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Manual de Madeira

na arquitetura contemporânea

de estudantes para estudantes


Foto de capa: @Takumi Ota. Disponível em: https://bit.ly/1P6lDez
Este manual foi elaborado entre 2018 e 2019 como projeto de extensão
conhecer, refletir e inovar na construção civil, curso de Arquitetura e
Urbanismo da UFPR.
Autor: Christian Ferreira de Oliveira
Orientador: Cervantes Ayres Filho
Colaboradores: Bianca Freitas, Camila Garus e Emanuella Bruning
Foto disponível em: https://bit.ly/2Me4LSV

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Sumário:

Introdução.............................................................................................7
O papel da madeira na nova arquitetura......................11
CLT: como funciona?..................................................................25
Dúvidas, limitantes, preconceitos....................................33
Estudos de caso...........................................................................49
Referências e anexos................................................................75

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Reino Unido, França e países vizinhos vistos do espaço. Foto disponível em: https://go.nasa.gov/2wTOI6Z
Introdução:
No contexto de mudanças climáticas e esgotamento dos recursos naturais, a sociedade se vê
na urgência de mudança. A construção civil, nesse momento, também começa a reconhecer
seu papel como uma das principais responsáveis pela degradação do meio ambiente.
Ao passo que a tecnologia evolui, encontramos alternativas ambientalmente mais amigáveis
para a construção civil. Uma delas é a utilização da madeira de forma industrializada, que será
abordada neste manual.
Esse manual foi elaborado por estudantes de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal
do Paraná como projeto de extensão durante o ano de 2018 e 2019. Seu objetivo é conferir uma
introdução aos novos métodos construtivos da madeira, com o foco em estudantes que estão
aprendendo a projetar. Utilizamos uma linguagem acessível e didática, diagramas e diversas
imagens para que o alcance deste conteúdo seja o maior possível. Caso o manual desperte o
interesse de quem lê (como esperamos!), talvez o dirija para um aprofundamento dos temas
aqui apresentados. Leituras por nós recomendadas se encontram ao final do manual.
Ansiamos para que essas ideias se popularizem e, quem sabe, a prática de projeto dentro da
própria universidade comece a mudar, e que isso se amplie para vida profissional.

Christian Ferreira de Oliveira

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Arquitetura e o aquecimento global - Poluição, superpopulação,
esgotamento de recursos naturais:
A construção civil é um dos grandes responsáveis pelas mudanças climáticas recentes. A pro-
dução de concreto, por exemplo, é responsável direta por 5% das emissões humanas de CO2¹.
Para se fabricar uma tonelada de cimento, são emitidas mais que cinco toneladas de dióxido de
carbono, sem contar a poluição proveniente do seu transporte e danos físicos da mineração².
O aço, outro protagonista na indústria da construção global, exige grandes quantias de energia
elétrica para ser fabricado, um problema quando a matriz energética de um país é dependente
de fontes não renováveis.
Mais da metade das sete bilhões de pessoas do mundo já está vivendo em ambientes urbanos.
É previsto que, até 2050, teremos quase dez bilhões de habitantes, 75% desses vivendo em ci-
dades³. Os prédios que são hoje construídos raramente levam em consideração aspectos como
eficiência energética, reciclabilidade dos materiais construtivos, autonomia em eletricidade e
afins. As metrópoles crescem num ritmo acelerado e os recursos se extinguem rapidamente,
quando não são geridos da maneira correta.
A arquitetura, diante desse cenário, precisa se posicionar. Não haverá um futuro digno se não
reconhecermos nosso papel social e ambiental. Devemos, nesse momento, entender e assimilar
as novas tecnologias que permitem contribuir para um futuro mais justo.

Qual é a ideia?
Considerando esse contexto de necessidade de ação, a construção de edifícios é uma área que
pode se beneficiar enormemente de uma tecnologia mais ecológica do que as mais comumen-
te utilizadas: a construção com madeira.
Projetos mais ecológicos podem ser realizados em diferentes escalas - dos elementos estrutu-
rais à eficiência energética. O que compilamos neste manual contempla os aspectos construti-
vos.

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Foto disponível em: https://go.nasa.gov/2wTOI6Z

Extremos climáticos são hoje mais comuns do que nunca. Estamos a um passo de um caos ambiental irreversível,
a não ser que as medidas necessárias sejam tomadas. A arquitetura tem que reconhecer seu papel e, diante desse
cenário preocupante, se engajar. Foto disponível em: https://bit.ly/2QFRoO4

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Foto disponível em: https://bit.ly/2oRFXH3

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O papel da madeira na
nova arquitetura
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O motivo ambiental:
Madeira é reconhecidamente um material ecológico, desde que explorada e utilizada da ma-
neira correta. Uma árvore, enquanto cresce, absorve CO2 atmosférico e o transforma em car-
bono orgânico, que fica armazenado no tronco até sua morte e decomposição. Esse carbono é
então liberado novamente para a atmosfera ou permanece no solo na forma de outras molécu-
las orgânicas. Enquanto outros materiais construtivos passam por processos industriais intensos,
a madeira pode ser utilizada quase sem nenhum beneficiamento.
Assim, uma estrutura erguida com madeira também é responsável pelo sequestro de carbono
atmosférico. Quando concluído, o edifício pode ter um crédito negativo de emissões, ou seja,
apenas absorveu, e quase nada emitiu. Estudos apontam que, para cada metro cúbico de ma-
deira utilizada em estruturas, é sequestra uma tonelada de CO2 atmosférico4.
Para que a madeira possa ser utilizada em construções, é exigido um manejo correto, de modo a
minimizar o impacto ambiental - ou seja, zero desmatamento. Desta forma, temos que conside-
rar as matas reflorestadas, que podem permitir esse tipo de exploração econômica sem sacrifi-
car o meio ambiente. O Canadá faz uso de suas florestas boreais naturais há tempos, e mesmo
assim a área do país coberta por mata é estável ao longo dos anos5.

Gráfico adaptado do Athena


EcoCalculator, comparando a
proporção dos impactos am-
bientais provenientes do uso da
madeira, aço e concreto. É nítido
o destaque da madeira como
material ecológico. Foto: @Do-
vetail Partners (Athena ecocal-
culator). Disponível em: https://
bit.ly/2NwORDw

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No Brasil, a espécie mais apta para exploração econômica é o Pinus. A espécie não é nativa do
país - foi introduzida ainda na década de 30. Porém, foi apenas quatro décadas mais tarde que,
através do melhoramento genético e incentivos fiscais, começou-se a explorar economicamen-
te essa espécie. Temos 1,56 milhão de hectares de mata de reflorestamento de Pinus - 38,7%
é utilizado para produzir carvão vegetal (para uso em termelétricas), enquanto 16,4% torna-se
madeira estrutural6. O potencial é grande.

