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Economia e Ecologia
Copyright ©2004 Lama Padma Samten
Capa
Paulo Pivato e Márcio Martins
S1931 Samten,Padma
O lama e o economista - / Padma Samten e Vitor Caruso Jr.-São Carlos:RiMa,2004.
124p.
ISBN-85-7656-027-5
RiMa Editora
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Agradecimentos
A Percepção do esforço que muitos seres fazem para oferecer o
livro.
Sou muito grato a todos que contribuíram para que este trabalho se
grupos budistas que tive a felicidade de encontrar, dos mestres cuja sabedoria
tem me guiado nesta aventura de tentar cruzar pelo reino humano da roda da
Introdução.......................
Conclusão............117
de que o poder não deve ser visto como o domínio sobre objetos ou
economia traduz uma visão parcial que não pode substituir a visão
ampla sobre o ser humano e sobre a vida em geral e nos alerta para
não deixarmos nossa mente ficar dominada por coisas enormes, uma
e o mestre se desenvolve.
de conseguir olhar o outro não a partir de seu próprio contexto, mas a partir
no planeta.
economia sustentável.
Nas palavras do lama: “Para uma sociedade que busca maximizar os números
altares e adorando a si mesmo. Esse é um grande engano, mas é o que tem feito a
cognitiva que observa apenas certas coisas. Há uma limitação intrínseca. (...)
geral não é confirmada pelos fatos. A economia massificada conspira contra formas
teorias dos mais notáveis economistas. De Adam Smith a Keynes, passando por
Malthus e Marx, o lama Samten coteja e comenta temas variados como relações de
uma economia que perdeu a face humana. No entanto, por cercear a liberdade
lucrar com sua própria ideia - criar postos de trabalho e promover a expansão
vai sendo
Ao tratar da questão energética- que por permear todas as atividades
chama nossa atenção para o fato de estarmos gastando hoje dez vezes mais
interagissem positivamente."
organizações.
um papel limitador. “Hoje, os jovens vão para a escola, mas não são
necessário que nos defrontamos com tragédias para aprender, ele evidencia a
humanidade".
à prosperidade sustentável. Para isso tudo é preciso visão. Uma visão que não
Vitor Caruso F.
Capítulo 1
As Limitações da visão
econômica
Era o primeiro de quatro dias de retiro que faríamos com o lama1
primeiro dia, eu e o lama nos dirigimos à sala junto ao quarto onde ele
1
Mestre espiritual, guru, professor. Em tibetano, a palavra “lama” significa ainda
“insuperável" ou "compaixão materna".
iniciamos pelos fisiocratas e pelos mercantilistas. Os fisiocratas são
e determinada.
troca alguém tem algo que o outro acha interessante. E a intensidade com que
que alguma coisa tem valor? Com essa questão encontramos a vacuidade2, ou
sua vez, surge como aquele que aspira ao objeto. Na ligação entre objeto e
Isso é praticado por todo vendedor quando trata de fazer o valor surgir
aos olhos do cliente. Ele tenta criar um comprador e,ao mesmo tempo,
criar um sentido para o objeto. Tenta criar a relação entre eles. Tendo
2
A vacuidade refere-se à idéia de ausência de existência inerente, ou seja, o objeto ou a experiência
não possui existência por si. Ele existe por uma composição de fatores. No caso em questão, o valor
do objeto de-pende da existência de alguém que dê valor a ele. Portanto, ele não tem valor inerente.
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No budismo, a expressão “luminosidade da mente" designa a atividade de criação e
sustentação de significados e emoções. Por exemplo, uma pessoa olha para um pedaço de
papel com tinta e se emociona ao reconhecer a imagem de um ente querido em uma
fotografia.
raiz do processo econômico é a experiência de vantagem que o outro vai
nenhuma contradição.
se tem de melhor?
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Paisagem representa a estrutura na qual o indivíduo atua como perso-nagem.Essa
estrutura, em certo sentido, pode funcionar no nível da mente.Nós nos comportamos de
forma diferente em diferentes lugares, pois nos adaptamos a cada um deles, mas o local é
percebido mental-mente, e esta adaptação também ocorre mentalmente.
ambiente onde vivem com os demais seres humanos, com os animais,
durante um longo tempo carregam junto de seu corpo um outro ser que
mobilidade. Então sǎo nahi. ralmente eleitos para as tarefas que exigem
mobilidade.
