se engolfa­ ramarei sôbre êles a minha ira como
ram na fornicação (ou id ola tria ); uma torrente.
os que o deviam proteger, compra- “ Efraim vê-se tiranizado e opri­
zem-se em o cobrir de ignomínia. mido em juízo, porque quis ir após as
10O vento da (cólera divina) o levou imundícies (dos ídolos). 12E eu serei
atado nas suas asas, e êles serão con­ para Efraim como a traça (que tu­
fundidos por causa dos seus sacri­ do d estrói); e para a casa de Judá
fícios. como a podridão. 13Efraim viu a sua
Crimes dos chefes fraqueza, e Judá as suas cadeias; e
Efraim recorreu a Assur, e (Judá)
C ‘Ouvi isto, ó sacerdotes, e tu, ó buscou um rei que fôsse o seu vin­
casa de Israel, ouve com aten­ gador; mas êle não poderá curar-vos,
ção; escuta, ó casa real, porque so­ nem poderá desatar as vossas cadeias.
bre vós se vai exercer o juízo, pois “ Porque eu serei para Efraim como
devendo ser sentinela (do povo), lhe uma leoa, e para a casa de Judá co­
tendes armado laços, e sido para êle mo um leãozinho; eu, eu mesmo to­
como uma rêde estendida (pelos ca­ marei a minha prêsa, e ir-me-ei com
çadores) sôbre o monte Tabor. 2Vós ela; eu a levarei, e ninguém ma ar­
afastastes para longe as vítimas; eu, rancará das mãos. 15Irei e voltarei
porém, ( por meio dos profetas) sou o para a minha habitação, até que vós
mestre de todos êles. 3Eu conheço E- caiais na última miséria, e busqueis
fraim, e Israel não me foi encober­ a minha face.
to; sei que agora Efraim fornicou,
Israel contaminou-se. “Êles, não apli­ F alsa conversão e esperança vã
carão os seus cuidados a voltar para de Israel
o seu Deus, porque o espírito da fo r­
nicação (ou idolatria) está no meio C ^les, vendo-se na sua tribula-
dêles, e porque não conheceram o Se­ u ção, dar-se-ão pressa a recorrer
nhor. 5E a arrogância de Israel se a mim: Vinde (d irã o), e voltemos
verá no seu rosto, Israel e Efraim 1 5
4 para o Senhor; 2porque êle nos cati­
14. N ão castigarei... não serei pelos pais e esposos assim ultrajados, porque foram êles,
com os seus m aus exemplos, a causa de quedas t&o graves.
15. N em ju r e is ... pois misturais assim sacrilegamente o culto do verdadeiro Deus com
o culto dos ídolos, os quais seguis.
Cap. V — 7. Filhos bastardos, isto é, adoradores dos ídolos, que o senhor não reco­
nhece como seus.
15. V o lta re i.. . Deus voltará p ara a sua m orada do céu, dpnde tinha descido para
castigar.
6 - 7 PROFECIA DE OSEIAS 1053

vou, e êle nos livrará, êle nos feriu, pelas obras de mentira que fizeram;
e êle nos curará. 3Êle nos dará a vi­ por isso o ladrão entrará ( em sua
da em dois dias; ao terceiro dia nos casa) para os despojar por dentro,
ressuscitará, e nós viveremos na sua e por fora o fará o salteador. 2E
presença. Entraremos na ciência do porque talvez não digam nos seus
Senhor, e o seguiremos, a fim de o co­ corações que eu me lembro de tôda
nhecer. A sua vinda está preparada a sua malícia, atualmente estão ro­
como a da aurora, e êle descerá deados das suas impiedades; estão-nas
sôbre nós corno a chuva temporã e cometendo diante da minha face.
serôdia costuma vir sôbre a terra. 3Com a sua malícia alegram o rei,
4Que te farei eu, ó Efraim ? Que te e os príncipes com as suas mentiras.
farei eu, ó Judá? A vossa piedade 4São todos uns adúlteros semelhan­
é como uma nuvem de manhã, e co­ tes a um fôrno aceso pelo forneiro;
mo o orvalho transitório da manhã. repousou um pouco a cidade, depois
5Por isso é que eu os tratei duramen­ da mistura do fermento, até que a
te pelos meus profetas, eu os matei massa se levedou tôda. 5Êste é o dia
pelas palavras da minha bôca; e os do nosso rei; os príncipes começaram
juízos que eu exercerei sôbre ti, sai­ a enfurecer-se com o vinho; (o rei)
rão tão claros como a luz. "Porque estendeu a sua mão aos bobos. ‘Quan­
o que eu quero é a misericórdia e do êle, pois, lhes armava um laço, lhe
não o sacrifício, e o conhecimento descobriram êles o seu coração como
de Deus mais que os holocaustos. um fôrno; tôda a noite dormiu o que
7Mas êles, como Adão, violaram a os cozia, pela manhã êle mesmo a-
aliança (que tinham feito comigo) ; pareceu todo esbraseado como um fo ­
lá mesmo prevaricaram contra mim. go ardente. 7Todos êles aqueceram
*Galaad é (agora) uma cidade de fa ­ como um fôrno, e devoraram os seus
bricantes de ídolos, tôda inundada de juizes; todos os seus reis caíram; não
sangue. 9E, como as fauces de ladrões, há entre êles quem levante a voz pa-
ela se acha cúmplice com os sacer­ ra mim.
dotes que matam' no caminho os Alianças nefastas
que vão de Siquém; verdadeiramen­
te são horrendas as coisas que fize­ 8Efraim misturava-se com os povos
ram. 10Eu vi na casa de Israel coi­ (idolatras); Efraim tornou-se corno
sas horríveis; ali se acham as forni- um pão que se coze debaixo da cin­
cações de Efraim ; Israel contaminou- za, e que não se volta. °Os estrangei­
se. nMas para ti também, ó Judá, es­ ros devoraram a sua força, e êle não
tá preparada uma ceifa (de castigos) , o sentiu; os seus cabelos tornaram-se
até que eu torne a trazer o meu po­ brancos, e êle não o percebeu. 10E
vo do cativeiro. a soberba de Israel será humilhada
Fogo intenso das paixões sob os seus próprios olhos, e êles não
se voltaram para o Senhor seu Deus,
Y gu and o eu queria curar Israel, nem o buscaram em todos êstes males.
• tornou-se patente a iniqüidade 1XE Efraim tornou-se como uma pom­
de Efraim e a malícia de Samaria, ba imbecil, sem inteligência. Cha-
Cap. V I — 3. Neste versículo hâ um a alus&o à ressurreição gloriosa de Jesus.
6. O que eu quero. . . O exercício d a caridade tem mais valor diante de Deus do que
os próprios sacrifícios.
7. L á mesmo, na T erra Santa; circunstância agravante.
Cap. V I I — 3. Alegram o rei. o s reis e os grandes, longe de castigar os crimes do
povo, divertem-se com êles.
4. Um fôrno aceso, figura das paixões do povo, — Depois da m istura. . . Espalhado o
fermento da impiedade entre o povo, a massa popular leveda por si própria, isto 6, torna-
se ímpia.
5. o s aniversários reais eram pretextos p ara grandes orgias.
6-7. o s reis e os grandes, tendo excitado as paixôes populares,’ foram vitim as delas.
8. Como um pão. .. que não se volta, e que, por isso, para nada serve, pois fica
queimado dum lado, e cru do outro.
9. Os estrangeiros, cuja aliança comprou, fizeram -lhe p agar grandes tributos, que o a r­
ruinaram. — os seus cabelos. . . envelheceu prematuramente.
1054 PROFECIA DE OSEIAS 7 - 9

maram o Egito, foram buscar os As­ latria) ? °Porque de Israel é que veio
sírios. 123
M
1 as, depois que tiverem ido, êst^ novilho: um artífice o fabricou,
eu estenderei sôbre êles a minha rê- e êle não é Deus; porque o bezerro
de, e os farei cair como uma ave do de Samaria será (frá g il com o) teias
céu; castigá-los-ei segundo foi dito de arannas. ‘Semearam ventos e co­
nas suas assembléias. lherão tempestades; não há ali uma
espiga direita, o seu grão não dará
Não recorreram a Deus farinha; e, se der alguma, comê-la-ão
os estrangeiros.
13Ai dêles, porque se retiraram de 8Israel foi devorado; agora é êle
mim! Serão destruídos, porque pre­ tratado entre as nações como um va­
varicaram contra mim; resgatei-os, e so imundo. 9Porque recorreram a As-
êles proferiram mentiras contra mim. sur, que é como um asno silvestre,
14E não clamaram a mim do fundo que anda só. Efraim deu presentes
do seu coração, mas uivavam (deses­ aos seus amantes (os Assírios). 10Mas,
perados) nos seus leitos; somente depois que tiverem comprado bem ca­
pensavam no trigo e no vinho; afas- ro o socorro das nações, eu os ajun-
taram-se de mim. 15E eu instrui-os e tarei (na Assíria), e êles (estando ca­
dei vigor aos seus braços; mas êles tivos) serão isentos por algum tem­
meditaram o mal contra mim. 16Qui- po dos tributos que pagavam ao rei
seram de novo sacudir o jugo (da e aos príncipes.
minha le i); tornaram-se como um “ Porque Efraim multiplicou os al­
arco doloso; cairão mortos à espada tares para pecar, as aras converte-
os seus príncipes, por causa do furor ram-se para êle em delito. 12Eu ti­
(ou insolência) da sua língua. E is­ nha-lhe prescrito um grande número
so fará com que riam dêles na ter­ de leis, as quais consideraram como
ra do Egito. se não fôssem para êle. “ Ofereeer-
Oséias prediz o castigo -me-ão hóstias, imolar-me-ão vítimas,
de tantos crimes e lhes comerão a carne, mas o Se­
nhor não as aceitará, antes se lem­
O 7Seja a tua garganta como uma brará da sua iniqüidade, e castigará
° trombeta (e anuncia que o in i­ os seus pecados; e (então) hão de
migo virá ) como águia sôbre a ca­ voltar para o Egito. 14Israel esque­
sa do Senhor, porque transgrediram ceu-se do seu Criador, e edificou tem­
a minha aliança e violaram a minha plos (para os ídolos); Judá multi­
lei. 2Êles me invocarão, dizendo: Meu plicou as suas cidades fortificadas;
Deus, nós, o povo de Israel, te reco­ mas eu enviarei fogo sôbre as suas
nhecemos. 3(Mas, continua Deus) Is­ cidades, e ele devorará (todos) os
rael rejeitou o bem; o inimigo o per­ seus edifícios.
seguirá. 4Êles reinaram por si mes­ Predição da fome e do cativeiro
mos, e não por mim; foram príncipes
mas eu não os reconheci; fabrica­ O 7Não te alegres, Israel, não e-
ram para si ídolos da sua prata e do u xultes como os povos (pagãos),
seu ouro para sua perdição. sO bezer­ porque tu abandonaste o teu Deus,
ro que tu adoravas, ó Samaria, foi amaste a recompensa sôbre tôdas as
lançado por terra. O meu furor acen­ eiras de trigo. 2A eira e o lagar não
deu-se contra êles. Até quando se não os sustentarão, e o vinho iludirá a
poderão êles purificar (da sua ido­ sua expectativa. 3Não habitarão na
12. Segundo foi d it o ... A lusão aos avisos feitos pelos profetas.
16. Corno um arco doloso, cujas flechas não atingem o alvo.
Cap. V I I I — 5. Samaria representa aqui o reino de Israel, de que ela era a capital.
7. N a d a de próspero p ara Israel; e, se algum bem lhe acontecer, é o inimigo que
tirará proveito dêle.
10. Serão isen tos... P alavras irônicas.
13. Hão de vo lta r. . . Tornarão a ser cativos, como outrora o tinham sido no Egito.
Cap. IX — 1. Sôbre tôdas. Contemplando as suas eiras cheias de colheitas, os Isra e ­
litas atribuíam êstes bens às divindades pagãs.
2. Não os sustentarão... o s Israelitas nâo se poderão aproveitar das suas colheitas.
9 - 10 PROFECIA DE OSEIAS 10 5Ô

terra do Senhor. Efraim voltará para (ric a ) como Tiro, situada em formoso
o Egito, e comerá viandas imundas país; mas Efraim levará seus filhos
entre os Assírios. 4Não farão libações ao que lhes há de tirar a vida. 14Dá-
de vinho ao Senhor, nem elas lhe se­ lhes, Senhor... porém, que lhes da­
rão agradáveis; os seus sacrifícios se­ rás? Dá-lhes um ventre estéril e pei­
rão como o pão que se come nos fu­ tos secos. 15Tôda a sua malícia (apa­
nerais; todos os que comerem dêle receu) em Galgai; foi lá que lhes
ficarão contaminados; porque o seu concebi aversão; lançá-los-ei fora da
pão será só para êles mesmos, não minha casa, por causa da malícia das
entrará na casa do Senhor. 6Que fa ­ suas obras; não tornarei mais a ter-
reis vós no dia solene, no dia da fes­ lhes amor; todos os seus príncipes
ta do Senhor? °Porque êles partem são uns apóstatas. “ Efraim foi fe ri­
por causa da desolação. O Egito os do (de m o rte ); a sua raiz secou, não
recolherá, Mênfis os sepultará; a pra­ darão mais fruto. E, se tiverem fi­
ta que êles tanto cobiçaram será prê- lhos, matarei os mais queridos de
sa das urtigas, e crescerão os abrolhos Suas entranhas. 170 meu Deus os re­
nas suas casas. 7Chegaram os dias jeitará, porque não o ouviram; e an­
do castigo, chegaram os dias da re­ darão errantes entre as nações.
tribuição. Salve, Israel, que os teus
Israel perdeu tudo por causa
profetas são uns loucos, que êsses da idolatria
(que se julgam ) varões espirituais são
uns insensatos, por causa da multidão 1A Tsrael era uma vinha frondo-
da tua iniqüidade e do excesso da tua sa, que dava os frutos corres­
loucura. 8A sentinela de Efraim está pondentes; quanto mais abundou em
com Deus; o profeta tornou-se um frutos tanto mais multiplicou os seus
laço de ruína sôbre todos os seus altares, à proporção da fertilidade da
caminhos; a loucura está na casa do sua terra abundou em simulacros.
seu Deus. 9*P ecaram gravemente, co­ 2Está dividido o seu coração, agora
mo nos dias de Gabaá. O Senhor perecerão; êle mesmo (o Senhor)
se lembrará da sua iniqüidade e cas­ quebrará os seus simulacros, e deita­
tigará os seus pecados. rá abaixo os seus altares. 3Dentro
Anátem a contra a raça de Israel em breve êles dirão: Nós não temos
rei (que possa salvar-nos), porque
10Encontrei Israel como cachos de não tememos o Senhor; e que faria
uvas no deserto; vi os seus pais co­ por nós o rei (querendo Deus casti­
mo os primeiros frutos da figueira, gar-nos) ? 4Repeti agora as palavras
que aparecem no cimo dela; mas êles das falsas visões (dos vossos profe­
foram ao templo de Beelfegor, e a- tas), fazei aliança (com os Assírios)
fastaram-se de mim para se cobri­ que (apesar disso) o castigo (de Deus)
rem de confusão, e tornaram-se abo­ brotará como ervas amargas sôbre os
mináveis como as coisas que amaram. sulcos dum campo (semeado). 5Os
nA glória de Efraim voou como habitantes da Samaria adoravam as
uma ave; seus filhos morreram à nas­ vacas de Betavém; mas o povo (que
cença, ou no ventre de suas mães, ou adorava este ídolo) chorou sôbre êle,
no momento em que foram concebi­ como também os guardas (do seu
dos. 12Mas, ainda mesmo que êles te­ tem plo), que tinham exultado na sua
nham criado alguns filhos, eu farei glória, porque esta foi transferida pa­
com que fiquem sem filhos entre os ra longe dêle. °Portanto, êle também
homens; e ai dêles quando eu os a- foi levado para a Assíria, como um
bandonar! 13Efraim, pelo que ví, era presente ao rei vingador; a confusão
4. O seu pão; as refeições das pessoas que est&o de luto s&o sòmente p ara ela e nada
de tais refeições se deve levar ao templo como oferta.
9. Corno nos dias de Gabaá. Alus&o ao crime praticado pela tribo de Benjamim, puni­
do com o extermínio da mesma tribo (Juizes, X I X ). U m a sorte igual está reservada a
Israel.
Cap. X — 2. Está dividido entre o Senhor e os falsos deuses.
5-6. Nestes dois versículos é vaticinada a ruína dos bezerros de ouro. — Rei vingador,
ministro da justiça divina.
1056 PROFECIA DE oSEIAS 10 - 11

apoderar-se-á de Efraim, e Israel fi­ a mãe foi esmagada sôbre os filhos.


cará envergonhado por ter seguido 13Eis o que vos fêz Betei, por causa
os seus caprichos. 7A Samaria (com da malícia das vossas iniqüidades.
os seus pecados) fêz desaparecer o
seu rei, como (desaparece) a escuma Promessas de salvação
ue se levanta sôbre a superfície da
gua. 8E
9 os altos consagrados ao ído­ I 1 'Como passa o crepúsculo da.
lo, que fazem o pecado de Israel, se­ II manhã, (assim) passou o rei
rão destruídos; sôbre os seus altares de Israel.
crescerão espinhos e abrolhos; e en­ Quando Israel era menino, eu a-
tão (os filhos de Israel) dirão aos mei-o, e chamei do Egito o meu fi­
montes: Cobri-nos; e aos outeiros: lho. 2Mas, quanto mais os meus pro­
Caí sôbre nós. fetas os chamaram, tanto mais êles
se retiraram da sua presença; imo­
Os castigos vão preparando lavam a Baal, e sacrificavam aos í-
a misericórdia dolos. 3Entretanto eu, como aio de
Efraim, trazia-os nos meus braços; e
9Desde os dias de Gabaá Israel não êles não reconheceram que era eu
fêz mais que pecar; nisso têm êles quem cuidava dêles. 4Atraí-os para
perseverado; não os apanhará em Ga­ mim com vínculos próprios de ho­
baá (mas sim noutras regiões) a mens, com os vínculos da caridade;
guerra (declarada) contra os filhos fui para êles como o que tira o ju­
da iniquidade. 101Eu os castigarei à
2 go de cima dos seus queixos, e apro­
medida do meu desejo; quando êles ximei-me dêles para os nutrir. 5Não
assim forem punidos por causa das voltarão para a terra do Egito, mas
suas duas iniqüidades, juntar-se-ão o Assírio será seu rei, porquanto
contra êles os povos. “ Efraim era co­ não quiseram converter-se. °A espada
mo uma novilha acostumada a gos­ começou a desembainhar-se nas suas
tar da debulha, mas eu porei um ju­ cidades, e ela consumirá os seus es­
go sôbre o seu gracioso pescoço; colhidos, e devorará os seus chefes.
montarei sôbre Efraim ; Judá lavra­ 7Entretanto o meu povo esperará im­
rá, Jacó abrirá os seus sulcos. “S e­ pacientemente que eu volte; mas ser-
meai para vós na justiça e segai se­ -lhes-á imposto a todos um jugo que
gundo a misericórdia, rompei os vos­ lhes não será tirado.
sos pousios; porque é tempo de buscar 8Como te tratarei eu, ó Efraim ?
o Senhor, até que venha aquêle que Tomar-te-ei debaixo da minha prote­
vos há de ensinar a justiça (ou san­ ção, ó Israel? Como te hei de eu a-
tidade). 13Vós cultivastes a impieda­ bandonar como a Adama, ou exter­
de, segastes a iniqüidade, comestes o minar-te como a Seboim (depois de
fruto da mentira. Confiaste nos teus ter-te amado tanto) ? O meu coração
caminhos e na multidão dos teus va­ está comovido dentro de mim mes­
lentes. 14Levantar-se-á tumulto entre mo, sinto-me como que arrependido
o teu povo; tôdas as tuas fortifica­ (da sentença pronunciada contra t i).
ções serão destruídas, como foi des­ 9Não desafogarei todo o furor da mi­
truída Salmana pela casa do que nha ira; não me resolverei a des­
julgou Baal no dia da peleja, em que truir Efraim, porque sou Deus e não
8. Cobri-nos p ara náo vermos êste terrível castigo. O Novo Testamento repete esta
passagem (L u c., X X III, 30; A poc., V I, 16).
9. N ão os apanhará... Assim como tôdas as tribos se juntaram para castigar os culpa­
dos (V I , 16) de Gabaá, (o s filhos da iniqüidade) , assim os pagãos se hão de juntar para
punir Israel.
11. E fraim , enquanto foi fiel a Deus, era como um a novilha que sòmente realiza tra b a ­
lhos fáceis e agradáveis, mas afastando-se do Senhor, vai ser submetido a um rude
trabalho.
12. Semeai boas obras, e colhereis muita misericórdia de Deus. — A té que venha aquê­
le, até que venha o Messias, que é, por excelência, o doutor da santidade.
Cap. X I — 1. Chamei do E g ito . . . Israel, povo chamado filho primogênito de Deus,
foi, ao sair do Egito, símbolo do Menino Jesus, quando, morto Herodes, voltou p ara a sua
pátria.
11 - 13 PROFECIA DE OSÉIAS 1057

um homem; sou o santo no meio de que te falei pelos profetas, e mul-


ti, e não entrarei nas tuas cidades tipliquei-lhes as visões; e por meio
(para as destruir). 10Êles seguirão o dos mesmos profetas me descobri (a
Senhor que rugirã como um leão; vos) sob diferentes figuras. “ Se Ga-
êle mesmo rugirã, e os filhos do mar laad é um ídolo, logo debalde havia
tremerão de mêdo. 11E voarão do E- quem sacrificasse aos bois em Galgai,
gito como uma ave, e da terra dos porque os seus altares são como os
Assírios como uma pomba; e eu os montões (de pedras) sobre os sulcos
estabelecerei em suas casas, diz o do campo. 12Jacó fugiu para a região
Senhor. da Síria, e Israel serviu (a Labao)
12Efraim cercou-me de mentira, e para adquirir uma esposa, e para
a casa de Israel, de engano; Judá, adquirir outra guardou o gado. 13E o
porém, conduziu-se com Deus e com Senhor fêz sair Israel do Egito por
os santos como uma testemunha meio dum profeta, e por meio dum
fiel. profeta o guardou. 14(N ão obstante)
Os Judeus não imitaram Jacó Efraim provocou-me à ira com os
seus crimes; mas o sangue que der­
1 0 2Efraim apascenta-se de ven- ramou recairá sobre êle, e o seu Se­
to, e vai atrás do calor arden­ nhor lhe dará (a paga do) seu opró-
te; todos os dias multiplica a menti­ brio.
ra e a violência; fêz aliança com os Castigo dos ingratos
Assírios, e levava o seu (eoccelente)
azeite ao Egito. 20 Senhor virá, pois, 1 0 7Ao falar Efraim, ficou Israel
a juízo com Judá, e castigará Jacó; * j tomado de horror, mas êle
dar-lhe-á o pago que merecem as suas delinqüiu, adorando Baal, e morreu.
obras e os seus (vaos) caprichos. 3Ja- 2E agora continuam a pecar, e fize­
có suplantou seu irmão no ventre de ram para si, com sua prata, está­
sua mãe, e com a sua fortaleza lu­ tuas semelhantes aos ídolos, o que
tou com um anjo. 4E prevaleceu con­ tudo é obra de artistas; a êstes di­
tra o anjo, e ficou vencedor; chorou zem êles: Homens, que adorais os
e suplicou-lhe. Êle o encontrou em bezerros, vinde sacrificar-lhes. 3Por
Betei, e ali (o Senhor) falou conosco. isso serão como a nuvem da manhã
*E o Senhor Deus dos exércitos, êste e como o orvalho matinal, que logo
Senhor ficou sempre na sua memó­ passa, como o pó arrebatado da eira
ria. 6Converte-te, pois, ao teu Deus; pelo torvelinho, e como o fumo (que
guarda a misericórdia e a justiça sai) duma chaminé. 4Eu, porém, sou
e espera sempre no teu Deus. o Senhor teu Deus desde (que saís-
7Canaã tem na mão uma balança te da) terra do Egito; tu não conhe­
enganosa* ama a injustiça. 8Efraim cerás outro Deus fora de mim, e não
disse: Em verdade tornei-me rico, há Salvador senão eu. *Eu tè reco-
adquiri para mim o ídolo (das rique­ nheci (por filh o) no deserto, numa
zas); em todas as minhas fadigas terra estéril. °Êles encheram-se e
não se encontrará que eu tenha co­ fartaram-se nas suas pastagens; e
metido injustiça alguma. 9E eu, o levantaram o seu coração, e esque­
Senhor teu Deus, que te tirei da terra ceram-se de mim. 7E eu serei parà
do Egito, deixar-te-ei repousar ain­ êles como uma leoa, como um leo­
da nas tuas tendas (apesar da tua pardo no caminho da Assíria. 8Eu
obstinação) , como nos dias da festa lhes sairei ao encontro como uma ur­
( dos Tabernáculos). 10Também sou eu sa a quem roubaram os seus cachor-
10-11. O Senhor, com voz forte como a dum leão, cham ará os exilados, os quais acor­
rerão de todos os lados. — Os filhos do mar, os povos idólatras.
Cap. X I I — 3-4. Episódios da vida de Jacó, para m ostrar o zêlo que êste patriarca
teve em obter a bênção divina, e para estabelecer um contraste entre êle e os seu®
descendentes.
7. Canaã significa mercador, nome que é dado aqui a E fraim , o qual, como um
mercador astuto, procura enriquecer por meio da fraude e da violência.
12-14. O profeta retoma a história de Jacó, interrompida no versículo 4, para mostrar
que Israel foi tratado com mais doçura que o seu antepassado.3 4

34 - B íb lia S a g ra d a
1058 PROFECIA DE OSEIAS 14

ros, e lhes rasgarei as entranhas a- de é que caíste. 3Tomai convosco pa­


té ao coração; e ali os devorarei co­ lavras (de arrependimento) , conver-
mo um leão; as feras do campo os tei-vos ao Senhor, e dizei-lhe: T ira­
despedaçarão. nos todas as nossas iniqüidades, acei­
9A tua perdição, ó Israel, vem de ta êste bem (ou bom desejo que te -
ti mesmo, só em mim está o teu au­ m os); e nós te ofereceremos (em vez
xílio. 10Onde está o teu rei? Êle te de) novilhos os louvores dos nossos
salve, agora mais que nunca, em to­ lábios. 4Assur não nos salvará (mas
das as tuas cidades; e salvem-te os sim tu, S en h or); não montaremos
teus juizes, de quem tu (m e) disses­ (arrogantes) em cavalos, nem dire­
te: Dá-me um rei e príncipes (que mos jamais: Os nossos deuses são as
m e governem ). MEu te del um rei obras das nossas mãos; porque tu te
no meu furor, e eu to tirarei na mi­ compadecerás dêste (povo como dum)
nha indignação. 12As iniqüidades de órfão que se põe nas tuas mãos.
Efraim estão atadas juntas, o seu pe­ 5Eu curarei as suas chagas (res­
cado está pôsto em reserva. 13Sô- ponde o Senhor), amá-los-ei por um
bre êle virão as dores, como de u- puro efeito da minha bondade, por­
ma mulher que está de parto; é um que já o meu furor se afastou dêles.
filho insensato; e não poderá subsis­ °Eu serei como o orvalho, Israel bro­
tir agora no meio do desbarato de tará como a açucena, e a sua raiz
seus filhos. U(Nao obstante) eu os romperá em lançamentos, como as
livrarei do poder da morte, eu os res­ plantas do Líbano. 7Estender-se-ão
gatarei da morte, ó morte, eu hei os seus ramos, e a sua glória será co-
de ser a tua morte; ó inferno, eu hei mo a oliveira, e o seu perfume como
de ser a tua destruição. A consola­ o do Líbano. 8Êles virão repousar
ção está escondida aos meus, olhos. debaixo da sua sombra; viverão de
“ Porque êle separará os irmãos uns trigo, e propagar-se-ão como a v i­
dos outros. O Senhor fará vir um nha; a sua nomeada será como a do
vento do deserto, e secará os seus re­ vinho do Líbano. 9(Depois disto di­
gatos, e fará estancar as suas fon­ rá ) Efraim : Que tenho eu mais còm
tes; e êle roubará o tesouro de todos os ídolos? Sou eu (e não os ídolos)
os objetos preciosos. que o ouvirei, e que o farei crescer
como uma viçosa faia; em mim te­
Reconheça Israel seus erros rão origem os teus frutos (ó Isra­
e Deus o salvará el).
Conclusão do livro
'ÍÂ 1Pereça a Samaria, porque con-
citou o seu Deus a amargurar- 10Quem é o sábio que compreen­
se! Pereçam ao fio da espada, e se­ derá estas coisas (que escrevVT
jam esmagados os seus meninos, e Quem' tem inteligência para as co­
sejam abertos os ventres das mulhe­ nhecer? Porque os caminhos do Se­
res prenhes! nhor são retos, e por êles andarão
2Converte-te, ó Israel, ao Senhor os justos; os prevaricadores, porém,
teu Deus, porque pela tua iniqüida- cairão nêles.

Cap. X I V — 1. Samaria, como Efraim , representa todo o reino de Israel.


10. Quem é o sdbio. . . Proclam ação fin al para cham ar a atenção sôbre todo o livro.
PROFECIA DE JOEL
Joel, filho de Fatuel, é um dos mais antigos profetas de que se conser­
vam os escritos. Pertencia ao reino de Judá, onde exerceu o seu ministé­
rio profético, depois da ruína de Israel (cêrca do ano 610 a. C.). Anunciou
a destruição de Judá e a liberdade que Deus concedería ao seu povo depois
do cativeiro. Profetizou a descida do Espírito Santo sobre a Igreja, e des­
creve com incomparável magnificência o juizo final.
Seu livro profético divide-se em duas partes;
Na primeira parte ( 1 - 2 , 17) anuncia-se o juizo de Deus contra Ju-
dá e descreve-se maravilhosamente uma invasão de gafanhotos.
Na segunda parte (2, 18 - 3) anuncia-se a misericórdia de Deus sobre
seu povo, com a promessa de um futuro de prosperidade, que será o sím­
bolo da efusão do Espirito Santo sobre o povo de Deus. Faz-se a descrição
do grande dia do juízo de Deus contra os seus inimigos que serão feridos
com terríveis castigos.

Um a terrível invasão de gafanhotos sôbre a minha terra; os seus dentes


são como os dentes dum leão, e os
1 P a la v ra do Senhor, que foi diri- seus queixais como os dum cachorro
1 gida a Joel, filho de Fatuel. de leão. 7Êste povo reduziu a minha
2Ouvi isto, velhos, e vós todos os vinha a um deserto, e tirou a casca
habitantes da terra (de Judá) apli­ às minhas figueiras, êle as despojou
cai os vossos ouvidos. Aconteceu u- inteiramente, e as lançou por ter­
ma coisa como esta em vossos dias, ra; os seus ramos (roidos e secos}
ou nos dias de vossos pais? 3Contai- tornaram-se brancos.
a aos vossos filhos, e os vossos fi­
lhos a seus filhos, e os filhos dêstes 8Chora (6 Israel) como uma jovem
à geração seguinte. 40 gafanhoto co­ esposa vestida de saco, chora a mor­
meu o que tinha ficado da lagarta, te do esposo, que tomou na sua ida­
e o brugo comeu o que tinha ficado de florida. “Desapareceram da casa
do gafanhoto, e a ferrugem comeu do Senhor os sacrifícios e as libações;
o que tinha ficado do brugo. choram. 10Todo o país está devasta­
5Despertai, ó ébrios, e chorai e ui- do, os campos choram, porque o tri­
vai todos os que pondes as vossas go foi destruído, o vinho perdido, e as
delícias em beber vinho, porque êle oliveiras secaram. “ Os lavradores
foi tirado da vossa boca. 6Porque estão confusos, os vinhateiros solta­
um povo forte e inumerável veio ram gritos por causa do trigo e da
cap. I — 6. ü m povo, isto é, um a grande multidão de gafanhotos.
1060 PROFECIA DE JOEL l - 2

cevada, porque se perdeu a messe do tes, assim um povo numeroso e pos­


campo. 12A vinha não vingou e a fi­ sante se difundirá por tôda a vossa
gueira secou; as romanzeiras, as pal­ terra de Israel; semelhante a êle não
meiras, e as macieiras, e tôdas as ár­ houve desde o princípio, nem depois
vores do campo secaram; (por cujo dêle haverá outro no decorrer dos
motivo) a alegria foi para longe dos séculos.
filhos dos homens. 3Diante dêle virá um fogo devora-
dor, e atrás dêle uma chama abra­
Os sacerd o tes ex o rte m o povo sador a; a terra que, antes dêle (che­
à p e n it ê n c ia gar), era um jardim de delícias, de­
13Cingi-vos, sacerdotes, e chorai, e pois dêle ficará sendo a solidão dum
soltai gritos, ministros do altar; en­ deserto, nem haverá quem lhe es­
trai (no templo) e deitai-vos no sa­ cape. 40 seu aspecto é como o as­
co, ministros do meu Deus; porque pecto de cavalos; e como cavaleiros
da casa do vosso Deus desaparece­ assim correrão. 5Saltarão sôbre os
ram o sacrifício e a libação. 14Or- cumes dos montes com um estrondo
denai um jejum sagrado, convocai a semelhante ao das carroças, com um
assembléia, congregai os anciãos e to­ ruído semelhante ao da chama de
dos os habitantes do país para a ca­ fogo que queima a palha sêca, co­
sa do v o s s o Deus, e clamai ao Se­ mo uma multidão de gente arma­
nhor. 15Ai, ai, ai! que dia ( terrí- da para o combate.
v e l)! porque o dia do Senhor está 6À sua vista ficarão atormentados
perto, e virá uma como assolação os povos: todos os rostos se torna­
da parte do Todo-Poderoso. rão (denegridos) como uma panela.
7Êles correrão como valentes, esca­
P raga da sêca larão as muralhas como homens de
guerra; marcharão unidos cada um
«Porventura não desapareceram no seu pôsto, e não se desviarão da
diante dos vossos olhos da casa do sua fileira. 8Não se embaraçarão
nosso Deus os alimentos, a alegria e uns aos outros, cada um marchará
o regozijo? 17Os animais apodrece­ no seu lugar; e, ainda mesmo caindo
ram entre os seus estercos, os ce­ (ou saltando) das janelas, não sofre­
leiros foram destruídos, os armazéns rão dano. °Entrarão nas cidades,
arruinados, porque se perdeu o trigo. correrão por cima dos muros, subi­
18Por que gemem os animais, e mu­ rão às casas, entrarão pelas janelas
gem os bois da manada? Porque não como um ladrão.
têm pastos; e até os rebanhos das
ovelhas pereceram. Um a t e r r ív e l in v a s ã o d e g a f a n h o t o s
19Eu clamarei a ti, Senhor, porque C o n c lu s ã o do liv r o
o fogo (da sequeira) devorou tudo
o que havia de belo no deserto, e 10A terra tremerá diante dêles, os
a chama queimou tôdas as árvores do céus se abalarão; o sol e a lua se
campo. 2ÜE os próprios animais le­ escurecerão, e as estréias retirarão
vantam a cabeça para ti, como a ter­ o seu resplendor. “ Porque o Se­
ra sequiosa pede a chuva; porque as nhor fêz ouvir a sua voz ante a face
fontes das águas secaram, e o fogo do seu exército; pois são inúmeros
(da sequeira) devorou tudo o que e fortes os seus batalhões, e execu­
havia de belo no deserto. tam as suas ordens; porque o dia do
Senhor é grande e sobremaneira ter­
O d i a d o ju iz o rível. E quem o poderá suportar?
12Agora, pois, diz o Senhor, con­
O ^ o c a i a trombeta em Sião, sol- vertei-vos a mim de todo o vosso co­
** tai gritos sôbre o meu santo ração, com jejuns, com lágrimas e
monte, estremeçam todos os habi­ com gemidos. 13E rasgai os vossos
tantes da terra; porque se aproxi­ corações e não os vossos vestidos, e
ma o dia do Senhor, está perto. 2Dia (contritos no vosso interior) conver-
de trevas e de escuridão, dia de nu­ tei-vos ao Senhor vosso Deus; por­
blados e de torvelinhos; como a luz que êle é benigno e compassivo, pa­
da manhã se espalha sôbre os mon­ ciente e de muita misericórdia, e
2 - 3 PROFECIA DE JOEL 1061

inclinado a suspender o castigo. vos) o Mestre da Justiça (ou san­


“ Quem sabe se êle quererá voltar-se tidade), e fará descer sôbre vós, co­
para vós e perdoar-vos, e deixar a- mo no princípio, chuvas do outono
pós si alguma bênção, algum sacri­ e da primavera. 24E as vossas eiras
fício e libação para o Senhor vosso se encherão de trigo e os vossos la-
Deus? gares transbordarão de vinho e de
15Tocai a trombeta em Sião, orde­ azeite. 25E eu vos recompensarei dos
nai um jejum sagrado, convocai uma anos, cujos frutos comeu o gafanhoto,
assembléia, 16fazei vir todo o povo, o brugo, e a ferrugem, e a lagarta, ês-
adverti a todos em geral que se pu­ te poderoso exército que mandei
rifiquem, juntai os velhos, congregai contra vós. 26Vós comereis e vos sa­
os pequeninos e os meninos de pei­ ciareis dêstes bens, e louvareis o no­
to; saia o esposo da sua câmara, e me do Senhor vosso Deus, que fêz
a esposa do seu leito. “ Chorem os em vosso favor tantas maravilhas;
sacerdotes, ministros do Senhor, pos­ e o meu povo jamais tornará a cair
tos entre o vestíbulo e o altar, e di­ na confusão.
gam: Perdoa, Senhor, perdoa ao teu 27Vós sabereis então que eu estou
povo, e não deixes cair a tua he­ no meio de Israel, e que sou o Se­
rança em opróbrios de sorte que nhor vosso Deus, e que não há outro
as nações a dominem; porque os po­ senão eu; e o meu povo jamais tor­
vos diriam: Onde está o Deus dê- nará a cair na confusão.
les? -^Depois disto, acontecerá que der­
Frutos da penitência dos Israelitas
ramarei o meu espírito sôbre-tôda a
carne; e os vossos filhos e as vossas
lsO Senhor olhou com amor arden­ filhas profetizarão; os vossos velhos
te a sua terra, perdoou ao seu povo. serão instruídos por sonhos, e os vos­
19E o Senhor falou, e disse a seu sos jovens terão visões. 29E derra­
povo: Eis que vou enviar-vos trigo, marei também naqueles dias o meu
e vinho, e azeite, e ficareis abaste­ espirito sôbre os meus servos e sô­
cidos dêstes gêneros; e não vos entre­ bre as minhas servas.
garei mais ao insulto das nações. Sinais precursores do juízo final
20Afastarei de vós aquêle (in im igo)
que vem da parte do aquilão, e lan- 30E farei aparecer prodígios no céu
çá-lo-ei para uma terra sem cami­ e na terra, sangue, e fogo, e turbi­
nho e deserta; a sua vanguarda pa­ lhões de fumo. 310 sol converter-se-
ra a banda do mar oriental, e a sua -á em trevas, e a lua em sangue,
retaguarda para o mar mais remo­ antes que venha o grande e terrí­
to: e (a li) subirá o Seu fedor e a vel dia do Senhor. 32E acontecerá
sua podridão, porque procedeu com que todo o que invocar o nome do
soberba. Senhor será salvo; porque a salvação
2,Não temas, terra (de Judá), exul­ se achará, como o Senhor disse, sô­
ta e alegra-te, porque o Senhor vai bre o monte Sião e em Jerusalém,
fazer grandes coisas (em teu favor). e entre os restos que o Senhor ti­
22Não temais, animais do campo, por ver chamado.
que os amenos campos do deserto Sentença do divino Juiz contra
brotaram, porque tôda a árvore deu os maus
o seu fruto, a figueira e a vinha bro­
taram, com todo o seu vigor. 23E vós, O Porquanto, eis que naqueles dias
filhos de Sião, exultai e alegrai-vos ** e naquele tempo, em que eu
no Senhor vosso Deus, porque Êle levantar o cativeiro de Judá e de
vos deu (a honra de nascer entre Jerusalém, 2juntarei todas as gentes,
Cap. I I — 28. Deus fa la rá por meio de sonhos e visões, isto é, por meio de duas fo r­
mas principais de revelações proféticas, que antes sòmente eram concedidas a um pequeno
número de homens. — sã o Pedro (A t., II, 14-21) dá a interpretação desta belissim a pro­
fecia.
,32. Sôbre o monte S iã o .. . isto é, na Ig re ja de Jesus Cristo.
Cap. I I I — 2. Vale de Josafat. E sta denominação é simbólica, e designa o teatro
duma divida.
1062 PROFECIA DE JOEL 3

e conduzí-las-ei ao vale de Josafat, e vossos valentes. 12Levantem-se as


ali entrarei com elas em juízo acêr- nações, e vão ao vale de Josafat;
ca de Israel, meu povo e minha he­ porque ali me sentarei para julgar
rança, a quem êles espalharam por tôdas as nações em circuito. "M e ­
entre as nações, e acêrca da minha tei as foices ao trigo, porque já está
terra, que êles dividiram entre si. madura a messe; vinde, e descei, por­
3E dividiram por sorte o meu povo, que o lagar está cheio, as cubas dei­
e expuseram os meninos nos lugares tam por fora, porque a sua malícia
de prostituição, e venderam as don­ chegou ao cúmulo. “ Povos, povos,
zelas por vinho para beberem. “Mas (comparecei) no vale da matança;
que há .que disputar entre mim e porque o dia do Senhor está perto,
vós, ó Tiro e Sidônia, e todo o ter­ (comparecei) no vale da matança.
ritório dos Filisteus? Porventura 150 sol e a lua obscurecer-se-ão, e
quereis tirar vingança de mim? Mas, as estrelas retirarão o seu resplen-
se vos vingais de mim (destruindo dor. ,6E o Senhor (corno um leão)
o meu povo), eu farei criar imedia­ rugirá de Sião, e de Jerusalém fa ­
tamente os vossos atos sôbre a vos­ rá ouvir a sua voz; os céus e a ter­
sa cabeça. 3Porque vós levastes a ra tremerão; mas o Senhor será a
minha prata e o meu ouro, e metes­ esperança do povo e a fortaleza dos
tes nos vossos templos o que eu ti­ filhos de Israel.
nha de mais precioso e de mais be­
lo. 6Vós vendestes os filhos de Ju- Prosperidade do povo de Deus
dá e os filhos de Jerusalém aos fi­
lhos dos Gregos, para os pordes lon­ 17E vós sabereis então que eu sou
ge da sua pátria. 7Eis que eu os ti­ o Senhor vosso Deus, que habito no
rarei do lugar em que vós os ven­ meu santo monte de Sião; e Jeru­
destes, e farei recair sôbre a vossa salém será santa, e os estrangeiros
cabeça a paga que mereceis. 8E ven­ não tornarão mais a passar pelo meio
derei os vossos filhos e as vossas fi­ dela. ÍSE acontecerá naquele dia que
lhas por mãos dos filhos de Judá, os montes destilarão doçura, e os
e êles os venderão aos Sabeus, outeiros manarão leite, e as águas
povo remoto, porque o Senhor é quem correrão em todos os regatos de Ju­
o disse. dá; e da casa do Senhor sairá uma
Os pecadores serão feridos fonte (maravilhosa) que regará a
com horríveis castigos torrente (ou vale) dos espinhos. 910*O
Egito será todo assolado, e a Idu-
9Publicai isto entre as nações, méia ficará sendo um deserto hor­
preparai-vos para a guerra, animai rível, porque oprimiram injustamen­
os valentes; venham, ponham-se em te os filhos de Judá, e derramaram
marcha todos os homens de guerra. na sua terra o sangue inocente.
10Forjai espadas das relhas dos vos­ 20Pelo contrário, a Judéia será habi­
sos arados, e lanças de ferro dos vos­ tada eternamente, e Jerusalém de
sos enxadões. Diga o fraco: Eu sou geração em geração. 21E eu lavarei
forte. nSaí de tropel, e vinde to­ o seu sangue, que eu não tinha ain­
das as nações dos contornos, e jun­ da lavado; e o Senhor habitará para
tai-vos; aí fará o Senhor perecer os sempre em Sião.

3. Dividiram por sortes. Os vencedores dividiam entre si os prisioneiros de guerra, ti­


rando-os à sorte.
13. O profeta compara os pagãos reunidos no vale do juízo ao trigo já maduro que é
preciso cortar, e a um la g a r cheio de uvas que é preciso pisar.
PROFECIA DE AMÓS
Amós era pastor em Tecué — povoado pertencente ao reino de Judá, —
quando Deus lhe fêz ouvir seu chamado para exercer o ministério profético
e o mandou para o reino cismático e idólatra do norte que então, nos úl­
timos anos de Jeroboão, achava-se ao apogeu de seu poder e também de sua
corrupção. O lugar em que Amós exerceu seu ministério foi Betei, um
dos lugares mais célebres da idolatria de Israel. Embora fôsse de condi­
ção humilde, o profeta Amós mostra no seu livro que conhecia bem as
Sagradas Escrituras. O seu estilo distingue-se pela simplicidade e energia,
e pelas imagens que emprega, tiradas da natureza e da vida de pastor.
Seu livro profético pode ser dividido em três partes:
Primeira parte (1 — 2 ): contém a publicação dos delitos e castigos
das nações estraqhas ao povo escolhido, e os oráculos contra Judá e Israel.
Segunda parte (3 — 6); contém três discursos: o primeiro discurso
apresenta o castigo como certo; o segundo, como necessário; o terceiro,
especifica o castigo, dizendo que consistiría na ruína de Israel e na depor­
tação para a Assíria.
Terceira parte (7 — 9); narra as cinco visões simbólicas com que se
anuncia o castigo que já se aproxima.

