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TEOLOGIA DA

LIBERTAÇÃO
Aluno: Thayron Furtado dos Santos
Professor: Rev. Maely Vilela
Disciplina: História do pensamento Cristão 2
EMBATES DE UM TEÓLOGO
ATIVISTA
A morte de Camilo Torres (5 de Fevereiro de 1966).

 Gustavo Gutiérrez (Lima, Peru, 08 de junho de 1928).

Medicina, teologia, professor, padre.

 CELAM II em 1968 (Conselho Episcopal Latino-

Americano), Medellín - Colômbia.

 Livro: Teologia da libertação escrito por Gutiérrez

(1971).

 CELAM III em 1979, Puebla - México


EMBATES DE UM TEÓLOGO
ATIVISTA
 Em 1984 a Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé emitiu

um documento escrito pelo Cardeal Joseph Ratzinger intitulado


"Instrução sobre certos aspectos da Teologia da Libertação”.

O então cardeal Ratzinger e a Sagrada Congregação


"silenciaram" um eminente teólogo da libertação brasileiro,
Leonardo Boff.

 Por fim, a posição do Vaticano se tornou mais flexível. Em

abril de 1986, veio à luz um segundo documento de Ratzinger,


a "Instrução sobre a liberdade cristã e a libertação".
PRECURSORES DA TEOLOGIA
DA LIBERTAÇÃO
 Os teólogos da libertação partem especificamente da experiência

do pobre e da luta dos marginalizados por libertação.


Consequentemente, para citar as palavras do próprio Gutiérrez, "a
teologia da libertação está arraigada na militância revolucionária".

 A conquista espanhola e Bartolomeu de Las Casas (Espanha -

XVI).

 A verdadeira origem da teologia da libertação deve ser buscada

nos acontecimentos dos anos 50 e 60. Jürgen Moltmann e a


"teologia política".
PRECURSORES DA TEOLOGIA
DA LIBERTAÇÃO
 Concílio Vaticano II, reunido em Roma (1962-1965) e a visão do

papa João XXIII: a igreja era a igreja dos pobres.

 A essa altura, os fundamentos práticos da teologia da libertação já

haviam sido assentados na obra de Paulo Freire, educador católico do


nordeste brasileiro.

 Freire se voltou então diretamente para os pobres na tentativa de

articular os primeiros passos que permitiriam lidar com seus


problemas. Os pobres precisavam se libertar da “mentalidade
condicionada pela dominação”, e os ricos de sua “mentalidade
condicionada pelo domínio”.
TEOLOGIA CONTEXTUAL
 A teologia da libertação traz implícito o pressuposto de que a teologia deve ser contextual.

Isto significa que, por sua própria natureza, a reflexão teológica se encontra
inescapavelmente vinculada a uma situação histórica e social específica.

 Os teólogos da libertação aplicam a teoria da “sociologia do conhecimento” à luta das

classes pobres da América Latina contra seus opressores. A ideologia do opressor deve ser
combatida com outra, isto é, com o conhecimento crítico que brota no meio daqueles que
se opõem à opressão imposta pela classe superior. O conhecimento crítico capaz de
conduzir a igreja à luta depende de uma teologia específica, a teologia da libertação.

 Trata-se de um fazer teológico exclusivo dos pobres e para os pobres em sua batalha pela

libertação. Essa é a forca propulsora da teologia da libertação.


TEOLOGIA DO POBRE
 Diferentemente da pobreza existente na Europa ou na América do Norte, a pobreza

latino-americana é endêmica, disseminada e imposta.

 Os teólogos da libertação ressaltam que a pobreza na América Latina chegou a

níveis catastróficos. A medida que o pobre fica cada vez mais pobre, o rico
prospera mais do que nunca.

 Em meio a tais disparidades, a maior parte da população latino-americana — rica

ou pobre, poderosa ou não — continua a professar a fé cristã, e a Igreja Católica ou


está oficialmente estabelecida, ou tem uma influência tremenda em toda a região.
Todavia, longe de ser "neutra", a igreja sempre esteve ao lado dos opressores .
INFLUÊNCIA MARXISTA
 O uso da análise social marxista para compreender tanto a situação da pobreza

na América Latina quanto sua solução.

 Gutiérrez e outros dizem que o problema decorre da dependência econômica

(imposta de fora para dentro por empresas multinacionais europeias e norte-


americanas) aliada à violência institucionalizada contra o pobre, perpetuada
internamente pelas oligarquias encasteladas no poder e pelos regimes militares,
que cooperam com as multinacionais em troca de apoio.