Para lidar com esse corpo especializado, com as tarefas especializadas, surgem
mostrado a respeito de alguns animais. Mesmo animais como tigres ou leões, por
exemplo, devem ser ensinados a caçar, eles participam da cultura de seu grupo. Da
mesma forma eu diria que os homens são ensinados a serem homens, e as
O que quero demonstrar com isso é que a especialização não é uma novidade e
também.
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Carma, ou karmn em sânscrito, significa ação, causa e efeito; todas as açōes causam uma
mudança correspondente.O conceito de carma,base de muitas tradições filosóficas e
espirituais, incluindo o budismo, ex plica que todos os acontecimentos ou experiências
estão relacionados a causas anteriores. O carma também é facilmente aceito pela ciência
por ser semelhante à idéia da lógica racionalista.
VITOR - Pela perspectiva darwiniana de evolução, somos parte de
podiam optar por ir ou não à guerra -não sei dizer se todas as sociedades
tribais são assim, mas nessas havia uma liberdade. E aquele que ia à
corajoso e decidido. Entre nós ocorre o oposto: o líder é aquele que não
vai à guerra.
todos.
que não tem essa neurose. Por isso, quando eles entram em contato
mundo, mas as outras etnias que vieram tinham razões de Estado, que
indivíduos.
uum Estado em luta;hoje esse grupo tem uma decisão, amanhã pensa
diferente.
Estado.
VITOR - Segundo os economistas, o Estado-Nação se move a partir de
compõe o Estado?
ligada ao poder.
Entretanto, essa forma de economia apresenta tuma fragi lidade básica. Ainda
necessariamente mais felizes. E por quê? Porque não sāo os objetos que vão
produzir felicidade. O valor dos objetos nāo está neles próprios, mas em um
processo mais sutil. A satis. fação que a princípio sentimos com um objeto pode
enquanto nossa natureza pertence a um plano sutil, ela tem outros âmbitos de
mais profundo dos seres não é contemplado. Aquilo que verdadei ramente
aspiramos a encontrar não pode ser comprado. Sua Santidade o Dalai Lama diz:
“Não importa quantos recursos tenha ou quanto poder, você não poderá comprar
tran qüilidade, profundidade e afeto". E a vida sem afeto, sem tranqüilidade, sem
profundidade, é uma vida sem sentido. Assim, vamos observar que as pessoas
tentam comprar profundidade de várias maneiras. Uma das formas pelas quais
produzem certo tipo de felicidade, mas hoje está absolutamente evidente que as
pessoas limitadas a tais experiências são infelizes. Portanto, esse é o limite para o
uso) da economia como referencial em nossas vidas. Até é possivel afirmar que a
economia oferece referenciais para o que esteja relacionado ao poder, e ele está
associado a tudo aquilo que nos faz buscar coisas que trazem felicidade e nos
do Buda,6 de que a razão pela qual nunca encontraremos uma solução final para as
mecanismos transitórios, encon-trando apenas coisas que nos escapam por entre os
dedos.
Eu diria que hoje isso tem um reflexo muito importante e que talvez não
e consumo de drogas. Nas sociedades de maior poder isso está ainda mais
perturbação mais sutil, assim como também não há uma visão social para
a dominar as outras culturas. Mas isso não significa que essa cultura tenha
Essa seria a minha justificativa para afirmar que a economia, por ser
uma visão parcial, não pode substituir a visão ampla sobre o ser humano e
associação.
quadro atual não é muito diferente. Foi essa circunstância que fez os
uma face que nos impede de acessar coisas que estão do “outro lado" e
forma pela qual a força estatal não precisa ser a intermediária do setor
econômico: quando existe uma cultura global que respeita certos padrões
surjam como algo supérfluo, quando na verdade não o são; ainda que
sociedade para uma direção mais favorável. Mas não é uma questão do que
facilitador do processo.