1 Palavras de Amós, que foi um meteu três e quatro (e mais) vezes,


1 pastor de Tecué; contêm a re­ eu não mudarei o meu decreto (de
velação que teve acêrca de Israel, justiça), pois que êles, com carros
nos dias de Ozias, rei de Judá, e nos armados de ferro, despedaçaram (os
dias de Jeroboão, filho de Joás, rei de Israelitas de) Galaad. 4Portanto eu
Israel, dois anos antes do terremoto. porei fogo à casa (re a l) de Azael, e
êste fogo devorará os palácios de
Oráculos contra as nações estranhas Benadad. 5E quebrarei o ferrôlho (ou
ao povo escolhido poder) de Damasco; e exterminarei
do campo do ídolo os que lá ha­
2E disse: O Senhor rugirá de Sião, bitam, e da casa de deleite, o que
e de Jerusalém fará ouvir a sua voz; tem na mão o cetro; e o povo da
e os deliciosos prados dos pastores Síria será transferido a Cirene, diz o
chorarão, e o cume do Carmelo se­ Senhor.
cará. 6Isto diz o Senhor: Depois das mal-
3Isto diz o Senhor: Depois das mal- dades que o povo de Gaza cometeu
dades que o povo de Damasco co­ três e quatro (e mais) vêzes, eu não
Cap. I — 6. Gaza, a cidade mais forte dos Fillsteus, representa aqui tôda a naç&o.
1064 PROFECIA DE AMOS 1 r 2

mudarei o meu decreto (de'castigo) mudarei o meu decreto (de castigo) ,


pois que levaram cativa tôda a gen­ pois que (vin ga tivo) queimou os os­
te (de Israel), para a encerrarem sos do rei da Iduméia até os redu­
na Iduméia. 7Por isso eu porei fogo zir a cinza. 2Por isso eu porei fogo a
aos muros de Gaza, e êle reduzirá Moab, e êle consumirá as casas de
a cinza os seus edifícios. SE exterm i­ Cariot; e Moab perecerá entre o es­
narei de Azoto os que a habitam, e trondo, entre o ruído das trombe-
mudarei o meu decreto (de castigo), tas (de gu erra ). 3E exterminarei o
carregarei a minha mão sôbre Aca- juiz (ou re i) do meio dêle, e farei
ron, e perecerão os restos dos Filis- morrer com êle todos os seus prín­
teus, diz o Senhor Deus. cipes, diz o Senhor.
°Isto diz o Senhor: Depois das mal- Oráculo contra Judá
dades que o povo de Tiro cometeu
três e quatro (e mais) vêzes, eu não Tsto diz o Senhor: Depois das mal-
mudarei o meu decreto (de castigo), dades que Judá cometeu três e qua­
pois que encerraram tôda a gente tro ( e mais) vêzes, eu não mudarei
cativa na Iduméia, e não se lembra­ o meu decreto (de justiça), pois que
ram da (antiga) aliança fraternal. rejeitou a lei do Senhor, e não guar­
10Portanto eu porei fogo aos muros de dou os seus mandamentos, porque os
Tiro, e êle devorará as suas casas. seus ídolos os enganaram, (ésses ído­
11Isto diz o Senhor: Depois das mal- los) após os quais tinham corrido
dades que o povo de Edom come­ seus pais. 5Por isso eu porei fogo a
teu três e quatro (e mais) vêzes, eu Judá, e êle devorará as casas de Je­
não mudarei o meu decreto (de cas­ rusalém.
tig o ), pois que perseguiu a (Israel) Oráculo contra Israel
seu irmão com a espada, e faltou à
compaixão que lhe devia, e não pôs °Isto diz o Senhor: Depois das mal­
limites ao seu furor, e conservou até dades que Israel cometeu três e qua­
ao fim a sua indignação. 12*Eu porei tro (e mais) vêzes, eu não mudarei
fogo a Temã, e êle reduzirá a cinza o meu decreto (de castigo), pois que
as casas de Bosra. vendeu o justo por dinheiro, e o po­
13Isto diz o Senhor: Depois das mal- bre por ,um par de sandálias. 7Ma-
dades que os filhos de Amon come­ chucam sôbre o pó da terra as ca­
teram três e quatro (e mais) vêzes, beças dos pobres, e violam o direito
eu não mudarei o meu decreto (de dos fracos; o filho e o pai dormiram
castigo) pois que fendeu o ventre com a mesma jovem, desonrando o
das mulheres grávidas de Galaad, pa­ meu santo nome. 8E sôbre as roupas
ra, por êste meio, dilatar os seus do­ que lhes tinham sida dadas (pelo po­
mínios. 14Por isso eu porei fogo aos bre) em penhor, sentaram-se a ban-
muros de Rabá, e êle devorará as quetear-se junto de tôda a casta de
suas casas no meio dos gritos de altares; e bebiam na casa do seu
guerra dum dia de batalha, no meio Deus o vinho daqueles a quem ti­
do turbilhão dum dia de tempesta­ nham condenado.
de. 15E (o ídolo) Melcom irá para 9Apesar disso fui eu que extermi­
o cativeiro, êle e juntamente os seus nei diante dêles os Amorreus, cuja
príncipes, diz o Senhor. altura era como a altura dos cedros,
e que eram fortes como os carva­
Oráculo contra Moab lhos; e esmigalhei o seu fruto por
cima, e as suas raízes por baixo. 9
10*Eu
O ^sto diz o Senhor: Depois das sou o que vos fiz sair da terra do
** maldades que Moab cometeu Egito, e vos conduzi no deserto du­
três e quatro (e maisJ vêzes, eu não rante quarenta anos, a fim de que
9. Aliança fraternal, que Hir&o contraiu com Salomão, a quem dava o nome de irmão.
Cap. I I — 6. Vendeu o Justo. . . o s juizes recebiam dinheiro p a ra condenar o inocen­
te e absolver o culpado. — P o r um p a r. . . Locução p roverbial: por um a divida insigni­
ficante.
8. Sôbre as ro u p a s... N ã o era permitido utilizar os objetos recebidos, como penhor
d a última derrota do paganism o em luta com os servos de Deus.
2 - 4 PROFECIA DE AMOS 1065

possuísseis a terra dos Amorreus. nE, não faz nada sem ter revelado -antes
entre os vossos filhos, suscitei pro­ o seu segrêdo aos profetas seus ser­
fetas, e, entre os vossos jovens, sus­ vos. sO leão ruge, quem não temerá?
citei nazarenos. Não é assim, filhos O Senhor Deus falou, quem não pro­
de Israel? diz o Senhor. 12E, depois fetizará?
disto, vós fizestes com que os naza­ 9Fazei ouvir isto nas casas (dos F i-
renos bebessem vinho ( o que lhes era listeus) de Azoto e nas casas da
proibido) e mandastes aos profetas terra do Egito, e dizei: Juntai-vos
dizendo: Não profetizeis. sôbre os montes de Samaria, e vêde
irEis que vou calcar-vos, como cal­ as loucuras sem número que se fazem
ca (a terra) um carro carregado de no meio dela, e os que no seu inte­
feno. 14E o homem ágil não poderá rior padecem calúnias. 10E não sou­
fugir, e o forte debalde fará os seus beram o que é fazer justiça, diz o
esforços, e o valente não salvará a Senhor, êles que amontoam em suas
sua vida; 15e o que maneja o arco casas tesouros de iniqüidades e de
não resistirá, nem se salvará o ligei­ rapinas. “ Portanto isto diz o Senhor
ro de pés, nem o cavaleiro salvará Deus. A terra será atribulada e cer­
a sua vida; 16e o mais corajoso en­ cada; e a tua fôrça (o Samaria) ser-
tre os valentes fugirá nu naquele -te-á tirada, e as tuas casas serão
dia, diz o Senhor. saqueadas.
TTsto diz o Senhor: Como acontece
Israel será de tal sorte castigado quando um pastor chega a arrancar
por suas iniqüidades, que poucos da bôca do leão as duas pernas, ou
serão salvos a ponta de uma orelha (da res que
O 7Ouvi a palavra que o Senhor devora), assim serão livrados (dos
Assírios) os filhos de Israel que ha­
° pronunciou a respeito de vós, bitam em Samaria descansados no
filhos de Israel, a respeito de tôda a ângulo do seu leito, na cama de
linhagem que eu tirei da terra do Damasco.
Egito, dizendo: 2De tôdas as linha­
gens da terra, só a vós reconheci Os altares e os palácios
(como meu povo), por isso vos casti­ serão destruídos
garei por tôdas as vossas iniqüidades.
3Porventura andarão dois homens 13Ouvi isto, e declarai-o à casa de
juntos, sem que estejam de acordo? Jacó, diz o Senhor Deus dos exérci­
4Porventura rugirá o íeão no bosque, tos: 14No dia em que eu começar a
sem que tenha achado alguma prê- punir as prevaricações de Israel, pu­
sa? Porventura fará o leãozinho soar nirei também os altares de Betei, e
a sua voz no seu covil, sem que os ângulos do altar serão cortados
tenha lançado a garra a alguma coi­ e cairão por terra. 15E deitarei abaixo
sa? 5Porventura cairá uma ave no la­ o palácio de inverno com o palá­
ço pôsto na terra, sem que haja cio de verão; e as casas ornadas de
quem lho arme? Porventura tirar-se- marfim perecerão, e uma grande
-á da terra o laço, antes que tenha multidão de edifícios serão destruí­
apanhado alguma coisa? °Soará a dos, diz o Senhor.
trombeta (de guerra) numa cidade, Israel, não obstante ser atingido pelos
sem que o povo se assuste? Acon­ castigos, não se converteu a Deus
tecerá alguma calamidade numa ci­
dade, que não seja por disposição A 7Ouvi estas palavras, vacas gor-
do Senhor? 7Porque o Senhor Deus ^ das que estais sôbre o monte
Cap. I I I — 8. Quem não profetizará, tendo recebido, como eu, a missão p ara isso? Os
Judeus não queriam que Arnós profetizasse.
3-8. Antes de anunciar detalhadamente o castigo de Israel, o profeta emprega sete im a­
gens, tiradas da vida comum, as quais têm por fim demonstrar que os seus oráculos vêm
de Deus, de acôrdo com o qual procede a fala.
14. o s altares de Betei, isto é, os pecados de que foi causa o culto de Betei..
15. Os grandes tinham diferentes residências segundo as estações.
Cap. I V — 1. A vossos amos, a vossos maridos, que excitais ao roubo para vos entre­
gardes à orgia (e beberem os).
1066 PROFECIA DE AMÓS 4 - 5

de Samaria, vós que oprimis os ne­ voltastes para mim, diz o Senhor.
cessitados e deixais os pobres; vós nDestruí-vos, como Deus destruiu So-
que dizeis a vossos amos: Trazei, e doma e Gomorra, e ficastes como
beberemos. 20 Senhor Deus jurou pe­ um tição que se tira dum incêndio;
lo seu santo (nom e) que brevemen- e (apesar disso) não voltastes para
te virão dias mais infelizes para vós, mim, diz o Senhor.
em que vos levantarão nas lanças 12Portanto executarei contra ti es­
e meterão os restos do vosso corpo tas coisas (que eu predisse), ó Israel;
em caldeiras a ferver. 3E vós saireis e, depois que eu assim te tiver tra­
pelas brechas (abertas) uma defron­ tado, prepara-te, ó Israel, para sair
te da outra, e sereis lançadas para ao encontro do teu Deus. “ Porque
Armon, diz o Senhor. eis aí (que vem ) quem forma os
“Ide á Betei, e cometei impieda­ montes e cria o vento e quem anun­
des; (ide) a Gálgala, e amontoai pre­ cia a sua palavra ao homem, quem
varicações; e levai lá as vossas v í­ produz a névoa da manhã e quem
timas (para os ídolos) desde a ma­ anda por cima das alturas da ter­
nhã, e os vossos dízimos todos os ra; o seu nome é Senhor Deus dos
três dias. 5E oferecei (aos ídolos), exércitos.
com pão lêvedo, sacrifícios de ação
de graças, proclamai e publicai obla- Amós argui Israel e anuncia
ções voluntárias; porque assim o o cativeiro Assírio
quisestes, filhos de Israel, diz o Se­ Ç 3Ouvi esta palavra com que eu
nhor Deus. 61 levanto sôbre vós o meu pranto:
°Por esta causa eu vos dei o des- A casa de Israel caiu, e não tornará
botamento de dentes em tôdas as vos­ mais a levantar-se. 2A virgem de Is­
sas cidades, e a falta de pão em tô­ rael foi deitada sôbre a sua terra,
das as vossas localidades; e (contu- não há quem a levante. 3Porque isto
do) não vos voltastes para mim, diz diz o Senhor Deus: A cidade donde
o Senhor. saiam mil homens ficará reduzida
7Também vos suspendi a chuva, a cem, e aquela da qual saíam cem,
quando ainda faltavam três meses ficará reduzida a dez; (isto sucede­
para a colheita; e fiz que chovesse rá ) na casa de Israel.
sôbre uma cidade, e sôbre outra ci­ *Porquanto isto diz o Senhor à casa
dade não chovesse; uma parte ficou de Israel. Buscai-me, e vivereis. 5E
regada com a chuva, e a outra parte, não busqueis a Betei, nem entreis
sôbre a qual não dei chuva, secou. em Gálgala, nem passeis por Bersa-
8E duas e três (e mais) cidades fo ­ bé; porque Gálgala será levada ca­
ram a uma outra cidade para bebe- tiva, e Betei ficará reduzida a nada.
rem água, e não se saciaram; e ( a- 6Buscai o Senhor, e vivereis; não su­
pesar disso) não voltastes para mim, ceda que arda a casa de José como
diz o Senhor. 9Eu vos feri com um um fogo, e que abrase Betei sem
vento abrasador e com ferrugem; a haver quem o apague. 7Vós, que con­
lagarta devorou a multidão das vos­ verteis o direito em absinto, e aban­
sas hortas e das vossas vinhas, dos donais a justiça sôbre a terra, “(bus­
vossos olivais e dos vossos figueirais, cai) aquêle que criou o Arcturo e o
e (apesar disso), não voltastes para Orião, que transforma as trevas em
mim, diz o Senhor. 10Enviei a mor­ luz da aurora, e muda o dia em
tandade, contra vós na jornada do E- noite, que chama as águas do mar,
gito, feri com a espada os vossos e as derrama sôbre a face da terra;
jovens e deixei tomar os vossos ca­ seu nome é Senhor. 9Êle, sorrindo-
valos; e fiz chegar aos vossos na­ se, derriba os fortes, e entrega os
rizes a infecção dos cadáveres do poderosos à ruína.
vosso exército; e (apesar disso) não 10Êles aborreceram os que os re-
4-5. O profeta, falando com ironia, convida os Israelitas a m ultiplicar os seus atos
idolátricos.
Cap. v — 7. Absinto, símbolo da am argura da injustiça.
8. Arcturo, ou grupo das sete estréias.
5 -6 PROFECIA DE AMOS 1067

preendiam à porta (da cidade, nos tes eu não os aceitarei; e não po­
julgam entos); e abominaram o que rei os olhos nas vítimas gordas, que
falava com integridade. "Portanto, me oferecerdes, em cumprimento
já que vós despojáveis o pobre e lhe dos vossos votos. 23Aparta de mim
tiráveis o melhor que tinha, edifi- o ruído dos teus cânticos; eu não
careis casas de pedra de silharia, po­ ouvirei as árias que cantares ao som
rém não habitareis nelas; plantareis da tua lira. 24E os meus juízos se
as mais excelentes vinhas, porém não manifestarão (contra vos) como á-
bebereis do seu vinho. "Porque eu gua (que trayisborda), e a minha jus­
conheço as vossas muitas maldades, tiça como uma impetuosa torrente.
e os vossos graves pecados; sois ini­ -'Porventura, ó casa de Israel, ofe-
migos do justo, aceitais dádivas, e recestes-me vós algumas hóstias e
oprimis os pobres à porta (da cida­ sacrifícios no deserto, onde estives­
de, nos julgamentos). "P o r isso o tes quarenta anos? 20Vós, sim, le­
prudente se calará naquele tempo, vastes o tabernáculo do vosso (Deus)
porque é tempo mau. Moloc, e a imagem dos vossos ído­
"Buscai o bem, e não o mal, para los, a estréia do vosso deus (Satur-
que vivais, e o Senhor Deus dos exér­ no) coisas que fizestes por vossas
citos estará convosco, como vós dizeis mãos. 27Eu, pois, vos farei transpor­
(que está), 15Aborrecei o mal, e a- tar para além de Damasco (para a
mai o bem, e restabelecei na porta Assíria) diz o Senhor, cujo nome é
a justiça, e talvez o Senhor Deus Deus dos exércitos.
dos exércitos se compadecerá dos
restos de José. Os grandes de Israel e de Judá
serão levados para o cativeiro
16Por cuja causa isto diz o Senhor
Deus dos exércitos, o soberano do­ C 7A i de vós os que viveis em
minador: Por tôdas as praças soarão u Sião na abundância de tôdas
gritos; e em todos Os lugares de fora as coisas, e os que viveis sem ne­
(da cidade) se ouvirá dizer: Ai, ai! nhum receio no monte de Samaria;
E serão convidados para êste luto de vós, ó grandes, chefes do povo,
os lavradores, e para êste pranto os que entrais com fausto na casa de
que sabem carpir. 17*E em tôdas as Israel! “Passai a Calane, e contem­
vinhas haverá pranto, porque eu hei plai; e ide de lá à grande Emat, e
de passar pelo meio de ti, diz o descei a Get dos Filisteus, e aos
Senhor. mais formosos reinos que dependem
18Ai dos que desejam o dia do Se­ destas cidades; yêde se o seu terri­
nhor! Para que o desejais vós? Êste tório, é mais extenso que o vosso.
dia do Senhor será para vós um dia
de trevas, e não de luz. 19Como se 3Vós, todavia, estais reservados para
um homem fugisse de diante dum o dia mau, e vos estais a aproximar
leão, e lhe saísse ao encontro um do sólio (ou im pério) da iniqüida-
urso, ou como se, tendo entrado em de. “Vós que dormis em leitos de
casa e segurando-se com a sua mão marfim, e vos entregais à moleza
à parede, o mordesse uma cobra ( as­ nos vossos leitos; que comeis os me­
sim será inevitável o castigo de lhores cordeiros do rebanho, e os
Deus). 20Que será, pois, o dia do Se­ mais escolhidos novilhos da mana­
nhor senão um dia de trevas, e não da; 5que cantais ao som do salté-
de claridade, e que haverá nêle se­ rio; e julgais imitar Davi, usando
não escuridão, e não luz? 21Eu a- instrumentos músicos (para vosso de­
borreço e rejeito as vossas festas; le ite ); °que bebeis vinho por (gran-
não me é agradável o cheiro dos des) copos, que vos perfumais com
(sacrifícios nos) vossos ajuntamen­ óleos preciosos, sem vos compade­
tos. 22Se vós me oferecerdes os vos­ cerdes da aflição de José. 7Por isso
sos holocaustos e os vossos presen­ ireis na frente dos que forem cati­
17. Haverá pranto, em vez de alegres canções.
25. Hipérbole para indicar que os Israelitas tinham sido negligentes em certas práticas
do culto.
1068 PROFECIA DE AMÓS 6 - 7

vos, e será disperso êste grupo de 2E aconteceu que, quando o gafanho­


voluptuosos. to tinha acabado de comer a erva da
terra, disse eu: Senhor Deus, tem
Muitos morrerão na guerra e de peste misericórdia, te peço; quem poderá
restabelecer, Jacó, depois de êle estar
sO Senhor Deus jurou por sua v i­ reduzido a tão pouco? 30 Senhor te­
da, o Senhor Deus dos exércitos, diz: ve compaixão disto. Não há de a-
Eu detesto a soberba de Jacó, e abor­ contecer tal, disse o Senhor.
reço as suas casas, e entregarei (ao
domínio de outros) a cidade com os A visão do fogo e da trolha de
seus habitantes. 9Se numa casa fi­ pedreiro
carem dez homens, também êsses
mesmos morrerão. 10E o seu paren­ 40 Senhor Deus mostrou-me (tam ­
te mais próximo os tomará, e os quei­ bém) isto: O Senhor Deus chamava
mará, para tirar de casa os ossos; o fogo para exercer o seu castigo;
e dirá ao que está no mais interior e êste fogo devorou o grande abis­
da casa: Há mais algum (cadáver) mo, e consumiu ao mesmo tempo
contigo? nE responderá: Não há uma parte (do país). 5Então, disse
mais. Então o outro lhe dirá: Ca­ eu: Senhor Deus, aplaca-te, eu to
la-te, e não te lembres do nome do rogo; quem poderá restabelecer Ja­
Senhor. 12Porque eis gue o Senhor có, depois de êle estar reduzido a
decretou: êle fará cair em ruínas tão pouco? 0O Senhor compadeceu-
a casa grande, em destroços a casa se disto. Pois também isto não há
pequena. de acontecer, disse o Senhor Deus.
«Porventura podem os cavalos cor­ 70 Senhor mostrou-me ainda isto:
rer entre rochedos, ou pode-se lavrar Eu via o Senhor que estava em ci­
a terra com (indômitos) búfalos, pa­ ma dum muro rebocado, e tinha na
ra que tenhais convertido o (justo) sua mão uma trolha de pedreiro.
juízo em amargura, e em absinto o 8E o Senhor disse-me: Que vês tu,
fruto da justiça? 14Vós que pondes Amós? E eu lhe respondi: Uma tro­
a vossa alegria no nada, que dizeis: lha de pedreiro. Então disse o Se­
Não é assim que por nossa própria nhor: Eis que vou atirar a trolha
fortaleza nos tornamos poderosos? para o meio do meu povo de Israel,
13Pois sabe, casa de Israel, diz o Se­ nem lhe rebocarei mais os muros.
nhor Deus dos exércitos, que eu vou 9Os altos consagrados ao ídolo serão
suscitar contra vós uma nação que destruídos, e os santuários ( idolá-
vos oprimirá desde a entrada de E- tricos) de Israel serão derrubados,
mat até à torrente do deserto. e marcharei com a espada contra a
casa de Jeroboão.
A visão dos gafanhotos Amós, exortado a deixar o país,
profetiza a deportação
H Tsto me mostrou o Senhor Deus:
1 Eis que apareceu uma nuvem 10Então Amasias, sacerdote de Be­
de gafanhotos que o Criador forma­ tei, enviou mensageiros a Jeroboão,
va quando a chuva serôdia da pri­ rei de Israel, dizendo: Amós revol­
mavera começava a fazer brotar a tou-se contra ti no meio da casa de
erva, e eis que esta chuva serôdia Israel; a terra não poderá sofrer
fazia arrebentar segunda, depois de a todos os seus discursos. “ Porque isto
primeira ter sido segada pelo rei. diz Amós: Jeroboão morrerá à espa-
Cap. V I — 10. E os queimará. Os Judeus náo usavam a cremação, enterravam os
seus mortos. Todavia o número dos cadáveres será tão grande que, por exceção, será pre­
ciso queimá-los p ara evitar a infecção.
12. A casa grande, as habitações dos ricos. — A casa pequena, as habitações dos
pobres.
13. Ê loucura pretender obrigar os cavalos a correr entre rochedos, ou os bois selva­
gens a lav rar; mas é maior ainda a loucura dos Israelitas que violaram a lei de Deus, e
transform aram a justiça em meio de opressão, e esperam, apesar disso, escapar ao castigo.
Cap. V I I — 4. O grande abismo, o mar. Hipérbole para indicar a grandeza da des­
graça.
7 - 9 PROFECIA DE AMOS 1069

da, e Israel será levado cativo para nos fazermos senhores dos necessita­
fora de seu pais. 12E Amasias disse a dos por dinheiro, e dos pobres por
Amós: Sai daqui, homem de visões, um par de sandálias, e para lhes
foge para a terra de Judá, e come vendermos (por bom preço) até as
lá o teu pão, e lá profetizarás. 13Mas cascas do nosso trigo?
não continues a profetizar em Betei,
porque aqui é o santuário do rei, e Amós profetiza calamidades iminentes
a côrte do reino. 14E Amós respondeu 70 Senhor fêz êste juramento con­
e disse a Amasias: Eu não sou pro­ tra a soberba de Jacó: Eu juro que
feta (de profissão) , nem filho de pro­ não me esquecerei jamais de tôdas
feta; mas sou um pastor de gado, as suas obras. 8E, depois disto, não
que cultivo sicômoros. 15E o Senhor estremecerá a terra (de Israel), e
pegou em mim, quando eu andava a- não chorará todo o seu habitante?
trás do meu rebanho, e o Senhor dis­ Inundá-la-á um rio (de calamida­
se-me: Vai, profetiza ao meu povo des); e ficará assolada, e desapare­
de Israel. 16Ouve, pois, agora (o Ama­ cerá como as águas do rio do Egito
sias) a palavra do Senhor: Tu di­ (ao chegar ao m ar). 9E naquele dia
zes-me: Não profetizes contra Israel, acontecerá, diz o Senhor Deus, que
nem profiras oráculos contra a casa o sol se porá ao meio-dia, e farei cor
do ídolo. 17Por esta causa isto diz o brir a terra de trevas na maior háiz
Senhor: Tua mulher será desonrada do dia. 10E converterei as vossas fes­
na cidade, e os teus filhos e as tuas tas em luto, e todos os vossos cân­
filhas cairão mortos à espada, e a ticos em pranto; e porei sôbre tô­
tua terra será repartida a cordel ( en­ das as vossas costas saco, e tornarei
tre os vencedores); e tu morrerás calvas tôdas as vossas cabeças; e po­
numa terra impura (ou idólatra) e rei o país num pranto desfeito, co­
Israel será levado cativo para fora mo o que se faz por um filho úni­
do seu país. co, e farei que o seu fim seja um
dia de amargura. 71Eis que vem o
A visão do cambo de apanhar frutas tempo, diz o Senhor, em que eu en­
O 70 Senhor Deus mostrou-me ain- viarei fome sôbre a terra; não fome
° da outra visão: Vi um cambo de de pão, nem sêde de água, mas de
alcançar os frutos das árvores. 2E ouvir a palavra do Senhor. 12E êles
o Senhor disse: Que vês tu, Amós? se comoverão desde um mar até ou­
E eu respondi: Um cambo de alcan­ tro mar, e desde ó aquilão até o
çar os frutos das árvores. E o Se­ oriente; andarão por tôda a parte
nhor disse: Chegou o fim do meu buscando a palavra do Senhor, e não
povo de Israel, não o deixarei im­ a encontrarão. 13Naquele dia desfa­
pune por mais tempo. 8Naquele dia, lecerão à sêde as formosas donzelas,
diz o Senhor Deus, rangerão tam­ e os jovens, 14os que juram pelo pe­
bém as couceiras do templo; muitos cado (ou ídolo) de Samaria, e que
morrerão; em tôda a parte reinará dizem: ó Dan, viva o teu deus! e
um horroroso silêncio. viva o caminho (ou idolatria) de
Bersabée! e êles cairão e nunca mais
Amós censura a opressão dos pobres se levantarão.
4Ouvi isto, vós, que pisais os po­ O Senhor, estando sôbre o altar,
bres e fazeis perecer os indigentes prediz os seus castigos
da terra, 5dizendo: Quando passará
o mês para vendermos as nossas mer­ q *Eu vi o Senhor que estava em
cadorias, e o sábado para abrirmos pé sôbre o altar (idolátrico de
os celeiros, para diminuirmos a me­ B etel), e que disse: Fere a coucei-
dida, e aumentarmos o siclo, e ser- ra, e abale-se a verga da porta; por­
virmo-nos de balanças falsas, 6para que a avareza se acha na cabeça de
Cap. V I I I — 1-3. o cambo serve p a ra apanhar frutos maduros. Israel está m aduro
p a r a o castigo; o seu fim não tardará a chegar.
14. O teu deus. E ra um bezerro de ouro, ao qual se prestava culto em Dan.
Cap. IX — 1. Fere a couceira, destrói êste templo idolátrico.
1070 PROFECIA DE AMOS £
todos, e eu matarei à espada até o da terra; todavia não destruirei in­
último dêles, nenhum escapará. Fu­ teiramente a casa de Jacó, diz o Se­
girão, e nenhum dos que fugir se nhor. 9Porque vou dar ordens, e fa ­
salvará. 2Ainda que êles desçam até rei que a casa de Israel seja agitada
ao inferno, a minha mão os tirará entre tôdas as nações, como o trigo
de lá; e ainda que subam até ao céu, se sacode no crivo, e não cairá por
eu os arrancarei de lá. 3E se êles se terra um só grão. 10Todos os peca­
esconderem no cume do Carmelo, eu dores do meu povo morrerão à es­
os irei buscar, e de lá os tirarei; e pada, êles que dizem: Não se apro­
se se esconderem de meus olhos no ximará, nem virá sôbre nós o mal.
profundo do mar, eu ordenarei à ser­ T o d a v ia são prom etidos tem pos fe lize s
pente que os morda. 4E se êles fo ­
rem para o cativeiro diante dos seus “ Naquele dia levantarei o taberná-
inimigos, aí ordenarei à espada que culo (ou reino) de Davi, que caiu,
os mate; e porei os meus olhos sô- e repararei as brechas dos seus mu­
bre êles para seu mal, e não para ros e restaurarei o que se tinha ar­
seu bem. 5E (assim o disse) o Se­ ruinado, e reedificarei tudo como nos
nhor Deus dos exércitos, aquêle que, dias antigos; 12para que êles possuam
com o tocar a terra, a faz secar; e os restos da Iduméia e tôdas as na­
todos os habitantes dela chorarão, e ções, porque o meu nome foi invo­
ela mesma subirá como um rio, e cado sôbre êles, diz o Senhor, que ê
desaparecerá como o rio do Egito o que faz estas coisas. 13Eis que vêm
(ao chegar ao m ar). 6Êle construiu os dias, diz o Senhor, em que o que
o seu trono no céu, e fundou a sua lavra seguirá de perto o que sega,
abóbada sôbre a terra; êle chama e o que pisa as uvas (seguirá de
as águas do mar, e as derrama sô­ perto) o que semeia o grão; os mon­
bre a face da terra; seu nome é Se­ tes destilarão doçura, e todos os ou­
nhor. 7*P orventura vós, ó filhos de teiros serão cultivados. 14E tirarei
Israel, diz o Senhor, não sois para do cativeiro o meu povo de Israel;
comigo como os filhos dos Etíopes? e reedificarão as cidades desertas, e
Porventura não fiz eu sair Israel as habitarão; e plantarão vinhas, e
da terra do Egito; e os Palestinos lhes beberão o vinho, e farão jardins
da Capadócia, e os Sírios de Cirene? e comer-lhes-ão o fruto. 15E plantá-
8Eis que os olhos do Senhor Deus -los-ei no seu país e não os tornarei
estão abertos sôbre êste reino que mais a arrancar da terra que lhes
peca; e eu o exterminarei da face dei, diz o Senhor teu Deus.

2. A t é a o i n f e r n o , até à habitação dos mortos, que se julgava estar situada no centro


da terra.
6. F u n d o u a s u a a b ó b a d a — A abóbada celeste parece repousar de todos os lados
sôbre a terra, nas extremidades do horizonte. »
7. Isra el, desde que se tornou indigno dos seus privilégios, é aos olhos de Deus como
os outros povos, a cuja origem também o Senhor presidiu.
13. Hipérbole para indicar a abundância de fru to s.
PROFECIA DE ABDIAS
O profeta Abdias, que na Vulgata ocupa o quarto lugar entre os pro­
fetas menores, é considerado por alguns como sendo o mais antigo dos
profetas cujos escritos nos foram conservados. O nome Abdias significa
4<servo do Senhor” . Parece originário do reino de Judá. Anunciou contra
os Idumeus inimigos acérrimos da Judéia, os castigos que Deus lhes enviaria
por causa do modo desumano com que tinham tratado o povo escolhido.
Profetizou a ruína da idolatria e o estabelecimento do reino do Senhor.
A brevíssima profecia de Abdias, que consta de um só capitulo, pode
ser dividida em três partes:
Prim eira parte (1-9); predição da ruína de Edom (ldum éia).
Segunda parte (10-16): expõe as razões da ruína dos Idumeus.
Terceira parte (17-21): Israel e Judá, vitoriosos contra os Idumeus,
pertencerão ao Senhor.

Os Id u m e u s serão com pletam ente conveniente (deixando o resto)? Se


destruídos entrassem outros a vindimar a tua
vinha, não deixariam êles ao me­
^ is ã o de Abdias. Isto diz o Se­ nos um cacho? °Como esquadrinha­
nhor1 Deus a Edom: — Nós o ou­ ram êles a Esaú (ou os Idumeus),
vimos do Senhor, e êle mandou um e investigaram os seus esconderijos!
mensageiro às nações (a dizer-lhes)'. 7Êles te expulsaram até à fronteira;
Levantai-vos e conspiremos todos todos os teus aliados zombaram de
contra Edom, para o combater. 2Tu ti; os (que se diziam) teus amigos
vês (diz o Senhor a Edom ) que eu levantaram-se contra ti; os que co­
te fiz pequenino entre as nações; tu mem contigo, armaram-te traições à
és desprezível em extremo. 3A so­ falsa fé; em Edom não há prudên­
berba do teu coração elevou-te, a cia. 8Acaso não é naquele dia que
ti que habitas nas fendas dos roche­ eu farei desaparecer os sábios da
dos, que elevas o teu trono, que di­ lduméia, diz o Senhor, e a prudên­
zes dentro do teu coração: Quem cia do monte de Esaú? 9E os teus
me farã cair por terra? 4Ainda que valentes do meio-dia serão tomados
te eleves como a águia, e ponhas o de mêdo, de maneira que morrerá
teu ninho entre os astros, eu te ar­ todo o varão sôbre o monte de Esaú.
rancarei de lá, diz o Senhor. 5Se os
ladrões, se os salteadores entrassem 10Por causa da mortandade e da
de noite em tua casa, como te não injustiça, que cometeste contra o teu
deixarias tu estar em silêncio (p or irmão Jacó, cobrir-te-á a confusão,
causa do mêdo) ? Não se teriam con­ e perecerás para sempre. nNô dia
tentado com roubar o que lhes era em que saíste contra êle, quandô o s
1072 PROFECIA DE ABDIAS

estrangeiros (os Caldeus) faziam pri­ (do cálice da cólera divina) tôdas
sioneiros o seu exército e entravam as (outras) nações (idolatras); be­
pelas suas portas, e deitavam sorte berão, e sorverão, e virão a ser co­
sobre Jerusalém, tu também eras co­ mo se nunca tivessem sido.
mo um dêles. 12Mas não zombarás Os Isra e lita s serão sa lv o s
mais (para o futu ro) de teu irmão,
no dia (da sua aflição, no dia) em 17Mas sôbre o monte de Sião a-
que êle fôr levado para fora do seu char-se-á a salvação, e êle será (u m
país; nem te tornarás a alegrar so­ lugar) santo; e a casa de Jacó pos­
bre os filhos de Judá no dia da sua suirá os que a tinham possuído. 18A
perdição; nem os insultarás com in­ casa de Jacó será um fogo, a ca­
solência no dia da sua angústia. sa de José uma chama, e a casa de
13Nem entrarás pelas portas (ou ci- Esaú uma palha sêca, a qual será a-
dades) do meu povo no dia da sua brasada e devorada por aquela, sem
ruína (para recolher despojos); nem ficar resto algum da casa de Esaú,.
tão pouco zombarás dos seus males porque o Senhor assim o disse. 19E
no dia da sua desolação; nem serás os que habitam ao meio-dia herdarão
enviado contra o seu exército no dia o monte (ou país) de Esaú, e os que
da sua derrota; 14nem te postarás habitam na planície (herdarão o pais
nas saídas para matar os ( Hebreus} dos) Filisteus; e serão senhores do
que fugirem; nem envolverás os res­ país de Efraim e do território de Sa-
tos dos seus habitantes no dia da maria; e Benjamim possuirá Galaad.
tribulação. 15Porque o dia (do cas­ 20E os cativos dêste exército dos f i­
tigo ) do Senhor está perto para to­ lhos de Israel (possuirão) tôdas as
das as nações, far-se-á contigo, co­ terras dos Cananeus até Sarepta; e
mo tu fizeste (contra o meu p o vo ); os deportados de Jerusalém, que es­
(Deus) fará cair sôbre a tua cabeça tão no Bósforo, possuirão as cida­
o castigo que mereces. 16Porque, as­ des do meio-dia.
sim como vós bebestes (sacrilega­ 21E subirão salvadores ao monte de
mente) sôbre o meu santo monte, Sião para julgar o monte de Esaú;
assim também beberão de contínuo e o reino pertencerá ao Senhor.
PROFECIA DE JONAS
O profeta Jonas era natural de Get de Zabulão, ao norte de Nazaré;
pertencia, pois, ao reino de Israel. Devorava-o o amor à pátria e o ódio
aos Gentios, especialmente aos Assírios, nos quais via uma ameaça contí­
nua à sua nação. E o próprio Deus lhe deu a incumbência de fazer pre­
gação em Nínive, para que se convertesse de suas impiedades. O ardoroso
patriota tenta evadir-se às ordens divinas, tomando uma embarcação que
havia de levá-lo bem longe do lugar para o qual Deus o tinha destinado.
Mas, levantando-se furiosa tempestade, Jonas é lançado ao mar, e um ce­
táceo, em cujo ventre ficou durante três dias, o leva para perto da grande
cidade em que Deus queria que exercesse a missão de profeta. A conversão
dos Ninivitas foi um sinal e uma lição para os Judeus de todos os tempos
(Lc., 11, 29-32). A estada de Jonas no ventre de um peixe foi um símbolo
de Jesus que ressuscitou após ter permanecido três dias sepultado no seio
da terra.

Jo n as é la n ç a d o a o m a r p a r a a c a lm a r aliviarem. Entretanto Jonas tinha


a tem pestade descido ao porão do navio, e lã dor­
mia um profundo sono. °E chegou-
1 XE foi dirigida a palavra do Se- se a êle o piloto, e disse-lhe: Como
1 nhor a Jonas, filho de Amati, a te deixas tu acabrunhar assim pelo
uai dizia: 2
1Levanta-te, e vai à gran- sono? Levanta-te, invoca o teu
e cidade de Nínive, e prega nela,, Deus, a ver se porventura se lembra
porque a sua malícia subiu até à mi­ de nós, e nos livra da morte. 7Em
nha presença. 34 Jonas, pois, pôs-se a seguida disseram uns para os ou­
caminho, resolvido a ir para Tarsis, tros: Vinde, e deitemos sortes, para
para fugir da face do Senhor; e che­ sabermos porque nos acontece êste
gou a Jope, e encontrou um navio
que ia para Tarsis, e pagou a sua mal. E lançaram sortes, e caiu a sor­
passagem, e entrou nêle para ir com te sôbre Jonas. 8Então êles disse­
os outros passageiros a Tarsis, fu­ ram-lhe: Declara-nos qual é a causa
gindo da face do Senhor. dêste perigo em que estamos; qual
4Porém o Senhor enviou sôbre o é a tua ocupação? Qual é a tua ter­
mar um vento furioso; e levantou-se ra, e para onde vais? De que nação
no mar uma grande tempestade, e és tu? 9E Jonas respondeu-lhes: Eu
estava o navio em perigo de se fa ­ sou Hebreu, temo (ou adoro) o Se­
zer em pedaços. 5*E ntão os marinhei­ nhor Deus do céu, que fêz o mar
ros temeram, e cada um clamou ao e a terra. 10Então os homens fica­
seu deus, e alijaram ao mar tôda a ram possuídos de grande mêdo, e
carga que traziam no navio para o disseram-lhe: Por que fizeste isto?
1074 PROFECIA DE JONAS l - 3

Porque êles tinham sabido que êle cobriu-me a cabeça. 7Desci até às
ia fugindo da face do Senhor, pois raízes dos montes; os ferrolhos da
já lho havia declarado. “ Êles pois, terra encerraram-me para sempre;
disseram-lhe: Que te havemos de tu, contudo, Senhor Deus meu, pre­
fazer, para que o mar cesse de se le­ servarás a minha vida da corrupção.
vantar contra nós? Porque o mar se 8Quando em mim se angustiava a mi­
elevava e embravecia cada vez mais. nha alma, lembrei-me do Senhor, pa­
12E (Jonas) respondeu-lhes: Pegai ra cjue a minha oração chegue a ti,
em mim e lançai-me no mar, e o mar subindo até ao teu santo templo.
se vos aplacará; porque eu sei que 9Os que se entregam inutilmente às
por minha causa é que vos sobreveio vaidades, abandonam a misericórdia
esta grande tempestade. daquele que os teria livrado. 10Eu,
“ Entretanto remavam os marinhei­ porém, te oferecerei sacrifícios com
ros para ver se conseguiam ganhar cânticos de louvor; cumprirei todos
terra; mas não podiam, porque o mar os votos que fiz ao Senhor pela mi­
cada vez se empolava mais, e se em­ nha salvação.
bravecia contra êles. “ Então clama­ “ Então o Senhor mandou ao peixe,
ram ao Senhor, e disseram: Roga- e êste vomitou Jonas na praia.
mos-te, Senhor, que a morte dêste
homem não seja a causa da nossa Sob a pre g aç ã o de Jonas, N ín iv e fa z
perdição, e que não façais cair sôbre penitência
nós um sangue inocente; porque tu
és Senhor, que isto fizeste como qui­ O JE foi dirigida segunda vez a Jo-
seste. “ Depois pegaram em Jonas, e ° nas a palavra do Senhor, a
lançaram-no ao mar, e ao mesmo qual dizia: 2Levanta-te, e vai à
ponto cessou a fúria do mar. “ En­ grande cidade de Nínive, e prega nela
tão conceberam êstes homens um a pregação que eu te ordeno. 3Jonas
grande temor ao Senhor, e imolaram levantou-se, e foi a Nínive, segundo
vítimas ao mesmo Senhor, e fizeram- a ordem do Senhor. Ora Nínive era
lhe votos. uma cidade grande, que tinha três
dias de caminho. 4E Jonas começou
Jonas no ventre dum peixe a entrar na cidade, andando por ela
clama ao Senhor um dia; e clamou e disse: Daqui a
quarenta dias será Nínive destruída.
O *Ao mesmo tempo o Senhor pre- 5E os Ninivitas creram em Deus,
“ parou um grande peixe que e ordenaram um jejum em público, e
enguliu Jonas; e Jonas esteve no ven­ vestiram-se de saco, desde o maior
tre do peixe três dias e três noites. até o menor. 6E chegou esta nova
2E Jonas fêz oração ao Senhor seu ao rei de Nínive; e êle levantou-se
Deus do ventre do peixe, 3e disse: do seu trono, e tirou os seus vestidos
Eu clamei ao Senhor no meio da (reais), e cobriu-se de saco, e sen­
minha tribulação, e êle ouviu-me; tou-se sôbre a cinza. 7Depois fêz cla­
clamei desde o ventre do sepulcro, e mar por tôda a parte e publicar em
tu ouviste a minha voz. Nínive esta ordem, como vinda da
4Tu me atiraste ao mais profundo boca do rei e da dos seus príncipes,
do mar, e a corrente das águas me dizendo: Os homens e os animais, os
cercou; todos os teus pegos e todas bois e as ovelhas não comam nada,
as tuas ondas passaram por cima de não sejam levados a pastar, nem be-
mim. 5E eu disse: Fui rejeitado de bam água. 8E os homens e os ani­
diante dos teus olhos; todavia verei mais cubram-se de saco, e clamem
ainda novamente o teu santo templo. aquêles ao Senhor com tôda a sua
°As águas me cercaram até à vida; fôrça, e cada um se converta do seu
o abismo encerrou-me em si, o mar mau caminho, e da iniqüidade que
Cap. I I — 1. O milagre da conservação de Jonas no ventre do peixe, donde sa iu ileso
ao cabo de t r ê s d i a s e t r ê s n o i t e s , 6 um simbolo da ressurreição de Jesus Cristo.
6. A t é ã v i d a , até ao ponto de me tirare m a vida.
Cap. I I I — 3. T i n h a t r ê s d i a s d e c a m i n h o , isto é, precisou de trê s dias para percorrer
os seus diferentes bairros, no exercício da sua missfto.
3 - 4 PROFECIA DE JONAS 1075

há nas suas mãos. 9Quem sabe se 6E o Senhor Deus fêz nascer uma he­
Deus se voltará para nos perdoar, e ra, que se levantou por cima da ca­
se aplacará o furor da sua ira, de beça de Jonas, para fazer sombra à
sorte que não pereçamos? sua cabeça, e para o defender (do
10E Deus viu as suas obras (de pe­ ca lor), porque estava muito incomo­
nitencia), e como se converteram do dado; e Jonas, por aquela hera, fi­
seu mau caminho; e compadeceu-se cou cheio de grande alegria. 7Ao ou­
dêles, e não lhes fêz o mal que tinha tro dia, porém, ao romper da manhã,
resolvido fazer-lhes, e com efeito não enviou Deus um bicho, que roeu as
lho fêz. raízes à hera, e ela secou. 8E, quan­
do o sol apareceu, o Senhor mandou
D escontentam ento de Jonas um vento quente e abrasador; e de­
ram os raios do sol na cabeça de
A *E Jonas angustiou-se com uma Jonas, e abrasava-se, e desejou a
’ grande aflição, e irritou-se. 2E morte, e disse: Melhor me é morrer
orou ao Senhor, e disse: Rogo-te, Se­ do que viver.
nhor, (que me digas) se porventura D e u s repreende Jonas
não é isto o de que eu me receava,
quando ainda estava na minha terra? 9Então o Senhor disse a Jonas: Jul­
Por isto é que eu me preveni com o gas tu que tens razão para te enfa­
expediente de fugir para Tarsis; por­ dares por causa da hera? E Jonas
que sei que és um Deus clemente e respondeu-lhe: Tenho razão de me
misericordioso, paciente e cheio de enfadar até o ponto de desejar a
compaixão, e que perdoas os pecados. morte. 10Disse, pois, o Senhor: Tu en­
3Eu, pois, te rogo, Senhor, que tires fadas-te por causa duma hera, que
agora a minha alma do meu corpo, não te custou trabalho algum, nem
porque me é melhor a morte do que a fizeste crescer; que nasceu numa
a vida. 4E o Senhor disse-lhe: Jul­ noite, e numa noite feneceu. nE en­
gas que tens razão para te afligires? tão eu não hei de perdoar à grande,
5Então Jonas saiu da cidade, e sen­ cidade de Nínive, onde há mais de
tou-se ao oriente da mesma cidade; cento e vinte mil pessoas, que não
e ali fêz para si uma cabana, e de­ sabem discernir entre a sua mão di­
baixo dela repousava à sombra, até reita e a sua mão esquerda, e um
que visse o que aconteceria na cidade. grande número de animais?

Cap. I V — 9. T e n h o r a z ã o . . . E s ta expressão, que parece forte falando com Deus.


é semelhante a m uitas que usaram o santo Jó, São Paulo, etc.
11. Q u e n ã o s a b e m d i s c e r n i r . . . Deus refere-se às crianças que são inocentes e irre s ­
ponsáveis.
O fim principal desta narração é m o stra r que o Senhor é Deus não só de Israel, mas
também de tôdas as outras nações, e pôr em relêvo o chamamento de tôdas as naçôes
à salvação. Para salvar Nínive, Deus não hesitou em lhe enviar o seu profeta.
PROFECIA DE MIQUÉIAS
Miquéias era natural de Morasti, povoação vizinha de Get, no reino
de Judá. Profetizou sob os reinados de Joatan, Acaz e Ezequias. Não se
deve confundí-lo com um outro profeta, do mesmo nome, que profetizou
cêrca de um século antes (I I I Reis, XXII, 8 e sgs.). — Predisse o estabele­
cimento da Igreja; determinou claramente o lugar em que havia de nascer
o Messias, e a extensão de seu reinado por todo o mundo. Êste vatici-
nio era muito conhecido entre os Judeus, quando Jesus Cristo nasceu (Mat.,
Il, 5).
O livro de Miquéias contém três discursos:
No primeiro discurso ( 1 - 2 ) é anunciado o julgamento de Deus sôbre
os dois reinos de Judá e Israel; a destruição da Samaria e de Jerusalém,
cujos habitantes sofrerão as penas do exílio, em reparação dos próprios
pecados, mas depois voltarão, regenerados, às respectivas pátrias.
No segundo discurso (3 - 5) é descrita a queda da antiga teocracia
e a instauração do reino messiânico. Em seguida, descreve o quadro lú-
gubre das culpas do povo eleito e dos castigos que lhe serão infligidos.
Termina com a narração da restauração e exaltação de Israel, por meio
do Messias, que deverá nascer em Belém.
No terceiro discurso (6 - 7) narra o processo que Deus faz ao povo
eleito, deixando entrever claramente a grande bondade de Deus e a ingra­
tidão de Israel. O profeta anuncia por fim- os triunfos de Jerusalém no
reino messiânico.

M iq u é ia s prediz a ru ín a de S a m a ria contra vós, o Senhor (que tudo v ê )


do seu santo templo. 3Porque o Se­
1 P a la v ra do Senhor, que foi diri- nhor vai sair da sua morada; e des­
* gida a Miquéias de Morasti, cerá, e pisará aos pés tudo o que há
nos dias de Joatan, de Acaz e de Eze­ de grande na terra. 4E debaixo dêle
quias, reis de Judá, e que lhe foi re­ os montes desaparecerão, e os vales
velada sôbre Samaria e Jerusalém. se entreabrirão como a cêra diante
2Povos, ouvi todos, e esteja atenta do fogo, e como as águas que se pre­
a terra e tudo o que ela contém; e o cipitam num abismo.
mesmo Senhor Deus seja testemunha 5E tudo isto por causa da maldade
Gap. I — 3. V a i s a i r . . . Expressão metafórica para indicar que o Senhor vai operar
alguma maravilha extraordinária.
5. E m volta de Jerusalém ficaram alguns l u g a r e s a l t o s , em que, contra a lei, se adora­
va o verdadeiro Deus. Alguns reis toleravam êste abuso.
l - 2 PROFECIA DE MIQUEIAS 1077

de Jacó, e dos pecados da casa de glória de Israel estender-se-á até


Israel. E qual é a maldade de Jacó? Odolão. 16Arranca-te os cabelos, e
não é a Samaria (com os seus ídolos) ? corta-os de todo, por causa dos teus
e quais os lugares altos de Judá senão filhos que eram as tuas delícias; tor­
os de Jerusalém? 6Eu, pois, tornarei na-te calva como a águia (que está
a Samaria como um montão de pe­ na muda), porque foram levados ca­
dras no campo, quando se planta uma tivos para longe de ti.
vinha; e farei rolar as suas pedras A v a r e z a dos g ra n d e s e seu castigo
no vale, e descobrirei (a té) os seus
fundamentos. 7*E tôdas as suas es­ O JA i dos que pensais coisas inúteis,
tátuas serão quebradas, e tudo o que “ e que maquinais o mal em vos­
ela tem ganhado será queimado pelo sos leitos! Êles o executam logo que
fogo, e reduzirei a pó todos os seus amanhece, porque contra Deus mes­
ídolos; porque as suas riquezas foram mo é que se levanta a sua mão. 2E
ajuntadas com o preço da sua pros­ cobiçaram as terras (dos seus vizi­
tituição, elas virão a ser salário de nhos), e violentamente as tomaram,
prostitutas. e roubaram as casas à fôrça; e opri­
P ran to sobre a destruição de Is ra e l e
miram a um, com o sentido na sua
de J u dá
casa; e a outro, com o sentido nos
seus bens. 3Portanto isto diz o Se­
8Por causa disso eu prantearei e nhor: Eis que faço tenção de enviar
soltarei gritos; andarei despojado e sôbre êste povo uma calamidade, de
todo nu; darei berros como os dra­ que não livrareis as vossas cervizes,
gões, e soltarei lamentos como os e não andareis mais com um passo
avestruzes; 9*porque a chaga (da ido­ soberbo, 'porque o tempo será calami­
la tria ) da Samaria é desesperada, toso. 4Naquele dia será composta sô­
porque chegou até Judá, penetrou até bre vós uma parábola (ou lamenta­
à porta do meu povo, até Jerusalém. ção), e ser-vos-á cantada em tom Ias-
10Não o deis a saber em Get, nem timoso esta canção: Nós fomos intei­
derrameis lágrimas; na casa reduzida ramente devastados, a parte do meu
a pó cobri-vos de pó. nPassai, pois, povo passou a outros; como se reti­
cobertos de ignomínia os que habi­ rará de mim (o castigo), quando vol­
tais na vivenda bela, a que habita tar o que há de repartir os nossos
nos vossos confins não saiu; a casa campos? 5Por isso não terás (o Is­
vizinha, que se susteve fiada em si rael) quem meça com cordel as por­
mesma, tomará de vós motivo para ções na assembléia do Senhor.
lamentações. 12Porque perdeu as for­ P erv e rs id ad e do povo
ças para fazer o bem a que habita
no meio de amarguras; porquanto 6Não gasteis (ó profetas) tantas pa­
desceu já do Senhor o mal contra a lavras (com êste p o v o ); porque não
porta (ou cidade) de Jerusalém. 130 as receberão, nem lhes causarão con­
ruído dos carros de guerra aterrou fusão alguma. 7A casa de Jacó diz:
os habitantes de Laquis; ela foi ori­ Porventura tornou-se menos extenso
gem de pecado para a filha de Sião, o espírito ( misericordioso) do Senhor,
porque nela se acharam ( imitadas) ou podem ser tais os seus desígnios?
as maldades de Israel. 14Por isso ela Não são as minhas palavras (respon­
enviará emissários à herança de Get, de o Senhor) cheias de bondade pa­
casa de mentira para engano dos reis ra com aquêle que caminha com re­
de Israel. 15Eu te mandarei ainda um tidão?
herdeiro, ó habitante de Maresa; a 8E o meu povo, pelo contrário, le­
7. Porque as suas riquezas foram adquiridas à custa dos dons depositados nos santuá­
rio s pelos adoradores do3 bezerros de ouro e de Baal (com, o preço da sua prostituição aos
ídolos); essas riquezas, pilhadas pelos pagaos, servirão de novo a um culto idolátrico
<virão a ser o salário. . . ) .
15. A glória de Is r a e l. . . isto é, a nobreza de Isra el será obrigada, como outrora Davi,
a esconder-se nas grutas de odoiaoi,
Cap. I I — 8. O profeta dirige-se diretamente aos ricos, que provocavam o Senhor, des­
pojando injustamente os fracos.
1078 PROFECIA )E MIQUÉIAS 2 - 4

vantou-se contra mim, como se eu e êle não os ouvirá, e lhes escondera


fôra inimigo; depois da túnica (ó Is- a sua face naquele tempo, como o
raelitas) tirastes a capa, e tratastes merece a iniqüidade das suas açÒes.
como inimigos aquêles que passavam Tsto diz o Senhor acêrca dos (faU
(ou viviam ) em paz. °Lançastes sos) profetas que seduzem o meu po­
fora das suas casas, onde viviam vo, que mordem com os seus dentes,
felizes as mulheres do meu povo; e que pregam a paz; e, àquele que não
sufocastes pare sempre o meu louvor lhes põe na bôca coisa alguma, decla­
na boca de seus tenros filhinhos. ^Le­ ram a guerra santa. 6Por isso, em
vantai-vos, e parti (para o exílio), lugar de visão, tereis a noite, e as
porque não tereis aqui descanso, pois, trevas em vez de revelação; e pôr-se-
por causa da sua imundície, se cor­ -á o sol para êstes profetas, e para
romperá a vossa terra com uma po­ êles se obscurecerá o dia. 7E serão
dridão horrorosa. “ Prouvera a Deus confundidos os que têm visões, e co-
que eu fôsse um homem que não ti­ brir-se-ão de vergonha êstes adivi­
vesse o espírito (profético) , mas an­ nhos, e todos esconderão os seus ros­
tes dissesse mentiras! Eu derrama­ tos, porque não haverá resposta de
rei sôbre ti (diz o Senhor) o vinho e Deus (para êles).
a embriaguez; e êste vinho será der­ M iqu éias prediz a destruição
ramado sôbre êste povo. de Jerusalém
P rom essas de resta u ra ç ã o 8Mas, pelo que toca a mim, estou
cheio da fôrça do espírito do Se­
12 (Porém , por fim ) eu te congrega­ nhor, da justiça e do vigor, para anun­
rei, ó Jacó, todo inteiro; eu reunirei ciar a Jacó as suas maldades e a
as relíquias de Israel, eu o porei to­ Israel o seu pecado.
do junto como um rebanho no apris- •Ouvi isto, príncipes da casa de Ja­
co, como ovelhas na manada; gran­ có e juizes da casa de Israel, vós que
de será o ruído feito pela multidão abominais a justiça e perverteis tudo
dos homens. 13Porque aquêle (bom o que é reto; 50vos que edificais Sião
Pastor) que lhes há de abrir o cami­ com sangue, e Jerusalém com a ini­
nho irá adiante dêles; forçarão e pas­ qüidade. "Os seus príncipes dão as
sarão em turmas a porta, entrarão sentenças por presentes, e os seus sa­
por ela; e o seu rei passará diante cerdotes ensinam por interêsse, e os
dêles, e o Senhor estará à sua frente. seus profetas adivinham por dinhei­
A m e a ç as con tra os príncipes,
ro; e (não obstante) apoiam-se no
os ju izes e os fa lso s pro fe ta s 9
Senhor, dizendo: Não está o Senhor
no meio de nós? Não virão, pois, sô­
9 lE eu disse: Ouvi, príncipes de bre nós males alguns. "E m conse-
° Jacó, e chefes da casa de Is­ qüência disto, por vossa causa será
rael: Porventura não é a vós que per­ lavrada Sião, como um campo, e Je­
tence saber o que é justo? 2E, não rusalém será reduzida a um montão
obstante isso, vós aborreceis o bem, de pedras, e o monte do templo tor-
e amais o mal; arrancais violenta­ nar-se-á como um elevado bosque.
mente a pele (ao povo), e a carne de N a fu t u ra Jerusalém serão felizes
cima dos seus ossos? 3Comeram a m uitos povos
carne do meu povo, e arrancaram-lhe
a pele, e quebraram-lhe os ossos, e A *E acontecerá que nos últimos
partiram-no como para fazer cozer ^ tempos o monte da casa do Se­
num caldeirão, e como carne que se nhor será fundado sôbre o alto dos
quer fazer ferver dentro duma pa­ (outros) montes, e se elevará sôbre
nela. 4Um dia clamarão ao Senhor, os outeiros; e os povos concorrerão
12. P e la d o s h o m e n s que hão de entrar no rebanho místico de Jesus Cristo.
m u ltid ã o
Cap. I I I — 5.
Que não l h e s p õ e ... que lhes não dá qualquer presente. — D e c l a r a m
a g u e rra ameaçam com ás vinganças do céu.
s a n ta ,
10. Vds q u e e d i f i c a i s em Jerusalém palácios suntuosos com o fru to das vossas carni­
ficinas e das vossas rapinas.
4 - 5 PROFECIA DE MIQUEIAS 1079

a êle. 2E as nações hão de correr dos teus inimigos. ” E agora se con­


(para lá) em multidão, dizendo: Vin­ gregaram contra ti muitos povos, os
de, subamos ao Monte do Senhor, e quais dizem: Seja apedrejada, e os
à casa do Deus de Jacó, e êle nos en­ nossos olhos vejam (a ruína de) Sião.
sinará os seus caminhos, e nós anda­ 12Porém êles, não conheceram quais
remos pelas suas veredas, porque a eram os pensamentos do Senhor, e
lei sairá de Sião, e a palavra do Se­ não entenderam o seu desígnio; por­
nhor de Jerusalém. 3E (o Senhor) que os ajuntou como a palha numa
será árbitro de numerosos povos, e eira (para ser calcada). 13Levanta-
castigará poderosas nações, até aos te, filha de Sião, e calca a palha; por­
lugares mais remotos; e êles conver­ que eu te darei uma haste (ou fô r-
terão as suas espadas em relhas de ça) de ferro, e te darei unhas de
arados, e as suas lanças em enxa- bronze; e tu quebrarás muitos povos,
dões; um povo não tirará mais da es­ e oferecerás ao Senhor o que êles rou­
pada contra um povo; e não aprende­ baram, e consagrarás ao Senhor de
rão mais a pelejar. 4E cada um re­ tôda a terra as suas riquezas.
pousará debaixo da sua parreira, e
debaixo da sua figueira, e não have­ M iqu éias prediz que o M essias
rá quem os intimide; porque assim o n a sc erá em Belém
disse pela sua bôca o Senhor dos
exércitos. 5Porque todos os povos an­ C ]Agora serás devastada, ó cidade
darão cada um em nome do seu deus; ** de ladrões (de injustos). Sitia­
nós, porém, andaremos em nome do ram-nos, feriram com a vara a face
Senhor nosso Deus, por todos os sé­ do juiz (ou re i) de Israel.
culos dos séculos. 6Naquele dia, diz 2E tu, Belém (chamada) Efrata,
o Senhor, congregarei a que coxeava tu és pequenina entre os milhares de
(no meu serviço), e recolherei a que Judá; mas de ti é que me há de sair
eu tinha expulsado, e a que eu tinha (o Messias) aquêle que há de reinar
afligido; 7e salvarei os restos da que em Israel, e cuja geração é desde o
coxeava, e formarei um povo possan­ princípio, desde os dias da eterni­
te daquela (mesma nação) que ti­ dade. 3Por isso Deus os abandonará
nha sido afligida; e o Senhor reinará até ao tempo em que der à luz aquela
sôbre (todos) êles no monte de Sião, (V irge m ) que há de dar à luz (o D o­
desde então e para sempre. minador), e. (então) as relíquias dos
seus irmãos se juntarão aos filhos
N a fu t u r a J erusalém se rá restabelecido
de Israel.
o im pério po r Cristo Rei 4E êle permanecerá firme, e apas­
centará o seu rebanho com a forta­
8E tu, tôrre do rebanho, nebulosa leza do Senhor, na sublimidade do
filha de Sião, (o Senhor) virá até nome do Senhor seu Deus; e êles se
junto de ti; e virá até junto de ti o converterão, porque agora será exal­
supremo poder, o reino da filha de tado até às extremidades da terra.
Jerusalém. 8 9Por que te abandonas à 5E êle será a (nossa) paz.
tristeza? Porventura não tens rei, O triu n fo de Is r a e l
ou pereceu o teu conselheiro, pois se
apoderou de ti a dor, como da que E quando o Assírio vier à nossa ter­
está com dores de parto? 10(*P o rém ) ra, e calcar as nossas casas, nós sus­
aflige-te e atormenta-te, filha de Sião, citaremos contra êle sete pastores e
como uma mulher que está de parto, oito (ou muitos) príncipes. 6E apas­
porque agora sairás da tua cidade, e centarão (ou devastarão) com a espa­
habitarás numa região (estranha), e da a terra de Assur, e com as suas
irás até Babilônia; (mas) lá serás li­ lanças a terra de Nemrod; e (o Mes­
vre; lá te resgatará ,o Senhor da mão sias) nos livrará de Assur, depois que
Cap. V — 1. Agora s e rá s ... Segundo o hebreu, mais conforme com o contexto: Ago
ra junta as tuas tropas, 6 filha, 6 cidade de tropas. — F e rira m ... u ltrajaram Sedecias.
2. D e t i . . . O Messias, como homem, nascerá em Belém, mas, como filh o de Deus,
existe deste tôda a eternidade, consubstanciai ao eterno P a i que o gerou.
5. O Assírio é aqui o símbolo dos inimigos dos últim os tempos.
1080 PROFECIA )E MIQUÉIAS 5 - 6

tiver vindo à nossa terra, e quando diante de ti Moisés, Arão e M aria?