Distribuição do plantio de Pinus pelo Brasil e parcela Quantos hectares de plantio de Pinus têm os principais
pela qual cada estado é responsável na produção na- estados produtores. O Paraná é o líder, com quase 620
cional. A região sul se destaca com aproximadamente mil hectares, seguido por Santa Catarina com 540 mil.
85% da produção nacional da Pinus. Mapa disponível Mapa disponível em: https://www.ipef.br/estatisticas/
em: https://www.ipef.br/estatisticas/relatorios/anua- relatorios/anuario-ABRAF13-BR.pdf
rio-ABRAF13-BR.pdf

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No passado:
A madeira é usada como material construtivo há milhares de anos. A tipologia clássica de tem-
plo grego, por exemplo, surgiu a partir do Templo de Isthmia (650 a.C.), feito de madeira. Na
arquitetura chinesa e japonesa, a madeira ganhou expressividade na construção dos grandes
palácios e templos, como a Cidade Proibida de Pequim, que data do século XV. O edifício de
madeira mais antigo e ainda de pé é o templo de Horyu-ji, no Japão, concluído em 6077. Quando
tratada da maneira correta, a madeira é tão durável quanto o concreto ou aço.
A longa tradição da construção com madeira veio a constituir culturas que veem o material
como sinônimo de conforto e proteção - algo que remete ao lar e à habilidade artesanal. Po-
rém, a partir da revolução industrial, com a popularização de novas tecnologias construtivas e
a expansão das grandes metrópoles modernas, a madeira perdeu espaço. Hoje a madeira tem
pouca participação nas cidades brasileiras, e mesmo na arquitetura residencial possui um papel
periférico, ornamental.

Na cidade contemporânea, a madeira perdeu espaço. Foto disponível em: http://challenge2050.org/brazil/


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Cidade proibida de Pequim - Salão da Harmonia Suprema. Feito de madeira, foi reconstruído pela última vez em 1697.
É uma das maiores estruturas de madeira da China. Foto disponível em: https://bit.ly/2oR6dRJ

Templo de Horyu-ji, no Japão, concluído em 607. Localizado na cidade de Ikaruga, é a mais antiga estrutura de ma-
deira ainda de pé. Foto disponível em: https://bit.ly/2IiauGl 15
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No presente:
Nas últimas décadas, tecnologias inovadoras abriram portas para novas possibilidades de apli-
cação da madeira na construção civil. As madeiras engenheiradas - que passam por processos
industriais, como cola e prensa - expandiram os horizontes de possibilidades estruturais, plás-
ticas e são uma resposta às preocupações ambientais. Um tipo de madeira engenheirada é a
CLT - Cross Laminated Timber, ou Madeira Laminada Cruzada.

Sequência de montagem de uma placa de CLT: tábuas são organizadas paralelamente, formando uma camada. As
camadas seguintes são dispostas perpendiculares à camada anterior, resultando numa chapa.

Esse material consiste na colagem e prensa de consecutivas lâminas (tábuas, lamelas) de ma-
deira. A CLT normalmente tem 3, 5 ou 7 lâminas sobrepostas, cada uma disposta perpendicu-
larmente em relação à anterior. As colas usadas são de tipo industrial, normalmente não tóxi-
cas, não inflamáveis e extremamente resistentes. A maioria das variantes de colas são derivadas
do formaldeído - tóxico, porém admitido pela legislação em quantias que não ofereçam riscos
aos usuários. A tecnologia já existia na primeira metade do século XX, porém só foi popularizada
com o advento de novas colas, mais resistentes, e da evolução do processo industrial de fabri-
cação.

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Placas de CLT com 5 lâminas de
madeira. É este o aspecto tradi-
cional do material Foto disponível
em: https://bit.ly/2NZxFaR

Na produção das camadas da CLT usam-se tábuas com seções de dimensões próximas, in-
clusive provenientes de espécies de árvores diferentes. As camadas em conjunto, após serem
coladas e prensadas, criam uma placa de resistência relativamente uniforme e previsível, eli-
minando a variação que é natural dos tecidos da madeira quando utilizada in natura. A prática
permite o uso de partes da madeira que seriam dispensadas na produção de vigas ou colunas
maciças, como os nós. Além disso, é possível criar peças de grandes dimensões, que nas técni-
cas tradicionais iriam exigir árvores com troncos de proporções respeitáveis, não muito comuns
e economicamente inviáveis na maioria dos casos. Após as placas serem coladas e prensadas,
peças individuais podem ser cortadas de acordo com as dimensões exigidas para cada projeto.

Fabricação das chapas de CLT. Na


foto as lâminas já estão dispostas
paralelamente, para que então a
cola industrial seja aplicada. Se-
guindo essa etapa, teriamos o
depósito da próxima camada de
lâminas perpendiculares às an-
teriores. Posteriormente a placa
será prensada. Foto disponível
em: https://bit.ly/2N1yTpC

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Acima, placas de CLT após coladas e prensadas. É possíver notar as diferenças de dimensões entre as tábuas e orien-
tação dos veios. Foto disponível em: https://bit.ly/2cBSdmO
Abaixo, ambiente de produção industrial de CLT. Foto disponível em: https://bit.ly/2wRjoWq

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Placa de CLT com
três camadas sen-
do prensada logo
após a aplicação
do adesivo indus-
trial. Foto disponí-
vel em: https://bit.
ly/2MZzmJ4

Parede de CLT
com as aberturas
(programadas
pelo projeto arqui-
tetônico) cortadas
ainda na fábrica.
Foto disponível
em: https://bit.
ly/2wVAS4R

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Outros tipos de Madeiras:
A tecnologia da cola e prensa de seções de madeira também é utilizada em tipologias um pou-
co distintas. Dentre elas, podemos citar a Laminated Strand Lumber (LSL), Laminated Veneer
Lumber (LVL) e Glued Laminated Timber (Glulam). Cada uma dessas categorias pode variar na
espessura e largura das lâminas e orientação da colagem. Podem ou não ser usadas de maneira
intercambiável no projeto arquitetônico, a depender da demanda estrutural, desempenho con-
tra fogo exigido e aspecto estético desejado.

LSL - Madeira Lamina- LVL - Madeira Laminada CLT - Madeira Lamina-


da Serrada Folheada da Cruzada

Diagramas representativos dos outros tipos de madeiras engenheiradas. Retirado e adaptado do livro “The Case for
Tall Wood Buildings”, de Michael Green.

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Glulam é a sigla para Glued Laminated Timber, ou Madeira Laminada Colada. É formada atra-
vés da cola de várias tábuas de madeira com até alguns centímetros de altura, de maneira si-
milar à CLT. Porém, o que distingue os dois sistemas é a orientação das lâminas: para a Glulam,
são todas paralelas. Comparável à CLT, a Glulam tem boas propriedades estruturais, também
se configurando como um das alternativas ecológicas para a construção civil contemporânea. É
normal a sua aplicação associada à CLT e também em elementos como pilares e vigas.

Placa de Madeira Laminada Colada durante o processo industrial de fabricação. Ao contrário da Madeira Laminada
Cruzada, a Glulam tem todas as suas tábuas dispostas paralelas entre si. Foto disponível em: https://bit.ly/2y68j5g

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Seção de uma peça de LSL. A orientação das lascas de madeira são bem visíveis. Foto disponível em: https://bit.
ly/2RyIUte

A LSL, Madeira Laminada Serrada, é uma chapa similar ao OSB (Painel de Tiras de Madeira
Orientadas) que consiste no arranjo de vários pequenos pedaços de madeira, organizados para-
lelos ao eixo longitudinal da placa a ser fabricada. Da mesma maneira que a CLT, a LSL é colada
e prensada, conferindo uma peça de resistência previsível, com bom desempenho para uso em
estruturas. É popular na construção de residências de Wood Frame na América do Norte.