e busca oferecer bens, isso é razoável, acho que funciona assimn. Mas
O que é uma visão muito restrita, porque não dá conta de outros fatores
nos seres huma-nos.É a história contada pelo economista. Já a história
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O Lama e o Economista
e cortar o arame.
cuida de uma parte em um grande processo. E essa teoria torna-se uma forma
Mas, quando surge uma teoria, passamos a ver apenas determinadas coisas. A
exis-tência de uma teoria nos convida a restringir o olhar. Vemos tudo por meio
dela, e o que a teoria não vê também não enxer-gamos. Isso é o que chamamos
de avidya' no budismo, ou
intrínseca.
portanto, um método que explica certas coisas, mas que também deixa
a mesma: “Ainda não sabemos, mas mais adiante a teoria explicará isto
aparentemente injuustificado.
produção é esse ou aquele. Aquilo que antes tinha valor agora não tem
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O Lama e o Economista
valor. Isso não quer dizer que o alfinete tenha se tornado menos perfeito
operando na mente de cada um, o que acaba por determinals uma visão
coletiva. É natural que haja uma convergência puad essa visão, as ações
padrão.
açúcar branco, o arroz branco e a carne, mesmo que esteja claro que
noção de que podemos jogar lixo em qualquer lugar, de que podemos dispor
demanda geral.
Isso teve reflexos importantes na recente história brasi-Ieira. No início
nossa economia.
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O Lama e o Economista
Acho que ela produz realmente uma ação de mer-cado. Mas essa ação
objetivo.
Também não valoriza a preservação das culturas que não têm inserção
econômica formal.
justiça social. Uma visão política dependente da visão econômica não tem
resultantes.
benefícios aos outros seres e ganharmos por meio disso uma existência
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O Lama e o Economista
temos hoje.
isso não acontece. Essa estrutura limitada parece ser a única forma de
transmitem uma visão limitada na qual não vemos alternativas para nós
nativos.
uns e não a outros. Um amigo que mora na Suíça, uma pessoa encantadora,
viajou por vários paises para aprender espanhol. Também fmi para a
ambientale
lidar com questões muito mais sutis. Estamos lembrando que a falta de lucidez
não nos deixa imunes às conseqüências inevitáveis e que, se não nos dermos
irrigado pelos dólares dos países ricos, que são os consumidores da cocaína
lá produzida, deveria
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receber o apoio econômico desses mesmos paises para lidar com
ilegais.
malvadas que vêm atacar seres ordeiros como se vê nos filmes. Eles
mas o dinheiro dele termina no bolso do filho, que por sua vez
e mais barato que as pessoas não adoeçam". Hoje já se sabe que ajudar
econômicas limitadas.
mais alto já registrado. Parece que nosso modelo produtivo que busca
dele não significa inatividade econômica. Isso deve ser olhado com muito
significa estabilidade.
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O Lama e o Economista
desenvolvimento.
energia gerado.
gastam-se dez vezes mais energia para ter os alimentos do que a que
obras de arte não têm seu valor definido pelo trabalho, mas a exceção
supor que o custo de um Fusca seja maior que o custo de um Gol. Por
que o Fusca não seria fabricado e vendido? Porque as pessoas não se
sentiriam beneficiadas.
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O Lama e o Economista
reais por um Fusca novo, porém, o valor nesse caso não diz respeito a
pagar. Por outro lado, como isso não é com-patível, naturalmente ele
olhos do comprador.
beneficiado; se não for assim, não haverá sentido para qualquer custo. O
dessa experiência.
Nesse sentido, acredito que a visão das pessoas que trabalham em
presos a seus
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por aquele objeto diminui. No sentido budista, acredito que isso nos
destruição.
consumidor, como também deve ser de fato favorável dentro de uma visão
mas que não são verdadeiramente favoráveis, esse procedimento terá de ser
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O Lama e o Economista
assim, mas temos uma grande dificuldade para lidar com ela de forma
ponto muito profundo: como surge a visão de hoje? Ela não é apenas a
deixamos de ver não depende da luz que entra pelos olhos ou dos fatos
visão.
