Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
SUMÁRIO
GREGO ANTIGO
INSTRUMENTAL
DAVI D PES S OA D E LI R A
SUMÁRIO
Todos os direitos e responsabilidades sobre os textos são do autor.
ISBN 978-65-5608-119-9
CDU 811.14’01
Ficha Catalográfica elaborada pela Bibliotecária Gilvanedja Mendes, CRB 15/810
EDITORA
www.ideiaeditora.com.br
contato@ideiaeditora.com.br
SUMÁRIO
Dedico a
Rizia Fabrício,
minha amada,
que me incentivou a publicar esta obra.
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS
SUMÁRIO
Ἑϱμῆς μὲν γὰϱ ὁ διδάσϰαλός μου, πολλάϰις μοι
διαλεγόμενος ϰαὶ ἰδίᾳ ϰαὶ τοῦ Τατ ἐνίοτε
παϱόντος, ἔλεγεν ὅτι δόξει τοῖς ἐντυγχάνουσί
μου τοῖς βιϐλίοις ἁπλουστάτη εἶναι ἡ σύνταξις
ϰαὶ σαφής, ἐϰ δὲ τῶν ἐναντίων ἀσαφὴς οὖσα ϰαὶ
ϰεϰϱυμμένον τὸν νοῦν τῶν λόγων ἔχουσα, ϰαὶ
ἔτι ἀσαφεστάτη, τῶν Ἑλλήνων ὕστεϱον
βουληϑέντων τὴν ἡμετέϱαν διάλεϰτον εἰς τὴν
ἰδίαν μεϑεϱμηνεῦσαι...
SUMÁRIO
SUMÁRIO
PREFÁCIO ............................................................................................................. 10
O GREGO ANTIGO COMO INSTRUMENTO ............................................................ 10
APRESENTAÇÃO ................................................................................................... 15
HISTÓRICO DA LÍNGUA GREGA ............................................................................. 19
1 FONÉTICA (ΦΘΟΓΓΟΛΟΓΙΚΟΝ) ....................................................................... 25
1.1 LETRAS E PRONÚNCIA (ΓΡΑΜΜΑΤΑ ΚΑΙ ΦΘΟΓΓΟΣ) ................................................... 26
1.2 PROSÓDIA (ΠΡΟΣΩΙΔΙΑ) ...................................................................................... 44
1.3 SINAL DE ASPIRAÇÃO (ΣΗΜΕΙΟΝ ΠΝΕΥΜΑΤΟΣ).................................................................. 52
1.4 SINAIS DE PONTUAÇÃO (ΤΑ ΣΗΜΕΙΑ ΤΗΣ ΣΤΊΞΕΩΣ) ........................................................... 54
2 MORFOSSINTAXE – ORAÇÃO NOMINAL ............................................................ 57
SUBSTANTIVO GREGO................................................................................................ 61
OS GÊNEROS (ΓΕΝΗ) ................................................................................................ 61
OS CASOS (ΠΤΩΣΕΙΣ)................................................................................................ 63
I DECLINAÇÃO (SUBSTANTIVOS FEMININOS)................................................................... 65
II DECLINAÇÃO (SUBSTANTIVOS MASCULINOS E NEUTROS) ............................................... 69
I DECLINAÇÃO (SUBSTANTIVOS MASCULINOS) ................................................................ 73
SUBSTANTIVOS CONTRACTOS DE I DECLINAÇÃO .............................................................. 75
SUBSTANTIVOS CONTRACTOS DE II DECLINAÇÃO ............................................................. 77
ARTIGOS MASCULINO, FEMININO E NEUTRO ................................................................. 79
ADJETIVOS DE I E II DECLINAÇÃO ................................................................................. 82
A POSIÇÃO DO ADJETIVO ........................................................................................... 84
ADJETIVOS CONTRACTOS DE I E II DECLINAÇÃO............................................................... 87
O CASO GENITIVO: FORMA E FUNÇÃO POSSESSIVA DO NOME........................................... 89
O VERBO GREGO ..................................................................................................... 90
ESQUEMA GERAL DOS VERBOS GREGOS........................................................................ 95
PRESENTE DO INDICATIVO DO VERBO ΕΙΜΙ .................................................................... 96
FRASES NOMINAIS .................................................................................................... 98
SUMÁRIO
PRONOMES DEMONSTRATIVOS .................................................................................... 99
PRONOME ΑΥΤΟΣ, -Η, -Ο ......................................................................................... 103
PRONOMES PESSOAIS .............................................................................................. 104
3 MORFOSSINTAXE – ORAÇÃO VERBAL ............................................................. 108
1. VERBOS EM –Ω COM RADICAL EM VOGAL – NÃO CONTRACTOS ................................... 108
1.1 PRESENTE E FUTURO INDICATIVO ATIVO................................................................. 108
1.2 IMPERFEITO E AORISTO DO INDICATIVO ATIVO DOS VERBOS EM – Ω. ........................... 112
1.2.1 AUMENTO .................................................................................................... 114
2. VERBOS EM –Ω COM RADICAL EM VOGAL –CONTRACTOS ........................................... 116
2.1 PRESENTE E FUTURO INDICATIVO ATIVO................................................................. 118
2.2 IMPERFEITO E AORISTO DO INDICATIVO ATIVO......................................................... 119
3. VERBOS EM –Ω COM RADICAL EM CONSOANTE OCLUSIVA .......................................... 121
4. VERBOS EM –Ω COM RADICAL EM CONSOANTE LÍQUIDA E NASAL................................. 122
ΑDVÉRBIOS ........................................................................................................... 124
AS PREPOSIÇÕES E SEUS EMPREGOS BÁSICOS ................................................................ 125
NUMERAIS ............................................................................................................ 130
CONJUNÇÕES E PARTÍCULAS CONECTIVAS .................................................................... 133
CLASSIFICAÇÃO OU NOME DAS PALAVRAS QUANTO À TONICIDADE .................................... 141
PRESENTE, IMPERFEITO E FUTURO DO INDICATIVO ATIVO DO VERBO ΕΙΜΙ .......................... 146
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 147
SUMÁRIO
10 | D a v i d Pessoa de Lira
Prefácio
O Grego Antigo como Instrumento
Milton Marques Junior
Professor de Línguas e Literaturas Clássicas
da Universidade Federal da Paraíba
Apresentação
1
“Atticizing” Greek is a style of Hellenistic Greek that is modeled on the literary
standards of the Classical Greek of the great Attic authors of the fourth and fifth
centuries BCE. McLEAN, 2014, p. 7.