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Seção de uma peça de LVL, destacando a disposição de cada folha de madeira. Foto disponível em: https://bit.ly/2O-
JPr5F

LVL é sigla para Madeira Laminada Folheada. Essa tipologia de madeira engenheirada consiste
na cola e prensa de sucessivas lâminas de madeira, cada uma com normalmente alguns milí-
metros de espessura (em oposição à CLT ou Glulam, cujas tábuas chegam a ter alguns centíme-
tros). Popular na América do Norte, sua aplicação mais comum é, junto com a LSL, na arquitetura
domiciliar, mas também sendo usada na confecção de móveis e portas. Devido a limitações do
adesivo industrial utilizado para a fabricação das chapas, não é recomendada para aplicação
estrutural em ambientes externos. É comum encontrar a LVL usada em complemento à Glulam.

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Foto: @Michael Green Architecture. Disponível em: https://bit.ly/2MavJe7

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CLT: como funciona?

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Abaixo algumas
tipologias pos-
síveis de serem
usadas em edifí-
Noções básicas: cios de CLT:

Um edifício feito de madeira é, de certo modo,


similar aos erguidos de concreto ou aço: pilares, Pilares e Vigas
vigas, paredes e pisos podem todos ser feitos a sustentam o piso
partir das placas de madeira.
Sendo a produção das placas de CLT um pro-
cesso industrial, ocorre o dimensionamento e
pré-fabricação de todas as peças necessárias.
É importante o planejamento das aberturas e
dos encaixes e juntas (detalhes normalmente
feitos de aço). O corte das vigas, pilares e afins
são todos feitos na fábrica. Paredes estru-
turais e piso
estrutural

Piso estrutural
apoiado direta-
mente no pilar

Vigas se apoiam
em paredes
estruturais - misto

26 Piso de CLT sendo içado sobre as vigas. Foto disponível em:


26 https://bit.ly/2E7dKXc
Após produzidas todas as peças, elas são então transportadas para o sítio de construção e o
prédio começa a ser erguido. É importante entender que as dimensões das peças podem ser
limitadas pelo espaço disponível no local para a madeira ser içada, tamanho do caminhão e do
contexto urbano e capacidade de produção da indústria responsável. Em ruas muito estreitas
torna-se difícil a entrada de veículos de transporte grandes. Na América do Norte, o limite de
uma peça única de CLT já atingido foi 17 por 17 metros.
Em termos estruturais, a madeira CLT oferece várias possibilidades. Estima-se que vigas de con-
creto armado e CLT, de dimensões iguais, oferecem resistências semelhantes à tração e com-
pressão - a de madeira porém, chega a ser seis vezes mais leve8.

Lakefront Kiosk, em Chicago, é um pavilhão de CLT contruído de CLT e vidro apenas. Projeto dos arquitetos Yasmin
Vobis & Aaron Forrest e realizado em 2015, sua cobertura é uma peça única de madeira em formato quadrado com
17 metros de lado - a maior dimensão já atingida por uma peça do gênero na América do Norte. Foto: @Naho Kubota
Photography. Disponível em https://www.archdaily.com/778301/lakefront-kiosk-ultramoderne
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A fundação para edifícios de madeira é feita de concreto. Como o peso resultante é considera-
velmente menor do que o de um prédio de concreto, se exige menos da fundação - esta , por
consequência, pode utilizar menos material. Finalizada a fundação e com as peças do prédio
já fabricadas, é possível erguer a estrutura extremamente rápido, em uma montagem quase
análoga a peças de lego. A favor da madeira, temos ainda o fato de que esse tipo de construção
cria um sítio de trabalho muito mais limpo e organizado, a benefício dos profissionais da obra -
esses, por outro lado, devem ser capacitados para edificações do gênero.

Peso consideravelmente menor para a mesma área construída. Com fundações de concreto menos profundas, se
economiza recursos.

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O desempenho térmico e acústico da madeira costuma não representar problema, já que o
material tem ótimas propriedades naturais relativas a esses aspectos. As irregularidades da su-
perfície da madeira impedem que o som ecoe no interior de um edifício. Diferentes madeiras
também costumam ter baixa transmissividade térmica, fazendo com que as trocas de calor com
o meio sejam menores. A transmissão sonora e térmica, em um edifício do gênero, normalmente
ocorre através das juntas de aço - são essas que precisam de um tratamento distinto, a depen-
der do contexto.

O edifício Brock Commons, em Vancouver, é composto por pisos de CLT estruturais, apoiados sobre pilares de Glu-
lam. Foto disponível em: www.naturallywood.com

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CLT é ainda um material versátil que pode ser aplicado em variantes mistas. Edifícios híbridos,
por exemplo, com partes de aço, concreto e madeira. Essas alternativas podem se mostrar
mais acessíveis economicamente ou, inclusive, mais fáceis de receberem aceitação pública, já
que existem fortes preconceitos culturais contra a madeira. Vale considerar que dependendo
do volume de materiais não renováveis utilizado, a justificativa ambiental fica muito prejudicada.

Exemplo de tipologia híbrida. Neste caso, o núcleo de


circulação vertical é feito de concreto. Os pisos de CLT
são estruturais e apoiados por pilares de Glulam. Encaixes
de aço foram fixados no volume central para apoiar as
placas de CLT. Em alguns casos, a combinação dos mate-
riais pode conferir mais resistência a esforços laterais, por
exemplo. Boa parte dos edifícios de CLT já construídos
fazem uso dessa tipologia construtiva.

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A maioria dos edifícios de CLT ao redor do mundo ainda é de pequeno porte. Em alguns casos,
a legislação de construção com madeira foi o limitante. Em outros, incorporadoras céticas. O
objetivo é que a ideia do uso da madeira seja difundida e que se proponha expandir os limites já
atingidos. Um exemplo é a PLP Architecture e sua conceitual Oakwood Tower, um arranha céu
de madeira em Londres com 300 metros de altura. Com o tempo, poderíamos ver o retorno da
madeira às nossas cidades.

A Oakwood Tower é uma proposta do es-


critório PLP Architecture em conjunto com
pesquisadores de Cambridge. Seguindo a
tendência de adoção da madeira engenhei-
rada na arquitetura, o prédio de 300 metros
de altura seria o maior edifício de Londres e
de longe a mais alta construção de madeira
da história. Com 93 mil metros quadrados de
área, ofereceria até mil residências. Apesar de
ainda não realizado, o projeto foi concebido
tendo em mente as normas vigentes anti-
-incêndio. Arranha céus de madeira já estão
próximos da viabilidade.