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O Lama e o 'Economista
visões, acabam por nos cegar para outras maneiras possíveis de olharmos as
estruturas.
ainda que o custo seja muito maior do que em países como o Brasil,
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cognitiva de lidar. Por outro lado, se essas questões não são abordadas,
medida que esses números avançam sem que as demais questões sejam
consideradas, surge uma desarmonia que gera uma custo econômico que
como referencial humano. A resposta que me ocorre é que essa visão não
aí- é óbvio que o que gastamos não pode ultrapassar o que produzimos.
questão é que essa forma de olhar serve apenas para ordenar situações, mas
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O Lama e o Economista
bilhões, o que nos leva a concluir que com mais 21 anos teremos 24
planeta.
dobrará. Não só pelo aumento do número de gente, mas também porque cada
população deveria se estabilizar em dois bilhões e não nos afuais seis bilhões
extrema.
aquecimento global.
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O Lama e o Economista
Say(1768-1832), francês que ficou famoso pela teoria que leva seu nome,
a Lei de Say, uma variação da lei da oferta e da demanda que afirma que a
mercado.
LAMA-Essa visão poderia ser encarada até como ecológicali
em prol do melhor.
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O Lama e o Economista
por exemplo, altamente educada, consome hoje muito mais do que a Índia e a
expansão.
Do ponto de vista demográfico, uma pessoa pobre pode ver nos filhos a
crianças. Já uma pessoa com mais estabilidade financeira pode ver os filhos
como aqueles que vão competir por seus bens. Ou seja, se tiver mais
descendentes, terá de educá-los, terá de dividir seus bens entre mais pessoas,
indispensável.
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grande número de pessoas optará por não ter filhos, não ter familia,e isso
pode trazer um certo equilibrio, não só pelo aspecto espiritual, mas também
educação muito elevado. Isso poderia ser muito atraente mesmo nos dias de
hoje.
individualista, com uma visão mais profunda da realidade, mas de modo geral
esses indivíduos são minoria. Isso não significa que no futuro não haverá uma
rompimento.
O Dalai Lama disse: "Eu sou socialista, talvez mais do que os próprios
fato de transferirmos para o outro os benefícios que viriam para nós. Esse
que pode mudar e tomar outras feições que não apenas o capitalismo
economia, na qual cada pessoa tinha clara a noção de vantagem para ela e
Estado
socialista.
política fiscal cujo excedente possa se reverter para o bem comum. Esse
social. É claro que ele tem outros problemas, como a corrupção, por
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O Lama e o Economista
Capitulo 3
Utopias sociais e
economicas
Sibado, 21 de junho de 2003.Pela manha,o lama havia dado
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O Lama e o Economista
sociedade como a nossa,isso pode ser uma boa opção para uma pessoa com
visão social e ecológica. Esse indivíduo pode utilizar seus bens para o benefício
social-ele não buscará lucro para si mesmo, mas, dentro de uma estrutura de
para implantá-lo. Essa falta de clareza pode levar a situações como a que
produziu o golpe militar no Brasil em 1964. Não podemos dizer que houve
das pessoas apenas pelo acesso aos bens de consumo. Não há uma postura
consciência.
coisas diferentes.
ópio.
Na China de hoje, como resultado da combinacão de estrutura
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foi a religião em si. O quc houve foi a represão à autonomia da lidcranca natural dos
poder natural que os lamas adquirem por se dedicarem às pessoas. Hoje a religião é
praticamente impossível, pois os lamas são seres livres por definição. Como
realizadas no Tibete.
LAMA- Eu não diria que o regime chinês é revolucionário, mas talvez um
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O Lama e o Economista
De acordo com essa visão, uma pessoa não consegue ser feliz sozinha.
Ela está atenta às necessidades dos outros. Porém, para que isso seja
efetivO, é necessário que pelo menos parte da população passe por uma
Buda, todos temos lucidez. Por outro lado, cada um vai caminhar a partir
girando a seu redor, e ele está seguro, tudo de que precisa está ali.
De uma forma ou de outra, ainda buscamos esse sonho feudal nos dias de
economia.
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O Lama e o Economista
positivamente.
aptos a perceber uma forma de vida mais simples como uma vantagem.
manter ativos.
no qual a única coisa que interessa são os números. Lá pelas tantas salta
um parafuso!
substituído.
