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2) A Paz de Deus, que é vulgarmente chamada “trégua”, apresenta-se como a interdição de assaltar e roubar,
desde a tarde de quarta-feira até a manhã de segunda-feira e durante os períodos de abstinência e de
purificação que precedem as três grandes festas cristãs – a Páscoa, o Natal e o Pentecostes. Nestes períodos,
nenhum homem que habite a diocese ou nela esteja se pode servir de uma arma, com exceção do soberano
acompanhado da sua hoste ou da sua cavalaria pessoal.
Georges Duby. As três ordens: ou o imaginário do feudalismo. Lisboa: Editorial Estampa, 1994. p. 40.
No contexto da Idade Média, a Paz de Deus representava a
A) A fixação dessa forma de vínculo criou uma cadeia de relacionamentos cujo efeito foi a solidificação do
poder real, pelo fato de que, direta ou indiretamente, todos eram subordinados ao rei.
B) Essa forma de relacionamento deriva diretamente dos vínculos entre o imperador e os generais no
Império Romano, tendo sido absorvida pelos povos bárbaros.
C) Essas relações, conhecidas como suserania e vassalagem, estabeleciam vínculos essencialmente
militares e se constituíram na base das relações entre a nobreza e entre esta e o rei durante a Idade
Média.
D) Ao constituir um senhorio, o nobre estabelecia com seus camponeses relações de dependência idênticas
às que eram estabelecidas entre os guerreiros.
E) A Igreja jamais aceitou essa forma de vínculo, uma vez que ela criava um relacionamento que passava ao
largo das regulamentações religiosas.
4) Leia o texto a seguir.
Empunhando Durendal, a cortante,
O rei tirou-a da bainha, enxugou-lhe a lâmina
Depois cingiu-a em seu sobrinho Rolando
E então o papa a benzeu.
O rei disse-lhe docemente rindo:
“Cinjo-te com ela, desejando
Que Deus te dê coragem e ousadia,
Força, vigor e grande bravura
E grande vitória sobre os infiéis.”
E Rolando diz, o coração em júbilo:
“Deus mo conceda, pelo seu digno comando”.
Agora que o rei cingiu a lâmina de aço,
O duque Naimes vai se ajoelhar
E calçar em Rolando sua espora direita.
A esquerda cabe ao bom dinamarquês Ogier.
La Chanson d’ Aspremont. In: Georges Duby. A Europa na Idade Média. São Paulo: Martins Fontes, 1988.
O texto expõe uma série de elementos presentes no mundo medieval europeu. Dentre as alternativas a seguir,
assinale aquela que não contém um desses elementos.
A) O texto evidencia vínculos claros das relações de suserania e vassalagem, expressos, por exemplo, no
ato do rei de cingir a espada no ombro de Rolando, sagrando-o cavaleiro
B) A relação entre as tradições germânicas de suserania e vassalagem e a Igreja solidificou-se durante a
Idade Média. Grande parte dos preceitos da cavalaria foram moldados pela ideia de defesa da fé cristã.
C) A presença do rei como aquele que concede a Rolando a espada e o grau de cavaleiro evidencia o
caráter centralizado da estrutura política na Idade Média.
D) A Reconquista cristã, na luta pela expulsão dos mouros da Península Ibérica, foi um tema fundamental
nas novelas de cavalaria.
E) O caráter guerreiro dos povos germânicos moldou o comportamento e os valores da nobreza medieval.
6) Observou-se com humor, mas não sem exatidão, que os habitantes das novas cidades medievais não
pensavam, ao obter os forais ou as franquias, em criar uma cidade. Pensavam em formar uma comunidade,
mas esta ainda sem nome próprio (cidadãos, hóspedes, ou ainda, simplesmente habitantes, ou mesmo
homines, termo ao mesmo tempo muito geral e que evoca um vínculo de dependência em face de um senhor),
num lugar igualmente sem personalidade própria (cidade, burgo, subúrbio, praça forte, lugar ou villa).
LE GOFF, Jacques. O apogeu da cidade medieval. São Paulo: Martins Fontes, 1992. p. 3-4. (Adaptado)
Para Le Goff, as novas cidades medievais se diferenciam das anteriores por
A) surgirem sem a necessidade de autorização.
B) serem uma ocupação espacial temporária.
C) exibirem um parâmetro formador ilógico.
D) receberem diferentes denominações.
E) apresentarem sentido de autonomia.
A vida medieval.
Sobre o período retratado, as características da sociedade e da economia, pode-se afirmar que:
A) a posse da terra era assegurada exclusivamente aos camponeses, os quais deviam, em troca, sustentar
os nobres e a Igreja e lutar nas guerras.
B) o castelo, observado ao fundo na imagem, era o símbolo do poder do nobre sobre os seus domínios e
sobre os camponeses sob sua autoridade.