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Foto disponível em: https://bit.ly/2yjJ0wv

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Dúvidas, limitantes, preconceitos
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Muitas vezes o que impede profissionais, mesmo que em treinamento, de conceber propos-
tas arquitetônicas que utilizem madeira é a desinformação e pressões externas que reforçam
preconceitos. Como será demonstrado a seguir, as novas tecnologias de madeira são sim tão
eficientes quanto os materiais mais populares do mercado - a maioria dos temores se relaciona
ao senso comum, e não se sustenta hoje em dia. Os pontos analisados servem para esclarecer
a quem lê aspectos importantes do método construtivo, buscando auxiliar em projetos que
querem fazer uso da madeira.
Quanto mais a ideia é divulgada e a desconfiança atenuada pelo esclarecimento, mais próximos
ficamos da real mudança cultural na construção civil, em prol de um futuro mais justo.

Wood Innovation and Design Center, projeto de Michael Green Architecture. Foto: @Michael Green Architecture. Dis-
ponível em: https://bit.ly/2MavJe7

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Custo e competitividade:
Um prédio comercial de madeira pode ser erguido em pouquíssimo tempo, entrando em ati-
vidade mais cedo e tendo retorno econômico rapidamente, o que pode justificar um eventual
investimento inicial maior no sistema de CLT. O canteiro também é mais limpo e organizado, há
pouco desperdício de material e economiza-se com fundações. O real custo da construção
com CLT, porém, é muito relativo e depende de condicionantes regionais, principalmente de
oferta do material.

A madeira CLT tem potencial de ser um material competitivo: em estudos internacionais, com-
parações de orçamentos entre concreto armado e CLT, para o mesmo edifício, foram favoráveis
à madeira9. Porém, esses mercados já estavam mais adaptados à madeira engenheirada. O Bra-
sil possui pouquíssimas indústrias que trabalham com CLT. Na região metropolitana de Curitiba
(e no resto do Paraná) não há nenhuma. A maioria das empresas são encontradas no estado de
São Paulo. Para construir com CLT aqui, é necessário transportar do estado vizinho. Como isso
impacta no custo (e sobre o meio ambiente) certamente é um ponto a ser analisado. À medida
que o mercado se diversifica, mais acessível será a CLT para todos - e para que isso aconteça,
antes é necessário demonstrar que há demanda por esse material.

Entramos em contato com indústrias de produção de CLT do estado de São Paulo para tentar
obter uma estimativa de preço para a construção com madeira no Brasil. A resposta obtida foi
uma média de 3000 a 5000 reais por metro cúbico de CLT. Aplicando esse valor à uma placa de
madeira a ser usada como parede estrutural, de 11,9 metros de comprimento (máximo admitido
no Brasil), 2,5 de altura e 16 centímetros de espessura, com 5 camadas de lamelas, obtemos
uma faixa de preço que vai de 14,3 a 23,8 mil reais. Para uma laje com 2,75 metros de largura, 5
de comprimento e 20 centímetros de altura, também com 5 camadas, temos entre 8,3 e 13,8 mil
reais de custo.

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Tabela comparativa de preços entre construção com concreto armado e madeira para diferentes
estados canadenses (retirada e adaptada do livro The Case for Tall Wood Buildings, de Michael
Green). Foram comparadas províncias mais afastadas dos centros urbanos e áreas próximas às
metrópoles. O Canadá, com uma indústria madeireira madura e maior oferta de fábricas de CLT
(comparado ao Brasil), consegue fazer da madeira um material extremamente competitivo em
boa parte dos cenários. Na tabela, o “Método charring” corresponde ao uso da madeira exposta,
exigindo que o pré dimensionamento considere um volume extra de CLT para garantir a função
estrutural em caso de incêndio (esse aspecto será melhor explicado nas páginas seguintes). Já o
“Método encapsulado” se trata da proteção da madeira através do uso de revestimentos, assim
exigindo um volume menor de CLT.

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Limitações do partido arquitetônico:
Peças de CLT e Glulam são versáteis e permitem inúmeras possibilidades plásticas (algumas
delas demonstradas nos estudos de caso deste manual). Como a placa de CLT é fabricada e
então cortada de acordo com as dimensões exigidas pelo projeto, há possibilidade de peças
curvas, por exemplo.

Ginásio de Handebol para uma escola dinamarquesa, projeto do Bjark Ingels Group (BIG). A quadra de esportes é
rebaixada em relação ao terreno, e o teto de CLT curvo cria uma espécie de morro na superfície para o uso comum.
Foto: @Rasmus Hjortshøj. Disponível em: https://bit.ly/2oSKvgo
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Legislação e normas:
A madeira ainda tem dificuldade de se consolidar como uma protagonista dentre os materiais
construtivos ao redor do mundo, mesmo em países desenvolvidos. A maioria das leis que regu-
lamentam a construção com CLT e Glulam datam de apenas alguns anos. A legislação brasileira
simplesmente não atende às novas tecnologias de madeira industrializadas.

Retirado e adaptado do livro “The Case for Tall Wood


Buildings”, de Michael Green.

Nessas situações, é sugerido o uso de códigos internacionais, de nações cujas indústrias


de construção já se adaptaram à CLT (Canadá e Noruega, por exemplo). Como esses países
foram pioneiros no uso das novas tecnologias de madeira, eram necessários testes e projetos
audaciosos que provavam as capacidades do material. Hoje, nos referenciamos a essas nações
que já passaram pelo estágio inicial de adaptação à CLT como um modelo a se adotar local-
mente.

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Aplicação e pré-dimensionamento:
Além de buscar popularizar esse material já no ambiente de projeto da graduação, também
tentamos introduzir o leitor a algumas condicionantes e características do projeto com madeira
engenheirada, como veremos a seguir. A madeira pode ser apropriada pelas nossas cidades de
diversos modos - no futuro, poderemos encontrá-la em praticamente qualquer lugar.

A aplicação da madeira na arquitetura vai depender da configuração do projeto. Obras de gran-
de escala, com geometrias complexas e componentes estruturais incomuns são possíveis,
sim, mas terão de mobilizar toda a estrutura de uma indústria para produzir peças condi-
zentes com dada situação, de maneira similar ao concreto pré-moldado. Nesse contexto, cada
caso é um caso, e merece ser analisado com cuidado.

The Smile, projeto de Alisson Brooks Architects em Londres. Construções de madeira com formas que escapam ao
comum são possíveis, mas acabam mobilizando mais da indústria para sua produção. O impacto sobre o custo da
edificação pode ser substancial. Foto: @Paul Riddle. Disponível em: https://bit.ly/2Ocyf6c

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Porém, a maior parte dos projetos que realizaremos (na graduação e na vida profissional) pos-
suem configurações mais simples. Assim, para esses casos, a aplicação da madeira pode ser
guiada por tabelas de pré-dimensionamento. Elas auxiliam projetistas e calculistas apresen-
tando os limites com os quais as indústrias normalmente trabalham e as capacidades de carga.
Essas tabelas possuem especificações como: espessura mínima e máxima do painel; larguras
padrão; comprimento máximo; carga máxima admitida; classificação de resistência ao fogo (para
diferentes espessuras de placas); espessura e quantidade de lamelas; orientação das lamelas;
etc.