Grego Antigo Instrumental | 17
2
Costuma-se chamar indo-europeu, árico ou indo-germânico um extinto idioma
falado nas planícies da Rússia Meridional ou na Ásia Central em uma época
imprecisa. Só se conhece o indo-europeu através de sua reconstituição do estudo
comparativo de várias línguas. Essas línguas se dividem em dois grandes ramos, a
saber, o asiático e o europeu. O asiático é constituído das línguas indiana, iraniana,
armênia e hitita. O europeu compreende as línguas grega, itálica, céltica, báltica,
eslava, germânica e albanesa (GIORDANI, 2012, p. 359).
3
BETTS; HENRY, 2010, p. 8.
4
As variações dos falares gregos possibilitaram conjecturar hipoteticamente a
existência de uma língua-mãe grega comum e pré-histórica (GIORDANI, 2012, p.
360-361).
20 | D a v i d Pessoa de Lira
5
BETTS; HENRY, 2010, p. 8; GIORDANI, 2012, p. 361.
6
BETTS; HENRY, 2010, p. 8.
Grego Antigo Instrumental | 21
7
RAGON, 2012, p. 286, 295-296; JAY, 1994, p. 1; FREIRE, 2001, p. 250;
BETTS; HENRY, 2010, p. 8; GIORDANI, 2012, p. 361.
8
RAGON, 2012, p. 296-298; FREIRE, 2001, p. 247-248; BETTS; HENRY, 2010,
p. 8; GIORDANI, 2012, p. 363.
9
RAGON, 2012, p. 296-298; FREIRE, 2001, p. 247-248; BETTS; HENRY, 2010,
p. 9; GIORDANI, 2012, p. 363.
22 | D a v i d Pessoa de Lira
10
FREIRE, 2001, p. 255; BETTS; HENRY, 2010, p. 9; JAY, 1994, p. 1;
GIORDANI, 2012, p. 361.
11
JAY, 1990, p.1.
12
BETTS, 2010, p. 6.
Grego Antigo Instrumental | 23
13
GIORDANI, 2012, p. 364.
14
JAY, 1990, p.1.
15
BETTS; HENRY, 2010, p. 9; BETTS, 2010, p. 7; GIORDANI, 2012, p. 363-364.
24 | D a v i d Pessoa de Lira
16
BETTS, 2010, p. 7-8.
17
BETTS, 2010, p. 6-7.
18
GIORDANI, 2012, p. 364-366.
Grego Antigo Instrumental | 25
1 Fonética (Φϑογγολογιϰόν)
19
Alguns estudiosos costumam dividir em três grupos: verde, azul e vermelho. O
grupo vermelho (que se desenvolveu no alfabeto etrusco), o grupo verde (que se
28 | D a v i d Pessoa de Lira
Letras
20
O Alfabeto Grego possui 24 letras. No grego antigo, havia outras letras que
entraram em desuso ou foram substituídas, ou assumiram outra natureza, ou que
ainda se conservaram como numerais, a saber, Ϡ, Ϝ, Ϛ, Ϟ. Essas são chamadas de
soantes (φόνα). As letras ι e υ vieram a substituir o j e oϜ respectivamente. As
soantes l, m, n, r assumiram a função de consoantes. A letra qoppa Ϟ (Ϟόππα,
κόππα) ficava entre o π e o ρ, e correspondia ao nosso q. O digamma ou vau Ϝ
(Ϝαῦ, δίγαμμα) ficava entre o ε e o ζ, e correspondia ao som [w]: ὄϜις ovis, Ϝοῖκος
vicus, Ϝεσπέρα vesper. O nome digamma advém do fato que a letra representa dois
gammas sobrepostos. De qualquer forma, uma letra chamada stigma ou sti Ϛ’
(Ϛῖγμα, στῖγμα) substitui o digamma como o numeral 6 assim como Ϟ’ é 90 e Ϡ’ é
900. O sampi Ϡ (Ϡαμπῖ, σαμπῖ) situado depois do ω, corresponde a [sp]. Alguns
gramáticos afirmam que havia uma outra letra chamada yod ou iota consonantal (Υ,
ι), cujo som seria [j] ou [y], pois a evolução da língua exige tal pronúncia em épocas
variadas, embora outros neguem que tenha existido tal letra. O que se sabe é que
nenhum grafema para esse som tenha sobrevivido, mas a justificativa para algumas
formações tem origem na presença de tal fonema. Essas formações devem ser
estudadas em um capítulo ulterior da fonética no curso de grego.
30 | D a v i d Pessoa de Lira
Notas:
21
Nunca nasaliza a vogal anterior como no português: amam.
22
Nunca nasaliza a vogal anterior como no português: banana.
Grego Antigo Instrumental | 31
23
[l] pronunciada como uma consoante constritiva lateral alveolar, ou seja, ela
tende a ser uma velar antes que uma alveolar, aproximando-se do som de u. Por
32 | D a v i d Pessoa de Lira
isso, costuma-se dizer que ela é uma lateral alveolar vozeada velarizada. Cf.
CEGALLA, 2008, p. 28-30.
Grego Antigo Instrumental | 33
24
ALLEN, W. Sidney. Vox Graeca: A Guide to The Pronunciation of Classical
Greek. 3. ed. Cambridge: Cambridge University Press, 1994. p. 18-29.
25
Vogais são fonemas sonoros ou sons laríngeos, que passam pela boca
entreaberta, chegando ao exterior sem produzir ruídos. Diferentemente das
consoantes e das semivogais, as vogais são independentes, e a partir de si mesmas,
elas podem formar sílabas sem auxílio de outros elementos.
34 | D a v i d Pessoa de Lira
26
Também chamadas de mistas ou duplas.