Por essa razão surgiram mecanismos de proteção à infância, uma forma correta
Hoje os jovens vão para a escola, mas não são preparados para a vida, apenas
colonização alemã no Rio Grande do Sul é assim. Quando o menino atinge certa
idade já tem um boizinho, cuida do animal, corta o pasto. Mas em nenhum momento
propriedade exige mais esforso, os vizinhos se retúneme vão láajudar. Essa é uma
isso. Marx diz que o capital é uma relação entre as pessoas efetivada
através das coisas, isto é, o capital é uma relação. O que ele quer
ser trocado. Marx vai desenvolvendo essa teoria até chegar à questão da
Paulo II. Ele disse que o socialismo defendia a revolução através da luta
diferença.
riqueza e poder.
por outro lado, surgem aquelas que serão exploradas por trabalharem
certo sentido. Estão sem vagas de trabalho, esperando que alguém lhes
luta entre aquele que detém o capital e aquele que oferece seu trabalho.
uma economia que perdeu a face humana.Pode parecer que isso seja
lutar contra oaparente explorador, mas hoje, na própria visão capitalista,
O Lama e o Economista
econômicos. Ele tem uma idéia para fazer as coisas funcio-narem, toma
Nesse caso, ele luicra por sua idéia, ao mesmo tempo em que cria
O budismo não é uma ideologia, mas uma forma lúcida eprática de trabalhar com a
realidade. Não atua dentro do jogo de poder político ou ideológico, mas busca trazer
luci-dez às alternativas desses jogos da vida. Não define escolhas, mas ajuda o caminho de
O Lama e o Economista
baseada em Hegel, estruturada em tese, antítese e síntese, sempre
espaço útil dentro da coletividade humana, o que não precisa se dar por
benefícios aos outros, mas não tem salário nem emprego. O Buda nunca
de avidya, já comentado.
O Lama e o Economista
venda nas calçadas, onde os produtos parecem uma coisa e são outra bem
diferente, mas, enganados, compramos. É um processo em que o engodo pode
Se o vitls
junto.
ambiente natural, quem vencerá afinal? No mo-mento podemos perceber que esse
tipo de visão pode des-truir uma cultura, mas não tem o poder de construir uma
cultura ou uma civilização. Sem a visão de beneficiarmos a nós mesmos, aos outros
seres, à sociedade e ao ambiente não há cultura de paz. Sem uuma cultura de paz
não há civilização.
busca de novas florestas. É uma ação viável, mas não sustentável. Se entendi
depressão. Enquanto a Lei de Say diz que toda oferta cria sua própria
O Lama e o Economista
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controle.
faz um empréstimo.
VITOR-O banco cobra um juro altíssimo pelo empréstimo e,
pessoa não ter capital. Se ela tiver uma boa idéia e puder oferecer
onde nāoa encontrarão.O budismo não vem para atrapalhá los ou lutar contra
budismo nāo é uma ideologia dentro da roda da vida, mas uma forma de ajudar
individual continua valendo a mesma coisa, ou seja, fazer algo que gere
LAMA-Não sei se entendo bem o que seja essa terceira via, e não
facilmente entre si. Há uma busca pelo bem comum. Há uma política
processo, não como tradição religiosa, mas com idéias que possam
com o tempo. Sua Santidade deixou de ser o lider politico do Tibete para
ser um lider global que aponta caminhos para todos nós. O Dalai Lama
diálogo?
ver onovo e não consegue, está intoxicado por idéias antigas que
Buda.
oferece outro conselho muito precioso: "Se você não tem nenhuma
tradição religiosa, apenas pratique o bem, não faça o mal e dirija sua
própria mente.Pratique isso como uma questão de bom senso. Você não
Sustentabilidade Ambiental
Sabado, 31 de janeiro de 2004. Seis mesos se passaram desde que me
encontrei com o lama Padma Samten em Curi-tiba. Desta vez fui vê-lo
autômatos. Mas essa visão ainda está viva, muito viva, por exemplo, nos
laboratórios de toxicologia da indústria química, que submete milhões de
dose diária admissivel dos venenos com que fazem seurs grandes
negócios".
criação. Ele existe antes mesmo de a mente se dividir e se manifestar como objeto e
observador. No princípio universal, já temos essa força vital, e é muito estranho que
os seres humanos hoje olhem apenas 0 hardunre. É surpreendente que não sejam
importante.