puser os pés sobre o nosso território. 5Povo meu, peço-te que te lembres
7Então os restos de Jacó estarão no do desígnio (contra t i) de Balac, rei
meio de muitos povos, como um orva­ de Moab, e do que lhe respondeu Ba-
lho que vem do Senhor, e como go­ laão filho de Beor, (em teu favor, o-
tas de água que caem sôbre a erva, brigado por m im ); (lembra-te de co­
sem dependerem de ninguém, e sem mo te protegi) desde Setim até Gál-
esperarem nada dos filhos dos ho­ gala, para reconheceres as justiças
mens. 8E os restos de Jacó estarão en­ do Senhor.
tre as nações, no meio de muitos po­ °Que oferecerei eu ao Senhor (res­
vos como um leão no meio dos outros ponde o povo), que seja digno dêle?
animais dos bosques, e como um ca­ Dobrarei o joelho diante do Deus
chorro de leão entre os rebanhos de excelso? Oferecer-lhe-ei porventura
ovelhas; o qual, quando passa, e pisa holocaustos e novilhos de um ano?
aos pés, e faz a sua prêsa, não há *(P o ré m ) pode-se porventura apla­
quem lha tire (das garras). 9A tua car o Senhor, sacrificando-se-lhe mi­
mão se levantará sôbre os teus ini­ lhares de bodes gordos? Porventura
migos, e todos os teus inimigos pe­ saerificar-lhe-ei pela minha malda­
recerão. de o meu filho primogênito, o fru­
10E naquele dia, diz o Senhor, eu to do meu ventre pelo pecado da mi­
tirarei os teus cavalos do meio de ti, nha alma? 8Eu te mostrarei, ó ho­
e destroçarei os teus carros de guerra. mem (responde o profeta) o que te
UE arruinarei as cidades da tua ter­ é bom, e o que o Senhor requer de
ra, e destruirei tôdas as tuas forti­ ti: É que pratiques a justiça, e que
ficações, e arrancar-te-ei das mãos ames a misericórdia, e que andes solí­
tudo o que servia aos teus sortilégios, cito com o (serviço do) teu Deus.
e não haverá mais advinhações em
ti; ,2e exterminarei do meio de ti os Sentença div in a con tra Is r a e l
teus ídolos e as tuas estátuas, e nun­ °A voz do Senhor clama à cidade,
ca mais adorarás as obras das tuas e terão a salvação ( o Deus) os que
mãos. 13E arrancarei os teus bosques temem o teu nome. Ouvi, ó tribos;
do meio de ti; e reduzirei a po as mas quem aprovará isto? 10*Os tesou­
tuas cidades. 14E tomarei com furor ros da iniqüidade ainda estão na ca­
e indignação, vingança de tôdas as sa do ímpio, como um fogo, e a des­
nações que me não ouviram. falcada medida está cheia da ira (do
O Senhor d isp uta com o povo in g ra to Senhor) . “ Porventura poderei eu a-
e lh e indica o bem que deve fa z e r provar a balança injusta e os pesos
enganosos do saquitel? 12Por causa
C 7Ouvi o que (m e) diz o Senhor : destas coisas é que os ricos desta (c i­
u Levanta-te (ó profeta), defende dade) estão cheios de iniqüidade; os
a minha causa em juízo contra os seus habitantes proferem a mentira,
montes, e ouçam as colinas a tua voz. e a sua língua é enganadora na sua
2Ouçam os montes e os sólidos funda­ bôca. ,3Por isso eu comecei a ferir-te
mentos da terra o juízo do Senhor, dum golpe mortal, por causa dos teus
porque o Senhor quer entrar em juí­ pecados. 14Tu comerás, e não te far­
zo com o seu povo, e vai pleitear com tarás; e achar-se-á a tua humilha­
Israel. 3Povo meu, que é o que eu te ção no meio de ti; tomarás nos bra­
fiz; ou em que te fui molesto? Res- ços os teus filhos, e não os salvarás;
ponde-me. “Será porque te tirei da e os que salvares, eu os entregarei ao
terra do Egito, e porque te livrei da fio da espada. 15Semearás, e não se­
casa da escravidão, e porque enviei garás; espremerás a azeitona, e não
10. E n a q u e l e d i a , quando os inimigos de Isra el místico tiverem sido aniquilados, o Se­
nhor tira rá o s s e u s c a v a l o s , todos os meios guerreiros, por serem inúteis sob o reinado do
Messias, Príncipe da paz.
Cap. v i — 1. C o n t r a o s m o n t e s . Segundo o hebreu: C o m o s m o n t e s , isto é, na sua
presença, o s montes e as colinas, com a sua solidez, no meio da instabilidade universal,
são tomados aqui como símbolos das mais fié is testemunhas dos benefícios de. Deus para
com os seus filhos, e das ingratidões destes.
6 - 7 PROFECIA DE MIQUÉIAS 1081

terás azeite com que te ungir; (p i­ Senhor, porque tenho pecado contra
sarás) os cachos, e não lhes beberás êle, até que êle julgue a minha cau­
o vinho. 16Tu observaste os preceitos sa, e me faça justiça. Êle me con­
( idolátricos) de Amri e todos os u- duzirá para a luz, eu verei a sua
sos da casa de Acab, e seguiste os justiça. 10A minha inimiga verá is­
seus (maus) conselhos, para que eu to, e ficará coberta de confusão, ela
te entregasse à perdição e ao escár­ que me diz agora: Onde está o Se­
nio, os teus moradores (o Jerusalém) , nhor teu Deus? Os meus olhos o-
e vós (o poderosos) levareis o opró- lharão para ela; agora será pisa­
brio do meu povo. da aos pés, como a lama das ruas.
•Queixa-se o p ro fe ta porque a iniqüidade 11(Chega) o dia em que os teus mu­
está g e n e ra liza d a ros serão reedifiçados; nesse dia se­
rá retirada de ti a lei (tirânica que
H JA i de mim, porque me tornei te impôs o vencedor). 12Nesse dia
■ como aquêle que anda ao ra­ virão (os teus filhos) da Assíria a
bisco de algum cacho no outono, de­ ti, e até às tuas cidades fortificadas,
pois de feita a vindima! Não achei e das tuas cidades fortificadas até
nem sequer um cacho para comer; ao rio, e^dum mar até outro mar, e
em vão desejou a minha alma al­ dum monte até outro monte. 18E
guns figos temporãos. 2Não há um a terra será desolada por causa dos
santo sobre a terra, e entre os ho­ seus habitantes e por causa do fru­
mens não há um justo; todos ar­ to dos seus (perversos) pensamentos.
mam traições para derramarem san­ “ Apascenta (6 Senhor) com a tua
gue, cada um anda à procura do vara o teu povo, o rebanho da tua
seu irmão para lhe dar a morte. herança, os que habitam sós no bos­
3Chamam bem ao mal que fazem as que no meio do Carmelo. (U m dia)
suas mãos; o príncipe exige, e o juiz se apascentarão em (territórios fé r­
torna como lhe fazem, e o grande teis, com o) Basan e Galaad, como
manifesta (descaradamente) o dese­ nos dias antigos. 15(Sim, diz o Se­
jo da sua alma, e perturbam o país. nhor) como no dia da tua saída da
40 melhor dentre êles é como um terra do Egito, eu te farei ver ma­
tojo; e o mais justo, como o espi­ ravilhas. 16As nações as verão, e se­
nho duma sebe. (Mas eis) o dia que rão confundidas com a sua fortale­
viram os teus (profetas), o teu cas­ za; porão a mão sôbre a sua bôca,
tigo chega; agora será a destruição os seus ouvidos ficarão surdos. "L a m ­
dêles. 5Não acrediteis no amigo, e berão o pó como as serpentes, fica­
não confieis no que governa, fecha rão aterradas nas suas casas, como
as portas da tua bôca mesmo àque­ os répteis da terra; tremerão dian­
le que dorme no teu seio. 6Porque te do Senhor nosso Deus, e terão
o filho ultraja o seu pai, e a filha mêdo diante de ti (6 Israel).
levanta-se contra a sua mãe, a no­
ra contra a sua sogra, e o homem 18ó Deus, quem é semelhante a ti,
tem por inimigo os seus próprios que apagas a iniqüidade e que te
domésticos. esqueces dos pecados dos restos da
tua herança? Êle não derramará
A s esperanças de Is ra e l em seu
mais o seu furor contra os seus, por­
S a lv a d o r
que é amante da misericórdia. ,9Vol-
7Eu, porém, olharei para o Senhor, tará, e terá compaixão de nós; se­
esperarei em Deus, meu salvador; o pultará (no esquecimento) as nos­
meu Deus me ouvirá. 8Não te ale­ sas iniqüidades, e lançará todos os
gres, inimiga minha, a meu respei­ nossos pecados ao fundo do mar. ^Tu
to, por eu ter caído; eu hei de tor­ (o Senhor) mostrarás a verdade da
nar a levantar-me, depois de ter tua promessa a Jacó, farás misericór­
estado sentada nas trevas; o Senhor dia a Abraão, como juraste a nos­
é a minha luz. 9Sofri o castigo do sos pais desde os dias antigos.
Cap. V I I — 1. O profeta fala em nome da parte sã da nação. Proc urar justos em
Isra el era proceder como aquêle que procura fru to s depois de estar feita a sua colheita.
17. L a m b e r ã o o p ó . Imagem da mais completa sujeição.
PROFECIA DE NAUM
Naum, o sétimo dos profetas menores, segundo a Vulgata, era natural
de Elcesa, pequena aldeia da Galiléia. Com estilo perfeito e lindo, com
vivacidade e originalidade, Naum profetiza a destruição de Nínive e da
Assíria. Pode-se calcular o tempo de seu vaticínio pelo trecho em que
descreve a destruição de Tebas (hebraico: No-Amon; Vulgata; Alexandria)
feita pelo rei da Assíria, Assurbanipal em 665 a.C. A profecia, portanto,
é posterior a 665, e anterior à destruição de Nínive, que — pelas recentes
descobertas — se deu no verão de 612, e talvez foi escrita durante o cati­
veiro do rei Manassés, quando Nínive atingia o apogeu da glória.
A profecia de Naum se limita a anunciar a destruição de Nínive e da
Assíria (figura de Satã), e se divide em três partes:
Prim eira parte (1, 1-4): Revela que Deus decidiu a ruína total de
Nínive, inimiga do povo eleito.
Segunda parte (1, 15 — 2 ): Descreve, com tintas vivazes, a tomada, o
saque e a destruição de Nínive, após renhida, mas inútil resistência.
Terceira parte (3 ): Expõe as causas da ruína de Nínive: porque é ini­
miga do povo eleito, é a cidade do sangue, da mentira e da rapina. A
profecia se realizou plenamente, e até 1842 se desconhecia o lugar ocupado
por Nínive.

N ín iv e perecerá, e Is ra e l se rá sa lv o serto. Basan e o Carmelo perderam


1 Oráculo contra Nínive. Livro da a fôrça, e a flor do Líbano murchou.
1 visão de Naum, de Elcesa. 5Os montes foram por êle abalados,
20 Senhor é um Deus zeloso e e as colinas devastadas; a terra, o
vingador: O Senhor é vingador, e mundo inteiro, e todos os que habi­
arma-se de furor. O Senhor toma tam nêle tremem, diante da sua fa­
vingança contra os seus adversários, ce. 6Diante da sua indignação quem
e ira-se contra seus inimigos. 30 Se­ poderá subsistir? E quem resistirá
nhor é paciente e grande em forta­ contra a ira do seu furor? A sua in­
leza, e não deixa impune (o peca­ dignação derramou-se como um fo­
dor). O Senhor anda entre a tem­ go, e fêz que se derretessem as (mes­
pestade e o torvelinho, e as nuvens mas) pedras.' 70 Senhor é bom, e
são a poeira dos seus 4Êle a- conforta (os seus filhos) no dia da
meaça o mar, e o seca ; -onverte tribulação; e conhece (e protege) os
(quando quer) todos os rios em de­ que esperam nêle. sCom uma inun-
Cap. I — 2. V in g a d o r das in jú ria s feitas ao seu povo.
1 - 3 PROFECIA DE N A U M 1083

dação impetuosa (de inimigos) ani­ dutores acham-se adormecidos. E n ­


quilará êste lugar (de N ín iv e ); e ascontram-se nos caminhos; as carroças
trevas perseguirão os seus inimigos. chocam umas com as outras nas
9Por que formais vós projetos con­ ruas; o seu aspecto é como lâmpa­
tra o Senhor? É êle mesmo que ani­ das ardentes, como relâmpagos que
quilará (N ín iv e ); a tribulação não discorrem duma parte para a outra.
virá duas vêzes. 10Como os espinhos 5(0 N in ivita ) lembrar-se-á dos seus
se entrelaçam uns com os outros, as­ valentes (e mandá-los-á ao combate),
sim se unirão êles quando beberem êles marcharão de tropel pelos cami­
juntos nos seus banquetes; êles serão nhos, denodadamente escalarão os
consumidos como palha completa­ muros e prepararão abrigos. "Enfim
mente sêca. nDe ti sairá (o N ín ive) as portas abriram-se pela inundação
quem pense mal (ou irnpiarnente) dos rios, e o templo foi destruído
contra o Senhor; quem nutra no seu até ficar por terra. 7E os soldados
coração pensamentos de prevarica­ foram levados prisioneiros, e as suas
ção. escravas foram levadas cativas, ge­
12Isto diz o Senhor: Por mais for­ mendo como pombas, lamentando-se
tes e numerosos que (os Assírios) se­ nos seus corações. 8E Nínive ficou
jam, ainda assim serão ceifados, e de­ inundada de água, como um tanque;
saparecerão. Eu te afligi (o meu po­ os seus defensores fugiram. (E por
vo) mas não te afligirei mais (par mais que se lhes gritasse) parai, pa-
meio dêles). 13E agora vou quebrar rai, nenhum voltou (para trás).
a sua vara de cima do teu dorso, e °Saqueai (o Caldeus) a prata, sa­
desfarei as tuas cadeias. “ E o Se­ queai o ouro; as suas riquezas são
nhor pronunciará a sua sentença con­ inúmeras, ela está cheia de objetos
tra ti (o N ín ive), não haverá mais preciosos. 10/N ín ive) ficou destruída,
semente do teu nome; exterminarei rasgada e dilacerada; nela encon-
os ídolos e as estátuas da casa do tram-se corações desmaiados, tre­
teu deus; prepararei o teu sepulcro, mem os joelhos, estão sem fôrça os
porque caíste no desprêzo. 15Eis já rins; e o rosto de todos êles está
sôbre os montes os pés do que traz denegrido como uma panela. “ On­
a boa nova e anuncia a paz. Cele­ de está agora (N ín iv e) essa habita­
bra, ó Judá, as tuas festividades, e ção dos leões, êsse pasto de leõezi-
cumpre os teus votos, porque Belial nhos, onde se iam recolher o leão e
não passará mais por ti; êle pereceu o seu cachorro, sem haver ninguém
inteiramente. que os afugentasse? 120 leão (Assí­
rio ) tomou o que bastava para os
Nínive será cercada e devastada seus cachorros, e matou caça para
as suas leoas; e encheu as suas covas
O ‘Já vem (o N ín ive) aquêle que de prêsa, e a sua caverna de rapi­
" te há de destruir tudo à tua nas.
vista, que te há de pôr em apertado 13Eis que venho contra ti, diz o
sítio; vigia o caminho, reforça os Senhor dos exércitos; porei fogo às
rins, acrescenta as tuas forças. 2Por- tuas carroças, até as reduzir a fu­
que o Senhor vai castigar a (tu a) mo; a espada devorará os teus leõe-
insolência contra Jacó, bem como a zinhos; arrancarei da terra a tua
( tua) insolência contra Israel, pois prêsa, e não se ouvirá mais a voz
ue os (teus exércitos) destruidores (imperiosa) dos teus embaixadores.
evastaram e destruiram os seus sar­
mentos. sO escudo dos seus valentes Causas das desgraças de Nínive
lança chamas de fogo, os guerreiros seus crimes e opressões
estão vestidos de púrpura; as rédeas
das suas carroças de guerra despe­ O ’A i de ti, cidade sanguinária,
dem resplendores no dia da prepa­ ° tôda cheia de mentiras e de ex­
ração (para a gu erra ), e os seus con­ torsões, e de contínuas rapinas! *(Ou­
15. Belial é uma designação sarcástica dos Assírios.
Cap. I I — 1. o s rins, segundo os Hebreus, são o centro e o emblema da fôrça.
3. E os seus condutores. . . Segundo o b ebreu : E as lanças agitam-se.
1084 PROFECIA DE N A U M

vir-se-á em ti) o ruído de azorragues, “ Também tu, pois, (6 N ín ive) serás


e o estrondo de impetuosas rodas, e embriagada, e cairás no desprêzo, e
de cavalos que relincham, e de car­ pedirás socorro ao teu (próprio) ini­
roças ardentes, e de cavalaria que migo.
avança, 3e de espadas que reluzem, e “ Tôdas as tuas fortificações serão
de lanças que fuzilam, e de multi­ como a figueira com os seus figos; se
dões de feridos que morrem, e de se sacudirem, cairão na bôca do que
grande derrota; são inumeráveis os os quer comer. “ Eis que o teu povo
cadáveres, e uns caem mortos sôbre é (fra co) como mulheres no meio de
os outros. ti; as portas da tua terra se abrirão
HTudo isto) por causa das numero­ de par em par aos teus inimigos, e
sas fornicações da meretriz formosa o fogo devorará as tuas trancas. 14A-
e engraçada, e que tem encantamen­ bastece-te de água para o cêrco, re­
tos, que vendeu (ou enganou) os po­ para as tuas fortificações; mete-te
vos pelas suas fornicações, e as na­ no barro, e pisa-o aos pés, amassa-o
ções pelos seus malefícios. 5Eis-me para fazeres ladrilhos. 15A li te con­
contra ti, diz o Senhor dos exércitos, sumirá o fogo; perecerás à espada,
e descobrirei diante da tua face a,s ela te devorará como o brugo ( de­
tuas infâmias, e mostrarei a tua nu­ vora a e rva ), ainda que reúnas gente
dez aos povos, e aos reinos a tua ig­ em tão grande número como os bru-
nomínia. 6Farei recair sôbre ti as gos e os gafanhotos. 16Os teus ne­
tuas abominações, e cobrir-te-ei de gociantes eram em maior número que
afrontas, e te porei por escarmento. as estréias do céu; (mas fizeram co­
7E então todos os que te virem, re­ m o) o brugo que estendeu as suas
trocederão para longe de ti ( horro- asas, e voou (para outra parte). 17Os
rizados), e dirão: Nínive está des­ teus guardas são como gafanhotos, e
truída. Quem moverá a cabeça sô­ os teus pequeninos são como peque­
bre ti (mostrando compaixão) ? Aon­ nos gafanhotos que pousam sôbre as
de te irei buscar um consolador? sebes em tempo de frio; mas, logo
8Porventura és tu melhor do que a que o sol nasce, voam, e não se reco­
populosa Alexandria, que tem o seu nhece mais o lugar onde êles tinham
assento entre os rios (ou braços do estado.
N ilo ), e está rodeada de águas; cujas
riquezas são o mar, e as águas as suas 18Os teus pastores (ou capitães), ó
muralhas ? 9A Etiópia era a sua fôr- rei de Assur, adormeceram; os teus
ça, como também o Egito, e povos príncipes serão sepultados; o teu
sem número; a África e a Líbia eram povo foi se esconder nos montes, e
seus auxiliares. 10Não obstante isto, hão há quem o ajunte. 19A tua ruí­
ela foi levada cativa para uma terra na não está oculta, a tua chaga é gra­
estranha; os seus pequeninos foram ve; todos os que souberam o que te
esmagados nas esquinas de tôdas as aconteceu bateram as palmas (de
ruas, sôbre os seus nobres deitaram contentes) sôbre ti; porque sôbre
sortes, e todos os seus grandes se­ quem não passou sempre a tua ma­
nhores foram carregados de ferros. lícia?

Cap. I I I — 4. Nínive exercia uma espécie de fascinação sôbre os povos vizinhos, atraín -
<lo-os a ela pelo prestígio cio seu poder e pela sua politica astuciosa, sujeitando-os depois
sem piedade, e tratando-os como escravos.
10. Deitaram sortes para os repartir como escravos.
11. Serás embriagada com o cálice da ira do Senhor.
14. Para fazeres ladrilhos, a fim de reparares os teus muros. Tudo, porém, será em vão.
PROFECIA DE HABACUC
Habacuc, oitavo dos profetas menores e um dos maiores poetas judeus,
não deixou nenhuma notícia sua, além da profecia. Pelo que parece, per­
tencia à tribo de Levi e viveu nos primeiros anos do reinado de Josias,
quando Babilônia era ainda província de Nínive.
A profecia de Habacuc trata da invasão dos Caldeus (609), e se divide
em duas partes:
A primeira parte (1 - 2) é um diálogo entre Deus e o profeta sôbre
a destruição de Judá por mãos dos Caldeus, os quais logo depois serão
destruídos por terem atribuído a vitória ao poder dos seus ídolos, e tam­
bém pelos próprios delitos.
A segunda parte (3) contém a oração de Habacuc em favor de Judá.
Esta prece é um poema maravilhoso e sublime, no qual Habacuc, depois
de analisar a majestade divina que o aterra, canta a justiça e a misericór­
dia de Deus.

Por que triunfam os ímpios? nação cruel e veloz, que percorre a


superfície da terra, para se apode­
1 *0 oráculo revelado a Habacuc, rar das moradas que não são suas,
1 profeta. 7Ela é horrível e espantosa; por si
2Até quando, Senhor, clamarei eu, mesma sentenciará e castigará. 8Os
sem que tu me ouças? Até quando seus cavalos são mais ligeiros que os
levantarei a minha voz para ti, pa­ leopardos, e mais velozes que os lobos
decendo violência, sem que tu me durante a noite; a sua cavalaria es-
salves? 8Por que me mostraste ini- palhar-se-á por tôda a parte; os seus
qüidades e trabalhos, reduzindo-me cavaleiros virão de longe, voarão co­
a ver (somente) diante de mim rou­ mo a águia que se arroja sôbre a
bos e injustipas? Se se decide uma prêsa. 9Virão todos à prêsa; o seu
causa em juízo, a contradição é que rosto é como um vento abrasador; e
prevalece. 4Por esta causa é que- amontoarão cativos como areia.
brantada a lei, e a justiça não che­ 10Êle (o Caldeu) triunfará dos reis,
ga até ao seu fim ; porque o ímpio e rir-se-á dos tiranos; zombará de
prevalece contra o justo, por isso é tôdas as fortificações, e lhes oporá
que o direito sai falseado. rnarachões, e as tomará. nEntão se
5Ponde os olhos nas nações (diz o mudará o seu espírito, e êle passará
Senhor), e vêde; admirai-vos e pas­ e cairá; tal é a fôrça que terá da­
mai; porque acontecerá uma coisa quele seu deus (no qual confiava).
em vossos dias, que ninguém acredi­ 12Porém não és tu, Senhor, desde o
tará, quando fôr contada. °Porque princípio o meu Deus, o meu Santo?
eis que vou suscitar os Caldeus, essa Nós, pois, (por tua intervenção) não
1086 PROFECIA DE HABACUC 1 - 2

morreremos. Tu, Senhor, destinaste 6Mas porventura não virá êle a ser
êste povo para êle exercer os teus a fábula de todos êstes, e o objeto
castigos; e (tu o fizeste) forte para dos seus (satíricos) provérbios? E
nos castigares. 13Os teus olhos são dir-se-á: Ai daquele que acumula
limpos para não veres (ou aprova­ o que não é seu! A té quando amon­
res) o mal, e não poderás olhar para toará êle contra si o denso lôdo (das
a iniqüidade. Por que razão olhas tu riquezas)? 7Porventura (o mau) não
para os que cometem injustiças, e se levantarão de repente os que te
te conservas em silêncio, enquanto o hão de morder, e não despertarão os
tmpio devora os que são mais justos que te hão de despedaçar, e não se­
que êle? 14E (p or que) tratas os ho­ rás prêsa dêles? 8Visto que despo­
mens como os peixes do mar e como jaste muitas nações, despojar-te-ão
os répteis que não têm chefe? 15Tu- todos os que restarem dos povos,
do levantou com o anzol, arrastou por causa do sangue humano (que
com a sua rêde varredora, e recolheu derramaste), e das injustiças come­
com a sua rêde. Por isto êle se ale­ tidas contra a terra, contra a cidade,
grará e exultará; 10por isso ofere­ e contra todos os seus habitantes.
cerá hóstias à sua varredoura, e sa­ 9A i daquele que ajunta bens com
crificará à sua rêde; porque por elas uma avareza criminosa para ( estabe-
é que foi engrossada a sua porção, e o lecer a) sua casa, a fim de colocar
seu manjar é escolhido. 17Por isto é em lugar alto o seu ninho, pensando
que êle tem estendida a sua rêde var­ livrar-se da mão do mal. 10Tu medi­
redoura, e não cessa jamais de de­ taste a vergonha para tua casa, ar­
vastar as nações. ruinaste muitos povos, e a tua alma
pecou. "Porque a pedra clamará da
Deus responde à pergunta do profeta parede (contra ti), e o madeiramen-
O 7Eu estarei alerta (entretanto), to, que serve de travação ao edifí­
fazendo a minha sentinela (co ­ cio, lhe responderá.
m o profeta de Israel), e permane­ 12Ai daquele que edifica uma cida­
cerei firm e sôbre as fortificações, e de com sangue de muitos, e que fun­
olharei atentamente para ver o que da as suas bases na iniqüidade! 13Por-
me será dito, e o que hei de respon­ ventura o Senhor dos exércitos não
der ao que me repreende. fará (com o castigo) isto (que se ser
2Então respondeu-me o Senhor, e gu e)? Os povos trabalharão para o
disse-me: Escreve o que vês, e no­ fogo, e as nações em vão, e assim
ta-o sôbre tabuinhas (de escrever), desfalecerão. 14Porque a terra se en­
para que se possa ler correntemente. cherá do conhecimento da glória do
3Porque a visão ainda está longe, Senhor, como o mar está coberto das
mas enfim ela se cumprirá, e não suas águas. 15A i daquele que dá de
faltará; se tardar, espera-o, porque beber ao seu amigo, misturando fel
infalivelmente virá, e não faltará. (na bebida) e o embriaga para ver a
“Eis que o que é incrédulo não tem sua nudez! 16Tu (que assim proce­
a alma reta em si mesmo; mas o des) serás cheio de ignomínia, em lu­
justo viverá na sua fé. gar de glória; beberás também e fica­
5E, assim como o vinho engana rás entorpecido; cercar-te-á o cálice
quem o bebe com excesso, assim se­ da direita do Senhor, e um vômito de
rá o homem soberbo, que ficará sem ignomínia cairá sôbre a tua glória.
honra; o qual dilatou como o infer­ 17Porque a iniqüidade executada con­
no a sua alma, e é insaciável corno tra o Líbano recairá sôbre ti, e os
a morte, e quererá reunir sob o seu estragos dos animais ferozes espan­
domínio tôdas as nações, e amontoar tarão os teua povos, por causa do
junto de si todos os povos. sangue humano (que derramaste), e
Cap. I I — 5. Corno o inferno, isto é, como a habitação dos mortos, que nunca se
sacia.
13. Os povos, vencidos e condenados pelos Caldeus ao trabalho das suas grandiosas cons­
truções, fatÍgar-se-&o inütilrnente, porque há de vir um dia em que o fogo devorará êstes
edifícios.
2 - 3 PROFECIA DE HABACUC 1087

das injustiças cometidas contra a ter­ 9Tu tomarás com denôdo o teu arco,
ra, contra a cidade, e contra todos conforme os juramentos que fizeste
os seus habitantes. às tribos. Tu dividirás os rios da ter­
18De que serve a estátua que um ra.
escultor fêz ou a imagem falsa (jue 10Os montes viram-te, e ficaram
fundiu de bronze? Todavia o artista trespassados de dor; uma tromba de
põe a sua esperança na sua obra e água passou. O abismo fêz ouvir a sua
nos ídolos mudos que formou. 19A i voz, e levantou as suas mãos ao alto.
daquele que diz ao pau: Desper­ nO sol e a lua pararam na sua
ta; e à pedra muda: Levanta-te! P or­ morada, êles marcharão à luz das
ventura poder-lhe-á ela ensinar al­ tuas setas, ao resplendor da tua ful­
guma coisa? Vê que ela está coberta gurante lança.
de ouro e de prata, mas nas suas en­ 12N a tua cólera pisarás aos pés a ter­
tranhas não há espírito algum. 20Po- ra; no teu furor espantarás as nações.
rém o Senhor está no seu santo tem­ 13Tu saíste para salvação do teu
plo; cale-se tôda a terra diante dêle! povo, para salvar com o teu Cristo.
Tu feriste o chefe da família do ím­
Oração do profeta Habacuc pio; descobriste os seus alicerces de
O fr a ç ã o do profeta Habacuc pe- cima até baixo.
61 las ignorãncias. HTu amaldiçoaste o seu cetro, o
2Senhor, eu ouvi a tua palavra, e chefe dos seus guerreiros, que vinham
temi. Senhor, faze viver a tua obra como um torvelinho para me destruí­
no meio dos anos. No meio dos anos rem. Êles ( j á ) estavam alegres, como
tu a farás notória; quando estive­ o que devora o pobre em segrêdo.
res irado, tu te lembrarás da (tu a) 15Tu abriste caminho aos teus ca­
misericórdia. valos através do mar, através do lô-
3Deus virá do meio-dia, e o Santo do das águas profundas.
do Monte de Faran; a sua glória co­ ,6Eu ouvi (a tua voz), e as minhas
briu os céus; e a terra está cheia entranhas comoveram-se; os meus
do seu louvor. lábios tremeram a essa voz. Penetre
40 seu resplendor será como a luz; a podridão até aos meus ossos, e ela
das suas mãos sairão raios de glória; me consuma por dentro, para que eu
é lá que está escondida a sua fortale­ descance no dia da tribulação, para
za. que me junte ao nosso povo prestes
5A morte irá adiante da sua face, a marchar cónvosco.
e o demônio irá adiante de seus pés. 17Porque a figueira não florescerá,
sParou, e mediu a terra. Olhou, e e as vinhas não deitarão os seus go-
acabou com as nações; e foram re­ mos. Faltará o fruto da oliveira, e
duzidas a pó as montanhas seculares. os campos não darão de comer. As
Os outeiros do mundo curvaram-se ovelhas serão arrebatadas do aprisco,
sob os passos da sua eternidade. e não haverá bois nos estábulos.
7Eu vi na aflição as tendas da E- 18Eu porém me regozijarei no Se­
tiópia; os pavilhões da terra de Ma- nhor, e exultarei no Deus meu Sal­
dian foram turbados. vador.
8Porventura é contra os rios, Se­ 190 Senhor Deus é a minha forta­
nhor, que tu estás irado? É contra leza, e êle tornará os meus pés (ve­
os rios o teu furor? Ou é contra o lozes) como os dos veados. E êle
mar a tua indignação? Tu, que mon­ me conduzirá sôbre as minhas mon­
tas sôbre os teus cavalos, e levas em tanhas, vencedor, cantando eu sal­
tuas carroças a salvação. mos (em seu louvor).
Cap. I I I — 1. Pelas ignorãncias ou pecados do povo.
2. Faze viver, executa a tua obra de libertar Israel em tôdas as épocas criticas da sua
história (n o meio dos anos).
19. Literalmente o profeta fa la do cativeiro de Babilônia; porém a liberdade que Ciro
deu aos Judeus era um a figura da que nos trouxe o Messias, a qual se completará quando
chegarmos à celeste Jerusalém, à montanha sôbre a qual estaremos livres da tribulaçfto
(sôbre as minhas montanhas), e onde cantaremos salmos.
PROFECIA DE SOFONIAS
Sofonias, nono dos profetas menores, era descendente de uma fam ília
ilusre; segundo alguns, de Ezequias. Começou a profetizar sob o reinado
de Josias. Exorta os Judeus à penitência, prediz a ruina de Ninive, amea­
ça Jerusalém, e conclui com a promessa da libertação, da conversão dos
Gentios, e dos progressos da Igreja de Jesus.
Divide-se em três partes:
Prim eira parte ( l - 2, 3 ): Anuncia a Judá e a Jerusalém o castigo
de Deus, e exorta o povo à penitência.
Segunda parte (2, 3-15): Anuncia o julgamento das nações.
Terceira parte (3 ): Coloca em contraposição ao presente estado de
imoralidade, que provoca a ira de Deus, o reino messiânico, que será o
sinal da volta do povo eleito a Deus e da destruição das nações pagãs.

Ameaças aos judeus idólatras ao mesmo tempo juram pelo nome de


Melcom; °e os que deixam de seguir
1 P a la v ra do Senhor, que foi o Senhor, e os que não buscam o Se­
1 dirigida a Sofonias, filho de nhor, nem procuram encontrá-lo.
Cusi, filho de Godolias, filho de Am a­
rias, filho de Ezecias, no tempo de 7Estai em (respeitoso) silêncio
Josias, filho de Amon, rei de Judá. diante da face do Senhor Deus, por­
2Eu destruirei tudo sôbre a face da que o dia (te rriv e l) do Senhor está
terra, diz o Senhor; 3destruirei os ho­ perto, porque o Senhor preparou a
mens e os animais, destruirei as aves vítima, e designou os convidados. 8E
do céu e os peixes do mar; e pere­ no dia da vítima do Senhor castigarei
cerão os ímpios; e exterminarei da (diz Deus) os príncipes e os filhos do
terra os homens, diz o Senhor. 4E es­ rei (de Jerusalém), e todos os que se
tenderei a minha mão contra Judá vestem de trajes estrangeiros; Casti­
e contra todos os habitantes de Je­ garei nesse dia todos os que entram
rusalém; e exterminarei dêste lugar com arrogância pelo limiar (do tem ­
os restos (da idolatria) de Baal, e os p lo ), e que enchem de iniqüidade e
nomes (ou a memória) dos seus mi­ de fraude a casa do Senhor seu Deus.
nistros e sacerdotes; 5e os que ado­ ,0E naquele dia haverá, diz o Se­
ram a milícia (ou os astros) do céu nhor, muitos clamores, à porta dos
sobre os telhados, e os que adoram peixes, e uivos na segunda (cidade),
o Senhor e juram pelo seu nome, e e grande aflição sôbre as colinas.

Cap. 1 — 7. A vítim a é Judá, que h á de ser castigado pelos instrumentos designados


por Deus (o s convidados).
8. Todos os que se v e s te m ... todos os que imitam os pagãos.
10 . Segunda cidade era um bairro novo de Jerusalém, construído por Manassés.
l - 2 PROFECIA DE SoFoNIAS 1 089

“ Uivai, habitantes do Gral; todo o po­ Senhor. 3Buscai o Senhor todos vós
vo de Canaã foi reduzido ao silêncio, os que sois humildes nesta terra, vós
todos os que estavam cobertos de di­ os que guardastes os seus preceitos;
nheiro pereceram. buscai a justiça, buscai a mansidão,
para ver se podeis achar um abrigo
. O dia do Senhor no dia do furor do Senhor.
12E naquele tempo acontecerá isto: Juizo de Deus contra os Filisteus
Eu esquadrinharei Jerusalém com
lanternas, e castigarei os homens que 4Porque Gaza será destruída, e As-
estão mergulhados nas suas fezes, que calon virá a ser um deserto, Azot se­
dizem nos seus corações: O Senhor rá assolada em pleno meio-dia, e A -
não faz bem nem mal (a ninguém). caron será arrancada pela raiz. 5A i
13As suas riquezas serão saqueadas, de vós, os que habitais a costa do
e ás suas casas converter-se-ão num mar, povo de homens perdidos! Ca­
deserto; e edificarão casas, e não as naã, terra dos Filisteus, a palavra do
habitarão; e plantarão vinhas, e não Senhor está para cair sôbre vós; eu
lhes beberão o vinho. te exterminarei, sem que fique um
“ O dia grande do Senhor está pró­ só dos teus habitantes. °E a costa do
ximo; está próximo, e vai chegando mar será então lugar de repouso pa­
com velocidade; amargo é o ruído do ra os pastores, e aprisco para as o-
dia do Senhor; o forte se verá nêle velhas; 7e ela será daqueles que tive­
em grande apêrto. 15Êsse dia será um rem ficado da casa de Judá; êles en­
dia de ira, um dia de tribulação e contrarão pastagens, e descansarão
angústia, um dia de calamidade e durante a noite nas casas de Ascalon;
miséria, um dia de nuvens e tempes­ porque o Senhor seu Deus os visitará,
tades, 16um dia de trombeta e de gri­ e os fará voltar do seu cativeiro.
tos guerreiros contra as cidades for­
tificadas e contra as torres elevadas. Contra os Moabitas e os Amonitas
17Eu atribularei os homens, e êles an­ 8Eu ouvi os insultos de Moab e as
darão como cegos, porque pecaram blasfêmias dos filhos de Amon, que
contra o Senhor; e o seu sangue será ultrajaram o meu povo, e se levan­
derramado como a poeira, e os seus taram arrogantemente contra as suas
corpos serão (tratados) como o estér­ fronteiras. 9Por isso, juro por minha
eo. 18Mas nem a sua prata, nem o vida, diz o Senhor dos exércitos, o
seu ouro os poderá livrar no dia da Deus de Israel, que Moab virá a ser
ira do Senhor; no fogo do seu zêlo como Sodoma, e os filhos de Amon
será devorada tôda a terra, porque como Gomorra, um lugar de espinhos
êle se apressará a exterminar todos secos, e montões de sal, e um deser­
os habitantes da mesma terra. to eterno; os restos do meu povo os
Exortação à penitência saquearão, e os que restarem da mi­
nha gente serão os seus donos. 10Isto
O 2Vinde todos, juntai-vos (Ô Is- lhes há de acontecer por causa da
“ raelitas), nação indigna de sér a- sua soberba, porque blasfemaram e
mada, 2antes que o decreto (do trataram com arrogância o povo do
Senhor) produza êsse dia que pas­ Senhor dos exércitos. ” 0 Senhor se
sará como (um turbilhão de) pó, mostrará terrível contra êles, e ani­
antes que venha sôbre vós a ira do quilará todos os deuses da terra; e
furor do Senhor, antes que venha adorá-lo-ão todos, cada um no seu
sôbre vós o dia da indignação do país, tôdas as ilhas das nações.
11. Oral era um bairro da cidade ocupado principalmente por comerciantes.
12. Que estão mergulhados. . . Locução proverbial que significa um profundo entorpe­
cimento moral e religioso.
16. D e trombeta e de gritos. O ruído das trornbetas do exército inimigo, e os gritos
dos soldados, quando assaltarem as praças fortes de Judâ.
Cap. I I — 7. Ela será daqueles. . . Assim se verificou quando os M acabeus se apode­
raram da Palestina, e a destinaram para o gado lá pastar.
11. TÔdas as ilh a s... isto é, os habitantes da costa do Mediterrâneo. 3
5

35 - B íblia Sagrada
1090 PROFECIA DE SOFONIAS 2 - 3

Contra os Etíopes e os Assírios temer-me-ás, aproveitar-te-ás dos


meus avisos, e a tua casa não será
12Mas, também vós, ó Etíopes, se­ arruinada por causa de todos os
reis mortos pela minha espada. crimes, pelos quais eu já a castiguei.
13 (O Caldeu) estenderá a sua mão Todavia (os teus filhos), levantan­
contra o aquilão, e destruirá Assur; e do-se, ao contrário, de madrugada,
reduzirá a formosa (cidade de N ín i- corromperam todos os seus pensa­
ve) a uma solidão, e a um despovoa­ mentos.
do, e como que a um êrmo. 14E os
rebanhos descansarão no meio dela, e 8Portanto espera-me, diz o Senhor,
todos os animais dos povos (v izi­ para o dia futuro da minha ressur­
n h os); e o onocrótalo e o ouriço te­ reição, porque resolvi congregar as
rão por morada os seus vestíbulos; nações e reunir os reinos; e (então)
ouvir-se-á o canto das aves por cima derramarei sôbre êles a minha indig­
das janelas, o corvo por cima das nação, tôda a ira do meu furor; por­
portas, porque eu aniquilarei a sua que tôda a terra será devorada pelo
fôrça. 15Esta é aquela cidade orgu­ fogo do meu zêlo.
lhosa que nada temia, que dizia no Promessas messiânicas: Glorificação
seu coração: Eu sou (a única), e de Deus entre as nações
fora de mim não há outra. Como se
mudou ela num deserto, num covil 9Então eu darei aos povos lábios pu­
de feras? Todo o que passar por ros, para que todos invoquem o no­
ela, insultá-la-á com assobios, e agi­ me do Senhor, e se submetam ao seu
tará a mão (em sinal de desprezo). jugo num mesmo espírito. 10Os que
habitam da outra banda dos rios da
Juízo de Deus contra Jerusalém Etiópia, virão de lá oferecer-me as
suas orações; os filhos do meu povo
9 7A i da cidade provocadora, que, dispersos me trarão os seus presentes.
° depois de ter sido resgata­
da, (fica insensata com o) uma pom­ nNaquele dia (6 Jerusalém) não
ba! 2Ela não ouviu a voz (que a ad­ serás confundida por todas as tuas o-
moestava), nem recebeu o aviso; não bras com que prevaricaste contra
confiou no Senhor, nem se aproxi­ mim; porque então exterminarei do
mou do seu Deus. 3Os seus príncipes meio de ti aquêles que, com as suas
são no meio dela como leões rugindo; palavras faustosas, excitavam a tua
os seus juizes como lobos noturnos, soberba, e tu, para o futuro, não te
que não deixam nada (da presa) para orgulharás mais por possuíres o meu
o dia seguinte. 4Os seus profetas são santo monte (de Siao). 12E deixarei
uns loucos, uns homens sem fé; os no meio de ti um povo pobre e hu­
seus sacerdotes profanaram as coisas milde; e êles esperarão no nome do
santas, procederam injustamente con­ Senhor. 13Os reis de Israel não co­
tra a lei. meterão iniqüidades, nem proferirão
a mentira, e não se achará na sua
bO Senhor, que é justo, que está bôca a língua enganosa; porquanto
no meio dela, não fará injustiça; de serão apascentados e repousarão, e
manhã, logo que nasce o dia, produ­ não haverá quem lhes cause mêdo.
zirá à luz OAseu juízo, e não se escon­
derá; o ímpio, porém, não soube que Glorificação de Israel
coisa era ter vergonha. °Eu exter­
minei as nações (tuas inimigas, diz 14Entoa cânticos de louvor, filha de
Deus) e as suas torres foram deita­ Sião, canta louvores, ó Israel; alegra-
das abaixo; eu tornei os seus cami­ te e exulta de todo o coração, fi­
nhos desertos, sem haver mais quem lha de Jerusalém. lsO Senhor apa­
por êles passe; as suas cidades ficaram gou a sentença da tua condenação,
desoladas, não havendo já um homem afastou de ti os teus inimigos; o
nelas, nem habitante algum. 7Eu dis­ Senhor que é o rei de Israel, está no
se: Ao menos depois disto (6 Israel) meio de ti; tu não temerás mais mal
Cap. I I I — 9. Aos povos pagãos e Judeus.
11. Naquele dia, na época do Messias, em que os pagãos se hão de converter.
3 PROFECIA DE SoFONIAS 1091

algum. 16Naquele dia dir-se-á a Je­ tarei todos os que te afligirem, e


rusalém: Não temas; não se enfra­ salvarei aquela (nação) que coxea­
queçam as tuas mãos, ó Sião. nO va; e farei voltar a que tinha sido
Senhor teu Deus, o forte, está no desterrada; e farei dêles um objeto
meio de ti; êle te salvará; êle fará de louvor e de glória em todos os
em ti o seu gôzo e a sua alegria, países onde sofreram ignomínia. “ N a­
calar-se-á no seu amor, exultará a quele tempo, em que eu vos farei
teu respeito com louvor. 18Eu con­ tornar, e no tempo, em que eu vos
gregarei êsses homens vãos, que se juntarei todos, tornar-vos-ei célebres
tinham afastado da lei, visto que êles e graciosos diante de todos os povos
te pertenciam, a fim de que não da terra, quando eu tiver feito vir
tenhas mais vergonha por causa dê- diante dos vossos olhos os vossos ca­
les. 19Eis que naquele tempo, ma­ tivos, diz o Senhor.

17. C a la r-s e -á ... O am or intenso muitas vêzes guarda silêncio junto do objeto am ado.
PROFECIA DE AGEU
Ageu é o profeta dos repatriados que, favorecidos pelo edito de Ciro, vol­
taram para a pátria e, guiados por Zorobabel e pelo sacerdote Josedec, resta­
beleceram em Jerusalém o culto e reedificaram o templo, que havia de se
tornar célebre com a presença do Messias, do “Desejado das nações”.
O livro de Ageu é composto de quatro oráculos.