Grego Antigo Instrumental | 35
27
Para produzir esse esse valor fonético, basta colocar os lábios em posição
adequada para pronunciar o u mas falar i; ou dizer um i contínuo e mudando
gradativamente os lábios para formar u; ou colocar os lábios quase dispostos para
assobiar e falar i.
36 | D a v i d Pessoa de Lira
28
Como já foi dito, as vogais α, ι, υ podem ser breves ou longas. Sua duração não é
indicada pela ortografia, sendo complicado para o estudante que inicia seus estudos
do grego identificar a duração dessas vogais. Para fins didáticos e para auxiliar os
estudantes do grego, utilizam-se ᾱ, ῑ, ῡ, acentuadas com sinal diacrítico macron,
para designar as vogais comuns longas. Convencionou-se que as vogais α, ι, υ (sem
o sinal diacrítico < ¯ >) indicam que não são comuns longas e, obviamente, são
ditas comuns breves. No entanto, pode ocorrer o uso do sinal diacrítico breve
(brevis) < ˘ > nas vogais ᾰ, ῐ, ῠ para designar as vogais comuns breves: ᾰ, ῐ, ῠ. Esses
sinais e suas diferenciações são utilizados em textos e dicionários para fins didáticos
e acadêmicos, além de servir nas transliterações ou transcrições acadêmicas. Nesse
curso, quando houver comparação entre essas duas classes de vogais, as vogais
comuns longas serão indicadas com o macron e as comuns breves serão indicadas
com breve ou sem qualquer sinal diacrítico. O macron (μακρόν) < ¯ > significa
longo, é um sinal diacrítico colocado sobre uma vogal que originalmente, na métrica
greco-romana, destacava, indicava ou marcava a sílaba longa ou a vogal longa,
enquanto que o breve (brevis) ( ˘ ) é um sinal diacrítico que era originalmente usado
em uma vogal para designar a sílaba breve ou a vogal breve.
Grego Antigo Instrumental | 37
B L
ε α η
ι
ο υ ω
ο
B – L = {são única e exclusivamente breves} = {ε, ο}
L – B = {são única e exclusivamente longas} = {η, ω}
B∩L = {comuns} = {α, ι, υ}
B = {ᾰ, ε, ῐ, ο, ῠ}
L = {ᾱ, η, ῑ, ῡ, ω}
29
O macron (μακρόν) ( ¯ ) significa longo, é um sinal diacrítico colocado sobre uma
vogal que originalmente , na métrica greco-romana, destacava, indicava ou marcava
a sílaba longa ou a vogal longa, enquanto que o breve (brevis) ( ˘ ) é um sinal
diacrítico que era originalmente usado em uma vogal para designar a sílaba breve ou
a vogal breve.
Grego Antigo Instrumental | 39
α ε η ι ο υ ω αι ᾳ ει ῃ οι ου ῳ
α ᾱ ᾱ ᾱ αι ω αυ ω αι ᾳ ᾱ ᾳ ῳ ω ῳ
ᾳ ᾳ
ε η ει η ει ου ευ ω ῃ ῃ ει ῃ οι ου ῳ
η η η η ῃ ω ηυ ω ῃ ῃ ῃ ῃ ῳ ω ῳ
ο ω ου ω οι ου ου ω ῳ ῳ οι ῳ οι ου ῳ
ου οι
ω ω ω ω ῳ ω ωυ ω ῳ ῳ ῳ ῳ ῳ ω (υ) ῳ
30
Consoantes são ruídos produzidos pela resistência que os órgãos bucais
estabelecem mediante a passagem do ar. Na língua grega, assim como no Português,
a vogal é o elemento básico, suficiente e indispensável para a formação de uma
sílaba. Ao contrário das vogais, as consoantes e semivogais são dependentes das
vogais para formar sílabas.
Grego Antigo Instrumental | 43
→ Labiais β π φ μ
χειλιϰά
→ Dentais δ τ ϑ ν
ὀδοντιϰά
Classe
→ Guturais γ ϰ χ γ
οὐρανιϰά
→ Sibilantes ζ σ, ς
συριστιϰά
→ Líquidas λ, ρ
ὑγρά
31
De forma geral, quanto à função da cavidade, as consoantes podem ser orais e
nasais. As consoantes orais podem ser oclusivas ou constritivas (espirantes). Quanto
ao ponto de articulação, elas podem ser labiais, dentais ou guturais. As consoantes
que apresentam o mesmo ponto de articulação pertencem à mesma classe, e, por
isso, são cognatas. Quanto à função das cordas ou pregas vocais, elas podem ser
sonoras (vozeadas), surdas (desvozeadas) e aspiradas. As consoantes que apresentam
a mesma função das cordas vocais pertencem à mesma ordem, por isso, são
chamadas de coordenadas.
44 | D a v i d Pessoa de Lira
32
CEGALLA, 2008, p. 40.
46 | D a v i d Pessoa de Lira
E por posição:
a) Quando terminar ou finalizar em duas consoantes, como
ἅλς. Nesse caso, a sílaba breve por natureza pode ser
longa por posição quando ela é seguida de duas ou mais
consoantes, ou por consoantes duplas, ἅπαξ.
b) Quando anteceder duas consoantes sobre uma vogal
breve ou abreviada, como ὑγρός.
c) Quando finalizar em uma consoante simples e tiver, em
seguida, uma consoante inicial [de outra sílaba], como
ἔργον (cf. a regra acima).
d) Quando anteceder uma consoante dupla, como ἄξιος.
34
No português, há palavras polissilábicas ou trissilábicas que apresentam, além da
tônica, sílaba subtônica, com acento secundário. Ex.: café > cafezinho; só >
somente. As sílabas subtônicas eram tônicas, elas deixaram de ser por acréscimos de
afixos, fenômenos de ordem fonéticas etc. Antes da reforma ortográfica de 1971 da
língua portuguesa, as sílabas subtônicas eram indicadas por um acento secundário
(grave ou circunflexo). Ex.: só → sòmente. Com o acordo entre a Academia
Brasileira de Letras e a Academia das Ciências de Lisboa, o acento secundário
(grave ou circunflexo) foi eliminado, de modo a não grafar acento grave em
subtônica. Além da subtônica e tônica, há sílabas átonas (pretônicas ou postônicas,
segundo sua posição antes ou depois da tônica). Ex.: Heroizinho – átona pretônica:
he; subtônica (anteriormente tônica): roi; tônica: zi; átona postônica: nho/ herói –
átona pretônica: he; tônica: rói. Facilmente – subtônica (anteriormente tônica): fa;
átona pretônica (anteriormente postônica): cil; tônica: men; átona postônica: te/
fácil– tônica: fá; postônica: cil.