Éclaro que a Terra não é um ser vivo como uma planta ou um animal
somos Gaia".
substrato e nele surgisse a força vital sutil que permeia todas as coisas.
transformação e adaptação.
101
pagar a conta.
insanidade ecológica.
uma melhoria real na qualidade de vida, mas com certeza produz grande
estufa.
autonomia.
com as sementes; uma vez plantadas, seus frutos não são capazes
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nação. Se o país não é auto-suficiente, ou quase, torna-se rulnerável a
padronizados, fica todo mundo parecido seja em que pais for. Em nível
mais sólido, mais nítido, mais real; está nos levando a uma crescente
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entrará em colapso.
caro.
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dos custos.
ao saneamento. O problema é que, ainda que isso seja feito, outros danos
natureza. Hoje quase nāo se fala mais nisso. Portanto,acredilo que o exodo
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esta percebe o mundo apenas a partir daquilo que gera benefícios próprios.
Tomemos um mos-quito como exemplo: ele não pensa se a sua ação é útil em
um âmbito maior, seu único impulso é picar alguém e sugar o sangue. Todos
os seres que têm olhar semelhante ao desse inseto terminam por definir
Meio, onde moramos, em Viamão (RS), passa um pequeno rio que um pouco
pela janela. A pessoa que faz isso consegue ver apenas o lugar muito
equilibrar os desequilíbrios.
demanda.
No Brasil, há projetos de grandes usinas para produzir energia elétrica
preço.
organizacão social. Uma das conclusões a que chegamos foi de que a visão
aprofundá-la ainda mais e proporcioná-la a outras pessoas. Mas ela não pode ser
objetos, no qual nossa fonte de felicidade está em coisas externas. Com isso,
sentido de: "Vou viver uma vida mais simples" ou “Vou renunciar a isso e
impacto ambiental.
Se houver a experiência de contentamento gerada pelo caminho
felicidade.
base para uma visão ecológica melhor, uma visão de respeito pelos
outros seres.
visão de samsara. Então,por que nos ocupamos com elas? Porque queremos
6
Existência cíclica, o processo contínuo de renascimento e morte.
encontrada nos outros tipos de existência, que é a possibilidade de ouvir os
Para os budistas, a vida humana preciosa é tão rara quanto as estrelas que
brilham de dia.
entenda sua relação com otodo, com o ambiente e com os demais seres vivos
e possa viver de forma mais equilibrada, possa preservar Gaia e,den-tro dela,
apenas ilustrativos.
Para dar um fecho às minhas idéias, é importante que alguns pontos sejam
manifestarão como sofrimentos variados, sempre liga-dos à forma pela qual agimos.
tradicional, que nos treina para nos isolarmos uns dos outros e para
amor, afeto. Se não aprendermos sobre isso, nossa vida parecerá sem
não, seres morrem o tempo todo para podermos seguir com nossa vida,
nosso corpo tam-bém não foi gerado por nós, somos herdeiros da
Quem deseja uma base teórica para raciocinar sobre o que tem
lógica própria, diferente da lógica dos seres vivos da roda da vida. Essas
sociais. Têm uma lógica própria e podem viver vidas muito longas se
biosfera.
foram construídos por nós como uma cristalização progressiva de nossa visão
das coisas e dos seres não é fixa, rígida, pelo contrário, o mundo em que
Nāo é nem mesmo necessário que nos defrontemos com tragédias para
da sabedoria ilimitada em beneficio dos seres. Por sua compaixão ilimitada, essa
Ioga.
Outubro de 2004
Paulo:Atlas,1998.
Paulo: Atlas,1983.
Liberdade/Instituto Socioambiental,2002.
ROMEIRO,A.R.;REYDON,B.P.;LEONARDI,M.L.A.Eco-nomia do Meio
Impressão e acabamento:
E-mail:edelbra@edelbra.com.br
Fone/Fax:(54)520-5000
Filmes fornecidos pelo Editor.
Vitor Caruso Jr.
Samten..