 A opinião praticamente unânime entre os teólogos da libertação é de que o

capitalismo é intrinsecamente maligno. De acordo com Gutiérrez, a substituição


do sistema atual por uma nova sociedade socialista é a melhor maneira de
cumprir o mandamento de Jesus de oferecer um copo de água fresca em seu
nome. A análise marxista. O Deus dos pobres.
TEOLOGIA COMO REFLEXÃO
CRÍTICA DA PRÁXIS
Primeiro a libertação, depois a reflexão. A reflexão teológica consiste em fazer com

que a palavra de Deus seja determinante na relação do cristão com o pobre, e a favor
do pobre, de modo que tal ação seja guiada e orientada por ela, proporcionando ao
mesmo tempo uma linguagem adequada para se falar do Deus que age na libertação.

 A verdade é descoberta à medida que refletimos sobre nossos atos. Agir é o ato

primeiro, seguindo-se depois a reflexão.

 Segundo Gutiérrez, de modo recorrente, a narrativa bíblica mostra Deus em ação na

história para libertar o fraco e o vilipendiado da escravidão e da opressão. Tal


atividade não pode se restringir ao passado remoto. Pelo contrário, a obra libertadora
de Deus continua no presente.
SALVAÇÃO COMO
LIBERTAÇÃO
 Segundo Gutiérrez, os teólogos erram, diz ele, ao interpretar a salvação como algo

exclusivamente "quantitativo", isto é, como a "garantia do céu" para o maior número de


pessoas.

 É preciso reinterpretar urgentemente a salvação em termos qualitativos, porque só assim ela

poderá redundar num compromisso com a transformação social.

 Gutiérrez apresenta a teologia da libertação como uma reconstrução da doutrina da

salvação.

 Gutiérrez se esforça para explicar que há, na verdade, três níveis diferentes de libertação

em Cristo. São elas: a interpretação tradicional da transformação pessoal e da libertação do


pecado, bem como a libertação da opressão social e da marginalização.
SALVAÇÃO COMO
LIBERTAÇÃO
 Gutiérrez acha que a situação na América Latina exige que nos concentremos no aspecto

social. Os cristãos latino-americanos devem acabar com os sistemas sociais injustos que
oprimem, exploram e alienam as pessoas.

 A igreja deve se converter aos pobres — deve se unir a eles na luta pelo fim da opressão.

Gutiérrez sabe, é claro, que a libertação total é um dom de Deus, porém, a igreja deve
trabalhar na construção de uma sociedade justa.

 Gutiérrez admite, embora com relutância, que os esforços de construção de uma sociedade

justa podem comportar atos de violência.

 Acima de tudo, Gutiérrez quer que a igreja seja uma "autêntica igreja dos pobres", isto é, uma

igreja que sofra com os marginalizados, mesmo que para isso seja preciso passar pelo martírio.
UMA TEOLOGIA PARA
QUALQUER CONTEXTO?
 Os críticos se recusam a atribuir a totalidade da culpa pelos problemas das massas aos governos

do Atlântico Norte, às empresas e a seus correligionários e questionam os governos latino –


americanos.

 Os críticos dizem que o uso da análise social marxista leva inevitavelmente à adoção da

ideologia ateísta que a acompanha.

 Alguns críticos não estão convencidos de que possamos dizer que Deus "favorece" o pobre.

Outros duvidam se a teologia pode vir depois da práxis.

 Os críticos receiam que a ênfase de Gutiérrez na presença de Deus neste mundo e na história

humana não dê espaço suficiente para o transcendental.

 O ativista peruano e seus amigos abriram os olhos dos cristãos para que vissem as dificuldades

dos pobres em seu sofrimento, não só na América Latina, mas também no mundo todo.
TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO
NO BRASIL
 Paulo Freire.

 Leonardo Boff, Lula e o PT.

 "O PT não existiria do jeito que ele existe se não fossem as

Comunidades Eclesiais de Base. Eu que viajei o Brasil inteiro para


construir esse partido, eu sei o valor de um padre progressista”.

 “Eu sou na política um pouco filho do movimento sindical, dos

movimentos sociais, um pouco filho da Teologia da Libertação”.

 Rubem Alves, Richard Shaull, Julio de Santana, Jaci Maraschin,

Milton Schwantes e Ivone de Gebara.