No entanto um sinal gráfico (acento grave, similar ao acento secundário de
subtônicas que existia na língua portuguesa) é utilizado para indicar um fenômeno
semelhante à subtonicidade: Se a última sílaba for tônica e acentuada com agudo, ela
pode passar a ser átona recebendo um acento grave. É verdade que as sílabas
deixam de ser tônicas e passam a ser átonas por modificações fonéticas etc. Note que
esse fenômeno, no português, seria de subtonicidade, mas se a sílaba anteriormente
tônica, numa derivação, viesse a ser átona (classificação nesse caso é de
subtonicidade).
52 | D a v i d Pessoa de Lira
α΄) O ponto final (ἡ τελεία στιγμή) (.) – Por meio desse, os perí-
odos são separados um dos outros, parte do discurso que contém
um sentido totalmente completo e pleno. O ponto final é escrito
como em português.
Exemplo: ἀϑάνατος γὰρ ὢν ϰαὶ πάντων τὴν ἐξουσίαν ἔχων, τὰ
ϑνητὰ πάσχει ὑποϰείμενος τῇ εἱμαρμένῃ.
β΄) O ponto suspenso (ἡ μέση στιγμὴ ou ἄνω στιγμὴ) (˙) – Por
meio desse, partes de um período se separam um dos outros, con-
tendo um sentido completo em si. O ponto e vírgula e dois pontos
têm a forma de um ponto suspenso ou no alto da linha.
Exemplo: τῆς περιόδου πεπληρωμένης ἐλύϑη ὁ πάντων σύνδεσμος
ἐϰ βουλῆς ϑεοῦ· πάντα γὰρ ζῷα ἀρρενοϑήλεα ὄντα διελύετο ἅμα τῷ
ἀνϑρώπῳ ϰαὶ ἐγένετο τὰ μὲν ἀρρενιϰὰ ἐν μέρει, τὰ δὲ ϑηλυϰὰ
ὁμοίως.
γ΄) A vírgula (ἠ ὑποδιαστολή ou τὸ ϰόμμα) (,) – Por meio da
vírgula, separam-se entre si as orações subordinadas das princi-
pais e todo nome do caso declinado de outros vocábulos de oração
subordinada. A vírgula é escrita como na língua portuguesa.
Exemplo: – φησὶν ἐμοὶ πάλιν, Ἔχε νῷ σῷ ὅσα ϑέλεις μαϑεῖν, ϰἀγώ
σε διδάξω.
δ΄) O ponto interrogativo (τὸ ἐρωτηματιϰόν) (;) – Esse é es-
crito em vocábulos, sentenças e períodos que são proferidos inter-
Grego Antigo Instrumental | 55
1 EXERCÍCIO (ἌΣΚΗΣΙΣ)
1. Εscolha 5 consoantes e forme sílabas (com todas as vogais e
ditongos), e em seguida translitere.
Exemplo: βα, βᾱ, βε, βη, βι, βῑ, βο, βυ, βῡ, βω, βαι, βᾳ, βαυ, βει, βευ,
βοι, βου, βῃ, βηυ, βῳ, βωυ, βυι
ba, bā, be, bē, bi, bī, bo, bu(by), bū(by) bō, bai, ba̅ , bau, bei, beu,
boi, bou, be̅ , bēu, bo̅, bōu, bui
Substantivo Grego
Os Gêneros (γένη)
No grego, assim como no português, leva-se em
consideração o gênero que um determinado substantivo assume.
62 | D a v i d Pessoa de Lira
Os Casos (πτώσεις)
No português, não existe nenhuma desinência ou
terminação que indique a função sintática da palavra na oração
(desinências ou de terminações caso-funcionais), com exceção das
formas dos casos reto e oblíquos dos pronomes pessoais. No
entanto, existem desinências genéricas (de gênero), numerais (de
número); desinências número-pessoais, modo-temporais etc.
Essas desinências, na língua portuguesa, ajudam a construir
orações mais livres independentemente da posição das palavras. É
bem verdade que isso não é sempre assim, mas se constroem
orações com mais liberdade do que na língua inglesa, que depende
da ordem das palavras. Veja esse exemplo: a) Filipe ama Helena; b)
Filipe Helena ama; c) Ama Filipe a Helena. Note que foi preciso
usar uma preposição a diante do objeto direto (agora
preposicionado) na oração. Cada uma daquelas palavras tem uma
função sintática própria, Filipe é sujeito e Helena é objeto direto.