Descrevemos algumas dessas condicionantes padrão, de modo a facilitar a aplicação de CLT


em projetos arquitetônicos. As informações a seguir derivam das tabelas do escritório de cálculo
estrutural de madeira Carpinteria, principal referência na aplicação de madeira engenheirada no
país. As informações deste capítulo foram baseadas nessas tabelas e não necessariamente
representam o universo de produção de madeira engenheirada (use-as como base, mas não
se limite à elas!). Destacamos ainda que as informações apresentadas são um guia para o pro-
jeto, mas que em casos reais o acompanhamento de um escritório de cálculo estrutural se faz
importante.

- Para as placas, as espessuras variam entre 5,7 a 25 centímetros, dependendo da quan-


tidade e espessura das lamelas. Placas mais espessas são, naturalmente, mais resistentes a
aplicações de cargas e contra o fogo, como também mais caras.
- As espessuras disponíveis para as lamelas são (em centímetros): 1,9; 2,0; 3,0 e 4,0.
- As larguras padrão dos painéis são (em metros): 2,40; 2,50; 2,75 e 2,95. Em paredes es-
truturais, é desejável que as lamelas externas sejam paralelas ao sentido das forças aplicadas
- ou seja, verticais.
- O comprimento máximo admitido por um painel é, no Brasil, 11,90 metros.

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No caso do uso do sistema de pilar e vigas, o dimensionamento dos elementos estruturais ocor-
re obedecendo às especificidades do projeto. Se para os pilares é antes necessária a análise da
carga por ele recebida, as vigas podem ser pré dimensionadas seguindo algumas aproxima-
ções: vigas bi-apoiadas de madeira podem vencer até 35 metros de vão, sendo sua altura
1/17 do comprimento.
Vãos maiores também podem ser obtidos, seja utilizando vigas treliçadas de CLT, até 60 me-
tros, ou arcos de Glulam, para até 100 metros. No caso de um arco bi-articulado de Glulam,
por exemplo, a altura da peça corresponde a 1/50 do vão.

The Radiator, projeto de PATH Architecture em Clube de Golfe em Yeoju, projeto de Shigeru Ban. O
Portland, possui associação de pilares e vigas de CLT. edifício possui abóbodas de madeira. Foto: @ Hiroyuki
Foto disponível em: https://bit.ly/2Y0GXsB Hirai. Disponível em: https://bit.ly/2TFvNeh

Deixamos disponível, ao fim do manual, as tabelas de pré-dimensionamento do escritório Car-


pinteria. Esse material foi cedido a nós pelo escritório para contribuir na pesquisa e na elabora-
ção deste manual, não sendo de autoria nossa.

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Umidade, apodrecimento e cupins:
A CLT pode perder durabilidade caso não seja bem protegida contra a umidade. Para evitar esse
cenário, é necessário um afastamento da estrutura em relação ao solo, mantendo-a isolada.
Mesmo na junção entre uma laje de concreto e uma parede de madeira é exigida uma membra-
na de proteção. Em locais mais úmidos, quando maior a distância em relação ao solo, melhor.
Ainda, num cenário em que a estrutura é exposta à umidade, é fundamental permitir, com
dispositivos de projeto, que ela possa secar e voltar a um estado tolerável. Se a prevenção
dessas ocorrências é bem realizada, a madeira pode durar séculos.

Com relação aos cupins, temos alguns artifícios úteis. A maioria dos cupins se divide em três
categorias:
• Cupins ou xilófagos de madeira úmida vivem em áreas úmidas; eles atacam madeira
úmida e em decomposição e raramente são uma fonte primária de danos a edifícios.
• Os cupins de madeira seca atacam a madeira seca e sadia. No entanto, o seu impacto
nos edifícios com estrutura de madeira é muito limitado; eles são tipicamente encontrados ape-
nas em regiões do extremo sul dos EUA e no México.
• Cupins subterrâneos são a principal fonte de danos causados ​​por insetos a estruturas
de madeira na América do Norte. Eles viajam do solo úmido para a madeira, sendo então a pro-
ximidade da estrutura ao solo é um fator crítico.

Desse modo, para lidar com cupins, podemos: manter um ambiente seco para a estrutura
de madeira; aplicar termiticidas químicos ao solo, quando permitido pelos regulamentos de
construção locais; usar sistemas de iscagem, que envenenam as colônias de cupins; usar uma
barreira física tal como uma rede de arame fino, uma tela de plástico tratada com termiticida ou
até uma trincheira com pequeno agregado de rocha para separar a madeira não tratada da terra
adjacente.
Superados esses obstáculos, a madeira demonstra ser muito durável.

42
42
Resistência a terremotos:
Por ser dúctil, leve e forte, a CLT pode ser utilizada em regiões propensas a terremotos. Cita-
mos o exemplo de um edifício de madeira que foi testado em uma mesa sísmica em San Diego,
Califórnia, em julho de 2017, e obteve resultados comparáveis ao concreto e ao aço.

A avaliação possuía três etapas: tremores


médios, fortes e extremos (acima de 8.0
graus na escala Richter). Os resultados
mostraram que, para tremores médios,
nenhum dano foi detectado, enquanto
nas duas etapas seguintes os elementos
de ligação entre as peças de CLT sofre-
ram deformidades. Esses, porém, podem
ser trocados, possibilitando assim que o
terremoto não prejudique a estrutura per-
manentemente. O bom desempenho da
construção se deve também à amortece-
dores de massa instalados na estrutura,
que contribuem na absorção da energia

Testes do gênero também foram realiza-


dos em outros países, sendo os resultados
obtidos também promissores. A constru-
ção com madeira em países sujeitos a ter-
remotos é possível, sim.
Estrutura de madeira sobre uma mesa sísmica, em San Die-
go. Foto disponível em: https://bit.ly/2F44jF6

43
43
Resistência contra incêndios:
Quando se fala de CLT, temos um material resistente ao fogo. Em casos de incêndio, a face
da madeira queima até a formação de uma camada carbonizada superficial, que impede que o
resto do material entre em contato com o ar e assim pegue fogo. Ainda, a alta resistência térmica
da madeira faz dela um excelente isolante - enquanto uma parede pega fogo, por exemplo, é
possível que o lado oposto ao carbonizado mantenha a temperatura ambiente. O desempenho
contra o fogo vai depender do tipo de madeira engenheirada, adesivo industrial e espessura e
disposição das lamelas.

Existem algumas possibilidades para resolver a ameaça do fogo. Caso se deseje deixar a es-
trutura de madeira exposta, é necessário pré-dimensionar a peça considerando quanto é
possível carbonizar sem perder rigidez estrutural. Nesse caso, analisa-se o tempo de incêndio
mínimo previsto em lei (suficiente para evacuação do edifício e controle do fogo) e quanto a ma-
deira perde de volume por unidade de tempo. Em outros casos, é possível proteger a estrutura
com retardantes, placas isolantes e sistemas anti incêndio.

Diagramas represen-
tativos do efeito de
charring. Retirado e
adaptado do livro “The
Case for Tall Wood
Buildings”, de Michael
Green.