 Pastores e padres (Comunidades eclesiais de base).


UMA ANÁLISE BÍBLICA
 “Sempre haverá pobres na terra. Portanto, eu ordeno a você que abra o coração para o seu irmão

israelita, tanto para o pobre como para o necessitado de sua terra”. Deuteronômio 15:11

 "Quando fizerem a colheita da sua ter­ra, não colham até as extremidades da sua ­la­voura nem ajuntem

as espigas caídas de sua colheita. Não passem duas vezes pela sua vi­nha nem apanhem as uvas que
tiverem caído. Deixem-nas para o necessitado e para o estran­geiro. Eu sou o Senhor, o Deus de
vocês”. Levítico 19:9-10

 "Se alguém do seu povo empobrecer e não puder sustentar-se, ajudem-no como se faz ao estrangeiro e

ao residente temporário, para que possa continuar a viver entre vocês. Não cobrem dele juro algum,
mas temam o seu Deus, para que o seu próximo continue a viver entre vocês. Vo­cês não poderão
exigir dele juros nem emprestar-lhe mantimento visando a algum lucro. Eu sou o Senhor, o Deus de
vocês, que os tirou da terra do Egito para dar a vocês a terra de Canaã e para ser o seu Deus”.
Levítico 25:35-38
UMA ANÁLISE BÍBLICA
 Yvez Congar : “Não podemos, em nome do evangelho, canonizar de alguma forma a pobreza no sentido

econômico da palavra”

 A atitude de Jesus com relação ao pobre: Os pobres foram os primeiros a ouvirem, mas no final estavam juntos

da multidão que condenou Cristo (Mc 15. 13); Jesus não se negou associar-se com os ricos e poderosos,
coletores de impostos, Zaqueu, Lázaro, Nicodemos, José de Arimatéia. Muitas figuras e parábolas de Jesus
contêm “figuras de autoridade”, com as quais a classe dos donos de propriedades poderia facilmente de
identificar. A parábola dos talentos, do filho pródigo, dos trabalhadores na vinha e mesmo do bom samaritano
pressupõem um contexto burguês, onde as figuras-chave são indivíduos com riquezas e recursos. O mesmo é
verdade acerca dos muitos curados e beneficiados por Jesus, como Jairo e o Centurião.

 A verdade não é que Jesus estava interessado apenas nos pobres, mas que ele estava completamente

indiferentes às distinções de classes, pois todos precisam ser salvos de seus pecados. A questão dos ricos é que
eles são tendenciosos a confiarem em si mesmos e desprezarem a Deus, mas eles também precisam de
salvação.
UMA ANÁLISE BÍBLICA
 Segundo Sobrino, um dos pensadores da Teologia da Libertação: “O reino de Deus expressa a utopia esperada do

ser humano por uma libertação de todas as coisas que o alienam, fatores tais como angústia, dor, fome, injustiça e
morte, e não apenas os seres humanos, mas também toda a criação”.

 É impossível conciliar isso com os principais elementos da descrição do NT sobre o reino. O reino é uma realidade

presente, ele veio na pessoa de Cristo. Esse entendimento mundano do reino é incompatível com a insistência de
Jesus a Nicodemos de que o único caminho para entrar no reino é por um novo nascimento interior e radical (Jo 3.
3).

 Longe de obter a garantia de uma libertação econômica, o discipulado idealizado por Jesus envolveu renúncia de

casa e poses em seu favor (Mt 19. 29).

 Sobrino: “A morte que ele morreu era não apenas a morte de sua pessoa, mas a morte de sua causa”. Sobrino vê a

cruz como um sinônimo do fracasso de Cristo. É difícil encontrar sequer traços dessa perspectiva, em qualquer
parte do NT. No Getsêmani, a cruz é o “cálice”, a vontade do Pai (Mc 14. 36). Em João, ela é sua glorificação:
“Agora foi glorificado o Filho do Homem” (Jo 13. 31).
UMA ANÁLISE BÍBLICA
 A teologia da libertação interpreta a Bíblia à luz da ideologia política socialista, baseada no entendimento marxista

(Materialismo histórico-dialético, Luta de classes, Socialismo científico, Mais-valia, Teoria da alienação, superestrutura e
infraestrutura), portanto sua hermenêutica está totalmente errada, tendo em vista que a base de interpretação da Bíblia é ela
mesma.

 A teologia bíblica não apenas nos chama a reconhecer esses contextos da pobreza, mas também nos ajuda a examiná-los de

maneira correta.