Em geral, não há nada que indique qual é o sujeito ou objeto, a não
ser aquela preposição a, que surge para distinguir sujeito de
objeto. A organização da oração grega não leva em conta a posição
da palavra para identificar qual é a função da palavra na oração. A
forma da palavra (declinação) já indica qual é a sua função e o que
indica na oração. Os substantivos gregos possuem terminações ou
desinências que não só indicam gêneros e números, mas as
funções sintáticas nas orações. No grego, as funções sintáticas de
64 | D a v i d Pessoa de Lira
Em -α puro Em -η Em -α impuro
Singular Plural Singular Plural Singular Plural
N. ἐνέργει - α ἐνέργει - αι ψυχ - ή ψυχ - αί δόξ - α δόξ - αι
G. ἐνεργεί - ας ἐνεργει - ῶν ψυχ - ῆς ψυχ - ῶν δόξ - ης δοξ - ῶν
D. ἐνεργεί - ᾳ ἐνεργεί - αις ψυχ - ῇ ψυχ - αῖς δόξ - ῃ δόξ - αις
A. ἐνέργει - αν ἐνεργεί - ας ψυχ - ήν ψυχ - άς δόξ - αν δόξ - ας
V. ἐνέργει - α ἐνέργει - αι ψυχ - ή ψυχ - αί δόξ - α δόξ - αι
66 | D a v i d Pessoa de Lira
Masculino Neutro
Singular Plural Singular Plural
N. ἄνϑρωπ - ος ἄνϑρωπ - οι N. ζῷ - ον ζῷ - α
G. ἀνϑρώπ - ου ἀνϑρώπ - ων G. ζῴ - ου ζῴ - ων
D. ἀνϑρώπ - ῳ ἀνϑρώπ - οις D. ζῴ - ῳ ζῴ - οις
A. ἄνϑρωπ - ον ἀνϑρώπ - ους A. ζῷ - ον ζῷ - α
V. ἄνϑρωπ - ε ἄνϑρωπ - οι V. ζῷ - ον ζῷ - α
Observação:
37
A palavra νοῦς denota mente. No Corp. Herm., νοῦς ocorre sempre no singular e
com formas heteroclíticas: ou como substantivo masculino contracto νόος (νοῦς) de
segunda declinação ou como νοῦς de terceira declinação, embora as formas de νόος
sejam as mais incidentes (FREIRE, 2001, p. 24, 32, 258; JAY, 1994, p. 109;
DELATTE; GOVAERTS; DENOOZ, 1977, p. 124-125) (cf. LIRA, 2015, p. 140).
Nos textos herméticos, o νοῦς exerce a função de veículo da revelação divina,
diferentemente de espírito (que é apenas ar, sopro, gás, princípio vital dos seres).
Na Epístola aos Romanos, o verbo γινώσϰω (do qual deriva γνῶσις) tem uma
relação de acepção metonímica com νοῦς (cf. RUSCONI, 2003, p. 321). Referente
ao νοῦς como órgão da gnose, cf. SCOTT, 1985, v. 2, p. 140; DODD, 2005, p. 28.
Sobre as acepções de νοῦς, cf. MORWOOD; TAYLOR, 2002, p. 222; PEREIRA,
1998. p. 391; LIDDELL; SCOTT; JONES, 1996, p. 1180-1181; FOBES, 1959, p.
284. As funções do Espírito de Deus e o divino νοῦς, cf. SCOTT, 1985, v. 1, p. 7-8;
DODD, 2005, p. 27-28, 216-219, 221-224, 304. (cf. LIRA, 2015, p. 143).
Grego Antigo Instrumental | 73
№ Substantivos em – ας e –ης
N. ποιητ - αί νεανί - αι
G. ποιητ - ῶν νεανι - ῶν
Plural
Regras de contração:
feminino masculino
N. μνᾶ γῆ Βορρᾶς Ἑρμῆς
(μνάα) (γέα) (Βορράας) (Ἑρμέας)
Singular
N. μναῖ Ἑρμαῖ
(μνάαι) (Ἑρμέαι)
G. μνῶν Ἑρμῶν
Plural
(μναῶν) (Ἑρμεῶν)
D. μναῖς Ἑρμαῖς
(μνάαις) (Ἑρμέαις)
A. μνᾶς Ἑρμᾶς
(μνάας) (Ἑρμέας)
V. μναῖ Ἑρμαῖ
(μνάαι) (Ἑρμέαι)
Regras de contração:
Masculino Neutro
Singular Plural Singular Plural
N. νοῦς (νόος) νοῖ (νόοι) N. ὀστοῦν (ὀστέον) ὀστᾶ (ὀστέα)
G. νοῦ (νόου) νῶν (νόων) G. ὀστοῦ (ὀστέου) ὀστῶν(ὀστέων)
D. νῷ (νόῳ) νοῖς (νόοις) D. ὀστῷ (ὀστέῳ) ὀστοῖς (ὀστέοις)
A. νοῦν (νόον) νοῦς (νόους) A. ὀστοῦν (ὀστέον) ὀστᾶ (ὀστέα)
V. νοῦ (νόε) νοῖ (νόοι) V. ὀστοῦν (ὀστέον) ὀστᾶ (ὀστέα)
N. ὁ οἱ N. τό τά N. ἡ αἱ
Exemplos:
ὁ ἄνϑρωπος
Adjetivos de I e II Declinação
São chamados de adjetivos de primeira e segunda declina-
ção aqueles que se declinam como palavras masculinas e neutras
de segunda declinação (em -ος e –ον respectivamente) e como
palavras femininas de primeira declinação (em -α ou -η). Esses
adjetivos também são chamados de adjetivos de I classe. Se o
adjetivo tiver o radical terminado em ε, ι, ρ, a desinência do seu
feminino será α puro ao passo que o α não precedido de ε, ι, ρ se
traforma em η.
ϰαλός belo, nobre é declinado:
COMPOSTOS DERIVADOS
ἀϑάνατος imortal βασίλειος real
ἄδιϰος injusto βάρϐαρος
bárbaro
A Posição do Adjetivo
O Verbo Grego
No verbo grego, a pessoa, o número, o tempo, o modo e a
voz são apresentados pelo radical modo-temporal e pela
desinência número-pessoal.
A primeira pessoa no discurso indica: quem fala, ou seja, eu
(ἐγώ) ou nós (ἡμεῖς); a segunda pessoa no discurso indica: a/ com
quem fala, isto é, tu (σύ) ou vós (ὑμεῖς); a terceira pessoa no
discurso indica: de/ sobre quem se fala, ou seja, ele (αὐτός), ela
(αὐτή), eles (αὐτοί), elas (αὐταί), Afrodite (Ἀφροδίτη), Asclépio
(Ἀσϰληπιός). O mesmo conceito de número empregado nos
substantivos é empregado nos verbos, ou seja, singular e plural.
Assim como no português, o verbo grego indica, pela sua
desinência ou terminação, a pessoa do discurso.
Os tempos indicam o momento em que a ação do verbo
aconteceu. Já o modo indica as diversas maneiras de um fato se
realizar. Exemplo, o modo indicativo é usado para expressar fatos
(ex.: Sócrates ensinou sobre o amor). Pode-se dizer que o radical
temporal e a terminação número-pessoal de λύσουσιν indicam que
Grego Antigo Instrumental | 91
nº pes.