1 - Camada de sacrifício (sem capacidade estrutural) 1 - Camada carbonizada

2 - Seção residual (Capacidade estrutural mantida) 2 - Zona residual

3 - Aresta arredondada 3 - Madeira normal

44
Considerando que a madeira não irá ceder tão fácil durante um incêndio em edifícios de CLT,
uma preocupação maior é a necessidade de evitar a queima (seja de qualquer material) e
consequente acúmulo de dióxido de carbono no interior do prédio, enquanto a situação não é
controlada e os espaços evacuados. Isso se realiza através da proteção da estrutura com placas
não inflamáveis, por exemplo. Se o aspecto da CLT estrutural é desejável, recomenda-se siste-
mas anti incêndio, comos os sprinklers.
Deixando a estrutura exposta, mais madeira é utilizada, aumentando tanto o sequestro de car-
bono quanto o preço (maior volume de CLT). O revestimento com placas pode oferecer uma
alternativa mais econômica, porém, a depender do material dessas proteções, o aspecto ecoló-
gico e estético do prédio perde força.

Demonstração do efeito de charring, no qual a superfície carboniza até certo ponto, até que o ar não chega mais às
camadas inferiores e o fogo se extingue. A parte interna da madeira permanece intacta, com pouco ou nulo prejuízo
estrutural. Foto disponível em: https://bit.ly/2NZzwfP

45
À esquerda, detalhamento de um pi-
lar de CLT exposto, dimensionado de
modo a resistir ao fogo pelo tempo
mínimo exigido pela lei local. Note que
o pilar tem 40 centímetros de largura,
garantindo o volume extra necessá-
rio para que o componente não perca
suas capacidades estruturais em caso
de incêndio.

À direita, de modo semelhante ao caso logo acima, diagrama de uma


parede concebida para ficar exposta e, dessa forma, não perder rigidez
estrutural em caso de incêndio. De modo semelhante ao pilar, essa pa-
rede é bastante espessa: tem 27,4 centímetros.

46
Ao lado, exemplo de detalhamento que considera o quanto a madeira pode queimar sem per-
der rigidez estrutural. Nessa situação - paredes, pilares e pisos estruturais expostos - se atribui
uma dimensão maior a esses elementos do prédio, de modo que o fogo não comprometa a
estabilidade do sistema construtivo durante a ocorrência de um incêndio. Se o partido arquitetô-
nico dispensa a exposição dos elementos estruturais, sendo esses protegidos no resultado final,
se dispensa o excesso de volume de madeira. Todos os diagramas foram tirados do livro “The
Case for Tall Wood Buildings”, de Michael Green.

Outra demonstração do efeito de charring. O bloco da direita poderia ser um pilar de seção quadrada que, mesmo
após uma longa exposição ao fogo, não perdeu suas capacidades estruturais.

47
Foto: @Jack Hobhouse. Disponível em: https://bit.ly/2RyGmLy

48
Estudos de caso

49
Ginásio Gammel Hellerup
Projeto do BIG - Bjarke Ingels Group - para uma escola de ensino médio da capital dinamarque-
sa, esse ginásio de handebol representa bem as possibilidades plásticas que as novas tecno-
logias de madeira oferecem. Realizado em 2013, é uma adição de 1100 metros quadrados ao
complexo escolar que data da década de 50.
A quadra de esportes é rebaixada cinco metros em relação ao piso da escola, atendendo a
diversas demandas programáticas: desde espaço para atividades físicas quanto para eventos
especiais, como formaturas. As paredes são todas de concreto, enquanto na sua cobertura en-
contramos uma série de vigas curvas de Glulam. Cada viga possui curvatura diferente, consti-
tuindo uma espécie de abóbada que, na superfície, se reflete como uma pequena colina artifi-
cial revestida de madeira.
Segundo os arquitetos, a curvatura superficial do ginásio contribui para a criação de um mo-
biliário informal para o uso dos estudantes. Bjarke Ingels justifica a cobertura curva como uma
tentativa de replicar o lançamento de uma bola de handebol, a qual descreve uma parábola.
Dispostas no sentido transversal à quadra, as vigas das extremidades são retas, enquanto as
seguintes adquirem uma curvatura gradual até atingir o meio do recinto. Através de uma solu-
ção singular, os arquitetos conseguiram atribuir ao projeto uma qualidade visual incomum em
programas e escalas do tipo - e ainda explorar todo o potencial estrutural e estético da madeira.

50
Vista geral da parte interna do ginásio com estrutura de cobertura abobadada. Foto:
@Jens Lindhe. Disponível em: https://bit.ly/2y7M5jl
Colina artificial que ocorre na superfície, reflexo da curvatura da cobertura do ginásio. Foto: Foto: @Jens Lindhe. Dis-
ponível em: https://bit.ly/2NoFnu9

Corte longitudinal do complexo, com destaque para a curvatura da cobertura e disposição das vigas. Foto
disponível em: https://bit.ly/2Qu18dY
51
51
acima
Corte tranversal do con-
junto. Foto disponível em:
https://bit.ly/2Qu18dY

ao lado
Vista do interior. A dispo-
sição dos pontos de luz
também contribui para a
criação de uma expressão
plástica dinâmica e singular.
Foto disponível em: https://
bit.ly/2zXj637

pág. ao lado
Vista do interior com desta-
que para a cobertura curva.
Foto: @Rasmus Hjortshøj.
Disponível em: https://bit.
ly/2oSKvgo

52
52
53
53
Centro de Natação
O escritório de arquitetura
Hawkins\Brown projetou
um novo centro de natação
para a escola City of Lon-
don Freemen’s School, em
Surrey, Inglaterra. O novo
edifício faz parte de um pla-
no de revitalização local e,
ainda, substitui o anterior,
destruído por um incêndio
em 2014.
Realizado em 2017, o recin-
to tem 1750 metros qua-
drados, comportando uma
piscina com 25 metros de
comprimento e seis faixas
de nado. Para o projeto, os
arquitetos optaram pelo
uso de pórticos estruturais
expostos de Glulam que,
da mesma maneira que o
Ginásio Gammel Hellerup,
garantem uma expressivi-
dade singular ao edifício.
Essa construção entra aqui
como outra referência das
possibilidades plásticas
que a madeira oferece à ar-
quitetura.

Centro de Natação, projeto do escritório Hawkins\Brown. Foto disponí-


vel em: https://bit.ly/2K0uOkc
54
Vista geral do complexo. A expressiva estrutura de Glulam é o maior destaque do conjunto. Fotor disponível em: ht-
tps://bit.ly/2K0uOkc

Os pórticos de Glulam são paralelos entre si e apresentam configurações individuais. Na parte


superior, eles seguem a inclinação das águas do telhado - a cumeeira não é paralela às paredes
longitudinais, mas sim diagonal. Assim cria-se uma dinâmica entre cada um dos componentes
estruturais. O contraventamento dos pórticos foi realizado com placas de CLT. As placas não
chegam até o chão, nele onde foi colocado um grande pano de vidro em todo o perímetro,
mantendo a relação visual entre o interior do centro de natação e o bosque ao redor. O uso da
madeira engenheirada permitiu que a estrutura fosse montada em apenas três semanas, e o
prédio concluído em menos de um ano.