Exortação à reedificação do templo 10Por isso é que foram proibidos


os céus de vos darem orvalho (ou
1 2No segundo ano do reinado de chuva), e a terra foi proibida de dar
* Dário, no sexto mês, no pri­ os seus produtos; “ e chamei a sêca
meiro dia do mês, foi dirigida a sôbre a terra, sôbre os montes, sôbre
palavra do Senhor, por intermédio do o trigo, sôbre o vinho, sôbre o azeite,
profeta Ageu, a Zorobabel, filho de sôbre tudo o que a terra produz, sô­
Salatiel, chefe de Judá, e a Jesus, bre os homens, sôbre os animais, e sô­
sumo sacerdote, filho de Josedec, a bre todo o trabalho das vossas mãos.
qual dizia: 2Assim fala o Senhor dos 12Então Zorobabel, filho de Salatiel,
exércitos: Êste povo diz: Ainda e Jesus, sumo sacerdote, filho de Jo­
não é chegado o tempo de reedificar sedec, e todos os que tinham restado
a casa do Senhor. 3E foi dirigida a do povo, ouviram a voz do Senhor
palavra do Senhor, por intermédio do seu Deus, e as palavras do profeta
profeta Ageu, a qual dizia: 4Então é Ageu, que o Senhor seu Deus lhes ti­
tempo oportuno para vós habitardes nha enviado; e o povo temeu diante
em casas forradas, e esta casa (do da face do Senhor. 13E Ageu, um
Senhor) há de estar em ruína? dos enviados do Senhor, falou, dizendo
5Eis, pois, o que diz o Senhor dos ao povo: Eu sou convosco, diz o
exércitos: Aplicai os vossos cora­ Senhor. li(A o mesmo tempo) o Se­
ções a considerar os vossos cami­ nhor suscitou o espírito de Zoroba­
nhos. °Vós semeastes muito, e colhes­ bel, filho de Salatiel, chefe de Judá,
tes pouco; comestes e não ficastes e o espírito de Jesus, sumo sacerdo­
fartos; bebestes, e não matastes a te, filho de Josedec, e o espírito do
sêde; cobristes-vos, e não ficastes resto de todo o povo; e puseram-se
quentes; e o que ajuntou muitos ga­ a trabalhar na casa do Senhor dos
nhos, meteu-os num saco rôto. 7Isto exércitos, seu Deus.
diz o Senhor dos exércitos: Apli­ Glória futura do templo
cai os vossos corações a considerar
os vossos caminhos; 8subi ao monte, O 1(Começaram) aos vinte e qua-
levai madeira, e reedificai a minha “ tro dias do sexto mês, no ano
casa; e ela me será agradável, e eu segundo do reinado de Dario.
serei nela glorificado, diz o Senhor. 2No sétimo mês, aos vinte e um
•Vós esperastes o mais, e eis que vos dias do mês, foi dirigida a palavra
veio o menos; e o metestes em vossa do Senhor ao profeta Ageu, a qual
casa, e eu o dissipei como um sôpro. dizia:
E por que? diz o Senhor dos exér­ 3Fala a Zorobabel, filho de Sala­
citos. Porque a minha casa está de­ tiel, chefe de Judá, e a Jesus, sumo
serta, enquanto que vós vos apres­ sacerdote, filho de Josedec, e ao resto
sais cada um em cuidar da sua casa. do povo, dizendo: 4Quem há dentre
2 PROFECIA DE AGEU 1093

os que ficaram de vós, que visse esta palavra, e disse: Assim é êste povo,
casa na sua primeira glória? E em e assim é esta gente diante da minha
que estado a vêdes vós agora? Não face, diz o Senhor, e assim são tam­
parece ela aos vossos olhos como u- bém tôdas as obras das suas mãos; e
ma coisa de nada (comparada com o tudo o que me oferecem neste lugar
que fo i)? está manchado.
'Mas agora, ó Zorobabel, cobra for­ 16E agora refleti nos vossos cora­
ça, diz o Senhor; e cobra fôrça, ó Je­ ções sôbre o que tem acontecido des­
sus, sumo sacerdote, filho de Josedec; de êste dia para trás, antes que se
e cobra fôrça, povo inteiro do país, lançasse pedra sôbre pedra no tem­
diz o Senhor dos exércitos; e cumpri plo do Senhor. “ Quando vos aproxi-
(porque eu sou convosco, diz o Senhor máveis dum montão de trigo ( que
dos exércitos) 6o pacto que fiz con­ parecia) de vinte alqueires, reduzia-
vosco, quando saíeis da terra do E gi­ se a dez; e quando entráveis no la-
to; e o meu espírito estará no meio gar para tirardes cinqüenta talhas,
de vós; não temais. não tiráveis mais de vinte. 18Eu vos
7Porque isto diz o Senhor dos exér­ feri com um vento abrasador, e (fe ri)
citos: Ainda falta um pouco, e eu com ferrugem e saraiva tôdas as
comoverei o céu e a terra, o mar e obras das vossas mãos; e não houve
todo o universo. 8E abalarei tôdas entre vós quem se voltasse para
as nações, e virá (o Messias) o dese­ mim, diz o Senhor.
jado de tôdas as gentes; e encherei 19Gravai nos vossos corações o
de glória esta casa, diz o Senhor dos que há de suceder desde êste dia, e
exércitos. °Minha é a prata, e meu para o futuro, desde êste dia vinte
é o ouro, diz o Senhor dos exércitos. e quatro do nono mês; desde êste
,0A glória desta última casa será dia em que foram lançados os ali­
maior do que a da primeira, diz o cerces do templo do Senhor; gra-
Senhor dos exércitos; e eu darei a vai-o no vosso coração. 20Não vêdes
paz neste lugar, diz o Senhor dos vós que a semente ainda não brotou, e
exércitos. que a vinha, e a figueira, e a romazei-
Os trabalhos do templo aumentarão ra, e a árvore da azeitona ainda não
as bênçãos de Deus floresceram? (P o is ) a partir dêste
dia eu abençoarei tudo.
“ Aos vinte e quatro dias do nono
mês, no segundo ano do reinado de Zorobabel, símbolo do Messias
Dario, foi dirigida ao profeta Ageu
a palavra do Senhor, a qual dizia: 21E, aos vinte e quatro dias do
12Isto diz o Senhor dos exércitos: mês, foi dirigida pela segunda vez
Propõe aos sacerdotes esta questão a palavra do Senhor a Ageu, a qual
sôbre a lei, nos têrmos seguintes: dizia: 22Fala a Zorobabel, chefe de
13Se um homem trouxer na orla do Judá, dizendo-lhe: Eu abalarei jun-
seu vestido um pedaço de carne san­ tamente o céu e a terra; 23e farei cair
tificada, e tocar com a aba dêle no o trono dos reinos, e quebrarei a for­
Pão, ou nas iguarias, ou no vinho, taleza do reino das gentes, e destrui­
ou no azeite, ou em qualquer outra rei os carros de guerra e os que vão
coisa de comer, porventura, ficará sôbre êles; e os cavalos e os seus
santificada tal coisa? E, responden­ cavaleiros cairão (m o rto s ); cada um
do os sacerdotes, disseram: Não. será passado pela espada do seu ir­
14E Ageu prosseguiu: Se um homem, mão. 24Naquele dia, diz o Senhor
manchado por ter tocado num ca­ dos exércitos, eu te tomarei debai­
dáver, tocar alguma de tôdas estas xo da minha proteção, ó Zorobabel,
coisas, porventura ficará ela por isso meu servo, filho de Salatiel, diz o
contaminada? E os sacerdotes res­ Senhor; e eu te guardarei como um
ponderam, e disseram: Ficará con­ sinete, porque te escolhi, diz o Se­
taminada. 15Então, Ageu retomou a nhor dos exércitos.
Cap. I I — 9. Ê meu tudo o que me podeis oferecer, diz o Senhor.
10. A glória. . . Jesus Cristo honrou o segundo templo com a sua presença, pregou
fêz milagres dentro dêle.
PROFECIA DE ZACARIAS
Zacarias era filho de Baraquias e neto de Ado. Começou a profeti­
zar dois meses depois de Ageu. Como este, exorta os Judeus a apressar
a restauração do templo. Fala tão claro sôbre o Messias, que até parece
um Evangelista. Prediz a conversão dos Judeus no fim do mundo.
O livro de Zacarias se divide em Proêmio (1, 1-6) e três partes:
A Prim eira parte (1, 7 — 6, 15) contém oito visões e uma ação sim­
bólica, tôdas acontecidas no dia 24 do décimo primeiro mês do segundo
ano de Dario. Prediz a instauração e a glória do reino messiânico. Unin­
do os fatos presentes aos futuros, passa da restauração material à moral.
A Segunda parte (7 — 8) toma motivo de uma pergunta do povo acêr-
ca do jejum que devia ser feito em memória da destruição de Jerusalém.
Declara que o jejum não há mais razão de ser, mas que Deus deseja a
observância da Lei. Tal pergunta e resposta sôbre o jejum foi feita no
dia 4 do nono mês do quarto ano do reinado de Dario.
A Terceira parte (9 — 14) anuncia o julgamento de Deus contra as
nações vizinhas de Israel, prediz vitória e prosperidade ao povo eleito en­
quanto for fiel, mas aos que não quiserem Deus como pastor vaticina o
advento de um lobo feroz que devastará o rebanho. Por fim, pressagia
as grandes batalhas dos inimigos de Israel, o qual logrará fragorosas v i­
tórias e alcançará felicidade no reino messiânico.
O livro de Zacarias não obstante as objeções dos racionalistas apre­
senta uma admirável unidade. O véu de obscuridade que envolve todo o
livro depende dos numerosos símbolos e mistérios, e por muitas profecias
que deverão se concretizar somente no fim do mundo.

Convertam-se ao Senhor para vós, diz o Senhor dos exérci­


tos. 4Não sejais como vossos pais,
1 7No oitavo mês, no segundo aos quais gritavam os profetas que
1 ano do reinado de Dario, foi vos precederam, dizendo: Isto diz
dirigida ao profeta Zacarias, filho de o Senhor dos exércitos: Convertei-
Baraquias, filho de Ado, a palavra do vos dos vossos maus caminhos, e dos
Senhor, a qual dizia: 20 Senhor
irou-se em extremo contra vossos vossos malvados desígnios; e êles não
pais. 3Tu, pois, dirás (a êstes seus f i­ me ouviram, nem me deram aten­
lhos): Isto diz o Senhor dos exér­ ção, diz o Senhor.
citos: Convertei-vos a mim, diz o 5Onde estão já vossos pais? E por­
Senhor dos exércitos, e eu me voltarei ventura viverão os profetas eterna-
Cap. I — 5. Vossos país, que recusaram converter-se a mim, já morreram sob o golpe
dos castigos divinos. Nfio os imiteis.
l PROFECIA DE ZACARIAS 1095

mente? °Pois as minhas palavras e boas palavras, palavras de consola-


as minhas ordens dadas aos profetas, ão. 14E o anjo que falava em mim,
meus servos, porventura não atingi­ isse-me: Clama, dizendo: Isto diz
ram elas vossos pais, e não se con­ o Senhor dos exércitos: Eu sinto um
verteram êles, dizendo: Assim como grande zêlo por Jerusalém e por Sião;
o Senhor dos exércitos fêz tenção 13e estou sumamente irritado contra
de nos tratar, segundo os nossos as nações poderosas; porque eu so­
caminhos e segundo as nossas obras, mente estava um pouco agastado
assim o executou conosco? (contra ela), mas elas trabalharam
para a sua ruína (to ta l).
A visão dos cavalos
Jerusalém será reedifiçada e
7No ano segundo do reinado de Da- abençoada
rio, aos vinte e quatro dias do mês 16Portanto isto diz o Senhor: Vol­
undécirno, (chamado) Sabat, foi di­ tarei para Jerusalém com entranhas
rigida ao profeta Zacarias, filho de de misericórdia; e a minha casa se­
Baraquias, filho de Ado, a palavra do rá nela edifiçada (de novo), diz o
Senhor, a qual dizia: Senhor dos exércitos; e o fio de pru­
8Tive de noite uma visão, e eis mo será estendido sôbre Jerusalém
que se me representou um homem (para a reconstruir). 17Clama ainda
montado num cavalo vermelho, e dizendo: isto diz o Senhor dos exér­
estava parado entre umas murteiras, citos: as minhas cidades ainda hão
que havia num profundo vale; e a- de ser cheias úe bens; e o Senhor
trãs dêle estavam mais cavalos, uns ainda consolará Sião, e ainda esco­
vermelhos, outros malhados, e ou­ lherá Jerusalém.
tros brancos. 9E eu disse: Quem
são estes, Senhor meu? E o anjo, Visão das quatro hastes
que falava em mim, disse-me: Eu e dos quatro ferreiros
te mostrarei o que significam estas 18Em seguida levantei os meus o-
coisas. 10Então o homem, que estava lhos, e pus-me a olhar, e eis que vi
parado entre as murteiras, tomou a quatro hastes. 19E eu disse ao anjo
palavra e disse: Êstes são os que que falava em mim: Que é isto? E
o Senhor enviou a percorrer a ter­ êle respondeu-me: Estas são as has­
ra. “ E êles dirigiram-se ao anjo do tes que fizeram ir pelos ares Judá,
Senhor que estava entre as murtei­ Israel e Jerusalém.
ras e disseram-lhe: Nós temos 20Depois o Senhor mostrou-me qua­
percorrido a terra, e eis que a terra tro ferreiros. 21E eu disse-lhes: Que
(vizinha de Israel) está tôda habi­ vêm êstes fazer? Êle respondeu-me,
tada e em repouso. dizendo: Aquelas são as hastes que
12E o anjo do Senhor replicou, e dispersaram os homens de Judá um
disse: Senhor dos exércitos, até por um, e nenhum dêles levantou a
quando diferirás tu o compadecer-te cabeça; mas êstes vieram para lhes
de Jerusalém e das cidades de Judá, meter mêdo, para abaterem as has­
contra as quais te iraste? Êste é já tes (ou o poder) das nações que se
o ano setuagésimo. levantaram com tôda a sua força con­
13Então o Senhor, dirigindo-se ao tra o país de Judá, para dispersar
anjo que falava em mim, disse-lhe os seus habitantes.
6. E não se converteram. Os que tinham sobrevivido à ruina de Jerusalém converte­
ram-se no exílio, reconhecendo, apesar de tardiamente, que os seus sofrimentos eram me­
recidos e conformes às am eaças divinas.
8. Um homem, um anjo, seguido de três grupos de cavaleiros, de que êle é chefe; s&o
encarregados de reconhecer o estado atual dos povos que cercam o pais de Israel (vers. 10),
e são como. que o símbolo do olhar divino que percorre a terra.
9. E u disse. . . ao anjo que vai servir de intérprete a Zacarias em tôdas as suas visôes,
e que êle vè já presente ao seu lado.
15. E u sòmente e s ta v a ... Deus tinha em vista castigar Israel sòmente com um castigo
passageiro por meio das nações pagãs (noções poderosas). Estas, porém, ultrapassando
a vontade divina, m ostraram -se excessivamente cruéis, trabalhando para a ruina total de
Israel.
il 6 PROFECIA DE ZACARIAS 2 - 3

Visão do glorioso restabelecimento 13Tôda a carne esteja em silêncio


de Jerusalém diante da face do Senhor; porque êle
O le v a n te i os meus olhos e pus- se levantou da sua santa habitação.
" me a olhar; e eis que vi um Visão da reabilitação do sacerdócio
homem que tinha na sua mão um e da vinda do Messias
cordel de medir. 2E disse-lhe eu: P a­
ra onde vais tu? E êle respondeu- O d ep o is o Senhor mostrou-me o
me: Vou medir Jerusalém, e ver j sumo sacerdote Jesus, que es­
qual é a sua largura e qual o seu tava em pé diante do anjo do Se­
comprimento. 3E eis que o anjo que nhor; e Satanás estava à sua direi­
falava em mim saiu para fora, e ou­ ta para se lhe opor. 2E o Senhor dis­
tro anjo veio-lhe ao encontro, 4e dis­ se a Satanás: O Senhor te reprima,
se-lhe: Corre, fala a êste jovem, di­ ó Satanás; reprima-te o Senhor que
zendo-lhe: Jerusalém será habitada escolheu (para si) Jerusalém. P or­
sem muros, por causa da multidão ventura não é êste (como que) um
de homens e de animais que haverá tição que foi tirado do fogo? 3E Je­
no meio dela. 5E eu mesmo, diz o sus estava revestido de hábitos su­
Senhor, serei para ela um muro de jos, e pôsto em pé diante do anjo.
fogo que a cercará; e estabelecerei 4E (o anjo) tomou a palavra e fa ­
no melo dela a minha glória. lou àqúêles que estavam em pé dian­
°Oh! Oh! fugi da terra.do aquilão, te dêle, dizendo: Tirai-lhe êsses há­
diz o Senhor, porque eu vos espalha­ bitos sujos. Depois disse a Jesus:
rei para os quatro ventos do céu, diz Eis que tirei de ti a tua iniqüidade,
o Senhor, (somente para vos casti­ e te revesti de roupas de gala. 5E
g a r). 7Foge, ó Sião, tu que habitas acrescentou: Ponde-lhe na cabeça u-
na cidade de Babilônia; 8porque isto ma tiara limpa. E puseram-lhe na
diz o Senhor dos exércitos: Para cabeça uma tiara limpa, e revesti­
glória me enviou o Senhor contra ram-no de preciosos vestidos; entre­
as nações que vos despojaram; por­ tanto o anjo do Senhor estava de
que aquêle que tocar em vós, toca na pé. °E o anjo do Senhor fêz esta
menina dos meus olhos. °Eis que declaração a Jesus, dizendo: 7Isto
vou levantar a minha mão contra diz o Senhor dos exércitos: Se tu
êstes povos, e êles virão a ser prêsa andares nos meus caminhos, e obser­
daqueles que eram seus escravos; e vares tudo o que tenho mandado que
vós conhecereis que o Senhor dos se observe, governarás a minha ca­
exércitos é que me enviou. sa, e guardarás os meus átrios, e eu
10Filha de Sião, entoa cânticos de te darei alguns dêstes (anjos) que es­
louvor e alegra-te, porque eis que tão agora aqui presentes, para que
vou eu mesmo, e habitarei no meio andem sempre contigo.
de ti, diz o Senhor. nE naquele dia 8Ouve, ó Jesus, sumo sacerdote, tu
se chegarão muitas nações ao Se­ e os teus colegas, que habitam junto
nhor, e serão o meu povo, e eu ha­ de ti, porque são homens que sim­
bitarei no meio de ti; e tu saberás bolizam o futuro; porque eis que fa ­
que o Senhor dos exércitos é que me rei vir o meu servo Oriente. 9Porque
enviou a ti. 12E o Senhor possuirá eis a pedra que eu pus diante de
Judá, como sua porção na terra san­ Jesus; sôbie esta pedra única estão
ta, e escolherá outra vez Jerusalém. sete olhos; eis que eu mesmo a la-
Cap. I I — 6. oh! oh!... Chamamento dirigido aos Judeus, que estavam em B abilô­
nia, para que vão ter com os seus irmãos que tinham voltado para a sua pátria.
11. Conversão dos pagãos ao Deus de Israel-
Cap. I I I — 2. N ão é êste (como que) um tiç ã o ... o sumo sacerdote acabava de ser
tirado do fogo da prova para não ser lançado novamente nêle, como queria Satanás.
8. o meu servo oriente. Ê inexata esta tradução da v u lg a ta . segundo o hebreu: o
meu servo Germe. Êste nome caracteriza o Messias, que havia de ser o germe, o rebento
por excelência da fam ília de D avi, cuja reabilitação havia de operar.
9. Êste versículo é obscuro, segundo alguns comentadores, esta pedra é o símbolo de
Jesus Cristo. — o s sete olhos são um a figu ra do cuidado de Deus dirigido sôbre esta pedra,
na qual imprimiu as suas perfelçóes (a lavrarei com o cinzel).
3 - 5 PROFECIA DE ZACARIAS 1 097

varei com o cinzel, diz o Senhor dias pequenos? Pois êles se alegra­
dos exércitos; e eu num dia trarei rão quando virem o fio de prumo
a iniqüidade desta terra. “ Naque­ na mão de Zorobabel. Estas (sete
le dia diz o Senhor dos exércitos, lâmpadas) são os sete olhos do Se­
cada um chamará o seu amigo para nhor, que discorrem por tôda a terra.
debaixo da sua figueira. “ Então retomei a palavra, e disse-
lhe: Que significam estas duas oli­
V is ã o do c a n d e la b r o e d a s duas
veiras, uma à direita do candeeiro,
o liv e ir a s
e outra à sua esquerda? 12E de no­
4 2E o anjo que falava em mim vo o interroguei, e disse-lhe: Que
^ voltou, e despertou-me, como a significam êstes dois ramos de oli­
um homem a quem despertam do veira que estão junto dos dois bicos
seu sono. 2E disse-me: Que vês tu? de ouro, nos quais estão os canais de
E eu respondí: Vejo um candeeiro ouro (p or onde corre o azeite)? 13E
todo de ouro, que tem uma lâmpa­ êle respondeu-me, dizendo: Não sa­
da no alto do seu tronco principal, bes o que isto significa? E eU respon­
e sete lâmpadas sôbre os seus braços, di: Não, meu Senhor. 14E êle disse:
e sete canais para (fazer correr o Estas duas oliveiras são os dois un­
azeite para) as lâmpadas que es­ gidos que assistem diante do Domina­
tavam no alto do candeeiro. 3Há dor de tôda a terra (com o seus m i­
também por cima dêle duas olivei­ nistros) .
ras: uma à direita da lâmpada, e Visão do livro volante
outra à sua esquerda. C l (E m seguida) voltei-me, e le-
4Então retomei a palavra, e disse ° vantei os olhos, e pus-me a o-
ao anjo que falava em mim: Meu lhar, e eis que vi um livro que voa­
Senhor, que quer isto dizer? 5E o va. 2E o anjo disse-me: Que vês
anjo que falava em mim, respondeu tu? E eu disse: Vejo um livro que voa,
e disse: Não sabes o que isto é? E o qual tem vinte côvados de compri­
eu respondi: Não, meu Senhor. 6En- do, e dez côvados de largo. 8Então
tão êle respondeu e falou-me, di­ disse-me (o anjo) : Esta é a maldição
zendo: Esta é a palavra que o Se­ que vai difundir-se sôbre a face de
nhor dirige a Zorobabel: nem por tôda a terra; porque todo o ladrão
meio dum exército, nem pela fo r­ será julgado pelo que está escrito
ça, mas sim pelo meu espírito, diz nesse livro; e todo o que jura (fa l­
o Senhor dos exércitos. 7Quem és so) será da, mesma sorte julgado pelo
tu, ó grande monte (de dificulda­ que nesse livro se contém. 4Eu o ti­
des), diante de Zorobabel? Tu serás rarei para fora, diz o Senhor dos e-
reduzido a uma planície; e êle porá xércitos; êle irá à casa do ladrão, e
a pedra principal, e igualará a graça à casa do que jura falsamente em
deste segundo (tem plo) à graça do meu nome; e ficará no meio dessas
primeiro. 8E foi-me dirigida a pa­ casas, e as consumirá a elas, a sua
lavra do Senhor, a qual dizia: 9As madeira e às suas pedras.
mãos de Zorobabel fundaram esta
casa, e as suas mãos a hão de aca­ Visão da ânfora
bar; e vós sabereis que o Senhor
dos exércitos é quem me enviou a 5Então o anjo que falava em mim
vós. “ Porque, quem desprezou os saiu e disse-me: Levanta os olhos, e
Cap. I V — 6. N e m por meio dum exército. . . Zorobabel conseguirá reconstruir o tem­
plo, apesar de todos os obstáculos, graças sõmente ao auxílio divino. H á também nestas
palavras uma indicação clara de que a prosperidade prometida ao povo de Deus p ara o
futuro é de caráter completamente espiritual.
10. Os que tiverem visto os dias pequenos, isto é, a situação angustiosa de Israel, ale-
grar-se-ão ao verem nas máos de Zorobabel o fio de prumo p ara reedificar o templo.
14. Os dois ungidos sáo os dois representantes, do sacerdócio e do poder civil, Jesus e
Zorobabel.
Cap. V — 3. Esta é a maldição .. O pergaminho sim bolizava as maldições de Deus
contra os pecadores, e as suas consideráveis dimensões tinham por fim mostrar quanto
estas maldições eram numerosas e terríveis.
1098 PROFECIA DE ZACARIAS 5 - 7

vê o que aparece. °E eu disse: Que terra. E (o anjo) disse-lhes: Ide,


é isto? E êle respondeu-me: É uma percorrei a terra; e êles percorre­
ânfora que sai. E acrescentou: Está ram a terra. 8Depois chamou-me
ali o ôlho dêles em toda a terra. e disse-me: Os que se dirigem para
7Depois vi que era levado (ou le- a terra do aquilão, fizeram repou­
vantado) um disco de chumbo, e re­ sar o meu espírito na terra do a-
parei que uma mulher estava sen­ quilão.
tada no meio da ânfora. 8Então disse
Ação simbólica: a coroação do sumo
(o anjo) \ Esta é a impiedade. E pre-
sacerdote
cipitou-a no fundo da ânfora, e ta­
pou a boca da ânfora com o disco °E foi-me dirigida a palavra do Se­
de chumbo. nhor, a qual dizia: 10Recebe o que
9Depois levantei os olhos, e olhei; te derem os exilados, Holdai, Tobias
e eis que apareceram duas mulhe­ e Idaía; e irás naquele dia, e entra­
res, e o vento soprava nas suas asas, rás em casa de Josias, filho de So-
e tinham asas como as dum milha- fonias, todos os quais vieram de Ba­
no, e levantaram a ânfora entre a bilônia. “ E tomarás ouro e prata,
terra e o céu. 10E eu disse ao anjo e farás dêles coroas, que porás so­
que falava em mim: Para onde le­ bre a cabeça do sumo sacerdote Je­
vam elas a ânfora? nE o anjo res­ sus, filho de Josedec; 12e lhe falarás
pondeu-me: Para a terra de Senaar desta maneira: Assim fala o Senhor
a fim de que lhe seja edificada uma dos exércitos, dizendo: Eis o homem
casa, e fique ali colocada e posta so­ cujo nome é oriente; e êste germe
bre a sua base (a iniquidade). brotará por si mesmo, e edificará
um templo ao Senhor. ^Construi­
Visão das quatro carroças rá um templo ao Senhor, e será co­
berto de glória, e sentar-se-á e domi­
g 7
6E voltei-me, e levantei os olhos nará sôbre o seu trono; será sacer­
u e olhei; e eis que vi quatro car­ dote sôbre o seu trono, e haverá en­
roças que saíam dentre dois mon­ tre os dois uma aliança de paz. 14E
tes e êstes dois montes eram mon­ estas coroas serão para Helém, T o ­
tes de bronze. 2Na primeira carro­ bias e Idaía e Hem, filho de Sofo-
ça havia cavalos vermelhos, na se­ nias, como um monumento no tem­
gunda carroça havia cavalos negros, plo do Senhor. 15E aquêles que estão
3na terceira carroça havia cavalos longe, virão e trabalharão na fábri­
brancos, e na quarta carroça havia ca do templo do Senhor; e vós sa­
cavalos malhados e fortes. 4Tomei a bereis que o Senhor dos exércitos é
palavra e disse ao anjo que falava que me enviou a vós. E isto acon­
em mim: Qjàe significam esfas coi­ tecerá, se vós ouvirdes com submis­
sas, meu Senhor? 5E o anjo respon­ são a voz do Senhor vosso Deus.
deu-me, e disse: Êstes são os quatro
ventos do céu, que saem para estar Deus prefere ao jejum as boas
diante do Dominador de tôda a disposições da alm a
terra (a fim de executar as suas o r­
dens). °Ós cavalos negros, que esta­ ’7 sNo ano quarto do reinado de Da-
vam na segunda carroça, iam para • rio, foi dirigida a palavra do
a terra do aquilão, e os brancos se­ Senhor a Zacarias, no dia quarto do
guiam-nos; e os malhados foram pa­ nono mês, que é o de Casleu. 2Sara~
ra a terra do meio-dia. 7E os que sar, Rogomelec e os homens que
eram mais vigorosos, logo que saí­ estavam com êle, enviaram à casa
ram, procuraram percorrer tôda a de Deus quem apresentasse as suas
6. Está ali, na ânfora, isto é, no comércio, nos negócios, a sua única preocupação.
7. Um disco de chumbo, que servia de cobertura à ânfora.
Cap. v i — 1. Montes de bronze, símbolos da imortalidade dos decretos do Senhor con­
tra os seus inimigos.
5. Os carros simbolizavam o vento, cuja carreira rápida imitavam.
13. Haverá entre os d o is ... E xistirá um a perfeita harm onia entre as duas missões
de sacerdote e de rei, atribuídas ao Messias.
7 - 8 PROFECIA DE ZACARIAS 1099

orações diante do Senhor, 3e quem o Senhor dos exércitos. 14Eu os dis­


fizesse aos sacerdotes da casa do Se­ persei por todos os reinos que lhes
nhor dos exércitos e aos profetas es­ são desconhecidos; e por causa dê-
ta pergunta: Porventura devo eu les ficou o seu país desolado pelo
chorar no quinto mês, ou devo pu­ motivo de que não havia quem por ê-
rificar-me, como já o fiz durante le transitasse; e transformaram num
muitos anos (que durou o cativeiro) í deserto esta terra de delicias.
4E foi-me dirigida a palavra do Se­
nhor dos exércitos, a qual dizia: Promessa de restabelecimento
5Fala a todo o povo do país e aos sa­ e perfeição da aliança
cerdotes, e dize-lhes: Quando vós Q ‘E o Senhor dos exércitos falou,
jejuávéis e choráveis no quinto e sé­ ° dizendo: 2Isto diz o Senhor dos
timo mês, durante êstes setenta a- exércitos:
nos, foi por meu respeito que jejuas- lo por Sião,Tenho tido grande zê-
tenho-a zelado com
tes? (iE quando comestes e bebes- grande indignação
tes, não foi para vós que comestes, inimigos). 3Isto diz o Senhorosdos (contra seus
e-
e para vós mesmos que bebestes? xércitos: Voltei para Sião, e habi­
7Porventura não são estas as coisas tarei no meio de Jerusalém; e Je­
ue disse o Senhor por meio dos pro- rusalém chamar-se-á a cidade da
? etas que nos precederam, quando verdade, e o monte do Senhor dos
Jerusalém era ainda habitada e es­ exércitos será um monte santo.
tava cheia de riquezas, ela e as ci­ Tsto diz o Senhor dos exércitos:
dades circunvizinhas, e se via povoa­ Ainda
da até ao meio-dia, e em tôda a ex­ verão velhospraças nas de Jerusalém se
e velhas, e (m uitas)
tensão das suas campinas? pessoas trarão na mão um cajado
O s J u d e u s in fe liz e s p o r c a u s a
por causa da sua muita idade; 5e as
d a d e s o b e d iê n c ia
ruas da cidade estarão cheias de
meninos e meninas, que brincarão
8E foi dirigida a Zacarias a pala­ nas suas praças.
vra do Senhor, a qual dizia: 9Assim °Isto diz o Senhor dos exércitos:
fala o Senhor dos exércitos: Julgai Se o que eu predigo para êsse tem­
segundo a verdadeira justiça, e ca­ po, parecer dificultoso (de realizar)
da um de vós exerça com seu irmão aos olhos dos que restarem dêste po­
obras de misericórdia e de compai­ vo, acaso será isso difícil a meus o-
xão. 10Não oprimais a viúva, nem o lhos? diz o Senhor dos exércitos.
órfão, nem o estrangeiro, nem o po­ 7Eis que vou livrar o meu povo da
bre; e nenhum forme no seu coração terra do oriente e da terra do oci­
maus desígnios contra seu irmão. dente. 8Eu os trarei, e êles habitarão
nPorém êles não quiseram atender no meio de Jerusalém; e serão o meu
(a minha voz), antes se retiraram, povo, e eu serei o seu Deus em ver­
voltando-me as costas, e taparam os dade e em justiça.
seus ouvidos para não ouvirem. “ T or­ ®Isto diz o Senhor dos exércitos:
naram o seu coração (d uro) como Confortem-se as vossas mãos, ó vós,
um diamante, para não ouvirem a que nestes dias ouvis estas palavras
lei, nem as palavras que o Senhor da bôca dos profetas, agora que fo ­
dos exércitos lhes dirigiu em seu es­ ram lançados os fundamentos da ca­
pírito, p o r . meio dos profetas que sa do Senhor dos exércitos, para que
nos precederam; por isso acendeu-se o templo seja reedificado. 10Porque,
contra êles uma grande indignação antes dêstes dias, não havia salário
do Senhor dos exércitos. 13E v e n fi- para os homens, nem tinham paga
cou-se o que êle tinha predito, e os animais, nem havia paz para o
êles não o ouviram. Assim, quando que entrava, nem para o que saía,
êles gritarem, eu não os ouvirei, diz por causa da tribulação; e eu tinha
Cap. v i l — 3. D evo eu chorar ou jejuar, Os Judeus jejuavam naqueles meses em que
tinha acontecido algum a calamidade ao povo de Israel.
7. Já antes do cativeiro, Deus tinha feitoobservações semelhantes, declarando que pre­
feria ao culto puramente externo as boas dis posições interiores da alma.
1100 PROFECIA DE ZACARIAS 8 - 9

lançado todos os homens uns contra busquemos o Senhor dos exércitos.


os outros. J1Agora, porém, não trata­ Eu também irei. “ Então virão mui­
rei os restos dêste povo como nos tos povos e poderosas nações buscar
dias antigos, diz o Senhor dos exér­ o Senhor dos exércitos em Jerusalém,
citos. 12Mas haverá entre êles uma e fazer as suas orações na presença
semente de paz; a vinha dará o seu do Senhor.
fruto, e a terra produzirá os seus “ Isto diz o Senhor dos exércitos:
grãos, e os céus darão o seu orva­ Naqueles dias, dez homens de tôdas
lho; e eu farei que os restos dêste as línguas das nações lançarão mão
povo possuam todos êstes bens. 18E de um Judeu, e agarrarão a fímbria
acontecerá que, assim como vós é- do seu vestido, dizendo: Iremos con-
reis a maldição entre as nações, ó vosco, porque soubemos que (o ver­
casa de Judá e casa de Israel, assim dadeiro) Deus está convosco.
eu vos salvarei, e vós sereis a bên­
ção. Não temais, armem-se as vos­ Castigo das nações vizinhas de Israel
sas mãos de fortaleza.
“ Porque isto diz o Senhor dos e- Q *Duro oráculo do Senhor contra
xércitos: Assim como eu resolvi a- a terra de Hadrac, e contra Da­
fligir-vos, quando vossos pais me masco, na qual confia; porque o ôlho
provocaram a ira, diz o Senhor, 15e (ou providência) do Senhor está (f i ­
eu não me compadeci, assim re­ x o ) sôbre os homens e sôbre tôdas as
solvi, pelo contrário, nêstes dias fa ­ tribos de Israel. *(Êste oráculo é)
zer bem à casa de Judá e a Jerusa­ também contra Emat, que confina
lém. Não temais. 10Eis o que deveis com Damasco, e contra Tiro e Sidô-
fazer: Falai verdade, cada um com nia; porque elas presumiram muito
o seu próximo; julgai as vossas por­ da sua sabedoria. 3Tiro levantou as
tas segundo a verdade e segundo a suas fortificações, e amontoou prata
paz. 17E nenhum de vós forme nos como terra, e ouro como lama das
seus corações maus desígnios contra ruas. 4Eis que o Senhor se apoderará
o seu amigo, e não gosteis de fazer dela, e precipitará a sua fortaleza
juramentos falsos; porque tôdas es­ no mar, e será devorada pelo fogo.
tas são coisas que eu aborreço, diz 'Ascalon verá isto, e ficará a tremer;
o Senhor. vê-lo-á também Gaza, e ficará pos­
suída de intensa dor; e Acaron se afli­
Jerusalém, centro de todos os povos girá, porque foi enganada a sua espe­
rança; t e de Gaza perecerá o rei, e
18E foi-me dirigida a palavra do Ascalon ficará despovoada. 6E o es­
Senhor dos exércitos, a qual dizia: trangeiro (conquistador) terá a sua
19Isto diz o Senhor dos exércitos: residência em Azot, e eu destruirei
O jejum do quarto, e o jejum do a soberba dos Filisteus. 7E tirarei
quinto, e o jejum do sétimo, e o je ­ da bôca dêste povo o sangue e as
jum do décimo mês converter-se-á suas abominações dentre os seus den­
para a casa de Judá em gozo e a- tes, e êle também se submeterá ao
legria, e em festivas solenidades. Sò- nosso Deus, e será como um chefe
mente amai a verdade e a paz. “ Is­ em Judá, e o povo de Acaron será
to diz o Senhor dos exércitos: Virão tratado como um Jebuseu.
os povos e habitarão em muitas das 8Cercarei a minha casa daqueles que
vossas cidades; 21e os seus habitan­ militam em meu serviço, indo e vin­
tes irão ter uns com os outros, di­ do, e não passará mais sôbre êles
zendo: Vamos, e apresentemos as nos­ o opressor, porque eu olho agora
sas preces na presença do Senhor, e para êles com olhos favoráveis.
Cap. V I I I — 20-23. Conversão futura das nações pagas.
Cap. IX — 5. A sua esperança, a cidade de Tiro, proteção e fonte de riquezas para
estas pequenas cidades.
7. O sangue. . . as suas abominações. P o r estas palavras são designados os sacrifícios
idolátricos, nos quais era comida um a parte da carne, e bebido o sangue. — Como um
Jebuseu. Os Jebuseus, depois de terem perdido a sua nacionalidade, foram incorporados
aos Hebreus.
9-10 PROFECIA DE ZACARIAS 1101
O Messias, rei humilde e pacífico 17Porque, qual é o bem (vindo) dê-
9Salta de alegria, ó filha de Sião, le, e qual a sua formosura, senão o
enche-te de júbilo, Ó filha de Jeru­ pão dos escolhidos e o vinho que gera
salém. Eis que o teu rei virá a ti, virgens ?
justo e salvador; êle é pobre, e vem
montado sôbre uma jumenta e sôbre Completa libertação de Israel
o potrinho da jumenta. 9 101
Então ex­ 1A 7Pedi ao Senhor chuvas serô-
terminarei as carroças de Efraim e dias, e o Senhor fará cair a
os cavalos de Jerusalém, e os arcos neve, e vos dará chuvas em abundân­
ue servem na guerra serão quebra- cia, e a cada um erva no campo.
os; e êle anunciará paz às nações,
e o seu poder se estenderá de um mar 2Porque (como já vistes) os ído­
até ao outro mar, e desde os rios até los deram respostas vãs, e os adivi­
às extremidades da terra. nhos tiveram visões mentirosas, e os
sonhadores falaram no ar; davam
O Senhor dará ao seu povo a vitória consolações falsas; por isso (os vos­
e a prosperidade sos crédulos pais) foram levados co­
nTu também, por causa do sangue mo um rebanho; foram afligidos, por
da tua aliança, fizeste sair os teus que não tinham pastor. 30 meu fu­
cativos do lago, em que não há á- ror acendeu-se contra os pastores, e
gua. 12Tornai para as vossas praças castiguei os bodes; porque o Senhor
fortes, ó cativos cheios de esperança; dos exércitos terá cuidado do seu re­
hoje também vos anuncio que vos da­ banho, da casa de Judá, e fará dela
rei dobrados bens. 13porque estendi como que o seu cavalo de glória na
para mim Judá como um arco, enchi guerra. 4De Judá sairá o ângulo, dêle
Efraim ; suscitarei os teus filhos, ó a estaca, dêle o arco de guerra, dêle
Sião, contra os teus filhos, ó Grécia; todos os opressores (dos pagãos). 5E
e te farei (irresistível) como a espa­ serão como heróis que, nas refregas,
da dos valentes. 14E o Senhor Deus pisarão aos pés o inimigo como a la­
aparecerá sôbre êles (os Judeus), e ma das ruas; e pelejarão valorosa-
despedirá os seus dardos como relâm­ mente, porque o Senhor está com ê-
pagos; o Senhor Deus os animará les; e por êles serão postos em de­
pelo som da trombeta, e marchará en­ sordem os cavaleiros (dos seus adver­
tre os redemoinhos do meio-<|ia. 150 sários). 6E eu fortalecerei a casa de
Senhor dos exércitos os protegerá; e Judá, e salvarei a casa de José; e
êles devorarão os seus inimigos, e os fá-los-ei voltar, porque me compade­
sujeitarão com as pedras das suas cerei dêles; e serão como eram, an­
fundas; e êles, bebendo (o seu san­ tes que eu os rejeitasse; porque eu
gu e), se embriagarão como com v i­ sou o Senhor seu Deus, e eu os ou­
nho, e ficarão cheios como (se en­ virei. 7(Os de) Efraim serão como
chem) os copos, e como (se banham) heróis, e o seu coração se alegrará
os ângulos do altar. 161E o Senhor seu
7 Como o vinho; e seus filhos os ve­
Deus os salvará naquele dia, como rão e se alegrarão, e o seu coração
rebanho do seu povo; porque, à ma­ exultará no Senhor.
neira de pedras santas, serão eleva­ 8Eu lhes assobiarei e os congrega­
dos sôbre a sua terra. rei, porque os resgatei; e multipli-
9. O P rofeta vê que se aproxim a o tempo da realização da grande promessa feita a
Israel, e convida os seus irmãos a alegrarem -se com a esperança do Messias. — Vem
m on ta d o... v e r M a t., X X I, 4-5, sôbre a realização dêste oráculo em Jesus Cristo.
11. D a aliança, contraída no Sinai entre Deus e Israel, e selada com o sangue das v í­
timas imoladas (p o r causa do sangue). — D o lago, do pais do cativeiro.
13. Deus servir-se-á de Judá e de E fraim p ara vencer os pagãos.
14-15. Descrição figu rada dum combate travado pelos Judeus contra os Gregos. — Entre
os redem oinhos... Expressão simbólica p ara pintar o ardor dum herói, avançando sôbre
o campo de batalha.
17. o pão dos escolhidos. . . Estas palavras costumam ser aplicadas à Eucaristia. O
corpo e o sangue de Jesus Cristo são o manancial de tôda a virtude, e a origem da nossa
fô rça espiritual, e o principio da castidade.
Cap. X — 3. Pastôres, maus chefes de Israel. — Bodes, os grandes.
1102 PROFECIA DE ZACARIAS 10 - 12

cá-los^ei, como antes se tinham mul­ 8E fiz morrer três pastôres num
tiplicado. 9E os semearei por entre mês, e por causa dêles se angustiou
os povos, e êles de longe se recor­ a minha alma, porque também a sua
darão de mim; e viverão com seus alma me tinha sido infiel. °E eu dis­
filhos e tornarão a vir. 10Reconduzí- se: Não vos apascentarei; o que mor­
-los-ei da terra do Egito, e os con­ re, morra, e o que se corta, corte-se;
gregarei da Assíria, e os trarei para e os que escaparam da matança, que
a terra de Galaad e do Líbano, e não se devorem uns aos outros. l0Eu en­
se achará lá lugar (bastante) para tão tomei o cajado que se chama­
êles (p or serem numerosos). nE Is­ va Formosura, e quebrei-o para assim
rael passará o estreito do mar, e (o desfazer a aliança que tinha feito com
Senhor) ferirá as ondas do mar, e todos dos povos. nE ficou anulada
tôdas as profundidades do rio fica­ naquele dia, e os pobres do rebanho,
rão descobertas, e a soberba de Assur que me guardam (fidelidade), reco­
será humilhada, e o cetro do Egito nheceram assim que isto é a palavra
se retirará. 12Eu os fortificarei no do Senhor.
Senhor, e êles andarão no seu nome,
diz o Senhor. O rebanho, tendo abandonado o bom
pastor, será entregue ao mau pastor
O país será devastado porque o 12E eu disse-lhes: Se vos parece
rebanho não obedeceu ao bom pastor bem, dai-me a recompensa que me é
I 1 *Abre, ô Líbano, as tuas portas, devida (já que não me quereis por
II e devore o fogo os teus ce­ pa stor); e, se não, deixai-vos disso.
dros. 2Uiva, ó faia, porque os cedros Então pagaram-me pelo meu salário
caíram, porque as (árvores) magní­ trinta moedas de prata. 13E o Senhor
ficas foram destruídas; uivai, ó car­ dissé-me: Arroja ao oleiro êsse di­
valhos de Basan, porque o espêsso nheiro, essa bela soma pela qual me
bosque foi cortado. 3Ouve-se a lamen­ apreciaram. E tomei as trinta moe­
tação dos pastores (ou chefes), por­ das de prata, e lancei-as na casa do
que a sua grandeza foi destruída; Senhor para o oleiro. 14Depois que­
ouvem-se os rugidos dos leões, por­ brei o meu segundo cajado que se
que a soberba do Jordão foi aniqui­ chamava Corda, para dissolver a fra­
lada. ternidade entre Judá e Israel.
4Isto diz o Senhor meu Deus: A- 15E o Senhor disse-me: Toma a-
pascenta estas ovelhas destinadas pa­ gora os sinais de um pastor insensa­
ra o matadouro, 6as quais os seus to. 16Porque eis que vou suscitar na
donos matavam sem se compadece­ terra um pastor que não visitará as
rem delas, e as vendiam, dizendo: ovelhas abandonadas, que não bus­
Bendito seja o Senhor, nós nos tor­ cará as que se desgarraram, e que
namos ricos; e assim os seus pró­ não curará as doentes, e que não
prios pastores, não tinham compai­ sustentará as que estão sãs, mas que
xão delas. 6Eu, pois, não perdoarei comerá a carne das gordas, e que­
mais aos habHantes desta terra, diz brará suas unhas. 1:ó pastor, ó í-
o Senhor; eis que entregarei os ho­ dolo, (ou fantasma de pastor) que
mens cada um nas mãos do seu vizi­ abandonas o rebanho! A espada cai­
nho, e nas mãos do seu rei; e arrui­ rá sobre o seu braço e sôbre o seu
narão o país, e não os livrarei da ôlho direito; o seu braço secar-se-á
mão dêles. 7E por isso, ó pobres do inteiramente, e o seu ôlho direito
rebanho, eu apascentarei estas ove­ será coberto de trevas.
lhas destinadas para o matadouro. O Senhor defenderá Israel
Então (diz o profeta) tomei dois ca­
jados, a um dos quais chamei F or­ 1 0 ‘Duro oráculo do Senhor con-
mosura, e a outro chamei Corda (ou tra Israel. O Senhor, que es­
la ço ); e levei o rebanho a pastar. tendeu o céu, e que fundou a terra, e
Cap. X I — 7. Tornei dois cajados. . . A dupla missão do profeta, que procedia corno
representante do bom e supremo pastor, ê indicada pelos nomes que deu a03 dois cajados:
conservar a form osura e a unidade do rebanho.
12 - 1.3 PROFECIA DE ZACARIAS 1103

que formou o espírito que o homem chorá-lo-ão com pranto, como se cho­
tem dentro de si, diz: 2Eis que farei ra um filho único, e terão dêle um
de Jerusalém um lugar de embria­ sentimento, como se costuma ter na
guez (ou de banquetes) para todos morte de um primogênito. “ Naque­
os povos circunvizinhos; e até Judá le dia haverá um grande pranto em
se acuará no cêrco contra Jerusa­ Jerusalém, como o pranto da cida­
lém. 3Naquele dia farei de Jerusalém de de Adadremon no campo de Ma-
uma pedra pesada para todos os po­ gedon. 9 *12E a terra chorará, cada fa ­
vos; todos aquêles que a levantarem, mília à parte; as famílias da casa
ficarão magoados; e coligar-se-ão con­ de Davi a parte, e suas mulheres à
tra ela todos os reinos da terra. ‘ N a­ parte; 13as famílias da casa de Na-
quele dia, diz o Sehor, ferirei de tan à parte, e suas mulheres à par­
pasmo todos os cavalos, e de delí­ te; as famílias da casa de Levi à par­
rio os que montam nêles; e abrirei te, e suas mulheres à parte; as fam í­
os meus olhos sobre a casa de Judá, lias de Semei à parte, e as suas mu­
e ferirei de cegueira os cavalos de to­ lheres à parte; 14e tôdas as outras
dos os povos. famílias, cada família à parte, e suas
5Então dirão os chefes de Judá no mulheres à parte.
seu coração: Ponham os habitantes
de Jerusalém a sua confiança no Se­ N o reino de Deus haverá a graça
nhor dos exércitos, que é o seu Deus. e não mais ídolos nem falsos profetas
°Naquêle dia farei que os chefes de
Judá sejam como um tição de fogo, 1 O 7Naquele dia haverá uma fon-
que se mete debaixo da lenha, e co­ 1 ** te aberta para a casa de Davi
mo um facho aceso entre a palha; e e para os habitantes de Jerusalém,
êles devorarão à direita e à esquer­ para se lavarem as manchas do pe­
da todos os povos circunvizinhos; e cador e da mulher impura.
Jerusalém será outra vez habitada no 2N aquele dia, diz o Senhor dos e-
seu mesmo lugar, em (que foi fun ­ xércitos, exterminarei do país (até)
dada) Jerusalém. 7E o Senhor sal­ os nomes dos ídolos, e dêles não ha­
vará as tendas de Judá, como o fêz verá mais memória; e tirarei dela os
no princípio, para que a casa de Da­ falsos profetas e o espírito imundo.
vi não se glorie com soberba, e para 3E, se alguém intentar ainda incul-
que os habitantes de Jerusalém não car-se por profeta, seu pai e sua
se elevem contra Judá. 8Naquêle dia mãe, que o geraram, lhe dirão: Tu
o Senhor protegerá os habitantes de não viverás, pois que disseste men­
Jerusalém, e o mais fraco dentre ê- tira em nome do Senhor; e seu pai
les será (tão valente) como Davi; e sua mãe, que o geraram, o trans-
e a casa de Davi parecerá aos olhos passarão, quando se tiver metido a
dêles como a de Deus, como um an­ profetizar. “Naquele dia serão con­
jo do Senhor. fundidos os (falsos) profetas, cada
Os convertidos chorarão a morte um pela sua visão, quando profeti­
do Messias zarem; nem êles se cobrirão (hipo-
critam ente) com o manto da penitên­
9E naquele dia procurarei esmagar cia para mentirem; 5mas (cada um
tôdas as nações que vierem contra dêles) dirá: Eu não sou profeta, eu
Jerusalém. J0E derramarei sobre a sou um agricultor, emprêgo em que
casa de Davi e sôbre os habitantes me ocupo desde a minha mocidade,
de Jerusalém um espírito de graça a exemplo de Adão. °Então lhe se­
e de preces; e êles porão os olhos rá dito: Que chagas são essas no
em mim, a quem transpassaram; e meio das tuas mãos? E êle respon-
Cap. X I I — 7. Tendo a salvação sido efetuada sòmente por Deus, nenhuma parte da
nação terá o direito de se elevar acim a da outra.
11. Alusão à morte e derrota do rei Joslas na batalha contra Necao, rei do Egito, na
planície de Esdrelon, perto de Magedon.
12. Cada fa m ília ... N ã o será um luto sòmente nacional, mas um luto de cada fa m í­
lia.
Cap. X I I I — 6. Que chagas . . . Alusão às incisões que faziam sôbre o seu corpor os
1104 PROFECIA DE ZACARIAS 13 - 14

derá: Fizeram-me estas chagas em para o vale daqueles montes, porque


casa daqueles que me amavam. o vale daqueles montes estará con­
tíguo ao monte vizinho; e vós fugi­
A sorte das ovelhas reis, assim como fugistes com mê-
7ó lança, levanta-te contra o meu do do terremoto nos dias de Ozias,
pastor e contra o homem que anda rei de Judá; e virá o Senhor meu
sempre unido a mim, diz o Senhor Deus, e todos os santos com êle (para
dos exércitos; fere o pastor, e se­ punir os inimigos do seu povo). °E
rão dispersas as ovelhas; e eu volta­ naquele dia não haverá luz, mas sim
rei' a minha mão para os pequeni­ frio e gêlo. 7E haverá um dia conhe­
nos. 8E em todo o país, diz o Senhor, cido (somente) do Senhor, que não
haverá duas partes (do rebanho) que será nem dia nem noite; e na tar­
serão dispersas e perecerão, e uma de (dêste dia) aparecerá a luz.
terceira parte ficará nêle. °E farei
passar esta terceira parte pelo fogo, O Senhor, rei de tôda a terra, ferirá
e a purificarei como se purifica a os inimigos de Jerusalém
a prata, e a provarei como se pro­ 8E naquele dia sairão de Jerusalém
va o ouro. Êle invocará o meu no­ águas vivas, metade das quais corre­
me, e eu o ouvirei, Eu lhe direi: Tu rá para o mar do oriente, e a outra
és o meu povo; e êle dirá: (T u és o) metade para o mar do ocidente; elas
Senhor meu Deus. correrão durante o estio e durante o
inverno. 9E o Senhor será o rei de
Contra os inimigos de. Jerusalém tôda a terra; naquele dia êle será o
1 £ 7Eis que estão a chegar os dias único Senhor, é o seu nome será o
* ' do Senhor, e os teus despo- único (venerado). 10E tôda a terra
os serão divididos no meio de ti. (de Judá) voltará a ser habitada até
E juntarei tôdas as nações para da­ ao deserto, desde a colina de Remon
rem batalha contra Jerusalém, e a ci­ até ao meio-dia de Jerusalém; e será
dade será tomada, e as casas serão exaltada, e ocupará o seu lugar, des­
destruídas, e as mulheres violadas; e de a porta de Benjamim até ao sítio
a metade da cidade irá para o cati­ da primeira porta, e até à porta dos
veiro, e o resto do povo não será ângulos; e desde a tôrre de Hananeel
lançado fora da cidade. até aos lagares do rei: UE será ha­
bitada e não tornará mais a ser fe ­
O Senhor combaterá contra as nações rida de anátema; mas descansará Je­
rusalém tranqüilamente.
3Depois sáirá o Senhor, e pelejará 12E a praga, com que o Senhor fe ­
contra aquelas nações, como pelejou rirá tôdas as nações que combate­
iou trora ) no dia do combate (a saída rem contra Jerusalém, será esta: A -
do E g ito ). 4E naquele dia pousarão podrecerá a carne de cada um andan­
os seus pés sôbre o monte das Oli­ do sôbre os seus pés, e apodrece-
veiras, que está defronte de Jerusa­ -lhe-ão os olhos dentro das suas ór­
lém para o oriente; e o monte das bitas, e apodrecer-lhe-á a língua den­
Oliveiras dividir-se-á em dois pelo tro da bôca. 13Naquele dia haverá
meio, ao oriente e ao ocidente, fo r­ grande tumulto entre êles excitado
mando uma muito grande abertura, pelo Senhor; e cada um pegará na
e uma metade do monte se separará mão do seu próximo, e apertará a
para o setentrião, e a outra meta­ sua mão sôbre a mão do seu pró­
de para o meio-dia. °E vós fugireis ximo. 14E também Judá pelejará con-
falsos profetas, os quais, sendo interrogados sôbre a causa de tais incisôes, mentiam, di­
zendo que as tinham recebido em lutas com os companheiros (e m casa d a q u e le s ...).
9. Éle invocará. . . Israel aproveitará muito com o castigo, o qual estreitará as suas
relações com Deus.
Cap. X I V — S. Ãguas vivas, simbolizam as graças abundantes e perpétuas que Deus
espalhará sôbre o seu povo regenerádo.
13. Cada um peg a rá .. . Lutarão uns contra os outros.
14. Judá pelejará co n tra ... Segundo o hebreu, que é mais conforme com o contexto:
Judá pelejará em Jerusalém, em favor d a capital ameaçada.
14 PROFECIA DE ZACARIAS 1105

tra Jerusalém; e juntar-se-ão as ri­ ue não subirem a celebrar a festa


quezas de todas as nações circunvi- os tabernáculos. 1
89*Éste será (o cas­
zinhas, ouro e prata e roupa em gran­ tigo do) pecado do Egito, e êste o
de abundância. 15E os cavalos, e os (castigo do) pecado de tôdas as na­
burros, e os camelos, e os asnos, e ções que não subirem a celebrar a
todos os animais que se acharem na­ festa dos tabernáculos.
queles arraiais, sofrerão a mesma
ruína. Santidade da nova Jerusalém
16E todos os que restarem de tôdas “ Naquele dia todos os ornatos dos
as nações que vierem contra Jeru­ cavalos serão consagrados ao Senhor;
salém, irão (a ela) todos os anos e as caldeiras na casa do Senhor se­
adorar o rei, o Senhor dos exércitos, rão { tantasJ como os copos diante
e celebrar a festa dos tabernáculos. do altar. 21E tôdas as caldeiras que
,7E então qualquer que seja das fa­ houver em Jerusalém e em Judá, se­
mílias da terra, e que não fôr a Je­ rão consagradas ao Senhor dos exér­
rusalém adorar o rei, o Senhor dos citos; e virão todos os sacrificadores,
exércitos, não cairá chuva para êle. e se servirão delas para nelas coze­
18Se a família do Egito não subir rem (as carnes consagradas); naque­
nem vier, não cairá sobre ela (a chu­ le dia não tornará mais a haver mer­
va), mas será ferida da ruína, com cador na casa do Senhor dos exér­
que o Senhor ferirá tôdas as nações citos.