1ª -ω
sing. 2ª -εις
3ª -ει
1ª -ομεν
plur. 2ª -ετε
3ª -ουσι
radical em vogal
α -πλανάω
contractos ε - ποιέω
ο - πληρόω
labial - βλέπω
Em -ω
em oclusiva
gutural - φεύγω
dental – ψεύδω
radical em consoante
λω - βάλλω
μω - νέμω
em líquida
νω - φαίνω
ρω - φϑείρω
96 | D a v i d Pessoa de Lira
ἵστημι – στα-
τίϑημι – ϑε-
δείϰνυμι – δειϰ-
radical em consoante
εἰμί – ἐσ-
Frases Nominais
Em português, pode-se expressar a identidade entre dois
termos justapostos. Por exemplo: “bem-aventurados os pobres” é
uma oração completa, mesmo tendo o verbo “são” implícito. Ao
reescrever a frase com o verbo ser, não há perda de sentido ou
significado: “bem-aventurados são os pobres”. Geralmente as
frases nominais se apresentam sem o verbo. Exemplo: Tudo
fechado e escuro. Conversa fiada.
O grego pode exprimir uma ideia completa em uma frase
nominal, composta de sujeito e predicado (substantivou ou
adjetivo). Assim, a ideia se expressa em bloco como se fosse uma
equação. Essa equação é o que se pode chamar de frase nominal.
Nessa frase, nenhum verbo é necessário. Exemplo: μέτρον ὁ
ἄνϑρωπος (o homem [é] uma medida).
No entanto, se houver a necessidade de expressar o verbo,
esse deve indicar a ideia de equação. No grego, os termos podem
vir justapostos sem perda de significado, mesmo tendo os verbos
ἐστι(ν) e εἰσι(ν) ou outro verbo que denote identidade entre os
termos. Exemplo: ἅγιος ὁ ϑεὸς ou ὁ ϑεὸς ἅγιος Deus [é] santo - ὁ
ϑεός ἐστιν ἅγιος Deus [é] santo. A inclusão do verbo ἐστι(ν), como
cópula ou nexus, ligando o sujeito ao predicativo, permitiu que o
tempo e o modo viessem a ser expressos, incluindo suas variações,
mas o grego costumava omitir verbos em frase nominativa. Isso
porque a frase nominativa não possui a noção de pessoa, número,
tempo, aspecto e modo. A equação (a relação) é suficiente para
expressar uma ideia completa. Ademais, o indicativo presente vale
Grego Antigo Instrumental | 99
Pronomes Demonstrativos
Os pronomes demonstrativos (δειϰτιϰαὶ ἀντωνυμίαι)
indicam o lugar, a posição ou a identidade dos seres. Eles chamam
a atenção às pessoas e coisas, sendo usado com função substantiva
e adjetivas. Na língua portuguesa temos, entre outros pronomes:
este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aquela(s), mesmo(s),
mesma(s), próprio(s), própria(s).39
A língua grega possui três pronomes demonstrativos (ὅδε,),
cada qual com sua forma (gêneros, números e casos) e sentido
como aqueles supramencionados. Os pronomes ὅδε, ἥδε, τόδε
significam respectivamente este, esta, isto. Eles expressam que
39
Cf. CEGALLA, 2008, p. 183.
100 | D a v i d Pessoa de Lira
40
FREIRE, 2001, p. 56; BETTS; HENRY, 2010, p. 77; JAY, 1994, p. 1; BETTS,
2010, p. 68; PERFEITO, 2013, p. 106; ΤΖΑΡΤΖΑΝΟΣ, 1965, σ. 83; Cf. CEGAL-
LA, 2008, p. 183.
Grego Antigo Instrumental | 101
41
RAGON, 2012, p. 177; FREIRE, 2001, p. 49.
104 | D a v i d Pessoa de Lira
Pronomes Pessoais
Os pronomes primitivos são aqueles pronomes pessoais
que correspondem a 1ª, 2ª e 3ª pessoas do singular e plural, e que
não derivam de outros. Ex.: ἐγώ eu, σύ tu, ἵ ele, ela, ἡμεῖς nós,
ὑμεῖς vós, σφεῖς eles, elas.
Grego Antigo Instrumental | 105
1ª PES. 2ª PES.
SING. PLUR. SING. PLUR.
42
Dionísio Trácio, Ars Grammatica, 17. Cf. DIONYSII THRACIS. Ars
Grammatica. Εd. Gustav Uhlig. Lipsiae: B.G. Teubner, 1883. p. 67.
106 | D a v i d Pessoa de Lira
2. EXERCÍCIO - ΑΣΚΗΣΙΣ
1. Traduza:
a) ἡ εἱμαρμένη ἐνέργεια τῶν διοιϰητῶν ἐστι.
b) ἡ πλάνη ἡ ἀπουσία τοῦ ἀγαϑοῦ ἐστι.
c) ὁ ϰόσμος πλήρωμά ἐστι τῆς ϰαϰίας.
d) ἡ εὐσέϐεια δέ ἐστι ϑεοῦ γνῶσις.
e) ἡ γνῶσις ϑεία σιωπή ἐστι.
f) γνῶσις δέ ἐστιν ἐπιστήμης τὸ τέλος.
g) ἐπιστήμη δῶρον τοῦ ϑεοῦ.
h) ὁ ϰόσμος σφαῖρά ἐστι
i) ϰοινωνία ἐστὶ ψυχῶν
j) ἡ φϑορὰ ἀπώλεια.
k) ἡ ἰδέα ἐστὶν εἰϰὼν τῆς ψυχῆς.
l) τὰ ἀνϑρώπεια ἀγαϑὰ.
b) ἡ ἀϑάνατος ψυχή
c) ψυχή ἡ ἀϑάνατος
d) ἡ ψυχή ἡ ἀϑάνατος
e) ψυχή ἀϑάνατος
f) ἀϑάνατος ψυχή
g) ἀϑάνατος ἡ ψυχή ἐστι.
h) ἡ ψυχή ἐστι ἀϑάνατος.
i) ἡ ψυχή ἀϑάνατός ἐστι.