55
55
ao lado
Vista interna do centro
de natação, com des-
taque para a expressiva
estrutura de Glulam.
Foto disponível em:
https://bit.ly/2K0uOkc

pág. ao lado
no alto
Corte longitudinal do
recinto. Foto disponível
em: https://bit.ly/2OE-
ERwR

abaixo
Vista externa do centro
de natação. O ponto
mais alto do telhado
marca a entrada. Foto
disponível em: https://
bit.ly/2C4jQVI

56
56
57
57
Dalston Works
Dalston Works é um projeto de habitação no distrito londrino de Hackney, Inglaterra.
Com nove andares, 33 metros de altura e 121 unidades de habitação, o prédio foi concluído em
2017 e representou outro avanço no sentido de uma arquitetura mais ecológica. A madeira que
compõe as peças do edifício provêm de florestas austríacas e alemãs, exploradas de maneira
controlada e sustentável. Sua estrutura tem o maior volume de CLT dentre qualquer edifício já
realizado até o momento.
O escritório responsável pelo projeto foi o Waugh Thistleton Architects. Além do Dalston
Works, o grupo já realizou outros projetos emblemáticos com CLT para a capital britânica, a
exemplo do Murray Grove, de 2009.

Vista geral do complexo Dalston Works. A escolha dos materiais do revestimento externo faz reverência à cultura local. Foto dis-
ponível em: https://bit.ly/2NsCMzg

58
Interior de um dos apartamentos. Foto disponível em: https://booki.ng/2NurKJU

Para os engenheiros responsáveis pelo cálculo estrutural, o grupo Ramboll, o volume de


madeira utilizado - aproximadamente 4500 metros cúbicos de CLT - contribui para o sequestro
de 2400 toneladas de CO2. A estrutura do prédio é inteira de madeira: paredes internas, externas
e as escadas. Seu revestimento externo foi construído com tijolos.
Segundo os arquitetos, a construção com CLT proporcionou um edifício cinco vezes mais
leve que um de concreto, além de diminuir em 80% a quantia de entregas a serem realizadas
na obra (de 700 entregas com um frame de concreto para apenas 111 de CLT). O menor peso da
estrutura contribuiu de maneira significativa nesse caso, já que havia uma linha de metrô sob o
terreno do prédio. Esse fator limita a profundidade das fundações e a verticalização do projeto.
Para o grupo Ramboll, com a CLT eles conseguiram transpor esse obstáculo e ainda adicionar
mais 15 unidades de habitação. Também de acordo com o grupo de engenheiros, os 4500 me-
tros cúbicos de madeira do prédio equivalem a 2300 árvores - considerando a ocupação previs-
ta de 800 habitantes, temos três árvores por pessoa de crédito negativo de emissões durante
os primeiros anos. Dalston Works é revolucionário ao aliar a habitação social e de alta densidade
- uma demanda fortíssima - com uma arquitetura de baixa pegada ecológica e sensível aos fa-
tores culturais e humanos.

59
ao lado
Dalston Works du-
rante a construção.
Foto disponível em:
https://bit.ly/2w-
MIRDB

abaixo
À esquerda, planta
de um pavimento
tipo. À direita, plan-
ta do piso térreo.
Foto disponível em:
https://bit.ly/2kj-
ZSPa

pág. ao lado
Pátio de acesso
do Dalston Works.
Foto disponível em:
https://bit.ly/2OJ-
4fRX

60
61
Interior do edifício. Foto disponível em: ht-
tps://bit.ly/2E4CRtz

Wood Inovation and Design Center


Projeto do escritório canadense Michael
Green Architecture, o Wood Innovation and De-
sign Center é um edifício de escritórios localizado
na cidade de Prince George, no estado da British
Columbia, Canadá. Michael Green é um dos maio-
res divulgadores da arquitetura com CLT e Glulam,
sendo responsável por alguns livros, trabalhos aca-
dêmicos e palestras sobre a importância da adap-
tação da construção civil às demandas ambientais.
Para ele, o uso de CLT e Glulam na construção de
edifícios é um dos possíveis caminhos a se adotar
para minimizarmos os impactos humanos sobre o
meio ambiente.
Com oito pavimentos, 30 metros de altura
e 4,82 mil metros quadrados de área útil, esse pré-
dio foi construído para servir como um centro de
discussão, pesquisa e ensino sobre o uso de ma-
deiras engenheiradas na arquitetura. Segundo os
arquitetos, a estrutura de madeira do edifício é re-
lativamente simples e, deixando-a exposta, é pos-
sível apresentar a CLT e suas capacidades como
material construtivo para todos que entram no lo-
cal. Uma estrutura simples também acaba sendo
replicável, possibilitando a outros arquitetos a re-
petição das tipologias adotadas por Michael Green.
Também segundo o escritório responsável, a estru-
tura utilizada nesse edifício pode ser aplicada em
construções com até 30 pavimentos - porém, essa
afirmação ainda não foi posta à prova.

62
62
Vista do exterior do prédio e sua relação com o contexto vizinho. Foto: @Michael Green Architecture. Disponível em:
https://bit.ly/2MavJe7

63
63
Concluído em 2014, o Wood Innovation and Design Center tem o primeiro piso feito de
concreto, isolando a madeira da umidade do solo. Algumas das esquadrias das fachadas en-
vidraçadas são feitas de Madeira Laminada Folheada, LVL. No prédio, vigas de Glulam de ta-
manhos variáveis descarregam as cargas sobre pilares (também de Glulam) com seção apro-
ximadamente quadrada (35 por 35 centímetros no térreo, 30 por 30 no resto dos pavimentos).
As paredes e a caixa do elevador são feitas de CLT, variando entre espessuras de 10, 17 e 24
centímetros. A fornecedora das peças de madeira encontra-se a 800 quilômetros da cidade de
Prince George. O prédio demorou, do início do projeto à sua finalização, 16 meses para ser con-
cluído. Como, na época da construção, ainda não existia uma norma vigente para CLT e outras
tecnologias de madeira, testes foram necessários para comprovar as capacidades do material.

À esquerda, planta do piso térreo. À direita, pavimento tipo. Foto disponível em: https://bit.ly/2Qu3yZY

64
acima abaixo
Hall de entregada do edifício. O piso de concre- Um dos pavimentos tipo, com destaque para
to isola a madeira da umidade do solo. A estru- para a estrutura de pilares e vigas exposta. Foto
tura de CLT é exposta. Foto disponível em: ht- disponível em: https://bit.ly/2QATA9n
tps://bit.ly/2E5XkOD

65
Inserção
66 de Wenlock Cross no contexto urbano próximo. Foto: @Jack Hobhouse. Disponível em: https://bit.ly/2OKH2yE
Wenlock Cross
O escritório de arquitetura Hawkins\Brown reaparecem neste manual com outro estudo
de caso: o edifício Wenlock Cross, em Londres. De estrutura híbrida, o prédio de dez pavimen-
tos tem 33 metros de altura e 6750 metros quadrados de área, oferecendo 49 moradias. A área
comercial, no térreo, possui 1190 m², já a parte residencial 4650 m².
A planta de Wenlock Cross é cruciforme, de modo a permitir que todos os apartamentos
recebessem luz natural, ventilação e tivessem vistas das áreas vizinhas. Alguns volumes se pro-
jetam sobre outros, dando a cada moradia um aspecto singular. Para realizar a construção, que é
de geometria complexa, optou-se por uma estrutura híbrida que mescla um núcleo de concreto
reforçado, madeira CLT e estrutura de aço. Segundo os arquitetos, o desenvolvimento de uma
volumetria diferenciada permitiu um acréscimo no número de unidades de habitação.