18. O Egito é nomeado por causa da sua velha inimizade contra o povo de Deus.
21. Não tornará mais a haver. .. N&o se oferecerão animais nem outras coisas das que
se vendiam no átrio do templo. A vítim a será Jesus Cristo, cordeiro imaculado que tira
os pecados do mundo.
PROFECIA DE MALAQUIAS
Malaquias, o último dos profetas, exerceu o seu ministério depois do
cativeiro de Babilônia, e quando o templo já estava restaurado. Refere-se
à ingratidão dos judeus para com o Senhor, que os castigará, mas, casti­
gando-os purificá-los-á para receberem o Messias.
O livro de Malaquias emprega a forma de diálogo, e com língua castiça
e estilo claro e enérgico repreende os sacerdotes e o povo, e mostra que
Deus é pai amoroso e juiz implacável.
O livro divide-se em duas partes, além da introdução è do epílogo.
Introdução (1, 1-5); Compara os Judeus aos ldumeus, e mostra a pa­
ternal providência de Deus para com Israel.
Primeira parte (1, 6 — 2, 9); Repreende os sacerdotes pelas suas torpes
negligências no culto divino e nos sacrifícios, anuncia que Deus rejeitará
e fará cessar os sacrifícios levíticos, e em seu lugar designará uma vitima
imaculada que será oferecida em qualquer parte da terra.
Segunda parte (2, 10 — 4, 3 ): Censura o povo pela negligência nos
dízimos, pelos escandalosos casamentos com mulheres estrangeiras, e anun­
cia o julgamento de Deus e o Precursor do Messias.
Epílogo (4, 4-6): Exige o retorno à observância da Lei, e promete que
cedo haverá de aparecer o Precursor do Messias.
E assim o último profeta do Antigo Testamento deixa a dignidade
profética a João Batista.

Am or de Deus para com o seu povo xei a sua herança aos dragões do de­
serto. 4E se a Iduméia disser: Nós
1 7Duro oráculo do Senhor contra fomos destruídos, mas voltaremos pa­
1 Israel, por intermédio de Mala­ ra edificar o que foi destruído, isto
quias. diz o Senhor dos exércitos: Êles edi-
2Eu vos amei, diz o Senhor, e vós ficarão, e eu destruirei; e serão cha­
dissestes: Em que nos amaste tu? mados país de impiedade, povo con­
Porventura não era Esaú irmão de tra o qual se irou o Senhor para sem­
Jaeó? diz o Senhor. E contudo eu a- pre. 5E os vossos olhos o verão, e
mei Jacó, se aborrecí Esaú, e reduzi vós direis: Glorificado seja o Senhor
os seus montes a uma solidão, e dei­ sôbre a terra de Israel.
Cap. I — 2. A m ei J a c ó ... O povo de Israel, ingrato a tantos benefícios recebidos de
Deus, n ã « se lem bra que foi desde o princípio preferido ao povo descendente de Esaú. S.
Paulo aplica êste texto no sentido espiritual ao mistério da predestinação (Rorn., X,
6- 16).
l - 2 PROFECIA DE MALAQUIAS ll0 7
Pecados dos sacerdotes que oferecem cima dela, é desprezível como o fo­
coisas impuras go que o devora. 1 23E dissestes: Eis
que te oferecemos o fruto do nosso
60 filho honra seu pai, e o servo trabalho, e com isto tornastes des­
reverencia o seu senhor. Se eu, pois, prezível o que oferecestes, diz o Se­
sou vosso pai, onde está a minha nhor dos exércitos, e trouxestes-me
honra? E se eu sou o vosso Senhor, reses mancas e doentes, que eram o
onde está o temor que se me deve? fruto das vossas rapinas, e mas ofe­
diz o Senhor dos exércitos. Convosco recestes de presente. Julgais vós,
falo, ó sacerdotes, que desprezais o pois, que eu receberei um tal presen­
meu nome, e que dizeis: em que des­ te da vossa mão? diz o Senhor. “ Mal­
prezamos nós o teu nome? 7Vós o- dito seja o homem enganador, que
fereceis sôbre o meu altar um pão tem no seu rebanho um animal são, e
imundo, e dizeis: Em que te profa­ fêz voto dêle ao Senhor, e lhe sacri­
namos nós? Nisso que dizeis: Á me­ fica um doente; porque eu sou o
sa do Senhor está desprezada. 8Se grande Rei, diz o Senhor dos exérci­
vós ofereceis uma (hóstia) cega pa­ tos, e o meu nome é temido entre as
ra ser imolada, não é isto mau? nações.
E se ofereceis uma que é coxa e doen­
te, não é isto mau? Oferecei êstes a- Exprobações e ameaças aos sacerdotes
nimais ao vosso governador, e vereis que faltam a seus deveres
se êles lhe agradarão, ou se êle vos
receberá com agrado, diz o Senhor O *E agora esta é, ó sacerdotes, a
dos exércitos. 9Agora, pois, fazei as “ ordem que se vos intima. 2Se
vossas orações diante de Deus para me não quiserdes ouvir, e se não
que êle se compadeça de vós (por­ quiserdes aplicar o vosso coração a
que tudo isto foi feito por vossas dar glória ao meu nome, diz o Se­
mãos), a ver se vos recebe favorà- nhor dos exércitos, eu vos mandarei
velrnente, diz o Senhor dos exércitos. a indigência, e amaldiçoarei as vos­
sas bênçãos; sim, eu as amaldiçoa-
Deus quer oblações puras rei, porque não pusestes as minhas
10Quern há entre vós que feche as palavras sôbre o vosso coração. 3Eis
portas, e acenda o lume sôbre o meu que vos tirarei a espádua e atirar-
altar gratuitamente? O meu afeto -vos-ei à cara com o estéreo das. vos­
não está em vós, diz o Senhor dos sas solenidades, e êle se pegará a vós.
exércitos, nem eu aceitarei oferen­ 4Então sabereis que fui eu qué vos
da alguma da vossa mão. “ Porque, mandei esta ordem, para que a mi­
desde o nascer do sol até ao poente, nha aliança com Levi subsistisse, diz
o meu nome é grande entre as na­ o Senhor dos exércitos'. 5A minha
ções, e em todo o lugar se sacrifica aliança com êle foi de vida e de paz;
e se oferece ao meu nome uma o- e eu dei-lhe o meu temor, e êle te­
blação pura; porque o meu nome é meu-me, e tremia de mêdo diante da
grande entre as nações, diz o Senhor face do meu nome. °A lei da verda­
dos exércitos. de esteve na sua bôea, e a iniqüida-
de não se achou nos seus lábios; an­
Os sacerdotes profanam o nome dou comigo em paz e em eqüidade,
do Senhor e afastou muitos da iniqüidade. f o r ­
que os lábios dos sacerdotes serão
12E vós o tendes profanado, dizen­ os guardas da ciência, e da sua bô­
do: A mesa do Senhor está conta­ ea se há de aprender a lei, porque
minada; e aquilo que se oferece em êle é o anjo do Senhor dos exér-
7. Um p ã o. . . E sta expressão designa aqui todo o gênero de ofertas.
10. Quem há. . . Deus censura os sacerdotes por se deixarem levar pelo lucro; até nas
mais sagradas funções.
11. Êste versículo é aplicado pela tradição católica ao sacrifício da lei nova, ao sacri­
fício eucarístico.
Cap. I I — 3. A espádua das vítim as era a parte reservada aos sacerdotes em certos
sacrifícios.
5. Com êle, com Levi.
1108 PROFECIA DE MALAQUIAS 2 - 3

citos. 8Mas vós desviastes-vos do ca­ uma linhagem de Deus? Guardai,


minho, e escandalizastes a muitos na pois, o vosso espírito, e não despre­
(observância da) lei; tornastes nula zeis a mulher que recebestes na vos­
a aliança que eu tinha feito com Le- sa mocidade. U( Direis, talvez, queren­
vi, diz o Senhor dos exércitos. do desculpar-vos) : Quando tu co-
9Por isso, como não. guardastes os ceberes aversão (contra ela), despe­
meus caminhos, e, quando se tratava de-a, diz o Senhor Deus de Israel;
de sentenciar, segundo a minha lei mas a iniqüidade de quem tal fizer,
fizestes acepção de pessoas, também lhe cobrira o seu vestido, diz o Se­
eu vos tornei, desprezíveis e vis aos nhor dos exércitos. Guardai, pois, o
olhos de todos os povos. vosso espírito, e não desprezeis (as
vossas espôsas).
Exprobaçôes aos Judeus por causa 17Vós fatigastes o Senhor com os
dos casamentos com mulheres vossos discursos, e dissestes: Em que
estrangeiras o temos nós fatigado? Nisto que di­
zeis: Todo o que faz o mal, passa
ioPorventura não é um mesmo o pai por bom aos olhos do Senhor, e êste
de todos nós? . Não foi um mesmo lhe é agradável; ou, se assim não é,
Deus que nos criou? Por que razão, onde está o Deus de justiça?
pois, despreza cada um de nós o seu
irmão, violando a aliança de nossos O Precursor
pais? "Judá prevaricou, e a abomi-
nação foi cometida em Israel e em O JEis que mando eu a meu an-
Jerusalém; porque Judá contaminou ** jo, e êle preparará o caminho
o povo consagrado ao Senhor, o qual diante da minha face. E imediata­
êle amava, e casou-se com a filha de mente o Dominador que vós buscais,
um deus estranho. 1210 Senhor exter­
3 e o anjo do testamento que desejais,
minará das tendas de Jacó o ho­ virá ao seu templo. Ei-lo, ai vem,
mem que fizer isto, quer seja mes­ diz o Senhor dos exércitos. 2E quem
tre, quer discípulo, e o que oferece poderá considerar no (que sucederá
qualquer dom ao Senhor dos exér­ no) dia da sua vinda, e quem po­
citos. derá ter-se à sua vista? Porque êle
será como o fogo que derrete (os
Condenação dos divórcios metais), e como a erva dos lavan-
13Ainda fizestes mais isto: Cobris­ deiros.
tes de lágrimas, de prantos e de ge­ 3E sentar-se-á como um homem
midos o altar do Senhor, de modo que que se senta para fundir e refinar
eu não olharei mais para os vossos a prata; (deste modo) purificará os
sacrifícios, nem receberei da vossa filhos de Levi, e os refinará como o
mão coisa que me possa aplacar. 141 E
5 ouro e como a prata, e êles ofere­
dissestes: Por que causa? Porque o cerão sacrifícios ao Senhor em jus­
Senhor foi testemunha entre ti e a tiça. 4E o sacrifício de Judá e de
esposa da tua juventude, a qual des­ Jerusalém será agradável ao Senhor,
prezaste, sendo ela a tua compa­ como nos séculos passados e nos pri­
nheira e a esposa da tua aliança. meiros anos.
«Porventura não a fêz aquêle (Se­ Juízo de Deus
nhor) que é uno, e não foi o seu sôpro
.que a animou? E que pede êste úni­ 5Então aproximar-me-ei de vós pa­
co (a u tor) senão que saia de vós ra exercer o juízo, e serei uma tes­
11. Casou-se com mulheres idólatras, o que era proibido.
12. Todos os Judeus criminosos não escaparão à sentença, mesmo que sejam sacerdotes
<e o que o f e r e c e ...).
13. A s mulheres, repudiadas em grande número, tinham feito subir os seus prantos
para Deus. o profeta im agina as lágrim as destas infelizes a caírem sôbre o altar dos
holocaustos, ea tornarem odiosas ao Senhor as vítim as que lhe ofereciam os maridos
culpadçs.
15. Foi o mesmo Deus que fêz a mulher e o homem, e os anim ou. E que quer êste
Deus? Que dohomem e da mulher nasça um a posteridade santa, o que é impossível com o
repúdio das mulheres israelitas, e com o casamento com mulheres pagãs.
J - 4 PROFECIA DE MALAQUIAS 1109

temunha pronta contra os feiticeiros, impiedade; êles provocam a Deus, e


e contra os adúlterps, e contra os (apesar disso) ficam salvos. 16Então
perjuros, e contra os que defraudam os que temem ao Senhor falaram
o salário do trabalhador, as viúvas uns com os outros. E o Senhor se
e os órfãos, e oprimem os estran­ pôs atento, e ouviu; e na sua presen­
geiros, e não me temem, diz o Se­ ça foi escrito um livro de memória
nhor dos exércitos. 'Porque eu sou a favor dos que temem o Senhor, e
o Senhor, e não mudo; por isso é que pensam no seu nome. 17E êles, no dia
vós, ó filhos de Jacó, não tendes sido em que eu hei de proceder, serão
ainda consumidos. para mim, diz o Senhor dos exérci­
7Desde os dias de vossos pais vos tos, um bem particular; e eu os tra­
apartastes das minhas leis, e não as tarei benignamente, como um pai
guardastes. Voltai para mim, e eu me trata seu filho que o serve. 18E vós
voltarei para vós, diz o Senhor dos mudareis então de parecer, e vereis
exércitos. Porém dissestes: Como nos que diferença há entre o justo e o
voltaremos nós (para ti)? 8Deve um ímpio, e entre o que serve a Deus e
homem ultrajar o seu Deus como vós o que não o serve.
me tendes ultrajado? E dissestes: em
que te temos ultrajado nós? Nos dí­ O dia do Senhor
zimos e nas primi cias. 9Portanto vós A P orqu e eis que Virá um dia se-
fostes amaldiçoados com a penúria;
e vós, a nação tôda, me ultrajais. ^ melhante a uma fornalha ace­
10Levai todos os vossos dízimos ao sa; e todos os soberbos, e todos os
( meu) celeiro, e haja alimento na que cometem a impiedade serão co­
minha casa, e depois disto ponde-me mo a palha; e êste dia, que está pa­
à prova, diz o Senhor, (e vereis) se ra vir, os abrasará, diz o Senhor dos
não vos abro as cataratas do céu, exércitos, sem lhes deixar nem raiz,
e se não derramo a minha bênção nem germe. 2Mas para vós os que
sôbré vós em abundância. nPor vós temeis o meu nome, nascerá (o Mes­
afugentarei o inseto devorador, e sias) o sol da justiça e estará a
êle não estragará os frutos da vos­ salvação sob as suas asas (ou ra ios);
sa terra; nem haverá nos campos vós saireis então, e saltareis (de ale­
vinhas estéreis, diz o Senhor dos e- gria) como novilhos de uma mana­
xércitos. 12E tôdas as nações vos cha­ da. 3E calcareis os ímpios, quando es­
marão ditosos; porque vós sereis um tiverem como cinza debaixo da plan­
país de delícias, diz o Senhor dos ta de vossos pés, nesse dia em que
exércitos. eu hei de proceder, diz o Senhor dos
exércitos.
Diferente sorte dos ímpios e dos justos 4Lembrai-vos da lei de Moisés, meu
servo, a qual eu lhe dei em Horeb,
13As palavras (ou blasfêmias) que para todo o Israel, (a qual contém )
tendes proferido contra mim, têm- os meus preceitos e mandamentos.
se multiplicado cada vez mais, diz
o Senhor. 14E dizeis: Que temos di­ Elias virá antes do dia do juízo
to contra ti? Tendes dito: E ’ em
vão que se serve a Deus; que te­ 5Eis que vos enviarei o profeta E-
mos nós ganhado em guardar os seus lias, antes que venha o dia grande e
preceitos, e têrmos andado tristes (ou horrível do Senhor. 6E êle conver­
penitentes) diante do Senhor dos e- terá o coração dos pais aos filhos,
xércitos? 15Por isso nós chamamos e o coração dos filhos a seus pais;
agora ditosos aos homens arrogantes, para não suceder que eu venha e fira
pois que êles prosperam vivendo na a terra com anátema.
Cap. I I I — 7. Corno nos voltaremos p ara ti, se o nosso proceder tem sido sempre cor­
reto? Com estas palavras deram um a resposta insolente, fingindo-se inocentes.
16. os que temem o Senhor, horrorizados ao ouvir aos ímpios tais blasfêm ias, animam-
se uns aos outros a perseverar na lei de Deus.
Çap. I V — 6. Os pais sào os piedosos antepassados dos Israelitas; os filhos são a
raça degenerada do tempo de M alaquias e dos séculos futuros. E lias procurara levar ês-
tes a im itar a piedade daqueles.
OS LIVROS DOS MACABEUS
Após terem gozado de liberdade religiosa sob a dominação dos Persas,
de Alexandre Magno e dos Ptolomeus do Egito, os hebreus caíram (a. 198)
nas mãos dos reis da Síria que tentaram, desde logo, imiscuir-se nos ne­
gócios internos do povo de Israel. Foi particularmente durante o reinado
de Antíoco IV (175-164) que se acentuou a luta contra os judeus, chegando
êste rei a depôr e criar outros sumos sacerdotes, e a impôr o helenismo
ao povo judaico. Seu ódio à raça dos hebreus o levou a proscrever, sob
pena de morte, a prática da religião judaica. Os exemplos da Lei foram
destruídos. Grande parte do povo de Israel apostatou. Não foram pou­
cos, porém, os que preferiram a morte ao abandono da própria fé: êles fo ­
ram chefiados, no movimento de resistência ao helenismo, pelo velho sa­
cerdote Matatias, e depois pelos MACABEUS: Judas (de 166 a 160), Jônatas
(de 160 a 143) e Simão. fiste conseguiu (a. 141) proclamar a independên­
cia do povo judaico; foi, porém, assassinado pelo genro Ptolomeu com
dois de seus filhos; mas, seu terceiro filho João Ircano sucedeu-o no govêr-
no, tornando-se temido e respeitado por todos.
São diois os livros qüe nos narram a história dos Macabeus, Os protes­
tantes apresentam várias dificuldades para não admitirem estes livros como
sagrados. Contra êles deve dizer-se que a Igreja, desde os primeiros tempos
os considerou como inspirados como os demais. Tertuliano, S. Cipriano, Sto.
Ambrósio, Sto. Agostinho e outros sempre os consideraram e citaram sem
acrescentar nenhuma reflexão de caráter pessoal.
O primeiro livro, após uma menção muito rápida sobre Alexandre Mag­
no e seus sucessores, narra a perseguição de Antíoco e a luta dos Maca­
beus até à morte de Simão, limitando-se à simples narração dos fatos
sem acrescentar nenhuma reflexão de caráter pessoal.
O segundo livro, completamente independente do primeiro, aliás ante­
rior a êste, remonta à época em que Seleuco tenta destruir o templo, e
interrompe a narração com a vitória de Judas sobre Nicanor. E* rico de
reflexões sôbre personagens e principais acontecimentos, e mostra a obra
da Providência que guia o seu povo e opera muitos milagres em favor deste.
Os dois livros dos Macabeus, embora escritos por diferentes autores e
com vários fins, podem ser considerados como unidos, porquanto narram
as mesmas coisas e se completam mutuamente. De per si, porém, não são in­
dependentes, separados, escritos originàriamente em línguas diferentes. Con­
vém, pois, analisá-los em particular um depois do outro, como se acham
na Vulgata, embora, considerando-se os fatos narrados, o segundo vá
antes do primeiro.
LIVRO PRIMEIRO
DOS MACABEUS
Êste livro foi escrito em hebraico por um aütor palestino, sob o prin­
cipado de João lrcano (135-106), e traduzido logo depois para o grego. O
original hebráico foi consultado por S. Jerônimo, mas hoje não existe mai§.
A tradução grega é quase contemporânea, e os hebraísmos patenteiam sua
característica de versão.
Contém uma introdução e três partes:
Introdução (1 ,1 — 2, 70): Expõe a causa das guerras dos Macabeus,
narrando a perseguição de Antíoco e a resistência de Matatias.
Prim eira parte (3, 1 — 9, 22): Narra as façanhas de Judas Macabeu
sob o reinado de Antíoco IV (3, 1 — 6, 16), de Antíoco V (6, 17-63), de
Demétrio I (7, 1 — 9, 22) e termina com a morte do grande herói.
Segunda parte (9, 23 — 12, 34): Narra as aventuras de Jônatas, suces­
sor de Judàs, no tempo de Demétrio I (9, 23-73), de Alexandre (10, 1-89),
de Demétrio ll e Antíoco V l (11, 1-74) e termina com a captura de Jôna­
tas, preso a traição por Trifão, general de Demétrio II (12, 1-23).
Terceira parte (13, 1 — 16, 24): Narra as aventuras de Simão, suces­
sor de Jônatas, assassinado por Trifão. Com tremendas lutas e com há­
bil política, Simão alcança completa independência durante o reinado de
Demétrio II (13, 1 — 14, 49) e de Antíoco V II (15, 1 — 16, 24). Vítima de
uma traição por parte do genro, siicedeu-lhe o terceiro filho, João lrcano.

Alexandre Magno e tôda a terra emudeceu diante dê-


le. “Reuniu forças e um exército mui­
1 7E aconteceu que, depois que A- to poderoso; e o seu coração ele­
1 lexandre, filho de Filipe, rei da vou-se e ficou todo inchado (de so­
Macedônia, que reinou primeiramente berba), 5e tornou-se senhor das pro­
na Grécia, saiu do país de Cetim, e víncias, das nações e dos seus reis;
derrotou Dário, rei dos Persas e dos e ficaram sendo seus tributários.
Medos, Meu muitas batalhas, e to­ °E, depois disto, caiu enfêrmo, e
mou as mais fortes cidades de tôdas reconheceu que ia morrer. 7E cha­
as nações, e matou os reis da terra mou os grandes da sua côrte, que
(que lhe resistiram), 3e passou até tinham sido criados com êle desde
às extremidades do mundo, e apode­ a sua mocidade; e repartiu por êles
rou-se dos despojos de muitas nações, o seu reino, estando ainda vivo.
1112 PRIMEIRO LIVRO DOS MACABEUS 1

8Reinou Alexandre doze anos, e mor­ 21E, depois de ter assolado o E gi­
reu. to, no ano cento e quarenta e tres,
°E os grandes da sua côrte se fi­ Antíoco voltou, e marchou contra Is­
zeram reis cada um na sua respec­ rael. 22E chegou a Jerusalém com
tiva província. 10E, depois da mor­ um formidável exército, 23e entrou
te de Alexandre, puseram todos o cheio de soberba no santuário, e to­
diadema, e depois dêles, seus filhos mou o altar de ouro, e o candeeiro
durante muitos anos, e os males se dos lumes com todos os seus vasos,
multiplicaram sôbre a terra. e a mesa da proposição, e as bacias,
e os copos, e os grais de ouro, e o
Sob Antíoco Epifanes, o helenismo véu, e as coroas, e o ornamento de
invade Israel ouro que estava na fachada do tem­
plo; e quebrou tudo. 24E tomou a
uE dêstes é que saiu aquela raiz prata e o ouro, e os vasos preciosos,
do pecado, Antíoco, o ilustre, filho e os tesouros escondidos, que encon­
do rei Antíoco, o qual em Roma ti­ trou; e, tendo saqueado tudo, foi-se
nha já estado refém; e começou a para o seu país. 25E fêz grande ma­
reinar no ano cento e trinta e sete tança de homens, e falou com gran­
do reino dos Gregos. de soberba.
VNaqueles dias saíram de Israel
uns filhos iníquos, e seduziram muitos Luto de Israel
dizendo: Vamos, e façamos aliança 26Então houve um grande pranto
com as nações circunvizinhas; por­ em Israel, e em todo o país; 27e os
que, desde que nos separamos delas, príncipes e os anciãos gemeram; as
vieram sôbre nós muitos males. 13E virgens e os jovens ficaram sem for­
pareceu bem êste conselho a seus o- ças; e a formosura das mulheres de­
lhos. 14E alguns do povo resolveram- sapareceu. “ Todos os maridos se en­
-se e foram ter com o rei; e êste tregaram ao pranto, e as mulheres,
deu-lhes poder de viverem segundo
os costumes dos gentios. 15Em segui­ que estavam assentadas sôbre o seu
da edificaram em Jerusalém um g i­ leito nupcial, derramavam lágrimas;
násio conforme o *uso das nações; "e o país como que se comoveu com
16e dissimularam os sinais da circun­ a desolação dos Seus habitantes, e
cisão e separaram-se da santa alian­ tôda a casa de Jacó se cobriu de con­
ça, e juntaram-se com as nações, e fusão.
venderam-se para fazerem o mal. Antioco investe de novo
contra Jerusalém
Antíoco inicia a perseguição
aos Judeus ME depois, ao cabo de dois anos,
o rei enviou por todas as cidades de
1TE Antíoco estabeleceu-se no seu Judá um superintendente dos tribu­
reino (da Síria), e começou a querer tos, o qual chegou a Jerusalém com
reinar no país do Egito, para ficar grande comitiva. 31E dirigiu-lhes as-
sendo o rei dos dois reinos. 18(Com tuciosamente palavras de paz; e êles
este desígnio) entrou no Egito, à acreditaram-no. 32Porém êle deu de
frente dum poderoso exército, com repente sôbre a cidade, e fêz nela
carroças e elefantes, e cavalaria, e grande estrago, e matou grande nú­
grande número de navios; 19e fêz mero de povo de Israel. 33E tomou
guerras a Ptolomeu, rei do Egito, e os despojos da cidade, e pôs-lhe fogo;
Ptolomeu teve mêdo diante dêle, e e destruiu as suas casas e os muros
fugiu, e caíram feridos muitos (dos que a cercavam; 34e (os inimigos) le­
seus). 20E Antíoco tomou as cidades varam cativas as mulheres, e apode-
fortes da terra do Egito e saqueou raram-se dos seus filhos e dos seus
a terra do Egito. gados. 35E fortificaram a cidade de
Cap. I — 11. o ilustre, ou Epifanes.
15. Ginásio era o lugar destinado aos jogos atléticos, muitas vêzes realizados em honra
dos deuses. O ginásio contribuiu para a paganização da juventude judaica.
16. Venderam -se. .. Frase usada em vários lugares da Escritura para m ostrar que a
verdadeira liberdade está em servir a Deus.
l PRIMEIRO LIVRO DOS MACABEUS 11 13
Davi com um grande e solido muro, imundos, 51e que deixassem os seus
e com firmes torres e fizeram dela filhos por circuncidar, e que conta­
uma fortaleza, 36e guarneceram-na minassem suas almas com tôda cas­
com uma raça de pecado, com homens ta de comeres imundos, e com tô­
perversos, que nela se tornaram fo r­ das as abominações, de sorte que se
tes, e meteram lá armas e vitualhas, esquecessem da lei de Deus, e trans­
e também os despojos de Jerusalém, tornassem tôdas as suas prescrições,
37que êles puseram ali de reserva; e 52e (ordenou) que todos aquêles que
dêste modo vieram a ser um perni­ não procedessem conforme a ordem
cioso laço. 38E isto serviu para arma­ do rei Antíoco, morressem.
rem traições a todos aquêles que iam 53Por êste mesmo teor escreveu êle
ao santuário, e foram uns inimigos a todo o seu reino, e nomeou o fi­
mortais de Israel; 39e derramaram ciais, que obrigassem o povo a cum­
o sangue inocente ao redor do san­ prir isto. 54Êles, pois, ordenaram às
tuário, e profanaram o santuário. cidades de Judá que sacrificassem aos
40E os habitantes de Jerusalém fu­ ídolos.
giram por causa dêles, e a cidade tor­ Muitos Israelitas apostataram
nou-se morada dos estrangeiros, e
tornou-se estranha aos seus natu­ “ E muitos do povo juntaram-se com
rais, e seus próprios filhos a abando­ aquêles que tinham abandonado a
naram. 410 seu santuário ficou deso­ lei do Senhor; e fizeram muito mal
lado como Um êrmo; os seus dias no país; “ e obrigaram o povo (fie l)
de festa transformaram-se em pran­ de Israel a fugir para lugares afas­
to, e os seus sábados em opróbrio, as tados, e a buscar retiros, onde pu­
suas honras em nada. 42À proporção dessem esconder-se na sua fuga.
da sua glória se multiplicou a sua ig­
nomínia; e a sua alta elevação trans­ Execução do edito
formou-se em luto.
57N o dia quinze do mês de Casleu,
Antíoco impõe o culto dos ídolos no ano cento e quarenta e cinco, o
rei Antíoco colocou o abominável ído-
43Então o rei Antíoco escreveu a do da desolação sôbre o altar de
todo o seu reino, a fim de que todo Deus; por tôda a parte se edifica-
o povo não fôsse mais que um, e que ram altares taos ídolos) em tôdas as
cada qual abandonasse a sua lei (par­ cidades de Judá. ME ofereciam in­
ticular). 44E todas as nações se con­ censo (aos ídolos), e sacrificavam
formaram com esta ordem do rei (a té) diante das portas das casas,
Antíoco; 45e. muitos de Israel subme­ e no meio das ruas. 59E, rasgando os
teram-se a esta escravidão, e sacri­ livros da lei de Deus, os deitaram
ficaram aos ídolos, e violaram o sá­ no fogo; "e a todo aquêle, em po­
bado. 40E o rei enviou cartas, por der de quem se achavam os livros
meio de mensageiros, a Jerusalém e do testamento do Senhor, e qual­
a tôdas as cidades de Judá, ordenan­ quer que observava a lei do Senhor,
do que seguissem (todas) as leis das cruelmente o matavam conforme o
nações (pagas) da terra; 47e que fôs­ edito do rei. 61Com êste poder que
se proibido que no templo de Deus tinham (do re i) tratavam assim o
se fizessem holocaustos, sacrifícios, e povo de Israel, que cada mês se en­
ofertas em expiação dos pecados, ^e contrava nas cidades. 6-E no dia vin­
fôsse impedida a celebração do sába­ te e cinco de cada mês sacrifica­
do e das solenidades. 49E mandou vam sôbre o altar (idolátrico) que
(além disto) que se profanassem os estava oposto ao altar (do Senhor).
lugares santos, e o santo povo de 63E as mulheres que circuncidavam
Israel. 5nOrdenou que se erigissem seus filhos eram cruelmente mortas,
altares e templos e que se levantas­ segundo a ordem do rei Antíoco, 04e
sem ídolos, e que se sacrificassem penduravam os meninos pelo pescoço
carnes de porco, e (outros) animais em tôdas as casas onde os achavam,
61. Frase de construção um pouco obscura, mas cujo sentido é o seguinte: cada mês
um inspetor real percorria as cidades submetidas, e m andava executar todos os culpados.
1114 PRIMEIRO LIVRO DOS MACABEUS 1 - 2

e trucidavam os que os tinham cir- crificassem e queimassem incenso, e


cuncidado. a que abandonassem a lei de Deus.
^Então muitos do povo de Israel 16E muitos do povo de Israel, con­
resolveram consigo não comer nada sentindo nisso, uniram-se a êles; po­
que fôsse impuro; e preferiram mor­ rém Matatias e seus filhos perseve-
rer a manehar-se com viandas im­ raram constantes. 17E, tomando a pa­
puras; ^e não quiseram violar a san­ lavra os que tinham sido enviados
ta lei do Senhor, e foram trucida­ por Antíoco, disseram a Matatias: Tu
dos; 67e caiu sôbre o povo uma ira és o principal, o mais ilustre e o maior
grande. desta cidade, e cercado dos teus filhos
e irmãos. 18Vem, pois, o primeiro e exe­
M atatias e seus filhos
cuta a ordem do rei, como o têm fe i­
O daqueles dias Matatias, filho de to tôdas as nações, e os homens de
“ João, filho de Simeão, sacerdo­ Judá, e os que ficaram em Jerusa­
te dentre os filhos de Joarib, saiu de lém; e assim tu e os teus filhos se­
Jerusalém, e habitou sôbre o monte reis do número dos amigos do rei, e
de Modin. 2Tinha êle cinco filhos: ficareis cobertos de ouro, e de pra­
João, que tinha por sobrenome Ga- ta, e de ricos donativos. 19E Matatias
dis; 3Simão, por sobrenome Tasi; respondeu e disse em alta voz: Ain­
Mudas, chamado Macabeu; 5e Eleá- da que tôdas as nações obedeçam ao
zaro, por sobrenome Abaron; e Jôna- rei Antíoco, de tal sorte que cada
tas, por sobrenome Afos. um se aparte do jugo da lei de seus
6Êstes consideraram os males que pais, e se submeta às ordens do rei,
se faziam entre o povo de Judá, e em ■“eu, e meus filhos, e meus irmãos
Jerusalém; 7e Matatias disse: Infeliz obedeceremos à lei de nossos pais.
de mim! Para que nasci eu para ver 21Deus nos conceda esta graça. Não
a ruína do meu povo, e a destrui­ nos é proveitoso abondonar a lei- e
ção da cidade santa, e para estar os preceitos de Deus. 22Não (nunca)
sem fazer nada, quando se acha en­ daremos ouvidos às palavras do rei
tregue nas mãos dos seus inimigos? Antíoco, nem sacrificaremos, trans­
80 santuário está entre as mãos dos gredindo os mandamentos da nossa
estrangeiros; e o seu templo é (trata- Içi, por seguirmos outro caminho (ou
do) como um homem infame. ®Os re ligiã o ).
vasos, que contribuíam para a sua 23E, apenas acabou de proferir es­
glória, foram levados como cativos, tas palavras, apresentou-se à vista de
(para terras estrangeiras); os seus todos um judeu para sacrificar aos
velhos foram trucidados nas ruas, ídolos sôbre o altar, que tinha sido
e os seus jovens caíram mortos aos levantado na cidade de Modin, em ob­
golpes da espada dos inimigos. 10Que servância à ordem do rei. 24Viu-o Ma­
nação há que não tenha participado tatias, e ficou penetrado de dor; as
alguma coisa dêste (in feliz) reino, suas entranhas comoveram-se, e in­
ou obtido parte dos seus despojos? flamou-se o seu furor segundo o es­
nTôda a sua magnificência lhe foi pírito da lei; e, arremetendo contra
roubada; ela, que era livre, está fe i­ êle, matou-o sôbre o altar; 25e ma­
ta escrava. 12E tudo quanto nós tí­ tou também ao mesmo tempo o ofi­
nhamos de santo, de ilustre e de glo­ cial, que o rei Antíoco tinha enviado,
rioso, tudo foi destruído e profanado e que constrangia os Judeus a sacri­
pelas nações. 13De que nos serve, pois, ficarem, e destruiu o altar. 26E mos­
o viver ainda? 14Dito isto, rasgou os trou (assim) o seu zêlo pela lei, co­
seus vestidos Matatias e os seus fi­ mo tinha feito Finéias, quando ma­
lhos; cobriram-se de cilícios, e chora­ tou Zamri, filho de Salomi.
ram amargamente. Matatias foge para os montes
Matatias destrói o altar de Modin
27Então Matatias gritou em alta voz
15Ao mesmo tempo cl .... ;m ali os na cidade, dizendo: Todo o que tem
que o rei Antíoco tinha enviado a áêlo pela lei, que quer permanecer
constranger os que se tinham refu­ firme na aliança, siga-me. ME fugiu
giado na cidade de Modin, a que sa­ (imediatamente) com seus filhos pa­
2 PRIMEIRO LIVRO DOS MACABEUS 1115

ra os montes, e deixaram tudo o que Princípio da guerra santa


tinham na cidade.
42Então juntou-se a êles a sinago­
29Então muitos que procuravam v i­ ga dos Assideus, que eram dos mais
ver conforme a lei e a justiça, foram valentes de Israel, e todos zelosos pe­
para o deserto, 30e lá estabeleceram la lei; 43e todos os que fugiam dos
a sua morada êles, e seus filhos, e males que os ameaçavam, uniram-se
suas mulheres, e seus gados, porque a êles, e serviram de reforço às suas
se viam inundados de males. tropas. 44Formaram, pois, um exército,
31E foi anunciado aos oficiais do e mataram os prevaricadores na sua
rei, e ao exército que estava em Je­ ira, e os homens iníquos na sua in­
rusalém, na cidadela de Davi, que al­ dignação; e os que escaparam, fugi­
guns homens, que tinham transgre­ ram para as nações, para se porem a
dido o edito do rei, se haviam reti­ salvo. 45E foi por tôda a parte Ma­
rado a lugares escondidos do deserto, tatias e seus amigos, e destruíram os
e que muitos os tinham seguido. 32I- altares, 46e circuncidaram todos os
mediatamente marcharam contra êles, meninos que acharam por circunci-
e prepararam-se para os atacar em dar em todo o país de Israel; e (p ro ­
dia de sábado. 33E disseram-lhe: Que­ cederam) com vigor. 47Perseguiram os
reis ainda resistir agora? Saí, e obe­ (seus inimigos) filhos da soberba, e
decei ao rei Antíoco, e vivereis. 34E foi bem sucedida a emprêsa nas suas
êles responderam: Não sairemos, nem mãos. 48E sustentaram a causa da lei
obedeceremos à ordem do rei, pois contra o poder dos pagãos e contra
seria profanar o dia do sábado. “ En­ o poder dos reis; e não permitiram
tão as tropas (do rei) arrojaram-se ao pecador abusar (im punemente) da
contra êles; 30e êles não lhes resis­ sua fôrça.
tiram, nem atiraram contra êles uma
só pedra, nem taparam as cavernas Morre Matatias, deixando o comando
(onde estavam escondidos), 37dizendo: civil a Simão e o militar a Judas
Morramos todos na nossa simplicida­
de (ou inocência), e o céu e a terra 49Ora aproximaram-se os dias da
nos serão testemunhas de que nos morte de Matatias, e êle disse aos
fazeis morrer injustamente. 38Os ini­ filhos: Agora domina a soberba,
migos, pois, os atacaram em dia de e é o tempo do castigo e da ruí­
sábado; e foram mortos êles, e suas na, da cólera e da indignação. “ Ago­
mulheres, e seus filhos, e os seus ga­ ra, pois, ó filhos, sêde zeladores da
dos, em número de cêrca de mil pes­ lei, e dai as vossas vidas pela alian­
soas. ça feita com vossos pais; “ lehnbrai-
Vos das obras que fizeram vossos
Resolução tomada por Matatias maiores, cada um em seu tempo, e
recebereis uma grande glória, e um
39E souberam-no Matatias e os seus nome eterno.
amigos, e tomaram por êles um pe­ 52Porventura Abraão não foi acha­
sado luto. 40Então disseram uns aos do fiel na tentação, e não lhe foi isto
outros: Se nós todos fizermos como imputado à justiça? 53José guardou
fizeram os nossos irmãos, e não pe­ os mandamentos (de Deus) no tem­
lejarmos contra os gentios pelas nos­ po da sua angústia, e veio a ser o
sas vidas, e pelas nossas leis, em bem senhor de todo o Egito. 54Finéias,
pouco tempo nós exterminarão da fa­ nosso pai, abrasando-se em zêlo, pe­
ce da terra. 41Tomaram, pois, naque­ la lei de Deus, recebeu a promessa
le dia esta resolução: Todo o homem, dum sacerdócio eterno. “ Josué, cum­
quem quer que seja, que nos atacar prindo a palavra do Senhor, veio a
em dia de sábado, pelejaremos con­ ser o chefe de Israel. 56Caleb, dando
tra êle; e assim não morreremos to­ testemunho na assembléia do povo,
dos, como morreram nossos irmãos recebeu uma herança. 57Davi, pela
nos esconderijos. sua brandura, conseguiu para sempre
Cap. I I — 42. Assideus, ou piedosos, eram um grupo de Judeus, que, já antes dos Ma-
cabeus, procurava reagir contra a invasão das idéias e costumes pagftos.
1116 PRIMEIRO LIVRO DOS MACABEUS 3 - 4