Vocabulário:
ἀπουσία, -ας, ἡ ausência πλήρωμα, -ατος, τὸ completude
ἀπώλεια, -ας, ἡ destruição σιωπή, -ῆς, ἡ silêncio
γνῶσις, -εως, ἡ conhecimento τέλος, -ους, τὸ fim
δέ conj. e, mas
δῶρον, -ου, τό dom, presente
εἰϰών, -όνος, τὸ imagem
ϰαί conj. e
ϰοινωνία, -ας, ἡ comunhão
πλάνη, -ης, ἡ engano
108 | D a v i d Pessoa de Lira
√ λύ - ο - μεν
vogal desinência
temática número-
pessoal
terminação
Grego Antigo Instrumental | 109
√ λύ - σ - ο - μεν
terminação
Os verbos terminados em – ω são conjugados no presente e
futuro indicativo ativo como se segue:
1.2.1 Aumento
EXERCÍCIO - ΑΣΚΗΣΙΣ
→ Labiais χειλιϰά β π φ
Classe → Dentais ὀδοντιϰά δ τ ϑ
→ Guturais γ ϰ χ
οὐρανιϰά
Αdvérbios
Os advérbios (ἐπιρρήματα) formam uma classe de palavras
indeclináveis ou uma parte indeclinável do discurso, segundo o
que é dito do verbo ou o que é atribuído ao verbo. Pode-se chamar
os advérbios de modificadores adverbiais. É fato que o advérbio é
uma palavra que não só modifica o sentido do verbo, mas também
do adjetivo e do próprio advérbio. Pois, embora a maioria dos
advérbios modifique o verbo, acrescentando-lhe uma
circunstância, os de intensidade também modificam adjetivos e
advérbios. Do ponto de vista da sintaxe, a função do advérbio é de
adjunto adverbial, um termo acessório.
Ex.: João escreveu bem. João é muito inteligente. Ele se comunica
muito bem.
No grego, muitos advérbios, principalmente modais, são
formados adicionando –ως ao radical do adjetivo. Para efeito, isso
significa a mudança do ν final do genitivo plural masculino do
adjetivo para ς. Exemplo: ἄφατος indizível (gen. plur. m. ἀφάτων),
adv. ἀφάτως indizivelmente; ἀσύναϑρος inarticulado (gen. plur. m.
ἀσυνάρϑρων), adv. ἀσυνάρϑρως inarticuladamente. Alguns
advérbios são formados do neutro nominativo/acusativo singular
do adjetivo: μιϰρόν por um curto espaço de tempo ou por pouco
tempo; πρῶτον primeira vez, primeiramente. Outros não
apresentam final especial: νῦν (νυνί) agora, εὖ bem.
Grego Antigo Instrumental | 125
ἀεί sempre
ἄλλως doutro modo; em vão; meramente, simplesmente; além; já
ἄνω para cima, em cima, acima
ἄνωϑεν de cima
εἰϰότως provavelmente, naturalmente, de fato, deveras,
sinceramente, francamente
ἐναντίως contrariamente
ἐνϑάδε para lá, lá, aqui, agora
ἔτι ainda, já
εὖ bem
ϰαί também
ϰάτω para baixo, embaixo, abaixo
μέχρι distante, dentro
νῦν agora
ὁμοίως semelhantemente
ὄντως realmente, de fato, atualmente
οὐϰέτι não
οὕτως deste modo ou desta maneira
πάλιν de volta; de novo, novamente; mais uma vez
τεταγμένως ordenadamente
dezoito43, das quais as monossilábicas são seis: ἐν, εἰς, ἐϰ, σύν,
πρό, πρός, as quais não se modificam; as dissilábicas são doze:
ἀνά, ϰατά, διά, μετά, παρά, ἀντί, ἐπί, περί, ἀμφί, ἀπό, ὑπό,
ὑπέρ.
O termo caso oblíquo é usado para se referir ao genitivo,
dativo e acusativo como um grupo. Em adição aos usos e funções
dos casos dados, esses casos também são usados após as
preposições, que realizam a mesma função no grego assim como
no inglês e português, i.é. eles definem a relação entre a palavra
que elas regem e o resto da oração em que elas são usadas. Em
grego, a palavra regida é normalmente substantivo ou pronome.
Cf. as regras para as preposições que indicam o movimento e o
descanso ou repouso.
Como supramencionado, o termo caso oblíquo é empregado
para designar os casos genitivo, dativo e acusativo como um
grupo. Isso lembra o português, embora esse só utilize essa
designação em termos pronominais. No entanto, os casos oblíquos
aqui são todas aquelas funções sintáticas que designam o adjunto
adnominal (locução adjetiva) de posse [genitivo], complementos
verbais preposicionados (objetos indiretos) [dativo],
complementos verbais (objetos diretos) [acusativo]. Em adição às
funções e usos dados acima, esses casos também são usados após
preposições, e exercem funções de adjuntos adverbiais (locuções
ou expressões adverbiais) ou complementos circunstaciais, i.é.,
elas definem a relação entre a palavra que elas regem e todo o
resto da oração na qual elas são usadas. As palavras regidas, no
Observações
4. EXERCÍCIO - ΑΣΚΗΣΙΣ
ὑπέρ
περί
παρά
διά
ἀνά
ϰατά
ὑπό
130 | D a v i d Pessoa de Lira
Numerais
Designação
№ Represen- Cardinal Ordinal Adverbial
tação
grega
1 α΄ εἷς, μία, ἓν πρῶτος, -η, -ον ἅπαξ
2 β΄ δύο δεύτερος, -α, -ον δὶς
3 γ΄ τρεῖς, τρία τρίτος, -η, -ον τρὶς
4 δ΄ τέτταρες, τέταρτος, -η, -ον τετράϰις
τέτταρα
5 ε΄ πέντε πέμπτος, -η, -ον πεντάϰις
6 Ϛ΄ ἓξ ἕϰτος, -η, -ον ἑξάϰις
7 ζ΄ ἑπτὰ ἕβδομος, -η, -ον ἑπτάϰις
8 η΄ ὀϰτὼ ὄγδοος, -η, -ον ὀϰτάϰις
9 ϑ΄ ἐννέα ἔνατος, -η, -ον ἐνάϰις
10 ι΄ δέϰα δέϰατος, -η, -ον δεϰάϰις
11 ια΄ ἕνδεϰα ἐνδέϰατος, -η, -ον ἑνδεϰάϰις
12 ιβ΄ δώδεϰα δωδέϰατος, -η, -ον δωδεϰάϰις
44
FREIRE, 2001, p. 56; BETTS; HENRY, 2010, p. 77; BETTS, 2010, p. 68; PER-
FEITO, 2013, p. 106; ΤΖΑΡΤΖΑΝΟΣ, 1965, σ. 83.