Diagrama da concepção volumétrica de Wenlock Cross. Foto disponível em: https://bit.ly/2zW-

O edifício foi concluído em 2015 a um custo de dez milhões de euros. Foram usados
1400 metros cúbicos de madeira em sua construção. Como o prédio se insere em um contexto
urbano delicado, com terreno e ruas estreitas, a entrega dos componentes de CLT só ocorria à
medida que a obra avançava. Não havia espaço anexo à rua, por exemplo, para armazenar as
peças dos pavimentos mais altos, enquanto a obra não progredia até determinada etapa. O ex-
terior do prédio é revestido com tábuas de cedro e tijolos em tons de cinza. Junto com o Dalston
Works, este é outro correlato que oferece perspectiva sobre as maneiras de aplicar a madeira
engenheirada em programas mais comuns, como habitação.

67
68
ao lado
Interior de um dos
apartamentos, com
vista voltada para
para o centro de
Londres. Foto: @Jack
Hobhouse. Foto dis-
ponível em: https://
bit.ly/2Rx2fe8

abaixo
Uma das fachadas
do edifício durante o
período de constru-
ção. Foto disponí-
vel em: https://bit.
ly/2NtTDle

pág. ao lado
no alto
Vista da sacada
de um dos aparta-
mentos. Foto; @Jack
Hobhouse. Foto dis-
ponível em: https://
bit.ly/2Rw9W4h

abaixo
À esquerda, planta
do piso térreo. No
meio e à direita, ter-
ceiro e oitavo andar,
respectivamente.
Foto disponível em:
https://bit.ly/2zY-

69
Brock Commons
Brock Commons é um edifício concluído em 2017 na cidade de Vancouver, Canadá, con-
cebido para servir como alojamento de estudantes para a Universidade da Colúmbia Britânica.
Híbrido, possui um núcleo de concreto (caixa do elevador), enquanto todo o resto da estrutura é
de madeira. Após construído o núcleo, o resto do prédio foi montado em tempo recorde - ape-
nas 66 dias após a fabricação de todos os componentes de madeira. É um dos maiores edifícios
de CLT já construídos, façanha respeitável ainda mais considerando a região onde se encontra,
sujeita a atividade sísmica.
O prédio tem 53 metros de altura, 18 andares e abriga até 404 alunos. O escritório res-
ponsável pelo projeto foi o Acton Ostry Architects, sediado em Vancouver. Eles também são
responsáveis por outros projetos de CLT sendo realizados na região. Antes do início das obras,
o escritório realizou modelos em escala dos primeiros pavimentos para testar a resistência dos
encaixes de madeira.

Interior de um apartamento do Brock Commons. Foto disponível em: https://bit.ly/2y5LOxf

70
70
https://bit.ly/2y5LOxf

Vista do Brock Commons. Foto disponível em: https://bit.ly/2EeNR7Z

Segundo o Acton Ostry Architects, o edifício faz uso de aproximadamente 2,230 metros
cúbicos de madeira, sequestrando assim 1750 toneladas de dióxido de carbono atmosférico.
Ainda, evitando o uso de concreto ou aço, deixou-se de emitir 680 toneladas de CO2. Segundo o
escritório, o fechamento externo das fachadas dá ao prédio um aspecto ordinário, se encaixan-
do bem em meio aos edifícios vizinhos. Dado o protagonismo do projeto em adotar métodos de
vanguarda e quebrar barreiras com a CLT, o Brock Commons recebeu visibilidade internacional.

71
71
acima
Foto do Brock Commons em construção, com destaque para a instalação das placas pré-fabricadas da fachada
(feitas de steel frame). A caixa do elevador de concreto é visível ao fundo, no canto superior esquerdo, junto com os
apoios para as placas de CLT fixados nas paredes. Na parte inferior temos a estrutura do andar térreo, toda feita de
concreto. O resto do prédio é de CLT. Foto disponível em: naturallywood.com

pág. ao lado
no alto
Instalação dos pilares pelos operários. Cada componente do tipo é pré-fabricado com os encaixes previstos. Foto
disponível em: https://bit.ly/2zXogff

abaixo
À direita, plantas do piso térreo e de um pavimento tipo. À direita, corte longitudinal do prédio. Foto disponível em:
https://bit.ly/2y9zmfU

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Referências e anexos
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Tabelas de pré-dimensionamento
Cedidas por Alan Dias, engenheiro do escritório Carpinteria. Mais informações sobre o escritório e contato podem ser
encontratos em seu site: https://carpinteria.com.br/

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80
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84
Notas:
1. ZAMBRANO, Lorenzo H.; HORTA, Ricardo B.; BAUER, Hans. The cement sustainability
initiative, our agenda for action. Genebra, Suíça: [s. n.], 2002. Disponível em: https://web.archive.
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3. WORLD Population: Past, Present, and Future. [S. l.], 17 mar. 2019. Disponível em: http://
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4. MCKNIGHT, Jenna. SHoP proposes New York‘s tallest timber-framed building. [S. l.],
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t-18th-street-manhattan-new-york-structural-wood/. Acesso em: 17 mar. 2019.

5. FOREST Cover Change. [S. l.], 2010?. Disponível em: https://www.conferenceboard.ca/


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so em: 17 mar. 2019.

6. SOUZA, Ana Paola Salviano de. MADEIRA, ESTRUTURA, RESIDÊNCIA - ESTUDO DE CASO
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e Urbanismo) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Pau-
lo, 2013. Disponível em: https://issuu.com/anapaola7/docs/caderno_final_issuu. Acesso em: 17
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7. TURTLE, Michael. THE WORLD’S OLDEST WOODEN BUILDING. [S. l.], 2013. Disponível
em: https://www.timetravelturtle.com/horyuji-japan-oldest-wooden-building/. Acesso em: 17
mar. 2019.

85
8. WOODEN Buildings a More Sustainable Option than Concrete. [S. l.], 13 ago. 2018. Dispo-
nível em: https://www.iwbcc.com/wooden-buildings-a-more-sustainable-option-than-concre-
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9. GREEN, Michael. The case for Tall Wood buildings: How Mass Timber offers a safe, eco-
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MGA | Michael Green Architecture, 2018. 268 p. v. 1.

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Referências:
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Agradecemos a todos os colaboradores, diretos e indiretos, que estiveram presentes na cons-


trução desse manual. Agradecimento especial à empresa CG Sistemas Construtivos, que forne-
ceu apoio técnico e nos disponibilizou uma amostra de CLT para estudo.

O autor deste manual sente por qualquer omissão de direitos de copyright não intencional àque-
les proprietários cuja identidade não foi localizada.

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