o trono do reino (de Israel). “ Elias, espada. 4Tornou-se semelhante a um


ardendo em zêlo pela lei, foi arre­ leão nas suas ações, e a um leãozi-
batado ao céu. 50Ananias, e Azarias, nho que ruge sôbre a prêsa. 5Perse-
e Misael, crendo firmemente, foram guiu os maus, buscando-os por tôda
salvos das chamas. “ Daniel, na sua a parte; e queimou em chamas os
simplicidade, foi livre da bôca dos que perturbavam o seu povo. 6E os
leões. 61E por êste modo considerai seus inimigos retiraram-se pelo te­
vós tudo o que se tem passado de mor que lhe tinham, e todos os o-
geração em geração; vereis que to­ breiros da iniqüidade se turbaram; e
dos os que esperam em Deus, não a sua mão conduziu pròsperamente a
desfalecem. salvação (do povo) . 7Exasperava mui­
02Não temais, pois, as palavras do tos reis, e alegrava Jacó com os seus
homem pecador, porque toda a sua grandes feitos, e a sua memória será
glória não é mais que estéreo e ( pas- eternamente bendita. 8E percorreu as
to ) de bichos; 63hoje eleva-se, e a- cidades de Judá, e lançou fora delas
manhã desaparecerá; porque voltará os ímpios, e apartou a ira (de Deus)
à terra de que veio, e todos os seus de cima de Israel. °Tornou-se céle­
pensamentos se desvanecerão. 04Vós, bre até às extremidades da terra, e
pois, filhos, armai-vos de valor, e reuniu os que estavam a ponto de
procedei com valentia em defesa da perecer.
lei; porque por ela é que sereis glo­
riosos. Vitória de Judas sôbre Apolônio
e Seron
“ Aqui tendes Simão, vosso irmão;
eu sei que êle é o homem de conse­ 10Neste tempo Apolônio juntou as
lho; ouvi-o sempre, e êle será para nações, e levantou da Samaria um
vós um pai. °°E Judas Macabeu, de grande e poderoso exército para pe­
grande valor desde a sua mocidade, lejar contra Israel. “ Judas soube-o,
seja o general das vossas tropas, e e saiu-lhe ao encontro, e derrotou-o,
conduza o povo à guerra. 67E junta­ e matou-o, e muitos (inim igos) caí­
reis a vós todos os observadores da ram feridos, e o resto fugiu. 12E to­
lei; e tomai vingança dos agravos mou os despojos dêles, e Judas to­
feitos ao vosso povo. “ Pagai às na­ mou a espada de Apolônio, e com
ções o mal que elas vos têm feito, e ela pelejava sempre.
estai sempre atentos aos preceitos 13E Seron, general do exército da
da lei. Síria, ouviu dizer que Judas tinha
“ Dito isto abençoou-os, e foi unir- reunido uma (grande) multidão, e
se com seus pais. 70E morreu no ano congregado consigo (tôd a )’ a gente
cento e quarenta e seis; e foi sepul­ fiel.
tado por seus filhos em Modin, no 14E disse: Eu alcançarei grande re­
jazigo de seus pais, e todo o Israel putação, e ficarei com grande glória
o chorou amargamente. no meu reino, e vencerei Judas, e os
que estão com êle, que desprezam as
Judas Macabeu ordens do rei. 15Preparou-se, pois, (pa­
ra o ata ca r); e o exército dos ím­
O ‘Então levantou-se em lugar dê- pios o seguiu, servindo-lhe de pode­
° le seu filho Judas, que tinha roso auxilio, para tomarem vingan­
o sobrenome de Macabeu. 2E todos ça dos filhos de Israel. ,0E avança­
os seus irmãos o ajudavam, e todos ram até Betoron; e Judas saiu-lhes
aqueles que se tinham unido a seu ao encontro com pouca gente.
pai; e pelejavam com alegria em de­ 17Mas êstes, logo que viram mar­
fesa de Israel. 3E dilatou a glória do char contra êies o exército inimigo,
seu povo, e revestiu-se de couraça disseram a Judas: Como poderemos
como um gigante, cingiu-se com as nós, sendo tão poucos, e vindo fati­
suas armas para combater, e prote­ gados do jejum de hoje, pelejar con­
gia todo o acampamento com a sua tra um tão numeroso e forte exér­
70. N o ario cento e quarenta e seis da era dos Selêucidas, que corresponde ao ano 167-166
antes de Cristo:
3 PRIMEIRO LIvRo DOS MACABEUS 1117
cito? 18E Judas disse-lhes: É coisa à Pérsia, para recolher os tributos
fácil virem a cair os muitos nas mãos daquelas províncias, e ajuntar muito
dos poucos; pois, guando o Deus do dinheiro. 32E deixou Lísias, homem
céu quer salvar, diante de seus olhos nobre da família real, para que ti­
não há diferença, entre o grande nú­ vesse cuidado dos negócios do reino,
mero e o pequeno; l0porque a vitória desde o rio Eufrates até ao rio do
que se alcança na guerra, não depen­ Egito; 33e para que cuidasse da edu­
de da grandeza dos exércitos, mas do cação do seu filho Antíoco, até êle
céu é que vem (tôda) a fortaleza. voltar. 34E deixou-lhe a metade do
“ Êles vêm contra nós com uma exército e dos elefantes; e deu-lhe
grande mutidão de gente soberba e as suas ordens sôbre tudo o que di­
insolente, para nos perderem a nós, zia respeito aos habitantes da Judéia
e às nossas mulheres, e aos nossos fi­ e de Jerusalém; "e mandou-lhe que
lhos, e para se enriquecerem com os enviasse contra êles um exército, pa­
nossos despojos; 21mas nós havemos ra destruir e exterminar o poder de
de pelejar pelas nossas vidas e pelas Israel e os restos de Jerusalém, e pa­
nossas leis; 22e o mesmo Senhor que­ ra apagar dêste lugar até a sua me­
brará todos os seus esforços diante mória; 36e que estabelecesse no seu
da nossa face; por isso não temais. território habitantes doutras nações,
e repartisse por sorte as suas terras.
23E, logo que cessou de falar, lan­ 3tO rei tomou a outra metade do e-
çou-se Judas de repente sôbre êle; e xército, que lhe restava, e partiu de
foi derrotado Seron e o seu exército Antioquia, capital do seu reino, no
diante dêle; “ e Judas o perseguiu ano cento e quarenta e sete; e pas­
na descida de Betoron até à planí­ sou o rio Eufrates, e atravessou as
cie, e morreram dêles oitocentos ho­ províncias superiores.
mens; os outros fugiram para o país
dos Filisteus. “ Então o terror e o Lísias envia tropas contra os Judeus
mêdo, que infundiam Judas e os seus
irmãos, espalharam-se por tôdas as 38Lísias escolheu Ptolomeu, filho de
nações circunvizinhas; “ e a fama do Dorímino, e Nicanor, e Górgias, que
seu nome chegou até ao mesmo rei, eram homens poderosos entre os a-
e todos os povos falavam das bara­ migos do rei, ^e enviou com êles qua­
lhas de Judas. renta mil homens a pé e sete mil ca­
valos para que fôssem à terra de Ju­
Antíoco confia a Lísias a guerra dá, e a assolassem, conforme a ordem
contra os Judeus do rei. ^Êles, pois, marcharam com
^Logo, pois, que o rei Antíoco ou­ tôdas as suas tropas, e chegaram lá,
viu estas novas, concebeu grande ira; e acamparam numa planície do ter­
e mandou reunir em todo o seu reino ritório de Emaús. 41E os mercadores
tropas, de que formou um exército das províncias vizinhas ouviram a
poderosíssimo; “ e abriu o seu erário, notícia da chegada dêles, e tomaram
e deu ao exército o sôldo de um ano; muita prata, e ouro em abundância,
e mandou-lhes que estivessem prestes e criados, e foram ao acampamento,
para tudo. “ Mas viu que lhe faltava com o fim de comprarem os filhos
o dinheiro de seus tesouros, e que de Israel para escravos; e os exérci­
eram limitados os tributos do país tos da Síria se ajuntaram a êles co­
(de Judá), por causa das discórdias mo também os de outras nações.
e misérias que êle mesmo tinha oca­ 42Então Judas e seus irmãos viram
sionado, querendo abolir as leis que que os males se tinham multiplica­
estavam em uso desde os tempos an­ do, e que os exércitos, se aproxima­
tigos; "e temeu que não teria, como vam das suas fronteiras; e tiveram
costumava, para os gastos e donati­ notícia das ordens que o rei tinha
vos, que dantes tinha feito com mão dado para destruir e exterminar o
larga, e em que tinha excedido os povo; *°e disseram uns para os ou­
reis seus predecessores. tros: Levantemos o nosso povo caído
“ Estava, pois, consternado em ex­ no abatimento, e pelejemos pelo nos­
tremo no seu interior, e resolveu ir so povo, e pelas nossas coisas santas.
1118 PRIMEIRO LIVRO DOS MACABEUS 3- 4
Jejum e oração em M asfa 57Feito isto, levantaram o acampa­
44Êles, pois, juntaram-se num corpo mento, e foram acampar perto de E-
a fim de se prepararem para a pe­ maús, do lado do meio-dia. ME Judas
leja, e a fim de fazerem oração disse-lhes:
(ao Senhor) e implorarem a sua mi­ Tomai as vossas armas, e sêde ho­
sericórdia e piedade. mens de valor e estais prontas pa­
45E Jerusalém não estava então ha­ ra, pela manhã, pelejardes contra nós
bitada, mas parecia um deserto; en­ para nos destruírem a nós e às nos­
tre seus filhos nenhum havia que en­ sas coisas santas; “ porque melhor nos
trasse e saísse dela; e o santuário es­ é morrer em combate do que ver os
tava pisado aos pés e os filhos dos males do nosso povo e das coisas san­
estrangeiros ocupavam a fortaleza, a tas. “ Mas cumpra-se o que fôr von­
qual servia de habitação aos gentios; tade (de Deus) no céu.
e foi desterrada de Jacó tôda a ale­
gria; e já não se ouvia nem a flauta Judas derrota Górgias
nem a citara.
40Êles, pois, juntaram-se, e foram A *Então Górgias tomou cinco mil
para Masfa, que está defronte de Je­ ’ homens de pé, e mil cavaleiros
rusalém; porque outrora havia em escolhidos; e levantou o acampamen­
Masfa um lugar de oração para Is­ to de noite, 2para irem atacar o a-
rael. 47E jejuaram aquêle dia, e ves­ campamento dos Judeus, e darem
tiram-se de cilícios, e puseram cinza sôbre êles de improviso; e os do país,
sôbre as suas cabeças, e rasgaram que eram da guarnição da fortaleza
os seus vestidos; 48e abriram os livros (de Jerusalém), serviam-lhes de guia.
da lei, nos quais os gentios procura­ 3Judas teve notícia dêste movimento,
vam achar alguma coisa, que tivesse e levantou-se êle e os seus valentes
semelhança com os seus ídolos; 49e para ir atacar o grosso das tropas do
trouxeram os ornamentos sacerdotais, rei, que estavam em Emaús; 4porque
e as primícias e os dízimos; e fize­ uma parte dêste exército andava ain­
ram vir os nazarenos, que tinham da dispersa fora dêste acampamento.
cumprido o tempo (do seu v o to ); 50e 5K Górgias foi de noite ao acampa­
gritaram em alta voz para o céu, di­ mento de Judas, e não encontrou lá
zendo: Que havemos de fazer nós des­ ninguém e buscava-os pelos montes
tes, e para onde os havemos de con­ dizendo: Êles fogem de nós.
duzir? 51C teu santuário foi pisado °E, quando foi dia, apareceu' Judas
aos pés, e contaminado; os teus sa­ na planície, acompanhado somente de
cerdotes estão em luto e em humi­ três mil homens, que não tinham nem
lhação; 52e eis que se juntaram as escudos nem espadas; 7e viram o exér­
nações contra nós para nos destrui- cito forte dos gentios, e os couracéi-
rem; tu sabes (bem ) os seus desígnios ros, e a cavalaria em tôrno dêles, e
contra nós. “ Como poderemos nós que todos eram destros para a guer­
subsistir diante da sua face, se tu, ra. 8Então disse Judas aos homens
ó Deus, não nos assistires ? ME fize­ que estavam com êle: Não temais a
ram retinir as trombetas com grande sua multidão, nem temais o seu en­
estrondo. contro. 9Lembrai-vos como nossos
Acampamento em Emaús pais foram salvos no mar Vermelho,
quando Faraó os perseguia com um
5SDepois disto Judas nomeou ofi­ grande exército. 10Gritemos, pois, a-
ciais que comandassem o exército, gora ao céu, e o Senhor se compa­
tribunos centuriões, e subalternos sô­ decerá de nós, e se lembrará da a-
bre cinqüenta homens e sôbre dez. liança que fêz com os nossos pais, e
56E disse aos que acabavam de edifi- destroçará hoje êste exército diante
car casas, e de receber mulheres, e de nossos olhos; ue tõdas as nações
de plantar vinhas, e aos que eram conhecerão que há um redentor e li­
tímidos, que voltassem cada um pa­ bertador de Israel. 12Nisto os estran­
ra sua casas, conforme a lei. geiros levantaram os olhos, e viram
Cap. Iv — 6. N ão Unham nem escudos.. . isto ê, estavam m al armados.
4 PRIMEIRO LIVRO DOS MACABEUS 1119
que a gente de Judas ia marchando um exército de sessenta mil homens
contra êles. 13Saíram do seu acam­ escolhidos, e de cinco mil cavaleiros,
pamento para o combate, e os que para combater os Judeus. 29E mar­
estavam com Judas deram sinal com charam para a Judéia, e acamparam
as trombetas, 14e travaram a bata­ junto de Betoron; e Judas saiu-lhes
lha; e foram derrotados os gentios, ao encontro com dez mil homens.
e fugiram para a planície. 15Os que Oração de Judas e derrota de Lísias
ficaram atrás caíram mortos passados
todos à espada, e (os vencedores) 30E (os Judeus) reconheceram que
perseguiram-nos até Gezeron, e até o exército (inimigo) era forte, e Ju­
aos campos da Iduméia, e de Azot e das fêz oração e disse: Bendito és,
de Jania, e morreram dêle até três Salvador do Israel, tu que quebras­
mil homens. te a fõrça do gigante por meio do
10E voltou Judas com o exército que teu servo Davi, e que entregaste o
o seguia; 17e disse à sua gente: Não acampamento dos estrangeiros nas
vos deixeis levar do desejo da prêsa, mãos de Jônatas, filho de Saul, e
porque ainda temos inimigos com que do seu escudeiro. 31Entrega agora
pelejar, l8e porque Górgias e o seu êste exército ( dos nossos inimigos)
exército está perto de nós no mon­ nas mãos do teu povo de Israel, e
te; mas conservai-vos agora firmes fiquem êles confundidos com as suas
contra os nossos inimigos, e acabai tropas e com a sua cavalaria. 82In-
de os derrotar, e depois tomareis com funde-lhes terror, e faze definhar a
segurança os seus despojos. 19E ain­ ousadia da sua coragem, e com o seu
da Judas estava a falar, eis senão mesmo quebranlamento sejam des­
quando aparece uma divisão (de Gor- truídos. 33Derriba-os por meio da es­
gias) olhando de cima do monte. 20E pada dos que te amam; e todos os
Górgias viu que os seus tinham sido que conhecem o teu nome, te diri­
postos em fuga, e que tinham lan­ jam hinos de louvor.
çado fogo ao seu acampamento, por­ 34Depois disto, deu-se a batalha; e
que o fumo, que aparecia, lhe indi­ caíram nela mortos cinco mil ho­
cava o <*ue tinha acontecido. 21À vista mens do exército de Lísias. “ Vendo
disto, tiveram muito mêdo, vendo ao Lísias a fuga dos seus, e a coragem
mesmo tempo que Judas e o exérci­ dos Judeus, e que estavam dispostos
to estavam na planície preparados ou a viver ou a morrer valorosamen-
para a batalha. 22E fugiram todos te, foi para Antioquia, e recrutou
para as terras dos estrangeiros. novos soldados, para tornar a ir à
23Então Judas voltou para recolher Judéia com forças maiores.
os despojos do acampamento (inimi­
go) ; e levaram muito ouro e prata, e Purificação do templo e restauração
muito jacinto, e púrpura marinha, e do culto
grandes riquezas. 24E, ao voltarem, 3,!Então Judas e seus irmãos dis­
cantavam hinos, e bendiziam a Deus seram: Eis que estão nossos inimi­
no céu, porque êle é bom, porque a gos derrotados; vamos agora purifi­
sua misericórdia é eterna. 25E por car e renovar o templo. 37Logo se
esta vitória foi grande a salvação que juntou todo o exército, e subiram ao
se alcançou em Israel naquele dia. monte Sião. 38E viram o santuário
Consternação de U sia s deserto, e o altar profanado, e as
portas queimadas, nos átrios arbus­
26E aquêles dos estrangeiros que es­ tos nascidos, como sucede num bos­
caparam, foram levar a notícia a Lí- que ou nos montes, e os quartos (dos
sias de tudo o que tinha acontecido. ministros) do templo todos destruí­
27Tendo-o êle ouvido, ficou conster­ dos. 39E rasgaram os seus vestidos,
nado no interior do seu espírito, e e fizeram grande pranto, e puseram
abatido, porque não lhe tinham saí­ cinza sôbre a cabeça, *°e prostraram-
do as coisas como êle ideara contra se com o rosto por terra, e deram
Israel, e como o rei lhe tinha ordena­ sinal com as trombetas, e levantaram
do. gritos ao céu.
28E no ano seguinte juntou Lísias 41Então ordenou Judas que fôssem
1120 PRIMEIRO LIVRO DOS MACABEUS 4 - 5

alguns homens combater contra os lebraram a dedicação do altar duran­


que estavam na fortaleza, enquanto te oito dias, e ofereceram holocaus­
se purificavam os lugares santos. 42E tos com alegria, e um sacrifício de a-
escolheu sacerdotes sem mancha, dornaram a fachada do templo, com
cheios de amor pela lei de Deus, 43os ção de graças, e de louvores. 57E a-
quais purificaram os santos lugares, coroas de ouro, e com pequenos es­
e levaram para um sítio profano as cudos; e repararam as entradas do
pedras contaminadas (com os sacri­ templo, e os quartos, e puseram-lhes
fícios dos ídolos). 44E Judas pensou portas. ME foi extraordinária a ale­
sobre o que deveria fazer do altar gria do povo, e o opróbrio das nações
dos holocaustos, que tinha sido pro­ foi afastado.
fanado. 45E tomaram o melhor par­ “ E ordenou Judas a seus irmãos e
tido, que foi destruí-lo, a fim de que tôda a assembléia de Israel, que se
não viesse a ser-lhes um motivo de celebrasse com alegria e regozijo o
opróbrio, por causa de o terem conta­ dia da dedicação do altar a seu tem ­
minado os gentios, e assim demoli­ po cada ano, durante oito dias, con­
ram-no. 46E puseram as suas pedras tados desde o dia vinte e cinco do
no monte do templo, num lugar pró­ mês de Casleu.
prio, esperando que algum profeta
declarasse o que se devia fazer delas. Fortificação de Jerusalém e de Betsura
47E tomaram pedras inteiras, segun­
do a lei, e fizeram com elas um al­ °°E neste mesmo tempo fortifica­
tar novo, conforme aquêle que tinha ram o monte Sião, e levantaram em
havido antes; "e reedificaram o san­ volta altos muros e fortes torres, te­
tuário e o que havia (que reparar) mendo que os gentios tornassem a
da parte de dentro da casa (do Se­ vir, e o profanassem, como tinham
nhor); santificaram o templo e os á - feito antes. 6,E pôs ali Judas uma
trios. 49E fizeram novos vasos sa­ guarnição para o guardar, e fo rtifi­
grados e puseram no templo o can­ cou-o para também segurar Betsura,
deeiro e o altar dos perfumes, e a a fim de o povo ter uma fortaleza
mesa. “ Puseram também incenso nasJfronteiras da Iduméia.
sôbre o altar, e acenderam as lâm­
padas que estavam sôbre o candeeiro, Guerra contra os países vizinhos:
e que luziam no templo. 51*P u- Iduméia, Bean e Amon
seram igualmente os pães (da propo­ £ JE aconteceu que, assim que as
sição) sôbre a mesa, e suspenderam
os véus, e acabaram tudo o que ti­ nações circunvizinhas ouviram
nham começado. dizer que o altar e o santuário ti­
nham sido reedificados como dantes,
52E no dia vinte e cinco do nono iraram-se muito, 2e resolveram ex­
mês chamado o mês de Casleu, do terminar os da linhagem de Jacó,
ano cento e quarenta e oito, levan­ que viviam entre êles; e começaram
taram-se antes de amanhecer, 53e o- a matar alguns do povo, e perseguir
fereceram o sacrifício, conforme a (outros).
lei, sôbre o novo altar dos holocaus­ 3Entretanto Judas fazia guerra aos
tos que tinham construído. MNo filhos de Esaú da Iduméia, e aos que
mesmo tempo e no mesmo dia, em estavam em Acrabatane, porque ti­
que os gentios o tinham profanado nham sempre os Israelitas (com o)
foi êle renovado ao som de cânticos, bloqueados, e desbaratou-os com u-
e de citaras, e de liras, e de címbalos. ma grande mortandade. 4Lembrou-se
55E todo o povo se prostrou com o também da malícia dos filhos de
rosto por terra, e adoraram, e, levan­ Bean, que serviam como de laço e
tando a sua voz até ao céu, bendis­ de tropeço para apanhar o povo,
seram aquêle que lhes tinha dado o armando-lhe emboscadas no cami­
feliz sucesso da sua emprêsa. “ E ce­ nho. bE foram encerrados por êles
51. Suspenderam os véus: o véu que separava o Santo do Santo dos santos, e o que
estava suspenso entre o Santo e o vestibulo.
Cap. v — 5. Anatematieou-os, isto é, condenou-os a um completo exterminio.
5 PRIMEIRO LIVRO DOS MACABEUS 1121

em torres e bloqueou-os, e anaterna- para Galaad. 18E deixou José, filho


tizou-os, e lançou fogo às suas tor­ de Zacarias, e Azarias por chefes do
res, queimando-as com todos os que povo, para guardarem a Judéia com
estavam nelas. 6De lá passou para o resto das tropas; 19e deu-lhes esta
entre os filhos de Arnon, onde en­ ordem, dizendo: Governai êste povo,
controu fortes tropas, e um povo nu­ e não deis batalha contra os gentios,
meroso, e Timóteo, que era seu ca­ a menos que nós não tenhamos vindo.
pitão; 7teve com êles diversos recon­ 2ÜE foram dados a Simão três mil
tros, e derrotou-os, e matou-os; 8e homens, para ir para a Galiléia; e
tomou a cidade de Gazer, e as po- a Judas oito mil, para ir para Galaad.
voações dependentes dela, e voltou
para a Judéia. V it ó r ia de Sim ã o n a G a lilé ia

Os I s r a e lit a s de G a la a d e da G a lilé ia 21E Simão marchou para a Gali­


pedem a u x ílio léia, e deu muitas vêzes batalha às
nações; e estas foram derrotadas na
9Entretanto os gentios, que viviam sua presença; e perseguiu-as até à
em Galaad, uniram-se contra os Is­ porta "de Ptolemaida; e morreram
raelitas, que estavam no seu pais, pa­ daqueles gentios perto de três mil
ra os exterminar; mas êstes fugiram homens, e apoderou-se dos seus des-
para a fortaleza de Dateman; 10e man­ pojos. 23Depois tomou consigo os ( Ju-
daram cartas a Judas e aos seus ir­ deus) que estavam na Galiléia e em
mãos, em que lhes diziam: Junta- Arbates, com suas mulheres e seus
ram-se contra nós as nações circun- filhos, e tudo quanto tinham, e con­
vizinhas, para nos exterminarem; ne duziu-os para a Judéia com grande
preparam-se para vir tomar a forta­ regozijo.
leza, onde nos refugiamos; e Tim ó­ V it ó r ia s de J u d a s n a t e r r a de G a la a d
teo é o general do seu exército. 12Vem
pois, agora, e livra-nos das suas mãos, -4Ao mesmo tempo Judas Macabeu
porque muitos dos nossos têm já pe­ e seu irmão Jônatas passaram o Jor­
recido. 13E todos os nossos irmãos, dão, e marcharam durante três dias
que habitavam nos arredores de Tu- pelo deserto. 25*E os Nabuteus saíram-
bin, foram passados à espada; e le­ lhes ao encontro, e receberam-nos
varam cativas as suas mulheres, e os pacificamente, e contaram-lhes tudo
seus filhos, e tomaram os seus des­ o que tinha acontecido a seus irmãos
pojo s, e mataram lá perto de mil em Galaad, 2(ie como muito dêles ti­
homens. nham sido encerrados em Barasa, e
14Quando ainda se estavam lendo em Bosor, e em Alimas, e em Casfor,
estas cartas, eis que chegaram outros e em Maget, e em Carnaim, as quais
mensageiros da Galiléia, tendo ras­ tôdas eram cidades • fortificadas e
gados os seus vestidos, trazendo ou­ grandes. 27E (acrescentaram) que da
tras novas semelhantes; 15pois diziam mesma sorte se achavam encerrados
que os de Ptolemaida, e de Tiro, e outros nas outras cidades de Galaad,
de Sidônia se tinham congregado con­ e (que os seus inimigos) tinham re­
tra êles; e que tôda a Galiléia esta­ solvido fazer marchar ao outro dia
va cheia de estrangeiros, com o fim o seu exército contra estas cidades,
(diziam êles) de nos perderem. com o fim de os apanhar e acabar
16Logo que Judas e o povo ouviram com todos êles num só dia. 28Então
estas novas, fizeram uma junta mag­ Judas com o seu exército marchou
na, para deliberarem o que se devia imediatamente pelo caminho do de­
fazer em favor daqueles seus irmãos, serto de Bosor, e tomou a cidade; e
que se achavam na angústia, e que mandou passar ao fio da espada to­
eram atacados por aquêles homens. dos os varões, e tomou todos os des-
,7Então disse Judas a seu irmão Si- pojos dêles, e pôs fogo à cidade.
mão: Escolhe homens, e vai, e livra 29E saíram de lá de noite, e mar­
os teus irmãos que estão na Galiléia; charam até à fortaleza. 30E ao rom­
eu e o meu irmão Jônatas iremos per do dia, tendo levantado os olhos,
25. os Nabuteus eram um povo nômade da A ráb ia ou Petréia.

36 - B íblia Sagrada
1122 PRIMEIRO LIVRO DOS MACABEUS 5

viram uma multidão inumerável de para um templo, que havia em Car-


máquinas para tomar esta fortaleza, naim. 44E Judas tomou a cidade, e
e acabar com os que estavam den­ queimou o templo com todos os que
tro. 31Viu, pois, Judas que o ataque estavam dentro, e Carnaim foi asso­
estava já começado, e que o clamor lada, e não pôde resistir contra o
dos combatentes subia até ao céu, co­ ímpeto de Judas.
mo o som duma trombeta, e que se Os Jude us fo rç a m E fro n
levantava grande clamor na cidade;
32e disse ao seu exército: Pelejai ho­ 45Então Judas congregou todos os
je por vossos irmãos. 33E marchou Israelitas, que havia em Galaad, des­
em três corpos atrás dos inimigos; ao de o mais pequeno até o maior, e
mesmo tempo tocaram as trombetas, suas mulheres e filhos, e formou um
e levantaram gritos a Deus, dirigin­ exército muito grande, para os con­
do-lhe as suas orações. 34As tropas de duzir à terra de Judá. 46E chegaram
Timóteo conheceram que aquêle era até Efron, cidade gr*mde situada à
Macabeu, e fugiram diante dêle; e os entrada do país, e muito forte; e não
soldados de Judas fizeram neles gran­ podia declinar dela nem para a-di-
de estrago; e dêles ficaram mortos reita, nem para a esquerda, mas o
naquele dia cêrca de oito mil ho­ caminho passava pelo meio dela. 47E
mens. 35E dali passou Judas a Masfa, os que estavam na cidade fecharam-
e assaltou-a, e tomou-a, e matou to­ se dentro, e obstruíram as portas
dos os varões que achou nela, e tomoü com pedras. E Judas enviou-lhes
os seus despojos, e pôs-lhe fogo. ^Con­ (um mensageiro) a dizer palavras de
tinuou depois a sua expedição, e to­ paz, 48nestes têrmos: Sêde servidos
mou Casbon, e Maget, e Bosor, e as de nos deixar passar pelo vosso país,
outras cidades de Galaad. a fim de irmos para a nossa terra,
37Depois disto, Timóteo juntou ou­ e ninguém vos fará mal algum. Nós
tro exército, e acampou defronte de passaremos a pé sem nos determos.
Rafon, da banda de além da torrente. Êles, porém, não queriam abrir-lhes.
38Judas mandou reconhecer êste exér­ 49Então Judas mandou apregoar pe­
cito; e, tendo voltado os mensagei­ lo acampamento que cada um fôsse
ros, disseram-lhé: Tôdas as nações atacar a cidade pelo lugar em que
que nos cercam juntaram-se com T i­ estivesse. 50OS mais valentes homens,
móteo, (form ando) um exército ex- pois, avançaram, e Judas deu o as­
traordinàriamente numeroso; ^trou­ salto àquela cidade durante todo o
xeram em seu auxílio os Árabes, e a- dia e tôda a noite, e a cidade foi
camparam da banda do além da tor­ entregue nas suas mãos.
rente, apercebidos para vir atacar-te, 51E passaram ao fio da espada to­
Judas marchou ao seu encontro. ^En­ dos os varões, e (Judas) destruiu a
tão Timóteo disse aos capitães do seu cidade até aos fundamentos, e levou
exército: Quando Judas tiver chega­ os seus despojos, e atravessou tôda a
do com o seu exército junto da tor­ cidade por cima de cadáveres.
rente, se êle vier primeiro a nós, nós 52Depois passaram o Jordão na
nâo lhe poderemos resistir, porque grande planície, que está defronte de
terá sôbre nós tôda a vantagem; Betsan. 53E Judas ia na retaguarda
41mas, se êle temer passar, e acam­ reunindo os atrasados, e animava o
par da outra banda do rio, passemos povo por todo o caminho, até que
nós a êles, e teremos vantagem sô­ chegassem ao país de Judá. 54E subi­
bre êle. 42Nisto Judas chegou à tor­ ram ao monte Sião com alegria e re­
rente, e pôs ao longo da torrente os gozijo, e ofereceram holocaustos em
escribas do exército, e deu-lhes esta ação de graças, por terem voltado
ordem: Não deixeis ficar aqui ho­ em paz, sem que nenhum dêles ti­
mem algum, mas venham todos ao vesse perecido.
combate. 43E foi êle o primeiro que T e n t a t iv a Im p ru d e n te , e d e rro ta de
passou a êles, e todo o povo após êle, Jo sé e de A z a ria s
e foram derrotados por êles na sua
presença todos os gentios, os quais 55Porém, durante o tempo em que
arrojaram as suas armas, e fugiram Judas e Jônatas estavam no país de
5 -6 PRIMEIRO LIVRO DOS MACABEUS 1123

Galaad, e Simão, irmão dêles, na Ga- A n tlo c o , d e rro ta d o n a P é rs ia , te m


liléia, diante de Ptolemaida, 56José co nhec im e nto d as d e rro ta s
filho de Zacarias, e Azarias, general s o frid a s n a J u d é ia
dos Judeus, souberam os bons suces­
sos que êles tinham tido, e as bata­ g Entretanto o rei Antíoco per-
lhas que se tinham dado; 57e disse u corria as províncias superiores, e
um para o outro: Façamos nós ouviu dizer que havia na Pérsia uma
também célebre o nosso nome, e va­ cidade nobilíssima, chamada Elimaida,
mos pelejar contra as nações que e que era rica em prata e ouro, 2e
estão à roda de nós. 3sDeu pois que havia nela um templo riquíssimo,
(José) ordens aos que compunham onde estavam ps véus de ouro, e as
o seu exército, e marcharam contra couraças, e os escudos, que tinha
Jania. 5!'E Górgias saiu da cidade, e deixado Alexandre, rei da Macedônia,
os seus soldados, a encontrar-se com filho de Filipe, que foi o primeiro
êles, oferecendo-lhes batalha. G0E Jo­ que reinou na Grécia. aE mar­
sé e Azarias foram postos em fuga chou, e intentava tomar a cidade
até à fronteira de Judéia; e pere­ e saqueá-la, mas não pôde, porque o
ceram naquele dia, do povo de Israel, seu desígnio chegou ao conhecimento
cêrca de dois mil homens, e foi gran­ dos que estavam na cidade; 4e saí­
de a derrota que o povo sofreu, ülpor ram a pelejar contra êle, e fugiu de
êles não terem seguido as ordens de lá, e retirou-se com grande tristeza,
Judas e de seus irmãos, imaginando e voltou a Babilônia.
que fariam prodígios de valor. 62Mas 5E, quando ainda estava na P ér­
êles não eram da linhagem daqueles sia, chegou-lhe a notícia de que tinha
homens, por quem a salvação veio a sido pôsto em fuga o seu exército,
Israel. que estava no país de Judá; °e que
63Ora, as tropas de Judas ficaram Lísias, tendo passado lá com um for­
gozando de grandíssima estimação pe­ te exército, tinha sido pôsto em fuga
rante todo o Israel, e perante tôdas pelos Judeus, e que, êstes se tinham
as nações onde se ouvia o seu nome. tornado mais fortes pelas armas, e
64E o povo saía-lhes ao encontro em pela gente, e com os muitos despo­
aclamações de júbilo. jos, que haviam tomado aos exérci­
tos derrotados; 7e que tinham des­
V it ó r ia s de J u d a s so b re os Id u m e u s truído o abominável ídolo, que êle ti­
e os F il is t e u s nha mandado colocar sôbre o altar
que estava em Jerusalém, e que ti­
e,Passado algum tempo, marchou nham cercado o seu templo de altos
Judas com seus irmãos, e foi sujeitar muros, como antes, assim como a sua
os filhos de Esaú, no país que fica cidade de Betsura.
para o meio-dia, e tomou por fôrça
Quebron e as cidade que dependiam M o rte de A n tío c o E p ifa n e s
dela; e queimou os seus muros, e as
tôres que a cercavam. “ Depois dis­ 8E aconteceu que, depois que o rei
to levantou o acampamento para ir ouviu estas notícias, ficou cheio de
ao país dos estrangeiros, e percorria espanto, e muito perturbado; e caiu
tôda a Samaria. 67Naquele dia caí­ doente de cama, e enfermou de me­
ram mortos alguns sacerdotes no lancolia, porque não lhe tinham su­
combate, por quererem dar mostras cedido as coisas como êle imaginara.
do seu valor, saindo à peleja impru­ 9E havia já muitos dias que ali se
dentemente. 6SE Judas deu volta para achava; porque ia aumentando nêle a
Azot, no país dos estrangeiros, e de­ tristeza, e compreendeu que ia mor­
moliu os seu altares, e queimou as rer. 10Chamou, pois, todos os seus a-
estátuas dos seus deuses, e tomou migos, e disse-lhes: O sono fugiu dos
os despojos das cidades, e voltou meus olhos, e vejo-me prostrado, e o
para a terra de Judá. meu coração abatido de pesares; ” e
Cap. V I — 1. Que havia na P é r s ia ... S jgundo o original: Que havia na Pérsia, na
(província de) Elimaida, uma cidade... Ê êí te o verdadeiro texto, pois nâo houve nenhu-
m a cidade cham ada Elim aida. A cidade de q ie se fa la aqui é Persépolis.
1124 PRIMEIRO LIVRO DOS MACABEUS 6

eu disse no meu coração: A quanta 25E êles estenderam as suas mãos não
tribulação rne não acho reduzido, e sòmente sôbre nós, mas ainda sôbre
em que onda de tristeza me não ve­ todo o nosso país, 26e agora eis que se
jo agora, eu, que era feliz e querido aproximaram da fortaleza de Jerusa­
no auge do meu poder! 12Agora, po­ lém, para se fazerem senhores dela,
rém, lembro-me dos males que fiz em e fortificaram Betsura; 27e se tu não
Jerusalém, donde não só tirei todos deres pressa a prevení-los, êles farão
os despojos de ouro e prata, que ha­ ainda maiores males, do que os que
via nela, mas ainda enviei (um exér­ têm feito até agora, e não poderás
cito ) a exterminar sem motivo os que sujeitá-los mais.
habitavam na Judeia. “ Reconheço,
pois, que por isso é que vieram so­ A n tío c o in v a d e a J u d é ia
bre mim todos êstes males; e eis que
vou morrer de grande melancolia nu­ 2sO rei, quando ouviu isto, ficou
ma terra estrangeira. 14Então cha­ irritado, e convocou todos os seus a-
mou Filipe, um dos seus amigos, e migos, e os príncipes do seu exército,
constituiu-o regente sobre todo o seu e os comandantes da cavalaria; 29e
reino; 15e entregou-lhe o seu diadema, também doutros reinos, e das ilhas
e o seu manto real, e o seu anel, marítimas, lhe vieram tropas mer­
para que fôsse buscar o seu filho An- cenárias. 30O seu exército era de
tíoco, e cuidasse da sua educação, e cem mil infantes, e de vinte mil ca­
o fizesse reinar depois dêle. valeiros, e de trinta e dois elefantes,
16E o rei Antíoco morreu ali, no adestrados para a batalha.
ano cento e quarenta e nove. 17E sou­ 31E marcharam para Iduméia, e fo ­
be Lísias que o rei tinha morrido, e ram sitiar Betsura, e atacaram-na
aclamou rei a Antíoco, seu filho, a durante muitos dias, e fizeram várias
quem tinha criado desde menino; e máquinas (de g u e rra ); porém os si­
pôs-lhe o nome de Eupator. tiados saíram contra êles, e queima-
ram-nos, e pelejaram com grande va­
J u d a s atac a a cidadela de Siã o lor.
18Ora os que estavam na fortaleza C om bate m e m o rá v e l em B e tz a c a ra
tinham fechado a Israel todos os ar­
redores do templo, e procuravam 32E Judas afastou-se da fortaleza,
sempre fazer-lhes mal, e fortificar os e marchou com o seu exército para
gentios. 19E Judas resolveu destruí- Betzacara, para defronte do acampa­
los; e convocou todo o povo, para os mento do rei. 33E o rei levantou-se
cercarem. 2üConcorreram, pois, todos, antes de amanhecer, e fêz marchar
e cercaram-nos no ano cento e cin- impetuosamente tôdas as suas tropas
qüenta, e fizeram instrumentos de a caminho de Betzacara; e prepara­
despedir pedras, e outras máquinas ram-se os dois exércitos para o com­
de guerra. bate, e tocaram as trombetas. 34E
mostraram aos elefantes sumo de u-
A n tío c o E u p a to r é cham ado p elo s vas e de amoras, para os incitarem
s itia d o s à peleja; 35e distribuíram êstes ani­
mais pelas legiões pondo em volta
2JEntão saíram alguns dos que es­ de cada elefante mil homens arma­
tavam cercados; e agregaram-se a ê- dos de cotas de malha e de capace­
les alguns ímpios do povo de Israel; tes de bronze; e quinhentos de cava­
22e foram ter com o rei, e disseram- los escolhidos tinham ordem de se
lhe: Até quando diferes tu fazer-nos conservar sempre junto de cada ani­
justiça, e vingar nossos irmãos? 23Nós mal. 3,iÊstes precediam o animal para
resolvemos-nos a servir o teu pai, e a onde quer que êle fôsse, e para tôda
conduzir-nos pelas suas ordens, e a a parte para onde êle ia, iam êles,
obedecer aos seus editos, 24e por es­ e nunca se afastavam dêle. 37Havia
ta causa os filhos do nosso povo nos também sôbre cada animal uma for­
ganharam aversão, e mataram de en­ te tôrre de madeira, destinada a pro­
tre nós todos aquêles que encontra­ tegê-lo; e por cima desta tôrre má­
vam, e roubaram as nossas heranças. quinas de guerra, e em cada tôrre
6 PRIMEIRO LIVRO DOS MACABEUS 1125
trinta e dois homens valentes, que sim o rei tomou Betsura, e pôs nela
pelejavam, e um índio que conduzia uma guarnição que a guardasse.
o animal. 38E ordenou o resto da ca­
valaria dum e doutro flanco, em dois Cêrco de J e ru s a lé m
troços, para animar o exército com o
som das trombetas, e para estreitar 51Depois fêz marchar as suas tro­
nas suas filas os batalhões. 39Quan- pas para o lugar santo, onde se de­
do o sol brilhou sôbre o escudo de teve muitos dias; e pôs ali balistas,
ouro e de tíronze, com o seu reflexo e máquinas, e engenhos para lançar
resplandesceram os montes, e resplan­ fogo, e trabucos para atirar pedras,
deceram como fachos de fogo. 40E u- e arremessar dardos, e escorpiões pa­
ma parte do exército do rei avan­ ra despedir setas, e pôs fundas. 52E
çou pelo alto dos montes, e outra pe­ (os sitiados) fizeram também máqui­
las planícies; e marchavam com pre­ nas contra as máquinas dos inimigos
caução e ordem. 41E todos os habi­ e pelejaram durante muitos dias.
tantes daquela terra estavam espan­ 53Mas não havia víveres na cidade,
tados da grita que fazia esta multi­ por ser o ano sétimo (ou sabático), e
dão de soldados, e da marcha de tan­ porque os das nações que tinham fi­
ta gente, e da colisão das suas ar­ cado na Judéia, tinham consumido o
mas; porque era um exército muito resto dos que tinham ficado de re­
grande e forte. 42E Judas aproximou- serva. 5,E ficaram poucos homens de
se com o seu exército para dar a guarda aos lugares santos, porque os
batalha; e morreram do exército do tinha apertado a fome; e dispersa­
rei seiscentos homens. ram cada um para a sua terra.
55Entretanto Lísias ouviu dizer que
H e ro is m o de E le á z a r Filipe, a quem o rei Antíoco, viven­
43Então Eleázar, filho de Saura, viu do ainda, tinha feito aio do seu f i­
um dos elefantes todo encouraçado lho Antíoco, para o fazer reinar de­
com as armaduras reais, e era mais pois dêle, 5Gtinha chegado da Pérsia
alto que todos os outros; e pareceu- e da Média com o exército que lá o
lhe que o rei iria sôbre êle; we sa­ tinha acompanhado, e que se prepa­
crificou a sua vida para livrar o seu rava para tomar o govêrno dos ne­
povo e adquirir para si um nome gócios do reino.
imortal. 4SE correu a êle animosa- E u p a to r fa z a paz com os J u d e u s e
mente pelo meio da legião, matando logo em se g u id a a v io la
à direita e à esquerda, e caíam, du­
ma e doutra parte, à fôrça dos seus 67Êle, pois, apressou-se a ir dizer ao
golpes, todos os que se lhe punham rei e aos generais do seu exército:
diante. 46E chegou até aos pés do e- Nós vamo-nos consumindo aqui todos
lefante, e meteu-se debaixo dêle, e os dias e os víveres que temos são
matou-o; e (o elefante) caiu em ter­ poucos, e a praça que sitiamos es­
ra sôbre êle, e (Eleázar) morreu ali. tá bem fortificada, e incumbe-nos
47Mas (os Judeus), vendo a fôrça pôr em ordem os negócios do reino.
do rei, e o ímpeto do seu exército 58Demos, pois, agora a mão a êstes ho­
retiraram-se do combate. mens, e façamos paz com êles, e com
To m a d a de B e ts u ra tôda a sua nação, 59e permitamos-lhes
que vivam segundo as suas leis, co­
48Então o exército do rei marchou mo dantes; porque, por causa das
contra êles para a banda de Jerusa­ suas leis, que nós ternos desprezado,
lém, e penetrou na Judéia o referido é que êles se irritaram e fizeram to­
exército do rei, e acampou junto do das estas façanhas. °°E esta proposta
monte Sião. 49E o rei fêz paz com agradou ao rei e aos seus príncipes;
os que estavam em Betsura; e êles pelo que mandou tratar de paz com
saíram da cidade, porque não tinham os Judeus, e êstes a aceitaram. 61E o
já que comer, estando ali encerrados, rei e os seus príncipes lha confirma­
5 ram com juramento; e êles saíram
pois era o ano sabático da terra. ^As-8
58. Demos a m ã o ... isto é, façam os aliança com êstes homens.
1126 PRIMEIRO LIVRO DOS MACABEUS 6 - 7

da fortaleza que defendiam. 62Então propondó-lhes condições de paz, com


0 rei subiu ao monte Sião, e viu as intenção de os enganar. ” Mas êles
suas fortificações; e logo quebrou o não deram ouvidos às suas palavras,
juramento que tinha feito, e man­ por verem que tinham vindo com um
dou derrubar o muro que estava em poderoso exército.
roda. 63Dali partiu a tôda a pressa, C ru e ld a d e de B á q u id e s e A lc im o
e voltou para Antioquia, onde achou
ue Filipe se tinha apoderado da ci- “ Entretanto um grupo de escribas
ade; e pelejou contra êle, e reco­ foi ter com Alcimo e Báquides, a
brou a cidade. fim de lhes proporem o que fôsse
J u d a s é a cusado ju n to a D e m é trio , justo. J3À frente dêstes filhos de Is­
no v o re i da S í r ia rael iam os Assideus, os quais lhes
pediam a paz. “ Porque diziam: É
•7 7N o ano cento e cinqüenta e um sacerdote da linhagem de Arão
1 um, Demétrio, filho de Se- ue vem ter conosco; êle não nos há
leuco, saiu da cidade de Roma, e foi e enganar. 15E Alcimo falou-lhes
com um pequeno número de homens com (todas as aparências de) paz; e
para uma cidade marítima, e come­ jurou-lhes, dizendo: Não faremos
çou a reinar nela. 2E aconteceu que, mal algum nem a vós, nem aos vos­
depois que êle entrou na casa do sos amigos. 16E deram-lhe crédito;
reino de seus pais, o exército prendeu mas (A lcim o ) fêz prender sessenta
Antíoco e Lísias, para lhos trazerem. homens dêles e mandou-os matar
3E, logo que êle soube disto, disse: num mesmo dia, segundo a palavra
Não me obrigueis a ver-lhes as ca­ que está escrita (nos Salmos): 17Êles
ras. 4Então o exército matou-os, e fizeram cair os corpos dos teus san­
Demétrio assentou-se sôbre o trono tos, e derramaram o seu sangue ao
do seu reino. redor de Jerusalém, sem haver quem
3E foram ter com êle certos ho­ os sepultasse. 18E apoderou-se de to­
mens iníquos e ímpios de Israel; e do o povo um grande temor e tre­
entre êles Alcimo, seu chefe, que as­ mor, e diziam: Não há entre êles
pirava a ser (sumo) pontífice. 6E verdade nem justiça; porque violaram
acusaram o povo diante do rei, di­ a palavra que tinham dado, e o ju­
zendo: Judas e seus irmãos têm da­ ramento que tinham feito. 19E Bá­
do cabo de todos os teus amigos, quides partiu de Jerusalém, e foi a-
e a nós mesmos nos lançou fora da campar junto de Betzeca; e mandou
nossa terra. 7Envia, pois, agora um prender muitos daqueles que tinham
homem, em quem tenhas confiança, abandonado o seu partido, e matou
para que vá, e veja todo o estrago alguns do povo, e mandou-os deitar
que êle nos tem feito a nós, e às pro­ num grande poço.
víncias do rei; e castigue todos os 20Depois disto, confiou o país a A l­
seus amigos, e todos os seus auxilia­ cimo, e deixou com êle um corpo de
res. tropas para o sustentarem; e Báqui­
des voltou para junto do rei. “ En­
D e m é trio e n v ia B á q u id e s e A lc im o tretanto Alcimo fazia todos os esfor­
à J u d é ia ços por se firm ar no seu pontificado
8E o rei escolheu dentre os seus supremo; 22e juntaram-se a êle todos
amigos a Báquides, que tinha o go- os que perturbavam o seu povo, e
vêrno das províncias de além do rio, tornaram-se senhores do país de Ju­
um dos grandes do reino, e fiel ao dá, e causaram grandes estragos em
rei, e o enviou 9a reconhecer o es­ Israel. 23E viu Judas que todos os
trago que Judas tinha feito, confe­ males, que Alcimo e os que com êle
rindo além disso o pontificado ao estavam tinham feito aos filhos de
ímpio Alcimo, e ordenou-lhe que cas­ Israel, eram muito maiores, do que
tigasse os filhos de Israel. os causados pelos gentios; 24e percor­
luPartiram êles, pois, e foram com reu todo o território da Judéia, e deu
um grande exército para a terra de o merecido castigo aos desertores (da
Judá; e enviaram mensageiros, que causa da p á tria ); e assim cessaram
falaram a Judas e a seus irmãos, dali em diante de fazer mais corre-
7 PRIMEIRO LIVRO DOS MACABEUS 1127

rias pelo país. 25Mas Alcimo viu que escolheste esta casa a fim de que
Judas e sua gente eram mais fortes; nela fôsse invocado o teu nome, e
e reconheceu que não podia resistir- fôsse uma casa de oração e de sú­
lhes, e voltou para junto do rei, e plica para o teu povo. 38Tira vingan­
acusou-os de muitos crimes. ça dêste homem e do seu exército, e
pereçam ao fio da espada. Lem ­
N ic a n o r procede d o lo sa m e nte bra-te das suas blasfêmias, e não per­
mitas que êles subsistam (sobre a
26Então o rei mandou Nicanor, um terra) .
dos mais ilustres senhores da sua
M o rte de N ic a n o r
côrte, e inimigo, declarado de Israel
e deu-lhe ordem de acabar com êste 31,E Nicanor saiu de Jerusalém, e
povo. 27Foi, pois, Nicanor a Jerusalém foi acampar junto de Betoron; e ali
com um grande exército, e deputou se juntou com êle o exército da Síria.
quem fôsse ter com Judas e com seus 4ÜE Judas acampou junto de Adarsa
irmãos, para tratar de paz com enga­ com três mil homens; e fêz oração,
no, 28dizendo: Não haja guerra entre dizendo: 41Senhor, quando os que o
mim e vós; eu virei com poucos ho­ rei Senaquerib tinha enviado blas­
mens a ver-vos pessoalmente, e a fa ­ femaram contra ti, veio um anjo, e
lar-vos de paz. 29Depois foi êle ter matou dêles cento e oitenta e cinco
com Judas, e uns e outros se sauda­ mil homens. 4-Extermina hoje da
ram amigàvelmente; mas os inimigos mesma sorte êste exército diante de
estavam preparados para prenderem nós, a fim de que saibam todos os
Judas. outros que (N ica n or) falou mal con­
N ic a n o r é p o sto em fu g a p o r J u d a s tra o teu santuário; e julga-o segun­
do a sua malícia. 43D e ra m o s exér­
30Judas, logo que percebeu que N i­ citos a batalha no dia treze do mês
canor tinha ido falar-lhe com dolo­ de Adar; e o exército de Nicanor
sa tenção, logo se temeu dêle, e não foi derrotado, sendo êle o primeiro
quis mais ver-lhe o rosto. 31E Nica­ que morreu no combate. 44Vendo o
nor reconheceu que estava descoberto exército de Nicanor que êste tinha
o seu desígnio; e marchou contra Ju­ morrido, largaram as suas armas, e
das, para lhe dar batalha junto de deitaram a fugir. 43E (os Judeus)
Cafarsalama. 32E dos exércitos de N i­ foram no seu alcance durante um
canor ficaram mortos cêrca de cinco dia, desde Adazer até à entrada de
mil homens, e os outros fugiram pa­ Gazara, e tocaram as trombetas atrás
ra a cidade de Davi. 33E, depois dis­ dêles para todos o saberem. 46E saí­
to, Nicanor subiu ao monte Sião; e ram de tôdas as aldeias da Judéia
saíram alguns dos sacerdotes do po­ ao redor, e fustigavam-nos rijamente,
vo para o saudarem em espírito de e faziam-nos retroceder para os ven­
paz, e mostrar-lhe os holocaustos, cedores, que os mataram a todos à
que se ofereciam pelo rei. 34Mas êle espada, e nenhum só dêles escapou.
desprezou-os, fazendo zombaria dê- 47Apoderaram-se em seguida dos
les, e tratou-os como a profanos; e seus despojos, e cortaram a cabeça a
falou-lhes com arrogância; 35e jurou, Nicanor, e a sua mão direita, que
cheio de cólera, dizendo: Se Judas êle tinha estendido insolentemente
não se entregar às minhas mãos com (con tra o tem plo), e levaram-nas, e
o seu exército, logo que eu sair vito­ penduraram-nas à vista de Jerusa­
rioso, queimarei êste templo. E saiu lém. 4SE alegrou-se muito o povo, e
todo enfurecido. 36Então os sacerdo­ passaram aquêle dia num grande re­
tes entraram, e se apresentaram dian­ gozijo. 49E ordenou-se que êste mesmo
te da face do altar e do templo, e, dia seria celebrado todos os anos, co­
chorando, disseram: 37Tu, Senhor, mo festivo, a treze do mês de Adar.
Cap. V II — 33. Que se ofereciam pelo rei, ao qual Deus permitia que estivessem sujei-
tos. Tam bém os cristãos oravam a Deus, desde o princípio, Pela felicidade dos imperado-
res pagãos, apesar de serem seus perseguidores, Ê esta a doutrina que ainda hoje devemos
seguir.
43. O mês de Adar corresponde ao fim de fevereiro e começo de março.
1128 PRIMEIRO LIVRO DOS MACABEUS 7 - 8

WE o país de Judá esteve em des­ batalha, e mataram-lhes muita gente,


canso durante um pequeno número e levaram cativas as suas mulheres,
de dias. e os seus filhos, e saquearam-nos, e
Os Rom anos se tornaram senhores do seu país, e
O *Então Judas ouviu falar da destruíram os muros das suas cida­
des, e os reduziram à escravidão até
° reputação dos Romanos, de co­ ao dia de hoje; ” e (soube) que ti­
mo êles eram poderosos em forças, nham arruinado e subjugado ao seu
e condescendiam em tudo o que se império os outros reinos e ilhas que
lhes pedia; e que tinham feito amiza­ lhes tinham resistido.
de com todos os que se tinham apro­
ximado dêles, e que o seu poder era F id e lid a d e dos R o m a n o s à s a lia n ç a s.
grande. 2Ouviu também contar as Se u g o vê rn o
suas batalhas, e as grandes proezas
que tinham feito na Galácia, e como 12Mas que conservavam cuidadosa­
se tinham assenhoreado dêstes povos mente as alianças feitas com os seus
e os tinham tornado seus tributários; amigos, e com os que se lhes tinham
3e quanto tinham feito no país de Es­ entregado, e que se tinham apodera­
panha, e como puseram debaixo do seu do dos reinos vizinhos, e mesmo dos
ooder as minas de prata e de ouro, que lhes ficavam longe; porque todos
que ali há, e conquistaram tôdas es­ quantos ouviam o seu nome, os te­
tas terras pela sua prudência e pa­ miam; 13e que reinavam aquêles a
ciência; 4e como tinham sujeitado paí­ quem queriam dar socorro para que
ses muito afastados dêles, e derrotado reinassem; e aos que queriam, des­
reis, que os tinham vindo atacar des­ tronavam; e que se achavam muito
de as extremidades do mundo, e que engrandecidos.
tinham feito grande mortandade nos UE que, sem embargo de tôdas es­
seus exércitos; e que todos os outros tas coisas, nenhum entre êles trazia
lhes pagavam tributo todos os anos; diadema, nem se vestia de púrpura,
5e que tinham vencido em batalha a para com ela se engrandecer; 15e que
Filipe e a Perseu, rei dos Geteus, e tinham estabelecido entre si um se­
aos outros, que tinham tomado as ar­ nado, e que todos os dias consulta­
mas contra êles, e que se tinham tor­ vam trezentos e vinte (senadores),
nado senhores das suas terras; 6e que tendo sempre conselho sôbre os ne­
por êles tinha sido desbaratado An- gócios da república, para fazerem o
tíoco, o grande rei da Ásia, o qual que fôsse digno dêles; 16e que confia­
lhes tinha movido guerra, trazendo vam cada ano a suprema magistra­
cento e vinte elefantes, e muita cava­ tura a um só homem, para êste co­
laria, e carros, e um exército muito mandar em todos os seus estados, e
numeroso; 7e que o tinham tomado v i­ assim todos obedeciam a um só, sem
vo, e o tinham obrigado, a êle e aos haver entre êles nem inveja, nem
que reinassem depois dêle, a pagar- ciúme.
lhes um grande tributo, e a dar-lhes Ju d a s fa z a lia n ç a com os R o m a n o s
reféns, e tudo quanto se tinha con­
vencionado (a saber): 8o país dos Ín­ 17Judas, pois, (em vista de tudo isto)
dios, e dos Medos, e dos Líbios, as escolheu Eupolemo, filho de João, fi­
mais belas das suas províncias; e que, lho de Jacó, e Jasão, filho de Eleá-
depois de as terem recebido dêles, as zar, e enviou-os a Roma para con­
deram ao rei Eumenes. 9(Soube tam­ tratar amizade e aliança com êles, 18a
bém Judas) que os que estavam na fim de que lhes tirassem o jugo dos
Grécia, tinham querido marchar (con­ Gregos, porque viam que êles redu­
tra os Romanos) e destruí-los, mas ziam à escravidão o reino de Israel.
que êste projeto chegou ao seu co­ 19E, depois de uma viagem muito lon­
nhecimento, 10e enviaram contra êles ga, chegaram a Roma, e entraram no
um dos seus generais, e deram-lhes senado, e disseram: 20Judas Macabeu
Cap. V I I I — 8. Eumenes I I , re i de Pérgamo, filh o e sucessor de Átala I , tinha her­
dado de seu pai o favor e a aliança dos Romanos. Recompensaram-lhe os serviços, dando-
lhe as províncias conquistadas a Antioco Magno.
8 - 9 PRIMEIRO LIVRo DOS MACABEUS 1129

e os seus irmãos, e o povo dos Ju­ B á q u id e s e A lc im o v o lta m - se


deus enviaram-nos a vós para fazer c o n tra a J u d é ia
aliança e paz convosco, a fim de que
nos conteis no número dos vossos a- Q 7Entretanto Demétrio, logo que
liados e amigos. 21E esta proposta ** soube que Nicanor e o seu exér­
agradou aos Romanos. cito tinham perecido no combate,
mandou novamente Báquides e Alci­
F ó r m u la üa a lia n ç a mo para a Judéia, e com êles a ala
direita (ou o m elhor) do seu exército.
22E eis o rescrito que êles fizeram 2E marcharam pelo caminho, que vai
gravar em lâminas de bronze, e que ter a Gálgala, e acamparam em Ma-
enviaram a Jerusalém, para ali ser­ salot, que está em Arbelas; e toma-
virem como dum monumento de paz ram-na, e mataram grande número
e' aliança (que tinham feito com os de pessoas. 3No primeiro mês do ano
Judeus). 23Bem haja aos Romanos cento e cinqüenta e dois chegaram
e à nação dos Judeus, por mar e por com o exército a Jerusalém.
terra, para sempre; e a espada e o 4E partiram e marcharam para Be-
inimigo, estejam (sempTe) longe de­ réia vinte mil infantes, e dois mil ca­
les! 24Se sobrevier primeiro uma guer­ valeiros. 5Ora Judas estava acampa­
ra aos Romanos, ou a quaisquer dos do em Laisa, e com êle três mil ho­
seus aliados, em tôda a extensão dos mens escolhidos; 6e, quando viram a
seus domínios, 25a nação dos Judeus multidão do exército (in im igo) que
lhes dará auxílio com tôda a boa von­ era numerosa, ficaram possuídos de
tade, conforme o permitirem as cir­ grande temor; e muitos desertaram
cunstâncias; 2(ie os Romanos não da­ do acampamento, e não ficaram dê­
rão, nem subministrarão aos comba­ les senão oitocentos homens.
tentes, nem trigo, nem armas, nem H e ro ís m o de J u d a s
dinheiro, nem embarcações, porque
assim é que pareceu bem aos Roma­ 7E Judas viu que se tinha diminuído
nos; e (os soldados judeus) obedece­ o seu exército, e o apêrto em que o
rão ao seu mando, sem receber nada inimigo o punha para pelejar, e fi­
dêles. 27E da mesma sorte, se sobre­ cou desanimado porque não tinha
vier primeiro uma guerra à nação tempo de os juntar, e desmaiou. 8Mas
dos Judeus, os Romanos os ajudarão sempre disse aos que tinham ficado:
de todo o coração, segundo lhes per­ Vamos, e marchemos contra os nos­
mitir o tempo; 28e (os Judeus) não sos inimigos, a ver se poderemos com­
darão às tropas auxiliares nem trigo, bater contra êles. 9Os seus, porém, des-
nem armas, nem dinheiro, nem em­ viávam-no disso, dizendo: Nós não
barcações, porque assim é que aprou- poderemos fazer tal; mas salvemos
ve aos Romanos, e êstes obedecerão agora as nossas vidas, e voltemos para
às suas ordens com fidelidade. 20Êste nossos irmãos, e, depois que assim o
é o pacto que os Romanos fazem com tivermos feito, então tornaremos a
os Judeus. 30Porém, se, no futuro, uns vir pelejar contra êle; agora somos
ou outros quiserem acrescentar ou poucos. 10E Judas disse: Deus nos
tirar alguma coisa ao que vai escrito livre que tal façamos, fugindo à vis­
aqui, êles o poderão fazer de comum ta dêles! E, se é chegada a nossa ho­
acordo; e tudo o que acrescentarem ra morramos valorosamente por nos­
ou tirarem ficará valioso. 31E pelo sos irmãos, e não manchemos a nos­
que toca aos danos que o rei Demé- sa glória com esta nódoa.
trio tem feito ao povo dos Judeus, nós
M o rte de J u d a s
lhe escreveremos sôbre isso, nestes
têrmos: Por que tens tu feito pas­ nE o exército (in im igo) saiu do
sar o teu jugo sôbre os Judeus, nos­ seu acampamento, e foi ao seu en­
sos amigos e aliados? 32Se êles, pois, contro, e a cavalaria foi dividida em
vieram outra vez representar-nos as dois corpos, e os fundibulários e os
suas queixas, nós lhes faremos justiça frecheiros marchavam à frente do
contra ti, e te faremos guerra por exército, e todos os que seguiam na
mar e por terra. primeira linha eram os mais valentes.
1130 PRIMEIRO LIVRO DOS MACABEUS 9