 A teologia da libertação descreve o pecado não em termos de uma rebelião individual contra um santo e justo Deus, mas

em termos de injustiça estrutural e coletiva.

 A teologia da libertação ensina que a Bíblia deve ser interpretada sob a perspectiva do pobre e do oprimido.

 Para a teologia da libertação, especialmente a teologia da libertação negra, o relato do Êxodo é o tema central em torno do

qual a teologia se orienta. O ato de Deus libertar o seu povo da escravidão egípcia estabelece as expectativas e a agenda
atual da teologia da libertação.

 O modo como Deus levará este mundo ao seu fim apropriado não constitui uma preocupação imediata dos teólogos da

libertação.
UMA ANÁLISE BÍBLICA
 A interpretação da cruz como o fracasso da missão de Jesus baseia-se em algo mais profundo ainda: a

incapacidade da Teologia da Libertação de fazer justiça à ligação específica entre a cruz e a libertação. A
própria cruz liberta. A terminologia da redenção, no NT, é firmada nesse conceito. A cruz é um resgate. Ela
redime o cativo. Ela compra o escravo de volta. Por isso temos uma linguagem como a utilizada pelo apóstolo
Paulo: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, tornando-se ele mesmo em maldição em nosso lugar” (Gl 3.
13); ou novamente: “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos
submetais, de novo, a jugo de escravidão” (Gl 5. 1); ou ainda: “No qual temos a redenção, pelo seu sangue, a
remissão de pecados” (Ef 1. 7).

 O cristão não se move em direção à libertação. Ele começa a partir da libertação, porque ele já foi

transportado do império das trevas para o reino do Filho do seu amor (Cl 1. 13).

 A salvação é pela graça e não com base na condição financeira.

 Os pobres são pecadores e indignos da salvação assim como os demais, Cristo veio salvar pecadores, seja rico

ou pobre. O que nos oprime é o pecado e não a pobreza.


CONCLUSÃO
 A Teologia da Libertação contribuiu no fato de que abriu mais os olhos da cristandade para a

questão da pobreza, no entanto fez isso da maneira errada, e se equivocou mais ainda quando
tornou a pobreza e o pobre como base para se interpretar a Bíblia e para se viver em sociedade.

 A Teologia da Libertação possui uma hermenêutica totalmente equivocada, pois busca ler as

Escrituras pelo viés do ensinamento marxista, que por sua vez é totalmente anticristão,
defendendo pautas antibíblicas, como aborto, feminismo, a destruição da família e outras coisas.

 A igreja deve sim olhar para os pobres e cuidar deles assim como a Escritura ordena, mas jamais

deve fazer disso a sua pauta. Em Cristo nós fomos livres do pecado e devemos viver para adorar a
Deus. A mensagem do evangelho é de libertação, mas libertação do pecado e deve ser proclamada
e oferecida para ricos e pobres, e vivida por eles.
BIBLIOGRAFIA
CARVALHAES, Claudio; ALMEIDA, Fábio P. M. de. “#Theologiapública: TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO NO
BRASIL”; Koinonia. Dispónivel em: < https://kn.org.br/periodicos/theologia-publica/theologiapublica-teologia-da-
libertacao-no-brasil/6018>. Acesso em 26 de novembro de 2022.

“Compreenda a teoria marxista, uma das mais influentes na geopolítica moderna”; Brasil Paralelo. Disponível
em:<https://www.brasilparalelo.com.br/artigos/teoriamarxista?
utm_source=search&utm_medium=ad&utm_campaign=trafego_portal&utm_term=00++%5BKW%5D+Din
%C3%A2mico&utm_content=dinamico&gclid=Cj0KCQiAj4ecBhD3RIsAM4Q_jEAbvKssCHXRbl1O7NKJvb5YKb3ysz
gMX8o2wBzCQlj2JiDAjRNHccaAmTNEALw_wcB>. Acesso em 26 de novembro de 2022.

HARRIS, Steven. “Cinco erros da teologia da libertação”; Voltemos ao Evangelho. Disponível em: <
https://voltemosaoevangelho.com/blog/2015/03/5-erros-da-teologia-da-libertacao/>. Acesso em 26 de novembro de 2022.

MILLER, Ed. L.; GRENZ, Stanley. J. Teologias contemporâneas. Trad. Antivan G. Mendes. São Paulo: Vida Nova, 2011.

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