C) aos reis não era permitida a posse da terra, cabendo a eles funções exclusivamente administrativas e
militares.
D) a escravidão foi a forma básica de mão de obra, permitindo um amplo comércio de escravos com outros
povos em épocas de crise econômica e escassez de alimentos.
E) a dependência exclusiva em relação à agricultura levou a Europa a desenvolver novas técnicas agrícolas
que aumentaram em muito a produtividade da terra.
9) Entende-se hoje que a civilização medieval, apesar de limitada segundo os padrões atuais, dava ao homem
um sentido de vida. Ele se via desempenhando um papel, por menor que fosse, de alcance amplo, importante
para o equilíbrio do Universo. Não sofria, portanto, com o sentimento de substituibilidade que atormenta o
homem contemporâneo. O medievo se sentia impotente diante da natureza, mas convivia bem com ela. O
ocidental de hoje se sente a ponto de dominar a natureza, por isso se exclui dela.
(Hilário Franco Júnior. A Idade Média: nascimento do Ocidente, 1988.)
A afirmação do texto de que, diferentemente do medieval, o homem contemporâneo “se sente a ponto de
dominar a natureza, por isso se exclui dela” pode ser justificada pela
A) incerteza diante do futuro, gerada pela impossibilidade de impedir terremotos e outras catástrofes
naturais.
B) celebração do progresso e do domínio tecnológico, difundida sobretudo a partir da Revolução Industrial.
C) visão dessacralizada da natureza, proporcionada pelo ateísmo propagado depois da Revolução Russa.
D) superação dos perigos naturais, proporcionada pela atual capacidade de controlar o clima planetário.
E) descrença em relação ao futuro, nascida com a visualização da barbárie das duas guerras mundiais.
No princípio era o Verbo e o Verbo estava junto a Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio junto a
Deus e o dever do monge fiel seria repetir cada dia com salmodiante humildade o único evento imodificável do
qual se pode confirmar a incontrovertível verdade.
[...]
Durante o período que permanecemos na abadia vi-lhe sempre as mãos cobertas pela poeira dos livros, pelo
ouro das miniaturas ainda frescas, pelas substâncias amareladas que tocara no hospital de Severino. Dava a
impressão de não poder pensar a não ser com as mãos, coisa que então me parecia mais digna de um
mecânico (e haviam me ensinado que o mecânico é
moechus
, e comete adultério nos confrontos da vida intelectual a quem deveria estar unido a castíssimo esponsal):
porém mesmo quando suas mãos tocavam coisas muito frágeis, como certos códices de miniaturas ainda
frescas, ou páginas corroídas pelo tempo e friáveis como ázimo, ele possuía, parece-me, uma extraordinária
delicadeza de tato, a mesma que usava para tocar suas máquinas.
Umberto Eco. O nome da Rosa.
Os trechos descrevem pensamentos e ações de religiosos católicos durante a Idade Média, em uma visita a
uma abadia na Itália; neles, é possível perceber que, entre os membros do clero no medievo, prevaleciam
A) a submissão a Deus, expressa na ideia de que o “Verbo”, ou seja, a ação, era Deus; a valorização do
trabalho intelectual em detrimento do trabalho manual e físico, como o do mecânico; o acesso à cultura e
aos livros como algo que ocorria dentro de ambientes como as abadias, de acesso exclusivo dos
religiosos.
B) a ideia de que o mundo era sempre o mesmo, imodificável e eterno; o trabalho manual, como o dos
mecânicos, dando pouco valor ao trabalho intelectual; e a dedicação, de muitos dos membros do clero, ao
artesanato de composição de obras em miniatura.
C) a crença na ideia de que Deus se manifestava somente por palavras, por meio da Bíblia ou de revelações
dos anjos; a realização de obras de caridade na área da saúde, tendendo em hospitais como o de
Severino; e a castidade obrigatória para padres e mecânicos.
D) a prática de ficar o dia todo a repetir trechos da Bíblia, sem outras atribuições; a presença, nas abadias,
de mecânicos que consertavam equipamentos e realizavam trabalhos pesados; e a grande dedicação
diária de todos os membros do clero.
E) a ideia de que a verdade está no verbo, nas palavras, e de que Deus é o verbo; o trabalho regular dos
monges e padres com o ouro, fazendo estatuetas de Jesus, dos santos e dos apóstolos com este e outros
metais preciosos; e o trabalho prestado aos padres pelos mecânicos, os quais, todavia, não viviam nas
abadias.
1)
Alternativa correta:
C
2)
Alternativa correta:
C
3)
Alternativa correta:
C
4)
Alternativa correta:
C
5)
Alternativa correta:
D
6)
Alternativa correta:
E
7)
Alternativa correta:
B
8)
Alternativa correta:
A
9)
Alternativa correta:
B
10)
Alternativa correta:
A