12Báquidès estava na ala direita, e os o tempo em que os profetas tinham


esquadrões avançavam por ambos os desaparecido de Israel.
lados, tocando ao mesmo tempo as
trombetas. 13E os que .eram da par­ J ô n a ta s sucede a J u d a s
te de Judas levantaram também êles no p ô sto de che fe dos J u d e u s
as vozes num grito, e estremeceu a
terra com o alarido dos exércitos; e “ Então juntaram-se todos os ami­
durou o combate desde manhã até à gos de Judas, e disseram a Jônatas:
tarde. 14E Judas observou que a a- "'Desde que teu irmão Judas morreu,
la direita do exército, onde estava não há homem semelhante a êle, que
Báquides, era a mais forte e inves- marche contra os nossos inimigos, Bá­
tiram-na, juntamente com êle todos quides e aquêles que são inimigos da
os que eram de ânimo mais intrépido; nossa gente. 30Portanto, nós agora te
15e foi rôta por êles a mesma ala di­ escolhemos hoje para sêres nosso
reita e Judas os foi perseguindo até príncipe e nosso capitão, em lugar
ao monte de Azot. 10Mas os que esta­ dêle a fim de dirigires as nossas
vam na ala esquerda, quando viram guerras. 31Jônatas, pois, naquele
que a ala direita tinha sido derrota­ tempo, recebeu o mando, e tomou o
da, foram logo seguindo por detrás a lugar de seu irmão Judas.
Judas, e aos que com êle se encon­ :I*E teve Báquides conhecimento
travam; 17e tornou-se mais renhida a disso, e procurava matá-lo. 33Mas
peleja, e foram muitos os que duma Jônatas e Simão, seu irmão, e todos
e outra parte caíram feridos. 18E o§ que com êle estavam, souberam
Judas caiu morto, e os outros fugiram. isto, e fugiram para o deserto de Té-
cua, e fizeram alto junto das águas
19Jônatas e Simão levaram o corpo do lago de Asfar. 34Soube-o também
de seu irmão Judas, e sepultaram- Báquides, e êle mesmo com todo o
no no sepulcro dos seus maiores, que seu exército, num dia de sábado, pas­
estava na cidade de Modin. “ E todo o sou para a banda de além do Jordão.
povo de Israel manifestou um gran­
de sentimento, e chorou-o durante J ô n a ta s m a ta os f il h o s de J a m b ri
muitos dias. 21E diziam: Como caiu p a ra v in g a r a m o rte de se u irm ã o
êste esforçado guerreiro, que defen­
dia o povo de Israel! 35Então Jônatas enviou seu irmão,
22As outras narrações (que se po­ que comandava o povo, e rogou aos
diam fazer) das guerras de Judas, e Nabuteus, seus amigos, que lhe em­
das façanhas que operou, e da gran­ prestassem o seu trem de guerra, que
deza do seu espírito, não se acham era muito grande. 36Mas Os filhos de
aqui escritas, porque eram muito nu­ Jambri saíram de Madaba, e apanha­
merosas. ram João e tudo o que êle tinha, e
foram-se, levando tudo isso. 37Passado
B á q u id e s o p rim e os J u d e u s isto, vieram dizer a Jônatas e a Si­
mão seu irmão, que os filhos de Jam­
23E aconteceu que, depois da mor­ bri celebravam umas grandes bôdas,
te de Judas, apareceram por todo o e traziam de Madaba com grande
território de Israel homens perver­ pompa a noiva, que era filha dum
sos, e se deram a conhecer todos os dos grandes príncipes de Canaã.
que praticavam a iniqüidade. “ N a­ 3sLembraram-se êles então do sangue
queles dias sobreveio uma fome mui­ de seu irmão João; e subiram, e es­
to grande, e todo o país com os seus conderam-se num lugar secreto da
habitantes sujeitou-se a Báquides. 25E montanha. 39Depois levantaram os o^
Báquides escolheu homens ímpios, e lhos, e olharam, e eis que vinha um
pô-los por governadores daquele país; grande tropel, e um magnífico apara­
2,5e andavam em busca e em pesquisa to: o noivo, e os seus- amigos e ir­
dos amigos de Judas, e traziam-nos mãos, avançando ao encontro desta
a Báquides, o qual se vingava dêles comitiva, ao som de tambores e ins­
e os insultava. 27E levantou-se uma trumentos musicais, com muita gente
tão grande tribulação em Israel que armadni 40Então deram sôbre êles os
não se tinha visto outra assim desde da emboscada, e mataram-os e caí­
9 PRIMEIRO LIVRo DOS MACABEUS 1131

ram muitos feridos, e os que tinham que tinha começado; perdeu a fala,
escapado fugiram para os montes; e ficou tolhido duma paralizia, sem po­
tomaram todos os seus despojos. 41As der mais pronunciar uma palavra,
bôdas converteram-se, pois, em luto, nem fazer disposição alguma relati­
e os seus concertos musicais em la­ vamente à sua casa. SS(Desta sorte)
mentos. 42E desta maneira vingaram morreu Alcino naquele tempo, ator­
o sangue de seu irmão; e voltaram mentado de grandes dores.
para a margem do Jordão. 57Vendo Báquides que Àlcimo tinha
morrido voltou para o rei, e o país
J ô n a ta s m a ta m il h o m e ns de B á q u id e s ficou em repouso durante dois anos.
43E Báquides soube disto, e foi com J ô n a ta s d e rro ta B á q u id e s
um poderoso exército, em dia de sá­
bado, até à margem do Jordão. 44E 58Ao cabo dêste tempo, todos os
Jônatas disse aos seus: Vamos pele­ maus formaram entre si êste desíg­
jar contra os nossos inimigos, porque nio, dizendo: Reparai, Jônatas e os
hoje não é como ontem e ante-ontem; que estão com êle, vivem em paz e
45vêde que temos o inimigo por dian­ descuidados; façamos, pois, agora vir
te; e as correntes do Jordão duma e Báquides, e êle os surpreenderá a to­
outra parte, e as suas margens, e dos numa noite. 59Foram, pois, ter
pântanos, e bosques e não há meio com êle, e propuseram-lhe êste desíg­
de escapar. 46Agora, pois, clamai ao nio. 6ÜE Báquides pôs-se logo a cami­
céu, para que sejais livres da mão dos nho com um grande exército, e man­
vossos inimigos. E travou-se a bata­ dou em segrêdo cartas aos do seu
lha. 47E Jônatas estendeu a sua mão partido, que estavam na Judéia, a
para ferir Báquides, mas êle evitou fim de que prendessem Jônatas, e
o golpe, retirando-se para trás. 48Por os que estavam com êle; mas êles não
fim Jônatas e os que estavam com êle o puderam fazer, porque chegou ao
deitaram-se ao Jordão e passaram- conhecimento dêstes o seu desígnio.
no a nado, à vista dos seus inimigos. 61E dentre as pessoas do país pren­
49E do lado de Báquides ficaram mor­ deu Jônatas cinqüenta homens, que
tos naquele dia mil homens, e os (ou ­ eram os chefes daquela conspiração,
tros) voltaram para Jerusalém (com e mandou-os matar. 62Em seguida re­
êle). 50E edificaram cidades fortes na tirou-se Jônatas e Simão e os que
Judéia, e fortificaram com altos mu­ estavam com êle para Betbessem, que
ros, e com portas, e com fechaduras, está no deserto; e reparou as suas
as cidadelas que havia em Jerico, e ruínas, e fizeram dela uma forte pra­
em Amaús, e em Betoron, e em Be­ ça.
tei e em Tarnnata, e em Fara, e em 63E, quando Báquides o soube, jun­
Topo. 51E nelas pôs (Báquides) guar­ tou logo tôdas as suas tropas; e do
nições, para que fizessem correrias que passava avisou os (seus parti­
contra Israel. “ Fortificou também as dários) que estavam na Judéia, 64e
cidades de Betsura, e Gazara, e a for­ foi acampar acima de Betbessem; e
taleza; e pôs nelas tropas e provisão sitiou-a durante muitos dias, e man­
de mantimentos. 53E tomou para re­ dou construir diversas máquinas de
féns os filhos das principais fam í­ guerra. 65Porém Jônatas deixou Si­
lias do país, e pô-los em custódia na mão, seu irmão, na cidade, e saiu
fortaleza de Jerusalém. à campanha, e marchou com um
bom corpo de tropas, 6,1e derrotou
M o rte de A lc im o Odarén, e seus irmãos, e os filhos
de Faseron, dentro das suas mesmas
5,E no ano cento e cinqüenta e três tendas, e começou a fazer destro­
no segundo' mês, mandou Alcimo de­ ço (nos inimigos), e a dar grandes
molir as paredes da parte interior provas de coragem. 67Entretanto Si­
do templo, e destruir as obras dos mão e os que com êle estavam saí­
profetas (Ageu e Zacarias). E come­ ram da cidade, e queimaram as má­
çou a deitá-las abaixo. 53Naquele tem­ quinas de guerra; 6Sdepois atacaram
po, porém, Alcimo foi ferido (pela Báquides e desbarataram-no, e cau­
mão de Deus) e não pôde acabar o saram-lhe grande pesar, vendo que
1132 PRIMEIRO LIVRO DOS MACABEUS 9 - 10
tinham sido frustrados os seus desíg­ mados dum grande mêdo, depois que
nios e a sua empresa. ouviram que o rei lhe tinha dado po­
der de juntar um exército. 9Foram,
Paz e n tre J ô n a ta s e B á q u id e s pois, entregues a Jônatas os reféns,
e êle os restituiu a seus pais. 10E
6UE, irritado contra aquêles homens Jônatas ficou habitando em Jerusa­
iníquos, que lhe tinham dado o con­ lém, e começou a edificar e a re­
selho de vir para a sua terra, matou novar a cidade. llE mandou aos ar­
muitos dêles, e resolveu voltar para quitetos que levantassem os muros,
0 seu país com o resto (do exérci­ e cercassem de pedras de silharia o
to). 7ÜE Jônatas soube isto, e man- monte de Sião todo em volta para
dou-lhe embaixadores para fazer pa­ sua fortificação; e êles assim o fize­
zes com êle e oferecer-lhe que res- ram. r-Então os estrangeiros, que
tituiria os prisioneiros. nE Báquides estavam nas fortalezas que Báquides
recebeu-os favoràvèlmente, e consen­ tinha edifiçado, fugiram; 13e cada um
tiu no que Jônatas queria, e jurou deixou o seu lugar, e foi para a sua
que em todos os dias da sua vida terra. ‘ ‘Ficaram somente em Betsura
não lhe faria mal algum. 72E res- alguns daqueles que tinham abando­
tituiu-lhe os prisioneiros que antes nado a lei e os preceitos de Deus;
tinha feito cativos na terra de Judá; porque esta cidade era a que lhes
depois voltou para o seu país, e não servia de refúgio.
quis mais voltar à terra de Judá.
73Assim cessou a guerra em Israel; C a rta de A le x a n d re a J ô n a ta s
e Jônatas fixou residência em Mac-
mas, e alí começou a julgar o povo, 15Entretanto o rei Alexandre soube
e exterminou os ímpios do meio de das promessas que Demétrio tinha
Israel. feito a Jônatas; contaram-lhe tam­
bém as batalhas e provas de valor,
R iv a lid a d e e n tre D e m é trio e A le x a n d re que êle e seus irmãos tinham dado,
e os trabalhos que tinham passado.
1A *No ano cento e sessenta, Ale- 10E disse: Porventura poderemos nós
xandre, filho de Antíoco, cog- encontrar um homem como êste?
nominado o ilustre, subiu e ocupou pensemos, pois, em fazê-lo nosso ami­
a Ptolomaida; e foi bem recebido, e go e aliado. 17E escreveu uma carta,
reinou ali. 2E o rei Demétrio soube e enviou-lha, concebida nestes têr-
isto, e levantou um exército muito mos: lsO rei Alexandre, ao seu ir­
numeroso, e marchou a encontrar-se mão Jônatas, saúde. 19Nós temos
com êle para lhe dar batalha. ouvido dizer de ti, que és um ho­
C a rta de D e m é trio a J ô n a ta s mem poderoso em forças e apto pa­
ra seres nosso amigo; “ portanto, te
3Então Demétrio enviou a Jônatas constituímos hoje sumo pontífice da
uma carta cheia de expressões de tua nação, e queremos que sejas cha­
paz, prometendo-lhe elevá-lo em dig­ mado amigo do rei (e mandou-lhe
nidade. “Porque, dizia (D em étrio aos uma púrpura, e uma coroa de ouro)
seus) : Antecipemo-nos a fazer a paz e que te conformes conosco em tôdas
com êle, antes que êle a faça com as coisas que são dos nossos interês-
Alexandre com prejuízo nosso, f o r ­ ses e nos conserves amizade.
que êle (Jônatas) se lembrará de 21E no ano cento e sessenta, no sé­
todos os males que nós lhe fizemos timo mês, vestiu-se Jônatas da tú­
a êle e a seu irmão, e à sua nação. nica santa, no dia da solene festa
°( D em étrio) deu-lhe, pois, poder de dos Tabernáculos; e levantou um e-
levantar um exército, e de mandar xército e mandou fazer grande quan­
fazer armas, e quis que êle fôsse tidade de armas.
seu aliado; e mandou que se lhe
entregassem os reféns, que estavam Decepção de D e m é trio ,
na fortaleza (de Jerusalém). 7E foi que e n v ia n o v a c a rta
Jônatas a Jerusalém, e leu as cartas,
ouvindo-o todo o povo, e os que es­ 22E, quando Demétrio teve conhe­
tavam na fortaleza. 8E ficaram to­ cimento destas coisas contristou-se
10 PRIMEIRO LIVRO DOS MACABEUS 1133
em extremo e disse: 23Como temos os Judeus que estão no meu reino;
nós dado lugar a que Alexandre nos 35e (nesses dias) ninguém terá poder
haja precedido em conciliar a ami­ de andar em litígio, nem mover de­
zade dos Judeus para fortificar o seu manda contra algum dêles, em qual­
partido? 24Eu, pois, lhe escreverei quer negócio que fôr.
também palavras persuasivas, (o fe ­ 3eTambém (ordeno) que dos Judeus
recendo-lhe) dignidades e dádivas, se alistem nas tropas do rei até trin­
para êles serem comigo em minha ta mil homens, aos quais se sub-
ajuda. ministrará o necessário, como con­
-5Escreveu-lhes, pois, nestes têrmos: vém a tôdas as tropas do rei, e dê­
O rei Demétrio, à nação dos Judeus, les se escolherão os que tiverem de
saúde. -'Ouvimos dizer que vós ten­ ser postos nas fortalezas do grande
des guardado a aliança que fizestes rei; :r,e dêstes se escolherão alguns
conosco, e que perseverastes firmes para se encarregarem dos negócios
na nossa amizade, e que vos não co­ do reino, que exigem grande confian­
ligastes com os nossos inimigos, e ça; e sejam dêles mesmos tirados os
disto nos alegramos. -7Perseverai, chefes; e vivam conforme as suas leis,
pois, agora, como até aqui, em nos como o rei ordenou para o país de
conservar a mesma fidelidade, e nós Judá. 38E que as três cidades do país
vos pagaremos avantaj adamente o da Samaria, que foram anexadas à
que fizestes por nós; 28e vos perdoa­ Judéia, sejam consideradas como a
remos muitos impostos, e vos fare­ própria Judéia, para que não depen­
mos doações. dam senão dum governador, nem o-
2yE desde agora eu vos remeto a bedeçam a nenhum outro poder, que
vós, e a todos os Judeus, os tributos não seja o do sumo pontífice. ^Quan­
que costumáveis pagar, e vos perdoo to à Ptolomaida e a todo o seu ter­
os impostos do sal, e vos dou por ritório, faço doação dela ao santuá­
isentos das coroas, e da têrça da rio de Jerusalém, para as despesas
semente, 30e do que eu tinha direi­ necessárias ao santuário. 40Afora is­
to de levar pela metade dos frutos to, darei todos os anos quinze mil
das árvores, eu vos alivio de tudo siclos de prata, que se tomarão dos
isso desde o dia de hoje em diante; direitos reais, que me pertencem. 41E
não querendo que se cobre mais (es- tudo aquilo que ficou atrazado, e dei­
tes impostos) do país de Judá, nem xaram de pagar os meus administra­
das três cidades que lhe foram ane­ dores nos anos precedentes, será en­
xadas, da Samaria e da Galiléia, co­ tregue desde hoje para a reparação
meçando de hoje e para sempre; do templo. 42E, além disto, os cinco
31(quero) também que Jerusalém se­ mil siclos de prata, que todos os anos
ja santa e livre com todo o seu ter­ cobravam das rendas do santuário,
ritório, e que os dízimos e os tribu­ também êsies pertencerão aos sacer­
tos sejam para ela. 32Também renun­ dotes, que exercem as funções do seu
cio à posse da fortaleza, que está em ministério. •‘“Também {quero) que
Jerusalém; e dou-a ao sumo sacer­ todos aquêles que, sendo devedores
dote, a fim de que ponha nela os ao rei por qualquer negócio que se­
homens que êle mesmo escolher, pa­ ja, se se refugiarem no templo de
ra que a guardem. 33Dou mais, sem Jerusalém, e em todo o seu territó­
resgate algum, a liberdade a todos os rio, fiquem imunes, e gozem livre­
Judeus, que vieram cativos do país mente de tudo o que têm no meu
de Judá, e se encontrarem em todo reino. 44As despesas para edificar e
meu reino, isentando-os a todos de reparar as obras do santuário serão
pagarem tributos, por si, e também feitas por conta do rei, 45como tam­
pelos seus gados. 3i( Quero da mesma bém o que se gastar para reedifi-
sorte) que tôdas as festas solenes, e car os muros de Jerusalém, e para
os dias de sábado, e as luas novas, os fortificar ao redor, e para fazer
e as festas decretadas, e os três dias muros por tôda a Judéia.
antes de cada festa solene, e os três 46Mas Jônatas e o povo, quando ou­
depois dela, sejam todos dias de imu­ viram estas propostas (de D em étrio)
nidade e de franqueza para todos não as tiveram por sinceras, nem as
1134 PRIMEIRO LIVRo DOS MACABEUS 10

aceitaram porque se lembraram dos dois reis, e deu-lhes muita prata, e


grandes males que êle tinha feito a ouro, e presentes; e êles receberam-
Israel, e quanto os tinha atribulado. no com muito agrado. 6,Então cons-
47Declararam-se, pois, a favor de A le­ piraram certos homens perversos de
xandre. visto ter êle sido o primei­ Israel, homens iníquos, para apresen­
ro que lhes falara de paz; e auxi­ tarem uma acusação contra êle; mas
liaram-no sempre dali por diante. o rei não os quis atender. “ Antes
mandou que se tirassem a Jônatas os
Alexandre vence Demétrio e toma seus vestidos, e que o vestissem de
Cleópatra para esposa púrpura; e assim o fizeram. E o rei
mandou-o sentar ao seu lado; 63e dis­
4sNegociado isto, levantou o rei A- se os grandes da sua côrte: Ide com
lexandre um grande exército, e mar­ êle pelo meio da cidade, e fazei pu­
chou com as suas tropas contra De­ blicar em voz alta que ninguém se
métrio. 49E os dois reis deram bata­ atreva a formar contra êle queixa
lha, e fugiu o exército de Demétrio, e por título algum, e que ninguém lhe
foi Alexandre em seu alcance, e deu seja molesto por qualquer coisa que
sôbre êles. 5üE a peleja foi renhida, fôr. 64Aquêles, pois, que tinham vin­
até que se pôs o sol; e Demétrio foi do com tenção de o acusar, quando
morto naquele dia. o viram sublimado ao auge de gló­
5,E, depois destas coisas, Alexan­ ria, que se apregoava dêle, e a êle
dre enviou embaixadores a Ptolomeu. vestido de púrpura, fugiram todos.
rei do Egito, dizendo: 52Já que vol­ “■'E o rei elevou-o a grande honra,
tei ao meu reino, e me assentei no e pô-lo no número dos seus primei­
trono de meus pais, e recobrei o meu ros amigos, e constituiu-o chefe e
império, e derrotei Demétrio, e en­ participante do govêrno. 66E Jônatas
trei na posse de meus domínios, 53e voltou para Jerusalém em paz, e
vim com êle às mãos, e o derrotei com alegria.
a êle e às suas tropas, e me assentei
no trono do seu reino, 51façamos a- Demétrio II levanta-se contra
gora amizade um com o outro; e Alexandre
(por isso) dá-me a tua filha por mu­
lher, e eu serei teu genro, e assim, 67No ano cento e sessenta e cinco,
a ti como a ela, farei presentes di­ Demétrio, filho de Demétrio, foi a
gnos de ti. 55E o rei Ptolomeu res­ Creta, à terra de seus pais. 05Logo
pondeu-lhe, dizendo: Venturoso o dia que o rei Alexandre teve conheci­
em que tornaste a ocupar a terra de mento disto, contristou-se em extre­
teus pais, e te assentaste no trono mo, e voltou para Antioquia.
do reino. 5Í!E agora te farei o que me 6,JE o rei Demétrio fêz general das
pediste por escrito; mas vem ter co­ suas tropas a Apolônio, que era go­
migo a Ptolemaida, para que ambos vernador da Celesíria; e êste levan­
ali nos vejamos, e dar-te-ei a minha tou um grande exército, e chegou a
filha, como disseste. Jania, e enviou um mensageiro a
57Saiu, pois, Ptolomeu do Egito com Jônatas, sumo sacerdote, 70dizendo:
sua filha Cleópatra, e foi a Ptole­ Tu és o único que nos resistes; e
maida, no ano cento e sessenta e eu estou feito um objeto de riso e
dois. 5SE foi ali encontrar-se com êle de opróbrio, porque tu te vales con­
o rei Alexandre, a quem Ptolomeu tra nós da vantagem que tens nos
deu sua filha Cleópatra; e celebrou montes. T1Se, pois, agora confias nas
as núpcias em Ptolemaida, com gran­ tuas tropas, desce a nós ao campo,
de magnificência segundo o -costume e façamos lá prova das nossas for­
dos reis. ças; porque o valor militar me a-
companha sempre. 7-Pergunta, e sa­
Jônatas honrado pelo rei Alexandre berás quem sou eu, e os outros que
me dão socorro, os quais também di­
09O rei Alexandre escreveu também zem que os vossos pés se não podem
a Jônatas para que viesse avistar-se manter firmes diante da nossa face,
com êle. °"E Jônatas foi com grande porque teus pais foram postos duas
pompa a Ptolemaida, e ali visitou os vêzes em fuga na sua» própria ter­
10 - 11 PRIMEIRO LIVRO DOS MACABEUS 1135

ra, 73como poderás tu, pois, agora tinham refugiado. ®E foram perto de
resistir ao ímpeto da cavalaria e dum oito mil homens os que morreram,
tão grande exército, num campo, on­ entre os passados à espada e os que
de não há nem pedra nem penedo foram consumidos do fogo. R0E Jôna­
nem lugar para fugir? tas levantou dali o seu acampamen­
74E Jônatas, quando ouviu estas to, e marchou contra Ascalon, cujos
palavras de Ápolônio, alterou-se no cidadãos saíram a recebê-lo com
fundo do seu coração; e escolheu grandes honras. 87Depois Jônatas re­
dez mil homens, e partiu de Jeru­ gressou a Jerusalém com a sua gen­
salém, e Simão, seu irmão, se foi in­ te carregada de muitos despojos.
corporar com êle para o socorrer; 88E aconteceu que, quando o rei
75e foram acampar junto de Jope, e Alexandre soube dêstes felizes suces­
os da cidade fecharam-lhes as por­ sos, elevou ainda Jônatas a maior
tas; porque dentro de Jope havia u- glória. 89E mandou-lhes uma fivela de
ma guarnição de Ápolônio, e Jôna­ ouro, daquelas que se costumam dar
tas combateu-a. 76E, espantados, os aos parentes do rei; e deu-lhe o do­
que estavam dentro da cidade abri­ mínio de Acaron com todo o seu ter­
ram-lhe as portas, e Jônatas apode- ritório.
rou-se de Jope.
L u ta en tre F t o lo m e u e A le x a n d r e
D erro ta d e Á p o lô n io 1 1 d ep o is disto, o rei do Egito
nE, quando ouviu isto, Ápolônio * 1 ajuntou um exército inume­
fêz logo avançar consigo três mil ca­ rável como a areia que está sôbre a
valeiros e um exército numeroso. 78E, praia do mar, e um grande número
marchando como quem ia para A- de naus; e procurava apoderar-se do
zot, logo de improviso se lançou na reino de Alexandre por surprêsa, e,
campina; porque tinha muita cavala­ ajuntá-lo a seu reino. 2Marchou, pois,
ria, e nela se fiava. Seguiu-o Jôna­ para a Síria com palavras de paz e
tas para Azot, e ali deram batalha os habitantes das cidades abriram-
um ao outro. 79Mas Apolônio tinha -lhe as portas, e vinham-no receber,
deixado de emboscada no seu arraial porque o rei Alexandre tinha man­
mil cavaleiros por detrás dos inimi­ dado que saíssem a recebê-lo porqUe
gos. 80E Jônatas teve notícia de que era seu sogro. 3Mas Ptolomeu, logo
ficava por detrás dêle uma embos­ que entrava numa cidade, punha
cada; e os inimigos rodearam o seu guarnição militar em cada uma de­
arraial, e desde manhã até à tar­ las.
de não cessaram de atirar dardos 4E, quando chegou perto de Azot,
contra a sua gente. 81Mas o povo mostraram-lhe o templo de Dagon
permaneceu firme, conforme a ordem queimado, e Azot e os seus subúr­
que Jônatas lhe tinha dado; (en tre­ bios demolidos, e os cadáveres por
tanto) os cavalos dos inimigos - fati- terra, e construídos ao longo do ca­
garam-se muito. 82Então Simão fêz minho os túmulos daqueles que ti­
a> ançar as suas tropas, e atacou nham sido mortos na batalha. SE
a infantaria, porque a cavalaria es­ disseram ao rei que Jônatas era quem
tava já cansada; de sorte que foram tinha feito todos êstes estragos, que­
derrotados por êle, e fugiram. 83E rendo assim torná-lo odioso; mas o
os que se tinham espalhado pela pla­ rei a tudo isto se calou.
nície, refugiaram-se em Azot, e en­ 6E- Jônatas foi com grande pom­
traram no templo de Dagon, seu ído­ pa encontrar-se com o rei em Jope,
lo, para ali se porem em seguran­ e cumprimentaram-se um ao outro,
ça. 8‘Porém Jônatas queimou Azot, e passaram ali a noite. 7E Jônatas
as cidades, que estavam nos seus con­ acompanhou o rei até ao rio, que se
tornos, e tomou os seus despojos, e chama Eleutero; e voltou para Je­
pôs fogo no templo de Dagon, quei­ rusalém.
mando-o com todos os que nêle se *0 Rei Ptolomeu apoderou-se de tô-
Cap. X — 89. Uma fivela ou alfinete de ouro, que traziam sôbre o ombro, como sinal
de honra especial.
1136 PRIMEIRO LIVRO DOS MACABEUS 11

das as cidades até Selêucia, que está o rei Demétrio, e contaram-lhe que
sobre o mar, e forjava maus desíg­ Jônatas tinha sitiado a fortaleza
nios contra Alexandre. °E enviou em­ 22E Demétrio, quando tal ouviu, fi*
baixadores a Demétrio, dizendo: Vem, cou irritado; e foi logo para Ptole-
façamos aliança um com outro, e eu maida, e escreveu a Jônatas que não
te darei minha filha que Alexandre sitiasse a fortaleza, e que fôsse sem
tem por mulher, e tu reinarás no demora ter com êle, para terem uma
reino de teu pai; 10porque eu estou conferência.
arrependido de lhe ter dado minha 2:1Mas Jônatas, logo que recebeu es­
filha em casamento, visto que êle ta carta, ordenou que se continuas­
procurou matar-me. ME acusava-o se o cêrco; e escolheu alguns dos
dêste modo, pelo desejo que tinha do anciãos de Israel, e dos sacerdotes, e
seu reino. 12E tirou-lhe sua filha, e foi (com eles) expôr-se ao perigo.
deu-a a Demétrio, e separou-se intei- 24E levou consigo (m u ito) ouro, e
ramente de Alexandre, e então tor- prata, e vestidos, e outros presen­
nou-se manifesta a sua inimizade. tes, e foi a Ptolemaida, a encontrar-
13E Ptolomeu entrou depois em An- se com o rei, e achou graça diante
tioquia, e pôs na sua cabeça dois dêle. -'Apesar disto, ainda alguns ho­
diademas, um do Egito, outro da Á- mens iníquos da sua nação forma­
sia. vam queixas contra êle. 20Mas o rei
tratou-o como o tinham tratado os
M orto de A le x a n d r e e P t o lo m e u
príncipes seus predecessores; e ele­
14E o rei Alexandre, naquele tem­ vou-o a grande honra, à vista de to­
po encontrava-se na Cilícia, porque dos os seus amigos; 27e confirmou-o
os que estavam naquelas províncias no sumo sacerdócio, e em tôdas as
tinham-se revoltado contra êle. I5E, honras, que antes tinha, e fê-lo o
quando Alexandre ouviu esta notícia, primeiro dos seus amigos. 28E Jô­
foi logo contra êle para o combater, natas suplicou ao, rei que concedes­
e o rei Ptolomeu fêz sair ao campo se imunidade de tributos à Judéia, e
o seu exército, e saiu-lhe ao encon­ às três toparquias, e à Samaria, e
tro com grandes forças, e pô-lo em ao seu território; e prometeu-lhe tre­
fuga. 16Alexandre fugiu para a Ará­ zentos talentos. “ E o rei concordou;
bia, a ver se achava ali alguma pro­ e mandou expedir a Jônatas, sôbre
teção; e o rei Ptolomeu foi exalta­ tôdas estas coisas, cartas, concebidas
do a grande glória. 17Mas Zabdiel, nestes têrmos:
(príncipe) Árabe mandou cortar a 30O rei Demétrio, ao seu irmão Jô­
cabeça de Alexandre; e enviou-a a natas, e à nação dos Judeus, saúde.
Ptolomeu. 18Três dias depois morreu 31Nós vos enviamos uma cópia da car­
o rei Ptolomeu; e os (da sua gente) ta, que a vosso respeito escrevemos a
que estavam nas fortalezas, foram Lastenes, nosso pai, para serdes in­
mortos pelos que se achavam no a- formados de tudo. (D iz ela assim ):
campamento. 19Entrou, pois, Demé- 32O rei Demétrio, a Lastenes, seu pai,
trio a reinar no ano cento e sessen­ saúde. 33Resolvemos fazer bem à na­
ta e sete. ção dos Judeus, que são nossos ami­
gos, e nos conservam a fidelidade que
J ô n a ta s é e x a lt a d o por D e m é t r io nos devem, por causa da sua boa von­
tade, que têm para conosco.
^Naqueles dias Jônatas juntou os 34Decretamos, pois, em benefício dê-
que estavam na Judeia, para comba­ les que todo o território da Judéia,
terem a fortaleza que havia em Je­ e as três cidades, (A fere m a ), Lida e
rusalém; e levantaram muitas má­ Ramata, as quais foram anexadas
quinas de guerra para a tomarem. da província da Samaria à Judéia,
21Mas alguns homens iníquos, que a- e todos os seus territórios, sejam des­
borreciam a sua gente, foram ter com tinados para todos os sacerdotes de
Cap. XI — 28. E às três toparquias; eram as três cidades, de que se fala no capítulo
X, 30 e 38, cujos nomes expressamente se declaram adiante neste mesmo capitulo, vers. 34.
31. A Lastenes, nosso pai. Era costume dos príncipes antigos honrar com o titulo de
pais os seus primeiros ministros e conselheiros.
11 PRIMEIRO LIVRO DOS MACABEUS 1137
Jerusalém, em lugar dos impostos mil homens esforçados, que foram
que o rei cobrava já dêles cada ano, ter com o rei, e o rei alegrou-se
e em lugar do que lhe rendiam os muito com a sua chegada.
frutos da terra e das árvores. 35Re- •5Ao mesmo tempo reuniram-se dos
metemos-lhe também desde agora as habitantes da cidade cento e vinte
outras coisas, que nos pertenciam mil homnes, que queriam matar o
de dízimos e de tributos; da mesma rei. 46E o rei rugiu para o seu palá­
sorte os impostos das salinas, e as cio; e os da cidade tornaram-se se­
coroas (de ouro) que se nos costu­ nhores de tôdas as ruas dela, e co­
mavam trazer. 36Tôdas estas coisas meçaram a atacá-lo. 47E o rei cha­
lhes damos; e nada disto será anu­ mou os Judeus em seu socorro, e ê-
lado desde agora para sempre. "C ui­ les juntaram-se todos ao pé dêle,
dai, pois, de tirar agora uma cópia e fizeram correria pela cidade, 4Se
dêste decreto e ela se entregue a mataram naquêle dia cem mil ho­
Jônatas, e seja posta no monte san­ mens, e puseram fogo à cidade, e to­
to (de Sião) em lugar público. maram naquele mesmo dia muitos
despojos, e livraram o rei. 49Quan-
Jônatas auxilia Demétrio contra do os da cidade viram que os Judeus
Trifão se tinham apoderado dela, como de­
38E o rei Demétrio, vendo que a sejavam, perderam logo a coragem,
terra estava sossegada diante dêle, e e com deprecações suplicaram mise-
que nada lhe resistia, licenciou todo córdia ao rei, dizendo: 50Dá-nos
o seu exército, mandando cada um a tua dextra, e cessem os Judeus
para sua casa, exceto as tropas es­ de nos atacar, a nós e à cidade. #1Ao
trangeiras, que tinha levantado nas mesmo tempo largaram as suas ar­
ilhas das nações; e isto excitou con­ mas, e fizeram a paz e os Judeus ad­
tra êle o ódio de tôdas as tropas, quiriram grande glória no conceito
que tinham servido a seus pais. 39Ha- do rei, e no conceito de todos os que
via então um certo Trifão, que antes se achavam no seu reino; e ficaram
tinha sido do partido de Alexandre: célebres em todo o reino; e voltaram
quando viu que todo o exército mur­ para Jerusalém carregados de mui­
murava contra Demétrio, foi logo ter tos despojos.
com Emacuel, Árabe, que educava Ingratidão de Demétrio
Antíoco, filho de Alexandre. WE fêz-
lhe muitas e grandes instâncias pa­ 52E o rei Demétrio sentou-se no
ra que Iho entregasse, a fim de o trono do seu reino; e o país ficou
fazer reinar em lugar de seu pai; em paz diante dêle. “ Mas (êste prín­
e contou-lhe tudo o que Demétrio ti­ cipe) faltou a tudo o que tinha pro­
nha feito, e o ódio que todo o exér­ metido, e separou-se de Jônatas e
cito havia concebido contra êle. E não lhe correspondeu segundo os be­
lá se demorou muitos dias. ^Entre­ nefícios que lhe tinha feito, antes o
tanto Jônatas enviou embaixadores molestava muito.
ao rei Demétrio, suplicando-lhe que Antíoco IV reina em lugar de
deitasse fora os que estavam na for­ Demétrio, e faz aliança com Jônatas
taleza de Jerusalém, e os que havia
nos outros presídios; porque causa­ 54E, depois disto, voltou Trifão, e
vam muitos dados a Israel. 42E De­ com êle Antíoco, jovem ainda, que
métrio mandou dizer a Jônatas: Não reinou e se pôs o diadema na cabe­
só farei por ti e pela tua gente o que ça. 55E tôdas as tropas, que Demé­
me pedes, mas elevar-te-ei em gló­ trio tinha despedido, juntaram-se lo­
ria a ti e ao teu povo, logo que o go a Antíoco, e combateram contra
tempo mo permita. 40Agora, pois, Demétrio, o qual fugiu e voltou as
farás bem, se mandares tropas em costas. 3,;Trifão apoderou-se então dos
meu socorro, porque todo o meu e- elefantes, e tornou-se senhor de An­
xército me abandonou. 44Então man­ tioquia.
dou-lhe Jônatas para Antioquia três5 7 5;E o jovem Antíoco escreveu a Jôr
57. Sôbre as quatro cidades, Lida, Ram ata, Aferem a e Ptolem aida.
1138 PRIMEIRO LIVRO DOS MACABEUS 11 - 12

natas nestes termos: Eu te confirmo sem ficar nem um só senão Matatias,


no sumo pontificado, e te constituo filho de Absalomi, e Judas, filho de
sôbre as quatro cidades, para que se Calfi, general do seu exército. "E n ­
jas dos amigos do rei. 58Mandou-lhe tão Jônatas rasgou os seus vestidos,
também vasos de ouro para o seu e pôs terra sôbre a sua cabeça, e o-
serviço, e deu-lhe poder de beber çor rou. 72Feito isto, voltou Jônatas so­
copo de ouro, e de se vestir de púr- bre êles para os combater, e pelejou
pura, e de trazer fivela de ouro; 59e contra êles, e pô-los em fuga. 73E os
a seu irmão Simão nomeu-o gover­ do seu partido, que fugiram, quan­
nador das terras, que vào desde os do o viram pelejar, tornaram logo a
confins de Tiro até à fronteira do vir-se juntar com êle e todos per­
Egito. seguiram com êle (os inimigos) até
Expedição de Jônatas contra
Cades, onde êstes tinham o acampa­
os scquazes de Demétrio mento, e chegaram até lá. 74E mor­
reram nsquêle dia três mil homens
: 00E saiu Jônatas e percorreu as ci­ do exército estrangeiro; e Jônatas
dades de além do rio, e acudiu em recolheu-se a Jerusalém.
seu socorro todo o exército da Síria
e marchou para Ascalon, e os da ci­ Jônatas renova a amizade
dade saíram a recebê-lo com gran­ com os Romanos
des honras. 61E dali passou a Gaza;
e os de Gaza fecharam-lhe as por­ 12 Jônatas viu que o tempo lhe
tas; e êle sitiou-a, e queimou, e sa­ x“ corria favorável, e escolheu
queou tudo o que havia ao redor da certos homens, e enviou-os a Roma
cidade. 62Então mandaram os de Ga­ a confirmar e renovar a amizade
za dizér a Jônatas que queriam ca­ com os Romanos. 2Mandou também
pitular, e êle deu-lhes a sua mão di­ aos Espartanos, e a outros lugares
reita (isto é, a paz); e tomou seus cartas do mesmo teor.
filhos em reféns, e enviou-os a Je­ 3E foram (os seus embaixadores)
rusalém; e em seguida percorreu to­ a Roma, e entraram no senado, e dis­
do o país até Damasco. 63Nesta oca- seram: Jônatas, sumo sacerdote, e o
são Jônatas soube que os generais povo judeu enviaram-nos aqui a re­
<ie Demétrio tinham ido com um po­ novar convosco a amizade e a alian­
deroso exército a sublevar os de Ca- ça, como ela foi feita nos tempos
des, que está na Galiléia, com o fim passados. 4E (os Romanos) deram-
de o afastar dos negócios do reino. lhes cartas dirigidas aos seus o fi­
64Marchou contra êles, e deixou na ciais em cada província, para êles os
província seu irmão Simão. 65E Si­ fazerem conduzir em paz até a Ju-
mão pôs cêrco a Betsura, e atacou- déia.
a durante muitos dias, e teve blo­ Amizade com os Espartanos
queados os seus habitantes. 66Então
pediram«lhe que lhes desse a sua mão 5E a cópia das cartas, que Jônatas
direita, e êle lha concedeu; e lançou- escreveu aos Espartanos, é a seguin­
os fora dali, e apoderou-se da cidade, te: 6Jônatas, sumo sacerdote, e os
e pôs nela uma guarnição. anciãos da nação, e os sacerdotes,
67Jônatas, porém, e o seu exército e o resto do povo Judeu, aos Lace-
aproximou-se do lago de Genesar, e, demônios, seus irmãos, saúde. 7Mui-
antes de amanhecer, penetraram na to tempo há que foram enviadas car­
campina de Asor. 6SE eis que se en­ tas ao sumo sacerdote Onias por Á-
controu diante do exército dos estran­ rio que reinava entre vós, nas quais
geiros, que vinham a encontrar-se se lia que vós sois nossos irmãos,
com êle na campina e que lhe ar­ como se vê pela cópia que vai junto.
mavam emboscadas nos montes; êle, 8E Onias acolheu com grande hon­
porém, marchou direito a êles. 69Então ra o mensageiro, que tinha sido en­
os que estavam escondidos saíram viado; e recebeu as cartas, onde êle
dos lugares da sua emboscada, e tra­ lhe falava desta aliança e amizade.
varam a batalha. 70E todos os que 9Nós, posto que não tivéssemos ne­
eram da parte de Jônatas fugiram cessidade alguma destas coisas, ten­
12 PRIMEIRO LIVRO DOS MACABEUS 1139