Grego Antigo Instrumental | 131
M F N MFN MF N MF N
N. εἶς μία ἕν δύο τρεῖς τρία τέτταρες τέτταρα
G. ἑνὸ μιᾶς ἑνός δυοῖν τριῶν τεττάρων
D. ἑνὶ μιᾷ ἑνί δυοῖν τρισὶ τέτταρσι
A. ἕνα μίαν ἕν δύο τρεῖς τρία τέτταρας τέτταρα
45
ΤΖΑΡΤΖΑΝΟΣ, 1965, σ. 82.
46
ΤΖΑΡΤΖΑΝΟΣ, 1965, σ. 83.
47
FREIRE, 2001, p. 58; ΤΖΑΡΤΖΑΝΟΣ, 1965, σ. 84.
132 | D a v i d Pessoa de Lira
48
FREIRE, 2001, p. 57; BETTS; HENRY, 2010, p. 78; BETTS, p. 69, 233-234;
PERFEITO, 2013, p. 107; ΤΖΑΡΤΖΑΝΟΣ, 1965, σ. 82-83.
Grego Antigo Instrumental | 133
49
συμπλεϰτιϰοί – coniunctiones copulativae.
50
διαζευϰτιϰοί – coniunctiones disiunctivae.
51
συναπτικοί – coniunctiones condicionales.
52
παρασυναπτιϰοί – coniunctiones causales.
53
αἰτιολογιϰοί – coniunctiones causales: finais e explicativas.
54
συλλογιστιϰοί – coniunctiones rationativae, collectivae, rationales.
134 | D a v i d Pessoa de Lira
55
παραπληρωματιϰοί – coniunctiones expletivae.
Grego Antigo Instrumental | 135
Ex.:
O destino é implacável, deves, pois, conformar-te. (pois
conclusivo)
O destino é implacável, pois deves conformar-te. (pois
explicativo)
Deves conformar-te, pois o destino é implacável. (pois causal)
EXERCÍCIO - ΑΣΚΗΣΙΣ
VOCABULÁRIO DO EXERCÍCIO
63 ἦσϑα
64 ἔσῃ
65 ἤμεϑα
Grego Antigo Instrumental | 147
Referências
GIORDANI, Mário Curtis. História da Grécia. 10. ed. Petrópolis: Vozes, 2012.
639p.
HERMÈS TRISMÉGISTE. Corpus Hermeticum. Texte établi par A.D. Nock et
traduit par A.-J. Festugière. 2. ed. Paris: Les Belles Lettres, 2011. 2t. 404p. (pagi-
nação contínua entre os dois tomos). (Collection des Universités de France).
JAY, Eric G. New Testament Greek: An Introductory Grammar. 14. impr. London:
SPCK (Society for Promoting Christian Knowledge), 1994 (1958 e corr. em
1987). 350p.
JOINT ASSOCIATION OF CLASSICAL TEACHERS. Aprendendo Grego: Texto e Vo-
cabulário, Gramática e Exercícios. 2. ed. Tradução de Cecília Bartalotti e Luiz
Alberto Machado Cabral; sob Supervisão de Flávio Ribeiro de Oliveira e Luiz
Alberto Machado Cabral. São Paulo: Odysseus, 2014. 816p.
LIRA, David Pessoa de. O Batismo do Coração no Vaso do Conhecimento: Uma
Introdução ao Hermetismo e ao Corpus Hermeticum. Recife Editora UFPE,
2015.
McLEAN, Bradley H. Hellenistic and Biblical Greek. Cambridge: Cambridge
University Press, 2014. 352p.
MURACHCO, Henrique. Língua Grega: Visão semântica, lógica, orgânica e funci-
onal. Teoria. v. 1. São Paulo: Discurso e Vozes. 2001. 735p.
PERFEITO, Abílio Alves. Gramática de Grego. 7 ed. Porto: Porto Editora, 2013.
167p.
RAGON, E. Gramática grega. Inteiramente reformulada por A. Dain, J.-A. de
Foucault, P. Poulain. Tradução de Cecilia Bartalotti. São Paulo: Odysseus, 2012.
331p.
SOUZA, Arnaldo Pereira de. Noções da Língua Grega: Phonologia, Morphologia,
Syntaxe. Parte Theorica 2. ed. São Paulo: Cruzeiro do Sul, 1938. 215 p.
SWETNAM, J. Gramática do Grego do Novo Testamento: Morfologia. São Paulo:
Paulus, 2002. v. 1.
TAYLOR, William Carey. Introdução ao Estudo do Novo Testamento Grego. São
Paulo: Batista Regular, 2001. 442p.
ΔΙΟΝΥΣΙΟΥ ΘΡΑΙΚΟΣ. Γραμματιϰή. In Anecdota Graeca: Immanuel Bekker (ed.).
Berlin, 1816. v. 2. p. 627- 641.
ΜΠΑΜΠΙΝΙΩΤΗ, Γ. Ετυμολογιϰό Λεξιϰό τής Νέας Ελληνιϰής Γλώσσας Ιστορία
των Λέξεων. 2. ἐϰ. Αϑήνα: Κέντρο Λεξιϰολογίας, 2011. 1720 σ.
ΤΖΑΡΤΖΑΝΟΣ, Αχιλλέας Α. Γραμματιϰή της Αρχαίας Ελληνιϰής Γλώσσης. 15. εϰ.
Αϑήναι: Οργανισμός Εϰδόσεως Διδαϰτιϰών Βιϐλίων, 1965. 184σ.