do para nossa consolação os santos li­ voltado com um exército muito maior
vros que estão entre nossas mãos, que o anterior, para pelejar contra
10quisemos, contudo, enviar-vos men­ êle; 23e partiu de Jerusalém, e foi
sageiros para renovarmos esta fra ­ sair-lhe ao encontro, no país de A-
ternidade e amizade, temendo não matis, para não lhes dar tempo de
viéssemos a ficar como estranhos a entrarem pelas suas terras. *,6e man­
vosso respeito, visto ter já passado dou espias ao acampamento dos ini­
muito tempo, desde que vós nos man­ migos e, depois de voltarem, avisa­
dastes (aquela embaixada) . nNós, ram que êles tinham resolvido sur-
pois, em todo o tempo sem interrup­ preendê-lo de noite. -7Logo, pois, que,
ção, nos dias solenes, e nos outros se pôs o sol, mandou Jônatas aos
em que convém, nos lembramos de seus que vigiassem e estivessem tôda
vós nos sacrifícios, que oferecemos, a noite sôbre as armas, prontos pa­
e nas nossas cerimônias, pois é jus­ ra a peleja, e pôs guardas em volta
to e devido que nos lembremos dos do acampamento. -'E os inimigos sou­
irmãos. 12Nós, portanto, nos regozija­ beram que Jônatas com os seus se
remos da vossa glória. 13Mas a nós conservavam prestes para o combate;
nos têm cercado grandes tribulações e tiveram mêdo, e perderam o alen­
e várias guerras, e têm-nos invadi­ to sobressaltados de pavor; e acende­
do os reis circunvizinhos. “ Entretan­ ram fogos no seu acampamento. sMas
to não quisemos ser pesados nem a Jônatas e os que com êle estavam,
vós. nem aos outros aliados, e nossos não deram fé da sua retirada até
amigos, em todos êstes combates; pela manhã, porque viam as foguei­
15porque temos tido o socorro do céu, ras acesas. 3"E Jônatas foi atrás dê-
e fomos livres, e os nossos inimigos les, mas não os pôde apanhar; por­
foram humilhados. 16Portanto, esco­ que já tinham passado o rio Eleu-
lhemos Numênio, filho de Antíoco, tero.
e Antípatro, filho de Jasão, e os en­ 3,Dali marchou Jônatas contra os
viamos aos Romanos a renovar a a- Árabes, chamados Zabadeus, e desba­
tiga aliança e amizade, que temos ratou-os, e tomou os seus despojos.
com êles; 17nós lhe demos também “-Depois reuniu a sua gente, e foi a
ordem de ir ter convosco, e saudar- Damasco, e fazia correrías por tôdá
vos da nossa parte, e levar-vos as aquela província.
nossas cartas sôbre a renovação da :i;,Ao mesmo tempo saiu Simão, e
nossa confraternidade. 18E agora far- foi até Ascalon, e até às fortalezas
-nos-eis um favor respondendo-nos a vizinhas; e de lá partiu para Jope, e
isto. tomou-a, 3tporque tinha sabido que
Carta de Ario a Onias l êles queriam entregar a praça aos do
partido de Demétrio; e pôs ali uma
ll'Eis a cópia da carta que (Á rio ) guarnição que guardasse a cidade.
tinha enviado a Onias: 20Ário, rei dos
Espartanos, ao sumo sacerdote Onias, Construção de fortificações
saúde. 21Achou-se aqui, num escrito
sôbre os Espartanos e os Judeus, que 3r,E Jônatas voltou, e convocou os
êles são irmãos, e que todos vêm da anciãos do povo, e resolveu com êles
linhagem de Abraão. 22Agora, pois, levantar fortalezas na Judéia, “ e edi-
desde que nós soubemos isto, fazeis ficar muros em Jerusalém, e levan­
bem em nos escrever acêrca da vos­ tar um muro de grande altura en­
sa prosperidade. 23E também nós vos tre a fortaleza è a cidade para a se­
respondemos: Os nossos gados e to­ parar da cidade, de sorte que ficas­
dos os nossos bens são vossos; e os se ela sem comunicação, e os de den­
vossos são nossos; e isto é o que or­ tro não pudessem comprar nem ven­
denamos que vos seja declarado da der. 37Eles, pois, juntaram-se para
nossa parte. edificarem a cidade; e tinha caído
o muro, que estava sôbre a torren­
Jônatas protege o seu povo te Uio Cedrmi) da banda do nascen­
te; e {Jônatas) reparou-o, o qual
^Entretanto Jônatas ouviu dizer se chamava Cafeteta. asSimüo tam­
que os generais de Demétrio tinham bém edificou Adiada em Sefela, e
1140 PRIMEIRO LIVRO DOS MACABEUS 12 - 13
fortificou-a, e pôs-lhe portas e fecha­ ram dispostos a combater. 51Os que
duras. os tinham perseguido, porém, vendo-
os resolvidos a vender bem caro as
Jônatas é prêso por Trifão suas vidas, tornaram para trás; 52e
assim êles voltaram todos em paz
39Mas Trifão, tendo resolvido fa ­ para a terra de Judá; e choraram
zer-se rei da Ásia, e tomar o diade­ muito a Jônatas, e aos que o tinham
ma, e matar o rei Antíoco, 40temendo acompanhado, e Israel tomou pesa­
que Jônatas lho impedisse e lhe de­ do luto. 53Então todos os povos, que
clarasse guerra, buscava meios de se estavam ao redor dêles, procuraram
apoderar dêle, e de o matar. E, le­ perdê-los; porque diziam: 51Não têm
vantando o seu acampamento, foi pa­ chefe, nem pessoa que os auxilie; a-
ra Betsan. 41E Jônatas marchou ao taquemô-los, pois. agora, e apague­
seu encontro com quarenta mil ho­ mos o seu nome da memória dos ho­
mens escolhidos para lhe dar bata­ mens.
lha e avançou até Betsan. 42E quan­
do Trifão viu que Jônatas tinha che­ Simão sucede a seu irmão Jônatas
gado com um grande exército para o
combater, ficou cheio de mêdo; 43e 1 O 3Entretanto Simão ouviu dizer
recebeu-o com grande honra, e re- 1 J que Trifão tinha levantado
comendou-o a todos os seus amigos, um grande exército, para vir à ter­
e fêz-lhe presentes, e mandou a to­ ra de Judá, e assolá-la. 2Vendo que o
do o seu exército que lhe obedeces­ povo estava todo amedrontado e es-
se, como a êle mesmo. 44Depois dis­ pavorido, subiu a Jerusalém, e man­
se a Jônatas: Por que fatigaste tu dou juntar o povo, 3e, para os animar
inutilmente todo êste povo, quando disse-lhes: Vós sabeis quanto temos
nós não temos guerra um com outro? pelejado, eu e meus irmãos, e a ca­
45Manda-os, pois, agora para suas ca­ sa de meu pai, pelas nossas leis, e
sas, e escolhe entre êles alguns que pelo santo templo, e em que angús­
fiquem contigo, e vem comigo para tias nos temos visto; 4por esta cau­
Ptolemaida, que eu ta entregarei sa morreram todos os meus irmãos,
com as outras fortalezas, e com as por quererem salvar Israel, e fiquei
tropas, e com todos os que têm a eu só. 5Mas não permita Deus ago­
intendência dos negócios, e depois eu ra que queira eu poupar a minha
me retirarei; porque para isto é que vida, enquanto durarem as nossas tri-
eu vim. 46E Jônatas acreditou nêle, bulações; porque eu não sou melhor
e fêz o que lhe disse; e despediu as do que meus irmãos. 6Vingarei, pois,
suas tropas, as quais voltaram para a a minha nação e o santuário, os
terra de Judá. nossos filhos e as nossas mulheres;
47E deteve consigo (somente) três porque tôdas as nações se juntaram
mil homens, dos quais mandou (ain­ para nos oprimirem pelo ódio que
da) dois mil para a Galiléia, e mil nos têm.
acompanharam-no. 48Mas, logo que 7E o espírito do povo, assim que
Jônatas entrou em Ptolemaida, os ouviu estas palavras, ficou todo in­
Ptolomenses fecharam as portas da flamado; 8e responderam em alta
cidade e prenderam-no, e passaram voz, dizendo: Tu és o nosso capi­
ao fio da espada todos os que tinham tão em lugar de Judas e de Jôna­
entrado com êle. tas, teu irmão; edirige as nossas ba­
talhas e nós faremos tudo o que nos
Luto dos Judeus disseres.
4üE Trifão enviou as suas tropas e Simão resiste a Trifão
a cavalaria para a Galiléia e para a
grande planície, a fim de matarem 1(,E, reunindo todos os homens de
todos os companheiros de Jônatas. guerra, fêz acabar com presteza to­
^Mas êstes, tendo sabido que Jôna­ dos os muros de Jerusalém, e fortifi-
tas tinha sido prêso, e tinha perecido cou-a tôda em roda. 31E enviou Jô­
com todos os que com êle estavam, natas, filho de Absalomi, e com êle
uns aos outros se animaram, e saí­ um novo exército, a Jope, e, tendo
13 PRIMEIRO LIVRO DOS MACABEUS 1141
deitado fora os que estavam den­ tou-os em Modin, que era a cida­
tro dela, deixou-se lá ficar (com suas de de seus pais. 26E todo o Israel
tropas). tomou grande dó pela sua morte, e
pranteou-o durante muitos dias. 27E
Jônatas é morto com seus filhos Simão levantou sôbre o sepulcro de
seu pai e de seus irmãos um alto
12Trifão, entretanto, partiu de Pto- monumento, que se via de longe, cu­
lemaida com um grande exército, jas pedras eram polidas por detrás
para vir para a terra de Judá, e e por diante. 28E levantou sete pi­
trazia consigo Jônatas, que tinha re­ râmides, uma em frente da outra,
tido prisioneiro. 13E Simão acampou a seu pai, a sua mãe, e a seus quatro
perto de Adus, defronte da planí­ irmãos. 29E à roda delas colocou
cie. 14E Trifão, logo que soube que grandes colunas, e sôbre estas colu­
Simão tinha tomado o comando em nas, armas, e ao pé das armas na­
lugar de seu irmão Jônatas, e que vios de escultura, que fôssem vistos
se dispunha a dar-lhe batalha, man­ de longe por todos os que navega­
dou-lhe embaixadores, 15dizendo: P e­ vam pelo mar. 30Tal é o sepulcro
lo dinheiro que teu irmão Jônatas que êle levantou em Modin, o qual
devia à fazenda real, por causa dos ainda dura até ao presente.
negócios que estavam ao seu cuida­
do, nós o temos retido. 16Mas envia- Simão aproxima-se de Demétrio II
me tu agora cem talentos de prata,
e os seus dois filhos em reféns, pa­ 31Ora Trifão, indo em viagem com
ra que êle, sendo posto em liberda­ o jovem rei Antíoco, matou-o à trai­
de, não fuja do nosso jpartido, e nósção. 32E reinou em lugar dêle, e
to remeteremos. ” Simao, ainda que pôs sôbre a cabeça o diadema da
conheceu que Trifão lhe falava as­ Ásia, e fêz grandes males em todo
sim para o enganar, mandou toda­ o pais.
via que se lhe levasse o dinheiro com a3Simão, entretanto, reparou as pra­
os meninos, para não atrair contra ças da Judéia, fortificando-as de al­
si o ódio do povo de Israel, que po­ tas torres, e de grandes muros, e
dería, dizer: 18Porque não lhe envioude portas, e fechaduras; e meteu v í­
o dinheiro e os meninos, por isso veres nas praças fortes.
é que Jônatas pereceu. 10Mandou-lhe, 34Escolheu também Simão certos
pois, os meninos e os cem talentos; homens, e enviou-os ao rei Demé­
e Trifão faltou à palavra, e não re^ trio, pedindo-lhe que restabelecesse
meteu Jônatas. a Judéia nas suas liberdades; por­
que todo o procedimento de Trifão
20E, depois disto, veio Trifão à ter­
ra (de Judá) para a assolar; e deram não tinha sido mais do que uma ra­
volta pelo caminho que vai a Ador; pina. ^E o rei Demétrio respondeu
mas Simão e seu exército seguiam- a êste pedido, e escreveu-lhe a car­
nos por tôda a parte, para onde ta seguinte: 30O rei Demétrio, a Si­
êles iam. 21Então os que estavam na mão, sumo sacerdote, e amigo dos
fortaleza mandaram por uns mensa­ reis, e aos anciãos, e ao povo dos
geiros dizer a T rifão que se apres­ Judeus, saúde. 37Nós recebemos a
sasse em vir pelo deserto, e que lhescoroa de ouro e a palma que nos
enviasse víveres. mandastes; e estamos prontos a fazer
22E Trifão dispôs
tôda a cavalaria para partir aque­ convosco uma paz sólida, e a escre­
la mesma noite; mas tinha caído mui­ ver aos governadores do rei que vos
ta neve, e não pôde ir ao territórioremetam o que vos temos concedi­
de Galaad. 23E, estando perto de Bas-do. 3SPorque tudo o que nós temos
caman, matou ali Jônatas e os seus ordenado em vosso favor, fica vá­
filhos. 24Depois Trifão voltou, e foilido. As fortalezas que edificastes, se­
para a sua terra. jam vossas. 30Também vos perdoa­
mos as faltas e erros em que podeis
Sepultura de Jônatas ter caído até ao dia de hoje, e a co­
roa que devíeis; e se qualquer outro
25Então Simão mandou buscar os imposto nos era pago em Jerusalém,
ossos de seu irmão Jônatas, e sepul­ não se torne êle mais a pagar. "E
1142 PRIMEIRO LIVRO DOS MACABEUS 13 - 14
se entre vós há alguns que sejam terminado de Israel um grande ini­
capazes de se alistarem nas nossas migo. 52E Simão ordenou que todos
tropas, alistem-se, e haja entre nós os anos se celebrassem êstes dias com
paz. alegria. “ Fortificou também o mon­
te do templo, que era perto da forta­
Sirnão alcança a independência leza, e habitou ali com aqueles que
de Israel estavam com êle. 54Em seguida viu
4,Com isto, no ano cento e setenta, Simão que João seu filho, era um
foi tirado o jugo dos gentios a Is­ homem guerreiro valente; e fê-lo ge­
rael. 42E o povo de Israel começou neral de tôdas as tropas, e (João) ha­
a escrever nas tábuas e registros pú­ bitou em Gazara.
blicos a era desde o primeiro ano sob Demétrio prisioneiro na Pérsia
Simão, sumo pontífice, grande capi­
tão, e príncipe dos Judeus. 1A lNo ano cento e setenta e dois
43Naqueles dias Simão foi sitiar Ga­ juntou o rei Demétrio o seu
za, e bloqueou-a com o seu exérci­ exército, e foi à Média, para procu­
to, e levantou máquinas, e aproxi­ rar ali socorros, a fim de fazer guer­
mou-se da cidade, e atacou uma das ra a Trifão. 2Ora Arsaces, rei da
suas torres, e apoderou-se dela. 44E Pérsia e da Média, quando soube que
os que estavam numa destas máqui­ Demétrio tinha entrado nas suas ter­
nas entraram a galope na cidade, e ras, enviou um dos seus generais pa­
levantou-se um grande motim na ci­ ra que o tomasse vivo, e lho levasse.
dade. 45E os que estavam na cida­ 3Marchou êle, pois, e desbaratou o e-
de subiram às muralhas com suas mu­ xército de Demétrio; e apanhou-o, e
lheres e filhos, rasgados os seus ves­ levou-o a Arsaces, o qual o mandou
tidos, e clamaram em altos gritos, meter numa prisão.
pedindo a Simão que lhes desse a sua Conquistas de Simão
mão direita. 46E disseram: Não nos
trates segundo a nossa muita malícia, 4E todo o país de Judá esteve sos­
mas segundo a tua grande clemência. segado durante todo o tempo que Si­
47E ainda que movido Simão de pieda­ mão governou; e êste procurou fazer
de, não lhes fêz sentir o rigor da guer­ bem à sua nação; e o seu poder e a
ra, contudo, lançou-o fora da cidade, sua glória foram do agrado dos Ju­
e purificou as casas, em que tinham deus, enquanto êle viveu. 5E, além
estado os ídolos, e então é que en­ de tôdas as outras ações gloriosas que
trou nela, bendizendo com hinos ao fêz, tomou Jope para lhe servir
Senhor. 48E, depois de tiradas da ci­ de pôrto; e fêz que ela fôsse uma
dade tôdas as imundícies (id olátri- passagem para as ilhas do mar. °E
cas) , pôs nela homens que observas­ estendeu os limites da sua nação, e
sem a lei; e fortificou-a, e fêz nela tornou-se senhor de todo o pais. 7E
habitação para si. juntou um gran d e. número de pri­
49Os que, porém, estavam na forta­ sioneiros, e apoderou-se de Gazara,
leza de Jerusalém, não podiam nem e de Betsura, e da fortaleza; e tirou
sair dela, nem entrar pçlo país, nem dela tôdas as imundícies, e não ha­
comprar nada ou vender; e viram-se via que lhe resistisse.
reduzidos a uma grande fome, e mui­ 8E cada um cultivava a sua terra
tos dêles morreram à míngua. “ E em paz; e a terra de Judá produzia
gritaram a Simão, pedindo-lhe capi­ as suas novidades, e a.s árvores do
tulação, e êle lha concedeu; e lan­ campo os seus frutos. 9Os velhos es­
çou-os fora da fortaleza, e purificou- tavam todos assentados pelas praças,
a de tôdas as contaminações. 5,E e entretinham-se da abundância dos
(os Judeus) entraram depois nela no bens da terra, e os jovens enfeitavam-
dia vinte e três do segundo mês, no se com vestidos magníficos, e com
ano cento e setenta e um, entoan­ hábitos de guerra. 10E (Sim ão) dis­
do louvores, e levando ramos de pal­ tribuía mantimentos às cidades, e pu-
mas na mãos, e ao toque de harpas nha-as em estado de que ficassem
e de tímbales,. e de liras, e cantan­ sendo praças de armas, e de manei­
do hinos e cânticos, por ter sido ex­ ra que a nomeada da sua glória tor­
14 PRIMEIRO LIVRO DOS MACABEUS 1143
nou-se célebre até às extremidades lembrança aos povos dos Lacedemô­
da terra. “ Firmou a paz nos seus nios. Ora nós mandamos uma cópia
estados, e Israel regozijou-se com de tudo isto a Simão, sumo pontífice,
grande alegria. 12E cada um estava 24E depois disto Simão enviou a Ro­
sentado debaixo da sua parreira, e ma Numênio com um grande escudo
debaixo da sua figueira, e não ha­ de ouro, que pesava mil minas, a
via quem lhes fizesse ó menor mê- fim de renovar a aliança com êles.
do. 13Não se achou sôbre a terra
quem os atacasse; os reis (vizinhos) O s J u d e u s re c o n h e c e m s o le n e m e n te
ficaram abatidos por aquêles dias. a a u t o r id a d e d e S im ã o
14E protegeu todos os pobres do seu
povo, e zelou a observância da lei, Ora, quando o povo romano ouviu
e exterminou todos os iníquos, e to­ estas palavras, “‘disse: Que ação de
dos os maus. “ Restabeleceu a gló­ graças renderemos nós a Simão e a
ria do santuário, e multiplicou os va­ seus filhos? 2,iPorque êle restabeleceu
sos sagrados. seus irmãos e exterminou do meio
de Israel os seus inimigos. E êles con-
R e n o v a ç ã o d a a li a n ç a c o m o s
firmaram-lhe a sua independência, e
E s p a rta n o s e os R o m a n o s
gravaram isto numas tábuas de me­
16Ora soube-se em Roma que Jô- tal, e puseram-no numa inscrição pú­
natas tinha falecido; e soube-se tam­ blica sôbre o monte Sião.
bém entre os Espartanos; e todos o 27E isto é o que continha a ins­
sentiram em extremo. 17Mas quando crição: Aos dezoito dias do mês de
ouviram dizer que Simão seu irmão, Elul, no ano cento e setenta e dois, o
tinha sido feito sumo pontífice em terceiro ano do sumo pontificado de
seu lugar, e que estava senhor de to­ Simão em Asaramel, 28foi feita a se­
do o país e de tôdas as suas cidades. guinte declaração num grande ajun­
18escreveram-lhe em tábuas de metal, tamento dos sacerdotes, e do povo, e
para renovarem a amizade e a alian­ dos príncipes da nação, e dos anciãos
ça que tinham feito com Judas e com do país:
Jônatas, seus irmãos. 19Estas cartas (Todos sabem que) no nosso país
foram lidas em Jerusalém diante de tem havido freqüentes guerras; 29e
todo o povo. Simão, filho de Matatias, da prosápia
E êste é o teor das cartas que man­ de Jarib, e seus irmãos expuseram-se
daram os Lacedemônios: 20Os prínci­ ao perigo, e resistiram aos inimigos
pes, e as cidades dos Lacedemônios, da sua nação, para susterem o seu
a Simão, sumo sacerdote, e aos an­ santo templo, e a sua lei; e levaram
ciãos, e aos sacerdotes, e a todo o po­ o seu povo a uma grande glória. 30E
vo dos Judeus, seus irmãos, saúde. 21Os Jônatas congregou os da sua nação,
embaixadores, que foram enviados ao e foi feito seu sumo sacerdote; e foi-
nosso povo, informaram-nos da gló­ se unir ao seu povo. 31E os inimigos
ria, e da honra, e da alegria, em que dos Judeus quiseram espezinhar, e
vós presentemente vos achais; e nós destruir o seu santo templo. 32Então
nos regozijamos com a sua chegada. Simão resistiu-lhes, e pelejou pelo
22E o que êles nos disseram nas as­ seu povo, e distribuiu muito dinhei­
sembléias do povo o escrevemos nos ro, e armou os mais valentes da sua
registros públicos, pelo teor seguinte: nação, e deu-lhes sôldo; 33fortificou
Numênio, filho de Antíoco e Antípa- as cidades da Judéia, e a de Betsura,
tro, filho de Jasão, deputados dos Ju­ que estava na fronteira da Judéia, on­
deus, vieram ter conosco, para reno­ de os seus inimigos tinham feito an­
var a nossa antiga amizade. 23E pare­ tes a sua praça de armas; e pôs nela
ceu bem ao povo receber êstes ho­ uma guarnição de Judeus. 34E forti­
mens honorificamente, e pôr o trasla­ ficou Jope, que estava sôbre a costa
do de suas palavras nos livros reser­ do mar, e Gazara, que está na fron­
vados do povo, para que ficasse em teira de Azot, onde antes habitavam
Cap. XIV — 24. Povo romano. A palavra romano não se encontra no original, e é
nesta frase uma incorreção da vulgata, pois, segundo o contexto, trata-se aqui do povo
judeu e não do povo romano.
114 4 PRIMEIRO LIVRO DOS MACABEUS 14 - 15

os inimigos; e pôs nelas Judeus que Simão (nesta grande autoridade) , e


as guardassem; e proveu-as de tôdas executar êste decreto. 47E aceitou Si­
as coisas necessárias para a sua de­ mão e consentiu em exercer as fun­
fesa. r,E) o povo viu os feitos de Si- ções do sumo pontificado, e em ser
mão, e o que êle fazia para exaltar chefe e príncipe da nação dos Judeus,
a glória da sua nação, e constituí­ e dos sacerdotes, e em ter a autori­
ram-no seu chefe e príncipe dos sa­ dade suprema.
cerdotes, pelo motivo de ter feito tu­ 48E acordaram em que esta data
do isto, e pela justiça e fidelidade que se escrevesse em lâminas de bronze,
tinha guardado à sua nação, e por as quais fôssem colocadas na galeria
ter procurado por todos os meios exal­ do santuário, em lugar exposto à vis­
tar o seu povo. 3BE em seus dias tu­ ta (de todos), 49e que se arquivasse
do foi próspero nas suas mãos, de uma cópia de tudo no tesouro (do
maneira que os estrangeiros foram templo) à disposição de Simão e de
banidos do seu país, e também os que seus filhos.
estavam em Jerusalém, na cidade de
Davi, na fortaleza, da qual faziam Carta de Antíoco Sidetes a Simão
as suas sortidas, e profanavam tudo 1C ^ n tã o o rei Antíoco, filho de
no contorno do santuário, e faziam Demétrio, enviou das ilhas do
um grande ultraje à sua santidade. mar cartas a Simão, sumo sacerdote
37E pôs ali soldados judeus para se­ e príncipe do povo dos Judeus, e a
gurança do país e da cidade, e levan­ tôda a sua nação. 2E o seu conteúdo
tou os muros de Jerusalém. era o seguinte: O rei Antíoco a Si­
38E o rei Demétrio confirmou-o no mão, sumo sacerdote, e à nação dos
sumo pontificado. 39Depois disto, deu- Judeus, saúde. 3Tendo-se alguns ho­
lhe o título de seu amigo, e elevou-o mens perversos apoderado do reino
a uma grande glória. 40Porque ouviu de nossos pais, resolvi recuperá-lo e
dizer que os Romanos tinham cha­ restabelecê-lo no estado em que an­
mado os Judeus seus amigos, e alia­ tes se achava; e levantei um grande
dos, e irmãos, e que tinham recebido exército de gente escolhida, e man­
os embaixadores de Simão com gran­ dei construir navios de guerra. 4Quero,
de honra; 41e que os Judeus e os seus pois, entrar nessas regiões para casti­
sacerdotes tinha consentido que êle gar aquêles que arruinaram as mi­
fôsse seu chefe e sumo sacerdote pa­ nhas províncias, e que assolaram
ra sempre, até que se levantasse um muitas cidades no meu reino. 5Eu te
profeta fiel, 42e que tivesse sôbre êles remeto pois, agora todos òs impostos,
autoridade de chefe, e que tomasse que todos os reis meus predecesso-
sôbre si o cuidado das coisas santas, res te remeteram, e te confirmo em
e que designasse quais haviam de ter tôdas as irnunidades que êles te con­
a intendência sôbre as obras públi­ cederam; 6e dou-te licença de cunhar
cas, e sôbre a província, e sôbre as moeda própria no teu país; 7e quero
armas, e sôbre os presídios; 43e que que Jerusalém seja uma cidade san­
tivesse a seu cargo as coisas santas; ta e livre, e que tôdas as armas, que
e que lhe obedecessem todos, e em mandaste fazer, e tôdas as praças
nome dêle fôssem escritos todos os fortes, que construíste, e que tens
instrumentos públicos do país; e que em teu poder, fiquem para ti. 8E tô­
andasse vestido de púrpura e ouro; das as dívidas e regalias devidas ao
41e que a ninguém do povo nem dos rei te são perdoadas, desde agora
sacerdotes fôsse permitido violar al­ e para sempre. °E, quando nós ti­
guma destas coisas, nem contradizer vermos entrado na posse do nosso
nada do que êle ordenasse, nem con­ reino, te faremos a ti, e à tua nação,
vocar assembléia alguma na Provín­ e ao templo, grandes honras, de ma­
cia sem a sua autoridade, nem vestir neira que fique manifesta a vossa
púrpura, nem usar fivelas de ouro; glória em tôda a terra.
45e o que procedesse contra estas or­ Trifão é cercado em Dora
dens ou violasse qualquer coisa de­
las, seria considerado como réu. 46A- l0No ano cento e setenta e quatro,
prouve, pois, a todo o povo constituir entrou Antíoco no reino de seus pais,
15 PRIMEIRO LIVRO DOS MACABEUS 1145
e tôdas as tropas foram logo ofere­ Ruptura de Antfoco Sidetes com
cer-se a êle, de sorte que poucas fica­ Simão
ram com Trifão. nE o rei Antíoco o
perseguiu, e êle foi para Dora, fu­ 250 rei Antíoco pôs um segundo
gindo pela costa do mar; 12porque sa­ cêrco a Dora, combatendo-a sem ces­
bia que sôbre êle estavam os males sar, e aplicando máquinas de guerra
iminentes, tendo-o o exército aban­ contra ela; e encerrou dentro dela a
donado. 13E Antíoco foi contra Dora Trifão, de tal sorte que não podia
com cento e vinte mil homens de sair. 26Então Simão mandou em seu
guerra, e oito mil cavalos, 14e pôs auxílio dois mil homens escolhidos,
cêrco à cidade, e os navios bloquea- com dinheiro e ouro, e muitos vasos;
ram-na pelo lado do mar; e tinham- 27mas Antioco não os quis receber,
na em apêrto por mar e por terra, e rompeu todos os tratados, que tinha
sem deixarem entrar nem sair pes­ feito com êle, e separou-se dêle. “ De­
soa alguma. pois enviou-lhe Atenóbio, um dos seus
confidentes, para tratar com Simão,
Carta dos Romanos em favor dos dizendo-lhe da sua parte: Vós ocu­
Judeus pais Jope, e Gazara, e a fortaleza que
está em Jerusalém, que são cidades
15Entretanto chegaram de Roma do meu reino. 29Tendes assolado os
Numênio e os que tinham ido com seus arredores, e fizestes grande des­
êle, trazendo cartas escritas aos reis troço no pais, vos levantastes com
e a diversos povos, as quais conti­ o domínio de muitos, lugares no meu
nham o seguinte: 16Lúcio, cônsul dos reino. 30Agora, pois, entregai-me as ci­
Romanos, ao rei Ptolomeu, saúde. 17Os dades que tomastes, e os tributos de
embaixadores dos Judeus, que são diferentes lugares, em que dominas­
nossos amigos, vieram ter conosco, tes fora das fronteiras da Judéia;
enviados por Simão, príncipe dos sa­ 31senão, pagai pelas cidades que re­
cerdotes, e pelo povo dos Judeus, a tendes quinhentos talentos de prata,
fim de renovarem a antiga aliança e e pelos estragos que fizestes, e tri­
amizade que há entre nós. 18E trou­ butos das cidades, outros quinhentos
xeram também um escudo de ouro de talentos; doutra sorte, nós iremos, e
mil minas. 19Nós, pois, resolvemos es­ vos faremos guerra.
crever aos reis e aos povos, que lhes
não façam mal nenhum, que não mo­ 32Foi, pois, Atenóbio, amigo do rei,
vam guerra nem a êles, nem às suas a Jerusalém, e viu a glória de Si­
cidades, nem às suas províncias, e que mão, e as suas peças de ouro e prata
não dêem socorro aos que combate­ que brilhavam, e a sua extraordiná­
rem contra êles. 20Ora nós julgamos ria magnificência. E ficou maravilha­
que devíamos aceitar o escudo que do; depois referiu-lhe as palavras do
êles nos trouxeram. 2ISe, pois, alguns rei. 33E Simão respondeu-lhe nesses
homens corrompidos saíram do país têrmos: Nós não temos usurpado o
dêles para se refugiarem entre vós, país de ninguém, nem retemos os
remetei-os a Simão, príncipe dos sa­ bens doutrem, mas temos somente re­
cerdotes, para que êle os faça casti­ cuperado a herança de nossos pais,
gar conforme a sua lei. que de algum tempo a esta parte es­
22Estas mesmas coisas escreveram tava injustamente possuída pelos nos­
ao rei Demétrio, e a Átalo, e a Aria- sos inimigos. 3,Tendo-nos sido favo­
rates, e a Arsaces, 23e a todos os paí­ rável o tempo, nós nos tornamos a
ses (seus aliados) : a Lampsaco, e aos pôr de posse da herança de nossos
Lacedemônios, e a Delos, e a Min- pais. 35Pelo que toca às queixas que
do, e a Siciônia, e a Cária, e a Samos, nos fazes acêrca de Jope e de Gaza­
e a Panfília, e à Lúcia, e a Halicar- ra, (sabe que) os destas cidades cau­
nasso. e a Cós, e a Siden, e a Arado, savam muitos males entre o povo, e
e a Rodes, e a Fasélides, e a Gortine, no nosso país; (entretanto) nós esta­
e a Gnido, e a Chipre, e a Cirene. mos prontos a dar por estas
24E destas cartas mandaram os Ro­ cidades cem talentos. E Atenóbio não
manos uma cópia a Simão, príncipe lhe respondeu uma só palavra, 36mas,
dos sacerdotes, e ao povo dos Judeus. cheio de ira, tendo voltado para o
1146 PRIMEIRO LIVRO DOS MACABEUS 15 - 16
rei, deu-lhe parte desta resposta, e tuosa torrente. 6E (João) avançou
da glória de Simão, e de tudo o que com as suas tropas para os atacar;
tinha visto; e o rei ficou em extre­ mas, vendo que elas estavam receio-
mo irritado. sas de passar a torrente, passou-a êle
primeiro; e, quando os outros o vi­
Antíoco envia Cendebeu com ram passar, logo passaram atrás dê-
um exército contra a Judéia le. 7E dividiu a sua gente em dois
corpos, e pôs a cavalaria no meio da
37Entretanto fugiu Trifão numa infantaria; porque a cavalaria dos
nau para Ortosiada. 28E o rei An­ inimigos era muito numerosa. 8E fi­
tíoco deu a Cendebeu o comando de zeram soar as trombetas sagradas, e
tôda a costa marítima, e entregou- Cendebeu fugiu com as suas tropas;
lhe um exército composto de infan­ e caíram feridos muitos dêles; e o
taria e cavalaria. 30E ordenou-lhe que resto refugiou-se na fortaleza. “Nesta
fizesse avançar as suas tropas con­ ocasião foi ferido Judas, irmão de
tra a Judéia, e mandou-lhe que ree- João; porém João persegiu os ini­
dificasse Gedor, e reforçasse as por­ migos até chegar a Cedron (ou Ge­
tas da cidade, e reduzisse o povo (Ju ­ d or), que (Cendebeu) tinha reedifiça­
deu) à fôrça das suas armas. Entre­ do. 10E muitos fugiram para as tor­
tanto o rei perseguia Trifão. "E Cen­ res que havia na campina de Azot,
debeu chegou a Jania, e começou e João as fêz queimar. E morreram
a vexar o povo, e a espezinhar a Ju­ dêles dois mil homens; e João voltou
déia, e a fazer um grande número em paz para a Judéia.
de prisioneiros, e a matar gente, e a
reedificar Gedor. 41E pôs ali cavala­ Morte de Simão
ria e infantaria, para que, saindo, fi­
zessem correrías pelas terras da Ju­ “ Ora, Ptolomeu, filho de Abobo, ti­
déia, segundo lhe tinha mandado o rei. nha sido feito governador da campi­
na de Jericó e tinha muita prata, e
Cendebeu é posto em fuga muito ouro; 12porque era genro do
pelos filhos de Simão sumo sacerdote. 13E o seu coração
1£ 'Tendo João ido de Gazara, encheu-se de soberba, e queria tor-
contou a Simão, seu pai, tudo nar-se senhor do país, e andava ma­
o que Cendebeu fizera contra o seu quinando uma traição contra Simão
povo. 2E Simão mandou vir os seus e seus filhos, para os matar. 14Simão,
dois filhos mais velhos, Judas e João, porém, percorrendo as cidades, que
e disse-lhes: Eu, e meus irmãos, e havia no país da Judéia, e tratando
a casa de meu pai temos desbaratado cuidadosamente de as pôr em ordem,
os inimigos de Israel desde a nossa baixou a Jericó êle, e Matatias, seu
mocidade até ao dia de hoje, e te­ filho, e Judas, no ano cento e seten­
mos tido a ventura de livrar Israel ta e sete, no undécimo mês, que é o
por várias vêzes. 3Agora, porém, já mês de Sabat. 15E o filho de Abobo
estou velho; mas tomai vós o meu recebeu-os com má tenção num pe­
lugar, e sêde como meus irmãos, e queno forte chamado Doc, que tinha
ide pelejar pelo nosso povo; e seja edifiçado; e mandou-lhes fazer um
convosco o socorro do céu. 4Depois grande banquete, e escondeu ali ho­
disto escolheu de todo o país vinte mens. 16Quando, pois, Simão e seus
mil homens de guerra, e cavaleiros, filhos tinham bebido bem, levantou-
os quais marcharam contra Cende- se Ptolomeu com a sua gente e goma­
beu, e pernoitaram em Modin. ram as suas armas, e entraram na
5E levantaram-se ao romper da ma­ sala do banquete, e mataram Simão
nhã, e marcharam para o campo; e e os seus dois filhos, e alguns dos seus
eis que vinha em demanda dêles, um criados. 17Dêste modo cometeu P to­
grosso exército de infantaria e cava­ lomeu em Israel uma grande perfídia,
laria, e entre êles havia uma impe- e tornou mal por bem.
Cap. X V I — 14. Que é o mês de Sabat. E ra o mês undécimo do ano santo, e corres-
pondia a janeiro e fevereiro.
16 PRIMEIRO LIVRO DOS MACABEUS 1147
João é livre do perigo matar também a êle. 22Êle, porém,
logo que ouviu isto, ficou espavorido
18E Ptolomeu escreveu isto ao rei, em extremo, e apoderou-se dos que
e mandou-lhe pedir que lhe enviasse vinham matá-lo, e mandou-lhes tirar
um exército em seu socorro, e êle a vida; porque soube que vinham
lhe entregaria o pais e as suas cida­ com tenção de o matar.
des e os tributos.
,9Ao mesmo tempo mandou outros Conclusão
a Gazara para matarem João; e en­
viou cartas aos tribunos, para que 230 resto, porém, da vida de João,
viessem unir-se com êle, prometendo e das suas guerras, e das gloriosas
que lhes daria ouro, e prata, e pre­ emprêsas em que valorosamente se
sentes. 20E mandou outros para que portou, e da reedificação dos muros,
se apoderassem de Jerusalém e do que construiu, e de tôdas as suas
monte do templo. 21Mas, antecipan­ ações; 24tudo está escrito no livro
do-os certo homem, foi avisar João dos anais do seu pontificado, come­
em Gazara, que seu pai e seus ir­ çando desde o tempo em que foi cons­
mãos tinham sido mortos, e que Pto- tituído príncipe dos sacerdotes em lu­
lomeu tinha enviado gente para o gar de seu pai.
LIVRO SEGUNDO
DOS MACABEUS
O segundo livro dos Macabeus não é a continuação do primeiro, mas
um livro independente e até mesmo anterior àquele. E’ rico de reflexões
morais sôbre os acontecimentos narrados, o que não se dá com o primeiro.
Êste livro tem uma longa introdução e duas partes.
Introdução (1, 1 — 2, 19): E’ apenas um elenco de documentos, e
transcreve cartas, nas quais, os Judeus do Egito são convidados a partici­
par da Festa dos Tabernáculos.
Primeira parte (2, 20 — 10, 9 ): Depois de um prefácio, no qual se
pretende compendiar os cinco livros de Jasão de Cirene, é narrada a his­
tória da perseguição dos Selêucidas, desde o início, quando Seleuco IV
tenta saquear o templo, até à grande perseguição de Antíoco IV Epífanes,
que fêz muitíssimas vítimas e deu origem à resistência armada dos Maca­
beus. São narradas depois as vitórias de Judas Macabeu sôbre Nicanor,
Báquides e Timóteo, o miserável fim de Antíoco IV Epifanes, a purifica­
ção do templo feita por Judas, e a solene celebração que durou oito dias.
Segunda parte (10, 10 — 15, 38): Narra as guerras de Judas Macabeu
contra Antíoco V Eupator e Demétrio 1, as quais terminam com uma espe­
tacular vitória de Judas sôbre Nicanor. Em memória dela é instituída uma
festa nacional.
Epílogo (15, 38-40): O autor sacro pede vênia pelo seu modo de se
exprimir.
O segundo livro dos Macabeus foi escrito em grego por um judeu des­
conhecido, helenista, pelo ano 124 a. C.; a obra de Jasão, porém, com-
pendiada neste livro, desconhece a morte de Judas Macabeu (161-160) e é
provavelmente do ano 162 a. C.

Primeira carta dos Judeus e Isaac, e Jacó, seus fiéis servos; 3e


de Jerusalém aos Judeus de Alexandria 1
2 vos dê a todos um mesmo coração
para que o adoreis, e façais sua von­
1 ‘Aos irmãos Judeus, que estão no tade com um coração grande, e um
1 Egito, os Judeus seus irmãos, ânimo fervoroso. 4Abra o vosso cora­
que estão em Jerusalém, e que vivem ção à sua lei, e aos seus preceitos,
no país da Judéia, saúde e boa paz. e vos dê a paz. 5Ouça as vossas ora­
2Deus vos encha de bens, e se lem­ ções, e se reconcilie convosco, e vos
bre da aliança que fêz com Abraão, não desampare no tempo mau. °Pelo
1 SEGUNDO LIVRO DOS MACABEUS 1149

que nos diz respeito, aqui estamos A renovação do fogo sagrado


agora orando por vós.
7Sob o reinado de Demétrio, no ano l8Devendo nós, pois, celebrar no dia
cento e sessenta e nove, nós, Judeus, vinte e cinco do mês de Casleu a pu­
vos escrevemos na aflição e violên­ rificação do templo, entendemos que
cia dos males, que nos tinham so­ era necessário avisar-vos disso para
brevindo naqueles anòs, desde que que vós também celebreis tanto a fes­
Jasão se retirou da terra santa e do ta dos tabernáculos, como a festa do
reino. 8Êles queimaram a porta (do fogo que nos foi dado, quando Nee-
tem p lo), e derramaram o sangue ino­ mias, depois de ter reedificado o tem­
cente; e nós fizemos oração ao Se­ plo e o altar, ofereceu nêle os sacri­
nhor, e fomos ouvidos, e oferecemos fícios.
o sacrifício e a flor da farinha, e 19Porque, quando nossos pais foram
acendemos as lâmpadas, e pusemos levados cativos para a Pérsia, os sa­
os pães (da proposição). cerdotes, que então eram tementes a
9Celebrai, pois, agora a festa dos Deus, tirando o fogo que estava sôbre
tabernáculos do mês de Casleu. 10Ano o altar, esconderam-no secretamente
cento e oitenta e oito. num vale, onde havia um poço pro­
fundo e sêco, e guardaram-no ali, de
Segunda carta: — a morte de Antíoco sorte que a todos ficasse incógnito o
lugar. 20Ora, tendo-se passado muitos
O povo, que está em Jerusalém e anos, foi Deus então servido (jue Nee-
na Judéia, e o senado, e Judas, a mias fôsse enviado (à Judéia) pelo
Aristóbulo, mestre do rei Ptolomeu, rei da Pérsia; mandou êle que os ne­
que é da linhagem dos sacerdotes un­ tos daqueles sacerdotes, que tinham
gidos, e aos Judeus que vivem no escondido o fogo, o fôssem buscar;
Egito, saúde e prosperidade. porém, não acharam fogo, como êles
"Livrados por Deus dê grandes pe­ mesmos no-lo disseram, mas uma
rigos, nós lhe rendemos grandiosas água espêssa. 2,Então o sacerdote
ações de graças, pela fortaleza que Neemias mandou que tirassem desta
nos deu para pelejarmos contra um água, e lha trouxessem. Ordenou-
tal rei. 12Porque êle foi o que fêz lhes que, com a mesma água, se fi­
sair da Pérsia aquêles que pelejaram zessem aspersões sôbre os sacrifícios,
contra nós, e contra a cidade santa. que estavam preparados, e sôbre a
,3Portanto, achando-se êle na P ér­ lenha, e sôbre o que se achava pôsto
sia, na qualidade de chefe, com um em cima dela. 22E, logo que isto se
exército imenso, pereceu no templo fêz, e chegou o tempo, em que des­
de Nanéia, enganado pelo fraudulen­ cobriu o sol, que tinha estado antes
to conselho dos sacerdotes da refe­ nublado, acendeu-se um grande fogo,
rida Nanéia. 14Porque Antíoco foi em de maneira que todos ficaram mara­
companhia de seus amigos àquele lu- vilhados. 23Entretanto todos os sa­
jgar (ou templo) como para se des- cerdotes estavam fazendo oração, en­
posar com ela, e para receber gran­ quanto o sacrifício se consumia, prin­
des somas de dinheiro a título de cipiando Jônatas, e respondendo os
dote. 15E, tendo-lhe os sacerdotes de outros
Nanéia mostrado êsse dinheiro, e 24E a oração que Neemias fazia era
tendo êle entrado no interior do tem­ desta maneira: Senhor Deus, criador
plo com uns poucos (dos seus), fe ­ de tôdas as coisas terrível e forte:
charam logo o templo, 16depois que justo e misericordioso, que és o úni­
Antíoco entrou; em seguida, abrindo co rei bom, 2r,o único excelente, o
uma porta secreta do templo, e ar­ único justo, e todo-poderoso, e eter­
rojando pedras, feriram o chefe e os no, que livras Israel de todo o mal,
que estavam com êle, esquartejaram- que escolheste nossos pais, e os san­
nos, e, cortadas as cabeças, deita­ tificaste; 26recebe êste sacrifício por
ram-nos fora. i:Em tudo seja Deus todo o teu povo de Israel, e guarda
bendito, que assim entregou os impios. a tua herança, e santifica-a. 27Con-
Cap. I — 14. Pretexto inventado por Antíoco para se apoderar dos tesouros que esta­
vam no templo da deusa Nanéia.
1150 SEGUNDO LIVRO DOS MACABEUS l - 2

grega todos os nossos irmãos disper­ dem particular que tinha recebido de
sos, livra os que estão debaixo da es­ Deus, mandou que levassem com êle
cravidão dos gentios, e olha favoràvel- o tabernáculo e a arca, até que che­
mente para os que estão feitos um gasse ao monte a que Moisés tinha
objeto de desprêzo e de abominação, subido, do qual êle viu a herança de
a fim de que as nações conheçam que Deus. 3*E, tendo ali chegado Jere­
és o nosso Deus. -sA flige os que nos mias, achou naquele lugar uma ca­
oprimem, e os que nos ultrajam com verna; e meteu nela o tabernáculo e
soberba. -‘'Estabelece o teu povo no a arca, e o altar dos perfumes, e
teu santo lugar, como o disse Moisés. tapou a entrada. °Ora, alguns dos
- ‘"Entretanto os sacerdotes canta­ que o seguiam, aproximaram-se jun­
vam hinos até que o sacrifício foi tos para notarem êste lugar; e não
consumido. 31E, acabado o sacrifício, puderam encontrá-lo. 7E, quando Je­
ordenou Neemias que o que restava remias soube isto, repreendendo-os,
daquela água fôsse espalhado pelas disse: Sabei que êste lugar ficará
pedras maiores (da base do altar). incógnito, até que Deus reúna o seu
“-Depois de feito isto, acendeu-se de­ povo disperso, e use com êle de mi­
las uma grande chama, a qual foi sericórdia; 8*e então descobrirá o Se­
absorvida pela luz que resplandecéu nhor estas coisas, e aparecerá a ma­
do altar. 33E, logo que isto se divul­ jestade do Senhor, e ver-se-á uma nu­
gou, contaram ao rei dos Persas, como vem, como também se manifestava a
no lugar onde os sacerdotes, que ti­ Moisés, e assim como apareceu a Sa­
nham sido levados cativos, haviam lomão, quando êste pediu que o tem­
escondido o fogo, se tinha achado plo fôsse santificado pelo grande
uma água, com a qual Neemias, e os Deus.
que estavam com êle, tinham puri­ '•'Porque então (êste re i) fazia res­
ficado os sacrifcios. 34E consideran­ plandecer magnificamente a sua sa­
do nisto o rei, e examinando com di­ bedoria; e ofereceu o sacrifício da
ligência o caso, fêz ali um templo, dedicação e da consumação do tem­
para memória do que tinha aconte­ plo, como quem estava cheio de sa­
cido. 35E, tendo-se assegurado dêste bedoria. 10E, assim como Moisés,
prodígio, deu aos sacerdotes muitos orou ao Senhor, e desceu fogo do céu,
bens, e fêz-lhes muitos e diversos pre­ e consumiu o holocausto, por seme­
sentes, que lhes distribuía por sua lhante modo também orou Salomão,
própria mão. 3,1E Neemias chamou a e desceu fogo do céu, que consumiu
êste lugar Neftar, que quer dizer o holocausto. 11E Moisés disse: Por
Purificação; porém há muitos que não ter sido comida a hóstia ofere­
lhe chamam Nefi. cida pelo pecado, foi ela consumida
(pelo fog o). 12*T ambém Salomão ce­
Como Jeremias escondeu lebrou durante oito dias a dedicação
o tabernáculo, a arca e o altar (do tem plo).
dos perfumes 13E estas mesmas coisas se achavam
nos escritos e memórias de Neemias,
2 ’ Ora nos escritos do profeta Je- onde se lê que êle formou uma bi­
** remias lê-se que êle ordenou blioteca, tendo recolhido de diversos
aos que eram levados para o cativei­ países, os livros dos profetas, os de
ro (de Babilônia) que tomassem o Davi, e as cartas dos reis, e o que
fogo, como já foi referido, e como dizia respeito aos seus dons. 14E do
êle o prescreveu aos emigrados. 2E mesmo modo também Judas Maca-
(o mesmo profetaJ deu-lhes a lei, beu recolheu tudo o que se tinha per­
para que êles não se esquecessem dos dido durante a guerra que nos so­
preceitos do Senhor, nem se extra­ breviera; e (esta coleção) está nas
viassem nos seus espíritos, vendo os nossas mãos. 15Se vós desejais êstes
ídolos de ouro e de prata, e os seus escritos, mandai pessoas que vo-los
adornos. 3E, dando-lhes outros avisos possam levar.
semelhantes, exortava-os a que não
apartassem do seu coração a lei (de Convite a celebrar a festa
Deus). 'Lia-se também no mesmo es­ da purificação do templo
crito que êste profeta, por uma or­ 16Nós, pois, vos escrevemos, estando
2 - 3 SEGUNDO LIVRO DOS MACABEUS 1151
para celebrar a purificação (do tem - empreendemos de boa vontade êste
p lo ); e vós fareis bem se celebrardes trabalho. 29E, deixando correr a afir­
esta festa. 17Entretanto esperamos mação da verdade de cada um dos
que Deus, que livrou o seu povo,! e fatos por conta dos autores (que os
que restituiu a todos a herança, e o referem ), nós somente nos aplicamos
reino, e o sacerdócio, e o lugar santo, em resumí-los, segundo foi nossa ten-
l8conforme o tinha prometido na lei, ção. 30Porque, assim como um ar­
( esperamos) que cedo usará conosco quiteto, que empreende edificar uma
de misericórdia, e nos tornará a ajun- casa nova, deve pôr o cuidado em re­
tar de todos os países, que estão de­ gular tôda a sua fábrica, e o que es­
baixo do céu, no seu santo lugar. tá encarregado de a pintar, há de
19Pois êle nos livrou de grandes pe­ inquirir o que é acomodado para o
rigos, e purificou o seu templo. seu ornato, da mesma sorte se deve
julgar também de nós. 31Porquanto,
P r e f á c i o do liv r o : re s u m o d o s o autor duma história deve recolher
c in c o l iv r o s d e J a s ã o d e C ir e n e as matérias e ordenar a narração, in­
quirindo cuidadosamente as circuns­
*°(Nos, pois, propusemo-nos a escre­ tâncias particulares do que conta;
v er) o que diz respeito a Judas Ma- 32mas ao que faz um resumo, deve-se
cabeu, e a seus irmãos, e à purifica­ permitir que siga a brevidade no que
ção do grande templo, e à dedicação escreve, e evite dilatar-se em longos
do altar; 21e também acêrca das ba­ discursos. 33Nós, pois, começaremos
talhas que se deram sob Antíoco, o aqui a nossa narração; para exórdio
ilustre, e sob seu filho Eupator; 22e basta o que temos dito; porque seria
sôbre as manifestas aparições que ti­ uma loucura sermos difusos no exór­
veram do céu aquêles que pelejaram dio da história, e sucintos no corpo
pelos Judeus com tanto valor, os dela.
quais, sendo poucos, se tornaram se­
nhores de todo o país, e puseram em I le lio d o r o é m a n d a d o r o u b a r
fuga um grande número de bárbaros, o s t e s o u r o s d o te m p lo
23e recobraram o mais famoso templo
que há em todo o mundo, e livraram O ‘Gozando, pois, a cidade santa, de
a cidade da escravidão, e restabele­ uma paz perfeita, e observando-
ceram a observância das leis, que ti­ se exatissimamente as leis, por cau­
nham sido abolidas, tendo-se-lhes o sa da piedade do pontífice Onias, e
Senhor mostrado propício com evi­ do ódio que êle tinha no coração con­
dentes provas da sua bondade; 24e, tra todo o mal, 2acontecia que tam­
além disto, o que Jasão de Cirene es­ bém os mesmos reis e príncipes con­
creveu em cinco livros, procuramos sideravam o (santo) lugar como dig­
nós resumir num só volume. no de grande veneração, e enrique­
25Porquanto, considerando a multi­ ciam o templo com grandíssimos do­
dão de livros, e a dificuldade que en­ nativos; 3de sorte que Seleuco, rei
contram os que querem aplicar-se às da Ásia, subministrava das suas ren­
narrações das histórias, por causa da das tôda a despesa que pertencia ao
multidão dos sucessos, 26procuramos ministério dos sacrifícios. 4Porém, Si-
(escrever esta) de modo que agrade mão, da tribo de Benjamin, que es­
aos que a queiram ler; e que os estu­ tava constituído prefeito do templo,
diosos possam mais fàcilmente retê- trabalhava por fazer alguma má obra
la na memória, e seja geralmente útil na cidade, não obstante a resistên­
a todos os que a lerem. 27Mas, na cia que achava no príncipe dos sacer­
verdade, pelo que diz respeito a nós, dotes. 5E, vendo que não podia ven­
que empreendemos fazer o resumo cer Onias, foi ter com Apolônio, filho
desta obra, não é pequeno o trabalho de Tarséias, que naquele tempo era
que tomamos, antes, porém, uma em- governador da Celesíria, e da Fení-
prêsa cheia de vigílias e de suores. cia; 6e declarou-lhe que o erário de
“ Como aquêles que preparam um Jerusalém estava cheio de imensas
banquete e procuram satisfazer o gos­ somas de dinheiro, e que nêle se acha­
to dos outros, assim nós, pelo provei­ vam imensas riquezas do comum que
to que daqui muitos podem tirar, não eram reservadas para os gastos
1152 SEGUNDO LIVRO DOS MACABEUS 3

dos sacrifícios; e que se poderia des­ positado.- 1*6*Mas ninguém podia olhar
4
cobrir meio de tudo isto cair em po­ para o semblante do sumo sacerdote,
der do rei. 7Tendo, pois, Apolônio, sem ficar com o coração traspassa-
avisado o rei desta grande soma de do; porque a mudança do seu sem­
dinheiro, que lhe tinha sido declara­ blante e da sua côr mostrava bem a
do, o rei, tendo mandado chamar He- dor interna da sua alma. “ Uma cer­
liodoro, que era seu primeiro minis­ ta tristeza espalhada por todo seu ros­
tro, enviou-o com ordem de fazer to, e um tremor que se tinha apode­
transportar o dinheiro referido. 8E rado de todo o seu corpo, mostra­
Heliodoro pôs-se logo a caminho com vam bem, aos que olhavam para êle,
o pretêxto de quem tinha de visitar a dor do seu coração. 18Outros tam­
as cidades da Celesíria e da Fenícia, bém corriam em bandos de suas casas,
mas na realidade, para executar a in­ conjurando (a Deus) com preces,
tenção do rei. que não permitisse que aquêle lu­
gar (santo) fôsse exposto ao des-
P ro testo do su m o sa c erd o te
prêzo. 19E as mulheres, cingidas
9E, tendo chegado a Jerusalém, e pelo peito com cilícios, iam em grupos
sendo recebido na cidade com ama- pelas ruas; e até as donzelas, que an­
bilidade pelo sumo sacerdote, H elio­ tes se conservavam encerradas em
doro declarou-lhe a informação que suas casas, corriam umas para Onias,
tinha sido dada ao rei sôbre êste di­ e outras para os muros, e algumas o-
nheiro e manifestou-lhe que era es­ lhavam pelas janelas; 20tôdas, porém,
ta a verdadeira causa da sua vinda; levantando as mãos para o céu, diri­
depois perguntou-lhe se era verdade giam a Deus as suas súplicas. 21*E ra
o que tinha sido dito. 10Então o su­ na verdade um espetáculo digno de
mo sacerdote representou-lhe que êste compaixão, ver tôda esta confusa
dinheiro estava em depósito, e que multidão de povo, e o sumo sacerdo­
era subsistência das viúvas e dos ór­ te reduzido a uma tal angústia.
fãos; 31e que nestas somas, que o ím­ "Invocavam sinceramente a Deus
pio Simão tinha denunciado, havia todo-poderoso, para que conservasse
uma parte que pertencia a Hircano inviolável o depósito daqueles que lho
Tobias, varão muito eminente; e que tinham confiado. 23M * as Heliodoro
tôda esta soma consistia em quatro­ executava no mesmo lugar o que ti­
centos talentos de prata, e duzentos nha determinado, achando-se presen­
de ouro; v-e que por outro lado de te êle com os seus guardas junto à
nenhum modo se podia defraudar os porta do erário.
que tinham segurado o seu dinheiro,, C a s t ig o d e H e lio d o r o
depositando-o num lugar e num tem­
plo, que por todo o mundo era hon­ 24Porém o espírito de Deus todo-po­
rado pela sua majestade e santidade. deroso manifestou-se com sinais bem
K,Mas Heliodoro, em cumprimento das sensíveis, de sorte que todos os que
ordens que tinha recebido do rei, in­ tinham ousado obedecer a Heliodoro,
sistia que, em todo o caso, devia lançados em terra pelo poder de
aquêle dinheiro ser levado ao rei. Deus, ficaram num total desfaleci-
H e lio d o r o q u e r e n t r a r no te s o u ro . mento, e em grande terror. 25Porque
O ra ç õ e s do sac e rd o te e do p o v o lhes apareceu um cavalo, sôbre o qual
estava montado um homem terrível,
14No dia, pois, que tinha marcado ajaezado com os melhores arreios; o
para isso, entrou no templo para exe­ qual, investindo contra Heliodoro, lhe
cutar o seu desígnio. Entretanto deu muitas patadas com os dois pés
havia uma grande consternação por da frente; e o que vinha montado
tôda a cidade. ir,Os sacerdotes, porém, sôbre êle, parecia ter armas de ouro.
prostraram-se diante do altar, com as -'Ao mesmo tempo apareceram ou­
suas vestes sacerdotais, e invocavam tros dois jovens, cheios de fôrça, bri­
aquêle que está no céu dominando lhantes de glória, e ricamente atavia­
tudo, que fêz uma lei sôbre os depó­ dos, os quais rodearam Heliodoro, e
sitos, rogando-lhe que os conservasse o açoitavam nas costas, cada um da
salvos para aquêles que os tinham de­ sua banda, descarregando sôbre êle
3 - 4 SEGUNDO LIVRO D O S M ACABEUS 1153

muitos e contínuos golpes. ^Cáiu, ra ser ainda mandado outra vez a


pois, Heliodoro de repente por terra, Jerusalém respondeu: 38Se tens al­
e, envolvido todo êle numa grande gum inimigo, ou algum que tenha
escuridão, arrebataram-no, e, posto maquinado contra o teu reino, man­
numa cadeira de mão o lançaram da-o lá, e tu o verás voltar açoitado,
dali para fora. 28Dêste modo o que se é que escapar; porque verdadeira­
tinha entrado no erário com tanta co­ mente naquele lugar há uma virtude
m itiva de guardas e de archeiros, era divina. 39Porque aquêle mesmo que
levado sem ninguém o poder socorrer, tem habitação nos céus, está presente
tendo-se manifestado visivelmente o e protege aquêle lugar, e fere, e mata
poder de Deus. 29E Heliodoro, por os que lá vão para fazer algum mal.
efeito dêste divino poder, jazia sem 40Eis o que se passou a respeito de
fala e sem esperança alguma de vida. Heliodoro e da conservação do erário.
^Pelo contrário, os outros bendiziam Onias denuncia ao rei Seleuco IV
o Senhor, por engrandecer o seu (san­ o pérfido Simão
to ) lugar; e o templo, que pouco an­
tes estava cheio de confusão e de A ^ a s Simão, que, corno se disse
tumulto, logo que o Senhor manifes­ ^ acima, tinha denunciado o di­
tou a sua onipotência, encheu-se de nheiro, e se havia declarado contra
regozijo e de alegria. a sua pátria, dizia mal de Onias, co­
Oração em favo r de Heliodoro mo se êle fôsse o que tinha instiga­
do Heliodoro a fazer o que fizera, e
31Então alguns amigos de Heliodo­ tivesse êle sido a causa de todos êstes
ro foram a tôda a pressa suplicar a males; 2e ousava fazer pa

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